Hora do Rush


Aquela festa estava um tédio. As pessoas conversavam e riam em seus grupos sociais e eu ali sem conhecer ninguém. Quer dizer, ninguém além de Thomas. Eu era nova naquele seleto grupo de pessoas. Sim, haviam artistas, parte da realeza e ali estava eu, uma mera recém-formada em engenharia, tentando me encaixar em sua vida. Há algum tempo começamos a sair e agora ele havia decidido que era a hora de nos mostrar por aí como um casal e eu, que estava realmente apaixonada, cedi.
Tive de me vestir como uma verdadeira lady e por bom senso me portar como uma, não que eu fosse uma desleixada e não gostasse de toda a pompa, o fato era que eu não estava me sentido adaptada àquele lugar. Sem querer me gabar, mas eu estava linda e sim, conseguir chamar atenção por onde passava. Meu vestido branco de uma alça só desenhava meu corpo e caía até os pés e tinha uma fenda do lado esquerdo que vinha até a metade de minha coxa. Haviam detalhes em cristal e o tecido era de tal leveza que parecia dançar quando embalado por uma mínima brisa que fosse. Meu salto não era tão grande. Tom era alto e eu gostava desse contraste, gostava de ser abraçada quase por completo por ele.
Ninguém dançava, ele não se entrosava com ninguém. Havia me apresentado todos e parecia ser muito querido entre os frequentadores do local, mas aquele não era o dia. Ele estava esquisito desde um telefonema que recebera pela manhã, mas insistia em afirmar que nada estava errado. Tom estava extremamente elegante em seu terno preto, seus cabelos claros perfeitamente organizados e o rosto liso deixavam aparecer todos os ângulos de sua face. Sua seriedade sempre fora bastante sexy em minha opinião, mas hoje estava me incomodando, já que não era apenas seriedade, havia preocupação ali.
Tentei pela décima vez fazer algum contato com ele, como um abraço, manter diálogo, mas não ganhava nada mais que alguns sorrisos amarelos e palavras soltas. Afastei-me dele e fui sentar em uma das mesas que estavam do nosso lado. Os quatro lugares estavam desocupados e me sentei de frente para ele. Percebi sua hesitação quando me viu afastar, mas voltou ao normal ao ver que eu estava ainda em seu campo de visão. Achei por alguns instantes que ele fosse sentar ao meu lado, mas nada. Tom olhava para todos os lados e para o relógio. Olhava para mim e começava novamente o ciclo de checagem geral do local. Se a festa já estava um caos, imagine agora.
De repente ele hesitou. Respirou fundo e pareceu segurar o ar. Sua mandíbula estava travada, mas eu podia ver alguns movimentos sutis de vai-e-vem de seus dentes rangendo. Seu cenho estava franzido e aquela expressão me assustava. Senti que se algo se aproximou de mim por trás e em um dos lados e ele me olhou como se pedisse para que eu ficasse quieta, porém não me contive. Olhei para o lado e vi a ponta de uma arma apontando de um blazer preto ao lado. Senti também que o homem em minhas costas havia se aproximado mais. Sem conseguir mover meus membros com facilidade, movi a cabeça lentamente para cima até poder ver o rosto dos homens que olhavam para Tom com a expressão sarcástica. Virei-me para Tom que desceu os olhos do homem para mim apreensivo. Eu não estava entendendo nada. Tom ergueu uma maleta e entregou a um dos homens, que recebeu, mas sem desviar de mim aquele cano que me assustava. Eu o vi entrando com a maleta, mas por ser leiga no assunto pensei que fosse rotineiro dos eventos.
O homem colocou a maleta sobre a mesa e abriu uma brecha, foi então que pude ver, estava repleta de dinheiro. Notas organizadas em montes iguais. Olhei novamente para Tom ainda sem acreditar no que via e sem saber mais o que pensar daquele homem em minha frente. Esperei por algum tempo que começassem a conversar algumas coisas que não me interessavam, eu não queria saber, não queria me comprometer. De repente Tom retirou uma arma de seu blazer e me fez gritar. Eu não esperava aquilo. Eu não havia percebido aquilo. Ele me olhou. Seus olhos estavam marejados, em seu rosto vermelho escorriam gotas de suor, a boca estava entreaberta e sua respiração ofegante. Ele oscilava o alvo entre os dois homens que agora também o miravam. As pessoas ao redor estavam horrorizadas e perplexas, acredito que muitas não imaginavam que aquilo pudesse ser possível, que ele pudesse ser capaz daquilo. Aproveitei o ápice da tensão – e acreditando que eles não seriam capazes de atirar ali – e corri. Saí desesperada entre as pessoas cometendo um grande erro. Na loucura do momento eu não saí por onde entrei. Corri mais para o fundo da festa esbarrando em garçons e em outras pessoas que trabalhavam ali. Pela gritaria e xingamentos atrás de mim eu sabia que estava sendo perseguida, mas ainda não sabia o porquê.
“Pensa, ! Pensa!”, era a única coisa que eu conseguia ter em mente. Fui parar em um quintal que parecia ser o local onde colocavam os equipamentos do salão, a parte grossa de toda a pompa. Meu vestido já não estava tão branco depois de se arrastar pelo cimento do quintal enquanto eu corria, meus cabelos estavam bagunçados e o penteado quase desfeito.
Corri mais um pouco e me deparei com um portão de grade. Agarrei-me aos ferros e os sacudi com força. Encontrei uma ferramenta qualquer e comecei a bater no cadeado que não parecia tão novo, e por sorte não era. Após algumas tentativas e um arranhão dolorido eu consegui quebrar, porém todo o barulho chamou a atenção daqueles que vinham atrás de mim. Abri o portão e novamente corri sem olhar para trás, mas ainda ouvindo os passos firmes. Uma de minhas sandálias enganchou em um defeito no asfalto e acabou se soltando do meu pé, o homem ainda vinha um pouco longe, a sandália era linda. Eu não iria dar uma de Cinderela e deixá-la ali. Voltei e peguei-a, aproveitando para tirar a outra, tentando correr e me livrar do calçado, o que foi um pouco atrapalhado até pelo tamanho do vestido. Bendita fenda!
Acabei indo parar no estacionamento, onde carros altos e luxuosos estavam estacionados. Dirigi-me até eles, usando-os de esconderijo. Vi que eles tentavam me encontrar e eu segurava a respiração que estava ofegante. Até as batidas de meu coração pareciam poder ser ouvidas. Após algum tempo atrás de um grande carro preto tentei olhar para o meio do pátio, foi então que uma mulher me viu. Ela tinha a pele negra e seus cabelos cacheados estavam arrumados em um penteado despojado. Ela usava um terninho e também estava armada. Ao me ver tentou vir atrás de mim, mas novamente eu corri por entre os carros e, devido à correria, ela não conseguia abaixar o tom de voz ao celular:
– Eu a encontrei, Tom. Não se preocupe. Ela está bem, estamos no estacionamento 4 – pausa. – Não, não a peguei ainda, ela está assustada e corre para todos os lados se escondendo atrás dos carros – outra pausa. – Sim, eu tentarei. Até mais.
Percebi então que ela estava me seguindo por ordens do Tom, mas eu também não mais confiava nele. Sem contar que ela poderia estar às ordens dos outros homens e tentando me enganar.

