Fiquei muito surpresa quando vi no aeroporto segurando uma placa com o meu sobrenome. Na hora fiquei na dúvida se ele tinha se recordado de mim ou não, só sei que meu coração acelerou ao ver aquele rapaz alto me esperando. Ele estava ainda mais bonito do que da última vez que nos vimos e fiquei feliz de ver que ele mantinha o cabelo longo.
— Você não sabe o quanto eu fiquei surpreso quando Camille me mostrou a foto dessa tal amiga que vinha da França. — disse, abrindo aquele sorriso maravilhoso que ele tinha.
— Quando as meninas falaram da noiva da Camille, eu esperava um cara bem mais bonito. — brinquei.
fez uma careta e me deu língua.
— Você sabe que nunca viu um cara mais bonito do que eu. — ele disse, brincando também.
Revirei os olhos para mexer com ele, mas eu também sabia que aquilo era verdade. se abaixou e passou os braços pela minha cintura, me levantando do chão com o abraço.
Nós chegamos rindo a casa de Camille, que não pareceu surpresa em nos ver tão próximos.
— Quando me contou que vocês tinham sido amigos, eu quase não acreditei! Esse mundo é minúsculo mesmo! — Camille disse assim que entramos. — Vem, senta aqui.
Camille me abraçou e me puxou para sentar no sofá junto dela. ficou em pé ao meu lado.
— Eu que não consigo acreditar que de todos os homens do mundo, você decidiu casar com o fedorento. — falei, tampando o nariz.
deu uma risada e bagunçou meu cabelo, coisa que ele sabia que eu detestava. Ele se sentou ao lado de Camille e beijou seu ombro carinhosamente.
— Não sei por que você nega que eu sou lindo e cheiroso, . — ele disse, repetindo a careta.
— Eu não sei quem te iludiu desse jeito. — rebati – Bom, na verdade, desde que conheço Camille ela tem essa mania de mentir para agradar as pessoas.
— Ah, então foi ela quem te disse que você ia ficar bem com esse cabelo? — ele rebateu
Eu abri a boca, fingindo estar ofendida, enquanto Camille quase chorava de rir. Ela espalmou suas mãos sobre as coxas de e eu e se levantou.
— Eu não sabia que a infantilidade de vocês dobrava quando estão juntos.
Camille saiu da sala, deixando e eu a sós. Ele se arrastou no sofá para ficar mais próximo de mim, próximo demais inclusive. Mas eu já sabia que ele sempre teve essa mania. De ficar próximo demais.
— Na verdade, você realmente ficou muito bem com esse cabelo. — ele sussurrou.
— Eu não acredito em você. — respondi.
— Então deveria. — piscou e se levantou do sofá, saindo da sala também.
Nós três jantamos juntos naquela noite. Camille me disse que eu só poderia ver as outras meninas no dia do casamento, já que fui a primeira chegar.
Camille e eu nos conhecemos há muitos anos em um intercâmbio para a França. Nós morávamos em estados diferentes e só nos conhecemos lá, sem ter a ideia de que ficaríamos tão amigas. Ela era quase uma irmã para mim e, mesmo ficando tanto tempo afastadas por causa da distância, nos falávamos frequentemente. Creio que fui uma das primeiras pessoas a saberem do noivado, pois ela me ligou de madrugada quando saiu do restaurante, depois que fez o pedido.
Eu realmente não tinha ideia de que era o noivo dela. Ele nunca gostou de tirar fotos, então as que Camille conseguia me mandar ele estava sempre se escondendo. Talvez eu tivesse percebido alguma hora, mas decidi ignorar.
Como eu não tinha ideia de que a casa de Camille era tão grande, eu reservei previamente um hotel perto de onde o casamento aconteceria. Por muita insistência dela, dormi lá aquela noite, pois também teria que ir logo para o lugar para adiantar algumas coisas, então eu não precisaria alugar um carro para dirigir até o local.
No momento, aquilo foi ótimo.

Camille me abraçou forte, quase chorando. Ela sempre foi uma menina extremamente emotiva, foi a que mais chorou quando o intercâmbio acabou e eu dei a notícia de que não voltaria ao país.
