Capítulo Único
Natal: quando as famílias se reúnem para as tradições familiares. Época que nos traz de volta lembranças da infância. Quando de baixo da árvore à sombra da lareira, são abertos os presentes, e nosso peito é preenchido com alegria e amor.
Para não era diferente, Natal era e sempre seria sua época do ano preferida. E dessa vez mesmo estando longe de casa a poucos dias do Natal, não deixava que a esperança e a alegria fugissem de si, mesmo não vendo a hora de retornar para a casa, para se reunir com a família para essa data tão especial.
E seria na Irlanda do Norte que ela compraria os presentes.
Em um pequeno mercado de vila na qual ela passava os dias hospedada, ela comprava umas coisas necessárias que não havia levado na viagem, e pelos autos falantes emanava o som de músicas natalinas, fazendo sorrir e cantar junto enquanto fazia suas compras.
Ao entrar no corredor das bebidas, logo avistou a seção dos vinhos a animando ainda mais, quando avistou a garrafa de vinho da marca que ela mais gostava de tomar. Ia pegá-lo quando sua mão de chocou com a mão de uma outra pessoa.
- Me desculpe. Você ia pegar esse vinho? - Um homem alto perguntou.
- Sim, eu ia. É a última garrafa?
- Dessa, sim. – O homem disse olhando no fundo da prateleira junto com . – Mas pode levar com você.
- Tem certeza?
- Sim. Não será tão necessário para mim.
- Obrigada. – Ela sorriu colocando a garrafa na cestinha. – Feliz Natal.
- Feliz Natal.
E ambos seguiram caminhos opostos.
pagou suas compras e saiu, cantarolando uma música natalina seguiu para casa admirando as casas enfeitadas com luzes e neve.
No dia seguinte, acordou disposta à finalizar relatórios do seu trabalho e fazer algumas compras, por ser ainda tão cedo não se preocupou em sair tão cedo, somente quis tirar um momento para si. Pegou uma caneca de café, um livro que há muito queria começar a ler, e se sentou meio jogada em uma das poltronas que havia em seu quarto.
Quando já era hora do almoço e seu estômago dava indícios de necessidade de comida, se levantou indo assim até o banheiro e tomando um belo banho quente de chuveiro. De banho tomado, ela colocou uma roupa bem quente e saiu, seguindo até um restaurante bem próximo do hotel.
Assim que terminou de comer, no caixa pegou um saquinho com bengalinhas doces e saiu pelas ruas, agora observando as vitrines e opções de presentes, se preparando para os comprar.
Quando uma loja lhe chamou a atenção, fazendo seus olhos brilharem e não pensar duas vezes antes de entrar ali. Toda a loja era de artefatos natalinos, era prateleiras e mais prateleiras com tipos variados de bolinhas para árvore, variados tipos de luzes natalinas e diversos tipos de globos de neve, porem um ali lhe chamou a atenção e não conseguia se ver indo embora sem aquele globo.
No globo havia duas árvores do tipo pinheiro cobertas de neve, um bonequinho de neve à frente das árvores, e uma plaquinha em madeira indicando o sentindo do polo norte e, para fechar, havia iluminação dentro do globo, com luzes azul e vermelha que também dava contrates de luz violeta.
Feliz da vida, saiu da loja com seu globo de neve bem embaladinho, e pendurado com todo cuidado no braço seguindo assim para outras lojas em buscas dos presentes ideais.
Já de noite, havia finalmente finalizado uma parte de suas compras, havia demorado mais do que havia imaginado por uma parte, ter tido pouco tempo pois em cada loja que ia uma coisa lhe chamava a atenção e ela dava boa parte de seu tempo naquilo.
E com dificuldades ela andava pelas ruas, enquanto tentava equilibrar as caixas de presentes, tendo muito cuidado para não esbarrar em ninguém, mas nunca foi uma pessoa de muita sorte.
Em uma pequena curvinha de esquina, vinha em seu encontro uma pessoa que também tinha dificuldades em carregar suas compras, eram umas caixas de presente e sacolas de supermercado. Quando o incidente aconteceu, ambos se trombaram. Algo que graças aos céus não foi tão desastroso, as caixas caíram no chão, mas nada foi espalhado, e coisas de vidro por estarem bem embrulhados, pela caixa e a neve fofinha não se quebraram.
- Me desculpe.
- Tudo bem. Isso iria acabar acontecendo. – riu com ele enquanto recolhiam as coisas. - Olha o tanto de coisa que invento de comprar de uma só vez.
- Você não é a moça daquele dia do mercado?
- É, sou eu mesma.
- Legal. Não imaginava que iria te encontrar no dia seguinte novamente. – Riram.
- Pelo jeito não sou a única que começo as compras bem antes do Natal. – apontava para as coisas dele.
- Se deixar para última hora, as lojas ficam lotadas. Mesmo sendo cidade pequena.
- Verdade. Prefiro fazer as compras com calma.
- Eu também. – Ele sorriu colocando a última caixa em cima de outras caixas que segurava.
- Obrigada.
- A propósito, me chamo .
- .
- Você não é daqui, não é?
- Não. Vim a trabalho.
- E já conheceu um pouco da cidade?
- Infelizmente, ainda não.
- Se quiser posso te apresentar.
- Eu adoraria.
- Combinado, então. - Sorriu lindamente para ela. - Irei te encontrar, não será difícil.
- Estarei à espera.
- Até mais, .
- Até mais.
Ele pegou suas caixas e sacolas e continuou seu caminho que novamente era o oposto de , mas não sem antes lançar um último olhar e sorriso de adeus para ela, que o observava.
agora parecia ainda mais feliz e carregava suas coisas com maestria.
O quarto da pousada em que estava hospedada era confortável e aconchegante. Ao entrar pela porta ao lado direito havia o banheiro, seguindo pelo quarto do lado esquerdo em um painel de madeira ficava a televisão de tela plana. De frente para a TV do lado direito ficava a grande cama box de casal queen size. Do lado direto da cama, dando de frente para a porta de entrada do quarto havia uma porta estilo porta balcão, utilizando somente a parte de viro da porta dando para a rua como uma sacada, e rente a janela uma grade com detalhes, em preto.
Do lado de fora a neve caia de forma delicada, fazendo se agasalhar com mais uma blusa de frio. Vendo aquela neve cair, sentiu seu coração se aquecer e uma felicidade tomar conta de seu coração, e assim seguiu até a pequena sacada que era a porta e se encostou na grade. Ali deixou seus pensamentos fluírem, os levando também até sua família, sentindo uma grande saudade. Mas ela mesmo assim estava feliz, estava em uma cidadezinha pequena onde a muito tempo queria estar para descarregar todo o estresse do trabalho, e mesmo tendo ido até ali justamente por conta do trabalho, não estava sendo tão estressante como pensara que seria. Estar ali aliviava seu cérebro lotado, sua alma e corpos cansados, e enchia seu coração com sentimentos que só lhe trazia felicidade e esperança, e a época do ano só dava um empurrãozinho a mais para aquilo.
Ao olhar para cima, tudo o que via eram os flocos de neve caindo do céu com tamanha leveza, que deixavam assim seus pensamentos leves. O contraste da neve branquinha com as luzes natalinas enfeitando as lojas e casas ao redor a faziam suspirar.
No dia seguinte, finalizava a revisão de um documento importante de trabalho, quando ouviu baterem em sua porta, a fazendo despertar e olhar para o lado de fora, constatando que já era de noite. Havia ficado tanto tempo ali trabalhando, que nem havia percebido o cair da noite.
