Mais que Fotografias
Os encontros noturnos das sextas-feiras já aconteciam periodicamente fazia três meses, as aulas de fotografias eram ofertadas para alunos da Midtown High School como matéria extra para aqueles que se interessavam pelo assunto, a oportunidade contava pontos para quem quisesse se dedicar a faculdades de artes posteriormente ou tinha a fotografia como apenas um hobby. O curso havia sido estruturado para que os estudantes conseguissem ainda mais colaborar no jornal da escola que era o principal meio de comunicação entre a organização e o corpo discente. O espaço funcionava como um grande mural em que reclamações, agradecimentos, avisos e festas podiam ser colocados.
As aulas aconteciam no período noturno, pois não havia salas o suficiente para que fossem ofertadas pela manhã ou tarde. O orçamento era precário, cada aluno devia levar seu material, sua câmera e, se possível, a boa vontade. A turma não era grande, cerca de 15 estudantes frequentavam a classe, alguns acabaram desistindo porque preferiram curtir o início do final de semana de outra forma, outros, porém misteriosamente desapareciam durante o conteúdo apresentado.
Stacy não se enquadrava em nenhuma das opções anteriores, poder cursar as aulas de fotografia nas sextas-feiras era um dos pontos altos de sua semana que vivia cheia de cafés e clientes desaforados. Estava ficando difícil conciliar o período integral das aulas do ensino médio junto com o um trabalho de meio turno de segunda a quinta-feira à noite. Não estava sendo fácil, mas precisava ser feito, afinal a faculdade não se pagaria sozinha e ela não queria ter depender totalmente do pai para pagar suas despesas. Ela havia crescido no Brooklyn, conhecia o bairro como a palma de sua mão, porém seus sonhos estavam bem longe de casa, era no Instituto Fotográfico SPEOS, na França, que seu coração batia mais forte.
já havia se inscrito no programa de intercâmbio do Instituto que propiciava aos alunos além das aulas, moradia e alimentação, ainda não tinha tido nenhuma resposta da escola. Porém, conferia diariamente seu e-mail na esperança de que em algum dia a mensagem brilharia na tela com as duas palavras que ela mais queria visualizar: "Matrícula Aceita”.
A fotografia significava muito para , sua mãe desde pequena a acompanhava nos lugares em que costumavam passear, segurando uma de suas mãos e na outra sempre havia uma câmera fotográfica. Após sua morte, a garota viu nas fotografias uma maneira de manter eterna a memória materna. A casa em que morava carregava além do perfume, várias imagens da progenitora espalhadas por quase todos os cômodos. O pai de , Jared Stacy, trabalhava como segurança na Oscorp Industries fazia muitos anos, conseguiam se manter com uma vida simples, sem luxo, mas se tinha uma coisa que não faltava no lar dos dois era amor.
Estavam acostumados a cozinhar ouvindo os discos dos anos 90 da mãe de , performando Hungry Eyes ou Girls Just Wanna to Have Fun, os dois preparavam as refeições de sábado à noite quando Jared estava de folga. Das melhores lembranças que tinha deixado para eles, com certeza o amor pela arte era o maior deles. Os mínimos detalhes da casa mostravam ainda mais isso, os quadros pintados à mão, as colchas favoritas da garota bordadas com seus desenhos favoritos e os blusões de Natal, tudo aquilo exalava lembranças dela.
Jared sempre incentiva a correr atrás dos seus sonhos, nunca sequer cogitou a possibilidade dela não conseguir ir para França como sempre desejou. Através de pequenos gestos o pai tentava manifestar o quanto acreditava nela e em seu potencial, fosse com os doces que deixava sobre a mesa para ela depois das aulas ou com as caronas que sempre tentava dar a ela nas sextas-feiras para que ela não pegasse o metrô lotado para voltar para casa. Nova York era um lugar aonde pessoas chegavam, transitavam e morriam o tempo inteiro, os assaltos acabaram se tornando recorrentes no local até a chegada do novo justiceiro que havia trazido um pouco de esperança para os moradores da cidade. Ele era conhecido como Homem Aranha, ninguém sabia qual era sua verdadeira identidade por trás da máscara podia se esconder um homem de quarenta anos ou um menino de 15.
Mesmo que não soubessem de quem se tratavam, os moradores não podiam negar que desde que o Homem Aranha apareceu a criminalidade em Nova York havia diminuído, porém sua popularidade dividia opiniões entre os moradores, uma vez que alguns acreditavam que ele era um salvador enquanto outros debatiam que ele era um criminoso assim como todos os outros. As manchetes de jornais causavam confusão também para os habitantes já que algumas tendenciavam a fazer do herói um vilão e vice-versa.
“Após mais um ataque, Homem Aranha destrói cerca de 15 casas para “combater” criminosos”
“‘Se realmente fosse herói nos mostraria seu rosto’, afirma prefeito de Nova York”
"Índices de criminalidade diminuem após chegada do Homem Aranha”
“Como é feita a teia do Homem Aranha? Cientistas estudam se se trata de uma mutação genética ou apenas mais uma experiência científica"
Jared adorava ficar horas olhando o noticiário para quais seriam os novos feitos do Homem Aranha, a situação havia se tornado rotineira, estava acostumada a chegar do trabalho e ver o pai sentado em sua poltrona na frente da televisão com os olhos vidrados nos jornais. Perdeu a noção de quantas vezes teve que cobri-lo porque ele tinha adormecido na sala com o aparelho ligado. Mas não podia negar que ver o seu entusiasmo pelo justiceiro a causava alegria, ele tinha esperança e acreditava que o herói podia mudar, nem que fosse um pouco, a vida deles.
— Sério, pai? De novo assistindo até tarde notícias sobre o Homem Aranha? — riu jogando suas chaves em cima da mesinha próxima a porta.
— Esse cara é um máximo — Jared disse risonho, virando-se para que adentrava o pequeno espaço da sala deles e depositava um beijo sobre sua cabeça — Hoje ele simplesmente deixou cinco assaltantes pendurados em um banco em uma tentativa de roubo.
— Ele parece o Robin Hood só que vestindo vermelho e azul — Ela se sentou no braço da poltrona.
— Robin Hood é fichinha perto do Homem Aranha — Ele deu de ombros.
— Você parece um fanboy — bateu de leve no braço do pai.
— O que é isso, ? Você, por acaso, está me xingando? — Jared arqueou as sobrancelhas para a garota que não pode deixar de rir.
amava o quanto o pai acreditava que o Homem Aranha podia ser uma das salvações para a cidade em que viviam e torcia para que Jared estivesse certo. Não queria ter que ir embora e deixá-lo sozinho em um lugar perigoso, ainda que soubesse muito bem se cuidar sozinho, às vezes crer em justiceiro poderia motivá-lo a gostar novamente de Nova York.
Depois da morte da mãe de , o pai se tornou mais recluso, saia raramente para aproveitar a Big Apple, tirando as idas obrigatórias ao trabalho, supermercado, e farmácia. Jared já não conseguia gostar das luzes brilhantes que se espalharam por toda a cidade, porém um pouco dessa visão tinha mudado após a chegada do Homem Aranha, ele não podia negar o quanto o justiceiro o fazia gostar um pouco do local ao qual vivia.
Faltavam poucas aulas para o período da disciplina de fotografia acabar e para que os alunos conseguissem colocar em prática tudo que haviam aprendido, assim Srta. Smoak, professora do curso, pediu para que trouxessem consigo além da câmera um caderno para anotassem ideias. Poucas vezes tinham que escrever de fato, nas classe o maior objeto de estudo era a próxima câmera e o resto do material era disponibilizado de forma online para que tivessem acesso em casa, para os estudantes que não tinham acesso, a escola disponibilizava um laboratório de informática, ainda que precário cumpria seu papel.
As aulas favoritas de eram as que podiam ir até a Sala Escura, amava ver todo o processo de revelação fotográfica, de fato toda aquela experiência fazia com que os momentos ficassem eternizados, de certa forma, no papel. Eles tinham que trabalhar normalmente em duplas, já que o espaço era pequeno e assim a professora conseguia dividir a atenção para os alunos que ainda estavam com alguma dificuldade em capturar os objetos disponibilizados nos estúdios improvisados pela sala de aula.
Alguns de seus colegas eram apenas conhecidos de vista de , a garota não costumava falar muito durantes as aulas, mas tentava ao máximo ser pelo menos simpática. Gostava de curtir seu mundinho pessoal e aquele era o único momento da semana que podia se conectar com o que realmente gostava de fazer. Acaba interagindo mais com os outros durante a troca de dupla, com isso havia conhecido Mary Jane, dos cabelos ruivos e ondulados e do sorriso largo, a garota era muito simpática e estava sempre tentando puxar algum assunto com .
Mas também havia colegas de aula do período integral de , como os estudantes podiam escolher as disciplinas que cursavam a cada novo horário eram turmas diferentes, o que fazia com que a rotatividade aumentasse bastante. A garota não ficou nem um pouco surpresa em ver Peter Parker na classe de fotografia, eles frequentavam as mesmas salas de matemática, física e química, não tinham muito intimidade porque assim como , o menino gostava de ficar mais na dele, porém, sabia que ele era um gênio da ciência sempre tirava notas aulas nas matérias exatas e possuía como sua fiel escudeira uma câmera fotográfica.
Nos intervalos em que ficava sentada no corredores ou na biblioteca e via Peter lá estava ele, fotografando algo ou alguém diferente. Mas nem sempre as fotos saiam do jeito que ele queria. Os cabelos dele quase sempre estavam despenteados deixando com que os cachos de formassem livremente, usava roupas que cabiam dois deles e o skate estava sempre preso em sua mochila.
— Talvez você devesse tirar mais de cima se quer pegar a briga inteira — apontou para a janela, no andar acima dos dois dos alunos mais briguentos da (nome da escola) davam mais um show — E cuidado com o sol, ele nos engana quanto a claridade.
— Ah…obrigado — Peter passou as mãos pelos cabelos, aquela era uma das poucas vezes em que falava com , a garota estava, nas vezes que ele a via, quieta com seus livros ou com a câmera de um lado para outro, mas sempre correndo, parecia que estava atrasada para fazer algo. Com os longos cabelos loiros ao vento e o batom vermelho nos lábios — O que mais está me atrapalhando, além de claro, o sol — apontou para o céu — É que Flash não deixa a careca dele em uma posição que não rebata luz — riu do seu comentário.
— Também, você viu o tamanho daquela careca? — Ela disse, fazendo agora ele rir — É enorme, aposto que se algum vidente quisesse conseguiria ver o futuro de todo mundo ali.
— Disso, eu não tenho nenhuma dúvida.
Peter Parker morava com seus tios May e Ben no Queens desde a morte de seus pais Richard e Mary, em um acidente de avião, antes de viajar a trabalho haviam o deixado com os parentes devido a sua pouca idade. Peter cresceu em uma família que de típica não tinha nada, nunca sequer tinha faltado amor, carinho ou atenção para ele, mas, ainda sim, um vazio rondava seu peito.
O garoto sempre foi apaixonado por ciência, assim como seu pai, que era biólogo, o universo o fascinava com as inúmeras possibilidades que podiam desenvolver a partir de experimentos, ou até mesmo investigar a partir de seres vivos. Eram as chances de mudar o futuro que brilhavam os olhos de Peter, queria cada vez mais aprender sobre tudo que podia e quem envolvia conhecimentos.
A fotografia também tinha ganhado um espaço a mais no coração dele, com isso ele fazia algumas imagens como freelancer para alguns jornais locais e até mesmo da escola. Fotografar as festas organizadas pela instituição se tornaram um hobby que o deixou conhecido. Por isso a câmera se tornava parte dele quando estavam juntos, e com a abertura do curso noturno de fotografia ele viu uma oportunidade de aprimorar ainda mais o que sabia e tanto gostava de fazer. Conseguir guardar as memórias que o faziam o apaixonar por além das lentes.
Mas tinha um segredo que Peter nunca queria flagrar com sua câmera, para além do garoto com o skate, ele também era o Homem Aranha, as coisas tinham mudado faziam pouco mais de um ano desde o dia em que visitou a Oscorp Industries sendo picado por uma aranha que acabou transformando seu DNA vivo. Ele não se lembrava exatamente como tudo aconteceu, as lembranças vinham como flashes em sua memória, sabia que tinha ido ao local para descobrir mais sobre o que seu pai e funcionário da empresa Oscorp Industries, Curt Connors, tinham trabalhado juntos. Tudo aconteceu em uma visita para estudantes no qual conseguiu se infiltrar com o nome de outra pessoa. Os laboratórios eram enormes e os estudos sobre as aranhas eram o carro chefe da organização.
