Última atualização: 27/10/2022

Capítulo 19

girou em seus próprios calcanhares, virando o corpo para trás, e o sorriso que tinha em seu rosto se desmanchou no exato momento em que a figura de Margarethe apareceu em seu campo de visão. Era como se todo o clima tranquilo daquela noite tivesse evaporado em questão de um segundo. A presença, a aura que a mais velha carregava consigo ainda era capaz de retirar qualquer brilho que a loira tivesse.
mantinha os olhos fixos na loira, que estava a sua frente, e praticamente não piscava. Toda a sua atenção estava em porque, ao menor sinal de desconforto por parte dela, proporia que os dois deixassem o local.
– Margarethe... – Audrey intercedeu, encarando a mulher com um sorriso ladino no rosto. – Por que você não deixa a menina em paz como fez por uma boa parte da sua vida?
A loira teve vontade de sorrir em agradecimento pela resposta da avó, porque ela havia presenciado tudo que viveu na infância e detestava tanto Margarethe quanto ela.
– Menina? – a mulher riu, balançando a cabeça de um lado para o outro, mas mantendo o sorriso nos lábios. – Audrey, não tem mais cinco anos e não vive mais presa à barra da sua saia... Acho que ela pode muito bem responder por si, sem precisar da sua intercessão...
Audrey se preparou para responder, mas a neta lhe lançou um breve sorriso e um aceno negativo com a cabeça para que ela não falasse nada. Inspirou o ar com força, olhando para Margarethe e usou um dos melhores sorrisos falsos que poderia ter.
– Eu não fico surpresa por vê-la querendo saber da minha vida pessoal e nem por querer criar confusão em um momento como esse – balançou os ombros. – Não que seja da sua conta, mas este é o .
– É um prazer conhecê-lo, – a mulher esticou a mão na direção do austríaco para que pudesse cumprimentá-lo. – Talvez eu deva pedir desculpas pelos modos da e pela singela falta de educação dela.
– É um prazer conhecê-la, Margarethe – segurou na mão da mulher, apertando-a em um cumprimento rápido. – Não vejo motivos para que a senhora se desculpe, já que foi educada o tempo inteiro – seus olhos procuraram pelos azuis da loira, lançando-lhe um sorriso ladino para que pudesse demonstrar que a apoiava.
– É que ela sempre busca criar essa tensão quando nós estamos no mesmo ambiente... – murmurou e teve vontade de rolar os olhos. – Aliás, este é meu marido, Afonso. Você se lembra dele, filha?
A loira sorriu sem mostrar os dentes na direção do mais velho, o cumprimentando com um aperto de mãos e fez o mesmo, assim como Audrey, que mantinha uma expressão carrancuda diante dos outros dois, nem disfarçando o seu incômodo com a presença deles no local.
– Como está seu trabalho, ? – o português perguntou encarando a loira, que deu os ombros, detestando que o assunto Fórmula 1 fosse abordado naquele momento.
– Estamos liderando os dois campeonatos com uma boa folga – balançou os ombros, não muito a fim de se estender no assunto. – Está tranquilo.
– Ainda não pensa em desistir disso? – Margarethe arqueou as sobrancelhas na direção da filha, que lhe lançou um olhar cerrado antes de negar com a cabeça em resposta.
– Isso é o que eu amo fazer. Por que eu desistiria? – riu sem humor.
– Querida, você sabe que esse não é um universo para as mulheres. Essa coisa de carros e de futebol não é para nós... Convença-se disso – riu, sendo acompanhada pelo marido.
– O automobilismo ainda mais – Afonso murmurou, concordando com a esposa. – Ainda temos algumas mulheres fazendo sucesso no futebol delas, mas e no automobilismo? Quantas mulheres pilotos que vocês conhecem? Quantas foram campeãs? – riu, balançando e jogando a cabeça para trás como se aquilo fosse uma grande e divertida piada.
– O que você acha sobre isso, ?
O chefe da Mercedes comprimiu os lábios para que pudesse esconder o sorriso que teve vontade de dar e girou o rosto, retirando os olhos de para que pudesse responder a pergunta de Margarethe.
– Eu acho que é uma grande bobagem acreditar que o automobilismo não é um universo para as mulheres. Na Fórmula 1, nós já contamos com um número, ainda pequeno, de mulheres trabalhando nos bastidores e já existe um bom número de meninas nas categorias mais baixas. Então, é uma questão de pouco tempo para que tenhamos mais mulheres pilotando – sorriu, virando-se na direção de Margarethe. – Fora que a , a única chefe de equipe mulher, está fazendo um excelente trabalho na Red Bull. Nós estamos tendo um pouco de trabalho contra...
– Você também trabalha no automobilismo? – Afonso perguntou, encarando o moreno ao notar que, em todas as frases, ele se incluía.
– Eu sou diretor e chefe da Mercedes – sorriu fraco. – A equipe que mais está sofrendo com o sucesso da .
A mulher soltou uma risada fraca, balançando a cabeça ao ouvir as palavras de . Ele já havia lhe dito algumas vezes como ela era boa no que fazia e ela sempre se sentia contente por vê-lo enaltecer o seu trabalho, ainda que soubesse que não havia ganhado nada. Porém, ver falando isso para Afonso e Margarethe era um sabor a mais. Ouvir o homem dizer que ela era uma boa profissional e que a sua equipe era um sucesso na frente de quem sempre a criticou por seu trabalho era algo capaz de fazê-la sorrir sem querer parar.
– Eu sigo acreditando que esse tipo de universo não é para mulheres – a mulher de cabelos brancos deu os ombros. – Nós somos mais frágeis, não podemos estar em um ambiente como esse, ainda mais porque essas viagens todas afastam a mulher do principal, que é casar e ter filhos – fez uma pausa, apontando para a loira. – Não vê a ? Abandonou um casamento para seguir essa vida e agora está perto dos trinta, sem filhos... Somente vivendo para o trabalho. Quando isso tudo acaba, ela chega em casa para o quê? Para aquela vira-lata que ela tem. Você acha que isso é vida, ?
– Meu Deus, Margarethe! – Audrey repreendeu a antiga nora, balançando a cabeça de um lado para o outro e, antes que o austríaco pudesse responder a pergunta que lhe havia sido feita, se manifestou.
– Se você quer saber, a minha vira lata tem muito mais caráter e carinho por mim do que você já teve em toda a minha vida – riu, sem humor. – E já que você quer saber, eu mesma posso te responder... Isso é vida sim. É o que eu gosto de fazer e o que me faz feliz – soltou o ar de forma mais pesada e podia sentir as suas mãos tremendo por causa da raiva que a consumia naquele instante. – Eu não preciso ter filhos ou me casar para ser uma mulher realizada. Eu posso sentir a mesma felicidade que outras mulheres apenas com o meu sucesso profissional. Aliás, todos os dias eu me sinto realizada porque eu vejo como valeu a pena abandonar a porcaria daquele casamento para ser a mulher que eu sou hoje.
Finalizou a sua resposta e nem mesmo esperou que a mais velha falasse alguma coisa. Apenas girou em seus calcanhares, caminhando para longe de onde eles estavam e retornando para o jardim.
se apressou, seguindo atrás da loira, vendo que ela seguia para a parte da frente da casa, e tentou passar por todos os convidados sem atrair muita atenção, ainda que fosse difícil para um homem com quase dois metros de altura.
colocou as mãos nos quadris, puxando o ar e soltando repetidas vezes. Ela levou uma das mãos ao peito, fechando os olhos para que pudesse se acalmar porque ainda tremia, mas só de não estar mais perto de Margarethe, ela já conseguia se sentir um pouco melhor.
permaneceu parado a alguns passos de distância da loira, apenas a observando e esperando o momento que achasse certo para que pudesse se aproximar.
Naquele pouco tempo de conversa pode entender porque não gostava da mãe. A maneira como a mais velha parecia gostar de criticá-la era surreal e explicava um pouco sobre a dificuldade que a loira dizia ter com famílias, apesar de parecer possuir uma relação boa com Audrey, Brooke e Ruggero.
– Pessoal! – a voz de Brooke na parte de trás do jardim atraiu a atenção do austríaco. – Nós vamos iniciar o nosso jantar. Então, dirijam-se todos aos seus lugares, por gentileza.
suspirou baixo, rompendo a pequena distância que existia entre ele e , colocando uma das mãos sobre o ombro dela bem devagar para que não a assustasse, mas logo a mão da loira cobriu a sua e um sorriso leve surgiu nos lábios dela.
– Me desculpe tê-lo feito passar por isso... – murmurou ainda com os olhos fechados e ele riu fraco.
– Não foi nada... – balançou os ombros. – Se você não tivesse dito aquilo a ela, eu teria dito algumas verdades...
abriu os olhos, encontrando os castanhos de presos nela e permitiu-se soltar uma risada antes de levar a outra mão em direção à nuca dele.
– Obrigada, – soltou o ar, rindo fraco, aproximando-se dele para que pudesse selar os lábios nos dele em um beijo casto, mas demorado.
– Você quer voltar para o hotel? – perguntou, encarando a loira assim que os lábios se separaram e, antes que ela pudesse responder, puderam ouvir a voz de Brooke outra vez.
– Alguém viu a minha irmã?
soltou uma risada fraca, arqueando as duas sobrancelhas na direção do austríaco como se questionasse se aquela frase de Brooke respondia à pergunta dele.
– Acho que isso foi um não.
– Querer é algo diferente de poder – suspirou, afastando-se do austríaco, que riu, concordando com a cabeça.
– Então, vamos voltar – sorriu. – Estou ansioso para ouvir você terminar de contar para Audrey sobre quando nos conhecemos... Você estava ficando vermelha!
A loira o empurrou pelo peito, balançando a cabeça antes de passar por ele em direção à parte de trás do jardim. O chefe da Mercedes soltou uma risada alta, dando uma pequena corrida atrás da loira para que os dois pudessem retornar para o local juntos e ela não hesitou em segurar a mão dele.
– Eu estava indo agora mesmo atrás de você – Ruggero sorriu, parando em frente ao casal antes de encarar a filha mais velha. – Eu vi você falando com a sua mãe. Está tudo bem?
– Margarethe estava apenas sendo inconveniente é desnecessária, como sempre – deu os ombros, percebendo que a maioria das pessoas já estavam sentadas à mesa. – Vamos nos sentar?
– Ali – o mais velho chamou antes que a filha pudesse se afastar. – Tenha um pouco mais de paciência com a sua mãe, por favor.
– Eu já gastei toda a minha paciência da noite com ela, Ruggero – soltou o ar de forma pesada e o mais velho apenas cerrou os olhos em sua direção. – Mas eu vou me segurar para não estragar a noite da Brook.
– Eu sei que você não faria isso, querida – Ruggero sorriu, fazendo um singelo carinho no ombro da filha antes de soltar: – Eu já não posso dizer o mesmo da sua mãe.
e soltaram risadas fracas com a frase do mais velho e a loira balançou a cabeça de um lado para o outro antes de voltar a caminhar em direção à mesa, onde Brooke estava parada próxima, ainda a esperando.
, algum problema se você e o se sentarem separados? – a mulher de cabelos castanhos claros encarou a irmã mais velha com um sorriso fraco no rosto em um silencioso pedido de desculpas. – Eu não sabia que você viria acompanhada, então eu te coloquei perto da Tracy e do Reece...
– Onde o vai ficar? – questionou antes de responder a pergunta feita pela noiva e o austríaco se apressou em tranquilizá-la.
, não precisa se preocupar...
– Eu o coloquei perto da Betty.
– Ótimo – sorriu, suavizando a expressão de seu rosto porque não ficaria em paz o jantar inteiro se soubesse que estava perto de Margarethe. O pobre do homem não merecia tê-la por perto por tanto tempo.
Brooke sorriu, contente com a resposta e indicou os lugares dos dois antes de se sentar na cadeira bem ao centro da mesa, ao lado de Scott. A loira girou em seus calcanhares, ficando de frente para o austríaco e ele sorriu antes de depositar um beijo leve em sua bochecha.
– Estarei de olho em você,  – falou em um tom de voz baixo para que apenas escutasse e balançou a cabeça, mordendo o lábio inferior para esconder o sorriso que surgiu em seus lábios. limpou a garganta, voltando à sua postura mais séria antes de seguir em direção à ponta esquerda da mesa, sentando-se no lugar vago ao lado direito de Betty e sendo cumprimentado pela mais nova.
– Você deu sorte de não se sentar ao lado bruxa...
soltou uma risada, buscando abafá-la com a mão para que não chamasse atenção das pessoas próximas ao ouvir a forma que a mulher se referiu à Margarethe, mas, pelo pouco que já havia visto, já tinha entendido que aquele apelido realmente era ali que combinava com ela.
– Parece que é unânime na família não gostar dela – murmurou em tom mais baixo, olhando para Betty, que balançou a cabeça em sinal de positivo.
– Acho que você sabe tudo que ela fez a passar, não é? – o austríaco concordou com a cabeça e a mulher continuou a falar. – Não há como a gente gostar dela sendo que ela fez isso com a filha... Ainda faz, na verdade. Ela adora fazer comentários ruins sobre a vida da .
– Eu percebi – disse, olhando para a mulher de cabelos com mechas alaranjadas. – Quando nós estávamos falando com a Audrey, ela se aproximou e fez alguns comentários sobre a Fórmula 1 não ser um universo para mulheres.
– Isso é desde que a se divorciou – Betty pontuou. – Ela acha que foi o automobilismo que fez a sair de casa e não as merdas que o ex a fez passar...
optou por ficar em silêncio e apenas balançou a cabeça porque aquela parte da história de ele não conhecia. Se Betty fosse contá-la, ele queria que ela falasse de forma espontânea e que ele não parecesse um curioso sobre aquele assunto.
– Assim, a minha prima nunca precisou dela. A vovó fez um excelente trabalho para criá-la, tanto que ela é essa mulher foda que está aqui hoje – os olhos dos dois procuraram a loira, que conversava de uma forma descontraída com Tracy. – Mas a bruxa não enxerga isso. Acha que o término do casamento da foi o maior fracasso da vida dela só porque o Billy era filho do prefeito.
Billy?
uniu as sobrancelhas, questionando em seus próprios pensamentos se aquele era o nome do ex-marido de , mas, pelo que a mulher ao seu lado falava, parecia ser.
– Até parece que o casamento dela com o meu tio deu certo para ela querer criticar o término do da ... – Betty riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Eu acredito que ela faz questão de criticar a porque ela tem uma carreira profissional, sabe? A gente sabe que esse era o sonho da bruxa, mas que ela teve que abrir mão quando se casou e engravidou. Acho que ela meio que quer que as filhas tenham o que ela teve – fez uma pausa, levando o olhar para Brooke, que sorria para uma foto ao lado do noivo. – Brook já está seguindo esse caminho.
concordou com a cabeça outra vez, pegando o copo de água e levando até os lábios para dar um breve gole. Uma pequena pausa para que pudesse pensar no que poderia responder ao que havia escutado.
Quando lhe contou uma parte de seu passado nas férias de verão, ele já havia achado ruim, mas nada que o preocupasse muito porque a maioria das pessoas possue histórico de relacionamentos ruins e tóxicos.
Mais cedo, ouvir contar sobre a sua relação com os pais o deixou um pouco mais preocupado. não teve uma relação com o pai, já que o homem faleceu quando ele tinha oito anos, mas a relação com a mãe havia se tornado forte em meio a todas as dificuldades que a família teve ao longo vida em Viena. Lembrou-se de Portimão, quando falou para a loira que as mães se preocupavam com os filhos, quando ela disse que Margarethe não parava de ligar. Na época, não havia entendido muito bem a reação dela com as chamadas, mas agora era muito capaz não apenas de entender a reação de como de concordar em querer que a mais velha ficasse o mais longe possível de sua vida.
tinha me contado algumas partes, mas, ainda sim, eu me surpreendi – riu fraco e Betty balançou os ombros antes de virar o rosto na direção dele com um sorriso nos lábios.
–  ? – arfou em surpresa e o austríaco franziu o cenho pela reação dela, que levou as mãos até à boca. – Isso é tão fofo!
Soltou uma risada um pouco mais alta, atraindo a atenção de algumas pessoas da mesa, incluindo da loira sobre quem os dois falavam. se desligou da conversa com Tracy para observar como parecia estar bem ambientado ao lado de sua prima e ficou aliviada por perceber que o clima pesado que Margarethe havia tentado instaurar não perdurou. Uma das amigas de Brooke se levantou, atraindo a atenção de todos ao bater com o talher em sua taça e sorriu fraco antes de anunciar que estava na hora de alguns discursos para o casal.

x


terminou de secar as mãos, girando a chave e a maçaneta da porta do banheiro para que pudesse deixar o local, mas desejou fechar a porta de novo e se trancar lá dentro por mais algum tempo assim que seus olhos pararam sobre Margarethe.
– Você não vai me dar descanso mesmo? – ela cerrou os olhos na direção da mais velha, deixando que um suspiro pesado escapasse por seus lábios.
– Eu não falei nada dessa vez... – ela ergueu as mãos em sinal de rendição e a loira teria caído se não a conhecesse tão bem.
– Continue assim – piscou, preparando-se para passar por ela, mas a voz da mulher fez com que a loira parasse de caminhar.
– Ele é um galanteador nato, – murmurou, girando o corpo para que encarasse as costas da mais nova na expectativa de que ela se virasse para olhá-la. – Você viu a forma como ele conversava com a Bethany? – balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo uma breve pausa ao ver os ombros se se levantarem. – Ou talvez deva ver com os seus próprios olhos a forma como ele está conversando com a Tracy...
– Qual é o intuito disso, Margarethe? – girou o corpo e cruzou os braços na altura dos seios, não dando a menor importância para o que ela havia dito e sim na razão daquela fala.
– Eu achei que você fossa mais esperta, ... – deixou que uma risada sarcástica escapasse pelos seus lábios. – Você acha que ele está apaixonado por você quando, na realidade, ele apenas está com você para alimentar o ego dele.
– E esse seu parecer vem baseado em...
– Homens mais velhos só querem mulheres mais novas ao seu lado para que possam se mostrar diante da sociedade, querida. Ele precisa mostrar que ainda é jovem em algum aspecto – riu. – E você vai acabar sendo vista como uma interesseira, mas eu duvido que você tenha potencial para tanto.
– Nem para interesseira eu sirvo? – soltou uma risada alta, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Então, eu posso adicionar isso à lista de coisas que eu não herdei de você – sorriu de forma sarcástica, vendo a expressão de surpresa surgir no rosto da mais velha. – Não foi por isso que você se casou com o Afonso? Foi capaz até mesmo de deixar a Brook para trás apenas para viver uma nova vida em Portugal.
– Escute aqui, ...
– Não, não, Margarethe – tratou de interrompê-la, dando um passo para perto dela e erguendo o dedo em riste na direção do rosto dela. – Escute você – sorriu sem mostrar os dentes. – Eu estou exausta dos seus comentários sobre a minha vida pessoal e sobre mim. Eu não sou culpada pelas coisas que você teve que abrir mão quando engravidou de mim ou pelo seu casamento com Ruggero não ter dado certo... Ou seja lá qual for o motivo louco que você tem para despejar tanta raiva assim sobre mim – deu os ombros. – A partir de hoje eu não vou mais me sujeitar a ouvi-los calada. Eu estou farta de você querer interferir na minha vida e causar mais traumas do que você já causou. Você mesma já me disse que não me considera sua filha... O que é ótimo porque eu já não te considero como mãe há anos – fez uma pausa, tomando uma lufada de ar para que pudesse terminar de falar. – Siga a sua vida e continue esquecendo que eu existo quando estivermos no mesmo ambiente e, até mesmo, se estivermos no mesmo país.
A loira girou o corpo, pisando forte em direção à escada que levava ao primeiro andar da casa e sentindo as suas pernas tremerem levemente, assim como as mãos, que ela tentava apoiar no corrimão para conseguir algum sustento para que pudesse chegar ao fim da escada em segurança.
– Meu Deus, ! – Audrey se aproximou, pondo as mãos nos bíceps da neta para que pudesse guiá-la em direção ao sofá da sala de estar. – Você está bem? Está pálida, querida!
Respirou fundo algumas vezes, fechando os olhos e fazendo do jeito que Dorothea já havia a ensinado para que pudesse voltar a ter o controle das suas emoções. Passou a mão pelo rosto, colocando as mechas do cabelo para trás da orelha e focou os olhos nos de Audrey, finalmente lhe lançando um sorriso mínimo.
– Eu estou bem, Audrey – informou para tranquilizar a mais velha. – Eu tive uma conversa com a Margarethe.
– Uma conversa? – riu, dando uma ênfase maior naquela palavra. – Desde quando ela é uma pessoa que dá para conversar? – arregalou os olhos ao fim da própria frase e levou uma das mãos até a boca, fazendo com que sorrisse fraco. – Que o seu pai não me escute falando isso!
– Foi uma conversa meio unilateral mesmo... – a loira arqueou as sobrancelhas, fazendo com que a avó entendesse o que ela queria dizer e soltasse uma risada. – Eu espero que ela tenha entendido o recado.
– Só se ela for burra o suficiente para isso – deu os ombros, balançando a cabeça outra vez. – Também não diga isso ao seu pai.
– Se você prometer que não irá contar que eu falei com ela – estalou a língua no céu da boca. – O Ruggero ainda acredita que a culpa disso tudo é dele.
– É claro que eu não irei contar, querida – sorriu, colocando as mãos sobre as da neta. – Esse é mais um segredo nosso!
sorriu contente e se atirou sobre a mais velha, envolvendo-a em um abraço apertado. O calendário apertado da Fórmula 1 e a distância entre as duas cidades não permitia que ela visitasse a avó o tanto quanto gostaria, mas ela se sentia feliz por ambas ainda possuírem a mesma conexão da época em que viviam juntas.
Ainda estava orgulhosa de si mesma. Jamais havia pensado que seria capaz de enfrentar Margarethe e de falar algumas coisas na sua cara, mas estava feliz que o havia feito. E, o principal, se sentia um pouco mais leve depois disso. Era como se ela estivesse fechando uma das portas de seu passado, preparando-se para abrir novas e viver o que já não a amedrontava mais tanto quanto antes.
– Eu vou procurar o para irmos embora – anunciou após o abraço e a mais velha sorriu de forma larga.
– Ele me pareceu um bom homem – Audrey disse, encarando a mais nova. – Conversou muito comigo e me prometeu uma visita com os filhos dele. Ao que parece, a menina sabe tocar piano!
A loira sorriu ao ouvir a forma animada que Audrey contou sobre Rosa tocar piano, fato que era desconhecido por ela, mas entendendo perfeitamente o entusiasmo da mais velha porque era uma exímia pianista e havia passado boa parte de sua vida dando aulas. conseguia se lembrar das diversas vezes que ouvia as músicas clássicas de dentro de seu quarto.
– Eu posso confessar uma coisa? – indagou em um tom de voz mais baixo, com o rosto próximo ao da avó, que balançou a cabeça em sinal de positivo e com os olhos repletos de expectativa.
sorriu outra vez, sabendo que não precisava guardar segredos de sua avó porque ela conseguia entender os seus medos como ninguém.
– Eu acho que eu tenho muita sorte de tê-lo na minha vida.
Audrey arregalou os olhos com a confissão que ouviu. Sempre havia escutado a jovem lhe dizer que o trabalho havia se tornado o grande amor da sua vida e que ela jamais se abriria para uma relação novamente. Agora, ela estava ali, bem a sua frente, com uma expressão tímida misturada com um pouco de culpa para lhe confessar que estava se envolvendo outra vez.
– Eu tenho certeza de que ele tem muito mais sorte por tê-la na vida dele, minha querida – murmurou antes de depositar um beijo no meio da testa da mais nova e sussurrar que estava feliz por ela. Havia tanto tempo que não a via daquela maneira que não podia evitar que seus olhos marejassem.

x


O caminho de volta para o hotel havia sido em um silêncio absoluto. até tentou olhar para para checar se estava tudo bem com ela, mas, como não se recordava perfeitamente do endereço do hotel, já tinha que dividir a atenção entre a pista e o GPS do carro.
A loira seguiu para o banheiro assim que os dois entraram na suíte em que estavam hospedados e ele balançou a cabeça, decidindo retirar a roupa que usava. O austríaco entrou no closet, retirando o paletó e a camisa que vestia, os deixando pendurados em qualquer superfície do local quando escutou o barulho da porta do banheiro sendo aberta.
... – chamou enquanto se dirigia até a parte principal do quarto. – Está tudo bem com você?
Seus olhos foram para a porta do banheiro e a expressão de surpresa surgiu em seu rosto ao ver a loira parada próxima ao batente da porta com um sorriso ladino no rosto e usando nada além de uma lingerie preta rendada. percorreu todo o corpo dela com o olhar, sentindo suas bochechas se levantarem em um sorriso malicioso que não passou despercebido por .
– Eu preciso de você, – disse com os olhos presos no dele naquela conexão que os dois possuíam e que exalava o desejo que um tinha pelo outro. – Agora.
Em passos rápidos, o austríaco rompeu a distância entre os dois e envolveu a loira pela cintura com uma das mãos enquanto a outra tratou de ir para a nuca dela, trazendo-a para unir os lábios em um beijo demorado. As suas línguas se movimentavam da mesma forma que suas mãos acariciavam um ao outro. Tanto quanto pulsavam de desejo e parecia que o quarto ficava quente a cada segundo que passava.
empurrou o corpo dela um pouco para trás, fazendo com que ela fosse de encontro à parede próxima à porta do banheiro. A loira reclamou um pouco pelo choque térmico causado, mas ele não se importou, beijando toda a extensão do colo dela. comprimiu os lábios ao sentir os de no bico do seu seio, ainda por cima do sutiã, levando uma das mãos para os cabelos escuros do homem e o puxando com a força que possuía para tentar extravasar todo o tesão que percorria o seu corpo naquele momento.
Ele levou a ponta dos dedos para os ombros da loira, empurrando de uma vez as alças da lingerie e afastou-se para que pudesse observá-la. sorriu de ladino, colocando um dos braços para trás para desabotoar o sutiã e tratou de atirar a peça em um canto qualquer do quarto antes de voltar a apertá-la contra si. Ela suspirou quando sentiu os dedos dele adentrando a sua calcinha, soltando um gemido sôfrego quando sentiu os lábios dele em seu pescoço, distribuindo uma série de beijos molhados pelo local enquanto seus dedos se movimentavam de forma circular sobre o seu ponto de prazer.
fincou as unhas nos ombros do mais alto quando ele se curvou um pouco, enfiando dois dedos dentro dela uma vez e deixou que um novo gemido saísse em um tom mais alto. Fechou os olhos com força, mordendo o lábio inferior com força enquanto os dedos de se movimentavam de uma forma rápida. O austríaco levou os lábios até o ouvido da loira, mordendo levemente o lóbulo de sua orelha antes de sussurrar:
– Eu adoro saber que você precisa de mim o tanto quanto eu preciso de você.
A mulher abriu os olhos, encontrando os olhos castanhos fixos nos seus e sentiu um arrepio percorrer a sua espinha antes de ele retirar os dedos de dentro dela, indicando a cama.
Retirou a calcinha, deixando-a pelo chão e atirou o corpo sobre a cama de casal enquanto assistia ao moreno retirar a calça que vestia para se deitar na cama por cima dela, voltando a distribuir uma série de beijos por toda a extensão do seu corpo até chegar aos lábios avermelhados da loira.
cruzou as pernas ao redor da cintura de e os dois gemeram juntos quando o membro dele a penetrou fundo. Ela voltou a abrir os olhos e, ao ver que ele estava com os olhos fechados, distribuiu beijos por seu queixo, sentindo o homem começar a movimentar o quadril de forma mais rápida.
A conexão que os dois possuíam, em diversos aspectos, já era absurda, mas na cama conseguia se sobressair ainda mais. já sabia que não encontraria ninguém que a tratasse da maneira que ele a tratava ou que a levasse à loucura como ele fazia – ao ponto de ela dizer que estava o querendo ou de simplesmente aceitar transar com ele durante uma bandeira vermelha.
... – chamou-o no momento em que sentia o seu corpo começar a dar os sinais, seus pés já começavam a formigar e ela já contraia o seu interior, fazendo com que o austríaco fechasse os olhos com força. Abriu os olhos, encontrando os azuis da loira outra vez e intensificou os movimentos do próprio quadril, entrando e saindo de dentro dela quase que por completo. As respirações descompassadas já se misturavam e ambos os corpos transbordavam de suor e de luxúria.
– Diga, – pediu, encarando-a ainda que sua visão estivesse um pouco turva naquele momento.
– Eu... – sentiu o corpo inteiro tremer, recaindo sobre a cama no momento em que iria falar. Soltou um suspiro de cansaço misturado com decepção, assistindo ao austríaco atingir o próprio ápice antes de deixar o corpo recair também, rolando para o lado para que pudesse ficar de barriga para cima.
Os dois permaneceram silêncio e a conseguia sentir a culpa consumi-la naquele momento, esperando que sua respiração se normalizasse quando sentiu os braços do austríaco a envolvendo e a trazendo para cima de seu peito. Ela suspirou, repousando a cabeça sobre o peito dele, aproveitando aquele momento pós-sexo.
Não havia mais dúvidas de que era .
E era uma droga ainda não conseguir dizer isso em voz alta. Especialmente, era uma droga não conseguir dizer isso para ele – não quando ele já havia dito com todas as letras e já havia provado as suas palavras.

🏎🏆✨


A manhã do sábado foi movimentada porque o casamento de Brooke estava marcado para às onze horas da manhã. dispensou o convite da irmã para se arrumar com ela na casa de Ruggero porque aquilo significava ficar no mesmo ambiente que Margarethe e, por mais que ela quisesse que a mais nova tivesse um dia incrível, ela não iria se submeter à presença da mais velha.
A loira se arrumou na tranquilidade da suíte do hotel em que estava hospedada com , colocando o vestido laranja que possuía alças trançadas que se uniam em suas costas, deixando boa parte dela de fora, e tinha um fluído na parte debaixo. Seus cabelos estavam presos em um coque baixo enquanto alguns fios caíam sobre a parte da frente do rosto, contrastando com a maquiagem que havia feito para o dia enquanto havia escolhido um terno azul escuro.
– Eu vou ficar ao lado da Betty durante a cerimônia – anunciou para a loira assim que os dois pararam próximo à igreja em que aconteceria o casamento, já vendo a mulher de cabelos alaranjados na companhia de uma outra de cabelos vermelhos.
– Certo – balançou a cabeça, acenando para a prima mais velha antes de selar os lábios nos do austríaco de forma demorada. – Te vejo ao final.
– Aguardarei ansiosamente – piscou antes de se afastar em direção à prima de , sendo recebido com um abraço rápido. – Olá, Betty!
, deixe-me apresentar a minha noiva, Evie – apontou para a mulher de cabelos vermelhos ao seu lado que era um pouco mais alta do que ela e abraçava pelos ombros. – é o namorado da , amor – a mulher balançou a cabeça antes de encarar o austríaco e lhe lançar um sorriso delicado.
– É um prazer conhecê-lo, – estendeu a mão para que pudesse cumprimentá-lo.
– Eu digo o mesmo, Evie – sorriu em resposta, apertando a mão dela. – Animadas para o casamento?
– Ansiosas – a ruiva sorriu, balançando a cabeça de forma positiva. – Estamos planejando o nosso para o ano que vem.
– Se você parar de me enrolar... – Betty murmurou, dando uma leve cutucada na mulher, que rolou os olhos com o comentário e fez com que o chefe da Mercedes soltasse uma risada alta com aquele momento.
– Acho que a cerimônia já vai começar... – Evie anunciou ao ver um Chevrolet 1868 se aproximando da entrada da igreja e ponderou o olhar entre a noiva e o austríaco. – Vamos entrar?
Betty e concordaram com a cabeça e o austríaco deu uma última olhada em para se certificar de que estava tudo bem. A loira conversava com o rapaz que seria seu par, Reece, e fez um movimento com a cabeça na direção do austríaco, que sorriu antes de continuar a seguir para o interior da igreja.
voltou a atenção para o que Reece comentava ao seu lado depois de ver Betty, Evie e entrarem na igreja, sorrindo para o seu par para a cerimônia ainda que não tivesse prestado atenção em nada do que ele havia dito no último um minuto porque era incrivelmente chato, mas tratou de sorrir para que ele não acabasse se sentindo mal por causa disso.
A sua salvação foi quando o carro com Brooke entrou em seu campo de visão, iniciando uma pequena movimentação entre os funcionários para que pudessem alinhar as pessoas para a entrada na igreja para que pudesse ocorrer, finalmente, o início da cerimônia.
Uma música clássica começou a ecoar dentro da igreja, fazendo com que os convidados se levantassem para que pudessem assistir à entrada. Scott entrou acompanhado pela mãe, sendo seguido por Margarethe acompanhada do pai do noivo e, logo, os padrinhos e madrinhas passaram. sorriu ao ver passar pelo corredor da igreja e, no momento, em que os seus olhares se cruzaram, ele lançou uma piscadela na direção dela, fazendo com que a mulher balançasse a cabeça de um lado para o outro da forma mais discreta possível para que conseguisse esconder um sorriso que surgiu em seus lábios, voltando a ficar na caminhada em direção ao altar. Foi impossível para o austríaco não pensar, mesmo que por alguns segundos, no dia em que seria entrando na igreja para o casamento deles. Não conseguia imaginar como seria o casamento deles, já que jamais haviam conversado ou projetado isso para o futuro, mas ele sabia que ela ficaria perfeita. Seria ainda mais perfeito ela se tornando oficialmente a senhora .
Sentiu uma mão em seu ombro e balançou a cabeça, abrindo e fechando os olhos até focar em Betty, que tinha um olhar divertido no rosto, e apontou para o banco novamente para que o austríaco percebesse que precisava voltar a se sentar. Brooke e Scott estavam à frente do padre e o senhor já iniciava as suas palavras.
– Talvez seja melhor usar um babador... – sussurrou, o acertando com o cotovelo de forma leve e fazendo com que ele escondesse uma risada, balançando a cabeça.
– Eu estava pensando em ver a vestida de noiva entrando na igreja para se casar comigo – confessou, fazendo com que a mulher arregalasse os olhos de forma surpresa antes de soltar uma risada fraca.
se casando? – Bethany sussurrou, soltando uma nova risada, e o que chamou a atenção de foi a forma sarcástica que ela havia mencionado aquilo. Optou por não questionar, virando o rosto para frente para que pudesse acompanhar a cerimônia, ainda que seu olhar somente ficasse em e na forma como ela parecia concentrada no que era dito pelo padre.
Ele observou todas as suas reações, analisando-as, nem mesmo se importando com o que acontecia ao redor — e que, teoricamente, deveria requerer mais atenção porque, para ele, nada mais importava do que .

x


– Meus pés estão me matando – Betty murmurou ao retornar para a mesa, sentando-se na cadeira vazia próxima à . A mesa principal havia sido deixada somente para os noivos, que tinham entrado na recepção ao som de Perfect, de Ed Sheeran, e feito a primeira dança como marido e mulher oficialmente.
Depois, os discursos tomaram conta e falou algumas breves palavras, permitindo que Tracy e Lindsay, as duas melhores amigas de Brooke e que conheciam mais o casal, falassem por mais tempo. Agora, encontrava-se sentada à mesa da família , na companhia de Betty, já que Ruggero e Adelaide dançavam, Evie estava do lado de fora do salão para fumar e havia ido ao banheiro enquanto Audrey conversava com uma amiga do outro lado da mesa.
– Você não parou de dançar desde que a festa começou... – riu, dando um gole em sua bebida e a prima rolou os olhos.
– É para isso que as pessoas vão para uma festa – sorriu, tirando um pouco os pés de dentro da sandália e encarando a loira. – A bruxa não apareceu para te encher?
– Ontem eu dei um basta nisso – murmurou, balançando os ombros, e Betty bateu palmas, fazendo com que ela risse novamente. – Falei para ela que continuasse fingindo que eu não existo que eu vou continuar fazendo o mesmo.
– Quem diria que um dia teria coragem para fazer isso, não é mesmo?
Bethany sorriu, vendo a prima concordar com a cabeça; também havia ficado surpresa por ter a súbita coragem, mas sabia que era necessário fazer aquilo ou jamais conseguiria se livrar da mais velha.
– Você trouxe um namorado para o fim de semana, enfrentou a bruxa... Acho que estou diante de uma nova – riu, esticando a mão para que pudesse buscar sua taça. – Eu realmente não vou me surpreender se você se casar.
franziu o cenho, quase cuspindo o vinho que havia acabado de colocar na boca, se engasgando por alguns instantes até que conseguiu engolir o líquido. Seu olhar, uma mistura de surpresa e de pânico, se voltou para Betty.
– Me casar? – indagou, sem entender. – Por que eu me casaria?
A mulher de cabelos em tom laranja soltou uma nova risada, como se aquela fosse a piada mais divertida que já havia escutado até que seus olhos repousaram na loira outra vez, entendendo que não era brincadeira e ela realmente não entendeu o comentário.
– O estava sonhando em te ver casando com ele, .
Betty arqueou as sobrancelhas ao ver a boca da mais nova se abrir em um completo choque e levou uma das mãos até o antebraço dela para que pudesse a segurar enquanto a loira parecia ter entrado em um pequeno transe.
? – chamou, tentando fazer com que ela a respondesse, mas o silêncio ainda reinava e ela parecia presa em seus próprios pensamentos. – Bem que a Evie me diz que eu falo demais... – murmurou, preocupada, dando um leve tapa na própria testa, não querendo chamar a atenção das pessoas, e estalou os dedos na frente da loira para tentar chamar sua atenção outra vez. – Por favor, fale comigo ou eu serei obrigada a derramar todo o champagne da minha taça no seu rosto e isso vai acabar com a sua maquiagem...
queria se casar com ela.
havia entrado em uma pequena combustão no segundo em que ouviu aquela informação. Ela não se via vivendo daquela maneira de novo e, só de pensar, o seu corpo inteiro já travava de medo. Ela sabia que estava se abrindo, se permitindo viver e estava gostando do que os dois estavam tendo. Não podia negar que gostava de , mas a ideia de um casamento ainda a assustava como nunca.
, eu vou contar até três...
A voz de Bethany fez com que ela fechasse os olhos e respirasse fundo, mas, antes que ela pudesse responder que estava tudo bem, as suas irises azuis focaram em uma pessoa que entrava no salão em passos largos e com um sorriso no rosto. O terno cinza claro contrastava com o seu tom de pele branco e os cabelos loiros que ainda eram tão compridos quanto antes. Mesmo de longe, ela podia perceber que a gola da blusa branca escondia uma das tatuagens do pescoço dele.
Prendeu o ar ao ver o momento em que Margarethe abriu os braços para envolvê-lo em um abraço bem apertado. Os dois permaneceram assim por alguns segundos até que se afastaram e trocaram algumas palavras.
Ela passou a caminhar na frente, o guiando para algum lugar e pode ver o exato momento em que eles chegaram à mesa em que Brooke e Scott estavam sentados para que pudessem cumprimentar os recém-casados.
Bethany girou o corpo na cadeira ao perceber que a loira encarava um ponto fixamente e sentiu a boca de abrir em choque ao ver a figura loira que ela mais havia passado a odiar nos últimos tempos.
– O que... – respirou fundo, virando-se para que pudesse voltar a encarar a prima e, dessa vez, segurando nas duas mãos dela. – O que ele está fazendo aqui?
– Eu... – soltou o ar de forma pesada, tentando controlar as suas respirações, ainda que estivesse um pouco difícil. – Eu não sei.
Levantou-se da cadeira de forma abrupta, fazendo com que Betty a soltasse e com que a taça que estava entre suas mãos fosse de encontro ao chão. Apesar da música tocada por uma banda local, o barulho foi ouvido pelas pessoas próximas à mesa, incluindo a mesa dos noivos, e foi impossível  seus olhares não se cruzarem naquele momento.
Um sorriso ladino surgiu nos lábios dele ao vê-la de novo após tanto tempo. Não pode deixar de passar os olhos por toda a extensão do corpo dela, analisando-a e percebendo que, claramente, estava diante de uma mulher diferente do que antes.
girou o corpo, pronta para deixar o ambiente, não se importando com nenhum dos olhares que estavam sendo lançados em sua direção e nem de parecer uma menina medrosa. Apenas precisava sair dali. Precisava de ar fresco para que pudesse voltar a respirar normalmente.
Seu primeiro passo foi interpelado por uma superfície um pouco maior que ela e relativamente mais dura. Seu corpo estava prestes a ir ao chão, para completar aquela cena horrorosa, mas, por alguma razão, isso não aconteceu.
.
A voz de soou perto de seu rosto e, por um breve instante, foi como se tudo estivesse perfeitamente bem. Ela sorriu, com a sua mente retornando ao local, e seus olhos se fixaram no moreno a sua frente, que tinha uma expressão de preocupação no rosto, além dos braços ao redor da cintura dela.
– Está tudo bem?
O ar pareceu voltar para ela enquanto se recolocava sobre os próprios pés, sem a ajuda do austríaco, e ele a encarou, ainda mantendo as mãos nos dois lados de sua cintura.
– Eu preciso tomar um ar – anunciou, sem fazer um convite para que ele a acompanhasse e nem dando tempo para que ele perguntasse se ela queria a sua companhia.
assistiu a loira sair em disparada para a porta do salão e virou-se para Betty, já pronto para perguntar o que havia de errado, quando ela se apressou em responder os seus olhos repletos de dúvida.
– Vai atrás dela! Acho que ela precisa de companhia agora...
Franziu o cenho e até iria dizer que não havia dito nada sobre querer a sua companhia, mas pela maneira que Betty acenava de forma incisiva, ele se deu por vencido e seguiu pelo mesmo caminho que a loira havia ido.
Para a sua total surpresa, encontrou apenas Evie na porta do local, terminando de apagar um cigarro, e ela o encarou com um leve sorriso no rosto antes de dizer, mesmo que ele não tivesse feito pergunta alguma.
seguiu para o jardim – apontou a direção do local e ele sorriu em sinal de agradecimento antes de praticamente correr atrás dela.
mantinha as mãos nos quadris, tentando ter o controle de sua respiração novamente embora sua mente estivesse um borrão naquele momento. As memórias lhe abatiam de uma forma imensurável e ela só conseguir sentir à vontade de correr para bem longe de Bristol.

Flashback.

A loira encarava a própria figura do espelho, se perguntando em silêncio se havia alguma coisa de errado com a mulher que aparecia bem diante dela. Os cabelos loiros compridos caiam por seus ombros e estavam quase no meio de suas costas, mas estavam bem cuidados. A sua aparência era de uma pessoa cansada, com olheiras um pouco mais aparentes, e que não haviam sido cobertas com o corretivo ainda.
Ao lado do espelho, uma foto do dia do casamento estava em um porta retrato. O sorriso que ela tinha no rosto, naquele registro, era largo e exalava uma parte da felicidade que existia quando aquele dia aconteceu.
Um ano depois, nada era mais o mesmo. Nem o seu casamento, nem seu marido e, muito menos, ela.
– Por que está se encarando há tanto tempo? – a voz fez com que ela fechasse os olhos e com que todo o nojo que sentia surgisse.
– Achei que eu tivesse visto uma mancha no meu corpo – murmurou e ele pareceu não dar muita importância para aquilo, balançando os ombros.
– Talvez você devesse se cuidar mais – projetou os lábios para frente. – Sempre me pergunta por que eu não te levo quando saio com os caras e a resposta está bem a sua frente, no espelho... Como que eu poderia ter alguém assim ao meu lado? – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Você consegue ver porque a Mel é uma companhia melhor para o casamento do John? É por causa disso.
– Melanie é uma melhor companhia porque ela dá para você no fim da noite. Ele sorriu de forma larga, abrindo um pouco os dois braços antes de responder com um certo orgulho, que só foi capaz de aumentar o nojo que ela sentia:
– Mais uma razão para ela ser a minha companhia.
– Mas eu sou a sua esposa.
– No papel, .
– Por que não se divorcia de mim, então? Não me deixa em paz para viver a minha vida e ir atrás dos meus objetivos?
– E quais seriam os seus objetivos, ? Você já tem uma vida boa, está em um bom casamento e eu te dou tudo o que você precis. – sorriu. – Você acha que a felicidade está na faculdade de engenharia? Ou nesse sonho estúpido de trabalhar na Fórmula 1? – riu de forma sarcástica antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Não me faça perder tempo com as suas bobagens.
O som da porta batendo foi o que fez com que a loira pudesse voltar a respirar de forma tranquila novamente e também o momento em que ela permitiu que uma lágrima escapasse por seus olhos.
Se arrependia todas as vezes em que não ouviu Audrey quando ela lhe dizia que aquele casamento parecia ser uma bobagem e que ele não parecia ter um forte amor por ela. Se arrependia todas as vezes em que ele era grosseiro. Se arrependia, se arrependia e se arrependia. Era só esse sentimento que existia na vida dela naquele momento.

Fim do flashback.


fechou os olhos com força, repetindo algumas vezes o exercício de respiração para que conseguisse se acalmar. Levou as mãos até o peito, percebendo que, aos poucos, conseguia realmente se acalmar e abriu os olhos quando sentiu uma brisa leve bater em seu rosto, fazendo com que alguns dos fios de cabelo da loira fossem parar nele, os quais ela se apressou em afastar.
a assistia à distância e se aproximou dela assim que percebeu que ela havia aberto os olhos. A loira sorriu ao notá-lo caminhando à sua presença e não perdeu tempo em se aninhar no meio dos braços do mais alto, encostando a cabeça em seu peito enquanto seus braços o envolviam pela cintura.
– Betty disse que eu deveria vir – murmurou para tentar justificar a sua presença ali, ainda que ela não tivesse dito nada porque já havia entendido que ela não gostava de mostrar as suas vulnerabilidades, mesmo diante dele.
– Ela fez certo – murmurou com um sorriso mínimo nos lábios enquanto sentia a mão de descer por seu braço de forma recebida em uma singela carícia.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns longos minutos, escutando apenas as respirações um do outro, e tinha um adicional que era poder ouvir as batidas do coração de enquanto tinha os olhos fechados, se questionando se deveria retornar para o hotel ou não.
– Quer me contar o que aconteceu? –  perguntou em um tom de voz baixo, comprimindo os lábios para esperar uma resposta da loira, que respirou de forma mais pesada e resetou os ombros.
– O meu ex-marido está aqui.
– Billy? Repetiu o nome que havia escutado de Betty e a loira se afastou do peito dele para que pudesse encará-lo, com uma expressão surpresa no rosto.
– Como você sabe sobre...
– Betty falou o nome durante o jantar de ontem – respondeu ao perceber que a voz da loira parou para falar o nome do ex e concordou com a cabeça enquanto soltou um leve suspiro. – E, pelo que entendi, a sua família não sabe muito bem a razão do término de vocês...
– Apenas a Betty sabe a história completa – murmurou, vendo o austríaco concordar com a cabeça, mas se mantendo em silêncio para que ela pudesse continuar a falar, caso quisesse. – Ela me ajudou em tudo, inclusive na mudança para Londres.
O homem balançou a cabeça, respirando fundo algumas vezes e uniu as sobrancelhas com a reação dele. O olhar de passeou pelo jardim por algumas vezes, não encarando a loira de pronto, e ela colocou a mão em seu antebraço.
– Se você tiver alguma pergunta...
– Eu tenho várias – riu fraco. – Especialmente sobre o seu casamento, mas eu entendo se você não quiser falar sobre isso – ela balançou a cabeça de um lado para o outro e ele concordou, deixando um suspiro preso na própria garganta.
...
– Seja honesta, – pediu, virando-se para que pudesse olhá-la nos olhos outra vez.
Era absurdo como ele era fascinado naquelas írises azuis cristalinas e como olhar para elas o levavam para um novo universo.
A loira concordou com a cabeça, mantendo os olhos fixos em , esperando que ele perguntasse o que quisesse. O casamento ainda era uma ferida aberta e ela ainda se sentia vulnerável para falar sobre aquele assunto, ainda mais em meio ao casamento da irmã.
– Você ainda sente algo por ele?
A pergunta fez com que a loira arqueasse as sobrancelhas em total sinal de surpresa. Não conseguia identificar se o tom de voz usado pelo austríaco indicava algum ciúme, como quando ele havia perguntado sobre ela e Michael, ou se era apenas uma curiosidade.
Estava pronta para respondê-lo que aquela era uma pergunta absurda quando viu a figura loira se aproximando de onde eles estavam. A forma como seu corpo inteiro tremeu da cabeça aos pés fez com que franzisse as sobrancelhas ao observá-la, tentando entender o que estava acontecendo.
"Ela estava assim em razão da pergunta?", se questionou em silêncio, balançando a cabeça de um lado para o outro, e estava pronto para se afastar, dar um tempo para que ela pudesse permanecer com a própria consciência quando ouviu uma voz masculina que não conhecia.
! Que surpresa encontrá-la em Bristol novamente!

Capítulo 20

balançou a cabeça de um lado para o outro, fechando os olhos por alguns instantes para pedir aos céus para que aquela cena não fosse real e que o loiro evaporasse de sua frente assim que ela reabrisse os olhos. Não queria ter que lidar com ele, nem encará-lo e muito menos tê-lo por perto. Ele era uma figura que ela sempre havia pedido aos céus para que nunca precisasse encontrar novamente, mas aparentemente seu pedido não havia sido atendido e toda a família ainda nutria um carinho por ele – até por não terem ideia do que aconteceu para que os dois se divorciassem.
A loira reabriu os olhos devagar e suas írises se repousaram no inglês, que estendia a mão para cumprimentar . O austríaco encarou a mão estendida em sua direção, mantendo as suas mãos dentro dos bolsos da calça, levantando o olhar para o homem a sua frente sem mudar a sua expressão de desgosto.
– Huh... Ok – Billy sorriu sem graça ao perceber que havia sido deixado com a mão no ar, sem receber nenhum cumprimento do homem desconhecido e girou o corpo para encarar , que ainda formulava uma maneira para fugir daquele momento embaraçoso. – , fiquei surpreso quando Margarethe me disse que você estava em Bristol para o casamento da Brook... Não pude deixar de vir vê-la com os meus próprios olhos.
engoliu seco as palavras enquanto sua mente procurava alguma para dizer, mas simplesmente parecia que todo o seu corpo havia travado naquele momento. Era como se estivesse de volta a anos atrás e como se ele ainda possuísse o mesmo poder sobre ela, como se ela não pudesse se manifestar enquanto ele não concluísse o próprio pensamento.
– Bem que algumas pessoas me disseram que você havia ficado diferente, mas eu não imaginei que seria tanto assim – Billy soltou uma risada fraca, correndo os olhos pela loira para que pudesse analisá-la e não hesitou em levar uma das mãos à pequena mecha de cabelo dela que estava solta, mas a mão firme de o impediu de continuar a tentativa de aproximação, fazendo com que ele encarasse o austríaco com uma risada divertida no rosto. – Usando mais maquiagem, roupas mais chamativas, se portando como uma...
– Como uma... – repetiu o final da frase que o homem pareceu não querer continuar e manteve o olhar duro em sua direção, esperando que ele tivesse coragem de fazê-lo, mas, outra vez, a resposta dele foi apenas uma risada seguida de um balançar de ombros.
– E parece estar dando para o homem certo dessa vez – apontou para o austríaco. – Conseguiu chegar à porcaria do cargo que queria com a ajuda dele, não foi? Depois de me fazer de otário diante da cidade inteira...
– Olha só... – o austríaco se manifestou ao perceber que ainda parecia estar travada com a presença do outro próximo a ela. Em um ímpeto, decidiu que era melhor ele defendê-la, ainda que não soubesse totalmente o que havia acontecido entre os dois.
– Desculpe, mas eu não me lembro de tê-lo chamado para a conversa – Davies murmurou, lançando um olhar na direção do mais alto. – Não é porque você está pegando a para mantê-la no cargo que você tem o direito de se intrometer no momento.
– A gente já deixou de ser casado há uns sete anos, Billy – a loira murmurou em um fio de voz, fazendo com que os dois homens se virassem para encará-la. Podia sentir as suas mãos geladas e o suor escorrendo por sua nuca, mas sabia que precisava se manifestar para evitar uma discussão maior ainda. Não era hora e nem mesmo o lugar para que acontecesse aquilo. Ainda precisava retornar para a festa.
– Porque você quis – sorriu sem mostrar os dentes, apontando o indicador na direção da mulher. – Poderia ter continuado comigo, vivendo a vida linda que nós tínhamos enquanto eu me preparava para ser a continuação do meu pai para Bristol. Mas é claro que você não poderia esperar por isso, não é? Queria seguir essa porcaria de sonho para encontrar um velho rico que te desse mais do que eu... – balançou os ombros. – Parece que atingiu o seu objetivo.
– Eu... – respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos antes de voltar a encarar o loiro. – Eu não sou essa mulher que você me pintou para todos e você sabe melhor do que ninguém que a nossa história não foi essas mil maravilhas. Não ache que falando essas coisas perto do o fará acreditar que eu sou uma grande vadia porque ele sabe tudo o que aconteceu.
– Tudo? – uniu as sobrancelhas, encarando a loira enquanto confirmava com a cabeça a alguns passos de distância de , antes de sorrir de forma sarcástica.
– Tudo sobre o merda que você é.
Davies levantou o olhar ao ouvir aquela frase e, se estivessem em um desenho animado, aquele era o momento em que seu rosto ficaria todo vermelho e sairia fumaça pelas suas orelhas, tamanha era a raiva que ele sentia pela frase do austríaco. Ele deu um passo para frente, erguendo o braço esquerdo para trás e se preparando para que pudesse desferir um golpe no rosto do moreno, se não fosse o fato de ter se intrometido entre os dois para evitar que a agressão acontecesse.
O inglês bufou com raiva, levando as mãos em direção aos bíceps da loira e os apertando com força para que pudesse retirá-la de sua frente para conseguir se aproximar de . resmungou ao sentir o aperto forte em seus braços e se mexeu, retirando as mãos de Reece da loira e o empurrando, ficando na frente da mulher.
, por favor, não vamos causar uma cena – pediu, segurando no braço do mais velho para que ele não tentasse nada contra o outro homem e demorou alguns segundos para que o austríaco caísse em si, percebendo que era realmente melhor não causar problemas naquele momento. Inspirou fundo, balançando a cabeça de um lado para o outro e permitindo ser levado pela loira para longe de Davies. Os dois caminhavam em passos lentos em direção à entrada do salão quando parou de forma abrupta, fazendo com que trombasse de leve no corpo dela e soltasse uma risada fraca.
A tensão ainda estava presente em cada canto do seu corpo e, se ele não fosse um homem tão respeitoso, teria acertado alguns bons golpes no meio do rosto do ex-marido da loira. Porém, não era um selvagem e nem precisava agir como um, muito menos precisava provar qualquer coisa para ela.
– Me desculpe por isso – disse assim que ficou de frente para o moreno, indicando com o olhar a parte do jardim onde eles estavam há alguns minutos, colocando as mãos nos ombros dele. – Eu disse que o meu passado é fodido – riu sem humor. – Eu não esperava que o Billy fosse aparecer e ser tão desagradável dessa forma.
– Está tudo bem, – sorriu, tentando relaxar os ombros e encarando a loira com um sorriso para que pudesse mostrar para ela que já estava mais calmo do que antes.
Ela concordou com a cabeça antes de sentir uma mão sobre seu ombro, girando um pouco o pescoço e encontrando Evie parada com um sorriso largo nos lábios.
– Brooke vai jogar o buquê e está procurando você.
A loira soltou uma risada antes de retornar ao salão, assim como Evie e . seguiu para o centro do local, onde um considerável número de mulheres já estava esperando o momento que a noiva fosse jogar o buquê e teve vontade de rolar os olhos, tentando deixar o ambiente de uma forma discreta.
– Você não vai fugir, – Betty murmurou, puxando a loira pelo braço para que ela ficasse parada ao seu lado, fazendo com que ela soltasse uma risada.
– Você já não está noiva? Por que quer pegar o buquê? – indagou enquanto o rapaz da banda que tocava anteriormente começava uma contagem regressiva para que Brook pudesse atirar o buquê para as amigas.
– A sua irmã pediu para que eu não deixasse você escapar desse momento – confessou, fazendo com que a loira arregalasse os olhos e encarasse o local onde a irmã mais nova havia acabado de arremessar o buquê.
O arranjo fora atirado na direção da loira e, ao vê-lo vindo em direção ao seu rosto, não teve outra escolha a não ser segurá-lo, ouvindo os gritos e murmúrios de lamentação de boa parte das convidadas enquanto, ao seu lado, Betty morria de rir de sua cara de pânico e Brooke batia palmas de longe.
soltou uma risada ao ver a loira com o buquê em mãos e um olhar assustado no rosto. Assim que os olhos dela procuraram os dele, erguendo o buquê em sua direção, ele elevou um pouco o copo que segurava para que pudessem fazer um brinde distante para aquele momento, chamando a atenção de Audrey.
– Fazia um bom tempo que eu não via a minha neta dessa maneira... – murmurou, também com os olhos na loira antes de virar para encarar o austríaco, que estava em pé ao seu lado. – Você faz bem para ela, .
– A sua neta é uma mulher incrível, Audrey – a mais velha concordou com a cabeça e a frase fez com que o sorriso em seu rosto se alargasse um pouco mais, ainda mais pelo fato do homem não ter retirado os olhos de , que seguia falado com Betty, do outro lado do salão.
– Atenção, pessoal! – Scott sorriu ao notar que todos os olhares dos convidados foram em sua direção assim que ele falou no microfone. – Além da tradição do buquê, há a tradição de dar a liga que a noiva veste para um dos padrinhos – falou, indicando a pequena peça branca em seus dedos, ouvindo gritos por parte de seus amigos. – E eu sei que essa tradição diz que eu deveria jogar, igual a Brook fez com o buquê, para que os meus amigos pegassem, mas eu quero fazer diferente. Eu vou dar para um convidado especial que está aqui hoje.
Um silêncio se fez presente entre todos os convidados enquanto o rapaz soltava risadas, se divertindo com aquela decisão que havia acabado de tomar para divertir um pouco mais a noite.
– Graças ao céus que a minha cunhada pegou o buquê porque, caso o contrário, isso tudo ficaria estranho demais – coçou a nuca, dando alguns passos pelo salão até que parasse próximo à mesa da família . – , a liga é sua! – anunciou, estendendo a peça para o austríaco, que balançou a cabeça, não entendendo bem qual era aquela tradição.
– Não conhece a tradição? – Audrey questionou ao ver que ele permaneceu parado e o homem negou com a cabeça. – Você precisa colocá-la na perna da , a mulher que pegou o buquê, e tirá-la para uma dança.
balançou a cabeça, finalmente entendendo de que se tratava aquela tradição e caminhou em direção à , do outro lado do salão. O olhar de pânico por ter pego o buquê já havia passado e, agora, todo o medo da loira era referente ao fato de que iria dançar diante de todos com o austríaco. Não se sentia envergonhada e nem amedrontada pela situação que viria, mas tímida por ter tantos olhares voltados para ela naquele momento. Não havia como se esconder ou como fugir daquela dança porque o austríaco estava quase a sua frente e parecia bem disposto a cumprir a tradição.
se agachou, mantendo um joelho dobrado e fez um leve sinal para que a loira posicionasse a perna sobre a sua. Assim que ela o fez, ele passou a liga por seu pé e subiu por sua perna com uma lentidão que deixava ambos agoniados, mas que parecia passar despercebido pelas pessoas que assistiam a cena.
Assim que colocou a liga na coxa da loira, ela abaixou a perna, retornando à posição original e o austríaco se levantou, estendendo uma mão na direção dela em um convite silencioso para que pudessem cumprir a segunda parte da tradição.
– Scott... – chamou o noivo, que se aproximou rapidamente do chefe da Mercedes, contente por ele ter gostado da ideia, e parou ao lado do casal. – Eu posso pedir uma música?
soltou uma risada nasalada, desacreditada com a audácia no casamento dos outros enquanto o inglês balançou a cabeça em sinal de positivo de forma repetida, tamanha era a sua euforia.
– Claro, – sorriu, fazendo um sinal para que um dos rapazes da banda se aproximasse. – Qual a música que você quer? – Can't Help Falling in Love.
Scott sorriu, um pouco surpreso com a escolha da música, mas o músico concordou com a cabeça, retornando para o posto junto à banda enquanto o noivo ia se juntar à esposa na mesa em que ambos estavam sentados.
Os primeiros acordes da canção de Elvis Presley começaram a ecoar pelo salão, fazendo com que alguns convidados aplaudissem e balançou a cabeça de um lado para o outro enquanto colocava as duas mãos em seus quadris, permitindo que ela unisse as mãos atrás de sua nuca.

