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Capítulo 1

Casa Comigo?


Não era só uma noite normal. Parker estava sentado na beira do prédio mais alto da cidade, e nada acontecia. Mas hoje, aquela lembrança retornou aos seus devaneios, ele podia fazer de tudo que ele nunca mais iria esquecer aqueles lábios macios e o beijo cheio de desejo de ambas as partes; ele não podia mais se lembrar daquele dia, afinal ele estava com M.J novamente. Se levantou, olhou para os lados calmante e colocou sua máscara, verificou o dispositivo de teia e saiu "balançando" pela cidade.
Ao chegar em sua casa, ele viu que a luz da cozinha ainda estava acessa e estranhou, pois a essa hora Mary já estaria dormindo. Jogou a touca em cima da cama e trocou de roupa, deixando seu traje bem arrumado em cima da cadeira. Ele andou pela casa, procurando pela sua noiva, colocando uma blusa; eles tinham noivado quatro anos depois da Tia May falecer. Adentrou na cozinha e pode ver a mulher mexendo seu chá, sua expressão era de poucos amigos.

— Oi, está tudo bem? – Sentou-se ao lado da moça.
— Sim. – Ela não tirava os olhos do anel de noivado. – Fez alguma coisa hoje? – O olhou.
— Não, estava tudo tranquilo. – Jogou as costas no encosto. – Amor, está tudo bem mesmo?

Peter segurou a mão de sua noiva e olhou no fundo dos olhos verdes. Ele sempre sentia aquela sensação de ansiedade e amor, os dois misturados, quando olhava para os olhos de Mary, mas nesses últimos dias não era mais assim; era diferente. Seria, porém, por conta do amor ou só medo de ficar sozinho?

— Você está distante, Peter, e não me diga que foi depois que a May morreu que você ficou assim. Algo aconteceu, você não era assim.
— Eu estou bem, não aconteceu nada.
— Peter. – Colocou a xícara em cima da mesa e se aproximou dele. – Então porque você não marcou a data do nosso casamento?
— Porque quero que seja perfeito. Vamos dormir, estou cansado, já são quatro horas. – Desviou do assunto.

Mary Jane suspirou fundo e apenas concordou com a cabeça, estava cansada dele falar a mesma coisa e fugir do assunto. Ela não ia ficar esperando e esperando até ele sentir que deveria se casar, sentir que poderia permitir a ela ter uma família ao lado dele e também poder apoiá-lo como Homem Aranha. Se ajeitou na cama, sem se encostar em Peter e dormiu com seus pensamentos bagunçados, sem rumo. Ela queria que, pelo menos uma vez na vida, ele voltasse a pensar no futuro.


4:30. Sexta feira. Queens.
Peter levantou depois de trinta minutos. Colocou uma roupa qualquer, andou pela cidade, comprou algumas coisas para poder fazer um café da manhã, passou em uma floricultura e comprou um buquê de flores amarradas em uma faixa rosa claro. Saiu daquele ambiente perfumado – por conta das flores – e enquanto ele esperava o semáforo abrir, olhou para cima e a pessoa que esperava ver todos os dias, por quem ficou noites em claro, estava lá. Não podia ser verdade, agora quando ele resolveu tomar uma decisão ela aparecia? Mesmo assim, engoliu a seco seu sentimento e despertou ao perceber que as pessoas a sua volta já estavam ultrapassando-o.
Peter chegou em casa, passou no quarto e abriu a porta, deixando uma pequena fresta entre a mesma e o batente; Mary Jane ainda estava dormindo. Ele puxou a pequena mesa retangular para o meio da sala e empurrou o sofá silenciosamente para perto da entrada da cozinha. Não era um apartamento pequeno, pelo ao contrário, era grande espaçoso, era como Mary Jane desejava, mas não cem por cento, já que ela queria algo maior e em New York; porém ela optou por morar no Queens por pouco tempo. Não era necessário explicar o motivo, ele tinha que aos poucos se desapegar daquele lugar que viveu com a Tia May, porém os seis meses se transformaram em quatro anos. Quatro anos de idas e vindas de New York até o Queens.
E ela havia se cansado.
O despertador tocou às oito e meia em ponto. Jane desligou o celular, colocou seu hobby, foi até o banheiro, lavou o rosto e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo. Foi quando ela saiu do lugar que se deu conta que Peter já havia se levantado e foi fazer só Deus sabe o quê. Ela ficou brava, logo de manhã e já estava brava. Caminhou a passos curtos até a sala, estranhou não ver o sofá amarelo logo ali, adentrou mais no cômodo e viu Peter segurando o buquê sentado na cadeira e a mesa toda decorada e farta. Um sorriso se desenhou em seus lábios, ela não imaginava que tudo ia estar daquele jeito.

— Bom dia, meu amor. – Peter se levantou.
— Bom dia. – O abraçou. – Que surpresa maravilhosa! – Seus olhos brilhavam.
— Achei que não ia gostar, sabe. – Colocou a mão na nuca. – Achei que ia preferir ir a um restaurante. – Sorriu.
— Eu amei, você faz as melhores surpresas.
— Mary Jane, eu não sou mais o mesmo depois que a tia May se foi, eu mudei e sei que não foi para melhor. Atrapalhei em alguns planos, não cumpri alguns acordos com você e principalmente te fiz triste quando o que eu mais queria era ver um sorriso em seus lábios. Então, – Se ajoelhou. – resolvi fazer tudo de novo, só que melhor, nada de teias dessa vez. – Ela riu, se lembrando do pedido de noivado. – Sem prédios, sem altura e sem carros passando por baixo da gente, dessa vez sou eu Peter, aqui de joelhos com esse anel de noivado. – Tirou do seu bolso. – Mary Jane Watson, você aceita se casar comigo?
— Sim, sim, sim, milhares de sim! – Ela o abraçou.

A felicidade era tão grande que M.J não percebeu que o anel de noivado era outro, muito menos que o anel que ela usava tinha sumido do criado mudo. Peter tinha pensado tudo, desde as quatro e meia, apenas esperou todos os lugares para abrir e fazer as compras. Era uma nova vida e uma nova fase, tanto para Jane quanto para Peter; ele ia fazer diferente. Ia ser melhor, em outro lugar, em outros planos para o futuro.
Os dois tomaram café juntos, entre brincadeiras e risadas, que ele tinha planejado para aquela sexta. Bom, claro que ele teve a ajuda de um bilionário para uma certa ocasião, mas era preciso, queria deixar tudo perfeito para ela e era isso que estava determinado a fazer. O dia ia ser cheio, iam passear pelo Queens e ir até New York. Contudo, teriam que passar na imobiliária para colocar o apartamento a venda, mesmo com o trabalho de artista de M.J – e o dele – não teria como pagar todo o plano de casamento que ele tinha calculado, precisaram de uma renda a mais. A ruiva aceitou a ideia logo de cara, não negou em nenhum momento, parecia um sonho.

— Isso é um sonho. – Mary Jane comentou.
— Você é um sonho! O sonho mais lindo.
"Que eu já tive". – Pensou. E isso doía no fundo do coração dele.
— Peter, vai me deixar vermelha. – Estava corada.
— Senhor Parker?
Uma mulher de fios pretos que passavam um pouco os ombros o chamou.
! – Mary falou surpresa.
— Vocês se conhecem? – Disse confuso.
— Sim, em umas das minhas viagens para New York nós nos conhecemos, ela estava lá a trabalho e coincidentemente eu estava no mesmo escritório que eu estava.
— Venham, a senhorita Wright está aguardando vocês.
— Parece que você está cansada, está tudo bem?
— Sim, é só uma festa que fui ontem, ai não dormir direito. – Ela sorriu.

acompanhou o casal, deixando-os dentro da sala da corretora, enquanto ela ficava no pequeno escritório ao lado. Eles entraram em um acordo, o apartamento ia ser preparado para daqui três meses, o mesmo tempo que eles iam achar um novo em New York e também os preparativos para o casamento. A artista saiu de lá com um grande sorriso em seus lábios, ele também estava feliz, apenas isso.
Não tinha muito trânsito, então eles chegaram rápido na cidade que nunca dorme. Passavam de apartamento em apartamento, procurando um que agradasse M.J. Já era quase quatro da tarde e eles ainda procuravam por um apartamento; Peter estava na décima garrafinha de água.