A vida dupla tinha se tornado seu segredo, ninguém sequer podia desconfiar que ele era o nome justiceiro que dividia opiniões entre seguidores fiéis e pessoas que pagariam milhões para ter sua cabeça em uma bandeja. Era mais fácil e cômodo viver a vida medíocre de um mero estudante do que a de um super-herói. Seu tio Ben gostava de frisar, ainda que não soubesse do que o sobrinho estava vivendo que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades, mas será que ele conseguiria ligar com tudo isso ao mesmo tempo?
Ele não tinha resposta para aquela pergunta, pelo menos não agora, mas precisava naquela noite de sexta-feira se concentrar nas fotografias do tal projeto que a professora tinha mencionado. Não conseguia frequentar a disciplina como queria, tinha dias que precisava sair mais cedo ou até mesmo não ir, porque o clichê que mais vivenciava nessa sua nova vida era de “o dever chama”, os criminosos não escolhiam nem dia nem o horário para começar de repente um incêndio no Central Park ou algo do tipo.
As aulas na sexta, deixavam Peter um pouco mais com os pés no chão na vida de humano e não de super-herói, trazendo-o para a realidade das paixões que eram a ciência e a fotografia. estava na mesma turma que ele, ela chegava categoricamente sempre 10 minutos adiantada, carregando consigo algum dos livros do Sherlock Holmes, pelo que ele a percebia estava viciada porque quase sempre não era o mesmo da semana anterior, um avental do café que trabalhava e a bolsa da câmera. Seus olhos ficavam vidrados em cada novo conceito que a Srta. Smoak debatia em aula, das poucas vezes que a viu falar à vontade para a classe, foi quando foram perguntados por que estavam ali e a garota respondeu que seguir no ramo fotográfico era o seu sonho e que queria ir estudar na Europa.
Peter a achava radiante com ou sem uma câmera na mão, apesar de falar pouco, estava sempre em suas redes defendendo causas, fotografando protestos e dedicando seus xingamentos ao presidente a cada nova lei que infringia os direitos das mulheres. Mas não eram apenas suas atitudes que despertavam o interesse dele, mas também sua beleza, os longos cabelos espalhados pelos ombros, a boca perfeitamente desenhada pelo batom vermelho ou o cheiro adocicado que invadia qualquer local que ela entrava.
observava atentamente a janela logo que se sentou no seu lugar na sala de aula, uma breve confusão havia começado na parada de ônibus na rua ao lado da escola. Naquele dia, ela tinha optado por pegar outra rota para chegar à aula, porque tinha soltado mais cedo do café porque as festas de final de ano tinham chegado e era função dos seus colegas de trabalho arrumar o espaço para colocar os enfeites. A movimentação acontecia de forma frenética, muitas pessoas corriam de um lado para o outro, até que lá estava ele em sua roupa colada em azul e vermelho, o Homem Aranha, aquela era a primeira vez que ela o havia assim de perto, as outras vezes não passavam de imagens rápidas na televisão.
Com teias sendo jogadas para todo o lado e homens sendo presos por elas na grade do prédio ao lado, em rápidos minutos a confusão tinha sido dissipada, aplausos e vaias soavam quase que na mesma intensidade, porém as felicitações eram recorrentes e mais altas a cada vez. O que aconteceu em seguida deixou com o coração quase saindo pela boca, uma longa teia foi jogada acima de sua janela, em direção ao topo da escola, segundos depois o Homem Aranha passou acenando para dentro da sala. Ela deve de piscar várias vezes, para ver se o que tinha acontecido a pouco era real ou fazia parte de mais um de seus delírios.
Srta. Smoak chegou à sala, carregando suas duas ecobags lotadas com papéis, sem que tivesse a notado, seus colegas agora estavam todos grudados em sua mesa, próxima a janela, todos queriam ver o Homem Aranha mais de perto, mas aquilo não ocorreu mais de uma vez.
— Voltem para seus lugares não vai ser hoje que vocês vão fotografar o Homem Aranha — Srta. Smoak disse distribuindo folhas brancas para eles, um forte barulho pode ser ouvido no corredor o que deixou todos os olhares atentos à porta. Será que o justiceiro havia entrado no prédio? Porém quem entrou na sala foi Peter, carregando debaixo do braço seu skate.
— Foi mal pelo barulho, eu caí — Passou as mãos pelos cabelos bagunçando-os ainda mais, com risadas e vaias os colegas se viraram para a professora.
— Nada contra você Peter, mas seus colegas estavam esperando o Homem Aranha
— O Homem Aranha? — ele questionou
— Ele mesmo! Você não viu o que ele acabou de fazer? — Mary Jane perguntou.
— Não — ele afirmou se sentando na cadeira vaga ao lado de .
— Ele literalmente passou jogando teia por essa janela — foi quem respondeu apontando para a janela à sua esquerda.
— Depois vocês terão mais tempo para conversar sobre o Homem Aranha ou justiceiro como preferirem, porém, agora, preciso que vocês foquem nesta mulher comum — A professora apontou para si mesma e depois para o quadro — que não se parece em nada com uma aranha.
O intuito do trabalho final era a elaboração de um projeto criativo que envolvesse fotografia, a temática era livre, os alunos precisariam apenas mostrar o editorial completo em duas semanas e ter pelo menos quatro pessoas como objetos de estudo, o trabalho valeria toda a nota do período, além do certificado de conclusão do curso. Não necessitariam ser grandes produções, mas deveriam, pelas fotografias, explorar sentimentos e emoções dos envolvidos nas imagens, contando como se fosse uma história. A campanha, assim como os outros trabalhos deveria ser feita em duplas, a escolha, porém se daria de uma forma diferente.
— Para que a gente consiga agilizar o processo de divisão das duplas dessa vez — fez uma pausa — porque vocês precisam conversar bastante sobre o que pensam em fazer, vocês se juntaram com o colega do lado — sinalizou do número dois — não haverá trocas — umas das meninas da sala levantou a mão e antes mesmo que perguntasse a Srta. Smoak se adiantou — vocês tem que ficar com o parceiro que caíram, sem chororô — e Peter se deram uma olhada rápida, checando a reação um do outro, agora seriam uma dupla.
olhou para o lado vendo um Peter sorrindo sem jeito para ela, acreditava que os seriam uma boa dupla, não tinha por que duvidar disso. Conversavam poucos durante as aulas, mas ela tinha simpatia por ele, achava seu jeito desengonçado engraçado e sabia da habilidade dele para fotografia, ela precisava do 10, era uma forma de provar para a faculdade que dominava a área que tanto queria.
— O que vocês dois estão esperando? Podem se juntar, tem um grande trabalho a fazer — A professora disse próxima a mesa de . Rapidamente Peter pegou sua cadeira e colocou ao lado da mesa de que abria seu caderno de anotações com diversas palavras aleatórias.
— Oi — Disse ele tímido.
— Oi — ela folheou o caderno tentando achar uma página em branco, Peter olhava atentamente para os rabiscos dela — Você ta bem? Não se machucou muito na queda? — levantou seu olhar para ele.
— Vamos dizer que estou acostumado, vivo mais caindo do que em cima do skate — os dois riram.
— Você tem algo em mente? — ela perguntou voltando a passar as páginas do caderno.
— Hã? — Ele estava atento demais aos movimentos dela.
— Para o projeto — ela deu de ombros, pegando um lápis em seguida — Você tem algo em mente?
— Sinceramente — respondeu sincero — nada. Juro que minha criatividade está zerada.
— Somos dois então — ela disse dirigindo o olhar para um canto aleatório da sala, o celular de Peter começou a vibrar em seu bolso, mas ele evitou pegá-lo — Na verdade, acho que tenho algo, é louco, mas pode funcionar — falou apressada — Seria como uma homenagem — olhou para ele que tinha os olhos fixos nas próprias pernas — Peter, está tudo bem mesmo?
— Tá, tá sim… — Ele deu uma rápida olhada no celular — Eu só vou precisar sair.
— Sair? Tipo agora? No meio do debate da nossa ideia? — questionou com uma expressão de raiva e confusão.
— …me desculpa — ele disse se levantando indo em direção a sua mochila, a pegando e seu skate também — Mas eu realmente preciso ir — fez uma pausa vendo os olhos de raiva da colega — Podemos marcar outro dia para discutir isso.
— Trabalho todas as noites, exceto hoje Peter — ela rebateu mais chateada agora, precisava daquela nota — É preciso muito tirar 10 nesse trabalho, pode não significar nada para você, mas para mim — Antes que terminar ele disse:
— Juro, juro mesmo que vamos tirar nota máxima — o celular continuava a vibrar em seu bolso — Mas tive uma emergência — respirou fundo — familiar — passou a mão pelos cabelos, andando de costas em direção a porta da sala — Te ligo mais tarde.
— Mas você nem tem meu número — ela respondeu.
— Isso não é problema, eu descubro — Peter piscou para ela e saiu sem dizer mais nada.
Escolha o que vamos fazer
estava furiosa, não achou que Peter a largaria na sala de aula, assim sem mais nem menos, mas sabia que ele estava acostumado a faltar às aulas do curso ou sair no meio das atividades. Ela precisava muito da nota, era sua chance, porém era óbvio que ele não entenderia, não tinha compromisso nem responsabilidade com nada. Ficou até o final da aula, sozinha, pensando no que poderia fazer, ainda que ele não quisesse participar, não deixaria de fazer o projeto.
O metrô parecia que estava andando mais devagar que o normal naquela noite, não sabia se era a ira que sentia ou tudo estava realmente a irritando. Precisava relaxar, chegar em casa, deitar em sua cama, olhar para o teto e imaginar cenários fictícios em que sua vida estaria resolvida na Europa. Mas antes que isso pudesse acontecer apenas o cover de Girl Crush de Harry Styles podia a salvá-la do ódio e rancor que estava guardando de Peter, colocando seus fones, passou os minutos de sua volta até em casa pensando nas formas em que o mataria da próxima vez que o visse.
On-line
Você não deve nem querer receber uma mensagem minha, mas não podia deixar de me desculpar de novo.
Desculpa mesmo, . Sei que esse trabalho significa muito para você, e sinceramente, para mim também.
Até que horas você trabalha?
viu pelas notificações de celular a mensagem de Peter, a primeira ação que queria fazer era atirar o celular longe e depois se perguntou como ele havia conseguido o número dela.
On-line
Você não deve nem querer receber uma mensagem minha, mas não podia deixar de me desculpar de novo.
Desculpa mesmo, . Sei que esse trabalho significa muito para você, e sinceramente, para mim também.
Até que horas você trabalha?
Acertou em cheio, Tony Hawk. 🤪
Sua mensagem era a última que eu queria receber.
Mas vou fazer o que se minha sorte é menor que um grão de arroz e você é a minha dupla.
Porém, você vai editar a maioria das fotos sozinho como desculpas.
Estou disponível só depois das oito da noite de segunda a quinta.
A garota digitou a mensagem e bloqueou seu celular, sua estação tinha chegado, seu pai havia lhe mandado mensagem mais cedo avisando que não conseguiria a buscar porque teve que ficar mais tempo no trabalho, devido a uma invasão na empresa e disse que explicaria melhor quando chegasse em casa. Aproveitando o movimento do Brooklyn à noite, ela conseguiu visualizar as famílias já reunidas para decorar as fachadas das casas para as festas de final de ano, era uma tradição da qual gostava. As luzes dos pisca-pisca iluminavam ainda mais as ruas, trazendo para o local um aspecto ainda mais acolhedor, ainda que por culpa do frio as pessoas se recolhessem mais cedo, as músicas altas podiam ser ouvidas na avenida.
lembrava de um Natal em que seus pais dançavam na varanda enquanto os vizinhos ouviam música alta, o clima deixava as pessoas mais próximas e ela amava aquilo. Ela e Jared tentaram ao longo dos anos não deixarem que as tradições caíssem em esquecimento, não seria o que a mãe dela queria e os momentos partilhados entre eles significava muito para ambos. Então, na festividade do ano passado, repetiram a performance dos dois, porém ao som de Mistletoe.
O barulho da televisão já podia ser ouvido da rua, tinha certeza de que o Homem Aranha tinha feito mais alguma coisa, porque seu pai devia estar grudado em frente ao aparelho. Antes que pudesse pegar a chave para colocar na porta sentiu seu celular vibrar sem parar, agora não era apenas uma mensagem.
— Você vai estar livre amanhã? — A voz ela reconhecia de longe, era o responsável por deixá-la aborrecida.
— Meu deus Peter, é você de novo? — revirou os olhos, dando uma gargalhada em seguida.
— Quem você esperava, o Papai Noel? — ele perguntou.
— Seria mais agradável, para ser sincera — abriu a porta e sua certeza só se comprovou, lá estava o pai sentado em sua típica poltrona.
