Eat Jin

Finalizada Em: 30/01/2019

Capítulo Único

Eu sempre tive um amor muito grande pela cozinha, vinda de uma família mineira meu contato com legumes, verduras e frutas sempre foi bem direto e carreguei esse gosto pessoal através do mundo comigo. Na realidade, eu geralmente era muito curiosa sobre como seria a cultura dos países pelo mundo afora, por isso foi me criando um desejo de subir pelas Américas e conhecer cada tipo variável de temperos e técnicas utilizadas em cozinhas de cada região. Por isso tirei alguns anos da minha vida, logo após terminar o colegial, para juntar dinheiro e poder realizar meu sonho. Quando completei 20 anos de idade, já me sentia preparada para conhecer o mundo e seus sabores, e com um forte aperto no coração me despedi de meus pais e familiares e fiz minha primeira viagem de intercâmbio, trabalhando como au pair, e fui morar com uma família muito receptiva na Espanha por 12 meses, e nesse pouco tempo pude ter minha primeira conexão com o desconhecido, e conto um segredo para vocês… Eu amei. Não apenas a comida, porquê sim, consegui fazer um curso básico de culinária espanhola no tempo em que vivi lá, mas amei ainda mais a cultura, as músicas, as pessoas. E isso só alimentou minha curiosidade, e foi aí, tenho quase certeza, que me levou a percorrer o mundo atrás do inexplorado por mim, que me trouxe a morar onde estou atualmente. Na Coreia.
Meu trabalho era algo parecido com o de um subchefe de cozinha, em um restaurante brasileiro em Seul. Conheci o dono do local, também brasileiro, em uma viagem que tinha feito a África do Sul, estava trabalhando temporariamente em um restaurante na Cidade do Cabo, quando ele - Rogério, meu atual chefe - ficou surpreso em como alguém teria conseguido fazer uma feijoada tão parecida com a de seu país natal, e pediu a um dos garçons para conhecer o cozinheiro do prato, no caso eu. Eu fiquei surpresa pelo pedido, ninguém nunca tinha ligado para quem fazia a comida que comiam, e fiquei ainda mais quando o mesmo me ofereceu uma vaga para trabalhar junto a ele e seu irmão - Luís, um chefe de cozinha brasileiro renomeado nos países asiáticos - em um pequeno, mas requintado, restaurante na cidade de Seul. Eu aceitei a vaga, claro. Seria a primeira vez que eu trabalharia em um lugar sendo realmente parte da equipe, e não apenas uma estrangeira em um trabalho temporário ou voluntário para conseguir se sustentar em algum lugar.
E foi assim que vim parar perdida na Ásia, e também foi aqui que o vi e conheci. Eu já sabia quem ele era, claro, quem em plena Coreia do Sul não sabe quem são os garotos do Bangtan Sonyeondan? Eu tinha até mesmo escolhido um bias no grupo, e sinceramente, ver Kim Seokjin pessoalmente foi… Impactante, acho que essa seria uma palavra adequada. A primeira vez foi com a visita do grupo inteiro em meu local de trabalho. Lembro-me bem desse dia, eu acompanhava o grupo pelas mídias sociais a pouco tempo, mas conseguia distinguir um do outro facilmente. Eles teriam uma turnê mundial e, pelo que lembro, seu manager queria que eles tivessem uma prévia de como seria a comida de alguns países por onde eles passariam, sendo o Brasil um deles, por isso o restaurante tinha sido reservado exclusivamente para eles e sua equipe de staffs, sendo somente o chefe de cozinha e eu de forasteiros.
Eram uma turma bem animada, isso podia ver-se de longe, principalmente da cozinha que tinha uma parte aberta para onde ficavam as mesas, onde eu estava. Se for para ser sincera, tenho que dizer que primeiro ouvi a voz de Jin antes de realmente vê-lo, sua risada tão característica reverberava pelo salão. Tenho quase certeza que estava contando uma piada, no estilo característico de tio que ele amava, para os mais novos quando entrei no lugar segurando uma bandeja com alguns aperitivos. Seu sorriso estava bem aberto e seus pequenos olhos quase desapareceram quando sua bochecha inflou com a risada, porém assim que me viu seus dentes incrivelmente brancos e alinhados sumiram junto com o som da gargalhada, seu rosto e pescoço ficaram incrivelmente vermelhos e não pude evitar uma risadinha sem graça desviando o olhar.
Esse dia foi memorável para mim, principalmente porque sempre o pegava me espiando por sobre os ombros e fugindo do olhar assim que eu correspondia. Teve um momento que observei até mesmo Jimin brincando com ele, quando percebeu onde sempre o olhar do mais velho se dirigia. Claro que não fiquei super calma com os olhares dele, por Deus, era um k-idol me encarando, e além do mais, era Kim Seokjin ali, meu preferido do grupo, por isso não pude evitar sentir minhas mãos suadas e trêmulas, e quase derrubei a bandeja pelo menos umas duas vezes antes do chefe pedir para eu ir me acalmar um pouco e beber água na cozinha. Foi um dia bastante agitado, fizemos pratos simples, mas recebemos um feedback positivo pelo que fiquei sabendo por meu superior. Ainda pude observar o olhar de Jin uma última vez quando estava saindo da cozinha, antes de ver o grupo se despedir se inclinando e saírem pela porta lateral do lugar.
A partir desse dia o vi mais algumas vezes comendo sozinho onde eu trabalhava, e não sei se é minha imaginação ou não, mas sempre parecia que ele procurava alguém com o olhar e eu tentava muito não pensar que poderia ser eu, por isso evitei sair da cozinha nessas vezes. Porém havia quase um ano que não o via, então meu mini ataque ao ler aquele e-mail no computador da área da administração era aceitável. Era simplesmente um pedido de participação em um quadro intitulado “Eat Jin” na plataforma da Vlive, onde Kim Seokjin cozinhava e conversava com seus fãs em uma vídeo chamada, às vezes com a participação dos outros meninos, e para minha surpresa nosso chefe era convidado especial que ensinaria, em alguns minutos, um prato típico brasileiro. Esse não seria um problema muito grande, na verdade era até muito bom para divulgação do restaurante, se nosso queridíssimo chefe pudesse comparecer, entretanto, como nem tudo são rosas nessa vida, ele não poderia ir e a única que poderia estar em seu lugar, sendo subchefe do lugar, seria eu. Rogério me olhava com expectativa e curiosidade, como se eu tivesse um tesouro nas mãos e ele não estivesse entendendo o porquê de eu hesitar tanto para pegá-lo.
- Erm.. Eu… Eu não sei se sou a mais indicada para fazer isso, Roger. - Disse trêmula apenas com a ideia de ficar em frente a alguma câmera, e principalmente ao do lado de Jin - Talvez a Malai possa ir? Ela é boa com nossos temperos.
- , ela é Tailandesa, e só é boa com os temperos que tem muita pimenta. - Ele riu de mim, enquanto mexia em outras coisas em sua mesa, esperando minha resposta. - Não estou entendendo sua hesitação. Você tem medo de câmeras?
Engoli em seco ao elevar meu olhar do computador para a face debochada de Roger, dava para ver no fundo de seus olhos que ele achava graça de mim. Não consegui pensar em uma resposta para sua pergunta, por isso ele continuou - Ou você está com vergonha de ficar perto do Jin? Lembro-me bem de como você agia quando ele vinha comer aqui.
-Vergonha? - Dei uma risada nervosa, mas soltei todo o ar que tinha segurado sem perceber. - Tudo bem. Posso estar com um pouco de vergonha, mas é totalmente justificável, eu não sou muito confiante com meu coreano, e conversar com um idol super famoso pode piorar isso em mim.
- E esse idol tinha que ser logo o Jin, né? - Ele tenta me provocar, mas reviro os olhos e ignoro.
- Tudo bem. - Acabo concordando e respiro fundo mais uma vez trazendo ar aos meus pulmões, tentando arejar a mente - Mas me dê um tempo para conseguir montar um prato.
- Não, tudo bem. - Ele falou rapidamente enquanto concordava e ajeitava uns papéis em cima de sua mesa. - O Luis falou que você pode pedir ajuda pra ele pelo telefone, se precisar.
- E eu com toda certeza irei. - Falei antes de virar as costas e sair apressada da sala. Eu poderia ser considerada louca por aceitar isso, mas seria uma chance única para mim como cozinheira e como fã do grupo, me restava apenas conseguir montar um prato e não desmaiar em frente às câmeras no dia.

