Última atualização: 01/03/2022

Capítulo 12

– O que você está fazendo aqui? – Louise questionou assim que viu a figura loira de se aproximando dela no aeroporto. A chefe da equipe puxava sua bagagem roxa e carregava um casaco fino na outra mão.
– Me preparando para pegar um avião para ir para a minha casa. – sorriu, se sentando em uma das poltronas do lugar e deixando a mala próxima as suas pernas.
Louise franziu o cenho, girando nós próprios calcanhares e se sentando no assento disponível ao lado da loira. Ela já tinha um iPad em mãos e deslizava pelo feed do Instagram, o que a ruiva sabia que era uma tentativa de não querer conversar, mas ela não se importava.
– Você não deveria estar a caminho de algum lugar com água salgada com o ? – tentou disfarçar o arrepio que percorreu a sua espinha ao ouvir o nome do austríaco.
Desde o fim do Grande Prêmio, seu celular estava desligado e ela não sabia se o homem havia enviado qualquer mensagem. Não fazia a menor ideia de como ele tinha recebido o seu não aparecimento para que fossem viajar juntos, mas sentia o coração murchar todas as vezes que a imagem de triste surgia em sua cabeça.
As imagens eram seguidas da frase Brooke que a perseguia desde Silverstone. Talvez, , fosse mesmo uma vadia sem coração. Ela nem mesmo havia se preocupado com os sentimentos de ou buscou uma maneira minimamente correta de recusar o convite dele.
– Eu não fui. – deu os ombros e a ruiva soltou o ar de forma pesada, já ficando irritada com a forma que a amiga estava agindo.
– Isso é óbvio, . – sorriu de forma sarcástica. – Você poderia me elaborar o motivo de não ter ido? Eu achei que você aceitar o convite dele...
– Eu queria, Lou. – suspirou, soltando o iPad sobre o colo e esfregando as mãos nas coxas. – Eu queria muito mesmo...
– Por que não foi? – tocou o ombro da outra, recebendo um olhar lacrimejante e respirou fundo.
– Talvez porque, além de ser uma vadia sem coração, eu seja uma covarde. – riu sem humor e balançou os ombros. – A ideia de uma relação me assusta, Louise. Eu prefiro viver com medo do que me machucar novamente.
– E quem disse que ele vai te machucar? – riu fraco, acariciando o ombro da amiga com o polegar e a outra balançou a cabeça de um lado para o outro. – O seu medo e a sua dor são válidos, . Eu sei que você já passou por muita coisa, mas você não pode se prender a isso para sempre... Você precisa se abrir para a vida outra vez. – respirou fundo. – Eu sou sua amiga há anos e eu tenho total propriedade para dizer que eu nunca te vi tão leve como nesse último ano. Eu não sei o que o faz, ou melhor, talvez eu até saiba... – a ruiva soltou uma risada, sendo acompanhada pela amiga. – Mas é notório como você ficou diferente depois que começou esse acordo com ele. Você ficou mais feliz, mais leve, embora ainda mantenha a sua pose de durona naquele paddock. Sem contar que é notório o quanto ele gosta de você... Eu não acho que ele te machucaria de forma alguma. Ele literalmente lamberia o chão que você pisa! – a loira abriu a boca para responder, mas Louise a cortou antes que ela pudesse expor seu pensamento. – Se você me falar que está preocupada com o que namorar o chefe da Mercedes pode trazer para você, eu vou te bater! Helmut Marko não pode mandar na sua vida pessoal. Você namora quem você quiser, até o Papa.
– Eu não acredito que a Vossa Santidade seja um bom pretendente... – riu fraco sendo acompanhada pela amiga e as duas se abraçaram meio sem jeito. – Suas palavras são lindas, Louise, mas eu ainda tenho medo. Estou tentando criar alguma coragem para ligar para ele e me desculpar, mas ainda não surgiu.
– Quando a sua coragem aparecer, use-a para pegar um voo para onde ele estiver. – Smith balançou os ombros. – Aliás, para onde vocês iriam nas férias?
– Primeiro para Áustria e depois para Sicília ou Sardenha. – sorriu fraco, lembrando-se do momento em Mônaco, quando pediu para que ela viajasse com ele. – E eu não poderia usar minha coragem dessa forma... Eu nem sei o endereço dele em Viena.
– Nisso eu posso te ajudar! – sorriu, animada, afastando-se da amiga para buscar o celular e fazer alguns contatos até que conseguisse o endereço de .
– O que você está fazendo?
– Usando os meus contatos da Fórmula 1 para alguma coisa. – sorriu, digitando a primeira desculpa que surgiu em sua mente para Jess, a assistente de . – Mandei mensagem para a assistente dele.
O voo para a Inglaterra foi chamado e as duas mulheres se levantaram de suas cadeiras, caminhando para a fila do check-in.
estava perdida nos próprios pensamentos. Já havia assumido para si mesma que tinha medo quando se tratava dar uma nova chance para os sentimentos. Se sentia insegura se entrar em uma nova relação, de conviver com uma outra pessoa, ainda que fosse , o homem que a tirava de sua zona de conforto.
Porém, ela sabia que ele provocava sentimentos nela que ela nunca havia tido antes. Não com aquela força e muito menos tão recíproco. Como Louise havia dito, faltava lamber o chão que ela pisava, de tanto que a exaltava.
. – Louise murmurou enquanto as duas seguiam em direção à aeronave, despertando a amiga dos pensamentos. – Se quando você pousar em Londres, a coragem bater em você, o endereço do está no seu e-mail.
piscou algumas vezes com a informação dada pés amiga e sentiu o coração palpitar mais rápido que o habitual. Tomar coragem e aparecer na casa dele? Ela conseguiria fazer esse tipo de coisa?
Suspirou, indo pelo curto corredor da aeronave até o seu assento e, durante o voo, olhando para a imensidão azul, ela fechou os olhos, esperando encontrar em seu inteiro alguma discernimento do que deveria fazer.

Ela precisava disso.



🏎🏆✨





encarava a tela do celular enquanto se questionava o que deveria fazer em relação a . Ela tinha vontade de buscar o número dele entre seus contatos e ligar, mas não sentia coragem o suficiente para dar aquele passo.
"O endereço do está no seu e-mail", a voz de Louise ecoava no fundo de sua mente, junto com o frio na barriga que surgia sempre que ela pensava em . Sentia falta dos seus toques, do carinho que ele possuía por ela, dos momentos que partilhavam juntos... Sentia falta de .
A loira soltou um suspiro, deixando o celular de qualquer forma sobre o sofá, quando Ariel se aproximou do local, subindo e parando sobre seu colo. Sorriu fraco, levando as mãos aos pelos macios do seu pequeno companheiro, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos por alguns segundos.
A imagem de surgiu prontamente e ela sorriu fraco, se lembrando de quando havia sido apresentada propriamente ao chefe da Mercedes, embora, como funcionária da Red Bull, já tivesse o visto diversas vezes dentro do paddock. Mesmo depois de tanto tempo, ela conseguia sentir o calor quando ele a encarou diretamente e por longos segundos chamando até mesmo um pouco da atenção de Christian Horner.

Flashback.
– Esse negócio de ficar cumprimentando as pessoas não é muito o meu forte. – murmurou para Christian Horner após os dois saírem de uma longa conversa com Stefano Domenicalli e Jean Todt.
– Mas, quando você assumir o meu cargo, terá que lidar com muitas conversas com os chefões do nosso esporte. – o mais velho sorriu para ela antes dos dois começarem a caminhar por entre as mesas para a mesa em que ambos se sentariam para a cerimônia.
– Eu prometo me esforçar ao máximo para parecer interessada na maioria das vezes. – sorriu. – A parte burocrática da Fórmula 1 não me enche os olhos.
– Nem os meus, mas, infelizmente, é algo que nós precisamos passar. – a loira balançou os ombros e Christian sorriu de forma larga ao ver a figura de Sebastian próximo ao local em que eles estavam. – Veja, o Sebastian está ali. Vamos falar com ele?
Antes mesmo que pudesse ouvir a resposta, o chefe saiu em direção ao local em que o alemão estava e ficou alguns passos para trás. Ela podia ver que Sebastian estava acompanhado de Lewis Hamilton e , o que despertou uma certa curiosidade sobre o que os três poderiam estar conversando.
– Deixe-me apresentá-los a . – Christian apontou para a mulher que chegara próxima aos quatro homens após alguns segundos com um sorriso discreto no rosto. – Ainda não se tornou oficial, mas eu estou deixando o cargo de chefe da Red Bull... – o inglês murmurou para a surpresa dos três. – assumirá o meu cargo. Sejam bons para ela porque ela vai acabar com a raça da Ferrari e da Mercedes em pouco tempo.
– Essa é uma ótima notícia! – Sebastian sorriu. – Não a que você vai se aposentar ou a que ela vai acabar com a gente... – coçou a nuca, causando risada nos outros. – Mas a que será a nova chefe da Red Bull. Parabéns por isso, ! Eu sei da sua competência para o cargo e imagino que será uma excelente chefe para a equipe.
– Obrigada pelo voto de confiança, Seb. – sorriu na direção dele. – Aprendi bastante com o Christian nos últimos anos, especialmente nesta temporada quando recebi a notícia.
– Senhorita , é um prazer conhecê-la. – se manifestou, esticando a mão direita na direção de que sorriu para o chefe da Mercedes.
O olhar do austríaco desceu por todo o corpo da mulher, analisando perfeitamente como sua silhueta era delineada pelo vestido. esperava que estivesse disfarçando bem o leve incômodo que surgiu em seu corpo pela longa encarada, que pareceu ter passado despercebida pelos outros homens, mas não podia negar que era extremamente atraente.
– Espero que tenha boas temporadas no comando da Red Bull, mas não tão boas... – sorriu de ladino e mordeu o lábio inferior com aquela visão.
– É... – Lewis sorriu, se pronunciando e interrompendo os dois que ainda se encaravam. – Sorte para a Red Bull, mas esperamos que não tenham tanto sucesso assim. Nós ainda temos muito campeonatos para vencer.
– Isso tudo pode mudar com as mudanças para os carros... – Christian disse, fazendo com que balançasse a cabeça.
– Todo mundo está sujeito ao fracasso... – Sebastian murmurou. – Não vê a temporada ruim da Ferrari este ano?
– Isso foi uma consequência de alguns atos, Sebastian. – Lewis encarou o piloto que balançou os ombros. – Mas nada impede que a Ferrari volte a ter o sucesso de antes.
– As mudanças no regulamento vão abrir uma nova realidade para as equipes, eu acho... – a loira balançou os ombros, sentindo-se estranha ao perceber que o olhar de permanecia sobre ela, mesmo quando os outros presentes na conversa já haviam alterado o tema que era discutido, mas ainda se mantendo dentro do automobilismo.
Horner fez uma pergunta, chamando a atenção do chefe da Mercedes e quase suspirou aliviada quando ele se virou para responder, depois de disfarçar pedindo para que ele repetisse porque não havia escutado.
Aquela foi a sua vez de observar por longos minutos a figura do homem. Estaria mentindo se dissesse que não o achava um homem bonito porque ele realmente era. Além disso, possuía um charme que ela não sabia definir direito, mas que era o suficiente para fazer quase todas as mulheres que trabalhavam no paddock falar sobre ele.
era mais reservada. Não gostava de comentar publicamente sobre os homens que achava bonito no ambiente de trabalho, mas os apreciava quando tinha oportunidade. A pequena lista que ela possuía se crushes, agora incluía que, para seu delírio, não parava de observá-la de canto de olho.

Fim do flashback.

Ariel latiu alto, fazendo com que a loira despertasse dos próprios pensamentos e soltasse uma risada fraca ao perceber que a reclamação era porque o carinho em seu pelo havia cessado.
– Desculpe, madame. – murmurou, rindo de forma nasalada e voltando a passar a mãos no pelo de Ariel, enquanto seu olhar ia para o telefone jogado ao seu lado.
Os flashbacks de momentos com apareciam em sua mente como um turbilhão. Ela entendia que não precisava sentir falta dele, era uma opção dela estar longe. Ele já havia dado milhares de razões para que ela se aproximasse e ela piorou por não o fazer.
Até aquele momento.
A súbita coragem havia aparecido.



🏎🏆✨





– Você prometeu que não iria trabalhar hoje. – retirou os olhos da tela do computador, vendo Rosa parada na entrada de seu escritório com os braços cruzados e um olhar magoado em sua direção.
Retirou os óculos de grau, esfregando as mãos pelo rosto e deixou um suspiro sair de maneira abafada. Depositou os óculos sobre a mesa, piscando algumas vezes para que sua visão se normalizasse e percebeu que a menina se mantinha na mesma posição.
Era seu primeiro dia das férias de verão e seu plano, como nos anos anteriores, era passar alguns dias com as crianças na Áustria antes de ir para algum lugar paradisíaco. A sua expectativa era ter ao seu lado, mas a loira não havia dado qualquer sinal de vida desde o domingo e ele também não havia feito questão de procurá-la.
O sinal estava claro: não queria estar com ele. E ele não a forçaria a nada.
– Desculpe, querida. – sorriu fraco para a menina. – Estou terminando algo muito importante aqui, mas depois podemos assistir a um filme. O que você acha?
– Sem precisar esperar o Ben voltar? – Rosa arregalou os olhos, contente por não ter que dividir o pai com o irmão, e concordou com a cabeça. – Ótimo!
– Em quinze minutos eu te encontro na sala de televisão. – prometeu, vendo a menina sorrir antes de informar que iria preparar as pipocas.
riu, retornando sua atenção para o notebook. Ainda era o meio do ano, mas ele já preparava as coisas para o próximo ano da Mercedes, o fatídico ano em que o regulamento da Fórmula 1 mudará. Ainda tinha que decidir se manteria Valtteri na equipe ou se daria uma chance para o jovem George Russell, sem falar na renovação de contrato de Lewis.
Férias, para , não significavam parar de trabalhar. Ele precisava ser constante para o sucesso de sua equipe e não se importava muito em abdicar momentos da vida privada para isso.
Além do que, o trabalho fazia com que ele esquecesse de . Não era uma missão fácil ser rejeitado, ainda mais por alguém que ele possuía tantos sentimentos e já fazia planos futuros, mas ele tinha que aprender a esquecê-la para que pudesse seguir com a vida.
Suspirou, desligando o notebook e saindo do escritório. Encontrou Rosa na cozinha ao lado de Ülla, uma fazendo pipoca e a outra preparando algum bolo para depois do jantar, como sempre fazia quando as crianças estavam em casa.
– Já escolheu qual filmes vamos assistir? – perguntou, sentando-se em uma das cadeiras em volta a ilha da cozinha e encarando a filha.
– Talvez a Bela e a Fera. – ela sorriu. Enquanto Benedict era o maior fã do universo dos quadrinhos, Rosa gostava do mundo da Disney e as diferenças dos dois deixavam maravilhado.
– Eu já vi esse... – Ülla sorriu. – Assisti com a minha neta e é muito bonito.
– É um clássico. – a menina de cabelos castanhos claros sorriu para a mais velha no exato momento em que a campainha tocou. Os três se encararam por alguns segundos e balançou a cabeça.
– Seu irmão provavelmente esqueceu a chave...
– Ben saiu com o seu carro. – Ülla o lembrou com um sorriso fraco no rosto. – Ele entraria pela garagem.
– Será que é a minha mãe? – Rosa correu em direção a porta antes mesmo que os dois adultos pudessem falar mais alguma coisa, na expectativa que fosse a sua mãe do lado de fora da casa, mas franziu o cenho ao se deparar com uma mulher desconhecida.
arregalou os olhos, totalmente surpresa ao ver aquela figura adolescente parada a sua frente. Olhou mais uma vez para a casa, tentando se certificar que estava no endereço certo e soltou um suspiro.
– Você está perdida? – a menina perguntou em alemão e ela franziu o cenho, ainda mais confusa. Não entendia uma palavra da língua germânica. – Precisa de ajuda?
– E... Eu não falo alemão. – respondeu e nem mesmo percebeu que sua voz tremeu um pouco.
– Eu perguntei se você está perdida. – a menina respondeu em um inglês com um pouco de sotaque, deixando a loira um pouco mais tranquila por conseguir agora se comunicar melhor.
Porém, antes que ela pudesse falar qualquer coisa, uma voz se pronunciou no interior da casa e foi instantâneo o arrepio que percorreu seu corpo.
Ela conhecia perfeitamente aquela voz.
– Rosa, é a sua mãe? Por que estão demorando tanto? – a pergunta também veio em alemão e, embora não conhecesse a língua, ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
Não demorou muito para que a figura de surgisse atrás da menina e a ficha de caísse. Ela já havia visto aqueles cabelos castanhos antes em pleno paddock... Quando esbarrou com uma loira no Grande Prêmio da Áustria!
Aquela menina era a filha de .
Os olhos do austríaco se espantaram quando perceberam que a pessoa do lado de fora da casa não era Stephanie, mas . Precisou se perguntar mentalmente se aquilo não era uma alucinação ou um sonho.
? – arfou. – O que faz aqui?
– Eu vim... – suspirou, passando as mãos pelos cabelos. – Eu não sei bem o que eu vim fazer aqui... Acho que foi uma péssima ideia. Me desculpe, !
– Não, não! – se adiantou, tentando impedir que ela fosse embora e entender o que ela estava fazendo ali. Era uma desculpa? Estava aceitando seu convite para as férias?
A pequena Rosa mantinha os olhos como se estivesse em uma partida de tênis. Curiosa, olhava de um adulto para o outro, tentando entender o que aquilo significava e quem era aquela mulher. Mas se lembrou da presença da filha, pondo as duas mãos sobre seus ombros.
– Rosa, você pode ir lá para dentro? – pediu, vendo a menina concordar com a cabeça antes de se retirar em silêncio. deu um passo para frente, indo para a varanda de sua casa e fechando a porta atrás de si para que não corresse o risco da menina ou de Ülla escutassem a sua conversa com . – Lina... Não precisa ir embora.
– Você claramente está tendo um momento em família, ... Eu não quero atrapalhar. – deu um passo para trás, procurando se afastar do homem. – Na verdade, eu nem sei o que deu na minha cabeça para pegar um avião e aparecer aqui! Eu deveria ter imaginado que você queira vir para Áustria para aproveitar a sua família e... Bom, eu não pensei direito. – riu sem humor, levando uma das mãos até a própria nuca. – Eu só fiz.
– Tem certeza que não sabe porquê você veio, ? – arqueou as sobrancelhas, fixando o olhar sobre a loira a sua frente e soltou o ar de forma pesada.
As mãos suavam e o coração palitava tanto que ela poderia jurar que estava prestes a ter um troço bem ali. Diante dele. Ainda não conseguia entender a súbita coragem que apareceu e se questionou durante todo o caminho se estava em suas melhores faculdades mentais.
Tentou ao máximo se enganar, procurou ao máximo alguma desculpa que pudesse justificar a sua atitude, mas não existia nada além de um sentimento que ela ainda não conseguia pronunciar todas as letras.
Tinha feito tudo isso por .
– Eu quero passar as férias com você, .
O austríaco piscou algumas vezes, demorando alguns segundos para assimilar que havia escutado corretamente e realmente havia dito aquilo.
Ela queria a sua companhia.
Ela havia viajado da Inglaterra à Áustria para passar as férias com ele!
– Então, por que quer ir embora?
– Porque você está em um momento de família e eu não quero atrapalhar. – suspirou. – Eu posso ficar em um hotel e, quando você estiver livre, eu volto.
Ela mordeu o lábio inferior ao ver o homem balançar a cabeça de um lado para o outro, colocando ambas as mãos na própria cintura.
– Eu te disse que, se você aceitasse o meu convite, seríamos apenas e . – ela concordou com a cabeça, se lembrava dele falando aquilo. – Esse sou eu quando estou longe das corridas, pai do Benedict e da Rosa. Eu adoraria poder te mostrar um pouco de mim...
– Eu não... – a loira suspirou, projetando os lábios para frente e ele franziu o cenho, se mostrando confuso com a que ela se referia. –Eu não sei fazer isso, . Eu não sei como agir...
– Eu posso te apresentar, . –sorriu, tentando passar alguma coragem para ela. – Se você não se sentir bem, pode ficar no meu quarto. – ela prensou os lábios ao ouvir a menção ao quarto dele.
– Fora que eu estarei atrapalhando um momento íntimo com os seus filhos...
– Você nunca atrapalharia, . – piscou na direção dela. – Esteja certa que eu não faria esse convite se achasse que você fosse atrapalhar em algo.
– Mas eu sinto que atrapalharia. – balançou os ombros sorrindo minimamente. – Eu posso ficar em um hotel e voltar quando você estiver livre, mas não encurte seu momento com os seus filhos por minha causa... Eu imagino que eles sejam importantes para você.
... – se apressou em segurar sua mão antes que ela pudesse se afastar. – Você não está fugindo, não é?
A loira riu fraco, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de aproximar o corpo ao dele. Sentia falta de ter aquele calor dos corpos próximos, de sentir as mãos de ao redor dela.
– Eu não vou fugir, . – falou, olhando direto nos olhos de .
Os dois riram e esticou a mão para que ele a segurasse a guiasse para o caminho. O austríaco sorriu, a puxando para perto e, quando seus corpos se chocaram, ele levou as duas mãos para cada lado do rosto dela, unindo seus lábios em um beijo repleto de saudade.
arranhou levemente a nuca de , sentindo o calor percorrer toda a sua espinha. O ar não era um problema para os dois porque tudo que eles mais queriam era matar a saudade que tinham um do outro.
deu alguns passos, forçando a caminhar para trás e a mulher reclamou entre o beijo quando sentiu um objeto duro atingir a altura de sua lombar. Ele se afastou dela, arrastando os lábios pelo seu maxilar e descendo por seu pescoço.
mantinha os olhos fechados, aproveitando as carícias que a deixavam absurdamente vulnerável a ele. Era uma delícia ser beijada daquela forma por e sentir as mãos dele por todo o seu corpo.
abriu os olhos quando uma das mãos dele apertou o seu seio com força, fazendo com que um gemido sôfrego – e alto – escapasse por seus lábios. Nesse exato momento, seus olhos foram para a janela da casa de , vendo duas figuras no interior da mesma e ela se lembrou de onde estavam.
... – o chamou, buscando que ele se afastasse. – Pelo amor de Deus, estamos na porta da sua casa!
O austríaco levantou a cabeça da curva de seu pescoço, depositando selinho casto em seus lábios e respirou fundo, olhando nos fundos dos olhos de .
– Você não vai me escapar mais, .
– Que merda, ... – reclamou. – Eu vou ter que passar o resto dia encharcada!
A gargalhada que ele soltou fez com que ela fosse junto antes de receber um novo beijo, dessa vez na testa, em um puro sinal de carinho.
– Podemos resolver isso mais tarde...
– Isso é uma promessa? – a forma como as sobrancelhas dele se arquearam, fizeram com que uma gargalhada escapasse pelos lábios de . – Eu estou indo, então.
– Tem certeza?
– Absoluta, . – concordou com a cabeça, unindo os lábios aos dele mais uma vez.
– Me mande notícias para eu saber que você não fugiu de mim outra vez.
A loira concordou com a cabeça, descendo as escadas que davam até o pequeno pátio em frente à casa de e seguiu em direção ao carro que havia alugado para que chegasse até a casa dele. Por uma certa ironia do destino, o carro era uma Mercedes GLE 43, o que fez com que o austríaco risse quando percebeu.
Assim que o carro se afastou, caminhou para o interior da casa sem retirar o sorriso que tinha no rosto. Ainda não conseguia acreditar que estava ali! Ela havia o procurado, havia aceitado o convite dele... Estava ansioso para viajar com ela.
– Podemos ir assistir ao filme agora? – Rosa perguntou, aparecendo na sala de estar com um balde de pipoca em mãos e o mais velho confirmou com a cabeça.
Os dois seguiram em direção a sala de televisão e se aconchegou em uma das poltronas enquanto a menina se sentava ao seu lado. Assistiu a filha procurar pelo filme e sua mente, automaticamente, viajou para .
Era impossível não pensar nela. Ainda podia sentir seus macios lábios sobre os seus, o cheiro adocicado que ela possuía e a textura de sua pele. Havia sentido tanta falta dela e não tinha nem começado a acabar com isso.
– Ela é sua namorada? –a voz de Rosa fez com que ele despertasse dos próprios pensamentos e ele a encarou com uma expressão confusa no rosto. – A moça que estava na porta. – a menina esclareceu enquanto se preparava para perguntar por que ela achava que era. – Eu vi vocês se beijando...
– Ela não é. – sorriu fraco. – Ainda.
Rosa franziu o cenho, colocando um pouco de pipoca na boca e mantendo o olhar sobre o pai enquanto pensava na resposta que havia recebido. Já mordia o lábio inferior, esperando que aquela resposta fosse o suficiente para acabar com a curiosidade dela.
– Por que ela não quis entrar?
– Ela tinha que ir a outro lugar... – balançou os ombros, sorrindo para a mais nova. – Mas isso não é coisa para você se preocupar, Rosa.
– Ela é bonita... – a menina disse em um tom baixo, virando o corpo de frente para tela da sala. concordou com a cabeça, permitindo que uma risada fraca escapasse ao ouvir o comentário. Não podia negar aquele fato e nem esconder a felicidade de saber que estava por perto.



🏎🏆✨





ouviu o celular tocar e caminhou até a cama, pegando o aparelho entre os lençóis emaranhados, vendo o nome de brilhar no visor.
– Olá, .
, é muito bom ouvir a sua voz. – ele riu fraco. – Eu queria te ver hoje.
– Não quer mais? – mordeu o lábio inferior, encarando as luzes da cidade pela janela do quarto em que estava hospedada.
– Estou preso em casa... – murmurou. – Meu plano para o dia era aproveitá-lo com a Rosa e eu não consegui fugir disso para ir te ver. – um suspiro escapou pela garganta do austríaco. – Sinto muito por isso.
– Não sinta. – foi a vez de ela rir fraco. – Eu quem apareci sem avisar. Era claro que você teria planos...
– Mas eu mudaria todos eles, se eu pudesse, para passar o dia com você.
mordeu o lábio inferior ao ouvir a frase, esfregando uma perna na outra naquele exato momento. Era incrível o poder que ele tinha sobre ela.
Uma ideia brilhou na mente da loira e ela afastou o celular da orelha, deslizando o dedo no ícone de vídeo chamada. Conseguiu ouvir o homem reclamar antes de atender e sorriu ao ver a figura do mais velho sobre a cama.
usava os óculos de grau redondos que ela tanto gostava nele. Os cabelos estavam levemente molhados e ele usava uma camisa branca.
– E o que você faria comigo se tivesse o dia inteiro comigo?
O austríaco sorriu, encarando a mulher através da tela ao perceber que ela mordia o lábio inferior de uma forma nada inocente.
– Aproveitaria cada segundo com você.
bufou, frustrada, e o homem franziu o cenho.
– Merda, .
– O que foi? – ele riu, confuso enquanto assistia a mulher rolar os olhos. – Falei algo de errado?
– A gente poderia se divertir através dessa chamada, mas você estragou o clima.
– Sexo virtual? – ele riu enquanto ela concordava com a cabeça, sorrindo em pura antecipação. – Lina, eu estou um pouco velho para isso.
– Você não está velho, . – ela respondeu, prontamente. – Só nunca fez isso... Mas, para tudo, há a primeira vez, certo?
O homem balançou a cabeça, percebendo o duplo sentido na voz da mulher e, logo, um sorriso escárnio surgiu nos lábios dela.
– Vamos. – chamou sua atenção. – Onde você está?
– Quarto. Deitado na cama.
Ela sorriu, balançando a cabeça de forma afirmativa.
– Certo... Só precisamos de um pouco de palavras sujas.
– Oh – ele riu, espantando-se. – Isso eu sei fazer!
balançou a cabeça de um lado para o outro, soltando uma risada fraca, mas não se importou muito com o comentário do homem.
Naquele momento, tudo que ela queria era diminuir um pouco da falta que sentia de . E a única maneira que ela tinha era a vídeo chamada, então, precisava aproveitar o momento.
– Se toque para mim, .
O mais velho precisou piscar algumas vezes para ter certeza que aquele havia sido o pedido. A mulher sorria para a cama, aguardando que ele fizesse o que foi pedido, e ele demorou alguns segundos para realizar o pedido.
segurou o celular na mão esquerda e passou a mão livre sobre o próprio pênis por cima da calça de moletom que vestia para ficar em casa.
– Agora, me diga, o que faria se eu estivesse aí? Se fossem as minhas mãos acariciando o seu pênis sobre a calça? – sorriu, esperando uma resposta por parte do homem, mas não veio.
apenas tinha a expressão surpresa e ainda parecia muito preso em seus movimentos. A mulher riu fraco, chamando a sua atenção.
– Ok... Vamos fazer assim: você vai se tocar enquanto eu te digo o que eu faria se estivesse aí. Tudo bem?
O aceno positivo fez com que ela sorrisse e respirou fundo antes de deixar o celular encostado sobre a mesa de cabeceira ao lado da cama de casal.
– Sabe o que eu estaria fazendo se eu estivesse aí agora? – a morena começou, mordendo o próprio lábio inferior e buscando perder a vergonha que manifestava em suas bochechas avermelhadas. – Fecha os olhos, . – o austríaco rapidamente atendeu ao pedido. – Eu sei que você consegue sentir os meus dedos acariciando a sua boxer, te deixando ainda mais excitado, bem devagar do jeito que você detesta apenas para irritá-lo.
riu fraco e, automaticamente, suas mãos abaixaram sua própria cueca, segurando o próprio membro em mãos para o puro deleite de .
– Eu sei que você adora sentir os meus dedos ao redor do seu pênis. Movimentando-as bem devagar, lentamente. – a morena sorriu, ainda mordendo o lábio. – Você iria levar as mãos para a minha cabeça e eu enfiaria apenas a cabecinha em minha boca, levando uma das minhas mãos para as suas bolas. Passaria toda minha língua pela sua extensão... – ela sorriu fraco, observando as mãos de se movimentando lentamente sobre o próprio pênis. – Você consegue sentir a minha língua passando por todo o seu pau, não consegue?
– Si-sim.
A resposta sôfrega fez com que mordesse o próprio lábio inferior enquanto abaixava a alça da camisola de seda que usava naquela noite.
– Então, eu enfiaria o seu pau na minha boca por inteiro. Você sentiria a sua cabeça bater no fundo da minha garganta e puxaria meus cabelos.
sorriu, abaixando a sua camisola e se deliciando com a visão da mão de se movimentando de forma mais acelerada sobre o próprio membro. Ele já havia se livrado dos óculos de grau e ela podia ver algumas gotas de suor escorregando pela testa do homem.
. – o chamou e os olhos do austríaco se abriram, demorando alguns segundos para se acostumar com a tela, mas quando o fizeram, um sorriso imediato surgiu nos lábios dele ao ver os seios da mulher. – Eu te chuparia por inteiro, ditando os meus próprios movimentos e só pararia quando sentisse aquele líquido delicioso na minha boca. – conteve a vontade de suspirar – Eu estou com tanta saudade de você que eu te deixaria gozar na minha boca.
prendeu a respiração por alguns segundos, subindo e descendo a mão de uma forma mais apressada. A respiração já estava entrecortada, mas sua mente se acendeu com a visão de através da tela.
– Eu gosto quando você, perdida em seu próprio prazer, puxa as minhas mãos para a sua bunda. – nem percebeu quando as palavras escapuliram por seus lábios e até mesmo se assustou quando ouviu a voz rouca e grave do homem se manifestando naquele momento. – Gosto quando você pede para que te bata. Implora para que eu vá mais rápido, implora para que eu dê uns bons tapas nessa sua bundinha deliciosa.
se engasgou com as palavras ditas e mordeu o próprio lábio enquanto uma das mãos levantava a parte de baixo da camisola. A morena já estava sem roupa íntima, gostava de ficar dessa forma quando estava sozinha em casa.
As mãos dela foram de forma apressada para a própria intimidade, mantendo os olhos fixos no homem que a observava atentamente pela câmera, transmitindo toda a brasa que sentia naquele momento.
Inicialmente, o dedo indicador e o do meio começaram a explorar a sua intimidade e soltou um suspiro antes de iniciar os movimentos em círculos sobre a região.
– Lina... – a voz carregada de sotaque e desejo a chamou. Ela ergueu o olhar para o celular e sorriu do outro lado. – Me deixe ver.
Desajeitada, se ajeitou sobre a cama, ficando com o corpo de frente para o celular e sorriu ao ver o corpo inteiro da mulher.
– Eu gosto de quando você me provoca. – ele sorriu escárnio na direção dela. – Gosto quando você geme o meu nome bem alto. Grita o meu nome. Gosto de sentir você me apertando dentro de si enquanto rebola sobre o meu corpo.
A velocidade do pulso da mulher se intensificou, assim como as das mãos do homem, e movimentou o quadril, rebolando contra a própria mão enquanto o corpo se arqueava sobre a cama, dando ao chefe da Mercedes a visão perfeita dos seios arrebitados da mulher.
– Isso, Lina. – ele riu entre um gemido sôfrego – Eu adoro quando você rebola dessa maneira sobre o meu pau.
– Puta merda, ! – a mulher murmurou enquanto um dedo entrava em sua intimidade e, com a outra mão, mantinha os movimentos circulares sobre o ponto de prazer. – Queria que fossem as suas mãos aqui.
– Imagine que são elas.
Ela se engasgou com a própria risada enquanto mantinha um sorriso escárnio nós próprios lábios, assistindo a mulher se masturbando bem ali.
Aquela só podia ser uma das melhores imagens do mundo.
– Lembra da gente, Lina. Você gritando para o prédio inteiro que eu estava te fodendo em frente à janela do seu apartamento... Você me deixando louco.
O suspiro aliviado veio de e a mulher sorriu em meio ao seu próprio prazer enquanto o austríaco ainda tinha os olhos presos na tela.
– Lina, abra os olhos. – pediu e foi prontamente atendido pela mulher que o encarou com os olhos bem abertos através da tela enquanto continuava se tocando prestes a sentir o corpo entrar em combustão. – Eu gosto de ver quando você goza, lieben.
A mulher suspirou, mordendo o próprio lábio enquanto arqueava o corpo, sentindo as milhares de sensações lhe atingirem, dentre elas uma em seu ventre.
O corpo se arqueou, os pés se curvaram e foi difícil manter os olhos abertos enquanto o grito escapava por sua garganta.
Os cabelos foram parar no rosto quando corpo recaiu sobre os travesseiros e um sorriso cansado, mas levemente feliz surgiu em sua face.
Não estava saciada, no entanto. Seus dedos não se pareciam em nada com a sensação de ter o membro de dentro de si e o prazer nem se igualava ao que o homem era capaz de dar a ela. Isso fez com que ela suspirasse alto antes de se virar em direção ao celular. O homem a encarava com um sorriso largo nos lábios e ela sorriu fraco em sua direção.
– Para quem não sabia como fazer, você se saiu muito bem. – ela murmurou, vendo o chefão inclinar a cabeça com um sorriso sacana nos lábios.
– Você me faz fazer coisas surpreendentes. – ele riu fraco, sendo acompanhado por ela e os dois se encararam em silêncio por alguns minutos.
– Eu estou cansada... – murmurou, buscando o celular antes de deitar a cabeça no travesseiro. – Você acabou comigo.
– Isso é apenas o começo, . Ainda temos duas semanas pela frente... – ele riu fraco, sendo acompanhado por ela, que já demonstrava estar inebriada de sono e cansaço. – Aliás, você pensou se vamos para Sicília ou Sardenha?
– Para onde você quiser, .
– Certo. – riu, balançando a cabeça. – Eu preciso de mais um dia para arrumar tudo, então. Viajamos na quarta-feira, tudo bem para você?
Um sorriso fino surgiu nos lábios de , que já tinha os olhos fechados sobre a cama. chegou a pensar que a loira já havia adormecido, mas a resposta quase sussurrada escapou pelos lábios dela, fazendo com que ele sorrisse também.
– Soa perfeito.
Ele sorriu, observando por alguns segundos adormecida e sentia seu coração bater de forma acelerada, por mais clichê que fosse. Ela era a mulher mais linda e sensual que ele já havia cruzado e lhe despertava sentimentos incríveis em proporções que ele jamais havia sentido.
A maior prova disso era essa noite.
Ele jamais havia se aberto, se mostrado daquela forma com nenhuma das mulheres com as quais já havia se envolvido. Mas, era diferente e ele gostava disso. Sentia-se como um adolescente descobrindo coisas novas ao lado de , mas, acima de tudo, sentia-se feliz.
– Eu amo você, .
Ele murmurou para uma já adormecida antes de clicar com o mouse no símbolo vermelho, encerrando a vídeo chamada e deixando o próprio corpo relaxar sobre a cama enquanto seguia presente em sua mente até o momento em que ele conseguiu adormecer.



🏎🏆✨





abriu a porta da casa, ainda com o celular no ouvido, embora não prestasse muita atenção no que o funcionário falava do outro lado da linha. A figura loira de Stephanie sorriu para ele, chamando sua atenção e lhe trazendo um pingo de decepção por não encontrar no local, como havia acontecido no dia anterior.
– Un minuto per favore. – murmurou para o funcionário em italiano, colocando a ligação no mudo para que pudesse cumprimentar a ex esposa. – Oi, Ste! As crianças estão lá em cima e eu estou em uma ligação importante. Se importa de chamá-los?
– Sem problemas, . – a loira sorriu, recebendo espaço para que pudesse entrar na casa. – Pode resolver as suas questões que eu irei até os quartos deles.
– Obrigado. – agradeceu, voltando para a ligação em tempo de ver a loira subindo as escadas que davam no segundo andar da casa enquanto o funcionário voltava a falar do outro lado da linha.
Como havia dito que ele deveria escolher para onde os dois iriam, ele estava o fazendo. Já havia confirmado com o piloto do seu jatinho que precisaria de seus serviços, reservado um iate e, agora, reservava a hospedagem para os dois. Sabia que buscaria total discrição, então, esperava que ela ficasse feliz com as escolhas que ele estava fazendo.
– Grazie, Francesco.
Suspirou quando, após trinta e cinco minutos, conseguiu finalizar a ligação e deixou o celular sobre a ilha que separava a sala e a cozinha de sua casa. Colocou as mãos sobre o mármore escurecido e um sorriso foi inevitável... Ele ainda não conseguia acreditar que estava realmente planejando duas semanas de férias de verão com .
– Vai viajar para a Itália?
A voz de Stephanie fez com que ele se sobressaltasse, o que causou algumas risadas e um pedido de desculpas. se virou, encontrando a mulher parada nos últimos degraus da escada com um olhar em sua direção, como se o analisasse.
– Eu vou passar essas semanas de férias de verão lá. – a mulher arqueou as sobrancelhas, surpresa com a informação, mas balançou a cabeça.
– Sozinho?
– Você é tão direta como uma pedra. – murmurou, soltando uma risada fraca, enquanto contornava a ilha para ir até a geladeira, buscar água, tentando fugir do olhar inquisitivo da ex-mulher.
– E você foge como um menino assustado. – ela balançou os ombros, se sentando em uma das cadeiras altas próximas a ilha e encarando o austríaco. – Um passarinho me contou que a sua namorada esteve aqui ontem.
Stephanie assistiu com um sorriso no rosto os ombros de se levantarem. Ele havia parado de virar a água dentro do copo de vidro que havia colocado sobre a pia da cozinha, parecendo que estava travado e ela adorava ver aquela reação dele.
– O passarinho me disse que ela é linda. – riu, mordendo o lábio inferior e viu parecer acordar, levando o copo em direção a boca. – Mas, não quis entrar...
O homem girou o corpo, encostando-se na pia e depositando o copo no local, antes de balançar os ombros. Sua expressão de ironia, sem nenhuma resposta, fez com que a loira rolasse os olhos.
– Não vai me dizer nada?
– Claro que vou... – sorriu sem mostrar os dentes e Stephanie se ajeitou na cadeira, na expectativa de saber mais. – Eu acho que nós precisamos conversar com a Rosa... Não acredito que seja algo bonito ficar fazendo fofocas.
– Pelo amor de Deus, Christian ! – bufou, batendo com a mão no mármore enquanto uma risada alta era dada pelo homem e ela rolou os olhos. – Estou falando sobre a sua namorada.
– Não há nada para contar, Ste... Ela veio aqui ontem e nós vamos viajar. – balançou os ombros, como se não fosse nada importante e a loira concordou com a cabeça.
– Para a Itália. – completou, fazendo uma breve pausa. – Não foi lá que você pediu a Susie em casamento?
Rolou os olhos com o comentário, causando risadas na loira.
– Foi em Veneza, mas eu não vou pedir em casamento.
? – Stephanie sorriu, arqueando as sobrancelhas e arregalou os olhos ao perceber que havia deixado escapar o nome da mulher, o que era um prato cheio para a loira que estava a sua frente. – O nome dela é ?
– Stephanie, você não pode con...
– Eu não vou contar para ninguém, . Relaxe! – sorriu na direção dele. – Nem mesmo para a nossa pequena fofoqueira. – os dois soltaram uma risada. – Eu fico feliz por você, sabe... Desde a sua separação da Susie, você estava se afundando em trabalho e não parecia feliz. Estava contente com os resultados da Mercedes, com o sucesso dos seus negócios, mas genuinamente feliz, eu não conseguia ver. Mas agora você está... E eu fico mais tranquila de te ver dessa maneira.
– Obrigado, Ste. – sorriu, encostando-se na ilha e esticando a mão para que pudesse alcançar a dela. – Eu me sinto feliz mesmo. Ela me faz sentir diferente... Nunca tive isso com nenhuma outra mulher.
– Obrigada pela parte que me toca. – a loira piscou algumas vezes antes de soltar uma gargalhada e o homem balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu espero que ela seja capaz de lidar com a minha ironia e com a nossa amizade.
fechou os olhos, pensando em por alguns segundos, antes de soltar uma risada nasalada. A loira era a personificação de sarcasmo e ironia, era difícil conseguir bater de frente com ela, mesmo que Stephanie tentasse. era única em diversos aspectos e esse era um deles.
– Você, definitivamente, não a conhece. – respondeu em meio a uma risada e a presença de Rosa e Benedict na sala de estar fizeram com que os dois se afastassem e encerrassem o assunto para não render mais perguntas. Afinal, sabia que Rosa estava cheia de questões sobre o assunto, mas não pensava em respondê-las naquele momento.
O restante do dia foi tranquilo. Aproveitou as últimas horas com os filhos, conversando e jogando alguns jogos de vídeo game, antes de Stephanie levá-los para casa, o deixando sozinho com seus pensamentos em .
Já sonhava acordado com os dias que eles passariam juntos e mal podia esperar para que as férias começassem.




