Finalizada em: 11/01/2021

Capítulo 1

Eu não sabia dizer há quanto tempo estava presa naquele lugar imundo. Não sabia dizer também o motivo para tal, afinal de contas, eu nunca fiz nada de errado, ou fiz? Não lembrava de ter feito algo ou me envolvido com alguém que pudesse me prejudicar. Nunca me meti com as pessoas erradas na escola ou na faculdade, mas talvez uma pessoa viesse em minha mente, somente uma. Só não queria acreditar que ele ainda iria me procurar, não depois de praticamente me expulsar da última vez. Homens e suas desculpas, puff.
O que me deixava aliviada era o fato de que pelo menos não tinham feito nada de mal a mim. O líder daqueles caras apenas dizia que eu deveria ficar calada ou seria pior, nem chorar eu conseguia, não tinha motivos para tal, sabia que ninguém me ouviria, ninguém nunca ouvia, ou talvez ouvisse, não saberia dizer se nossa ligação ainda estava viva.

Estava sentada abraçando meus joelhos quando a porta foi aberta abruptamente e por ela vi passar , sim , o líder dos vampiros, o homem por quem me apaixonei e entreguei meu sangue, corpo e alma, mas ele insistia em me afastar dizendo ser perigoso demais para mim. Eu pouco me importava, queria ser como ele, poder estar ao seu lado para sempre.
Aos poucos ele se aproximou, seus olhos hipnotizantes nos meus, meu coração poderia parar só de tê-lo tão perto.

? — Sua voz tão hipnótica quanto seus olhos atingiram meus ouvidos. — Você está bem? Eles te machucaram? — Ele me examinou rapidamente, procurando por vestígios de machucados.

— E você se importa? — Respondi ríspida. — Ou veio apenas se certificar de que eles não acabaram com seu café da manhã?
— Que droga, ! — Ele esmurrou a parede próxima à porta. — Eu realmente queria que você entendesse que apenas quero que fique bem e ficar longe de mim é o melhor a ser feito. — Ele cerrou os punhos, era evidente sua raiva, só não sabia se era devido à minha teimosia ou sobre os homens que me raptaram.
— Mas eu não quero, ! Quero ser como você, ser sua amante pela droga da eternidade. — Gritei.
— Vamos embora! — Disse me colocando em seu colo e praticamente voando dali, corríamos tão rápido que tudo não passava de um borrão para mim.

Permaneci em silêncio durante todo o caminho, não queria discutir, mas estava chateada. era irredutível sobre suas regras e leis. Mesmo sendo o líder, ele ainda respeitava o pacto feito com os humanos, nada de transformação, somente em extremo caso, e eu não sabia mais o que fazer para que ele me transformasse, estava ficando frustrada.

— Controle a porra dos seus pensamentos, ! — advertiu. — Ainda estamos ligados e consigo sentir que está inquieta e eu não vou mais conversar sobre isso com você. — Disse sério enquanto me colocava no chão assim que chegamos à sua casa.
— Então por que simplesmente não me deixou lá para morrer? — Cuspi as palavras para ele e saí batendo os pés para dentro do imóvel.
— Porque eu te amo, poxa! — Ele gritou. — É difícil assim entender que eu te amo e que quero que você permaneça intacta, viva e bem?
— Você me ama? — Falei virando em sua direção.
— Muito mais do que possa imaginar, .
— Prove, ! — No segundo seguinte eu já estava com ele em sua cama.

POV

Aquela mulher conseguia me tirar o controle em questão de segundos. era doce e teimosa e eu tentei por meses me convencer de que tudo o que eu queria era provar de seu sangue, mas aquela tarefa se tornou difícil demais, principalmente depois de provar seu sangue e seu corpo.
Eu estava a tempo demais entre os humanos, tive vários casos, várias amantes, mas nenhuma me fazia sentir como fazia. Ela me tornava alguém normal, mesmo que por pouco tempo, e fazia meu corpo e alma, que eu não sabia se ainda possuía, ferverem.
Depois que os lobos a sequestraram, eu não pensei duas vezes. Praticamente voei até lá e destruí todos, não deixei nenhum para contar a história, mas infelizmente não encontrei o líder deles. estava se tornando um grandíssimo pé no saco. Mas mesmo que eu a tivesse salvado, ainda estava magoada por eu tê-la mandado embora. Na minha cabeça, aquilo era o melhor para ela, mas a quem eu enganaria? Eu precisava de , ansiava, desejava.