-x-


Na noite seguinte fiquei algumas horas no telefone com Luís, dava para perceber em sua voz que ele queria muito estar aqui nesse momento, mas ele também estava feliz por mim, pois sabia que eu também queria muito crescer nessa área, mas, como o irmão, não perdeu a chance de me zoar um pouco a respeito de como eu agia quando estava perto Jin. Eu sinceramente não sabia que eles tinham percebido as trocas de olhares que rolaram entre nós dois naquele dia, e saber disso só me deixava mais nervosa e ansiosa sobre o que poderia acontecer. A equipe de staff do grupo entrou em contato com o restaurante para saber quais pratos seriam feitos, tinham determinado o tempo que eu teria para apresentar as comidas escolhidas e os ingredientes das mesmas, e ainda tinha que separar o tempo que Jin e alguns dos outros meninos teriam para comer e falar sobre cada prato.
Tínhamos optado por pratos fáceis e rápidos de serem feitos, levaria alguns pré-prontos e apenas explicaria os ingredientes e como deveriam ser preparados. Coxinha, pão de queijo e tapioca, pudim de leite e brigadeiro - representando as sobremesas - eram coisas fáceis, rápidas e bem brasileiras, além de conquistar o coração de várias pessoas sempre. Sexta-feira, o dia marcado pela equipe de produção, chegou muito rápido pro meu gosto, eu ainda não estava preparada e não foi nenhuma surpresa quando o ataque de ansiedade chegou logo no início do dia. A gravação seria no fim da tarde, então após tomar um medicamento, para acalmar o estômago, e pedir à Deus umas mil vezes para me ajudar a não passar vergonha ao vivo, consegui juntar tudo que iria usar dentro de uma caixa de transporte para poder levar comigo. Separei meu uniforme branco para me trocar quando chegasse lá, e fui vestida do jeito mais prático e confortável que consegui, por isso coloquei minha saia godê azul marinho que ia até meus joelhos e minha blusa social branca com bolinhas coloridas, calcei a primeira sapatilha preta que encontrei e prendi o cabelo em um rabo de cavalo simples.
O caminho do meu apartamento até o pequeno estúdio, que foi improvisado para gravarmos o episódio, foi lento e torturante devido a um pequeno congestionamento que atingiu uma das vias principais da cidade, mas mesmo sofrendo com a pequena ansiedade que voltava a atacar, consegui chegar uma hora antes do marcado. Com a ajuda de alguns membros da staff, que já estavam lá organizando o local, levei meus instrumentos de trabalho para dentro do local e comecei a arrumar minhas coisas em cima de uma bancada de mármore que tinham preparado para mim, pude ver que havia um cooktop em uma das extremidades da bancada, uma pia de tamanho médio no meio, uma área aberta com algumas vasilhas, louças e talheres, e na outra extremidade quatro banquetas postas. Minhas mãos soavam como se eu estivesse no calor do Rio de Janeiro em pleno dezembro, podia sentir minhas costas molhadas escorrendo suor, e minhas coxas roçarem desconfortavelmente uma na outra enquanto me movia para organizar tudo.
Tudo começou a desandar quando vi os meninos chegarem, eles como sempre lindos e bem arrumados em roupas simples que me fariam parecer uma mendiga se eu fosse a modelo usando. Seokjin vestia moletons pretos largos e mesmo assim tinha aquele ar de príncipe da Disney que tanto atraía as meninas, seu ombro largo se projeta pelo tecido grosso, e junto a ele estavam Jimin, Yoongi e JungKook que usavam roupas bem parecidas com as do hyung deles. Assim que vi os meninos entrarem pela porta dupla, com a famosa placa “Exit” pregada em cima, consegui realizar o feito de deixar as vasilhas de plástico que eu estava segurando caírem no chão, causando um pouco de barulho e chamando a atenção para onde eu estava, senti meu rosto esquentar como se eu tivesse sido pendurada em cima de um fogão a lenha, minha única reação foi inclinar meu corpo horizontalmente pedindo desculpa a todos os presentes, sentindo todos os olhares queimarem em minha pele. Percebi facilmente Jimin segurar o riso, quando seus olhos se fecharam em duas pequenas linhas sobre as bochechas rosadas, porém no mesmo momento Yoongi pareceu perceber e lhe deu um tapa na nuca como forma de repreensão, deixando-o tímido com o que tinha feito. Isso só me deixou com mais vergonha, então procurei minha bolsa que com meu uniforme dentro e sai em busca de um lugar para me trocar. Por sorte, consegui encontrar um banheiro compartilhado onde me escondi ofegante e tremendo. Minhas mãos ainda suavam muito, então aproveitei para jogar uma água no rosto e utilizar algumas das técnicas rápidas de respiração que eu tinha aprendido na Índia para me acalmar, e lavei as mãos secando o máximo que pude.
Quando me senti preparada o suficiente para enfrentar tudo sai do meu abrigo improvisado - vulgo banheiro -, e voltei para onde todos estavam, percebendo no fim que estavam apenas me esperando para começarem a gravação. O diretor me chamou e pude perceber os meninos próximos a ele olhando com expectativa, pude notar as orelhas de Jin vermelhas, mas ele parecia um pouco mais confortável, se comparado a quando ele tinha chegado.
- -ssi esses são Seokjin, Jeongguk, Yoongi e Jimin, acho que você já deve conhecê-los da última vez que fizemos parceria com o restaurante onde você trabalha. - Chung Hee, o diretor de câmeras, que estivera conversando com Roger e eu por email e telefone antes, nos apresentou levando os meninos a se curvarem em reverência. - Meninos essa é -ssi, ela vai preparar os pratos que vocês irão experimentar, a tratem bem, por favor.
- Annyeonghaseyo. - Eles disseram juntos e eu nunca na minha vida senti tanta vontade de apertar as bochechas de alguém como eu quis apertar a desses meninos nesse momento.
Não pude evitar sorrir, e me inclinei em resposta, falando:
- Annyeon.
- Bom, vou deixar vocês conversarem um pouco para poderem se entrosarem antes de começarmos a gravar em definitivo. - Chung Hee nos deu um sorriso amarelo e saiu para junto do resto do pessoal.
- Então você é brasileira? - Jimin foi logo perguntando assim que o mais velho saiu.
- Hyung. - Jungkook abaixou a cabeça como se sentisse vergonha por seu amigo ser tão desinibido.
- Sim, - respondi sorridente, e olhei de soslaio para Jin, na esperança dele também se sentir curioso sobre mim - Sou brasileira, mas vivo mais fora de lá do que dentro.
- Nós fomos ao Brasil uma vez, mas não o aproveitamos como queríamos. - Jungkook pareceu ter perdido um pouco da vergonha e já sorria enquanto falava.
Enquanto conversávamos fomos andando para o balcão e cada um sentou em uma banqueta, enquanto eu pegava alguns dos ingredientes que usaria e os alinhava no balcão, minhas mãos ainda tremiam e suavam, mas os meninos falavam bastante comigo e entre eles, e isso foi me acalmando aos poucos.
Seokjin e Yoongi eram os que menos falavam, Jimin o que mais puxava assunto e Jungkook simplesmente o acompanhava. Mas em determinado momento o assunto acabou e o silêncio permaneceu até o diretor perceber o fato, e dizer que já iríamos começar a filmar.
Engoli em seco, pedindo internamente ajuda aos anjos, e ouvi quando foi informado que as câmeras se ligariam e pronto, lá estava eu tremendo e suando enquanto via os rapazes e eu refletidos em uma tela ao fundo.
- Olá Armys, estou mais uma vez gravando meu quadro maravilhoso, mas vamos esperar 5.000 pessoas online até que eu possa explicar o que vai acontecer - Jin mudou da água para o vinho assim que percebeu a câmera gravando - Jimin, você pode ficar lendo os comentários pelo celular? A tela está um pouco longe e não consigo ver os comentários dos Armys.
- Yah, sim hyung. - Ele respondeu enquanto ria de uma gracinha que Jungkook sussurrou em seu ouvido.
- Vocês dois estão com muitas brincadeiras hoje, aish, vai assustar a -ssi. - Yoongi resmungou, enquanto sacava o próprio celular do bolso.
- Bom já estamos com mais de cinco mil pessoas online com a gente. - Jin desvia o assunto de volta para a câmera. - Vamos cumprimentar os Armys, meninos. - Ele chama os meninos para virarem para a frente da câmera.
- Annyeonghaseyo. - Falaram em uníssono, com uns “Boa noite Armys” e “E ai pessoal” se misturando após isso.
- Estamos gravando um episódio especial de Eat Jin hoje - O mais velho continuou - Iremos começar uma turnê no próximo mês, e tiramos um tempo para conhecer a culinária de alguns países que iremos passar.
- Infelizmente não vai dar para conhecer de todos os países, mas selecionamos alguns para degustarmos da comida. - Yoongi deu seu tão conhecido sorriso gengival enquanto explicava o que aconteceria para o aparelho de mídia.
- Já estamos recebendo muitos comentários, hyung. - Jimin chamou nossa atenção para o que ele e o mais novo faziam no celular.
- Estão elogiando o novo corte de cabelo do Suga-hyung. - Jungkook falou animado ao mesmo tempo em que também sorria para a câmera.
Eles conversavam com os fãs como se estivessem cara a cara com os mesmos, e era algo bem interessante e bonito de ver. Eu continuava parada e esperando no canto do balcão em que estávamos, e depois de responder todos os boa noite e dizerem que estavam bem e felizes aos Armys, Jin novamente tomou a rédea da discussão para o motivo de estarem ali.
- Hoje convidamos uma chefe de cozinha especialista na culinária do país escolhido. - Ele dizia enquanto a câmera filmava minha cara e meu sorriso sem graça. - E o país escolhido para o primeiro momento é.... - Ele sorriu com um ar misterioso enquanto olhava para Yoongi que recebia um cartão de uma staff e o abria de forma que somente ele pudesse ver o que estava escrito. Todos nós já sabíamos qual país estava escrito ali, mas dava um charme maior esconder isso dos fãs e tornar algo inédito.
- Vamos hyung, não queremos matar os Armys de curiosidades, eles estão pedindo pelos comentários. - Jimin respondeu enquanto ria de algo que estava lendo junto com Jungkook.
- Ok, ok. - Yoongi suspirou sorrindo. - Preciso que rufem os tambores antes que eu anuncie.

