Capítulo 30
Silêncio.
Era isso o que havia recebido de nas últimas vinte e quatro horas após o Grande Prêmio de Abu Dhabi. Ela sabia que a ideia de dar uma pausa na relação havia partido dela, mas agora a ideia parecia a pior da história, e ela não podia negar que detestava o fato de ter dito aquelas palavras após o Catar.
Na primeira hora da manhã da segunda-feira, a FIA havia emitido um comunicado para anunciar que os dois protestos interpostos pela Mercedes não haviam sido aceitos. A chefe da Red Bull havia sentido o alívio percorrer o próprio corpo com a notícia, ainda que não acreditasse que o resultado fosse alterado, já que eles fariam de tudo para manter a boa reputação.
O anúncio fez com que ela enviasse uma mensagem para . Ele havia prometido que a pausa se encerrava quando a equipe alemã chegasse ao fim daquela situação e, para ela, aquele parecia muito bem ser o fim. Estava sacramentado que a Red Bull e Matt Hakvoort eram os grandes campeões da temporada, e seriam devidamente coroados na premiação na quinta-feira.
Na terça-feira, mais mensagens foram enviadas para e, outra vez, teve que lidar com a ausência de respostas do austríaco. Aquilo já estava a irritando e, com um pouco de vinho percorrendo a sua corrente sanguínea naquela noite, a ideia de ligar para ele surgiu em sua mente – ainda que tivesse quase certeza que acabaria ouvindo a mensagem da caixa postal.
Se questionou se ele estava na Inglaterra e a ideia de ligar para Stephanie surgiu em sua mente porque, talvez, ele pudesse ter ido para a Áustria ficar com os filhos. Mas, tão logo a ideia veio, ela se foi, já que a loira não queria envolver outras pessoas na questão que os dois haviam se enfiado e só caberia a eles mesmos resolver.
Na manhã de quarta-feira, ela acordou decidida e nada tirou a ideia da cabeça – nem mesmo a parte a sua parte pessimista dizendo que ela acabaria com a cara na porta. Ela iria para Oxford para falar com . Estava mais do que pronta para fazer de tudo para que ele a ouvisse e para que a ideia da pausa na relação fosse deixada para trás.
– É isso, Ariel – murmurou enquanto terminava de colocar a blusa de lã para encarar o frio que tomava conta da cidade naquela época de fim de ano. – Eu vou atrás do – soltou uma risada fraca, escolhendo um sobretudo cinza para colocar por cima da blusa. – Quem diria, não é? Mas, eu preciso ir atrás dele porque eu já estou farta dessa situação de ficar distante.
A cachorra movimentou a cabeça, como se acompanhasse o que a dona falava sem parar enquanto se movimentava por dentro do closet, escolhendo o que era necessário para se proteger do frio. colocou um cachecol vermelho ao redor do pescoço, calçou seus tênis pretos e pegou uma bolsa vermelha da Channel.
– Não dá mais para ficar longe do – falou, olhando para a cachorra que soltou um latido ao final da frase, fazendo com que a inglesa risse antes de rolar os olhos. se remexeu no sofá que estava sentada e inclinou o corpo para frente, segurando as orelhas de Ariel para que pudesse acariciar o pelo macio da cachorra. – Eu sei que você gosta dele, sua traíra, eu vejo como você praticamente me abandona quando ele aparece nessa porta – riu fraco. – Eu espero que tudo dê certo, sabe... Eu nem sei se ele está em Londres.
bateu com as mãos nas coxas antes de se levantar e sair do closet, sendo seguida de perto pela Jack Russell Terrier. A loira caminhou até a sala, colocando alguns itens importantes dentro de sua bolsa e pegou a chave do carro, despedindo-se de Ariel para que pudesse deixar o apartamento para ir conversar com . Ela tinha uma hora e quarenta de viagem pela frente, tempo suficiente para que pudesse organizar os próprios pensamentos e tudo que precisaria falar com o austríaco.
Duas horas e trinta minutos de reunião. O austríaco já estava cansado de ter os olhos presos na tela de seu iPad e seu pescoço doía pela posição em que ele se encontrava há tanto tempo – e tudo ainda parecia muito longe de chegar ao fim. Além dele, Jim Ratcliffe e Ola Källenius, os dois outros acionistas da parte de Fórmula 1 da Mercedes, três advogados e Bradley Lord, o diretor de comunicação da equipe, estavam reunidos para que pudessem analisar em conjunto o comunicado emitido pela FIA e a decidir o que seria feito após isso.
A resposta da FIA quanto aos protestos já era esperada, considerando que mudar o resultado da corrida final poderia acarretar uma série de problemas para a imagem e a reputação da Federação, sendo muito mais fácil assumir que não havia acontecido nada de errado, mas, para a Mercedes, aquilo não era o suficiente. Eles iriam até o fim para comprovar que o regulamento não havia sido seguido em Abu Dhabi.
A resposta da FIA quanto aos protestos já era esperada, considerando que mudar o resultado da corrida era algo que comprometeria a instituição.
– Nós podemos levar isso até a Corte – Andrew, o advogado especialista que havia sido contratado para analisar e lidar com a situação, disse para todos os presentes na reunião. – Porém, vamos ter que lidar com as consequências da decisão.
– Que seriam... – Jim Ratcliffe incentivou o outro a continuar e não demorou muito para que o advogado fizesse isso.
– Estar fora das competições de automobilismo por entrar na justiça comum contra a FIA – ele balançou os ombros e todos soltaram um suspiro em conjunto.
– Então, basicamente, não há uma saída? – Ola questionou e se remexeu em seu assento de forma desconfortável.
– Juridicamente falando, nós só temos essa possibilidade, mas traz uma vantagem boa. Ainda que a gente consiga reverter a situação, Hakvoort ainda será o piloto campeão da temporada.
– O foco não é tirar o título do Hakvoort e eu acho que jamais iremos conseguir isso – murmurou em um tom de voz baixo.
– Ir para a justiça é um risco alto demais para a Mercedes e para nós, como acionistas da equipe. Acredito que a melhor opção é por um ponto final nessa parte quanto ao jurídico e pressionar a FIA para uma resposta concreta – Källenius disse. – Eles disseram que montariam uma comissão para analisar o que aconteceu, não foi?
– É certo que seguir na justiça é a pior hipótese – Jim concordou, balançando a cabeça.
– Nós vamos acompanhar a investigação da FIA e cobrar atitudes – o austríaco disse, dando como encerrada a parte de não entrar com uma ação em face da FIA porque era prejudicial demais para a equipe. – Brad, vamos emitir um comunicado para amanhã logo na primeira hora da manhã.
– No dia da cerimonia de entrega dos prêmios? – o inglês soltou uma risadinha fraca, mas anotou o pedido do chefe. – Eu posso marcar uma coletiva também, o que acha? Responder a algumas das perguntas da imprensa sobre o assunto.
concordou com a cabeça para aquela ideia do diretor e os dois concordaram de ajeita os últimos detalhes em uma outra chamada. Os homens se despediram e o austríaco encerrou a chamada, bloqueando a tela do iPad antes de se levantar da cadeira e esticar um pouco o corpo.
O som da campainha ecoando pela casa fez com que ele franzisse as sobrancelhas, já que não estava esperando ninguém. Saiu do escritório, indo em direção à porta de entrada da casa e destrancou, surpreendendo-se ao se deparar com parada bem a sua frente.
– Eu trouxe o almoço! – ela exclamou, erguendo a mão direita para mostrar a sacola de papel que segurava e sorriu. – Posso entrar?
piscou algumas vezes, completamente surpreso com a presença da loira bem a sua frente e, ao sair do transe, deu um passo para o lado para que ela pudesse entrar.
– Eu sei que eu não deveria ter aparecido aqui sem avisar e você tem todo o direito de estar bravo já que a gente, tecnicamente, está dando uma pausa.
– Eu não estou chateado, – sorriu de ladino na direção da mulher. – Eu acabei de sair de uma reunião de duas horas e estou cansado...
– Se você quiser, eu posso ir embo...
– Não – impediu que ela se movimentasse em direção à própria e ela soltou uma risada fraca antes de concordar com a cabeça e voltar a posição de antes. – Eu não quero que você vá embora. Eu só tenho mais uma reunião com o Brad e depois vou estar livre.
A loira soltou uma risada fraca, mas concordou com a cabeça.
– Ainda estão discutindo o que aconteceu no domingo? – questionou, curiosa, mas ao ver a expressão no rosto do austríaco, suspirou. – Desculpe. Acho melhor a gente não falar sobre isso.
– Nós decidimos não levar o caso à justiça – ele a informou, balançando os ombros. A notícia iria se tornar pública em algumas horas, então, poderia ser contada a ela. – Vamos aceitar a comissão que a FIA criou e investigar tudo o que aconteceu para que uma interpretação tão diferente das regras não se repita.
A loira optou por concordar com a acabava, não querendo emitir opiniões sobre aquele momento para não acabar causando novas discussões, e um barulho diferente chamou a atenção dos dois.
– É a minha deixa – murmurou, acreditando que era a chamada para a nova reunião com Bradley. – Pode ficar à vontade, . Eu só preciso participar dessa reunião...
– Tudo bem – sorriu. – Eu vou deixar isso – ergueu outra vez a sacola. – na cozinha e esperar você.
O austríaco balançou a cabeça, seguindo para o escritório e a loira não pode negar que sentiu o coração murchar um pouco. O tratamento que estava lhe dando era muito diferente do normal, ele estava distante e isso a trazia memória negativas, que eram suficientes para deixá-la chateada.
Abriu os braços ao ver o homem partir e soltou um suspiro, girando o corpo para a cozinha. Já havia estado na casa de uma vez e se lembrava um pouco de como eram as coisas, mas decidiu olhar e analisar tudo como se fosse a primeira vez que estivesse ali.
Afinal, certamente, teria muito tempo para isso. Se as reuniões da Mercedes fossem iguais as da Red Bull, seria possível que ela guardasse em sua memória cada canto daquela casa.
Ela decidiu voltar para a sala de estar, sentando-se em um dos sofás. Retirou os tênis que usava e se recostou no econsto. Era melhor que ficasse confortável para esperá-lo e ali lhe parecia um bom lugar.
Dentro do escritório, discutia com Bradley sobre o comunicado que a Mercedes iria emitir para comunicar as razões de terem entrado com os dois protestos, as expectativas que a comissão para analisar o acontecido e melhorar as regras e as mensagens para os dois pilotos, além de todos os trabalhadores das fábricas em Brackley e em Brixworth.
– Poderíamos dizer também que isso nunca foi sobre a Red Bull ou o Matt – Brad acrescentou e o chefe concordou com a cabeça.
– Podemos parabenizá-los também... Dizer que nós temos respeito por eles, que foi uma temporada épica e que já estamos voltados para competir no próximo ano – balançou os ombros.
– Eu agendei a coletiva para amanhã às oito – o diretor de comunicação murmurou. – Será on-line e eu vou mediar as perguntas, mas você, basicamente, será sobre o acontecido, sobre como está o Lewis nesse momento e a nossa posição.
balançou a cabeça e, depois de repassarem mais alguns tópicos, a reunião foi encerrada. O austríaco guardou o iPad, se levantando de sua cadeira outra vez e deixou o escritório. A única coisa que ele tinha em mente naquele momento era tomar um banho.
Ao passar pela sala, encontrou adormecida no sofá e soltou uma risada fraca antes de caminhar até o local. Lentamente, com muito cuidado, passou a ponta dos dedos sobre o braço dela, vendo a loira se mexer devagar, quase não incomodada com o toque.
sorriu, observando por alguns instantes como ela parecia serena naquele momento e curvou o corpo para depositar um beijo em sua têmpora.
– ... – chamou em um tom de voz baixo e voltou a tocar o braço dela, na esperança que aquilo fosse o necessário para despertá-la.
O austríaco sorriu ao ver que havia sido e que ela se mexia lentamente, acordando do pequeno cochilo.
– Acho que a reunião demorou um pouco, não é? – murmurou, ao vê-la coçar os olhos e soltou uma risada fraca. – Desculpe por ter feito você esperar, .
A loira não pode evitar o sorriso que surgiu em seus lábios e uniu as sobrancelhas, sem entender muito bem a razão da expressão no rosto da loira.
– Fazia algum tempo que você não me chamava de – explicou com os olhos azuis brilhando na direção do mais velho e um sorriso leve surgiu nos lábios dele também. – Quando eu cheguei, achei que você ainda estivesse chateado comigo.
– Eu não estou – se apressou em balançar a cabeça de um lado para o outro para negar aquele pensamento da loira e se sentou na ponta da mesa no centro da sala, segurando nas mãos da mulher para que ela o encarasse. – Eu nunca estive, na verdade. O meu problema é inteiro com a forma que as regras foram seguidas no domingo, totalmente diferente do que está no papel. Masi deu uma nova interpretação. Isso me irritou. Eu detesto perder, mas perder da maneira que foi, tornou tudo um milhão de vezes pior – riu de forma nasalada – Eu perdi a fé no esporte e ver você defendendo ajudou a aumentar minha raiva com toda a situação. Porém, a raiva jamais foi destinada a você, schatzi. Inclusive, me desculpe por ter sido um idiota e ter deixado transparecer isso. Eu só... – suspirou. – Precisava de uma pausa para conseguir saber o que faríamos, como uma equipe e como uma marca, contra o que aconteceu. Seria prejudicial para nós dois se continuássemos perto um do outro enquanto eu tinha que lidar com tudo isso, brigar contra essa injustiça.
apenas ouvia as palavras, sentindo o polegar do austríaco acariciando o dorso de suas mãos e com um sorriso leve no rosto por vê-lo se abrir daquela forma.
– Como eu disse, não vamos levar para a corte e vamos seguir com a comissão da FIA para analisar o que aconteceu, melhorar regras e a política. Essa interpretação diferente para beneficiar uma pessoa ou uma equipe não pode acontecer novamente – ele fez uma breve pausa, tomando uma lufada de ar e voltou a olhar para a loira. – Eu te disse em Abu Dhabi, e repito agora, que eu estou orgulhoso de você e da sua vitória. Foi uma temporada épica e eu com um sentimento agridoce por ter sido batido pela melhor chefe de equipe que eu já vi.
soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e se aproximou, unindo os lábios nos dela em um beijo lento e repleto de saudade.
Deus.
A maciez dos lábios da loira era algo que o austríaco jamais cansaria de sentir. A forma como eles se encaixavam perfeitamente e eram capazes de enviar arrepios por todo o seu corpo, além de o fazer querer mais — como se fossem uma espécie de droga.
A droga mais viciante possível era .
– Amanhã pela manhã eu farei uma coletiva – ele contou após o beijo, mantendo a testa colada na dela. – Mas Abu Dhabi já é uma página virada e superada por nós.
– Então... – estalou a língua no céu da boca, empurrando o homem pelo peito para que pudesse olhar para o rosto dele de forma plena. – Acabou a nossa pausa?
– Completamente – riu. – E eu espero que ela não aconteça de novo porque eu fico louco sem ter você nos meus braços, .
– Sabe, eu posso dizer que a recíproca é verdadeira – foi a vez dela rir enquanto colocava as mãos ao redor do pescoço do austríaco, ficando na ponta do sofá para ficar próxima dele. – Eu não sei como eu não fiquei louca longe de você.
Os lábios se uniram outra vez, mas agora de uma forma mais agressiva, com cada um mostrando o desejo evidente pelo outro. As mãos do austríaco passeavam pelas laterais do corpo dela enquanto se contentava em puxar parte do cabelo do homem.
Ela se remexeu ao sentir os beijos de por seu maxilar, seguindo pela estrutura de seu pescoço e não conseguiu conter um gemido sôfrego que saiu por seus lábios. soltou uma risada contra o pescoço dela e deixou um beijo casto no local antes de voltar a posição de antes.
– Por que não fazemos assim... Vamos almoçar, aproveitar o resto do dia e depois eu não te deixarei sair dessa casa pelas próximas horas – o sorriso malicioso que surgiu no rosto do austríaco fez com que arrepios percorressem o corpo da loira, mas a sua mente fez questão de trazer um gigantesco balde de água fria.
– Eu não posso.
– Não pode?
– Eu tenho um voo às seis horas para a França – respondeu com um sorriso no rosto e a expressão de confusão do homem pareceu se multiplicar. – A cerimônia de entrega dos troféus é amanhã.
O choque de realidade atingiu o austríaco e ele confirmou com a cabeça, sabendo muito bem como o evento era importante, ainda mais para a loira que havia o ganhado pela primeira vez como chefe.
– Ótimo. Nós vamos para a França às seis – ele disse com um sorriso no rosto e foi a vez da loira adotar a expressão de confusão.
– Nós vamos?
– Eu vou pedir para o piloto preparar o avião – mostrou um sorriso para ela.
– – fez uma pausa, o encarando de forma intensa. – Me desculpe, mas... Eu não quero ir junto com você para o evento. Essa, certamente, não é a hora da gente aparecer juntos publicamente e...
– Você está certa, mas eu não me referi a isso – ele sorriu, passando tranquilidade para a loira, que soltou um suspiro seguidos e uma risada, deixando o corpo cair sobre o sofá. – Eu quis dizer apenas que eu vou para Paris com você. Estarei no hotel enquanto você estará na premiação e, depois, nós teremos a chance de aproveitar da melhor forma possível a cidade do amor, .
sorriu, completamente feliz e animada com a chance de estar na França com , mas não para uma corrida e sim para aproveitar Paris. Nem em seus melhores sonhos ela poderia imaginar algo que fosse melhor do que aquilo e não podia negar que estava absurdamente ansiosa.
Agora, não era apenas para receber o prêmio.
Paris, França.
– Então, a minha estadia é na conta da Red Bull? – perguntou para quando os dois entraram na suíte em que ela havia sido colocada e a loira soltou uma risada alta, balançando a cabeça em sinal de afirmação enquanto o austríaco ria também, achando aquela situação extremamente divertida.
A reserva do quarto havia sido feita pela a equipe campeã, mas ela apenas para a chefe da equipe e, agora, havia sido estendida ao seu acompanhante de uma forma totalmente sigilosa para que nenhum outro membro descobrisse.
– Eu adoraria saber o que o consultor da RBR acharia disso – murmurou em meio a uma risada, retirando os sapatos e caminhando até a cama para que pudesse se sentar. A loira ignorou o frio que pareceu percorrer a sua espinha ao ouvir Helmut ser citado e optou por balançar os ombros na direção do namorado.
– Nem queira, você sabe que ele te detesta.
– Sem razão – pontuou, batendo no espaço vazio ao seu lado para que ela se sentasse.
– Claro, ganhar sete vezes seguida o campeonato e criar uma hegemonia difícil de ser batida não são razões o suficientes para te detestar – murmurou, sentando-se ao lado do austríaco antes de curvar o corpo para frente para que pudesse retirar os scarpins. – Além de, claro, falar mal da Red Bull.
– Eu não falo tão mal da RBR quanto vocês falam mal da Mercedes – balançou os ombros. – E eu fui um bom cara, até interferi pouco na contratação do Albon pela Williams...
– Você acha que fazer a gente suspender o contrato com ele é ter sido bom? – soltou uma risada, movimentando os pés após retirar os dois de dentro dos sapatos de salto e deixando o corpo cair sobre a macia cama em que estava.
– Você sabe que eu poderia ter vetado, eu tinha todas as razões para fazê-lo – outra vez, balançou os ombros, mas optou por deixar o assunto para lá porque já não era mais importante agora. Também permitiu que seu corpo caísse sobre a cama, sorrindo ao entrar em contato com a maciez do colchão e girou o corpo, olhando para a loira que mantinha os olhos fechados. – O que acha de um almoço com uma bela vista?
soltou uma risada ao ouvir a frase, balançando o corpo de forma leve e girou pescoço, encontrando as írises castanhas do austríaco focadas nela. Um sorriso imediato surgiu em seu rosto naquele momento e a sua mão direita foi até o rosto do austríaco, parando em sua bochecha. A encaixou ali, fazendo uma carícia com o polegar, o que fez com que ele fechasse os olhos, mas permanecesse com um leve sorriso nos lábios.
– Parece que você está tentando me levar para a cama – soltou, fingindo estar chocada e gargalhou ao ouvir a frase, voltando a abrir os olhos e encará-la.
– Pode me dizer se está funcionando?
mordeu o lábio inferior, girando o corpo de forma completa e aproveitou o momento em que o homem a encarava para que pudesse se colocar sobre os quadris dele. Os olhos de se arregalaram em surpresa e as suas mãos foram diretamente para os quadris da loira, já sentindo o volume no meio de suas pernas.
– Eu diria que sim, mas, depois desse tempo todo longe, e das horas que eu tive que ficar esperando você terminar as reuniões, ficou um pouco difícil para você, senhor – estalou a língua no céu da boca antes de soltar uma risada fraca. – Você vai precisar se esforçar um pouco mais.
– Me esforçar um pouco mais? – riu. – O que mais você quer que eu faça? – indagou, arqueando as sobrancelhas na direção dela. – Te peça em casamento?
precisou espalmar uma das mãos sobre a blusa cinza que o homem vestia para que não acabasse caindo sobre a cama ao ouvir aquela pergunta. Seu coração bateu de forma descompassada por alguns segundos e um arrepio passou por toda a espinha dela enquanto os seus olhos continuaram na direção do austríaco, embora a figura dele já fosse um borrão. Já , matinha um sorriso divertido no rosto. Ainda que aquele fosse realmente um desejo seu – não para aquela viagem – ele precisava saber se a loira estava na mesma página e, a julgar pela reação muda que ela tivera há alguns segundos, estava muito claro que a ideia continuava a assustando um pouco.
Ele levou as duas mãos para o rosto dela, as posicionando na nuca da loira e fazendo com que ela despertasse do pequeno choque ao qual havia sido inserida. sorriu, sem mostrar os dentes na direção do austríaco e a puxou para que pudessem selar os lábios.
– Não precisa fazer essa cara, – murmurou assim que os dois se afastaram e percebeu que ela ainda não havia suavizado a expressão. – Era uma brincadeira.
– Não há uma frase sobre brincadeiras sempre terem um pingo de verdade? – questionou e o austríaco arqueou as sobrancelhas em sua direção enquanto a lateral de seus lábios se levantava em um sorriso malicioso mínimo.
– Então, você quer que seja verdade?
– Eu vou tomar um banho para que a gente possa ir almoçar – lançou um sorriso na direção do austríaco, ignorando a pergunta feita e movimentando-se para levantar do colo dele, mas a impediu. As duas mãos do moreno em sua cintura foram suficientes para que ela retornasse de encontro com o quadril dele e ambos fecharam os olhos imediatamente com o contato.
– ...
– A gente vai se atrasar para o almoço – murmurou, coçando a própria nuca e franziu o cenho na direção dela.
– Que se dane o almoço – murmurou entre os dentes, mantendo a loira sobre o seu colo, ainda que ela se movimentasse e, mesmo com as camadas de roupas que ambos usavam, fosse capaz de levá-lo à loucura. – Você tem que responder a minha pergunta.
– Eu não vou responder a nada, – cruzou os braços na altura dos seios. – Eu vou me levantar e tomar um banho.
Os dois se encararam por alguns segundos e ele acabou se dando por vencido, permitindo que a loira se levantasse. Ela praticamente correu em direção ao banheiro enquanto o austríaco ficou deitado sobre a cama com os olhos focados no teto da suíte se questionando mentalmente se ele havia ouvido corretamente a frase da loira.
conseguia ser uma incógnita quando queria ser, especialmente quanto aos seus sentimentos.
O restaurante Guy Savoy é um dos mais chiques de Paris, estabelecido no primeiro andar da Monnaie de Paris, um prédio neoclássico do arquiteto Jean-Dennis Antoine. Por dentro, é um ambiente discreto, mas muito bem decorado com artes contemporâneas, e dono de três estrelas Michelin – o mais alto nível de classificação do guia.
Além da excelente comida, ainda possui uma bela vista para o Rio Sena e esse era um dos restaurantes preferidos de na cidade da luz. Ele sempre buscava estar nos melhores ambientes e poder mostrar para os seus lugares favoritos, poder compartilhar com ela as experiências era algo magnífico.
– Paris é realmente uma cidade muito bonita – a loira murmurou em meio a uma risada fraca, observando a paisagem que uma das enormes janelas do restaurante proporcionava, e levou a taça de vinho até os lábios, dando um pequeno gole.