— Vamos nesse. – A garota falou circulando o jornal.
— Vamos. Coloca o endereço no GPS, por favor.

Ao adicionar o endereço, o jovem seguiu a rota destinada. O apartamento era lindo, um duplex com piso de porcelanato, a decoração dos móveis e as paletas de cores usados nas paredes combinavam perfeitamente, principalmente com a escada, que era com degraus de mármores brancos, os cômodos eram espaçosos, com uma vista impecável de N.Y.; era deslumbrante. Ela tinha se apaixonado pelo local logo de que entrou, e ele tinha pedido mentalmente para que ela não escolhesse o mesmo.

— É esse! Vamos ficar com ele, amor? – Passou seus braços envolta do pescoço dele.
— Mas você gostou do último que tínhamos visto.
— Esse aqui é maior, grande e luxuoso, olha como ele é perfeito. Por favor, vamos comprar esse.
— Eu não sei dizer não para minha futura esposa. – Selou rapidamente os lábios. – Quando podemos acertar? – Perguntou para o corretor.
— Podemos fechar hoje mesmo, se os senhores quiserem.
— Sim, nós queremos. – Mary Jane respondeu pelo Peter.
— Eu já volto. – Fingiu que alguém estava ligando para ele. Saiu do apartamento e se afastou da porta, discando um número que decorou de tanto ligar para o mesmo. – Senhor Stark?
Quem é?
Peter Parker.
— Quem te deu meu numero novo?
— Sua esposa, ela disse que eu poderia ligar para você. – Se referiu a Potts. – Eu preciso de uma ajudinha.
— O que há de errado com essa mulher? – Tony disse, abafando o celular.
Como? – O Aranha indagou confuso.
Peter?! Como você está? – Escutou a voz de Potts ao fundo.
Estou bem, obrigado.
Diga o que precisa, quem sabe podemos ajudar você. – A ruiva era um amor com ele até por telefone.
Eu sei que recusei a sua proposta, senhor Stark, mas preciso de uma ajudinha com o meu casamento. Jane quer um apartamento que não posso dar, teria como... -– Se sentiu tão estranho que nem completou a frase.
Sim, é claro. Mande o valor para nós que logo você recebe a quantia.
— Pepper. – Pôde escutar o Homem de Ferro falar.
O que foi? Ele é um amor, não vou deixar de ajudá-lo. Devemos a ele, lembra?
Envie o valor, o Happy vai levar até a corretora.
Obrigado senhor e senhora Stark.

Não é que eles deviam tanto, mas quando Ultron invadiu Nova York, Pepper acabou ficando presa em uma ponte que dá acesso à cidade e Parker, ao ver a mulher presa entre o carro e os destroços de um uma viga que caiu, a salvou e levou para um lugar seguro – Queens – e desde daquele dia Stark ficou com uma dívida com ele, e pagaria independente do que fosse que o garoto precisasse.
Parker voltou para dentro do duplex, perguntou quanto ficava e discretamente mandou a mensagem para o herói de ferro, junto com o endereço da imobiliária.


Os três estavam conversando dentro da sala do corretor, quando Peter recebeu uma mensagem de Happy, dizendo que já estava lá em baixo com a maleta. Pediu licença e se encaminhou até o carro, pegou a maleta e agradeceu o amigo do playboy, se despedindo. Antes de retornar para onde M.J estava, entrou em seu carro, olhou bem para aquela maleta e pensou por inúmeras horas se pagava tudo agora, a vista, ou se pagava parcelado. O homem tinha explicado as duas formas de pagamento, já que era o procedimento; mesmo se o cliente já tivesse com sua opção escolhida antes de fechar o contrato.
Algo em seu íntimo fazia com que ele não investisse total nesse duplex, e deixasse como estava. Ele sabia que ela ia comprar a qualquer custo, ela tinha dinheiro, só que o combinado é que os dois pagasse sempre metade, metade. Ele fechou a maleta e saiu do carro. Entrou no escritório e conversou com Mary Jane brevemente; mesmo ela não entendendo muito, ele tomou a decisão "sozinho".

— Nós vamos parcelar. – Ele disse, convicto com o que escolheu.
— Peter...
— É a nossa escolha, aqui está uma parte. – Entregou o dinheiro. – Você disse que teria que ser a vista a entrada e a primeira parcela.
— Está certinho. – Falou retirando o dinheiro da máquina de contar. – Só assinar aqui, como eu falei, só assina a pessoa que vai ficar com o apartamento no nome. – Entregou o contrato.
— Pode assinar. – Peter passou para Mary.
— C-certeza?
— É claro, amor.

Então era aquilo, com medo de recuar, deixou tudo para Mary Jane, e seu plano de manter a casa no Queens era só por precaução. O Aranha dirigia de volta para seu lar, enquanto, ao seu lado, Mary Jane dormia tranquilamente, depois de um almoço acompanhado de um bom vinho. Os dois estavam cansados, passaram mais de três horas fora de casa, e agora eles precisavam descansar.
M.J. acordou no meio do caminho, para ser mais precisa, quando só faltava vinte e cinco minutos para chegarem; ela acordou quando ele parou em frente em uma cafeteria. Peter perguntou o que ela queria e logo saiu do carro. Aquele lugar lhe era familiar, era como se já houvesse estado ali, foi então foi ele lembrou. Quando ela tinha fugido pela primeira vez, eles foram para aquela cafeteria, de noite, onde o primeiro beijo era para ter acontecido. Balançou a cabeça para tirar seus pensamentos, andou até a atendente e pediu um chá verde com Pretzel e um café com leite com lanche natural, tudo para viagem. Entrou no carro e entregou para Jane. Os dois conversavam enquanto bebiam e comiam, ela falava muito, já que estava empolgada, enquanto ele apenas concordava e ria com ela de algumas coisas. Quando é que esse amor irá sumir? Para, assim, se sentir melhor ao lado de sua noiva.


— Eu estou cansada. – Se jogou ao lado do noivo, puxando o lençol.
— Interessante, eu não estou cansado. – Ele riu.
— Se incomoda se eu ir dormir. – Cobriu seus seios nus.
— Claro que não meu, amor. – Disse, sentindo uma pontada do peito.
— Está bem. – Se alinhou no peito dele.

A chuva estava forte, lembrando a última tempestade que ele dormiu ao lado da ruiva. Era tão simples e único aquele tempo, não tinha porque se preocupar em amar uma anti-heroína, já que tinha uma mulher fabulosa ao seu lado. Por sorte ela dormiu rapidamente, entretanto ele esperou mais um pouco antes de sair.
Já estava com seu uniforme e de pé em frente à janela, quando colocou a touca e saiu pela cidade, que ainda estava chuvosa, mas não tão forte igual antes. Não se importava se iria molhar todo seu aparelho de teia ou não, só queria esfriar a cabeça – o que fez nos dois sentidos. Foi para o terraço que sempre ia, onde o primeiro beijo tinha acontecido e onde o último beijo ia acontecer.
Ali, naquele terraço, ele sentiu tudo de novo; sua respiração estava descompassada. Ela some por uma semana e aparece, assim, como se nada tivesse acontecido. Raiva e saudades dominaram aquele coração, não sabia se a beijava ou se brigava com ela, se pedia uma explicação ou se queria saber do novo plano de assalto dela.

— Gata Negra! – Ele disse com todos os sentimentos misturados.
— Homem Aranha. – Ela colocou um sorriso nos lábios pintados de vermelho.
— Onde você estava esse tempo todo?! – Questionou alterado.
— Preocupado comigo? – Passou a mão no tórax dele.
— Claro que não. – Percebeu o deslize. – Eu estava estranhando você não roubando nenhuma joia.
— Eu estava ocupada. – Disse sincera.
— Com o que?
— Quer saber também o nome da pessoa, onde mora, o número dela, cor de cabelo? – Seu tom era irônico. – Eu estava ocupada, já disse.
— Eu acredito. – Suspirou fundo.
— Você está bem? Parece que está triste. – Deduziu pela a voz do herói.
— E você cansada. – Percebeu pelo o olhar de cansaço e a postura dela.