Jimin e Jungkook não perderam tempo e logo começaram a bater as palmas das mãos no tampo do balcão, causando um ruído seco que nem de longe lembrava um rufar de tambores, mas que foi aceito pelo mais velho, que virou o papel para frente das câmeras, onde era possível ler o nome Brasil de duas formas, a primeira em hangul e a segunda na forma romana americanizada.
- Brasil.
- Brasil.
O nome foi se repetindo de boca em boca enquanto eles batiam palma, e eu só conseguia sorrir de forma forçada e nervosa para as câmeras, esfregando minhas mãos uma na outra, sentindo o suor se espalhar pelos dedos.
- Aish, eu gosto muito do Brasil. - Jin falou enquanto balançava a cabeça em afirmação e apoiava os braços na banca. - Então, temos uma chefe brasileira que irá nos apresentar alguns pratos que são comuns no Brasil.
- Sim, vamos apresentar ela. - Yoongi finalmente sorriu para mim. - Ela parece um pouco deslocada ali no canto.
Meu sorriso amarelo me denunciava, tenho certeza, mas assim que todos voltaram sua atenção para mim senti minhas bochechas se avermelharem, denunciando outro sentimento em meu rosto, a vergonha.
- Aish ela é tão fofa. Jin hyung escolheu bem. - Pude escutar ao fundo, e tenho certeza que o comentário partira de Jimin, pois ele sorria sapeca em direção a Jungkook que segurava o riso.
O feito não havia sido falado alto o bastante para ser captado pelos microfones, mas soube que Seokjin tinha escutado o mesmo que eu no momento em que suas bochechas ficaram do mesmo tom das minhas e ele tossiu pedindo que eu me apresentasse.
- Annyeonghaseyo, meu nome é e sou subchefe de cozinha em um restaurante brasileiro aqui de Seul, estou feliz por estar aqui com vocês. - Falei tudo bem rápido, mas de uma maneira que meu coreano saísse entendível, se é que era possível. No final me inclinei em respeito e pude ouvir os meninos baterem palmas.
- Então estamos em boas mãos - Yoongi deu um ligeiro sorriso antes de continuar - Adoraria começar isso, por que já estou com fome.
- Nós também. - Jungkook balançou a cabeça dando ênfase no que o amigo tinha dito.
- Bom então vamos começar. - Jin bateu as duas palmas e sorriu para a câmera. Era incrível como seus dentes eram perfeitamente alinhados e seu sorriso sempre tão aberto. - Mas antes, - ele continuou - Suga, você sabe me dizer o que a caixa de fósforo disse para o fósforo?
Eu comecei a rir antes mesmo de ouvir a resposta, e Jimin teve a mesma reação que a minha, enquanto Jungkook franzia a testa e parecia pensar na resposta. Yoongi não pareceu tão animado, então apenas revirou os olhos e respondeu. - Não sei, e sinceramente estou com medo de ouvir o que seria.
- Yah Suga, você já foi melhor com isso quando dividimos o dormitório.
- Nem me lembre dessa época triste da minha vida. - O outro respondeu suspirando.
- Ele está brincando Armys, ele amava dividir o quarto comigo. - Falou enquanto olhava para a câmera, e se virou para mim com o maior e mais lindo sorriso que pude ver um dia, e perguntou enquanto dava sinais iniciais da sua tão conhecida risada. - -ssi, gostaria de tentar responder?
- Eu não sou muito boa com adivinhações, sinto muito. - Minha vergonha faltava saltar da tela na cara dos telespectadores, de tamanha que era.
- Pois bem - Virou-se para a câmera novamente - direi a vocês, claro que estão curiosos, Jimin está rindo antes mesmo de saber a resposta. - Falou e causou mais risada ainda no mais novo. - O que a caixa de fósforo disse para o fósforo? Era bem fácil essa, ele disse ‘Relaxa cara, não esquente a cabeça’.
E esse foi a faísca, levando em relação da sua piada com fogo, que faltava para ele explodir em uma gargalhada estrondosa. Jimin, que já ria antes do fim da história, faltou cair da banqueta que estava sentado quando jogou o corpo para trás.
- Yah, yah. - Yoongi negava com a cabeça, enquanto batia as mãos no balcão. - Cada dia pior, tenho dó de seus filhos que terão que ouvir isso desde pequenos.
- Eles terão sorte de ter um pai tão lindo. - O mais velho respondeu.
- O hyung já está procurando uma mãe para seus filhos? - Jungkook perguntou como quem não quer nada, e achei que Jimin poderia explodir, pois teve que se inclinar sobre o tampo do balcão de tanto que ria, suas bochechas sempre gordinhas estavam muito vermelhas e seus olhos não eram mais vistos no meio da massa rostral.
- Aish respeite seu irmão mais velho, menino. - Falou se fazendo de bravo, mas pude perceber que me olhou de soslaio sorrindo.
Eu já não sabia onde enfiar minha cara de tanta vergonha, mas não consegui não rir da piada sem graça. - Achei uma piada muito pertinente para o quadro. - Tive a coragem de falar alto o bastante para ser ouvida.
- Está vendo? Alguém que entende os momentos das piadas. - Jin falou e sorriu ainda mais para mim, me causando um leve momento de fraqueza.
Não consegui responder, mas graças a Deus, Yoongi decidiu quebrar o momento e chamou atenção para si novamente.- -ssi, o que seria essa massa amarelada dentro desse pote? - Ele apontou para a massa de coxinha que eu tinha trago semi pronta e que eu iria apenas rechear e fritar ali.
- Ah sim, bom essa massa é pra coxinha, - falei pausadamente o nome de forma que eles conseguissem entender e pronunciar depois - mas não será o primeiro aperitivo que farei para vocês.
- Oh não? - Jimin pareceu surpreso. - Estou curioso sobre isso também.
- Bom se vocês preferirem eu posso adiantar ela e fazemos o pão de queijo depois. - Falei sem me importar muito com o cronograma, já começava a me sentir confortável entre eles.
- Ah queremos sim, por favor. - Jin sorriu agradecido e se juntou aos meninos enquanto eu explicava sobre a massa de batata e os recheios que seriam frango desfiado e requeijão.
Surgiram várias perguntas durante o processo, mas eu já estava mais à vontade e consegui responder sem gaguejar ou travar no coreano, mas cada vez que eu percebia que Jin sorria demais para mim eu ficava uns segundos fora do ar.
- A fritura é simples, depois que a gente recheia, é só deixar tempo o suficiente para a coxinha assar dentro e fora, normalmente quando ela está douradinha a gente já tira. - Apontei para as dez coxinhas que estavam fritando numa tigela de aço que eles tinham preparado para mim. - Essas já parecem boas, eu trouxe junto comigo uma bebida que é muito popular no meu país, é de uma fruta regional e eu tenho quase certeza que vocês provaram no último show de vocês por lá, mas ela é um ótimo acompanhamento para a cozinha.
- Acho que já sei o que é. - Suga deu seu lindo sorriso gengival e pude ver seus olhinhos sumirem. - Mas eu não consegui tomar quando estava lá, alguns fãs nos perguntam quando estamos online no fancafe, bom armys brasileiros, iremos provar agora. Como se pronuncia -ssi?
- Chamamos de guaraná. - Respondi enquanto retirava as coxinhas da panela e colocava em uma vasilha com papéis toalhas, e pude ver eles tentando repetir o que eu tinha dito, era realmente uma graça.
- Isso mesmo, guaraná. - Yoongi falou como se fosse algo comum de ser dito na Coreia, o que levou os outros três a rirem dele.
- O hyung está se sentindo brasileiro já. - Jimin falou rindo.
- Eu preparei dois tipos de molho para vocês comerem junto, mas é gostoso só com ketchup também. - Informei enquanto colocava a vasilha com as coxinhas em frente deles, e do lado dois pequenos potes com molho verde e molho de alho, além da bisnaga comum de ketchup.
- Eu vou tentar com os molhos. - Jin disse. - Como comemos?
- Vocês podem usar um guardanapo comum, são bem poucos os que comem com garfo e faca. - Eu respondi rindo, lembrando da guerra que era, no Brasil, entre quem comia com a mão e quem comia com talher.
Jungkook já separava alguns guardanapos e entregava entre os membros, e enquanto isso eu colocava mais algumas coxinhas para fritar para dar aos staffs deles. Quando eles começaram a comer já peguei as latinhas que tinha trago em uma térmica com gelo e entreguei para eles, enquanto eles comiam e falavam sobre o que acharam sobre, eu já retirava os que tinha colocado para fritar e entregava em um prato para os staffs também poderem comer. Ainda consegui ouvir alguns comentários enquanto colocava os pães de queijo para assarem, Seokjin e Jungkook foram os que mais gostaram, Jimin disse que apenas um já o deixaria satisfeito, o que duvidei um pouco apesar do tamanho médio que eu tinha preparado, Yoongi não disse muita coisa, mas tinha comido dois e aparentemente tinha gostado muito do guaraná.
- Bom, pedimos para adiantar o prato, mas não sabíamos que iríamos gostar tanto dele. Obrigado -ssi. - Jin falava enquanto gesticulava, seu sorriso nunca deixava o rosto, e eu só pude inclinar a cabeça demonstrando minha satisfação para eles.
- Sim, parece ser um ótimo lanche para quando se está entre as refeições principais. - Jimin disse, e Jungkook confirmou acenando com a cabeça, percebi que ele era o que menos falava, menos até que o próprio Yoongi, que era tão mais sério.
- Normalmente comemos como lanche mesmo, e ainda fazemos uma versão menor para as festas de aniversários. - Eu expliquei.
- Eu achei bem interessante, gostei dessa coisa branca dentro. Muito gostoso mesmo. - Yoongi também deu sua opinião para o público online. - Armys brasileiros, agora posso dizer que bebi o guaraná de vocês, eu gostei bastante, e por incrível que pareça tem gosto do Brasil.
- Uma bebida muito gostosa mesmo. - Jin concordou.
- Qual o próximo prato? - Jungkook pareceu curioso, e eu me impressionei, pois percebi que ele também tinha comido duas das coxinhas e bebido todo conteúdo da latinha.
- Bom, eu também preparei um prato que é muito brasileiro, e é consumido principalmente no norte do nosso país. Chama-se tapioca, é feito com um tipo diferente de farinha de mandioca, bom, não é uma farinha mesmo, mas esse é o jeito mais fácil de eu explicar para vocês. - Seria um pouco difícil explicar o que seria fécula da mandioca se eles perguntassem, por isso escolhi um meio mais fácil de explicar.
- Tem um nome engraçado. - Jimin falou enquanto eu preparava o que usaria.
- É um nome indígena, por isso. - Eu sorri para ele enquanto já começava o preparo da tapioca de carne seca com queijo coalho. - É bem rápido o preparo, então espero que a coxinha não tenha tirado o apetite de vocês.
- Precisamos de muito mais para nos encher assim. - Jungkook achou graça do que eu tinha dito, mas eu sempre achei que para manterem-se sempre tão magros, como eram, eles vivessem de uma dieta rígida e magra.
- Essa carne tem um gosto um pouco forte e vocês podem estranhar um pouco. - Avisei quando já tinha preparado uma das tapiocas, senti o cheiro do pão de queijo subir pelos ares e já aproveitei e apaguei o fogo do forno, onde eles estavam.
- E esse cheiro bom que estou sentindo? - Yoongi perguntou.
- Provavelmente dos pães de queijo. - Me senti por eles terem ficado cheiroso a ponto dos outros sentirem também.
- Hmmm, adoro pão com queijo. - Jungkook sorriu para câmera enquanto levantava e baixava as sobrancelhas animado.
- Não é esse tipo de pão de queijo. - Tive que acabar com a alegria do mais novo. - Mas é tão bom quanto. Vou deixar eles por último, já que seria o primeiro e pulamos ele.
- Yoongi-ah. - Jin chamou a atenção de Suga sorrindo, e já sabíamos que não viria coisa boa por aí. - Acabei de pensar em uma boa.
- Yah, lá vem ele com as piadas. - O outro bufou, mas ainda sim estava sorrindo. Jimin e Jungkook só riam e eu terminava de preparar as outras tapiocas, o mais rápido que eu podia para não esfriarem.
- Vamos lá Min Suga, sabe me dizer por que a aranha é o animal mais carente do mundo? - Sua risada era muito gostosa de ouvir e certeza que, se eu pudesse, passaria um dia inteiro só ouvindo sua voz e gargalhada.
- Não faço ideia, Jin-hyung, e vocês meninos? - Ele indicou os mais novos. - Sabem por que?
- Acho que eu tenho uma ideia, mas não quero acabar com a alegria do hyung. - Jungkook respondeu, mas seus olhos estavam presos no mais velho esperando o desfecho da história, assim como eu.
- Então irei dizer logo, pelo que vejo os pratos já estão prontos. - Ele sorriu para mim ao dizer aquilo, e senti minhas pernas levemente moles só com aquele olhar. - Ela é a mais carente por que é um aracnídeo, entenderam? Arac-need you. - Ele jogou a cabeça para trás e não se conteve com a risada.
- Meu Deus, o hyung está cada dia pior. - Jimin também ria. Jungkook estava apenas com o sorriso aberto e Yoongi não parecia ver graça nenhuma e apenas revirou os olhos.
- Essa foi até inteligente. - Eu falei rindo enquanto colocava os pratos em frente a cada um. - Já está pronto, cuidado que o recheio costuma pular para fora às vezes. Espero que gostem.
- Parece delicioso, o cheiro é ótimo também. - Seokjin me respondeu, enquanto levava o prato em frente ao rosto para sentir o cheiro.
- Realmente. - Jungkook repetia o mesmo gesto do mais velho.
Minha expectativa naquele prato era maior, pois a carne e o queijo poderiam ser um pouco fortes para quem comia pela primeira vez. Yoongi deu a primeira mordida e franziu o cenho, como se tentasse entender algo, Jin e Jungkook já estavam na quarta mordida e eu me impressionava em quão rápidos eles eram para comer, Jimin também era contido para comer e mastigar, mas suas reações e expressões eram bem fofas.
- Esse prato é realmente bem diferente. - O mais velho falou primeiro. - Mas é uma mistura bem interessante e gostosa.
- Eu gostei bastante também, combina bem com o refrigerante, bem brasileiro.
- É bem diferente. - Jimin falou mais baixo, talvez não tenha gostado tanto quanto os outros.
- Eu gostei muito também. - Seokjin sorriu para mim. - Rola mais um?
Meu sorriso não pode ser impedido de abrir no máximo, eu achava incrível a forma que ele comida, era fofo e tinha classe, eu não sabia explicar, ele realmente degustava a comida.
- Enquanto entrego uma das sobremesas que trouxe para acompanhar os pratos, eu posso preparar outro para você. Alguém mais quer? - Yoongi acenou para confirmar que também queria, enquanto Jimin negou e Jungkook apenas respondeu.
- Acho que vou gostar muito da sobremesa, então quero guardar espaço.
Eu servi o pudim de leite primeiro, explicando como havia o feito e falando como o pessoal comia no meu país. Jimin e Jungkook quiseram comer duas vezes, e quando havia terminado de preparar a tapioca de Jin e Yoongi, aproveitei para os servir novamente.
- Eu achei bem interessante - Yoongi começou a falar - no Brasil, as comidas não possuem um gosto específico, uns são fortes, e outros são suaves e doces, outros apimentados. Eu realmente gostei da tapioca, e ela combinou perfeitamente com o pudim.