Capítulo 13

– Para onde nós estamos indo? – perguntou assim que foi permitido que tirassem os cintos, após a decolagem do jatinho de , encarando o austríaco sentado de forma confortável no banco em tom creme.
– Você disse que eu podia escolher. – balançou os ombros, retirando os olhos da tela do iPad que tinha a sua frente, posicionado sobre a mesa que separava os dois, e buscando o copo de uísque sobre a mesa para dar um gole enquanto seus olhos se mantinham sobre a loira.
– Eu disse que era para você escolher e não para esconder. – arqueou uma das sobrancelhas, pegando sua taça de vinho e levando até os lábios antes de voltar a encarar as írises castanhas, fixas em sua direção. – Então, qual o nosso destino?
– Sicília. – sorriu. – Estamos indo para a Itália para alguns dias de sossego.
sorriu ao notar a forma maliciosa que arqueou as sobrancelhas em sua direção e virou o rosto para a janela da aeronave, já conseguindo ver as nuvens do céu azul, sonhando acordada com o que os esperavam na Sicília.
Estaria mentindo se dissesse que não estava ansiosa para o que a aguardava na viagem. havia deixado claro que o seu objetivo era conhecê-la melhor, mas ela sabia também que seriam momentos para que os dois aproveitassem ao máximo. E, depois de tanto tempo sem o austríaco, ela mal podia esperar para tê-lo novamente.
a observava em silêncio. Era uma das coisas que ele havia descoberto recentemente que mais adorava fazer: ficar assistindo distraída. Talvez pudesse passar horas com os olhos vidrados nela para que pudesse memorizar as suas expressões em cada momento do dia.
– Ainda temos cerca de duas horas de viagem pela frente... Se você quiser descansar, atrás daquela porta – apontou para o fundo da aeronave, fazendo com que virasse o corpo para trás para que pudesse observar o local que o homem apontava. – há uma cama confortável.
permitiu que um sorriso surgisse em seus lábios antes de se virar na direção de outra vez. O austríaco tinha o queixo posicionado sobre a mão e a observava por debaixo das lentes de seus óculos de grau redondo, que usava para a leitura.
– Isso é um convite? – mordeu o lábio inferior ao notar a expressão no rosto do homem mudar rapidamente, como se algo tivesse acabado de se iluminar bem a sua frente.
, ... – o homem pronunciou o sobrenome como uma espécie de aviso, fazendo com que soltasse uma risada fraca. – Não comece algo que não pode terminar...
– Quem disse que eu não posso terminar? – arqueou as sobrancelhas em sinal de surpresa enquanto seu dedo indicador corria pela borda da taça que estava a sua frente. – Você mesmo acabou de dizer que temos duas horas de viagem.
O chefe da Mercedes se movimentou sobre a poltrona, girando o corpo para o lado, encarando a parte da frente do jatinho antes de voltar a encarar que ainda mantinha a postura de antes.
– Você teria que ser silenciosa... Eu acho que não conseguiria. – soltou uma risada divertida, apontando para a cabine do piloto e para a pequena área onde estava sentada a comissária contratada para a viagem. – Ou não se sentiria constrangida?
– Constrangida por estar fazendo sexo, ? Eu tenho certeza que eles já passaram pela experiência de ouvir os passageiros fazerem sexo milhares de vezes. – balançou os ombros como se aquilo não fosse muito importante. – Está com medo?
– Medo? – riu, bebendo mais um pouco de seu destilado. – Nem um pouco, .
– Por que nós estamos estendendo essa conversa ao invés de já estarmos deitados naquela cama e sem roupa?
– Você fica todo esse tempo sem se encontrar comigo e acha que vamos fazer sexo tão rápido assim, ?
A loira arregalou os olhos enquanto uma risada desacreditada escapava por sua boca, vendo manter um sorriso vencedor nos lábios. levou a taça de vinho até a boca, finalizando o resto do conteúdo em um longo gole, devolvendo-a para a mesa antes de focar os olhos no homem a sua frente outra vez.
– Por que você iria se castigar? – uma gargalhada escapou pela boca de , fazendo com que ela rolasse os olhos. – Não haja como se não estivesse querendo isso tanto quanto eu! Quase arrancou minhas roupas na porta da sua casa e ontem, nós...
– Eu não estou me castigando, . Estou castigando você. – sorriu de forma larga, erguendo o corpo de sua poltrona e dando a volta, parando atrás da poltrona em que a mulher estava sentada.
tentou se virar para encará-lo, mas logo sentiu as duas mãos sendo postas em seus ombros, que estavam cobertos por uma blusa branca de mangas curtas e com um decote em v. As mãos largas, de dedos compridos e grossos, começaram a massagear seus ombros e ela fechou os olhos por alguns segundos. Como sentia falta daquele toque...
– Ainda me dói a forma como eu fui retirado da sua vida por causa do ocorrido no Azerbaijão... Você não imagina o quanto eu vejo sofrendo nos últimos meses. – ele fez uma pausa, pressionando o polegar sobre o pescoço da mulher e a ouvindo suspirar. – Sabe quantas vezes eu sonhei com você nesse tempo? Quantas vezes eu me cheguei nas suítes e esperei que você aparecesse, mesmo sem saber o número do meu quarto? Quantas vezes eu dormi sozinho? E, quando chegava ao paddock, lá estava você... Imponente, andando como se fosse a dona daquele lugar, evitando falar comigo, dizendo que eu sou "louco pelo controle". – soltou uma risada fraca. – Eu não quero te controlar, . Não como mulher e nem como chefe de equipe... Na cama, talvez. – riu, dessa vez sendo acompanhado pela loira que se sentia desfalecendo aos poucos em cada palavra e conforme as mãos do austríaco iam descendo por seu pescoço, passeando pelo seu colo e dedilhando a sua blusa. – Eu quero te ter como eu te tive no seu apartamento em Silverstone. Me recebendo com raiva porque está louca para ser fodida. Me surpreendendo com uma noite melhor do que a outra, me fazendo ficar cada vez mais entorpecido por você. Eu quero você dessa maneira, . Tão sedenta por mim quanto eu estou por você. Eu juro que eu me sinto insaciável, estou sempre faminto por você.
A mão do austríaco escorregou para dentro do decote da blusa, fazendo com que ela pulasse sobre a poltrona pelo contato da mão gelada com o local. Um gemido escapou por seus lábios quando sentiu a ponta do dedo indicador dele passear sobre a sua lingerie. Era um toque delicado, cuidadoso, como se pensasse milimetricamente sobre qual seria seu próximo movimento. Estava prestes a deixá-la louca e ele parecia se divertir cada vez mais com isso.
Mas tão rápido como a carícia veio, ela se foi. soltou um suspiro triste quando sentiu as mãos de se afastarem de seu seio e retornarem para o seu ombro. Voltou a abrir os olhos, erguendo a cabeça para cima para encará-lo com uma expressão fechada e o encontrando com uma divertida.
– Eu quero tudo isso, . Eu quero você, sem regras e sem acordo. – levou uma das mãos até o queixo da mulher, curvando o corpo para que pudesse deixar um beijo curto em seus lábios.
– Se você me quer dessa maneira... – limpou a garganta, tentando não demonstrar que havia sido atingida pelas palavras e pelos toques tanto quanto aparentava, mas sua armadura parecia estar cada vez mais aberta para a entrada de . – Por que ainda estamos falando?
– Porque você está de castigo, . – sorriu na direção dela, balançando os ombros ao ouvi-la bufar. – Não vai ser um sentimento igual ao que você me fez sentir desde Baku, mas você não vai ter o que tanto deseja.
– Qual é o ponto dessa viagem, então? – cruzou os braços, bufando mais uma vez para o mais puro deleite de . – O que eu vou fazer com todas as lingeries que eu trouxe?
– Nós vamos foder, . – sorriu com a imagem de em uma lingerie. A noite anterior ainda estava muito fresca em sua mente e ele estava precisando de todo autocontrole possível para não a arrastar para a suíte. – Mas, quando eu quiser.
– Você fala tanto em não começar algo que não vá terminar e olha só... – suspirou, correndo a mão pelo pescoço enquanto se sentava novamente na poltrona a sua frente com um sorriso vitorioso no rosto.
– Eu vou terminar... Só não agora. – riu, ouvindo o celular tocar em cima da mesa e buscando o aparelho para checar quem o incomodava naquele momento. – Eu preciso atender essa ligação. – anunciou antes de colocar o celular no ouvido, começando a falar algo em alemão, fazendo com que ela rolasse os olhos, absurdamente frustrada com aquela situação.
Detestava se mostrar vulnerável em algumas situações, especialmente perante a porque ele sempre terminava com aquele sorriso vitorioso no rosto, o qual ela tanto odiava amar. Queria ter o controle para não tremer diante do contato direto com ele depois de tanto tempo, mas não conseguia... Estava quase à mercê de e, embora não gostasse desse sentimento, esperava que conseguisse lidar da melhor maneira com ele.
Fixou o olhar sobre o homem por alguns minutos, o observando falar aquela língua desconhecida em uma conversa que parecia ser séria, até que se entediou. Levantou-se de sua poltrona, seguindo em direção a dita cama no fundo da aeronave, sentando-se na beira para retirar seus scarpins antes de deitar o corpo sobre o macio colchão pensando em como faria sofrer também.


🏎🏆✨



– O que costuma fazer nas férias de verão? – retirou os olhos da estrada por alguns segundos para que pudesse observar que procurava alguma música para colocar na Mercedes AMG GLC 43 que o austríaco havia conseguido para utilizar durante os dias em que estivessem no local.
– Esquecer do automobilismo. – a loira soltou uma risada alta, sendo acompanhada pelo mais velho que balançou os ombros. – Isso era possível quando eu era engenheira porque não havia questões burocráticas para resolver, mas, depois que tornei a chefe da Red Bull, passei a não saber muito o que significa férias.
– Não dá para ter cem por cento de férias quando se está negociando os pilotos para a próxima temporada. – murmurou em meio a uma nova risada.
– Para nós, isso já está resolvido. – foi a vez da loira balançar os ombros, sorrindo ao ouvir a voz de Rosalía ecoar pelo carro. – Matt tem contrato até 2023 e a situação com o Checo já está resolvida. Vamos anunciar na Bélgica.
– Renovaram com o Pérez? – questionou, a encarando outra vez e balançou os ombros.
Ainda que estivessem de férias, ele ainda era o chefe da Mercedes e ela ainda era a chefe da Red Bull. Não poderiam ficar trocando figurinhas sobre suas equipes, os contratos com pilotos ou coisas desse tipo. Afinal, ainda eram rivais e disputavam um campeonato.
, eu não vou conversar com você os assuntos sigilosos sobre a minha equipe. – falou de forma lenta, como se aquilo fizesse o impacto da frase se tornasse menor daquela maneira, mas se remexeu sobre o banco de couro do carro, pronto para rebater o que ela havia dito. – Você me diria se vai manter o Valtteri ou assinar com o George?
– Não, mas porque essa decisão ainda não foi tomada. – sorriu. – Mas eu te diria que estamos renovando com o Lewis.
– Mas, eu não quero saber sobre isso. – a loira soltou um suspiro. – Eu não quero que me diga algo sobre a Mercedes e nem quero te dizer nada sobre a Red Bull. Você disse que, nessas férias, seríamos e , e é isso que eu quero. Eu quero que a gente fale o menos possível sobre as nossas equipes e sobre o campeonato que retornará daqui a duas semanas.
– Você está pacífica demais. – o austríaco soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro. – E eu me lembro de ter dito também que essas semanas seriam sem regras e, aqui está você, as impondo novamente.
– Essa é a única regra que eu estou impondo, . – respirou fundo, levando uma das mãos à têmpora. – Eu apenas quero evitar o desgaste igual tivemos em Silverstone e na Hungria.
– Você sabe que essas duas só aconteceram por causa de coisas que você disse, não é? – arqueou as sobrancelhas, girando o rosto para fitar a mulher e a soltou o ar de forma pesada, se segurando para não rolar os olhos com aquela resposta. – Mas, você está certa. Eu disse que seríamos e nessas duas semanas e é isso que nós seremos.
– Ótimo. – sorriu, dando aquela tópico como encerrado.
– Mas, além de esquecer do automobilismo, o que você costuma fazer nas férias de verão? – indagou, ainda curioso sobre aquilo e sorriu fraco.
– Eu costumava ir para Bristol para visitar a minha avó. – confessou, sorrindo fraco. – Nós temos uma relação muito próxima e eu quase não a vejo... No mais, eu faço viagens curtas, dois ou três dias longes, me reúno com as minhas amigas.
sorriu ao perceber que a mulher havia falado de forma natural e não se esquivado da pergunta como fazia quando estavam sobre o regime de acordo que ela tanto gostava de lembrá-lo.
– Eu costumo viajar. – falou, ainda que ela não tivesse perguntado. – Eu passo os primeiros dias com os meus filhos na Áustria e depois vou para algum lugar com praia para ficar alguns dias longe de tudo, embora não consiga me desligar cem por cento do trabalho.
– Costuma viajar sozinho? – arqueou as sobrancelhas, surpreendendo-se ao ver o moreno concordar com a cabeça. – Para onde você gosta de ir?
– Eu sempre gostei de vir para a Sicília. – sorriu. – A casa que nós ficaremos hospedados é uma que eu pensei em comprar há alguns anos, mas acabei desistindo da compra.
– Eu pensei que ficaríamos em um hotel...
– Eu achei que correríamos risco o suficiente de outras pessoas nos verem juntos. – balançou os ombros. – Em uma residência apenas para nós, teremos a privacidade necessária para aproveitarmos da maneira que quisermos.
– Isso me soa convidativo. – riu fraco antes de projetar os lábios para frente. – Eu estou ansiosa para chegarmos logo.
sorriu em resposta, retornando sua atenção para a estrada, já que o GPS anunciava que faltavam cerca de cinco minutos para que chegassem ao seu destino. A antecipação já percorria as suas veias e ele mal podia acreditar que teria para si por duas semanas inteiras, como desejava desde Mônaco.
Para , a ficha também parecia não cair. Às vezes se questionava se ter aceitado o convite de havia sido a melhor decisão e se seria capaz de deixá-lo conhecê-la melhor como ele tanto desejava. Era tenebrosa a ideia de ter que se abrir tanto outra vez.
Comprimiu os lábios, prendendo a vontade de suspirar e o toque de seu celular ecoou pelo carro, já que estava conectado ao aparelho de mídia do carro. apertou o dedo sobre o volante para atender a ligação quase que em modo automático, fazendo com que arregalasse os olhos ao ouvir a voz de Louise sair pelos autofalantes da Mercedes.
– Ali, eu ainda estou sem acreditar que você não me ligou desde que voltamos da Hungria! – a ruiva reclamou do outro lado da linha, soltando um longo suspiro. – Me diga: foi atrás do ? Estão juntos agora?
As sobrancelhas do austríaco se ergueram e ele virou o rosto para encarar a loira que parecia estar brava naquele momento. Rolando os olhos, por ter descoberto que ela havia contado para alguém sobre a relação deles, se apressou em encerrar o assunto com .
– Oi, Lou! Desculpe não ter te dado notícias... Eu acabei vindo para a Itália. – mordeu o lábio inferior. – Eu posso te ligar depois?
– Vocês estão... Uh-oh. Espero não ter atrapalhado nada! – Smith riu alto do outro lado da linha. – Me ligue quando puder porque eu quero saber todos os detalhes de tudo. Mande lembranças para o .
riu com a menção de seu nome e o olhou com o cenho franzido, fazendo com que ele se divertisse ainda mais e, apenas para provocá-la, se pronunciasse antes que Louise encerrasse a ligação:
– Boas férias de verão para você, Louise.
Ele encerrou a chamada através do botão no volante e levou uma das mãos até a testa, tentando cobrir o rosto enquanto o chefe da Mercedes permitia que as risadas escapassem por seus lábios.
– Desculpe ter atendido a chamada. Eu fiz meio que no automático porque sempre é o meu celular conectado. – a loira balançou os ombros, não dando tanta importância para aquela atitude dele. – Mas, Louise sabe sobre nós.
– Isso não foi uma pergunta. – constatou, retirando a mão do rosto para poder encará-lo e ele concordou com a cabeça. – Você sabia?
– Desde a Áustria.
– O que... Como?
– Eu consegui com a recepção o número do seu quarto e fui atrás de você, mas você não estava...
– Eu estava jantando com o Michael naquela noite.
– Exatamente. – rolou os olhos. – Louise quem me disse que você estava no restaurante do hotel e eu fui atrás de você. Na hora, eu não me preocupei em questionar como ela sabia sobre nós... Eu só estava desesperado para me encontrar com você. Então, saí correndo quando ela me deu a informação, mas pensei em como ela achou natural eu estar atrás de você.
– Eu precisava contar para alguém o que estava acontecendo. – suspirou, passando a mão pelos cabelos. – Louise já havia me perguntado se eu estava me envolvendo com algum dos mecânicos porque ela havia me procurado por duas noites em um dos Grandes Prêmios e não me encontrou.
– Com um mecânico? – arqueou a sobrancelha. – Eu tenho mais algum concorrente além do preparador físico do Daniel?
– Por que? Irá chamá-los para um duelo? – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Não há razão para ter ciúme do Michael... O que tivemos já é passado há muito tempo.
– Diga isso para o fato de ele parecer um gavião faminto perto de você. – soltou o ar de forma pesada enquanto gargalhava ao seu lado. – Eu mal posso esperar para mostrar para ele que você é minha.
A risada de cessou no instante em que ouviu o restante da frase dita por e ele se virou na direção dela para observá-la. A mulher tinha uma expressão séria no rosto e o corpo franzido, demonstrando que não havia ficado satisfeita com o que ele havia falado.
– Eu não sou um troféu para você ficar me exibindo, .
O austríaco estacionou o carro, sorrindo minimamente ao perceber que haviam chegado na casa que ele havia reservado, mas o clima no carro não estava bom para ele anunciar que as férias deles começavam naquele instante.
Retirou as mãos do volante, virando o corpo para encarar e respirou fundo ao notar que o semblante dela era fechado naquele momento.
– Não foi isso que que quis dizer. Desculpe se eu fiz parecer que você seria um objeto... Eu sei que você não é. – falou de forma sincera, sorrindo de leve na direção de . – Eu fui infeliz na minha colocação e eu sinto muito se isso te magoou.
– Não me magoou. – o corrigiu, balançando os ombros. – Só me causa um alerta, você querer me exibir como um troféu... – suspirou, retirando a atenção do homem a sua frente e virando o rosto para encarar a janela do carro, notando que o veículo havia parado. – Chegamos?
Um sorriso leve surgiu no rosto de ao encarar a fachada da casa. Havia um pequeno gramado em frente ao muro branco não tão alto e um portão do mesmo tom, além de vários detalhes em verde, combinando com os cactos e plantas que haviam rente ao muro.
– Que lindo! – exclamou, soltando uma risada nasalada e foi acompanhada por .
– Você ainda nem viu a vista. – murmurou em resposta e ela virou o rosto para encará-lo.
– Por que não me mostra?
sorriu, balançando a cabeça e abriu a porta do carro, saindo do mesmo enquanto deixava o lado do carona. Antes mesmo que os dois pudessem checar ao portão menor da casa, um rapaz surgiu do local, com um sorriso largo no rosto.
– Senhor ! – estendeu a mão para cumprimentar o austríaco e se prontificou para cumprimentá-lo. – Como foi a viagem?
– Muito tranquila, Francesco. – sorriu, virando-se para o lado para que pudesse se aproximar e a mulher o fez, sendo envolvida por um dos braços do austríaco ao redor de sua cintura. – Essa é . Lina, esse é Francesco, ele é o responsável pela casa e por tudo que a gente precisar aqui em Sicília.
– Estou sempre de prontidão para atendê-los. – o italiano sorriu, esticando a mão para cumprimentar a loira. – É um prazer conhecê-la, .
– Eu digo o mesmo, Francesco. – sorriu, antes de encarar mais uma vez. – Posso conhecer a casa? Estou curiosa...
– Fiquem à vontade! – Francesco sorriu, apontando para o interior da casa. – Eu busco as malas para vocês.
agradeceu e, antes que pudesse falar alguma coisa, já havia se retirado de seu aperto e caminhava para dentro da casa. Soltou uma risada, passando a mão pelos cabelos antes de ir atrás dela para ver as reações dela quando visse o que os esperavam para as férias.
empurrou a porta de madeira que estava encostada e arregalou os olhos ao perceber a quão bela, bem decorada e espaçosa era aquela casa. Após a porta de entrada, seguiu por um curto corredor que levava até as salas de estar e jantar, que eram integradas, e possuíam vidros que iam até o teto, onde a vista era apenas a imensidão azul do oceano.
A loira piscou algumas vezes ao perceber a vista que a sala possuía, notando que tudo ali era decorado em tons brancos, verde água e dourado, antes de seguir para mais próximas do vidro, sorrindo largamente.
– Meu Deus, ... – murmurou, levando as duas mãos até a boca ao notar que o homem havia se aproximado. – Você sabe como impressionar uma mulher.
– Que bom que gostou. – sorriu. – E só você que eu quero impressionar, . – piscou na direção dela, fazendo com que a loira sentisse o ar de seus pulmões escapar rapidamente e um comichão no meio de suas pernas.
Droga! Estava sentido tanta falta de tê-lo que apenas um simples gesto como aquele era capaz de deixá-la agoniada.
– Podemos ir para o mar agora? – perguntou, soando como uma criança entusiasmada e emitiu uma gargalhada.
– Por que não termina de conhecer a casa e depois toma um banho? Não vamos embora amanhã... Teremos duas semanas por aqui.
– Tudo bem. – sorriu. – Há algo em especial que eu deva conhecer? – arqueou as sobrancelhas antes de comprimir os lábios, soltando uma risada fraca.
– O quarto principal possui uma banheira com uma vista tão boa quanto essa sala. – a loira arregalou os olhos, vendo o homem balançar a cabeça de forma positiva. – Talvez eu tenha passado as últimas horas sonhando em te ver lá.
– Podemos começar as nossas férias por lá, então? – arqueou as sobrancelhas, dando um passo para frente para que pudesse juntar o corpo ao de e colocou as mãos ao redor do pescoço do mais velho, que sorriu com aquele gesto.
O austríaco balançou a cabeça de forma positiva antes de tomar os lábios dela em um beijo apaixonadamente quente. Uma de suas mãos se embrenhou em meio aos cabelos loiros de enquanto a outra a segurou pela cintura, aproveitando para dar um leve aperto no local.
O beijo foi rompido quando os dois precisaram respirar, mas desceu os beijos pela mandíbula de , percorrendo até próximo de sua orelha, fazendo com que a mulher fechasse os olhos, soltando um longo suspiro antes de morder o próprio lábio, apertando as mãos na barra da blusa do austríaco.
subiu as mãos, puxando o cabelo do mais velho enquanto sentia os beijos molhados de sendo distribuído por todo seu pescoço. Havia sentido tanta falta de ter aqueles momentos com o austríaco que praticamente se desfazia a qualquer mínimo contato que os dois tinham.
Um barulho fez com que os dois se separassem e soltou um longo suspiro ao sentir o corpo de se afastar do seu. O mais alto girou o corpo, ficando um pouco à frente da loira, e puderam observar Francesco deixando as malas no canto da sala.
– Eu vou checar o restante da casa. – murmurou e, antes mesmo que pudesse responder, ela seguiu caminho pela escada em mármore branco que dava no segundo andar da casa.
O segundo andar havia um pé direito com um guarda-corpo de vidro, que dava uma ampla visão aérea da sala de estar e do oceano azul cristalino. sorriu com aquela imagem, pensando que poderia se acostumar facilmente a acordar todos os dias com uma vista daquelas...
Observou um piano branco que havia por ali, próximo a uma estante repleta de alguns livros, na parede que dava no corredor do segundo andar. Passou os dedos pela cauda do piano, lembrando-se de sua avó Audrey e soltou uma risada fraca, lembrando-se dos Natais na casa da mais velha em que ela tentava ensinar as duas netas a tocar. Era uma das poucas memórias afetivas que possuía com sua família.
A loira balançou a cabeça de um lado para o outro, caminhando pelo corredor com cerca de cinco portas. Riu, surpresa com o tanto de cômodos que existiam naquele andar, e passou por cada um deles, checando as decorações dos quatro quartos e de um banheiro.
A última porta do quarto, que ficava de frente para o início do corredor, era mais larga e ela julgou que fosse a tal suíte que havia falado. Girou a maçaneta, adentrando o quarto e sentiu o queixo cair ao notar o quão amplo e bem decorado era o mesmo.
A suíte possuía uma cama larga no meio do quarto e uma varanda que também possuía vista para o mar. O azul reluzia dentro do quarto, contrastando de forma perfeita com os tons em dourado e nude que haviam dentro do quarto.
seguiu em direção ao banheiro, tendo uma visão da banheira que havia dito há alguns minutos. A banheira branca era justamente em frente a uma ampla janela que também possuía vista para o mar e conseguia realmente se ver dentro daquela banheira, tomando uma taça de vinho e conseguindo relaxar por algumas horas.
Retornou ao quarto, retirando os scarpins, os deixando próximo ao tapete e caminhou em direção à cama. Deitou o corpo sobre a mesma, soltando um suspiro enquanto sentia a maciez do colchão embaixo de seu corpo, relaxando um pouco, embora sua mente ainda buscasse projetar como seriam aquelas duas semanas ao lado de .
Era impossível para ela não estar surpresa consigo mesma. Ela teve a coragem de viajar com , de se permitir voltar a viver o sentimento que, por muitos anos, passou a ser algo que ela tanto detestava.
– Você está cansada? – se sobressaltou um pouco ao ouvir a voz do austríaco e abriu os olhos, o encontrando parado de frente para a cama em que ela estava deitada. Os cabelos estavam bagunçados e as mãos grandes corriam pelos botões da camisa social que ele vestia para abrir a mesma de uma vez.
– Não muito... – girou o corpo, encostando a cabeça em um travesseiro que havia sobre a cama e arqueou as sobrancelhas na direção do homem. – Nós vamos...
– Passear. – interrompeu a fala de com um sorriso no rosto, o que fez com que a mulher rolasse os olhos e bufasse, para o seu puro divertimento. – Hoje podemos ir até o centro da cidade e jantar por lá... O que acha?
– Me parece uma boa ideia. – sorriu, erguendo o corpo do colchão. – Eu preciso buscar a minha mala no andar de baixo.
– Eu as trouxe. – apontou para as bagagens paradas próximas a porta de entrada do quarto e a loira balançou a cabeça ao perceber, sorrindo em agradecimento para o homem.
– Eu nem mesmo ouvi você chegando... – riu, sem graça, levantando-se da cama. – Obrigada, .
– Você parecia perdida demais em seus pensamentos. – a encarou com as sobrancelhas arqueadas e, quando a loira estava prestes a passar por ele, levou suas mãos até a cintura dela, a trazendo para perto. – Está tudo bem?
– Isso tudo... – suspirou, buscando evitar o contato com os olhos castanhos do austríaco, embora sentisse seus dedos acariciando a sua cintura de forma delicada e carinhosa. – É estranho para mim... Eu ainda estou tentando me acostumar.
– O que é estranho? – questionou, lançando um olhar preocupado em direção a loira, ainda que ela estivesse com os olhos focados em um dos botões da blusa que ele vestia.
fechou os olhos, soltando o ar de forma mais pesada. Ela vivia em sua mente uma quebra de braço entre se abrir totalmente para quanto ao seu passado e a sua vida antes dele ou se manter fechada em relação ao seu passado. Era doloroso mostrar para outra pessoa o seu passado problemático.
– Eu não quero passar as férias te contando sobre o meu passado fodido e os meus traumas. – murmurou em meio a uma risada fraca, antes de levantar o rosto para encarar os olhos do austríaco. – Acho que você fugiria assim que soubesse de tudo.
balançou a cabeça de um lado para o outro, mantendo a loira presa em seus braços e levou uma das mãos para segurar a dela sobre a própria blusa que ele usava, observando seus olhos.
Os olhos tom de mel da mulher apresentavam um pequeno brilho e ela tinha um sorriso triste nos lábios, o que fez com que o mais velho depositasse um beijo em sua bochecha, antes de passar o nariz pelo local de forma leve, como um beijo de esquimó.
– Eu te disse, . – murmurou, ainda com o rosto bem próximo ao dela. – Eu estou disposto a saber tudo sobre você. Quando eu digo tudo, eu me refiro ao seu passado, seus traumas... Tudo o que você estiver disposta a me contar, no momento em que você quiser me contar. – sorriu fraco. – Aliás, o que te faz pensar que o meu passado é tão perfeito? Claro, eu não quero transformar isso aqui em uma relação de quem sofreu mais e nem invalidar o que você passou, mas eu quero que você saiba que o que eu passei não define quem eu sou, assim como, o que você passou não te define.
– Você pareceu a Dorothea. – soltou uma risada fraca e franziu as sobrancelhas.
– Quem é Dorothea?
– Uma amiga. – balançou os ombros, ficando na ponta dos pés para que pudesse selar os lábios nos de em um selinho demorado. – Obrigada por isso, .
balançou os ombros, assistindo a mulher se afastar para buscar a mala no canto do quarto. O austríaco ajudou a loira a levar as bagagens para o closet e, enquanto arrumava as próprias roupas no espaço, foi ao banheiro para que pudesse tomar um banho.
não negaria que uma parte dele estava ansioso para entender o passado de . Afinal, ela parecia temer muito o que havia passado e ele imaginava que isso fosse resultado de algum relacionamento fracassado que ela teve.
Mas não a pressionaria para contar o que havia acontecido. Era experiente o suficiente para entender que as pessoas só conseguiam se abrir para assuntos delicados quando se sentiam seguras para tal coisa. Ele já havia presenciado fugindo dele e, certamente, não queria que isso acontecesse novamente. Não agora que ela estava tão perto.


🏎🏆✨



encarou sua figura no espelho para analisar a roupa que havia escolhido. Ela tinha optado por uma calça pantacourt de tecido quadriculado preto e branco, um cropped preto de alças finas e uma blusa social branca, a qual havia amarrado a barra para que ficasse mais curta. Nos pés, mesmo estando de férias, ela não abriria mão do salto alto, escolhendo uma sandália Yves Saint Laurent preta.
Assistiu ao entardecer da cama junto com e podia perceber que o clima em Sicília era muito fresco e com um vento constante, o que a fez buscar uma roupa que fosse confortável, mas que também a deixasse tranquila para o vento, já que o austríaco não havia dito ainda para onde os dois iriam.
Secou os cabelos com o auxílio do secador, não se preocupando muito em defini-lo e passou uma maquiagem leve. Cobriu as olheiras com corretivo, aplicou o blush e um batom.
A loira sorriu ao notar o resultado, contente com a sua imagem refletida no espelho do amplo closet e deixou o local no mesmo instante em que deixava o banheiro onde havia terminado de se arrumar. sorriu ao observar que ele usava uma blusa social azul clara completamente aberta, com uma camisa branca por baixo e bermuda do mesmo tom.
Os cabelos dele estavam levemente bagunçados, embora ainda um pouco molhados, e ele havia acabado de colocar os óculos de grau que ela tanto gostava. Ela não conseguia explicar as sensações que surgiam dentro de si quando via o homem com aquele ar intelectual que os óculos lhe davam.
– Está do seu agrado? – brincou ao perceber a forma que a loira mordeu o lábio inferior. Um suspiro escapou da mulher, fazendo com que ele sorrisse de ladino ao notar como ela estava e se aproximou, contornando sua cintura com o braço. – O gato comeu a sua língua?
– Por que você está fazendo isso comigo? – um gemido sôfrego foi dado e um sorriso surgiu nos lábios de enquanto ele se curvava um pouco para aproximar os lábios dos dela.
Ele riu fraco contra os lábios dela antes de tomá-los para si em um beijo um pouco demorado, mas que não foi aprofundado por ele.
– Estamos mais perto de acabar com o seu tormento do que antes. – disse antes de se afastar dela para buscar a carteira, o celular e a chave do carro.
No meio do quarto, suspirou sozinha. Detestava mostrar que estava necessitada dele, mas aquela era a sua realidade no momento. Qualquer movimento de , a fazia querer gritar para que ele a levasse logo para cama e acabasse com aquela porcaria de castigo. A sua mente travava uma batalha interna entre achá-la fraca
– E se a gente pular o jantar, esse tormento acabaria agora. – arqueou as sobrancelhas na direção do mais alto e emitiu uma risada alta antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.
– Nós até podemos pular a sobremesa, mas o jantar eu adoraria desfrutar... – deu os ombros, caminhando em direção a porta do quarto e parou antes de sair, girando o corpo para trás para observar a loira mais uma vez. – Vamos?
A loira soltou um novo suspiro, buscando uma pequena bolsa que havia escolhido para a noite e colocou a alça sobre o ombro, seguindo para a porta do quarto também. O austríaco sorriu, permitindo que a mulher passasse primeiro e os dois seguiram para o primeiro lugar da casa para que fossem de carro até o restaurante.
Os dois seguiram até a garagem e abriu a porta do lado do carona para que entrasse, antes de contornar o veículo até o lado do motorista, entrando e dando partida no carro para que pudessem apreciar um pouco da cidade.
– Para onde nós vamos? – perguntou a loira para tentar distrair a mente da imagem sexy que era ver de forma concentrada guiando o veículo pela cidade.
– Eu escolhi o Lido Tropicana... – o austríaco respondeu, sem retirar a atenção do caminho e concordou com a cabeça. – É um restaurante com vista para o oceano... Um dos meus favoritos porque o ambiente é aconchegante.
– Comida italiana?
– E com uma ótima cartela de vinhos. – sorriu largamente com a menção da bebida que tanto gostava. – Eles produzem em suas próprias vinícolas.
– Eu li que a Taormina é uma grande fábrica de vinhos. Fiquei animada com a mera possibilidade de conhecer alguma delas. – riu fraco e o austríaco concordou com a cabeça.
– Podemos pedir ao Francesco para organizar isso para nós... Eu não vejo problemas em passar algumas horas conhecendo e degustando vinho. – balançou os ombros, virando um pouco o rosto para que pudesse observá-la. – Se você quiser, podemos fazer passeios turísticos também... Há muitas coisas para conhecer por essa região e nós não precisamos ficar apenas na Taormina, podemos ir para outra região.
– Me agradam as duas ideias. – sorriu, confirmando com a cabeça. – Você já fez esses passeios turísticos?
– Já, mas não me importo em fazê-los novamente para que você possa conhecer a cidade. – balançou os ombros outra vez e sorriu fraco. – Quando chegarmos ao Lido, eu vou enviar uma mensagem para o Francesco preparar tudo para os próximos dias. – a risada que a loira emitiu fez com que ele unisse as sobrancelhas, virando o rosto para o lado outra vez para que pudesse encará-la. – O que foi?
– Estou me lembrando de como você ficou bravo quando eu disse em uma coletiva que você era louco pelo controle... – mordeu o lábio inferior, escondendo mais uma risada e o moreno teve vontade de rolar os olhos.
– Eu não sou louco pelo controle, ...
– Ah, não?! – a loira arqueou uma sobrancelha, sorriso de ladino na direção dele.
– Eu admito que, em alguns aspectos da minha vida, eu gosto de ter o controle das situações, mas isso não me faz um louco pelo controle. – balançou os ombros. – Eu apenas gosto de ter a minha vida já planejada. Não gosto de acordar no dia sem ter ideia do que vou fazer...
– Ainda é metódico. – gargalhou e ele rolou os olhos.
– Por que não falamos de você? – a encarou. – Se há alguém entre nós que é maníaco por controle, certamente, é você.
– Eu não nego que gosto de ter o controle das situações. – foi a vez dela balançar os ombros, não dando muita importância para aquele comentário dele. – Por muitos anos, eu deixei a minha vida ser controlada por outra pessoa até que percebi que eu poderia ter a minha própria voz, que ela era válida. Desde então, o único lugar que eu me curvo para um homem é entre quatro paredes.
O austríaco engoliu seco, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto um leve sorriso surgia em seus lábios. Adora como conseguia colocar alguma conotação sexual em assuntos que não tinham nada a ver com o sexo.
– Você sempre fala do seu passado com pesar e como se nele você fosse uma mulher diferente do que é hoje...
– Porque eu sou. – riu fraco, seguida de um suspiro. – Eu disse que eu não quero passar esses dias aqui te contando a minha história de vida fodida e os meus traumas...
– Então, temos um impasse. – sorriu ao notar que haviam chegado ao restaurante e virou o rosto para encarar , inclinando-se para que pudesse ficar mais próximo dela. – Eu quero te conhecer. Eu quero saber porque você não é mais a mesma mulher de antes, o que aconteceu na sua vida... Eu quero conhecer a por debaixo dessa capa que ela usa, entender as suas fraquezas, os seus medos, os seus traumas. Eu quero saber tudo que te faz ser essa mulher que eu tenho bem aqui na minha frente.
conteve a louca vontade de suspirar. Seus olhos lacrimejaram e ela precisou fechá-los com força, interrompendo o contato visual que estava tendo com o homem a sua frente, para que pudesse travar uma batalha interna.
Por anos, aquele sempre havia sido seu principal medo: se abrir novamente. Fosse para contar o que havia passado ou para encontrar um novo amor, ela sempre nutriu uma série de medos porque, em sua mente, ninguém aguentaria uma pessoa com tantos traumas e problemas para se relacionar como ela.
Não queria parecer uma coitada e não queria pena de ninguém. Essas eram uma das razões pela qual ela escondia tudo que havia passado, mostrava apenas a face da mulher forte que havia se tornado, sendo imponente e vivendo a sua vida como jamais havia feito antes, vivendo tudo aquilo que havia sido privada por tantos anos.
– Você não precisa fazer isso agora. – a voz de fez com que ela abrisse os olhos devagar, controlando a própria respiração porque não queria chorar na frente dele. – Eu não quero te pressionar a me contar. Eu quero que você me conte quando se sentir confortável para fazer isso.
– Tem certeza disso? – riu fraco, retornando a sua pose de sempre, fazendo com que ele sorrisse. – É um longo e obscuro caminho...
– Eu não vejo problemas em passar por esse caminho. – balançou os ombros, mantendo a conexão visual e lançando um sorriso ladino na direção da loira.
Por algum motivo desconhecido, sentiu um arrepio percorrer o seu corpo e um sorriso fraco – e mínimo – surgir em seus lábios. Por instantes, podia jurar que havia se sentido segura como nunca havia se sentido em toda a sua vida, o que apenas serviu para aumentar a briga que existia dentro dela.


🏎🏆✨



O Lido Tropicano era um restaurante lindo. Possuía dois ambientes, um interior totalmente luxuoso com diversos quadros e espelhos preenchendo as paredes; e um exterior que se tratava de um deck com duas opções, ao ar livre ou em com uma cobertura, ficando mais próximo do mar e distante do interior.
Da mesa onde estavam sentados, sob o céu estrelado da noite fresca de verão, e podiam ouvir o som das ondas banhando a areia, observar as luzes distantes de algumas embarcações que estavam em meio ao oceano e até mesmo assistir alguns casais passeando pelo local.
– Eu acho que eu poderia, facilmente, abandonar a nublada Londres para viver aqui. – murmurou em meio a uma risada, buscando a taça de vinho rosé e levando até os lábios enquanto também soltava uma risada fraca. – Qualquer vista desse lugar é linda.
– Eu prefiro a vista que eu tenho agora. – a loira girou a cabeça, encontrando o austríaco com os olhos presos em si e rolou os olhos ao entender o comentário feito por ele. A risada dada por ele ao vê-la rolar os olhos, fez com que ela se rendesse e sorrisse também. – Então, você gostaria de morar perto do mar?
– Não é um sonho de vida, mas, definitivamente, viver em um lugar como esse poderia ser melhor que viver em Londres.
– Por que não se muda para mais próximo do mar? Eu consegui viver em Mônaco e cumprir a função com a Mercedes por uns bons anos... E, se aceita uma dica, Mônaco é um lugar fantástico.
– Se eu tivesse que me mudar, seria para viver em Milton Keynes. Londres já é longe o suficiente da fábrica. – riu fraco, balançando os ombros. – Mônaco, realmente, deve ser fantástico... Tem que ter algum fator para que quase todo o grid more por lá.
Antes que pudesse responder o comentário da loira, o garçom se aproximou da mesa, pronto para recolher os pratos que já se encontravam vazios há alguns minutos. O homem baixinho pediu licença, começando a retirar as peças e se virou para o casal com um leve sorriso no rosto.
– Posso mostra-los o nosso catálogo de sobremesas? – balançou a cabeça de um lado para o outro, pedindo para que ele trouxesse a conta.
– Estamos de férias. Peça a sobremesa, . – murmurou, o encarando, mas o homem novamente balançou a cabeça de um lado para o outro antes de lançar em sua direção um sorriso repleto de segundas intenções.
– Eles não servem a sobremesa que eu estou interessado, .
A loira sentiu o estômago se contraísse e suas pernas de esfregassem uma na outra de forma involuntária. Tudo o que aconteceu a partir dali passou como um borrão na visão da mulher que praticamente pingava de desejo. pagou a conta, mesmo que diante dos protestos dela, e os dois seguiram para o carro que o manobrista não demorou para entregar.
contava os segundos para estar de volta na casa. Só de olhar para o perfil de , vendo a forma que ele parecia concentrado no caminho, como se aquilo fosse de extrema importância, ela se sentia molhada. A forma como as mãos dele apertavam o volante, fazendo com que algumas veias de seu braço se destacassem lhe faziam suspirar. Detestava ter que admitir, mas estava cada vez mais rendida a .
Ela despertou dos pensamentos quando percebeu o carro sendo estacionado na garagem da casa. Rapidamente, retirou o cinto de segurança, saltando para fora do veículo enquanto fazia a mesma coisa do outro lado. Entretanto, antes que o mais velho conseguisse se afastar do carro, se aproximou, unindo os lábios nos dele em um beijo apressado e repleto de desejo.
Suas mãos corriam pela nuca do homem, passando por seus ombros largos cobertos pela blusa social listrada que ele usava, enquanto tratava de a puxar pela cintura, a ponto de fundir os dois corpos, e o suficiente para que ela conseguisse sentir o quão duro ele estava.
Passos foram dados às cegas em direção à entrada da casa e, antes que pudesse cair com os saltos finos que usava, curvou o corpo, afastando os lábios dos dela, o suficiente para que pudesse passar as mãos pelas pernas dela, fazendo com que ela tomasse um impulso e as prendesse ao redor da cintura dele.
A loira emitiu uma risada fraca, afastando o cabelo que havia caído no rosto e voltando a encarar o austríaco que tinha um brilho diferente nos olhos. começou a seguir para dentro de casa e distribuía beijos por onde conseguia enquanto ele tentava se manter atento o suficiente para que conseguissem chegar ao segundo andar com segurança.
O corpo dela recaiu sobre o colchão macio da suíte em que estavam hospedados e a figura de por cima de seu corpo fez com que ela sorrisse largamente. As mãos dele foram para a barra da camisa branca que ela vestia, desfazendo o nó da mesma e ergueu um pouco o corpo para que a peça fosse retirada de seu corpo. Não demorou muito para que ela voasse para um canto qualquer do quarto.
As mãos do austríaco recaíram sobre o cropped de , fazendo com que a mulher suspirasse, empurrando as alças para baixo, fazendo com que elas caíssem sobre seus braços, deixando seus seios à mostra para a felicidade do austríaco. A loira sentiu quando os lábios dele tomaram o seio esquerdo, fazendo com que arrepios percorressem o seu corpo.
levou longos minutos acariciando os seios da mulher. Espalhava sua saliva por todo o local, fazendo com que apertasse as mãos contra o lençol da cama, buscando uma forma de aliviar quando não conseguia se contentar em puxar os cabelos negros dele.
Lentamente, ele escorreu por sua barriga, chegando à barra da calça de tecido fino que ela usava e a arrastou para baixo. Afastou-se dela para que conseguisse retirar as sandálias de salto que ela usava, aproveitando para deixar beijos delicados em cada um dos calcanhares, para puro deleite de . Levou, de uma vez só, a calça e a calcinha da mulher, enquanto erguia o corpo para se livrar de uma vez da blusa que usava.
sorriu ao vê-la nua, depois de tanto tempo, bem diante de seus olhos. Já achava que havia esquecido como era cada parte do corpo dela, mas aquele momento o mostrava que não. Ele conhecia perfeitamente e estava apaixonado por cada parte dela.
Afastou as pernas da loira, passando os dedos levemente ao longo de sua intimidade e se remexeu sobre a cama, sentindo sua vulva pulsar como se estivesse implorando para receber uma atenção do homem.
– Sem brincadeiras, . – pediu em um fino de voz, causando uma risada nele.
– Está tão desesperada assim, ? – arqueou uma das sobrancelhas em sinal de desafio e antes que ela pudesse responder aquela provocação, ele enfiou o dedo anelar em sua intimidade, fazendo com que suspirasse alto.
Os movimentos começaram devagar, mas foram se intensificando e fazendo com que a mulher apertasse ainda mais o lençol entre os dedos. já podia senti-la se contrair entre seus dedos e, quando percebeu que ela estava prestes a chegar ao ápice, parou os movimentos de uma vez.
abriu os olhos de forma atônita e já se preparava para xingar até a décima geração do austríaco que possuía um sorriso largo no rosto. Aquele que ela mais adorava ver.
– Merda, . – murmurou entre os dentes e o homem enfiou mais dois dedos de uma vez, voltando com os movimentos rápidos. deixou que um gemido sôfrego escapasse por seus lábios e, de forma quase inconsciente, levou uma das mãos a camisa de , o trazendo para mais perto.
O austríaco curvou o corpo sobre o dela, tomando os lábios dela nos seus em um beijo repleto de volúpia e desejo, que era difícil ser mantido devido a movimentação dos dois, mas em que ambos se esforçavam o suficiente.
mordeu o lábio do homem ao sentir o corpo começar a dar os sinais típicos que ela tanto gostava. Seu quadril se remexia já sem qualquer tipo de controle, buscando aumentar a fricção com os dedos de , e ela sentia sua respiração ficar cada vez mais entrecortada. Apertou os olhos, sentindo que estava cada vez mais escalando em direção ao topo, mas sentiu os dedos de pararem outra vez.
Arregalou os olhos, acostumando-se com a claridade, e descendo da montanha que estava quase atingindo, vendo um sorriso ladino nos lábios do homem a sua frente, antes de levar os três dedos até a própria boca, deliciando-se com o sabor da mulher.
– Puta que pariu, ... – se apoiou sobre os cotovelos, vendo o homem se levantar da cama para retirar a própria roupa. Assistiu a cena em silêncio, achando incrivelmente sexy e demorado a forma como ele fazia aquilo, e levou a mão em direção a intimidade, movimentando dois dedos em círculos sobre o clitóris.
balançou a cabeça de um lado para o outro ao perceber a ação da mulher e parou de abrir a camisa, curvando-se sobre a cama para que pudesse segurar no pulso dela, impedindo-a de continuar.
– Isso não é justo.
– Acalme-se, . – piscou antes de se levantar outra vez e terminar de retirar a roupa que usava. comprimiu os lábios, pensando se deveria fechar os olhos para conseguir se controlar porque estava agoniada em ter que esperar, mas logo sentiu a cama se afundar outra vez e sorriu contente.
O membro de encostou em sua intimidade, fazendo com a loira se movimentasse em busca de um maior contato em meio a um gemido sôfrego que escapou de seus lábios em uma total necessidade de tê-lo dentro de si.
... – o nome dele saiu quase como um sussurro e ele encarou as irises azuis a sua frente. – Por favor.
O pedido sofrido fez com que uma risada fraca escapasse pelos lábios dele, mas o austríaco não hesitou mais. Em um movimento rápido, se posicionou na entrada da mulher e a preencheu devagar, causando gemidos longos em ambos. conseguia sentir fogos estourando dentro dela por tê-lo novamente, sentia o corpo inteiro tremer e isso fez com que ela contraísse a intimidade, fazendo com que um gemido sôfrego saísse dos lábios de .
– Scheiße! – sorriu fraco ao ouvi-lo xingar em sua língua materna e, logo, começou a se movimentar.
A loira colocou as mãos nos ombros do homem, fincado as unhas no local porque a movimentação do austríaco aumentava cada vez mais. Seus corpos suados se reencontravam depois de tanto tempo e os dois achavam incrível a conexão que possuíam, a maneira que se conectavam tão bem e como toda vez parecia que ainda fosse a primeira.
inverteu as posições, sentando-se sobre o colo de , fazendo que um sorriso surgisse nos lábios dele com a cena da mulher subindo e descendo bem diante de seus olhos. Ela se movimentava como podia, forçando a fricção de seu quadril com o púbis de para que conseguisse chegar ao tão renegado orgasmo.
O homem sorriu, erguendo o corpo para que pudesse alcançar os seios dela e a loira jogou a cabeça para trás ao sentir os dentes de no bico entumecido do seio direito. Ele aproveitou para forçar o quadril para cima, indo em direção contrária a e foi questão de segundos para que a mulher deixasse um gemido alto sair por sua garganta enquanto curvava o corpo para frente, caindo sobre o peito de .
levou as mãos para a parte de trás do cabelo dela, segurando da maneira que podia e fazendo com que ela voltasse a encará-lo enquanto movimentava seu quadril com o resto de força que possuía. fechou os olhos, interrompendo o contato visual que ambos possuíam naquele momento, mas um sorriso surgiu em seus lábios quando ouviu o gemido sôfrego do austríaco e o liquido quente dele preenchê-la.
Uma risada fraca foi soltada por ela, ainda de olhos fechados, e a acompanhou, ambos sentindo o cansaço os tomar conta, embora estivessem se sentindo mais leves por, finalmente, estarem juntos outra vez.