Era verdade, ela estava cansada, foi uma semana longa, tão longa que não via o tempo passar para que acabasse. Não estava só cansada fisicamente, mas mentalmente também. Estava fazendo tudo isso para poder ficar perto da pessoa que ela amava, que estava na sua frente; entretanto não ia atrapalhar se ele ia querer seguir sozinho a vida dele.

— Sabe. – A puxou pela cintura. – Eu não devia pedir isso, mas poderia levantar a minha máscara, apenas até a metade?
Ela puxou com cuidado, sem machucá-lo, por conta das suas unhas.
— Pronto. – Mantinha o sorriso.
— Eu demorei tanto tempo. – Acariciava o rosto da jovem.
— Tempo para quê? – Questionou confusa.

Peter não respondeu à pergunta, apenas a puxou para mais perto, deixando seus dedos entrelaçaram nos fios brancos da mulher e a beijou, o último beijo da sua vida com a garota que ele amava de verdade. Um beijo molhado, com amor, com desejo e sem vontade de recuar. Ele soltou os lábios dela devagar, lutando contra sua vontade para continuar o beijo.

— Porque parou? Estava tão bom. – Ela protestou.
— Eu vou me casar. – Disparou.
— Como?! – Seus os olhos o fitavam, eles estavam marejados. – Eu não devo ter entendido direito. – Se afastou.
— Não, entendeu. – Se aproximou. – Eu vou me casar.
— E porque me beijou? Não sabe ser fiel à sua noiva?! – Gritou, se afastando. – Eu vou embora. Ah! – Se virou para ele. – Saiba que você só se passou de uma distração. – Deu uma piscada.

Ela deu um salto para trás e se jogou do parapeito. Não era isso que ele queria, ele ia explicar tudo, mas deu tudo errado. Ela assumiu que ele não era mais nada dela, que era só mais um cara qualquer que ela diz pegar e ainda por cima o tenta distrair de todos os jeitos. Andou para trás, sentindo que seu mundo tinha desabado. Não tinha mais volta, se ele ia tentar ficar com ela, falando que largaria tudo isso, nunca mais iria acontecer.
E ali naquele terraço a chuva levou consigo toda dor que Peter deixava sair junto de suas lágrimas.


Capítulo 2

Excepcionalmente


Ela tinha saído de lá tão rápido que tinha se esquecido do cansaço que as sessões tinham feito em seu corpo. Ela parou em um beco e se escondeu no mesmo, sua respiração estava mais acelerada que um carro de corrida. Não podia ser verdade, era tudo mentira, ele falou aquilo de propósito.

— Por quê? Por quê?! – Se questionava.

A última coisa que desejava era ficar longe do seu Homem Aranha, e saber que ele ia casar com uma desconhecida. Mas ela resolveu fazer o que sua mais nova amiga falou: esquecer ele e seguir adiante. era linda demais para ficar imaginando o rosto debaixo daquela máscara. Queria que fosse diferente, ela estava mudando por ele, e se ele quisesse largaria tudo só para poder ficar ao lado dele. Porém, uma coisa não se encaixava, por que querer contar aquilo para ela depois de um beijo? Só porque ela aparecia do nada na frente dele e bom, mostrava seus seios, não quer dizer que ela é atirada.

Mas que Porra! – Pensou.

Ela saiu do beco e cautelosa foi para sua casa. A mesma não era grande, luxuosa, com um lindo gramado verde de entrada; era pequena, com um pequeno jardim e nem sequer luxuosa, era singela, com uma decoração colorida - nada exagerado, sem nenhuma joia roubada. Joias! Ela tinha se desapegado do ato quando conheceu a loira, e depois que descobriu tudo ao seu redor estava excepcionalmente enigmático. Excepcionalmente era a palavra que definia aquela semana, ou melhor, aquelas semanas. Tudo estava acontecendo fora do normal. Será que não teria mais volta e ela ficaria para sempre com o azar?


Semana Passada. 02:00. Domingo.
andava de um lado para o outro, dentro de seu quarto. Estava ficando louca com essa maldita maldição do azar. Tudo que ela desejava era ficar perto dele, porém aquele dia fez com que fosse o pior dia da sua vida. Respirou fundo, tentando achar a calmaria dentro de si e conseguir uma solução para o seu problema, e foi ai, olhando para fora, atrás da janela entreaberta, que se lembrou de uma conversa com a mais velha. Talvez fosse a hora de ir visitá-la.
Pegou sua roupa de Gata Negra colocou dentro de uma bolsa. Decidida em ficar sem a maldição e dar uma chance ao novo amor, ela irá esquecê-lo, nem que para isso ela tivesse que se entregar para outro homem.
Em seu carro, ela dirigia rapidamente, rumo ao Bronx. Por sorte, a ida dela em New York fez com que ela soube-se que a amiga tinha tomado posse da antiga casa dos pais dela. Hardy se sentiu feliz por ela, começar uma vida nova sempre era mais gratificante para o futuro, mesmo com um passado obscuro. A viagem foi rápida, sem trânsito já que era de madrugada. A garota estacionou o carro na frente da garagem da moça e desceu rapidamente do carro, sem ao menos trancar o mesmo. Apertou a campainha e bateu inúmeras vezes na porta.
A jovem, que descia as escadas com pressa, enrolada no cobertor, nem teve a oportunidade de colocar uma blusa de frio. Ela não conhecia ninguém que pudesse estra batendo em sua porta àquela hora, nem mesmo as pessoas da Torre iam aparecer assim às duas horas da madrugada. Olhou pelo olho mágico e reconheceu a garota do lado de fora.

, entre. – Disse abrindo a porta. – Aconteceu alguma coisa?
— Ninna, eu preciso de ajuda, estou cansada disso já.
— Calma, me explica isso aos poucos. Aceita um café ou chá?
— Café.
— Vem comigo até a cozinha, deixa suas coisas aí na sala. Eu vou colocar um moletom e já volto.

respirou fundo e se sentiu tão segura naquela casa, uma sensação que ela não sentia faz tanto tempo, e só veio sentir isso com uma estranha. Nicolina desceu com um moletom do Bronx, comemorativo do aniversário da cidade. Ela se tornou amiga de um mês atrás, quando ela precisava achar o caminho certo para a casa. As duas se conheceram em New York, durante o tempo que procurava por ajuda com a maldição. Ela nunca trabalhou em N.Y, apenas estava lá para uma ajudinha. Como ninguém cedeu ajuda a ela, Hardy se recuou de todos e ficou um tempo sozinha na cidade.

— Você lembra-se de quando nos conhecemos? – pegava um pedaço de bolo. – Achei que você ia me matar. – Riu da situação.
— Se eu lembro? – Ninna gargalhou. – Sua cara de assustada foi a melhor. Eu ainda me pergunto, como você conseguiu subir naquele prédio.


Um mês atrás.
Ninna tinha pousado no alto do Bank of America Tower, estava tão perdida naquele lugar, depois que saiu da Torre dos Vingadores, que nem sabia para onde ir. Ficou analisando lá do alto as ruas iluminadas de New York. Tinha pensado em recuar ou ir até Pepper e pedir ajuda, e acabou decidido pela segunda opção. No momento em que ela se virou, uma mulher de cabelos brancos, roupa de couro com determinados lugares com pelugem branca, a encarava. Seu rosto tinha uma máscara que realçava bem os olhos da garota. A Gata Negra.


— Quem é você? – indagou curiosa.
— Não lhe interessa. – Nicolina disse seca.
— Claro que interessa, você é nova aqui, nunca te vi em nenhum lugar. – Começou a andar em direção à ex agente. – Diga: quem é você?
— DarkStrow!

Nicolina levantou seu braço esquerdo deixando seu poder – roxo – dominar toda a extensão de sua mão. Ela empurrou a Gata Negra para longe, fazendo-a flutuar para fora do prédio. Os olhos , que antes demonstravam curiosidade, agora demonstravam medo e desespero; ela não queria morrer nas mãos de uma estranha, muito menos em New York.

