Última atualização: 15/08/2018

Capítulo Único

Nota Inicial: Como vocês devem imaginar Crepúsculo não me pertence é tudo da nossa querida SM. Gostaria de agradecer a boaveis que me ajudou muito betando essa fic. Valeu mesmo, boaveis! :D
“Cada qual é artífice da própria fortuna.” (Júlio César)

Tudo está bem quando acaba bem. A grande batalha que esperavam por semanas, aquela para qual tinham preparado seus corpos, mentes e espíritos, finalmente tinha acabado em uma reviravolta decididamente anti climática. É claro que havia ficado aliviada e feliz por todos da sua matilha, bem como por seu povo estarem ilesos e vivos milagrosamente.
Apesar disso não conseguia conter a frustração de sua loba, que tinha passado semanas cercadas de vampiros, negando seu instinto de matá-los e antecipando a oportunidade de descarregar toda sua raiva engarrafada em um ataque de fúria controlada em alguns vampiros malvados, mas isso obviamente não aconteceu e agora Leah tinha que lidar com ela arranhando suas paredes mentais e bufando de raiva dentro de sua cabeça. Meses atrás ela já teria atacado o primeiro incauto que aparecesse em seu caminho, fosse com cen melhor, de forma não absolutamente agressiva, havia feito coisas miraculosas com seu controle. Agora ela se encontrava no meio da floresta ainda no lado Cullen, sem nenhuma paciência para encontrar qualquer um da matilha de Sam.
Não queria se transformar e correr em sua outra forma, o que seria o jeito mais rápido de acabar com a frustração e energia raivosa da sua loba, já que estava evitando ter qualquer um na sua cabeça nesse momento, pois além de ser absolutamente chato, provavelmente alimentaria sua raiva ainda mais ou invés de arrefecê-la.
Agora que estava ali, sozinha no meio de uma clareira deitada no chão, sentindo a terra misturada a gelo entre seus dedos, poderia admitir que não foi apenas sua raiva, frustração ou sua loba que a haviam trazido até aquele lugar. Era bem mais que isso, algo que ela tinha dificuldade de até admitir para si mesma e que, no entanto não tornava o motivo menos verdadeiro. Ela tinha fugido.
Fugido das comemorações de fim da batalha que estava acontecendo na mansão do terror, fugindo da alegria nauseante de todos a sua volta, fugindo de ver todos eles juntos e felizes.
Quando havia cortados os laços com a matilha de Sam e seguido Seth, ela fez isso para proteger, seu pequeno e ingênuo irmão. Entretanto também fez isso, porque quando a conexão de Seth com a matilha tinha sido quebrada, havia percebido que era sua chance, uma oportunidade única de deixar seu passado para trás e tirar Sam da sua cabeça, literalmente.
E foi por isso, tanto quanto para proteger seu irmão que Leah escolheu seguir outro alfa, mesmo não concordando com o ponto de vista de Jacob, Leah não poderia perder a oportunidade, de se libertar dos grilhões invisíveis que a prendiam a Sam. Esses mesmos grilhões, que sempre a impediriam de esquecer, curar suas feridas e seguir em frente como uma pessoa normal. Mas Jacob deu a ela essa oportunidade, mesmo sem querer e por isso ela foi grata, mesmo que essa nunca tenha sido sua intenção.
E ao longo do tempo eles se aproximaram, eles foram uma matilha de verdade, tendo um verdadeiro líder comandando as coisas. E pela primeira vez Leah sentiu que ser uma loba não era tão ruim, porque ela fazia parte de algo maior, algo melhor, um tipo de comunhão e irmandade que nunca teria conhecido se não fosse uma loba.
Jacob entendia sua dor e não sentia pena, mas sim se solidarizou com ela. Então por um minuto, Leah decidiu baixar a guarda e realmente confiar, contar com alguém, acreditar que estariam juntos. Não por um sentido equivocado de lealdade ou alguma ideia boba de romance e sim porque ele era seu alfa e sua família em todos os sentidos que importavam, assim como Seth, assim como um verdadeiro bando tem que ser.
Mas então, surpresa! O imprinting aconteceu e não havia mais nada, ela tinha perdido tudo de novo para o imprintig. E agora que a expectativa, o medo e o senso de finalidade tinham se evaporado como éter, Leah podia pensar novamente. E finalmente percebeu que nada dura, nada para ela duraria.