Eu só pude concordar e sorrir. Era fofa a forma que ele pronunciava as palavras, não era errada, mas ele colocava acentos tônicos em sílabas diferentes soando bonitinho.
- Meu país é bem miscigenado, isso se transfere para nossa culinária também.
- Por isso eu amo o Brasil. - Ele completou.
Eles queriam me fazer explodir de orgulho do meu país, não era possível.
- Eu trouxe outra sobremesa, chama-se brigadeiro e, acho que seja o doce mais popular no Brasil. Ele é feito com leite condensado e chocolate, podemos fazer de comer com colher ou podemos enrolar eles em granulado de chocolate. Eu fiz esse segundo para vocês, espero que gostem.
- Eu ouço bastante falarem de brigadeiro, sempre quis comer. - Jungkook falou enquanto eu colocava o pratinho com os doces na frente deles, sua pronúncia da palavra também era muito fofa.
Me senti sendo observada enquanto olhava o mais novo falar, e quando pude encontrar o olhar de quem me observava senti minhas pernas voltarem a tremer e minhas coxas molharem com o suor.
Cada um pegou um bolinho do chocolate e jogaram na boca, pude observar os quatros arregalaram os olhos e olharem entre si, pareciam admirados.
- Meu Deus, eu realmente amei esse aqui. - Jimin já pegou outro e jogou na boca, sendo acompanhado pelos outros membros.
- Ele é gostoso, realmente. - Seokjin também parecia empolgado.
- Mas esse não é o último. - Falei com o prato já estava vazio. - Temos costume, em alguns Estados no Brasil, de após almoçar, ou quando uma visita vem em nossa casa, a gente toma um cafezinho, então como o pão de queijo ficou pronto depois do esperado, vou oferecer a vocês o cafezinho, que no caso vai ser um capuccino, sei que alguns não gostam de café puro, e o pão de queijo.
- Eba, pão com queijo. - Jungkook comemorou.
Fiquei levemente preocupada porque sabia que alguns deles não gostavam de café, mas tentei fazer meu capuccino leve e doce.
- Espero que vocês realmente gostem. - Estendia bandeja com os bolinhos de queijo para os quatros e aperto minhas mãos uma na outra ansiosa.
Jin foi o primeiro a morder o pãozinho, enquanto Yoongi bebia o líquido, e Jimin e Jungkook cheiravam o prato esperando a reação dos mais velhos. - Uau, isso é realmente bom.
Assim que ouviu a afirmação do hyung, Jungkook enfiou o bolinho na boca e arregalou os olhos na primeira mordida. Jimin também pareceu perder o medo e mordeu, mais timidamente, o pão de queijo.
- Yah, hyung. Isso é bem gostoso. -ssi esse café está muito bom, vou pedir café no seu restaurante todos os dias, ele é o mais gostoso que já tomei.
- Vou providenciar para você todas as manhãs, pode deixar. - Eu sorri abertamente. O rosto de Jimin parecia ser milimetricamente desenhado e tornava-se ainda mais perfeito quando ele sorria e seus olhos praticamente sumiam devido às bochechas.
- Essa noona é muito legal, hyung. - Ele tentou cochichar para o mais velho, porém os meninos e eu ainda conseguimos ouvir.
- Yah, hoje foi o episódio interativo do Eat Jin para vocês, e eu estou muito feliz por ter conhecido um pouco da cultura de um país que tem muitas armys nos amando. Então, obrigada armys brasileiras, por nos dar sempre apoio. E obrigada -ssi, por ter se disponibilizado para nossa equipe.
- Foi um prazer. - Respondi timidamente.
Enquanto os meninos se despediam de seu público, eu organizava os utensílios que tinha usado para preparar tudo, como tinha sobrado muitos ingredientes, aproveitei e terminei de fazer os mesmos e distribui entre os staffs. Apesar de todo meu nervosismo, tinha sido uma ótima experiência, e ter ficado ao lado dos meninos, um em especial, tinha sido o ápice da minha felicidade até ali.
Após as câmeras terem sido desligadas, os meninos timidamente me agradeceram e saíram, deixando o hyung deles para trás, o diretor de câmera logo se aproximou e começou a agradecer.
- -ssi, muito obrigada por ter tirado esse tempo parar nos ensinar sobre a comida de seu país, sempre seremos extremamente gratos.
- Eu que agradeço por essa confiança. Nosso restaurante estará sempre de portas abertas para vocês.
O mais velho sorriu parar mim e desviou o olhar para Jin, perguntando para o mesmo, apenas com aquele gesto, o que ele ainda fazia ali, já que os outros meninos já tinham se retirado.
- Eu gostaria de agradecer também, no final é um quadro meu. - Era engraçada a forma como ele tenta se justificar, pois suas orelhas ficaram vermelhas assim que as primeiras palavras saíram da boca dele.
- Entendo, - o diretor respondeu prendendo a risada e se voltou para mim - bom, então mais uma vez, obrigada.
Se inclinou na forma tradicional de respeito.
- -ssi, eu realmente me sinto grato por você ter tirado seu tempo para minhas fãs, tenho certeza que minhas fãs da América ficarão felizes, tanto quanto eu estou. - Seokjin disparou a falar assim que o outro deu as costas, suas bochechas inflaram e enrubesceram, e eu podia sentir as minhas fazendo a mesma coisa.
- Foi um prazer enorme, Jin-ssi. Eu realmente aproveitei esse tempo. Quero que se sintam livres para estarem indo sempre no nosso restaurante.
Eu estava realmente orgulhosa de conseguir falar isso sem gaguejar nenhuma vez, seu sorriso abriu-se timidamente, exibindo seus dentes perfeitamente brancos, e se inclinou na minha frente como forma de agradecimento. Ele não parecia querer se afastar, mas lentamente o fez, eu sentia o ar saindo lentamente dos meus pulmões a medida que a distância aumentava. Alguns staffs estavam nos olhando de canto e pude perceber umas risadas abafadas por suas mãos.
Minhas coxas estavam ensopadas de suor, e a vergonha logo me deixou meio sem ar, por isso corri novamente para o banheiro que tinha fugido na primeira vez e joguei água no rosto. Eu estava trêmula, mas sentia uma felicidade enorme tentando sair por minha garganta. Provavelmente, se eu estivesse em um campo aberto sem nenhuma alma viva por perto, eu teria gritado.