Não conseguia mais mantê-la afastada, eu a amava, isso era certo, e acabei confessando-me e a ouvindo me pedir uma prova de meus sentimentos, mas ela pedia por muito e eu não queria tomar sua humanidade, nunca.
Coloquei-a em meus braços e risquei para meu quarto, me jogando na cama com ela em meus braços, precisava dela urgentemente, assim como ela precisava de mim.
Sem pensar muito, arranquei suas roupas, ela não precisaria delas, não durante toda a noite, eu iria amá-la da minha maneira. Me livrei de minhas roupas tão rápido quanto me livrei das dela e me coloquei sobre seu corpo, beijei primeiro sua coxa, sentindo seu aroma doce e inebriante, uma mistura de excitação, ansiedade e paixão.
Minha cabeça não conseguia se controlar e logo minhas presas estavam à mostra e raspando de leve em sua coxa. Eu queria provar dela, então finquei minhas presas em sua coxa, sentindo seu sangue, tão doce quanto eu lembrava, agraciando minha língua. gemia, indicando que minha ação era excitante para ambos. Minha mão seguiu o caminho que mais conhecia, indo até sua intimidade e acariciando seu ponto sensível, eu queria que ela se derramasse enquanto eu me alimentava dela, mas era muito perigoso para ela. Parei a sucção em sua coxa e dirigi minha boca até a carne entre suas pernas, ouvindo resmungar por eu ter parado de sugar seu sangue e gemer logo depois, quando inseri minha língua em sua entrada, seu gosto era tão bom quanto o sangue em suas veias.
Minha língua e meus dedos trabalhavam em harmonia, arrancando gemidos ainda mais altos da mulher esparramada em minha cama. Eu podia sentir seu corpo tensionar, me indicando que ela estava próxima de seu limite. Retirei minha língua dali e novamente a suguei na coxa, ainda movimentando meus dedos dentro dela. chegou ao seu limite praticamente gritando meu nome, e a cena dela chegando ao seu orgasmo enquanto eu a estimulava e sugava seu sangue era digna de um filme pornô.
Não lhe dei tempo para se recuperar e me deslizei para dentro dela, arrancando mais de seus gemidos prazerosos. Eu usava pouca força, ainda tinha medo de machucá-la se o fizesse com a minha força de vampiro. A garota arranhava minhas costas com força pedindo por mais de mim, então ergui suas pernas e acelerei os movimentos, eu estava a tanto tempo longe dela que até para mim estava sendo difícil de controlar. agora agarrava os lençóis da cama enquanto eu investia mais forte, sentindo que meu limite estava cada vez mais perto. Virei-a de costas para mim, me deslizei mais uma vez para dentro dela e agarrei firme em seus quadris, não exercendo muita força, somente o suficiente para que nossos corpos se chocassem mais rápido e que ela chegasse ao seu segundo orgasmo, o que não demorou muito, mais algumas estocadas minhas e eu também atingi meu limite, me agarrando forte à sua cintura.
Caí ao seu lado na cama, a trazendo para meu peito e acariciando seus cabelos, eu queria tê-la para sempre, mas tinha medo e regras a seguir.

. — me chamou enquanto desenhava círculos imaginários em meu torso. — Precisamos conversar.
— Durma, meu anjo. Quando acordar, juro que conversaremos sobre qualquer coisa. — Não sabia se cumpriria minha palavra ou não, mas aproveitaria cada segundo ao lado dela, pelo menos essa noite.


Capítulo 2

Três anos se passaram e nada de ao menos tentar tocar no assunto transformação. Três malditos anos e nada, eu já estava me aproximando dos trinta anos e sentia que aquela era a melhor idade para ser transformada em vampira, mas nunca quis que isso fosse concretizado. Para ele, as leis vinham em primeiro lugar. Duvido muito que ele tenha ao menos entregado minha carta ao líder dos humanos, . O cara era chato com as regras, porém eu estava fazendo o pedido formalmente, eu queria aquilo, queria viver a eternidade ao lado de e não poderia negar tal pedido.
Depois do incidente com os lobos, não era mais o mesmo. Ele estava sempre vigiando, sempre ocupado e nunca me contou o motivo pelo qual aqueles lobos me sequestraram.
Nos últimos meses, ele passava mais tempo fora de nossa casa e longe de mim. Sei que como líder ele tinha suas obrigações, mas eu, como sua mulher, também tinha minhas necessidades, eu precisava dele comigo, suas presas em minhas veias, suas mãos percorrendo meu corpo e seu corpo amando o meu, mas eu estava começando a ficar mais entediada e frustrada do que o normal. E com esse pensamento e estando sempre sozinha, decidi que não esperaria mais por uma ação de , arrumei a pequena mala com as roupas que me pertenciam e parti. Não levaria nada que ele havia dado, começaria do zero, se era pra ser infeliz, que fosse como humana e entre os humanos. Talvez fosse castigo forte o bastante para mim.



Poucos mais de três meses se passaram e em nenhum momento me procurou. Não pessoalmente. Eu podia jurar que ainda o sentia me vigiando, sempre na escuridão, nosso elo ainda estava presente, mas eu sentia que ele estava enfraquecendo. Eu queria muito dar o braço a torcer e voltar pra ele, mas meu orgulho falava mais alto e eu não iria correr atrás de algo que não tinha salvação. Se ele não me queria como uma de sua espécie, eu não iria chorar e implorar para que ele mudasse de ideia, teimosia pura.

...

Mais uma manhã se iniciava e eu não tinha conseguido dormir direito, eu precisava urgentemente esquecer aquele vampiro. Foi com esse pensamento que me levantei e me arrumei melhor para o trabalho. Eu tinha começado a relaxar, não cuidava mais de mim e isso não estava me fazendo bem. Assim que cheguei à farmácia, minha amiga que trabalhava no outro turno me olhou fixamente. Eu estava tão mal assim?

— Vai em algum encontro, ? — Seulgi perguntou com um sorriso engraçado nos lábios.
— Não, Seul. Resolvi que não vou chorar pelo desgraçado do meu ex! — Ela bateu palmas e riu novamente.
— Muito bem! Agora vai se trocar, quero ir embora desse lugar, pois alguém... — Apontou para si. — Realmente tem um encontro e sinto que dessa vez vai dar certo.
— Você sempre diz isso, Seul, e nunca dá certo. — Passei por debaixo do balcão e fui guardar minhas coisas no armário e pegar o jaleco com meu nome.
— Calúnia! Nem saí com tantos homens assim! — Voltei para o balcão a tempo de encontrá-la cruzando os braços e fazendo bico.
— Tudo bem, Seulgi, agora vai logo. O turno da noite deve ter sido pesado. — Fui empurrando-a até a área dos empregados, enquanto ela suspirava concordando com minha frase.