— ME SOLTA! – Gritou.
— Mas você não queria saber quem sou eu? – Entortou a cabeça, fingindo estar "amável". – Não era isso que você queria?
— Eu não quero morrer nas mãos de uma feiticeira!
— Eu não sou uma feiticeira, sou apenas DarkStrow!
— Eu entendi, você é nova aqui, não vou desafiar você, nem poderes eu tenho. Me solta.
— Você sabe chegar ao Bronx? – Questionou.
— Sei.

Ninna recuou, puxando-a para mais perto, mas sem tirar seu poder dela. Hardy explicou tudinho, já que estava morrendo de medo da DarkStrow. E aquele dia, ambas viram que nenhuma tinha intenção de matar ou desafiar a outra, apenas de se manterem longe de seus atuais problemas e de novos.


— Eu tenho meus truques, que são bem diferentes do seu.
— Não sei como consegui evoluir tanto até chegar ao roxo. – Brincava com seu poder entre os seus dedos. – Mas eu gosto, não muito, mas eu gosto. – Um sorriso doce estava em seus lábios.
— Ele era de outra cor? – se interessava pela história da garota.
— Era incolor. Com o tempo, eu deduzi que toda a raiva que sentia fez ele mudar, mas não é uma teoria plausível.
— Mas é lindo e amedrontador. – ria. – Sabe se pode me ajudar com uma coisa?
— Uma coisa tipo? – Coava o café.

se levantou e andou rapidamente até Nicolina. Não sabia como falar, nem por onde começar. Ela podia ter se tornado sua amiga, entretanto não sabia se ela era uma heroína, uma vilã ou anti-herói. Por outro lado, não queria mais viver com aquilo, estava determinada de fazer tudo para poder ficar com seu grande amor, o Homem Aranha.

— Você é uma feiticeira. – Deduziu, e não a deixou responder. – Você deve conseguir tirar uma maldição do azar que foi colocada em mim, é só usar seus poderes. Eu não ligo de ser humana e meu corpo ficar exausto, eu só preciso me livrar disso e poder ficar tranquilamente com o homem que eu amo. – Suplicou pela ajuda.

Nicolina não falou nada, apenas se lembrou do dia do prédio e a sensação que teve de azar, estava lá também, então tudo se encaixava.

— Não sei se consigo, eu já disse que não sou feiticeira. Mas posso tentar, ok? A gente começa do zero, mas você vai ter que me falar como conseguiu a maldição. – Colocou café em duas canecas. – Eu lembro de algumas coisas que li quando estava na Hydra, espero te ajudar.
— Ninna. – Seus olhos transbordavam. – Eu só quero ficar perto dele. Eu não quero perdê-lo.
— Eu vou te ajudar. – Colocou a caneca no balcão. – Eu vou te ajudar, . – Abraçou a amiga bem forte. – Não se preocupe, está bem? – Tentava acalmar a garota.

Ninna sabia o que era perder um amor, ou ao menos tinha uma ideia, e não queria saber que sua mais nova amiga ia passar por isso. Se ela conseguisse evitar que sentisse a dor da perda, seria a melhor coisa, tanto para ela quanto para a felina. Depois de acalmá-la, Ninna a levou para o quarto de hóspede -que já tinha deixado arrumado quando se mudou-, deixou que ela se acomodasse no quarto e disse que pela manhã elas iam começar tudo, e que para isso precisava manter uma rotina saudável e de exercícios. DarkStrow tinha medo do corpo dela, o corpo humano de , não aguentar seu poder.

Segunda-feira.
O dia começava nublado e garoando, Nicolina terminava de preparar o café da manhã para ela e sua amiga. acordou mais disposta aquela manhã, como nunca mais tinha acordado, e elas conversaram tudo sobre o tratamento, se é assim que se pode chamar. escutava atentamente e questionava quando tinha alguma dúvida que surgisse no meio da conversa.
No meio da tarde, Nicolina começou a preparar o físico dela, tanto como resistência como quanto o poder dela. No começo Hardy recebeu todo o preparo muito bem, até que no fim da semana, ela começou a ter algumas recaídas, seu corpo não aguentava mais e os intervalos a cada seção se tornavam maiores. Foi então que Ninna decidiu dar um tempo para ela e para o sistema da anti-herói, e foi nesse tempo que ela soube do casamento do Homem Aranha.
Hardy não tinha mais o que fazer no Queens, além de roubar joias, entretanto, não era aquilo que ela queria fazer. Depois de ter tirado sua roupa de Gata Negra, ela colocou uma roupa qualquer e saiu pela rua, andou até começar a chover e até ter seus nervos acalmados por cada gotícula que caía sobre ela. Seu coração tinha como dono de uma pessoa que só viu até metade do rosto e olhe lá! Se ver apenas os lábios é considerado metade para , imagina quando a mesma soubesse quem é a pessoa atrás da máscara. E esse era um dos problemas para ela: qual seria o rosto do dono do seu coração? O mesmo que a beijou e disse que ia casar, o mesmo que parecia querer negar o evento, mas que mesmo assim ela seus lábios se movimentavam a favor.
Ela só queria paz e tranquilidade, será que era pedir demais?


Dias atuais.
Por fim, Hardy tinha voltado para a casa de Müller, mesmo cansada, ela não ia parar agora, e também tinha que conversar com a amiga. Não podia deixar as coisas do jeito que estavam, aquela dor ia acabar corroendo-a mais que qualquer outra dor que já sentiu.
Estacionou o carro na frente da garagem de Müller, logo saindo do veículo e pegando sua pequena mala dentro do porta malas. Foi até a porta, sem se preocupar se tinha ou não que colocar o alarme no carro. Hardy bateu na porta duas vezes e esperou que Ninna abrisse a porta, ela não ia parar com essa possibilidade de ficar sem esse azar que "deram" a ela. Ninna abriu a porta com um sorriso nos lábios e deu espaço para a mulher entrar.

— Seu quarto continua o mesmo. Trouxe o que eu pedi? – Disse, entregando uma xícara de café.
— Trouxe e obrigada. Onde eu deixo?
— Pode colocar na lavanderia, em cima da máquina, eu vou dar um jeito.
— Está bem, eu faço isso depois. Ninna eu posso contar uma coisa?
— Pode, mas antes vamos lá para o quintal, o café da manhã vai ser lá hoje. – Andou na frente para guiar .
— Você é assim sempre. – Riu. – Faz café da manhã todos os dias.
— É mania. Depois que eu achei o livro de receitas da mamãe, eu faço algumas receitas. – Ninna ria enquanto se ajeitava na cadeira.
— Dá para perceber. Nossa, esse bolo é maravilhoso, e esse chocolate! – Disse, apreciando o pequeno pedaço.
— O nome desse chocolate é brigadeiro. Bom, depois que eu cheguei aqui, descobri que minha mãe é brasileira também. Mas não estamos aqui para ouvir minha história. Diga, o que você tem para me contar? – Pegou uma fatia de queijo.
— Eu não contei tudo para você aquele dia e também tem outra coisa, eu vou começar por ela: o Homem que do qual eu te falei que amo perdidamente, ele é um herói e, sabe, quando eu voltei, eu me encontrei com ele. Sei lá, ele estava descontrolado porque eu tinha sumido. – Deu um gole no café. – Mas depois me beijou e disse que ia se casar.
— Ele o quê?! E você o que fez? – Se aproximou da mesa e pegou mais uma fatia de bolo.
— Eu saí falando que ele foi apenas uma distração para mim. Eu menti, na verdade, mas doeu tanto, você não faz ideia, amiga.
— Se acalma, ok? – Estendeu a mão por cima da mesa. – Talvez não era para ser, talvez você ache outra pessoa que possa ser melhor para você. – Confortou. – Eu sei o que é perder um amor. Eu vou contar, brevemente: eu namorava um cara, nós namoramos por um mês e acabamos brigando por um motivo que até posso falar que era bobo, mas era para proteger eu e ele. – Suspirou. – Depois dessa briga, não nos falamos mais, mas tínhamos uma missão para fazer. Nessa missão, apenas eu voltei, e só na base fiquei sabendo que ele tinha morrido. Você, , tem a oportunidade de vê-lo vivo e feliz, e eu que nem pude falar que o amava.
— Eu, eu não imaginei que... desculpa, nem sei como ou o que falar. – Apertou a mão da amiga.
— Não tem problema, não digo que superei cem por cento, mas estou bem. – Forçou um sorriso.
— A outra parte, é que eu sou, ou era não sei mais, uma anti-herói. Eu roubava joias e em uma dessas "aventuras" – Fez aspas com os dedos. – eu me juntei ao Wilson Fisk, ele disse que eu ia ter a minha parte no plano, mas ele me enganou e me deu essa merda de maldição do azar. Por incrível que pareça, não é só a mim que isso atinge, mas também as pessoas à minha volta, então acho que ele achou outra garota por conta do meu azar.
— Bem, acho que vai ser um pouco mais complicado do que eu imaginava.
— Mas você acha que você consegue?
— É claro que sim... bem, não tenho tanta certeza. – Riu. – Mas eu vou dar um jeito, só confiar.
— Eu confio. Me passa depois a receita desse brigadero. – Tentou pronunciar a palavra corretamente.
— Sim, eu passo, e é brigadeiro. – Ria enquanto falava devagar.

