Finalizada em 15/12/2020

Capítulo Único

Bendito dia em que me inscrevi no curso de publicidade e propaganda. Bendito dia em que comecei a trabalhar com eventos. Bendito dia em que comecei a decolar em minha carreira. Bendito dia em que tudo começou a entrar nos trilhos e eu comecei de verdade a viver meu sonho de ser uma produtora de sucesso a nível mundial.
Porém.... Sempre tem um porém e esse porém se chamava Nakamoto Yuta.
Maldito japonês de lábios desejáveis, sorriso encantador, personalidade forte e movimentos rudes. Era realmente assim que eu o via. Quando o maldito dançava, era como se algum tipo de magia fosse jogada em mim. Os movimentos eram perfeitos e um tanto sexy, mas eu não conseguia desviar meu olhar. E ele parecia saber disso e usar os malditos atributos a seu favor, sem contar que ainda olhava diretamente para mim enquanto dançava. MALDITO JAPONÊS!

Nem me apresentei devidamente. Sou , uma promotora de eventos muito conhecida em Nova York. Minha empresa está encarregada de promover e realizar o maior festival de cultura japonesa de todo o país. Convidamos diversos artistas japoneses renomados para um grande evento de três dias, o festival seria repleto de curiosidades e atrações vindas diretamente do Japão, teríamos algumas competições, sendo elas de cosplay, karaokê, games e até mesmo de dança. A atração principal seria o japonês mais irritante que um dia pude conhecer em toda minha vida. Nada contra nenhum cidadão japonês ou até mesmo contra a língua, era só contra esse japonês em questão.

Se engana você se acha que eu sinto alguma coisa por esse projeto de Channing Tatum, em Magic Mike! Ele não passa de um artista com o ego inflado demais, arrogante, prepotente, cheio de si, lindo, com uma voz de sedutor barato, olhar penetrante, argh! Aqui estou eu, dividida entre matar ele e beijar aqueles lábios que tanto tiram meu sossego.

No nosso primeiro encontro, para acertar os detalhes de sua vinda para Nova York, eu tive que me controlar muito para não arrancar aquele maldito sorriso presunçoso que ele me lançava e talvez até sua cabeça junto. Podia jurar que ele havia dito algo que não era bem apropriado para o lugar e situação em que nos encontrávamos, já que o tradutor e seu agente ficaram totalmente sem jeito, mas não me disseram nada. Dois anjos eles.

Saí daquela sala querendo matar o tal Nakamoto e, veja bem, esse ainda era nosso primeiro encontro. Depois de algumas semanas fazendo um curso básico de japonês para que eu pudesse me comunicar formalmente com o agente do exibido, descobri que não teria um tradutor e muito menos o agente dele por perto. Eu deveria ter jogado pedra na cruz, não podia um negócio desses.

Infelizmente, com a informação de que eu não poderia carregar um tradutor comigo para o festival, nem o agente daquele abusado, seríamos só eu, ele, o arrepio que ele me provocava e toda minha raiva. Logo, eu teria que aprender um pouco mais da língua materna dele, o japonês, se quisesse me dar bem, ou pelo menos ter uma boa convivência enquanto estivesse agenciando ele, já que o bonitão resolveu estender a estadia por aqui e fazer mais algumas apresentações em alguns programas.

Ótimo, eu seria a babá do babaca presunçoso!

Respirei fundo enquanto olhava minhas opções na internet. Alguns eram fáceis e baratos, mas eu precisava de algo mais avançado. Depois de alguns minutos fuçando bastante, encontrei um que atendia às minhas necessidades. Aprenderia japonês avançado em um mês e me concentraria muito para não matar aquele japonês abusado.

- Não acha que já está bom de japonês por hoje? – , minha assistente e melhor amiga, disse ao entrar em minha sala.

- Não posso deixar aquele japonês falar coisas que eu não entendo, . – Disse enquanto anotava mais algumas palavras e sua pronúncia. – Preciso estar expert nesse maldito idioma em um mês, não vou dar o gostinho para aquele projeto de dançarino de boate.

- Você fala dele com tanta raiva e adjetivos que fica difícil acreditar que aquele bonitão é mesmo tudo isso que você diz. – soltou o maldito sorriso de lado dela. – Ou simplesmente pode ser muita tensão sexual acumulada.

- Você não tem nenhum estagiário pra encher o saco não? – Rebati com o mesmo sorriso. – Um de nome ?

- Vá à merda, ! – saiu bufando e me deixou sozinha estudando meu japonês, digo, estudando japonês.

...

Mais de um mês estudando japonês para poder viver pacificamente com o cavalo de fogo nos próximos dias e aqui estava eu, parada na saída do portão de desembarque com uma placa com o nome Nakamoto Yuta escrito com a minha letra e diversos coraçõezinhos, que, claro, foram obra de . Estou pensando sinceramente em demitir minha melhor amiga.

