Última atualização: 11/10/2024

Capítulo 1

October, 31.

segurava desajeitadamente a bandeja de papelão que envolvia o bolo em formato de coração coberto por uma grossa camada de glacê parisiense de não tão boa qualidade, mas que chamava atenção pela coloração azul bebê, incrustado de pequenos detalhes de bico de confeiteiro. A encomenda ficou a critério de , o que resultou em um detalhamento impecável por parte da confeitaria, surpreendendo até mesmo, .
-
ESTÁ PRESTES A DERRUBAR! - se esquivou do mal jeito de , deixando que o mesmo depositasse por um triz o recipiente na mesa. se limitou a rir e comemorar quando finalmente pode ver as pequenas velinhas acesas espalhadas, como em um clássico cenário de aniversário, e amava clássicos. Não demorou muito até que as palmas fossem ouvidas e o parabéns ressonasse pelo apartamento, até que pode se inclinar para apagar as 23 velas. Uma por uma, fez um pedido mental: dentre saúde, um bom emprego, e quem sabe um amor, pediu para que aquele momento não se perdesse no tempo, junto das pessoas que nele se incluíam.

Ah, mas o tempo..o tempo não volta. Tudo no mundo se pode comprar, até mesmo vidas! mas o tempo…ele é indiferente, ignorante, e egoísta. E nós somos reféns dele.



One week later

À 30km do centro de Busan, Coreia do Sul, o voo desembarcava uma garota de cabelos lisos pelo ombro, acompanhada de um rapaz com feições semelhantes, se não fosse pelo porte alto e cabelo recém cortado. Os dois seguiram arrastando uma porção de malas pelos corredores, e entre tropeços e rodinhas emperradas, chegaram ao táxi. O rapaz se acomodou e desbloqueou o celular, encarando o aparelho por pelo menos 30 segundos até que conseguisse clicar no contato que imaginava. Do outro lado, a garota encostou a cabeça sobre o vidro e tentou cochilar os 30 quilômetros restantes até o destino.
-
Vai conseguir me ajudar com a mudança pro outro bloco?- murmurou, meio sonolenta pelo fuso horário maluco. -
Vou cobrar 10 mil wons por escada subida, esses mesquinhos não aceitam móveis no elevador - resmungou o irmão, suspirando. o deu uma cotovelada em resposta, recebendo um grunhido do mais velho - estou brincando, você vai ter sua mudança em paz - sorriu faceiro, voltando a digitar no visor do celular.

Do outro lado da cidade, nos corredores lotados do prédio de Engenharias e Urbanismo, caminhava tranquilamente comentando sobre o resultado inacreditável do último jogo entre turmas, e o quão mal havia jogado o time de Arquitetura. Yuno fez menção para vestir o moletom, e nesse meio segundo de pausa, sentiu o celular vibrar sobre o bolso da calça.

Queria saber se você ainda joga feito Michael Jordan, porque minha intenção é te destruir nessas quadras da BNU”

Desbloqueou o aparelho de imediato, observando a mensagem com o nome de “Sanny” estampado. Franziu a testa, demorando a processar o que havia lido. não mandava mensagens há pelo menos 2 meses, e embora tivesse certas dúvidas de tal comportamento, não o questionou, pois conhecia o histórico comportamental. Mas BNU? Eram as siglas da Busan National University, isto é, de onde o mesmo vinha passando os últimos 3 anos de sua vida; e estava falando sobre basquete. Os pontos não se ligavam, mas franziu ainda mais o cenho, como se aquilo fosse capaz de o fazer pensar melhor, e como um raio que caiu sobre sua cabeça, a lucidez o tomou naquele corredor de Arquitetura: estava de volta, e o melhor, parecia estar de volta pra valer, mais precisamente, estudando em sua universidade.
-
Nem fodendo - sibilou num sussurro sozinho - , olhe isso - apontou o visor com a mensagem para o amigo distraído. estreitou os olhos com dificuldade e logo em seguida abriu a boca em um sorriso surpreso -
Caralho, ! - tomou o aparelho de sua mão, observando a mensagem - isso é pra valer? quer dizer..ele está voltando mesmo? - lançou um olhar de dúvida para o rapaz -
Não acho que ele brincaria com isso, não é do feitio do cara - ponderou soltando uma risada duvidosa. -
Precisamos sair pra beber, isso é mais do que um motivo - bateu na porta do armário de metal em empolgação - é um marco! - bradou animado como um Hooligan em dia de final. -
Isso é o óbvio, meu amigo - empurrou as costas de em direção ao corredor, seguindo pelo caminho à sala - reserve sua sexta feira; vou confirmar o enigma de , e se tudo der certo, vamos quebrar o the republic - deu dois tapinhas nos ombros de , e assim entraram para a próxima aula de filosofia moderna, não esquecendo de dar início àquela bohemia que pretendiam para o final da semana.

“Só pode me destruir em um mano a mano, se aparecer no the republic sexta feira”

Ele só havia esquecido que o melhor amigo tinha companhia, e uma não tão esperada por sua parte.

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-
Essa é a última? - questionou no pé da escada, enquanto jogava a caixa sobre a batente da porta. -
Pela graça divina - arfou, já suando pelas têmporas - eu até te pago um serviço de mudança da próxima vez, mas não me bota nessa fria de novo - escorregou pela parede, descendo até o chão -
Larga de reclamar, - bradou, tomando caixas nos braços e chutando outras pelo caminho do apartamento - vem ajudar, antes que desista de te ajudar com os seus - ordenou em um olhar atento -
Meu apartamento é mobiliado, irmãzinha - riu, cruzando os braços e a olhando em indignação. A mais nova rolou os olhos e seguiu suas tarefas pela casa como um furacão, e foi aí a deixa de para fugir ao bloco contrário.

O caminho era longo, dado o tamanho do condomínio. Felizmente havia juntado dinheiro suficiente durante seu tempo longe para que pudesse alugar até mesmo uma cobertura no coração de Hongdae, mas era contrário à ideia de engomadinhos e restaurantes granfinos por hora. Escolheu um duplex no 18º andar, com ótima vista para o Bosque Yeoseon, e espaço suficiente para uma eventual bebedeira na jacuzzi do deck de madeira. Jogou as chaves sobre a escrivaninha de madeira da sala de estar e seguiu até a cozinha, depositando o celular sobre o balcão e pegando a chaleira para ferver seu almoço - um teoppeoki spicy agridoce do mercadinho ao lado - e enquanto isso teve tempo suficiente para desencaixotar alguns pertences. O celular apitou em cima do mármore e nele apontou o nome de , denunciando o tom que já era conhecido por , fazendo com que sorrisse ladino, nostálgico pelas lembranças anteriores do grupo de amigos.

Flashback on -
! Eu disse para focar na droga da bola! - o técnico gritava no fundo na quadra, a jugular saltava em meio ao suor daquela tarde quente de julho. O adolescente de cabelo pingando seguiu em passos largos pela quadra, quicando a bola em direção a . se posicionou próximo a linha da cesta, e corria de um lado ao outro como um bobo da corte, mas proporcionando o humor necessário para aquela partida de interclasses do ensino médio. -
, passa pro - gritou ao outro lado da quadra, jogando a bola com um lance longo. O branquelo correu desajeitado pelo piso escorregadio, e com muita sorte desviou de todos os brutamontes do time adiversário, alcançando e o fazendo o passe. não dormiu em jogo, correu em passos rápidos enquanto quicava a bola, chegando a linha de lance e…PONTO! O placar explodiu, marcando a vitória do time da casa. Os três comemoraram juntos, recebendo e Mingi no encalço, embora estivessem de reserva no jogo.

Flashback off.

Acordou do devaneio de lembranças embaçadas depois que ouviu a chaleira gritar, correndo em direção ao fogão para desligá-la. Comeu no próprio balcão, enquanto passava algum conteúdo sobre Kanye West na timeline do twitter "o rapper reapareceu com Bianca ao lado de North West, e gerou polêmica nos paparazzi presentes em Beverly Hills". Que falta de ocupação, pensou alto. Não que não goste de Kanye, costumava cantar Stronger na segunda feira pós um dia daqueles, mas tinha preguiça de tablóides de fofoca. Oras, ele queria saber quando sairia o próximo álbum, não a rota do passeio em família. Balançou a cabeça em negativa e se apressou para tomar um banho, tinha muito a resolver pela frente como um recém voltado a Busan.

Sexta-feira, 12 PM.

O metrô daquela linha fazia tanto barulho que podia jurar que iria bater em alguma parede de pedra. se esquivava entre o amontoado do vagão e ansiava pela chegada no hospital modelo, ainda que um dia daqueles a esperasse. Ao ser cuspida do vagão como um inseto, checou o relógio no pulso e apertou o passo seguinte ao destino por mais 200 metros, enquanto passava ligeiramente as mensagens e notificações do celular. Em uma delas, o grupo de mensagens que incluía os amigos anunciava uma mensagem não lida.
“Infelizmente vamos ter que marcar nossa sexta-feira-da-vergonha pra outra sexta-feira. , eu, e temos compromisso; e como somos maioria, a democracia vence. Se cuidem, xx.”
. 12h02. - lida

Franziu o cenho intrigada, o que era isso? ninguém nunca cancelava a sexta feira da vergonha assim! A não ser por alguma mocréia nova no pedaço, e bom, era isso que tudo indicava. Soltou uma risada sem humor enquanto passava pela catraca, guardando o aparelho de volta no bolso. Subiu em passos rápidos pela escadaria e finalmente chegou ao andar pretendido, iniciando o plantão com um senhor viúvo que havia perfurado parte da mão direita com um grampeador, e ainda eram meio-dia.

As horas incontáveis e cansativas passaram como um furacão de escala 5, e finalmente o expediente havia acabado, levando Heva e suas tralhas até o vestiário se despir, achando um resquício de tempo para voltar sua atenção às redes sociais. Rolou o feed de stories no instagram, e nele chegou uma foto de em uma bela mesa de carvalho, segurando um conhecido copo de cerveja com a logo de um emoji feliz, junto à localização do the republic. Filha da puta! Onde estava o compromisso de sexta à noite? e o pior de tudo, o cretino estava no próprio lugar da sexta-feira-da-vergonha, postando como se não houvesse amanhã. Mentiroso medíocre…pensou internamente enquanto enfiava tudo dentro da mochila e vestia o casaco de couro, sabendo para onde seria certamente seu destino dali 20 minutos. O táxi não demorou a aceitar o aceno, e com isso seguiu até Busanjin-gu, liberando para o pegar no pulo.

The republic, 09h30PM.

Tudo estava em perfeita ordem, assim como a Terra girava em torno do sol, , , e se encontravam na mesa de madeira escura iniciando os trabalhos com uma rodada de Weiss bier, enquanto esperavam pelo amigo. Além de tudo, o acordo estava fundado: deu instruções expressivas sobre aquele momento de sexta-feira, sendo que aquilo não deveria chegar a terceiros, e imediatamente todos concordaram sem hesitação.
-
Aí está, lá vem ele! - exclamou animado, notando a silhueta de se aproximar, seguido de uma segunda. Encurtou a distância entre ambos e chegou ao amigo em um abraço caloroso, e era exatamente assim que o rapaz refletia sua essência: em carinhos sinceros, calorosos, e sem frescuras. Não tinha medo de demonstrar o quanto amava as pessoas a sua volta, e acaba por contaminar todos com seu carisma - parece que foram séculos, ! - bateu nas costas de , se afastando somente para visualizar melhor como os anos haviam corrido. -
Yun, os anos voaram, cara - riu de madeira sincera - mas foi tempo suficiente para começar a ter barba - respondeu em implicância, abraçando em seguida o outro amigo. -
Vá se foder, seu presunçoso metido - alfinetou entre risos, alcançando o melhor amigo e o apertando em um abraço dramático. o ameaçou em um soquinho, que se tornou uma mini briga entre os adolescentes de 25 anos.

Logo mais, todos da mesa haviam se comprimentado, e antes que pudessem sentar os traseiros nas banquetas que rangiam, uma silhueta esguia veio em direção à mesa em passos desesperados. foi o primeiro a virar a cabeça, honrando seu posto de mais atento do grupo, em seguida arregalando seu olhar ao observar Chunga, a irmã mais nova de , diga-se de passagem, a protegida.
-
Eu não acredito! - gritou, levantando-se da mesa e indo em direção à mulher, se agarrando em um abraço animado -
HONG! - Chunga grunhiu em meio ao aperto, chamando atenção dos outros presentes na mesa. finalmente voltou seu olhar para a cena que acontecia, mas pareceu demorar a assimilar, como sempre fazia com situações intensas demais para seu cérebro lento. Encarou os corpos se comprimentando por pelo menos meio minuto, e nem mesmo som do bar pode continuar a ouvir; a cena passava como um frame de filme mudo. -
! - ouviu o urro de , recebendo um tapa na nuca em atenção - ficou surdo temporário? comprimente ! - e foi o necessário para que o mais alto levantasse em um solavanco e balançasse a cabeça assimilando as coisas.

Era , a caçula dos , arqui-inimiga de infância de , e ex-insuportável adolescente. Parecia um clichê idiota, mas a cretina estava uma mulher por inteiro, desde a voz madura e bem posturada, até a aparência…chocante por então. Os cabelos haviam crescido, se disciplinado, e não haviam mais aparelhos cobrindo seus dentes. Havia crescido pelo menos 5 centímetros, e teria continuado uma análise mais detalhada se não fosse pelo constrangimento que estava sentimento em sua cabeça, e que jamais deixaria transparecer.
-
! - bradou em um sorriso incerto, se aproximando e abraçando o corpo esguio com certa hesitação - você decidiu crescer, sweet child? - é óbvio que uma piada foi a melhor das saídas para toda a surpresa que estava sentindo. A garota o devolveu uma ameaça de soco, rindo em seguida e o tocando o ombro em cumplicidade - cumplicidade essa que só ela estava confortável, até então -
Ahh..; vejo que você continua preso em 2010, é realmente uma pena - ironizou, tirando uma risada alta do restante do grupo - ao menos precisa fazer a barba agora, acho que deve ter te lembrado - alfinetou, recebendo uma negativa de cabeça por parte de . Ela estava afiada! como isso havia acontecido? Se dar por vencido era uma opção interessante no momento, visto o ambiente público e a volta do melhor amigo à cidade, e foi exatamente isso que pôs em prática.

