FFOBS - Don’t Blame Me, por Devlin

Última atualização: 04/01/2022

Recado:

A história não possui uma temporada exata. São citados os pilotos e suas equipes da atual temporada (2021), mas algumas situações mencionadas aconteceram em anos anteriores ou, simplesmente, não são reais.
Estão aqui apenas para incrementar o enredo da história. E o mais importante, não há a Covid-19 😊



Capítulo 1

Grande Prêmio do Bahrein .


aproximou o crachá do leitor digital da catraca que dava acesso ao paddock e, assim que o aparelho mostrou a luz verde, seguida de sua foto no painel, indicando que a sua entrada estava liberada, ela empurrou a barra curta de metal com o quadril, dando um passo à frente e adentrando, oficialmente, o espaço movimentado que a mostrava que o fim de semana seria intenso.
Ao seu lado, Louise se apressava para passar pela catraca para que conseguisse acompanhar os passos largos e imponentes dados pela chefe da Red Bull Racing, fazendo seus Christian Louboutin pretos tocarem o asfalto do paddock de forma plena.
se juntou à equipe austríaca na temporada anterior, após o pedido de demissão de Christian Horner. O inglês permaneceu no comando da equipe por quase vinte anos e decidiu que era o momento de se afastar do esporte para passar mais tempo com a própria família.
Assim, com a saída de Horner, , que era a chefe de estratégias da Red Bull há nove anos, foi chamada para se tornar a chefe da equipe, passando a ser a única mulher ocupando tal posição dentre as vinte equipes do grid.
Justamente por ser a única mulher chefiando uma equipe, lida diariamente com o machismo enraizado no mundo do automobilismo. Desde o dia em que seu nome foi anunciado para o cargo, ela ouve questionamentos sobre a sua competência, o que a qualificava para o cargo e com quem ela havia dormido para consegui-lo.
Isso fez com que criasse uma capa sobre si. No paddock, ela não fazia nenhuma questão de fazer amigos, mas sim de cuidar de sua equipe e ajudar a levá-la até o topo, sem se importar em ser gentil com os outros chefes de equipe. Ela mantinha a feição séria, não respondia a qualquer tipo de pergunta pessoal e buscava manter uma boa relação com aqueles que, agora, eram os seus funcionários.

– Esquerda. – Louise murmurou em um tom baixo e a loira ergueu a cabeça, retirando a atenção dos passos que dava para que pudesse virar o rosto na direção da companheira de equipe. – Perto do trailer da Haas.
Ao olhar para o local, precisou se concentrar em seus passos para que não acabasse tropeçando nos próprios pés e caindo no chão do paddock no meio toda aquela movimentação que acontecia por ali.
Tudo isso era resultado de uma figura em particular: .
Christian era o chefe da equipe Mercedes, a detentora de seis títulos consecutivos, a equipe a ser batida e a maior rival da Red Bull Racing na atualidade da Fórmula 1. O austríaco não era apenas o responsável pela equipe alemã, mas também o responsável por levar à loucura nos quartos de hotéis a cada Grand Prix.
Ela suspirou, diminuindo um pouco os passos para que pudesse tirar alguns minutos para analisá-lo, como adorava fazer. usava a camisa social branca da equipe com os símbolos dos patrocinadores no peitoral e nós bíceps, acompanhados por uma calça preta e um tênis da mesma cor, mas com alguns detalhes verde água. Os cabelos estavam arrepiados e, combinado com os três primeiros botões de sua blusa abertos, davam um ar casual e despojado – até mesmo sexy – para ele.
tinha as mãos nos quadris e a cabeça estava inclinada para a direita, escutando o que Günther Steiner, chefe da equipe Haas, falava ao seu lado. Os olhos do austríaco estavam no chão do ambiente, mas, como se sentisse que estava sendo observado, ele ergueu o olhar e foi fácil notar passando a alguns metros de distância.
Ele tentou esconder o sorriso que se formou em lábios, mas foi impossível. Lentamente, ele piscou na direção da mulher, em um cumprimento silencioso e discreto, que passaria despercebido pela maioria das pessoas que circulavam no paddock naquele momento, mas não para ela.
riu fraco, fechando os olhos por alguns segundos e balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando não demonstrar que havia sido afetada por aquela simples piscadela em sua direção – embora soubesse que era impossível resistir a .
A relação dos dois havia começado como uma guerra não declarada. Eram rivais nas pistas e levou as brigas até as coletivas, quando revelou que a Mercedes jamais forneceria motores para a Red Bull e criticou o principal piloto dos austríacos. rebateu as críticas da mesma forma dura que as recebeu e, desde aquele momento, as coisas não continuaram pacíficas.
No início, jurava que era apenas uma birra por parte do homem por estar vendo a equipe rival se tornar muito mais competitiva do que antes ou talvez um certo ego ferido por estar correndo o risco de perder o campeonato para uma equipe liderada por uma mulher.
Porém, na sexta-feira, antes do glamuroso Grand Prix de Mônaco, começou a perceber que as atitudes de não eram apenas por causa das duas equipes… Havia algo a mais.

Grand Prix de Mônaco, um ano antes .


– Segura, por favor! – falou em tom de voz mais alto assim que percebeu que as portas do elevador iriam se fechar totalmente e ela precisaria ficar mais tempo esperando, já que seus saltos não a permitiam correr o necessário para que pudesse alcançar o cubículo de metal a tempo.
Quando as portas voltaram a abrir, um suspiro ecoou por sua garganta e ela se apressou ao máximo que podia, entrando no local com um sorriso leve em seus lábios, notando sua figura loira no espelho localizado na parede ao fundo do elevador.
Ela se virou, pronta para agradecer quem fosse o responsável por salvar sua alma, já que estava consideravelmente atrasada para um evento de um importante patrocinador da Red Bull Racing.
A mulher arfou ao perceber que era a figura que havia segurado o elevador. Arfou ainda mais ao perceber que ele usava um smoking preto, parecendo que também estava a caminho de um evento importante – como aquela noite livre em Mônaco significava para o automobilismo.
Ele murmurou algo em alemão de forma tão baixa que ela não foi capaz de entender perfeitamente, mas que demonstrava todo o seu descontentamento por estar dividindo o mesmo ambiente que ela.
A loira precisou conter a vontade de rolar os olhos até o momento em que eles saltariam de seus glóbulos oculares e colocou o melhor sorriso que possuía. Precisava mostrar que era educada, embora ainda estivesse com vontade de bater nele pelas farpas trocadas na coletiva do dia anterior.
– Obrigada. – falou, finalmente, olhando para o homem pelo canto dos olhos.
Conseguiu ver o momento em que ele fechou os olhos e abaixou a cabeça, apertando as mãos em punhos como se buscasse por um pouco de autocontrole. Ela arqueou as sobrancelhas ao ouvir resmungar novamente em alemão e bufou, agora já não escondendo mais a sua irritação.
– Sabe… – ela estalou a língua no céu da boca, girando um pouco o corpo para que pudesse observá-lo melhor. – Foram comentários duros que você fez hoje.
achou que ele fingiria que não havia a escutado, mas abriu os olhos e soltou uma risada nasalada, parecendo achar graça do comentário feito por ela. Não houve uma resposta através de uma frase, mas apenas a sua movimentação foi capaz de irritá-la o suficiente.
– Se você tem algum problema comigo, você deveria dizê-lo diretamente para mim, .
Ela não sabia de onde havia tomado coragem para pronunciar aquela frase, mas se arrependeu no momento em que o austríaco se virou em sua direção com seus olhos negros brilhando de uma forma que ela não sabia reconhecer.
– O meu problema, senhorita ? – a voz estava rouca, quase sussurrada, e era repleta de sotaque.
Foram necessários dois passos para que rompesse a distância que havia entre eles. ainda tentou se afastar, mas acabou com as costas em contato com a parte gelada do elevador.
estava perto demais. Ela conseguia sentir o cheiro de seu perfume amadeirado, conseguia sentir a respiração dele se misturando a dela e via perfeitamente como ele travava o maxilar com força.
Era estranho estar tão próxima assim dele.
O que estava acontecendo ali?
– O meu problema é justamente você, . – ele murmurou, soltando o ar próximo ao ouvido dela e sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo naquele momento. – É o fato de você estar na minha cabeça vinte e quatro horas por dia desde a merda do evento na Suíça no fim do ano passado.
piscou algumas vezes, tentando se lembrar do evento em questão, quando sentiu uma das mãos de em sua cintura. Ela arfou de forma apressada e totalmente surpresa ao sentir o toque quente sobre seu vestido prateado. Seu corpo parecia estar prestes a entrar em ebulição naquele momento.
– A porra do meu problema é você, .
engoliu seco as palavras proferidas, sem conseguir nem mesmo raciocinar corretamente diante daquela confissão inesperada que havia levado uma corrente de arrepios por cada parte de seu corpo.
apertou sua cintura, com a mão que já estava posta no local, de uma forma nada delicada, e aproximou ainda mais o corpo ao dela. Parecia que ele queria fundi-los naquele exato momento.
O chefe da Mercedes inclinou o corpo para frente e os lábios dos dois se roçaram levemente, causando um choque que nenhum deles sabia como explicar. Naquele momento, parecia que o elevador havia se tornado uma sauna e ambos se sentiam quentes pelo contato iminente.
Era questão de segundos para que algum deles se irritasse com apenas o roçar dos lábios e tomasse a atitude de selar os lábios em um beijo quente, mas isso não aconteceu porque o elevador apitou, indicando que havia chegado no térreo e se afastou de forma ágil.
assistiu ao homem passar a mão pelo lábio, deixando o elevador sem nem a encarar novamente. Ela piscou algumas vezes, levando dois dedos aos próprios lábios enquanto seu olhar se mantinha fixo em que, naquele momento, já se misturava às outras pessoas que estavam no saguão do hotel.
A loira se movimentou quando percebeu que outras pessoas entravam no elevador e que ela acabaria subindo novamente se não saísse logo do local. Pediu licença, saindo rapidamente e antes que as portas se fechassem, dando de cara com a figura ruiva de Louise com um largo sorriso nos lábios.
– Você está pálida… – a ruiva pontuou com um semblante se mostrando agora preocupado enquanto uma mão ia para o ombro da amiga. – Está tudo bem, ?
A loira soltou o ar de forma pesada. A sua mente ainda não havia processado de maneira correta o que havia acontecido há poucos minutos…
havia dito que ela não saía de sua cabeça?
Aquilo realmente havia acontecido?
Era o motivo por trás da guerra que ele havia iniciado contra ela?
ainda tinha o corpo arrepiado. Ainda conseguia sentir o perfume de , talvez tivesse ficado impregnado em seu vestido…
Ela negaria em voz alta até o fim, mas uma parte no interior dela queria que completasse o movimento e a beijasse dentro daquele elevador. Ela ficou na vontade de sentir o seu toque por completo, seu gosto e entender os motivos que o faziam pensar tanto nela, como ele confessou.
Droga, , o que está acontecendo?

Grand Prix de Mônaco, um ano antes .


sabia que caso se tornasse público o que ela e tinham, a corda arrebentaria para o lado mais fraco: o dela. Teria que lidar com um maior número de comentários sobre seu trabalho e o machismo de uma forma mais incisiva do que a atual. Sem contar que seria reduzida à companheira de .
– Ele sempre tenta me desconcertar. – a loira murmurou para a ruiva, a única que sabia sobre o que acontecia entre os dois chefes de equipe.
– Acho incrível que ele não consegue. – respondeu ao perceber que, por fora, a amiga não havia perdido a sua postura séria e já havia acelerado os passos em direção ao motorhome da Red Bull. – Vocês são bons em esconder as coisas…
– Eu prezo pela minha paz. – a chefe respondeu, sorrindo na direção da ruiva antes de ver as portas de vidro do motorhome se abrirem para que as duas mulheres pudessem passar e adentrar o local.
cumprimentou a todos que estavam na recepção e na pequena área do café localizado à esquerda do espaço, antes de seguir pelo corredor em direção a sua própria sala, considerando que faltava uma hora para o início do terceiro e último treino livre.
O seu dia, geralmente, começava sentada em frente ao seu computador, respondendo a alguns e-mails importantes antes que pudesse ir para a garagem para fiscalizar e acompanhar os carros na pista. A parte burocrática era um pouco chata, mas ela se esforçava para cumpri-la o mais rápido possível para que pude estar logo em seu lugar na pitwall para acompanhar a corrida.
Louise anunciou que iria se reunir com a equipe de comunicação para que pudessem observar alguns detalhes importantes e as duas se despediram. Provavelmente só se encontrariam novamente após o treino, quando a chefe de equipe tivesse que passar pela área de imprensa.

🏎🏆✨

Após cumprir a parte burocrática de seu cargo, assistiu ao terceiro treino livre do Grande Prêmio de Bahrein direto da pitwall, local onde ela gosta de assistir aos carros na pista desde que era apenas a chefe de estratégia da Red Bull Racing.
O FP3 foi tranquilo. Ela assistiu aos seus pilotos guiarem seus respectivos carros pela pista, sem nenhum problema, apesar de, para a sua tristeza, ver a Mercedes bem mais veloz. Isso a irritava, mas ela sabia que a Red Bull tinha carro o suficiente para superá-los esse ano.
Depois do FP3, ela tirou um tempo para conversar com Sérgio Pérez e Matt Hakvoort sobre as expectativas para o classificatório. Ela gostava de ouvir diretamente dos pilotos as suas sensações com o carro para que isso fosse levado em consideração na reunião de estratégia para a corrida, além de gostar de desejar boa sorte aos dois.
Assistiu aos dois homens em macacões azul escuro entrarem em seus respectivos carros e saiu da garagem, retornando ao pitwall. Pegou seus fones de ouvido, colocando-os e se sentou em seu lugar para acompanhar o classificatório.
Enquanto os carros saiam do pitlane para iniciar o Q1, ela movimentou o pescoço em círculos para que pudesse estalar os ossos numa tentativa de afastar todo o seu nervosismo e a sua ansiedade que aquele ambiente lhe trazia.
Focou seus olhos no painel à sua frente e se concentrou para assistir o classificatório, torcendo para que os dois pilotos da equipe conseguissem uma boa classificação.
O Q1 se iniciou com a Red Bull indo mais rápido que a Mercedes. Hakvoort conseguiu manter um bom ritmo, garantindo-se em primeiro lugar, enquanto Pérez permaneceu em sétimo lugar, garantindo o Q2.
A Red Bull optou por usar pneus médios com Hakvoort enquanto Pérez mudou para pneus duros. Os dois carros retornaram para a pista no Q2, que começou, surpreendentemente, com a Ferrari de Charles Leclerc sendo a mais rápida. Mas isso não durou por muito tempo porque Hakvoort conseguiu o superar, sendo seguido de perto pela Mercedes de Hamilton, com pouquíssimos segundos de diferença de um carro para o outro.
Pérez, no entanto, não conseguiu o mesmo sucesso. O piloto não passou para o Q3, por ter excedido os limites de pista em uma das curvas, ficando com a décima primeira posição para a corrida.
balançou a cabeça de um lado para o outro ao ver o carro de Sérgio retornar para a garagem. Tudo bem que ainda era a primeira corrida do ano, mas era decepcionante que ele não estivesse entre as primeiras posições do grid.
Para o Q3, Hakvoort conseguiu manter o bom ritmo, mantendo-se em primeiro, mas a equipe o chamou de volta para os boxes para que pudesse trocar o jogo de pneus. A Mercedes fez a mesma coisa com seus pilotos e foi a primeira a deixar o pitlane em direção a pista.
assistiu pela tela a sua frente Lewis Hamilton ir bem nos três setores da pista, conseguindo faturar até mesmo a volta mais rápida. Entretanto, o sorriso largo tomou conta do rosto da mulher ao perceber que Matt Hakvoort conseguia ser ainda mais rápido que Hamilton.
O holandês conseguiu diminuir a diferença e superar o tempo de todos os setores feitos por Lewis, conseguindo, além da pole position, a volta mais rápida do classificatório.
A loira comemorou da pitwall, cumprimentando os engenheiros que estavam ao seu lado com abraços rápidos e apertos de mãos enquanto as cerimônias de fim de classificatório começavam a acontecer.
Os três primeiros pilotos tinham que deixar seus carros em frente as placas com as respectivas posições de largada e depois seguir para os compromissos que se resumiam na pesagem, entrevista, coletiva e a passagem pela central de mídia – onde todos os jornalistas do mundo ficavam para trocar palavras com os pilotos.
A inglesa se levantou de seu lugar, indo em direção à garagem da equipe. Aproveitou para trocar algumas palavras com Sérgio Pérez para conseguir animá-lo e seguiu para os seus compromissos com a imprensa para tratar sobre o classificatório e as expectativas da equipe considerando que largariam na pole no domingo.
Acompanhada por Louise, sua assessora, ela atendeu pacientemente toda a imprensa, muitas vezes repetindo o comentário que havia feito anteriormente, devido ao número de perguntas que se repetiam ou pelo fato de não querer se expandir muito em determinado tema.
– Fim! – Louise respondeu quando as duas saíram de perto da jornalista da Sky Sports da França. – Por hoje.
– Mas eu confesso que sinto falta dessa loucura toda quando termina a temporada. – disse, soltando uma risada fraca. – Meio doido, não é? Quando estamos aqui, reclamamos que é chato, mas quando ficamos sem, dizemos que estamos sentindo falta.
– A vida sobre nunca estar satisfeita com o que temos… – a ruiva riu, vendo a chefe de equipe concordar com a cabeça enquanto os olhos da mesma focavam na figura de caminhando pelo paddock. – Limpa a baba que está escorrendo, .
soltou uma risada nasalada, virando o rosto para encarar a assessora e rolou os olhos para o comentário dela. Embora tentasse ao máximo, era impossível para ela não reparar naquele homem de quase dois metros de altura andando pro paddock – e, às vezes, era impossível não se perder em suas palavras quando o via.
– Me diga que você também não o acha um gostoso e eu confesso que estava babando por ele.
– Eu não sou do tipo que come o casado da amiga… – Louise soltou uma risada divertida ao ver a careta feita pela loira. – Eu não vou tecer comentários sobre o seu homem.
– Não tem essa de meu homem, Lou. Não há nenhum pronome de posse em nossa relação… – deu os ombros, mantendo sua atenção no caminho para o motorhome da Red Bull. – Eu posso continuar me envolvendo com outros homens e ele está livre para se envolver com outras mulheres.
– Mas, você não faz isso. – Louise pontuou de forma certeira, fazendo inclusive com que a loira parasse de caminhar para encará-la. – O que foi? Eu falei alguma mentira?
– Não me relaciono com nenhum outro homem porque o que tenho com é muito mais cômodo.
– Mais cômodo? , a Fórmula 1 tem semanas de pausa. Nesse tempo você poderia se relacionar com outros caras, conhecer pessoas novas. – a assessora deu os ombros.
– Muito desgaste. – a loira suspirou, levando uma das mãos para a nuca, por baixo dos cabelos e massageando o local. – Por que eu iria atrás de um novo homem, a quem eu teria que ensinar como eu gosto do sexo, se eu tenho um que já sabe exatamente como me deixar feliz e satisfeita? – arqueou as sobrancelhas na direção da ruiva. – Ou, que é o suficiente para descontar a minha raiva?
– Quem tem que responder essas perguntas é você e não eu. – Louise murmurou, voltando a caminhar e a loira precisou piscar algumas vezes para entender que realmente não tinha uma resposta para aquilo.
Era cômodo se encontrar com . Os dois estavam sempre no mesmo hotel nos finais de semana de corrida e a Fórmula 1 não fazia pausas tão longas para que ela precisasse ir atrás de outra pessoa.
Na verdade, desde o seu difícil divórcio, ela não se sentia bem para se relacionar com outra pessoa. havia sido a exceção porque, depois da noite no elevador em Mônaco, ela se sentia em chamas todas as vezes em que estava próxima a ele. Tinha que controlar a vontade de esfregar as coxas uma na outra durante as coletivas que participavam juntos ou esconder o desejo de arrancar aquela blusa social que ele usava em toda maldita corrida.
Ele era a exceção porque havia a comodidade e o sigilo, mas, principalmente, porque não havia nenhum tipo de compromisso ou sentimento que não fosse o desejo carnal um pelo outro.
! – uma voz masculina a despertou de suas questões particulares, fazendo com que ela se sobressaltasse um pouco e levasse uma mão próxima ao peito. – Desculpe, eu não quis assustá-la…
Jim, o engenheiro de pistas da Red Bull, riu fraco ao se aproximar e ela balançou a cabeça, indicando que não havia problemas, recuperando-se do leve susto que havia levado.
– Eu estou te procurando há alguns minutos...
– Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou, demonstrando a sua preocupação em seu tom de voz e Jim concordou com a cabeça.
– Eu preciso te mostrar algumas imagens do treino livre… Podemos ir até a sala da equipe? – a mulher concordou com a cabeça e os dois caminharam em direção ao motorhome da Red Bull.
– Não pode me adiantar o que houve, Jim? – ela perguntou, curiosa, e o homem riu.
– No treino livre de hoje, a Mercedes usou um sistema novo chamado DAS.
– DAS? – ela franziu o cenho, sem ter a menor ideia do que aquela sigla se tratava. – O que é isso?
– Dual Axis Steering. – ele murmurou, dando os ombros enquanto ambos passavam pelas portas de vidro do QG da Red Bull. – Nós também não sabemos muito, mas parece ser interessante e um ponto a ser questionado perante a Federação.
não pode conter o próprio sorriso ao ouvir a frase. Seguiu, em silêncio, Jim até a sala onde alguns dos membros da equipe ficavam, especialmente os ligados à parte estratégia e de análise das corridas. Jim indicou uma cadeira vazia em frente ao notebook para que ela se sentasse e o fez.
Ele apontou para a tela e o olhar de o seguiu. Logo, a imagem de bordo de um dos carros da Mercedes surgiu na tela e a mulher franziu o cenho, sem entender o motivo de estar vendo aquela imagem.
– Quando o volante se movimenta, as rodas dianteiras mudam de posição. – o homem apontou e voltou a imagem para confirmar o que falava.
Naquele momento, assistiu Valtteri Bottas puxar o volante do carro em sua direção e as rodas dianteiras da W12 mudarem de direção. Poucos segundos depois, ele retornava com o volante a posição original e o mesmo acontecia com as rodas.
– Temos alguma informação sobre isso? – perguntou após a surpresa tomar conta de si. – Eu quero dizer, isso é permitido pelo regulamento?
– Não temos maiores informações… – Jim deu os ombros. – Mas podemos tentar buscá-las, especialmente sobre o regulamento.
– Confere isso, por favor, Jim. Precisamos ter a mais absoluta certeza que esse é um sistema permitido pela Federação. – murmurou, voltando o vídeo mais uma vez. – Porque, se não for, ou se tivermos a mais remota dúvida que não é, iremos à Federação para protestar e cobrar explicações.
Jim concordou com a cabeça e a loira se levantou da cadeira que estava sentada. Agradeceu ao engenheiro por tê-la mostrado o vídeo e seguiu de volta para a sua sala no motorhome. Ainda havia uma reunião de estratégia para a corrida e, apenas depois disso, ela estava livre para ir para o hotel.
No corredor em direção à sua sala, sacou o celular do bolso traseiro da calça que usava. Ela desbloqueou a tela, abrindo o aplicativo de mensagens e procurando pelo nome de .
A porcaria do sistema novo da Mercedes ficaria em sua mente até Jim conseguir afirmar se era ou não permitido pelo regulamento da Federação e ela odiava aquele fato. Era, certamente, um sistema e tanto, não podia negar, mas também fazia a sua raiva pela equipe alemã se triplicar por todo o seu corpo.
Digitou a mensagem de forma apressada. Os dedos flutuavam pelo teclado, como se pudesse depositar toda a sua raiva na tela do aparelho, e apertou enviar antes de entrar em sua sala e descartar o celular dentro da própria bolsa.
Recostou o corpo na cadeira em frente a sua mesa, tirando alguns minutos para que pudesse relaxar com os olhos fechados – muito embora sua mente não desligasse nem um segundo. Haviam milhares de dúvidas quanto a corrida, a estratégia que seria adotada, o início do campeonato, o novo sistema da Mercedes, mas também havia espaço para a pequena semente que Louise havia plantado.
A ruiva a fazia questionar a sua própria ideia de que seu envolvimento com ser cômodo e as razões que os levaram a ter aquele caso. Era típico de Smith colocar ideias em sua cabeça e deixá-la se afundar em milhares de pensamentos.
A chefe suspirou, passando as mãos pelo rosto e retornando a atenção para o notebook quando as saídas de som emitiram o barulho de um novo e-mail. O trabalho a chamava e seu final de semana estava ocupado demais para ela se preocupar com as suas questões pessoais.
tinha uma equipe a dirigir e a levar ao topo do pódio no primeiro Grand Prix do ano. Não tinha tempo para ficar se questionando sobre sentimentos ou qualquer outra coisa que pudesse a fazer perder o foco do que era realmente importante.

DAS?
Que merda é essa, ?


A sorte de era que ele já estava sozinho em seu quarto de hotel quando abriu as mensagens enviadas por porque ele pode soltar uma risada ao lê-las. Afinal, ele conseguia perfeitamente imaginar a loira morrendo de raiva dele e da equipe em razão do sistema inovador utilizado.
Ninguém no paddock inteiro conhecia e nem conseguia imaginar muito bem como o DAS poderia ajudar a Mercedes a obter bons resultados. Então, ele era uma incógnita para todas as outras equipes e uma clara vantagem para os alemães, o que deixava muito contente.
O austríaco havia chegado do Circuito do Bahrein há cerca de uma hora depois de alinhar algumas coisas importantes com a equipe para o dia seguinte, o mais importante do final de semana. Ele optou por seguir direto para o quarto para tomar um banho e iria pedir o próprio jantar para que comesse ali, querendo permanecer em sua própria companhia.
Na verdade, havia uma única companhia que ele queria ter naquela noite. Porém, estaria com muita raiva para encontrá-lo – ele já a conhecia o suficiente para saber que ela não gostava muito de vê-lo após perder para a Mercedes, mas não custava tentar, afinal, ainda não havia sido uma derrota.
E se ela estava com alguma raiva por causa do Dual Axis Steering, a melhor maneira de lidar com isso se resumia nos dois suados, emaranhados nos lençóis brancos e macios da cama king dizendo hotel de luxo em que estavam hospedados.
Ele tinha boas memórias que as melhores noites dos dois aconteceram quando um estava com raiva de algum momento da corrida. Aquele caso era bom, principalmente, para aliviar toda a tensão que era causada pelo esporte – e nem nenhum dos dois poderia negar isso.
depositou o celular sobre a cama, caminhando até o closet do quarto em que estava para buscar uma roupa. Tinha sempre o costume de retirar de sua bagagem as roupas porque não gostava de ter que procurar dentro das malas suas peças de roupa e nem de tê-las amassadas para serem vestidas.
Optou por uma calça de moletom e uma blusa em tom azul escuro. Deixou a toalha de banho no banheiro e retornou para o quarto, atirando o corpo sobre a cama e recostando as costas na longa cabeceira enquanto buscava o celular.
Após desbloquear a tela, retornando para a conversa com , que havia ficado sem resposta, ele sorriu fraco. A mulher havia ignorado o seu convite para ir encontrá-lo, o que apenas confirmava – caso ele tivesse alguma dúvida – que ela estava com muita raiva porque não era de seu feitio deixar nenhuma mensagem sem resposta.
digitou uma nova mensagem para a mulher de forma rápida, reiterando o convite que havia feito mais cedo para que os dois se encontrassem, e pedindo aos céus que respondesse aquela mensagem de maneira positiva, confirmando que estava indo ao seu encontro.
Já fazia bastante tempo desde a última vez que os dois estiveram juntos e ele sentia falta das carícias, do toque, da noite perfeita que era capaz de lhe proporcionar, mesmo após um dia não tão bom.
Aguardou por alguns minutos que ela ficasse online e lesse a mensagem, mas isso não aconteceu. O aplicativo indicou que ela havia recebido, mas não que havia lido e o austríaco bufou.
Optou por deixar o celular de lado mais uma vez e buscou o notebook dentro da pasta que levava para o paddock para que pudesse trabalhar e, quem sabe, retirar de seus pensamentos mais impuros por alguns minutos enquanto não a tinha a sua frente para conseguir realizar, pelo menos, um de seus pensamentos dos últimos meses e horas.

Quarto 8719
Aguardo você.


Aquele era o efeito estar meses sem sexo com . Desde o momento em que o viu no primeiro dia de treinos no Bahrein, ela se perguntava quando que os dois teriam um momento para aproveitar juntos.
Não conseguiram na primeira noite porque estavam cansados demais das respectivas viagens até o local; na segunda noite, o chefe da Mercedes precisou ficar até tarde no circuito em uma reunião com patrocinadores; mas, para sua completa felicidade e antecipação, parecia que iria finalmente acontecer. Em poucas horas, ela estaria saciada da forma que sabia como deixá-la.
O banho foi rápido. Aproveitou para passar um de seus hidratantes preferidos por todo o corpo, gastando alguns longos minutos espalhando o produto por toda a sua pele, preocupando-se apenas em ficar bastante cheirosa e nada além disso. Depois, ela seguiu para o closet de seu quarto e buscou no interior de sua mala, a bolsa-sacola mais especial: às suas lingeries.
Retirou algumas peças, buscando uma em especial que havia adquirido antes das festas de fim de ano. Era um body rendado, com um decote em V entre os seus seios e bastante cavado na parte debaixo, trançado na parte das costas, que ficava maravilhoso em seu corpo e que ela sabia que seria o suficiente para levar à beira da loucura.
Vestiu a peça, encarando o corpo no espelho e sorriu com o resultado. Era perfeito como o tom branco de sua pele contrastava com o tom de turquesa de lingerie que parecia ter sido moldada para o seu corpo. Aproveitou para pegar seu celular e parou em frente ao longo espelho disponível no quarto para tirar algumas fotos.
Terminou sua sessão de fotos e retornou para o closet, buscando uma roupa fácil de ser tirada porque não queria perder muito tempo. Optou por uma calça jeans de lavagem acinzentada, uma blusa preta que parecia ser alças finas que possuía um decote em V um pouco mais aprofundado, mas que escondia perfeitamente a lingerie escolhida para a ocasião, coberta por um blazer do mesmo tom. Era discreto o suficiente, mas ainda mantinha uma sensualidade que a loira tanto gostava.
checou sua aparência no espelho antes de pegar o celular e o cartão do quarto, saindo do mesmo em passos apressados em direção ao elevador. Ela estava no terceiro andar e no oitavo. Teria que torcer para não encontrar ninguém conhecido nos três andares de diferença.
Ela não sabia dizer se era sua antecipação ou se realmente o elevador estava levando uma eternidade para chegar ao andar determinado. Estava louca para estar frente a frente com , mas parecia que o universo queria que ela sofresse um pouco mais com tamanha demora.
Assim que chegou, ela caminhou em passos largos para não correr o riso de encontrar algum membro da Mercedes no corredor, já que o costume era toda a equipe permanecer no mesmo andar. A porta do quarto de estava aberta, como era costume ele deixar quando ela estava a caminho.
tinha os olhos na tela do computador, mas a sua atenção saiu do e-mail que lia quando ouviu o barulho de clique vindo da porta. Ergueu o olhar, recaindo sobre a figura de parada a alguns metros de distância da porta que ela havia acabado de fechar atrás de si.
Ela o observou por alguns instantes. usava os óculos de grau de lentes redondas que ela tanto gostava – já havia pedido para que ele abandonasse o modelo rayban que não combinava nada com a sua figura e nem lhe dava o ar sensual como aquele – e os cabelos ainda molhados, demonstrando que havia saído do banho recentemente.
Os olhos dele também escalaram . Suas roupas e seus sapatos de salto fino que ele tanto gostava que ela usasse foram tão notados por ele que fizeram um sorriso surgir em seus lábios. Rapidamente, o notebook fora deixado de lado e ele se levantou da cama, caminhando na direção dela.
– Eu pensei que nunca fosse chegar. – murmurou o austríaco ao se aproximar da inglesa que já sentia todo o corpo tremer em antecipação.
– Minha mãe sempre me disse que temos que deixá-los esperando para que queiram mais. – ela deu os ombros ao relembrar a frase e uma gargalhada escapou pelos lábios de enquanto suas mãos iam para a cintura dela. – Fora que a espera torna tudo mais excitante. – sorriu, vendo o chefe da equipe rival enfiar o rosto na curva de seu pescoço, iniciando uma série de beijos pelo local. – Você não acha?
– Você não precisa me deixar esperando para me fazer te querer mais, . – respondeu contra o ouvido da mulher, fazendo um arrepio percorrer a sua espinha. – E tudo sobre você é excitante para mim.
se afastou dele brevemente e, quando ergueu o rosto para encará-la, ela uniu os lábios dos dois em um beijo avassalador e sedento. Absurdamente sedento.
Suas mãos percorriam os cabelos negros do homem com veracidade enquanto ele a empurrava para trás, fazendo com que seu corpo se chocasse com a parede da suíte em que estavam.
Quando se lembrou que precisava respirar, afastou os lábios dos de , mas os desceu pelo seu pescoço, alternando entre beijos, mordidas e chupões por toda a extensão do local, fazendo com que a mulher jogasse a cabeça para trás, lhe dando mais espaço, e que os gemidos sôfregos escapassem por seus lábios.
Ele seguiu com as carícias e distribuiu beijos por todo o decote da mulher, fazendo com que ela suspirasse. Levou uma de suas mãos até a alça da blusa que ela vestia, fazendo com que a peça caísse sobre o corpo dela, e se apressou para descer a alça do outro lado para que a blusa ficasse em sua cintura.
– Isso tudo é porque sentiu minha falta? – ele perguntou com uma risada ao final quando percebeu a forma rápida que a mulher queria se livrar da blusa, ajudando a peça a descer por suas pernas, ainda cobertas pelo jeans.
– Senti falta do que você pode me proporcionar. – murmurou em resposta e sorriu com os olhos fechados ao ouvir o botão da calça e o zíper serem abertos.
– Espero que consiga saciar isso, então. – ele sorriu de forma presunçosa, mesmo que ela não tenha conseguido ver a sua expressão, e puxou as calças de para baixo.
Se havia algo que ele adorava era retirar as roupas dela. Se sentia como uma criança que estava abrindo o seu tão aguardado presente de natal e, quando se tratava de , por debaixo das roupas havia sempre uma surpresa capaz de deixá-lo sem palavras. Afinal, ele nunca se cansava de admirar a perfeição que era a mulher nua a sua frente, tão necessitada dele como ele estava por ela.
Abaixou-se, ficando sobre suas panturrilhas, retirando os scarpins que ela usava para que pudesse retirar a calça do corpo dela. Ainda agachado, levantou o olhar, tendo a visão do corpo inteiro dela e da lingerie azul turquesa que ela vestia.
– Uau. – murmurou, após engolir seco ao ver o body cavado que caía perfeitamente sobre o corpo de . Parecia que ele havia sido criado apenas para ela o usar.
Ele ergueu o corpo, deparando-se com ela o encarando de volta com um sorriso escárnio nos lábios, e levou a mão direita até o rosto da mulher, a fazendo manter os olhos fixos nele.
– Calce os sapatos outra vez.
– Você adora não é? – ela soltou uma risada após o rosto ser solto com um pouco de força e descaso por parte do austríaco.
Enquanto ela tratava de enfiar os pés dentro dos scarpins, a assistia, desabotoando a blusa social que vestia de forma não tão rápida quando a mulher gostaria. Mas foi questão de pouco tempo para que a blusa fosse de encontro ao chão do quarto.
– Vem cá. – fez um sinal com a mão, sentando-se na beirada da cama e o seguiu, sendo colocada sobre uma das pernas de . Ela sorriu fraco ao sentir o contato de sua intimidade com a região da coxa do mais velho.
– Eu não acredito que depois de quase três meses, você ainda vai fazer joguinhos. – murmurou com raiva, precisamos fechar os olhos ao sentir as mãos de em seu pescoço. Pode ouvir uma risada divertida da parte dele e a mão envolver sua garganta.
Involuntariamente, movimentou o quadril sobre a perna de , causando uma fricção mesmo diante das peças de roupa que ambos vestiam. Ele sorriu com a cena, intensificando o aperto sobre o pescoço dela e um sorriso também surgiu no rosto dela.
– Mas você parece estar gostando. – ele respondeu em um tom inocente enquanto ela aumentava os movimentos do quadril.
A mão em seu pescoço, a apertando, do jeito que ela havia descoberto graças a ele que gostava, lhe forçava a querer mais contato com o homem. Então, seu quadril se movimentava sobre sua coxa, fazendo com que ela ficasse ainda mais lubrificada, e que os pequenos tremores surgissem por seu corpo.
– Me diga o que você quer, . – ordenou e a mulher abriu os olhos no momento em que o aperto em seu pescoço se afrouxou.
– Puta que pariu, ! – rosnou com raiva daquele jogo todo e ainda mais por perceber que ele estava adorando aquela cena. Afinal, ele adorava estar no controle.
– Me diga, .
– Eu quero você, porra. – murmurou com raiva e ele sorriu antes de a retirar de seu colo e jogá-la sobre a cama como se ela fosse pluma.
retirou os cabelos que haviam caído sobre seu rosto e se apressou em retirar a lingerie que usava, chutando os sapatos de seus pés de qualquer jeito. Nada mais importava naquele momento.
Desceu as alças para que a peça escorregasse por seu corpo e levantou os olhos para olhar para , que já se encontrava sem sua calça de moletom, movimentando a mão direita sobre o próprio membro.
– Me machuca quando você não me deixa fazer isso. – murmurou, fingindo estar triste e a mulher deu os ombros.
– Ninguém mandou você fazer joguinhos. – respondeu, retirando a peça por completo e a deixando de qualquer jeito sobre a cama. – Me foda, .
Ele balançou a cabeça de um lado para o outro enquanto se deitava sobre a cama e esticando o corpo para que pudesse unir os lábios nos de mais uma vez. A mulher suspirou no meio do beijo quando sentiu o membro de a penetrar de uma vez só.
tinha certeza que tinha visto estrelas na primeira estocada. Haviam três meses que os dois não estavam juntos daquela maneira e ela havia sentido falta de cada pequena parte dele. Sentia faltar de estar preenchida por , como estava naquele momento.
levantou o corpo, afastando-se dela, e acelerando o movimento do quadril. Saía por completo, retornando de uma vez só para dentro da mulher, com a força sendo proporcional ao tamanho da saudade que havia sentido dela.
Os gemidos eram os únicos sons ouvidos dentro da suíte. não tinha pudores mais quando se tratava dele e nem mesmo sentia vergonha de mostrá-lo todo o prazer que lhe dava. Suas mãos estavam confusas nas costas dele, não sabiam se puxavam os cabelos curtos de ou se arranhavam suas costas, e quando ele levou uma das mãos até seu clítoris inchado, ela teve certeza que não aguentaria por muito tempo.
já a conhecia o suficiente. Ele sabia que a mulher gostava de muitas palavras sujas durante as preliminares, quais eram as suas posições favoritas e, principalmente, sabia o que fazer para levá-la ao orgasmo perfeito — aquele que a deixava com o corpo inteiro tremendo sob ele e a respiração descompassada.
Para ela, era a visão do paraíso ver atingindo o próprio ápice.
… – o seu sobrenome escapou pelos lábios dela como uma espécie de aviso e ele sabia o que aquilo significava. Aumentou o movimento de seu quadril e os movimentos de suas mãos, fazendo com que soltasse um grito poucos segundos antes do corpo iniciar os tremores conhecidos.
Ele sorriu, sentindo o interior da mulher apertar o seu membro enquanto os cabelos caiam sobre o rosto dela, e a respiração ficava difícil.
– Puta que pariu. – foi tudo que conseguiu murmurar quando recuperou um pouco as ideias e o homem sorriu, retirando-se de dentro dela.
– Deita. – sinalizou para o outro lado da cama e ela sorriu de ladino, erguendo o corpo com um certo cansaço, e deitando-se de bruços.
riu fraco, erguendo o quadril, de maneira que sua bunda ficasse empinada e sentiu um tapa estalado sendo dado em uma das bandas. Precisou apertar as mãos no lençol para aliviar a dor inicial — que passava em questão de segundos. Um novo tapa foi desferido, agora do outro lado, e ela deixou um gemido escapar.
– Você adora, não é? – ele repetiu a pergunta que ela havia feito há minutos atrás, mas ela não conseguiu responder porque mais tapas foram dados na região. E, antes que se recuperasse, a penetrou mais uma vez. Teve quase certeza que o grito que ecoou por sua garganta pôde ser ouvido por todos os hóspedes do hotel.
manteve as estocadas fortes fazendo com que precisasse se segurar no lençol da cama para que pudesse descontar todas as sensações que percorriam o seu corpo.
Pelo canto de olho, ela conseguia ver a figura dele, adorando a maneira que ele sussurrava em seu ouvido como a adorava, além dos palavrões que, geralmente, eram em alemão. Assim como ela a conhecia bem, ela também o conhecia e sabia que não tardaria para que ele chegasse ao próprio ápice.
levou a mão à intimidade da mulher quando percebeu que já estava perto de gozar e movimentou o dedo em círculos sobre o ponto de prazer de . virou o rosto, mordendo um pedaço do lençol para que não acabasse gritando mais uma vez e, poucos segundos depois, o gemido exacerbado do austríaco indicou que ele também gozado.
não conseguiu evitar que seu corpo caísse sobre o dela e soltou uma risada nasalada, exausta e plenamente satisfeita enquanto o homem rolava sobre a cama, caindo ao seu lado, com a barriga virada para cima.
– Você está bem? – a voz rouca dele a fez abrir os olhos, encontrando as irises negras a encarando. – Não fui muito forte, não é?
A preocupação era genuína porque ele gostava de e, embora ambos gostassem da ideia de sexo forte, ele sempre queria saber se ela estava confortável com aquilo.
– Ótima. – murmurou, já sentindo os olhos querendo se fechar e soltou uma nova risada. – Talvez a gente devesse ficar mais tempo sem fazer sexo, sabe… Porque, toda vez que a gente volta, depois de um tempo, é uma maravilha.
– Vai começar a querer fazer greve agora? – a risada escapou pelos lábios dele e ela arqueou uma sobrancelha.
– Você não aguentaria muito tempo sem mim.
– Isso é verdade. – ele riu outra vez e balançou os ombros. – Desde as férias de inverno sem você já é muito tempo.
sorriu fraco com a frase dita. Seu desejo por era mais carnal do que qualquer outra coisa. A forma autoritária dele lhe causava uma excitação que ela nunca soube explicar bem — e saber que os dois eram rivais nas pistas dava um quê a mais para tudo que eles estavam vivendo.
Não que não tivesse sentimentos por ele. O achava um homem incrível, ele acabava sendo um parceiro fiel em todos os Grandes Prêmios, mas não havia amor por parte dela. E muitos menos pretensão de levar aquilo à sério.
– Eu vou… – se sentou na cama lentamente. – Você sabe… – concordou com a cabeça, sabendo que ela iria ao banheiro para tomar uma ducha para voltar para a própria suíte.
O acordo entre os dois poderia parecer sem sentimentos, mas para eles, no início, havia sido uma maneira de juntar o útil ao agradável.
não conseguia tirar a mulher de seus pensamentos e ela queria uma forma de se satisfazer durante os Grandes Prêmios porque ser chefe de uma equipe como a Red Bull era estressante ao máximo.
– Tem toalhas limpas no armário. – murmurou e ela sorriu, levantando-se da cama em direção ao banheiro sob o olhar atento dele.
Em outras oportunidades, teria sentido vergonha, mas já havia se acostumado com uma coisa específica nesse um ano de sexo casual: a desejava.

🏎🏆✨

No dia seguinte, acordou extremamente cedo, como era de costume aos domingos, e se arrumou rapidamente para que pudesse ir logo para o circuito e iniciar os seus trabalhos pré corrida.
O caminho não demorou muito e ela aproveitou para ir respondendo alguns e-mails enquanto seguia para o local, não querendo conversar muito com o motorista da equipe que a levava.
– Até que enfim você chegou! – Jim soou alegre ao ver a chefe da equipe caminhando pelo paddock com seus inseparáveis óculos escuros. – Eu preciso falar com você urgente.
– Alguma novidade sobre o DAS? – perguntou, dando um gole no copo de café que levava consigo porque não havia parado para aproveitar o café da manhã do hotel para que não acabasse chegando tarde.
– Não… Mas eu tenho outra coisa para mostrar.
– O que é? – indagou, retirando os óculos do rosto e o segurando com a mão livre enquanto parava de caminhar para que pudesse encarar o funcionário. – Jim, me fale logo!
– Lewis acelerou durante uma bandeira amarela por causa da rodada do Mazepin.
Os olhos de se arregalaram em absoluta surpresa com a frase dita por Jim e um sorriso automaticamente surgiu em seus lábios.
– Cadê o vídeo? Precisamos levar para a Federação.
– Nós iríamos enviar por e-mail.
– Pois, faça isso agora que eu estou indo para o prédio dos comissários para conversar com eles. – Jim afirmou com a cabeça e cada um deles seguiu para um caminho diferente.
se apressou em seus saltos finos para que pudesse chegar o mais rápido possível ao prédio dos comissários para que pudesse falar com eles.
No caminho para o local, cruzou o seu caminho e franziu o cenho ao ver a pressa da chefe da Red Bull. Ele virou o rosto, acompanhando a mulher que, mesmo apressada, parecia desfilar pelo local e não pode evitar um mínimo sorriso em seus lábios com aquela visão.
se apressou, adentrando o prédio e indo em direção a sala do controle de pista. Precisou pedir para que eles checassem seus e-mails para que pudessem assistir ao vídeo e Jim já havia perfeitamente cortado o vídeo para que ficasse nítido que Hamilton havia acelerado durante a bandeira amarela – o que não era permitido pelo regulamento e, certamente, lhe renderia alguma punição.
– Senhorita , nós vamos analisar as imagens mais uma vez e o regulamento para que possamos chegar a uma conclusão sobre uma punição. – Michael Masi disse para a chefe de equipe e ela quase comemorou na frente do homem.
– Então haverá uma punição?
– Definitivamente. Mas, vamos decidir qual será a aplicável.
– Se puder lhe dar uma perda de posição… – piscou na direção de Masi e o homem balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Não é a senhorita que dita as regras por aqui. – ela quis rolar os olhos, mas acabou concordando com a cabeça antes de se virar para se retirar da sala, rezando mentalmente para que fosse uma boa punição para Hamilton.
Seria incrível já começar vendo a Mercedes se ferrando. Ela daria tudo para ver a raiva no rosto de quando ele soubesse da punição.
se encaminhava para a saída do prédio e, como se soubesse que estava em seus pensamentos, se encontrava parado na parede próxima ao local, com os braços cruzados e o olhar havia acabado de se fixar nela.
– Está me seguindo, ? – perguntou em um tom de voz baixo após olhar para os dois lados e se certificar que não havia ninguém por perto. – Eu achei que ser stalker não era do seu feitio.
– Eu te vi correndo pelo paddock e precisei vir atrás para saber se está tudo certo… – ele descruzou os braços, levando as mãos para os bolsos da calça que vestia e arqueou as sobrancelhas. – Está?
– Eu tenho certeza que vai ficar melhor.
– O que te faz pensar isso? – indagou, curioso com o sorriso ladino que ela possuía no rosto. parecia estar escondendo ou tramando alguma coisa e não gostava daquilo. – O que estava fazendo no prédio dos comissários?
– Você não deveria estar preocupado com a sua equipe?
– Estar aqui, querendo saber o que você está tramando, é uma parte da minha preocupação pela minha equipe.
– Não. Essa é só uma tentativa sua de me perturbar.
– Você sabe que eu não preciso te perturbar, . – ele sorriu na direção dela, inclinando um pouco o corpo para que pudesse ficar com o rosto mais próximo do dela. – Eu sei que já é difícil para você me tirar da sua mente…
A risada que ecoou pela garganta de foi tão alta que, se houvesse alguém por perto, os encararia para saber se o que estava acontecendo. Isso fez com que retornasse a sua posição original, voltando a manter a pose de sério, mas mantendo o olhar nela.
– Não sou eu que estou correndo atrás de você a poucas horas da primeira corrida do ano. – ela deu os ombros antes de checar as horas em seu Applewatch e voltou a encarar o homem à sua frente. – Eu preciso voltar para a garagem.
iria passar por se ele não tivesse esticado a mão e segurado em seu braço, fazendo com que ela parasse abruptamente em seus saltos, não concluindo nem o seu primeiro passo.
– Nos vemos hoje à noite?
– Já está com saudade? – ela riu de forma sarcástica e fechou os olhos por alguns segundos, reabrindo-os e encarando de uma forma contínua. Ela sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem naquele instante e um mínimo sorriso surgiu nos lábios dele, como era de costume quando estavam em público. – Eu volto hoje mesmo para Londres.
murchou um pouco, curvando-se mais uma vez e aproximando os lábios da orelha esquerda da mulher, deixando sua voz rouca e carregada de sotaque falar:
– Que pena… Minha cama está morrendo de saudade suas.
se engasgou em sua própria saliva e riu baixo ao perceber o efeito causado nela, soltando seu braço e se afastando. A mulher balançou a cabeça de um lado para o outro, ignorando a sua pele arrepiada para que seguisse seu caminho em direção a garagem da Red Bull.
Ao chegar na garagem, conversou com Jim e os outros engenheiros da equipe para que eles soubessem que o vídeo estava sendo analisado pelos comissários e que, em breve, receberiam uma resposta, optando por focar nos trabalhos finais antes do início da corrida.

🏎🏆✨

xingou em alemão quando viu o comunicado informando que Lewis Hamilton havia sido punido com a perda de cinco posições por ter acelerado durante a bandeira amarela no dia anterior.
A punição com a perda de cinco posições veio no momento em que a Mercedes já estava posicionada na primeira fila do grid e teve que ser levado para a sexta posição, ficando ao lado da Ferrari número 55, de Carlos Sainz.
Ao caminhar no meio das filas de carros em meio ao mar de mecânicos que ajeitavam os últimos ajustes, jornalistas e outras figuras não tão importantes, passou pela chefe da equipe Red Bull. ainda não havia ido para o seu posto na pitwall e ele tinha certeza que havia um sorriso largo nos lábios dela com toda a movimentação referente ao carro número 44.
Procurou manter a sua postura séria e rígida intacta para não demonstrar que, na verdade, estava extremamente revoltado com , mas deveria ter imaginado que algo viria da parte dela após ter cruzado com ela saindo do prédio dos comissários. Era óbvio que viria alguma reclamação referente a Mercedes.
Faltando alguns minutos para o início da corrida, o austríaco caminhou em direção a garagem da sua equipe para que pudesse acompanhar a corrida no local de sempre: a ponta da estação de engenharia. Porque assim, poderia ter uma visão ampla de tudo que acontecia tanto do lado de Hamilton quanto do lado de Bottas, e manter contato direto com os engenheiros de ambos os pilotos, além dos outros funcionários que ficavam na pitwall.
A corrida começou cerca de vinte minutos depois que se posicionou em seu lugar. Após a volta de apresentação, as luzes vermelhas se apagaram e os carros saíram em alta velocidade, iniciando oficialmente o Grande Prêmio do Bahrein para a felicidade de todos.
Logo na primeira volta, a rodada de Mazepin resultou na entrada do carro de segurança e rolou os olhos, respirando fundo algumas vezes enquanto todos assistiam os carros dando voltas atrás da bela Mercedes AMG vermelha que era o veículo utilizado.
Quando, finalmente, retornou, após a relargada, Hamilton conseguiu ultrapassar Carlos Sainz sem maiores dificuldades, indo para a quinta posição enquanto Valtteri ainda não conseguia atacar Hakvoort na primeira posição na corrida.
O número de voltas dadas ia aumentando e cada vez mais parecia que Hamilton não conseguiria escalar o pelotão, mas o chefe da equipe confiava plenamente em seu piloto para saber que nada era impossível para o cara que ganhava até com um pneu furado. Assim, foi questão de tempo – e paciência – para que ele ultrapassasse Charles Leclerc e Lando Norris, atingindo a terceira posição na corrida.
escutou em seu rádio as conversas dos engenheiros de corrida e táticas sobre Lewis estar mais rápido que Valtteri e a necessidade que os dois trocassem de posição. Apertou o botão da estação, que ficava abaixo do painel onde as imagens da corrida passavam, para que pudesse falar diretamente com James.
– Vamos chamar o Valtteri para o box e deixar o Lewis em segundo. – anunciou, recebendo a concordância do engenheiro em poucos segundos.
Valtteri foi chamado para os boxes, trocando os pneus já desgastados e retornou na quarta posição, tendo sido ultrapassado por seu companheiro de equipe e Charles Leclerc, mas não possuindo muita diferença para o piloto monegasco.
Na trigésima quarta volta, Matt Hakvoort foi chamado para trocar os pneus e Lewis, que já havia diminuído ainda mais a diferença, assumiu a primeira posição.
Bottas conseguiu ultrapassar Leclerc e quase assumiu a segunda posição, mas optou por frear para que não acabasse batendo no carro da Red Bull que havia acabado de sair do box enquanto Lewis abria mais de vinte segundos de vantagem para o rival.
A parada do número 44 foi tranquila e rápida, resultando na sua volta em tempo recorde para a pista e a sua continuidade na primeira posição. A primeira vitória da temporada estava tão perto que se remexeu, nervoso em seu assento.
Entretanto, a Red Bull conseguiu se aproximar, diminuindo o vácuo entre os carros e, na volta cinquenta e três, Hakvoort e Hamilton travaram uma batalha que acabou com o piloto holandês ultrapassando o inglês pelo lado de fora.
Na pitwall da equipe austríaca, comemorou a ultrapassagem, batendo palmas para o seu piloto, mas a sua animação foi contida quando veio o anúncio que Hakvoort havia passado os limites de pistas na manobra.
Bufou, com raiva, apertando o botão do rádio para que pudesse falar com o piloto a instrução mais simples e que mais lhe irritava:
– Matt, você excedeu os limites de pista… Precisa devolver a posição.
sorriu largamente quando a transmissão exibiu o rádio da chefe da Red Bull Racing e, em seguida, os inúmeros xingamentos por parte de Hakvoort. Por fim, Lewis o ultrapassou, retomando a posição e se manteve firme nela até a bandeira quadriculada tremular, confirmando sua primeira vitória do ano.
O austríaco comemorou junto com os engenheiros, abriu o rádio para que pudesse parabenizar o piloto e retirou seus fones de ouvido, levantando-se de sua cadeira para ir acompanhar o pódio.
Lewis Hamilton, Matt Hakvoort e Valtteri Bottas se posicionaram no pódio, recebendo seus troféus e o hino da Inglaterra foi tocado antes da chuva de champanhe tomar conta do local.
O chefe da Mercedes retornou para a garagem da equipe, cumprimentando os funcionários e, antes mesmo que cogitasse ir para o seu escritório no motorhome da equipe, Jessica, sua assistente, apareceu com um sorriso leve nos lábios.
– Precisa ir para as entrevistas. – o lembrou e o homem encarou o céu, soltando um suspiro e causando uma risada fraca na mulher.
Acabou seguindo junto com ela em direção a área dos jornalistas, onde cada um ficava dentro de uma pequena área, dividida por barras de ferro, com uma placa com o nome da emissora do respectivo jornalista.
nem mesmo sabia quantos minutos havia ficado por ali. A maioria das perguntas eram sobre a corrida, como a punição sofrida por Lewis e como ele havia conseguido chegar até o primeiro lugar em uma corrida espetacular; além de perguntas sobre o fato de Matt ter cedido a posição após ter sido avisado que havia excedido o limite da pista.
O austríaco riu ao ouvir a pergunta vindo da jornalista do canal italiano, a última daquela entrevista, e, ao perceber que , já havia se aproximado, sinalizando que seria a próxima chefe de equipe a responder perguntas, disse o que seria suficiente para deixá-la com bastante raiva:
– Mesmo se o Matt não tivesse cedido a posição, eu não duvido que não demoraria muito para que Lewis a recuperasse.
Acenou positivamente para a repórter italiana e a entrevista foi encerrada dessa maneira. agradeceu em italiano e, virou-se na direção de , sorrindo de uma forma um tanto quanto larga e piscando um olho em sua direção.
não se movimentou, apenas pressionou os dentes, firmando sua mandíbula e Louise lhe encarou com um olhar suave, tentando lembrá-la que ela deveria manter a calma.
A mulher precisou de alguns segundos para que pudesse se recuperar da vontade de dar uns bons tapas no austríaco que havia acabado de sair de seu campo de visão. Respirou fundo, mantendo o pensamento que o campeonato havia apenas começado e o jogo estava pronto para ser virado.




Capítulo 2


Grande Prêmio da Emilia-Romagna .


Nas semanas em que não havia corrida, o trabalho de se resumia à fábrica da Red Bull Racing. Ela ia até o local, realizava reuniões com vários dos patrocinadores da equipe, conversava com os pilotos e engenheiros para que soubessem o que era preciso melhorar para a próxima corrida.
Era óbvio que o carro da RBR era mais rápido que o da Mercedes, mas, ainda sim, os funcionários da fábrica seguiam para adicionar mais melhorias no carro para que os tornassem ainda mais rápidos.
Não era nada tão emocionante quanto estar nos finais de corrida, mas fazia parte do seu trabalho, mesmo não sendo uma das suas partes favoritas dele.
estalou o pescoço após enviar mais um e-mail. Talvez aquele fosse o vigésimo que ela enviava no dia, tratando de questões importantes – e outras nem tanto – sobre o futuro da equipe.
Ela olhou para o relógio sobre sua mesa, vendo que já passavam das sete e quarenta da noite. Ficou tanto tempo dentro do escritório que nem sequer havia percebido a hora passar e, muito menos, que as luzes do lado de fora da sua sala já haviam se apagado – indicando que a maioria dos funcionários havia ido embora.
Resolveu desligar o notebook, fechando a tela logo em seguida e se levantou de sua cadeira para recolher as suas coisas para que pudesse ir para o conforto de seu apartamento que ficava a uma hora e meia da fábrica.
O caminho até o seu apartamento era tranquilo. A estrada nem sempre tinha muitos carros, o que lhe proporcionava bastante espaço para que pudesse correr, e podia ouvir suas playlists favoritas durante todo o percurso, cantando junto com os cantores que ouvia.
Abriu a porta do apartamento, sendo recebida por Ariel, seu Jack Russell Terrier, correu em sua direção para recebê-la. Fechou a porta atrás de si, deixando a bolsa sobre a mesa de jantar que ficava próxima e se abaixou para acariciar a cabeça do seu companheiro.
não costumava sair muito, embora todos ao seu redor lhe dissessem que ela deveria, e que seu trabalho não deveria ser somente o centro de sua vida, mas ela não se importava muito. Gostava de passar horas trabalhando e de, após um longo dia, aproveitar a sua própria companhia.
Ela suspirou, erguendo o corpo do chão e caminhando pelo próprio apartamento com Ariel ao seu encalço. Retirou os scarpins que usava, os deixando no canto da sala enquanto ia em direção ao quarto para que pudesse tomar um banho e tomar uma taça de vinho para finalizar o seu dia.
saiu do banheiro, enrolada na toalha e escolheu uma camisola de seda antes de seguir para a cozinha para buscar uma garrafa de vinho tinto, o seu favorito. Encheu a pela metade, antes de retornar a sala para que se deitasse sobre o sofá, acompanhada por Ariel.
Permaneceu sentada, com as costas no encosto do sofá, aproveitando o sabor adocicado do álcool, e parou para pensar em sua vida por alguns minutos. Aquele era o momento que ela tinha para aproveitar sua própria companhia.
Sua mãe lhe dizia que, em breve, ela ficaria velha demais e passava horas ao celular falando como ela deveria se apressar para encontrar um marido e lhe dar netos. Margareth também reclamava que quase não a visitava, devido ao calendário apertado da Fórmula 1.
Suas amigas também repetiam uma parte do discurso da senhora , mas acrescentavam que , em algum momento, se cansaria desse estilo de vida e acabaria sentido a necessidade ter alguém ao seu lado para partilhar a vida.
não concordava com nenhuma delas. Depois do seu casamento fracassado, não via mais sentido se submeter a uma instituição que, visivelmente, estava fadada a ser um fracasso na maioria das vezes. Estava feliz e plenamente satisfeita vivendo a vida mantendo relações esporádicas, especialmente com .
Um sorriso surgiu em seus lábios ao pensar na figura do austríaco. Havia quase um ano em que os dois se encontravam a cada Grande Prêmio ao redor do mundo e ela nem mesmo sabia como deveria chamar aquilo que viviam.
Era uma espécie de relação apenas com benefícios e sem qualquer tipo de cobrança, já que falar sobre a vida pessoal era uma proibição imposta por ela. Não queria envolver muito a sua vida pessoal com a pessoa de seu trabalho com quem transava porque isso já havia lhe causado problemas antes, então, era melhor manter as duas coisas bem distantes.
Levantou-se do sofá, indo em direção a mesa de jantar, e buscou sua bolsa para que pudesse retirar o celular de dentro da mesma porque uma ideia havia cruzado a sua mente.
Abriu a galeria do celular assim que se deitou novamente no sofá e procurou as fotos que havia tirado com a lingerie um pouco antes do encontro com . Sorriu ao ver como o tom azul turquesa contrastava bem com o seu corpo e encontrou a imagem perfeita.
Clicou em compartilhar a imagem, indo para o aplicativo de mensagens e enviando para ele com um sorriso ladino no rosto. Bloqueou a tela do celular, o descartando sobre o sofá, assustando até mesmo Ariel, e soltou uma risada fraca antes de virar o resto de conteúdo de sua taça de uma vez só.

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retirou os olhos da tela de seu notebook quando o celular apitou, indicando uma nova mensagem no aplicativo. Parou, automaticamente de digitar, esticando o corpo para que pudesse ler o que havia chegado no aparelho.
enviou uma foto, era apenas o que dizia a barra de notificações de seu iPhone e ele franziu as sobrancelhas porque era raro ter notícias de quando não haviam corridas.
Os dois conversavam tanto nos finais de semana em que estavam perto, mas não mantinham o contato quando os finais de semana eram vazios. Não que ele não tivesse tentado porque ele buscou manter o contato, mas era ignorado até que, eventualmente, entendeu que ela não queria.
Pegou o celular em mãos, desbloqueando a tela o mais rápido possível e acessando o aplicativo de mensagens para saber o que ela havia enviado. No momento em que seus olhos se fixaram na imagem que estava na conversa, precisou de alguns segundos para se recompor.
Esfregou uma das mãos pelo rosto, enquanto a outra segurava firme o celular, e analisou a foto como se fosse uma obra de arte em exposição.
usava a lingerie que havia usado no Bahrein há algumas semanas. Era um body azul turquesa que caía em seu corpo de uma maneira perfeita, o fazendo pensar que havia sido esculpido para usar peças como aquela a qualquer momento.
Na foto, ela estava sentada na beira da pia do banheiro e o celular cobria um pouco de seu rosto – para a tristeza do austríaco – mas dava para ver o bastante da bunda dela e de uma parte de sua coxa.
sorriu, dando zoom na imagem e os flashes da noite no Bahrein lhe atingiram completamente. Podia ouvir claramente a voz abafada de pedindo por mais e, naquele momento, sentiu falta de ter o corpo dela junto ao seu. Ele já podia sentir seu membro dando sinais.
Saiu da foto, retornando a conversa e enviou uma resposta para o que havia acabado de receber, mas, para sua tristeza, e como era de se esperar, não lhe respondeu. Bufou de forma pesada, apertando o celular na palma da mão e pensando no que poderia fazer.
Não era possível que ela fosse lhe enviar apenas uma foto e não responder às suas tentativas de contato. Ele queria entender o que aquilo significava a qualquer custo.
gostava de . Não podia negar que a mulher era dona de seus pensamentos e o que ele mais sentia falta dos finais de semana de corrida era não estar tão perto dela. Mas, ele não sabia ao certo se ela estava na mesma página que ele.
era sempre mais fechada e tinha estabelecido aquelas regras malucas para que eles não se vissem fora do ambiente de trabalho. Ele não entendia o motivo porque tudo que mais gostaria que acontecesse era poder mostrá-la por aí, mas aceitou sem pensar muito porque era melhor do que nada.
Balançou a cabeça, desbloqueando a tela do celular novamente, e apertou o símbolo de ligação. Em segundos, a foto de apareceu na tela e a chamada se iniciou. sentia as mãos suarem a cada toque e a garganta parecia que iria secar.
“Você ligou para e, se eu não te respondi, significa que eu estou ocupada agora. Deixe o seu recado após…”
Afastou o celular do ouvido com raiva, finalizando a ligação de maneira apressada e soltando um longo suspiro. Como que a mulher lhe enviava uma foto daquela e sumia? Será que havia sido por engano?
riu, abrindo a conversa de novo para que pudesse olhar a foto outra vez. era uma mulher linda, uma das mais belas que ele já tinha visto, com uma beleza encantadora e era repleta de mistério, o que a tornava ainda mais sexy.
Sem nem mesmo perceber o que estava fazendo, levou a outra mão em direção ao próprio membro e começou a acariciá-lo por cima da calça de moletom que vestia. Parecia que aquele seria realmente o final da sua noite.