Esperei mais de trinta minutos pela falsificação barata do Naruto e nada. Meus pés já estavam me matando, o salto agulha do meu scarpin meia pata já estava incomodando bastante, eu não deveria ter calçado aquela coisa, não hoje. Quando estava quase desistindo e indo sentar nos bancos do saguão do aeroporto, vejo o rabisco mal feito de mangá andando tranquilamente enquanto empurrava seu carrinho com as bagagens. Nem precisei levantar a infame placa, o japonês percebeu minha presença no saguão e seguiu em minha direção.

- Konnichiwa, youkoso. Watashi wa... – E enquanto eu me curvava pra terminar minha apresentação que foi ensaiada por horas na noite anterior, o japonês enviado do inferno passou direto, indo para a saída.

Bufei tentando controlar toda minha raiva, virei e comecei a praticamente correr para acompanhar o abusado. Passei por ele, o olhei com todo o ódio que eu poderia estampar em meu rosto e continuei desfilando sobre os saltos exageradamente altos que eu tanto amava. Pude jurar que o vi sorrindo antes de passar pelas portas automáticas.

Parei em frente ao meu Honda Civic branco, ano 2018 (se tinha uma coisa que eu amava era aquele carro), e observei o japonês empurrar seu carrinho preguiçosamente em minha direção, ele estava testando toda a minha paciência. Entrei no veículo sem esperar por ele e puxei a alavanca para abrir o porta-malas. Eu até poderia bancar a babá, mas eu não seria capacho e nem empregada.

Ajustei o retrovisor e ainda consegui vê-lo resmungado algo, e pelo pouco que eu conseguia ouvir, com certeza eu estava sendo xingada em japonês. Ri sozinha e quase, eu disse quase, cantei vitória. Não deu muito tempo, afinal, ele entrou bufando e batendo a porta do meu bebê.

- Ei! – Resmunguei em minha língua. – Tenho certeza que você não sabe fazer portas e meu bebê não é saco de pancadas. – Eu podia jurar que o vi abrir um meio sorriso com as palavras que eu tinha proferido. – Abusado.

Dirigi em silêncio até o hotel em que ele ficaria hospedado, o único som ouvido dentro do carro era da música da Britney do meu CD mais que antigo que não saía de jeito nenhum do rádio. Eu tamborilava os dedos no volante e vez ou outra olhava para o japonês mudo ao meu lado. Eu queria sorrir, meus planos para ele naquele dia estavam apenas começando.

Parei diante de um hotel duas estrelas, que eu fiz questão que reservasse para ele, e a cara de Yuta quando estacionei o Civic em frente ao local foi impagável! Era uma mistura de incredulidade e algo que eu não consegui distinguir. Puxei novamente a alavanca do porta-malas e deixei que um dos funcionários do hotel ajudasse o japonês abusado com sua bagagem.

Andei apressadamente com alguns papéis em mãos e com meu iPhone e verifiquei a agenda do dia seguinte, enquanto respondia também alguns e-mails. Parei em frente à recepção com o japonês de cara fechada em meu encalço.

- Bom dia! – Cumprimentei a recepcionista. – Temos uma reserva no nome de Nakamoto Yuta.

- Ah sim! Só um minuto! – Ela procurou por algo na tela do notebook em sua frente. – Quarto 2610. Aqui as chaves, espero que aproveite a estadia, Senhor Nakamoto! – Ela disse enquanto entregava as chaves.

- Obrigada, querida! – Peguei as chaves em sua mão e, mesmo que o quarto fosse no segundo andar, fomos no elevador, de jeito nenhum que eu iria levar as malas do arrogante.

Menos de cinco minutos e estávamos na frente da porta do quarto 2610, coloquei a chave na fechadura e enrolei bastante para abrir, queria dar o troco naquele abusado e aquele hotel era a vingança perfeita para o comportamento dele.

- Seja bem-vindo, Nakamoto! – Disse abrindo a porta e dando passagem para que ele entrasse, o funcionário do hotel que nos acompanhava com as bagagens do japonês, entrou e colocou tudo próximo a cama, dei algumas notas a ele e o mesmo sorriu alegre demais com o presente.

- Obrigado, senhorita! – Dito isso ele saiu e me deixou com o japonês e sua cara de bunda observando o pequeno e superconfortável quarto. Eu jurava que ele iria surtar, mas ele apenas fez a mesma cara de bunda para tudo e eu estava adorando tudo aquilo.