Infelizmente, após arrumar minhas coisas, só pude colocar tudo de volta no carro e dirigir de volta pra minha casa.
Não recebi notícias do grupo pelas próximas duas semanas, Rogério me contou que recebeu um e-mail formal de agradecimento, e depois disso mais nada. Soube que o episódio foi ao ar, e tinha causado um pequeno rebuliço nas redes sociais. Porém, minha surpresa aconteceu na quarta feira da terceira semana pós show.
Estava cortando alguns legumes enquanto ouvia música pelo fone de ouvido conectado ao meu celular, quando Malaia me cutucou nos ombros, e após eu retirar um dos conectores, sussurrou no meu ouvido, - Estão pedindo para conversar com a pessoa que fez o pudim.
Naquela tarde eu tinha feito vários pequenos potes de pudim de leite para a sobremesa da noite, e por isso, logo retirei o avental, os fones e o celular do bolso, deixando-os no primeiro balcão que encontrei e saí da cozinha para o salão.
Minhas pernas tremeram na hora, pude ver de longe, sentado num dos bancos mais afastado, Seokjin, com a cabeça abaixada mexendo em seu celular. Engoli a seco e me aproximei timidamente da mesa do rapaz, que levantou a cabeça e sorriu timidamente para mim, se levantando da mesa, assim que sentiu minha presença.
- Annyeonghaseyo, -ssi. - Eu sinceramente, sentia saudade de sua voz.
- , Jin-ssi. Quanto tempo. - Me inclinei educadamente, mas sentindo minhas pernas fracas.
- Pode se sentar comigo por uns minutos? - ele perguntou direto.
- Bom, acho que tenho alguns minutos sobrando. Obrigada. - Assim que fiz menção de me sentar, ele se adiantou e puxou a cadeira para mim, me levando a sorrir mais aberto. Meu coração parecia uma escola de samba de tão louco que batia, chegava doer. - O que te trouxe aqui? Faz um tempo desde as gravações.
Ele sorriu timidamente, mas concordou com um acenar de cabeça.
- Sim, na verdade. Eu gostaria de ter vindo antes, mas sou um pouco tímido, e relutei muito. - Sua face estava vermelha, e suas orelhas pareciam brilhar ainda mais. Não consegui responder nada, por isso só continuei com os olhos arregalados esperando sua continuação. - Na verdade, eu ainda estou com vergonha. É… -ssi, eu não parei de pensar em você um minuto desde aquele dia, na verdade desde quando vim aqui a primeira vez. Tentei desviar minha mente disso, eu sou uma figura pública e não posso me relacionar agora, mas…
- Jin-ssi, desculpe, - tive que interrompê-lo, pois ele falava muito rápido e com um sotaque que me confundia um pouco - eu não estou entendendo muito do que você está dizendo.
Ele parou na hora e arregalou os olhos, seus lábios cheinhos se separam e, tortuosamente, tive que vê-lo lamber o lábio inferior com a ponta da língua.
- Desculpe-me, estou falando muito rápido, estou um pouco nervoso. - Ele bebeu o líquido que havia no copo em cima da mesa, respirou fundo e tentou novamente. - -ssi, gostaria de sair para jantar comigo?
Eu no fundo estava esperando por aquele convite, desde que o vi sentado na mesa todo nervoso, o que mais poderia ser? Havíamos flertado levemente, e eu sentia os olhares dele em mim, mas isso não me impediu de ficar surpresa. Ele era um idol mundialmente conhecido, ele poderia se envolver com alguém como eu? Tipo, não que fossemos nos casar, mas um jantar informal queria dizer algo, ou não?
- Eu… Nossa, realmente estou surpresa. Meu Deus.
- Eu fui muito rápido não é? - Ele se apressou em dizer. - Sinto muito, -ssi, eu não queria falar com o respeito…
- O que? - O interrompi. - Não, Seokjin-ssi você não está sendo muito rápido, quero dizer… Eu só estou surpresa, mas eu estou feliz, quero dizer… - Me embolei um pouco para conseguir me expressar, então a mesa entrou em silêncio da parte dos dois.
- Eu quero. - Consegui dizer por fim.
- Você quer? - Ele parecia não acreditar em minha resposta.
- Eu realmente quero, eu… Também pensei em você por esses dias. - Sorri tímida, por baixo da mesa minhas mãos apertavam o tecido da minha blusa.
- Sério? - Ele parecia surpreso, o que era estranho, por que quem não pensaria nele depois de ter o visto comendo? - Eu… Hã, achei que poderia negar, não sei, os meninos falaram que você não negaria, mas eu…
- Os meninos sabem que você está me chamando pra sair? Ai meu Deus. - Cortei sua fala sem querer.
- Hã, sim, eu… Precisava de uns conselhos, eles são meus melhores amigos, sabe? - Ele tinha ficado envergonhado com minha pergunta.
- Sim, me desculpe, eu só… Isso foi repentino. Você me entende?
- Ah sim, eu entendo. - Ele riu abertamente, e não pude me impedir de o acompanhar, sua risada era linda. - Na minha cabeça isso tem se passado a uns dias, então para mim não parece muito apressado. Me desculpe.
Eu tinha ficado muito encabulada com aquele sorriso, por isso, abaixei minha cabeça, mesmo sentindo um calor no baixo ventre.
- Está tudo bem.
- Bom, eu posso te buscar na sexta-feira? Aqui? Ou…?
- Hã, melhor te passar meu endereço, sexta-feira é um ótimo dia.
Havia uma bolsa numa outra cadeira do nosso lado, a qual eu não tinha reparado, e ele tirou um pequeno caderno e uma caneta e me estendeu, eu timidamente o peguei e anotei, com a melhor caligrafia que consegui, meu endereço, morrendo de vergonha por não ser um bairro nobre.
Ele olhou o que eu tinha anotado e sorriu docemente, com certeza rindo da minha letra um pouco forçada. - Você se importa se for no meu dormitório? Os meninos não estarão lá, e… Eu quero cozinhar pra você dessa vez.
- Eu adoraria.

