CAPÍTULOS: [capítulo único]





Capítulo único


New York, 17 de março de 2011; 04:35 PM...
Um tiro aqui, e outro ali. Um, dois, três, dez capangas mortos sem nem ao menos ter entrado naquele galpão. Era meu recorde para menos de meia hora de missão. Eu realmente ficava cada dia melhor, modéstia a parte, é claro.
Recarreguei a arma e entrei devagar no galpão, caso tivesse mais algum capanga que eu precisasse me livrar. Porém, pra minha surpresa não tinha nenhum, ali naquele lugar pouco iluminado só estava o meu alvo.
- Ora, ora. - sua voz grave soou notando a minha presença no galpão - Eu sabia que um dia teria o enorme prazer de ser caçado por você. - se vira pra mim com um enorme sorriso no rosto - É tanta honra vir atrás de mim que precisava vir assim? - faz um movimento com as mãos mostrando o meu corpo. Eu vestia um macacão de malha preta colado ao corpo, típico de espiãs de filmes, nos pés um coturno também preto. Meu cabelo estava preso em um coque, daqueles que se usa para eventos mais chiques. E minha maquiagem, com o olho menos marcado, pra que mais tarde eu usasse um batom vermelho.
- Sabe como é, muitos compromissos ao mesmo tempo. - dou um sorriso irônico - Então, vamos adiantar isso, porque ainda preciso ir a um casamento. - minha arma já estava apontada pra ele.
- Você acha mesmo que vai sair daqui pra ir a um casamento? - fala irônico e eu sinto um cano de revólver tocar a minha cintura - Eu estava esperando por você. - dou uma breve olhada pra trás vendo o homem que segurava a arma. Ele era uns dois centímetros mais alto que eu, seu físico não era malhado como dos outros capangas. - Você foi ingênua de achar que eu estaria sozinho. - aponta sua arma pra mim.
- Eu vou matar vocês dois, e sair daqui sem nenhum fio de cabelo fora do lugar. - arqueio a sobrancelha o desafiando com o olhar.
- Sua pretensão me agrada. - ele devolve o olhar desafiador - Você daria uma ótima parceira, podíamos nos juntar e juntos seríamos invencíveis.
- Eu não curto essa coisa de ser bandida, meu negócio é matar bandidos. - dou um sorriso malicioso.
- Antes que eu te mate, me responda uma coisa... - destrava a arma - Está pronta pra ir para o inferno?
- Me responda você? - falo irônica destravando a minha arma também - Ainda não entendi porque seu capanga aqui não me matou. - olho pra trás com o canto dos olhos.
- Porque esse prazer será meu. - puxa o gatilho e eu pulo pro lado fazendo com que ele acertasse o peito do outro cara.
Caio no chão e puxo o gatilho na sua mão fazendo com que ele soltasse a arma. No segundo tiro acerto sua perna e ele cai no chão. Levanto-me, indo até ele e parando ao seu lado.
- Quais são suas últimas palavras? - aponto a arma pra cabeça dele.
- Vá pro inferno, vadia. - fala entre dentes provavelmente pela dor que sentia na perna.
- Lá é o seu lugar. - com um sorriso malicioso nos lábios puxo o gatilho acertando sua testa e fazendo sangue escorrer por trás da sua cabeça.
Pego o celular descartável que eu usava nesses casos e disquei a chamada rápida, que logo foi atendida do outro lado.
- Serviço concluído. - falo ao ouvir a respiração do outro lado da linha.
- Bom trabalho, . - sua voz grossa ecoou do outro lado.
- Da próxima vez não me mande fazer serviços de última hora, eu já estava pronta pra ir a um casamento. - saio do galpão indo até o meu carro - Agora eu tenho que correr pra chegar a tempo. - entro no carro ouvindo sua risada.
- Você não engana ninguém, adora esse trabalho. - eu rio pelo nariz - Boa festa, . - desliga o celular.
Coloco o revólver debaixo do banco do motorista. E dou a partida no carro. Olho as horas no painel, e eu tinha um pouco mais de trinta minutos pra chegar à igreja. E só pra constar, eu ainda precisava me trocar.
Eu corria o máximo que eu podia nas ruas de New York, mas fui obrigada a desacelerar quando uma fila de carros me obrigou a parar.
Eu não tinha muito tempo, alcancei meu vestido no banco de trás e o coloquei no banco ao meu lado. Abri o zíper na parte de trás do macacão e o desci pelos braços até a cintura. Vesti o longo vestido e tirei o coturno e o resto do macacão pelas pernas. Tirei o sutiã e o coloquei junto com o macacão na bolsa que estava no banco de trás.
Olhei pro lado onde uma senhora de idade me olhava de cara feia, e um menino de mais ou menos 16 anos me olhava com os olhos arregalados. Dei ombros e acelerei com o carro quando o da frente andou.
Na velocidade que eu estava, levei 25 minutos para estacionar perto da igreja. Peguei meus saltos no banco de trás e os coloquei nos pés. Peguei a minha bolsa a abrindo e tirando de lá o batom vermelho. Passei o batom olhando no retrovisor, aproveitando pra retocar o rímel e desci do carro. Liguei o alarme olhando meu reflexo no vidro.
Meu vestido da cor vinho, com um decote discreto e aberto nas costas, tinha uma fenda que começava a um palmo e meio acima do joelho. O peep toe preto combinava perfeitamente com a bolsa da mesma cor. Fui andando até a entrada da igreja vendo algumas pessoas chegarem junto a mim. Entrei na igreja fazendo o sinal da cruz e me sentei em um dos bancos no centro.

O casamento não demorou a acabar, e logo já estávamos todos no grande salão onde seria a recepção. Não era um casamento simples, pelo contrário, era completamente extravagante. A família do noivo esbanjava dinheiro, e não se incomodava nem um pouco em mostrar isso.
Os noivos já haviam feito discursos, os padrinhos que já estavam meio bêbados também faziam discursos, mas desconexos que acabavam fazendo todo mundo rir. A maioria das pessoas aproveitava a pista de dança, já eu aproveitava o champanhe que estava sendo servido.
- Eu adoro casamentos. - uma voz masculina ecoa atrás de mim, e eu nem me dou ao trabalho de olhar o dono da voz.
- Péssima maneira de começar a cantar uma mulher. - rio pelo nariz - Nem todas se derretem por homens que adoram casamentos. - bebo um gole do champanhe.
- Eu achando a que isso dava certo com todas. - eu percebia o sarcasmo em sua voz e dei uma risadinha baixa.
- Se falar com qualquer outra mulher aí, você consegue levá-la pra cama essa noite. - dou mais um gole no champanhe.
- Eu não sei por que, mas eu gostei justamente da única que não iria me dar bola. - ele ri pelo nariz e eu me viro pra ele. Ele era lindo. Tinha os cabelos castanhos escuros, olhos azuis e uma barba bem feita que o deixava ainda mais atraente. - ... - estende a mão pra mim - . - dá um sorriso encantador.
- . - aperto a mão dele retribuindo o sorriso.
- Então , o que faz aqui nessa mesa sozinha? - puxa a cadeira se sentando ao meu lado.
- Eu não estou mais sozinha. - viro um pouco a cadeira ficando de frente pra ele - Afinal agora você está aqui.
- Já deu pra perceber que você é uma mulher com boas respostas. - fala divertido e eu rio - Então me fala, o que você faz?
- Eu sou espiã, vou atrás de bandidos. - bebo um gole do champanhe - Inclusive antes de vir a esse casamento eu fui atrás de um. – dou de ombros - E você? - ele me olhava com um sorriso divertido nos lábios.
- Eu sou um dos donos de uma empresa que cria jogos de video-game. - bebe um pouco do seu champanhe.
- Interessante. - ele acena com a cabeça e olha pra pista de dança. Sigo seu olhar, vendo que as pessoas dançavam uma música lenta que começava a tocar.
- Então senhorita espiã, aceita dançar comigo? - fala com deboche na voz, e me olha.
Dou uma risada me repreendendo por saber que ele não acreditaria naquilo, e mesmo assim ter falado, bebi o resto do champanhe me levantando sendo seguida por ele.
Fomos até a pista de dança, e ele segura na minha cintura com as duas mãos. Coloco meus braços em volta de seu pescoço e começamos a nos mover no ritmo da música.
- Eu sou a diretora da Art Academy for New Stars. - ele me olha atenciosamente - Minha mãe fundou essa escola há mais ou menos quinze anos atrás, e eu sempre amei tudo isso. Quando ela morreu eu fiquei em seu lugar, continuando tudo o que ela começou. - dou um meio sorriso.
- Imaginei que você não era mesmo espiã. - fala bem humorado e eu rio. Mal sabia ele que eu era sim uma espiã desde os meus 18 anos.
- Não conte isso pra ninguém, eu trabalho disfarçada. - falo sussurrado arrancando uma risada dele.
Eu não sabia o motivo, mas eu havia contado a ele meu verdadeiro trabalho, mesmo que ele não houvesse acreditado. Eu nunca havia feito isso. Pra todos que me conheciam eu era apenas a diretora da melhor academia de artes dos Estados Unidos, nada mais. Porém, eu senti com o uma segurança pra falar a verdade. E não fazia a mínima ideia do que isso significava.

