Finalizada em: 06/09/2021

Capítulo Único

Is it hauntin', baby, that I'm wantin'
Baby, that I'm wantin', wantin' you?
Madison Beer — Follow the white rabbit


— Você só pode estar de brincadeira comigo, Jeon Jungkook!
Gargalhei para a feição de , ela estava tão irritada que eu poderia ficar ali por horas admirando sua incredulidade pela proposta que havia feito. Estávamos no começo da nossa segunda garrafa de soju, eu não tinha a menor noção sobre o horário, mesmo não estando bêbado o suficiente para estar perdido assim, mas ainda poderia dizer que me perdi na conversa e no modo descontraído que a minha "nova" tatuadora gostava de levar o papo depois de um tempo furando minha pele com a sua maquininha. Acabava por ser um momento relaxante de modo geral.
era uma pessoa legal e de uma forma extremamente atraente, mantendo-me cada vez mais cativado.
— Não, eu não estou… — garanti a ela, virando meu copo com o restante do líquido. — Pareço estar brincando? — Forcei minha feição mais séria.
Ela riu anasalado, passando a mão no rosto e me encarando ainda com a mesma expressão.
— É a quarta vez que você vem em meu estúdio, exige o último horário e se oferece para ficar e me fazer companhia enquanto eu arrumo minhas coisas, dividindo soju, só porque quer que eu te deixe desenhar no seu próprio corpo? — A voz dela repetindo o que eu havia dito acabou por me fazer sentir patético.
Mas era isso que eu queria, porém. E tudo aconteceu exatamente naquela ordem.
— Sim. Isso mesmo. — Abri um sorriso, tentando não mostrar os dentes pela minha empolgação, seguindo com o olhar os passos de , que saía de trás do balcão próximo à porta de entrada do pequeno estúdio para chegar mais perto de mim. Eu estava sentado na cadeira de tatuagem e ela ficou parada em minha frente, me obrigando a encará-la com a cabeça levemente inclinada.
— O engraçado é que esse seu rostinho pálido não fica nem vermelho em me pedir uma coisa dessas, Jungkook! — Ela riu, colocando as mãos na cintura, o que fez as mangas de seu kimono subirem e as tatuagens em seus braços ficarem visíveis.
Eu era fã de todas as linhas que ela tinha desenhadas por seu corpo — claro que estou falando apenas das que posso ver em membros expostos normalmente, o que chega a ser um gatilho para a ansiedade de conhecer melhor cada desenho e seguir cada linha mais profunda até chegar em seu ponto final ou inicial. Gostaria de dedilhar cada um dos traços marcados em sua pele, não nego.
— Vai, ! Só temos eu e você aqui… — insisti, mordendo meu lábio inferior pela ansiedade. Há tempos queria experimentar a sensação de segurar a maquininha e desenhar em meu próprio corpo. Talvez desse certo, talvez não, mas isso eu só iria saber se tentasse.
Seu suspiro me deu um certo alívio, pois a feição suavizada trouxe a resposta que eu queria. Ou quase.
— Eu não quero ser responsável por deixar o Golden Maknae do BTS rabiscar o próprio corpo e sair com uma coisa mal-feita, muito menos se machucar! — Murchei meus ombros e ela torceu os lábios. — Desculpa, Jeon… Mas você sabe como é difícil de conseguir ser uma tatuadora legalizada nesse país.
— Tudo bem.
ficou me olhando, torcendo os lábios como sempre fazia quando estava processando alguma ideia ou concentrada, tive tempo e alguns encontros com ela para reparar nesse detalhe. Durou poucos segundos, até que ela estalou a língua no céu da boca e soltou os braços, de forma rendida, me apontando um dedo.
— Mas, se você tem mesmo essa extrema curiosidade em saber como é segurar a máquina com agulha, eu posso deixar que você tatue o meu corpo… — iniciou, parecendo hesitante. — Sobre o meu corpo ninguém vai falar e…
— E? — incentivei que continuasse a frase que ela deixou morrer.
— Você desenha bem, isso não vai ser tão tortuoso assim.
A princípio eu não tive reação, meu cérebro não soube trabalhar bem a ideia de que estava mesmo concordando com a minha ideia maluca e ainda como um adicional, invertendo a situação para que eu não tatuasse o meu corpo, mas o dela. Meus olhos correram pela sua extensão de pele exposta, analisando o que tinha em minha frente: sem ser o braço esquerdo, o único espaço disponível para que fosse tatuado estava sendo tampado pelo tecido de suas roupas — ou não, já que eu não tinha como saber se embaixo da calça pantalona de cós alto e a camiseta de alcinhas, ela tinha algum centímetro de pele sem nenhum pigmento na derme. Não pude evitar o arrepio que percorreu por todo meu ser ao pensar no rumo que aquilo poderia chegar.
Entretanto, um ponto dentro de mim se acendeu, como os fogos de quatro de julho, lembrando que já havíamos bebido, então seria muito provável que a voz na cabeça dela a guiando naquele aceite fosse o nível de álcool em seu sistema. A partir disso, controlei meu corpo e minha vontade indecente, voltando meu olhar para o rosto dela, sabia que havia sido um ato de segundos, talvez meio segundo, mas era esse tipo de pessoa que não perde nenhum milésimo de observação e nada passa despercebido abaixo de suas orbes. Então senti minha respiração descompassada ao encarar o olhar dela, aqueles olhos me olhando completamente abertos e brilhantes.
e eu nos conhecíamos a cerca de três meses, era a terceira vez que eu ia em seu estúdio para ser atendido e, claro, com uma intenção a mais. Ela era nova no Tattoo Paradise, antigo estúdio do meu amigo e tatuador de longa data, Min Huwei, que fora deixado sob seus cuidados quando ele decidiu se mudar para o ocidente pelo grande sucesso que começou a fazer nos últimos anos sendo tatuador de grandes nomes do k-pop. Huwei foi apresentado a mim em 2022, quando Yugyeom decidiu que deveríamos procurar artistas menos conhecidos e também tão competente quanto aos que estávamos acostumados, acabou por ser uma grande tacada de gênio, porque todos os problemas que tivemos com vazamento de informações sobre esse nosso âmbito pessoal, nunca mais aconteceu.
No princípio foi muito difícil de confiar em , ela era nova, não falava muito, mas a sua aura e presença no ambiente tinham um tom diferente e que fez com que meu interesse em abrir o espaço para conhecê-la melhor acontecesse de forma natural. Inicialmente ela ajudava Min, então pude ter um curto tempo para me acostumar com sua presença, até o interesse me fazer tomar a atitude de ir ao Paradise só para encontrá-la. A primeira vez que ela desenhou em meu corpo, ajudando a fechar meu braço esquerdo, foi suficiente para que eu a tomasse como a nova pessoa a qual iria confiar tais desenhos definitivos em minha pele — até porque seria um tanto complicado ir até o ocidente toda vez que eu quisesse fazer uma tatuagem nova e o período na minha agenda tivesse uma folga para isso.
Acabou que, por fim, na segunda vez eu comecei a nutrir mais aquele desejo por trocar de posição com e eu mesmo tatuar meu corpo, e calhou da nossa relação ser um tanto mais pessoal, mesmo em espaço de tempo não tão longo, que nesta quarta visita, decidi externar isso, sem medo de qualquer represália ou dela me chamar de louco. No fundo, pareceu que, mesmo negando, sua outra opção fora concedida porque talvez não tenha sido uma ideia absurda.
O que não seria assustador, ou seria?
— Vai ficar aí parado, me olhando com esses olhos arregalados? — Sua voz me trouxe de volta e eu comprimi os lábios, vendo seu cenho franzido.
— Não… Eu estava pensando — raspei a garganta, cruzando os braços — que talvez você não esteja raciocinando direito por causa do soju.
riu. Ou melhor dizendo, ela gargalhou. Pegou seu portfólio na prateleira ao lado de onde estava e, movimentando a cabeça negativamente, cessou a gargalhada.
— Você acha que meia garrafa de soju me tiraria os sentidos, Jeon? — disse com seu tom de voz sério, centrado, tão límpido e comum que era o motivo de anseios e arrepios por todo o meu corpo.
— Eu não vou fazer nada com você movida por álcool.
Os olhos de subiram da página que ela folheava em seu portfólio para mim e eu notei o duplo sentido do que acabei dizendo. O nervosismo me tomou conta no exato instante que eu notei o olhar dela relaxado em minha direção, fixo, sem nenhuma hesitação. Se não estivesse louco, diria que o ar instaurado naquele ambiente havia trocado de sútil e descontraído para algo mais intenso.
Ela havia entendido as minhas entrelinhas sem eu sequer acentuá-las?
— Não estou bêbada, Jungkook. Sei muito bem o que estou consentindo.
Novamente, o mesmo arrepio percorreu todo o meu corpo, comecei a achar que quem estava sensível pelo soju fosse eu. Não era como se essas sensações fossem novas e de uma hora para outra, não. Como eu sempre me lembrava: era a aura de que me deixava ligado a todos os detalhes e com esse desejo de sempre querer conhecê-la mais e querer estar no mesmo lugar que ela. O ambiente ficava tão diferente e com uma vibe mais natural, menos pesada, e me dava a impressão de que juntos poderíamos ir mais e estar mais além.