-x-


O resto da semana por incrível que pareça passou vagarosamente, como se quisesse me torturar. Tinha saído, num intervalo da tarde de quinta-feira, para comprar um vestido, não muito chamativo, para a ocasião. Eu estava ansiosa, meu estômago não parava de doer desde quarta-feira, quando rolou o convite. Tinha pedido uma tarde de folga para os meninos e tinha tirado o dia para me arrumar. Desde que cheguei na Coréia, seria a primeira vez que iria sair com alguém daqui, e logo de primeira seria alguém do nível de Jin, isso me deixava ansiosíssima.
Aproveite minha folga e depilei as pernas, lavei o cabelo e fiz uma hidratação básica, além de ter feito a sobrancelha e tirado os pelos do buço. Me sentia uma nova pessoa. Quando deu sete e meia da noite, o horário que ele tinha marcado, eu coloquei meus sapatos baixos, após ouvir o som do interfone, desci os andares até o hall de entrada, e apesar de estar usando um vestido até bonito, me senti ínfima perto dele. Vestia uma blusa preta com uma camisa social azul aberta por cima, e uma calça que não dava para entender se era de brim ou jeans preta. Usava um óculos redondo e seu cabelo estava penteado para o lado. Ele estava perfeito.
- Estou me sentindo um pouco simples perto de você, - foi a primeira coisa que me disse quando me aproximei, - está linda.
Meu rosto virou um tomate, tenho certeza, não esperava um elogio tão cedo. Ele estava lindo, e me fazia ficar assim, chega ser injusto.
- Não se sinta, você está lindo. Tenho certeza que você sabe disso.
Ele soltou uma gargalhada muito gostosa, me fazendo rir junto.
- Sim, Worldwide Handsome, como você sabe. Mas estou falando sério quando digo que você está linda.
- É… obrigada.
O caminho até o prédio onde ele morava não foi silencioso, ele não permitiu, na verdade me contou algumas histórias dele e do grupo, o quanto eles eram uma família agora, e que estavam vivendo um sonho. A forma como ele falava e seus olhos brilhavam, era emocionante, fiquei sabendo que ele já havia feito faculdade e estava esperando uma chance para atuar, e que sentia que estava próximo. Ele seria um ótimo ator, eu tenho certeza.
Ao chegarmos, enquanto eu arrumava minha bolsa e soltava o cinto de segurança, o vi sair do carro de uma forma acelerada e correr para abrir a porta pra mim. Ele era muito fofo, e com suas ações eu acabava por ficar encabulada.
- Bom, esse é nosso prédio. - Ele disse ao caminharmos em direção ao elevador do estacionamento. - Como eu tinha dito, os meninos não estão aqui hoje, é… Não quero que você se sinta desconfortável comigo só aqui, mas eles foram pra casa dos pais.
- Eu não estou desconfortável, não precisa se preocupar. - Falei tranquilamente. O elevador era lindo, e amplo, pelo espelho eu podia vê-lo me observar, me sentia insegura de não estar altura dele, mas ele tinha me elogiado, e eu tinha me preparado para esse momento, não poderia deixar minha vergonha me impedir de curtir. Infelizmente a subida até seu dormitório não teve conversa, a única coisa presente era a minha tensão, pois ele aparentava estar mais calmo agora que tínhamos chegado.
Quando chegamos e ele destrancou a porta com uma senha confusa, entramos num pequeno corredor que continha, como a maioria das casas de lá, um armário e uma prateleira para colocar sapatos, ele pegou uma pantufa para ele e me estendeu uma menor mas que mesmo assim ficou um pouco maior que meu pé, seguimos adiante e assim que saímos do corredor, pude ver o quão amplo e grande era o ambiente.
Apesar de ser o lugar de vários garotos, tudo estava bem organizado, havia dois sofás enormes e escuros, uma televisão em uma das paredes e um pequeno rack com um videogame embaixo.
- Essa é nossa sala, os meninos e eu passamos boas horas juntos aqui, e ali na frente, - apontou para a esquerda, onde um balcão servia para dividir os cômodos, - é a cozinha, eu… passei algumas horas lá hoje preparando tudo pra você. - Ele sorriu de uma forma fofa fazendo seus olhos sumirem.
A cozinha também parecia grande e espaçosa, apesar de ser bem menor que a sala, eu gostaria muito de passar algumas horas ali também, mas não disse isso em voz alta. Eu concordei com a cabeça, enquanto ele continuava a falar e apontar para os lugares, indicou um dos cantos da cozinha que se abria para uma saída. - Aquele corredor leva à lavanderia, e aquele, - me virou para a direita e mostrou outra saída, dessa vez pela sala, - estão os quartos e banheiros.
- É um apartamento bem grande, e bem bonito. - Falei quando ele estendeu as mãos para pegar minha bolsa.
- Bom, somos em sete, então precisamos de espaço. - Ele a colocou em cima de uma estante que tinha por ali, e me levou para um dos bancos altos que ficavam no balcão da cozinha. Deu a volta pelo móvel, e entrou no outro ambiente aberto, vestindo um avental verde, com o que se parecia ser uma lhama ou alpaca desenhada, e que estava dobrado em cima do mármore. - Eu imagino que você já tenha comido todos os tipos de comidas coreanas, desde que chegou aqui. - Ele iniciou.
- Já comi algumas. - Falei sorrindo, enquanto apoiava os cotovelos ali.
- Por isso, - ele falou quando se abaixou e levantou segurando um caixa de madeira enorme com vários legumes dentro, fez pela segunda vez e surgiu com outra caixa com carne dentro, - isso se chama seiro mushi, é uma comida japonesa, não sei se você sabe, mas recentemente, meu irmão e eu abrimos um restaurante nas redondezas de Seoul, e servimos esse prato lá.
- Nossa, - falei envergonhada, - eu realmente não sabia, estou me sentindo honrada.
- Somos novos na área, e eu trabalho mais na parte administrativa, por não ter tempo, - apenas concordei com a cabeça quando ele me estendeu os talheres adequados para aquela refeição, - mas estamos indo bem.
- Isso parece realmente muito bom, não me lembro de já ter comido. - Falei enquanto analisava o prato.
- Fico feliz em ouvir isso. - Ele sorriu abertamente, e graças a Deus eu estava sentada, pois certamente teria caído. - É servido dessa forma, dentro de caixa de madeira cipreste, para manter o sabor e aroma.
Ouvi atentamente tudo que ele falava, concordando enquanto explicava sobre a origem da comida.
- Você parece ter tido trabalho em fazer tudo.
- Não muito, eu tenho olhado os cozinheiros do restaurante fazer isso por um tempo, então acho que desenvolvi bem. Você já quer experimentar? Ah, espere.
Ele estendeu as mãos, pedindo para aguardar, me fazendo perceber seus dedos longos e bonitos, e correndo para um dos armários, estendeu o braço e puxou, do que parecia ser uma adega, uma garrafa de vinho tinto. - Não sei se é adequado vinho com esse tipo de comida, mas eu comprei mesmo assim.
-Tenho certeza que será perfeito. - Respondi com segurança, por que se tinha uma bebida que ia bem com tudo, certamente essa bebida era vinho.
Ele tinha colocado o avental só para nos servir, por que após isso logo o retirou e deu novamente a volta no balcão, sentando do meu lado. Eu já tinha ficado ao lado dele antes, mas ele sentava tão ereto que parecia um monumento do meu lado, tentei arrumar minha postura, e mesmo assim me senti uma formiga. Kim Seokjin tinha, realmente, ombros largos.
O jantar se desenvolveu perfeitamente, eu não conseguia desviar o olhar dele, e ele ria de mim por causa disso, me indicando a comida de vez em quando, quando ele percebia que eu tinha esquecido do meu motivo de estar ali. E a comida estava divina, como eu sempre imaginei que seria, ele também era amante da arte e sabia muito bem preparar e temperar cada legume e carne.
Ele me fez rir durante boa parte da conversa, e acho que por ter bebido duas taças de vinho - eu não sou fã de álcool, então já tenham em mente que sou fraca pra isso -, eu estava mais alegre do que devia, enquanto ele parecia controlado, ainda em sua primeira taça.
Quando terminamos ele nos encaminhou para o sofá, que era macio e fofo, e disse que iria buscar a sobremesa.
- É, você poderia me indicar o banheiro? - Falei quando ele se preparava para voltar à cozinha.
- Claro, você pode seguir no corredor dos quartos, a segunda porta a direita. - Ele falava e fazia bicos quando pronunciava algumas palavras, e isso acabou me hipnotizando por alguns segundos, até ele rir um pouco mais alto e eu voltar a mim.
Caminhei lentamente, com medo de tropeçar em meus próprios pés, e após me situar entre direita e esquerda, entrei na segunda porta. O banheiro era tão grande quanto tudo ali na casa, me olhei no espelho e pude notar um pouco de suor, no início da minha testa, como tinha me maquiado antes de vir para cá, decidi por secar apenas com uma toalha de rosto que tinha pendurada no cabide ao lado. Fiz minhas necessidades, e após lavar a mão e secá-las, segurando na maçaneta da porta, respirei fundo duas vezes antes de voltar à sala.
Seokjin já estava sentado no sofá espaçoso, e parecia organizar algo em cima da mesa de centro, quando me aproximei, pude perceber ser duas taças de sorvete com frutas. Meu sorriso se abriu instantemente, e ele pareceu gostar de minha reação, pois sorriu de volta.
- Como eu gastei um tempo fazendo o prato, acabei por não ter tempo de fazer uma sobremesa mais elaborada. - Ele se justificou enquanto eu me sentava ao seu lado. - Então comprei um sorvete que eu gosto muito, e umas frutas para acompanhar.
- Você fez uma ótima escolha, por que eu realmente curto sorvete.
Ele sorriu mais abertamente após minha revelação, e me estendeu a taça com o doce. Dei a primeira colherada, e não pude não me satisfazer com o sabor, não era tão doce quanto eu pensava e as frutas cítricas e vermelhas deixavam um pouco mais exótica a refeição.
Conversamos mais um pouco, falando sobre mim e como eu já conheci alguns países pelo mundo, assim como ele, e acabamos por trocar várias experiências e pontos de vistas de países que passamos. Ele tinha uma visão de mundo muito positiva, e parecia querer me fazer sempre rir, porque além das piadas ele também fazia observações engraçadas.
Tínhamos algumas coisas em comum, e também coisas que deixavam evidente o quão diferentes éramos. Descobri sobre sua família e seu patrimônio na Alemanha, e também contei sobre minha família, bem mais humilde no Brasil. Mas falamos muito sobre os meninos do grupo, e em como eles tinham entrado para a família de Jin. Ele possuía o coração tão bom, e falava tão animado sobre seus maknaes que eu poderia passar o resto da noite ouvindo. Mas infelizmente tive que descer das nuvens, quando meu celular apitou com uma notificação de alguma rede social e eu percebi as horas.
- Meu Deus, Jin-ssi, já são meia noite e quarenta. - Falei assustada com o horário.
- Sério? Mas passou tão rápido. - Ele se inclinou minha direção, parecendo querer olhar as horas em meu celular, e senti meu estômago descer para onde eu tinha certeza que estava minha bexiga. Seu perfume tinha me perturbado a noite toda, e agora tão próximo assim eu me senti até tonta.
Levantei meu rosto lentamente, e engoli em seco quando percebi o quão perto estávamos, seus olhos desceram para meus lábios, e senti minha boca ficar seca, me obrigando passar a língua para tentar umedecê-la novamente. Ele se aproximou um pouco mais no sofá, e arregalei meus olhos antecipando o que poderia acontecer.
- -ssi, eu… - ele pareceu engolir em seco também, mas isso não o impediu de abaixar um pouco o rosto, aproximando do meu - eu… gostaria de…
Meus olhos já estavam ardendo de tanto tempo que vinha mantendo-os abertos arregalados, por isso os fechei apertando-os, como uma forma de lubrificá-los, e esse foi o tempo necessário para sentir os lábios grossos e macios de Jin sobre os meus.
Meus olhos abriram tão rápidos que fiquei desfocada por uns segundos, mas quando voltei a mim, podia ver perfeitamente o rosto grudado ao meu, dava para ver cada poro em sua pele lisa, seus cílios curtos e cheios, e suas pálpebras estavam fechadas. Minha garganta fechou e como forma de poder respirar, abri um pouco a boca, mas isso deu o sinal que Jin precisava para pedir permissão com a língua e aprofundar o beijo. Ele era tão lindo assim tão de perto, que fechei meus olhos para aproveitar o momento. Eu não sabia se tinha sofrido algum acidente e estava vivendo uma vida paralela no meu coma, mas aquele estava sendo o melhor beijo da minha vida.
Ele gentilmente colocou meus cabelos para trás e segurou em meu pescoço com a mão esquerda, com a direita ele escorregou por minha cintura, apertando levemente quando puxou meu corpo para mais próximo do seu. Eu só consegui estender as mãos e apoiá-las em seus ombros, que eram firmes, me fazendo sentir os músculos embaixo de meus dedos.
Seokjin era perfeito, e o beijo dele… era… eu não saberia definir. Sentir já estava sendo algo sobrenatural. Ele apertou sua mão em minha cintura, e sugou minha língua pra dentro de sua boca e eu senti como se algo se partisse dentro de mim e se apertasse em meu baixo ventre, minha única reação foi forçar minhas mãos em seus ombros. Separamos nosso encontro com certa dificuldade e falta de ar, tínhamos ficado uns bons minutos no ósculo.
- Meu Deus, me desculpe, eu não devia ter… - Ele começou a falar assim que nos separamos, e para impedir dele ficar com vergonha e continuar pensando que tinha feito algo errado, o calei com um selinho.
- Não se desculpe, por favor. - Assim que me afastei já coloquei meus dedos sobre seu lábio. - Eu gostei, muito. Mas infelizmente eu tenho que ir, tenho que trabalhar amanhã cedo.
Ele se afastou um pouco envergonhado, mas sorrindo discretamente.
- Tudo bem, eu vou pegar minha carteira e te levo.
Ele saiu da sala e entrou no corredor que ia para os quartos. Eu arrumei minha blusa que tinha amassado um pouco com os apertos dele, e me levantei pegando as taças que tínhamos comido o sorvete e levando para a cozinha.
Ele voltou rapidamente e assim, após pegar minha bolsa, ele me estendeu uma jaqueta preta, que eu imaginava ser dele, e me deixando sem entender, eu perguntei.
- Para que isso?
- Provavelmente está frio lá fora, e não quero que você fique doente.
Meu sorriso saiu involuntário. Aquela noite estava sendo um filme de princesa da Disney, e eu não estava sabendo lidar.
A viagem do carro até meu apartamento foi mais rápida do que eu gostaria, após ele estacionar, descemos os dois e ele me acompanhou até a entrada do prédio.
- Obrigada pela noite -ssi.
- Acho que podemos nos tratar de uma forma menos formal agora, não?
- Ah sim, claro. - Ele ficou um pouco envergonhado, então me senti encabulada de ter ultrapassado alguma linha sociável com ele.
- Desculpa, eu não queria ter sido desrespeitosa. - Me inclinei, mas logo senti suas mãos em meus ombros, me puxando pra cima.
- Você não foi, -ah. Iremos nos tratar assim a partir de agora.
- Obrigada pela noite, Jin-ah. Eu me diverti muito. - Falei enquanto ele se aproximava um pouco mais.
Ele sorriu e inclinou o rosto me dando um beijo selado. Fechei meus olhos e aproveitei os poucos segundos que ele permaneceu ali.
- Agora entre, já ocupei muito do seu tempo de sono.
Ele se afastou e pareceu lembrar de algo, pois colocou a mão no bolso da calça e pegou o celular. - Se importa de me passar seu número?
Retirei sua jaqueta, e lhe entreguei enquanto pegava o celular, anotei meu número e deixei para ele escrever meu nome da forma que quisesse. - Irei te mandar uma mensagem quando chegar em casa, assim você também terá o meu. Até mais.
Nos inclinamos um para o outro, para nos despedir, e após ver ele entra no carro e sumir na esquina de casa, finalmente entrei no prédio. Quando já em meu apartamento, me joguei no sofá e não consegui parar de sorrir um minuto se quer. As lembranças vinham em minha mente e aqueciam meu coração. O sono veio leve e fácil naquela noite após eu receber sua mensagem e salvar seu número.