Depois que Seulgi me deixou sozinha, alguns clientes apareceram, nada fora do comum, a maioria eram senhoras de idade precisando de vitaminas. Estava entretida olhando meu celular quando um baque na porta me assustou. Estiquei-me um pouco para ver o que era e encontrei um rapaz deitado no chão.
“Esses bêbados não têm mais o que fazer!”, pensei enquanto caminhava em direção à entrada. Me aproximei devagar e nada do rapaz se mexer, ele deveria ter pelo menos uns dois metros de altura, era gigante e agora estava jogado no chão da farmácia.

— Moço? — Cutuquei seu ombro levemente. — Você tá bem? Precisa de ajuda? Água? Algum remédio?

Nenhuma resposta.
Tentei virar seu corpo devagar. Ele poderia aparentar ser magro, mas de magro não tinha nada. Devagar e com toda a força que eu não sabia que tinha, virei o rapaz de frente para mim e me assustei com seu estado. Seu rosto estava todo ferido, era como se alguém tivesse lhe dado uma surra das boas e o abandonado ali, para ser socorrido ou morrer.

— Moço, acorda! — Tentei acordá-lo, sem efeito nenhum. Devagar, o puxei por debaixo dos braços, caindo algumas vezes, até conseguir colocá-lo sentado apoiado parede mais próxima. Ele resmungou um pouco e eu respirei um pouco aliviada, pelo menos ele ainda estava vivo.

Corri até atrás do balcão e peguei alguns itens para limpar suas feridas e fazer os curativos e aos poucos fui cuidando dele. À medida que limpava seu rosto, eu o observava melhor, sua beleza era tão grande quanto a de , e me bati mentalmente por ainda pensar naquele sanguessuga ingrato.
Depois de enfim conseguir algum progresso com os ferimentos do rapaz bonitão, eu me sentei ao seu lado e o observei mais. Seus lábios tão cheinhos eram tão convidativos, seu rosto, mesmo que totalmente arranhado e cheio de manchas roxas, era bem desenhado, poderia dizer que ele era uma obra de arte. Não que eu conhecesse muitas, mas aquele rosto poderia facilmente ter sido esculpido pelos deuses.

Algumas horas se passaram e eu me dividia entre olhar o rapaz deitado na área dos funcionários e atender os clientes. Foi difícil carregá-lo até ali, mas não podia deixá-lo na entrada, os curiosos e fofoqueiros falariam demais e seria notícia no bairro inteiro. Eu não conseguia tirar os olhos dele, não só pela beleza do rapaz, mas também por conta de seus ferimentos, estava muito curiosa sobre como ele havia conseguido aqueles hematomas gigantes. Estava tão imersa em pensamentos que nem percebi que estava sendo observada. Ouvi um resmungo de dor vindo da porta atrás de mim e me virei rapidamente, encontrando olhos castanhos me encarando enquanto repousava a mão na cabeça, provavelmente ainda doesse muito.

— Onde estou? — A voz rouca e profunda me arrepiou todos os pelos. Meio em transe, caminhei devagar até ficar próxima de onde ele estava e elevei um pouco a cabeça para poder olhar em seu rosto.
— Na farmácia onde trabalho. E antes que você me pergunte, eu não sei como você veio parar aqui. — Eu não o conhecia e não sabia realmente de onde ele tinha vindo, não estava com carteira ou sequer um celular no bolso quando eu o revistei.
— Eu acho que fui assaltado. — Ele levou as mãos aos bolsos, provavelmente procurando por seus pertences. — A última coisa que eu lembro foi de ter andado sozinho pelo bairro depois de levar uma baita surra.

“Então minha suspeita estava quase certa.”, pensei enquanto o ouvia resmungar mais uma vez de dor e também de algo sobre não ter dinheiro para voltar para casa.

— Você não pode ir embora agora, senhor... — Dei espaço para que ele falasse seu nome.
. — Ele fez uma breve reverência. — .
— Como eu estava falando, senhor ... — Estava falando quando fui interrompida por ele.
— Somente por favor, não precisamos de formalidades, afinal, você me salvou de morrer, não é verdade? — Ele perguntou erguendo um meio sorriso. Aquele sorriso, mesmo um pouco abalado, ainda me deixou sem graça.
— Tudo bem, . Como eu falei, você não pode ir embora assim, precisa tomar alguma coisa para dor e também precisa ir em uma delegacia urgente.
— Certo, você tem razão senhorita. — Ele pausou a fala e quase não entendi que agora era ele quem queria saber meu nome.
— Aaah, desculpa a indelicadeza, me chamo . — Fiz a mesma reverência que ele.
— Ehh... — Ele coçou a nuca em total demonstração de que estava sem jeito. — Eu não vou ter como pagar por nada do que você usou em mim, afinal, levaram minha carteira com todos os meus pertences e dinheiro.
— Não se preocupe com isso. — Peguei em sua mão e o puxei para que pudesse sentar e eu pudesse examinar seu rosto, e agora que ele estava acordado, ver o tronco também.

Passamos alguns minutos jogando conversa fora enquanto eu trocava os curativos e lhe entregava alguns comprimidos para dores, tanto para a cabeça, quanto para os músculos.

— Então . — fez uma pausa, parecia pensar no que iria dizer. — Eu quero lhe pedir duas coisas, mas não sei como fazer tal pedido.
— Só diga. — Ri de seu nervosismo, parecia que nos conhecíamos há muito mais tempo.
— Preciso de alguns trocados para chegar em casa e de seu número para que eu possa te devolver o dinheiro. — Ele coçou a nuca pela milésima vez, totalmente sem jeito.
— Tudo bem, deixe eu te dar alguns remédios e o dinheiro, e não quero ouvir nenhuma reclamação sobre os remédios. — Fiz uma pausa enquanto embalava os remédios e anotava a receita, colocando nela meu número de telefone. — Aqui estão alguns remédios e curativos, meu número está na receita, me ligue se precisar de qualquer coisa.