- Duvido muito que você vá me entender perfeitamente, mas vou falar em inglês mesmo! – Lhe entreguei o cronograma dos programas e apresentações que ele teria em sua estadia nas próximas semanas. – Amanhã estarei aqui por volta das oito da manhã, você precisa se arrumar no estúdio e fazer a maquiagem. Toda sua agenda foi enviada para seu e-mail e também está nesse papel!

Fiz uma pausa e o olhei, mesmo não me entendendo bem ele estava olhando o celular, provavelmente ele tinha aqueles aplicativos de tradução simultânea e tudo o que eu dizia podia estar aparecendo na tela do aparelho.

- Agora vou deixar você em suas acomodações. Descanse bastante, Senhor Nakamoto! – Dei meu melhor sorriso maléfico e saí, praticamente batendo palmas pela cara de bunda que não saía do rosto dele.

...

Levantei cedo, tomei um banho relaxante e logo depois tomei um café da manhã reforçado, precisava de energia e muita paciência para aguentar o Nakamoto. Depois de muito procurar, escolhi por uma saia lápis preta com um zíper na coxa direita, um cropped de corte reto com uma jaqueta de couro por cima e, para finalizar, minhas sandálias pretas com salto agulha. Deixei os cabelos semipresos, fazendo com que as partes onduladas caíssem em cascatas em meus ombros. A make era básica, deixando a evidência somente para o batom vermelho sangue em meus lábios. Se eu ia aparecer na TV, eu precisava estar magnífica!

Antes de sair, verifiquei mais uma vez meu reflexo no espelho e uau! Eu estava um arraso! Peguei a pequena bolsa de mão que havia ganhado de presente de no último Natal e coloquei o telefone, documentos e dinheiro, procurei pela chave do carro e de casa e, quando achei, as peguei, verifiquei tudo e saí trancando o apartamento.

Saí sorridente, nada me faria mudar de humor naquela manhã. Passei pela portaria e cumprimentei o senhor Wilson, que devolveu o sorriso na mesma medida e me desejou um ótimo dia. Segui até minha vaga, entrando rapidamente no carro e dando a partida, seguindo até meu destino.

Não avisei à recepcionista que estava indo ao quarto do japonês, só entrei, peguei o elevador e subi. Não demorou muito e eu já estava batendo na porta do meu carma. Dei meu melhor sorriso cínico quando ele abriu a porta e me analisou de cima a baixo, tentei não demonstrar que estava balançada com sua análise e muito menos quando o vi morder o lábio inferior. Não precisei dizer nada, ele mesmo saiu do transe, pegou seus poucos pertences, saiu do quarto e seguiu feito um foguete para a porta do elevador.

Quando finalmente a caixa de metal retornou e entramos nela, pude analisá-lo devidamente. Ele usava uma camisa azul com flores discretas desenhadas delicadamente no tecido, uma calça jeans escura com alguns rasgados nos joelhos, ostentava brincos de vários formatos em seus diversos furos nas orelhas e uma chocker de prata. Eu poderia facilmente dizer que ele estava lindo, mas não diria, nem que me torturassem.

Seguimos até meu carro, que estava estacionado em frente ao hotel e mais uma vez eu coloquei meu rádio para funcionar, estiquei-me para pegar os óculos de Sol no porta-luvas e sem querer esbarrei em Yuta. A sensação que percorreu meu corpo foi indescritível, pude ver que o japonês tinha sentido o mesmo que eu, já que não tirava os olhos dos meus. Engoli em seco e coloquei os óculos escuros, tentando me concentrar na rua enquanto dirigia até a emissora para chegar no horário certo e sem olhar para o ser maravilhoso ao meu lado, digo, o ser irritante.

...

- Voltamos ao ar em vinte segundos! – O produtor do programa do Jimmy falou antes de ir para trás das câmeras e coordenar a equipe de vídeo, áudio e os contrarregras.

- Não se preocupe, ! É só uma entrevista e vai dar tudo certo! – Eu repetia o mantra em voz baixa.

- Estamos de volta pessoal! – Jimmy Fallon anunciou enquanto eu ainda estava repetindo a frase de que tudo ficaria bem para mim. – Agora, nesse bloco, temos a celebridade mais esperada para o festival de cultura japonesa em Nova York! – Ouvi os aplausos da plateia. – Com vocês Nakamoto Yuta e sua agente provisória, !

E mais uma salva de palmas enquanto entrávamos no cenário do programa. Jimmy cumprimentou Yuta com um aperto de mãos e a mim com um beijo em minha bochecha. Sentamos no sofá ao lado da mesa de Jimmy e então começaram as perguntas.

- Então, ... posso te chamar de , não é? – Ele perguntou e eu assenti sorrindo. – Como você se tornou a agente do Nakamoto e qual o motivo da escolha por ele como estrela principal do festival?

