Postada em: 30/10/2020

Capítulo Único

Ela chegava de mais um plantão. Abriu a porta de casa e sentiu cheiro de tomates frescos convertidos em molho. Seu cachorro, Loki, vinha correndo para seus pés da forma mais adorável que um Border Collie poderia fazer. Se ajoelhou e abraçou o cão. Fora um dia difícil para a R1 em pediatria. Plantão difícil, cheio de casos delicados. Deixou a bolsa sobre o sofá da sala de estar, tirou os saltos e soltou os cabelos, indo em direção à cozinha. Sorriu. O marido estava debruçado sobre quatro panelas fumegantes e cheirosas enquanto checava milimetricamente o livro de receitas que ela ganhara da avó no dia do casamento dos dois. Se admirava em como o marido era lindo. Os cabelos, normalmente bem penteados, caíam graciosamente sobre a testa e o deixavam com um ar mais jovem. A pele, que já demonstrava leves linhas de expressão, era tão macia que ela queria tocá-lo o tempo todo. Conteve-se e continuou a observar o marido. Estavam casados há dois anos, e só os dois sabiam o drama familiar que haviam causado. era 12 anos mais velho que . Era seu professor de clínica médica, e, na época que se conheceram, ambos estavam comprometidos. Foi um escândalo, e enfrentaram mundo afundo para ficarem juntos, mas todas as vezes que voltava para casa entendi o porquê de tudo. era sua casa, sua metade, seu companheiro. Interrompeu seus próprios pensamentos e chamou pelo amado.
– Boa noite, meu bem – disse, indo até ele depois dele ter tirado a atenção do que fazia. virou-se e segurou a esposa pela cintura, selando os lábios dos dois.
– Boa noite, amor – falou, a soltando e voltando sua atenção para as panelas.
– O que está aprontando? Posso ajudar? – perguntou a mulher, tentando espiar o que estava sobre os bocais do fogão.
– Não, amor. Vai tomar banho, você acabou de chegar e passou a semana de plantão. Deixa que eu faço e você só desce pra comer – respondeu, beijando a esposa novamente.
– Mô, deixa eu te ajudar, vai – disse, tentando driblar o marido.
– Abre o vinho então, vai – falou ele, pronto para driblá-la. Não era desconhecido por ninguém de que ele era louco por ela. Fazia de tudo pela esposa e tentava mimá-la ao máximo, e hoje era mais um daqueles dias.
colocou o vinho em duas taças e olhou para o amado.
– Bom, agora que você já ajudou, banho. A senhora está fedendo, viu? – disse , levando a taça aos lábios enquanto escutava murmúrios de descontentamento da esposa. A verdade era essa: os dois fariam tudo que o outro pedisse. Estavam naquela fase boa do amor, a mesma desde que se conheceram e realmente decidiram ficar juntos.

POV

Subi as escadas à contragosto, já sabendo que não me permitiria ajudá-lo com o jantar. Entrei em nosso quarto, pensando que hoje seria um bom dia para surpreendê-lo. Minha vida estava agitada demais nas últimas duas semanas. Plantão atrás plantão, matérias da residência para estudar e mil e um relatórios para entregar. O tempo que passávamos juntos se reduziu a estudos, preparações de aula, sonos e algumas refeições. Sentia falta do meu marido, falta de termos tempo para conversar por horas enquanto tomamos um café ou algo do tipo. Sabia que também sentia a minha falta e que o jantar de hoje era retrato do que estava acontecendo. Então, resolvi colocar meu conjunto novo de lingerie, tomar um banho bem cheiroso e tentar ao máximo mimar meu marido naquela noite. Ele merecia tanto.
Tomei meu banho calmamente, deixando a água quente lavar todos os resquícios de cansaço do meu dia. Usei o óleo de banho de amêndoas que tanto gostava e saí do chuveiro. Sequei meus cabelos longos e passei o creme do mesmo conjunto do óleo. Se meu homem podia me paparicar, eu também podia. Coloquei o conjunto de lingerie e, por cima, uma blusa cinza de , que usava como pijama. Coloquei minhas Havaianas e desci à procura dele, que estava na sala de jantar, sentado à frente da mesa posta, olhando o celular.
– Voltei – anunciei, me sentando à sua frente, e um Blues começou a tocar no nosso som ambiente.
– Dos quatro anos que estamos juntos, você só fica mais linda – falou ele, pegando em minha mão.