— Estou falando sério, preciso compensar a mancada que dei hoje — Peter disse sincero, ao fundo da ligação conseguia ouvir barulhos de sirenes — Você pode amanhã?
— Peter, onde você está? Aconteceu algo com seus tios? Que barulhos são esses? — ela jogou muitas perguntas em cima dele.
— É…só…um jogo, . Não se preocupe — desconversou pausadamente — E o foco aqui é nosso trabalho.
— Você saiu da aula mais cedo para jogar videogame, Parker? — colocou as mãos na cintura.
— Não, não, eu tinha mesmo uma emergência que não podia esperar — fez uma pausa — , por favor, foco no trabalho.
— Olha quem quer ter foco agora — ela riu sarcástica — Tenho que montar os enfeites de Natal pela manhã com meu pai. Mas a tarde estou livre.
— Perfeito! Passo na sua casa — disse simplesmente.
— Confesso que estou muito assustada, primeiro você descobre meu número de telefone e depois sabe onde eu moro, qual o próximo passo para me assassinar? — respondeu e seu pai virou rapidamente a cabeça em sua direção com uma expressão assustada.
— Tem alguém muito engraçadinha hoje — Peter disse como resposta — Meu alvo ainda não é você Miss Stacy — riu — quem sabe na próxima.
desligou o telefone ainda rindo da fala de Peter, jogando a mochila no sofá ao lado do pai e beijando o topo de sua cabeça em seguida. No noticiário as manchetes falam de dois episódios em que o Homem Aranha surgia para salvar o dia, ou melhor, a noite de Nova York. O primeiro referente ao tumulto no ponto de ônibus que ela tinha visto da janela da sala de aula e outro era uma aparição de um enorme Lagarto no centro. Como sempre, o repórter do Clarim Diário acusava o super-herói por toda a bagunça causada na cidade: “Se ele não tivesse aparecido, nada disso estaria acontecendo”, era o argumento que usava.
— , com quem você estava falando no telefone que quer te assassinar? — Jared perguntou após o final do jornal, indo em direção ao cômodo que a filha tinha entrado. estava na cozinha fazendo um sanduíche.
— O Parker — respondeu com normalidade.
— O sobrinho da May e do Ben? — o pai se apoiou na geladeira. e Peter estudaram juntos por muitos anos, ainda que não fossem próximos, seus parentes se conheciam devido às reuniões escolares.
— Ele mesmo! — apontou com a faca para ele em sinal de confirmação — Mas era só brincadeira, ele simplesmente sumiu da nossa aula de fotografia mais cedo e quer me encontrar amanhã para fazermos o que ele não fez hoje.
— E sobre o que é esse trabalho? — o pai perguntou
— Basicamente — deu uma lambida a faca que passava geleia em seu sanduíche, em seguida colocou-a na pia — temos que fazer um ensaio enorme em duas semanas que expressem sentimentos e tenham pelo menos quatro pessoas envolvidas para as fotografias.
— Já tem uma ideia do que vocês irão fazer?
— Uma ideia eu tenho. Porém, tenho que ver se o Peter aceitaria, porque envolve os tios dele — empolgada para o pai — e você também — deu um sorriso.
— Eu? — Jared a olhou confuso.
— Você — ela encostou uma das mãos no braços do pai — Mas só te conto depois que acertar tudo com o Parker — deu um beijo na bochecha de Jared se dirigindo para as escadas da casa — Boa noite, pai! E chega de ver notícias do Homem Aranha.
— Não se esqueça que temos que montar os enfeites cedo amanhã — Jared foi para sua poltrona na sala — Boa noite, — gritou, mas a garota já tinha subido as escadas para seu quarto.
Jared amava ver feliz com as aulas de fotografia, as artes estavam ligadas a ela desde o cartão umbilical e a ver seguindo seu sonho o preenchia de felicidade. Ainda que ele não soubesse para qual rumo seguir, ver a filha se direcionando e fazendo que gostava o motivava a continuar procurando um novo destino na vida. Não soube quanto tempo ficou sentado em frente a televisão buscando um pingo de esperança ou algo que o motivasse a amar Nova York de novo e podia soar infantil, mas o Homem Aranha era tudo que ele precisava.
sumiu para o quarto com o sanduíche em suas mãos, colocando-o na mesinha de cabeceira. Seu cérebro não parava, as ideias para a campanha estavam a milhão, ficou horas pesquisando referências do que poderia ou não fazer no projeto e como envolveria as pessoas que gostava nele. Colocou sua melhor playlist de músicas de boyband para se manter acordada. Assim como Parker, ela também tinha meios para descobrir o endereço de e-mail dele, mas, no caso dela, a lista de transmissão de mensagens da escola facilitava o trabalho.
De: afsphotos@gmail.com
Para: pbparker@gmail.com
Assunto: Ideia número 1001
Boa noite, Tony Hawk!
Sei que enviar e-mail nos dias atuais é quase pré-histórico, porém tive uma ideia muito boa que envolve o nosso projeto.
Vou te mandar o link e uma apresentação do que pensei. Amanhã você me diz o que acha.
Beijos,
A.F
Peter estava em frente ao computador, jogado em sua grande cadeira gamer. Estava cansado, tinha sido uma noite daquelas, precisou enfrentar um roubo e mais uma aparição do lagarto. Os curativos em suas costelas, carregavam as marcas do que era ser um super-herói em Nova York, suas costas doíam como a de um senhor de 60 anos. As dores o incomodavam, mas não ter alguém para falar sobre a vida dupla, no momento, estava o angustiando mais do que as pontadas nas costelas. Porém, para quem falaria? Tia May e tio Ben não eram uma opção. Não podia colocar a vida de seus parentes em risco, e eles eram as únicas pessoas que ele tinha e os protegeria sempre.
De repente, uma notificação sinalizou em seu e-mail. Já passava das três da manhã, pensou que seria mais uma mensagem de alguma loja lhe mandando promoções, sua caixa de entrada estava lotada de anúncios com descontos. Contudo, era em seu endereço virtual profissional, com uma apresentação explicando sua ideia para o projeto final. Peter a admirava por isso, estava muito empenhada em fazer o seu sonho dar certo. Assim como ele, a garota preferia estar atrás das lentes captando a essência das pessoas pelas imagens e possuía muito conhecimento sobre a área.
Ao abrir a apresentação curiosamente estava lá uma de suas campanhas fotográficas favoritas, à Years Young* do fotógrafo e cineasta Skyler Knutzen. A ideia principal do projeto se baseava em “redação fotográfica”, unindo imagens e textos para contar histórias de pessoas com mais de 60 anos e seus possíveis desejos para quando ficarem mais velhas. A série contava com retratos focados nos rostos, em preto e branco, acompanhados das respostas dos entrevistados, tendo um resultado poderoso, afetuoso e instigante. Frases como “Quando eu envelhecer, quero poder dirigir”, “Quando eu envelhecer, quero ler todos os livros da minha estante” e “Quando eu envelhecer, quero aprender a valorizar o que os jovens estão pensando” podiam ser vistas nas imagens.
Peter amava aquele projeto porque nele mostrava que independentemente da idade todos eles ainda tinham objetivos e vontade a serem cumpridos. A ideia rompia com o conceito de mesmice que se adquire quando alcança certo período da vida, retratando o comodismo, quebrando a ideia que pessoas mais velhas servem apenas para ficar dentro de suas casas e não tem mais vontade de viver. Toques emocionais estavam presentes em toda construção do projeto, o jeito em que as imagens foram tiradas fazia com que ele se identificasse.
desligou seu despertador às oito da manhã, praticamente se arrastando para encontrar o celular na mesa de cabeceira. Havia ficado até muito tarde pesquisando projetos como forma de inspiração, vários vieram a sua mente, mas nenhum de fato a estava agradando totalmente. Por fim, decidiu apelar para o lado mais sentimental que gostava de trabalhar, já tinha feito alguns freelances em casamentos e aquilo mexia ainda mais com ela, os olhinhos brilhando dos noivos assistindo as noivas entrarem nas igrejas a emocionada. Era como um abraço quente poder visualizar o amor tão vivo em um único espaço. Talvez ela fosse uma romântica incorrigível ou até mesmo uma simples fanfiqueira.
Para conseguir focar em uma única ideia para a campanha pensou em May e Ben, no amor e na idade deles. A garota amava ficar visualizando casais felizes, porque essa era a imagem que carregava de relacionamentos. Foi criada e educada em um lar rodeado de coisas boas e com uma relação saudável. Seus pais não eram perfeitos, longe disso, tinham também momentos de tensão, mas buscavam resolver conversando entre eles.
— , hora de acordar — Jared bateu na porta da garota.
— Cinco minutos, por favor — enfiou seu rosto no travesseiro — por favorzinho — choramingou.
— Se você demorar, vou montar a casinha de Natal do Shrek sozinho — abriu a porta ficando com metade do corpo no quarto e a outra no corredor.
— Isso é chantagem, pai — levantou lentamente a parte superior de seu corpo do colchão, coçando os olhos — Você sabe que não pode montar a casa do Shrek sozinho, nunca — fingiu uma expressão de raiva.
— Levanta logo, preguiçosa — Jared jogou uma camiseta que estava no chão em — Fiz misto quente para você.
Estes simples momentos seriam os sentiria mais falta quando fosse para a Europa, tentaria fazer visitas periódicas a seu pai nas férias da faculdade e obviamente viria nas festas de final de ano. Mas será que não perderia também o amadurecimento e crescimento de seu Jared? Ao longos do anos a figura paterna havia se tornado seu super-herói preferido e particular, adquirindo funções que não eram suas, porém conseguia conciliar tudo perfeitamente.
A casa do Shrek foi um presente de Jared para no seu aniversário de oito anos, a garota ficou obcecada pelos filmes. Nos próximos 11 Natais, a tradição de montar a residência do personagem se tornou um momento deles.
No ano do falecimento de sua mãe, quando acordou, seu pai já havia feito a base da casa sozinho, estava sentado no carpete vermelho da sala com as pernas entrelaçadas. Quando viu a garota descer as escadas indo em direção a sala, Jared limpou as lágrimas dos olhos e fingiu que estava resfriado. Mas ele só esqueceu que ela já não tinha mais oito anos e sim quinze. Não conseguiu dizer nada, apenas o abraçou. Naquele Natal, ela pediu para sua estrelinha particular que ficassem bem.
Já tinham se passado quatro anos, as tradições foram adaptadas de três para dois, o amor não diminui só multiplicou, pai e filha aprenderam ainda mais a dialogar, dividiam quase tudo um da vida do outro, deixava de fora suas paixonites por celebridades. Ficavam horas juntos fazendo a ceia, os enfeites e os presentes que enviavam para os avós da garota na Carolina do Norte.
Na manhã que tinham separado para organizar os preparativos e enfeites para as festas, conseguiram fazer quase tudo. Montaram a casa de Natal do Shrek, limparam as calhas para pendurar os pisca-pisca, até as escadas de fora ganharam decorações. Jared precisava apenas ir ao supermercado para comprar os ingredientes mais frescos para a ceia quando a data se aproximasse. As horas passaram rapidamente. Com isso, nenhum dos dois quis fazer o almoço, estavam cansados demais para cozinhar e acabaram pedindo algo pelo delivery.
Depois de comer, foi direto para seu quarto deitar-se um pouco, queria ver se conseguia dormir mais cinco minutos que fosse. Mas o toque da campainha interrompeu totalmente seus planos. Calçando seus chinelos, a garota desceu as escadas encontrando um Peter sorridente do outro lado da porta.
— Você chegou cedo — sorriu para ele, Peter estava com o skate apoiado ao lado do corpo — A culpa ainda está no seu corpo, Parker?
— Quase isso — ele estava ansioso fazia bastante tempo desde que tinha tido um contato mais próximo com .
A data do baile de inverno estava próxima e Peter não havia criado coragem suficiente para convidar alguém para ir com ele à festa. Quase todos seus colegas estavam com um par e faziam grandes surpresas para chamar as meninas para ir com eles. Sentado no corredor da escola, folheando um de seus livros de matemática, Parker ouviu murmúrios vindos das escadarias.
— Como assim você não foi convidada?
— Não sendo, ué.
— Tenho certeza de que você negou convites e está mentindo que não foi convidada.
— É…talvez você esteja certa.
— Por que você não quer participar?
— Tenho meus motivos.