— Pelo amor de deus, Camille, em uma semana vocês vão se ver de novo! — exclamou.
— Uma semana é muito para quem já ficou tantos anos longe assim da melhor amiga!  ela respondeu.
revirou os olhos enquanto eu ria, retribuindo o abraço de Camille.
— Eu sou o seu noivo e não estou recebendo um tratamento desses.
— Você já está aqui há muitos anos enchendo o meu saco, .
— Ih, já chega. Não quero ser responsável pelo fim de um casamento que ainda nem começou. — brinquei, me soltando dos braços de Camille.
— Pois é, pelo jeito minha noiva gosta mais de você do que de mim. — bufou.
— É porque eu tomo banho, você devia tentar. — brinquei, dando um tapinha no ombro de .
— Já chega disso, vamos embora antes que você roube minha noiva. — disse, me puxando pelo pulso.
— O cabelo dela realmente está bem melhor do que o seu. — Camille disse, rindo.
— Para de mentir pra menina, Camille!
Camille revirou os olhos e ficou na ponta dos pés para dar um beijo em , que ainda segurava o meu pulso.
— Ai que nojo. — eu disse, fazendo uma expressão de repulsa.
Em resposta, segurou Camille pela nunca e fez questão que eu o visse enfiar a língua na boca dela. Camille riu com a palhaçada do noivo e o afastou.
— Se comportem vocês dois! — ela recomendou.
— Pode deixar, vou vigiar bem isso que você chama de noivo. — respondi antes de entrar no carro.
A viagem não foi tão longa quanto o esperado. Eu fui diretamente para o hotel e foi para a igreja resolver algumas questões.

Notei que se manteve muito afastado de mim nos primeiros dois dias em que estivemos lá. Obviamente ele estava ocupado com algumas coisas, mas pensei que faríamos companhia um ao outro nesse tempo. Não que isso diretamente me incomodasse, já que eu tinha bastante trabalho a distância para fazer, mas mesmo assim aquilo foi estranho. Depois que chegamos, nós só nos vimos no terceiro dia, quando ele veio me buscar para fazer a prova de seu vestido de madrinha.
Ele sorriu para mim como se não tivesse se afastado por tanto tempo. A prova do vestido foi bem rápida, já que eu tinha um corpo fácil de vestir. E o vestido até que não era feio, felizmente. Camille decidiu que todas as madrinhas vestiriam preto, o que me deixava muito feliz, já que era minha cor favorita.
me levou para almoçar depois disso, mas se manteve calado boa parte do tempo. Aquilo tinha começado a me incomodar, porque ele tinha parecido muito amistoso quando eu cheguei. E já tinha se passado tanto tempo.
— Você não contou a Camille, não foi? — perguntei, cansada daquele silêncio.
levantou os olhos e me olhou confuso.
— Contei o que? — ele perguntou engolindo seco, já sabendo sobre o que eu me referia.
— Que nós não éramos somente amigos. — levantei as sobrancelhas, fazendo a cara de deboche que ele tanto detestava.
Para minha surpresa, riu e pareceu muito aliviado com a pergunta.
— Não achei necessário, — ele respondeu em um tom de voz bem mais leve — você sabe o quanto ela é ciumenta. Não queria dar motivo para que ela tivesse ciúmes.
Ele respondeu, tomando um gole d’água e mantendo o contato visual. Olhei para ele, sentindo que havia mais nas palavras dele do que ele queria dizer.
— Por que ela teria ciúmes, fedorento? Nós namoramos por alguns meses em 2006, a gente tinha 17 anos.
deu uma risada falsa e voltou a comer. Não tocamos mais no assunto durante o resto do almoço.

me levou de volta ao hotel, subindo comigo até o quarto, mesmo sem ter sido convidado. Mas tinha dessas coisas mesmo, ele era do tipo de amigo que te levava até a porta de casa e se você deixasse, entrava primeiro que você para vasculhar a casa e ter certeza que não tinha nenhum assassino escondido lá.
Eu parei em frente à porta e me virei para encará-lo.