- Então, Jimmy, eu o escolhi pelo simples motivo de ele ser um dos artistas mais famosos de sua era e também por seus talentos. Ele vai dar alguns workshops de dança como parte do nosso acordo e também irá se apresentar na última noite do festival, como encerramento. – Respirei fundo. – Sobre ser a agente dele e tradutora, ele precisava de alguém já que seu agente ficou doente e também foi colocado para agenciar uma nova estrela japonesa.

- Então ele não fala inglês? – Jimmy perguntou apontando para Yuta.

- Falo sim, Jimmy! – Nakamoto falou em uma pronúncia perfeita e eu fiquei de boca aberta.

Eles continuaram a entrevista com um Yuta sorridente e eu totalmente fora de órbita. Aquele japonês maldito sabia falar inglês e eu estava bancando a babá de um mega babaca? Meu sangue estava fervendo, a raiva totalmente aparente.

A entrevista terminou e eu praticamente corri para o camarim que estava dividindo, contra a minha vontade, com Yuta e sentei no pequeno sofá que havia ali. Fiquei fora do ar por alguns segundos até ouvir a porta ser fechada e alguém se colocar em minha frente.

Esse desgraçado fala minha língua esse tempo todo.

- Não me xingue na minha presença, senhorita . – Aquele japonês abusado teve a audácia de rir. Espera...

- Eu falei isso alto? – Perguntei incerta, as bochechas já corando pela vergonha.

- Talvez um pouco. – Aquele sorriso lindo de conquistador barato se alargou em seu rosto. Calma, eu disse lindo?

- Me erra, Nakamoto! Você mentiu pra mim esse tempo todo e eu aqui, toda produzida, fazendo papel de trouxa, achando que realmente ia ter de traduzir algo pra você! – Disparei.

- Você está linda, se isso importa tanto. – Ele disse tranquilamente. – E sexy! – Fiquei muda, eu não tinha mais o que argumentar naquele momento e nem queria, peguei minha pequena bolsa e saí batendo forte os pés pelos corredores da emissora, não esperava que ele me acompanhasse, mas eu não tinha outra opção tinha?

Dirigi em silêncio de volta até seu hotel e pelo canto dos olhos o vi rindo algumas vezes. Esse japonês me fez aprender a língua dele para nada! NADA! Pelo menos ele não precisava que eu falasse por ele, poderia fazer isso sozinho. Estacionei em frente ao hotel e destravei as portas do carro.

- Estarei aqui amanhã às duas da tarde para te levar ao seu ensaio, divirta-se o quanto quiser até lá! – Nem ao menos virei meu rosto em sua direção.

- Não vai ser divertido se você não estiver junto. – Maldito Yuta! Ele dizia tudo isso com um sorriso no rosto. – Até amanhã, !

- Não me chame de... – Eu iria protestar por ele estar usando meu apelido, mas ele já estava do lado de fora. Quem ele achava que era para pensar em me chamar pelo meu apelido? Não somos íntimos e nem iremos ser. Se ele acha que eu sou uma das muitas que suspira por ele quando ele passa, ele está coberto de razão! NÃO! Ele está redondamente enganado.

...

Se eu tinha conseguido dormir normalmente noite passada? Não, de maneira nenhuma! Um certo japonês de cabelos vermelhos tirou minha noite de sono. O que ele fez? Só invadiu meus sonhos da pior maneira possível. O sonho parecia tão real que eu acordei ofegante e procurando pelo maldito em minha cama.

É, talvez tivesse razão, talvez meu problema fosse tensão sexual acumulada, mas como eu iria resolver aquilo? Ceder aos meus desejos e seduzir o senhor otaku estava fora de cogitação, totalmente fora!

Rolei na cama à procura de meu celular que, por fim, percebi que estava no criado mudo, fui para meus números favoritos e disquei o primeiro da lista, teria sorte se ela não me xingasse por ligá-la tão cedo. Esperei, chamou uma, duas, três vezes, estava quase desistindo quando atendeu com a voz ainda sonolenta.

- Espero que seja muito importante o assunto, já que ainda são sete da manhã e eu só preciso estar no escritório às dez. – Sempre delicada.

- Estou com problemas. – Disse simplista.

- O que o japonês fez, além, claro, de te fazer de idiota em rede nacional? – Eu podia jurar que ela estava revirando os olhos enquanto me fazia aquela pergunta.

- Eusonheiqueeueletransamos. – Respondi bem rápido e rezando para que ela entendesse.

- O que? praticamente gritou do outro lado. – Você o que?

- Sonhei que transava com ele. – Disse mais calma e com o rosto em chamas, ainda bem que eu estava sozinha. – E, , foi muito real!