Após os risos cessaram, fez questão de pedir uma rodada de cerveja por sua conta, e então os trabalhos haviam se iniciado, enquanto a mais nova fazia uma uma ida estratégica ao banheiro. se sentia mais aliviado ao saber que o álcool mitigaria aquela sensação de irritação em relação à , e isso lhe deu palco para relaxar os ombros e manter o foco na conversa de boas vindas à .
-
E então, como se sente estando de volta? - indagou, encarando -
Acho que todos deveriam ter um período de…- -
Sumiço? - cutucou, mas se limitou a franzir o nariz e rir sem humor, tentando levar com leveza as situações ácidas que viriam a tona mais cedo ou mais tarde - relaxe, estou brincando. Senti sua falta, - admitiu de modo melancólico, ainda que fosse orgulhoso o suficiente para não demonstrar afeto tão facilmente. -
Eu ia dizer que todos deveriam ter um período de criar vergonha na cara e terminar a faculdade no tempo certo - provocou entre um sorriso ladino, perturbando e os demais desperiodizados - vocês pretendem comemorar jubileu na BNU? -
Cale a boca, senhor formado - retrucou em mal humor -
Formado não, ele ainda tem a formatura - apontou, levantando o copo pela metade. -
Então estamos todos no mesmo barco, vai ter que pagar tanto quanto um calouro burro - ordenou, iniciando o brinde entre o grupo e juntando gritos por aquela zona do bar.

Do outro lado da rua, olhava ambas as faixas de passagem de carros e atravessava em passos rápidos, chegando à calçada do the republic. Pisou nos degraus desgastados de madeira e estreitou os olhos, visualizando, mesmo que contra sua vontade, os caloteiros de plantão. Seguiu em negação até a mesa e parou em uma distância que pudesse ser ouvida, mas não atrapalhasse a passagem.

- Vocês mentem muito mal - apontou com o indicador, semicerrando os olhos. E não só estava sobre a mesa como mostrava na foto, mas , e - custava me falar que não queriam a presença das damas na noite dos rapazes? - indagou fingindo certa ofensa - acabaria com a festa de vocês agorinha - gesticulou ameaçadora
- Como foi que você descobriu isso? - engoliu em seco, ainda que tivesse um sorriso duvidoso, estava inseguro até os pelos do nariz.
- - deu de ombros
- AH..- suspirou, batendo um tapa certeiro na madeira - É CLARO!
- O que você fez, idiota? - se virou contra o branquelo
- Eu não fiz nada, horas - sugou o líquido pelo canudinho do sex on the beach que havia pedido, encarando sem remorso os presentes na mesa.
- Postou que estava na droga do bar! - se meteu, apontando a publicação no visor no celular - pelo divino, …-

As farpas entre o grupo seguiram por pelo menos mais dois minutos, e foi tempo suficiente para se dar por vencida e pedir uma cerveja também. Embora soubesse que não havia sido convidada diretamente, pretendia se vingar da mentira mal contada de com sua presença pelos próximos 40 minutos.
-
Perdi alguma coisa?

Uma voz desconhecida foi ouvida por trás do campo de visão de , fazendo-a girar em imediata curiosidade, ainda que estivesse de costas ao público que circulava. Seus olhos encontraram um rapaz de estatura alta e leve bronzeado asiático sobre o rosto, com olhos tão específicos que sentiu que poderiam cortar somente com o formato afiado sobre o rosto. O olhar de espanto/confusão que recebeu foi quase tão grande quanto o seu próprio, tornando difícil o raciocínio fora daquela bolha. Com um pouco de esforço e voz alta de , pode ouvir que o dono da voz era intitulado ; e por conseguinte, tudo ao seu redor ficou estranhamente enigmático.








Capítulo 2

Behind blue eyes – Limp Biskit
O tempo parou por alguma fração de segundos, ao menos era isso que havia sentido naquele momento, com aqueles olhares sobre si. Já tinha um grande ponto de interrogação estampado em seu rosto, junto à estranha sensação de que havia algo peculiar naquele momento em específico. Felizmente, todas essas constatações tinham passado em tempo rápido suficiente para que ninguém sentisse o constrangimento daquele silêncio, que foi quebrado com a voz de , antes mesmo que pudesse tomar ar para dizer mais alguma coisa
- N-não perdeu nada, oras - sentiu uma coceira na garganta acompanhada de certo nervosismo - quer dizer, perdeu a noção do tempo ao buscar meras duas cervejas pelo bar cutucou em tom de riso, tentando ignorar o que se passava por sua cabeça.
- Vai ver ele perdeu algum rabo de saia pelo caminho - balbuciou em uma risadinha baixa, recebendo uma cotovelada de , ao seu lado - ei! - gemeu em resposta, massageando o local
- Rabo de saia? Foi-se o tempo que esse local tinha alguma coisa apresentável - comentou em desdém enquanto puxava uma cadeira, atraindo o olhar curioso e ao mesmo tempo incomodado de - o the republic não é mais o mesmo.
- E como ele costumava ser? - atravessou o comentário com certo desafio no tom de voz - quer dizer, nunca vi você por aqui antes, nem sabia que conhecia o pessoal constatou em um sorriso mínimo e contrariado.
- Pergunta isso porque queria ter me visto antes? - o rapaz virou o rosto da direção da questionadora, tomando uma gargalhada alta em ironia. O restante observava a conversa como uma partida de tênis, uma raquete rebatendo o lance do outro.
HA HA - riu em incredulidade - eu nem te conheço, segura essa emoção, lonely boy. Pergunto isso por quê acho que tem muita confiança para alguém que acabou de chegar concluiu, bebericando a cerveja
- Conheço vocês a tempo suficiente para ter essas conclusões - respondeu - mas não se preocupe, dificilmente vai se lembrar de mim, e nem deve - engoliu a saliva, lidando com certa leveza com toda a situação - mas caso queira saber, é um prazer - sorriu de lado, estendendo a mão sobre a de , que a retraiu em resposta, sob certo susto - , .
- É um velho amigo, - se intrometeu em esclarecimento - não era de sua turma, e se mudou há tempos atrás - respondeu - mas ele é presunçoso assim desde 1997.- riu, acompanhado dos demais
- Isso é falta da mãe elogiar na infância, ele precisa compensar - alfinetou, tirando uma risada fraca da amiga - mas já que estamos todos apresentados, vamos beber. Ficar sóbrio está me causando delírios - bocejou, direcionando um olhar sugestivo à , que havia nesse momento voltado a seu lugar na mesa. notou a presença na nova face que também não conhecia, mas dessa vez, lançou um sorriso amigável à - ah..e essa é a caçula dos , . - terminou , sem muito ânimo aparente.
- Obrigada pela lembrança, - a mais nova recitou em falsa gratidão, voltando a beber do copo.
trocou um olhar rápido entre ambos, e acabou optando por não questionar, entrando em um silêncio reflexivo. Não conhecia o tal , muito menos a irmã mais nova, ou o grau de relação entre todos ali; mas se sentia estranhamente como um ponto fora da curva, frustrada consigo mesma pela pouca memória e falta de lembranças. A vinda de ambos parecia mais do que entreter os amigos, parecia os cativar, aconchegar; a curiosidade e felicidade estava na fala da maioria ali, mas em sua cabeça aquilo parecia..fora de contexto? Se amaldiçoava internamente pela mente distraída que a acompanhava desde sempre, quase como um encosto que assombra sua personalidade.
Enquanto isso, tentava responder à enxurrada de perguntas e suposições que vinham de e , quase como um político ditador que ficou em exílio por 10 anos na Indonésia. A maioria das perguntas eram respondidas com humor e até certo sarcasmo, como nos velhos tempos. Em paralelo a isso, sentia-se tentado a não direcionar olhares de canto de olho para , que parecia tão imersa nos próprios pensamentos quanto qualquer um ali. Ah, como ele queria poder jogar aquela mesa para o alto e a encher de perguntas.
- E o que pretende fazer na universidade agora, Sanny? - questionou direcionadamente a , enquanto os demais embarcavam numa rodada de shots, com exceção de .
- Só pretendo apresentar a monografia, o restante foi feito durante esses anos caóticos - riu sem humor - mas trabalhar por trabalhar, já estou há uns dois anos - completou com certo cansaço. acompanhava o diálogo de fundo, tentando criar uma história coerente na cabeça
- Administração é um pé no saco - resmungou - mas ao menos algo de bom teria que ter saído desses 3 anos - riu, recebendo uma balançada de cabeça em negativa de , com um misto de riso - vai ficar, não é?
- É claro que vou, Yeo - sorriu sincero e com certa nostalgia, levantando baixo o copo como se prometesse aquilo - não pretendo ir a lugar algum - engoliu em seco, recebendo a comemoração do amigo - acha que eu deixaria querendo me ver de novo? - e virou o rosto em supetão em direção à garota, que de prontidão o lançou um olhar irritado
- Você fez faculdade de auto-estima? - questionou, ficando mais próxima à beira da mesa ou só está terrivelmente apaixonado pela colega dos amigos, e não consegue se segurar? provocou na mesma moeda, em completo deboche. explodiu em risos na mesa
- Ouch - colocou uma mão sobre o peito e se fingiu de afetado, analisando a garota em sua frente - quase acabou de acabar com meus segredos - respondeu em acidez - mas não se preocupe..você não sabe de nada, Henny.
- Henny? - indagou retoricamente, franzindo o cenho ainda mais intensamente - como sabe meu apelido?
- Como eu disse, tem muitas coisas das quais não se lembra - respondeu de modo vago, quase como se um filme passasse sobre sua cabeça enquanto pensava no que falar - mas não posso fazer isso por você - suspirou, cruzando os braços sobre o peito. estava pronta para protestar, mas ouviu um estilhaço no ar, e um estrondo de vidro se quebrando entre o ambiente. Virou o rosto da direção do barulho, junto dos demais da mesa, e no fundo do estabelecimento pode notar o início de uma briga, com direito a copos e garrafas quebrando pelo chão
- que diabos é isso? - protestou, semicerrando os olhos ao ouvir a gritaria - o he republic virou uma selva? - e mais um copo, desta vez em direção a , que por pouco não foi atingido
- YA! - gritou irritado, levantando da mesa - onde estão os donos dessa merda? - olhou ao redor, assim como todos naquela mesa olhavam assustados. No foco da briga, uma mulher descontrolada de meia idade parecia estar furiosa com o marido (ou ex, dessa vez), e jogava tudo que via pela frente em direção ao homem, era como assistir uma novela mexicana ao vivo - eu devia saber, a mocréia pegou o marido no pulo - gritou
- JUNG TAEHO, VOCÊ PROMETEU! - gritou a esposa recém traída, possuída pela amargura - e você, sua…jovemzinha sem vergonha! - empurrou a mesa, enlouquecida. A confusão foi escalando, e enquanto alguns especulavam pelo gerente apaziguar a situação, o bolo de pessoas entre socos e tapas foi se direcionando para a mesa do grupo, o que fez com que e levantassem rápido
- Vamos dar o fora - sussurrou, puxando os restantes presentes em uma carreata até a saída do bar o mais rápido possível.
, com sua desatenção rotineira, levantou da cadeira em um movimento brusco ao ver a mulher empurrar o marido sobre a mesa, perdendo o pouco equilíbrio que ainda tinha naquele espaço. Gritou ao sentir que iria cair de costas, mas sentiu algo segurá-la por trás. O grito foi cortado ao meio por um suspiro ofegante, levantando o olhar e dando de cara com , segurando seu tronco com as mãos. Por uma fração de segundos, o encarou com um misto de confusão, vergonha, e ansiedade. Seu coração estava agitado pela pseudo queda, mas ter a encarando com seriedade não melhorou nem um pouco os humores.
- Cuidado por onde pisa, - ele respondeu enfatizando seu nome, enquanto tinha um sorriso convencido por ter segurado a garota como uma bela cena de filme - não vou estar aqui sempre para te segurar.
- Obrigado, não preciso que esteja - se desvencilhou, retrucando em irritabilidade. Quem ele pensava que era pra se achar no direito dessa proximidade? com esse conjunto de falas e atitudes convencidas, tudo que sentia era raiva pela confiança que o homem tinha sobre o grupo de amigos, e principalmente sobre si. Ele nem mesmo me conhece, oras. Limpou o casaco e olhou uma última vez para o que a encarava analítico, desviando o olhar e seguindo para a calçada onde o restante aguardava. Maldito rosto familiar.
- Foi salva pelo , hm? - riu, sem se prolongar demais
- Ele sempre age assim? se achando o grande Park Hyungsik da Coréia? - questionou, incomodada. negou com a cabeça, chamando um táxi com uma das mãos, aquela saída já tinha rendido emoções suficientes
- Não, ele só é assim com..-
- Vamos embora, pateta - surgiu, puxando o braço do mais baixo - você está falando pelos cotovelos, vai encher a cabeça de de lorotas. Peça um uber, Hen - comentou eu e os meninos vamos na direção oposta. assentiu e ligou o celular, fazendo o que havia sido combinado, nem ao menos se despedindo dos que restavam, estava se sentindo estranha demais para as despedidas convencionais que costumava ter.
Ao chegar em casa, trancou a porta e se jogou sobre o sofá cinza que acomodava o gato preto de nome Jiji, em homenagem aos serviços de entrega da Kiki. Suspirou cansada, parecia que havia feito 3 plantões seguidos, mas era somente uma saída típica de sexta feira. Ao entrar no banho e deixar a água quente descer pelo corpo, não conseguiu tirar da mente as feições de , embora lutasse muito para pensar em qualquer outra bobagem. Não sabia exatamente de onde, mas lembrava de seu rosto, e até de sua voz, jeito. Era bizarro, sinistro. Um velho amigo, pensou. Como não se lembrava da época em que viveu no colégio, ou de qualquer convivência do mesmo com os meninos? Talvez fosse tão distraída ao ponto de esquecer rostos, ou pessoas que não eram tão próximas de si, provavelmente a falta de memória para as coisas contribuem nesse esquecimento. Ele devia ser um dos amigos palermas de que sempre estava dando alguma festa em casa ou pegando tantas garotas que não era visto pelo corredor, era isso, só poderia ser isso. As pontas de seus dedos começaram a enrugar e foi só então que desligou o registro, se enrolando na toalha e seguindo dormir para tentar descansar a mente.
O dia seguinte foi marcado por um uma correria tão grande que nem mesmo existiu tempo para pensamentos reflexivos. decidiu passar pelo apartamento de pela tarde, depois da aula final de resistência de materiais, mas a porta insistia em não ser aberta. Apertou insistentemente a campainha estranhando a não presença do amigo no local, até mexer na maçaneta e encontrar a porta aberta. Sem rodeios, entrou pelo apartamento recém mobíliado com uma decoração confortável, olhando ao redor com curiosidade

-?- chamou, estranhando a ausência. Eles haviam combinado de jogar uma partida de basquete na quadra da universidade, como nos velhos tempos, mas o idiota parecia ter sumido. Ouviu um barulho o quarto a direita, e achando ser , adentrou o cômodo de supetão, encontrando com uma toalha na cabeça e um roupão _deveras revelador_.