Imprinting não era mais um fenômeno raro que acontecia com os lobos. Imprinting havia se tornado uma regra, onde a única exceção com certeza era ela. Logo, Seth e Embry também seriam vítimas desse raro fenômeno, não tão raro assim.
Até sua mãe tinha conseguido seguir em frente, com Charlie Swan de todas as pessoas. E Leah, sabia, apenas sabia que todos aqueles que ela amava, dariam as costas para ela ou se não, acabariam por torná-la a segunda, terceira ou décima opção em suas listas de prioridades.
Mas tão doloroso como era aceitar essa realidade, ela não estava mais sem opções. Ela não precisava sentar e sofrer, ela não precisava fazer todos a sua volta sofrerem para distraí-la da própria dor, ela não estava mais acorrentada, ela era livre.
Tinha toda sua vida pela frente e tendo Jacob como alfa, sabia que poderia seguir seus sonhos, todos aqueles que ela sufocou em seu peito quando soube que não se alinhariam com os desejos e sonhos de Sam enquanto ainda estavam juntos. Todos aqueles que ela foi obrigada a esquecer, quando descobriu que era uma loba.
Então por mais sozinha que pudesse estar, ela agora tinha sua vida de volta, tinha suas escolhas, tinha seus sonhos e poderia ir tão longe quanto seu coração desejasse. E isso a enchia que uma coisa que ela tinha perdido desde que seu pai morreu e ela descobriu ser uma loba. Esperança.
Talvez daqui há alguns anos depois de parar de se transformar e terminar a faculdade, de fazer um mestrado e doutorado e construir uma sólida carreira como bióloga, ela poderia começar a pensar em adoção e ter uma família. Ela poderia ter tudo. Ela estava diante de um mundo de possibilidades muito reais.
E tão bom como seria dividir sua vida com alguém e partilhar esses sonhos, com uma pessoa que se importasse, ela não iria mais cair nessas armadilhas e permitir que alguém detivesse a chave de sua felicidade. Ninguém mais deteria tanto poder sobre ela.
Leah nunca se sentiu tão em paz consigo mesma até chegar a essas conclusões. Isso tornava muito mais fácil deixar tudo para trás, olhar para tudo o que aconteceu com menos mágoa, embora ainda doesse e talvez sempre fosse doer. Mas agora nada mais a segurava e por isso a vida começava a ganhar um sabor um pouco mais doce.
Ela não precisava de ninguém, nada e nem ninguém poderia completá-la, ela era inteira por si só. Talvez um pouco quebrada e afiada nas bordas, mas inteira. Isso não a impedia de querer, de desejar. Como quando era mais jovem e achava que precisasse dividir sua vida como alguém. Mas agora ela sabia que não precisava, no entanto percebia com cada vez mais clareza nesse momento, que ela queria desejar muito alguém. No entanto talvez fosse melhor fingir não querer, até que fosse verdade e se focar naquilo que ela poderia ter.
Fechou os olhos, apreciando sua epifania, sentindo seu corpo tocando a terra, ainda que o chão fosse meio frio, semi congelado mesmo, no entanto seu corpo superaquecido daria conta de compensar e era bom só sentir. Mas coisas boas duram pouco tempo, principalmente se seu nome é Leah Clearwater.
Sua doce epifania foi perturbada pelo som de passos se aproximando, o que fez seu corpo tencionar imediatamente pronto para qualquer coisa. Seria sua sorte, depois de ter se livrado de uma batalha bastante sangrenta e enfim entrar em um acordo consigo mesma, aceitando as coisas como elas eram, ser morta por algum desconhecido.
Leah sabia que quem se aproximava com bastante rapidez não era um lobo, ou qualquer dos vampiros que ficaram acampados perto a mansão dos horrores, o cheiro era diferente, mas a lembrava de algo... De qualquer forma não importava, permaneceria deitada tão imóvel quanto possível, para pegar desprevenido o intruso.
Decisão tomada relaxou seu corpo suavemente para não chamar a atenção. Assim que o estranho chegou perto o suficiente, ela girou muito rapidamente em posição de combate, seu corpo tremendo pronto para a transformação enquanto encarava seu adversário.
No momento que seus olhos cruzaram com os escuros olhos castanhos, seu corpo entrou em um imediato estado de calmaria e seu mundo novamente tomou uma derrapada feroz para o desconhecido. Todo seu mundo, suas relações, suas angústias presentes, passadas e futuras, tudo o que ela foi, tudo o que ela era e tudo o que um dia ela poderia ser não foram se desfazendo como seria de se esperar. Enquanto olhava para o homem meio humano e meio vampiro se agarrou a tudo o que foi, era e seria com todas as suas forças, no entanto aceitou todos os laços que estavam conectando ambos de forma tão definitiva e irrevogável.