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A coletiva ao lado de Günther Steiner e Fred Vasseur havia sido um pouco divertida porque o chefe da Haas compartilhava do mesmo humor que o austríaco, muito embora as perguntas para fossem mais sobre as negociações para a próxima temporada.
não havia visto a quinta-feira inteira e estava começando a se questionar se a mulher havia realmenteido para o circuito. Ou talvez ela estivesse apenas o ignorando – o que lhe fazia questionar a si mesmo se havia feito algo errado.
– Você precisa dar algumas entrevistas ainda. – Jess comentou enquanto o chefe da equipe saía da sala em que havia acontecido a coletiva.
– Pode me dar alguns minutos? – pediu, com um sorriso fraco nos lábios e a funcionária concordou com a cabeça, se afastando para que ele pudesse ter privacidade.
estava incerto se responderia às suas mensagens e não sabia se deveria ir até o motorhome da Red Bull. Com certeza não seria bom para ele, caso quem estivesse de fora o visse por lá, mas ele precisava ter notícias de .
– Jess, eu já volto. – murmurou, sem nem mesmo esperar uma resposta e seguiu pelo paddock em direção aos motorhomes das equipes em passos largos e apressados.
Preferiu não pensar muito e seguir apenas a sua intuição. Talvez se apenas ficasse próximo ao motorhome da RBR, ele poderia vê-la e seria mais simples do que ter que entrar no local.
Para sua total sorte, ao se aproximar do motorhome da equipe austríaca, avistou os cabelos loiros de . Ela descia a escada do segundo andar do motorhome, parecendo estar um pouco apressada, e, assim que atingiu o térreo, buscou o celular no bolso da calça.
sorriu fraco, apressando ainda mais os passos, e conseguindo segurar o braço da chefe da equipe rival, fazendo com que ela parasse de caminhar e seu corpo se chocasse com o dele.
! – exclamou surpresa, não esperava vê-lo por ali, especialmente quando sabia que ele deveria estar dando entrevistas, assim como ela, mas estava atrasada. – O que faz aqui?
– Não te vi a manhã inteira... – o austríaco murmurou, retirando a mão do antebraço da mulher e recompondo a sua postura. – Ou melhor, não tive notícias de você desde que você mandou – ele olhou para os lados apenas para se certificar que não havia ninguém por perto – aquela maldita foto na semana passada.
Um sorriso surgiu nos lábios de no momento em que ela percebeu que o austríaco ainda parecia abalado pela foto e os braços foram cruzados na frente de seu peito, enquanto o encarava diretamente.
– Gostou? – arregalou um pouco os olhos com a pergunta e uma risada fraca escapou por seus lábios enquanto suas mãos se fechavam em punho.
– Prefiro ver ao vivo. – sorriu de ladino e foi a vez de sentir a respiração lhe faltar por alguns segundos. – Por que me enviou a foto?
Ela deu os ombros, mantendo o sorriso e aproximou o rosto do dele. Era perigoso estar tão próxima assim dele em meio ao paddock com qualquer pessoa podendo passar ali e vê-los daquela forma, mas não se importou muito com isso.
– Para você não morrer sentindo minha falta. – piscou, erguendo a mão para segurar o queixo do homem.
, … Não comece algo que não possa terminar. – murmurou e ela deu os ombros, retirando as mãos do queixo dele.
– Eu não comecei nada, . – respondeu rapidamente, um pouco afetada com as palavras e o homem riu. – Eu não faço ideia do que você está falando…
riu, empurrando seu corpo para mais perto de e subindo lentamente a mão pelo local até que parasse próximo ao seu pescoço.
– Talvez eu tenha que te castigar mais tarde.
A chefe da Red Bull engoliu seco as palavras, mas optou por balançar a cabeça de um lado para o outro com um sorriso leve no rosto.
– Você sabe que tem carta branca para fazer o que quiser comigo.
– Até mesmo te amarrar? – as sobrancelhas dele se ergueram, demonstrando toda a expectativa existente e a mulher apenas comprimiu os lábios, tentando desviar a atenção do próprio corpo da comichão no meio de suas pernas.
– Não comece o que não vai terminar agora, . – repetiu as palavras dele em um tom mais ameno e ele deu os ombros.
– Não, Eu pretendo terminar isso aqui dentro de algumas horas. – piscou na direção dela. – Isso é só para você não morrer sentindo minha falta. – foi a vez dele repetir as palavras dela e a mulher sentiu o corpo tremer. – Te vejo às sete.
Dito isso, o homem se afastou e precisou respirar fundo algumas vezes para que pudesse sobreviver após aquele momento que os dois tiveram. Levou a mão ao peito, sentindo como ele batia mais forte do que antes e balançou a cabeça de um lado para o outro.
Precisaria de alguns minutos para se recompor, mas a figura de Louise surgiu bem à sua frente com um olhar julgador. A ruiva balançou a cabeça enquanto se aproximava da chefe.
– Eu preciso dizer duas coisas. – riu. – Eu não sei o que vocês falavam, mas, caralho! Foi quente demais ver como vocês são juntos.
– Louise. – ralhou, fechando os olhos e levando uma das mãos ao rosto. – Qual é a segunda coisa?
– Vocês já foram mais cuidadosos! – ela suspirou. – Sorte que era eu que estava descendo as escadas do motorhome, mas imagina se fosse outra pessoa? Ou se alguém passasse e cruzasse com vocês dois assim, brincando com o fogo?
demorou, mas acabou concordando com a cabeça. Não deveriam estar se tratando ou agindo daquela maneira tão explícita em pleno paddock e nem fazia ideia como aquilo havia acontecido. Precisavam ser mais atentos.
– Eu vou conversar com ele hoje…
– Conversar. – Smith riu. – Você não está falando com a sua mãe… Eu sei bem o que vocês vão fazer hoje.
– Não posso negar que, depois de duas semanas, estou sentindo falta, mas eu me referi a falar sobre serem mais cuidadosos.
– Por favor, eu não quero os detalhes sórdidos. – ergueu a mão em um sinal para que a amiga não falasse nada. – Agora, vamos que você precisa dar entrevistas.
soltou uma risada, concordando com a amiga e as duas seguiram caminho pelo paddock em direção ao centro de mídia para que a chefe da RBR conversasse com a imprensa.
A morena ainda estava com a mente na cena que tivera com há alguns minutos e as sensações que o homem era capaz de fazê-la sentir em pouco tempo de conversa. Jamais havia se sentido assim com nenhum outro homem e acabava por detestar o tanto que ficava vulnerável quando estava com o austríaco.

🏎🏆✨

O esquema, em todos os Grandes Prêmios, era praticamente o mesmo: uma mensagem com um número do quarto e o aviso que a porta estaria destrancada. A partir disso, se esgueirava até o andar de – até porque era muito mais fácil para ela se esconder do que para o homem de quase dois metros de altura.
empurrou a porta do quarto número 1909, adentrando no local e fechando a porta atrás de si enquanto rodava os olhos pela pequena antessala que havia ali. Estava impecavelmente arrumada porque não era muito utilizada e ela seguiu em direção ao quarto, escutando a voz de austríaco comentando alguma coisa em alemão.
Em passos lentos, fazendo com que apenas as partes da frente de seus saltos finos tocassem no chão, para que não atrapalhasse a conversa que ele parecia ter, provavelmente ao telefone, ela chegou à suíte e sorriu ao ver o homem parado em frente às portas da sacada.
Sorriu ao ver a figura de e como ele estava totalmente ainda no modo trabalho. Se havia algo que ela adorava era ver a maneira autoritária e máscula que ele se portava diante de seus funcionários, mas sem ser um completo babaca. Por mais que ela odiasse admitir, ele era um líder para a Mercedes e aquela era uma das razões do sucesso deles nos últimos anos.
Se sentou na cama, cruzando as pernas e deixando a bolsa cair sobre o local, enquanto colocava as duas mãos para a parte de trás, apoiando-se sobre elas e apenas apreciando a visão de ao telefone falando em alemão.
Desde quando aquela língua havia se tornado tão sexy?, pensou e acabou por soltar uma risada fraca, chamando a atenção do homem, que encolheu um pouco os ombros, fazendo com que a camisa social ficasse ainda mais justa sobre suas costas largas, e girou nos próprios calcanhares.
Quando seus olhos recaíram sobre , se perdeu um pouco nas palavras e escutou a voz do outro lado da linha lhe chamar para que continuasse a expor sua opinião. Ele acabou balançando a cabeça, levando uma mão até o couro cabeludo para que pudesse retornar aos seus pensamentos, mas estava com os olhos presos nela.
havia escolhido uma calça jeans de lavagem escura e skinny, uma blusa básica branca e nos pés estavam seus inseparáveis scarpins, dessa vez, em tom nude. desceu os olhos por todo o corpo dela com um sorriso nos lábios.
A ligação não durou mais do que dez minutos e a mulher sorriu quando ele a finalizou, deixando o celular sobre a pequena mesa que havia no quarto e se virando em sua direção.
– Desculpe por isso. – murmurou, apontando para o aparelho antes de se curvar para deixar um beijo no topo da cabeça dela, causando uma certa estranheza na mulher.
– Está tudo bem?
– Problemas que poderiam ser resolvidos facilmente sem mim, mas que as pessoas insistem em me envolver apenas para me fazer perder tempo. – deu os ombros, demonstrando que não era nada importante.
– Eu acho incrivelmente sexy quando você fala alemão. – ela ignorou completamente a frase dele e piscou na direção do homem. – Ainda mais quando parecia ser algo bem sério… Adoro te ver nessa posição de CEO.
– Achei que você preferisse quando eu falo francês. – ele arqueou as sobrancelhas e as memórias do último Grande Prêmio da França vieram à tona na mente de .
Lembrava-se perfeitamente da entrevista que havia visto de falando em francês com jornalistas da emissora local e como havia achado aquilo extremamente sexy. Aquela noite de sábado havia terminado com os dois na cama e o homem sussurrando palavras na língua francesa enquanto ela atingia o ápice quase de forma múltipla.
– E você sabe que a posição que eu mais gosto de ver você é a de quatro.
abriu a boca, soltando um suspiro desacreditado com a frase enquanto ele emitia risadas altas. A mulher se esticou sobre a cama, buscando um dos travesseiros e o atirou na direção do austríaco que foi rápido o suficiente para segurar o objeto macio antes que o atingisse.
– Eu gosto de te ver na posição chefe de equipe. – ele murmurou após as risadas. – Você anda por aquele paddock como se fosse a dona do lugar e pudesse acabar com a vida de todo mundo com um estalar de dedos.
– Talvez eu possa… – deu os ombros.
– Eu não pagaria para ver. – ele sorriu, devolvendo o travesseiro para a cama e se aproximando dela. – Eu pensei em sairmos para jantar… O que acha?
soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro, não acreditando que ele estava fazendo aquele convite. Todo o ponto daquela reação era ser em segredo porque ela não queria nem imaginar o tanto de besteira que traria para o seu lado ser a chefe da Red Bull Racing e estar com , o chefe da Mercedes, de forma pública.
… Você bebeu? – riu fraco. – Eu não vou me encontrar com você publicamente.
– Eu sabia que você diria isso. – ele deu os ombros, caminhando em direção a porta que separava o quarto da sacada e empurrou a porta de vidro enquanto falava: – Por isso que o nosso jantar fora é apenas fora do quarto. – abriu a boca ao perceber que havia uma mesa no local, com duas taças e uma garrafa de vinho. – E, antes que você pergunte, ao lado das varandas tem uma parede e nenhum outro membro da Mercedes conseguiria nos ver. Além disso, eles estão todos do outro lado do hotel, com a vista para o gramado. Por algum motivo, apenas eu fui colocado aqui. – ele deu os ombros. – Sem medo de ser pegos.
– Então, jantar fora me soa como uma ideia tentadora. – ela sorriu, levantando-se da cama e passando por para que pudesse se sentar na cadeira na varanda, enquanto ele se ajeitava a sua frente.
– Eu havia pedido para prepararem Cacio e Pepe, tudo bem para você? – concordou com a cabeça e ele sorriu, indo até o telefone do quarto para avisar que poderiam entregar os jantares.
Quando retornou a mesa, reparou que a mulher já havia aberto o vinho e servido as duas taças, degustando a sua com um ar de felicidade.
– Eu não preciso esperar um homem fazer nada para mim, . – murmurou ao perceber um semblante diferente na face do chefe da Mercedes. – Eu sou plenamente capaz de abrir uma garrafa de vinho e me servir.
– Eu nunca pensei diferente. – respondeu, sentando-se na cadeira que estava à sua espera e soltou uma risada fraca. – Na verdade, você nunca me mostrou algo diferente disso. É uma mulher independente, segura e muito forte, … Você deixa transparecer isso na maneira que comanda a sua equipe e até mesmo na forma que lida comigo.
– Me acha forte apenas porque eu bato de frente com você? – franziu as sobrancelhas, vendo o homem levar a taça aos lábios, dando um bom gole, antes de depositá-la sobre a mesa.
– Te acho forte porque você não engole nenhum tipo de desaforo, nenhuma palavra ruim ou má interpretada sobre a sua equipe.
– Isso não… te assusta? – arqueou as sobrancelhas na direção do homem que riu antes de respondê-la.
– Nem um pouco. – balançou os ombros, recostando as costas na cadeira e esticando as pernas. – Não me assusta ter uma mulher com essas características ao meu lado. Por que você acharia isso?
– Mulheres independentes tendem a assustar os homens.
– Mulheres independentes tendem a assustar homens que não sabem lidar com sua independência. – a corrigiu, lançando um singelo piscar de olho em sua direção e batidas foram ouvidas na porta.
se levantou para receber o funcionário do hotel que havia levar os pratos pedidos, mas optou por dispensá-lo, deixando que ele mesmo colocasse os pratos na mesa porque sabia que reclamaria caso um terceiro a visse ali.
Enquanto isso, ainda na mesa e agarrada a sua taça de vinho, mordia o lábio inferior ainda surpresa com as palavras. Era a primeira vez que ela estava diante de um homem que não se sentia atacado de alguma forma com a profissão dela ou com a função que possui.
Bebeu o restante do conteúdo que havia em sua taça para tentar esconder o sorriso bobo que havia surgido em seu rosto naquele momento, e voltou a encher o objeto quando retornava com os pratos para o quarto.
– Você gosta da cozinha italiana? – perguntou ao voltar a se sentar à frente de .
– Eu diria que está dentro do meu top cinco de comidas favoritas. – ela deu os ombros, rindo fraco e o homem concordou com a cabeça.
– Está no topo do meu. – ele revelou. – Itália é um dos meus lugares favoritos.
– Está me parecendo um ferrarista incubado… – murmurou a provocação antes de levar o garfo até a boca para que pudesse provar a comida. fechou os olhos, mastigando lentamente aquilo que parecia ter sido feito pelas mãos dos deuses. – Meu Deus! Isso está maravilhoso!
– Não foi o próprio Sebastian Vettel que disse que “todo mundo é fã da Ferrari, mesmo que digam que não são, eles são”? – arqueou as sobrancelhas na direção dela e balançou os ombros. – E sim, este prato é delicioso.
– Então, podemos dizer que é um fã da Ferrari? – ela riu fraco, buscando a taça de vinho, mas com os olhos fixos nele que terminava de mastigar.
– Eu acredito que seja feio menosprezar o legado da Ferrari… Foram importantes para a história mundial do automobilismo, apesar de terem morrido em 2018. – ele riu fraco ao ver que a mulher havia arregalado os olhos com o comentário, mas acabou por rir ao final. – O que foi?
– Você se diverte fazendo esses comentários sobre as equipes dos outros, não é? – perguntou e o austríaco ergueu as sobrancelhas enquanto degustava mais um pouco de seu vinho.
– Me divertir é uma palavra muito forte. – estalou a língua no céu da boca, recolocando a taça sobre a mesa e unindo as mãos, mantendo os cotovelos sobre a mesa e a cabeça sobre as mãos entrelaçadas. – Eu considero diversão outros momentos da minha vida. – o olhar sugestivo que foi lançado para fez com que ela entendesse rapidamente o que ele falava e o homem continuou. – Mas eu acho que a graça do esporte é essa. Esses comentários, desde que não saiam do tom, trazem uma visibilidade maior. As pessoas adoram uma boa rivalidade. Você não vê como adoram perguntar sobre a Red Bull para mim? Ou sobre a Mercedes para você? Eles já perceberam que nós temos um filtro reduzido para falar um do outro.
riu, concordando com a cabeça. Era um fato que todas as suas entrevistas, antes ou depois das corridas, as perguntas sobre o seu pensamento a respeito de algo relacionado à Mercedes eram feitas. Todos já haviam percebido que havia um certo desgosto da inglesa com a equipe alemã.
– A pobre da Louise sofre a cada entrevista. – soltou uma risada nasalada ao se lembrar da amiga e responsável pela comunicação da equipe. – Eu sempre saio para as entrevistas com um aviso de “seja legal”.
– Jessica também sofre. – respondeu com uma risada e franziu o cenho, sem saber a quem ele se referia e percebeu. – É a minha assistente. Ela é minha assessora, faz parte do time, e é quem sofre quando se trata das minhas respostas.
– Acho que estamos dando um belo show para a Fórmula 1. – deu os ombros, soltando uma risada e a seguiu.
O restante do jantar seguiu em silêncio, que julgava ser incômodo. Não era fã de estar em um ambiente com outra pessoa em silêncio. Gostava de conversar, de falar e até que uma música tocasse para quebrar o clima sério que se instaurava no ambiente silencioso.
O celular de era a única coisa que fazia barulho naquela suíte. O aparelho ecoava sons de e-mails recebidos por diversas vezes – mostrando a chefe da Red Bull como o austríaco era solicitado e a divertindo a cada careta que ele fazia.
Quando o aparelho começou a tocar, balançou a cabeça de um lado para o outro e deu um longo gole em sua taça de vinho recém completada. Não iria atender nenhuma ligação ou responder a qualquer e-mail porque não queria romper o momento que estava tendo com .
– Talvez você devesse atender. – a loira murmurou ao ouvir o aparelho retornar a tocar pela segunda vez. – Pode ser algo sério.
– Eu duvido que seja. – ele soltou uma risada fraca, levantando-se da cadeira e caminhando para dentro do quarto, com sua taça em mão.
Buscou o celular sobre a mesa de canto da suíte, vendo o nome de Benedict brilhar na tela. Fechou os olhos, soltando um longo suspiro e encarou a mulher sentada na varanda.
– É o meu filho. Me dê um segundo.
tentou não demonstrar que seus olhos se arregalaram mais do que o normal com a frase e balançou a cabeça, vendo o homem ir para a antessala do quarto para atender a ligação.
A loira se levantou da cadeira, trazendo consigo a taça de vinho e se virou de frente para a vista da varanda. A imensidão escura a sua frente não lhe permitia ver muito, mas ela continuou encarando o local, respirando profundamente algumas vezes.
A sensação estranha percorreu o seu corpo e ela tentou afastá-la, mas se manteve ali, em seu estômago e em sua mente. Estava claro que aquela noite não era apenas por um sexo casual, mas que havia algo a mais ali e era tudo o que ela menos queria.
Encarou a taça em sua mão, vendo o conteúdo vermelho sangue pela metade e a levou até seus lábios, o finalizando de uma vez só para tentar mandar para longe o sentimento que a perturbava.
Medo.
Virou-se de forma apressada, deixando a taça sobre a mesa e passando pela porta que separava a varanda, seguindo para dentro do quarto para que pudesse ir embora.
Ao passar pela antessala, encontrou parado, com o celular ao ouvido e uma mão correndo pelos cabelos. A taça havia sido depositada sobre o móvel que havia no local e ele franziu o cenho ao ver parada a sua frente.
A loira murmurou um pedido de desculpas, mordendo o lábio inferior e estava pronta para passar por ele, se a parte superior de seu braço não tivesse sido segurado por , impedindo-a de seguir caminho.
– Ben, me dê um segundo. – falou, interrompendo o que o mais novo falava e colocando a ligação em espera, certificando-se que havia feito isso, antes de encarar a mulher a sua frente. – O que houve?
– E… Eu preciso ir embora. – ela respondeu, não conseguindo pensar em nenhuma desculpa que fosse plausível para o homem. – Eu não estou me sentindo bem.
franziu as sobrancelhas. A mulher estava bem há poucos minutos, o que poderia ter acontecido nesse tempo?
– Quer que eu te acompanhe até o seu quarto?
– Não! – exclamou rapidamente, arrependendo-se ao ver a feição surpresa — e talvez magoada — no rosto do austríaco. Levou a mão livre ao rosto, tentando melhorar a sua expressão e organizar as suas ideias. – Eu não quero atrapalhar o seu… Momento familiar.
As palavras haviam escapado por seus lábios de uma maneira diferente que o restante da frase e ela torcia para que ele não tivesse percebido isso. Não queria ter que se explicar, só queria sair dali e estar no seu próprio quarto, sozinha com seus pensamentos. Perdida em sua solidão.
. – decidiu tentar mais uma vez. – Tem certeza absoluta que está tudo bem? – a voz exalava preocupação
– Cem por cento de certeza, . – acenou com a cabeça para lhe passar mais segurança. – Não se preocupe comigo.
– Eu sempre me preocupo com você, . – o aperto em seu braço ficou mais frouxo e o homem deu um passo em sua direção, juntando os corpos. – Podemos nos encontrar amanhã?
A loira engoliu seco, não querendo confirmar e nem não confirmar o encontro após o classificatório, e optou por apenas balançar a cabeça, antes de depositar um beijo da bochecha do homem em sinal de despedida.
Porém, para , aquilo não era suficiente. O mais velho segurou a parte de trás de sua cabeça, trazendo-a para mais perto e uniu os lábios em um beijo caloroso. manteve uma das mãos espalmadas no peitoral dele enquanto sentia as pernas balançarem naquele momento.
tinha esse poder sobre ela. O austríaco era capaz de desmontá-la apenas com um toque.
– Nos vemos amanhã, .
– Até amanhã, .
Saiu da suíte sem nem mesmo olhar para trás. Não tinha coragem de fazer isso e queria chegar no elevador o mais rápido possível para que não cruzasse com ninguém pelos corredores e para que saísse da visão de – quem ela sabia que mantinha a porta aberta para se assegurar que ela chegaria ao elevador em segurança.
Suas pernas ainda tremiam e seu coração ainda batia acelerado. O beijo de despedida ainda estava em sua mente, assim como a maneira que a mão grande apertou sua cintura durante o momento.
se escorou na parede de metal do elevador para que pudesse organizar sua mente e acalmar o coração que batia de forma acelerada. Era estranho estar daquela maneira com e ela se sentia estranha, ainda mais quando a ligação aconteceu. Aquelas coisas a assustavam de uma maneira que ela nem sabia explicar.
Precisava organizar seus pensamentos, precisava entender melhor o que estava acontecendo não só com ela, mas em toda a situação. Embora fugir fosse a melhor opção, ela sabia que não conseguiria fugir para sempre e que, mais cedo ou mais tarde, precisaria responder aos questionamentos de .


🏎🏆✨

– Está tudo bem com você? – Louise estudava as expressões da amiga e chefe da equipe desde a hora em que a mulher desceu para o café da manhã, ainda no hotel em que elas estavam hospedadas e seguiu assim até o fim das entrevistas obrigatórias, quando teve um momento que não era voltado para o trabalho.
parecia dispersa. Desde o café da manhã, não entrava nos assuntos que as outras pessoas comentavam, estava mais calada que o normal durante o classificatório e parecia ter dormido pouco.
Louise a conhecia há bastante tempo para saber quando havia ou não algo de errado com a amiga. E, naquele sábado, definitivamente havia algo acontecendo com ela.
– Você é a segunda pessoa que me pergunta isso. – murmurou, entrando em seu escritório do motorhome da Red Bull e jogando seu corpo sobre o sofá azul escuro que havia ali. – Talvez você porque você esteja mesmo estranha. – respondeu de forma cautelosa porque sabia que, quando não estava bem, detestava que as pessoas apontassem que ela não estava bem. – Quem foi o outro que te fez essa pergunta?
.
A resposta veio acompanhada de um chacoalhar de ombros que Smith não estava acostumada a ver. Também houve uma expressão diferente ao dizer o nome do chefe da equipe rival.
– Aconteceu algo com vocês?
O suspiro longo, dado com os olhos fechados com força, demonstravam que ela havia chegado no ponto do problema. levou uma das mãos até a testa, respirando e expirando algumas vezes até que tivesse calma o suficiente para encarar a amiga.
– Ontem, eu senti que as coisas estão tomando um outro rumo.
– Que tipo de rumo?
– Ele havia mandado preparar um jantar. Tivemos uma refeição na varanda da suíte dele, bebendo vinho e conversamos.
– E o que há de errado nisso? – Louise arqueou as sobrancelhas, encarando a amiga que se sentou sobre o sofá, esfregando as mãos sobre as calças do uniforme da equipe.
– O que há de errado é que nós somos um sexo casual. Não há jantares ou conversas em nosso acordo! – esbravejou com um pouco de raiva e Louise escondeu o sorriso que quis surgir em seu rosto porque sabia que, no fim das contas, estava apenas confusa.
– Você conversou com ele? Precisa lembrá-lo das regras doidas que você impôs.
– Não.
Não? – Louise uniu as sobrancelhas em sinal de confusão, mas logo soltou uma risada.
Era óbvio que a mulher não havia conversado sobre o problema porque preferia fugir de seus problemas do que ter que encará-los de dente e Louise a conhecia o suficiente para saber que era comum ela fazer isso.
– Não sei porquê eu ainda me surpreendo… Claro que você não conversou com ele! – suspirou, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha. – Você fugiu, não é?
– Louise… Eu simplesmente não podia continuar lá.
– O que realmente aconteceu, Ali? Parece que há algo a mais que você não está me contando…
suspirou, encarando os próprios pés no mais absoluto silêncio. A chefe da Red Bull bateu com as pontas dos pés no chão, mordendo o lábio inferior enquanto pensava na noite anterior e na forma como havia saído da suíte de .
Louise a assistia, em silêncio também, porque, apesar de se conhecerem há algum tempo, existiam algumas partes do passado de que ela não conhecia. Isso porque não gostava de falar algumas coisas sobre sua história.
– Você vai se encontrar com ele hoje, não é? – Smith resolveu mudar de assunto. – Converse com ele sobre o acordo de vocês.
suspirou novamente, mas optou por concordar com a cabeça, murmurando um agradecimento à amiga pelo conselho. Embora não quisesse se encontrar com ainda, mas sabia que precisava colocar algumas coisas a limpo.

🏎🏆✨


Grande Prêmio do Canadá, um ano antes.


ainda não sabia como se portar perante . Há duas semanas, no Grande Prêmio de Mônaco, ele havia revelado no elevador que ela não saía dos pensamentos dele e que ela era um problema.
Aquela porcaria de cena havia ficado na sua mente todos os dias dessas duas semanas de intervalo da Fórmula 1.
Ela se lembrava perfeitamente bem de como ele havia ficado perto demais, do cheiro amadeirado de seu perfume, das respirações próximas e de como ele havia apertado a sua cintura. Essas lembranças foram suficientes para que ela se tocasse intimamente em sua cama por várias vezes durante as últimas semanas.
Não se envergonhava de pensar em . Em fato, estava era curiosa para saber porquê ela não saía da mente dele… Ponderou se ele também se tocava pensando nela e foi impossível esconder o sorriso que havia surgido em seus lábios quando essa ideia cruzou a sua mente.
Ela sabia muito pouco da vida do austríaco. Apesar de saber que ele era uma figura pública e que poderia encontrar algumas informações sobre ele no Wikipédia, nunca o procurou na internet. Apenas sabia que ele era o responsável por ajudar a levar a Mercedes ao topo do automobilismo, que a figura máscula era imponente e poderosa dentro e fora do paddock.
Uma das coisas que ela sabia sobre era que ele era relativamente mais velho que ela. nunca havia se relacionado com alguém tantos anos mais velho. O seu ex-marido era apenas quatro anos mais velha que ela quando se casaram. Mas, precisava admitir que a idade dava um certo charme a . Somado ao poder que exalava pelos poros dele, poderia ser facilmente classificado como um tesão em forma de homem.
Há duas horas, ele a havia encurralado no paddock para saber se poderiam se encontrar e teve quase certeza que suas pernas lhe abandonariam no momento em que a mão dele tocou seu antebraço enquanto a pergunta era feita em um tom baixo, para que ninguém ouvisse o que falavam.
Ela não tinha resposta para dar. Era sim, absolutamente sim, para qualquer pergunta que lhe fizesse.
Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, afastando os pensamentos, quando ouviu as batidas na porta. Levantou-se apressadamente, passou as mãos pela barra do slip dress em tom verde escuro que vestia, encarando sua figura do espelho antes de seguir em direção a porta.
Respirou fundo, com a mão na maçaneta, e colocou um sorriso discreto no rosto quando girou o objeto, abrindo a porta e tendo a visão do homem parado do outro lado.
usava uma blusa social azul, calças brancas e um mocassim nos pés. Era um look casual, mas não tão diferente do que ela estava acostumada a ver no paddock em dias de corrida porque o uniforme da Mercedes era uma blusa social, apenas de cor diferente.
Os olhos de desceram por todo o corpo de sem nenhum tipo de pudor ou cerimônia. A forma como os seios dela estavam duros por debaixo do vestido de tecido de seda não passaram despercebido por ele e nem a forma como a roupa terminava no meio de suas coxas.
. – a cumprimentou com um sorriso ladino e a mulher balançou a cabeça. – Como vai?
– Olá, . – deu espaço para que o homem entrasse em sua suíte. – Estou bem e você?
– Bem. Obrigado. – ele entrou no local com passos lentos, sentindo um cheiro adocicado tomar conta de suas narinas e se virou para trás na direção da mulher. – Que cheiro bom…
riu um pouco sem graça, fechando a porta, e mantendo a atenção em , sentindo o corpo de arrepiar ao ouvir a voz grossa se pronunciar em meio ao silêncio.
– É o meu hidratante corporal. – murmurou, passando na frente de para que seguisse por dentro do quarto e sentando-se na cama. – Pode me dizer por que quis marcou esse encontro?
, … Sempre é direta assim? – ele caminhou para dentro do quarto, cruzando os braços na frente do peito enquanto se encostava à parede.
– Eu não gosto de rodeios. – deu os ombros. – E eu achava que você também não… Não foi você que disse o que pensava quando estávamos no elevador em Mônaco?
– Então, você se lembra de Mônaco? – ele riu, arqueando as sobrancelhas.
“Como eu poderia esquecer?”, foi a frase que primeiro surgiu na mente de , mas ela optou por soltar um longo suspiro em resposta. Estava impaciente e detestava qualquer tipo de jogo.
, eu não sou membro da sua equipe para ter que lidar com os seus jogos. Pode me dizer o que você quer?
– Me parece simples. – ele riu. – Eu quero você.
arregalou os olhos, soltando uma risada fraca, completamente surpresa com a resposta e com o fato da postura dele ter se mantido intacta enquanto toda a sua guarda havia ido por água abaixo.
– E você acha que é simples assim? – ela riu, baldando a cabeça de um lado para o outro.
O homem à sua frente balançou os ombros antes de acabar com a distância que havia entre eles e estender a mão em sua direção. A loira prontamente a aceitou e se levantou, ficando na altura do peito de , graças aos seus sapatos de salto.
Os dedos indicador e do meio de passaram calma e delicadamente pela linha do ombro de , subindo por seu pescoço, e causando uma série de arrepios em seu corpo.
Ela conseguia sentir a respiração dele batendo em seus cabelos enquanto a dela parecia ficar cada vez mais difícil. Quando subiu os dedos, desde seus pulsos, até o seu pescoço do outro lado, precisou fechar os olhos por alguns segundos porque se sentia fraca.
As duas mãos dele se postaram no pescoço de com os polegares se movimentando sobre o local e a voz de fez com que ela abrisse os olhos, ainda um pouco atordoada.
– Se você me olhar nos olhos agora e conseguir dizer que o nosso momento no elevador não ficou na sua mente nos últimos dias e que não quer nada, eu vou embora e não a procuro mais.
A mente de parecia que iria entrar em combustão a qualquer segundo. Ela sentia seu corpo inteiro queimar sob o toque de e o desejo transbordava de uma forma que era impossível dizer não.
– Sim. – as palavras pareciam ter fugido de seu cérebro e tudo que estava por lá era o tesão pelo homem a sua frente.
– Sim, o quê, ? – ele soltou uma risada fraca, mantendo as mãos no pescoço dela. – Eu tenho certeza que você pode formular uma frase melhor.
Mas ela não tinha. Não sabia se sua garganta conseguiria responder aos comandos de seu cérebro de uma maneira perfeita e soltar uma frase coerente. precisou respirar fundo e fechar os olhos, cortando o contato visual intenso entre os dois, para que pudesse pensar de maneira coerente.
– Eu quero, . – conseguiu, finalmente, dizer e um brilho diferente surgiu nos olhos do austríaco.
Desejo.
voou contra os lábios de em um beijo que buscava conhecer um ao outro, mas que era rápido, repleto de desejo e luxúria. A maneira como as mãos dele continuaram em seu pescoço lhe traziam uma sensação melhor ao momento que estavam partilhando.
afastou os lábios dos de , descendo por seu pescoço e levando uma trilha de beijos pelo local enquanto seus dedos desciam as alças finas do seio dress que ela usava, fazendo a peça cair sobre os pés de ambos.
O homem se afastou de para que pudesse admirar o corpo semi-nu da mulher, já que naquele momento ela usava apenas uma calcinha. Seus seios eram de um tamanho padrão, não muito grandes, estavam com os bicos totalmente eriçados, sendo impossível para ele não levar suas mãos até eles.
fechou os olhos com força quando sentiu as duas mãos em seus seios. O homem levou os lábios novamente para seu pescoço enquanto seus dedos pinçavam os bicos de seus seios, os estimulando ainda mais. Um gemido escapou por seus lábios e riu contra a sua pele.
Ele afastou uma das mãos e deu um tapa leve no seio esquerdo da mulher, sorrindo ao ouvir o gemido alto que escapou por seus lábios e a forma que ela apertou os seus cabelos com força.
– Você gosta de mais forte? – perguntou em seu tom de voz mais rouco que o normal e não tinha certeza se conseguia proferir uma reposta com palavras, então, apenas movimentou a cabeça.
Aquela primeira vez havia sido mais para um poder conhecer o outro, apenas para saciar suas próprias vontades um pelo o outro. Muito embora, na realidade, tenham terminado apenas um querendo se encontrar com o outro muitas outras vezes.


Fim do Flashback.



🏎🏆✨

Era estranho passar uma noite em um hotel às vésperas de um Grande Prêmio sem ter em sua cama.
havia tentado falar com a mulher na sexta-feira e no sábado, através de mensagens de texto e ligações, mas ela não o havia respondido. Ele sabia que ela estava bem porque tinha visto ela desfilar pelo paddock nos dias anteriores, mas as coisas entre eles não pareciam estar tão boas — pelo menos por parte dela.
Ele não fazia ideia do que havia acontecido exatamente para que ela saísse da sua suíte na quinta-feira da forma que saiu. Repassou em sua mente, várias vezes, as cenas do que havia acontecido durante o jantar para saber o que havia de errado, mas nada apitava em sua mente como um sinal de atenção.
Ele sentia que havia sido deixado no escuro e sozinho por . A mulher, na maioria das vezes, lhe parecia uma incógnita e não demonstrava querer que fosse revelada. Não sabia o motivo e almejava conhecer um pouco mais sobre .
A manhã havia sido tranquila e ele havia cumprido toda a parte burocrática de seu trabalho, conseguindo até mesmo dar algumas entrevistas antes do Grande Prêmio para a Sky Sports da Itália e uma rede holandesa de televisão, antes de tomar seu lugar na frente da estação de engenharia para assistir a corrida.
Lewis Hamilton largando na pole position lhe deixava um pouco tranquilo para a corrida, embora soubesse que Matt Hakvoort em segundo lugar era uma grande pedra do sapato e ele não estava disposto a querer ver feliz com o resultado da corrida.
Para a frustração do austríaco, Hakvoort conseguiu emparelhar com Hamilton na largada e os carros chegaram a se tocar, mas o inglês optou por tirar o pé para que não causasse um acidente, o que fez com o holandês se tornasse o primeiro do pelotão.
As conversas dos estrategistas da equipe pipocavam em seu fone de ouvido e ele apenas prestava atenção nas informações sem dar nenhum palpite, assistindo a corrida com os olhos focados na tela a sua frente.
Quando Lewis escapou da pista na trigésima primeira volta, xingou em alemão, fechando as mãos em punhos, enquanto o carro do piloto estava parado sobre a brita. Sua mente só pensava que não era possível tamanho azar e torcia para que as avarias no carro não fossem muito grandes.
Porém, Lewis nunca se cansava de surpreendê-lo. O inglês deu a ré no carro, conseguindo sair de perto da barreira de proteção e retornar a pista, mantendo-se firme na busca pela vitória.
– Está tudo bem, cara? – a voz de Peter Bonnington soou no fone de ouvido e sabia que a pergunta era destinada à Lewis, mas não pode prestar atenção no que o piloto respondeu porque seus olhos estavam presos na televisão mais uma vez para algo negativo: Valtteri Bottas e George Russell haviam batido e saído da pista.
retirou os fones com raiva, quando a bandeira vermelha foi anunciada, e jogou o objeto sobre a bancada de qualquer jeito, sentindo a raiva inteiramente presente em seu corpo.
O carro de Valtteri estava destruído, o que significava que não havia mais corrida para ele, enquanto Hamilton ainda tinha um problema na asa dianteira que demandaria um pouco de tempo para ser resolvido.
Suspirou, sacando o celular do bolso da calça que usava e, após checar que não havia ninguém ao seu redor, abriu a conversa com para digitar uma mensagem curta, mas que ela entenderia bem.
Para ele, tudo entre os dois estava claríssimo. Por mais diferente que fosse, eles mantinham uma relação já não mais tão casual quanto antes, mas fixa e ele nutria um carinho especial por .
gostava da sensação de estar perto dela, se sentir o seu toque e as suas carícias. Gostava de ver que era uma mulher completamente independente dentro do paddock, mas que se desmontava inteira em seus braços a cada Grande Prêmio.
Sua ideia era que os momentos entre os dois se estendessem, mas não sabia como abordar o assunto com a mulher porque ela sempre, desde o início, deixou claro que não queria relacionamento sério.
Aguardou por alguns minutos por uma resposta, que não veio, e se levantou de seu lugar, caminhando pela garagem da Mercedes em direção ao pitlane para que pudesse assistir aos trabalhos que estavam sendo feito no carro de Hamilton e para receber Valtteri que retornaria do centro médico em breve — o padrão quando acontecia qualquer acidente forte na pista.
– Desculpe por isso. – o finlandês murmurou quando passou pelo chefe, caminhando para dentro da garagem e balançou os ombros, esticando a mão para cumprimentar o piloto do carro 77.
– Merdas acontecem. – deu os ombros, batendo com a mão no ombro esquerdo do mais baixo. – Agora é torcer para que Lewis consiga recuperar a posição e ganhar a corrida.
Valtteri confirmou com a cabeça, pedindo licença para seguir para dentro da garagem e ir em direção ao seu motorhome.
ouviu o som de notificação do celular quando chegava a pitwall para conversar com os engenheiros de pista. Os marshalls ainda retiravam as o restos de carro da pista para que os carros pudessem voltar a correr e os pilotos aguardavam.
O austríaco parou no meio do caminho, buscando o celular e abrindo o aplicativo de mensagens repleto de expectativa para a resposta que recebeu de . Porém, no exato momento em que seus olhos pararam sobre o texto, sentiu como se tivesse tomado um banho de água fria.
“Eu volto para casa logo após a corrida.”





Capítulo 3

assistiu a Matt Hakvoort pilotar no simulador na base da Red Bull Racing. A corrida no circuito de Portimão era um pouco mais desafiadora por causa da pista, que fazia um tempo que não era utilizada pela FIA, e pelos ventos da região. Então, os dois pilotos da equipe austríaca estavam trabalhando duro para que conseguissem ganhar em Portugal e se manter no topo do Campeonato de Construtores e de Pilotos.
Desde o Grande Prêmio da Emilia-Romagna, havia decidido focar ainda mais em seu trabalho e curtido um pouco mais as duas semanas sem corrida. Ela se encontrou com amigas, bebeu até quase passar mal e tentou não se preocupar com nada além de sua equipe. Era só aquilo que merecia lhe dar rugas de preocupação e não as dúvidas sobre seus sentimentos ou qualquer outro assunto.
Como era comum, não havia trocado mensagens com . Quase não se falavam fora dos finais de semana dos Grande Prêmios e ela confessava que, às vezes, era estranho ficar sem notícias do homem por tanto tempo. Isso a fazia pensar em enviar uma nova foto para ele apenas para brincar, mas optou por se manter quieta.

– Eu tenho uma notícia para você! – Louise adentrou seu escritório sem bater na porta ou ser anunciada, parando bem em frente a sua mesa com um largo sorriso no rosto. – Se você tiver algum plano para a quinta-feira em Portugal, você pode cancelá-lo agora.
– Por que eu teria planos? – parou de digitar um e-mail para encarar a amiga que parecia tão animada. – E o que nós vamos fazer?
– Talvez porque você transe com um cara sempre? – a ruiva movimentou as sobrancelhas e a loira rolou os olhos com a resposta que recebeu, soltando uma risada fraca. –O meu aniversário vai ser na quinta-feira e nós vamos curtir uma noite em Portugal.
– Você sabe que Portugal não é igual a Mônaco, não é? Temos treino livre na sexta-feira.
– Eu tenho pela noção e desejo continuar. – a ruiva deu os ombros. – Eu não dirijo um carro de Fórmula 1, você também não e boa parte das pessoas da equipe que eu convidei também não… Quer dizer, o Checo dirige.
– Você convidou o Pérez? – soltou uma risada desacreditada e viu a amiga dar os ombros. Há alguns meses, a ruiva havia lhe confidenciais que possuía uma atração pelo mexicano que, recentemente, havia terminado o casamento. Porém, Louise era tímida demais para tentar qualquer coisa que não fossem as conversas sobre trabalho.
– Quando eu fui conversar com a Justine e o Gary, ele estava por perto e ficaria feio não convidá-lo, mas eu não acho que ele vai… Ele tem treino na sexta-feira, como você, nossa chefe de equipe, acabou de me lembrar.
– Alguém precisa lembrar vocês que a vida não é uma brincadeira. – ela deu os ombros, soltando uma risada. – Quando for assoprar as velas, Checo será o seu pedido? – Louise rolou os olhos, balançando os ombros e cruzou os braços para encarar a amiga.
– Como você está? Não tivemos tempo para conversar nas últimas semanas…

soltou um suspiro antes de responder, deixando seus ombros caírem e soltou seu corpo sobre a cadeira encarando a amiga parada à sua frente. Apesar de estarem em seus ambientes de trabalho, ali não existia uma chefe e sua subordinada, mas duas amigas.

– Estou bem… Apesar de ter trabalhado muito nos últimos dias, tirei um tempo para beber com algumas amigas da faculdade. – Louise concordou com a cabeça, analisando a expressão da loira que não lhe dizia muito, mas parecia estar um pouco tensa.
– Falou com o ?
– Você sabe que a gente não costuma conversar quando não há corrida. – deu os ombros, mordendo o lábio inferior de forma fraca. – Eu não quero um romance, Louise. Eu quero um sexo casual que seja capaz de me fazer esquecer da tensão do meu trabalho; que me faça relaxar depois de um dia ruim ou que, simplesmente, sirva para me dar um bom orgasmo.
– Ok… – Smith murmurou com as sobrancelhas arqueadas e soltando uma risada ao final da frase, um pouco assustada com a confissão, mas que sabia que era verdadeira. – Você deveria dizer isso para ele. Você é sempre tão segura no que quer, por que está com medo de conversar sobre isso?
– Não é medo. – deu os ombros. – Eu não tenho muitos medos nessa vida, mas falar dos meus desejos com não é um deles.
– Do que você tem medo então, ?
– Você soou como ele agora. – riu, balançando a cabeça de um lado para outro com a lembrança de a chamando pelo nome completo. – Tirando o fato de não ter sido tão sexy quanto ele, mas falou como ele.
– Pelo amor de Deus, para de ter pensamentos impuros! – Louise reclamou, soltando uma risada fraca. – Eu nunca mais vou te chamar pelo nome todo de novo.
– Deixa de ser ridícula, Lou! – rolou os olhos. – Foi apenas uma observação…
– De algo que te faz gozar.
– Eu não gozo quando ele me chama pelo nome completo. – respondeu, como se fosse óbvio. – Eu gozo quando…
– Eu não quero ouvir sobre a sua vida sexual, ! – a ruiva reclamou, batendo os pés como uma criança e causando uma crise de risos na loira. – Eu só vim te dizer que você está intimada a participar da minha festa. Eu ainda vou descobrir o lugar que vai ser, preciso procurar no Google Maps um lugar bom e que seja reservado o suficiente para que a gente não tenha que lidar com fãs.
– Por que não fazemos no motorhome? – indagou, arqueando as sobrancelhas. – Podemos fazer naquela área reservada onde eles ficam… É só arranjar a cerveja.
– E um bolo. – sorriu. – Eu quero um bolo, .
– Eu não sou um gênio da lâmpada para você me falar seus pedidos para que eu os realize. – ralhou, piscando na direção da amiga. – Mas tudo bem, eu cuido do bolo.
– Sabia que eu poderia contar com você. – Louise bateu palmas com as pontas dos dedos e jogou um beijo para a amiga. Estava pronta para sair da sala, mas se virou para que pudesse encarar a loira mais uma vez. – Conversa com o , Ali. Se abra com ele sobre o que você pensa, os seus medos, tudo o que você está sentindo…

A loira concordou com a cabeça, assistindo a amiga passar pela porta de vidro que dividia o escritório dela do restante da sala e soltou a respiração de uma forma pesada.
Não era uma mulher acostumada a se abrir quando se tratava de seus sentimentos em uma relação. Havia aprendido, ao longo da vida, a esconder os seus sentimentos porque isso a fazia ser uma mulher mais forte perante todos e era isso o que ela mais gostava.
Não queria que as pessoas se preocupassem com os sentimentos dela, mas que apenas focassem em seu talento e em seu trabalho. Por isso, deixava de lado qualquer coisa que pudesse a desviar do seu objetivo de sucesso na vida profissional, e isso incluía relacionamentos sérios, família e sentimentos.


XXX

Grande Prêmio de Portugal .
odiava o fato de Portugal ter entrado no calendário de Fórmula 1. Era um país lindo, sem dúvidas, e o circuito possuía tudo para ser um dos mais animados da temporada, já que não era tão utilizado e a briga entre Lewis e Matt estava acirrada.
Mas Portugal também era onde residia Margarethe . A senhora branca, de um metro e sessenta e cinco centímetros de altura, de cabelos brancos cortados curtíssimos e dona de casa, que nunca havia gostado ou se ligado ao automobilismo, descobria a data da corrida e ligava para a filha, exigindo sua visita assim que tivesse um tempo.
O problema era que estava cansada de ouvir sobre o quão ela havia errado em ter terminado o casamento, como era horrível que ela estivesse cem por cento focada em seu trabalho, como ela queria se tornar avó e não queria que a filha terminasse solteirona.
Os quatro tópicos sempre faziam com que as duas mulheres discutissem porque , assim como Margarethe, não aturava desaforo e o momento que poderia tranquilo, terminava chateando a chefe da Red Bull.
A loira terminava de se arrumar para o primeiro dia de treinos livres enquanto seu celular tocava sem parar sobre a sua cama. Uma das características que não havia herdado da mãe era ser insistente e toda aquela insistência de Margarethe irritava de uma maneira absurda. Estava considerando desligar o celular e, caso, qualquer outra pessoa quisesse falar com ela, que lhe enviasse um e-mail.
A ferramenta de e-mail ela tinha certeza que a senhora não havia aprendido a utilizar e era o que a tranquilizava quanto aquela ideia de esquecer da existência do aparelho por alguns dias.
Entretanto, ela sabia que não seria possível desligar o aparelho como queria porque tinha compromissos profissionais que seria necessário usá-lo. Além do que, Louise lhe daria uma grande bronca caso isso acontecesse.
optou por apenas colocar o aparelho no silencioso e encarou sua figura no espelho. Havia escolhido uma calça jeans de lavagem preta, com alguns rasgos no joelho da perna esquerda, uma t-shirt em tom cinza e sandálias de salto fino de tom laranja. Buscou a bolsa da Chanel sobre a cama.
Assim como os pilotos, quando chegava ao autódromo, usava suas próprias roupas, da maneira como gostava. E, quando começava suas atividades, substituía sua blusa pela da Red Bull Racing que continha todos os emblemas de patrocinadores da equipe.
Buscou o celular na cama e deixou o quarto com o aparelho em mãos. Após fechar a porta e guardar o cartão magnético na bolsa, seguiu em direção ao elevador e apertou o botão para que ele descesse. Não demorou muito para que parasse em seu andar, no mesmo instante em que o aparelho em suas mãos voltou a vibrar, indicando uma nova chamada.

– Por que você não me deixa em paz?! – gritou com o celular na altura dos olhos, pronta para atirá-lo longe, caso fosse necessário, mas uma voz a impediu de continuar o seu pequeno surto.
– Eu deveria pedir desculpas?

olhou para frente, percebendo as portas do elevador abertas e a figura de parado dentro do local. Suspirou, soltando uma risada fraca e entrando ali enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.

– Não era com você. – tentou lhe lançar um sorriso e ele concordou com a cabeça, atento em todos os movimentos que ela fazia. – É uma pessoa insuportável que não pára de me ligar.
– Já pensou em atender? – perguntou, como se fosse óbvio e a mulher rolou os olhos, soltando uma nova risada fraca.
– Qual parte do “é uma pessoa insuportável” que você não entendeu? – foi a vez dele rir com a resposta malcriada, mas deu os ombros, revelando, porque ela parecia realmente estar irritada com a ligação.
– Nem sempre fugir dos problemas parece ser uma boa solução, .
– Eu não fujo dos meus problemas, .
– Então, por que não atende a ligação?
– Você está trabalhando para ela por um acaso? – reclamou, já cansada da insistência para atender a ligação e o homem ao seu lado uniu as sobrancelhas, virando o rosto para encará-la.
– Para quem eu estaria trabalhando, ? – indagou, curioso e divertido ao mesmo tempo porque adorava vê-la quando ela estava brava. A forma que sua expressão mudava, seus lábios se projetavam para frente e como seus ombros adquiriam uma nova postura, totalmente na defensiva.
– Minha mãe. – respondeu, por fim, fazendo com que as sobrancelhas do homem se arqueassem com a revelação. não tinha uma boa relação com a mãe?
– Mães estão sempre se preocupando com os filhos e ela deve estar preocupada com você… Não acha que seria melhor atendê-la?

riu. Uma risada fraca, mas ainda sim alta e que fez com que ficasse ainda mais confuso naquele momento. Após a risada, ela soltou um longo suspiro, fechando os olhos e erguendo o rosto, parecendo respirar fundo algumas vezes e ele se mantinha quieto, tentando entender o que ela estava fazendo.
A mulher tinha vontade de rir quando as pessoas romantizavam as relações de mães com filhos. Sempre ouvia histórias das boas relações entre mães e filhas vindas de suas amigas e elas sempre lhe diziam para dar mais uma chance à mãe, mas só ela sabia as milhões de chances que já haviam sido dadas à Margarethe. Apenas ela sabia como, todas as vezes, as reuniões das duas haviam terminado em discussões calorosas e na mais nova sentindo-se destruída por não conseguir manter uma boa relação.
Não, ela não iria atender aquela ligação. Não havia nenhum tipo de preocupação e, sim, cobranças. Cobranças feitas por uma parte que a negligenciou por muito tempo e que afetou diretamente a sua vida.

– Eu posso garantir que a última coisa que Margarethe quer é saber como eu estou. – murmurou em resposta e, antes que as portas do elevador se abrissem, completou: – Minha mãe é complicada.

permaneceu parado dentro do elevador, surpreso com o mínimo que havia descoberto sobre a vida de : ela não tinha uma relação com Margarethe, a sua mãe. O motivo? Ele não fazia ideia e nem iria pressioná-la para saber. Mas estava zero vírgula um por cento feliz por ter lhe contando algo pessoal sobre sua vida.
Ele saiu do elevador, passando direto pelo saguão do hotel em direção a saída, onde a Mercedes preta o esperava com o motorista funcionário da equipe para que o levasse ao circuito.
No momento em que entrava no veículo, pode ver conversar com Louise enquanto um carro da Honda se aproximava para levar as duas mulheres.
colocou os óculos de sol, sorrindo minimamente na direção da mulher e ela engoliu seco, fingindo que não havia recebido aquele sorriso e focando no que a ruiva ao seu lado lhe dizia.

– Eu vou desligar essa porcaria. – murmurou ao ver a tela do celular acender mais uma vez com o nome de Margarethe brilhando na tela. – Eu não aguento mais ela me ligando.
– Você sabe que precisa do celular para responder os e-mails do dia. – Louise pontuou, vendo a amiga bufar em resposta. – Por que você não a atende e manda parar de encher a sua paciência?
– Porque cinco minutos de conversa com a Margarethe são o suficiente para destruir a minha saúde mental e eu não quero comprar essa briga tão cedo.
– Desliga, então, amiga. – a ruiva sorriu, entendendo o problema porque, no último Grande Prêmio de Portugal, ela havia conhecido Margarethe e, em poucos minutos de conversa, entendeu plenamente o lado de . – Eu lido com os e-mails que chegarem até você.
– Você é a melhor, Louise Smith! – a abraçou pelo pescoço, soltando uma risada alta e agradecendo pela ajuda.

Assim, desligou o celular, jogando o aparelho de qualquer jeito no fundo da bolsa e soltando um suspiro um tanto quanto aliviada por finalmente ter parado de escutar o aparelho vibrando em suas mãos.
As duas entraram no carro que as esperavam e pode, finalmente, focar apenas em seu trabalho e não nas tentativas de Margarethe em entrar em contato com ela.


XXX

O dia havia sido tranquilo. Os carros da Red Bull demonstraram um bom desempenho das pistas, mostrando que estavam rápidos e que poderiam buscar a vitória no Grande Prêmio de Portugal, para a plena felicidade de .
A mulher estava absurdamente sedenta para ver a sua equipe ganhando uma corrida. Mas também estava sedenta para poder cantar vitória sobre . Mal podia esperar para vê-lo com uma cara de derrotado e gostaria que fosse com Matt ganhando o Grand Chelem: sendo o pole position, ganhando a corrida e tendo a volta mais rápida.
O fato de seu celular estar desligado e de não ter sinal de Margarethe também foi fundamental para que o dia fosse tranquilo. Era como se aquela parte de seu mundo não existisse e ela estava absolutamente agradecida por isso porque tudo que mais queria era se esquecer da existência da mãe.
Sentiu uma mão ser posta em seu ombro e acordou de seus pensamentos. A reunião com os engenheiros da equipe para analisar alguns dados dos FP1 e FP2 havia terminado e ela ainda se mantinha sentada em uma das cadeiras da sala, enquanto os outros funcionários já haviam retornado para os seus trabalhos em seus notebooks.

– Você parece cansada. – Louise apontou ao ver a figura da amiga e ela deu os ombros com um sorriso fraco no rosto. – Tem uma entrevista coletiva em dez minutos, vamos?
– Margarethe é o suficiente para conseguir estragar o meu dia e me deixar com essa cara de acabada. – murmurou, levantando-se da cadeira e as duas seguiram em direção a saída da sala.
– Seu celular não está desligado?
– Está, mas a aura de raiva já se instalou. – soltou uma risada fraca. – Fora que, graças a isso, que foi causado por ela, eu não pude usar o celular durante a reunião de dados que o Gary promoveu. Não tive tempo de perder alguns minutos olhando os stories de uma das Kardashians.
– E eu podendo jurar que você acompanhava a bolsa de valores. – a ruiva estalou a língua, causando uma risada na amiga. – Por que você não troca de número?
– Porque Ruggero sempre vai dar o meu número para ela. – suspirou. – Eu já te disse que ele se culpa pelo fato de ela ter ido embora e a nossa relação ter ficado ruim. Não importa se eu disser que ela é tóxica, ele não consegue entender isso.

Louise entendeu, balançando a cabeça e suspirou, encarando a amiga. parecia estar com problemas demais para que ela lhe enchesse a cabeça com mais um, então, optou por não contar o que havia dito em sua participação na coletiva com Fred Vasseur.
As duas chegaram ao centro de mídias em seis minutos e se sentou na cadeira reservada para ela após cumprimentar Zak Brown, da McLaren, e Mattia Binotto, da Ferrari.

– Gregory Stevens do Canal 4, do Reino Unido. – o jornalista se apresentou ao receber o microfone no que deveria ser a décima pergunta. – Pergunta para : na apresentação do carro para a temporada, você disse que esse era o carro para bater a Mercedes este ano, mas, até o momento, não vimos isso acontecer em nenhum circuito. , chefe da Mercedes, disse mais cedo que não vê a Red Bull como uma ameaça… O que você acha disso? Há alguma resposta para ele?

teve vontade de rir ao se lembrar do que havia lhe dito no jantar há algumas semanas. Ele certamente estava feliz que seu comentário havia chegado até ela, mas ela, por sua vez, estava com raiva.

– É verdade que acredito que esse seja o carro para ser campeão da temporada. Eu não nego que esse seja o meu pensamento e tampouco que eu disse isso com todas as letras. Mas ainda estamos fazendo melhorias no carro para que ele esteja da forma exata como pensamos e para que possamos ter o resultado na pista. – sorriu. – Quanto a resposta de , me parece que ele adora se divertir menosprezando outras equipes, mas ele deve ter em mente que estamos falando de um calendário de vinte e quatro corridas. Nem tudo está ganho e nem tudo está perdido neste momento.

Outro jornalista ergueu o braço, mas a pergunta foi para Binotto e pode guardar a sua raiva, ouvindo a voz carregada de sotaque italiano do homem responder a pergunta que ela nem havia prestado atenção.
Aliás, foi assim que o restante da entrevista se passou: sem que ela prestasse atenção em nada que não fosse as perguntas dirigidas a ela. Mas, não teve nenhuma menção mais a ou a qualquer comentário que ele havia feito.
Quando foi anunciado o fim da coletiva, ela cumprimentou Mattia e Zak com apertos de mãos e caminhou para a saída do centro de mídia, sabendo que ainda precisaria passar por mais alguns jornalistas antes de finalmente ir para o hotel.

– Desculpe por não ter te preparado para uma possível pergunta sobre a fala do . – Louise se aproximou com um sorriso fraco no rosto. – Você já está tão chateada com toda a história da Margarethe que eu achei que fosse melhor deixar passar.
– Tudo bem, Lou. O meu trabalho, de forma geral, tem sido suficiente para me fazer esquecer… Mesmo que seja respondendo a um comentário idiota do .
– E você se saiu bem. – a ruiva sorriu, animada. – Não deu uma resposta tão raivosa.
– Eu tive uma conversa com ele em Emilia-Romagna sobre esse assunto.
– Ele comentar sobre as outras equipes? – Louise uniu as sobrancelhas e a mulher concordou com a cabeça, parando de caminhar antes de se posicionar perante os jornalistas.
– Ele me disse que acredita que seja bom para a Fórmula 1 ter um pouco de rivalidade. Por isso que ele, estando na posição de time a ser batido, tece tantos comentários contra os outros.

Louise balançou a cabeça, soltando uma risada fraca e deu os ombros, caminhando em direção aos leões que iriam enchê-la de perguntas sobre .
O austríaco, por sua vez, havia participado da coletiva em outro horário, e já havia praticamente encerrado o seu trabalho no paddock naquela quinta-feira.
Passava pela zona de mídia porque sabia que era onde estaria naquele horário e ele não havia conseguido mandar mensagem para ela. Todas as três que enviou não foram recebidas, o que explicava não ter recebido nenhuma resposta.
Ele se lembrou da raiva que ela aparentava estar sentindo pela manhã com as constantes ligações da mãe e acreditou que talvez a mulher pudesse ter deixado o aparelho de lado para não ter que lidar com a mais velha, já que havia ficado claro para ele que as duas tinham um problema.
A assistiu conversar com um dos repórteres do canal oficial da Fórmula 1. O jeito que ela falava espontaneamente, sorrindo de maneira contida e movimentando as mãos para explicar, seja lá qual fosse a pergunta feita, lhe fizeram prender os olhos nela.
era dona de uma beleza estonteante que deixava o austríaco atravancado quando a via fazendo coisas tão normais em relação ao trabalho. adorava assisti-la caminhar pelo paddock, conversar com os jornalistas… Ele adorava assisti-la. Para ele, era um show a mais dentro dos finais de semana de corrida.

. – uma voz o chamou e ele se virou para o lado, encontrando Jessica, sua assistente, o encarando com um leve sorriso no rosto. – O carro já está esperando.
– Tudo bem… Vamos. – olhou uma última vez para , tendo certeza que aquele não era o melhor momento para conversar com ela, não ali na frente de tantas pessoas.

Ele poderia procurá-la no hotel mais tarde para que pudessem se encontrar. Na Itália não foi possível e ele não podia negar que estava sentindo falta de ter o corpo da mulher junto ao seu durante uma noite — e torcia para que isso pudesse acontecer por mais noites.
Suspirando, ele seguiu junto com Jess em direção a Mercedes que os aguardava. A mulher entrou na parte de trás, carregando sua pasta, e ele entrou no lado do carona, seguindo focado nos e-mails que haviam em seu celular para que pudesse pensar um pouco menos em .

XXX

havia acabado de secar os cabelos quando ouviu duas batidas na porta e franziu o cenho a frente do espelho. Riu sozinha, ajeitando a toalha que estava ao redor de seu corpo, imaginando que seria Louise à porta, e caminhou em direção a porta para que pudesse abrir a mesma para a amiga.

– Eu estou um pouco atrasada. – murmurou ao abrir a porta e, se surpreendeu ao encontrar e não Louise parado a sua frente.
– Por mim, está ótimo… Eu adoro a vista. – ele riu, descendo os olhos por todo o corpo da mulher sem o menor pudor, fazendo com que ela soltasse uma risada nasalada, apesar de querer rolar os olhos com o comentário dele.
. – o nome não saiu como uma repreensão da maneira que ela queria, mas mais como um suspiro prouve já fazia um tempo em que eles não ficavam frente a frente assim.
– Posso entrar ou vamos querer que outros membros da Red Bull me vejam conversando com você de toalha? – ele arqueou uma sobrancelha e ela riu, concordando com a cabeça.
– Isso tudo é ciúmes de outra pessoa me ver apenas de toalha? – indagou, dando um passo para trás para que ele entrasse no quarto e ele balançou os ombros.
– Não posso negar que não me traz bons sentimentos pensar em um outro homem te vendo e te tendo da mesma maneira que eu. – suspirou, surpresa com o comentário, enquanto fechava a porta.
– Eu não pertenço a você, , e você sabe das nossas regras. – murmurou em um tom cansado e passou por ele, voltando para o quarto e indo em direção ao armário para que pudesse pegar a roupa que havia escolhido para usar.
– Eu sei das duas coisas, . – riu fraco, parando próximo a parede que dividia o quarto da antessala e assistindo a mulher colocar as roupas sobre a cama. – Eu sei que você não pertence a mim e sei das regras.

Ela bufou, deixando a toalha cair aos seus pés para que pudesse vestir a lingerie preta que havia acabado de pegar e o homem sorriu fraco, admirando a cena.

– Se você não está satisfeito com as regras, você sai do acordo e não tenta mudá-las, . – terminou de abotoar o sutiã e bateu com os braços na lateral do corpo, encarando o homem.
– Por que não?
– Porque eu sempre deixei claro que eu não quero nada além de sexo casual e você estava de muito acordo com ambas quando nós começamos. – balançou os ombros, buscando a saia curta de linho preta com listras finas brancas que havia sobre a cama, passando por suas pernas e a trazendo até a cintura.
– E quem disse a você que eu desejo mudar as regras? – perguntou ao ver a mulher parar em frente ao espelho que havia no quarto para checar a peça que havia vestido. a seguiu com o olhar, mantendo sua postura séria, mas o sorriso ladino ainda seguia em seus lábios com a figura de semi vestida a sua frente. A mulher parecia não dar muita atenção para a presença dele no quarto e ele se divertia com o seu falso descaso.
– O seu jantar na Itália. – respondeu, o encarando através do espelho e ele arqueou as sobrancelhas, levando seus olhos até o reflexo de e sorrindo fraco na direção dela quando as coisas em sua mente pareceram fazer sentido sobre a última vez em que estiveram juntos.
– Foi por isso que você saiu correndo?
– Eu não saí correndo. – o corrigiu, embora aquela fosse a verdade. – Você estava em um momento familiar e ficou claro que aquilo levaria tempo demais para ser resolvido... Eu decidi ir embora para a minha suíte.
– Não havia nem cinco minutos que eu estava na ligação. – ele riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Invente outra desculpa, .

encarou o sorriso largo que ele a lançava através do espelho e bufou de raiva, fechando os olhos para quebrar o contato visual com o homem. Precisava de alguns segundos em segurança com a sua mente para pensar no que dizer porque ela odiava quanto lhe deixava sem palavras daquela maneira.
Sentiu uma superfície mais alta atrás de si e duas mãos percorrendo a barra de seus shorts de cintura alta, parando nas laterais de seus quadris. Abriu os olhos, demorando um pouco para conseguir fixar a visão no espelho novamente, mas quando conseguiu, foi inevitável sorrir ao ver a figura máscula de parado atrás dela.
A respiração dele batia em seus cabelos e os seus polegares acariciavam a sua cintura de uma maneira delicada, embora seu aperto no local fosse forte o suficiente para deixar marcas, da maneira como ela gostava.

– O gato comeu sua língua? – murmurou em um tom divertido, mantendo seu olhar fixo na mulher através do espelho. – Ou seu silêncio é a confirmação que eu estou certo?
– Você não está certo. – respondeu com um pouco de raiva e sentiu a risada do homem contra a sua pele. afastou os cabelos de do lado esquerdo de seu pescoço, curvando o corpo e encostando sua cabeça na dela. – E o ponto principal dessa conversa não é sobre eu ter ou não fugido, mas sobre você querer mudar as nossas regras.

Ele riu mais uma vez contra seu pescoço, subindo as mãos pelo corpo dela até a altura de seus seios, cobertos pela lingerie preta, e os apertou sobre o tecido, fazendo com que fechasse novamente os olhos.

– Regra número um: queremos apenas sexo casual. – recitou, levando as mãos até as alças do sutiã e as abaixando, fazendo com que caíssem sobre os ombros de e não precisou de muito para que seus seios ficassem à mostra. sorriu com a cena e continuou. – Regra número dois: não seremos publicamente vistos juntos. – os dedos polegares e indicadores foram até os mamilos entumecidos da mulher, os puxando com um pouco de força e os girando da forma que ele sabia que ela gostava, fazendo com que ela mordesse o lábio inferior para não soltar um gemido alto. – Regra número três: não falaremos sobre nossas vidas pessoais. – sua mão direita saiu do seio da mulher em direção ao shorts que ela usava e, com um pouco de dificuldade, o mais velho conseguiu abrir a peça, fazendo com que ela deslizasse pelas pernas da inglesa e parassem sobre seus pés, no chão. – Regra número quatro: não contaremos a ninguém sobre nós. – um tapa leve foi dado próximo a virilha de para que ela abrisse as pernas e ela, prontamente, entendeu o recado, sentindo a mão de adentrar por debaixo do tecido fino de sua calcinha. – Regra número cinco: mesmo se souber o endereço, não iremos até a casa do outro sem houver um convite expresso. – ele sorriu ao perceber que ela ainda estava com os olhos fechados e o quão molhada ela estava. – Regra número seis: não daremos bandeira em público sobre o que fazemos em quatro paredes. – a forma como os dedos dele começaram a se movimentar sobre seu ponto de prazer fizeram com que as pernas de bambeassem por alguns segundos e precisou envolver o outro braço ao redor de sua cintura. – Regra número sete: ao começar a se relacionar com outra pessoa, comunicar um ao outro. – colocou uma de suas mãos sobre o pulso de quando sentiu que ele parou o movimento e o homem riu fraco, apertando com força a cintura dela. – Abra os olhos, . Eu quero te ver.

Lentamente, ela abriu os olhos, sentindo a claridade do quarto incomodá-la um pouco, mas voltou sua atenção para o espelho, vendo voltar a encará-la através do objeto. Ele tinha um sorriso escárnio nos lábios e voltou a movimentar os dedos de forma mais incisiva sobre o clitóris da mulher, dizendo a regra número oito a olhando nos olhos pelo reflexo:

– Regra número oito: se surgir qualquer outro tipo de sentimento ou o desejo por uma relação séria acaba todo o envolvimento que mantemos.

Dois dedos a penetraram assim que ele recitou o final da frase e um grito saiu pela garganta de em pura surpresa. estava sugando seu pescoço e ela perdeu o controle, jogando a cabeça para trás e permitindo que ele a usasse como entendesse. Os dedos entravam e saíam de sua intimidade em uma movimentação que era o suficiente para leva-la à loucura, tornando difícil que ela continuasse em pé.
curvou um pouco os dedos, mantendo as estocadas que fazia com os mesmos, encostando a palma da mão no clitóris de , e foi questão de tempo para que a mulher arfasse sob o seu toque, tremendo-se da cabeça aos pés e soltando o corpo sobre o seu.
Ele sorriu com a imagem que havia acabado de presenciar e encarou através do espelho. Retirou os dedos de dentro dela, trazendo até os seus lábios e lambendo para sentir o gosto adocicado que ela emanava. sentiu como se aquela visão fosse capaz de lhe dar um segundo orgasmo.