– É uma das minhas favoritas – projetou os lábios para frente e deu um sorriso na direção da loira sentada a sua frente, também, por fim, bebendo um pouco de seu vinho. – O que acha de irmos daqui para a Suíça?
– Eu preciso estar em Milton Keynes amanhã – respondeu com um leve sorriso no rosto. – Nós vamos retornar para a fábrica com os troféus e teremos a reunião da equipe por lá amanhã. Além do mais, eu precisaria arrumar uma nova mala para ir para a Suíça.
– Tudo bem... – ele balançou os ombros, pensando em uma nova possibilidade logística para a viagem de fim de ano e a loira o encarou.
– Eu posso embarcar na sexta-feira à noite – balançou os ombros, acreditando que não teria problema em fazer a viagem no dia seguinte à comemoração na fábrica e o austríaco balançou a cabeça. – É um tempo bom para que eu consiga comemorar e arrumar a mala. Ficaremos até o início do ano?
– Podemos ficar o quanto quisermos – ele balançou os ombros. – Estar em uma vila, no meio das montanhas, vai parecer bom demais e a gente vai se esquecer do trabalho.
– Quem nós vamos tentar enganar? Nós dois somos workaholic – os dois gargalharam com a frase da loira e ela balançou a cabeça de um lado para o outro, sabendo que seriam uma missão impossível para eles conseguirem esquecer o trabalho durante as férias, ainda mais quando a próxima temporada viria cheia de alterações no regulamento e com novos carros. Eles já tinham muita coisa para se preocupar.
A risada de e chamou não chamou a atenção de muitas pessoas no restaurante. A maioria delas estava preocupada em suas próprias comidas ou nas conversas que estavam tendo, mas atraiu a atenção de uma em especial. Alguém que tinha o Guy Savoy também como um de seus restaurantes preferidos e que, por pura coincidência, havia feito uma reserva para o almoço no local naquela tarde.
Quando seus olhos recaíram sobre os dois chefes de equipe partilhando uma conversa, foi impossível prestar atenção em qualquer outra coisa que acontecia ao seu redor que não fossem os dois. A conversa ficou em segundo plano e a comida, apesar de deliciosa, foi deixada de lado porque o que ele estava vendo era muito mais interessante.
Ele se lembrava muito bem que havia sido terminantemente contra a ideia de ter uma mulher como a chefe da equipe, mas foi vencido por Christian Horner a dar uma chance para aquela engenheira que estava há quase dez anos dentro da equipe e que, na visão do inglês, seria uma excelente substituta.
Ele sabia que Dietrich também havia ficado com um pé atrás por Christian estar indicando uma mulher para o cargo, mas decidiu não se opor, dando um voto de confiança para o chefe que estava há tantos anos exercendo aquele cargo e, provavelmente, sabia quem era o mais qualificado para substituí-lo.
O primeiro ano mostrou que Christian não estava certo. A Red Bull não conseguiu ser campeã e, embora tivesse feito cócegas na Mercedes em algumas corridas, terminaram amargando o segundo lugar no campeonato dos Construtores e Hamilton levou o campeonato dos pilotos com algumas corridas de antecedência. O segundo ano havia começado ruim e parecia mostrar que seria, basicamente, uma continuação do primeiro ano, mas as coisas mudaram depois de Mônaco. A equipe conseguiu ficar mais competitiva, ser mais agressiva e o trabalho em equipe conseguiu garantir os dois campeonatos.
Ele não podia negar que a conquista era algo que o enchia os olhos e o fazia ter uma confiança na chefe da equipe, mas um de seus pés ainda continuava bem atrás em relação a ela. Ainda mais quando conseguiu perceber que as coisas pareciam mudar um pouco de figura quando o chefe da Mercedes estava por perto. As palavras duras trocadas pelos dois em entrevistas não eram capazes de disfarçar os sorrisos que eles trocavam quando se viam pelo paddock ou como eles sempre pareciam estar em um sinal de alerta enquanto conversavam em público. E, nada, absolutamente nada foi capaz de esconder o exato momento em que ele viu entrando na hospitalidade da Mercedes durante a bandeira vermelha em Spa-Francorchamps.
Era óbvio que tudo não passava de suposições, ainda mais considerando que ele era um homem muito observador. Gostava de ter olhos de águia para saber tudo o que acontecia a sua volta, ele precisava estar ciente de tudo para o bem da Red Bull Racing. A equipe ocupava o primeiro lugar na sua vida.
Agora, diante dos seus olhos, estava o que ele havia estava tentando confirmar desde a Bélgica. A chefe da Red Bull Racing estava vivendo um romance com o chefe da Mercedes e, aparentemente, não estava fazendo questão de esconder. Afinal, os dois estavam almoçando juntos em um dos restaurantes mais conhecidos da cidade no dia da maior premiação do esporte.
A sua vontade era de ir até a mesa deles para cumprimentá-lo apenas para mostrar que estava presente no local e que tinha visto os dois, mas sabia que não podia. Não iria causar aquela cena, não iria estragar o dia – nem mesmo com todo o seu desejo de dizer umas verdades para após a coletiva que ele havia dado mais cedo, ainda chorando por causa da vitória de Hakvoort.
– Marko?
Foi a voz de Adrian, o chefe técnico da equipe, o responsável por trazê-lo de volta para a conversa que estavam tendo com Jos Hakvoort e o fez retirar os olhos de e . Ele iria decidir depois qual seria a melhor maneira de lidar com aquela situação porque, hoje, era um dia importante para a Red Bull e não poderia ser estragado por nenhuma situação.
digitava no teclado conectado ao iPad com os olhos presos na tela a sua frente e com a sua mente trabalhando nas palavras para compor aquele e-mail. Após o almoço, havia recebido um profissional no lobby do quarto para fazer o cabelo e a maquiagem para o grande evento da noite enquanto ele havia decidido trabalhar um pouco mais.
Para o austríaco, era muito estranho saber que não iria à premiação naquela noite. Ele participava dessa noite há sete anos, de forma seguida, e, agora, ele não era mais uma das estrelas da noite. Não podia negar que ainda doía saber que a Mercedes não tinha conseguido o campeonato dos Construtores. Haviam trabalhado duro demais naquela temporada e, nas últimas corridas, viram o campeonato escorrer por suas mãos.
O lado bom, na visão dele, era que aquela perda – e o fato de saberem que tinham uma forte competição – os deixariam com mais garra para vencer a próxima temporada. A Mercedes precisava voltar a dominar a Fórmula 1 e ele tinha total confiança que conseguiriam fazer isso e que, no próximo ano, os papéis estariam invertidos: ele quem iria receber o troféu e seria a sua convidada.
– O que acha? – a voz da mulher atraiu a atenção do austríaco e ele girou o corpo sobre a cadeira em que estava sentado, encontrando parada próxima a cama do quarto.
As duas mãos estavam na cintura e ele não fez cerimônia em percorrer o corpo inteiro dela com os olhos por debaixo dos óculos de grau que usava. havia escolhido preto de veludo que possuía um detalhe na parte do busto e deixava a parte de cima de suas costas aparecendo em um belo decote, não tão sensual. Os cabelos estavam com o lado direito preso e soltos do lado esquerdo, com as pontas levemente cacheadas e a maquiagem escolhida era bem leve.
– Acho que você vai roubar todas as atenções da noite – murmurou, sem retirar os olhos dela nem por um segundo sequer.
– Até mesmo do grande campeão da temporada?
– Ninguém se importa com ele mesmo – o austríaco balançou os ombros, não dando a menor importância para o piloto. – E vão se importar menos ainda quando você aparecer.
– Ok, eu vou fingir que eu acredito nisso – disse em meio a uma risada fraca, pegando a clutch que iria levar e se levantou, caminhando na direção dela.
– Por que fingir se essa é a mais pura verdade? – indagou, parando atrás do corpo dela e levando uma das mãos até a barriga da loira, fazendo com que ela levantasse a postura, sentindo seu corpo atrás do dela. – Você irá atrair todas as atenções da noite e não vai ser apenas pelo título que vai receber.
– Tudo bem, ... Você vai conseguir me levar para cama esta noite. – murmurou fingindo um tom de tédio e o austríaco soltou uma risada contra os cabelos dela, depositando um beijo demorado no local.
– Mesmo com todos os convites para after party que você vai receber? – maneou a cabeça, girando o corpo sobre os próprios calcanhares, e colocando as mãos ao redor do pescoço do mais alto.
– Nenhuma delas será melhor que estar com você, à luz da Torre Eiffel, tomando champanhe e olhando para o meu título de construtores – ele rolou os olhos com a última parte da frase e ela soltou uma risada fraca.
– Acredite em mim, terá uma garrafa de champanhe e um homem louco esperando por você.
– Acredite em mim, eu não sei para qual das duas partes eu estou mais ansiosa – piscou na direção dele, selando os lábios em um beijo casto para que não borrasse o batom e porque estava muito perto de jogar tudo para o alto e cair na cama com .
A loira pegou a clutch e se despediu com um aceno, seguindo em direção a porta do quarto com seu coração batendo de forma acelerada. A maneira como a enaltecia era algo que a fazia se sentir tão bem que ela não sabia nem por onde começar a explicar. Saber que ele havia vindo com ela para Paris, mesmo com toda a situação envolvendo a Mercedes e a FIA, era algo que deixava o coração dela gritando por ele.
Era tão fácil amar que ela se questionava, algumas vezes, porque não havia percebido isso mais cedo.
A Red Bull Racing era a estrela da noite. Todos os olhos e lentes de câmeras estavam voltadas para o piloto campeão do mundo e a chefe da equipe campeã do mundo. Todos queriam ouvir algumas palavras dos dois sobre o campeonato e, alguns dos jornalistas, eram corajosos o suficiente para fazerem perguntas sobre a coletiva de imprensa da Mercedes pela manhã.
não conseguiu conter uma risada quando, em uma entrevista na entrada da premiação, Matt respondeu que a "Mercedes poderia ir se danar". Ela tinha certeza que estava assistindo aquele momento e conteve o instinto de morder o lábio inferior ao pensar no namorado.
Ao lado de Adrian, Helmut e Matt, todos devidamente acompanhados por suas parceiras, ela seguiu para o salão onde ocorreria a cerimônia. Os cinco foram guiados por uma funcionária para a mesa onde ficariam sentados, mas não sem antes passar por uma série de outras estrelas do automobilismo que estavam por lá, além de alguns nomes importantes do esporte.
– O que vocês fizeram hoje? – a namorada de Matt puxou assunto quando eles se sentaram à mesa e os três homens entraram em um assunto que ela julgava ser chato demais para prestar atenção, virando o rosto para encarar as três outras mulheres sentadas próximas a ela. – Nós chegamos agora a tarde... Eu adoraria ter vindo cedo para passar o dia em Paris.
– Oh, nem me fale, eu me apaixono todas as vezes que estou por aqui – Rita Newey, a esposa de Adrian, disse com um sorriso no rosto. – Aproveitamos a tarde para ir ao Louvre.
– Eu almocei no restaurante do Guy Savoy – murmurou, sorrindo ao se lembrar de como havia sido a tarde com antes de ir se preparar para o grande evento da noite, mas a resposta dada pela esposa do consultor da Red Bull fez seu corpo gelar por alguns segundos.
– Jura? – a mulher sorriu surpresa. – Nós almoçamos lá também, mas não vimos você – ela tocou levemente o ombro do marido, sentado ao seu lado, o retirando da conversa com os outros homens para que ele pudesse participar da conversa delas. – disse que também esteve no Savoy hoje.
O consultor teve vontade de rir da expressão do rosto da chefe da equipe e podia jurar que a palidez no rosto dela não tinha nada a ver com a maquiagem. A expressão dele, no entanto, não se alterou em segundo nenhum ao ouvir a esposa lhe dar aquela informação, pelo contrário, ele optou por apenas balançar a cabeça e arquear a sobrancelha na direção de .
– É um ótimo restaurante, não achou?
A boca da loira estava tão seca que ela sequer conseguiu proferir alguma resposta. Tudo que se passava em sua mente era se ela estivera no local no mesmo horário que o consultor e se ele havia visto alguma coisa. Ele já havia demonstrado as suas suspeitas, mas nunca havia falado de forma direta com ela sobre o assunto.
Um jogo de luzes tomou conta do salão e uma chuva de aplausos, seguido dos cumprimentos de Nicki Shields e Steven Croft tomou conta do local, atraindo a atenção de todos para os dois apresentadores da noite. A loira usava um vestido longo repleto de detalhes brilhantes e focou na peça para tentar esquecer o que havia acabado de acontecer.
Porém, sua mente era traiçoeira e não permitiu que ela esquecesse nem por um segundo as palavras de Marko. A forma sarcástica que ele havia olhado para ela, como se, de fato, soubesse de algo. Por outro lado, uma pequena parte de sua mente a lembrava que ele havia dito que não iria fazer nada e que ela não tinha com o que se preocupar.
Embora fosse uma pessoa pessimista, decidiu se segurar na menor parte de sua mente para a sua própria sanidade e felicidade.
Da suíte do hotel, assistia a premiação com um sorriso no rosto todas as vezes em que a câmera parava em . A forma como a loira estava genuinamente feliz era suficiente para que ele ficasse feliz com aquela conquista. Afinal, ele sabia o quanto significava para ela ter sido campeã.
havia escrito o nome na história da Fórmula 1 porque ela não era uma simples chefe que levou a equipe a ganhar um campeonato. Ela era a primeira mulher na história da Fórmula 1 a fazer isso. Aquele era um enorme motivo de orgulho não só para ela, mas para ele também por ter uma mulher extremamente competente e uma excelente profissional.
Ele sabia que ela era assim na primeira vez que pode conversar com ela. Ainda se lembrava perfeitamente de como ela falava com propriedade sobre a parte técnica de um carro de Fórmula 1, destrinchando alguns detalhes muito importantes e dizendo o que ela achava que havia feito a diferença para a Mercedes naquele ano.
torcia para que não tivesse chamado muita atenção por ter ficado quase babando na mulher enquanto ela falava e debatia com Sebastian Vettel. Era interessante como ela sabia tanto e como ela fazia os seus comentários de uma maneira extremamente segura, não se mostrando, nem por um segundo, preocupada por estar falando com dois pilotos campeões do mundo e dois chefes de equipe.
Ele sabia que carregava dentro dela uma paixão incrível pelo automobilismo – que era muito semelhante a sua. Aquela, sem dúvidas, era uma das partes que ele mais gostava nela: poder conversar sobre o esporte sem se preocupar se acabaria sendo chato demais – embora soubesse que, em algum momento, os dois precisariam desligar um pouco a chave para poder aproveitar a vida.
Ao longo da temporada, havia tido a oportunidade de conhecer mais sobre a mulher. Descobriu que ela havia se tornado quem era por causa de um passado duro que a deixou traumas e isso não fez com que ele quisesse correr ou sentisse pena dela. Em fato, a cada coisa que descobria, se sentia mais apaixonado por ela. Ele conseguia entender a razão de ela ter se tornado aquela mulher forte e isso só o fazia admirá-la ainda mais.
Não podia negar que achava incrível ter a mulher ao seu lado, ainda mais quando parava para analisar e pensar no exemplo que ela poderia ser para Rosa. As duas haviam se dado tão bem que ele tinha certeza que aquela união seria capaz de trazer dor de cabeça para a sua vida, mas o deixava feliz o suficiente para ter que lidar com isso. Afinal, por muito tempo tinha pensado que nem mesmo teria coragem de ir com ele para a Áustria conhecer os seus filhos.
A verdade era que, a cada dia, ele se tornava mais apaixonado por . Embora ela tivesse mostrado um pouco de medo com a ideia do casamento, sabia que poderia ser uma questão de tempo para que ela se acostumasse, já que tinha sido assim com o início da relação deles e do namoro. Ele não iria se precipitar, não iria meter os pés pelas mãos. Com , tudo tinha que ser de uma forma mais lenta porque, em razão de tudo que ela havia passado, ela ainda possuía alguns traumas e ele não queria, de maneira alguma, tê-la longe de seus braços.
Ele não deixaria fugir de sua vida jamais.
– E, para receber o prêmio para a Red Bull Racing Honda, pelo primeiro lugar no campeonato dos construtores da Fórmula 1, a chefe da equipe, .
focou os olhos na tela da televisão quando ouviu o nome da namorada ser chamado e se ajeitou na cama em pura animação. A câmera focou em desde o momento em que ela se levantou da mesa em que estava sentada, a seguindo até o momento em que ela chegou ao palco.
A loira cumprimentou Nicky, Steven e Jean Todt, que estava no palco para entregar o troféu, e recebeu um microfone, o segurando com uma das mãos enquanto com a outra abraçava o troféu que havia acabado de receber.
– , uma disputa épica essa temporada que teve o melhor resultado para a Red Bull. Qual é a sua sensação nesse momento? – Nicky perguntou e ela soltou uma risada fraca.
– Boa noite a todos – saudou com um sorriso nos lábios, antes de virar a atenção para a jornalista. – Eu acho que eu não consigo colocar em palavras os meus sentimentos nesse momento. Desde domingo, ainda está tudo uma bagunça e eu só consigo me sentir muito feliz por ter ajudado a Red Bull a ganhar esse campeonato, que foi incrivelmente difícil.
– Não posso deixar passar o fato que você é a primeira mulher a ser chefe de uma equipe e a ser campeã. De alguma forma isso te motivou durante a temporada?
– Eu não penso muito nesses dados quando eu estou fazendo o meu trabalho. O meu foco principal era fazer a Red Bull ser campeã esse ano, era fazer o Matt ser campeão esse ano. Se essas duas coisas acontecessem, o resto seria apenas uma das consequências. É assim que eu vejo isso, é apenas uma consequência de um bom trabalho que foi feito. – balançou os ombros. – Porém, é bom saber que eu tive a chance de colocar o meu nome nos livros do automobilismo como a primeira mulher a ser chefe de uma equipe e a ser campeã. Eu espero que possa servir, de alguma forma, como exemplo para as meninas que querem trabalhar com o automobilismo e que gostam do esporte.
– Com essa vitória, é claro que ninguém esperará menos do que isso na próxima temporada. Como vai ser no próximo ano? – Croft questionou e ela soltou o ar em meio a uma risada.
– A próxima temporada vai ser ainda mais desafiadora por causa de todas as mudanças que nós teremos, mas, como nós teremos a mesma base desse ano, com Matt e o Checo, eu acredito que seremos o time a ser batido. Estamos muito confiantes, mas com os pés no chão porque temos que fazer um bom trabalho.
– Por fim, , há alguma mensagem que você gostaria de deixar? – Shields encarou a loira que balançou a cabeça.
– Eu gostaria de agradecer a toda a equipe, não só os que estão conosco a cada Grande Prêmio, mas os que estão em Milton Keynes e também trabalham muito duro para o sucesso da Red Bull. Óbvio que preciso agradecer ao Matt Hakvoort e ao Sergio Pérez por serem pilotos fantásticos, que colaboram com a equipe. – sorriu. – Por fim, eu queria agradecer a uma pessoa muito especial na minha vida, que é alguém que eu admiro por ter feito um grande trabalho, e que nunca deixou de me apoiar e que não se sente inferior por estar ao meu lado, mesmo que ele não esteja cem por cento feliz com essa vitória – riu fraco. – Esse aqui é para ele também e para a de uns quinze anos atrás que largou tudo em Bristol para cursar engenharia com o sonho de trabalhar em uma equipe de Fórmula 1. Tudo valeu a pena.
Os aplausos tomaram conta do salão e, dentro da suíte em que estava, também quis aplaudir o discurso da loira, rindo ao ter sido citado por ela em seu agradecimento.
Ele não havia feito nada demais. Tudo que havia dito era verdade, era uma chefe de equipe incrível, e o mérito daquela conquista era inteiro dela. Ele não estava cem por cento feliz porque a Mercedes havia perdido, mas, por , ele estava nas nuvens.
Se apressou para pegar o celular sobre a mesa ao lado da cama e desbloqueou a tela, indo para o seu aplicativo de mensagens. Clicou sobre a conversa com a loira e digitou uma mensagem para ela antes de voltar a atenção para a televisão para desligar a mesma.
Estava assistindo apenas para ver o momento de glória de . Fora isso, nada mais sobre aquela cerimônia importava para ele. Então, pegou o iPad para que pudesse resolver mais algumas coisas relacionadas a Mercedes e alguns outros negócios.
Depois de , Matt Hakvoort foi chamado ao palco pra receber seu troféu e também respondeu às perguntas dos jornalistas, além de fazer um breve discurso. Ao fim, os dois posaram para fotos e voltaram para a mesa.
se sentou na cadeira com as mãos levemente trêmulas. Não era muito fã de falar em público, só quando era para a sua equipe, onde ela já conhecia a maioria dos rostos. Falar em público, ao ganhar um troféu e sabendo que milhares de pessoas estavam a assistindo era algo louco.
– Ótimo discurso, ! – Adrian ergueu a mão para que ela pudesse dar um toque e a loira sorriu, batendo com a mão na dele.
– E descobrimos que há alguém na vida da chefe – Matt arqueou as sobrancelhas na direção dela e a loira sentiu as bochechas queimarem ao se lembrar que havia mencionado de forma indireta.
Quando o olhar do consultor da equipe austríaca se voltou em sua direção, ela teve vontade de cavar um buraco para que pudesse se esconder para fugir dele.
Decidiu abrir a clutch, pegando o celular, ignorando o olhar inquisitório de Helmut e agradecendo aos céus pelas outras pessoas da mesa terem os olhos voltados para o palco, onde a premiação estava quase chegando ao fim.
Uma mensagem na barra de notificações chamou a atenção da loira e ela clicou para que pudesse abrir a mesma. Foi impossível conter o sorriso em seu rosto ao ler a mensagem completa.
Eu não acho que eu tenha feito muita coisa para receber um
agradecimento desses, mas fico muito feliz. Não é segredo o quanto eu admiro você.
Realmente, eu não estou cem por cento feliz pela a Red Bull ter sido a campeã.
Mas estou cento e um por cento feliz por ter sido você.
Te aguardo na suíte com uma garrafa de champanhe e uma noite inteira para celebrar você.
.
Não seria nenhuma mentira dizer que todo o corpo dela, cada fio de seu corpo, tremeu em antecipação com o final daquela frase. Tudo que ela mais queria, naquele momento, era jogar tudo para o alto, entrar no primeiro táxi e ir para o Four Seasons estar com .
Queria não ter nenhuma obrigação mais para cumprir e poder aproveitar longas horas ao lado dele sem se preocupar com mais nada por um tempo. Isso fez com que ela quisesse estar logo na Suíça, em meio as férias de inverno.
Do outro lado, em modo observador, Marko assistia a chefe da Red Bull sorrir para o celular, imaginando quem se tratava. Achava muito audacioso que a mulher tivesse acabado de agradecer ao chefe da Mercedes ao receber o troféu e ainda não tinha uma opinião formada sobre aquilo.
Quando estivesse de volta à Inglaterra, essa seria uma das principais coisas que ele teria que resolver com Dietrich.
Capítulo 31
retirou os olhos da tela do iPad ao ouvir o leve barulho da porta do quarto sendo aberta e os seus olhos foram diretos para entrando no quarto. Pela fraca luz do abajur acesa, ele podia ver que ela fazia todos os movimentos bem devagar, como se não quisesse despertá-lo e ele soltou uma risada fraca por ela não ter percebido que ele estava acordado.
A loira girou o corpo com o som da risada abafada e sorriu ao encontrar o homem sentado na cama com o iPad no colo e os óculos de grau no rosto. Em sua versão puramente workaholic.
– Achei que estivesse dormindo – ela murmurou, sentando-se na beira da cama para que pudesse retirar as sandálias e deixou o eletrônico sobre a mesa de cabeceira, juntamente com os óculos.
– Eu disse que esperaria você – ele balançou os ombros antes de apontar para o balde de metal na mesa próxima a porta da varanda da suíte e a loira soltou uma risada. – O champanhe e eu estávamos esperando você.
– Uma pena eu não ter conseguido trazer o troféu para cá – ela soltou uma risada, levantando-se da cama e passando a mão pela lateral do vestido para que pudesse abrir o zíper para se livrar daquela peça.
assistiu a cena sem se mexer – e nem mesmo podia dizer se estava respirando da forma correta naquele momento. Sua garganta parecia ter secado e ele achava incrível a habilidade que a loira possuía de fazer as coisas da forma mais sensual possível, mesmo que ela não tivesse a menor intenção para isso.