Entreguei a pequena sacola nas mãos do rapaz e ele sorriu de uma forma tão linda que realmente mexeu com algo dentro de mim. Fiquei um tempo encarando aquele sorriso maravilhoso, mas o telefone da farmácia me tirou do transe. Corri para atender e ajudar a pessoa do outro lado da linha e quando terminei corri até minha bolsa, peguei algumas notas de won e entreguei ao rapaz que me olhava de um jeito diferente.
Ele agradeceu e saiu, sorrindo para o vento. Para alguém que estava mal, ele se recuperava muito rápido.

O restante do expediente seguiu normalmente, limpei tudo que havia usado para cuidar de e nem notei que já havia caído a noite. Ouvi um barulho na porta e pensei que fosse Seulgi que estivesse entrando. Quando ergui a cabeça para soltar alguma piada para ela, paralisei no lugar.
estava ali e não tinha nada de bom em sua feição.


Capítulo 3

Eu não sabia o que dizer, seus olhos vermelhos me encaravam e algo me dizia que não era nada bom ter um vampiro, que por sinal era seu ex-namorado, lhe encarando com cara de bunda.

— Vai ficar aí me encarando por muito tempo? — Perguntei já impaciente. — Seulgi com certeza vai chegar a qualquer momento e eu não vou saber explicar o motivo do meu ex estar plantado no meio da farmácia e me encarando como se eu fosse o prato principal da refeição dele.

torceu o nariz algumas vezes e parecia pensar, me encarando até o momento em que Seulgi estava entrando. Ela nem percebeu a presença dele, afinal, ele era um vampiro e fazia muito bem as coisas que os vampiros faziam, ele só se deixou ser notado por mim pelo simples fato de querer que eu o notasse.
O motivo? Só Deus sabia. Seulgi entrou na farmácia fazendo todo alarde que era possível e existente. Ela era assim, barulhenta, agitada e divertida, nunca parava quieta. Eu não consegui formar uma frase com mais de duas palavras para cada pergunta dela, estava com a cabeça em outro lugar e ela não parecia muito incomodada com isso.
Saí rapidamente dali, a visita inesperada do sanguessuga ingrato não saía de minha cabeça. Suas feições eram de quem analisava o interior da farmácia e o jeito que ele retorcia o nariz, nitidamente incomodado com o cheiro no ambiente, não me passou despercebido de jeito nenhum.
Eu estava tão imersa em pensamentos e em meu mundinho particular de “ tentando descobrir o que se passa na cabeça de ”, que nem percebi ele parado bem na minha frente novamente. Só quando colidi com algo, mais precisamente alguém, foi que eu voltei a Terra.

— Você não olha para onde... — A frase morreu no momento em que meus olhos encontraram os orbes daquele ser, agora castanhos, sem nenhum sinal de raiva ou fome, me analisando. Talvez ele estivesse mais calmo, porém eu não estava. — Desembucha logo, Senhor !
— Você deveria ter mais cuidado, ! — Ele tentou se aproximar, mas eu fui mais rápida e dei um passo para trás. — Eu senti o cheiro de lobo naquele lugar que você chama de trabalho. Você sabe que não precisa fazer isso, não é?
— Ótimo! Agora eu vou ter que dar ouvidos às suas paranoias e promessas que não podem e nem vão ser cumpridas? — Bufei e tentei me afastar, mas eu não teria sucesso nem em mil anos, já que sua mão fria estava no meu pulso menos de um milésimo depois.
, você sabe que as coisas não são fáceis como você pensa. — Ele disse enquanto se locomovia como um flash, ficando de frente para mim novamente, seus olhos nunca deixando os meus. — Eu ainda estou cuidando de você, é minha responsabilidade e eu amo...
— Me poupe do seu falatório, ! Eu quero ir embora e você vai sumir da minha frente, quero ir para casa enquanto ainda está cedo e não quero te ver nunca mais! — Ele deu espaço, mas antes que eu voltasse a caminhar até meu destino, ele soprou as últimas palavras. — Não confie nele! — E assim como ele surgiu, ele sumiu. Fiquei um tempo parada olhando para o nada, processando se aquilo realmente tinha acontecido ou se minha mente estava pregando peças em mim.

...

Finalmente meu dia de folga tinha chegado, estava esparramada no sofá ainda de pijama, meu plano para o meu mais que desejado dia de folga era: me entupir de besteiras e assistir à última temporada de Lucifer. Aquele anjo/demônio mexia muito com a minha cabeça, mesmo eu sabendo ser possível a existência real dele e ele não parecer nada com o que dizia na série. Eu ainda assim amava o ator que colocaram no papel.
Estava imersa na cena de luta que se iniciou e quase gritei quando começou a tocar a minha música favorita de kpop. Se alguém visse de fora, poderia jurar que eu era maluca. Depois do pequeno surto ao ouvir a música, a cena com a gangue asiática se desenrolava e meu celular começou a tocar.
Xinguei a pessoa e seus parentes até a sétima geração. Olhei para a tela e não reconheci o número, e se não conheço, não atendo. Coloquei o aparelho no silencioso e voltei a minha atenção à televisão. Erro meu, o telefone voltou a tocar. Pausei o vídeo e respirei fundo antes de atender, tentando ser o mais educada possível.