– Pelo que eu me lembro, , não há nada sobre jantares. – ele sorriu na direção dela, afastando-se de seu corpo e, por alguns segundos, teve a certeza que iria de encontro ao chão, mas não. a girou, para que ela ficasse de frente para ele, e sorriu largo ao se deparar com o rosto da mulher com as bochechas levemente avermelhadas e repleto de suor, como acontecia quando ela atingia o ápice. – Teoricamente, eu não infringi nenhuma das regras.
– Você infringiu a regra principal, . – respondeu com os lábios praticamente roçando nos dele, devido a proximidade dos dois, e o homem arqueou as sobrancelhas. – Nós somos apenas sexo casual. Que tipo de homem propõe um jantar para a mulher a qual ele simplesmente come?
– Eu acho que você ainda não percebeu que eu não sou como os carinhas que você se encontra nas semanas sem corrida. – ele riu, dando alguns passos para frente e, consequentemente, fazendo com que ela desse alguns passos para trás, até que a fizesse cair sobre a cama de casal do quarto.
riu, retirando os cabelos que haviam caído sobre seu rosto e ajeitando o corpo sobre a cama, ficando apoiada sobre os cotovelos e assistindo a começar a desabotoar a blusa, a qual os três primeiros botões ficavam sempre abertos.
– Eu acho que você não percebeu que eu não sou como as outras mulheres que você se encontra nas semanas sem corridas. – ela respondeu, levantando-se da cama e parando em frente ao homem mais uma vez. Suas mãos tomaram os lugares das dele, terminando de abrir os últimos botões da blusa e um sorriso surgiu em seus lábios quando se deparou com o peitoral definido e liso de .
– Aí é que você se engana, . – ele murmurou com uma risada ao final e ela enfiou as mãos entre os ombros e o tecido da blusa, empurrando-a para fora do corpo do empresário, assistindo a peça cair ao chão atrás dele. Suas mãos foram, então, para a barra da calça de , abrindo o botão e descendo o zíper sem qualquer tipo de cerimônia. Em questão de segundos, a peça havia tomado o mesmo rumo de sua blusa, assim como a cueca que usava, e não hesitou em se ajoelhar diante dele.

A loira levou o membro de até seus lábios e decidiu provocá-lo primeiro, mesmo que soubesse que não aguentaria fazer aquilo por tanto tempo. Passou a língua levemente pela glande enquanto sua mão se mantivera parada sobre a base e ela levava a língua lentamente por toda a extensão do pênis até que resolveu colocar apenas a cabecinha em sua boca.
resmungou, forçando o quadril contra o rosto de e a mulher riu fraco, espalmando a mão livre sobre as coxas dele em um sinal de aviso que ele entendeu perfeitamente. Voltou a movimentar a língua, mas, dessa vez, ia enfiando um pouco mais de dentro de sua boca até que ele estivesse totalmente dentro dela.
O retirou por completo, utilizando as mãos para tocá-lo da forma que sabia que o enlouquecia enquanto erguia a cabeça para encará-lo com os olhos repletos de desejo. sorriu largamente quando voltou a enfiá-lo em sua boca e se curvou um pouco para que pudesse segurar em seus cabelos, fazendo um rabo de cavalo com as mãos, para que pudesse controlar os movimentos dela.
Com as unhas, arranhava suas coxas enquanto sentia o membro de bater fundo em sua garganta, o deixando mais excitado do que nunca, e cada vez mais louco para estar dentro dela por completo. Ele ansiava por aquele momento.
Quando puxou seus cabelos com força, entendeu o recado, afastando-se dele e erguendo o corpo. O austríaco sorriu, voltando uma das mãos para a nuca da mulher e a puxando para um beijo voluptuoso que praticamente explodia de desejo. Suas mãos desceram pelo corpo dela, fazendo com que sua calcinha caísse no chão, e, como se fosse uma pluma, ergueu , a atirando sobre a cama outra vez.
Retirando os cabelos do rosto, ela ergueu o corpo para retirar o sutiã, o atirando em um canto qualquer sem nem se importar em onde havia caído a peça. caminhou em direção a cama e sorriu na direção da mulher, antes de murmurar quase explodindo de tesão por ela.

– De quatro, .

O pedido fez com que ela sorrisse largamente antes de atendê-lo e grudasse os lábios nos dele. Mal havia se apoiado em seus joelhos e seus cotovelos, empinando a bunda o máximo que conseguia, e sentiu a penetrá-la sem qualquer aviso e de forma tão bruta que a fez gritar.
Suas mãos agarravam o lençol em busca de alguma estabilidade enquanto o homem mantinha o ritmo acelerado e duro, como sabia que ela gostava também. Não tardou para que ele adicionasse a cereja do bolo: os tapas. teve certeza que, se morresse naquele momento, iria para o céu na mais pura e completa felicidade.
O som do choque de seu corpo com o de , a forma como suas bolas batiam em sua intimidade, lhe fizeram gemer alto e levar uma das mãos em direção ao ponto de prazer em busca de mais conforto. Movimentou o dedo de forma circular, sentindo a mão de ir novamente contra a sua nádega, causando uma ardência no local e a fazendo ver estrelas de tamanha felicidade.
Sentiu em sua barriga as conhecidas sensações, os pés começarem a se curvar e a visão ficar um pouco turva. apertou seu quadril com uma força descomunal enquanto a outra mão ia para a o seu ombro, a empurrando contra o seu quadril, e a mulher sentiu o jato quente preencher o seu interior enquanto o apertava internamente e soltava um gemido alto, atingindo o seu próprio prazer.
Os dois corpos caíram sobre a cama e tomou cuidado para que não acabasse amassando , movendo-se um pouco para o lado, enquanto sentia seu coração bater em um ritmo completamente acelerado. A mulher se mantinha de bruços e virada para o outro lado do quarto, de modo que ele não podia ver o sorriso que existia nos lábios dela naquele momento, mas se virou para que pudesse depositar um beijo em suas costas nuas e cobertas por suor.

– Está tudo bem? – perguntou, ainda com a respiração descompassada e fechou os olhos, tentando esconder de si mesma o sorriso que estava em seus lábios. Simplesmente adorava como transitava entre os dois modos entre quatro paredes: conseguia dominá-la como nenhum outro e, depois, era totalmente carinhoso, se preocupando com ela.
– Estou... Ótima. – a mulher riu, sentindo uma carícia em suas costas. Ela suspirou, ainda com os olhos fechados e apenas aproveitando o momento, esquecendo-se que existia um mundo do lado de fora. Ainda estava apegada no momento que tivera, quando se lembrou de uma frase dita por . – ...
– Ahn? – a resposta veio baixa e a mulher girou o corpo para encará-lo.
– Quando nós estávamos... você sabe... – riu, puxando o lençol da cama para cobrir o seu corpo e viu o austríaco se deitar de lado para que pudesse encará-la. – Você tem se encontrado com alguma outra mulher? – ao ver a forma que os olhos do homem se abriram em surpresa com a pergunta, soltou uma risada nasalada, correndo para explicar a razão da pergunta. – Eu só quero saber porque nós... Bom, não nos prevenimos e... Droga! Você sabe que nós temos que contar um para o outro se encontrarmos outra pessoa e eu só estou perguntando em relação a minha saúde...
– Eu não me encontrei com nenhuma outra mulher, . – a interrompeu para responder de forma séria e direta, olhando diretamente nos olhos furtivos da mulher. – Eu nem me lembro a última vez que estive com uma mulher que não fosse você. – revelou em meio a uma risada fraca.

sentiu o corpo gelar por inteiro com aquela frase e tentou esconder que havia não apenas ficado surpresa com a colocação, mas que também havia a atingido diretamente. Sua mente ficou ainda mais bagunçada com aquela informação porque, como ele afirmava que não havia se esquecido que era um sexo casual quando ele não estava vendo mais ninguém?
Precisou se sentar na cama, levando as mãos até as têmporas e soltando um longo suspiro enquanto a assistia sem entender muito bem a reação da loira, mas levou uma das mãos até o corpo dela, passando o polegar na área lateral do corpo próximo ao seu seio, mas em uma carícia nada sexual.

– E nós não usamos preservativo, mas você ainda usa o...
– Chip. – completou a frase, sem nem se virar para encará-lo e balançou a cabeça em concordância. – Acabei de trocar, na verdade, tenho mais três lindos anos pela frente sem precisar me preocupar com a remota possibilidade de ter um bebê.

riu fraco, mas a sobrancelha se mantivera erguida. Era sempre assim quando ele ouvia um comentário mais pessoal feito por : ele simplesmente não acreditava que ela havia dito. Foi assim mais cedo, quando ele descobriu que ela não tinha uma boa relação com a mãe, e era assim naquele momento em que ele havia descoberto que ela não quer ter filhos.
Pensou em rebater aquela afirmação, mas batidas na porta do quarto o impediram de falar. As carícias nas costas de cessaram rapidamente e ele a encarou completamente alarmado enquanto a mulher apenas esticou o corpo, encarando a porta de maneira assustada.
tentou resgatar em sua memória quem poderia ser, mas parecia que o orgasmo que acabara de ter havia afetado essa parte de seu cérebro. Suspirou, erguendo o corpo da cama, e buscou o lençol da cama, enrolando-se nele enquanto se levantava, ainda sem saber exatamente o que fazer.

– Você vai atender a porta assim? – ele perguntou em sussurro repleto de choque e a mulher desceu os olhos para o lençol ao redor do corpo, balançando a cabeça.
– Acho que não é a ideia mais inteligente. – respondeu no mesmo tom, largando o lençol sobre a cama e começando a buscar pelo chão a sua lingerie. se apressava para se vestir por completo enquanto pensava no que deveria fazer quando mais batidas foram dadas na porta, fazendo com que os dois pulassem.
– Você está esperando alguém? – perguntou e a mulher deu os ombros.
– Deve ser a Louise. – respondeu, batendo com a mão na testa ao se lembrar que era aniversário da amiga e que ela, provavelmente, estaria atrasada por causa dos acontecimentos dentro do quarto. – Hoje é aniversário dela e nós iríamos sair.
– O que eu faço? – perguntou em um tom desesperado e o som do celular de ecoou pelo quarto, fazendo com que ela corresse em direção ao aparelho.

A mulher suspirou ao ver o nome de Louise brilhar na tela e deslizou o dedo para que pudesse atender a amiga.

– Você morreu por um acaso? Estou batendo na sua porta e você não me responde!
– Eu estou… Um pouco ocupada, Lou. – mordeu o lábio inferior, vendo terminar de abotoar a blusa social a alguns metros de distância dela. Era incrível como ele fazia as coisas mais simples se tornarem sexy.
– Oh, meu Deus! Você está com ele não está?
– Eu te encontro no saguão em vinte minutos. – não lhe deu a resposta, mas Louise sabia que a única pessoa que faria a amiga se atrasar daquela maneira era .
– Não se atrase!

desligou a ligação soltando uma risada fraca e atirando o corpo sobre a cama novamente enquanto a assistia.

– Pode ficar tranquilo… Era apenas Louise. – murmurou, vendo o homem balançar a cabeça em sua direção e soltar um suspiro.
– Ela ainda está lá fora?
– Não. Vai me esperar lá embaixo. – sorriu, tentando passar confiança. – Eu preciso me arrumar de novo e…
– Entendi o recado, . – sorriu, aproximando-se dela com um sorriso leve nos lábios. – Nos vemos amanhã? – a loira concordou com a cabeça e esticou o braço, segurando próximo ao cotovelo dela e a trazendo para mais perto para que pudesse selar os lábios em despedida.

sorriu fraco após o beijo, sentindo-se um pouco tonta ainda das sensações que causava a ela. O acompanhou até a porta, vendo o chefe da Mercedes olhar para os dois lados antes seguir direto em direção ao elevador. acenou para ela antes que as portas do elevador se fechassem e fechou a porta do quarto, encostando as costas no local antes de soltar um suspiro longo.
“Eu não me encontrei com nenhuma outra mulher, .”
“Eu nem me lembro a última vez que estive com uma mulher que não fosse você.”

As frases ecoavam na cabeça dela e era impossível não lembrar da forma que a encarou direta e intensamente ao proferir aquelas palavras.
Mais uma vez aparecia aquele sentimento dentro dela e tudo que queria fazer naquele momento era correr. Não queria entender o que estava sentindo, mas sabia que era uma grande besteira nutrir qualquer sentimento daquele tipo.
Suspirou outra vez, caminhando em direção ao banheiro para que pudesse tomar um novo banho e, finalmente, conseguir ir para a festa de Louise.

XXX

– Até que enfim! – Louise exclamou assim que viu a amiga caminhando em sua direção com uma expressão totalmente leve no rosto. – Você até perdeu a sua carranca por causa dos acontecimentos do dia.v – As vantagens de uma boa foda. – deu os ombros e Louise rolou os olhos antes de gargalhar. Era óbvio que a amiga faria algum comentário relacionado ao sexo que tivera com , independente de ela querer ou não saber. – Pediu o carro?
– Sim. Já está no nos esperando… Vamos? – concordou com a cabeça e as duas mulheres saíram do saguão do hotel em direção a saída do local.

O carro da Honda já estava do lado de fora pronto para levá-las de volta ao circuito e as duas entraram no banco de trás no veículo.
Enquanto Louise checava algumas coisas em seu celular, não conseguia, nem mesmo que tentasse afastar as palavras de de sua mente. Dizia para si mesma que não significava nada ele não estar se encontrando com nenhuma outra mulher e guardava bem fundo dentro do seu coração qualquer sensação diferente.
Ele havia recitado as regras mais cedo. Ele as conhecia tão bem quanto ela, sabia que não poderia existir nenhum outro sentimento entre os dois. Porém, ela não conseguia entender porque não se sentia tranquila em relação aquilo ou porque existia algo dentro dela piscando em sinal de alerta.

– Está tudo bem? – Louise perguntou quando as duas caminhavam em direção ao motorhome.
– Só pensamentos confusos. – riu fraco, mas balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Deixe-me adivinhar… – a ruiva estalou a língua no céu da boca. – ?

riu de forma nasalada e concordou com a cabeça, mas antes que Louise pudesse falar qualquer coisa, ela se manifestou:

– Não, não vamos falar da minha relação com ele agora. É o seu aniversário e você não merece ter que se preocupar com a minha mente confusa. – sorriu, aproximando-se de Smith e passando o braço ao redor do seu pescoço. – Feliz aniversário, amiga! Vamos beber para comemorar!

Louise soltou uma risada, concordando com a cabeça e as duas caminharam apressadamente para o motorhome, onde os membros da equipe já estavam presentes, incluindo Sergio Pérez, para total surpresa de Louise.
cumprimentou as pessoas antes de buscar uma cerveja para si e se sentar em um dos bancos que haviam por ali. Justine, a engenheira de fluídos, se aproximou, sentando ao seu lado e as duas começaram a conversar sobre assuntos banais.
A loira agradeceu aos céus pela presença da cacheada porque aquela conversa lhe impedia de pensar em ou nas frases ditas por ele. Teria menos tempo para ficar se auto sabotando.
Da onde estava sentada, falando com Justine, pode ver exatamente o momento em que Louise foi abraçada por Perez. Ela não conseguia ouvir o que eles diziam para entender a razão do abraço, mas teve certeza que Smith estava quase desmaiando por causa daquele momento.

– Obrigada por ter vindo, Checo. – sorriu na direção do piloto que balançou os ombros com um sorriso discreto no rosto.
Louise não conseguia entender o que havia de tão sexy nele que a fazia praticamente babar. Talvez fosse o sorriso tímido que ele possuía.
– De nada, Louise. – ele sorriu. – Infelizmente, para mim, só não poderei beber.

Não. Definitivamente o que tornava Sergio Pérez tão sexy, ao seu ver, era a forma como o inglês dele era carregado de sotaque espanhol. Aquilo era sexy para caramba na visão dela. Capaz de lhe dar pensamentos impuros.

– Oh, sinto muito que meu aniversário caiu em um dia tão ruim. – Louise soltou uma risada fraca. – Prometo que no próximo ano eu faço a comemoração depois da corrida.
– Me parece uma boa ideia. – Checo sorriu. – Mas, por que não pensamos no hoje? Sem fazer planos futuros.

Louise sentiu um leve arrepio com a frase do piloto e não soube explicar o motivo, nem conseguiu manter a conversa porque outros membros da Red Bull se aproximaram, atraindo a atenção do mexicano.
quase rolou os olhos ao ver Louise e Perez pararem de conversar porque outras pessoas haviam se juntado a eles, interrompendo qualquer que fosse a conversa que eles estavam tendo. Não conseguia acreditar que ela teria que arranjar alguma maneira de ser a cupido daqueles dois porque, conhecendo bem a amiga que tinha, sabia que ela jamais passaria daquelas conversinhas com Checo.
E aquele era mais uma coisa para ela se preocupar. Conteve a vontade de suspirar, levando a garrafa de Heineken até os lábios, dando um longo gole na cerveja já não mais gelada quanto antes e fez uma careta. Cerveja quente era uma das piores coisas do universo.

Capítulo 4

Alina entrou em seu apartamento, sendo recebida por Ariel que veio em sua direção com o rabo balançando em um ritmo frenético, completamente animada por ter a humana de volta em casa. Pouco se importando com sua mala, a inglesa apenas fechou a porta atrás de si, sentando-se ao chão para acariciar a cachorrinha que tentava, a todo custo, lamber o seu rosto para confirmar que havia sentido sua falta.
Retirou os scarpins, os atirando de qualquer jeito em um canto da sala e mantendo toda a sua atenção na cachorrinha a sua frente. O resto do final de semana havia sido uma verdadeira droga: mais um fim de semana com dominância da Mercedes, que já havia aberto vinte e um pontos de diferença no campeonato. Não era nada assustador, considerando o número de corridas que eles ainda tinham pela frente, mas era o suficiente para que Helmut Marco, o consultor da equipe, a chamasse para conversar na manhã seguinte sobre a ausência dos resultados esperados.
Não sentia medo algum da conversa que teria com o chefe, mas sentia raiva por não ter feito a Red Bull ganhar uma corrida ainda. Eles tinham o ritmo, tinham um bom carro e um bom piloto, dominavam os treinos livres e conseguiam boas posições no classificatório, mas, ainda eram superados pela Mercedes no domingo. Isso trazia um sentimento de incompetência e de fracasso que Alina detestava sentir porque sabia exatamente que era capaz de fazer o seu trabalho. Era totalmente capaz de comandar a sua equipe rumo ao título.
Suspirou quando se lembrou do sorriso vitorioso que tinha no rosto toda as vezes que iam assistir ao pódio porque Lewis estava sempre no ponto mais alto e Matt estava sempre em segundo lugar. Aquilo a irritava de uma maneira absurda porque ela queria ter aquele sentimento também. Queria poder mostrar para todos, especialmente para o consultor da Red Bull, a chefe de equipe talentosa que era.
Ariel se ajeitou em seu colo enquanto encostava-se à porta, levando as mãos para a cabeça da cachorrinha, passando os dedos na parte de cima entre as orelhas dela. Soltou um suspiro porque sua mente ainda estava em , mas não mais relacionado a ser uma chefe de sucesso, mas na maldita frase que não saía de sua cabeça.
Ela não havia se encontrado com nenhuma mulher desde que eles começaram a relação casual. O que aquilo significava? Quer dizer, aquilo poderia significar alguma coisa? Era apenas porque não era do feitio dele se encontrar com outras mulheres ou porque ele sentia atraído de alguma maneira por ela? Havia algum motivo para ele não se encontrar alguma outra mulher?
As perguntas que ela fazia a si mesmo, porque não existia coragem o suficiente para fazê-las para , faziam o seu cérebro ferventar, seu coração bater acelerado e a lhe causavam uma falta de ar. Ela sabia exatamente o que aquilo significava e tentava não pensar que era fraca por ter aquelas sensações por causa da situação que estava envolvida.
Fechou os olhos, sem parar de movimentar os dedos sobre a cabeça de Ariel, e tratou de fazer os exercícios que Dorothea a havia ensinado em uma das muitas consultas que havia ido. Puxava o ar com toda força, promovendo a elevação das costelas, aumentando o diâmetro do tórax, alargando o pulmão e contraindo o diafragma; expirando o ar lentamente, relaxando os músculos e o diafragma. Repetia por umas cinco ou seis vezes o procedimento, mantendo os olhos fechados e buscando se concentrar apenas em sua respiração para que pudesse controlar o que estava acontecendo.
Abriu os olhos alguns minutos depois, demorando para se ambientar com a luz acesa da casa, e levou a mão que não fazia carinho em Ariel até o peito, percebendo que ele ainda batia de forma acelerada. Tentou alguns outros exercícios, mas eles pareciam não ser o suficiente porque sua mente ainda estava trabalhando a mil por hora.
A fala de se misturavam a lembranças que ela queria ter o poder de apagar de sua mente a qualquer custo. Seu coração parecia palpitar cada vez mais e ela se sentia pior a cada minuto. Ariel pareceu sentir o momento ruim da dona, porque, quando o carinho em sua cabeça cessou, saiu de seu colo, ficando de frente para a loira e maneando a cabeça para o lado antes de soltar um latido, como se estivesse perguntando se havia algo de errado.
A mulher soltou uma risada fraca enquanto se esticava para pegar a bolsa que estava no chão. O celular estava jogado dentro da mesma e, quando seus dedos o pegaram, a tela bloqueada se iluminou, mostrando o tanto de notificações e mensagens que estavam para serem lidas, mas ela não se importou com nenhuma delas, apenas correndo para desbloquear o aparelho e se dirigindo para a lista de contatos.
Só existia uma pessoa capaz de ajudá-la naquele momento e com tudo o que ela estava sentindo ultimamente. Dorothea, a conhecendo há tantos anos, já havia deixado claro diversas vezes que estaria disponível sempre que fosse necessário para ajudá-la e ela não hesitou em apertar o nome da mulher assim que o encontrou em sua longa lista de contatos telefônicos.
Ainda tentava de forma fracassada se acalmar, mas sentia que não seria possível sozinha. O barulho da linha chamando o número de Dorothea também não lhe ajudava muito naquele momento, mas quando a voz aveludada e doce da mulher surgiu do outro lado da linha, exerceu toda a sua coragem ao dizer:
– Eu preciso de ajuda.


🏎🏆✨

estava exausto. Seus ombros doíam, sua cabeça doía e tudo que ele mais queria era um banho relaxante de alguns longos minutos — o planeta que o perdoasse por isso — e de algumas longas horas de sono e descanso, sem qualquer tipo de interrupção, para que pudesse aproveitar algumas horas do conforto da própria casa já que, no dia seguinte, se iniciavam as preparações para o Grande Prêmio da Espanha.
O saldo do último fim de semana era extremamente positivo. Lewis havia chegado em primeiro lugar, conquistando também a volta mais rápida, e Valtteri havia ficado em terceiro. Matt havia sido o segundo lugar em Portugal, mas o piloto não os assustava tanto, já que Hamilton havia conseguido abrir vinte e um pontos de vantagem. Quanto a parte do Campeonato dos Construtores, a Mercedes também liderava com folga, o que trazia uma falsa sensação de paz.
Ele gostava chamar o fato de estarem liderando o campeonato de uma falsa sensação de paz porque eles estavam na frente sim, mas não havia nada ganho em termos do campeonato. A celebração da vitória de um Grande Prêmio durava apenas o domingo porque, na segunda-feira, todos na fábrica deveriam estar prontos para o próximo que estava por vir. O objetivo era muito mais alto e todos precisavam estar extremamente focados para conseguir chegar até o topo, mais uma vez.
Era assim que comandava a sua equipe: gostava de lhes parabenizar pela vitória, valorizava o trabalho de cada um no final de semana, mas os lembrava de tudo o que ainda tinham para percorrer e de como a vitória do campeonato possuía um sabor totalmente diferente e muito melhor.
Levou sua mala até o quarto, a deixando em um lugar qualquer do quarto para que, mais tarde, pudesse desfazê-la, se preocupando apenas em retirar o carregador do celular de dentro da mala de mão para que pudesse colocar o aparelho para carregar na tomada ao lado de sua cama. Assim que o fez, começou a retirar a roupa que vestia enquanto caminhava em direção ao banheiro.
O banho foi exatamente da maneira que ele queria: quente e bastante demorado para que todos os músculos de seu corpo conseguissem suavizar após a tensão da corrida e do voo para casa. Colocou uma calça de moletom e uma blusa qualquer que pegou no closet, seguindo em direção à cama e atirando o corpo sobre a mesma, soltando um longo suspiro assim que sentiu o colchão macio embaixo de seu corpo.
adorava seu trabalho. Adorava a adrenalina da Fórmula 1, a competição e toda a atmosfera que vinha junto com ela, mas nada, absolutamente nada, se comparava a estar em casa de novo. Podendo relaxar em sua própria cama, sem se preocupar com nada além disso.
Não podia negar que se sentia um pouco solitário em seu próprio lar. Após oito anos de casado com Susie, estava plenamente acostumado com a ideia de sempre haver mais alguém pela casa, de ter o outro lado da cama ocupado e de ter companhia para as coisas banais do dia a dia, como o café da manhã.
Os filhos de seu primeiro casamento, Benedict e Rosa, viviam na Áustria com a mãe e iam para Londres visitá-lo apenas quando tinham algum tempo livre da escola ou quando, simplesmente, ligavam perguntando se poderiam passar alguns dias com ele. Era uma situação completamente diferente ter os dois por lá porque a mesma ganhava uma vividez, uma alegria e um colorido que não existia. Sem dúvidas que até os empregados acreditavam que o ambiente era melhor quando as crianças estavam em Londres.
Porém, se mudar para Londres havia sido uma escolha totalmente dele, logo quando começou a trabalhar na Williams. Era uma forma de estar perto da sede da equipe, de poder trabalhar diretamente, na época, com Frank Williams. Depois, se tornou a sua residência porque havia se casado com Susie, que já morava no país há anos, apesar de ser escocesa.
Após três anos de casamento, a mulher começou a trabalhar com uma equipe em Mônaco e achou que seria melhor se mudar para o país para ficar mais perto das tomadas de decisão e , apoiando a carreira dela, decidiu a acompanhar.
Por cinco anos, se dividiu entre Monte Carlo e Londres, além das quase duzentos e quarenta noites que ficava longe de casa por conta das viagens da Fórmula 1. Era cansativo, estressante e quase capaz de o fazer perder o senso de lar.
Quando o divórcio aconteceu, dentre outras coisas, Susie optou por ficar com a casa de Mônaco e ele com a casa na Inglaterra. Às vezes se perguntava se aquela havia sido uma escolha tão boa, já havia pensado diversas vezes em vender a casa e procurar uma menor, talvez um apartamento, mas ainda estava preso as memórias do passado e aos planos para o futuro de, talvez, se casar novamente e preencher a casa com filhos.
Riu sozinho ao pensar em casamento. Depois de duas tentativas frustradas, deveria ser considerado louco de querer ser casar por uma terceira vez, mas a verdade é que ele era um louco romântico secreto. Apesar da fama de autoridade, de sentir prazer dominando entre quatro paredes, ele ainda sonhava com a ideia de encontrar uma nova mulher para dividir os dias com ele, sem destruir tudo dessa vez.
Foi impossível duas coisas naquele momento. A primeira foi que sua mente não corresse para e a segunda que um sorriso não surgisse no rosto dele quando a mulher surgiu em seus pensamentos. Ele sabia que estava cada vez se afundando mais naquela história de relações casuais, mas não se preocupava nem um pouco com isso porque estar com era muito melhor do que não estar com ela de jeito nenhum. Ele já havia provado aquilo no final da última temporada e provava durante esta também quando existiam as semanas livres de corrida, podia dizer que o gosto não era nenhum um pouco saboroso.
era completamente diferente. Nenhuma mulher havia mexido tanto com ele da maneira que ela fazia e ele adorava aquele fato sobre ela. Adorava que ela era uma mulher poderosa, estritamente focada em seu trabalho e no sucesso de sua equipe, assim como ele era com a sua Mercedes. Mas, adorava, principalmente, como toda aquela pose ia embora quando os dois estavam juntos. Eram simplesmente uma boa equação e adorava saber disso, embora quisesse que também se desse fato.
Ele não sabia se era justo lutar para mostrá-la ou se ela aceitaria tranquilamente perceber que não havia nada de errado em existir algo a mais entre os dois. Apesar de serem Mercedes e Red Bull, brigarem de forma acirrada pelo campeonato da temporada, ele sabia que os dois formariam um excelente time juntos fora dos limites de pista e de todos os circuitos.

🏎🏆✨


Grande Prêmio da Espanha.


– Mais uma vez, sem a pole position. – Helmut Marco murmurou para a mulher quando ela retornou à garagem ao final do treino classificatório no qual Matt havia ficado em terceiro lugar, perdendo a posição na primeira fila para o outro piloto da Mercedes, Valtteri Bottas, e Sergio Pérez largaria em décimo, após uma classificação catastrófica.
– Eu tenho certeza que amanhã conseguiremos um resultado melhor. – tentou passar confiança para o consultor da equipe, mas a sua cara de poucos amigos mostrou para ela que não havia desculpas para a performance abaixo do espero da equipe austríaca.
quis rolar os olhos quando o mais velho saiu de perto dela, seguindo para fora da garagem e fez o mesmo caminho que ele, sendo logo recepcionada por Louise que possuía um sorriso no rosto.
– Helmut já foi te encher? – perguntou em um tom mais baixo que o usual e a loira soltou um suspiro cansado antes de balançar a cabeça.
– Ele quis conversar comigo assim que voltamos à fábrica na segunda-feira. Cobrou a cada um de nós pelo desempenho e falou que quer que sejam feitas melhorias para que tenhamos um carro mais rápido.
– Por isso que estamos com essa asa móvel nova? Me parece mais flexível.
– Sim... Testamos primeiro no carro do Matt no treino de ontem e hoje no carro do Checo.
– Você acha que vai ser o suficiente?
– Eu espero que seja. – riu fraco. – Precisamos começar a virar o jogo se realmente quisermos ganhar o campeonato. – Louise concordou com a cabeça e as duas começaram a caminhar pelo paddock em direção ao centro de mídias.
– Ora, ora, se não é a melhor chefe de equipe do pedaço. – a voz veio seguida de uma risada e foi impossível para não identificar quem era o dono daquele comentário.
Os seus olhos se movimentaram a procura dele e encontrou Daniel parado a alguns metros de distância, próximo a entrada do motorhome da McLaren. Ela pediu licença a Louise, caminhando em direção ao piloto australiano com um sorriso no rosto porque Daniel era um cara tão alto astral que conseguia arrancar sorrisos com apenas algumas palavras.
– Se o Andreas Seidl escutar isso, eu acho que ele vai ficar chateado com você. – murmurou e Daniel deu os ombros antes de se aproximar para depositar um beijo na bochecha dela.
Quando o piloto fazia parte da Red Bull, fazia parte da equipe, e, graças ao jeito brincalhão e animado de Ricciardo, havia acabado se aproximando um pouco dele, tendo ficado extremamente triste quando ele deixou a equipe e se juntou a Renault
– Eu acho que ele pode sobreviver sem esse título. – riu, tocando levemente o braço de . – Como você está?
– Bem e você? Parabéns pela classificação! Quarto lugar é a sua melhor posição pela McLaren, não é? – cruzou os braços, encarando o piloto e ele sorriu, concordando com a cabeça.
– Bem também. – deu os ombros. – Obrigado. Eu diria que é aliviante, mas alívio será o sentimento que eu terei quando eu conseguir um pódio.
– Certamente o alívio sumirá quando você for beber o champanhe do seu sapato. – ralhou, recordando o fato que o piloto tinha costume de tirar a bota, enchê-la de champanhe e beber dali no pódio. – Mas eu acredito que o pódio virá, Dani… É só uma questão de adaptação.
Antes que Daniel pudesse respondê-la, no entanto, o australiano olhou para trás da loira, vendo seu treinador físico, Michael Italiano se aproximar. sorriu, vendo os dois homens se cumprimentarem com um aperto de mão, antes do mais alto se virar em sua direção, lhe cumprimentando com um beijo na bochecha.
, como vai?
– Bem e você, Michael? – sorriu na direção do rapaz que, assim como Ricciardo, era alto astral e amigável.
– Tudo ótimo… Esse cara finalmente conseguiu uma boa posição. – apontou para o amigo. – Acho que estamos bem perto de desbancar o Hakvoort.
– Certamente estão mais próximo do que antes, mas poderia nos fazer um favor e desbancar a Mercedes antes. – piscou na direção dos dois homens e Daniel soltou uma risada alta.
– Eu posso tentar fazer isso, caso você assuma que eu sou o seu piloto favorito. – o piloto da McLaren sorriu, esticando o dedo para que tocasse na costela de em puro sinal de implicância, fazendo com que ela gargalhasse.
Foi impossível que não girasse a cabeça em busca da tal risada alta que escutou no momento em que conversava com James Vowles e James Alisson, dois dos engenheiros de sua equipe.
Seus olhos procuraram a dona da risada e não tardou para que ele visse que se tratava de Alina. A mulher estava parada em frente à Daniel Ricciardo e, ao lado deles, estava o preparador físico do piloto, cujo nome não se recordava, mas o conhecia de vista.
Automaticamente, parou de ouvir qualquer coisa que os dois James ao seu lado diziam porque sua atenção estava inteiramente na loira parada a alguns metros de distância. Não conseguia ouvir exatamente o que eles falavam, mas certamente parecia ser um assunto animado porque a loira não para de rir nem por um segundo.
Ainda existia a mão do australiano que, por repetidas vezes, entrou em contato com o corpo de . Uma hora ele tocou no bíceps dela, em outro momento levou a mão até o seu pulso e sentiu seus olhos saltarem quando viu Daniel cutucar com o dedo indicador.
Sua vontade era de ir até lá, mas uma parte racional de seu cérebro lhe lembrava do papelão que seria se aproximar deles apenas porque estava curioso para saber o que tanto o homem era capaz de falar para deixar daquela forma.
Geralmente, a mulher era tão fechada no paddock que era impossível ver algum sorriso. Nem mesmo quando ele a cumprimentava, ele recebia uma resposta tão animada quanto as que Daniel e Michael pareciam estar recebendo naquele momento.
Que merda era aquela?
Suas mãos se fecharam em punho quando viu Daniel curvar um pouco o corpo, mostrando algo para em seu celular e a mulher levou uma das mãos até ombro do piloto, aproximando o rosto do local, já que era um pouco mais baixa do que ele.
Era isso. estava puto. Extremamente raivoso com aquela aproximação totalmente desnecessária que Daniel estava tendo para cima de e sua mente não pode deixar de fazer uma pergunta: será que já havia acontecido algo entre os dois?
Engoliu seco com a remota possibilidade da mulher ter tido algo com Ricciardo. Podia sentir seu sangue borbulhando em suas veias e apertava tanto os dedos que já sentia uma leve dormência no local. Ele conhecia muito bem aquela droga de sentimento.
Ciúmes.
Estava absurdamente morrendo de ciúmes de . Era corajoso o suficiente para admitir aquilo para si mesmo, mas não para admitir para ela — até porque sabia das consequências daquilo: reclamaria que ele não estava cumprindo as regras.
? – Vowles lhe chamou pela terceira vez e ele balançou a cabeça, retirando os olhos da cena muito a contragosto porque queria ver até onde Daniel iria.
– Desculpem… Me perdi em alguns pensamentos. – limpou a garganta, tentando esconder a raiva que sentia naquele momento e James chegou a seguir o olhar do chefe, mas não conseguiu encontrar o que poderia ter sido capaz de tomar sua atenção daquela maneira. – O que diziam?
– Estávamos falando que precisamos nos reunir hoje para estratégias. Podemos utilizar muito bem o Valtteri para manter o primeiro e segundo lugar do início ao fim. – Alisson respondeu, colocando as mãos nos bolsos da calça.
– Eu acredito que será uma boa corrida. – Vowles reconheceu e o chefe concordou com a cabeça. – Especialmente difícil para a Red Bull com o Perez em décimo.
– Ele vai precisar escalar o pelotão. – deu os ombros, respondendo sem dar muita importância para o assunto porque o que ele queria mesmo saber era o que Alina, Daniel e o treinador dele conversavam.
– E Matt terá que lidar com duas Mercedes a sua frente... Me parece um bom cenário. – Vowles murmurou, mas não recebeu resposta do austríaco.
... – Jess se aproximou dos homens, cumprimentando aos James com um aceno de cabeça. – Precisa ir para o centro de mídias.
aproveitou a deixa de ter que passar por perto de onde estava como uma oportunidade de parar para conversar também. Acenou para os companheiros da Mercedes e seguiu junto de Jess até passar por perto dos outros três, parando assim que Daniel o encarou e ergueu a mão para cumprimentá-lo.
– Ricciardo, ... – os cumprimentou, encarando o homem ao lado de Daniel.
– Michael Italiano. – ele sorriu, estendendo a mão para cumprimentar o austríaco e a apertou de bom grado.
– Estão conspirando contra alguma escuderia? – perguntou, com os olhos indo de para Daniel e o australiano soltou uma risada fraca. – Se a resposta for sim, espero que seja uma autossabotagem.
– Uma vez da Red Bull, sempre da Red Bull. – deu os ombros. – É claro que o Dani está planejando apunhalar a Mercedes.
– Ei, ei. – Daniel chamou a atenção da mulher. – Não conte a ele sobre os nossos planos. – a maneira que o piloto tentou fazer a conversa entre os dois, por mais boba que fosse, parecer um segredo fez com que franzisse o cenho com raiva, mas lutou para não deixar transparecer.
– Está certo... Ele não precisa saber de onde vem o golpe. – murmurou antes de soltar uma risada, piscando na direção de Daniel e deixando com mais raiva ainda.
... – Louise se aproximou após checar o horário em seu celular. – Precisamos ir.
– Essa é a minha deixa. – sorriu, despedindo-se de Daniel e Michael com beijos na bochecha, e acenou na direção de . – Até, cavalheiros.
nem se importou em sair logo depois dela, despedindo-se dos australianos rapidamente e praticamente caminhando junto com em direção ao centro de mídias. Louise caminhava um pouco a frente dos dois e sua assistente, Jess, vinha atrás. Não havia muito perigo.
– Não sabia que era tão próxima do Daniel. – murmurou, estalando a língua no céu da boca e ela riu fraco.
– Há muitas coisas sobre mim que você não sabe. – deu os ombros. – Daniel e eu somos amigos desde quando ele correu pela Red Bull. Temos uma boa relação, já saímos para tomar cerveja algumas vezes.
O homem balançou a cabeça, recebendo a informação e a garganta secou ao pensar na pergunta que veio a sua mente. Teve que se certificar que sua assistente estava longe o suficiente, assim como a de , para murmurar em uma voz definitivamente afetada:
– Já... Aconteceu algo entre vocês?
parou de caminhar abruptamente, encarando os olhos negros do homem a sua frente antes de soltar uma risada desacreditada e levar as duas mãos à cintura. Aquilo era realmente o que estava parecendo ou ela estava fantasiando?
– Está com ciúmes, Torger? – riu fraco ao reproduzir a pergunta que ecoou em sua mente e o homem arfou antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.
– É claro que não. – por mais que tivesse limpado a garganta antes de dar aquela resposta, a voz dele falhou e teve a certeza de que eram ciúmes ali. Porém, mesmo assim, decidiu que o melhor a se fazer seria provocá-lo.
– Com o Daniel não. – disse, vendo uma sensação de alívio tomar conta do rosto do austríaco enquanto um sorriso malicioso surgia nos seus lábios. – Mas, eu não posso dizer o mesmo do Michael.
Os olhos de se arregalaram enquanto sorriu em sua direção antes de caminhar apressadamente em direção a Louise, deixando o austríaco completamente perdido em seus pensamentos e fervilhando de puro ciúme, sem nem mesmo conseguir prestar atenção corretamente nas perguntas que lhe eram feitas porque, em sua mente, só existia o fato de e Michael já terem se relacionado.
A proximidade do preparador físico com ela preencheu a sua mente novamente e aquilo explicava o tanto de risadas que eles, acompanhados de Daniel, estavam dando no paddock. Era óbvio que os três tinham uma relação a mais do que ele estava vendo ali.
Correu a mão pelos cabelos, tentando tirar as imagens de mais cedo da sua mente, enquanto Rosane Tarent fazia um grande prólogo para chegar, finalmente, a pergunta principal.
– A Red Bull apresentou hoje, no classificatório, que continua fazendo melhorias no carro da temporada e trouxe a asa traseira flexível. Como a Mercedes está vendo isso? E, vocês seguem fazendo ajustes no carro também?
– Respondendo a última pergunta primeiro, nós não planejamos fazer mais alterações no carro. Estamos satisfeitos da maneira que ele está e já estamos olhando para a próxima temporada, onde teremos mudanças muito importantes no regulamento. Nosso foco, como equipe, ainda é ganhar a atual temporada, mas também precisamos ter nossa atenção nas coisas importantes da próxima. – sorriu fraco. – E, quanto a asa traseira flexível da Red Bull, nós certamente iremos protestar contra as asas flexíveis para que os comissários nos deem uma posição, se elas estiverem presentes na corrida amanhã. Se os comissários não forem suficientes, não hesitaremos em levar a discussão ao Tribunal Internacional de Apelação. Então, eu acho que a FIA tem que esclarecer algumas coisas nessa situação.
A jornalista pareceu contente com a resposta que, com certeza, apenas atirava mais álcool no fogo já alto que existia entre Mercedes e Red Bull, e sabia que aquilo seria o necessário para irritar Alina.
A sua resposta para o ciúme que sentiu da loira veio muito melhor do que ele poderia ter imagino. Riu sozinho, observando a mulher falando com um outro canal de uma forma tranquila que ele sabia que acabaria em poucos minutos.


🏎🏆✨

– Sabe… – iniciou assim que a porta do quarto de foi aberta por ele. – Eu estive pensando e acho que vou fazer greve todas as vezes que você falar uma merda para a imprensa.
O homem riu, fechando a porta e se virando na direção dela com uma feição divertida no rosto. Ele adorava vê-la brava porque a sua expressão e a sua postura lhe deixavam ainda mais sexy.
Ele era completamente viciado em .
– Duas coisas. – ergueu dois dedos, sorrindo da direção dela. – Um: você não conseguiria ficar muito tempo sem mim; dois: você sabe que eu estava falando a verdade sobre a asa traseira flexível.
– Você sabe muito bem que eu posso usar um vibrador para me satisfazer ou até mesmo chamar alguém para me ajudar.
– Michael, não é? – a mulher riu, adotando uma expressão entediada e se sentando na cama.
– Ainda com ciúmes? – arqueou as sobrancelhas. – Michael é bom de cama, se você quer saber… Formamos um bom time durante o tempo que o Ricciardo estava na Red Bull. – ela deu os ombros, soltando um suspiro. – Mas, tudo que é bom chega ao fim.
não sorriu com o comentário dela. Apenas manteve a expressão fechada, com o ciúme o corroendo por inteiro, mas os olhos presos em Alina, na forma provocativa que ela falava.
– Tem vontade de voltar a se encontrar com o Michael? – perguntou, sem cerimônias e sentiu a vergonha o atingir por ter sido tão afetado pelo comentário dela.
soltou uma risada surpresa, não conseguindo acreditar que ele realmente estava levando a sério aquela conversa. Respirou fundo, decidida a mudar de assunto, não iria admitir para que não tinha vontade de voltar a ver Michael. Por causa dele.
– Vai mesmo protestar pela asa flexível? – indagou, jogando o corpo para trás sobre a cama e apoiando-se em seus braços, tendo as mãos sobre o colchão.
riu com a mudança de assunto repentina, sabendo que aquele era o jogo de Alina, mas antes mesmo que ele pudesse responder, ela voltou a falar.
– Se eu fosse você, – murmurou, levantando-se da cama e aproximando-se dele. Por causa dos saltos finos, conseguiu ficar em uma altura razoável comparada a ele. – tendo asa dianteira que a Mercedes tem, eu calaria a minha boca.
Ela sorriu na direção dele. Um sorriso ladino, desafiador e excitante que fez com que levasse a mão até a sua nuca, puxando os fios de cabelo que haviam ali e fazendo com que ela continuasse olhando para ele.
– Isso sem contar o DAS…
– A FIA já manifestou a legalidade do DAS, Alina. – sorriu fraco. – Arranje outra desculpa para o fracasso da sua equipe até o momento.
Ela bufou, repleta de raiva pelo comentário dele, e levou as mãos ao peitoral do austríaco, coberto pela camisa branca que ele usava. O empurrou com força, mas nem chegou a fazer cócegas no homem, ela balançou a cabeça, tentando fugir de seu aperto e franziu as sobrancelhas ao perceber a agitação dela.
– O que foi? – questionou, preocupado se havia feito algo de errado e a mulher bufou mais uma vez.
– Fracasso. – ela riu sem nenhum humor e o chefe da Mercedes a manteve próxima a ele. – Me solta, Torger. – falou em um tom de voz duro, erguendo o rosto para encará-lo. – Agora.
– Alina… – ele tentou, nada forma que ela se remexia, confirmava como ela queria estar longe dele e ele atendeu o pedido, retirando as mãos dela.
– É isso que você pensa, não é? – questionou, abrindo os braços, sentindo a raiva tomar conta de seu corpo por inteiro. – Eu sou a porra de uma chefe de equipe fracassada! Olha só, estamos na quarta corrida do ano, e a minha equipe não conseguiu ganhar sequer uma. Toda aquela história de me admirar por bater de frente com você ou por como eu conduzo a minha equipe não passa disso: uma história, não é?
– Alina, não foi isso que eu quis diz…
– Me poupe de ouvir as suas desculpas, Torger. – falou, passando por ele e fugindo de sua tentativa de segurar em seu braço para evitar que ela saísse do quarto.
Ouviu seu sobrenome ser chamado por ele duas ou três vezes, mas não se importou, abriu a porta do quarto, a batendo com força e caminhando em passos duros em direção ao elevador.
Mais uma vez, sua mente estava a um turbilhão e ela detestava aquela sensação. Encarou sua figura no espelho do hotel, respirando fundo por diversas vezes, tentando se acalmar. Colocou uma mão na parede de metal e a outra estava sobre seu peito enquanto via seu rosto vermelho por causa de tamanha raiva que estava sentido.
Ouvir da boca dele que sua equipe era um fracasso era certamente mais doloroso do que tudo, ainda mais depois de ter ouvido ele mesmo dizer que a admirava por seu trabalho. Ela não entendia muito bem porque doía tanto ter escutado aquela frase, mas sentia que doía imaginar que o a via apenas como uma chefe fracassada.
sentia seu peito doer e sua cabeça latejar quando as palavras de Dorothea na segunda-feira apareceram em sua mente para que ela buscasse se acalmar em meio a mais uma crise. Passou as mãos pelo rosto, respirando fundo e podia não só ouvir, como ver Dorothea bem atrás dela através do espelho, com seus óculos de grau quadrados na ponta do nariz e um pequeno caderno de anotações com um sorriso bem fino — que ela só sabia que estava ali porque frequentava o consultório há anos.
– Alina, ter medo de fracassar é algo extremamente normal. Ainda mais para pessoas como você, que trabalha com uma pressão tão grande porque não gerência apenas uma equipe de Fórmula 1, você gerencia milhares de pessoas. As que estão nos circuitos dos Grandes Prêmios com você, as que ficam na fábrica e trabalham de lá, os que colocam seu dinheiro na equipe como patrocínio. Isso tudo cria uma atmosfera repleta de pressão psicológica porque todos querem o mesmo resultado final, mas apenas um o terá, apesar de três subirem ao pódio a vitória é apenas de um. Você pode se sentir tão ruim ao pensar em fracassar ao ponto de não conseguir respirar direito… Você sabe que o seu trabalho, que essa pressão por resultados, só ativa e piora as suas crises. Você pode ter medo de fracassar. É normal para quem trabalha nas condições que você trabalha. O que você não pode é deixar que esses medos te dominem, te façam paralisar o seu trabalho e sua vida.
A imagem de Dorothea sumiu assim que as portas do elevador se abriram e se virou, caminhando devagar pelo corredor do andar em que estava hospedada. Em sua cabeça, as frases da psicóloga ainda estavam ecoando.
Não ter medo de fracassar.
Era mais fácil dizer do que praticar aquela frase. Ela vivia em uma constante pressão e um constante medo de fracassar — considerando que isso já havia acontecido em outros aspectos de sua vida. A sua ascensão de engenheira para chefe de equipe havia sido algo muito importante em sua carreira e em sua vida pessoal, fazendo com que não se sentisse no direito de fazer qualquer coisa de errado.
Ela precisava fazer a Red Bull começar a ganhar corridas. Precisava incentivar seus pilotos, motivá-los para que fossem atrás da Mercedes para que tomassem a liderança do campeonato. Ela precisava, mais do que nunca, estar no topo em meio a toda pressão que ela mesmo se colocava e que se somava ao ambiente em que ela trabalhava.
não podia ter medo de fracassar.


🏎🏆✨


se sentia absolutamente frustrado. Não apenas porque não havia terminado a noite da maneira que esperava com Alina, mas também pela forma que a mulher havia entendido a frase que ele havia falado mais cedo.
Não considerava – e essa ideia jamais havia passado por sua cabeça – que seria um fracasso como chefe da Red Bull. Ela sabia que ela era competente para o cargo, que possuía qualificações para exercê-lo e que, apesar de sempre querer que a Mercedes fosse a campeã, em algum momento poderia ser desbancado pelos austríacos.
Admirava e não havia mentido quando disse isso para ela. Admirava seu trabalho, suas características fortes, sua presença marcante e o seu amor pelo automobilismo. Ela era uma mulher absurdamente segura e corajosa, enfrentava todos os dias o machismo que ainda estava enraizado naquele esporte e lutava contra ele.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos, deitando o corpo sobre a cama, mas sem tirar a loira de seus pensamentos. Se sentia horrível por ela ter entendido a frase totalmente fora da maneira que ele imaginou e pensou em correr atrás dela, ir até o andar em que ela estava hospedada para conversar, mas a conhecia o suficiente para saber que ele não ouviria e que seria apenas um escândalo no hotel.
Era muito melhor deixar que ela acalmasse os pensamentos e, talvez, até mesmo percebesse que havia entendido de forma diferente o que ele tinha dito do que ir atrás dela. A melhor decisão era deixar apenas em seus pensamentos naquela noite.
Seu celular vibrou, indicando uma nova mensagem, e ele se movimentou sobre a cama, buscando o aparelho na mesa de cabeceira. Uma nova mensagem de Benedict nas notificações e sorriu largamente ao ver o conteúdo: um pedido para que ele pudesse ir até a Espanha para acompanhar a corrida.


🏎🏆✨


– Está tudo bem? – Louise perguntou assim que encontrou no saguão do hotel.
Era um fato inédito a chefe da Red Bull ter chegado ao local mais cedo do que ela e aquilo deixava a chefe da comunicação da equipe com as orelhas em pé acerca da possibilidade da existência de um problema, ainda mais com a utilização das asas traseiras flexíveis e a ameaça de protesto feita pela Mercedes.
– Não. – respondeu, ajeitando a blusa social de linho azul com listras finas brancas que havia escolhido para o dia combinando com sua calça pantacourt branca e as sandálias em tom coral.
Louise franziu o cenho, virando o rosto na direção da mulher afim de encontrar algum vestígio de brincadeira, mas a loira possuía uma expressão cansada, de quem havia passado boa parte da madrugada acordada.
– Quer conversar? – perguntou um tanto quanto incerta e balançou os ombros.
– Também não. – riu, sem humor, as duas seguindo em direção a saída do hotel.
– Se encontrou com o ontem? – quis saber para tentar entender o que havia de errado com a mulher, mas o seu longo suspiro já era um indicativo que aquele não seria um de seus assuntos preferidos para o domingo.
– Podemos não falar sobre isso hoje, por favor? – praticamente implorou e a ruiva não teve outra coisa a fazer se não concordar com a cabeça e fechar os lábios não tratando de nenhum assunto relacionado a .
Assim, o caminho inteiro do hotel ao circuito, que durava cerca de quinze minutos, foi feito no mais completo silêncio, se não fosse pelas músicas que tocavam no rádio do carro que as levava. Louise respondia a e-mails e tentava não pensar em muita coisa. Queria apenas que aquele dia terminasse para que ela pudesse ir para a sua casa, o seu porto seguro.
– Acha que dá para eu pular o centro de mídia depois da corrida? – Louise parou de digitar assim que a pergunta foi feita, apenas virando o rosto na direção de e a estudando por alguns segundos.
– Eu posso emitir um comunicado que você não está bem e…
– Não… Um comunicado que eu não estou bem pode chamar atenção demais. – suspirou. – Fora que eu estarei na corrida.
– Quer que eu diga que você teve um problema pessoal?
– Pode ser… – estalou a língua no céu da boca e deu os ombros.
– Ali, eu vou perguntar mais uma vez… Está tudo bem? Você quer conversar? – soou preocupada, encarando a amiga e chefe que balançou a cabeça.
– Não é nada sério, Louise… Sou só eu querendo estar no meu apartamento o mais rápido possível.
– O te fez alguma coisa? – segurou a mão da loira. – Se ele tiver feito, eu posso ir corta as…
– Não, não… A gente teve uma discussão ontem, mas não há nada para se preocupar. – forçou um de seus melhores sorrisos e ficou quando o carro parou, anunciando que as duas haviam chegado ao circuito.
As duas mulheres desceram do carro, caminhando para dentro do circuito e Louise se sentia cada vez mais preocupada com a chefe da Red Bull. A conhecia há bastante tempo para saber que não era daquela maneira normalmente e estava curiosa para saber o que havia acontecido ou como poderia ajudá-la.
Caminhando pelo paddock em direção ao motorhome da equipe, a ruiva viu parado ao lado de Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes, e um jovem rapaz com um semblante bastante parecido com .
Como a amiga leoa que era, chegou a considerar procurar o chefe da equipe alemã para que pudesse saber o que havia acontecido entre eles, já que não queria contar, mas sabia que a amiga odiaria que ela fizesse isso. Sem contar que descobriria que ela sabia sobre a relação dos dois.
Louise conteve a vontade de suspirar, apenas caminhando junto de Alina, quando percebeu a figura alta de se postando na frente das duas, não era tão difícil para o homem alcançá-las já que era tão alto e, certamente, seus passos davam o dobro dos delas.
... – bufou por ter o austríaco a sua frente e quando ouviu o seu nome saindo da boca dele. – Podemos conversar?
– Eu não tenho nada para falar com você, Torger. – respondeu, direta.
– Eu tenho. – sorriu fraco, não se importando com a presença de Louise próxima ao dois porque tudo que importava naquele momento era sua relação com a chefe da Red Bull, que ainda parecia tão irritada quanto na noite anterior. – Você poderia, pelo menos, me escutar. Não precisa falar nada.
riu de forma nasalada e escolheu não o responder, voltando a caminhar e desviando do corpo de para que pudesse passar por ele sem cerimônias. O austríaco balançou a cabeça, a segurando pelo pulso e a fazendo parar de caminhar e a loira virou o rosto em sua direção.
– Alina, você entendeu errado o que eu quis dizer e você precisa me escutar. – murmurou em um tom mais baixo e em uma quase súplica a mulher que teve vontade de rolar os olhos com a situação.
– Você precisa me soltar. – respondeu, não se importando com as palavras dele. – Não vamos causar uma cena no meio do paddock, Torger .
O chefe da Mercedes correu os olhos pelo local em que estavam, parecendo se lembrar não só do acordo que eles tinham, como também que aquele não era o local adequado para aquela conversa.
– Podemos nos ver mais tarde? – afrouxou a mão sobre o pulso dela, soltando-a delicadamente e bufou, extremamente cansada com aquela insistência.
– Quantos nãos você precisa receber para entender que não vamos conversar? – nem esperou por uma resposta, apenas seguiu seu caminho pelo paddock em direção ao motorhome da Red Bull.
correu a mão direita pelo cabelo quando a mulher se afastou e seu olhar se cruzou com o de Louise que parecia tão confusa quanto ele. A ruiva optou por balançar os ombros em uma reação silenciosa e apressou o passo para que conseguisse chegar até novamente.
– Está tudo bem, pai? – Benedict perguntou quando se aproximou do mais velho e balançou a cabeça de forma positiva, virando o rosto para acompanhar sumir em meio as pessoas que estavam no local.
soltou um suspiro antes de se virar na direção do filho, tentando esquecer aquele momento com . Seria melhor esperar que ela se acalmasse para que pudessem conversar... Talvez Mônaco fosse o melhor lugar – já que marcaria um ano que ele havia confidenciado o seu desejo por ela.
Sorriu fraco com a ideia enquanto encarava o mini de quatorze anos, que já era quase tão alto quanto ele, colocando a mão sobre seu ombro esquerdo.
– Não se preocupe com isso. – murmurou, movimentando os dedos sobre o ombro do filho. – Por que não vamos para a garagem da Mercedes?
O jovem concordou de forma animada e riu, o guiando para a garagem da equipe para que pudesse conhecer o local, conversar com os pilotos já que era um grande fã de Lewis e, finalmente, assistir à corrida.
ainda ficaria em sua cabeça, ainda mais agora que ele precisava pensar em algo para o Grande Prêmio de Mônaco, mas, naquele momento, focaria em sua equipe e na necessidade de ganhar mais uma corrida.


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– Vamos mesmo manter a estratégia de uma só parada? – através do rádio de comunicação, ouviu a pergunta de Jim, e só teve alguns segundos para pensar e responder ao engenheiro.
Matt havia conseguido assumir a liderança da corrida logo na largada e continuou assim até o momento em que fora chamado para os boxes, quando os mecânicos cometeram um pequeno erro – para a raiva de todos na Red Bull – fazendo que o pitstop durasse cerca de quatro segundos e permitindo que Lewis assumisse a liderança.
Quando Hamilton parou, Hakvoort voltou a liderança e o piloto da Mercedes voltou para a pista atrás do próprio companheiro, Valtteri, com uma boa distância para o piloto da Red Bull. Por isso, a estratégia mais certa seria manter Matt na pista para que ele conseguisse se manter na liderança e ganhar a sua primeira corrida, já que Pérez, apesar de ter escalado boa parte do pelotão, não estava próximo o suficiente para ajudar.
– Vamos manter. – anunciou, recebendo uma resposta positiva de Jim que comunicou ao engenheiro de Matt para que avisasse ao piloto que seria “mantido o plano A”, a maneira que as equipes tinham de falar sem que as outras conseguissem saber exatamente o que significava.
rolou os olhos ao ouvir a reclamação do holandês e anotou em sua mente que conversaria com ele sobre aquele tipo de comentário no rádio em plena corrida mais tarde porque, naquele momento, não podiam medir esforços para conseguir vencer a corrida.
– Hamilton fazendo a segunda parada. – Jim anunciou no rádio e suspirou, passando as mãos no cabelo e ajeitando os fones de ouvido.
– Parece que teremos Budapeste de novo. – murmurou em resposta e soltou um suspiro, movimentando o pescoço enquanto assistia em uma das telas do pitwall a parada extremamente rápida da Mercedes. Bufou de raiva, vendo o carro de Lewis retornar a pista em menos de dois segundos, atrás de Bottas e a vinte e dois segundos de distância de Hakvoort.
A partir daquele momento, a corrida se tornou totalmente eletrizante. Não havia mais nada para a equipe fazer, já que não fariam outro pitstop a não ser torcer para que Matt conseguisse preservar os pneus o suficiente para que pudessem chegar em primeiro porque, a cada, volta, Hamilton diminuía mais a distância entre os carros e era questão de tempo para a Mercedes avisar a Bottas para ceder a posição para o inglês.
A loira xingou quando isso aconteceu. Hamilton ultrapassou Bottas na volta cinquenta e seis e agora estava atrás de Matt com apenas três segundos de distância. A chefe da Red Bull colocou os cotovelos sobre a mesa de controle da pitwall e levou as mãos até o rosto, soltando um longo suspiro enquanto mantinha os olhos fixos nos pés por alguns instantes.
Não demorou para que ela ouvisse xingamentos e lamentações, fazendo com que sua curiosidade se aguçasse e ela levantasse o rosto, voltando a atenção para os monitores. Lewis havia conseguido diminuir a distância para menos de um segundo, aberto a asa móvel e na reta foi impossível para Hakvoort segurar o inglês com um jogo de pneus menos usados do que os dele.
Sua vontade foi de retirar os fones na hora e sair da pitwall assim que viu Matt em segundo lugar, mas sabia que não poderia fugir daquela maneira. Já iria o fazer quando acabasse a corrida, de qualquer forma, precisaria assistir aos instantes finais do que estava acontecendo.
Os engenheiros chamaram Hakvoort para os boxes para que ele trocasse o jogo de pneus para que conseguisse, pelo menos, a volta mais rápida, já que seria retirar, ao menos, um ponto da Mercedes, embora pensasse que aquilo não adiantaria muita coisa... Eles já teriam ganho vinte e cinco pontos.
A bandeira quadriculada foi mostrada para Hamilton, anunciando o final da corrida e a vitória do inglês. Matt chegou em segundo, seguido de Valtteri em terceiro e Pérez estava em quinto lugar.
– Uma boa corrida, Matt. Infelizmente não conseguimos hoje, mas é uma maratona e não apenas uma corrida... Tentaremos na próxima. – murmurou pelo rádio para o piloto e soltou um suspiro retirando seus fones de ouvido.
Seguiu para a cerimônia de premiação porque, apesar de estar se sentindo mal, precisava assistir ao momento para parabenizar seu piloto, afinal, era importante para a equipe ter uma boa liderança. Caminhando pelo pitlane em direção ao local onde acontecia a cerimônia, viu saindo da garagem da Mercedes acompanhado de James Vowles e de um garoto bem mais novo e que, certamente, era uma versão cópia do austríaco.
Aquele não era o…
franziu as sobrancelhas, observando o jovem rapaz e analisando o máximo as características o máximo que a distância permitia. O jovem tinha cabelos castanhos claros, mas todo o contorno do rosto, incluindo o sorriso era parecido com de .
O garoto percebeu que a mulher o estava encarando, lembrando-se que era ela a mulher com quem o pai conversou antes da corrida e que ele sabia que trabalhava na Red Bull, uma das rivais da Mercedes.
o assistiu erguer a mão esquerda e acenar em sua direção, sem entender muito bem o motivo — talvez devido ao fato de ela estar o encarando fixamente. A mulher sorriu fraco na direção dele e, quando ia mudar a direção de seu olhar, percebeu que procurou para quem o mais novo acenava, levando o próprio olhar até sua direção.
O semblante do austríaco, que antes era sério, se suavizou ao encontrar os olhos de em sua direção. Ele sorriu de forma larga para e ela até que tentou não retribuir, mas foi quase uma missão impossível. A forma intensa que Torger a olhava e a forma como ele sorria em sua direção lhe despertava algo dentro si que ela nem sabia explicar.
voltou sua atenção para o alto, onde estava o pódio, vendo Valtteri Bottas ser chamado para o terceiro lugar, enquanto sorria ainda mais. Depois de toda a situação de antes da corrida, receber aquele simples sorriso havia sido o suficiente para ele. Sabia que ela, provavelmente, ainda estaria chateada, e ele não mediria esforços para reverter a situação.
desviou os olhos da cerimônia mais uma vez, correndo para no momento em que Lewis recebia o troféu e sentiu o mesmo medo de sempre ao ver abraçar o rapaz pelo pescoço, levando uma mão até a cabeça dele para bagunçar os cabelos, enquanto o menino ria e aplaudia a vitória de Hamilton.
Mordeu o lábio inferior sozinha e percebeu que era hora de deixar a Espanha. Estava incrivelmente louca para estar em seu canto, em sua casa, e sozinha com os seus próprios pensamentos.


🏎🏆✨


– Não esqueça de avisar quando você chegar, tudo bem? – perguntou, vendo puxando sua mala e a sua bolsa de mão, pronta para deixar o escritório a caminho do aeroporto. – E, por favor, me liga se você quiser conversar.
– Tudo bem, Lou. Fique tranquila. – as duas se abraçaram rapidamente e deixou a sala, seguindo até a saída do motorhome da Red Bull sob o olhar atento da ruiva que suspirava em pura preocupação pela outra.
– Está tudo bem com a ? – uma voz fez com que a assessora pulasse no próprio lugar e foi seguida por uma risada. – Desculpe, não era minha intenção te assustar.
Smith girou o corpo, encontrando Sérgio Perez parado a alguns passos de distância, já não mais trajado de seu macacão, mas pela blusa azul da Red Bull enquanto segurava o boné em mãos, prestes a colocá-lo em sua cabeça.
A ruiva teve que se segurar porque ele exalava uma boa essência, provavelmente tendo tomado banho e se perfumado.
– Ahn… Eu achei que estávamos sozinhas por aqui. – ela riu. – está com um problema pessoal e teve que voltar às pressas para a Inglaterra.
– Notei que havia algo de errado mesmo… Ela parecia meio área na reunião de estratégia antes da corrida.
– É. Acho que ela precisa de alguns dias de descanso…
– Há algo que a gente possa fazer para ajudá-la?
– Começar a ganhar corridas. – Louise riu fraco e Checo a acompanhou na risada. A ruiva o encarou, parando de rir e arqueou as sobrancelhas. – E, você, o que está fazendo aqui? Não deveria estar dando entrevistas?
– Estou indo para lá! – murmurou, levantando as mãos em sinal de rendição e a mulher sorriu. – Juro que estava a caminho, mas aí vi você que aqui toda triste no canto e me preocupei.
Louise quis esconder a volta que seu estômago deu com aquela frase. O sorriso se formou em seu rosto e Checo se despediu com um aceno antes de murmurar que iria para as entrevistas, deixando a mulher com as bochechas queimando e o coração batendo de uma forma acelerada.