Narrador POV

serviu o jantar que tanto se esforçara a fazer para a esposa. Raviólis de queijo e rúcula, acompanhados de molho de tomate caseiro e picanha ao forno. Demorou quase três horas para deixar tudo pronto para os dois, mas a esposa estava cansada. Desde que o semestre começara, ela estava mais ocupada, mais atarefada, e ele sabia como era. estava no último semestre de sua residência e logo assumiria a clínica da madrinha, e, por mais que negasse, seus olhos a entregavam. Comeram rindo e conversando. Estavam leves e sentiam necessidade daquilo. Vez ou outra, a esposa acariciava com o pé descalço a panturrilha do marido, o causando arrepios atrás da orelha. A falta era mental, sim, mas a falta física ardia na pele dos dois. Eram amigos, companheiros, mas, acima de tudo, eram amantes. O corpo esguio e alto dele sentia falta das mãos atrevidas e delicadas dela, enquanto a pele macia e cheia de curvas dela sentia falta das mãos grandes e fortes dele. O romantismo era característico dos dois, sim, mas nada os unia como o prazer.
A música mudou, e The Weekend tocava pela caixa de som. tirava a mesa enquanto lavava a louça quando escutou os primeiros acordes. Certificou-se de que o marido conseguia vê-la e se inclinou excessiva e desnecessariamente para tirar a toalha que cobria a mesa. Notou os olhos do marido em si e começou sua pequena exibição. Dobrou a toalha ao meio e se abaixou para pegar uma das pontas que tocava o chão. Seguiu para a cozinha e esbarrou a bunda no marido propositalmente enquanto colocava a toalha na gaveta. respirava controladamente e já tinha entendido o jogo da esposa. Ela era suave, erótica e sensual. Deixaria que ela o guiasse para o que quer que tivesse em mente. Virou-se para ela, que esbarrou novamente na pélvis do marido e, quase inocentemente, disse:
– Vamos lá pra sala, a garrafa de vinho ainda não acabou.
Seguiu a esposa, que andava sensualmente a alguns passos de distância dele. A mulher pegou o controle de som e aumentou um pouco, se servindo mais de vinho e entornando-o de uma vez só, como quem tomava coragem para algo. O marido se sentou no sofá e encostou as costas enquanto observava a esposa. Queria tocá-la, tomá-la para si e matar a imensa saudade que estava de estar entre suas pernas macias e cheirosas, porém aguardou. apagou as luzes da sala, deixando apenas a lareira acesa. via suas curvas balançando conforme a música. Ela estava iluminada pelas chamas, deixando seus cabelos mais escuros, seus olhos mais brilhantes. viu a esposa levantar sua blusa e jogar em direção a ele enquanto se aproximava. Ela passou as mãos pelos braços do marido e o abraçou pelos ombros.
– Senti tanto a sua falta, meu amor – disse, beijando a nuca de enquanto abria os botões da sua camisa.
– É porque você não sabe o quanto eu senti a sua – falou de olhos fechados, apenas sentindo os toques da amada. passou as pernas para o colo dele, finalmente selando seus lábios em um beijo desesperado. Ele puxou a amada pela cintura, forçando a pélvis dos dois se pressionarem cada vez mais.
passava suas unhas pela nuca de enquanto ele passava a mão das suas costas até sua bunda num carinho gostoso e firme. Ela forçou as mãos para tirar a camisa de , que logo se livrou dela e voltou seus lábios para os seios da esposa, parando, então, para observá-la com devoção. Ela estava de renda, renda preta. Era a favorita dele, e ele sabia que a peça era nova.
– Você me vira a cabeça, mulher – falou, passando a mão sobre o dorso da amada, que se arrepiava a cada toque dele.
– Você planejou uma noite perfeita. Vamos passar uma madrugada perfeita também – disse ela, se levantando e sendo seguida por .
– Chega – murmurou , aflito – Eu quero você, e quero agora – disse, abraçando a esposa pelas costas, que, em resposta, rebolou sobre seu membro rígido.
– Deixa eu tirar pra você, então – empurrou o marido no sofá e, olhando no fundo dos olhos dele, desceu a lingerie que usava. a olhava com cobiça enquanto segurava firme as almofadas do sofá. cansou de jogar e se ajoelhou em frente ao marido, o olhando. Desceu a calça que ele usava e tirou de dentro da cueca boxer o membro de , o abocanhando. Ele respirou pesadamente, não tirando os olhos da esposa enquanto ela tirava e recolocava seu membro dentro de sua boca. continuava o chupando, com soltando murmúrios de satisfação. Então, ele a puxou pelos cabelos e a jogou no sofá com os braços.