Mas eu não queria externar isso tão facilmente para não soar um cara problemático, entretanto, se eu não estivesse louco e influenciado pelas poucas doses de soju, era uma vibe não só minha. Afinal, ela não ficaria comigo, sozinha, falando sobre qualquer besteira e tomando a bebida dos menos afortunados — como Yoongi nomeava — com um idol, tarde da noite. Ficaria?
— Mas eu acho é sempre bom ter certeza de que nenhuma loucura vai ser feita sob a influência de álcool. — Meu sorriso foi o mesmo de sempre, de lábios fechados.
— Eu estou bem, quer testar? — usou uma mão para puxar o banco na lateral do balcão ao seu lado direito e sentou-se ali. — Estou bem sóbria, garoto.
Algo que se fazia marcante em sua personalidade era sua origem, obviamente.
Sabia que no contexto de sua história, aos treze anos saiu do seu país natal, Inglaterra, para um intercâmbio em Melbourne na Austrália, acabou por ir bem no colégio em que estudou e agarrou firme na bolsa de estudos. Se formou e então voltou para Liverpool, ficou por pouco tempo até conseguir ingressar na Universidade de Yonsei e cursar música, por hobby, como ela mesmo pontuou em uma de nossas conversas. E o que tudo isso traçou exatamente na personalidade dela eu não posso dizer com total certeza. Do que conseguia visualizar da mulher com quem eu passei três boas noites conversando, poderia dizer facilmente que a confiança e vasto conhecimento não só externo, mas também de si, são pontos de fácil observação nela. não hesitava, não demonstrava medo, muito menos baixa confiança, e não só ao desenhar no corpo das pessoas, mas no todo. Desde seu modo de andar, até em como suas pálpebras se encontravam no movimento natural ao piscar, era possível sentir que ela demonstrava em tudo cem por cento de quem de fato era.
E talvez por eu ser admirado por ela não só na beleza, que, bem, de fato se fazia muito intensa, estivesse me sentindo intimidado com a forma como se moveu tranquilamente na conversa. Não deveria me sentir assim e muito menos hesitante com ela correspondendo às minhas entrelinhas, não deveria soar assustador. Eu poderia ser como Alice e seguir aquela linha direto para o buraco do coelho, a fim da verdade.
— Se está mesmo tão sóbria, então me diga, qual a raiz quadrada de noventa e sete?
— Não seja patético. — sustentou o seu olhar em mim, mudando sua feição. — Quem está parecendo fora de si aqui é você, Jeon. Não queria brincar de tatuador? Pois bem, estou aqui te dando a chance de se aventurar e de uma forma menos perigosa. — Fechou o portfólio forte, causando um barulho. — Então decida se quer ou não. Está tarde e se você não quiser sustentar seu desejo, podemos ir embora — finalizou, levantando-se.
Observei seus passos. Mais uma vez fui levado para a mesma camada submersa em seus movimentos, acabava por se tornar um pouco frustrante como eu me sentia um pouco menos confiante ao lado de uma mulher tão o oposto. Não era como se me diminuísse ou algum sintoma machista me fizesse sentir menos que ela, pelo contrário, isso eleva, mas em algum ponto dentro do meu íntimo me fazia sentir pequeno pela grandiosidade dela. Um tanto contraditório, quando se fazia comum eu dizer ser satisfatório dividir ambiente com ela — mas isso não tinha nada a ver com o outro ponto; era sobre como ela ser tão linda, não só externamente, me fizesse desacreditar que poderia e seria capaz de passar de um garoto mais novo e admirado.
era a primeira mulher mais velha com quem eu me sentia assim e me via sendo tratado de forma comum, como se para ela nossa diferença de idade não se fizesse necessariamente uma camada importante. Então, vendo-a agir daquela forma, seguindo minhas entrelinhas mesmo sem saber se fato era isso ou se eu estava alimentando a busca ao coelho dentro da minha cabeça, decidi que não deveria ficar ali parado e continuar agindo como um novato amedrontado. Dessa caça eu sairia com a cartola cheia.
— Desculpa, eu não achei que você iria aceitar essa loucura e muito menos mudar a ordem das coisas. — Me levantei da cadeira em que estava até então, colocando as mãos dentro dos bolsos da minha calça jeans larga. — Noo-
— Se você for me chamar de noona, eu vou te prender nessa cadeira e tatuar o nome do idol que você menos gosta na sua testa! — Ela foi rápida, me cortando e apontando um dedo para mim.
Abri os lábios para a risada com o sorriso desta vez, odiava ser chamada de noona, o termo para mulheres mais velhas usado na Coréia do Sul. Para ela, por ser estrangeira, isso não é tão importante, mas para nós é, pelo uso do grau hierárquico. Porém, ela não gostava e todas as vezes que eu fazia menção ou iniciava a palavra, levava uma cortada. E isso para mim é adorável.
— Tudo bem. — Ergui minhas mãos à altura do peito, em rendição. — Sem a palavra com N.
— Agradeço.
— Então me diz... — Dei um passo, voltando as mãos para os bolsos. — Qual desenho você escolheu? — Olhei na direção do portfólio ainda em suas mãos.
— Nenhum. Quero um original.
— Interessante. Gosto de te ver desenhar — disse um pouco mais baixo, recebendo seu olhar mais uma vez. Talvez eu estivesse começando a me acostumar um pouco demais com esse privilégio.
Estávamos frente a frente, ainda ao lado do banco em frente ao balcão e eu estava um pouco mais próximo pelo passo que tinha dado anteriormente. A nossa diferença de altura era um pouco exorbitante, mas sempre usava algum sapato com um salto, pelo menos de tamanho médio, e naquele dia não era diferente. Porém, ainda estava um pouco mais baixa, então conforme eu me aproximei, ela precisou erguer o rosto para me olhar. E agora um pouco mais perto, eu estava mais dentro daquele caminho do coelho da Alice.
— Mas eu não disse que vou desenhar, Jeon — ela disse no mesmo volume de voz que usei e por estar a menos de sessenta centímetros de distância, pelo que minha fita métrica mental mediu, pude sentir seu hálito de soju misturado com a tão comum bala de menta bater em minha pele. Refrescante, obviamente.
— Ah… — Abri a boca com a expressão monossilábica, levando a ponta da língua para passar pelos dentes superiores. mantinha seu olhar na mesma direção, mirando os meus olhos. — E quem vai?
Dentre todos os pensamentos que passaram pela minha cabeça ao ouvi-la dizer aquilo, a pergunta que saiu pela minha boca foi a que eu sequer cogitei. Era óbvio que o desenho seria feito por mim, sim? “Você desenha bem”, ela mesmo já havia dito. Além de que só tínhamos nós dois ali, quem mais poderia ser?
Então, ao ouvir o que saiu, reclamei mentalmente, irritado e decepcionado comigo mesmo. Não era momento para retroceder algumas casas no comportamento bobo, eu não deveria ser assim e parecer amedrontado com uma mulher como ela me dando abertura. Mas ela não pareceu achar isso ruim, pois umedeceu os lábios, esticando o braço, do lugar em que estava, para colocar a pasta de volta na prateleira do nosso lado e cruzar os dois braços na altura do peito. Com o sorriso fechado nos lábios, disse:
— Ali em cima daquela mesinha tem um caderno de desenhos e lápis ou lapiseira, use o que preferir para desenhar. Vou levar esse lixo lá fora antes que comece a chover.
Ela não esperou que eu respondesse, virou para o lado do balcão, dando os passos para a direção de dentro dele e chacoalhei a cabeça, extinguindo por hora os pensamentos que me fariam divagar a vendo se abaixar para pegar os sacos fechados.
— E o que você quer que eu desenhe? — perguntei, endireitando o corpo.
Quando se ergueu, ela sorriu abertamente, arrumando a manga esquerda de seu kimono, que estava caída e me dando total visão da única parte pouco coberta por tatuagens — e que não era tampada por tecidos, claro.
— Não sei, Jeon. Vamos tratar disso com liberdade criativa. Faça o que quiser, mas não esqueça que é a minha pele que você irá marcar. — Piscou com o olho esquerdo antes de se virar e ir até a porta, saindo do estúdio.
Fiquei alguns segundos parado no mesmo lugar, imaginando como eu passei, explicitamente, a querer marcar a pele de ao decorrer daquele diálogo. Obviamente a parte do “explicitamente” já vinha ocupando a minha mente desde a primeira vez em que a vi, de forma respeitosa e também não respeitosa, claro. Mas, de repente, o nível do qual a caminhada pelo coelho me levou, deu um tom diferente.
Não era assustador que ela poderia estar entrando nas entrelinhas, pelo contrário, e talvez fosse apenas o começo do estrago.