Capítulo 5


– Como foi o final de semana? – Dorothea perguntou, encarando sob os óculos de grau que usava. A loira estava sentada.
A loira estava sentada na poltrona lilás do consultório e soltou um suspiro, batendo com ambas as mãos no estofado ao lado das coxas.
– Você deve ter assistido. – murmurou como uma criança respondona e a psicóloga concordou com a cabeça, sorrindo em uma linha extremamente fina por saber que ela agiria na defensiva.
– Claro que eu assisti. – deu os ombros. – Mas gostaria que você me contasse.
– Nós perdemos. – suspirou outra vez. – Matt esteve tão perto da vitória, liderou desde o início da corrida, chegou a perder a posição para o Lewis, mas a recuperou quando ele fez o primeiro pitstop. A Mercedes fez uma segunda parada e o Matt acabou sendo ultrapassado pelo Lewis… Nós apostamos em fazer apenas uma parada e perdemos.
– Como você se sentiu em relação a isso? – a pergunta fez a loira soltar uma risada fraca. Provável que não tivesse tempo para que pudesse explicar todos os seus sentimentos durante os cinquenta minutos de consulta.
– Com raiva. – resumiu, dando os ombros.
– Esse foi o seu único sentimento? – Dorothea questionou, mantendo o olhar sobre a mulher e a vendo respirar fundo, fechando os olhos por alguns segundos. Optou por esperar que ela respondesse, retornando a sua atenção para a sua folha de anotações.
– Raiva foi o sentimento principal, mas também me senti um fracasso. Triste por ver o campeonato sendo entregue em uma bandeja para o Lewis e a Mercedes.
– Mas não são vinte e quatro corridas? Não acha que há chances para a sua equipe virar o jogo?
– Estou desacreditada. – balançou os ombros. – Estamos dando sorte nos classificatórios, mas a nossa estratégia tem sido uma merda. Sem contar que o Matt não consegue fazer os pneus durarem mais e o Sergio não está em um bom momento.
– Não acha que as coisas podem melhorar para eles? A Fórmula 1, como diversos esportes, apesar de todo o trabalho intenso e a tecnologia, pode ser surpreendente.
– Eu acho que dá para melhorar, mas não vejo o que estamos fazendo até agora como suficiente. – deu os ombros.
– Já conversou isso com a sua equipe?
– Já. Conversei com o Helmut e ele sugeriu que as melhorias continuem sendo feitas.
– É bom, não é?
– É… Mostra que ele ainda acredita que o time pode melhorar e virar a situação. – a psicóloga concordou com a cabeça, erguendo o olhar da folha que tinha sobre seu colo e encarando a chefe da Mercedes.
– Você acredita nisso?
mordeu o lábio inferior, fechando os olhos por alguns minutos. Nunca havia se questionado se acreditava ou não que a Red Bull teria chances de ganhar o campeonato desde que começaram perdendo para a Mercedes.
As suas ideias e a sua atenção eram sempre na próxima corrida e em vencer, mas não tinha analisado o campeonato de uma forma geral para perceber se havia ou não tempo para reverter tudo.
Acredita em seus pilotos, em sua equipe, no carro que tinham e nas melhorias que haviam sido feitas. Todos os ingredientes para serem campeões estavam presentes na Red Bull.
– É claro que eu acredito. – murmurou em resposta após sua pausa para pensar. – Nós temos tudo que é necessário para isso.
Dorothea balançou a cabeça e a loira sorriu sozinha.



🏎🏆✨





Grande Prêmio de Mônaco




Mônaco era a cereja da Fórmula 1. O Principado, onde a maioria dos pilotos e até alguns dos mais poderosos do automobilismo residiam, exalava luxo e ostentação. Parte disso era graças aos cassinos que ainda existiam no local, mas também pela história do país e pela riqueza que possuía.
Por isso, o Grande Prêmio de Mônaco contava com a presença de diversos famosos como as modelos mais renomadas do catálogo da Victoria’s Secret, jogadores de futebol e até mesmo atrizes e atores de Hollywood.
Mas, além de tudo isso, o Grande Prêmio também possuía os eventos dos patrocinadores. De uma maneira atípica para o automobilismo, a sexta-feira era livre dos treinos livres para que todos os envolvidos na Fórmula 1 pudessem aproveitar todas as regalias que o local proporcionava.
A quinta-feira era, então, mais ocupada que o normal, já que na sexta-feira não haveria expediente. Os treinos livres aconteciam nesse dia, em meio a todos os compromissos de mídia que Alina, como chefe da Red Bull, tinha que participar, especialmente na sexta-feira.
O primeiro dia oficial do Grande Prêmio de Mônaco havia sido surpreendente. A Mercedes parecia não estar em um bom final de semana porque Bottas e Hamilton não conseguiram nem um bom tempo nos treinos livres. A Ferrari, por sua vez, com o piloto que era monegasco havia feito um dos melhores tempos, sendo superado apenas por Hakvoort enquanto Pérez havia ficado com o quinto melhor tempo.
– Como você está? – Louise perguntou a Alina. A chefe chegou a Mônaco na quarta-feira à noite e as duas não tiveram tempo suficiente para que pudessem conversar.
– Melhor. – sorriu fraco. – Eu tive consulta com a Dorothea essa semana e me ajudou bastante.
– Isso é ótimo, Alina! – sorriu, ajeitando-se no sofá do escritório de e quis morder a própria língua antes que fizesse a pergunta, mas não se segurou. – Vai falar com o ?
suspirou antes de soltar uma risada fraca e balançar os ombros.
– Não pensei nisso ainda.
– Aposto que ele está louco para te encontrar. – Louise riu. – A forma como ele insistiu para conversar com você no meio do paddock na Espanha deixa isso muito claro…
A loira sorriu fraco e mordeu o lábio inferior para não deixar que a amiga percebesse a linha fina de felicidade que surgiu em seu rosto com o comentário. Lembrou-se da corrida em Barcelona, do sorriso de em sua direção quando percebeu que ela analisava a sua versão mini…
– O filho dele estava em Barcelona. – murmurou, fazendo com que Louise arqueasse as sobrancelhas.
– É, eu percebi que o menino era a cara dele. – a ruiva riu. – Isso te assustou? – analisou a expressão da amiga em busca de alguma resposta, mas tudo que ela fez foi morder o lábio inferior incerta sobre o que responder.
– O conceito de família me assusta. – suspirou. – Esse é o presente que Margarethe e Ruggero me deram para a vida.
Fechou os olhos por alguns segundos porque não gostava de comentar sobre aquele assunto. Falar sobre a própria família e expor seus medos era algo doloroso para a loira, ainda que fosse para alguém tão próximo como Louise.
– Talvez você devesse conversar com o . – a ruiva murmurou após alguns minutos em silêncio e a loira abriu os olhos. – Seja lá o que tenha acontecido em Barcelona, conversar vai ser bom para resolver as coisas.
Deu ombros apenas para conseguir finalizar a conversa porque sabia que acabaria cedendo na próxima vez que encontrasse com .
Estava mais calma, havia falado para Dorothea seus medos e conseguia entender algumas coisas de uma forma mais clara do que antes.



🏎🏆✨



– Não há nada de errado com os carros, de acordo com os dados que temos dos FPs. – James Alisson dizia, apontando para os dados que apareciam na tela atrás dele durante a reunião da Mercedes. – Precisamos ver como vamos no sair no sábado, mas acho que hoje foi apenas má sorte.
– Então, não acham que há muito a ser feito? – Valtteri perguntou e o engenheiro balançou os ombros, soltando uma risada fraca.
– Acho que o máximo que podemos fazer é acelerar até o limite. – todos concordaram com a cabeça e Alisson encarou o chefe da equipe que havia convocado a reunião, mas que, até o momento, não havia feito nenhum comentário sobre o assunto.
tinha uma das mãos embaixo do queixo enquanto seu olhar estava preso na tela em que os gráficos da Mercedes eram mostrados, mas não prestava atenção em nenhum deles.
Mônaco lhe trazia lembranças do dia em que havia confessado seus sentimentos por Alina. Ele ainda se lembrava da forma que se sentiu quando viu a mulher entrando no elevador em que ele estava, se lembrava da maneira que ela o olhou, absolutamente surpresa, quando ele revelou que ela não saía de sua cabeça, o que não era mais do que a pura verdade.
se lembrava perfeitamente de como queria saber quem era a loira quando a viu pela primeira vez no evento do final da temporada proposto pela FIA na Suíça. Ainda conseguia se lembrar perfeitamente daquele dia, talvez fosse um daqueles momentos que jamais se apagariam da memória porque , simplesmente, brilhava mais do que qualquer outro, atraindo a atenção de todos.


Flashback.
Premiação da Federal Internacional de Automobilismo, Genebra, Suíça.




estava entretido na fala de Sebastian Vettel que comentava sobre sua recente mudança para o país em que acontecia o evento da FIA, expondo toda a tranquilidade que era viver em um ambiente próximo aos Alpes enquanto Lewis Hamilton, parado em frente ao piloto da Ferrari, negava que viver no país era melhor do que Mônaco.
O estilo completamente diferente dos dois pilotos fazia o chefe da Mercedes querer rir por boa parte da pseudo discussão que, sem dúvidas, não levaria nenhum deles a nenhum lugar, mas que era altamente divertida.
, você já morou em Mônaco. – iniciou Lewis, encarando o chefe de sua equipe que ainda sorria. – Certamente melhor do que a calmaria dos Alpes, não é?
– Eu diria que a Inglaterra ganha de ambos os lugares. – murmurou, dando os ombros e rindo da expressão dos dois que acreditaram que ele escolheria algum lado naquela discussão.
Sebastian voltou a falar e levou seu olhar até a entrada do salão, já que todos os fotógrafos que haviam envolta do local colocaram suas câmeras para trabalhar e ele ficou curioso para saber quem havia chegado ao ponto de chamar tanta atenção daquela maneira - já que Hamilton, o vencedor da temporada, já estava por lá.
Não demorou para que pudesse ver Matt Hakvoort saindo da frente dos fotógrafos e entrando no salão. O piloto da Red Bull foi cumprimentado por algumas pessoas e o olhar de nem mesmo se preocupou em segui-lo porque ficou preso na pessoa que vinha depois do holandês.
A mulher de cabelos loiros que caíam sobre os ombros, dona de uma beleza estonteante. O vestido preto de um ombro só era acinturado e ainda contava com uma fenda que terminava uns cinco dedos acima do joelho da perna direita.
Ele franziu as sobrancelhas, sem ter a menor ideia de quem era a mulher misteriosa. Sabia que não era esposa de Christian Horner, apesar de ela ter parado para conversar com ele naquele momento, porque o inglês era casado com uma ex Spice Girl.
Poderia ser a acompanhante de Hakvoort?, pensou, mas não viu o piloto próximo a mulher e ela, certamente, parecia ser demais para ele.
Observou os três conversarem sem retirar os olhos dela. Fazia algum tempo que já uma mulher o encantava dessa maneira, mas ele não conseguia retirar os olhos dela. Da maneira que ela falava com os outros dois homens, da forma que ela parecia estar tímida no local, da forma que ela se portava.
Christian Horner falava alguma coisa que não deu atenção porque seu olhar estava ocupado demais percorrendo o salão. Já havia estado em Genebra algumas vezes, mas claro que não para uma ocasião daquelas: a premiação da temporada.
Geralmente, ela assistia os streams do evento em seu notebook acompanhada de uma garrafa de vinho. Mas, dessa vez, ela havia sido levada para lá para que pudesse assistir de perto e para conseguir se comunicar com os maiores nomes do automobilismo já que assumiria o cargo de Horner na próxima temporada.
Os olhos da mulher pararam sobre Sebastian Vettel s algumas mesas de distância. Ele conversava com Lewis Hamilton e próximo aos dois campões estava o homem que ela conhecia de nome e de vista, , o chefe e CEO da Mercedes, em um belíssimo smoking com gravata borboleta.
Ele também a encarava e se sentiu um pouco tímida ao notar a intensidade do olhar de . Não escondeu e nem disfarçou o olhar descendo pelo seu corpo, e, quando retornou aos seu rosto, sorriu em sua direção e arqueou uma sobrancelha em um cumprimento silencioso.
Ela quis balançar a cabeça, sem entender muito a reação dele, mas não podia negar que o homem era charmoso. Um puta de um gostoso, na verdade. Conseguia sentir, mesmo de longe, todo o poder que ele exalava e aquilo, com certeza, era capaz de despertar o desejo de diversas mulheres.
– Christian chegou. – Sebastian murmurou ao perceber a presença do antigo de chefe, mas antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, a voz de Lewis perguntou:
– Ele separou da ruiva das Spice Girls? – teve vontade de abraçar o piloto, mesmo sabendo que sua curiosidade era apenas porque ele conhecia as integrantes do grupo por ter participado de um evento qualquer com elas.
– Está falando sobre a moça de vestido preto? – Vettel riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Ela é a engenheira de pista da equipe… Alina.
repetiu o nome em silêncio apenas para ver como eles soavam quando eles saiam por seus lábios. Era certamente um nome lindo que combinava diretamente com a mulher.
– Eu vou cumprimentá-los. – Sebastian anunciou, pedindo licença e os dois homens concordaram com a cabeça.
O olhar de seguiu Vettel até ele chegar a Christian e Alina. Assistiu ao sorriso largo no rosto dela quando viu o alemão se aproximar e a forma como eles conversaram por longos minutos. Pareciam ser amigos mesmo.
Manteve seu olhar nela. Parecia que existia um imã que o impedia de sair dali, mas ele não reclamava, de jeito algum, estava completamente sem palavras para ela e louco para que tivesse a chance de vê-la na próxima temporada.
Afinal, , certamente não sairia de sua mente tão facilmente.
Fim de flashback.


O austríaco sentiu um toque em sua perna, retornando ao momento atual e sendo obrigado a sair de suas lembranças com Alina. A realidade era muito mais dura porque tinha todos os olhos dos companheiros de equipe sobre si, esperando uma posição sua sobre algum assunto que ele não fazia a menor ideia do que poderia ser.
. – Lewis o chamou com um sorriso no rosto. – Está tudo certo?
– Me desculpem… Não prestei atenção na última parte.
James Vowles concordou com a cabeça e voltou a expor tudo o que havia sido dito sobre os gráficos que estavam sendo expostos. O estrategista falava, agora tendo toda atenção do chefe, que, dessa vez, teceu os seus comentários sobre o que estava sendo analisado e o desempenho da equipe nos dois primeiros FP.
Quando a reunião terminou, todos foram liberados para saírem do circuito, já que no outro dia não havia expediente para a maioria, e soltou um suspiro enquanto seguia para a própria sala para buscar seus objetos pessoais para que pudesse ir para o hotel.
A lembrança da primeira vez que havia visto tinha mexido com o chefe da Mercedes porque ele estava sentido falta dela. Já estava acostumado a ter a presença da loira aos finais de semana e era difícil quando não se encontravam — e ele não falava apenas do sexo. Ele adorava estar na companhia de , mesmo que por poucos minutos. Gostava de ter a chance de conversar com ela, de vê-la de perto e a, melhor parte de todas, gostava de tê-la em seus braços.
Balançou a cabeça de um lado para o outro. A cada dia em sua vida, ele tinha certeza do sentimento que possuía por e isso não o assustava porque ele queria aquele sentimento. O que dava medo ao austríaco era a reação da mulher e a forma que ela lidaria com a ideia dos dois serem um casal de verdade.
Não podia mais ficar longe de .
Essa era a verdade.



🏎🏆✨



usava o robe em tom marsala enquanto, o deixando cair sobre sua coxa, enquanto mantinha uma perna sobre a cama, espalhando o hidratante corporal por toda a extensão de sua perna com a maior calma e delicadeza possível com a sua playlist tocando no último volume que seu celular possuía.
Havia aceitado o convite de para que as duas fossem ao Blue Bay, um dos mais famosos restaurantes de Monte Carlo. Fazia tempo que as duas não aproveitavam uma noite sem se preocupar com o trabalho e, como a sexta-feira em Mônaco era mais tranquila, parecia ser a ocasião perfeita.
Batidas foram dadas na porta de seu quarto e a loira franziu o cenho, parando de passar o creme e abaixando a perna. Checou no iPhone o horário, pausando a música, e se certificando que não estava atrasada e que não havia chances de ser Louise a porta.
Ajeitou o robe sobre o corpo, cobrindo um pouco mais a lingerie que usava e caminhou até a porta, abrindo apenas uma frecha para que, caso fosse algum funcionário, a chefe da Red Bull não fosse vista em trajes não convencionais.
Mas, ali, a sua frente, estava alguém que já havia visto várias vezes o que existia por debaixo do robe que ela usava. arfou ao ver parado com as mãos nos bolsos da calça que usava e uma feição um tanto quanto apreensiva no rosto.
– Atrapalho alguma coisa? – indagou, curioso pela forma que ela segurava a porta e balançou a cabeça de um lado para o outro, encostando o rosto na mão que segurava a porta.
– Não… O que você quer?
– Podemos conversar? – perguntou, recebendo um suspiro como resposta em primeiro lugar e sabia que ela já estava irritada por ele estar sendo tão insistente naquele assunto. – Alina, você entendeu errado o que eu disse. Eu gostaria de me explicar e…
A voz de morreu no ar quando a mulher abriu a porta toda, revelando o pequeno robe marsala que usava, e permitindo que ele entrasse na suíte. Ele sorriu, completamente surpreso e feliz com a ação dela, entrando no quarto rapidamente.
– Eu não quis te chamar de fracassada. – murmurou assim que os dois pararam um de frente para o outro em frente a cama do quarto. – E você não é uma chefe fracassada. Christian terminou seu trabalho na Red Bull com o quinto lugar nos campeonatos… Você, em seu ano de estreia, levou a equipe ao segundo lugar! Hakvoort conseguiu superar o Bottas no ano passado e teve o segundo lugar. – o homem suspirou. – Eu não menti quando eu disse que admiro você. Assim como eu não estou mentindo agora. Você é uma mulher poderosa, . Você tem noção que é, mas ainda parece se importar muito com o que as pessoas falam de você, e, adivinhe só? Não se importe com elas. Mostre o resultado do seu trabalho! Eu não digo que vou torcer para que você ganhe os campeonatos, porque eu estaria indo contra mim e a minha equipe, tudo o que nós lutamos para conquistar, mas eu não duvido seu potencial de conseguir levar a sua equipe ao topo.
finalizou o curto discurso, mantendo os olhos na mulher a sua frente que piscava algumas vezes em sua direção, com a respiração um pouco mais acelerada que o normal.
continuou em silêncio, apenas com o olhar preso no dele e balançou os ombros, percebendo que, talvez, ela não fosse falar nada. Mas o que importava era que ele já havia dito o que pensava. Ela que pensasse nas palavras dele.
– Bom… É isso. Até outra hora, . – murmurou, passando por ela e seguindo em direção a antessala do quarto.
pareceu acordar do pequeno transe ao qual as palavras de a levaram ao perceber que ele estava indo embora e ela não havia dito nada sobre o discurso dele.
De forma apressada, girou nos próprios calcanhares, seguindo para a antessala e chamou pelo do austríaco antes que ele concluísse o movimento sobre a maçaneta para abrir a porta.
!
se virou para trás, encontrando a mulher parada a uma curta distância dele e uniu os lábios nos dele em um beijo acelerado, repleto de desejo.
As mãos firmes do austríaco foram para a parte de trás da cintura da mulher, a puxando para próxima de si, como se pudesse fundi-los naquele momento. Enquanto o abraçava pelo pescoço, ficando nas pontas dos pés para que conseguisse alcançar o rosto dele.
caminhou, empurrando , em direção a parede mais próxima e a mulher gemeu entre o beijo ao sentir a parede gelada tocar seu corpo. Ele sorriu, afastando-se dela para começar a beijar toda a extensão do pescoço, enquanto sua mão desfazia o simples laço do robe que ela usava. Questão de segundos para a peça ir ao chão.
Os beijos lascivos de seguiam por cima do sutiã de enquanto suas mãos tateavam a parte de trás das costas da mulher para que conseguisse abrir e retirar a peça. Um gemido alto escapou pelos lábios da loira quando a boca quente do mais velho entrou em contato com seu seio esquerdo e pode sentir a mão livre massageando o direito.
As carícias deliciosas, mas ainda torturantes, faziam com que ela se contorcesse sob o toque, e buscasse um contato com o corpo dele. Levou as mãos até a barra da blusa de , puxando a para cima e soltou um muxoxo triste quando os lábios e a mão dele se afastaram de seus seios, sendo logo surpreendido ao ver o peitoral do homem exposto em sua direção.
sorriu, esticando a mão e descendo as unhas pelo local devagar ao mesmo tempo em que mordia o lábio inferior. Desceu a mão até alcançar o cós da calça que ele usava e o encarou com as sobrancelhas arqueadas, com um ar de falsa inocência.
– Você sabe o que fazer. – sorriu na direção dela e abriu o botão da calça, seguida do zíper, permitindo que as calças de caíssem no chão.
Correu sua mão por toda a extensão do membro dele sob a cueca, levantando o olhar para encontrar os olhos castanhos do mais velho enquanto descia lentamente a peça. movimentou as pernas, atirando os sapatos e as peças de roupas para qualquer canto enquanto se ajoelhava a sua frente.
Ele sorriu em antecipação e fechou os olhos ao sentir a boca da mulher ao redor de seu membro. não fez cerimônias e nem qualquer tipo de joguinho, apenas sugando o membro de enquanto sua mão se movimentava na parte que ela não conseguia alcançar totalmente.
Ergueu o olhar, encontrando os olhos fechados do austríaco e sugou a glande de seu pênis, fazendo com que ele tremesse levemente sobre o seu toque.
As mãos do mais velho foram para seus cabelos, os puxando e a afastando de seu corpo. se levantou e o homem a girou, empurrando-a contra a parede antes de lhe dar um tapa estalado em sua bunda.
Sorriu, virando o rosto para encará-lo pelo canto do olho e não demorou muito para que sentisse sua calcinha escorregar por suas pernas. afastou as pernas de Alina, levando os dedos até sua intimidade e os movimentando no local.
O gemido alto de fez com que ele penetrasse dois dedos de uma só vez e sorrisse quando a mulher projetou o corpo para frente, procurando alguma forma de se segurar contra a parede.
Desceu os lábios até o local, movimentando a língua por toda extensão da intimidade de enquanto seus dedos de movimentavam em seu interior. já conseguia sentir as paredes vaginais da mulher se encolhendo contra ele, os gemidos se tornando cada vez mais altos e parou todos os movimentos quando sabia que ela estava prestes a gozar.
Um outro tapa estalado foi dado na bunda de enquanto ela virava o rosto para xingar o homem.
– Isso é por não ter falado comigo na Espanha.
– Seu filho da… – o final da frase foi substituído por um gemido porque havia se enfiado por completo dentro dela. Um gemido sôfrego escapou pelos lábios do homem enquanto ele grudava o rosto na lateral do rosto de Alina.
Os movimentos do quadril eram firmes e duros em direção de . murmurava palavras sem nexo em alemão, apertando o seio da mulher antes de levar uma mão até o clitóris dela.
sentia que as pernas poderiam falhar a qualquer momento. Seu coração batia descompassado e sua respiração estava totalmente acelerada enquanto gemia contra seu ouvido. Ela adorava o fato que ele não se segurava em momentos como aquele.
Uma das mãos de foram para trás e ela puxou o couro cabeludo de , sentindo a conhecida sensação maravilhosa percorrer todo o seu corpo, tremendo em um orgasmo fascinante e permitindo o gemido de ecoar por sua garganta.
retirou a mão dela de seus cabelos, erguendo os braços da mulher rente a parede e segurou em seus pulsos, mantendo-a presa enquanto acelerava o máximo que podia seus movimentos, sabendo que não demoraria muito para atingir ápice também.
suspirou ao sentir seus seios entumecidos em um atrito leve contra a parede e empinou ainda mais a bunda para trás, fazendo com que mordesse o lábio inferior enquanto se desfazia dentro dela.
deixou o rosto cair sobre as costas de e a mulher encostou a cabeça na parede, soltando uma risada cansada, fazendo com que o homem se afastasse para observá-la.
– O que foi? – perguntou, curioso.
– Acho que eu vou cair a qualquer momento… – riu. – As minhas pernas não me obedecem mais.
riu, retirando-se de dentro de e se afastou da mulher. A mulher girou o corpo, mas antes que pudesse caminhar em direção ao quarto, se curvou, passando os braços pelas pernas da mulher e a erguendo em seu colo, caminhando em direção à cama.
soltou um gritinho assustado que se tornou uma sequência de risadas com a cena, caindo poucos segundos depois sobre a cama com ao seu lado.
– Eu sinto muito pelo surto que eu tive em Barcelona. – murmurou, após alguns minutos em silêncio. – Eu deveria ter te dado a oportunidade de conversar comigo. Não posso prometer que eu não vou surtar novamente… – soltou uma risada fraca. – Mas posso prometer ser menos dura com você.
– Eu agradeceria. – riu, sentindo os olhos pesarem, mas virou o corpo de lado para que pudesse encarar Alina. – Eu espero que você acredite em tudo que eu disse hoje e que, um dia, você permita que eu saiba tudo o que se passa por trás disso que você chama de surto.
– Regra número três, . – murmurou em resposta e riu fraco, balançando os ombros antes de fechar os olhos.
– Um dia suas regras irão cair por terra, .
franziu as sobrancelhas, tentando entender o que aquilo significava, mas, quando voltou a olhar para o austríaco, percebeu que ele parecia estar dormindo de tão sereno que sua face estava.
Suspirou, levando a mão até o rosto e tentando se conter. Pensou que deveria acordá-lo, lembrá-lo da maldita regra e já podia sentir o coração palpitando mais rápido que o normal.
– Merda, Alina. Se acalme!
Fechou os olhos, levando uma mão até o peito, controlando a própria respiração para que conseguisse não surtar com o que estava acontecendo bem ali.
Mesmo sem ela perceber, seu corpo foi se acalmando e se rendendo ao cansaço que a atividade de minutos atrás lhe causou e se rendeu ao sono, esquecendo-se completamente da presença de ao seu lado.



🏎🏆✨



Um toque distante fez com que abrisse os olhos de forma lenta para que conseguisse se acostumar com a claridade e entender o que estava acontecendo.
A loira levou uma das mãos ao rosto, esfregando sobre os olhos e tentando, sem sucesso, erguer o corpo sobre a cama. Virou o rosto para o lado, percebendo que ainda estava em seu quarto.
Um suspiro escapou por seus lábios e um frio percorreu a sua espinha ao notar o braço do austríaco sobre a sua cintura, caindo sobre a sua barriga, adormecido de forma tranquila.
Irritada com o toque do celular, esticou o corpo, empurrando o braço de para longe, fazendo com que ele se movimentasse, afastando-se dela e parecendo despertar.
deslizou o dedo sobre a tela do celular, atendendo a chamada sem nem mesmo verificar quem poderia ser porque sua atenção estava voltada para se esticando atrás de si.
– Alô? – murmurou, mordendo o lábio inferior e com um milhão de pensamentos correndo por sua mente de forma atrapalhada.
– Onde você está? – a voz de Louise do outro lado da linha fez com que batesse com a palma da mão na própria testa.
– Lou…
– Está com o ? – perguntou antes de soltar uma risada fraca. – Meu Deus, Alina! Você poderia ter me avisado… Eu estou totalmente pronta para ir e confirmei a reserva.
– A gente pode se encontrar lá. Eu só preciso me arrumar… – coçou a própria nuca vendo encostar-se na cabeceira da cama, cruzando os braços sobre o peito e observando ao telefone.
– Não… Eu não vou atrapalhar a sua noite. – Louise suspirou. – Eu janto sozinha, sem problemas.
– Você tem certeza? Em vinte minutos eu fico pronta.
– Tenho, Alina. Cuida aí da sua vida e aproveita a sua noite…
suspirou, despedindo-se da amiga e finalizando a ligação, segurando o celular contra o queixo. Parecia que quando estava por perto, ela simplesmente esquecia de qualquer compromisso.
Colocou o celular sobre a mesa ao lado da cabeceira e se virou para o lado, percebendo que ainda a encarava com um sorriso fraco no rosto.
– Não precisa me lembrar das regras. – murmurou o austríaco ao empurrar o lençol, levantando da cama. – Eu vou tomar um banho, posso?
– Ainda bem que você sabe que eu falaria das regras. – deu os ombros. – Fique a vontade… Há toalhas limpas no armário.
– Eu já sei um pouco de você, . – soltou uma risada fraca e parou antes de atingir a porta do banheiro. – E eu saberia mais se você permitisse…
– É contra as regras, .
– Já estamos há um ano nisso, Alina… Qual o seu medo em me deixar saber mais sobre você? – cruzou os braços e a mulher suspirou. – Tem medo de se apaixonar?
, nós já conversamos sobre isso… – murmurou, optando por não responder a última pergunta e balançou a cabeça de um lado para o outro, se dando por vencido, enquanto caminhava em direção ao banheiro para tomar uma ducha.
A mulher suspirou alto quando ouviu o chuveiro ser ligado, jogando o corpo sobre os travesseiros da cama e tentando relaxar por alguns minutos. Se lembrou do momento que teve com mais cedo, sorrindo sozinha, pensando em como os dois possuíam química e como seus corpos se encaixavam de uma maneira perfeita.
Porém, pensar em um relacionamento sério traziam uma série de calafrios para o seu corpo, trazendo-lhe lembranças extremamente negativas e dolorosas que a perseguiam sem parar. Não conseguia se sentir em paz nem por um segundo.



Flashback.


se sentia entediada. Absurdamente entediada por estar em casa vinte e quatro horas por dia, praticamente. Sair de casa apenas para ir fazer compras no mercado não era exatamente o que ela considerava como uma saída.
Sentia falta de estar com suas amigas. Sentia falta de estar em um pub qualquer e tomando uma bebida que já não mais sabia a procedência devido a alta quantidade de álcool que já percorria a suas veias.
Sem dúvidas que sentia falta de sua vida de antes. Ela não mais se reconhecia, nem mesmo quando se olhava no espelho pela manhã, ela não sabia quem era aquela mulher que refletia no espelho.
Já não havia mais o mesmo brilho em seus olhos, havia escutado isso de outras pessoas. Mas, não era apenas por fora que ela estava diferente; não era apenas a sua aparência que havia mudado.
Em seu interior, ela também sabia que estava diferente. Não era mais a . Ela havia se tornado extremamente dependente, aquela que olhava para o redor e, mesmo ao ver que tudo estava caminhando cada vez mais para o fundo do poço, não se via no direito de buscar de sair de lá. Não via como sair dali, ainda mais se a única pessoa que poderia ajudá-la e prometia dar-lhe o mundo, não fazia nada disso.
– O que está fazendo? – a voz dele soou pela casa e limpou a lágrima que escorria por sua bochecha, guardando rapidamente a foto que segurava entre os dedos de volta na gaveta do escritório.
– Nada. – respondeu, virando-se para trás e encontrando as irises verdes que costumavam tanto lhe encantar, mas que, nos últimos anos, apenas eram capazes de lhe lembrar do fracasso que era sua vida pessoal.
Ela desceu os olhos pelo corpo do rapaz, percebendo que ele já usava uma roupa diferente do que há trinta minutos atrás, quando retornou do trabalho, e mordeu o lábio inferior.
– Você acabou de chegar… Já vai sair? – perguntou, incerta se deveria ou não fazer aquela pergunta, afinal, vivia pisando em ovos nos últimos anos.
– Hoje é aniversário do Bart. – respondeu com um sorriso no rosto, antes de depositar um beijo na testa da mulher de forma apressada. – Não me espere acordada.
suspirou. Conhecia muito bem aquele discurso de tanto que havia o escutado nos últimos anos, mas que conhecia tão bem… Ele chegaria, pela madrugada, fedendo a álcool e a perfume feminino barato, deitando-se ao seu lado na cama e a puxando para um abraço que a fazia ter vontade de vomitar.
Por tantas vezes jurou que não aceitaria nada parecido com aquilo, mas ali estava ela, sendo submetida aquilo pelo medo e por todas as lembranças que a acompanhavam da sua infância.
Ela não se reconhecia mais.
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Fim do flashback.




? – acordou de seus pensamentos ao escutar o tom de voz mais alto de , fazendo com que ela pulasse sobre a cama. – Desculpe, não queria assustá-la.
Ergueu o olhar, encontrando já devidamente vestido com a roupa que havia chegado em seu quarto. A mulher se levantou, ainda nua e caminhou em direção a antessala para que pudesse buscar o seu robe.
– Nos vemos no domingo? – perguntou ao ver se aproximar dela, levando uma das mãos até a sua cintura e curvando o corpo para que pudesse grudar os lábios nos dela.
– Não consegue ter o suficiente, não é? – ele soltou uma risada fraca, unindo os lábios nos de e apertando a cintura dela. – Nos vemos no domingo, .
– Até domingo, .
– Meu nome nunca foi tão sexy quanto sai pelos seus lábios. – murmurou, passando o polegar pelo lábio inferior da loira e riu, prendendo o dedo entre seus dentes e piscando na direção de .
O levou até a porta para que ele saísse do quarto e acenou ao ver seguindo em direção ao elevador. Ela suspirou ao ver o homem sorrir em sua direção e ignorou o seu coração batendo de forma acelerada enquanto retornava para a cama.



🏎🏆✨



Louise suspirou ao finalizar a ligação com Alina. Uma parte dela estava feliz que a amiga estivesse com , estivessem eles conversando ou apenas transando — e ela não tinha dúvidas que era apenas a segunda opção; mas a outra parte estava triste porque teria que jantar sozinha.
Se havia algo que a ruiva detestava era não ter companhia para fazer as coisas. A chefe e amiga sempre lhe dizia que ela deveria ser mais independente, já que era fácil para sair para jantar sozinha ou até mesmo ir ao cinema, mas Louise ainda era dependente de pessoas para fazer as coisas.
Guardou o celular dentro da bolsa, deixando a suíte em que estava hospedada e seguiu em direção ao elevador quase rastejando. Não queria ir sozinha, mas também não queria perder a chance de conhecer o melhor restaurante de Monte Carlo, dono de uma estrela Michelin.
Caminhou em direção ao elevador em passos largos, embora tivesse com vontade de retornar para o quarto. Sentiu a presença de alguém ao seu lado, quando retornou a posição original após apertar o botão do elevador para que pudesse descer para o saguão.
– Checo! – sorriu ao ver o piloto ao seu lado. – Como vai?
– Bem e você? – ele sorriu, ajeitando a blusa social branca de linho que usava, com os três primeiros botões abertos. – Vai sair?
– Bem também. – deu os ombros. – Eu iria sair para jantar com a Alina, mas ela está… – mordeu o lábio, pensando em uma resposta melhor do que dizer que a chefe estava ocupada com o chefe da equipe rival. – Ocupada.
– Eu imagino… A corrida em Mônaco não é tão fácil quanto parece e temos muita pressão por resultados.
– Nem me fale. – Louise suspirou, entrando no elevador assim que ele parou no andar e o mexicano a seguiu.
– Você está sem companhia para o jantar, então? – perguntou, com um sorriso nos lábios e a mulher concordou com a cabeça. – Posso me juntar a você?
Louise quis gritar. Não acreditava que estava ouvindo aquela pergunta e nem que ela veio seguida de um sorriso ladino que era capaz de deixá-la louca.
Murmurou um “sim” que ela sabia que havia sido fraco demais, mas era melhor do que surtar de felicidade do lado do piloto, sentindo todo seu corpo se tremer por estar indo sair junto com ela.
Louise se sentia como uma adolescente saindo com o seu primeiro crush. A forma que seu coração batia acelerado e a forma como seus olhos não saiam de Checo Pérez era uma prova disso. Mas também existia a forma que ele lhe olhava e que faziam calafrios percorrer o seu corpo.
O sotaque dele, o sorriso, o jeito tímido misturados ao sangue latino que lhe dava um ar mais sensual eram o suficientes também para fazê-la ter pensamentos impuros. Não podia deixar de lembrar de lhe doendo que queria que os membros da equipe fizessem sexo porque ela se preocupa com todos.
Ela sorriu enquanto era guiada para dentro do táxi junto ao piloto e os dois seguiam para o restaurante. Precisou mandar o coração se acalmar para que pudesse ter uma noite tranquila e divertida com o mexicano.



🏎🏆✨



Sexta-feira havia sido um dia tranquilo. cumpriu sua agenda que era participar de alguns eventos dos patrocinadores da equipe, na companhia do consultor, Helmut Marco, e dos pilotos, Matt e Sergio.
Além disso, participou de um desfile de moda masculina que tinha alguns pilotos do grid como modelos. Foi muito divertido ver Daniel Riccardo, em seu jeito palhaço, desfilando na passarela com um terno extremamente bem recortado em seu corpo.
O sábado havia começado extremamente cedo como era de costume. Fez sua rotina matinal, que incluía responder a e-mails e se preparar para o classificatório, deixando o quarto após estar totalmente arrumada para o dia.
Havia escolhido uma calça pantacourt creme, uma blusa branca de mangas curtas, um blaser cinza e, nos pés, estavam seus amados scarpins. Não importava qual fosse o Grande Prêmio, ela sempre estaria de salto, mas Mônaco requeria uma produção mais sofisticada que as outras.
assistiu o classificatório da pitwall. De seu lugar de origem pode ver a Ferrari sendo extremamente rápida, talvez Charles Leclerc estivesse inspirado por estar em casa, mas Hakvoort não ficava muito distante, o holandês deixava essa parte para Hamilton que ficou em 7º lugar.
Quando Charles bateu o carro, suspirou com raiva porque Matt não conseguiria abrir uma nova volta para tentar superá-lo. A bandeira vermelha foi acionada, encerrando o classificatório e ela pode ouvir Hakvoort xingar no rádio.
– Se o Leclerc não largar amanhã, nós temos a pole. – Gary murmurou para ela através do rádio e riu.
– Isso somado à Bottas em terceiro e Hamilton em sétimo. – se conteve para não bater palmas de alegria, mas o sorriso não saiu de seu rosto.
Analisando a Ferrari do último ano, não seria surpresa Hakvoort conseguir ganhar a pole position no dia seguinte e conseguir, finalmente, ganhar a sua primeira corrida da temporada.
A chefe da Red Bull cumprimentou seus pilotos assim que eles chegaram a garagem, antes de seguirem em direção ao centro de mídia.
– Alina, o pessoal da Sky Sports da Itália quer uma entrevista com você… – Louise disse, aproximando-se da chefe e a loira riu.
– Todos querem. – brincou, arrancando risada da loira e as duas seguiram para fora da garagem com a ruiva tendo olhar preso em Checo. – Você deveria falar com ele, sabia?
– Com quem? – se fez de desentendida e rolou os olhos por debaixo dos óculos de sol que usava naquele momento.
– Pérez. – murmurou em um tom mais baixo. – Você fica toda bobinha quando o vê… Acho que é uma questão de tempo para que ele perceba que você está afim dele.
– Nós jantamos ontem. – murmurou, mordendo o lábio inferior e arregalou os olhos. – Não foi nada demais! – se apressou em dizer. – Você estava ocupada e ele me encontrou esperando o elevador… Meio que se convidou a ir comigo. – deu os ombros. – Eu não tinha motivos para negar.
– Eu não acredito que você perdeu a chance, Louise! – reclamou, levando uma das mãos até o rosto e a ruiva deu os ombros novamente.
– O homem acabou de se separar, Alina. Eu não me atirar nos braços dele.
– Por que não? – questionou. – Talvez o casamento dele estivesse tão ruim que faz tempo que ele não tem uma boa transa…
– Meu Deus! – reprovou o comentário, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Você sempre tem que fazer um comentário relacionado a sexo, não é?
– Não sabia que você havia se tornado puritana. – lhe mostrou a língua, igual uma criança. – Além do mais, eu, como a chefe da equipe, devo me preocupar com a saúde e o bem estar dos meus pilotos. Falta de sexo deixa as pessoas mais tensas e chatas. Eu não quero isso na minha equipe.
Louise gargalhou, balançando a cabeça de um lado para o outro e as mulheres se aproximaram dos jornalistas da Sky Sports da Itália, que havia conversado com a assessora da Red Bull para que conseguissem conversar com a chefe da equipe.
Federica Masolin e Davide Valsecchi eram os entrevistadores do canal e os cumprimentou com um aperto de mãos. Acabava por ser comum que conhecesse alguns dos jornalistas de tanto que conversava com eles a cada Grande Prêmio.
Estava parada com um microfone vermelho e azul do canal em suas mãos para que utilizasse para responder as perguntas que seriam feitas, quando o produtor se aproximou.
– Algum problema se fizermos uma entrevista junto com o chefe da Mercedes? – a pergunta era diretamente direcionada a Alina, que estava parada entre Federica e Davide, que a olharam esperando por uma resposta.
– Sem problema nenhum. – deu seu melhor sorriso e, realmente, não via problema em fazer uma entrevista com . Claro que as provocações acerca de suas respectivas equipes seriam mais diretas e ao vivo, mas, fora isso, não havia problemas.
Não demorou muito para que se juntasse aos três. Devidamente trajado com as roupas oficiais da Mercedes, ele se aproximou de Federica, após receber um microfone do produtor, e notou perfeitamente o momento em que ele encarou a italiana de cima à baixo, sem qualquer pudor.
Da mesma forma como fazia com ela algumas vezes.
Não satisfeito em apenas encarar a mulher descaradamente, também o ouviu comentar em alto e bom tom:
– Você está espetacular. – a frase foi acompanhada de uma risada por parte dele e por parte de Masolin, o que fez com que a chefe da Red Bull tivesse vontade de rolar os olhos.
Teve vontade de rolar os olhos com aquela interação entre os dois. Nem mesmo sabia que possuía tanta intimidade assim com a italiana para que pudesse fazer um comentário aquele nível, seguido com uma secada daquelas.
Um aperto se formou em seu peito e um nó em sua garganta. Tudo que ela conseguia sentir naquele momento era uma sensação estranha que ela não conseguia explicar exatamente.
Estava com raiva de pelas risadinhas que ele seguia trocando com Federica, parecendo que existia apenas a italiana no local, que era uma mulher muito linda por sinal. Sentia vontade de largar a porcaria do microfone de qualquer jeito e não responder a pergunta nenhuma para que os dois pudessem aproveitar o momento sem qualquer tipo de problema.
Teve vontade de rir, sentindo-se totalmente patética. Engoliu seco, guardando para si toda a vontade de mandar e Federica irem à mesa e torceu para que aquela porcaria de entrevista começasse logo. Quanto mais cedo começasse, mais cedo ela poderia sair de perto daquela cena ridícula que estava acontecendo.
– Estamos aqui, direto de Monte Carlo, em Mônaco, às vésperas de mais um Grande Prêmio de Fórmula 1. Aqui conosco estão o chefe da Mercedes AMG Petronas, , e a chefe da Red Bull Racing Honda, . – Masolin falou com os olhos focados na câmera antes de se virar na direção dos dois que estavam lado a lado. – Vamos começar com a .
– Claro, primeiro as damas. – o austríaco murmurou, sorrindo para a italiana e gesticulando na direção da loira. riu, vendo Federica rir mil vezes mais, e teve vontade de dar uns bons tapas em .
– Alina, Grande Prêmio de Mônaco. Quais as suas expectativas?
– As melhores possíveis. – sorriu, guardando a raiva no fundo de sua garganta e ganhando novamente a pose de chefe poderosa da equipe Red Bull Racing. – Passamos as últimas semanas em nossa fábrica, tentando entender o que poderia ser feito para que o nosso carro fosse mais rápido e eu acho que tivemos a resposta nos dois treinos livres de hoje. Matt foi o mais rápido e Sérgio ficou em quarto. Claro que algumas melhorias ainda serão feitas, se for necessário, mas acreditamos que tudo está perfeito para começar a virar o jogo.
, as suas expectativas, por favor.
– A minha expectativa é que a gente possa continuar o que estamos fazendo. Estamos com um bom ritmo nas últimas corridas, mas entendemos que não tivemos um bom ritmo nos dois treinos de hoje. Porém, não podemos considerar tudo como perdido porque o que importa mesmo é o domingo… Então, estamos totalmente confiantes para o que estar por vir, não só neste fim de semana como nos próximos.
– Alina, você mencionou que estão sendo feitas melhorias no carro. Poderia nos contar sobre elas? – Davide perguntou, atraindo a atenção dos dois convidados para si e a mulher riu fraco.
– Certamente que eu não posso falar sobre elas porque um de nossos competidores está aqui. – fez uma pausa indicando , o que rendeu risadas dos jornalistas, e ela continuou. – Mas, verificamos tudo dos nossos carros, basicamente, e conversamos com o nosso fornecedor. A nossa base, a fábrica, trabalhou arduamente e nós acreditamos que as coisas irão melhorar.
– E quanto a Mercedes, , podemos ter melhorias sendo feitas nos carros, agora que a Red Bull nos contou que ainda segue aprimorando os seus? – encarou o austríaco que balançou os ombros.
– A Mercedes não vai fazer uma melhoria no carro apenas porque a Red Bull fez. Mas, eu posso garantir que estamos sempre em uma análise constante dos dados dos nossos carros e em contato direto com a nossa fábrica, em Brackley. Se forem necessários serem feitos ajustes, nós o faremos com toda a certeza, mas porque a Mercedes sente que é necessário fazer. Porém, precisamos nos manter com os pés no chão porque ano que vem temos um mudança grande no regulamento, e dividimos as nossas atenções no momento.
– Não acredita que dividir as atenções pode ser um pouco prejudicial? – Federica perguntou e o chefe da Mercedes arqueou as sobrancelhas. – A temporada ainda nem chegou na metade e já estão com as energias focadas para a próxima…
– Nós sempre estamos com o olhar lá na frente. Cuidamos de tudo para que a nossa W12 fosse perfeita nas pistas e, logo, começamos a pensar no próximo ano. A Fórmula 1 não para e nós temos que estar prestando atenção em tudo, nos preparando melhor. Eu posso garantir que temos uma equipe qualificada para cuidar de possíveis melhorias nesses carros e garantir que tenhamos um carro tão competitivo quanto no próximo ano.
– Não há dúvidas que a equipe da Mercedes é qualificada para tais tarefas. – a morena sorriu na direção do austríaco que a olhou sugestivamente enquanto a loira teve vontade de rolar os olhos de saco cheio.
– Falando em ano que vem… As duas equipes terão assentos vagos na próxima temporada. Lewis assinou para apenas essa temporada e o contrato de Valtteri também termina ao final deste ano; assim como o contrato de Sergio Pérez. Vocês já iniciaram as conversas para a renovação? – Valsecchi questionou.
Mais uma vez, permitiu que começasse a responder a pergunta, chegando a encarar a chefe da equipe austríaca para incentivá-la a ir primeiro, mas ela nem se preocupou em olhar para o seu rosto. Estava ocupada demais sentindo raiva dele.
– Ainda não iniciamos nenhuma conversa. Ainda temos uma temporada inteira, praticamente, pela frente, e buscaremos iniciar as conversas quando sentirmos que seja necessário. – sorriu.
– Também ainda não iniciamos as conversas, mas planejamos começá-las em breve para que não tenhamos que passar as férias de inverno cuidando disso. – sorriu.
– Ah, por favor, a renovação de Lewis demorou tanto que chegou a causar problemas no coração de alguns torcedores da Mercedes. – Masolin sorriu. – Você acredita que Lewis está perto de se aposentar ou irá querer mais alguns anos de contrato?
– Lewis está muito bem na Fórmula 1. Ele se sente muito bem na Mercedes e sabe que ainda há muito trabalho para ser feito. Eu não acho que ele vá se aposentar por agora e nem acredito que seja o que ele queira… Espero que ainda possamos vê-lo por muito tempo nas pistas.
– Obrigado, e pela entrevista. – Davide sorriu quando o produtor avisou que já era o suficiente e os dois sorriram para os jornalistas. devolveu o microfone não querendo ficar nem mais um minuto perto de o escutando falar gracinhas para a italiana.
Seguiu seu caminho para próxima de Louise quando ouviu seu nome ser chamado pelo austríaco. Bufou, girando em seus calcanhares à contragosto, e o homem se aproximou, mas mantendo uma distância segura para que, quem visse de fora, acreditasse que era uma conversa amigável entre os dois chefes.
– Está tudo bem? – perguntou ao ver a expresso de descontentamento no rosto dela.
– Cansou de ver sua amiga batendo os olhos na sua direção? – não se preocupou em esconder o sarcasmo em seu tom de voz e pareceu surpreso coma pergunta, tentando entender o que havia acontecido.
Uniu as sobrancelhas quando percebeu que ela se referia à Frederica e soltou uma risada fraca. Colocou as mãos nos bolsos da calça.
– Ciúmes, ?
Vá a merda, .
Estava pronta para virar as costas e ir embora, mas a voz dele se fez presente mais uma vez para completar sua raiva.
– Eu preciso conversar com você.
– Não posso. – sorriu sem mostrar os dentes. – Estou muito ocupada.
Dito isso, virou as costas, sem nem esperar uma resposta e seguiu na direção de Louise para bem longe de e toda sua amizade com Federica Masolin, ardendo em raiva e o sentimento que ela se recusava a pronunciar porque não acreditava que era capaz de sentir.
conteve a vontade de suspirar. Mais uma vez, a ansiedade se fazia presente por estar se sentindo daquela maneira que ela não queria nominar. Não era possível que ela se sentisse daquela forma por — logo ela que sempre prometeu nunca ter este tipo de sentimentos.
– Que cara é essa? – Louise perguntou, arqueando as sobrancelhas na direção da chefe da equipe.
– Você não viu aquilo? – apontou com o indicador para a morena de cabelos levemente iluminados, usando uma saia verde e segurando o microfone vermelho e azul.
elogiando a Federica? – a ruiva soltou uma risada ao ver o rolar de olhos da loira e balançou a cabeça de um lado para o outro. – Alina, isso é…
– Ridículo. – interrompeu, completando a frase da amiga. – Apesar de ela ser uma mulher linda…
– Foi por isso que você não quis falar com ele? – Louise colocou as mãos nos bolsos da calça que usava enquanto as duas seguiam o caminho de volta para a garagem.
– Não… Ele que troque sorrisos e comentários com a Masolin o quanto ele quiser, eu tenho que me reunir com o time para as estratégias de amanhã. – sorriu animada. – Estamos na pole, eu tenho coisas mais importantes para me preocupar hoje. – deu os ombros antes de sorrir de ladino e dar um passo em direção à Louise para que apenas ela escutasse o seu comentário: – Será melhor encontrá-lo amanhã após uma vitória da Red Bull…
A ruiva rolou os olhos, fazendo uma careta a qual lhe era de costume quando se tratava de ouvir comentários sobre os encontros de e . Torcia para a felicidade plena da amiga sendo até favorável pelo casal, e, no fundo, achava engraçado como que a loira era super aberta em relação o tópico. Para Louise, era uma dificuldade tratar o sexo como uma coisa banal, ainda mais falar de forma tão espontânea como o fazia.
tinha sua mente ainda presa a situação de alguns minutos atrás. A forma que sorriu e olhou a morena ainda estavam presas em sua mente, lhe trazendo uma sensação estranha dentro do próprio corpo. O seu coração estava apertado com aquilo, seu estômago revirado e a vontade de dar uns tapas em ainda era uma constante.
Jamais havia visto o austríaco flertar com uma outra mulher, ainda mais bem na sua frente, e aquilo a irritava profundamente. Ela sabia o que era aquela sensação e, só de pensar nela, sentia seu coração palpitar de forma acelerada, lhe trazendo a sensação de pânico.
Precisava ficar nos ensinamentos de Dorothea e na importância de conseguir controlar a respiração porque havia algo muito maior que aquilo tudo no momento. Ela deixaria sua vida pessoal de lado porque precisava ser , a chefe da Red Bull Racing Honda, antes de tudo.


Capítulo 6

assistiu na pequena tela, que passava a transmissão oficial da Fórmula 1, a sua frente o momento em que Valtteri Bottas entrou no pitlane. Se obrigou a retirar os olhos da pista porque o finlandês estava em segundo lugar e, uma parada rápida para trocar os pneus por macios, poderia indicar uma aproximação de Hakvoort.
Hamilton havia conseguido subir apenas uma posição e não era uma preocupação tão grande para a equipe austríaca porque permanecia em sexto, a uma longa distância.
Mas, para sua total surpresa — e a dos membros da Mercedes — a roda dianteira direita do carro de Bottas parecia não querer sair. quis rir ao ver a dificuldade de um dos mecânicos com a pistola em mãos, tentando retirar o pneu, sem sucesso algum.
– Bottas fora. – anunciou pelo rádio para os mecânicos de sua equipe ao ver o carro número 77 ser levado para dentro da garagem.
No momento em que ela pensou em como adoraria ver a cara de Wolff naquele momento, a câmera da transmissão o filmou e, muito embora ele não estivesse socando a mesa como era de costume, ele estava com a cara fechada e o olhar focado no painel a sua frente. Ela o conhecia bem o suficiente para ver que a raiva estava presente e pode sentir o arrepio percorrer o seu corpo por inteiro.
Merda, pensou ao morder o lábio inferior. Era impossível aquele homem não ser atraente e a deixar com as pernas bambas?
Precisou de alguns segundos para voltar ao seu normal e grudou os olhos no que acontecia na pista, o que realmente importava naquele momento. Matt liderava tranquilamente a corrida para a plena felicidade da chefe.
Muitas pessoas achavam Mônaco uma corrida chata por ser estreita demais e dificultar as ultrapassagens, o que fazia com que, geralmente, os pilotos ganhassem poucas colocações ou o grid terminasse da mesma forma que se iniciou. Porém, naquele momento, estava feliz porque não havia perigo para Matt. Tudo que ele precisava era conservar os pneus para ganhar a corrida.
A cada volta, se sentia mais animada para o final da corrida porque Hakvoort ia apenas se consagrando em primeiro lugar. Quando a bandeira quadriculada foi mostrada para o piloto, anunciando sua vitória, a chefe da equipe comemorou, erguendo os braços e, logo, abraçando os engenheiros do time.
P1, Matt! Parabéns pela sólida vitória... Ainda estamos no jogo! – falou para o piloto no rádio, recebendo algumas palavras em resposta, antes de retirar os fones de ouvido e se levantar de seu lugar, seguindo todos os outros membros da equipe para comemorarem a vitória.
abraçou Matt, assim que ele saiu para cumprimentar toda a equipe, se jogando nos braços dos mecânicos. Parabenizou, mais uma vez, o piloto antes de seguir junto com ele para a cerimônia de premiação.
Eram raras as vezes que ela subia até o palco da entrega dos troféus da corrida, mas naquele dia, sentiu que deveria. Estava tão feliz, tão contente pelo primeiro P1, da temporada que, quando percebeu, já estava no espaço reservado para o representante da equipe vencedora da corrida.
Recebeu em suas mãos o prêmio, o erguendo no alto e ouvindo os gritos de todos os membros da Red Bull Racing. O mesmo aconteceu quando Matt recebeu o troféu e ela sorriu com a cena, aplaudindo o momento, poucos segundos antes da guerra de champagne começar.
não iria nem mesmo assistir à cerimônia do pódio porque estava frustrado o suficiente por ter um piloto em sexto e outro que nem mesmo conseguiu completar a corrida, mas fez um esforço de ir até o local quando viu passar pela porta da garagem da Mercedes com os cabelos loiros esvoaçantes devido a pressa para chegar à frente do palco.
Saiu da garagem de sua equipe em silêncio, buscando ser o mais discreto possível para que os outros não o reparassem, e parou em frente a cerimônia no momento em que entrava no palco sob os aplausos de todos os presentes.
Mesmo de longe, conseguia ver que o sorriso da mulher estava prestes a nunca sair de seu rosto. Ele sabia que os olhos dela, provavelmente, estariam com um brilho em puro estado de felicidade com aquele momento e sentiu seu coração se apertar em uma genuína alegria por .
Era óbvio que ele faria de tudo para que a Mercedes-AMG Petronas fosse a campeã da temporada, mas não podia negar que não havia nada mais belo — e revigorante — do que ver com aquele sorriso largo no rosto.
O sorriso que ele tanto adorava.



🏎🏆✨



– Foi uma vitória e tanto… Qual é a sensação de ver o seu piloto conquistando a primeira vitória, ? Animada para o restante da temporada? – Will Buxton perguntou para a chefe da Red Bull e a loira sorriu.
– Acho que dizer que eu estou feliz não é nem metade do sentimento. – riu fraco. – Mas, assim como antes não estava nada ganho, em termos de campeonato, agora também não está. Matt fez uma corrida fenomenal, sem nenhum problema maior e isso que importa para hoje. Amanhã, estaremos todos na fábrica, para seguirmos trabalhando e buscar uma nova vitória daqui a duas semanas.
– Quanto ao Sergio… Ele não vem obtendo bons resultados e ainda não teve seu contrato renovado. Como estão as expetativas dele e da equipe?
– Nós confiamos no Pérez. Foi por isso que ele foi contratado, em primeiro lugar… Acredito que ele esteja na fase de adaptação ainda e tendo um pouco de má sorte também, mas que tudo irá melhorar. Ainda não falamos em renovação, mas é algo que vai acabar sendo natural porque nenhum dos dois lados quer sair.
Buxton agradeceu a entrevista e acenou, retirando-se de perto do pedestal com o microfone e indo na direção de Louise que conversava com Britta Roeske, a assessora de Sebastian Vettel. Cumprimentou a loira com um abraço, já que as duas se conheciam desde que o alemão fora piloto da Red Bull.
Roeske contava algo sobre uma presença de Vettel em um evento sobre abelhas, que parecia ser divertido, mas os olhos de focaram apenas em Wolff se aproximando do local.
O austríaco conversava com dois funcionários da Mercedes, mas sua atenção foi para ela como se tivesse percebido que estava sendo observado. Um sorriso mínimo surgiu nos lábios de Wolff e ele mudou a direção dos passos, avisando aos funcionários da Mercedes que retornaria em breve.
tentou não arregalar os olhos ao ver o homem alto caminhar em sua direção, mas ele parou bem a sua frente, mantendo uma distância que ela considerava ser segura.
– Boa tarde, senhoritas. – as cumprimentou com seu jeito galanteador e a loira teve vontade de rolar os olhos, se lembrando da cena de horas antes com Federica. – , posso trocar algumas palavras com você?
Ela queria dizer que não e fingir que ele não estava ali, mas seria chamar muita atenção já que eles estavam na frente de outras pessoas. Então, optou por balançar a cabeça, dando alguns passos para o lado para se afastar de Britta e Louise.
– O que quer? – murmurou em um tom baixo e colocou as mãos nos bolsos da calça, mantendo a postura séria.
– Eu preciso conversar com você quando retornamos ao hotel. – respondeu no mesmo tom de voz e a mulher balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu já terminei as minhas atividades e estou indo. Quando eu chegar, é o mesmo esquema.
– Tudo bem. – confirmou com a cabeça, sorrindo fraco na direção do mais alto. franziu levemente as sobrancelhas, surpreso por ela ter aceitado tão rápido o convite, mas decidiu que aquele não era o momento para reclamar.
O austríaco se despediu com o um maneio de cabeça, voltando em direção aos dois funcionários da Mercedes que estavam por perto. assistiu os três caminharem para longe antes de se virar na direção de Louise, que agora não tinha mais Britta por perto, e possuía um sorriso divertido no rosto.
– Tudo certo?
– Eu ainda tenho mais algum compromisso ou vamos voltar para o hotel?
– Torcendo para que eu diga que acabou, não é? – a ruiva riu, fazendo com que a chefe da equipe rolasse os olhos. – Pode ir para o hotel... Eu tenho que terminar algumas coisas aqui.
– Alguma coisa chamada... Pérez? – foi a vez de Smith rolar os olhos com a implicância e rir. – Eu vou passar na minha sala para buscar minhas coisas e ir para o hotel, então...
– Sim, eu tenho coisas para resolver com o Pérez, mas também com o Hakvoort... Isso é trabalho.
– Resolva as com o Checo no hotel... Torna tudo mais interessante. – a loira piscou na direção da amiga, antes de acelerar o passo em direção ao motorhome da equipe para buscar suas coisas e seguir para o hotel.
Parte dela estava ansiosa para saber o que Wolff queria dizer enquanto a outra parte ainda se lembrava da forma como ele a olhou quando ela estava na premiação. Podia jurar que havia visto um largo sorriso nos lábios do austríaco naquele momento e isso era estranho para ela... Desde quando Wolff sorria ao não ver uma Mercedes no pódio?



🏎🏆✨



– Eu achei que eu tinha dito algo sobre jantares quando estávamos em Portugal. – balançou a cabeça de um lado para o outro ao entrar na suíte de Wolff e o homem soltou uma risada ao fechar a porta do quarto, virando-se para vislumbrar as costas da mulher e como ela conseguia ser linda até de costas.
Ao perceber que não havia sido respondida, girou o corpo, encontrando parado próximo a porta. Os olhos do austríaco desceram pelo corpo dela e um sorriso de formou em seus lábios ao ver que ela usava um top rendado preto, uma calça preta de cintura alta de linho e um blaser da mesma cor.
havia conseguido deixá-lo sem palavras. A única coisa que passava na cabeça dele naquele momento era como ela estava incrível.
– Não vai dizer que eu estou espetacular? – provocou, lembrando-se da frase que ele havia dito para Federica no dia anterior e o homem arqueou as sobrancelhas em sua direção.
– E eu preciso? – riu, levando uma das mãos ao peito, mostrando-se ter sido afetado pela roupa dela.
– Você não fez cerimônias para elogiar a Masolin ontem… – deu os ombros e, por alguns segundos, se sentiu boba por fazer aquele comentário, mas ao ver os olhos de Wolff brilhando em sua direção, ela sorriu fraco.
Literalmente como um lobo, ele caminhou na direção dela, grudando seus corpos e a empurrando até que ela fosse de encontro a parede. Colocou uma mão mais acima, curvando-se na frente de e deixando os lábios a milímetros dos dela perfeitamente marcados de vermelho.
– Você está muito mais do que espetacular, se quer saber. A forma como você me deixa sem palavras para te elogiar, já deveria ser um elogio para você. – riu nasalado. – O jeito que você me faz querer arrancar suas roupas e te ter em meus braços, … Você não imagina o quão difícil é ter autocontrole, especialmente quando estamos em público. Você faz isso comigo… E nenhuma outra jamais fez.
nem mesmo teve tempo de engolir seco as palavras porque selou os lábios nos dela com pressa, a prensando ainda mais contra a parede, enquanto os dois se devoravam. As mãos percorriam os corpos um do outro de forma apressada e o ar se tornou algo não tão fundamental naquele momento.
– Eu achei que fôssemos jantar… – murmurou quando beijava seu pescoço e o mais velho riu antes de morder um pedaço da carne do local.
– Eu achei que você tivesse dito que jantares estavam fora das regras. – ele riu, levando uma das mãos até os lábios da mulher e passou o polegar por eles. sorriu antes de receber o dedo de em sua boca e segurou o pulso dele com as mãos.
– E são. – ela deu os ombros, sorrindo na direção dele. – Mas eu não posso negar uma boa comida.
soltou uma risada, permitindo que a mulher se afastasse de seu enlace e seguisse para dentro do quarto. A assistiu deixar a bolsa sobre a cama e retirar o blaser lentamente, mostrando a lingerie preta rendada que usava por baixo.
A forma como ela se virou em sua direção e sorriu fez com que Wolff quisesse atacá-la naquele exato momento. A cada dia ele ficava mais encantando por , se isso ainda fosse possível.



🏎🏆✨



– O que você vai fazer amanhã? – perguntou, arrumando o corpo sobre o travesseiro e encarando que tinha os olhos fechados.
– Amanhã eu estarei na minha casa em Londres. – ela sorriu em sua direção, ainda entorpecida e ele riu fraco.
– Volte na terça-feira. – sugeriu, dando os ombros. – Eu quero te levar a um lugar.
– Eu não vou para nenhum lugar com você, . Eu vou voltar para a minha casa porque amanhã é dia de trabalho na fábrica.
, não precisa ficar tanto na defensiva. – o austríaco sorriu em sua direção. – Eu quero te levar para que possamos ter uma pequena comemoração ao fato de você não sair da minha cabeça e da minha cama há um ano. Vai ser algo discreto, se é isso que te preocupa… E, eu tenho certeza que a fábrica da Red Bull pode sobreviver a um dia sem você.
assistiu o homem sorrir largamente em sua direção e seu estômago revirou. A forma intensa que ele a olhava e esperava uma resposta positiva fez com que se tornasse uma missão impossível para ela dizer não.
– Tudo bem… – suspirou. – Você venceu, .
O austríaco comemorou, levando uma das mãos para a cintura da mulher e a trazendo para perto para que pudesse depositar um beijo em sua têmpora. sorriu, aproveitando o carinho em silêncio, sentindo seu coração palpitar mais rápido.
– Onde você vai? – perguntou ao ver a mulher se sentar na cama, puxando o lençol consigo, cobrindo o corpo nu.
– Eu vou vestir a minha roupa porque eu tenho que falar com a Louise que eu não vou voltar para Londres hoje e eu preciso estender a minha estadia no hotel até amanhã.
– Você não pode ligar para a Louise? – perguntou como se fosse óbvio enquanto se sentava na cama. – E não precisa se preocupar quanto ao hotel… Você pode ficar aqui.
soltou uma risada totalmente desacreditada antes de deixar o lençol cair aos seus pés para buscar sua lingerie no chão do quarto. Se apressou em vesti-la sob o olhar atento de .
– Nós… Nós não fazemos isso, . – ela murmurou em meio a uma risada fraca.
– Podemos começar a fazer. – ele deu os ombros com um sorriso nos lábios. – Sem contar que amanhã nós vamos para o mesmo lugar.

… – ela suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro ao ouvir seu nome ser pronunciado por ele, mas sabia que não se permitiria ser levada tão facilmente.
assistiu a mulher se vestir, sentindo que ela realmente não ficaria e soltou um longo suspiro assim que ela vestiu o blaser.
– Eu não posso. – murmurou, mordendo o lábio inferior antes de se virar em direção a antessala da suíte.
. – a chamou, mais uma vez. – Você não vai me dar um bolo amanhã, não é? – sorriu fraco na direção dela.
A loira apenas riu na direção dele, voltando a seguir para a antessala do hotel, caminhando para fora do quarto enquanto relaxava — mas nem tanto — o corpo sobre a cama, torcendo para que ela aparecesse no dia seguinte.
, se sentia confusa e com o coração apertado. Um único pensamento existia dentro dela e, por mais que ela negasse, ela sabia muito bem o que ele significava. Se assustava cada vez mais e sentia medo, podendo ouvir diversas palavras de Dorothea em sua mente.
Se abra para a vida novamente, . Existe um clichê que eu gosto muito de falar que é: é um dia ruim e não uma vida ruim. Não é porque alguém te fez mal que todas as pessoas no mundo te farão mal também… Eu sei, melhor do que ninguém, que esse é um longo caminho, é um processo em busca de se sentir melhor, em busca da cura. Mas o nosso coração e a nossa mente não vão se curar se a gente não se permitir viver a vida, enfrentar os nossos medos e inseguranças. Vai ser doloroso, vai causar calafrios, mas faz parte do processo. Não fuja do processo e não fuja do ciclo da vida, . Se abra para novos sentimentos, para novas pessoas e se permita viver porque nada que passou foi culpa sua.
suspirou, sabendo que não poderia viver com medo para sempre, mas que ainda precisava entender direito o que sentia. Precisava entender sua própria mente antes de tudo.



