Última atualização: 02/02/2024

You Need to Calm Down

You are somebody that I don’t know
But you’re taking shots at me like it’s Patrón
And I’m just like: Damn
It’s 7 a.m


— Vamos, filha, — escuto sua voz invadir meus sonhos, junto com a música do alarme — são sete da manhã.
— Só mais cinco minutinhos… — resmungo, cobrindo minha cabeça com o cobertor ao sentir o impacto da luz da janela em meu rosto.
— Primeiro dia de aula na faculdade, você certamente não irá querer perder essa — minha mãe termina de abrir as cortinas do meu quarto e, perante o meu silêncio, complementa: — E definitivamente não vai querer deixar sozinha logo hoje, não é?
— Está bem, estou indo! — falo, sentando-me na cama, a vendo sair pela porta com um sorrisinho vitorioso no rosto.
Por que eu fui escolher período matutino mesmo?
Esfrego os meus olhos com as mãos para conseguir despertar. Respiro fundo e toda a resistência que existe em meu corpo se esvai aos poucos e encaro a realidade: preciso ir, caso contrário me mata.
Levanto-me da cama e vou tomar um banho rápido. Saio de lá e olho para as roupas que havia separado na noite anterior. Tinha tomado a decisão de assumir um estilo próprio esse ano e não apenas vestir roupas que me serviam. apoiou tanto a ideia que me levou ao shopping e a cada roupa que eu achasse meramente bonita, ela me fazia prová-la e, se eu me sentisse bem e confortável nelas, ela as colocava imediatamente no cesto da loja. Sei que no final eram mais de 50 peças que ela fez questão de comprar para mim como um passo para o que ela chamava ser “o meu descobrimento da mulher linda que sempre fui”.
Sorrio, visto a roupa separada ali e vou me olhar no espelho. Nunca pensei que me sentiria bem em roupas que apenas via no Pinterest. Penteio os cabelos, finalizo os meus cachos e respiro fundo. Vai ser um ano novo, uma nova etapa e um novo olhar de como lidar com problemas e inseguranças passados.
Pego minha mochila e sigo em direção a cozinha.
— Que linda! — minha mãe reage ao me ver, fazendo meu sorriso aumentar — Roupas novas?
— Sim, comprei-as com no sábado — digo, pegando um prato no armário.
— Ah, foi isso que vocês ficaram fazendo aquele tempo todo então! — ela sorri e me sento na cadeira, servindo-me de panquecas — Hã… tem certeza, ?
— Sobre o quê? — paro meu movimento de derrubar o caldo em cima do alimento.
— Não seria melhor comer uma maçã? — ela tenta dizer da forma mais cautelosa que consegue, mas ainda sinto o baque — Está linda com essas roupas novas, claro, mas tenho certeza de que ficará ainda mais se conseguir emagrecer um pouquinho.
Olho para as panquecas em minha frente e logo para o cesto de maçãs à minha frente. Sei que ela só está dizendo isso para o meu bem, mas…
— Claro, mãe — digo, depositando a jarra com o caldo em cima da mesa, afasto o prato com a panqueca e pego a maçã. — Você tem toda a razão.
— Você não ficou chateada comigo, ficou, filha? — pergunta minha mãe, receosa.
— Não, claro que não — falo, levantando da cadeira e pegando minha mochila. — Preciso ir agora, mãe, até mais tarde.
Saio sem dar a oportunidade para ela falar algo. Entro em meu carro e respiro fundo de forma trêmula, esforçando-me ao máximo para não deixar as lágrimas caírem. Olho para o meu corpo e passo a mão sobre a minha barriga. Eu tinha prometido a mim mesma que não deixaria mais esses comentários me abalarem, por mais bem intencionados que fossem, mas percebo agora que é um processo, pois vejo que sim, estou abalada.
Decido ligar o carro e sair dali. Espero que ao chegar na universidade, todos esses pensamentos ruins tenham ido embora.
— Que maravilhosa! — grita quando me vê, logo após eu desejar um bom dia ao porteiro — Está tão linda que me fez esquecer da quase bronca por ter quase me deixado sozinha aqui.
— Fale baixo, — peço, ao ver que as pessoas se viraram em nossa direção ante ao seu grito. — Já até me arrependi, se você quer saber.
— Sua mãe falou alguma coisa, não é? — pergunta com um semblante chateado.
— Não, ela gostou das roupas, só que… — começo a caminhar tentando encontrar um meio de contar.