Quando o vestido caiu nos pés de , revelando a lingerie azul turquesa que ela usava por debaixo, ele se levantou de forma abrupta e seguiu até a mesa para abrir a champanhe. sentia que precisava ter um pouco de álcool correndo em suas veias ou acabaria ficando louco. Ou melhor, iria deixá-lo louco.
A loira riu, balançando os ombros antes de se curvar para pegar o vestido e guardá-lo de qualquer jeito dentro do closet. A peça já não tinha mais tanta importância naquele momento. Aproveitou para parar em frente ao espelho do local e retirar alguns dos grampos que prendiam a lateral do seu cabelo e já começavam a irritá-la depois de tantas horas.
Sorriu ao encarar o próprio reflexo, se analisando da cabeça aos pés. Por muitos anos, havia sido o tipo de mulher que não se preocupava em se arrumar, não tinha ao seu lado um parceiro que a valorizasse e nem mesmo fazia isso por si mesma.
Porém, desde que havia deixado toda a vida de Bristol para trás, ela havia se tornado uma mulher diferente e, a cada dia que se passava, ela gostava mais da versão de sua atual versão. Não apenas aquela refletida no espelho, mas também o fato de ela ter aprendido a não abaixar a cabeça e ir atrás dos seus próprios sonhos, mesmo com todos ao seu redor lhe dizendo ao contrário.
Aquela noite, aquela premiação com os maiores nomes do automobilismo, havia servido para lembrá-la que ela havia conquistado o que ela sempre almejou em sua vida profissional. Não podia estar mais feliz por ter atingido o ápice de sua carreira, por ter conseguido mostrar para todos – absolutamente todos – a profissional que ela era.
Agora, eles sabiam quem era .
– Pensando em quê?
A voz de fez com que ela despertasse de seus próprios pensamentos e soltasse uma risada fraca antes de focar os olhos nele através do espelho.
O austríaco tinha o ombro encostado ao batente da porta e segurava, em cada mão, uma taça de champanhe com um sorriso ladino no rosto em sua direção.
– Pensando em tudo que aconteceu na minha vida desde que eu deixei Bristol para trás e analisando a mulher que eu me tornei.
– Sente orgulho? – questionou e ambos sorriram no momento em que seus olhos se encontraram outra vez. soltou um suspiro, balançando os ombros e, em seguida, deu uma risada fraca.
– Muito – murmurou em resposta, afirmando com a cabeça para que não restasse dúvida alguma. – Eu, certamente, não teria me tornado essa se não tivesse ido embora quando a oportunidade surgiu.
– Muito menos teria tido o grande prazer de me conhecer... – olhou para o alto na tentativa de fazer uma cena e a gargalhada que ecoou pelo closet fez com que ele sorrisse antes de seus olhos voltarem a focar em .
– Talvez eu fosse ficar babando em você pela televisão todo domingo – ela balançou os ombros, como se aquilo não fosse importante. – Mas, é certo que conhecer e me envolver com você, me ajudou muito nesse último ano.
– Esta noite você está colocando muito crédito em mim, quando o mérito é somente seu por tudo que você fez e pela mulher que se tornou. Eu sou um mero coadjuvante. – sorriu. – Não que eu esteja reclamando... – apressou-se em dizer. – É um prazer estar ao seu lado e vê-la brilhar dessa maneira.
– Você diz isso porque é modesto o suficiente para dizer que me mostrou o que é ter uma relação de verdade e a ter uma família. Além das suas palavras sobre o meu trabalho. Eu sei que o mérito é meu, mas você é um grande apoiador.
– Se você diz, eu vou ficar feliz e aceitar isso. Ainda que eu acredite que não tenha feito nada demais... Eu só amei você, .
– E isso é o suficiente – ela riu e ele balançou os ombros, saindo de perto da porta e caminhando para dentro do closet.
O homem esticou a mão para oferecer uma das taças de champanhe para ela e ergueu a ficou em suas mãos para que ambos pudessem fazer um brinde.
– A você e a sua temporada fantástica.
O som das duas taças se tocando lentamente fez com que ambos sorrissem e cada um deu um breve gole na bebida espumante sem conseguir tirar os sorrisos de seus rostos.
– É um pouco estranho ouvir você falar do meu sucesso, sendo que ele é fruto de um insucesso da Mercedes.
– Como um bom perdedor, eu preciso reconhecer o campeão – balançou os ombros. – E, como um bom namorado, eu preciso reconhecer o talento da minha namorada.
A loira rompeu a curta distância que existia entre os dois e encaixou a mão livre na lateral do rosto dele, ficando com a palma de sua mão encostada na bochecha do austríaco. O seu polegar passeou pelo local, fazendo com que ele fechasse os olhos para aproveitar a carícia e ficou na ponta dos pés para que pudesse selar os lábios nos dele.
Ela sorriu ao sentir a mistura do champanhe com os lábios do homem. Era um gosto doce que ela podia ter em sua vida por muitas vezes, o que fez com que ela se empenhasse em beijá-lo, permitindo que sua língua explorasse toda a extensão da boca de .
As taças caíram aos seus pés e o líquido gelado molhou o chão, mas nenhum deles se importou com aquilo no momento. A única coisa que importava era continuar se entregando um ao outro através do beijo que estavam partilhando. Uma das mãos de subiu pelas costas de de forma lenta, passando o indicador por toda a extensão de sua espinha dorsal e fazendo com que a loira se arrepiasse em meio ao beijo. O sutiã ficou folgado nos seios e foi questão de poucos segundos para que a peça tomasse um rumo qualquer dentro do quarto.
se afastou um pouco para que pudesse ter uma visão melhor dos seios da loira e sorriu de forma tímida com a forma como ele a encarava. Era tão bom se sentir amada e desejada daquela maneira.
Quando os lábios do austríaco entraram em contato com o bico entumecido de um de seus seios, ela inclinou o corpo para trás, indo de encontro com a ilha do closet e deixando que o corpo se recostasse no local para que não acabasse caindo.
Enquanto seus lábios intercalavam chupadas e leves mordidas, seus dedos passeavam pela fina calcinha que a loira usava, retirando o tecido, e o atirando em um canto qualquer, para que seus dedos entrassem em contato direto com a intimidade da loira. deixou um gemido sôfrego sair por seus lábios, puxando os cabelos de no momento em que ele mordeu o bico de seu seio com um pouco mais de força.
apertou os olhos com força quando dois dedos foram introduzidos dentro de seu interior e sorriu ao senti-los começarem a se movimentar em um ritmo lento que era usado apenas para provocá-la.
– Abra os olhos, schatzi – o pedido fora prontamente atendido e sorriu ao ver os olhos azuis voltados em sua direção brilhando de tesão. Levou uma de suas mãos para a nuca da loira, puxando uma parte dos cabelos que ali haviam para que ela não conseguisse afastar os olhos dos dele.
Queria estar com a mulher olhando em seus olhos no exato momento em que ela se desfizesse sobre os seus dedos. Precisava ter essa imagem novamente em sua mente porque sentia uma falta absurda dela.
tratou de fincar as unhas nos ombros do austríaco enquanto os movimentos dos dedos eram acelerados e uma parte de sua mão roçava em seu clitóris, fazendo com que ela movimentasse o quadril em busca de uma fricção maior. sorriu fraco com a cena, chegando a cabeça para frente e mordendo o lábio inferior da loira sem muita força para não machucá-la.
As pernas pareceram gelatinas e sentiu o seu interior se contrair. Seus pés formigaram e a sensação gostosa tomou conta de seu corpo no exato momento em que se tremeu, atingindo o ápice nas mãos de . O austríaco sorriu, a segurando para que ela não caísse e retirando os dedos de dentro dela com cuidado, os levando até os lábios para que pudesse sentir o gosto que ela possuía.
fechou os olhos, mas o sorriso permaneceu em seus lábios e ela levou uma das mãos em direção à bermuda que o austríaco vestia. Passeou a mão por cima do membro dele, não se poupando de alisá-lo e apertá-lo, antes de começar a descer a única peça que separava os seus corpos.
– Não, não.
impediu que a loira se agachasse e girou o corpo dela novamente, fazendo com que ela ficasse de frente para o espelho. A mulher soltou uma risada fraca, ao senti-lo pegar cada uma de suas mãos, colocando em cada extremidade do objeto, de modo que ela conseguisse ver o próprio reflexo inteiro.
– Hoje é sobre você, – murmurou contra o ouvido dela, deixando um beijo estalado na curva de seu pescoço e descendo uma das mãos por seu corpo, não conseguindo conter o tapa que foi desferido na nádega esquerda, fazendo com que ela arqueasse o corpo para frente enquanto um gemido ecoava por seus lábios. se afastou o suficiente para que pudesse se livrar da peça que vestia e, quando se aproximou de de novo, posicionou seu membro em sua entrada, a penetrando de uma vez só. A loira gemeu alto, prensando o próprio corpo contra o espelho enquanto o homem começou a penetrá-la devagar, da maneira que sabia que ela se irritava, apenas para prolongar o momento.
riu fraco ao perceber que a loira forçava o corpo para trás para que conseguisse fazê-lo acelerar os movimentos e colocou as duas mãos nos ombros dela, a empurrando para frente. suspirou ao ter o corpo grudado no espelho outra vez e girou a cabeça para o lado, ficando com a bochecha espalmada no vidro, antes de murmurar para o moreno:
– Porra, ...
Outra risada fraca escapou por seu lábio e ele resolver atender ao desejo da loira. Os seus movimentos passaram a aumentar gradativamente, entrava e saía de de uma forma apressada, forçando o quadril para frente o máximo que conseguia, ouvindo o barulho do choque de seus corpos ecoar pelo closet.
O suor percorria o corpo de ambos e o espelho já começava a ficar embaçado embaixo do corpo de . Os gemidos se misturavam aos sons do encontro dos dois corpos e sentia que estava cada vez mais próxima de atingir o orgasmo. Levou uma das mãos para trás, puxando os cabelos de no momento em que o austríaco levou a mão até sua intimidade, começando a massagear o seu clitóris inchado.
Não demorou muito para que o corpo da mulher tremesse sob o de e ele sorriu, mordendo levemente o ombro dela antes de apoiar as duas mãos no local, a forçando para baixo para que as investidas pudessem ser ainda mais fortes.
fechou os olhos com força, tentando se recuperar do próprio orgasmo e os gemidos escapavam por seus lábios em um tom mais alto. Ela não conseguia se conter e, a cada investida, sentia como se estivesse mais próxima de ver estrelas outra vez.
se afundou dentro dela, deixando um gemido sôfrego sair por sua garganta e escondeu o rosto em meio aos fios loiros no momento em que a preencheu por completo, apertando sua cintura com uma das mãos e murmurando para que a inglesa pudesse se lembrar:
– Eu amo você, .
Ela sorriu, completamente desnorteada e cansada. Podia sentir o corpo escorregando pelo espelho e, se não fosse os braços do austríaco ao redor de sua cintura, ela tinha plena certeza que acabaria no chão do closet.
soltou uma risada, retirando-se de dentro da loira e a ajudando a se virar antes de pegá-la em seus braços. soltou um gritinho, assustando-se com o movimento repentino, mas sorrindo contente ao ser carregada como se fosse uma pluma em direção à suíte.
Suas mãos foram para o redor do braço do austríaco e ela esticou o pescoço para que pudesse distribuir beijos pelo queixo e maxilar dele. O homem balançou a cabeça em meio a uma risada fraca e depositou o corpo dela sobre a cama, mantendo os braços ao redor dela e não se afastando.
– Você torna isso uma missão muito difícil.
– Isso o quê? – indagou, curiosa e perdida, embriagada pelo toque, tom de voz e perfume de .
– Me manter afastado de você.
– Então, não fique – murmurou e curvou o corpo para que pudesse unir os lábios nos dela em um beijo demorado enquanto envolvia a cintura dele com as duas pernas, fazendo com que suas intimidades se chocassem e ambos soltassem suspiros.
– Mais champanhe? – questionou, afastando os lábios dos dela e erguendo o corpo.
– Eu adoraria – riu, se posicionando sobre os cotovelos para assisti-lo caminhar pelo quarto em direção à garrafa. – Mas acho que nós quebramos as taças...
– Podemos beber direto da garrafa – ele balançou os ombros, como se aquilo não fosse tão importante. – Ou...
– Ou? – incentivou ao perceber que ele deixou a frase morrer no ar. Um sorriso ladino surgiu nos lábios dele e ela teve certeza, só com aquilo, que era uma ideia safada.
– Ou, eu posso realizar uma fantasia.
– Que seria?
– Provar o gosto de um champanhe direto do corpo de .
A loira sentiu um arrepio percorrer todo o corpo, mas sorriu de forma maliciosa na direção dele, antes de balançar a cabeça para demonstrar que aceitava aquela ideia, enquanto retirou a garrafa de vez do balde e caminhou de volta para a cama com a certeza que aquela seria um noite muito longa para os dois.
🏎🏆✨
levou a xícara de café até os lábios, dando um breve gole no líquido quente antes de colocar a peça novamente sobre o pires na mesa e deixar com que o seu olhar percorresse a vista que a varanda possuía para Torre Eiffel, que durante a luz do dia não era tão charmosa quanto à noite, mas ainda tinha um grande charme.
Estava tão atenta na vista a sua frente que nem mesmo percebeu que o barulho de água corrente vindo do banheiro cessou. Ela levou a xícara até os lábios outra vez, sentindo a brisa bater em seu rosto, fazendo com que um sorriso surgisse antes de ter que retirar alguns dos fios que ficaram grudados em sua pele.
– Bom dia, schatzi – a voz grossa de próxima de seu ouvido, seguida de um beijo deixado entre a ponta de sua orelha e seu pescoço, fez com que um arrepio percorresse o corpo da loira e ela se encolheu enquanto uma das mãos dele apertou de leve a sua cintura em uma pura e leve provocação.
– Bom dia, . – levantou o rosto, o olhando e sorrindo ao ver que os cabelos estavam úmidos e levemente bagunçados. Ele usava uma camisa branca simples e uma calça azul marinho, exalando o perfume amadeirado que a loira adorava sentir.
– Dormiu bem? – questionou, sentando-se na cadeira disponível à frente da loira, fazendo com que o sorriso no rosto dela se alargasse ainda mais porque ela, definitivamente, nunca havia imaginado que um dia teria uma visão como aquela.
Estava bem diante de , tomando um café da manhã dos deuses e tinha a Torre Eiffel ao fundo. Ela certamente poderia classificar aquela como uma das melhores imagens que já havia visto e, no fundo de sua mente, torceu para que pudesse se repetir mais vezes – não iria reclamar, se isso acontecesse.
– Dormi como uma campeã. – murmurou, fazendo com que o austríaco soltasse uma risada nasalada antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Você já parou para pensar no próximo ano?
– Se for em relação a próxima temporada, eu penso nela desde que as mudanças foram anunciadas. – balançou os ombros, pegando um croissant e servindo-se de um café antes de voltar a focar os olhos na loira. – Era a isso que você se referia?
– Sim. – riu fraco. – Estou me referindo a como será ter a Red Bull como a equipe a ser batida...
– Vocês, certamente, terão um alvo nas costas. Ele esteve apontado para nós pelos últimos sete anos e agora vai ser divertido ver uma outra equipe com ele, ainda mais com o novo regulamento. – ele balançou os ombros antes de soltar uma risada fraca. – Eu acho que será uma temporada muito interessante.
– Eu também acho e isso me assusta um pouco.
– Você só precisa manter o bom trabalho, . Já descobriu o segredo para ser campeã, agora é fazer a sua equipe continuar com ele. – outra vez ele deu os ombros e levou a xícara de café até os lábios enquanto a loira balançava a cabeça, tentando entender as palavras dele.
A loira sabia que, na próxima temporada, as coisas seriam muito diferentes, não apenas em relação aos carros que seriam apresentados, mas em relação a Red Bull também. Como havia dito, eles se tornaram o time a ser batido e precisariam manter a mesma qualidade da temporada em que saíram campeões.
Dessa vez, ela não tinha medo do fracasso porque estava com o recente gosto do sucesso em sua vida. Tinha a mais absoluta certeza que era possível levar a equipe ao topo porque havia acabado de fazer isso, mas os novos carros e o novo regulamento a deixavam com um pequeno pé atrás.
O toque do celular foi o que a fez sair dos próprios pensamentos. dava um longo gole em seu café expresso enquanto a loira levantou o corpo da cadeira, caminhando para o interior do quarto, que ainda estava desarrumado e fez com que um sorriso surgisse em seus lábios quando as memórias da noite anterior a atingiram. O balde de metal na lateral do quarto, agora com a garrafa de champanhe vazia, foi capaz de trazer um arrepio para o seu corpo e ela ainda conseguia sentir bem vivo em seus lábios o gosto da bebida.
Balançou a cabeça de um lado para o outro, esticando-se para pegar o celular, antes que acabasse desistindo e retornasse para atirar o seu corpo sobre o de devido aquele tanto de lembranças da noite passada, mas o número desconhecido na tela do aparelho em suas mãos a trouxe para a realidade. Uma realidade em que ela tinha o cenho franzido em pura confusão por não fazer ideia de quem estaria ligando para ela naquele momento.
– Alô? – murmurou um tanto quanto insegura e prendendo o lábio inferior com os dentes.
– ? – uma voz carregada de sotaque pronunciou o seu nome e ela teve quase certeza que já havia a escutado em algum outro momento de sua vida. – Aqui é Dietrich Mateschitz.
Seus olhos se fecharam no mesmo instante em que o nome terminou de ser pronunciado e ela sentiu o corpo gelar por alguns segundos. Do outro lado da linha, estava, simplesmente, o grande chefe da Red Bull. Já havia falado com ele em outras raras oportunidades, mas jamais havia em sua mente que o homem não só possuía o seu número, como poderia um dia ligar para ela.
A loira balançou a cabeça, sorrindo ao pensar que a ligação era para parabenizá-la por ter conseguido o campeonato. Era óbvio que não haveria nenhuma outra razão para que o alemão entrasse em contato com ela se não fosse isso.
– Sim, sou eu. – respondeu, após alguns minutos em silêncio. – Como está o senhor?
– Muito feliz depois do resultado de domingo. – Mateschitz respondeu, emendando uma risada fraca. – Parabéns pela conquista, !
– Obrigada, senhor Mateschitz.
– Eu sei que você estará em Milton Keynes na parte da tarde para apresentar o troféu para a equipe e sei que esse é o último trabalho do ano. Eu não desejo prejudicar as suas férias, mas podemos nos encontrar um pouco antes disso? Por volta das onze horas, talvez... – ela se apressou para checar o relógio em seu pulso, percebendo que ainda era sete e meia e tratou de fazer um cálculo rápido para saber se estaria na cidade naquele horário.
– Claro. – disse. – Eu ainda estou em Paris, tivemos a cerimônia por aqui ontem, mas acredito que estarei na fábrica por volta das dez e meia.
– Ótimo. – Dietrich respondeu, parecendo contente com a aceitação da loira. – Temos algo muito importante para conversar, senhorita . Nos vemos em breve.
A ligação foi encerrada assim que a loira se despediu do homem e ela ficou, por alguns segundos, olhando para a tela apagada do celular. Em sua mente, apenas uma pergunta existia: o que Dietrich tinha de importante para falar com ela?
Engoliu seco, tentando pensar em algum cenário que pudesse lhe dar alguma pista, mas absolutamente nada aparecia e ela sentiu o coração se apertar um pouco.
– O que foi? – questionou ao ver a expressão de preocupação no rosto da loira. Como a fala dela havia cessado e ela não retornou à mesa, ele se levantou e caminhou para a porta da varanda para descobrir o que havia de errado.
– Dietrich me chamou para uma reunião hoje antes de apresentar o troféu para a fábrica.
– Uma reunião? – arregalou os olhos para demonstrar surpresa e ela concordou com a cabeça, largando o celular sobre a cama e seguindo para a varanda outra vez. – Qual o assunto?
projetou os lábios para frente em um bico, elevou os ombros para cima e para baixo em um claro sinal que não sabia o que homem poderia querer com ela no último dia antes de suas férias.
– Eu não faço ideia. – riu sem humor porque, no fundo, estava preocupada com aquele convite.
Helmut Marko era a quem ela respondia dentro do organograma da Red Bull e o seu contato com Dietrich era bem raro. Então, aquele convite era algo que não poderia ser para alguma situação amigável – ainda mais sendo algo importante, como o alemão havia dito. Ela não sabia o que pensar.
– Eu vou mandar preparar o avião para que você possa ir para Milton Keynes. – ele disse, decidido, seguindo para o interior do quarto para que pudesse pegar o celular e enviar uma mensagem para o piloto. – Qual o horário da reunião?
– Não há necessidade, . – murmurou, o seguindo para o interior do quarto. – Vá você no avião para a Suíça e eu pego um voo comercial para a Inglaterra, como eu sempre fiz.
– Não, não, – sorriu na direção dela, balançando a cabeça de um lado para o outro. – É melhor você usar o avião. Isso nem deveria ser um tópico para discussão.
– É óbvio que é um tópico para discussão. – ralhou em resposta, batendo os braços nas laterais do corpo e lançando um olhar duro na direção do austríaco. – As minhas vontades ainda contam.
retirou os olhos da tela do iPhone, no exato momento em que digitava a mensagem para o piloto, e encontrou a loira com os braços cruzados na frente dos seios e uma expressão fechada em seu rosto. Embora não pudesse negar que era uma cena sexy, também era demandando o que queria fazer e ele não poderia ser nem um pouco autoritário.
– É claro que as suas vontades contam, schatzi. – sorriu. – Mas, esse é um momento importante para você e, certamente, a reunião com o Dietrich também será. Eu acho que não seria bom você se atrasar para isso. – fez uma pausa. – Eu não quero impor que você vá em um voo privado, mas acredito que é a melhor ideia porque estamos próximo das festas de fim de ano e os aeroportos costumam ficar uma loucura e você não pode correr riscos.
soltou um suspiro, balançando a cabeça em sinal de afirmação, odiando tendo que se dar por vencida porque ele teve os melhores argumentos.
– Tudo bem, . – sorriu fraco. – A reunião será às onze.
– Certo. Eu vou pedir para preparar o voo para daqui a uma hora, tudo bem? – concordou com a cabeça, mordendo o lábio inferior e se questionando o que poderia ter acontecido nas últimas horas para ter aquela reunião. – Eu acredito que você não precisa se preocupar, ...
– Eu já estou preocupada. – murmurou em meio a uma risada fraca. – Não passa pela minha cabeça nada que possa ser tema dessa reunião.
– Não pode ser uma reunião para renovar o seu contrato como chefe da equipe? – arqueou as sobrancelhas. – Eu acabei de renovar o meu com a Mercedes por mais três anos.
– Meu contrato termina ao fim da próxima temporada. – a loira murmurou, antes de voltar a morder o lábio inferior.
– Eles não seriam loucos de perdê-la. Você acabou de ganhar os campeonatos. A primeira equipe a bater a Mercedes na era híbrida...
– É estranho ouvir você dizer isso com um largo sorriso no rosto...
O austríaco estalou a língua no céu da boca antes de soltar uma risada fraca e a mulher levou a mão a taça de vinho sobre a mesa, erguendo a mesma até os próprios lábios.
– Eu já te disse que te acho uma grande chefe de equipe, . – balançou os ombros. – A primeira mulher chefe de uma equipe, a primeira mulher chefe de uma equipe campeã e a primeira equipe a ganhar da Mercedes na era híbrida. Esses títulos são todos seus.
– E o primeiro piloto holandês a ganhar o título de pilotos.
– Não, não... Eu tenho quase certeza que um piloto da Fórmula E conseguiu antes dele. – disse em meio a uma risada e a mulher rolou os olhos com a implicância. – Desculpa, schatzi, mas eu tenho que falar a verdade...
– Falando em Fórmula E, você já foi a alguma das corridas deles? – questionou, de repente um pouco mais interessada sobre o tema e arqueou as duas sobrancelhas depois de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Eu fui depois de Silverstone no ano passado... Me pareceu um campeonato interessante. Pelo que eu acompanho desde então, e é bem pouco, é um campeonato muito mais acirrado que o nosso e as corridas sempre têm um vencedor diferente.
– Os carros elétricos são o futuro. – ele sorriu. – Já investimos o bastante neles até mesmo como uma forma de balancear o gasto que temos com nossos carros comuns que prejudicam o meio ambiente.