New York, 20 de maio de 2016; 03:15 AM...
- Enfim em casa. - saio do carro segurando cada pé do salto em uma mão e coloco as mãos pro alto.
- Achou a festa tão chata assim? - desce logo em seguida fechando o carro e segurando a minha bolsa.
- Não, só prefiro nossa casa. - dou a volta no carro indo até ele - Vai dizer que não prefere sua mulher na sua casa... - me aproximo dele ficando na ponta dos pés e aproximando de seu ouvido - Na sua cama. - sussurro o sentindo arrepiar.
- Realmente, não há coisa melhor. - me vira de costas pro carro me prendendo entre ele e o próprio carro - Mas nós nunca precisamos de uma cama pra nada. - sussurra dando beijos em meu pescoço.
- Amor... - falo sentindo vários arrepios percorrerem meu corpo - A garagem ainda está aberta. - olho pra porta da garagem avistando um carro do outro lado da rua. Eu podia jurar que vi alguém ali dentro nos observando.
- Eu não me importo que os vizinhos vejam, e ouçam o que vamos fazer aqui. - sobe os beijos até a minha orelha mordendo a ponta da mesma me fazendo estremecer.
- ... - fecho os olhos já sentindo minha respiração falhar - Podemos pelo menos ir pra dentro? Ou só fechar a porta da garagem? - ele fazia uma trilha de beijos da minha orelha, voltando ao pescoço - Não quero ser presa por atentado ao pudor. - os saltos se mantinham firmes em minhas mãos.
- Não vamos. - levanta a cabeça parando os beijos e eu abro os olhos o encarando - Não estamos em um lugar público, e sim na nossa casa. - fala me olhando como se não visse nenhum problema em transar na garagem com a porta aberta - E nós somos casados, é normal isso. - dá ombros.
- Ah claro, é supernormal ter relações sexuais na garagem de casa, ainda com a porta aberta. - falo irônica prendendo uma risada.
- Vai dizer que nunca teve esse fetiche? - me olha sorrindo malicioso.
- Não mesmo. - nego com a cabeça dando risadas e olhando novamente o carro do lado de fora. Tinha alguém ali, eu tinha certeza... Ou estava ficando louca - É sério, vamos entrar eu preciso muito tirar esse vestido. - volto a olhá-lo tentando esquecer o carro do outro lado da rua e ele bufa.
- Ta bom, você venceu. - levanta as mãos se rendendo ainda segurando a minha bolsa - Vamos entrar. - aperta o botão do lado da porta que dava pra dentro da casa fechando a porta da garagem.
Entramos em casa chegando direto na cozinha, que era onde dava a porta da garagem. parou em frente à geladeira pegando um copo no armário ao lado, o colocando no espaço na porta da geladeira onde saía água enquanto eu acendia a luz. Coloquei meus saltos sobre o balcão no centro da cozinha e abri o zíper na lateral do vestido ficando apenas de lingerie. não havia percebido nada, pois estava de costas.
- Amor, pode pegar aqueles morangos e o chantilly na geladeira pra mim, por favor? - ele acaba de beber a água e concorda com a cabeça abrindo a geladeira sem me olhar.
- Por que você vai... - fala pegando o que eu havia pedido e para de falar assim que se vira pra mim - Você só pode estar brincando. - coloca tudo no balcão que estava entre nós sem tirar os olhos de mim.
- Só porque quero comer morangos com chantilly? - dou uma risadinha e ando até o lado onde ele estava - Tem algum problema nisso? - ele me olhava de cima a baixo como se fosse a primeira vez que me visse seminua.
- E precisa ficar só de lingerie? - volta os olhos ao meu rosto. Suas pupilas estavam dilatadas, seu olhar era de pura luxúria.
- Eu disse que precisava muito tirar o vestido. - dou de ombros me aproximando do balcão e pegando um morango. Pego a lata de chantilly colocando um pouco sobre o morango e levando a boca encarando .
- , ... - dá um sorriso malicioso balançando a cabeça negativamente - Depois de cinco anos, você não aprendeu o que acontece quando me provoca? - se aproxima ainda mais me prendendo contra o balcão.
- Eu sei muito bem o que a acontece. - passo a língua lentamente pelos lábios sujos de chantilly - Mas eu adoro isso. - pego outro morango colocando um pouco de chantilly, mas dessa vez levo até a boca dele e passando o mesmo em volta de seus lábios - E você também que eu sei. - fico na ponta dos pés passando a língua em seus lábios.
- Você sabe me deixar louco sem fazer quase nada. - fala sussurrado com seus lábios colados aos meus - Só você consegue isso. - eu sorrio com isso.
- Isso é bom. - levo o morango de volta a sua boca pra que ele mordesse, e assim o fez - Pelo menos assim eu não corro o risco de você me trocar. - ele dá uma risada balançando a cabeça negativamente.
- Você nunca vai correr esse risco. - me dá um selinho - Eu não seria capaz de te trocar, nunca. - me dá outro selinho e eu sorrio.
Não falo nada, e com um sorriso no rosto eu o beijo calmamente sentindo o gosto de morango em sua boca, provavelmente ele sentia o mesmo na minha. Seguro na gola de sua camisa a desbotando sem cortar o beijo. Faltava a metade dos botões para abrir, mas eu já não estava com paciência pra aquilo, então puxei fazendo os botões caírem no chão e ele ri em meus lábios. Comecei a tirar sua camisa, mas algo começou a vibrar em seu bolso. Quando eu percebi que era seu celular comecei a rir separando nossos lábios e ele me olhou com a sobrancelha arqueada.
- Atende isso logo. - falo contendo as risadas. Ele tira o celular do bolso e logo atende.
- Oi Lucy. - atende e eu reviro os olhos. Lucy era a secretária dele, e nós duas não nos dávamos bem, nem um pouco na verdade. Eu simplesmente não ia com a cara dela desde que a conheci. - Eu sei disso, mas precisava me ligar a essa hora? - ele mantinha sua mão na minha cintura - Não, eu não estava dormindo. - pego um morango mordendo o mesmo enquanto o observava - Também não estava ocupado. - fala sem me olhar e eu o olho incrédula.
Desencosto do balcão, dando a volta no mesmo. Pego meu vestido no chão, e meus sapatos ainda sobre o balcão e saio da cozinha subindo as escadas indo direto pro quarto. Entro no closet deixando meus sapatos em um canto e o vestido sobre um puff. Pego uma camisola de cetim preta e vou até o banheiro.
Eu raramente ficava irritada com o . Todas as vezes que isso aconteceu, eu estava com ciúmes. Porém, dessa vez não era só ciúmes eu realmente estava bem irritada. Além da vadia da secretária dele ligar a essa hora da madrugada depois de ter ficado atrás dele durante toda a festa, ele falou que não estava ocupado. E isso me irritou de verdade.
Eu e o estamos casados há um ano apenas. Depois que nos conhecemos no casamento, há cinco anos, começamos a nos relacionar, e com menos de um mês ele já havia me pedido em namoro. Mas só há um pouco mais de um ano atrás ele me pediu em casamento, e nos casamos em menos dois meses depois do pedido. Nesses cinco anos juntos, nós tivemos apenas duas brigas sérias, em uma delas nós chegamos a terminar o namoro, e só voltamos quase um mês depois. Na outra, ficamos brigados apenas durante o final de semana, e depois nos acertamos. Todas as outras briguinhas passavam cinco minutos depois.
Acendi a luz do banheiro e me olhei espelho vendo que a maquiagem já estava meio derretida, também eu passei horas com ela. Peguei um lenço demaquilante e comecei a tirar toda a maquiagem do rosto. Eu estava com os olhos fechados passando o lenço nos olhos, quando senti os braços de me abraçarem por trás.
- Já cansou de conversar com a vadia da sua secretária? - abri os olhos o encarando pelo espelho e ele ri pelo nariz.
- Para de chamar ela de vadia, você nem conhece a garota direito. - ele me encara de volta.
- Você deve a conhecer muito bem, não é mesmo? - falo irônica ainda passando o lenço no rosto - E fique sabendo que toda mulher que fica se atirando pro meu marido, é uma vadia.
- Eu não a conheço direito, tudo o que eu sei sobre ela é em relação ao trabalho. - continua me olhando - Mas eu nem ligo pra quem está se atirando pra mim... - beija meu ombro - A não ser que seja você. - eu me segurava pra não sorrir.
- Que droga. - me dou por vencida e ele ri - Você sabe como me amolecer. - falo sorrindo.
- É claro que sei. - fala convencido - Podemos voltar ao que fazíamos la na cozinha? - sorri malicioso.
- Sua querida secretária acabou com o clima. - falo irônica e ele solta minha cintura.
- Então vamos dormir. - sai do banheiro voltando pro quarto.
Escovo os dentes, lavo o rosto o secando na toalha de rosto ao lado do espelho. Tiro o sutiã e visto a camisola. Solto a trança que estava em meu cabelo e volto pro quarto acendendo a luz do mesmo.
foi até o banheiro e voltou minutos depois vestindo apenas uma calça de moletom. Deitei-me na cama e peguei meu livro na cabeceira abrindo na parte marcada.
- Você está brava ainda? - ele pergunta se deitando ao meu lado na cama.
- Como se eu conseguisse ficar brava com você por mais de cinco minutos. - o olho e ele ri - Mas você não devia ter falado pra ela que não estava ocupado, você estava sim.
- Queria que eu falasse o quê? - me olha - Que estava prestes a usar o balcão da cozinha como cama? - eu gargalhei.
- Não seria má ideia. - faço uma cara pensativa e ele ri - Quem sabe assim ela se tocava que você é casado.
- Muito bem casado. - beija a minha bochecha e eu volto a atenção ao livro - Vai mesmo me trocar por um livro? - eu o olho e ele fazia um bico engraçado e fofo ao mesmo tempo.
- Já avisando que não vamos fazer nada. - fecho o livro colocando de volta na cabeceira e ele bufa entendendo o que eu falei.
Levanto-me pra apagar a luz e logo volto pra cama. Puxo o edredom me aconchegado em seu peito e colocando minhas pernas entre as suas.
- Amanhã podíamos passar o dia todo aqui na cama. - ele acaricia meus cabelos.
- Se você for me trazer café da manhã, almoço, e tudo mais na cama pode ser. - eu fazia desenhos abstratos em seu abdômen.
- Você nem é folgada. - ele ri e eu também - Mas eu faço isso se você quiser.
- Quando a gente acordar pensamos nisso. - levanto a cabeça lhe dando um selinho demorado - Eu te amo muito, sabia? - o encaro e ele sorri.
- É, eu sei disso. - brinca com uma mecha do meu cabelo - Eu também te amo muito. - me dá outro selinho e eu sorrio dessa vez.
Ele segura em minha nuca aprofundando o beijo e eu deixava minha mão apoiada em seu abdômen. Com sua outra mão ele subia a minha camisola devagar, mas um barulho no andar de baixo me fez cortar o beijo.
- Você ouviu isso? - o olho.
- O quê? - me olha confuso.
- Não foi nada. - ignoro o que eu tinha ouvido e volto a beijá-lo passando meu pé pela sua perna. Porém, mas uma vez ouço um barulho no andar de baixo. - Tem alguém lá embaixo. - me sento na cama apressada. - Vai me dizer que não ouviu nenhum barulho? - o olho e ele faz que não com a cabeça.
- Amor, não tem nada la embaixo. - se senta ao meu lado na cama, e ouvimos um barulho de algo batendo.
- Eu disse. - saio da cama colocando a mão debaixo da mesinha de cabeceira e tirando um revólver de lá. Ele me olhou sem entender o que aquilo fazia ali. - Liga pra polícia, e pro meu pai.
- O que o seu pai vai vir fazer aqui? - pega o celular discando um numero que pelo tamanho eu sabia que era da polícia.
- Só liga e fala pra ele vir o mais rápido que puder. - vou andando em direção à porta.
- Aonde você pensa que vai? - se levanta vindo até mim sem fazer barulho.
- Eu vou descer. - olho pra ele segurando a maçaneta da porta.
- Não vai não. - segura meu braço - Pode ser perigoso.
- Amor, confia em mim se ficarmos aqui sem fazer nada vai ser pior. - seguro o rosto dele lhe dando um selinho - Só faz o que eu pedi e não sai desse quarto se não for ultimo caso. - ele assente contra sua vontade e eu saio do quarto devagar já com a arma pronta pra atirar.
Desço as escadas devagar, procurando pela sala. Ando pela sala, indo até a porta da cozinha, mas sinto um revólver nas minhas costas.
- Solta essa arma, ou eu vou atirar. - a voz masculina sussurrava atrás de mim. Ele destrava o revólver ainda nas minhas costas e eu coloco o meu revólver na mesa de centro. - Parece que alguém perdeu o jeito. - fala debochado e eu rio sem nenhum humor.
- Eu vou matar você com a sua própria arma pra aprender a ser debochado. - ele ri forçando ainda mais nas minhas costas.
- Eu até poderia já ter te matado, mas não teria graça se fosse tão fácil. - segura meu cabelo com a mão livre o puxando pra trás - Você deve adorar que façam isso não é mesmo? - puxa com ainda mais força - Não pensa que não vimos você e seu marido se agarrando na garagem. - ri pelo nariz - Onde foi parar a sua vergonha? - faz um som com a boca negando.