Depois do café, e Nicolina arrumaram e limparam a casa e saíram para fazer despensa, já que a garota estava com o carro, o que facilitava e muito. Compraram tudo que precisavam e o que não precisavam. O dia todo elas iam tirar para conversar e saber mais uma da outra. Não foi preciso elas terem se conhecido desde criança ou no período que elas estudavam para ser amigas, só precisou de uma informação para serem assim, amigas.
Não demorou muito para o tempo passar e lá estavam elas sentadas no chão, Nicolina mostrava como o poder dela podia "entrar" no sistema nervoso de . Era para ser só uma demonstração, mas quis que começasse a processo. Ninna então se concentrou, deixando seu poder roxo dominar todo o ambiente, tomando todo cuidado do mundo para não prejudicar nada na garota que estava à sua frente. Então o que ela queria evitar que acontecesse, aconteceu. Ninna com toda sua delicadeza "lutava" contra a vulnerabilidade de Hardy, já que estava preste a tirar o "azar" dela, mas, quando se aproximou da mesma, uma força maior acabou atrapalhando Ninna, que foi arremessada para trás. Ao se levantar, procurou com os olhos, até que os mesmos pararam em um único local do ambiente.


Capítulo 3

Aceito


! – Ninna gritou. – Me Deus, você está bem?
— Sim, eu só estou me sentindo estranha, como se você tivesse tirado toda a felicidade que estava em mim.
— Perdão, acho que fora meus poderes, pode ser que sua maldição tenha saído. – A ajudou a levantar.
— Obrigada. Podemos testar, você quer sair?
— Vamos, pelo menos nos distraímos. Vamos aonde?
— A um bar. – se levantou. – Não quero nada festejo, quero sair e beber com... minha amiga? – Questionou a intimidade.
— Sim, sua amiga. – Sorriu. – Vai querer roupa emprestada?
— Aceito. Tem maquiagem?
— Não, mas eu aceito se você tiver. Não tive tempo de sair e comprar, na verdade eu não tive tempo para muita coisa ultimamente.
— Vamos lá nos arrumar, ai vamos para o bar e depois passamos no shopping, para podermos comprar algumas coisinhas para nós.
— Com certeza, precisamos.
— Em retribuição, eu faço uma maquiagem em você. Como você gosta? – Se encaminharam para o quarto da ex-agente.
— Nada muito carregado, mas amo os olhos bem marcados, com rímel e também com delineador. – Ninna disse abrindo o closet com poucas roupas.

Por sorte, ou não, ela tinha um vestido preto, longo e soltinho, mas que ainda marcava as curvas de seu corpo. Colocou seu bom e velho all star e deixou que passasse a maquiagem nela, do modo que ela descreveu.

— Quer um batom rosa? – A garota perguntou.
— Não, eu prefiro nude mesmo, combina mais. – Ninna explicou.
— Mas como assim? Sem nenhuma cor, nenhuminha?
— Faz tempo que eu não uso nada colorido, um bom tempo mesmo, então prefiro o nude. – Disse colocando a jaqueta de couro pendurada em sua bolsa. – Vamos? Já estou pronta.
— Sim. – Terminava de passar o perfume. – Mas vou fazer você começar a gostar de cores.
— Ok, porém eu duvido. – Propôs o desafio.

Sorriram uma para a outra e saíram da casa de Müller. foi dirigindo até um bar que ficava por perto, ela ia lá quando queria comer algo diferente, feito praticamente na hora; os lanches de lá eram assim, sempre foram assim, na verdade. Mas o que ficava em seus pensamentos era se tudo tinha dado certo.
No bar, as duas estavam conversando, enquanto comiam uma porção de batatas fritas na mesa perto do pequeno palco, que infelizmente aquela noite não teria show. Estavam felizes ali, tudo estava realmente acontecendo normalmente, logo, soube que Nicolina tinha conseguido. Nicolina gargalhava de uma piada que sua amiga tinha feito, enquanto dava um gole em seu refrigerante, porém, pouco depois percebeu que sua amiga mudou de comportamento, se recuando em seu assento e praticamente se escondendo. A loira olhou em direção de uma das mesas e percebeu um casal sentando.
— É ele? – A menina perguntou, pegando uma batata.
— Não sei, não conheço o rosto, mas ela é Mary Jane, a futura esposa dele.
— Eu tenho certeza que tudo vai se ajeitar.
— Eu espero que você esteja certa. – Encostou-se na poltrona.
— Claro que vai. Quer saber? – Disse animada. – Vamos tomar uma linda e gelada Stella e depois vamos dar uma volta por aí, você precisa me apresentar tudo aqui, afinal, além de ser nova na cidade, eu não conheço quase nada. – Chamou o garçom.
— Eu estou contigo. – Se alegrou. – Vamos tomar uma cerveja e aí você vai ver Estados Unidos da América com outros olhos. Duas Stella, por favor. – Pediu ao garçom.
— Certo.
— E logo estaremos andando por aí. – Nina disse quase cantarolando.

e Nicolina se prepararam para sair, depois da última cerveja; pagaram e saíram para se divertir. Ficaram dentro do carro, esperando o efeito do álcool passar, mesmo consumindo pouco elas quiseram prevenir. De dentro do estabelecimento, Peter viu passar do lado de fora e a reconheceu na mesma hora. Ela não estava mais desanimada, muito menos com a mesma expressão que ficou quando saiu do prédio, da última vez que se encontraram; estava muito mais bonita do que antes; Sua atenção foi tão grande por ela, que Mary Jane teve que chamá-lo estalando os dedos na sua frente.

— Perdeu alguma coisa lá fora? – Questionou ao herói.
— Não, só estava olhando o movimento da rua.
— Hum. Vai pedir algo específico ou eu posso pedir o mesmo que o meu? – Estava desconfiada.
— Não, pode fazer as honras.

Peter chamou o garçom imediatamente e deixou a mulher fazer o pedido. Sua mente ainda estava na anti-heroína e o deixava em dúvida de tudo que aconteceu até aquele momento, das escolhas da casa e do casamento. Não queria magoar M.J. e muito menos sua tia, mas, no fim, não podia negar que seu coração gritava por ela.
Andar naquelas ruas era tão relaxante que as duas admiravam a beleza dos prédios acessos ainda. falava de cada lugar, onde ela assaltou ou brigou. Em cada história sua tinha sempre um detalhe engraçado que fazia as duas perderem o ar de tanto rir. E foi assim aquela noite para as duas, bem antes da garota saber que todos os preparativos do casamento iam começar na manhã seguinte.


O jornal caiu sob o capacho da porta da casa de Müller, depois de bater na madeira. , que terminava de preparar o café da manhã, foi até a porta e o pegou, folheando as páginas, logo vendo aquela notícia estampada na coluna dos artistas regionais. Seu estômago embrulhou, sua mente girou e ela passou correndo por Nicolina, que terminava de descer as escadas. A loira estranhou, mas não quis perguntar nada, só gritou um "Qualquer coisa me chama" e foi para a cozinha terminar o café, de onde a garota parou, ficando esperando por ela com uma xícara de café, logo ao final de todos os processos.