Ao abrir a porta encontrou , esfregando as mãos que estavam frias para que se esquentassem.
- Olá, .
- Oi.
- Te disse que te encontraria.
- Pensei que não falava sério. - Sorriu se encostando na porta.
- Não te deixaria esperando. Infelizmente não consegui vir ontem por conta do trabalho.
- Está tudo bem, não precisa se preocupar.
- Você pode sair? Está muito ocupada?
- Não, estou não.
- Que bom. Tem um lugar que quero te mostrar.
- Que ótimo.
Pegou seu casaco ao lado da porta, as chaves e saíram.
estava impressionada, não sabia que iria realmente procurá-la e cumprir com o combinado.
- Você gosta de batata frita?
- Eu adoro. Por quê?
- Essas batatas que você irá comer, você nunca irá esquecê-las. São as melhores batatas da cidade.
Então pararam em um food truck, onde pediu uma porção grande de batatas com ketchup.
Com o pedido pronto em poucos minutos, o atendente entregou para e eles se sentaram em um banco de praça ali perto.
Com a neve caindo bem fraquinha, os dava mais liberdade de ficar na rua e se sentarem para conversar e comer.
com expectativa observava pegar uma batata e comê-la, ela olhava pensativa para ele.
- Olha, é gostosa.
- Não, . Tem que dizer com todas as palavras: “é a melhor batata que já comi”. – Ela riu do desapontamento dele.
- São realmente muito boas.
- Não. Elas são maravilhosas e viciantes.
- Tem razão. Não consigo negar que são as melhores batatas que já comi.
- É assim que se faz. Não tem como não amar essas batatas.
Riram, enquanto terminavam de saborear aquela porção de batatas, conversavam sobre diversas histórias, enquanto ela aprendia sobre tradições e festivais que aconteciam no decorrer no ano, ali na cidade.
Logo estava acompanhando até a pousada que ela estava hospedada, e durante o percurso passavam por lojas e observavam as vitrines, por restaurantes e ele lhe contava um pouco mais sobre a culinária local, e algumas histórias de engraçadas até as macabras de casas dali que ele sabia.
- Há um espírito que é muito temido na Irlanda. É a Banshee da família das fadas, porém a mais obscura entre elas. Quando se ouve seu choro é porque alguém está prestes a morrer, e dizem também que ela pode aparecer como lavadeira e nessas ocasiões ela leva as roupas das pessoas que irão morrer em breve.
- Obrigada por provavelmente me deixar acordada a noite toda.
- Não há de que. Cuidado, é costumeiro ouvir o choro dela de noite.
- Definitivamente essa noite eu não durmo. - riu.
- Fica tranquila, é somente uma lenda.
- Suficiente para não me deixar dormir. - riu mais uma vez e continuaram a caminhada.
Mais duas quadras depois chegaram em seu destino, ele entrou com ela, mas ficaram no hall da pousada onde se despediram.
- Obrigada pela noite. Eu adorei.
- Fico feliz. Ainda tem mais lugares que quero te mostrar.
- Não vejo a hora.
- Venho em breve para levá-la.
- Boa noite.
- Boa noite, .
Distraída enviava um relatório do trabalho, quando uma movimentação na rua chamou sua atenção, escutou uma voz bastante familiar falando com alguém bem debaixo de sua janela que ficava para a faixada principal da pousada. foi até a janela e encontrou se despedindo de alguém, enquanto segurava uma cesta de piquenique.
- Admito que estou bem curiosa. O que faz por aqui? – ela disse se apoiando na grade da janela.
- Se vier comigo irá descobrir.
- Acho que de primeira irei chutar. Piquenique.
- Em partes acertou. Mas se tentar um pouco mais perderá a graça.
- No inverno? Interessante.
- Quando o verão chegar, você não estará aqui. E o lugar que quero te levar, a vista é linda nessa época do ano, então pensei em improvisar.
- Conseguiu me deixar ainda mais curiosa. – Ele riu dando de ombros, como dizendo que era só ela ir com ele que saberia. – Já vou descer.
Chegando no destino, pegou a cesta no banco de trás do carro, e dando uns poucos passos, se maravilhou com o que tinha bem diante de seus olhos.
Dali ela podia ver toda a cidade coberta por neve e muito iluminada pelas luzes natalinas, ela nunca tinha visto algo tão magnífico como aquilo.
- É tão lindo.
- Sabia que iria gostar.
- Obrigada por me mostrar esse lugar.
Ele parou ao lado dela bem pertinho e a olhou nos olhos sorrindo, ali ela não teve como disfarçar seu encantamento perante aquele “estranho” tão gentil. Não a conhecia e mesmo assim se ofereceu para lhe fazer uma gentileza, lhe tirando do quarto onde estava hospedada e lhe mostrando pontos da cidade que mais gostava. Estava dividindo com ela particularidades dele.
Aos poucos, estava marcando como ninguém havia conseguido antes, não somente pelo seu sorriso tão bonito. Ele era bonito, porém ainda mais gentil e educado.
No mercado havia chamado a atenção de , que não se permitiu se levar sabia que ela era nova na cidade e que logo poderia estar indo embora, e por não ter certeza se conseguiria vê-la novamente mesmo sendo uma cidade pequena. Mas no dia do incidente, ela com uma touca verde e branca, bochechas e ponta do nariz vermelhas pelo vento gelado. Tão bonita. Deixou sonhador.
Ele queria conhecer mais de e seria interessante fazer isso mostrando os lugares que ele mais gostava na cidade. Se conhecerem fazendo coisas divertidas.
- Preciso dizer que não quero ir embora desse lugar.
- Quando você precisará ir embora?
- Daqui a duas semanas.
- Ainda conseguirei te mostrar muita coisa daqui.
- Mas já estou sentindo de ter que ir embora.
- Uma coisa que aprendi com a minha avó é não sofrer antecipado, a energia que você gasta em sofrer você poderia estar gastando em aproveitar ainda mais os momentos.
- É. Você tem razão.
- Só aproveite . - Ela sorriu para ele, que retribuiu o sorriso, e voltaram seus olhares para a paisagem a sua frente.
carregava mais algumas poucas sacolas de compras de presente de Natal, enquanto ria ao lado de . Durante o almoço estava em um restaurante próximo à sua pousada, quando encontrou com no restaurante. Ela estava finalizando seu almoço, quando então a convidou para ajudá-lo a comprar umas coisas de Natal e nem para todos ele tinha ideia do que comprar, feliz com o convite aceitou prontamente.
Na primeira loja que entraram havia coisas bem variadas, de roupas a artigos para casa, decoração, utensílios domésticos e cosmética também.
Em frente a um espelho, experimentava um cachecol vermelho, cogitando a possibilidade de levar aquele. E ela o faria.
- Vermelho fica ótimo em você, mas esse daqui irá ficar incrível. - disse colocando no pescoço de um cachecol verde quase neon, onde havia trevos de quatro folha e pequenos duendes pendurados pela extensão do cachecol. não deixou de rir com a ousadia dele.
- É realmente incrível, mas infelizmente ainda não é dia de São Patrício.
- Todo dia é dia de festa, . - piscou para ela sorrindo e saiu para ver outros artigos na loja.
Com distraído e com uns artefatos em mãos, chegou bem próximo a e levou um pequeno susto quando sentiu algo ser colocado em seu pescoço, ao se dar conta que se tratava de ficou mais calmo.
- Eu achei umas coisas que são sua cara . Juntos vão ficar lindo.
- É mesmo?
- Mesmo. - Terminando de colocar o cachecol no pescoço de , o mesmo sentiu um arrepio pelo contato dos dedos de em sua pele, um arrepio interessante e diferente.