-AAH!-gritou junto com a garota, batendo as costas no móvel traseiro e derrubando um vaso (que parecia ter alguns bons wones) no chão. sumiu em banheiro adentro e bateu a porta com força, assustada com a visita repentina. O que aquele idiota estava fazendo ali? Era o..era o apartamento do melhor amigo, seu irmão, fazia sentido. Bufou em irritação e colocou a roupa que havia separado para depois do banho, saindo ainda com a toalha pela cabeça

-Você não sabe bater na porta?- grunhiu- eu poderia estar nu!

-E não estava, porra? - respondeu, tão frustrado quando ela - eu toquei a campainha mil vezes, como não ouviu? E como deixa a porta aberta!? - posicionou as mãos sobre o quadril, questionando

-E como você entra na casa de sem ser recebido? - gritou de volta, revoltada.

-Acha que eu preciso de autorização pra entrar no apartamento do meu melhor amigo?- riu, escutando a porta de abrir novamente, dessa vez revelando . O mais alto entrou murmurando alguma coisa, mas se surpreendeu ao avistar os dois no mesmo cômodo - graças a deus, você deixa sua irmã entrar assim sem pedir? - provocou, saindo do recinto e seguindo

-Até parece que não conhece, ela faz isso normalmente - negou com a cabeça, sentando no sofá de couro, junto do amigo - os gritos de discussão eram de vocês? - concordou - vocês não mudam, tsc. Dois adolescentes

-Se um dia ela amadurecer, quem sabe - reclamou, não sabendo se a garota ainda ouvia. Tirou a imagem que tinha na cabeça da mulher momentos antes, aquilo não o faria bem naquele momento, não naquelas circunstâncias - bonito apartamento, senhor Hongdae. Deveria inaugurar com uma festinha

-Quem sabe, quem sabe - respondeu , acendendo um cigarro sem muita pretensão - já avisou que semana que vem vai reunir o pessoal no apartamento dele pra comemorar o aniversário de 24 - soprou a fumaça sobre a janela aberta

-E você vai - intimou, sabendo que tinha determinados motivos para reclinar - não há desculpas, todos estão felizes com a sua volta, Sanny. Chega de trabalho e trabalho, quero ver você beber como nos velhos tempos.

-Eu vou, eu vou - disse por vencido, rindo baixo

-Seulgi vai estar por lá, talvez você se distraia - provocou com uma risadinha - acha que pode dar uma chance para ela dessa vez?

-Ah, Seulgi - bufou, tragando a fumaça - ela ainda não desistiu? Quer dizer, ela é bonitinha...mas-

-Eu já sei o que está pensando - roubou o cigarro das mãos do amigo e tragou - e você está certo, até certo ponto. Mas caso queira um caminho de diversão e facilidade, ela ainda deve ter uma tara por você - e os dois riram, relembrando as cenas típicas dos quatro anos anteriores.

...

Uma semana havia voado entre as mãos de , e nesse meio tempo o grupo de kakao havia ganhado mais dois membros: , e . Revirou os olhos internamente ao ver a mudança, não pela garota, mas pelo irmão. Soltou o centésimo suspiro naquela aula de saúde publica, vendo o celular vibrar em cima da carteira

_"Aniversário em casa no final de semana; aos que não aparecerem, se considerem fora desse grupo. beijos"_-

É claro, o aniversário de , havia esquecido. Sentia uma pontada de cansaço de utilizar sua folga para a bebedeira, mas sabia que se recusasse era capaz de ser buscada pelo próprio em casa. Ao sair no fim da aula, seguiu até o refeitório da universidade e encontrou , e sentados, se juntando com sua bandeja lotada de lamen.

-Bom encontrar vocês em meio a esse caos- suspirou, começando a comer. A conversa variou entre a semana caótica e o aniversário de , até surgir, e dessa vez, com e seu encalce

-Eu não acredito, você realmente conseguiu transferir sua matrícula? - disse em suspensa, observando se sentar - quanto tempo ainda tem?

-Seis meses, mas só tenho aula uma vez na semana - disse com tranquilidade. não se atreveu a falar, mas não deixou de pensar: _ok, agora esse presunçoso estará uma vez na semana aqui_.

-Eu não acredito, ! - ouviu uma voz aguda se aproximar, e de longe estava Seulgi, vindo em passos rápidos na direção da mesa. Abraçou o homem como quem não via a própria família há 10 anos, o que atraiu a atenção de todos os presentes - você fez muita falta, Sanny - comentou com simpatia, soltando o abraço com lentidão

-Acho que foi a única que sentiu minha falta, Seulgi - riu baixo, se recuperando do abraço desajeitado ao qual foi enfiado.

-Ela também conhece ele?- murmurou no ouvido de , confusa, recebendo um aceno de cabeça discreto

-Digamos que sim...- a mais velha respondeu, tentando manter o diálogo somente entre elas - vamos dizer que tinha algumas admiradoras na época do colégio. concordou baixo e desviou o olhar da cena, entrando no próprio mundo de questionamentos. Não disse muita coisa durante os próximos minutos, até que sobrasse somente , e na mesa

-Preciso ir - utilizou da deixa para levantar e sair em passos rápidos, sem mesmo dar tempo de protestar. A mesma levantou e agarrou a bolsa nos ombros, mas antes sentiu a necessidade de dizer alguma coisa

-Sua admiradora do colégio?- fez a menção a Seulgi, com a sobrancelha arqueada em curiosidade

-Você é bem curiosa pra alguém que não me conhece - riu, se inclinando sobre a mesa - e sim, sobre Seulgi. Mas nunca aconteceu nada, embora ela seja muito bem apresentavel - riu, pensando longe

-Você é igual , por isso são melhores amigos - reclamou disposta a sair dali, mas foi seguida pelo mais alto - Ei! - protestou, parando no meio do caminho ao ver que ele estava em seu encalço

- Queria que eu dissesse que você é apresentável também? – provocou, inclinando a cabeça para encarar com desafio – não se preocupe, você é muito mais que do apresentável – sorriu ladino, revelando as covinhas que insistiam em aparecer

- Não preciso dos seus elogios, muito obrigada, – respondeu em um falso sorriso, seguindo em passos em direção a sua sala, se dando por vencida com aquela espécie de diálogo, enquanto ficava para trás no corredor

- Você é linda, – disse em um tom mais sério do que esperava, sem risinhos ou ironia. ainda ouvia o que podia dizer, o que a fez parar de andar e o encarar com seriedade, como quem via uma afronta naquele comentário. Depois de concluir que não havia nenhuma piada na expressão de , desviou o olhar e suspirou profundo, virando na direção oposta e caminhando sem dizer nada pelo resto do corredor adiante. se manteve encarando seus passos se distanciando, enquanto negava com a cabeça em um sorrisinho vitorioso.

Capítulo 3

November, 17th - sexta-feira

Na noite anterior de sexta feira, a dupla infalível composta por e havia passado o restante da noite imersa em uma disputa de Battlefield 4, já que jogar era o único raciocínio máximo que teriam nesse final de dia, depois do eterno seminário sobre a arquitetura contemporânea da Professora Kang. decidiu dedicar seu tempo ao sono, já que estavam todos traumatizados demais para mais uma sexta-feira muito louca - como chamavam a clássica saída do grupo - já que a última havia sido regada à quebra pau de marido e mulher, e a volta não esperada de e . E falando em tico e teco, os irmãos haviam passado o restante da noite num literal irmãos a obra: pregando prateleiras, pintando paredes, e dando acabamento aos novos apartamentos.

1979 - Smashing pumpkins

- Sua matrícula deu certo? - perguntou , segurando de um dos lados do quadro que parafusava na parede cinza - não vai ter problemas com matérias que fez em Seoul?
- Não, eu trouxe meu histórico para a coordenadora do departamento e ela arrumou em um instante - comento com pouco caso - até consegui encontrar e os caras no intervalo - fixou a moldura, descendo um degrau na escada que segurava seu corpo
- Vai repetir seu filme de ensino médio, agora que reencontrou todo mundo?- a irmã perguntou em provocação. riu em negação, procurando por um pacote de pregos
- Jamais, - afirmou - quer dizer…ainda somos os mesmos, em essência. Eu, você, , …mas muita coisa mudou nesses quatro anos, por mais clichê que pareça falar - segurou um prego com a boca, mirando o martelo na parede - eu não quero ser o mesmo daquela turma de 2013.
- Você não vê, mas ainda é aquele ; todos somos um pouco do que fomos no passado - concluiu, observando - e não há nada de errado com isso
- Se você continuar presa ao passado, vai continuar cometendo os meeesmos erros - cantarolou, não pensando muito a fundo o significado daquela conversa, era mais fácil - eu não tô afim disso.
- Esses “erros” são uma interpretação sua do seu eu imaturo, não acho que sejam erros - analisou, pregando outro quadro próximo a porta - nossos erros, na verdade, são tentativas nossas de fazer o certo.
- E desde quando você virou psicóloga, hm? - questionou em desconfiança, atirando um prego na direção de - eu só quero terminar isso aqui e abrir uma cerveja gelada - choramingou arrastando os pés até as ferramentas espalhadas
- Eu não sou terapeuta, eu sou sua irmã - levantou as sobrancelhas - e só estou te dando um conselho para aproveitar nossa volta à Busan como aproveitamos nos velhos tempos - suspirou, ainda observando
- Você foi uma grande dor de cabeça “nos velhos tempos”, Chung - riu - tive que colocar e a meu favor em te observar, por quê se não, agora estaria com três filhos pra criar de algum traficante de drogas do período noturno
- Que absurdo, ! - riu alto, ofendida - eu era uma pobre coitada, oprimida pelo irmão insuportável super-protetor, nem vem.
- Quanto exagero, você bem dava suas escapadas e eu fazia vista grossa para não ser um pé no saco - respondeu em descaso com o drama de . Lembrava perfeitamente de todas as festas e saidinhas que tinha, e da presença “sem querer” de , como quem não sabia de nada, ou esperava não ser vista pelo irmão. É claro que não poderia fazer muita coisa, já que fazia o mesmo, ou pior, sempre que possível.
- Seus amigos me vigiavam, não se preocupe, eu tinha olhos me observando por toda Busan - revirou os olhos, guardando parte das ferramentas - menos aquele que eu queria…- suspirou, pensativa e nostálgica por um certo rosto
- ! - reprimiu, ainda que risse da ousadia da irmã em querer ser observada pelos amigos mais velhos
- Você tem sorte de eu ser sincera, poderia fazer tudo escondido - enfiou os entulhos no saco de lixo preto
- Você não seria tão esperta quanto seu irmão - riu, ajudando a levar os entulhos para o térreo - e você não faz o tipo deles, fique tranquila.
- Eu não teria tanta certeza assim, irmãozinho - deu um sorriso convencido, recebendo um empurrão fraco de . Os dois depositaram os entulhos e voltaram ao apartamento de , dispostos a acabar com aquela bagunça ainda a noite. O celular de ambos vibrou apontando uma notificação de grupo
“ouvi falar que ainda tem a mesma carinha de 17, mas com uma alma de 71. Pobre ..” -
“já é 00h? me perdi” -
“se perdeu mesmo. perdeu todas as partidas desde que começamos a jogar” -
enviou uma foto.
A foto que tinha enviado mostrava uma polaroid desgastada com ela, , , e em um sofá que parecia ser de casa de mãe. Os quatro estavam sorrindo abertamente enquanto posavam para a foto com uniformes do colegial completamente desajeitados. sorriu fraco, analisando a imagem na tela do celular como se tivesse acabado de fazer uma viagem austral
- Sente falta dela, não é? - Chunga questionou, mais próxima ao irmão, e em um tom brando suficiente para que nada fosse ferido demais
- Não sei..- confessou, incerto - mesmo que eu sentisse, que diferença faria? - deu de ombros, colocando o aparelho sobre a estante de madeira
- Toda - afirmou - você pode não ver, por que está no olho do furacão; mas vocês não mudaram nem um pouco - soltou um risinho analítico, observando-o
- Ya, você está confundindo a minha cabeça e acabando com o meu foco - reclamou, pegando as chaves do próprio apartamento, a reforma já estava em ordem suficiente para poder voltar para casa
- Não estou confundindo, estou sendo realista, e você está em negação - beliscou a costela do mais alto - olhe pra mim - chamou a atenção, tomando um suspiro longo e impaciente de - promete que vai parar com toda essa resistência?
- ..
- Você sabe que é o único que pode mudar isso, não sabe? nem eu, e nem os meninos vamos nos meter nisso. Nós prometemos - concluiu - mas não quero ver meu irmão definhar, ou se arrepender de não ter vivido.
- Não vou definhar..-
- Foi isso que fez nos últimos 4 anos. Eu preciso do meu de volta, por favor - olhou o mais alto, como um cachorro pidão caído da mudança - pode fazer isso?
- Eu..- suspirou, pensativo - posso. Posso fazer isso, ou melhor; tentarei - engoliu em seco, desviando o olhar de levemente envergonhado por certa covardia. Mal sabia ela, mas ele estava disposto desde que havia colocado os pés no the republic aquela fatídica sexta-feira. E com uma chuva de reflexões e pensamentos aquela sexta feira se encerrou, levando e à pensamentos tão profundos e nostálgicos que as 8 horas de sono foram insuficientes para tamanha atividade cerebral.

[...]