De início, Peter não conseguiu identificar as vozes, mas quando e Samantha passaram distante de seus olhos, percebeu que era Stacy que estava negando os convites para ir ao baile. Nunca tinha a visto com nenhum namorado, nem mesmo conversava com os garotos da sua turma direito. Ela vivia para um lado e para outro com a câmera em mãos e seus casacos bordados em casa. Se tinha uma menina com quem ele poderia cogitar ir à festa era ela. Além de bonita, seria uma das poucas com quem conseguiria ter um assunto para conversar, por ser gostar de fotografia, assim como ele.
A ideia de convidá-la para o baile, passou, momentânea, por sua cabeça. Será que deveria fazer isso? O não ele já tinha como resposta, o mínimo que podia acontecer agora era humilhação. O recesso de uma semana antes do baile começava na segunda-feira ou seja tinha sete dias para fazer o convite. Depois, caso ela se recusasse a acompanhá-lo, poderia fingir que nada tinha acontecido.
Peter passou o final de semana inteiro pensando no que poderia fazer para que aceitasse ir com ele ao baile. Conversando com sua Tia May, decidiu que o básico agradava às mulheres. Por isso, optou por flores, o buquê continha margaridas rosas, azuis e brancas. Vestiu sua camisa social e penteou os cabelos para trás, tomando coragem para bater na porta da casa dela. Pediu à secretária da escola o endereço dela, alegando que precisava entregar alguns papéis urgentes para um trabalho que deveria ser feito no período de recesso, era uma boa desculpa e assistente não ligava muito em compartilhar os dados pessoais dos alunos.
Quando chegou na rua de , Peter pensou vinte vezes se deveria desistir, o final de tarde se aproximava e a pouca luz iluminava as casas de seu bairro. Mas ele imaginou que não podia ter nadado tanto para morrer na praia. Arrumando sua camisa, checou mais de uma vez o endereço para ver se estava correto. Caminhando pelo Brooklyn pode identificar vários cenários das fotografias que a garota tinha em seu Instagram. A casa estava escura, havia apenas uma luz ligada na janela de cima. Tocou a campainha e esperou, quase nenhum barulho era ouvido de dentro da residência.
— Oi — abriu a porta com o rosto visivelmente abatido.
— Oi — ele sorriu tímido — Desculpa, não queria atrapalhar, está tudo bem?
— Não muito, mas vai ficar — Ela passou as mãos pelos cabelos — Você precisa de algo?
— Precisar é uma palavra forte — fez uma pausa, os olhos dela estavam fixos nele — na verdade tenho um pedido, só.
— Pode falar, se eu puder ajudar — um longo silêncio se instaurou entre os dois, Peter colocou as mãos no bolso.
— Queriateconvidarparairnobailecomigo — ele disse rapidamente.
— O quê? — colocou as mãos na cintura como uma expressão de confusão.
— Quero.te.convidar.para.ir.no.baile.comigo — estendeu as flores na direção dela, que as pegou, os dedos de Peter estavam gelados, os sentiu no rápido toque da entrega do buquê.
— Peter, eu… — procurava as palavras certas para dizer para ele — queria muito, de verdade…— respirou fundo — mas não posso aceitar…— passou a mãos sob as flores — minha mãe… — as lágrimas quentes enchiam os olhos da garota — faleceu — Sem que pudesse pensar muito no que estava fazendo Peter a abraçou, era mais alto que ela, por isso apoiou o queixo sobre sua cabeça, conseguindo ouvir apenas as fungadas dela em seu peito. Ficaram daquele jeito por um longo tempo, sem interromper o silêncio entre os dois. Não precisavam dizer nada, apenas estar ali juntos bastava.
não conversava frequentemente com Peter, mas eles conviviam por anos na mesma escola, além da idade igual também assistiam algumas aulas juntos. Sabia que Parker perdeu os pais muitos novos, então se alguém entendia o que ela estava sentindo era o garoto. Ainda que não fossem próximos, acompanharam de longe o desenvolvimento um do outro e, naquele momento de dor, talvez ela só precisasse de um abraço, sem que alguém falasse algo ou sentisse pena dela.
Peter a soltou tímido e foi embora, ficou na porta vendo o distanciar e sumir pela dobra da esquina de sua rua, com as flores que ele as deu colada em seu peito. Entrando em casa procurou um vaso e colocou o buquê nele, ao lado de uma foto de sua mãe, Margaridas eram suas preferidas.
O baile aconteceu, Peter foi sozinho. Pois tinha se comprometido com as fotos para o jornal da escola. Mas como não podia ir sem se lembrar de , dos olhos dela cheios de lágrimas na porta de sua casa, enviou umas das fotografias para ela com a legenda: “Faltou só você e o seu sorriso que ilumina todo lugar”. Se sentia bobo em escrever aquilo, porém, viu ali uma forma de mandar uma lembrança para ela, na tentativa de alegrá-la.
— Preciso tomar um banho, você espera? — dando espaço para que Peter entrasse em sua casa.
— Bem que eu percebi que o cheiro estava forte aqui — ele abanou a mão na frente do rosto.
— Cara, você é muito folgado. Já te disseram isso? — a garota colocou as mãos na cintura.
— Algumas vezes — Peter olhava atento para toda a decoração de Natal disposta na casa dos Stacy’s — Shrek, é sério? — disse apontando para casinha do personagem.
— Foi presente — ela revirou os olhos — eu era obcecada pelo ogro verde aos oito anos, montamos a casa de Natal todos os anos desde então. — deu de ombros — É como se fosse uma tradição — disse sincera — Vou tomar o banho e vê se não mexe em nada, Parker. Tenho foto de tudo que tem nesse cômodo — ela riu e sua risada o fez rir.
Peter sentou-se no sofá disposto ao lado de uma poltrona que estava de frente para uma televisão, visualizando todos os detalhes da casa de . As fotografias decoravam todos os lugares do cômodo, tinham imagens da mãe, do pai e da própria garota em várias fases da vida. Contudo o que mais chamou sua atenção foram os vários jornais dispostos na mesa de centro com capas referentes aos feitos do Homem Aranha.
— Você também gosta? — A voz de cortou os pensamentos dele que estava concentrado nas notícias.
— Não sou muito fã, acho ele até sem graça — riu — onde já se viu um cara que joga teia por aí?
— Tem louco para tudo — penteava os cabelos molhados — Meu pai ama esse cara. Ele significa muito para o Senhor Jared Stacy.
— Sério? — Peter perguntou com mais animação no tom de voz do que queria.
— Infelizmente, é sério. Tem dias que chego das aulas e aqui está ele na sua poltrona — apontou para o móvel — com os olhos fixos na televisão enquanto as notícias do Aranha passam.
— Mas o que você acha dele? — A olhou curioso.
— Eu? — colocou sua escova de cabelo no peito.
— É — confirmou.
— Não sou capaz de opinar — os dois riram — Brincadeira, gosto dele — fez uma pausa — mas só enquanto ele continuar tirando dos ricos para dar para os pobres, se mantendo na vibe Robin Hood de vermelho e azul.
convidou Peter para tomar um café, trazendo seu computador para a mesa da cozinha para que pudessem debater mais sobre o projeto. Os dois conversaram animados sobre a campanha que ela escolherá para ser a base da campanha deles.
— Pensei em adaptar um pouco do projeto, usando seus tios e meu pai como estrelas da nossa campanha — ela disse tomando um gole de café.
— Mas como vamos juntar eles, já que tem idades diferentes? — questionou com os olhos fixos no computador.
— É simples, fazemos uma campanha sobre os sonhos deles para o futuro, como já atingiram uma idade mais avançada do que a nossa, eles acabam vivendo pelos nossos objetivos e esquecem dos seus próprios — falava animada — Vou pegar meu pai por exemplo. O sonho dele, ainda mais depois da chegada do Homem Aranha — Peter não pode deixar de sorrir ao ouvir o nome como agora era conhecido — é de se apaixonar de novo por Nova York. Depois que minha mãe morreu, ele simplesmente não consegue gostar de sair para aproveitar a cidade, com medo do que pode acontecer e com o super-herói "combatendo"— fez aspas com as mãos — o crime, vejo que algo dentro dele mudou. Meu Deus, falei demais. — ela riu — Desculpa.
— Não, não, você falou tudo! — ele respondeu — Gosto da ideia, podemos explorar nas imagens locais que seu pai gostava de ir antes e como ele se sente indo lá hoje.
— Isso — ela sinalizou para que fizessem um hifive e os dois bateram as mãos — Peter você é um gênio.
— Na verdade, a ideia é toda sua, você merece todos os créditos — ele riu bebericando seu café.
— Vamos fazer isso mesmo? — perguntou pegando um biscoito em cima da mesa.
— Tô dentro Miss Stacy — Peter disse criando uma pasta no computador dela com o nome de Destino virando o aparelho para ela com as sobrancelhas arqueadas como se a questionasse sobre o título escolhido, ela apertou a tecla enter em seguida como confirmação. Se fossem fazer aquilo, fariam juntos.
Destino
Depois que saiu da casa de no sábado, Peter precisou ligar o seu sentido aranha e deixar a sua vida “normal” de lado. Os finais de semana eram os dias com mais tentativas de roubos a bancos e pessoas. As ruas ficavam mais movimentadas com mais trânsito de pessoas e veículos. Porém, nada disso impedia os criminosos de cometerem seus atos, não se importavam com luzes ou quantidade de indivíduos, alguns deles eram meros “empregados” de políticos corruptos, fazendo o trabalho sujo por eles. O Lagarto quis dar uma folga para o Homem Aranha e não realizou nenhuma aparição nos dois dias.
Assim o herói pode manter seu foco no que acontecia na cidade dentro do perímetro civil. As aparições do Homem Aranha tinham de ser discretas, porque assim como em outro âmbitos, não eram todos os policiais que gostavam de um justiceiro que se balançava em teias teia se metendo no trabalho deles.
, por outro lado, teve um final de semana entediante. Jared foi convocado para trabalhar no domingo. Com isso, a garota ficou totalmente sozinha, era apenas ela, o álbum de Fine Line do Harry Styles e dois litros de sorvete de chocolate trufado. O final do período estava próximo, assim os professores diminuíram a carga de tarefas para os alunos fazerem em casa, isso era ótimo, mas causava tédio na garota que estava sempre buscando algo para fazer. Havia finalizado a leitura da saga dos livros do Sherlock e o clima estava nublado demais para que conseguisse fotografar algo ou tivesse vontade de sair da cama.
A garota se sentia ansiosa, Peter não lhe mandou nenhuma mensagem desde que saiu de sua casa no sábado. Ela estava curiosa, queria saber se May havia conseguido contato com uma das companheiras de tricô para participar do projeto. Decidiu que iria até a casa deles para ter a resposta pessoalmente. Pegou suas e seus fones se dirigindo ao metrô. Nova York possuía um ótimo sistema de metrô, por isso, Amy conseguiria chegar rapidamente ao endereço dos Parker’s.
Peter estava no topo do Empire State Building, agachado com as mãos nos joelhos, sua posição famosa de Homem Aranha, quando recebeu uma mensagem de perguntando seu endereço dizendo que precisava falar com ele e estava indo para sua casa. O garoto ficou desesperado pensando como chegaria na residência sem que ninguém notasse, estava acostumado a entrar pela janela tarde da noite quando seus tios dormiam.
Parker sabia que chegaria antes, pois ele estava mais longe do que ela de sua casa. Apesar de poder saltar com as teias para lá, e pra cá, ela já estava no metrô e ele ainda não conseguia competir com uma máquina. Começou os cálculos e percebeu que era fisicamente impossível chegar antes, precisaria melhorar sua atuação para tentar ser o mais natural possível ao adentrar na residência, sem que os outros achassem estranho. Em menos de cinco minutos, Peter já estava no telhado de onde morava, tirando seu uniforme, não conseguindo visualizar chegando em nenhum dos lados do Queens. Respirou fundo, concluindo que tinha ganhado a corrida até lá. A janela de seu quarto estava entreaberta, como sempre a deixava, em um salto, ele foi até a abertura.
— AAAAAAAA — e Tia May gritaram juntas enquanto Peter entrava pela janela, o garoto não havia olhado antes de saltar para a abertura da janela e, com isso, não as viu abrindo a porta do cômodo.
— Peter Parker, desde quando você está usando a janela para entrar em casa? E por que está fazendo isso? — Tia May perguntava com as mãos na cintura e uma expressão de dúvida.
— Estou treinando, é um esporte novo. — Peter respondeu colocando seu skate em cima da cama — Parkour é o nome. — disse simplesmente com naturalidade.
— Mas você precisa praticar isso entrando pela parte mais alta da casa? — Sua tia questionou, não conseguia falar nada ainda estava absorvendo que sua dupla entrava pela janela de sua casa e achava aquilo totalmente normal.
— São apenas exercícios, Tia May. — Peter a abraçou e foi em direção a para fazer o mesmo. A jovem de início ficou receosa, porém, o abraçou de volta — Não vou me machucar, prometo.