Ele se virou para ela, e a viu sorrindo divertida com mais umas coisas em mãos.
- Tem só mais esses, vem aqui. - Ele se aproximou dela e por ser um pouco mais alto, ela tinha uma certa dificuldade em colocar um pequeno arco na cabeça dele, o fazendo rir e se abaixando para que ela conseguisse o colocar. Quando ela assim conseguiu, ela olhou em seus olhos sorrindo, ele estava bem mais próximo dela, perigosamente mais próximo.
- Está perfeito. - Ao se olhar no espelho tinha no pescoço um festão furta cor, uns óculos de trevo de quatro folhas, e uma tiara de princesa na cabeça.
- Eu ia brigar contigo, mas não é que eu fico um gato de qualquer jeito e com qualquer coisa. - Ele sorriu presunçoso, fazendo revirar os olhos, mas sorrir com a pose afeminada de .
Ao saírem da loja eles ainda riam sobre uma piada bem sem graça e sem sentido que ele havia contado, quando na quadra seguinte ele parou fazendo parar, ao ver um coral cantando músicas natalinas na calcada, várias pessoas estavam ao redor os vendo cantar.
- Essa é sem dúvidas a melhor época do ano. - disse suspirando.
- Por que gosta tanto dessa época?
- Eu não sei, mas acho que por conta das tradições: como na minha família, não existe um Natal que passamos sem montar a árvore de Natal. E é um momento só nosso, que fazemos todos juntos. E a neve, as luzes, a família toda reunida. É aconchegante e cheio de amor. - a olhava falando de forma tão apaixonada sobre o Natal, com um brilho diferente nos olhos.
Ao chegarem na pousada de , como sempre ele a deixou no hall.
- O que fará hoje à noite?
- Ainda não faço ideia. Por quê?
- O que acha que ir até a minha casa? Faço o jantar.
- Eu aceito.
- Estarei te esperando. Até
- Até - ele se aproximou e depositou um beijo na bochecha de , a fazendo fechar os olhos por um momento, enquanto sentia os lábios de em sua pele.
De noite, já pronta para sair e ir até a casa de , ela estranhamente se sentia nervosa ao se olhar para o espelho checando a roupa que havia vestido para aquela noite.
Após o término do último namoro de , ela havia decido que não se preocuparia mais com sua vida amorosa, mas somente focaria na sua carreira. Não que ela tivesse passado por um namoro ou término conturbado, pelo contrário havia sido de forma amigável e algo decido de ambas as partes, na qual não se tornaram inimigos, mas se mantiveram amigos.
Ela só não sabia mais como aconteceria exatamente aquilo, depois de um tempo sem sair com alguém. Não que aquele jantar fosse um encontro, ela já sabia que aquilo não daria certo, a vida de estava em outro lugar e a de era ali.
Decidida em não pensar sobre aquilo, e gastar suas energias. Ela pegou a bolsa e saiu.
Chegando no endereço indicado por , se deparou com uma casa bem enfeitada. Tocou a campainha e esperou até que segundos depois ele abriu a porta e sorriu lindamente ao constatar que era .
- Oi.
- Oi, , entra.
- Obrigada. - Ele a ajudou a tirar o casaco, pendurando o mesmo perto da porta.
- Estou terminando o jantar.
- Fica tranquilo.
Ao chegarem na cozinha, serviu a uma taça de vinho, onde fizeram um pequeno brinde.
- O cheiro está ótimo, .
- Espero que goste do sabor também.
Jantar pronto e mesa posta, se saborearam com a comida. Ela ficou encantada com o dom culinário de .
- Você é chef de cozinha?
- Não. Sou formado em Direito.
- Uau. Você cozinha incrivelmente bem.
- Dom de família.
- Seja menos presunçoso. - Ela riu tacando um guardanapo nele, que também riu.
- Vem cá. - a chamou, pegando as duas taças e a garrafa de vinho. Foram até a sala se sentando em frente a lareira, entre a mesinha de centro e o sofá, se encostando no mesmo.
Ali ficaram conversando por um longo tempo.
Dois dias havia se passado desde o jantar na casa do , e se jogou de cabeça no trabalho evitando pensar no que quase aconteceu naquela noite. Em um momento durante a conversa e o vinho na sala de estar, eles quase se beijaram, por não saber o que fazer e como seria, disfarçou evitando o beijo. Não seria bom correr o risco de se envolver ainda mais naquilo sendo que em pouquíssimo tempo iria embora. Era ainda somente o começo, ela daria conta de não deixar aquilo ir longe demais para ser tarde demais para parar. Era o que ela pensava.
Desde então não apareceu, e não a acompanhou em nenhum lugar. Ele não parecia ter ficado chateado pelo beijo evitado por , ele também pareceu concordar que aquilo foi melhor não ter acontecido, então pensava que a ausência de era por conta do trabalho na pousada.
Quase de noite, ela não conseguia se concentrar em mais nada do trabalho, quando enfim desistiu e se jogou na poltrona com um livro.
só percebeu que havia adormecido, quando escutou batidas na porta e acordou assustada.
- Já vou. - gritou se levantando, arrumando o cabelo e a roupa.
Ao abrir a porta, sua felicidade foi evidente ao ver ali parado com seu lindo sorriso nos lábios.
- Olá, .
- Oi. Entra.
Com dificuldade ele pegou uma árvore pequena e umas caixas que havia colocado no chão para bater na porta, vendo a dificuldade dele, o ajudou pegando umas coisas.
- Por que tudo isso?
- Fiquei sabendo que no seu quarto não tinha uma árvore decorada. E , amante do Natal, sem uma árvore decorada? Isso não está certo.
- Não acredito. - sorriu boba com a atenção de naquele pequeno detalhe.
- Não é uma árvore muito grande, é pequena por não caber uma tão grande aqui.
- Não se preocupe isso é incrível.
- Então vem me ajudar. Seu toque na decoração, é muito importante.
Com a árvore decorada, e as luzinhas ligadas os dois ficaram a observando.
- Obrigada por isso, Berardo. Ficou incrível.
- Não há de que.
- Sabe, quando cheguei aqui não via a hora de ir embora, para conseguir passar o Natal com minha família. Agora eu realmente não quero ir embora.
- O que te fez mudar de ideia? – Ele passou a olhá-la.
- Você. – Quando ela o olhou, ele permanecia com seus olhos nela sorrindo. – Você foi incrível me levando a esses lugares, fazendo isso. - Apontou para árvore.
- Não foi nada. De verdade, foi ótimo e eu adoro sua companhia. - Continuou sorrindo agora voltando seu olhar de volta para a árvore. – É um pedacinho da Irlanda do Norte e de mim, que voltará com você.
- Eu jamais irei esquecer de tudo isso. E de você.
Ele voltou a olhar para ela, ambos queriam a mesma coisa, mas o medo os segurava, os impediam de ter o que precisavam.
se levantou e no radio colocou uma música natalina, seguindo até e estendendo a mão para ela que aceitou prontamente. Com os corpos colados, se balançavam no ritmo da música.
Com uma girada que guiou , a fez rir fazendo o coração dele bater mais forte.
Era tarde demais, os sentimentos que ambos tinham pelo outro já era irreversível.
- Fica aqui que eu já volto. - disse deixando sentada na mesinha do lado de fora da sorveteria.
Quando retornou, ele tinha vários potinhos, com variados sabores de sorvete em mãos, e uma das atendentes ajudava .
- Agora feche os olhos.
- Por quê?
- Será uma pequena brincadeira.
- Sei.