Wise men say
Only fools rush in
But I can't help
Falling in love with you


sorriu ao perceber que o austríaco murmurava em um tom mais baixo a letra da canção enquanto a guiava pelo salão em passos devagar no ritmo da melodia. Não conseguia – e nem ousava – retirar os seus olhos do homem a sua frente, assim como ele não se permitia retirar os olhos do universo azul dos olhos dela.
...
Ainda que ele estivesse com os olhos presos nela, parecia tão envolto na canção que ela não conseguia ter certeza se ele a escutaria. Quando o polegar fez uma leve carícia em sua cintura, ela teve uma resposta ao seu chamado.
– Você me fez uma pergunta mais cedo e eu ainda não respondi...
Ele concordou com a cabeça, aguardando que ela desse a resposta a sua pergunta, mesmo que já nem mais se lembrasse da mesma. Naquele momento, era como se existissem apenas os dois no mundo e a canção fosse o guia para o que estavam vivendo.

Should I stay?
Would it be a sin
If I can't help
Falling in love with you?


A loira soltou um suspiro, procurando pelas palavras, encarando os próprios pés. Soltou uma risada fraca ao perceber que era, praticamente, levada pelo homem, passeando por todo o espaço de uma forma plena.
Estar com estava se mostrando algo tranquilo, ainda que o clima da corrida os afetassem diretamente um pouco, mas era algo que ela jamais havia experimentado antes. A assustava saber que uma relação poderia ocorrer dessa maneira ao mesmo passo em que a fazia bem pensar em viver uma relação em paz.
– Eu não tenho nenhum sentimento por ele. Nem mesmo sinto raiva pelo que ele me faz passar. Eu só... – suspirou antes de voltar a falar. – Eu me sinto indiferente.
sentiu como se um peso saísse dos seus ombros com aquela resposta. O sorriso fraco que a loira o lançou após fim da frase fez com que ele também sorrisse porque era ameno ouvir aquelas palavras. As suas mãos apertaram mais a cintura da loira, querendo trazê-la para mais perto de seu corpo, mas isso não foi possível porque se manteve na mesma posição para que pudesse continuar com os olhos na direção dele.

Like a river flows
Surely to the sea
Darling, so it goes
Some things are meant to be


– Eu gosto de estar com você, – confessou, quase fazendo com que o homem desse um pulo de felicidade ao ouvir aquilo. – Eu quero estar com você.
sorriu, sentindo a felicidade percorrer todo o seu corpo naquele momento e o seu coração bater um pouco mais rápido do que o normal, fazendo com que ele quase se atrapalhasse com os passos da dança que eles ainda faziam.
– Eu amo você, – disse em um tom de voz claro e pausado para que ela conseguisse ouvir e entender perfeitamente a frase.
ignorou o arrepio que percorreu o seu corpo naquele momento. A forma intensa com que os olhos de a encaravam fazia com que ela ficasse quase que inebriada; a forma como os dedos dele apertavam a sua cintura esquentavam o seu corpo.
– Eu adoraria conseguir dizer isso para você com todas as letras.
Um sorriso triste tomou conta do rosto da loira enquanto se sentia um pouco aliviado por ouvir aquela frase. Ainda que ela não tivesse dito com todas as letras, ela estava mostrando os seus sentimentos. Estava mostrando que o amava.
Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, levando uma das mãos para a nuca da loira para trazer os seus lábios até os dele.
O beijo se iniciou lentamente com muito cuidado e carinho, os dois se curtiam naquele momento. Era o necessário para selar as palavras que haviam acabado de ser ditas, para reafirmar o que um sentia pelo outro e até para mostrar que, às vezes, eles nem precisavam de palavras.
Audrey foi a responsável por iniciar uma salva de palmas no ambiente, assistindo com um largo sorriso no rosto a sintonia que o casal possuía. A forma como o seu coração batia rápido era o que lhe mostrava a felicidade por estar vendo a neta sendo feliz de novo.

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abriu os olhos na manhã daquela segunda-feira, sentindo um cheiro bom vindo da cozinha do seu apartamento. Uniu as sobrancelhas enquanto os seus olhos estavam presos no teto branco do quarto, se perguntando o que estaria acontecendo no outro cômodo.
O restante da festa de Brooke no sábado havia sido tranquilo. Margarethe e Billy não ousaram mais procurá-la, fazendo com que ela agradecesse aos céus por aquilo para poder curtir o restante do dia em paz com .
No domingo, haviam passeado um pouco por Bristol, ainda que ela não gostasse muito da cidade, mas fê-lo porque jamais havia ido e parecia muito interessado em visitar alguns lugares que havia visto na internet. Retornaram para Londres à noite e os dois haviam decidido jantar juntos, o que fez com que acabasse dormindo no apartamento de . A loira colocou o robe vinho de seda, empurrando a porta do quarto para que pudesse deixar o mesmo e seguindo em direção à cozinha para saber o que o austríaco estava aprontando no local para que o cheiro se espalhasse pelo quarto. Sorriu ao encontrar o austríaco parado próximo à ilha da cozinha, balançando a cabeça de um lado para o outro com a cena. Teve a sua presença anunciada por Ariel, que soltou um latido alto antes de se aproximar, colocando as patas sobre as suas pernas e fazendo com que ela se curvasse para que pudesse acariciá-la.
– Bom dia, piscou na direção dela, lançando-lhe um sorriso malicioso antes de perguntar: – Dormiu bem?
– Perfeitamente bem, – devolveu o sorriso, voltando a erguer o corpo e se sentando em um dos bancos em frente à ilha da cozinha. – Bom dia.
O homem apoiou as duas mãos sobre a bancada, projetando o corpo para frente para que pudesse encostar os lábios nos dela em um beijo demorado.
– O que você está preparando?
– Fiz um café da manhã – murmurou. – Cozinhar não é a minha especialidade, mas eu sei fazer algumas coisas. – riu, apontando para os pratos que estavam prontos e se virou para buscá-los para que os dois pudessem tomar o café.
– Eu gosto de cozinhar – disse, balançando os ombros. – Me falta um pouco de tempo, mas eu gosto. Aprendi com a minha avó...
– Audrey te ensinou muita coisa... – riu, levando uma garrafada dos ovos mexidos até a boca e a loira concordou com a cabeça.
– Ela fez o papel de mãe na minha vida – deu os ombros. – Me dava conselhos, me dava colo. Me ensinou a cozinhar, a tocar piano...
– Você toca piano? – sorriu maravilhado com a informação e a loira riu, concordando com a cabeça. – Rosa está aprendendo a tocar piano. Ela é fascinada.
– Audrey me disse que você prometeu apresentar as duas.
– Agora me parece uma ótima ideia juntar vocês três... Imagina o belo concerto que poderia sair desse encontro? – sorriu novamente. – Aliás, eu não quero te pressionar a nada, mas...
franziu o cenho, encarando o austríaco com as sobrancelhas arqueadas a espera do que ele iria falar, mas a continuação da frase não veio. Ela se apressou para engolir um pedaço da fruta que tinha colocado na boca para que pudesse perguntar o que ele queria.
– Mas...
– Você não acha que poderíamos marcar um dia para você ir à Áustria? – arqueou as sobrancelhas. – Conhecer a minha família.
Os olhos da loira o encararam de forma arregalada, fazendo com que ele soltasse uma risada fraca. levou o copo de suco até os lábios para que pudesse ter um tempo a mais para pensar em uma resposta. Não queria dizer não. havia se esforçado e ido para o fim de semana em Bristol; agora parecia que era o momento para ela deixar os seus medos de lado para conseguir conhecer a família dele. Havia dito para si mesma que estava fechando algumas portas de seu passado para que pudesse se abrir para o novo. O novo era estar com , era ter coragem para conhecer a família dele, era viver a relação que os dois possuíam.
– Stephanie já me mandou várias mensagens para saber quando isso vai acontecer – riu, chamando a atenção de . – Você acha que poderíamos ir para lá depois dos Estados Unidos?
A loira demorou mais algum tempo para responder. Ainda achava, no mínimo, curioso que a ex-mulher de quisesse tanto conhecê-la.
– Eu acho que podemos fazer isso, .
O alívio percorreu a espinha do austríaco, fazendo com que ele jogasse a cabeça para trás, sorrindo em pura felicidade porque conseguiria reunir a loira à sua família.
– Eu vou mandar uma mensagem para Ste... Acho que ela vai comemorar.
soltou uma risada alta, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de se levantar do banco em que estava sentada, checando a hora no relógio que havia pendurado na parede.
– Mas, por enquanto, vamos nos atentar a nossa realidade. Temos o Grande Prêmio da Rússia no próximo fim de semana! – anunciou. – Eu preciso me arrumar para ir para a fábrica.
Nem mesmo esperou por uma resposta, apenas seguiu em direção ao próprio quarto para que pudesse tomar um banho e se arrumar para iniciar um novo dia na fábrica da Red Bull Racing.
O fim de semana havia sido maravilhoso em algumas partes, ela havia aproveitado a companhia do austríaco o máximo que podia, mas precisava retornar a sua realidade, que era focar na temporada que a sua equipe ainda tinha pela frente.
Era hora de assumir a função chefe da equipe Red Bull Racing.

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Grande Prêmio da Rússia



– Eu prevejo um domingo de merda pela frente – murmurou para Gary ao final do último treino livre em que Matt Hakvoort nem mesmo tentou dar mais uma volta porque não valeria a pena para ele arriscar.
– Acho que a gente precisa ser otimista – o homem respondeu, retirando os fones de ouvido e ajeitando os óculos de grau. – A Rússia é uma boa pista para nós.
– É uma boa pista quando não precisamos escalar o pelotão inteiro para conseguir uma vitória – suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Espero que o Checo consiga alguma coisa para ajudar nos Construtores.
– Nada está perdido, – sorriu, tentando dar alguma segurança para a loira que, por mais que tivesse plena confiança no time e nos pilotos, não era boba o suficiente para acreditar que conseguiriam ganhar naquele fim de semana.
Balançou os ombros, seguindo para o interior da garagem da equipe, vendo Helmut Marko e Johan Hakvoort conversando. Escondeu a pequena vontade de rolar os olhos com a presença dos dois homens e tentou passar desapercebida, mas eles notaram a sua presença.
, estamos diante de um fim de semana muito difícil... – Marko murmurou, encarando-a, e a loira concordou com a cabeça, resolvendo mudar o discurso que havia feito para Gary.
– Sem dúvida que é difícil, mas nada está perdido – sorriu fraco, encarando o holandês a sua frente. – Matt trabalha muito e está focado... Ele sabe o que ele precisa fazer.
– Matt é muito seguro – Johan disse. – É óbvio que ele conseguirá um bom resultado aqui porque ele é talentoso, acima de tudo.
– Estamos certos de que tudo dará certo – Marko balançou a cabeça. – Iremos dar um banho na Mercedes, não é, ?
– Eu espero que sim, Marko – afirmou com a cabeça, achando estranha a forma como ele parecia estar sendo incisivo ao proferir aquela frase, mas optando por não apontar aquilo.
Conversou com os homens por mais alguns minutos, a seu contragosto, porque queria ir logo para as entrevistas. Quanto mais cedo acabasse, mais cedo ela poderia estar em seu quarto de hotel, relaxando em sua cama.
Pediu licença para os dois quando viu Louise aparecer na garagem, fazendo um sinal para que ela se aproximasse e, logo depois, indicando o pulso para mostrar que estava na hora de irem para o centro de mídias, afinal, toda a imprensa queria saber o que a chefe da Red Bull Racing tinha para falar sobre o fato de Hakvoort largar em último lugar.
– Como estava a conversa? – a ruiva perguntou, encarando a loira enquanto as duas começavam a caminhar para fora da garagem e a loira suspirou inicialmente em resposta.
– Estávamos falando sobre o Matt – murmurou, balançando os ombros, sem muita importância. – Marko meio que insinuou algo sobre nós darmos um banho na Mercedes.
– Você acha que ele está desconfiando de alguma coisa? – Louise cerrou os olhos na direção da loira enquanto balançou a cabeça de um lado para o outro. Não tinha exatamente muita ideia sobre o que Marko queria dizer com aquela frase ou se era apenas ela pensando demais.
– Eu não sei – riu fraco. – Você acha que nós estamos dando alguma bandeira?
– Apenas aquele momento na Bélgica em que ele colocou o casaco em você – a ruiva pontuou, mas deu os ombros. – Mas a briga em Monza mostrou que a rivalidade ainda está forte...
– Nem me lembre desse fim de semana – soltou o ar, soltando uma nova risada e levando uma das mãos até o rosto. – Sinceramente, espero que esse fim de temporada seja mais tranquilo. Eu preciso de um pouco mais de paz.
– Talvez se o Matt conseguir aumentar a vantagem a tensão diminua.
– Com essas duas corridas, a gente poderia ter aberto uma boa vantagem – se lamentou, parando antes de entrar na porta da sala de mídias e encarando a loira antes de soltar um novo suspiro.
– Você ainda está acusando eles... – Louise riu, balançando a cabeça de um lado para o outro e rolou os olhos, optando por não responder àquele comentário para que não rolasse um novo estresse, mas seguiu em direção à sala de mídias.
cumprimentou Franz Trost, seguindo em direção à cadeira do lado direito, onde o funcionário da mídia da FIA havia indicado, sentando-se ali enquanto o outro austríaco se sentou no lado esquerdo. Os dois ainda trocaram algumas palavras breves sobre suas equipes porque, logo, a atenção do chefe da Mercedes foi tomada pela presença da chefe da Red Bull Racing. usava uma calça preta e blusa da equipe austríaca, mas, ainda sim, conseguia estar incrivelmente linda. Assistiu, ainda que tentasse disfarçar o máximo que podia, enquanto colocavam um microfone na parte da frente da blusa que ela usava e, em pouco tempo, a loira girou sobre os próprios calcanhares, caminhando em direção à cadeira no centro.
– Franz, como está? – sorriu na direção do austríaco, estendendo a mão para que pudesse cumprimentá-lo.
– Muito bem, , obrigado. E você? – sorriu de forma gentil e a mulher balançou a cabeça, arrumando-se sobre a cadeira e cruzando uma perna sobre a outra, antes de girar o pescoço na direção de para que pudesse encará-lo também. Ela sorriu de forma mínima na direção dele para que não chamasse muita atenção das pessoas que estavam ao redor e o chefe da Mercedes sorriu, movimentando a cabeça em um singelo cumprimento, se esforçando ao máximo para não dar qualquer bandeira porque já conhecia a mulher o suficiente para saber que ela não queria que aquilo acontecesse.
O responsável pela condução das entrevistas liberou que os jornalistas iniciassem as perguntas e os três chefes de equipe viraram suas atenções para eles, assistindo a cada uma das perguntas que eram feitas e o respectivo chefe responder.
brincava com os dedos sobre o colo quando ouviu um jornalista de um canal holandês pronunciar o seu nome e o de para uma pergunta para os dois. Podia jurar que viu o moreno ao seu lado sorrir fraco ao saber que a pergunta seria a mesma, mas resolveu focar a atenção no jornalista.
– Lewis largará em quarto lugar nesse fim de semana, enquanto Matt, com duas punições, sairá da última posição do grid. A diferença entre os dois ainda é pequena, nada está ganho ao que se refere ao campeonato. Então, quais as expectativas de vocês em relação à corrida de amanhã e em relação ao rival?
encarou a loira, permitindo que ela falasse primeiro, e tomou uma breve lufada de ar antes de dar um sorriso curto.
– Sem dúvidas de que estamos em uma situação bem desconfortável para esse fim de semana e, olhando para a previsão do tempo, será uma corrida difícil porque há boas chances de chuva. Porém, nós temos total confiança no Matt e eu confio muito na minha equipe para que a gente possa fazer um excelente trabalho – fez um breve pausa para que pudesse escolher as palavras certas para usar na parte da pergunta que se referia à equipe rival. Já estava cansada de drama. – Estamos com uma diferença ainda pequena no campeonato de pilotos. Eu acredito que, se os episódios de Silverstone e de Monza não tivessem acontecido, nós estaríamos liderando com folga. Mas aconteceu e é algo que a gente não pode mudar... Então, vamos nos manter firmes em nosso objetivo, independente do que o Hamilton ou a Mercedes estiver fazendo.
– Tivemos um pouco de sorte do classificatório – confessou, balançando levemente os ombros. – Não vemos o fim de semana e nem mesmo a temporada como perdidos. Ainda temos muito o que  brigar com a Red Bull e não vamos medir esforços para que isso aconteça porque queremos sair de Abu Dhabi como campeões de ambos os campeonatos. Monza seria um fantástico fim de semana para nós, mas não podemos ficar chorando por algo que aconteceu e não podemos mudar. O nosso foco é sempre na próxima corrida e a RBR tem sido um rival muito feroz... Esperamos que as disputas limpas se mantenham até o fim.
Os dois se encararam por um breve instante antes de balançarem a cabeça, virando o rosto para frente para uma série de jornalistas e fotógrafos satisfeitos com as respostas e com os clicks que conseguiram da dupla de chefes de equipe naquele momento.

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– Espera, espera... – Louise abanou a mão no ar, limpando a boca com um guardanapo antes de focar os olhos na amiga a sua frente outra vez.
balançou a cabeça, dando mais um gole em seu vinho, fingindo não se importar com a reação da ruiva a sua frente à série de novidades que havia dividido com ela desde os últimos acontecimentos ainda na Itália até o pedido de para que ela fosse conhecer a família dele.
– Você vai para a Áustria? – perguntou com uma expressão de surpresa tomando o seu rosto. – vai conhecer a família de . É isso mesmo que eu estou ouvindo?
vai para a Áustria e está morrendo de medo disso – murmurou em meio a uma risada um pouco fraca, recostando o corpo na cadeira.
– Com medo de quê? O já não disse que te ama?
– Eu não tenho dúvidas quanto aos sentimentos dele – sorriu, podendo ouvir a voz grossa do austríaco murmurando, com todas as letras, em seu inglês carregado de sotaque, que a amava. – Estou com medo de conhecer as crianças... A ex-mulher dele está louca para me conhecer, palavras dela.
– E isso te amedronta? – riu fraco. – Você mesma me disse que eles são amigos... Ela estava em uma das corridas na Áustria, não estava?
– Sim, com a Rosa, a filha deles.
– Eu já a vi no paddock com o . É uma menina muito bonita – deu os ombros. – Mas vamos ao que interessa: você não precisa ter medo, amiga. Eu sei que conhecer família do namorado é um saco, mas eles parecem estar animados para te conhecer. Isso pode ser bom.
– E se eu não atender as expectativas deles?
– Por que não as atenderia? – riu. – Olhe para a mulher que você é, . Eu não tenho dúvida de que você vai superar todas as expectativas e se tornar melhor amiga da filha, do filho, da ex-mulher, da mãe... De toda família .
– Eu espero que sim, porque de problema já basta a família – murmurou, contendo a vontade de rolar os olhos e deu um novo gole em seu vinho.
A verdade era que não estava com medo de conhecer a família de . Essa palavra era muito forte para descrever o seu sentimento... Talvez receio fosse melhor porque ela não sentia muito bem em ambientes familiares. Ela não sabia lidar muito bem com essa relação e isso costumava ativar alguns gatilhos emocionais que sempre a deixavam mal no ambiente. Mas ela conseguia perceber que havia mudado. Já fazia coisas que jamais tinha pensado, havia se aberto ao novo e o medo do novo já não mais a assustava tanto quanto antes. Ela podia entrar em um ambiente desconhecido sem sentir os fantasmas do passado querendo levá-la de volta.
– Aliás, por que você está jantando comigo hoje ao invés de estar na cama dele? – Smith questionou, encarando a amiga com uma expressão divertida no rosto.
– Ele está em uma reunião para decidir algumas coisas sobre a Mercedes – balançou os ombros. – Acredito que eles vão anunciar a saída do Bottas.
– Estão apenas aguardando ele conseguir um novo assento – Louise arregalou os olhos ao perceber que havia falado demais e soltou uma risada.
– Quer dizer que a senhorita tem informações privilegiadas e não me contou? – cruzou os braços na altura dos seios, curvando o corpo para frente como se aquilo fosse o maior segredo do mundo. – Ele disse para qual equipe ele vai?
– Ele estava acertando os últimos detalhes, mas não me disse – balançou os ombros. – Mas eu acho que ele vai voltar para a Williams... Eu ouvi rumores do Albon, mas não acho que isso seria permitido pelo .
– Helmut que está conduzindo essa situação – a loira franziu o cenho e a ruiva entendeu o que ela quis dizer.
– Briga dos grandes.
concordou com a cabeça, soltando uma risada fraca e sentindo-se tranquila por sua equipe já ter a questão dos pilotos resolvidas. Matt possui um contrato maior e o de Checo estava recém renovado. Apesar de não conversar com sobre a Mercedes, pelo que ela ouvia na imprensa, eles ainda estavam decidindo como resolveriam o outro assento — já que Lewis havia renovado o contrato um pouco antes do verão. Não havia nenhuma preocupação externa ao trabalho da Red Bull e isso era uma beleza para que todos pudessem ter seus olhos voltados para os campeonatos em disputa.
– Agora que já falamos o suficiente sobre mim... – sorriu, deixando a taça sobre a mesa outra vez. – Como está a sua vida pessoal? Como foi o casamento da sua prima no último fim de semana?
– Diferente de você, eu fui para o casamento da minha prima sozinha – riu, balançando os ombros. – Mas, no geral, minha vida pessoal está uma bagunça, mas vou seguindo.
– Nas férias, você se encontrou com o Checo. Não tem o visto mais, fora dos fins de semana de corrida?
– As coisas estão meio mornas – balançou os ombros novamente, vendo o celular vibrando sobre a mesa e se apressando para buscá-lo. uniu as sobrancelhas, assistindo a loira ler algo que havia na tela com um sorriso no rosto antes de começar a digitar.
– Checo? – questionou, curiosa e, quando a ruiva balançou a cabeça de um lado para o outro, soltou uma risada de forma desacreditada. – Meu Deus, Louise!
– Eu tenho um café para tomar agendado para depois desse jantar.
A loira rolou os olhos, rindo pela forma com que a amiga havia falado e como as coisas da vida dela não estavam resolvidas, achando engraçada a forma como ela estava lidando com toda aquela situação, mas optou por não falar mais nada. Se ela estava feliz daquela maneira, era o que mais importava.
agradeceu o motorista que havia o trazido de volta ao hotel. A reunião havia durado quase três horas, mas ele estava mais tranquilo porque tudo havia sido resolvido e, finalmente, seria anunciado.
Checou o celular para ver se havia enviado alguma mensagem, já que a loira havia dito que iria jantar com Louise, mas, ao ver que não havia nada, bloqueou a tela e voltou a guardar o aparelho dentro do bolso do paletó. Cumprimentou com um breve aceno alguns rostos conhecidos que estavam na recepção do hotel e aproveitou para passar pelo restaurante para saber se a loira ainda estava por lá e se poderiam se encontrar.
Da porta de vidro, correu os olhos pelo local, não encontrando a figura da mulher e projetou os lábios para frente antes de balançar a cabeça de um lado para o outro por não vê-la por ali. Queria poder tê-la ao seu lado naquela noite, assim como em todas as outras.
– Procurando por alguém, ? – a voz fez com que ele se sobressaltasse, mas, ao girar o corpo, encontrou a mulher que procurava parada com as duas mãos na cintura, encarando-o com um sorriso discreto nos lábios.
– Procurando por uma mulher loira, muito bonita, por sinal, que não sai da minha cabeça há mais de um ano – murmurou, olhando nos olhos da loira. – Atualmente, ela também não tem saído do meu coração... Você a viu?
não conseguiu esconder o sorriso de seu rosto e balançou a cabeça de um lado para o outro com o comentário, procurando por uma resposta que pudesse ser dada, mas que fosse suficiente para manter o joguinho que os dois estavam tendo.
– Eu não a vi... – projetou o lábio inferior para frente em um pequeno bico antes de soltar uma nova risada. – Por que você não me fala o número de seu quarto? Talvez, caso eu a veja, eu a mande para lá.
sorriu, dando um passo para frente para que pudesse ficar mais próximo da loira e ela arregalou os olhos, olhando para os lados para tentar se certificar que ninguém os via.
– Décimo sexto andar. Mil seiscentos e vinte – anunciou, piscando na direção da loira a sua frente. – Você me fará um grande favor se disse para ela aparecer por lá...
– Eu farei o possível, – retribuiu a piscada, se afastando do moreno e seguindo em direção aos elevadores do hotel sob o olhar atento do mais velho.
sorriu sozinha ao apertar o botão do elevador, desviando o olhar do painel algumas vezes para que pudesse olhar para o austríaco novamente, e sorria ainda mais ao perceber que ele ainda possuía o olhar sobre ela.
Entrou no elevador, apertando o botão do décimo sexto andar e entrando no cubículo, observando as portas se fecharem. Encarou a própria imagem no espelho, percebendo que estava diferente. Não sabia exatamente o que era, mas conseguia se sentir mais leve e mais feliz. Estava mais tranquila quanto à própria vida pessoal, mesmo que a profissional ainda a fizesse querer arrancar os cabelos de preocupação.
Estava feliz.
Estava apaixonada.
Já não havia mais como negar para si mesma e nem mesmo existia razão para fazer isso. Só queria conseguir ter a coragem para dizer em voz alta, de pronunciar as três palavras olhando nos olhos de para que ele pudesse sentir tudo que havia feito ela sentir quando ele disse.
Ela queria ver como os olhos dele reagiriam, qual seria a expressão em seu rosto e a sua atitude após ouvir a frase. Queria ouvi-lo dizer de volta logo após ela falar.
As portas do elevador se abriram e a loira saiu do mesmo, já podendo ver o homem de quase dois metros de altura parado no meio do corredor. Ela o viu abrir a porta do quarto, adentrando o espaço e aproveitou para apressar os seus passos para que pudesse chegar logo ao quarto dele.
fechou a porta atrás de si, passando pela antessala e seguindo em direção à suíte. O mais velho já havia deixado a pasta sobre uma pequena mesa que havia no local e retirava o paletó quando a loira chegou.
– Como foi a reunião?
– Amistosa e resolutiva – sorriu, girando o corpo para que pudesse encará-lá depois de deixar o paletó sobre a poltrona. – Nas próximas semanas nós vamos anunciar as mudanças para o próximo ano.
– Mudanças? – arqueou as sobrancelhas, retirando os saltos e os deixando de lado. – Achei que eram apenas rumores de que a Mercedes tentaria algo de diferente no ano em que teríamos mudanças no regulamento.
– Pode confirmar os rumores – riu, começando a abrir os botões da blusa que vestia. – Vamos ter mudanças no próximo ano...
– Eu ainda prefiro manter os meus olhos nesse ano.
– Isso também – balançou os ombros, retirando a blusa por completo e a deixando sobre a poltrona enquanto a loira sorria com o que estava bem a sua frente. – Mas nós estamos com um olho em cada temporada.
– E talvez não olhando para temporada nenhuma – provocou, fazendo com que o austríaco balançasse a cabeça.
– Eu vou tomar um banho – anunciou, lançando uma piscada na direção da loira. – Está tudo bem se apenas dormirmos hoje?
– Apenas a sua companhia me faz bem, .
sorriu de forma larga, rompendo a distância entre os dois para que pudesse envolver a cintura da loira, trazendo-a para perto de seu peito.
– Há alguns meses seria eu que diria essa frase e você sairia desse quarto correndo – murmurou, colocando uma mecha do cabelo da loira para trás da orelha dela. – Mas eu acho que gosto mais de agora, quando você fala uma frase dessas e os seus olhos se voltam para o chão de uma forma levemente envergonhada.
– Você me observa muito bem – murmurou com a mão espalmada no peito do homem e fazendo com que ele risse.
– Eu te observo há mais de um ano, . Os seus jeitos, as suas expressões, a maneira com você reage a algumas situações... Eu gosto de olhar para você. É o meu hobby favorito – disse antes de juntar os lábios dos dois em um beijo apressado.
levou as mãos para a nuca do austríaco, embrenhando-as nos cabelos curtos dele enquanto as mãos do homem apertavam os seus quadris, mas a mantendo próxima ao corpo dele o suficiente para que pudesse sentir o volume já vivo no meio das pernas dele.
– Eu amo tudo sobre você, .
A frase saiu como um murmúrio em meio ao beijo e ela não conseguiu esconder o sorriso de pura felicidade ao ouvir.
Ela não tinha noção de como era bom se sentir amada.

🏎🏆✨


"Mais um péssimo fim de semana" era a frase que ecoava na cabeça de após ver Lewis Hamilton cruzar a bandeira quadriculada em primeiro lugar. A chuva, que havia aparecido nos últimos momentos da corrida, havia sido fundamental para que Amando Norris perdesse a liderança porque não quis seguir o comando da equipe e parar para trocar pneus. Matt havia conseguido escalar o pelotão e terminou em segundo lugar, mas o esforço não tinha sido o suficiente para garantir que a equipe e ele ainda liderassem os campeonatos. O inglês, além de ter conquistado a centésima vitória, também havia recuperado o primeiro lugar no campeonato dos pilotos e dos construtores, o que deixava preocupada para o próximo fim de semana.
Saiu do seu lugar na pitwall, seguindo direto para a garagem da equipe austríaca porque precisava ir dar entrevistas e teria a reunião com todo o time para que pudessem reavaliar tudo que havia sido feito naquele domingo.
– Um fim de semana ruim – Gary murmurou ao se aproximar dela e a loira balançou a cabeça em sinal de confirmação. – Pior ainda é olhar para as estatísticas e saber que o Hamilton é quem tem mais vitórias nos Estados Unidos.
– Nós sempre estamos prontos para quebrar as estatísticas – riu, balançando os ombros, embora ainda estivesse chateada com o resultado daquela corrida.
– Nós ainda estamos no jogo – o homem disse com um dedo em riste em sinal de confiança e a chefe da equipe balançou a cabeça, gostando de ouvir as palavras porque não seria ela a primeira a desistir.
Eles já estiveram há muitos pontos atrás da Mercedes e foram capazes de virar o jogo. Agora não seria diferente, ainda mais com sete corridas pela frente, sendo duas pistas novas. Era claro que o cenário era favorável e isso muito agradava a loira. Gostava do desafio de ter que bater a equipe mais poderosa do grid e sabia muito bem que sua equipe era qualificada para isso. Abu Dhabi seria a resposta final, mas antes ela tinha algumas etapas para ainda vencer.
Aproveitou que o engenheiro saiu de seu lado e retirou o celular do bolso da calça, lembrando-se de . Tantas vezes ele havia mandado mensagens a felicitando pela corrida que a RBR havia ganho, que agora estavam em situações diferentes e ela se sentia no dever de parabenizá-lo também.
abriu o aplicativo, encontrando algumas mensagens não lidas recebidas e clicou na conversa com o austríaco, rindo ao perceber que era uma mensagem encaminhada.

WHATSAPP

Jantar na minha casa na terça-feira. Saiba que estamos ansiosos para conhecer a .



Franziu o cenho, tentando entender de quem era aquela mensagem e, logo abaixo, o austríaco lhe explicava que se tratava de Stephanie. Balançou a cabeça, soltando uma risada fraca ao reler o texto enviado pela mulher.
Não podia negar que também estava curiosa para conhecê-la, apesar de já ter cruzado com ela uma vez pelo paddock.
Ainda podia se lembrar vagamente da feição dela, mas estava definitivamente animada para estar frente a frente com ela. Agora, estava animada e um pouco ansiosa para o jantar que teriam.
Suspirou, respondendo a mensagem e mandando os parabéns pela vitória do fim de semana antes de voltar a bloquear a tela do celular. Ainda faltavam mais de duas semanas para a data do referido encontro com a família de e ela ainda teria tempo para pensar em tudo que aquele dia a proporcionaria.
Esconderia a ansiedade e guardaria a pontinha de medo que ainda restava em seu corpo para mais próximo da data porque ainda outras coisas para se preocupar e a principal delas era como fazer a Matt Hakvoort vencer no Circuit of the Americas.
O resto podia ficar para depois.

Capítulo 21

Pela primeira vez, sentou-se no sofá branco do consultório de Dorothea sentindo-se leve. O seu coração não batia tão rápido quanto antes e ela não sentiu vontade de chorar ao narrar os detalhes do fim de semana em que teve que se encontrar com Margarethe e Billy.
A psicóloga ouviu de forma atenta aos detalhes, se surpreendendo ao saber que a paciente havia ido acompanhada por seu ainda misterioso namorado e anotando em seu prontuário o que achava que era pertinente.
– E como você está se sentindo em relação a ter ido à Bristol, ter conseguido falar com Margarethe e com Billy? – perguntou, encarando a loira por debaixo de seus óculos de grau e balançando a caneta azul escura entre os dedos.
– Eu me sinto bem – sorriu fraco. – Parece que um peso realmente saiu das minhas costas ao ter tido a coragem de fazer isso. Como se eu tivesse fechado uma das portas para o meu passado.
– O que você espera agora que fechou essas tais portas?
– Não sei – balançou os ombros, deixando que as costas caíssem no encosto do sofá, e cruzou uma perna sobre a outra. – Eu acho que eu espero conseguir me relacionar melhor com as pessoas. A minha irmã, o meu pai e a minha avó... Até mesmo o
Dorothea levantou o olhar para que pudesse olhar para a loira, parando de fazer algumas anotações para questioná-la:
– O é... 
– Ele é o homem com quem eu estou me envolvendo – a loira respondeu. 
Já a irritava um pouco não ter uma forma para a se referir ao austríaco, já que não havia mais regras, mas eles também não tinham oficialmente chamado a relação de namoro. 
Ela não queria ser precipitada demais para dar nome à relação, mas sentia que deveria fazer isso, porque, talvez, estivesse esperando isso por parte dela, mesmo que nenhuma cobrança fosse feita — até porque ele jamais seria capaz de fazer isso.
– E você acha que pode se relacionar melhor com o de que maneira? 
– Eu sempre tive um medo muito grande de conhecer a família dele. Eles parecem ter uma relação muito próxima, diferente do que eu cresci tendo com a minha família e meio que me assustava ele não entender que eu era receosa por não ter tido o que ele tem – Dorothea balançou a cabeça para demonstrar que estava entendendo e a loira sorriu fraco. – Mas agora eu me sinto um pouco pronta para enfrentar isso.
– Você vai conhecer a família dele?
– Sim. Ele me convidou para ir à Áustria com ele depois da próxima corrida. 
– Está se sentindo bem em relação a isso?
– Não – riu fraco. – Minha barriga dói e eu ainda sinto uma falta de ar todas as vezes que eu penso nisso, mas, dessa vez, eu não sinto vontade de fugir como aconteceu quando ele me chamou para viajar com ele nas férias.
Sorriu de forma larga porque se sentia em paz com aquela situação, ainda que o medo fosse existente dentro dela. Talvez ficasse mais nervosa quando estivesse, de fato, próxima à família , mas, por enquanto, estava feliz por ter aceitado o convite e por estar dando tantos passos para frente em sua vida.
– Você acha que esse seu sentimento bom em relação à nova viagem com o só tem a ver com o que aconteceu no fim de semana do casamento? 
Parou por alguns segundos para que pudesse pensar um pouco na resposta que daria à psicóloga. Já havia percebido que as suas amarras pareciam ir caindo pouco a pouco em sua relação com o austríaco. 
Tudo havia começado ainda nas férias, quando ele propôs seguir devagar, mas foi ela quem deu o passo importante de dizer que as regras haviam sido deixadas para trás. 
Era claro que a amava e ainda mais clara a forma como ele demonstrava o sentimento através do cuidado com ela, de não pressioná-la e de não exigir muito. Os dois caminhavam em passos que eram ditados por , sem nenhuma cobrança por parte dele. 
– Não – respondeu de pronto. – Esse sentimento veio crescendo ao longo do tempo. Eu acho que eu o escondi por muito tempo e agora estou caindo em mim, percebendo que ele estava aqui dentro o tempo inteiro, mesmo que eu ainda não consiga dizê-lo em voz alta. 
– Por que você não consegue dizer em voz alta?
– Eu acho que, se eu disser, as coisas podem ser diferentes. 
– Diferentes como? – Dorothea a encarou e a loira soltou o ar, seguida de uma risada fraca.
– Eu acho que, se eu disser, eu vou me machucar.
– Mas você acha que o seria capaz de te machucar?
– Não – balançou a cabeça de um lado para o outro. – Eu acredito que ele não seria e ele já me prometeu que não faria isso. 
– Então, quem te machucaria? Você?
Mordeu o lábio inferior, sem saber o que responder àquela pergunta. Assim como sabia que não seria capaz de machucá-la, sabia que ela também não seria capaz de fazer isso. Era mais forte e mais segura emocionalmente do que antes para viver uma relação.
... – Dorothea soltou a caneta, depositando-a sobre o bloco que tinha em seu colo, e encarou a paciente com um sorriso mínimo no rosto. – Você me disse, assim que chegou, que se sente mais leve, que está feliz por ter ao seu lado alguém que reconhece o seu valor como mulher e como profissional. Me disse agora que ele prometeu que não te machucaria e que você acredita que ele não faria isso. Você faz esse acompanhamento há um tempo e já está começando uma estabilidade – fez uma pausa. – Mas você precisa entender que está pronta para viver e que hoje você consegue ter uma voz mais forte do que tinha antes. É uma mulher mais segura, com um emocional mais preparado e que, como você mesma me disse, está pronta para abrir novas portas. 
A loira concordou com a cabeça, absorvendo as palavras ditas. Ela sabia que tudo era verdade, era capaz de ver a sua própria evolução e podia se lembrar das palavras da psicóloga sobre não ter medo de entrar em uma nova relação, de se abrir novamente para o amor.
Amor.
Sorriu ao pensar nesse sentimento e porque em sua mente veio a imagem de . Era impossível não o associar à palavra, de não pensar nele quando o seu coração batia mais rápido.
Ela estava cada vez mais preparada para as três palavras. 

🏎🏆✨


– Você falou com a sua amada? – Stephanie olhou para o ex-marido, cruzando os braços na altura dos seios enquanto ele soltava uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro.
– Ela virá comigo para a Áustria depois da corrida nos Estados Unidos – respondeu, para a felicidade da loira, que bateu palmas em comemoração, causando mais risadas no moreno. 
– Eu vou ajeitar as coisas para um jantar lá em casa, então – sorriu. – Você vai querer convidar a sua mãe?
– Não acha que já está estranho o suficiente? – arqueou as sobrancelhas. – Já estou indo jantar na casa da minha ex-esposa com minha atual namorada.
– Você fez muito isso quando era casado com a Susie. Por que não podemos fazer isso agora com a ?
– Porque... – suspirou, soltando uma risada mais fraca dessa vez e colocando as mãos nos bolsos da calça. – é um pouco complicada em relação a questões familiares.
A loira balançou a cabeça, não entendendo muito bem o que o ex-marido queria dizer com aquela frase.
– Ela tem problemas com a família dela? – questionou, curiosa, e o homem concordou com a cabeça de forma lenta. – Então, o fim de semana foi caótico... 
soltou uma risada fraca, balançando a cabeça em sinal de confirmação e Stephanie o acompanhou na risada.
– Foi um pouco... Movimentado – balançou os ombros. – Mas a tem as questões dela quanto às relações familiares e eu acho que deveríamos ir com calma.
– Você quer cancelar o jantar? – indagou com as sobrancelhas arqueadas, sentindo-se desapontada caso aquela fosse a decisão dele, mas sorriu ao vê-lo balançar a cabeça de um lado para o outro.
– Eu pensei em mudar para cá – abriu os braços, indicando a própria casa. – Talvez isso faça com que ela se sinta mais tranquila... Algum problema para você?
– Não, , por mim, não há problema – sorriu. – Você quer que eu monte um cardápio com a Ülla para essa noite?
– Não precisa, Ste – balançou a cabeça. – Não será nada exagerado. – levantou uma sobrancelha na direção dela porque conhecia a ex-mulher e ela abriu a boca, pronta para protestar, mas ele voltou a falar. – Seremos apenas você, Ärhus, as crianças, e eu.
Quem é ?
A voz infantil fez com que os dois adultos virassem a cabeça, encontrando os dois s mais novos, que haviam acabado de entrar na sala de estar. Rosa usava um conjunto de moletom da cor amarela, tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo enquanto Benedict usava uma camisa cinza e shorts. Os dois tinham os olhares curiosos voltados na direção dos pais.
– Deixa de ser fofoqueira, Rosa – ralhou o irmão mais velho, caminhando na direção da mãe para que pudesse depositar um beijo em sua bochecha enquanto a menina bufava, cruzando os braços.
– Isso não é fofoca – protestou. – Eu só fiz uma pergunta...
– Está tudo bem, filha – Stephanie sorriu na direção da mais nova, que se aproximou para que pudesse abraçá-la pela cintura. – é uma... – voltou o olhar na direção de para buscar a complementação para a frase e ele deu os ombros em meio a uma risada nasalada.
é a namorada do papai, você não percebeu? – Benedict murmurou antes que o mais velho pudesse falar e Stephanie soltou uma risada alta, levando uma das mãos até à boca para não permitir que as risadas saíssem.
– Ela é a moça que esteve aqui? – perguntou com os olhos focados no homem, que não sabia mais para onde fugir daquele assunto. 
Estava preocupado com em meio a tantas perguntas daqueles três, especialmente de Rosa e Stephanie, já que Benedict certamente assumiria um papel igual ao dele de apenas observar.
Rosa e Stephanie eram um bom time. A mais nova seguia o pensamento da mãe e questionava tanto quanto ela, estando sempre atenta a tudo o que acontecia ao seu redor — estando sempre pronta para fazer perguntas que a sua inocência não a deixava notar que eram constrangedoras.
– Sim – sorriu por fim, balançando a cabeça. – é a moça que veio aqui um pouco antes das férias de verão e ela ainda não é minha namorada. 
O mais velho sorriu, sentindo-se contente por aquele assunto lhe parecer encerrado, mas a pequena uniu as sobrancelhas em sinal de confusão e a pergunta fez com que entendesse que não só o assunto não tinha sido encerrado para ela, mas também que ela certamente faria cortar um dobrado pela sua curiosidade.
– E por que ela não é sua namorada ainda? 
Stephanie novamente precisou cobrir a boca para esconder sua risada, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto resolveu que a melhor coisa seria mudar de assunto porque não queria ter que responder àquela pergunta. 
E nem mesmo sabia qual resposta dar. 
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Grande Prêmio dos Estados Unidos



O FP1 no Circuit of the Americas havia terminado com Valtteri Bottas liderando, seguido por Lewis Hamilton e Matt Hakvoort, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, enquanto Sergio Pérez ocupava a sétima posição. 
já não estava satisfeita com os resultados da equipe desde Monza, quando Matt bateu em Lewis e não conseguiu terminar a prova. Naquele fim de semana, Checo amargou o quinto lugar.
A sua insatisfação em relação àquela corrida só diminuía porque se lembrava de que o holandês tinha largado em último lugar, mas ainda assim estava um tanto quanto decepcionada porque o piloto não mais ocupava o primeiro lugar no campeonato e a equipe alemã estava um mais perto nos construtores. 
O que a confortava era saber que teriam corridas em pistas novas que eram uma incógnitas tanto para a Red Bull quanto para a Mercedes. As suas expectativas estavam nelas para que definissem de vez o campeonato, que já pareceu estar nas mãos do piloto do carro 33. 
– Vamos comer alguma coisa antes da próxima sessão? – ergueu a cabeça, retirando a sua atenção do painel a sua frente, encontrando Louise parada ao seu lado com um sorriso fraco no rosto.
– Gary, eu vou à cafeteria – anunciou para o engenheiro que estava ao seu lado e o viu balançar a cabeça antes de levantar para seguir ao lado da chefe de comunicação em direção à cafeteria do paddock.
– Você viu a troca de assentos dessa semana? – Smith questionou a amiga assim que as duas começaram a caminhar pelo local e a loira confirmou com a cabeça.
Na terça-feira, a Mercedes havia anunciado que não renovaria o contrato com Valtteri e, logo depois, ele foi anunciado como o novo piloto da Alfa Romeo. No dia seguinte, a equipe alemã anunciou que o piloto que faria dupla com Lewis para o próximo ano seria George Russell.
– Já era esperado que o George fosse o companheiro do Lewis para a próxima temporada – a loira balançou os ombros. – Eu acho que a maior surpresa foi o Valtteri na Alfa.
– Ele já tinha me falado que a expectativa era essa. A Williams já estava sendo fechada com o Albon. 
– O que estava travando era o contrato dele com a gente – riu, balançando os ombros antes de empurrar a porta de vidro da cafeteria. 
– Confesso que eu fiquei bastante surpresa quando foi anunciado que o contrato ficaria suspenso – a ruiva riu, caminhando em direção ao balcão e as duas pegaram cafés antes de irem para uma mesa mais ao fundo da cafeteria.
– Era óbvio que o não permitiria que tivesse contrato com a gente e pilotasse um carro com motor Mercedes – balançou os ombros. – Algo sobre conflito de interesses.
– Eu não tinha dúvidas disso, mas não acreditei que o Marko abriria mão disso – a ruiva deu um gole em seu café. – Então, para ano que vem teremos muitas mudanças, o que você acha?
soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro e relaxando o corpo sobre a cadeira, dando mais um gole em seu café. Era quase impossível fazer uma previsão para a próxima temporada com tantas mudanças que o regulamento previa.
– Esse ano já está imprevisível, imagine ano que vem – respondeu finalmente fazendo com que a ruiva risse e balançando a cabeça.
– Você acha que o Lewis pode ganhar esse ano?
A pergunta fez com que a loira suspirasse antes de elevar os ombros e projetar os lábios para frente em sinal de quem não sabia o que responder. 
Era óbvio que ela estava torcendo — e trabalhando — para que a Red Bull ganhasse o campeonato, assim como Matt ganhasse também. E a vitória de Lewis em Sochi havia retirado o seu sono nas últimas noites. 
Se preocupava porque ele era um piloto talentoso e poderia muito bem aproveitar do mau momento do rival para se consagrar. Isso fazia com que aquele sentimento de frustração se apresentasse dentro dela.
em sua pausa para o café para que consiga aguentar o restante do dia... Algumas coisas não mudam!
As duas mulheres viraram o rosto, vendo Michael Italiano se aproximar com os braços um pouco abertos e um sorriso largo no rosto. O australiano se curvou para que pudesse deixar um beijo na lateral do rosto da loira, fazendo o mesmo com a ruiva segundos depois.
– O café sempre me salva e melhora o meu humor – sorriu, balançando o copo que tinha em mãos e o levou até à boca outra vez.
– Eu sei bem disso – Italiano riu, colocando as mãos nos quadris. 
– Quer se juntar a nós, Michael? – Louise perguntou com os olhos fixos no homem, que balançou a cabeça em sinal de negação.
– Eu vim buscar um café também, mas não tenho muito tempo para ficar aqui. Preciso voltar para ajudar o Daniel a se preparar...
– Ainda se recuperando do fim de semana em Monza? – arqueou as sobrancelhas e o australiano riu, balançando a cabeça.
– A bebedeira daquele fim de semana demorou uns três dias para deixar o meu corpo – murmurou, fazendo com que as duas mulheres o acompanhassem na risada. – E, por falar em bebedeira, eu quero fazer um convite para vocês...
– Qual é o convite? – o encarou, deixando o copo sobre a mesa e juntando as mãos antes de encarar o homem outra vez. 
– Vamos sair amanhã como nos velhos tempos? – sorriu, piscando na direção da loira enquanto Louise balançou a cabeça de um lado para o outro, tentando conter uma risada. – Austin tem alguns bares ótimos... Daniel e algumas pessoas do nosso time vão também.
– O que você acha, Louise? 
– Por mim, está fechado – a ruiva sorriu, animada e concordou com a cabeça. 
– Então, nós aceitamos o convite, Michael! – virou-se para o moreno, confirmando com um aceno positivo e ele sorriu, informando que encontraria as duas no hotel para que fossem juntos antes de se afastar para voltar para o motorhome da equipe.
e Louise não demoraram para terminar seus cafés também, retornando para a garagem da Red Bull para que pudessem se preparar para a segunda sessão de treinos livres.

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colocou os óculos de grau, buscando o celular na mesa de cabeceira e procurando o nome de em sua lista de contatos para que pudesse falar com a loira.
Havia visto-a caminhando pelo paddock mais cedo e sentia falta de estar perto dela. A pior parte do que os dois viviam era não poder ser visto em público com ela. Não poder abraçá-la, não poder beijá-la e ter que disfarçar todas as vezes em que estava por perto dela. 
Afinal, era um pedido da loira que ninguém soubesse que eles estavam juntos e ele tinha o dever de respeitar esse desejo.
O som da chamada se repetiu por umas três vezes até que a voz da loira atingiu os seus ouvidos, fazendo com que ele sorrisse no mesmo instante.
– Olá, – ela murmurou em um tom mais sensual.
... – o cumprimento saiu mais como uma repreensão e a mulher riu do outro lado da linha. – O que acha de vir jantar e aproveitar a noite em minha suite?
A loira soltou uma nova risada e pareceu hesitar por alguns segundos, fazendo com que o austríaco se questionasse se havia algo de errado com ela, mas logo sua voz voltou a ser presente.
– Sinto te informar, mas eu tenho planos para essa noite...
– Planos? – arqueou as sobrancelhas, surpreso. 
– Eu vou sair com alguns amigos... Parece que a noite em Austin é muito boa. 
– Ouvi o pessoal comentar isso – riu. – Mas, tudo bem, aproveite a sua noite. Eu vou aproveitar esta noite, aqui nessa grande cama... Sozinho....
... 
– Tenha uma boa noite,
Finalizou a ligação após ouvir a loira agradecer e deixou o celular sobre a mesa de cabeceira outra vez, retirando os óculos e os deixando no local também. 
Sentou-se na cama, deitando sobre o lençol macio e fechou os olhos lentamente. Estava triste por não ter a loira próxima dele naquela noite, mas sabia que ela também tinha que aproveitar a vida.
Torcia para que se divertisse e tivesse um bom tempo com suas companhias. Tinha certeza de que a teria em seus braços na próxima noite e, quem sabe, o resto de suas vidas.

x


O local escolhido por Daniel e Michael era tipicamente texano. Começando pela decoração rústica, passando pelas roupas das pessoas e até a música country que ecoava por todo o local para a alegria da maioria dos presentes.
Ricciardo já estava no clima do ambiente, falando em um inglês carregado de sotaque do local, e fazendo as pessoas rirem muito daquilo. Louise também já parecia muito ambientada, já tendo cantado algumas músicas dos artistas que gostava enquanto estava ocupada demais com a sua garrafa de cerveja.
– Como você está, Ali? – Michael se sentou ao lado da loira à mesa, aproveitando que Louise havia se afastado. – Acho que não conversando propriamente desde a Áustria, quando você saiu correndo...
– Me desculpe por aquela noite – murmurou, lembrando que havia saído depois que viu na porta do restaurante do hotel. – Mas eu estou bem e você, Michael? 
– Estou sempre bem quando estou na sua companhia. 
A loira rolou os olhos antes de dar um novo gole em sua cerveja para que pudesse esconder o sorriso ladino que surgiu em seus lábios. O australiano tinha um charme que ela não conseguia explicar e, qualquer conversa com ele, terminava em flerte.
Entretanto, a reação da mulher chamou a atenção dele. Desde que terminaram seu envolvimento, sempre respondia uma coisa às suas investidas e, dessa vez, estava disfarçando, sem lhe dar a resposta direta. 
– Não vai dizer que eu preciso de mais do que isso para te levar para cama? – cerrou o cenho na direção dela e a loira sorriu fraco.
– Nem que você faça todo o esforço do mundo você vai conseguir me levar para a cama, Michael – piscou na direção dele, fazendo com que a expressão no rosto do preparador físico mudasse rapidamente para uma repleta confusão.
– Está se envolvendo com alguém?
mordeu o lábio inferior antes de concordar com a cabeça de forma lenta, fazendo com que a expressão de surpresa no rosto do australiano crescesse.
– E é sério? – insistiu, fazendo com que ela quase rolasse os olhos. 
– Muito sério – sorriu fraco, lembrando-se de
– Isso é surpreendente vindo de você – riu e a loira levou outra vez a cerveja até os lábios, permitindo que ele continuasse o pensamento. – Você sempre fez questão de dizer que era sem coração e, veja só, está se relacionando com alguém – estalou a língua no céu da boca. – É um cara de sorte.
– Me relacionando com alguém que me fez abaixar as minhas barreiras – foi a vez da loira balançar os ombros. – Acho que tanto ele quanto eu temos sorte.
– Talvez ele tenha mais – Italiano riu, piscando na direção da loira antes de se aproximar para que pudesse murmurar em um tom mais baixo a frase bem próximo a orelha dela. – Se ele cometer algum deslize, saiba que a minha cama está sempre com um espaço para você.
soltou uma risada, fechando os olhos por alguns instantes ao sentir o hálito do moreno contra a sua pele, tentando disfarçar que havia sido afetada por aquelas palavras. 
Não era um afetada estilo , afinal o seu corpo não havia reagido nem um terço da mesma forma como reagia quando o austríaco murmurava próximo ao seu ouvido coisas daquele tipo.
Assistiu a Michael se afastar de novo quando Louise retornou à mesa e girou o corpo para olhar para a amiga, que tinha um olhar de repreensão em sua direção.
– Eu não acredito que você estava flertando com o Michael... – Louise falhou, dando um longo gole em sua água e bufou em resposta. – Não adianta dizer que não estava porque eu vi ele dizendo algo no seu ouvido.
– Eu estava justamente o dispensando – sorriu de forma sarcástica na direção da ruiva. – Mas você sabe que o Michael é muito bom no flerte.
– E você permite – a assessora riu, balançando a cabeça de um lado para o outro.
– Para a sua informação – sorriu sem mostrar os dentes e ajeitando-se na cadeira para que apenas a ruiva escutasse. – ele me cantou e eu disse nem que ele fizesse todo o esforço do mundo ele iria conseguir me levar para a cama.
Louise engoliu as palavras, balançando a cabeça ao olhar para a amiga e, por fim, soltou uma risada mais animada, contente por ouvir que aquela havia sido a resposta porque ela parecia tão feliz com que não queria que a loira fizesse algo que fosse capaz de estragar.