-x-


Após aquele dia nos falávamos sempre que conseguíamos estar perto do celular. Ele era fofo sempre, me perguntando como eu estava, todas as manhãs perguntando se eu havia dormido bem e se estava me cuidando, sendo que o que tinha a vida mais agitada era ele.
Eu ansiava pelo momento em que ele me convidaria para sair novamente, não queria me iludir ao pensar que ele poderia se interessar romanticamente por mim, afinal só tínhamos dado um beijo, mas ele se mostrava tão interessado em nossas conversas que uma parte de mim se amolecia e se entregava mais e mais.
Estava em casa num sábado ensolarado, à tarde, pois havia recebido folga, quando meu celular apitou indicando uma mensagem, pausei o filme que assistia na TV e peguei o objeto que estava repousado sobre a mesa de centro.
“Olá bela dama, está afim de um piquenique nos fundos do meu apartamento? Hoje está um dia lindo demais para deixarmos passar em branco.”
Eu sorri abobada pela forma de tratamento dele no começo da frase, ele era muito engraçado e sempre deixava toda conversa ou ambiente descontraído, então tentei manter a conversa com o mesmo nível.
“Como vai nobre cavaleiro? Hoje realmente está um dia maravilhoso e eu estava desperdiçando ele vendo filmes jogada no sofá. Parece interessante seu convite, mas teria mais alguém com a gente?”
Ele demorou alguns minutos até me responder novamente, enquanto isso caminhei até meu quarto a procura de algo para usar, caso eu realmente fosse sair.
“Na verdade, teremos companhia sim. Os meninos e eu estávamos entediados, então Jimin sugeriu de fazermos algo do lado de fora. Não será só um piquenique, terá jogos entre eles e Yoongi está levando o violão para tocar enquanto pegamos sol. Por favor, não negue o pedido apenas por eles estarem juntos, eles são legais.”
Confesso que após ler a segunda mensagem fiquei um pouco apreensiva, mas se ele queria que eu fosse era por que não tinha vergonha de mim, não é? Então deixando a vergonha de lado, peguei o vestido amarelo que estava segurando, e apertando devido ao nervosismo, e respondi a mensagem com uma afirmativa.
Corri para tomar banho e tentar dar um jeito na cara inchada que eu estava, por estar vendo séries e desenhos desde cedo, após passar um perfume leve e calçar a sandália baixa que eu tinha separado, rumei para o estacionamento e mandei uma mensagem, avisando Jin, que já estava saindo de casa.
Por incrível que pareça não havia trânsito na cidade, eles moravam numa área nobre então quando cheguei o porteiro já tinha conhecimento de que eu iria e me deixou passar sem problemas, estacionei o carro em uma vaga bem no fundo do pátio que era cercado por um conjunto de prédios, e com instruções de Jin segui em direção de um edifício que possuía um F gigante e aparentava ser o mais afastado.
Uma pessoa estava parada numa das laterais, vestia-se todo de preto, até mesmo uma máscara e chapéu, porém ao me aproximar mais percebi ser Jungkook.
- Boa tarde, Jungkook-ssi, estava me esperando?
Ele pareceu se assustar um pouco, já que estava concentrado em um celular antes de eu o surpreender.
- Annyeonghaseyo, -ssi. Você me pegou desprevenido, não a vi chegar. - Seus olhos diminuíram de tamanho, então imaginei que ele estivesse sorrindo. - Jin hyung pediu para eu vir ajudar você, ele estava com medo de você se perder.
Sorri envergonhada, e concordei com a cabeça, então ele se colocou ao meu lado e me guiou para trás do edifício.
Era uma área aberta e possuía muitas árvores, quase como se fosse uma mini floresta, mas podia se ver os muros bem ao fundo. Podia se ver algumas pessoas conversando e imaginei que fossem os outros meninos, mas parecia haver uma garota entre eles.
Quando Seokjin percebeu eu me aproximar com seu maknae, logo pude ver seu sorriso maravilhoso se abrir e ele balançar os dois braços no alto, apesar de não ter tantas pessoas ali para que eu não conseguisse o ver, mas eu sorri junto e levantei uma das mãos retribuindo o cumprimento. Quando me aproximei o bastante ele abriu os braços e eu me afundei empurrando meu rosto contra seu peitoral forte.
- Seria estranho eu dizer que estava com saudades, mesmo quando nos falamos hoje mais cedo? - ele falou sussurrado em meu ouvido.
- Se é estranho, eu não sei, mas eu também estava.
Ele levantou o rosto de onde tinha enfiado em meu pescoço e me deu um selinho, senti meu rosto esquentar e tentando olhar por cima do seu ombro, tentei ver se alguém tinha reparado no que tinha acontecido.
- Desculpe. - Ele disse quando percebeu o meu olhar, mas não parecia arrependido, então só dei de ombros. - Vamos?
O grupo virou se para nós e então Jin me apresentou.
- Pessoal, essa aqui é a , alguns de vocês a conhecem por causa do Eat Jin. Os meninos riram, e a menina parecia um pouco perdida. Yoongi sorriu para mim e levantou as sobrancelhas antes de falar em alto e bom som. - Alguns de vocês? Todo mundo já a conhece, você fala a todo momento sobre ela. - Instantaneamente, as orelhas de Seokjin ficaram vermelhas.
Formando um bico em seus lábios, ele tentou se justificar.
- Aigo, quem te ouve falar assim até acredita, eu não falo 24 horas por dia, talvez umas 12 horas só.
Todo mundo riu do coitado, e eu só consegui sentir minha vergonha tomar meu corpo todo deixando o vermelho.
- Não ligue para eles , estão fazendo isso para deixá-la com vergonha. Bom, aqueles são o Hoseok, Taehyung e o Namjoon, eles completam o nosso grupo. - Ele me levou de encontro a menina e nos apresentou também. - Essa é a , ela é do Brasil também, a família dela veio morar na Coréia, há alguns anos, por causa da empresa que trabalham, e ela estudou com o Kook no ensino médio, por isso está com ele hoje. Meu sorriso abriu mais ainda quando percebi que não era a única estrangeira, e aliás brasileira, entre eles.
- Você não sabe a falta que me faz falar em português. - Foi a primeira coisa que ouvi da outra assim que terminamos de apertar as mãos.
- Ai que bom, por que eu também. - Respondi empolgada.