- Você diz que ama sorvete, que conhece todos os sabores. Quero fazer a prova disso.
- Você é pior que criança, . - Ela riu.
- Feche os olhos.
- Ok. - Ela fechou, e ele então colocou os potinhos pela mesa.
- Obrigado, Janine. - Assim se sentou na mesa, ao lado de . - Vamos começar pelo primeiro.
Pegou um potinho e colocou um pouco na boca de , que atentamente provou.
- Pistache com gotas de chocolate.
- Acertou. Próximo.
- Abacaxi com Coco.
- Esses estão fáceis demais.
- Eu disse que sou muito boa nisso.
- Vou para um mais difícil. - provou e ficou meio na dúvida.
- Creme com... Meu deus, Bacon?
- Acertou.
- Como isso?
- Tá se tornando comum com bacon.
- Adorei.
- Certo, próximo. - Enquanto ela saboreava o sorvete atentamente, observava também atentamente aos movimentos suaves que o rosto de fazia.
- Chocolate com... Banana.
- Acertou de novo. É, você é boa mesmo nisso.
- Eu te falei, que sou muito boa nisso - ela disse se sentindo a toda, abrindo os olhos.
- Feche os olhos mais uma vez. Vamos ver se você acerta esse último. - Assim fez, fechou os olhos pronta para acertar novamente, ela só não esperava por uma coisa.
pegou mais um potinho com sorvete, se aproximou ainda mais de , colocou o pote novamente na mesa e se entregou ao que mais queria. devagar selou os lábios de com os dele.
O beijo era devagar, não havia pressa alguma somente o desejo de sentir os lábios um do outro. se pegou surpresa de início, mas se deixou levar quando sentiu que era ali a beijando finalmente. Poderia acontecer de tudo ela só desejava que nada parasse aquele beijo. Nada importava naquele momento nem o depois.
E quando ele se afastou dela, partindo o beijo sua necessidade era de continuar ali. Devagar ela abriu os olhos e o viu ainda bem próximo.
- Consegue adivinhar esse? - em um sussurro ele perguntou, tirando o resto de palavras que havia sobrado em .
Já era o penúltimo dia de ali na cidade, no dia seguinte ela retornaria para casa, e de um lado para o outro ela andava no quarto onde estava hospedada, tentando manter o controle da ansiedade que a tomava. Enquanto pensava se iria aparecer ali uma última vez antes que ela voltasse, ela queria o ver, mas tinha medo de que ele não aparecesse. A atitude natural de seria ligar, ou simplesmente aparecer ali na casa dele, eles eram amigos, não seria nada fora do normal, mas o que a impedia era o ocorrido anterior.
Depois daquele beijo as coisas entre os dois não esfriou como ela imaginou que aconteceria, e nem ficou um clima estranho. Sabiam muito bem que tinha acontecido, o que sentiram, como se sentiam, assim como não conseguiam esquecer. Ela agora só não sabia mais ao certo como reagir, como ele reagiria depois de ter tido tempo para pensar, e nisso tinha medo de que ele estivesse arrependido e então mudado com ela de alguma forma.
E ainda não tendo total certeza, engoliu o medo e foi até ele.
Bateu na porta da casa duas vezes, e uma senhora apareceu atendendo.
- Olá, desculpe o incômodo. O está?
- Ah não querida, hoje ele está no turno da noite na pousada.
- Você poderia me passar o endereço?
- Claro!
Parada em frente a pequena pousada, decidia se deveria ou não entrar, a partir do momento que entrasse ela não voltaria atrás. Na verdade, a partir do momento que aceitou ver os pontos da cidade com aquele estranho tão gentil, foi tarde demais para voltar atrás.
Ela entrou e foi recebida por uma simpática moça no balcão da recepção.
- Olá. No que posso te ajudar?
- Olá. O está?
- Ele está sim. - Ela sorriu ainda mais - Vou chamá-lo, só um momento.
- Obrigada
Nervosa, batucava os dedos no balcão enquanto esperava, e sua mente a preparava para possíveis reações da parte dele.
- Desculpe a demora. No que posso ajudar?
Ele não reconheceu de imediato por estar distraído, olhando para as mãos enquanto tirava as luvas, que usava para fazer umas manutenções na pousada. Mas assim que parou no balcão de frente para ela e finalmente a olhou o seu sorriso se alargou.
- Desculpa ter vindo até aqui, não queria atrapalhar.
- Não atrapalha.
- Eu queria saber se você gostaria de tomar um café?
- Seria ótimo. - Aquilo animou um pouco mais . - Só não consigo sair agora.
- Tudo bem, eu entendo. - Talvez não fosse o melhor dia ou o melhor momento.
- Mas você quer tomar um café aqui comigo?
- Eu adoraria! – ela sorriu com a proposta dele.
Encostada no pilar da varanda da frente da pousada, observava a paisagem branca a sua frente, que tomava conta das faixadas das casas.
se aproximou e entregou a ela uma caneca que não era café como combinado, mas sim chocolate quente de uma receita especial de .
- Essa é uma receita especial da minha avó.
- Está uma delícia. - Deu mais uma bebericada no líquido.
tinha tantas coisas para dizer, e queria assim como precisava as dizer, porém não sabia por onde e como começar, então encarar a caneca em suas mãos pareceu melhor e mais seguro.
- Você volta amanhã para casa, não é?
- Sim.
- Entendo. - Essa é parte mais difícil, nos despedir das pessoas que se tonam e que são tão especiais.
- Vou sentir muitas saudades daqui.
- Esperamos que volte para visitar em breve.
- Pode ter certeza de que voltarei.
No dia seguinte, na estação esperava o trem, sua tristeza era evidente pois desde o dia anterior que saiu da pousada, não teve mais contato com . Houve um beijo tímido de despedida na bochecha, por ambos terem medo de ultrapassar uma linha que o outro poderia ter colocado, mesmo que quisessem a mesma coisa.
Ela tinha ainda um pouquinho de esperança, de que ele apareceria para se despedir mais uma vez, pela última vez da forma que ela e ele desejavam.
Enquanto ela terminava de organizar suas malas, de minuto em minuto olhava para a porta como se em um passe de mágica naquele momento ele bateria na porta, ou qualquer barulhinho no corredor era uma esperança que fosse ele. Ela só queria passar seus últimos momentos ali com ele, mas ela também entenderia se ele não aparecesse, confundir os sentimentos de alguém se tornando algo complicado era o que ela menos desejava.
O trem anunciava sua chegada, e junto o tempo dela ali era ainda menor se tornando quase nada.
E quando o trem parou na estação, antes de entrar deu uma última olhada ao redor, na esperança de que aparecesse.
O momento de embarcar havia chegado, frustrada e com o coração partido entrava no trem, quando enfim escutou alguém lhe chamar de longe.
- .
- Você veio. - Se alegrou de imediato, não acreditando que ele realmente estava ali.
- Desculpa o atraso, fiquei preso na pousada. Queria estar aqui antes.
- Tudo bem.
- Não poderia te deixar partir sem te dar uma coisa.
Delicadamente colocou uma mão em cada lado do rosto de , aproximando os seus rostos, e sem cerimônia a beijou, dessa vez tinha mais urgência e muita, muita saudade.
Foi o melhor presente de Natal que poderia ganhar.
- Vou sentir saudades, .
- Eu também irei. Não demore a voltar.
- Não irei. - Deu mais um beijo em , juntando suas testas em seguida. - Obrigada por tudo.
- Se cuida. E se lembre de mim. - Finalizou o contato dando um beijo na testa de .
- Não terei jamais como esquecer.