— Alô? — A voz do outro lado fez meu estômago revirar, mas não era uma sensação ruim, a voz rouca me fez esquecer até do Lucifer gostoso na televisão.
? — A voz fez uma pausa e eu só consegui responder com um simples “uhum”. — Sou eu, . Eu juro que ia te ligar antes, só que só consegui comprar um telefone novo hoje.
— Você está bem? — Fingir que não estava muito empolgada com a ligação dele foi um pouco difícil, já que depois que ele saiu eu fiquei realmente preocupada, principalmente no caso do meu ex aparecer justo quando alguém legal me dá bola.
Estou sim! — Ele fez mais uma pausa. — Queria saber se você não estava afim de dar uma volta comigo? Tipo... — Outra pausa. — Pra eu pagar o favor que estou devendo.
— Não precisa, . — Ouvi a risada gostosa dele do outro lado.
Claro que precisa! Você me salvou! — Ele riu de novo. — Lhe devo a minha vida.
— Exagerado! — Ri também por conta de sua frase dramática.
É sério! — Ele pausou a fala mais uma vez. — Que tal irmos no parque de diversões? A vista na roda-gigante é maravilhosa durante a noite.
— Hoje? — Perguntei nervosa. Não era muito fã de roda-gigante e a noite muito menos. — Se você não estiver muito ocupada... — Ele esperou por uma resposta minha. — Posso te buscar, se quiser.
— Tudo bem, que horas você passa aqui? — Pude ouvir uma risadinha que não consegui decifrar o significado.
Às dezessete, assim ainda podemos ver o pôr do sol. — Eu tinha um sorriso bobo no rosto. — Me passa o seu endereço por mensagem, prometo que você não vai esquecer esse passeio.
— Estarei pronta no horário. Até mais tarde, .
Até, ! — E depois disso o telefone ficou mudo.

Fiquei pensando no sorriso de , mas a frase de me veio à cabeça. O que ele queria dizer com “não confie nele”? Ele estava falando de ? Ou de outra pessoa?
Me bati por estar dando corda para as paranoias de e ainda estar suspeitando algo de meu novo amigo. Ele era meu amigo, não era? Bufei mais uma vez por estar sendo tão paranoica quanto . Aquele vampiro fez lavagem cerebral em mim, só pode.
Suspirei olhando para o telefone e procurei o aplicativo das mensagens, digitei meu endereço e enviei para o número de . Voltei minha atenção à série na televisão, eu ainda tinha muito tempo até a hora do passeio e iria usá-lo assistindo meu demônio favorito.

...

E lá estava eu mais uma vez me olhando no espelho. O vestido florido e a sapatilha combinavam perfeitamente para o passeio, o cabelo preso em um coque simples e apenas um gloss nos lábios. Eu não era muito de maquiar e apenas o básico estava de bom tamanho.
Não tinha muita ideia de como namorar ou até mesmo paquerar alguém que não tivesse mais de cem anos. Afinal, meu único namorado tinha sido . E aqui estou eu pensando naquele ingrato de novo.
Maldita ligação, ela nunca iria acabar?
Ouvi o interfone tocar e corri até ele. Era o senhor Park avisando que um jovem estava me esperando na recepção. Respirei fundo e desci as escadas devagar, encontrando um muito bem mais vestido do que eu. Se eu tentasse adivinhar seu trabalho, diria sem pestanejar que ele era modelo, porque olha, ele estava deslumbrante.
Quando notou minha presença, ele sorriu, o sorriso mais lindo que eu já tinha visto na minha vida, ou talvez o segundo mais lindo, terei que decidir.

— Oh , você está muito linda! — Eu corei na mesma hora.
— Que nada, você que está. — Ele sorriu e me estendeu a mão.
— Pronta para o melhor passeio da sua vida?

Seu sorriso parecia me hipnotizar e mesmo sem entender minhas atitudes, eu apenas o seguia. Vi aquele homem, até então desconhecido, me estender sua mão para que eu a segurasse. Seu toque quente demais chamou minha atenção e eu não podia negar... Arrepiou todo o meu corpo.
Seguimos para o parque, fomos andando mesmo, afinal, não ficava tão longe assim da minha casa. Durante o trajeto, fomos conversando sobre nossas rotinas, o que fazíamos. Descobri que ele trabalhava como corretor de imóveis e bem no dia que ele foi assaltado, ele estava atendendo um cliente importante. Seu bom humor e carisma me faziam suspirar e por alguns instantes nem me lembrei de , aquele vampiro ingrato. Mas então sua última pergunta me fez estremecer.

— E então , tão linda assim... Tem alguém? Namorado, noivo?

Meu sorriso morreu instantaneamente e ele notou.

— Oh, me desculpe, pelo visto toquei em um assunto delicado para você. — parecia sincero, seus olhos me confortavam de alguma maneira, mas, por algum motivo, senti minha espinha se arrepiar. Algo não estava tão legal assim.
— Não se preocupe, , é passado... Eu... bom, na verdade eu não tenho ninguém. Já tive, mas hoje estou solteira. — Falei com um sorriso meio sem graça, afinal, não tínhamos realmente terminado. Na verdade, nem sabia se chegamos mesmo a ter algum relacionamento sério...

Vi seu sorriso com covinhas delicadas e de dentes branquinhos se abrir em seu bonito rosto expressivo e sorri de volta. Iria aproveitar sua companhia, mesmo que alguma coisa dentro de mim estivesse me incomodando.
Continuamos andando e quando chegamos ao parque, parecia uma criança. Comprou algodão doce, um balão de coração e quis jogar naqueles jogos de tiro ao alvo, errou todas, mas foi engraçado. Quando o Sol estava quase se pondo, me puxou pela mão e disse apressado.

— Vamos! Temos que ver o Sol se pondo da roda-gigante!