Capítulo 14

abriu os olhos devagar para que pudesse se acostumar com a claridade que entrava pela cortina branca fina do quarto, lhe dando uma ampla visão da imensidão azul bem a sua frente que o lembrava que ele estava no paraíso.
O homem esticou o corpo, erguendo os braços o máximo que conseguia para que pudesse se alongar antes de girar o corpo para o lado esquerdo, buscando o celular sobre o móvel ao lado da cama. A tela do aparelho se acendeu, algumas mensagens e e-mails apareceram, mas focou apenas no horário que aparecia.
O costume do austríaco era sempre acordar às seis e quarenta da manhã. Costumava ir até a academia de sua casa, malhar por cerca de uma hora e meia, tomar um banho e depois do café da manhã, começar o seu dia, fosse indo até a fábrica da Mercedes ou de casa mesmo.
Porém, nas férias, ele se permitia dormir um pouco mais tarde, quando não havia nenhuma reunião que requisitasse a sua presença. acordava por volta de uma hora mais tarde que os outros dias e gostava de seguir a mesma rotina.
Por isso, o austríaco se levantou da cama, soltando um suspiro ao notar que já não estava pelo quarto. O lado da cama em que ela havia dormido estava tão perfeitamente alinhado que, se não fossem pelas lembranças da noite anterior, ele até poderia duvidar se ela esteve ali na noite anterior.
Mas, havia sido real. Estava sendo real, na realidade... Os dois estavam curtindo as férias de verão juntos. O que ele tanto havia sonhado durante meses, estava finalmente acontecendo e eles haviam começado com o pé direito na noite anterior. Ele estava cada vez apaixonado por e já não existiam motivos para ele negar isso para si mesmo.
fez sua higiene matinal antes de ir até o closet para que pudesse trocar de roupa e calçar o tênis. Não se preocupou em carregar o celular consigo, afinal as mensagens e e-mails importantes chegariam em seu Applewatch, e seguiu para fora do quarto.
– Bom dia. – murmurou com um sorriso nos lábios ao ver sentada à mesa com um notebook a sua frente. Ela sorriu sem mostrar os dentes, terminando de mastigar um dos morangos que havia retirado de um dos potes que Francesco havia colocado para o café da manhã do casal.
– Bom dia, . – balançou a cabeça, vendo o homem se curvar para que pudesse encostar os lábios nos dela em um beijo demorado. – Você vai a academia?
– Eu costumo fazer alguns exercícios físicos pela manhã antes de começar o dia. – murmurou, balançando os ombros. – Eu vou tomar o café da manhã depois. Algum problema para você?
– Nenhum. – abanou uma mão no ar para demonstrar que não havia problema e o homem sorriu. – Eu tenho uma reunião com o Marko agora às oito e vinte...
concordou com a cabeça, passando os olhos pela camisa que vestia, percebendo que era uma das suas, afinal, estava larga demais nela. Suas sobrancelhas se ergueram ao perceber os símbolos estampados na parte da frente e deixou com que uma risada fraca escapasse por seus lábios.
– Talvez você devesse mudar de roupa... Acho que o Helmut não ficaria feliz em ver o chefe da equipe Red Bull com a camisa da Mercedes.
Foi a vez de correr os olhos pela roupa que vestia e bufou ao perceber que se tratava de uma camisa da Mercedes. A loira levou uma das mãos até a testa, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de voltar a encarar o chefe da equipe alemã.
– Realmente, é uma péssima ideia aparecer assim. – levantou-se da cadeira em que estava sentada, passando por para que pudesse ir em direção ao quarto para buscar uma de suas blusas.
– Você fica ainda mais linda com uma blusa da Mercedes. Talvez deva levar isso em consideração... – permitiu que uma risada alta escapasse por seus lábios, rolando os olhos com o comentário do austríaco e optou por ignorá-lo, subindo as escadas.
Retirou o celular do bolso do short jeans que usava assim que entrou no quarto ao ver como o sol era capaz de fazer o azul do oceano se tornar ainda mais vivo. Abriu a porta de vidro que dava para a varanda do quarto, caminhando até o local e abrindo a câmera do celular. Parou, de costas para o oceano, erguendo o braço que segurava o celular e tirou uma foto bem ali, com aquele cenário paradisíaco ao fundo.
rapidamente publicou a foto, mesmo tendo ficado com os olhos um pouco mais fechados que o normal em razão do sol, bloqueando a tela do celular e retornando ao quarto para que pudesse trocar de roupa para a reunião. Era importante tratar sobre os termos finais da renovação de Checo Pérez para que a equipe pudesse retornar para o restante da temporada com ambos os pilotos com contratos extensos.
Escolheu uma blusa branca qualquer dentre as que havia levado e, da mesma maneira que subiu, desceu para a cozinha. Ainda faltavam quinze minutos para a reunião, então aproveitou para terminar de comer seu iogurte com frutas enquanto apreciava a vista que teria ao fundo da chamada de vídeo que iniciaria em pouco tempo.
Logo, o notebook apitou, indicando que Helmut Marko já havia ingressado na reunião e não demorou para que a imagem do consultor da Red Bull surgisse do outro lado da dela. conectou seus airpods para pudesse ter uma maior privacidade durante a reunião e foi cumprimentada.
– Como vai, ? Aproveitando os dias de folga? – Marko acenou para a loira, notando o cenário azul que aparecia na janela atrás dela. – Pelo cenário, parece que sim.
– Um pouco de descanso não faz mal a ninguém... – brincou, balançando os ombros. – Eu estou na Itália para aproveitar um pouco os dias sem corrida.
– Parece fabuloso. – o mais velho riu. – Estou na Áustria, os planos são permanecer em casa mesmo.
A loira não conseguiu responder porque as outras pessoas entraram na reunião, incluindo Sérgio Pérez, que seria a pauta principal daquela conversa, afinal, precisavam terminar de uma vez por todas de discutir o novo contrato do piloto para que pudessem anunciar assim que voltassem para a segunda parte da temporada.
O mexicano cumprimentou a todos, informando que estava aproveitando os dias em seu país natal, mas que retornaria para a Europa na segunda semana para alguns eventos importantes que teria que participar.
As conversas sobre as férias não duraram muito tempo porque Marko era um homem que gostava de resolver as situações na hora. já havia se acostumado com o jeito, geralmente grosso do mais velho, mas que, nas férias, lhe parecia bom porque pouparia aquela reunião de ser longa demais.


🏎🏆✨



Trinta e cinco minutos. Esse havia sido o tempo da reunião, mas havia terminado com tudo resolvido: Checo havia ganhado um contrato por mais dois anos e a assinatura ocorreria assim que o piloto estivesse em Milton Keynes, talvez na próxima semana, sendo anunciada para o público apenas no Grande Prêmio da Holanda.
agradeceu aos céus que havia terminado aquela discussão contratual e fechou o notebook, levantando-se de sua cadeira. Desde antes do início da reunião, não havia mais visto ou escutado qualquer barulho de , então, tratou de ir procura-lo.
Como só dava para ir para a academia da casa passando pela cozinha, a loira seguiu para o último lugar que sabia que o austríaco havia ido. Em passos lentos, chegou ao subsolo, onde havia uma área que servia de garagem para mais carros e havia uma sala de vidro com diversos aparelhos de academia.
Adentrou o espaço, encontrando o homem em frente a um largo espelho que havia no local, erguendo de forma alternada halteres com as mãos. tinha os olhos fechados, a respiração já estava um pouco ofegante e ele parecia contar de forma baixa o número de repetições que estava fazendo.
se encostou à batente da porta, levando uma das mãos ao queixo e permaneceu assistindo a cena com um sorriso ladino nos lábios. Através do espelho podia ver o suor escorrendo pela testa de e a forma como seus bíceps se contraíam durante o exercício, achando tudo aquilo incrivelmente sexy.
terminou a última repetição da série e abriu os olhos, agachando-se para deixar os halteres no chão. Ele pegou a garrafa d'água que estava por ali e se levantou, abrindo a tampa antes de trazê-la até os lábios, olhando para o espelho e arqueando as sobrancelhas em surpresa ao encontrar parada na porta da sala.
– Aproveitando a visão, ? – perguntou, divertido, após finalizar sua água e a mulher afirmou com a cabeça.
– Eu diria que é uma das minhas mais novas cenas preferidas... – riu, balançando os ombros e se agachou novamente para pegar o celular e uma toalha branca para secar um pouco o rosto do suor que estava presente no local.
– Eu adoraria saber quais são as outras... – ele sorriu, caminhando em sua direção e uma de suas mãos parou na cintura dela assim que estava perto o suficiente. Curvou um pouco o corpo, selando os lábios em um beijo casto. – Como foi a reunião?
– Tranquila. – deu os ombros, sem dar muita importância. – O que vamos fazer agora?
encarou o relógio em seu pulso para confirmar as horas antes de sorrir na direção da loira. Havia programado com Francesco que iria aproveitar o dia em alto mar com e, se bem conhecia o funcionário, sabia que tudo estava organizado para aquilo.
– Eu pensei em irmos para alto mar... – deu os ombros, lançando um sorriso largo na direção dela. – Podemos aproveitar o dia e voltar apenas amanhã. Parece uma boa ideia?
– Parece uma ótima ideia. – riu. – Eu vou me arrumar.
– Certo... Eu vou tomar o meu café. – ela concordou com a cabeça. – E não se preocupe porque eu disse para Francesco que faríamos isso hoje e ele deve ter arrumado o iate com tudo o que é necessário.
mordeu o lábio inferior, concordando com a cabeça outra vez e os dois retornaram para o primeiro andar da casa. Enquanto foi para a cozinha, a loira seguiu para a suíte principal no segundo andar para preparar uma pequena bolsa com algumas roupas, biquinis, lingeries e outras coisas importantes para o dia.
Aproveitou para tomar um novo banho assim que terminou de fazer sua pequena bolsa da Dior e retornou ao closet para vestir a roupa que havia escolhido para o dia: um biquini hot pant preto com a parte de cima em formato de top de alças grossas e um pareô verde com algumas folhas desenhadas. Nos pés, calçou sandálias que raramente usava porque suas paixões eram seus saltos finos.
Depois de cerca de quinze minutos, desceu as escadas da casa, deixando sua bolsa sobre o sofá e seguindo para a cozinha, onde encontrou com seus óculos de leitura e o iPad em mãos parecendo muito atento ao que lia na tela do aparelho.
– Estou pronta. – anunciou ao entrar no espaço e ele levantou o olhar para encará-la, sorrindo ao perceber que uma das pernas ficava à mostra desde a coxa com a peça que vestia. Se existia algo que ele gostava era poder admirar .
– Eu vou tomar um banho... – anunciou, deixando o iPad sobre a mesa e levantando-se da cadeira. Passou por , depositando um beijo em sua bochecha e parou sua caminhada ao se lembrar de avisá-la o que havia acontecido durante o tempo em que se arrumava. – Talvez você devesse checar o seu celular... Ele não parou de vibrar enquanto você estava lá em cima.
A loira concordou com a cabeça enquanto se retirava da sala e tomou o lugar em que ele estava, buscando o aparelho sobre a mesa. Com o cenho franzido em um leve sinal de preocupação, não conseguiu entender o tanto de notificações do Instagram e do What'sApp.
Foi primeiro para o Instagram para descobrir o que havia acontecido para que tivesse mais de mil notificações e mensagens diretas, sendo a maioria respostas ao seu story postado. A loira riu fraco, pensando que talvez as pessoas estivessem surpresa com o local de suas férias e abriu uma das mensagens para tentar entender o que havia de tão impactante naquela foto. Foi nesse exato momento que sentiu seu queixo quase cair.
"O que você está fazendo com essa blusa?", dizia a mensagem que ela havia aberto e rapidamente clicou na foto que havia publicado, permanecendo com o dedo sobre a tela para conseguir entender o que significava aquela mensagem. Não demorou muito para que ela entendesse todo o burburinho em sua rede social.
Ela havia publicado uma foto em que estava com a camisa da Mercedes.
Em seu Instagram estava uma foto da chefe da Red Bull Racing usando uma camisa da Mercedes AMG Petronas.
Fechou os olhos, tentando pensar de maneira correta no que poderia fazer, mas o celular em sua mão não parava de vibrar. A cada momento uma nova reação chegava, um novo comentário em uma de suas fotos, uma nova mensagem direta e ela já conseguia sentir o ar faltar em seus pulmões, fazendo com que sua respiração se acelerasse.
Em um movimento rápido, foi até seu perfil e apagou a foto que havia publicado. Não seria ingênua de pensar que aquilo resolveria seu problema porque o mundo inteiro já havia visto aquela foto e provavelmente aparecia em algum site de fofoca, mas, pelo menos, ela havia tentado.
deslizou o dedo para a lateral do aparelho, apertando o botão único ali com força até que conseguisse desligar o aparelho. O deixou sobre a mesa outra vez e se sentou na cadeira vazia, fechando os olhos para que conseguisse pensar de forma direita, embora sua mente estivesse em um grande borrão.
Ela queria chorar, queria se xingar por não ter checado duas vezes a foto, queria xingar as pessoas que não paravam de comentar sobre aquilo. Esfregou as mãos sobre o rosto, soltando um suspiro longo e pensou que talvez devesse ligar para Louise, a chefe de comunicação da equipe e sua amiga saberia o que deveria ser feito naquela situação.
No entanto, se recusou a ligar o iPhone para ligar para a ruiva. Não queria ter que ver o aparelho vibrar com notificações e nem ler as mensagens que recebia... Talvez pudesse esperar retornar para que pudesse usar o celular dele.
"Merda", pensou quando o nome do austríaco surgiu em sua mente como sua opção para falar com Louise. Como ele iria reagir quando soubesse da besteira que ela havia feito e que, certamente, traria uma chuva de perguntas e comentários para eles?
suspirou, correndo as mãos pelos cabelos de forma apressada e, quando ouviu passos na escada, sentiu seu coração quase triplicar o ritmo das batidas. A mulher se ajeitou sobre a cadeira, vendo adentrar a cozinha usando uma bermuda listrada azul e branca com uma camisa azul. Os óculos de sol estavam no topo da cabeça e ele tinha um sorriso nos lábios que diminuiu assim que viu a expressão de nervosismo no rosto da mulher.
– Está tudo bem? – indagou, preocupado, e a mulher soltou um longo suspiro, esfregando uma mão na outra. – ... O que aconteceu?
– Eu fiz uma besteira... – murmurou, respirando devagar e se aproximou, parando mais próximo dela. – Das grandes.
– O que você fez, ? – perguntou de forma pausada e com cuidado para o que estava prestes a ouvir.
– Acho melhor você ver com seus próprios olhos... – disse, buscando o celular e ligando o aparelho sob o olhar atento de . Ele assistiu a mulher acessar o Instagram, franzindo o cenho, mas logo ela esticou o aparelho em sua direção e ele conseguiu ter ideia do que havia acontecido.
Seus olhos repousaram em uma foto de na varanda da casa com o oceano ao fundo. Era lindo como o azul contrastava ao fundo da foto, fazendo um cenário incrível para o clique, só não conseguindo roubar o brilho do sorriso que a loira tinha na fotografia.
O austríaco analisou por alguns segundos a foto, estava prestes a perguntar a o que havia de errado com aquela publicação, quando seus olhos pararam no símbolo da Mercedes na blusa que a mulher vestia... A blusa que pertencia a ele.
engoliu seco, ainda com o olhar na foto, que deixava claro que a blusa não era de . Estava larga demais em seus braços, mostrando que era três vezes maior do que ela e, provavelmente, todo mundo que visse a foto também poderia notar aquilo.
– Pelo menos, você abotoou a blusa dessa vez.
fechou os olhos, não acreditando no que estava escutando, mas acabou soltando uma risada fraca pela frase. Balançou a cabeça de um lado para o outro, comprimindo os lábios antes de abrir os olhos e voltar a encarar .
– Você não está chateado? – indagou, curiosa e viu o mais velho balançar os ombros.
– Por que eu estaria? – ele riu fraco. – Você publicou uma foto com a camisa da Mercedes, por sorte abotoada, e as pessoas devem estar surtando com isso na internet. O máximo que vai acontecer é pessoas enchendo você de perguntas sobre a foto.
– Eu quero sumir. – murmurou, escondendo o rosto atrás das mãos e o austríaco soltou uma risada, levantando-se de sua cadeira e indo para mais perto da mulher. – Eu não quero nem ver como isso vai repercutir na fábrica...
– Não acho que você deva se preocupar com isso agora. – ele balançou os ombros. – Nós vamos fazer o seguinte... Vamos desligar os nossos telefones e passar o dia inteiro em alto mar, longe de todo esses problemas. O que acha?
A loira emitiu um suspiro, retirando as mãos do rosto e encarando o austríaco que tinha um sorriso leve em sua direção. Ela respirou fundo, balançando a cabeça para concordar com a proposta que ele havia acabado de fazer.
– Você não precisa desligar o seu telefone, ... – riu fraco. – Eu vou deixar o meu desligado porque eu não aguento mais o tanto de notificações do Instagram.
– Tudo bem. – ele sorriu, balançando os ombros e esticou a mão direita na direção dela. – Vamos?
suspirou mais uma vez, colocando a mão sobre a do austríaco e se levantando da cadeira com a ajuda dele. Entretanto, não se movimentou quando a mulher ficou parada a sua frente, mas permaneceu encarando os olhos azuis dela. A loira sorriu, sem graça, pelo tanto que ele a encarava e logo sentiu a mão dele ser posta em sua bochecha, a acariciando lentamente.
Fechou os olhos por alguns instantes, aproveitando a carícia e não demorou para sentir os lábios de sobre os seus em um beijo lento. repousou suas mãos na parte das costas do austríaco enquanto os dois se envolviam cada vez mais.
O beijo foi rompido por e ele depositou um beijo rápido na têmpora de , sem dizer nenhuma palavra, dando espaço para que a loira pudesse passar. Os dois retornaram à sala de estar para que pudessem pegar as suas coisas antes de partirem em direção a garagem para que pudessem chegar logo na marina para começar a aproveitar o dia da melhor maneira possível.


🏎🏆✨



O sol brilhava no céu trazendo um brilho para o azul do oceano e esquentando a pele branca de que estava deitada sobre um dos colchões macios que haviam na parte da frente do iate.
A chefe da Red Bull Racing havia escolhido um maiô preto que deixava a parte superior de suas costas nuas, já que era preso atrás de seu pescoço. Seus olhos estavam escondidos por seus óculos de sol da Dior, escondendo que ela os mantinha fechados com a mente ocupada na pequena besteira que havia feito há algumas horas.
Por estar em alto mar e sem o celular, não tinha ideia de como as coisas estavam. Não havia falado com Louise para saber como a ruiva estava com o fato da chefe da equipe ter aparecido com uma blusa da rival e nem sabia se o público já havia parado de comentar em suas redes sociais sobre aquela porcaria de foto.
– Uma cerveja por seus pensamentos... – a voz de fez com que a mulher abrisse os olhos, virando para o lado no exato momento em que o austríaco se sentava, esticando uma garrafa de Heineken em sua direção.
A loira sorriu em agradecimento, erguendo um pouco o corpo para que pudesse se sentar também. Esticou a mão para que pudesse pegar a garrafa verde da mão do austríaco e levando até os próprios lábios, sentindo o líquido gelado escorrer por sua garganta.
– Ainda estou pensando na porcaria da foto que eu publiquei. – suspirou, puxando os joelhos para mais próximo do corpo e colocando os braços ao redor do mesmo, segurando a garrafa da cerveja com as duas mãos.
– Por que? – indagou, recolocando os óculos de sol no rosto, encarando o horizonte enquanto dava um gole em sua cerveja, ouvindo uma risada fraca por parte da mulher ao seu lado.
– Por que eu não estaria? – encarou o austríaco. – Helmut Marko já viu problema em uma foto em que nós chegávamos juntos no paddock... Eu não tenho dúvida que, assim que ele descobrir essa porcaria de foto que eu publiquei, ele virá atrás de mim para entender a razão da chefe da Red Bull Racing estar usando uma blusa da Mercedes, que, claramente, não era a dela.
A loira suspirou, dando um novo gole no conteúdo da cerveja, balançando o ombro enquanto o homem girava o rosto para que pudesse encará-la.
– Marko viu problema em uma foto nossa? – prendeu uma risada e balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Ele viu uma foto nossa na Áustria e quis saber qual era a nossa relação... – balançou os ombros, demonstrando que aquilo não tinha tanta importância. – Eu tenho quase certeza que a Louise deve estar surtando com tudo isso.
– Eu vou te falar a verdade, ... – riu, dando um gole em sua cerveja. – Eu não vejo problema nenhum em ter sido fotografado chegando no paddock com você ou saber que o Marko está preocupado com isso. É óbvio que como dono de uma marca, eu entendo a preocupação dele como consultor, e, se essa for a preocupação dele, eu entendo que seja válido. Agora, se for algo relacionado a sua vida pessoal, ao fato de nós estarmos nos relacionando, eu não poderia me importar menos. – foi a vez de balançar os ombros e o encarou com uma das sobrancelhas arqueadas por debaixo dos óculos de sol.
– Eu também acho que não é da conta dele a minha vida pessoal, desde que não haja um conflito com a minha vida profissional. Isso o que aconteceu hoje é, claramente, um conflito entre as duas vidas e eu terei que dar razão para ele, caso ele queira falar alguma coisa. – fez uma breve pausa, bebendo mais um pouco de sua cerveja. – A questão é que, com essa foto, as pessoas vão começar a criar teorias e a falar coisas que vão apenas escancarar o machismo que existe dentro do automobilismo para justificar o baixo desempenho da minha equipe.
– Baixo desempenho?! – riu fraco. – , a Red Bull é a segunda colocada no campeonato de pilotos e de construtores. Isso não é um baixo desempenho.
– A gente construiu um carro para estar em primeiro lugar de ambos os campeonatos, . Para mim, estar em segundo, é estar abaixo do desempenho esperado. – a loira respondeu, retirando os óculos de sol e os alojando no topo de sua cabeça. – Fora que o Perez não está tendo os melhores resultados...
– Todos nós dentro desse esporte precisamos, além da competência, contar um pouquinho com a sorte. Talvez seja o que esteja faltando para o Perez porque não há dúvida que ele é um bom piloto. – balançou os ombros outra vez. – Eu não acho que a foto que você publicou vá trazer alguma consequência grave. As pessoas na internet têm o costume de aumentar as coisas e, certamente, um jornalista irá perguntar sobre isso quando você estiver na Bélgica, mas eu não acredito que vá passar disso. É certo que a comunicação da Red Bull é muito boa e vai saber a melhor maneira de calar esse tipo de ruído externo.
balançou a cabeça, concordando com a última frase. Conhecia Louise há tempo suficiente para saber que ela já estava organizando a melhor maneira para responder às prováveis perguntas da imprensa e pensando em como iria silenciar aquele assunto. Por alguns instantes, ela pode se acalmar porque sabia que possuía o melhor time ao seu lado e que, em breve, aquele assunto seria uma página virada em sua vida.
Voltou a colocar os óculos de sol, finalizando o conteúdo de sua cerveja e esticou o corpo para o lado, depositando um beijo na bochecha de , para total surpresa do austríaco, que girou a cabeça na direção da mulher. Nem mesmo os óculos de sol foram capazes de esconder as sobrancelhas franzidas em curiosidade a razão daquele carinho inesperado.
– Me desculpe por ter feito essa porcaria e por ter trazido o assunto das nossas equipes para as férias... Eu sei que você não queria que nós fôssemos chefes de equipe aqui. – mordeu o lábio inferior e o austríaco balançou a cabeça de um lado para o outro em meio a uma risada fraca.
– Não há porquê se desculpar, . A foto aconteceu e é algo que a gente não pode mudar. – ele deu os ombros. – Nem precisa se desculpar por ter nos feitos falar sobre as nossas equipes... Eu meio que sabia que seria impossível que ficássemos como e sem falar de Red Bull e Mercedes.
– Se você pensar pelo lado bom, a gente não discutiu por causa delas. – arqueou as sobrancelhas enquanto a mulher sorria de ladino, mas antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, chegou o corpo para frente, fazendo com que recaísse sobre o estofado e tomou seus lábios em um beijo repleto de desejo.
– Mas, nós temos coisas muito melhores para fazer do que ficar falando de Red Bull e Mercedes. – murmurou após partir o primeiro beijo e a mulher mordeu o lábio inferior antes de concordar com a cabeça, puxando o rosto dele para mais perto outra vez para que conseguisse beijá-lo novamente.
Assim, os dois se esqueceram do mundo que existia à costa. Em alto mar, existia apenas o casal dentro do iate, aproveitando a vida sem qualquer tipo de assunto que pudesse fazê-los discutir. Era um momento para ser muito aproveitado.


🏎🏆✨



Quando desceu do iate de volta à terra firme, se sentia muito mais leve do que quando havia saído para aquele passeio. Não negava que se sentia nervosa toda vez que o seu cérebro a lembrava de que as coisas poderiam estar em um grande rebuliço graças a publicação que ela havia feito sem querer.
No entanto, passar as últimas horas completamente alheia ao problema e na companhia de havia sido importante para ela. A conversa que os dois tiveram sobre a equipe austríaca não se meter em sua vida pessoal, havia lhe reaberto aos olhos quanto a necessidade de ainda precisar separar bem a sua vida pessoal da profissional.
Porém, por causa de todo o machismo enraizado na Fórmula 1, ela sabia bem que a sua vida pessoal precisaria ser estritamente na linha para não trazer qualquer problema e era isso o que ela sempre quis. O seu trabalho já era questionado o suficiente para ela ter que lidar com perguntas sobre a sua vida pessoal.
– Eu terei uma reunião daqui a pouco. – anunciou enquanto deixou as duas bolsas que os dois haviam levado para o passeio próximos ao sofá e concordou com a cabeça antes de atirar o corpo sobre o macio.
– Certo... – balançou os ombros. – Eu vou tomar um banho até criar a coragem para ligar o meu celular.
– Podemos ir jantar fora hoje ou prefere ficar aqui? – questionou, colocando as mãos no bolso do short verde escuro que usava e a mulher balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Podíamos ir a algum restaurante... – estalou a língua no céu da boca. – Comida japonesa, talvez? O verão já está quase terminando, precisamos aproveitar o máximo. – balançou a cabeça, concordando com a frase dela e aproximou-se do sofá, curvando o corpo para baixo para que pudesse depositar um beijo demorado nos lábios de .
– Por mim, está ótimo. – ele sorriu fraco antes de se virar em direção ao escritório que havia na residência e soltou um suspiro assim que o homem desapareceu de sua visão.
Desde o começo daquela viagem, se sentia um tanto quanto estranha em relação a experiência inteira. Porém, nos últimos dias, a aproximação que estava tendo com era algo que fazia seu estômago dar diversos giros em seu interior e ainda que estivesse vivendo os dias ali na Sicília com totalmente aberto, ainda era inevitável sentir um medo.
Levantou do sofá lentamente, passando as mãos pelos cabelos, o prendendo em um coque antes de buscar a sua bolsa para que pudesse seguir para o segundo andar da casa para tomar um banho e procurar uma roupa para que pudesse ir jantar com .
? – a voz do austríaco fez com que ela parasse no terceiro degrau da escada e olhasse para trás.
– O que foi? – perguntou, preocupada e esticou o iPhone na direção dela, fazendo com que ela franzisse o cenho.
– É para você. – sorriu fraco e antes mesmo que pudesse perguntar quem seria, ele se adiantou: – É a Louise.
– O que? – arfou, descendo os degraus que havia subido e parando em frente a , retirando o celular da mão dele, o colocando no ouvido. –Por que você está ligando para o celular do ?
– Eu liguei para o seu, mas está desligado.
– Ele não parava de receber notificações do Instagram.
– Eu imagino. — Louise riu de forma forçada e caminhou até uma das cadeiras da sala de jantar. — Eu tenho uns dez e-mails de jornalistas que querem saber por que a chefe da Red Bull Racing publicou uma foto usando a camisa da Mercedes.
fechou os olhos com força, levando uma das mãos até a própria testa antes de soltar um longo suspiro. Ainda não conseguia acreditar que havia cometido um erro bobo daqueles que era capaz de colocar em jogo o seu próprio emprego.
– Foi sem querer, Louise... — suspirou, passando a mão livre no cabelo de forma apressada, encostando as costas na cadeira em que estava sentada. — Eu publiquei a foto sem analisar e, quando eu percebi, o mundo inteiro já havia visto e...
– Tudo bem, Ali. — foi a vez da ruiva suspirar. — Não há adianta a gente chorar pelo que passou. A gente precisa focar no que fazer a partir de agora... O que eu devo responder para os jornalistas?
ergueu os olhos, encontrando encostado à ilha da cozinha, com as ambas as mãos sobre o mármore, e os olhos presos nela. Seu semblante era de uma clara preocupação e ele mordia o lábio inferior de forma leve, esperando que ela falasse alguma coisa.
– Não podemos ficar em silêncio? — a risada que a chefe de comunicação da equipe soltou do outro lado da linha e a forma que balançou a cabeça de um lado para o outro confirmaram que aquela não era uma boa ideia.
O austríaco caminhou em sua direção, esticando a mão, indicando que queria o celular e a mulher suspirou outra vez antes de afastar o aparelho do ouvido e colocá-lo sobre a mão dele. apertou o viva-voz, posicionando o aparelho sobre a mesa e encarou .
– Eu acredito que seja melhor não falar nada, Louise.
– Você acredita que outras coisas podem acontecer e diminuir a atenção sobre isso? — a loira encarou o chefe da Mercedes que balançou os ombros até que a voz da ruiva surgiu, fazendo com que ambos cortassem o olhar para encarar o aparelho.
– Posso ver se dá para anunciar a renovação do Checo. — fez uma pausa. — Seria uma notícia importante que, com certeza, acabaria com os burburinhos sobre a foto postada.
– Helmut não quer anunciar a renovação até a Holanda. — balançou os ombros, comprimindo os lábios. — Eu acho que a gente vai ter que ficar em silêncio ou mentir que é uma montagem.
– Eu acredito que, diante das opções, é o melhor que podemos fazer. — Louise disse. – Porém, eu acredito que isso será abordado na Bélgica. Então... Se prepare.
– Sem dúvida que alguém vai perguntar na coletiva o que aconteceu. — riu fraco.
– Você quer que eu fale o que? – riu, desacreditada. – Que eu passei as duas semanas de férias em um lugar paradisíaco com você e fiquei tão desnorteada que acabei publicando uma porcaria de foto sem querer?!
arregalou os olhos, surpreso com a frase da loira enquanto Louise se manteve em silêncio na linha, sem saber ao certo o que iria fazer. A loira e o austríaco permaneceram se encarando por alguns segundos e o homem deu a volta na mesa, rompendo a distância existente entre os dois.
– Desnorteada? – riu, arqueando uma sobrancelha na direção dela e fechou os olhos ao sentir uma das mãos de em seu rosto, seu polegar passeando levemente sobre o seu lábio inferior.
– Eu ainda estou aqui, pelo amor de Deus! – a voz esganiçada de Louise fez com que os dois se afastassem antes de soltarem risadas, já que haviam se esquecido completamente da presença da mulher através do telefone. – Eu vou falar com o Helmut e com a equipe, mostrar que talvez seja melhor anunciar a renovação do Checo na Bélgica porque, caso seja feito na Holanda, será facilmente abafada pelo Hakvoort correndo em seu país natal pela primeira vez.
– Você acha que ele já viu ou soube da foto?
– Eu não sei se ele viu... Tenho certeza que ele nos ligado para entender o que era aquilo. – a ruiva riu fraco. – Mas, caso você queira saber, as outras pessoas da equipe já viram e o nosso grupo está repleto de comentários sobre isso. Eu não falei nada porque eu sou sua amiga acima de tudo, mas eu precisarei falar como a chefe da comunicação da Red Bull Racing.
– E o que você vai falar?
– Eu ainda não sei. – a loira balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu acho que, internamente, eu vou seguir aideia que a foto era uma montagem. Assim, isso não vai sair da Red Bull como algo oficial, mas, sem dúvidas que vai chegar aos jornalistas como uma das fofocas do paddock e, depois que anunciarmos a renovação do Checo, será totalmente esquecida.
– Você acha que vai dar certo?
– Eu farei o necessário para que sim.
– Obrigado pela ajuda, Louise. – se manifestou em um tom de voz mais alto.
, mantenha-se longe das redes sociais até segunda ordem! Ou me deixe analisar todas as suas publicações antes de serem postadas. – a ruiva ralhou, fazendo com que a loira rolasse os olhos.
– Não será necessário... Eu nunca mais usarei uma das blusas da Mercedes do .
– Ei! – o austríaco protestou, virando-se para encarar a mulher. – Isso não é justo! Eu não tive culpa na situação e ainda vou perder a chance de ver você usando nada além da minha blusa da Mercedes pela manhã?
engoliu seco, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto os olhos do austríaco pareciam ser capaz de queimar a sua pele. Ela mordeu o lábio inferior, sentindo o homem se aproximar novamente, já podendo sentir seu corpo esquentar com aquela simples aproximação dos corpos deles.
– Ew. – a voz de Louise se fez presente outra vez, mas, agora nenhum dos dois deu tanta atenção quanto da primeira vez. – Esperem eu finalizar a ligação!
O som de encerramento da chamada ocorreu no mesmo instante em que os lábios de e se encontraram em um beijo repleto de desejo. A mãos de correram para envolver o corpo do homem, o trazendo para mais perto e se agarrando a camisa que ele usava.
passou o braço pela cintura da loira, erguendo o corpo dela da cadeira para que pudesse colocá-la sentada sobre a mesa da sala de jantar enquanto suas mãos desciam as alças do vestido fino que ela usava, permitindo que seus seios fossem descobertos e ficassem bem expostos.
O austríaco empurrou o corpo de para trás, fazendo com que ela se apoiasse nas próprias mãos sobre a mesa, enquanto permitia que o vestido ficasse embolado em sua cintura. Os lábios dele correram por toda a extensão de seu pescoço se misturando entre beijos e chupões, deixando um lastro molhado pelo local enquanto seus dedos brincavam com um dos bicos dos seios dela.
gemeu sôfrego quando sentiu os lábios de se apossarem de seu seio e atirou a cabeça para trás, pendendo o corpo sobre um de seus braços enquanto levava o outro para puxar o couro cabeludo do homem em uma tentativa de se aliviar.
empurrou as pernas da loira, afastando-as e jogou a parte da saia do vestido para cima, para que suas mãos pudessem ter acesso à intimidade da mulher. O dedo indicador e o do meio passearam sobre o tecido fino da calcinha que vestia em uma carícia ainda fraca e inicial, mas o suficiente para fazer a mulher fincar as unhas no ombro dele, ainda que sobre a camisa que ele vestia.
Rapidamente buscou pelos lábios dela outra vez e os tomou em um beijo mais agressivo que o anterior enquanto afastou lentamente a calcinha, começando a tocá-la diretamente e sem nenhum empecilho. arfou com o contato, apertando os olhos com força e deixando que os gemidos escapassem por seus lábios conforme sentia a movimentação dos dedos de sobre seu clitóris.
Um barulho começou a ecoar pelo local, chamando atenção dos dois em meio aos gemidos femininos que preenchiam o ambiente no momento em que a penetrou com os dois dedos, fazendo com que ela o apertasse em seu interior e um sorriso fraco surgisse nos lábios dele. Adorava a maneira como era capaz de levá-lo a loucura.
O barulho pareceu cessar por alguns segundos e a forma bruta que movimentava os dedos dentro de eram suficientes para fazer que os gemidos dela se tornassem cada vez mais alto. Seus seios se balançavam devido ao movimento de seu corpo e seu quadril praticamente dançava, implorando por uma atenção maior.
O som retornou e já conseguia sentir os típicos sinais de seu orgasmo se aproximando. Sua mente já era um grande borrão naquele segundo, seus seios estavam cada vez mais entumecidos e um nó se formava em seu interior.
No exato instante em que sua mão se agarrou a camisa de , puxando a peça com toda a força que ela possuía, o homem pareceu cair em si, percebendo que o barulho alheio vinha de seu celular.
O corpo de tremeu sobre o contato de , que já a conhecia o suficiente para saber como levá-la a loucura do jeito que ela gostava, e ele sorriu, sentindo seus lábios serem grudados ao dela outra vez.
A loira levou as mãos para a barra da blusa de , mas o homem balançou a cabeça de um lado para o outro, interrompendo o beijo e se afastando da mulher. franziu as sobrancelhas, confusa e o viu se esticar sobre a mesa para buscar o aparelho. Ao reconhecer o nome na tela, deslizou o dedo sobre a mesma para atender a ligação e, logo, a voz de um de seus advogados se fez presente em seu ouvido.
– Está tudo bem, ? – o homem questionou do outro lado da linha e conseguiu ouvir porque começou a trilhar uma série de beijos no pescoço do chefe da Mercedes. – Estamos todos on-line esperando você para iniciarmos a reunião.
A loira passou a mão sobre o short que o austríaco vestia, apertando seu membro e fazendo com que ele arfasse e perdesse a ideia do que iria falar. Rindo, empurrou a barra dos shorts para que pudesse ter total acesso ao membro de , mas o austríaco se esquivou.
– Me desculpe por isso, Martin... – suspirou, passando uma das mãos pelos cabelos e os puxando para que tentasse colocar seus pensamentos no lugar. – Eu... Eu vou entrar na reunião em cinco minutos. Uma emergência familiar fez com que eu me atrasasse.
soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro e encerrou a ligação, virando-se na direção dela com um sorriso de ladino nos lábios.
– Eu juro que terminaremos isso depois, . – apontou o dedo indicador na direção dela junto com seu semblante cerrado e a mulher sorriu antes de balançar os ombros.
– Eu não tenho lugar nenhum para ir, . – piscou, fazendo com que ele balançasse a cabeça novamente e, a muito contragosto, se retirasse da sala para seguir em direção ao escritório. Precisaria retirar de seus pensamentos por, pelo menos, e esquecer que estava tão duro como uma pedra para que conseguisse focar na reunião que teria.
Suspirou com a imagem da mulher em sua mente enquanto ligava o notebook. Ele já havia assumido para si mesmo, e até para ela enquanto ela dormia, mas, estava completamente apaixonado por . Não existia nada que o fizesse não querer tê-la ao seu lado todos os dias de sua vida.