Fechou os olhos por um momento reconhecendo que o homem à sua frente não era uma ameaça e, sobretudo aliviada por não ter capitalizado tudo que era por ele. Ela ainda era Leah Clearwater, seus pensamentos, seus sonhos e desejos ainda eram os mesmo de antes de encontrá-lo, nada tinha mudado e ao mesmo tempo tudo tinha mudado.
Mas aquele homem não seria o centro do seu mundo, ela percebeu não sem um pouco de choque. Tudo o que ela passou até então a tinha preparado para ele e para não sucumbir completamente sua identidade, vida e sonhos a ele. Ela sabia que era apenas sua pura força de vontade, teimosia e o entendimento de que era ela que tinha o controle da sua felicidade, que a impediram de abrir mão de tudo por ele.
Toda a perda, dor, decepção e rejeição a tinham preparado para o que os espíritos tinham colocado em seu caminho, talvez como uma maneira de manter sua identidade intacta e não se tornar uma idiota doente de amor pela força avassaladora desse imprinting.
Talvez os espíritos soubessem que ela nunca seria plenamente feliz se não aceitasse que ninguém detinha poder sobre sua própria felicidade, além de si mesma. E que se ele a rejeitasse como tinham feito antes, ela teria forças o suficiente para sobreviver a isso também. Pois, agora mais do que em qualquer outro momento de sua vida se sentia forte o suficiente para enfrentar o seu destino, que vinha na figura do homem diante dela.
Era diferente do que Jake tinha descrito que aconteceu com Nessie. Talvez para cada lobo fosse diferente, ou talvez ela fosse teimosa demais para aceitar ser basicamente acorrentada por cabos de aço a alguém, depois de tudo o que tinha passado com Sam, sendo parte de sua matilha. Mas com ele, Leah não se sentia presa ou acorrentada, ela se sentia ligada e, sobretudo para Leah, essa era uma diferença fundamental.
Era impossível, mas de alguma forma ela tinha dominado o imprinting e segurado sua essência e sua vontade. Era impossível também ser uma loba, mas ela de alguma forma também fez isso e tinha sido a primeira na história da tribo, ela tinha cruzado o impossível e feito dela.
Ela abriu os olhos pronto para encará-lo de frente.
- É você! — Leah nunca soube que poderia haver tanta maravilha, surpresa, esperança e felicidade em duas simples palavras, mas Nahuel conseguiu passar tudo isso e mais.
Ele sabia! Não deveria ser possível ou provável, mas era verdade. Ele poderia não saber o que era imprinting, não com todas as letras, mas sabia que ele sentia a conexão poderosa que os ligava de forma irrevogável. Nunca havia acontecido isso antes, mas então todas aquelas que tinham tido um imprinting com um lobo, para excessão de Nessie, eram humanas, muito diferente dele. Talvez seu status como um ser sobrenatural em seu próprio direito, mesmo que não fosse um lobo, permitia que ele percebesse a ligação que eles tinham de forma muito mais clara que qualquer ser humano.
Mas antes que pudesse especular mais profundamente, ele fez um movimento súbito a abraçando de forma íntima. Com uma das mãos na sua cintura e a outra segurando sua cabeça, os lábios dele apenas um suspiro dos seus, a respiração dele se misturando com a sua. Ela esperou por um beijo que não veio, já que ele ficou imóvel, aumentando a tensão e antecipação.
Talvez ele quisesse que ela fizesse a rendição final o beijando, no entanto ao mirar os olhos dele, ela rapidamente percebeu que não era sobre antecipação, sedução ou mesmo rendição. Era sobre escolha, a escolha dela. Ele estava dando a ela a oportunidade de avançar ou recuar e isso mais que qualquer coisa tornou sua decisão de fechar a lacuna que separava seus lábios dos dele muito mais fácil.
Seus beijos com Sam sempre tinham sido doces e entusiasmados, repletos de um sentimento de satisfação e vertiginoso encantamento. Ela tinha beijado antes e depois dele e até então ela não acreditava que nada superaria os beijos de Sam. Mas essa emoção crua e poderosa, repleto de paixão, ternura e uma adoração que ela nunca sonhou que pudesse existir, tinha empalidecido a quase nada todos os seus momentos mais íntimos com Sam.