🏎🏆✨



A loira entrou no elevador, apertando o botão de seu andar quando a resposta de Louise veio conforme ela esperava. Assim, quando o elevador parou no décimo primeiro, seguiu para o quarto da amiga e não para o próprio.
– O que foi? – a ruiva perguntou assim que viu a chefe entrando em seu quarto.
– Boa noite para você também. – sorriu, adentrando o quarto. – Já está pronta para ir para o aeroporto?
– Você está com uma cara estranha, achei que nem fosse necessário dizer bom dia e que era melhor ir direto ao ponto. – a assessora riu fraco. – Estou prontíssima desde a hora em que fomos para o circuito. – apontou para a mala no canto do quarto.
– Por que você tem que conhecer tão bem? – grunhiu.
– Porque nós estamos juntas há quase dez anos. – ela deu os ombros, sentando-se em sua cama enquanto parava próxima a janela do quarto. – Ali, o que aconteceu?
– Não é o relacionamento mais duradouro da minha vida, mas com certeza é o melhor. – a loira riu.
A ruiva bateu com as duas mãos no colchão, dando aquele assunto sobre o seu yoga como encerrado e encarou a amiga.
– O que aconteceu?
pediu para que eu ficasse no quarto dele.
– Ali, isso não é novidade para mim…
– Não, não. – ela riu. – Você sabe, a gente faz sexo e eu vou embora para o meu quarto. Mas ontem, ele pediu para que eu ficasse.
Smith arregalou os olhos para demonstrar a sua surpresa e concordou com a cabeça, enfatizando o que havia acabado de contar.
– E ele pediu que eu fique aqui em Mônaco na segunda para que possamos fazer um passeio.
– Passeio? – Louise riu. – Que tipo de passeio?
– Eu não sei! – suspirou, sentando-se ao lado da amiga. – Ele anda reclamando das regras que eu impus no começo de tudo.
– Mas são regras meio bobas. – Louise deu os ombros e a mulher protestou ao seu lado, soltando uma risada fraca. – Desculpe, mas é a verdade. Não é comentar ou não sobre a vida pessoal que vai mostrar se há ou não sentimentos entre vocês…
– Eu não quero me envolver, Louise.
– Você já está envolvida. – a assessora deu os ombros, virando para o lado para que pudesse encarar a amiga. – E talvez ele esteja bem mais que você.
– O que você quer dizer com isso?
– O que eu venho dizendo há muito tempo, ... – a ruiva deu os ombros. – A relação de vocês já deixou de ser apenas uma forma de extravasar a tensão sexual entre vocês e se tornou algo com sentimentos, mesmo que você negue.
A loira piscou algumas vezes, absorvendo as palavras da amiga, e balançou a cabeça de um lado para o outro. Não era que ela negasse que pudesse ter algum outro tipo de sentimento por , era que ela não se sentia pronta para entrar em uma nova relação – ainda mais com o chefão da Mercedes. Aquilo acarretaria a ela mais problemas que ela conseguiria lidar, principalmente para a sua carreira.
– Você está vendo coisas onde não há, Lou.
– Então por que você está desesperada pelo simples convite de passar a noite com ele e com o convite para um passeio? – a ruiva arqueou as sobrancelhas, encarando a amiga e a loira soltou um suspiro. – Ali, não é porque se teve uma relação ruim que devemos desistir para sempre.
– Eu não desisti. – suspirou, passando uma mão pelo rosto, sentindo-se nervosa pelo simples fato de seu passado ser abordado. – Eu só não vejo o que você está falando e, mesmo se eu visse, nada adiantaria. Me envolver com o é o mesmo que colocar em xeque todo o meu trabalho.
– Você não vê porque você não quer. – sorriu. – E você não sabe sobre como seria assumir uma relação com ele. Na vida, a gente tem ideia de como seriam um milhão de coisas, mas a gente só sabe e só sente mesmo quando enfrentamos ela na pele. Fora que, eu tenho certeza que o Wolff não faria nada que pudesse prejudicar a sua carreira… Aquele homem é vidrado em você!
riu fraco, mordendo o lábio inferior e balançou a cabeça de um lado para o outro. Não concordava com a ideia de Wolff estar apaixonado por ela, não era possível que as coisas naquele nível por parte dele. Tudo era fruto da solidão que o trabalho lhe trazia.
– Eu vou para o meu quarto... – murmurou, levantando-se da cama e soltando um suspiro. – Preciso estender a minha reserva até amanhã.
A ruiva a acompanhou a amiga até a porta para que ela pudesse sair da suíte em que a assessora estava hospedada.
– Ali, você sabe que o que eu digo é para o seu bem. Uma relação ruim não define todas as outras que virão e nem a pessoa que você é. Não se sinta pressionada para nada, mas sinta-se bem para estar aberta para o que vier porque o amor é um sentimento nobre e não é feito para sofrer.
– Desde quando você ficou tão romântica? – a loira perguntou, soltando uma risada nasalada.
– Deve ser o novo livro que eu estou lendo. – ela deu os ombros com um sorriso nos lábios. – Não faça piadas. Eu sei que quando você não tem resposta para alguma coisa, você apela para o humor.
– Humor para esconder as minhas inseguranças. – sorriu. – Mas, obrigada, amiga, pelas palavras. Por mais que, algumas vezes eu não as escute, eu fico feliz por você me dizer as verdades na cara.
– Sempre aqui para o que você precisar. – sorriu e as duas se abraçaram.
seguiu pelo corredor com a mente fervilhando pelas palavras de Louise, mas mantendo seu pensamento de que não havia nenhum tipo de sentimento por . Ela apenas gostava da comodidade que era tê-lo por perto, assim como ele também parecia gostar do mesmo, e a tensão sexual entre os dois se somava a isso. Eles eram o necessário um para o outro.



🏎🏆✨



encarou sua própria figura no espelho, analisando o look que havia sido montado de última hora com ajuda de Louise por mensagens. Havia escolhido um conjunto em tom creme de linho composto por um blazer e shorts de cintura alta; e por baixo do blazer optou por um top branco.
Separou alguns outros itens como um biquini e um maiô – que ela sempre costumava levar na mala quando a corrida era em lugares como Mônaco e Abu Dhabi porque, às vezes, conseguia aproveitar algumas horas na piscina; além de um óculos escuro e um chapéu que havia comprado de última hora.
Satisfeita, ela girou em seus próprios calcanhares, buscando a bolsa no exato momento em que seu celular apitou, anunciando uma nova mensagem. A loira se esticou, buscando o aparelho sobre a cama e não se surpreendeu ao ver o nome de na tela, anunciando que já a esperava do lado de fora do hotel.
Checou sua imagem mais uma vez no espelho, antes de caminhar em direção à porta do quarto para deixar o ambiente. Seus passos em direção ao elevador eram muito mais tranquilos porque não havia a possibilidade de trombar com ninguém de sua equipe no momento para questionar o que ela ainda fazia ali, já que a maioria havia retornado para casa no dia anterior.
Porém, ainda sim, havia pedido descrição para Wolff. Tanto que o chefe da Mercedes a esperava dentro de um Mercedes AMG GT 63 preto, mas com os olhos voltados para o saguão do hotel, esperando o momento em que a loira cruzaria o local.
Não demorou muito para que isso acontecesse e, logo, ele viu a mulher se aproximar do carro, puxando a porta do carona e entrando no veículo de forma apressada, fazendo com que ele soltasse uma risada fraca com a movimentação.
– Bom dia, . – a cumprimentou com um sorriso em sua direção e retirou os óculos para que pudesse encará-lo.
– Bom dia, . – sorriu. – Para onde irá me levar?
– Surpresa, . – piscou na direção da mulher antes dar partida no carro e soltou um suspiro por pura implicância. deu os ombros, seguindo o caminho para a surpresa do dia em puro silêncio.
A loira aproveitou para encarar o homem ao seu lado sem disfarçar. Sorriu fraco ao ver a maneira que tinha os olhos fixos no caminho, mas estava com a mandíbula relaxada. O cabelo estava alinhadamente bem cortado, com a parte da frente levemente bagunçada, do jeito que ela gostava de ver.
esticou a mão, arrumando a gola da blusa branca de linho que ele usava e que estava para o lado de dentro na parte de trás. se sobressaltou lentamente com a mão em sua nuca e soltou uma risada fraca.
– Desculpe... – sorriu nasalado, retornando a sua posição original e Wolff deu os ombros.
– Não por isso... – ele estalou a língua. – Você está muito quieta...
– Estou pensando no que você está tramando. – deu os ombros.
– E me analisando.
– Digamos que não há nada melhor para fazer no momento. – soltou uma risada fraca. – Como está se sentindo após o fim de semana?
... – riu, balançando a cabeça de um lado um lado para o outro rapidamente. – Não vamos falar sobre o campeonato ou as nossas equipes.
– Eu... – suspirou, levando uma das mãos a testa. – Eu não estava querendo falar sobre o campeonato... Se eu quisesse falar sobre ontem especificamente, eu perguntaria se já conseguiram retirar o pneu do carro do Valtteri. – deu os ombros.
– Ainda não conseguimos, mas farão isso na fábrica. – deu os ombros. – Mas, sem assuntos de corrida, tudo bem?
– Essa é a sua regra para o dia? – o homem sorriu, balançando os ombros e, antes que pudesse reclamar, ele estacionava a Mercedes na vaga, fazendo com que ela olhasse pela janela de forma apressada para saber onde estavam.
franziu o cenho ao perceber que haviam chegado em uma marina repleta de iates dos mais altos padrões ancorados e encarou Wolff.
– Você me trouxe para um passeio de iate? – a voz de saiu um pouco mais alto que ela esperava enquanto retirava seus óculos de sol da Dior para que pudesse analisar o local onde estacionava a sua Mercedes.
De dentro do carro, ela podia ver perfeitamente os iates estacionados a marina e o fluxo pequeno de pessoas sobre o caminho de madeira que dava em cada um deles.
– No meio do mar é um ambiente seguro para que possamos aproveitar. – riu fraco, desligando o carro e encarando a mulher que prendia o lábio inferior com os dentes. – O que foi, Lina?
– Você tem certeza que isso é seguro? Você sabe muito bem que a gente não pode ser vistos juntos, confraternizando.
– Quando nós estivermos a mais de dois mil metros afastados da Costa, você verá que é seguro. – ele sorriu, esticando-se para que pudesse selar os lábios nos dela. – Eu também me importo muito com a discrição.
Ela suspirou, concordando com a cabeça e ele sorriu, abrindo a porta do carro. cruzou o veículo, abrindo a porta do carona para que a mulher saísse, e colocou o seu chapéu Panamá assim que estava do lado de fora.
Wolff fechou a porta do carro e, em um gesto rápido, uniu a mão a de , entrelaçando seus dedos enquanto começava a caminhar pelo deck de madeira. A chefe da Red Bull franziu a sobrancelha e, devido a surpresa, foi praticamente arrastada pelo homem.
Os dois caminharam até a metade do local, onde um funcionário usando uma roupa social totalmente branca os aguardava. O homem desconhecido esticou a mão para cumprimentar e depois a estendeu na direção de , sem tirar um sorriso largo do rosto.
– Seja bem-vindo, senhor e senhora Wolff. – sorriu e franziu as sobrancelhas por debaixo de seu óculos de sol.
Senhora Wolff?!
Virou o rosto, levantando seu olhar para que pudesse olhar a face do senhor Wolff, mas ele estava com toda a atenção no rapaz desconhecido por ela que parecia falar algo importante para o austríaco.
A mulher aproveitou para deixar sua atenção percorrer pelo local e seus olhos focaram na imensidão azul a sua frente, o oceano se tocando com o céu que não possuía nenhuma nuvem, dando uma vista incrível. Ela aproveitou para encarar o iate bem a frente, onde iriam entrar, e seu queixo praticamente caiu por causa de tamanha beleza.
– Está tudo da maneira que o senhor solicitou. – o homem finalizou o que estava dizendo e concordou com a cabeça, virando-se na direção da mulher.
– Podemos entrar? – ela concordou com a cabeça e ele deu o primeiro passo, pisando na popa para que pudesse ajudá-la a entrar também.
subiu, com o auxílio de , alguns degraus que davam na parte de lazer do iate. Havia um pequeno local acolchoado em tom cinza, onde podiam ficar até mesmo deitados, além de um sofá mais próximo da entrada para o interior do mesmo. O chão era coberto por um piso amadeirado que combinava com os tons branco e cinza da embarcação.
– Fique à vontade. – disse antes de estender a mão para buscar a bolsa da mulher e, assim que ela entregou, o austríaco entrou na área interna do iate.
riu, mas fez o que lhe foi dito: se sentou na área acolchoada, ficando de costas para a popa do navio e de frente para área interior. Poucos minutos depois, retornou com um pequeno balde prateado em mãos e uma pequena tigela transparente, colocando-os sobre a mesa que havia por perto.
– Isso é seu? – perguntou, curiosa e ele concordou com a cabeça, derramando uma quantidade de champanhe em uma das taças.
– O iate? – rebateu a pergunta, estendendo a taça em sua direção e a mulher concordou com a cabeça, sorrindo para agradecer. – Eu comprei há alguns anos. Quando a minha ex-esposa resolveu estabelecer residência em Mônaco, eu senti que seria uma boa ter um iate para aproveitar um dia tranquilo com a família. – ele riu, terminando de encher a própria taça e devolvendo a garrafa para o balde de gelo. – Me desculpe… Eu sei que você não gosta de saber detalhes pessoais.
deu um gole na taça que tinha em mãos ao ouvir o comentário e assistiu a se sentar ao seu lado, lhe estendendo a tigela repleta de morangos. Ela riu ao perceber a sua fruta favorita e pegou a primeira, levando até seus lábios.
– Falando assim soa como se eu fosse uma vadia sem coração… – murmurou após mastigar a primeira parte do morango e o iate começou a se afastar da marina.
– Você não é vadia e muito menos sem coração.
– O vadia, eu concordo, apesar de me perguntar o que é necessário para se considerar a mulher como uma vadia, mas não pretendo estragar o clima com essa discussão. – deu os ombros. – Mas o sem coração talvez seja verdade. – riu, sem humor, colocando o restante do morango na boca e dando um gole no champanhe para que os dois gostos diferentes se misturassem em sua boca, lhe dando um gosto completamente diferente e saboroso.
– Eu não acredito que você seja sem coração. – riu. – Talvez seja difícil para encontrá-lo e permanecer nele, por alguma razão que você não me diz, mas você o possui.
– Por que você faz essa leitura de mim?
– Existe algum motivo maior que o fato de você não querer falar da sua vida pessoal e nem querer que eu fale da minha? – arqueou as sobrancelhas por baixo de seus óculos e a mulher deu os ombros. – Se você se sentir pronta para falar, tudo bem; se não, tudo bem também.
– Isso aqui – apontou o polegar na direção dos dois. – não deveria ser apenas sobre o sexo?
– O seu medo é que se torne algo sério? – indagou, bebendo seu champanhe. – Há alguma razão específica?
– Eu não tenho muito medos nessa vida, , e esse não é um deles. – ela sorriu de forma irônica, voltando a dar um gole em sua taça e o homem balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Você apenas gosta de ser misteriosa?
– Assim como você adora fazer perguntas. – piscou não direção dele e uma risada alta escapou pela garganta do mais velho enquanto ele concordava com a cabeça.
– Estamos há um ano nisso. Eu quero saber mais sobre a mulher que tem ficado ao meu lado durante esse tempo. Eu não vejo problema nisso, .
deu os ombros, pegando mais um morango e levando até a sua boca. sorriu com a cena, acompanhando a forma que os lábios da mulher grudavam não fruta e como ela fazia aquele momento simples parecer algo tão sensual. Ele mordeu o próprio lábio, fechando os olhos e soltando uma risada fraca.
– Aliás, por que o seu funcionário me chamou de senhora Wolff?
abriu os olhos, encarando e soltou mais uma risada, terminando o conteúdo de sua taça, antes de colocá-la sobre a mesa e se levantar para enchê-la mais uma vez.
– Você queria que eu contasse que a minha convidada era ? – indagou, virando a garrafa e preenchendo sua taça com o líquido dourado mais uma vez. – Você preza tanto pela privacidade, achei que não teria problema se acreditassem que você era a senhora Wolff.
– Para mim não é problema, . – sorriu, esticando o braço para que a taça se aproximasse do corpo dele e o austríaco despejou o líquido dentro da mesma. – Apenas achei estranha a forma como eu fui chamada, mas, analisando, você tem razão.
– Eu devo comemorar? – perguntou, soltando uma risada e a mulher rolou os olhos com o comentário, antes de virar o rosto para observar o oceano.
Dali, tinha uma vista incrível daquela imensidão azul. O vento batia em seus cabelos, os bagunçando de forma forte, mas nada disso alterava a beleza e a sensação boa de estar no meio do oceano, sem qualquer tipo de ruído da cidade ou qualquer coisa que pudesse retirar a beleza daquele lugar.
retirou o celular do bolso, depositando sua taça sobre a mesa e arrastou o dedo sobre a tela, indo para a câmera de forma ágil. Através da tela, pode ver e a enquadrou perfeitamente na imagem, apertando o botão branco para que registrasse o momento.
Ao ouvir o som, virou o rosto, encontrando o Wolff com um sorriso no rosto e guardando o celular no bolso. A loira estreitou os olhos na direção dele e o austríaco deu os ombros, erguendo a taça e a levando até a boca.
– Me fale sobre você. – pediu, retirando os óculos de sol e deitando o corpo sobre o estofado para que pudesse observá-la. fechou os olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro com um sorriso nos lábios.

Christian Wolff, ou apenas , filha de uma polonesa e um romeno, nascido em Viena. Pai de um adolescente e de uma pré adolescente, que são tudo para mim, além do meu trabalho que me toma muito mais tempo que o necessário e por muitos anos me fez sentir culpado por não poder partilhar tantos momentos com eles. – o austríaco deu os ombros, inclinando a cabeça para o lado e projetando o lábio inferior para frente. – Apaixonado por esporte automotor desde novo. Tentei ser piloto, mas não deu muito certo….. Fui sócio de algumas empresas, construindo o meu caminho no mercado financeiro, até que eu conseguisse comprar ações na Williams. Fiquei lá por alguns anos até que surgiu oportunidade na Mercedes e eu comprei ações, me tornando o chefe da equipe, ajudando a levá-los a seis campeonatos seguidos. – ele parou por alguns segundos, pensando no que mais deveria falar, enquanto a loira se mantinha quieta, apenas escutando o seu desabafo. – Eu sou ansioso e nervoso, especialmente durante as corridas… Minha ex diria que eu sou viciado em trabalho e isso afeta diretamente as minhas relações pessoais. – ele deu os ombros outra vez. – Acho que é tudo sobre mim.
riu nasalado, surpresa com as palavras do homem, embora se sentisse feliz por estar conhecendo um pouco mais sobre ele.
– Eu já ouvi essa também do meu trabalho afetar as minhas relações…
– Você concorda?
– Não muito. – ela deu os ombros. – Pessoas normais trabalham durante a semana e folgam aos domingos, mas conosco é ao contrário.
– Não é fácil lidar com mais de mil funcionários na fábrica mais todo o time das corridas. – ele suspirou e ela concordou com a cabeça.
– Eu imagino que não seja. – ela sorriu fraco. – Mais cedo você disse que comprou o iate porque fixou residência em Mônaco… Viveu aqui durante muito tempo?
– Cerca de dois anos. – deu os ombros. – Me dividia entre o Principado e a Inglaterra, mas, depois que me divorciei, não havia motivos para viver tão longe da fábrica da Mercedes.
– E por que você morou aqui? – mordeu o lábio inferior, culpando-se por estar sendo tão curiosa e ciente que ele se sentiria no direito de fazer o mesmo tanto de perguntas para ela sobre sua vida pessoal.
– Susie, a minha ex esposa, começou a trabalhar aqui. Todas as coisas aconteciam aqui para ela e, para evitar o desgaste e uma nova frustração na minha vida pessoal, aceitei me dividir entre os dois lugares. – ele riu fraco, finalizando o conteúdo de sua taça de champanhe. – Mônaco é um lugar incrível para se viver. A gente, que só vem aqui em finais de semana de corrida, curte apenas a badalação de três dias, mas o resto da semana também é ótimo… Ótimos restaurantes, uma vista linda e uma qualidade de vida perfeita.
– Confesso que a primeira vez que estive aqui, me apaixonei por tudo. Parece que o ambiente de Fórmula 1 te faz pensar que todo o lugar é repleto daquele brilho, luxúria e animação...
– Mônaco tem isso de nos encantar com a luxúria. – o austríaco riu fraco e foi acompanhado pela inglesa.
levou a taça aos lábios para finalizar o conteúdo da mesma e ergueu o corpo para frente, se esticando um pouco para que pudesse colocá-la sobre a mesa a sua frente.
levou uma das mãos até a cintura da mulher, acariciando o local, enquanto ela se mantinha na mesma posição, conseguindo esconder o leve sorriso que surgiu em seus lábios com a carícia.
– Quer aproveitar o sol? – indagou o austríaco e a mulher concordou com a cabeça.
– Eu preciso colocar o meu biquíni primeiro…. O que acha de me mostrar o interior do iate? – ergueu o corpo, levantando-se do acolchoado em que estava deitada e Wolff sorriu, concordando com a cabeça.
– Será uma honra. – piscou na direção dela, estendendo a mão vazia para que a mulher a segurasse e sorriu, segurando na mão do mais velho e se permitindo ser guiada para dentro do iate.
Os dois atravessaram a porta que separava a área interior do iate do lado externo. Do lado de dentro, havia uma pequena sala com um sofá branco com almofadas em tons cinza e branco. Havia uma televisão e um pequeno bar com algumas bebidas. indicou para que ao final daquela área havia um curto corredor com duas portas, onde a primeira era um banheiro e a segunda era uma pequena cozinha.
O austríaco seguiu em direção a escada que havia próxima ao corredor que dava no andar inferior do iate. A chefe da Red Bull riu, surpresa, e desceu primeiro, sendo seguida de perto pelo homem – que havia feito questão de por uma mão em sua cintura com a desculpa que era para auxiliá-la.
Abriu a porta a sua frente, se deparando com um novo ambiente que consistia em uma antessala que possuía uma cama king size ao fundo. Assim como a sala anterior, o espaço também era em tons brancos e cinza, possuindo uma televisão e um frigobar.
– Uau. – a mulher murmurou, soltando uma risada fraca, maravilhada com o local e riu, sentando-se na beirada da cama com as mãos apoiadas na parte de trás do corpo.
– Gostou? – indagou, retirando os óculos de sol para encarar a mulher que concordou com a cabeça.
– É lindo… Do mais extremo bom gosto. – riu, virando o olhar pelo espaço mais uma vez e depositando a bolsa sobre a cama, ao lado de . As mãos do austríaco foram parar em sua cintura naquele momento fazendo com que ela sorrisse fraco na direção dele.
– É clichê eu dizer que não é tão lindo quanto você? – quis rolar os olhos com a frase barata dita por Wolff, mas acabou soltando uma risada e balançando a cabeça de um lado para o outro, sendo acompanhada pelo homem a sua frente.
– Clichê demais, Wolff. Você pode mais do que isso. – suspirou, afastando-se dos braços do mais velho e buscando a bolsa para retirar o biquíni que havia levado. – Eu vou trocar de roupa.
– Estarei lá fora. – anunciou, levantando-se da cama e indo em direção a escada que dava no andar superior do iate.
soltou um suspiro, acompanhando com o olhar o homem deixar o espaço e se sentou sobre a cama, batendo as mãos no colchão. O jeito que seu coração palpitava lhe deixava nervosa e as borboletas que passavam em seu estômago faziam sua mente projetar um milhão de cenários, causando a conhecida dificuldade para respirar.
A loira suspirou, esfregando as mãos sobre o rosto e se levantou da cama. Prometeu a si mesma que não iria se deixar levar por sua ansiedade ou suas inseguranças… Estava diante de um belo dia de sol em Mônaco, a bordo de um iate com um homem que realizava todas as suas fantasias… Não era a sua mente que iria sabotá-la.
seguiu em direção ao banheiro, trocando as roupas por um biquíni preto com a calcinha de cintura alta e a parte de cima em meia taça com ferros que levantavam os seios da forma que ela tanto gostava. Recolocou a blusa de linho, deixando-a aberta e checou sua imagem no espelho.
Sorriu, contente antes de voltar em direção ao quarto para buscar o chapéu Panamá que havia levado e seus óculos de sol. Guardou o restante de suas peças de roupa, deixando o quarto em direção ao primeiro piso do iate.
encarava a imensidão azul a sua frente com um sorriso leve no rosto. Não era um dos maiores fãs do verão, mas gostava de ficar algumas horas em meio ao oceano, aproveitando a tranquilidade que o local lhe trazia.
Levou a taça que tinha em mãos até os lábios, dando um gole no champanhe que estava na taça e, estava pronto para ir atrás de , quando ouviu o som de um clique, parecendo com o de uma foto sendo tirada através de um celular. Girou o pescoço, vendo sorrir em sua direção com o aparelho em mãos.
– Ficou boa? – perguntou em meio a uma risada e a loira concordou com a cabeça, pisando na parte acolchoada para chegar até onde ele estava.
deixou o celular cair de suas mãos, repousando sobre o macio e levou as mãos para o peitoral de Wolff. A blusa azul clara que ele vestia estava abotoada até o topo e a mulher começou a abrir, lentamente, cada um dos botões.
– Isso me traz memórias… – o chefe da Mercedes soltou uma risada fraca, podendo sentir o corpo inteiro sofrer por antecipação com o mero toque da mulher.
– Você não está trabalhando para ter que ficar tão sério dessa forma. – murmurou, terminando de abrir os botões e sorrindo ao descer os olhos pelo peitoral do homem.
mordeu o lábio inferior, passando as unhas lentamente por toda a extensão da barriga levemente definida de Wolff. O mais velho sorriu com a atitude da mulher e, antes que ela pudesse perceber, a trouxe para perto, aproximando os corpos dos dois.
– Está do seu agrado, agora?
– Você está sempre do meu agrado, . – piscou na direção dele antes de se afastar e se sentar no acolchoado, olhando para o oceano.
– Você quer beber alguma coisa? Vinho, talvez?
– Hoje, eu prefiro uma cerveja. – sorriu na direção do homem e concordou com a cabeça, murmurando que já voltava enquanto se afastava.
sorriu, buscando o celular novamente e desbloqueando a tela do aparelho, acessando a câmera para fazer alguns registros do dia. Aproveitou para colocar uma das fotos no story do Instagram e ficou descendo pelo feed até ouvir a voz de por perto novamente.
– Aqui. – lhe entregou taça com a cerveja e a mulher sorriu contente.
– Obrigada. – respondeu antes de dar um longo gole, deixando o celular de lado e recostando o corpo sobre o acolchoado.
Os dois permaneceram ali, em silêncio, por longos minutos. Enquanto achava que não havia nada de ruim, se sentia incomodado pela falta de conversa entre os dois.
O austríaco assistiu a mulher retirar a blusa que vestia, a deixando de lado e franziu o cenho ao ver uma cicatriz próxima a costela dela. Já havia a notado anteriormente, mas jamais havia perguntado à sobre a marca.
– Como conseguiu essa cicatriz? – perguntou, curioso e passando o dedo sobre o local, vendo a mulher se movimentar, um pouco incomodada.
– Eu caí. – a loira riu, balançando os ombros. – Eu sofri um acidente de motocross quando eu tinha vinte anos. Quebrei a perna esquerda, fiquei com alguns arranhões e ganhei algumas cicatrizes.
– Você pilota motocross? – riu com a informação.
– Pilotava... Até o acidente. – ela balançou o ombro outra vez. – A recuperação foi bem chata. Eu estava na universidade, perdi aulas, tive que fazer um milhão de provas para que eu não reprovasse em nenhuma disciplina... Conclusão: eu percebi que estava velha demais para continuar e parei.
– Foi a partir do motocross que surgiu o seu desejo pela Fórmula 1? – ele a olhou, percebendo que ela parecia ainda estar relaxada, mesmo com as perguntas feitas por ele. – Aliás... Como você foi parar na Red Bull?
– O meu desejo pela Fórmula 1 é anterior ao meu período no motocross. Ruggero é um apaixonado por esporte automotor e eu fui apresentada a esse mundo desde pequena. Passávamos o domingo assistindo as corridas e eu adorava porque ele me ensinava muito e explicava cada detalhe. – sorriu fraco. – Ele tem uma loja de conserto e venda de motos em Bristol, onde eu nasci, e eu sempre o ajudava. Foi ele que me deu força para começar a pilotar motos e até mesmo competir, mas depois do meu pequeno acidente, ele quis que eu parasse. O meu amor pelo automobilismo e engenharia veio dele... E eu fui parar na Red Bull graças a um projeto da universidade que buscava novos talentos para trabalhar na fábrica, foi meio que uma parceria entre os dois.
– Eu também sofri um acidente que terminou com a minha prática de automobilismo. – riu. – Eu tentei quebrar o recorde no circuito de Nürburgring, que era o Niki... Um dos pneus do carro estourou na curva de Fuchsröhre e eu bati. Quebrei várias vértebras e tive uma concussão... Uma merda. – suspirou, soltando uma risada fraca ao ver o semblante de espanto no rosto de . – Eu não me lembro da batida, para falar verdade... Dizem que eu ainda desliguei o carro, tirei o cinto, o volante e consegui sair, mas desmaiei logo depois.
– Aparentemente, nós temos muito mais do que imaginamos em comum...
– Poderíamos descobrir mais, se você me falasse mais sobre você. – Wolff piscou na direção da mulher e teve vontade de rolar os olhos.
, você está se tornando exaustivo demais. – soltou um suspiro, levando uma das mãos a têmpora esquerda. – Nós já falamos sobre isso outras vezes.
optou por soltar uma risada nasalada, não querendo comprar aquela briga no momento e se deu por feliz quando ele não falou mais nada, voltando sua atenção para o mar.
tinha a mente trabalhando em um turbilhão. As frases de Louise se misturavam aos questionamentos que ela mesmo tinha sobre tudo o que acontecia entre ela e . Desde que os dois iniciaram aquele caso, ela nunca havia ficado de perguntando o significado daquilo tanto quanto agora.
Gostava de estar com Wolff. Ela gostava de sua companhia até mesmo quando os dois brigavam por conta de suas equipes e, principalmente, gostava da maneira que ele a fazia sentir: tranquila, leve e plenamente satisfeita. E haviam anos que ela não se sentia nenhum desses três.
Já Wolff estava tranquilo. Para ele, não havia nenhuma dúvida do que sentia e muito menos da forma que o fazia se sentir. Era claro que, o que havia começado como apenas uma forma de descontar a tensão, havia se tornado algo a mais – o que, para ele, havia sido cedo demais.
– Eu tenho uma proposta para você. – a frase veio após longos minutos de um silêncio absoluto e fez com que a mulher o encarasse com as sobrancelhas arqueadas em surpresa.
– Uma proposta?
– Estamos na quinta corrida da temporada, mas eu quero que você pense no que eu vou te falar... – a loira concordou com a cabeça e Wolff sorriu. – Venha passar as férias de verão comigo. Teremos duas semanas para nós e, essas duas semanas, serão sem regras. Apenas você e eu.
riu, desacreditada, achando que aquela ideia era absurda. Entretanto, a forma que seu coração palpitou com a proposta a fez questionar si mesma sobre sua primeira reação. Wolff ainda a encarava esperando uma resposta e ela nem mesmo acreditou na pergunta que fez:
– Para onde nós iríamos?
– Primeiro para a Áustria e depois poderíamos ir para algum lugar com sol... Sicília ou Sardenha, você escolhe. – ele respondeu com um sorriso no rosto por ela parecer interessada no convite, mesmo sabendo que se tratando de , era difícil prever se ela o aceitaria. – Ainda temos algumas corridas pela frente até o verão. Então... Pense e me dê uma resposta até a Hungria.
O seu desejo era dizer não logo de cara, mas um bichinho em seu interior a fez manter a boca fechada e cogitar, ainda que minimamente, aquela possibilidade. A pausa de verão era um dos momentos que ela menos gostava porque ficar longe do trabalho e sem o sexo com Wolff era uma merda.
Porém, a ideia de viajar com ele a assustava de uma forma avassaladora. Talvez devesse conversar com Louise e Dorothea sobre o assunto para que pudesse ter um auxílio em tomar a decisão independente de suas inseguranças.
Virou o restante da cerveja que estava no copo em um gole só e virou o corpo, observando Wolff. Sentia as malditas borboletas em seu estômago todas as vezes que olhava para aquele homem. Sem contar duas pernas que se esfregavam uma na outra…
Efeito Wolff.



🏎🏆✨



observava o sol se pôr com os braços ao redor das pernas juntas ao peito. A atenção da mulher estava inteira na beleza do amarelo misturado com o laranja e como aquelas cores formavam um contraste com a imensidão azul do mar, trazendo uma sensação incrível de paz.
Seus pensamentos, suas dúvidas e inseguranças ainda estavam em sua mente. O convite de ainda estava rondando a sua cabeça e ela se questionava se deveria ou não aceitar o convite. Ela tinha um milhão de dúvidas quanto aquela ideia, mas não sabia se aguentaria passar tantos dias longe de Wolff. E era uma porcaria ter que admitir que odiava sentir falta do homem.
Sentir falta do corpo dele próximo ao seu, dos toques, das carícias… Sentia falta de Wolff por inteiro quando estava longe dele. E sua mente se bagunçava cada vez mais, com as memórias sendo ativadas.
Duas mãos tocaram os braços de , alisando seu antebraço e ela sentiu o corpo de atrás de si. O homem repousou o queixo sobre o ombro de e soltou uma risada fraca, observando a pintura a frente, que era o sol se pondo.
– Hoje foi um ótimo dia. – murmurou em um tom baixo, suspirando contra a pele do pescoço dela, que usava sua camisa azul clara. – Uma bela maneira de celebrar que você não sai da minha cabeça há um ano.
sorriu fraco, permitindo-se jogar o corpo para trás e encostando a cabeça sobre o ombro de . O austríaco ajeitou os cabelos da mulher, retirando os fios de seu rosto e depositou um beijo leve contra sua bochecha.
– Acho que eu deveria te agradecer pelo dia. – mantinha um sorriso leve no rosto, com os olhos focados no céu. – Obrigada por ter me convencido a aceitar vir, .
– Obrigada por ter vindo, . – sorriu. – E por não sair da minha cabeça e nem da minha cama há um ano.
A loira concordou com a cabeça, preferindo não responder mais nada e apenas curtir as últimas horas do passeio com o austríaco, ignorando a forma acelerada que seu coração batia.



🏎🏆✨



– Uma pena o dia terminar tão rápido. – soltou uma risada fraca.
Os dois haviam ficado no iate em alto mar até o momento em que o sol se pôs, lhes dando uma vista de tirar completamente o fôlego e lhes trazendo uma paz que nenhum deles jamais havia presenciado.
, nós ficamos até o último minuto. – soltou uma risada enquanto os dois caminhavam após deixarem o iate em direção a Mercedes dele que estava no mesmo lugar de mais cedo.
? – uma voz chamou a atenção do casal e a loira sentiu o corpo inteiro se arrepiar com o fato do chefe da Mercedes ter sido notado naquele lugar.
Rapidamente, ele retirou a mão da sua, afastando-se do enlace, e virando-se na direção da pessoa. sentiu o corpo inteiro gelar quando saudou, ao seu lado, a pessoa que havia gritado o seu nome com um entusiasmo evidente.
– Nico!



Capítulo 7

Capítulo 7.

fechou os olhos, levando uma das mãos até o rosto enquanto podia escutar e Nico conversando bem atrás dela. Sua mente parecia ter entrado em um estado de pânico e ela não sabia nem mesmo o que fazer naquele momento. Entranho, ficar parada ali, tão próxima de Nico Rosberg não era uma opção.
Assim, a loira apressou o passo em direção à Mercedes de que estava no estacionamento do local, não se importando em avisar ao austríaco ou em cumprimentar Nico. Tudo o que ela queria era estar bem longe e não ser reconhecida.
– Se eu soubesse que você estava em Mônaco, teria te chamado para se juntar a Lewis e eu. – o alemão riu fraco. – Aproveitaríamos o dia junto com as famílias, como nos velhos tempos de Mercedes.
– Só que, dessa vez, vocês dois não estariam se matando. – emitiu uma risada ao se lembrar da época que os dois haviam criado uma das maiores rivalidades dentro da Mercedes, mesmo sendo melhores amigos de infância e companheiros de equipe. Ele tinha certeza que grande parte das rugas em seu rosto e de alguns fios brancos que havia adquirido eram culpa daqueles dois.
– Não há mais nenhuma disputa. – Rosberg deu os ombros, soltando uma risada fraca antes de apontar para onde a mulher que acompanhava seu ex chefe havia ido. – Está tudo bem com a Susie?
não precisou de muito para entender que ele se referia a mulher que o acompanhava, imaginando que se tratava de sua ex esposa, mas virou-se para checar on de estava. O chefe da Mercedes conseguiu ver a figura loira parada próxima ao carro em que haviam ido para o local mais cedo.
– Ahn… – murmurou, voltando a encarar o alemão. – Aquela não é a Susie… Nos separamos há quase dois anos.
– Oh. – Rosberg soou surpreso com a novidade, mas deu os ombros outra vez por ter sido tão curioso. – Desculpe por atrapalhar o momento de vocês.
– Tudo bem, Nico… – sorriu. – Eu preciso ir agora. Mande lembranças para Vivian e um beijo nas crianças.
– Eu estou trabalhando com a Sky Sports da Inglaterra, então pode ser que nos vejamos com mais frequência, . – o campeão sorriu, cumprimentando o austríaco com um aperto de mão. – Mande um abraço para sua acompanhante e peça desculpas por ter atrapalhado vocês.
balançou a cabeça, afastando-se de Nico, e seguiu em direção ao carro. Apertou o comando na chave para destravar o veículo, para a completa felicidade de , que, praticamente, se atirou no banco do carona.
– Eu disse que não era seguro essa porcaria de passeio. – reclamou assim que entrou no lado do motorista, retirando seu chapéu e soltando um longo suspiro. – Ele me reconheceu?
– Nico achou que você era a Susie, . – respondeu, como se não fosse nada demais e a mulher soltou uma risada fraca, ante ade colocar o cinto de segurança.
– Duas pessoas me confundindo com sua ex esposa hoje, … Não contou para as pessoas que se divorciou?
– Isso não é algo que se sai espalhando pelos quatro cantos do mundo, . Especialmente, depois de tantos anos de casamento… – o austríaco deu os ombros, ligando o carro e começando a manobrar para sair da vaga em que havia estacionado.
– Eu entendo. – riu fraco. – Quando eu me divorciei, eu me escondi da minha família por quase dois meses.
quase freiou o carro bruscamente ao ouvir a frase que foi dita de forma natural por . Sua mente pareceu ter dado um giro de trezentos e sessenta graus, percebendo algo que ela jamais havia mencionado antes para ele.
havia sido casada?
– Você foi casada?
A pergunta fez com que a loira arregalasse os olhos, percebendo apenas naquele momento que havia falado demais e, a julgar pelos olhos e a expressão no rosto do homem, ele estava ansiando para saber mais sobre aquilo.
– Já. – estalou a língua no céu da boca e manteve o olhar sobre ela, esperando que algo a mais fosse dito. – Esse é mais um dos momentos da minha vida que eu adoraria esquecer.
– Por que? – a pergunta praticamente pulou dos lábios do austríaco. – Foi tão ruim assim? – sua curiosidade estava totalmente aguçada naquele momento.
se movimentou sobre o banco de couro da Mercedes, evidenciando que claramente estava incomodada com a pergunta, e soltou um suspiro.
– Péssimo. – deu os ombros. – Mas eu nunca tive um bom histórico de relacionamentos e nem um bom exemplo para seguir.
– Quem seria seu exemplo para seguir? Seus pais? – indagou, retirando os olhos da estrada por alguns segundos para que pudesse encará-la.
– Ruggero e Margarethe não deveriam nem mesmo ser considerados exemplos de alguma coisa, especialmente de casamento ou família. – riu sem humor e se perguntou mentalmente porque ela se referia aos pais pelo próprio nome.
– Por isso a sua aversão a relacionamentos?
– Quem disse que eu sou aversa a relacionamentos?
– As suas regras?!
– Talvez eu não queira me relacionar de forma séria com você, … – deu os ombros, como se aquilo não fosse importante e precisou engolir seco a frase dura dita.
Daquele momento até a chegada no hotel, o carro permaneceu no mais absoluto silêncio. estava contente que o assunto havia sido encerrado, embora se culpasse um pouco por falar sobre sua vida pessoal, e apenas não sentiu mais vontade de puxar conversa.
Ele não conseguiu entender se a resposta dela era realmente o que ela sentia ou se era apenas uma maneira de lhe fazer parar de questionar sua vida pessoal. Nem mesmo conseguia explicar o porquê de doer tanto aquele maldito comentário feito por .
Teve vontade de suspirar, mas se conteve. Era uma porcaria a sensação de se sentir sempre no escuro ao lado de . Sempre que ele achava que havia quebrado uma parede e que estava perto de encontrar a vulnerabilidade da mulher para que pudesse mostrar que ele era diferente, uma nova parede aparecia a sua frente.
Estacionou em frente ao hotel e suspirou, percebendo que haviam chegado. Uma parte dela queria permanecer por mais algumas horas naquele iate, apenas fingindo que o mundo não existia e que tudo que havia eram e ela no meio do oceano. Porém, realidade era mais dura e precisava ser enfrentada por ela.
– Obrigada pelo dia, . Nos vemos no Azerbaijão? – sorriu na direção do austríaco que apenas concordou com a cabeça em resposta, sentindo-se atingido demais para proferir palavras em resposta.
preferiu ignorar a falta de respostas e apenas deixou o carro em direção a entrada do hotel. Era orgulhosa demais para falar alguma outra coisa ou questionar o silêncio do chefe da Mercedes após um dia tão bom quanto o que tiveram.
, se sentia cansado, mas sabia que ainda havia uma esperança de quebrar todas as paredes construídas ao redor de . Estava ansioso para ouvir a resposta dela quando sua proposta e para passar as duas semanas das férias de verão ao lado dela.
Tudo que ele precisava era que o permitisse quebrar as suas paredes, conhecer as suas inseguranças e medos para lhe mostrar que poderia ser diferente.



🏎🏆✨





– Senhorita … – Kimberly, a assistente de na fábrica em Milton Keynes, abriu a porta da sala, a fazendo retirar a atenção de alguns documentos para que pudesse encara-la. – Há uma moça querendo falar com a senhorita…
– Diga que eu estou ocupada.
– Por Deus!
A voz soou alta demais e não precisou de muito para saber de quem se tratava. Isso porque, além da fala, a porta de sua sala foi empurrada com força, fazendo com que Kimberly encarasse a chefe com os olhos arregalados, enquanto a figura loira, mais baixa e mais nova que , entrasse no local como um furacão.
– Eu sou a irmã dela! Não precisa ter esse tanto de cerimônia comigo. – a loira, que havia decidido escurecer os cabelos há pouco tempo, falou, encarando a irmã que havia, de vez, retirado os olhos do documento que analisava.
– Senhorita , me desculpe…
– Tudo bem, Kimberly. – sorriu de forma educada para a assistente e a mulher se retirou, fechando a porta atrás de si. – Quantas vezes eu preciso dizer que aqui é o meu trabalho e eu não quero visitas?
– Eu teria ligado, mas eu te conheço o suficiente para saber que você não atenderia as minhas ligações. – deu os ombros.
– Por que não me avisou que viria?
– Porque você inventaria uma desculpa para não me receber. – sorriu. – E eu não fui até o seu apartamento porque você vive para o trabalho. Era meio óbvio que você estaria aqui.
– É porque é isso que as pessoas normais fazem às – checou a hora no relógio que ficava sobre sua mesa. – duas e vinte seis de uma quarta-feira. – sorriu largamente na direção da mulher de cabelos castanhos. – O que você quer, Brooke?
– Você sabe que eu trabalho, Ali. – sorriu na direção da irmã. – Eu tenho duas novidades para te contar!
– E nenhuma delas poderia ser dada através de uma ligação?
– Nossa, você poderia, pelo menos, fingir que está feliz por ver a sua irmã? – reclamou, fazendo com que a loira rolasse os olhos.
– Eu ficaria feliz se a minha irmã não atrapalhasse o meu trabalho.
– Ai, , serão só alguns minutos. – abanou a mão no ar. – Isso não vai atrapalhar o rendimento da sua equipe no campeonato.
– Se você conhecesse o meu trabalho, saberia que, na Fórmula 1, cada segundo conta. – piscou na direção da mais nova. – Mas, eu vou repetir a minha pergunta: o que você quer, Brooke?
– Scott e eu estamos noivos! – anunciou erguendo a mão para mostrar o belo anel que havia sido posto em seu dedo há alguns dias e abriu a boca, surpresa com a novidade.
– Estou na dúvida se devo te parabenizar ou dizer que eu lamento. – riu, sem humor, mas a outra não se abalou com o comentário ácido.
– E não é só isso… – Brooke sorriu, levando uma das mãos até a barriga e alisando o local, que ainda não estava muito saliente. – Eu estou grávida.
– Sem dúvida, eu devo dizer que lamento.
Brooke rolou os olhos pelo comentário da loira e se sentou na cadeira vazia em frente a mesa de . O sorriso se mantinha em seu rosto, mostrando toda a sua felicidade com o seu momento pessoal enquanto mantinha a postura séria.
– Não é porque você não conseguiu fazer o seu casamento dar certo que você tem que fazer comentários ácidos, . – Brooke reclamou, cruzando os braços na altura dos seios.
– Não fale sobre o que você não sabe, Brooke. – murmurou de maneira ríspida, mantendo a feição seria na direção da mais nova. – Eu não tive parcela de culpa no término do meu casamento.
– Não é isso que o…
– Você tem mais alguma novidade para me contar? – cortou a mais nova antes que ela continuasse naquele tópico que detestava. – Se não tiver, eu só preciso te dar parabéns e você volta para Bristol?
– Por que você é assim? – suspirou, passando a mão na franja modelo curtain bangs, que a deixava mais velha do que ela realmente era. – Eu estou apenas querendo dividir um momento importante da minha vida com você, Ali. Eu sei que você e o papai têm as suas diferenças, mas eu não tenho nada a ver. Tudo que eu sempre quis foi ter uma amizade com você, independente dos erros cometidos pelo papai. – balançou os ombros. – Além do mais, você sabe que esse é o meu sonho. Esse costumava ser o seu também e eu confesso que não entendo o que aconteceu entre você e o… – o olhar furioso lançado por fez com que Brooke entendesse que ela não queria que o nome do ex marido fosse citado na conversa. – No seu casamento – se corrigiu rapidamente. – para que você se tornasse essa mulher… Ácida e que não pensa mais em nada relacionado a família. Mas eu gostaria que você ficasse, ou pelo menos fingisse, que está feliz por mim.
– Esse costumava ser o meu sonho quando eu vivia uma vida que não me pertencia. Hoje, a minha vida e os meus sonhos são o meu trabalho e o meu sucesso profissional. – apontou para os troféus posicionados em sua sala e sorriu na direção da mulher a sua frente. – Não fale do meu passado como se você soubesse cem por cento do que aconteceu só porque você ouviu um lado da história, Brooke.
– Então, por que você não me conta? – perguntou, encarando a irmã com as sobrancelhas arqueadas. – Você se fechou no seu próprio mundo, se afastou ainda mais e vive para o trabalho. Sem dúvida que não é mais a mesma de antes… Por que?
– Eu não vou ser a responsável por destruir os seus sonhos relacionados ao casamento. – deu os ombros. – Se você veio de Bristol até aqui para ouvir os meus parabéns, eu lhe digo: parabéns, Brooke. Que você e Scott sejam felizes, apesar de eu acreditar que a instituição está fadada ao fracasso.
– Seja mais positiva, Ali. – riu fraco, optando por ignorar o comentário. – Eu vim te convidar para ser a minha madrinha também e você meio que não pode dizer não a esse convite.
– Você não tem uma melhor amiga para assumir esse cargo?
– Eu vou ter que repetir que você é a minha irmã?
– Por favor, não. – a mais nova rolou os olhos. – Me mande um convite do casamento e, se eu tiver um tempo na minha agenda, eu vou,
– Agendamos para setembro. – Brooke sorriu, abrindo a bolsa que carregava e retirando um envelope de dentro da mesma. – É perto do fim do mês. Analisamos o calendário de Fórmula 1 e percebemos que você tinha uma semana livre depois da corrida em Monza. – estendeu o convite na direção de . – Você não tem desculpas para não ir.
– Nunca será tarde demais para inventar uma.
, por favor. – murmurou em uma súplica e a mais velha soltou um longo suspiro, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto analisava o convite em branco e dourado.
– Eu vou ver o que eu posso fazer.
Brooke bateu palmas, contente com a resposta que havia recebido. Era muito melhor do que receber um não direto porque significava que iria, pelo menos, pensar no assunto.
– Obrigada. – disse, olhando nos fundos dos olhos da loira e percebeu um sorriso genuíno surgir em seus lábios por alguns segundos.
Brooke se levantou, acenando na direção de e deixou a sala, permitindo que a chefe da Red Bull soltasse um longo suspiro, relaxando por estar sozinha novamente.
Curiosa, ergueu o convite na altura dos olhos e retirou o laço dourado que o cobria, abrindo para ler o que estava escrito do lado de dentro. Os nomes dos noivos estavam em relevo, logo abaixo os nomes dos pais de cada um, e seguidos dos detalhes da cerimônia.
“Scott e eu estamos noivos!”
“Eu estou grávida!”
As frases ecoavam na cabeça de em alto e bom som, fazendo com que ela suspirasse outra vez. Já eram longos anos que aqueles dois planos não faziam parte de seus pensamentos, mas ela não podia negar que via muito da antiga em Brooke.
Isso a doía porque, por mais que a mais nova fosse irritante, ela não queria a ver sofrer por qualquer motivo. Doía porque ela se lembrava de tudo que havia passado e podia sentir a dor física lhe atingindo.
suspirou, lembrando-se de que havia dito para que era uma vadia sem coração e havia obtido como resposta que seu coração estava lá, embora não fosse fácil encontrá-lo.
Franziu as sobrancelhas ao se questionar o porquê do austríaco estar em seu pensamento justamente no momento em que ela reafirmava não estar em seus planos se casar e engravidar. Se questionava, na verdade, o porque era presença constante em sua mente o tempo inteiro. Questionava a falta que ele fazia e o quanto odiava estar longe dele.
Droga, , o que está acontecendo?



🏎🏆✨





Grande Prêmio do Azerbaijão.


– Quem diria que a Ferrari conseguiria a pole position hoje. – murmurou, virando-se para encarar que tinha os olhos fechados e a cabeça repousando no travesseiro da cama de casal da suíte do chefe da Mercedes.
O classificatório havia sido marcado por bandeiras vermelhas no Q1. Para a equipe alemã havia sido boa porque Hamilton estava em segundo, embora Bottas estivesse em décimo; já para a equipe austríaca, Hakvoort estava em terceiro e Perez largaria em sexto.
Baku era uma pista complicada e, por isso, rendia corridas surpreendentes para os espectadores da Fórmula 1.
– Depois do papelão de Mônaco, ele meio que estava devendo isso. – comentou com os olhos fechados e soltou uma risada fraca. – Mas isso não importa porque amanhã Matt fará uma bela corrida e levará para casa o primeiro lugar.
– Sonhando acordada, ? – soltou uma risada fraca. – Não sei se você se lembra, mas o Azerbaijão é terra da Mercedes.
– Não estou sonhando, . – abriu os olhos, levantando o corpo da cama. – Estou apenas constatando um fato. – sorriu na direção do austríaco antes de começar a buscar suas peças de roupa espalhadas pelo chão da suíte e passar a vesti-las aos poucos.
– Que é…
– Red Bull ganhará em Baku. – piscou na direção dele enquanto subia o zíper de sua saia. – E o campeonato começa a ser virado.
– Sonhando acordada mesmo. – riu, levantando o coro e encostando as costas na cabeceira da cama.
– Nos vemos após a corrida?
– Eu vou para a Áustria assim que a corrida acabar. – murmurou em meio a um suspiro e balançou a cabeça em sinal positivo, percebendo que o austríaco não parecia muito confortável.
– Está tudo bem? – deixou transparecer a sua preocupação e sorriu fraco ao perceber a feição da mulher em sua direção.
– Algumas questões familiares para resolver. – deu os ombros, como se não fosse nada de importante e percebeu que a loira se remexeu de forma incomodada.
optou por apenas concordar com a cabeça e terminou de se vestir em silêncio. Checou a sua aparência no espelho, percebendo que estava quase da mesma forma que havia chegado na suíte, apenas seus cabelos ainda estavam bagunçados.
A loira passou as mãos pelos fios, buscando arrumá-los enquanto assistia, através do espelho, se levantar da cama e começar a vestir as roupas que usava anteriormente.
– Terá que lidar com a sua saudade até a Estíria… Acha que consegue? – soltou uma risada enquanto terminava de abotoar a blusa social, mantendo-a um pouco a aberta próxima ao peito.
– Eu posso sobreviver. – deu os ombros, o encarando através do espelho, não dando muita importância para o fato e emitiu uma risada fraca.
– Tente não morrer de saudade... – arqueou uma das sobrancelhas, fazendo com que a mulher desse uma risada alta.
– Você é sempre tão prepotente assim? – girou nos próprios calcanhares, cruzando os braços na altura dos seios e encarando o chefe da Mercedes.
deu os ombros, projetando o lábio inferior para frente enquanto dava passos curtos em direção à . Suas duas mãos foram parar em cada lado do quadril da mulher e depositou um beijo na têmpora dela.
– Você gosta. – murmurou em seu ouvido, vendo os pelos se eriçassem e se remexer, tentando fugir de seu aperto.
– Mas é cansativo. – respondeu em um tom entediante e soltou uma risada fraca. – Tome cuidado, .
– Está se cansando de mim? – perguntou e emitiu uma nova risada, afastando-se de seu enlace para que pudesse buscar sua bolsa na poltrona que havia no quarto.
O austríaco continuou parado no meio do quarto, com os olhos fixos em e na maneira que ela ignorou a pergunta que ele havia feito. Ela checou a imagem no espelho mais uma vez antes de sorrir na direção de .
– Estou indo, . Tenha uma má corrida amanhã. – acenou, balançando levemente os dedos e seguiu em direção à porta da suíte.
a seguiu, chegando no momento em que abria a porta. Acelerou o passo, puxando a mulher para perto assim que ela se posicionou para fora do quarto, e a trouxe para perto do seu beijo.
O austríaco curvou o corpo, selando os lábios nos de em um beijo leve. Suas mãos foram para a nuca da mulher enquanto a outra foi em direção em a cintura dela, a mantendo próxima a si. suspirou em meio ao beijo, apertando os cabelos da nuca do mais velho.
Os dois estavam completamente envoltos no momento, aproveitando os lábios um do outro, e nem perceberam que alguém se aproximava no corredor.
– Oh, merda… – a voz fez com que e se afastassem abruptamente e a mulher sentiu o corpo inteiro tremer, levantando o olhar para encarar que tinha o olhar preso na pessoa que estava parada atrás dela.
Não sabia se deveria se virar para trás para saber quem era a pessoa ou se permanecia parada, tentando esconder o rosto para evitar que fosse identificada enquanto sua mente estava apenas surtando.
– Lewis. – disse o nome da pessoa que estava parado ali e virou a cabeça, vendo o piloto da Mercedes usando uma calça laranja e uma blusa preta de manga comprida, com um boné da Mercedes em sua cabeça.
– Desculpem por isso. – ergueu a mão, balançando a cabeça de um lado para o outro, sentindo um pouco de vergonha por ter atrapalhado fosse lá o que estivesse acontecendo entre os dois, embora sua mente ainda estivesse gritando o fato do seu chefe e a chefe da equipe rival estarem se relacionando.
não conseguia pensar exatamente no que dizer para seu piloto e apenas suspirou aliviado quando viu Lewis entrar no elevador. Porém, seu alívio terminou quando as mãos de o empurraram pelo peito, entrando novamente no quarto enquanto repetia diversas vezes uma série de palavrões.
, se acalme. – falou, fechando a porta atrás de si e olhando para a loira.
– Me acalmar? – a loira soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e passando as mãos pelos cabelos. – Descobriram nós dois, ! Como você quer que eu fique calma?
– Eu vou conversar com o Lewis… Ele não contará nada a ninguém. – deu os ombros porque Lewis o conhecia o suficiente para saber que não era fã de ter sua vida pessoal exposta. Então, o austríaco tinha certeza que o piloto não falaria nada sobre o que tinha visto.
parou no meio da suíte com o olhar para a janela e se aproximou, abraçando-a por trás e mantendo o rosto sobre seu ombro.
– Não há nada para se preocupar, . – soprou contra o pescoço dela, mas a mulher soltou um longo suspiro.
– Há muito para se preocupar, . – empurrou as mãos dele da cintura dela, afastando-se e girando o corpo para encará-lo. – Talvez nos devêssemos dar uma pausa.
arqueou as sobrancelhas, surpreso com a frase da mulher e balançou a cabeça de um lado para o outro.
, isso é um pouco precipitado. – riu fraco. – Não aconteceu nada demais. Lewis não vai contar para ninguém. Nós estamos seguros ainda.
… – suspirou, tentando organizar os próprios pensamentos que estavam cada vez mais confusos, causando-lhe a conhecida falta de ar. suspirou, levando uma das mãos até a testa e respirou fundo repetidas vezes. – Nós demos bobeira. O que me faz pensar se isso já não aconteceu antes, só que nós não vimos a pessoa como vimos o Lewis agora a pouco. Vamos dar uma pausa nos nossos encontros.
O austríaco soltou um suspiro, percebendo que não havia como discutir com ela naquele momento e se sentindo cansado demais para debater aquele tópico. Para ele, não havia nada demais na situação e não era necessária aquela reação da mulher, mas se havia alguma coisa que ele havia aprendido sobre era que ela sempre reagia forte demais a coisas mínimas.
Assim, ele deu os ombros, nem se preocupando em falar mais alguma coisa e balançou a cabeça, murmurando em um tom baixo um tchau enquanto seguia em direção a porta do quarto.
O barulho da porta se fechando fez com que caísse sobre o colchão, permitindo que um suspiro alto ecoasse e soltando uma risada fraca. No fundo, achou divertido que Lewis tivesse descoberto de uma forma tão boba aquilo que ele e estavam tendo, e não conseguia entender a preocupação da mulher.
“Acho que devemos dar uma pausa”, ele repetiu a frase em sua mente e levou as mãos aos cabelos. Ao final da temporada, ele já havia experimentado como era viver sem e aquilo foi um dissabor para ele. Mas, sabia que, quando a temporada retornasse, a teria novamente em seus braços ao longo das corridas.
Agora, era um tempo, aparentemente, indeterminado.
Um tempo sem . suspirou outra vez, já podendo sentir a falta da mulher ao seu lado, em seus braços, naquela cama bagunçada.
Já sentia falta de e ela não havia acabado de sair.




🏎🏆✨





– Um desastre. – murmurou no rádio após o carro de Matt Hakvoort ser retirado do circuito com o auxílio de um guindaste. Ver o piloto holandês conseguindo sair do carro e chutando o pneu traseiro que havia estourado demonstrava claramente para ela que ele estava bem e que não havia necessidade de se preocupar com sua saúde.
– Vamos conversar com a Pirelli após a corrida. – Jim anunciou através do rádio, fazendo referência à fornecedora de pneus e soltou uma risada sarcástica, apertando um dos botões para que pudesse se comunicar com o engenheiro.
– Você pode apostar que eu vou conversar com a Pirelli depois da corrida. – disse com a voz cheia de raiva, mas logo tratou de soltar um suspiro, buscando se acalmar porque ainda havia outro carro na pista.
Sergio Perez estava atrás de Lewis Hamilton e, embora ela não quisesse que a Mercedes ganhasse, conseguir um segundo lugar nas condições péssimas daquela corrida poderia ser o que as pessoas consideram como o “menos pior”.
Assistiu os carros pararem novamente no grid para a relargada e prendeu os olhos na tela, percebendo uma fumaça estranha no carro do sete vezes campeão. Assim que as luzes se apagaram, os carros remanescentes aceleraram e, logo na primeira curva, viu Pérez assumindo a primeira posição porque, no momento entrar na curva, Hamilton simplesmente passou reto.
– Ele passou reto! – a voz de Jim surgiu no rádio, acompanhada de uma risada divertida porque Pérez havia conseguido a pole da corrida, o que não era um cenário imaginado por nenhum dos engenheiros da Red Bull para aquele domingo.
daria tudo para ver a cara de naquele momento. Tinha certeza que a raiva era dona do semblante do austríaco porque não era comum para eles ver Hamilton cometer aquele tipo de erro que parecia ser bobo demais. Porém, para ela, nada mais importava além do fato de seu piloto ter chegado em primeiro lugar.
Assim que Checo cruzou a bandeira quadriculada, a chefe da Red Bull se levantou para cumprimentar os engenheiros e se dirigiu para a garagem, encontrando Louise com um sorriso de orelha a orelha.
– Quem sabe ele não dedica o troféu para você? – sussurrou e soltou uma risada ao ver a expressão da amiga. – Ou melhor, quem sabe ele não te chama para comemorar no hotel? Sexo da vitória é o melhor que há.
– Você não perde a oportunidade. – Louise rolou os olhos. – Eu volto para Londres logo depois de terminar os afazeres aqui.
– Melhor ainda… Entrar para o Mile High Club. – mordeu o lábio inferior antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Eu ainda não tive essa oportunidade, você acredita?
– Conte isso para o e ele realiza sua fantasia.
– Em voos comerciais é difícil. – suspirou falsamente triste, embora realmente considerasse a ideia da amiga, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, uma mão foi posta em seu ombro.
– Bom trabalho da equipe hoje, . – Hamilton Marco a parabenizou com um aperto de mãos e sorriu na direção do velho que, finalmente, havia feito um bom comentário sobre seu trabalho. – Acho que vamos virar o campeonato.
– Eu tenho certeza que sim.
Afirmou com a cabeça e o consultor da equipe acenou em sua direção antes de seguir caminho para o pódio. A loira se virou na direção de Louise apenas para que pudesse mostrar que estava rolando os olhos com a presença do chefe e as duas também foram assistir o pódio.
Louise tinha um sorriso no rosto ao ver Sérgio no topo do pódio e, se não estivesse feliz com aquela conquista, ela poderia ter rolado os olhos pela expressão apaixonada que a amiga tinha no rosto. Embora achasse fofa toda a admiração que a ruiva possuía pelo mexicano.
Mordeu o lábio inferior quando sua mente foi automaticamente para . Se recordou da corrida em Mônaco e do momento em que, do pódio, pode vê-lo a assistindo também com um sorriso parecido com o de Louise.
“Vamos dar uma pausa nos nossos encontros.”
Ela fechou os olhos quando sua mente ecoou a frase que havia sido dita por ela mesma em seu momento de desespero após Lewis flagrá-la com . Agora, a frase parecia uma mera ideia idiota porque ela não teria o austríaco ao seu lado quando retornasse ao hotel e talvez nem mesmo na França.
Passou a mão pela nuca, sentindo todos os pelos de seu corpo se eriçassem com o simples pensamento em . Para ela, com toda a bagagem que tinha, era absurdamente agoniante, sentir todas aquelas sensações apenas por pensar no austríaco.
Tentou ignorar a forma que seu coração batia mais rápido com a mera menção do chefe da Mercedes e excluir de seus pensamentos que pedir um tempo dos encontros era uma ideia idiota, focando apenas na comemoração de sua equipe com o pódio de Perez e mais alguns pontos no Campeonato das Equipes. Isso era o mais importante.



🏎🏆✨





– Você ainda acha que há chances de vencer o campeonato, então? – Will Buxton fez para a chefe da Red Bull a pergunta que ele havia anunciado anteriormente como a última da entrevista e a mulher sorriu largamente.
– Eu confio na minha equipe e no bom trabalho que estamos fazendo. Eu vou repetir algo que venho dizendo para eles desde o começo da temporada: é uma longa caminhada e não apenas uma corrida. Temos que vencer uma por uma, mas sempre tendo o olho na próxima para que consigamos ter êxito em nosso objetivo lá em Abu Dhabi.
O jornalista concordou com a cabeça, agradecendo o tempo que a chefe havia tirado para conversar com a emissora e entregou o microfone para um dos assistentes, seguindo junto de Louise pelo paddock.
Seus olhos passeavam pelo local enquanto as duas caminhavam em direção ao motorhome da Red Bull e viu Sebastian Vettel parado, já sem o macacão da Aston Martin, mas ainda com a blusa verde da equipe que evidenciava que ele ainda tinha algumas coisas para cumprir, na companhia de Britta, sua assessora.
– Eu vou cumprimentar o Vettel. – anunciou para a ruiva, mudando a direção de seus passos e atravessando o paddock para se aproximar dos dois alemães.
No momento em que se aproximava dos dois, no entanto, ela assistiu as figuras de e Lewis Hamilton chegarem antes para cumprimentar o piloto da equipe inglesa. A loira diminui os próprios passos, pensando se deveria se aproximar no exato momento em que os dois membros da Mercedes estavam ali, mas optou por dar os ombros e voltou a caminhar normalmente.
se juntou ao grupo, parando entre Roeske e Vettel, exatamente de frente para , e apenas percebeu que estava de frente para o chefe da Mercedes quando os olhos famintos do homem a encararam de cima à baixo.
– Desculpem interrompê-los, mas eu precisava parabenizar o Sebastian. – sorriu fraco na direção dos presentes, virando-se para o alemão. – É bom vê-lo no pódio novamente, Seb. Que seja o primeiro de muitos junto à Aston Martin, mas com a Red Bull em primeiro no pódio. – piscou, arrancando risadas dos outros e envolveu o piloto para o qual trabalhou assim que entrou na equipe austríaca em 2013.
– Obrigado, . – Sebastian sorriu. – Quem sabe, futuramente, não seja eu dando trabalho para a Red Bull ou a Mercedes? – apontou com o queixo para Lewis Hamilton, causando uma risada na loira que, no momento, não tinha coragem de encarar o piloto inglês diante do fato de ele saber sobre ela e .
– Ou, quem sabe, você não possa voltar para casa e nos ajudar a dar trabalho para eles? – sorriu, apontando para os dois membros da Mercedes com a cabeça e arqueando as sobrancelhas para o alemão.
– Podemos conversar sobre isso... – Vettel elevou os ombros, encarando e Lewis que apenas assistiam a interação entre os dois.
– Bom, preciso ir. – afastou-se do alemão, colocando uma mão sobre o ombro de Britta e sorrindo para a assessora que era uma pessoa incrivelmente tímida, mas adorável. – Nos vemos na Áustria?
Nem mesmo esperou as respostas à sua pergunta, apenas se afastou do grupo completamente e voltou a seguir caminho em direção ao motorhome da Red Bull. Queria poder se reunir com sua equipe para tirar as fotos e celebrar aquela vitória que havia sido incrível, embora não tivessem conseguido pontuar com Hakvoort.
assistiu a toda a conversa da loira com Sebastian com os olhos atentos e permaneceu assim quando ela se afastou. Era comum que eles se encontrassem no paddock e, geralmente, trocavam poucas palavras para evitar dar qualquer tipo de sinal do que viviam. Era como se aquele ambiente fosse um universo completamente estranho ao que os dois viviam no quarto de hotel em que se emaranhavam em meio aos lençóis e partilhavam noites juntos.
E de uma coisa tinha certeza, ele detestava parecer um estranho perto de .



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Viena, Áustria
.