🏎🏆✨


não sabia se era porque aquelas férias de verão estavam tendo um gosto diferente, mas parecia que ela havia passado que as anteriores. Normalmente, ficava em sua casa completamente louca para que pudesse retornar ao trabalho na fábrica e para viajar para um novo Grande Prêmio, mas dessa vez ela não estava e isso a assustava.
Estar vivendo aquela pequena bolha com era algo diferente e ela havia gostado da experiência. Ela entendia que aqueles dias haviam sido leves porque não existiam as cobranças de seus trabalhos, nem a competitividade natural que os dois possuíam, além de não existir rótulos, como sempre foi o ponto principal do que eles mantinham.
Não existia cobrança e, para ela, obviamente, não existia chance de se machucar como antes. Era apenas sexo casual e era isso que fez com que os dias fossem tão bem aproveitados pelos dois. Além de ser o que ela queria para o restante da temporada – além da vitória da RBR nos dois campeonatos.
– Eu posso te fazer uma pergunta? — olhou para , arqueando as sobrancelhas ao notar que o austríaco tinha uma feição curiosa no rosto e deu um sorriso antes de balançar os ombros.
– Pode.
– Você me disse uma vez que se envolveu com o Michael... – ele estalou a língua no céu da boca e a loira concordou com a cabeça, sorrindo fraco ao se lembrar que tinha ciúmes do preparador físico de Daniel Ricciardo. – Por que terminaram o que tinham?
riu, dando um gole em sua cerveja antes de deixar a garrafa de Heineken sobre a mesa, ajeitando a alça de sua saída de praia sobre o seu ombro e voltando a encarar o homem a sua frente.
– Michael era... Possessivo, acho que é assim que podemos chamar. – balançou os ombros. – Ele e eu sequer tínhamos uma relação séria, era meio o que você e eu temos, e ele queria exclusividade.
– As suas regras surgiram por causa dele?
– Não. As minhas regras surgiram porque eu não me via vivendo uma relação séria, me casando com alguém novamente. – um suspiro escapou pelos lábios da mulher e ela tamborilou os dedos sobre a mesa. – Meu casamento não foi um dos melhores e me causou uma série de traumas no que se refere a relacionamentos.
– Por isso a sua aversão a relacionamentos. – ele concluiu, depositando a garrafa sobre a mesa, mas com o olhar fixo na mulher. – O que aconteceu no seu casamento a ponto de te causar traumas tão sérios?
riu de forma nasalada antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. Fechou os olhos e respirou fundo porque aquele era um dos assuntos que ela menos gostava de falar, considerando que ainda era doloroso para ela.
Aquela ainda era uma ferida com uma casca superficial. Ainda doía, não mais como doeu quando ela passou pela situação, mas por ter se permitido passar por tudo aquilo.
– Se você não quiser falar...
– Você me contaria porque terminou seu casamento com a Stephanie ou o com a Susie? – arqueou as sobrancelhas, buscando novamente a cerveja e a levando até os lábios.
O austríaco riu, inclinando a cabeça para o lado para que pudesse ponderar um pouco sobre aquela pergunta. A última vez que havia se aberto sobre o fim de seu casamento com Stephanie, havia sido com Susie, mas jamais havia falado sobre o término com a escocesa.
Foi a vez de ele dar um longo gole na cerveja que segurava, permitindo que o álcool escorresse por sua garganta. Deu um sorriso sem mostrar os dentes para a loira e, antes que ela pudesse voltar a falar, ele o fez.
– O meu casamento com a Stephanie terminou por causa da minha obsessão pelo trabalho. – confessou em meio a uma risada fraca enquanto girava a garrafa de cerveja entre as mãos. – Eu estava iniciando no mercado de ações e queria ser um bom empresário a qualquer custo. Isso me fez esquecer que eu tinha uma esposa, dois filhos... Uma família. Eu queria ficar apenas trabalhando e buscando o sucesso da minha primeira grande empresa. Stephanie não aguentou ter que lidar com tudo sozinha, sem ter o homem que havia jurado que iria construir a vida com ela, não se importando com nada além do trabalho. Ela propôs o divórcio e eu não estava realmente sendo um bom marido para poder negar ou jurar que poderíamos salvar a relação. Todas as vezes que estávamos juntos, nós brigávamos e gerávamos um ambiente que não era saudável para os nossos filhos.
concordou com a cabeça, surpresa com a resposta que havia recebido e com a forma tranquila que relatava a história, permanecendo no mais absoluto silêncio para ouvi-lo continuar.
– Já com a Susie... – emitiu uma risada fraca, passando a mão pelo cabelo. – Eu a traí. Eu não acredito que possa existir uma desculpa para isso, mas eu vivia me dividindo entre Oxford e Mônaco. Em uma noite, na comemoração do quinto título de construtores... Aconteceu. – suspirou, dando mais um gole em sua cerveja e percebeu o olhar da loira sobre si, sem conseguir exatamente decifrar como ela se sentia após ouvir as duas histórias. – Ainda tentamos continuar o casamento, mas não foi mais a mesma coisa...
concordou com a cabeça mais uma vez. Se já estava surpresa na primeira história, a segunda a fez ficar ainda mais. Porém, se havia algo que ela tinha aprendido em sua vida era que não deveria pôr as pessoas em pedestais e acreditar que elas eram perfeitas. Afinal, ninguém é.
– Eu não te contei para te forçar a contar o que te aconteceu no seu casamento. – ele murmurou após o silêncio contínuo da loira que parecia perdida em meio aos próprios pensamentos. – Eu contei porque eu sinto confiança em você, . Eu nunca te disse isso abertamente, mas eu o farei agora: meu maior desejo atualmente é me relacionar sério com você. Se você não quiser, eu aceitarei o que você quiser me dar, ainda que sejam os nossos encontros casuais.
piscou algumas vezes e, de repente, parou de ouvir qualquer coisa a mais que o homem falava a sua frente. A sua mente estava presa naquela frase e ela podia sentir o seu peito doendo, a própria respiração lhe faltando.
"O meu maior desejo atualmente é me relacionar sério com você."
Relacionamento sério.
Forçando as duas mãos sobre a mesa, a loira ergueu o corpo da cadeira, fazendo com que interrompesse a própria fala, a encarando com um semblante preocupado e confuso enquanto caminhava de um lado para o outro à beira da piscina.
A mão dela estava sobre o lábio, o apertando em um bico enquanto andava de um lado para o outro com a mente presa naquela maldita frase. Ela ainda não conseguia acreditar que ele havia dito aquilo.
... – a chamou, levantando-se de sua cadeira também e se aproximando dela.
– Eu não sei fazer isso, . – murmurou em um tom de voz alto, girando o corpo para que pudesse ficar de frente para o austríaco e abrindo os braços.
– Nós podemos fazer do nosso jeito, Lina. – sorriu fraco. – Do jeito que você se sentir bem...
– Eu me sinto bem com o que nós estamos vivendo agora. – suspirou. – Eu não quero mudar isso.
O austríaco abaixou a cabeça, encarando os próprios pés e colocou as mãos na cintura. Era uma escolha fácil para ele: de um lado, existia a chance de uma relação séria, mas, certamente, perderia a mulher que amava enquanto, do outro lado, estava continuar vivendo aquela relação com a esperança de ela conseguir entender que era capaz de viver uma relação séria.
Ergueu a cabeça, caminhando na direção da loira em passos largos e levou uma das mãos para a nuca dela, a trazendo para perto. Os olhos de demonstravam um certo medo, não possuindo mais o brilho que ele tanto gostava de ver e isso fez com que ele engolisse seco.
– Eu estou disposto a receber o que você quiser me dar, . – disse, a encarando no fundo dos olhos. – Os nossos encontros casuais devem continuar, se é o que te faz bem.
– Você quebrou as regras.
– Mas eu não estou disposto a perder você.
A loira suspirou outra vez, afastando-se dos braços do mais velho, mas ainda mantendo o olhar fixo nele. Sua mente estava um turbilhão e ela precisaria de um momento sozinha para que pudesse entender um pouco do que se passava dentro de si.
Afastou-se, caminhando para o interior da casa em que estavam hospedados e se sentou no sofá com as pernas próximas ao peito. Ela precisou respirar fundo algumas vezes para que pudesse se acalmar e conseguir pensar racionalmente.
suspirou, ainda com ambas as mãos em sua cintura, erguendo o rosto para olhar para o céu azul antes de girar o corpo para que pudesse encarar o mar por alguns minutos.
Seu coração batia mais descompassado que o normal e ele se questionava se deveria ir atrás de ou se deveria dar um espaço para que ela pudesse pensar. Não queria parecer que estava tentando forçar alguma coisa com a mulher, mas também queria mostrar que estava por perto, caso ela se sentisse confortável para falar.
emitiu um novo suspiro, piscando algumas vezes antes de entrar pela porta da varanda da casa e seguindo para o lado de dentro em busca de .
Não demorou para que o austríaco a encontrasse sentada no sofá, abraçada as próprias pernas e o rosto escondido. Ela ainda tinha a respiração descompassada e ele podia ouvir um choro fraco, bem baixo.
Arqueou as sobrancelhas em total choque porque jamais havia visto naquela situação e sentiu um aperto preencher o seu peito por alguns instantes.
se aproximou devagar, não queria mostrar que estava por ali, embora quisesse mostrar para ela que estava por perto. Sentou-se na extremidade do sofa, afastado o suficiente para que ela pudesse ter o espaço físico que precisava e apoiou os cotovelos sobre as coxas, entrelaçando os dedos antes de abaixar a cabeça.
não conseguia conter as próprias lágrimas. O choro sempre foi algo difícil para ela porque, por muito tempo, ela teve cobrir as suas dores para tentar esquecê-las. Não gostava de demonstrar as suas fraquezas, queria sempre ser vista como a mulher forte que havia se tornado e não como a do passado.
Ela sentiu o sofá se afundar e nem precisou de muito para deduzir que estava no ambiente, mas ele se mantinha quieto, o que era bom para acalmar não apenas o choro dela, mas também o coração, que batia cada vez mais acelerado.
Respirou fundo. Inspirou e expirou o ar por diversas vezes em milhares de tentativas de controlar a sua respiração e o choro que dificultavam que pudesse, até mesmo, raciocinar direito.
ajeitou a postura sobre o sofá, erguendo o corpo e se encostando na parte de trás, erguendo a cabeça e olhando para o teto. Fechou os olhos por alguns instantes, passando uma das mãos pelo rosto em uma tentativa de secar um pouco as suas bochechas molhadas.
se mantinha estático com o olhar perdido no mar azul a sua frente. Não queria olhar para para que ela não se sentisse pressionada e nem sabia se deveria falar alguma coisa naquele momento.
Se havia uma coisa que a vida havia ensinado ao austríaco era a importância do silêncio em alguns momentos e, aquele, era um deles. Iria se manter em silêncio até que sentisse que fosse bom falar algumas palavras ou até que se mostrasse um pouco mais calma.
Nenhum dos dois podia precisar quanto tempo já havia se passado, mas nenhuma palavra havia sido dita até então. As respirações eram os únicos sons escutados dentro daquela sala de estar e se sentia desconfortável com o silêncio.
Ela sentia um nó na própria garganta que a fazia prender tudo o que tinha para dizer, ainda que o seu coração lhe alertasse que deveria se abrir.
não era ele.
estava disposto a conhecê-la melhor.
Um suspiro alto e longo escapou por seus lábios e ela levou as mãos até o rosto outra vez, secando as lágrimas que ainda caíam.
– Eu me casei aos dezenove anos. – o austríaco resetou os ombros ao escutar a voz dela após tanto tempo em silêncio, mas permaneceu quieto, dando o espaço que era necessário para que ela falasse. – Eu namorava com ele há pouco menos de um ano, mas acreditava que ele era o príncipe da minha vida. – riu sem humor antes de continuar a falar. – Por anos da minha vida, eu fui tratada com tanta indiferença pela minha família que eu mendigava por sentimentos que eu não tinha da parte deles: carinho, atenção, cuidado... Amor. Ele foi a primeira pessoa que pareceu sentir isso por mim e eu me entreguei sem nem pensar duas vezes.
Uma pausa foi feita quando as lágrimas voltaram a escapar por seus olhos e a loira passou o dorso da mão pelas bochechas, soltando o ar de forma mais pesada antes de voltar a falar.
– Eu estava prestes a iniciar a faculdade em Bristol, mas ele pediu para que eu não começasse porque era o início do nosso casamento e eu aceitei. Foi assim que eu me tornei a esposa perfeita. Eu vivia para cuidar da casa e do meu marido. Sempre que eu pensava em voltar a estudar ou ir atrás do meu emprego, ter a minha independência, ele conseguia me vencer. Eu não consegui perceber na época, mas eu vivia em uma chantagem emocional em que eu me sentia culpada porque ele dizia que eu trabalhar fora poderia causar o fim do nosso casamento, afinal, eu não iria ter mais tempo para cuidar da casa e cuidar dele.
suspirou outra vez. ainda não havia se movimentado e nem a encarava, parecia estar apenas focado em ouvir tudo o que ela estava disposta a contar.
– Clichê dizer, mas o príncipe se tornou um sapo. – a loira murmurou, balançando os ombros. – Com o tempo, eu me tornei apenas algo naquela casa. Ele não mais me tratava com carinho, não se importava com os meus sentimentos... Mais uma vez, eu era tratada com indiferença, mendigava por atenção e por carinho, acreditava que eu não tinha sido a esposa perfeita o suficiente e que a culpa de ser maltratada era minha. – fez uma pausa, passando uma mão pelo rosto outra vez e prendeu os cabelos em um coque mal feito. – Eu passei por diversos abusos psicológicos e físicos que me fizeram não mais acreditar em ser capaz de amar e que eu não posso ser amada porque eu não mereço esse tipo de sentimento. Amor, carinho e cuidado não são coisas feitas para mim.
comprimiu os lábios, encerrando a própria fala e focou em . O homem continuava na mesma posição de antes e ela só tinha certeza que estava tudo bem com ele porque podia ver suas costas subindo e descendo lentamente de acordo com a sua respiração.
A loira soltou uma risada fraca de forma sarcástica, rindo de sua própria desgraça antes de colocar uma das mãos na testa, fechando os olhos por alguns segundos até que voltasse a abri-los, focando em outra vez.
– Eu te disse que o meu passado é fodido... – ela murmurou em um tom baixo. – Está tudo bem, caso você queira ir embora agora, depois de saber uma parte dele, , não há problemas.
O austríaco ergueu a cabeça ao ouvir a frase. Ele se ajeitou no sofá, girando o corpo para que pudesse olhar para a . Ele a observou por uns minutos, analisando seus olhos vermelhos e um pouco inchados por conta do choro, as bochechas molhadas e a forma como seus lábios tremiam de forma leve.
esticou as mãos, ainda que estivesse um pouco incerto, mas colocou ambas sobre as da loira e levantou o olhar para que pudesse olhá-la nos olhos azuis. Os dois se entraram por alguns breves segundos e ele sorriu minimamente ao perceber que ela não havia se afastado de seu toque.
– O seu passado não me assusta, . – ele disse com a convicção exalando por seu tom de voz. – Eu te disse uma vez que gosto da mulher independente que você é e a história que você acabou de contar, ainda que pela metade, só mostra a força que você tem.
– A sua vida é perfeita, . Ainda que você tenha dois divórcios, nenhum deles te deixou uma marca tão ruim. Eu tenho isso. – suspirou, piscando para que as lágrimas que surgiram em seus olhos sumissem para voltar a encarar o austríaco de forma plena. – Eu tenho marcas que eu carrego na forma que eu me relaciono com as pessoas. Por mais que eu faça terapia, há coisas que eu não posso e nem consigo esquecer, que me afetam até hoje e afetam as minhas relações.
... A minha vida não é perfeita. Eu não sou perfeito, nem quero ser e não me importo que você não seja. – sorriu, afagando o dorso da mão dela com o polegar direito. – Eu te disse agora pouco que eu quero ter uma relação séria com você, , e nada disso que você me contou me faz te querer menos. Eu quero estar com você é, se você quiser estar comigo, a gente viverá tudo isso juntos. Nós vamos aprender juntos no seu tempo.
A loira soltou o ar, sentindo as lágrimas grossas escorrem por suas bochechas e precisou fechar os olhos para que pudesse se concentrar em sua própria respiração. Foi quando sentiu os dois braços do austríaco a envolvendo pelo ombro e a lateral de seu corpo sendo trazida para uma superfície um pouco mais dura.
abriu os olhos, percebendo que havia sido envolvida em um abraço por e um sorriso bem mínimo surgiu nos lábios da mulher. Uma das mãos do austríaco correu pelos cabelos dela, afagando o local devagar e franziu o cenho com a sensação que tomou conta de si.
Ela não conseguia explicar exatamente o que era aquilo, mas podia sentir dentro de seu coração uma sensação boa que era capaz de assustá-la ainda mais do que ela já estava. Precisou suspirar mais uma vez, levando uma das mãos para o peitoral de e se aconchegando no local por alguns minutos.
Eram poucas as vezes que não considerava o silêncio algo desconfortável. Ela preferia estar em um local com barulho, ainda que fosse uma melodia tocando em tom baixo, que estar em um ambiente silencioso. Porém, estar próxima a naquele momento, no mais puro silêncio, ouvindo apenas as respirações um do outro e o choro dela, não era nada desconfortável.
– Eu não quero trazer problemas para a sua vida, . – murmurou, afastando-se do austríaco para que pudesse encará-lo perfeitamente. – Você tem a sua família, os seus filhos... Eu não tenho e nunca tive isso. Eu não sei fazer, isso. Eu nunca tive esse tipo de cuidado, essa relação... Como eu já disse, eu tenho um passado fodido e, ainda que eu esteja disposta a me cuidar para não ter um futuro baseado nele, eu ainda sofro por isso. Eu não sei por quanto tempo vou sofrer ou por quanto tempo isso ainda vai me afetar. – suspirou, encarando os olhos castanhos do homem a sua frente. – Eu não quero que você tenha pena de mim.
– Eu não tenho pena de você, Lina. – balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu sei que você está me contando apenas uma pequena parte da sua história, mas tudo que eu sinto neste momento é orgulho da mulher que eu vejo aqui bem a minha frente, ainda que ela esteja lutando contra os seus demônios. – sorriu fraco na direção dela. – Como eu disse, eu estou disposto ao que você quiser me dar. Se você não quiser, a gente continua do jeito que nós estamos. Nós vamos sair daqui direto para a Bélgica, vamos nos encontrar na minha suíte e, no dia seguinte, estaremos diante da imprensa falando mal da equipe um do outro. – foi a vez de soltar uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Nada muda entre nós...
concordou com a cabeça, tentando afastar os arrepios que percorreram o seu corpo com o olhar e o toque do austríaco sobre seu bíceps.
– Até porque eu não consigo mais me manter longe de você.
Os olhos se arregalaram em total surpresa e ela o encarou sem acreditar no que havia acabado de sair da boca de .
– As regras continuam. – ela pontuou e o austríaco balançou a cabeça, confirmando, antes balançar os ombros.
– As regras continuam. – repetiu com um sorriso leve nos lábios. – Mas nós vamos aos poucos.
concordou, embora uma parte de si estivesse um pouco incerta quanto aquilo. Sentia medo em pensar em se relacionar novamente com alguém, podia sentir o seu coração bater mais acelerado apenas com aquele pensamento de se envolver amorosamente de novo, mas, ao mesmo tempo, sentia como se não conseguisse ficar afastada de .
Deu um novo gole em sua cerveja, tentando se tranquilizar porque ele mesmo havia confirmado que as regras seriam mantidas e aquilo era tudo o que ela queria: a calma que ter um sexo casual era capaz de proporcioná-la para aliviar a temporada acirrada.


Capítulo 15


Depois de duas semanas em um local paradisíaco, estar de volta ao clima ameno de Londres era quase um banho de água fria para .
Não havia mais o sol quente queimando a sua pele, a chance de poder passar o dia à beira da piscina e a sua rotina com retornaria aos finais de semana de corrida. Estar de volta a sua vida de antes acabou sendo um choque de realidade que ela nem mesmo imaginou que doeria tanto.
A loira cumprimentou alguns dos funcionários que já estavam na fábrica enquanto seguia para a sua sala no segundo andar, nem mesmo percebendo os olhares que recebeu da maioria deles.
Como não tinha reuniões marcadas na última semana de férias, optou por não ligar o celular até que estivesse de volta a Londres e, quando o fez, se deparou com milhares de mensagens, comentários e marcações em diversas páginas no Instagram.
Suas mensagens também estavam lotadas, até mesmo Brooke tinha mandado mensagem para saber o que aquela foto significava, já que o noivo havia comentado a respeito.
decidiu ignorar todas as menções a foto. Agendou sua nova consulta com Dorothea, já que não conseguiu realizar a última, aproveitou para matar as saudades que sentia de Ariel, que ficava com sua adorável vizinha idosa do quarto andar, e para curtir a sua própria companhia, coisa que ela adorava fazer.
– Eu não acredito que estou vendo bem a minha frente! – Louise exclamou animada ao entrar na sala da loira, minutos depois de ter chegado à fábrica. – A pele está ótima! Parece que alguém teve duas semanas incríveis...
A loira soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de colocar ambas as mãos na borda de sua mesa, empurrando a cadeira de rodinhas para trás para que pudesse se colocar de pé para envolver a amiga em um abraço.
– Eu posso dizer que a Sicília é um lugar incrível.
– E você teve tempo para sair para conhecer? – a ruiva arqueou a sobrancelha. – Estavam praticamente fazendo sexo enquanto estavam falando comigo naquele dia...
– Nem me lembre sobre esse dia. – apontou para a cadeira a sua frente e Smith se posicionou, encarando a amiga na expectativa que ela continuasse a história. – Como está a repercussão? Marko falou alguma coisa?
– A notícia boa é que o Helmut comprou a ideia que anunciar a renovação do Checo antes do Grande Prêmio da Bélgica seria melhor do que na Holanda porque roubaria o protagonismo do Matt. – sorriu, batendo palmas leves e balançou a cabeça, demonstrando que estava aliviada com aquela informação. – Mas, ele não comentou nada sobre a foto... – balançou os ombros. – Pelo menos, não falou comigo.
– Acredito que ele vai me perguntar de forma mais reservada, assim como fez quando saiu aquela foto minha chegando no paddock com o ...
– Talvez ele não fale nada...
– É do Helmut que estamos falando, Louise. Ele sempre vai querer tecer comentários sobre a vida particular dos outros. – suspirou enquanto a ruiva dava uma risada, concordando com a cabeça.
– Mas essa não é a única coisa que eu tenho para falar sobre a repercussão da foto...
– O que mais aconteceu?
assistiu a chefe de comunicação erguer um pouco o corpo da cadeira para que conseguisse retirar o celular do bolso de trás da calça que vestia. Louise desbloqueou o aparelho, indo até a galeria de fotos para acessar algumas das muitas capturas de tela que havia feito para mostrar para a amiga o que estava acontecendo.
– Essas são algumas das notícias em alguns sites ingleses: The Sun, Daily Mail, Telegraph... – esticou o celular e a loira o retirou de suas mãos para que pudesse ver de perto o que estava escrito na tela e, por alguns segundos, desejou que não o tivesse feito.
A loira piscou algumas vezes, passando o dedo para a imagem seguinte e sentindo cada vez mais seu estômago se embrulhar e seu coração bater de forma mais acelerada. O ar parecia lhe faltar naquele momento e ela precisou respirar fundo repetidas vezes até que conseguisse se acalmar perfeitamente.

"Chefe da Red Bull Racing publica foto com a camisa da Mercedes. Lewis Hamilton, Valtteri Bottas ou : qual deles é o dono da camisa? Nós analisamos!"

Abaixou a tela do celular antes que chegasse na terceira captura de tela e fechou os olhos por alguns segundos enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro ainda sem conseguir acreditar que veículos de imprensa haviam sido capazes de criar teorias sobre a foto publicada. Se aquilo viesse de um thread no Twitter, ela até conseguiria entender...
– Eles acham que você está namorando o Lewis. – Louise murmurou, comprimindo os lábios para esconder uma risada divertida que quis escapar e abriu os olhos imediatamente para encarar a ruiva. – O que foi?
– Por que eles acham que eu estou namorando o Lewis?
– Valtteri respondeu a uma fã no Instagram que a camisa não era dele e o não fala sobre a vida pessoal dele, ninguém sabe se ele ainda é casado ou não. – deu os ombros. – Lewis é o único cara publicamente solteiro e, para a imprensa, fez sentido fazer esse fosse o dono da sua camisa misteriosa.
devolveu o celular para a amiga e passou as duas mãos pelo rosto enquanto sua mente parecia fervilhar. Ainda que achasse engraçado o fato que as pessoas estavam associando aquela foto a Lewis Hamilton, acreditava que era absurdo que tanta gente se preocupasse com a sua vida pessoal.
– Eu preciso falar alguma coisa? – indagou após soltar um suspiro e a ruiva balançou a cabeça de um lado para o outro, escondendo o olhar assustado que havia surgido em seu rosto.
– Por favor, não. – Louise riu fraco. – Nós vamos anunciar a renovação do Checo amanhã e, em breve, todos vão esquecer essa história... Fique tranquila.
– Eu vou tentar...
– Lembre-se das suas duas maravilhosas semanas de férias. – murmurou, mostrando a língua na direção da chefe da equipe antes de se levantar de sua cadeira e a loira riu, afirmando com a cabeça.
Não podia negar que estava sentindo falta de acordar naquele paraíso de imensidão azul e de ter ao seu lado. Foram dias – e noites – incríveis, e ela adorou cada parte deles. Havia tido a paz até mesmo para conseguir abrir um pouco de sua vida para ele e, diferente do que ela sempre pensou, ele não fugiu. Aquela parte ainda trazia sensações estranhas e ainda a deixava confusa, mas, no geral, sentia-se bem.
– Eu vou para a minha sala... Tenho uma reunião com o pessoal da comunicação para decidirmos como iremos anunciar a renovação do Pérez.
– Podemos sair hoje? Estou louca para saber como foram as suas férias. – piscou na direção da amiga que soltou uma risada alta em resposta por causa da curiosidade da outra.
– Eu te contarei tudo depois quando estivermos quando estivermos longe daqui e com uma cerveja em minha mão.
soltou uma risada, . girando o corpo sobre sua cadeira, virando-se de frente para a tela de seu computador e para que pudesse ligá-lo.
Já não havia mais tempo para ficar sabendo do que os jornais falavam ao seu respeito, mas de fazer a Red Bull voltar das férias ganhando mais uma corrida.
O Grande Prêmio da Bélgica estava a poucos dias de acontecer e era tudo que deveria importar para ela.


XXX


encarava o celular depositado em cima de sua mesa há mais de cinco minutos enquanto sua mente se perguntava se deveria ou não ligar para .
No dia anterior, os dois tinham retornado da Sicília e ele já sentia falta dela como um louco... Talvez porque tivesse ficado nos últimos dias tão acostumado a presença dela que agora era estranho não tê-la ao seu lado.
A falta começava logo quando acordava e não a via ao seu lado na cama. Era uma droga não acordar ao lado de depois de ver e sentir como era bom dividir a cama com ela, acordar sentindo o seu corpo tão perto do seu, sentir o suave cheiro de seus cabelos.
Bufou, levando as duas mãos para trás da cabeça. A sua sala em Brackley possuía vidros, de modo que ele tinha toda a visão do terceiro andar da fábrica, assim como os funcionários possuíam toda a visão da sala dele, exceto pelas vezes em que ele fechava todas as persianas do local, o que era raro de acontecer.
Quando finalmente deu por encerrada a dúvida que assolava a sua mente, levou à mão até o celular e o pegou. Desbloqueou a tela com o reconhecimento facial e buscou entre seus contatos o nome da loira que não saía de sua mente. Não hesitou em clicar e, ao ouvir o som da chamada da ligação, sentiu a própria garganta seca
?
Sorriu.
Era acostumado a ter as pessoas o chamando pelo seu apelido, mas quando ouvia seu nome saindo da boca de , ele quase não se contia.
. – estalou a língua no céu da boca. – Como você está?
– Estou bem e você?
– Muito bem. – riu fraco por causa de toda aquela cordialidade e tamborilou os dedos sobre a mesa. – Sentindo a sua falta.
Pode ouvir a risada nasalada de do outro lado da linha, mas ela não respondeu a confissão dele com palavras. Permaneceu em silêncio e isso fez com que o austríaco franzisse as sobrancelhas, sentindo-se um pouco inseguro.
O que estava fazendo?
– Janta comigo hoje?
...
.... – novamente, uma risada foi emitida do outro lado da linha e ele fez um sinal com a mão ao ver sua assistente se preparando para entrar em sua sala. Indicou que ela esperasse um pouco e a mulher concordou com a cabeça, permanecendo do lado de fora. – Eu ainda não ouvi uma resposta.
– Eu não posso. – suspirou e ele arqueou as sobrancelhas, sentindo todo o seu corpo murchar.
– Não pode ou não quer?
– Eu já tenho planos para hoje. – fez uma breve pausa e a testa do mais velho se enrugou, curioso para saber quais seriam os planos dela para aquela noite, mas não ousou perguntar nada. – E você sabe que as minhas regras ainda estão de pé.
Ele riu de forma desacreditada e balançou a cabeça de um lado par ao outro, tentando esconder o sorriso que surgiu em seus lábios. Ela era inacreditável. Aquele era seu mecanismo de defesa agindo depois de tudo que eles haviam vivido nas duas semanas na Sicília.
– Você as aceitou. – a loira o lembrou.
– Como você quiser, . – murmurou em meio a um suspiro. – Eu te vejo na França?
– É só me mandar o número do seu quarto.
A resposta fez com que uma risada alta escapasse por seus lábios e, logo, a linha ficou muda. retirou o telefone do ouvido, o deixando sobre a mesa enquanto sua mente só conseguia pensar em e em como ela estava o deixando louco.
Ele precisava tê-la em seus braços de novo.
E, sem nem perceber, começou uma contagem regressiva para estar no circuito de Spa-Francorchamps o mais rápido possível.


XXX


, como vai? – Dorothea sorriu, contornando a sua mesa em tom bege ao ver a loira adentrar a sua sala. Apontou para o sofá a sua frente e, enquanto a paciente se ajeitava, se sentou em sua poltrona, pegando seu caderno de atendimentos e uma caneta.
– Desculpe por ter desmarcado a última consulta em cima da hora... Eu estava viajando. – sorriu fraco, deixando sua bolsa sobre um pequeno móvel que havia ao lado do sofá e cruzou as pernas, encarando a mulher a sua frente. – A Fórmula 1 fez a pausa de verão e eu viajei para a Itália.
– E como foram os últimos dias?
A loira emitiu um suspiro antes de soltar uma risada fraca e apertar as duas mãos sobre a borda do sofá, encarando as próprias mãos por alguns segundos.
A confusão estava a consumindo desde o dia em que retornará de viagem. Ter tido aqueles dias com , por mais incríveis que tivessem sido, haviam despertado algo desconhecido dentro dela e ela não queria vê-lo até ter seus pensamentos em ordem.
– Eu viajei com ele. – arqueou as sobrancelhas para tentar dar uma ênfase no que queria dizer. – Ele me fez a proposta quando ainda estávamos em Mônaco. Iríamos primeiro para a Áustria, onde vivem os filhos dele, e depois iríamos para a Itália. A ideia da Áustria me assustou definitivamente. – fez uma pausa, batendo com as pontas dos dedos no sofá. – Eu estava com medo de estar perto da família dele, de viver essa experiência de estar com alguém e de ter que me abrir de novo. Eu decidi que não iria, mas fui covarde o suficiente para não avisá-lo e deixá-lo plantado no hangar depois da última corrida. Eu simplesmente não consegui vencer o meu medo naquele momento.
– E o que te fez mudar de ideia?
– Primeiro, a Louise conversou comigo. Me disse que eu deveria ir e repetiu o que ela sempre diz, que não é porque eu me machuquei em uma relação que eu vá me machucar em outra. – respirou fundo. – Ela conseguiu o endereço dele na Áustria e disse que, quando a coragem aparecesse, eu deveria ir até lá.
– A coragem apareceu, então?
– Sim... Eu pensei em alguns momentos em que passamos juntos, como ele me faz me sentir bem, e, quando eu percebi, eu estava em um voo para Viena.
– Como você se sentiu? – Dorothea a encarou por debaixo de seus óculos de grau e viu soltar um suspiro antes de correr as mãos pelos cabelos.
– A viagem inteira eu me perguntei o que eu estava fazendo e por quê eu estava fazendo aquilo. Eu chorei por quase uma hora no voo e tive uma imensa vontade de voltar para a minha casa quando a filha dele abriu a porta e começou a falar comigo em alemão. Eu tive medo, muito medo e parecia que cada vez mais os meus sentimentos se embaralhavam dentro de mim.
A psicóloga assistiu a mulher inspirar e soltar o ar por algumas vezes. passou uma das mãos pelo rosto e a viu a mais velha se levantar, caminhando até o bebedouro que havia no canto esquerdo da sala para encher um copo de água.
– Me fale sobre os dias na Itália. – Dorothea entregou o copo descartável na mão da loira e ela agradeceu com um maneio de cabeça, antes de dar um gole para que pudesse molhar a garganta antes de voltar a falar.
– Foram incríveis. – riu de forma desacreditada por ter soado tão natural ao dizer aquela frase e viu a psicóloga fazer uma anotação. – Eu me senti tranquila, me senti querida... Ao mesmo tempo foi estranho porque eu nunca tive esses sentimentos sem ter que implorar por eles.
fez uma pausa para beber mais um pouco de sua água e Dorothea escreveu mais algumas coisas em seu caderno.
A loira respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos e, quando voltou a abri-los, antes que a profissional fizesse uma nova pergunta, confessou:
– Eu contei a ele sobre o meu casamento.
Dorothea balançou a cabeça, permanecendo em silêncio porque pareceu se sentir à vontade para falar sobre aquele assunto, sem que ela precisasse fazer uma intervenção, e, logo, a loira estava falando novamente.
– Ele não me forçou a contar, não me cobrou saber do meu passado como o Michael, por exemplo. – mencionou o antigo casinho. – Ele me deu espaço para que eu falasse quando eu estivesse à vontade, me falou sobre os dois casamentos que ele teve.
– Qual foi a sua sensação quando contou para ele sobre o seu antigo casamento?
– Eu não sei descrever. – mordeu o lábio inferior, balançando a cabeça de um lado para o outro e as lágrimas brotaram em seus olhos.
Ela respirou fundo algumas vezes e, quando sentiu as bochechas começarem a ficar molhadas, passou o dorso da mão pelas mesmas em uma tentativa de secá-las.
– Eu tive muito medo. – suspirou. – Medo que ele tivesse pena de mim, medo que me achasse uma louca e que quisesse ir embora da minha vida. Eu chorei quando contei, me afastei dele quando ele disse que queria ter uma relação séria comigo, mas ele permaneceu do meu lado, me dando o espaço que eu precisava... Mas eu continuo confusa e com medo.
– Por que você estaria confusa?
– Porque eu não sei se consigo dar o que ele quer. – suspirou mais uma vez, deixando o copo de água sobre a mesa que havia ao lado do sofá, próximo a sua bolsa. – Ele quer uma relação séria. Provavelmente quer uma mulher para se casar, para ser a madrastra de seus filhos e para formar uma família... Eu não sei ser assim. – fez uma pausa, sentindo as lágrimas retornarem para seus olhos e, de maneira sôfrega, murmurou: – Eu não sei se eu quero ser assim.
– Por que não quer? – Dorothea a encarou, cruzando as mãos sobre o colo e soltou um suspiro.
– Eu tenho medo de voltar a ser a do passado. – confessou em um fio de voz e passou os dedos pelos olhos para secar as lágrimas mais uma vez. – Eu tenho medo de me envolver tanto que vou esquecer de mim e isso fará com que o sentimento vá diminuindo até que eu esteja mendigando o amor novamente porque parece que é só isso que eu sei fazer na minha vida.
Dorothea fez novas anotações e a mulher buscou novamente o copo de água, dando um longo gole e finalizando o líquido de uma vez
, não há como você voltar a ser a mulher de antes porque você está se conhecendo e se fortalecendo emocionalmente. Você se afasta, lentamente, daquela mulher que você foi e, ainda que esteja confusa, está no caminho para entender os seus sentimentos de uma maneira mais clara. – ela concordou levemente com a cabeça e a psicóloga continuou: – O que você mais precisa é ter calma consigo mesma e com os seus sentimentos, organizar as próprias ideias para que consiga viver sem sentir culpa porque você não é culpada de nada.
A loira comprimiu os lábios, absorvendo as palavras da psicóloga. Entendia que precisava organizar as próprias ideias, mas ainda era difícil pensar que poderia viver uma relação com porque tinha medo de se entregar demais ao ponto de esquecer de si mesma.
Já entendia que ele não seria capaz de machucá-la como seu antigo relacionamento, mas não acreditava que podia conseguir viver com .


XXX


– Ok, Louise Smith, me conte sobre as suas férias de verão. – deu um leve tapa na mesa, mas a ruiva balançou a cabeça de um lado para a outro.
– Sem nem uma Heineken antes? – cerrou os olhos e tratou de chamar o garçom para que pudessem pedir as suas cervejas.
Em poucos minutos, o homem retornou e entregou as duas long necks para as mulheres. Após um brinde é um longo gole em suas respectivas cervejas, encarou a amiga com seus olhos azuis furtivos, esperando que ela começasse a falar.
– Como você sabe, eu fui para Turim e foi perfeito. Sério, eu acho que eu nunca estive em lugar tão bonito como aquele... – a ruiva riu, buscando o celular para que pudesse mostrar algumas das fotos que tirou. – Minhas férias foram basicamente muito álcool, sol e água salgada.
soltou uma risada, observando as fotos do celular da amiga e rindo de algumas delas, como as que possuíam a prima de Louise com uma faixa branca escrita "noiva" e rosto totalmente pintado.
– Conheceu algum mexicano? – arqueou as sobrancelhas e a amiga sorriu de forma maliciosa.
A forma como os lábios da ruiva se curvaram em um sorriso e a maneira apressada em que ela levou a garrafa até os lábios fez com que soltasse uma risada alta antes de dar um leve tapa no braço da amiga.
– Eu não acredito! – murmurou de forma pausada. – Me conte tudo agora, Smith!
– Eu conheci alguns mexicanos, mas encontrei um especial.
– Você se apaixonou por um mexicano que conheceu lá?
– Digamos que eu já o conhecia...
uniu as sobrancelhas de forma confusa enquanto Louise mantinha o sorriso malicioso nos lábios, aguardando que a amiga entendesse o que ela queria dizer.
– Ai meu Deus! – a loira levou uma das mãos até a boca, cobrindo em sinal de choque. – Você se encontrou com o Pérez?!
A forma como a ruiva balançou a cabeça animada fez com que gargalhasse antes de dar um novo gole em sua cerveja, esperando que ela iniciasse os detalhes — o que não tardou a acontecer.
– Na corrida na Hungria, ele me perguntou os meus planos para as férias e eu disse que iria para Tulum. Ele disse para eu aproveitar e passar em Puerto Vallarta, a cidade que ele vive... – ela deu os ombros, sorrindo de ladino. – Adiei a minha volta para a Inglaterra e fiquei dois dias por lá.
– E como foi?
– Fantástico. – riu e suas bochechas coroaram de forma leve para surpresa de . – Aquele mexicano é caliente. – balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Então, vocês estão juntos?
– Não. – riu. – Ele ainda não está divorciado oficialmente. Os trâmites ainda estão acontecendo e eu não quero estar envolvida nessa confusão.
A loira sorriu fraco, mas balançou a cabeça porque entendia um pouco a situação. Assim como ela era o lado mais fraco na relação com , Louise era com o Checo e arrebentaria para o lado dela caso algo acontecesse.
– Eu pensei que teríamos encontros de casais nas próximas corridas...
– Casais? – Louise arregalou os olhos antes de cerrá-los na direção da amiga que engoliu seco ao perceber o que havia dito. – Você e o são um casal?
– Não, não... Eu me expressei mal!
, você está apaixonada!
A chefe da Red Bull rolou os olhos com o comentário, finalizando o conteúdo de sua cerveja de uma vez só enquanto a ruiva soltava risadas pela maneira que ela tinha ficado atingida com a frase.
Mais uma vez, se afundou em suas próprias ideias. Ir para as férias com ao invés de fazê-la ficar mais tranquila apenas serviu para deixá-la mais confusa em relação aos seus sentimentos.
Apaixonada.
Ela nem mesmo se lembrava o que era aquele sentimento, mas pensar nele trazia arrepios para o seu corpo. Preferia continuar pensando que ainda estava vivendo seu acordo com porque proferir aquela frase em voz alta ainda era difícil.
– Ali, você não percebeu que você está diferente? – fez uma pausa e não obter uma resposta por parte da outra, soltou um suspiro. – Por Deus, você está uma pessoa mais leve! Está tão menos preocupada com as coisas que publicou aquela foto! Quando que , em seu estado normal, publicaria uma foto sem analisar? Você teve a coragem de ir daqui para a Áustria atrás dele! – riu, tamborilando os dedos na mesa. – Você está apaixonada, aceite isso você ou não, .
fechou os olhos por alguns segundos, absorvendo as palavras da amiga e pensando no que poderia responder. Era claro para ela que as férias haviam a deixado mais confusa do que antes porque haviam sido dias incríveis, onde havia se mostrado um homem incrível e aceitado bem ao ouvir uma parte do seu passado.
Porém, por outro lado, sentia cada vez mais medo porque ela notava que, pouco a pouco, estava se entregando mais do que antes e isso a assustava muito. Ela tinha medo de se perder novo, de não ser o suficiente para viver uma nova relação.
– Eu não posso me entregar assim, Louise.
– Por que não?
– Porque eu não quero recair nos mesmos erros.
suspirou, finalizando o conteúdo de sua cerveja em um gole só e deixando a garrafa sobre a mesa antes de acenar para o garçom para que pudesse pedir mais uma. Louise balançou a cabeça, resolvendo não prosseguir naquele assunto porque era óbvio que ainda não havia percebido cem por cento os sentimentos quanto ao .


XXX


Grande Prêmio da Bélgica .