– A Mercedes não está na Fórmula E? – a surpresa da loira fez com que o chefe da equipe alemã desse uma risada. – Me parece ter muito caminho para vocês por lá... Não há nenhuma equipe grande e vocês iriam dominar.
– Ainda não acredito que tenhamos um bom projeto para lá. – balançou os ombros e a loira concordou com a cabeça lhe dando um sorriso fraco. – Ainda estamos focados na Fórmula 1.
– Já pensou se um dia pudéssemos unir as duas categorias? – soltou uma risada fraca ao imaginar como seria uma categoria com ambos os carros e balançou os ombros.
– Sem dúvida que seria interessante de assistir. – riu, coçando levemente o queixo. – Acho que vou dar uma analisada na Fórmula E para ver se vale a pena para a Mercedes fazer parte.
A loira soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e a chamou para que eles pudessem terminar de tomar o café da manhã que havia sido interrompido, já que ela precisaria voar para a Inglaterra em uma hora. Já ele, iria para a Áustria, tendo acertado através de alguns contatos, uma outra aeronave para que pudesse ir para casa.
Mal havia se afastado de naquele dia e já estava louco para tê-la em seus braços de novo. Dessa vez, aproveitando o clima frio e romântico da Suíça. Provável que não existisse nada melhor.
🏎🏆✨
A sede da Red Bull Racing estava completamente decorada com enfeites natalinos. O mais recente troféu do Campeonato de Construtores estava na respectiva prateleira no salão principal e haviam fotos de Matt em algumas das paredes, além do mural dos funcionários — onde pode ler a célebre frase "no Michael, no" de escrita por um dos funcionários da equipe.
O local ainda não estava lotado com os funcionários porque era um dia de festa para a RBR. O troféu seria apresentado na parte da tarde e seria um momento de comemoração em agradecimento ao excelente trabalho que cada um havia feito ao longo daquela temporada.
Sentiu o celular vibrar em seu bolso e o buscou para ver quem havia lhe enviado uma mensagem. Um sorriso surgiu em seus lábios ao ler o nome de na tela e, rapidamente, abriu a mensagem para ler o que ele havia enviado.
Soltou uma risada fraca, apressando-se em respondê-lo para dizer que o deixaria a par de tudo o que iria acontecer na reunião e desejando uma boa viagem para ele. Focando os olhos na conversa dos dois por alguns minutos até ouvir um pigarro que chamou a sua atenção.
A loira retirou os olhos do iPhone, encontrando, a alguns passos de distância, parado bem na porta de sua sala, Helmut Marko. O consultor usava a camisa azul escura da RBR e a encarou com uma expressão tranquila, antes de lhe lançar um sorriso.
– Bom dia, . – a cumprimentou de forma cordial, movimentando a cabeça em um breve aceno. – Podemos ir para a reunião?
– Bom dia, Marko. – sorriu, voltando a sentir todo o nervosismo percorrer a sua espinha, ainda mais sabendo que ele estaria na reunião também, e balançou a cabeça de maneira afirmativa sem ser capaz de proferir nenhuma palavra a mais.
A chefe da Red Bull acompanhou o mais velho para dentro da sala de reuniões, onde Dietrich Mateschitz já os aguardava, e tratou de cumprimentar o outro homem antes de se sentar em uma das cadeiras da longa mesa do local, que havia sido apontada pelo alemão.
– Senhorita , em primeiro lugar, parabéns pelo campeonato conquistado! – o homem disse com um sorriso genuíno nos lábios e a loira balançou a cabeça. – A equipe fez uma excelente temporada e você um ótimo trabalho.
– Obrigada, Mateschitz. É uma felicidade gigante ter conseguido esse campeonato. – foi a vez de Dietrich balançar a cabeça e, após trocar um breve olhar com Marko, que estava sentado na cadeira ao lado de , ele voltou a olhar para a chefe da RBR.
– Senhorita , eu vou direto ao ponto. Serei breve e sincero. – murmurou, unindo as mãos sobre a mesa de madeira e mudando a expressão em seu rosto. – Chegou ao meu conhecimento o seu relacionamento com .
arregalou os olhos em total surpresa e sentiu a garganta secar naquele exato momento. Em sua mente transcorreram todos os momentos em que havia estado com em busca de algum momento em que os dois deram bandeira de alguma coisa de forma explícita.
A foto dela com a camisa da Mercedes.
colocando o casaco sobre seus ombros em Spa-Francorchamps.
"Nós almoçamos lá também, mas não vimos você", a frase da esposa de Marko ecoou em sua mente e ela pode rever exatamente em sua mente o momento em que o consultor virou o rosto em sua direção para dizer que era um ótimo restaurante.
Na Arábia, ele havia dito que ela tinha um amor na Mercedes.
A loira não tinha nem mais certeza se estava conseguindo respirar corretamente naquele momento. Não precisava de mais nada para saber quem havia contado a Mateschitz sobre o seu relacionamento com . E, ao olhar para a cara do homem ao seu lado, teve a mais absoluta certeza que havia sido ele.
"Eu não vou fazer nada, ", ainda podia ouvir a frase do austríaco. Ela devia ter notado que aquele sorriso irônico e a cara de passividade não combinavam nada com Helmut.
– A Red Bull é uma marca conhecida internacionalmente. E, como uma marca, nós não podemos ter o nosso nome atrelado a outras marcas que não fazem parte do nosso contrato. – Dietrich começou a falar, atraindo a atenção da loira de novo. – Desse modo, eu cheguei a conclusão que o seu relacionamento com o gera um conflito de interesses para a Red Bull Racing.
– Fora que passamos ter a confiança em você abalada. – Helmut acrescentou e arqueou uma sobrancelha na direção do consultor da equipe.
– Confiança abalada? – ela soltou uma risada nasalada. – A Red Bull foi campeã da temporada enquanto eu já estava em uma relação com o . Eu acho que a minha lealdade a essa equipe já está mais do que demonstrada.
– A Mercedes nos fez romper o contrato com o Alex Albon para que ele pudesse ser piloto da Williams na próxima temporada. Isso mostra que eles são tão preocupados com o sucesso de sua equipe quanto nós quando se trata de pessoas membros da equipe rival. – o austríaco disse com seu olhar duro focado em .
– Sem dúvida que nós iríamos fazer o mesmo se estivéssemos na situação deles, fosse na Red Bull ou indiretamente, na AlphaTauri. – a loira balançou os ombros.
– Já está defendendo as posições da Mercedes. – Marko emitiu uma risada fraca, cruzando os braços e trocando um olhar com Dietrich.
– Eu não estou defendendo... – deixou a voz morrer e soltou um suspiro, correndo a mão pelos cabelos antes de se recompor, não querendo discutir mais aquela parte porque seria facilmente vencida pelos dois. – O que os senhores querem, afinal?
– O ponto aqui, senhorita – Mateschitz disse em um tom de voz calmo para que pudesse atrair a atenção dos dois outra vez. – é que nós não podemos aceitar uma relação da nossa chefe de equipe com o chefe e diretor executivo da nossa rival.
– Os senhores querem que eu termine a minha relação? – indagou, olhando de um homem para o outro apenas para se certificar que estava ouvindo corretamente o que eles queriam.
Ela teve vontade de rir.
Rir de nervoso porque aquilo era uma ideia absurda com base em um argumento totalmente estúpido. Namorar com não trazia nada de prejudicial a Red Bull.
– Ou que você deixe o seu cargo. – o alemão deu a outra alternativa, elevando e abaixando os ombros, mantendo um fino sorriso nos lábios.
Falta de ar.
Era o que ela sentia.
Seu peito já havia começado a subir e a descer de uma forma um pouco mais acelerada que o normal, suas mãos já estavam fora da temperatura ambiente e sua garganta estava seca. Completamente seca.
Sua mente só conseguia repetir que não era possível um absurdo daqueles, mas, aparentemente, era sim. Os dois homens estavam falando sério sobre o que queriam e ela tinha uma escolha a fazer.
Seu peito doía. Sempre amou trabalhar na Red Bull Racing, aquela era mais sua casa do que o seu próprio apartamento. Fazia o que gostava e gostava do que fazia. não se via em nenhum outro lugar ou em nenhuma outra equipe que não fosse a austríaca.
Mas, também amava . Havia demorado tanto para reconhecer o namoro com o austríaco, porém, era verdadeiro o sentimento. Os seus traumas ainda estavam lá, mas ela se via vivendo um futuro ao lado dele.
– Senhorita . – a voz de Dietrich a trouxe um pouco de volta para a realidade porque ela não conseguia focar os seus olhos nele, já que sua visão estava um pouco turva. – Me desculpe dizer, mas vocês, mulheres, falam. – ele soltou uma risada. – Não vai adiantar nada a senhorita nos dizer agora que não contará nada a respeito de questões contratuais ou sigilosas da nossa equipe para o porque isso vai soar como uma falácia das grandes. – o homem deu uma risada fraca, batendo com uma mão de forma leve na mesa, antes de comentar: – A minha esposa mal conseguiu guardar segredo da gravidez da nossa filha. Espalhou para a família inteira antes dos três meses...
A risada dada por Helmut, acompanhando o dono da equipe, fez com que tivesse vontade de vomitar no exato momento em que pode sentir os seus olhos se encherem de lágrimas.
De repente, pareceu que ela havia retornado ao mesmo lugar de há um ano, quando havia se tornado chefe de equipe. Todos estavam duvidando do seu trabalho outra vez, mas agora era depois de ela ter provado que é competente o bastante para ocupar aquele cargo.
O machismo do esporte que ela tanto ama lhe causava náuseas.
E ela tinha vontade de bater nos dois homens ao seu redor.
– Senhorita , se preferir, posso te dar alguns dias para tomar uma decisão. – Dietrich disse, após cessar as risadas com Marko. – Até depois do Natal, talvez?Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, fechando os olhos por alguns instantes. Já havia sido subordinada a muitas coisas em sua vida e se prometeu que não deixaria outra pessoa tomar uma decisão por ela.
Ela era a única responsável por sua felicidade.
Ela era uma mulher forte e independente.
não iria se curvar a um capricho como aquele.
– Antes, eu gostaria que os senhores me respondessem uma coisa. – os dois homens se encararam antes de balançar a cabeça. – Se fosse Christian Horner no meu lugar e uma chefe mulher na Mercedes, vocês estariam fazendo este tipo de pedido a ele?
– Claro que não. – Dietrich respondeu de pronto, antes de lançar um sorriso sarcástico na direção da loira enquanto Marko concordava com a cabeça. – Até porque Christian não seria tolo o suficiente para se envolver em uma relação desse tipo.
Fechou os olhos outra vez ao ouvir aquele novo comentário e as náuseas retornaram ao ouvir as risadas partilhadas pelos dois homens, mostrando o quanto eles se mereciam.
– Esse tipinho de romance só pode ser coisa de mulher mesmo.
respirou fundo, sentindo a raiva consumir cada vez mais o seu corpo e voltou a abrir os olhos para encarar os homens. A cada segundo a mais dentro daquela sala, ela se sentia mais sufocada. O machismo escancarado, as frases e as risadas faziam sua cabeça girar. Ela se perguntava se eram assim as coisas quando ela virava as costas e se sentia uma tola por acreditar que a RBR era uma equipe diferente.
– Então, , quer pensar até o Natal?
– Não precisa, Dietrich. – sorriu de forma delicada, voltando a abrir os olhos e encarando o presidente da Red Bull. – Eu já tenho uma decisão.
– Ótimo. – ele sorriu, trocando um breve olhar com o consultor da equipe, antes de voltar a olhar para a loira, aguardando que ela falasse a sua resposta.
– A minha relação não me define como mulher e nem como profissional. Afinal, eu já estava com o quando levei a Red Bull Racing a vitória do campeonato de Construtores e de Pilotos. A minha lealdade nem deveria ser questionada. – teve vontade de bufar, mas se controlou. – Eu prefiro deixar a Red Bull Racing do que ter que engolir esse machismo nojento de vocês.document.write(Hayes). – Mateschitz sorriu para a mulher, antes de abrir uma pasta que estava posicionada sobre a mesa e retirar alguns papéis, colocando-os na frente dela. – Isto aqui é uma rescisão contratual. Estamos terminando o seu contrato que iria até a próxima temporada. Nele há alguns termos específicos e eu gostaria de chamar a atenção uma cláusula específica: a senhorita não vai poder contar que foi demitida para ninguém.
– Diremos à imprensa que foi uma escolha sua se retirar da Red Bull Racing. – Helmut murmurou e teve vontade de rir naquele momento.
Era óbvio que eles fariam aquilo, jamais iriam assumir o que estava acontecendo bem ali.
– Eu não me surpreendo. – riu de forma irônica, retirando o documento de forma brusca da mão de Dietrich e pegando uma caneta qualquer para que pudesse assinar. – É óbvio que vocês não vão querer que eu exponha toda essa conversa machista e nojenta que estamos tendo aqui.
– E, obviamente, você não irá participar da cerimônia de apresentação do troféu. – Marko completou no exato momento em que ela assinava a folha e pode sentir o coração de partir ainda mais.
Estava realmente sendo chutada da equipe.
Saindo pela porta dos fundos.
– Eu posso, ao menos, pegar os meus pertences na minha sala ou vocês pretendem atear fogo em tudo? – indagou, largando o documento de qualquer jeito sobre a mesa e dividindo o olhar entre os dois.
Dietrich balançou a cabeça, permitindo que a loira pudesse ir pegar os seus pertences e, como nenhum dos dois homens falou mais nada, deu por encerrada a maldita reunião e saiu da sala em passos apressados, indo em direção a sua própria para sala para que pudesse recolher as suas coisas logo. Seria muito pior ter que fazer isso com toda a equipe ali.
Pensou em Louise, em como a ruiva ficaria super chateada ao saber de sua demissão e sentou-se em sua cadeira, admirando o local vazio e silencioso. Ela tinha tido grandes anos na Red Bull, desde os títulos na época de Sebastian Vettel até a conquista de Hakvoort.
Ela havia comandado a equipe para chegar até o topo de novo e agora estava demitida porque não era mais julgada competente por causa do seu namorado.
Riu fraco, balançando a cabeça de um lado para o outro e procurou uma caixa dentro de sua sala para que pudesse colocar os objetos que decoravam o local, o deixando mais com a sua cara.
Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha e soltou um suspiro, apoiando as mãos nas bordas da caixa. Não sentia tristeza por estar sendo demitida. Os seus sentimentos eram de raiva por tersido reduzida ao seu relacionamento, algo que ela sempre teve medo que acontecesse, e por ter que ouvir os comentários de Mateschitz e Marko.
Desde o seu primeiro dia como chefe da Red Bull lidou com comentários machistas, mas sempre teve o apoio da equipe para respondê-los e recriminá-los até o momento em que os comentários partiam deles mesmos em uma reunião privada.
Pensou por alguns segundos quantas vezes que os dois tinham falado sobre ela ou o seu trabalho daquela maneira e sentiu nojo mais uma vez.
Ainda que fosse uma pena estar indo embora da Red Bull, ela não podia deixar ficar minimamente aliviada por não estar mais em um ambiente como aquele.
O toque de seu celular chamou a sua atenção e um sorriso triste surgiu em seus lábios ao ler o nome de na tela. Respirou fundo, contendo as lágrimas que começavam a escorrer por seu rosto e deslizou o dedo para que pudesse atender a chamada.
– Estou a caminho da Suíça com as crianças. – ele disse antes mesmo que a loira pudesse fazer uma saudação. – Como você atendeu a chamada, acredito que a reunião tenha chegado ao fim...
– Eu prefiro te contar quando estivermos juntos.
– Está tudo bem? – ela podia notar que o tom de voz do austríaco havia mudado e a preocupação estava presente dessa vez. respirou fundo, não queria ter que contar para ele por telefone o que havia acontecido. Aquele era um tipo de conversa que os dois precisavam ter cara a cara.
– Sim, está. – fez uma pausa, contendo a vontade de suspirar.
– Ótimo. – sorriu, embora não tivesse acreditado cem por cento na voz dela. Estava baixa e ela parecia incerta no que dizer, o que o deixava preocupado. – Te vejo em algumas horas?
– Te vejo em algumas horas, . – murmurou, pronta para encerrar a ligação quando uma voz infantil se fez presente na chamada, fazendo com que ela soltasse uma risada fraca pela animação da saudação que recebeu.
– Oi, ! – reconheceu a voz de Rosa do outro lado da linha. – Papai disse que você ganhou dele no fim de semana e a mamãe disse que as mulheres arrasam! – a menina soltou um gritinho. – Parabéns! – sentiu as lágrimas retornarem aos seus olhos e sua visão voltar a ser dificultada. – A gente se vê na Suíça? – sorriu, tentando se livrar no embrulho na garganta para que conseguisse responder a pequena.
– Oi, ! Parabéns pela vitória! – a voz de Benedict ajudou a fazer a vontade de chorar da loira aumentar e, antes que o menino pudesse falar mais alguma coisa, ela afastou o celular da orelha e encerrou a chamada de pressa.
permitiu que seu corpo caísse sobre a cadeira de sua sala, deixando as lágrimas escaparem enquanto apertava o aparelho contra o peito, torcendo para que eles não tentassem ligar de novo. Estar recebendo parabéns pela temporada no exato momento em que havia acabado de ser demitida da RBR era quase algo cômico.
Ainda não conseguia acreditar que eles haviam sido capazes de fazer aquilo com ela. Havia lutado tanto pela equipe, passado tantas noites em claro se preocupando em ter sucesso e, agora, parecia que tudo havia sido para nada. Acabou demitida em razão do seu relacionamento – o qual ela tanto teve receio de assumir.
Guardou o celular dentro da bolsa, pegando a mesma e a caixa que havia guardado as coisas que estavam em sua sala. Caminhou em direção a porta e parou próxima ao batente para que pudesse dar uma última olhada no local antes de soltar um suspiro em meio as lágrimas e murmurar, mais para si do que qualquer outra coisa:
– Adeus, Red Bull Racing.
A loira girou o corpo com o som da risada abafada e sorriu ao encontrar o homem sentado na cama com o iPad no colo e os óculos de grau no rosto. Em sua versão puramente workaholic.
– Achei que estivesse dormindo – ela murmurou, sentando-se na beira da cama para que pudesse retirar as sandálias e deixou o eletrônico sobre a mesa de cabeceira, juntamente com os óculos.
– Eu disse que esperaria você – ele balançou os ombros antes de apontar para o balde de metal na mesa próxima a porta da varanda da suíte e a loira soltou uma risada. – O champanhe e eu estávamos esperando você.
– Uma pena eu não ter conseguido trazer o troféu para cá – ela soltou uma risada, levantando-se da cama e passando a mão pela lateral do vestido para que pudesse abrir o zíper para se livrar daquela peça.
assistiu a cena sem se mexer – e nem mesmo podia dizer se estava respirando da forma correta naquele momento. Sua garganta parecia ter secado e ele achava incrível a habilidade que a loira possuía de fazer as coisas da forma mais sensual possível, mesmo que ela não tivesse a menor intenção para isso.
Quando o vestido caiu nos pés de , revelando a lingerie azul turquesa que ela usava por debaixo, ele se levantou de forma abrupta e seguiu até a mesa para abrir a champanhe. sentia que precisava ter um pouco de álcool correndo em suas veias ou acabaria ficando louco. Ou melhor, iria deixá-lo louco.
A loira riu, balançando os ombros antes de se curvar para pegar o vestido e guardá-lo de qualquer jeito dentro do closet. A peça já não tinha mais tanta importância naquele momento. Aproveitou para parar em frente ao espelho do local e retirar alguns dos grampos que prendiam a lateral do seu cabelo e já começavam a irritá-la depois de tantas horas.
Sorriu ao encarar o próprio reflexo, se analisando da cabeça aos pés. Por muitos anos, havia sido o tipo de mulher que não se preocupava em se arrumar, não tinha ao seu lado um parceiro que a valorizasse e nem mesmo fazia isso por si mesma.
Porém, desde que havia deixado toda a vida de Bristol para trás, ela havia se tornado uma mulher diferente e, a cada dia que se passava, ela gostava mais da versão de sua atual versão. Não apenas aquela refletida no espelho, mas também o fato de ela ter aprendido a não abaixar a cabeça e ir atrás dos seus próprios sonhos, mesmo com todos ao seu redor lhe dizendo ao contrário.
Aquela noite, aquela premiação com os maiores nomes do automobilismo, havia servido para lembrá-la que ela havia conquistado o que ela sempre almejou em sua vida profissional. Não podia estar mais feliz por ter atingido o ápice de sua carreira, por ter conseguido mostrar para todos – absolutamente todos – a profissional que ela era.
Agora, eles sabiam quem era .
– Pensando em quê?
A voz de fez com que ela despertasse de seus próprios pensamentos e soltasse uma risada fraca antes de focar os olhos nele através do espelho.
O austríaco tinha o ombro encostado ao batente da porta e segurava, em cada mão, uma taça de champanhe com um sorriso ladino no rosto em sua direção.
– Pensando em tudo que aconteceu na minha vida desde que eu deixei Bristol para trás e analisando a mulher que eu me tornei.
– Sente orgulho? – questionou e ambos sorriram no momento em que seus olhos se encontraram outra vez. soltou um suspiro, balançando os ombros e, em seguida, deu uma risada fraca.
– Muito – murmurou em resposta, afirmando com a cabeça para que não restasse dúvida alguma. – Eu, certamente, não teria me tornado essa se não tivesse ido embora quando a oportunidade surgiu.
– Muito menos teria tido o grande prazer de me conhecer... – olhou para o alto na tentativa de fazer uma cena e a gargalhada que ecoou pelo closet fez com que ele sorrisse antes de seus olhos voltarem a focar em .
– Talvez eu fosse ficar babando em você pela televisão todo domingo – ela balançou os ombros, como se aquilo não fosse importante. – Mas, é certo que conhecer e me envolver com você, me ajudou muito nesse último ano.
– Esta noite você está colocando muito crédito em mim, quando o mérito é somente seu por tudo que você fez e pela mulher que se tornou. Eu sou um mero coadjuvante. – sorriu. – Não que eu esteja reclamando... – apressou-se em dizer. – É um prazer estar ao seu lado e vê-la brilhar dessa maneira.
– Você diz isso porque é modesto o suficiente para dizer que me mostrou o que é ter uma relação de verdade e a ter uma família. Além das suas palavras sobre o meu trabalho. Eu sei que o mérito é meu, mas você é um grande apoiador.
– Se você diz, eu vou ficar feliz e aceitar isso. Ainda que eu acredite que não tenha feito nada demais... Eu só amei você, .
– E isso é o suficiente – ela riu e ele balançou os ombros, saindo de perto da porta e caminhando para dentro do closet.
O homem esticou a mão para oferecer uma das taças de champanhe para ela e ergueu a ficou em suas mãos para que ambos pudessem fazer um brinde.
– A você e a sua temporada fantástica.
O som das duas taças se tocando lentamente fez com que ambos sorrissem e cada um deu um breve gole na bebida espumante sem conseguir tirar os sorrisos de seus rostos.
– É um pouco estranho ouvir você falar do meu sucesso, sendo que ele é fruto de um insucesso da Mercedes.
– Como um bom perdedor, eu preciso reconhecer o campeão – balançou os ombros. – E, como um bom namorado, eu preciso reconhecer o talento da minha namorada.
A loira rompeu a curta distância que existia entre os dois e encaixou a mão livre na lateral do rosto dele, ficando com a palma de sua mão encostada na bochecha do austríaco. O seu polegar passeou pelo local, fazendo com que ele fechasse os olhos para aproveitar a carícia e ficou na ponta dos pés para que pudesse selar os lábios nos dele.
Ela sorriu ao sentir a mistura do champanhe com os lábios do homem. Era um gosto doce que ela podia ter em sua vida por muitas vezes, o que fez com que ela se empenhasse em beijá-lo, permitindo que sua língua explorasse toda a extensão da boca de .
As taças caíram aos seus pés e o líquido gelado molhou o chão, mas nenhum deles se importou com aquilo no momento. A única coisa que importava era continuar se entregando um ao outro através do beijo que estavam partilhando. Uma das mãos de subiu pelas costas de de forma lenta, passando o indicador por toda a extensão de sua espinha dorsal e fazendo com que a loira se arrepiasse em meio ao beijo. O sutiã ficou folgado nos seios e foi questão de poucos segundos para que a peça tomasse um rumo qualquer dentro do quarto.
se afastou um pouco para que pudesse ter uma visão melhor dos seios da loira e sorriu de forma tímida com a forma como ele a encarava. Era tão bom se sentir amada e desejada daquela maneira.