O sol de outono começava a surgir no céu daquela manhã de sábado em Busan, e seguindo o que previa a estação, o clima estava agradável. Depois de uma sexta-feira abarrotada de aulas e logísticas extremas, todos descansavam em seus respectivos aposentos. estava de folga, e precisava procurar um vestido novo para a festa do namorado; o que significava que haveria um girls day naquela tarde de outono. Embora fosse seu momento de descanso, a residente médica não hesitou em acompanhar a melhor amiga, justificando ter muito a ser conversado naquele dia - coisas que o sexo masculino não conseguiria processar em uma conversa séria.
- Achei que tinha desistido - anunciou entrando no banco do passageiro, enquanto apertava o freio de mão e partia na direção central
- Bom dia pra você também, raio de sol - riu, analisando as ruas recém movimentadas - embora seja tentador dormir mais um pouco, faz tempo que não te vejo.
- Oh, você é um docinho, Hen - beliscou a perna da amiga, que soltou um gritinho e virou a próxima esquina. Conversaram banalidades e cantaram as mais tocadas da rádio local até chegarem no shopping, descendo e indo em direção aos corredores. provou não um, mas seis vestidos em menos de uma hora, o que fez implorar por uma pausa na cafeteria da praça de alimentação, seu estômago roncava.
- Dois chai latte, por favor.- pediu a atendente, colocando as bolsas na mesa e encostando sobre o banco estofado do local
- Estou animada pra hoje - disse em um sorrisinho faceiro, bloqueando o celular em cima da mesa
- Jura? quase não reparei - riu em ironia - estou brincando, você é sempre frenética assim, por isso adoro te acompanhar nessas datas comemorativas.
- Qual é, é aniversário do meu amado-namorado-futuro-marido - comentou, recebendo um aceno de - estamos todos acabando a faculdade, todos juntos, dessa vez ainda temos e de volta..-
- Você gostava deles também, não é? - soltou um sorriso fraco, ainda chateada pelas poucas lembranças - odeio minha memória - grunhiu descontente - eu se quer consigo lembrar o que comi ontem no almoço! - protestou, recebendo uma risada alta de - é sério!
- Você precisa tomar um chá de Ginkobiloba - respondeu sugestiva - mas sim, é muito animada, terrível; diga-se de passagem. Mas não convivia tanto com nossa turma - respondeu pensativa - e bom, …ele é daquele jeito que você viu. Sempre foi - riu
- Prepotente e xavequeiro? - arqueou a sobrancelha, sugerindo
- Não! - deu uma gargalhada, tomando um gole do chai recém servido - quer dizer, um pouquinho, mas isso é só a casca. No real mesmo, ele é um cara legal - concluiu - você costumava achar ele um gato.
- Ah não, você vai usar da minha dislexia para querer dizer que eu achava o garanhão bonito? - respondeu indignada - você está me traindo, .
- É sério! - riu - quem sabe com o tempo você volte nisso. Mas eu sou 100% sincera com a classe das mulheres - rendeu os braços - vai dizer que não acha o cara bonitinho?
- Ele é bonito, - respondeu com calma, não queria dar aquela corda para , ou ela logo mais estaria organizando um encontro às cegas, conhecia a amiga que tinha - mas isso não vem ao caso agora, e nem tem importância. Vamos continuar? ou não acabamos hoje - apressou a amiga, se levantando com a bolsa já pendurada nos ombros. soltou um risinho e seguiu a mais nova, embarcando em mais uma série de provas e trocas de roupas.
08PM - Apartamento
O apartamento era grande suficiente para caber quase 15 pessoas, sobrando espaço suficiente para que pudessem circular e conversar de um lado ao outro. A sacada equipava uma mesa improvisada de poker, junto de um cooler com cervejas e garrafas de destilados .
- você comprou os guardanapos? - surgiu na cozinha enquanto enfiava mais uma porção de garrafas no freezer. O rapaz negou, recebendo um olhar aniquilador da namorada - eu sabia. Ainda bem que você tem uma namorada que pensa em tudo - respondeu puxando um punhado de embalagens de guardanapo do fundo do armário
- de onde conseguiu isso?
- comprei com , por garantia - deu de ombros, sorrindo convencida. negou com a cabeça e seguiu para atender a campainha que tocava ao lado de fora, sendo recebido com um abraço apertado de , e logo em seguida Seulgi.
- Quase achei que não viriam! - cumprimentou o mais alto, abraçando o amigo. Os demais seguiram a mesma linha de cumprimentos e olás e logo mais se dispersaram, cada qual em seu grupo de afinidade dentre os selecionados presentes. Enquanto se abaixava próximo ao freezer para distribuir os engradados de cerveja empilhados, conseguia dar um leve aceno aos que entravam, tentando fazer uma conta de cabeça para calcular se aquela quantidade de bebida seria suficiente, depois de comprar um número de engradados ao lado de tagarelando em seu ouvido. O som já começava a tocar mais alto na alexa de , emitindo a voz estridente de algum rapper coreano que poucos ali sabiam identificar, mas que foi suficiente para começar a animação que faltava por ali.
- Uhhh, agora a coisa está ficando interessante - ouviu-se a voz feminina de Seulgi proferir, seguindo de uma risada alta de Yeri.
- Ela está falando Flowsik? - questionou enquanto distribuía alguns canapés na bandeja improvisada em cima do balcão.
- É óbvio que não - se intrometeu na cozinha em uma tentativa de ajudar o mais novo a organizar os aperitivos, mesmo que estivesse bufando aos ares pelo peso dos engradados de bebida - você sabe quem é interessante pra ela - cantarolou, tirando a atenção dos três presentes na arrumação. Os olhares voltaram à porta que anunciava a entrada dos irmãos , acompanhada de um estranhamente análitico e um animado como uma criança com doce.
- Olá, olá - comentou animadamente, reverenciando-se aos poucos que estavam ali por perto, já que haviam pessoas demais e formalidade de menos para cumprimentar todos com detalhes. repetiu o gesto e sorriu simpático, entregando a sacola de presente com a logo BMW estampada. não pode deixar de levantar as sobrancelhas surpresa, ainda que não quisesse demonstrar tamanha reação, afinal, os eram bem de vida assim? Cacete. Todos ali tinham uma condição muito confortável e inconsequente a depender dos parâmetros (como quando comprou um lego star wars versão limitada de 500 U$), mas por algum motivo, tomou sua atenção o gesto em questão. puxou o mais velho e para um canto, e essa foi a deixa para desviar o olhar de volta às cervejas, ignorando seus pensamentos intrusivos.
- Chega de trabalhar, Kang. Você não foi contratada como parte do buffet - Yeri se aproximou, fechando a porta do freezer e se colocando entre o eletrodoméstico e - você precisa de uma dose, ou melhor, de duas! - ordenou, puxando o pulso da mais velha
- Estou fazendo isso pela cerveja gelada - comentou em resistência, sendo praticamente levada por Yeri até a garrafa de tequila que se encontrava na mesa de centro - você acha que ou iam conseguir fazer isso sem tomar 2 horas? nem que a vida deles dependesse disso - riu, pegando o pequeno copo para beber
- Você se justifica demais, amor. Beba - Seulgi surgiu de algum lado que não havia identificado, pegando a garrafa e servindo os shots - , ! - gritou em um chamado feminino para que as mulheres daquele recinto pudessem tomar a bebida juntas - vamos aos trabalhos!
- Vamos logo, antes que isso aqui vire um show - resmungou entre risos, virando a tequila na garganta enquanto chupava o limão lotado de sal que estava sob uma das bandejas. Assim como ela, , Yeri, Seulgi, e também repetiram o ato, formando uma sequência de caretas e suspiros seguidos.
- AH! Isso aqui é um desfibrilador que funciona a álcool! - balançou a cabeça, inebriada pelo sabor forte - ressuscita qualquer alma penada - tremeu o corpo, rindo ao lado de sob a própria piada.
- Vocês decidem beber e não deixam pro aniversariante? - surgiu acompanhado de e - isso é um crime, o primeiro shot da noite sem o anfitrião - resmungou, tomando a garrafa novamente da mesa e reabastecendo os copos - só por isso vão ter que tomar mais um.
- Você é maléfico, - semicerrou os olhos ao namorado, segurando o copo com certa diversão na voz - acho que aprendeu tudo comigo - sorriu orgulhosa, depositando um selinho no rapaz.
- O que é isso, um encontro? façam o favor - resmungou em revolta, levantando o copo como quem impõe que tomassem logo o shot e acabassem com o momento romântico. arqueou a sobrancelha com toda a expressão facial que a pertencia e lhe direcionou o olhar contraditório
-Está tão na seca que precisa se incomodar com o amor alheio, ? - provocou, balanço o líquido do copo
-Eu não estou na seca, darling - retrucou, atraindo um olhar confuso de , e a risada de . pigarreou após as farpas e voltou seu olhar para , que tratou de começar o brinde e dar o primeiro shot. Em seguida, todos seguiram o mesmo protocolo, se não fosse pela empolgação demasiada dos rapazes recém servidos de tequila
-WOOH!- urrou, o que tomou maiores proporções por seu acompanhado do som de Popular do The Weekend ecoando na sala - que veneninho! - exclamou finalizando o momento e então dispersaram-se daquela rodinha de shots, restando , Seulgi, , e voltando a normalidade
-Sanny, pode me emprestar o esqueiro? - ouviu-se a voz estridente de Seulgi questionar, como quem mendiga um pedaço de pão. e os demais voltaram seu olhar para , atentos aos único diálogo que ocorria ali no pós bebedeira
-Desde quando você fuma, ruivinha? - provocou com uma expressão desafiadora. Queria entender onde a garota ia chegar com aquele papinho furado
-Desde sempre - retrucou, levantando o rosto. Era mentira, é claro, mas era a desculpa mais prática que pensou para falar com . soltou uma bufada tão alta que poderia ser ouvida da outra esquina
-E uma fumante constante não tem esqueiro? - se intrometeu, questionando a ruiva enquanto franzia o cenho como quem duvidava muito daquela situação como um todo
-Ela quer o esqueiro do especificamente. Vamos parar de empatar a foda - respondeu levemente intrometido na roda de conversa, segurando um cigarro nos dedos esquerdos
-Ah, . Você é mais inteligente do que eu pensava - respondeu Seulgi com um sorrisinho sapeca, trocando olhares entre si. sentiu a cabeça dar uma pontada com tamanho desconforto e constrangimento, se pudesse bateria a testa na porta nesse momento. Não entendia como alguém como Seulgi poderia se interessar pelo presunçoso , e de um modo tão descarado? Não iria aguentar o restante da noite lidando pelos cantos com aquela melação e o olhar convencido de sobre si, então firmou um trato consigo mesma de beber o suficiente para não se importar com nada.
-Acho que preciso beber - soltou o desabafo como quem solta uma pedra morro abaixo depois de algum tempo (que na sua cabeça parecia uma eternidade, mas foi logo após a fala de Seulgi).
-Ahn? - virou o rosto confusa, mas teve a mão de a guiando até a cozinha, como quem queria sair o quanto antes daquela vergonha alheia.
-Vamos, você e eu estamos sóbrias demais para aguentar a baixaria que está por vir - sorriu ladino para a amiga, segurando a garrafa de vodka e iniciando alguma espécie de drink, e em questão de tempo, ambos os copos estavam cheios e cheirando a álcool.
E esse foi só o começo.
cumpriu com o prometido e bebeu, mas bebeu no maior significado que a palavra poderia ter. Começou com os drinks ao lado de , passou para alguns shots animados ao lado da Amiga e , e logo já não fazia questão do que enfiar pra dentro, com tanto que fosse álcool. Fez todo esse intensivo alcoólico enquanto vagava por aí com enganchada em seus braços, ora ou outra parando em algum canto da festa e ficando sozinha com seus pensamentos confusos enquanto a amiga estava ocupada com . Os rapazes jogavam poker e fumavam os charutos que havia ganhado recentemente na varanda ampla, enquanto o som tocava Mommae alto, o que foi o incentivo necessário para trazer algumas mulheres ao espaço improvisado para dança no apartamento, e assim fizeram. foi a primeira a levantar e ir em passos rápidos até o local, iniciando uma dança ao lado de e outros conhecidos que também se animaram, inclusive .
-Eu amo clássicos - gritou no ouvido de , devido ao som alto. Dançaram, rebolaram, e o clima estava tão propício agora que em questão de tempo, todos no ambiente estavam dançando, cantando as músicas fervorosamente, e fazendo todo tipo de atrocidades. tinha queimado um cigarro sem querer no pulso de , e eles tramaram uma espécie de resmungos bêbados ali. havia recém se juntado a e , e foi nesse momento, em uma tentativa de vigiar a irmã, que colocou os olhos em . Tinha passado tanto tempo se revezando entre flertar sem compromisso sob as investidas de Seulgi; jogar Poker com os garotos; e experimentar os diferentes sabores de charuto com , que havia esquecido da coisa que mais chamava sua atenção ali naquela noite: , num vestido azul marinho que transparecia toda a sua personalidade, e os cabelos já bagunçados pelo tanto de agitação que tinha vivido ali. Sabia que ela estava bêbada, e que seria bem mais fácil acessar uma conversa amigável com daquela forma, mas se limitou a trazer o cigarro à boca e lhe observar de longe, como uma câmera fotográfica, captando cada detalhe daquela cena. Em meio a fumaça dos inúmeros cigarros acesos, levantou o olhar para procurar e acabou encontrando os olhos de no meio do caminho, a fitando como quem estava ali há algum tempo. Entretanto, nenhum dos dois esperava por aquele flagra, então o baque foi suficiente para os olhares se desviarem a qualquer outra coisa mais atrativa que estivesse naquela sala.
- …- balbuciou bêbada entre as palavras, seguindo por entre as pessoas que dançavam pela sala em busca da melhor amiga - sua pilantra…- reclamou sozinha enquanto mal enxergava nitidamente. Depois de ser vencida por não encontrar sinal de , se escorou na mesa mais próxima e pelos próximos 10 minutos bebeu mais dois copos de whisky, acompanhada no segundo por levemente alegre
- deveria fazer mais aniversários! - bradou entre a música alta, enquanto terminava o restante do copo e já não sentia mais seus sentidos - você precisa convencer e ele a se casarem logo, por quê eu ordeno uma festoooona - apontou para o casal de amigos mais a frente
- Você…tem razão - riu , olhando com admiração aos amigos - eles não são liiiindos? - suspirou - eu… fico emocionada - fungou o nariz, se sentindo repentinamente emocionada, coçando a ponta em uma tentativa falha - O AMOR É TÃO BONITO, YEOSANG! - fungou com os olhos marejados, batendo um leve soco na mesa que os escorava. O amigo tomou um breve susto e tossiu em cima da bebida que tomava, olhando com confusão
- Está chorando, ? - perguntou confuso, tocando nas costas da amiga. assentiu brevemente e chorou, chorou como a bêbada emotiva que havia incorporado em si nesse momento, borrando toda a maquiagem que havia dado duro por horas. sabia que a amiga tinha o costume de beber, mas as coisas geralmente não passavam do estado de bêbados alegres e paqueradores. Porém, estava tão bêbado quanto a amiga, o que o impossibilitou de pensar racionalmente, entrando naquele estado melancólico com a amiga
- Ah, …eu te considero muito - a mulher apontou o indicador ao amigo, dando um soluço em seguida - mas eu tenho uma pergunta..- entrou em silêncio por um momento - você…já pegou o ? - ergueu as sobrancelhas em um tom malicioso
- Infelizmente não me permitiu ter essa sorte..- soluçou - a safada chegou cedo na vida de e..-
- VOCÊS! - surgiu, apontando para ambos em um tom acusatório - Vocês…beberam? - indagou confusa, embora fosse óbvio - quer dizer, é óbvio que beberam, mas digo..- se aproximou de - VOCÊ ESTÁ CHORANDO, HENA? - grunhiu preocupada
- Relaxa, madame - a amiga respondeu em despreocupação, levantando apoiada sobre a mesa e abraçando de lado a amiga - eu estou..ótima - engoliu o soluço, limpando o rímel borrado - , você está linda, minha amiga! - sorriu, completamente eufórica e bêbada
- , eu te disse para vigiar ela - rosnou, dando um leve tapa sobre a cabeça de , que gemeu em resposta - está quase pior que ela - bradou, embora ainda estivesse com um copo de cerveja bebendo
- , você precisa de um cigarriiinho - respondeu com toda calmaria do mundo - eu estava emocionada com meus amigos, meus queridos amigos e ! Vocês são tão bonitos que eu..- fungou novamente, sabendo que choraria de novo. rolou os olhos em resposta e não pode deixar de rir - está ouvindo isso?
- Isso o que? - perguntou sem entender muito
- HYUNA! - gritou, tirando um mini susto de , que durou pouco devido aos passos rápidos que foi obrigada a seguir com , até próximo ao grupo que ainda arriscava dançar por ali. deixou a neura de lado e gritou junto da amiga e dos demais, arriscando alguns passos ao som de How’s this, embora fosse humanamente impossível rebolar como a música exigia num ritmo frenético. Logo estavam quase todos ali, inclusive , Hongjoon e , já que o álcool ingerido era suficiente para fazê-los dançar como possíveis coadjuvantes do MV de Hyuna. E assim foi até quase o final da música, onde dançou como se não houvesse amanhã, parando somente quando achou ter uma ideia brilhante
- , ! - puxou o braço da amiga, levantando a cabeça e observando que a pequena mesa de bebidas agora segurava , de pé, e dançando como uma criança animada. Ao contrário do choque de , soltou um assovio e gritou, se animando junto com toda aquela algazarra comandada por - VAI GAROTA! - se rendeu gritando junto e subindo na mesa, o suficiente para fazer soltar um grito apavorado com medo do móvel despencar com os dois amigos
- Puta que pariu - foi tudo que conseguiu expressar ao voltar do banheiro e encontrar os dois colegas dançando sobre a mesa. Engoliu em seco ao ver a cena e loco sua expressão de choque se tornou um sorrisinho de lado, negando com a cabeça e se divertindo com tudo aquilo. Antes que pudesse pensar em fazer alguma coisa que sua cabeça pensava (como por exemplo, gritar o quanto estava uma gata com toda aquela loucura), os dois dançarinos decidiram descer da mesa em uma coordenação miserável, fazendo com que a mulher tropeçasse sobre o próprio pé e quase levasse o amigo junto.
- Eu deveria ter escondido o Whisky - constatou sozinho, chamando a atenção de de volta ao amigo. surgiu um tempo depois segurando duas garrafas de vodka nos braços, o que levou os rapazes a ajudá-la no pré fim de festa. Começaram guardando garrafas, juntando todo o lixo com um grande saco plástico, e logo também havia se dispersado e estava em algum canto do apartamento procurando o restante dos charutos, sobrando somente , e juntando aquela bagunça. Com o passar dos minutos, grande parte da zona havia sido arrumada e a maioria dos convidados já estava se despedindo e indo embora
- Eu lamento, mais vou encostar nesse sofá tentador e acordar só amanhã - anunciou , mal dando tempo de protestar, e se jogando sobre o estofado como uma pedra que cai ladeira abaixo. já havia desmaiado no próprio quarto, então restavam somente , , , , e no apartamento
- Você viu ? esse palerma precisa levar pra casa, era esse o combinado - perguntou a , tendo em vista que , e estavam há 15 minutos fumando os últimos charutos na sacada e trocando uma conversa nostálgica de bêbados emocionados
- Acho que ele não tem condições de levar a , e ela não tem condições de entrar em um uber - apertou os lábios, olhando a mulher em um estado deplorável na poltrona de . Ela havia acabado de voltar do banheiro (depois de dormir meia hora sobre a tampa do vaso, e ser acordada por apertado), e estava numa espécie de transe absoluto
- Meu amor! - surgiu fechando a sacada e cambaleando na direção de , sendo seguido por um que segurava o riso - você está…linda! hoje eu quero que você use aquela...-
- Me poupem dos detalhes, amados…- virou na poltrona giratória, com um sorriso sacana e um soluço preso na garganta
- Onde está aquele puto do ? disse que ia buscar mais cerveja e caiu em alguma valeta da vizinhança - reclamou, observando rodar na sala pensativa - o que foi?
- Você - apontou como uma militar - leve pra casa, ou é capaz dela ser desovada por um desses motoristas que se aproveitam de bêbadas - lambeu os lábios e engoliu em seco, não esperava ter que levar , muito menos achava que ela aceitaria ir, com aquela guerra de pirraça entre os dois
- ..- coçou a testa, voltando seu olhar para que já estava novamente de costas para o diálogo dos amigos e presa em seu estado alcoolizado - certo, certo. , você vai com , espere esse idiota aparecer, e se ele estiver em poucas condições, peguem um uber juntos, é mais seguro - ordenou , observando a irmã
- Ir com ? ele vai negativar minhas estrelas do uber - reclamou, mexendo na bolsa e verificando se a carteira estava por ali
- É isso ou me esperar pelas próximas duas horas para voltar te pegar aqui, senhora uber - o irmão provocou, deixando de lado a cara amarrada de e seguindo para o lado da sala. Tocou a ponta da poltrona de e a girou para sua frente, sorrindo de lado com a maior cara de pau que obteve naquela noite - seu motorista chegou, madame.
- Meu...motorista? - perguntou embolado, estreitando os olhos para - você vai é me sequestrar, - sussurrou como se ele não pudesse ouvir, completamente mole na fala
- Só se você pedir, Kang - respondeu na mesma altura, estendendo a mão para que a mesma levantasse. o olhou desconfiada mais uma vez e se levantou, apoiando-se sobre o sofá para manter o equilíbrio em pé
- Que cantada barata! - balbuciou tirando uma risada do rapaz. Calculou em sua cabeça e agarrou o braço de , sabia que jamais conseguiria andar até o estacionamento sem ajuda - é, gatinho..você vai ter que me ajudar - cantarolou, agora atraindo um risinho de que observava a cena milimetricamente
- Vamos, segure firme - passou o braço de sobre seus ombros e antes de fechar a porta com os pés, lançou um olhar sério para a irmã, relembrando da carona com - cheguem vivos, por favor.
Eles desceram o elevador em profundo silêncio, principalmente por estar quase dormindo em pé, e preocupado demais em um possível coma alcóolico para fazer qualquer piadinha. Assim que a porta abriu no estacionamento, ela seguiu em risinhos até o carro, despencando do apoio de sobre o banco do passageiro quando a porta foi aberta
- Uhhh, esse carro cheira a badboy pegador! - riu, tirando os sapatos e dobrando os joelhos no banco. soltou um risinho pelo nariz e passou o cinto de segurança sobre a mesma, voltando a dar partida no veículo. Colocou no GPS o endereço que havia mandado e ligou o rádio, seguindo em direção ao local - coloca uma música, ! - ouviu pedir embolado, havia tanto cabelo bagunçado sobre seu rosto que ela quase comia os próprios fios presos. Negou com a cabeça e colocou o spotify aleatório, ouvindo o som de Bonnie & Clyde começar a soar pela voz de DEAN
- Satisfeita? - riu, a olhando de canto de olho
- EU AMO ESSA! - disse alto sobre a música, cantando completamente embolado sobre a voz do cantor. A janela estava com uma abertura média e isso foi suficiente para colocar a cabeça para fora e cantar a plenos pulmões, contagiando que também entrou na brincadeira - Bonnie and clyde, Bonnie and clyde one night, who cares who cares - a voz de continuou embolada, mas ela estava tão feliz e alcoolizada que pouco se importou. De outro ângulo, cantava focado na direção, e só conseguia pensar o quão bonito ele estava naquela áurea que ela mesma criou na cabeça, então a prepotência e a auto estima do homem se tornaram um mero detalhe
- Would you remember me? - ele indagou na parte de diálogo da música - nah, nah..we just..- e a olhou de volta com um sorriso ladino, como quem faz uma pergunta retórica. riu e deixou a música continuar, não percebendo nada além da música, apenas cantando até que chegassem no próximo sinaleiro e a música mudasse
- Agh, eu adoraaaaava essa - murmurou, recostando no banco e fechando os olhos. Apagou pelos próximos 5 minutos e só acordou quando estavam na garagem de seu apartamento, mal enxergando o rapaz em sua frente. a ajudou a sair do carro de novo e novamente atravessaram o estacionamento escorados, com balbuciando coisas desconexas
- Onde está o elevador? - perguntou mais para si mesmo do que para , olhando ao redor o corredor silencioso
- Pff - riu, quase desequilibrando - elevador? não tem isso aqui, saaaan! - disse como se fosse óbvio, soluçando.
- É melhor se segurar, Kang - segurou as costas de , e jogou seu peso para cima, a carregando escada a cima num impulso que nem ele sabia de onde havia tirado. A garota riu de início e depois se desesperou com a falta de equilíbrio e o enjoo, gritando hora ou outra pelos andares adentro do prédio
- AHHG! - agarrou o pescoço do rapaz como quem dependia sua vida daquilo, seguindo os próximos dois andares como um coala
- Shhhh - sussurrou finalmente chegando à porta do apartamento de , preocupado com a possível multa por ruído - seus vizinhos vão te caçar! - negou com a cabeça, a colocando sob o chão. puxou a chave que estava no bolso do casaco e enfiou sob a fechadura, mas não tinha coordenação suficiente para aquilo girar. Tentou, riu, tentou de novo, e riu mais ainda, irritando um ao seu lado. não esperou mais, pegou a chave enfiada sob o trinco e girou, abrindo a porta e ajudando a desequilibrada a seguir até o sofá. O apartamento era aconchegante, revestido de um papel de parede estampado e com uma pequena lareira no centro da sala, muito diferente do que havia pensado. As almofadas jogadas no tapete e o gato dormindo tranquilamente o fizeram soltar um suspiro satisfeito, embora estivesse morto de subir os lances de escada
- Admirando minha residênzcia…- murmurou embolado, jogada sob o sofá cinza. voltou sua atenção para a mesma e suspirou, dando dois passos mais próximos
- Está entregue, cherry. Sã e salva - sorriu ladino, cruzando os braços. pareceu prestar atenção por um momento, e se sentou sob o sofá minimamente ereta.
P.O.V
- ? - chamou, me fazendo franzir o cenho. Levantei a sobrancelha como quem pede para ir adiante, e ela balbuciou de novo - eu queria…queria que…ficasse aqui - choramingou como um cachorro pedinte de mudança, e foi nesse momento que senti uma porrada na boca do estômago. Kang me pedindo para ficar? eu estava ouvindo bem? - quer dizer, não daquele jeito! - arqueou a sobrancelha em um tom malicioso, e se não fosse pela surpresa, eu teria rido junto - só me espera dormir, e …só isso! - agarrou meu pulso, me impedindo de fazer qualquer coisa
- Eu deveria gravar isso - murmurei enquanto ria baixo, dando um estalo com a língua no céu da boca - eu fico, não se preocupe - sentei na beira do sofá, e olhando mais de perto. Por Deus, aquilo só poderia ser uma pegadinha, uma câmera escondida em algum lugar. estava me pedindo para ficar ali no apartamento, indo contra todos os xingos e farpas que trocamos desde que voltei, e tudo isso que fazia ficar nostálgico de uma maneira perigosa.
As coisas não eram como antes, certo? ou eram?
- UHUU! - a voz animada me acordou do meu princípio de nostalgia, e eu dei graças por não pensar mais a fundo. pulava descontrolada em cima do sofá, e eu neguei com a cabeça, segurando seu pulso e tentando conter a grande fera do álcool que ainda habitava ali
- Eu sei que você está eufórica e tudo mais, mas tem que tomar cuidado pra não..- e vomitou por todo o tapete, passando a um triz de .
É, aquela seria uma longa noite.

