É Tudo Sobre Você

Finalizada em: 24/06/2020

Capítulo Único

9 horas da manhã.
Hotel The Connaught.


Abro meus olhos de forma lenta, despertando de mais uma noite mal dormida, algo que virou rotina em minha vida. Me pergunto qual a necessidade de uma cama tão grande, para apenas uma pessoa, claro que o conforto é incrível, mas falta ela.
Será que está no hospital? Não, provavelmente a esse horário ela está indo dormir...Nas quinta-feiras ela sempre pega o turno da noite. Talvez ela deva ter ido ao supermercado antes de chegar em casa, pegar ração para seus cachorros, o que provavelmente se lembrou de última hora. Realmente não sei.
Após acordar e pensar na única coisa que sei pensar quando me encontro sozinho, volto a dormir, acordando duas horas depois, quando me vejo novamente no bar do hotel, bêbado.

, não faça isso! - há muito tempo não havia tido um dia tão ensolarado em Londres. Resolvi ir até , e puxá-la para uma praia, afinal essa garota parecia não ver sol a meses, o que ela considerava como algo bom.
Puta que pariu, cara! - me fuzilava com os olhos, enquanto levava as mãos em sua cabeça, de forma a colocar seu cabelo recém molhado para trás. Além de sol, praia também não era seu forte, acredito que ser carregada a força e ser jogada no mar também não.
Você fica tão linda brava.
Cut the crap ...
Eu ria só de olhar para o rosto dela, não só pelo momento ser engraçado, mas por ser tão leve e especial. era tão diferente de mim, eu a admirava, na verdade eu amava aquela mulher.
Me peguei lembrando da última vez que realmente fomos felizes juntos, antes dela ir embora e tudo ir por água abaixo.