Chegando um pouco mais à frente vi que ela também se escondeu e ao olhar para um dos lados vi um dos homens que pegaram a maleta. Abaixei rapidamente para que ele também não me visse e fechei os olhos. Temi que o outro ainda estivesse por ali e pudesse me surpreender, afinal de contas, eram dois na festa. E só estavam aparecendo mais personagens. Desviei por entre os carros e novamente vi a mulher, ela também se escondia do homem, mas não largava do meu pé e me dava sinais para que eu me mantivesse escondida, porém, eu não confiava nela. Vi o último carro e uns 50 metros à frente estava o portão. Em frente era a entrada do salão. Haviam pessoas na porta de entrada – seria mais fácil passar pelo portão e depois disso eu correria para longe. A ponta de meu vestido já estava completamente marrom. Marquei o que seria o tempo perfeito e me joguei em direção à saída saindo de trás do último carro, mas parei bruscamente ao ver um dos homens sorrindo irônico me olhando. Não tinha mais para onde correr. A mulher estava um pouco atrás de mim e o outro homem surgiu por trás de um dos carros. Realmente eu estava encurralada. Vestido sujo e torto, cabelos despenteados, suor escorrendo, sandália em mãos. O homem veio em minha direção e Tom apareceu em meio aos carros e o imobilizou, pegando-o de surpresa. Não sei o que aconteceu, mas a mulher sumiu com o outro homem por entre os carros. Enquanto eu não os via mais e Tom se atracava feito gato de rua com o outro homem eu novamente tentei correr, mas não fui muito longe, já que um braço passou por minha cintura.
– Espera, . Não é seguro sair assim ainda – ele sussurrou em meu ouvido enquanto andávamos. Foi aí que vi, ele por vezes olhava para trás e ainda tinha uma arma apontada na direção em que estávamos. Mas não havia mais ninguém lá.
– Me solta! O que não é seguro é ficar do seu lado. Eu só quero ir embora, mas para que diabos de lugar você está me levando? Eu quero ir embora! – gritei ao ver que estávamos indo novamente em direção à festa, mas por outra entrada.