Capítulo 4

 
P.O.V


Meu reflexo pouco alterado pelo álcool me permitiu enfiar as mãos sobre o cabelo de e segurá-los para trás antes que aquilo virasse um emaranhado de vômito, coisa que poderia causar ainda mais problemas levando em conta o temperamento emocionado que os bêbados costumavam ter.
- argh - ouvi o gemido enjoado de , e em seguida sua risada contida - eu acabei de…- e vomitou mais uma vez, me fazendo engolir em seco e segurá-la pelos ombros para que não caísse com o impulso que seu corpo fazia. Alguns segundos se passaram e quando percebi que finalmente tudo havia saído, suspirei soltando o ar pela boca em alívio. Mais um pouco e eu poderia apostar em um coma alcóolico
- ..- neguei com a cabeça, puxando seus ombros pra cima e a ajudando a sentar na ponta do sofá. A garota me encarava baqueada, e eu sabia o que precisava fazer. Poderia começar um sermão de que ela deveria ter responsabilidade sobre a quantidade que bebia, principalmente por não ter mais 18 anos como antes, e…que poderia ter ido parar em um hospital e ter tido um treco! Mas ao olhar seu semblante aéreo e pensar um pouco mais, era inútil; ela não lembraria nada no dia seguinte e não serviria de nada. Decidi inverter a preocupação da situação e soltei um riso fraco com o nariz, voltando a falar depois de algum tempo - você precisa de um banho.
Estendi a mão como quem faz uma proposta a uma criança e por incrível que pareça, ela aceitou sem reclamar, se levantando e arrastando os pés ao que parecia ser o caminho do banheiro. Certo, agora ela precisaria de roupas. Apertei os lábios sozinho e olhei para os dois lados do corredor, mas não consegui pensar em nada.
- Vou ligar o chuveiro, e você…se limpa aí - comentei meio incerto, me esquivando e girando o registro na temperatura gelada (a fim de que toda aquela água gelada acordasse pelo menos um pouco de ), a olhando uma última vez - se não entrar em 5 minutos, vou entrar aqui e ver você pelada - ameacei com um risinho, esperava que aquele aviso fosse suficiente para ela despertar do transe alcoólico.
E por sorte ela cumpriu. [...]