🐰


Enquanto eu estava desenhando, minha cabeça se concentrava em exatamente qual lugar iria querer a tatuagem. Obviamente não iria sair algo perfeito e profissional, até porque não sou nem mesmo um desenhista por profissão, minha praia é cantar e dançar, às vezes até uma atuação e um ou outro trabalho como modelo, mas nada além disso. Pensei em como iria manipular a situação para que fosse um lugar mais marcante possível; qualquer um pode ter algo desenhado no braço ou mão, ou então a perna, então cogitei em tentar guiar a situação para que meu argumento da provável imperfeição do desenho ao ser traçado em sua pele pela agulha, para que ela optasse por um lugar menos visível. Afinal, ela, uma tatuadora extremamente competente e com uma boa e vasta cartela de clientes, não iria querer exibir por aí algo mal-feito.
Estratégias são usadas por qualquer pessoa em todo momento da vida, nos flertes e “jogadas” por interesses não se faz diferente, portanto, seria importante dar o meu melhor. Não chamaria a situação como um todo de jogo, em primeiro lugar, eu nunca colocaria uma mulher ou uma relação, sem importar o grau de afeto, como uma brincadeira com ou sem competitividade. Mas se tem algo que aprendi com meus vinte e nove anos coreano, é que se você tem o interesse por alguém, existe, sim, a possibilidade de entrar na situação dando o seu melhor e usando de meios estrategistas para alcançar o objetivo — desde que não seja desrespeitoso e incoerente, claro.
E para mim parecia que estava no mesmo grau de interesse ou eu estava sendo extremamente uma cópia melhorada da Alice, pronto para sentar ao lado do Chapeleiro.
Terminei o esboço sob o olhar atento e descontraído de em minhas costas, ela estava sentada na maca do outro lado da sala, ficando atrás de mim. Ergui o papel na altura do meu rosto, encarando o trabalho feito e mordi o canto interno da boca, suspirando. Ao me virar, ainda na cadeira giratória em frente da mesa, me deparei com ela e suas pernas cruzadas, com o corpo relaxado e apoiado nos braço; ela estava sem o kimono e eu pude ver o quão finas eram as alças de sua camiseta branca, a única de cor diferente em todo seu conjunto de roupas. me encarava com expectativa e eu aproveitei um pouco mais do silêncio para olhar uma última vez os traços que fiz com a lapiseira naqueles últimos minutos. De forma totalmente satisfeita, virei o papel para sua direção.
Seu primeiro reflexo foi estreitar o olhar para ver melhor e eu não levei isso como uma ofensa, a única luz mais forte ali era a da minicozinha atrás do balcão à lateral da porta, no ambiente em que estávamos tinha a meia fase vermelha iluminando um pouco, então seria normal que tivesse dificuldade para enxergar traços feitos pelo grafite fino de uma lapiseira.
— Eu quero saber o significado disso? — ela me perguntou, ainda na mesma posição. Sua voz mais baixa e calma me causou um formigamento, completamente diferente dos arrepios anteriores e como algo novo. A caminhada atrás do coelho estava ficando mais longa.
Isso traz um bom significado para o desenho, inclusive.
— O quê? Não gosta de coelho? — perguntei, virando o rosto para a direção do papel, vendo meu próprio desenho. Ouvi sua risada anasalada e retornei meu olhar para sua direção.
— Gosto. Acho eles adoráveis
— Então por que não segue o coelho para ver? — automaticamente a réplica saiu e eu não parei para pensar, apenas continuei.
— Ver o que exatamente? — franziu o cenho, endireitando o corpo e cruzando os braços também. Pude notar o movimento sutil de suas pernas se apertando mais.
— O significado. Não foi isso que me perguntou? — respondi em tom ameno, tentando soar o menos pretensioso possível.
Ela assentiu algumas vezes, quieta e mordendo sua bochecha internamente, causando um bico pequeno formado com seus lábios fechados, então descruzou os braços e saiu da maca, vindo até mim com a feição impassível.
— Me diga então, Alice, qual vai ser o local do coelho? — perguntou, tirando o papel de minha mão, analisando-o mais de perto.
Dentro de mim, alguma coisa pulsou com a forma como ela me respondeu. O letreiro agora piscava o equivalente de todas as luzes de Paris e o quatro de julho juntos, dizendo que não era nada criado como uma alucinação e que, sim, ali estava a minha resposta de que as entrelinhas foram muito bem preenchidas por e sua perspicácia. Estávamos na mesma sintonia e a pulsação em meu corpo era porque isso soou extremamente louco e satisfatório ao mesmo tempo, algo prazeroso demais para ser esquecido ou não levado a sério.
Comprimi os lábios em uma resposta automática às sensações que estavam passando por mim.
— Estamos mesmo me deixando escolher tudo, ? — Me levantei, ficando a centímetros de distância dela, talvez pouco menos do que da vez anterior. Ela apenas emitiu uma sílaba em concordância com a boca fechada. — Então eu acho que seria importante fazer em um lugar mais… Escondido?
Somente seu olhar se ergueu em minha direção e seus lábios ficaram retos, colados, sua sobrancelha direita também se levantou, pouco depois dos olhos. Sua mão direita bateu o papel em meu peito, de forma pouco bruta.
— Bem, o único lugar escondido e com espaço neste corpo, Jungkook, é o quadril. — Sua voz ecoou em meus ouvidos como uma melodia hipnotizante e aquele hálito de alguns momentos antes acabou por me cobrir novamente, dessa vez de forma mais presente pela aproximação maior.
se virou e eu acompanhei com o olhar seu movimento. Ela foi de volta para a maca, ajustando o lençol em cima do colchão de couro preto e eu permaneci no mesmo lugar. De alguma forma inédita, meu corpo começou a corresponder com aquela informação, parecia que o suor saía por todos os meus poros em abundância, ou pelo menos essa era a sensação que eu estava tendo. Imaginar que eu tocaria a pele de e ainda como bônus ela me dizer que o único lugar possível para a ideia do “escondido” era seu quadril, me fez divagar para horizontes distintos dos quais eu tinha mais cedo naquele dia, antes de entrar naquele estúdio para fazer mais uma tatuagem no plano de deixar nenhum centímetro de pele limpa em meu corpo.
— O que me diz, Alice? — Ouvi sua voz me trazendo de volta mais uma vez e estreitei meu olhar, sentindo que a partir daquele momento eu já estava mais do que dentro do buraco do coelho. Eu deveria ser o coelho branco.
— É você quem manda, noona. Que seja o quadril então. — Maneei a cabeça para o lado, sorrindo com os lábios fechados e assumindo a animação que me acometia.
respirou fundo, deixando passar o termo e virando o corpo totalmente de costas para mim. A maquininha já estava colocada na maca, ela tinha organizado tudo quando retornou da rua ao levar os lixos; a tinta, a agulha, os materiais que eu iria usar como: algodão, borrifador com água e sabão, a fita adesiva, papel filme, máscara e luvas descartáveis, entre outras coisas em complemento.
— Vem cá, vou te explicar como funciona. — Sua fala foi exigente, então não demorei muito a parar do seu lado esquerdo, na direção de onde os materiais estavam. — Isso aqui é uma máquina rotativa, ela é menos trabalhosa que a de bobina, mas também tem cuidados extremos. — Me apontou o objeto de maior importância ali no meio dos demais e eu assenti, prestando atenção. — Ela é acionada por um motor que irá causar os movimentos da agulha. Com ela você consegue fazer todos os tipos de traços, incluindo sombras. Preste bem atenção na precisão da sua mão, não fique tenso e muito menos rígido, para o desenho ter uma linha mais natural possível, é fundamental que seja o movimento natural de sua mão, não algo robotizado se movendo com uma agulha.
— Entendido — respondi baixo, olhando brevemente para seu rosto.
O brilho nos olhos dela ao me explicar sobre tudo a deixava mais sexy ainda e eu fui obrigado a voltar encarar os materiais para não parecer um idiota ou pular fases.
— E esse aqui — pegou um objeto menor com a ponta transparente, erguendo em nosso meio — é o grip. Dentro dele vai essa agulha. Segure. — Me deu o grip e eu segurei, enquanto ela abria o pacote da agulha e sutilmente torceu algumas vezes a agulha em um ângulo curto. — Faço isso para conseguir colocar o elástico e ela ficar mais firme.
Não consegui continuar prestando atenção em sua explicação, nem mesmo olhando tão de perto seus movimentos ao passar o elástico fino pela agulha e a maquininha, de uma forma que eu sequer compreendi como. Ver tão imersa em seu mundo, me explicando com detalhes sobre algo que ela fazia com tanto amor, tanta paixão. Era nítido em como ela gostava de sua profissão, todas as vezes que ela me contava sobre como batalhou para conseguir um espaço e que ter caído no caminho de Min fora uma das melhores coisas que lhe aconteceu na vida, eu sentia e podia ter a certeza de como ela era tatuadora porque gostava.