Spa-Francorchamps era um dos circuitos preferidos de . A pista era desafiadora, veloz e longa, com um mix de lentas e rápida que eram capazes de tirar o fôlego de todos os espectadores e fãs de Fórmula 1.
A chefe da Red Bull ainda gostava de quando chovia durante uma corrida. Isso porque ela achava incrível como as equipes precisavam mudar rapidamente a estratégia para se adequar as novas condições da pista. Porém, naquele fim de semana, com o tanto de chuva que caía, ela estava odiando o clima, o circuito e a própria FIA.
Não que não fosse esperado a chuva para o período, mas a quantidade era surpreendente e não era a única coisa surpreendente que havia acontecido naquele fim de semana. Louise havia avisado a imprensa que a chefe da equipe austríaca não falaria sobre a vida pessoal e nenhuma pergunta foi feita diretamente sobre a foto da última semana e George Russell estava largando em segundo lugar no grid de largada.
De dentro da garagem, assistia a chuva caindo no circuito logo após receber a informação que as voltas de apresentação seriam com o safety car na pista. Fechou os olhos por alguns instantes e foi impossível não querer estar de volta as férias de verão em meio ao mar na companhia de .
Se se esforçasse, naquele momento, bem ali no meio da garagem da Red Bull, ela podia sentir o vento batendo em seus cabelos e o sol queimando a sua pele. Podia se lembrar dos sorrisos que compartilhou com quando se despediram no aeroporto de Heathrow, mas, ao abrir os olhos e notar novamente aquele clima péssimo a realidade batia de forma dura para lembrá-la que a vida não era um eterno verão.
O início da volta de apresentação iria começar e ela sempre se retirava quando a corrida em si se iniciava. Por isso, de dentro da garagem mesmo, ela viu o carro de Sergio Pérez, em sétimo, deslizar na água e ir de encontro com uma das barreiras do circuito.
A loira bufou alto, levando as mãos ao rosto com raiva, embora aliviada por ver que o mexicano havia conseguido se retirar de dentro do carro, demonstrando que estava bem. O diretor de provas anunciou que a corrida seria adiada em dez minutos e que novas voltas de apresentação seriam dadas para dispersar a água.
se retirou da garagem, caminhando em direção ao pitwall e ajeitou o suéter que usava, buscando se proteger do frio, enquanto se sentava em lugar ao lado de Gary, que a encarou surpreso por debaixo de seus óculos de grau com a lentes levemente molhadas pela chuva.
– Está quebrando a tradição hoje? – o engenheiro indagou em meio a uma risada fraca e balançou os ombros, ajeitando-se em seu assento e retirando um lado de seus fones de ouvido.
– Eu não vou ficar em pé no meio da garagem esperando o início da corrida – riu e Gary balançou a cabeça.
– Isto é, se tivermos uma corrida.
Quando os carros retornaram a pista, depois de vinte minutos de adiamento, as condições da pista pareciam até mesmo estarem pior do que antes e não demorou para que a bandeira vermelha fosse determinada pelo diretor de provas.
– Ahn... Olá? – ouviu a voz de Jim no rádio que tinha em seus ouvidos e ela virou o rosto para o lado, encontrando o engenheiro sentado na cadeira ao seu lado, com o dedo pressionando no botão do painel em que falava diretamente com o controle de pista da Federação. – Estamos aqui no frio e na chuva... Eu só queria saber se podemos nos recolher.
soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro até que ouviu a voz de Michael Masi surgiu no rádio e, para a felicidade de todos os presentes na pitwall da Red Bull, anunciou que o início da corrida estava adiado até que as condições melhorassem.
Levantou de seu assento, seguindo para o interior da garagem e encontrando Louise a esperando com dois copos em mãos. A ruiva estendeu o braço direito com um sorriso leve no rosto e sorriu de forma agradecida, retirando o copo da mão dela e encarando o conteúdo.
– Chocolate quente. – respondeu à pergunta silenciosa feita pela loira. – Distribuímos para os jornalistas que estão no centro de mídia.
– Eu já disse que te amo hoje? – perguntou antes de dar um gole no conteúdo enquanto a ruiva dava risada. – E eu tenho certeza que os jornalistas também estão amando você neste exato momento.
– Eu acho que é o mínimo que a gente pode fazer. – Smith deu os ombros, bebendo um pouco de seu chocolate quente. – Alguma previsão para a corrida?
– Mais disse foi postergado até existir condições de se ter corrida. – balançou os ombros, atirando o corpo sobre uma das cadeiras que estavam vazias e Louise se aproximou.
Dali, no fundo da garagem, as duas conseguiam ver que alguns mecânicos conversavam, outros jogavam cartas e os engenheiros conversavam, analisando as imagens fornecidas pelo satélite para saber se o clima iria melhorar o suficiente para que eles pudessem ter uma corrida minimamente segura.
sacou o celular, aproveitando o tempo para que pudesse navegar pelas redes sociais enquanto Louise passeava seu olhar pela garagem, já entediada, até ver a figura loira e alta de Rosana Tannent surgir, acenando para ela. Riu, afastando-se de e se aproximou da entrevistadora do canal da Fórmula 1.
– Podemos falar com a ? – indagou com um leve sorriso no rosto e a chefe de comunicação sorriu.
– Claro, eu vou chamá-la. – disse, caminhando de volta para o interior da garagem e se aproximou da loira que ainda tinha os olhos presos no celular, surpresa com a mensagem que havia acabado de receber.




“Me encontre no meu escritório em cinco minutos.
.”


Escritório dele em cinco minutos?
teve vontade de rir. Como que ela chegaria no escritório dele em cinco minutos? Sequer sabia como iria entrar na hospitalidade da Mercedes sem ser notada pelo restante dos funcionários da equipe alemã.
... – Louise chamou com o cenho franzido ao perceber a expressão no rosto da chefe. – Está tudo bem?
– Ahn... – a loira riu fraco, bloqueando a tela do celular e levantando o olhar para que pudesse encarar a ruiva. – Está... Aconteceu alguma coisa?
– A F1TV quer falar com você. – Louise apontou para trás e concordou com a cabeça, levantando-se de sua cadeira e guardando o celular no bolso de trás da calça que usava.
As duas caminharam em direção à saída da garagem e Louise pegou um guarda-chuva, abrindo o objeto, entregando para a loira para que ela pudesse se proteger da chuva persistente no circuito.
– Estamos aqui com a chefe da Red Bull Racing, . – Rosana disse em frente a câmera, girando o corpo para que pudesse ficar de frente para a inglesa. – , o que está sendo discutido agora é a possibilidade de se ter corrida agora. Você acha que é possível?
– A chuva parece que piora a cada momento. – murmurou, olhando para o alto antes de soltar uma risada fraca. – Eu acho que é muito difícil ter corrida se as condições continuarem dessa maneira.
– Eu conversei com outros chefes de equipe, Mattia Binotto disse não ter problemas se a corrida for adiada para o próximo dia, já disse que preferia estar na Sicília na segunda-feira. – teve vontade de rir quando soube da resposta do austríaco, mas aquele era o mesmo sentimento que ela tinha. – E para você, tudo bem termos uma corrida amanhã?
abriu a boca para responder à pergunta, mas não concluiu a própria frase porque no mesmo instante ela sentiu algo em seus ombros. Girou o rosto, curiosa, encontrando a figura do chefe da Mercedes colocando um casaco sobre os seus ombros dos dois lados.
Arregalou os olhos em total surpresa e viu Louise, há alguns metros, fazer a mesma coisa, enquanto lhe fez um carinho no ombro antes de se afastar, deixando o casaco sobre os ombros dela.
? – Tennant a chamou e respirou fundo antes de virar o rosto para voltar a encarar a jornalista, rezando para que nenhum comentário fosse feito a respeito daquele momento porque ela não saberia explicar que merda que havia acabado de fazer.
– Ahn... – tossiu levemente, buscando disfarçar o leve desconforto. – Eu não tenho planos melhores. Por mim, sem problemas caso a corrida seja postergada para amanhã, mas acho que não será bom para os fãs.
– E quanto ao Sergio Pérez... Estão trabalhando no carro dele, acha que, caso haja corrida hoje, ele poderá participar?
– Nós estamos fazendo o possível para que ele consiga, mas ainda precisamos confirmar com o diretor de provas. Particularmente, eu não vejo problema já que a corrida, tecnicamente, não começou.
Rosa começou a cabeça antes de agradecer a pela entrevista e a chefe da Red Bull girou o corpo, retornando para a garagem. Louise se aproximou para que pudesse pegar o guarda-chuva, mas ela balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu vou para o motorhome por alguns minutos, tudo bem? – a ruiva balançou a cabeça ainda que estivesse com o cenho franzido.
– Eu te aviso quando avisarem que a corrida retornar. – balançou a cabeça e ao perceber o olhar da chefe de comunicação sobre o casaco posto em seus ombros teve vontade de rolar os olhos.
– Eu sei. – murmurou em um tom baixo. – Eu também não sei que merda ele teve na cabeça para dar uma bandeira dessas.
– Por alguns segundos, eu achei que você não iria surtar com isso e achei estranho. – riu enquanto a loira balançava a cabeça de um lado para o outro antes de acenar em despedida para que pudesse seguir em direção a hospitalidade da Mercedes.
Agora não apenas precisava se encontrar com para saber o que ele queria, mas também para reclamar pelo fato de ele ter colocado aquele casaco em seus ombros enquanto ela dava uma entrevista. Tentou abanar o fato que aquilo era fofo para focar que ele havia quebrado uma das regras, além de terem agido como um casal em público.


XXX



estava parada há alguns minutos próxima a entrada da hospitalidade da Mercedes, se questionando como faria para entrar no local sem que os funcionários achassem suspeito, ainda mais para falar de forma privada com .
De onde estava parada, ainda com o casaco dele, mas agora o segurava em uma de suas mãos, viu alguns dos rostos conhecidos da escuderia, como Andrew Shovlin e James Vowles, deixarem o local.
Sorriu levemente ao ver a figura da assistente de deixando o local e se aproximou dela em passos largos enquanto buscava se lembrar do nome da ruiva que ela, com certeza, já havia dito em algum momento em que os dois estavam juntos.
Jeniffer?
Jessie?
– Jessica! – ela sorriu contente ao ver a mulher girar o corpo em busca de quem havia a chamado e acenou em sua direção, aproximando-se brevemente. – Oi! – sorriu, parando a alguns passos dela. – Eu queria conversar com o . Você pode me indicar a sala dele?
– Ah, claro, ! – a ruiva sorriu e as duas caminharam para a porta de entrada da hospitalidade. – Eu preciso ir fazer o que ele me pediu, mas é só você seguir por esse corredor, é a quarta porta à esquerda.
– Obrigada. – agradeceu com um sorriso no rosto antes de seguir pelo caminho indicado, ignorando alguns olhares curiosos que eram lançados em sua direção e apertando ainda mais o casaco que segurava em suas mãos.
A loira parou em frente a quarta porta a esquerda e bateu duas vezes com seus dedos no local até ouvir a voz de dizendo que poderia entrar. Assim, girou a maçaneta, empurrando a porta e dando um passo para dentro
retirou a atenção de seu notebook para encarar a porta de sua sala, esperando encontrar a figura de sua assistente, já que não havia respondido a sua mensagem e, provavelmente, se negaria a se encontrar com ele de novo.
Porém, para sua total surpresa, a mulher estava bem a sua frente. Com cuidado, ela fechou a porta e girou a chave da maçaneta atrás de si, fazendo com que ele sorrisse e se levantasse de forma apressada de sua cadeira.
A loira se preparava para perguntar a razão de ele tê-la chamado para a sua sala, mas, cortando qualquer raciocínio que ela poderia ter, a puxou pela mão, a trazendo para perto o suficiente para que pudesse colar os lábios nos dela em um beijo apressado.
Ele adorava sentir a forma como se entregava ao beijo. A maneira como ela parecia que poderia se desmanchar em suas mãos, ainda que suas unhas estivessem fincadas em seus ombros ou suas mãos enfiadas em seus cabelos. Era ótimo ter a sensação de como ele era capaz de eixa-la em um momento como aquele.
Romperam o beijo quando a necessidade pelo ar se fez presente, mas as festas permaneceram coladas por alguns segundos até que lhe deu um leve tapa no braço, fazendo com que o austríaco se assustasse e soltasse uma risada sem entender a razão da pequena agressão
– Onde você estava com a cabeça quando colocou esse casaco nos meus ombros enquanto eu estava dando entrevista? – questionou, afastando-se dele para que pudesse atirar o casaco sobre seu rosto. – Já não bastasse a porcaria da foto que eu publiquei, agora você me apronta uma dessas, ? As pessoas já estão achando que eu estou me envolvendo com alguém da Mercedes...
– Mas você está. – arqueou as sobrancelhas de forma sugestiva e teve vontade de rolar os olhos, embora um sorriso fraco tivesse surgido em seus lábios com aquele comentário. – Eles chegaram à conclusão que nós estamos juntos?
– Não... – a loira cruzou os braços na frente do peito. – Eles acham que a camisa é do Lewis.
– Lewis? – soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro, atirando o casaco sobre o sofá antes de ir na direção da mulher mais uma vez. – Por que eles acham que você está com o Lewis?
– Eles criaram uma teoria louca deles, mas isso pouco importa. – balançou os ombros. – O que importa é que você não deveria ter posto o casaco nos meus ombros durante a minha entrevista. Só porque a gente passou as férias juntos, isso não quer dizer que nós somos um casal.
– Também não quer dizer que não somos. – ele projetou o lábio inferior para frente. – Eu não fiz de propósito, Lina. Eu te vi, você parecia estar com frio porque estava só com um suéter e eu me aproximei. Eu nem pensei direito.
– Dá próxima vez, pense um pouco mais. – suspirou, levando as mãos para os quadris para que pudesse se afastar do toque do austríaco. – Eu já estou indo. Preciso voltar para a garagem...
– Eu não ouvi ninguém nos chamando nos rádios.
– Eu vim apenas para devolver o seu casaco.
– E quem disse que eu queria o meu casaco de volta? – soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e inverteu a posição com a mulher, de maneira que ela ficasse de costas para a mesa dele. – Eu quero você, .
arregalou os olhos e, logo, sentiu o homem começar a distribuir beijos toda extensão de seu pescoço enquanto suas mãos adentravam a sua blusa, fazendo com que ela se arrepiasse pelo choque térmico.
... – tentou o repreender em meio a um suspiro e precisou respirar fundo para que conseguisse fazer a sua voz soar mais firme. – Nós estamos no meio de uma corrida.
– Essa corrida nem deve acontecer. Não se preocupe. – balançou os ombros, afastando-se para que pudesse levantar a barra do suéter que a mulher usava e se deu por vencida, permitindo que a peça fosse retirada.
Ainda que em sua mente pairasse uma mensagem de alerta que aquela situação era perigosa, ela optou por não vê-la e aproveitar o momento.
suspirou ao perceber que, por baixo do suéter, a loira usava uma das camisas da Red Bull, e se apressou em abrir os botões da peça enquanto o puxava para perto para conseguir desabotoar sua calça.
Ainda que não tivessem previsão para o retorno da corrida, eles tinham pouco tempo para aproveitar e ambos sabiam que precisavam retirar suas roupas de forma rápida. Estavam sedentos um pelo o outro.
– Nem pense nisso. – a loira murmurou ao sentir o austríaco levar as duas mãos para a gola de sua blusa, dando a entender que iria arrebentá-la. – Eu entrei nessa sala com duas blusas, eu não vou sair sem uma.
– Eu posso te emprestar uma das minhas. – piscou, unindo os lábios nos dela rapidamente e se afastou para retirar não apenas a blusa azul escura de sua equipe, mas também sua calça de couro mais grossa e sua lingerie.
Mordeu o lábio inferior não só por causa do choque térmico que sentiu ao estar nua, mas também ao ver que já havia se livrado da cueca que usava, passando a mão direita por toda a sua extensão que já apontava.
Com a mão livre, trouxe a loira para perto e a ajudou a subir em sua mesa, ficando na beirada da madeira. O moreno se curvou sobre a loira, selando os lábios nos dela no momento em que introduziu o membro em seu interior para evitar que um gemido escapasse.
fechou os olhos, comprimindo os lábios com força quando o homem começou a se movimentar, não perdendo nem mesmo um segundo de tempo. O seu corpo se chocava ao dela com a força e o jeito que ela tanto gostava, tornando difícil a missão de abafar os próprios gemidos.
Retirou as mãos que se apoiavam na mesa, as levando para o pescoço de e o abraçando para que pudesse encará-lo no fundo dos olhos naquele momento em que eles eram apenas um.
O suor já dominava o corpo dos dois e a Bélgica já não mais parecia fria e chuvosa, mas sim uma sauna incrivelmente quente. Seus corpos estavam prestes a se fundir um no outro e era cada vez mais difícil para eles esconder os gemidos e as suas respirações ofegantes.
Os cabelos de já grudavam em sua própria testa e ele sorria por sentir as unhas da loira em seu ombro enquanto se afundava cada vez mais nela. Aproveitou para levar uma das mãos até o clitoris da mulher, passando a circular dois dedos sobre o local de prazer e não conseguiu segurar um gemido mais alto.
. – ele tentou que saísse como uma reprovação, mas saiu mais como um suspiro o sobrenome dela. Encarou os olhos azuis e uniu os lábios ao dela para, novamente, abafar os sons.
se afastou dos lábios de quando sentiu seu corpo inteiro começar a tremer. Jogou a cabeça para trás, fechando os olhos com força e mordendo o lábio inferior ou, caso contrário, era capaz de toda a hospitalidade da Mercedes descobrir o que os dois estavam fazendo dentro daquela sala.
Ela tremeu sobre o toque do austríaco, contraindo seu interior e fazendo com que ele deixasse um gemido baixo escapar antes de se desfazer por completo dentro dela.
deixou sua cabeça cair sobre o ombro da loira e, por alguns instantes, todo som que existia dentro daquela sala eram as respirações entrecortadas dos dois.
Ambos desciam de seus ápices em silêncio porque não precisavam de palavras naquele momento. Era só viver o pós, aproveitar o restante da companhia que tinham.


XXX



Nenhum deles sabia precisar muito o tempo que se passou, mas quando se sentiram recuperados o suficiente, saíram da posição em que estavam e o austríaco foi até o banheiro de sua sala para que pudesse se limpar.
Ajudou a se limpar também e, enquanto ela se vestia em silêncio, ele aproveitou para fazer um convite que não saía de sua cabeça desde quando falou com ela ao telefone ainda no início da semana.
– Janta comigo amanhã? – perguntou.
– Isso é contra as...
– Eu pensei que depois das férias, a nossa relação estivesse evoluindo. – murmurou em um tom baixo e ouviu a mulher suspirar.
...
balançou a cabeça, acreditando que era justo ela ter aquele pensamento. Por Deus, a imprensa já estava se questionando se ela estava namorando com Lewis, iriam falar um monte caso os dois fossem flagrados juntos em um jantar a dois.
– Eu disse que iríamos levar as coisas devagar. É apenas um jantar, . – ele levou uma das mãos até o queixo da loira para que pudesse depositar um beijo em seus lábios. – Eu não aceito um não como resposta.
– Tudo bem. – suspirou ao ouvir a voz de Gary no rádio outra vez, a chamando de volta para a garagem da equipe porque a corrida iria começar. – Eu acho que preciso voltar...
– Parece que temos uma corrida prestes a começar. – o austríaco riu, buscando sua camisa da Mercedes enquanto colocava o suéter novamente.
Em silêncio, os dois se arrumaram para que ficassem como estavam antes. Assim que estava devidamente vestida, buscou o celular para que pudesse checar a sua imagem, arrumar a maquiagem e dar uma melhorada em seus fios loiros que denunciavam que ela havia feito sexo.
Riu fraco, passando as mãos pelos cabelos e decidiu prendê-los em um coque com a ajuda de um elástico que sempre carregava consigo.
– Como eu sei que você ainda prefere a discrição, pode sair primeiro. – anunciou, caminhando até a porta e ela sorriu, balançando a cabeça de forma agradecida.
Contudo, antes que a loira pudesse sair do local, o austríaco segurou em seu braço para que ela parasse e se aproximou dela outra vez.
– Te busco às sete da noite amanhã. – avisou, curvando-se para poder depositar mais um beijo em seus lábios.
, eu estou indo para a... – a voz parou a frase pela metade e, antes que e pudessem se afastar, se pronunciou outra vez. – Eu não acredito que estou presenciando chefe da minha equipe e a minha namorada juntos.
soltou uma risada, virando-se para encarar Lewis que tinha uma expressão divertida no rosto enquanto cruzou os braços.
me contou e eu não consigo acreditar que eles foram capazes de criar essa teoria. – o austríaco balançou os ombros.
– Aparentemente, eu seria o único solteiro entre você, Valtteri e eu... Então, me deram o título de dono da blusa que a estava usando.
– E assim eles me reduzem de chefe de uma equipe a namorada de um homem. – a loira murmurou, atraindo a atenção dos dois. – Sinceramente, não há graça nenhuma nessa teoria. Até porque ela não existiria se fosse um de vocês publicando uma foto com a camisa da Red Bull.
e Lewis se encararam por alguns segundos e o inglês coçou a própria nuca antes de encarar a mulher mais uma vez.
, eu não quis...
– Está tudo bem, Lewis. – balançou os ombros. – Não é uma culpa exclusivamente sua ou do , mas da sociedade em si.
– A gente pode seguir tentando mudar...
– É difícil para algumas pessoas. – riu sem humor. – Criar programas de inclusão para mulheres nesse esporte parece soar como o fim do mundo para os mais poderosos. Então, seguimos com poucas mulheres no automobilismo e com muito menos chances para elas, ainda que existam muitas pilotos e engenheiras super talentosas.
– A gente pode buscar alternativas para encontrar mulheres para trabalhar no automobilismo. – murmurou, coçando levemente o queixo e encarando a loira que soltou uma risada fraca.
– Boa sorte tentando propor uma política de equidade para a FIA. – acenou, despedindo-se da dupla e seguindo pelo corredor para a saída da hospitalidade da Mercedes enquanto deixava o piloto e o chefe se encarando.
– Eu não quis fazer nenhum comentário machista. – Lewis ergueu as mãos. – Se soou como, eu acho que eu devo...
– Não se preocupe, Lewis. Lina sabe da sua intenção. – o tranquilizou com um sorriso fraco e levando uma das mãos na direção do ombro do mais novo. – Agora, vamos para a pista? Ainda temos uma corrida para vencer.
– O grande erro desse dia é ter uma corrida. – o inglês murmurou, balançando a cabeça, mas seguindo para o saída do local na companhia do chefe à procura de Ângela para que pudesse pegar o seu patinete elétrico.
O tempo ainda era ruim. Permanecia tudo nublado e a chuva ainda caía, um pouco menos forte do que antes, mas a pista ainda estava severamente molhada. Eram péssimas as condições para uma corrida e não conseguia acreditar no que Michael Masi tinha em mente para permitir que acontecesse.
Torcia para que não acontecesse nada de ruim é que os pilotos conseguissem sair todos em segurança porque o cenário era muito ruim. Ele já nem mesmo tinha esperança para sair algo bom dali.


XXX



– Eu vivi para ver a Williams no pódio outra vez. – Louise murmurou enquanto as duas mulheres retornavam para a hospitalidade da Red Bull.
A corrida havia sido um grande fiasco, na opinião de . Foram apenas três voltas atrás do Safety Car porque não haviam condições de ter uma corrida de verdade naquele domingo devido às péssimas condições de chuva.
Nem mesmo dava para ultrapassar e o grid terminou praticamente da mesma forma que o início: Matt em primeiro, George em segundo e Lewis em terceiro, com pontos pela metade. Embora estivesse feliz pela vitória, como fã da Fórmula 1, estava decepcionada.
– O Russell é um talento nato... – balançou os ombros. – Ele vem demonstrando isso com a Williams e eu acho que esse fim de semana foi mais uma prova disso.
– Você realmente está andando muito com o . – Louise emitiu uma risada nasalada, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Elogiando o Russell...
– Não estou reconhecendo o talento dele por causa do , mas acredito que ele tem tudo que precisa para ser grande na Mercedes.
– Então, é oficial George Russell na Mercedes no ano que vem? – arqueou as sobrancelhas. – Isso é alguma informação privilegiada?
– Não, não. – se apressou em balançar a cabeça de um lado para o outro. – Eu busco não envolver os assuntos das nossas equipes quando estamos juntos... Já basta tudo o que Silverstone causou.
– É só você ser um pouco mais calma quando acontecer alguma coisa, como foi em Silverstone. Sabe, falar um pouco menos...
– Como se isso fosse possível. – balançou os ombros. – E outra que eu não vou mudar o meu jeito de lidar com as coisas para agradar o .
– Não é agradá-lo, mas manter as coisas um pouco mais leve entre vocês. – Louise suspirou. – Deus queria que não exista um outro embate como o de Silverstone nessa temporada...
sabe que eu sou assim, Lou. O que precisa acontecer é a gente aprender a lidar um com o outro mesmo em momentos de crise.
– É engraçado que você mal entrou em um relacionamento e já está falando em crise... – a ruiva soltou uma gargalhada, balançando a cabeça de um lado para o outro.
– Eu não estou em um relacionamento.
– Ainda não superou essa fase? – a ruiva rolou os olhos, afastando-se da amiga.
– Qual fase?
– A da negação. – riu fraco. – Eu aposto que não vai demorar muito para que vocês sejam um casal oficialmente... O já está cem por cento caidinho por você mesmo.
sentiu um arrepio percorrer a espinha com aquele pensamento. Ainda era difícil se imaginar vivendo um relacionamento com , mesmo que as duas semanas em Sicília tivessem sido quase que uma lua de mel. Eram duas coisas diferentes viajar da maneira como eles viajaram e, oficialmente, ter um relacionamento sério.
– Eu não vou ficar discutindo isso com você. – sorriu. – Mudando de assunto, Brooke vai se casar no fim de semana após o Grande Prêmio de Monza, é a semana que teremos livre. Você acha que consegue ir comigo até Bristol?
A ruiva mordeu o lábio inferior, sacando o celular do bolso para chegar sua agenda. Smith era realmente organizada quanto aos seus horários e possuía tudo devidamente marcado em sua agenda no celular, sempre com lembretes ativos para que não corresse o risco de se esquecer de alguma coisa.
– Fim de semana depois de Monza? – a ruiva fez uma leve careta ao observar a tela do celular. – Eu não consigo... A minha prima, que teve a despedida foi em Tulum, se casa nesse fim de semana também.
– Eu pensei que você poderia me ajudar a suportar Margarethe e a família . – a loira suspirou, correndo a mão pelo rosto. – Acho que eu terei que enfrentá-los sozinha...
– Por que você não convida o ?
A risada emitida por fez com que Louise risse fraco, mas sorrisse, competente com a ideia que tivera. Ele mal havia descoberto sobre o passado dela e agora teria que presenciar a sua família? "Pobre, ", pensou.
– Não sei se é uma das melhores ideias...
– Se vocês estão se relacionando e ele sabe sobre o seu antigo relacionamento, eu acho que ele pode ser uma boa companhia para você, Ali.
– Uma boa ideia tê-lo no meio da minha família, Louise? Tem certeza que você se lembra de como eles são complicados?
– Eu me refiro a te ajudar, te passar segurança. É óbvio que você se sente melhor quando está ao lado dele. – balançou os ombros. – Pense nisso.
A loira mordeu o lábio inferior antes de balançar a cabeça, absorvendo as palavras da amiga. Não conseguia descrever ainda como se sentia ao lado de , era claro que ele a fazia se sentir bem, mas era uma outra coisa levá-lo para um fim de semana com sua família.
Independente de estarem ou não em um relacionamento sério, ela sabia como era sua família. Conhecia bem os problemas que havia herdado e, se já havia sido difícil o suficiente se abrir quanto o seu casamento, seria pior ainda ter que estar no mesmo ambiente que a família .


Capítulo 16

estaria mentindo se dissesse que não havia passado a segunda-feira inteira pensando no jantar que teria com . Ela mentiria ainda mais se negasse que seu coração palpitava mais rápido todas as vezes que pensava que iria acontecer no encontro dos dois.
Havia se enfiado em trabalho assim que chegou em Londres. Ela havia optado por trabalhar de casa, mas ficou pensando tanto no que aconteceria a noite que se sentiu mal por não ter ido para a fábrica. Talvez estar presente para os preparativos para o Grande Prêmio da Holanda fosse capaz de tirar o austríaco de sua mente.
Ainda tinha o casamento de Brooke que também não saía de sua mente. Ainda faltavam algumas semanas para o fatídico fim de semana, mas ela já estava agoniada por saber que o que teria que enfrentar sozinha.
Já começava a planejar alguma desculpa que pudesse ser convincente o suficiente para que a irmã ficasse o menos chateada possível. Se havia algo que ela tinha aprendido com Dorothea era que sua saúde mental valia mais a pena do que ter Brooke brava por ela ter perdido aquele momento importante.
A loira suspirou ao terminar a maquiagem e encarou a própria figura no espelho. Levou uma das mãos ao coque que havia feito e soltou o cabelo, sorrindo ao ver as leves ondulações que haviam se formado em seus fios loiros que caíam em seus ombros.
decidiu que não pensaria no fim de semana em Bristol tão cedo. Ainda possuía três semanas pela frente para decidir o que faria de sua vida e optou por enfrentar um problema de cada vez.
O primeiro era um austríaco de um metro e noventa e dois que estava a caminho de seu apartamento para que os dois pudessem jantar juntos. Aquilo já era algo difícil demais para ela lidar, por mais que ele tivesse dito que as coisas iriam mudar devagar.
O seu corpo se arrepiava quando ela pensava na simples possibilidade de ter algo sério com . Já havia esclarecido em sua mente que ele não era igual ao seu ex-marido, mas ainda persistia o medo de uma relação.
O som da campainha fez com que ela desse um pequeno pulo. riu fraco, levantando-se da poltrona em que estava sentada e caminhou em direção à sala de estar de seu apartamento para que pudesse abrir a porta.
Sorriu de forma nasalada, surpresa ao encontrar a figura de segurando um buquê de rosas vermelhas em mãos. O austríaco usava uma paletó creme, blusa social branca e calças escuras.
... – ela tentou que o nome saísse em forma de repreensão, mas soou mais como se ela estivesse arfando, o que fez com que o sorriso presente no rosto do homem se alargasse mais.
– Boa noite, . – ele disse em seu inglês carregado de sotaque, esticando o braço para que o buquê ficasse próximo a ela. – Essas são para você... Para comemorar o nosso primeiro encontro oficialmente.
mordeu o lábio inferior enquanto seus olhos iam de encontro às irises castanhas de para o buquê que ele tinha em mãos já que ela não era acostumada àquilo. Era estranho... Definitivamente estranho, mas uma pequena parte dela pareceu gostar.
– Obrigada, . – sorriu, retirando o buquê das mãos dele e dando um passo para trás para que pudesse adentrar o apartamento.
– Eu achei que você iria jogar as flores em mim e me mandar para longe...
– Eu sou uma vadia sem coração, mas nem tanto, . – piscou na direção dele, girando o corpo para que pudesse fechar a porta. – Eu vou colocar as flores em um vaso com água; me dê um minuto... Fique a vontade.
O mais velho concordou com a cabeça, olhando ao redor do apartamento onde só estivera uma única vez. Soltou uma risada fraca ao encarar as janelas da sala de estar, que possuíam uma vista para a cidade, por se lembrar da noite após o Grande Prêmio de Silverstone.
Se fechasse os olhos, ainda conseguia se lembrar perfeitamente das sensações daquela noite. De como era ter em seus braços, ouvir suas palavras desconexas e sentir os seus beijos. Era incrível estar ao lado daquela mulher.
A atenção de foi chamada por um barulho um tanto quanto leve. Ele girou o pescoço, encontrando um Jack Russell Terrier se aproximando de forma apressada para farejá-lo e abanando o rabinho de forma frenética.
Sentou-se na ponta do sofá, esticando a mão para frente e viu o cachorro se esparramar no chão à espera do carinho. Uma risada fraca escapou pelos lábios do austríaco e ele iniciou uma série de carícias na barriga do cachorro enquanto o mesmo se remexia para demonstrar a alegria naquele momento.
parou próxima a ilha que separava a cozinha da sala de estar e cruzou os braços. A cena fez com que ela disse fraco, mas balançou a cabeça de um lado para o outro ao perceber que o homem também havia conquistado Ariel.
– Ariel é uma folgada. – murmurou, atraindo a atenção dos dois. Enquanto a encarou, Ariel se levantou do chão e correu em sua direção, pulando em suas pernas para pedir por carinho também.
– Eu não sabia que você tinha um cachorro. – ele disse, levantando-se do sofá e assistindo a loira fazer carinho entre as orelhas de Ariel. – Stephanie tinha um e, quando nos casamos, virou o cachorro da família... As crianças adoram o Bob.
– Ariel me faz companhia. – sorriu na direção da cadela que levantou as orelhas ao ouvir seu nome. – Cachorros são muito companheiros... Talvez você devesse ter outro.
– Com esse estilo de vida que a gente tem? – ele riu fraco. – Eu teria que fazer igual a Lewis e carregá-lo comigo para todas as corridas.
A loira riu fraco, balançando a cabeça porque já havia visto o piloto inglês várias vezes na companhia de Roscoe pelo paddock. Outras vezes também havia visto Angela, a fisioterapeuta de Hamilton, o levando para fazer exercícios.
– Nem me fale... Ariel fica com uma vizinha todas as vezes que eu viajo. – suspirou e estalou a língua no céu da boca. – Vamos?
O austríaco concordou com a cabeça e a loira se despediu de Ariel antes de pegar a bolsa que havia deixado sobre o sofá, seguindo ao lado de para fora de seu apartamento.
analisou a mulher a sua frente em silêncio enquanto os dois esperavam o elevador para que pudessem deixar o prédio. Para a ocasião, havia escolhido um vestido preto que possuía um decote entre seus seios e uma alça só, além de um fenda na perna.
A loira soltou uma risada fraca ao perceber a forma como a encarava e balançou a cabeça de um lado para o outro antes de entrar no elevador, assim que as portas de metal se abriram, e o homem se apressou para fazer o mesmo.
– Para onde nós vamos? – perguntou, curiosa e já cansada do silêncio instalado entre os dois enquanto o elevador se movimentava rumo ao térreo do prédio.
– Pensei em irmos a um dos meus favoritos, mas é um pouco longe... Cerca de uma hora e meia. – ele elevou um pouco as sobrancelhas, inclinando a cabeça para encará-la. – Há algum problema para você?
– Você realmente gosta de impressionar uma mulher. – a loira murmurou em meio a uma risada fraca, mas balançou os ombros. – Por mim, não há problema, .
– Eu realmente só quero impressionar uma mulher. – ele piscou, dando um passo na direção dela para romper a distância existente entre os dois e a envolvendo pela cintura. – Uma que está bem a minha frente, incrivelmente linda e que é uma das mais fortes que eu já conheci.
engoliu seco as palavras, tentando esconder o sorriso que surgiu em seus lábios e sua mente buscou alguma resposta ao nível daquele comentário, mas nem mesmo deu tempo para que ela o fizesse.
O austríaco selou os lábios nos dela em um beijo devagar e cuidadoso que ia aumentando gradativamente de acordo com os movimentos de suas mãos na nuca da loira. Parecia que ele nunca estava saciado de sentir o gosto de , aquele era o seu único e maior vício – e ele adora ser completamente viciado nela.
As portas do elevador se abriram e o painel apitou, indicando que havia chegado ao térreo, mas os dois nem mesmo repararam que aquilo havia acontecido. Estavam tão mergulhados em seu momento, aproveitando o sabor dos lábios um do outro que o mundo inteiro parecia não importar. Por alguns segundos, era como se estivessem em sua própria bolha de novo.
Afastaram-se lentamente e arregalou os olhos ao notar a figura de sua vizinha do lado de fora do elevador com um leve sorriso no rosto. Sorriu de volta, desculpando-se por ter atrapalhado a mais velha e, praticamente se arrastou para fora do elevador, sendo seguida de perto por .
– Sem problemas, . – Lilibeth sorriu de forma leve, fazendo com que suas bochechas se alargassem e encarou o casal por mais alguns segundos, não se importando nem mesmo com as portas do elevador se fechando atrás de si, indicando que teria que esperar mais um pouco. – É bom vê-la feliz, querida. Vocês formam um casal tão lindo...
– Lili, nós não...
– Obrigado, senhora. – sorriu de forma gentil para a idosa, não permitindo que continuasse a sua frase, fazendo com que ela tivesse vontade de rolar olhos na direção dele, mas não queria causar uma cena.
Despediram-se da mulher com um aceno antes de seguir para fora do prédio em direção a Mercedes de que estava devidamente estacionada próximo ao meio fio. O austríaco se apressou para que pudesse abrir a porta do carro para que pudesse entrar e ela sorriu em agradecimento, embora achasse aquele cavalheirismo todo um tanto quanto desnecessário.


XXX



– Nós estamos em Oxford? – questionou quando percebeu uma placa com o nome da cidade passar e se mexeu no banco do carona, observando o homem ao volante que balançou a cabeça em sinal de afirmação. – Você me trouxe de Londres à Oxford para um jantar e depois vai me levar para Londres de novo? – riu, desacreditada, e novamente recebeu um aceno positivo em resposta. – Uau, você quer mesmo me impressionar, .
– Eu não quero só te impressionar, Lina. – murmurou em meio a uma risada fraca. – Eu quero que você se sinta segura ao meu lado, assim como se sentiu segura quando estavámos em Sícilia.
Foi a vez da loira concordar com a cabeça, mas de forma lenta. Sempre teve em sua mente que, no primeiro instante que soubesse um pouco sobre o seu passado, correria para o mais longe possível, mas ele havia se mostrado diferente desde o início e, inconscientemente, isso a fazia gostar mais da companhia dele.
Não havia nenhuma pressa no que os dois viviam, não havia nenhuma pressa para que ela se abrisse ou aceitasse se relacionar com ele. era um homem, além de carinhoso, cuidadoso e preocupado com ela – o que jamais havia tido.
– Eu já estive em Oxford algumas vezes, mas não conheço muito. – balançou os ombros. – Para qual restaurante estamos indo?
– Nenhum.
uniu as sobrancelhas ao ouvir a resposta e girou o pescoço para que pudesse encará-lo, a fim de entender o que aquilo significava. "Que brincadeira era aquela?", pensou ao analisar a face do austríaco que tinha um sorriso leve nos lábios.
...
– Estamos indo para a minha casa.
A risada surpresa que escapou dos lábios dela, fez com que o chefe da Mercedes girasse a cabeça de forma rápida para observá-la.
– O que foi? – perguntou, preocupado caso ela achasse que era uma ideia ruim.
– É sério?
– É. – ele riu. – Eu entendo que nós temos que nos manter mais reservados e achei que a melhor forma de te levar para um jantar seria na minha casa. – deu os ombros. – Além do que, você pode conhecer um pouco mais de mim e vice-versa.
A loira comprimiu os lábios, não expressando nenhum comentário porque não passou nenhum por sua cabeça naquele momento. Ainda achava curioso como se preocupava em atender aos pedidos dela, como não querer ser vista ao seu lado em razão dos seus receios de como isso soaria diante da imprensa.
balançou a cabeça para afastar os arrepios que percorreram seu corpo ao notar o sorriso que lançava em sua direção.
– Você não gostou?
– Pelo contrário... Estou surpresa que você tenha se atentado tanto aos detalhes. – riu, percebendo que o carro estava parado e, olhou para frente, notando que um enorme portão de metal preto se abria.
– Se os detalhes são importantes para você, eu me atento a eles. – sorriu mais uma vez. – Tudo que eu quero é que você se sinta confortável ao meu lado, Lina. E, se eu posso não medir esforços para ter isso, eu irei fazê-lo.
suspirou, mais uma vez balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto sentia o coração bater de uma forma mais acelerada que o normal.
Não era acostumada a ser tratada daquela maneira, especialmente quando se tratava de relacionamentos. Jamais teve alguém que estivesse disposto a fazer de tudo para estar perto dela ou para fazê-la feliz.
Uma lágrima solitária escapou de seus olhos, escorrendo por sua bochecha e ela esfregou o dorso da mão pelo local enquanto fechava os olhos por alguns segundos.
– Eu... Eu não acho que eu mereço isso. – riu sem humor, abrindo os olhos e se assustando um pouco ao perceber que o mais velho a encarava. – Droga, , eu te disse que eu não sei fazer isso! Eu não consigo... – começou a sentir que o ar lhe faltava e balançou as mãos, agitando-se sobre o banco de couro do carro. – Eu sei que eu vou soar como uma vadia sem coração porque você se esforçou para isso, mas eu não me sinto bem assim... Eu nunca vivi isso.
– Já é a segunda vez esta noite que você diz que é uma vadia sem coração. – pontuou, encarando a loira com seus olhos castanhos profundos. – Eu não te vejo assim e acho que nem você deveria se ver dessa forma, Lina. Claramente há um coração em você, mas você o tem de uma forma tão machucada que acredita que qualquer um que se aproximar vai repetir os mesmos erros que o seu ex-marido.
fez uma breve pausa, mantendo o olhar fixo na mulher enquanto ela fechava novamente os olhos para não encará-lo enquanto as lágrimas voltavam a escorrer por suas bochechas outra vez.
– Eu não posso dizer que eu nunca vou errar porque todos nós erramos em algum momento da vida. Ninguém é perfeito. – riu fraco. – Mas eu vou tentar não te magoar e nem te machucar, Lina.
O silêncio se instalou no carro por alguns minutos até que estivesse totalmente recuperada. Ela voltou a encarar o austríaco que passou as mãos em suas bochechas para ajudar a secar o local e sorriu fraco em sua direção.
– Eu te disse que eu tenho um passado fodido. – ela riu sem humor. – Ter momentos, como esse aqui, de casal, me assustam. Pensar na minha família, me assusta muito. Eu não quero transformar todos os momentos que a gente tiver fora de um fim de semana de corrida em algo melancólico, mas eu ainda não consigo me entregar cem por cento para o que você quer. – ela fez uma breve pausa, olhando para os próprios dedos e sorriu de forma genuína. – Eu quero muito, mas ainda não consigo.
– Eu entendo. – sorriu de forma larga com a esperança que lhe foi dada a partir da última frase e se ajeitou no banco. – Eu estou disposto a seguir com você, saiba disso, . Você não vai me escapar.
soltou uma risada nasalada, balançando a cabeça de um lado para o outro mais uma vez e o homem franziu o cenho, curioso por aquela reação dela.
– Isso não teve nenhum cunho sexual, mas serviu para me deixar excitada. – mordeu o lábio inferior para o puro deleite do austríaco.
– Ótimo porque eu poderei ter você no lugar em que eu sempre sonhei...
A inglesa não teve tempo de perguntar qual era o lugar porque o austríaco já havia aberto a porta do carro e saído. Riu sozinha dentro do veículo, já que nem havia se dado conta que estavam na garagem da casa dele e por não ter recebido uma resposta como esperava.
caminhou sorridente ao redor do carro, levando a mão para o puxador e abrindo a porta do carona para que Lina pudesse deixar o veículo.
– Qual é esse lugar? – indagou de forma curiosa, enquanto o austríaco girava o seu corpo, posicionando-se atrás dela.
– Por que não conhecemos a minha casa antes?
sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem com o comentário, mas se permitiu ser guiado por por toda a casa — que não era nada pequena.
A residência possuía uma decoração mais moderna e era milimetricamente arrumada, o que acabou sendo uma surpresa para a loira porque não era o que ela esperava de um homem que vivia sozinho.
mostrou alguns dos cômodos da casa e até explicou sobre algumas peças de decoração que haviam em cada um. Era um pouco incrível como ele possuía uma história para cada peça e como ele conseguia falar de uma maneira apaixonada sobre arte.
Enquanto ele abria uma garrafa de vinho que havia revelado ser uma que comprou em uma visita à Taormina no ano anterior, caminhou pela sala de estar com os olhos focados nos portas-retratos que ficavam em um móvel na lateral junto com capacetes de Fórmula 1 — alguns ela conseguiu reconhecer de primeira, mas outros eram mais difíceis.
– Essa ao meio é a Birgit, a esposa do Niki. – disse enquanto se aproximava de ao notar que ela estava observando uma das fotografias. – Foi tirada em uma das férias de verão. Eu fui passar alguns dias em Sicília e ele, simplesmente, pegou o barco dele e apareceu no hotel em que eu estava hospedado. Me ligou uma centena de vezes até que eu acordasse e descesse para tomar café da manhã com ele. – estendeu a taça que tinha em mãos na direção de loira.
A loira riu da história, percebendo a forma saudosa que falava sobre o amigo. Deu um gole em seu vinho e voltou a encarar o homem.
– Niki parecia ser uma figura e tanto...
– Ele era. – riu. – Sempre foi, na verdade. Se você pensar em uma pessoa sem filtro dentro do universo da Fórmula 1, você pensa nele.
– Eu tive pouco contato com ele... – confessou. – Fui corajosa o suficiente para pedir uma foto a ele quando eu ainda era engenheira na Red Bull, mas não quis me estender muito para não tomar muito o tempo dele.
– Ele teria adorado conhecer você. – murmurou com um sorriso no rosto antes de beber mais um gole do vinho. – Não sei se gostaria de você como engenheira, mas vendo você como chefe da Red Bull, certamente o faria gostar de você. Ele iria adorar ver a forma como você fala com a imprensa sobre a Mercedes ou sobre mim. – balançou os ombros. – Causaria boas risadas a ele.
– Eu adoraria tê-lo conhecido também. – sorriu na direção de .
Sua atenção, então, retornou para as fotos e ela sorriu ao ver algumas fotos de com Benedict e Rosa. Em uma delas, as crianças usavam blusas com o número seis na frente e estavam de mãos dadas com o pai, parecendo estar no paddock.
A loira riu ao notar a semelhança que o mais velho possuía com o . Os mesmos traços no rosto, os mesmos narizes e bocas. A única coisa que os diferenciava demais eram os cabelos: enquanto os de eram escuros, os de Benedict possuíam um tom castanho bem mais claro.
Rosa também tinha sua semelhança com o pai, mas, sem dúvida, havia puxado muito mais da mãe. Em um dos retratos que haviam ali dava para notar com quem cada um dos pequenos s se pareciam.
– Essa foto foi tirada no casamento da Ste com o Ärhus. – comentou. – Eu fui padrinho.
– Você e Stephanie parecem ter uma boa relação...
– Temos. – sorriu, dando um breve gole em sua bebida alcoólica. – Foi melhorando depois do nosso divórcio. Eu digo que nós somos mais próximos hoje do que quando éramos casados.
riu, concordando com a cabeça e levou sua taça aos lábios, sorrindo fraco ao provar o delicioso sabor do vinho. Era incrível como ela amava essa bebida.
– Esse vinho é realmente divino... – murmurou, soltando uma risada fraca e olhando para uma nova foto, dessa vez uma em que estava ao lado de Niki Lauda e uma mulher de cabelos pretos. Os três se abraçavam pelos ombros e sorriam para quem estava tirando a foto.
– Stephanie está louca para conhecer você.
girou sobre os próprios calcanhares para olhar para o austríaco que soltou uma risada divertida ao ver a expressão que ela possuía no rosto.
– Ela sabe sobre nós?
– Sim... Ste ainda me conhece o suficiente para saber o que eu mais tento esconder. – riu fraco. – Mas ela ficou sabendo há pouco tempo, não se preocupe.
– O que ela acha? – questionou, curiosa, bebendo um pouco mais do vinho e se sentando no sofá da sala de estar.
– Ela não sabe que você é a chefe da Red Bull, mas sabe que você é do meio do automobilismo. Então, ela não acha muita coisa. – balançou os ombros. – Só quer conhecer você.
arregalou os olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro. Não achava estranho a relação que tinha com a ex-esposa, era o tipo de relação que ela queria que os pais tivessem quando era pequena para que pudesse ter tido uma infância mais tranquila.
A lembrança fez com que a loira comprimisse os lábios, tentando afastá-la de sua mente para que não estragasse o clima bom que estava no ambiente.
– Aliás, não só ela... – falou de forma animada em meio a uma risada. – Rosa também quis saber porque a minha namorada não quis entrar no dia em que esteve na porta da nossa casa na Áustria. – ele arqueou as sobrancelhas na direção da loira e soltou gargalhadas ao vê-la virar o restante do vinho de uma vez só após a sua fala.
Podia sentir os mais diversos arrepios percorrendo o seu corpo com a ideia de conhecer não só a ex-esposa, mas também os filhos de . Nunca havia se dado muito bem com a família de seu ex e o seu medo era que todos a detestassem — já que ela não poderia ser considerada a melhor pessoa para se manter relações.
suspirou, movimentando a taça entre os dedos antes de encarar mais uma vez. Ele ainda tinha uma sorriso divertido no rosto, embora entendesse um pouco dos sentimentos de em relação àquele assunto.
Aproximou-se dela e se curvou para que pudesse pegar a taça vazia de suas mãos antes de depositar um beijo demorado em sua testa.
– Mas tudo no seu tempo, não se preocupe.
Ela sorriu, concordando com a cabeça e conseguiu, finalmente, respirar corretamente outra vez enquanto o austríaco retornava à cozinha para encher a taça de vinho da loira, deixando uma ainda nervosa, mas curiosa para saber o que os mais próximos a pensavam sobre ela.