🏎🏆✨


abriu a porta do quarto, sorrindo largamente ao ver a loira parada do outro lado. Ela usava um vestido preto curto com uma pequena parte de renda na lateral esquerda e sandálias de salto fino.
Permitiu que ela entrasse em seu quarto de forma rápida e fechou a porta antes de se virar na direção dela para que pudesse depositar um beijo em seus lábios como forma de cumprimento.
sorriu ao sentir os lábios dele colados aos dela. Não podia negar que sentia falta de estar com ele mesmo que fossem apenas algumas horas de separação. 
– Eu pedi o jantar para nós... – sorriu assim que desgrudou os lábios dela, mas ainda a manteve em seu aperto, fazendo com que ela tivesse que olhar para cima.
– Ótimo, porque eu estou morrendo de fome – riu, depositando um beijo no queixo do homem antes de sair de seu enlace e seguir pelo quarto.
sorriu ao ver a mesa próxima à janela com dois pratos cobertos e taças de vinho. O austríaco a ajudou a se sentar enquanto deu a volta para que sentasse na cadeira de frente para ela.
– O que fez ontem? – perguntou antes de colocar a primeira garfada de comida em sua boca e fechar os olhos para apreciar a maravilha que era, fazendo com que risse fraco. 
– Depois que você me dispensou – deu ênfase na palavra, arqueando as sobrancelhas na direção da loira. – eu trabalhei um pouco e fui dormir.
– Eu não te dispense. – rolou os olhos. – Por que não foi sair com o pessoal da Mercedes? Você mesmo disse que eles falaram que Austin tinha bons bares.
Balançou os ombros, dando um gole em seu vinho e voltando a encará-la.
– Não é muito o que eu curto – respondeu por fim e a loira balançou a cabeça, concordando com o que ele havia falado.
– É o que eu curto – sorriu. – Michael nos convidou e foi um lugar cem por cento típico de Austin. Música country, não que eu seja a maior fã desse gênero, mas estava divertido, e tinha álcool, o que é melhor ainda depois de um dia estressante.
ouviu a história de forma atenta, levando outra vez sua taça até os lábios, movimentando-se em sua cadeira de forma desconfortável ao ouvir o nome do preparador físico. 
Desde que havia contado que tinha se relacionado com o australiano, ele havia se tornado uma das pessoas menos favoritas de . Depois que viu os dois jantando juntos na Áustria, ele passou a desgostar ainda mais do rapaz. 
Não seria mentira dizer que seu peito ardia de ciúmes naquele momento. O fato que mais o deixava agoniado era saber que Michael, mesmo que não tivesse mais nada com , podia fazer o que ele não podia: ser visto em público com ela.
Era uma verdadeira porcaria estar sentindo ciúme por causa disso, mas ele não podia negar que se sentia assim. Sabia que, se falasse para a loira, ela não iria gostar nada, então optou por apenas virar o conteúdo de sua taça de uma vez só antes de erguer o rosto na direção da mulher a sua frente outra vez.
– Me parece que foi uma ótima noite.
sentiu a ponta de acidez na resposta dele, mas se manteve quieta. Primeiro porque não queria estragar o clima que estava presente ali e segundo porque não havia acontecido nada demais em sua saída. 
E nem deixaria de sair com seus amigos porque não era algo que o austríaco curtia. Já havia aberto mão de muita coisa no seu último relacionamento e sabia que não poderia ser feliz repetindo os mesmos atos.
Então, optou por sorrir na direção de antes de balançar a cabeça em sinal de confirmação e proferir a sua resposta ao comentário dele:
– Sim, foi uma noite incrível.
Os dois voltaram a comer em silêncio, não mais falando nada um para o outro. Apenas os sons de seus talheres ecoavam pelo quarto e ele se sentia um pouco mal pelo clima ter sido estragado, mas não podia negar que estava com ciúme.
O austríaco suspirou, virando um pouco mais de vinho em seu colo antes de encarar a loira para tratar sobre o que havia acontecido no último treino livre.
Ele sabia que o tópico poderia aumentar o clima ruim que já estava instaurado, mas não se preocupou muito com isso. 
– Eu sei que nós estamos com um acordo de dama e cavalheiro... – murmurou, encarando a loira que terminava de dar um gole em sua taça de vinho, mas que tinha os olhos fixos nele para que pudesse prestar atenção no que ele falaria. – Mas acredito que precisamos falar sobre Lewis e Matt.
– O que há de errado? – arqueou as sobrancelhas, pondo a taça de volta à mesa e encarando .
– O que não há? – riu, balançando os ombros. – Acho que o Matt está levando a provocação um pouco além do limite...
– Por que o Hamilton nunca é o errado da história, ? – cruzou os braços. – Para você, ele não errou em Silverstone, não errou em Monza, não errou hoje... Seria o perfeito Lewis Hamilton passível de algum erro na sua visão? Ou a culpa de todos os males do mundo é do Hakvoort e da Red Bull? 
soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de voltar a focar na loira, percebendo o quando ela estava incomodada com o assunto, mas era necessário.
– Quando o Lewis comete um erro, você pode ter certeza que eu falo que foi um erro – sorriu. – Não precisa se preocupar como eu estou gerindo minha equipe.
abriu a boca, surpresa com a resposta, e soltou uma risada fraca, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto o austríaco buscava sua taça de vinho, dando um longo e demorado gole no líquido.
Novamente o silêncio se fez presente na suíte e deixou os talheres sobre a mesa, erguendo o olhar para encarar o homem a sua frente. se distraía com a própria taça de vinho, o que fez com que ela bufasse alto para que pudesse chamar a atenção dele.
... – o chamou. – Que porra é essa?
O tom de voz esticado e sussurrado, de quem está controlando a sua raiva, fez com que o austríaco risse fraco antes de se levantar da cadeira em que estava sentado. A loira o acompanhou com o olhar, se perguntando o que havia de errado com ele naquela noite, mas logo ele abriu os braços e soltou um suspiro.
– Eu fiquei com ciúmes, . – confessou em um fio de voz.
– Com ciúme? – riu, surpresa com a resposta que recebeu. – Ciúme do qu... – antes que pudesse completar a frase, ela caiu em si, entendendo a razão. 
Michael Italiano.
Balançou a cabeças de um lado para o outro, se levantando de sua cadeira para que pudesse chegar até o austríaco, colocando uma das mãos em seu ombro.
– Você está com ciúme porque eu saí com o Michael? – perguntou, não esperando que ele desse a resposta para continuar: – Não fomos apenas ele e eu... A Louise, o Daniel e mais um monte de gente da McLaren estava por lá também.
O austríaco balançou a cabeça de um lado para o outro e ela uniu as sobrancelhas, sem entender o que aquele movimento significava. Sentiu as mãos dele indo para sua cintura e seus olhos encontraram os dele.
– Eu estou assim porque o Michael pode fazer com você o que eu não posso.
– Não há nada que o Michael pode fazer comigo, – sorriu fraco na direção dele. – Eu deixei claro para ele ontem que eu estou com alguém. – ele sorriu ao ouvir a resposta dela, mas isso não o impediu de completar o seu pensamento.
– Eu não posso te levar para sair, – murmurou em tom de voz triste e a expressão de surpresa tomou conta do rosto da loira. – Os nossos encontros têm que ser sempre dentro de uma suíte, do seu apartamento ou da minha casa... Eu queria chegar ao paddock com você ao meu lado todos os fins de semana, não me importando se estamos em equipes diferentes. Eu queria que todos soubessem que você é minha – sorriu fraco, fazendo um carinho com os polegares na cintura dela. – E isso não é para mostrar posse de você ou nada do tipo, mas para mostrar para todo mundo que nós somos um casal. Eu quero não precisar mais me esconder.
fechou os olhos, prendendo a respiração por alguns segundos antes de soltar o ar de forma mais pesada. 
Sua mente havia entrado em um turbilhão porque ela também queria aquilo, mas sabia que não podia.  Pelo menos, não podia ter aquilo agora
...
– Eu sei, – murmurou em resposta, ainda que contrariado. – Eu sei – repetiu, dando ênfase antes de fechar os olhos. – Eu compreendo que você não quer que seja assim, mas isso não me impede de estar um pouco incomodado com tudo. – balançou os ombros, deixando um beijo na testa dela em sinal de carinho. – E me desculpe pela forma que falei sobre a situação de hoje, mas eu realmente acho que é a hora de darmos um basta nessas situações. Demos sorte de nenhum dos dois pilotos terem se ferido nos últimos acontecimentos, mas estamos na reta final do campeonato e eu quero que tenhamos dias tranquilos daqui para frente.
A loira sorriu fraco, concordando com a cabeça e também entendendo tudo o que ele queria dizer, não só referente aos dois, mas sobre Lewis e Matt também. 
– Sobre nós: vamos dar tempo ao tempo, tudo bem? No início, eu nem me sentia pronta para uma relação, e olhe para onde eu estou agora – apontou com o dedo para indicar que estava nos braços do austríaco e ele riu, balançando a cabeça em sinal de afirmação. – Eu vou falar com o Matt, mas eu concordo que quero ter dias tranquilos. As últimas corridas já foram o suficiente para tirar o meu sono. 
– Ótimo, – sorriu, piscando na direção dela e se afastou de seu enlace para que pudesse retornar à mesa para buscar sua taça de vinho, mas a segurou pelo braço, não permitindo que ela se afastasse.
– Algo mais? – perguntou com uma expressão mais divertida no rosto e o homem balançou a cabeça.
– Gostei de saber da resposta que deu ao Michael, mas que tal começar a usar a palavra namorado? riu da pergunta, esticando-se para que pudesse alcançar a taça de vinho e retornando para a frente do austríaco, que mantinha um sorriso ladino no rosto.
– Desculpe, querido, mas eu não ouvi um pedido – esticou-se para depositar um beijo casto nos lábios dele e, antes que pudesse se afastar, a apertou contra o seu corpo para que pudesse intensificar o beijo e estender o momento dos dois.
Assim como clima pesado havia se instaurado de repente, os dois retornaram à tranquilidade, sem mais falar sobre os assuntos anteriores, mas curtindo a companhia um do outro enquanto a mente de se questionava se algum dia ela estaria pronta o suficiente para aparecer em público com .

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girou em seu assento para que pudesse ver o pitstop de Matt e comemorou em silêncio quando o carro saiu dos boxes sem nenhum problema, voltando para a pista. 
O fato de Lewis estar na liderança da corrida daquele fim de semana a preocupava, mas a forma como as Red Bulls estavam indo até aquele momento mostravam que eles ainda estavam no jogo e era essa a parte que servia para deixá-la um pouco mais tranquila.
– Checo, precisamos que você deixe o Matt ir – pode ouvir pelos fones de comunicação a frase dita pelo engenheiro do mexicano, que havia assumido a segunda posição com a parada do holandês, e não pode deixar de sorrir quando ouviu a resposta dele.
– Certo... Vamos pegá-los! 
Balançou a cabeça em sinal de afirmação ao ver que os outros engenheiros da pitwall também pareceram contentes com a resposta do mexicano e voltou toda a sua atenção para o que acontecia na pista.
Quando a Mercedes decidiu não fazer uma segunda parada, acreditando que apenas a primeira seria o suficiente, conseguiu se animar ainda mais porque Matt estava com pneus intermediários e novos. Seria fácil para que ele conseguisse passar Lewis e abrir uma boa vantagem, diante da necessidade do inglês de preservar os seus pneus.
Ela pôde sorrir ainda mais porque ele também teria que se defender de Pérez, o que colocaria Matt em uma excelente posição porque não teria Lewis com foco total em persegui-lo, mas sim em aguentar na segunda posição até o fim da corrida.
– Péssima estratégia da Mercedes de não fazer uma segunda parada – Gary murmurou em meio a uma risada fraca e ela balançou os ombros, não se importando muito com aquilo.
– Ótima estratégia para nós – riu, ajeitando os seus protetores de ouvido e voltando a encarar a tela.
Da volta vinte e seis até o fim, a corrida foi um pouco mais tranquila em relação a Matt. Hamilton ainda conseguiu fazer algumas voltas mais rápidas que a do holandês, para a surpresa de , mas nada que o fizesse se aproximar tanto dele. 
Enquanto Pérez conseguia se manter firme em relação às investidas de Carlos Sainz, defendendo-se bem o suficiente para garantir o terceiro lugar daquele fim de semana e ajudar a equipe austríaca a abrir doze pontos de vantagem dos alemães.
Quando a bandeira quadriculada foi balançada para Hakvoort, comemorou em seu assento, sendo cumprimentada pelos outros engenheiros da equipe antes de mandar uma mensagem para os dois pilotos, como era de costume ao final da corrida.
– Matt, mais uma corrida sólida. Parabéns! – ouviu uma série de gritos de comemoração em resposta e não pode deixar de sorrir pela felicidade dele, que era a da equipe também.
– Checo, parabéns pelo terceiro lugar! Você foi fiel hoje e nos ajudou nos Construtores! – o mexicano foi mais contido que o colega de equipe, apenas agradecendo e parabenizando o trabalho de todos da equipe.
A chefe da equipe retirou os fones, fechando os olhos por um instante para que pudesse respirar de maneira correta antes de se levantar de sua cadeira para cumprimentar a todos os membros da equipe e ir assistir à premiação. 
Louise se aproximou com um largo sorriso no rosto e as duas se abraçaram brevemente, seguindo juntas pelo pitlane em direção à premiação.
– Mais um fim de semana em que fomos bons, mas não o suficiente – James Alisson murmurou para o chefe da equipe assim que os dois pararam em frente ao local onde ocorreria a premiação. 
– Apostamos e perdemos – o austríaco balançou os ombros, correndo os olhos pelo local e encontrando se aproximando na companhia de Louise. 
Foi impossível que um sorriso não surgisse nos lábios do austríaco ao ver a felicidade estampada no rosto da loira que havia parado para também assistir à premiação. 
Ele aproveitou que outros membros da Mercedes se aproximaram e caminhou até onde as duas mulheres estavam, não muito longe, para que pudesse cumprimentá-la pessoalmente. 
, parabéns pela vitória de hoje – estendeu a mão em cumprimento e a loira sorriu, esticando a sua para que pudesse aceitar a felicitação.
– Obrigada, – sorriu. – Foi uma exímia corrida da nossa parte mesmo. Acho que em São Paulo o público vai ter mais um ótimo fim de semana...
– Eu espero que seja ótimo fim de semana para nós – riu, fazendo com que a mulher rolasse os olhos com o comentário e soltasse a mão da dele, já que estavam há tempo demais unidas e poderiam chamar a atenção.
– E faltarão apenas cinco corridas para o fim da temporada... – a voz de saiu cantarolada e causou risadas tanta em quanto em Louise, que disfarçava que não estava ouvindo a conversa do casal.
– Teremos uma bela final em Abu Dhabi – sorriu, piscando na direção da loira, que estava pronta para rebater ao comentário se não fosse a voz de uma outra pessoa.
. – Helmut Marko se aproximou, tocando o ombro da chefe da sua equipe e esticando a mão para cumprimentar o chefe da Mercedes. – Um fim de semana não muito bom para vocês...
– Realmente, Marko – o austríaco sorriu, retornando a sua postura mais séria e retirando os olhos da mulher a sua frente para encarar o consultor da equipe rival. – Mas ainda temos bons finais de semana vindo pela frente.
– Boa sorte com isso – o mais velho riu. – Nós temos certeza de que daremos ainda mais trabalho, não é, ?
A loira concordou com a cabeça, forçando um sorriso porque estava nervosa demais para conseguir prestar atenção naquela conversa entre os dois homens. 
Afinal, tinha medo de não conseguir disfarçar o suficiente por estar perto de e alguém acabar percebendo alguma coisa. Desde a corrida na Bélgica em que colocou o casaco em seus ombros, ela tinha quase certeza de que as pessoas também estavam curiosas para entender a razão daquilo.
O alívio percorreu o seu corpo quando os pilotos começaram a ser chamados no palco e público presente no Circuit of the Americas. Girou o corpo, voltando sua atenção para o palco, decidindo que era melhor ignorar a presença de e o tom passivo-agressivo de Marko.
Durante a execução do hino da Holanda, a loira sentiu o celular vibrar no bolso de sua calça e o retirou do local, vendo na tela que havia recebido uma nova mensagem. 
Sorriu ao ver o nome de , girando o rosto para procurá-lo, percebendo que ele já havia retornado para perto dos membros da Mercedes e desbloqueou o aparelho para ler o que ele havia escrito.

Voamos para Áustria hoje à noite?



Apressou-se para respondê-lo, confirmando que iria junto com ele, e já sentindo todo o seu corpo tremer levemente em antecipação. 
Em poucas horas ela estaria a caminho da Áustria para conhecer a família . Ainda parecia algo muito irreal e, ao mesmo tempo em que se sentia nervosa, também estava feliz por estar conseguindo dar um passo tão grande e importante em sua vida. 

🏆🏎✨


tamborilava os dedos no banco do assento do avião enquanto tinha o notebook em cima da mesa, respondendo a alguns e-mails de trabalho.
O austríaco retirou os olhos da tela, os levando até a loira e percebendo que ela tinha os ombros um pouco tensos. Sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro e retirou os óculos de grau.
... – chamou-a, fazendo com que ela o olhasse. – Meus filhos não são bichos de sete cabeças. 
soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e sorriu porque havia conseguido retirar um sorriso dela — além de tê-la feito se acalmar por alguns instantes.
– Eu sei que não são, mas ainda me sinto nervosa – balançou os ombros, soltando um suspiro e correndo uma das mãos pelos cabelos.
– Quer ajuda para espairecer? – arqueou as duas sobrancelhas, curvando um pouco o corpo sobre a mesa. – Eu te disse quando fomos para nossas férias, mas há um quarto no fundo desse avião...
A loira soltou uma risada maliciosa, mas acabou por balançar a cabeça de um lado para o outro, soltando um novo suspiro. balançou a cabeça, compreendendo o que ela quis dizer e voltou a se sentar corretamente em sua poltrona.
– Me fale sobre eles – pediu e o austríaco confirmou com a cabeça, fechando o notebook para que pudesse dar total atenção à mulher a sua frente para começar a falar sobre Benedict e Rosa.
riu ao vê-lo parar por alguns instantes, parecendo escolher o que poderia falar e logo um sorriso fraco surgiu no rosto dele, como sempre que acontecia quando tinha que falar sobre os filhos.
– Benedict é mais parecido comigo. Ele é bom com os números, gosta de praticar esportes, é um pouco introvertido. Já a Rosa, é o que você viu quando esteve lá em casa no verão – riu fraco. – Curiosa que só, com um talento nato para artes que, com toda a certeza, puxou da mãe. Ela adora fazer um monte de perguntas, algumas até inconvenientes, mesmo que ela não perceba.
– Isso é um sinal para eu me preparar para as possíveis perguntas da Rosa? – arqueou as duas sobrancelhas e riu, concordando com a cabeça.
– Esteja muito preparada – pontuou em meio às risadas. – Ela já me perguntou algumas vezes se você era minha namorada.
riu, balançando a cabeça de um lado para o outro ao ouvir a pergunta que a menina já havia feito ao austríaco.
– Eles gostam de Fórmula 1? – perguntou, curiosa. – Quer dizer, eu já os vi no paddock em algumas corridas... Mas, eles não aparecem sempre, não é?
– Eles gostam de assistir à corrida. Quando eram pequenos, eu tentei os inserir no kart, mas não deu muito certo... Bene nem se esforçou e Rosa até chegou a dar algumas voltas.  
– Os dois são fãs do Lewis, eu suponho...
– Não teriam como não ser – riu, balançando os ombros. – Bene já gostava dele antes mesmo de eu começar na Mercedes, quando o Lewis ainda corria na McLaren.
– E a Stephanie? – perguntou, ajeitando-se em sua poltrona, soando interessada. – Você me disse que ela está muito animada também...
– Ela está mesmo – riu. – Eu consegui convencê-la a mudar o jantar para a minha casa... Achei que ia ser melhor para você se sentir mais tranquila.
– Obrigada, – sorriu e o austríaco deu os ombros como se dissesse que não havia sido nada. voltou para os próprios pensamentos e reabriu o notebook para que continuasse trabalhando, afinal ainda tinham algumas boas horas de viagem pela frente.
não tinha muito contato com crianças e era isso que mais a deixava preocupada por ter conhecer os filhos de , ainda mais sabendo que Rosa certamente faria perguntas. Não sabia nem mesmo se estava preparada para respondê-las e já podia sentir o frio na barriga a dominando.
– Você acha que eles vão gostar de mim?
A pergunta fez com que levantasse os olhos da tela outra vez. havia voltado a ficar preocupada porque a possibilidade dos familiares de não gostarem dela, a deixava assim. Afinal, ela não saberia o que fazer, caso isso acontecesse.
– Sinceramente, ... 
A frase seguida de uma risada fraca fez com que a loira franzisse o cenho em sua direção em sinal de confusão e curiosidade. balançou a cabeça de um lado para o outro e ela se apoiou sobre a mesa.
– Foi uma pergunta boba? – indagou, mordendo o lábio inferior e o homem balançou a cabeça de novo.
– Não há como não gostar de você, .
A forma como ele sorriu e a intensidade de seu olhar sobre a loira fez com que um sorriso surgisse nos lábios dela antes de fechar os olhos por alguns instantes. 
Sentiu uma carícia em uma de suas mãos e, ao reabrir os olhos, encontrou fazendo um carinho com o polegar no dorso de sua mão e com um sorriso sincero em seu rosto.
– Você só diz isso porque está gosta de mim – balançou os ombros, soltando uma risada fraca e balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu digo isso porque eu amo você, mas não é só por isso – piscou na direção dela. – Você é uma mulher incrível, vai saber como conquistar a todos.
aceitou as palavras, concordando com a cabeça, embora não soubesse como faria para conquistar a todos, como havia dito, mas se esforçaria ao máximo para conseguir.

Capítulo 22

– Se você quiser, eu posso parar um pouco... – murmurou em um tom baixo ao perceber que a loira não parava de morder o lábio inferior e brincar com os dedos sobre o próprio colo em um silêncio quase absoluto desde que haviam entrado na Mercedes, há cerca de trinta minutos.
Ouviu, primeiro, um suspiro em resposta e, depois, novamente o silêncio continuou por parte dela. O que fez com que ele retirasse os olhos da pista para encará-la, mesmo que por alguns segundos.
? – tentou outra vez, esticando a mão para tocar a coxa da mulher em uma carícia silenciosa que fosse capaz de dizer que estava tudo certo.
– Não precisa – respondeu, finalmente, forçando um sorriso e virando o rosto para que ele pudesse ter certeza de que ela estava bem.
– Certeza? – uniu as sobrancelhas. 
– Absoluta – balançou a cabeça em sinal de positivo. – Eu estou bem... Não se preocupe.
– Essa não é uma opção – sorriu. – Eu sempre vou me preocupar com você.
sorriu com a resposta, esticando o braço e colocando uma das mãos na nuca do austríaco, movimentando os dedos em um carinho singelo que havia descoberto que gostava de fazer quando ele estava dirigindo, assim como observá-lo.
– As crianças estão na casa da Stephanie – ele comentou após mais um silêncio se instalar dentro do carro e a loira concordou com a cabeça. – Como o nosso jantar é amanhã, ficaremos com a casa para nós hoje.
– Me parece que você está tentando me levar para a cama, – murmurou, tentando quebrar o clima tenso que ainda estava no carro e o homem soltou uma risada, balançando os ombros.
– Está tão na cara assim? – indagou, virando o rosto para olhá-la outra vez, fingindo estar chocado com a descoberta. – Eu achei que você perceberia quando eu contasse que eu até dispensei a Ülla.
– Quem é Ülla? 
riu com a pergunta porque ele se controlava para não fazer perguntas sobre a família de , mas a loira não poupava as suas quanto a dele. 
– Ülla é a governanta da minha casa aqui em Viena. Ela é a responsável por manter tudo em ordem e as crianças adoram ela. 
concordou com a cabeça, repetindo em sua mente algumas vezes o nome da mulher para que não acabasse esquecendo diante do nervosismo que tomava conta de sua barriga, cansando-lhe uma sensação de náusea. 
– Então, vamos jantar com a Stephanie e o marido dela amanhã?
– Ärhus – corrigiu. – O nome do marido da Ste é Ärhus.
– Ärhus – repetiu. – Certo – sorriu. – E o que nós vamos fazer essa noite? 
– Eu achei que eu tinha deixado claro... – arqueou as sobrancelhas, soltando uma risada e recebeu um tapa leve em seu braço. – Faremos o que você quiser, . Podemos pedir comida, tomar um bom vinho e aproveitar a noite... Te parece uma boa ideia?
– Me parece uma ótima ideia – sorriu, balançando a cabeça. 
– Que bom, porque eu não queria ter que mudar os meus planos – soltou uma risada.
– Você está muito engraçadinho hoje, – murmurou, cerrando os olhos na direção dele e o moreno movimentou os ombros para cima e para baixo.
– Eu estou feliz por estar indo para a minha casa com você ao meu lado – esticou a mão para que pudesse repousá-la sobre o colo da loira e ela não perdeu tempo em encaixar as mãos dos dois, rindo ao ver como sua mão era pequena comparada a dele. – Sabe quantas vezes eu sonhei com isso? Em trazer você para cá para que pudesse passar um tempo com os meus filhos...
– Muitas vezes, eu suponho.
– Muitíssimas vezes,
A mulher sorriu, voltando a olhar para frente e sentindo o coração bater mais forte com aquela frase de . Ela adorava saber que ele sonhava em tê-la ao seu lado em diversos momentos porque apenas reforçava os sentimentos que ele tinha e a fazia sentir as borboletas flutuando livremente por seu estômago.
Ela seguiu em silêncio pelo restante do caminho, mas agora não era um silêncio que causasse algum sentimento de desconforto como o de antes. Os dois estavam bem com aquele silêncio porque tudo o que precisava ser dito havia sido e cada um, em sua bolha, absorvia as palavras.
Não demorou muito para que chegassem à casa de e o austríaco estacionou o carro dentro da garagem subterrânea que havia no local, abrindo a porta do lado do motorista para que pudesse sair.
se apressou, nem mesmo esperando que ele fosse cavalheiro, e desceu do lado do carona, dando a volta no veículo quase trombando no corpo do austríaco que ia, justamente, abrir a porta para ela.
– Pronta para conhecer mais um pouco da minha vida? – perguntou, estendendo a mão para que ela pudesse segurar.
– Ansiosa, eu diria. – riu, concordando com a cabeça e ele começou guiá-la em direção à porta dupla prateada que havia no canto esquerdo do local, empurrando a mesma para que a loira pudesse passar.
Seguiram em direção ao primeiro andar da casa, indo diretamente para a sala de estar e ia observando todos os cantos para que pudesse analisá-la para descobrir um pouco mais sobre .
As paredes eram todas brancas, possuindo uma série de obras de artes em algumas paredes. A loira sorriu ao ver um piano preto próximo à janela do local, passando o dedo pela cauda e sentindo uma sensação agridoce.
Se lembrou de quando Audrey a ensinou a tocar, mas também de quando Billy reclamava porque ela gastava alguns momentos do dia para tocar um pouco de música porque, por muito tempo, aquilo era o que a fazia relaxar.
– Eu adoraria vê-la tocar – confessou o homem em um tom de voz baixo. – Audrey fez uma propaganda grande de você como pianista.
– Audrey é muito boazinha – soltou uma risada. – Ela toca mil vezes melhor do que eu.
– Eu acho que você que é muito modesta – soltou uma risada, aproximando-se da loira e passando as mãos ao redor da cintura da loira, curvando um pouco o corpo para que seu queixo ficasse sobre o ombro da mulher. – Tudo que você faz é incrível, .
– Se você continuar, eu vou começar a acreditar que eu sou essa mulher que você pinta.
– E quem disse que você não é? 
A loira soltou uma risada, balançando a cabeça e suspirou de uma forma mais pesada. 
Por anos, a sua própria mente a sabotou dizendo que ela não era aquela mulher incrível que ela acreditou ser em razão de tudo que sempre ouviu de Margarethe e Billy. 
Havia até se tornado difícil de aceitar e compreender que era diferente daquilo, mas, graças ao tratamento com Dorothea, havia entendido que ela muito além do que aquilo. 
Ela era uma mulher incrível.
E era muito bom ser lembrada disso.
Ainda mais por quem a amava.

🏆🏎✨


encarou a própria figura no espelho do closet de pela terceira vez em cinco minutos para que pudesse se certificar de que aquela roupa estava boa para usar.
A sua mente tentava sabotá-la, dizendo que o vestido preto, que deixava o seu colo à mostra, não era apropriado para a ocasião e que a maquiagem não estava boa. Isso fazia com que o seu coração se acelerasse e ela precisasse refazer os exercícios de respiração por alguns segundos.
Estava tão concentrada que nem mesmo ouviu o barulho da porta do quarto sendo aberta ou os passos de em direção ao closet. Apenas notou a presença do austríaco quando ele falou, depois de encará-la de cima a baixo:
– Uau.
Abriu os olhos, focando no espelho a sua frente e viu o homem parado na entrada do closet, com o corpo encostado à porta e os braços cruzados na altura do peito enquanto um sorriso ladino se fazia presente em seu rosto.
– O que você acha? – girou em seus próprios calcanhares, para que o homem pudesse ter uma melhor visão de sua roupa, e parou de frente para ele.
– Eu acho que eu vou cancelar o jantar e te levar para a minha cama agora
A loira soltou uma risada alta com o comentário enquanto se endireitou, caminhando em sua direção e envolvendo a sua cintura com um dos seus braços, trazendo-a para perto para que pudesse beijá-la.
espalmou uma das mãos no peito dele, se permitindo ser envolvida por aquele beijo tentador que ela descobriu ser capaz de fazê-la esquecer até dos problemas. 
Levou os braços para o redor do pescoço do austríaco, se permitindo aproveitar aquele momento e sentiu apertá-la ainda mais contra o corpo dele, sentindo o volume que já crescia no meio das suas pernas.
O beijo foi rompido de forma devagar, quando os dois perceberam que precisavam respirar, mas depositou alguns beijos na lateral do rosto da loira, onde permaneceu grudado por mais alguns minutos para que pudesse se recuperar por completo.
– Se isso não respondeu a sua pergunta – limpou a garganta, sorrindo na direção dela. –, você está deslumbrante. 
Ela sorriu, contente com a resposta e, finalmente, se afastou dele para que pudesse checar a imagem no espelho outra vez. 
O som da campainha fez com que ela pulasse e o austríaco soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro, com um sorriso tomando conta de seu rosto novamente.
– Eles chegaram – murmurou. – Vamos descer?  concordou com a cabeça, mas indicou com as mãos para que o homem saísse primeiro e ele lhe lançou uma piscadela antes de deixar o quarto em passos largos em direção à escada que lavava ao primeiro andar.
Ela respirou fundo, engolindo o próprio medo e se apressou para seguir o austríaco. Apoiou a mão direita no corrimão da escada, focando os olhos em cada degrau para que não acabasse tropeçando, já conseguindo ouvir perfeitamente as vozes vindas da sala de estar.
Assim que chegou ao último degrau, a loira levantou o olhar para frente, encontrando três pares de olhos virados em sua direção, o que fez com que ela desse um sorriso tímido e acenasse com uma das mãos.
– Essa é sorriu, estendendo a mão para que a loira se aproximasse e a postou na cintura dela assim que ela parou ao seu lado, virando o rosto para o casal a sua frente outra vez. – , esses são Ärhus e Stephanie.
– É um prazer finalmente conhecer você, ! – Stephanie se adiantou, dando um passo para frente para que pudesse cumprimentar a convidar com um beijo na bochecha.
olhou para a loira, que estava um pouco mais diferente da vez que havia a visto por acaso na corrida no país há alguns meses. Os cabelos estavam com algumas mechas escuras e bem mais compridos do que antes. 
– É um prazer conhecer vocês – sorriu, estendendo a mão para cumprimentar Ärhus. O homem parecia regular a mesma idade de , também usava uma roupa social e tinha uma barba grossa. 
– Me desculpe, mas... – ele soltou uma risada um pouco fraca, olhando para a esposa antes de voltar o olhar na direção da inglesa outra vez. – Você não é a chefe da Red Bull?
e se encararam antes de soltarem risadas juntos. Enquanto a loira concordava com a cabeça a pergunta feita pelo homem, o chefe da Mercedes coçou brevemente a própria nuca.
– Sim, e nós nem mesmo podemos dizer que isso foi uma coincidência – balançou os ombros, apontando para os sofás. – Vamos nos sentar?
– Bem que eu achava um pouco, digamos que curiosas as entrevistas de vocês – Ärhus riu fraco, sentando-se ao lado da esposa em um dos sofás. – Não era possível que tanta animosidade fosse somente em relação à disputa do campeonato.
– Ele quem começou as provocações quando viu que a Red Bull estava começando a causar mais trabalho para a Mercedes. – a loira apontou, balançando os ombros e lançando um sorriso irônico. – Ele adora fazer essas provocações. 
– Apenas porque você as rebate, schatzi – piscou na direção dela, soltando uma risada e balançando os ombros, fazendo com que a loira unisse as duas sobrancelhas, sem entender o que a palavra no fim da frase significava.
– Ele sabe ser implicante o bastante – Stephanie murmurou, atraindo a atenção da inglesa que ainda se questionava mentalmente a tradução da palavra e fez uma nota para que perguntasse assim que tivesse a oportunidade. – Benedict herdou isso dele.
– Em alguns momentos é bom ser implicante, ainda mais se for para conseguir desestabilizar os seus adversários – balançou os ombros. – E o Bene é implicante com a Rosa.
– Essa é a graça de se ter irmãos – Ärhus disse, emendando uma risada ao final da frase. – Ainda mais se você for o mais velho. 
– Só não é bom quando eu tenho que ficar no meio das discussões – a loira murmurou, balançando a cabeça de um lado para o outro depois de rolar os olhos.
– Eles não vieram? – perguntou com os olhos indo de para Stephanie. 
Como o austríaco havia dito que os dois também participariam do jantar, a loira estranhou que eles não estivessem por ali e até mesmo se sentiu um pouco pesarosa se a ausência deles fosse em razão do seu nervosismo para o encontro.
Talvez não tivesse os chamados porque estava com medo de como eles reagiriam com a presença dela? 
– Estão na cozinha com a Ülla – respondeu, acariciando a coxa da loira com uma das mãos para que pudesse passar um pouco de tranquilidade para ela e lhe lançando um sorriso.
– Ülla faz um bolo de chocolate que deixa a Rosa louca e ela sempre tenta convencê-la a comer umas fatias antes do jantar – Ste explicou, fazendo com que a loira soltasse uma risada fraca, entendendo a menina.
– Me acompanha em um uísque, Ärhus? – encarou o outro homem com um leve sorriso no rosto e ele concordou com a cabeça. – Schatzi, um vinho? 
– Por favor. – sorriu, concordando com a cabeça e o homem depositou um beijo rápido em sua têmpora, antes de encarar a ex-esposa. 
– Eu acho que vou acompanhar a no vinho – sorriu, arqueando as sobrancelhas para a inglesa, que concordou com a cabeça, sentindo-se bem tranquila em relação à mulher.
– Vou buscá-los – se levantou do sofá. – Com licença. 
assistiu com o olhar seguir pela esquerda em direção à cozinha e colocou as duas mãos sobre a cintura, tentando disfarçar que estava um pouco nervosa por estar sozinha com Ärhus e Stephanie.
– Você já esteve em Viena, ? – Stephanie perguntou, rompendo o silêncio que se instalou no local e a mulher virou o rosto na direção dela para respondê-la, mas a loira se corrigiu. – Sem ser nos fins de semana de corridas, é claro...
– Nunca estive – sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – E os fins de semana de corrida são sempre tão ocupados que não me permitem conhecer muito dos países em que eu estou.
– Nem mesmo restaurantes? – Ärhus perguntou com as sobrancelhas arqueadas em surpresa e a loira riu.
– Às vezes, consigo conhecer alguns restaurantes, mas em outras vezes é muito mais confortável ir ao restaurante do hotel em que estamos hospedados. – respondeu e, logo, novas vozes tomaram conta da sala de estar, fazendo com que ela girasse o pescoço para entender o que estava acontecendo.
Sorriu ao ver que chegava à sala, agora, na companhia dos filhos, com uma garrafa de vinho e duas taças em mãos, depositando-as sobre a mesa de centro entre os dois sofás. Rosa, que vinha na frente do mais alto, se aproximou do sofá antes que pudesse chegar, sentando-se ao lado da loira e lhe lançando um sorriso largo antes de estender a pequena mão direita na direção dela.
– Oi, eu sou a Rosa – sorriu, encaixando a mão na dela para que pudesse responder ao seu cumprimento um pouco formal para uma criança, mas que achou curioso e fofo. – O papai disse que você ainda não é a namorada dele... 
balançou a cabeça de um lado para o outro, se mantendo concentrado em abrir a garrafa de vinho que tinha em mãos enquanto Stephanie prendia a risada pelo comentário feito pela filha e sentia as bochechas arderem em sinal de vergonha pelo comentário da garota.
Quando o austríaco falou que a pequena gostava de fazer perguntas, ela não imaginou que a menina fosse tão direta daquela maneira. Não sabia o que responder e, ao ver que também parecia que não responderia a menina, apenas manteve a sua vontade de sumir e um sorriso na direção da mais nova.
– Oi, ! – o menino se manifestou para o mais puro alívio de , esticando a mão para que pudesse cumprimentá-la. – Eu sou o Benedict. Acho que vi você em alguma corrida...
A loira sorriu ao notar a semelhança dele com o , que já havia sido reparada por ela na corrida a qual o menino se referia. Os traços do rosto eram muito parecidos, o que tornava Benedict uma verdadeira versão mais nova de , mas com cabelos bem mais claros que os do pai.
– Oi, Benedict e oi, Rosa – sorriu para os dois antes de responder ao comentário feito pelo menino. – Nos vimos em Barcelona. Você estava com o seu pai um pouco antes da entrega dos troféus da corrida.
– É verdade – o mais novo riu fraco, coçando a nuca. – Eu lembro que eu perguntei se ele sabia porque você tinha ficado me encarando tanto.
riu, balançando a cabeça de um lado para o outro antes de lhe estender uma taça de vinho e se apressou em dar um longo gole para que pudesse jogar um pouco de álcool em seu sangue, torcendo para que alguém tirasse a atenção dela naquele momento.
– Você trabalha na mesma coisa que o meu pai? – Rosa perguntou com os olhos vidrados na mulher e concordou com a cabeça, rindo fraco porque aquele assunto era, definitivamente, melhor que o anterior.
– Sim, eu sou chefe da Red Bull. 
– A única mulher, aliás – pontuou, entregando o copo de uísque para Ärhus e se sentando em uma das poltronas da sala, um pouco mais distante da loira. – é a primeira mulher a comandar uma equipe na Fórmula 1.
– Está liderando o campeonato de novo, não é? – Benedict questionou, olhando de um adulto para o outro e os dois concordaram com a cabeça, ainda que com expressões diferentes no rosto.
– Por pouco tempo – rebateu, piscando na direção da mulher, que rolou os olhos com o comentário dele. 
– Então, seria histórico se a Red Bull ganhasse esse ano? – Stephanie arqueou as sobrancelhas em sinal de surpresa e concordou com a cabeça porque aquela possibilidade passava em sua mente desde que havia iniciado o cargo de chefe da equipe.
Ela já havia provado como era ser engenheira de uma equipe campeã e agora estava louca para saber como era ser uma chefe de equipe campeã, ainda mais sendo a primeira mulher a atingir esse objetivo. 
– Mas a Mercedes pode chegar a oito títulos, mãe – Benedict murmurou, encarando a mãe, fazendo com que sorrisse. – Isso também é histórico. 
Saber que poderia levar a equipe a mais um degrau e fazer inédito era algo que o alegrava bastante em razão de todo o trabalho que fazia para o sucesso da equipe. Para , coroar aquele trabalho, era a forma de mostrar que tudo estava valendo a pena.
– Dois indo em busca do oitavo e dois indo em busca do primeiro – Ärhus murmurou em meio a uma risada. – E vocês dois namorando. Me parece que tem tudo para ser um fim de temporada muito eletrizante.
– Eu queria que fosse um fim de temporada mais tranquilo – riu fraco. – Acho que já consegui rugas suficientes depois de corridas como Monza e Silverstone.
Foi impossível que os dois não se encarassem com a menção a ambas as corridas porque elas lhe traziam memórias, uma boa e outra nem tanto assim, mas conhecia o austríaco suficiente para saber que na cabeça dele deveria estar o momento em que eles se encontraram após o Grande Prêmio da Inglaterra.
sorriu, dando um gole no uísque que tinha em mãos, afastando as imagens de sua mente — ainda que gostasse muito de quando elas vinham para visitá-lo. Aquele havia sido um bom fim de semana e, mesmo com o a discussão entre os dois, havia terminado de uma maneira que ele julgava ser muito satisfatória.
– Talvez – ele estalou a língua no céu da boca após engolir o destilado, atraindo a atenção de todos para si e lançando um breve sorriso na direção da loira. – seja melhor que ela ganhe essa temporada.
uniu as sobrancelhas em um claro sinal de confusão, assim como Ärhus, Benedict e Stephanie. A loira não sabia se já era o álcool fazendo efeito — afinal, o austríaco não parecia ter bebido muito — ou se era apenas um blefe da parte dele.
Talvez estivesse falando isso para agradá-la?
Um milhão de perguntas rondavam a sua cabeça naquele momento porque ela não havia conseguido entender a razão daquela fala de . Não acreditava que o homem, em plena faculdade mental, poderia fazer um comentário daquele... 
Por Deus, ele é o diretor executivo e o chefe da Mercedes, como pode dizer que gostaria que ela fosse a campeã da temporada?
– Não, pai! – Benedict interveio. – Vai ser muito mais legal ver o Lewis ganhando o oitavo título! – sorriu em animação total antes de girar o rosto na direção da loira, sorrindo de forma mais contida. – Me desculpe, ...
– Tudo bem, Benedict – sorriu, balançando a cabeça como se dissesse que não era nada. – Na semana retrasada, ele viu que toda a minha família é fã da RBR. Nada mais justo que vocês sejam fãs da Mercedes.
– Nem toda a sua família... Scott é fã da Mercedes e o Ruggero é fã do Lewis. – destacou, lançando um sorriso vitorioso na direção da loira.
– Ruggero é fã do Lewis porque ele é inglês – deu os ombros. – E, teoricamente, o meu cunhado não é da minha família... Por isso que ele destoa.
– Ah, não, querida... – Stephanie balançou a cabeça de um lado para o outro, se intrometendo na conversa. – Se casou, já passou a ser parte da sua família. 
balançou os ombros, dando-se por vencida naquela breve discussão e levou a taça aos lábios outra vez enquanto os homens entravam em um outro assunto. 
Seus olhos foram para a menina ao seu lado, que estava quieta demais, não sabendo se deveria se preocupar ou não com isso. Optou por, levemente, cutucá-la no ombro para que pudesse chamar a sua atenção.
– Está tudo bem?
– Eu não gosto muito de Fórmula 1 – respondeu, balançando os ombros. 
– E do que você gosta? – perguntou, vendo a menina de cabelos claros sorrir com a pergunta e arregalou os olhos ao vê-la disparar a falar.
Animadamente, Rosa começou a contar sobre as suas séries favoritas, passando por seus cantores e até as suas atividades favoritas. 
Como havia dito, a menina era extremamente comunicativa e parecia alegre demais pela loira não apenas escutar o que ela falava, mas também fazer comentários quando conhecia alguma das coisas que eram citadas por ela.
Descobriu que não apenas a menina gostava de tocar piano, mas que também fazia aulas de pintura e se arriscava nas aulas de tênis.
Stephanie assistia à conversa das duas com um sorriso no rosto, fazendo comentários quando era conveniente, mas permitindo que elas pudessem se conhecer também, e ficando feliz de ver a maneira como elas pareciam estar se dando bem.
Em sua mente rondava a cena de lhe dizendo que tinha alguns problemas com relações familiares e que aquela reunião poderia assustá-la, mas não a via daquela maneira. 
A loira parecia uma pessoa que já estava totalmente inserida naquele meio e era comunicativa. Realmente tinha esperado se deparar com uma mulher completamente diferente daquela que estava ali, bem a sua frente, em uma conversa animada com a sua filha.
, com o canto do olhar, acompanhava como e Rosa pareciam entrosadas, sorrindo consigo mesmo enquanto tentava manter a atenção no que o filho e Ärhus falavam sobre algum campeonato de futebol que ele não acompanhava.
Rosa já havia chegado no ambiente lançando uma de suas perguntas, como ele havia alertado , mas agora ela parecia mais contida, a julgar pela expressão da loira que não parecia de alguém nervosa ou preocupada, mas sim bem tranquila.
– Eu também toco piano – contou para Rosa e Stephanie, após a menina terminar de contar a respeito da nova canção que havia aprendido a tocar nas aulas da última semana. – A minha avó, Audrey, é pianista e deu aulas por muito tempo.
– Com licença... – a voz de Ülla se fez presente no ambiente e todos se voltaram para a mulher baixa e de cabelos brancos que sorria de forma larga. – O jantar pode ser servido?
encarou os presentes na sala e riu ao ver os filhos concordarem com a cabeça, especialmente Rosa, que estava louca para jantar para que pudesse provar logo o bolo da sobremesa.
– Sim, por favor, Ülla – murmurou um agradecimento antes de se levantar da poltrona em que estava sentado, assim como todos os outros fizeram.
– Depois do jantar vocês poderiam tocar, o que acham? – Ste sorriu de forma animada na direção de , que olhou para em busca de algum socorro.
Ainda que gostasse de tocar piano, era extremamente raro que ela o fizesse para alguma outra pessoa que não fosse Audrey. Quando era casada com Billy, havia tentado tocar algumas vezes, mas o homem sempre reclamava do barulho e achava que ela estava perdendo tempo com aquilo.
– Vemos isso após o jantar – sorriu e deu passos lentos, permitindo que os outros fossem para a sala de jantar antes dele.
permitiu que Stephanie e Ärhus passassem a sua frente, ficando por último, mas, antes que pudesse segui-los, sentiu uma mão em seu braço, a impedindo de caminhar. Sorriu, já sabendo que a segurava, e girou o corpo para trás para que pudesse se aconchegar em seus braços e encará-lo.
– Eu disse que você ia conquistá-los, não disse, schatzi? – sorriu, depositando um beijo casto em seus lábios e riu. 
– O que significa essa palavra? – finalmente pode perguntar o que estava aguçando a sua curiosidade desde a primeira vez em que foi usada e o austríaco riu.
Schatzi significa querida – explicou, sorrindo ao ver a loira concordar com a cabeça. – Eu não quis chamá-la de na frente de todos porque é algo especial.
sorriu, levando as duas mãos para a nuca do austríaco e juntando os lábios nos dele em um beijo longo e demorado. As mãos de a envolveram pela cintura e ela sorriu em meio ao beijo, o interrompendo devagar antes de pronunciar, com os olhos vidrados aos dele.
Você é especial,
sorriu, selando os lábios nos dela outra vez antes de se afastarem para seguirem em direção à sala de jantar ou, conhecendo bem a filha que tinha, ela voltaria para buscá-los e faria uma série de comentários por aquele atraso para o jantar.

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O jantar transcorreu de uma maneira bem animada. Stephanie era uma das mais comunicativas à mesa, contava algumas histórias divertidas e sempre fazia questão de fazer perguntas à para que pudesse saber um pouco mais sobre a convidada.
, por sua vez, assistia a tudo com um olhar atento. Era engraçado ver a forma como simplesmente se desmontava quando estava com os filhos, especialmente com Rosa. Ele em nada se parecia com a figura imponente e séria que tinha no paddock, mas um pai completamente dedicado e que movia o mundo por seus filhos.
Para a loira, ainda era estranho estar em um ambiente daquele tipo porque jamais havia tido nada parecido. Os natais na casa da Audrey, em sua infância, eram com a presença de Ruggero, Betty e sua tia, não eram tão animados como o jantar dos
Ela se lembrava da pouca conversa que existia na mesa, mesmo em plena noite de natal, e como a reunião sempre terminava com Audrey tocando uma canção no piano ainda horas antes da meia noite.
Apoiou o queixo sobre a mão, fechando os olhos por alguns instantes enquanto Ärhus contava uma história sobre o seu trabalho, entretendo os dois menores da mesa, lembrando-se do quase fiasco que havia sido o último fim de semana com a sua família. 
Não pode evitar de se sentir culpada por ter levado a um ambiente tão tóxico quanto aquele, ainda mais agora, vendo como a família dele era carinhosa e completamente diferente da sua. 
Quando era criança, seu maior desejo era ter uma família como aquela que estava ali, bem diante dos seus olhos. Queria poder se sentar à mesa com os pais, rir das histórias que eles contavam e partilhar sobre o seu dia na escola. 
Mas nunca teve a chance de fazer isso... Ainda que Audrey tivesse se esforçado e sido a melhor que ela poderia ter, algo dentro de sempre a fez se sentir triste por não ter o que a maioria das crianças tivera. E, ali, isso se reavivava dentro dela.
franziu o cenho ao perceber que a loira não havia rido da história que o marido de Stephanie havia terminado de contar e tocou a mão dela sobre a mesa. Seu polegar fez uma carícia no dorso de sua mão e ele assistiu como pareceu voltar à realidade, girando a cabeça para que pudesse olhar para ele.
Ele lhe lançou um sorriso, questionando em silêncio se estava tudo bem, e recebeu um aceno positivo de cabeça, que fez com que ele ficasse um pouco mais calmo. 
Seu maior medo ainda era que a amada saísse porta a fora ou se fechasse por causa de seus medos. Já haviam caminhado tanto que ele tinha receio de fazer ou proporcionar algo que a fizesse andar para trás. projetou os lábios para frente, jogando um beijo em sua direção e ele sorriu, piscando para ela, antes de prestar atenção em Ülla que se aproximava da mesa com o seu famoso bolo de chocolate em mãos.
, se prepare para comer o melhor bolo de chocolate da região – Ülla murmurou, dando uma piscada na direção da loira, que sorria de forma larga.
– O primeiro pedaço é sempre meu – Rosa disse antes de estender o prato na direção da mulher para que ela lhe servisse um pedaço e balançou a cabeça, rindo da forma como a menina era tratada como uma princesa.
– Porque ela é uma chata – Benedict implicou, pegando o garfo para retirar um pedaço do bolo que a mãe havia acabado de servir para a irmã, o que fez com que ela protestasse, cruzando os braços e fazendo um bico.
– Para, Bene! – reclamou com uma careta estampado no rosto e todos soltaram risadas com a implicância entre os dois.
Ülla serviu a todos e aguardou que a convidada provasse para dizer o seu parecer sobre a sobremesa, o que fez com que a loira risse antes de provar. 
– Não é maravilhoso? – Stephanie arqueou as sobrancelhas na direção de enquanto ela ainda terminava de experimentar o pedaço de bolo e a loira concordou com a cabeça prontamente porque o doce praticamente derretia em sua boca de tão saboroso.
– Eu realmente entendo a Rosa querer comer uma fatia antes do jantar – a frase fez com que todos a mesa dessem risada e a menina sorrisse.
– Quando você vai embora, ? – a menina perguntou, fazendo com que todos a encarassem e a inglesa uniu as sobrancelhas, um pouco confusa com a pergunta.
Rosa queria que ela fosse embora?
Quis fazer aquela pergunta com olhar para e ele pareceu ter entendido porque balançou os ombros para demonstrar que também não havia entendido a razão da pergunta da mais nova. 
– Por que a pergunta, filha? – Ste perguntou em seu tom de voz doce, encarando a menina, que ainda se deliciava com sua fatia de bolo, e ela balançou os ombros. 
– Porque a gente podia fazer alguma coisa amanhã, mamãe. 
O alívio que percorreu o corpo de fez com que sorrisse também e, mais uma vez, acariciasse a mão dela em uma singela maneira de dizer que tudo estava bem. 
– Podemos levar a para conhecer Viena! – a pequena exclamou ao ter a ideia com os olhos saindo da mãe e indo em direção ao pai, que soltou uma risada fraca diante da animação dela. – Nós podemos ir, pai?
– Talvez você devesse perguntar à se ela quer ir... – apontou para a loira. – Ou, se ela consegue se ausentar da fábrica por mais um dia. 
mordeu o lábio inferior com os olhos presos em e soltou uma risada fraca por, somente naquele momento, ter se lembrado que deveria estar na fábrica em Milton Keynes.
Estava tão absorta no ambiente calmo que a família era capaz de proporcionar que nem mesmo se lembrou de seu trabalho ou da preocupação que o campeonato trazia para ela.
Estava, apenas, feliz.
– Você quer ir com a gente, ? – Rose direcionou a pergunta para a loira, que lhe lançou um olhar doce antes de concordar com a cabeça, se permitindo deixar para se preocupar com o trabalho depois.
Poderia passar algumas horas do dia respondendo a e-mails e conversando com a equipe por videochamadas. Ninguem morreria se ela não fosse a Milton Keynes por mais um dia.
– Eu adoraria! – sorriu, balançando a cabeça em sinal positivo e a menina bateu palmas em pura alegria por ter o convite aceito enquanto apenas sorria com a cena que presenciava, feliz por ver as duas se dando bem.
Ele tinha vontade de rir porque se lembrava do momento em que estavam a caminho de Viena e a loira o perguntou se eles gostariam dela. Não teve dúvidas que ela seria capaz de conquistá-los porque esse era um dom que possuía, mesmo que ela não acreditasse ou tivesse medo.

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Se alguém tivesse dito que ela se sentiria tão bem em um ambiente familiar algum dia, teria dado risada bem na cara da pessoa. 
Sua família não era um dos maiores exemplos de relacionamentos e a família do ex-marido também não. Ela podia se lembrar de como ele costumava ser grosso com os próprios pais a custo nenhum e que os dois quase não os visitavam.
Entretanto, os — e Ärhus e Stephanie — eram completamente diferentes. O ambiente, acima de tudo, era saudável e repleto de carinho e cuidado um pelo outro. 
Todos conversavam de forma geral, contando histórias e fazendo brincadeiras um com os outros. Poderia ser estranho para ela, que era de fora, mas eles faziam o suficiente para que ela fosse incluída em tudo e se sentisse bem.
Do seu lugar no sofá da sala de estar, podia ver Benedict falando alguma coisa com , mas não quis ser fofoqueira e ouvir a conversa. Rosa havia ido até o quarto para buscar algumas partituras e Ärhus havia se ausentado do ambiente para atender a uma ligação de trabalho.
No outro sofá, Stephanie assistia à loira, tentando ser o mais discreta que conseguia. Quando deixou escapar o nome da mulher com quem estava e, sabendo que ela era da Fórmula 1, pesquisou o nome dela na internet e conseguiu dar um rosto a mulher que ouviu o ex-marido falar sobre.
A achou muito bonita, apesar de parecer bem mais jovem, e não podia negar que ficou curiosa em saber mais sobre ela quando a contou sobre o fim de semana agitado em Bristol. 
O fato da loira não gostar de relações a preocupou um pouco porque esteve diante de um apaixonado e queria que ele conseguisse ser feliz. Porém, vendo a forma como os dois se portavam naquela noite, teve a leve certeza que tudo estava certo entre os dois.
Ainda tinha a forma como Rosa parecia ter adorado . Diferente do que aconteceu quando se relacionou com Susie, a menina se deu bem logo de primeira com a mulher que deu atenção a ela e pareceu se esforçar para responder as suas perguntas curiosas.
– Ben é a cópia do pai – murmurou na direção da inglesa ao perceber que ela observava os dois e a mulher riu, retirando os olhos dos s para que pudesse encará-la.
– Eu notei essa semelhança em Barcelona – confessou em meio a uma risada fraca. – me disse que eles se parecem não só na aparência.
– Oh, sim... Ele é igual ao pai em diversos sentidos, mas, ei, também há um pouco de mim nele! – ela reclamou em meio a uma risada. – Ele me puxou em não saber dizer não e ser muito flexível... 
– Boas características – sorriu, olhando para a austríaca. – Rosa se parece mais com você...
– Eu gosto de dizer que é minha versão melhorada e um pouco mais curiosa – arqueou as duas sobrancelhas e acenou em sinal positivo para confirmar que entendia ao que ela se referia. – Ela faz algumas perguntas que me surpreendem e me fazem ficar um bom tempo caçando uma resposta.
– No nível me perguntar porquê eu não sou a namorada do pai dela? – repetiu a pergunta feita pela menina assim que chegou e Stephanie balançou a cabeça porque era aquele tipo de coisa — para pior — que a menina costumava falar.
– Essa é minha Rosa – riu, balançando os ombros.
me disse que nenhum deles puxou a paixão dele pelo automobilismo...
– Oh, eles gostam – Stephanie sorriu fraco. – Eles não gostam da competição. os levava para o kart e queria que os dois praticassem para serem pilotos e eles não quiseram. Demorou um tempo para ele entender que a gente não pode ditar o futuro dos filhos. Benedict quer cursar economia e a Rosa ainda é nova para decidir. Os dois passam um pouco longe da competitividade do esporte.
Riu de forma nasalada porque a imagem de Margarethe surgiu em sua mente. Lembrou-se das vezes em que a mais velha a cobrou ter filhos e que ela não deveria continuar sendo engenheira, mas viver para o lar. 
– Pais tendem a querer colocar as suas frustrações nos filhos, mas isso não é certo. Temos que deixá-los serem livres, mesmo que cause dor saber que, um dia, eles vão deixar o ninho. 
balançou a cabeça, sem ter muito o que pudesse acrescentar aquela frase porque seus pais jamais haviam sido daquela maneira. As frustrações haviam sido depositadas nela, mas nunca conseguiram entender que a deveriam deixar ser livre, eram apenas cobranças.
– Encontrei! – Rosa disse animada do alto da escada, descendo como um furacão e se encaminhou para o piano preto próximo à janela da sala de estar.
Todos sorriram, acompanhando a menina e o silêncio permaneceu no ambiente porque todas as atenções estavam nela. 
sorriu ao vê-la se sentar no banco, ajeitando-se e, em poucos minutos, a canção começou a ecoar pelo espaço. Fechou os olhos por alguns segundos, permitindo que a melodia tomasse conta de seu corpo e tentando aguçar mais a sua audição.
sorriu, como sempre acontecia quando a filha se apresentava, aproximado-se do local onde estava sentada e colocando um mão sobre o ombro da loira que parecia estar movida com o momento.
Ela conseguia notar que a menina realmente ainda estava aprendendo a tocar porque, em alguns momentos da canção, ela falhava, mas, para uma menina tão jovem, era muito bom como ela tocava e a forma que conseguia expressar a canção.
– Muito bem, querida! – murmurou assim que a menina terminou e girou o corpo sobre o banco para observar as reações da família.
– Você é uma ótima pianista, Rosa – sorriu na direção da mais nova, vendo as bochechas brancas tomarem tom avermelhado e fazendo com que ela disse fraco.
– Você quer tocar? – perguntou com os olhos brilhando na direção da loira, que mordeu o lábio inferior, um pouco incerta se deveria ou não fazer aquilo.
abaixou o olhar para a mulher, percebendo como que ela havia tensionado os ombros ao fim da pergunta de sua filha. Acariciou o ombro de com o polegar para que pudesse dizer que estava tudo bem e, ao perceber o silêncio que voltou a tomar conta do ambiente, se manifestou.
– Por que não deixamos isso para outro momento? 
– Ah, não, papai! – a menina protestou. – Ela sabe tocar também... Podíamos fazer um concerto!
O homem encarou a ex-mulher em busca de alguma ajuda para aquela situação e Stephanie balançou a cabeça em sinal de positivo, mesmo que não entendesse a situação.
– Rosa, vamos deixar isso para um outro momento, tudo bem? – piscou na direção da menina, na esperança que ela entendesse, mas a pequena negou com a cabeça, encarando a loira.
– Você não quer tocar,
A inglesa respirou fundo, pronta para balançar a cabeça de um lado para o outro enquanto sua mente a forçava a dar uma chance para aquele momento. 
– Rosa, não é...
– Não há problema, murmurou em um fio de voz, levando a mão para segurar o braço do austríaco, que estava posto em seu ombro e girando o corpo para encará-lo. – Está tudo bem – reafirmou com um aceno positivo de cabeça para que ele compreendesse que não havia problema.
deixou a taça de vinho de lado, levantando-se do sofá e caminhando em direção ao piano. Rosa se levantou do banco, permitindo que a loira se sentasse, mas não se afastou porque queria vê-la tocar de perto.
– Essa foi a primeira música que a minha avó me ensinou a tocar – contou, com o olhar fixo nas teclas e sorrindo ao se lembrar de Audrey. – Se chama Love of My Life.
Fechou os olhos por alguns instantes, respirando fundo antes de começar a tocar a canção que ela já sabia de cor. 
Podia se lembrar perfeitamente das vezes em que Audrey a sentava junto com ela para que pudessem tocar a canção juntas. Era um momento doce que as duas partilhavam e a memória mais doce que a loira tinha da infância.
Murmurava a letra da música em tom baixo, até porque sua afinação para cantar não era uma das melhores, e seus dedos pareciam plumas sobre as teclas da maneira que as tocavam.
se sentiu no sofá, assistindo à cena com um largo sorriso no rosto porque estava maravilhado com a forma natural que tocava. Ela fazia parecer como se fosse a coisa mais fácil do mundo e a mais bela também.
A forma como ela murmurava a letra da música, em meio ao som, tomavam conta da sala e faziam com que ele cantasse baixo também. Era uma cena que ele estava adorando assistir.
Rosa também tinha os olhos grudados em como se, somente aquilo pudesse fazê-la aprender a tocar a música. Fechou os olhos, balançando o corpo no ritmo da canção e fazendo com que a mãe desse uma risada fraca com a cena.