— Está melhor?
— Sim, estou.
— Não diga que está grávida daquele cara. – Se referiu ao Peter.
— Não, foi essa notícia mesmo, eu não esperava assim tão rápido.
— Deixa eu ver. – Pediu o jornal. – Nossa, daqui um mês é o casamento deles?!
— É, o desespero é grande.
— Ou ela sabe que não é tão incrível assim e está em pânico. – Fez a amiga rir. – Mas é a verdade, poxa. – Riu.
— Eu não vou nem me manifestar.
— Você ia conversar com ele?
— Não, eu me refiro a passar a noite como Gata Negra. – Sentou-se. – Acho que não farei isso nunca mais.
— Nunca diga nunca, .
— Pode ter certeza que é nunca. Ah, Ninna, posso te fazer uma pergunta?
— Sim.
— Posso passar uns meses aqui? Até eu conseguir achar uma casa nova sem todo aquele luxo.
— Você realmente está abrindo mão daquela casa? – Quase se engasgou com o café.
— Sim, não quero mais isso, passar um tempo com você foi muito bom. Além da companhia, ver que é tão incrível ter o simples, me fez ficar aqui.
— Fique a vontade, vamos dividir as contas e eu ajudo você procurar uma casa por aqui. – Ela sorriu.
— Ou no Bronx.
— Você quer realmente ir para lá?

Saíram para dar uma volta sem mesmo se trocarem, não que estavam de pijamas, mas também não iam colocar uma roupa para sair.

— Sim. – Estacionou o carro "em frente" à estátua da liberdade. – E esse é um dos pontos turísticos de new York.
— O famoso presente dos franceses para os americanos.
— Isso aí!
— Diga-se de passagem, era uma mulher incrível, sempre foi apaixonada por contos românticos e um único homem. Mas então ela estava sentada na beira do rio Sena e olhou seu reflexo na água. – estava atenta na história. – E, então, ela se deu conta onde está o verdadeiro amor, nela mesma.
— Eu nunca ouvi essa história. – Estava confusa.
— É que eu inventei mesmo. – Gargalhou. – Mas espero que tenha entendido.
— Eu compreendi. – Ria.
— Porém, agora é verdade, ou melhor, você confirma para mim. Tem realmente uma torre de vigia lá?
— Aham. Um tal de Homem Aranha foi acionado dali para poder pegar alguns ladrões de carga que passavam por ali.
— Incrível, os franceses pensam em tudo.
— Ei!
— Relaxa, sou americana também. – Sorriu.

Elas ficaram ali, depois de irem em uma lanchonete local e voltarem para frente do cartão postal.
Naquela mesma noite, Mary Jane estava avaliando os salões para poder reservar um para o casamento. Peter já estava na cama, dormindo, enquanto ela deixava a luz do seu abajur acesa, mesmo com o notebook ligado; ela queria mais iluminação. E aquela luz toda realmente atrapalhava Peter.


Semanas se passaram e tudo já estava quase pronto. Tia May ajudou o seu sobrinho a escolher o melhor terno para o grande dia. M.J. estava na butique terminando de ajustar seu vestido branco; um lindo vestido de seda com brilhos e alças finas, ele realmente modelava todas as curvas da ruiva e deixava a mesma mais bonita e, automaticamente, sexy. E era isso que ela queria, provocar Peter, deixá-lo de queixo caído e mostrar tudo o que ele ganhou.
Depois da última prova, Mary passou no buffet que tinham contratado para a festa e recebeu juntamente da organizadora todos os detalhes, afinal seu casamento seria amanhã. A tão grande data estava chegando e ela não aguentava de ansiedade, precisava estar perto de tudo, para deixar tudo na melhor forma possível. Tudo tinha que estar perfeito.
O salão está perfumado com o cheiro das rosas, brancas e amarelas, que combinavam com o sutil dourado que glamurava todo o local. Os garçons usavam suas roupas de costume em festa, a única diferença é que ela desejou que nenhum deles tivessem branco além do pano que ficava pendurado no braço direito. Ah, o bolo era a peça que mais vislumbrava ali na mesa central, os detalhes que realmente pareciam ser de renda, o doce era feito todo a mão, com recheio de chocolate e cereja. Enquanto a ruiva olhava o lustre ser colocado -um lustre grande e repleto de gotículas de cristal-, a confeiteira dava os últimos retoques.
E lá estava ela, sentada em frente ao espelho, admirando a maquiagem feita pelo seu maquiador preferido, seu cabelo seguia de algumas tranças entre alguns fios soltos. Ela realmente estava deslumbrante, nada e nem ninguém iria superar toda aquela beleza que estava, ou melhor, que ajudava a aperfeiçoar a mulher.
Peter estava no apartamento de sua tia, achou mais calmo se arrumar lá e assim se sentia mais próximo de toda a sua família. May bateu na porta do antigo quarto de Peter e depois de escutar a voz do sobrinho, entrou. O garoto estava sentado na cadeira, olhando para fora da janela, para a fina garoa que caía sobre a cidade.

— Peter, está tudo bem? – Estranhou o desânimo do mesmo.
— Sim, só estava olhando a chuva, lembrando de algumas coisas.
— Você não parece estar bem Quer conversar? – Sentou-se na cama.
— Você já sentiu que está muito mal, mas quer fazer uma coisa pois é o certo? Que todos querem que sejam assim?
— Sim, várias vezes. – Ela sorriu. – Mas a última decisão, que tinha como objetivo bem familiar, eu não fiz o que eles queriam.
— Eu não sei se quero casar com a Mary Jane. – Se levantou e ficou perto da janela. – Não sinto mais aquele amor que eu sentia por ela. Ela é especial, mas o que sinto hoje nada se compara com o sentimento de antes.
— Alguma garota o fez ver outro sentido da vida?
— Sim, de uma forma que eu nunca achei que aconteceria.
— Eu recomendo – Se levantou. – você ir até a Mary, conversar com ela e romper esse casório antes que ele comece, e depois ir até essa outra garota e dizer tudo que você sente por ela. – Acariciou o ombro do garoto.
— Não será uma vergonha? Deixá-la sozinha bem no dia do casamento e ir atrás de outra mulher?
— Se você não está feliz com ela agora, você não estará daqui dois meses, ou até mesmo dois anos.

Peter respirou fundo, alternando seu olhar entre sua tia e a chuva que caia. Sorriu para a mais velha, em agradecimento e deu-lhe um beijo na bochecha, logo saindo correndo em direção do salão, onde M.J. reservou algumas horas para poder se arrumar. Durante o trajeto todo, foi pensando no que dizer, quais palavras dizer para que pudessem, ao menos, amenizar a informação para sua noiva. Se já era difícil para ele, imagina como seria para ela, que passou meses planejando todo o casamento deles e agora iria receber essa notícia.
Bateu na porta, já esperando a autorização para poder entrar; a ruiva, achando que era uma de suas madrinhas, não se importou muito de olhar em direção para a porta. Peter parou atrás dela, deixando seu reflexo aparecer no espelho, nitidamente. Mary levou um susto, que a fez levar sua mão em direção ao seu coração, como se quisesse acalmá-lo.

— Mas, Peter, o que você está fazendo aqui? Vai dar azar.
— Nós precisamos conversar.
— Agora? Não pode ser depois do casamento?
— Não, pois é sobre o casamento. – Pegou uma cadeira. – Conversando com a May, e ela com sua grande sabedoria, eu pude perceber e entender uma coisa.
— Você está me assustando.
— Não posso casar com você, sendo que o sentimento que está aqui em mim – Levou a mão brevemente para seu coração. – não é mais o mesmo. Você entende? Ser feliz está realmente muito além de estar ao lado de uma pessoa que te ama, você tem que sentir o mesmo, ou até mesmo em dobro. Eu sei que você organizou tudo aqui das formas mais lindas, eu adorei tudo, até mesmo esse lindo vestido que você usa, mas você precisa achar um homem que te faça devidamente feliz.
— Então não vai ter mais casamento? Ou eu estou entendo errado?
— É isso, não vai mais ter casamento.
— Peter! Eu organizei tudo, está tudo perfeito, não tenho mais palavras para argumentar.
— Eu posso dar a notícia aos convidados, se você quiser.
— Por favor.