— Disse que ficaria ainda mais bonita se emagrecesse um pouco, acertei? — questiona, acompanhando-me na caminhada.
— Como sabe? — pergunto, virando-me para ela, surpresa com o quão certeira ela foi.
— Conheço sua mãe — dá de ombros.
— Ela não falou isso por mal, sabe… — tento defendê-la, dizendo o que sempre achei.
— Sei que não. Ela é uma boa mãe, só é meio gordofóbica — abaixo levemente cabeça e me para, ficando de frente para mim. — Mas você sabe que é linda do jeito que é, não sabe? — não respondo e ela me repreende — ?!
— Eu juro que estou tentando — falo, erguendo as minhas mãos. — É um processo, não se pode apressá-lo.
— Pelo menos isso — engancha seu braço no meu e voltamos a caminhar. — Ano novo, vida nova, lembra?
— Sim, sim, prometo não esquecer — respondo tentando cortar o papo, pois não quero encher ela com meus problemas e, ao olhar em direção aos armários, encontro a oportunidade perfeita para isso. — Agora vem comigo que eu preciso entregar um jogo para o antes das aulas começarem.
— Cara, vocês são muito nerds — diz sorrindo.
— Você diz isso, mas lá no fundo é tão nerd quanto nós — falo, olhando-a com um sorriso significativo.
— Xiu, vai arruinar minha imagem — responde.
— Que imagem se acabamos de começar aqui? — pergunto, confusa.
— A que eu pretendo construir — ela diz, jogando uma parte do cabelo para trás. — A estudante de moda mais incrível que essa faculdade já viu. E que tem a melhor estudante de literatura como a melhor amiga de todas. Todo mundo vai querer ser igual a mim.
Reviro os olhos e damos risada.
Vamos em direção ao menino de cabelos pintados de um vermelho vivo. Ele está pegando alguns cadernos e colocando em sua mochila. Tiro o jogo da minha bolsa e o chamo:
!
Ele se vira para nós e seus olhos brilham quando vê o que tenho em mãos.
— Mentira que você não esqueceu?! — ele pega o objeto das minhas mãos e o observa atentamente — , você é demais!
— Depois que disse que até tinha visto o primeiro episódio no Youtube de tão curioso que estava, eu tive que trazer — digo, sorrindo. — Quero ter todas as reações na minha mesa conforme estiver jogando, está bem?
— Com certeza! — fala ainda não olhando para mim.
— Que jogo é esse? — escuto uma voz atrás de mim que me faz revirar os olhos antes mesmo de ver quem é.
— The Wolf Among Us — reage, mostrando o jogo para o amigo. — Cara, a gente precisa jogar. falou muito bem dele e pelo que vi ele é realmente bom.
Viro-me para encará-lo e o vejo com o mesmo sorrisinho malicioso de sempre. Seus cabelos estão levemente curtos e alguns cachos caem em seus olhos. Toda essa combinação faz com que eu me irrite sem ele ter aberto a boca. Ainda.
— ele a cumprimenta com um aceno de cabeça.
retribui o cumprimento com um sorriso contido.
E então, ele volta-se para mim.
— E aí, ma belle? Sentiu minha falta?
— Nem se desse, , nem se desse — cruzo os braços com a cara fechada.
— Que sorte demos de cairmos todos na mesma universidade, não? — diz, com seus olhos passando entre nós três.
— Com você falando, eu não chamaria de sorte — tento falar baixo, mas sei que ele ouviu, pois, seu sorriso malicioso aumenta.
— Sim, muita sorte! — volta o rumo da conversa para o original, tentando evitar mais uma de nossas discussões — Mesmo que estejamos em cursos diferentes, pelo menos não iniciamos totalmente sozinhos.
Eu e minha amiga assentimos, concordando, e fala, mudando de assunto novamente, ainda olhando para mim:
— Aliás, , queria dizer que amei o show particular que você deu na janela ontem.
O olho, confusa, por uns instantes, quando finalmente lembro, arregalando os olhos.
— Me erra, criatura! — falo alto, pegando pelo braço e nos tirando dali, enquanto o escuto gargalhar atrás de nós.
— Pode me explicar que história é essa de show particular, dona ? — me olha desconfiada, enquanto me dirige um sorriso malicioso — Até onde eu sabia, você o detestava.