Quando os lábios do austríaco entraram em contato com o bico entumecido de um de seus seios, ela inclinou o corpo para trás, indo de encontro com a ilha do closet e deixando que o corpo se recostasse no local para que não acabasse caindo.
Enquanto seus lábios intercalavam chupadas e leves mordidas, seus dedos passeavam pela fina calcinha que a loira usava, retirando o tecido, e o atirando em um canto qualquer, para que seus dedos entrassem em contato direto com a intimidade da loira. deixou um gemido sôfrego sair por seus lábios, puxando os cabelos de no momento em que ele mordeu o bico de seu seio com um pouco mais de força.
apertou os olhos com força quando dois dedos foram introduzidos dentro de seu interior e sorriu ao senti-los começarem a se movimentar em um ritmo lento que era usado apenas para provocá-la.
– Abra os olhos, schatzi – o pedido fora prontamente atendido e sorriu ao ver os olhos azuis voltados em sua direção brilhando de tesão. Levou uma de suas mãos para a nuca da loira, puxando uma parte dos cabelos que ali haviam para que ela não conseguisse afastar os olhos dos dele.
Queria estar com a mulher olhando em seus olhos no exato momento em que ela se desfizesse sobre os seus dedos. Precisava ter essa imagem novamente em sua mente porque sentia uma falta absurda dela.
tratou de fincar as unhas nos ombros do austríaco enquanto os movimentos dos dedos eram acelerados e uma parte de sua mão roçava em seu clitóris, fazendo com que ela movimentasse o quadril em busca de uma fricção maior. sorriu fraco com a cena, chegando a cabeça para frente e mordendo o lábio inferior da loira sem muita força para não machucá-la.
As pernas pareceram gelatinas e sentiu o seu interior se contrair. Seus pés formigaram e a sensação gostosa tomou conta de seu corpo no exato momento em que se tremeu, atingindo o ápice nas mãos de . O austríaco sorriu, a segurando para que ela não caísse e retirando os dedos de dentro dela com cuidado, os levando até os lábios para que pudesse sentir o gosto que ela possuía.
fechou os olhos, mas o sorriso permaneceu em seus lábios e ela levou uma das mãos em direção à bermuda que o austríaco vestia. Passeou a mão por cima do membro dele, não se poupando de alisá-lo e apertá-lo, antes de começar a descer a única peça que separava os seus corpos.
– Não, não.
impediu que a loira se agachasse e girou o corpo dela novamente, fazendo com que ela ficasse de frente para o espelho. A mulher soltou uma risada fraca, ao senti-lo pegar cada uma de suas mãos, colocando em cada extremidade do objeto, de modo que ela conseguisse ver o próprio reflexo inteiro.
– Hoje é sobre você, – murmurou contra o ouvido dela, deixando um beijo estalado na curva de seu pescoço e descendo uma das mãos por seu corpo, não conseguindo conter o tapa que foi desferido na nádega esquerda, fazendo com que ela arqueasse o corpo para frente enquanto um gemido ecoava por seus lábios. se afastou o suficiente para que pudesse se livrar da peça que vestia e, quando se aproximou de de novo, posicionou seu membro em sua entrada, a penetrando de uma vez só. A loira gemeu alto, prensando o próprio corpo contra o espelho enquanto o homem começou a penetrá-la devagar, da maneira que sabia que ela se irritava, apenas para prolongar o momento.
riu fraco ao perceber que a loira forçava o corpo para trás para que conseguisse fazê-lo acelerar os movimentos e colocou as duas mãos nos ombros dela, a empurrando para frente. suspirou ao ter o corpo grudado no espelho outra vez e girou a cabeça para o lado, ficando com a bochecha espalmada no vidro, antes de murmurar para o moreno:
– Porra, ...
Outra risada fraca escapou por seu lábio e ele resolver atender ao desejo da loira. Os seus movimentos passaram a aumentar gradativamente, entrava e saía de de uma forma apressada, forçando o quadril para frente o máximo que conseguia, ouvindo o barulho do choque de seus corpos ecoar pelo closet.
O suor percorria o corpo de ambos e o espelho já começava a ficar embaçado embaixo do corpo de . Os gemidos se misturavam aos sons do encontro dos dois corpos e sentia que estava cada vez mais próxima de atingir o orgasmo. Levou uma das mãos para trás, puxando os cabelos de no momento em que o austríaco levou a mão até sua intimidade, começando a massagear o seu clitóris inchado.
Não demorou muito para que o corpo da mulher tremesse sob o de e ele sorriu, mordendo levemente o ombro dela antes de apoiar as duas mãos no local, a forçando para baixo para que as investidas pudessem ser ainda mais fortes.
fechou os olhos com força, tentando se recuperar do próprio orgasmo e os gemidos escapavam por seus lábios em um tom mais alto. Ela não conseguia se conter e, a cada investida, sentia como se estivesse mais próxima de ver estrelas outra vez.
se afundou dentro dela, deixando um gemido sôfrego sair por sua garganta e escondeu o rosto em meio aos fios loiros no momento em que a preencheu por completo, apertando sua cintura com uma das mãos e murmurando para que a inglesa pudesse se lembrar:
– Eu amo você, .
Ela sorriu, completamente desnorteada e cansada. Podia sentir o corpo escorregando pelo espelho e, se não fosse os braços do austríaco ao redor de sua cintura, ela tinha plena certeza que acabaria no chão do closet.
soltou uma risada, retirando-se de dentro da loira e a ajudando a se virar antes de pegá-la em seus braços. soltou um gritinho, assustando-se com o movimento repentino, mas sorrindo contente ao ser carregada como se fosse uma pluma em direção à suíte.
Suas mãos foram para o redor do braço do austríaco e ela esticou o pescoço para que pudesse distribuir beijos pelo queixo e maxilar dele. O homem balançou a cabeça em meio a uma risada fraca e depositou o corpo dela sobre a cama, mantendo os braços ao redor dela e não se afastando.
– Você torna isso uma missão muito difícil.
– Isso o quê? – indagou, curiosa e perdida, embriagada pelo toque, tom de voz e perfume de .
– Me manter afastado de você.
– Então, não fique – murmurou e curvou o corpo para que pudesse unir os lábios nos dela em um beijo demorado enquanto envolvia a cintura dele com as duas pernas, fazendo com que suas intimidades se chocassem e ambos soltassem suspiros.
– Mais champanhe? – questionou, afastando os lábios dos dela e erguendo o corpo.
– Eu adoraria – riu, se posicionando sobre os cotovelos para assisti-lo caminhar pelo quarto em direção à garrafa. – Mas acho que nós quebramos as taças...
– Podemos beber direto da garrafa – ele balançou os ombros, como se aquilo não fosse tão importante. – Ou...
– Ou? – incentivou ao perceber que ele deixou a frase morrer no ar. Um sorriso ladino surgiu nos lábios dele e ela teve certeza, só com aquilo, que era uma ideia safada.
– Ou, eu posso realizar uma fantasia.
– Que seria?
– Provar o gosto de um champanhe direto do corpo de .
A loira sentiu um arrepio percorrer todo o corpo, mas sorriu de forma maliciosa na direção dele, antes de balançar a cabeça para demonstrar que aceitava aquela ideia, enquanto retirou a garrafa de vez do balde e caminhou de volta para a cama com a certeza que aquela seria um noite muito longa para os dois.
levou a xícara de café até os lábios, dando um breve gole no líquido quente antes de colocar a peça novamente sobre o pires na mesa e deixar com que o seu olhar percorresse a vista que a varanda possuía para Torre Eiffel, que durante a luz do dia não era tão charmosa quanto à noite, mas ainda tinha um grande charme.
Estava tão atenta na vista a sua frente que nem mesmo percebeu que o barulho de água corrente vindo do banheiro cessou. Ela levou a xícara até os lábios outra vez, sentindo a brisa bater em seu rosto, fazendo com que um sorriso surgisse antes de ter que retirar alguns dos fios que ficaram grudados em sua pele.
– Bom dia, schatzi – a voz grossa de próxima de seu ouvido, seguida de um beijo deixado entre a ponta de sua orelha e seu pescoço, fez com que um arrepio percorresse o corpo da loira e ela se encolheu enquanto uma das mãos dele apertou de leve a sua cintura em uma pura e leve provocação.
– Bom dia, . – levantou o rosto, o olhando e sorrindo ao ver que os cabelos estavam úmidos e levemente bagunçados. Ele usava uma camisa branca simples e uma calça azul marinho, exalando o perfume amadeirado que a loira adorava sentir.
– Dormiu bem? – questionou, sentando-se na cadeira disponível à frente da loira, fazendo com que o sorriso no rosto dela se alargasse ainda mais porque ela, definitivamente, nunca havia imaginado que um dia teria uma visão como aquela.
Estava bem diante de , tomando um café da manhã dos deuses e tinha a Torre Eiffel ao fundo. Ela certamente poderia classificar aquela como uma das melhores imagens que já havia visto e, no fundo de sua mente, torceu para que pudesse se repetir mais vezes – não iria reclamar, se isso acontecesse.
– Dormi como uma campeã. – murmurou, fazendo com que o austríaco soltasse uma risada nasalada antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Você já parou para pensar no próximo ano?
– Se for em relação a próxima temporada, eu penso nela desde que as mudanças foram anunciadas. – balançou os ombros, pegando um croissant e servindo-se de um café antes de voltar a focar os olhos na loira. – Era a isso que você se referia?
– Sim. – riu fraco. – Estou me referindo a como será ter a Red Bull como a equipe a ser batida...
– Vocês, certamente, terão um alvo nas costas. Ele esteve apontado para nós pelos últimos sete anos e agora vai ser divertido ver uma outra equipe com ele, ainda mais com o novo regulamento. – ele balançou os ombros antes de soltar uma risada fraca. – Eu acho que será uma temporada muito interessante.
– Eu também acho e isso me assusta um pouco.
– Você só precisa manter o bom trabalho, . Já descobriu o segredo para ser campeã, agora é fazer a sua equipe continuar com ele. – outra vez ele deu os ombros e levou a xícara de café até os lábios enquanto a loira balançava a cabeça, tentando entender as palavras dele.
A loira sabia que, na próxima temporada, as coisas seriam muito diferentes, não apenas em relação aos carros que seriam apresentados, mas em relação a Red Bull também. Como havia dito, eles se tornaram o time a ser batido e precisariam manter a mesma qualidade da temporada em que saíram campeões.
Dessa vez, ela não tinha medo do fracasso porque estava com o recente gosto do sucesso em sua vida. Tinha a mais absoluta certeza que era possível levar a equipe ao topo porque havia acabado de fazer isso, mas os novos carros e o novo regulamento a deixavam com um pequeno pé atrás.
O toque do celular foi o que a fez sair dos próprios pensamentos. dava um longo gole em seu café expresso enquanto a loira levantou o corpo da cadeira, caminhando para o interior do quarto, que ainda estava desarrumado e fez com que um sorriso surgisse em seus lábios quando as memórias da noite anterior a atingiram. O balde de metal na lateral do quarto, agora com a garrafa de champanhe vazia, foi capaz de trazer um arrepio para o seu corpo e ela ainda conseguia sentir bem vivo em seus lábios o gosto da bebida.
Balançou a cabeça de um lado para o outro, esticando-se para pegar o celular, antes que acabasse desistindo e retornasse para atirar o seu corpo sobre o de devido aquele tanto de lembranças da noite passada, mas o número desconhecido na tela do aparelho em suas mãos a trouxe para a realidade. Uma realidade em que ela tinha o cenho franzido em pura confusão por não fazer ideia de quem estaria ligando para ela naquele momento.
– Alô? – murmurou um tanto quanto insegura e prendendo o lábio inferior com os dentes.
– ? – uma voz carregada de sotaque pronunciou o seu nome e ela teve quase certeza que já havia a escutado em algum outro momento de sua vida. – Aqui é Dietrich Mateschitz.
Seus olhos se fecharam no mesmo instante em que o nome terminou de ser pronunciado e ela sentiu o corpo gelar por alguns segundos. Do outro lado da linha, estava, simplesmente, o grande chefe da Red Bull. Já havia falado com ele em outras raras oportunidades, mas jamais havia em sua mente que o homem não só possuía o seu número, como poderia um dia ligar para ela.
A loira balançou a cabeça, sorrindo ao pensar que a ligação era para parabenizá-la por ter conseguido o campeonato. Era óbvio que não haveria nenhuma outra razão para que o alemão entrasse em contato com ela se não fosse isso.
– Sim, sou eu. – respondeu, após alguns minutos em silêncio. – Como está o senhor?
– Muito feliz depois do resultado de domingo. – Mateschitz respondeu, emendando uma risada fraca. – Parabéns pela conquista, !
– Obrigada, senhor Mateschitz.
– Eu sei que você estará em Milton Keynes na parte da tarde para apresentar o troféu para a equipe e sei que esse é o último trabalho do ano. Eu não desejo prejudicar as suas férias, mas podemos nos encontrar um pouco antes disso? Por volta das onze horas, talvez... – ela se apressou para checar o relógio em seu pulso, percebendo que ainda era sete e meia e tratou de fazer um cálculo rápido para saber se estaria na cidade naquele horário.
– Claro. – disse. – Eu ainda estou em Paris, tivemos a cerimônia por aqui ontem, mas acredito que estarei na fábrica por volta das dez e meia.
– Ótimo. – Dietrich respondeu, parecendo contente com a aceitação da loira. – Temos algo muito importante para conversar, senhorita . Nos vemos em breve.
A ligação foi encerrada assim que a loira se despediu do homem e ela ficou, por alguns segundos, olhando para a tela apagada do celular. Em sua mente, apenas uma pergunta existia: o que Dietrich tinha de importante para falar com ela?
Engoliu seco, tentando pensar em algum cenário que pudesse lhe dar alguma pista, mas absolutamente nada aparecia e ela sentiu o coração se apertar um pouco.
– O que foi? – questionou ao ver a expressão de preocupação no rosto da loira. Como a fala dela havia cessado e ela não retornou à mesa, ele se levantou e caminhou para a porta da varanda para descobrir o que havia de errado.
– Dietrich me chamou para uma reunião hoje antes de apresentar o troféu para a fábrica.
– Uma reunião? – arregalou os olhos para demonstrar surpresa e ela concordou com a cabeça, largando o celular sobre a cama e seguindo para a varanda outra vez. – Qual o assunto?
projetou os lábios para frente em um bico, elevou os ombros para cima e para baixo em um claro sinal que não sabia o que homem poderia querer com ela no último dia antes de suas férias.
– Eu não faço ideia. – riu sem humor porque, no fundo, estava preocupada com aquele convite.
Helmut Marko era a quem ela respondia dentro do organograma da Red Bull e o seu contato com Dietrich era bem raro. Então, aquele convite era algo que não poderia ser para alguma situação amigável – ainda mais sendo algo importante, como o alemão havia dito. Ela não sabia o que pensar.
– Eu vou mandar preparar o avião para que você possa ir para Milton Keynes. – ele disse, decidido, seguindo para o interior do quarto para que pudesse pegar o celular e enviar uma mensagem para o piloto. – Qual o horário da reunião?
– Não há necessidade, . – murmurou, o seguindo para o interior do quarto. – Vá você no avião para a Suíça e eu pego um voo comercial para a Inglaterra, como eu sempre fiz.
– Não, não, – sorriu na direção dela, balançando a cabeça de um lado para o outro. – É melhor você usar o avião. Isso nem deveria ser um tópico para discussão.
– É óbvio que é um tópico para discussão. – ralhou em resposta, batendo os braços nas laterais do corpo e lançando um olhar duro na direção do austríaco. – As minhas vontades ainda contam.
retirou os olhos da tela do iPhone, no exato momento em que digitava a mensagem para o piloto, e encontrou a loira com os braços cruzados na frente dos seios e uma expressão fechada em seu rosto. Embora não pudesse negar que era uma cena sexy, também era demandando o que queria fazer e ele não poderia ser nem um pouco autoritário.
– É claro que as suas vontades contam, schatzi. – sorriu. – Mas, esse é um momento importante para você e, certamente, a reunião com o Dietrich também será. Eu acho que não seria bom você se atrasar para isso. – fez uma pausa. – Eu não quero impor que você vá em um voo privado, mas acredito que é a melhor ideia porque estamos próximo das festas de fim de ano e os aeroportos costumam ficar uma loucura e você não pode correr riscos.
soltou um suspiro, balançando a cabeça em sinal de afirmação, odiando tendo que se dar por vencida porque ele teve os melhores argumentos.
– Tudo bem, . – sorriu fraco. – A reunião será às onze.
– Certo. Eu vou pedir para preparar o voo para daqui a uma hora, tudo bem? – concordou com a cabeça, mordendo o lábio inferior e se questionando o que poderia ter acontecido nas últimas horas para ter aquela reunião. – Eu acredito que você não precisa se preocupar, ...
– Eu já estou preocupada. – murmurou em meio a uma risada fraca. – Não passa pela minha cabeça nada que possa ser tema dessa reunião.
– Não pode ser uma reunião para renovar o seu contrato como chefe da equipe? – arqueou as sobrancelhas. – Eu acabei de renovar o meu com a Mercedes por mais três anos.
– Meu contrato termina ao fim da próxima temporada. – a loira murmurou, antes de voltar a morder o lábio inferior.
– Eles não seriam loucos de perdê-la. Você acabou de ganhar os campeonatos. A primeira equipe a bater a Mercedes na era híbrida...
– É estranho ouvir você dizer isso com um largo sorriso no rosto...
O austríaco estalou a língua no céu da boca antes de soltar uma risada fraca e a mulher levou a mão a taça de vinho sobre a mesa, erguendo a mesma até os próprios lábios.
– Eu já te disse que te acho uma grande chefe de equipe, . – balançou os ombros. – A primeira mulher chefe de uma equipe, a primeira mulher chefe de uma equipe campeã e a primeira equipe a ganhar da Mercedes na era híbrida. Esses títulos são todos seus.
– E o primeiro piloto holandês a ganhar o título de pilotos.
– Não, não... Eu tenho quase certeza que um piloto da Fórmula E conseguiu antes dele. – disse em meio a uma risada e a mulher rolou os olhos com a implicância. – Desculpa, schatzi, mas eu tenho que falar a verdade...
– Falando em Fórmula E, você já foi a alguma das corridas deles? – questionou, de repente um pouco mais interessada sobre o tema e arqueou as duas sobrancelhas depois de balançar a cabeça de um lado para o outro. – Eu fui depois de Silverstone no ano passado... Me pareceu um campeonato interessante. Pelo que eu acompanho desde então, e é bem pouco, é um campeonato muito mais acirrado que o nosso e as corridas sempre têm um vencedor diferente.
– Os carros elétricos são o futuro. – ele sorriu. – Já investimos o bastante neles até mesmo como uma forma de balancear o gasto que temos com nossos carros comuns que prejudicam o meio ambiente.
– A Mercedes não está na Fórmula E? – a surpresa da loira fez com que o chefe da equipe alemã desse uma risada. – Me parece ter muito caminho para vocês por lá... Não há nenhuma equipe grande e vocês iriam dominar.
– Ainda não acredito que tenhamos um bom projeto para lá. – balançou os ombros e a loira concordou com a cabeça lhe dando um sorriso fraco. – Ainda estamos focados na Fórmula 1.
– Já pensou se um dia pudéssemos unir as duas categorias? – soltou uma risada fraca ao imaginar como seria uma categoria com ambos os carros e balançou os ombros.
– Sem dúvida que seria interessante de assistir. – riu, coçando levemente o queixo. – Acho que vou dar uma analisada na Fórmula E para ver se vale a pena para a Mercedes fazer parte.
A loira soltou uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro e a chamou para que eles pudessem terminar de tomar o café da manhã que havia sido interrompido, já que ela precisaria voar para a Inglaterra em uma hora. Já ele, iria para a Áustria, tendo acertado através de alguns contatos, uma outra aeronave para que pudesse ir para casa.
Mal havia se afastado de naquele dia e já estava louco para tê-la em seus braços de novo. Dessa vez, aproveitando o clima frio e romântico da Suíça. Provável que não existisse nada melhor.
A sede da Red Bull Racing estava completamente decorada com enfeites natalinos. O mais recente troféu do Campeonato de Construtores estava na respectiva prateleira no salão principal e haviam fotos de Matt em algumas das paredes, além do mural dos funcionários — onde pode ler a célebre frase "no Michael, no" de escrita por um dos funcionários da equipe.
O local ainda não estava lotado com os funcionários porque era um dia de festa para a RBR. O troféu seria apresentado na parte da tarde e seria um momento de comemoração em agradecimento ao excelente trabalho que cada um havia feito ao longo daquela temporada.
Sentiu o celular vibrar em seu bolso e o buscou para ver quem havia lhe enviado uma mensagem. Um sorriso surgiu em seus lábios ao ler o nome de na tela e, rapidamente, abriu a mensagem para ler o que ele havia enviado.
Estou a caminho de Viena.
O piloto ficará aguardando você para ir para a Suíça.
Me diz como foi a reunião assim que acabar?
Te vejo em breve,
.
Soltou uma risada fraca, apressando-se em respondê-lo para dizer que o deixaria a par de tudo o que iria acontecer na reunião e desejando uma boa viagem para ele. Focando os olhos na conversa dos dois por alguns minutos até ouvir um pigarro que chamou a sua atenção.
A loira retirou os olhos do iPhone, encontrando, a alguns passos de distância, parado bem na porta de sua sala, Helmut Marko. O consultor usava a camisa azul escura da RBR e a encarou com uma expressão tranquila, antes de lhe lançar um sorriso.
– Bom dia, . – a cumprimentou de forma cordial, movimentando a cabeça em um breve aceno. – Podemos ir para a reunião?
– Bom dia, Marko. – sorriu, voltando a sentir todo o nervosismo percorrer a sua espinha, ainda mais sabendo que ele estaria na reunião também, e balançou a cabeça de maneira afirmativa sem ser capaz de proferir nenhuma palavra a mais.
A chefe da Red Bull acompanhou o mais velho para dentro da sala de reuniões, onde Dietrich Mateschitz já os aguardava, e tratou de cumprimentar o outro homem antes de se sentar em uma das cadeiras da longa mesa do local, que havia sido apontada pelo alemão.
– Senhorita , em primeiro lugar, parabéns pelo campeonato conquistado! – o homem disse com um sorriso genuíno nos lábios e a loira balançou a cabeça. – A equipe fez uma excelente temporada e você um ótimo trabalho.
– Obrigada, Mateschitz. É uma felicidade gigante ter conseguido esse campeonato. – foi a vez de Dietrich balançar a cabeça e, após trocar um breve olhar com Marko, que estava sentado na cadeira ao lado de , ele voltou a olhar para a chefe da RBR.
– Senhorita , eu vou direto ao ponto. Serei breve e sincero. – murmurou, unindo as mãos sobre a mesa de madeira e mudando a expressão em seu rosto. – Chegou ao meu conhecimento o seu relacionamento com .
arregalou os olhos em total surpresa e sentiu a garganta secar naquele exato momento. Em sua mente transcorreram todos os momentos em que havia estado com em busca de algum momento em que os dois deram bandeira de alguma coisa de forma explícita.
A foto dela com a camisa da Mercedes.
colocando o casaco sobre seus ombros em Spa-Francorchamps.
"Nós almoçamos lá também, mas não vimos você", a frase da esposa de Marko ecoou em sua mente e ela pode rever exatamente em sua mente o momento em que o consultor virou o rosto em sua direção para dizer que era um ótimo restaurante.
Na Arábia, ele havia dito que ela tinha um amor na Mercedes.
A loira não tinha nem mais certeza se estava conseguindo respirar corretamente naquele momento. Não precisava de mais nada para saber quem havia contado a Mateschitz sobre o seu relacionamento com . E, ao olhar para a cara do homem ao seu lado, teve a mais absoluta certeza que havia sido ele.
"Eu não vou fazer nada, ", ainda podia ouvir a frase do austríaco. Ela devia ter notado que aquele sorriso irônico e a cara de passividade não combinavam nada com Helmut.