- Eu não tenho culpa se você não tem alguém pra te ajudar e precisa usar a mão. - o olho pelo canto dos olhos - Ela não deve fazer um bom trabalho não é mesmo? - falo debochada sentindo ainda mais sua mão apertar no meu cabelo - Isso tudo é inveja.
- Você está muito engraçadinha. - fala entre dentes - Quero ver se vai continuar assim, quando eu atirar. - ouço passos na escada e eu sabia que era o .
- Tá esperando o quê pra atirar? - mantenho meus olhos na escada, e ouço sua risada sem humor.
Quando estava completamente à vista ele me procurou com os olhos e quando me viu naquela situação arregalou os olhos deixando o celular cair na escada e chamar atenção do homem atrás de mim.
Aproveitei a distração dele com o e me virei dando uma cotovelada em seu rosto e o fazendo ir pra trás. Ele ainda segurava meu cabelo, mas já com menos força e eu lhe dou uma joelhada entre as pernas, o fazendo me soltar. Seguro sua mão onde estava o revólver e ele tentava puxar o gatilho, mas eu impedia.
- Eu disse que te mataria com sua arma. - viro a mão dele deixando a arma de frente pra ele, e aperto seu dedo o fazendo puxar o gatilho e atirar em seu abdômen.
Ele se curva pra frente com a mão no abdômen soltando a arma na minha mão e eu lhe dou uma joelhada no nariz. Ele cai deitado no chão grunhindo de dor. E eu não penso duas vezes antes de atirar em sua cabeça.
- Eu espero que você não tenha matado a vadia, sem a minha presença. - outra voz masculina agora saindo da cozinha e me encara.
- Acho que seu amiguinho não foi capaz de me matar. - sorrio irônica e percebo o olhar assustado de sobre mim, e eu sabia o porquê.
- Eu não preciso dele pra te matar. - tira um revólver das costas - Afinal meu chefe quer a sua cabeça a qualquer custo. - dá ombros. O chefe dele? Mas que diabos estava acontecendo? - Seria uma pena se eu te matasse na frente do seu querido marido. - sorri cinicamente destravando a arma e dando alguns passos na minha direção.
- Atira logo. - eu mantinha a arma do parceiro dele apontada pra ele - Se for me matar é bom fazer isso logo. - ele deu mais uns três passos na minha direção e parou.
Ele me olhava atentamente e já estava pronto pra puxar o gatilho, mas na mesma hora pegou um vaso de flores na mesinha perto da porta e lentamente foi por trás dele quebrando em sua cabeça.
Sua arma caiu chão sendo seguida por ele, que coloca a mão na parte de trás cabeça que estava sangrando. Fui até ele chutando sua arma pro outro lado da sala e apontando a que estava na minha mão pra ele.
- Quem é seu chefe? E por que ele quer me matar? - me agacho encostando o revólver em sua cabeça.
- Você acha mesmo que eu vou falar? - ri com deboche e dor ao mesmo tempo.
- Ou você fala, ou eu te mato. - dou um sorriso sarcástico.
- Então me mata. - dá ombros - Se você conseguir. - num movimento rápido ele tira uma faca de algum lugar e passa a mesma no meu braço me fazendo gritar de dor.
- Desgraçado. - falo entre dentes e bato o cano da arma em sua cabeça o fazendo desmaiar.
Olho pela janela vendo dois carros da polícia e o carro do meu pai que já descia e corria até a casa. me olhava estático, provavelmente por nunca ter presenciado nada daquilo.
Levantei-me rapidamente indo até a porta da sala e a destrancando. A porta não havia sido arrombada, então eles não haviam entrado por ali. Meu pai entrou apressado olhando tudo em volta e parando de frente pra mim.
- O seu braço. - aponta pro meu braço e só aí eu me membro do corte.
Olho pro braço onde uma grande quantidade de sangue escorria, o corte havia sido fundo e eu sabia devido à dor que eu sentia.
- Vocês podem explicar o que aconteceu? - um policial entra olhando pra mim, e os dois homens caídos no chão. Percebi que não falaria nada, ele apenas se sentou ainda me olhando. Eu sabia que teria que me explicar depois.
- Eles entraram aqui e eu desci pra olhar, mas um deles acabou me rendendo com uma arma nas costas. - aponto para o que estava morto de um lado da sala - Mas eu consegui me soltar e atirei nele com a própria arma dele. - faço uma careta olhando o revólver ainda na minha mão - Foi quando o outro surgiu da cozinha e me apontou o revólver, mas o o acertou por trás com um vaso e ele caiu. - olho pra ele no chão enquanto o policial anotava tudo em um bloquinho - Eu pedi pra ele me falar quem era o Chefe dele, e o motivo pelo qual ele queria me matar, mas ele acabou me atacando com uma faca que ele provavelmente pegou na minha cozinha, e aí eu bati na cabeça dele com o revólver. - vários policiais já haviam entrado e vasculhavam tudo.
- Deixa eu te ajudar com isso. - uma policial vem até mim e olha pro meu braço - O corte ta fundo, vai precisar de pontos.
- Tudo o que você precisar tem no banheiro. - aponto com a cabeça a porta debaixo da escada e ela assente.
- Eles entraram pela garagem. - um terceiro policial sai da cozinha e vem até mim.
- Eles viram a gente chegar, tinha um carro parado em frente à garagem, e eu até achei que estava ficando louca, mas agora eu tenho certeza que não. - rio pelo nariz e vejo a policial voltando com o kit de primeiros socorros.
Sento-me na escada e ela fica de pé ao meu lado. Depois de limpar o corte pra que não infeccionasse ela pegou a agulha já com a linha e começou a dar os pontos. Fiz uma careta de dor fechando os olhos e me apoiando no outro braço.
Foi preciso pelo menos uns vinte pontos no corte, mas ela não demorou a acabar. estava de cabeça baixa no sofá, ele já nem me olhava mais. Suspirei agradecendo a mulher com um aceno de cabeça enquanto o olhava.
Eu sabia que hoje teríamos uma conversa séria.
- Filha, você precisa ouvir isso. - meu pai me chama do lado de fora de casa e eu vou até ele vendo que o bandido que me atacou com a faca havia acordado. - Repete pra ela o que você me falou. - ele estava algemado e um policial o segurava por trás.
- Você pode até ter escapado hoje, mas ele não vai desistir enquanto não te matar. - ri pelo nariz - Ele vai mandar alguém aqui até que você esteja morta. - ele me olha com um sorriso cínico no rosto - Pela cara do seu marido, acho que você nunca contou pra ele o que você realmente faz. - olha pra um ponto atrás de mim, e eu me viro vendo que o estava ali ouvindo tudo. Encolhi-me com o olhar de reprovação que estava sobre mim. - Você nunca contou pra ele que é uma assassina. - olho de volta pro homem na minha frente. - Escondeu isso durante anos, deve ser fácil esconder seus casos com os amantes. - eu o olho incrédula.
- Cala a merda da boca. - dou um tapa em seu rosto e ele ri.
- Tira esse cara daqui. - meu pai fala e os policiais assentem.
- Cuidado , meu chefe não vai sossegar enquanto você não estiver morta. - eu dou uma risada sarcástica.
- Não se preocupe com isso, eu vou matá-lo primeiro. - me aproximo um pouco mais dele - E depois que isso acontecer, eu juro que te dou um tiro na testa. - coloco o indicador na testa dele - Levem ele daqui. - e os policiais o tiram dali.
Olho pra porta não vendo mais o . Entro em casa vendo que ele estava encostado em uma parede. Eu não conseguia nem imaginar como ele se sentia, mas pelo seu olhar eu sabia que ele estava decepcionado comigo, e eu não tirava sua razão.
- Você ouviu o que ele disse, ele vai mandar outras pessoas. - meu pai entra atrás de mim - Vocês precisam sair daqui, vão pra um hotel ou algo assim. - eu concordo com a cabeça - Mas não usem cartões de crédito, ou até mesmo os nomes de verdade, nunca sabemos do que eles são capazes. - fecho os olhos por alguns segundos concordando com a cabeça.
- Não podemos confiar em ninguém, fora um ao outro. - meu pai concorda e eu olho pro .
- Eu nem sei se posso confiar em você. - ele me olha e sobe as escadas sabendo que eu não responderia.
- Pai, pode cuidar de tudo aqui pra mim? - ele assente com a cabeça e beija minha testa - Eu estou correndo o risco de perder meu marido. - só de pensar nisso eu já sentia um aperto no peito.
- Vai ficar tudo bem. - ele sussurra e eu subo as escadas atrás do .
Meu pai adorava o desde o começo do nosso namoro. Eles sempre se deram muito bem, e eu achava isso ótimo, já que meu pai odiava todos os meus ex's. Mas como ele dizia, ele sempre soube que o era o cara certo pra mim, e eu concordava. Sempre tive a certeza de que era ele.
Entrei no quarto e encontrei sentado na cama passando as mãos no rosto. Fui até ele me sentando ao seu lado.
- Me desculpa. - sussurro encarando o chão - Eu imagino o que você deve estar sentindo agora.
- Não, você nem faz ideia. - fala áspero - Sabe como é ser casado com uma "assassina" e nem saber disso? - ri sem humor.
- Eu não sou uma assassina, . - eu o olho - Eu só ia atrás de bandidos, e na maioria das vezes precisava matá-los. - balanço a cabeça negativamente - Você ouviu mesmo o que aquele cara disse? Acha também que eu estou te traindo? - me levanto da cama andando pelo quarto.
- Eu sei que você nunca me traiu, nunca duvidei disso. - me olha - Mas você escondeu de mim durante cinco anos a verdade sobre você. - cruza os braços e fala decepcionado.
- Na verdade, eu te contei no dia em que nos conhecemos. - rio pelo nariz - Só que você obviamente não acreditou.
- Como eu podia imaginar que você estava mesmo falando sério? - balança a cabeça negativamente - Pra mim você só falou aquilo pra me afastar.
- Você pode até não acreditar nisso, mas eu senti uma confiança em você assim que te olhei, eu nunca havia sentido isso com ninguém. - me encosto-me à parede cruzando os braços - E por isso eu te contei a verdade.
- Mas você desmentiu depois. - solta os braços os batendo na lateral das pernas - Você devia ter me falado a verdade antes de deixar que eu te pedisse em casamento.
- Você se arrependeu de se casar comigo? - eu já podia sentir lágrimas se formarem nos meus olhos. - Não teria se casado se soubesse a verdade? - ele me olha percebendo o que havia falado.
Eu não era de chorar, a verdade é que eu raramente chorava. Isso só acontecia quando eu via algum filme, ou estava muito mal por algo. Claro, que isso não contava no dia do meu casamento, nesse dia até o chorou. Mas nesses últimos dias eu estava muito sensível, já havia me pegado chorando atoa várias vezes.
- Se você quiser sair daqui e procurar nosso advogado e pedir o divórcio eu não vou te impedir. - fecho os olhos por alguns segundos - Eu vou assinar tudo o que for preciso. - abro os olhos o encarando novamente.
- Eu não vou pedir o divórcio. - se aproxima de mim - Me desculpa ter falado aquilo. - ele seca uma lágrima que escorria pelo meu rosto - Eu nunca vou me arrepender de ter me casado com você. - me olha nos olhos - Você foi a escolha mais certa que eu fiz na minha vida. - acaricia meu rosto com o polegar - Eu só queria que você tivesse me falado a verdade. - eu suspiro.
- Eu devia ter falado, eu sei. - olho pra cima pra evitar que lágrimas caíssem - Mas eu tinha medo de que você fosse embora, que você me largasse. - volto a olhá-lo. - Tanto que quando você me pediu em casamento eu parei com essa história de espiã, eu me aposentei disso e resolvi cuidar só da escola. - e era verdade. Já fazia mais de um ano que eu havia saído desse emprego, só não conseguia entender o que faziam atrás de mim.
- Eu nunca te largaria. - fala convicto - Na verdade, eu te acharia ainda mais incrível. - eu não pude evitar uma risada - Eu acho que nunca te falei isso, mas... - faz uma pausa - Quando eu acordei do seu lado depois daquele casamento há cinco anos, eu já estava apaixonado. - ele sorri - Eu só não sabia disso ainda. - eu sorrio dessa vez.
- Isso aconteceu comigo também, mas eu acho que me apaixonei assim que te olhei no casamento. - faço uma cara pensativa - Você foi o único homem que conseguiu me levar pra cama no mesmo dia em que nos conhecemos. - ele dá uma risadinha - Só não deixa meu pai saber disso, porque ele te mata. - sussurro e ele gargalha.
Ficamos em silêncio apenas olhando um pro outro. Toda a decepção em seu olhar havia sumido, seu olhar agora era completamente apaixonado, e isso me confortava.
- Eu acho que você deveria ir pra algum lugar seguro. - falo séria enquanto o olhava - Ficar ao meu lado é perigoso no momento, e eu não quero te colocar em risco.
- Se eu for você vai comigo? - ele também falava sério.
- Eu não posso. - fecho os olhos - Eles vão atrás de mim a qualquer custo. - rio fraco.
- Mas quanto tempo eles demorariam pra te achar em outro lugar? - eu o encaro - Nesse tempo você pode planejar algo.
- Tudo bem. - falo convencida - Pra onde nós vamos? - ele sorri.
- Você prefere México, ou Havaí? - eu sorri com as ideias dele.