- EU SABIA! – Afastei o celular do ouvido com seu grito. – Eu disse que era tudo tensão e pelo visto é das fortes, mas você nunca me escuta!

- Okay, senhorita “entendo tudo de sexo e não pego o estagiário porque ele é mais novo”! – Eu iria morrer pelo comentário? Talvez, mas eu ainda era a mais velha ali e merecia algum respeito.

- Isso foi golpe baixo e você sabe que eu tenho razão! – falou baixo. – E aí? Me conta, como foi?

- Eu não vou te contar meus sonhos eróticos com o japonês metido, ! – Vociferei. – E mais, não importa se o é mais novo que você! Ele vai te fazer gozar do mesmo jeito que um da sua idade, se não for melhor!

- Okay, okay! Temos um empate aqui. – Ela bufou. – Se você pegar o japonês eu pego o estagiário. O que acha?

- Vai se ferrar, ! Vou tomar um banho e tentar comer algo. Tenho que levá-lo ao ensaio de tarde e ainda tenho que resolver algumas coisas do festival agora de manhã.

- Okay, chefia! – Ela riu. – Use camisinha!

Eu ia retrucar, gritar, xingar, mas não deu tempo, ela desligou antes que eu ao menos tentasse dizer algo. Levantei e segui para o banheiro, escovei os dentes, tomei uma ducha e me enrolei na toalha, parei em frente ao espelho de corpo inteiro que havia ao lado de minha cama e observei meu reflexo, as olheiras estavam começando a aparecer, teria de cobrir com um bom corretivo.

Ainda de toalha, fui para a cozinha tentar fazer algumas panquecas para o café e também um café bem forte. Tomei meu café da manhã enquanto respondia alguns e-mails no notebook e atualizava minhas redes sociais.

Depois de resolver alguns assuntos pelo notebook, corri para o quarto e vesti algo confortável para o dia cheio que teria, uma calça legging preta, uma camiseta branca e por cima um de meus casacos pretos, nos pés um coturno sem salto, eu andaria muito e dirigiria por quase toda a cidade ainda de manhã, então precisava de algo confortável.

Assim que fiquei pronta, fiz o mesmo ritual de sempre, chequei todas as janelas e saí trancando a porta, minha mania de segurança era algo herdado de meu pai. Dirigi até a gráfica, precisava pegar os panfletos de todo o evento e entregar para que cuidasse de sua distribuição.

Minha segunda parada foi no restaurante que seria nossa maior atração culinária. Precisava decidir quantos metros quadrados eles precisavam para trabalhar e para montar uma pequena filial durante o festival. Depois de tudo acertado, segui para a empresa.

- ? – Chamei-o assim que passei pela porta de minha sala.

- Sim, senhorita ?

- Já lhe disse pra não me chamar assim! – O repreendi. – está bom, ou até mesmo .

- Tudo bem, . – Ele sorriu. – O que precisa?

- Que você pegue uma caixa cheia de panfletos no meu carro e cuide para que eles sejam distribuídos pela cidade ainda hoje. – Joguei a chave do carro para ele, que pegou ainda no ar.

- É pra já! – Ele sorriu e partiu para fazer muito bem seu trabalho.

Nem vi quando o tempo passou, só sei que quando olhei para o lembrete que apitava na tela do celular, me lembrando do ensaio de Yuta, quase entrei em desespero. Peguei minha mochila, coloquei o notebook, afinal eu precisava trabalhar enquanto ele ensaiava, e segui para buscá-lo no hotel e depois levá-lo ao estúdio que havia alugado para seus ensaios.
Quando estacionei, ele já estava lá, totalmente diferente, o cabelo amarrado em um coque mal feito, afinal não tinha muito cabelo ali, talvez fosse para não grudar em seu pescoço, uma calça de moletom preta e uma camisa da mesma cor. Pude jurar que ele sorriu antes de entrar no carro e sentar-se ao meu lado.

- Boa tarde, ! – Cumprimentou animado.

- Boa tarde, Nakamoto! – Comecei a dirigir novamente e também a passar as informações do dia. – Os dançarinos que contratamos já estão lhe esperando no estúdio.

- Okay. – Ele fez uma pausa breve, mas logo se manifestou novamente. – ?

- Hum. – Murmurei sem lhe olhar.

- Poderíamos tentar nos acertar e você me colocar em um lugar melhor? – Yuta pediu meio incerto. – Não consegui dormir direito e não tenho espaço para ensaiar no quarto.

- Você ensaia no quarto? – Perguntei incrédula.

- Só quando estou sem sono. – Ele confidenciou.

- Vou pensar no seu caso, okay?

- Tudo bem! Mas pense com carinho! – Ele piscou e eu quase, eu disse quase, cogitei a ideia de lhe dar realmente um lugar melhor para dormir e ensaiar.