– É a minha vez – sussurrou enquanto beijava o pescoço da esposa, que se arrepiou ao toque. Ele foi descendo os beijos e, quando chegou aos seios, os sugou com força, massageando o outro com a palma da mão. suspirava pesadamente e empurrava o corpo em direção ao amado. a olhava com devoção a esposa se retorcendo de prazer.
, por favor – disse a esposa, implorando para que ele chegasse onde ela queria e, verdadeiramente, ele também queria. estava desesperado por ela, então não foi capaz de torturá-la. Desceu os lábios para a pélvis da amada e a cheirou. Ela tinha cheiro de tesão, e ele tinha sede por ela. Lambeu os grandes lábios suavemente enquanto sugava delicadamente o clitóris da amada. Repetiu os movimentos, com murmurando palavras de aprovação desconexas e suspirando. Ele a olhava com devoção, amando cada detalhe da esposa e a tornando mais sua. A esposa suspirou fundo, e parou. Ela abriu os olhos e o olhou em desaprovação.
– Você só vai gozar quando eu disser que vai – falou , com a testa colada a dela, enquanto a provocava, passando seu membro pela entrada úmida da esposa.
, por favor – implorou ela, enfiando os dedos pelos cabelos do marido, tentando o beijar. Ele a domava, e ela cedia a seus desejos. Seria exatamente o que ele desejasse. Na cama e na vida, ela era dele para sempre.
se sentou no sofá, trazendo a esposa para o seu colo e a olhando com paixão. Suas pupilas dilatadas examinavam cada detalhe do dorso da esposa. Observou as suaves sardas espalhadas pelos ombros dela, iluminadas pela luz da lareira, e passou seus lábios pelos seus seios. Ela deixou a cabeça pender para trás e se deliciou com o toque. a levantou levemente e, a olhando, a penetrou com força, fazendo a esposa gemer e o olhar, enquanto trazia o corpo dele para mais perto do dela.
– Rebola pra mim, me mostra o tamanho da sua saudade – abraçou o marido pelos ombros e, o usando como apoio, rebolou sobre ele, fazendo movimentos suaves e ritmados sobre o marido. Ela o encarava enquanto ele tinha os olhos fechados, apreciando o momento de êxtase que a esposa o proporcionava. Ela passou os dedos pelos lábios dele, e ele despertou de seu momento e voltou a penetrá-la no mesmo instante em que ela rebolava sobre ele. Juntaram os lábios em um beijo desesperado.
Permaneceram assim enquanto os corpos suados se chocavam, causando barulhos de prazer pelo ambiente. apertou mais a esposa contra si, como se fosse possível dois corpos ocuparem o mesmo lugar, e a olhando em seus olhos.
– Você pode gozar comigo agora, querida – falou poucos instantes antes de se desfazer dentro da esposa e ela tremer em seus braços, chegando ao ápice junto a ele.
permaneceu no colo de até que a respiração dos dois normalizasse e ela conseguisse retomar seu próprio fôlego. Tentou sair de cima do amado, que a manteve junto a ele, para que se deitasse no sofá em seu peito.
– Eu gostei da lingerie. É nova? – perguntou , brincando com o cabelo da esposa em seus dedos. Eles transavam há anos, e, mesmo assim, ela ainda achava adorável o fato de, depois que o fogo abaixava, seu marido voltava a ser a pessoa calma e tímida que ela conhecera naquele primeiro semestre de clínica médica.
– É sim. Comprei vai fazer três semanas naquela lojinha perto do hospital – respondeu, o olhando. ainda brincava com o seu cabelo.
– Passou o creme que eu gosto também, né? – disse, a puxando mais para si. Era disso que ela gostava nele. Ele reparava nos detalhes, os notava e praticamente agradecia por eles. riu e concordou com a cabeça.
– Você fez o ravióli caseiro da minha avó, era o mínimo que eu podia fazer – falou ela, o olhando e rindo.
– O ravióli foi fácil, mas eu admiro você, ainda mais por causa da picanha. Ela demora muito pra ficar pronta, e ficar a tirando pra regar no azeite é tedioso – comentou, rindo também.
– É, a picanha dá bastante trabalho mesmo – disse ela, se aninhando mais ao marido – Eu te amo, . Nós fomos a melhor escolha que eu poderia ter feito pra mim – falou, fechando os olhos e sendo tomada pelo cansaço de seu corpo.
– Eu te amo, . Não sei o que seria de mim sem você – disse, fechando os olhos e abraçando a esposa mais forte.