— E detesto! — reajo indignada por ela pensar o contrário disso — É que ontem eu fiquei cantando na frente do espelho, sabe? O que fazemos juntas normalmente, cantamos e dançamos como se ninguém estivesse vendo, o que normalmente é verdade? Então, acho que minha janela devia estar aberta.
— Verdade, a janela do quarto dele é de frente para a sua — ela fala, tentando esconder a risada.
— Por que eu tenho de ser vizinha dele? — escondo o rosto com minhas mãos e apoio-me em seus ombros. — Ai, , que vergonha.
— Amiga, relaxa, é o — diz ela, acariciando meus cabelos. — Lembre-se de duas coisas: você nunca ligou para a opinião dele e que ele possivelmente tem uma quedinha por você, então está tudo certo.
Tiro meu rosto de seus ombros e a lanço um olhar sério.
— Lá vem você com suas teorias de almanaque.
— E por que isso não poderia acontecer, posso saber? — pergunta, franzindo as sobrancelhas.
— Porque em primeiro lugar ele é um babaca — digo contando nos dedos. — E em segundo, ele é um babaca bonito e sabemos que nenhum menino bonito nessa faculdade se interessaria por mim.
— Como pode ter tanta certeza disso se acabamos de chegar? — cruza os braços e a olho de um jeito que ela entende de primeira — , você disse que estava tentando!
— Não, isso não é autoestima baixa não, só estou apenas pontuando os fatos — digo normalmente e abaixo a voz na próxima frase. — Qual seria o outro motivo para ainda eu não ter beijado ninguém até hoje?
— Você não permitir as pessoas chegarem em você? — ela levanta a sobrancelha, como se aquela fosse uma constatação óbvia.
— Pode ser também, mas queria que fosse algo especial, sabe? — falo, sonhando — Já esperei tanto tempo, então queria que fosse com alguém especial.
— Tipo?
— Tipo… — minha frase morre em minha boca quando o vejo passando.
O sigo com o olhar com medo de perder algum detalhe. Em como seus cabelos se movimentam quando ele mexe a cabeça; ou como seu sorriso é tão bonito e contagioso quando está conversando com um amigo seu, como acontece agora; ou em como ele está sempre carregando um instrumento para todo o local que vai.
— Ano vai, ano vem, mas o crush de no nunca muda — a voz de me traz de volta para a realidade. — Já faz 3 anos agora?
— Fale baixo! — peço, olhando para os lados para ver se alguém ouviu.
— Relaxa que ninguém escutou — ela pega em meu braço. — Bom que ele veio para cá também, assim você consegue dar o primeiro passo com ele, de uma vez por todas.
— Ele nem sabe que eu existo, .
— Por isso mesmo, você precisa se fazer existir para ele.
— Mas… — porém não consigo completar a frase, pois uma voz reverbera no corredor.
— Olha só, não sabia que elefante usava roupa de grife!
Viramos-nos e vemos Gavin com seu sorriso perverso nos encarando. Ou melhor, me encarando.
Eu não acredito que terei que sofrer com ele aqui também.
— Como é que é? — pergunta revoltada, indo em direção a ele, mas a seguro.
— Gente, isso é algo que eu nunca tinha visto, que demais! — ele ressalta, gargalhando, fazendo-me controlar para não me encolher no lugar — Ou será que seria uma orca? De qualquer forma, nunca vi coisa mais feia na minha vida!
— Vamos embora — peço para , virando-me de costas para as ofensas que teimam em entrar no meu coração.
— Mas,
— Por favor? — suplico com o olhar e ela apenas assente, começando a caminhar junto comigo.
— Olha lá, a baleia já está fugindo! É igualzinha ao pai dela, aquele mercenário vagabundo!
Travo no lugar assim que as palavras saem da boca de Gavin. Logo após, tudo é apenas um borrão.
! — escuto a voz de me chamar e então volto a mim.
Gavin está caído em minha frente, segurando suas partes íntimas, enquanto estou parada diante dele.
Acabei de dar uma joelhada no saco de Gavin Wilson.


Hold On

"I don't wanna let go
I know I'm not that strong
I just wanna hear you
Saying -baby, let's go home-"


— Suspensa no primeiro dia de aula, ? — minha mãe esbraveja comigo quando volta para casa na hora do almoço — O que deu em você?
Encolho-me assim que as palavras saem de sua boca. Nem eu sei o que deu em mim. O que sei é que o Gavin é a pessoa que mais detesto desde a época da escola, até mais que o . Não conseguia acreditar que ele iria frequentar a mesma universidade que a minha e que teria que aguentar todos aqueles ataques mais alguns anos.