Falar sobre música com era incrível, foi a faculdade que ela escolheu fazer, mas seu talento para desenhar e passar isso para aqueles que queriam registrar eternamente na derme, era mil vezes melhor. Totalmente satisfatório e eu me sentia cada vez mais hipnotizado por ela e todos os seus trejeitos.
— Entendeu? — Outra vez sua voz me trouxe de volta. Clichê.
— Sim. — Minha voz saiu rouca, mas eu respondi sem hesitar.
— Você não vai sair correndo quando eu tirar minha calça, vai?
Levei alguns segundos para digerir o que ela disse, vendo seus braços caírem na lateral de seu corpo. Respirei fundo e, novamente sem sombra nenhuma de hesitação, respondi:
— Não. De maneira alguma. — A lancei meu melhor sorriso aberto, de forma convincente.
— Perfeito! Coloque as luvas pretas. Higiene em primeiro lugar.
se manteve virada para frente e os braços que estavam nas laterais de seu corpo movimentaram-se, seus dedos dedilharam o cós da calça, neste instante meu coração parou e eu senti a respiração parar em sincronia. O suor em meus poros novamente começou a escorrer pela minha testa e eu acompanhei o movimento de com atenção, porém quando ela começou a abaixar a peça de roupa, virei para a frente, me concentrando em colocar as luvas.
Deveria retornar aos meus próprios pés e não desviar a atenção, em pouco tempo eu teria em minhas mãos uma maquininha com agulha para furar a pele de .
Terminei de vestir meus dedos e acertar as luvas, me virando para ela. estava usando somente sua calcinha de cor preta — nada fora do normal — e eu pude ter a visão perfeita de seu perfil ereto. Poderia dizer que suas curvas foram planejadas por algum olimpo desconhecido, que em nenhum outro lugar no mundo teria colocado alguém parecido; todos os seus mínimos detalhes se encaixavam perfeitamente e o que ela tinha em sua pele, fosse desenhos ou joias, eram acessórios que apenas complementavam toda a estética harmoniosa que já a compunha por inteiro. me deixava deslumbrado e me sentindo ansioso por muito mais, eu falava dela para Cecília, minha melhor amiga, como se estivesse falando de alguém que ainda não existia por ser tão fora da realidade — e Cece sempre me dizia que não notava. Ela poderia estar mesmo certa e eu estava descobrindo isso a cada segundo que passava naquela noite.
Ser um idol e ter corrido o mundo inteiro com o BTS me deu o privilégio de conhecer muitas coisas fora da pequena e comum Coreia do Sul. Digo pequena porque dentro do enorme globo terrestre é só mais um país qualquer, que possui suas raízes, assim como outros. E além de ser privilegiado por conhecer diversidades, também pude encontrar pessoas que me ajudaram a agregar muito mais do que imaginei que aconteceria em toda a minha vida, sendo uma delas e, provavelmente, a mais impactante. Para se ter um estúdio de tatuagem no país precisa de muito, é extremamente burocrático, e por mais que ela tenha ficado com o que Huwei iniciou, também foi exigido muito de si para que desse continuidade; e ela fez tudo com muita boa vontade depois de se formar, empenhando-se em tudo, eu não podia me sentir mais admirado do que já era. Então todas as falas de Cece sobre como eu reagia a eram, de fato, bem fundadas. Não era apenas um corpo do sexo oposto em minha frente, era o conjunto do que a fazia ser quem era, que me atraía naquela caminhada.
Chegando mais perto dos trinta anos, com toda a bagagem que já acumulo, consigo entender melhor quando meu ser realmente se interessa em outra pessoa. E com eu poderia afirmar com todas as letras que não era mais uma relação superficial de apenas algumas noites que eu gostaria de ter. Era o mais.
— Eu vou deitar virada para a parede e você vai desenhar seu Pernalonga embaixo da base dessa asa. — apontou e eu não prestei muito bem atenção.
Em meio ao meu silêncio, ela passou a calça pelos pés, tirando seu sapato e ficando mais baixa. Automaticamente meu cérebro trabalhou na autossabotagem, imaginando como seria ela, daquele tamanho perto de mim, sendo envolta pelos meus braços — não só num abraço comum, claro. Precisei de um beliscão mental para voltar o foco, prestando atenção nela ao subir na maca, sentando-se de frente para a minha direção e prendendo o cabelo com os próprios fios em um coque. arrumou sua franja e o piercing em seu septo, me olhando logo em seguida.
— Puxa essa mesinha de cabeceira para colocar as coisas. — Ela apontou para o móvel do meu outro lado, um pouco mais atrás, e eu me virei, puxando-o com facilidade por ser de rodinhas. — Na lateral tem a fonte de energia para conectar à máquina.
Tateei o móvel e encontrei o que ela havia sinalizado, puxando o cabo conector de tomada da máquina e o conectando ali. Em seguida, decidi tomar a iniciativa sozinho, lembrando dos passos que ela tomou nas vezes em que me tatuou. Transferi os materiais que seriam usados da maca para a superfície da mesinha e deixei tudo organizado. Embebedei um tufo de algodão com o líquido do borrifador e me virei para ela, vendo-a me encarar. não disse nada, então eu deduzi que estava fazendo tudo corretamente. O próximo passo foi alcançar o desenho e o segurar por uns segundos, até ouvir a voz dela ecoar.
— Na primeira gaveta da mesa, tem o papel de transferência térmica, você vai passar esse desenho para ele. Ali, na ponta lateral da mesa, tem a máquina de transferência de decalque. Já me viu usar ela, sim? — Apenas assenti, olhando para a direção que ela apontava. — É bem simples, só colocar a folha em cima e ela sairá pronta por baixo. Aperte o único botão que tem ali e pronto. Depois que a impressão é feita, você vai remover a primeira folha, tirando o carbono do restante. Em seguida você volta e, pegando aquele borrifador, vai molhar bem a minha pele. — Ela fez uma pausa para ter certeza de que estava atento e continuou: — Coloca o decalque por cima de forma bem esticada. Depois pressione e tire, vai ter o desenho certinho no lugar a ser tatuado.
— Tudo bem.
Respondi simples, caminhando para a direção da mesa. Me sentei na cadeira novamente e segui o passo a passo, contornando na tal folha de transferência o desenho que fiz. Depois de garantir que estava bem-feito e como o que havia feito a princípio, passei pela máquina de impressão. Não tive dificuldades, era tudo bem prático de se fazer e nada muito complicado. Ao terminar e remover a parte de carbono do restante, me virei para a direção da maca novamente.
Meu queixo tremeu.
Eu tremi.
O mundo parou.
estava deitada, como disse que deitaria: de frente para a parede que a maca estava encostada, consequentemente ficando de costas para mim. Eu não tinha reparado tão incisivamente no modelo de sua roupa íntima, era bem mínima, quase um fio e nesse momento eu tomei a liberdade de acreditar que, sim, ela de fato tinha entrado nas entrelinhas que eu comecei a criar mesmo inconscientemente. Ou para ela era tranquilo se expor daquela forma? Se fosse, não teria problema nenhum também, com toda certeza eu a respeitaria.
Respirei fundo para me recompor, focando na atividade a ser iniciada.
Me aproximei novamente, preparando-me para começar a outra parte do tutorial que ela me deu. Meus olhos continuaram correndo por suas pernas, não tinha um centímetro de pele vazia em suas duas coxas até a altura do joelho. Na perna direita ela tinha uma espécie de asa de anjo, desenhada com um traço tão simples e ao mesmo tempo majestoso, de presença, que qualquer outro detalhe além de sua forma se fazia inútil. Tomava de um dos lados de sua bunda por inteiro, com outros desenhos compondo o fundo, como em um cenário etéreo. Prendi o sorriso ladino, repreendendo a ideia da ironia religiosa. Era lindo como todo o restante desenhado em sua pele, ponto final. Os ramos de rosas com tons sombreados e aquelas linhas precisas me fizeram bobear cogitando a hipótese dela mesma ter desenhado no próprio corpo — e se isso fosse possível seria inevitável penal em como sua flexibilidade era respeitável; mas acho que teria sido mais prudente outra pessoa ter feito e possuir aquela precisão tão parecida com a dela
Meus pensamentos poderiam se aquietar um pouco.
Observei bem, me aproximando de seu quadril para buscar qualquer centímetro que poderia ser colocado o minicoelho. Em um desvio na rota dos meus olhos, captei me encarando, ela apenas sorriu simples e fechou as pálpebras em seguida, relaxando o corpo. Estava deitada de lado, em posição de concha.
— Ainda estamos deixando você escolher tudo, Jeon. — Sua voz serena me captou a atenção outra vez e eu assenti, tornando a olhar e vê-la de olhos fechados.
Voltei para a mesinha e peguei o borrifador e o desenho, para então retornar ao corpo de , no local que iria ser feita a tatuagem. Aproveitei para puxar a mesinha comigo, usufruindo de suas rodinhas, e depois de borrifar bastante do conteúdo líquido do vidro na sua pele, em uma região da qual eu achei ainda na curvatura de seu quadril, respirei fundo para levar o decalque até ali.