New York Airport, 22 de maio de 2016; 12:05 PM...
Andávamos apressados pelo aeroporto desviando das pessoas que surgiam a nossa frente. Ninguém havia nos seguidos, ou até mesmo sabia dessa viagem além do meu pai. Nós corríamos pelo simples fato que o nosso voo já havia sido chamado duas vezes, nós estávamos definitivamente atrasados.
- "Voo 9690, destino Havaí, embarquem no portão vinte". - e aquela voz agradável que todo mundo ama repetiu a chamada mais uma vez - "Última chamada para o voo 9690, destino Havaí, embarquem no portão vinte".
Corremos por mais uns cinco minutos e chegamos ao portão de embarque, entregamos nossos passaportes e passagens. Eu sabia que o estava nervoso, afinal duvido que ele já tenha usado documentos falsos alguma vez. Já eu, isso era até comum na minha época de espiã.
- Tenham uma boa viagem Sr. e Sra. Rivers. - devolve nossos documentos e eu aceno com a cabeça indo pro avião.
- Como você consegue fazer isso numa boa? - me olha enquanto andávamos rapidamente pelo caminho que dava até o avião.
- Anos de prática. - o olho e dou ombros sem parar de andar.
Demoramos uns dez minutos pra conseguir embarcar. Entramos no avião e nos sentamos em nossos respectivos lugares.
Olhei pela janela soltando um suspiro em seguida. Eu não era de fugir de nada que me acontecia, mas dessa vez era diferente. percebeu a minha tensão, porque entrelaçou a sua mão a minha e a acariciou com o polegar. O olhei e dei um sorriso fraco deitando a cabeça em seu ombro.
Eu sempre me sentia mais segura perto dele, isso era um fato.