Ela assim foi embarcando no trem, mas sentindo que deixou um pedaço seu para trás, que logo voltaria para buscar.
Para não era diferente, Natal era e sempre seria sua época do ano preferida. E dessa vez mesmo estando longe de casa a poucos dias do Natal, não deixava que a esperança e a alegria fugissem de si, mesmo não vendo a hora de retornar para a casa, para se reunir com a família para essa data tão especial.
E seria na Irlanda do Norte que ela compraria os presentes.
Em um pequeno mercado de vila na qual ela passava os dias hospedada, ela comprava umas coisas necessárias que não havia levado na viagem, e pelos autos falantes emanava o som de músicas natalinas, fazendo sorrir e cantar junto enquanto fazia suas compras.
Ao entrar no corredor das bebidas, logo avistou a seção dos vinhos a animando ainda mais, quando avistou a garrafa de vinho da marca que ela mais gostava de tomar. Ia pegá-lo quando sua mão de chocou com a mão de uma outra pessoa.
- Me desculpe. Você ia pegar esse vinho? - Um homem alto perguntou.
- Sim, eu ia. É a última garrafa?
- Dessa, sim. – O homem disse olhando no fundo da prateleira junto com . – Mas pode levar com você.
- Tem certeza?
- Sim. Não será tão necessário para mim.
- Obrigada. – Ela sorriu colocando a garrafa na cestinha. – Feliz Natal.
- Feliz Natal.
E ambos seguiram caminhos opostos.
pagou suas compras e saiu, cantarolando uma música natalina seguiu para casa admirando as casas enfeitadas com luzes e neve.
No dia seguinte, acordou disposta à finalizar relatórios do seu trabalho e fazer algumas compras, por ser ainda tão cedo não se preocupou em sair tão cedo, somente quis tirar um momento para si. Pegou uma caneca de café, um livro que há muito queria começar a ler, e se sentou meio jogada em uma das poltronas que havia em seu quarto.
Quando já era hora do almoço e seu estômago dava indícios de necessidade de comida, se levantou indo assim até o banheiro e tomando um belo banho quente de chuveiro. De banho tomado, ela colocou uma roupa bem quente e saiu, seguindo até um restaurante bem próximo do hotel.
Assim que terminou de comer, no caixa pegou um saquinho com bengalinhas doces e saiu pelas ruas, agora observando as vitrines e opções de presentes, se preparando para os comprar.
Quando uma loja lhe chamou a atenção, fazendo seus olhos brilharem e não pensar duas vezes antes de entrar ali. Toda a loja era de artefatos natalinos, era prateleiras e mais prateleiras com tipos variados de bolinhas para árvore, variados tipos de luzes natalinas e diversos tipos de globos de neve, porem um ali lhe chamou a atenção e não conseguia se ver indo embora sem aquele globo.
No globo havia duas árvores do tipo pinheiro cobertas de neve, um bonequinho de neve à frente das árvores, e uma plaquinha em madeira indicando o sentindo do polo norte e, para fechar, havia iluminação dentro do globo, com luzes azul e vermelha que também dava contrates de luz violeta.
Feliz da vida, saiu da loja com seu globo de neve bem embaladinho, e pendurado com todo cuidado no braço seguindo assim para outras lojas em buscas dos presentes ideais.
Já de noite, havia finalmente finalizado uma parte de suas compras, havia demorado mais do que havia imaginado por uma parte, ter tido pouco tempo pois em cada loja que ia uma coisa lhe chamava a atenção e ela dava boa parte de seu tempo naquilo.
E com dificuldades ela andava pelas ruas, enquanto tentava equilibrar as caixas de presentes, tendo muito cuidado para não esbarrar em ninguém, mas nunca foi uma pessoa de muita sorte.
Em uma pequena curvinha de esquina, vinha em seu encontro uma pessoa que também tinha dificuldades em carregar suas compras, eram umas caixas de presente e sacolas de supermercado. Quando o incidente aconteceu, ambos se trombaram. Algo que graças aos céus não foi tão desastroso, as caixas caíram no chão, mas nada foi espalhado, e coisas de vidro por estarem bem embrulhados, pela caixa e a neve fofinha não se quebraram.
- Me desculpe.
- Tudo bem. Isso iria acabar acontecendo. – riu com ele enquanto recolhiam as coisas. - Olha o tanto de coisa que invento de comprar de uma só vez.
- Você não é a moça daquele dia do mercado?
- É, sou eu mesma.
- Legal. Não imaginava que iria te encontrar no dia seguinte novamente. – Riram.
- Pelo jeito não sou a única que começo as compras bem antes do Natal. – apontava para as coisas dele.
- Se deixar para última hora, as lojas ficam lotadas. Mesmo sendo cidade pequena.
- Verdade. Prefiro fazer as compras com calma.
- Eu também. – Ele sorriu colocando a última caixa em cima de outras caixas que segurava.
- Obrigada.
- A propósito, me chamo .
- .
- Você não é daqui, não é?
- Não. Vim a trabalho.
- E já conheceu um pouco da cidade?
- Infelizmente, ainda não.
- Se quiser posso te apresentar.
- Eu adoraria.
- Combinado, então. - Sorriu lindamente para ela. - Irei te encontrar, não será difícil.
- Estarei à espera.
- Até mais, .
- Até mais.
Ele pegou suas caixas e sacolas e continuou seu caminho que novamente era o oposto de , mas não sem antes lançar um último olhar e sorriso de adeus para ela, que o observava.
agora parecia ainda mais feliz e carregava suas coisas com maestria.
O quarto da pousada em que estava hospedada era confortável e aconchegante. Ao entrar pela porta ao lado direito havia o banheiro, seguindo pelo quarto do lado esquerdo em um painel de madeira ficava a televisão de tela plana. De frente para a TV do lado direito ficava a grande cama box de casal queen size. Do lado direto da cama, dando de frente para a porta de entrada do quarto havia uma porta estilo porta balcão, utilizando somente a parte de viro da porta dando para a rua como uma sacada, e rente a janela uma grade com detalhes, em preto.
Do lado de fora a neve caia de forma delicada, fazendo se agasalhar com mais uma blusa de frio. Vendo aquela neve cair, sentiu seu coração se aquecer e uma felicidade tomar conta de seu coração, e assim seguiu até a pequena sacada que era a porta e se encostou na grade. Ali deixou seus pensamentos fluírem, os levando também até sua família, sentindo uma grande saudade. Mas ela mesmo assim estava feliz, estava em uma cidadezinha pequena onde a muito tempo queria estar para descarregar todo o estresse do trabalho, e mesmo tendo ido até ali justamente por conta do trabalho, não estava sendo tão estressante como pensara que seria. Estar ali aliviava seu cérebro lotado, sua alma e corpos cansados, e enchia seu coração com sentimentos que só lhe trazia felicidade e esperança, e a época do ano só dava um empurrãozinho a mais para aquilo.
Ao olhar para cima, tudo o que via eram os flocos de neve caindo do céu com tamanha leveza, que deixavam assim seus pensamentos leves. O contraste da neve branquinha com as luzes natalinas enfeitando as lojas e casas ao redor a faziam suspirar.
No dia seguinte, finalizava a revisão de um documento importante de trabalho, quando ouviu baterem em sua porta, a fazendo despertar e olhar para o lado de fora, constatando que já era de noite. Havia ficado tanto tempo ali trabalhando, que nem havia percebido o cair da noite.
Ao abrir a porta encontrou , esfregando as mãos que estavam frias para que se esquentassem.
- Olá, .
- Oi.
- Te disse que te encontraria.