When I grow older
I will be there at your side to remind you
How I still love you


finalizou a canção, ainda mantendo as mãos no mesmo lugar e os aplausos tomaram conta da sala, fazendo com que ela se assustasse antes de tudo, mas que acabasse soltando uma risada.
Aproveitou que ainda estava de costas para todos e secou uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha. A música sempre a deixava bastante emotiva, mas ela sabia que, no fundo, adorou ter tido a oportunidade de tocar novamente depois de tanto tempo.
– Fantástico, ! – Ärhus, que havia retornado a sala enquanto a loira tocava, murmurou com um sorriso nos lábios e ela girou o corpo sobre o banco.
Os seus olhos foram direto aos de e ela pode ver o brilho que as irises castanhas do austríaco possuíam. Ele possuía um sorriso no rosto, estava tão surpreso e impactado que nem sabia se tinha palavras para falar sobre aquele momento.
– Fazia muito tempo que eu não tocava essa música... Acho que me surpreendi por ainda me lembrar dela toda – riu, balançando os ombros.
– Por que você não tocava? – Benedict perguntou, encarando a loira e ela soltou um suspiro em meio a uma risada.
– A vida me afastou um pouco disso – outra vez balançou os ombros. – Mas é bom saber que eu ainda me lembro.
Novamente, seu olhar procurou o olhar de e o austríaco lhe lançou um sorriso fraco, percebendo que ela não queria continuar falando sobre aquele assunto e, estava prestes a tentar trocar o tema da conversa, quando Rosa se manifestou: 
– Você poderia me ensinar a tocar essa?
sorriu na direção da menina, balançando a cabeça em sinal positivo e fazendo com que ela se animasse.
– Outro dia a te ensina porque está na hora de irmos – Stephanie murmurou, levantando-se do sofá e sendo acompanhada pelo marido. Rosa fez uma careta, projetando os lábios para frente em um bico que causou risadas nos adultos.
– Pense pelo lado bom, amanhã você irá vê-la de novo – Ärhus tentou animá-la e a menina sorriu, balançando a cabeça.
– Eu vou pensar em um lugar bem legal para irmos amanhã. – murmurou, olhando para a loira antes de se atirar em direção ao seu corpo, a abraçando pela cintura, causando uma surpresa na mais velha.
arregalou os olhos, surpresa com a ação da menina e sem saber como reagir. Automaticamente, sua mão foi para as costas dela em um carinho delicado pelo local.
Ärhus, Benedict, Stephanie e Rosa se despediram do casal com abraços e seguiram para fora da casa em direção ao carro que estava estacionado em frente ao jardim da casa.
A loira nem percebeu que havia um sorriso em seu rosto e muito menos que estava se sentindo feliz. A noite havia sido muito melhor do que ela poderia ter imaginado e isso a deixava plena.
– Eu disse que você iria conquistá-lo, não disse? – riu, colocando as mãos de cada lado da cintura da mulher, fazendo com que ela olhasse para cima para que pudesse encontrar os seus olhos. – O que você achou?
– Eu achei todos eles pessoas maravilhosas – riu. – Realmente, o Benedict é a sua cara e Rosa se parece muito com Stephanie.
– E você soube responder às perguntas dela...
– Só uma que eu ainda não tenho uma resposta – ficou nas pontas dos pés para que pudesse deixar um beijo leve nos lábios do austríaco e retornou para dentro da casa.
uniu as sobrancelhas em confusão, seguindo para dentro de casa também, depois de fechar a porta. Observou se sentar no sofá e retirar as sandálias de salto que usava, fazendo movimentos circulares com os pés.
– Qual foi a pergunta? – perguntou, curioso e ela deu uma risada fraca, apoiando as duas mãos no estofado. 
– Por que eu ainda não sou sua namorada? – as sobrancelhas se arquearam ao final da pergunta e a expressão de surpresa tomou conta do rosto de .
Jamais, no um ano em que estava com , ele havia pensado que ela faria uma pergunta parecida com aquela. Talvez, tivesse sonhado algumas vezes com aquilo, mas nunca pensou que aconteceria na vida real.
Agora estava ali. 
Bem diante dele estava perguntando por que ela não era sua namorada. Ele não sabia se respondia ou se pulava de alegria para comemorar o momento.
Optou por dar um passo para frente, curvando o corpo e selou os lábios nos da loira em um beijo apressado, deitando o corpo sobre o dela e fazendo com que os dois caíssem sobre o sofá, atrapalhando o beijo com risadas.
Sem dúvidas que mereciam celebrar a noite.

Capítulo 23


– Ela adora vir aqui.
e Stephanie levaram o olhar até Rosa, que estava no meio de algumas crianças no Prater, o parque de diversões mais antigo do mundo e que os s gostavam muito de visitar, especialmente a mais nova.
Naquele momento, depois de ir junto com Rosa em vários brinquedos e ouvi-la contar sobre a história toda do parque, decidiu se sentar em um dos bancos da extensa área verde junto com a mãe da pequena , que agora tinha a companhia do irmão mais velho.
– Eu a entendo. É um lugar muito bonito – sorriu, olhando ao redor. – Uma pena que e Ärhus não puderam vir. 
– Ärhus vai se juntar a nós na hora do almoço – a loira austríaca sorriu ao informar. O marido havia prometido que sairia do escritório para que fosse se juntar a família, já que sempre prezava por colocá-los em primeiro lugar em sua vida.
havia permanecido em casa devido às reuniões da sua equipe, que não poderia deixar de comparecer. havia resolvido a maior parte de seu trabalho na parte da manhã, prometendo a Louise que retornaria à fábrica na manhã seguinte.
Ele havia ficado feliz quando Rosa ligou para o seu celular querendo falar com porque "as duas haviam combinado de sair". O homem chegou a dar risadas ao ouvir a filha dizer aquilo, repassando o aparelho de pressa para a loira pudesse falar com a menina e combinar os detalhes para o dia das duas.
, surpreendentemente, havia ficado feliz com a ligação, mas um pouco desapontada quando disse que não poderia participar do passeio. Não podia negar que sentiu um pouco de receio por ter que estar sozinha com Rosa e Stephanie, mas, até o momento, tudo estava sendo muito tranquilo.
também prometeu que nos encontraria no almoço. 
Stephanie balançou a cabeça, concordando com a mais nova. Se fosse em outra época, ela teria total certeza que o não compareceria ao passeio e daria a desculpa que havia ficado tão entretido nas reuniões que não viu a hora passar. 
Mas, há alguns anos, o austríaco havia entendido que era importante dar atenção à vida pessoal também e a loira já havia percebido que ele parecia estar sempre querendo ter certeza que estava bem no ambiente, então, apareceria.
– Sei que foram poucas horas por aqui, mas o que você achou? – perguntou, virando o rosto para que pudesse encarar a inglesa, que riu, balançando os ombros.
– Certo que eu não conheci muito, mas me parece um lugar muito tranquilo – respondeu, olhando para a loira. – E vocês também foram bastante receptivos comigo... Claro que eu adoraria voltar com mais tempo. 
– Isso é ótimo! – Stephanie sorriu, batendo palmas com as pontas dos dedos, de forma animada. – Eu tenho que confessar que fiquei preocupada quando me disse que você tinha uma certa dificuldade com relações familiares e... – riu, levando uma das mãos até a boca e arregalando os olhos ao notar que havia falado um pouco demais. – Me desculpe, , eu não deveria ter dito nada disso e...
– Está tudo bem, Ste – sorriu fraco, tocando o braço da loira para que pudesse acalmá-la. – Eu realmente tenho alguns problemas com relações familiares e tive muito medo em vir para cá com o ... Mas, como eu disse, vocês todos foram muito receptivos e me fizeram sentir como se eu não estivesse na minha família.
A austríaca franziu o cenho, demonstrando toda sua confusão ao ouvir o comentário e virou sua atenção para novamente.
– Como se não estivesse em sua família? – ela mordeu o lábio inferior, sabendo que reclamaria caso soubesse que ela estava fazendo tantas perguntas para a mulher, mas não se importou muito porque a curiosidade estava lhe matando desde quando ele havia aquilo.
– Digamos que eles não são o maior exemplo de união e carinho – balançou os ombros, virando o rosto para tentar demonstrar que não queria continuar naquele tópico e agradeceu aos céus ao ver Benedict e Rosa caminhando em direção às duas.
– Estou cansada! – a garota murmurou ao atirar o corpo sobre o banco, entre as duas mulheres, fazendo com que ambas soltassem risadas.
– Está se divertindo, Rosa? – perguntou ao vê-la receber uma garrafa de água da mãe. 
– Estou! Eu adoro vir ao Prater! – sorriu, balançando a cabeça em sinal de positivo e antes de encarar a loira com um semblante curioso. – Você não está gostando?
– Eu estou adorando – sorriu, passando uma das mãos pelos cabelos de tons castanhos para que pudesse tranquilizá-la. – Está sendo um ótimo dia.
– Isso quer dizer que você vai ficar mais um dia?
soltou uma risada fraca, surpresa com a pergunta da menina e com o coração feliz por saber que ela havia gostado da sua presença porque ela também estava gostando de estar ali.
Estava tendo uma perspectiva completamente diferente de uma família. Estava vendo o amor e a união de uma forma que ela jamais imaginou que pudesse existir porque nunca havia presenciado nada daquele tipo em sua cama.
– Infelizmente, eu não posso ficar mais um dia – murmurou, vendo a menina fazer uma cara triste em sua direção. – Eu tenho que trabalhar.
trabalha na mesma coisa que o seu pai, se esqueceu disso, filha? – Stephanie murmurou para a filha, acariciando o seu ombro. – Mas, pense pelo lado bom, agora ela já sabe o caminho para nos visitar... – a austríaca arqueou as sobrancelhas na direção de como se pedisse para que ela confirmasse aquela informação.
– É verdade? – Rosa olhou para outra vez, com os olhos repletos de expectativa e isso fez com que a loira sorrisse em sua direção antes de afirmar com a cabeça.
– É claro que sim – piscou, fazendo um carinho na bochecha da mais nova. – E claro que você e o seu irmão – olhou para o adolescente que estava em pé, olhando para as três em silêncio. – são bem-vindos para irem a Londres... Quem sabe nos não vamos a um lugar que eu gosto muito?
– Que lugar é esse? 
– Um kartódromo. – a loira cresceu os olhos, fazendo com que a menina risse, mas Benedict balançou a cabeça de um lado para o outro.
– A gente não gosta muito de kart, – disse, fazendo com que a loira o encarasse. 
– Seu pai me disse que ele sempre fazia vocês dois competirem e que vocês não gostavam disso, mas não gostam mesmo de pilotar? – riu. – Nós vamos nos divertir.
– Talvez vocês possam dar uma segunda chance ao kart – Stephanie os incentivou com um sorriso nos lábios. 
– E a gente também pode fazer alguma outra coisa, algo que vocês gostem – sorriu e os dois se entreolharam antes de balançarem a cabeça em sinal de afirmação.
– A gente pode ir para a Inglaterra quando vocês voltarem do Brasil? 
A pergunta de Rosa fez com que a loira soltasse uma gargalhada alta, colocando uma das mãos sobre a própria barriga porque era divertido ver o quão animada a pequena estava.
Ainda mais porque, segundo Ste havia lhe dito, ela não se dava bem com Susie. Mesmo que não tivesse perguntado a razão da menina não gostar da mulher, se sentia tranquila por saber que gostava dela e que ela estava feliz com a ideia de estar por perto dela.
Ela não podia negar que estava adorando aquela nova perspectiva.

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Depois da manhã no Prater, o almoço havia sido em um restaurante típico austríaco, para que pudesse provar as comidas do país. Rosa ainda era muito curiosa quanto à loira e não cansava de fazer perguntas para ela, já contando para o que ela e o irmão iriam para a Inglaterra assim que ele e a chefe da Red Bull retornassem do Brasil.
se sentia tão feliz que parecia que suas bochechas cairiam de tanto sorrir. Ele sempre tinha imaginado como seria o dia em que levaria a loira para conhecer os seus filhos e estava feliz que realmente tivesse dado certo porque seria novamente estranho estar com alguém que os dois não gostassem.
Então, ver e Rosa naquela parceria era algo que o deixava em paz – mesmo sabendo que teria um certo trabalho com aquela amizade. Rosa já era uma menina cheia das vontades, graças a Stephanie, e ele sabia que poderia seguir o mesmo ritmo da austríaca porque, aparentemente, a pequena sabia como conquistá-la. Benedict ainda estava na dele. o conhecia o suficiente para saber que o menino era mais resguardado quanto aos seus sentimentos, mas podia ver no rosto dele que ele também havia gostado de . Era a primeira vez que ele via o menino até mesmo conversando sobre Fórmula 1 e fazendo algumas perguntas específicas para que a loira respondesse.
Stephanie era um caso à parte. A ex-mulher já gostava de antes mesmo de conhecê-la e estava disputando com Rosa quem estava mais animada para ser amiga da loira. A forma como as duas haviam se dado bem, como ela ajudava a escapar de algumas perguntas mais complicadas de Rosa e até mesmo como que Ste conseguia deixar a loira mais tranquila, deixavam o austríaco bem contente.
Haviam sido dois dias muito bons, na visão de ambos. Para , havia sido algo que ela nunca havia vivido e uma experiência muito melhor do que ela imaginava; já, para , havia sido superado todas as suas expectativas. Não podia negar que, assim como Rosa, também estava animado para os próximos encontros da família.
– Nos vemos no Brasil? – encarou o austríaco com um sorriso nos lábios e ele balançou a cabeça em sinal de confirmação.
– Eu estou ansioso para essa corrida – sorriu e a loira franziu as sobrancelhas, um pouco confusa com aquela frase.
Geralmente, o austríaco dizia que as corridas eram sempre a mesma coisa e o mais importante era só conseguir os pontos necessários. Diferente dela, o chefe da Mercedes nem mesmo tinha uma pista favorita, era bem mais prático em relação a tudo.
– Por que a ansiedade? – questionou, curiosa e ele riu.
– As corridas no Brasil são animadas. Os fãs são muito calorosos e o apoio é incrível... – ele deu os ombros ainda sob o olhar suspeito da loira, mas ela balançou os ombros. – Nos vemos no Brasil, .
deu um passe à frente, rompendo a distância que existia entre os dois, e puxando a loira para próximo de seu corpo para que pudesse juntar os lábios nos dela em um beijo de despedida. Ficariam alguns dias afastados, já que ela estava a caminho da Inglaterra e ele continuaria por amis alguns dias na Áustria, encontrando-se somente no Grande Prêmio de São Paulo daqui a alguns dias.
Então, o austríaco tentava aproveitar aqueles últimos minutos para que pudesse estar o mais próximo dela que conseguisse, como se pudesse pegar uma parte de para ficar com ele pelos próximos dias até que se reencontrassem.
O beijo foi interrompido quando o ar pareceu lhes faltar e sorriu na direção dele, afastando-se para que pudesse pegar a bolsa. não havia conseguido convencer a loira a embarcar em seu jato para que pudesse ir para casa de uma forma mais rápida e mais confortável, então, estava parado a alguns metros da entrada do aeroporto, mesmo que contrariado por ela ter recusado a sua proposta.
– Obrigada por esses dias, – virou o rosto, já com a bolsa sobre o próprio colo e lançou um sorriso genuíno na direção dele, buscando uma palavra para que pudesse definir os seus dias no país. – Foi incrível.
– Eu que tenho que agradecer – sorriu, antes de selar os lábios nos dela outra vez.
sorriu, abrindo a porta do lado do carona e descendo do carro. Deu a volta, indo até o porta-malas para que pudesse buscar suas bagagens e se despediu do austríaco com um aceno antes de seguir pela calçada em direção à entrada do aeroporto. 
O acordo era que ele não entrasse junto com ela, mas que a levasse até o local, então, ele a assistiu partir com os olhos vidrados nela, mas com o coração feliz por tudo que eles estavam vivendo. Era clichê demais dizer que aquilo era tudo o que ele sonhava no último um ano, mas era a mais pura verdade. Se sentia feliz por estar com ao seu lado, por estar conhecendo o lado que ela nunca quis mostrá-lo antes e também por deixá-la conhecer um pouco mais sobre sua vida.
Ele já sabia há bastante tempo e já havia dito para ela com todas as letras. Não era mais segredo, se é que algum dia havia sido para ele, mas estava cada vez mais amando .

🏎🏆✨


O primeiro dia de volta à fábrica havia sido mais leve, assim como a consulta com Dorothea horas antes. Não podia negar mais que ela sentia tal qual uma nova mulher, mas seus medos ainda existiam ali, bem no fundo de seu peito. A voz ainda falava em sua mente que ela estava se entregando rápido demais, mas ela já havia aprendido a silenciá-la quando era necessário. 
Ninguém era igual a ninguém. Estava vivendo uma história diferente com uma outra pessoa que a tratava bem, a respeitava e nunca fez nada do que amá-la. Era isso que ela havia apreendido que precisava ter, um amor sem peso, e estava feliz por isso estar acontecendo.
Estava feliz por estar ao lado de .
– É realmente que estou vendo bem aqui diante dos meus olhos? – a voz de Louise fez com que a loira sorrisse assim que entrou no primeiro andar da fábrica, sendo cumprimentada por mais alguns colegas que estavam por ali.
balançou a cabeça de um lado para o outro e fez um aceno para que a amiga a seguisse antes de continuar o caminho em direção à própria sala. 
A ruiva se apressou para se levantar da cadeira em que estava sentada e seguiu atrás da chefe da Red Bull, fechando a porta da sala atrás de si antes de se sentar em uma das cadeiras à frente da mesa dela.
– Como foram os dias aqui? – perguntou enquanto deixava a bolsa em um pequeno móvel próximo à sua mesa e Louise soltou uma risada.
– Você realmente quer falar da Red Bull sendo que você é que tem as maiores novidades para contar? 
O olhar com as sobrancelhas arqueadas fez com que a loira risse, balançando a cabeça mais uma vez antes de soltar um suspiro, mas não de pesar e sim de felicidade porque esse era o sentimento que mais existia nela naquele momento.
– Me diga, como foi com os s? – a ruiva deu um leve tapa na mesa e cruzou os braços ao se ajeitar no assento, esperando que a amiga começasse a falar logo. – Vamos,
– Foi incrível, Louise – riu, sentando-se em sua cadeira e permitindo que a cabeça pendesse para trás. – Incrível. 
– Eu preciso de detalhes!
– Nós tivemos um jantar com a Stephanie, o Ärhus e as crianças... Todos me trataram muito bem e a Rosa, a filha dele, me adorou. – riu – Nós tocamos piano juntas!
– Espera... – a ruiva riu, desacreditada com aquela informação. – Você tocou piano? – a loira concordou com a cabeça. – Você não fazia isso desde... 
– Desde o meu maldito casamento com o Billy – ela respondeu com uma expressão totalmente diferente da anterior e soltou o ar de forma pesada. – Eu até pensei em não tocar, mas eu estava me sentindo tão acolhida que eu, simplesmente, não consegui dizer não, sabe? 
– Isso é maravilhoso, amiga – sorriu de forma sincera. – Então, eu já posso dizer que você é, oficialmente, a madrasta dos filho de ?
arregalou os olhos com a pergunta enquanto Louise soltava uma risada com a expressão dela. O momento das duas foi interrompido pela porta da sala da loira sendo aberta, revelando Helmut Marko, que lançou um sorriso fraco para as duas mulheres.
, bom saber que resolveu voltar a trabalhar – murmurou, olhando direção da chefe da equipe e quebrando o clima bom que havia no ambiente segundos antes. 
– Eu estava longe de Milton Keynes, mas eu estava trabalhando de forma on-line, Marko – respondeu com o resto de paciência que existia em seu corpo e o mais velho deu os ombros. – Há algo que queira falar comigo?
– Temos uma reunião para checar algumas coisas do novo carro.
– Certo – confirmou com a cabeça. – Eu vou apenas terminar a minha reunião com a Louise e já estou indo. 
Helmut concordou, ainda que contrariado, deixando as duas mulheres sozinhas na sala outra vez. suspirou, rolando os olhos pelo comentário do consultor da equipe enquanto Louise se controlava para rir baixo.
– Talvez ele não esteja ligado ao conceito de trabalhar de forma remota – murmurou, dando os ombros. – Não se esqueça que ele é velho.
– Você acha que ele ouviu alguma coisa? – perguntou, após rir do comentário da amiga.
– Eu acho que ele teria falado – Louise mordeu o lábio inferior. – Mas, continuando... Madrasta dos pequenos s? 
– Eu ainda não sou madrasta deles, Louise – riu. – Mas eles são crianças adoráveis. Prometeram que iriam ao kartódromo quando vierem a Londres.
– E como o ficou vendo essa cena? A ex dele falou alguma coisa?
– Ele ficou feliz. Parecia realizado em ver aquele momento acontecendo – sorriu. – E, quanto a Ste, ela é maravilhosa. Foi muito gentil e educada comigo. Acho que podemos ser amigas! 
– Eu fico feliz de ver isso acontecendo, – Smith sorriu, esticando as mãos para que pudesse segurar as da loira. – Você merece ser feliz.
concordou com a cabeça, sorrindo na direção da amiga porque ela estava sendo feliz. Era claro para ela que ela já não era a mesma pessoa de antes e não podia negar o alívio que era saber disso. 
– Eu também mereço ser campeã da temporada – falou em um tom alto, interrompendo o momento e se levantando da própria cadeira. – Estou indo para essa reunião com o Marko.
– Boa sorte com isso – Louise piscou na direção da loira que riu antes de seguir para fora da sala com o celular em mãos.
entrou no elevador para que pudesse ir para o primeiro andar. Sempre gostava de participar das reuniões em relação aos novos carros porque era a sua paixão. Os carros eram a razão de ela ter se apaixonado pelo automobilismo e ter cursado engenharia. 
Então, poder participar da sua criação já havia sido algo que a deixava em êxtase. Agora que apenas via o processo de longe, não era tão legal quanto antes, mas aquelas reuniões a deixavam animada para o que estava por vir.
Assistiu, junto a Marko, a apresentação de algumas peças do carro, analisando-as e dando o seu parecer em alguns momentos porque julgava que era importante se manifestar e dar as suas impressões sobre o que estava sendo feito.
Com a mudança no regulamento para o próximo ano, os carros também seriam diferentes e ela estava ansiosa para ver o da RBR ao vivo, já que vendo apenas o protótipo não dava a mesma emoção do que vê-lo no dia da apresentação.
, me desculpe falar, mas... – Marko disse enquanto os dois seguiam de volta para o primeiro andar da fábrica, após o final da reunião. – Eu ouvi certo, você e a Smith estavam falando sobre ?
A loira sentiu o corpo inteiro gelar com a pergunta, se questionando se deveria continuar caminhando ao lado do consultor ou se seria melhor apenas fingir um desmaio. Talvez, cair bem ali, no meio da fábrica, não fosse um problema tão grande.
As mãos suavam e em sua mente um milhão de cenários passava como um borrão. Não sabia se deveria confirmar ou inventar alguma desculpa para a pergunta de Marko.
Optou por seguir a sua intuição e ir para a segunda opção:
– Ele fez algum comentário desnecessário sobre a nossa equipe outra vez – murmurou, forçando um tom tedioso na esperança que pudesse desconversar, mas o homem continuou não alterou nem por um segundo a expressão que tinha no rosto.
– Me parece um pouco estranho o tanto que ele gosta de falar sobre a Red Bull – riu fraco, balançando os ombros. – Mas, você está certa ao respondê-lo.
– Eu sempre irei defender a minha equipe – respondeu com um tom de voz firme.
– Eu espero que continue assim, – respondeu, levando uma das mãos para segurar a porta do elevador para que pudesse falar para a chefe da equipe antes de sair. – O bem e o sucesso da equipe devem vir antes de qualquer relação pessoal. 
assistiu a Helmut deixar o elevador com o cenho franzindo e uma expressão de pura confusão em seu rosto. Se perguntava ao que o consultor se referia e não podia negar que tinha medo que fosse sobre sua relação com .
A loira suspirou, lembrando-se de uma conversa que teve com logo após ter publicado a foto usando a camisa da Mercedes em que o homem lhe disse que não poderia se importar menos com os comentários sobre sua vida pessoal.
Nos últimos meses, ela estava tentando ser assim, mas, quando era relacionado ao seu trabalho, ela ainda não conseguia ser dessa maneira. O medo de perder seu emprego e de ser reduzida a pessoa com quem se relacionava ainda a assustavam. Eram essas as duas coisas que ela sabia que não queria para a própria vida.

🏎🏆✨


Grande Prêmio de São Paulo



se despediu de George Russell, com quem ele conversava na cafeteria do paddock, levantando-se da mesa em que estava sentado e seguindo em direção à saída do local para que pudesse ir para o motorhome da Mercedes. 
Tinha encontrado o jovem piloto por acaso durante a sua chegada em Interlagos e aproveitou para falar com ele porque tinha um carinho muito grande pelo rapaz que seria o piloto da Mercedes na próxima temporada.
O celular do austríaco indicou um novo e-mail e ele parou de caminhar para que pudesse chegar se era um e-mail importante que estava esperando, mas balançou a cabeça de um lado para o outro ao ver que não era, voltando a guardar o aparelho no bolso da calça no momento em que viu Louise Smith entrar na cafeteria.
Acenou na direção da ruiva que, ao invés de seguir até o balcão, se aproximou dele para que pudesse o cumprimentar. Na noite anterior, ele não havia se encontrado com porque ela havia saído com alguns membros da equipe dela e ele estava com saudades da loira.
– Bom dia, Louise. Como vai? – sorriu de forma gentil e a ruiva balançou a cabeça.
– Estou bem e você, ? – perguntou, e, já tendo noção que ele perguntaria sobre a chefe da RBR, se apressou em falar: – ainda não chegou.
– Eu imaginei – riu. – Ela me disse que iria sair com a equipe ontem. 
– Sim... Fomos a um restaurante para comemorar o aniversário dela – sorriu. – Acho que ela bebeu um pouco demais e, provável, que tenha ela tenha acordado atrasada.
soltou uma risada, mas travou ao perceber o que a chefe de comunicação havia dito. Haviam saído para comemorar o aniversário da ? A mulher havia feito aniversário e sequer tinha falado para ele?
– Ontem... – iniciou a frase e, apenas por ver a expressão no rosto dele, Louise percebeu que ele não sabia que era aniversário de .
– Você não sabia que ela faz aniversário esse fim de semana? 
– Ela não me disse nada.
– Talvez ela tenha esquecido – a ruiva balançou os ombros. – Porque a adora comemorar o aniversário dela... Então, eu acho que ela não teria motivo para não te contar.
– O aniversário dela não foi ontem, então?
– Não! – riu. – O aniversário dela é no domingo, mas, como nós estaremos preocupados demais com a corrida e depois já vamos para o México, decidimos que seria melhor comemorar ontem. 
balançou a cabeça, aliviado por não ter perdido o aniversário da amada e por Louise tê-lo avisado sobre a data. Sua mente não conseguiu pensar de uma forma rápida o que ele deveria dar de presente para ela. Com a preocupação para a corrida e estando em um outro país, ele não tinha muita ideia do que fazer, mas sabia que precisava fazer alguma coisa.
– Obrigado, Louise – disse após alguns minutos perdido em seu pensamento e despediu-se da ruiva com um aceno.
Precisava descobrir alguma forma para comemorar o aniversário de , mas não queria que fosse apenas dentro da suíte em que estava hospedado. 
Ainda que pudesse fazer algo romântico dentro de sua suíte, sabia que merecia muito mais que apenas aquilo e precisaria se esforçar para saber o que fazer.
, você precisa dar uma entrevista para um canal brasileiro agora – Jessica se aproximou assim que ele saiu da cafeteria e ele sorriu ao ver a figura de sua assistente.
– Jess, eu preciso da sua ajuda – murmurou quando a ideia surgiu em sua mente. – Mas isso é o mais absoluto segredo.
A mulher franziu as sobrancelhas, surpresa com o pedido, mas afirmou com a cabeça.
– Eu farei o possível para atender.
– Me encontre o melhor restaurante de São Paulo, mas que tenha alguma área privativa e troque o meu voo de volta para a segunda-feira por volta do meio dia.
– Você vai voltar para a Inglaterra na segunda?
– Sim, eu preciso me encontrar com uma pessoa importante no domingo após a corrida – disse, fazendo a mais nova concordar com a cabeça e, antes que ela pudesse fazer alguma outra pergunta a respeito de seu pedido, se manifestou: – Para onde eu devo ir?
A assistente indicou o local e a seguiu, parando em frente à jornalista enquanto tentava deixar mais afastado da sua mente os planos para domingo. Torceu para que Jessica arranjasse um bom restaurante, mesmo que não achasse que fosse o suficiente para comemorar com .
Talvez devesse achar algo melhor, murmurou para si mesmo ao ver a câmera sendo ligadas em sua direção e a repórter se preparar para iniciar as perguntas, fazendo com que ele se esquecesse de por alguns longos minutos, mas não da surpresa perfeita que precisava preparar.
O Grande Prêmio do Brasil não era um dos mais queridos de , mas ela adorava o calor que o povo brasileiro possuía por todos os envolvidos no esporte — e isso ficou provado na recepção que as equipes receberam ao desembarcar no aeroporto.
A sprint race ajudava a tornar o fim de semana mais emocionantes para os fãs. ainda não havia se acostumado com o novo modelo de classificatório, continuava acreditando que ele não valia o risco, mas, para os fãs, aquilo ajudava a tornar o fim de semana ainda mais emocionante.
Para o primeiro dia de treino livre, havia optado por um look confortável que consistia em uma blusa branca, uma calça jeans de cintura de lavagem clara e sandália de salto em tom nude.
A chefe da Red Bull adentrou o paddock em passos largos, caminhando em direção ao motorhome da equipe para que pudessem começar as reuniões para o primeiro dia nas pistas. – Brigadeiro? – a voz de Daniel Ricciardo fez com que a loira parasse de caminhar, virando para o lado e encontrando o piloto com um sorriso nos lábios, segurando uma caixa amarela repleta de algo que ela não conhecia, mas que parecia ser saboroso o suficiente.
– O que é isso, Ricciardo? – perguntou em meio a uma risada, colocando as mãos nos quadris e olhando para o conteúdo da caixa.
– Brigadeiro, , é um doce brasileiro – explicou, colocando a tampa da caixa embaixo do braço para que pudesse pegar um e estender na direção dela. – A Rafaela que fez para mim.
– Rafaela? – franziu as sobrancelhas em sinal de confusão antes de aceitar o doce das mãos do outro, o levando até a boca para que pudesse dar uma mordida.
– Rafaela Massa, esposa do Felipe. 
concordou com a cabeça. Não era próxima de Felipe Massa, mas era óbvio que sabia quem era o brasileiro e havia acompanhado um pouco dele na Fórmula 1 como piloto.
Fechou os olhos, sentindo o sabor do doce preenchendo a sua boca, para que pudesse se concentrar apenas em como aquilo parecia algo de outro mundo de tão gostoso. 
Era completamente compreensível que Daniel tivesse ganho uma caixa inteira com aquele doce. O gosto era completamente viciante e certo que um só não era o suficiente para saboreá-lo.
– Gostou? 
– Eu amei – riu. – E eu já quero que a Rafaela me mande uma caixa inteira dessas.
– Eu posso pedir para ela, se você quiser. – Daniel sorriu, estendendo a caixa para que a loira pudesse pegar mais um brigadeiro.
A loira uniu as sobrancelhas ao escutar a frase dele, aproveitando que o australiano estava distraído para pegar mais uns quatro brigadeiros de dentro da caixa, sem se importar se ele reclamaria ou não.
– Eu me contento em roubar alguns dos seus, Ricciardo – sorriu de modo divertido, balançando a mão cheia de brigadeiros e se despediu do piloto antes de continuar o seu caminho.
Dessa vez, ao invés de manter a expressão fechada no rosto como antes, ela saboreava o seu brigadeiro e passeava aos olhos pelo local, adorando ver a alta movimentação de pessoas de um lado para o outro, incluindo de repórteres e fotógrafos que estavam na cola dos pilotos que acabavam de chegar.
Seus olhos pararam em parado a alguns metros de distância em uma conversa com alguma jornalista desconhecida para ela. 
Os seus passos foram diminuídos para que pudesse apreciar um pouco mais da visão de ver o austríaco, sorrindo de forma leve ao perceber como ele estava lindo e foi impossível não querer estar no meio dos braços dele naquele exato momento. 
– Obrigada pela entrevista, – a jornalista disse assim que ele terminou de responder a última pergunta que havia sido feita e ele acenou em sinal de positivo, se despedindo e olhando para o lado para procurar a sua assistente.
– A próxima entrevista será apenas depois do FP1 – Jessica disse, indicando que ele poderia seguir de volta para o motorhome da Mercedes e ergueu o olhar, encontrando passando por ali também.
– Um segundo, Jess – pediu, e nem esperou por uma resposta por parte da ruiva para que pudesse seguir em direção à loira para cumprimentá-la, estava sentindo falta até mesmo de estar no mesmo ambiente que ela.
mordeu o lado de dentro da bochecha para que pudesse disfarçar o sorriso que surgiu em seu lábio ao ver se aproximar. Pensou que, talvez, devesse apressar o próprio passo, mas, antes que pudesse fazer isso, o austríaco já estava ao seu lado com as mãos no bolso da calça preta que usava.
, como você está? – falou em um tom de voz mais alto, tentando disfarçar um pouco mais a sua presença ao lado da loira. 
– Bem e você, ? – sorriu. – Animado para o fim de semana? – Bem também, ... Muito animado para o fim de semana – ele piscou na direção dela, fazendo com que a loira soltasse uma risada fraca. – Mais animado ainda para essa noite.
– Aposto que terá algo especial esta noite, então.
– Estou certo de que sim – riu, arqueando a sobrancelha na direção dela. – O que você está comendo? 
– Brigadeiro – estendeu a mão para que pudesse entregar um dos que tinha em suas mãos para o homem e o cenho confuso tomou conta do rosto dele, provavelmente da mesma maneira que havia ocorrido com ela quando Daniel falou sobre o doce mais cedo. – É um doce brasileiro. A esposa do Massa que fez.
– Eu não sabia que você era amiga da esposa do Felipe... – murmurou antes de analisar o doce que havia recebido, o levando para a boca devagar sob o olhar atento da loira.
– Eu nem a conheço, na verdade – riu, não tendo como retirar os olhos do austríaco cuja expressão saiu de desconfiança para puro deleite em razão do doce que estava degustando. – Ela fez esses doces para o Daniel.
balançou a cabeça em sinal positivo. Ainda não conseguia não sentir ciúme da amizade de com Daniel e com o preparador físico dele. Podiam dizer que era insegurança, mas ele se sentia seguro o suficiente, apenas se irritava um pouco com o jeito de Daniel e como ele sempre parecia estar flertando com a sua amada.
– Não são divinos? – a voz de fez com que ele saísse dos próprios pensamentos e sorrisse, concordando com a pergunta.
– São divinos mesmo – riu. – Eu acho que eu vou procurar uma caixa inteira.
– Compre duas – piscou na direção dele antes de bater com as mãos na lateral do corpo. – Eu preciso ir, .
– Certo... Eu te vejo mais tarde? – indagou com as sobrancelhas arqueadas na direção dela em um convite silencioso que ele nem mesmo havia notado que não precisava mais fazer. Ela apareceria se ele a chamasse ou não. 
– É só me mandar mensagem. 
– Estou ansioso. 
Despediram-se com um aceno e riu, seguindo em direção ao motorhome da Red Bull, torcendo para que o seu caminho não fosse mais interrompido ou acabaria levando uma leve bronca de Louise por chegar atrasada para a reunião de comunicação.
Em todo fim de semana, o trâmite era sempre iniciar o dia do primeiro treino livre com reunião de mídia para que pudessem saber o que a imprensa estava falando sobre o Grande Prêmio e se preparar para como responder para tentar causar o menos possível. 
Depois, tinha a reunião com os engenheiros para que alinhassem como seriam os treinos livres. A ordem dos pneus, como estava o clima e como seria a tática para o classificatório. 
também falava com alguns dos patrocinadores da equipe, respondia a e-mails burocráticos e falava com a imprensa sobre as expectativas para os FPs e para a corrida.
Então, finalmente acontecia o treino livre, onde ela acompanhava da pitwall e analisava os dados junto com a equipe para que pudessem decidir onde que os pilotos precisavam melhorar para o outro FP.
E foi da pitwall que a chefe da equipe austríaca assistiu a Lewis Hamilton dominar o FP1 para a sua total frustração logo no primeiro dia, já que, apesar de Matt Haakvort estar em segundo, a diferença entre os dois era alta. 
Entretanto, a sua tranquilidade se dava no fato de Sergio Pérez fechar o top três. Ainda que Matt não estivesse em primeiro, a Red Bull se mantinha na cola da Mercedes e uma boa colocação do mexicano ajudaria a aumentar a vantagem no campeonato dos construtores.
– O que você achou? – Gary perguntou para a loira ao final do classificatório e sua primeira resposta foi um suspiro.
– Achei que poderíamos ser melhores – riu fraco. 
– Eu espero que a gente consiga passar pela sprint sem nenhuma batida.
– Eu espero que a gente consiga passar pelo fim de semana inteiro sem nenhuma batida. 
soltou uma risada fraca porque era aquilo mesmo que ela queria para o fim de semana: que fosse tranquilo, tanto para Red Bull quanto para a Mercedes.
Não podia negar que se sentia um pouco cansada das discussões com e torcia para que todas as vitórias, independente da equipe, fossem o mais calmas e claras possíveis para que os dois pudessem ter mais dias de paz porque, mesmo que tivessem prometido que não falariam sobre as suas equipes, era certo que o clima não seria bom se algo acontecesse.

x


– Você não tem ideia de como eu estava sentindo a sua falta. 
A voz entrecortada por causa da respiração acelerada de fez com que sorrisse de forma inebriada enquanto a mão dele empurrava as alças do vestido que ela usava, fazendo com que a peça escorregasse pelo seu corpo e caísse aos seus pés.
O austríaco sorriu ao ver a mulher praticamente nua a sua frente, se não fosse a calcinha que ela vestia, porque aquela era uma visão que ele não cansava de ter. era perfeita em todas as formas e ele se sentia sortudo por tê-la ao seu lado.
Trouxe-a para perto outra vez, unindo os lábios nos dela em um beijo avassalador que exalava desejo e luxúria. Suas mãos percorriam o corpo dela, já o conhecendo o suficiente para saber exatamente como que ela gostava de ser tocada e nem mesmo poupava os suspiros que saiam por sua boca.
Suas pequenas mãos foram em direção à calça que o austríaco usava, se apressando para conseguir abrir o botão e o zíper da mesma; e ele sentiu a peça cair aos seus pés, seguida da boxers que usava.
rompeu o beijo, levando os lábios ao pescoço de , iniciando uma trilha de beijos molhados pelo corpo do mais velho que fechou os olhos com mais força que o habitual e apertou os cabelos dela enquanto ela descia cada vez mais.
As suas mãos se movimentavam no membro dele, subindo e descendo de forma lenta apenas para que pudesse provocá-lo, assim como ele não cansava de fazer com ela. A ponta de seu polegar passou pela cabeça do membro de , fazendo com que ele arfasse com um pouco mais de força e a mulher risse antes de se ajoelhar a sua frente.
O austríaco abriu os olhos para que pudesse apreciar a cena da loira levando os lábios até o seu membro, mas seus olhos voltaram a se fechar ao sentir o contato. o engolia como conseguia, fazendo sucção, passando a língua por boa parte de seu membro e sua mão masturbava o que ela não conseguia alcançar com os lábios.
Os movimentos dos quadris dele se tornaram quase que inevitáveis conforme ela ia aumentando a precisão que colocava nos movimentos que fazia. O que fez com que empurrasse o quadril de forma leve contra a mulher, fazendo com que ela segurasse em seu quadril com a mão livre.
o retirou da boca, levantando o olhar para que pudesse encará-lo e sorriu ao notar que ele estava com os olhos fechados, mas com um sorriso no rosto. Ele parecia estar perdido no momento e ela não podia negar que adorava saber que tinha aquele efeito sobre ele. 
Cessou os movimentos com a mão, voltando a levar os lábios até o membro de e não hesitou em enfiá-lo por completo em sua boca até que atingisse o fundo de sua garganta.  abriu os olhos em surpresa, levando uma das mãos para a nuca da mulher, sorrindo com a visão e com a sensação que aquele movimento trazia e ela tratou de repeti-lo por mais algumas vezes para o mais puro deleite do chefe da Mercedes.
Quando ela se afastou outra vez de seu corpo, ele se apressou para ajudá-la a se levantar, já satisfeito de todo o prazer que recebia e louco de saudade de sentir o sabor dela. 
Apressou-se em se agachar, escorrendo a calcinha que a loira usava e a atirando em um lugar qualquer do quarto antes de ajudá-la a chegar até a cama. sorriu em antecipação ao senti-lo fazer a mesma coisa que ela havia feito há alguns minutos: distribuir beijos por todo o seu corpo.
gostou alguns minutos a mais nos seios da loira. Chupou, mordiscou e apertou um de cada vez, fazendo com que a mulher apertasse com força os lençóis da cama e se contorcesse sob o seu toque, exatamente como ele gostava. Porém, era quando ele chegava à intimidade dela que ele gostava de ver como reagia.
Em um primeiro movimento, soprou o local depois de depositar um beijo na parte interior de sua coxa e a loira soltou um murmúrio em reclamação pela demora, que logo foi substituído por um gemido alto ao sentir os lábios do austríaco entrarem em contato com a sua intimidade.
A forma como ele chupava e movimentava a língua por toda a sua extensão, mantendo uma pressão em seu clítoris faziam com que se remexesse sob seu toque, forçando os quadris contra o rosto de até que conseguisse o seu orgasmo.
enfiou dois dedos na intimidade da mulher, os movimentando de forma lenta, mas acelerando os movimentos após as reclamações por parte dela. Ele continuou a chupando, curvando os dedos dentro dela e não demorou para que tremesse sob o seu toque. Afastou-se lentamente, retornando a trilha de beijos por seu corpo, dessa vez até os lábios da mulher e se apressou para devorá-los outra vez, dividindo com ela o seu sabor.
cruzou as pernas ao redor da cintura dele e suspirou ao sentir o membro encostar em sua entrada. soltou uma risada fraca, ajeitando-se para que pudesse guia-lo perfeitamente para dentro da mulher.
... – a chamou, fazendo com que ela abrisse os olhos e sorriu ao ver as irises azuis em sua direção, como tanto gostava. – Isso, nos meus olhos.
... – o nome saiu como um gemido quando sentiu o austríaco preenchê-la de uma vez, fincando as unhas nos ombros dele como uma forma de extravasar as sensações que percorriam o seu corpo naquele momento.
A sua mente estava um turbilhão e a movimentação dos quadris de contra o dela fazia com que ela suspirasse, apertando ainda mais as unhas nos ombros do austríaco.
A intimidade que os dois possuíam era absurda e ainda achava incrível como ele conseguia a conhecer tão bem, não apenas na cama. O carinho e o cuidado que ele tinha em diversos momentos era algo que ainda a deixava acanhada, achando que não era merecedora, mas que eram capazes de preencher o seu coração.
Não havia dúvidas de que a amava. 
E que ele iria mover montanhas para fazê-la feliz.
Não havia dúvidas do sentimento dela por ele.
Ela não tinha dúvidas de nada quanto a ele.
Fechou os olhos com força, sentindo os movimentos aumentarem e os dedos de irem para o seu clítoris inchados. Ele começou movimentos circulares no local e já podia sentir o corpo dando os seus típicos sinais.
Levou uma de suas mãos para a nuca do austríaco, puxando levemente os cabelos do local e trazendo o rosto dele para um beijo desajeitado devido às suas respirações entrecortadas e o orgasmo iminente de ambos.
... 
Mais uma vez, o nome saiu como um gemido, mas ele gostou de ter ouvido, aumentando o máximo que aguentava e suspirando ao senti-la apertá-lo em sua intimidade.
Aquele era o momento. 
– Eu... – a respiração entrecortada se acelerou e sentia o coração pulando mais rápido que o normal, não apenas pelo sexo. – Eu... Am...
Um gemido alto escapou pelos lábios da loira e seu corpo se chocou contra o colchão no exato momento em que a preencheu por inteiro, atingindo o ápice também e tomando cuidado ao cair sobre ela.
Ambos estavam no mais puro êxtase por terem conseguido matar a falta que estavam sentindo um do outro da maneira que mais gostavam. 
O austríaco se apressou em trazer a loira para o seu colo, fazendo com que ela deitasse a cabeça em seu peito e sorriu ao ver como o local sabia e descia, ambas as respirações ainda retornando ao normal.
O cansaço do dia cheio de eventos atingia a ambos, mas a mente da loira ainda estava cheia porque ela não havia conseguido dizer no momento que queria e não se sentia bem para dizer naquele momento em que podia jurar que já estava adormecido.
Ela queria dizer com todas as letras, olhando dentro dos olhos dele e depois ser levada para os braços dele. Queria se embrenhar naquele espaço que havia se tornado tão bom para ela, se afundar ali o máximo que conseguia e aproveitar a coragem que tivera.
Por isso, fechou os olhos também, permitindo que o cansaço tomasse conta do seu corpo, mas feliz por acreditar que era capaz de dizer as três palavras.

Capítulo 24



Existiam poucas coisas que gostava mais do que abrir os olhos e ver que estava dividindo a cama com .
Adorava olhar para baixo e ver os cabelos loiros da mulher sobre seu peito, a forma como ela estava em um sono profundo e bem sereno.
Aquele momento o permitia sonhar em acordar dessa forma todos os dias e, sem dúvidas, que ele poderia se acostumar facilmente.
Esticou o braço com cuidado para buscar o celular na mesa de cabeceira, tentando não acordar a mulher, afinal, ainda eram cinco e meia da manhã, mas ele precisava chegar cedo no circuito para o movimentado dia da sprint race.
Aproveitou para checar os e-mails que havia recebido nas últimas horas, devido ao fuso horário com a Europa, mas não havia nada que requeresse a sua atenção imediata.
Em suas conversas onde havia uma mensagem de Ron Meadows, diretor esportivo da Mercedes, da noite anterior em que avisava que a asa flexível do carro de Lewis Hamilton não havia passado em uma das análises da FIA e os mecânicos foram proibidos de tocar no carro durante a noite, tendo a asa sido levada pelos comissários.
O austríaco esfregou a mão pelo rosto antes de afastar de seu peito com um pouco de cuidado e se levantou da cama com agilidade, apartando no ícone de chamada para que pudesse falar com o inglês — nem mesmo se importando com o horário.
– Bom dia, Ron – saudou assim que a voz do outro surgiu do outro lado da linha. – Pode me informar o que aconteceu?
– Bom dia, – cumprimentou. – Eu não sei ao certo ainda... Eles foram analisar e viram que as medidas de espaço estava irregulares. Coisa de alguns pouquíssimos milímetros. Justificamos que era um desgaste natural e não justo de ser passível de punição, mas eles levaram para analisar melhor e decidir o que fariam.
– Acredita que pode dar alguma punição? – o seu tom de voz tinha que ser baixo para que a loira não despertasse.
– Bom, eu espero que não, mas é dos comissários que estamos falando – riu sem humor. – Eu não acho que eles queiram comprometer o campeonato com uma decisão desse nível.
– Eu estarei em Interlagos em uma hora. Eles deram alguma posição de quando irão dar a decisão?
– Até às dez horas eles darão a posição.
O chefe da Mercedes concordou, encerrando a ligação antes de deixar o celular sobre a mesa de cabeceira outra vez e soltar um suspiro, colocando as mãos na cintura.
O fim de semana estava sendo totalmente favorável a Lewis e à Mercedes. Estava claro que era uma grande oportunidade para se aproximar em ambos os campeonatos, mesmo já com a punição por eles terem trocado o motor do carro do inglês.
Ele realmente não queria crer que a FIA poderia estragar o fim de semana e o trabalho duro da equipe com uma punição.
se mexeu sobre a cama devagar, abrindo os olhos lentamente e piscando algumas vezes até que conseguisse se acostumar com a claridade. Sentou-se na cama, puxando o lençol para conseguir cobrir o corpo e olhou ao redor, sorrindo ao ver parado próximo à cama.
– Bom dia? – o cumprimento saiu mais como uma pergunta devido à expressão pesada que ele tinha no rosto. – Aconteceu alguma coisa?
O austríaco suspirou, abaixando o olhar enquanto pensava se deveria ou não falar para a loira o que estava acontecendo. Pelo acordo dos dois, eles não poderiam falar sobre suas equipes e, ainda que ele quisesse desabafar, era melhor não abordar aquele tema com a chefe da Red Bull.
– Bom dia – sorriu, aproximando-se dela para que pudesse deixar um beijo em seus lábios. – Não, não aconteceu nada...
franziu as sobrancelhas, achando suspeita a forma como o austríaco se comportou após a sua pergunta, mas optou por relevar, balançando os ombros.
– Certo... Eu preciso voltar para a minha suite – ela soltou uma risada fraca, lembrando-se de que hoje era dia da sprint race e se apressou para se levantar da cama.
concordou com a cabeça, sentando-se na cama e assistindo a mulher vestir as roupas da noite anterior. Naquele momento, nem mesmo aquilo era capaz de o deixar relaxado porque tudo o que ele tinha em mente era a posição dos comissários.
não quis perguntar mais nada, ainda que sua mente lhe apontasse que algo não estava bem com o austríaco. Assim como ele havia feito com ela em diversos momentos, ela achou que talvez ele quisesse espaço e decidiu que o daria.
Terminou de vestir sua roupa em silêncio e olhou a própria imagem no espelho para que pudesse dar um jeito nos cabelos, aproveitando para lavar o rosto também, tentando denunciar o menos possível o seu cansaço.
– Eu estou indo – disse ao retornar ao quarto e o homem concordou com a cabeça, aproximando-se outra vez dela. – Jantamos mais tarde?
– Claro que sim – piscou, selando os lábios nos dela rapidamente e a acompanhou até a porta, permitindo que a loira saísse.
olhou para os lados antes de deixar totalmente o quarto e seguiu de forma apressada para o elevador, ouvindo as risadas fracas de por causa de sua pressa para não ser vista por nenhum membro da Mercedes.
O austríaco retornou para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si e correndo para o banho. Precisava estar em Interlagos o mais rápido possível para que pudesse conversar com a equipe para saber exatamente o que estava acontecendo e quais eram os cenários prováveis.
saiu do elevador no andar de seu quarto e balançou a cabeça ao ver Louise e Checo caminhando juntos na direção oposta a dela. Os dois acenaram em um cumprimento e ela parou próxima a eles.
– Bom dia, ! – Checo saudou enquanto a ruiva apenas observou a amiga dos pés à cabeça, já tendo uma noção de onde ela estaria retornando e escondendo uma risada.
– Bom dia! – sorriu. – Estão indo tomar café da manhã?
– Sim, para que possamos ir para Interlagos – o mexicano sorriu. – Você está voltando de lá?
Os lábios de formaram uma linha enquanto a sua mente pensava em uma maneira de escapar da pergunta. Por mais que fosse algo pequeno, era um tipo de deslize que ela não poderia cometer porque podia comprometer a sua vida.
tem o costume de ir tomar café com uma roupa e depois subir para trocar – Louise murmurou para o mexicano, virando o rosto para encarar a amiga na esperança de uma confirmação para o que ela havia dito e recebeu um aceno positivo de forma repetida.
Checo também balançou a cabeça, parecendo ter comprado a resposta e as duas mulheres trocaram um olhar cúmplice por alguns segundos antes que o piloto voltasse a se manifestar.
– Então, você já está sabendo do que rolou ontem com a Mercedes?
uniu as sobrancelhas em confusão, olhando da amiga para o piloto em busca de alguma explicação e ele tratou de dar em pouco tempo.
– Parece que a asa flexível do carro do Hamilton não estava dentro das conformidades da FIA e os comissários a confiscaram... Ele deve levar uma punição.
A primeira reação da loira foi querer comemorar a notícia, mas não o fez porque o piloto não havia dado a certeza de que o inglês havia levado a punição. E sua segunda reação foi se lembrar da maneira estranha que estava agindo há alguns minutos.
– Parece que ele pode ser desclassificado da sprint. – Smith acrescentou, fazendo com que a chefe da equipe arregalasse os olhos em surpresa. – Ele iria largar em último.
– Isso seria... – riu, maravilhada com aquela notícia. – Maravilhoso.
– Para o Matt, ter o Lewis longe seria algo perfeito.
– Acho que teríamos alívio até nos construtores – Pérez murmurou, enquanto as duas mulheres balançavam a cabeça. – Bom, eu vou descer para o café... Vamos, Louise?
– Eu vou só conferir algumas coisas com a – sorriu e o piloto concordou com a cabeça, afastando-se das mulheres e seguindo para o elevador.
voltou a caminhar em direção à suíte e a ruiva a seguiu para que pudessem conversar no ambiente que parecia ser o mais seguro, longe dos ouvidos de outras pessoas.
– Como que você estava com o e não ficou sabendo disso? – questionou, assim que as duas entraram na suíte e a loira riu, balançando os ombros antes de se livrar do celular.
– Digamos que nós tivemos outras coisas para nos preocuparmos... – arqueou as sobrancelhas e a outra rolou os olhos, soltando uma risada fraca. – E a gente combinou de não falar sobre questões das equipes... Você sabe, para evitar conflitos...
– Muito inteligente – a ruiva balançou a cabeça. – O que parece é que o cenário é bem ruim para eles na sprint.
– Eu não posso dizer que eu não fico feliz por isso.
A loira balançou os ombros com um sorriso mínimo no rosto antes de girar o corpo para que pudesse ir para o banheiro, tomar um banho para começar realmente o dia.
Ainda que estivesse com , não se esquecia que os dois eram rivais e que o sucesso da Mercedes implicava no fracasso da Red Bull. Então, quaisquer oportunidade de ver a equipe alemã não indo bem, era uma excelente oportunidade para os austríacos, ainda mais no campeonato acirrado como estava.
Então, ela se permitiria sonhar com um cenário bem negativo para a Mercedes para que a Red Bull pudesse ter bons momentos no Brasil.

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A equipe da Red Bull terminava a sua reunião de estratégia quando foi comunicado pela FIA que Lewis Hamilton estava desclassificado da sprint race e largaria em último lugar.
A decisão tornava Matt Hakvoort o primeiro para a corrida que definiria o grid para o domingo, além de garantir alguns pontos no campeonato.
A partir daquela informação, a estratégia teve que ser alterada porque Matt se tornaria o cara a ser batido e não precisaria perseguir Lewis nas vinte e cinco voltas previstas. Parecia ser mais fácil para o sábado.
deixou a reunião junto com a equipe, vendo Louise se aproximar e fazendo com que ela parasse de caminhar para poder ouvir tudo que a ruiva tinha para falar.
– A imprensa quer falar com você.
– Deixe-me adivinhar... – riu, fingindo estar pensando por alguns segundos. – Sobre a desclassificação do Hamilton?
– Eu acho que eles adoram ouvir a chefe da Red Bull falar sobre a Mercedes porque rende muitos cliques – Smith pontuou antes de suspeitar. – Por favor, por favor, cuidado com as suas palavras.
– Eu sempre tenho cuidado com minhas palavras – a loira murmurou antes de começar a caminhar, nem mesmo esperando que a amiga contestasse a sua resposta.
No meio do paddock, estavam Lee Mackenzie e Martin Bundle, já sentados em frente às câmeras no pequeno estúdio que a Sky Sports inglesa montava em todas as corridas.
se juntou aos dois, os cumprimentando com acenos e sorrisos antes de sentar no assento que estava disponível entre os dois jornalistas. Ajeitou o microfone no pedestal para que pudesse estar perto para quando ela precisasse responder às perguntas.
– Estamos aqui com a chefe da Red Bull Racing, – Lee Mackenzie iniciou. – , qual o clima para a sprint, agora sabendo que vocês irão largar na pole?
– Nós somos sempre muito otimistas com as nossas posições na corrida. Até mesmo na Rússia, quando Matt largou nas últimas colocações, nós estávamos otimistas em fazer uma boa corrida. Então, aqui, não pode ser diferente... Estamos felizes porque o Matt vai largar na pole, mas temos noção que nada está ganho nesse fim de semana.
– A estratégia mudou?
– É claro que sim – sorriu. – Quando você larga em segundo, você tem uma estratégia para conseguir perseguir o primeiro e ultrapassá-lo. Mas, quando você larga em primeiro, é mais sobre manter um bom ritmo, preservar os pneus e conseguir se manter lá na frente. Como eu disse, nós estamos confiantes.
, é óbvio que eu não poderia deixar de falar da desclassificação do Lewis Hamilton que rendeu a vocês a pole position para a sprint. Qual é a sua visão sobre o assunto da asa flexível?
– Nós estamos vendo-os terem mais velocidade nas retas há algumas corridas. Nós vimos ontem que é fenomenal, principalmente com o tamanho da asa traseira que eles têm no carro – soltou uma risada fraca e balançou os ombros enquanto Martin franziu a sobrancelha, buscando incentivá-la a falar mais.
– Você acredita que a asa realmente estava em desconformidade com as regras?
– Eu acredito que há algo acontecendo porque a física não permitiria... A diferença de potência necessária para conseguir isso seria bastante significativa.
– No início do ano, a Red Bull teve que trocar as asas porque elas estavam flexionando demais – Lee pontuou. – Vocês vão à FIA para pedir uma análise quanto as asas da Mercedes?
– Nós vamos ficar de olho porque, particularmente com Lewis ontem, era uma velocidade muito alta. Mas cabe à federação inspecionar e decidir o que deve ser feito. 
– Obrigada por ter falado com a gente, – Lee sorriu na direção da loira e ela acenou antes de se levantar da cadeira em que estava sentada e seguir em direção à Louise.
– Que cara é essa? – riu ao ver a loira com as sobrancelhas arqueadas em sua direção. – Eu nem falei muito...
– É que agora eu não me preocupo apenas com a repercussão que as suas falas causarão na mídia...
– Está preocupada com o que ele vai pensar? – a loira questionou, vendo a amiga concordar com a cabeça e soltou um suspiro. – Louise, a gente tem que aprender a conviver com os cargos que nós temos. Eu não estou falando para atingir o , esse não é o meu objetivo e isso aqui não é uma briga pessoal. Eu estou falando como a chefe da Red Bull, expondo a minha visão sobre algo que aconteceu. Não me cabe ficar defendendo a Mercedes...
– Eu entendo, . Eu realmente entendo e eu espero que vocês tenham maturidade para lidar com isso.
– Nós não falamos sobre as nossas equipes.
Louise riu e balançou a cabeça de um lado para o outro. Era claro que aquilo em algum momento iria causar problemas para os dois e ela ainda tinha a dúvida se deveria ou não alertar a amiga quanto a isso.
– Você sabe que isso, mais cedo ou mais tarde, vai causar problemas, não é?
– Resolveremos quando o problema aparecer.
balançou os ombros, seguindo o caminho para a garagem da Red Bull e a ruiva ficou para trás, entendendo que ela não queria falar mais sobre o assunto.
Resolveu respeitá-la, dando o tema como encerrado e se aproximou de novo porque ainda tinham coisas sobre a equipe para resolverem.
saiu da hospitalidade da Mercedes com Jess ao seu lado. Estava furioso desde a manhã, quando Ron o informou o que havia acontecido, mas ao ter a desclassificação de Hamilton confirmada, parecia que o sentimento havia se triplicado dentro dele.
Mas, mesmo assim, ainda precisava cumprir uma agenda antes da sprint race que consistia em falar com patrocinadores e uma série de entrevistas, que, obviamente, se estendiam apenas à decisão dos comissários.
Era isso que ele estava fazendo naquele momento. Respondia às perguntas de Lee Mackenzie e Martin Bundle sobre a decisão, expondo o seu lado de chefe da equipe e como estavam todos com aquela decisão que poderia comprometer o fim de semana, já que Lewis largaria em último para sprint e ainda tinha uma punição para o domingo.
– A chefe da Red Bull disse aqui agora há pouco que eles acreditam que há algo de errado mesmo com a asa da Mercedes porque Lewis teve muita velocidade em algumas corridas... O que você acha disso?
O austríaco teve vontade de rir de nervoso. Ele não queria comprar nenhuma outra briga pública com a loira porque isso não era saudável para nenhum dos dois, mas a imprensa adorava vê-los discutir sobre suas equipes.
Porém, havia decidido que iria sempre buscar ser o mais contido possível em suas palavras. Ainda que falasse o que pensasse, ele tentaria sair melhor e até desconversar, quando fosse possível.
– A Red Bull gosta muito de se preocupar com os outros ao invés de focar neles mesmos – deu os ombros. – Se eles acreditam que há algo errado e que não foi um simples desgaste em relação ao calor, eles que levem as provas que possuem para a Federação. Eu não vejo motivos para ficarmos discutindo isso publicamente.
A última frase de sua fala foi entendida pelos dois jornalistas que mudaram o assunto das perguntas, questionando sobre Bottas antes de encerrarem a entrevista, fazendo com que o austríaco se retirasse do local satisfeito com que havia dito.
Agora, precisava focar sua atenção na corrida que aconteceria para que aquele fim de semana não continuasse sendo um desastre. Afinal, a Mercedes precisava pontuar para se aproximar da Red Bull.