Nostalgia - JUNNY, JAYB
A chaleira terminou de chiar e no mesmo momento surgiu no corredor com os cabelos molhados ainda com um semblante perdido, mas muito melhor que o  anterior. Terminei de colocar a água quente nas duas xícaras e coloquei sobre a mesinha de centro, encarando ainda parada no corredor.
- Eu acho que você precisa de um chá, e depois, de uma boa noite de sono - disse enquanto empurrava suas costas calmamente até o sofá, sentando próximo.
- Você…quem fez o chá? - murmurou, a voz levemente embriagada ainda. Assenti com a cabeça e peguei uma das xícaras, levando até os lábios com calma. tentou imitar meu ato mais não tinha coordenação suficiente, o que fez o líquido quente dar uma bela balançada na xícara e quase queimar sua pele - ai! - grunhiu, puxando a mão em seguida e deixando a xícara sobre a mesinha
- Você ia colocar essa casa em chamas se estivesse sozinha aqui - comentei, pegando sua xícara e levando até perto de seu rosto. Sua testa franziu em uma expressão confusa - beba - incentivei, virando o líquido aos poucos em seus lábios descoordenados pelo álcool
- Você é legal, Sanny Sanny - ela balbuciou em tom de brincadeira, e eu ri alto. De onde aquele apelido? abriu um sorriso e cutucou minha costela, causando uma leve cócega que foi coberta pela surpresa.
- Ouch! Ei, ! - repreendi um riso, segurando firme a xícara que antes estava perto de sua boca - eu vou te queimar, garota - ri, colocando a xícara sobre a mesa e cutucando de volta uma parte de sua barriga. Ela gritou e riu, tentando alcançar mais alguma parte vulnerável do meu corpo, mas desviei e segurei seu pulso, negando com a cabeça - eu acho que você precisa dormir
- Dormir? ah não! - afirmou com firmeza, como quem tinha certeza daquilo - e perder a chance de te importunar? - franziu o cenho
- É sério, vai me agradecer por isso amanhã - a olhei com sinceridade, embora o álcool no sangue dela não permitisse que ela tivesse cognição de qualquer coisa - eu até te cubro, o que acha? posso ligar o aquecedor - sugeri, pegando uma manta de cima do sofá e colocando sobre os braços como incentivo
- hum…me cobrir - me olhou sugestiva, me tirando uma risada de indignação - vamosss…vamos - comentou embolado, segurando em meu braço para pegar impulso e levantar. Pela segunda vez no dia, passei as mãos por suas costas e joguei seu corpo para cima, carregando-a até o quarto com facilidade (é claro, se não fosse por seus burbúrios e xingos desconexos), depositando seu peso sobre a cama levemente desarrumada
- Agora…- puxei a manta em meus braços e a estendi, colocando sobre o corpo de , que se encolheu pelo conforto - está pronta - sorri mínimo, suspirando por aquela adrenalina estar perto de acabar. O problema não era nem o fato de estar extremamente alcoolizada e inconsequente, mas sim de estar tudo tão “bem” entre a bêbada e o sóbrio. Quer dizer, não nos tratamos assim, pelo menos há muito tempo; tempo suficiente para nos estranhamos como cão e gato, e isso me traz lembranças que eu não sabia se queria reviver. Embora tivesse prometido a que iria parar de me acovardar e encarar a vida com minha essência de sempre, a situação ficava muito mais difícil quando eu via sobre aquela cama com um semblante tranquilo, quase como se as coisas nunca houvessem mudado. Como uma fotografia. Quem me dera, por um minuto, que aquela bêbada e maluca fosse a de hoje, a que me encarou naquele bar quando voltei para a cidade. Ou quem me dera, que não fossemos meros estranhos. Mas era isso que éramos, não?
- Você está bem? - ouvi sua voz baixa, me despertando da imersão de pensamentos que estava
- Estou sim, desculpe - ri sem graça, me sentando na beira da cama - esse cobertor é suficiente? - perguntei, em busca de espantar qualquer pensamento intrusivo
- É sim, é quentinho - ela se aninhou, fechando os olhos e suspirando - e você vai..-
- Pode dormir, , vou ficar aqui - sorri baixinho e afirmei, como prometido mais cedo. A mulher assentiu e eu permaneci sentado sobre a ponta da cama, encarando sua respiração se acalmar e ficar mais serena com o tempo, até que pegasse no sono de vez. E então foi minha vez de soltar o ar dos pulmões, ajeitando mais uma vez o cobertor sobre seu corpo e me certificando de que as janelas estavam trancadas e o gás desligado. Deixei uma garrafinha e um comprimido sobre a mesinha de cabeceira, era suficiente para ela saber o que deveria fazer quando acordasse e o quanto havia bebido. Assim, vesti minha jaqueta de volta e dei uma última olhada sobre seu quarto, negando com a cabeça sozinho. Tranquei a porta e passei a chave pela fresta de baixo, descendo as escadas e entrando em meu carro no estacionamento.
E foi no caminho de volta pra casa, que lembrei de algumas memórias embaçadas, mesmo contra a minha vontade.

Flashback on

- Fiquei sabendo que as salas foram todas misturadas, e agora só sobramos nós nessa porcaria de sala de Srta. Nam - reclamou, era início de ano letivo e tudo estava um caos. As salas haviam sido misturadas, parte de nossos amigos saíram do colégio, e eu não duvidaria nada se a escola fosse vendida para um grupo de hippies professores
- Relaxa, . Você esquenta demais com tudo - retruquei, me ajeitando no banco do pátio - precisa viver o momento.
- Viver o momento? acho que a maconha andou afetando sua cognição de vez - respondeu entre risos, levantando e seguindo até o corredor. Encontramos nossa velha e caótica sala, utilizando do tempo restante para escolher um bom lugar e xeretar as mesas vizinhas.
- Ei, ei, tem certeza que é aqui? - os barbáries preencheram a sala, seguidos de passos sobre o cômodo - não tem ninguém nessa sala - ouvi o sussurro, me virando em direção as vozes. Dois rapazes seguravam as mochilas e encaravam o ambiente com estranheza, até notarem a presença minha e de - oh, olá!
- Ah, foi mal. Olá - eu e fizemos uma pequena reverência sem jeito, observando os dois rapazes de semblante perdido - são novatos? - perguntei curioso
- Eu vim transferido de Incheon, sou o - o rapaz de semblante mais simpático estendeu a mão, e eu apertei em certa timidez - e esse grandão aí é o Mingi, nos conhecemos agora, ele também é novo e..-
- Santo Deus, nem se eu tivesse 3 km de perna teria alcançado o passo de vocês - ouvi uma voz feminina, e uma garota adentrou a sala encarando e Mingi - eu me perdi nos corredores, isso aqui é um caos! - levantou as mãos em rendição, levando um tempo a notar a presença minha e de
- E essa é a..? - esgueirou a cabeça como um avestruz curioso, observando a garota esbaforida. Fiz o mesmo, mas de um modo mais discreto que costumava demonstrar suas emoções
- , Kang .

 Flashback off


Do outro lado da rodovia de Busan, nem mesmo havia dado a partida, mas fazia questão de demonstrar o quão desgostosa estava em ter que entrar naquele carro e ir embora. Por quê não poderia pegar um uber? não era mais uma criança! e essas manias idiotas que sempre a metiam em situações constrangedoras, mesmo que contra sua vontade.
- Vai entrar ou quer um convite formal? - questionou já na direção, enquanto a mais nova parecia arrumar a barra do casaco e enrolar o máximo possível para fazer a viagem
- Eu não tenho pressa, se estiver tão incomodado, vá sozinho e eu pego um táxi - retrucou, limpando os fiapos do casaco
- Escuta aqui, sua…garotinha - bufou - eu estou fazendo um favor ao , e ainda por cima, estou tentando zelar pela sua segurança e dignidade! - apontou o indicador - você sabe o que costuma acontecer nesses carros de aplicativo tarde da noite com moças sozinhas?
- Eu sei muito bem, mas quem te conhece que te compre, - o encarou, entrando no banco do passageiro e fechando o cinto - quem me garante que você não faria o mesmo comigo?
- EU O QUÊ? - freiou o carro que havia recém andando poucos metros - você se ouviu? Eu nunca encostaria um dedo em você, sua lunática! - franziu o cenho irritado, mais reativo do que esperava
- Calma, calma - riu - você não sabe brincar? Foi uma piada - deu de ombros, jogando os pés sobre o painel do carro e afastando o banco - é claro que você não faria nada. cortaria sua cabeça fora, e depois colocaria em praça pública - afirmou, tirando um revirar de olhos do rapaz motorista
- É mais fácil você me assediar, do que o contrário - respondeu certeiro, lançando um olhar convencido a , que fez menção em uma ânsia de vômito - não adianta esse teatrinho, eu sei das coisas.
- Sabe do quê? das deduções que faz na sua cabeça e acha que é a verdade? - arqueou a sobrancelha sem muita paciência, esperando chegar o quanto antes no apartamento e dormir.
Desde que havia retornado a Busan, toda paciência que achou que ainda tinha do colegial, havia se esvaído, restando somente farpas e respostas afiadas para . A personalidade doce e tímida que adquiriu durante os anos de escola foi sustentada por tempo demais, e suprimida por sentimentos e emoções que ela havia cansado de conter, o que de fato contribuiu para que pudesse amadurecer. Ser conhecida como a irmã mais nova e indefesa de a tornava um personagem que ela assumiu sem nem mesmo querer, mas as circunstâncias a faziam viver aquilo durante a adolescência; acabando solitária por muito tempo. Todos tinham a mesma idade, dividiram o mesmo ano letivo, frequentavam as mesmas festas, cometiam as mesmas besteiras; mas estava dois anos abaixo e acabava ficando de fora de alguns momentos. E não pelo próprio grupo de amigos, mas porque tinha pais rígidos e um irmão fofoqueiro.
Mas para sua sorte, crescer vendo o irmão rebelde aprontar todas por debaixo dos panos a ensinou o dom da fuga e da mentira, tornando uma expert em burlar regras. Quer dizer, nem todas. Ainda que pudesse escapar aqui e ali, enquanto seus colegas e amigos viviam romances e paixões arrebatadoras, a adolescente não poderia ter o mesmo gosto. Os rapazes se afastavam quase que instantaneamente ao saber que era irmã de , e não porque ele impunha algum tipo de regra nem nada do tipo, mas porque não queriam problemas; e isso a levou a cultivar amores platônicos e paixões de diário.
- Chegamos - ouviu a voz de a despertar, dando um pulinho no banco e suspirando. Havia pensando demais da conta durante o trajeto, mal ouvindo o que passava no spotify do carro - você dormiu? - perguntou curioso, analisando-a
- Não - chacoalhou a cabeça, soltando o cinto - só estava viajando - concluiu, abrindo a porta e saindo, enquanto abria a sua própria e se encostava sob a lataria do carro.
- Boa noite pra você também, m’dam - soltou um risinho, observando parar seu trajeto e virar o pescoço em indignação. Não respondeu nada, somente virou o corpo e continuou seu trajeto, até entrar no condomínio novamente. O rapaz garantiu que tinha entrado e deu a partida, seguindo finalmente para o descanso do próprio lar.

[...]