Dois meses depois

acabava seu último plantão da semana e se dirigia para casa, animada, olhando a sacola branca sobre o banco do carona. Tinha uma surpresa para o marido e mal podia esperar para chegar em casa e contar a ele. Tinha tudo planejado: ele chegaria às 18h, e ela teria uma hora para arrumar tudo. Chegou em casa e foi correndo para o chuveiro. Colocou um vestidinho branco e leve, por conta do calor. Correu para a cozinha e pôs a mesa do café, que queria fazer para o marido. Preparou os quitutes e colocou, dentro da redoma de prata, a pequena caixa, junto com o bilhete que ela tinha escrito. Se sentou no sofá e esperou pelo marido. Poucos minutos depois, ele adentrou pela porta, e Loki correu para cumprimentar o pai.
– Amor, cê ‘tá aí? – perguntou , entrando na casa.
– Tô aqui, meu bem – respondeu, aparecendo em frente ao marido – Sobe, toma banho, que eu tô te esperando pra gente tomar café, que eu estou morrendo de fome – disse , beijando os lábios do amado e o empurrando em direção às escadas. não desconfiava e tomou seu banho rapidamente, pois também estava faminto. Quando voltou, encontrou a esposa sentada à mesa e inquieta, tomando um copo de suco de laranja.
– EI! Achei que ia me esperar – falou, se sentando em frente a ela a mesa e na frente da redoma de prata da mesa, sem ao menos perceber.
– Estava faminta, mas só tomei o suco, meu bem – disse, tocando sua mão – Abre, olha o que eu preparei pra você. Quer dizer, o que nós preparamos, né – riu.
, confuso, abriu a redoma, encontrando uma pequena caixa branca.
– O que está aprontando, ? – perguntou, pegando a caixa e se deparando com um par de pequenos sapatos e um bilhete, que dizia:

”Oi, papai. Você ainda não me conhece, mas eu sou o seu bebê. Eu e mamãe nos conhecemos há dois dias e mal podíamos esperar para te contar. Eu ainda sou um feijãozinho dentro da mamãe, mas já te amo muito”

Ass: bebê

olhava o papel, perplexo, enquanto encarava os sapatinhos e o bilhete.
– Você ‘tá grávida? – indagou, sorrindo para a esposa e indo até ela.
– O teste de farmácia disse que tem mais ou menos dois meses. Eu ainda não fui ao médico nem contei a ninguém, estava preparando essa surpresa para você – respondeu, segurando o rosto do marido, que estava ajoelhado à sua frente.
– Eu vou ter um filho com você – sussurrou para si enquanto abraçava o ventre da esposa – EU VOU SER PAI – gritou, a levantando em seus braços.
– Nós vamos, meu amor – falou, selando os lábios com os do marido.


Fim?



Nota da autora: Oi oi gente, espero que vocês tenham gostado da a fic e gostaria de dizer que ela é um pedaço de uma outra long fic que eu estou montando! Foi muito legal escrever sobre esse casal já feliz e sem problemas hahahh. Obrigada por terem lido o pedacinho desse projeto que eu estou adorando montar !!
Agradecimento especial pras meninas do ffobs e pras betas que me apoiaram e me incentivaram a mandar minha primeira fic, vocês são incríveis.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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