XXX



Grande Prêmio da Holanda.

A Holanda estava parecendo mais uma corrida em casa para a Red Bull Racing é isso era graças ao fato de Matt Hakvoort ser holandês. Além disso, o piloto estava liderando o Campeonato de Pilotos e isso fazia com que toda a torcida e idolatria fosse ainda maior.
Por todo canto do país, especialmente mais próximo do Circuito de Zandvoort, possuía o número 33, imagens de Matt e muitas coisas em tons laranja.
já estava exausta de ouvir a musica Super Matt naquele fim de semana e, ainda que estivesse feliz por toda aquela recepção para a sua equipe, estava preocupada. Estavam voltando das férias e, depois do fracasso que havia sido a corrida da Bélgica, ela ainda não sabia como seria o ritmo da equipe para a Holanda.
Para a tranquilidade da chefe da equipe, os dois primeiros treinos livres mostraram que tanto Hakvoort quanto Pérez estavam com um bom ritmo e que seria possível brigar pelos primeiros lugares tanto no classificatório quanto na corrida no domingo.
Retirou os fones de ouvido quando o FP2 terminou e os deixou sobre a bancada da pitwall, despedindo-se de seus companheiros para que pudesse ir até a cafeteria do paddock para buscar uma boa dose de cafeína antes da reunião que a equipe teria.
A loira passava os olhos pelo local e balançou a cabeça de um lado para o outro ao encontrar Louise e Valtteri conversando. Soltou uma risada fraca, aproximando-se do balcão e pediu um expresso duplo antes de se sentar em uma das mesas disponíveis no local, longe de onde a ruiva estava com o finlandês.
Retirou o celular do bolso, acessando as redes sociais para que pudesse se distrair um pouco dos números que rondavam a sua mente referente aos treinos livres.
– Parece que nós não somos os únicos...
nem mesmo precisou retirar os olhos da tela de seu celular para saber quem havia se aproximado, mas o fez apenas para o seu bel-prazer, encontrando parado próximo a sua mesa com as duas mãos na cintura e o olhar para a mesa onde a chefe da comunicação da Red Bull conversava com o piloto da Mercedes.
– Louise e Bottas? – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Eu não teria tanta certeza quanto a isso.
– Não? – uniu as sobrancelhas, virando-se para encarar a loira que tinha uma expressão divertida no rosto. – Eu já os vi juntos algumas vezes no paddock em outras corridas... Achei que fosse sério.
– A Lou está... – estalou a língua no céu da boca, buscando uma palavra e soltou uma risada antes mesmo de proferi-la. – aproveitando o melhor dos dois mundos.
– O melhor dos dois mundos? – o austríaco puxou uma das cadeiras, sentando-se de forma confortável e encarou a loira com uma expressão curiosa.
– Red Bull e Mercedes. – balançou os ombros e a garçonete se aproximou para entregar o pedido de que sorriu como forma de agradecimento. – Mas eu não vou falar mais sobre isso.
O austríaco balançou a cabeça, entendo a decisão dela antes de soltar uma risada fraca enquanto a inglesa dava um gole em seu café, sem retirar os olhos dele.
– Você quer falar algo comigo? – indagou, curiosa.
O homem olhou ao redor antes de focar os seus olhos castanhos nos azuis da mulher outra vez.
– Eu senti sua falta. – piscou o olho na direção dela. – Eu te vi passar em direção a cafeteria e vim falar com você.
– Você sabe que vai acabar atraindo a atenção das pessoas, não é? – suspirou. – A gente não pode começar a temporada se odiando, trocando farpas e estar aqui tendo uma conversa como essa.
– Por que não? – cruzou os braços. – Nós somos rivais, mas eu não odeio você, ... Jamais poderia odiar.
– Porque isso vai chamar a atenção das pessoas, . – recolocou a xícara sobre a mesa. – Eu não duvido que eles comecem a criar uma série de especulações por verem a gente assim, nesse clima amistoso.
O chefe da Mercedes soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro. Ele não concordava com aquela teoria e estava pouco se importando com o que as pessoas pudessem falar sobre ele e .
Porém, ele sabia o quanto a mulher se importava com aquilo e como ela queria ser reconhecida por seu trabalho. Não era capaz de gerar um conflito porque ele queria seguir o que ela achava que era melhor para a carreira dela.
– O que você sugere que a gente faça, então?
– Eu não quero que a gente ande de mãos dadas pelo paddock ou que você fique me seguindo porque está com saudade... Pelo menos, não com tanta frequência. – riu de forma nasalada. – Olha o que a gente fez na Bélgica! Isso não pode se repetir. A gente tem que ser mais cuidadoso.
– Tudo bem, tudo bem. – ele sorriu, erguendo as mãos em sinal de rendição. – Eu te vejo hoje à noite, então?
– Esperarei a sua mensagem. – piscou, fazendo com que ele risse antes de se levantar da cadeira e seguir para fora da cafeteria.
riu sozinha, balançando a cabeça de um lado para o outro e levou a xícara de café aos lábios mais uma vez, olhando para o local por onde o austríaco havia acabado de sair.
Não queria admitir para si mesma que sentia falta dele também, mas sabia que os dois ainda tinham que conseguir diferenciar o trabalho da vida pessoal.
A foto que ela havia publicado com a camisa da Mercedes e os rumores sobre um envolvimento seu com Lewis Hamilton já eram o suficiente para mostrar para ela que seus medos quanto a assumir uma relação com ainda eram muito relevantes.
Ainda precisava ser e levar a Red Bull ao topo.


XXX



, mais um início de fim de semana muito bom para a Red Bull: Matt na pole position e Sergio em terceiro. As expectativas continuam alta, não é? – Will Buxton encarou a loira que balançou a cabeça de forma positiva.
– Sim, ficamos felizes de termos voltado com um bom ritmo, já que a corrida da Bélgica não pode nos mostrar muito. – riu fraco. – Mas, ainda temos que ter os pés no chão porque o que importa mesmo são os títulos ao final da temporada.
– Matt está em uma crescente perfeita e o Sergio parece ainda não ter ser firmado, mas teve o contrato renovado. Isso mostra que vocês estão satisfeitos?
– Estamos satisfeitos com os pilotos que temos, ainda que não muito satisfeitos com os resultados do Sergio. Acreditamos que ele tem um potencial grande e que irá, junto com a Red Bull, crescer bastante e será importante para os construtores esse ano.
– Nós vimos hoje você e , chefe da Mercedes, em um momento aparentemente um pouco amistoso... Os nervos estão mais calmos após o acontecido em Silverstone?
teve vontade de rolar os olhos com a pergunta, mas preferiu manter o sorriso no rosto e responder, da maneira mais educada que podia.
– Acho que as férias foram capazes de acalmar os ânimos de todos. – soltou uma risada fraca. – Nós queremos apenas que continue sendo uma disputa limpa, como estava sendo até Silverstone. Ainda que o nosso recurso não tenha sido aceito pelos comissários, a Red Bull mantém o seu pensamento que não foi um simples incidente de corrida e que a punição recebida pelo Hamilton foi pouca. Porém, estamos focados na corrida deste fim de semana e queremos alcançar o nosso objetivo ao fim dessa temporada.
– E nós adoramos uma boa disputa. – Buxton soltou uma risada fraca. – Obrigado pela entrevista, , e boa sorte.
A loira sorriu, acenando em despedida e se afastou do microfone da F1TV, seguindo na direção de Louise que segurava dois celulares em mãos.
– Bom, parece que o que aconteceu nas férias ficou nas férias, não é mesmo? – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro e uniu as sobrancelhas, virando o rosto na direção da ruiva.
– O que isso significa?
– Você voltou a provocar o . – explicou. – Falou sobre Silverstone, reafirmou o seu pensamento...
– Não é porque eu me desculpei por ter me excedido nas minhas falas que o meu pensamento mudou, Louise. – sorriu. – E nem porque eu estou me relacionando com o que...
– Então, agora é uma relação? – Smith arqueou as sobrancelhas, encarando a amiga com um sorriso largo nos lábios. – O que aconteceu da última semana para hoje?
soltou um longo suspiro, esfregando as duas mãos pelo rosto antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.
– Será que você pode parar com isso? – suplicou. – Eu estou cansada dessa cobrança de falar que eu estou em uma relação ou não com o .
Louise abriu a boca para responder, mas a chefe da Red Bull nem mesmo lhe deu tempo para falar nada, já que saiu andando em passos largos e bem duros em direção a hospitalidade da equipe austríaca.
A ruiva optou por não segui-la, acreditando que seria melhor que ela tivesse seu momento sozinha. Depois as duas conversariam e Louise mostraria que só queria — e torcia — pelo bem e a felicidade da loira.
soltou o ar pesadamente assim que entrou em sua sala. Bateu a porta com um pouco mais de força que o necessário e se encostou na mesma, fechando os olhos por alguns segundos, já sentindo o coração bater mais forte e a respiração se acelerar.
A loira iniciou a série de respirações que Dorothea havia lhe ensinado. Puxava o ar, inspirando o máximo que conseguia, e o soltou de forma mais lenta, mantendo os seus olhos fechados para que pudesse se concentrar totalmente em se acalmar.
Sabia que a amiga não fazia por mal, mas sentia-se pressionada por tanta cobrança para aceitar uma relação com . Ainda estava, aos poucos, lutando para vencer os seus próprios medos, para que pudesse se entregar cem por cento ao que sentia.
Abriu os olhos, encarando a própria mesa e optou pro recolher as suas coisas. Enviou uma mensagem para Louise para avisar que estava indo para o hotel e que não se sentia bem para participar da reunião da equipe, pedindo para que ela avisasse aos outros antes de deixar a hospitalidade para ter umas horas para esvaziar a própria mente.
A primeira coisa que fez assim que chegou ao quarto em que estava hospedada foi desligar o seu celular. Não queria que ninguém interrompesse o seu descanso ou seria capaz de descontar toda os seus problemas na primeira pessoa que aparecesse a sua frente.
Depois, retirou suas roupas e caminhou para o banheiro para que pudesse tomar um longo banho. Daqueles capazes de deixar as mãos enrugadas, mas que servissem para praticamente lhe dar uma nova vida.
Se estivesse em casa, abriria uma garrafa de vinho e aproveitaria a sua própria companhia. Porém, não estava e nem queria ter que esperar o serviço de quarto. Por isso, se contentou com uma água mesmo e atirou o corpo na cama, de roupão, fechando os olhos por alguns longos minutos.
Sua mente parecia querer entrar em combustão de tantos pensamentos que a rondavam. Era o maldito fim de semana do casamento de Brooke que se aproximava, seu envolvimento com , o trabalho e as frases de Louise. Tudo isso se misturava e ela não sabia o que fazer.
Nem mesmo percebeu quando o cansaço tomou conta de si e sua mente pode, finalmente, descansar quando foi desligada.


XXX



se surpreendeu ao sair do banho e não encontrar em sua cama, como geralmente acontecia. O austríaco caminhou até a mesa ao lado da cama e buscou o celular para saber se havia algo de errado com a mulher.
Ele se lembrava das palavras dela mais cedo e entendia bem que ela queria manter a sua identidade como chefe de equipe, não se importando em ter que ficar se encontrando com ela em sigilo.
Os seus problemas eram somente as regras que a relação tinha. Quando elas caíssem por terra e assumisse seus sentimentos para que os dois pudessem entrar em uma relação séria, ele ficaria aliviado.
Suspirou ao perceber que a loira não entrava no aplicativo de mensagens há mais de uma hora e se questionou se deveria procurá-la. Riu ao se lembrar que da última vez que foi atrás dela, a encontrou em um jantar com Michael Italiano.
Levou uma das mãos aos próprios cabelos e inclinou a cabeça, sentindo o ciúme lhe atingir de uma forma rápida apenas por pensar naquela possibilidade.
decidiu que a procuraria, mas dessa vez não cobraria ao funcionário do hotel o quarto de . Ele aproveitou que havia salvado o número de Louise, quando ela ligou para tratar da foto que a loira havia publicado, e enviou uma mensagem para a chefe de comunicação da Red Bull.
Esperou de forma não tão paciente por uma resposta da mesma, mas sorriu contente quando chegou. Rapidamente, se levantou para deixar o próprio quarto em direção ao décimo nono andar para que pudesse encontrar .
O elevador pareceu demorar uma eternidade para chegar ao andar, mas quando chegou, o austríaco quase saiu correndo. Era difícil para ele disfarçar que estava no corredor do andar onde a equipe rival estava hospedada, então apenas torceu para que não encontrasse ninguém no caminho.
Parou em frente à porta do quarto de , batendo algumas vezes na madeira. Não podia chamar a atenção de ninguém porque todos se perguntariam a razão do chefe da Mercedes estar batendo na porta do quarto da chefe da Red Bull tão tarde da noite.
Então, teve que esperar por uma resposta da loira e seu coração ficava na mão a cada segundo que se passava sem uma resposta dela.
Será que estava no restaurante de novo?
Ou havia saído?
Ainda estava no paddock?
suspirou. Pegou o celular para enviar uma nova mensagem para Louise quando ouviu um barulho e levantou o olhar para a porta no exato momento em que a figura de surgiu a sua frente.
– Está tudo bem? – indagou, curioso e preocupado ao notar a face um pouco inchada da mulher.
– Eu acabei adormecendo. – murmurou em meio a uma risada fraca, dando espaço para que ele entrasse em seu quarto. – Me desculpe ter feito você vir até aqui.
– Você não me respondeu, eu fiquei preocupado. – ele confessou. – Está cansada?
– Mentalmente cansada. – fechou a porta, caminhando para dentro do quarto e se sentou na cama, sendo observada por . – Cansada das cobranças.
– Marko? – chutou o nome do consultor da equipe austríaca e recebeu um aceno negativo em resposta, que serviu para deixá-lo surpreso.
mordeu o lábio inferior, contendo a vontade de soltar um suspiro, mas não conseguindo segurar as lágrimas. Abaixou a cabeça, encarando os próprios pés em uma tentativa de esconder as lágrimas que escorriam por suas bochechas.
franziu as sobrancelhas ao vê-la abaixar o rosto e se aproximou um pouco da cama, sentindo o coração apertar ao ver a loira chorando. Não queria pressioná-la e optou por fazer o mesmo que fez quando ela se abriu com ele nas férias: se sentou próximo e se manteve em silêncio.
Dessa vez, no entanto, segurou as mãos de e acariciou o dorso da mão com o seu polegar, aguardando se ela iria ou não compartilhar o que estava sentindo com ele. E, mesmo que não fosse, ele só queria mostrar que estava ali para ela.
suspirou em meio às lágrimas, retirando uma das mãos do aperto de para passar pelas maçãs do rosto e secar o local.
, eu te disse nas férias que eu não sou uma pessoa fácil... Você está buscando algo que eu não sei se eu posso dar. Eu não sei se eu vou conseguir me relacionar com você da maneira que você espera e tanto deseja. – soltou o ar de forma mais pesada. – Eu tenho medo disso. Eu tenho medo de libertar esse sentimento que existe dentro de mim e de perder a minha identidade.
– Lina... – foi a vez do austríaco respirar fundo para ordenar os pensamentos. – Eu não quero te forçar a nada. Ainda que você não queira se relacionar sério comigo, eu quero continuar me mantendo próximo de você... Eu sinto uma conexão com você e tenho sentimentos por você que eu jamais tive com nenhuma outra mulher. – sorriu fraco. – Eu sei que isso talvez seja o que você menos queira ouvir nesse momento, mas eu estou completamente apaixonado por você, . Você é a primeira coisa a passar nos meus pensamentos quando eu acordo e a última quando eu vou dormir. Constantemente eu vejo alguma coisa e penso em você ou me pergunto como seria se você estivesse comigo em alguma situação. – ele soltou o ar. – Eu não quero fazer com você perca a sua identidade. Se você se sentir melhor e mais segura sendo a no paddock, eu me sinto bem com isso, desde que, ao final do dia, você e eu estejamos juntos como um casal de verdade. Juntos em todas as ocasiões, juntos mesmo depois de falarmos besteiras na imprensa... Juntos de verdade.
O aperto de em sua mão fez com que ela erguesse o olhar para encará-lo quando ele pareceu finalizar o discurso e pensou que aquele leve movimento era uma forma de chamar a sua atenção para falar algo.
Comprimiu os lábios em total dúvida. Seu coração lhe dizia uma coisa, mas sua mente lhe dizia outra completamente diferente e era uma batalha nada perfeita.
– Eu amo você, .
Os olhos se arregalaram em um total choque ao ouvir a frase com todas as letras e seu peito pareceu bater de uma forma descomunal. Ela se questionou se estava infartando ou se era apenas o órgão que ela tanto renegava querendo se manifestar naquele momento para que ela pudesse ouvi-lo.
Fechou os olhos, contando até dez e respirando fundo algumas vezes.
Ele a amava.
estava bem a sua frente dizendo, com todas as letras, que a ama.
Seu peito dizia que ela deveria soltar o que estava em sua garganta. Batia de forma descompassada e queria que ela se manifestasse para aceitar o amor genuíno que recebia, mas sua mente ainda era mais forte e lhe dizia o contrário.
Era estranho ter aquela batalha tão aflorado dentro de si e ela precisou se lembrar das palavras de Dorothea. Precisou pensar que não era o seu ex-marido e jamais demonstrou que a machucaria.
Era bem a sua frente.
O seu coração batia acelerado daquela forma porque era ele e mais ninguém.
– Eu... Eu não sei se eu consigo.
– Não consegue o que?
– Me relacionar e me entregar dessa maneira que você espera.
– Como você sabe o que eu espero? – sorriu de ladino, arqueando uma sobrancelha.
– Você acabou de dizer que me ama, . Acho que você não espera menos do que isso... – ela balançou os ombros. – E eu não sei se eu posso te dar isso.
– Eu aceito o que você quiser me dar, . Eu já te disse isso. – ele piscou o olho na direção dela. – Se você não consegue dizer que me ama nesse momento ou não se sente preparada para fazer isso, por mim, tudo bem. O que eu mais quero é que as regras do nosso acordo caiam por terra. Eu quero poder te encontrar durante a semana, te levar para jantar em um dos meus restaurantes favoritos, te levar para a Áustria para aproveitar um dia com a minha família ou, simplesmente, ter você comigo na volta para a Inglaterra depois de um Grande Prêmio do outro lado do mundo. Se você não quiser rotular isso como um namoro, se essa palavra te assusta, eu aceito viver sem um rótulo, mas desde que seja sem regras.
suspirou, encarando as irises azuis da loira que tinham um brilho diferente, jamais visto por ele. Ela já não parecia tão mais nervosa quanto antes, mas parecia estar absorvendo cada uma de suas palavras, entendendo o que ele queria.
– Porque, você não sabe o quanto me dói, Lina, ter um convite para jantar recusado ou ficar longe de você. Eu já me acostumei a ideia de não entrar no paddock ao seu lado, de não poder caminhar de mãos dadas com você por lá, mas eu não consigo me costumar com a ideia de ficar longe de você e...
O discurso de foi interrompido de maneira abrupta. havia rompido a curta distância existente entre os dois e unido os lábios nos dele em um beijo apressado e desajeitado.
Suas mãos o abraçaram pelo pescoço, enquanto ela se ajustava sobe o colo de e o austríaco contornava a cintura dela com os braços.
O beijo se tornava cada vez mais envolvente. Os dois estavam em seu próprio universo, aproveitando o gosto de cada um e se misturando cada vez mais.
Lentamente, as mãos de escorregaram para dentro do roupão que usava e tocaram os seus seios de forma leve, os apertando devagar e fazendo com que a mulher apertasse os olhos.
O nó da cintura de seu roupão se desfez depressa e ela levantou um pouco do colo do austríaco para que pudesse atirar a peça o mais longe que podia, ficando completamente nua.
Não mentiria ao dizer que adorava a conexão que os dois possuíam, a forma como estar nua na frente dele não era algo vergonhoso porque não só a respeitava como mulher, mas também a venerava. Era incrível como os olhos dele brilhavam quando desciam por todo o seu corpo e ela adorava saber a sensação que causava nele — porque era a mesma que ela sentia quando o via nu.
levou as mãos para a barra da blusa que usava, puxando a peça para cima e se desfazendo dela como se fosse algo descartável. Ela retornou ao colo dele, sendo puxada pela nuca para um novo e envolvente beijo.
Dessa vez, não havia pressa. As carícias eram mais demoradas, mas ainda precisas e se estendiam por quanto tempo julgassem necessário. Era muito diferente das outra vezes, tinha o sentimento que ela ainda não se sentia pronta para dizer em voz alta.
Lentamente, rompeu o beijo e empurrou o corpo de para trás, fazendo com que ela caísse sobre a cama em meio a uma risada divertida. O austríaco se arrumou, ficando sobre ela para que pudesse distribuir beijos por todo o seu colo, gastando alguns longos minutos em seus seios.
fechou os olhos, levando as mãos para o couro cabeludo de e o puxando com força quando ele mordiscou o bico de seu seio, curvando as costas em puro prazer e rebolando o quadril sobre o membro dele.
Aos poucos, descia uma trilha de beijos pelo corpo da mulher seguindo até a intimidade dela. Ele afastou suas pernas, abrindo-a para ele e sorriu em antecipação antes de depositar um beijo no púbis da loira.
gemeu alto com o primeiro contato. As suas costas se arquearam com os movimentos circulares da língua de sobre seu clítoris. Por a conhecer bastante, ele sabia exatamente como fazer para que ela fosse a loucura e nem escondia que esse era o seu desejo.
A loira gemeu alto quando sentiu dois dedos serem introduzidos em sua intimidade e agarrou o cabelo do homem como uma forma de descontar aquelas sensações absurdas que tomavam conta do seu corpo.
Os dedos de se curvaram e ela sentiu todo o corpo tremer, arqueando ainda mais as costas e atingindo o próprio ápice. Fechou os olhos com força, aproveitando os segundos que aquelas sensações dominavam o seu corpo e mordeu o lábio inferior ao sentir se afastar de seu corpo.
Estava pronta para abrir os olhos e reclamar, quando sentiu os lábios dele sendo pressionado aos seus em um novo beijo. Se envolveu mais uma vez, não se importando com nada mais que não fosse estar nos braços do austríaco e aproveitar aquele momento diferenciado que eles estavam vivendo.
abaixou a calça de moletom que usava o suficiente para que seu membro ficasse livre e abriu os olhos, vendo completamente perdida com seus olhos fechados.
Sorriu fraco, analisando a forma como ela reagia enquanto ele passava lentamente a cabeça de seu membro pela entrada dela e depositou um beijo leve em seu queixo antes de pedir:
– Abra os olhos, Lina.
Atendendo ao pedido, ela abriu e se conectou com a imensidão castanha a sua frente, sentindo como ele entrava em si de forma lenta e tortuosa. Os seus olhos não deixaram os dele e, quando estava por completo dentro dela, um sorriso mínimo surgiu nos lábios de .
Ele poderia fazer aquilo para sempre.
Começou a se movimentar devagar porque toda atmosfera que havia ali pedia por aquilo, mas uniu as pernas ao redor da cintura dele, o forçando a se afundar mais dentro dela e o austríaco entendeu perfeitamente como ela queria.
começou a se movimentar com um pouco mais de força, afundando-se por completo dentro de e se retirando o máximo que podia. As mãos dela estavam em seus ombros e os gemidos ecoavam pela boca de ambos, completamente absortos ao que estavam fazendo.
Ele ergueu um pouco o corpo, acelerando ainda mais os movimentos e colocou as mãos sobre as de , de cada lado do corpo da loira, ainda mantendo o contato visual com ela. Se recusava a quebrá-lo, a recusava a perder qualquer expressão dela.
Os movimentos de seu quadril foram ficando cada vez mais desleixados. Ele já sentia seu abdômen se contraindo e formigando, o que demonstrava que não iria durar muito e levou os lábios aos de outra vez.
O beijo não foi dos melhores. Por causa da movimentação de seus corpos e das respirações aceleradas, era difícil mantê-lo, mas eles entendiam que estavam conectados.
– Eu amo você, .
Repetiu a frase no instante em que se desfez por completo dentro dela, ambos gemendo com aquela sensação boa, e permitiu que seu corpo caísse sobre a cama.
O silêncio preencheu o ambiente e as respirações entrecortadas não eram capaz de supri-lo. Tanto quanto sabia que não precisavam de palavras naquele momento, mesmo que antes de tudo estivessem em um momento de conversa.
o tinha deitado com a cabeça sobre o seu seio. Os cabelos dele estavam perto demais de seu nariz e ela podia sentir o cheiro doce do shampoo que ele usava, misturado com o cheiro amadeirado de seu perfume. Simplesmente, perfeito.
Fechou os olhos, não sabendo se deveria falar alguma coisa. Queria dizer que concordava, que as regras não iriam mais existir, mas não conseguiu. O seu cansaço — agora mais o físico do que o mental — ainda era grande e ela permitiu dar ao corpo o descanso que ele queria novamente.


XXX



O som do despertador foi o que fez com que abrisse os olhos. Não era o toque usual de seu celular e isso fez com que ele esfregasse as mãos nos olhos para que pudesse ajudá-lo a lidar com a claridade.
Tentou erguer o próprio corpo, mas sentiu um peso diferente sobre o seu peito e olhou para baixo, encontrando os cabelos loiros de espalhados sobre o local — o que fez com que ele sorrisse.
Já havia quase um mês que ele havia tido essa vista e podia afirmar com todas as letras que estava sentido falta dela. Ter em seus braços era algo incrível, mas acordar com ela ao seu lado era o que ele mais sonhava desde que começaram a se envolver.
Os flashes da noite anterior surgiram em sua mente e ele sorriu ao se lembrar da maneira que os dois se relacionaram na cama. A forma como ele disse repetidas vezes que amava e a maneira como eles fizeram amor. Era óbvio que aquela não havia sido uma foda normal dos dois, mas algo repleto de sentimentos — mesmo que negasse aquilo.
A loira pareceu finalmente acordar, demorando alguns segundos para se levantar de seu peito, mas, quando o fez, sentou-se na cama antes de girar o corpo para a esquerda para desligar o celular que ainda despertava.
Ele assistiu ela retornar a posição anterior, mantendo-se sentada até que girou o pescoço para a direita, sorrindo fraco na direção dele.
– Eu achei que tinha sonhado com o que aconteceu ontem... – murmurou em meio a uma risada um pouco sem graça.
– Você anda sonhando comigo? – ele indagou com um sorriso divertido no rosto e a mulher sentiu as bochechas ficarem vermelhas. – Não há problema em confessar... Eu sonho bastante com você, se quer saber...
– Eu não quero nem imaginar os cenários desses seus sonhos. – suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de retornar a posição original.
passou os dedos pelas costas nuas de em uma carícia lenta e nada sexual. O silêncio não lhes parecia constrangedor e nenhum dos dois parecia querer voltar no assunto que tratavam na noite anterior, embora sentissem que deveriam.
– No fim de semana após a corrida em Monza, – a loira começou sem nem mesmo entender porque estava falando aquilo. – a minha irmã mais nova, a Brooke, vai se casar em Bristol.
concordou com a cabeça, sem entender muito bem onde que ela queria chegar com aquela informação, mas esperou que ela continuasse antes de fazer qualquer pergunta.
– Você gostaria de ir comigo? – girou o corpo para que pudesse encará-lo e, ao ver a expressão no rosto dele, apressou-se para explicar. – Se você já tiver planos, está tudo bem... Eu sei que é um convite feito meio em cima da hora e...
– Por mim, tudo bem.
parou a frase no ar, o encarando com os olhos mais abertos que o normal em total surpresa e um sorriso leve surgiu em seus lábios.
– Sério?
– Sério.
Esticou os braços, envolvendo o austríaco em um abraço apertado e depositou um beijo em sua bochecha antes de se afastar.
– Obrigada, .
– Eu disse, ... O que você estiver disposta a me dar.
Ela engoliu seco, balançando a cabeça antes de sorrir levemente na direção dele ao se afastar.
– Eu vou te dar o que você quer. – disse, fazendo com que ele arqueasse as sobrancelhas. – A partir de agora, nós estamos oficialmente sem regras.
O austríaco soltou uma risada desacreditada, mantendo seus olhos fixos na mulher a sua frente e levou uma das mãos até o rosto dela, encaixando perfeitamente a sua palma na lateral do rosto dela e acariciando sua bochecha com seu polegar.
– Lina... É o eu mais quero, mas é o que você quer também?
A loira fechou os olhos por alguns instantes para que pudesse apenas aproveitar a carícia delicada que recebia. Aqueles toques e o cuidado que sempre tinha quando se tratava dela eram os seus diferenciais. Era o que ajudava a se manter firme em separar o austríaco de seu passado.
– Eu quero tentar.
Admitiu em um fio de voz, abrindo os olhos para encontrar completamente próximo de si, com um largo sorriso no rosto momentos antes de tomar seus lábios em um beijo demorado e repleto de um outro sentimento, além do desejo.






Capítulo 17

– Eu fiz uma coisa.
Dorothea arregalou os olhos por debaixo das lentes de seus óculos de grau, encarando a figura de sua paciente. Não gostava muito de analisar seus pacientes pela aparência, mas Alina, sempre que aparecia em seu consultório, estava com a figura mais retraída e nada serena, ainda que já estivesse em tratamento há quase três anos.
– Bom dia, Alina. – sorriu, dando espaço para que ela entrasse na sala. – Como você está?
– Me desculpe... – murmurou, envergonhada por ter se precipitado e passando uma das mãos pelo rosto para esconder uma risada fraca que escapou. – Eu estou bem, Dorothea, e você?
– Estou bem também. Obrigada por perguntar. – a mais velha sorriu, indicando o sofá no meio da sala e a loira seguiu para o local, deixando sua pequena bolsa de lado para que pudesse se sentar de uma forma mais confortável.
Dorothea buscou seu bloco de anotações sobre a mesa e sentou-se em sua cadeira, observando a loira por alguns instantes antes de anotar o nome dela na folha de papel com a logo de sua clínica e elevar o olhar para que pudesse observá-la.
– Você chegou aqui dizendo que fez uma coisa. – pontuou, dando ênfase ao final. – Quer elaborar isso melhor?
Alina respirou fundo, retirando os scarpins que usava e cruzou as pernas sobre o sofá em que estava sentada.
– Eu aceitei retirar as regras da relação que eu estou vivendo. – soltou o ar de forma pesada. – Eu aceitei entrar em uma nova relação, Dorothea.
– E você acredita que essa foi uma boa decisão?
– Eu não sei. – riu, passando uma das mãos pelo rosto. – Eu meio que me senti mais leve depois de falei que não teríamos mais regras, mas agora eu me sinto meio que preocupada.
– O que te preocupa, Alina?
– Me preocupa não conseguir dar a ele o que ele quer, não conseguir ser o suficiente. – a loira fez uma pausa, tamborilando as pontas dos dedos em sua canela antes de voltar a falar: – Me preocupa o que as pessoas vão pensar quando for a hora de assumir a nossa relação.
– Por que você acredita que não vai ser suficiente? Ou que não vai dar a ele o que ele quer? – Dorothea a observou. – Aliás, como você sabe o que ele quer?
– Ele disse que me ama. – riu de forma nasalada. – Eu acho que, quando uma pessoa diz isso a outra, ela espera, no mínimo, ouvir essas três letras de volta.
Balançou a cabeça, respirando fundo e passou o olhar pela sala da psicóloga, focando a atenção em alguns livros que estavam na estante antes de voltar a falar.
– Ele me disse que a ex-mulher dele e os filhos querem me conhecer. Então, eventualmente, ele vai querer que eu conheça a família dele porque eles são importantes para ele. Isso também me assusta.
– Por que isso te assusta se, como você mesma me disse, eles estão loucos para te conhecer?
– Eu nunca fui bem aceita por nenhuma família, nem a minha mesma. – riu sem humor enquanto a mulher anotava algo em seu bloco. – Eles podem não gostar de mim pessoalmente e isso afetar o que ele sente por mim.
– Você acha que ele seria capaz de mudar o que sente por você por causa de outras pessoas?
Alina voltou a encarar a psicóloga ao final da pergunta. Dorothea tinha um sorriso mínimo no rosto e a encarava por debaixo de suas lentes de grau, esperando que ela lhe respondesse.
Podia perceber que a pergunta havia acertado a loira e a fazia se questionar antes de responder. Ela apreciou isso por alguns segundos, voltando a tecer mais algumas anotações em seu pequeno bloco.
Hayes sabia que Toto não mudaria os sentimentos que possuía por ela em razão do que outra pessoa dissesse. Ela havia revelado uma pequena parte de sua história e ele não tinha corrido, como esperava. Não seria capaz de fazê-lo porque outras pessoas queriam que ele o fizesse.
Ele havia dito com todas as letras que a amava. Ainda que fosse algo difícil para ela de entender e dizer em voz alta, deveria significar algo muito forte para ser deixado de lado tão rápido.
– Você mudaria os seus sentimentos por ele por causa de outras pessoas?
A nova pergunta de Dorothea fez com que ela inclinasse um pouco a cabeça. Jamais havia dito com todas as letras o que sentia por Torger, mas já não mais se via longe dele.
As semanas longe após o Grande Prêmio do Azerbaijão foram suficientes para lhe mostrar o vazio que era a vida sem a presença do austríaco e ela não gostaria de experimentar novamente.
– Eu tenho medo de estar me perdendo de novo.
– Por que você iria se perder?
– Porque é isso que acontece quando eu me envolvo com alguém.
– Mas, você acredita que, mesmo depois de todo o tratamento que está fazendo, isso ainda pode acontecer?
A loira comprimiu os lábios, com os olhos azuis fixos na psicóloga a sua frente.
Ainda não conseguia dizer se estava mais forte ou mais preparada para entrar em um relacionamento, mas havia conseguido dar um passo importante com Torger. Jamais havia pensado que conseguiria propor que as regras fossem deixadas de lado.
– Eu entendo o seu medo, Alina, porque ele algo viável. Mas você está buscando melhorar e, se você olhar para como você era há três ou quatro anos atrás, você vai notar o quanto caminhou e o quanto evoluiu. Talvez até mesmo encontre respostas para as perguntas que eu te fiz aqui e para as perguntas que você tem dentro de si.
Alina fechou os olhos por alguns instantes para que pudesse absorver as palavras da psicóloga e balançou a cabeça, entendendo o que ela havia dito.
Era claro que existia uma melhora. Os seus medos ainda estavam presentes, a crise de ansiedade ainda existia, mas ela já não era a mesma Alina Hayes totalmente fechada de antes. Já conseguia entender os seus medos, superar alguns deles e ouvia o seu coração com um pouco menos de receio do que antes.


🏎🏆✨





– Isso ainda é um pouco estranho.
Toto franziu as sobrancelhas, virando-se para a tela do celular e sorriu fraco ao ver a loira parada próxima à ilha da cozinha do apartamento.
– O que é estranho?
– Estar aqui falando com você dessa maneira, fora de um fim de semana de corrida.
– Eu não acho estranho. – protestou, balançando os ombros. – Aliás, eu posso até confessar que eu já havia sonhado com momentos como esse... Só que, claro, nós não estaríamos conversando através de uma video-chamada.
– Você não pode ter sonhado com isso, Wolff. – a loira ralhou, balançando a cabeça de um lado para o outro e mordendo o lábio inferior. – Eu não posso crer que você sonhava em fazer tantas coisas de casal assim comigo.
– Não é mentira, Alina Hayes. Eu sonho com você em diversos cenários...
– Essa conversa vai acabar em sexo virtual de novo? – arqueou as sobrancelhas, fazendo com que o moreno gargalhasse do outro lado.
– Infelizmente, não. – Toto projetou os lábios para frente. – Não acredito que seria bom para a minha figura de chefe estar em pleno escritório fazendo sexo virtual.
– Diz isso depois de termos transado no seu escritório durante a bandeira vermelha na Bélgica. – Alina cerrou os olhos, soltando uma risada fraca que a fez balançar os ombros.
– Aquela corrida estava um pouco chata demais, você não acha? – o austríaco comprimiu os lábios para que pudesse esconder o sorriso que surgiu em seus lábios ao se lembrar do momento que os dois tiveram em sua sala. – Você me deixa assim, Hayes... Agindo sem pensar muito nas consequências.
– Temos que voltar a agir mais com a cabeça em alguns momentos, Torger. Eu não quero que descubram sobre nós...
– Eu entendo a sua preocupação. – suspirou. – Eu prometo que vou pensar um pouco mais antes de tomar algumas atitudes.
– Obrigada. – sorriu. – Quando você volta?
– Ora, ora, Alina Hayes está sentindo a minha falta? – riu, arqueando as sobrancelhas e a mulher sentiu as bochechas coroarem levemente, antes de balançar cabeça de um lado para o outro.
Alina Hayes estar sentindo falta de Toto Wolff era uma grande novidade. Mas não tão grande perto do fato que ela estava se sentindo envergonhada por ele ter reparado o sentimento dela. Não era fácil de se deixar uma mulher como ela, com toda a capa de segurança, ficar nervosa em um momento de flerte.
– Eu vou daqui direto para a Itália. – respondeu, finalmente, para a tristeza da loira. – Mas, a porta do meu quarto sempre estará aberta para você. – Alina soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro.
– E era eu quem estava sentido falta... – murmurou de forma presunçosa, fazendo com que ele soltasse uma risada.
– Eu nunca neguei que sinto a sua falta quando estamos longe, Lina. – deu os ombros, sorrindo na direção dela outra vez. – Quando você pensa em ir para Bristol?
– Eu gostaria tanto de esquecer esse fim de semana. – fechou os olhos por alguns segundos, soltando o ar de forma pesada e fazendo com que o austríaco unisse as sobrancelhas em sinal de confusão.
– Sua família é tão ruim assim?
– Margarethe é a pior de todas. – riu sem humor nenhum em seu tom e voltou a abrir os olhos. – Esteja preparado para perguntas inconvenientes, comentários maldosos e para escutar como "eu deveria largar esse trabalho de homens e me casar logo para dar um neto para ela". – Hayes balançou a cabeça de um lado para o outro, suspirando antes de voltar a focar em Toto que apenas a assistia. – Não esteja esperando um ótimo fim de semana com os Hayes.
– Agora eu sei que preciso ir preparado para o pior. – ele riu, não querendo fazer muitos comentários, ainda que, com o pouco que Alina havia acabado de falar, ele já tinha uma grande amargura por Margarethe Hayes.
– Eu pensei em irmos na quinta-feira à noite. – decidiu encerrar aquele tópico sobre a sua família e responder a pergunta feita por Wolff no início. – Parece que terá uma recepção na sexta-feira e o casamento será no sábado à tarde. Poderíamos voltar no domingo.
– Por mim, tudo bem. – Toto sorriu, concordando com a cabeça para o que havia sido decidido pela mulher. – Depois da corrida em Monza, eu terei que ir para a Suíça para resolver alguns assuntos, mas acredito que eu consiga resolver tudo para chegar à Inglaterra na quinta-feira.
– Eu não sabia que você tinha negócios na Suíça. – riu, curiosa. – Eu vou procurar algum hotel em Bristol para que possamos ficar.
– Adoraria que você me mostrasse alguns lugares da cidade... Talvez no domingo antes de retornarmos a Londres.
– Reviver a minha vida em Bristol não é uma das minhas atividades favoritas... – Hayes estalou a língua no céu da boca, não querendo soar rude, mas estava apenas querendo ser um pouco mais transparente com o austríaco que pareceu entender o recado.
Apenas a ideia de estar em Bristol já era capaz de provocar arrepios negativos ao seu corpo, imagine ter que reviver algumas memórias, por mais que quisesse que Torger tivesse a chance de conhecer a cidade.
Um barulho fez com que a loira voltasse a encarar o chefe da Mercedes que retirou o olhar da tela para encarar alguma outra coisa. Curiosa, Alina se movimentou na frente na câmera, na intenção de saber o que acontecia no local em que Toto estava.
A voz em alemão fez com que ela quisesse rolar os olhos por não conseguir entender nada que era falado, mas o tom infantil aguçou os seus sentidos. A forma aparentemente fofa, ainda que o alemão soasse como uma língua grossa, que Toto falava lhe fez perceber que ele conversava com a filha e, por alguns segundos, Alina quis ser fluente na língua para que pudesse entender o que eles estavam conversando.
Seria sobre ela?
Uniu as sobrancelhas por alguns instantes, coçando o pescoço em pura curiosidade. Toto já havia dito que a menina queria conhecê-la e, por mais que estivesse com medo desse momento, não podia negar que achava um pouco fofo que a menina estivesse tão interessada nela.
– Acredito que eu preciso ir agora.
– E eu acredito que eu preciso aprender alemão.
– Ficou curiosa? – arqueou as sobrancelhas, soltando uma risada ao vê-la concordar com a cabeça. – Rosa perguntou se eu estava em reunião e, quando eu disse que não, perguntou se eu estava falando com a minha namorada. – sorriu ao pronunciar as últimas palavras, tentando entender a expressão que tomou conta do rosto da mulher, mas ela parecia chocada demais para reagir de outra maneira. – E, eu preciso ir jantar.
A loira concordou com a cabeça, sorrindo fraco na direção do austríaco porque ainda estava surpresa demais para que pudesse falar alguma coisa. Balançou a cabeça, retornando aos seus sentidos ao ouvir Toto murmurar que estava tudo bem, e, por alguns segundos, refutou a ideia de querer aprender alemão porque não conseguiria rebater caso ouvisse a pequena Wolff fazendo um comentário daquele a sua frente.
– Nos falamos depois? – concordou com a cabeça, despedindo-se do austríaco e deixou o aparelho sobre a pia da cozinha, sem dar muita importância para ele naquele momento porque a forma como seu coração palpitava era o que mais lhe chamava a atenção.
Ela tinha um Grande Prêmio de Monza a sua frente e um fim de semana com a família Hayes e Toto Wolff. Tirando o fato que a filha mais nova do chefe da Mercedes queria conhecê-la. Alina inspirou pesadamente, balançando a cabeça de um lado para o outro, determinando para si mesma que, primeiro, focaria apenas na etapa italiana.
Os demais problemas ficariam em segundo plano, pelo menos, nos próximos dias.