— , acabou de chegar e pedi para que ela viesse ao seu quarto para te esperar — Tia May falava sorridente — Falamos sobre a quarta pessoa do projeto de vocês, Olivia aceitou participar.
— Olivia dos brincos coloridos de lã? A Watson? — O garoto perguntou com um sorriso nos lábios e Tia May concordou com a cabeça — Adoro ela, tenho certeza de que você também vai gostar .
— Tenho certeza de que vou. — deu um sorriso largo e sincero para tia de Peter passando as mãos pelos braços dela — Obrigada, May. Isso vai nos ajudar muito — apertou as mãos da mais velha — Você tem o número dela para nos passar?
— Claro, tenho sim. — confirmou soltando as mãos da mais nova — Vou pegar em meu celular. — May saiu do quarto, apenas uma deixando uma com cara de dúvida olhando para Peter.
— Parkour, é sério? — ela olhava com os olhos fixos nele — Além do skate, você arranjou outro esporte para se matar?
— Não confia no meu potencial, Miss Stacy? — o apelido saiu de seus lábios seguido de um sorriso de canto.
— Qual resposta você quer ouvir a verdadeira ou a falsa? — ela perguntou indo em direção ao mural com fotos que ele tinha no quarto.
— A verdadeira, óbvio — ele confirmou sentando-se em sua cama, ao lado do skate.
— Você vai acabar se matando. — deu de ombros — Essa é a foto que você me mandou no baile de inverno daquele ano? — segurou a imagem em sua mão, não conseguia falar normalmente sobre a data que perdeu sua mãe e ele confirmou com um sorriso nos lábios — Tenho que confessar que ela é linda, está guardada no meu mural também. — fez uma pausa — Quem diria Peter até que leva jeito para fotografia — os dois riram.
— E qual era a desculpa falsa? — Peter perguntou jogando a mochila em cima do skate na cama.
— Que você fica até bonitinho com os cabelos suados colados na testa — disse em tom de piada, virando-se novamente para o mural, encantada pelas fotografias que ele tirava.
Peter e conversaram por horas no domingo em que ela foi até sua casa. May não a deixou sair da residência deles sem que provasse da sua deliciosa mousse de limão, que o sobrinho havia garantido que não tinha outra sobremesa igual. Ben chegou mais tarde trazendo as compras deles do supermercado e farmácia. Não tocaram novamente no assunto do baile ou na sua entrada pela janela, ele não sabia até que ponto podiam chegar nas duas conversas. Contudo, em nenhum momento ficaram em silêncio, a fotografia e a empolgação pela captação das imagens realmente unia os dois e ele amava a ouvir falando dos planos após o término do ensino médio.
Trocaram algumas mensagens e referências ao longo da semana para conseguirem marcar mais detalhes sobre como e onde fariam os ensaios de cada um dos participantes da campanha. Como trabalhava de segunda a quinta até tarde, usariam a sexta, já que não teriam aula naquela semana por conta da elaboração do trabalho, para fotografar Jared. Ele seria o primeiro modelo deles, seguido de Olivia, May e Ben no final de semana.
telefonou três vezes para Olivia durante a semana para contar mais sobre a ideia principal da campanha que havia desenvolvido com Peter, tinham escolhido cores, lugares e possíveis cenários para as fotos. A artesã ficou muito empolgada com a ideia, queria poder usar os acessórios extravagantes para compor seus looks.
Ela era um doce de pessoa, Olivia saiu de um relacionamento extremamente abusivo, faziam dois anos que estava livre da relação tóxica. Seu ex-marido não a deixava usar roupas coloridas demais ou conversar com outras pessoas sem que ele estivesse próximo. Alegando que a artesã falava demais e se expressava de uma forma totalmente errada, visando essa que era apenas do homem. Ela viu no grupo de bordados, que frequentava junto com May, uma forma de poder se reconectar com si mesma usando e abusando de todos os tons possíveis para criar seus brincos personalizados, os acessórios se tornaram sua marca particular.
Nas conversas com , Olivia confidenciou que seu maior sonho, agora que estava chegando na casa dos 40, idade ao qual as mulheres abominam por se sentirem “velhas” para fazeres certas coisas. A artesã queria encontrar o amor novamente, contou também que seus maiores anseios ficaram presos em uma gaiola por quase 12 anos, tempo que durou seu antigo relacionamento. E de ali em diante queria voar, se permitindo sentir tudo de bom que a paixão oferecia.
A garota ficou muito empolgada para conhecer Olivia pessoalmente, Peter tinha falado muito bem dela, assim como May. E só de ouvir o tom de sua voz pelo telefone, sentia a simpatia e carisma que a mulher possuía.
A semana passou correndo, a sexta-feira chegou, por volta das cinco da tarde, Peter e chegaram na casa da garota, carregando os tripés e luzes que tinham conseguido pegar com a Srta. Smoak para realizarem o ensaio. Ela já havia mandado uma mensagem para o pai avisando que em poucos minutos estariam ali. Ao adentrar no local se depararam com um Jared diferente do que eles imaginavam.
— Só pode ser piada — revirou os olhos, não acreditando no que seu pai estava vestindo, Peter não pode deixar de controlar a risada, se segurava para não gargalhar — Traje de Homem Aranha, é sério? — perguntou largando as luzes ao lado da porta de entrada — Se isso, for algum tipo de castigo, posso pedir desculpa em quinze idiomas, mas, por favor, tire esse troço.
— Primeiramente, não é uma piada. — Jared passou as mãos sobre o traje — E segundamente, essa roupa tem tudo a ver com o meu sonho. Se vocês querem que esse ensaio saia, vão precisar se acostumar comigo com o figurino que a ocasião pede.
— Peter diz para ele tirar essa roupa — ela olhava para a dupla suplicante.
— Desculpa, . — deu de ombros — Mas agora até eu quero um traje do Homem Aranha. — Jared ria da cara que a filha que fez uma expressão que dizia “Traidor” — Roupa maneira, Sr. S, onde consigo comprar uma igual?
— As princesas podem trocar dicas de moda mais tarde, que tal? — revirava os olhos — Pai, o que o Homem Aranha tem a ver com o seu sonho?
— — Jared caminhou até a filha segurando seus braços logo em seguida — Depois que sua mãe se foi, nunca mais consegui sequer sair para passear na cidade. Tudo nestes lugares exalam a energia dela é como se o seu sorriso estivesse em todo lugar. — não conseguia piscava direito, as lágrimas a invadiam, sabia o quanto a perda da amada tinha afetado seu pai, ele se fechou no próprio casulo por quase um ano, mal saia do quarto. Mas com a chegada do super-herói as coisas tinham se alterado — O Homem Aranha me dá esperança, sinto vontade de novamente andar pelas ruas e apreciar as vistas novamente. Ele me faz desejar querer ser picado por uma aranha e você sabe que odeio aranhas. — eles riram um para o outro, selando o momento com um abraço.
Peter observava a cena com carinho, podia perceber o quanto a perda da mãe de tinha sido difícil para os dois. Mas pensar que ele, na verdade, o seu outro eu, o super-herói, motivava Jared de alguma forma fazia com que seu peito se enchesse de alegria e percebesse que talvez ele não estivesse realizando ações erradas, como algumas pessoas julgavam. De certa forma, seu propósito se confirmava, mas nem só responsabilidades vinham com grandes poderes, às vezes afeto também entrava no pacote.
, Peter e Jared fizeram as fotos na Times Square, um dos lugares em que o Homem Aranha mais aparecia, as pessoas em torno deles assistiam atentamente ao ensaio. Não conseguiam saber se aquele era realmente o super-herói ou apenas mais um louco tentando ganhar fama de justiceiro. O pai de se aventurava nas tentativas de copiar algumas das poses do aranha, Peter ficou de pegar ângulos mais externos a ele, focados nas luzes brilhantes da avenida, enquanto a garota ficou focada nas fotos de perfil e retratos pessoais. Não tinham decidido ainda como seria a abordagem final, por isso queriam dispor de várias opções.
Assim como na primeira vez que desapareceu da aula de fotografia, Peter teve de sair praticamente correndo ao final do ensaio de Jared. Como já possuíam material o suficiente, não se incomodou, apesar de achar extremamente estranho o fato de sua dupla fugir sem dar nenhuma explicação concreta. Ela acabava se sentindo preocupada, Ben tinha problemas cardíacos e o sobrinho usava sempre a desculpa que algo havia acontecido em casa. O pai para distrair a filha a levou para comer pizza, aproveitaram para guardar os materiais dela no carro antes e depois se sentaram na calçada da Times Square para ficarem apreciando ali as músicas e as pessoas do local.
Seu pai tinha razão, todas aquelas luzes e cores fortes mantinham vivas as memórias de momentos compartilhados com sua mãe. A alegria que ela ficava quando ia ao local era contagiante apontando para todos os cartazes de filmes ou música exibidos nos enormes telões.
Eram por volta das cinco da manhã, quando Peter bateu na porta dos Stacy’s, a garota estava sentada na poltrona do pai esperando por ele. Sairiam cedo para tentar pegar o pôr-do-sol na ponte para realizarem o ensaio de Olivia. havia transferido todas as fotos das duas passando para seu computador, e carregado as baterias normais e extras para que nenhum imprevisto acontecesse.
Peter trouxe um café achocolatado para ela, assim como uma margarida branca, que, segundo ele, foi dada pela garçonete da cafeteria que ele havia comprado as bebidas. Ele usava touca e sobretudo pretos, calça vermelha, camiseta cinza e seu típico all star preto. Os cabelos estavam mais controlados por conta do acessório, mas alguns fios teimosos ficavam para fora. achava fofa a maneira como, mesmo que ele tentasse penteá-los, seu cabelo sempre se rebelava contra ele.
Os dois saíram caminhando em direção a ponte, conversando sobre as fotografias que tinham feito no dia anterior. também contou sobre a primeira vez que tinha ido com os pais na Time Square, arrancando sorrisos de Peter, queria ele ter podido viver momentos com seus parentes. Não que Ben e May não bastassem, porém, havia momentos em que ele só não queria ter perdido ninguém. As conversas entre os dois eram leves, não precisavam forçar simpatia e não podiam negar que estar trabalhando juntos mostrou todos os pontos que tinham em comum, além do gosto pela fotografia.
O tom alaranjado começava a iniciar no céu, indicando que o sol nasceria em breve, os dois chegaram antes de Olivia na ponte. Peter obrigou a posar para algumas fotos, ainda que ela não gostasse de estar sobre as lentes da câmera. O garoto precisava admitir que ali, sem nenhuma maquiagem, com roupas de frio e o café na mão, ela ficava ainda mais linda. O jeito meigo e carinhoso que ele percebia nela, com as várias perguntas se ele ou seus tios estavam bem a cada novo “desaparecimento” dele. Ele queria poder compartilhar a sua vida dupla com ela, mas não podia, seria perigoso colocá-la em risco e, mesmo que, tivessem se aproximado, não sabia qual seria a reação dela perante o seu segredo.
O som alto de Umbrella de Rihanna pode ser ouvido por Peter e que estavam sentados na ponte analisando pontos de onde fotografaram a artesã. Os dois se viraram curiosos para saber de onde vinha a melodia conhecida por eles. Olivia chegou em seu Audi TT conversível amarelo, performando a música, a mulher era exatamente como a garota havia a imaginado, tinha um sorriso largo no rosto e usava brincos laranjas que contrastavam com seu vestido de seda em um tom de azul escuro brilhante. Os cabelos curtos cortados de forma repicada que lembravam as madeiras de Rachel Green no seriado Friends.
Peter olhou para com uma expressão que sinalizava “Eu avisei que você gostaria dela”. Eles tinham pensado para o ensaio de Olivia, algo sobre renovação para o ensaio da mulher, unindo a ponte com o pôr-do-sol. Visto que a estrada significaria o caminho que ela teria que cruzar para poder se apaixonar novamente e o sol referente ao renascimento dela depois de sair do relacionamento abusivo. Quando contaram a ideia para Olivia pessoalmente, ela os abraçou juntos, com um braço ao redor do pescoço de e outro em Peter, com o olhar marejado. Os garotos não puderam deixar de sorrir, o objetivo do trabalho deles estava completo se a artesã se sentisse feliz. Como não tinham dúvidas, as imagens dela casavam perfeitamente com o cenário.