– A Red Bull é uma marca conhecida internacionalmente. E, como uma marca, nós não podemos ter o nosso nome atrelado a outras marcas que não fazem parte do nosso contrato. – Dietrich começou a falar, atraindo a atenção da loira de novo. – Desse modo, eu cheguei a conclusão que o seu relacionamento com o gera um conflito de interesses para a Red Bull Racing.
– Fora que passamos ter a confiança em você abalada. – Helmut acrescentou e arqueou uma sobrancelha na direção do consultor da equipe.
– Confiança abalada? – ela soltou uma risada nasalada. – A Red Bull foi campeã da temporada enquanto eu já estava em uma relação com o . Eu acho que a minha lealdade a essa equipe já está mais do que demonstrada.
– A Mercedes nos fez romper o contrato com o Alex Albon para que ele pudesse ser piloto da Williams na próxima temporada. Isso mostra que eles são tão preocupados com o sucesso de sua equipe quanto nós quando se trata de pessoas membros da equipe rival. – o austríaco disse com seu olhar duro focado em .
– Sem dúvida que nós iríamos fazer o mesmo se estivéssemos na situação deles, fosse na Red Bull ou indiretamente, na AlphaTauri. – a loira balançou os ombros.
– Já está defendendo as posições da Mercedes. – Marko emitiu uma risada fraca, cruzando os braços e trocando um olhar com Dietrich.
– Eu não estou defendendo... – deixou a voz morrer e soltou um suspiro, correndo a mão pelos cabelos antes de se recompor, não querendo discutir mais aquela parte porque seria facilmente vencida pelos dois. – O que os senhores querem, afinal?
– O ponto aqui, senhorita – Mateschitz disse em um tom de voz calmo para que pudesse atrair a atenção dos dois outra vez. – é que nós não podemos aceitar uma relação da nossa chefe de equipe com o chefe e diretor executivo da nossa rival.
– Os senhores querem que eu termine a minha relação? – indagou, olhando de um homem para o outro apenas para se certificar que estava ouvindo corretamente o que eles queriam.
Ela teve vontade de rir.
Rir de nervoso porque aquilo era uma ideia absurda com base em um argumento totalmente estúpido. Namorar com não trazia nada de prejudicial a Red Bull.
– Ou que você deixe o seu cargo. – o alemão deu a outra alternativa, elevando e abaixando os ombros, mantendo um fino sorriso nos lábios.
Falta de ar.
Era o que ela sentia.
Seu peito já havia começado a subir e a descer de uma forma um pouco mais acelerada que o normal, suas mãos já estavam fora da temperatura ambiente e sua garganta estava seca. Completamente seca.
Sua mente só conseguia repetir que não era possível um absurdo daqueles, mas, aparentemente, era sim. Os dois homens estavam falando sério sobre o que queriam e ela tinha uma escolha a fazer.
Seu peito doía. Sempre amou trabalhar na Red Bull Racing, aquela era mais sua casa do que o seu próprio apartamento. Fazia o que gostava e gostava do que fazia. não se via em nenhum outro lugar ou em nenhuma outra equipe que não fosse a austríaca.
Mas, também amava . Havia demorado tanto para reconhecer o namoro com o austríaco, porém, era verdadeiro o sentimento. Os seus traumas ainda estavam lá, mas ela se via vivendo um futuro ao lado dele.
– Senhorita . – a voz de Dietrich a trouxe um pouco de volta para a realidade porque ela não conseguia focar os seus olhos nele, já que sua visão estava um pouco turva. – Me desculpe dizer, mas vocês, mulheres, falam. – ele soltou uma risada. – Não vai adiantar nada a senhorita nos dizer agora que não contará nada a respeito de questões contratuais ou sigilosas da nossa equipe para o porque isso vai soar como uma falácia das grandes. – o homem deu uma risada fraca, batendo com uma mão de forma leve na mesa, antes de comentar: – A minha esposa mal conseguiu guardar segredo da gravidez da nossa filha. Espalhou para a família inteira antes dos três meses...
A risada dada por Helmut, acompanhando o dono da equipe, fez com que tivesse vontade de vomitar no exato momento em que pode sentir os seus olhos se encherem de lágrimas.
De repente, pareceu que ela havia retornado ao mesmo lugar de há um ano, quando havia se tornado chefe de equipe. Todos estavam duvidando do seu trabalho outra vez, mas agora era depois de ela ter provado que é competente o bastante para ocupar aquele cargo.
O machismo do esporte que ela tanto ama lhe causava náuseas.
E ela tinha vontade de bater nos dois homens ao seu redor.
– Senhorita , se preferir, posso te dar alguns dias para tomar uma decisão. – Dietrich disse, após cessar as risadas com Marko. – Até depois do Natal, talvez?
Ela era a única responsável por sua felicidade.
Ela era uma mulher forte e independente.
não iria se curvar a um capricho como aquele.
– Antes, eu gostaria que os senhores me respondessem uma coisa. – os dois homens se encararam antes de balançar a cabeça. – Se fosse Christian Horner no meu lugar e uma chefe mulher na Mercedes, vocês estariam fazendo este tipo de pedido a ele?
– Claro que não. – Dietrich respondeu de pronto, antes de lançar um sorriso sarcástico na direção da loira enquanto Marko concordava com a cabeça. – Até porque Christian não seria tolo o suficiente para se envolver em uma relação desse tipo.
Fechou os olhos outra vez ao ouvir aquele novo comentário e as náuseas retornaram ao ouvir as risadas partilhadas pelos dois homens, mostrando o quanto eles se mereciam.
– Esse tipinho de romance só pode ser coisa de mulher mesmo.
respirou fundo, sentindo a raiva consumir cada vez mais o seu corpo e voltou a abrir os olhos para encarar os homens. A cada segundo a mais dentro daquela sala, ela se sentia mais sufocada. O machismo escancarado, as frases e as risadas faziam sua cabeça girar. Ela se perguntava se eram assim as coisas quando ela virava as costas e se sentia uma tola por acreditar que a RBR era uma equipe diferente.
– Então, , quer pensar até o Natal?
– Não precisa, Dietrich. – sorriu de forma delicada, voltando a abrir os olhos e encarando o presidente da Red Bull. – Eu já tenho uma decisão.
– Ótimo. – ele sorriu, trocando um breve olhar com o consultor da equipe, antes de voltar a olhar para a loira, aguardando que ela falasse a sua resposta.
– A minha relação não me define como mulher e nem como profissional. Afinal, eu já estava com o quando levei a Red Bull Racing a vitória do campeonato de Construtores e de Pilotos. A minha lealdade nem deveria ser questionada. – teve vontade de bufar, mas se controlou. – Eu prefiro deixar a Red Bull Racing do que ter que engolir esse machismo nojento de vocês.
– Diremos à imprensa que foi uma escolha sua se retirar da Red Bull Racing. – Helmut murmurou e teve vontade de rir naquele momento.
Era óbvio que eles fariam aquilo, jamais iriam assumir o que estava acontecendo bem ali.
– Eu não me surpreendo. – riu de forma irônica, retirando o documento de forma brusca da mão de Dietrich e pegando uma caneta qualquer para que pudesse assinar. – É óbvio que vocês não vão querer que eu exponha toda essa conversa machista e nojenta que estamos tendo aqui.
– E, obviamente, você não irá participar da cerimônia de apresentação do troféu. – Marko completou no exato momento em que ela assinava a folha e pode sentir o coração de partir ainda mais.
Estava realmente sendo chutada da equipe.
Saindo pela porta dos fundos.
– Eu posso, ao menos, pegar os meus pertences na minha sala ou vocês pretendem atear fogo em tudo? – indagou, largando o documento de qualquer jeito sobre a mesa e dividindo o olhar entre os dois.
Dietrich balançou a cabeça, permitindo que a loira pudesse ir pegar os seus pertences e, como nenhum dos dois homens falou mais nada, deu por encerrada a maldita reunião e saiu da sala em passos apressados, indo em direção a sua própria para sala para que pudesse recolher as suas coisas logo. Seria muito pior ter que fazer isso com toda a equipe ali.
Pensou em Louise, em como a ruiva ficaria super chateada ao saber de sua demissão e sentou-se em sua cadeira, admirando o local vazio e silencioso. Ela tinha tido grandes anos na Red Bull, desde os títulos na época de Sebastian Vettel até a conquista de Hakvoort.
Ela havia comandado a equipe para chegar até o topo de novo e agora estava demitida porque não era mais julgada competente por causa do seu namorado.
Riu fraco, balançando a cabeça de um lado para o outro e procurou uma caixa dentro de sua sala para que pudesse colocar os objetos que decoravam o local, o deixando mais com a sua cara.
Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha e soltou um suspiro, apoiando as mãos nas bordas da caixa. Não sentia tristeza por estar sendo demitida. Os seus sentimentos eram de raiva por tersido reduzida ao seu relacionamento, algo que ela sempre teve medo que acontecesse, e por ter que ouvir os comentários de Mateschitz e Marko.
Desde o seu primeiro dia como chefe da Red Bull lidou com comentários machistas, mas sempre teve o apoio da equipe para respondê-los e recriminá-los até o momento em que os comentários partiam deles mesmos em uma reunião privada.
Pensou por alguns segundos quantas vezes que os dois tinham falado sobre ela ou o seu trabalho daquela maneira e sentiu nojo mais uma vez.
Ainda que fosse uma pena estar indo embora da Red Bull, ela não podia deixar ficar minimamente aliviada por não estar mais em um ambiente como aquele.
O toque de seu celular chamou a sua atenção e um sorriso triste surgiu em seus lábios ao ler o nome de na tela. Respirou fundo, contendo as lágrimas que começavam a escorrer por seu rosto e deslizou o dedo para que pudesse atender a chamada.
– Estou a caminho da Suíça com as crianças. – ele disse antes mesmo que a loira pudesse fazer uma saudação. – Como você atendeu a chamada, acredito que a reunião tenha chegado ao fim...
– Eu prefiro te contar quando estivermos juntos.
– Está tudo bem? – ela podia notar que o tom de voz do austríaco havia mudado e a preocupação estava presente dessa vez. respirou fundo, não queria ter que contar para ele por telefone o que havia acontecido. Aquele era um tipo de conversa que os dois precisavam ter cara a cara.
– Sim, está. – fez uma pausa, contendo a vontade de suspirar.
– Ótimo. – sorriu, embora não tivesse acreditado cem por cento na voz dela. Estava baixa e ela parecia incerta no que dizer, o que o deixava preocupado. – Te vejo em algumas horas?
– Te vejo em algumas horas, . – murmurou, pronta para encerrar a ligação quando uma voz infantil se fez presente na chamada, fazendo com que ela soltasse uma risada fraca pela animação da saudação que recebeu.
– Oi, ! – reconheceu a voz de Rosa do outro lado da linha. – Papai disse que você ganhou dele no fim de semana e a mamãe disse que as mulheres arrasam! – a menina soltou um gritinho. – Parabéns! – sentiu as lágrimas retornarem aos seus olhos e sua visão voltar a ser dificultada. – A gente se vê na Suíça? – sorriu, tentando se livrar no embrulho na garganta para que conseguisse responder a pequena.
– Oi, ! Parabéns pela vitória! – a voz de Benedict ajudou a fazer a vontade de chorar da loira aumentar e, antes que o menino pudesse falar mais alguma coisa, ela afastou o celular da orelha e encerrou a chamada de pressa.
permitiu que seu corpo caísse sobre a cadeira de sua sala, deixando as lágrimas escaparem enquanto apertava o aparelho contra o peito, torcendo para que eles não tentassem ligar de novo. Estar recebendo parabéns pela temporada no exato momento em que havia acabado de ser demitida da RBR era quase algo cômico.
Ainda não conseguia acreditar que eles haviam sido capazes de fazer aquilo com ela. Havia lutado tanto pela equipe, passado tantas noites em claro se preocupando em ter sucesso e, agora, parecia que tudo havia sido para nada. Acabou demitida em razão do seu relacionamento – o qual ela tanto teve receio de assumir.
Guardou o celular dentro da bolsa, pegando a mesma e a caixa que havia guardado as coisas que estavam em sua sala. Caminhou em direção a porta e parou próxima ao batente para que pudesse dar uma última olhada no local antes de soltar um suspiro em meio as lágrimas e murmurar, mais para si do que qualquer outra coisa:
– Adeus, Red Bull Racing.
Epílogo
Somente quando chegou na recepção da Red Bull Racing, quando os seus olhos recaíram sobre o carro de Fórmula 1 que fica exposto no local, que a ficha do que havia acontecido pareceu cair para a loira.
Aquilo tudo parecia um grande pesadelo.
Era o maior pesadelo de todos.
Foi naquele momento que ela sentiu o coração se acelerar e a respiração começar a ficar acelerada. Ela precisou fechar os olhos com força para que conseguisse organizar os próprios pensamentos e focar nos exercícios que Dorothea havia ensinado para situações como aquela.
Repetiu os exercícios umas quatro vezes, cada vez de uma forma mais lenta que anterior, e tratou de equilibrar a caixa que segurava em uma de suas mãos para que pudesse buscar o celular dentro de sua bolsa.
Precisava fazer duas coisas. A primeira delas era conseguir um carro para levá-la para Londres e a segunda coisa era conseguir falar com a única pessoa que poderia ajudá-la naquele momento.
Esperou que o carro por aplicativo chegasse e se sentou no banco de trás, deixando a caixa com as suas coisas ao seu lado no banco enquanto as lágrimas escorriam por sua bochecha de forma copiosa.
– Senhora... – o motorista a encarou através do espelho retrovisor, assustado com o choro compulsivo da passageira. – Está precisando de alguma coisa?
Balançou a cabeça de um lado para o outro, não sendo capaz de proferir uma palavra antes de voltar a fechar os olhos, voltando a inspirar e soltar o ar repetidas vezes.
O celular em suas mãos era cada vez mais apertado por seus dedos como se aquilo fosse mais uma forma de conseguir se acalmar, mas, estava só querendo criar coragem para conseguir procurar o número da psicóloga em sua lista de contatos.
Em sua lista de contatos favoritos, o número era o primeiro e ela não tardou em deslizar o dedo sobre o nome, levando o celular para o ouvido de forma apressada, ouvindo a linha chamar.
– ?
A voz suave do outro lado, levemente preocupada com aquela ligação, fez com que a loira deixasse um longo suspiro escapar por seus lábios, antes de encostar a cabeça no encosto do banco traseiro do carro.
– Eu estou a caminho do consultório. – murmurou em meio a uma lufada de ar, passando uma das mãos pelo rosto em uma tentativa de secar o local.
– Tudo bem. – a mulher respondeu antes da loira dizer antes das lágrimas retornarem a escorrer de forma grossa por suas bochechas.
– Eu preciso de ajuda.
🏎🏆✨
– É a sua vez, papai.
A voz de Rosa despertou o austríaco dos próprios pensamentos. O seu olhar estava perdido em no relógio que havia em seu pulso porque, de acordo com as suas contas, era para que já tivesse, pelo menos, avisado que havia saído de Londres.
Porém, em seu celular boa havia nenhuma sinal da loira. As suas notificações estavam vazias e ele se questionava se alguma coisa poderia ter acontecido de grave para que ela não lhe mandasse nenhuma mensagem.
Relembrou o dia, pensando na última vez em que havia conversado com ela, logo após a reunião que ela teve com Dietrich e Helmut. A loira parecia um pouco estranha, ele pode sentir que ela tentava esconder alguma coisa dele, mas preferiu acreditar quando ela disse tudo havia corrido bem.
– O Ben vai jogar no meu lugar. – anunciou para a mais nova, com os olhos indo na direção do filho mais velho em um pedido silencioso para que ele aceitasse o seu pedido sem reclamar.
– Ah, não! – Rosa reclamou ao ver que o pai já se levantava do tapete e cruzou os braços na frente do corpo para demonstrar que estava descontente com a saída dele do jogo.
– Eu preciso fazer uma ligação, querida. – sorriu para a menina, levando uma das mãos para o topo da cabeça dela para que pudesse acariciar seus cabelos castanhos.
– Ela está com medo de perder, pai. – Benedict ralhou, tentando distrair a mais nova enquanto se levantava do sofá para se sentar no chão, no lugar que o pai ocupava antes.
– Eu não estou! – Rosa murmurou, mostrando a língua para o mais velho. – Joga logo, Ben!
sorriu, aliviado pela menina ter sido distraída facilmente, e, praticamente, correu para fora da casa — esquecendo-se até mesmo de buscar o casaco mais grosso para que pudesse se proteger um pouco mais do frio.
Desbloqueou a tela do celular, correndo para a sua lista de contatos e clicando sobre o nome de . O moreno levou o celular para o ouvido e respirou fundo ao ouvir a linha começar a chamar, na mais pura esperança de ouvir logo a voz da loira.
"Você ligou para e, se eu não atendi, é porque eu...", rolou os olhos e soltou uma leve risada. Não era uma gravação que ele esperava ouvir quando pensou na voz da loira e saber que o celular dela estava desligado fez com que o seu coração se apertasse por alguns segundos.
Foi impossível não pensar nas férias de verão, quando estava no aeroporto e não apareceu. Ele se lembrava perfeitamente do sentimento que tomou conta de seu corpo naquele momento, a ideia do fim do que os dois estavam tendo, assim como havia dito para ela que aconteceria caso ela não aparecesse.
Agora era diferente.
Os dois já eram um casal e havia dito que o amava. Ela havia confirmado que iria para a Suíça com ele.
Por Deus, eles haviam vivido dias incríveis na França!
Não era possível que estava, outra vez, lhe dando um bolo.
Não era possível que ela não iria aparecer.
O celular vibrou em suas mãos e deslizou o dedo sobre a tela de qualquer jeito, sem nem se importar em checar o nome que aparecia, sendo certo que era .
Talvez o aparelho estivesse apenas sem sinal no momento em que ele havia ligado. Agora, ela tinha visto a sua chamada e estava retornando.
Era isso.
estava a caminho.
– , pelo amor de Deus, você quase me mata do coração... – murmurou em meio a uma risada, correndo uma das mãos pelos cabelos.
– Desculpe, senhor ... – a voz masculina do outro lado da linha fez com que ele unisse as duas sobrancelhas em sinal de confusão.
Que merda era aquela?
– Quem está falando?
– Aqui é o Tyler, o piloto da aeronave...
Era como se um balde de água fria tivesse sido atirado sobre o austríaco. Obviamente que, naquela altura, ele já sabia que não era do outro lado da linha, mas o piloto de sua aeronave que deveria trazer a loira para a Suíça.
– Tyler, o que aconteceu? – não se preocupou em soar desesperado porque realmente estava assim por estar sem nenhuma notícia da namorada há tanto tempo.
– A senhorita não apareceu para embarcar.
fechou os olhos, sentindo o coração se apertar de novo enquanto sua mente parecia entrar em um turbilhão. Uma série de coisas que poderiam ter acontecido com a loira surgiu em sua mente e ele não pode evitar o medo que percorreu o seu corpo.
Medo de perder .
– Eu vou... – suspirou, puxando alguns fios dos cabelos, tentando pensar no que deveria fazer a partir daquela informação. – Eu vou ligar para ela, Tyler. Peço que continue aguardando.
– Tudo bem, senhor .
Encerrou a ligação de forma apressada, encostando o celular sobre o queixo. Não conseguia falar com a loira, o celular dava caixa de mensagem e, em sua mente, só existia uma pessoa para qual ele poderia ligar naquele momento.
Louise Smith.
Da última vez, quando precisou falar com a chefe da comunicação da Red Bull, salvou o número dela em seus contatos. Imaginava que algum dia ele fosse precisar do número dela novamente — mas não acreditou que poderia ser tão rápido. Apressou-se em clicar sobre o nome da ruiva e levou o celular ao ouvido outra vez. A cada toque do celular, ele sentia o coração batendo mais rápido. Cada segundo sem notícia de o deixava ainda mais preocupado.
– ? – Louise soou preocupada do outro lado da linha. – Aconteceu alguma coisa com a ?
– Eu estou tentando falar com ela e apenas cai na caixa postal. – murmurou, não se preocupando com a formalidade naquele momento. – Ela saiu de Paris pela manhã para uma reunião com Dietrich e Helmut.
– teve uma reunião com o Dietrich Mateschitz? – a ruiva praticamente gritou do outro lado da linha, completamente surpresa com aquela informação.
– Ele ligou para ela pela manhã para que ela fosse para Milton Keynes algumas horas antes... Eu falei com ela após a reunião, ela me disse que correu tudo bem, mas não me respondeu mais. – suspirou. – Você a viu?
– Eu ainda não cheguei a Milton Keynes. – a ruiva respondeu. – Estava gravando algumas coisas com o Matt, mas estou a caminho da fábrica agora.
– Você acha que eu devo continuar preocupado?
– Eu não sei, . – Louise riu fraco. – Dietrich não aparece muito para falar conosco, então, a reunião com ele pode ter sido séria.
– Eu achei que ele queria tratar com ela sobre a renovação do contrato como chefe da equipe...
– Vamos fazer o seguinte? – Louise suspirou. – Eu estou a caminho de Milton Keynes e vou procurar a Ali para saber o que aconteceu.
– Você será a salvadora da pátria, Louise Smith.
Ela riu, despedindo-se e encerrando a ligação, mas aquilo não era o suficiente para o austríaco. Ele precisava ter a absoluta certeza que estava bem e isso ele só teria se a visse com os seus próprios olhos.
Ele precisava ir para a Inglaterra o mais rápido possível.
🏎🏆✨
Dorothea tinha os seus olhos na loira sentada a sua frente. As mãos dela estavam postas nas pontas do sofá, seus pés estavam um em cima do outro e as lágrimas ainda caíam por seus olhos.
– Pode me dizer o que aconteceu? – perguntou com o cuidado aparente na voz, cruzando uma mão sobre a outra e encarando a loira por debaixo de seus óculos de grau.
suspirou de forma pesada. Apenas de lembrar tudo o que havia vivido nas últimas horas, ela podia sentir o coração voltar a doer e a respiração voltar a ficar descompassada.
– Eu fui demitida.
A loira disse sem a menor cerimônia e pouco se importando com o contrato que havia assinado com a equipe austríaca que a proibia de falar sobre a sua saída.
A psicóloga balançou a cabeça devagar, como se estivesse absorvendo a frase da paciente, e não podendo demonstrar qualquer reação ao que ela tinha contado.
– Houve alguma razão para a sua demissão? – questionou, fazendo algumas breves anotações no papel que segurava sobre o colo.
– Eu fui demitida por causa do meu relacionamento.
– O seu relacionamento com o rival? – a psicóloga perguntou e a loira se apressou em concordar com a cabeça. – Você me disse que a relação era um segredo. Como que descobriram isso?
– Eu não sei exatamente... – fungou. – O Helmut, ele é o consultor da minha equipe, ele esteve no mesmo restaurante que o e eu estivemos em Paris ontem... Acho que ele nos viu e contou para o presidente. Eu fui chamada para uma reunião de urgência e eles deram a entender que a confiança em mim ficou abalada por causa do meu namoro. Então, eu deveria terminar ou deixar a Red Bull.
– Então, você escolheu deixar Red Bull? – a psicóloga questionou e a loira demorou alguns segundos para concordar com a cabeça. – E por que você escolheu isso?
soltou um suspiro e olhou para as próprias mãos. Não sabia muito bem como explicar a escolha que tinha feito porque apenas lhe pareceu certo deixar um lugar em que questionavam o seu trabalho por conta de quem ela namorava.
Ela havia levado a Red Bull à campeã da temporada sem nenhuma influência de seu relacionamento com . Foi o seu trabalho, junto com o de toda a equipe, que havia tornado aquilo possível.
– Porque eu não quero permanecer em um ambiente em que as pessoas não acreditam em mim. – balançou os ombros. – Eu fiz a Red Bull ser campeã e isso independe do meu namoro.
– Exatamente. – Dorothea afirmou com a cabeça. – Você já provou para todos que é uma excelente profissional e você sabe que é uma excelente profissional. O que te aflige agora?
– O que me aflige é saber que, a partir de agora, eu vou ser reduzida apenas a namorada do . – um suspiro saiu por seus lábios e ela recostou o corpo no sofá, olhando para a psicóloga a sua frente.
– Mas você pretende assumir publicamente a sua relação com ele?
Os olhos de se arregalaram e ela balançou a cabeça de um lado para o outro em sinal de negação.