Eu tinha medo de roda-gigante e quis recuar, mas seu sorriso de criança era tão bonito e ele me puxava com tanta convicção que aceitei e o segui.
Dentro do brinquedo, podíamos ver boa parte da cidade e o bonito pôr do Sol, era mesmo fantástico. Mas algo me fez distrair daquela paisagem... Senti a mão de tocando o meu joelho descoberto, seu calor me tirou de meu transe momentâneo.

... Podemos ir com calma, o que acha? — falei de forma educada, retirando sua mão de minha perna.
— Calma... Não sou homem de ter calma, e confesso, , que desde que te vi, venho sonhando em te tocar, em beijar sua boca.

Suas palavras me deixaram assustada, afinal, eu não estava acostumada com isso. Como eu disse, fora meu primeiro namorado e ele era completamente diferente. Apesar de sua intensidade e explosão, sabia ser cordial e me tratava como uma princesa.

, não quero ser indelicada, mas eu não sou o tipo de mulher que você está pensando.
— E o que eu estou pensando, ?
— Eu não sei, mas gostaria que me respeitasse.

Disse isso e virei de costas para ele, continuando a observar a paisagem. Graças aos céus, o brinquedo não demorou a voltar para a base. Desci aliviada, sendo seguida por aquele homem atraente e muito misterioso. Continuamos nosso passeio, agora sem dar as mãos, eu não queria que ele confundisse as coisas e nem que fosse apressado. Era óbvio que eu me sentia atraída, mas espera aí, vamos devagar, né?

Por volta das oito da noite, ele decidiu que era hora de me levar para casa. Eu aceitei, afinal de contas, estava cansada e já tínhamos comido e nos divertido. Seguimos caminhando e quando chegou perto de onde eu morava, começou a gemer de dor, colocando a mão em sua barriga. Fiquei muito preocupada com aquilo.

— O que foi? Está sentindo dor? — Fui até ele e sua expressão de dor me assustou.
— Muita dor, parece que meu estomago vai explodir.

Estávamos há uma quadra de casa, segurei em seu braço e fomos andando bem devagarinho.

— Calma, estamos chegando, você sobe comigo e eu te dou um remédio para o estômago, isso deve ser pelo cachorro-quente que você comeu.

apenas concordou, ele parecia estar morrendo, sua testa vertia suor.
Finalmente chegamos no meu prédio e subimos de elevador mesmo. Quando entramos no meu apartamento e fechei a porta atrás de mim, olhei para e fiquei paralisada no lugar, meu sangue fugiu de minha face, ele parecia outra pessoa na minha frente.
Sua postura de antes, de alguém que estava sentindo dor, mudou totalmente. Seus dentes agora pareciam presas, os olhos castanhos, mudaram para vermelhos e suas unhas mais pareciam garras.

? — Perguntei me encostando na porta atrás de mim.

A única coisa que ouvi sair de sua boca foi algo parecido com um uivo, aquilo não podia estar acontecendo, não mesmo.

— Sabe, ... — A voz dele havia mudado, era algo totalmente assustador. — Esperei tempo demais pra finalmente me vingar daquele sanguessuga desgraçado.
— O que você está falando, ? — Meu corpo tremia e eu não sabia mais o que fazer.
— Seu namoradinho vampiro matou meus betas e como punição, irei matar a namorada humana fofinha.
— Eu não sou mais namorada dele! — Disse firme.
— Mas ele ainda te vigia, ainda te protege, deveria ter escutado ele... — ergueu uma das mãos, as garras prontas para cortar qualquer coisa que se aproximasse demais. — Boa sorte no inferno!

Não consegui processar nada do que aconteceu em seguida, foi rápido demais. Fechei meus olhos e pedi chorando que aparecesse ali, mas isso não iria acontecer. Senti as garras cortarem meu rosto e depois a outra mão entrar com tudo em minha barriga.
Desabei no chão com tudo, a visão ficando turva e vendo o exato momento em que um borrão de cabelos castanhos entrou pela janela, quebrando o vidro da mesma e se jogando contra o lobo.


Capítulo 4

POV

Depois de três anos, acabei perdendo quem eu tanto amava. Não que eu realmente esteja abrindo mão dela, nunca! Só estou dando um tempo para que ela esfrie a cabeça e possa ver que eu realmente a amo e quero o melhor para ela.
E também não significa que eu não vou transformá-la, muito pelo contrário. , o líder dos humanos, já atendeu ao pedido e lhe mandou a resposta, eu que escondi dela, para fazer uma surpresa. Mas ao que parece, a surpresa quem recebeu fui eu, quando cheguei e não encontrei nenhum de seus pertences no armário.
sabe ser mais cabeça dura que eu quando quer. Por conta de sua partida, nossa ligação enfraqueceu e agora eu tenho de vigiá-la de muito perto. Sei que ela sente minha presença, mas prefiro ficar nas sombras por enquanto. Com o humor que ela está, é capaz de cravar uma estaca em meu coração sem nem me escutar primeiro.
Nas últimas semanas, tenho sentido o fedor dos lobos perto do lugar onde ela trabalha. Sei que talvez eu esteja exagerando, mas não confio em um mundo onde existe . Ele ainda está procurando vingança pelas mortes de seus capangas, mas eles procuraram briga no momento em que encostaram o dedo em minha mulher.
Ainda não descobri o que os levou a sequestrá-la, para começo de conversa. Tentei procurar respostas, porém não encontrei nada plausível para tal rebelião. Talvez o estivesse mesmo atrás de briga com os vampiros e achou que eu não faria o serviço direito, engano dele.

...