Hawaii, 08:25 PM...
Quase dez horas de viagem depois desembarcamos no Havaí. Eu odiava voos longos, porque eu sempre chegava ao nosso destino toda dolorida, quando não com o rosto todo marcado por dormir durante todo o voo.
- Minha bunda dói. - falo e ele ri enquanto pegava nossas malas na esteira. - Eu odeio aviões. - faço uma careta puxando a minha mala.
- É, eu sei disso. - ele entrelaça nossas mãos puxando sua mala com a outra - Te faço uma massagem quando chegarmos ao hotel. - saímos do aeroporto.
- Ah eu vou adorar isso. - ele ri balançando a cabeça negativamente.
Chamamos um táxi e entramos no mesmo passando o endereço do hotel. Não escolhemos o melhor hotel, já que seria óbvio quando viessem nos procurar.
O caminho até o hotel foi bem rápido. Depois de pagar o motorista, descemos e com ajuda dele tiramos as nossas malas do porta-malas. Entramos no hotel, que parecia mais uma pousada e fomos até a recepção.
- Boa noite. - a recepcionista nos olha - Reservas no nome de quem?
- Jared Rivers. - fala e ela procura no computador.
- Quarto 1857. - ela pega a chave pendurada debaixo do balcão - Qualquer coisa ligue na recepção e ajudamos vocês. - ela sorri simpática e eu pego a chave.
- Obrigada. - devolvo o sorriso e um carregador pega as nossas malas e nós os seguimos até o quarto.
Chegamos em uma das cabanas onde ficava o nosso quarto que tinha uma vista incrível para a praia. Agradecemos ao carregador e lhe demos uma gorjeta. Assim que ele saiu do quarto fechou a porta e eu me joguei na cama.
- Eu preciso de um banho. - fecho os olhos me deitando de verdade na cama.
- Então vamos tomar um banho Sra. Rivers? - fala fazendo um sotaque que eu não fazia ideia de onde ele tinha tirado e eu gargalhei.
- Vamos Sr. Rivers. - imito o sotaque me levantando da cama e tirando as sapatilhas enquanto ele ria - Eu prefiro . - o olho e ele concorda com a cabeça rindo.
- Você tirou esse sobrenome de Pretty Little Liars. - ele tira os tênis dele e eu desabotoava a calça jeans.
- Você não me deixou escolher Blackburn. - tiro a calça a jogando na cama e indo pro banheiro.
- Você precisa esquecer esse Tyler, deve até ter alucinações com ele. - vem atrás de mim.
- Claro, ele é um Deus grego. - tiro a blusa ficando só de lingerie - Eu casaria com ele numa boa. - tiro a lingerie e entro no box ligando o chuveiro.
- Ainda bem que você já é toda minha. - ele entra no box me puxando pela cintura - Não corro o risco de ser trocado. - eu rio.
- Até porque você é melhor. - lhe dou um selinho.
Tomamos um banho um pouco demorado enquanto namorávamos no chuveiro. Saímos do banheiro enrolados nas toalhas e nos vestimos. Pedimos comida no quarto, já que estávamos cansados da viagem.
Depois de comermos, eu liguei pro meu pai do celular do , já que o meu eu tive que deixá-lo em casa.
- Posso te fazer uma pergunta? - ele me olha e eu faço que sim com a cabeça - Como você entrou nessa história de espiã?
- Acho que é mesmo hora de você saber toda a verdade. - respiro fundo - Quando eu tinha quinze anos, alguns bandidos invadiram minha casa atrás do meu pai, que já trabalhava com isso há anos. Nesse dia ele havia viajado com a pra casa da minha vó, eu não pude ir por causa de um trabalho de escola e a minha mãe ficou comigo. - a mão dele brincava com a minha sobre a minha barriga. - Quando eu acabei o trabalho e fui pra casa a porta tava aberta, eu entrei e procurei pela minha mãe na casa inteira. E ao contrário do que eu te disse, ela não morreu em um acidente de carro. - olho pra ele - Eu a encontrei no banheiro com o rosto machucado e muito sangue no abdômen. Ela ainda não tava morta porque me falou pra cuidar da e do meu pai, e disse que um homem havia entrado lá e feito aquilo. E ela morreu nos meus braços, e foi aí que jurei vingança. Jurei que acharia esse homem e o faria pagar por isso. - algumas lágrimas desciam pelo meu rosto e ele as secava com as costas da mão. - E desde que eu tinha 18 anos eu faço isso tentando achá-lo, mas eu saí dessa história quando você me pediu em casamento e nunca o achei. - ele me olhava sem saber o que falar, e eu o entendia, nem meu pai ou a conseguiam me falar nada sobre esse assunto.
- Eu sinto muito. - se pronuncia depois de alguns segundos - Eu sinto muito de verdade. - me puxa pra mais perto beijando a minha testa.
Balanço a cabeça positivamente e me aconchego em seus braços ficando em silêncio. Falar daquilo sempre havia sido horrível pra mim, e poderia passar anos isso nunca mudaria.
Fiquei deitada nos braços dele enquanto ele me fazia cafuné. E assim eu acabei pegando no sono.

Espreguicei-me na cama percebendo estar sozinha. não estava ali ao meu lado. Abri os olhos vendo a luz do dia batendo contra a cortina. Olhei em volta a procura do meu marido, mas não o encontrei. A porta do banheiro estava fechada, e eu conseguia ouvir o barulho do chuveiro, ele estava no banho.
Sentei-me na cama espreguiçando ainda mais. Estava prestes a levantar quando ouvi seu celular tocar. O peguei sobre a cabeceira da cama, vendo que era a . Deslizei o botão verde pela tela e atendi.