- Pensei que não falava sério. - Sorriu se encostando na porta.
- Não te deixaria esperando. Infelizmente não consegui vir ontem por conta do trabalho.
- Está tudo bem, não precisa se preocupar.
- Você pode sair? Está muito ocupada?
- Não, estou não.
- Que bom. Tem um lugar que quero te mostrar.
- Que ótimo.
Pegou seu casaco ao lado da porta, as chaves e saíram.
estava impressionada, não sabia que iria realmente procurá-la e cumprir com o combinado.
- Você gosta de batata frita?
- Eu adoro. Por quê?
- Essas batatas que você irá comer, você nunca irá esquecê-las. São as melhores batatas da cidade.
Então pararam em um food truck, onde pediu uma porção grande de batatas com ketchup.
Com o pedido pronto em poucos minutos, o atendente entregou para e eles se sentaram em um banco de praça ali perto.
Com a neve caindo bem fraquinha, os dava mais liberdade de ficar na rua e se sentarem para conversar e comer.
com expectativa observava pegar uma batata e comê-la, ela olhava pensativa para ele.
- Olha, é gostosa.
- Não, . Tem que dizer com todas as palavras: “é a melhor batata que já comi”. – Ela riu do desapontamento dele.
- São realmente muito boas.
- Não. Elas são maravilhosas e viciantes.
- Tem razão. Não consigo negar que são as melhores batatas que já comi.
- É assim que se faz. Não tem como não amar essas batatas.
Riram, enquanto terminavam de saborear aquela porção de batatas, conversavam sobre diversas histórias, enquanto ela aprendia sobre tradições e festivais que aconteciam no decorrer no ano, ali na cidade.
Logo estava acompanhando até a pousada que ela estava hospedada, e durante o percurso passavam por lojas e observavam as vitrines, por restaurantes e ele lhe contava um pouco mais sobre a culinária local, e algumas histórias de engraçadas até as macabras de casas dali que ele sabia.
- Há um espírito que é muito temido na Irlanda. É a Banshee da família das fadas, porém a mais obscura entre elas. Quando se ouve seu choro é porque alguém está prestes a morrer, e dizem também que ela pode aparecer como lavadeira e nessas ocasiões ela leva as roupas das pessoas que irão morrer em breve.
- Obrigada por provavelmente me deixar acordada a noite toda.
- Não há de que. Cuidado, é costumeiro ouvir o choro dela de noite.
- Definitivamente essa noite eu não durmo. - riu.
- Fica tranquila, é somente uma lenda.
- Suficiente para não me deixar dormir. - riu mais uma vez e continuaram a caminhada.
Mais duas quadras depois chegaram em seu destino, ele entrou com ela, mas ficaram no hall da pousada onde se despediram.
- Obrigada pela noite. Eu adorei.
- Fico feliz. Ainda tem mais lugares que quero te mostrar.
- Não vejo a hora.
- Venho em breve para levá-la.
- Boa noite.
- Boa noite, .
Distraída enviava um relatório do trabalho, quando uma movimentação na rua chamou sua atenção, escutou uma voz bastante familiar falando com alguém bem debaixo de sua janela que ficava para a faixada principal da pousada. foi até a janela e encontrou se despedindo de alguém, enquanto segurava uma cesta de piquenique.
- Admito que estou bem curiosa. O que faz por aqui? – ela disse se apoiando na grade da janela.
- Se vier comigo irá descobrir.
- Acho que de primeira irei chutar. Piquenique.
- Em partes acertou. Mas se tentar um pouco mais perderá a graça.
- No inverno? Interessante.
- Quando o verão chegar, você não estará aqui. E o lugar que quero te levar, a vista é linda nessa época do ano, então pensei em improvisar.
- Conseguiu me deixar ainda mais curiosa. – Ele riu dando de ombros, como dizendo que era só ela ir com ele que saberia. – Já vou descer.
Chegando no destino, pegou a cesta no banco de trás do carro, e dando uns poucos passos, se maravilhou com o que tinha bem diante de seus olhos.
Dali ela podia ver toda a cidade coberta por neve e muito iluminada pelas luzes natalinas, ela nunca tinha visto algo tão magnífico como aquilo.
- É tão lindo.
- Sabia que iria gostar.
- Obrigada por me mostrar esse lugar.
Ele parou ao lado dela bem pertinho e a olhou nos olhos sorrindo, ali ela não teve como disfarçar seu encantamento perante aquele “estranho” tão gentil. Não a conhecia e mesmo assim se ofereceu para lhe fazer uma gentileza, lhe tirando do quarto onde estava hospedada e lhe mostrando pontos da cidade que mais gostava. Estava dividindo com ela particularidades dele.
Aos poucos, estava marcando como ninguém havia conseguido antes, não somente pelo seu sorriso tão bonito. Ele era bonito, porém ainda mais gentil e educado.
No mercado havia chamado a atenção de , que não se permitiu se levar sabia que ela era nova na cidade e que logo poderia estar indo embora, e por não ter certeza se conseguiria vê-la novamente mesmo sendo uma cidade pequena. Mas no dia do incidente, ela com uma touca verde e branca, bochechas e ponta do nariz vermelhas pelo vento gelado. Tão bonita. Deixou sonhador.
Ele queria conhecer mais de e seria interessante fazer isso mostrando os lugares que ele mais gostava na cidade. Se conhecerem fazendo coisas divertidas.
- Preciso dizer que não quero ir embora desse lugar.
- Quando você precisará ir embora?
- Daqui a duas semanas.
- Ainda conseguirei te mostrar muita coisa daqui.
- Mas já estou sentindo de ter que ir embora.
- Uma coisa que aprendi com a minha avó é não sofrer antecipado, a energia que você gasta em sofrer você poderia estar gastando em aproveitar ainda mais os momentos.
- É. Você tem razão.
- Só aproveite . - Ela sorriu para ele, que retribuiu o sorriso, e voltaram seus olhares para a paisagem a sua frente.
carregava mais algumas poucas sacolas de compras de presente de Natal, enquanto ria ao lado de . Durante o almoço estava em um restaurante próximo à sua pousada, quando encontrou com no restaurante. Ela estava finalizando seu almoço, quando então a convidou para ajudá-lo a comprar umas coisas de Natal e nem para todos ele tinha ideia do que comprar, feliz com o convite aceitou prontamente.
Na primeira loja que entraram havia coisas bem variadas, de roupas a artigos para casa, decoração, utensílios domésticos e cosmética também.
Em frente a um espelho, experimentava um cachecol vermelho, cogitando a possibilidade de levar aquele. E ela o faria.
- Vermelho fica ótimo em você, mas esse daqui irá ficar incrível. - disse colocando no pescoço de um cachecol verde quase neon, onde havia trevos de quatro folha e pequenos duendes pendurados pela extensão do cachecol. não deixou de rir com a ousadia dele.
- É realmente incrível, mas infelizmente ainda não é dia de São Patrício.
- Todo dia é dia de festa, . - piscou para ela sorrindo e saiu para ver outros artigos na loja.
Com distraído e com uns artefatos em mãos, chegou bem próximo a e levou um pequeno susto quando sentiu algo ser colocado em seu pescoço, ao se dar conta que se tratava de ficou mais calmo.
- Eu achei umas coisas que são sua cara . Juntos vão ficar lindo.
- É mesmo?
- Mesmo. - Terminando de colocar o cachecol no pescoço de , o mesmo sentiu um arrepio pelo contato dos dedos de em sua pele, um arrepio interessante e diferente.
Ele se virou para ela, e a viu sorrindo divertida com mais umas coisas em mãos.