Mas o desgraçado do cachorro sarnento esperou até que minha ligação de sangue com se dissolvesse por completo para poder aparecer e fincar as garras em minha namorada ingênua. E sim, eu ainda a considerava minha, mesmo ela sendo tão teimosa. O que eu e temos vai além do sangue e do sexo. Muito além!
Tentei abrir os olhos dela lhe pedindo para não confiar no , mas aparentemente ele não estava usando seu nome americano e sim o coreano. Porém está tão cega de raiva de mim, que nem percebeu que os sobrenomes são iguais. Maldita teimosia! Argh!
Eu odiava ter que usar meus poderes em seres humanos, mas foi preciso. Hipnotizei o porteiro do prédio, ele nem sabe o motivo de ter meu número na agenda do celular dele e nem vai se lembrar disso quando tudo acabar.
Mesmo depois de advertir do perigo que ela corria perto do cachorro, ela saiu com ele e eu estou aqui, trancado dentro dessa mansão sem poder fazer nada, não até o Sol se pôr.

...

Quando enfim o mundo resolveu colaborar e o Sol se pôs, eu corri para o tal parque, mas não estava mais lá. Segui o rastro do cachorro sarnento e ele dava no apartamento de . Meus instintos diziam que algo não estava certo, então ouvi um grito de minha menina e praticamente voei.
Entrei quebrando a janela, não liguei se se importaria ou não, eu precisava mantê-la a salvo e faria qualquer coisa para isso. Quando entrei no apartamento de , o cheiro de sangue invadiu meu nariz.
estava no chão, uma poça de sangue enorme logo abaixo dela e um transformado e todo sujo de sangue me encarava.

— Você vai pagar por isso, cachorro! — Voei para cima dele e lhe dei um murro bem em seu focinho torto.

O cachorro fedorento tentou avançar em minha direção e me morder, mas não permiti que isso acontecesse, afinal, uma mordida de lobo era fatal para nós vampiros. Com um golpe rápido, me atirei sobre o animal, quebrei uma de suas pernas e a besta uivou de dor. Eu teria muitas mentes para apagar as lembranças depois de acabar com aquele maldito animal.
Ainda mancando e em alta velocidade, o lobo se jogou contra mim e arrancou um pedaço de minha camisa com as garras, mas isso foi tudo que ele conseguiu. Agarrei seu pescoço e, em questão de segundos, eu o quebrei e findei com a vida do maldito.
Joguei para longe o corpo que aos poucos voltou a sua forma humana e finalmente encontrou com o Diabo no inferno. Corri em direção a e verifiquei seus batimentos cardíacos, estavam fracos, mas eu ainda tinha tempo para salvá-la.
Mordi meu antebraço e deixei que o sangue de minhas veias escorresse para dentro de sua boca. Aos poucos, uma quantidade considerável de sangue estava em sua corrente sanguínea, que já trabalhava devagar. Agora eu precisava esperar e ver se meu último esforço para trazê-la de volta havia dado certo.

...

POV

Eu podia ouvir o canto dos pássaros, os carros buzinando no trânsito caótico da manhã, alguém varrendo em algum lugar próximo e também um suspiro de alívio. Eu podia ouvir tudo aquilo e nem tinha aberto os olhos ainda.
Quando abri os olhos, a visão era perfeita. O ser sentado na poltrona ao lado da cama estava ainda mais belo do que eu realmente lembrava, a pele mais corada, no meu ponto de vista.

— Como se sente? — A voz gostosa adentrou meus ouvidos e foi como se estivesse ouvindo um coral de querubins.
— Bem, eu acho. — Disse ainda insegura. — O que realmente estou fazendo aqui e por que não sinto mais raiva de você?
— Está se recuperando e terminando a transformação. Sobre a segunda pergunta, é algo sobre criador e criatura e seus sentimentos reais por mim sendo aflorados.
— Então eu sou... — Deixei a frase morrer e passei a me analisar.
— Sim! Agora você é igual a mim. Se tivesse esperado um pouco mais, eu teria te transformado depois da minha viagem ao conselho.
— Eu... — Corri até o espelho e a velocidade com que cheguei ali foi impressionante. apenas sorria a cada passo ou cara que eu fazia para mim em frente ao espelho.
— Você apenas está aperfeiçoada, continua linda como sempre foi, só está com alguns ajustes, tipo a sua imortalidade.

Não conseguia conter minha felicidade. Corri em sua direção e o abracei, meu corpo finalmente estava na mesma temperatura que o dele, eu conseguia ouvir o que ele ouvia, ver o que ele via, eu finalmente era como ele.

— Você quase me matou, ! — resmungou ainda abraçado a mim. — Se eu demorasse mais cinco minutos, você, você...
— Shiii... — Eu o abracei mais forte. — Você chegou a tempo e eu estou aqui e sou uma dos seus agora!
— Me arrependo tanto de ter demorado todo esse tempo. — confidenciou enquanto depositava um beijo em meu pescoço. — Teria facilitado tanta coisa, evitado outras.
— O passado não importa mais, ! — Segurei seu rosto para que ele me olhasse nos olhos, seus olhos tão vermelhos quanto os meus. — Agora temos o presente e a eternidade para aproveitar.

me ergueu do chão muito fácil e rápido, num piscar de olhos, olhos humanos, já que os meus agora captavam o movimento dele. Em fração de milésimos de segundos estávamos na cama, eu sorrindo e com aquele olhar de quem queria aprontar.

— Sonhei com cada uma das coisas que faremos a partir de agora, cada sensação que irá sentir enquanto eu te amo e provo do seu sangue. Nossa ligação de antes não é nada comparado com o que temos agora. — Ele enfim me beijou, e ele tinha razão, era totalmente diferente. O sabor era mais gostoso, a sensação de nossas peles era mais gostosa, nossos corpos juntos eram mais gostosos, tudo era gostoso. — Pena que eu preciso te alimentar agora.