– Só me segue. Eu sei o que eu estou fazendo – Tom olhava para todos os lados enquanto eu o seguia. Não era como se eu pudesse me soltar. Meus pés doíam, o atrito com o asfalto os tinha quase esfolado. Eu precisava de água e não tinha controle sobre as próprias pernas.

Andamos novamente para o interior daquele lugar e Tom apenas afastava as pessoas para que pudéssemos passar. Fiquei um pouco encabulada ao ver que alguns me olhavam torto pelo modo que eu estava vestida. Abaixei o rosto e segui Tom, que parou para conversar, ou melhor, sussurrar com um homem que estava dentro do salão, dizendo-lhe algumas coisas que não entendi. Depois disso voltamos a marchar até a saída, onde havia um táxi a nossa espera. Tom abriu a porta para que eu entrasse no banco de trás e entrou em seguida. O carro saiu e logo ganhou a avenida principal enquanto seguíamos em silêncio, até onde minha paciência deu.
– Acho que você tem muita coisa para me explicar – eu disse vendo-o erguer uma das sobrancelhas e me olhar com cara de cachorro que caiu da mudança.
– E vou. Eu só te peço que espere. Não posso dizer aqui, mas logo vai saber o que aconteceu – ele segurou firme em meu rosto com as duas mãos enquanto seu polegar acariciava minha bochecha. – Eu sei que é bem difícil agora, mas eu preciso mesmo que você confie em mim, .
Respirei fundo e me desvencilhei de suas mãos, olhando para frente e seguindo o resto do caminho calada.

Comecei a estranhar enquanto o carro saía da cidade e se dirigia cada vez mais ao interior. As casas já tinham uma distância maior entre si e pastos eram a paisagem mais frequente. Tom percebeu minha inquietação e apertou minha perna de leve, acenando com a cabeça. Andamos sabe lá quantas milhas pelo interior dos EUA e chegamos a um hotel de beira de estrada, onde descemos. Tom pagou ao taxista e entramos no local que não parecia muito chamativo.
– Quarto 567C – ele disse para a atendente que o olhou e em seguida olhou para mim um pouco desconfiada. Analisou nossos restos por mais algum tempo e quando Tom parecia sem paciência ela o entregou uma chave.
– A encomenda está sobre a cama – ela disse numa indiferença repentina, voltando a ler seu jornal da semana passada.
Tom nem sequer agradeceu. Apenas subimos calados.
– Poderiam arrumar um lugar melhor – disse ele após fazer barulho quando pisamos em um dos degraus.
– Quem? – perguntei e ele sorriu em resposta. E essa foi a resposta.

Tom colocou a chave na fechadura e logo abriu a porta. Era incrível. O quarto não parecia pertencer ao resto daquele lugar, era incrivelmente bonito e requintado. Uma cama King estava no meio do lugar, os móveis eram modernos e bastante elegantes. Havia uma piscina na varanda, varanda que por sinal tinha churrasqueira, mesa de jogo, um jardim improvisado e poltronas espalhadas. O banheiro era equipado com banheira, janelões de vidro, pias e lustres que deviam valer mais que meu apartamento inteiro. Olhei em um dos cantos e lá estavam minhas malas, nécessaires e bolsas. Olhei incrédula para ele que deu de ombros. E sim, todas as minhas coisas estavam ali.
– Tudo bem, Thomas. Já deu para mim. O que é que está acontecendo aqui?
– Eu não posso falar ainda, . Por favor, me escuta. Eu preciso que confie em mim.