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– Sinceramente? – Louise murmurou para assim que as duas se reuniram na sala da chefe da equipe após o fim das atividades do dia. – Eu acho que esse não vai ser o nosso fim de semana.
Valtteri Bottas havia conseguido tomar a posição de Matt Hakvoort logo na largada da sprint race e o finlandês terminou a corrida garantindo a pole position para o domingo.
Matt, por mais que tivesse tentado, amargou o segundo lugar enquanto Sergio Pérez ficava com o quarto, atrás de Carlos Sainz.
Já Lewis fez uma corrida sensacional e ficou em quinto lugar, mas graças à punição por troca do motor, caiu para a décima, para a felicidade da Red Bull, que acreditava ser muito mais fácil ter seus dois pilotos na frente do pelotão precisando brigar de forma direta apenas com Bottas.
– Já está jogando a toalha? – debochou, sentando-se em sua cadeira e encarando a amiga. – Amanhã é um novo dia. Temos Matt em segundo e Checo em quarto. Por que não acreditaríamos neles?
– Por acaso você viu a corrida que o Hamilton fez hoje? – a ruiva riu de forma desacreditada. – O cara foi de vigésimo para a quinta colocação em vinte e cinco voltas, . O que você acha que ele vai fazer amanhã?
A loira teve vontade de rolar os olhos com o que a chefe da comunicação havia falado. Não podia nem mesmo negar que era um absurdo o que o inglês havia feito, mas isso não queria dizer que ele podia repetí-lo no dia seguinte.
O fim de semana não estava ganho apenas porque ele tinha ido bem no classificatório. O que era mais importante era a corrida e Matt tinha apenas Bottas para ultrapassar enquanto Lewis precisaria passar por muitos adversários.
– Foi fenomenal, eu não posso negar – balançou os ombros. – Mas ainda temos a corrida e nada está garantido – soltou uma risada fraca e cruzou os braços enquanto arqueava as sobrancelhas na direção da loira. – Perdeu a confiança nos nossos pilotos?
– Pelo contrário, mas a gente sabe que o Hamilton sabe superar muitas adversidades... Ele deve estar louco para ganhar amanhã.
– Isso nos deixa empatados, então, porque eu também estou louca para ver a minha equipe ganhar amanhã – outra vez, balançou os ombros, como se aquele fato não fosse grande coisa e a ruiva riu. – Eu não acho que o Valtteri vai ficar muito feliz em saber que você está torcendo para o Lewis amanhã. Quer dizer, ele vai largar na pole position e você está apostando que o Lewis vai passá-lo?
– Nós duas conhecemos a Mercedes o suficiente para saber que, na primeira oportunidade, vão mandá-lo dar passagem... – foi a vez de Smith balançar os ombros, lembrando da corrida em que o finlandês estava próximo da vitória e foi orientado pela equipe a dar passagem para o inglês.
– A gente faz o que é preciso para ganhar – sorriu de forma irônica e a ruiva rolou os olhos. – Às vezes é preciso sacrificar um pelo o outro.
– Eu tenho pena do George – murmurou, fazendo com que a chefe da RBR franzisse as sobrancelhas ao ouvir o comentário. – Um piloto jovem chegando na equipe que tem o cara que foi sete vezes campeão, você acha que ele vai conseguir ganhar alguma?
– Isso não é algo que a gente deva se preocupar.
E, realmente, não poderia se importar menos com aquilo, por mais que gostasse de Russell. A ela não importava muito como as outras equipes eram comandadas, mas somente se preocupar como que ela comandava a Red Bull. Queria ter um ambiente o mais saudável e tranquilo para todos, especialmente os seus pilotos.
– Claro que não é... Que isso tire as noites de sono de – a ruiva murmurou, levantando-se da cadeira enquanto a chefe balançava a cabeça.
– Eu saberei fazer o que é preciso para que ele se esqueça – respondeu, levantando-se também e Louise rolou os olhos com a frase dita por ela.
– Meu Deus, , eu não preciso saber sobre sua vida sexual com o ! – Smith a repreendeu, o que fez com que a loira soltasse altas gargalhadas porque sempre achava divertido como que ela reagia aos seus comentários de cunho sexual.
– Talvez deva, porque isso poderia te inspirar a dividir comigo sobre o Checo e o Valtteri – reclamou. – Afinal, com qual dos dois que você está?
Louise suspirou, batendo com as mãos nas laterais do corpo enquanto a loira a encarava em expectativa para saber a resposta àquela pergunta, mas nem ela mesma sabia respondê-la.
– Eu não estou com nenhum dos dois.
franziu as sobrancelhas com a resposta que recebeu, duvidando em silêncio do que estava ouvindo, e a ruiva suspirou outra vez, começando a se mover pela sala para que conseguisse evitar o olhar curioso dela.
– Não estou com nenhum deles oficialmente – a ruiva consertou a frase anterior em meio a uma risada fraca e desconcertada.
– Você está com os dois, então? – questionou, curiosa para saber mais detalhes, enquanto guardava as suas próprias coisas que estavam na sala para que pudessem ir para o hotel, já que o trabalho delas estava encerrado. – Informalmente, eu quero dizer.
– Bom, eu fiquei com os dois – confessou. – Eu sempre tive uma queda pelo Checo, mas o Valtteri também não é de se jogar fora. – riu. – Porém, o Checo é o Checo...
levantou o rosto, olhando para a amiga outra vez e ela soltou um novo suspiro, fazendo com que a loira risse por toda a confusão dela.
Os papéis pareciam ter se invertido naquele momento e, a confusão que era de no início da temporada, agora estava com Louise — mesmo que a loira estivesse confusa apenas por um homem.
– Eu diria para vocês formarem um trisal, mas eu sei que você é monogâmica – sorriu fraco, evitando o olhar negativo que foi lançado em sua direção. – Se você sabe que o "Checo é o Checo" porque está confusa com o Valtteri?
– Porque ele é um doce – riu. – Me convidou para ir à Finlândia após a temporada.
– Mas, se você não gosta dele como você gosta do Checo, está tudo bem recusar o convite.
– Mas eu não sei se eu quero recusar – a ruiva riu, curvando os ombros para frente em sinal de timidez e arregalou os olhos antes de soltar uma outra risada.
– Eu vou dizer o que você me disse várias vezes quando eu tive dúvidas: escuta o seu coração, Louise. Siga o que você acredita que for melhor e não tenha medo – olhou nos olhos da amiga, lhe lançando um sorriso ao final da frase antes de pegar a própria bolsa.
– Quem diria que um dia você estaria me dando conselhos amorosos... – Smith soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro.
– Se você reparar bem, eu não dei conselho algum, eu só te falei o que você me disse outras vezes.
As duas riram antes de saírem da sala e deixaram o assunto morrer porque sabiam que atrairia muita atenção dos outros se continuassem falando nos corredores da hospitalidade.
! – Jim apareceu assim que as duas colocaram os pés no paddock e a loira chegou a se assustar ao ver o engenheiro chamando o seu nome daquele jeito.
– Oi, Jim! – sorriu, aproximando-se dele. – Aconteceu alguma coisa?
– Você pode vir comigo? Eu queria que você visse algo na garagem... – a loira franziu o cenho, olhando para Louise, que projetou os lábios para frente para mostrar que também desconhecia o que poderia ter acontecido.
– Tudo bem – balançou os ombros, com a sua curiosidade aguçada para saber o que havia ocorrido e seguiu junto do engenheiro em direção à garagem da equipe para saber o que havia de errado.
Louise os seguiu também, analisando como a amiga parecia apreensiva e caminhava de forma apressada para chegar logo ao local. Teve vontade de rir, mas optou por não fazê-lo porque sabia que iria chamar atenção de e ela saberia que eles estavam armando alguma coisa.
Jim permitiu que entrasse primeiro na garagem da equipe e a loira seguiu pelo corredor até a sala que o homem indicou que estava o computador dele, girando a maçaneta para entrar no espaço.
Assim que a porta se abriu, várias pessoas gritaram e confetes coloridos caíram sobre a cabeça da loira após o alto barulho de estouro, fazendo com que ela fechasse os olhos e desse um leve pulo em ouro susto com aquele momento.
Abriu-os, percebendo que um número grande de pessoas estava na sala, incluindo os seus pilotos, e que aquela era uma surpresa para ela. A loira riu, balançando a cabeça de um lado para o outro e se virou para a dupla que estava atrás dela, pondo uma das mãos na cintura.
– Vocês sabiam disso?! – indagou, fingindo estar revoltada e tanto Louise quanto Jim balançaram a cabeça em sinal de positivo em meio a risadas.
– A gente só fez a Louise te prender um pouco na sua sala para que pudéssemos preparar tudo – Gary murmurou, fazendo com que os outros rissem e a loira balançou a cabeça de um lado para o outro antes de começar a agradecer a cada um pela mini festa.

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soltou um longo suspiro e encarou o relógio que estava em seu pulso, percebendo que já estava próximo das dez horas e trinta minutos. Passou a mão pelo rosto, seus olhos já estavam pesados e o seu corpo pedia por uma cama.
O dia havia sido agitado o suficiente. Havia iniciado com um enorme balde de água fria com a decisão dos comissários em desclassificar Lewis da sprint e havia terminado com um aviso que o domingo podia ser melhor.
Era óbvio que ele acreditava que poderia ser melhor mesmo porque não duvidava da capacidade do inglês em provar a todos porque era o melhor de sua geração.
Ele tinha plena certeza que era possível ganhar no Brasil e que Lewis executaria todo o plano estratégico criado pela Mercedes para tornar isso realidade.
O mais difícil daquele dia seria conseguir desligar a sua mente após tantos acontecimentos. Ainda tinha o aniversário de , que seria o dia seguinte e ele não tinha certeza se a surpresa que havia preparado, às pressas, iria conseguir, de fato, a surpreender.
Nem mesmo sabia se conseguiria arrumar tudo o que tinha em mente. O principal ainda não havia sido resolvido e isso o estava em sua cabeça também porque ele tinha que proporcionar a sua amada um dia inesquecível, independente do que acontecesse na corrida.
... – voltou à realidade quando Jess surgiu em sua sala. – Você ainda vai precisar de mim? Eu estou indo para o hotel...
– Não, não, Jess. Pode ir descansar... Eu estou indo também – sorriu, levantando-se da cadeira em que estava sentado. – Você conseguiu falar com o Peter?
– Sim... Ele me disse que estaria voando agora de madrugada e chegaria amanhã pela manhã.
Sorriu, concordando com a cabeça porque uma parte da surpresa parecia que estaria pronta para .

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passava o hidratante corporal em suas pernas ao som de uma música nova do Maluma. Não sabia falar espanhol, mas achava o idioma muito bonito e adorava a voz do cantor e a melodia sensual das canções dele.
A surpresa que os colegas haviam preparado tinha sido curta porque todos sabiam que, no dia seguinte, tinham muito trabalho pela frente e, logo, estava no sossego de sua suíte em um dos melhores hotéis de São Paulo.
Havia adotado o costume, nos últimos anos de sua vida, de sempre passar a virada do seu aniversário em sua própria companhia e bebendo um bom vinho porque era a oportunidade que ela tinha de analisar tudo o que havia passado e agradecer pela mulher que tinha se tornado.
Afinal, jamais imaginou que um dia seria uma mulher independente da maneira que é e que estaria controlando a sua própria vida como ela mesmo quisesse. Era importante celebrar a mulher que ela havia se tornado.
não havia mandado mensagem aquela noite e ela não podia negar que tinha se sentido feliz por isso porque poderia cumprir a sua tradição sem ter que dispensar o austríaco ou fugir de sua cama em plena madrugada.
Assim, quando duas batidas foram dadas na porta da suíte, ela uniu as sobrancelhas e soltou um longo suspiro. Pausou a música, pegando a taça de vinho e caminhando até a porta, pronta para dispensar Louise que achava melancólico a tradição da loira.
Abriu a porta, chegando a se sobressaltar ao notar que não era a ruiva do outro lado da porta, mas sim, . O austríaco, que usava uma camisa cinza e calça de lavagem escura, tinha as duas mãos para trás do corpo e um sorriso ladino no rosto.
– Eu achei que fosse a Louise – murmurou, dando um passo para o lado para que ele pudesse entrar em seu quarto mais rápido possível.
O chefe da Mercedes deu apenas um passo para dentro e a loira o encarou, tentando entender qual a razão para ele estar agindo estranho daquela forma. Ela se afastou, o olhando de cima a baixo para ver o que havia de errado com ele e riu, empurrando a porta atrás de si com o pé para que ela se fechasse, não se importando com o barulho que causou.
– O que foi? – uniu as sobrancelhas, o olhando mais uma vez e o homem balançou os ombros, fazendo com que ela bufasse em alto e bom som. – Olha, , se você veio aqui para reclamar por algo que eu tenha falado sobre as asas da Mercedes, eu acho que você deveria ir embora – murmurou já com raiva por ele não falar nada e seguiu para dentro do quarto. – Hoje é um dia que eu gosto de ficar sozinha e eu não quero brigar. Então, por favor, me deixe sozinha.
parou no meio do quarto, soltando um suspiro ao final da frase, colocando uma mão de cada lado da cintura e franziu o cenho ao notar que o homem não havia dito nada durante o seu breve discurso.
Girou sobre os próprios calcanhares, pronta para perguntar novamente o que havia de errado com ele, mas arregalou os olhos ao notar que o austríaco segurava um cupcake como uma vela.
sorriu, dando alguns passos na direção da loira e olhou para os seus olhos azuis que estavam levemente marejados com o pequeno gesto que ele havia feito.
– Feliz aniversário, – murmurou, se apressando para acender a vela e a mulher soltou uma risada fraca, assoprando a mesma alguns segundos depois.
Assim que a vela se apagou, ela aproveitou para envolver o austríaco em um abraço desajeitado e ficou nas pontas dos pés pra que pudesse unir os lábios nos dele em um beijo demorado.
Com a mão livre, a segurou pela cintura e ela arranhou a nuca do homem, aproveitando aquele momento que eles estavam tendo e o prolongando o máximo que conseguiam.
– Obrigada, – sorriu, afastando-se dele, que estendeu o doce em sua direção para que ela o pegasse.
– Não por isso – piscou na direção dela. – Agora, eu entendi o seu recado e estou indo...
Não! – apressou-se em dizer antes que o homem pudesse se mover e a encarou com um olhar um pouco confuso. – Me desculpe! Você chegou e ficou sem falar nada, eu acabei me irritando...
– Você disse que esse é um dia que você gosta de ficar sozinha, . Eu não quero atrapalhar você...
– É meio que uma tradição que eu tenho, ficar sozinha na virada do meu aniversário... Mas eu acho que está na hora de criar novas tradições – piscou na direção do austríaco, estendendo a mão para que ele a segurasse. – Afinal, eu celebro a mulher que eu me tornei e você tem me ajudado nisso.
– Eu tenho ajudado? – riu, surpreso com aquela informação. – Como?
– Com o seu amor, – sorriu, selando os lábios nos dele de forma demorada.
– Eu fico feliz de saber disso, – depositou um beijo em sua têmpora. – Tudo que eu quero é fazê-la feliz...
– Está fazendo. Não se preocupe – piscou na direção dele antes de caminhar em direção à cama para que pudesse se sentar encostada à cabeceira.
se apressou para fazer o mesmo e riu ao ver a loira levar o cupcake até a boca, dando uma mordida no mesmo, se deliciando com o sabor de morango.
– Eu tenho um convite para fazer.
– A última vez que você me fez um convite era para ir para a Sicília com você.
– E você me deixou esperando no aeroporto.
– Mas eu apareci depois – rebateu em meio a uma risada e desfez a expressão triste que tinha feito para evidenciar que havia sido deixado por ela.
– Ou seja, viagens são especiais para nós – ele piscou na direção dela, lembrando-se de tudo o que havia acontecido nos dias em que estiveram na Sicília e a loira riu.
– Qual é o convite da vez?
– Domingo após a corrida, nós iremos viajar.
riu, surpresa com a resposta do austríaco, mas balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Eu não aceito um "não" como resposta – ele pontuou na direção dela, que ergueu a mão em sinal de rendição.
– Eu posso saber para onde nós vamos, então? – perguntou, curiosa, mas recebeu um aceno negativo em resposta, fazendo com que ela bufasse.
– Vamos a um lugar aqui no Brasil e isso é tudo que eu vou contar.
A loira rolou os olhos, enfiando um novo pedaço do cupcake na boca e o ofereceu para o austríaco para que ele provasse.
Não podia negar que estava curiosa para saber para onde eles iriam, mas sabia que tinha um notável bom gosto para viagens, então, poderia não se preocupar com aquela.
Talvez pudesse pesquisar no Google alguns lugares para tentar adivinhar para onde iriam...
– Aliás... – a voz do mais velho a trouxe de volta para a realidade. – Rosa sempre diz que, quando se assopra a vela do aniversário, se faz um pedido... O que você pediu?
soltou uma risada com o comentário, lembrando-se da figura que era a filha de , e se aninhou ao peito do austríaco antes de murmurar qual havia sido o seu pedido, cortando o clima de romance que estava no ambiente e fazendo com que ele rolasse os olhos.
– Pedi para a Red Bull ser a campeã da temporada.

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Pela manhã, havia deixado o quarto de e a loira correu para o banho. Estava muito feliz por ter passado a noite de seu aniversário ao lado do homem que havia a lembrado o tanto que a amava, mas ainda se lamentava um pouco por não ser capaz de dizer a ele a mesma coisa.
se sentia frustrada por não ter dito as três palavras para ele ainda. Seu peito latejava por e ela sabia que só tinha olhos e sentimentos para ele, mas ainda não conseguia entender por que as palavras nao saíam fácil por seus lábios.
Uma chave em seu cérebro mudou o seu foco, assim que ela terminou de se arrumar dentro de sua suíte. Já não era mais o momento para ficar lamentando não conseguir dizer que amava , mas para focar na corrida que teria pela frente.
Seria muito bom para Matt e para a Red Bull ganhar naquele domingo porque abririam uma vantagem maior em ambos os campeonatos e iriam para as quatro corridas finais sem se preocupar muito porque levariam no número de vitórias.
No entanto, ela tinha sede para ver sua equipe vencendo todas as que faltavam. Queria ter esse sabor em sua vida de chefe de equipe.
Havia participado da reunião pela manhã e depois ficou no escritório trabalhando a parte burocrática, indo para a garagem a pouco tempo antes do início  da corrida.
Aproveitou para ir para a pista, olhando para os carros alinhados e ficou parada próximo ao carro de Matt enquanto os mecânicos arrumavam os últimos detalhes.
A vibração da torcida fazia com que ela sorrisse, ainda que muitos deles se manifestassem a favor do piloto da Mercedes. Mas era divertido ver como que eles eram animados pelo automobilismo e era especial ver o tanto de homenagens a Ayrton Senna.
deu algumas entrevistas para canais brasileiros e se retirou da pista antes do aviso, já seguindo para a garagem da RBR para cumprir a sua tradição de assistir a largada de dentro da garagem.
A chefe da equipe austríaca se sentou em seu lugar na pitwall poucos minutos antes de ver Hakvoort ultrapassar Valtteri Bottas, assumindo a liderança da corrida para a sua felicidade — que só aumentou quando, algumas voltas depois, Pérez também passou o finlandês, garantindo o primeiro e o segundo lugar para a equipe.
Na quinta volta, Hamilton ultrapassou o sexto piloto e roeu os cantos dos dedos antes de levar uma das mãos até o rosto, passando-a devagar em sua testa. Foi questão de pouco tempo para que ele ultrapassasse as duas Ferraris e encostasse no companheiro de equipe.
A transmissão fez questão de mostrar o momento em que o estrategista da Mercedes pediu para que o finlandês desse passagem para o inglês e riu ao se lembrar da conversa que tivera com Louise na noite anterior — ainda que concordasse que aquela era a decisão mais acertada, até mesmo em razão dos números do campeonato e do finlandês na corrida.
– Incidente com o Schumacher – Gary avisou e, logo, o foi acionada a bandeira amarela, o que deixou o piloto da Mercedes próximo demais das duas Red Bulls, lembrando que ela não podia comemorar antes do tempo.
– Precisamos que Checo defenda como um leão – murmurou no rádio, apertando o botão a sua frente para que pudesse falar diretamente com o piloto para que ele entendesse que a equipe precisava muito dele após a saída do safety car.
Na volta dezoito, Hamilton conseguiu ultrapassar Pérez e a RBR se desolou, mas, em seguida, se apressou em comemorar porque o mexicano teve a chance de recuperar a posição por fora, deixando o inglês para trás.
– Isso, Checo! – Gary gritou pelo rádio e todos os olhos se voltaram para o que acontecia na pista. podia jurar que ela nem piscava de tão focada que estava naquela corrida.
Mas o alívio da equipe sumiu quando o inglês tentou outra vez ultrapassar e conseguiu, deixando Pérez para trás e partindo para caça de Matt.
E caça era realmente a palavra certa a ser usada porque, não importava o tempo que Matt virava nas voltas, Lewis sempre conseguia diminuí-lo, mostrando que o seu ritmo estava muito melhor que o do holandês e deixando a chefe da RBR ainda mais apreensiva.
– Puta merda – reclamou ao ver que Bottas conseguiu fazer o under cut sobre Perez ao voltar de seu pitstop e Gary também reclamou ao seu lado, retirando os óculos para que pudesse passar as mãos pelo rosto.
A tensão inteira se espalhava pelos boxes da Red Bull e pareceu triplicar quando, na volta quarenta e oito, Hamilton tentou ultrapassar Hakvoort. O holandês se defendeu o máximo que conseguia e os dois foram para fora da pista, fazendo com que a loira prendesse a respiração, temendo uma nova colisão entre os dois carros.
Ao seu lado, Gary apertou o botão para falar com o diretor de provas, assim que a transmissão mostrou que o inglês havia reclamado da defesa do holandês, já prevendo que a Mercedes iria reforçar as reclamações com Michael Masi.
– Michael, isso não foi nada demais – ela ouviu Gary dizer. – É tudo sobre deixá-los correr. É o que eles estão fazendo... Não há motivo algum para uma punição para o Hakvoort.
– Os comissários irão analisar, Gary – foi a resposta dada pelo australiano, fazendo com que a loira rolasse os olhos e soltasse um suspiro antes de focar os olhos na tela a sua frente outra vez.
Na volta cinquenta e nove, Lewis conseguiu passar por Matt na reta oposta, fazendo com que a loira bufasse e a equipe austríaca se lamentasse enquanto a transmissão aproveitava para mostrar a comemoração da equipe alemã, especialmente um comemorando diretamente para a câmera, como forma de extravasar a raiva do fim de semana.
esfregou as duas mãos pelo rosto porque não teve mais chances para Hakvoort. Ele nem mesmo conseguiu se aproximar do piloto da Mercedes e, outra vez, amargurou o segundo lugar na corrida, o que era decepcionante já que o fim de semana parecia estar totalmente contra a Mercedes.
– Péssimo – Gary murmurou ao seu lado e ela balançou a cabeça, ainda com os olhos na tela a sua frente porque Hamilton havia diminuído a velocidade do carro, após ter vencido a corrida, para pegar uma bandeira brasileira.
A loira assistiu a cena, ouvindo o público ir à loucura com o gesto que remetia a todos os presentes, mas ainda os brasileiros, a Ayrton Senna, tentando não esboçar nenhuma reação. Ainda que fosse a chefe da RBR, não podia negar que havia sido uma das melhores corridas que já tinha visto — mesmo que fosse para a Mercedes.
Ela jamais iria negar que Lewis Hamilton era um fenômeno.
Retirou seus fones de ouvido depois de falar com Matt e Checo, que havia terminado em quarto lugar, e se levantou de seu assento, seguindo com a sua equipe em direção à cerimônia de entrega dos troféus.
A loira viu parado com alguns membros da Mercedes a alguns metros de distância e decidiu fazer o que ele fazia sempre que ela vencia uma corrida: cumprimentá-lo.
– Parabéns, – murmurou, após tocar o ombro do mais alto e ele girou o corpo sem acreditar que havia ido até ele.
– Obrigado, – sorriu de forma gentil, não conseguindo evitar de olhar para as irises azuis dela e se perder ali dentro por alguns minutos.
balançou a cabeça ao perceber que já estava há um pouco de tempo com a mão grudada a do chefe da Mercedes e com os olhos presos nos dele.
Lançou-lhe mais um sorriso, dessa vez tentando ser um pouco mais discreta, e se afastou, retornando para perto de sua equipe e sentindo um leve arrepio percorrer o seu corpo ao notar que Helmut Marko a observava.
Teve certeza de que suou frio quando o consultor da Red Bull balançou a cabeça sua direção, mesmo que não entendesse o que aquilo poderia significar e optou por não se aproximar da equipe de novo para não ter que lidar com qualquer comentário por parte dele.
girou o corpo para frente do palco, fixando os olhos na cerimônia, já que os pilotos estavam sendo chamado ao palco e optou por nem mesmo lembrar que o homem estava por perto.
Era assim que ela gostava de resolver alguns de seus problemas e, sem dúvida, que era a maneira que ela adoraria resolver aquela situação: fingindo que não havia acontecido.

🏎🏆✨


– Por mim, eles podem cortar um pedaço e levar para casa para analisar. não pode evitar soltar uma risada ao ver a reposta que havia dado a reclamação de Marko quanto à asa da Mercedes, após a corrida, ainda que também continuasse achando suspeito a velocidade que Hamilton teve nas últimas corridas, especialmente no Brasil.
– É bom quando ele não fala essas coisas para as suas respostas, não é? – Louise implicou, retirando o iPad das mãos dela.
– É ótimo quando não sou eu quem causou a confusão – murmurou em meio a uma risada e relaxou o corpo sobre sua cadeira. – Achei que tive um aniversário meio merda, mas a expectativa era minha...
– Talvez o universo te dê o seu presente ao final da temporada – a ruiva balançou os ombros. – Ou, talvez, vá te dar nas próximas horas... Você vai mesmo viajar com o ?
Sorriu, concordando com a cabeça antes de morder o lábio inferior. Havia se questionado se deveria aceitar o convite, mas não estava em momento de dizer não para o austríaco. Não tinha masi razões para negar que queria estar perto dele, ainda mais para comemorar o seu aniversário.
Amava muito o seu trabalho, mas sabia que faria bem para ela esquecer, mesmo que apenas por algumas horas, dele para aproveitar com .
– O destino é surpresa – riu fraco.
– Ele está fazendo mistério demais – Louise estalou a língua no céu da boca, caminhando para pegar sua mala no canto da sala. – Se ele for te pedir em casamento, por favor, não saia correndo. Vai ser muito difícil te encontrar já estando em casa.
O sorriso no rosto de desapareceu de forma imediata ao ouvir a frase dita pela amiga e ela sentiu que o ar lhe faltou. Fechou os olhos, pondo uma das mãos sobre o como e respirou algumas vezes antes de voltar a abri-los.
– Você acha que ele vai me pedir em casamento?
– Com esse tanto de mistério – a ruiva balançou os ombros. – Mas não surte por isso, . Às vezes, ele só quer mesmo passar umas horinhas com você, longe de tudo... Muito sexo e sigilo, como vocês dois gostam.
– Eu adoro como você nos conhece bem – piscou em meio a uma risada, tentando esconder o seu desconforto ainda em relação à brincadeira sobre o pedido de casamento.
Ela nem mesmo sabia como reagiria caso aquilo acontecesse, mas já podia sentir a sua ansiedade atacando.
– Não se esqueça de me contar os detalhes – Louise pediu antes de abraçar a amiga em despedida e sair da sala.
soltou o ar de forma pesada e, pela segunda vez após um convite feito por para uma viagem, sentiu o medo tomar conta de seu corpo. A piada de Louise pareceu ter um fundo de verdade em sua mente, afinal, estava muito misterioso quanto ao passeio.
Poderia ser um pedido de casamento.
Gelada. As suas mãos estavam frias e ela sentia o peito subir e descer com uma frequência mais rápida que o normal.
Fechou os olhos, se perguntando se iria ou não aceitar o convite. Deveria ou não ir com para a viagem?
O som de seu celular chamou sua atenção e ela olhou para a tela, lendo uma nova mensagem que acabara de ser enviada pelo homem que estava em seus pensamentos.

Estou te esperando no estacionamento.

suspirou outra vez, sem nem mesmo ter a coragem para responder a mensagem. Não sabia se dizia que estava a caminhou ou se resolvia o problema da mesma maneira que havia feito mais cedo: fingindo que não aconteceu.
A decisão mais sensata, naquele momento, era ir embora para a Inglaterra, ainda que o seu coração tentasse acalmá-la.
E, novamente, ela podia sentir o medo tomar conta de seu corpo enquanto sua mente entrava em um grande turbilhão, se decidindo sobre o que fazer.

Capítulo 25

Dez minutos haviam se passado e estava da mesma maneira que antes. A sua respiração já não estava mais tão acelerada, mas ela ainda tinha em suas mãos o celular, agora com a tela já apagada, não mais mostrando a mensagem que havia enviado, mas que era repetida em sua mente.
Assim como a frase de Louise. O comentário da ruiva sobre o austríaco pedi-la em casamento não saía de sua cabeça, mas não era porque ela não queria dar aquele passo com ele. Ela tinha apenas medo das consequências que isso traria e, como já havia dito, não queria continuar vivendo às escondidas com ele.
Como é que eles se casariam e continuariam se escondendo pelo paddock? Porém, por outro lado, enquanto fossem chefes de equipes rivais também não tinha como serem casados e andarem juntos pelo local. 
E, acima de tudo isso, tinha o medo de perder o austríaco por conta de seus medos. Ele já havia deixado claro que não queria continuar se escondendo para sempre e não sabia se iria conseguir dar o que ele queria. 
Ela fechou os olhos, respirando fundo e tentou organizar os próprios pensamentos para decidir o que fazer naquele momento. 
Não era correto deixá-lo esperando-a em razão de tudo que havia acontecido nos últimos dias e a maneira como ele movia o mundo para ela. Assim como não era certo permitir que os seus medos controlassem a sua vida.
Quando abriu os olhos novamente, já estava decidida. Se apressou para recolher a sua bolsa e a bagagem enquanto equilibrava o celular em uma das mãos para mandar uma mensagem para o austríaco.
No estacionamento, estava estranhando e já começava a se preocupar com o sumiço da loira, mas ficou aliviado quando o seu celular apitou. 
Ele correu para desbloquear a tela, sorrindo de leve ao ler a mensagem que havia acabado de receber que o deixou cem por cento mais leve, já que, da última vez que convidou a loira para uma viagem, ela não apareceu
Não podia negar que aquele pensamento o atingiu quando enviou a mensagem e não recebeu, tão logo, a resposta dela. Mas estava feliz por saber que ela estava a caminho e já se remexia sobre os próprios pés, ansioso para que pudessem ir para a surpresa que ele havia planejado.
O homem voltou a guardar o celular no bolso da calça que vestia e levantou o olhar, observando o local em busca de . Suspirou ao ver que ainda não tinha nem sinal da loira e assistiu a algumas pessoas deixando Interlagos.
Não demorou muito, mas na cabeça de uma eternidade já havia se passado, quando surgiu em seu campo de visão. Ela puxava a sua bagagem e caminhava de forma apressada em direção à Mercedes prateada a qual ele estava encostado.
Se movimentou rapidamente, prontificando-se a ajudá-la e retirou a mala que ela puxava de suas mãos para entregar para o motorista para que fosse para o porta-malas do carro.
– Para onde vamos? – a loira questionou assim que os dois entraram no banco de trás do carro e soltou uma risada fraca.
– Boa noite, – sorriu de forma irônica antes de aproveitar que o motorista ainda não tinha retornado para dentro do carro pra selar os lábios nos da loira de forma demorada. – Como você está? 
– Morta de cansaço e extremamente brava com essa corrida – balançou os ombros, soltando o ar de forma pesada e fechou os olhos por alguns segundos, recordando-se do acordo dos dois de não falar sobre o que acontecia. – Porém, ansiosa para saber para onde você está me levando.
– Dessa vez, realmente é uma surpresa – sorriu, piscando na direção dela. – E eu estou extremamente feliz com a corrida. 
rolou os olhos com a segunda parte do que ele disse e o motorista entrou no carro novamente, se apressando em dar partida enquanto o GPS anunciava que levariam quarenta e cinco minutos para chegar ao aeroporto.
– Eu pesquisei alguns lugares – confessou. – Você disse que iríamos para algum lugar aqui no Brasil mesmo, então, eu fui procurar algum que pudesse se encaixar no que você tem em mente.
– E como você sabe o que eu tenho em mente?
– Você me levou para a Sicília. Então, claramente, você gosta de lugares com mar.
– No verão eu gosto de estar na praia e no inverno eu gosto de estar na neve – balançou o ombros, como se aquela informação não fosse algo muito importante. – Eu acho que é assim para a maioria das pessoas.
– Então, vamos para um lugar com mar – constatou e ele balançou a cabeça, confirmando a informação para ela. – Há alguns lugares muito bonitos no nordeste do Brasil. No Google, eu vi um monte de praias lindas
Ela assistiu a expressão no rosto do homem para tentar ver se alguma mudança aparecia, mas ele continuou intacto. Os seus olhos estavam presos no dela e um sorriso ladino ainda estava presente, apenas ouvindo o que ela tinha a dizer.
– Nós não vamos para o nordeste do Brasil – ele respondeu após alguns minutos em silêncio e ela soltou o ar, riscando aquela alternativa da sua cabeça. – Nós vamos para um lugar muito perto de São Paulo, na realidade...
A loira franziu o cenho antes de soltar uma risada fraca porque estava se sentindo participando de uma charada. 
Sua mente voltou a agir, tentando se lembrar do que mais havia visto no Google que se encaixasse com o que o austríaco havia dito e ela sorriu, fazendo com que ele unisse as sobrancelhas na direção dela, à espera da nova tentativa.
– Estamos indo para o Rio de Janeiro – pontuou e movimentou os ombros, projetando os lábios para frente como se dissesse que não sabia, mas sorriu vitoriosa porque ele não havia negado o seu novo chute. – Eu sempre tive o desejo de ir ao Cristo Redentor.
– Eu posso anotar essa dica para a nossa próxima vinda a Interlagos, mas nós não vamos ver o Cristo – ele balançou a cabeça e antes que a mulher tentasse outro lugar, ele se prontificou a encerrar as tentativas dela de acabar com a surpresa, ainda que estivesse sendo divertido. – Chega de chutes. Você está parecendo a Rosa...
A loira soltou uma gargalhada, balançando a cabeça de um lado para o outro ao ouvir a comparação, e, pelo pouco que conheceu da menina, sabia que ela era curiosa e que faria as mesmas perguntas. 
– Eu só não gosto muito de surpresas. 
– Por que não? 
– Quando você fala que vai ser uma surpresa, as expectativas são criadas e nem sempre elas podem ser superadas. Ou seja, gera uma frustração.
– Então, se eu quiser te surpreender, eu não posso te falar que vou fazer uma surpresa? – indagou, com o cenho franzido, tentando acompanhar a forma que a loira pensava.
– Até porque não faz muito sentido contar que vai fazer uma surpresa para a pessoa. 
levou uma das mãos até o queixo, soltando uma risada fraca pela resposta da mulher, mas teve que concordar com a cabeça porque ela estava certa — e ele havia aprendido a lição, não iria mais lhe contar quando fosse fazer uma surpresa.
– Agora você pode me dizer para onde vamos?
O austríaco soltou uma risada ao ouvir a pergunta e balançou a cabeça de um lado para o outro ao notar que a loira estava somente tentando persuadi-lo com aqueles comentários sobre surpresas.
– Nós vamos para o aeroporto – piscou na direção da loira e ela rolou os olhos com a resposta, virando o rosto para encarar as luzes da cidade, que passavam como um borrão pela janela.
O silêncio se instalou no carro e se permitiu se perder em seus próprios pensamentos. Achava um pouco curioso como estava há minutos se sentindo nervosa justamente por causa de e, agora, ali com ele, não existia esse sentimento. Ele era capaz de deixá-la tranquila sem nem mesmo fazer um esforço para isso.

x


– Onde nós estamos, ? – questionou ao virar o rosto para encarar o austríaco, que tinha um sorriso leve no rosto.
– Estamos em Angra dos Reis – respondeu o nome que havia aprendido com o brasileiro Felipe Massa. 
O austríaco havia conhecido o piloto na época em que ambos estavam na Williams e eles se tornaram próximos a partir dessa época, sempre mantendo contato quando era possível. 
Quando ficou sabendo que era o aniversário da loira, ele procurou o brasileiro para que o ajudasse com um lugar discreto, bonito e perto de São Paulo para que pudesse dar uma escapada com ela antes de retornarem para a Europa.
Felipe, então, havia sugerido o local, que era muito conhecido pela sua bela paisagem, e oferecido sua casa para que se hospedasse, que aceitou de pronto. Seria apenas uma noite, mas o suficiente para que pudesse celebrar o aniversário da loira em grande estilo e somente os dois.
havia entrado em contato com um funcionário da casa de Massa, pedindo que algo especial fosse preparado para o jantar e, pelas fotos que lhe enviaram, ele já sabia que estava tudo do jeito que tinha pensado.
Ao seu lado, não conseguiu repetir o nome que ele havia dito — e nem sabia que ele havia gastado uns bons minutos para aprender a pronúncia correta com Felipe e Rafaela.
Ela passou um dos braços pelos ombros do mais velho, aproximando os lábios da bochecha dele e depositou um beijo demorado no local. virou o rosto na direção dela, quando ela se afastou um pouco, e sorriu ao ver o sorriso presente no rosto da loira.
– Obrigada, .
Ele sorriu, selando os lábios nos dela e depois a trouxe para perto de seu peito. Os dois continuaram assim até que o helicóptero pousasse no heliponto que havia no jardim da casa.
desceu primeiro, ajudando a descer logo após e o piloto da aeronave se encarregou de retirar as bagagens enquanto eles eram recebidos por uma das funcionárias da casa.
– Boa noite! – a mulher de cabelos cacheados sorriu na direção dos dois, saudando em um inglês que era perfeito. – Eu me chamo Marta. Sejam muito bem-vindos.
– Boa noite, Marta – sorriu. – Eu sou o e essa é a – apontou para a loira ao seu lado, que acenou na direção da brasileira.
– Imagino que estejam cansados... O senhor Felipe disse que vocês viriam de São Paulo para cá – ela pontuou a informação que havia recebido e lançou um sorriso de conforto na direção dos dois. – Eu posso levá-los até o quarto?
Por favor. – a voz de soou como uma súplica e os três riram antes da mulher pedir para que eles a seguissem.
observou com cuidado cada detalhe da casa, que era do mais extremo bom gosto, todo em tons claros com um verde água. E, da sala de estar, mesmo sendo noite, podia escutar que o mar estava ali.
– Ali atrás é o mar? – indagou, curiosa, e teve que conter o ímpeto de segurar a cintura da loira para que ela não fosse para lá ou veria a surpresa muito antes da hora.
– É sim, senhora – Marta sorriu. – É uma vista muito bonita, mas é melhor apreciá-la durante o dia.
A loira mordeu o lábio inferior, balançando a cabeça em sinal de concordância, e girando o corpo para que pudesse voltar a seguir Marta, para o alívio de .
Os três seguiram para o segundo andar da casa, passando por um corredor extenso de quartos até que Marta parou em frente à penúltima porta, abrindo-a para que os convidados pudessem entrar.
– Esse é o quarto de vocês. Da varanda, dá para ver o mar – piscou na direção de , que soltou uma risada antes de entrar no espaço.
A loira deixou a bolsa de qualquer jeito sobre a cama e caminhou em direção à varanda, abrindo a porta rapidamente e saindo no espaço. 
Mesmo que estivesse de noite, ela conseguia ouvir o barulho das ondas quebrando e já conseguia ter uma pequena ideia de como ali era bonito com o dia claro.
Dois braços envolveram sua cintura, fazendo com que ela sorrisse ao sentir o peitoral do mais alto contra as suas costas e levasse uma das mãos até o pescoço dele, acariciando o local.
– Marta perguntou se gostaríamos de fazer um lanche e eu disse que sim – murmurou em um tom baixo e a loira concordou com a cabeça.
– Ótimo – sorriu. – Eu vou tomar um banho.
concordou com a cabeça, permitindo que a loira saísse de seus braços para que pudesse voltar para o quarto. Ele colocou as mãos na cintura e assistiu a abrir a bagagem para pegar algumas peças de roupa com um sorriso no rosto.
Ficariam menos de vinte e quatro horas, mas ele faria o possível para que fossem lembradas por muito tempo pelos dois. Torcia para que a amada gostasse da surpresa que, dessa vez, ele não iria contar qual era até o momento em que fosse ser mostrada.

🏎🏆✨


despertou lentamente, sentindo uma carícia contínua por toda extensão de suas costas. Ela manteve o rosto no travesseiro e um sorriso leve surgiu em seus lábios, mas seus olhos continuaram fechados.
soltou uma risada fraca, usando a outra mão para retirar alguns fios de cabelo que estavam no rosto da mulher e depositou um leve beijo em sua bochecha.
– Bom dia – murmurou um tom baixo e a mulher abriu os olhos lentamente por completo. – Vamos tomar café da manhã?
sorriu, se espreguiçando lentamente e girou o corpo, ficando de barriga para cima e puxando o lençol para que pudesse cobrir o corpo antes de olhar novamente para o austríaco.
– Bom dia, – riu, sentando-se na cama e passou os olhos pelo quarto antes de voltar a olhar para o homem sentado ao seu lado com os olhos presos nela. – Não vamos tomar café na cama?
riu de forma nasalada com a pergunta feita e balançou a cabeça de um lado para o outro, vendo a loira projetar os lábios para frente em um bico.
– E perder a bela vista do jardim? – arqueou as sobrancelhas na direção da loira em um convite e soltou um suspiro, concordando com ele.
Podia ver pelas janelas do quarto que o dia estava muito bonito e seria uma pena continuar dentro do quarto sem aproveitar aquela beleza, antes de voltar para a fria Londres.
– Eu vou me arrumar, então – murmurou antes de empurrar os lençóis e se levantar da cama, indo até a sua mala para que pudesse buscar um biquíni e a saída de praia que sempre costumava levar para alguns Grandes Prêmios que ela poderia aproveitar algumas horas na piscina.
sorriu em antecipação, deixando o corpo cair sobre a cama e levando as mãos para trás da cabeça. Ele encarou o teto enquanto escutava o barulho da água do chuveiro correndo e sentindo-se como uma criança repleta de expectativa para que pudesse mostrar logo a surpresa para a loira.
demorou cerca de quinze minutos se arrumando e, quando saiu do banheiro, se surpreendeu ao encontrar ainda parado dentro do quarto. Ele tirou alguns segundos para poder analisar a figura do chefe da Mercedes, sorrindo ao notar que ele usava uma blusa branca e uma bermuda azul escura.
também sorriu ao notar que a loira usava um biquíni preto com uma saída de praia florida por cima. Os cabelos caíam sobre os seus ombros e ela pegou os óculos de sol dentro da própria bolsa.
– Vamos? – sorriu, indicando que a loira fosse à frente e franziu o cenho com o fato de ele estar agindo de forma suspeita, mas seguiu na frente dela para fora do quarto.
e seguiram pelo corredor do segundo andar da casa e o austríaco diminuiu os passos, permitindo que a loira caminhasse a sua frente e chegasse primeiro à sala de estar para que pudesse ver o que havia sido preparado por ele. 
A chefe da Red Bull levou as mãos até a boca, soltando uma risada fraca ao perceber a sala inteira coberta por balões rosas e dourados, além de dois formando o número 30, perto de um pequeno bolo.
Girou sob seus próprios calcanhares, encontrando o austríaco parado com os braços cruzados na altura do peito e um largo sorriso. soltou uma risada, balançando os ombros e rompeu a distância que existia entre os dois para que pudesse colocar as mãos ao redor do pescoço dele enquanto era envolvida pela cintura.
– Feliz aniversário, – murmurou, segundos antes dos lábios de encostarem nos seus em um beijo lento.
– Obrigada por isso, sorriu, acariciando a nuca do homem e encarando as suas irises castanhas.
girou o rosto, depositando um beijo no antebraço dela antes de, outra vez, selar os lábios nos dela em um beijo demorado.
– Eu que agradeço por tê-la em minha vida,
A loira se sentia extremamente feliz. Parecia que o sentimento era capaz de exalar por todos os seus poros naquele instante porque era a primeira vez que ela sentia tão bem em amar e ser amada.
Permaneceu olhando nos olhos do austríaco e tomou uma lufada de ar. Aquele era o momento certo de dizer as três palavras porque ali, dentro dos braços de , ela sentia que não tinha mais espaço para o medo.
– Eu quero te dar um presente – murmurou, fazendo com que a loira piscasse algumas vezes, retornando à realidade. 
, você não precisa...
– Claro que eu precisava – ele interrompeu a frase dela, lhe lançando um sorriso antes de enfiar uma das mãos no bolso da bermuda que vestia para tirar a caixa que estava guardando com muito cuidado há alguns dias.
Os olhos dos dois ainda estavam conectados. se recusava a sair das irises castanhas do austríaco assim como ele se recusava a olhar para outro lugar  que não fosse o paraíso que os olhos azuis dela o proporcionavam. 
– Estou me sentindo um adolescente de tão nervoso – murmurou em meio a uma risada enquanto passava a pequena caixa de uma mão para a outra. – Há alguns dias em Viena, você me perguntou porque eu ainda não havia feito isso e a realidade era que eu estava esperando o momento certo... Um momento que você não fugisse de mim – ele riu outra vez. – Eu espero que você não fuja agora – arqueou as sobrancelhas e a loira somente concordou com a cabeça, respirando lentamente. – É incrível como que você me faz sentir um homem diferente, mais revigorado e, sem dúvida, mais feliz. Eu quis que a gente parasse com as regras porque eu queria te mostrar que a gente podia viver uma relação e agora, nada mais justo do que oficializar isso – o austríaco abriu a caixa que tinha em suas mãos, atraindo a atenção da loira. – , você aceita namorar comigo? 
piscou algumas vezes ao ver estender a caixa em sua direção e lhe lançar um sorriso em pura expectativa. A maneira como o seu coração começou a bater mais rápido, dessa vez não lhe trouxe preocupação ou medo, mas voltou ao mais puro sentimento de felicidade
O austríaco não podia negar que o medo ainda estava em seu corpo. Ainda se preocupava se a loira iria sair correndo ou simplesmente virar as costas para o seu pedido, mas a expressão em seu rosto não negava que ela parecia extremamente feliz naquele momento.
– Eu amo você,
A frase saiu por seus lábios de uma forma tão plena que ao homem coube apenas arregalar os olhos em total surpresa enquanto sorriu em sua direção, sentindo seus ombros relaxarem, como se um peso saísse do local. 
Foi impossível que os dois não se apressassem para selar os lábios um no outro em um beijo cheio de desejo e de amor. As mãos de voltaram a envolver o pescoço de enquanto ele tentava a prender próxima a sua cintura enquanto segurava a caixa do anel com a outra mão.
escondeu o rosto na curva do pescoço dele após romper o beijo, soltando uma risada nasalada e fazendo com que o austríaco risse também, ainda maravilhado pelo que havia acabado de escutar.
– Não que seja um segredo, mas eu amo você, girou a cabeça, depositando um beijo na nuca da loira. – Se importa em repetir?
afastou o rosto do pescoço dele, soltando uma risada ao ouvi-lo pedir para que ela falasse outra vez e parou de frente para ele outra vez. Ela ergueu a mão, para que ficasse na frente do peito do austríaco e lhe lançou um sorriso.
– Eu amo você – murmurou sem tirar o sorriso do rosto e piscou na direção do moreno. – E eu aceito ser a sua namorada, .
Ele sorriu, balançando a cabeça e se apressou para retirar o anel de dentro da caixa, não se importando com a mesma caindo no chão da sala, procurando o dedo da loira para que pudesse colocar o anel em sua mão direita.
esticou a mão para que pudesse observar o anel sua mão e era impossível que o sorriso saísse de seus lábios. Era um anel pequeno com a pedra em formato de coração, mas era extremamente delicado e poderia passar despercebido por algumas pessoas, o que a deixava mais tranquila.
– O que você achou? 
– É lindo, – riu fraco, retirando os olhos do anel para que pudesse encarar o austríaco. – É um lindo anel.
– Não tão lindo quanto você – piscou na direção dela, fazendo com que a loira soltasse uma gargalhada antes de balançar a cabeça de um lado para o outro, sentindo as mãos dele irem para a sua cintura novamente. – Clichê? 
 – Clichê demais, – riu. – Mas eu gostei.
sorriu, balançando a cabeça antes de puxar para mais um beijo, dessa vez mais envolvente que os outros, apertando-a contra o seu corpo e fazendo com que ela soltasse um suspiro entre o beijo.
O austríaco rompeu devagar o beijo quando o ar pareceu lhe faltar, descendo os beijos pelo pescoço da loira, fazendo com que ela mordesse o lábio inferior para que um gemido não escapasse em meio à sala de estar.
entrelaçou as mãos nas de , depositando um beijo demorado em seus lábios antes de dar um passo para trás, fazendo com que ela desse um para frente, franzindo as sobrancelhas ao vê-lo ir em direção à escada outra vez.
– Nós não íamos tomar café? – perguntou, confusa, fazendo com que ele sorrisse em sua direção. 
– Os planos mudaram – piscou, parando de caminhar e fazendo com que ela quase trombasse em seu corpo, franzindo as sobrancelhas outra vez, já não entendendo mais nada.
– Mudaram? 
Ele concordou com a cabeça, comprimindo os lábios antes de se curvar e pegar a loira em seu colo, fazendo com que ela soltasse um gritinho pelo susto. se segurou no pescoço dele enquanto voltava a caminhar em direção ao segundo andar para que pudesse ir para o quarto.
Não demorou muito para que seu corpo fosse atirado sobre a cama e ela caísse sobre o macio. ergueu o corpo, ficando sobre os próprios cotovelos e assistiu a puxar a própria camisa pela cabeça, atirando-a para um canto qualquer do quarto.
– O novo plano é não te deixar mais sair de dentro desse quarto – piscou e arfou em surpresa com a frase, vendo o austríaco se deitar sobre ela lentamente.
sorriu, puxando o austríaco em sua direção para que pudesse juntar os lábios nos dele em um beijo apressado. As mãos dele percorriam toda a extensão do corpo dela enquanto uma de suas pernas estava no meio das dela, sentindo a loira movimentar o quadril em busca de um maior contato entre as suas partes íntimas.
afastou os lábios dos dela, descendo por seu pescoço e traçando um caminho lastro de beijos em direção ao colo de . Tratou de empurrar a parte de cima do biquíni que ela usava para baixo para que pudesse ter amplo acesso aos seus seios e a loira arqueou as costas quando sua boca tomou o esquerdo.
puxou os cabelos castanhos do homem em uma tentativa de estragar as sensações que percorriam o seu corpo, deixando que os gemidos escapassem por seus lábios sem nenhum tipo de pudor.
Se pudesse, gritaria para o mundo inteiro ouvir o quanto se sentia bem com e o quanto o amava. 
Soltou um suspiro quando ele se afastou de seu corpo, sorrindo em sua direção, com os lábios levemente avermelhados e os cabelos bagunçados, de uma forma que só servia para deixá-lo ainda mais charmoso que o normal.
teve vontade de esfregar uma perna na outra, mas não conseguiu porque ele estava bem no meio delas. Porém, a atitude não passou despercebida por ele, que soltou uma risada fraca.
– Ansiosa? 
– Completamente.
O austríaco soltou uma risada, colocando cada mão em uma lateral da parte de baixo do biquíni dela, e as puxou para baixo, fazendo com que a peça deslizasse por suas pernas e a atirou em um lugar qualquer do quarto. 
se apressou em erguer um pouco o corpo para que pudesse se livrar de uma vez da parte de cima do biquíni e da saída de praia que usava, ficando completamente nua, para a alegria de , que tirou alguns segundos para observar o corpo da mulher a sua frente.
se remexeu sobre a cama, deitando seu corpo e depositou um beijo em cada lado da parte interna das coxas da loira, fazendo com que mexesse os quadris em antecipação. 
fechou os olhos e um gemido sôfrego sair por sua boca assim que a língua dele entrou em contato com sua intimidade. Os movimentos se iniciaram bem devagar, quase causando uma irritação nela, mas logo começaram a ganhar o ritmo que ele sabia que ela gostava.
Não demorou para que ele introduzisse um dedo dentro de sua intimidade, o que fez com que ela remexesse o quadril com força contra a sua face. Ele riu, colocando o braço sobre a barriga da loira para que ela não se movimentasse de uma forma tão abrupta.
suspirou ao sentir que ele aumentava de maneira gradativa os movimentos. Ambos sabiam que ele já a conhecia o suficiente para saber como levá-la a um orgasmo. Já fazia muito tempo que tinha na palma de sua mão quando se tratava de sexo — e ela não podia negar que adorava saber o quanto ele a conhecia bem.
Seu interior começou a se contrair e seus quadris voltaram a se movimentar de uma forma quase que involuntária contra o rosto do austríaco enquanto ele mantinha os movimentos fortes, bem como sua língua se movimentando por toda extensão de sua intimidade.
levou uma das mãos até os cabelos dele, a enterrando no local enquanto sentia o corpo inteiro tremer e gostosa sensação após o orgasmo tomar conta de seu corpo, causando leves espasmos é um sorriso largo em seu rosto.
se afastou, ouvindo um muxoxo quando retirou o dedo de dentro dela e se apressou para selar os lábios dos dela em um beijo demorado para que ela pudesse sentir seu próprio gosto nos lábios dele, a maravilha que ele se viciava cada vez mais.
– De quatro, – mandou assim que se afastou da loira, vendo um sorriso surpresa surgir no rosto dela e ele se levantou da cama para que pudesse se livrar da bermuda que vestia.
Levou a mão direita até o próprio membro enquanto seus olhos focavam em ficando sob as mãos e os joelhos na cama, empinando a bunda o mais alto que conseguia. Ela girou um pouco o pescoço, não entendendo a demora do homem, e sorriu ao ver que a mão dele subia e descia pelo próprio membro.
– Eu adoraria fazer isso, sabe... – murmurou, mas recebeu uma risada em resposta antes de desferir um tapa em uma de suas nádegas, fazendo com que seu corpo fosse projetado um pouco para frente e a ardência tomasse conta do local.
– Eu estava morrendo de saudade disso, – ele murmurou em meio a uma risada fraca, passando a mão pelo local para que pudesse suavizar a palmada que havia sido dada e sorriu, mordendo o lábio inferior. 
– Eu sou sua, murmurou, olhando por cima do próprio ombro para o austríaco, que sorriu ao ouvir as palavras, ficando de joelhos sobre a cama.
distribuiu um novo tapa na bunda da loira, sorrindo ao ouvi-la gemer alto e a penetrou de uma vez só, fechando os olhos com força e proferindo alguns xingamentos em alemão com o próprio movimento.
O som de seu corpos se chocando um com o outro preenchia o ambiente misturando-se com os gemidos que saiam sem pudor pelos lábios dos dois. 
A luz que entrava pela porta da varanda do quarto era o suficiente para contemplar a cena e parecia que eles queimavam tanto quanto o sol que estava do lado de fora.
Não existia a menor dúvida de que eles eram a sinfonia perfeita. Se conheciam como ninguém e se preenchiam como ninguém.
levou uma das mãos até a nuca da loira, fazendo com que ela erguesse o corpo, indo de encontro ao peito dele. Ela sorriu ao sentir a mão dele apertando o seu seio e colocou a mão em sua nuca, sentindo a respiração lhe faltar enquanto ele aumentava os movimentos dos próprios quadris contra os dela.
– Eu amo você, – a frase saiu em meio a sua respiração entrecortada e sorriu ao ouvi-la, sentindo o seu corpo inteiro se arrepiar.
Era incrível saber que era amada.
Era mais incrível ainda saber que amava.
Puxou os cabelos da nuca do homem, girando um pouco seu rosto para que pudesse encará-lo, mesmo que fosse de canto de olho, e lhe lançou um sorriso antes de proferir a frase que soava como a melhor música do mundo para os ouvidos de .
– Eu amo você! – sorriu, gemendo ao sentir os dedos dele se movimentando sobre o seu inchado clítoris. – Eu amo você, .
Os dois se beijaram de forma desajeitada, mas ainda era viciante sentir os lábios de sobre os seus. Poderia se desfazer em meio aos lábios dela, queria morar ali para que nunca se esquecesse da doçura que eles possuíam.
As estocadas começaram a ser um pouco menos firmes e podia sentir um comichão abaixo de seu umbigo. Apertou mais o rosto de contra o seu, esforçando-se para que conseguisse levá-la a mais um orgasmo e, quando sentiu o corpo da loira tremer sob os seus braços, se derramou dentro dela outra vez.
Os dois gemeram alto ao mesmo tempo e permitiram que seus corpos caíssem sobre a cama logo após atingirem o ápice. O austríaco rolou para o lado, ouvindo um muxoxo ao se retirar de dentro dela, o que fez com que ele soltasse uma risada fraca.
– Assim você vai me matar, – murmurou em meio a uma nova risada, levando uma das mãos até o peito para que pudesse sentir a forma acelerada como o seu coração batia, não apenas pela árdua movimentação, mas também por ter escutado a loira falar outra vez que o amava.
Havia poucos minutos que ela havia falado pela primeira vez e ele ainda não conseguia se acostumar com aquilo. Por tantas vezes sonhou com aquele momento que, agora que havia acontecido, ele tinha vontade de pedir para que ela repetisse a cada dez segundos apenas para poder ter certeza que ela ainda se sentia daquela maneira.
Estava realizado por saber que, assim como não existia mais dúvidas para ele, também não existia mais nenhuma dúvida para ela. Eles se amavam, eram um casal e essas duas coisas eram tudo o que eles precisavam.
– Eu já te disse que essa seria uma excelente forma de morrer... – murmurou, girando o corpo se aproximando para que pudesse colocar a cabeça sobre o peito dele, que ainda se normalizava.
– Antes eu morreria apenas pelo sexo maravilhoso que você me prorpociona toda as vezes...
– E agora você morreria por cause do quê? – colocou o queixo sobre o peito do austríaco, o encarando enquanto ele soltava uma risada fraca, olhando para baixo e encontrando as irises azuis em sua direção.
– Agora eu morreria porque você completou esse momento dizendo que me ama. 
Os lábios de se curvaram em um largo sorriso enquanto suas bochechas queimavam pela resposta dada pelo austríaco. Mas ela também sentia que seu coração estava prestes a saltar de seu peito todas as vezes em que falou que o amava.
Não havia conseguido dizer as três palavras por tanto tempo, tinha tanto medo de proferi-las que, agora que havia conseguido, era como se elas sempre tivessem feito parte de seu vocabulário. 
Era fácil dizer que ama .
Era mais fácil ainda amar .
E ela não poderia se sentir mais leve e feliz por saber disso. 
x


e comiam em silêncio, aproveitando a bela vista que o jardim da casa possuía. A brisa que batia nos dois balançava os seus cabelos e era capaz de refrescar o sol quente presente no céu daquela segunda-feira. document.write(Wolff) vibrou sobre a mesa, interrompendo o silêncio e atraindo a atenção dos dois. Ele riu, deixando o talher de lado para buscar o aparelho sobre a mesa e vendo o nome de Stephanie na tela, indicando uma chamada de vídeo.
– Aconteceu algo? – perguntou preocupado, mas sorrindo ao ver Rosa do outro lado da linha e não a sua ex-esposa.
Oi, papai! – ela sorriu, balançando a mão em um aceno na direção do pai. – Mamãe falou que é aniversário da ... Eu posso falar com ela?
A loira arqueou as sobrancelhas ao ouvir o seu nome sendo citado e pode vir rindo com a frase da pequena antes de virar o celular na direção dela.
– Rosa quer falar com você. 
sorriu, pegando o celular da mão do homem e o virando em sua direção, sorrindo ao ver a pequena do outro lado da tela.
Oi, ! – Rosa sorriu, acenando com a mão. – Feliz aniversário para você! 
– Obrigada, querida – sorriu, realmente tocada pela menina ter tido o trabalho de ligar para eles para que pudesse falar com ela. 
Onde vocês estão? – indagou, curiosa, fazendo com que risse e Stephanie a repreendesse ao fundo da chamada. – Mamãe disse que eu sou uma grande fofoqueira.
– Não se preocupe – sorriu, balançando os ombros para mostrar que não era nada demais. – O seu pai me fez uma surpresa e nós ainda estamos no Brasil.
Vocês estão na praia? – a loira balançou a cabeça em sinal de afirmação e a menina sorriu de forma larga. – Nós podemos ir à praia a algum dia?
retirou os olhos da tela para encarar , que parecia se divertir com a conversa, e não podia negar que adorava ouvi-la fazer planos do futuro.
– Claro que nós podemos! – sorriu de forma animada. – Primeiro, vamos cumprir nosso passeio de kart e, no próximo verão, podemos ir para a praia. O que você acha?
Sim! Sim! – a menina se animou. – Eu acho que é uma ideia muito boa, ! – sorriu, girando o rosto para procurar pela mãe. – Mamãe, e o papai vão me levar para a praia! 
Isso é ótimo, querida! – Stephanie falou em um tom mais alto antes de se aproximar do celular para que pudesse parabenizar a loira. – Feliz aniversário, ! Eu espero que você tenha uma bom dia...
– Obrigada, Stephanie! – sorriu na direção da mulher. – Como você está?
Estou bem, querida, e vocês, estão se divertindo? 
sorriu malicioso com a pergunta, fazendo com que tossisse levemente enquanto a austríaca balançou a cabeça de um lado para o outro, não querendo nem ouvir a resposta a sua pergunta.
Ok, não precisam me responder... – ela riu, levando uma das mãos até o rosto. – Nós não queremos atrapalhar o momento de vocês.. 
Tchau, ! Tchau, papai! – Rosa acenou em despedida e virou a câmera do celular para que pudesse acenar para a menina em despedida, encerrando a ligação e colocando o aparelho sobre a mesa outra vez.
– Bom é que a minha filha agora nem mesmo quer falar comigo... – o austríaco murmurou em meio a uma risada antes de levar o copo de suco até a boca. 
– E nós estamos com plano para quando voltarmos para a Inglaterra e para o próximo verão – ela sorriu, balançando a cabeça.
– Podemos fazer planos para as férias de inverno também... O que você acha? 
franziu as sobrancelhas em sinal de confusão, mas ficou animada com a proposta, enfiando um pedaço de melancia na boca.
Se fosse em um outro momento, estaria morrendo de medo da possibilidade de ir passar as férias com e a família dele, mas, agora, se sentia leve e tranquila para isso. Havia sido muito bem recebida pelos filhos dele e criado uma boa relação com Rosa, podia até ficar ansiosa para o passeio.
– Férias de inverno? 
– Sim, no final da temporada – sorriu. – Nós poderíamos ir para a Suíça. Ben e Rosa adoram esquiar...
– Eu sou um verdadeiro caos para esquiar – soltou uma risada fraca, levando uma das mãos até o rosto. – Mas, parece uma boa ideia para as festas de fim de ano.
– Onde você costuma passar o Natal? 
– Eu costumo viajar para Bristol para ficar com Audrey para que não fiquem apenas ela e Betty – sorriu fraco.
– Para onde os outros vão nessa época? – indagou curioso, mas balançou a cabeça ao notar que talvez tivesse soado como um fofoqueiro. – Me desculpe se for invasivo...
– Não é invasivo, – sorriu na direção dele. – Brook costuma viajar para ficar com a Margarethe e Ruggero viaja para ficar com os filhos da Adelaide em Cambridge. 
– Podemos levar Audrey e Betty também – o austríaco sorriu na direção da loira. – Ficamos em minha casa por lá até o réveillon. O que acha?
sorriu, contente por ele ter incluído as duas em seus planos porque elas eram importantes para a sua vida e seria incrível tê-las ao seu lado, tendo a chance também de conhecer e os filhos dele melhor.
– Me parece uma ótima ideia, – sorriu, confirmando com a cabeça. – Vocês têm alguma tradição natalina?
– Presentes, com certeza – riu, balançando os ombros. – E temos o costume de fazer uma ceia na noite de Natal... Nada demais.
concordou com a cabeça porque a parte da ceia também era comum em seu Natal com Audrey e Betty, apesar de não terem o costume de trocar presentes.
– Audrey gosta de tocar também. 
– Teremos finalmente o conserto, então? – sorriu, animado com a possibilidade de conseguir reunir as duas famílias para as festas de fim de ano e sorriu também a sua frente. 