Eles se dividiram da mesma forma que fizeram o ensaio de Jared. Peter pegava um plano mais amplo enquanto focava nos detalhes do retrato de Olivia. Ela podia jurar, que até aquele momento, nunca tinha fotografado uma mulher linda como a artesã era, o sorriso exalava, além de alegria, uma força incomparável. As cores em sua roupa combinam perfeitamente nela, como em nenhuma outra pessoa, eram parte do seu novo eu, forte, resiliente e, principalmente, amado por si mesma.
não podia esconder como estava feliz, ela e Peter eram uma boa dupla de trabalho e Olivia a deixava ainda mais inspirada. O tempo correu rapidamente quando olharam no relógio já passavam das oito horas e a artesã os daria uma carona para a organização que realizava trabalho voluntário com May. As fotos da tia de Peter seriam feitas no local. Os três adentraram o carro, felizes e realizados, para os fotógrafos o ensaio havia sido revigorante, como se os desse um gás para continuar o projeto, já para Olivia foi realmente como uma forma de renascer para o amor, para a vida e para os novos sonhos que viriam.
— Olivia, tenho certeza de que esse vai ser um dos nossos melhores ensaios. — empolgada no banco do carona mostrava para Peter as imagens — Você é incrível e linda.
— Peter me conhece, sabe que não sou de ficar sem palavras, na verdade gosto muito de falar — A artesã disse entre risos — Mas você me deixou sem palavras. — Peter sorria ao ver a conversa das duas, estavam ambas felizes, assim como ele, finalmente conseguia aprimorar ainda mais suas fotografias — Eu sempre disse para sua tia que encontraria você alguém bom para namorar, sabe? — Olivia olhou para o garoto pelo espelho do retrovisor.
— Hã? — ele perguntou para Olivia e rapidamente disse: — Ah, não, não. Eu e somos só amigos, não namoramos, nem temos nenhum tipo de relação amorosa, é tudo extremamente profissional — não pode deixar de esconder um sorriso pela forma que ele ficou tímido para negar que os dois não tinham nada — Somos amigos, certo?
— Óbvio que somos amigos, Peter — revirou os olhos no banco do carona — Se não fôssemos, eu me negaria a fazer trabalhos com você. E não precisa negar em quinze línguas que não temos nada, aposto que Olivia entendeu na primeira vez — as duas riram e Peter se remexeu desconfortável no banco de trás do carro.
— É uma pena vocês não serem um casal, os dois combinam — Olivia disse simplesmente colocando novamente seus óculos escuros para dirigir.
— Sabe o que pode combinar mais do que eu e ? Você e o pai dela — Peter mudou de assunto, virou para ele com uma expressão confusa.
— Está oferecendo meu pai por aí, Parker? — questionou — Não que você não seja linda, Olivia, longe disso. Não me entenda mal — ela se embolou nas palavras — Mas o que deu em você, Tony Hawk, para sair falando que meu pai é solteiro?
— Acho que Olivia e Jared fariam um casal bonito — ele deu de ombros — só isso.
— Podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui, por favor? — Olivia ria com as mãos no volante — E Peter você virou o Tinder por acaso?
— Quase isso.
Os três conversaram mais sobre as fotografias, sobre o antigo relacionamento de Olivia e como ela havia saído dele. Peter foi até o Instagram de para escolher uma foto dela com o Pai para mostrar para a artesã, que ficou tímida quando visualizou a imagem Jared.
estava achando graça da situação toda. Nunca tinha imaginado o pai com outra pessoa, mas acaso ele quisesse arranjar outra pessoa, ela não se importaria. Sabia que Jared amara sua mãe, e desejava que fosse feliz, de qualquer forma. Ele era como o farol dela, a guiando pelos caminhos mais difíceis e que independentemente de onde viajasse, sabia que podia voltar sempre para casa. E Olivia era um partido ideal, porém a filha não se meteria se fossem para os dois se encontrarem o destino os uniria.
Chegando ao local da organização que May e Olivia confeccionavam as peças para doação, Peter observou que vislumbrava atentamente todo o espaço. Havia cerca de 15 mulheres, de idades distintas, concentradas em seus bordados. A tia do garoto estava os esperando na ponta da grande mesa em que depositavam o material.
Peter não havia sequer perguntado o sonho de sua tia. Tinha certeza de que ela diria algo sobre cuidar ainda mais do próximo, faziam anos que o serviço social era parte da vida diária de May. Fosse na confecção das roupas, distribuição de alimentos ou até mesmo organização de eventos para arrecadação de fundos para campanhas solidárias.
May amava trabalhar em função do próximo e o cuidado se tornava redobrado quando se tratava de Peter e Ben. Nas refeições sempre quentes quando os dois chegavam em casa ou nas noites seguidas em que passava ao lado do menino para que ele pudesse dormir sem ter medo, após a morte dos pais. Sua tia era a mãe que Peter havia conhecido, nunca tinha deixado que amor, cuidado e proteção o faltassem.
As fotografias de May seriam feitas no local que tanto gostava de estar, amou a ideia quando Peter a contou, envolvia sentimentos que ela conhecia bem. Sua mãe era bem parecida com a tia do garoto, sempre ativa para o próximo e mais para os de sua casa.
Nas fotos focaram nos bordados e nos detalhes que May depositava nas peças. Quando contaram para ela o objetivo geral do trabalho, a tia apertou as mãos de ambos, como se Peter tivesse acertado em cheio na temática em que trabalharia. Os dois ainda ganharam das artesãs toucas personalizadas com as iniciais de seus nomes e sobrenomes.
Já havia anoitecido quando os se dirigiram a casa de Peter para descarregarem as câmeras com as várias fotos que tinham tirado de May e Olivia. Estavam cansados, se jogou de barriga para baixo na cama de Peter assim que chegou no quarto do garoto. Seus cabelos presos em uma trança lateral e a mochila nas costas. Não pretendia se mexer pelos próximos 30 minutos. Peter chegou e foi direto para o banho deixando deitada em sua cama, enquanto as fotos eram transferidas para o computador. A garota se levantou do móvel, colocando sua mochila na cama de Peter, indo em direção ao mural dele que havia ganhado novas fotos.
— Não posso sair por cinco minutos que você já está espiando minhas coisas? — Peter perguntou esfregando os cabelos molhados na toalha. Estava sem camisa, vestindo apenas uma calça cinza. se virou na direção dele, não podendo evitar que seu olhar caísse sobre o abdômen nu a sua frente, definido com algumas marcas grandes vermelhas. Mas não focou muito no lugar, para que o garoto não notasse.
— Não estou espiando nada Parker, apenas admirando suas fotos novas — deu de ombros e virou-se novamente para o mural — Como você conseguiu essa do topo do Empire State Building? — apontou para a imagem esperando uma resposta de Peter que demorou um pouco para falar.
— Foi com um drone — Peter balbuciou.
— Você tem um? — ela questionou — Podíamos usar nos ensaios se você tivesse me dito.
— O drone é de um amigo meu — sua voz desafinou — Ele gosta bastante de altura.
achava Peter escorregadio em suas respostas quando era muito questionado por ela, fosse nas saídas sem motivo ou nas perguntas simples. Mas ela também não queria invadir o espaço de amizade deles, talvez ele fosse falar mais sobre o que estava acontecendo mais para frente.
Depois de transferirem as fotos para o computador de Peter. avisou que precisava pegar o metrô e o garoto a acompanhou até a estação. May não a deixou sair sem que levasse pelo menos uma marmita com o jantar que havia feito para ela, Ben e Peter. No final das contas, a garota também acabou conhecendo mais da família Parker e simpatizando com ela.
Peter logo após deixar em sua estação, vestiu seu traje e a acompanhou indiretamente até que ela chegasse em segurança em casa. As luzes de sua residência estavam ligadas, Jared devia estar acordado em frente a televisão esperando alguma notícia do Homem Aranha. E como ele não queria desapontar um fã, foi a caça de um pouco de diversão na vida de combate à criminalidade noturna, mas tudo para não deixar o pai da garota sem ter o que assistir.
O ensaio de Ben, tio de Peter, ficou marcado para domingo à noite, as fotos seriam realizadas em um antigo bar em que ele tocava, antes de se casar com May. O casal havia se conhecido nos anos iniciais da escola. Mas ela, por sua vez, ficou interessada em outro homem que se envolvia em ações criminosas.
Quando o ex-namorado de May veio encontrá-la no bar em que Ben se apresentava e a pediu em casamento no local, o que não sabia, no entanto, era que o tio de Peter estava lá para expô-lo como um assassino, após realizar investigações durante seu trabalho como policial. E também para consolar o coração partido da mulher pela qual sempre foi apaixonado. O relacionamento do casal evoluiu para um amor genuíno, feliz e duradouro, resultando, mais tarde, em um casamento.
Ben era a figura paterna que Peter teve, apesar de mais calado e reservado, o tio estava sempre presente para enfrentar todas as situações com ele. Era protetor e queria sempre ver o sobrinho bem. Com a idade avançada, Ben já era um oficial aposentado, atuou por anos em delegacias do Brooklyn. Seu grande amor, depois de May, era a música. Seus discos de blues enfeitavam a garagem da casa dos Parker’s, visto que a esposa não achava que os objetos combinavam com a decoração da sala deles.
As fotos de Ben significariam o sentimento de paixão, Peter e haviam pensado em um jogo de cores em vermelho e laranja para deixar as imagens com um ar mais quente, já que se tratava de uma sensação que mexia bastante com o emocional. A garota marcou de encontrar os Parker’s no próprio bar, porque o local era mais próximo de sua casa no Brooklyn.
Chegando no local viu Ben mostrando um violão antigo para Peter. Os dois estavam entretidos em um assunto dando risadas. Ela não pode deixar de olhar em volta do lugar, com vários discos de bandas de rock antigo e cantores de blues espalhados pelas longas paredes pintadas em um tom de vermelho sangue, havia luzes neon em formato de desenhos de garrafas de cerveja, coqueiros e contornos de instrumentos.
Dos quatro, o ensaio de Ben foi o que mais tiveram dificuldades para captar as imagens, já que o ambiente possuía mais iluminação artificial e necessitava de um maior jogo de câmeras. Peter e precisaram repensar em alguns ângulos e poses que queriam que o mais velho fizesse para que tudo saísse perfeito. Apesar da dificuldade nas fotografias, estavam conseguindo obter o resultado que tanto queriam os olhos do tio de Peter brilhavam ao tocar novamente seu violão depois de anos. Alguns clientes antigos que frequentavam o bar há anos, chegavam no local sorridentes não acreditando que B.Parker estava de novo nos palcos.
O celular de Peter começou a vibrar em cima da mesa onde ele e tinham deixado o resto dos equipamentos. Porém, o garoto ainda não tinha percebido o quão repetidamente os toques se tornaram.
— Peter, seu celular está vibrando sem parar faz quase 15 minutos — colocou sua câmera na mesa sentando-se na cadeira disposta ao lado do móvel.
— Jura? — Peter veio em direção a mesa colocando a mão no bolso da mochila em que estava o aparelho.
— Não, é piada — ela revirou os olhos — Gosto de mentir sobre vibrações de celular.
— HA HA HA engraçadinha — ele olhou o visor do celular nervoso e começou a guardar suas coisas — , eu…
— Deixa eu adivinhar — fez uma pausa dramática — precisa ir? — Ela nem deixou com que ele completasse sua fala — Estou me acostumando com as suas desculpas Parker — se levantou — Termino sozinha o ensaio do seu tio — frisou bem a palavra — Mas saiba que uma hora ou outra você vai ter que me contar o que anda fazendo na rua.
— Eu juro que vou recompensar. — Peter colocava a mochila nas costas, acenando para tio Ben que o olhava com uma expressão confusa — Me desculpa mais uma vez, . Você é mil. — beijou a bochecha dela, apressado, e saiu pelo restaurante.
— Eu sei. — ela gritou o suficiente para que ele pudesse ouvir.
Suspeitas Espetaculares
estava cansada das desculpas de Peter. Seu sexto sentido gritava que algo acontecia ali. Ele guardava um segredo e ela gostava de bancar o Sherlock Holmes. Como ficou apenas com Ben, a garota inventou uma desculpa para o mais velho de que precisava ir até a casa dos Parker's para fotografar a lua, na hora pareceu uma boa invenção, no terraço deles. Com a motivação falsa contada para o tio de Peter, ela alegou que as fotos faziam parte de um outro bloco do projeto que estavam trabalhando.
divagou pensando em como conseguiria pegar Peter no pulo, como um estalo repentino, ela pensou no dia em que o garoto havia entrado pela janela e calculou que ele devia estar vindo do topo da residência. Por isso, se quisesse pegá-lo, teria que esperar no local.
O tio de Peter concordou sem pensar duas vezes, afinal e o seu sobrinho estavam trabalhando há duas semanas no projeto, responsável pela nota total dos dois durante o período. Portanto, sabia que se tratava de uma campanha grande que necessitava de um esforço e tempo maiores. Contudo, o que o mais velho não tinha entendido bem era porque só a garota iria para lá, sem seu sobrinho, e também porque Peter saiu correndo apressado pelo restaurante.