— Por que você ficou tão distante de mim esses dias? — perguntei.
— Eu não fiquei distante de você, só estava ocupado. — ele respondeu, ajeitando o cabelo.
Eu soltei uma risada sem graça e abaixei a cabeça.
— Pensei que a gente pudesse ser amigos de novo. — me vi dizer.
Mantive a cabeça baixa, então não pude ver a expressão de , mas o ouvi dizer com a voz fraca:
— Isso é importante pra você?
— Eu não sei. Não sei por que toquei nesse assunto, me desculpa.
Virei-me para abrir a porta, ainda de cabeça baixa para evitar o rosto de . Entrei no quarto e senti entrar comigo e fechar a porta. Olhei para ele surpresa, sem entender sua atitude.
— Você sabe que não podemos ser amigos.
— Claro que podemos, fomos amigos nossa vida toda.
— Então por que não continuamos amigos depois que você foi para a França? — ele perguntou, me lançando aquele olhar questionador que me desconcertava da cabeça aos pés.
— Porque você não me ligou. — respondi.
— Se eu tivesse te ligado, as coisas teriam sido diferentes?
se aproximou de mim, o que fez com que eu virasse o rosto para evitar aquele olhar. Eu tinha certeza que não deveria me sentir daquele jeito, mas eu não conseguia evitar. Os olhos de sempre foram minha maior fraqueza e pelo visto continuavam sendo.
— Eu não sei, talvez. Mas as coisas são desse jeito agora, não tem como mudar.
— Não?
— Não.
Eu tentei soar firme e decidida, mas pelo jeito não funcionou. E eu definitivamente não era, já que no segundo seguinte já estava completamente mole nos braços de , sentindo aqueles lábios macios colado nos meus. Eu não conseguia pensar em nada além daquele momento nos braços dele.
Rapidamente me levou até a cama, me despindo completamente. Ele me segurava firme pelos quadris enquanto sua boca passeava por todo o meu corpo, que vibrava a cada toque dele.
tinha sido o meu primeiro anos atrás e eu sempre achei que nunca tive um sexo tão bom quanto tive com ele. Nesse momento, eu tinha certeza. Não porque ele fosse algum tipo de deus do sexo ou coisa parecida, mas por causa da conexão que tínhamos juntos. Por mais que eu tentasse negar, não conseguia. Era impossível, terrivelmente impossível.
Qualquer pessoa poderia me tocar nos mesmos lugares que que nada se igualaria a sensação que o toque dele me causava. Fechei os olhos rapidamente quando senti a língua de em minha vagina, mas os abri novamente porque nada era melhor do que encarar aqueles intensos olhos . Eu bem sabia disso. Eu bem me lembrava disso.
Eu segurei os cabelos de com uma mão e a beirada da cama com a outra, tentando usar força física para reprimir meus gemidos. A última coisa que eu precisaria era de outros hóspedes reclamando do barulho.
se colocou em cima de mim novamente. Ele beijou o meu pescoço e mordeu minha orelha e depois sussurrou em meu ouvido:
— Você é tão deliciosa quanto eu lembrava.
Senti meu rosto ruborizar enquanto eu soltava uma risadinha sem graça ao ouvir aquilo. Certos elogios me desconcertavam e não só sabia disso, como parecia ser um afrodisíaco para ele.
Ele passou seu braço pelas minhas costas e me ergueu, me encaixando perfeitamente nele. Eu me sentia muito pequena nos braços de , mas nunca me sentia fraca ou frágil. Muito pelo contrário, algo nele me fazia sentir muito forte.
Não sei quanto tempo ficamos juntos daquele jeito. Só sei que esses momentos de prazer se repetiram várias vezes. Já estava escuro quando consegui juntar forças para expulsar de meu quarto, para que não cobrassem pela estadia dele. Ele fez bico, enrolou, mas finalmente foi embora.
Naquela noite quase não consegui dormir, pois ainda estava elétrica pelo o que tinha acontecido entre e eu. Não conseguia acreditar que depois de todos esses anos eu permanecia completamente apaixonada por ele, tanto quanto quando o deixei.