Já tinha sido tocado por , a primeira tatuagem que ela fez em mim foi no meu peito, mas não fora nada comparado com a sensação no instante em que eu a toquei, mesmo de luvas. Claro que foi bom sim ser tocado por ela, mas naquela vez tinha sido totalmente profissional, sem nenhuma tensão no meio. Portanto, era diferente. E eu tive a certeza de que ela teve um espasmo no mesmo instante que meu dedo tocou sua pele, pressionando o papel, porque senti um movimento trêmulo em seu corpo e seus olhos também quase se abriram. Evitei o riso anasalado que queria sair, me lembrando da voz de Cecília em minha cabeça dizendo que eu deveria sempre tomar cuidado com esse tom que levava de repente, para não parecer, nas palavras dela, um cafajeste.
Mas sorri de forma automática.
Depois de sentir ser tempo demais pressionando o desenho ali, o removi, vendo as linhas terem sido transferidas perfeitamente. abriu os olhos e ficou me olhando, pelo ângulo que conseguia devido sua posição.
— A maquininha já está pronta e com a tinta, só ligar e começar. Não se esqueça de que é uma agulha, você pode estar tudo no momento em que for furar minha pele, menos tenso. Ou até mesmo rígido — ela disse firme e eu assenti. — A cada risca bem formada, você para e passa o algodão embebido de água com o sabão, ok? — Mais uma vez, confirmei em um aceno positivo.
Coloquei na mesinha o papel do decalque e puxei a maquininha, ligando-a na onde estava sinalizado. O grip, envolto pelos meus dedos, tremeu levemente em minha mão e o barulho me deixou vidrado. Fiquei um tempo encarando o objeto que segurava, sentindo mesmo a vibração me tomar por completo; a sensação de segurar aquilo era diferente de ser furado por ele, e eu sou um grande amante e apaixonado por tatuagens, meu corpo é uma prova explícita disso. Enquanto muitos julgam com a base conservadora como um ultrajante maltrato ao maior órgão do corpo humano, eu acredito que é mais uma das inúmeras e belas formas de demonstrar arte, seja ela subjetiva ou de plurais. Todos possuem algo do qual acreditam e está tudo certo, principalmente ao se tratar de algo pessoal, desde que não seja em um grau de ofensa e invasão do espaço alheio. Está tudo bem ser quem quer ser, agir como quiser e carregar seus princípios. O menor dos problemas deveria ter que se importar com o que pensam de você.
O que me retorna à admiração por .
A primeira impressão sempre é a mais importante, porque o primeiro contato que um indivíduo tem com o outro vai ser responsável por mais de metade da forma como cada um se enxerga. Quando eu a conheci foi assim e o pré-julgamento que tive foi tomando uma forma totalmente diferente, mas aquela sensação gostosa de estar com ela, de ver seu sorriso e a aura pairando sobre si com a vibe tão mais positiva que um mais um, permaneceu. Pude ver que era o tipo de pessoa que não se importa com coisas que não fazem parte de sua verdade, o que implementa toda a camada de admiração, e sua idade a mais só fez isso parecer mais interessante, porque mesmo tendo a idade que tinha, ela fugia do que se via como esperado e estava tudo bem, porque não deixou de ser seu verdadeiro eu por não acreditarem no que acreditava.
E isso, pra mim, é deslumbrante demais na personalidade de qualquer pessoa.
Deixei o sorriso se formar nos meus lábios e levei a maquininha para a direção do corpo dela. não abriu os olhos uma vez sequer, nem mesmo quando eu comecei. O choque do primeiro toque da agulha furando sua pele me deu uma leve trepidação no peito, mas vendo que ela não esboçou uma reação sequer, continuei. Não era algo difícil e eu me surpreendi em como estava conseguindo não endurecer e ficar relaxado; obviamente não iria ficar tão profissional quanto as que ela já tinha e, talvez, poderíamos dizer que foi um trabalho mais despojado. Quando me dei conta, eu tinha feito toda a volta do desenho — um pouco menos simétrico do que deveria parecer, mas ainda assim fiz inteiro. E foi algo que me fez submergir por completo, que eu mal notei o tempo, ao reparar que havia completado a última pata do coelho, senti a mão de em cima da minha, que segurava o algodão.
Ergui o rosto para sua direção e a encarei um pouco assustado, talvez eu tivesse feito alguma merda.
— Fiz algo errado? — perguntei.
— Sim. — Ela se levantou devagar, ficando sentada em um ângulo ladino que não fosse possível sentar-se por completo por cima de seus quadris por conta do lado em que estava a tatuagem recente. Engoli a seco quando seu braço se esticou e alcançou a maquininha, desligando-a sem tirar seus olhos dos meus. — Tirou a precisão da mão ao apertar-
— Não quis ser rígido — a cortei e seu olhar se estreitou.
— Tirou a precisão da mão ao me apertar, Jeon — repetiu, sendo incisiva ao referir-se a si e eu senti meu peito estufar.
— E eu quero saber o significado disso? — perguntei com a voz baixa e ela foi tirando a maquininha da minha mão, colocando-a na mesinha que estava ao lado. Mantendo o olhar no meu, claro.
— Só seguir o coelho branco, Alice.
riu anasalado, devolvendo a inversão do diálogo.
— É algum joguinho?
Mais uma vez uma pergunta saiu sem eu raciocinar direito, desta vez, porém, eu queria cavar um buraco e me enfiar dentro. Não era o que eu queria dizer, nem em um mundo paralelo. Eu sequer saberia dizer o que estava de fato pensando quando disse isso e o que queria dizer. E me senti patético ao vê-la hesitar e se “encolher” no lugar, ficando séria.
— Não, Jeon. — Sua voz foi grossa e ela parecia ofendida. — Essa sou eu sendo responsável pelos meus atos e entrando na sua. É tão assustador que eu esteja sóbria e consentindo? Achei que Jeon Jungkook, do BTS, quase aos trinta anos, fosse mais seguro sobre isso.
— É que você é você — tentei justificar, mas sentindo que piorei mais.
— Não me diga que é a diferença de idade, você já teve suas experiências.
— Sim, mas-
— Não complete — me cortou, não me dando tempo algum de falar. — Se você disser que eu sou diferente porque temos sete anos coreanos de diferença, reforço que irei tatuar o nome-
— Não se trata de idade — a cortei, porém, usando toda a verdade em meu tom. Também não teria mais por que mentir. Ela levou um tempo, até relaxar os ombros e perguntar:
— E do que se trata?
— De você por inteira. — Dei de ombros, com a boca entreaberta e a ponta língua passando pelos dentes superiores, esbarrando na parte interna dos lábios. Com sua falta de resposta, sustentando a troca de olhares, continuei: — É tão assustador que eu esteja interessado em você fora do clichê de apenas um cara mais novo deslumbrado pela mulher pela diferença a mais da idade? Tudo bem que você deve ter ouvido por aí que eu não gosto de ser chamado de oppa, mas não é só isso, .
Ela continuou me encarando sem dizer nada, seus lábios se fecharam em uma linha reta e o olhar desceu para a altura do meu peito. A mão esquerda de se ergueu e seus dígitos foram tateando de meu ombro direito até a altura do primeiro botão da camisa preta. Abaixei o meu rosto, continuando a rota do olhar para o local em que os dedos pararam, com suas pontas dedilhando o que prendia a camisa fechada.
— A resposta está na cartola com o coelho? — me perguntou, sem me olhar de volta e ajeitando o corpo, trazendo-o mais para a ponta da maca e ficando bem mais próxima de mim.
— Não sei, por que não segue ele para descobrir? Eu já estou nessa caminhada.
Não faz parte da minha personalidade ser ignorante quanto aos meus trejeitos. Acredito que a melhor coisa que pode acontecer para uma pessoa é ter conhecimento sobre si e conseguir manter a linearidade em continuar se conhecendo, até porque o ser humano é um ser de evolução constante, então todos os dias temos algo novo para nos evoluir e assim então aprendemos mais. Então posso dizer que sou privilegiado e tive inúmeras oportunidades de conhecer mais sobre mim mesmo, não tendo como mentir e me fazer de confuso quanto ao que todos chamam de “dualidade”. Isso eu sei muito bem como manipular, inclusive, e geralmente quando chego a esse ponto é porque estou realmente sentindo o momento, a situação, ambiente ou até mesmo pessoa, como era o caso. O tom que usei para responder a foi, com toda certeza do mundo, do meu outro lado da dualidade, aquele que eu pouco usava e muito me apetecia.
Pude ter noção disso porque o olhar dela foi a resposta exata.
Ao erguer seu rosto para mim, pude ver suas íris escuras, seu lábio inferior preso à sua mordida e seu braço estava com a pele arrepiada.