Domingo, 12h00

Um ruído ao fundo da cabeça de foi ouvido, quase como um sonho, mas era limpo demais para um barulho de sono. Abriu metade de um olho e tentou se concentrar, ouvindo novamente. Meow, meoooow. Ah, o gato. Fez menção em levantar, mas uma dor arrebatadora a manteve sob a cama, sem coragem para mover qualquer músculo que não fosse os olhos e as mãos que pegaram o celular. O visor marcava 12h00 em ponto, e com ele veio a confusão. Meio dia de um domingo? que porra era aquela? O quarto cheirava a álcool e sono, então era óbvio: ressaca, e uma daquelas. Não tinha mais o costume de beber tanto quanto em seus tempos joviais e inconsequentes, mas pelo jeito, havia quebrado o jejum de ressacas e inaugurado a nova data.
Droga, eu nem planejava beber tudo aquilo. O que deu em mim?
Praguejou seu eu passado, tentando lembrar dos fatos que a tinham levado a aquilo, e nada. Nem mesmo borrões. A última coisa que se lembrava era de ter bebido tequila no início da festa, e então tudo evaporou, assim como sua memória. É claro que, sabia muito bem que tinha sérios problemas com a própria memória, sendo do tipo que procura diversas receitas naturais na internet para melhorar sua cabeça; mas aparentemente, nada funcionava. Antes que continuasse sua reflexão sobre a pouca memória, ouviu o celular tocar com o número de no visor, avisando que a amiga ligava já há alguns minutos
- Bom di…tarde?
- Ah, você está viva! Achei que tinha entrado em coma, o próximo passo era arrombar sua porta e colocar um acesso de glicose na sua veia - afirmou, suspirando do outro lado da linha - só acordou agora?
- Acordei por quê ouvi o gato implorar ração, caso contrário…-
- Você deu um show ontem, doutora - riu - com direito a subir na mesa, cantar, acabar com minha garrafa de Jägermeister…fazia tempo que não te via beber assim. Acho que desde a época do ensino médio, da rebel ! - se animou
- Fala sério…- suspirou, massageando as têmporas ao tentar imaginar todo o fiasco da noite anterior - não sei onde eu estava com a cabeça, . Todo mundo viu isso?
- Nem todos, teve uma galerinha que se passou também - comentou sem muita pretensão - tipo , que jurou encontrar o próprio bob marley no elevador depois de voltar com mais cerveja - riu - , amor. Acho que encontrei o bob marley no quarto andar, é sério!” - imitou a voz do namorado, tirando um riso alto de - mas enfim…foi quase uma noitada de se beber não case.
- Só não fomos para Las Vegas - respondeu rindo - como eu cheguei em casa? Imagino que não estava em condições nem de andar por mim - sugeriu prevendo o óbvio, mal sabendo a bomba que estava prestes a explodir sobre sua consciência
- Ah - suspirou do outro lado da linha - te levou pra casa. estava fora de condições e …-
- ? - exclamou mais alto do que gostaria - você por acaso virou minha inimiga, ? aquele galanteador poderia ter feito o que bem entendesse com o meu corpo indefeso!
- Como você é exagerada, por Deus - a amiga revirou os olhos - olha, embora você não lembre do bonitão aí, ele é um cara de índole, relaxa. Não ia te botar nas mãos de um tarado - riu - a não ser que você pedisse
- Meu deus…- passou a mão sobre a testa, tentando processar a situação e tamanho constrangimento - que vergonha; de verdade, eu estou cercada de inimigos, começando por você - respondeu - por quê não me trouxe? ou pediu pra ?
- levou , ele surgiu depois de um bom tempo que vocês já haviam saído - comentou - e eu já falei, não encana com isso, eu confio no . O máximo que aconteceu foi você pagar um carão por estar bêbada - riu, amenizando o peso da situação
- Certo…eu vou desligar, preciso de um banho e um remédio urgente - avisou, se despedindo e desligando em seguida.
Soltou todo o ar dos pulmões, e se arrependimento matasse, ela estaria enterrada a sete palmos do chão. Não pelo fiasco em si (já não tendo mais seus 18 aninhos), mas por ter que ser trazida para casa por . Ela estava bêbada, sabe Deus dizendo o quê, e provavelmente sem nenhum freio na língua. Deveria ter falado muita merda, sem sombra de dúvidas.
- Merda - sussurrou sozinha, não querendo ir muito além naquelas pensamentos. Pelo menos estava com as roupas intactas, demonstrando que não havia acontecido nada mais insano que uma grande vergonheira. Agora era hora de tomar um combo ressaca, tomar um banho, e preparar o psicológico para quando encontrasse ; tinha certeza que o presunçoso ia jogar em sua cara todas as cenas que deveriam ter acontecido naquela noite. Caminhou até a sala e encontrou uma garrafinha e uma cartela de aspirina, arqueando a sobrancelha em certa surpresa. Era , só poderia ser . Negou com a cabeça, atordoada demais para processar aquele ato de “solidariedade”, mas sabendo que era a real prova de que ele havia estado ali noite passada. Decidiu ouvir as palavras de sobre relaxar, e seguiu para o banho após tomar o remédio, utilizando o restante do dia para se recuperar daquela bomba de peso na consciência.

[...]

A semana havia começado, e após o final de semana de comemorações, sabia que precisava retomar sua vida. E isso incluía sua matrícula no último período de moda, agora em uma universidade completamente diferente. Enfiou tudo que achou que precisaria dentro da bolsa e pediu um uber, provavelmente usaria o carro e ela não sabia os horários de suas aulas. Entrou no veículo e partiu, pisando no campus que era muito menor do que estava acostumada em Seul nos últimos dois anos. Olhou no maps o que parecia ser o prédio de artes e seguiu até o caminho, tentando localizar a sala onde deveria ter a primeira aula de história da arte, encontrando sem muito drama o pequeno auditório que abrigava alguns poucos alunos já adiantados por ali
Inclusive, - Desde quando você estuda moda? - se aproximou com um sorrisinho confuso e colocou a bolsa sobre a mesa lateral - e na universidade de Busan, especificamente - concluiu, surpresa por tamanha coincidência
- ! - exclamou surpreso, abraçando com animação a mais nova - se matriculou aqui? como isso??
- Eu é que pergunto - riu - eu vim transferida, esqueceu? Seul e etc.. - balançou a cabeça sem dar importância à logística - e eu curso moda, especificamente, essa matéria agora; mas e você? Eu até desconfiei que estudava aqui, mas não que estava cursando moda..- riu baixinho, o olhando em curiosidade
- Ah, não, não! - negou - eu não curso moda, só arquitetura. Vim guardar o lugar para um repetente atrasado - encolheu os ombros - mas não sabia que ia te..-
- Yun…? - adentrou a data, transbordando de confusão e suor pelos 20 minutos que havia corrido para chegar a tempo da aula (depois de perder dois despertadores em prol do sono profundo) - o que é isso, uma pegadinha?
- ELE é o repetente atrasado? - a garota questionou , ligando os pontos mentalmente - ah..agora faz todo sentido - suspirou, pensando por uma fração de segundos. Ela sabia que cursava arquitetura, e melhor, sabia que morava em Busan, mas considerando o tamanho escalar da cidade, a coincidência em estudarem especificamente na mesma universidade era no mínimo inesperada. Embora tenha acompanhado seus posts e stories ao longo dos anos que esteve em Seul com , não fazia o tipo influente, então era difícil saber onde estava ou o que fazia exatamente da vida no momento. Mas ainda que fosse cabível estudarem na mesma faculdade, tendo em vista a popularidade da Busan National University, era difícil acreditar que ele estaria fazendo exatamente uma das matérias de sua grade.
Filho da mãe, pensou.
- Repente atrasado? - repetiu, indignado com o apelido que o havia dado - está tentando acabar com a minha reputação, seu fodido?
- Relaxa, mocinho - riu - eu só disse a verdade, e olha só! - visualizou o relógio de pulso - meu tempo aqui acabou. Boa sorte, colegas; tenho um intensivo de estrutura dos materiais me esperando - acenou uma última vez, saindo pela porta larga de madeira e deixando os dois amigos plantados em confusão
- Bom, um longo semestre nos espera, repetente - provocou, puxando sua cadeira para sentar-se - mas não se preocupe, eu venho em paz - levantou os braços em rendição, tentando desmistificar todo o drama que havia criado
- Em paz? você só pode estar blefando. E pra seu conhecimento, eu só repeti na disciplina porque a professora me odiava; era algo pessoal, ok? - justificou, sentando-se sobre a carteira atrás
- Não tô nem aí se você reprovou, - riu fraco - só não quero passar o restante do semestre testando meus nervos. Chega desse drama adolescente de farpas e piadinhas, vamos conviver como gente normal - o olhou em sugestão - você é aprovado, eu avanço minha grade, e todo mundo sai ganhando.
- Pela primeira vez em um tempo, você foi brilhante - sorriu, estendendo a mão e apertando a de em um acordo - sem farpas e criancices. Fechado?
- Fechado!

Capítulo 5

November, 21st

Não há ferramenta melhor que o próprio tempo para curar todos os joelhos ralados e corações partidos, assim como as ressacas e vergonheiras de uma bebedeira mal planejada. A terça-feira do fim de semana pós aniversário de foi seguida de muito trabalho e fofocas por aqui e ali. Embora na segunda tivesse checado se estavam todos vivos e com membros superiores completos, o remember dos melhores momentos aconteceu ao longo da semana, protagonizado pelos maiores fofoqueiros nascidos em território sul coreano: e .

KAKAO TALK - The losers (Você, , , , , , , , )

última visualização 12h17

“E aí , já reencontrou o Bob Marley em algum andar? da próxima, preciso de um autógrafo. Tinha ele como finado até então..”

“Se eu encontrar, pode ter certeza que farei ele te arrastar ao quinto dos infernos”

“Que coisa feia, ! Bob Marley foi pro céu, o homem era uma alma evoluida”

“@ disse que quer comentar sobre os 300 charutos que fumou em menos de 2 horas”

“Ele está ocupado levando a até em casa, há boatos que ainda não voltou de lá..”

“E por quê esse infeliz ainda estaria em casa? kkkkkk”

“Vocês deveriam dobrar o tamanho das línguas, San está no grupo e eu adoraria ver ele metendo a mão na cara de vocês dois”

“Ele nem olha o grupo”

adora uma garota bonitinha nova na área”

“Infelizmente fofoca ainda não virou esporte olímpico, ou então Yeog e teriam dominado o mundo”

“Devo começar agora minha retrospectiva única e dedicada aos acontecimentos da festa envolvendo a ?”

“Você estava bêbado demais pra lembrar, meu caro”

“Falemos sobre Seulgi dançando no colo de , já que ela não está aqui no grupo. , opiniões sobre esse feito?”

“[...]”


. Os cabelos de sua nuca se arrepiavam ao pensar que teria que encará-lo de novo depois do fiasco do final de semana, e levando em conta sua presunção, com certeza não deixaria escapar em branco aquele momento. Bom, poderia ser pior, poderia ser muito pior, pensou ao vagar as possibilidades de uma noite completamente fora de si (como não fazia desde o ensino médio, se a pouca memória permitia) na “companhia do rapaz”. Tudo que lembrava envolvia uma série de flashes e coisas desconexas na linha do tempo, mas que tinha certeza que havia acontecido. Fechou os olhos ao repassar as poucas cenas e apertou-os em lamentação, descendo as mãos pelo rosto em desespero: eram muitas camadas.

- Srta. Kang? - a enfermeira colocou o rosto sobre a batente do quarto e perguntou - acabou seu horário de almoço? precisava de ajuda na ..-
- Acabou sim, vamos lá! - mal esperou seu raciocínio processar e se levantou, só queria continuar seu plantão e eliminar qualquer paranóia e pensamentos intrusivos que pudessem atordoar seu dia com relação à aquele fim de semana. Bloqueou o aparelho celular e jogou sobre o bolso do jaleco, ocupada demais para seguir acompanhando a hora-da-fofoca pelo grupo do Kakao. E como se o universo pudesse ouvi-la, teve um dos plantões mais cansativos daquele mês, passado  quase duas horas do horário habitual. O resultado? dormiu todo o dia seguinte, nem mesmo ligando o celular para funções básicas.

[...]