Acordei ainda sentindo meu coração acelerado por causa do que tinha acontecido no dia anterior. Assim que acordei ouvi umas batidas na porta e quando abri a porta, dei de cara com um enorme buquê de rosas. O buquê foi se abaixando, revelando um par de olhos que atravessavam minha alma e um sorriso bobo infantil que me encantava.
— Você não consegue ser mais brega do que isso não? — perguntei, tirando sarro da cara dele.
— Eu prefiro o termo “romântico”. Mas se você gosta de “brega”, então usaremos “brega”. — respondeu, me puxando pela cintura e me dando um beijo apaixonado.
Eu sorri enquanto passava a mão em seu cabelo ondulado. me soltou tão abruptamente que quase cai no chão. Ele se ajoelhou no chão, estendo o buquê de rosas em minha direção.
— São para mim? — Perguntei.
— São. — ele se levantou e torceu a boca, parecendo chateado — Eu queria te dar algo tão belo quanto você, mas infelizmente o sol iria nos causar queimaduras horríveis, então só comprei flores mesmo.
Eu soltei uma gargalhada, que se seguiu por várias outras.
— Você é muito brega, !
Peguei o buquê das mãos dele e me virei, procurando um lugar para colocá-las.
— E você gosta disso. — ele disse, me abraçando por trás e beijando meu pescoço.
Meu celular começou a tocar no meu bolso e o peguei para atender. Meu sorriso se desmanchou assim que vi o nome piscando na tela.
— Quem é, meu amor? — perguntou.
— Sua noiva. — respondi me sentindo desnorteada pelo choque de realidade.
Não só um choque, na verdade. Aquilo foi uma verdadeira pancada, tão grande que precisei me sentar.
A chamada acabou caindo, mas logo ela ligou novamente. Respirei fundo antes de atender.
— Alô?
— Finalmente alguém me atendeu! não me atende desde ontem, ele tá com você? — Camille perguntou animada. Com certeza ela estava eufórica pelo casamento, casamento que eu quase arruinei.
— Sim, a gente está tomando café. Vou passar para ele.
Estendi o telefone para sem olhar para ele. Ele pegou e se sentou na beirada da cama.
— Oi Camille. — ele respondeu secamente.
Ele parecia tão sem reação quanto eu.
— Sim... Sim... Não, está tudo certo... É... Ficou perfeito, ficou linda... Sim, depois a gente se fala, ok?... Ok. — ele desligou o celular rapidamente e o colocou em cima da cama.
Eu passei a mão em meu rosto e em meus cabelos. Eu me sentia tão nervosa que parecia que a qualquer momento eu iria vomitar.
— O que a gente fez? — perguntei, sem conseguir conter minhas lágrimas.
correu até mim e levantou meu rosto, secando minhas lágrimas.
— Não, não chora. Eu vou conversar com a Camille e...
— Você não pode falar isso para ela! Vocês vão se casar em dois dias, ela não pode saber isso. — eu disse, já me sentindo desesperada.
— Eu não posso casar com ela, . Eu não posso casar com qualquer outra mulher que não seja você. — disse, e ele estava falando sério.
Sem saber o que fazer, puxei o rosto de para perto e o beijei. Não sei por que fiz isso naquele momento, mas não podia negar que essa era minha vontade o tempo todo. Joguei-me sobre o seu corpo e nos deitamos no chão. Novamente, não consegui resistir a .
De todo os erros que eu já cometi, esse com certeza foi o pior. Mas como eu poderia me arrepender de algo tão bom? Como eu poderia me arrepender de algo admirando aqueles olhos e sentindo o toque daquela boca macia e rosada? Talvez eu me sentisse mal mais tarde, talvez eu me sentisse mal quando esses dias finalmente acabassem e fossemos forçados a encarar o mundo real. Mas agora, nesse momento, eu não conseguia me arrepender de nada.
— Nós poderíamos fugir juntos. Você sabe que eu iria com você a qualquer lugar do mundo, inclusive o inferno. — ele disse, me segurando pela cintura e beijando minha costela. O toque de seus lábios naquele lugar tão pouco exposto fez com que eu sentisse um arrepio por todo o meu corpo.