Logo de cara já nos demos bem, a tarde passou gostosa e divertida. Os meninos eram bagunceiros, e ficavam brincando e implicando um com o outro a todo momento. A gente comeu algumas das coisas que eles tinham preparado, em um momento Yoongi começou a cantar várias músicas coreanas aleatórias que eu não conhecia, mas me empolgava com animação deles. Seokjin procurava estar sempre ao meu lado, mas quando eles decidiram brincar de vôlei, ficamos somente Yoongi, e eu sentados conversando, bom o primeiro estava deitado em uma toalha no chão, com os braços por sobre os olhos enquanto parecia dormir.
- Então, o que rola entre o Jin e você? - perguntou, quanto tínhamos terminado um assunto sobre o que ela queria fazer da vida, e sobre como era viajar pelo mundo cozinhando.
- Bom, se estivéssemos no Brasil, eu poderia dizer que estamos no que se parece uma ficada, mas aqui eu não sei bem como eles encaram isso.
- Entendo bem. - Respondeu suspirando. - Kook e eu vivemos algo parecido, mas vocês me parecem estar mais avançados na questão dos toques.
Nós rimos, mas mesmo assim me senti envergonhada.
- Bom, não sei se um beijo e um selinho significa evolução.
Ela arqueou as sobrancelhas, parecendo desacreditada, e depois riu.
- Pelo tanto que o Jin fala de você, achei que ele já teria te beijado mais vezes, - soltou um suspiro e continuou - esse povo asiático é muito devagar.
- Eles são realmente mais cautelosos que nós, eu acho isso uma virtude, já que tenho um pouco de receio de me relacionar.
- Ai, nem ‘tô falando de dizer te amo não. - riu alto, levando alguns dos meninos olharem para onde estávamos. - Se o Kook não fosse tão tímido…
- Vocês ficam bonitinhos juntos, e ele te olha uma forma fofa. Tenho certeza que ele gosta de você.
- Eu também acho que ele goste de mim, mas às vezes uma mão boba não mata ninguém, sabe? - Ela olhava pra ele de longe e era fácil perceber seu olhar admirado.
- Bom, você é uma garota ousada, por que não dá os passos que você espera dele?
- Não sei se ele vai me achar muito atirada…
Eu ri de seu medo, mas realmente, somos criadas como se só o homem pudesse demonstrar interesse, e isso tem que acabar.
- Eu não acho que seja errado. Você vai apenas mostrar que é uma mulher determinada.
- Posso pensar nisso… se depender dele vamos a lugar nenhum.
Nossa conversa durou até os meninos terminarem a partida, e começarem a reclamar de que estava esfriando e que queriam jogar vídeo game, por isso juntamos as coisas que eles tinham preparado para o piquenique e entramos no prédio, onde eles moravam. Assim que entramos no móvel, meus olhos automaticamente foram em direção ao sofá, onde a alguns dias atrás, tínhamos nos beijado pela primeira vez. Meu estômago reviveu as mesmas borboletas daquele dia, e senti minhas mãos suarem.
Senti uma mão forte apertar minha cintura levemente por trás, e o perfume familiar entrar por minhas narinas.
- Eai, aproveitou um pouco a tarde? Desculpe não ter ficado do seu lado o tempo todo. Seokjin possuía o rosto brilhante e levemente dourado, provavelmente por causa do sol que ficamos exposto, mesmo não sendo muito forte.
- Está tudo bem, eu amei o dia de hoje. - Respondi sorridente, recebendo mais um aperto na região onde sua mão estava.
Acho que eu nunca tinha sorrido tanto na vida. O dia tinha sido realmente muito bom.
- Erm, , hmm, eu não sei perguntar isso para você, sem que pareça estranho. - Nos aproximamos da bancada da cozinha, enquanto os outros meninos sentavam no sofá e no chão em frente à televisão, Yoongi fora o único que disse que iria para seu estúdio, e saiu levando seu violão.
- Vamos, me diga. Está me deixando ansiosa. - Respondi aflita, quando ele se pôs na minha frente, tampando a visão dos outros.
- Você quer ir no meu quarto? - Arqueei as sobrancelhas surpresa e ele logo tentou concertar. - Quer dizer, não com intenções ruins, - não consegui segurar a risada, depois de sua última frase, e me pus a rir, o que pareceu o deixar ainda mais envergonhado. - Você não está me ajudando.
- Calma Jin, por que exatamente você quer que eu vá ao seu quarto?
- Eu não ‘tô querendo que você vá para… Você sabe… Eu queria passar um tempo só com você e aqui, na sala com todo mundo, vai ser um pouco impossível. - Ele fez um bico tão fofo, que a vontade de morde-lo tomou conta de mim.
Segurei em seu braço, e tomada por uma coragem que eu não possuía, o puxei em direção ao corredor que eu sabia que levava aos quartos. Paramos no começo do espaço comprido, e senti ele entrelaçar nossos dedos, nos guiando em direção a uma das portas que havia ali.
Seu quarto era espaçoso, com paredes brancas, várias prateleiras com bonecos, em uma das paredes havia o que parecia ser uma gaiola gigante, e me lembrei sobre ele ter falado que criava alguns sugar glitter. Meus passos me levaram naquela direção sem eu perceber, e pude ver os pequenos animaizinhos de perto. Virei-me em direção a cama, e ela era enorme e estava coberta por um acolchoado marrom. Sua televisão em frente a cama era enorme, e eu não saberia nem chutar quantas polegadas ela poderia ter.
- Então esse é seu palácio? - Minha voz saiu animada, e ele pareceu voltar de alguma viagem em sua mente ao me ouvir.
- Não é um palácio dos mais luxuosos, mas me mantém bem. - Por um momento fez cara de desdém, mas sorriu em seguida. - Venha comigo.
Me estendeu a mão e nos encaminhou para uma varanda que eu não tinha conseguido ver devido a cortinas verde musgo que estava na sua frente. O lugar não era muito grande, mas cabia um sofá de dois lugares, uma mesa baixa redonda e um vaso com uma samambaia.
- Como meu quarto é um dos menores, eu acabei ficando com o que tinha sacada, eu gosto de acordar cedo e vir para cá respirar o primeiro ar da manhã.
- É uma vista deslumbrante, realmente. - Eu olhava fascinada em como a cidade parecia pequena e distante, ao longe podia se ver o monte Namsan e sua torre, um dos meus lugares preferidos. - E por que você ficou com o quarto menor?
- Bom, não é como se esse quarto fosse minúsculo, - e realmente não era, - consigo cuidar dos meus animaizinhos, e sobra espaço, e como os meninos possuem mais coisas que eu, eles têm instrumentos e computadores, então fez sentido para nós.
- E realmente tem, e seu quarto é grande perto do meu, o dos outros meninos devem ser enormes.
- São um pouco maiores que o meu. - Ele se sentou no sofá e me puxou para o acompanhar. Era incrível como o sofá de gente mais rica parece ser incrivelmente mais macio e gostoso. - Vi que você a -ssi conversaram bastante.
- Ela é bem legal, essa coincidência foi maravilhosa. - Me aconcheguei em seu peito de lado, e sentii seu braço passar por cima dos meus ombros. - Ela me trouxe um pouco da lembrança do Brasil. Foi gostoso.
- Quando nós saímos em turnê, ou viagem de descanso, eu sempre procuro conversar com todos os estrangeiros que vejo pela frente, conhecer um pouco de cultura é legal, mas conversar com os meninos sempre é minha lembrança de casa. - Meu coração acelerou no momento que o senti enfiar o rosto no meu pescoço, aspirando meu cheiro, foi inevitável sentir a mão suando, ainda mais quando ele sussurrou em meu ouvido.- Seria legal você fazer amizade com ela.
- Erm… - Engoli em seco quando senti o primeiro selar na minha pele. - Eu… Eu passei meu número pra ela… Hmm… Vamos manter… Erm, contato.
Seus beijos em meu pescoço começaram a subir até alcançar minha boca. O selar foi curto, com seus dois lábios sugando o meu inferior. Abri levemente a boca, sugando um pouco de ar, e permitindo a passagem de sua língua ao encontro da minha. A saudade que eu tinha do seu gosto era enorme, não sei quando ocorreu, mas só percebi que estava segurando sua nuca quando puxei seu rosto para mais perto ainda do meu.
Suas mãos procuraram minha cintura instintivamente, fazendo eu levar uma de minhas pernas por cima de seu colo. Se nosso primeiro beijo tinha sido com paixão, esse possuía paixão e vontade, e Seokjin parecia saber demonstrar isso muito bem, descendo uma de suas mãos para minha coxa que estava em seu colo, a apertando e puxando me para mais perto.
Quando eu percebi que estava no limite do meu controle, afastei seu rosto percebendo que seus olhos estavam apertados e nós dois estávamos ofegantes.
- Meu deus, desculpa Jin. Eu… nem sei o que falar.
- Você está se desculpando pelo que, exatamente? - Ele segurou meu rosto para que olhasse diretamente em seus olhos.
Ele tinha cada detalhe tão perfeitamente desenhado, que as vezes parecia mentira tudo que estava acontecendo. Seus ombros eram largos e seus braços fortes demais, um de seus braços ainda estavam em volta de minha cintura, nos deixando próximos, me fazendo perceber seu coração acelerado, e sua outra mão continuava a segurar minha face.
- Eu não sei exatamente, só não quero que você pense errado de mim. - Minhas bochechas queimavam por olhá-lo tão de perto.
- Jamais pensaria errado de ti, na verdade… - Ele se ajeitou bem no sofá, mas deixou minha perna por sobre a sua. - -ah, eu não queria ser precipitado, mas eu realmente gosto de você, não queria te perder pra outro alguém mais sortudo que eu nessa vida.
- Como assim? - minha garganta se fechou no momento que ouvi sua frase terminar, meus olhos se arregalaram e minha pulsação acelerou ao máximo, eu tinha certeza.
- Você quer ser minha namorada? Eu sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas não sei se quero perder a oportunidade que estou vivendo, eu sinto que é você.
Meus olhos se encheram de água, não só por ser ele, mas por eu nunca ter imaginado que teria alguém, achei que sempre seria o mundo e eu. Mas ele estava ali, cheio de incertezas, e mesmo assim me querendo, eu não sabia o que pensar, além do quão feliz eu estava.
- Jin-ah, você sabe que eu não… Meu Deus… Isso é realmente possível?
- Se você quiser, isso pode ser possível. - Ele aproximou mais nossos rostos e me dou um singelo beijo, mas um beijo esperançoso.
- Eu quero tentar isso. - Respondi com o maior dos sorrisos, se minha felicidade pudesse ser demonstrada pela intensidade luz, ninguém conseguiria olhar para mim nesse momento de tão forte que eu estaria brilhando.
Nosso primeiro beijo como namorados foi cheio de questões abertas, mas com a certeza de que iríamos tentar.
Ficamos mais um tempo abraçados e nos beijando no sofá, até os meninos nos chamarem para comer. Entramos na sala de jantar de mãos dadas e isso já foi motivo para os outros que estavam presentes começarem a zoar o hyung do grupo, e ainda o maknae, pois começaram a falar com que um dia seria ela.
- Mas falando sério agora, - Yoongi começou quando todos pararam de falar juntos, - isso é sério? Ou estão só se pegando?
- Aish, e eu sou homem de pegação? Achei que vocês me conhecessem melhor. - Ele me abraçou pelos ombros aproximando mais nossos corpos.
- Seu passado te condena Jin. - Hoseok falou rindo. - Melhor não perguntar isso para nós que te conhecemos a tanto tempo.
A gargalhada dos meninos tomou o ambiente e fez Seokjin revirar os olhos.
- Eu pedi a -ah em namoro e ela aceitou tentar comigo, sabemos que vai ser difícil então vamos precisar do apoio de vocês.
- Ai que lindos, - falou nos olhando sonhadora, - que pena que nem todos tem iniciativa como você, oppa.
Eu me sentia envergonhada, mas olhar Jungkook todo encolhido no sofá, ao lado da amiga que o olhava de lado, parecia pior então eu com todos os outros.
- E vocês vão se abrir ao mundo, ou ficarão reservados por um tempo? - Namjoon perguntou, o que era sensato, já que ele era o líder.
- Preferimos nos manter ocultos por enquanto, contar apenas para pessoas de importância na nossa vida, que sabemos que conseguem guardar segredo, e para a empresa.
Todos concordaram conosco, e Jimin, que tinha saído da sala correndo por um momento, voltou com uma garrafa de espumante nas mãos.
- Acho que isso merece uma comemoração, não?
Nossa noite terminou entre risadas e brincadeiras, apesar de temerosa pelo que a empresa poderia falar, eu estava feliz em ter o apoio de uma parte da família do Jin, sabia bem que a minha me apoiaria. E mesmo sendo um futuro meio que invisível aos nossos olhos, nós estávamos prontos e preparados para lutar pelo que nos faria bem. Quem diria que o Eat Jin seria um programa para o cupido trabalhar.

Fim.


Nota da autora: Olá pessoal, gostaria de agradecer por vocês terem dado uma chance a minha fic, ela é uma dedicação do meu amor a esse homem maravilhoso que é Kim Seokjin, espero que eu tenha conseguido passar um pouquinho do que sinto dele nessas palavras. Um agradecimento especial à Fernanda, que me incentivou desde o começo até o final da fic, e me deu impulso quando eu tava desistindo.


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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