– Confiar em você? Tom, eu tive uma arma apontada para a cabeça. Você me entregou uma maleta repleta de dinheiro, eles me perseguiram! Nós viemos para o fim do mundo, me dou de cara com esse quarto, minhas coisas estão aqui e você quer que eu entenda?
– Pode parecer besteira e loucura, mas sim. Eu quero. Pelo menos eu preciso que me entenda. , tem algumas coisas que não podem ser ditas ainda. Mas assim que chegarm..
– Eu não vou a lugar algum com você! – eu disse, o cortando. – Eu vou voltar para a minha casa!
– Você não pode. Além de eu já ter devolvido as chaves, você estaria correndo perigo – ele se aproximou de mim e novamente colocou meu rosto entre suas mãos. – Você não pode voltar.
Nem percebi a hora que comecei a chorar, mas o afastei bruscamente, fui até minhas malas e peguei uma roupa qualquer. Dirigi-me ao banheiro e tranquei a porta para não dar chance de ele vir atrás de mim. Tomei um banho longo, de quase uma hora e, ao sair, o vi já de banho tomado, sentado na cama de shorts e sem camisa. Ele sabia como me deixar confusa. Havia uma mesa bem-posta, que devoramos em pouco tempo sem nada falar.
– Agora eu vou lhe dizer o que está acontecendo, – ele disse quando nós sentamos na cama. – Eu estou realmente gostando de você e... Essa é a prova em que mostro que confio plenamente em você. Essa informação é extremamente confidencial e eu preciso que guarde segredo. Minha vida está em suas mãos.
– Eu não sei mais se quero saber – falei e ele riu.

– Mas eu quero que saiba – Tom respirou fundo e andou em direção à janela. – Eu faço parte da MI6.

– Faz parte do quê? – perguntei fazendo-o sorrir e me olhar.

– Agência de inteligência britânica – ele se virou novamente para a janela. Eu e meu pouco conhecimento em segurança internacional me fizeram limitada para saber o nome dessas organizações, mas eu sabia que era algo muito sério e que eu realmente não podia abrir a boca. – Aqueles homens de hoje já não são mais um problema, mas ficar lá não seria seguro. Os comparsas viriam atrás de mim. Ficar lá seria pedir que descobrissem quem sou.
– Como assim não são mais problema? – levantei e fui para o seu lado.
– Você me entendeu – ele me posicionou em frente a seu corpo e me abraçou. – Agora vamos viver em outro lugar e é por isso que você corria perigo ali. Desculpe eu ter te colocado em meio a isso, mas eu realmente não sabia que eles estariam ali naquela hora. Eu percebi quando já estávamos lá. Recebi uma ligação pela manhã dizendo que após a festa teríamos de deixar a cidade, mas durante o evento comecei a receber mensagens sem sentido.
– Quem são eles?
– Parte de uma quadrilha internacional. Muito dinheiro envolvido, muita coisa pesada envolvida. Não vale a pena que saiba.
– Tom, foi você quem os mat..
– Não! – ele me virou para si. – Temos de estar preparados para tudo, mas não é meu tipo de serviço favorito. E espero não poder ter a chance de executá-lo. Mas agora eu preciso que me prometa que vai guardar segredo. Que esquecerá disso, nem para si mesma mentalmente irá dizer.
– Eu prometo – olhei em seus olhos e sorri.
– Agora vamos dormir. Tivemos um dia cheio – ele parecia estar ligado no automático. Foi aí que percebi as diferenças que eu sempre notava nele. Depois de um telefonema ou mensagem ele mudava do carinhoso para o sargento mandão. Inclusive eu gostava de chamá-lo assim.

Fomos para a cama e dormimos abraçados, tive sonhos estranhos com aquele dia, ele parecia se repetir em minha mente todas as vezes que eu fechava meus olhos, até que pareceu ser uma nova versão, barulhos de tiros eram ouvidos e gritos, coisas que não haviam acontecido na cena real. Os barulhos foram ficando cada vez mais próximos e senti um movimento brusco de Tom se levantando rapidamente. Levantei-me e percebei que os ruídos eram reais. Pessoas gritavam e outros falavam alto. Tiros novamente eram ouvidos.
– Droga, nos descobriram! – disse Tom já vestido, pegando suas armas e me entregando uma. Fiquei travada, sem saber o que fazer, encarando aquela oferta. Até que ele me deu uma piscadela seguida de um sorriso maroto. – Proteção pessoal – peguei o objeto, mas realmente não sabia como usar.
Tom segurou minha mão e ensinou como segurar e usar a arma, mas eu tremia. Aquilo parecia pesar toneladas e os ensinamentos que ele me dizia entravam por um ouvido e saíam pelo o outro.
– Entendeu? – ele perguntou.
– Não.
– Ótimo! Agora temos que ir – Tom me puxou pelo braço e saímos por uma porta que estava atrás de um dos móveis.