Continuamos o restante do caminho em silêncio, apenas com Yuta tentando acompanhar as músicas antigas que tocavam em meu rádio. Assim que entramos no estúdio, todos os dançarinos se enfileiraram e fizeram uma breve reverência.

Yuta passou a maior parte do tempo ajustando a coreografia de suas músicas mais recentes para que os dançarinos a pegassem facilmente e não houvessem erros. Foram horas e horas de ensaio e eu? Bem, eu alternava entre, digitar no notebook e fazer pedidos de lanches e jantar para todos eles. Já eram quase nove da noite quando os dançarinos começaram a se dispersar.

Comecei a juntar meus pertences achando que também iria embora. Engano meu. Yuta foi até seu celular, procurou por algo e conectou o aparelho na caixinha de som via Bluetooth que havia na sala. O som de uma música que eu reconhecia começou a tocar nos alto-falantes da sala.

De repente, meus olhos foram de encontro aos dele e engoli em seco. Yuta retirou a camisa suada e começou a se mover no ritmo da música. Quando a voz do The Weeknd soou pela sala, percebi de qual música se tratava. Yuta estava dançando Earned It.

A batida sensual dava ao ambiente um ar diferente, os movimentos que o japonês fazia me deixavam bastante desconcertada, parecia que eu estava vivendo meu sonho ao vivo e a cores. E, por Deus, aquilo era muito melhor.

Observei o japonês dançar aquela música repetidas vezes, já havia decorado cada movimento que ele iria fazer, um após o outro. Engoli em seco quando o vi seguir em minha direção e estender a mão para que eu a pegasse. O magnetismo que ele possuía era tão grande que eu nem ao menos protestei.

Segurei-me em sua mão e o acompanhei até o meio da sala de prática, ele não tirava os olhos dos meus, a música novamente começou a tocar, o que me fez acreditar que ele deveria ter colocado para repetir várias vezes. Sua mão grande foi em direção à minha e a levou até seu abdômen, fazendo com que eu sentisse a textura de sua pele e o suor que se encontrava ali.

Minha mente e corpo não estavam trabalhando em harmonia. Não, eles estavam totalmente descoordenados. Enquanto minha mente dizia que eu deveria parar, meus braços e mãos acompanhavam os movimentos de Yuta.

Em um ímpeto de consciência, livrei minhas mãos das suas e corri para pegar minhas coisas, guardei rapidamente o notebook na mochila, peguei no chão o celular e a chave do carro, e saí dali como o diabo que fugia da cruz. Ouvi Yuta chamar meu nome, mas não dei ouvidos, mais alguns segundos e eu me renderia aos seus encantos e eu não queria isso. Ou queria?

Não esperei por ele, liguei para um táxi e dei o endereço para que ele fosse ao encontro de Yuta e o levasse para o hotel. Não respondi suas mensagens e nem atendi nenhuma ligação, Yuta era perigoso demais para meu autocontrole.

Yuta On

Sabe quando você sabe que fez merda e não sabe como corrigir? Então! Era assim que eu estava me sentindo agora. é de longe a mulher mais linda e sexy que eu conheci em toda minha vida. Eu a desejo desde o primeiro dia que a vi.

Nosso primeiro encontro teve de ser do jeito que a empresa manda, correto demais, eu odiava ter de bancar o robô da agência. Quando entrou naquela sala, juro que meu coração parou e todo o sangue de meu corpo foi parar no meu pau. Que mulher maravilhosa!

Sem querer, acabei soltando em japonês que ela era gostosa. Meu agente e o tradutor que ela levou ficaram sem saber o que fazer, eu apenas ri, eu não estava mentindo. , com seu ar de mulher independente, despertou em mim, e em meu amiguinho, um desejo que eu não conseguiria controlar por muito tempo.

Eu sabia muito bem falar inglês, então fiz questão de dispensar meu agente e qualquer tradutor que a empresa colocasse entre eu e ela. Só não contava que eles não dissessem para ela. Resultado? Fui colocado em um hotel mixuruca e sem espaço para ensaiar sozinho e ainda acabei respondendo uma pergunta de Jimmy em inglês, deixando possessa de raiva de mim. Muito bem, Yuta, menos um pra você.

Não era minha intenção, começamos com três passos para trás. Ela me desejava também, mas nosso primeiro encontro e o pequeno segredo que a empresa não lhe contou fizeram com que ficasse ainda mais chateada comigo e se afastasse.

Eu precisava fazer algo para mudar aquele clima entre nós dois. Tentei ser gentil e pedi para que nos déssemos bem e também para mudar de hotel, mas um dos motivos principais para querer um quarto maior era porque eu precisava de espaço para tudo que eu queria fazer com ela, queria uma cama enorme para vê-la com os cabelos espalhados em meus lençóis e gemendo meu nome incontáveis vezes.