Na velocidade em que deitamos, ele se levantou, ofereceu sua mão para que eu a pegasse e o acompanhasse para onde quer que fôssemos.
Não precisava aprender nada sobre aquela casa, ela já foi minha um dia, meses atrás na verdade. Continuava do mesmo jeito que eu me lembrava.
me levou até à cozinha e me disse para sentar em um dos bancos próximos ao balcão, foi até a geladeira e pegou algo parecido com uma bolsa de sangue, é, realmente era uma, e me mostrou como eu deveria abrir e beber.

— Isso te deixará saciada por até umas três horas. Somos como os humanos e devemos nos alimentar regularmente, a diferença só está no alimento, eles comem tudo e nós bebemos o sangue deles.
— Isso é tão bom! — Soltei depois de tomar o primeiro gole. — Posso arriscar e comparar isso a um bolo de chocolate coberto de calda.
— Nunca provei um. — disse simplista, terminando de tomar sua bolsa. — Terminou?

Apenas assenti, e tomou a bolsa de minhas mãos e colocou junto da sua, sobre o balcão. Mais uma vez esbanjando seus poderes e muito provavelmente me mostrando como usá-los, me colocou em seus braços e correu de volta para o quarto.
Senti meu corpo bater contra a cama e minhas roupas sumirem de meu corpo, virando farrapos em instantes.

POV

Meu autocontrole e paciência estavam esgotados. Eu precisava provar de sem precisar me segurar, sem medir forças, sem nenhum problema ou muito menos precisar ter cuidado com sua fragilidade.
A joguei na cama e arranquei suas roupas. A visão de seu corpo nu e totalmente ao meu dispor e alcance me deixava duro, ansioso e sedento. Sedento por seu corpo e por seu sangue. Mesmo com a transformação, eu ainda provaria dela e ela de mim, tornando o que temos ainda mais forte e selvagem.
Sem rodeios, arranquei minhas roupas, as deixando no mesmo estado das dela. Por mim não precisaríamos delas nunca mais.
Sem nenhuma enrolação, coloquei meu corpo sobre o de , meus lábios buscando os dela imediatamente, a necessidade que sentíamos um do outro, era enorme. Meu corpo queria se fundir ao dela naquele momento, mas como tínhamos a eternidade para nos amarmos, eu iria aproveitar cada segundo dela.
Separei nosso beijo e desci meus lábios até seus seios firmes e bem redondos, beijando cada um delicadamente, depois suguei um dos mamilos como se minha vida dependesse disso. arfou pesadamente, era esse o som que eu tanto queria ouvir sair de seus lábios.
Enquanto massageava e mamava um dos seios, desci minha mão livre até sua intimidade e a estimulei, os arfares viraram gemidos e meus cabelos foram o alvo para ela descontar seu prazer. pedia por mais e eu, claro, atendi a seus pedidos.
Introduzi um dígito em sua entrada, totalmente molhada e pronta para mim, e movi os dedos na velocidade mais rápida que nos era permitido. O corpo de era meu para todo o sempre, meu templo de prazer, tanto meu, quanto dela.
Larguei de seu seio e desci minha boca até sua coxa direita, raspando minhas presas nela, cravei-as ali e suguei seu sangue. gritou com o prazer, a alimentação entre vampiros era ainda mais prazerosa para nós dois. Com alguns segundos, enquanto eu me alimentava dela, gozou, me deixando ainda mais sedento por dela.
Sem esperar muito, nos virou, ficando por cima e sentando com tudo em meu membro. Gemi com o contato, estava há tanto tempo sem ela que meu corpo se movia sozinho, sem os comandos necessários.
Nosso sexo era bruto, um vai e vem rápido e forte, tudo numa velocidade descomunal. cavalgava em meu membro sem cerimônias e sem nenhuma delicadeza, queria saciar nossa saudade, da mesma forma que eu queria.
Seu corpo caiu sobre o meu, mas não de cansaço, e sim para que nossos lábios se tocassem novamente, porém eles não se demoraram muito ali. dirigiu seus lábios até meu pescoço e cravou suas presas nele. Aquilo me deixou ainda mais louco. Ergui seu corpo e nos deixei sentados, sem nos separar, nem nossas intimidades, e muito menos as presas de do meu pescoço.
Aumentei a velocidade e a força que exercia contra , não duraríamos mais que um minuto ali. foi a primeira a chegar ao ápice, soltando meu pescoço e jogando a cabeça para trás ao gemer meu nome alto. Eu não fiquei para trás, movi meu quadril de encontro ao dela e gemi seu nome também alto. Enfim éramos um só, eternamente.

— Vai ser assim para o resto da vida? — perguntou, olhando-me com seus olhos carmesim.
— Ou melhor! — Lhe respondi sorrindo. — E para toda a eternidade.
— Soa tão bem essa frase. — disse sorrindo.
— Qual? — Lhe perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
— Para toda a eternidade.
— Juntos para sempre agora! Desculpa demorar tanto para isso. — Confidenciei colando nossas testas.
— Não me importo mais com a demora, o importante é que estamos juntos agora e para sempre. — depositou um beijo rápido em meus lábios. — Te amo!
— Também amo muito você e estamos juntos agora e para sempre. — Repeti e lhe abracei, lhe dando um beijo mais profundo.

É, talvez o tempo separados tenha servido para que eu aprendesse que eu realmente precisava dela comigo, mesmo que seja repetitivo. AGORA E PARA SEMPRE.



Script dos capítulos acima feito pela pupila Ells.



FIM



Nota da autora: Espero que você tenha gostado de mais uma das minhas loucuras e mais uma vez muito obrigada! Não esqueça de deixar um comentário e até a próxima!



Qualquer erro no layout dessa fanfic, notifique-me somente por e-mail.


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