Afaguei seu longo cabelo ondulado e soltei uma risada.
— Eu jamais te levaria ao inferno. — respondi, tentando desviar o assunto.
— Eu sei que não, você só me leva ao paraíso.
se deitou sobre mim e me beijou os lábios com uma imensa paixão, como sempre fazia. Eu tinha certeza que ele me amava profundamente, assim como eu o amava. Nada me faria pensar o contrário.
— Mas eu falei sério sobre fugir, nós poderíamos fazer isso. — ele disse depois de se deitar ao meu lado.
Eu me ajeitei perto dele, deitando minha cabeça em seu peito, deixando com que ele brincasse com o meu cabelo.
— Camille chega amanhã.
— Nós vamos hoje então, agora! Eu tenho um pouco de dinheiro no banco. A gente pode se esconder até chegar o dia de você voltar pra França para você não desperdiçar sua passagem e podemos ir juntos. — disse, tão empolgado que eu precisei rir.
— Você é mesmo brega, . — eu disse, rindo.
— Mulher, eu já disse que não sou brega. Eu sou romântico. — ele disse e nós rimos juntos.
Até nossa risada morrer e um silêncio triste pairar sobre nós dois.
— Você não vai mesmo ficar comigo, não é? Mesmo se eu não me casar com Camille. — disse com uma voz triste. Senti meu coração partir em milhões de pedaços imediatamente.
— Eu não posso, . Só de imaginar em como a Camille ficaria com uma coisa dessas, eu... — respirei fundo para segurar o choro — Eu não posso.
— Você é a pessoa mais maravilhosa que existe. — ele respondeu, dando um beijo carinhoso em minha cabeça.
— Não sou tão maravilhosa se dormi com o noivo da minha melhor amiga.
— Não é nossa culpa nos amarmos tanto.
puxou meu rosto e me deu um beijo.

Ele passou a noite comigo no hotel. Nem me importei se os vizinhos iriam reclamar do barulho ou se o hotel fosse me cobrar pela estadia dele. Eu só queria e precisava passar com todo o pouco tempo que ainda nos restávamos antes de o destino nos separar, mais uma vez.
e eu nos conhecemos ainda quando crianças, devíamos ter mais ou menos uns sete anos e nossa amizade foi instantânea. Ele morava em uma rua bem perto da minha e costumávamos ficar no parque conversando até nossas mães vir nos separar. Nós íamos para casa chorando, observando um ao outro partir.
Essa amizade perdurou quando entramos na pré-adolescência. Para qualquer pessoa que olhasse de fora seria muito estranho uma menina como eu, 15 centímetros mais alta e com notas incomparavelmente melhores, continuar sendo amiga de um garoto pequeno e imaturo como , mas o que ninguém sabia era que ninguém entendia meus medos e frustrações como . Ninguém me ouvia como ele ou me dava conselhos como ele. Por baixo daquela máscara de menino imaturo, tinha um garoto muito inteligente.
Quando completamos 15 anos, cresceu de uma maneira absurda, o que fez com que eu me tornasse a pequena da dupla, e seus pelos acompanharam esse crescimento. Inclusive, foi nessa época que começamos a chamá-lo de fedorento, pois ele vivia fedendo a cecê, não importasse quantos banhos ele tomasse ou quão caro fora seu desodorante.
Mas um ano depois, com o problema do cecê resolvido, se tornou, sem sombra de dúvida, o menino mais bonito da escola. Não só pelos seus olhos maravilhosos e os seus cachos escuros, ou por seu corpo bem estruturado e ombros largos, que desde sempre ele gostou de aprimorar com exercícios físicos. era a pessoa mais bondosa e simpática da terra. Seu carisma era tão grande que não tinha como alguém nesse mundo não se encantar por ele e isso fazia com que as pessoas prestassem atenção nele mais do que em qualquer outra pessoa.