- Tem só mais esses, vem aqui. - Ele se aproximou dela e por ser um pouco mais alto, ela tinha uma certa dificuldade em colocar um pequeno arco na cabeça dele, o fazendo rir e se abaixando para que ela conseguisse o colocar. Quando ela assim conseguiu, ela olhou em seus olhos sorrindo, ele estava bem mais próximo dela, perigosamente mais próximo.
- Está perfeito. - Ao se olhar no espelho tinha no pescoço um festão furta cor, uns óculos de trevo de quatro folhas, e uma tiara de princesa na cabeça.
- Eu ia brigar contigo, mas não é que eu fico um gato de qualquer jeito e com qualquer coisa. - Ele sorriu presunçoso, fazendo revirar os olhos, mas sorrir com a pose afeminada de .
Ao saírem da loja eles ainda riam sobre uma piada bem sem graça e sem sentido que ele havia contado, quando na quadra seguinte ele parou fazendo parar, ao ver um coral cantando músicas natalinas na calcada, várias pessoas estavam ao redor os vendo cantar.
- Essa é sem dúvidas a melhor época do ano. - disse suspirando.
- Por que gosta tanto dessa época?
- Eu não sei, mas acho que por conta das tradições: como na minha família, não existe um Natal que passamos sem montar a árvore de Natal. E é um momento só nosso, que fazemos todos juntos. E a neve, as luzes, a família toda reunida. É aconchegante e cheio de amor. - a olhava falando de forma tão apaixonada sobre o Natal, com um brilho diferente nos olhos.
Ao chegarem na pousada de , como sempre ele a deixou no hall.
- O que fará hoje à noite?
- Ainda não faço ideia. Por quê?
- O que acha que ir até a minha casa? Faço o jantar.
- Eu aceito.
- Estarei te esperando. Até
- Até - ele se aproximou e depositou um beijo na bochecha de , a fazendo fechar os olhos por um momento, enquanto sentia os lábios de em sua pele.
De noite, já pronta para sair e ir até a casa de , ela estranhamente se sentia nervosa ao se olhar para o espelho checando a roupa que havia vestido para aquela noite.
Após o término do último namoro de , ela havia decido que não se preocuparia mais com sua vida amorosa, mas somente focaria na sua carreira. Não que ela tivesse passado por um namoro ou término conturbado, pelo contrário havia sido de forma amigável e algo decido de ambas as partes, na qual não se tornaram inimigos, mas se mantiveram amigos.
Ela só não sabia mais como aconteceria exatamente aquilo, depois de um tempo sem sair com alguém. Não que aquele jantar fosse um encontro, ela já sabia que aquilo não daria certo, a vida de estava em outro lugar e a de era ali.
Decidida em não pensar sobre aquilo, e gastar suas energias. Ela pegou a bolsa e saiu.
Chegando no endereço indicado por , se deparou com uma casa bem enfeitada. Tocou a campainha e esperou até que segundos depois ele abriu a porta e sorriu lindamente ao constatar que era .
- Oi.
- Oi, , entra.
- Obrigada. - Ele a ajudou a tirar o casaco, pendurando o mesmo perto da porta.
- Estou terminando o jantar.
- Fica tranquilo.
Ao chegarem na cozinha, serviu a uma taça de vinho, onde fizeram um pequeno brinde.
- O cheiro está ótimo, .
- Espero que goste do sabor também.
Jantar pronto e mesa posta, se saborearam com a comida. Ela ficou encantada com o dom culinário de .
- Você é chef de cozinha?
- Não. Sou formado em Direito.
- Uau. Você cozinha incrivelmente bem.
- Dom de família.
- Seja menos presunçoso. - Ela riu tacando um guardanapo nele, que também riu.
- Vem cá. - a chamou, pegando as duas taças e a garrafa de vinho. Foram até a sala se sentando em frente a lareira, entre a mesinha de centro e o sofá, se encostando no mesmo.
Ali ficaram conversando por um longo tempo.
Dois dias havia se passado desde o jantar na casa do , e se jogou de cabeça no trabalho evitando pensar no que quase aconteceu naquela noite. Em um momento durante a conversa e o vinho na sala de estar, eles quase se beijaram, por não saber o que fazer e como seria, disfarçou evitando o beijo. Não seria bom correr o risco de se envolver ainda mais naquilo sendo que em pouquíssimo tempo iria embora. Era ainda somente o começo, ela daria conta de não deixar aquilo ir longe demais para ser tarde demais para parar. Era o que ela pensava.
Desde então não apareceu, e não a acompanhou em nenhum lugar. Ele não parecia ter ficado chateado pelo beijo evitado por , ele também pareceu concordar que aquilo foi melhor não ter acontecido, então pensava que a ausência de era por conta do trabalho na pousada.
Quase de noite, ela não conseguia se concentrar em mais nada do trabalho, quando enfim desistiu e se jogou na poltrona com um livro.
só percebeu que havia adormecido, quando escutou batidas na porta e acordou assustada.
- Já vou. - gritou se levantando, arrumando o cabelo e a roupa.
Ao abrir a porta, sua felicidade foi evidente ao ver ali parado com seu lindo sorriso nos lábios.
- Olá, .
- Oi. Entra.
Com dificuldade ele pegou uma árvore pequena e umas caixas que havia colocado no chão para bater na porta, vendo a dificuldade dele, o ajudou pegando umas coisas.
- Por que tudo isso?
- Fiquei sabendo que no seu quarto não tinha uma árvore decorada. E , amante do Natal, sem uma árvore decorada? Isso não está certo.
- Não acredito. - sorriu boba com a atenção de naquele pequeno detalhe.
- Não é uma árvore muito grande, é pequena por não caber uma tão grande aqui.
- Não se preocupe isso é incrível.
- Então vem me ajudar. Seu toque na decoração, é muito importante.
Com a árvore decorada, e as luzinhas ligadas os dois ficaram a observando.
- Obrigada por isso, Berardo. Ficou incrível.
- Não há de que.
- Sabe, quando cheguei aqui não via a hora de ir embora, para conseguir passar o Natal com minha família. Agora eu realmente não quero ir embora.
- O que te fez mudar de ideia? – Ele passou a olhá-la.
- Você. – Quando ela o olhou, ele permanecia com seus olhos nela sorrindo. – Você foi incrível me levando a esses lugares, fazendo isso. - Apontou para árvore.
- Não foi nada. De verdade, foi ótimo e eu adoro sua companhia. - Continuou sorrindo agora voltando seu olhar de volta para a árvore. – É um pedacinho da Irlanda do Norte e de mim, que voltará com você.
- Eu jamais irei esquecer de tudo isso. E de você.
Ele voltou a olhar para ela, ambos queriam a mesma coisa, mas o medo os segurava, os impediam de ter o que precisavam.
se levantou e no radio colocou uma música natalina, seguindo até e estendendo a mão para ela que aceitou prontamente. Com os corpos colados, se balançavam no ritmo da música.
Com uma girada que guiou , a fez rir fazendo o coração dele bater mais forte.
Era tarde demais, os sentimentos que ambos tinham pelo outro já era irreversível.
- Fica aqui que eu já volto. - disse deixando sentada na mesinha do lado de fora da sorveteria.
Quando retornou, ele tinha vários potinhos, com variados sabores de sorvete em mãos, e uma das atendentes ajudava .
- Agora feche os olhos.
- Por quê?
- Será uma pequena brincadeira.
- Sei.
- Você diz que ama sorvete, que conhece todos os sabores. Quero fazer a prova disso.
- Você é pior que criança, . - Ela riu.
- Feche os olhos.