Porém todo o bullying e humilhações vindas dele são algo que já estou acostumada, por mais que me doa todas as vezes, mas ao falar aquelas coisas do meu pai… fiquei fora de mim.
— Eu não sei… — digo em voz baixa.
Não posso dizer a ela o que aconteceu. Minha mãe não consegue nem falar sobre ele normalmente, imagina se souber do que foi dito a seu respeito?
Faz exatamente um ano que ele se foi e desde então nunca mais tocamos no em seu nome. As coisas do meu pai ainda continuam no quarto deles e ela sempre coloca um prato a mais na mesa, mas nunca, jamais, falamos sobre ele. E olha que eu já tentei.
— Conversaremos melhor quando eu voltar do serviço, está terminando meu horário de almoço e não posso me atrasar. Só passei aqui para pegar um documento — diz, irritada. — Mas pode apostar que iremos conversar sobre esse comportamento absurdo quando eu chegar!
Apenas concordo com ela e fico quieta enquanto a vejo bufar e se virar. Minha mãe vai em direção ao seu carro que está estacionado em frente a nossa casa, um pouco adiante do meu, entra no veículo e sai dali.
Espero ela tomar distância e vou até meu carro, entrando e o ligando, dirigindo-me para o único lugar que me trará calmaria agora.
Ando por pelo menos 10 minutos até chegar. Olho para o local com um aperto no peito e desço do carro. Vou para uma floricultura que tem ali a frente e compro um buquê de crisântemos brancos. Saio dali e vou direto para meu destino, dando um bom dia para o coveiro que ali está.
— Oi, papai — digo em frente ao seu túmulo com lágrimas nos olhos. — Hoje não são suas preferidas, me desculpe. O senhor sempre disse que as flores significavam mais do que seus belos cheiros e hoje precisei trazer as que representam a dor que estou sentindo. Perdoe-me por não ter vindo nas últimas semanas, estava tão afogada em meus propósitos que me esqueci do senhor. Mas coisas aconteceram hoje que me trouxeram de volta para cá. Prometo que nunca mais sairei daqui de novo.
Sento-me ali, deixando as flores apoiadas em sua lápide e passo a mão sobre sua foto, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
— Imagino que saiba agora de todas as coisas que nunca te contei na escola, pois não queria te preocupar — respiro fundo, tentando me recompor. — Sei que suspeitava de algo, mas nunca te contei. Pensei de verdade que indo para a universidade, todos os ataques iriam passar, mas parecem que continuam igual. Não queria mais sofrer pelo meu peso, papai. Sei que me considerava sua , que me via como a flor mais linda do seu jardim, mas eu não sou… eu não sou…
Fecho os olhos, deixando a dor do meu coração sair de modo silencioso. Como eu o queria ao meu lado agora, como preciso dele…
Sinto algo delicado em meu braço e abro os olhos, deparando-me com uma pequena borboleta azul. Dou um leve sorriso e a borboleta levanta voo e vai até um local rodeado de variadas flores, sobrevoando por algum tempo sobre algumas camélias brancas. Logo depois volta, repousando finalmente na lápide em minha frente.
Sorrio de forma chorosa olhando para o pequeno animal. Levanto-me, indo em direção às flores e pegando uma camélia em minha mão. A borboleta voa até onde estou e pousa em cima da flor.
“ — Mas eu vou dar apenas essa flor para ele, papai? — perguntei para o homem que estava cuidando do extenso jardim que se encontrava em nossa estufa, enquanto eu olhava para uma singular rosa amarela em minhas mãos que simbolizava todas as coisas boas de uma amizade.
Ao menos havia sido isso que papai dissera.
— Sei que fez um presente à mão para ele também, não foi? — perguntou ele, podando algumas flores que ainda não sabia o nome. Assenti perante a pergunta — Essa flor então será um ótimo complemento. Você pode comunicar o que sente apenas entregando uma flor para alguém, minha pequena . Há muitas formas de elogiar alguém da mesma forma. Essas camélias brancas, por exemplo. Quem quer que as entregue está dizendo que a pessoa possui a beleza perfeita. Foi a primeira flor que entreguei para a sua mãe, logo na primeira vez que a vi e sigo entregando-as em nosso aniversário de casamento, junto com as tulipas vermelhas, que significam amor verdadeiro e eterno. Às vezes, as flores comunicam mais do que palavras, nunca se esqueça disso
.”