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Grande Prêmio de Monza.


O início do fim de semana havia sido desfavorável para a Red Bull, parecendo que seria um fim de semana bom apenas para a Mercedes. A equipe alemã conseguiu manter um bom nível nas três sessões de treinos livres, incluindo uma dobradinha com Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, enquanto a equipe austríaca amargou o terceiro e o quarto lugar com Matt Hakvoort e Sergio Pérez, respectivamente.
Aqueles resultados, ainda que fossem apenas treinos, deixaram a chefe da RBR com os olhos mais atentos porque estavam na segunda metade da temporada e agora era o momento de dar todo o gás até o objetivo final. Ela não iria permitir que a equipe falhasse. Pela primeira vez, sob o seu comando, estavam liderando o campeonato e iriam continuar assim até o fim.
– Eu acho melhor a gente esperar a sprint race. – Gary murmurou, encarando a chefe. – Eu sei que os resultados dos FPs foram ruins, mas a gente não pode esquecer que, nesse fim de semana, é a sprint que vai definir o pole position da corrida.
– Mas, com esses resultados dos FPs, eu não consigo esperar muita coisa para a sprint. – riu fraco.
– Talvez seja o momento de analisarmos a troca da unidade de potência do carro do Matt. – Gary bateu levemente com o dedo indicador no queixo, encarando a loira que balançou a cabeça.
– Acredito que, para esse fim de semana, ainda dá para usar a que temos. Mas para Sóchi, que é uma pista que exige mais velocidade, talvez seja necessário uma troca.
– Você acha que vale a pena a punição? – Jim questionou a encarando e Alina balançou os ombros, com um leve sorriso no rosto antes de responder:
– Eu acho que vale à pena fazer o necessário para ganhar.
Alguns membros comemoraram a resposta da loira e, logo, outros engenheiros começaram a falar das estratégias para a sprint race sob olhar atento de Matt e Checo.
Por alguns minutos, Alina se distraiu ao criar cenários em sua mente para aquele fim de semana. Ainda que tivesse sido iniciado de forma ruim, ela acreditava fielmente que a Red Bull seria capaz de conseguir dois lugares pódio.
Seu celular vibrou em suas mãos e ela o girou, desbloqueando a tela para que pudesse ver quem era o responsável pela notificação. Prendeu um sorriso ao ler o nome de Toto na tela e se apressou para abrir a mensagem.
Talvez eu esteja sonhando com hoje à noite.
A loira mordeu o lábio inferior, abrindo o seu álbum de fotos do celular para procurar alguma que pudesse enviar para Wolff em resposta apenas para atiçá-lo.
Ficou contente ao encontrar uma foto de uma foto sua usando uma lingerie preta rendada. Era do dia que havia experimentado a peça em seu closet para ver se atingia as suas expectativas quando viu na vitrine da loja.
Não acreditava muito que pudesse ser algo muito sexy, mas, talvez, para provocá-lo ela podia servir.
Talvez isso te faça sonhar um pouco mais.
Os olhos da loira retornaram para a apresentação que Jim fazia para mostrar que estava prestando atenção no que ele falava e balançou a cabeça algumas vezes para demonstrar que concordava com alguns pontos, embora não soubesse nem mesmo em qual parte ele estava.
A sua sorte era que aquela reunião havia acontecido na fábrica há dois dias. Assim tinha uma desculpa para não prestar atenção e podia ficar com a consciência um pouco menos culpada.
Droga, Hayes...
Um sorriso mínimo surgiu em seus lábios outra vez ao ler a mensagem e, antes que pudesse responder o que o austríaco havia mandado, três novas mensagens chegaram de forma seguida.

Como saio dessa reunião da forma que eu estou?
Eu estou louco para estar dentro de você.
Quarto 2178. Às 22h. Eu espero você.
Ela sorriu, agora nem mesmo querendo esconder o sorriso porque se sentia absurdamente excitada. Era isso que aquele tipo de mensagem de Wolff era capaz de deixá-la: completamente louca para estar nos braços dele.
Naquele momento, tudo o que ela mais queria era que não só a reunião, mas a sprint race, todas as entrevistas e o trabalho pós-corrida terminasse bem rápido para que ela pudesse estar logo nos braços de Torger.


🏎🏆✨





Um gemido alto escapou da garganta de Alina no momento em que a mão de Toto atingiu a sua bunda, fazendo com que seu corpo fosse um pouco protelado para frente e um sorriso sacana surgisse em seus lábios. Não podia negar que adorava quando ele fazia isso.
As estocadas fortes de Toto, e a mão direita dele a segurando firme pela nuca, eram o suficiente para levá-la a loucura naquele momento. A forma como os seus corpos se chocavam, como eles se completavam era perfeito.
O austríaco desceu a mão na direção do ponto de prazer a loira, fazendo movimentos circulares no local enquanto Alina rebolava o quadril sobre o seu membro, fazendo com que ele fechasse os olhos com força.
Toto sentiu o conhecido formigamento em seu abdômen, apertando os olhos com um pouco mais de força e forçando o quadril contra a loira o máximo que podia por mais algumas vezes até que um gemido alto saiu por sua garganta no momento em que ele se desfez dentro dela.
No mesmo instante, o corpo de Alina tremeu sob os seus braços e ela caiu sobre a cama. Toto repetiu o movimento, saindo de dentro da loira e caindo no lado vazio do colchão, soltando uma risada fraca ao perceber a forma acelerada que seu coração batia e como seu peito subia e descia de uma forma bem descompassada.
– Cada vez mais eu acho que você está perto de me matar. – murmurou, levando uma de suas mãos até Alina para retirar os fios de cabelo loiro que estavam caídos em cima dos olhos azuis dela.
– Mas não seria uma ótima forma de morrer? – Alina sorriu de forma abobalhada, fazendo com que o austríaco soltasse uma risada mais alta antes de concordar com a cabeça.
– Não posso negar que eu iria feliz.
Hayes girou o corpo sobre a cama, ficando de barriga para cima, puxando um pouco mais do lençol para que conseguisse cobrir os próprios seios.
– Algo parece estar te preocupando... – Wolff olhou para o perfil da loira. Havia notado, desde que ela entrou em sua suíte, que ela estava diferente, mas não quis falar nada a princípio para não assustá-la.
– Eu estou preocupada com a corrida. – murmurou em resposta, estalando a língua no céu da boca e unindo as mãos sobre a barriga. – Não estamos com um bom ritmo esse fim de semana e eu acho isso um pouco preocupante.
– Eu não acredito que dê para já ter uma corrida como perdida apenas com os primeiros dias... – Toto sorriu fraco. – Algumas coisas nessa temporada tem sido imprevisíveis. Quem diria que o Vettel conseguiria o segundo lugar em Baku?
Alina soltou uma risada fraca, concordando com a cabeça enquanto Wolff continuava a encarando porque ela pareceu tirar alguns segundos para pensar.
– Ou que o Lewis não conseguiria chegar entre os três primeiros em Mônaco.
– Essa não foi uma boa lembrança. – destacou, projetando os lábios para frente no instante em que a loira virou o rosto para encará-lo com um sorriso divertido nos lábios. – Aquele fim de semana me traz dores de cabeça até hoje.
– Pesadelos com o pneu do carro do Valtteri?
– Será que podemos mudar de assunto? – pediu, fazendo com que a mulher disse ainda mais por como ele parecia estar incomodado com a conversa. – Eu achei que você não gostasse de falar sobre as nossas equipes quando está comigo.
– Está impondo uma nova regra? – Alina arqueou as sobrancelhas, esticando uma das mãos para tocar o ombro do austríaco. – Eu não gosto de falar sobre as nossas equipes. Agora, nós estamos relembrando momentos da temporada.
– Não, por favor! Nada de regras, Hayes. – aproximou-se dela, depositando um beijo casto em seus lábios. – E esses momentos foram divertidos para quem?
– Talvez não para você, mas muitíssimo para quem torce para a RBR.
– Também foi muito bom quando pneu do Matt furou em Baku. – sorriu, balançando os ombros e Alina soltou uma risada antes de concordar com a cabeça.
– Tudo bem, Torger, não vamos mais falar nesse assunto. – sorriu, erguendo o corpo da cama e se levantando aos poucos sob o olhar atento do mais velho. – O que foi?
– Para onde você vai?
– Eu vou me arrumar para voltar para o meu quarto. – riu fraco, sem entender o olhar que ele estava lançando em sua direção. – É assim que a gente faz todas as vezes.
Wolff balançou a cabeça de um lado para o outro, se mantendo em silêncio por alguns minutos. Sua mente se questionava se Alina realmente não tinha se atentado ao próprio desejo de não manter as regras ou se estava aguardando um convite dele para permanecer no quarto.
Ele queria que fosse tudo diferente do que quando existiam as regras. Queria dormir com ela em seus braços, queria levá-la para jantar, passar no apartamento dela... Queria estar próximo de Alina.
– Por que você não fica aqui?
A loira parou no instante em que iria vestir a saia que usava antes e encarou o homem que tinha a cabeça apoiada em um dos braços a encarando de forma fixa à espera de uma resposta.
– Ficar?
– É... Sabe, dormir juntos, acordar amanhã um do lado do outro, quem sabe um sexo matinal antes da corrida. – riu fraco. – Coisas de casal.
Hayes mordeu o lábio inferior, abaixando o olhar para as suas próprias roupas antes de soltar uma risada fraca. Era tanto um hábito evitar dormir com Toto que nem mesmo havia percebido que estava se arrumando para sair do quarto, mas já era tarde demais para voltar atrás — até aquele momento. O momento em que ele pediu para que ela ficasse.
– Hm... – respirou fundo, recolocando a saia sobre um sofá que havia no canto do quarto e encarou o austríaco com um leve sorriso no rosto, tentando não dar ouvido para nenhuma voz em seu interior que falasse diferente. – Tudo bem.
– Tudo bem? – os olhos de Wolff se abriram em surpresa e ele se ajeitou na cama enquanto a loira lhe lançava um sorriso, concordando com a cabeça.
– Sim, tudo bem. – riu ao ter que confirmar a eu decisão porque ele parecia feliz demais para acreditar no que ela estava falando. – Mas, antes, eu vou tomar uma ducha.
– Claro... Há toalhas limpas no banheiro.
A loira concordou com a cabeça, seguindo para o banheiro e já sentindo as borboletas em seu estômago. Cada novo passo dado era como se uma festa fosse feita em seu interior e ela não podia negar que se sentia contente.
O banho não demorou mais do que quinze minutos e, quando ela retornou a cama, Wolff ainda a esperava. Talvez ele só quisesse ter certeza que ela iria se deitar ao seu lado e não fugir, o deixando com a imaginação para o restante da noite.
Hayes se deitou na cama, sendo abraçada por um braço do austríaco ante de ser puxada para deitar a cabeça no ombro dele. Sorriu, não por nervosismo, mas por todo o cuidado que ele estava tendo com ela e, por alguns instantes, torceu para que nunca precisasse sair daquele abraço.


🏎🏆✨





A sprint race do dia anterior havia definido o grid da corrida com Valtteri Bottas em primeiro, Matt Hakvoort em segundo e Lewis Hamilton em quinto.
Porém, para a felicidade dos membros da RBR, Valtteri foi punido com a perda de posições e Matt largaria em primeiro naquela domingo de sol ameno em Monza.
Alina foi até a pista com um sorriso no rosto para acompanhar os últimos ajustes antes da corrida e era incrível não ver nenhuma das Mercedes na primeira fila.
Cumprimentou alguns dos outros chefes de equipe que passavam por perto e pode ver, de longe, Toto dando entrevista para algum jornal. Ele tinha a cabeça um pouco inclinada, parecia tentar ouvir o que a jornalista falava, uma vez que o barulho dos motores e da torcida no circuito eram altos.
A loira se retirou da pista um pouco antes que os mecânicos e seguiu para a garagem da equipe austríaca, onde gostava de assistir a largada. Havia herdado aquela superstição de Christian Horner e a seguia até os dias de hoje, ainda mais porque parecia que estava dando certo o bastante na temporada e ela não iria mudar agora.
Hayes parou no meio da garagem, assistindo pelos monitores da estação de engenharia o momento em que os carros foram para as voltas de aquecimento. O início da corrida ainda era a sua parte preferida de todo o fim de semana porque era o momento mais emocionante e onde, todo o trabalho da semana, finalmente começava de verdade.
Quando as luzes se apagaram e a corrida começou, a loira não conseguiu nem sair da garagem para ir para o seu lugar na pitwall porque aquela não havia sido uma largada muito boa de Hakvoort. Ricciardo, que estava em segundo, conseguiu ultrapassar o holandês na primeira curva do circuito, assumindo a ponta enquanto Hamilton ultrapassou Norris, conseguindo o terceiro lugar.
Mordeu o lábio inferior por puro nervosismo ao ver a Mercedes se aproximar da Red Bull e teve vontade de fechar os olhos quando viu os dois carros perto demais, mas se manteve firme para assistir Hamilton ir para a área de escape para evitar o contato entre os dois, enquanto Hakvoort se manteve na pista e na vice-liderança da prova.
Um pouco mais tranquila, Hayes caminhou para o lugar na pitwall, ao lado dos engenheiros, sendo recebida por Gary que também não tinha uma expressão muito calma no rosto. Isso porque Pérez não estava indo muito bem naquele início de corrida.
Na garagem da Mercedes, Toto sorria por ver Bottas, depois de quinze voltas, ocupar a nona posição, considerando que o finlandês havia largado em último naquele fim de semana. Porém, nada o deixou mais animado do que ver a Red Bull se atrapalhando no primeiro pitstop de Hakvoort. Os austríacos que costumavam dar um banho nas outras equipes perderam quase dez segundos na parada do piloto.
Para completar a felicidade do austríaco, na mesma volta em que a Red Bull sofreu com o pitstop, Hamilton conseguiu ultrapassar Norris após algumas tentativas frustradas, e estava, novamente, à caça do piloto do carro 33 para conseguir ultrapassá-lo.
Alina apoiou o rosto sobre uma das mãos, fechando os olhos por alguns segundos quando viu Hamilton ser chamado para os boxes. Era claro que a equipe alemã estava com um ritmo muito superior à austríaca naquele fim de semana e ela acreditava que era questão de pouco tempo para que ambos os carros estivessem em uma disputa ferrenha.
– Uma parada muito ruim do Hamilton. – Jim falou através do rádio e a loira ergueu a cabeça.
– Hamilton vai sair junto com o Hakvoort na reta. – Gary respondeu ao comentário do colega, fazendo com que a atenção da loira, assim como todos focassem no que iria acontecer naquele momento da corrida.
A loira e o austríaco, em suas respectivas garagens, assistiram o momento em que Hamilton e Hakvoort se encontram na reta no momento em que o inglês retornou à pista. Ambos entraram na primeira curva logo após a reta brigando por espaço até que os pneus se tocaram e, ao bater na zebra da lateral da pista em alta velocidade, o carro da Red Bull parou em cima do da Mercedes.
Os dois chefes de equipe tiveram a mesma reação de balançar a cabeça de um lado para o outro, mas Wolff foi um pouco mais enérgico e bateu com o punho em cima da própria mesa, tamanha a raiva por aquele acontecimento que, ao seu ver, havia sido provocado por Hakvoort que não tinha deixado o espaço suficiente. Afinal, Lewis já estava com o carro mais a frente do que o dele e aquela curva era do inglês.
– É o que acontece quando esse babaca não deixa espaço o suficiente. – Hakvoort murmurou com uma clara raiva no rádio e a equipe do pitwall soltou um suspiro, antes de ouvir o engenheiro falar para que ele desligasse o carro para não haver mais nenhum problema com veículo. Já bastavam os danos por mais uma colisão.
Já Toto assistiu a Hamilton tentar dar ré no carro para retornar a pista enquanto Hakvoort se afastava para retornar à garagem sem nem mesmo checar se o colega estava bem. Balançou a cabeça, ouvindo Peter Bonnington dizer para Lewis que ele deveria desligar o carro e apertou o botão do seu painel de controle para que pudesse falar com Bottas para avisar que precisariam dele com força total, afinal, ainda tinha o campeonato de Construtores para brigar.
– Parece que a rivalidade deles passou para o Checo e o Bottas. – Gary murmurou ao lado da loira e ela teve vontade de rir fraco com aquele comentário porque, aparentemente, não era apenas nas pistas que os dois estavam disputando algo.
Bufou alto ao ver Checo sair da pista do circuito quando Bottas tentou ultrapassá-lo, passando por fora para conseguir retornar a pista na frente do finlandês. Não demorou para que os comissários informassem que o mexicano havia sido punido com mais cinco segundos e a loira rolou os olhos.
– Será que a gente não vai conseguir acertar nada neste fim de semana? – resmungou, antes de sentir uma mão em seu ombro, o que fez com que ela girasse a cadeira para encontrar Hakvoort com um sorriso fraco no rosto.
– Mais alguma punição dessa vez? – questionou, cruzando os braços para encarar a chefe da equipe que balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Achamos que eles vão entender como um acidente de corrida, o que realmente foi. – deu os ombros. – Você está bem? Passou pelo centro médico?
– Estou pronto para outra. – murmurou em meio a uma risada fraca antes de se afastar em direção à garagem para que pudesse falar com o pai e com o consultor da equipe que já o aguardavam, enquanto Alina retornou sua atenção para a corrida que ainda rolava.
Ricciardo se mantinha seguro na liderança, assim como Norris em segundo lugar. A briga, naquele momento, realmente acontecia entre Checo e Bottas, que ainda tentou ultrapassar o outro mais algumas vezes, mas foi devidamente bloqueado.
– Precisamos que o Checo melhore os tempos dele porque temos uma punição de cinco segundos ainda. – avisou ao engenheiro do mexicano porque, se continuasse como estava, ao final da corrida ele não conseguiria a pontuação do terceiro lugar, já que a punição o faria cair para o quarto lugar.
Torceu para que sua fala, repassada ao mexicano, pudesse trazer alguma motivação a mais, mas isso não aconteceu. O final da corrida se desenhou da maneira que já estava e, Bottas ficou com o segundo lugar de Pérez, para a tristeza de Alina Hayes e diminuindo um pouco a vantagem que os austríacos possuíam no Campeonato de Construtores.


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– Ora, ora, se não é o piloto mais requisitado do momento! – Alina soltou uma risada ao encontrar com Daniel Ricciardo, caminhando em sentido contrário ao dela pelo paddock e se apressou para que pudesse cumprimentá-lo. – Parabéns pela vitória, Dani!
– Obrigada, Alina! – o australiano sorriu, abraçando a loira. – Eu posso dizer que eu estou um pouco mais aliviado...
– Você realmente nunca se foi! – riu, dando leves tapinhas no ombro do piloto, analisando o troféu que ele ainda tinha em mãos e o sorriso largo que ele possuía no rosto.
– Agora, não foi um fim de semana muito bom para vocês...
– Nem me fale nisso. – abanou a mão no ar, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de soltar uma risada fraca. – Monza só me trouxe dor de cabeça.
– Fica tranquila, Ali... Eu acho que não tem jeito de vocês não serem os vencedores dessa temporada.
– Eu espero, Daniel... Eu espero. – suspirou e os dois foram interrompidos por Louise que se aproximou com um sorriso no rosto ao vê-los juntos, cumprimentando o piloto da McLaren.
– Oi, Ric! Parabéns pela sua vitória! Foi uma corrida e tanto para você... – a ruiva sorriu, abraçando o piloto rapidamente antes de se virar na direção da chefe da Red Bull. – Ali, você precisa dar algumas entrevistas.
– Certo... Tchau, Dani! Parabéns mais uma vez, mas espero que a na próxima seja o Matt ganhando mais uma. – sorriu na direção do piloto e os dois se despediram, seguindo os caminhos opostos como estavam antes.
– Que cara é essa? – Louise encarou a loira enquanto as duas seguiam em direção a área de mídias e a chefe da Red Bull soltou o ar, balançando os ombros.
– É a cara de quem teve um péssimo fim de semana. – murmurou. – Eu não acredito que aconteceu essa porcaria de incidente... Poderíamos abrir ainda mais vantagem sobre a Mercedes em ambos os campeonatos.
– É verdade, mas, Ali... Você assistiu de novo o que aconteceu? – Smith assistiu a amiga balançar a cabeça em sinal de confirmação. – Você realmente acredita que foi um incidente de corrida?
– Você discorda disso? – Hayes soltou uma risada fraca. – Foi uma disputa limpa e o carro do Matt só foi parar sobre o do Hamilton porque o Matt bateu na zebra...
Louise soltou uma risada fraca, mas optou por simplesmente balançar os ombros para que não criasse uma discussão com a amiga porque, apesar de ser funcionária da Red Bull, a sua visão naquele atrito era diferente.
– Aliás, podemos falar sobre a disputa entre o Checo e o Bottas? – riu, parando de caminhar para que não entrasse na área de mídias e encarando a amiga.
– Pelo amor de Deus! – a ruiva ralhou em meio a uma risada fraca. – Eu não sei nem dizer ao certo o que eu estava sentindo naquele momento. Foi difícil para mim...
– Sério que você não vai escolher um deles?
– Por favor, não me apresse. – Louise soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro, fazendo com que a loira soltasse uma risada. – Vá dar as suas entrevistas e me deixe feliz.
Alina riu mais uma vez da forma que a amiga parecia tranquila com a situação e seguiu para o centro de mídias para que pudesse conversar com a imprensa sobre a corrida em geral, mas, principalmente, sobre o acidente entre entre Hakvoort e Hamilton.
Não muito longe dali, Toto era entrevistado por Nico Rosberg e dois comentaristas da Sky Sports também sobre o acidente da corrida.
– Acho que eu preciso começar com a pergunta mais importante do dia... Hamilton e Hakvoort. Qual é o seu entendimento do que aconteceu, Toto? – Nico Rosberg perguntou ao antigo chefe e Toto tomou uma lufada de ar para responder.
– Eu acho que ficou claro... – Toto soltou uma risada fraca. – Eu não sou muito fã de futebol, mas pelo pouco que eu assisto, eu sei que eles chamam de falta tática quando um jogador faz uma falta para tirar o outro do jogo. Ao meu ver, foi o que aconteceu nesse fim de semana.
– Você acha que a Red Bull jogou o Lewis para fora da pista de propósito? – Nico insistiu e o austríaco concordou com a cabeça.
– Você não pode analisar somente o lance em si, tem que analisar todo o fim de semana. A Mercedes estava tendo um ótimo fim de semana. Dominamos os treinos livres e a sprint race enquanto a Red Bull parecia, simplesmente, não ter o ritmo de antes. Analisando a corrida, se você olhar com calma, vai ver que o Lewis sairia na frente do Hakvoort. E, com o Lewis saindo na frente naquele momento, todos sabem que, nesse fim de semana, seria difícil para eles conseguirem o alcançar. Foi tão falado sobre a nossa conduta em Silverstone e agora estamos aqui com a Red Bull fazendo o que cansou de nos acusar de ter feito. – fez uma pausa. – Foi uma falta tática. É isso que eu considero.
– Vocês pensam em entrar com um recurso para que o Hakvoort seja punido, como a Red Bull fez em Silverstone? – o comentarista perguntou e o chefe da Mercedes balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Apesar de discordar ferozmente da decisão dos comissários de verem o que aconteceu hoje como um simples incidente de corrida, a Mercedes não vai apelar da mesma maneira que eles fizeram após Silverstone. – balançou os ombros.
– Te assusta ou assusta ao Lewis que a tensão entre ele e o Matt esteja, ao que parece, ficando cada vez mais forte? Já é a segunda vez que uma disputa entre os dois que acaba em um acidente. Sem contar as vezes que saíram da pista...
– Eu acho que o Lewis cansou de tirar o pé nas disputas com o Matt. É sempre ele a evitar a colisão e, às vezes, não consegue recuperar a posição porque não quer ter uma direção tão agressiva.... Talvez seja a hora dos comissários olharem para o tipo de direção que o Matt tem. – balançou os ombros.
– Certo, Toto, obrigado pela sua entrevista...
– Só isso? – Wolff indagou, soltando uma risada e encarando os três homens a sua frente. – Eu, como CEO de esporte automotor da Mercedes, tive três pilotos no pódio e tudo que vamos falar é sobre o acidente?
– Certo, olhando de forma geral, o seu fim de semana pode ser considerado como bom.
– Sim, Valtteri conseguiu fazer uma excelente corrida ao alcançar o terceiro lugar depois de uma punição que o fez ser o último. Teria sido um fim de semana perfeito se Lewis tivesse conseguido a vitória, mas não se pode ter tudo, não é?
Os três homens riram antes de agradecer ao chefe da Mercedes por ter conversado com eles e Toto se retirou, seguindo em direção a sua assistente e a Bradley Loyd, o responsável pela comunicação da equipe.
– Eu acho que você deu a eles exatamente o que eles queriam... – o inglês disse, já pensando em todo o trabalho que teria com a imprensa após a declaração do chefe. – Rebateu as falas da chefe da RBR após Silverstone.
– Você sabe que essa não era minha intenção... – o mais velho arqueou as sobrancelhas. – Eu apenas disse o que eu senti sobre o acidente.
– Pensamos em não fazer, mas você quer que a gente solte alguma nota à imprensa?
– Acredito que não é necessário. – balançou os ombros. – Não vamos ficar nós apegando nisso como a Red Bull fez em Silverstone. Ainda temos dois campeonatos para virar, isso sim é relevante.
– Tudo bem. – Bradley concordou com a cabeça. – Então, eu vou dizer à imprensa que tudo que a Mercedes tinha para dizer foi dito nesta entrevista e nós não abordaremos mais o assunto.
– Correto, Brad. – sorriu. – Vamos focar na Rússia.
O rapaz concordou com a cabeça se afastando e Toto seguiu na companhia de Jessica em direção à hospitalidade da Mercedes. A sua atenção estava no celular que tinha em mãos, buscando o nome de Alina para enviar uma mensagem para ela.
Acha que consegue escapar por alguns minutos para me encontrar?
Não quero ir para Suíça sem te ver de novo.
– Temos a reunião da equipe agora e depois você tem o voo para a Suíça. – Jess informou assim que o austríaco terminou de digitar as mensagens e ele balançou a cabeça, confirmando.
Nem mesmo havia viajado e já podia sentir falta de Alina. O que lhe deixava mais tranquilo, além de saber que, agora, poderia vê-la quando quisesse, era saber que estaria junto dela no próximo fim de semana.
Diferente do que ela pensava, Wolff não estava nem um pouco assustado por ter que conhecer a família Hayes. Estava sim curioso para saber porque que a loira se referia aos seus familiares daquela maneira e mais ansioso para entender a relação que ela possuía com eles, especialmente com Margarethe.
O fim de semana prometia uma viagem ao passado de Alina Hayes e ele estava pronto para embarcar.


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Alina sorriu ao ler as mensagens que Toto havia lhe enviado. Achava fofo a forma como ele não escondia que estava sentido falta dela e torcia para que algum dia pudesse se comunicar com ele da mesma forma.
A loira se apressou em digitar uma resposta porque também queria encontrá-lo antes de voltar para casa, nem que fosse por alguns minutos.
Te vejo em trinta minutos perto dos motorhomes, pode ser?
Mordeu o lábio inferior para esconder um sorriso que surgiu em seus lábios e soltou um suspiro ao perceber que estava boba. Sentia-se tão bem com Torger, até mesmo por mensagens.
Balançou a cabeça de um lado para o outro, deixando o celular de lado e voltando a responder o último e-mail de sua caixa de entrada para que pudesse ir encontrar Wolff.
A porta de sua sala sendo aberta fez com que ela retirasse a atenção do computador a sua frente para encarar a figura ruiva que segurava um iPad em mãos.
– Parece que os papéis se inverteram nesse fim de semana. – Louise comentou, soltando uma risada fraca e Alina uniu as sobrancelhas, não entendendo o que ela queria dizer com aquele comentário.
– O que aconteceu dessa vez? – perguntou, curiosa e se ajeitou na cadeira.
– Você não viu a declaração do Wolff sobre o acidente? – a ruiva franziu as sobrancelhas ao ver a amiga negar com a cabeça e desbloqueou a tela do iPad, acessando a conta no Twitter para mostrar o vídeo que a Sky Sports havia publicado de um trecho da entrevista do chefe da Mercedes.
Alina voltou a atenção para o vídeo, procurando não focar somente em como a blusa branca da Mercedes caía perfeitamente bem no corpo de Torger ou na forma que uma de suas mãos apertava o próprio braço enquanto ele se concentrava para falar em seu inglês carregado de sotaque que ela tanto adorava escutar.
– Acho que eu preciso começar com a pergunta mais importante do dia... Hamilton e Hakvoort. Qual é o seu entendimento do que aconteceu, Toto? – ela viu Nico Rosberg perguntar ao antigo chefe e Toto pareceu tomar uma lufada de ar para responder.
– Eu acho que ficou claro... Eu não sou muito fã de futebol, mas pelo pouco que eu assisto, eu sei que eles chamam de falta tática quando um jogador faz uma falta para tirar o outro do jogo. Ao meu ver, foi o que aconteceu nesse fim de semana.
– Você acha que a Red Bull jogou o Lewis para fora da pista de propósito? – Nico pareceu insistir e Toto concordou com a cabeça.
– Você não pode analisar somente o lance em si, tem que analisar todo o fim de semana. A Mercedes estava tendo um ótimo fim de semana. Dominamos os treinos livres e a sprint race enquanto a Red Bull parecia, simplesmente, não ter o ritmo de antes. Analisando a corrida, se você olhar com calma, vai ver que o Lewis sairia na frente do Hakvoort. E, com o Lewis saindo na frente naquele momento, todos sabem que, nesse fim de semana, seria difícil para eles conseguirem o alcançar. Foi tão falado sobre a nossa conduta em Silverstone e agora estamos aqui com a Red Bull fazendo o que cansou de nos acusar de ter feito. – Toto fez uma pausa. – Foi uma falta tática. É isso que eu considero.
O vídeo terminou no momento em que Alina sentia a própria garganta seca com as palavras de Toto porque ela não conseguia acreditar que ele havia sido capaz de dizer aquilo. Em seu ponto de vista, havia sido um incidente de corrida. Matt tentou ultrapassar Lewis, mas acabou batendo na zebra, o que fez com que seu carro se levantasse e atingisse o de Lewis.
Não era possível que ele tecesse um comentário daquele nível. Matt não havia feito nada de errado naquela corrida, não havia sido culpa dele, mas um simples incidente de corrida. Não havia nada ali para que a Mercedes reclamasse tanto.
– Ele nos acusou de tentar tirar o Lewis do jogo.
– Você sabe que você fez a mesma coisa após o que aconteceu em Silverstone, não é? – arqueou as sobrancelhas. – Eu diria que fez até pior do que a fala do Wolff.
– Silverstone foi diferente. – apontou o dedo indicador na direção da amiga. – Todo mundo sabe que não se pode fazer uma ultrapassagem daquela na Copse porque é um perigo muito alto.
– O Lewis ultrapassou o Leclerc e o Norris naquela mesma curva, Alina. Esse seu argumento não é um dos melhores. – a ruiva fez uma pausa. – Eu não estou defendendo a Mercedes, antes que você diga isso. – sorriu de ladino. – Eu estou dizendo que o Matt foi um pouco agressivo em Silverstone e foi isso que causou o acidente entre os dois... Não foi culpa inteiramente do Lewis. – balançou os ombros. – E hoje foi, de novo, algo causado pela direção agressiva dele. Eu tenho certeza que dava para deixar que o Lewis saísse na frente na saída dos boxes. Iríamos nos aproximar dele bem rápido porque a gente tinha um ritmo bem melhor que o da Mercedes.
– A gente não estava com um ritmo tão bom e o Matt teria que parar para trocar os pneus, o que o faria perder algumas posições. Iria ter muito trabalho para se aproximar do Hamilton outra vez.
– A gente não vai discutir por causa disso, Alina. – Smith sorriu fraco. – Eu só vim te mostrar porque a imprensa já quer ouvir você de novo apenas para ter uma resposta à altura do que o Wolff disse e eu acho que você deve estar preparada.
A loira concordou com a cabeça, fechando o notebook e se levantando da cadeira em que estava sentada sob o olhar atento da amiga, que estranhou a repentina mudança em seu comportamento.
– Eu vou falar com ele.
Louise tentou chamá-la, mas foi em vão porque a Hayes apenas lhe lançou um sorriso segundos antes de caminhar em direção a porta, deixando-a sozinha no meio de sua sala. Soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de dar meia volta e sair do local também para que pudesse recolher suas coisas para que, quando a amiga voltasse, as duas pudessem ir para o aeroporto.
Alina nem mesmo percebia, mas caminhava em passos duros em direção a hospitalidade da Mercedes. Recusou algumas vezes os pedidos de alguns jornalistas que encontrou em seu caminho, lhes lançando sorrisos de desculpas enquanto sua mente apenas queria encontrar Toto o mais rápido possível.
Dessa vez, diferente de quando estivera atrás dele na Bélgica, não hesitou em entrar na hospitalidade e perguntar pela sala dele ao primeiro funcionário com o uniforme da equipe alemã que encontrou a sua frente. Ao ser direcionada, seguiu pelo caminho até que parou em frente a sala indicada e deu algumas leves batidas na porta com os dois dedos.
Empurrou a porta devagar, quando recebeu o comando que poderia fazer, e encontrou três pares de olhos virados em sua direção em total surpresa pela sua presença no local. Se apressou em ajeitar a própria postura, tentando disfarçar que estava ali de modo mais pessoal do que profissional e, por fim, sorriu para as duas figuras que ela não conhecia tão bem quanto a terceira, Andrew Shovlin e James Alisson.
– Boa noite, senhores. – os cumprimentou com um leve maneio de cabeça. – Será que eu poderia conversar com você em particular, Wolff?
– Claro, Hayes. – Toto respondeu, não demonstrando nenhuma reação a presença da mulher no local e se virou para os companheiros de equipe. – James, Shov, podemos continuar depois?
Os dois homens concordaram com a cabeça antes de se levantarem para deixar a sala, permitindo que a loira entrasse para que eles pudessem sair. Alina nem mesmo se deu conta, mas só conseguiu respirar adequadamente de novo quando a porta foi fechada e ela se encontrou sozinha com Wolff.
– O que você quer? – o austríaco perguntou, retirando os óculos de grau do rosto e esfregando as mãos sobre os olhos.
– Nós fizemos uma falta tática? – riu de forma desacreditada. – Sério?
– Me pediram a minha opinião no acidente que aconteceu hoje e eu dei. – ele balançou os ombros. – Me pareceu uma falta tática com intuito de tirar o Lewis do jogo porque vocês não tinham o ritmo nesse fim de semana.
– Caso você não tenha percebido, nós também fomos tirados do jogo! – pontuou, abrindo os braços. – Matt saiu da corrida do mesmo jeito que o Lewis saiu. Nenhum dos dois conseguiu pontuar no dia de hoje.
– Infelizmente para vocês, o plano não deu cem por cento certo. Felizmente para nós, o Lewis saiu com vida daquele carro.
– Assim como o Matt teve a sorte de sair com vida depois de uma batida com uma força de 15G em Silverstone.
– Silverstone não tem nada a ver com o que aconteceu aqui hoje, Alina. – o austríaco destacou, com o dedo em riste na direção da loira que acabou por soltar uma risada.
– Dois pesos, duas medidas, então? – cruzou os braços na altura dos seios, encarando o homem com as irises azuis focadas nele.
Toto soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e recostou o corpo na cadeira em que estava sentado, respirando fundo algumas vezes antes de voltar falar. Precisava manter a calma para que o tom de voz continuasse baixo ou, caso contrário, toda a hospitalidade da Mercedes iria presenciar a discussão dos dois.
O austríaco esfregou uma mão pelo rosto, buscando se acalmar, percebendo que aquela discussão não os levaria a lugar nenhum. Ele não mudaria a sua visão sobre o acidente e sobre como Matt era o culpado, assim como ela não mudaria a sua visão que, dessa vez, havia sido um simples incidente.
– Lina... – a maneira como a voz dele se suavizou para proferir o apelido que havia dado a ela fez com que a mulher franzisse o cenho.
A postura de Wolff havia mudado. Já estava mais suavizada do que antes, seu rosto já não mais possuía a carranca fechada e, sim, uma expressão leve.
– Eu não quis dizer...
– Mas disse. – o interrompeu, sorrindo sem mostrar os dentes, de maneira sarcástica. – Disse que a minha equipe quis tirar o seu piloto da corrida.
O austríaco soltou um suspiro alto, passando uma das mãos pelo cabelo, o puxando com um pouco mais força e balançou a cabeça mais uma vez.
– Você reclamou tanto que eu falei demais em Silverstone, quando eu, claramente, estava certa e fez a mesma coisa em algo que não passou de um simples incidente de corrida. – a loira apontou o dedo em riste na direção do mais alto. – Eu assumi o que eu falei por mais que isso tenha me gerado uma dor de cabeça gigantesca depois.
– Alina, eu...
– Não, Toto. eu não quero escutar nada do que você tem a dizer porque você não vai mudar sua opinião e nós vamos ficar horas aqui discutindo. Se você fez isso por vingança ou, sei lá, para dormir melhor à noite, retirando a culpa das costas da Mercedes pelo erro, eu já não me importo. Eu só não quero mais falar sobre esse assunto.
A loira suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro, fazendo com que o austríaco inspirasse de forma profunda, sem saber o que dizer. Nem mesmo sabia se deveria tentar ou se, somente, a deixava continuar falando tudo o que pensava.
– Ou melhor, eu nem mesmo quero olhar para você.
– O que isso quer dizer? – perguntou, atônito ao ver a loira girar o corpo em direção a porta e se apressou para contornar a própria mesa para se aproximar dela. – Alina...
– Isso quer dizer que você está desconvidado do casamento da Brooke no próximo fim de semana, Torger.
A boca de Toto se abriu em um total choque e ele nem mesmo se movimentou para ir atrás da loira enquanto ela saía de sua sala de forma apressada, sem nem mesmo olhar para trás.
Wolff bufou ao ver a porta do escritório fechada e se aproximou, encostando a testa no local enquanto permitiu que um suspiro escapasse por sua garganta.
Não conseguia entender o que havia realmente acontecido ali... Estava prestes a reconhecer que o seu comentário havia sido fora do tom, mas Alina nem mesmo esperou para ir embora, deixando para trás um Toto Wolff confuso e preocupado.