~Ligação on~
Eu:
Bom dia, maninha.
: Bom dia, eu te acordei?
Eu: Não, eu já estava acordada.
: Por que você não me atendeu no seu celular?
Eu: Porque eu não estou com ele. - rio pelo nariz.
: Bom, mas e o que você resolveu daquela história?
Eu: Nada ainda . - pude a ouvir bufar - Tá atrasada há quase duas semanas, mas fora isso não tem mais nada estranho.
: Não sentiu nenhum enjoo? Tonteira? Algo do tipo?
Eu: Nada disso.
: Fome extrema durante a manhã? Mudança de humor?
Eu: Não... Quer dizer... - faço uma pausa - Eu ando mais sensível que o normal, fora isso nada diferente.
: Isso pode significar algo. - balanço a cabeça afirmativamente esquecendo-me de que ela não podia me ver. - Você engordou, ou se sente inchada?
Eu: Outro dia o falou que meus peitos estão maiores, isso conta?
: Ah, claro que ele falaria isso. - pelo que eu a conhecia, tinha certeza que ela revirava os olhos, e eu ri - Mas conta e muito. - ela sabia o que falava, pois era formada em Medicina, e era uma ótima médica.
Eu: Será que... - paro de falar fechando os olhos - Eu não posso estar grávida , não agora.
: Por que não? - pude sentir a confusão em sua voz - Vocês serão ótimos pais. Vai me dizer que o não quer filhos?
Eu: O problema não é o . - olho pra porta do banheiro que ainda estava fechada - Não é um bom momento pra gravidez.
: o que ta acontecendo? - fala em tom sério.
Eu: Você vai precisar saber alguma hora. - respiro fundo - Dois dias atrás invadiram minha casa e tentaram me matar.
: O QUÊ? - grita ao telefone.
Eu: Eu só tive um corte no braço e dei alguns pontos, mas um dos homens disse que o chefe dele não vai sossegar enquanto eu não estiver morta. - abre a porta e sai do banheiro - Eu e o estamos no Havaí agora, por isso você não conseguiu falar comigo pelo meu celular eu o deixei em New York. O papai disse que... - ela me interrompe.
: Eu sabia que ele tava metido nisso. - observo vestir uma boxe e sentar na minha frente - Eu sempre disse pra ele não deixar você entrar nessa história, ainda mais por causa de vingança, e olha agora estão tentando te matar.
Eu: eu entrei nessa história toda por vontade própria. - secava os cabelos com a toalha - O papai, tanto quanto você nunca quis que eu começasse com isso, então eu não vejo motivos pra você não falar com ele. - me olha - Há seis anos vocês não se falam, e ele sofre muito com isso. - ela e meu pai não se falam desde que ela tinha 18 anos. Ela não aceitava meu pai ter deixado que eu entrasse nessa vida de espiã e por isso se mudou para Inglaterra. Ela passou um ano sem falar comigo, mas nos resolvemos quando eu resolvi visitá-la em um natal.
: E você acha que eu não? Mas , ele podia ter te impedido, porém ele te apoiou quando você entrou nisso, e até hoje apoia.
Eu: Eu nem sei o motivo de estar sendo caçada, eu larguei esse trabalho há mais de um ano atrás. - ainda me olhava - Eu só queria ter uma vida normal com meu marido, viver meus 27 anos em paz. - suspiro.
: Por favor, toma cuidado okay? - seu tom era de preocupação - Eu sei que você vai pegar esse cara, e acabar com ele, mas se cuida pelo amor de Deus.
Eu: Eu vou me cuidar sim Maninha. - sorrio e sorri junto, mesmo sem saber o por que.
: Eu amo você, muito e muito.
Eu: Eu também amo você pequena. - era três anos mais nova que eu, e eu sempre me senti muito responsável por ela ainda mais depois da morte da minha mãe.
: Quando tiver certeza daquele assunto me liga okay? - eu respondo "okay" - Até mais. Beijos.
Eu: Beijos. - desligo
~Ligação off~

Coloco o celular na cama e vou até o abraçando pelo pescoço. Ele me segura pela cintura, me fazendo sentar em seu colo.
- Você estava dormindo tão bem que eu não quis acordar. - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Não tem problema. - bagunço seus cabelos úmidos - Vamos até a praia hoje?
- Aham. - se aproxima me roubando um selinho - Quer café da manhã aqui no quarto, ou nós vamos ao restaurante?
- Pede aqui enquanto eu tomo banho. - dou outro selinho e ele assente - Eu não demoro. - me levanto e vou pro banheiro.
Tomo um banho não muito demorado, escovo os dentes e faço minha higiene matinal. Saio do banheiro enrolada na toalha e desligava o celular.
- Quem era? - pego um biquíni na mala.
- Era a Lucy. - eu reviro os olhos - Ela precisava tirar umas dúvidas sobre algumas coisas do trabalho, e eu aproveitei pra dar essa semana de folga pra ela não ficar me ligando.
- Se dependesse de mim, você a colocava na rua. - ele ri - Eu não vou com a cara dela, não dá. - visto a parte de baixo do biquíni.
- Ela é uma boa secretária. - veste uma bermuda.
- Existem melhores, e que não se atiram pra você. - tiro a toalha segurando a parte de cima do biquíni e me virando de costas pra ele amarrar.
- Você fica linda com ciúmes. - beija meu ombro - E não pensa que eu não vejo aqueles alunos da escola de arte te dando cantadas, dona . - eu rio.
- O mais velho deles deve ter 21 anos, e eu não curto homens mais novos. - ele acaba de amarrar e eu me viro pra ele. - Além do mais, meu marido é um gostoso. - ele ri me puxando pra um beijo.
Nosso café da manhã logo chega. Comemos enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. Se não estivessem tentando me matar, aquilo parecia uma viagem a lazer.
Depois que acabamos de comer, eu vesti um short jeans e calcei uma rasteirinha. Ele calçou o chinelo, eu peguei minha bolsa de praia onde tinha protetor solar, óculos de sol e algumas outras coisas de praia e nós saímos do quarto.
- Eu nunca pensei que minha primeira viagem pro Havaí seria fugindo. - rio pelo nariz e me sento na areia.
- Eles vão demorar pra nos achar aqui amor. - ele se senta ao meu lado - Vamos esquecer um pouco disso e aproveitar a viagem.
- Não dá pra esquecer que a minha cabeça está sendo caçada. - falo irônica olhando o mar. - Essa pode ser minha ultima viagem.
- , para com isso. - fala sério.
- Me desculpa por te colocar nessa história, de verdade. - eu ainda olhava o mar - Você deveria tá vivendo uma vida normal agora, não essa loucura toda. - balanço a cabeça negativamente.
- Não pede desculpas. - ele coloca a mão no meu braço, mas eu ainda não o olho - Nada disso ta acontecendo porque você quer. Você não podia imaginar que um ano depois algum louco viria atrás de você. - ele me olhava o tempo todo.
- Me promete uma coisa? - eu o olho.
- O quê? - ele se vira ficando de frente pra mim.
- Se acontecer alguma coisa comigo, você vai seguir sua vida. Não vai se privar de ter outra pessoa. - eu podia sentir um nó na garganta.
- Eu não vou te prometer isso. - ri sem humor - Não vai acontecer nada com você, porque eu não vou deixar. - ele fala olhando nos meus olhos.
- Promete... - sussurro.
- Tudo bem. - suspira - Eu prometo. - ele me puxa pra mais perto me abraçando de lado - Mas, por favor, para de ficar pensando essas coisas. - olho de volta pro mar sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
- Eu to com medo . - falo sussurrando - Pela primeira vez em anos, eu to com medo. - dobro os joelhos cruzando os braços sobre os mesmos.
- Ei, olha pra mim. - passa a mão no meu rosto secando a lágrima que caía - Nós vamos passar por isso tudo junto. - sorri fraco - Agora você vai ter um parceiro. - esse era meu medo, ter alguém ao meu lado nessa história - Eu posso aprender alguns golpes e brigar com eles. - fala divertido me arrancando uma risada - Olha ai, você riu. - fala sorrindo.
- Obrigada. - encosto minha testa a dele - Por esses cinco anos, obrigada por tudo. - sussurro.
- Eu é que tenho que te agradecer. - acaricia meu rosto com o polegar.
Sorrio e lhe dou um selinho demorado.
Além de nós tinha mais algumas pessoas na praia, mas continuava vazia. Eu estava tentando fazer o que o disse e esquecer o motivo daquela viagem.

Passamos a manhã toda na praia. Depois de voltarmos ao quarto pra um banho e ter um pouco de privacidade a que todo casal precisa fomos andar pelo hotel e conhecer tudo.
Estávamos sentados no balcão de um bar conversando e rindo como um casal em começo de relacionamento. Essa era uma coisa que não mudava entre a gente. Podia passar quanto tempo fosse, nós sempre parecíamos um casal se conhecendo, de tanto "fogo" e paixão.
- Amor, eu vou ao banheiro e não demoro. - ele me dá um beijo na bochecha e sai.
Perguntei ao barman onde tinha uma farmácia. Ele me informou que perto do hotel tem um shopping onde eu encontraria a farmácia. voltou minutos depois me abraçando por trás e me fazendo assustar.
- , não faz isso enquanto eu estiver sendo procurada. - rio pelo nariz.
- Foi mal. - ri fraco e beija minha bochecha.
- Eu preciso ir à farmácia, vai comigo ou me espera aqui? - o olho.
- Eu vou com você. - pega meu copo acabando a minha bebida e coloca o dinheiro no balcão.
Vamos andando até o lugar onde o barman me falou e logo chegamos a uma farmácia. Eu precisava tirar o de perto, não queria que ele visse o que eu precisava comprar.
- Amor, você pode buscar remédio pra cólica enquanto eu pego absorvente? - o olho e ele assente indo até a parte de remédios.
Eu estava na parte onde vendiam absorventes, e pra minha felicidade os testes de gravidez ficavam ali também. Peguei três de marcas diferentes, e um pacote de absorvente pra disfarçar. Vou até o caixa, colocando os testes no balcão e olhando pros lados enquanto os pagava pra garantir que não visse.
- Qual deles você prefere? - para ao meu lado e me mostra dois remédios diferentes.
- Esse. - pego um dos remédios e coloco no balcão onde a moça me olhava confusa, pelo simples fato de que eu comprei absorvente e teste de gravidez ao mesmo tempo. - Obrigado. - falo após pagar e nós saímos da farmácia.
Andamos pela praia por um bom tempo observando a noite chegar. Fomos a um restaurante perto do hotel pra jantarmos. Voltamos pro quarto quando já era quase meia-noite.
Tomamos banho, nos vestimos e ficamos deitados na cama.
- Foi uma boa ideia comprar essa câmera descartável. - pego a câmera sobre a cabeceira.
- Por mais que não seja um bom momento precisamos ter lembranças desse lugar. - eu concordo com a cabeça.
- Bom, vamos dormir. - coloco a câmera de volta na cabeceira - Boa noite. - lhe dou um selinho.
- Boa noite. - beija minha testa e me abraça pela cintura.
Acaricio seus cabelos até que ele pegasse no sono. Fiquei deitada até ter a certeza de que ele estava dormindo. Quase meia hora depois que ele dormiu me levantei, pegando a sacola com os testes dentro da bolsa e vou até o banheiro encostando a porta.
Tirei os três testes da caixa e os olhei sobre a minha mão. Eu estava nervosa, isso era óbvio. Precisei abrir a torneira pra conseguir fazer os testes.
Os deixei sobre a pia enquanto andava pelo banheiro lendo a caixa que dizia que o teste era praticamente 90% de certeza. Eu não tinha como duvidar daquilo quando visse o resultado.
Os dez minutos pareciam uma eternidade. Eu não conseguia ficar parada esperando o tempo passar, e acabava olhando o tempo todo. Quando se passaram os dez minutos eu peguei os três testes e o olhei um por um.
- Positivo. - coloco o primeiro na pia - Positivo. - meu coração já estava acelerado eu sabia o que aquilo significava. - E positivo. - jogo o terceiro na pia junto aos outros fechando os olhos.
Aquilo não podia ser verdade, não era uma boa hora pra estar grávida. Eu não podia colocar mais uma vida em risco assim.
Lágrimas desciam pelo meu rosto e eu não conseguia as controlar. Eu estava com medo de tudo o que acontecia. Eu não sabia o que fazer, mas não podia colocar mais ninguém em risco. Ainda mais um bebê.
Passo a mão no rosto abrindo os olhos e segurando na pia. Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo, e isso era péssimo.
Encostei-me ao recipiente de vidro sobre a pia e o mesmo caiu no chão fazendo um barulho enorme. Olhei pra todo aquele sabonete liquido no chão e balancei a cabeça negativamente.
- ? - ouço a voz sonolenta de - O que houve?
- Não foi nada. - tento manter firmeza na voz - Eu só deixei o vidro de sabonete cair. - pego os testes e as caixas e coloco tudo dentro da sacola.
- Você se machucou? - acho que ele não havia percebido a porta aberta, pra minha sorte.
- Não. - pego o vidro no chão e coloco na mesma sacola jogando tudo no lixo - Eu to bem. - ele abre a porta e eu me abaixo começando a lavar o rosto - Eu já vou sair. - falo sem olhá-lo e ele sai do banheiro.
Seco o rosto na toalha ao lado do espelho e saio do banheiro sendo observada por .
- Tá tudo bem mesmo? - me olha preocupado.
- Está sim. - vou até ele e me sento ao seu lado na cama - Eu juro. - eu odiava mentir pra ele, mas eu não podia contar a verdade, pelo menos não agora.
- Vem cá, vamos dormir. - deita na cama me puxando junto me mantendo em seus braços.
Com muita dificuldade acabei pegando no sono.