Havia decidido ir para Viena uma semana antes dos dois Grandes Prêmios que teriam no país porque tinha algumas questões para resolver referente a um dos negócios que mantinha em seu país natal, mas também porque havia o aniversário de sua filha mais nova, Rosa.
Devido as longas viagens da Fórmula 1, já havia perdido diversas datas especiais com os filhos. Então, quando havia uma folga no calendário, não media esforços para voar até o país e passar alguns dias com eles. Tinha a certeza que a Mercedes poderia viver a alguns dias com ele resolvendo as coisas através de e-mails e participando de reuniões de forma online.
Sua casa na Áustria era uma das coisas que mais gostava. Apesar de ser grande como a que tinha na Inglaterra possuía uma vivacidade maior porque as crianças frequentavam mais aquela do que a residência inglesa, mas também porque era um ambiente que havia sido decorado do jeito dele.
A maioria da decoração da casa de Londres havia sido feito por Susie e, embora na época em que estavam casados, ele tivesse adorado que a mulher tivesse se empenhado para decidir e deixar cada lugar com a sua característica, desde o divórcio havia se tornado um peso para ele e ajudava a se sentir cada vez menos em casa no ambiente.
Em Viena era diferente. A residência era mais rústica, com diversos ambientes em tons amadeirados, mas havia toda a modernidade em espaços importantes como a cozinha e a sala, que contava uma grande lareira próxima a janela que tinha uma vista para o jardim da casa. Os quartos, eram cinco, eram suítes espaçosas e confortáveis, o que mais zelava para ter em uma casa: conforto.
estacionou sua Mercedes AMG GLC Coupé prata na garagem aberta da casa e saiu do carro, assim que o desligou. Já conseguia ouvir os passos animados sendo dados em direção ao espaço em que estava e sorriu fraco ao apertar o botão do porta-malas do veículo para que conseguisse retirar suas bagagens.
– Papa! – o chamado foi sucedido de um gritinho estridente e só teve tempo de girar o corpo para trás porque, logo, Rosa estava se jogando inteiramente sobre ele, o surpreendendo, mas fazendo com que ele emitisse uma risada alta, completamente feliz com aquela cena.
Embora a menina não fosse mais tão pequena, ele conseguiu a segurar em seus braços, fazendo com que ela o abraçasse pelo pescoço de forma apertada. Não demorou para que sentisse uma mão cruzando seus braços e abriu os olhos, percebendo Benedict o abraçando de uma forma menos assídua que a irmã, mas ainda contente por ter o mais velho em casa.
– Quando vocês chegaram? – perguntou, afagando os cabelos castanhos claros do filho mais velho, que logo se afastou do abraço para encará-lo melhor.
– Mamãe nos deixou aqui pela manhã. – o jovem deu os ombros e o mais velho concordou com a cabeça, se lembrando que havia avisado a Stephanie que estava a caminho de casa.
– Eu ajudei a Ülla a fazer um lanche para você. – Rose se manifestou, diminuindo o aperto ao redor do pescoço do pai. – Fizemos o seu favorito, papai.
– Bolo de chocolate? – sorriu na direção da menina, curvando-se para colocá-la no chão novamente e a viu balançar a cabeça de forma positiva repetidas vezes, fazendo com que ele soltasse uma risada. – Estamos esperando o que, então? Vamos entrar!
Fez um sinal com as mãos, indicando que os dois se apressassem para dentro de casa e Rosa foi a primeira a desaparecer, arrancando risadas dos dois . recolheu a bagagem do carro, colocando-a no chão e apertando o botão no veículo para que o porta-malas se fechasse.
– O que foi? – perguntou ao perceber que Benedict ainda estava parado por ali, com as duas mãos no bolso da calça que usava.
– Talvez eu precise de uma ajuda. – o menino de quinze anos murmurou, fazendo com que o pai arqueasse as sobrancelhas e soltasse uma risada fraca.
– O que você fez? – a voz desconfiada fez o menino sorrir de maneira nervosa, emitindo uma risada nasalada envergonhada.
– Eu não fiz nada. – Benedict deu os ombros e passou as mãos pelos cabelos da mesma maneira que sabia que fazia quando estava nervoso. – Eu convidei uma amiga para vir no aniversário da Rosa e eu queria saber se você poderia me emprestar o carro para… Você sabe, pai. – coçou a nuca, sem graça.
– Impressioná-la? – riu, encarando o menino com as sobrancelhas arqueadas. – Te emprestar o meu bebê para você impressionar uma menina?
– Não é uma menina. – Benedict riu fraco. – É a Mayla.
– E o que a Mayla tem de tão importante? – cruzou os braços, encostando-se no carro e viu o jovem suspirar, coçando mais uma vez a nuca.
– Ah, pai… Eu sou afim da Mayla desde o primeiro dia do ensino médio. – confessou em meio a uma risada sem graça. – Ela é difícil, é muito focada nos objetivos dela e sempre negou as outras vezes que eu a chamei para sair, porque ela não quer se envolver com ninguém.
riu, balançando a cabeça enquanto sua mente analisava as semelhanças da tal Mayla com ninguém menos que . Benedict parecia se esforçar para se encaixar na vida da jovem menina focada em sua carreira, assim como ele fazia na vida da chefe da Red Bull.
– Tudo bem, Ben. – sorriu na direção do filho. – Pode buscar e levar a Mayla amanhã. – levou uma das mãos ao ombro do mais novo. – Tome cuidado com o meu carro e seja um bom rapaz para a menina. Eu não tenho dúvida que sua mãe e eu te educamos o suficiente para saber como tratá-la.
– Se eu cuidar bem do carro, quem sabe você não me dá um no meu aniversário? – sorriu de forma larga, fazendo o pai balançar a cabeça de um lado para o outro. – Qual é?! Eu tiro boas notas, faço esportes e sou um bom filho! Eu acho que eu mereço um carro…
– Eu também quero várias coisas e nem por isso o universo me dá. – zombou, balançando os ombros e começando a caminhar pelo quintal em direção a porta da frente da casa, puxando sua bagagem.
– Você pode, ao menos, pensar na ideia? – suplicou.
– Eu sempre penso. – deu os ombros, continuando seu caminho enquanto a figura da filha mais nova aprecia na porta da casa, com as duas mãos na cintura e um olhar impaciente para os dois outros .
– Vamos, vamos! A Ülla não me deixa comer bolo se vocês não entrarem.
riu, apressando o passo para entrar em casa acompanhado de Benedict. Deixou sua mala pela sala antes de correr para se sentar no banco disponível em frente à ilha que dividia os ambientes da sala e da cozinha, cumprimentando Ülla, a governanta da casa, com um aceno.
Naquele momento, sentado, comendo e ouvindo os filhos contarem histórias, se sentiu feliz por estar em casa. A sua mente lhe pregava a pequena peça de, em alguns momentos, pensar em como seria tendo para partilhar aqueles momentos também.
Se questionava se Benedict e Rosa gostariam dela e como seria a relação dos três. Embora existisse um receio, ele sabia que os quatro poderiam partilhar momentos como aquele, como uma família.



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deixou o corpo suado cair sobre a cama, soltando um longo suspiro enquanto puxava o lençol para cobrir o próprio corpo. Não se sentia nem um pouco satisfeita e em sua mente apenas um nome aparecia: .
Durante todo o ato, todas as vezes que era tocada era que imaginava a sua frente. Era no austríaco que pensava enquanto mantinha os olhos fechados e era ele que ela queria ver quando abria.
Não havia sido tocada da maneira que gostava, da forma que ele sabia como fazer. Havia saído naquela noite em busca de um alívio, de alguém que a ajudasse a esquecer o chefe da Mercedes, mas acabou frustrada por dois motivos: o sexo era horrível e não saía de sua mente.
– Foi bom para você? – a voz do homem ao seu lado a despertou dos próprios pensamentos e a mulher teve vontade de rir ao ouvir a pergunta claramente cheia de si.
– Ótimo. – murmurou de forma irônica, levantando-se da cama e começando a buscar suas peças de roupa pelo chão do quarto.
– Já vai? – o homem, que ela nem havia se importado em gravar o nome, perguntou, cruzando os braços atrás da cabeça e a assistindo se vestir. – Não vamos repetir a dose?
achou que vomitaria após ouvir aquela pergunta, mas optou por respirar fundo e terminar de vestir suas roupas em silêncio, se martirizando mentalmente por ter aceitado sair com aquele homem tão babaca.
Rolou os olhos quando sentiu duas mãos sendo postas ao redor de sua cintura e um corpo atrás do seu. Por que homens são tão insistentes?, se perguntou antes de empurrar as duas mãos do outro de si e se afastar de seu aperto.
– Você é um saco, meu Deus. – reclamou, vestindo a blusa de qualquer jeito porque estava louca para ir embora dali.
– Você não estava reclamando minutos atrás… – o homem disse de forma prepotente e se virou em sua direção com um sorriso sarcástico nos lábios.
– Porque eu estava em busca de uma boa foda. – deu os ombros. – Mas nem isso você soube dar! Afinal, só um de nós gozou e adivinhe? Não fui eu!
Nem mesmo esperou por uma resposta — se é que havia alguma coisa para ser dita por ele — e saiu do quarto em direção a sala, pegando a bolsa que estava caída próxima ao sofá antes de sair daquele péssimo ambiente.
Desceu as escadas com pressa e deixou o prédio o mais rápido que podia, seguindo pela calçada enquanto ligava o celular para pedir um carro pelo aplicativo. Só precisava de duas coisas naquele momento: um banho frio e a sua cama.
Encarou a tela do celular ao receber a mensagem que o motorista chegaria em cinco minutos, parando no meio da calçada e suspirando, absolutamente frustrada com a sua noite.
Não pode deixar de praguejar e de se praguejar mentalmente. Ela buscava entender o que havia acontecido para que ela não conseguisse parar de pensar no austríaco, nem mesmo na hora do sexo.
Passou as mãos pelo cabelo, bufando e tentando fazer seu coração parar de bater tão rápido. A principal razão daquela noite era tirar o homem de sua cabeça, mas não havia logrado êxito algum. Em fato, estava ainda mais com em sua cabeça e cada vez mais confusa.



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assistia o grupo de cerca de quinze adolescentes espalhados pelo extenso gramado de sua casa com um leve sorriso no rosto por se lembrar dos seus tempos de juventude e por ver o sorriso no rosto de Rosa, demonstrando o quanto estava feliz por ter os amigos ao seu lado para celebrar os seus treze anos.
Benedict havia ido buscar a amiga e ainda não havia retornado com a Mercedes do pai, mas havia recebido tantos conselhos e avisos que ele sabia que o menino não seria capaz de cometer qualquer loucura e, logo, estaria de volta à casa.
– Ela está crescendo, não é? - a voz ao seu lado, o fez retirar os olhos da filha e focar na figura ao seu lado, encontrando Stephanie, sua primeira esposa, parada ao seu lado com o olhar em Rosa.
– Os dois estão, na verdade... – o mais alto sorriu. – Bene pediu o carro para ir buscar uma amiga.
– Mayla. – a loira sorriu fraco, recordando-se do nome da menina que o filho queria tanto trazer a festa. – Isso me assusta.
– Benedict ter uma namoradinha? – arqueou as sobrancelhas e viu a mulher rir fraco.
– O fato dos meus filhos estarem crescendo. – deu os ombros, retornando para dentro da casa e optou por segui-la, quando uma das adolescentes aumentou a música que tocava. – Acho que isso é o que as pessoas chamam de síndrome do ninho vazio.
– Benedict e Rosa não vão sair de casa amanhã, Ste. – soltou uma risada fraca, encostando-se no balcão da cozinha e deixando sua garrafa de cerveja sobre o local. – Ele tem quinze anos e ela tem treze. Acho que ainda temos um pequeno caminho com eles embaixo das nossas asas.
– Curto o suficiente. – murmurou em um tom mais baixo, sentando-se na cadeira da mesa de jantar. – Ele já fala em fazer faculdade na América.
– Não era você que me dizia que criamos filhos para o mundo e não para satisfazer os nossos gostos, todas as vezes em que eu insistia em que eles corressem de kart? – sorriu, virando-se para o lado e buscando a cerveja para dar um gole, ouvindo a Stephanie dar uma risada fraca.
– Eu ainda acredito nisso. – a loira sorriu. – Só não estou pronta para vê-los indo para o mundo.
– Talvez a gente nunca esteja.
finalizou a cerveja que tinha em mãos e desceu do balcão da cozinha, caminhando em direção a geladeira para buscar uma nova após despejar a garrafa de vidro dentro da lixeira.
– Como está a vida? – ouviu a voz de Stephanie enquanto pegava uma nova garrafa e sua primeira resposta foi um suspiro.
O divórcio dos dois havia sido doloroso, mas sempre buscaram manter uma boa relação em prol das crianças que seriam as únicas realmente afetadas porque qualquer clima ruim que persistisse entre os dois.
– Da mesma maneira de antes. – riu. – O bem estar da Mercedes ainda é uma das prioridades da minha vida. – abriu a nova garrafa, buscando uma para a loira e caminhou em sua direção, lhe estendendo.
– Nenhuma mulher desde que terminou com a Susie? – a loira cerrou os olhos na direção do ex marido, observando sua reação a pergunta e prendeu o riso ao ver a expressão de surpresa em seu rosto.
Com o passar dos anos, uma amizade sólida havia surgido entre os dois. Já não mais havia qualquer tipo de mágoa pelo fim do casamento, mas uma parceria pelo bem estar dos filhos e um ombro amigo para sempre que um ou outro precisasse.
– Nenhuma séria. – respondeu, afastando a imagem de que surgiu em sua mente e a mulher continuou o observando. O conhecia o suficiente para saber quando ele tentava esconder alguma coisa.
– Então, houveram algumas? – Stephanie sorriu, bebendo sua cerveja e ouvindo a risada do homem, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Há uma, não é?
– Stephanie… – o austríaco soltou uma risada nasalada. – É complicado.
– Ela é casada? – perguntou com os olhos arregalados, mas ficou tranquila ao vê-lo balançar a cabeça de um lado para o outro. – Por que é difícil então?
– Precisamos mesmo falar sobre isso?
– Claro que sim! – riu, animada. – Eu tenho interesse na sua felicidade e preciso saber sobre a madrasta dos meus filhos. Além do mais, eu adoro uma fofoca, você sabe…
– Não há nenhuma madrasta para as crianças.
– Por que ela não quer ou por que você não quer?
riu, balançando a cabeça e deu um longo gole em sua cerveja, tentando desviar das perguntas da mulher que insistia com o olhar para que ele lhe respondesse.
Stephanie franziu o cenho porque não fazia segredo de sua vida pessoal para ela. Os dois sempre foram muito abertos quanto a isso, tanto que ele foi um dos primeiros a saber do relacionamento dela com Ärus e a loira havia sido a primeira a descobrir sua relação com Susie.
Quando estava com Susie, ele não fez mistério algum e logo apresentou as duas mulheres que conviveram juntas diversas festas de aniversário de Benedict e Rosa, até menos outras datas comemorativas tinham passado juntos.
Ela sabia que a outra não era do universo de Fórmula 1. Os dois tinham se conhecido em um evento de artes através da Fundação de Niki Lauda, comandando pela esposa do ex-piloto, Brigit.
Algo pareceu estalar dentro do cerebelo da loira naquele momento e ela sorriu encarando o ex marido que se assustou com o semblante dela.
– Da ultima vez que você me olhou assim eu tive que comemorar o meu aniversário na Disney para me redimir de ter perdido o aniversário da Rosa. – falou, encarando a austríaca que soltou uma risada alta se recordando daquela viagem em família que havia sido uma típica aventura para os quatro.
– Essa mulher que você está se envolvendo…
– Stephanie, eu disse que eu não quero…
– Ela é da Fórmula 1, não é? – o final da frase dela cortou a que iniciava e a loira manteve seu olhar furtivo na direção dele, esperando uma resposta.
tentou não demonstrar que seus olhos se arregalaram em surpresa com o comentário da ex-esposa e levou a garrafa de cerveja até os lábios outra vez enquanto se afastava da cozinha da casa para tentar fugir de Stephanie.
A loira soltou uma risada fraca, percebendo que o homem havia fugido dela e balançou a cabeça de um lado para o outro, tendo a pura certeza que a mulher que ele estava se relacionando era realmente de dentro da Fórmula 1.
Stephanie poderia não ter ideia se ela trabalhava para alguma equipe ou para a própria Mercedes. Talvez fosse a ruiva que trabalhava com ele, cujo nome ela não recordava, mas que era a que ficava mais próxima de .
Não investigaria e nem insistiria no assunto para saber quem era a mulher. Conhecia muito bem para saber que ele iria lhe procurar para desabafar caso fosse necessário sobre o assunto e, eventualmente, ela conheceria a mulher misteriosa. Apenas desejava que, qualquer que fosse a situação entre os dois, desse certo.



Capítulo 8



Grande Prêmio da Estíria

A Áustria é a casa da Red Bull Racing. Era esperado que muitos fãs fossem acompanhar e torcer pela equipe, o que fez com que as patrocinadoras criassem uma série de eventos para promover toda a equipe e os pilotos, Matt e Sergio.
sabia da importância do país para a RBR e até havia escolhido uma roupa especial para a ocasião. Usava uma saia envelope verde militar, uma blusa branca e nos pés estavam seus inseparáveis scarpins em tom nude.
Respondia alguns e-mails ainda dentro do carro que a levava para o circuito. Estava sozinha já que Louise havia ido mais cedo para adiantar algumas partes de uma ação promocional que a chefe precisaria gravar com os pilotos.
– Obrigada, Tom. – disse para o motorista assim que percebeu o carro parado no estacionamento do Red Bull Ring, guardando o celular dentro da bolsa e abrindo a porta.
Colocou os óculos escuros e desceu do veículo Honda caminhando pelo estacionamento em direção a entrada do circuito. Alguns dos fotógrafos presentes no local chegaram a fotografá-la para publicar em suas redes, mas nada que alterasse o humor da chefe da Red Bull.
percebeu a movimentação dos fotógrafos, levantando o rosto para saber do que se tratava e sorrir perceber que se tratava de chegando ao circuito. Fechou a porta da Mercedes e acelerou os passos, apertando a pasta que tinha em mãos enquanto já caminhava a poucos metros de distância da mulher.
– Vestida para matar. – murmurou em um tom baixo assim que ficou ao lado da mulher e tentou esconder o arrepio que percorreu o seu corpo ao ouvir a voz dele.
A loira virou o rosto para o lado, encontrando o austríaco com as roupas da Mercedes e um óculos de sol arredondados. Ele sorriu de lado em sua direção e precisou respirar fundo.
– Áustria é especial para nós. – balançou os ombros. – Como vai, ?
? – riu, surpreso. – O que aconteceu com ?
balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando esconder um sorriso de seus lábios, mas optou por balançar os ombros outra vez.
– Eu acho que não cabe mais.
– Ainda vai seguir com a ideia de pausa?
– Nós fomos flagrados, . Eu não quero correr riscos...
– Ele não contará nada para ninguém. – deu os ombros, referindo-se à Lewis e a mulher suspirou. – Estamos a salvo ainda.
– Eu tenho muito a perder. – murmurou em um tom baixo, colocando uma mecha para trás da orelha. – Lewis soube, Nico, provavelmente, percebeu algo.
– Ninguém vai falar nada, ... Não há motivo para preocupação.
, por favor. – suspirou, parando de caminhar um pouco antes da entrada do circuito. – Respeite o meu pedido.
Wolff ergueu as mãos em sinal de rendição e sorriu de ladino em sinal de agradecimento antes de se virar para entrar no circuito. Passou o crachá pelo leitor, empurrando a catraca para entrar em direção ao paddock.
O austríaco assistiu a mulher com um sorriso triste nos lábios. Não podia negar que aquele era seu sentimento por estar longe de , acrescido da sensação de saudade de estar perto dela.


XXX

O dia havia começado com uma reunião com a parte da comunicação da equipe e estranhou o fato de ter sido chamada para participe já que, geralmente Louise lhe passava as coisas importantes que haviam sido discutidas, mas marcou presença na sala para saber qual seria o assunto.
A pauta da comunicação era, basicamente, revelar os pilotos os tópicos que poderiam ser cobrados nas entrevistas obrigatórias e coletivas para que eles se habituassem com as perguntas, sabendo como respondê-las sem causar nenhum tipo de burburinho na equipe.
– ... Então, amanhã para a corrida, todos da equipe usarão roupas típicas austríacas. – Louise revelou a notícia e levantou o rosto para encara-la. – Inclusive a nossa chefe.
Quis rolar os olhos por causa do sorriso que a outra tinha no rosto e ao ouvir as risadas fracas das pessoas presentes na sala, especialmente seus pilotos. Embora entendesse que aquele era a casa da Red Bull, não podia negar o fato que já havia detestado aquela ideia.
– Não acho que festejar antes de uma corrida seja uma boa ideia... – murmurou, balançando os ombros e Louise riu fraco.
– Você só está dizendo isso porque não quer usar o seu dirndl. – respondeu para a amiga. – Aliás, eu deixei dois no motorhome para que possa provar e escolher um para usar.
– Eu mal posso esperar para fazer isso. – fingiu uma animação, causando mais risadas no presente e Pérez se pronunciou.
– Eu vou pedir para que todos usem sombrero quando estivermos no México. – sorriu de forma animada e balançou a cabeça de um lado para o outro com a ideia.
– Quando Daniel estava aqui, ele e eu pintamos o rosto de caveira mexicana... – Hakvoort se recordou, rindo sozinho ao lembrar de como havia sido divertida a reação das pessoas ao ver os dois pilotos. – Podemos fazer isso também.
– Ótimo ver vocês animados assim. – Smith bateu palmas, bloqueando a tela do celular que tinha em mãos. – Nossa reunião terminou. Teremos o FP3 agora e depois o classificatório, então, vocês estão liberados.
Todos se levantaram de seus lugares e a loira esperou pela a amiga para que pudessem ir juntas para o motorhome, já que ela precisava provar a roupa que havia sido separada.
. – se virou ao ouvir seu sobrenome sendo chamado pelo corredor e encontrou Helmut Marko, o consultor da equipe, caminhando em sua direção. – Podemos falar?
– Claro... – afirmou com a cabeça, virando-se para Louise. – Eu te encontro no motorhome em alguns minutos, pode ser? – a ruiva concordou com a cabeça antes de se afastar do dois e deixar o espaço. – Aconteceu alguma coisa, Marko?
– Eu só queria comentar com você que eu não fazia ideia da sua amizade com o chefe da Mercedes... – o velho a encarou, fazendo com que a mais nova franzisse o cenho, absolutamente confusa com a frase.
Um arrepio percorreu sua espinha ao pensar na possibilidade do consultor saber o que acontecia entre ela e Wolff. sabia que aquele era um dos momentos de manter a sua pose e se fazer de desentendida para que, caso desconfiasse de alguma coisa, Helmut mudasse de ideia.
– Perdão, mas eu não entendi... – riu fraco, levando uma mão à base do pescoço e viu o consultor buscar o celular no bolso do casaco antes de verificar algumas coisas e estendê-lo em sua direção.
demorou alguns segundos para fixar os olhos na tela devido a claridade da mesma, mas assim que o fez, encontrou uma foto do exato momento em que ela e conversavam enquanto chegavam ao Red Bull Ring.
Os dois estavam parados próximos a entrada do circuito e aquele era o momento em que ela havia dito para que ele respeitasse seu pedido sobre a pausa nos encontros dos dois.
Conteve o sorriso que quis surgir em seu rosto ao perceber o quanto ela e eram bonitos juntos. Jamais havia visto ou tirado uma foto com o austríaco em que os dois parecessem realmente um casal como naquela, embora estivessem em uma distância consideravelmente segura e ela não revelasse nada demais.
Retirou os olhos da imagem após analisá-la, voltando a encarar o consultor da Red Bull que ainda aguardava uma resposta. A loira balançou os ombros, buscando não dar muita importância para a imagem.
– Um encontro casual... Wolff chegava ao circuito no mesmo momento que eu e nós trocamos algumas palavras sobre como a competição pode ficar feroz com as duas corridas aqui na Áustria. – respondeu, minimizando a situação e Helmut pareceu satisfeito com a resposta que havia recebido.
– Wolff é um homem que sabe jogar, . Tome cuidado com uma aproximação dele.
Balançou a cabeça em afirmação e Marko se despediu, retornando pelo corredor em que havia vindo, permitindo que a chefe da equipe pudesse respirar de forma aliviada naquele momento após ter passado por aquela verdadeira prova.
soltou uma risada fraca. Parecia que Marko estava achando que o campeonato era uma verdadeira guerra com aquela frase e que Wolff poderia usá-la para conseguir informações para a própria equipe.
A loira seguiu pelo corredor em direção ao motorhome da equipe para que pudesse encontrar Louise. Ainda que acreditasse que sua ideia de se afastar de tivesse sido idiota, percebia que existia uma certa razão em sua parte porque eles pareciam um casal naquela foto.
A porra de um casal.
suspirou ao falar aquilo mentalmente. Parecia que tudo que ela menos buscava e queria estava se tornando realidade bem ali a sua frente, mas seus medos se mostravam ainda fortes quanto viver tudo aquilo.
– O que o velho Marko queria? – Louise perguntou ao ver a loira entrar no motorhome.
– Um dos fotógrafos da entrada publicou uma foto minha com Wolff quando estávamos chegando. Marko veio dizer que não sabia que tínhamos uma relação próxima, mas eu consegui disfarçar. – balançou os ombros. – Onde está a roupa?
– Em cima da cama. – apontou, sentando-se no pequeno sofá que havia no local. – Você e Wolff chegaram juntos? A foto mostra algo demais?
– Não e não. – respondeu, retornando a parte da frente do motorhome com as peças em mãos. – Eu estava chegando e ele também. Ele parou para conversar um pouco e nós fotografaram... Só isso. – retirou a blusa branca e a saia que vestia, ficando apenas em sua lingerie preta na frente da amiga, sem qualquer tipo de cerimônia.
– Eu disse que vocês deveriam ser mais cuidadosos... – Louise murmurou, encarando o corpo de enquanto via a loira prender os fios em um coque. – Vocês se encontraram na última semana?
– O que? – riu. – Claro que não.
– Essas marcas são da última vez, então? – indagou, curiosa e fechou os olhos enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.
– Não foi o Wolff... Eu me encontrei com um carinha em Londres. – focou sua atenção no dirndl que tinha que vestir e não viu a expressão de choque no rosto da ruiva.
– Você... O que? – riu, surpresa. – Quem era esse cara? Me conte tudo, !
– Eu o conheci em uma balada, conversamos e eu fui para casa dele. – deu os ombros, fazendo uma careta ao encarar sua figura no espelho e ver a dirndl em seu corpo. Era estranho estar em vestes nada a ver com o seu estilo, mas era algo promocional para a Red Bull, então, não havia escolha para ela.
– Desde quando vai para a balada? – Louise indagou com um sorriso divertido no rosto e viu a loira soltar um suspiro, passando as mãos pelo cabelo e pelo rosto.
– Desde que ela passou a precisar esquecer Tot... – os olhos da loira se arregalaram ao perceber o comentário que estava prestes a comentar e ela se atropelou em suas próprias palavras, deixando a frase morrer no ar, mas não passou despercebida por Smith.
– Esquecer Wolff? – completou, encarando a amiga com uma sobrancelha arqueada diante daquela confissão inesperada. – ...
– Não me olhe assim, Louise! – reclamou, deixando transparecer todo o seu nervosismo com aquele momento.
– Não olharei se você me explicar o que aconteceu... – a loira suspirou com o tom ameno usado pela amiga, que se ajeitava sobre o sofá com o olhar atento sobre cada movimento dela.
– Eu não consigo explicar nem para mim mesma. – riu sem humor, prendendo os cabelos em um coque mal feito e encarando a amiga com um semblante triste. – Eu pensei muito no que você me disse... – suspirou. – Sobre eu estar envolvida com o Wolff. Ele me disse que não havia se encontrado com nenhuma outra mulher desde que nós começamos esse acordo e isso meio que ficou na minha cabeça também. Minha cabeça está uma grande confusão... Eu achei que me encontrando com um outro cara me faria realinhar os meus pensamentos sobre a situação e entender o que está acontecendo aqui dentro de mim, sabe?
Louise concordou com a cabeça, apenas escutando o desabafo da chefe da Red Bull, percebendo como ela estava vendo uma das facetas que a loira raramente mostrava, até mesmo para ela que era sua amiga há bons anos: sua vulnerabilidade.
– E adiantou alguma coisa? – perguntou, curiosa. – Como foi o encontro?
– Uma merda. – riu mais uma vez, encostando-se na pequena mesa que havia por ali, ficando de frente para a ruiva. – O cara era um saco, o sexo não foi nem pouco bom, eu não tive um orgasmo e, para completar, fiquei pensando no maldito do Wolff o tempo inteiro. – bufou de forma irritada. – Argh! Eu fechava os meus olhos e o via no lugar do cara, imaginava que era ele que me tinha ali sobre aquela cama... Tenho quase certeza que eu cheguei a falar em algum momento.
Smith deixou os lábios se abrirem em uma total surpresa com aquela nova confissão e pensou em fazer uma piada, mas vendo o estado da amiga a sua frente, cogitou que aquela não seria a melhor resposta. A ruiva suspirou também, inclinando o corpo para frente para que ficasse mais próxima da loira e sorriu fraco.
– Ali, por que esquecer o Wolff, quando você já está envolvida e claramente nutrindo sentimentos por...
– Louise, por favor. – ergueu a mão em um sinal para que a amiga parasse de falar e colocou as duas mãos na nuca, soltando um novo suspiro. – O meu background não me permite ser boba o suficiente para acreditar que o amor resolve todos os problemas do mundo. – sorriu fraco. – Além do mais, eu já sou problemática o suficiente para me envolver em uma relação que afetaria diretamente a minha carreira. fugiria no primeiro instante em que soubesse de toda a minha carga emocional.
– Você não sabe nada disso. – a ruiva murmurou em resposta, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Wolff está apaixonado por você. Eu duvido que aquele homem faria alguma coisa que pudesse colocar em risco a sua carreira ou fugiria quando soubesse do seu passado... Até porque não há uma parcela de culpa sua no que você viveu.
suspirou mais uma vez e encarou os próprios pés. Parecia que, cada vez mais, seus sentimentos se conflitavam com a sua mente e ela ficava cada vez mais sem saber qual deles deveria seguir. Seus medos e sua carga emocional pesavam mais do que a ideia de se relacionar de forma verdadeira e séria com .
– De qualquer forma – iniciou, passando o dorso das mãos pelas maçãs do rosto. – isso não importa mais.
– Por que? – a ruiva perguntou ao perceber que a mulher já voltava a vestir a armadura invisível de chefe da Red Bull Racing, voltando a ser a que ela via todos os dias durante os finais de semana de corrida e dentro da fábrica da equipe.
– Eu pedi para que a gente desse uma pausa nos encontros. – deu os ombros, erguendo o corpo e começando a retirar o dirndl que ainda usava sob o olhar atento de Louise. – Talvez seja o que eu preciso para parar de pensar nele.
– Ou para perceber que está apaixonada por ele. – a ruiva sorriu, piscando na direção da amiga antes de se levantar para recolher o dirndl que ela usaria no dia seguinte. – A propósito, você ficou linda de dirndl. – implicou, soltando uma risada antes de deixar uma ainda mais confusa dentro do motorhome.

XXX


saiu da reunião de estratégia da equipe conversando com Lewis Hamilton. O último FP havia sido dominado pela Red Bull que tinha uma evidente vantagem naquele circuito, e não era apenas por estarem em casa. Os carros azuis escuros estavam bem mais rápidos que os pretos e o austríaco precisava admitir que a Mercedes não havia conseguido chegar nem perto do ritmo dos adversários.
Era extremamente preocupante para ele e para a equipe como um todo, mas Wolff rezava que com a chuva, que os meteorologistas e os equipamentos mostravam no radar, as coisas pudessem mudar para a corrida no dia seguinte. Afinal, Lewis tinha uma vantagem na chuva que Matt não possuía.
– Vamos analisar como será esse fim de semana para promovermos mais mudanças no carro. – comentou com o inglês que seguia ao seu lado em direção ao motorhome da equipe alemã.
– Eu realmente acho que precisamos fazer melhorias... – Lewis murmurou. – Talvez até uma nova troca de unidade de potência.
– Isso está programado para algumas corridas para frente... Acredito que consigamos levar a que já usamos até Monza. – murmurou em resposta, passando o olhar pelo paddock e notando duas figuras conhecidas se aproximando do motorhome da Mercedes.
A loira sorriu na direção de Wolff, recebendo um maneio de cabeça em resposta do austríaco enquanto dois braços envolviam sua cintura em um abraço desajeitado, lhe causando uma risada. O chefe levou as mãos aos cabelos castanhos de tons claros da filha, curvando-se para depositar um beijo no topo do local.
– Viemos assistir vocês! – Rosa disse em um tom animado, causando uma risada em Lewis e . – Oi, tio Lewis!
– Olá, Rosa! Tudo bem? – o negro acariciou os cabelos da mais nova, recebendo um aceno positivo em resposta antes de se virar na direção da loira que havia acabado de se aproximar. – Stephanie, como vai?
– Bem e você, Lewis? – sorriu na direção do piloto antes de se virar para cumprimentar o ex-marido.
– Muito bem. – o piloto sorriu. – Eu preciso ir me preparar para o classificatório. – anunciou, despedindo-se das duas mulheres com um aceno antes de subir as escadas para o segundo andar do motorhome da equipe alemã.
– Eu achei que vocês viriam apenas na corrida amanhã. – murmurou, encarando a loira que sorriu em sua direção.
– Rosa estava ansiosa para vê-lo... Espero que não tenha problema.
– Claro que não. – sorriu na direção da filha. – Eu posso leva-la para conhecer a garagem, o que acha? – a mais nova concordou com a cabeça de forma assídua, demonstrando toda o seu contentamento pela proposta. – Vamos aproveitar esse tempo antes do classificatório, então...
Rosa segurou na mão do pai, seguindo ao lado dele pelo paddock em direção a garagem da Mercedes, ouvindo atentamente toda a explicação que lhe era dada sobre o local em que estavam.
A menina não tinha costume de ir aos Grandes Prêmios, já que nem ela e o irmão tinham herdado o amor pelo automobilismo como o pai, então, Wolff ficava imensamente feliz quando os dois iam para o circuito em algum final de semana. Havia sido dessa forma quando Benedict foi assistir à corrida em Barcelona e era assim agora que Rosa estava em Estíria.
Stephanie sorriu com a cena de ver os dois de mãos dadas, aproveitando para retirar o celular do bolso da calça que usava para fazer um registro de pai e filha caminhando juntos antes de acelerar os passos para conseguir acompanhar os dois pelos bastidores da Fórmula 1.
Não muito longe dali, terminava de falar com um canal holandês sobre as expectativas para o classificatório e comentando sobre as festividades que a Red Bull estava preparando para o final de semana já que a corrida era no quintal de casa.
– Por favor, me diga que acabou por agora e eu posso descansar por algumas horas antes do classificatório. – murmurou para Louise assim que se afastaram do microfone laranja do canal e a ruiva soltou uma risada, concordando com a cabeça.
– Terminou... Agora só depois do classificatório. – a resposta fez um sorriso largo surgir no rosto da loira, fazendo com que Smith soltasse uma risada.
– Ótimo... Eu vou ficar no meu escritório. – Louise concordou com a cabeça e as duas se despediram com um aceno, seguindo caminhos opostos, enquanto a chefe da RBR retornava para o motorhome, Smith seguia de volta para a garagem.
Uma das coisas que mais gostava de andar no meio do paddock era ver o fluxo de pessoas de um lado para o outro, trabalhando de forma intensa para que tudo ocorresse de forma perfeita e também repleto de jornalistas, fotógrafos e pessoas que podiam circular ali. Era aquela movimentação que a lembrava de como ela amava aquela loucura toda.
A loira virou o celular que segurava em mãos, já que ainda usava a saia envelope que havia chegado no circuito mais cedo. Desbloqueou a tela, indo para o Instagram para ver o que estava acontecendo no mundo e aproveitando para ver o que algumas das amigas estavam fazendo para, basicamente, se desligar da ansiedade pré-classificatório.
Sua atenção estava inteira focada no aparelho enquanto seguia caminhando pelo paddock quando seu corpo bateu em alguma coisa, fazendo com que seu celular fosse de encontro ao chão direto.
– Merda. – murmurou em um tom baixo, agachando-se para pegar o aparelho com raiva por ter trombado em alguém e rezando para que o aparelho não estivesse danificado.
– Desculpe por isso. – uma voz feminina soou em um inglês carregado de sotaque e ergueu o olhar, levantando-se do chão com o celular em mãos. – Eu estava distraída no meu celular e...
– Tudo bem. – riu, encarando a tela do aparelho e ficando aliviada ao perceber que nada demais havia acontecido com ele, antes de se virar na direção da mulher a sua frente. – Eu também estava distraída no meu celular.
A mulher a sua frente era loira de cabelos curtos na altura dos ombros e tinha olhos castanhos, parecendo ter cerca de quarenta anos. nunca havia visto a mulher pelo paddock, mas podia ver que ao redor do pescoço dela estava o cordão verde neon com o crachá de VIP, o que dava acesso total ao circuito.
– Mamãe, estamos esperando você! – uma voz infantil fez com que parasse de prestar atenção na mulher a sua frente e olhasse para a criança. Uma menina de cabelos castanhos, pele branca e com alguns traços que lhe eram conhecidos, tinha os braços cruzados e encarava a loira a qual ela havia acabado de chamar de mãe.
– Claro, Rosa... – Stephanie sorriu para a filha. – Me desculpe mais uma vez.
deu os ombros, demonstrando que não tinha muita importância o que havia acontecido e assistiu a mulher caminhar na direção contrária ao qual ela vinha, seguindo na companhia da menina.
Os olhos de seguiram as duas e viram o exato momento em que as duas se aproximaram de Wolff. A loira franziu o cenho, tentando entender o que era aquilo até os olhos de Wolff se encontram com os dela. O chefe da Mercedes sorriu de ladino em sua direção enquanto segurava a mão da menina e a ficha pareceu cair para naquele momento.
Aquela era a filha de .
Mordeu o lábio inferior, sentindo o coração se apertar com aquela cena e viu a loira a encarar por alguns segundos antes dos três seguirem caminho.
suspirou sozinha, voltando a seguir para o motorhome e tentando apagar o que havia acabado de ver. Era difícil estar longe de Wolff, mas era mais difícil ainda o ver naquela função pai.
De repente sua conversa com Louise voltou a sua mente e a loira teve que se controlar para não acabar surtando outra vez. Precisou colocar Wolff e seus sentimentos no fundo de sua mente para poder conseguir trabalhar sossegada por algumas horas.


XXX


Wolff afastou o MacBook, retirando os óculos de grau, o deixando sobre a mesa e passando as mãos pelo rosto enquanto soltava um longo suspiro. Estava cansado e entediado de estar sozinho naquele quarto, ainda remoendo o péssimo classificatório da Mercedes.
Apesar do dia ruim pra a equipe alemã, o dia havia sido bom porque tivera a filha ao seu lado. A menina, para total surpresa de , havia ficado animada em conhecer a garagem e até mesmo ver de perto o carro de Lewis e Valtteri.
O dia no Red Bull Ring também havia sido a primeira vez em que e ele haviam se visto após a decisão dela de dar uma pausa nos encontros dos dois.
Ele sentiu o coração bater mais forte quando viu a loira adentrando o paddock e tudo que mais queria era se aproximar dela, mas sabia que não podia. Os encontros lhe davam um refresco porque, apesar de não poder tocá-la durante o dia, a tinha em seus braços durante a noite.
Estar longe de o fazia relembrar todos os momentos que passaram juntos em sua mente e sentir falta de cada detalhe dela. Sentia falta do sorriso que surgia em seu rosto quando ele a encarava assim que abria a porta para ela, da maneira como seus corpos se encaixavam, dos beijos cálidos e de ficar abraçado a ela após o sexo. Sentia falta do cheiro adocicado do perfume que ela usava, da suavidade de sua pele que o fazia querer beijar cada centímetro dela mais e mais.
sentia como se fosse uma droga da qual ele estava viciado. Estar sem ela ao seu lado era como se estivesse em uma total abstinência que o consumia de uma forma que ele não conseguia explicar corretamente.
Ele precisava dela.
Dando-se por vencido, o austríaco se levantou da poltrona em que estava sentado em um pulo, caminhando em direção ao telefone do hotel, discando o ramal da recepção. Como não havia conversado com , precisava descobrir qual era o quarto em que ela estava hospedada.
– Recepção, em que posso ajudar? – a voz masculina surgiu do outro lado da linha e o chefe da Mercedes se apressou em fazer seu pedido, tentando não soar tão desesperado.
– Eu preciso saber o número do quarto de uma hóspede... O nome dela é .
– Desculpe, senhor, mas eu não posso fazer isso. – Wolff rolou os olhos, tamborilando os dedos sobre a coxa para que pudesse pensar em como contornar a situação.
– Eu estou programando uma surpresa para ela... – riu fraco. – Eu só preciso do número do quarto. Prometo que não vou causar nenhum problema e, caso ela não goste, o que eu duvido, eu prometo que não digo que liguei para a recepção para pedir o número do quarto. Seu emprego está salvo, se é isso que te preocupa, e eu não sou nenhum maníaco.
O atendente soltou uma risada fraca e cruzou os dedos, pedindo aos céus que desse certo, caso contrário, não saberia o que fazer. Procurar por em todos os andares daquele hotel não era uma das opções mais sanas.
– Décimo quinto andar. Quarto 1529.
A resposta trouxe um alívio e uma ansiedade para Wolff. Nem mesmo se recordava se agradeceu o atendente, apenas colocou o telefone de volta no gancho e se levantou da cama em um rompante em direção à porta do quarto. Repetia mentalmente o número do quarto e o andar com medo que seu nervosismo o fizesse esquecer.
No elevador, parecia que a máquina demorava mais tempo que o normal para chegar ao décimo quinto andar. se balançava, ansioso para que chegasse logo ao andar em que estava hospedada para que pudesse encontrá-la.
Não sabia exatamente o que diria e, conhecendo como ele achava que conhecia, sabia que ela talvez nem mesmo aceitasse falar com ele, e o austríaco ainda não tinha ideia de como reagiria caso isso acontecesse. Torcia para que ela, pelo menos, aceitasse ouvi-lo, mesmo que ele não fizesse ideia do que falar.
Quando as portas de metal se abriram, ele saiu do elevador em um rompante, seguindo pelo extenso corredor de quartos, procurando pelo número 1529. Assim que encontrou a porta, suspirou, parando em frente a mesma e movendo os dedos para dar duas batidas na porta amadeirada.
Ao não obter resposta, balançou a cabeça de um lado para o outro, voltando a bater na porta do quarto, na expectativa que aparecesse. Não ouvia barulho no interior do quarto e ele não tinha nem mesmo ideia se ela estaria por lá.
Suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro ao não receber resposta na terceira vez que bateu com os dedos na porta. Balançou os ombros, começando a caminhar pelo corredor em direção ao elevador para que pudesse retornar para o próprio quarto.
– Está procurando pela ?
A voz feminina fez com que Wolff se sobressaltasse antes de girar sobre os próprios calcanhares, virando-se para encontrar a dona da voz e encontrando a ruiva responsável pela comunicação da Red Bull Racing parada a alguns metros de distância, próxima a porta de um dos quartos do corredor.
Wolff pensou por alguns segundos se deveria ou não admitir que estava atrás da chefe da equipe austríaca. Embora já estivesse óbvio, considerando que ele estava na porta do quarto dela, não queria dar mais bandeira que os dois tinham algo porque sabia que isso irritaria a loira.
– Estou. – respondeu, finalmente. – Você sabe onde ela está?
– Ela está no restaurante do hotel. – Louise respondeu com um sorriso no rosto. – Eu iria me encontrar com ela para jantar agora...
– Eu não... Eu não quero atrapalhar o encontro de vocês. – Wolff sorriu fraco na direção da ruiva. – Posso falar com ela em outro momento.
vai querer me matar no primeiro momento, mas acho que eu sobrevivo. – balançou os ombros, buscando o celular no bolso traseiro da calça que usava. – Eu vou mandar uma mensagem para ela avisando que eu não estou me sentindo bem. – desbloqueou a tela do aparelho, digitando apressadamente a mensagem e voltou a encarar o mais alto. – Boa sorte, Wolff.
Com um aceno, Louise se despediu, retornando para o próprio quarto enquanto permaneceu parado no meio do corredor, pensando no que havia acabado de acontecer bem ali. A ruiva parecia calma demais com o fato de ele estar procurando por .
Ela sabia?
Balançou a cabeça antes de se lembrar que ela havia enviado uma mensagem para a amiga e correu em direção ao elevador, rezando aos céus para que ele descesse mais rápido do que havia subido. Estava pouco se importando por encontrar com ela em um local público, mas precisava falar com ela.



XXX


"Amiga Estou com muita enxaqueca... Eu vou ficar no quarto.
Não se preocupe comigo e aproveite o seu jantar.

conteve a vontade de suspirar ao ler a mensagem de Louise, mas compreendia a situação da ruiva, já que o dia havia sido puxado para elas. Deu os ombros, digitando uma mensagem de melhoras em resposta a ela, antes de deixar o celular de lado sobre a mesa e erguer o dedo indicador para chamar o garçom.
– Me traga um Espérance de Trotanoy, por favor. – sorriu em agradecimento ao rapaz que não deveria ter mais de trinta anos e o viu concordar com a cabeça antes de se retirar para trazer o vinho pedido pela mesma.
A loira buscou o celular novamente, navegando pelas redes sociais. Adorava ir a restaurantes sozinha porque gostava de passar algumas horas em sua própria companhia, mas, naquela noite, estava pronta para desabafar com Louise. Era véspera de uma corrida e ela precisava conversar com alguém para desencanar da ansiedade que possuía.
– Precisando de companhia, ?
A voz fez com que sorrisse porque ela a conhecia muito bem. Ergueu os olhos da tela do celular, procurando pelo dono da voz e sorriu ao ver o homem parado bem próximo a mesa em que ela estava sentada.
O sorriso dele em sua direção e a piscada fizeram que uma risada ecoasse por sua garganta em uma espécie de repreensão aquela tentativa de sedução barata.
Aquela não era a companhia que ela queria para a noite, mas, com certeza, seria mais que suficiente para fazê-la esquecer da corrida do dia seguinte. E essa era, sem dúvidas, a parte que mais adorava.
– A sua companhia seria ótima. – riu, apontando para a cadeira disponível a sua frente e o moreno sorriu, balançando a cabeça e sentando-se no local. – Aceita me acompanhar em um vinho, Michael?
– Uma excelente ideia, . – o australiano sorriu e assim que o garçom se aproximou para servir o pedido da mulher, ela solicitou que ele trouxesse uma nova taça para o seu acompanhante e não demorou muito para que o preparador físico e a engenheira estivessem unindo suas taças em um brinde singelo.
sorriu, fechando os olhos ao sentir o gosto adocicado e saboroso passar por sua garganta. Quando reabriu os olhos, encontrou os olhos furtivos de Italiano em sua direção com um sorriso ladino nos lábios.
– O que foi? – perguntou, curiosa e ele balançou os ombros, inclinando a cabeça um pouco para o lado, voltando a depositar a taça sobre a mesa.
– Você saboreando um vinho dessa maneira... – riu fraco. – Eu tenho quase certeza que é uma cena proibida em uns dezenove países. – soltou uma gargalhada, jogando a cabeça para trás.
– Michael, Michael... – estalou a língua no céu da boca, passando a ponta do dedo indicador sobre a borda da sua taça de vinho, olhando para o homem com um certo desdém. – Você vai precisar de muito mais do que isso para me levar de volta para a sua cama.
Foi a vez do australiano soltar uma risada forte, balançando os ombros. Quando seus olhos esverdeados voltaram a encarar com uma intensidade maior, ela sentiu um leve comichão entre as pernas. Era incrível o charme que ele possuía.
– Você já esteve lá várias vezes. O que te impede de voltar? – conteve a vontade de suspirar e Michael nem permitiu que ela respondesse, continuando suas perguntas. – Me diga, não sente saudades, ? Não sente falta da excitação que era se encontrar escondido na garagem, rezando para que o Daniel não nos encontrasse? – ele riu fraco. – Ou, te conhecendo, talvez, estivesse pedindo aos céus para que isso acontecesse...
soltou uma risada, tentando evitar deixar visível que suas bochechas estavam vermelhas com aquelas perguntas e que havia ficado fragilizada com elas. Estava a algumas semanas sem e Michael era um homem bonito, não dava para negar o charme que ele possuía.
saiu do elevador de forma apressada, passando pelas pessoas que queriam entrar no cubículo, seguindo em direção ao restaurante. A lateral do local era inteira de vidro, o que lhe permitia ver o lado de dentro, mas seus olhos só conseguiram localizar quando ele parou na porta de entrada.
Seus olhos focaram na loira e seu peito murchou ao perceber que ela estava acompanhada de um homem. Pelo que podia ver, parecia bastante íntima dele, já que ela parecia se divertir bastante, dado ao tanto de risadas que ela soltava e a forma que dedilhava a taça de vinho em puro sinal de charme.
Permaneceu ali por alguns minutos. Embora seu coração lhe mandasse ir embora, sua mente fazia com que seus pés permanecessem fincados ao chão para saber quem era o homem a mesa com . E não foi surpresa nenhuma para ele reconhecer Michael Italiano, afinal, ela já havia contado que eles tiveram algo.
Suspirou, sentindo-se um completo tolo. Não estava tendo nada oficial com , já que para ela era apenas um acordo casual, mas já havia dado as dicas necessárias de que não tinha mais ninguém em sua vida. Porém, na dela parecia não ser bem assim.
– Não nego que Daniel também faz o meu tipo... – murmurou, com um ar de desdém na voz enquanto seu olhar passeava pelo restaurante, encontrando parado próximo à entrada.
A loira arfou em surpresa quando seus olhos se encontraram e podia perceber que havia algo de estranho no semblante do chefe da Mercedes. Ele parecia... magoado?
continuou o encarando e assistiu o momento em que Wolff balançou a cabeça de um lado para o outro antes de se virar, retornando para o saguão do hotel.
– Mas? – a voz de Michael a trouxe de volta e ela o encarou novamente. – Ali, está tudo bem?
Suspirou, concordando com a cabeça antes de buscar a taça com a mão direita e a levar em direção aos seus lábios. bebeu o restante do conteúdo em um gole só, afobada, sentindo-se ainda mais confusa.
Michael a encarava, tentando entender o que havia acontecido ou se poderia ajudar de alguma forma. Apesar de todo o flerte e de, se tivesse a chance, se encontrar com ela, era mais como uma amiga.
– Eu acho que vou para o meu quarto... – murmurou, afastando-se a cadeira da mesa, não esperando por uma resposta por parte do preparador físico. Levantou-se, caminhando para fora do restaurante e seguindo em direção aos elevadores.
Seu coração estava um tanto quanto murcho naquele momento e ela sentia raiva de si mesma por não ter conseguido permanecer com Michael apenas por ter visto . Como se não bastasse aparecer em seus pensamentos durante o sexo com outro homem, Wolff também a assombrava presencialmente.
Correu as mãos pelo rosto, levando-as até os cabelos e prendeu os fios loiros em um coque mal feito. Sua respiração começava a ficar descompassada e, assim que entrou no elevador, ela se encarou no espelho, fazendo os exercícios de respiração que Dorothea a havia passado.
Em sua mente apenas a figura de Wolff aparecia. Os momentos deles juntos, seu toque, seus beijos, suas palavras... Podia sentir os toques quentes dele em seu corpo, os beijos molhados espalhados por toda extensão de sua pele e, sem dúvida, podia escutar as palavras que ele gostava de sussurrar em seus ouvidos nos momentos em que estavam juntos.
fechou os olhos com força, se segurando na barra de ferro que havia em frente ao espelho, inspirando e expirando de forma lenta em uma tentativa de normalizar a sua respiração, mas se lembrava da feição de ao deixar o restaurante e tudo parecia desmoronar.
Por que ela se sentia daquele jeito?
Nem ela mesma sabia explicar.
Sentia falta de . Possuía sentimentos por ele, ela sabia que sim, mas tinha medo de todos eles. Tinha medo de colocar seus sentimentos sobre alguém e se decepcionar outra vez, de se machucar novamente.
tinha medo de amar.
– Está tudo bem? – abriu os olhos de forma repentina, encarando o espelho e percebendo que Lewis Hamilton estava prestes a entrar no elevador. Nem mesmo havia percebido que a subida havia parado e que as portas haviam se aberto para o piloto.
– E-e... – a loira suspirou. – Está.
– Tem certeza? – Hamilton entrou no elevador e as portas se fecharam.
Ela nunca havia conversado com Lewis sobre qualquer assunto pessoal. O máximo de interação que os dois tinham era no paddock, mas não passava de um cumprimento ou um aceno em pura educação. Sem contar que ele havia descoberto sobre ela e .
– Absoluta. – balançou a cabeça para tentar confirmar que estava bem.
– Não precisa ficar na defensiva perto de mim, . Pode ficar tranquila que eu não vou contar para ninguém sobre vocês.
– Não há nada para contar de qualquer forma, Hamilton. – deu os ombros, se sentindo aliviada ao ver as portas do elevador se abrindo no décimo junto andar. – Wolff e eu não temos mais nada.
Lewis arregalou os olhos, surpreso com a frase, mas optou por não comentar nada, até porque praticamente desapareceu pelo corredor e, logo as portas, se fecharam.
destravou a porta do quarto, entrando no espaço e fechando a porta atrás de si. Encostou o corpo contra a mesma, soltando um longo suspiro, sentindo o corpo e a cabeça latejarem. Não sabia exatamente como se sentia naquele momento, mas sabia que sentia falta de e muito medo.
Flashback.
A dor física era grande, mas a dor física era muito maior. Ela não conseguia nem mesmo colocar em palavras o tamanho de sua dor, só sabia senti-la e chorar por causa de tudo que sua vida havia se tornado.
Ao seu lado, ele permanecia deitado como se nada tivesse acontecido. Os olhos fechados a respiração tranquila que saía por suas narinas demonstravam que ele ainda estava nos braços de Morfeu.
Lentamente, se levantou da cama, rezando para não acordá-lo porque não estava preparada para mais uma sessão de brigas. Sua cabeça latejava e tudo que ela queria era aproveitar o pouco tempo de paz antes da tormenta recomeçar.
Todo dia era um novo dia, mas não para ela. Todo dia era muito pior que o dia anterior e aquela era a maldita da vida que ela havia ganho com o seu casamento. O conto de fadas havia sido esquecido no primeiro mês daquela união e ele havia se tornado mil vezes pior que a bruxa má.
Sentia falta de sua liberdade e de ter a sua própria essência. Sentia falta de sua identidade, de seus dias de vida, no verdadeiro significado da palavra porque o que ela tinha naquela casa não era vida. não mais vivia para si, sua vida a ela não mais pertencia e nem as suas decisões.
Pegou o celular, acessando seu e-mail rapidamente para saber se havia alguma resposta. Não demorou muito para que a caixa de entrada carregasse e aparecesse ali a resposta que ela tanto queria ler.
Aprovada, aceita.
Sorriu em meio às lágrimas que surgiram em seu rosto. Aquele era o sinal que ela precisava para conseguir se livrar do que estava vivendo e passar a viver o que ela queria para sua vida.
Os passos na escada fizeram com que ela largasse o aparelho de forma apressada. A sensação de alívio se dissipou em poucos segundos e a insegurança retornou enquanto ela corria para preparar o café porque não queria começar o seu dia com novas discussões — embora imaginasse que não seria possível.
Nunca era. Mas, agora, ela tinha um fio de esperança.

Fim do flashback.



XXX


– Até que enfim te encontrei! – Louise murmurou quando viu sentada em uma das mesas do restaurante do Four Seasons em que estavam hospedadas. – Como foi ontem a noite?
– Bom dia para você também, Louise. – sorriu sem mostrar os dentes antes de dar um gole em seu suco de laranja. – Acabei tomando apenas uma taça de vinho com o Michael e...
– Espera! – a ruiva piscou algumas vezes antes de focar o olhar no rosto da chefe outra vez. – Michael?
– Michael Italiano. O preparador físico do Ricciardo.
– Eu sei quem é o Michael. – rosnou, levando uma das mãos até a testa e soltando um suspiro. – O que aconteceu com o Wolff?
– Wolff e eu não estamos nos vendo mais, Lou... Eu já te contei isso.
– Sim, eu sei... Mas ontem ele foi até a porta do seu quarto atrás de você e eu falei para ele que você estava aqui no restaurante porque iria jantar comigo.
– Você disse para ele onde eu estava?
– Ele parecia louco para te encontrar, Ali. – a loira suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto se lembrava de parado na entrada do restaurante.
Ele havia ido atrás dela e tinha ido embora quando percebeu que ela estava na companhia de Michael, o cara com quem ela já havia contado para ele que tinha se encontrado.
– O que você fez, ? – Smith perguntou em um tom sério ao perceber que a loira não falava nada. – Não me diga que você dormiu com o Michael...
– Não. – respondeu prontamente para o alívio da outra. – Mas o Wolff me viu junto com o Michael. Ele se ofereceu para me fazer companhia e você sabe que, quando estamos juntos, nós...
– Flertam. – a ruiva rolou os olhos. – Não que eu julgue porque o Michael é um homem bonito, mas você estava se relacionando com o Wolff.
– Eu não estava me relacionando, Louise. Eram só encontros casuais.
– Chame do que quiser. – deu os ombros. – O que ele fez quando te viu com o Michael?
– A gente se encarou por alguns minutos e ele foi embora. Parecia... Magoado.
– Claro! Você estava em um jantar com um cara gostosão em puro flerte... E o Wolff é louco por você!
– Ele também estava acompanhado no paddock ontem... – balançou os ombros, lembrando-se da loira que estava junto de e da filha deles antes do classificatório.
– Você aceitou a companhia do Michael por causa do ciúme da mulher que estava com ele no paddock?
– Claro que não... Não pensei no Wolff quando aceitei que o Michael me fizesse companhia.
– Mas certamente pensou nele quando saiu com o carinha na semana livre. – arqueou as sobrancelhas, surpresa com a frase de Louise.
– O que você quer dizer com isso?
– Que você está com medo de se machucar e está machucando quem gosta de você.
– Ele não gosta de mim. Para de dizer isso, Louise!
– Eu vou dizer até isso entrar na sua cabeça e você se permitir dar uma chance para ser feliz na sua vida pessoal. Você não deve condicionar a sua felicidade a Red Bull apenas, ! Se você visse, como eu vi, a forma desesperada que ele foi atrás de você, você me daria plena razão. Eu recomendo que você olhe para dentro de si, acalme a sua mente e a abra para reconhecer que você se sente da mesma forma que ele.
A loira balançou a cabeça de um lado para o outro, permitindo que um longo suspiro escapasse por seus lábios enquanto apoiava os cotovelos sobre a mesa. Detestava demonstrar sua vulnerabilidade, ainda mais em público, então, travava uma batalha interna consigo mesma naquele momento enquanto ouvia as palavras de Louise.
– Eu não sei se consigo. – confessou em um tom tão baixo que quase não foi escutado pela ruiva. – Eu tenho tanto medo.
– Medos fazem parte da vida, Ali. Se a gente não tem medo de alguma coisa, a gente está morto por dentro. – riu fraco, esticando a mão sobre a mesa para acariciar o antebraço da amiga. – Dê uma chance e se permita viver.
mordeu o lábio inferior, incerta sobre o que responder porque não era algo como uma chave capaz de ligar ou desligar os seus medos apenas para viver uma relação. Fazia terapia há alguns anos para conseguir se livrar de seus traumas, mas era a primeira vez que ela se via naquela situação de ter sentimentos por alguém.
Buscou o celular, que sempre ficava sobre a mesa quando estava fazendo uma refeição, desbloqueando a tela e acessando o aplicativo de mensagens. Sob o olhar atento de Louise, que sabia que não receberia uma resposta, procurou pela conversa com Dorothea, digitando de forma apressada que precisava de um horário para a próxima semana.
Em silêncio, afastou o restante do café da manhã de sua frente porque já havia perdido o apetite. As palavras da ruiva já se repetiam em sua mente assim como os momentos partilhados com retornavam como uma avalanche.
Esfregou as mãos no rosto de forma leve antes de voltar a encarar Louise que possuía uma feição preocupada. Gostava de falar, queria que a amiga abrisse os olhos para o que estava acontecendo e que fosse plenamente feliz, por isso, se preocupava tanto com ela.
O celular vibrou sobre a mesa e o pegou mais uma vez, sorrindo de forma mínima ao ver a resposta de Dorothea, confirmando sua consulta estava marcada para às dez horas da terça-feira.
– Obrigada pelas palavras, Lou. – sorriu. – Mas, agora, eu preciso me preocupar com a minha equipe ganhando hoje.
E em questão de segundos, ela estava de volta. Louise soltou uma risada fraca, concordando com a cabeça, e as duas se levantaram em direção a saída do restaurante. decidiu passar no próprio quarto para buscar sua mala porque, após a corrida, voltaria para casa.



XXX


ajeitou as mangas de sua blusa branca da Mercedes, dobrando-as até a altura de seus cotovelos. Ajeitou a parte de trás dentro das calças e ouviu batidas na porta da suíte, fazendo com que ele caminhasse até o local para descobrir quem era o visitante.
– Lewis? – surpreendeu-se ao encontrar o piloto do outro lado da porta, mas permitiu que ele entrasse na antessala do quarto. – Aconteceu alguma coisa?
– Eu sei que eu não deveria me intrometer na sua vida até porque você é o chefe da equipe, mas eu sei que temos um nível de amizade, e eu sei sobre você e a ...
– Aconteceu alguma coisa? – perguntou novamente, preocupado.
– Eu a encontrei no elevador ontem à noite. Estava voltando de uma sessão de acupuntura com a ngela e me deparei com a meio... Vulnerável. – riu fraco, passando a mão na ponta do nariz. – Foi estranho, para falar a verdade... Ela parecia nervosa, a respiração estava bem descompassada e ela me disse que vocês terminaram. – Lewis estudou a face de , percebendo que sua expressão não havia mudado e ele permanecia preocupado, decidindo continuar. – Eu disse que ela não precisava se preocupar com fato de eu saber sobre vocês porque eu não vou contar para ninguém... Achei que eu deveria vir falar isso com você também, apesar de já ter dito em Baku, e também contar sobre a forma que eu a vi ontem à noite. Não sei se vocês estão juntos ou não, e nem me interessa, mas achei que você deveria saber.
Wolff balançou a cabeça de forma lenta, aos poucos absorvendo as palavras de Hamilton. não parecia nada daquilo quando estava com Michael mais cedo, parecia estar se divertindo bastante com o preparador físico, na verdade.
Talvez, tivesse acontecido alguma coisa?
Michael havia tentado algo com ?
As mãos de se fecharam em punhos e seus ombros enrijeceram com o pensamento, mas sob o olhar de Lewis, ele precisou se controlar para não dar muita informação para o inglês.
– Obrigado por me contar, Lewis. – sorriu, tentando demonstrar que estava relaxado. – E, pode ficar tranquilo, jamais pensamos que você pudesse contar sobre nós.
O inglês sorriu fraco na direção do austríaco e acenou antes de se dirigir em direção a porta. fechou a mesma assim que o piloto saiu e deixou sua mente trabalhar em alguma maneira de descobrir o que havia acontecido com na noite anterior.
A primeira pergunta que estava em sua mente era por que ela estava com Michael? Tudo bem que eles não tinham uma relação séria, mas ele já o havia confidenciado que não se encontrava com nenhuma mulher e que tinha ciúmes de Michael. Ela havia se afastado dele para retornar os encontros com o preparador físico de Ricciardo?
A segunda pergunta que ele tinha era o que havia acontecido para ter subido no estado em que Lewis a encontrou? Essa era uma que mais o pegava porque não sabia se deveria perguntar diretamente à já que, a conhecendo, sabia que ela não falaria o que havia acontecido.
Talvez devesse ir atrás de Michael, entretanto, sabia que teria que ter uma boa desculpa para questionar sobre o que havia acontecido com a chefe da Red Bull ou acabaria fazendo-a o detestar por ter dado bandeira demais sobre os dois.
A terceira pergunta era a que estava em sua mente desde a noite anterior: Louise sabia dele e ? A mulher parecia tranquila demais com o fato de ele, o chefe da Mercedes, estar atrás da chefe da Red Bull àquela hora da noite.
Novas batidas foram dadas na porta e Wolff se sobressaltou, percebendo apenas naquele momento que ainda estava encostado a mesma. Abriu rapidamente para total surpresa de Jessica, sua assessora, que soltou uma risada fraca.
– Precisamos ir para o circuito. – ele concordou com a cabeça, checando o horário em seu relógio e retornando ao quarto para buscar sua bagagem e a pasta.
Depois da corrida, retornaria para Londres porque já estava a uma semana afastado da fábrica, muito embora seu desejo fosse ficar mais um tempo ao lado dos filhos, aproveitando os dias ao lado dos dois.
Retornou a porta do quarto e se dirigiu ao elevador junto com a ruiva, puxando sua mala enquanto sua mente estava inteira em , o que não era diferente dos últimos dias. Estava repleto de saudade da mulher e ela era visita frequente em sua cabeça. Tinha tanto para falar.



XXX


– ... E Matt Hakvoort cruza a linha de chegada! – abraçou Jim que estava sentado ao seu lado na pitwall para celebrar mais uma vitória da Red Bull no campeonato.
Matt havia feito uma excelente corrida, liderado do início ao fim e com uma folga favorável para as duas Mercedes que, mesmo com Valtteri dando passagem para Lewis, não conseguiu se impor diante do ritmo da equipe austríaca em casa.
Era uma felicidade imensa para ela ver a equipe no pódio mais uma vez, ainda mais sabendo que com aquela vitória eles se aproximavam ainda mais da equipe alemã no campeonato. Se conseguissem repetir a boa atuação no próximo fim de semana, era possível que virassem o campeonato e se tornassem os primeiros.
aplaudiu quando os três pilotos subiram ao local destinado a premiação, assistindo a Hakvoort receber o troféu pela corrida na Áustria. Aplaudiu, assim como a maioria dos presentes no local, celebrando aquele importante momento para a Red Bull.
– Parabéns pela vitória. – assustou-se ao notar a presença de ao seu lado. Ele estava com o olhar focado na premiação, mas se dirigia à ela. – Está se tornando um campeonato difícil.
– Estamos nos tornando seu pior pesadelo, huh? – riu fraco e o homem balançou a cabeça, tentando ser o mais discreto possível para que outros não notassem aquele momento.
– Eu gostaria de conversar com você depois das entrevistas... Podemos?
suspirou, movimentando a cabeça de um lado para o outro antes de dar alguns passos para se juntar a outros membros da RBR, deixando um Wolff confuso, preocupado e triste para trás.