A garota conseguiu inventar mais uma desculpa para Ben falando que Peter havia ido comprar mais pilhas para os bastões de luzes que estavam usando nas produções. Ao chegar na residência dos Parker’s, May os esperava com café quente e bolo de laranja. A mulher disse a para que ela ficasse à vontade no quarto do sobrinho e no terraço. Indicou também por onde ela conseguia descer diretamente do cômodo até o térreo sem que precisasse passar por dentro da casa, utilizando uma escada lateral.
O espaço era quase todo vazio. O único bloco de concreto que existia era uma mini oficina de Ben, local o qual guardava suas ferramentas e o cortador de grama. May deu a chave do pequeno cômodo para , caso chovesse ou ela sentisse frio poderia se abrigar ali. A porta da pequena oficina de Ben tinha três frestas pequenas que possibilitavam a visão de quem estava de dentro do espaço para o terraço, porém quem estava de fora não enxergava quem estava lá. pensou que aquele era o plano perfeito, ficaria escondida até a hora que Peter chegasse e o pegaria no flagra. Seja lá o que fosse que ele estivesse fazendo.
May e Ben foram dormir cedo pelo que pode ouvir depois de se trancar no cômodo do terraço. O casal já não esperava pela chegada do sobrinho acordado, porque estavam acostumados com seus sumiços repentinos. O silêncio de Nova York se tornou irônico na noite em que sua cabeça fazia mais barulho. Não sabia o que esperar ao descobrir o que Peter andava escondendo. Será que ele era uma assassino? Estava metido com drogas? Era um garoto de programa? Várias perguntas passavam por minuto na cabeça de , a garota não tinha certeza se realmente queria saber o que estava acontecendo, mas já estava lá e, agora, iria até o final para solucionar esse mistério. Apesar de às vezes a dúvida era uma dádiva.
olhava em seu relógio de pulso, faziam exatos 97 minutos que estava “presa” dentro do cômodo e nada de Peter aparecer. A vontade de desistir se igualava à curiosidade. Mas um leve barulho a despertou de seus pensamentos, procurou cautelosamente com a lanterna do celular, apontada para o chão, para ver se enxergava alguma aranha ou qualquer outro bicho. Era só o que lhe faltava bancar a espiã e ainda sair machucada. Sherlock Holmes provavelmente não iria se orgulhar disso.
Atenta a movimentação exterior, não pode acreditar no que estava diante de seus olhos pelas frestas na porta. Era o Homem Aranha, literalmente, em carne e osso, ele parecia mais magro, assim, visto de perto. A garota tentou evitar fazer movimentos bruscos, para que ele não desconfiasse ou percebesse que tinha mais alguém no espaço. Mas o que a deixou ainda mais surpresa, de início, foi que o super-herói estava com a mochila de Parker nas costas, encostado na beirada da calha da residência da família.
O que veio a seguir fez com que juntasse todas as peças do seu quebra-cabeça. Ao tirar a máscara de super-herói estava lá a pessoa pela qual ela esperou mais de uma hora. Peter Parker era o Homem Aranha. De repente tudo fez sentido: as fugas sem resposta, os arranhões no abdômen, a foto do Empire State Building. Todos os acontecimentos se encaixavam perfeitamente. Ainda que parecesse toda aquela situação pudesse parecer óbvia, nunca passou na cabeça da garota que dupla fosse o amigo da vizinhança. possuía muitos questionamentos, em sua cabeça, que precisavam ser respondidos. Como isso era possível? Peter tinha sido picado? Por quanto tempo isso vinha acontecendo? Alguém mais sabia?
Queria poder falar com Parker sobre aquilo, mas sabia que aquele não era o momento certo, estava extremamente confusa. ainda precisava processar tudo que estava acontecendo, digerir todas as informações. Ligar os pontos foi fácil, porém conseguir compreendê-los era mais complicado. Para ter certeza de que aquilo não era um sonho ou delírio seu. tirou fotos, da maneira mais discreta que conseguiu no pequeno espaço que estava, capturando nas imagens Peter sem a máscara, mas ainda vestindo o traje de Homem Aranha.
Peter tinha enfrentado o Lagarto novamente naquela noite. As marcas em seu traje mostravam isso. O rádio da polícia não parava de sinalizar novos ataques por toda Nova York. O celular do Homem Aranha tinha uma conexão direta com a estação policial, o que fazia seu celular vibrar durante o ensaio das fotos de Ben. pode perceber isso, porque mesmo que ele estivesse parado no terraço, o aparelho continuava a tocar.
Ao chegar no terraço de sua casa, Peter teve de ficar alguns minutos parado, seu corpo inteiro doía dos ataques que o Lagarto havia lhe dado. Seu abdômen era a parte que estava mais marcada pelas garras do vilão. Antes que entrasse em casa, certificou-se de que seus tios estavam dormindo. Mas algo estava errado, seu sentido aranha estava mais aguçado como se indicasse que havia mais alguém com ele no terraço, apesar de ser quase impossível daquilo ocorrer, já que Ben dormia tranquilo em seu quarto e era o único que tinha a chave do cômodo das ferramentas que, aparentemente, estava trancado.
Tentando desviar seus pensamentos, Peter pensou em mandar uma mensagem para para se desculpar novamente por ter saído sem nenhum motivo ou desculpa estruturada. Porém, olhando em seu celular, pode visualizar o horário, já passava das duas da madrugada, por isso, ele decidiu que era melhor deixar para amanhã para falar com ela.
saiu do cômodo do terraço dos Parker’s, depois de vinte minutos em que Peter, ou melhor Homem Aranha, havia descido para a janela de seu quarto. Tentou fazer o mínimo barulho possível para abrir a porta e descer as escadas pela lateral da casa, como May tinha lhe ensinado. Por sorte, era o quarto dos tios do garoto que fazia a beirada com o local que ela tinha que descer.
Pelo horário avançado, já não conseguiria ir de metrô para casa, as linhas paravam sua circulação a meia noite nos finais de semana. Em função disso, precisou caminhar até a estação que normalmente pegaria para ir à sua residência, como desculpa para seu pai. Logo após chegar ao local, ligou para Jared.
— , o que você está fazendo aqui? Achei que vocês estaria no bar próximo de nossa casa — Jared disse assim que ela entrou no carro, jogou sua mochila no banco de trás.
— E eu estava, pai — ela colocou o cinto — Mas ficaram muitas fotos e precisei descarregar aqui no Peter.
— E vocês não podiam fazer isso lá em casa? — ele questionou.
— Virou jornalista? Quantas perguntas — riu olhando para o pai — É que a maioria das fotos estava no computador dele. Com isso, decidimos trazer todo material para cá para ficar em apenas um lugar. Ben e Peter me deram carona. Mas como demoramos olhando as fotos, o Sr. Parker dormiu e eu não quis acordá-lo. — completou com a sua mentira.
— Você não pode ficar andando por aí sozinha, , sabe disso — Jared comentou sério em tom de alerta.
— Eu sei, pai. Mas estamos na cidade que nunca dorme e, além disso, nós temos o Homem Aranha para nos proteger. — sorriu ao lembrar que sabia a identidade do super-herói favorito de Jared.
— Mas o Homem Aranha tem problemas maiores do que uma adolescente de 18 anos na rua, às duas da manhã. — ele afirmou.
— Você é que pensa — virou seu rosto para a janela — Aposto que o Homem Aranha enfrenta os mesmos problemas que eu. E está mais próximo de nós do que pensamos.
— Como assim? — o pai a olhou confuso.
— Ah, pai. Sabe como é, né? Só estou usando meu sentido aranha. — ela ironizou.
Peter e não se encontraram na segunda-feira na escola. Por conta do final do período, tinham mais horários vagos do que o normal e nas aulas que frequentavam juntos as avaliações já estavam todas feitas, apenas faltava o envio das notas para os alunos. Ele não havia criado coragem o suficiente para lhe mandar mensagem ainda, achou que se o fizesse ela apenas o ignoraria, por estar com raiva dele. Mas tinha conhecimento que não podia postergar o momento ainda mais.
Off-line
Tony Hawk, consegui passar as fotos do ensaio do seu tio para o meu computador.
Estou te enviando o link para acesso por e-mail.
Não vamos conseguir nos encontrar até pelo menos quarta, porque meu pai pegou um resfriado, você acredita?
Aposto que foi o traje do Homem Aranha! 🕷
Tenho medo de que eu também pegue e saia distribuindo para todos os lados.
Por isso, se você conseguir, ir editando umas fotos daí.
Vou tentar fazer o mesmo em casa.
Beijos, Miss Stacy.
Parker suspirou aliviado quando recebeu a mensagem vindo dela primeiro. Era um sinal que não estava tão brava com ele, como o garoto imaginava. Acreditava que ela estava empolgada, assim como ele, para que o projeto dos dois saísse perfeito da forma como pensaram. O link para que ele acessasse as fotos de seu tio veio logo após a notificação da garota.
Como se o destino ajudasse a não ter que lidar com Peter, depois de inventar um suposto resfriado de seu pai, um e-mail chegou de Srta. Smoak remarcando a data de entrega do trabalho final, que seria no final da semana. E, devido às festividades de Natal na próxima semana, teriam mais duas semanas para entregar o ensaio. A nova data para conclusão da campanha ainda seria pensada pela professora e os alunos, visto que precisavam concluir o curso até o ano novo.
aguardava ansiosa o resultado da resposta do Instituto Francês, a organização tinha como prazo máximo até o sábado, depois do Natal, para enviar a resposta da admissão na faculdade. Com as poucas aulas, a garota acabou trocando seu horário de trabalho para o turno da manhã. O movimento no estabelecimento no período se resumia a pessoas bêbadas saindo de festas ou senhores que assistiam o jornal das seis da manhã. Com isso, tinha mais tempo livre, o que fez com que editasse o ensaio de Jared praticamente sozinha. Estava empolgada, as imagens tinham ficado realmente bonitas com as luzes da avenida combinadas com traje.
A garota estava evitando ao máximo pensar sobre o que aconteceu no terraço dos Parker’s. Não sabia como conversaria com Peter sobre o assunto e o contaria que sabia o seu segredo. Não podia fazer aquilo em uma mera mensagem de texto ou em um debate casual. pensou que tinha que anunciar que tinha conhecimento das informações de uma forma tradicional. Ainda estava digerindo que sua dupla era o Homem Aranha, disto não havia dúvidas, mas outros questionamentos estavam presos em sua cabeça.
A semana correu, com as edições e o trabalho Peter e trocaram apenas mensagens virtuais, sem que se vissem pessoalmente. A garota adorou esse período de distanciamento, foi um bom período para que conseguisse visualizar, com calma, tudo que sabia. Teria mais tempo para pensar sobre a situação envolvendo o Homem Aranha, mas devia confessar que estava com saudade de Parker, havia se acostumado a ter ele em sua rotina.
No final de semana e Jared foram assistir a um especial de Natal na Times Square. Contudo, como nada poderia acontecer normalmente, o Lagarto apareceu para causar, em mais uma noite de Nova York, seguido do Homem Aranha que estava atrás do vilão. Jared parecia uma criança, assistindo ao longe, os dois travarem uma briga, que provavelmente faria Peter sair muito machucado. Era engraçado vê-lo ali cheio de coragem e valentia diante tantas pessoas e o maluco que poderia matá-lo. Porque parecia o total oposto do garoto desengonçado do sorriso largo que ela conhecia.
Já Peter, nestas duas semanas, teve trabalho dobrado em casa e nas ruas. May o obrigou a ajudar quase todos os dias, em seu tempo livre, na organização que ela ajudava. Auxiliando na distribuição dos casacos que a tia e as outras artesãs fizeram. E à noite, o crime em Nova York, continuava não dando tempo para que ele pensasse no projeto dele e de . Conseguiu editar algumas fotos dos ensaios de seus tios, eles ainda não tinham decidido quem mexeria nas de Olivia e como Parker não estava em posição de mandar esperava que a garota tomasse uma decisão pelos dois.
***
No lar dos Stacy’s, foi, pela manhã, atrás de lenha para colocarem na lareira e também nos correios para enviar os presentes que ainda faltavam ser despachados para seus avós. Jared sempre inventava de comprar mais presentes nos últimos dias. Ela odiava ter que enfrentar a longa fila que anualmente se formava no local. Ao chegar em casa, quase ao meio-dia, pai e filha começaram os preparativos para a ceia. Ficaram cozinhando para fazer uma enorme refeição para apenas duas pessoas, gostavam das tradições que eles tinham criado para fazeres juntos como assistir ao Grinch antes da virada da festa.