(...)

Um bebê...
Como eu iria ter um bebê sendo procurada? Como eu poderia ter uma gravidez saudável fugindo de um louco que quer me matar? Eu só queria ter uma vida normal. Poder ter meu filho em paz, mas isso não iria acontecer até que alguém pegasse esse doente.
- Amor? ? - estalava os dedos em frente ao meu rosto me tirando do transe.
- Oi? - o olho.
- O que ta acontecendo? Você não prestou atenção em nada que eu falei. - ri pelo nariz.
- Nada, eu só estava pensando. - ele me olhava com a sobrancelha arqueada - Eu vou ao banheiro, não demoro. - me levanto da mesa indo em direção ao banheiro.
Paro em frente ao espelho passando um pouco de água no rosto. Levantei a cabeça sentindo uma forte tonteira e me escorei na pia. Respirei fundo e esperei até a tonteira passar e saí do banheiro andando devagar.
De longe avistei uma mulher ruiva conversando com um funcionário do restaurante. Eu conhecia aquela mulher, eu tinha certeza disso. Eu só não conseguia me lembrar de onde.
Olhei em volta a procura do e o encontrei na mesa bebendo um pouco do seu suco. Voltei a olhar para mulher, mas ela não estava mais ali.
Eu devia estar ficando paranoica.
Voltei pra mesa me sentando na frente de e bebi um pouco do meu suco. Voltamos a comer e conversar.
- Não olha agora, mas acho que nos encontraram. - sussurro olhando dois homens que nos observavam.
- Você tem certeza? - ele nem havia olhado pra trás.
- Pelo jeito que eles estão nos olhando, eu tenho certeza. - pego a minha bolsa tirando o dinheiro e deixando sobre a mesa - Vamos sair daqui. - me levanto e ele faz o mesmo.
Saímos pelo outro lado do restaurante e eu olho pra trás percebendo que os homens nos seguiam.
- Vem. - seguro a mão dele e corremos passando pelas pessoas que andavam por ali. - Nós precisamos chegar ao hotel sem que eles nos vejam.
- Ali. - aponta pra uma loja que vendia roupas havaianas e entendendo o que ele queria com aquilo fomos até lá.
- Tenta se disfarçar o máximo possível. - pego um vestido floral que bateria até o meio das minhas coxas e vou pro provador.
Visto o vestido enrolando o cabelo em um coque. Pego um daqueles colares de flores e o coloco no pescoço. Na parte de acessórios, pego um óculos de sol e um lenço quase da mesma estampa do vestido o colocando na cabeça.
para ao meu lado pegando um óculo de sol também e um chapéu. Ele vestia uma regata branca, com uma camisa floral por cima e aberta.
- Isso deve pagar tudo. - coloco o dinheiro sobre o balcão, devia ter mais do que o necessário, mas eu não me importava.
Saímos devagar da loja, avistando os dois homens olhando entre as pessoas a nossa procura. Passamos pelo caminho oposto onde eles estavam e quando saímos de vista voltamos a correr em direção ao hotel.
Chegamos ao quarto e trancou a porta por dentro. Nós estávamos ofegantes de tanto correr.
- Como eles descobriram onde nós estamos? - ele me olha e eu pego seu celular na minha bolsa.
- Não sei, mas vamos precisar do meu pai. - mando uma mensagem pro meu pai que dizia "Nos encontraram, preciso de você".
- Porque não liga pra ele? - ele me olha jogando o chapéu em um canto.
- O único jeito de terem nos achado aqui foi porque rastrearam seu celular. - abro a parte de trás do celular tirando o chip e a bateria. O jogo no chão quebrando o mesmo.
- Mas como se as únicas ligações foram pro seu pai, e a da ? - tiro o lenço e vou até a janela fechando completamente as cortinas.
- Eu não sei, mas eles nos acharam. - me sento na cama passando as mãos pelos cabelos. - Não vamos poder sair desse quarto por enquanto, pra nada. - o olho - Pelo menos até meu pai chegar, não temos nenhuma arma.
- Quanto tempo você acha que vamos precisar ficar aqui? - se senta ao meu lado.
- Eu não sei, eles podem demorar pra nos achar, ou não. - suspiro.
- Então vamos esperar. - tira a camisa floral que usava.
Ficamos no quarto pelo resto do dia. Eu já não conseguia ficar parada, andava de um lado pro outro no quarto e apenas me observava. Eu sempre acabava fazendo aquilo pra pensar, e tentar ter alguma ideia, mas dessa vez não estava dando certo.
Minha barriga roncava de fome. Essa história de gravidez realmente dá muita fome.
- Eu preciso comer. - olho pro colocando a mão na barriga.
- Vou pedir serviço de quarto. - pega o telefone ligando pra cozinha do hotel.
- Eu não consigo pensar em nada. - bufo e ele me olha ainda no telefone - Se eu tivesse uma arma talvez eu estivesse mais calma. - ele acaba de pedir e desliga o telefone.
- Fica calma okay? - ele se levanta e segura meus braços me fazendo parar em sua frente - O seu pai vai chegar e vai ficar tudo bem.
- Eu preciso que tudo fique bem. - respiro fundo - Eu preciso. - reforço a frase.
- Vai ficar. - beija minha testa e me abraça - Eu prometo.
Fico em silêncio com a cabeça em seu peito apenas ouvindo o ritmo acelerado de seu coração. Ele estava tão nervoso quanto eu, mas não se deixava demonstrar pra não me preocupar. Talvez ele soubesse que alguém ali precisava manter a calma, e como meus hormônios estavam acelerados, esse alguém não seria eu.
- Eu preciso te contar uma coisa. - desfaço o abraço e o olho. - Eu... - faço uma pausa e respiro fundo. - Eu estou... - batidas na porta me interrompem.
- Foi rápido esse serviço de quarto. - olha pra porta. Rápido até demais. - Vou abrir. - ele andava em direção à porta, mas eu seguro seu braço fazendo que não com a cabeça.
- Não é o serviço de quarto. - sussurro e ele me olha sem entender.
- O que a gente faz? - sussurra de volta.
- Se não abrirmos eles arrombam. - penso por alguns segundos - A janela. - vou até a janela olhando por uma greta na cortina.
Como eu imaginava tinha dois homens ali na janela esperando que nós saíssemos por ali. Virei-me para andando devagar até a porta e contando até três em silêncio. No três ele abriu a porta e eu acertei o nariz de um dos homens com o cotovelo.
- Você é mesmo esperta, . - ele coloca a mão no nariz.
- É . - era meu sobrenome de casada, há um ano eu não usava .
- , , não importa, você vai continuar sendo uma vadia. - sorri cínico.
- Não chama a minha mulher de vadia. - lhe dá um soco no olho, mas logo em seguida é segurado por outros dois homens.
- Vocês estão desarmados. - intercala o olhar entre eu e - Eu poderia te matar agora mesmo. - mostra o revólver em sua cintura.
- Mas não vai matar. - uma voz feminina ecoa na sala e eu observo a mulher ruiva que eu havia visto no restaurante.
Com uma mão ela segurava uma arma apontada pra mim, e com a outra ela arrancava a peruca ruiva da cabeça, deixando seus cabelos loiros se soltarem.
- Lucy? - a olha confuso - Você? - fala incrédulo.
- Surpresos em me ver? - dá uma risada debochada e os dois homens puxaram o fazendo sentar na cama. O outro que estava em meu lado, fez o mesmo comigo. Logo em seguida eles algemaram nossas mãos nas costas.
- Nem tanta. - dou de ombros dando um sorriso cínico - Eu sempre soube que você era uma vadia. - um estalo ecoou pelo quarto quando sua mão encontrou meu rosto. - Não falei nenhuma mentira.
- Por que você quer matá-la? - fala olhando pra Lucy.
- Eu quero matá-la por vários motivos. - sorri irônica - Mas não sou eu quem está querendo a cabeça dela nesse momento.
- É claro que não, você não tem competência pra me matar. - rio pelo nariz.
- Continua assim que você verá se eu não tenho competência. - fala entre dentes.
- Ah, pelo amor de Deus. - reviro os olhos - Você me prendeu com algemas com medo de que eu me soltasse das cordas. - balanço a cabeça negativamente - E outra, você não vai me matar.
- Tem certeza? - aponta o revólver pra minha cabeça.
- Vai lá, quero ver você atirar. - a desafio - Você só pode fazer o que foi mandado, não é mesmo? - ela mantinha a arma apontada pra minha cabeça - Por isso você não pode me matar.
- Eu te odeio. - bufa tirando a arma da minha cabeça - Eu te odeio desde que entrei naquela empresa como disfarce pra vigiar você. - anda pelo quarto.
- Tudo podia ter sido diferente, se desde o primeiro momento você não tivesse dado em cima do . - ela se vira pra mim.
- Eu nunca quis ser sua amiga nessa história, e o é o sonho de consumo de qualquer mulher. - vai até o parando em sua frente - E quando você morrer ele vai ser todo meu. - se aproxima mais do segurando seu rosto próximo do dela - Eu serei a próxima Sra. . - tenta lhe dar um selinho, mas vira o rosto.
- Continue sonhando. - ele fala e ela dá uma risada sem humor.
- Vamos levar eles logo. - fala com os três homens parados na porta.
Dois deles seguram o e um deles me segura. Lucy aproveita que eu estava indefesa e segura meus cabelos os puxando pra trás.
- A sua noite vai ser longa. - fala próximo ao meu ouvido e solta meus cabelos passando na frente.
Eles nos colocam no banco de trás do carro. Um deles entra no lado do motorista, Lucy do lado do passageiro. Um deles ao lado de atrás, e o outro no carro de trás com os dois homens que estavam na janela.
-Sabe, foi fácil rastrear o celular do . - Lucy fala quebrando o silencio que estava no carro - Todo mundo sabe o quanto ele se importa com aquela empresa, o que não é nada demais, porque ele fatura milhões a cada mês com ela. - ri pelo nariz - Como já era de se esperar ele havia fugido com a querida mulher. - vira um pouco no banco e me encara - Então eu liguei pra ele, inventando uma desculpa de trabalho, mas na verdade eu só queria rastreá-lo, e pra ficar melhor ainda ele me deu uma folga. - balança a cabeça negativamente sorrindo irônica - Era óbvio que nunca iriam suspeitar da boa secretária que eu sempre fui.
- Ótimo trabalho queridinha. - falo sarcástica - Quer um prêmio por isso?
- É melhor você ficar calada. - fala séria ainda me encarando.
- Por quê? Vai me matar? - falo em tom de deboche e o carro para. Ela desce logo em seguida.
Ela dá a volta no carro abrindo a porta ao meu lado e me puxando porta a fora pelos cabelos. Assim que ela conseguiu me tirar do carro ela me jogou no chão e eu acabei soltando um gemido de dor.
- Você não faz ideia com quem está mexendo. - se abaixa ficando próxima a mim.
- Com uma vadia que acha que coloca medo em alguém. - ela balança a cabeça negativamente e olha pro carro onde já tiravam e o levavam para uma grande casa do outro lado. - Eu não tenho nenhum medo de você Lucy, faça o que quiser comigo, isso nunca te tornará melhor.
- Eu não vou fazer nada além de rir do seu sofrimento de perto. - dá um sorriso vitorioso e sai andando na frente, enquanto um dos homens do outro carro me levantava pra me levar pra onde estava o suposto chefe.
- Não se preocupe, vai ficar tudo bem. - ele sussurra pra mim e eu o olho confusa. - Eu também sou agente, e estou disfarçado no meio deles há dois meses. - começamos a andar devagar até a casa - O seu pai já sabe onde estamos, e vem pra ajudar. - eu assinto com a cabeça e nós entramos no local.
Diferente de todos os lugares onde os outros bandidos que eu peguei levavam a vítima, a casa era organizada e iluminada. Se eu me esforçasse um pouco conseguia sentir o cheiro de produtos de limpeza.
Depois de subir a escada e chegar até onde parecia ser um quarto, mas sem uma cama, ele me fez sentar numa cadeira ao lado da que estava. Os outros dois homens amarraram nossos pés nas cadeiras e as mãos também, após tirarem as algemas.
Lucy não estava ali com eles, o que eu não sabia definir se era bom ou ruim, levando em consideração as minhas provocações desde que descobrir que ela estava metida nisso.
- Você está bem? - sussurra me olhando.
- Estou. - sussurro de volta - Não se preocupa, eu vou dar um jeito e nos tirar dessa. - o olho - A Lucy é louca por você, se você colaborar ela te tira daqui e nada acontece com você.
- Eu prefiro morrer a ter que te deixar sozinha aqui. - ele fala sério - E da Lucy eu só quero distância.
- Por que você complica tudo? - respiro fundo. - Seria mais fácil se você me ouvisse.
- Eu não quero o mais fácil, . - balança a cabeça negativamente - Se o mais difícil for sair daqui com você, eu fico com ele.
- Dá pra calarem a boca? - um dos homens fala.
- Tá atrapalhando? - fala irônico - Oh que pena que ninguém liga. - o homem se aproxima parando na frente dele.
Ele lhe dá um soco no rosto, acertando sua boca. E outro, mais outro. Eu só conseguia gritar pra que ele parasse, mas ele não dava a mínima pros meus gritos.
- Para. - uma voz masculina que eu ainda não havia ouvido surge na sala, fazendo com que o homem parasse os socos. - Eu deixo você se divertir com ele depois. - eu olho pro que tinha o nariz e a boca sangrando, logo em seguida olho pro dono da voz agora na minha frente.
Era ele.
Era o assassino da minha mãe.
O homem que eu procurei por oito anos da minha vida.
Ele estava ali agora, e queria me matar.
- Eu sei o que você está pensando. - fala com um sorriso brincando em seu rosto - Também estou feliz em te conhecer pessoalmente. - ele se aproxima ainda mais - Dá ultima vez que eu te vi, você era apenas uma pequena adolescente de quinze anos. - segura meu queixo o levantando um pouco pra cima - E olha agora. - passa as costas da mão no meu rosto e eu viro o mesmo pro lado - Você me procurou por oito anos, e quando enfim me encontrou eu estou prestes a te matar. - ri com deboche voltando a se afastar - Você não é muito diferente de mim, . - anda pela sala - Você ficou atrás de mim, por vingança, e eu matei a sua mãe pelo mesmo motivo. - ninguém parecia se mover naquela sala, ou até mesmo respirar perto dele - Seu pai matou a única pessoa que eu tinha no mundo, ele matou o meu pai. - ele me olha - E foi por isso que eu queria tirar dele algo tão importante. Na verdade, eu queria tirar tudo dele, mas naquele dia só a sua mãe estava em casa e eu não quis me arriscar depois, pois sabia que depois disso ele cuidaria das filhas melhor que nunca, eu já me sentia vingado de vê-lo sofrer e ter que cuidar de duas filhas sozinho. - ele dá ombros e pega uma cadeira a colocando na minha frente e se sentando - Três anos depois você entrou pro mesmo serviço que o seu pai, e começou a me procurar por todos os cantos atrás de vingança. - balança a cabeça negativamente - E há um ano você resolveu parar com essa história de brincar de gato e rato, e foi ai que eu percebi que ainda não estava completamente vingado. Eu precisava tirar você também do seu pai. Imagina como não seria ótima a vida dele com uma filha morta e a outra que o odeia? - ele mantinha um sorriso maldoso nos lábios - Sua irmã sempre foi a minha preferida nessa família sabia? Ela nunca se meteu nessa história, ela nunca quis vingança, e ainda repugna seu pai por ter deixado você entrar nessa. Ela sim, merece a vida que tem. - se levanta novamente - Já você seguiu os passos do papai, e quer saber de uma coisa? Você é muito melhor que ele nisso. - ri como se aquilo fosse engraçado - E por isso eu preciso te tirar do caminho.
- Você é um doente. - falo com desdém.
- Belo adjetivo que você me arrumou. - tira a arma das costas - Mas acho que chegou a sua hora. - aponta a arma pra mim, mas um barulho no andar de baixo o faz parar o que fazia. - O que foi isso? - olha pro homens atrás dele - Isso ainda não acabou. - me olha e vai em direção à porta. - Vocês dois. - aponta pros dois homens - Vem comigo, e você. - aponta pro terceiro que por um acaso era o agente - Toma conta deles, principalmente dela. - aponta pra mim com o revólver e sai da sala fechando a porta.
- Agora sim começou a verdadeira diversão. - vem até mim desamarrando minhas mãos, e vai ajudar o logo em seguida - Desculpa não ter impedido que ele te batesse, eu não podia ter feito nada àquela hora. - fala enquanto desamarrava .
- Eu preciso de uma arma. - acabo de desamarrar meus pés e fico de pé.
- Imaginei que diria isso. - tira um revólver das costas e o me entrega.
- Vocês se conhecem? - me olha acabando de se soltar.
- Não, mas ele é agente, trabalha com meu pai. - destravo a arma.
- Precisamos descer. - ele nos olha e eu e assentimos.
- Fica atrás de mim. - olho pro , que era o único desarmado ali.
- Eu vou atrás, caso alguém apareça. - eu abro a porta e ele sai sendo seguido por mim e - E a propósito, meu nome é Josh. - faço um aceno com a cabeça e passo na frente deixando entre nós.
Fomos andando devagar e atentamente até as escadas, mas fomos surpreendidos por um dos capangas que voltava pro quarto. Josh puxa o gatilho o acertando na cabeça.
- Sabe usar isso? - pega o revólver caído no chão e o entrega pra que faz que sim com a cabeça - Então vamos descer.
Com muito cuidado descemos as escadas e não havia ninguém no hall da casa. Fomos em direção à cozinha de onde vinham barulhos de tiros, e coisas se quebrando.
- Nos encontramos depois de anos. - escuto o meu pai falar, e provavelmente era com o Jason o assassino da minha mãe.
- Eu esperava apenas matar sua filha hoje, mas já vi que vou ter o prazer de te matar. - Jason fala em tom de deboche.
- Você tem uma arma, e eu estou sem a minha, isso não é grande coisa. - me pai fala no mesmo tom enquanto eu entrava lentamente sem fazer barulho.
- Então, Matthew , nos vemos no inferno. - destrava a arma e aponta pro meu pai, mas ao mesmo tempo eu faço o mesmo com a minha a colocando em sua cabeça.
- Se eu fosse você não contava com isso. - ele me olha de lado - Você não vai matar mais ninguém a partir de hoje. - vou andando em volta dele sem tirar o revólver de sua cabeça.
- Antes de morrer, eu puxo o gatilho e vamos os dois. - sorri irônico.
- Experimenta. - Josh entra na cozinha segurando Lucy por trás e apontando a arma pra sua cabeça - E a sua querida filha morre junto. - ela era filha dele?
- Eu sempre desconfiei de você, rapaz. - ele é vira pro Josh e eu matinha a arma apontada pra ele - Se você matar a minha filha irá pagar caro por isso. - tiro o revólver de sua mão o passando pro meu pai.
- Você não vai estar vivo pra isso. - puxo o gatilho acertando em sua cabeça e ele cai ajoelhado na minha frente - Eu sempre soube que um dia te mataria. - dou mais um tiro e ele cai morto no chão.
Olho pro meu pai enquanto respirava fundo. O único motivo por eu ter entrado nisso, tinha chegado ao fim. Ando até ele o abraçando em seguida. Tudo tinha terminado.
Um barulho de tiro invadiu a cozinha e foi como se tudo acontecesse lentamente.
- . - ouvi gritar e me virei vendo Lucy o acertar com o tiro.
- NÃAAAAAOOO. - grito em desespero vendo cair a minha frente enquanto mais tiros ecoavam na cozinha, mas era a arma do meu pai que havia acertado a Lucy que agora estava caída ao lado de Josh que tinha um corte no abdômen provavelmente feito por Lucy - , não. - me abaixo soltando o revólver no chão e segurando a cabeça de – Por que você fez isso? - lágrimas já escorriam pelo meu rosto numa rapidez que eu nem sabia que existia - O tiro era pra mim.
- Eu não... - fala com dificuldade - Não podia deixar. - completa a frase colocando a mão no abdômen - Eu prometi pra você, que não deixaria nada te acontecer. - ele me olhava com lágrimas nos olhos também.
- Você não podia. - passo a mão no rosto dele - Eu preciso de você ... - faço uma pausa fechando os olhos e colocando a mão na barriga - Nós precisamos de você. - abro os olhos e ele me encarava com um pequeno sorriso nos lábios.
- Você... - faz uma pausa pra que conseguisse falar - Está grávida? - Minhas lágrimas caíam pela sua blusa encharcando à mesma e se misturando com o sangue.
- Sim. - minha voz já não saía direito por causa do choro - Nosso bebê precisa de você.
- Você vai ser uma ótima mãe. - ele ainda tinha um sorriso nos lábios.
- Não fala isso, por favor. - fecho os olhos novamente sentindo uma dor no peito que eu não sentia há anos, desde que minha mãe morreu.
- Eu amo você... - sua voz estava ainda mais baixa - Pra sempre. - coloca sua mão sobre a minha na minha barriga - E você também. - fala pra minha barriga e sorri.
- Eu também amo você. - eu já soluçava e podia ouvir o barulho da ambulância bem perto. Ele volta a me olhar nos olhos e vai fechando os olhos devagar. - Não, não, não. - eu chorava cada vez mais alto - abre os olhos, por favor. - seus olhos se fecham de uma vez - Não me deixa. - falo sussurrando e abraçando seu corpo enquanto as lágrimas caíam.
Dois homens e uma mulher vestidos de jaleco branco vieram até a gente, tirando dos meus braços enquanto meu pai me levantava contra a minha vontade, eu não queria sair de perto do meu marido.
Minha visão começou a ficar embaçada, e as minhas pernas ficavam cada vez mais bambas. Em meio a gritos dos médicos, e a correria pra tirar os dois feridos dali tudo escureceu, e antes de desmaiar pude sentir os braços do meu pai me segurarem.