Capítulo 9

– Nosso encontro seria apenas na próxima semana. Pode me contar o que aconteceu para que quisesse vir aqui antes? – Dorothea encarou por cima das lentes dos seus óculos e a mulher soltou um suspiro, passando as mãos no jeans que usava.
– Tudo que eu disser aqui, você não pode contar para ninguém, não é?
– Exatamente. – a mulher balançou a cabeça, lhe lançando um sorriso e entrelaçando os dedos sobre o próprio colo. – O sigilo ético é maior que tudo. Você pode ficar à vontade para me dizer o que quiser.
A loira balançou a cabeça, antes de emitir um longo suspiro e esfregar as mãos nas laterais da calça que usava.
– Eu estou... – procurou alguma palavra. – Envolvida com alguém da Fórmula 1.
– Envolvida com um piloto de Fórmula 1? – ergueu as sobrancelhas ao receber um aceno negativo como resposta. – Não quer me revelar a identidade dele?
– É segredo. – murmurou, arrancando uma risada fraca da mais velha que acabou concordando com a cabeça, anotando algo em sua ficha.
– Me defina o "envolvida". – pediu. – Vocês não têm uma relação?
– A gente tem um acordo. – respondeu. – Somos apenas sexo casual. A cada Grande Prêmio nos encontramos, quase sempre no quarto dele, porque é mais fácil para eu disfarçar a minha presença por lá. Mas fora do hotel, somos rivais.
– Ele é de uma outra equipe?
– Sim.
– Há algo que te preocupa nesse envolvimento?
– Tudo. – riu fraco.
– Tudo é muita coisa. – a psicóloga anotou em seu caderno e voltou a encarar a loira. – Você pode me explicar melhor?
Aquele era o ponto.
– Então... – passou a mão pelos cabelos, o prendendo em um coque e ajeitou as pernas sobre a poltrona em que estava sentada. – Ele é um homem influente no meio da Fórmula 1. É responsável pela equipe dele e comanda toda a parte relacionada a automotor porque possui um cargo executivo... É uma figura imponente. Estamos nesse envolvimento há um ano e, nos últimos meses, as coisas começaram a ficar confusas demais para mim.
– Confusas de que maneira?
– Ele tem tido atitudes que não condizem com a casualidade do que nós temos... Já quis que jantássemos juntos, me confidenciou que não se envolve com nenhuma outra mulher desde que a gente começou o acordo, me levou para um passeio de iate em Mônaco.
– Você acha que ele gosta de você? – Dorothea perguntou após alguns segundos em silêncio e, ao não receber uma resposta de cara, ergueu o olhar para a paciente, percebendo que os olhos de estavam presos na janela do consultório que tinha uma vista para a parte central de Londres.
piscou algumas vezes, ainda mantendo seu olhar perdido enquanto sua mente lhe trazia milhares de memórias, fazendo uma grande mistura de momentos em seu interior, tornando a vontade de chorar algo forte. Passou o dorso da mão pela região da bochecha, secando uma lágrima que escorreu.
Aquela era uma pergunta que seu coração respondia com afinco ali dentro, mas sua mente rechaçava com todas as forças. Era um conflito interno que ela não conseguia pôr um fim diante de todos os medos e inseguranças que a rondavam.
? – Dorothea tentou atrair a atenção da loira e se levantou de sua poltrona, deixando seu bloco de anotações de lado para buscar um lenço de papel. Estendeu a caixa preta na direção da loira, tocando levemente seu ombro para que ela percebesse que o objeto estava a sua frente.
– Obrigada. – murmurou em um tom baixo, pegando um lenço da caixa e passando o papel delicadamente nas maçãs do rosto para secar as lágrimas enquanto a mais velha retornava ao seu lugar.
– Me parece que você está vivendo um dilema de sentimentos, correto? - surpreendeu-se com o questionamento, mas assentiu positivamente com a cabeça. – Precisamos entender um pouco melhor esse dilema. Ele está relacionado a ele estar gostando de você ou você estar gostando dele?
– Eu não sei, eu só... - encolheu os ombros não conseguindo completar a frase.
– Você está com receio de alguma coisa, ?
– Eu tenho tanto medo... – respondeu em meio a uma lufada de ar. – Apesar de termos cargos equivalentes, ele está em uma posição muito superior à minha e é um rival da minha equipe. O que isso me traria? De que maneira afetaria a minha carreira? Eu seria reduzida a namorada dele? – suspirou outra vez. – Eu entro em uma batalha interna quando penso em me relacionar de forma séria com ele. Me surgem as lembranças do passado, as dores e o medo simplesmente... Me domina.
A psicóloga concordou com a cabeça, fazendo mais algumas anotações e voltou a encarar a paciente com um olhar caridoso porque compreendia de onde vinham todo aquele discurso. Era aquilo que vinha buscando tratar há quase dois anos.
, o passado não nos define. Por mais ruim que ele tenha sido, ele é apenas uma parte da nossa história e não uma definição de quem nós somos. Você não deve temer o seu futuro por causa do passado e nem se prender a ele por medo do que estar por vir na sua vida. – fez uma pausa, fechando o bloco de anotações sobre o próprio colo e deixando a caneta sobre o mesmo, voltando a encarar a loira. – Você tem medo do seu envolvimento afetar o seu trabalho e a sua carreira porque ele é um homem influente no meio, certo? – a loira balançou a cabeça de forma lenta. – E você não acredita que você seja influente no esporte? Você me disse que possuem o mesmo cargo.
– Eu sou uma peça pequena comparada a ele. – riu fraco. – Além do que, independente do que eu tenha feito na minha carreira, eu sempre serei reduzia ao homem com o qual estou me relacionando, ainda que tenhamos o mesmo cargo.
– Então, você está me dizendo que, mesmo tendo o mesmo cargo que ele, você acredita que tudo que você fez até aqui seria desmerecido? – a mais velha nao expressou nenhuma reação ao ver a paciente concordar com a cabeça. – Você concorda comigo que você mesma está duvidando da sua própria competência?
franziu as sobrancelhas, mantendo os olhos fixos na psicóloga a sua frente e apertou o lenço que ainda tinha entre seus dedos. Não duvidava do seu potencial, sabia que era uma chefe de equipe competente o suficiente.
– Você acredita que será reduzida somente a namorada e, para acreditar nisso, você acredita que a sua competência, capacidade e liderança, não significam nada. – Dorothea continuou. – Estou errada?
– Eu sou muito competente. – a chefe da Red Bull se manifestou. – Eu lutei muito para ocupar o cargo que eu estou.
– Se você acredita nisso, eu duvido muito que ele não saiba disso. Dificilmente as pessoas se apaixonam por alguém que elas não admiram.
– Ela me disse que admira meu trabalho. – a loira nem mesmo percebeu o sorriso que surgiu em seus lábios. – Disse que admira a mulher independente que eu sou e que isso não o assusta.
– Você acha isso e ele acha isso... Me parece que vocês estão de acordo quanto à isso. – balançou os ombros. – Qual o motivo para você ter medo de as outras pessoas te verem só como a namorada dele, se você e ele sabem que você é mais do que isso dentro do automobilismo?
– Porque é isso que eles fazem. – foi a vez de balançar os ombros. – Independente do cargo da mulher, de como ela lutou para chegar até lá ou de quanto tempo ela esteja nesse cargo, ela vai sempre ser reduzida ao homem com o qual ela está se relacionando. Ela vai ser sempre questionada.
– E você não é questionada quando sua equipe e pilotos perdem?
– Mas são questionamentos diferentes. Ninguém dúvida do meu cargo quando a minha equipe perde, eles questionam as escolhas da estratégia da equipe. – a loira balançou os ombros, encarando a psicóloga.
Para ela, eram duas situações completamente diferentes ser questionada por razão das decisões feitas em seu trabalho do que por estar um relacionamento com Wolff.
– Você é a sua equipe, . O que eles fazem, você faz. – sorriu na direção da chefe da Red Bull. – A realidade é que você já está pré-estipulando o que vai acontecer, quando, na verdade, não sabe ainda. Talvez você esteja jogando para os outros para não assumir para si mesma o que deseja de verdade.
balançou a cabeça, absorvendo as palavras e sentindo as lágrimas voltarem a correr por suas bochechas, mas tratou de secá-las enquanto acolhia as palavras de Dorothea, permitindo que pensasse diretamente nelas.
– Então... – limpou a garganta para que sua voz saísse mais firme em meio às lágrimas. – Você acha que eu devo me relacionar com ele?
A mais velha riu nasalado, balançando a cabeça de um lado para o outro, curvando um pouco o corpo para frente para que pudesse ficar mais próxima dela.
– Essa é uma decisão sua. – piscou. – O que você quer fazer? O que está com vontade de fazer?
A loira concordou com a cabeça outra vez, amassando o papel que tinha em mãos e colocando as mãos sobre os joelhos. Não sabia explicar, mas sentia uma paz interior e uma sensação muito boa dentro de si, embora não soubesse ainda o que fazer em relação a .
– Ele me convidou para passar as férias de verão com ele. – murmurou assim que se lembrou do convite feito em Mônaco.
– Você deu uma resposta a ele?
– Ele fez o convite em Mônaco e disse que eu tinha até a corrida antes da pausa para respondê-lo... Faltam só três corridas agora. – riu fraco. – E eu não tenho uma decisão.
– Eu acredito que você precisa perguntar para a mulher corajosa que você tornou o que ela quer fazer. Por que a única voz que deve ouvir é a dela, não as adversidades que querem tirar a paz dela.
– Obrigada, Dorothea.
– De nada, . – sorriu.
As duas se despediram brevemente e deixou o consultório de uma forma menos confusa do que quando havia entrado lá.
Ainda se questionava se deveria se relacionar com Wolff ou se seus sentimentos por ele eram reais, mas agora estava mais certa de algumas coisas.
Porém, ainda precisava de um tempo para si e para se entender sobre tudo que poderia vir. Depois, ela tomaria qualquer decisão



XXX




Grande Prêmio da Áustria

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caminhava em direção o centro de mídia na companhia de Jessica, sem prestar muita atenção no que acontecia ao seu redor no paddock. Sabia que o movimento estava intenso, mas a sua atenção estava apenas em cumprir a sua obrigação e finalizar o mais rápido possível aquela quinta-feira.
Adentrou o espaço onde aconteceria a coletiva de imprensa sem muita ideia de quem seriam seus companheiros, mas encontrou Andreas Seidl da McLaren chegando ao espaço também.
– Wolff! Como vai? – os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos e caminharam juntos pelo corredor que dava na sala onde aconteceria a entrevista.
– Bem e você, Andreas? – perguntou, ajeitando os óculos de grau no rosto. – Vocês estão em uma crescente fascinante...
– Estou ótimo! – o alemão sorriu. – E sim, o Lando está em um ótimo momento... Ricciardo nem tanto, mas acredito que em breve estaremos com ele em uma boa colocação também. – concordou com a cabeça. – E o primeiro lugar do campeonato está disputado, não é?
– Realmente... Este fim de semana pode causar uma virada da Red Bull, mas eu tenho certeza que isso não irá acontecer. – balançou os ombros, parando próximo a um funcionário da Fórmula 1 que chegou para microfones os dois.
– Eu acho que a Red Bull vai dar mais trabalho do que você pensa... – Andreas soltou uma risada fraca e Wolff projetou os lábios para frente enquanto balançava os ombros novamente.
– Só precisamos aguardar a chefe da Red Bull. – um dos funcionários murmurou pra os dois após colocar os microfones e os indicar as poltronas para que se sentassem.
Wolff se sentou na poltrona ao lado esquerdo enquanto Seidl escolheu a poltrona do lado direito, deixando a do meio para .
Não demorou muito para que a mulher chegasse na sala de mídias. Usava a camisa social azul escura da Red Bull com uma calça jeans de lavagem escuras e botas de cano curto com saltos finos.
tentou disfarçar o máximo que conseguiu, mas analisou o quanto pode a figura da loira. Seus cabelos caíam sobre os ombros e seu rosto tinha uma expressão serena, sorrindo, inclusive, para o funcionário que se aproximou para microfoná-la.
– Boa tarde, senhores. – cumprimentou os dois, não trocando um olhar direto com o austríaco para sua total tristeza.
Queria que ela o olhasse, que os dois pudessem trocar algumas palavras... Queria acabar com a maldita saudade que sentia de .
As perguntas começaram e a primeira delas foi para Andreas sobre Daniel Ricciardo ainda não ter conseguido uma boa colocação dirigindo uma McLaren. Porém, Wolff nem mesmo prestou atenção na pergunta, aproveitou que precisava se virar para encarar o alemão e fixou o seu olhar em .
A mulher encarava os próprios dedos, brincando um com o outro e parecendo que também não estava nada interessada na entrevista ou no que Andreas falava. Mas seu rosto se levantou quando o nome de foi chamado por um dos jornalistas.
– Steven Jones do Channel 4. – se apresentou o homem de cabelos grisalhos. – A corrida deste fim de semana pode marcar uma virada no campeonato dos pilotos por parte da Red Bull e tronar mais difícil para recuperar já que o carro de Hakvoort está em uma crescente. Como você está com essa ideia? E qual é a sensação de, após sete anos, ter uma equipe que faz frente à Mercedes?
– Eu não posso dizer que é uma sensação boa. – riu fraco. – Para o campeonato, sem dúvida, é algo incrível porque estão com duas equipes fortes e brigando pela ponta, ambas fazendo um trabalho muito sólido. Eu lido com isso de forma tranquila... Eu sei da qualidade da minha equipe, de todo o trabalho que estamos fazendo e estamos com bons olhos para o final da temporada. Não é uma única corrida, mas uma longa caminhada que termina apenas em dezembro em Abu Dhabi.
, como você, a chefe da Red Bull, se sente com a sua equipe podendo virar o campeonato neste fim de semana e dando um bom trabalho para a Mercedes? Acredita no discurso de tranquilidade do ?
– Nós estamos contentes que temos um carro competitivo e por estarmos brigando na parte da frente do campeonato, mas precisamos nos manter humildes, com os pés no chão e o foco no que queremos que é ganhar o campeonato de pilotos e o de construtores. Isso é o que importa e o que estamos trabalhando para conseguir. – a loira sorriu sem mostrar os dentes. – Quanto à pergunta sobre o Wolff, certamente que ele não está feliz por ter uma competição este ano depois de anos de pura superioridade da Mercedes. Ele é louco pelo controle e perder a chance de controlar o campeonato, e consequentemente a Fórmula 1, sem dúvida que deve o fazer perder o sono.
tentou não demonstrar que piscou algumas vezes com aquela resposta, mas pôde ouvir risadas dos jornalistas e até mesmo de Andreas Seidl, o que fez com que ele tivesse vontade de rolar os olhos.
O restante da entrevista transcorreu de forma mais amena, tendo Wolff sido questionado sobre quando a equipe alemã revelaria os pilotos para os assentos do próximo ano.
A cada Grande Prêmio as expectativas de todo o público e dos jornalistas para ver George Russell na equipe pareciam maiores – e ele compreendia, já que o jovem piloto possuía um talento nato –, mas não revelaria nada até que resolvesse toda a questão.
Assim que foi anunciado o final da coletiva, os três chefes se levantaram e se despediu de Andreas com um aperto de mãos, seguindo de forma apressada para onde Louise a esperava, saindo acompanhada da ruiva do centro de mídia.
balançou a cabeça de um lado para o outro, seguindo para a saída do local também, sendo seguida por Jessica que digitava de forma apressada no celular que tinha em mãos, enquanto os dois seguiam para o motorhome da Mercedes.
O austríaco sentia-se confuso com a atitude da loira. Os dois estavam afastados há mais de duas semanas e ele não havia feito nada para que ela tivesse aquele tipo de reação em face dele. O máximo que havia visto de nos últimos tempos era a ter encontrado jantando com Michael.
"Ele era louco pelo controle?", teve vontade de rir com aquela parte da resposta dela porque jamais havia buscado o controle de nada em relação aos dois. Em fato, havia cedido demais às regras de para que os dois dessem certo, torcendo para que ela percebesse que os dois poderiam ser algo sério.
A sua vontade era de ir atrás de naquele exato momento, mas sabia que acabaria sendo impulsivo e apenas serviria para deixá-la mais irritada com ele, seja lá qual fosse a razão dela.
Suspirou, passando uma das mãos pelo rosto, tentando colocar em sua mente que buscaria uma forma de se encontrar com ao final do dia. Estavam há muito tempo afastados e a saudade era grande, mas, agora, acima de tudo, ele queria entender a razão das palavras dela na coletiva. Porém, naquele momento, precisava manter a postura de chefe da Mercedes e se reunir com alguns patrocinadores.


XXX


– Eu vou subir e pedir algo do meu quarto. – murmurou para Louise assim que as duas ingressaram no saguão do hotel em que estavam hospedadas e a ruiva informou que iria jantar.
– Tem certeza? – perguntou, a fim de se certificar que estava tudo bem, e recebeu um aceno positivo seguido de um sorriso fraco em resposta.
As duas se despediram com um abraço curto e a chefe da Red Bull seguiu em direção os elevadores. O dia havia sido cansativo porque precisavam alinhar todas a estratégia para não perderem de forma alguma a chance de virar o campeonato contra a Mercedes. A corrida no domingo tinha que ser mais do que boa, tinha que ser perfeita e não mediria esforços para obter o objeto de ver Hakvoort e a RBR no topo.
Ela entrou no elevador assim que as portas se abriram, ansiando para chegar logo em seu andar para que pudesse tomar um banho relaxante e descansar até a manhã seguinte. Apertou o botão do décimo nono andar e encarou os próprios pés, esperando que as portas de metais se fechassem e o elevador se movimentasse logo.
Entretanto, para sua surpresa, dois pés calçados em um tênis preto surgiram em seu campo de visão, demonstrando que ela teria companhia e que chegar ao décimo nono andar seria um logo caminho.
Seus olhos percorreram o corpo do homem a sua frente e, antes mesmo que ela chegasse ao rosto, já sabia que se tratava de Wolff. O cheiro amadeirado que inebriava o recinto, e era quase capaz de deixá-la bêbada, só poderia ser dele.
– Finalmente nos encontramos, . – sorriu, abrindo os braços e encarando a mulher a sua frente que parecia estar cansada.
. – suspirou após dizer o nome do austríaco e levou uma das mãos até o rosto. – Por favor...
– Eu não disse nada, . – murmurou em um tom baixo, balançando a cabeça de um lado para o outro, mas ainda mantendo o maldito sorriso nos lábios. – Pelo contrário, desde o Azerbaijão, eu cumpro o que você me pediu. Eu tenho mantido distância de você todos os finais de semana, mesmo que cada parte do meu corpo clame por você e que eu sinta falta dos nossos encontros. – respirou fundo, mantendo os olhos presos em e percebendo que ela parecia um pouco incomodada com suas palavras. – E, ao invés de receber alguma resposta sua ao meu pedido feito em Mônaco ou o fim dessa distância, o que eu recebo é que eu sou louco por controle?
inspirou fundo com as palavras ditas pelo homem a sua frente, fechando os olhos por alguns segundos e tentando não se deixar levar pela aproximação que os dois estavam tendo depois de tantos dias. Precisava manter sua cabeça no lugar, caso quisesse tomar alguma decisão.
– Engraçado que você não parecia tão preocupado com a nossa distância e nem clamando por mim no último fim de semana... – murmurou, abrindo os olhos para encontrar os olhos castanhos de Wolff presos em si. – A loira que te acompanhava pareceu suprir toda a suposta falta que sentia de mim.
A risada que soltou com o comentário feito fez com que rolasse os olhos, ficando ainda mais revoltada e agradecesse aos céus quando as portas do elevador se abriram em seu andar. Nem se importou em se despedir ou ser educada, apenas passou pelo homem parado a sua frente e seguiu para o lado de fora do elevador.
Pelo som dos passos, ela sabia que não estava sozinha no corredor e imaginou que Wolff havia saído do elevador também para ir atrás dela. Virou o rosto para o lado, tendo um pouco de visão da parte de trás e viu que o austríaco se aproximava em passos lentos.
– Eu não acredito que você esteja com ciúmes, mas não é nada disso do que você está pensando... – murmurou enquanto tentava se aproximar dela e parou em frente a porta do próprio quarto, colocando o cartão no leitor digital para que a mesma fosse destravada e ela pudesse entrar em sua suíte.
– Eu não estou com ciúmes... Estou apenas comentando o que eu vi no paddock na semana passada.
– Então, eu posso comentar o que eu vi no restaurante do hotel na última semana também. – arqueou as sobrancelhas, sorrindo de ladino ao encarar que buscava se recordar sobre o que ele falava, mas não foi necessário buscar em sua mente porque o chefe da Mercedes a relembrou. – Você estava tendo um encontro com Michael Italiano.
arfou em surpresa com a colocação do homem e pôde notar a forma que o maxilar dele estava travado naquele momento. O conhecia o suficiente para saber que Wolff estava com muita raiva ao se lembrar dela e Michael juntos no restaurante há alguns dias.
– E se eu estivesse? – cruzou os braços na altura dos seios, virando-se na direção de Wolff para encará-lo de forma plena. – Há algum problema no fato de eu ter tido um encontro com o Michael? Ou com qualquer outro homem?
– Por mim, – iniciou a frase, dando passos em direção a loira e fazendo com que ela recuasse um para trás até que suas costas se encontrassem com a porta da suíte número 1949 atrás dela. – você pode se encontrar com quem você quiser. Você sabe que nenhum deles é capaz de te dar o que eu te dou.
buscou fingir que não havia ficado sentida com aquela frase e nem que uma comichão havia surgido no meio de suas pernas. Ela precisava manter sua postura intacta, precisava ainda se manter longe de .
– Você é muito prepotente, Wolff. – respondeu, balançando a cabeça de um lado para o outro e sentiu o dedo indicador do austríaco deslizar por sua bochecha em uma carícia delicada e silenciosa. – Você já me conhece o suficiente para saber que não há nada que um homem faça por mim que eu não consiga fazer... Isso inclui ter um orgasmo.
– Um? – ele riu fraco, balançando a cabeça de um lado para o outro e deslizando a mão para o pescoço de . Foi questão de segundos para que ele encaixasse perfeitamente a mão no espaço, fazendo com que a mulher fechasse os olhos com força, comprimindo os lábios para que não emitisse um gemido por ter gostado daquela atitude. – , ... Nós dois sabemos que eu sou capaz de te dar vários.
O suspiro que escapou pelos lábios dela mostrou a ele que estava completamente vendida naquele momento. Isso fez com que colasse o corpo no dela, colocando uma de suas pernas no meio das de , enquanto sua mão livre ia diretamente para a saia que ela vestia.
A loira arregalou os olhos ao sentir o tecido subindo por suas pernas e a mão do moreno indo em direção a sua calcinha. Quando os dois dedos do austríaco tocaram o tecido, ambos soltaram um gemido fraco em conjunto; por sentir falta daquele contato íntimo e por senti-la molhada.
– Exatamente como eu pensei que estaria. – ele murmurou próximo ao ouvido dela, soltando uma risada fraca e aproveitando para deixar um beijo no lóbulo de sua orelha, fazendo com que , mais uma vez, fechasse os olhos com força.
Os dedos de começaram a se movimentar sobre o tecido fino de sua lingerie em movimentos circulares. Os dois se esqueceram completamente de onde estavam e que, a qualquer momento, poderiam ser pegos por algum membro da Red Bull Racing ou alguém que estivesse hospedado naquele mesmo andar.
Para e Wolff, naquele momento, só existia os dois em uma bolha repleta de tesão e saudade.
arfou quando sentiu dois dedos lhe penetrarem, puxando a blusa branca de Wolff em sua mão com força. Os movimentos começaram de forma lenta para o delírio de foram se intensificando, apenas fazendo com que ela apertasse ainda mais o ombro do homem e mordesse o próprio lábio como forma de extravasar todas as sensações que percorriam o seu corpo naquele instante.
apertou um pouco mais a mão contra o pescoço da mulher, colocando o polegar sobre seu clitóris e abriu os olhos, encontrando as írises castanhas de Wolff em sua direção.
Ele estava vidrado nela, assistindo com gosto a cada movimentação de seu corpo e desejando que não tivessem nenhuma daquelas roupas separando os corpos dos dois. Desejava que fosse seu membro dentro dela, que pudesse senti-la se contraindo sobre ele enquanto os dois atingiam o ápice.
não queria pensar em nada que não fosse o homem a sua frente lhe proporcionando o prazer que ela tanto sentia falta. Queria esquecer suas confusões de sentimentos, seus medos e suas inseguranças, focar apenas no fato que Wolff estava prestes a lhe dar um orgasmo no meio do corredor o hotel.
Uma luz vermelha pairou em sua mente naquele instante e ela arregalou os olhos, recuperando seus sentidos em meio ao orgasmo iminente. Assim que ouviu risadas altas vinda da outra parte do corredor, sua mão se direcionou a mão de enfiada no meio de suas pernas e o segurou pelo pulso, fazendo com que ele parasse os movimentos de forma abrupta.
– Pelo amor de Deus, ... – suspirou, puxando sua mão de dentro dela, tentando ativar o fio de consciência que tinha naquele momento. – Não vamos causar uma cena... Estamos no meio do corredor do hotel.
suspirou, concordando com a cabeça e retirando as mãos dela em puro descontentamento. respirou fundo, abaixando sua saia e passando a ignorar a presença do austríaco, torcendo para que ele fosse embora no momento em que ela abriu a porta de seu quarto.
– A loira que estava no paddock comigo semana passada era Stephanie. – falou em um tom mais alto enquanto adentrava o quarto junto de , mesmo sem ter recebido um convite expresso e fechando a porta atrás de si para que ninguém interrompesse aquele momento.
A chefe da Red Bull se virou em sua direção, com uma feição confusa em seu rosto e pronta para questionar se deveria conhecer a mulher citada por ele, mas optou por se manter quieta e deixá-lo falar o que quisesse naquele momento.
– Stephanie é a minha primeira ex-mulher. – explicou e concordou com a cabeça ao ouvir a informação. – Nós somos muito próximos em razão das crianças. Rosa, aliás, estava no circuito na semana passada, você deve ter visto... – murmurou com um sorriso nos lábios ao se lembrar da pequena e movimentou a cabeça em um sinal positivo devagar. – Não há nada entre nós. Eu não menti quando disse para você que eu não me relaciono com nenhuma outra mulher, .
quis ignorar o arrepio que percorreu seu corpo com a última frase e evitou manter contato visual com , permanecendo de costas para ele, apenas ouvindo suas palavras.
– E... – ele soltou um suspiro, correndo a mão pelos cabelos porque era difícil dizer o que estava prestes dizer, mas precisava deixar claro para ela os seus sentimentos, caso ainda tivesse dúvidas. – Não há problema em você se encontrar com o Michael ou com qualquer outro homem, . Como você mesma faz questão de lembrar o tempo todo, o que nós temos é casual. – balançou os ombros. – Mas você sabe o meu desejo para que isso tudo mude. A casualidade, a relação sem rótulos... Eu quero você comigo, . – sorriu. – O meu convite para as férias de verão continua de pé. Ainda faltam três corridas e eu espero ouvir uma resposta positiva para poder começar a viver com você da forma que eu penso e desejo há um ano.
permaneceu parado, esperando alguma reação dela, mas ao não obter, suspirou outra vez antes de se virar para deixar a suíte em que a loira estava hospedada. Seu peito doía por saber que havia realmente sido um encontro de com Michael, mas doía mais ainda por não ter recebido nenhuma resposta dela.
Os minutos que tiveram juntos no corredor ainda estavam frescos em sua mente e ele suspirou, relembrando-se como era bom estar dentro dela. Como era bom ter sob o seu toque... Como era bom amar .
se jogou na cama, sentindo as lágrimas escorrerem livremente por suas bochechas e o coração palpitar de forma acelerada. Aquela sensação era uma porcaria, estava se odiando por não ter tido coragem de falar alguma coisa após a fala de . Mas, no fundo, sabia que não estava preparada para dizer o que ele queria ouvir.
Podia se lembrar da frase de Louise dizendo que ela estava com medo de se machucar e machucava quem gostava dela. Sentiu o peito se apertar pensando em , em como estava sendo boba e permitindo que ele escalasse de suas mãos.
Precisava tomar uma decisão. Precisava tentar silenciar toda a sua carga emocional e focar apenas no que importava, precisava buscar a sua felicidade. Era hora de colocar a cabeça na janela e sentir o vento no rosto.


XXX


– Vocês viram a Louise? – indagou aos engenheiros que retornavam ao motorhome da Red Bull. Já havia rodado o espaço inteiro atrás da ruiva, mas não havia a encontrado até aquele momento e sabia que ela não estava com nenhum dos dois pilotos da equipe porque eles se preparavam para o treino classificatório.
– Ela estava na cafeteria. – Justine respondeu, apontando com o polegar para a área do paddock e a loira sorriu, proferindo um agradecimento antes de sair apressada do motorhome da equipe austríaca, caminhando pelo paddock em direção a cafeteria que havia por lá.
Estava um dia bom. Apear de nublado e de alguns radares de meteorologia prometerem chuva forte, a mesma ainda não havia caído como se era esperado. Em alguns momentos, o sol até mesmo dava as caras para brincar um pouco com as expectativas daqueles que torciam pela chegada da água.
observou, através dos vidros, o interior da cafeteira, vendo a ruiva sentada em uma das mesas do local. Ela bebia seu café de forma tranquila, checando alguma coisa no celular que segurava com a outra mão.
A loira estava prestes a parar de observar e adentrar o espaço quando percebeu Valtteri Bottas se aproximar da mesa em que Smith estava sentada. Os dois se encararam por alguns minutos, parecendo ter uma conversa animada, já que a ruiva riu constantemente, e, pouco tempo depois, o finlandês se afastou com um aceno.
Curiosa, empurrou a porta do local, adentrando no espaço e seguindo em direção a mesa em que a amiga estava sentada.
– Aquele era o Bottas? – perguntou, sem qualquer tipo de cerimônia e a ruiva ergueu o rosto para encarar a chefe da equipe, que já puxava uma cadeira para se sentar. – Você estava de conversinha com o Bottas? O que eu perdi?
– Você não perdeu nada porque não havia nada para perder. – piscou na direção da amiga, dando um gole em seu café. – No último Grande Prêmio, eu acabei tendo um encontrão com ele, o que quase me fez cair de cara no chão, mas ele me segurou e me impediu de passar o fim de semana com a cara quebrada. – sorriu fraco. – Hoje, ele me viu tomando café e veio perguntar como eu estava, fazer uma piada sobre café... Acho que não é segredo para ninguém no paddock o quanto ele ama café.
– Menos mal... Eu achei que você estivesse dormindo com o inimigo. – murmurou, soltando uma risada fraca e a ruiva balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu estou deixando esse título livre para você.
– Você prefere fazer as coisas dentro de casa, não é? – rebateu o comentário da outra, arqueando as sobrancelhas e emitindo uma risada ao ver a expressão no rosto de Louise mudar de vitoriosa para raivosa. – Checo que o diga.
– Seria mais fácil de esconder, se você parar para analisar. – deu os ombros. – Eu sempre poderia dar a desculpa que estávamos resolvendo algo sobre a equipe. Qual a desculpa que você daria com o Wolff?
balançou a cabeça de um lado para o outro e foi a vez de Louise soltar uma risada com a expressão dela. A loira se manteve em silêncio por alguns instantes, pensando em alguma resposta que pudesse acabar com a sensação de vitória da outra mais uma vez e sorriu antes de dizer a frase que veio em sua mente:
– A mesma que você me deu sobre o Bottas. – piscou na direção de Louise e recebeu um tapa estalado na mão que fez com que ela gargalhasse, chamando a atenção de outras pessoas que estavam na cafeteria naquele momento.
– Eu não dei desculpa! – ralhou com raiva. – Ele realmente veio conversar sobre café.
– Se esse é o jeito dele de flertar, acho que ele precisa melhorar um pouco... – riu.
– Talvez não... – Louise deu os ombros. – Eu amo café, sabia?
– Não prefere tacos mexicanos? – arqueou as sobrancelhas outra vez, causando risadas na outra pelo duplo sentido das frases que as duas haviam dito. – Valtteri é charmoso, tem esse estilo discreto e tudo mais, porém, se eu pudesse escolher, eu seria time Checo.
– Eu devo tratar isso como uma ameaça?
– O que? – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Eu não vou furar seu olho, Louise... Eu estou falando que, entre os dois, acho que você combina mais com o Checo.
– Isso nem deveria ser uma questão. – Louise balançou a cabeça. – Eu não tenho nada com nenhum dos dois. – finalizou o café em um gole só, deixando a xícara sobre a mesa e recolhendo o celular. – Vamos para a garagem? O classificatório começa em quarenta minutos...
– Eu não sei quanto ao Valtteri, mas, com o Sergio, é só você investir. – sorriu. – Vamos.
– Você tem falado com o Wolff? – a ruiva perguntou enquanto as duas caminhavam para a garagem da Red Bull. soltou um suspiro com a pergunta e isso não passou despercebido pela responsável pela comunicação da equipe austríaco. – O que foi?
– Não falo com ele desde o Azerbaijão. – balançou os ombros. – Ontem, nos encontramos no elevador e ele me seguiu até o meu quarto.
– Se resolveram então?
– Não. – balançou a cabeça. – Estou total focada em fazer a equipe terminar essa primeira parte da temporada em primeiro lugar nos dois campeonatos.
– Isso não te impede de se relacionar com ele.
– Será que nós podemos mudar de assunto? – passou a mão pelo braço direito e soltou um novo suspiro, ainda desconfortável com aquela conversa. – Eu não quero ficar ouvindo que nós estamos apaixonados. Não quando eu tenho uma decisão a tomar...
Louise franziu o cenho, virando-se na direção da loira e tentando estudar a feição que ela tinha no rosto. Ela estava curiosa para saber o que estava acontecendo.
– Que tipo de decisão?
– Ele me convidou para passarmos as férias de verão juntos.
– Wolff te convidou?!
– Fale baixo, Louise! – ralhou quando a amiga falou em um tom mais alto, demonstrando a sua surpresa. – E sim, ele convidou, mas eu não sei ainda se eu vou.
– Por que? – estou a expressão da amiga e soube que ela não queria falar sobre aquele assunto. – Tudo bem se você não quer falar sobre isso, Ali... Espero que você consiga decidir e que, quando isso acontecer, você se sinta em paz com a sua decisão. Se precisar de ajuda, eu estou aqui.
– Obrigada, Louise! – sorriu, estendendo as mãos na direção da amiga e as duas se abraçaram por alguns segundos antes de chagarem a garagem da Red Bull. – Agora vamos porque precisamos ter um bom classificatório hoje para ganharmos essa corrida!
As duas entraram na garagem, cada uma assumindo o seu posto para acompanhar o classificatório. se sentia ansiosa toda vez que pensava que a primeira parte da temporada estava terminando, mas buscava não se apressar para decidir se iria ou não viajar com Wolff.
Havia decidido focar todos seus esforços em seu trabalho e em sua equipe para que conseguissem ter sucesso na temporada. Depois, poderia pensar em Wolff.


XXX


– Eu não acredito que você fez isso! – Stephanie levou a mão ao rosto enquanto soltava uma risada desacreditada encarando o pai de seus filhos através da tela do celular.
– Ele me pediu, Ste. Acabei achando que não seria uma má ideia. – deu os ombros. – Eu espero que você concorde, foi para isso que eu te liguei.
– É claro que eu concordo, . – sorriu. – Eu tenho total confiança em nosso filho e sei que ele vai adorar receber esse presente no final do ano.
concordou com a cabeça, sorrindo para o celular. Havia cedido ao pedido de Benedict, quando estivera em casa no aniversário de Rosa, e comprou um carro para o jovem. Era uma Mercedes das quais ele tinha acesso por ser o chefe do automobilismo da marca.
Não era uma das mais tops da linha, era um modelo mais básico, mas sabia que o filho ficaria feliz e transpareceria a confiança que tanto quanto Stephanie possuíam nele.
– O que se passa em sua cabeça, Wolff? – perguntou ao notar que o homem possuía o olhar perdido, parecendo estar pensando em alguma coisa. Praticamente perdido em seus próprios pensamentos.
O austríaco soltou uma risada nasalada porque a ex-mulher o conhecia bem o suficiente para saber quando havia algo de errado com ele. Passou a mão livre pelo rosto e estalou a língua no céu da boca antes de voltar a encarar a loira através da tela.
– Eu pensei em pedir na cor preta... Você acha que ele vai gostar?
– Não tente mudar de assunto, . – cerrou os olhos na direção dele. – O que há de errado? Algo parece estar te incomodando...
– E está. – riu fraco. – Eu estou preocupado com o campeonato. Podemos perder a liderança para a Red Bull nesse fim de semana. – tentou, mais uma vez, mudar de assunto e a mulher rolou os olhos.
– É ela, não é? – Stephanie perguntou com as sobrancelhas arqueadas e um leve sorriso no rosto. – Sinta-se livre para caso quiser conversar.
– Se você conseguir me explicar o porquê de as mulheres serem complicadas, eu aceito...
– É a segunda vez que você menciona a palavra "complicado" quando fala dela. O que há de tão complicado? – perguntou, curiosa e o homem balançou a cabeça de um lado para o outro, demorando alguns segundos em uma batalha interna se abria o que estava sentido para ela ou não.
Decidiu que não havia porque não tentar.
– A nossa relação não é bem uma relação. – coçou a nuca, procurando as palavras certas para não contar muito e deixar Stephanie perceber que era , mesmo que as duas não tivessem sido apresentadas, sua ex conhecia o universo da Fórmula 1. – Nós temos encontros casuais, com uma série de regras, e ela quer que continue dessa forma. – riu fraco. – O problema é que eu estou velho demais para o sexo casual.
– Já experimentou dizer isso para ela?
– Eu venho tentando dizer desde o início desta temporada. Ela foge todas as vezes. – balançou os ombros. – A última foi meu pedido para que ela passasse as férias de verão comigo, mas até o momento agora eu não recebi nenhuma uma resposta. Na verdade, ela até se afastou de mim...
– Ela não quer mesmo um relacionamento. – Stephanie riu fraco. – Mas você já disse para ela, com todas as letras, o que você quer? Ou que você a ama?
Wolff arregalou os olhos, soltando uma risada nasalada antes de balançar a cabeça de um lado para o outro para o divertimento da ex-mulher.
– Eu não a amo, Stephanie....
– Se não a amasse, nós, certamente, não estaríamos entendo esta conversa, . –foi a vez da loira rir. – Talvez deva existir alguma razão para ela não querer ter um relacionamento. Tente ir com calma ao invés de impor a sua presença e os seus desejos.
– É o que eu mais faço, Ste. – deu os ombros.
– Tente ser presente e dê a ela o espaço para que ela se sinta confortável que, em algum momento, ela vai se abrir com você.
Um suspiro foi dado pelo austríaco e a loira sorriu na direção dele, observando o mesmo absorver o que havia sido dito enquanto passava uma das mãos pela testa.
– E não demore para me dizer quem é ela... Estou curiosa!
– Esse é o momento de a gente terminar a ligação! – Wolff se apressou, vendo a loira gargalhar. – Obrigado, Stephanie.
A loira sorriu, acenando com a mão livre antes de finalizar a chamada de vídeo. deixou o telefone sobre a mesa e passou as duas mãos pelo rosto, deixando preencher a sua mente naquele momento – como em todos os outros.
Estava cansado de sentir falta de . Era doloroso estar longe dela, sem sentir seu calor, seus beijos e até mesmo seu perfume. Vê-la passar no paddock lhe causava uma dor latente no peito que crescia sempre que ele pensava na possibilidade dos dois não se encontrarem mais.
Ele havia tentado disfarçar, havia escondido o sentimento dentro de si o máximo que conseguia, mas Stephanie estava certa. Não havia mais motivos para esconder, ele amava . E é por isso que não consegue mais ficar longe dela e nem cogitar a possibilidade de ficarem assim para sempre.
Wolff amava .
E faria de tudo para mostrar isso para ela.



XXX


A bandeira vermelha causada por Esteban Ocon da Alpine logo na primeira volta fez com que rolasse os olhos e suspirasse. Havia sido um bom início de corrida com Matt conseguindo manter a liderança e Checo em quarto lugar, prometendo ter uma disputa acirrada com Lando Norris, da McLaren.
Quando a relargada foi dada, as coisas aconteceram exatamente como a chefe da equipe austríaca previa. Hakvoort se manteve na liderança, abrindo uma boa vantagem sobre o segundo colocado, e Pérez iniciou uma disputa com Norris na quarta volta do circuito, mas acabou indo parar na caixa de brita da pista, perdendo várias colocações.
– Merda! – xingou no rádio ao ver que Checo era o décimo colocado quando retornou a pista, fazendo com que a equipe redesenhasse a estratégia para ele, já que precisaria escalar o pelotão e, certamente, gastaria mais os jogos de pneus.
Para o holandês parecia ser uma vitória extremamente tranquila, já que Lewis Hamilton nem mesmo parecia ter o ritmo para conseguir alcançá-lo. Já para o mexicano, parecia mais difícil porque travava uma batalha com Charles Leclerc da Ferrari, acabando por empurrar o monegasco para fora da pista e recebendo uma punição de cinco segundos dos comissários.
suspirou porque aquela estava sendo uma péssima corrida para Checo, embora ele demonstrasse muito a sua força de vontade e o bom piloto que é, conseguindo disputar bem pelo próprio espaço na pista, apesar das adversidades.
Porém, era longe do ideal. Ela queria ver os dois pilotos da Red Bull brigando pelas primeiras posições e não um deles lutando para conseguir entrar na zona de pontuação.
– Como está o Hamilton? – perguntou, curiosa, ao perceber que já se aproximavam da septuagésima volta, a que determinaria que Matt Hakvoort era o campeão do Grande Prêmio da Áustria.
– P4. – Jim falou no rádio. – Parece que é tudo que ele terá para esse fim de semana.
Bateu palmas, sorrindo em pura felicidade, porque aquela vitória e a colocação do inglês confirmavam a virada da Red Bull no campeonato dos pilotos. No dos construtores, ainda permaneciam em segundo porque Valtteri Bottas havia garantido o segundo lugar para a Mercedes.
A bandeira quadriculada foi mostrada para o piloto holandês e a equipe inteira comemorou dentro da garagem. Alguns dos mecânicos correram para a grande, para receber o piloto, e se pronunciou no rádio após o engenheiro de Matt.
– Ótima, ótima corrida, Matt. Assumimos a ponta do campeonato! Parabéns! – falou em um tom animado, logo finalizando o rádio curto e saindo da pitwall para comemorar com os outros membros da sua equipe.
Louise foi uma das últimas a surgir para ser abraçada e as duas ficaram longos minutos abraçadas no meio da garagem em uma silenciosa celebração pela vitória de Hakvoort. estava feliz por, finalmente, ver sua equipe subindo no campeonato porque sabia da competência e do quanto trabalhavam para isso.
– Vamos! Vamos assistir ao pódio! – anunciou, antes de se afastar da ruiva e sair em direção ao local onde acontecia a cerimônia final da corrida. A maioria dos membros da Red Bull já estavam atrás da grade, aplaudindo a chegada do piloto e receberam Hakvoort, que se atirou em cima de seus mecânicos para comemorar sua vitória.
e Louise assistiram o piloto receber o troféu, tendo levado o seu engenheiro para o palco para receber o troféu dos construtores. A loira sorria com a cena, aplaudindo e retirando o celular do bolso para usá-lo para registrar alguns momentos daquela cena. Era mais uma que precisava ter registros para a eternidade.
– Uma ótima vitória hoje. – se virou, encontrando Helmut Marko parado a sua frente com uma discreta expressão de felicidade em seu rosto. O mais velho esticou a mão para cumprimentá-la e balançou a cabeça.
– Matt fez um ótimo trabalho. Uma corrida sólida! – respondeu com um sorriso largo no rosto e o homem a sua frente concordou com a cabeça, satisfeito com o desempenho do piloto.
– E o ritmo do carro dele estava muito bom. – balançou a cabeça. – Precisamos apenas manter um olhar no Pérez.
– Ainda está oscilando. – murmurou. – Mas eu acho que ele será importante.
– Eu não tenho dúvidas. – sorriu fraco. – Comemore a vitória e descanse, . Ainda temos um longo caminho pela frente!
A loira concordou, antes de virar sua atenção para o palco, onde os pilotos já estavam alinhados para ouvir o hino nacional holandês ser tocado.
Não muito longe dali, nem disfarçava que não estava se importando muito com as formalidades pós corrida. Seus olhos estavam presos em a alguns metros de distância dele, com a atenção focada na cerimônia.
Tão perto, mas tão longe.
A forma que ela sorria, atenta a tudo que acontecia, lhe fazia sorrir também, embora o resultado fosse ruim para o seu piloto. Ver a felicidade de era algo que o deixava feliz, ainda mais sabendo como ela é apaixonada pelo esporte.
As palavras de Stephanie ecoavam em sua mente desde a noite anterior e ele se sentia cada vez mais apaixonado por . O seu desejo era caminhar até ela e beijá-la bem ali na frente de todos. Não se importava com o que os outros pensaria ou com qualquer consequência de seu ato... Só queria estar com ela.
– Preocupado com o inimigo? – a voz de James Vowles o despertou e ele balançou a cabeça, encarando o chefe de estratégia da equipe sem entender o comentário. – Sua atenção estava na Red Bull, achei que estava pensando em algo relacionado ao campeonato.
Riu, balançando a cabeça de um lado para o outro e tentando pensar em alguma resposta que pudesse disfarçar a situação a qual Vowles havia presenciado.
– Estou apenas observando e pensando em Silverstone. – deu os ombros. – Precisamos ganhar lá.
– Sem dúvidas que sim. Mas eu acredito que com a sprint race possamos ter mais chances... O carro do Hakvoort realmente estava rápido nesse fim de semana.
– Ele teve um ritmo que nós não tivemos. – Wolff suspirou. – O carro de Lewis não estava tão ruim assim desde Mônaco.
– Teremos que passar alguns dias na fábrica estudando como reverter isso.
– Colocá-los no simulador também é uma boa ideia. – murmurou, percebendo que a cerimônia já havia terminado e observando sair na companhia de Louise.
– Ainda temos um significativo número de corridas pela frente, . Nós vamos conseguir virar o campeonato.
– Eu sei que sim, James. Eu não desconfio do potencial da minha equipe. – sorriu, dando leve batidas no ombro do estrategista e os dois seguiram de volta para a garagem da equipe alemã.
Em sua mente, trabalhava qual seria a melhor forma de se aproximar de para conversar. Ainda precisava dar algumas entrevistas pós corrida, mas tudo que queria era ir até o motorhome da RBR para encontrá-la e conseguir, finalmente, falar com ela.
– Pode me dar alguns minutos? – perguntou para Jess, sua assessora, e a mulher concordou com a cabeça.
– Quinze minutos é o máximo que eu consigo. – ele suspirou, mas concordou, se retirando da garagem e caminhando pro paddock em busca de . Sabia que só a encontraria no motorhome da Red Bull, mas não custava observar todos os locais em busca da figura da loira.
Ele tentava não chamar muita atenção das pessoas que passavam, mas era difícil, já que o austríaco era figura conhecida por todos que trabalhavam ali, além de ter um metro e noventa e dois de altura. Todos observavam a figura de Wolff parado em meio ao paddock.
– Você tem uma entrevista agora com o pessoal da Sky Sports.
– Button? – riu ao pronunciar o nome do piloto que já havia sido seu crush quando ela era mais nova. Louise balançou a cabeça de um lado para o outro, já que as duas compartilharam a paixãozinha por ele.
– Acho que ele e a Natalie Pinkham que estão aqui hoje. – murmurou, checando alguma coisa no celular e a loira concordou com a cabeça. – Podemos ir?
– Deixa eu só passar algo na minha cara. – abriu a bolsa que levava para o circuito, retirando sua necessárie e alguns produtos de maquiagem. Passou apenas um corretivo, rímel e retocou seu batom, antecede se virar para a ruiva. – Acho que estou pronta.
– Então, vamos! – Smith sorriu e as duas saíram do escritório de , seguindo para a saia do motorhome da Red Bull.
Louise respondia a alguns e-mails e a mensagens de outros membros da parte de comunicação da equipe quando murmurou algo que ela não compreendeu. Retirou a atenção do celular para encarar a amiga.
– O que foi?
– Wolff.
Os olhos da ruiva seguiram para o lado de fora do motorhome, encontrando o chefe da Mercedes parado do lado de fora, com os braços cruzados e o olhar vagando pelas pessoas que passavam pelo local.
– Parece que ele quer conversar com você.
– Eu não quero... – suspirou. – Pelo menos, não agora. Será que é tão difícil para ele entender isso?
Louise soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de lançar um olhar cerrado na direção da ruiva, a repreendendo pelo comentário.
– Ele quer vocês conversem, . – deu os ombros. – Vocês se viam sempre e agora você não quer falar com ele só porque ele te convidou para passar as férias juntos.
– Não é nada disso, Lou. – suspirou outra vez. – Eu quero ter certeza de uma coisa antes de voltar a me relacionar com o .
– Certeza do quê?
– Dos meus sentimentos.
Louise arregalou os olhos em total surpresa antes de virar o corpo, ficando de frente para e pondo a mão em seu pulso. A loira passou a mão livre pelo rosto, fechando os olhos por alguns segundos.
– Você está apaixonada por ele?
soltou uma risada fraca, abrindo os olhos para encarar a ruiva outra vez.
– Se eu soubesse a resposta dessa pergunta, eu não estaria longe dele.
– É por isso que você precisa conversar com ele, Ali.
– Eu farei isso em algum momento, Lou mas agora eu preciso focar no bem estar da minha equipe. – sorriu fraco.
A loira respirou fundo, passando direto por e seguindo junto com Smith ao seu lado, como a sua fiel escudeira. Tentou não olhar para onde o austríaco se encontrava parado, não iria lidar com ele naquele momento. Nem tinha tempo para isso.


Capítulo 10



Grande Prêmio de Silverstone

Silverstone era um dos Grandes Prêmios favoritos de . Não apenas porque ela gostava do circuito, mas porque estava mais próxima de casa e poderia, todas as noites, ir dormir em sua própria cama e não em um quarto de hotel como acontecia em todas as outras corridas do ano.
A parte ruim era que, assim como em Portimão, ela tinha que lidar com a sua família. Não era tão péssimo quanto ter que lidar com Margarethe, mas ainda, era tão ruim quanto ter que receber Ruggero, Adelaine, Brooke e Scott durante os dias dos eventos da Fórmula 1 no país. Eles, diferente de Margarethe, não eram silenciados com um declínio de chamada.
O Grande Prêmio da Inglaterra também marcava a estreia de um novo modelo criado pela Federação. A corrida classificatória aconteceria no sábado para definir o grid da corrida principal no domingo, a denominada sprint race.
Todos os olhares estavam no país naquele fim de semana por causa dessa estreia e do fato de Lewis estar correndo em casa. A Mercedes precisava recuperar a ponta do campeonato, que havia sido perdida para a Red Bull após os dois finais de semana seguidos na Áustria.
olhava a tela do celular pela milésima vez no dia e deixava um suspiro ecoar por sua garganta, rolando os olhos antes de bloquear a tela do aparelho e o guardar no bolso da calça pantacourt branca que usava.
– Ali, não se preocupe, ok? Eu peguei o número da Brooke e mandei mensagem para ela, pedindo para que me avisasse quando eles chegassem. Eu irei os guiar para uma das áreas da hospitalidade para que eles possam assistir ao sprint race de hoje. – Louise murmurou para assim que as duas entraram no paddock.
– "Não se preocupe" e "minha família" não podem ser usadas na mesma frase. – falou em meio a uma risada fraca. – Mas eu agradeço pelo seu empenho, Louise.
– Você vai querer se encontrar com eles? – a ruiva perguntou, mas a loira fez uma careta que lhe causou risadas. – Acho que eu entendi a resposta...
– Eu queria dizer que não, mas Brooke vão encher a minha paciência. Então, eu não terei escolha. – deu os ombros.
– Eu posso mantê-los longe até depois da sprint race, está bom para você?
– Eu juro que não vou reclamar disso. – sorriu na direção da amiga e as duas riram. – Eu vou guardar as minhas reclamações para a sprint race.
– Desde que anunciaram essa porcaria, eu estou me perguntando quem teve essa ideia maldita. – Louise rolou os olhos. – Nem precisamos assistir uma para saber que é uma péssima ideia.
– Não vale o risco. – a loira deu os ombros. – Não acredito que alguém vá querer arriscar em uma pequena corrida hoje se a que realmente vale é a de amanhã.
– Nós não vamos arriscar, então? – perguntou, curiosa quanto a estratégia da equipe e balançou a cabeça.
– Não tanto quanto a Federação espera. Não vamos correr o risco de prejudicar os nossos carros pela metade dos pontos... Vamos focar na corrida amanhã.
Louise concordou com a cabeça e as duas mulheres seguiram em direção ao motorhome da Red Bull. Louise se despediu, informando que iria resolver algumas questões com a parte de comunicação do time enquanto a loira seguia para a própria sala antes de resolver algumas questões antes da sprint race.
não sabia muito o que esperar daquele novo tipo de classificatório, mas como já havia falado para Louise, não gostas da ideia e nem que as outras equipes iriam arriscar tanto em prol de pontos pela metade.
Torcia para que Hakvoort conseguisse a pole e que Checo conseguisse uma boa posição para que a corrida no dia seguinte fosse favorável para a Red Bull.
Ainda teria que lidar com Ruggero e Brooke, o que estava prestes a tornar o fim de semana que ela tanto gostava em um dos piores possíveis.


XXX


Lewis Hamilton havia ficado em primeiro lugar no classificatório de sexta-feira, mas, para aquele fim de semana não importava muito porque o que definiria a classificação da corrida era a sprint race daquele sábado.
ainda não sabia como se sentia em relação aquele novo formato. Talvez pudesse acabar se acostumando com ele, caso se tornasse algo efetivo nas corridas, mas, para aquela primeira vez, estava achando estranho.
Assumiu seu lugar em frente à estação de engenharia e colocou seus fones de ouvido, cruzando os braços enquanto os carros já estavam alinhados no grid, prontos para a largada da sprint race.
Assim que as luzes se apagaram, os carros aceleraram e Wolff bufou quando viu Hakvoort assumindo a liderança ao ultrapassar Hamilton. Bottas se manteve em terceiro, sendo seguido de perto por Leclerc.
As dezessete voltas passaram rápido demais. O austríaco se lamentou um pouco pela colocação final de seus dois pilotos, mas se deu por satisfeito, já que não arriscaram muito para aquela sprint race. O que importava e valia mais eram os pontos do domingo, então aquele classificatório era apenas isso: um classificatório.
Além do mais, Lewis corria em casa. Era óbvio que aquilo seria uma motivação a mais para ganhar naquele final de semana.
As perguntas nas entrevistas após a sprint race foram as mesmas: o que ele achava daquele formato, quais eram seus pensamentos para o dia seguinte e o que fazer para diminuir o avanço da Red Bull. O chefe da Mercedes até tentou mudar as suas palavras, mas teve quase certeza que respondeu da mesma forma a todas elas.
– Agora tem a reunião com a equipe de estratégia, . – Jessica o informou após ele sair de uma entrevista ao vivo com Natalie Pinkham da Sky Sports.
– Pelo menos, acabaram as entrevistas. – murmurou em meio a uma risada enquanto arrumava os próprios cabelos.
– E se você parar para pensar, só mais duas corridas para as férias de verão. – a ruiva sorriu e o austríaco arqueou as sobrancelhas. A menção as férias o faziam recordar que não o tinha dado uma resposta ainda e como era ruim estar longe dela.
– Parece que alguém está ansiosa... – soltou uma risada ao vê-la concordar com a cabeça e os dois seguiam pelo paddock em direção ao motorhome da Mercedes.
– Um lugar com sol e um drink refrescante em minhas mãos é tudo que eu peço.
– Eu não nego que é tudo que eu mais quero também. Até o momento, a temporada tem sido estressante. – suspirou, passando os olhos pelo local e cumprimentando algumas figuras conhecidas com um aceno, como Carlos Sainz e Lando Norris que conversavam de forma animada próximo ao motorhome da McLaren.
Wolff encarou o motorhome da Red Bull que não ficava muito longe do da Mercedes, o da Aston Martin era o que separava as duas recepções da equipe alemã e da austríaca. Pode perceber Louise parada próxima aos degraus da escada na companhia de quarto pessoas que ele não conhecia.
Atrasou o passo, permitindo que Jessica caminhasse a sua frente, quando viu vindo em sua direção oposta. Ela estava na companhia de Checo Pérez e se aproximou das pessoas que estavam com Louise com uma cara não muito boa.
assistiu o momento em que a loira foi abraçada por um homem que aparentava ter em torno de sessenta anos, depois recebendo mais cumprimentos das outras pessoas. Checo também se aproximou, os cumprimentou, mas logo entrou no motorhome.
? – Jess o chamou em um tom mais alto, que fez com que se virasse em sua direção ao ouvir o nome dele sendo chamado.
Seus olhares se encontraram e ele sorriu de leve na direção da loira que, embora tivesse ficado com as bochechas avermelhadas, não correspondeu ao seu cumprimento, retornando a atenção para as pessoas que, pareceram ao austríaco, ser parte da família dela.
Sua mente pairou as poucas vezes que se referiu a eles e, então, ele entendeu o motivo de ela não estar com uma cara boa naquela roda de conversa.
– Desculpe, Jess... Achei que havia visto uma pessoa conhecida. – falou a primeira desculpa que veio em sua mente enquanto voltava a andar na companhia de sua assessora em direção ao motorhome da equipe.
– Quem era aquele? – Brooke perguntou com um olhar cerrado na direção de quando percebeu um homem encarando a sua família.
– É o chefe da Mercedes. – Scott quem respondeu a pergunta, encarando a noiva. – O responsável por levar a equipe a sete títulos de construtores. Ele pegou a equipe em más condições e transformou nesse sucesso que vemos hoje... Sem dúvida que é um grande líder.
– Eu acho que o Scott vai tirar essa aliança do seu dedo e colocá-la no dedo do chefe da Mercedes. – Ruggero soltou uma risada, fazendo com que a família o acompanhasse e se remexesse, desconfortável com aquele assunto. – Ele não é muito seu fã, não é, filha?
A loira piscou algumas vezes quando percebeu que todos os olhares estavam nela, esperando por uma resposta e respirou fundo. Realmente não queria estar ali falando com eles e muito menos que o tópico da conversa fosse Wolff.
– É a primeira vez que eles têm uma equipe brigando forte com eles pelo campeonato. – balançou os ombros. – Estão assustados por estarem perdendo o controle do campeonato.
– As corridas na Áustria foram incríveis! – Ruggero sorriu na direção da filha mais velha. – Foi ótimo ver o Matt conseguindo virar o campeonato. Eu espero que consigam ficar em primeiro.
– Eu acredito muito no seu trabalho e na sua equipe, cunhada, mas estamos falando de um cara sete vezes campeão! Eu acho que vai ser difícil, mas vai acabar dando Mercedes outra vez. – Scott balançou os ombros e rolou os olhos, odiando a Brooke por ter um noivo fã da equipe rival da sua.
Talvez fosse karma.
– Eu tenho algumas reuniões para fazer... – murmurou, louca para fugir dali.
– Eu não acredito que você vai nos abandonar, Ali. – Brooke reclamou, balançando a cabeça de um lado para o outro.
A loira fechou os olhos por alguns segundos e respirou fundo para que não perdesse a paciência com a irmã mais nova.
– Por que não vamos jantar juntos? – Adelaide perguntou em um tom animado, buscando diminuir a animosidade entre as duas irmãs, e encarando cada um dos presentes para que dessem apoio a sua frase.
– Eu não...
– Seria ótimo tê-la conosco, . – Ruggero sorriu para a filha. – Podemos ir ao Quo Vadis, o seu favorito. Tem bastante tempo que não saímos juntos, então, seria uma honra ter você com a gente esta noite.
– Aos sábados costumamos fazer uma reunião para discutir como foi o classificatório e planejar a corrida no domingo. – sorriu fraco.
– Podemos deixar para amanhã... – Ruggero balançou os ombros, sorrindo sugestivo na direção da filha mais velha e ela suspirou, não querendo se dar por vencida diante dos quatro.
– Vamos, Ali, é apenas um jantar. – Brooke disse para a irmã, a olhando em expectativa e a loira acabou por se dar por vencida.
– Tudo bem. – soltou o ar pesadamente. – Jantamos juntos amanhã.
Adelaide comemorou, juntando os quatro em um abraço desajeitado para comemorar a resposta da loira, antes de se despedirem dela com acenos.
seguiu, quase correndo para o motorhome da Red Bull com uma pequena parte de sua mente a questionando a razão de ter aceitado aquele convite.
Nem ela mesmo sabia.
suspirou, fechando os olhos por alguns minutos, ponderando entre aceitar ou não o convite. Seu peito gritava que ela não deveria ir, mas sua mente a lembrava das consultas com Dorothea, e como ela queria conseguir ter uma boa relação com a família. Eles também não tinham culpa do que ela havia passado — eles nem mesmo sabiam.


XXX


assistia com um leve sorriso no rosto toda a animação do público com a Driver's Parade, que era o momento em que os pilotos passavam pela pista acenando para o público para agradecê-los pela presença naquele fim de semana.
Ela se sentia ansiosa para a corrida, como sempre ficava em todos os finais de semana, mas tudo se acalmava quando ela chegava em seu assento em frente a pitwall. Pensava em tudo que iria acontecer, fazia uma breve prece e aguardava a volta de aquecimento dos pneus para poder se ajeitar em sua cadeira para que pudesse se concentrar na corrida.
Rodou a cabeça, estalando os ossos do pescoço e respirou fundo, expirando lentamente enquanto os carros terminavam de se alinhar no grid. O funcionário da Federação passou correndo e agitando a bandeira verde, indicando que tudo estava certo para que as luzes vermelhas se apagassem e a corrida fosse iniciada.
Não demorou muito para que os carros acelerassem, iniciando a corrida, e sorriu, olhando para as telas a sua frente para acompanhar a largada de Matt que era seguido de perto por Lewis. Os olhos castanhos da loira assistiram a dupla travar uma dura batalha na primeira volta, com diversas tentativas de ultrapassagem de Hamilton, que não obteve êxito naquele primeiro momento para o total deleite da chefe da RBR.
Entretanto, na segunda volta as coisas mudaram. Na curva de Copse, a nona curva do circuito, Hamilton tentou a ultrapassagem pelo lado interno da pista e Hakvoort, defendendo a sua posição, não cedeu. O pneu dianteiro da Mercedes encostou no da Red Bull, o que fez com que Matt rodasse e o seu carro fosse de encontro com a proteção da pista de forma intensa, causando um choque em todos os presentes, incluindo todos os membros da RBR.
arregalou os olhos, retirando seus fones de ouvido e os atirou sobre a mesa de controle, bufando em completa raiva pelo acidente. Xingou em tom baixo, soltando o ar de forma pesada enquanto buscava se acalmar para conseguir pensar corretamente no que deveria fazer.
– Ele está bem. – Jim falou ao seu lado após ouvir os xingamentos e reclamações de Hakvoort no rádio, soltando um suspiro aliviado.
– Eu preciso falar com o Masi. – respondeu, buscando o fone de ouvido outra vez para que pudesse falar no rádio com o diretor de pista. – Hamilton precisa ser punido por essa batida.
A loira respirou fundo enquanto assistia, pelas telas a sua frente, Matt sair do carro e ser levado para a ambulância, como determinava o protocolo da Fórmula 1. O fato dele ter dito que estava bem e ter saído sozinho do carro, pelo menos, a deixavam tranquila quanto o estado de saúde de seu piloto.
! – teria se sobressaltado, se não tivesse em estado de alerta, ao ouvir a voz de Hemult Marko. O consultor da equipe austríaca parou entre ela e Jim, posicionando os braços sobre cada assento das cadeiras. – Eles têm que punir o Hamilton! Não se faz uma ultrapassagem dessas na Copse! Isso é pilotagem suja! – brandou, irritado, encarando a chefe da equipe. – Aja como a porcaria da chefe de equipe que você é e faça alguma coisa!
A chefe da Red Bull sentiu as unhas pintadas de azul escuro praticamente furarem a parte interior de suas mãos com tamanha raiva que estava sentido, agora não apenas pelo acidente, mas pela fala de Marko.
Virou-se para frente, decidida a ignorar a frase dita pelo mais velho e a focar apenas no rádio que faria com Michael Masi, embora seu maior desejo fosse proferir xingamentos para o consultor da RBR.
– Masi. – contatou o diretor de pistas, já que não podia falar diretamente com os comissários para expor sua raiva. – Foi um acidente enorme! A curva era totalmente do Matt! Lewis estava por fora, não estava nem ao lado do nosso carro... A culpa é totalmente dele. É uma sorte Hakvoort ter saído ileso.
... Eu não posso fazer nas sobre isso. Os comissários estão analisando e irão dar o veredito sobre o acidente. – o australiano respondeu.
– Eu só quero que eles vejam que Lewis não estava ao lado de Matt. Não há como fazer uma ultrapassagem dessas na Copse! Ele sabe disso e jogou o Matt para fora da pista. – respirou fundo. – Olhe os diagramas de onde os carros deveriam estar! Analisem a força que Matt foi lançado para fora da pista.
– Eu tenho certeza que eles irão olhar tudo, . – o diretor fez uma pausa. – Como eu disse para o , se você tem algum documento para confirmar o seu ponto, é bem-vinda para trazê-lo até o prédio dos comissários.
bufou com raiva ao ouvir a menção ao nome do chefe da Mercedes, mas levantou em um pulo de sua cadeira, retirando seus fones de qualquer jeito.
– Estou indo ao prédio dos comissários. – anunciou, nem esperando por uma resposta de Marko ou Jim, seguindo em disparada pelo pitlane em direção ao paddock para ir até o prédio dos comissários.
Entrou no local, trocando algumas palavras com Michael Masi, apenas para enfatizar o seu ponto de vista que Lewis era o errado a situação, pedindo para que fosse analisado que ele não possuía o carro na mesma linha que o de Matt, logo, a curva não era dele.
Teve que se contentar com a reposta de que seria analisado o necessário e a punição viria durante a corrida. Bufou, com raiva, deixando o prédio para retornar a garagem de sua equipe porque ainda haveria corrida para Checo Perez.
Esfregou as mãos pelo rosto enquanto deixava o prédio, trombando em alguma coisa no momento em que se aproximava da porta de entrada do local. Pronta para xingar, a forma que podia colocar para fora toda a sua raiva, ergueu o olhar, encontrando Wolff adentrando o prédio.
... – arfou o nome da loira com um leve sorriso no rosto. Embora estivesse preocupado com a punição que Lewis poderia levar pelo acidente, ficava feliz por ver a mulher a sua frente. – O que faz aqui?
– Eu vim mostrar que o Lewis é cem por cento culpado pelo acidente. – cruzou os braços na altura do peito, mantendo uma pose rígida e séria em frente ao chefe rival.
– Lewis já estava lado a lado, . Hakvoort que não deixou o espaço suficiente, como manda o regulamento. – deu os ombros. – Eu também vim falar com os comissários.
– Espero que Lewis seja punido como merece. – murmurou antes de sair do prédio, retornando apressada para a garagem da Red Bull.
balançou a cabeça de um lado para o outro, já acostumado com as implicâncias da chefe da Red Bull, e adentrou o prédio para que também falar com os comissários. Precisava mostrar que Lewis estava certo e que havia deixado espaço suficiente para Hakvoort na curva, mas o holandês havia ido para cima e se dado mal.
Precisava que a possível punição a Lewis fosse a menor possível para não correr o risco de prejudicá-lo ainda mais na corrida. Afinal, ele estava em terceiro, atrás de Leclerc e Norris, ainda existia chance de ele ganhar aquela corrida. E eles fariam de tudo para que aquilo acontecesse.