May estava com a ceia de Natal quase toda encaminhada pela manhã também na casa dos Parker’s. Peter arrumava os últimos presentes na árvore e Ben tinha ido buscar algumas encomendas de doces e bolos na padaria próximo a casa deles.
— Peter, chegou uma carta para você! — Ben gritou da porta da frente carregando consigo duas sacolas.
— Carta? Para mim? — Peter se levantou indo em direção ao tio.
— Pelo menos tem seu nome nela, não conheço nenhum outro Peter Parker. — o tio entregando o envelope para o sobrinho.
Peter olhou atentamente para o pacote em kraft com selo e seu nome na frente e o virando ao contrário havia as iniciais M.S. Em primeiro momento, ele não tinha conseguido identificar de quem se tratava. Mas escrito em letras minúsculas bem na parte em que envelope devia ser aberto estava a frase: “Abra somente quando estiver sozinho”. May e Ben o olhavam curiosos para saber o que ele faria com o presente.
— Vou abrir no meu quarto. Vai saber o que pode ter escrito aqui, né? — Peter passou as mãos pelo cabelo, subiu apressadamente os degraus em direção ao seu quarto e trancou a porta do cômodo logo em seguida.
Ao abrir o pacote a primeira coisa que viu foi uma imagem sua com o traje de Homem Aranha, apenas sem a máscara, o que facilitava seu reconhecimento. No envelope tinham pelo menos mais três fotos parecidas e, por fim, um bilhete. Peter o abriu nervoso imaginando quem poderia ter descoberto sua verdadeira identidade.
“Descobri seu pequeno segredo, Tony Hawk ou devo dizer Homem Aranha?
Tenho que confessar, Peter, você é bom em guardar segredos.
Mas li Sherlock, sou treinada para identificar pistas.
Não se preocupe, mais ninguém sabe sobre o assunto. Nem mesmo o fanboy do meu pai.
Feliz Natal, Cabeça de Teia!
Beijos,
Miss Stacy (M.S)
P.s: Não ache que porque você é um super-herói seu trabalho vai diminuir no projeto. Pelo contrário, vai dobrar“.
Peter riu ao ler a mensagem do bilhete. Pelas fotos conseguiu identificar o dia que elas foram tiradas, sendo no mesmo que em seu sentido aranha dizia que tinha alguém no cômodo do terraço, e mais uma vez, ele não tinha falhado. Era que estava lá, bancado a espiã demais atrás dele.
já imaginava que Peter tinha recebido seu pacote pelos correios, achou que poderia aproveitar da data para contar que sabia o seu segredo da maneira mais tradicional possível com uma carta e um bilhete escrito à mão. O Natal suavizava o fato dela ter descoberto a verdadeira identidade do super-herói favorito de seu pai e de sua dupla do projeto.
Ansiosa por uma resposta de Peter, a garota não conseguia dormir, virava-se de um lado para o outro na cama, não poderia ser calor, estava nevando lá fora. Já cansada das inúmeras tentativas de pegar no sono. Por isso, optou por ficar acordada e foi sentar-se nos degraus do lado de fora de sua casa com um café em mãos e suas pantufas nos pés. O que a surpreendeu foi quem ela encontrou do lado de fora de sua residência.
— O que você está fazendo aqui? — assustou-se ao abrir a porta da casa — Ainda mais vestido assim? — apontou para o traje de Homem Aranha.
— Estava por aí e decidi vir espiar para ver se você tinha algo para me esconder também — ele riu, ainda de máscara
— Só pode ser brincadeira — ela revirou os olhos — O que eu esconderia? — questionou com as sobrancelhas arqueadas.
— Que é obcecada por mim. — Peter tirou sua máscara.
— Você é que tem fotos minhas penduradas no seu quarto, Parker — o sobrenome dele saiu irônico dos lábios dela.
— Fala sério, . Pode confessar a quedinha que você tem pela minha pessoa. — ele apontou para ela.
— Por você de máscara ou sem máscara? — sentou-se nos degraus.
— Qual você prefere? — Peter se agachou em cima do corrimão da escada dela.
— Nenhum dos dois. — deu de ombros — Mas o sem máscara é mais bonitinho — fez uma pausa — Quando você ia me contar sobre a sua vida dupla?
— Para ser sincero, nunca. — os dois riram — Ainda não consigo diferenciar o que sou eu pessoalmente ou justiceiro. Ninguém — olhou fixo para ela — Além de você, sabe.
— Me sinto exclusiva. — levantou sua caneca de café em brinde — Obrigada pelos mimos, Cabeça de Teia. — Um barulho pode ser ouvido de dentro da casa de , Peter como estava vestido de Homem Aranha deu um jeito de lançar sua teia e ir embora, deixando a garota sozinha nos degraus da residência.
— , com quem você estava falando? — Jared, sonolento de pijama, aparecia na porta.
— Com as vozes da minha cabeça. — apontou para sua cabeça — E está cedo demais, volte a dormir. — ela se levantou dos degraus.
— Filha, você não limpou as escadas para o Natal? — ele perguntou.
— Limpei. — afirmou — Por quê?
— Está cheio de teias de aranha, ali — o pai apontou para os degraus em que ela estava sentada — Tem teias até em você, — Jared passou as mãos pelas costas da garota.
— Malditas aranhas!
A resposta do Instituto que havia aplicado chegou no sábado de manhã. Ansiosa, ela esperou por Jared, que estava fazendo sua corrida matinal, para abrir a mensagem. As duas palavras que tanto sonhou brilharam na tela, a garota tinha sido aceita na escola francesa para estudar fotografia, com bolsa integral, garantindo moradia e alimentação. O pai a abraçou feliz que finalmente a filha daria o primeiro passo em busca do seu sonho. mandou uma mensagem avisando Peter sobre a faculdade. A resposta dele veio quase que instantaneamente a parabenizando e dizendo que sempre acreditou que ela conseguiria a vaga.
Srta. Smoak marcou para terça-feira, dia 28, a apresentação dos projetos. e Peter estavam com quase todos os ensaios editados, faltando apenas algumas fotos de Olivia que ficaram sob responsabilidade dele. Não podiam negar, afinal, eram uma boa dupla e faziam o trabalho funcionar entre eles.
teve de admitir para si própria que estar Peter nessas três semanas foi uma experiência incrível. Aprendeu com ele novas técnicas de captação de imagens e edição. Ele sabia muito sobre a área fotográfica e era um bom professor. Além de também ser uma boa companhia, Parker era cuidadoso, atencioso e engraçado, apesar de suas piadas não serem as melhores. May e Ben perguntavam periodicamente sobre a garota para o sobrinho e queriam que os dois fossem mais que só amigos, já que ele nunca tinha apresentado nenhuma namorada para eles.
As conversas entre os dois se tornaram mais frequentes, agora que sabia o segredo do Homem Aranha. Peter podia contar tudo do seu dia e de seus medos para ela que sempre respondia com alguma piada ou sarcasmo sobre o fato do amigo ser um super-herói.
A apresentação do projeto ocorreu na terça-feira, como previsto, emocionada Srta. Smoak disse que Peter e eram obrigados a publicar todas as fotos. Com Jared sendo a esperança, Olivia se tornou renascimento, May cuidado e Ben a paixão. O quarteto perfeito para ilustrar a amizade dos dois jovens, mas, ironicamente, eles também conseguiram retratar tudo que o surgimento do Homem Aranha significou não só para Nova York como para Parker.
2 meses depois,
01:46 da manhã.
ouviu alguém tentando abrir a tranca de sua janela e já sabia de quem se tratava. As conversas com Parker se tornaram mais intensas e os dois dividiam inseguranças, piadas e a vida. Depois de saber sua verdadeira identidade, conseguiam conversar sobre os mais variados assuntos, ela se sentia muito exclusiva por poder saber do lado heróico dele. E, para ele, era extremamente bom ter alguém para dividir a vida dupla, sem precisar usar máscaras.
embarcaria na manhã seguinte para a França para seguir o seu sonho junto com a fotografia. Ainda que não quisesse confessar para si próprio, Peter já conseguia imaginar a vida sem ela mais e nem queria isso. Os seus sentimentos por ela só aumentavam e seu companheirismo perante todas as situações heroicas dele, só faziam tudo aumentar.
O primeiro beijo dos dois aconteceu dias depois da apresentação do projeto, os encontros casuais deles aconteciam normalmente nas madrugadas, em vários terraços espalhados por Nova York. Juntos, eles fotografaram diversas pessoas, locais e, também, um ao outro. Colecionaram memórias e momentos que seriam eternizados nas imagens. Provando, mais uma vez, que uma imagem valia mais que mil palavras.
— Vai quebrar a tranca desse jeito, Cabeça de Teia — disse se levantando da cama.
— Não sei por que você cisma em trancar isso — ele entrou pela janela e tirou a máscara, entregando um buquê de margaridas para ela, o ato se tornou rotineiro, pois Peter sabia que ela gostava das flores — A única pessoa que alcança essa janela sou eu.
— Justamente para evitar que você entre, dã — revirou os olhos, colocando as flores no vaso ao lado de sua cama — O que você quer?
— Queria me despedir não sei se consigo chegar a tempo no aeroporto amanhã, tia May vai distribuir mais agasalhos e precisa que alguém os entregue — com o olhar fixo no dela — , eu preciso te dizer uma coisa.
— Vish, lá vem. — ela foi para frente dele — Desembucha, Peter. Sou ansiosa!
— Vou sentir sua falta, . Tipo muita falta mesmo — Ele segurou nos braços dela.
— Tá doente? Que declaração é essa do nada? — tocou a mão na cabeça de Peter fingindo que estava verificando se ele estava com febre.
— Você pode, por favor, aceitar o momento em que estou falando dos meus sentimentos? — os dois riram.
— Poder eu posso. Mas quem disse que eu quero? — ela questionou brincalhona — Também vou sentir muito sua falta, Cabeça de teia. — respondeu sincera se aproximando mais dele — Mas pelo que andei estudando, tem bastante crime na França — sorriu sincera para ele — Você pode ir me visitar quando quiser, é só soltar umas teias por aí.
Segurando o rosto dela com as duas mãos, Peter cortou rapidamente o mínimo espaço que havia entre os dois, selando seus lábios no dela. Em beijo que exalava o carinho e cuidado que os dois tinham pelo outro, construído ao longo dos meses que conviveram sendo mais próximos. passou os braços pelo pescoço do garoto. Sabiam que aquele momento era apenas o início da jornada espetacular que teriam juntos. Ele seria sempre o lar que ela poderia voltar em Nova York e ela seria a casa que ele visitaria frequentemente na Europa.
FIM!
Quero deixar meu agradecimento a todo mundo que comentou e leu a minha primeira história aqui no FFOBS, ela foi surto entre o Natal e o Ano Novo. Foi uma forma de me experimentar na escrita e ainda que possa achar 20 mil defeitos nela, gosto do resultado.
Quero agradecer ao meu trio de maria patins, Thai e Manu, vocês foram essenciais neste processo. Obrigada por me encorajarem a publicar as minhas histórias e darem asas para as minhas ideias malucas. Amo muito vocês.
Quero agradecer também as Eternas/Winx: Bruna, Julia, Gabi e Thais. Vocês também fizeram parte do meu processo como autora. Fico feliz em estar cercada de mulheres talentosas que compartilham suas histórias conosco.
E, por último, mas não menos importante, deixo o meu imenso obrigada a Thais, minha scripter. Obrigada amiga por todas as horas que passamos em chamada, sem elas Flashes não teria saído do Google Docs.
Para quem gostou desta história. Também estou escrevendo Taste the Feeling, em parceria com a minha duplinha de escrita e de vida, Julia maravilhosa Serra. A história passa em realidade de Natal com 5 casais perfeitos, então, se vocês gostam de Dylan O’brien, Sebastian Stan, Lewis Hamilton, Tom Hiddleston e Ben Barnes, nós temos a fanfic perfeita. Nós também temos um grupo no Whatsapp em que vocês podem conversar comigo mais de perto.
Isso não é um adeus, vamos dar muitos flashes por aí ainda.
Grande beijo, Mi.
Nota da scripter: O maior surto coletivo do final do ano, foi ficarmos sedentas por Andrew Garfield. Graças a isso, essa fanfic maravilhosa surgiu! Obrigada por permitir que eu pudesse participar deste processo, como amiga e como scripter, me sinto lisonjeada de estar ao seu lado. Sua trajetória como escritora apenas começou, Milene, e já estou ansiosa para as próximas produções que você irá nos proporcionar. Um grande beijo, Thaís.
Outras Fanfics: Multifandom (Com Jú S.)
➺ 11:11
➺ Taste The Feeling
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