Flashing lights - Kanye West

- O tempo está virando um gelo muito antes do previsto, por Deus - esfregou os braços enquanto falava sozinha dentro do próprio chevrolet. Desligou o motor e jogou o casaco maior sobre o corpo, saindo pela porta em direção ao prédio de artes. A aula de história da arte havia sido substituída por uma palestra de um restaurador famoso do ramo, reunindo os poucos menos de 15 alunos no auditório pequeno do prédio em questão. As calças de couro faziam barulho ao anunciar que a garota descia pelas escadas do recinto, chegando ao que parecia ser a pequena reunião de alunos da disciplina a espera do início de qualquer coisa
- Boa noite - cumprimentou os poucos ali em um aceno tímido - o palestrante já chegou? - questionou confusa, não havia sinal nem mesmo do professor responsável
- Nem sinal - um colega respondeu em negação, parecendo acostumado com aquele tipo de acontecimento - mas ele deve aparecer daqui uns 20 minutos com um café com conhaque e o convidado - deu os ombros
- Certo - concluiu em uma risada sem graça, procurando pelo auditório um local onde pudesse se sentar e ter uma visão privilegiada, mas que também a permitisse mexer no celular nos momentos tediosos. Encontrou uma fileira quase fazia à esquerda, ocupada por somente um rapaz que não parecia oriental - posso me sentar ao lado? - perguntou receosa
- Oh, claro! - o homem se levantou em reação, abrindo um sorriso simpático e puxando sua mochila do estreito caminho entre as fileiras - me desculpe, estava sozinho por aqui. O professor chegou? - perguntou
- Segundo o restante, só daqui uns 20 minutos junto de um café com conhaque - riu, sentando-se em sua poltrona - desculpe a pergunta inconveniente, mas você não é oriental, não? - inclinou a cabeça em dúvida
- Imagina! - o rapaz negou em um riso natural - nem que eu quisesse, não poderia ser oriental. Sou nascido e criado na Austrália, mas meus pais me trouxeram até a Coreia aos 15 anos para trabalhar; agora estou aqui desde então - abriu as mãos com simplicidade
- Embora você ainda tenha o bronze da Oceania, seu coreano é excelente - respondeu em espanto, reparando no quanto as palavras saíam perfeitamente pronunciadas da boca do italiano, talvez melhor que as dela mesma
- Eu não estou acostumado a receber elogios assim - riu em timidez - principalmente de mulheres bonitas - lambeu os lábios e encolheu os ombros, como quem diz algo muito inapropriado. achou uma fofura, mas antes que pudesse pensar no que responder, uma sombra esguia e larga se fez presente atrás de si, tapando toda a luz que iluminava a conversa de ambos
- Eu não sabia que faziam cantadas tão baratas assim na Austrália - a voz de se fez presente, revelando quem realmente estava atrás da poltrona de . A garota trincou o maxilar no momento que ouviu a farpa, virando o rosto de imediato e encarando em um fuzilar de olhares - ah, oi ! - disse em uma falsa surpresa
- Oh, desculpe - o australiano se conteve, parecendo ter a confirmação de que tinha feito algo de errado - vocês são um casal? me desculpem, eu..-
- NÃO SOMOS UM CASAL - a menina disse em um tom maior do que o que tinha planejado, trazendo um pouco de atenção dos demais alunos àquele pequeno núcleo de discussão - eu nem conheço esse lunático - abaixou o tom drasticamente, franzindo as sobrancelhas em indignação
- Você é péssima em mentir - concluiu - quem em sã consciência não conhece alguém que sabe seu nome? - riu, voltando o olhar ao rapaz ainda confuso. A garota trincou ainda mais os dentes numa expressão congelada, e jurava que o próximo passo era agarrar o colarinho da blusa de e o arrastar para fora daquele auditório, expulsando-o da palestra
- BOA NOITE! - o professor anunciou em passos pesados pelo auditório escada a baixo, carregando o típico café em uma das mãos vazias por pastas. Logo atrás, o convidado palestrante seguia em silêncio até o palco, ofuscado pela presença estrondosa que o Sr. Wong exibia aos seus alunos - esperaram um pouquinho, não?
- riu alto - mas vamos ao que interessa: nossa palestra!
E então a palestra se deu início, fazendo com que sentasse ao lado de durante toda a duração da apresentação. O clima de irritação por parte da garota era quase que palpável no ar, fazendo com que o mais velho se divertisse e soltasse uma risada aqui e ali. Por outro lado, o australiano optou por não voltar muito seu olhar na direção de ambos, ficando recluso na própria palestra como previsto. Pouco mais de duas horas depois, a palestra havia acabado e com ela os alunos começaram a se dispersar após responder a chamada. Mas antes que acreditasse que poderia escapar, foi encurralado por no corrimão da saída de incêndios que o auditório possuía
- O que aconteceu com o papo de amigos e trégua? - perguntou raivosa, apontando o indicador na direção da face do rapaz - você ficou maluco? - rosnou
- Ei, ei, ei! - andou em passos lentos para trás, atingindo a parede em algum momento - eu só fiz uma piada! Queria tirar uma com a sua cara, não queria te ofender, mon amour - sorriu galanteador
Tirar uma com a minha cara? quantos anos você tem, ? - perguntou, afastando-se do rapaz encurralado - o cara estava sendo simpático comigo, poxa. Ele até mesmo me elogiou - ela sorriu ladino, embalada na lembrança - mas além de mal educado, você é um grande empata foda! - respondeu em tom irritado novamente, negando com indignação a atitude de
- Empata foda? - repetiu, tão indignado quanto a própria - você nem sabe o nome do cara e estava pensando em dar para ele? - franziu o cenho confuso, aumentando o tom de voz na última ênfase
- ! - repetiu em espanto, cruzando os braços no peito com raiva - você realmente acha que eu faria uma coisa dessa? - cerrou os olhos, chacoalhando a cabela em seguida em busca de melhorar o raciocínio - quer dizer, isso não é da sua conta, o ponto é: isso é modo de dizer, idiota.
- Eu não convivo com você há um bom tempo, - respondeu em análise, observando a mulher em uma distância segura - você já é de maior agora, ninguém nem nada te impedem. O mundo é moderno! - respondeu em esclarecimento, abrindo os braços em explicação
- Aí você tem um ponto: eu cresci - apontou o indicador - mas isso não significa que vou tirar todos os anos de “atraso” - fez aspas com as mãos - e sair por ai me envolvendo com o primeiro australiano que aparecer. Primeiro ele vai me pagar um jantar e depois nós vamos...-
- ! - repreendeu tapando os ouvidos, qualquer assunto que fosse daquele cunho fazia com que quisesse desaparecer do local. Ouviu a risada alta da mais nova e bufou, voltando ao estado normal - vamos embora, está ficando tarde e o frio só piora - olhou o relógio de pulso que marcava perto das 21h. A colega assentiu brevemente e o seguiu em direção ao estacionamento onde ambos os carros estavam, já cobertos pelo sereno da noite.
- Belo possante - a mulher respondeu em análise à Mercedez Benz de cor branca, perfeitamente cuidada pelo dono - sua antiga bicicleta está diferente - riu fraco, pegando a chave no bolso traseiro da calça de couro
- Um dia te chamo pra andar na minha garupa - brincou , abrindo a porta do bando do passageiro e entrando no próprio carro. Deu a partida e esperou que a mulher fizesse o mesmo, vendo-a parar antes de seguir adiante
- Não atropele ninguém - provocou a garota, buzinando em despedida e saindo rapidamente em direção às catracas da universidade já pouco habitada. negou com a cabeça e riu sozinho dentro do veículo, conectando o bluetooth do celular no rádio e deixando o som de That’s what I like do Bruno Mars preencher o ambiente.

[...]


Os dias de aula eram muito menos pesados que os dias de plantões que aguardavam , fazendo com que a mesma acordasse todos os dias de aula grata aos ceús por ter um professor em seu encalço, e não um milhão de pacientes. Encarou as 4 horas de aula normalmente, fazendo anotações aqui e ali, e parando nos intervalos para tomar os últimos copos do café temático de Halloween, que ainda assombrava a cafeteria da universidade, mesmo que a época tivesse acabado há tempos.
“Posso usar meu blazer que te emprestei no sábado?”

A mensagem de fez com que saísse da última aula e procurasse o blazer perdido no banco do passageiro, colocando o endereço de no GPS e partindo na direção do apartamento. Lá fora o tempo fechava-se cada vez mais para uma chuva torrencial, o que fez pisar ainda mais fundo no acelerador tentando inútilmente não pegar chuva. Como previsto, a correria pouco adiantou, fazendo-a chegar em sopa no andar do apartamento de , onde estava
- ! - abriu a porta surpreso, puxando para dentro a mulher encharcada - você veio nadando até aqui? - riu, completamente confuso
- Sua namorada me pediu o blazer dela de volta - a própria riu de sua desgraça, levantando as sobrancelhas - mas aparentemente ela não olhou a previsão - levantou a sacola que a essa hora também se encontrava em sopa
- , a janela do banheiro estava aber..- surgiu no corredor enquanto terminava de enxugar as mãos, levantando o olhar e encontrando e em uma expressão confusa - ? - indagou quase que involuntariamente
- Eu vou fechar - foi tudo que conseguiu proferir, saindo em passos largos até o banheiro que aparentemente estava sendo alagado pela chuva. e se encaravam ainda confusos, se perguntando uma única coisa: o que estavam fazendo ali? por felicidade do destino, um trovão alto soou no ambiente e com ele uma surgiu em gritos assustados, se dando conta da presença da amiga
- Oh, Hen! - correu até a porta e fechou-a, trazendo mais para dentro e segurando os braços ensopados da melhor amiga - o que houve aqui? eu pedi para trazer o blazer, mas não precisava ter vindo com..- e outro trovão - enfim, vou buscar uma toalha quente e roupas limpas. Oh, oi ! - disse surpresa, só então reparando na presença do amigo. sumiu pelo corredor, deixando e em um encarar confuso
- Você só veio trazer o blazer da ? - perguntou enquanto fitava as expressões de . Ele tinha prometido reagir de outro modo a primeira vez que visse depois do final de semana, mas vê-lá ensopada dos pés a cabeça acabou quebrando o roteiro que havia feito na cabeça
- Aparentemente, era isso - deu de ombros - e você veio trazer o blazer do , também? - perguntou em um tom cômico, analisando . soltou um risinho pela boca e negou, apontando a tela da televisão com a cabeça
- me chamou para jogar Need for speed - comentou, recebendo um aceno de cabeça de - só não esperava te encontrar por aqui - concluiu
Acredite, nem eu - respondeu simples, olhando-o com atenção - eu teria evitado isso - desabafou, fazendo com que soltasse uma risada alta e lhe desse um pequeno susto, que foi seguido pela chegada de com as toalhas e um moletom seco
- Vá se secar - colocou as roupas sobre o colo da amiga - e você, , frequenta a minha casa e eu nem mesmo sabia que você estava aqui? - perguntou divertida, analisando o rapaz sentado na quina do sofá
‐ Minha casa, meu amor - respondeu a namorada, voltando de sua viagem no tempo até o banheiro - chamei faz pouco tempo, queremos jogar NFS desde que ele voltou, mas nunca dava tempo! - exclamou animado
- Ótimo, ótimo; podem jogar em paz - ordenou, sentando-se no sofá oposto e esperando pela amiga que se trocava no quarto de hóspedes. Não muito tempo depois, voltou ligeiramente seca e encontrou comendo pipoca no sofá oposto - Hen, sente-se! está perdendo para na própria casa - anunciou divertida, enquanto se escorava sobre a parede para observar vagamente o que acontecia naquela partida (não que realmente estivesse prestando atenção), de modo que toda a concentração dos rapazes lhe dava tempo para chamar em um canto, agradecer pelas roupas, e dar o fora antes que seus pesadelos acontecessem.
- sussurrou sem soprar o ar pela boca, acenando com a cabeça para que a amiga levantasse e seguisse a mesma, e por sorte olhou na direção e levantou-se lentamente até a direção da cozinha, onde a esperava atrás do balcão - você sabia que ele viria? - sussurrou outra vez, lançando um olhar na direção dos rapazes
- Não, oras! - afirmou em tom baixo, continuando a comer as pipocas do próprio balde - chamou-o sem me avisar, quando me dei por conta, ele estava aqui e você não visualizava mais o celular. Pode olhar suas mensagens no KAKAO - ordenou, e assim fechou os olhos em lamentação, sabendo que tinha deixado o celular carregando no carro - qual o problema?
- “Qual o problema?” - imitou baixo - você sabe muito bem - pontuou - o que aconteceu no fina..-
- , você levou a pipoca? - ouviu-se a voz grossa de chamando pela namorada, o que despertou ambas a voltarem até a sala. soltou um longo suspiro e agradeceu aos céus por estar tão concentrado na partida, encontrando aí a brecha perfeita para sair de fininho
- Vou aproveitar a trégua dos trovões e ir embora - anunciou alcançando a bolsa no balcão, e colocando-a sobre o ombro - boa jogatina aos senhores - desejou, recebendo o olhar bobão de e o semblante observador de , quase como que desconfiado. Ignorou o último ato e sorriu simples, acenando e seguindo até a porta se despedir de , que lhe lançou um olhar sugestivo como quem diz “em casa conversamos”. Sair pela porta do apartamento trouxe ar fresco aos seus pulmões ansiosos, seguindo até o elevador sem perder tempo em chegar ao carro no estacionamento. Entretanto, ao alcançar a maçaneta do veículo, sentiu um puxão no braço esquerdo trazê-la para trás

You’re so vain - Carly Simon
- Já te disseram que é falta de educação sair de fininho? - a voz de deu vida ao próprio que segurava o braço de , soltando-o em seguida para cruzá-los na altura do peito.
- Eu sabia! - afirmou, cruzando os braços da mesma forma que o rapaz - você desceu aqui em baixo SÓ para me torturar? - perguntou irritada
- Por quê nervosismo, Kang? - riu ladino, dando alguns passos a frente - isso é você quem está falando. Eu só vim aqui te dar tchau, também estou indo - afirmou, levantando as mãos em rendição
- Isso é sério? - abaixou a guarda, murchando como uma flor em época de seca. Ela havia feito toda aquela histeria somente por um tchau? e o pior, poderia dar motivo para que o mesmo pensasse qualquer coisa presunçosa de sua parte - eu…foi mal - concluiu, chacoalhando a cabeça em confusão - estou meio esquizofrênica ultimamente - confessou, sorrindo rápido sem pretensão de prolongar as explicações. inclinou a cabeça em pensamento e aproximou-se o suficiente para um aperto de mãos singelo, e o recebeu bem, chacoalhando a mão esquerda do rapaz formalmente.
- Acho que essa sua ansiedade tem raíz em alguma coisa que você quer se lembrar - puxou levemente a mão de que estava sendo apertada, suficiente para que o corpo da mulher fosse levemente inclinado mais próximo ao seu - alguma coisa que tenha acontecido no final de semana, quem sabe? - indagou, cerrando os olhos na direção de
- E-eu..- tremeu os lábios, pensando em como se defender de tantas situações reveladas a sua consciência de uma só vez
- Eu não vou contar a ninguém, antes que você se pergunte - respondeu firme - você se lembra? - perguntou honesto, olhando em expectativa a mulher que ainda segurava a palma de sua mão - Flashes- foi tudo que conseguiu responder, embora tivesse um emaranhado de informações em sua cabeça naquele momento. Se lembrava? Não. Tinha flashes? Sim, de várias coisas que poderia ter dito e feito em algum momento da noite, não esperando que fosse tratar o tópico com tanta maturidade e seriedade como estava sendo
- Você me pediu para ficar, pois não queria ficar sozinha - sorriu fraco, atentando-se a expressão surpresa da garota em sua frente - disse que eu era "um gatinho" e legal - negou com a cabeça de modo simples, desviando o olhar - me fez cócegas, e depois pediu para que eu esperasse até você dormir - concluiu de um modo pensativo, sem saber exatamente como finalizar aquilo - e eu o fiz. -  ..- o encarou, pensando em tudo que havia sido revelado ali. Por que havia demonstrado tanta afeição por de uma hora pra outra? Era a bebida? Difícil entender. Já tinha bebido algumas boas vezes, mas seu lado sentimental nunca era posto para trabalhar - me desculpe pelo transtorno - admitiu, desviando o olhar até os próprios sapatos, enquanto soltava a mão e encolhia os braços em volta do próprio corpo - eu não sei o deu em mim - admitiu, pensativa
- Você não me deve desculpas, eu só achei que era importante saber - comentou - não é todo dia que você pede para um estranho ficar, não? - questionou em uma expressão nostálgica, mas que não revelava muitas emoções
- Você tem razão - concluiu tímida, desviando o olhar ao próprio estacionamento - talvez em algum lugar da minha consciência eu não te ache tão presunçoso e abominável como há duas semana atrás - respondeu em um olhar expressivo a , que cerrou o olhar no mesmo momento que ouviu a frase
Ou talvez você ainda não saiba de muitas coisas, foi o que pensou a consciência de .
- Eu torço por essa possibilidade - respondeu após muito ponderar, exibindo um sorriso ladino enquanto virava metade do corpo na direção do próprio carro, em busca de ir embora - boa noite, - disse por fim, adentrando o veículo escuro. O rapaz distanciou-se deixando uma observadora e pensativa pela imensidão do estacionamento. A médica tinha muitas coisas para refletir, e uma delas era o motivo pelo qual deu em cima de enquanto estava bêbada em sua companhia.



Continua...



Nota da autora: Oi oi gente, e ai? O que estão achando de Hippocampus e todo o caos desse início de volta do PP? Acabei esquecendo de deixar uma nota no primeiro capitulo (uma memória de peixe), então deixo em atraso um abraço enorme e muita felicidade ao ver que Hippocampus estava em 10° lugar das mais lidas.
Logo logo teremos mais uma atualização quentinha, e enquanto isso, até mais mais :)


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.