Lentamente eu ergui meus braços e fui puxando cada dedo da luvas pretas para cima, a começar pela mão direita, deixando a borracha solta de seus dedos. Sem desviar o olhar, claro. Ao tirar a primeira mão daquela cobertura, fui mais ágil com a outra e então pude levar minha destra para cima de seus dedos em meu botão. O choque inicial pelas nossas peles se encostando sem nenhuma camada grossa cobrindo e impedindo de sentirmos a temperatura natural, foi o equivalente a uma corrente elétrica de inúmeros prédios residenciais espalhados pelo universo. Me percorreu desde a ponta do dedo do pé, alcançando todos os locais mais profundos e íntimos, até chegar à minha cabeça, liberando aquela endorfina. Dentre todos os hormônios da felicidade mais importantes, com certeza este era o que iria mais me doar e eu poderia me acostumar facilmente com isso.
Me vi viciado nessa ideia.
Eu não queria ser rápido ou estava sendo lento demais, apenas tirei um momento para me acostumar com a situação e de que aquilo de fato estava acontecendo. A princípio, eu realmente só queria aquela brincadeira de furar minha própria pele pra saber como era, mas isso fora modulado pelo consciente, porque a camada de consciência mais profunda havia planejado tudo aquilo sem que eu sequer tivesse noção — embora não fosse nem um pouco equívoco do meu inconsciente ou até mesmo um erro, muito pelo contrário, na verdade. Mas se moveu no próprio ritmo e a sua outra mão foi para minha nuca, me puxando para o encontro de nossos lábios, o que me rendeu outra corrente elétrica, porém muito mais intensa em relação à anterior. A sensação de ter minha boca colada na sua, sentindo aquele pré gosto do hálito de álcool do soju com a refrescância da menta, durante aquele selar, foi algo o qual eu sei que nunca vou ter capacidade suficiente para poder explicar.
Me vi viciado nesse encontro.
Então meus lábios se abriram e ela acompanhou o movimento, abrindo os seus também. Em um encaixe perfeito, o beijo começou lento, me dando total liberdade de aproveitar cada centímetro dali conforme nossas línguas se conectavam. O aperto de sua mão na minha nuca, brincando com os fios compridos dali, me deram um gás para aumentar mais a velocidade, de forma gradativa, claro. Queria aproveitar cada segundo daquele beijo e eu o fiz. Sentir o corpo de mais próximo, colando-se ao meu, me causou arrepios e um formigamento mais interno. Meu próximo passo foi tomar a liberdade de mover minhas mãos, levando a primeira para a sua cintura e apertando meus dedos de forma mais casta, enquanto a outra foi para seu pescoço, encaixando a palma ali na sua curvatura. Os seus lábios começaram a se intensificar contra os meus durante o beijo, evidentemente sendo o combustível para nós dois.
As pernas de se abriram, e ainda sem cortar nosso contato, ela as fechou ao redor da minha cintura, trazendo nossos quadris um pouco mais para perto. Quando esse contato se tornou maior, ela mordeu meu lábio sutilmente, afastando-se devagar. Mesmo ofegante, eu segui com meus lábios pela sua bochecha, descendo para a mandíbula e em seguida pescoço, enquanto ela ainda dedilhava o botão da minha camisa. A mão na cintura de subiu para a dela que estava ali, naquela altura da minha clavícula, incentivando-a fazer o que queria e quando me dei conta, os botões começaram a ser abertos, enquanto eu voltei para selar nossos lábios, sentindo a falta que já fazia. Com toda certeza do mundo, eu sairia daquele momento completamente viciado no gosto dela.
Minha mão esquerda encontrou a barra da camiseta de , ao mesmo passo que a dela encontrou minha pele exposta pela camisa que fora aberta, causando um arrepio no meu corpo todo por sentir a ponta de seus dígitos me tocando. O que fez com que meus dedos deslizassem diretamente para dentro do tecido que tocavam, encontrando a pele gélida dela. Fizeram um caminho automático para cima, externando ali a forma como me sentia ao ser tocado por ela, transpassando não só pelo beijo, que agora era mais intenso, mas também em meus toques — fosse ali em sua cintura ou na palma encaixada em seu pescoço.
Mas, de uma forma abrupta, parou, ofegante e com os lábios vermelhos, ela me encarou com os olhos ainda banhados na mesma cor escura.
— Me diz que você tem camisinha, Alice. Porque esse chá do Chapeleiro só será servido se tiver pelo menos duas — me disse um pouco manhosa.
Eu sorri abertamente, gargalhando e jogando a cabeça para trás, sem mover minhas mãos de lugares, assim como ela que mantinha a sua no meu peito, porém espalmada.
— Pelo menos duas? — perguntei com um tom de humor, voltando a cabeça de forma ereta.
— Sempre bom garantir, Jungkook.
O sorriso que ela me lançou foi diferente de todos os outros que eu já tive o privilégio de ver, foi carnal, algo misturado com soberba, cheio de pecados. Por sorte, eu já havia entendido muito bem a nossa situação para não me deixar abalar com o poder que sua boca, pouco inchada e vermelha por nosso beijo intenso, aberta naquela expressão explícita e que teve maior intensidade ao começar se fechar porque sua mão em meu peito, deslizando pela minha pele, subiu para se encaixar perfeitamente no meu queixo. não teve descrição nenhuma ao me puxar para frente e novamente chocar nossos lábios, me afundando mais uma vez no estrago que estava sendo feito, assinando embaixo com toda a sua classe ao gemer baixo enquanto nossas bocas estavam se encaixando.
Minhas duas mãos se afastaram dela e nosso beijo cessou, de repente a preocupação em minha cabeça sobre eu ter ou não alguma camisinha, fez com que minha paciência se esgotasse. Me afastei rápido, indo em direção à minha bolsa pequena em cima da cadeira de tatuagens e a revirei, por sorte encontrando um pacote no fundo e também um adicional refrescante. Que o universo continue me abençoando, amém. Seria frustrante a resposta negativa, embora um grande e potencial incentivo para me deixar ansioso por mais.
Ao me virar de volta, me surpreendi, parando no lugar.
— Uau. — Minha voz saiu sussurrada.
— O quê? — perguntou em um tom soberbo. — Achei que fosse melhor adiantar as coisas, mas também não quis fazer tudo.
Ri fraco, caminhando para sua direção de novo. Parei na ponta da maca, com ela me encarando, enquanto eu saí de seus olhos para a direção de seu busto, sentindo minha língua molhada e lubrificada pela vontade de cair de boca em seus seios que estavam expostos. tinha tirado sua camiseta e o sutiã, me dando aquela vista perfeita, magnífica e tentadora.
— Você fez o certo, .
Sussurrei, me aproximando mais, com o corpo curvado em sua direção, levando meu rosto para a lateral do seu e dizendo em seu ouvido. Meu corpo a cobriu, um braço foi esticado para espalmar a mão na superfície macia da maca e o outro, do outro lado, para depositar o pacote de bala e o de camisinhas e então ter a palma espalmada. Nossos rostos ficaram muito próximos quando eu voltei o meu para a frente e outra vez nos beijamos; foi lento como na primeira vez, intenso, forte, diferente, cheio de formigamentos, sem mãos e apenas aquele contato, com nossos corpos bem próximos enquanto eu estava naquela posição sobre ela. E parecia que não precisava de mais toque algum, porque só aquele beijo já tinha uma carga imensa para alimentar todo o tesão dividido.
Mas eu queria mais e era apenas o começo.
Assim como a frequência naquele enlace, parti o beijo para percorrer com meus lábios pela mandíbula de . Ela não mudou de posição e eu continuei descendo, passei lentamente pelo pescoço, deixando uma pressão a mais em alguns locais, para então continuar o caminho. Em sua clavícula, eu fiz o mesmo que o pescoço, mas não parei por muito tempo, continuando para a direção de seu busto. Ali eu me deliciei, me doando para proporcionar também para ela o que formigava em mim ao mesmo tempo que minha boca encontrou seu bico do seio esquerdo, sugando-o. Chupei com todo o desejo que ainda continuava crescente e então parti para o outro, repetindo a mesma intensidade. Ouvindo-a respirar pela boca, me afastei lentamente, com o corpo totalmente curvado para frente por precisar me abaixar até a direção de seus seios, e ergui apenas o olhar para cima, vendo-a tombar a cabeça para trás e levar os braços esticados com as mãos espalmadas na maca para se apoiar.
estava exposta para mim e eu não parei por muito tempo. Recolhi meus braços e puxei o pacote de bala de menta, deixando o corpo ereto novamente, abri a embalagem e peguei duas de uma vez só. Ela ergueu um pouco o rosto para a minha direção e eu lancei o meu melhor sorriso ladino antes de curvar mais uma vez o corpo e ir direto com os lábios para a sua barriga, pouco abaixo dos seios, levando uma mão para o bico de um deles, brincando com meus dígitos ali, e a outra na parte de baixo de coxa, a apertando suavemente. Pude sentir que ela voltou a tombar a cabeça para trás e continuei. O caminho passou pelo seu umbigo e então ao chegar na entrada de sua virilha. Ergui o olhar para vê-la e vendo sua reação imersa ao que eu estava fazendo, tirei a mão de seu seio para acompanhar a outra, puxando as alças laterais de sua calcinha.