Peter deu um breve sorriso, tentando amenizar tudo que estava acontecendo e se levantou. Foi para a frente do altar, conversou brevemente com o padre -até mesmo o principal motivo, que foi compreendido-, anunciou que o casamento estava cancelado e que todos poderiam aproveitar a festa ou então simplesmente irem embora. Ele e Mary Jane tiveram bons momentos, explicou, mas não era isso que o futuro desejava para ele; palavras que ele tinha conhecimento e que iriam "amparar" os familiares e os amigos.
Depois que terminou o pronunciamento, ele voltou para a sala onde M.J. estava, disse que ela já estava livre da responsabilidade do anúncio e que como ele havia pago tudo, mas que ela não precisava ficar na festa, se não quisesse.

— Pode ir na viagem de lua de mel, se quiser, leve uma de suas amigas.

Esperou alguns minutos uma resposta da ruiva, mas só obteve o silêncio. Suspirou fundo e enfim se retirou do grande salão. Agora era a hora, a hora de ir até a casa de , conversar com ela e poder se declarar para a mulher dona do seu coração.


Era muito fácil sair andando pelas ruas de Queens, chegar e achar a casa dela, mas algo o surpreendeu: uma placa grande e verde escrito "Vende-se" e as luzes todas apagadas. Pegou seu celular e ligou para a garota, mais uma decepção, o número não existia mais. Abalado e sem saber o que fazer, voltou para o carro e ficou encarando a casa com a placa. Era o começo da tarde, ainda então não iria atrapalhar se ele ligasse para a corretora que estava organizando tudo.
No quarto toque a mulher atendeu, uma voz sutil e calma atendeu com uma apresentação amistosa, como sempre fazia com seus clientes.

— Boa tarde, sou Miles. – Com tanto nome para dar, ele falou justo do Miles. – Eu estava passando em frente à casa da rua London, e queria saber uma informação. Minha colega de escola morava aqui e, como voltei de uma longa viagem, queria revê-la, mas vejo que a casa foi vendida. Poderia confirmar se era mesmo a Hardy que morava aqui?
— Boa tarde, sim senhor Miles, era ela. A senhorita Hardy se mudou faz uma semana. Infelizmente não sei onde ela está, para avisar que você a procurou.
— Nem fazer uma ligação? – Sentiu-se um pouco desesperado.
— Não, eu estou tomando conta de tudo, já que ela não quer nenhuma ligação com a casa.
— Ok. – Suspirou. – Obrigado, senhorita Fleury.

Ai aquela sensação tomou conta de seu corpo todo. Ele não estava em si, desesperado e querendo que ela aparecesse na sua frente logo. Jogou seu celular no banco do passageiro e dirigiu sem rumo, estava desolado, sem a garota que ele tanto amava e, agora, sem ideia da onde Hardy estava.


Capítulo 4

Carta



Peter voltou para sua casa desanimado, deixando seu terno e gravata de qualquer jeito em cima do sofá, e foi para um banho frio. Pensava inúmeras vezes o quão burro foi em deixá-la sozinha, em não ter falado todo seu sentimento a ela, e agora a perdido.
Ele sentou em frente a sua mesinha, pegou uma pequena pasta e tirou alguns papéis, dentre eles uma foto junto a ela caiu sobre a mesa e foi inevitável não lembrar do tempo que ela foi sua parceira e a primeira vez que se beijaram. Foi aí que ele se lembrou do prédio onde eles se encontravam "sem querer", podia dar sorte de, por um momento, lá encontrá-la, e assim foi até o local, inúmeras vezes, para tentar encontrá-la.

Nicolina terminava de estender as roupas, enquanto sua mais nova amiga a ajudava com alguns afazeres da casa e também com a comida. A amiga que emprestou a casa para ficar temporariamente, a avisou que sairia um pouco e que ela poderia usufruir a vontade do local.
Nicolina terminava de descer do táxi e entrou no mesmo bar que foi com na outra vez, sentou em uma mesa e pediu uma porção de Fish and Chips e um suco. Nesse meio tempo, que ela estava ali pensando em algumas coisas sobre si, ela viu a ruiva.
Por motivos que ela nem compreendeu, se aproximou da moça e sentou no banco de trás. Estranhou que ela chorava, afinal sabia que ela era a mais nova senhora Parker. Ela conversava com alguém no celular, como se fosse alguma pessoa que realmente estava tentando algo tão especial e raro.
Ninna deixou o dinheiro em cima do balcão e foi em direção de sua casa – voando, é claro. Procurou por , mas nada, então sentou-se em sua cama, depois do banho, e esperou a moça aparecer.
Esperou um dia todo e só depois de horas se deu conta que ela não voltaria logo; algo tinha acontecido para ela ficar assim tão ausente, mas como Ninna sabia que ela podia se virar sozinha, a deixou ter seu espaço. Sua preocupação começou aumentar mais quando deu duas semanas e ela não teve nenhum resultado de suas buscas. Ninna foi até a casa antiga dela e soube que a casa já havia sido vendida. Foi nos lugares que sabia que podia encontrá-la e nada, só restou um local onde imaginou que podia achar a solução.


13:00. Terça feira.
Ninna tinha chego até o endereço que tinha, olhou para o prédio é simplesmente pensou em ser uma pessoa normal procurando por Peter Parker, mas se ela se anunciasse ele nunca a deixaria entrar, até porque ela era uma desconhecida. A moça andou até achar um pequeno corredor sem saída, observou para todos os cantos e voou para cima do prédio. Entrou pela porta do terraço e procurou pelo o numero do apartamento. Ao achar, bateu na porta e esperou que o homem abrisse.

— Oi?
— Peter Parker. – Adentrou sem permissão.
— Hey, quem é você e o que quer aqui? – Apontou seu atirador de teia para ela.
— Olha, é seguinte: se vai me acertar, faça isso logo; se não, vai então ficar quieto e só me escutar. – O rapaz ficou um silêncio. – Agradecida. Não sou assim sempre, mas estou procurando uma pessoa e eu espero que você saiba onde ela está; e também espero que sua esposa não chegue a qualquer momento e pense que temos algo ou sei lá.
— Minha esposa? – Ele não entendia nada. – Você veio do futuro?
— Não, meu amor, eu vim do passado. – Foi sincera. – Sabe onde está a ?
— Ela sumiu? – Mudou de postura.
— Sim, faz duas semanas já. Eu fui atrás dela e nada, achei que você saberia de algo.
— Eu não a vi, faz um bom tempo na verdade.
— Então, eu irei atrás dela. Se você a vê-la, avisa que eu estou procurando por ela.
— Vou junto.
— Não, eu vou na frente, tenho medo dela ter feito algo. Mas, antes, você não tem que ficar com sua esposa?
— Nem casei com ela. – Foi sincero. – Você deve ser muito amiga dela para saber dessas coisas.
— Sim, como somos.
— Tem um tempo para eu te contar tudo?

Müller olhou o relógio e pensou no tempo que ficaria sem procurar a amiga, mas, no fim, algo disse para ela ficar e escutar. Concordou e sentou-se na poltrona na frente do sofá, onde o herói ficou. O homem resumiu milimetricamente todo o assunto e ela, por fim, entendeu tudo e principalmente o porquê de o apartamento aparentar estar vazio.
A garota suspirou fundo. Agora que sabia que os dois lados eram correspondidos, ficou com medo do que poderia acontecer ou do que sua amiga tinha feito, até porque sabia o que ela fazia antes de sair do caminho do furto.
Peter sugeriu que eles se separassem, cada um ficando com um lado da cidade, e aquele que achasse primeiro, comunicasse pelo ponto que havia entregue á moça. E, assim, os dois saíram em busca de Hardy.


A garota havia tirado a peruca que usava para esconder seus cabelos brancos, não por vergonha apenas para esconder sua identidade. Lá estava ela, no topo do prédio, onde tinha uma pequena casinha para se abrigar, caso chovesse de repente e o morador do antigo prédio não conseguisse chegar até a porta da escada. Tinha levado um colchão inflável e comida pronta, fazia duas semanas que encarava aquela maldita carta com o remetente em branco. Chegou o momento de abri-la, então assim o fez, mas não retirou a carta; seu medo do que tinha ali falava mais alto.

— Se eu não tiver coragem...

Nem quis completar a frase, retirou a carta com a mão trêmula e começou a ler o papel com manchas de água.

