Em Um Piscar de Olhos

Última atualização: 09/04/2021

Prólogo

Algumas coisas na vida parecem inalcançáveis. Para Yildiz, ser reconhecida por seu talento musical era uma delas. Sua carreira parecia estagnada e ela se via resignada a trabalhar como atendente na floricultura de sua tia em Istambul durante o dia e cantar em bares e restaurantes durante a noite dos fins de semana nas cidades ao redor. No entanto, sua vida sofreu uma súbita virada ao conheceu o produtor musical Ferit Şimşek em um evento. Ele acreditou em seu potencial e ajudou sua estrela a brilhar.
Dois anos depois do evento que mudara sua vida, já havia lançado dois álbuns e era reconhecida por toda a Turquia. Suas redes sociais acumulavam milhares de seguidores e ela inclusive já havia sido garota propaganda de inúmeras marcas. No momento ela sentia que o céu era o limite.
Infelizmente, ao mesmo tempo em que se tornava famosa, deixou que o novo mundo a consumisse, se tornando praticamente outra pessoa. Não tolerava atrasos, se enfurecia com pequenas coisas como o sabor errado de café que lhe era entregue ou servido no copo errado. Seus funcionários a temiam e os amigos não conseguiam encontrar coragem para confrontá–la. E assim sua vida seguia, até que um dia a mulher destratou a pessoa errada.


~ . ~ . ~


Era sábado à noite. O set de filmagens da série Menajerimi Ara fervilhava diante da atividade. estava gravando uma participação especial, já que a série contava um pouco sobre os bastidores das produções de séries turcas, tendo como pano de fundo uma agência de talentos. Já havia flertado com o ator protagonista nos intervalos entre as gravações, mas ele não parecia muito interessado. Sempre que tentava puxar assunto com Deniz ele respondia vagamente ou de forma monossilábica.
Ela tentou não se aborrecer com isso. Tentou mesmo! Mas não era fácil. Ele estava tendo a chance de conhecer uma estrela do nível dela e não dava a devida atenção. Aquilo era muito frustrante. suspirou, irritada, e abriu a porta do trailer em que estava descansando. Deniz não iria se importar mesmo se ela fosse embora, já que não fazia questão de sua presença ali.
Quando estava se encaminhando para o local onde o diretor estava sentado acabou esbarrando em alguém. Algum funcionário distraído, provavelmente, mas foi o suficiente para impulsionar sua raiva.
– Vê se olha por anda! – Reclamou em um tom de voz severo, sem nem ao menos encarar a pessoa.
– Desculpe, senhora . Eu não estava prestando atenção no caminho – O homem desculpou–se.
– E está sendo pago para não prestar atenção, por acaso? Isso é falta de respeito com os artistas convidados – Seu tom de voz foi se alterando.
– Senhora ... – o homem tentou falar novamente, mas ela o interrompeu.
– Não venha me pedir desculpas novamente. Pensa que não irei falar sobre seu comportamento com a produção? Do que depender de mim, seus dias de auxiliar estão contados aqui.
As íris do homem tiveram uma rápida alteração de cor, ou ao menos foi o que pensou ter visto. Em uma hora eram castanhas e no outro ela jurou que estavam cinza. Ele crispou as unhas nas mãos e tentou controlar seu temperamento, mas não conseguiu. Em um piscar de olhos não se encontrava mais no set de filmagens, mas sim em um penhasco com o vento forte castigando sua pele e jogando o cabelo contra seu rosto.
Uma figura a sua frente vestia uma túnica de um tom feio de bege, o capuz cobrindo o rosto. Quando falou, ela reconheceu a voz do homem em quem havia esbarrado. Contudo, não entendeu o que ele pronunciava. Não era turco ou inglês e não parecia coerente. Sentiu um frio repentino na espinha e o sangue gelou em suas veias. Tentou se mover, mas não conseguia. Havia algo invisível mantendo–a presa ali.
Quando terminou de pronunciar uma espécie de cântico, o homem baixou o capuz e a encarou com olhos cinza, faiscantes.
– Deixe–me sair daqui! – gritou. – O que pensa que está fazendo? Está louco?
– Senhora , você irá aprender do jeito mais difícil a dar valor ao que realmente importa na vida.
Não entendeu o que ele quis dizer. Só podia ter perdido o juízo.
– Não sei o que fez, mas quero sair daqui. Quando conseguir me mover eu vou direto à polícia. Você é louco!
– Você tem doze meses. Se não conseguir demonstrar que mudou verdadeiramente, ficará para sempre assim.
– Do que está falando?
O homem não ofereceu nenhum esclarecimento e, tão repentinamente quanto eles haviam aparecido naquele local, voltaram ao set de filmagens. Foi como se nunca houvessem saído dali.
– O tempo está correndo, senhora – ele murmurou de forma enigmática e seguiu seu caminho para o outro lado do trailer.
– Que loucura foi essa? – sussurrou, perplexa.


Continua...



Nota da autora: Obrigada por estarem lendo a história, espero que estejam gostando.

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