O ensaio correu normalmente, os dançarinos que foram escolhidos pela agência de eram bastante profissionais e pegaram rapidamente as coreografias que tínhamos que executar. Pouco depois das nove da noite, liberei cada um deles e fiquei sozinho com na sala de prática. Ela estava imersa em seu notebook e nem percebeu meus movimentos. Troquei a música para a da apresentação do meu solo, que seria algo sensual, eu queria deixá-la do mesmo jeito que eu estava por ela, sedenta.

A música começou e eu retirei a camisa e passei a coreografia diversas vezes, sempre com o olhar de sobre meus movimentos. É, talvez estivesse dando certo. Não aguentando mais aquela situação, eu me aproximei dela e a puxei para dançar junto de mim, mas era notável que ela não sabia dançar. Apenas deixei suas mãos em mim, queria sentir seu toque, mesmo que fosse tão pouco.

Ela estava quase se entregando, mas tudo foi por água abaixo, fugiu de mim, fugiu mesmo, já que ela saiu correndo e me deixou para trás com um táxi esperando para me levar para o hotel. Na manhã seguinte, quando fui avisado que mudaria de hotel, fui acompanhando por um outro asiático. Ele passou o restante da semana me levando e trazendo dos ensaios.

Eu queria vê-la, mas talvez isso não fosse possível, ela estava fugindo de mim, como um rato foge do gato que o caça. O festival começou e em todas as vezes que eu a vi, ela apenas acenava com a cabeça e ia para bem longe de mim. Eu não poderia deixar que ela me fizesse ir embora sem nem ao menos tocar em seus lábios que pareciam tão convidativos.

Na última noite de festival, depois do último show, eu pedi para que inventasse uma desculpa e me deixasse ir embora com . E finalmente aquilo deu certo. Quando saí, ela estava lá, me esperando em suas roupas maravilhosas de executiva sexy. Deus, como alguém conseguia ser tão sexy com apenas tão pouco?

- Desculpa pela outra noite, ! – Pedi sincero.

- Tudo bem, Yuta. – Ela sorriu e apontou com a cabeça em direção ao carro. – Vamos, afinal você precisa fazer as malas.

- Não se você me quiser por aqui mais algumas noites. – Era minha última tentativa, eu tinha que arriscar.

- O que você quer dizer com isso, Nakamoto? – Ela virou em minha direção.

- Que desde que coloquei os olhos em você, sonho em te foder até que você não lembre sequer seu nome. – Olhei em seus olhos e pude ver a surpresa presente ali. – Por isso pedi que meu agente me deixasse sob seus cuidados.

- Yuta, eu... – Ela tentou falar, mas eu a cortei.

- Não diga nada, . Apenas se entregue ao desejo que eu sei que você sente por mim. – Pedi quase desesperado.

Sem mais delongas, puxei para perto e a beijei, o melhor beijo de toda minha vida, um que fazia todo o sangue em meu corpo correr rápido e ainda ferver. Ainda com meus lábios colados aos de , eu a fiz andar devagar até seu carro, encostei-a no metal gelado do veículo e fiz o que sempre desejei desde que coloquei meus olhos nela, prensei seu corpo entre o carro e eu, minhas mãos apertando cada pedaço de carne dela que eu conseguia abranger e estava ao alcance.

Suas mãos foram para meus cabelos, ainda molhados depois do banho rápido que tomei depois do show, e um gemido escapou de minha garganta quando puxou os fios sem nenhum cuidado. Se ela queria que fosse assim, ela me teria assim!

Peguei a chave de seu bolso e destravei o carro, com muito esforço, nos separei e empurrei para que ela entrasse no veículo, dei a volta e entrei do lado do motorista, peguei o celular em meu bolso e digitei o endereço do novo hotel no GPS, dirigi feito um maluco por aquelas ruas, vendo sorrir com a adrenalina e possivelmente pelo que faríamos assim que estivéssemos sozinhos em meu quarto.

Parei em frente ao hotel e joguei a chave para o manobrista, dei a volta e abri a porta para que descesse e me acompanhasse. De mãos dadas, fomos rindo cúmplices pelo saguão, eu estava paciente demais, fofo demais.

Quando o elevador enfim chegou e ficamos sozinhos naquele lugar, eu puxei de novo e a beijei mais uma vez, explorando toda sua boca com minha língua, aquela mulher era tão quente, tão minha.