- Ok. - Ela fechou, e ele então colocou os potinhos pela mesa.
- Obrigado, Janine. - Assim se sentou na mesa, ao lado de . - Vamos começar pelo primeiro.
Pegou um potinho e colocou um pouco na boca de , que atentamente provou.
- Pistache com gotas de chocolate.
- Acertou. Próximo.
- Abacaxi com Coco.
- Esses estão fáceis demais.
- Eu disse que sou muito boa nisso.
- Vou para um mais difícil. - provou e ficou meio na dúvida.
- Creme com... Meu deus, Bacon?
- Acertou.
- Como isso?
- Tá se tornando comum com bacon.
- Adorei.
- Certo, próximo. - Enquanto ela saboreava o sorvete atentamente, observava também atentamente aos movimentos suaves que o rosto de fazia.
- Chocolate com... Banana.
- Acertou de novo. É, você é boa mesmo nisso.
- Eu te falei, que sou muito boa nisso - ela disse se sentindo a toda, abrindo os olhos.
- Feche os olhos mais uma vez. Vamos ver se você acerta esse último. - Assim fez, fechou os olhos pronta para acertar novamente, ela só não esperava por uma coisa.
pegou mais um potinho com sorvete, se aproximou ainda mais de , colocou o pote novamente na mesa e se entregou ao que mais queria. devagar selou os lábios de com os dele.
O beijo era devagar, não havia pressa alguma somente o desejo de sentir os lábios um do outro. se pegou surpresa de início, mas se deixou levar quando sentiu que era ali a beijando finalmente. Poderia acontecer de tudo ela só desejava que nada parasse aquele beijo. Nada importava naquele momento nem o depois.
E quando ele se afastou dela, partindo o beijo sua necessidade era de continuar ali. Devagar ela abriu os olhos e o viu ainda bem próximo.
- Consegue adivinhar esse? - em um sussurro ele perguntou, tirando o resto de palavras que havia sobrado em .
Já era o penúltimo dia de ali na cidade, no dia seguinte ela retornaria para casa, e de um lado para o outro ela andava no quarto onde estava hospedada, tentando manter o controle da ansiedade que a tomava. Enquanto pensava se iria aparecer ali uma última vez antes que ela voltasse, ela queria o ver, mas tinha medo de que ele não aparecesse. A atitude natural de seria ligar, ou simplesmente aparecer ali na casa dele, eles eram amigos, não seria nada fora do normal, mas o que a impedia era o ocorrido anterior.
Depois daquele beijo as coisas entre os dois não esfriou como ela imaginou que aconteceria, e nem ficou um clima estranho. Sabiam muito bem que tinha acontecido, o que sentiram, como se sentiam, assim como não conseguiam esquecer. Ela agora só não sabia mais ao certo como reagir, como ele reagiria depois de ter tido tempo para pensar, e nisso tinha medo de que ele estivesse arrependido e então mudado com ela de alguma forma.
E ainda não tendo total certeza, engoliu o medo e foi até ele.
Bateu na porta da casa duas vezes, e uma senhora apareceu atendendo.
- Olá, desculpe o incômodo. O está?
- Ah não querida, hoje ele está no turno da noite na pousada.
- Você poderia me passar o endereço?
- Claro!
Parada em frente a pequena pousada, decidia se deveria ou não entrar, a partir do momento que entrasse ela não voltaria atrás. Na verdade, a partir do momento que aceitou ver os pontos da cidade com aquele estranho tão gentil, foi tarde demais para voltar atrás.
Ela entrou e foi recebida por uma simpática moça no balcão da recepção.
- Olá. No que posso te ajudar?
- Olá. O está?
- Ele está sim. - Ela sorriu ainda mais - Vou chamá-lo, só um momento.
- Obrigada
Nervosa, batucava os dedos no balcão enquanto esperava, e sua mente a preparava para possíveis reações da parte dele.
- Desculpe a demora. No que posso ajudar?
Ele não reconheceu de imediato por estar distraído, olhando para as mãos enquanto tirava as luvas, que usava para fazer umas manutenções na pousada. Mas assim que parou no balcão de frente para ela e finalmente a olhou o seu sorriso se alargou.
- Desculpa ter vindo até aqui, não queria atrapalhar.
- Não atrapalha.
- Eu queria saber se você gostaria de tomar um café?
- Seria ótimo. - Aquilo animou um pouco mais . - Só não consigo sair agora.
- Tudo bem, eu entendo. - Talvez não fosse o melhor dia ou o melhor momento.
- Mas você quer tomar um café aqui comigo?
- Eu adoraria! – ela sorriu com a proposta dele.
Encostada no pilar da varanda da frente da pousada, observava a paisagem branca a sua frente, que tomava conta das faixadas das casas.
se aproximou e entregou a ela uma caneca que não era café como combinado, mas sim chocolate quente de uma receita especial de .
- Essa é uma receita especial da minha avó.
- Está uma delícia. - Deu mais uma bebericada no líquido.
tinha tantas coisas para dizer, e queria assim como precisava as dizer, porém não sabia por onde e como começar, então encarar a caneca em suas mãos pareceu melhor e mais seguro.
- Você volta amanhã para casa, não é?
- Sim.
- Entendo. - Essa é parte mais difícil, nos despedir das pessoas que se tonam e que são tão especiais.
- Vou sentir muitas saudades daqui.
- Esperamos que volte para visitar em breve.
- Pode ter certeza de que voltarei.
No dia seguinte, na estação esperava o trem, sua tristeza era evidente pois desde o dia anterior que saiu da pousada, não teve mais contato com . Houve um beijo tímido de despedida na bochecha, por ambos terem medo de ultrapassar uma linha que o outro poderia ter colocado, mesmo que quisessem a mesma coisa.
Ela tinha ainda um pouquinho de esperança, de que ele apareceria para se despedir mais uma vez, pela última vez da forma que ela e ele desejavam.
Enquanto ela terminava de organizar suas malas, de minuto em minuto olhava para a porta como se em um passe de mágica naquele momento ele bateria na porta, ou qualquer barulhinho no corredor era uma esperança que fosse ele. Ela só queria passar seus últimos momentos ali com ele, mas ela também entenderia se ele não aparecesse, confundir os sentimentos de alguém se tornando algo complicado era o que ela menos desejava.
O trem anunciava sua chegada, e junto o tempo dela ali era ainda menor se tornando quase nada.
E quando o trem parou na estação, antes de entrar deu uma última olhada ao redor, na esperança de que aparecesse.
O momento de embarcar havia chegado, frustrada e com o coração partido entrava no trem, quando enfim escutou alguém lhe chamar de longe.
- .
- Você veio. - Se alegrou de imediato, não acreditando que ele realmente estava ali.
- Desculpa o atraso, fiquei preso na pousada. Queria estar aqui antes.
- Tudo bem.
- Não poderia te deixar partir sem te dar uma coisa.
Delicadamente colocou uma mão em cada lado do rosto de , aproximando os seus rostos, e sem cerimônia a beijou, dessa vez tinha mais urgência e muita, muita saudade.
Foi o melhor presente de Natal que poderia ganhar.
- Vou sentir saudades, .
- Eu também irei. Não demore a voltar.
- Não irei. - Deu mais um beijo em , juntando suas testas em seguida. - Obrigada por tudo.
- Se cuida. E se lembre de mim. - Finalizou o contato dando um beijo na testa de .
- Não terei jamais como esquecer.
Ela assim foi embarcando no trem, mas sentindo que deixou um pedaço seu para trás, que logo voltaria para buscar.
FIM
Nota da autora: Sem nota.