"Eu nunca pensei que algum dia poderia amar alguém tanto quanto eu amo você.
Sei que fiz a maioria das coisas erradas, não só dizer, mas meus atos foram piores. ~Tão piores que eu nunca tive coragem de ir até você e me desculpar, me desculpar por tudo, até pelo o que eu não fiz.
Não apenas me magoei, mas magoei você e também a M.J. Me perdoe! Eu estou indo embora daqui um mês, preciso me reencontrar. Como você sabe, Miles também é o Homem Aranha, então ele tomará conta de tudo quando eu ir embora.
Tenho conhecimento que não há amor mais entre nós, não como antes, mas queria agradecer por todos os momentos que eu passei ao seu lado; mesmo com o seu azar. Eu não queria de jeito algum ficar longe de você e de todas as suas curvas.
Nesse momento, você é a única que entenderia o que eu vi e conversei com a May, ela foi uma das principais responsáveis por me fazer ver o que eu fiz e faria; machucaria uma pessoa que não merecia e que machuquei outra que eu só queria ter perto de mim.
, se esta carta chegar até você, eu ficarei mais tranquilo. Depois daquele dia, eu nunca mais vi você, não sei mais aonde te procurar. Venho para esse apartamento em silêncio, para não alertar os moradores, e espero que você apareça, pule na minha frente e faça o que você sempre fazia; quando você ficava sentada na beira do prédio e olhava a movimentação, ou até mesmo quando eu só te beijava e ninguém saía correndo no final.
Você me faz falta. Espero que eu, pelo menos, tenha feito algo bom a você nesses dias. Como você mesmo deixou bem claro, que eu só fui uma distração, enquanto você foi tudo para mim.
Com amor, Peter."


— Eu – Respirou fundo. – não acredito. – Enxugou as lágrimas.
Se ela tivesse aberto antes, no mesmo dia que pegou no prédio... se xingou tanto que não havia mais palavras para se auto definir. Alguns minutos depois, escutou alguns passos, entre os trovões que quebravam o silêncio. Quando se pôs para fora da casa, não acreditava no que via.
— Você é um idiota sabia? Um completo idiota e covarde! – Empurrou ele pelo tórax. – Como pôde? Fazer tudo isso, essa cena toda e por fim fazer uma carta?! Não achou que ninguém, nessa história toda, nesse triângulo, te amasse?!
Nicolina, que estava com o ponto, pôde escutar a voz da amiga. Assim que o fez, simplesmente tirou o pequeno aparelho e voltou para a casa de Parker, deixando-o lá, não ia escutar o que eles tinham a conversar.

, calma.
— Como ter calma? Olha tudo o que aconteceu, Peter! M.J. com certeza não deve estar feliz agora, enquanto eu fiquei realmente saltitando pela cidade, depois de ter feito você de besta. – Ironizou. – E agora olha você.. está acabado, fisicamente e mentalmente!
— Sua amiga disse que te procurou por todo canto, ela está preocupada com você.
— E é a única, você não tem noção de como ela me ajudou. – Estava de costas para ele, olhando o céu e alguns carros.
, eu sei que errei, com vocês duas, eu pedi desculpas a Mary Jane depois do ocorrido. Eu liguei para ela, conversamos e, acredite, está tudo certo. – Pausou e se aproximou da mulher. – A verdade é que não dá para negar, é você, tem sido você, e vai continuar sendo você, . Eu assumo, nunca devia ter escondido esse amor, e recuado pelo seu azar, eu deveria ter batalhado ao seu lado para achar uma forma de você ficar sem, e acho que podemos fazer isso agora.
— Não precisa se preocupar com isso, eu já estou bem melhor, Ninna me ajudou.
— Como? Por que você não me disse antes?
— E faria diferença?
— Com toda a certeza.
— Ok, mas ela já me ajudou e deu certo.
— Já que você conseguiu se livrar desta maldição, você não quer tentar tudo de novo, começar do zero? – Acariciou o braço dela.
— Me dá um tempo, eu preciso pensar.
— Está bem, todo o tempo que você precisar, mas vai até sua amiga, ela realmente está preocupada com você.
— Eu vou sim. – Entrou na pequena casinha e pegou suas coisas. – Só não me segue até lá, ok?
— E porque eu seguiria?
— Porque eu te conheço, Peter.

Depois daquela conversa, deixou passar dois meses. Não falou com ele e muito menos foi até a casa dele, apenas ficou pensando em tudo, na carta, na conversa que eles tiveram e até as conversas e conselhos com sua amiga lhe dava; que faziam muita diferença. Realmente estava difícil de tomar a decisão.
No final daquela tarde, Hardy usou o telefone da casa da amiga e ligou para Peter, combinaram de se encontrar na mesma cafeteria onde foram pela primeira vez. No dia seguinte, ela chegou primeiro, pediu um lanche e esperou ele chegar. A garota olhava a hora no celular e enviava mensagens para Ninna, aquela demora dele estava incansável.

— Perdão a demora. – Sentou na frente dela. – Tive alguns contratempos. – Se referiu a sua identidade de herói.
— Tudo bem.
— Vai pedir alguma coisa?
— Não, já comi um lanche. Vamos direto ao assunto. – Respirou fundo. – É inevitável não assumir que nos amamos. Sabe, eu não queria que tudo isso tivesse acontecido, poderia ter sido evitado, ninguém teria saído machucado nessa história. Entretanto, já que todos estão mais calmos e compreensivos com todas as partes... – Pausou. – eu acho que podemos ficar juntos. Assim, tentar, sabe?
— Porque tentar? Se nos amamos, porque apenas tentar, ?
— Porque não foi assim que eu quis, porque eu tentei de verdade batalhar por nós dois, e você sabe muito bem disso. E você fez o que? Ficou com ela, namorou com ela, noivou com ela. – Enfatizou a palavra. – Para, no fim, dizer que me ama e ir fazer os preparativos do casamento de vocês. – Deu um gole no suco. – Eu posso te amar... eu quis tirar o azar não só por você, mas por mim também! Porém, em primeiro lugar, eu sei que posso viver feliz sem nenhum homem, e isso inclui você.

Era a pura verdade, todas mulheres não precisam de alguém, ainda mais para se sentir incrível, e ela sabia disso, mas teve a prova mais viva quando conheceu a loira e ficou sabendo muito da história de vida da garota. Não que ela nunca fosse feliz sozinha e consigo mesma, mas ter uma maldição do azar era horrível.

— Essa é a verdade Peter e espero mesmo que você entenda, afinal você me conhece. – Olhou para baixo e depois deu um meio sorriso safado. Peter apenas suspirou, acompanhado o sorriso dela.
— Claro que te conheço. – Respondeu no mesmo tom. – Eu entendo você, e dou apoio a tudo, afinal foi isso que me chamou a atenção em você. Mas, mesmo assim, preciso dizer que metade da minha felicidade se encontra em você. Se você me permiti perguntar, você daria a honra em ser minha namorada? – Estendeu a mão por cima da mesa.

Um silêncio se instalou entre os dois e ficou ali; só podiam se escutar as pessoas na cafeteria, o som da frigideira vindo da cozinha e a leve música que tocava ao fundo.

— Não sei se você consegue me acompanhar, aranha. – Disse a última palavra em um tom baixo.

Peter sorriu para ela, mudou de lugar, indo para o grande sofá onde ela estava sentada, e com todo seu amor ele a beijou intensamente, sabendo que sempre foi a a dona do seu coração.


Fim.



Nota da autora: Oi, amore!
Bom, uma nota rapidinha: logo abaixo, você acha todos os links onde pode entrar em contato comigo e saber mais dessa fanfic ou das outras que estão no FFOBS, além de também conhecer as que estão para entrar no site.
Eu realmente fico feliz que tenham gostado do enredo e de tudo, foi um pouquinho complicado fazer a fanfic, admito, pois não sou fã do Cabeça de Teia; tanto que tive muita ajuda do meu namorado para fazê-la. Com isso, queria agradecer todas que leram (e vão ler hehe), por terem comentado, por terem acompanhado tudo, agradeço do fundo do coração.
“Comentem o que acharam, obrigada pelo seu gostei, e nos vemos no próximo capítulo” – Alanzoka.





Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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