Beleza perfeita. Dou um pequeno sorriso ante essa lembrança.
— Eu te amo, papai — digo, olhando para a borboleta em cima da flor que seguro em minhas mãos e sentindo meu coração se acalmar. — Sinto tanto sua falta.
A pequena borboleta sobrevoa sobre mim e depois segue seu percurso em direção ao céu.
Sorrio e volto à lápide de meu pai. Fecho os olhos e faço uma breve oração, para que Deus cuide dele onde quer que esteja e agradeço o tempo dele aqui. Uma paz me invade e é o suficiente para eu ter a certeza de que o Senhor me escutou, como tenho certeza de que sempre me escuta.
Volto em direção ao meu carro, deixando a flor em cima do banco do passageiro ao meu lado e volto para casa.
Chegando em frente minha residência, vejo descendo de seu carro, aparentemente chegando também. Tento ir mais devagar, esperando que ele não me note, mas não dá certo, pois o rapaz vira a cabeça assim que escuta o barulho do veículo e seu famoso sorriso malicioso surge em seu rosto assim que me vê ali dentro.
— Uma bela impressão para um primeiro dia de aula, hein, ma belle? — comenta, assim que desço do carro — Acho que nem eu teria pensado em algo tão bom.
— Não caçoe, , não estou em um dia bom — falo, tentando entrar em casa o mais rápido possível.
— Apenas acho que foi pouco o que fez, ele merecia bem mais — diz, cruzando os braços e me viro para ele, franzindo as sobrancelhas.
— Você soube o que ele fez? — pergunto, estranhando.
— A faculdade toda soube, ao menos do chute que deu nele — encolho os ombros de vergonha. — Mas conheço você, sei que não é do seu feitio ter reagido assim a troco de nada. Fiz minhas pesquisas e descobri o que ele falou de você e sobre o seu pai. Como disse, acho que ele merecia bem mais, mas o que fez já foi ótimo. Ele já está sendo zoado em um nível consideravelmente bom, ao meu ver.
Sei que não deveria me sentir bem em agredir alguém e com os resultados que isso trouxe, mas não posso me impedir de sentir ao menos uma pequena satisfação ao saber disso. Quem sabe com essa zoação, Gavin perceba o quanto isso é ruim e desista de me importunar de uma vez por todas?
— Obrigada? — digo e ele assente com a cabeça. Dirigo meu olhar para suas mãos cruzadas frente ao seu corpo e vejo que os nós dos seus dedos estão arroxeados — O que houve com sua mão?
— Alguns infortúnios, mas nada demais. Está preocupada comigo? — pisca para mim e reviro os olhos, começando a andar em direção a minha casa novamente. — Camélia branca? Algum admirador secreto elogiando sua beleza?
Paro mais uma vez e olho para a flor em minha mão, levantando meu olhar para ele novamente.
— Como você sabe o significado dessa flor? — pergunto, confusa.
— Tem muita coisa sobre mim que você não sabe mais, ma belle — sorri e se aproxima de mim, colocando as mãos atrás de suas costas e me fazendo franzir as sobrancelhas. — Mas espero que ainda saiba que o verdadeiro amor da sua vida sou eu.
Reviro os olhos e o empurro para longe de mim.
— Apenas em seus pesadelos, !
Escuto-o gargalhar enquanto entro definitivamente para dentro de minha casa.
Eu só preciso de um descanso.


Wish You Were Sober

I'ma crawl outta the window now
'Cause I don't like anyone around
Kinda hope you're following me out
But this is definitely not my crowd”



— O que vim fazer aqui mesmo? — pergunto para olhando para o local rodeado de pessoas bebendo e se beijando, enquanto uma música alta ecoa pelo recinto.
— Se divertir? — olha para mim como se fosse óbvio e apenas lanço um olhar sugestivo para ela — Qual a vantagem de se estar na universidade se não for para vir nas festas?
— O diploma? — falei e ela apenas revirou os olhos — Tudo bem, te prometi uma festa e é isso que estou lhe entregando. Não espere me ver aqui nas outras.
— Já está bom demais para mim — minha amiga sorri e me puxa pelo braço, para avançarmos.
Nunca fiz o estilo estudiosa, longe disso na verdade. Mas se tinha uma coisa que não gostava eram as festas, principalmente depois da primeira que fui aos quinze anos e tive o maior porre da minha vida; não me lembro de muita coisa daquela noite até hoje. Prometi nunca mais beber daquele jeito e as festas foram abdicadas por mim depois disso.