Puxei toda a peça para baixo, passando por suas coxas até os pés e então tirando-a e jogando para algum canto. Afastei as pernas de , me colocando no meio e voltando a beijar a base de sua barriga. Minha boca pareceu tomar um rumo próprio ao continuar a descer e eu me abaixei em sua frente, ficando ajoelhado no chão. Passei um braço por baixo de cada coxa de e a puxei um pouco mais para frente com força, para ficar mais na beirada da ponta da maca. O distanciamento dos meus lábios e sua pele foi rápido, quando encaixei a posição, voltei a beijar seu monte de vênus, trilhando o caminho até o clitóris. Ao encontrar esse ponto, liberei minha língua para fazer parte do beijo e depois do início, usei a ponta dela para movimentar-se circularmente ali.
Fechei meus olhos, imaginando a entrada do paraíso em que estava, sem ter qualquer resquício de querer parar por ali e continuei depois de um certo tempo naquela parte. Minha boca percorreu seus grandes lábios e novamente me movimentar por algum momento, dando total atenção para que não fosse algo desgovernado, porque além de querer o meu prazer e poder apreciar cada sensação, também se tratava de proporcionar para uma boa experiência. E isso, o prazer do outro, sempre foi algo no qual o meu empenho tinha motivação em prol do, obviamente, prazer.
Gerar prazer para receber, também é uma forma boa de dividi-lo.
Tirei um dos meus braços debaixo de sua perna, dedilhando os dígitos por sua pele até chegar na entrada de sua boceta. Passei o indicador e anelar ali, subindo um pouco para o clitóris e a massageando, recebendo em troca seu gemido — erguendo um pouco do olhar, pude ver que mordia o lábio inferior. Levei eles para minha boca, deixando-os bem lubrificados para retornar em sua entrada e devagar, olhando para cima para captar suas reações, a penetrei com o primeiro, lentamente. estava completamente úmida e eu aproveitei para o deslize ser perfeito, voltando a mão para trás e então novamente para frente. Inclinei o rosto para frente e minha língua ficou em seu clitóris, circulando, enquanto eu continuava usando o dedo para a penetração. Ouvir o gemido dela me fez acrescentar mais o anelar e aumentar a velocidade gradativamente, fodendo sua intimidade com meus dois dedos.
— Porra, Jungkook… — disse audivelmente e eu senti sua mão tocar em minha cabeça, apertando seus dedos nos meus fios. — Fode mais.
E eu correspondi ao seu pedido, deixando meus movimentos mais fortes, sugando com mais precisão o seu clitóris.
Em meu corpo eu já podia sentir o mesmo formigamento conhecido ser alimentado, sentindo meu pau pulsando e se apertando mais contra o tecido da cueca, mas não era um sinal de que eu precisava pular aquela fase, não, dava pra aguentar mais. Eu queria mais. Entretanto, talvez eu tenha me perdido no tempo, porque a mão de já não estava mais em minha cabeça e eu senti a necessidade de reencontrar seus lábios novamente. Tirei os dedos de sua boceta, chupando os dois, sem evitar um gemido abafado por sentir seu gosto e me levantei, usando a outra mão para puxar seu rosto e beijar sua boca novamente.
Senti as mãos de , durante o beijo, tatearem meu peito e forçarem as mangas da camisa para saírem pelos meus braços. Rapidamente, eu já estava sem essa peça.
— Espero que você não seja do tipo que brinca com o controle — ela me disse, ao se afastar, me empurrando com apenas o dedo indicador em meu peito.
— Se isso é um jogo, acho que dois sempre podem dividir o mesmo objetivo — respondi, acatando com seu silencioso pedido para que me afastasse e tomando um passo e meio para trás.
sustentou seu sorriso ladino e saiu de cima da maca, estando próxima a mim, ela tomou meus lábios outra vez com os seus. Meu instinto natural foi de levar uma mão até sua nuca de novo e pressionar meus dedos ali, como um toque a mais durante o ato delicioso em que estávamos contracenando. Era um beijo rápido, diferente dos outros que foram trocados de forma mais intensa, agora era necessitado e um pouco possessivo, como se, em uma sintonia não narrada, fossemos um do outro naquele momento. E nesse tom, apenas desse modo, eu não me importei.
Suas mãos, que eu não saberia dizer onde estavam antes, alcançaram meu cinto e enquanto o harmonioso beijo continuava, o abriu sem nenhuma dificuldade, para então se afastar e tomar atenção para abrir minha braguilha. Continuando com a mão em sua nuca, eu aproveitei para tirar os tênis, jogando-os para o lado, e quando ela tinha minha calça aberta e as mãos nas laterais do cós, a encarei. Me senti como se estivesse na frente de um espelho, encarando meu reflexo, porque nos olhos dela eu consegui enxergar o assustador desejo que poderia facilmente dizer existir em mim e, com toda certeza do mundo, foi mais um tópico de descoberta naquela noite: todo o desejo por , independente de tom ou objetivo, era recíproco, meu inconsciente não tinha criado nada do zero e olhando naqueles olhos com chamas, contabilizando o estrago sendo feito, eu assinei embaixo disso. Com ela descendo minha calça e seu corpo junto, soltei o controle que teimava existir sem que eu estivesse, de fato, alimentando isso, e a sensação pulsante em meu corpo, partindo do meu membro que estava preso dentro da cueca, foi avassaladora.
Era como se eu estivesse sendo libertado.
Minha mão então já não estava mais na nuca de . Ela estava ajoelhada em minha frente e, depois de tirar minha calça por inteiro, jogando a peça para qualquer canto, ergueu a cabeça para me encarar. O método dela era esse, igual a medusa, porém seus cabelos não eram os culpados por me petrificar, mas, sim, seu olhar. Tudo o que ela fazia me encarando carregava aquela tensão sobre o tesão que eu sentia ser totalmente recíproco, já que suas íris entregavam de forma transparente como estava entregue. E estava tanto quanto eu. Me deixando louco, claro — como se isso fosse possível. O olhar preso no meu foi capaz de me fazer grunhir, pedindo pela primeira vez que fizesse logo o que estava planejando, porque eu já não aguentava mais estar preso por um tecido fino, clamando e ansiado por tal liberação. Eu queria que soubesse como ela me fazia sentir e queria fazer isso da melhor forma.
Ela “caminhou” uns centímetros ajoelhada, ficando mais perto ainda do meu quadril, com as duas mãos posicionadas uma de cada lado e seus dedos encaixados no cós da minha cueca. Não me encarava mais e seu rosto se aproximava mais de mim. E quanto mais eu sentia sua respiração próxima da minha pele, mais eu me sentia descontrolado, desesperado e trêmulo, completamente hipnotizado por uma ideia gerada pelo acúmulo de atos. estava me deixando louco de uma forma que eu jamais cogitei ou cogitaria conhecer, e não era algo que ela estivesse fazendo que fosse novo, talvez eu saberia explicar somente num futuro, ou nunca.
Sentir seus lábios sendo pressionados contra a pele nua de minha barriga foi como se eu fosse uma bomba e estivesse sendo torturado com o anel ameaçado de ser arrancado para causar explosão. A minha reação natural foi arrepiar por toda a extensão do meu corpo enquanto ela beijava da altura do meu umbigo, até a região pubiana, conforme abaixava o tecido da roupa íntima. Ao liberar meu pênis por completo, revelando o quão duro já estava, ouvi ela puxar o ar pela boca, arrastado e abaixei o olhar, bem no instante em que mordia os lábios. Outra peça de roupa foi jogada para qualquer canto e a mão direita de me tocou, diretamente e sem nenhum aviso, nas bolas. A massagem foi suave de início, mas se tornou mais intensa, principalmente na sensação quando eu fui tomado por sua boca. Sua língua molhada se misturou com a minha lubrificação depois do breve beijo em minha glande, em sequência passando-a por toda a extensão do membro rígido. Foi algo além de prazeroso, que nenhuma palavra explicaria. Então foi a minha vez de gemer mais alto e sibilar alguma coisa.
— Porra, … — disse dificultosamente, levando minha mão direita para sua nuca e ela se afastou um pouco, erguendo o rosto para mim enquanto sua mão desocupada me masturbava sutilmente.
— Quer começar a me foder pela boca, Jeon?
parou o movimento, descendo as duas mãos para seu colo e abrindo a boca, deixando sua língua suavemente posta para fora. Meu corpo tremeu e eu não consegui responder nada, apenas levei minha outra mão para seu queixo, erguendo-o minimamente, então tocando com ela em meu pau para o manter reto, indo em direção à sua boca. Pincelei seus lábios que foram fechados e ela virou o rosto suavemente, causando o toque do membro em seu rosto; somente na troca de olhares que tivemos, eu consegui compreender seu sorriso perverso, segurando na base para bater meu membro não muito forte algumas vezes contra seu rosto, até voltá-lo para seus lábios. Mais uma vez o pincelei ali, até parar e deixar a cabecinha entreabrir eles para adentrar em sua boca.
Foi devagar e tortuoso, mas prazeroso demais.