Capítulo 18

Os últimos dias haviam sido de muito trabalho em Milton Keynes. Como não estaria presente na fábrica na sexta-feira, Alina tentou adiantar o máximo que podia de seu trabalho para que não acabasse acumulando para a segunda-feira. Apesar de ter quase certeza que tentaria cuidar de algumas coisas já no domingo à noite.
Ela não havia tido notícias de Toto. Ele mandou mensagens e ligou, mas ela preferiu não responder porque ainda estava chateada.
Louise foi quem teve que tentar fazer a ponte entre os dois, falando para a amiga que eles não deveriam deixar as coisas da corrida interferir no que estavam vivendo ou teriam sempre que lidar com discussões. Mas nem isso foi capaz de fazer a loira se comunicar com Toto porque ela sabia ser cabeça dura quando era necessário.
Assim que chegou em casa naquela quarta-feira, após um longo dia de trabalho, Alina decidiu que merecia abrir uma garrafa de vinho. Os dias com a família Hayes estavam ocupando grande parte dos seus pensamentos e ela precisava se preparar para enfrentá-los.
Já havia feito reserva em um hotel no centro da cidade para não ter que ficar na casa do Ruggero e a única coisa que faltava era arrumar a sua mala. Era tão acostumada a viajar que a tarefa durava pouco tempo, mas ela postergava o máximo que fosse necessário porque não gostava de fazê-la.
Uma música qualquer do The Weeknd ecoava pela Alexa pelo seu closet e Ariel estava deitada próxima a sua mala em um pedido quase silencioso para que a dona a levasse para a viagem também, o que sempre fazia com que a loira soltasse uma risada fraca.
– Eu adoraria levar você, Ariel. – murmurou, vendo a cachorrinha levantar as orelhas. – Adoraria ver você mordendo a canela da Margarethe outra vez.
Soltou uma risada ao se lembrar de uma vez em que as duas discutiam dentro do apartamento e a Jack Russell Terrier, simplesmente, se aproximou da mais velha para tentar mordê-la, causando uma crise de risadas na loira.
– Mas acho que dessa vez eu terei que enfrentar a fera sozinha... – suspirou. – É desesperador, sabe? Eu sinto calafrios pelo meu corpo só de pensar nessa situação, mas eu acho que isso vai muito de encontro com o que eu busco na terapia... Conseguir enfrentar os meus medos e ser a mulher forte que eu digo que sou.
Alina riu ao não receber nenhuma reação da pequena Ariel, mas balançou a cabeça de um lado para o outro. Estava com medo de ter que enfrentar a família sozinha, mas sabia que, mesmo com todos os cenários ruins, ela sabia que não sairia morta de lá.
O som da campainha fez com que Ariel se agitasse rapidamente e corresse do closet. A loira riu mais uma vez, levantando-se do chão e carregando consigo a sua taça de vinho para que pudesse atender a porta.
Torcia para que fosse a comida que havia encomendado porque não estava a fim de cozinhar aquela noite. Precisava focar suas energias em arrumar a sua mala porque detestava a tarefa.
Girou a maçaneta da porta, surpreendendo-se ao encontrar Toto parado com as mãos dentro do bolso da calça que usava. O austríaco usava os óculos de grau e tinha uma expressão um pouco cansada, mas sorriu largamente ao ver a loira.
– Eu não disse que não queria ver você? – cruzou os braços, encarando o moreno com um semblante que exalava a sua raiva ainda existente.
– Eu prometi que iria ao casamento com você. – Toto balançou os ombros, soando tão firme que chegou a assustar um pouco a mulher.
– Se eu me recordo bem, eu te desconvidei. – ela sorriu de forma irônica, ainda o encarando, mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa, os latidos de Ariel chamaram a sua atenção.
Hayes assistiu a sua cachorrinha passar por ela e se posicionar nas canelas de Toto, esperando que ele a acariciasse. Rolou os olhos ao ver o homem se agachar para fazer um carinho nela e colocou as mãos na cintura antes de murmurar:
– Ariel, você é uma grande traidora! – retornou para dentro do apartamento e Toto deu um passo para entrar também, trazendo consigo a Ariel em seu braço e puxando a mala que havia preparado para ir para Bristol. – Parece que você está com dificuldade de entender a palavra não.
Toto sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro e encarou a loira com um sorriso doce nos lábios.
– Lina... Eu entendo que você esteja chateada e eu entendo que eu me excedi nos comentários. Ainda mais depois de ter reclamado sobre as suas falas depois de Silverstone. Eu, basicamente, fiz o mesmo que você. – riu fraco. – Portanto, me desculp se eu insinuei que vocês teriam feito de propósito.
Alina manteve a expressão fechada, não querendo dar o braço a torcer e aguardando para ouvir o que mais o austríaco tinha para falar. Já Toto sorriu ao ver como ela procurava manter aquela postura de inabalável e continuou:
– Nós dois somos completamente apaixonados pelo automobilismo e essa paixão, as vezes, nos cega. A gente não aceita o ponto de vista do outro, quer defender a nossa respectiva equipe de tudo que o outro acusa. Eu entendo isso também e acho que o certo a ser feito quando se trata de dois chefes de equipe. Porém, eu acho que a gente tem que buscar manter o automobilismo afastado disso que nós estamos iniciando. – Toto suspirou. – Eu não quero brigar com você toda vez que Lewis e Matt se envolverem em um acidente. Eu não quero que você acuse a minha equipe de trapacear, assim como eu não irei acusar a sua de trapacear. Por mais que a gente crie esse ambiente duro dentro do paddock, eu não quero que a gente o traga para a nossa relação.
A loira engoliu seco as palavras do austríaco enquanto sua mente se remexia para que ela encontrasse as palavras boas o suficiente para respondê-lo.
– Eu também acho que a gente tem que sabe diferenciar Alina e Toto chefes de equipe da Alina e Toto casal. – sorriu fraco. – Acho que, talvez, nós não devêssemos falar sobre as nossas equipes e isso vale para todos os assuntos... Até a gente conseguir separar perfeitamente o nosso trabalho do que nós estamos vivendo.
Alina balançou a cabeça, concordando com o que estava ouvindo e Toto balançou a mãos antes de se curvar para colocar Ariel de volta ao chão, deixando a mala para trás para que pudesse se aproximar da loira, que não fugiu de seu contato. As mãos do moreno nas laterais de seu corpo fizeram com que um sorriso mínimo surgisse em seus lábios.
– Eu sei que eu falei demais e eu realmente peço desculpas por isso. – murmurou. – Eu vou tentar não falar tanto para que a gente não tenha esses conflitos, mas eu preciso que você saiba que eu não vou medir esforços para defender a minha equipe.
– Assim como eu não vou medir esforços para defender a minha equipe. – respondeu com um tom de voz mais firme, tentando não parecer que estava afetada pelo contato tão próximo dos dois.
– Eu estou convidado para o casamento, então? – arqueou as sobrancelhas, deixando que um sorriso surgisse em seus lábios enquanto encarava Hayes a espera de uma resposta.
Hayes soltou uma risada fraca, mordendo o lábio inferior antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. Era óbvio que o desejo de ambos de defender as suas equipes era forte demais e isso afetava a relação dos dois, podendo causar até mais problemas, considerando que a temporada estava acirrada.
– Eu entendo tudo o que você está me dizendo. E, sinceramente, me senti um pouco mal pela nossa briga, mas eu sou cabeça dura o suficiente para não querer ir atrás de você. – riu fraco. – Eu acho que a gente pode estabelecer essa regra de não falar das nossas equipes e de tentar sermos mais passíveis um com o outro após incidentes de corrida.
– Só para deixar claro que, dessa vez, foi um acidente de corrida. – sorriu e a loira rolou as irises azuis. – Mas, você pode continuar.
– Para que a gente consiga evitar esse tipo de situação.
– Por mim, está ótimo, Hayes... Eu aceito qualquer coisa para não ficar longe de você. – piscou, antes de levar uma mão até a nuca da loira para que pudesse trazê-la para perto e fazer o que estava há dias desejando: beijá-la.
Alina sorriu antes de se permitir entrar no momento, sentindo os lábios do Toto sobre os seus, iniciando um beijo repleto de desejo e saudade. As mãos dela já passeavam pelas costas do mais velho enquanto ele tratava de apertá-la quanto o seu próprio corpo com o leve receio que ela pudesse ir embora mais uma vez.
O som da campainha e os latidos de Ariel foram o que fizeram com que o casal se separasse com as respirações descompassadas e os lábios levemente avermelhados.
Hayes soltou uma risada fraca ao perceber como os cabelos de Toto estavam desarrumados e caminhou em direção a porta para que pudesse abrir porque agora só poderia ser o entregador.
Toto a assistiu receber alguma coisa na porta com Ariel aos seus pés, já que a mesma nem se mexeu para ir ao local, mas jogou uma bola laranja aos seus pés na expectativa que ele iniciasse uma brincadeira com ela.
Soltando uma risada, ele se agachou para pegar o objeto e o atirou do outro lado da sala, vendo a Jack Terrier correr para encontrar a bola enquanto Alina rolava os olhos pela bagunça que a animal faria na sala de estar.
– Torger... – chamou enquanto colocava a sacola sobre a ilha da cozinha, encarando o austríaco que havia acabado de girar o rosto para olhá-la. – Você está convidado de novo para o casamento.
– Que ótimo porque eu já vim preparado para ir. – apontou para a mala, arrancando uma risada da loira que cruzou os braços. – O que foi?
– Estava tão confiante assim que eu iria aceitar as suas desculpas?
– Na verdade, eu estava pedindo aos céus para que isso acontecesse. – confessou. – E olha que eu não sou um homem tão religioso.
– Deus atendeu o seu pedido, então. – piscou, começando a retirar os potes da sacola e sorrindo ao ver a comida japonesa que havia pedido. – Eu pedi comida japonesa e estou bebendo vinho. Você quer me acompanhar?
– Não precisa nem perguntar duas vezes, Hayes.
Wolff caminhou em direção a ilha, sentando-se em um dos bancos em frente ao local e Alina se apressou para buscar uma taça para ele enquanto sua mente se atentava a grande ironia que era ela estar em um jantar com ele no seu apartamento.
Ela havia lutado tanto para se manter afastada dele quando não tinha corrida e agora estava feliz por tê-lo em seu apartamento às vésperas de um fim de semana. Estava mais feliz ainda por saber que o teria ao seu lado em um fim de semana assustador.


🏎🏆✨



As duas horas que separavam Bristol de Londres passavam tranquilamente para o casal dentro da Mercedes AMG GLE 63S. A playlist de Alina, que no início causou caretas em Wolff, se tornou o único som dentro do veículo, impedindo de entrar em um silêncio absoluto e estranho.
O austríaco mantinha os olhos na estrada movimentada e, ao lado dele, Alina estava perdida em seus próprios pensamentos, desde o instante em que as músicas começaram a ecoar pelo carro. Ela mordia o próprio lábio inferior repetida vezes enquanto repassava as lembranças da última vez em que havia estado em sua terra natal.
Wolff havia decidido dar o espaço que ela queria, a princípio, não querendo fazer nenhuma pergunta e nem forçá-la a falar nada porque já havia compreendido que ela não se sentia confortável. Porém, já estava preocupado com o longo silêncio da loira.
Ele desviou o olhar da estrada por alguns segundos, encarando a loira. Ela tinha a atenção nas próprias mãos, que estavam sobre o colo, e movimentava os dedos devagar. O austríaco retirou uma das mãos do volante, levando-a até a coxa da loira coberta pela saia midi de listras coloridas que ela usava, chamando a sua atenção para que ela o encarasse.
– Você está muito quieta. – murmurou, acariciando o polegar sobre a coxa dela e sorriu fraco antes de voltar a encarar a pista. – Quer voltar para Londres?
A primeira parte da resposta foi um suspiro seguido de uma risada nasalada porque, embora estivesse louca para voltar para casa, sabia que não poderia fazer aquilo. Era um dia especial para Brooke e, por mais que a mais nova às vezes enchesse a sua paciência, não poderia deixar de estar lá.
– Eu adoraria dizer que sim. – curvou os ombros. – Mas a Brooke transformaria a minha vida em um inferno se eu não aparecesse.
– Você me disse que a Margarethe estará lá...
– Sim. Brooke não deixaria de convidá-la:
– Elas têm uma boa relação? – Toto uniu as sobrancelhas e ouviu a loira suspirar.
Ele não conseguiu tirar os olhos da estrada dessa vez para que pudesse encará-la, mas tinha certeza que ela estava avaliando se falava mais sobre aquele assunto ou não. Então, optou por esperar.
Alina respirou fundo algumas vezes ao ouvir a resposta do homem e a forma delicada como ele tentava se inserir para descobrir sobre o seu passado. Toto não era incisivo e nem cobrava que ela contasse, apenas deixava claro que queria saber e dava o espaço para ela contar quando quisesse.
Assim, os dois voltaram a ficar em silêncio dentro do carro enquanto a voz de Beyoncé tomava conta do veículo em Love On Top. Alina observava a face concentrada de Toto dirigindo, analisando todo o rosto do chefe da Mercedes com um sorriso leve no rosto.
Esticou o braço, levando a mão até o braço que o austríaco mantinha sobre sua perna, e acariciou os dedos longos do mais velho enquanto sua mente estava em turbilhão e ela tentava afastar o nó formado em sua garganta que buscava a impedir de falar.
A voz de Dorothea surgia ao fundo, fazendo com que ela se lembrasse que não deveria ter medo de contar seu passado e que não havia nenhuma parcela de culpa sobre ela em relação ao que aconteceu.
Ainda tinha o fato de ela se sentir segura ao lado de Torger, a sensação boa que ele trazia para ela de fazer seu coração bater um milhão de vezes mais rápido, a forma como ele havia reagido quando ela contou sobre o seu antigo casamento.
– Margarethe e Ruggero se casaram muito novos apenas porque ela engravidou de mim. Ela nunca aceitou bem o fato de estar grávida, porque teve que parar toda a vida dela para cuidar de mim. Quando eu tinha cinco anos, ela descobriu uma traição de Ruggero e saiu de casa. – fez uma pausa para limpar a garganta. – A partir daí, ela passou a me tratar mal porque eu não conseguia entender o motivo da gente ter ido para longe do Ruggero. Eu era uma criança e, simplesmente, não entendia porque, do dia para noite, estávamos vivendo longe do meu pai e porque eu tinha que passar a odiá-lo. Eu me lembro perfeitamente do dia em que eu disse que estava sentindo falta do meu pai e ela me levou até a estação de trem e me deixou lá, dizendo para que eu fosse atrás dele. Ela deixou uma criança de cinco anos sozinha em uma estação de trem por quase seis horas... Esse é a Margarethe. – riu sem humor enquanto Toto arregalou os olhos em total surpresa à história que ouvia. – Até que a Brook nasceu e foi como se um novo mundo tivesse surgido para ela. Diferente de mim, que conhecia o Ruggero e achava que ele era um bom pai, ela não tinha isso e foi mais fácil para a Margarethe ensiná-la a odiá-lo.
Wolff balançou a cabeça, se mantendo em silêncio e dando o espaço que a loira precisava para falar, mas mantendo os ouvidos atentos, ainda que os seus olhos estivessem na pista.
– Nada que eu fizesse fazia com que a Margarethe gostasse mim ou me tratasse bem. Ela tinha a Brooke como a filha preferida e daria o mundo para ela; e me tiraria do mundo, se tivesse coragem. – riu, balançando os ombros. – Então, quando eu fiz sete anos, eu fui colocada no trem para Bristol por ela. Simples assim, descartada pela mulher que deveria ser uma mãe...
Wolff percebeu que a voz dela falhou ao final e sentiu-se um pouco culpado por ter pedido que ela contasse a história. Seu peito doía por vê-la sofrer daquela maneira.
– Lina, se não quiser continuar... – afagou seus cabelos de uma forma carinhosa e ela balançou a cabeça de um lado para o outro, respirando fundo mais uma vez e secando uma lágrima que escorreu por sua bochecha.
– Eu fui morar com Ruggero, mas a vida com ele não era fácil porque ele vivia para a oficina e a loja dele. Ele só costumava ficar em casa ao domingos, que era quando ele parava para assistir as corridas, e eu ficava por perto para tentar ficar mais próxima dele... Mas, mesmo assim era difícil. Então, ele me levou para viver com a minha avó e aparecia, raramente, aos domingos para me ver. Se lembra que eu falei que eu tenho uma boa relação com a minha avó? – sorriu fraco ao se lembrar da mais velha. – Foi ela que me criou praticamente porque eu só via o meu pai algumas poucas vezes.
– Mas você parece ter uma boa relação com ele. Eu me lembro que você me disse em Mônaco que foi ele quem te incentivou a fazer motocross... – Toto murmurou e a loira balançou a cabeça.
– Eu comecei no motocross para chamar a atenção dele. – riu. – Na verdade, todo o meu amor por automobilismo e velocidade surgiu assim, até que eu realmente me apaixonei por isso. Ele me apoiou porque achava incrível que eu quisesse fazer parte do universo que ele tanto gosta. Mas a nossa relação ficou melhor depois que ele se casou com a Adelaide porque ela o fez buscar a reaproximação.
Toto balançou a cabeça, entendo as palavras dela, sem saber se poderia fazer uma pergunta ou não, mas decidiu fazê-la para que pudesse entender um pouco mais da família Hayes.
– E a Brooke viveu com a Margarethe?
– Só até os cinco anos. – estalou a língua no céu da boca. – Margarethe conheceu um português que estava de férias e ele quis que ela fosse viver com ele em Lisboa, mas ela não quis começar uma nova vida com uma filha de uma relação anterior... Simplesmente, veio a Bristol, deixou a Brooke e foi embora.
– Mesmo assim a Brooke ainda é próxima a ela? – Wolff franziu as sobrancelhas, não conseguindo compreender como que a outra Hayes conseguia ser amiga da mulher.
– A Brook meio que sempre colocou ela em um pedestal e não a vê como errada em nada.
O austríaco concordou com a cabeça, sem querer tecer comentários sobre a situação, mas feliz por Alina ter tido a coragem de se abrir sobre algo tão pessoal e doloroso para ela.
– Lina, eu nem imagino o quão doloroso tudo isso tenha sido e eu sinto muito. – esfregou os dedos no volante. – Mas você se tornou uma mulher incrível e eu tenho certeza que não vai repetir nenhum desses atos.
– Obrigada, Torger. – sorriu fraco, virando-se para encará-lo, mas ele mantinha os olhos fixos na estrada naquele momento. – Eu, sinceramente, não sei o que esperar desse fim de semana, mas não estou com as expectativas muito altas para ele...
– Você acha que Margarethe irá falar alguma coisa?
– Certamente. – riu sem humor. – Um dos grandes prazeres da vida dela é agir, na frente dos outros, como se fosse a melhor mãe do mundo. Além de gostar de me criticar, me cobrar por coisas que ela acredita que são certas... Geralmente, termina em discussão.
– Ela fala sobre o que? O seu trabalho?
– Ela não gosta que eu trabalhe na Fórmula 1. Acha que não é um bom universo para uma mulher. – riu sem humor e Wolff exalou em resposta. – Para ela, é um absurdo eu ter quase trinta e um anos e não ser uma mulher casada e com filhos, vivendo para o meu marido.
– Você acha que ela pode falar algo sobre nós?
Alina mordeu o lábio inferior. Não havia pensado naquela situação, mas, conhecendo Margareth como ela conhecia, sabia que era muito provável que ela fizesse comentários inapropriados sobre a relação, ainda que não soubesse que Toto é chefe da Mercedes.
– Ela certamente falará. – balançou os ombros para cima e para baixo, mostrando que não se importava com aquilo. – Não se preocupe com isso.
– Eu me preocupo com você. – virou o rosto, sorrindo na direção da loira por alguns segundos. – Eu estarei ao seu lado o tempo inteiro. – garantiu, voltando a acariciar a coxa dela. – Caso você se sinta desconfortável, me avise e nós vamos embora no mesmo instante.
Hayes sorriu, esticando a mão para acariciar a nuca do austríaco em um agradecimento silencioso por ele ter entendido um pouco da sua história.
Ainda havia muitas coisas para contar, mas ela sentia que se despejasse tudo de uma vez poderias assustar Wolff. Mal sabia ela que ele não iria a lugar nenhum.



🏎🏆✨



Para o fim de semana, Alina havia escolhido o Harbour Hotel para que ela e Toto ficassem. Não gostava de ficar na casa de Adelaide e Ruggero, apesar de os dois sempre a tratarem muito bem, porque queria ficar o mais distante das memórias possível. E agora, ao lado de Toto, sentia que seria melhor que os dois tivessem um pouco mais de privacidade.
Havia acordado naquela sexta-feira com cerca de cinco mensagens de Brooke para saber onde ela estava, se ela realmente iria aparecer ou se tinha decidido inventar uma desculpa de última hora. Foi impossível não rir fraco porque aquela ainda era a sua vontade: inventar alguma desculpa e retornar para Londres o mais rápido possível.
Porém, as palavras de Dorothea ao longo dos anos de tratamento ecoavam em sua mente. Ela sabia que enfrentar a sua família era uma das partes mais importantes não apenas para o seu tratamento, mas para que pudesse, finalmente, se abrir do seu passado. Precisava enfrentar tudo aquilo para até que aquilo não mais a afetasse como antes. Afinal, nada do que havia acontecido era culpa sua.
Em baixo da água quente foi impossível que os pensamentos não a atingissem novamente e ela precisou usar as técnicas de respiração que havia aprendido com Dorothea para que não desencadeasse uma crise.
Iria enfrentar mais um de seus medos que era estar de frente com o seu passado. Alina repetia o mantra que agora não podia ser machucada como era antes. As coisas eram diferentes e ela ficaria bem.
Saiu do banho quando as mãos já estavam enrugadas e se enrolou na toalha enquanto ligava o secador para secar os cabelos. Não havia planejado fazer algo diferente, então, do secá-lo seria o suficiente.
Já na maquiagem, decidiu não pesar tanto a mão. O vestido que usaria já era chamativo o bastante, não precisava de mais nada quase. Assim, fez uma maquiagem leve apenas para esconder algumas imperfeições e passou um dos seus batons escuros que tanto gostava.
– Lina, eu não acho que esse seja o look mais apropriado. – Toto zombou quando viu a mulher emergir do banheiro com a toalha ao redor do corpo em uma tentativa de diminuir um pouco da tensão que ela parecia sentir desde o momento em que os dois chegaram a Bristol.
– Eu acho que você dirá a mesma coisa quando ver o que eu irei vestir de verdade. – sorriu, virando-se para encará-lo e percebendo que ele estava com o notebook em seu colo, deitado na cama. – Trabalhando?
– Eu precisei responder um e-mail de urgência. – fechou a tela, deixando o aparelho sobre a cama e se levantou rapidamente para ir em direção ao banheiro.
Alina concordou com a cabeça, indo em direção ao closet para buscar o vestido que havia deixado pendurado por lá para que não amassasse muito. A loira deixou a toalha cair, vestiu uma lingerie preta e prontamente pôs o vestido em seu corpo.
Encarou a própria figura no espelho, vendo como vestido cinza brilhoso de mangas compridas havia ficado bem em seu corpo. Havia um decote longo em formato de "V" na parte da frente que realçava os seus seios, além do modelo realçar a sua silhueta. Sem dúvida que era belo e combinava com o seu estilo.
Hayes girou o corpo quando viu Wolff entrando no closet com a toalha envolta de sua cintura e sorriu em sua direção antes de se aproximar dele. O austríaco desceu os olhos por todo o corpo de Alina, sorrindo de ladino ao perceber a roupa que ela havia escolhido para a ocasião. Ela não precisava de muito para ficar linda, na opinião dele, mas conseguia ser extremamente sexy quando queria.
– Você pode me ajudar com o zíper? – a pergunta foi inocente, mas quando a loira se virou de costas, mostrando a parte de trás do vestido, Toto precisou respirar fundo e se concentrar.
O decote fundo e a maneira como a peça realçava a bunda da mulher eram o suficiente para levá-lo a loucura naquele momento. Tanto que ele precisou de muito autocontrole para conseguir levar as mãos até o zíper para subi-lo e não para fazer o caminho contrário.
Seu inconsciente o mandava arrancar as poucas peças de roupa que os vestiam e tomar Alina em seus braços, esquecendo-se completamente de jantar de casamento, mas ele sabia que não poderia fazer aquilo - mesmo que ela quisesse tanto quanto ele.
– Eu preferia ajudá-la a tirá-lo. – murmurou com os lábios próximos ao ouvido da loira e ela soltou uma risada fraca, tentando fingir que não havia sido atingido por aquelas palavras, mas era meio impossível quando sentia as mãos grandes e largas do austríaco em seus quadris e o seu corpo atrás do dela.
– Já terminou? – indagou, girando um pouco o rosto para que pudesse olhar para trás e o homem concordou com a cabeça.
– Aconteceu algo? – Wolff perguntou preocupado com a forma que a mulher agia e ela balançou os ombros.
– Eu só não... – suspirou. – Eu não estou no clima.
Toto concordou, entendendo o que ela queria dizer e focou em se arrumar enquanto a loira terminava de por os acessórios e pegava a bolsa que levaria algumas coisas.
A loira o observou por alguns segundos antes de deixar o closet e retornou ao quarto para colocar alguns itens essenciais dentro da bolsa que carregava. Depois, se sentou na beira da cama para que pudesse calçar as sandálias pretas.
Não demorou muito para que Toto aparecesse, agora devidamente vestido e com o paletó claro em mãos. O austríaco buscou o celular, carteira e as chaves do carro, colocando nos bolsos da calça antes de vestir o paletó que segurava.
– Você está lindo. – murmurou, aproximando-se e passando a mão pelas iniciais do nome do austríaco que eram bordadas em todas as camisas sociais que ele usava enquanto a mão de Wolff envolvia sua cintura.
– E você está deslumbrante. – sorriu, curvando-se para deixar um beijo na testa da mulher. – Podemos ir?
A loira precisou respirar fundo algumas vezes antes de concordar com a cabeça. Wolff estendeu a mão livre para que ela pudesse segurar e ela a segurou, se permitindo ser levada ou, talvez, não teria nem um pingo de coragem para deixar aquele hotel.


🏎🏆✨





Assim que entraram na Mercedes de Toto, Alina colocou o endereço da casa de Ruggero no GPS e, enquanto austríaco dirigia pelo caminho sugerido, ela entrou em sua própria bolha.
Era impossível não sentir medo de estar novamente naquele ambiente, mas ela tentava lutar contra o sentimento, sabendo que nada mais dali poderia atingi-la como antes.
Ficou tão absorta nos próprios pensamentos que nem mesmo reparou que haviam chegado a casa dos Hayes. Apenas quando a mão grande de Toto tocou a sua coxa sobre o vestido, ela percebeu que o carro já havia sido estacionado.
– Está tudo bem? – ele perguntou para se certificar e ela concordou com a cabeça após tomar uma nova lufada de ar.
O austríaco saiu da Mercedes, cruzando a mesma pela frente, e abriu a porta do lado do carona para que Alina pudesse sair. Ele segurou na mão dela, ajudando a mulher a descer do carro e, assim que ela parou a sua frente, entrelaçou suas mãos nas dela, as segurando forma e atraindo a atenção da loira para os seus olhos.
– Lina, se em algum momento, você não se sentir confortável, me avise que iremos embora no mesmo segundo.
A loira concordou com a cabeça, esfregando o polegar sobre o dorso da mão de Toto e sorrindo sem mostrar os dentes em sua direção. Estava nervosa pelo que viria pela frente, mas, de alguma forma, por ter o austríaco aos eu lado, ela sentia que conseguiria passar pelo possível inferno que aquela noite seria.
Em passos lentos, os dois se dirigiram até a porta da casa dos Hayes. Alina se esticou para tocar a campainha e não demorou muito para que a figura de Adelaide surgisse a frente dos dois.
– Alina, querida! – a mais velha abriu os braços, recebendo a loira em um abraço caloroso que a deixou um pouco tímida.
– Como vai, Ade? – sorriu, se afastando do abraço e colocou uma mão no bíceps de Toto. – Este é Toto.
Uma dúvida surgiu em sua mente porque ela não sabia como deveria apresentá-lo para as pessoas. Não estavam mais em uma relação com regras, nem era um namoro... Ele era seu amigo? Companheiro? Rival?
Afinal, os dois não haviam oficializado nada ainda.
– É um prazer conhecê-la, senhora Hayes. – Wolff se pronunciou ao perceber que a loira ao seu lado hesitou e foi recebido por um abraço por parte da mais velha.
– Eu posso dizer o mesmo, Toto. – sorriu antes de dar passagem para que os dois entrassem no extenso jardim da parte da frente da casa.
Enquanto a loira passou primeiro, seguindo atrás de Adelaide, o moreno aproveitou para analisar toda a arquitetura da casa que era de modelo antigo como as outras da região, possuindo um grande jardim na frente e, certamente, também na parte de trás.
– Estamos todos na parte de trás. – Adelaide avisou ao guiá-los pela lateral da casa até os fundos. – Está uma bela noite para que ficássemos presos em casa... Brooke decidiu fazer tudo ao ar livre.
– Fez bem... Uma noite fresca como essa deve ser muito bem aproveitada. – riu fraco, tentando afastar o arrepio que percorria o seu corpo a cada novo passo que era dado.
A música podia ser ouvida dali, mas era algo mais instrumental e delicado. Assim que os três chegaram na parte de trás da casa, enquanto os olhares curiosos se voltaram em sua direção, Alina olhou para a decoração que estava a cara da Hayes mais nova.
Havia uma comprida mesa pelo jardim coberta com tecidos brancos e rosa claro, já devidamente com os lugares marcados, e algumas mesas redondas e menores. Ela pode ver um pequeno bar montado próximo às escadas que levavam a entrada lateral da casa e, na árvore que havia no quintal, havia sido colocado um fio de luzes douradas para contrastar com o ar romântico do ambiente.
– ALINA! – a voz esganiçada de Brooke fez com que a loira retirasse a atenção da decoração para vê-la caminhar apressadamente em sua direção.
Brooke Hayes usava um vestido branco transpassado que era mais cumprido na parte de trás enquanto na frente terminava na altura de seus joelhos. Os cabelos estavam soltos, mas com cachos nas pontas e, nos pés, ela tinha sapatos rosa pink.
As duas irmãs se abraçaram por alguns segundos e, quando se afastaram, Brooke sorriu para a mais velha.
– Nen acreditei quando você mandou mensagem dizendo que estava na cidade... – riu. – Achei que eu teria que gastar as primeiras horas do dia do meu casamento indo até Londres para te trazer para cá pelos cabelos.
– É importante para você, Brook. – sorriu, acariciando o ombro da irmã e, antes que pudesse apresentar Toto, Scott apareceu para cumprimentá-los.
– Alina, se eu tivesse apostado, eu teria perdido. – Scott murmurou, abraçando-a rapidamente. O noivo estava monocromático com calça e paletó em tons azul escuro e blusa social em um azul mais claro. – E você trouxe o Toto Wolff?!
Toto franziu o cenho com o comentário do noivo, se perguntando se Alina já havia comentado alguma coisa a respeito dele.
– É um prazer conhecê-los. – ele se apressou para cumprimentar o casal, estendendo a mão para ambos e sorrindo de forma gentil. – Parabéns pelo casamento.
– Obrigada, Toto. – Brooke sorriu. – Fiquem à vontade. Está uma noite linda e decidimos montar tudo aqui fora...
– A vovó já chegou? – perguntou, olhando para a irmã, mas recebeu como resposta um aceno em sinal negativo.
– Papai foi buscá-la. Acho que já devem estar voltando.
Alina e Toto concordaram com a cabeça e a loira o puxou para um canto do jardim. Havia alguns rostos conhecidos ali e ela sorriu sem mostrar os dentes para alguns deles, não querendo ter que cumprimentá-los.
– Vamso até o bar? – pediu, segurando no braço do mais velho e ele concordou com a cabeça, seguindo com ela até o local.
– Posso fazer uma pergunta? – Alina concordou com a cabeça após pedir uma taça de vinho. – Por que seu cunhado falou como se me conhecesse?
– Scott é um grande fã seu e da Mercedes. – fez uma careta. – Em Silverstone, Ruggero até brincou que talvez ele pedisse você em casamento.
– Me lembre de mandar algumas coisas da nossa marca para ele e para Ruggero. – a loira rolou os olhos.
– Ruggero não é muito fã da Mercedes. – murmurou com um sorriso leve no rosto.
– Por que eu não acredito nisso? – a encarou, soltando uma risada fraca. – Sem dúvida que ele deve gostar do melhor piloto de todos os tempos...
– Mas é claro que ele gosta só Schumacher. – a loira riu antes de se virar para receber a taça que havia pedido e Toto balançou a cabeça de um lado para o outro com a resposta dela. – Obrigada. – virou para o homem ao seu lado, franzindo as sobrancelhas. – Não vai beber nada?
– Hoje não. – murmurou, sorrindo sem mostrar os dentes e pedindo uma água.
Alina voltou a passar os olhos pelo gramado da casa, vendo Brooke conversar com algumas pessoas que ela não conhecia, e vendo alguns membros de sua família.
– Podemos nos sentar em alguns dos bancos? – Wolff indagou, olhando para a loira que concordou com a cabeça, seguindo para a lateral do gramado.
– Alina Hayes está de volta à Bristol? – uma voz feminina fez com que o casal parasse de andar e girasse o corpo.
A loira sorriu ao encontrar a figura baixinha de Betty, a única pessoa da família que sabia de toda a sua história e que havia a ajudado. Apressou-se para abraçar a mulher que havia adotado algumas mechas laranjas aos cabelos que contestavam de forma perfeita com as tatuagens espalhadas por todo o corpo e que, no início, chocaram boa parte da família.
– Eu tive que vir para o casamento da Brook ou ela iria cometer um crime. – riu sem humor e a outra concordou, entendendo o que ela queria dizer e sabendo perfeitamente o quanto ela não queria estar ali.
– Nós sabemos bem que a sua irmã consegue ser bem chata quando ela quer.
– Você quis dizer o tempo inteiro? – foi a vez de Betty rir, balançando os ombros.
– Talvez não quando ela está dormindo, mas acho que o Scott quem deveria nos dizer isso. – a mulher cerrou os olhos antes de abanar a mão livre no ar e observar o homem alto parado a alguns passos de distância da loira. – E você veio acompanhada... – pontuou, encarando Toto antes de voltar a olhar para a prima. – Quem é o bonitão?
– Esse é o Toto. – Alina girou o corpo e o austríaco fingiu que não prestava atenção na conversa, só levantando a cabeça para olhá-las quando ouviu o seu nome ser pronunciado. – Toto, essa é minha prima, Betty.
– É um prazer conhecê-la, Betty.
– Eu digo o mesmo, Toto. – sorriu, cumprimentando a mão que havia sido estendida em sua direção e voltou o olhar para a prima. – Trazendo um namorado para Bristol? É isso que eu chamo de evolução, Ali.
Alina arregalou os olhos ao ouvir a palavra namorado e reação não passou despercebida pelo chefe da Mercedes que soltou uma risada a frase dita por Betty.
Perguntou-se, mentalmente, se deveria corrigi-la ou não, mas decidiu que, talvez, fosse melhor que a prima tivesse aquela impressão e decidiu que era melhor se manter em silêncio quanto aquela palavra.
Aproveitaram para conversar por alguns minutos com Betty e a loira se surpreendeu ao descobrir que a prima havia se mudado para Liverpool há cerca de quatro meses. Estava dando aulas de Literatura na universidade e prometeu que faria uma visita a outra quando tivesse um tempo.
– Betty me pareceu muito legal... – Toto murmurou quando a mulher se afastou para atender uma ligação.
– Ela é... – Alina sorriu, concordando com a cabeça. – Ela me ajudou muito quando eu me separei e até a minha mudança para Londres. É quem eu mais tenho carinho da família.
Toto uniu as sobrancelhas, querendo questionar a ajuda que recebeu ou saber mais sobre como Alina foi parar em Londres após o divórcio, mas, outra vez decidiu que era melhor permanecer calado.
Era melhor esperar que a loira se sentisse a vontade o suficiente para lhe contar mais um pedaço de sua vida, como ela já havia feito antes. O saber que ela confiava nele para se abrir daquela forma, o deixava feliz porque era isso que sempre buscou em seu relacionamento com Alina.
Queria que ela confiasse nele para contar os seus segredos e seus medos, mas que também fosse capaz de entender que ele faria o possível para não magoá-la ou repetir qualquer erro da relação anterior dela. Wolff queria mais envolvê-la em seus braços e protegê-la de tudo do que qualquer outra coisa.
Bebeu sua água, olhando ao redor enquanto uma pessoa desconhecida se aproximou para cumprimentar Alina. Ele assistiu, em silêncio, como a mulher falava repetidas vezes que a loira havia sumido e que era difícil saber notícias dela e uniu as sobrancelhas, querendo rir da forma que Hayes se defendia dizendo que estava com muito trabalho no escritório.
A mulher pareceu concordar por fim e Alina soltou um suspiro aliviado quando ela se afastou, para a risada fraca de Torger ao seu lado. Era estranho estar em família porque todos tinham o mesmo comentário a fazer sobre como ela havia sumido nos últimos anos.
Talvez vocês tenham culpa nisso, era tudo o que ela queria dizer, mas sabia que não poderia. Então, optava por disfarçar e beber o seu vinho.
– Alina, filha! – a loira virou para frente ao ouvir seu nome ser chamado e sorriu sem mostrar os dentes ao ver Ruggero se aproximar. – Como você está?
– Bem e você, Ruggero?
Os dois partilharam um abraço breve, porque não eram muito fãs de longos cumprimentos, e sorriram na direção um do outro.
O mais velho gostou de ver a forma que os olhos da filha brilhavam e a maneira que o sorriso dela parecia mais largo. Já fazia muito tempo desde a última vez que ele havia visto a mesma daquele jeito.
– Scott me disse que você veio com Toto Wolff e eu não acreditei... – riu, encarando o homem parado a alguns metros de distância.
– É um prazer conhecê-lo, Ruggero. – Wolff se adiantou outra vez, esticando a mão para que pudesse cumprimentá-lo, mas, para sua surpresa, foi recebido em um abraço rápido com direito a alguns tapinhas nas costas.
Seria mentira dizer que ele não estava nervoso para conhecer a família de Alina, mas até aquele momento, todos haviam sido bem respectivos, apesar dos diversos olhares curiosos que recebiam.
– Eu fiquei sabendo que você é um fã da Mercedes... – murmurou na intenção de irritar a loira ao seu lado e, no momento em que ela soltou o ar dos pulmões, Toto teve certeza que havia conseguido.
– Um fã do Hamilton, para ser mais exato... Aquele cara é impressionante! – o mais velho riu de forma maravilhada. – Eu gosto de torcer pelos pilotos ingleses.
– Lewis é realmente um piloto incrível. E um cara fora de série... – Toto concordou com a cabeça. – E a nova safra de pilotos vem com muitos ingleses bons, olhe para George Russell.
Alina riu ao ouvir a menção do nome do piloto da Williams. Wolff nem mais escondia a sua preferência pelo rapaz, que, sem dúvida, era talentoso e poderia fazer muito em uma Mercedes — como mostrou quando substituiu Lewis no ano anterior.
– Lando Norris também é muito bom. – Ruggero disse. – A McLaren está com uma dupla boa, o último fim de semana foi fantástico.
– Daniel conseguiu calar a boca de muita gente nesse fim de semana. – Alina murmurou, atraindo as atenções dos dois. – Ele é um ótimo piloto. Eu gosto muito dele.
Toto emitiu um som em puro sarcasmo com o último comentário de Alina e, quando seus olhares se encontraram, ele arqueou uma das sobrancelhas. Queria poder dizer em silêncio "é claro que você gosta do Daniel".
– Eu vou até o bar buscar algo para beber. Vocês querem algo? – Wolff questionou, encarando Alina que estendeu sua taça, já vazia para ele.
– Você me conhece.
Toto depositou um beijo em sua têmpora antes de se afastar em direção ao bar, deixando Alina e Ruggero para trás. O mais velho assistiu o olhar que a filha lançava para o chefe da Mercedes antes de voltar a encará-lo e sorriu.
– Você parece feliz, Alina. – pontuou. – Feliz de uma forma que fazia tempo que eu não via... – sorriu fraco na direção dela que permaneceu em silêncio.
– Eu estou, Ruggero. – respondeu, confirmando com a cabeça. – Eu estou.
O homem passou um braço pelo ombro da filha, a envolvendo em um abraço desajeitado, mas cheio de carinho.
– É muito bom ver as minhas duas filhas felizes. – sorriu e murmurou para si, afagando a loira. – Eu espero ter tempo para conversar mais com vocês, mas eu preciso conversar com outros convidados.
Alina concordou com a cabeça, assistindo Ruggero se afastar e respirou fundo. Era estranho estar sozinha naquele ambiente, embora soubesse que Toto estava a alguns passos de distância, mas não queria ir até ele. Não queira mostrar dependência dele ou que era uma dessas loucas ciumentas.
Alina Hayes aprendeu a ser autossuficiente e não seria diferente disso agora. Poderia ficar por alguns minutos apenas observando as pessoas no jardim, sem a necessidade de ter Toto ao seu lado.
Passou o olhar pelo ambiente, sendo cumprimentada por algumas amigas de Brooke com sorrisos que ela sabia que eram falsos e mais alguns de seus parentes que não valiam a pena perder tempo conversando.
– Aqui o seu vinho, senhorita Hayes. – Wolff sorriu, entregando o copo para ela.
– Obrigada, senhor Wolff. – riu, dando um leve gole na bebida. – Isso não me parece água...
– E não é. – riu, balançando os ombros. – Ruggero me ofereceu um uísque, dizendo que é um dos melhores que ele tem.
– Realmente, ele adora uísque. – comentou, levando a taça outra vez aos lábios, olhando por cima do ombro de Wolff ao ver Brooke caminhar em direção à lateral da casa.
Os olhos da loira foram em direção a porta lateral da casa, vendo Audrey conversando com Adelaide e Betty. Um sorriso surgiu nos lábios de Alina por ver a mais velha e girou o rosto para encarar Toto.
– Vamos falar com a Audrey? – fez o convite e o austríaco arqueou as sobrancelhas em sinal de uma leve confusão.
– Audrey...
– Minha avó. – apontou para onde a mais velha estava e o chefe da Mercedes concordou com a cabeça, sorrindo fraco e indicando com a mão para que a loira fosse na frente.
Alina soltou uma risada fraca, caminhando em direção ao local onde Audrey estava, mas uma movimentação na lateral da casa fez com que ela parasse os passos no meio do caminho.
Por pouco, Toto quase não trombou no corpo da loira, colocando uma mão em sua cintura pronto para perguntar porque ela havia parado de andar, mas Hayes parecia estar em transe.
Seu olhar estava preso em algo que o austríaco não conseguia perceber e ele balançou a cabeça, encarando o rosto da loira outra vez.
– Lina? – a chamou, encarando os seus olhos azuis arregalados. – Está tudo bem?
A mão livre da loira procurou pela mão dele e se apressou em apertá-la em busca de alguma segurança enquanto permitia que o ar saísse de seus pulmões.
A mulher respirou fundo, fechando e abrindo os olhos algumas vezes antes de soltar o aperto que tinha sobre a mão dele. Toto assistiu o momento em que ela levou a taça de vinho até a boca, finalizando o conteúdo o conteúdo de uma vez só e fazendo uma careta ao final.
– O que foi? – tentou saber o que estava acontecendo com a loira.
– Aquela... – apontou com o indicador da mão que segurava o taça vazia para onde a irmã estava e Toto seguiu sua indicação. – É a Margarethe.
Wolff abriu a boca algumas vezes, mas não conseguiu pensar em nada para dizer, então, apenas estudou a fisionomia da mais velha por alguns minutos, até Brooke caminhar com ela para dentro da casa.
– Você está bem?
– Eu só... – respirou fundo, entrelaçando as mãos na de Toto e sorrindo na direção dele. – Estou. – confirmou, lançando um sorriso fraco.
Antes mesmo que ele pudesse falar qualquer coisa, a loira resolveu voltar a seguir caminho em direção a Audrey para que pudesse falar com a mais velha porque havia bastante tempo que isso acontecia. Alina sentia falta de seus conselhos, de suas histórias e do carinho que possuía por ela.
Margarethe, que cumprimentava alguns familiares, arregalou os olhos em surpresa ao ver Alina no casamento de Brooke, mas, especialmente, por vê-la acompanhada. Já havia muito tempo desde a última vez em que ela estivera em um mesmo ambiente que a loira, que dirá que ela estivesse acompanhada.
A observou por alguns minutos, percebendo a forma que ela conversava com Audrey e como o homem ao seu lado parecia absolutamente encantado com tudo o que ela dizia, rindo e concordando com a cabeça algumas vezes durante a conversa que os três pareciam ter.
Margarethe aproveitou para analisá-lo porque, certamente, ele era diferente do ex-marido de Alina. Parecia ser bem mais velho do que ela, assim como aparentava ter uma boa condição financeira, a julgar pela forma como ele se vestia e se portava naquele ambiente.
– Afonso. – chamou o marido, que se virou para que pudesse olhá-la. – Vamos falar com a Alina?
O homem de estatura mediana e cabelos brancos balançou a cabeça, seguindo a esposa em direção ao local em que a Hayes mais velha estava na companhia de duas pessoas que ele não conhecia, mas parou ao lado de Margarethe próximo a eles.
– Olá, filha. – a voz de Margarethe fez com que Alina parasse de contar a história sobre como havia conhecido Toto para Audrey. – Não vai nos apresentar ao seu amigo?




Continua...



Nota da autora:O que estão achando, me contem!!!! E, a nossa pp tem um perfil no Instagram onde mostra a vida de chefe da Red Bull Racing! Corram para seguir:
@aalinahayes
Como vocês já sabem o Disques está com problema, mas caso queria fazer uma autora feliz, comente sobre essa fic clicando: AQUI.
Beijos e até a próxima att.





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