🏎🏆✨


O dia parecia ter passado voando, mas e haviam aproveitado o máximo que conseguiam. Os dois aproveitaram para tomar sol, nadar e aproveitar o belo dia de sol que estava no Brasil porque eles sabiam que teriam que enfrentar a Inglaterra nublada quando retornassem.
também aproveitou para trabalhar um pouco porque, mesmo que os dois tivessem tirado o dia de folga, os trabalhos na fábrica em Brackley estavam fortes porque eles haviam acabado de virar o campeonato. 
Por telefone, Jessica havia avisado que a equipe tinha entrado com o recurso contra a decisão dos comissários quanto a defesa de Matt em uma tentativa de ultrapassagem de Lewis no dia anterior. 
Ele tinha quase certeza de que aquele recurso não seria aceito, mas a decisão poderia abrir um certo precedente e causar uma discussão entre as equipes e pilotos.
também havia sido avisada do pedido de revisão feito pela Mercedes, mas decidiu que era melhor não comentar nada com o homem para que não causasse nenhum mal-estar entre os dois que corresse o risco de estragar o dia incrível que eles estavam tendo.
fechou a tela do notebook, após responder alguns e-mails, observando deitada em uma das espreguiçadeiras ao redor da piscina com o celular em mãos. Sorriu, levantando-se da cadeira em que estava sentado, na sombra, e caminhou em direção a loira.
– Parece que nós teremos um fim de temporada muito movimentado – comentou em meio a uma risada fraca, sentando-se entre as pernas da loira, que retirou os olhos do feed do Instagram para que pudesse olhá-lo.
– Você achou que seria diferente? – riu, balançando a cabeça e deixando o celular sobre o colo. – Os dois campeonatos estão, tecnicamente, empatados.
– Mas, vocês podem decidir ambos já na próxima corrida. 
sorriu com a frase do austríaco porque, de acordo com uma combinação de resultados, o holandês poderia ser campeão na corrida do Catar — e aquela possibilidade trazia um sorriso para o rosto da chefe da Red Bull, apesar de trazer um pouco preocupação também.
– Eu não acredito que a Mercedes vai deixar isso acontecer tão fácil... – murmurou com um sorriso no rosto, colocando as pernas sobre o colo de e fazendo com que ele colocasse as mãos sobre as suas canelas.
– Isso com certeza – balançou a cabeça em sinal de confirmação, fazendo com que ela risse, ciente que nada estava ganho e que só ficaria realmente tranquila ao final da temporada.
Sentados na espreguiçadeira, os dois assistiram ao sol se pôr em total silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro porque sabiam que, a partir dali, as coisas ficariam ainda mais intensas, teriam que estar preparados.

Capítulo 26

, como você está? – Dorothea sorriu ao ver a loira adentrar o consultório com um largo sorriso no rosto, muito diferente de outras diversas consultas.
– Estou bem, Dorothea – sorriu, sentando-se no sofá e deixando sua bolsa ao seu lado, sendo observada pela mais velha em cada movimento. – Muito bem, na verdade.
– Muito bem? – tentou esconder a surpresa ao ouvir a resposta, pegando seu bloco de folhas e a sua caneta para que pudesse se sentar na poltrona que ficava de frente para o sofá. – Pode me dizer a razão disso?
– A corrida no Brasil foi uma grande porcaria – riu fraco, balançando os ombros –, mas eu tive uma segunda-feira maravilhosa em um lugar com o . Foi tudo preparado por ele para que a gente pudesse comemorar o meu aniversário... Ele me pediu em namoro – levantou a mão direita para que pudesse mostrar o anel que usava e abaixou logo após, encarando a peça por alguns segundos. – Eu disse que eu o amo.
– Além de estar muito bem quanto a isso, pode me dizer melhor como está se sentindo?
– Eu me sinto feliz – a loira soltou o ar. – Me sinto feliz porque sei que estou sendo amada e por saber que estou amando. É como se um peso tivesse ido embora dos meus ombros... Me sinto mais leve.
– Certo – a psicóloga fez algumas anotações. – E como você se sente ao saber que retornará ao seu trabalho no próximo fim de semana como a namorada dele?
– Nós não vamos assumir o nosso namoro de forma pública – explicou. – Pelo menos, não por agora. As consequências ainda podem ser muito ruins para mim.
– Mas ser a namorada dele não te faz querer estar ao lado dele publicamente? Seja em uma corrida ou em um jantar?
– Sim – sorriu. – É tudo que eu mais quero poder andar pelo paddock ao lado do , mas eu sei que eu não posso ter isso. Não nesta temporada...
– Por que não?
– Querendo ou não, eu ainda estou tentando provar que eu sou uma boa chefe de equipe, ainda estou tentando levar a RBR à conquista do título. Se eu assumir a minha relação com o agora, isso pode me afetar e afetar diretamente a minha equipe. Eu já consigo ver as notícias sobre como ele deixou que eu ganhasse – riu sem humor.
– Então, você acredita quê, caso ganhe os títulos dessa temporada, será mais fácil assumir com o ?
– Eu acho que sim – balançou os ombros. – Eu já teria provado que eu sou capaz de levar a minha equipe ao sucesso e isso serviria para calar a boca de algumas pessoas.
– Certo – Dorothea balançou a cabeça, fazendo mais algumas anotações antes de encarar a loira a sua frente outra vez. – Você disse que conseguiu falar que o amava e que foi como se um peso saísse de seus ombros. Poderia me explicar melhor?
– Eu estava há algumas semanas tentando dizer, mas parecia que havia um nó na minha garganta que me impedia de fazer isso até que eu decidi parar de me cobrar porque iria acontecer em um momento certo... A frase praticamente escapou dos meus lábios e, quando eu me dei conta, ele já tinha os olhos brilhando em minha direção e eu já conseguia repetir.
Dorothea concordou com a cabeça fazendo mais algumas anotações antes de fechar o bloco de folhas e levantar o olhar para encarar a paciente.
, o que você acha de nós aumentarmos o espaço entre as nossas consultas?
A loira uniu as sobrancelhas em sinal de confusão, não compreendendo muito bem a razão da pergunta da psicóloga. Entretanto, conseguia se considerar bem melhor do que anteriormente.
– Eu não sei... – riu fraco. – Quer dizer, eu me sinto bem agora, mas eu não se eu vou continuar bem assim.
– Você está estável, . Já tem algumas semanas que você se senta aqui com perfeita noção das coisas e não tem crises de ansiedade. Eu acredito que nós possamos espaçar as nossas consultas para a cada vinte dias a partir de agora – a mulher fez uma pausa antes de voltar a falar. – Pode ser que você ache difícil agora no início, mas eu tenho certeza de que você vai continuar bem e que vai dar tudo certo.
A loira balançou a cabeça em sinal de confirmação porque era capaz de compreender ao que a psicóloga se referia, mesmo que tivesse com um pouco de receio de ter consultas tão espaçadas uma da outra.
Certamente, era algo que ela teria que se acostumar, mas sentia que estava bem e isso era o que bastava para acalmá-la por aquela decisão.

🏎🏆✨


Com o fim da temporada se aproximando, tudo ficava mais intenso porque, além de precisar corrigir todos os possíveis erros, as equipes também tinham que ter os olhos na temporada seguinte, que viria com um novo regulamento e novo modelo de carro.
Com isso, tanto quanto passavam mais tempo com suas equipes, trabalhando e analisando tudo o que estava sendo feito para que pudessem chegar à corrida do Catar nas melhores condições para conseguir ganhar a corrida.
ainda estava em vantagem. Afinal, com uma combinação de resultados, Matt Hakvoort poderia ser campeão naquela corrida e a Red Bull também poderia se consagrar a campeã do campeonato dos Construtores.
A chefe da equipe austríaca estava uma pilha de nervos com aquela mera possibilidade, embora, como ela mesmo tinha dito para quando ainda estavam no Brasil, não acreditava que a Mercedes fosse deixá-los ganhar tão fácil, já que naquela combinação de resultados, Lewis precisava ou chegar em oitavo ou não completar a prova.
Então, ainda que achasse incrível conseguir ganhar os dois campeonatos com duas corridas de antecendência, imaginava que não seria possível. Mas isso não a deixava triste porque estava sendo uma competição acirrada e nada mais justo do que ser levado até o último fim de semana possível.
retirou os scarpins assim que fechou a porta do apartamento, já sendo recebida por Ariel, e se agachou para que pudesse brincar com a mesma, pegando a bolinha verde que ela tinha na boca e a atirando pela sala do apartamento.
Riu ao ver Ariel correr em disparada para buscar o objeto e, pouco tempo depois, retornar com ele na boca para que a loira pudesse repetir a brincadeira.
– Ok, Ariel, já chega – murmurou após alguns longos minutos naquela brincadeira, levantando-se do chão para que pudesse ir tomar uma ducha.
A Jack Russell Terrier chorou, fazendo com que sorrisse fraco, mas continuasse o caminho para o banheiro porque realmente precisava de um banho para conseguir revigorar as suas energias.
O dia de havia sido repleto de reuniões. Ele havia conversado com os outros acionistas da Mercedes, alinhado coisas com a equipe, gravado algumas coisas para o pessoal da mídia da equipe e visitado o novo carro para 2022.
No fim do dia, ao invés de ir para sua casa em Oxford, ele decidiu que era melhor ir para Londres para estar com . Desde o retorno dos dois do Brasil, na semana anterior, eles não tinham se visto e se falavam apenas por mensagem de texto — o que não era suficiente para ele acabar com a falta que sentia da mulher.
O austríaco decidiu que seria bom comprar uma comida tailandesa para levar para que pudessem jantar, já que, conhecendo , sabia que, assim como ele, ela estava cansada depois de um dia de trabalho e a última coisa que queria era ter que se preocupar em fazer algo para comer.
Ele cumprimentou o porteiro, seguindo para o elevador do prédio e apertando o botão do andar em que ficava o apartamento da loira. Esperava que ela não estivesse com visita ou que não tivesse saído já que não avisou que iria chegar por lá — mas sabia que ela ficaria feliz com a visita.
suspirou ao ouvir o som da campainha ecoar pelo apartamento pela segunda vez e os latidos de Ariel se intensificarem na sala de estar. Ela terminou de abotoar a lingerie que havia colocado e saiu do quarto em direção à sala para abrir a porta.
A loira puxou a porta, permanecendo com o corpo atrás da mesma, apenas com a cabeça aparecendo,  o que fez com que unisse as sobrancelhas em sinal de confusão antes de soltar uma risada fraca.
– Eu atrapalho alguma coisa?
– Não, claro que não – riu da expressão no rosto do homem e abriu mais a porta, permitindo que ele pudesse entrar em seu aparamento. – Eu não imaginei que você viria...
adentrou o apartamento, girando o corpo sobre os próprio calcanhares e sorriu de forma maliciosa ao ver a loira usando apenas uma lingerie preta.
– E você abre a porta do seu apartamento assim sempre? – questionou em um tom jacoso, alisando o próprio queixo enquanto a loira rolou os olhos.
– Nem sempre – ela balançou os ombros. – Tem vezes que eu abro a porta estando nua.
gargalhou, jogando a cabeça para trás ao ouvir a resposta e, quando seu riso cessou, andou na direção da mulher, a envolvendo pela cintura com a mão livre para que pudesse beijá-la.
– Uma pena eu nunca ter tido essa sorte – disse assim que os dois romperam o beijo e ergueu a mão que segurava o saco em que estava a comida que havia trazido. – Eu trouxe comida.
– Ótimo, porque os meus planos eram simplesmente me jogar na cama, sem comer mesmo – riu, retirando o saco das mãos dele e indo em direção à cozinha enquanto ele se abaixava para brincar com Ariel, que estava demandando sua atenção desde que ele havia entrado no apartamento.
– Eu acho que a Ariel é uma mercedista – murmurou após uma longa sessão de carinho e brincadeiras com ela enquanto esquentava a comida que ele havia trazido.
– Já eu acho que é o seu charme – ela respondeu, servindo duas taças de vinho para eles e o austríaco ergueu as sobrancelhas. – Você é capaz de conquistar qualquer mulher e você sabe disso.
– É? – questionou, levantando-se do chão e indo até a bancada que separava os dois ambientes.
– É – frisou em resposta. – A Masolin, na corrida em Mônaco, é uma grande prova disso.
– O dia que você teve ciúmes porque eu disse que ela estava espetacular – o austríaco riu e ela rolou os olhos antes de levar a taça de vinho até a boca, dando um longo gole na bebida.
– E a fez ficar cheia de risadinhas – a expressão da loira se fechou, fazendo com que ele risse de novo antes de trazê-la para perto dele.
– Eu achei que eu já tinha deixado claro o suficiente que a única mulher que eu quero conquistar é você – disse com a boca próxima à têmpora da loira, o que fez com que ela sorrisse fraco em meio ao arrepio que percorreu seu corpo. – Não há nenhuma outra a não ser você, .
Ela concordou com a cabeça, adorando ouvir aquelas palavras, e girou o rosto para que pudesse unir os lábios aos dele em um beijo lento.
sorriu ao sentir o gosto do vinho sendo partilhado entre os dois, aproveitando para aprofundar o beijo, permitindo que sua língua invadisse a boca da loira em um beijo mais cheio de desejo e a prensando contra a ilha da cozinha.
soltou um gemido sôfrego quando os lábios do austríaco foram para o seu pescoço, encontrando um ponto de prazer e forçando os lábios ali enquanto as suas mãos passeavam pelos seus cabelos em uma tentativa de descontar toda a mistura de sentimentos que preenchia o seu corpo.
Com a ponta dos dedos, ele abaixou a alça da lingerie que ela usava, deixando que a peça caísse sobre seu braço e a puxou um pouco para baixo, revelando o seu seio.
levou os lábios até o bico iniciando uma série de carícias na região enquanto esfregava uma coxa na outra, sentindo o tesão aumentar cada vez mais por seu corpo.
...
O nome saiu como um gemido, o que fez com que o austríaco levasse uma das mãos até a intimidade da mulher. Ele tratou de afastar as pernas dela e, no exato momento em que seu dedo indicador e o médio passaram por cima do tecido fino da calcinha, colocou mais força no aperto que tinha em seus cabelos e ele mordiscou o bico entumecido do seio dela.
O ambiente já estava totalmente empesteado pelo calor que os dois corpos emanavam e eles estavam em sua própria bolha, aproveitando as carícias que proporcionavam um para o outro, permitindo que os gemidos escapassem sem nenhum pudor.
já havia afastado a calcinha que a loira usava e se alternava entre seus seios enquanto os dedos entravam e saíam da intimidade de com fervor, fazendo com que ela movimentasse os quadris em busca de uma maior fricção para que pudesse atingir o ápice.
O som do celular da loira tocando preencheu o ambiente e apertou os olhos com força, com uma parte de sua mente praguejando quem quer que fosse que estivesse ligando naquele momento, enquanto a outra se mantinha firme no propósito de atingir o orgasmo.
ameaçou parar com os movimentos quando ouviu o celular, mas o aperto da loira em seus cabelos fez com que ele a olhasse no instante em que ela pediu em meio a voz entrecortada:
– Não para, ... – ele concordou em silêncio, voltando a aumentar a velocidade dos dedos e a mordiscar o seio da podia. – Eu estou tão perto... 
O gemido alto que a loira soltou, bem como a forma que seu corpo tremeu sob o toque do moreno, fizeram com que ele sorrisse e depositasse um beijo em seu colo antes de procurar os seus lábios para um novo beijo tentador.
retirou os dedos de dentro de , os trazendo até a própria boca para que pudesse sentir o sabor da loira e ela sorriu, totalmente inebriada com a sensualidade do momento, tentando inverter as posições para que o austríaco ficasse contra a ilha, mas ele balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Não, ... – selou os lábios nos dela mais uma vez. – Hoje é sobre você.
sentiu o arrepio percorrer novamente a sua espinha e assistiu ao namorado retirar a blusa que vestia, jogando-a em um canto qualquer do local, levando as mãos para a calça que usava.
Apressada, ela beijou o peito dele onde conseguia alcançar, tornando difícil a missão dele de brim a própria calça.
O toque do celular voltou a tomar conta do ambiente e bufou contra o peito do austríaco, que soltou uma risada fraca.
– Pode ignorar – ela murmurou, pouco se importando com o barulho e ele soltou uma risada.
– Da última vez que fomos interrompidos assim, eu tinha uma reunião para participar – ele sorriu, se lembrando de quando estavam de férias e a loira rolou os olhos. – Talvez você deva atender.
– Se for alguém da Red Bull me chamando para uma reunião, eu vou mandar para a casa do cara... – a frase morreu no instante em que os olhos azuis da loira leram o nome de Betty na tela do celular e as suas sobrancelhas se juntaram em sinal de pura confusão. – Betty? Está tudo bem com a Audrey?
– Está tudo ótimo com a vovó, , se acalme! – a voz descontraída de sua prima fez com que ela se acalmasse e soltasse um suspiro. – Está muito difícil falar com você... Estamos te ligando há muito tempo.
– Eu estava ocupada – murmurou em meio a uma risada, coçando a própria nuca enquanto a encarava sem entender o que estava acontecendo. – Se a vovó está bem, por que está me ligando?
– Brook deu à luz, Ali! – a loira se sentou no sofá, levando uma mão só peito ao escutar a frase e sua boca se abriu em sinal de surpresa. – É uma linda menina.
– Meu Deus... – soltou uma risada fraca. – Como elas estão?
– As duas estão bem – Betty informou. – Você virá visitá-las?
soltou um suspiro longo e demorado, ainda com o celular preso ao ouvido, ponderando se devia ou não ir para Bristol para conhecer a sobrinha.
Em sua mente, piscava o sinal de alerta porque teria que estar no mesmo ambiente que Margarethe, mas também sentia que deveria estar presente naquele momento importante para a irmã.
– Margarethe ainda não está aqui – Betty disse, praticamente lendo os pensamentos da prima. – Scott está tão louco que virou pai que eu quem estou avisando para as pessoas. Você foi a primeira que eu liguei e, se você vier, eu só vou avisar para a bruxa amanhã, depois que você estiver bem longe de Bristol.
– Eu admiro o seu cuidado comigo, Betty, mas não acho que isso seja justo. Ela é avó.
– A menina pode continuar mais algumas horas no mundo perfeito sem conhecer a bruxa que terá como avó, . Vamos dar esse pouquinho de alegria para ela, afinal, ela já veio para esse mundo e as coisas não são fáceis.
mordeu o lábio inferior, ainda incerta quanto a ir. a assistia de longe, sem entender nada do que estava acontecendo, e bebia vinho com a sua curiosidade aflorada para saber qual era o assunto que havia deixado a loira daquela maneira.
– Eu sei que você está pensando e eu vou fazer assim: a bruxa só vai ficar sabendo amanhã à tarde. Se você quiser vir para Bristol, venha com a certeza que você não irá encontrá-la.
A mulher de cabelos alaranjados finalizou a ligação e soltou uma risada fraca pela forma como que a prima era direta nos assuntos. Deixou o celular de lado, virando-se para que apenas a observava.
– O que aconteceu? – ele perguntou, preocupado, ainda que o sorriso fraco no rosto da loira e a expressão no geral não mostrassem que ele deveria estar assim.
– Eu ganhei uma sobrinha – murmurou em meio a uma nova risada. – Betty ligou para avisar.
sorriu de forma larga com a novidade e ergueu a taça em um sinal de brinde, fazendo com que ela risse antes de balançar os ombros.
– Você quer ir para Bristol? – questionou com as sobrancelhas arqueadas e a primeira resposta que recebeu foi um suspiro.
– Eu não sei – balançou a cabeça de um lado para o outro, projetando os lábios para frente em um bico enquanto ele concordou com a cabeça, dando o espaço necessário para que ela exibisse o seu pensamento, se quisesse. – Eu não me sinto bem estando em Bristol, mesmo com a Betty tendo me dito que Margarethe não estará por lá até amanhã.
– Você me disse que ir para o casamento da Brooke era importante para ela – pontuou, vendo a mulher concordar com a cabeça. – Não acha que esse momento também seja?
mordeu o lábio inferior, olhando para os próprios pés ao escutar a pergunta do namorado. O questionamento a fazia pensar que, mesmo que ela e Brooke tivessem suas diferenças, ela sempre quis estar por perto da irmã.
– Estar lá nesse momento vai me faz lembrar tudo que eu não pude ter.
uniu as sobrancelhas ao ouvir a resposta e deixou a taça de vinho de lado para que pudesse ir até a loira. Segurou as mãos dela, fazendo com que ela o encarasse e viu o olhar triste que ela possuía naquele momento — que fora capaz de quase partir o seu coração em milhares de pedaços.
– Tudo, o quê?
A pergunta saiu em um tom baixo e ele só queria mesmo confirmar se ela estava se referindo ao que ele acreditava que havia entendido. Mas, para a sua tristeza, a resposta foi um aceno negativo com a cabeça, indicando que ela não queria falar sobre o assunto e ele entendeu.
– Se você quiser ir, nós vamos – a incentivou com um leve sorriso no rosto. – Se não quiser, ficamos aqui e eu tenho certeza de que a Betty vai mandar as fotos mais lindas da menina.
A loira se perdeu em seus pensamentos outra vez, se lembrando de quando Brooke tinha contado que estava grávida. Durante seu namoro e o início do seu casamento, aquele sempre foi o maior sonho da sua vida e ela jurava que só estaria cem por cento realizada quando fosse mãe.
Com os acontecimentos, enterrou o desejo dentro de si e decidiu que estaria realizada apenas com o sucesso de seu trabalho. A sua aversão por relacionamentos e a sua ideia de que casamentos estavam fadados ao fracasso fizeram com que a ideia fosse cada vez mais deixada de lado em sua vida.
Havia decidido que não existia o instinto materno dentro de si porque tinha o enterrado para que o seu foco fosse apenas o seu sucesso profissional, mas momentos como aquele de saber que a irmã mais nova estava grávida e de, agora, saber que a bebê havia nascido, eram o suficiente para que ela voltasse a sentir o coração se aquecer.
A loira suspirou, soltando uma risada fraca e olhou nos olhos castanhos do austríaco, que ainda estava aguardando a resposta dela.
– E a Brooke vai querer me matar.
– Então você quer ir?
O aceno positivo que recebeu fez com que sorrisse e, enquanto ele ia procurar a própria camisa, a loira avisava que iria para o quarto para se arrumar. Afinal, tinham duas horas pela frente até Bristol.

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, querida!
Audrey foi a primeira a notar a presença de e na sala de espera do hospital Saint Mary. A loira havia escolhido uma calça branca, um casaco grosso azul e colocado suas botas pretas de cano longo enquanto, ao seu lado, usava uma blusa branca, calças pretas e o sobretudo do mesmo tom.
A mais nova foi envolvida em um abraço apertado pela mais velha que, assim que se afastou, se virou na direção do austríaco para que pudesse abraçá-lo também.
– É bom revê-lo, – Audrey sorriu na direção dele que acenou com a cabeça.
– É bom revê-la também, Audrey – sorriu. – Onde está Ruggero?
– Ruggero e Adelaide estão lá dentro junto com os pais de Scott – a mais velha informou ao casal. – Betty e eu queríamos entrar, mas a enfermeira nos deu uma bronca, dizendo que não éramos a família real para ter tanta gente vendo um bebê – bufou, colocando as mãos nos quadris enquanto tentava esconder um sorriso. – Veja se pode esta audácia...
– Onde está a Betty, vovó? – perguntou, retirando a atenção da mais velha do austríaco porque percebeu que ele se segurava para não rir e sabia que ela estava realmente revoltada com o que a enfermeira havia falado.
– Estou aqui! – o tom de voz mais alto, rendeu uns olhares negativos das enfermeiras e a mulher rolou os olhos, exatamente como a senhora , antes de lhe entregar um café. – Porcaria de hospital.
– Comportem-se vocês duas – as repreendeu, sentando-se no lugar vago ao lado de Audrey e se ajeitou ao seu lado.
– Quer um café, schatzi? – questionou em um tom de voz mais baixo e ela concordou com a cabeça. O austríaco selou seus lábios rapidamente antes de se levantar e seguir em busca da cafeteria do local para que pudesse pegar dois cafés.
Audrey e Betty se encararam por alguns segundos, uma sorrindo para a outra por presenciaram aquele momento de intimidade entre o casal e a mais nova se apressou em perguntar:
– Ele te chamou do quê?
– É uma palavra em alemão – sorriu, dando os ombros, e repetindo o que havia dito quando a chamou pela primeira vez. – Significa querida.
– Você está feliz, não está, ? – Audrey perguntou, colocando a mão no ombro da neta, que lhe lançou um sorriso antes de concordar com a cabeça.
– Como eu nunca estive em muitos anos, vovó.
– Isso é ótimo, querida – Audrey sorriu. – Me traz uma sensação de paz saber que você está assim. Afinal, Brooke está feliz com Scott e Betty está feliz com a Evie... Só faltava você.
– Agora não falta mais! – Betty sorriu, batendo palmas de forma leve para que não levasse uma outra bronca das enfermeiras e as três sorriram uma para outra, felizes não só por estar bem, mas pelo momento em que se encontravam. Uma nova vida havia sido adicionada à família .
, filha! – a voz de Ruggero fez com que a loira se levantasse para poder cumprimentá-lo e, logo depois, abraçou Adelaide, cumprimentando os pais de Scott com um aceno. – Eu imaginei que a Betty já tinha avisado a você.
– É, ela me ligou – sorriu, vendo se aproximar com dois copos descartáveis em mãos. O austríaco estendeu um em sua direção e ela sorriu em sinal de agradecimento, levando até a boca enquanto ele cumprimentava os outros que haviam se juntando.
– Ruggero e Adelaide, senhor e senhora Brown, parabéns pela neta! – cumprimentou aos quatro que haviam acabado de se tornar avós e Ruggero lhe deu alguns tapinhas no ombro.
– Nos podemos entrar para vê-las? – Betty perguntou ao mais velhos e uma enfermeira balançou a cabeça em sinal de confirmação. – Vamos, vovó! Vamos, !
riu da animação da prima, terminando de tomar o café em um só gole e caminhou atrás das duas, antes de girar a cabeça para procurar pelo namorado. A loira franziu o cenho ao ver que estava parado no mesmo lugar, segurando o copo de café em mãos e com a outra mão no bolso da calça que usava.
– Você não vem? – perguntou e ele balançou a cabeça de um lado para o outro, não queria que a sua presença atrapalhasse o momento das .
– É um momento familiar – elevou os ombros para cima e para baixo enquanto conteve a vontade de rolar os olhos com a resposta.
A loira voltou para próximo dele, estendendo a mão para que ele a pegasse e piscou na direção dele antes de começar a arrastá-lo para o corredor.
– Você é família há algum tempo já, .
Ele sorriu com a frase dela, permitindo-se ser guiado em direção ao quarto que Ruggero lhes disse o número antes que eles ficassem perdidos dentro do hospital.
Os dois pararam em frente ao quarto cento e dois, e deu leves batidinhas na porta antes de abri-la, já conseguindo ver a irmã deitada na cama e Scott girou o corpo para que pudesse ver quem eram as novas pessoas.
! – Brooke sorriu ao ver a loira que se aproximou dela rapidamente, lhe dando um abraço desajeitado. – Obrigada por ter vindo.
– Parabéns pela menininha, Brook – sorriu ver a pequena nos braços de Scott. Ele tinha um sorriso bobo no rosto e recebia cumprimentos de .
– Ela é a coisa mais linda, – a mais nova sorriu, olhando para o marido.
– Ela é linda mesmo – Audrey sorriu e Scott se aproximou de para que pudesse mostrá-la melhor.
– O nome dela é Mia – Scott anunciou para os quatro que estavam dentro do quarto, da mesma forma que tinha feito quando os avós estavam lá, com os olhos vidrados na pequena criança que estava em seus preços perfeitamente embrulhada em uma manta cor de rosa e com uma touca do mesmo tom.
Audrey e Betty fizeram revezamento para ficarem um pouco com a menina em seus braços. A mais velha foi a primeira a segurá-la, passando dedo de forma leve por toda a extensão do rostinho liso da menina e depois a entregou para Betty, que riu ao ver que ela mexeu um pouco o rosto.
– Você quer segurar a sua sobrinha? – a voz de Brook fez com que arregalasse os olhos e se apressasse em balançar a cabeça de um lado para o outro.
Não tinha o menor jeito com crianças e não iria nem se arriscar em segurar aquele ser tão pequeno e delicado em seus braços.
– Eu posso segurá-la? – a voz carregada de sotaque de se manifestou, atraindo a atenção de todos, incluindo a loira, que havia ficado surpresa com a pergunta dele.
– É claro que sim – Scott sorriu e Betty se ajeitou para que pudesse passar a pequena para os braços do namorado de .
Fazia tanto tempo que ele não segurava um bebê em seus braços que a sensação era estranha e o medo de deixá-la cair estava muito presente, mas Audrey o ajudou ao ajeitar melhor a menina em seus braços.
sorriu, olhando para o rosto gorducho de Mia, que estava completamente adormecida, não se importando nem um pouco com a conversa dos adultos ou em como cada um deles praticamente babava sobre ela.
O austríaco girou o corpo, ficando de frente para e ergueu o olhar da bebê em seus braços para a mulher. sentiu um arrepio percorrer a própria espinha ao reparar o brilho existente os olhos dele e voltou a encarar a pequena, evitando o contato visual com .
De uma forma muito delicada, como se pudesse quebrá-la com qualquer movimento, passou a dobra do dedo pela bochecha da bebê, rindo fraco ao ver que ela mexeu um pouquinho a boca.
– Isso me lembra de quando a Rosa nasceu – ele estalou a língua no céu da boca, soltando uma risada fraca. – Ela era uma criança quieta assim, completamente diferente de hoje, como você já deve ter percebido.
A loira riu fraco, concordando com a cabeça em meio aos seus pensamentos acelerados, tentando se concentrar em apreciar o momento em que estava.
– a voz da Brooke retirou a loira da pequena bolha que estava com , fazendo com que ela a encarasse. – Scott e eu pensamos muito em quem nós escolheríamos para padrinho e madrinha da Mia. Para padrinho foi uma escolha difícil, mas para madrinha, já estava certo desde sempre que seria você – a mais nova sorriu na direção da irmã. – Eu sei que você tem esse seu coração um pouco duro e eu ainda me lembro da sua reação quando eu disse que estava grávida, e eu espero que isso possa mudar com o passar dos anos. Mas eu queria muito, de verdade, que você aceitasse ser madrinha da Mia.
– Você aceita, ? – Scott sorriu, encarando a cunhada repleto de expectativa e passou os olhos por todas as pessoas presentes dentro do quarto do hospital, sentindo o ar lhe faltar um pouco.
Não sabia exatamente exercer aquela função. Nem mesmo havia ficado feliz quando Brooke lhe contou que estava grávida, mas olhar para aquele ser tão pequeno e indefeso fazia o seu coração amolecer.
– Eu aceito – sorriu na direção dos dois e foi logo abraçada pelo cunhado, que comemorou depois de ir abraçar a irmã novamente. – Obrigada.
– Não há de quê... – a recém senhora Brown sussurrou em seu ouvido e as duas romperam o abraço quando Audrey disse que deveriam tirar uma foto com a bebê para que pudessem celebrar aquele momento.
Todos posaram para fotos e , gentilmente, se recusava a segurar Mia no colo, enquanto não escondia que estava feliz demais com a menina em seus braços, a entregando para Audrey quando a mais velha pediu para que pudesse segurar a bisneta.
– Acho que devemos ir – murmurou em um tom baixo para ele, ao perceber que a irmã estava em uma luta contra o sono. concordou com a cabeça, colocando uma mão na parte inferior de suas costas e chamou a atenção dos outros.
– Nós já vamos, pessoal – ele anunciou, virando o corpo para encarar Audrey e Betty. – Como vocês vão para a casa?
– Eu estou de carro, não se preocupe – Betty sorriu, levantando-se do sofá em que estava sentada e se adiantou para que pudesse ajudar Audrey a se levantar também. – Nos já estamos indo também... Quando vocês estiverem em casa, faremos outra visita.
– Aguardaremos vocês! – Brooke sorriu, e os quatro se despediram dos recém papais com abraços e beijos, deixando o quarto em silêncio, mas com sorrisos nos rostos.
– Audrey e Betty, aproveitando a oportunidade e antes que a e eu nos esqueçamos... – a loira franziu o cenho ao ouvir o austríaco começar a falar enquanto eles retornavam para a sala de espera do hospital.
também está grávida? – Betty perguntou em um tom de surpresa, fazendo com que a loira se engasgasse com a própria saliva em sinal de puro desespero.
colocou a mão nas costas da mulher e Betty riu com a reação dela, assistindo o momento em que a loira pareceu voltar ao normal e o homem ficou mais tranquilo.
– Gostaríamos de convidar vocês para passar as festas de fim de ano conosco – sorriu em direção às duas e se lembrou de quando eles tiveram aquela conversa. – me disse que passa a data com vocês e, como eu a convidei para ir para à Suíça comigo e as crianças, nada mais justo que chamá-las para passarem conosco.
– Evie, obviamente, está convidada também, Betty – sorriu na direção da prima, que balançou a cabeça em sinal de entusiasmo com o convite. – O que acha, vovó?
– Eu acho ótimo vocês quererem incluir uma velha como eu nesse momento – sorriu, fazendo com que as netas rissem e abraçou pelos ombros. – Nós iremos, . Obrigada pelo convite.
– Eu só posso ir a partir do dia vinte e três por causa do trabalho – Betty murmurou. – Tem algum problema?
– Claro que não – sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro. – Ficaremos lá até o início do ano.
e eu, provavelmente, iremos um pouco antes para que as crianças possam aproveitar ao máximo – explicou, mas balançou os ombros. – E eu já estou, inclusive, pensando no concerto que você, senhora , fará ao lado da e da Rosa no piano.
– Ele tem falado isso desde o dia do casamento da Brook, quando você disse que toca piano, vovó – riu, balançando a cabeça e ele soltou uma risada fraca.
– E se intensificou depois que a sua neta tocou Love Of My Life há algumas semanas...
Audrey arregalou os olhos em sinal de surpresa porque sabia que fazia anos que a neta não chegava perto de um piano e tinha se recusado a tocar nos últimos Natais.
tocou? – Betty questionou, surpresa.
– Junto com a Rosa – sorriu de forma orgulhosa ao se lembrar da filha tocando tão bem.
– Faz anos que você não tocava... – a mais velha murmurou, ainda em choque com a revelação e a loira sorriu, balançando os ombros, sem saber nem mesmo explicar direito porque que havia decidido tocar naquela noite.
Apenas se sentiu bem e resolveu atender aos pedidos da menina, juntando-se a ela ao piano. Queria dar um novo significado às suas memórias tocando o instrumento.
Os quatro chegaram à sala de espera, encontrando os avós ainda no local, conversando. aproveitou para se despedir de Ruggero e Adelaide.
– Temos três corridas seguidas agora – disse para o casal para que pudesse justificar a recusa a um convite para jantar feito pelo sogro. – As coisas ficarão um pouco difíceis para a gente nas próximas semanas.
– Podemos marcar para o fim da temporada, o que acham? Comemorar a vitória de um de vocês – o mais velho sorriu, fazendo com que balançasse os ombros, certa que não comemoraria uma vitória da Mercedes, por mais que isso fosse para deixar o namorado feliz.
– Combinaremos uma data, pai – disse para o homem, que pareceu ficar contente com a resposta, mas, antes que ele pudesse falar qualquer coisa, o ambiente pareceu pesar com a figura loira de Billy adentrando a sala.
– O que ele está fazendo aqui? – Betty perguntou em um tom de voz baixo, mas duro e, se olhar fosse capaz de matar, o rapaz teria caído duro no chão naquele momento.
– Boa noite – o rapaz cumprimentou a todos, esticando a mão para que pudesse cumprimentar a Ruggero e o mais velho se apressou para recebê-lo em um abraço, dando-lhe tapinhas em suas costas.
envolveu a cintura de , parando atrás dela, sentindo o corpo da loira tensionar em razão da presença indesejada do outro no local.
– Scott me enviou uma mensagem para dizer que a minha afilhada havia nascido e eu vim correndo para conhecê-la.
sentiu o estômago revirar no momento em que ele proferiu a frase, sem acreditar que o loiro era o padrinho de Mia. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro e se virou para que pudesse se despedir de sua avó e sua prima, antes de passar direto por onde seu ex-marido estava, sendo seguida por , em direção à saída do hospital.
Suas mãos suavam um pouco e ela só se deu conta disso quando colocou a mão na porta da Mercedes de , soltando um suspiro ao se sentar no banco do carona.
– Está tudo bem? – perguntou ao se sentar no banco do motorista, encarando a loira com o seu semblante preocupado, mas ela balançou a cabeça em sinal positivo.
– A presença dele já não me afeta tanto quanto antes – murmurou. – Só fiquei surpresa por saber que ele é o padrinho da Mia.
concordou com a cabeça, ligando o carro e o retirando da vaga em que havia estacionado. O silêncio se instaurou enquanto apenas uma coisa passava pela cabeça dele, que era algo que ele havia percebido no casamento da cunhada, mas que não tinha perguntado a até aquele momento.
– Por que você não contou para a sua família tudo o que ele fez durante o casamento? – questionou. – Pelo o que eu entendi, todos agem como se você fosse a culpada, isso inclui a Brooke.
– Por vergonha – murmurou, curvando os ombros para frente e deixando que um suspiro ecoasse por sua garganta.
concordou com a cabeça, compreendendo a razão, ainda que não a julgasse como motivo suficiente para fazê-la sofrer enquanto o outro continuava sendo bem tratado por toda a sua família.
– Se eu fosse você, eu falaria na próxima vez em que estivesse com eles – murmurou após estalar a língua no céu da boca. – Ele vai ser o padrinho da Mia. Consegue pensar o problema que ela vai ter com um cara tão merda como ele cuidando dela?
teve vontade de rir fraco pela frase de , mas achou fofo o cuidado que ele tinha e balançou a cabeça, por fim.
estava correto em dizer que ela deveria fazer isso porque realmente seria ruim não apenas para a pequena Mia ter o homem em sua vida — e pior ainda para ela continuar tendo que vê-lo todas as vezes que fosse a Bristol.
Contar para a família e conseguir afastar Billy do convívio de todos era mais uma porta que ela tinha que fechar.

🏎🏆✨


Todos os olhos dos jornalistas estavam voltado para os chefes e para os dois pilotos da Mercedes e da Red Bull Racing naquele fim de semana em razão da possibilidade de se ter um novo campeão logo ali, na primeira vez que a categoria usava a pista de Losail, conhecida muito pelas corridas de MotoGP.
passou pela entrada do paddock em um scooter. Não podia negar que ele achava divertido ver os fotógrafos tendo que correr atrás dele para ter um bom registro da sua chegada.
chegou cerca de trinta minutos depois. A sua chegada causou um pouco mais de impacto que a de em razão da blusa que ela havia escolhido para a ocasião, a qual estava escrito: "todas nós devemos ser feministas".
Os treinos livres e o classificatório haviam mostrado uma Mercedes muito mais rápida que a Red Bull e a dúvida era sobre o motor que Lewis estava usando, já que ele havia trocado no Brasil.
– Matt tomou uma punição – Jim disse assim que pôs os pés dentro da sala da chefe da equipe e ela levantou o olhar para que pudesse encará-lo.
– Punição pelo quê exatamente?
– Ao que parece – ele forçou uma risada –, houve uma bandeira dupla amarela e ele desrespeitou.
– Isso não é possível.
– Tem o vídeo se você quiser assistir – Jim apontou para o notebook e a mulher suspirou, negando com a cabeça. – Foi naquele momento que o Matt abriu a tentativa para tirar a volta mais rápida do Lewis.
– Quando o carro do Gasly perdeu o bico... – ela se lembrou do incidente que havia acontecido e levou as mãos ao próprio rosto. – Então, nós vamos largar em sexto?
– Exatamente – Jim concordou com a cabeça. – E o Bottas larga em sétimo porque ele também não obedeceu a uma bandeira amarela.
– E o fim de semana já é uma grande merda – a loira bufou, completamente chateada com aquela punição porque sabia que seria difícil para que Matt a corrida.
Ela já imaginava que aquele fim de semana não seria calmo, mas estava claro que não seria — e, talvez, nem fosse um dos melhores de novo.

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Os Grandes Prêmios à noite tornavam um pouco mais difíceis os encontros entre e , já que, com as reuniões das equipes, eles retornavam para o hotel muito tarde e completamente exaustos, mas fez o esforço de ir até o quarto da loira para que eles pudessem se ver antes da corrida.
– Eu acho que vai ser difícil você escapar dessa sem tomar uma punição também – soltou uma risada fraca após a mulher encerrar a ligação com Louise, que reclamava de suas falas em uma entrevista após a punição de Matt.
A chefe da RBR havia chamado o fiscal que tinha dado a bandeira amarela de desonesto.
– Louise acredita que eu serei chamada pela FIA – o austríaco concordou com a cabeça e ela suspirou, rolando os olhos em seguida e deixando o celular de lado. – Eu estava de cabeça quente... Que merda.
– Compreensível, eu também fiquei de cabeça quente com o que aconteceu no Brasil, mas, às vezes, a gente segurar a nossa língua.
– Disse quem adora responder meus comentários publicamente – a loira rebateu com um sarcasmo na voz, deitando-se na cama também e ele balançou os ombros.
– Eu gosto mesmo – riu. – Mas sempre busco fazê-lo de uma forma mais contida... Não fui eu que acusei a outra equipe de causar um acidente.
– Não? – arqueou as sobrancelhas, fingindo estar surpresa com a resposta. – Você, literalmente, nos acusou de termos feito uma falta tática após o incidente de Monza.
Os dois se encararam por alguns segundos, cada um sustentando o olhar duro na direção do outro, mas o austríaco foi o primeiro a ceder, soltando uma risada fraca e balançando a cabeça de um lado para o outro.
– É por isso que a gente não pode falar sobre as nossas equipes – sorriu fraco, esticando uma mão para que pudesse trazê-la até seu rosto para beijar seus lábios, mas fugiu de sua mão, desviando o olhar para um outro canto qualquer do quarto. – ... Você ficou chateada?
A loira bufou, ignorando a pergunta e riu mais uma vez, aproximando-se dela novamente para que ela o olhasse.
... – tentou novamente, mas agora com um tom de voz mais doce que antes. – Está tudo bem. Nós dois falamos coisas, acusamos o outro... Foi algo que fizemos de cabeça quente – colocou a mão no rosto da mulher fazendo com que ela o olhasse e sorriu de ladino. – O importante é que a gente entenda que não precisamos ser tão duros assim um com o outro, pelo menos, não de forma pública.
soltou o ar, balançando a cabeça e sorriu aliviado quando viu um sorriso surgir no rosto da loira, indicando que estava tudo bem. Ele se aproximou dela, beijando seus lábios de forma mais demorada.
– Eu estava pensando no bom jantar que eu vou pagar para os comissários pela minha fala – ela murmurou, fazendo com que ele soltasse uma risada. – Eu sei que eu passei do ponto na minha fala em Silverstone e eu já prometi que tentaria ser mais contida quando fosse referente a Mercedes.
– Isso é ótimo – ele sorriu, selando os lábios nos dela. – Vamos ter um ótimo fim de campeonato...
– Só será ótimo se tivermos um resultado, – a loira arqueou as sobrancelhas, indicando ao que ela se referia e ele balançou a cabeça de um lado para o outro, escondendo uma risada.
Era óbvio que a ascensão da Mercedes naquele fim de temporada a assustava, mas ainda tinha plena confiança em sua equipe. A ideia de poder acabar a temporada sem o título depois de todo o trabalho duro que tiveram, a deixava preocupada e servia de gás naquela reta final.
Tudo só acabava quando eles após a bandeira quadriculada em Abu Dhabi.