Mais lento do que qualquer ação feita anteriormente, me recebeu deliciosamente e eu alcancei o fundo de sua garganta, voltando também com a mesma velocidade baixa. Repeti isso mais algumas vezes, sentindo meu corpo todo emitir espasmos por aquela sensação prazerosa, e então comecei a me movimentar mais rápido. Em um certo momento, enquanto a fodia daquela maneira, tentou me tocar com suas mãos, porém eu não me controlei e a mão que já não precisava mais segurar meu membro, segurou em seus pulsos, elevando os dois braços acima de sua cabeça. Meu quadril continuava a se movimentar rapidamente, porém eu precisei parar, ou então não aguentaria por muito tempo.
Gradativamente, fui diminuindo os movimentos, já imaginando que eu gostaria de virá-la de costas e a apoiar curvada na ponta da maca para foder sua boceta enquanto a observava pelo reflexo do espelho que tinha no outro extremo, na cabeceira. E assim o fiz. Quando parei e saí de dentro de sua boca, se levantou, passando a língua pelos lábios lentamente e em seguida o polegar. Não me contive e a puxei pela cintura, com um braço rodeando essa parte de seu corpo, grudando nossos corpos para beijá-la. Sentir aquela aproximação quente me fez perder o mínimo de consciência não local, tudo o que me importava era aquele momento, nada mais.
se afastou de novo, pegando o pacote de camisinha e me estendendo. Eu não tardei e o peguei, enquanto ela soltava o cabelo e me encarava, eu abri a embalagem. Peguei uma e joguei o resto para a maca novamente, não me importando em qual canto caiu. Levei o pequeno pacotinho para prendê-lo com cuidado entre os dentes e minhas duas mãos foram ágeis em espalmar o quadril de , virando-a com um pouco de brutalidade, mas sem a machucar, para que seu corpo ficasse de frente com a ponta da maca.
Eu nunca gostei muito de bater; mesmo que no sexo seja algo que possa dar um tom sensual ou algo do tipo, gosto de evitar. Normalmente quando estamos cegos por algo, não temos controle algum de nossos atos. Com o tesão, prazer, qualquer coisa que mexa com nosso psicológico e o mova, não é diferente. Nunca sei até qual ponto é confiável me deixar guiar por um desejo, então acho que é mais prudente evitar tal coisa, porém ao ver curvada em minha frente, sorrindo totalmente libertina para o espelho da forma como eu tinha figurado em minha mente, não teve consciência alguma que me segurou. O tapa não foi forte, não foi rude, e o aperto em seguida a fez gemer arrastado.
Me apressei em abrir o pacote de camisinha, tomando cuidado para seguir o local sinalizado de abertura fácil, e então revesti meu membro com a proteção. Em seguida me abaixei, segurei firme em suas duas nádegas, com uma mão em cada lado, abrindo-as bem e afastou mais suas pernas, para então eu aproximar meu rosto muito mais, passando a ponta de meu nariz desde a base de sua coluna para a banda esquerda, até chegar à parte de trás de sua coxa e deixar um leve chupão ali, assoprando depois. Depois desse caminho percorrido, meus lábios chegaram até a entrada de sua boceta. Passei a língua desde baixo, de seu clitóris, até a base de sua coluna, em cima e novamente a dei um tapa, porém do lado oposto do primeiro.
Com o corpo erguido, encarei pelo reflexo do espelho, ela sorria da mesma forma que já vinha sorrindo a noite inteira. Seu cabelo estava preso de qualquer jeito, mas de toda forma, ela continuava gostosa pra caralho. Continuando a encarar eu segui a sequência do que estava em minha mente: meu corpo colou no seu, causando uma fricção intensa, minha mão esquerda segurava a base do meu pau e a direita subiu de sua coluna até a cabeça, soltando os fios de cabelo para meus dedos se entrelaçarem ali. Tudo isso enquanto continuávamos a nos olhar, com ela mantendo a mordida em seu lábio inferior.
Pincelei meu membro em sua boceta e a penetrei devagar, sentindo toda a sua parede ir me engolindo naquele ritmo ao som do nosso gemido solto em conjunto. Assim como tudo que já tinha sido feito, foi lento de início, para depois ser rápido. Mantive o aperto de uma mão em seus fios e o da outra em seu quadril. A posição durou muito e a oportunidade de poder ver suas expressões pelo reflexo me deixaram muito mais perdido naquilo tudo.
Rápido.
Lento.
Lento.
Mediano.
Rápido.
Forte.
Suave.
Me perdi nas alternâncias, mas sei dizer que foi surreal.
pareceu juntar alguma força em algum momento para me afastar e me encarar, de frente para mim, com seus olhos escuros e completamente diferente da feição passiva de quando estava a fodendo e olhando pelo reflexo.
— Senta naquela cadeira, quero estar olhando pra esse rostinho quando você gozar. — Sua voz saiu límpida e eu obedeci.
Segui para a cadeira de tatuagem e sentei, a recebendo poucos segundos depois em meu colo. conseguiu encaixar seus joelhos nos espaços laterais que restaram, ela estava alta e com as mãos em meus ombros. A mesma coisa sobre me manter hipnotizado e vidrado em seu olhar aconteceu quando ela se abaixou lentamente, levando uma mão para auxiliar no encaixe. E ao me ter penetrando sua intimidade, tombou a cabeça para trás.
Outra vez, outra sequência de alternâncias. Mais uma vez surreal.
Ela estava quicando em meu colo enquanto eu me dividia entre chupar ou mordiscar, até mesmo lamber, seus mamilos. Senti que meu corpo falhava a cada vez que ela parava e rebolava lentamente, para então voltar e continuar a subir e descer majestosamente. Minhas mãos também se dividiram entre apertar as coxas de ou passear por suas costas, também apertando a cintura e a bunda. Foi tudo extremamente sem ensaio, sem pretensão ou robotizado, nada longe do natural.
Quando me dei conta, eu estava prestes a me deliberar e ela percebeu, parando de uma única vez, porém rebolando lentamente e segurando em meu rosto com uma mão só, obrigando-me a encará-la.
— Goza pra mim, neném. — Sua fala saiu entredentes e eu me desmanchei como se faltasse somente aquele comando.
Ainda me olhando e segurando em meu rosto, voltou a subir e descer, até sair de mim por completo e apenas ficar roçando-se em meu pau coberto pela camisinha cheia de porra. Porém ainda faltava ela. Então eu levei minha mão para sua boceta, sem qualquer ensaio, enfiando os dois dedos por aquele caminho encharcado de sua lubrificação. Com eles curvados, consegui encaixar no canal e encontrar seu ponto, e enquanto massageava seu clitóris com o polegar, movimentava os dedos que estavam a penetrando.
— Goza pra mim, noona — disse baixo, com sua mão ainda apertando meu rosto.
Ela me encarou em extrema paralisia, me olhando tão profundo que eu tive certeza de que estava enxergando até meu mais profundo íntimo desconhecido. Sua respiração estava se descompassando e ela entreabriu os lábios quando eu intensifiquei mais os movimentos, usando a outra mão para fechar em seu pescoço outra vez, da mesma forma que fiz anteriormente.
Então eu senti a mão de se fechar mais em meu rosto e o seu corpo vacilar em cima do meu e ela fechou os olhos, ao mesmo passo que minha mão ficou encharcada. Continuei por mais alguns segundos até tirar os dedos, levando-os para minha boca e chupando os dois. Parecia que estávamos hipnotizados um no outro. Havíamos terminado e ficar naquela mesma posição, nos encarando, pareceu ser o que restou de mais precioso. Mesmo em silêncio, ela parecia compreender o que eu estava sentindo e vice e versa.
Porém, pouco tempo depois, sua feição se suavizou de uma forma inédita.
tirou a mão do meu rosto e começou a arrumar o cabelo, ainda em meu colo dizendo:
— Você não vai terminar o trabalho?
— O quê? — A olhei confuso.
— Toda tatuagem precisa ser passada vaselina por cima e depois colocado o papel filme. Você precisa terminar seu trabalho, Alice.
Gargalhei, mordendo o lábio inferior. Talvez já que não poderia me chamar de oppa, Alice seria um bom apelido interno e para dividirmos. Afinal, o chá do Chapeleiro saiu e foi muito bem servido.
Deixei meu corpo mais ereto, com os braços entrelaçados em suas costas, fazendo algum carinho em sua pele com a ponta dos meus dedos e o rosto levemente inclinado para cima. Dei um beijo entre seus dois seios e sorri abertamente para ela, sentindo meus fios de cabelo grudarem na testa. Balancei a cabeça levemente para desgrudá-los e disse:
— Você quem manda, coelho.


FIM



Nota da autora: Primeiramente, muito obrigada por ler!
Segundo e importante tanto quanto, não esquece o comentário? Ele é, de fato, importante.

Aqui embaixo tem os links para acompanhar nas redes sociais e também o grupo de leitores :)



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa fanfic vai atualizar, acompanhe aqui.


CAIXINHA DE COMENTÁRIOS

O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.


comments powered by Disqus