New York, três anos depois...
“- Você vai ser uma ótima mãe. - ele ainda tinha um sorriso nos lábios.
- Não fala isso, por favor. - fecho os olhos novamente sentindo uma dor no peito que eu não sentia há anos, desde que minha mãe morreu.
- Eu amo você... - sua voz estava ainda mais baixa - Pra sempre. - coloca sua mão sobre a minha na minha barriga - E você também. - fala pra minha barriga e sorri.
- Eu também amo você. - eu já soluçava e podia ouvir o barulho da ambulância bem perto. Ele volta a me olhar nos olhos e vai fechando os olhos devagar. - Não, não, não. - eu chorava cada vez mais alto - abre os olhos, por favor. - seus olhos se fecham de uma vez - Não me deixa. - falo sussurrando e abraçando seu corpo enquanto as lágrimas caíam.”
Abri os olhos lentamente sentindo a claridade invadir o quarto. Mais uma vez eu estava tendo aquele sonho. Durante três anos, eu não sei quantas vezes ele se repetia na minha mente. No começo eu sempre acabava acordando desesperada no meio da noite, mas hoje em dia eu consigo me controlar.
Sentei-me na cama esfregando os olhos e encarando a cama vazia ao meu lado. Levantei-me passando as mãos pelos cabelos e saindo do quarto. Abro a porta da frente olhando aquele quarto todo decorado em azul claro e branco. Andei até o berço olhando aquela pequena coisinha que eu amava mais que a minha vida brincando com um ursinho de pelúcia.
- Bom dia amor da minha vida. – o tiro do berço o pegando no colo e dando um beijo demorado em sua bochecha.
- Mamãe. – ele fala me abraçando e eu sorrio.
- Que abraço gostoso. – o aperto levemente no meu colo.
- Fome mamãe, fome. – ele me olha e eu rio.
- Vamos pra cozinha então meu amor. – pego um de seus carrinhos sobre a mesinha no canto do quarto e o entrego saindo do quarto. Ele tinha essa mania desde quando era mais novo, só tomar café brincando com um carrinho.
Desci as escadas indo até a cozinha. O coloquei na cadeira de bebês o prendendo com o cinto pra que ele não caísse. Abri a geladeira pegando o leite e o mingau no armário. Fui até o fogão e comecei a preparar seu tão adorado café da manhã, mingau de aveia. A verdade é que eu havia o acostumado com isso, então não podia falar nada. Depois que faço o mingau, coloco um pouco em uma pequena vasilha a colocando sobre o balcão. Abri novamente a geladeira pegando a jarra de suco, e um copo no armário me servindo e me sentando de frente para meu filho.
Coloco um pouco do mingau na pequena colher o soprando pra que esfriasse e levando até a sua boca. Repeti o mesmo processo várias vezes enquanto bebia meu suco e o observava. Ele estava ficando cada dia mais parecido com o pai, e eu amava isso. Seus olhos tão azuis quanto os do , seus cabelo escuros contrastando com sua pele clara. Ele não havia puxado nada de mim, era a cópia perfeita do pai.
- Você está cada dia mais parecido com o seu pai. – sorrio enquanto o olhava. – Ele iria amar isso se estivesse aqui. – ele me olhava sem entender o que eu falava – É , não é só o nome que você tem de parecido com ele. – ele sorri como se entendesse o que eu falava.
Depois de acabar de dá-lo o mingau, me levantei indo até a pia lavar a louça enquanto ele fazia barulhos com a boca como se estivesse em uma corrida de carros. Virei-me pra ele brincando junto enquanto nós dois riamos de alguma coisa que eu fazia.
O tirei da cadeira e subimos de volta até o quarto dele. Peguei uma roupinha de frio pra ele, e o levei para meu quarto. O levei até o banheiro e lhe dei um banho rápido. Quando acabei o vesti com a calça de moletom, uma camisa de mangas e uma blusa também de moletom na cor azul marinho.
- Fica quietinho aqui esperando a mamãe okay? – o coloco na minha cama e ligo a TV colocando no Bob esponja.
Vou até o banheiro tomo um banho rápido, escovo os dentes e faço minha higiene matinal. Saio vestida com um roupão o olhando rir do desenho na minha cama. Visto uma calça jeans de lavagem escura, e uma blusa de frio preta. Penteei meu cabelo o prendendo em um rabo de cavalo. Calcei meu coturno e fui até o quarto do pegando seus sapatos.
Depois de completamente prontos desci as escadas com ele no colo e peguei meu sobretudo pendurado ao lado da porta. O vesti e coloquei no uma jaqueta já que estava bastante frio la fora e fomos pra garagem. O coloquei na cadeirinha no banco de trás, abri a porta da garagem e liguei o alarme. Entrei no carro dando a partida e fechando a garagem com o controle remoto.
Demoramos uns vinte minutos para chegar ao nosso destino. Desci do carro tirando do mesmo e o colocando no chão enquanto segurava sua mão. Tudo o que tinha em volta eram flores, grama, e várias sepulturas espalhadas. Essa era a primeira vez que eu o trazia.
- O que nós vamos fazer mamãe? – ele fala meio embolado e eu o olho.
- Nós vamos falar com o papai. – sorrio parando em frente da sepultura do .

1987 – 2016
“Não chore pela minha partida, mas sorria pelo que eu fui em vida.”

Isso era o que dizia em sua lápide. Era uma frase que ele sempre me dizia que queria em sua lápide, pois não queria deixar as pessoas que amava sofrendo quando ele se fosse, mas queria que elas se lembrassem de quem ele foi.
- O papai tá aqui? – ele me olhando e eu me agacho em sua frente fazendo que sim com a cabeça.
- Quer falar alguma coisa pra ele? – eu o olho.
- Mas ele não vai me ouvir. – fala embolado olhando pra lápide a nossa frente.
- É claro que vai meu amor. – ele me olha novamente – Só diz pra ele o quanto você o ama, e pode ter certeza que ele vai ouvir e vai ficar muito feliz de saber disso.
- Papai... – olha pra lápide se aproximando um pouco mais – Eu te amo assim desse tamanhão – coloca cada mão de um lado como se mostrasse o tamanho do amor dele e eu sorrio.
- Ele também te ama esse tanto meu amor. – falo o olhando enquanto uma lágrima escorria pelo meu rosto.
- Você não vai falar com ele? – ele me olha e eu faço que sim com a cabeça.
- Oi meu amor. – eu olhava diretamente pra sua foto na lápide – Eu estou com saúdes sabia? – minha voz já começava a ficar embargada – Todas as noites antes de dormir eu penso em como tudo seria diferente se você estivesse aqui com a gente. A gente seria uma bela família, como nós dois sempre sonhamos em ser desde o começo. – já não aguentando mais ficar agachada acabo me sentando na grama – Durante todo esse tempo eu venho aqui e acabo não conseguindo falar nada além de eu te amo, mas hoje é diferente, porque o nosso filho está aqui e parece que tem uma coisa no peito pedindo que eu fale tudo o que eu nunca disse nesses três anos. – se aproxima de mim e eu o coloco sentado em uma das minhas pernas – Há doze anos eu entrei nessa história por causa de uma vingança, que eu acabei desistindo no percurso, porque eu havia me cansado disso e queria uma vida normal. Porém, parece que essa história começou a me perseguir e por ironia o motivo de ter entrado nisso, era o mesmo me levar de volta a toda aquela bagunça. Depois de nove anos eu consegui o que eu tanto queria, mas acabei perdendo uma das pessoas mais importante pra mim. – passo a mão no rosto secando as lágrimas que caíam – E hoje em dia eu me arrependo de ter entrado em tudo isso, se eu pudesse voltar ao tempo faria tudo diferente só pra ter você comigo agora. – respiro fundo – Se você está ai hoje é por minha causa, e essa é uma culpa que eu vou levar pra sempre na minha vida, mas não se preocupe eu vou fazer o possível pra não deixar ela me atrapalhar a viver. – rio pelo nariz – Nosso filho aqui, se parece muito com você sabia? – passo a mão nos cabelos de e sorrio – Você se foi, mas deixou-o pra mim e eu sou muito grata por isso. Mesmo tendo a minha irmã, e o meu pai, o se tornou a minha única companhia, a minha única razão pra aceitar viver sem você. Se não fosse por ele provavelmente eu nem estaria aqui hoje. – abraço de lado – Eu só quero que você saiba que você é e sempre será o amor da minha vida. Eu sei que você gastaria que eu seguisse em frente, mas meu coração não permite mais ninguém, porque você deixou uma marca enorme nele e ninguém é capaz de tirar, mas é uma marca boa. Você é meu herói . – sorrio tirando uma foto do bolso. Era uma foto onde eu e estávamos no Havaí, ele me segurava pela cintura me tirando do chão enquanto eu sorria o olhando. Havíamos pedido um menino que passava pela gente na hora pra tirar essa foto. – Onde quer que você esteja agora , eu espero que nunca se esqueça do meu amor por você, porque ele com toda a certeza do mundo vai viver comigo, e eu vou levá-lo por toda a eternidade. – beijo a foto e coloco num pequeno espaço de vidro que havia na lápide onde pudéssemos deixar fotos.
Fiquei ali mais uns minutos com que estava me abraçando enquanto segurava um boneco do superman que o pai do havia dado pra ele em uma visita a nossa casa.
- Vamos pra casa meu amor? - falo enquanto me levantava devagar o colocando no chão.
- Espera um pouquinho mamãe. – ele anda até a lápide ficando mais perto do que estávamos – Aqui papai. – coloca o boneco no chão em frente à lápide – Pode ficar. – ele se levanta novamente – Você é um supelelói. – fala tudo embolado e eu sorrio com aquilo.
Ele vem até mim segurando a minha mão e nós vamos andando até a saída do cemitério.
- Mamãe? – ele me chama e eu o olho enquanto nós andávamos – O papai também ama você. – eu paro de andar me agachando em sua frente e o olhando.
- É eu sei disso meu amor. – passo a mão em seu rosto – Ele ama nós dois. – o pego no colo o abraçando e vamos andando em direção ao carro.
O poderia ter partido, mas eu sabia que ele não importa onde ele esteja, ele sempre estará com a gente. E ele sempre estará bem vivo nas minhas lembranças e no meu coração.


Fim.



Nota da autora: Eu realmente espero que vocês tenham gostado dessa história. O final foi bem triste, eu sei disso, mas eu não queria fazer uma história como todas as minhas outras que terminam com finais felizes, eu quis inovar um pouco. E vou confessar, que enquanto eu escrevia o final, eu me acabava em lágrimas, eu juro. Eu escolhi o Colin O'donoghue pra essa história porque eu tenho uma imensa paixão por ele. Pra quem não sabe, ele é o Capitão Gancho em Once upon a time e foi assim que eu me apaixonei por ele. É só isso que eu tenhopra falar, então comentem pra que eu saiba o que vocês acharam... Muitos beijosssssssssss <3 Sem nota.




comments powered by Disqus




Qualquer erro nessa atualização são apenas meus, portanto para avisos e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.