Capítulo 27

Na manhã daquela terça-feira, ao invés de ir para Milton Keynes, decidiu seguir o que havia dito e dirigiu para Bristol. Ela ainda pensou que, talvez, fosse melhor esperar a nova consulta com Dorothea para dar aquele passo, mas percebeu que a coragem estava dentro dela naquele momento.
Nos últimos meses, já tinha tido a coragem para fechar algumas portas de seu passado e aquela seria mais uma que apenas a ajudaria a deixar de se punir por tudo que passou, assim como afastaria de vez do convívio de sua família o seu ex-marido.
Ela queria ter ligado para e convidá-lo para que ele fosse com ela, mas desistiu da ideia porque, ainda que ele que tivesse sugerido a ideia, era uma batalha que competia apenas a ela lutar. já havia sido inserido em dramas demais dos e poderia ficar sem tomar parte naquele.
O caminho para a cidade que morou boa parte de sua vida foi em silêncio. Não se atreveu a colocar uma música para tocar porque não se sentia nem um pouco no clima para isso. Sua mente estava fervilhando com tantos pensamentos e memórias de tudo que havia vivido.
Ela já tinha vontade de chorar e sequer havia dito uma palavra.
riu do seu próprio nervosismo e parou o carro em frente à casa de Ruggero e Adelaide. Mais cedo, antes de sair de casa, havia ligado para Betty e pedido para que ela e Audrey estivessem lá também, porque eram as únicas que sabiam de tudo e poderiam lhe dar um apoio.
Ligou para Brook e Scott também para que eles pudessem ir para lá, ainda que se sentisse um pouco culpada por ter que contar algo que poderia causar algum estresse na irmã em razão de Mia. Mas ela precisava fazer aquilo.
Estacionou o carro, desligando o motor, e ficou com os olhos presos no volante por alguns minutos, só controlando a própria respiração e se acalmando antes de entrar na casa.
– Você está bem? – Audrey a recebeu na porta, ela quem estava mais próxima da janela e escutou o barulho do carro da neta.
Enquanto todos estavam paparicando Mia, ela se prontificou a sair para que pudesse trocar algumas palavras com a neta.
– Estou, vó – sorriu fraco, acariciando o seu ombro para que pudesse mostrar que estava calma e a mais velha sorriu em sua direção.
– Eu tenho muito orgulho de você, querida. És uma mulher muito forte e, hoje, aqueles que estão lá dentro vão conhecer a tua força também – Audrey deixou um beijo na bochecha de e a mais nova sorriu, a abraçando pelo ombro.
A loira tomou uma lufada de ar e as duas seguiram para dentro da casa dos . riu ao ver o pai segurando a neta nos braços enquanto Adelaide balança um brinquedo amarelo para tentar chamar a atenção da menina.
chegou – Betty constatou, apontando para a prima, e se levantou da poltrona para que pudesse dar um abraço apertado nela.
– Reunião de família, ? – Scott questionou com as sobrancelhas arqueadas depois de a cunhada ter cumprimentado todos os familiares. – Veio contar que o pediu você em casamento?
– Não, Scott – ela sorriu, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto os outros riram da pergunta do rapaz. – Eu vim contar sobre o meu antigo casamento – esfregou as mãos na calça que vestia em sinal de nervosismo.
– Nós sabemos o que aconteceu, – Brooke murmurou, balançando os ombros para cima e para baixo. – Billy já nos contou tudo quando você foi embora – ela completou com um sorriso ladino no rosto. – Então, você se tornou a vadia sem coração que todos nós conhecemos e melhorou um pouco quando conheceu o ricaço do .
– Brooke – Audrey chamou a atenção da neta com um olhar de reprovação. – Deixe a contar. É algo importante e difícil para ela.
– Difícil para ela? – a mais nova riu. – Vovó, quando ela foi embora de Bristol sem nos avisar, ficamos meses a procurando para saber como ela estava e ela nem mesmo se importou em ligar, mandar uma carta ou um pombo correio para avisar onde estava! Quando eu fui procurá-la, ela me tratou super mal. Foi ali que eu percebi que a minha irmã tinha virado uma vadia sem coração.
– Será que você pode parar de repetir isso? – Betty encarou Brooke, colocando as mãos nas têmporas, já cansada de ouvi-la chamar daquela forma.
– Brook – a loira chamou a irmã, controlando a sua respiração e a encarando. – Você se lembra o que você me disse nesse dia que você me procurou?
– Eu te cobrei por não ter ido embora sem avisar – a mais nova fez uma pausa, tentando se recordar daquele dia, mas sua memória não era tão boa.
– Você me disse que o Billy contou para vocês que eu tinha ido embora porque...
– Ele descobriu que você estava o traindo – completou, lembrando-se do dia em que o ex-marido de havia ido até a casa dos para contar que ela tinha ido embora de casa após ele descobrir que ela estava tendo um caso com um de seus amigos. – Ele falou mais um monte de coisas...
– Eu nunca o traí – falou de forma firme, encarando a irmã. – Era exatamente ao contrário o que acontecia...
– O Billy te traía? – Ruggero questionou, olhando para a filha, completamente surpreso com aquela informação, já que ele sempre pareceu ser um bom rapaz e apaixonado por .
– Mais vezes do que posso contar, talvez – riu sem humor. – Era ele quem saía todas as noites para beber após o trabalho enquanto eu permanecia em casa, cuidando de tudo porque, qualquer coisa que não estivesse dentro do que ele acreditava ser bom, era motivo para brigas.
– Ele... Te bateu? perguntou, com um pouco de medo da resposta que ouviria, e hesitou para balançar a cabeça de um lado para o outro.
– As agressões dele sempre foram psicológicas – murmurou em tom baixo, sentindo seus olhos marejarem ao se lembrar daquela época. – Gostava de dizer que eu não era nada sem ele, que tudo que eu fazia era uma porcaria, além de me xingar... Eu praticamente não tinha uma vida fora de casa porque ele não me levava para lugar algum, se não fosse alguma festa da alta sociedade na casa dos Davies, a qual eu tinha que seguir diversas regras dele e que sempre terminavam com xingamentos porque eu, na cabeça dele, teria flertado com algum homem.
– Por que você nunca nos contou isso? – Adelaide perguntou, com uma expressão de tristeza estampada em seu rosto, e com uma das mãos sobre o ombro do marido.
– Porque eu tinha vergonha – soltou o ar de forma pesada, colocando as mãos nos bolsos do jeans que usava e seus olhos foram para os próprios pés. – Eu saí daqui acreditando que estava indo viver uma linda história de amor e, de repente, me encontrei vivendo um pesadelo. Eu me casei achando que eu teria o que jamais tive aqui, um lar com sentimentos, sem precisar mendigar por atenção, amor e carinho... Então, eu simplesmente coloquei na minha cabeça que eu não iria voltar e não iria contar para vocês.
– Então você fugiu por causa dele e não porque estava tendo um caso? – Scott perguntou ao notar que a família permaneceu em silêncio e a loira concordou com a cabeça, encarando suas írises verdes.
– Eu não fugi, eu fui embora – o corrigiu. – Eu me inscrevi para uma bolsa em engenharia na Universidade de Londres e, quando eu recebi a resposta deles, eu fui embora de Bristol. Nem mesmo me preocupei em fazer uma mala muito grande, acho que a maioria das minhas roupas eu deixei na casa... Eu não queria nada que me lembrasse da vida com ele.
– Foi a Evie que descobriu que estava em Londres – Betty contou, lançando um sorriso mínimo na direção da prima. – Ela estava fazendo um curso por lá e me ligou para dizer que tinha visto uma mulher parecida com ela... Me mandou uma foto para que eu pudesse ver, checar se era realmente a e eu não tive dúvidas, apesar de ela estar com os cabelos loiros novamente – riu fraco. – Então, eu peguei o primeiro trem para Londres para saber o que tinha acontecido e por que ela havia ido embora sem nos falar... Então, ela me contou tudo o que havia acontecido.
– Você sabia disso, mamãe? – Ruggero encarou Audrey com uma expressão de choque em seu rosto ao ver que a mais velha balançou a cabeça devagar em sinal de concordância. – Por que você nunca me contou?
– Essa é a história da , filho – a matriarca da família murmurou, olhando para a neta. – Só caberia a ela contar para todos, quando se sentisse confortável, como está agora.
– Não culpem a Betty ou a vovó – a loira pediu. – Eu quem implorei a elas que não falassem nada porque, na época, eu ainda estava legalmente casada com Billy. Eu queria retornar para cá, quando eu estivesse divorciada dele para que eu pudesse explicar para vocês tudo o que havia acontecido... Mas a Brooke apareceu por lá, me disse um monte de coisas e eu decidi que era melhor não contar nada para vocês.
O silêncio se instalou na sala de estar por alguns longos minutos e só foi quebrado pelo choro de Mia. Brooke se levantou para retirar a recém nascida do carrinho em que ela havia sido colocada pelo avô e se retirou para o outro cômodo da casa com ela em seus braços, o que fez com que soltasse um suspiro.
– Filha... – Ruggero soltou um suspiro, passando as mãos pelo rosto na tentativa de conter as lágrimas que estavam na iminência de escapar por seus olhos. – Eu sinto muito – murmurou, encarando os olhos azuis da filha mais velha. – De verdade, eu sinto muito por não ter sido um bom pai, por ter permitido que Margarethe fizesse você sofrer, por não ter me esforçado mais na relação com você, por não perceber que o Billy era um merda... Por ter permitido que você sofresse tanto e por ter acreditado na versão dele – ele se levantou do sofá, parando em frente à loira e esticou as mãos para que pudesse segurar as dela. – Sinto muito por ter falhado tanto.
– Algumas coisas não foram sua culpa e não havia como você saber, Ruggero – ela balançou o ombro, permitindo que fosse envolvida em um abraço demorado por parte do pai, que derramou algumas lágrimas.
Adelaide também a abraçou, murmurando algumas palavras de carinho e pedidos de desculpas, até que se sentou ao lado de Audrey, sendo abraçada pela mais velha e por Betty de forma mais desajeitada para que pudessem cumprimentá-la por ter tido a coragem de falar com a família.
... – Scott chamou por ela e, assim que ela o encarou, ele soltou um suspiro, passando uma das mãos pelo cabelo, sem saber exatamente como começar a falar, ainda que sentisse que deveria. – Ouvir você contar isso tudo me fez sentir um pouco culpado porque eu ajudei a Brook a acreditar no que Billy nos contou. Ele é um dos meus melhores amigos de infância, um cara de uma família boa e alguém que eu sempre admirei... Você não estava aqui, não fez esforço nenhum para estar com a sua família, então, a versão dele me pareceu... Certa. Eu fiz a sua irmã acreditar também e acho que todos ficamos ao lado dele porque você ficou diferente de antes. Por isso, eu acho que eu te devo um pedido de desculpas também.
– Eu fiquei diferente porque eu não queria, e eu não quero, nunca voltar a ser aquela mulher. Eu quis me afastar dessa imagem o máximo que eu conseguisse. Acabei me tornando mais focada no meu trabalho, menos em relações amorosas e familiares. Acho que é por isso que a Brook tanto me chama de uma vadia sem coração, e eu realmente tentei ser isso nos últimos anos – riu fraco, balançando os ombros e se levantou para que pudesse colocar uma mão no ombro do cunhado. – Como eu disse, há coisas que não havia como você saber e você escolheu acreditar em alguém que te contou a versão da história, enquanto eu optei por ficar em silêncio. Então, está tudo bem.
– Eu posso te dar um abraço? – perguntou com um sorriso tímido no rosto e a loira concordou. Os dois se abraçaram por alguns segundos e, quando se afastaram, a voz de Audrey se fez presente, chamando a atenção deles.
– Talvez você deva falar com a sua irmã, querida – a loira encarou o cunhado com uma expressão de surpresa no rosto enquanto ele balançou a cabeça em sinal de confirmação, aprovando a ideia das duas mulheres conversarem.
– Ela está no escritório do seu pai – Scott murmurou, puxando o carrinho de bebê e o colocando em frente à loira. – Leve o carrinho para que ela possa colocar a Mia... – checou o relógio em seu pulso. – Pelo tempo, ela já deve ter terminado de amamentar.
concordou com a cabeça, colocando as duas mãos para que pudesse empurrar o carinho lilás em direção ao escritório e Scott facilitou o seu trabalho ao abrir a porta do local para que ela pudesse entrar. Deixou o carrinho próximo a porta, vendo a irmã parada próxima a janela que dava para a parte de trás da casa com Mia adormecida em seu ombro.
– Eu trouxe o carrinho da Mia – murmurou em um tom baixo e a outra girou o corpo, balançando a cabeça antes de caminhar para que pudesse, com muito cuidado, deixar a pequena ali dentro da cestinha.
O silêncio ainda pairava no ar e a tensão entre as duas era muito palpável. queria falar, mas tinha medo de como a irmã poderia reagir, então acreditou que o melhor fosse esperá-la querer falar. Para sua sorte, Brooke não se contentava com o silêncio e tinha um monte de perguntas flutuando em sua mente.
– Por que você nos contou isso só agora? – perguntou, encostando-se no pequeno parapeito da janela e cruzando os braços para olhar para a irmã mais velha.
– Porque eu nunca me senti pronta para fazer isso – confessou. – Eu faço um acompanhamento psicológico desde quando me separei dele. Foi um longo e doloroso processo entender que nada era culpa minha e que eu não sou a mulher que ele dizia que eu era. Quando eu vim para cá no seu casamento e me encontrei com ele, tive a coragem de poder dizer algumas coisas na cara dele e consegui fechar uma porta para o meu passado. Então, eu achei que, se eu contasse para vocês, eu estaria fechando de uma vez por todas essa porta – suspirou, brincando com os dedos das mãos antes de olhar para o carrinho onde Mia dormia. – Além do quê, eu não poderia permitir que a Mia tenha ele como padrinho... Não depois de tudo que ele me causou.
– Isso não foi justo com a gente, – Brooke murmurou em um tom de voz baixo, que não disfarçou voz embargada. – Você simplesmente foi embora. Ficou meses sem dar notícias, a gente teve que acreditar em quem nos trouxe algo e esse alguém foi o Billy... Você não pode nos culpar por isso.
– Eu não culpo, Brooke – balançou os ombros. – Eu sei que eu fui um pouco covarde em não falar com vocês o que havia acontecido, mas eu não conseguia falar. Por muito tempo, na verdade, eu não conseguia tocar nesse assunto sem chorar – respirou fundo. – Mas você também não pode me culpar.
– Eu não posso te culpar? – a mulher de cabelos castanhos claros balançou a cabeça de um lado para o outro. – Você sumiu, , por meses! Virou uma verdadeira vadia sem coração, nem mesmo se importou com o papai ou comigo. Como você quer que eu não te culpe por isso?
– Eu vim aqui hoje para mostrar que eu tive minhas razões para fazer isso, Brooke...
A mais nova soltou uma risada nasalada e passou as mãos pelo rosto para que pudesse esconder as lágrimas que teimavam em escorrer por suas bochechas enquanto a observava com uma expressão triste.
Acreditava que, entre todos, a irmã seria que a mais pudesse compreendê-la, já que diversas vezes tinha perguntado o que havia acontecido. Se ela queria tanto saber, poderia aceitar melhor a verdade.
– Você fala tão mal da mamãe, mas fez a mesma coisa que ela – Brooke murmurou em um tom mais amargurado, virando o rosto para encarar a irmã mais velha. – Na primeira oportunidade que teve, deixou Bristol para trás e esqueceu que eu existia.
– Não ouse me comparar com a Margarethe! – brandou em tom de voz mais alto, o que fez com que Mia despertasse de seu sono e seu choro preenchesse o ambiente.
A porta do escritório foi aberta de forma abrupta, revelando Audrey, Ruggero e Scott enquanto Brook caminhava para retirar a filha do carrinho para que pudesse acalmá-la.
– Não sei se a sua ausência de sentimentos te permite sentir isso, mas eu preciso cuidar da minha filha – a mais nova disse com a pequena no colo, girando o corpo para que pudesse encarar a irmã outra vez. – Se você queria me fazer sentir mal por ter culpado você nos últimos anos, você não conseguiu, . Pode voltar para a sua vida feliz em Londres, como você sempre viveu, e esqueça a ideia de ser madrinha da Mia.
Brooke girou o corpo, dessa vez para a porta do escritório, e encarou os três pares de olhos que a observavam de forma atônita, sorrindo de forma sarcástica para que eles dessem espaço para que ela pudesse sair.
Scott saiu logo atrás da esposa, subindo a escada atrás dela para que pudessem conversar e entender o que havia acontecido na conversa entre as duas. Enquanto isso, Audrey se aproximou da neta, pondo as mãos nos ombros dela.
– Não fique assim, querida... – a idosa deixou um beijo na têmpora da mais nova, tentando acalmá-la e a loira respirou fundo, balançando a cabeça.
– Dê um tempo a Brooke, . Além de ter o Billy enchendo a cabeça dela sobre você, também havia a Margarethe, e ela, como a irmã mais nova, vê você como alguém que deveria estar sempre ao lado dela... O seu sumiço a deixou muito magoada e, por mais que ela tente esquecer isso, ainda é um pouco difícil para ela.
concordou com a cabeça, respirando fundo e negando o copo de água que Audrey a ofereceu. Só queria ir embora dali o mais rápido possível, queria estar em sua casa, o seu lugar de segurança, para que pudesse chorar de alívio por ter tido a coragem de falar — e de tristeza pela forma que a irmã havia reagido.
– Eu preciso ir embora – murmurou após alguns minutos em silêncio, sorrindo fraco para Audrey.
– Fique mais um pouco... Pelo menos até você se acalmar – a mais velha pediu, encarando a loira com um semblante preocupado. – Acho perigoso você voltar para Londres sozinha.
– Eu estou bem, Audrey – lançou um sorriso para a mais velha. – Só preciso ir para a minha casa.
– Nos ligue quando chegar, tudo bem?
concordou com a cabeça, aproveitando para se despedir da avó com um abraço antes de seguir para fora do escritório, despedindo-se do restante da família.
Não conseguiu — e nem gostaria — de se despedir de Brooke. A loira seguiria o conselho dado por Ruggero e deixaria a mais nova ter o tempo que julgasse necessário para pensar em toda a situação. Ela sabia que havia feito o melhor, não apenas para ela, mas como para toda a família ao contar sobre o que havia acontecido no passado.
Sentia-se mais leve por ter fechado mais uma porta de seu passado. O presente e o futuro lhe pareciam muito estonteantes.

🏎🏆✨


– Você ligou para e, se eu não atendi, é porque eu estou ocupada agora...
encerrou a ligação, bufando alto e largando o celular sobre a mesa, não dando muita atenção para o aparelho. Ele estava desde o dia anterior tentando falar com , mas a loira simplesmente não o atendia.
Em sua mente, tentou refazer os últimos momentos dos dois no Catar para que descobrir se tinha feito algo de errado, mas nada parecia errado para ele. O medo de algo grave ter acontecido com sua amada o deixava preocupado e sem foco para qualquer coisa, ainda que fosse para o sucesso da Mercedes.
Ele só queria ter notícias de .
– Jessica, pode vir a minha sala? – chamou a sua assistente pelo telefone que ficava em sua mesa e não demorou muito para que a funcionária entrasse em sua sala de vidro que lhe dava uma ampla visão de todo o andar.
– Sim, ? – Jessica sorriu, prestativa, e o homem soltou um suspiro, unindo as mãos uma na outra sobre a mesa.
– Eu preciso que você consiga o número de uma pessoa – murmurou em um tom de voz baixo, o que fez com que a assistente arregalasse os olhos em surpresa. – Não se preocupe, é alguém fácil de ser encontrada... Trabalha para a Red Bull.
– Certo... – ela concordou com a cabeça com um sorriso leve no rosto, já imaginando quem seria a pessoa que ele queria o número. – Você quer o número da ?
O austríaco teve vontade de rir com a pergunta. "Ah, Jessica, se você soubesse...", sua mente falou e ele balançou a cabeça de um lado para o outro, pondo uma das mãos sobre os lábios para esconder um sorriso escárnio que surgiu.
– Não – ela uniu as sobrancelhas em confusão. – Eu preciso do número de Louise Smith, a chefe de comunicação deles.
Oh... – sorriu fraco, balançando a cabeça. – Ok.
A mulher avisou que iria falar com a parte da comunicação da Mercedes porque era provável que eles tivessem o número da funcionária da Red Bull e se recostou em sua cadeira, fechando os olhos por alguns segundos.
Louise havia ligado para ele nas férias de verão, mas ele não havia salvado o contato da mulher e nem mesmo conseguiria encontrar o número em sua lista porque já havia se passado muito tempo.
Sentia-se agoniado e preocupado. Não saber onde a mulher estava e a falta de respostas dela o deixavam daquela maneira enquanto ele mesmo fazia tudo o que podia para se acalmar.
O mínimo de alívio tomou conta de seu corpo quando Jessica anunciou que havia encontrado o contato de Louise. Rapidamente, ligou para o número que havia recebido e colocou o aparelho no ouvido para que pudesse falar com a mulher, torcendo para que ela atendesse o mais rápido possível.
– Alô? – a voz feminina surgiu do outro lado da linha e se remexeu em sua cadeira, colocando a mão na borda da mesa.
– Louise? Sou eu, – se apresentou de uma forma rápida.
? – a mulher pronunciou o sobrenome, um pouco desacreditada. – Está tudo bem?
– É o que eu quero que você me diga – riu fraco. – Estou, desde ontem, ligando para a e ela não me responde. Fui ao apartamento dela ontem pela manhã e não a encontrei...
– Ontem ela foi à Bristol pela manhã – a ruiva murmurou em resposta. – Esteve aqui na fábrica na parte da tarde e foi para casa... Não parecia muito bem.
foi a Bristol?
– Ela está em Milton Keynes?
– Não... Ela me ligou pela manhã para avisar que não viria. Parece que não estava se sentindo muito bem – a mulher suspirou. – Eu achei que você tivesse ido a Bristol com ela.
– Eu fui antes, quando Betty avisou que Mia havia nascido – murmurou, ficando a ponta do polegar no vínculo entre suas sobrancelhas. – Eu acho que eu vou até o apartamento dela...
– Eu iria fazer isso quando saísse da fábrica, mas, se você vai para lá, eu vou deixar para falar com ela amanhã – soltou uma risada fraca. – Me mande notícias, por favor.
– Obrigado, Louise – riu também. – Pode deixar que eu mando notícias sobre ela.
O austríaco encerrou a ligação, levantando-se rapidamente de sua cadeira e pegando o sobretudo que estava na parte de trás do assento. Vestiu o casaco, pegando novamente o celular e a pasta que costumava levar para o trabalho, deixando a sala em um rompante.
– Cancele tudo o que estiver marcado para o dia de hoje – falou para sua assistente antes de seguir para o elevador em direção ao primeiro andar da fábrica.
andou em direção a sua Mercedes, destravando as portas e entrando do lado do motorista enquanto deixava a bolsa no banco do carona para que pudesse ligar o carro para ir para o apartamento de .
Naquele momento, assim como a manhã inteira, a loira se encontrava deitada em sua própria cama com as mãos sobre a barriga e encrava o teto de seu quarto. Ao seu lado, Ariel tinha o focinho sobre o seu braço e a encarava com as orelhas abaixadas como se entendesse perfeitamente que ela estava mal naquele momento.
O dia anterior, quando retornou da casa de Ruggero, a loira ainda tentou trabalhar na fábrica, mas suas mentes não paravam de repetir as palavras de Brooke.
Ser comprada à Margarethe pela irmã havia sido algo capaz de mexer com ela. Se questionava se era realmente parecida com a mulher, algo que ela sempre tentou não ser. O seu peito doía só de imaginar aquela possibilidade.
Já havia chorado pela reação da irmã. Mesmo que a relação das duas não fosse das melhores desde que ela havia se separado de Billy, sentia-se mal por ela não ter recebido bem o que havia contado.
A cabeça da loira parecia que iria explodir de tanta dor de cabeça e, para completar, estava com cólica, o que tornava o seu dia uma completa miséria e a deixava apenas com vontade de permanecer na cama, enrolada aos cobertores em posição fetal.
O som da campainha fez com que Ariel se movimentasse. assistiu ao cão sair em disparada em direção à porta da sala de estar e grunhiu ao ouvir os latidos dela, fazendo com que a sua cabeça latejasse.
Não moveu um músculo e torceu para que a pessoa fosse embora, mas, para sua tristeza, isso não aconteceu. A campainha voltou a tocar e, dessa vez, batidas foram dadas na porta e ela ouviu a voz grossa carregada de sotaque chamar por seu nome.
Sorriu minimamente ao perceber que se tratava de e esforçou-se para se levantar da cama, indo até a porta em passos lentos enquanto Ariel estava agitada atrás da madeira, balançando o rabo de uma forma frenética.
– Ariel, estou começando a achar que você quer roubá-lo de mim – murmurou em meio a uma risada fraca, que fez sua barriga doer, e girou a chave na maçaneta, abrindo a porta devagar, vendo a cadela correr para fora do apartamento.
riu ao ver Ariel se aproximar eufórica, tentando cheirá-lo e se equilibrando em suas pernas. Ele se curvou um pouco para que pudesse acariciar entre as orelhas da cachorra e levantou o olhar para a loira a sua frente, franzindo as sobrancelhas ao notar que ela não parecia bem.
– Eu te liguei algumas vezes... – murmurou com os olhos presos nela e a preocupação estampada em seu rosto. – Você não parece bem.
– Estou com cólica e esses dois últimos dias foram duas belas merdas – respondeu, retornando para dentro do apartamento e caminhando em direção ao próprio quarto.
maneou a cabeça, sem entender muito bem o que havia acontecido, e pegou a Jack Russell Terrier em um dos braços antes de entrar no apartamento também, fechando a porta atrás de si e seguindo atrás da loira.
Ao chegar na porta do quarto, encontrou com o corpo esticado sobre a cama e os olhos fechados.
– Louise me disse que você foi a Bristol... – disse em um tom baixo para que ela não se assustasse e a loira suspirou.
– Resolvi seguir o seu conselho.
– Meu conselho? – ele uniu as sobrancelhas, não se recordando do que poderia ter dito a ela.
– De contar sobre o meu casamento para a minha família.
Ele balançou a cabeça, murmurando baixo um "oh" e se lembrando do que havia falado quando eles retornaram da cidade após conhecerem Mia. O austríaco colocou Ariel no chão e se sentou na beira da cama, virando o corpo para encarar a loira.
– E como foi?
A risada que ela soltou fez com que a cabeça doesse um pouco mais, mas foi necessário para que ela pudesse expressar um pouco da sua ironia que se completou através de suas palavras:
Ótimo! Não está vendo como eu estou dando pulos de alegria? – ergueu um pouco o tronco, apontando para si mesma e o austríaco, de novo, a encarou sem entender.
– Eles não acreditaram em você?
– Brook me comparou à Margarethe e eu estou me sentindo uma verdadeira porcaria como pessoa desde então.
... – balançou a cabeça de um lado para o outro, colocando uma das mãos na panturrilha da loira em uma carícia leve. – Você não se parece em nada com a Margarethe.
– Eu fiz igual a ela: larguei tudo para trás quando surgiu a oportunidade para ir embora de Bristol – a loira suspirou. – Eu fiz exatamente igual a ela.
– Pelo que você me contou, os motivos dela não foram nada plausíveis, especialmente para largar você para trás – ele pontuou, arqueando as sobrancelhas na direção dela. – Eu não sei em quais circunstâncias a Brooke te disse isso, mas você não pode deixar isso entrar na sua cabeça, . As suas razões foram válidas, você sentiu que não podia voltar e foi se afastar para se curar.
– Ela me culpa por ter ido embora e não ter dito nada – balançou os ombros. – Ruggero disse que eu tenho que dar um tempo para ela se entender o que contei.
– Eu concordo com ele – o homem balançou a cabeça, retirando os sapatos e engatinhando sobre a cama para que pudesse se deitar ao lado dela. – Você fez a sua parte, se abriu para a sua família sobre um problema, foi corajosa o suficiente para isso. Brooke vai ser inteligente para perceber isso.
– Ela disse que eu não sou mais madrinha da Mia.
– Certeza que falou de cabeça quente – girou o pescoço sobre o travesseiro, encarando o perfil da mulher. – Você se lembra que me desconvidou do casamento dela depois do acidente em Monza?
A pergunta foi acompanhada de uma risada e fez com que a loira risse também antes de balançar a cabeça de um lado para o outro antes de procurar os olhos dele para encará-los.
– Me desculpe por ser tão complicada, .
– Não se desculpe, – ele balançou os ombros, ficando de lado para que pudesse colocar uma das mãos sobre a bochecha dela. – Eu amo você.
– Eu amo você – sorriu, fechando os olhos e aproveitando a carícia do polegar dele sobre sua maçã do rosto. – Me desculpe pela maneira que eu falei. A sua intenção foi boa só me encorajar para contar para minha família...
– Não há razões para se desculpar, schatzi – ele sorriu, mesmo com ela estando com os olhos fechados naquele momento. – Tenha paciência com a sua irmã.
Ela concordou com a cabeça, mantendo os olhos fechados e um suspiro saiu por seus lábios. a encarou antes de puxá-la devagar e com cuidado para o seu peito para que ela pudesse repousar. sorriu, colocando uma mão próxima ao rosto e afagou os cabelos dela em uma carícia lenta, ajudando a loira adormecer, esquecendo-se, por algumas horas das últimas péssimas quarenta e oito horas.

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Grande Prêmio da Arábia Saudita



A notícia que havia abalado o mundo do automobilismo naquela semana era o falecimento de Sir Frank Williams, o dono da equipe que levava o seu sobrenome, e também a equipe pela qual havia entrado no universo da Fórmula 1.
O austríaco possuía uma relação próxima com a família Williams, muito respeito pelo inglês e por todo o trabalho que ele havia realizado aos longos dos anos. A resiliência de Frank era algo que muito admirava.
A FIA havia programado uma homenagem para ele antes do início da corrida naquele domingo e todas as equipes teriam em seus carros uma homenagem para Frank, sem exceção para que pudessem mostrar um pouco de apoio à família dele.
adentrou a cafeteria do paddock depois de gastar alguns minutos conversando com Maria Binotto, o chefe da Ferrari, que estava em uma disputa acirrada com a McLaren pelo terceiro lugar no campeonato dos Construtores.
– Aí está você! – uma voz feminina que ele conhecia bem, fez com que ele girasse o corpo, encontrando a loira que não via a sua frente há alguns anos.
Os cabelos continuavam loiros, mas mais curtos do que antes, na altura da nuca. Os seus olhos cor de mel continuavam com o mesmo brilho de antes e o sorriso ainda continuava a mesma coisa, sendo capaz de fazê-lo lembrar de muitos momentos que eles haviam compartilhado e de como ele morria por um sorriso daquele.
– Susie! – exclamou em surpresa, abrindo os braços para que pudesse abraçar a ex-mulher e ela sorriu, se aninhando em meio ao peito dele por alguns segundos. – Como você está?
– Estou bem – sorriu, retornando a posição original. – E você? Perdendo muitas noites de sono com esse campeonato?
– Nem me pergunte... – ele riu, abanando uma das mãos no ar. – Acho que eu não ficava tão nervoso com um campeonato desde 2018.
– Eu tenho visto algumas corridas e não nego que a Red Bull está com um ótimo ritmo, apesar de vocês terem ganho Brasil e Catar, e eles terem ganho só no México... Acho que esse fim de semana e o próximo serão complicados o suficiente.
– Eu não tenho dúvidas – sorriu outra vez e soltou um suspiro porque aquelas duas últimas corridas estavam realmente lhe tirando o sono — e a única pessoa capaz de acalmá-lo era .
– Eu vim hoje para a homenagem ao Frank... – Susie murmurou, mudando de assunto e o homem balançou a cabeça. – Você falou com a Claire?
– Se você continuar encarando dessa maneira, a mulher vai derreter – Louise murmurou em um tom mais baixo para que apenas escutasse e ela soltou uma risada fraca, retirando os olhos de onde estava parado com uma loira desconhecida.
As duas membros da Red Bull estavam dentro da cafeteria do paddock aproveitando algumas horas de sossego depois de algumas reuniões da equipe após os dois treinos livres do dia.
A loira havia visto o momento em que adentrou o local, o seguindo com os olhos para que pudesse babar em como ele era charmoso, até mesmo sem ter a intenção de ser. De longe, ela pode assisti-lo parar para conversar com uma loira que ela não conhecia.
– Você sabe quem é ela? – girou o pescoço, encarando a amiga com uma expressão curiosa no rosto e ela balançou a cabeça.
– Suzanne Stoddart – respondeu, olhando para a amiga que ainda mantinha a mesma expressão de antes no rosto. – Ela trabalhou na Williams anos atrás... Eu acho que ela deve estar aqui para a homenagem ao Frank neste fim de semana.
tem ações na Williams – ela balançou os ombros, cessando sua curiosidade por saber quem era a mulher e deu um longo gole em seu café, terminando com o conteúdo do copo de uma vez. – Vamos voltar para a garagem? Ainda preciso ver algumas coisas com o Gary...
– E você tem aquela entrevista com a Pinkham – Louise se levantou, se ajeitando para que as duas pudessem caminhar em direção à saída do local, repassando o restante da agenda do dia para a chefe da equipe. – Eles querem traçar um perfil dos chefes de equipes que podem ser campeões no próximo fim de semana.
e eu? – indagou, soltando uma risada fraca. – Eu acho isso um pouco comigo.
– Eu acho totalmente cômico – a ruiva sorriu. – É engraçado ver como as pessoas pintam vocês como rivais mortais quando, na realidade, vocês estão há um ano visitando a cama um do outro.
– Não mais "visitando a cama um do outro" rebateu com uma expressão de ultraje no rosto e a ruiva arqueou as sobrancelhas. – Nós estamos namorando – ela ergueu a mão direita para que pudesse mostrar o anel que havia ganhado de no Brasil e Louise soltou um gritinho, atraindo a atenção de algumas pessoas, incluindo e Susie, já que as duas ainda não haviam deixado a cafeteria.
– Sua ridícula! – Smith deu um tapa no bíceps da loira, fazendo com que ele soltasse uma risada e balançasse a cabeça de um lado para o outro. – Como isso aconteceu e por que eu sou estou sabendo disso agora?
– Aconteceu no Brasil. Ficamos alguns dias a mais em um lugar próximo ao Rio de Janeiro, na casa do Felipe Massa, e ele preparou uma surpresa de aniversário para mim... E me entregou esse anel, me pedindo em namoro.
– Romântico – Louise pontuou, podendo sentir a felicidade que exalava pelos poros da amiga. – E o mais surpreendente é que você não fugiu disso.
– Eu acho que eu já passei dessa fase – murmurou em meio a uma risada fraca. – Eu estou feliz.
– Eu percebo isso, amiga – as duas se abraçaram rapidamente antes de saírem da cafeteria para que pudessem retornar a garagem da equipe.
até tentava prestar atenção no que Susie lhe contava de uma forma animada, mas sua atenção havia sido chamada pelo grito de uma mulher, que ele descobriu ser Louise, e só então percebeu a presença de no local.
Seus olhos ficaram vidrados na loira enquanto Stoddart falava — e falava. De longe, ele pode assistir mostrar o anel que ele havia dado para ela. Riu internamente ao imaginar que ela estivesse contando sobre o dia dos dois no Brasil e foi impossível não se lembrar daquele momento.
O dia em que havia dito — com todas as letras — que o amava.
Ele olhava para trás e se recordava do quanto que eles haviam caminhado. Já era estranho lembrar que, no começo da temporada, eles estavam tendo sexo casual e a mulher se negava a ter qualquer relacionamento.
Agora, ali estava ela, mostrando com um sorriso no rosto, o anel que havia ganho e que simbolizava o namoro dos dois.
A cada dia mais ele percebia que se apaixonava por .

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Matt Hakvoort está abrindo a volta mais rápida. Nesse momento, Lewis Hamilton larga na pole position na corrida de amanhã, mas o piloto holandês parece que não vai permitir que isso aconteça...
tinha os olhos presos na tela de seu notebook. Ela estava assistindo novamente à classificatória, que havia terminado com uma batida de Matt no último setor da pista, o que rendeu o terceiro lugar para a corrida de domingo.
– Matt já fez o primeiro e o segundo setores mais rápidos que o Lewis. Vamos ver como ele vai virar no terceiro setor...
Após a fala do narrador, não demorou muito para que a transmissão mostrasse o exato momento em que o piloto errou a saída da curva e se chocou com a proteção da pista em um acidente que, em um primeiro momento, pareceu grave — ainda mais por ele ter demorado para sair do carro.
Porém, como era de costume, ouviu os xingamentos dele e pode ter a certeza de que ele estava bem. Matt logo saiu do carro e os responsáveis foram retirar o carro número trinta e três da pista enquanto todos os membros da equipe se lamentavam por terem perdido a pole position do fim de semana.
– Matt precisa ter um controle emocional um pouco melhor nessas situações – murmurou para Helmut, que estava sentado ao seu lado. Já haviam analisado a batida para passar para a equipe, especialmente Matt, o erro que havia sido cometido para que não acontecesse de novo.
– Boa sorte tentando mandá-lo para uma psicóloga – ele murmurou em meio a uma risada fraca.
– É sério... Lewis tem um excelente controle emocional. Ele não se deixa abater pela pressão e a adversidades, consegue dar o melhor de si mesmo com todas elas em seu caminho. Você não viu o que aconteceu no Brasil?
– Isso é porque Lewis é mais experiente. Estamos falando de um piloto de vinte e quatro anos e um outro de trinta e sete. Óbvio que um sabe como se portar melhor que o outro – ele balançou os ombros e a mulher estalou a língua no céu da boca, antes de voltar a falar.
– Não é só experiência. Chegou um momento em que ele deve ter dado um click na mente do que precisava fazer para ser o melhor dentro do esporte e ele fez o que era necessário. Nós dois sabemos que ele trabalha duro demais e não foi à toa que ele ganhou sete títulos.
– Está dizendo que Matt não tem chances de ganhar o campeonato ou apenas está gostando de defender a Mercedes? – o mais velho a encarou com o semblante fechado.
– Estou dizendo que Matt precisa mudar um pouco de atitude, caso ele queira ser o que Lewis é para o automobilismo.
– Eu não tenho dúvida alguma de que Matt será muito mais – ele balançou os ombros e a loira concordou com a cabeça porque realmente torcia para que o holandês conseguisse crescer e ser um dos melhores da categoria. Sabia que ele era muito talentoso.
– Será se conseguir ter um controle emocional um pouco melhor do que o atual...
O celular de vibrou sobre a mesa e ela o pegou para que pudesse ler a mensagem que havia recebido. Ela sorriu ao perceber que se tratava de enquanto o consultor da RBR continuava a falar ao seu lado.
– Eu não entendo a sua fixação nessa história de controle emocional. Matt não deu para trás em nenhuma das últimas corridas, se entregou até o fim e sai exausto a cada prova – Helmut riu sozinho. – Isso tudo é vontade de defender o seu amor pela Mercedes?

Quero te ver hoje.
Às 21h. Quarto 7973
.



, está me escutando?
– Estou, ... – ela mordeu a própria língua ao notar que quase havia soltado o nome do austríaco no meio da reunião e Marko tinha uma expressão de surpresa no rosto – Estou, Marko. – frisou o nome, tentando disfarçar o erro que quase cometeu e contendo a vontade de suspirar. – Eu não tenho amor nenhum pela Mercedes, eu estou apenas dando uma opinião.
Ela voltou a atenção para a tela, digitando uma rápida resposta a enquanto o austríaco ao seu lado soltava uma risada fraca.

Não posso.
Tenho reunião até tarde para definir algumas coisas.


– Talvez não tenha um amor pela Mercedes, mas, certamente, tem um amor na Mercedes.
arregalou os olhos em total surpresa e tirou a atenção do celular para encarar o homem, que já estava em pé, próximo à porta. Ele tinha os braços cruzados e um sorriso suspeito no rosto que fez com que a loira se assustasse um pouco.
– O que isso quer dizer?
Helmut balançou os ombros, deixando a chefe da Red Bull sozinha dentro da própria sala e com o coração a mil se questionando se realmente havia entendido certo a frase do consultor.
Foi impossível que um arrepio não percorresse o seu corpo naquele momento e que o medo de ter sido descoberta não atingisse cada poro de seu corpo. Parecia que havia simplesmente travado naquele momento, sem saber o que fazer e como agir.
Estava completamente ferrada.

Capítulo 28

estava pálida.
Ela conseguia sentir que a boca estava seca e que a respiração estava um pouco ofegante enquanto a sua mente tentava entender o que havia acontecido naquela sala há pouco minutos atrás.
Helmut havia insinuado que ela havia um amor na Mercedes.
E ele estava certo quanto a isso.
Mas isso não deixava a chefe da Red Bull nem um pouco tranquila. A maneira como o consultor tinha dito aquela frase era o suficiente para deixá-la muito preocupada e confirmar o seu medo em assumir a relação com .
"O que Helmut fará com essa informação?" era o que não saía da cabeça da loira.
Respirando fundo, buscando se acalmar, ela se levantou da cadeira em que estava sentada e saiu da própria sala, passando pelo corredor em direção a outra, onde ela sabia que poderia encontrar o consultor da equipe.
– Marko – chamou ao entrar na sala, fechando a porta atrás de si para que ninguém mais soubesse sobre aquele assunto. – O que você vai fazer com essa informação?
O mais velho levantou o olhar para que pudesse encará-la e moveu as sobrancelhas, fingindo uma expressão de confusão na direção dela.
– Qual informação?
teve que controlar a vontade de rolar os olhos com a falsa inocência, mas foi impossível de controlar o movimento impaciente de seu corpo e a expressão cansada em seu rosto.
– Você sabe muito bem.
O austríaco soltou uma risada fraca ao perceber que a loira não diria com todas as letras qual era a descoberta que ele havia feito. Assim, Marko teve que balançar os ombros enquanto se levantava da poltrona em que estava sentado, murmurando para a chefe da RBR:
– Eu não vou fazer nada.
uniu as sobrancelhas em um puro sinal de confusão, ainda que o alívio percorresse todo o seu corpo naquele momento, e girou o corpo para olhar para o consultor mais uma vez.
– Nós temos dois campeonatos a ganhar, .
Helmut deixou a loira sozinha outra vez e não tentou procurá-lo mais. Ainda que achasse toda a situação ruim, as duas últimas frases a deixaram um pouco mais tranquila.
Se Helmut Marko estava focado nos campeonatos, não seria ela a dizê-lo para focar em outra coisa. A Red Bull Racing era o que mais importava.

🏎🏆✨


já estava indo em direção à garagem da Red Bull, quando Louise a lembrou que ela precisava participar da homenagem à Frank Williams, e a loira caminhou em direção ao início do grid, onde todos os pilotos, chefes de equipe e algumas celebridades do automobilismo estavam — além dos membros da Williams.
cumprimentou Andreas Seidl, o chefe da McLaren, e parou ao lado dele para que pudesse participar da breve homenagem. Dali, ela pode ver a figura alta e imponente de chegar ao local com a expressão séria no rosto e as mãos nos bolsos da calça preta que vestia.
Quando seus olhares se encontraram, pode ver um sorriso mínimo surgir nos lábios do chefe da Mercedes seguido de um cumprimento, silencioso e discreto: um maneio de cabeça em sua direção.
quis manter seus olhos presos na namorada antes do início da homenagem, mas uma mão em seu ombro fez com que ele girasse o pescoço para encontrar Susie ao seu lado com um leve sorriso no rosto.
– Que seja uma boa corrida hoje, – sorriu para o homem, movimentando os dedos sobre o ombro esquerdo dele em uma espécie de carícia singela e o austríaco lançou um sorriso em sua direção em sinal de agradecimento.
– Obrigado, Susie.
– Por que não jantamos hoje? Meu voo para casa é só amanhã... – questionou com as sobrancelhas um pouco arqueadas e soltou uma risada fraca.
Todos os dias de um Grande Prêmio, ele recebia em sua suíte. Ele dispensava qualquer outro compromisso ou saía o mais cedo que podia para que pudesse passar a noite com a loira em meio aos seus braços.
Como os dois não haviam se visto no sábado, ele estava sentindo mais falta dela do que nunca e mal podia esperar para estar deitado em uma cama com .
Por outro lado, em razão de tudo que já viveu com Susie, sabia que não poderia negar o convite, mas também não poderia abrir mão de estar com a namorada. Tinha que lidar com a situação, ainda, de uma maneira que não expusesse .
Afinal, se Susie não tinha se dado muito bem com Stephanie, era muito certo que com também aconteceria o mesmo. E ele não queria estar no meio daquela situação.
– Eu... – coçou a nuca, tentando buscar uma resposta que não magoasse a ex-mulher e que não revelasse que tinha alguém em sua vida.
Oh... Você já tem compromisso? – Susie tentou sorrir ao ver o homem confirmar com a cabeça. – Bom, nós estamos hospedados no mesmo hotel, eu confirmei com a sua assistente – ela balançou os ombros. – Se, quando o seu compromisso terminar, você quiser tomar um vinho, eu, provavelmente, vou estar no bar do hotel.
sorriu, concordando com a cabeça e lançando um sorriso fraco na direção da mulher, segundos antes de ser anunciado que seria obedecido um minuto de silêncio, o que fez com que a conversa fosse interrompida e eles se virassem para prestar a homenagem a Frank.
quis desviar os olhos de , mas era uma das tarefas mais difíceis a se fazer. Ela gostava de observá-lo, ver os seus trejeitos e as expressões, ver como os seus ombros estavam tensos para o início da corrida.
Antes da cerimônia, observou o austríaco também porque ele estava em uma conversa com a mesma mulher que havia visto na cafeteria. Ela tentou se lembrar o nome que Louise havia dito, mas a sua memória não era melhores, e tudo que ela ter em sua mente era que a outra havia trabalhado na Williams.
não queria ser ciumenta. Queria apenas ver os dois e acreditar que tudo não se passava de uma conversa entre antigos amigos, mas a forma como a mão da loira pertenceu no ombro de por alguns longos minutos, fez com que o bichinho se fizesse presente em seu estômago.
O fim da cerimônia inicial aconteceu e a se prontificou para acompanhar a maioria dos chefes de equipe em direção às garagens. Os seus passos eram um pouco mais lentos porque ela não queria ter que conversar com ninguém antes da largada, mas o sotaque austríaco chamando o seu nome fez com que ela parasse de caminhar.
– Boa corrida, – o austríaco a cumprimentou com um sorriso ladino no rosto e a loira concordou com a cabeça.
– Para você também, – esticou a mão para que pudesse cumprimentá-lo e o chefe da Mercedes olhou de um lado para o outro, para se certificar que não havia ninguém próximo o suficiente para ouvi-lo, antes de pegar na mão direita da loira e dizer:
– Nos vemos mais tarde?
optou por concordar com a cabeça, piscando na direção do namorado antes de soltar a mão da dele e voltar a caminhar em direção à garagem para que pudesse acompanhar o início da corrida.
De dentro da garagem, assistiu ao início da corrida, sorrindo ao ver Matt ultrapassar Valtteri e garantir o segundo lugar, partindo atrás de Lewis para conseguir assumir a liderança da corrida.
– Essa foi forte... – Gary murmurou quando, na décima volta, Mick Schumacher bateu forte o carro na curva vinte e dois.
– Será que ele está bem? – indagou, preocupada.
Os acidentes nas pistas sempre a deixavam com o coração na mão, independente de quem fosse o piloto e a equipe envolvida, mas a sensação de alívio percorreu o seu corpo quando o alemão saiu do carro aparentando estar em boas condições.
– Vamos aproveitar para fazer a parada? – Jim perguntou através do rádio, aproveitando a entrada do safety car para trocar os pneus do carro trinta e três.
– Não, não – ela ouviu Gary responder ao notar que as duas Mercedes haviam entrado nos boxes. – Deixe o Matt na pista... Vamos para o plano B.
Os dois pilotos da RBR foram avisados que agora a estratégia seria a do plano B, como havia sido muito conversado antes daquela prova, e a chefe torceu para que tudo desse certo.
O diretor de provas anunciou que teriam uma nova largada e ouviu, através do rádio da Mercedes, a reclamação de Hamilton sobre o rival ter feito um treino de largada no pitlane.
O austríaco suspirou, levando aquela reclamação de ao diretor de prova, mesmo não esperando que alguma atitude fosse tomada, mas era o seu papel levar a reclamação a diante porque os engenheiros indicaram que a telemetria mostrava aquilo.
A relargada foi muito movimentada, ainda mais para a Red Bull. Enquanto Hakvoort viu Hamilton largar muito melhor e cortou pelo lado de fora, passando pelos limites de pista, Perez fechou Charles Leclerc e acabou batendo no muro.
O reinício da corrida também contou com uma batida entre George Russell e Nikita Mazepin, tendo Hakvoort em primeiro, Esteban Ocon em segundo e Lewis Hamilton em terceiro.
– É claro que ocorreu uma vantagem para o Hakvoort nesta relargada – disse em seu rádio para o diretor de provas. – Ele precisa devolver a posição.
teve vontade de rolar os olhos ao ouvir o chefe da equipe rival, já que os rádios para a FIA eram abetos e podiam ser acompanhados por todos, e aproveitou para também falar com o diretor de provas.
– Nós podemos negociar? – perguntou. – Nós vamos para a segunda posição, atrás do Ocon...
– O certo é vocês irem para trás do Hamilton, .
– Se Hakvoort for para trás do Hamilton, nos não vamos ter punição para ele? Ele estará devolvendo a posição, afinal das contas...
– Terceiro lugar. Atrás do Hamilton. Essa é a posição de Hakvoort.
balançou os ombros, aceitando porque era melhor do que nada, e, logo, foi informado a Matt que ele iria recomeçar a corrida em terceiro lugar, respondendo com alguns palavrões, como era de costume.
A segunda relargada foi boa para Red Bull. Matt conseguiu colocar o carro pelo lado de dentro, formando uma fila tripla com Lewis e Esteban, mas conseguiu deixar os dois rivais para trás, assumindo a primeira posição para a felicidade pura da chefe da equipe.
Lewis quase se chocou com Esteban, mas conseguiu ultrapassar o francês, se colocando na segunda posição e iniciando uma verdadeira caçada ao piloto holandês que conseguia levar vantagem na primeira parte do circuito, deixando o inglês para trás a cada volta.
O restante da corrida continuou da mesma forma caótica que o início. Yuki Tsunoda também bateu o carro em uma das curvas do segundo setor e gerou um safety car virtual, que não chegou a atrapalhar tanto quanto os anteriores, mas que foi o suficiente para deixar Hamilton próximo de Hakvoort.
O inglês conseguiu acionar a asa móvel e se segurou em sua cadeira ao vê-lo tentar ultrapassar e, em seguida, Matt tentar se defender, o que fez com que os dois escapassem da pista, exatamente como no Brasil há algumas semanas.
– Nós vamos precisar devolver a posição – Gary informou para a chefe que rolou os olhos ao ouvir porque a sua tentativa de barganha não havia válido de nada e acionou o botão para que pudesse falar com o holandês.
– Matt, você precisa devolver a posição.
Segundos após a frase da chefe de equipe, o mundo assistiu a Hakvoort diminuir no meio da volta e Hamilton não conseguir diminuir o necessário para evitar a corrida. O choque entre os dois carros foi inevitável e a loira levou as duas mãos a cabeça, colocando os cotovelos sobre a bancada e soltando um longo suspiro.
se levantou da cadeira em que estava sentado no momento em que Hakvoort freiou o carro na frente de Hamilton de forma brusca, fazendo com que o piloto da Mercedes batesse na traseira de seu carro.
O austríaco retirou os seus fones de ouvido e bateu com os mesmos na mesa em uma clara tentativa de descontar a sua raiva por causa daquele momento que poderia causar o campeonato para a equipe alemã.
O chefe da Mercedes levou as mãos aos cabelos, tentando exalar toda a sua raiva antes de receber novos fones por sua assistente, os colocando de forma rápida para que pudesse voltar a ter contato com os engenheiros na pitwall.
– Vowles, que merda foi essa?
– Ele fez um teste de freios, – o engenheiro respondeu prontamente. – Era para ele devolver a posição, mas ele fez teste de freios... A telemetria nos mostra isso.
O austríaco esticou o braço, apertando o botão do painel a sua frente para falar com o diretor de prova porque aquela atitude do piloto da Red Bull era algo ilegal e ele deveria ser punido por isso.
– A telemetria nos mostra que ele fez um teste de freios... Isso é desleal! – murmurou com toda a sua raiva presente no rádio com o diretor de provas e, logo, ouviu a resposta padrão de Masi.
– Os comissários vão analisar, .
O austríaco bufou, mas retornou sua atenção para a corrida, não perdendo o momento em que Hamilton conseguiu ultrapassar Matt e conseguiu a primeira posição do grid.
– Eles têm o primeiro lugar e a volta mais rápida – murmurou para Gary, que balançou a cabeça.
– Não vamos conseguir parar o Matt para tirar a volta mais rápida... Ocon está perto demais – o careca respondeu, xingando alguns palavrões em sua mente por causa daquela corrida.
– É mais seguro manter como estamos... – ela deu os ombros, passando a apenas assistir ao restante da corrida, já que não havia mais nada para ser feito a não ser aceitar a vitória de Hamilton e que eles iriam chegar empatados para a última corrida do ano.
Hamilton foi o primeiro a passar pela bandeira quadriculada, seguindo de Hakvoort, e o terceiro lugar teve uma disputa até a linha de chegada entre Ocon e Bottas. A RBR comemorou ao ver o piloto da Alpine resistir às investidas do piloto da Mercedes, garantindo o terceiro lugar e dando à equipe uma boa folga para o campeonato dos construtores.
Iriam para a última corrida da temporada empatados.
Aquele era o final.

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– O que você achou sobre o fim de semana, ? – Jenson Button perguntou ao chefe da Mercedes e ele exalou rapidamente.
– Eu acho que mostrou que isso ainda não acabou – fez uma pausa. – O resultado final é importante e o Hamilton mereceu vencer a corrida.
– Precisamos falar sobre o acontecimento da noite... – Lee Mackenzie iniciou. – Qual a sua visão na batida entre Matt e Lewis?
– Eu acho que foi algo sujo – projetou o lábio inferior para frente e balançou os ombros.
– A chefe da Red Bull esteve aqui há pouco tempo e nos disse que não passou de um desencontro de informações. Ela ainda reclamou da forma como os comissários veem atitudes de Lewis e Matt – Lee pontuou. – Qual a sua opinião sobre isso?
– Eu não quero ficar lavando a roupa suja aqui, mas a telemetria mostrou que Matt diminua e aumentava a velocidade, voltando a diminuir. Ele fez algumas vezes até conseguir, de fato, com que Lewis tocasse a traseira de seu carro – suspirou. – O que confirma que foi um teste de freio e uma atitude desleal.
– A chefe da RBR disse que Matt foi informado que deveria ceder a posição, e a transmissão mostra isso. Não considera que existiu realmente uma falha de comunicação?
– Eu não vejo assim. Como eu disse, a telemetria nos mostra que não foi algo repetido algumas vezes e, se confirma que avisou o piloto dela sobre a necessidade de devolver a posição, fica muito claro que foi algo realmente sujo por parte da Red Bull.
– O que você espera para o fim de semana em Abu Dhabi? – Jenson questionou e o homem elevou os ombros com uma expressão um pouco menos tensa em seu rosto.
– Apenas queremos um campeonato limpo, que o melhor piloto vença, e se for Matt no final, então estarei em paz com isso – outra vez, deu os ombros. – Só precisa ser uma corrida justa.
Os entrevistadores ainda questionaram sobre Valtteri Bottas, que havia chegado em quarto lugar, e, poucos minutos depois, a entrevista foi encerrada. se despediu dos dois com acenos de cabeça e seguiu, na companhia de sua assistente para a garagem da Mercedes, já que precisava participar da reunião pós corrida.
bufou ao terminar de assistir à entrevista e balançou a cabeça de um lado para o outro, bloqueando a tela do celular e voltando a guardá-lo no bolso de sua calça. Ela havia tentado contornar a situação que acontecera na corrida, alegando que houve apenas uma falha de comunicação porque tinha ciência que não havia sido nada intencional – pelo menos, não da parte dela – e porque sabia que a situação ficaria ruim com caso ela falasse demais, como já havia feito em Silverstone.
A chefe da RBR procurou ser menos combativa do que nas outras entrevistas, mas o chefe da Mercedes pareceu não perceber a intenção dela de querer evitar o conflito entre os dois. A loira balançou os ombros, sabendo que teria que conversar com após o fim das reuniões de ambas as equipes.
– Que cara é essa? – Louise emitiu uma risada fraca ao ver a cara fechada da amiga quando as duas se esbarraram no corredor da hospitalidade.
A ruiva tinha acompanhando Matt em suas entrevistas pós corrida porque o que era mais comentado por toda a imprensa era a colisão entre Lewis e ele, e a chefe da comunicação teve que intervir em alguns momentos durante as perguntas mais incisivas sobre o que havia acontecido.
– Isso não é apenas por causa do resultado de hoje.
Foi a vez de soltar uma risada fraca porque era engraçado como que a outra a conhecia tão bem. Não precisava nem mesmo falar que havia algo de errado porque Louise era capaz de sentir a situação apenas ao olhá-la.
– Tem razão – balançou a cabeça, checando ao redor para que pudesse falar com a amiga sobre porque já bastava Helmut em sua cola quanto ao seu relacionamento. – falou em uma entrevista agora pouco sobre a colisão entre Hakvoort e Hamilton. Ele disse que, se eu falei que houve a comunicação para Matt ceder a posição, foi uma jogada suja da nossa equipe.
– Você já conversou com ele? – Louise arqueou as sobrancelhas na direção da amiga que negou com a cabeça.
– Eu vou fazer isso depois da reunião – suspirou, esfregando as mãos na lateral da calça que usava. – Ele reclamou tanto quando eu fiz isso em Silverstone e, nas duas últimas vezes, ele fez muito pior...
– Eu disse que essa história de não falar sobre as equipes não daria muito certo – Smith balançou os ombros de um lado para o outro. – Vocês precisam sentar, se entender e estabelecer limites... Sei lá, não podem ser muito afincos ao defender as equipes ou, se não, pelo jeito que esse campeonato está, vão discutir sempre, já que a rivalidade entre Lewis e Matt não parece que vai terminar nessa temporada.
– Como que eu estabeleço limites em uma situação dessas, Lou? – soltou uma risada nasalada, sem acreditar naquela hipótese e a ruiva balançou os ombros.
– Como a responsável pela comunicação, eu diria para vocês evitarem falar sobre os acidentes logo após as corridas. Vocês só dão a imprensa o que eles mais gostam, afinal, eles sabem que nenhum dos dois tem filtro quando se trata de acusar o outro...
– E você acha que ninguém vai reparar se nós dois, ao mesmo tempo, parássemos de falar sobre a equipe rival? Matt e Lewis batem em Abu Dhabi, e eu saímos calados dessa situação? – a loira riu, chegando a balançar os ombros pela força de sua risada e a ruiva optou por rolar os olhos em sinal de impaciência com a resposta. – É claro que isso não vai funcionar.
– É, talvez não funcione na primeira corrida e eles chamem a atenção para esse fato, mas a Fórmula 1 sempre foi assim. As coisas vão só meio que voltar como eram antes de vocês terem toda essa tensão sexual.
– Tensão sexual? – repetiu a palavra, soltando uma nova risada. – Louise, não há nenhuma tensão sexual envolvida nisso.
– Se existisse uma tensão sexual em um falar mal da equipe do outro, eu encaminharia os dois para dois bons psiquiatras – Smith murmurou em meio a uma risada. – Mas, eu me referi ao início de vocês... Vocês estavam em uma clara tensão sexual e ficavam trocando farpas até que decidiram se abrir um para o outro. Agora, vocês estão em um outro patamar, onde precisam entender que são um casal e que, quando chamam a equipe do outro de suja ou trapaceira, estão acabando por atribuir esse título ao outro também.
balançou a cabeça, compreendendo a fala da amiga de maneira perfeita. Ela sabia que havia sido isso que tinha deixado com raiva em Silverstone: ter o acusado de ter feito algo tão baixo. Assim como ela havia ficado chateada em Monza e estava agora em Jidá. Era óbvio que ela não queria que aquele sentimento permanecesse e muito menos que ele se repetisse após alguma outra corrida no futuro.
Louise estava certa.
A situação de não conversar sobre suas equipes era algo que não daria certo e eles precisavam estabelecer limites em situações como aquela.
Talvez a ideia da ruiva não fosse tão ruim assim...

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não podia negar que tudo o que ele mais precisava naquela noite, após toda a tensão causada pela corrida, era relaxar. O seu corpo ansiava por algumas longas horas de descanso, sem pensar muito no próximo fim de semana ou em qualquer coisa que o remetesse a Mercedes.
Por isso, assim que chegou a sua suíte no hotel, se despiu e foi para o banho. Uma longa, demorada e gelada ducha serviram para ajudar a distensionar alguns músculos de seu corpo e para esfriar a sua cabeça ainda em relação à colisão entre os dois pilotos.
Ele ainda não tinha falado com .
Durante a reunião com a equipe, seu celular havia vibrado com algumas mensagens dela, mas ele não quis nem mesmo dar atenção porque não se sentia confortável para fazer isso naquele momento. Ainda estava com raiva por toda a situação que lhe parecia como uma grande tentativa da Red Bull em tirar seu piloto da jogada – e não era uma acusação feita sem provas, porque os gráficos mostravam o que Matt havia feito.
Após estar devidamente vestido, o austríaco buscou o celular para que pudesse checar alguns e-mails. Um de seus grandes problemas era que nunca conseguia se desligar cem por cento do trabalho, por mais que tentasse fazer isso, sua mente sempre estava ligada na Mercedes.
Guardou o celular no bolso da calça jeans e deixou o quarto, fechando a porta atrás de si antes de seguir em direção ao elevador com um sorriso leve no rosto.
A sua missão de se esquecer do trabalho por algumas horas começava naquele instante.