– Quer dizer... – riu fraco, coçando a própria nuca. – O único impedimento para que não tornássemos a nossa relação pública era o meu cargo na Red Bull, mas agora que eu não o tenho, eu não sei como vai ser.
– Então, por que você acha que vai ser vista só como a namora dele?
– Porque o que eles me disseram hoje me fez relembrar que a Fórmula 1 ainda é um ambiente extremamente machista. – fez uma pausa. – Eu estou com medo de me perder.
– Se perder?
– Ser chefe de uma equipe, trabalhar na Fórmula 1, é tudo que eu sei fazer, Dorothea. – correu as mãos pelos cabelos. – Eu não consigo pensar no que eu vou fazer daqui para frente, longe do paddock ou da correria que é estar em um país diferente a cada fim de semana. Mas eu também não quero estar nesse ambiente apenas para ser vista como a namorada do .
– , é normal você se sentir confusa e sem rumo nesse momento. Afinal, tudo está muito recente e você trabalha nesse ambiente há dez anos. Primeiro, você precisa se acostumar com a ideia de estar fora da Red Bull para depois você conseguir encontrar algo para fazer. – fez uma breve pausa. – Se as pessoas quiserem te ver apenas como a namorada de alguém, isso não deveria importar para você porque você sabe que é muito mais do que isso. Você é a campeã da temporada de dois mil e vinte e um.
– A primeira mulher. – riu fraco, balançando a cabeça com as palavras da psicóloga porque talvez tudo o que ela precisasse naquele momento era de um tempo.
Tempo para digerir tudo o que havia acontecido na sala de reuniões mais cedo, para entender a sua saída da RBR e para ver o que faria da vida dali para frente.
– Quem sabe uma outra equipe não te chama para trabalhar com eles? – a psicóloga perguntou e a loira balançou os ombros, tentando analisar se tinha alguma possibilidade para aquilo.
Ela era a chefe de equipe campeã da temporada. Talvez alguma outra equipe quisesse que ela levasse o sucesso para lá para conseguir derrubar a Mercedes também.
sorriu fraco, entendendo que, para conseguir ficar em paz, precisaria afastar de sua mente tudo o que havia acontecido. Precisava se preparar para o novo ano e para a nova mulher que ela seria nesse novo ano, fora da Red Bull Racing.
De repente, a sua mente trouxe a memória de que ela deveria estar a caminho da Suíça. Por alguns segundos, pensou em junto com as crianças, esperando por ela e se lamentou por não ter dado nenhuma notícia para o austríaco sobre o seu paradeiro.
Então, ela soube exatamente onde deveria estar para conseguir digerir tudo o que havia acontecido na última hora.
🏎🏆✨
– Vocês viram a ? – Louise questionou a Jim e Justine assim que entrou na recepção da fábrica em Milton Keynes e os dois se entreolharam antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.
– Eu não a vi... – Justine murmurou em resposta. – Talvez ela esteja na sala dela.
– Eu vou dar uma olhada lá. – a ruiva sorriu para os dois. – Obrigada!
Louise atravessou a recepção em passos rápidos e adentrou o elevador, apertando o botão do segundo andar do prédio. Tamborilava os dedos na bolsa que segurava porque a ligação de havia a deixado preocupada também.
Dietrich não costumava conversar com os funcionários da equipe e era raro tê-lo pela fábrica. Então, saber que a amiga participou de uma reunião com ele era um fato extremamente curioso.
Correu os pelo andar, assim que saiu do elevador, e, ao ver a porta da sala de fechada, iniciou uma série de passos até lá. Porém a voz de Fiona fez com ela nem completasse o caminho até o local.
– Louise, precisamos emitir um comunicado com a máxima urgência.
– Um comunicado? – girou sobre os calcanhares, encarando a mulher e colocando as mãos de cada lado de sua cintura. – Sobre o que?
– deixou a Red Bull.
Smith piscou algumas vezes, tentando focar na mulher a sua frente, antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. Que porcaria era aquela que Fiona estava falando?
– Como assim a deixou a Red Bull? – Louise gaguejou ao fazer a pergunta e soltou uma risada nervosa. – Fiona, essa brincadeira não tem graça!
– Não é nenhuma brincadeira, Louise. – Fiona balançou os ombros, aproximando-se da ruiva. – O Helmut veio nos falar que a pediu demissão e que quer que a gente divulgue um comunicado.
– O Helmut veio avisar? – a ruiva girou o corpo, não se importando mais com as palavras da outra, e indo em direção a sala do consultor da equipe.
Ela conhecia o suficiente para saber que ela não iria pedir demissão da Red Bull.
Alguma coisa deveria ter acontecido e Smith tinha certeza que Marko estava envolvido na situação toda.
– Que história é essa que a pediu demissão? – nem se importou em ser educada. Simplesmente entrou na sala do austríaco, cruzando os braços na frente do peito e o lançando um olhar que seria capaz de matá-lo, se ela tivesse a oportunidade.
– Não há história nenhuma, Smith. – o homem balançou os ombros. – nos comunicou em uma reunião que não tinha interesse em continuar na equipe para a próxima temporada.
A ruiva riu alto, balançando a cabeça de um lado para o outro, completamente chocada com a forma que ele tentava manter aquela história fictícia.
– Voce não vai conseguir me enganar, Marko. – ela apontou o dedo na direção do mais velho. – Você e o Dietrich demitiram a , não foi?
– Como eu disse, Smith, a decidiu deixar a equipe.
– E, como eu disse, você não vai me enganar. – lançou um sorriso sarcástico na direção dele. – É óbvio que vocês fizeram algo para ela sair.
– O que nós faríamos para tê-la fora da equipe?
A ruiva encarou o consultor da equipe. Havia um sorriso fino no rosto dele e Louise trabalhava com Helmut a tempo suficiente para saber que ele não era o senhor bonzinho que aparentava ser — e, às vezes, nem aparentava tanto assim.
Ela tentou procurar em sua mente alguma situação que poderia ter causado a saída de da equipe. A loira havia acabado de ser campeã, não havia nenhum motivo aparente para ela sair daquela forma.
Sem contar que seja contado para ela sobre o que tinha acontecido.
– não se demitiria da Red Bull. Não faria isso depois de ser campeã... – Louise murmurou em tom baixo e o consultor soltou uma risada fraca.
– Eu acredito que você não conhece tão bem a sua amiga quanto você pensa.
– Você descobriu, não foi? – a ruiva arqueou as duas sobrancelhas na direção do homem. – É óbvio que você descobriu e fez com que ela pedisse demissão.
– Descobri o que exatamente, Louise? – foi a vez do austríaco cruzar os braços, ele gostaria de ouvir a mulher dizer com todas as letras.
Louise soltou o ar pesadamente, fechando as mãos em punhos porque não iria falar que estava namorando com . Era óbvio que Marko já sabia disso e aquilo tudo era apenas um jogo.
Girou o corpo, não querendo mais discutir o assunto, e começou a caminhar em direção a porta da sala do consultor. Não podia dizer nenhuma das coisas que estavam em sua mente ou ela seria a próxima a ser demitida da equipe.
– Louise. – o mais velho a chamou, fazendo com que ela virasse para encará-lo. – pediu demissão da Red Bull Racing. É isso o que você vai colocar em um comunicado para a imprensa e é o que você vai repetir para todos que perguntarem. E, você sabe que ir contra essa decisão vai trazer consequências.
Smith bufou, saindo da sala em passos largos em direção a própria sala do outro lado do andar, onde Fiona já a esperava para que elas pudessem fazer o comunicado para a imprensa.
Ela sentia muita raiva e sabia que precisava falar com . Queria entender o que havia acontecido e não fazer parte daquela mentira sobre a saída da loira da equipe.
– Eu já preparei uma parte... – a voz de Fiona a trouxe de volta para a realidade. – Você quer checar?
– Não, Fiona. – balançou a cabeça de um lado para o outro antes de suspirar. – Escreva o que você acha que é o melhor e encaminhe para a imprensa.
"Eu não vou fazer parte disso", completou de forma mental, atirando o corpo sobre a cadeira.
🏎🏆✨
já havia perdido a noção de quanto tempo ele estava sentado em frente à porta do apartamento de . Já havia tocado a campainha, chamado por ela, mas não havia tido nenhuma resposta e, por isso, resolveu simplesmente se sentar encostado à porta para esperá-la. Não podia negar que havia pensado em ir para a fábrica da Red Bull, ainda que fosse para ficar de longe para conseguir encontrar a loira, mas achou que era melhor esperá-la em seu apartamento.
Louise também não havia dado notícias depois de ter falado com ele mais cedo, nem mesmo para dizer se encontrou com em Milton Keynes, é isso serviu para deixá-lo ainda mais preocupado.
O barulho do elevador indicando que havia chegado ao andar atraiu a atenção dele e, seus olhos foram correndo para as portas de metal, que pareciam ter demorado uma eternidade para se abrir, e revelaram a figura loira de .
A atenção dela estava na bolsa que carregava, em busca da chave do apartamento, e ele sorriu ao vê-la porque parecia que tudo estava bem, mas, quando os seus olhos se encontraram, ele pode perceber que ela não aparentava estar tão bem. Os olhos inchados demonstravam que ela havia chorado e isso fez com que um sinal de alerta se acendesse na mente do austríaco enquanto ele se apressava em se levantar do chão.
– ... – murmurou em meio a um sorriso aliviado por, finalmente, estar perto dela. – Você me deixou preocupado.
– Me desculpe. – ela respondeu com um sorriso fraco nos lábios e levou as mãos para a sua cintura, a trazendo para perto para que pudesse selar os lábios nos dela em um beijo delicado. – Você está aqui há muito tempo?
– Há umas duas horas. – riu fraco, afastando-se para que ela pudesse abrir a porta. – Poderia ser mais fácil se eu tivesse uma chave, sabe... Pelo menos, eu ficaria esperando com a Ariel.
A loira balançou os ombros antes de soltar uma risada fraca. Travava uma pequena batalha se deveria fingir que tudo estava bem ou se deveria dizer ao austríaco o que havia acontecido nas últimas horas.
– Podemos resolver isso. – sorriu na direção dele, optando pela segunda opção, e indo em direção a uma gaveta próxima ao móvel da televisão para buscar a chave reserva do apartamento. – Essa é a sua.
sorriu, feliz com aquela atitude, e, assim que tirou a chave da mão dela, a puxou para perto outra vez para que pudesse beijá-la se novo. Jamais se cansaria de fazer isso.
– Está tudo bem?
– Está. – sorriu na direção dele, tentando mostrar que nada de errado havia acontecido e decidiu que talvez fosse coisa de sua cabeça que ela estava um pouco distante.
– Obrigado pela chave.
– Sinta-se livre para aparecer aqui quando você quiser, .
Ele concordou com a cabeça, deixando um beijo em sua têmpora e balançou a cabeça, colocando as mãos ao redor do pescoço dele.
Em sua garganta, o nó estava formado. Sabia que tinha assinado um documento que a proibia de dizer que havia sido demitida da Red Bull, mas precisava que ele soubesse que ela estava fora da equipe para a próxima temporada, mas era covarde o suficiente para não conseguir dizer.
– Eu vou tomar um banho.
– Vamos para a Suíça hoje? – questionou, repleto de expectativa e a mulher concordou com a cabeça, fazendo com que um alívio percorresse o corpo dele em meio a uma risada.
assistiu a loira caminhar em direção ao quarto e deixou seu corpo cair sobre o sofá. Ele tirou alguns segundos para observar a chave que havia recebido dela — poderia parecer um gesto pequeno, mas olhando para o quanto os dois haviam caminhado até ali, aquele era um grande passo e isso o deixava muito contente.
Aparentemente eles estavam na mesma página e o futuro lhe parecia brilhante o suficiente.
Guardou a chave no bolso da calça que usava e pegou o celular para que pudesse checar alguns e-mails enquanto esperava sair do banho. Estava tão ansioso para estar logo na Suíça com ela que isso era tudo o que ocupava a sua mente.
O austríaco passou os olhos por algumas mensagens que havia recebido, mas uma de Bradley chamou a atenção mais do que as outras. O responsável pela comunicação da Mercedes, havia lhe enviado um link de uma notícia e questionava se ele sabia daquilo.
Os olhos de se arregalaram ao ler a manchete do Daily Mail. Não acreditando que fosse possível aquilo ter acontecido e não ter dito nenhuma palavra para ele.
"A Red Bull Racing comunica que decidiu deixar o comando da equipe para a próxima temporada.
A decisão, tomada por motivos pessoais, foi dada na manhã de hoje para a equipe pela senhorita . Toda a RBR lhe agradece o trabalho nos últimos dez anos e lhe deseja sucesso."
Ele precisou ler a notícia umas três vezes para que entendesse o que estava escrito ali.
havia pedido demissão da Red Bull? uniu as sobrancelhas. Ela estava tão feliz por ter ganho a temporada que não era possível que ela tomasse uma decisão daquelas. Como que ela iria deixar a equipe?
Balançou a cabeça de um lado para o outro e os minutos que ficou dentro do banheiro lhe pareceram uma eternidade. Estava louco para questioná-la sobre aquela situação que, claramente, não poderia ser verdade, queria entender tudo aquilo.
escolheu uma roupa confortável porque iriam voar para a Suíça e começou a pegar algumas outras peças de roupa para que pudesse por em sua mala.
Essa era uma das vantagens de viver viajando com a Fórmula 1: sabia arrumar uma mala em pouco tempo. Já fazia aquilo quase que no automático de tantas vezes que já precisou fazer.
A loira riu sem humor ao perceber que não mais teria que arrumar malas para viajar com a Fórmula 1 porque não era mais a chefe da Red Bull. Foi inevitável que um sentimento de tristeza a atingisse e ela se sentou no chão do closet, colocando as peças dentro da mala.
– Fora da Red Bull. – murmurou baixo, balançando a cabeça. Não tinha a menor ideia do que iria fazer dali para frente, mas acreditava nas palavras de Dorothea de que tudo ainda estava muito recente e que ela precisaria de tempo para entender o que fazer.
Torcia para que fosse verdade e para que ela logo descobrisse para onde poderia caminhar. Não queira ficar longe do automobilismo — é o que ela mais ama.
– Então, é verdade?
A voz de fez com que seu corpo gelasse por uns segundos. Girou o pescoço, encontrando o austríaco parado na porta de seu closet com os braços cruzados na frente do corpo.
– Bradley me enviou o comunicado da Red Bull...
Eles haviam emitido um comunicado?
– Você saiu da Red Bull?
tinha o cenho franzido na direção dela e a loira engoliu seco ao ouvir a pergunta. Precisou de alguns segundos para decidir se abria o jogo com ele e falava tudo que havia ouvido de Dietrich e Helmut ou se apenas confirmava que havia pedido a sua demissão.
– Sim. – sua voz saiu tão baixa que ela mesma quase não escutou. O austríaco arregalou os olhos, completamente surpreso com a resposta que havia recebido.
– Por quê? – deu os ombros como resposta e se aproximou dela, querendo entender o que havia feito com que ela tomasse aquela decisão.
sempre lhe pareceu uma apaixonada pela equipe austríaca. Não havia nenhum motivo para ela abandonar o cargo daquela forma.
– Me pareceu o certo a ser feito.
A forma como ela voltou a colocar as roupas dentro da mala, não dando muita importância para aquele assunto, fez com que se questionasse ainda mais as circunstâncias daquela demissão.
– ...
A chamou, mas a loira permaneceu atenta nas roupas que tinha sua frente, fazendo com que ele soltasse um suspiro fraco antes de agachar ao lado dela.
– . – chamou com carinho, colocando uma das mãos sobre a dela, impedindo que ela continuasse a colocar roupas dentro da mala, e o encarasse. – Eu não sinto que está tudo bem com você...
– Não se preocupe comigo, .
– Eu vou sempre me preocupar com você. – sorriu, acariciando sua mão com o polegar. – Quer me contar o que aconteceu de verdade?
– O que aconteceu foi o que eu disse. Não há nada de diferente. – sorriu fraco, erguendo um pouco o corpo e selando os lábios nos dele. – Eu amo você.
– Tem certeza que está tudo bem?
– Absoluta. – balançou a cabeça em sinal de positivo para que pudesse passar confiança para ele, ainda que ela não tivesse certeza alguma que tudo estava bem. – Mas eu acho que tudo vai ficar melhor quando estivermos aproveitando as férias.
sorriu, a puxando para mais perto para que pudesse unir os lábios nos dela em um beijo lento. Se estava dizendo que estava tudo bem, ele não iria continuar criando um milhão de teorias em sua mente, mas acreditar nela.
Descansar, na Suíça, ao lado de era um cenário perfeito para se preparar para o ano seguinte que seria de mais trabalho ainda.
Já via o fim do ano como uma espécie de se preparar para se redescobrir. Era a primeira vez que ela sairia para as férias sem saber o que iria fazer no ano seguinte e ela iria usar aquela oportunidade para digerir tudo.
As férias na Suíça pareciam ter ganho um novo significado que era muito além do que descansar de uma temporada tão desafiadora, em relação a tudo o que havia acontecido nas pistas, e marcante para os dois como um casal.
Era o início do futuro incerto e brilhante — e a certeza para que o amor havia a deixado louca.
Aquilo tudo parecia um grande pesadelo.
Era o maior pesadelo de todos.
Foi naquele momento que ela sentiu o coração se acelerar e a respiração começar a ficar acelerada. Ela precisou fechar os olhos com força para que conseguisse organizar os próprios pensamentos e focar nos exercícios que Dorothea havia ensinado para situações como aquela.
Repetiu os exercícios umas quatro vezes, cada vez de uma forma mais lenta que anterior, e tratou de equilibrar a caixa que segurava em uma de suas mãos para que pudesse buscar o celular dentro de sua bolsa.
Precisava fazer duas coisas. A primeira delas era conseguir um carro para levá-la para Londres e a segunda coisa era conseguir falar com a única pessoa que poderia ajudá-la naquele momento.
Esperou que o carro por aplicativo chegasse e se sentou no banco de trás, deixando a caixa com as suas coisas ao seu lado no banco enquanto as lágrimas escorriam por sua bochecha de forma copiosa.
– Senhora... – o motorista a encarou através do espelho retrovisor, assustado com o choro compulsivo da passageira. – Está precisando de alguma coisa?
Balançou a cabeça de um lado para o outro, não sendo capaz de proferir uma palavra antes de voltar a fechar os olhos, voltando a inspirar e soltar o ar repetidas vezes.
O celular em suas mãos era cada vez mais apertado por seus dedos como se aquilo fosse mais uma forma de conseguir se acalmar, mas, estava só querendo criar coragem para conseguir procurar o número da psicóloga em sua lista de contatos.
Em sua lista de contatos favoritos, o número era o primeiro e ela não tardou em deslizar o dedo sobre o nome, levando o celular para o ouvido de forma apressada, ouvindo a linha chamar.
– ?
A voz suave do outro lado, levemente preocupada com aquela ligação, fez com que a loira deixasse um longo suspiro escapar por seus lábios, antes de encostar a cabeça no encosto do banco traseiro do carro.
– Eu estou a caminho do consultório. – murmurou em meio a uma lufada de ar, passando uma das mãos pelo rosto em uma tentativa de secar o local.
– Tudo bem. – a mulher respondeu antes da loira dizer antes das lágrimas retornarem a escorrer de forma grossa por suas bochechas.
– Eu preciso de ajuda.
– É a sua vez, papai.
A voz de Rosa despertou o austríaco dos próprios pensamentos. O seu olhar estava perdido em no relógio que havia em seu pulso porque, de acordo com as suas contas, era para que já tivesse, pelo menos, avisado que havia saído de Londres.
Porém, em seu celular boa havia nenhuma sinal da loira. As suas notificações estavam vazias e ele se questionava se alguma coisa poderia ter acontecido de grave para que ela não lhe mandasse nenhuma mensagem.
Relembrou o dia, pensando na última vez em que havia conversado com ela, logo após a reunião que ela teve com Dietrich e Helmut. A loira parecia um pouco estranha, ele pode sentir que ela tentava esconder alguma coisa dele, mas preferiu acreditar quando ela disse tudo havia corrido bem.
– O Ben vai jogar no meu lugar. – anunciou para a mais nova, com os olhos indo na direção do filho mais velho em um pedido silencioso para que ele aceitasse o seu pedido sem reclamar.
– Ah, não! – Rosa reclamou ao ver que o pai já se levantava do tapete e cruzou os braços na frente do corpo para demonstrar que estava descontente com a saída dele do jogo.
– Eu preciso fazer uma ligação, querida. – sorriu para a menina, levando uma das mãos para o topo da cabeça dela para que pudesse acariciar seus cabelos castanhos.
– Ela está com medo de perder, pai. – Benedict ralhou, tentando distrair a mais nova enquanto se levantava do sofá para se sentar no chão, no lugar que o pai ocupava antes.
– Eu não estou! – Rosa murmurou, mostrando a língua para o mais velho. – Joga logo, Ben!
sorriu, aliviado pela menina ter sido distraída facilmente, e, praticamente, correu para fora da casa — esquecendo-se até mesmo de buscar o casaco mais grosso para que pudesse se proteger um pouco mais do frio.
Desbloqueou a tela do celular, correndo para a sua lista de contatos e clicando sobre o nome de . O moreno levou o celular para o ouvido e respirou fundo ao ouvir a linha começar a chamar, na mais pura esperança de ouvir logo a voz da loira.
"Você ligou para e, se eu não atendi, é porque eu...", rolou os olhos e soltou uma leve risada. Não era uma gravação que ele esperava ouvir quando pensou na voz da loira e saber que o celular dela estava desligado fez com que o seu coração se apertasse por alguns segundos.
Foi impossível não pensar nas férias de verão, quando estava no aeroporto e não apareceu. Ele se lembrava perfeitamente do sentimento que tomou conta de seu corpo naquele momento, a ideia do fim do que os dois estavam tendo, assim como havia dito para ela que aconteceria caso ela não aparecesse.
Agora era diferente.
Os dois já eram um casal e havia dito que o amava. Ela havia confirmado que iria para a Suíça com ele.
Por Deus, eles haviam vivido dias incríveis na França!
Não era possível que estava, outra vez, lhe dando um bolo.
Não era possível que ela não iria aparecer.
O celular vibrou em suas mãos e deslizou o dedo sobre a tela de qualquer jeito, sem nem se importar em checar o nome que aparecia, sendo certo que era .
Talvez o aparelho estivesse apenas sem sinal no momento em que ele havia ligado. Agora, ela tinha visto a sua chamada e estava retornando.
Era isso.
estava a caminho.
– , pelo amor de Deus, você quase me mata do coração... – murmurou em meio a uma risada, correndo uma das mãos pelos cabelos.
– Desculpe, senhor ... – a voz masculina do outro lado da linha fez com que ele unisse as duas sobrancelhas em sinal de confusão.
Que merda era aquela?
– Quem está falando?
– Aqui é o Tyler, o piloto da aeronave...
Era como se um balde de água fria tivesse sido atirado sobre o austríaco. Obviamente que, naquela altura, ele já sabia que não era do outro lado da linha, mas o piloto de sua aeronave que deveria trazer a loira para a Suíça.
– Tyler, o que aconteceu? – não se preocupou em soar desesperado porque realmente estava assim por estar sem nenhuma notícia da namorada há tanto tempo.
– A senhorita não apareceu para embarcar.
fechou os olhos, sentindo o coração se apertar de novo enquanto sua mente parecia entrar em um turbilhão. Uma série de coisas que poderiam ter acontecido com a loira surgiu em sua mente e ele não pode evitar o medo que percorreu o seu corpo.
Medo de perder .
– Eu vou... – suspirou, puxando alguns fios dos cabelos, tentando pensar no que deveria fazer a partir daquela informação. – Eu vou ligar para ela, Tyler. Peço que continue aguardando.
– Tudo bem, senhor .
Encerrou a ligação de forma apressada, encostando o celular sobre o queixo. Não conseguia falar com a loira, o celular dava caixa de mensagem e, em sua mente, só existia uma pessoa para qual ele poderia ligar naquele momento.
Louise Smith.
Da última vez, quando precisou falar com a chefe da comunicação da Red Bull, salvou o número dela em seus contatos. Imaginava que algum dia ele fosse precisar do número dela novamente — mas não acreditou que poderia ser tão rápido. Apressou-se em clicar sobre o nome da ruiva e levou o celular ao ouvido outra vez. A cada toque do celular, ele sentia o coração batendo mais rápido. Cada segundo sem notícia de o deixava ainda mais preocupado.