Ele eclipsou todos os seus pensamentos, até que ela só podia sentir, sua pele e seu gosto, a forma como ele acariciava seus cabelos ou a forma como ele só sabia instintivamente, quando provocar e quando recuar, quando dominar e quando permitir ser dominado.
Assim que o beijo terminou só conseguiu olhar para aqueles profundos olhos castanhos que tinham mudado tanto e nada ao mesmo tempo, porque ela ainda era a mesma, só que mais.
- Não pense que só porque você é um grande beijador… — começou ainda atordoada com o beijo — ...eu vou te seguir até o fim do mundo, porque isso não está acontecendo com essa garota aqui, não mesmo. — terminou mortalmente séria.
Ela tinha sentido toda a força do imprint com esse beijo com certeza. Mas ela não seria aquela garota, que deixava tudo para trás por causa de um homem, que se tornava uma sombra de si mesma enquanto permitia que um homem fosse o centro do seu mundo e seu maior objetivo de vida.
Iria doer muito vê-lo partir, mas a dor era uma velha conhecida e se essa ia ser maior que todas as outras que fosse, ela tinha muitas coisas para preencher sua vida, principalmente agora que ela tinha recuperado seus sonhos, ela não ia abandoná-los mais uma vez por um homem, mesmo que fosse seu imprint. Mas ela também não precisava fechar a porta a todas as possibilidades, racionalizou. Ele não tinha feito nada contra ela, não tinha se mostrado uma decepção ainda e ela não poderia ser tão dura e inflexível em relação a ele, não seria justo. Respirou fundo antes de proferir a próxima sentença, suas feições e espírito se suavizando por entreabrir a porta, ao dar uma escolha a ele e uma chance a eles.
- Mas se quiser ficar, pra gente se conhecer melhor, eu não faria nenhuma objeção. — seu tom de flerte, algo que ela não usava há muito tempo, não foi perdido para nenhum dos dois.
O meio vampiro abriu um sorriso lindo.
- Acho que eu não ia querer de nenhuma outra forma, seria um prazer te conhecer em seu habitat natural — disse a última parte sarcasticamente, arrancando um risinho involuntário e muito feminino de Leah, que colocou as mãos rapidamente sobre os lábios em surpresa..
Leah Clearwater, nunca dava risinhos femininos, nunca mesma, mas talvez para seu imprint ela abriria essa exceção, mas apenas essa.
Nahuel tirou suas mãos dos lábios e a envolveu novamente em um beijo de fazer o mundo tremer.
- Vou ficar aqui, enquanto você me quiser — falou Nahuel, olhando profundamente em seus olhos, enquanto suas testas permaneciam unidas.
- Se você se comportar... — estreitou os olhos, a advertência a nada de sangue humano foi clara. — Você pode ficar o tempo que você quiser. — seu tom terminou mais suave e íntimo.
- Se depender disso, acho que só para sempre pode ser tempo suficiente, Leah. — A surpreendeu ao falar seu nome, algo que ficou claro no sorriso que deu a ela.
- Acho que eu não me importo de um para sempre, principalmente se for precedido de um felizes, tão clichê quanto isso possa parecer.
Deu um risinho mais uma vez por seu comentário tolo, mas não se importava, seu futuro no momento parecia muito brilhante e com tantas possibilidades que se sentia eufórica. Seu riso logo foi silenciado por lábios que prometiam felizes para sempre e todas as coisas que ela estava com medo de sonhar.
A vida era boa novamente e seria difícil também ela tinha certeza, mas nada que era bom de verdade era conseguido sem muito esforço e algumas lágrimas, ela tinha aprendido essa lição e sabia que aprenderia muitas outras, só esperava que pudesse ser acompanhada.


Fim!



Nota da autora: Esse é um final feliz para a nossa garota que mereceu muito mais do que o canon ofereceu a ela.
Essa história surgiu depois de uma conversa no grupo do face De Volta a Forks, quando falamos sobre Leah e quem poderia ficar com ela, quando eu mencionei que a imaginava com Nahuel o que canonicamente seria muito possível, depois da surpresa inicial algumas meninas concordaram comigo.
Por isso, decidi escrever um breve vislumbre do que eu acredito ser cânone para mim do final feliz de Leah.
Me deem sua opinião, principalmente porque essa é minha primeira one, digam o que acharam, bom, ruim, não pode opinar? Rsrs...
Ps.: Essa história está também postada em outro site sob o mesmo nome de autor, por isso se acharem ela por aí não se preocupem que não é plagio ;)



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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