Junto com essa mudança drástica de chegou o meu ciúme. Eu não suportava a maneira como as outras meninas olhavam para ele e ficava estupidamente amarga sempre que isso acontecia. Como todos sempre souberam o quão amigos nós éramos, ninguém nunca pensava que ele fosse o meu namorado (e ele não era mesmo), então as pessoas davam em cima dele na minha frente e eu me segurava para não matar alguém.
Porém, eu me sentia extremamente injusta com por causa disso. Com 16 anos ele nunca tinha tido uma namorada, nem ao menos beijado na boca. Eu já tinha tido dois namorados e ido a mais festas do que ele (ninguém queria convidar fedorento). Mas mesmo assim ele não parecia demonstrar nenhum interesse em outra pessoa e, quando eu perguntava, ele sempre dava de ombros e mudava de um assunto.
No final daquele ano nós fomos a uma festa, a primeira da vida de . A garota que nos convidou estava completamente apaixonada por ele e não fazia questão de esconder de ninguém. Eu só fui à festa por causa dele, já que ele queria muito ir, mas fui armada da cabeça aos pés, pronta para brigar com a garota. Eu fiquei junto dele o tempo todo, morrendo de ciúmes antes mesmo de algo acontecer.
Vendo o meu comportamento, a tal dona da festa me confrontou dizendo que eu estava apaixonada por . Eu apenas ri, pois e eu já estávamos há meses enfrentando os boatos sobre a nossa amizade, eu já estava acostumada com aquilo. Enquanto ela me “acusava” de estar apaixonada por , eu ria como se aquela fosse a piada mais engraçada do mundo.
Mas quando ela foi até ele, puxou seu pescoço, o beijou e ele correspondeu, eu o joguei na piscina. Assim, sem mais nem menos, eu me desloquei até os dois, separei o beijo e joguei na piscina. Depois sai da festa e caminhei até em casa chorando.
Ignorei por umas duas semanas depois daquilo, até que ele cansou de esperar e entrou no meu quarto pela janela implorando para que eu falasse com ele. Nosso primeiro beijo finalmente aconteceu e eu não pude mais negar que estava completamente apaixonada por ele. , que sempre foi brega desse jeito, dizia que se apaixonou por mim desde a primeira vez que me viu. Hoje em dia eu até acredito nisso.
Quando contamos para todos que estávamos namorando, depois que as aulas voltaram, ninguém ficou surpreso. A maioria das pessoas, principalmente nós dois, tinha certeza de que íamos ficar juntos para sempre, não importasse o que acontecesse. Ninguém e nada podia separar um casal tão apaixonado, podia?
Nada, exceto o fato de que eu, durante três anos, tentei arduamente conseguir um intercâmbio na França para estudar na maior escola de culinário do mundo, Le Cordon Bleu. Eu fui a única pessoa com menos de 18 anos nesse país a conseguir uma bolsa integral e internacional. Recusar essa oferta e ficar no país nem ao menos era uma opção.
e eu choramos por três dias, mas decidimos aproveitar o tempo que nos restava juntos. Como uma pessoa maravilhosa que ele sempre foi, me apoiou todo momento e nem ao menos pediu para que eu ficasse. Ele apenas me incentivou, todos os momentos. Naturalmente, fizemos milhares de planos para quando eu voltasse, principalmente de continuarmos juntos independente da distância. Obviamente, nenhum desses planos se concretizou. Nós nunca terminamos oficialmente, mas isso ficou explícito poucas semanas depois de eu chegar à França.
Foi pouco tempo depois de chegar lá que conheci Camille e ficamos amigas. Ela voltou assim que o curso terminou, mas eu decidi ficar, pois fui convidada para trabalhar com um dos melhores chefes do país. Já Camille, mesmo depois de ter estudado no Cordon Bleu, não quis se manter nessa carreira.
Não sei como ela e se conheceram, pois nunca tive muito detalhes. Só sei que alguns anos depois ela começou a mandar fotos desse rapaz misterioso que não queria mostrar o rosto. Não sei se eu realmente nunca soube que era ou se eu preferi não saber.

No dia do casamento, eu já acordei chorando. Assim que abri os olhos, as lágrimas começaram a jorrar e levei uns trinta minutos para conseguir me controlar.