– ? – Louise soou preocupada do outro lado da linha. – Aconteceu alguma coisa com a ?
– Eu estou tentando falar com ela e apenas cai na caixa postal. – murmurou, não se preocupando com a formalidade naquele momento. – Ela saiu de Paris pela manhã para uma reunião com Dietrich e Helmut.
– teve uma reunião com o Dietrich Mateschitz? – a ruiva praticamente gritou do outro lado da linha, completamente surpresa com aquela informação.
– Ele ligou para ela pela manhã para que ela fosse para Milton Keynes algumas horas antes... Eu falei com ela após a reunião, ela me disse que correu tudo bem, mas não me respondeu mais. – suspirou. – Você a viu?
– Eu ainda não cheguei a Milton Keynes. – a ruiva respondeu. – Estava gravando algumas coisas com o Matt, mas estou a caminho da fábrica agora.
– Você acha que eu devo continuar preocupado?
– Eu não sei, . – Louise riu fraco. – Dietrich não aparece muito para falar conosco, então, a reunião com ele pode ter sido séria.
– Eu achei que ele queria tratar com ela sobre a renovação do contrato como chefe da equipe...
– Vamos fazer o seguinte? – Louise suspirou. – Eu estou a caminho de Milton Keynes e vou procurar a Ali para saber o que aconteceu.
– Você será a salvadora da pátria, Louise Smith.
Ela riu, despedindo-se e encerrando a ligação, mas aquilo não era o suficiente para o austríaco. Ele precisava ter a absoluta certeza que estava bem e isso ele só teria se a visse com os seus próprios olhos.
Ele precisava ir para a Inglaterra o mais rápido possível.
Dorothea tinha os seus olhos na loira sentada a sua frente. As mãos dela estavam postas nas pontas do sofá, seus pés estavam um em cima do outro e as lágrimas ainda caíam por seus olhos.
– Pode me dizer o que aconteceu? – perguntou com o cuidado aparente na voz, cruzando uma mão sobre a outra e encarando a loira por debaixo de seus óculos de grau.
suspirou de forma pesada. Apenas de lembrar tudo o que havia vivido nas últimas horas, ela podia sentir o coração voltar a doer e a respiração voltar a ficar descompassada.
– Eu fui demitida.
A loira disse sem a menor cerimônia e pouco se importando com o contrato que havia assinado com a equipe austríaca que a proibia de falar sobre a sua saída.
A psicóloga balançou a cabeça devagar, como se estivesse absorvendo a frase da paciente, e não podendo demonstrar qualquer reação ao que ela tinha contado.
– Houve alguma razão para a sua demissão? – questionou, fazendo algumas breves anotações no papel que segurava sobre o colo.
– Eu fui demitida por causa do meu relacionamento.
– O seu relacionamento com o rival? – a psicóloga perguntou e a loira se apressou em concordar com a cabeça. – Você me disse que a relação era um segredo. Como que descobriram isso?
– Eu não sei exatamente... – fungou. – O Helmut, ele é o consultor da minha equipe, ele esteve no mesmo restaurante que o e eu estivemos em Paris ontem... Acho que ele nos viu e contou para o presidente. Eu fui chamada para uma reunião de urgência e eles deram a entender que a confiança em mim ficou abalada por causa do meu namoro. Então, eu deveria terminar ou deixar a Red Bull.
– Então, você escolheu deixar Red Bull? – a psicóloga questionou e a loira demorou alguns segundos para concordar com a cabeça. – E por que você escolheu isso?
soltou um suspiro e olhou para as próprias mãos. Não sabia muito bem como explicar a escolha que tinha feito porque apenas lhe pareceu certo deixar um lugar em que questionavam o seu trabalho por conta de quem ela namorava.
Ela havia levado a Red Bull à campeã da temporada sem nenhuma influência de seu relacionamento com . Foi o seu trabalho, junto com o de toda a equipe, que havia tornado aquilo possível.
– Porque eu não quero permanecer em um ambiente em que as pessoas não acreditam em mim. – balançou os ombros. – Eu fiz a Red Bull ser campeã e isso independe do meu namoro.
– Exatamente. – Dorothea afirmou com a cabeça. – Você já provou para todos que é uma excelente profissional e você sabe que é uma excelente profissional. O que te aflige agora?
– O que me aflige é saber que, a partir de agora, eu vou ser reduzida apenas a namorada do . – um suspiro saiu por seus lábios e ela recostou o corpo no sofá, olhando para a psicóloga a sua frente.
– Mas você pretende assumir publicamente a sua relação com ele?
Os olhos de se arregalaram e ela balançou a cabeça de um lado para o outro em sinal de negação.
– Quer dizer... – riu fraco, coçando a própria nuca. – O único impedimento para que não tornássemos a nossa relação pública era o meu cargo na Red Bull, mas agora que eu não o tenho, eu não sei como vai ser.
– Então, por que você acha que vai ser vista só como a namora dele?
– Porque o que eles me disseram hoje me fez relembrar que a Fórmula 1 ainda é um ambiente extremamente machista. – fez uma pausa. – Eu estou com medo de me perder.
– Se perder?
– Ser chefe de uma equipe, trabalhar na Fórmula 1, é tudo que eu sei fazer, Dorothea. – correu as mãos pelos cabelos. – Eu não consigo pensar no que eu vou fazer daqui para frente, longe do paddock ou da correria que é estar em um país diferente a cada fim de semana. Mas eu também não quero estar nesse ambiente apenas para ser vista como a namorada do .
– , é normal você se sentir confusa e sem rumo nesse momento. Afinal, tudo está muito recente e você trabalha nesse ambiente há dez anos. Primeiro, você precisa se acostumar com a ideia de estar fora da Red Bull para depois você conseguir encontrar algo para fazer. – fez uma breve pausa. – Se as pessoas quiserem te ver apenas como a namorada de alguém, isso não deveria importar para você porque você sabe que é muito mais do que isso. Você é a campeã da temporada de dois mil e vinte e um.
– A primeira mulher. – riu fraco, balançando a cabeça com as palavras da psicóloga porque talvez tudo o que ela precisasse naquele momento era de um tempo.
Tempo para digerir tudo o que havia acontecido na sala de reuniões mais cedo, para entender a sua saída da RBR e para ver o que faria da vida dali para frente.
– Quem sabe uma outra equipe não te chama para trabalhar com eles? – a psicóloga perguntou e a loira balançou os ombros, tentando analisar se tinha alguma possibilidade para aquilo.
Ela era a chefe de equipe campeã da temporada. Talvez alguma outra equipe quisesse que ela levasse o sucesso para lá para conseguir derrubar a Mercedes também.
sorriu fraco, entendendo que, para conseguir ficar em paz, precisaria afastar de sua mente tudo o que havia acontecido. Precisava se preparar para o novo ano e para a nova mulher que ela seria nesse novo ano, fora da Red Bull Racing.
De repente, a sua mente trouxe a memória de que ela deveria estar a caminho da Suíça. Por alguns segundos, pensou em junto com as crianças, esperando por ela e se lamentou por não ter dado nenhuma notícia para o austríaco sobre o seu paradeiro.
Então, ela soube exatamente onde deveria estar para conseguir digerir tudo o que havia acontecido na última hora.
– Vocês viram a ? – Louise questionou a Jim e Justine assim que entrou na recepção da fábrica em Milton Keynes e os dois se entreolharam antes de balançar a cabeça de um lado para o outro.
– Eu não a vi... – Justine murmurou em resposta. – Talvez ela esteja na sala dela.
– Eu vou dar uma olhada lá. – a ruiva sorriu para os dois. – Obrigada!
Louise atravessou a recepção em passos rápidos e adentrou o elevador, apertando o botão do segundo andar do prédio. Tamborilava os dedos na bolsa que segurava porque a ligação de havia a deixado preocupada também.
Dietrich não costumava conversar com os funcionários da equipe e era raro tê-lo pela fábrica. Então, saber que a amiga participou de uma reunião com ele era um fato extremamente curioso.
Correu os pelo andar, assim que saiu do elevador, e, ao ver a porta da sala de fechada, iniciou uma série de passos até lá. Porém a voz de Fiona fez com ela nem completasse o caminho até o local.
– Louise, precisamos emitir um comunicado com a máxima urgência.
– Um comunicado? – girou sobre os calcanhares, encarando a mulher e colocando as mãos de cada lado de sua cintura. – Sobre o que?
– deixou a Red Bull.
Smith piscou algumas vezes, tentando focar na mulher a sua frente, antes de balançar a cabeça de um lado para o outro. Que porcaria era aquela que Fiona estava falando?
– Como assim a deixou a Red Bull? – Louise gaguejou ao fazer a pergunta e soltou uma risada nervosa. – Fiona, essa brincadeira não tem graça!
– Não é nenhuma brincadeira, Louise. – Fiona balançou os ombros, aproximando-se da ruiva. – O Helmut veio nos falar que a pediu demissão e que quer que a gente divulgue um comunicado.
– O Helmut veio avisar? – a ruiva girou o corpo, não se importando mais com as palavras da outra, e indo em direção a sala do consultor da equipe.
Ela conhecia o suficiente para saber que ela não iria pedir demissão da Red Bull.
Alguma coisa deveria ter acontecido e Smith tinha certeza que Marko estava envolvido na situação toda.
– Que história é essa que a pediu demissão? – nem se importou em ser educada. Simplesmente entrou na sala do austríaco, cruzando os braços na frente do peito e o lançando um olhar que seria capaz de matá-lo, se ela tivesse a oportunidade.
– Não há história nenhuma, Smith. – o homem balançou os ombros. – nos comunicou em uma reunião que não tinha interesse em continuar na equipe para a próxima temporada.
A ruiva riu alto, balançando a cabeça de um lado para o outro, completamente chocada com a forma que ele tentava manter aquela história fictícia.
– Voce não vai conseguir me enganar, Marko. – ela apontou o dedo na direção do mais velho. – Você e o Dietrich demitiram a , não foi?
– Como eu disse, Smith, a decidiu deixar a equipe.
– E, como eu disse, você não vai me enganar. – lançou um sorriso sarcástico na direção dele. – É óbvio que vocês fizeram algo para ela sair.
– O que nós faríamos para tê-la fora da equipe?
A ruiva encarou o consultor da equipe. Havia um sorriso fino no rosto dele e Louise trabalhava com Helmut a tempo suficiente para saber que ele não era o senhor bonzinho que aparentava ser — e, às vezes, nem aparentava tanto assim.
Ela tentou procurar em sua mente alguma situação que poderia ter causado a saída de da equipe. A loira havia acabado de ser campeã, não havia nenhum motivo aparente para ela sair daquela forma.
Sem contar que seja contado para ela sobre o que tinha acontecido.
– não se demitiria da Red Bull. Não faria isso depois de ser campeã... – Louise murmurou em tom baixo e o consultor soltou uma risada fraca.
– Eu acredito que você não conhece tão bem a sua amiga quanto você pensa.
– Você descobriu, não foi? – a ruiva arqueou as duas sobrancelhas na direção do homem. – É óbvio que você descobriu e fez com que ela pedisse demissão.
– Descobri o que exatamente, Louise? – foi a vez do austríaco cruzar os braços, ele gostaria de ouvir a mulher dizer com todas as letras.
Louise soltou o ar pesadamente, fechando as mãos em punhos porque não iria falar que estava namorando com . Era óbvio que Marko já sabia disso e aquilo tudo era apenas um jogo.
Girou o corpo, não querendo mais discutir o assunto, e começou a caminhar em direção a porta da sala do consultor. Não podia dizer nenhuma das coisas que estavam em sua mente ou ela seria a próxima a ser demitida da equipe.
– Louise. – o mais velho a chamou, fazendo com que ela virasse para encará-lo. – pediu demissão da Red Bull Racing. É isso o que você vai colocar em um comunicado para a imprensa e é o que você vai repetir para todos que perguntarem. E, você sabe que ir contra essa decisão vai trazer consequências.
Smith bufou, saindo da sala em passos largos em direção a própria sala do outro lado do andar, onde Fiona já a esperava para que elas pudessem fazer o comunicado para a imprensa.
Ela sentia muita raiva e sabia que precisava falar com . Queria entender o que havia acontecido e não fazer parte daquela mentira sobre a saída da loira da equipe.
– Eu já preparei uma parte... – a voz de Fiona a trouxe de volta para a realidade. – Você quer checar?
– Não, Fiona. – balançou a cabeça de um lado para o outro antes de suspirar. – Escreva o que você acha que é o melhor e encaminhe para a imprensa.
"Eu não vou fazer parte disso", completou de forma mental, atirando o corpo sobre a cadeira.
já havia perdido a noção de quanto tempo ele estava sentado em frente à porta do apartamento de . Já havia tocado a campainha, chamado por ela, mas não havia tido nenhuma resposta e, por isso, resolveu simplesmente se sentar encostado à porta para esperá-la. Não podia negar que havia pensado em ir para a fábrica da Red Bull, ainda que fosse para ficar de longe para conseguir encontrar a loira, mas achou que era melhor esperá-la em seu apartamento.
Louise também não havia dado notícias depois de ter falado com ele mais cedo, nem mesmo para dizer se encontrou com em Milton Keynes, é isso serviu para deixá-lo ainda mais preocupado.
O barulho do elevador indicando que havia chegado ao andar atraiu a atenção dele e, seus olhos foram correndo para as portas de metal, que pareciam ter demorado uma eternidade para se abrir, e revelaram a figura loira de .
A atenção dela estava na bolsa que carregava, em busca da chave do apartamento, e ele sorriu ao vê-la porque parecia que tudo estava bem, mas, quando os seus olhos se encontraram, ele pode perceber que ela não aparentava estar tão bem. Os olhos inchados demonstravam que ela havia chorado e isso fez com que um sinal de alerta se acendesse na mente do austríaco enquanto ele se apressava em se levantar do chão.
– ... – murmurou em meio a um sorriso aliviado por, finalmente, estar perto dela. – Você me deixou preocupado.
– Me desculpe. – ela respondeu com um sorriso fraco nos lábios e levou as mãos para a sua cintura, a trazendo para perto para que pudesse selar os lábios nos dela em um beijo delicado. – Você está aqui há muito tempo?
– Há umas duas horas. – riu fraco, afastando-se para que ela pudesse abrir a porta. – Poderia ser mais fácil se eu tivesse uma chave, sabe... Pelo menos, eu ficaria esperando com a Ariel.
A loira balançou os ombros antes de soltar uma risada fraca. Travava uma pequena batalha se deveria fingir que tudo estava bem ou se deveria dizer ao austríaco o que havia acontecido nas últimas horas.
– Podemos resolver isso. – sorriu na direção dele, optando pela segunda opção, e indo em direção a uma gaveta próxima ao móvel da televisão para buscar a chave reserva do apartamento. – Essa é a sua.
sorriu, feliz com aquela atitude, e, assim que tirou a chave da mão dela, a puxou para perto outra vez para que pudesse beijá-la se novo. Jamais se cansaria de fazer isso.
– Está tudo bem?
– Está. – sorriu na direção dele, tentando mostrar que nada de errado havia acontecido e decidiu que talvez fosse coisa de sua cabeça que ela estava um pouco distante.
– Obrigado pela chave.
– Sinta-se livre para aparecer aqui quando você quiser, .
Ele concordou com a cabeça, deixando um beijo em sua têmpora e balançou a cabeça, colocando as mãos ao redor do pescoço dele.
Em sua garganta, o nó estava formado. Sabia que tinha assinado um documento que a proibia de dizer que havia sido demitida da Red Bull, mas precisava que ele soubesse que ela estava fora da equipe para a próxima temporada, mas era covarde o suficiente para não conseguir dizer.
– Eu vou tomar um banho.
– Vamos para a Suíça hoje? – questionou, repleto de expectativa e a mulher concordou com a cabeça, fazendo com que um alívio percorresse o corpo dele em meio a uma risada.
assistiu a loira caminhar em direção ao quarto e deixou seu corpo cair sobre o sofá. Ele tirou alguns segundos para observar a chave que havia recebido dela — poderia parecer um gesto pequeno, mas olhando para o quanto os dois haviam caminhado até ali, aquele era um grande passo e isso o deixava muito contente.
Aparentemente eles estavam na mesma página e o futuro lhe parecia brilhante o suficiente.
Guardou a chave no bolso da calça que usava e pegou o celular para que pudesse checar alguns e-mails enquanto esperava sair do banho. Estava tão ansioso para estar logo na Suíça com ela que isso era tudo o que ocupava a sua mente.
O austríaco passou os olhos por algumas mensagens que havia recebido, mas uma de Bradley chamou a atenção mais do que as outras. O responsável pela comunicação da Mercedes, havia lhe enviado um link de uma notícia e questionava se ele sabia daquilo.
Os olhos de se arregalaram ao ler a manchete do Daily Mail. Não acreditando que fosse possível aquilo ter acontecido e não ter dito nenhuma palavra para ele.
Ele precisou ler a notícia umas três vezes para que entendesse o que estava escrito ali.
havia pedido demissão da Red Bull? uniu as sobrancelhas. Ela estava tão feliz por ter ganho a temporada que não era possível que ela tomasse uma decisão daquelas. Como que ela iria deixar a equipe?
Balançou a cabeça de um lado para o outro e os minutos que ficou dentro do banheiro lhe pareceram uma eternidade. Estava louco para questioná-la sobre aquela situação que, claramente, não poderia ser verdade, queria entender tudo aquilo.
escolheu uma roupa confortável porque iriam voar para a Suíça e começou a pegar algumas outras peças de roupa para que pudesse por em sua mala.
Essa era uma das vantagens de viver viajando com a Fórmula 1: sabia arrumar uma mala em pouco tempo. Já fazia aquilo quase que no automático de tantas vezes que já precisou fazer.
A loira riu sem humor ao perceber que não mais teria que arrumar malas para viajar com a Fórmula 1 porque não era mais a chefe da Red Bull. Foi inevitável que um sentimento de tristeza a atingisse e ela se sentou no chão do closet, colocando as peças dentro da mala.
– Fora da Red Bull. – murmurou baixo, balançando a cabeça. Não tinha a menor ideia do que iria fazer dali para frente, mas acreditava nas palavras de Dorothea de que tudo ainda estava muito recente e que ela precisaria de tempo para entender o que fazer.
Torcia para que fosse verdade e para que ela logo descobrisse para onde poderia caminhar. Não queira ficar longe do automobilismo — é o que ela mais ama.
– Então, é verdade?
A voz de fez com que seu corpo gelasse por uns segundos. Girou o pescoço, encontrando o austríaco parado na porta de seu closet com os braços cruzados na frente do corpo.
– Bradley me enviou o comunicado da Red Bull...
Eles haviam emitido um comunicado?
– Você saiu da Red Bull?
tinha o cenho franzido na direção dela e a loira engoliu seco ao ouvir a pergunta. Precisou de alguns segundos para decidir se abria o jogo com ele e falava tudo que havia ouvido de Dietrich e Helmut ou se apenas confirmava que havia pedido a sua demissão.
– Sim. – sua voz saiu tão baixa que ela mesma quase não escutou. O austríaco arregalou os olhos, completamente surpreso com a resposta que havia recebido.
– Por quê? – deu os ombros como resposta e se aproximou dela, querendo entender o que havia feito com que ela tomasse aquela decisão.
sempre lhe pareceu uma apaixonada pela equipe austríaca. Não havia nenhum motivo para ela abandonar o cargo daquela forma.
– Me pareceu o certo a ser feito.
A forma como ela voltou a colocar as roupas dentro da mala, não dando muita importância para aquele assunto, fez com que se questionasse ainda mais as circunstâncias daquela demissão.
– ...
A chamou, mas a loira permaneceu atenta nas roupas que tinha sua frente, fazendo com que ele soltasse um suspiro fraco antes de agachar ao lado dela.
– . – chamou com carinho, colocando uma das mãos sobre a dela, impedindo que ela continuasse a colocar roupas dentro da mala, e o encarasse. – Eu não sinto que está tudo bem com você...
– Não se preocupe comigo, .
– Eu vou sempre me preocupar com você. – sorriu, acariciando sua mão com o polegar. – Quer me contar o que aconteceu de verdade?
– O que aconteceu foi o que eu disse. Não há nada de diferente. – sorriu fraco, erguendo um pouco o corpo e selando os lábios nos dele. – Eu amo você.
– Tem certeza que está tudo bem?
– Absoluta. – balançou a cabeça em sinal de positivo para que pudesse passar confiança para ele, ainda que ela não tivesse certeza alguma que tudo estava bem. – Mas eu acho que tudo vai ficar melhor quando estivermos aproveitando as férias.
sorriu, a puxando para mais perto para que pudesse unir os lábios nos dela em um beijo lento. Se estava dizendo que estava tudo bem, ele não iria continuar criando um milhão de teorias em sua mente, mas acreditar nela.
Descansar, na Suíça, ao lado de era um cenário perfeito para se preparar para o ano seguinte que seria de mais trabalho ainda.
Já via o fim do ano como uma espécie de se preparar para se redescobrir. Era a primeira vez que ela sairia para as férias sem saber o que iria fazer no ano seguinte e ela iria usar aquela oportunidade para digerir tudo.
As férias na Suíça pareciam ter ganho um novo significado que era muito além do que descansar de uma temporada tão desafiadora, em relação a tudo o que havia acontecido nas pistas, e marcante para os dois como um casal.
Era o início do futuro incerto e brilhante — e a certeza para que o amor havia a deixado louca.
Fim.
Nota da autora: É oficial, chegamos ao fim de Don’t Blame Me! Essa história surgiu há mais de um ano e a ideia era que fossem apenas três shorts, mas se tornou meio que inevitável querer escrever mais sobre esse casal, apresentar esses personagens para o mundo e mostrar mais de Alina Hayes – a personagem principal mais foda que eu já tive.
Há algo nessa história, que é o que eu acredito muito e sempre busco enaltecer: a força das mulheres. Não está somente presente na personagem principal, mas também na Dorothea e na Louise – que são inspiradas em duas mulheres que eu conheci através da Fórmula 1 e que me inspiram através de seus jeitos, dos seus trabalhos, das suas características e suas paixões pelos pilotos, rs. Ainda que hoje, estejamos distantes, elas foram importantes para a construções das personagens e eu agradeço a ajuda, o apoio e por terem me permitido retratá-las aqui, através de seus alteregos.
Alina Hayes, a principal, também é inspirada em algumas mulheres importantes da minha vida e, talvez, tenha mais de mim do que eu imagino.
O meu agradecimento a todas as leitoras que acompanharam o desenrolar dessa histórias e deixaram comentários lindos – o que me fez retornar a postá-la aqui no FFOBS. Cada comentário longo, narrando os sentimentos e opiniões de vocês, me deixava bobinha! Obrigada por isso!
Por último, acho que esse final deixa claro, mas preciso dizer com todas as letras: haverá uma continuação para! Darkest Little Paradise começará a ser publicada aqui no FFOBS muito em breve e eu espero que vocês embarquem junto comigo em mais uma etapa da vida do nosso casal favorito.
Beijos e até a próxima.
Khai (ou Devlin, como preferirem).
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Há algo nessa história, que é o que eu acredito muito e sempre busco enaltecer: a força das mulheres. Não está somente presente na personagem principal, mas também na Dorothea e na Louise – que são inspiradas em duas mulheres que eu conheci através da Fórmula 1 e que me inspiram através de seus jeitos, dos seus trabalhos, das suas características e suas paixões pelos pilotos, rs. Ainda que hoje, estejamos distantes, elas foram importantes para a construções das personagens e eu agradeço a ajuda, o apoio e por terem me permitido retratá-las aqui, através de seus alteregos.
Alina Hayes, a principal, também é inspirada em algumas mulheres importantes da minha vida e, talvez, tenha mais de mim do que eu imagino.
O meu agradecimento a todas as leitoras que acompanharam o desenrolar dessa histórias e deixaram comentários lindos – o que me fez retornar a postá-la aqui no FFOBS. Cada comentário longo, narrando os sentimentos e opiniões de vocês, me deixava bobinha! Obrigada por isso!
Por último, acho que esse final deixa claro, mas preciso dizer com todas as letras: haverá uma continuação para! Darkest Little Paradise começará a ser publicada aqui no FFOBS muito em breve e eu espero que vocês embarquem junto comigo em mais uma etapa da vida do nosso casal favorito.
Beijos e até a próxima.
Khai (ou Devlin, como preferirem).
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.