XXX


Raiva.
Tudo que sentia pelo Grande Prêmio de Silverstone naquele momento era pura raiva. O dia havia começado com Matt sofrendo um DNF, terminava com Lewis sendo coroado o campeão do fim de semana, diminuindo a vantagem da Mercedes para a Red Bull.
O acidente causado pelo inglês, na visão de , o havia rendido cinco segundos de punição. Porém, nem isso havia sido o suficiente para afastá-lo do primeiro lugar do pódio e a chefe da Red Bull sentia raiva por aquele fato.
O sentimento, aliás, triplicou quando ela viu a forma como Hamilton comemorou pelo circuito. O piloto inglês agitou a bandeira com as cores do Reino Unido ainda no carro, depois saudou o público, correndo em frente as arquibancadas, abraçando o pai e Wolff...
Enquanto Hakvoort estava no hospital passando por exames de imagem para certificar que estava tudo bem.
Lewis achava que havia acabado de ganhar o campeonato naquele momento, sem nem mesmo se preocupar com o rival e bufou na tentativa de expressar a sua raiva.
Já havia deixado o seu lugar na pitwall, pouco se importando em assistir a cerimônia de entrega de troféus e indo direto para o motorhome da RBR. Seu corpo inteiro pulsava, mais do que em qualquer momento da temporada até ali, de raiva de cada membro da equipe alemã.
– Ali! – ouviu seu apelido ser chamado e rolou os olhos antes de se virar para ver quem a importunava. Queria ter alguns minutos para descansar a mente antes de ir para alguma entrevista, ou, pelo menos ter um novo update quanto a saúde de Matt.
Viu a figura de Ruggero se aproximar com, Adelaide, Brooke e Scott ao seu lado. Os quatro tinham sorrisos fracos no rosto, se compadecendo do dia ruim para a equipe austríaca que a inglesa liderava.
– Filha, que dia ruim... – murmurou em um tom baixo. – Como está o Matt?
– Está passando por exames no hospital. Estou no aguardo de notícias com a equipe... – deu os ombros, soltando um suspiro. – Um péssimo fim de semana.
– Podemos fechá-lo um pouco melhor... Vamos jantar? – Brooke encarou com os olhos repletos de expectativas, mas a loira balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu não estou no clima.
– Poxa, ! – a mulher de cabelos castanhos suspirou. – Você sempre tem uma desculpa! Viemos assistir à corrida por você e você prometeu que jantaria conosco hoje...
– Isso aqui é o meu trabalho, Brooke. Eu não posso largar tudo para o alto para te dar a mão e guiar pelo paddock. – levou as mãos as têmporas, tentando não se estressar mais do que já estava,'as a irmã era irritante demais. – E outra, eu não pedi que vocês viessem. Vocês sabem que todo ano é assim, por que voltam no ano seguinte?
– Porque acreditamos que você será um pouco menos vadia sem coração. – a mais nova rebateu, cruzando os braços e encarando a loira com os olhos cerrados.
– Brooke! – Ruggero a repreendeu. – Ali, não foi isso o que a sua irmã quis dizer...
– Foi isso sim! – Brooke o interrompeu. – Tanto que eu disse! – balançou os ombros. – Todos nós sabemos que a Ali se tornou essa vadia sem coração e todos nós tentamos fazê-la voltar a ser a de antes. Mas, ao que parece, esse não é o desejo dela! Parece que o desejo dela é só nos tratar mal por algo que aconteceu há anos atrás...
A frase de Brooke havia remetido à loira para o dia em que estivera no iate de Wolff. Havia dito para ele que era uma vadia sem coração e o austríaco havia respondido que não a via daquela forma.
Ela sorriu fraco com a lembrança, sentindo o peito se apertar, mas logo as imagens do dia voltaram a sua mente e a raiva se fez presente de novo.
... – Louise se aproximou, tocando levemente o ombro da chefe, que nem mesmo havia percebido a sua presença no local. – Você precisa dar entrevistas.
Concordou com a cabeça, aliviada por ser retirada daquela conversa. Nem se importou em se despedir, já era considerada uma vadia sem coração mesmo, era indiferente.
– Está tudo bem? – Louise perguntou, cuidadosa, ao observar a face da loira.
– Depois dessa corrida? – riu sem humor. – Claro que não.
– Matt está bem. Sente apenas uma dor nas costas, devido ao impacto, mas pode ir para casa tranquilo. – contou, recebendo um aceno positivo. Menos mal que nada de grave havia acontecido com o holandês.
Louise encaminhou para a entrevista com os ex-pilotos Mark Webber e David Coulthard no Channel 4. A loira cumprimentou os dois ex pilotos da RBR, recebendo o microfone da mão do produtor e ficando entre os dois para que pudesse iniciar a sua entrevista.
– Estamos aqui com a chefe da Red Bull Racing, , que não teve um dos melhores finais de semana hoje. Vamos começar, é claro, falando sobre o acidente do Matt. , qual é a sua visão no ocorrido? – Coulthard perguntou, encarando a chefe da RBR.
suspirou, batendo levemente com as mãos na lateral do corpo, causando risadas fracas nos dois homens porque estava claro o seu desconforto com aquele assunto.
– A minha visão é clara: Lewis não havia colocado o carro ao lado do carro de Matt. Ele estava mais atrás e era obrigação dele, como manda o regulamento, permitir que o Matt seguisse a frente. – deu os ombros.
– Você acha que pode ter sido intencional? – Coulthard questionou outra vez e riu fraco.
– Podemos dizer que é muito cômodo para a Mercedes a Red Bull não ter o Matt vencendo a corrida. Nós tínhamos o ritmo, era óbvio que ganharíamos aqui hoje, se não fosse o acidente. Isso me faz crer que possa ter sido intencional...
– Há alguns minutos, conversamos com Wolff e ele tratou como um incidente de corrida. A sua visão é, claramente, diferente... Vocês chegaram a conversar sobre o assunto? – Webber perguntou e a mulher balançou a cabeça de um lado para o outro.
– É claro que o Wolff não daria o braço a torcer e assumiria a culpa do piloto dele. Dentro da Mercedes, e isso é claro para todos nós, há uma preferência pelo Lewis e eu acho que ninguém o questiona por um erro ou uma atitude diferente. Então, para eles, é um acidente de corrida. – riu, sem humor. – Para mim, como eu disse, está claro que a culpa é do Lewis. Ele não fez uma corrida limpa hoje... Espremeu o Matt para fora da pista! E, isso é um outro ponto importante e que precisa ser dito, não se importou com o estado de saúde do Matt.
– Hamilton não procurou saber como Hakvoort está? – David perguntou, surpreso com a informação e a loira confirmou com a cabeça.
– Não. Lewis não procurou saber como Matt está e ainda celebrou a vitória aqui como se o colega não estivesse no hospital. Está claro que nem ele, muito menos a Mercedes, se importaram com o acontecido. Matt está no hospital e Lewis celebra como se tivesse acabado de ganhar o campeonato! – soltou o ar. – Se bem que com aquela porcaria de punição, considerando a gravidade do acidente e mesmo com todas as imagens demonstrando que Matt estava à frente, ele deveria ficar feliz mesmo. Espero que Lewis esteja feliz por ter mandado o Hakvoort para o hospital e que o Wolff esteja feliz pela corrida suja que seu piloto fez.
– Imagino que não tiveram tempo para isso ainda, mas pensam em questionar a punição? – David arqueou as sobrancelhas.
– Como você disse, ainda não tivemos tempo para processar direito o que aconteceu. Temos Matt no hospital, um carro destruído, o teto de gastos... Muitas coisas para nos preocuparmos no momento. Porém, vamos nos reunir como uma equipe e avaliar o que será melhor para nós. Podem ter certeza que faremos o necessário pela RBR. – sorriu fraco.
– E Matt, como está? Recebemos a informação que ele fez exames...
– Ele está bem. O protocolo era que ele fosse para o hospital, devido a força da batida, mas ele está bem agora.
– Como ele recebeu a informação da punição e da vitória de Lewis?
– A punição ele recebeu da mesma maneira que nós... Achou que foi uma grande piada. E, eu acredito que a vitória, ele também deva ter sentido o mesmo... Não faz sentido algum comemorar daquela forma quando um colega, o cara que você bateu no início da corrida, está no hospital. – reforçou. – Não faz sentido.
– Agora, falando sobre o Pérez. Também não foi uma boa corrida... – Webber alterou o tópico da conversa e a loira balançou a cabeça.
– Checo fez uma corrida ruim, realmente. O décimo sexto lugar não é algo que nós esperamos dele, mas estamos confiantes que ele vai conseguir se recuperar na próxima corrida e voltar bem após as férias de verão.
, muito obrigado por ter conversado conosco e boa sorte no restante da temporada. – Mark sorriu e a loira cumprimentou cada um dos pilotos com um aperto de mão, antes de devolver seu microfone para o produtor e seguir para perto de Louise.
– Wolff vai ficar louco com as suas palavras. – a ruiva murmurou e a loira soltou uma risada enquanto balançava os ombros.
– É a verdade, Louise.
– Mas você poderia ter maneirado um pouco nas palavras... Isso vai me deixar com um pepino nas mãos! – Smith suspirou, levando as mãos as têmporas.
– Desculpa, mas eu não estou arrependida. – riu e soltou um suspiro.
– Mas pode se acalmar nas próximas entrevistas, não é? – sorriu, esperançosa, e balançou a cabeça de um lado para o outro, causando um longo suspiro por parte da chefe da comunicação.
não media palavras quando o assunto era defender sua equipe. Wolff já havia provado disso diversas vezes ao longo do relacionamento dos dois e, agora, estava prestes a ver de novo que a loira dizia tudo o que pensava, ainda mais se fosse para atirar ele ou a Mercedes em uma fogueira em prol da Red Bull.
O austríaco suspirou ao ler os comentários de na entrevista para David Coulthard e Mark Webber. Balançou a cabeça de um lado para o outro e passou a mão pelo rosto no momento em que a porta de sua sala foi aberta.
– Eu sei que você já deu as suas entrevistas obrigatórias, mas a imprensa quer falar com você novamente. – Jessica falou, estalando os próprios dedos. – Especialmente, querem que você fale sobre as falas da chefe as Red Bull. Eu não sei se você já viu a entrevista dela para o Channel 4...
– Acabei de ler algumas das falas dela. Loyd me enviou a reportagem. – deu os ombros, citando o responsável pela comunicação da Mercedes. – No momento, eu não vou responder o que foi dito pela .
– Não? – a ruiva arregalou os olhos ao perceber que a palavra escapuliu por seus lábios. – Desculpe, . – riu fraco. – Mas e que você sempre responde ao que ela fala publicamente sobre a nossa equipe. Dessa vez, ela está pública e pessoalmente atacando você e o Lewis...
– Por isso mesmo que vai ser melhor que ela e a Red Bull falem sozinhos neste momento. – o austríaco deu os ombros. – Eu vou procurá-los pessoalmente para cobrá-los por essas falas. Mas, por agora, vamos esperar os ânimos se acalmarem.
A assistente concordou com a cabeça, optando por não contrariar a decisão do chefe da equipe e se despediu com um aceno, deixando um Wolff perdido em seus próprios pensamentos após as falas de .
Sua ideia era ir atrás da chefe da Red Bull. Era a única pessoa que ele poderia cobrar por conta do que foi dito, apesar de Hemult Marko também ter falado besteiras para os jornalistas. A única pessoa que realmente importava era e ele não queria que ela achasse que o acidente havia sido de propósito.
O chefe da Mercedes levantou o corpo da cadeira em que estava sentado e se apressou para recolher as suas coisas. Saiu da sala, cumprimentando o restante do time que estava por lá ainda, incluindo Lewis que se preparava para ir celebrar a vitória, seguindo pelo paddock em direção ao estacionamento.
Adentrou sua Mercedes AMG GT 63 SE, deixando sua pasta no banco do carona, ligando o veículo rapidamente. Só havia ido ao prédio de uma única vez, mas sua memória era boa o suficiente para se recordar do endereço. Talvez pelo fato de ela ter recusado todas as investidas feitas por ele para conseguir subir para o apartamento dela.
Soltou uma risada fraca com a imagem de em sua mente. Embora, naquele momento, o seu sentimento fosse de ira por conta das palavras dela, a saudade da loira ainda dominava o coração do austríaco.
Com o peito apertado por essa mistura de sensações, Wolff descontava no volante, o apertando com força enquanto dirigia pelas ruas de Londres em direção ao apartamento de .



XXX


A primeira coisa que fez quando chegou em seu apartamento foi se enfiar na banheira para um banho extremamente longo com o objetivo de tentar relaxar depois do dia merda que tivera.
A segunda coisa que ela fez foi vestir uma roupa confortável. A escolha foi por uma blusa branca de mangas, a qual ela deu um nó na barra, deixando que a peça caísse um pouco antes de sua barriga, e um short de moletom curto – as primeiras peças que ela encontrou em seu closet.
A terceira coisa foi ir até a cozinha para abrir uma garrafa de vinho tinto. Gostava muito daquela bebida alcoólica em diversas ocasiões de sua vida, mas quando estava estressada, era a única coisa capaz de lhe dar o mínimo de serotonina.
Preencheu a taça até a metade, quando foi dar um gole na mesma, a campainha de seu apartamento ecoou, fazendo com que ela revirasse os olhos. Deixou a taça sobre a ilha que dividia os ambientes da sala e da cozinha de seu apartamento antes de se dirigir até a porta para expulsar quem quer que fosse.
Sua mente cogitou por alguns milésimos a possibilidade de ser , mas logo a afastou de sua mente. O austríaco somente havia ido ao seu prédio uma vez e não sabia o número de seu andar ou seu apartamento. Era mais provável que fosse Brooke, arrependida pelo que disse mais cedo, após levar uma bronca de Ruggero.
rolou os olhos com as duas possibilidades e girou a chave, abrindo a porta para descobrir quem era a pessoa que a incomodava ao final daquele péssimo dia.
– Estou surpresa. – murmurou ao dar de cara com a figura de Wolff parado a sua frente. Ela apoiou o cotovelo no batente enquanto com a outra mão segurava a porta, o encarando com um semblante entediado. – Como descobriu o número do meu apartamento?
– Nada é impossível por uma boa quantidade de libras. – ele deu os ombros com um sorriso presunçoso nos lábios e rolou os olhos.
– O que você quer, ?
– Eu pensei que você estivesse precisando de uma companhia hoje... – ele deu os ombros outra vez e bufou pelo falso sentimentalismo da parte dele.
Há poucas horas estava comemorando sem nenhum sinal de preocupação pelo estado de saúde de Matt e agora aparecia na porta de seu apartamento para demonstrar preocupação? Se ela não o conhecesse o suficiente, poderia ficar impressionada com a cena.
– Até preciso, mas não a sua. – sorriu sarcástica, empurrando a porta contra o batente, mas o austríaco não precisou de muita força para conseguir impedi-la de fechar a porta. – Que merda, !
A mulher bufou em alto e bom som, retornando para dentro de seu apartamento e deixando o caminho livre para que ele entrasse no local. Lentamente, o fez, entrando no apartamento pela primeira vez, mas não se importando nem um pouco em reparar a decoração.
Seus olhos estavam presos em que estava próxima a bancada de mármore e levava a taça de vinho a boca. Ele pode observar que o espaço possuía janelas panorâmicas com uma vista iluminada para o Rio Tâmisa e a London Bridge.
– Sabe... – ele começou devagar porque sabia que estava pisando em ovos naquele momento. – Foram palavras duras as que você disse hoje após a corrida.
se manteve de costas. Não moveu um músculo para encará-lo, mas repousou a taça sobre a bancada de mármore branco para que pudesse soltar uma longa e alta gargalhada. Ela girou o corpo, cruzando os braços sobre o peito e encarando .
– O seu piloto quase mata o meu é você queria que eu fizesse o que? – indagou, mantendo os olhos fixos nos dele, torcendo para que ele pudesse sentir toda a raiva que ela possuía em seu corpo. – Queria que eu batesse palmas para aquele momento? Para aquela sua comemoração ridícula como se o campeonato já estivesse ganho enquanto o meu piloto passava por exames? Ou que eu celebrasse a punição ridícula dada ao Hamilton?
– Lewis não sabia que Matt estava no hospital. – revelou à chefe da Red Bull. – A Waits perguntou à um funcionário da sua equipe e recebemos a resposta que o estado de Matt não era grave... Eram exames obrigatórios por causa da força da batida. Por isso, comemoramos a nossa vitória. – balançou os ombros. – Foi um incidente de corrida, . Isso pode acontecer em qualquer fim de semana com qualquer piloto.
A loira respirou fundo antes de respondê-lo. A raiva estava prestes a transbordar por todos os poros de seu corpo enquanto o austríaco parecia ser a pessoa mais calma do mundo naquele momento, o que apenas fazia a raiva de triplicar.
– Incidente de corrida que lhe foi muito conveniente, não é? – ela arqueou as sobrancelhas, mantendo um olhar duro na direção de .
– O que você quer dizer com isso, ? – perguntou, direto.
– Um segundo lugar para o Matt seria ruim porque não diminuiria consideravelmente a distância no campeonato; – descruzou os braços, contando nos dedos as possibilidades. – Matt ficar fora dos dez colocados era impossível; causar um acidente que o jogasse para fora da pista e o impedisse de continuar na corrida... Qual será que foi a melhor estratégia pensada por Wolff e os engenheiros da Mercedes?
Foi a vez de Wolff rir. A risada ecoou pela sala enquanto ele balançava a cabeça de um lado para o outro com o tamanho absurdo que a mulher havia dito.
– Essa acusação não tem o menor cabimento e você sabe disso. – ele apontou o dedo indicador na direção dela. – Nós não jogaríamos baixo a esse nível.
– Eu não colocaria minhas mãos no fogo por você, . – ela deu os ombros, girando o corpo de novo para dar mais um gole em sua taça de vinho.
– Eu jamais faria para prejudicar outra equipe, ainda mais um acidente que colocasse a vida de um piloto em risco.
deu os ombros, projetando os lábios para frente enquanto engolia o líquido vermelho sangue e esticava o corpo para buscar a garrafa de vinho para encher sua taça outra vez.
– Continue repetindo isso se é o que te faz dormir melhor à noite.
Ele riu nasalado, balançando a cabeça de um lado para o outro e caminhou pela sala do apartamento, parando próximo as janelas. Dali podia ver a pouca movimentação de pessoas devido ao horário e colocou as mãos nos bolsos da calça que vestia, observando a cidade.
– Como eu disse, você fez comentários duros hoje. Publicamente e, agora, de maneira reservada. Talvez, você devesse se desculpar por eles.
– Eu não vou me desculpar por falar a verdade. – ela respondeu prontamente. – Eu, sinceramente, estou me importando com vocês da mesma maneira que vocês se importaram com o acidente do Matt.
– Não seja cabeça dura, . – encostou o corpo no vidro atrás de si, cruzando os braços na altura do peito enquanto seus olhos percorriam o corpo de pela primeira vez desde que havia chegado ao apartamento dela. – Você sabe que melhor do que eu que Louise irá te ligar para que você mude o seu discurso de raiva porque não pegou bem na mídia...
Ele percorreu os olhos pelas pernas de e, no momento em que ela se virou, ficando de frente para ele outra vez, Wolff sorriu de ladino ao perceber que a blusa não cobria sua barriga.
– Eu estou pouco me fodendo para o que a imprensa pensa. – balançou os ombros para cima e para baixo. – Aliás, por que você não vai embora e me deixa em paz?
– Porque você precisa relaxar.
– Eu posso usar um vibrador. – sorriu e piscou com um olho na direção dele, antes de apontar para a porta com o polegar. – Pode ir agora.
soltou uma risada, dando passos na direção de e grudou o corpo no dela, de modo que a mulher ficou encurralada, já que atrás de si havia a bancada.
Wolff levou uma das mãos te os cabelos dela, colocando uma mecha para trás da orelha enquanto tentava mostrar que sua postura raivosa estava intacta. Porém, era quase uma missão impossível. Ainda mais quando ele levou as mãos para a nuca dela, encaixando-se perfeitamente antes de puxar o cabelo que havia ali, fazendo com que a loira o encarasse com raiva.
– Você sabe muito bem que nada se compara a eu te fodendo do jeito que você gosta. – murmurou, antes de levar os lábios na direção do maxilar dela.
suspirou ao sentir os lábios de tomando conta da lateral de seu rosto e seguindo para o seu pescoço. Precisou agarrar a barra da jaqueta de couro que ele usava para que pudesse raciocinar o que fazer, mas era difícil.
Uma das mãos de Wolff entraram por debaixo da blusa que vestia, enquanto seus lábios paravam no pescoço dela, e a mão apertava seu seio, já que a mulher não usava sutiã.
Um gemido ecoou pela garganta da loira, mas sua consciência acordou e ela espalmou as duas mãos no peito do austríaco, o fazendo pensar que ela estava se rendendo as suas carícias.
– Eu não estou no clima. – mentiu, empurrando o homem pelo peito e pegando sua taça antes de caminhando para próxima da janela, onde ele havia ficado parado há poucos minutos.
riu, surpreso com a atitude e correu uma das mãos pelos cabelos de forma assídua. Girou em seus próprios calcanhares, vendo a loira parada com o olhar perdido pela imensidão da cidade pela janela.
– Foi um incidente de corrida e Matt está bem. – falou, observando a mulher. – Por que está me tratando assim, ?
Ele esperou alguns segundos para uma resposta, mas apenas viu a movimentação do braço dela levando a taça outra vez até a própria boca para beber o conteúdo que havia ali.
Quando entendeu que ela não iria respondê-lo, Wolff deu os ombros, soltando uma risada desacreditada pela forma como estava sendo tratado. Não era necessário aquilo tudo contra ele... Era um mero incidente de corrida.
– Porque eu estou com raiva, . – ela, finalmente, respondeu e Wolff se virou em direção à . – Estou morrendo de raiava do Hamilton, da Mercedes e de você. Estou com raiva porque temos essa merda desse limite de gastos e a porcaria que você chama de incidente vai nos custar milhões! – respirou fundo rapidamente. – Estou com raiva porque você está com esta porra desse sorriso vitorioso e tudo que eu mais quero é retirar ele do seu rosto. – bufou, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de confessar: – E a maior raiva é porque, nada disso, diminui a vontade que eu estou de ser fodida por você.
Os olhos de Wolff se arregalaram diante da última frase enquanto soltou um longo suspiro, mantendo seu olhar fixo no homem até o momento em que ele pareceu acordar do transe ao qual a frase havia o levado e começou a caminhar em sua direção.
Em oito passos, Wolff acabou com qualquer distância que havia entre os dois. Ele uniu o corpo ao de , iniciando um beijo quente, apressado e repleto de desejo. As suas mãos foram para a nuca dela e a chefe da Red Bull soltou a taça que segurava, não se separando do mais velho nem por um segundo, nem mesmo ao ouvir o barulho do vidro se chocado com o chão.
Novamente, desceu os lábios para o maxilar dela enquanto as mãos empurravam o tecido de sua blusa para cima, levando as mãos aos seios de . A loira soltou um suspiro sôfrego quando o austríaco levou os lábios até o bico do seio esquerdo, pendendo a cabeça para trás. Suas mãos iam para o cabelo na nuca dele, os puxando com fervor como uma forma de aliviar um pouco do tesão que percorria seu corpo naquele momento.
Wolff se afastou por alguns segundos e se livrou da blusa que vestia, atirando-a em um canto qualquer do ambiente, fazendo o mesmo com os shorts segundos depois. O sorriso presente nos lábios do chefe da Mercedes quando a viu nua, fez um arrepio percorrer toda a sua espinha.
se ajoelhou, empurrando o corpo de até que ela chocasse com o vidro da janela e ergueu o olhar para cima, encontrando os olhos da mulher o encarando de volta totalmente dominados pelo desejo.
Com uma das mãos, afastados as pernas dela e, sem qualquer tipo de cerimônia, levou a boca até a intimidade de . A mulher arfou, erguendo as mãos e buscando uma forma de segurar em algum lugar para que pudesse se aliviar, mas sua mão escorregava pelo vidro.
Wolff a conhecia como a palma de sua mão quando se tratava de sexo. Ele sabia exatamente o que fazer, como fazer e, o mais importante, sabia como gostava. Por isso, ele circulava a língua por toda a extensão da intimidade dela, sugando seu clítoris repetidas vezes. O austríaco introduziu dois dedos dentro da mulher, sentindo-a se contrair sob suas digitais e foi a vez de ele arfar com a quão apertada ela ficava.
O olhar dele subiu pelo corpo de , já podendo observar sua barriga dominada pelo suor e como ela se remexia sobre seus dedos em busca de mais contato. Ele havia sentido falta da forma como ela mordia o próprio lábio, totalmente dominada pelo prazer, como ela se contorcia sobre o seu toque e como ela jogava a cabeça para trás, lhe dando uma visão completa de seu corpo.
Porém, sem dúvida, que a parte favorita dele era quando ela o encarava de volta. Os dois permaneciam em um mundo que apenas pertencia a eles e era uma conexão incrível apenas através do olhar.
– Lina... – ele murmurou o apelido que havia dado e que sabia que ela gostava. Diminuiu o movimento de seus dedos, sabendo que aquilo séria o suficiente para fazê-la abrir os olhos. – Eu quero você de olhos abertos.
concordou, embora um pouco atônita, e quando sentiu a língua de voltar a fazer movimentos em seu clítoris teve a certeza que aquela poderia ser a melhor morte possível. A forma intensa que o austríaco a encarava, o brilho que os olhos dele possuíam naquele momento, exalando luxúria, era o suficiente para ajudar a levá-la a loucura.
Ela sentiu o corpo começar a dar os típicos sinais. Seus pés começaram a formigar, sua barriga se contorcia e ela parecia que iria explodir a qualquer momento. Bastou que Wolff curvasse um pouco os dedos, retirando os lábios de sua intimidade, para que ela se libertasse. O austríaco assistiu o gemido alto e longo que ecoou pela sala de estar enquanto ela tremia sob o seu toque.
Wolff sorriu, absolutamente maravilhado com aquela cena, e tinha uma expressão de puro espanto em seu rosto, mas não teve muito tempo para raciocinar. Logo, o austríaco ergueu o corpo, puxando a loira para si e selou os lábios nos dela, fazendo com que ela provasse de seu próprio gosto.
As mãos de percorreram os botões da blusa social que vestia e foi questão de segundos para que a peça estivesse aos pés dos dois. Ela levou as mãos para a barra da calça preta que ele usava enquanto intercalava beijos e chupões pelo pescoço dele — não poupando as possíveis marcas — e estava pronta para se ajoelhar e retribuir o favor quando as mãos de a impediram de continuar.
De forma rápida, que pegou a inglesa de surpresa, ele a virou, deixando-a de frente para a janela e empurrou o corpo dela até que ela tivesse totalmente grudada no vidro. pegou os braços da mulher, os colocando sobre a cabeça dela e levou os lábios até seu ouvido.
– Você não queria ser fodida? – murmurou, fazendo com que ela se arrepiasse por inteiro com as cinco palavras. – Você vai ser, como merece, . – suspirou contra o ouvido dela. Não se mova.
sofreu por antecipação porque ele se afastou de seu corpo. Como lhe foi pedido — o que mais lhe pareceu uma ordem — ela não se moveu, mas podia ouvir o barulho do que acontecia atrás de si e estava prestes a gritar para que ele não demorasse tanto. Não era aquele tipo de jogo que ele fazia.
A loira sentiu o corpo ser impulsionado para frente com um tapa estalado que foi depositando em uma de suas nádegas, fazendo com que um grito de susto misturando com o prazer ecoasse por sua garganta. Wolff sorriu, passando a mão pelo local que adquiria a tonalidade avermelhada enquanto a mulher tentava recuperar a respiração.
– Empina, . – mandou antes de desferir um novo tapa para a loucura de , que forçava o corpo para trás para que sua bunda ficasse da forma que ele queria.
afastou as pernas de , grudando o corpo no dela, fazendo com que a intimidade dela e seu membro roçassem um no outro. arfou, odiando aquela brincadeira toda enquanto o homem sorria.
– Eu senti tanto a sua falta, ... – suspirou, beijando a parte de trás do ombro dela, movimentando o quadril como se estivesse a penetrando e ela virou o rosto, grudando a bochecha no vidro para que pudesse encarar o homem.
– E mesmo assim, ainda não me fodeu. – murmurou em um tom debochado, fazendo com que uma risada escapasse pelos lábios dele.
fechou os olhos, soltando o ar e a penetrou com força, indo fundo na primeira estocada. Um gemido alto percorreu o quarto e ele começou a se movimentar atrás dela logo. Os movimentos eram rápidos o suficiente para que ambos não conseguissem segue-se os próprios gemidos. O som dos corpos de chocando era a única coisa ouvida naquele momento.
Ela sentia que suas pernas estavam prestes a lhe abandonar a qualquer momento, ainda mais quando ergueu uma de suas mãos, perdendo os seus pulsos junto ao vidro. Com a mão livre, o homem deu mais alguns tapas em sua nádega.
O vidro embaçado na região em que estava encostada começava a demonstrar o que acontecia ali e ela se sentia cada vez mais realizada.
Não demorou muito para que seu corpo tremesse e gemesse alto, atingindo o ápice, segundos antes de Wolff se desfazer dentro dela.
suspirou enquanto abaixava a cabeça sobre seu ombro. Os dois riram fraco e, quando ele se retirou de dentro dela, soltou uma reclamação fraca.
– Satisfeita?
– Gostaria de dizer que sim, mas, você sabe bem que, de você, eu nunca estou. – deu os ombros ao receber um beijo estalado em seu ombro e o homem se afastou.
– Eu... – suspirou, ao vê-la se afastar do vidro e pegar a blusa social dele que estava próxima. Wolff mordeu o lábio, assistindo a mulher vestir a blusa antes de ir a cozinha e retornar para catar os vidros da taça que havia se quebrado.
– Pode deixar que eu faço isso. – disse, retirando o utensílio da mão dela e se agachando para que pudesse escolher os cacos de vidro, limpando a pequena bagunça que havia sido feita.
A loira retornou à cozinha, buscando uma nova taça e se servindo o líquido novamente enquanto o observava limpar a sala. Seu celular vibrou sobre a bancada de mármore e ela se esticou para checar a tela do aparelho que indicava um novo e-mail de Hemult.
– Você consegue ficar ainda mais bonita com o uniforme da Mercedes, sabia? – o austríaco indagou, vendo a mulher com a sua camisa da equipe alemã.
– Não é assim que você vai me convencer a ir para sua equipe, . – ela soltou uma risada fraca e ele deu os ombros, descartando o lixo e guardando a pá antes de olhá-la mais uma vez.
suspirou. Suas mãos suavam naquele momento como se ele fosse um adolescente prestes a chamar sua primeira namorada para ir à rua escondido diante seu nervosismo.
– A boa em convencer as pessoas aqui é você. – deu os ombros e ao perceber o olhar confuso, sorriu fraco. – Acha que eu não sei que você andou cercando alguns dos funcionários da Mercedes no início da temporada?
riu, concordando com a cabeça. Havia realmente feito aquilo entre o final da última temporada e o início da atual para que a Red Bull contasse com um pouco mais de experiência em busca do título da temporada.
– Na guerra é um lugar que vale tudo. – ela deu os ombros, levando a taça até os lábios antes de piscar na direção de .
– Tudo?
– Menos arriscar a integridade física de um piloto adversário, o empurrando para fora da pista. – Wolff rolou os olhos com o comentário dela e se aproximou, deixando a pá que havia usado para recolher os cacos de vidro sobre a bancada antes de retirar a nova taça das mãos de e dar um gole.
– Achei que a foda havia sido o suficiente para te fazer esquecer dessa acusação ridícula. – murmurou, colocando a taça sobre a bancada e a loira balançou os ombros.
– Apenas quando você assumir a sua postura.
– Não há nada para assumir, . – respondeu antes de começar a procurar suas próprias roupas pelo ambiente.
observou, em silêncio, vestir a calça e calçar os sapatos antes de se virar em sua direção. Seus olhos foram direto para a blusa branca que estava em seu corpo e cobria metade de suas coxas.
Ela suspirou, deixando a peça deslizar por seu corpo, caindo ao chão em poucos segundos. Wolff balançou a cabeça ade um lado para o outro, mas com os olhos presos no corpo nu de . Ela, por sua vez, caminhou para pegar sua blusa e shorts.
– Mais uma vez eu vou deixar claro que não houve qualquer intenção de causar o incidente. Repito que foram duras as suas palavras de hoje, não apenas contra a Mercedes, mas contra mim e até mesmo contra o Lewis. – falava enquanto , de costas para ele, terminava de vestir suas peças de roupa. – Você sabe que o seu problema não é com ninguém, além de mim. Essas brigas são típicas disso que a gente vive e eu jamais reclamei porque você sabe que te irritar me deixa alegre. – sorriu fraco. – Mas, apontar o dedo nesse nível que você fez hoje, ultrapassa o limite.
O austríaco suspirou ao ver que não recebeu nenhuma resposta. A loira se manteve de costas, mesmo depois de terminar de se vestir, e ele balançou a cabeça.
– Ainda acredito que você deva se desculpar. – murmurou. – Apesar disso, eu reitero o meu pedido feito em Mônaco, agora que estamos a uma corrida das férias de verão. Essas semanas sem você foram como o inferno em minha vida e eu não quero ficar mais duas semanas longe de você, . Eu quero te conhecer melhor, quero que você me permita te conhecer, mas quero que você me conheça também. Longe do paddock, das poses de chefes de equipes e dos circuitos... Apenas, e . – esfregou as mãos uma na outra.
deu os ombros, tentando não demonstrar que estava sentida com o discurso e ouviu os passos de Wolff se afastando, o momento em que pode soltar o ar pesadamente.
Mais uma vez a sensação de vazio a preencheu e ela se sentiu uma estúpida. Por não ter respondido, por não ter aceitado a proposta, por não falar o que sentia dentro de si.
Permaneceu tudo ali, preso em sua garganta enquanto o homem caminhava pra longe outra vez.



Capítulo 11

Capítulo 11
A segunda-feira depois de um Grande Prêmio era monótona para . Geralmente, ela chegava em seu apartamento e passava o dia inteiro na cama, devido ao longo voo, para regular o fuso horário de seu corpo. Aparecia na fábrica apenas na terça-feira para começar o trabalho com o foco na próxima corrida.
Porém, como o último Grande Prêmio havia sido em Silverstone, as coisas eram diferentes. Seu problema para a segunda não era o fuso horário, mas a grande porcaria que havia sido a corrida do dia anterior.
O acidente entre Hakvoort e Hamilton não saía de sua cabeça, mas disputavam um grande espaço com as memórias da noite com . Ela ainda conseguia sentir as mãos do austríaco por seu corpo e, se fechasse os olhos, sentiria a respiração dele em seu ouvido enquanto seu corpo estava grudado no vidro da sala.
Havia acordado naquela manhã com um e-mail de Helmut Marko, a convidando para uma reunião às nove e meia na fábrica. Se levantou da cama o mais rápido que conseguiu, se arrumou em menos de quarenta minutos e torceu para conseguir fazer a distância entre Londres e Milton Keynes em menos de uma hora e quinze, como era de costume.
O momento em que cruzou a entrada da recepção da fábrica da Red Bull Racing, seu relógio marcava quinze minutos para as nove horas e ela suspirou, cumprimentando as funcionárias antes de seguir em direção ao elevador.
Assim que entrou no salão, onde ficava a área administrativa da fábrica, cumprimentou mais algumas pessoas e viu Louise se levantar, caminhando em sua direção enquanto ela ia para a própria sala.
– Eu achei que você não apareceria hoje. – soltou uma risada fraca, adentrando a sala da amiga, que deixava a bolsa sobre o sofá que havia no local e se sentava na cadeira atrás da mesa de vidro.
– Eu não viria se o resultado de ontem fosse diferente. – balançou os ombros. – E, se o velho Marko não tivesse me mandado um e-mail, exigindo minha presença em uma reunião.
– Para...
– Eu não faço ideia. – suspirou, cansada. – Provável que para falar sobre os últimos acontecimentos.
Smith balançou a cabeça, entendendo a situação e virou o iPad que carregava, desbloqueando a tela do aparelho. assistiu em silêncio a movimentação da mulher e, em poucos segundos, a ruiva se sentou em uma das cadeiras vazias a sua frente.
– Eu queria falar sobre os últimos acontecimentos também...
– Aconteceu mais alguma coisa? – se sobressaltou, ajeitando-se em sua cadeira e Louise respirou fundo, balançando a cabeça.
– Ontem, ao final da corrida, eu conversei com o Bradley, o responsável pela comunicação da Mercedes. Ele me disse que os perfis da equipe estavam recebendo uma enxurrada de comentários de ódio e racistas sobre o Hamilton. – murmurou, observando a loira arregalar os olhos com a informação que ia recebendo. – Agora, pela manhã, a Federação emitiu um comunicado e a Mercedes também, obviamente, repudiando os comentários e pedindo punições para eles.
– Estão certos. Estes tipos de comentários não cabem em sociedade... Isso é revoltante.
– Eu concordo. – Louise balançou a cabeça. – Mas o que eu quero dizer com isso tudo é que, no comunicado emitido pela Mercedes, ficou subentendido que foi a sua atitude e a da nossa equipe que ajudou a alimentar o ódio sobre o Hamilton.
piscou algumas vezes, surpresa com o que estava escutando e Louise respirou fundo outra vez, antes de estender o iPad para ela. Os olhos da loira foram para a tela, que estava no perfil da Mercedes no Instagram, na foto que era o comunicado publicado pela equipe alemã.
Antes que a chefe da Red Bull pudesse tecer qualquer comentário, duas batidas foram dadas na porta de sua sala e as duas mulheres olharam para o local, encontrando a figura de Helmut Marko.
– Bom dia. – as cumprimentou, recebendo acenos em resposta. – , podemos conversar?
– Eu já estava de saída... – Louise murmurou, erguendo o corpo da cadeira e estendeu o iPad em sua direção.
– Louise, emita um comunicado repudiando as mensagens também em nome da Red Bull. – pediu, sorrindo fraco na direção da ruiva. – Publique-o nas redes sociais.
Smith concordou com a cabeça, deixando a sala enquanto Marko entrava, tomando o lugar em que ela estava há poucos segundos. sorriu na direção do mais velho, ajeitando-se na cadeira, curiosa para saber o assunto daquela reunião.
, eu vou ser direto. – Marko murmurou, encostando o punho na mesa de vidro da sala. – Acredito que, assim como eu, você acha que a punição que o Hamilton sofreu ontem foi uma verdadeira piada. Não foi um incidente de corrida, mas uma jogada suja que deveria ter sido punida com rigor. Por isso, eu acredito que a Red Bull, como uma equipe, deve entrar com um recurso contra a decisão dos comissários, cobrando uma posição e uma pena mais grave para ele.
escutava o mais velho falar, mas sua mente estava no que foi dito por Louise. havia dito que seus comentários foram duros, mas ela não acreditava que as suas palavras teriam sido capazes de gerar qualquer tipo de ataque a Lewis. Ela não tinha responsabilidade por nada daquilo.
– Me parece uma boa ideia, Marko. – murmurou para o mais velho, após ouvir as palavras dele. – Mas precisamos de novas provas para conseguir que o recurso seja aceito, para confirmar que não foi um simples acidente de corrida.
– Eu já tenho tudo em mente, . – Marko sorriu fraco, antes de começar a expor as suas ideias para o recurso.


XXX




Grande Prêmio da Hungria

As coisas estavam estranhas desde o Grande Prêmio de Silverstone. A vitória havia sido revigorante, havia não somente posto Lewis na frente do campeonato novamente, como trazido um novo sentimento para toda a equipe, que enfrentava pela primeira vez em sete anos uma forte competição em busca do título.
Wolff sabia que Hamilton não precisava ser motivado. Ele era um apaixonado pelo automobilismo, ciente de sua competência e de sua capacidade, que havia lembrado a todos que ainda haviam chances de conseguir ganhar o oitavo título, mesmo diante das adversidades.
Era só aquilo que importava para Wolff: saber que seu piloto acreditava que poderia ser campeão e que a equipe também poderia levar o título dos construtores. Aquele era o objetivo principal de todos na Mercedes.
– Você vai participar da reunião com a Red Bull e os comissários? – Ron, o responsável técnico da equipe, o encarou e o austríaco balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu prefiro me manter afastado desse tipo de coisa. – murmurou enquanto ligava o notebook a sua frente para que pudesse acessar a alguns diagramas enviados pelos engenheiros.
– Eu sei que você não gosta dos atritos. – Ron riu fraco. – Mas é que, pelo que eu ouvi, a chefe da Red Bull e o Marko vão participar...
O austríaco tentou disfarçar a mudança de expressão em seu rosto para não chamar a atenção de Ron, até porque não entendia muito bem o motivo daquele comentário. Era apenas porque ele era o chefe da equipe e Ron pensava que ele deveria participar da reunião ou havia algo a mais? Por que citar ?
– Como você mesmo disse, eu prefiro evitar o atrito e eu não poderia me importar menos com esse recurso da Red Bull. – Wolff balançou os ombros outra vez. – Mas, por favor, assim que terminar, me avise como foi.
O homem concordou com a cabeça, acenando para o chefe antes de deixar a sala, permitindo que ficasse sozinho com seus pensamentos. Desde Silverstone, a imagem de não saía de sua cabeça. Ele havia sentido tanta falta dela, falta do toque, falta do carinho... Havia ficado entorpecido de , mas ainda não estava saciado dela.
Talvez nunca ficasse.
Riu sozinho, balançando a cabeça de um lado para o outro. Além de não sair da cabeça dele por causa do último encontro, também não saía dos pensamentos de Wolff porque ele achava um absurdo a cobrança à Federação por uma punição melhor para Lewis.
Para o austríaco, não só era uma perda de tempo, como uma grande bobagem fazer algo daquele tipo. O campeonato deveria ser ganho nas pistas, sem qualquer tipo de interferência daquele tipo.
Suspirou, pensando que, talvez, deveria falar com mais uma vez. Já havia deixado claro que os comentários em Silverstone haviam sido duros demais, mas talvez precisasse relembrá-la e reclamar daquele tipo de atitude por parte da equipe austríaca.


XXX


Assim que a reunião com a Federação e os comissários terminou, se dirigiu a cafeteria do paddock para que pudesse se entupir de cafeína para aguentar o restante do dia que teria pela frente.
Deu um longo gole no copo de café que tinha em mãos, sentindo o liquido quente descer por sua garganta e indo direto para o seu estômago vazio. Riu fraco, imaginando a bronca que levaria de Louise quando soubesse que ela estava tomando café sem ter se alimentado direito.
Buscou o celular que havia deixado sobre a mesa, desbloqueando a tela e acessando o Instagram. Estava, desde Silverstone, se sentindo uma pilha de nervos e precisava de alguma distração por mais que fosse algo bobo como assistir um vídeo qualquer de um perfil engraçado do Instagram.
.
A loira sentiu o arrepio percorrer por todo o seu corpo apenas ao ouvir o seu sobrenome. Ela reconheceria aquela voz até mesmo se ele estivesse chamando seu nome em meio a uma multidão. Era inconfundível o sotaque austríaco e o tom de voz grosso.
Retirou o celular da tela, percebendo que sentava-se na cadeira sua frente, o que fez com que ela arqueasse as sobrancelhas com a atitude. O austríaco depositou o celular e os óculos de grau sobre a mesa, unindo as mãos sobre o local e encarando a loira a sua frente.
– Eu não me lembro de ter convidado você para se sentar... – riu de forma sarcástica e Wolff balançou a cabeça de um lado para o outro antes de respirar fundo, batucando com os dedos sobre a mesa.
– Eu prometo que serei breve. – piscou na direção dela e se manteve em silêncio, antes de encarar o redor e perceber que havia pouca movimentação na cafeteria. A sua frente, Wolff pigarreou, chamando sua atenção, e, quando seus olhares se cruzaram, ele sorriu fraco. – Ron me comunicou da decisão dos comissários e eu vim te procurar para dizer que eu espero que o acidente de Silverstone seja página virada, tanto entre a Mercedes e a Red Bull, quanto entre nós.
– Não precisa se preocupar quanto a isso, Wolff. – balançou os ombros, dando mais um gole em seu café. – O meu foco e o da minha equipe está na corrida deste domingo. Ainda temos um campeonato para vencer.
– Jogando limpo, eu espero. – ele riu fraco e a mulher abriu a boca, surpresa com aquele comentário ácido.
– Eu quem deveria fazer esse comentário, não acha? – arqueou a sobrancelha. – Ainda que Silverstone seja uma página virada para nós, não posso negar que foi Lewis quem atirou o Matt para fora da pista.
– Os comissários acabaram de reforçar que foi um incidente de corrida e você se mantém nessa, ? Sério?
– A decisão dos comissários não altera a minha opinião e nem o fato que vocês jogaram sujo, Wolff. – ela riu, sarcástica. – Sem contar a asa móvel de vocês...
soltou um suspiro, antes de correr uma das mãos pelo cabelo para puro deleite de que precisou se controlar para não assistir a cena mordendo o lábio inferior.
– Eu não vou entrar nessa discussão com você, ...
– Até porque seria uma perda de tempo. – a loira sorriu, buscando o copo mais uma vez e se preparando para levantar da cadeira, quando a voz do austríaco chamou a sua atenção de novo.
– Eu vou somente relembrar o que eu te disse após Silverstone... Os comentários duros que você fez, atiraram Lewis aos leões. Não que seja algo que ele não esteja acostumado, infelizmente, mas não foi de uma boa posição sua fazer algo daquele nível. – fez uma pausa, levantando o rosto para que pudesse encará-la. – Se você manter nesse nível, eu não vou medir esforços para defender a minha equipe e meu piloto. Mas, eu espero, que você perceba o impacto da sua fala e da posição da Red Bull para que, caso aconteça um incidente desse outra vez, você saiba exatamente onde pisar.
optou por não responder, apenas balançou os ombros e caminhou em direção a saída da cafeteria sem nem mesmo olhar para trás. A raiva, que estava em seu corpo desde Silverstone, parecia crescer a cada momento e ela queria se manter o mais longe possível de Wolff.
– Pela sua cara, a conversa não foi boa... – riu ao ouvir Louise murmurar e a ruiva se aproximou, parando perto da chefe da equipe. – Está tudo bem?
– Wolff veio me cobrar pelos comentários em Silverstone. – deu os ombros, franzindo a sobrancelha ao ver a ruiva morder o lábio inferior. – Que cara é essa, Lou?
– A Mercedes emitiu um comunicado agora pouco...
– Sobre?
– A decisão dos comissários. – murmurou, buscando o celular sob o olhar atento da loira. – Eles falaram que receberam bem a decisão de rejeitar o nosso pedido e que esperam que isso seja o final da tentativa da Red Bull de manchar o bom nome e a integridade do Hamilton.
piscou algumas vezes, encarando a ruiva antes de soltar uma risada alta. Smith a encarou, sem entender muito bem o que aquilo significava e a loira suspirou.
– Manchar o nome e a integridade do Hamilton? Isso só pode ser brincadeira! – ralhou, começando a caminhar pelo paddock enquanto era seguida pela chefe da comunicação. – Tudo que eu fiz foi falar o que eu achava que havia acontecido.
– De uma maneira um pouco dura... – Louise murmurou em um tom baixo e parou de caminhar de forma abrupta, fazendo com que ela parasse também.
– Está jogando no time da Mercedes agora?
– Claro que não, Ali. – balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu te disse que as suas palavras haviam sido duras desde quando você as disse em Silverstone. Quando a gente soltou aquele comunicado na segunda-feira, eu achei que você realmente havia percebido que acabou colaborando com os ataques ao Hamilton e que seria o fim dessa briga por causa daquele lance.
– Não fui eu quem quis entrar com o pedido de revisão, Louise. O velho Marko que deu a ideia e que propôs fazer tudo que fizemos.
– Alugar o circuito? Usar o Albon para recriar o acidente? Isso foi demais, . E, sinceramente? Eu consigo entender a raiva do com você.
– Raiva comigo? Eu quem deveria estar com raiva... Aliás, eu ainda estou! Foi uma jogada suja, Louise, você viu!
– Mas os comissários não julgaram assim e deveria ter acabado nesse momento. Você levou para o lado pessoal, disse coisas duras e ainda aceitou transformar tudo nesse grande circo, Ali. – fez uma pausa, suspirando. – Olha, eu não quero te dar sermão. Eu realmente acho que foi um incidente que poderia ter sido evitado, mas não há mais nada a ser feito. Hamilton ganhou aquela corrida, Matt está bem. Hoje, estamos na Hungria, para mais um fim de semana de corrida. Precisamos focar no que temos pela frente e não no que passou... Não é você mesma que diz isso?
suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro e levou as mãos até as têmporas. Jamais havia pensado que suas expressões pudessem ter ajudado a causar qualquer tipo de ódio para Hamilton.
– O que você acha que eu devo fazer, então? Um pedido de desculpas público?
– Eu respondo pela Red Bull Racing e não pela . – Louise sorriu na direção da amiga antes de balançar os ombros. – Pense o que você acredita que é o certo a se fazer, Ali.
A loira concordou com a cabeça, sabendo que aquela seria uma missão difícil. Se desculpar por alguma atitude não costumava ser o seu forte, mas parecia que era necessário naquele momento. Deveria falar com Lewis? Procurá-lo no motorhome da Mercedes ou torcer para que os dois se esbarrassem pelo paddock?
– Pense depois no que fazer, agora você tem que conversar com a imprensa. – a ruiva a lembrou, antes de começar a puxá-la pelo local e as duas voltaram a seguir em direção ao centro de mídia para tratar sobre o Grande Prêmio que começaria, oficialmente, no dia seguinte.



XXX


– Nos vemos em dez minutos? – Smith perguntou para assim que as portas do elevador se abriram no décimo sexto andar.
As duas já haviam tomado o café da manhã e retornavam aos seus quartos para que pudessem buscar as suas malas, já que logo após a corrida embarcariam de volta para suas casas para que pudessem aproveitar as duas semanas de pausa da Fórmula 1.
A loira concordou com a cabeça, deixando o elevador junto da amiga e seguindo pelo extenso corredor em direção ao próprio quarto que ficava de frente para o de Louise.
Seus olhos focaram em uma figura alta parada próxima a porta de seu quarto e ela não precisou de muito para reconhecer quem era.
? – a loira uniu as sobrancelhas ao encontrar o austríaco parado em frente a porta de seu quarto com os braços cruzados e a mala de rodinhas próxima a sua perna. Ele já usava o uniforme da Mercedes, o que indicava que estava a caminho do circuito. – Aconteceu alguma coisa?
– Podemos conversar? – pediu em tom baixo e calmo, que fez quase arquear uma sobrancelha, mas concordou, abrindo a porta do quarto com o cartão magnético.
entrou na suíte, sendo seguida pelo chefe da Mercedes e pode ouvi-lo suspirar antes de fechar a porta do quarto. A loira deixou seu celular sobre a cama, girando o corpo e cruzando os braços na altura dos seios para encarar o homem a sua frente.
– Então... – murmurou, arqueando as sobrancelhas e incentivando o austríaco a falar. assistiu o momento em que Wolff pareceu tomar uma lufada de ar e passar as mãos de forma apressada pelas laterais de suas calças. – Sobre o que você quer conversar?
– Hoje é o prazo que eu te dei para responder ao meu convite para passar as férias de verão juntos. – sorriu fraco na direção a mulher. – Eu já planejei tudo, . Já te disse como eu me sinto longe de você, como eu gostaria que você viesse comigo para que pudéssemos ser apenas e . Mas tudo depende de você. – ouviu a mulher suspirar. – Assim que eu acabar todos os meus compromissos após a corrida, por volta das onze da noite, eu estarei no aeroporto. Eu viajarei de jatinho daqui para a Áustria e adoraria ter você comigo para uns dias por lá antes de irmos para a Sicília. Por isso, eu já entreguei o seu nome aos responsáveis e estarei no aeroporto a sua espera. – foi a vez de Wolff suspirar. – Se você não aparecer, eu entenderei a sua resposta como um não e o nosso acordo termina. – a aloira arregalou os olhos, surpresa com a decisão e ele balançou os ombros. – Eu não posso continuar agindo como se eu não te ama...
– Por favor... – suplicou, para que ele não concluísse a frase e tomou uma lufada de ar.
– Eu espero te ver no aeroporto, Lina.
A frase veio acompanhada de um sorriso fraco e um aceno. Em silêncio, assistiu o austríaco partir de seu quarto, levando a bagagem em direção ao elevador.
As suas mãos suavam e seu coração batia acelerado. Sua boca estava seca e ela tinha certeza que as pernas estavam fracas demais...
Wolff estava prestes a dizer que a amava?
Um arrepio percorreu a sua espinha ao cogitar aquela frase sendo completada pelo chefe da Mercedes e ela precisou respirar algumas vezes para conseguir se acalmar.
Ainda haviam medos. Eles eram maiores que as suas dúvidas naquele momento porque já entendia o sentimento que existia dentro do seu peito.
Ela só precisava tomar a decisão certa.
Precisava ser corajosa.



XXX


– Mas que merda! – retirou os fones de ouvido quando viu a grande confusão que Valtteri Bottas conseguiu causar logo na largada da corrida.
O finlandês pareceu ter freado tarde demais e acabou batendo na McLaren de Lando Norris que bateu em Matt Hakvoort.
O engenheiro do holandês se apressou para se certificar as condições do carro enquanto o painel demonstrava que alguns danos haviam sido acusados e era necessário um reparo no veículo.
Para a sorte da equipe austríaca, a bandeira vermelha foi anunciada pela direção de provas e os carros tiveram que ir para os boxes. Infelizmente, Checo havia abandonado, mas ainda existiam esperanças para Matt e eles precisavam focar naquilo.
– Parece que tivemos um pouco de sorte... – Jim murmurou enquanto assistia aos mecânicos correrem para consertar as avarias do carro de Hakvoort.
– Precisaremos de sorte para conseguir terminar essa corrida... – a loira respondeu em meio a um suspiro antes de passar as mãos pelo rosto.
Não demorou muito para que a pista fosse liberada e os carros fossem para a pista para dar algumas voltas atrás do safety car antes da relargada. suspirou ao ver Hakvoort voltar em décimo terceiro lugar e uniu aos mãos para torcer para que o holandês conseguisse chegar dentro da zona de pontuação.
Quando os carros se preparam para se alinhar no grid, a maioria dos pilotos optou por seguir as orientações da equipe e retornar aos boxes para trocar os pneus pelos de chuva, restando apenas Hamilton na pista.
– O que eles estão pensando? – falou mais para si do que para qualquer outra pessoa e Jim soltou uma risada ao seu lado, também sem compreender muito a estratégia da Mercedes. – Lewis não vai fazer um pitstop?
– Estratégia arriscada da Mercedes... – Jim murmurou no rádio, fazendo com que a loira soltasse uma risada fraca, concordando com a cabeça antes de voltar a atenção para o que aconteceria na pista.
A relargada foi dada e, surpreendentemente, Esteban Ocon era o primeiro carro na pista, seguido por Sebastian Vettel e Nicolas Latifi. Hakvoort estava em décimo primeiro e Hamilton em décimo quarto, quando a Mercedes o chamou para os boxes.
ouvia a discussão da estratégia nos fones de ouvido, buscando qual seria a melhor para minimizar os danos para a equipe, mas ela sabia que seria muito difícil conseguir algo de bom naquela corrida.
– Precisamos, pelo menos, conseguir chegar em décimo. – a chefe da Red Bull murmurou em meio a conversa dos estrategistas, massageando suas têmporas diante daquele péssimo cenário que se formava.
A loira assistiu a forma como Hamilton ultrapassava a todos os que estavam a sua frente e balançou a cabeça de um lado para o outro. O carro de Hakvoort estava danificado o bastante para que ele não conseguisse ir muito além.
Por Deus, ele tivera dificuldade até para ultrapassar uma das Haas. Aquilo seria cômico, se não parecesse trágico o suficiente para a última corrida da primeira parte da temporada a qual chegou a liderar.
– Estou me sentindo de volta em 2007. – Jim brincou ao seu lado e emitiu uma risada fraca ao ver o piloto da Mercedes com dificuldades para ultrapassar Fernando Alonso.
– O Alonso sendo o Alonso, não é mesmo? – balançou os ombros, com os olhos vidrados na tela porque aquela parecia uma batalha muito boa de se assistir.
E talvez esse tenha sido o último momento importante daquela corrida. Depois disso, tudo seguiu sem nada de especial, tirando a primeira vitória de Esteban Ocon e Sebastian Vettel de volta ao pódio em segundo lugar.
preferiu ignorar que Hamilton havia chegado em terceiro lugar enquanto Hakvoort amargava o nono lugar. Ela preferiu pensar nos dias de descanso que teria pela frente do que naquele péssimo fim de semana.
– Pelo menos, pontuamos. – Louise balançou os ombros quando a chefe da equipe chegou à garagem e rolou os olhos em resposta.
– Um nono lugar e um DNF. – murmurou. – Um ótimo fim de semana...
– O lado bom é que teremos duas semanas de descanso. – sorriu de forma animada. – Mas, antes, você precisa cumprir as obrigações pós corrida.
– Eu não vou sentir falta de nada disso durante as férias.
– Mas aposto que sentirá falta de mim. – a ruiva piscou, arrancando risadas da outra enquanto começavam a caminhar em direção ao centro de mídias.
– Aliás, para onde você vai nas férias?
– Bournemouth. – sorriu. – Mas, depois eu vou para o México com uma prima... Ela vai se casar e, para a despedida de solteira, resolveu fazer uma viagem para Tulum, acredita?
– Despedida de solteira em Tulum... Eu achei uma ideia incrível.
– Eu não nego que também achei uma ótima ideia. – Louise balançou a cabeça de um lado para o outro. – Estou louca para provar duas coisas: a tequila e os mexicanos!
arregalou os olhos, surpresa com a frase, mas logo deixou que uma gargalhada escapasse por sua garganta enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.
Era sempre ela que fazia os comentários com duplo sentido que sempre parecia uma novidade quando a ruiva os fazia.
– Me conte depois como é. – piscou. – Quem sabe eu não faça uma parada pelo México nas minhas próximas férias?
– Falando em férias... – a ruiva fingiu uma tosse e parou de caminhar, atraindo a atenção da amiga. – Já decidiu o que você vai fazer?
O sorriso presente no rosto de se dissipou no mesmo instante em que a pergunta foi feita, mas Louise não cessou o olhar sobre ela, esperando uma resposta para entender o que se passava na cabeça dela — se é que isso era possível.
A loira passou as mãos pelas têmporas e soltou um suspiro, encarando os próprios pés por alguns segundos antes de encarar a responsável pela comunicação da equipe.
– Ainda não.
! – Louise ralhou de forma impaciente.
– Eu quero ir com ele, Louise. – confessou. – Eu quero muito.
– E o que te impede de fazer isso?
– A minha mente. – sorriu de forma sarcástica. – Ela que me lembra de tudo que eu vivi e de tudo que eu posso perder ao entrar nessa nova relação. Você mesma viu como foram as coisas nessas últimas semana com o acidente... A gente não pode ser um casal, Louise! Como vamos lidar caso isso aconteça de novo?
... – a ruiva soltou uma risada fraca, segurando os dois braços da amiga. – Vocês só vão saber se vocês conversarem sobre isso, se vocês viverem isso. Eu imagino que é difícil para você, mas aquele cara te ama! Por favor, amiga, abra seus olhos antes que seja tarde demais.
suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro, lembrando-se da frase que havia dito quando foi até seu quarto pela manhã. Se ela não viajasse com ele, era o fim do acordo que os dois tinham porque ele a amava.
Um arrepio percorreu a sua espinha ao ouvir a amiga dizer aquilo e ao se lembrar que ela havia interrompido o austríaco de dizer mais cedo.
Ele a amava.
E ela não tinha coragem o suficiente para aceitar o convite dele. Não tinha coragem de se desprender de seus medos e embarcar em uma aventura ao seu lado, de dar voz aos seus próprios sentimentos.
– Eu ainda tenho algumas horas para decidir.
– Eu espero que você tome a decisão certa. – a ruiva sorriu e, logo, as duas voltaram a caminhar em direção ao centro de mídias, que já não estava tão distante quanto antes.
avistou a figura de Lewis Hamilton em uma conversa com Valtteri Bottas e tocou o ombro de Louise para avisar que iria falar com o piloto inglês.
Estava, desde o dia em que a ruiva contou sobre os comentários que ele recebeu nas redes sociais por causa do acidente, se culpando um pouco pelo que havia dito em Silverstone e sentia que precisava trocar algumas palavras com ele — ainda que não acreditasse que ele fosse cem por cento inocente do acidente que tirou Hakvoort da corrida daquele fim de semana.
– Olá, rapazes. – cumprimentou os dois com sorrisos e se virou na direção de seu conterrâneo. – Lewis, eu posso falar com você por um momento?
– Claro, . – ele balançou a cabeça, despedindo-se de Bottas com um aperto de mão e desejando boas férias para o finlandês. – Aconteceu algo?
– Eu queria me desculpar. – respirou fundo o máximo que conseguia e expirou antes de focar nos olhos do piloto que lhe pareceram confusos. – Alguns dos meus comentários depois da última corrida fugiram um pouco do tom e isso ajudou a incentivar ataques a você nas redes. A Red Bull chegou a emitir um comunicado, que eu mesma mandei ser feito, para demonstrar que a gente não compactua com esse tipo de comportamento. A chefe da comunicação conversou comigo sobre o que eu disse e o próprio veio falar sobre como eu te atirei para os leões...Eu sinto muito por ter feito isso.
– Olha, , eu não posso negar que os seus comentários foram duros. Eu jamais provocaria uma batida para tirar um rival da pista e eu sempre pilotei de uma maneira menos agressiva, se a gente for comparar com o tipo de pilotagem que o Matt faz. – a loira abriu a boca para responder, mas o piloto da Mercedes se apressou em continuar. – Mas isso não vem ao caso. Eu agradeço mesmo as suas desculpas. Eu não posso te culpar e dizer que foram as suas palavras que fizeram as pessoas fazerem comentários como os que foram feitos no meu perfil porque eu lido com isso desde que eu sou criança. Eu ouço esses comentários e esses xingamentos, muitas das vezes, apenas em razão do tom da minha pele. Eu meio que já me acostumei a apenas trabalhar e buscar ser melhor. – balançou os ombros. – No mais, estamos bem, . – sorriu, estendendo a mão para que ela pudesse cumprimentá-lo. – Tenha umas boas férias.
– Você também, Hamilton, bom descanso.
observou o piloto caminhar em direção a hospitalidade da Mercedes e girou o corpo em busca de sua fiel escudeira. Balançou a cabeça de um lado para o outro quando seus olhos perceberam que Louise conversava com Bottas e cruzou os braços na altura dos seios, esperando que o papinho dos dois terminasse logo.
Cerca de dez minutos, e algumas risadinhas trocadas, sorriu aliviada ao ver a ruiva andar em sua direção. Arqueou as sobrancelhas em sua direção e Louise rolou os olhos, já ciente que viriam perguntas sobre a sua conversa com o finlandês.
– Sem comentários, . – murmurou com o dedo em riste e a loira balançou os ombros, pouco se importando com o pedido.
– Deixe-me adivinhar... – fingiu pensar por alguns segundos. – Falavam sobre os grãos de café?
Louise mostrou a língua na direção da loira e entrou no centro de mídias, não dando qualquer atenção para o que ela falava e até mesmo para as piadas que ela fazia na esperança de saber tudo sobre o que ela tinha falado com o piloto do carro 77.


XXX


– Ei, cara... – se virou, encontrando Lewis com a mão no alto, pronto para cumprimentá-lo. – Você vai para Londres também?
– Não. Eu vou para Áustria para passar esses primeiros dias com as crianças... – Wolff riu fraco.
– Mande um abraço para Stephanie, Ben e Rosa. – sorriu na direção do mais alto. – Está esperando por alguém?
– Mande um abraço para a sua família também. Foi ótimo revê-los em Silverstone. – sorriu também antes de soltar um curto suspiro. – Eu convidei a para viajar comigo.
... ? – o piloto estreitou os olhos ao ver o chefe da equipe concordar com a cabeça. – Eu achei que vocês estivessem separados...
–É... – o austríaco levou uma das mãos até a própria nuca e soltou uma risada fraca. – Complicado.
– Pode ficar tranquilo que eu não vou contar para ninguém sobre isso, .
– Esse, certamente, é o menor dos problemas, Lewis. Eu confio plenamente em você... – murmurou, colocando uma das mãos sobre o ombro do inglês. – Bom descanso! Tenha juízo e volte inteiro para o restante da temporada.
– Bom descanso, . Não se deixe levar pela conversa da e não acabe na Red Bull... – Hamilton piscou, vendo o chefe da Mercedes soltar uma gargalhada, concordando com a cabeça antes dos dois se abraçarem rapidamente.
assistiu o inglês se afastar, entrando no jatinho que o levaria para Londres. Assim como ele, o piloto primeiro iria passar uns dias com a família e depois viajaria para algum lugar com praia para curtir alguns dias de descanso.
O austríaco colocou as mãos dentro dos bolsos da calça que vestia, encarando o horizonte por alguns minutos. Seu coração palpita de forma exagerada, na cega esperança que fosse aparecer por ali.
Não havia nenhum sinal.
Nenhuma mensagem.
Nenhuma ligação.
Nenhuma palavra.
Mas ele tinha uma esperança dentro do próprio peito. Naquele momento, já havia se tornado um fino fio que parecia estar prestes a se arrebentar.
O homem suspirou, passando as mãos pelos cabelos e nem mesmo percebeu a hora passar. Quando resolveu tirar o celular do bolso, notou que já fazia cerca de uma hora e trinta e sete minutos que havia deixado o circuito. , provavelmente, já estava fora do local também.
– Senhor Wolff. – o piloto o cumprimentou com um breve aceno. – Já está tudo pronto. Podemos ir quando o senhor desejar.
– Me dê cinco minutos. – pediu, buscando o celular mais uma vez para checar se havia algum sinal de , mas continuava sem nada.
suspirou, sem saber exatamente o que fazer. Estava se enganado há alguns minutos porque sabia que, se ela tivesse saído do paddock para o hangar, já deveria ter chegado. Além do mais, ela teria lhe dado algum sinal se fosse com ele.
Balançou a cabeça de um lado para o outro e se dirigiu a pequena escada que dava na direção do jato. Cumprimentou outra vez o piloto, embarcando na aeronave de pequeno porte e suspirou ao se sentar na poltrona de couro claro.
Decepcionado talvez fosse a melhor palavra para descrevê-lo naquele momento em que ele encarava, através da janela, o lado de fora, na silenciosa busca por . Mas, não a encontrou.
Não demorou muito para que o jato começasse a se movimentar e Wolff suspirou. Precisou de alguns segundos para reconhecer que havia feito de tudo e, se não queria fazer parte, era um problema dela e não dele.
checou o celular outra vez e, ao notar que não havia nenhuma mudança, ele percebeu que havia perdido. não apareceria.
Se dirigiu as escadas que levavam à entrada do jatinho e adentrou o local, sentando-se em uma das confortáveis poltronas. Deu um sinal positivo para a comissária e foi questão de quinze minutos para que levantassem voo.
O austríaco soltou o ar, passando uma das mãos pelo rosto enquanto memórias de momentos com o atingiam em cheio. Não se sentia bobo por tê-la esperado, mas decepcionado por não ter recebido sequer uma resposta.
Aquela era, dentre tantas, uma desilusão. Mais uma relação fracassada que ele superaria, assim como as outras que já havia vivido.




Continua...



Nota da autora:Todo mundo achando que a iria aparecer para viajar com o , eis um vácuo para ele! Será que ela aparecesse? Será que ele vai terminar tudo mesmo depois desse sumiço? Será que aconteceu alguma coisa? Me contem as teorias de vocês!

E, a nossa pp tem um perfil no Instagram onde mostra a vida de chefe da Red Bull Racing! Corram para seguir:
@aalinahayes
Como vocês já sabem o Disques está com problema, mas caso queria fazer uma autora feliz, comente sobre essa fic clicando: AQUI.
Beijos e até a próxima att.





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