Assim ouvi as batidas na porta, eu já sabia que era . Sem dizer nada ele me agarrou pela cintura e começou a me beijar. Rapidamente eu correspondi e me entreguei a ele, sabendo que aquela seria a última vez.

e eu estávamos em minha cama, com as pernas entrelaçadas. Ele tinha uma mão em meu cabelo e a outra acariciando minhas costas, enquanto seus lábios beijavam os meus e eu me sentia no paraíso. As roupas dele estavam todas espalhadas pelo o meu quarto.
— Como você veio parar aqui? — perguntei.
Essa era a primeira vez que um de nós dizia algo desde que ele tinha chegado aqui.
— Camille me pediu para te buscar.
me apertava e beijava o meu pescoço e ombros, demonstrando desejo e carinho e naqueles toques.
— Ela vai estranhar toda essa demora.
— Shh. — ele fez, colocando o indicador em meus lábios — Ainda faltam horas para o casamento. Ninguém precisa saber.
Eu soltei uma risada e me levantei da cama para vestir minhas roupas. fez o mesmo sem reclamar.
— Você vai mesmo se casar com ela, não é? — perguntei, sem saber por quê.
me olhou nos olhos, com aqueles olhos cheios de intensidade.
— Eu faço qualquer coisa que você pedir, meu amor. — ele respondeu, beijando minha mão.

Em vez de dirigir diretamente para a igreja, me levou para um lugar bem no fim da cidade, onde não tinha nada além de muita grama e árvores. O sol batia forte em nossos restos e o vento fazia meu vestido subir.
— O que estamos fazendo aqui? — perguntei.
Ele apertou o meu rosto com as mãos e me deu um beijo rápido.
— Você sabe que eu sou muito romântico...
— Você quis dizer brega? — brinquei, rindo.
— Romântico! — ele disse com ênfase — Eu sou muito romântico, e já que nós não vamos nos casar, eu quero que você me faça uma promessa.
tinha esse dom de transformar qualquer situação em algo bem mais leve. Ele fez isso quando eu estava prestes a ir para França e estava fazendo isso novamente. Ele tornava as coisas muito mais suportáveis.
— O que você quer que eu prometa?
— Promete para mim que você nunca vai se esquecer de mim. Que você vai sonhar comigo e vai ficar tendo flashbacks e mais flashback sobre tudo o que a gente viveu ou que poderia ter vivido. Que você vai se lembrar de mim. — ele disse.
gesticulava de modo dramático, praticamente pulando. Ele parecia uma criança empolgada com alguma história. Eu ri, admirando aquele homem tão especial que tinha uma alma tão jovem.
— Prometo. E você, vai se lembrar de mim?
me deu um meio sorriso e segurou minhas mãos.
— Esses lábios vermelhos, essas bochechas rosadas, esses olhos grandes e curiosos... Como eu poderia esquecer?
Eu sorri e pulei no pescoço de , colocando nossos lábios. Ele me abraçou pela cintura e me levantou. Enquanto nos beijávamos, pude sentir o gosto salgado de nossas lágrimas se misturando. Naquele momento, eu me sentia muito feliz, mesmo com aquela dor latejante meu peito.
Aquele era, oficialmente, nosso último beijo.

Camille estava deslumbrante eu seu vestido de noiva. A decoração da igreja foi toda em lilás, sua cor preferida. Ela estava tão animada que parecia brilhar no altar. A expressão de era a pior possível. Ele nem ao menos conseguia disfarçar. Sei que eu também não parecia melhor.
O padre pigarreou e olhou para .
Edward , você aceita Camille Marie Taylor como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la, até que a morte os separe?
A expressão de era puro pânico. Ele respirou fundo algumas vezes, olhando ao redor.
— Senhor ? — o padre perguntou novamente, notando o silêncio de .
finalmente olhou para mim e nossos olhares se encontraram.
Senti meu coração disparar em meu peito e eu não consegui enxergar ou pensar em nada além de .

Fim



Nota da autora: Sem nota.




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