Assim que as portas do elevador se abriram no andar em que eu estava hospedado, meu coração acelerou mais ainda, eu logo a teria nua, totalmente entregue para mim. Abri a porta com o cartão-chave que havia deixado em meu bolso e puxei para perto, fechando a porta atrás de nós somente com um movimento dos pés.

Não demorei com beijinhos fofos, eu a queria e ela também me queria, então retirei rapidamente minha camisa e vi fazer o mesmo com sua jaqueta e camiseta. Com o auxílio de meus pés, retirei meus sapatos e os deixei em qualquer lugar na sala, eu estava com pressa, bastante pressa.

Enquanto eu ficava somente com minha minha calça, vi desabotoar as suas e coloquei minhas mãos sobre as dela, eu queria ter o prazer de tirar aquela peça e beijar cada pedacinho de .

- Vem comigo! – Peguei em sua mão e a guiei até o quarto, com um movimento rápido a empurrei na cama. – Nada de delicadeza agora!

Subi na cama engatinhando e ficando por cima de , minha boca queria a dela, mas meus planos para ela eram outros. Distribui beijos molhados e mordidas leves por seu pescoço e desci para o colo ainda coberto pelo sutiã de renda.

Seus arfares eram um incentivo para que eu continuasse, mas me forcei a me separar dela somente para retirar sua calça e calcinha, minha boca sempre trilhando um caminho de beijos onde não havia mais a presença das roupas. Depois de deixá-la somente de sutiã, eu comecei a melhor parte da nossa noite, a parte em que eu a chupava e ela gemia meu nome e pedia por mais e mais de mim.

Minha língua raspava em sua intimidade e saboreava o seu tão doce mel, seu sabor podia ser comparado facilmente a ambrosias, a bebida dos deuses. gemia agarrada aos lençóis da cama king size em que estávamos, quase rasgando-os com seu aperto forte.

Seu êxtase veio tão forte, que eu duvidei que aquilo fosse realmente minha obra. Vê-la ali com a cabeça jogada para trás e totalmente entregue era uma das sete maravilhas do mundo, mas eu ainda não tinha me saciado dela. Voltei para cima de seu corpo e dei atenção aos seus seios, que praticamente imploravam por mim. Seria minha maneira de deixá-la recuperar o fôlego para a melhor parte da noite.

Ergui seu seu tronco, desabotoei o sutiã e como um bebê faminto, abocanhei um dos bicos. Enquanto minha boca brincava com um de seus mamilos, minha mão brincava com o outro, e ficamos ali, naquela brincadeira gostosa até ter recuperada e me puxando com suas pernas.

Levantei e me livrei do restante de roupa que ainda me cobria, procurei pelo preservativo no bolso da calça e vesti meu membro que já pingava pré-gozo. Fiz tudo isso sob o olhar atento de e quando finalmente estava pronto, ela me chamou com o indicador de forma sexy e, por Deus! Eu quase me joguei naquela cama.

Voltei para a cama, precisamente em cima dela, segurando em sua mãos, e com os olhos nos seus eu a penetrei, sem delicadeza, só o melhor de mim. Investi cada vez mais rápido e forte, vendo praticamente revirar os olhos com meus movimentos. Eu não era o único que gostava de ser um pouco mais bruto, pois, em um ímpeto de força, trocou nossas posições e passou a cavalgar em meu membro, seus seios indo e vindo junto de seus movimentos, eu não aguentaria muito tempo.

Nos virei na cama novamente, deixando de joelhos e com a bunda empinada para mim, segurei firme em sua cintura e me forcei contra ela algumas vezes, senti seu interior contrair e apertar meu pau, me levando mais ainda à loucura, enquanto gozava mais uma vez, eu estocava mais rápido sentindo meu orgasmo vir um pouco depois do seu.

Desabamos desajeitados naquela cama e rindo. Eu não sabia o motivo das risadas, mas eram o som mais gostoso que eu poderia ouvir. Depois de algum tempo em silêncio, finalmente se pronunciou.

- Você vai mesmo embora? – Ela perguntou receosa.

- Só se você não me quiser aqui... – Fiz um bico de desapontamento.

On
É, Yuta foi embora. Pouco depois do nosso... momento. Eu fui trabalhar nos dias seguintes com um sorriso satisfeito no rosto, por Yuta e por , que agora não poderia fugir do doce e dedicado estagiário.
***
E lá estava eu naquele aeroporto de novo, dessa vez segurando aquela maldita plaquinha com um sorriso enorme no rosto, enquanto ele vinha em minha direção, agora com os cabelos pretos e aquele maldito sorriso convencido que eu tanto amava. Sim, eu o amava.
- Konnichiwa, youkoso. Watashi wa... – tentei falar e fui calada por um beijo. Talvez, só talvez, o meu sentimento fosse recíproco.




FIM



Nota da autora: Sem nota.



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