Saímos do elevador em direção a porta de seu apartamento.
- , para de rir caralho...vai acordar meus vizinhos! - tentava soar brava com a situação enquanto segurava o riso.
Segundos antes, dentro do elevador, havia tentado fazer uma cena sensual, me empurrando de costas para a parede, logo em seguida, encostando seu corpo no meu e distribuindo um caminho de beijos em meu pescoço.
- Esse vai ser o sexo mais emocionante de sua vida… - ela sussurrou em meu ouvido, erguendo a cabeça enquanto eu distribuía beijos em seu pescoço, suas mãos foram em direção ao zíper da minha calça. Mas o clima logo foi quebrado, quando deu um grito fino e exasperado.
- Já falei que não é uma aranha. - Eu analisava o teto de forma a procurar esse ser que interrompeu minha excitação e adrenalina.
- Mas parecia, ! Você sabe que eu tenho pavor disso.
- Se essa aranha existisse e interrompesse o sexo mais emocionante da minha vida, juro que eu matava até a quarta geração dela... mas enquanto isso, só posso rir da sua cara.
Apesar das mil qualidades de , sempre me lembro de um de seus defeitos, nunca abaixar a cabeça ou correr atrás, ou ser a primeira a ceder, depois de uma briga ou discussão. Mesmo assim, olho mais uma vez para a tela do meu telefone, acho que até ele sente falta das ligações, principalmente aquelas após ela sair do trabalho, terminando sempre com um "eu te amo, sabia?", e suas mensagens divertidas, contando fofocas de pessoas que nunca sequer vi em minha frente, ou até mesmo aquelas de quando eu estava em algum evento, e saiam fotos minhas com celebridades mulheres, ou até mesmo com pessoas que ela considerava "toscas, fúteis e aproveitadoras, que só querem aproveitar de seu bom coração e usar você" como ela mesma dizia, esse cuidado fazia falta em minha vida.
Mais uma dose, mais uma lembrança. Lembrei-me de , um neurologista famoso, bonito e prestigiado. já me arrastou para jantares com ele, onde o mesmo sempre me lembrava que minha fama um dia acabaria, mas a história que ele fez com a ciência era eterna, e por isso eu deveria arrumar um emprego sério, para não ser só mais um ‘’rostinho que um dia foi bonito’’. Já dá para se notar que eu não gostava muito do cara. Minha recordação tratava-se do dia que nos esbarramos em uma cafeteria, época da qual eu e já havíamos nós afastado.
- E a ? Tem conversado com ela? - perguntei tentando não me demonstrar inseguro, mas não poderia deixar de saber, qualquer notícia sobre ela já me bastava.
- Você sabe que somos de departamentos diferentes, mas pelo que eu vejo ela está muito bem.... Ah, falando nela, olha o que ganhei em uma das visitas que fiz a casa dela.
Costumo ser uma pessoa calma, mas quando me mostrou em seu braço uma das pulseiras que eram minhas, que provavelmente devo ter esquecido na casa de Elize, o que eu menos tinha era calma.
- Não pude deixar de notar isso jogado em um móvel, quando perguntei se era dela, disse que eu poderia ficar com a mesma. Cara, isso deve valer uma nota!
sempre teve uma queda - ou melhor, um abismo - por , acho que ele finalmente conseguiu o que queria, e fez questão de me mostrar que levou mais de uma coisa que costumava ser minha.
Sou tirado de minhas lembranças quando vejo meu celular tocando, ‘’número desconhecido’’ estava escrito na tela. Esse número me liga algumas vezes na semana, eu atendo, depois de um minuto desliga. Uma vez de madrugada a pessoa do outro lado chegou a suspirar, como se tentasse tomar coragem para dizer algo. Minha cabeça por um segundo foi até , imaginando que talvez poderia ser ela, dizendo que também sente muito pelo que aconteceu.
- Por que você nunca diz o que quer realmente dizer sobre seus sentimentos, Elize? - Falei para o número desconhecido naquela madrugada, logo em seguida o mesmo desligou.
Recusei a chamada, afastei aquelas lembranças e resolvi sair.
- Hey. Bom dia.
Acordei a garota que dormia ao meu lado, dando um leve beijo em sua testa. Conheci a mesma na noite passada, em um pub, perto do hotel. O beijo? Incrível! Sexo? De tirar o fôlego! Mas ela não era .
A garota era incrivelmente parecida com , não notei no momento que a conheci, mas ao passar da noite e da minha epifania alcoólica, entendi exatamente o que acontecia ali.
- ..........
- Vai ser rápido, prometo.
tinha uma conferência exatamente daqui vinte minutos, mas não nos víamos há muitos dias, já que eu estava em turnê. Mas algo no universo resolveu contribuir conosco, já que ela tinha uma conferência médica e eu um show na mesma cidade.
- Eu te odeio - ela falava isso enquanto atirava os sapatos para o lado, entrelaçando suas pernas em minha cintura, ao passo que eu caminhava de forma desastrada até a cama. Joguei ela na mesma, tirei minha camisa e em seguida deitei por cima dela. Minhas mãos se encontraram com as dela, se entrelaçando acima de sua cabeça, em seguida, nossos lábios se juntaram no que eu poderia descrever como um desejo repleto de agressividade, e principalmente de saudades. Separei nossos lábios, desabotoei sua camisa social, enquanto me olhava fixamente, como se seus olhos fossem me devorar, logo que tiramos completamente as roupas comecei a penetra-lá. O mundo parecia em chamas, se contorcia embaixo de mim, e comigo não era muito diferente, até que a mesma veio por cima de mim. Eu estava perto do ápice do prazer, e também. Estávamos juntos a pouco tempo, mas eu sabia exatamente como fazer para explodir, e assim aconteceu com nós dois.
- "Eu.....te...a..mo" disse conforme tentava recuperar o fôlego, depois de deitar novamente no colchão, ainda em êxtase e um pouco fora de si pela intensidade do que acabava de acontecer. Ela nunca havia dito essas palavras, aposto que nunca, literalmente, não era disso. Logo quando deitei ao seu lado, retomando total consciência, percebi o que havia acabado de acontecer. Imaginei como deveria estar assustada, abri meus olhos para vê-la e encontrei a mesma com os olhos arregalados, provavelmente percebendo o que havia acabado de dizer.
- Elize..... - falei ainda sem fôlego.
- "Eu… Tenho que ir, nos falamos depois.
E assim ela saiu, claro que ela iria correr, não imaginava outra coisa vindo de , após tamanha revelação.
Mais uma vez afastei minhas lembranças, não me ajudam em nada, somente aumentava a saudades de algo que não voltaria.
- , você está bem?’'
- Sim, estou ..... - arregalei meus olhos, assustando-me com o que havia acabado de falar. Eu estava errado quando disse que lembranças não levavam em nada, na verdade, levam a constrangimento de chamar uma garota que eu nem sequer sabia o nome com o nome da mulher que eu amo.
Após o desastre digo invento uma desculpa esfarrapada e me despeço dela, já tinha me esquecido quantas vezes essa cena tinha acontecido nos últimos meses, eu bebia, levava alguém para a cama, e em algum momento lembrava de e perdia o encanto.
Assim que a garota foi embora, tomei um banho. Camisa preta de botões, uma de minhas favoritas, já estava pronto para sair. "Número desconhecido" apareceu em minha tela mais uma vez, sentei-me na cama, resolvi atender.
- , sou eu. Eu tô aqui fora… - minhas mãos tremiam, minha voz não saia. - Abre a porta, por favor.
Caminhei até a porta, abrindo-a em seguida. guardou seu telefone, e com uma de suas mãos segurou a minha, enquanto levava a outra até meu rosto.
- Eu também sinto muito pelo que aconteceu.
Depois de dizer essas palavras, seus lábios se aproximavam lentamente para perto dos meus, suas pupilas dilatadas olhando fixamente para meus olhos e sua feição assustada. Nossos lábios estavam a poucos centímetros de distância, fechei meus olhos, aguardando sentir novamente aquela sensação que tanto sentia falta.
Abro meus olhos e me vejo ali, parado em frente a porta aberta, com meu celular em mãos ainda tocando. Me dou conta que foi apenas mais um devaneio. Sem pensar duas vezes, jogo meu telefone contra a parede.
- Ela nunca vai ligar. - pensei comigo mesmo, ao passo que saia pela porta me frustrado com essa situação. Teria que me conformar com a ideia de que nunca iria voltar.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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