O lugar era escondido, mas fora descoberto por todos aqueles que não deviam saber. Tom se escondia e me puxava, com o tempo fui pegando o ritmo da coisa, estava assustada, mas o instinto de sobrevivência agora era gritante. Vidros eram quebrados com o impacto das balas, carros no estacionamento estavam estraçalhados. Vimos uma fumaça e que estavam mandando bombas de gases tóxicos para o nosso lado. Seguramos a respiração e corremos feito loucos. Tom também atirava, eu não tinha coragem nem de lembrar que havia uma arma em minha mão, imagine coragem para usá-la. Tom, então a pegou e usou em nossa defesa.

Estávamos em meio a uma bagunça quando ouvi Tom gritar e recuar. Virei-me para ele e o vi sangrando enquanto segurava o braço. Ele havia sido atingido. Desesperei-me, mas ele fez sinal para que continuássemos, não podiam perceber que ele estava machucado. A prioridade agora era sair dali e assim fizemos. O hotel foi evacuado, mas saímos em direção oposta. Tom encontrou o carro que usaríamos para ir embora e como a chave era um dos objetos que havia pego, abriu o porta-malas e pegou um galão de gasolina. Espalhou por onde deu apenas com um braço, por dentro e por fora do estacionamento – inclusive deixou os tanques de vários automóveis abertos e jogou gasolina sobre eles. Pegou um isqueiro que sempre tinha em mãos devido ao maldito vício do fumo e me pediu para sair, hesitei, mas ele me garantiu que já sairia e precisávamos agir rápido.
Fui para o lado de fora, mas sem perdê-lo de vista. Tom acendeu o isqueiro em um dos carros e rapidamente o fogo se espalhou, ele então correu para fora do estacionamento e saímos correndo do Hotel, fiz menção de parar, mas ele não permitiu, corremos mais um pouco até chegarmos em um matagal ao fundo, afastamo-nos um pouco mais e nos abaixamos esperando pelo resultado. Os carros explodiam e o fogo se alastrava, partes do hotel estavam no chão e praticamente todo o lugar pegava fogo. A encanação de gás ajudou para que o estrago fosse maior. Desviei o olhar do inferno em Terra em minha frente para olhar para Tom que riu. Eu não acredito que ele estava rindo em meio àquilo tudo. Mas eu não nego que toda aquela movimentação havia sido intensa e a sensação era gostosa, eu estava começando a entender as razões pela qual ele escolhera aquela vida.
– Como está o seu braço? – perguntei.
– Um pouco dolorido – ele o olhou e retirou a mão de cima. Sua blusa estava ensanguentada assim como sua mão e até partes de minha roupa e rosto estavam sujos de sangue, pois eu havia tentando ajudá-lo ainda dentro do estacionamento. Retirei o moletom que estava vestindo e fiquei apenas com o top, amarrei-o em seu braço para que o lugar não ficasse tão exposto. Logo, pude perceber seu olhar de malícia sobre mim. Mesmo machucado ele me puxou com o braço esquerdo e me beijou. A mistura de desejo com adrenalina fez com que tudo ficasse melhor. Aquela era a hora, ali era o lugar. Entregamo-nos não apenas um ao outro, mas àquela parceria que acabara de começar. Dormimos por ali mesmo, em meio ao mato, em meio aos braços um do outro. Acordamos cedo, com pedacinhos de material queimado que havia se espalhado com o vento, grama e até um pouco de terra grudada em nós. Andamos um bom pedaço até encontrar carona para uma cidade maior. Por lá, Tom entrou em contato com pessoas que até então eu não conhecia e logo nos indicaram o que era o melhor a se fazer.

Desde então, assim é nossa vida. Mudando, fugindo, desvendando. Uma vida que nunca pensei que fosse viver. Ele não brincou quando disse que me faria viver momentos únicos, maravilhosos. Foi com que ele que descobri que gosto dessa vida de riscos, de justiça. Nosso amor se baseia em confiança e é assim que vai ser, enquanto estivermos vivos. E pela vida que levamos, isso também é uma incerteza, não que a morte seja incerta para alguém, mas quando se dá de cara com ela todos os dias de sua vida, a coisa muda de figura. Aqui estamos nós seguindo, depois de dez anos de união, para uma nova cidade. Sim, já fizemos bagunça na cidade anterior.

Vamos sem certeza, mas vamos felizes.

FIM


Nota da autora: Olá, pessoas! Tudo bem com vocês? Essa fic foi baseada em um sonho que tive com o Mr. Hiddleston. Exatamente, sonhei essa coisa toda aí com o próprio. Espero realmente que gostem assim como eu gostei de sonhar e escrever! Obrigada por lerem!




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