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encarou a própria figura no espelho e sorriu ao ver o resultado. Havia escolhido um cropped branco de alças finas e uma calça pantalona de cintura alta também na cor branca. Nos pés, havia colocado sandálias douradas que quase não iriam aparecer, devido ao cumprimento da calça, mas que eram as suas favoritas de uma vida.
Ainda queria falar com , mas como não tinha recebido nenhum sinal dele, achou melhor ir para o bar do hotel para que pudesse tomar uma taça de vinho. Como o local ficava próximo a recepção, ela poderia observar para saber o momento em que o austríaco chegaria e seguir para o quarto dele para que pudessem conversar.
Era melhor seguir o conselho de Louise e buscar estabelecer limites naquela situação ou poderiam acabar tendo novas discussões e ela já estava cansada de ter brigas sempre por causa de Mercedes e Red Bull, ainda que fossem o trabalho deles.
A loira deixou o quarto e suspirou aliviada ao encontrar o corredor vazio. Muitos membros da equipe preferiam voltar para casa logo após a corrida, mas ela, desde que havia começado a se envolver com , quase sempre retornava para a Inglaterra na segunda-feira, e isso a deixava mais segura para escapar para a suíte do austríaco, já que a chance de encontrar alguém era muito menor do que nas outras noites.
Assim que as portas do elevador se abriram, saiu do mesmo, correndo os olhos pela recepção e a entrada do hotel por alguns segundos. A chefe da RBR continuou parada por ali para que pudesse ver se o namorado chegaria naquele momento e bufou ao não vê-lo.
Passou uma mão na testa, balançando os ombros e resolvendo caminhar de vez para o bar do hotel. Precisava ter álcool percorrendo a sua corrente sanguínea o mais rápido possível ou teria um colapso nervoso pela ausência de notícias do austríaco.
parou na entrada do bar, logo após passar pelas portas de vidro, e as suas írises azuis percorreram o espaço apenas para se certificar de que não estava por ali. Porém, para a sua mais completa surpresa, seus olhos conseguiam detectar a presença do homem em qualquer ambiente – não que fosse muito difícil notar a presença de um homem de um metro e noventa de altura e com uma figura tão imponente quanto ele.
Seus pés, automaticamente, começaram a guiá-la na direção dele, mas, quando, ao seu lado, uma figura de cabelos tão loiros quanto os seus, passou, ela fincou os pés no chão. Nem mesmo se atreveu a mover um músculo sequer. Apenas deixou que seus olhos acompanhassem a outra mulher e foram eles que lhe permitiram ver quando se levantou de seu assento para recebê-la.
!
No exato momento em que ouviu seu nome ser chamado, o austríaco levantou os olhos e sorriu ao ver a figura de Susie caminhando em direção à mesa em que ele já estava sentado. De forma pronta, ele se levantou para que pudesse cumprimentá-la e a ajudou a se sentar na cadeira a sua frente, voltando a erguer o olhar outra vez para o salão.
Nesse instante, os seus olhos castanhos se encontraram com as irises azuis cristalinas que ele conhecia tão bem.
Por alguns segundos, o ar pareceu correr de seus pulmões e ele não soube o que deveria fazer.
optou por respirar fundo e lançar um de seus melhores sorrisos irônicos na direção de . A sua sobrancelha arqueada e o maneio de cabeça foram os toques finais ao seu cumprimento silencioso ao austríaco. Depois que fez isso, ela girou o corpo, seguindo em direção ao balcão do bar para que pudesse se sentar em uma das cadeiras altas e tomar uma taça de vinho.
? – Susie o chamou ao perceber que ele continuava parado ao lado do seu assento e girou o corpo para que pudesse encontrar o que havia chamado a atenção dele, mas não conseguiu ver nada demais. Ela levou uma das mãos ao pulso do homem para que conseguisse atrair a atenção dele. – Está tudo bem?
– Sim... – sorriu fraco, balançando a cabeça antes de retornar para o seu assento, de frente para a loira. – Eu achei que havia visto alguém conhecido. Me desculpe!
– Sem problema! – ela sorriu e elevou os ombros. – Vejo que já pediu vinho...
– Sim. Um Espérance de Trotanoy – ele ergueu a taça com um sorriso nos lábios porque aquele era o preferido de e foi impossível não correr os olhos na direção da loira.
Ele a encontrou sentada próxima ao balcão e tirou alguns segundos para observá-la. Analisou como o decote dava volume aos seios dela e como ela conseguia ficar ainda mais linda a cada dia.
A loira não percebeu os seus olhos grudados nela porque estava com a atenção voltada para o celular e ele se sentiu um pouco desapontado por isso, porque queria ter a atenção dela tanto quanto ela tinha a dele.
A voz de Susie chamou a sua atenção e ele voltou a olhar para a escocesa, questionando-se internamente o que ainda estava fazendo sentado naquela mesa junto a ela. Queria se levantar e estar nos braços de .
"Merda, . Olhe onde você se enfiou!" A sua consciência apitou, fazendo com que ele desse uma longa golada no próprio vinho enquanto tentava pensar em algum meio de fugir de Stoddart.
Enquanto isso, ainda travava uma pequena batalha dentro de si. Uma parte dela queria fugir para a própria suíte e uma outra queria que ela tivesse a coragem de ir até a mesa de e se apresentar como a namorada dele.
Não queria bancar a ciumenta sem limites, mas ela estava com raiva pelas palavras ditas por ele mais cedo na entrevista e pela ausência dele. Ela havia feito como ele fez, quando ela agiu errado, e o procurado para conversar, mas ele não a respondeu — e só naquele momento ela foi capaz de entender a razão.
Mordeu o lábio inferior, encarando a página inicial do Google. Havia recorrido ao buscador para que pudesse ter informações sobre Suzanne Stoddart, a mulher que como companhia de de forma recorrente.
Seus olhos se arregalaram ao perceber que ela era Susie e algo pareceu fazer tão sentindo em sua mente que ela teve vontade de dar uma risada por não ter reparado antes.
havia dito que a ex-esposa trabalha em uma equipe em Monaco e Louise havia dito que a mulher havia trabalhado na Williams.
Susie era o apelido de Suzanne.
Bloqueou o celular, girando a cadeira em que estava sentada e voltando a encarar os dois. Os olhos do austríaco foram em sua direção por alguns instantes e ela sustentou o seu olhar de fúria na direção dele, na expectativa de que ele pudesse sentir tudo o que ela estava sentindo naquele momento.
A forma como Stoddart riu de alguma coisa que ele havia dito fez a chefe da Red Bull rolar os olhos antes de voltar a ficar de frente para o balcão. Ela levou a taça de vinho até os lábios, bebendo todo o conteúdo de uma única vez e devolvendo a taça para o balcão enquanto tomava coragem para decidir o que fazer.
respirou fundo algumas vezes, colocando os pensamentos em ordem. Ainda que aquela não fosse a melhor escolha, era o que deveria ser feito.
Ela pensaria nas consequências depois.
Pegou o celular na mão direita, levantando-se da cadeira em que estava sentada e seguiu para a saída do bar do hotel. Mas algo fez os seus pés travarem antes de atingir a porta de vidro e ela girou sobre os próprios calcanhares, observando outra vez sentado à mesa.
Uma lufada de ar foi o suficiente para que a loira tomasse a coragem necessária.
Seus pés a guiaram até a mesa antes mesmo que ela pudesse desistir e, quando percebeu, já estava parada um pouco atrás da cadeira de Susie, com o melhor de seus sorrisos no rosto.
, querido, me desculpe o atraso... – disse, fingindo estar um pouco afobada e parou ao lado da mesa, fixando os olhos no austríaco.
arregalou os olhos em total surpresa com a atitude de , mais ainda quando notou que ela estendeu a mão em sua direção. Se apressou em segurá-la, levantando-se da cadeira para ficar ao lado dela.
envolveu a cintura dele com uma das mãos e ele depositou um beijo delicado em sua têmpora, antes de focar em seus olhos azuis para tentar entender um pouco do que aquilo significava.
Era ciúme?
– Susie, esta é...
– a escocesa completou a frase com uma expressão de surpresa no rosto. – A chefe da Red Bull?
– E namorada do .
teve certeza de que o ar correu de seus pulmões por alguns segundos ao ouvir a loira dizer aquilo pela primeira vez em voz alta. Teve vontade de pedir para que ela falasse novamente porque havia gostado de como aquilo soava.
Oh – Susie riu fraco, surpresa com aquela nova informação e esticou a mão para que pudesse cumprimentar a inglesa. – Eu não sabia disso.
– Poucas pessoas sabem – balançou os ombros, ainda mantendo um sorriso no rosto na direção de Stoddart. – Ainda estamos mantendo em segredo.
– Eu entendo – ela balançou a cabeça. – Pode ser prejudicial para a sua carreira, não é? – elevou as sobrancelhas e concordou um pouco a contragosto porque odiava pensava naquilo.
se manteve em silêncio, ainda incerto sobre o que deveria falar ou agir naquele momento, mas girou o pescoço para que pudesse encará-lo outra vez.
– Podemos ir?
– Claro, schatzi sorriu de forma carinhosa para a loira que estava ao seu lado, adornado a expressão derretida que surgiu no rosto dela e sentiu uma carícia leve em seu quadril. – Susie, me desculpe, mas...
– Tudo bem, . Quando você estiver em Mônaco, apareça para um vinho – ela sorriu, encarando a loira. – Você também está convidada, .
Eu adoraria teve vontade de rir ao sentir todo o sarcasmo presente no tom de voz da mulher, mas conseguiu se manter sério. – Mônaco nos traz ótimas memóriais.
Susie balançou a cabeça, ainda que não tivesse a menor ideia do que a loira falava, mas acenou em despedida antes de voltar a se sentar na cadeira para aproveitar o seu vinho.
tinha pergunta para fazer e elas triplicaram quando retirou o braço do redor da cintura dele com um pouco de força e caminhou em passos duros em direção ao elevador. Ele sabia que era melhor não causa uma cena no meio do saguão do hotel, então, optou por segui-la.
O silêncio era palpável e detestava aquela situação. Ele queria perguntar, queria entender o que havia acontecido, mas precisou esperar os dois estarem sozinhos para poder sair de seu estado mudo.
A mente de era um turbilhão. Ela jamais havia se portado daquela maneira diante de uma situação como aquela e se sentia estúpida por ter agido sem pensar — ainda mais quando se lembrava que tinha abraçado em público e dito que era namorada dele.
A loira balançou a cabeça e o silêncio voltou a tomar conta do quarto. respirou fundo algumas vezes, pensando nas perguntas que tinha para fazer e resolveu quebrar o silêncio.
– Eu vi a sua entrevista após a corrida e não consigo acreditar que você fez o que reclamou que eu fiz em Silverstone – cruzou os braços na altura dos seios. – De novo.
– Diferente de você, a Mercedes tem provas que o Matt aumentava e diminuía a velocidade até que a colisão acontecer. Se você olhar os gráficos, você vai ver que não tem nenhuma mentira no que eu estou dizendo – balançou os ombros.
– Eu não preciso analisar gráfico algum porque eu estava assistindo a corrida e eu sei que não houve nada demais – ela sorriu sarcástica. – Se quer acreditar que minha equipe e eu jogamos sujo, que faça, . Eu não vou ficar mais discutindo isso com você.
– Ótimo, – foi a vez dele deixar que um sorriso tomasse conta de seus lábios. – O que vai acontecer no próximo fim de semana? Vão jogar o Lewis para fora pista de novo? Porque, desde o Brasil que o Matt está tentando fazer isso, mas não teve êxito.
– Assim como Lewis fez em Silverstone, não é? – ela arqueou as sobrancelhas. – Ultrapassou onde não dava para o fazer e atirou Matt para fora da pista. Se vocês não tivessem nos tirado de duas corridas, nós teríamos sido campeões de forma antecipada.
– Não venha colocar sobre nós a falta de capacidade de vocês de ganhar outras corridas, – rosnou. – Se conseguimos chegar até aqui empatados é porque vocês não fizeram o suficiente para serem campeões e isso não é culpa minha.
A loira respirou fundo, esfregando uma das mãos pelo rosto e aproveitou para fechar os olhos por alguns segundos, controlando a respiração e a sua raiva naquele momento.
As palavras de Louise para que estabelecessem limites passavam longe de sua cabeça e tudo o que mais queria era conseguir colocar para fora toda a raiva que estava sentindo.
– Ótimo saber que você é um hipócrita, – disse, com os olhos presos nos dele. – Eu tenho me policiado, tomado cuidado com as minhas palavras e você acusa a minha equipe de uma maneira baixa como fez hoje. Você sabe o quanto isso me magoa – fez uma pausa, respirando fundo para que pudesse continuar. – Mas, certamente, nada doeu mais do que vê-lo em um jantar com sua ex-mulher sem nem me contar. Eu passei as últimas horas enviando mensagens para você e não recebi o mínimo de consideração.
...
– Eu não quero ouvir – o interrompeu, levantando a mão para que ele não continuasse a falar. – Eu não quero ouvi-lo. Não agora.
Girou o corpo sobre os próprios calcanhares, indo em direção à porta e ignorando todas as vezes em que o austríaco chamou pelo seu nome, não se importando com os outros hóspedes e segundo para o elevador deixando para trás o homem que amava.

🏎🏆✨



– Essa semana não vai dar, querida.
– Por quê?
O tom de voz e a expressão no rosto da menina eram capazes de desfazer qualquer carranca que tivesse. Ele soltou uma risada fraca porque tudo a menina questionava e lhe lançou um sorriso através da tela.
– Porque tanto quanto eu estamos ocupados com o fim da temporada.
– É por isso que ela não está com você?
A pergunta fez com que ele abrisse e fechasse a boca sem saber o que responder. Em um pedido silencioso de ajuda, encontrou Stephanie ao fundo do vídeo e arregalou os olhos para demonstrar que ele estava encurralado.
– Rosa, você pode buscar os meus óculos no meu quarto? – pediu, encarando a filha que bufou ao ter a chamada interrompida com o pai. – Sem reclamar, garotinha – Stephanie murmurou, pegando o celular das mãos dela e esperando que ela subisse as escadas para se virar para a tela. – O que há de errado?
– Por que haveria algo de errado? – riu, tentando disfarçar a situação e a loira cerrou os olhos.
– Porque você fugiu do assunto sua namorada a chamada inteira – ela apontou e fez uma breve pausa antes de dizer: – Não me diga que você terminou com a !
– Eu não terminei... – estalou a língua no céu da boca e soltou um suspiro. – Quer dizer, eu não sei bem.
– Não sabe?
– A gente discutiu porque eu acusei a Red Bull de ter jogado sujo na última corrida naquela colisão entre o Hamilton e o Hakvoort.
– Ela, corretamente, tomou as dores da equipe dela.
– Isso – murmurou contrariado ao ouvir a mãe de seus filhos dizer que a atitude havia sido correta. – Mas não foi só isso... Eu estava com a Susie quando apareceu.
Stephanie levou a mão livre até a boca para que pudesse cobri-la e soltou uma risada alta antes de balançar a cabeça de um lado para o outro enquanto ele rolava os olhos com reação dela.
– E o que a falou sobre isso?
– Nada – suspirou, passando uma mão pelo cabelo. – Ela, simplesmente, sumiu, e isso já tem dois dias.
– Já pensou em ir atrás dela? – Ste sugeriu. – Você quem errou, você quem deve correr atrás.
suspirou outra vez. Já havia ligado para a loira por algumas vezes e ela não havia atendido as suas ligações, muito menos respondido suas mensagens. Apelou para Louise, mas a ruiva apenas disse que a amiga estava bem.
– Bom, não fique parado – Stephanie murmurou. – Você me disse que ela tinha problemas de confiança e eu tenho certeza de que ver você com a Susie abalou isso nela. Segundo, que você falou mal da equipe dela...
– Eu a amo, Stephanie.
– Não é para mim que você tem que dizer isso, – a loira sorriu, acenando antes de encerrar a chamada e ele suspirou, já sabendo exatamente o que deveria fazer.

x


O dia em Milton Keynes havia sido exaustivo. Como viajavam para a última corrida do ano no dia seguinte, as últimas coisas tiveram que ser alinhadas e toda a fábrica passou uma corrente de apoio para os pilotos porque tudo precisava ser mais do que perfeito no fim de semana.
sentia os seus pés doerem e já podia sonhar com o momento em que os tiraria de dentro dos scarpins que usava naquele longo dia. Também sonhava com o banho que tomaria para poder relaxar e dormir em paz.
Ela só não sonhava em encontrar parado na porta de seu apartamento.
O austríaco tinha a cabeça encostada à madeira e parecia estar cansado de esperar, mas ela não quis se importar com a expressão cansada dele. As cenas e as frases do último fim de semana ainda estavam muito vivas em sua mente.
Decidiu ignorá-lo, colocando a chave na fechadura e a virando para abrir a porta. Entrou no apartamento e foi recebida pelo furacão Ariel, que a impediu de fechar a porta de pronto porque ficou em pé em suas pernas até sentir o cheiro de e correr para ele.
– Me devolva a Ariel – demandou em um tom bravo e ele negou com a cabeça, levantando-se com a Jack Russell Terrier em seu braço. – ...
– Se eu puder entrar e a gente conversar, eu devolvo a Ariel – sorriu. – Caso contrário, ela vai para a minha casa.
– E você quer conversar sobre o quê? O jogo sujo da minha equipe? A nossa incompetência por não ter vencido o campeonato antecipadamente? Ou você vai me contar por que me trocou pela Susie naquela noite?
– Eu posso falar sobre todas essas coisas se você me deixar entrar...
suspirou. Não queria causar uma cena em seu prédio, então deixou que o austríaco entrasse em seu apartamento e fechou a porta atrás de si. Olhou para o relógio em seu pulso antes de encarar o homem que parou no meio de sua sala de estar.
– Você tem cinco minutos.
teve vontade de rir, mas se apressou em colocar Ariel de volta ao chão antes de lançar um breve sorriso na direção da loira. Precisou tomar uma lufada de ar para que começasse a falar.
– Eu vou me desculpar pelo que eu falei somente porque você ficou chateada, mas eu ainda acredito que foi algo sujo. Mesmo que você me diga que você não teve intenção de fazer isso, Matt fez. Está nos gráficos e eles não mentem.
– Acredite no que você quiser, – ela deu os ombros. – Sinceramente, eu estou farta de discutir se a Red Bull foi ou não culpada em algum incidente entre os dois... Eu não vou ficar lutando para que você acredite que não houve nada de desleal na corrida.
– Eu deixei a raiva subir à minha cabeça e não quis te ver naquela noite.
– Preferiu ver a Susie... – a loira arqueou as duas sobrancelhas na direção do mais alto e ele balançou a cabeça em sinal de confirmação.
– Mas, não... – murmurou apressado. – Não do jeito que você está insinuando.
– Você iria dormir com ela? – cruzou os braços na altura do peito, mantendo o olhar duro na direção dele. – Era isso que eu estava pensando.
– Não! ! – riu de forma nervosa, dando um passo na direção dela e desfazendo o nó de seus braços para que pudesse segurar em suas mãos. – Eu não fui me encontrar com a Susie, apesar de ela ter me convidado, mas eu não posso negar que ela poderia ser a pessoa a me ajudar a esquecer um pouco o que havia acontecido na corrida e o que está por vir nesse fim de semana.
– E a sua namorada não poderia ser essa pessoa?
Um sorriso surgiu nos lábios de ao ouvi-la dizer de novo que era namorada dele. Teve vontade de interromper a discussão apenas para pedir que ela repetisse porque ainda não havia se acostumado.
– Eu gosto quando você diz que é minha namorada – murmurou, encarando as irises azuis dela. – Eu gostei muito quando você fez isso na frente da Susie.
– Não mude de assunto, – rosnou, ainda brava com a situação, mesmo que suas pernas tivessem tremido com a frase dita por ele. – Só responda a pergunta que eu fiz.
– Eu estava com raiva, . Ela apareceu e eu não vi problema em convidá-la para sentar, ter uma conversa agradável com ela – balançou os ombros. – E é claro que você pode ser essa pessoa... Você é essa pessoa, schatzi.
A loira soltou um suspiro, afastando-se do enlace do moreno e caminhou em direção ao sofá, deixando que seu corpo caísse sobre o local. Cruzou as pernas, uma em cima da outra sobre o tecido cinza e sorriu ao ver que Ariel se aproximou em busca de carinho.
– Eu fiquei chateada por vê-lo com a Susie e isso me fez fazer algo que eu nunca faria em sã consciência – riu fraco. – Mas eu entendo você tê-la convidado para sentar em razão do que vocês tiveram juntos e eu meio que consigo sentir o que você sentiu quando me viu com Michael na Áustria – olhou para o austríaco ainda em pé a sua frente. – Eu também fiquei chateada com o que você disse e, como eu disse, eu não vou mais me desgastar por causa disso. Louise disse que a gente deveria estabelecer algum limite nas coisas que falamos aos jornalistas e eu não consigo ver como podemos fazer isso – balançou os ombros. – Eu não quero mudar a minha essência como chefe de equipe para me tornar uma pessoa dura em frente as câmeras, a que segue um roteiro preparado pelo assessor. Depois que eu descobri que eu tenho voz e que eu posso falar, isso é tudo o que eu quero fazer.
– Mesmo que isso te custe algum dinheiro? – ele murmurou em meio a uma risada fraca e a loira rolou os olhos porque sabia que ele estava se referindo à multa que ela havia levado na corrida anterior por ter dito que o comissário havia levantado a bandeira amarela de propósito para prejudicar Hakvoort.
– Mesmo que faça o meu bolso doer e que eu seja obrigada a pedir desculpa à Federação – riu, sentindo-se bem por eles estarem tendo aquele momento mais leve, ainda que a discussão não tivesse terminado.
– Eu estou perdoado, então?
mordeu o lábio inferior, mantendo os olhos presos em . Desde o momento em que havia assistido à entrevista dele, a única coisa que corria em sua mente era que eles não poderiam continuar daquela maneira. Não era saudável continuar se magoando através das entrevistas, ainda que não fosse a intenção.
Ela estava cansada de discutir após um incidente entre os dois pilotos.
Cansada de brigar por causa de Red Bull e Mercedes.
Estavam empatados. Chegariam na última corrida ambos com chances de vitória e, a julgar pelo que havia acontecido em algumas outras, era óbvio que seria um clima tenso e completamente desfavorável para os dois como um casal. Ela não queria ter aquela mesma discussão, não queria perder tempo discutindo algo que nenhum dos dois mudaria de ideia porque ambos eram cabeças duras demais para não defenderem suas próprias equipes.
Por isso, ela deixou com que as palavras escapassem de seus lábios sem pensar mais no assunto ou se aquilo iria magoar .
Ela sabia que era aquilo que precisava pelo menos até depois da última corrida do ano. A partir dali, eles descobririam o que fazer.
– Eu quero uma pausa, .

Capítulo 29

Uma pausa?
repetiu as palavras, ainda tentando esconder a surpresa que havia tomado conta de todo o seu corpo no momento em que a frase saiu pelos lábios da loira. As mãos escorreram pelas laterais de seu corpo e seu ombros caíram, totalmente resetado com o que havia dito que queria.
– É, suspirou, passando as mãos pelo rosto e seguindo para o cabelo para que pudesse prendê-lo antes de erguer o olhar para encarar o austríaco outra vez. – Por favor, vamos nos manter afastados até o fim da corrida em Abu Dhabi no fim de semana – fez uma breve pausa, movimentando os ombros para frente. – Eu preciso disso.
– Você precisa disso? – soltou uma risada desacreditada e balançou a cabeça de um lado para o outro. – , discordar sobre uma situação não é o fim do mundo e nem o fim de uma relação.
– Eu não estou dizendo que essa nossa discussão é o fim da nossa relação – rebateu apressada, ajeitando o corpo sobre o sofá. – Eu estou dizendo que eu quero uma pausa porque nós estamos aqui com os nervos à flor da pele já por questões de outras corridas e, com certeza, a última do ano não será fácil. Então, eu quero uma pausa e quero que a gente pense antes de tudo que vamos falar nesse último fim de semana da temporada.
suspirou, colocando cada mão de um lado de sua cintura e mantendo os olhos fixos na mulher que parecia estar totalmente segura do que queria — o que o deixava sem argumentos para conseguir convencê-la do contrário.
Correu uma das mãos pelos cabelos e soltou um suspiro. Já havia passado tanto tempo longe dela e, agora que a tinha em seus braços, ela queria ir para longe de novo. Aquilo o deixava preocupado e ele tentava se apegar as vezes que ela havia dito que o amava várias vezes nas semanas anteriores.
Eles estavam juntos.
Namorando.
Isso é algo a mais. Algo pelo qual se está disposto a lutar para conseguir fazer prevalecer sobre qualquer dificuldade ou outro cenário.
– Tudo bem – falou, por fim, e arregalou os olhos em surpresa com a facilidade que ele havia concordado com a sua proposta.
– Tudo bem?
– Sim – balançou os ombros. – Se você não me quer por perto, eu vou te dar espaço.
sentiu o coração se apertar e se questionou se aquela era mesmo a decisão certa a se tomar. A cada passo que o austríaco dava em direção à porta, ela sentia o nó em sua garganta aumentar e a vontade de dizer que não queria nada daquilo crescer.
Queira tanto estar nos braços dele.
– Nos vemos depois de Abu Dhabi, .
se despediu com um aceno e piscou na direção da loira, abrindo a porta do apartamento e fechando atrás de si. observou Ariel correr até a porta e arrancar a madeira do local, choramingando pela partida do homem.
Era impossível não se questionar, mas ela precisava focar na sua vida profissional naquele instante. Era a última corrida do ano e ela não podia ter nenhuma distração.
Nem que a distração fosse .

🏎🏆✨


Grande Prêmio de Abu Dhabi



A semana parecia ter passado como um grande borrão bem diante dos olhos de . A conversa com havia sido colocada de lado em sua mente diante de tanto trabalho, ansiedade e nervosismo para a última corrida da temporada. Ainda não conseguia acreditar que ela, a primeira mulher chefe de uma equipe poderia ser campeã e que Matt Hakvoort poderia levar o campeonato dos pilotos.
O FP1 havia sido dominado por Lewis Hamilton e o FP2, por Matt Hakvoort. A igualdade que se via no campeonato estava refletida nos treinos livres daquele fim de semana e se repetiu no FP3, quando Hamilton conseguiu o melhor tempo e Hakvoort ficou com o segundo lugar por pouquíssimos segundos de diferença.
No sábado, o classificatório havia sido ótimo para a Red Bull. Matt havia conquistado a pole position enquanto o piloto inglês ficava com o segundo lugar, tendo Checo Pérez em quarto e Valtteri Bottas em sexto.
– Preparada para a coletiva? – Louise questionou a amiga, quando as duas se encontraram na saída da garagem da Red Bull e a loira teve vontade de rolar os olhos, mas apenas concordou com a cabeça.
e eram não apenas os chefes das equipes que estavam disputando os títulos, mas as duas figuras que passaram a temporada inteira trocando farpas em entrevistas, alimentando a rivalidade entre Red Bull e Mercedes. Não havia nada melhor para a Fórmula 1 do que ter os dois na última coletiva de imprensa dos chefes de equipe da temporada.
E odiou a ideia.
Havia quatro dias que ela não tinha nenhum tipo de conversa ou intimidade com . Ela podia jurar que mal havia visto o austríaco no paddock naquele fim de semana – se não fossem as câmeras da transmissão o filmando enquanto ele estava sentado na garagem da equipe alemã. Ele estava dando o espaço que ela havia pedido e, ainda que estivesse feliz por ter sido atendida, ainda condenava a própria decisão.
Se tornou estranho estar em um Grande Prêmio sem ter seus encontros com . Sentia falta dele, das conversas, dos momentos juntos... Sentia falta da sensação de tranquilidade que ele era capaz de trazer, mesmo que estivessem vivendo um caos do lado de fora da suíte em que estavam. Era como se tivessem a própria bolha e ela adorava isso.
– Eu não estou preparada para nada desse fim de semana – murmurou em meio a uma risada fraca e Louise balançou os ombros. – Eu estou completamente nervosa – confessou.
– Ufa! – a ruiva soltou o ar, seguido de uma risada enquanto colocava uma das mãos sobre o antebraço da amiga. – Eu também estou! A gente trabalhou tanto... Merecemos ganhar os dois campeonatos.
– Sem dúvida de que foi uma temporada e tanto – riu, lembrando-se por um breve momento de tudo que havia acontecido desde o início da temporada no Bahrein até o momento em que estavam, bem ali no Yas Marine Circuit. – Eu só espero que seja uma corrida tranquila.
– Nos seus sonhos – Smith soltou uma risada. – Até parece que se esqueceu tudo o que aconteceu nessa temporada... Só um milagre divino para fazer essa corrida ser diferente de qualquer outra passada.
– Quem sabe Matt e Lewis não acordam em um bom dia? – balançou os ombros, empurrando a porta da sala de mídia e o assunto com a chefe da comunicação se encerrou.
A loira cumprimentou com acenos alguns dos jornalistas que já estavam no local e seguiu para um dos assentos que lhe foi indicado pelo funcionário da federação. No meio, entre as duas cadeiras disponíveis para ela e , estava o troféu dos Construtores e a mulher não teve como evitar olhar para ele por um tempo a mais que o desejado.
As únicas vezes que havia visto aquele troféu de perto foi quando Sebastian Vettel conquistou títulos pela escuderia austríaca. Ela se lembra ter posado para fotos com Louise e outros membros da equipe ao redor do troféu, bem como da comemoração que foi em Milton Keynes quando retornaram para lá.
fechou os olhos por alguns segundos, se imaginando levantando o troféu dos Construtores logo após a corrida no dia seguinte, recebendo o mesmo que estava ali na sua frente na premiação da FIA no final do ano e a festa que seria em Milton Keynes quando a equipe e Matt retornassem.
Aquele era o momento que ela mais havia sonhado nos últimos meses.
Era o que ela precisava conquistar.
– É realmente muito bonito.
Ela não precisou se mexer para saber quem era o dono daquela voz grossa e carregada de sotaque. O seu corpo nem mesmo se sobressaltou ao ouvi-lo em meio ao seu momento de sonho porque já estava habituado aquela voz – e acreditava não existir nada melhor do que ela.
Abriu os olhos, girando o corpo sobre os próprios calcanhares e, ciente que haviam milhares de câmeras em sua direção, além de dois microfones que já poderiam estar funcionando, optou por dar apenas um sorriso na direção do chefe da Mercedes e manear a cabeça antes de seguir para se sentar na cadeira que havia sido indicada há alguns minutos.
– Emily Fields, Sky Sports Itália – uma mulher de cabelos cacheados em tom escuro se apresentou, assim que as perguntas foram liberadas. – Eu gostaria de saber quais são as expectativas de vocês dois para a última corrida. E, considerando tudo o que aconteceu em Jidá, vocês acreditam que vai ser possível ter uma corrida tranquila?
girou o rosto, encarando e permitindo que a mulher iniciasse a resposta primeiro. Ela sorriu em um agradecimento silencioso e tomou uma lufada de ar, pensando um pouco antes de começar a responder a pergunta da jornalista. Precisava ser o mais amigável possível em sua resposta, afinal, tinha pedido isso para há alguns dias.
– A minha expectativa é a melhor possível – sorriu. – Estamos confiantes para a última corrida, ainda mais porque largaremos na pole position, mas também mantemos os pés no chão porque sabemos que nada está ganho ainda. Temos certeza de que será mais uma corrida dura, ainda mais se você observarmos as últimas corridas, mas acredito que a Mercedes – a loira olhou para o chefe da equipe alemã –, assim como nós, quer que seja uma final limpa.
– Se você perguntasse antes da corrida no Brasil, certo que a expectativa não seria a mesma de hoje – soltou uma risada fraca. – O leão foi acordado em Interlagos e nós chegamos com muito bons olhos para esse fim de semana. É uma temporada acirrada, ambas as equipes e os pilotos fizeram um campeonato impressionante. Isso mostra todo o esforço que nós fizemos e o nível certamente sem precedentes que eu nunca tive nesses meus anos de Mercedes. Como disse a , esperamos uma corrida limpa e bem mais tranquila que a do fim de semana passado.
– John Stevens, Channel 4 – um homem ruivo ergueu a mão e ajeitou os óculos de grau quando os olhares se voltaram para ele. – A Mercedes está vinte e oito pontos atrás da Red Bull no campeonato de Construtores. , como é a sua visão diante dessa situação?
– Como eu disse, há algumas corridas atrás, ninguém diria que seríamos capazes de chegar disputando o título na última corrida. Eu não tenho dúvida de que será um tiro no escuro superar essa diferença de pontos, mas tenho certeza de que nós vamos com força total para conseguir ganhar ambos os campeonatos – o austríaco finalizou a resposta e logo um outro jornalista ergueu o braço para fazer uma pergunta para a chefe da Red Bull.
tentou disfarçar, mas manteve o olhar preso na loira, observando de forma atenta tudo o que ela falava, embora não prestasse atenção em nada. Ele assistia o seu perfil, analisando a forma séria e segura que ela se manifestava, enquanto seu pensamento estava apenas na falta que ele sentia dela.
Sentia falta de estar com . Do seu abraço, dos seus beijos, das suas carícias... Sentia falta da presença dela em sua vida. Era viver um verdadeiro inferno quando ele não estava ao seu lado e ele detestava isso.
Em alguns momentos, ele precisava parar de observá-la para que pudesse responder as perguntas que eram feitas para ele e o jogo virava, era quem o observava, estudava cada detalhe de seu rosto e sua expressão. Até o momento em que foi anunciado o fim da coletiva e o chefe da Mercedes se apressou em esticar a mão para que pudesse cumprimentar a chefe da Red Bull.
– Boa sorte, que vença o melhor piloto e a melhor equipe, .
assistiu às írises azuis focarem em si e sorriu ao sentir a pequena mão dela entrando em contato com a sua em um aperto de mão simbólico e que, depois de tantos dias, marcava um contato mísero entre os dois.
tentou sorrir o mínimo possível, mas era uma missão difícil, ainda mais quando ele falava o nome completo dela da maneira carregada de sotaque e de intenções que ela conhecia bem.
– Boa sorte, – piscou na direção do moreno, torcendo para que passasse despercebido pelo grande número de câmeras que haviam apontadas na direção dos dois, tendo certeza de que aquele momento estamparia as primeiras páginas de muitos sites e rodaria por toda a internet.
riu consigo mesma, já fazendo uma nota mental para buscar aquela foto depois e guardá-la como uma espécie de memória daquela temporada, independente do resultado, seria um momento bom para lembrar.
E tentou esconder dos olhos atentos – e que a conheciam tão bem – o arrepio que percorreu o seu corpo com aquele simples toque. Já podia se sentir em chamas pelo austríaco a sua frente e se apressou em romper o aperto de mão, retomando a pose anteriormente antes de se levantar de sua cadeira e seguir para fora do centro de mídias. Apenas quando voltou ao paddock a loira conseguiu respirar normalmente enquanto seu corpo inteiro praguejava a decisão de sua mente de se afastar de por causa de toda a saudade que percorria as suas veias – e preenchia o coração.

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Domingo.
12 de dezembro.
Aquele era o dia que toda as equipes de Fórmula 1 mais estavam esperando. Porém, ninguém em todo o automobilismo esperava aquele dia mais que os membros da Red Bull e da Mercedes e, certamente, dentro das equipes, ninguém superava . Havia dormido pouco e tinha certeza que estava com uma expressão cansada no rosto, mas mesmo assim, a loira mantinha a sua figura imponente ao passar pelo paddock. Empurrou a catraca da entrada, após passar o crachá no leitor e ter seu acesso liberado, batendo com os seus saltos finos da Yves Saint Laurent no chão enquanto caminhava em direção à garagem da Red Bull.
Ela havia escolhido um conjunto social cinza xadrez e optado por uma blusa branca. Era uma roupa simples, mas a mulher conseguia atrair a atenção de todos que estavam no lugar conforme ia passando, sendo clicada pelos fotógrafos da entrada, e, claro, por , que jamais deixava passar a sua frente sem a seguir com o olhar da forma mais discreta que conseguisse.
– Direita. Perto do trailer da Aston Martin – Louise murmurou, fazendo com que a loira virasse o rosto para seguir o comando dela, encontrando o austríaco em uma conversa com Lawrence Stroll, proprietário da equipe.
Os olhos dele se encontraram com os dela e precisou de alguns segundos para se concentrar para não tropeçar no momento em que um sorriso surgiu nos lábios do homem e uma piscadela foi lançada em sua direção. Foi inevitável – ainda mais considerando os dias afastados – não sentir o comichão no meio de suas pernas com aquele simples cumprimento.
Inferno de homem – murmurou com os dentes cerrados, voltando a olhar para frente e focando em continuar o próprio caminho para a garagem de sua equipe enquanto Louise tentava conter as gargalhadas ao seu lado para evitar chamar a atenção de outras pessoas. – Sempre tentando me desconcertar.
– E quase conseguindo – a ruiva pontuou em meio a uma risada fraca e a loira rolou os olhos por debaixo dos óculos de sol.
– Estamos longe um do outro desde a corrida de Jidá... Meu corpo está fraco – riu, balançando a cabeça de um lado para o outro e empurrou a porta da hospitalidade da Red Bull, cumprimentando as pessoas que estavam na recepção enquanto Louise seguiu para outra sala para que pudesse se reunir com a parte de mídia da equipe.
As duas tinham suas partes burocráticas para trabalhar antes de chegar o momento da corrida, tendo que esconder todo o nervosismo e a ansiedade para que pudessem se concentrar no que precisavam arrumar tudo até a hora da decisão.

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O momento em que a corrida começava era o favorito de .
A Fórmula 1 para ele era algo prático e isso o fazia não ter pistas favoritas, mas sempre focar no bom resultado que poderia conseguir no circuito. E, o momento em que todo o trabalho do fim de semana chegava ao ápice, era quando as luzes vermelhas se apagavam e os carros começavam a correr de verdade.
A última corrida do ano era a cereja do bolo da temporada. Todo o trabalho de, praticamente, um ano chegava ao final e ocorria a coroação da melhor equipe e do melhor piloto. Para a Mercedes, era um ano totalmente atípico em que tiveram uma competição de verdade depois de tantos anos conseguindo dominar o esporte sem uma preocupação séria.
Ele não podia dizer que estava feliz com a temporada – que havia sido capaz de lhe tirar o sono em alguns momentos – mas estava feliz pela equipe ter chegado na última corrida do ano ainda com chances de ganhar. O jogo estava empatado para os pilotos e, com muita sorte, poderiam virar o campeonato dos Construtores.
Aquilo o deixava alegre porque sabia que seria uma corrida e tanto. Desde o momento em que entrou no paddock, a adrenalina percorria as suas veias e ele sentia-se elétrico. Cumpriu a parte burocrática de seu trabalho, conversou com os diretores de algumas das empresas que eram patrocinadoras da equipe e estavam em Abu Dhabi, mas em sua mente só existia uma coisa que era o foco em vencer.
Quando ele se sentou em sua cadeira em frente à estação de engenharia, fechou os olhos por alguns segundos e mentalizou o que queria que acontecesse ao final da corrida. Não era um homem de muita fé, preferia acreditar que as coisas aconteciam por causa de um bom trabalho.
A largada foi dada e o austríaco se ajeitou em sua cadeira, cruzando os braços e focando os olhos na tela a sua frente. A disputa entre os pilotos das duas equipes começou quente e Lewis conseguiu a melhor, ultrapassando Matt por fora e conseguindo a liderança da corrida.
ouviu a reclamação da RBR pela ultrapassagem feita pelo inglês e apertou o botão da comunicação para que pudesse falar com os comissários que não havia sido nada demais, mas não podia negar que havia ficado apreensivo com a expectativa de uma punição que, não aconteceu.
, na pitwall da Red Bull, xingou ao ver que o aviso que não havia punição naquele lance, mas comemorou quando viu que Sérgio Pérez havia conseguido o terceiro lugar, passando Lando Norris que escapou na curva 1. Aquela era uma boa posição para o campeonato dos construtores.
As voltas pareciam se passar rápido demais e os membros das equipes sentiam o nervosismo tomar conta cada vez mais. Um verdadeiro jogo de estratégias acontecia ao longo da corrida, analisando os números e o melhor momento para que os pilotos fossem chamados aos boxes. Nada poderia dar errado porque, por menor que fosse, o campeonato poderia ir por água abaixo para ambos.
– Chame o Matt para os boxes – Gary anunciou na volta quatorze. Não seria possível fazer o undercut em Hamilton devido a distância entre os dois, mas era melhor trocar os pneus macios para que pudessem ter uma segurança um pouco maior.
O holandês retornou no quinto lugar, na frente da Ferrari de Charles Leclerc, e, logo, conseguiu ultrapassar a McLaren de Lando Norris. A Mercedes, observando a parada da Red Bull, decidiu chamar Hamilton para os boxes na volta seguinte e, por consequência, o primeiro lugar caiu no colo de Checo Pérez, voltando o inglês para a pista na segunda posição de forma tranquila.
– Esse espanhol é duro de roer – Jim murmurou no rádio diante das tentativas frustradas de Matt em ultrapassar Carlos Sainz.
O piloto da Ferrari conseguia se defender bem das investidas do holandês, mas, na décima oitava volta, a Red Bull ultrapassou e ainda conseguiu se defender da tentativa de troco, voltando a seguir à caça do carro número 44 que havia aberto uma boa vantagem.
Checo, defenda como um leão.
balançou os ombros ao ouvir a transmissão mostrar o rádio que a chefe da Red Bull havia mandado para o mexicano e que pareceu surtir bastante efeito para ele porque, logo após Lewis abrir a asa na reta dos boxes e conseguir a ultrapassagem, ele conseguiu retomar a posição.
A disputa seguiu pelas outras voltas, o que permitiu que Matt se aproximasse de Lewis, e fez com que se remexesse em seu assento. Com os olhos na tela a sua frente, ele viu o momento em que Lewis, finalmente, conseguiu ultrapassar Pérez.
– Checo, precisamos inverter as posições – o aviso foi dado segundos depois que Hamilton assumiu o primeiro lugar e o mexicano não hesitou ao ouvir a ordem, permitindo que o companheiro de equipe assumisse a segunda posição.
Depois de Kimi Raikkonen deixar a corrida, foi a vez da Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi ter que abandonar também. Os estrategistas da Red Bull se movimentaram ao notar que naquela volta trinta e seis, o diretor de provas havia acionado o safety car virtual e optaram por chamar o piloto do carro trinta e três para os boxes para uma nova troca de pneus.
A parada da Red Bull, como sempre, foi muito boa e Matt retornou as pistas em segundo lugar, seguindo em busca de Hamilton e com os olhos no troféu da temporada. roía o canto das unhas e nem mesmo sabia se estava piscando os olhos de tão focada que estavam nas imagens a sua frente. Tinha medo de perder algum momento se desviasse minimamente o olhar da tela.
, certamente, não perdeu o momento em que Nicholas Latifi bateu em cheio na proteção da pista. A loira levou as duas mãos ao rosto, apoiando os cotovelos sobre o painel, e respirando fundo para que pudesse se acalmar um pouco.
Safety car – Gary disse no rádio e ela retirou as mãos do rosto, voltando a atenção para o que acontecia no circuito. – Vamos para uma parada dupla de novo – anunciou e os dois carros da equipe foram para os boxes enquanto a Mercedes decidiu deixar Hamilton na pista.
– O carro do Bottas foi recolhido – James anunciou através do rádio para os membros da equipe alemã. – O furo no pneu causou um problema na suspensão e achamos que é mais seguro...
suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro e torcendo para que o safety car demorasse bastante para sair da pista. Afinal, as duas Red Bulls estavam atrás de Hamilton com os pneus novos enquanto ele havia permanecido na pista. Era uma aposta difícil, mas que precisou ser feita.
– Os retardatários entre o carro 44 e carro 33 poderão ultrapassar.
A informação dada pelo diretor de provas fez com que o austríaco se levantasse da cadeira em que estava sentado para acompanhar a corrida e apertasse o botão para que pudesse falar diretamente com ele para reclamar que aquela não era a atitude correta.
não conseguia acreditar no que os seus olhos estavam assistindo naquele exato momento no Yas Marine Circuit. Seus dedos tremiam sobre o painel enquanto os seus olhos estavam presos na tela a sua frente. Ela nem mesmo conseguia mover um músculo.
Michael Masi havia acabado de anunciar que os quatro carros retardatários entre Lewis e Matt estavam liberados para ultrapassar o piloto da equipe alemã, o que deixou o caminho aberto para o piloto holandês.
– Não, Michael! Não, Michael! Não! Isso não foi certo! – a transmissão mostrou o rádio de para o diretor de pistas, exalando toda a sua raiva e incredulidade com a decisão.
Foi questão de um piscar de olhos para que Matt conseguisse passar Hamilton assim que ocorreu a relargada, ainda na curva cinco, antes da reta principal. O inglês ainda tentou contra atacar nas curvas seis e nove, mas o holandês conseguiu se defender, chegando na reta e sendo o primeiro piloto a ver a bandeira quadriculada.
apoiou os braços sobre o painel, segurando a cabeça com as mãos e fechou os olhos no exato momento em que um show de fogos tomou conta do circuito e todos os outros membros da equipe, sentados ao seu lado na pitwall, começaram a comemorar a vitória.
Matt Hakvoort era o campeão da temporada.
A Red Bull Racing era a campeã do campeonato de construtores.
As lágrimas começaram a tomar conta do rosto da chefe da equipe austríaca e ela nem mesmo tinha forças para conseguir se mexer ainda. A ficha de tudo que havia acontecido nos últimos minutos parecia ainda não ter caído e ela sentiu seus ombros serem abraçados por Gary que gritava que eles haviam sido campeões.
A loira ergueu o rosto ao ouvir a voz de Hakvoort no rádio, os gritos eufóricos do piloto, tão em êxtase quanto qualquer outro membro ou torcedor da equipe, e apertou o botão para que pudesse falar com ele.
– Matt! Matt! Parabéns, você é o mais novo campeão de Fórmula 1! – anunciou para o piloto, ouvindo mais gritos em resposta e esfregou uma mão sobre a bochecha para secar as lágrimas que escorriam. – Obrigada por isso, Matt! Foi incrível. Incrível!
– Obrigado, – respondeu em um grito antes de soltar um suspiro, seguido de uma risada alta. – Porra, ainda estou sem acreditar!
Ela desligou o rádio, retirando os fones de ouvido e se levantou do banco, sendo logo abraçada por mais membros da equipe que celebravam aquela vitória de oito anos da última vez que haviam ganho.
Na garagem da Mercedes, a sensação remetia a um funeral. Depois de reclamar com o diretor de provas sobre a decisão de permitir que apenas os retardatários entre os pilotos passassem e ouvir que "aquilo era corrida de automobilismo", optou por deixar a garagem em passos largos sem nem mesmo olhar para trás.
A sua raiva era capaz de exalar por todos os poros de seu corpo naquele momento e ele precisava de alguns minutos sozinho para que pudesse absorver os últimos acontecimentos.
A Mercedes havia acabado de perder a chance de conquistar o oitavo título.
Lewis Hamilton havia perdido a chance de ter o seu oitavo título.

Encheu um copo com uma dose dupla de uísque e colocou as mãos nos quadris, olhando para o líquido amadeirado dentro do copo por alguns segundos enquanto a sua mente repetia os últimos acontecimentos em uma espécie de pesadelo, mas ele estava acordado.
De uma vez só, levou o copo até a boca e bebeu o conteúdo que havia ali, sentindo o líquido queimar a sua garganta. Voltou com o copo para a bandeja enquanto pensava se deveria ou não tomar uma segunda dose dupla, já que não era costume fazer aquilo durante o trabalho, e fechou os olhos.
Ele riu de forma nasalada ao se lembrar de . Em um momento daquele, tudo que ele mais queria era estar ao lado da namorada, mas ela também era a chefe da equipe campeã da temporada. Ela, certamente, não teria tempo – e nem iria querer – para ouvir as suas lamentações sobre a injustiça que havia sido aquela última volta.
se lembrou de quando havia dito que, talvez, fosse melhor que ela ganhasse o campeonato e balançou a cabeça de um lado para o outro. Ainda que doesse saber que havia perdido daquela maneira, a imagem de contente porque havia conquistado o topo era capaz de trazer um pequeno sorriso para o seu rosto.
Então, para completar suas memórias, se lembrou de Mônaco. O dia que também havia sido uma grande merda para a Mercedes, mas que ele presenciou a loira no pódio para receber o troféu da corrida pela Red Bull. Ele ainda tinha aquela imagem perfeitamente em sua memória, podia se lembrar do largo sorriso que ela tinha no rosto, da maneira como ela comemorou a primeira vitória no campeonato.
E, subitamente, percebeu que precisava testemunhar aquele momento de novo.
abriu os olhos, girando o corpo e caminhou para fora de sua sala. Seus passos largos o levaram de volta para a garagem da Mercedes e Jessica foi a primeira pessoa que teve coragem de ir falar com ele – os outros ainda se mantinham em silêncio, sem saber ao certo como se comportar diante ao acontecido.
– Ron quer falar com você sobre a possibilidade de protestos – a ruiva afirmou, olhando para o chefe, que tinha os cabelos desarrumados e uma expressão exausta no rosto. – Bradley quer saber se você vai falar com a imprensa.
Ele balançou a cabeça em sinal de confirmação, absorvendo as palavras e tentando acertar em sua cabeça o que era o mais correto a ser feito naquele momento. Levou uma das mãos ao rosto, tentando organizar os próprios pensamentos e voltar a ser o homem centrado que era normalmente para conseguir tomar a melhor decisão.
– Avise ao Brad que eu não vou falar com a imprensa – respondeu a primeira parte da informação primeiro e a assistente concordou com a cabeça. – Lewis vai para o pódio?
– Sim, deve começar em alguns minutos...
– Quando terminar o pódio, conversaremos sobre protestos – murmurou antes de seguir para fora da garagem em direção ao local onde ocorreria a entrega dos prêmios.
já havia sido abraçada por tantas pessoas da equipe que nem conseguia se lembrar o nome de todas elas. Falou com Jon Hakvoort e Helmut Marko, cumprimentando os dois homens que, normalmente, lhe davam medo, mas que estavam tão em êxtase com a vitória, que pareciam as duas melhores pessoas do mundo.
A loira sorriu ao encontrar Checo e Louise abraçados no meio do caminho e se apressou para que pudesse chegar até os dois. A ruiva se soltou do piloto, virando-se para abraçar a chefe da equipe, assim que notou a sua presença e o mexicano soltou uma risada ao assistir a cena.
– Eu sabia que a gente ia conseguir! – murmurou próximo ao ouvido de . – Você é foda, ! Uma chefe de equipe e uma mulher foda!
– Obrigada, Lou! – murmurou em meio a risadas e lágrimas, afastando-se da amiga. – Isso não seria possível sem o trabalho de vocês também e de todos que estão lá na fábrica.
– Conseguimos! – Checo gritou antes de abraçar a loira, levantando-a um pouco do chão e causando uma série de gargalhadas nela.
– O seu trabalho foi fundamental, Checo! Nos ajudou muito e, hoje, defendeu como um leão! – riu, lembrando-se da frase que havia dito durante a corrida e o mexicano balançou a cabeça.
– Você precisa receber o prêmio, ! – Louise murmurou, colocando as mãos nos ombros da amiga. – Você é a primeira mulher chefe de uma equipe e a primeira a ser chefe de uma equipe campeã. Trate de subir lá em cima e receber o troféu dos Construtores, !
A loira emitiu uma gargalhada alta, mas acabou balançando a cabeça em sinal de concordância com a amiga. Não tinha o costume de receber os prêmios, sempre gostava que outros membros da equipe fossem, mas aquele era um momento muito especial e ela não podia recusar. Ela tinha que estar lá!
se afastou do mexicano, sendo seguida por Louise que, naquele momento, retornou totalmente ao seu modo assessora, e as duas pararam quando Matt entrou em seus campos de visão.
– Parabéns, Matt! Um incrível trabalho nesta temporada.
– Obrigado, ! – ele sorriu, abraçando a chefe da equipe rapidamente antes de voltar a falar com a família e a namorada, pouco antes de Louise avisar que ele também tinha que ir receber o troféu.
estava com os olhos no alto, exatamente no local onde aconteceria a cerimônia. Ele havia buscado por em meio ao mar de pessoas que estavam no local, mas não encontrou a loira em lugar nenhum, vendo apenas Louise parecendo estar trabalhando em dobro, andando de um lado para o outro.
Aos poucos, os pilotos foram subindo ao pódio e seus olhos, finalmente, encontraram a loira. Ele não conseguiu conter um sorriso ao perceber que era ela quem iria receber o troféu pelos construtores naquele fim de semana e ele não se poupou em aplaudi-la quando a viu erguer o troféu com uma das mãos enquanto a outra apontava para parte dos membros da equipe, demonstrando que o troféu era deles.
retirou o celular do bolso da calça, abrindo a câmera do aparelho e o posicionando na direção do pódio. Ele não se preocupou em disfarçar e fez o máximo de registros que conseguiu até o momento que a chuva de champagne começou no pódio e a realidade o atingiu novamente.
Hamilton caminhou para fora do pódio, nem mesmo se importando em participar do momento do champagne e seguiu direto para a garagem da Mercedes. fez o mesmo, guardando o celular novamente no bolso e as imagens de comemorando o seu primeiro título em sua memória, afinal, amar era querer ser feliz e querer ver o outro feliz.

🏎🏆✨


tinha certeza de que até sua alma estava molhada por champanhe. As roupas estavam encharcadas, assim como os cabelos, mas ela ainda estava em estado de êxtase. Era como se a ficha ainda não tivesse caído e ela tinha certeza que iria demorar mais alguns dias para cair de vez.
Ela retirou os saltos, os deixando próximo a porta do quarto, e se livrou da bolsa. Estava pronta para retirar a blusa e seguir para o banheiro da suíte, para que pudesse tomar um banho para ir direto para a festa da equipe, quando ouviu algumas batidas na porta.
Uniu as sobrancelhas em sinal de confusão porque, geralmente, era quem a procurava aos finais de semana e ela podia jurar que o austríaco não queria vê-la naquele momento, acreditando que ele estaria chateado pela perda do título.
– Que cara é essa? – perguntou ao abrir a porta e encontrar Louise, também ainda usando o uniforme, e com uma expressão estranha no rosto.
– Você falou com o ? – questionou enquanto entrava no quarto da amiga e a ruiva fechou a porta atrás de si. estava tão contente que havia deixado o circuito sem nem se preocupar com nada que não fosse a comemoração da equipe.
– Não... – balançou a cabeça de um lado para o outro. – Por quê?
– Ele pareceu ter ficado bem abalado com a perda do título – Smith murmurou, balançando os ombros e a loira soltou uma risada nasalada.
– Abalado o suficiente para quebrar outro fone de ouvido? – perguntou, lembrando-se dos vídeos do chefe da Mercedes após o choque entre Matt e Lewis em Jidá.
– Abalado ao ponto de entrar com dois protestos.
A risada da loira cessou no momento em que a frase terminou e ela arregalou os olhos na direção da amiga. Não era possível que ele estava fazendo aquilo!
– Dois protestos?
– Eles acreditam que o Matt colocou o carro à frente do carro do Lewis na preparação para relargada, o que seria proibido – a loira teve vontade de rolar os olhos porque aquilo era, claramente, sem nexo algum, mas a segunda informação a chocou um pouco mais. – E que Masi agiu errado ao deixar que apenas os cinco carros entre o Lewis e Matt ultrapassassem o safety car.
– Eu preciso falar com o Jonathan – murmurou, passando uma das mãos pelos cabelos em sinal de nervosismo. – Os comissários deram algum parecer?
– O Jonathan está acompanhando, mas ele acredita que será difícil para a Mercedes reverter a situação – a ruiva balançou os ombros e suspirou, pensando se deveria ir falar com ou não.
A falta que sentia dele era grande e, em um momento importante como aquele, era óbvio que ela deveria ir falar com ele – ainda que os dois sempre brigassem quando uma situação adversa ocorria.
– Eu vou falar com o – anunciou, caminhando até a porta para recolocar os sapatos antes de sair do quarto, sendo seguida pela ruiva que, ao invés de ir para o elevador também, resolveu seguir para o próprio quarto em busca de um banho.
Apenas dentro do elevador, quando seus olhos encontraram o painel, a loira se deu conta que, dessa vez, não sabia o andar e nem o número do quarto do austríaco. Bufou em pura raiva e apertou o andar da recepção para que pudesse convencer alguém a lhe passar aquela informação.
A primeira coisa que havia feito quando chegou ao seu quarto foi tomar um banho. Um longo e demorado banho para que pudesse não apenas relaxar os músculos de toda a tensão das últimas horas, mas também esfriar um pouco a cabeça enquanto aguardavam a decisão dos comissários.
Ele havia tido uma conversa com Ron Meadows, o diretor técnico da equipe e Lewis para que pudessem chegar a decisão de entrar com os protestos e o que fariam em caso de recusa dos mesmos. Ainda que a Mercedes tivesse sido prejudicada com a decisão de Michael, a injustiça maior era com o inglês – e o chefe da equipe achou que era justo ouvi-lo.
Quando os protestos foram interpostos e precisariam aguardar a resposta, ele decidiu ir para o hotel. Não havia mais nada para ser feito e ele precisava de um descanso antes de enfrentar as longas horas de voo de volta para casa.
Duas batidas foram dadas na porta de sua suíte e ele bufou, pegando uma blusa qualquer em seu armário e a vestindo. Mais duas batidas foram dadas na porta e ele franziu o cenho, se questionando quem seria a pessoa impaciente de outro lado, enquanto caminhava para abrir a mesma.
Surpreendeu-se ao encontrar a figura loira de – ainda cheirando a champanhe – no corredor do hotel e deu passagem para que ela entrasse, sem dizer uma palavra, para que não acabasse chamando atenção de outros hóspedes membros de sua equipe.
– Eu achei que você estaria comemorando com a sua equipe... – murmurou, estalando a língua no céu da boca, antes de girar o corpo para encará-la.
– Eu vou ainda, mas eu precisava vir aqui falar com você – ela elevou os ombros para cima e depois os desceu. – Eu fiquei sabendo que vocês entraram com dois protestos.
– Sim... Para nós, está claro que não foi correta a atitude do Masi em deixar os retardatários entre Lewis e Matt ultrapassarem – balançou os ombros.
– Você só está dizendo que foi errado porque a sua equipe perdeu – a loira pontuou, com o dedo indicador em riste. – Se fosse ao contrário, você não estaria vendo problema algum.
– Eu te disse que eu não mediria esforços para defender os meus pilotos e a minha equipe, . O que o Masi fez ao final do safety car foi errado.
– Não foi errado! – exclamou em um tom mais alto, seguido de uma risada desacreditada – Matt ultrapassou Lewis na última volta porque ele estava com pneus mais novos, Masi seguiu as regras da FIA e a Red Bull ganhou. Esse é o fim da história, .
O austríaco soltou um longo suspiro, levando uma mão desde o queixo até os cabelos, e puxando alguns fios. Voltou a encarar a namorada após alguns segundos e aloira ainda tinha as írises azuis fixadas nele, a espera da confirmação que ela queria. Por alguns minutos, os dois permaneceram daquela forma, em silêncio, apenas se observando.
– O fato de Lewis ter ou não ter feito o pitstop não altera o fato que Masi errou. A regra diz que todos os carros devem ultrapassar e descontar uma volta, isso não foi feito. Esse é o problema aqui.
– O problema aqui é que vocês não sabem perder – a loira balançou os ombros, soltando uma risada fraca e balançou a cabeça de um lado para o outro.
– Isso vindo da equipe que fez Alex Albon recriar o acidente em Silverstone? – ele cruzou os braços na altura do peito, encarando a loira que abriu a boca em sinal de surpresa pelo que havia acabado de escutar.
– Você sabe muito bem que eu não tive controle sobre essa situação. Eu tive raiva sim após a corrida de Silverstone, mas já me desculpei ao Lewis e publicamente pelas besteiras que falei, assim como eu tenho evitado falar de cabeça quente para que situações como essa – apontou para o austríaco e depois para o próprio peito. – aconteçam. Eu quis vir aqui para entender o que a Mercedes fez e deixar claro que não é culpa da Red Bul... Se o Masi tomou uma decisão errada, não é culpa minha. Agora, eu não vou ficar aqui sendo o saco de pancadas porque você não aceitar ter perdido os campeonatos porque eu tenho dois títulos para comemorar.
sorriu na direção do moreno antes de passar por ele, seguindo em direção a antessala do quarto para que pudesse sair dali, mas a voz de fez com ela parasse de caminhar.
Ela girou o corpo, sentindo um choque percorrer o seu corpo no local que o austríaco segurava de uma forma leve. manteve os olhos nele, tentando entender o que aquele toque e o silêncio significava.
Enquanto isso, o chefe da Mercedes vivia uma batalha dentro de si. Queria parabenizá-la pela vitória, estava orgulhoso do trabalho dela na RBR e, por mais que a vitória de Matt fosse questionável, eles tinham feito um excelente trabalho.
– Me desculpe – disse, levantando o olhar para que pudesse encontrar os olhos azuis da loira. – Eu sei que você não teve nada a ver com a situação de Silverstone.
concordou com a cabeça, decidida a seguir em silêncio para que ele pudesse falar. Havia mais coisas para ele se desculpar.
– Me desculpe por ter sido grosso agora também. Apesar de ter sido da forma que foi, eu não posso negar que a Red Bull fez um excelente trabalho ao longo da temporada. Mas eu não gosto injustiças e, o que aconteceu hoje, a forma como Matt ganhou, foi uma das maiores injustiças desse esporte.
– Mas isso não foi culpa minha – pontuou. – E, independente de você achar justo ou não, Matt e a Red Bull mereceram ganhar.
Ela assistiu o homem respirar fundo com a frase que foi dita e a distância entre os dois foi encurtada por ele. levou uma das mãos para o quadril de , a trazendo para perto e uniu as testas dos dois, fazendo com que suas respirações se misturassem.
O cheiro de champanhe que ela emanava era capaz de quase embriagá-lo e ele estava adorando aquilo.
– Eu estou muito orgulhoso de você, sorriu. – Não que eu tivesse qualquer dúvida antes, mas você é uma chefe de equipe incrível.
rompeu a distância, unindo os lábios nos de em um beijo que se iniciou lento. A não dele correu para sua nuca, a mantendo próxima a ele e ela o envolveu pelo pescoço, tendo que se esticar o quanto podia.
Os dois entraram em seu próprio mundo. Onde não eram os chefes de equipes rivais, mas apenas e , um casal normal como qualquer outro, para que pudessem aproveitar a companhia um do outro.
O beijo se encerrou lentamente, mas eles continuaram com as testas unidas, esperando que as respirações se acalmassem e abriu os olhos para poder observá-la enquanto voltava a falar.
Ele, como responsável pela Mercedes, iria até o fim contra o que havia sido feito e ele sabia que isso poderia ser motivos para mais brigas para os dois.
... – ele retirou as mãos dela do seu pescoço, as segurando para que ela pudesse encará-lo. – Eu já disse que eu vou até o fim pela Mercedes e que eu acho tudo o que aconteceu aqui hoje, em relação à forma como a corrida terminou, uma injustiça. Eu vou até o fim para provar que o que aconteceu aqui foi um erro e, como a gente acabou de ver, isso vai nos afetar. Então, eu quero...
... – a loira o interrompeu quando a voz dele falhou. Os olhos se arregalaram na direção dele, mas a expressão do austríaco continuava serena, o que a deixava extremamente preocupada. – Você quer terminar?
A frase escapou dos lábios dela e um arrepio seguiu por sua espinha, mas logo foi aliviado quando ele se prontificou a balançar a cabeça de um lado para o outro, negando a pergunta dela.
– Não, – sorriu. – Eu não quero nunca mais ter você fora da minha vida.
A frase fez com que a loira elevasse o ombro e inclinasse um pouco a cabeça, contente em ouvir aquilo.
– Eu quero que a gente continue nessa pausa que estamos.
– Nós não vamos passar as férias de inverno juntos? – ela uniu as sobrancelhas.
Já haviam avisado a família dela e as crianças que passariam o fim de ano na Suíça e, agora, não aconteceria mais? conteve a vontade de soltar um suspiro, mas sentiu os polegares de acariciarem o dorso de sua mão.
– Me deixe resolver essa questão. Eu não quero que você pense que isso tenha algo a ver com você porque não tem. Eu só não quero que o mundo, especialmente a federação, deixe passar em branco o que aconteceu aqui hoje. Depois nós viramos a página.
– Viramos a página? – ela riu fraco, sem entender.
– Seguimos para a próxima temporada sem pensar nas besteiras que falamos esse ano e sendo mais cuidadosos com o que iremos falar.
A loira soltou uma risada, balançando a cabeça para concordar com aquela proposta. Permanecer por mais dias longe de seria uma tortura, mas ela poderia se contentar em ficar perto dele de novo em breve.



Continua...



Nota da autora: Oi, gente! Com esses três capítulos, estamos muito perto do final da história e eu posso garantir que, assim como a reta final da temporada de 2021, virão muitas emoções ainda! Mas também teremos uma surpresa muuuito em breve para vocês, garanto que ela é boa, rs. No mais, eu vou só reforçar o pedido para que vocês COMENTEM!!! É muito bom e importante para esta autora saber o que vocês estão achando da história! Espero que tenham gostado dos capítulos... Vejo vocês em breve! Beijos.
Ps.: agora eu vou deixar aqui as minhas redes sociais para que vocês possam ir lá falar comigo – aceito até cobranças por atualização!

Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

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