Mas cá estou eu outra vez, depois de quatro anos, indo contra meu trato silencioso de nunca mais estar em um lugar como esse. Porém prometi que seria uma pessoa diferente esse ano… talvez possa começar por essa parte de minha vida, sendo um pouco mais sociável. Mas sem exageros!
nos para no meio da pista de dança, o que me faz estranhar. Normalmente ela encontra uma maneira de conseguir suas bebidas e drinks favoritos por meios ilícitos, por não ter idade o suficiente para beber ainda. É por esse motivo que é completamente inusitado para mim o bar não ser nossa primeira parada oficial.
Minha amiga aproxima o rosto de minha orelha, para que eu consiga ouvi-la melhor e diz:
— Sei que ama dançar e detesta bebidas, então para não abusar da minha sorte e ser justa também, nossa primeira parada será aqui.
Sorrio com seu comentário e a olho de forma agradecida. é a melhor amiga de todas.
— Tenho que admitir que estou com vergonha — digo em seu ouvido, com receio do que ela irá pensar, embora o ritmo da música alta já acompanhe as batidas do meu coração.
— Fique tranquila! — ela diz, com a voz calma — Se for o julgamento dos outros que te preocupa, a maioria desse pessoal já está bêbado o suficiente para não se lembrar de nada que aconteceu aqui amanhã.
Assinto e pega em minhas mãos, chacoalhando-as de um lado para o outro para poder me soltar, o que acontece dentro de alguns segundos, de forma gradativa. Ninguém irá lembrar, repito mentalmente, ano novo, vida nova.
Começamos a dançar sem preocupações, vendo as pessoas à nossa volta curtirem o som da música agitada que eu não conheço. Me solto, tentando pensar que só existe eu ali, onde eu posso mostrar quem verdadeiramente sou e fazer as coisas que gosto, sem pensar no que irão dizer. Estar vivenciando isso é tão bom…
Viro de costas para , ainda dançando e aproveitando o momento, quando reparo em um casal se beijando na pista, um pouco afastados de mim. Como minha amiga disse, todos vivem em seus mundos particulares, sem se importar em serem julgados, pois tem coisas mais interessantes para fazer. Isso me faz sorrir.
Vejo que o casal dançar com o corpo colado um ao outro, sincronizadamente enquanto se beijam. Meu sorriso cresce ainda mais ao ver a cena. Então essa é a experiência completa da faculdade! Esses dois dariam uma ótima inspiração para uma história…
Vejo a menina passar os dedos entre os cabelos ondulados do seu parceiro, que está de costas para mim, e franzo as sobrancelhas ao reparar melhor nele.
Eu conheço esse cabelo.
!
Meu sorriso se desfaz enquanto paro de dançar e reviro os olhos. Pelo visto seu traço libertino, que era sempre mencionado na época do ensino médio, ao qual ele adquirira magicamente depois dos quinze anos, é verdadeiro. Bem típico.
Viro-me de volta, para comentar o que vi para , mas vejo que ela está dançando colada a um rapaz. As testas deles se encostam e o sorriso dos dois pode iluminar esse local todo, mesmo sem o auxílio das luzes brilhantes que se agitam aqui.
Sorrio diante da cena e decido me retirar, indo para o bar. Não vou atrapalhar o momento da minha amiga e aproveito para pegar um refrigerante. Retirada estratégica, como a própria diz.
Desvio das pessoas com cautela, tentando não interromper toda a pegação e danças malucas a minha volta. Quando consigo chegar até o bar, sinto que minha pele está colando de tanto calor.
— Uma coca-cola, por favor? — peço para o bartender, que acena com a cabeça para mim e entrega meu pedido em um copo com canudo.
Viro-me para frente e começo a observar as pessoas ao meu lado conversando e as outras a frente dançando. Será que o está por aqui? Nunca soube se ele gostava deste tipo de festas, mas muito porque nunca vim a uma delas para descobrir esse fato.
Queria que houvesse uma maneira de eu chegar nele sem toda minha timidez e baixa autoestima atrapalharem. Era só um oi. Um simples oi! Não machuca ninguém e ainda tira a possível fama de mal-educada que eu possa vir a ter.
Sinto então uma sensação estranha de que alguém está me observando e viro-me para o lado, encontrando Gavin na outra ponta do bar, com os olhos verdes cravados em mim. Seu olho esquerdo está roxo e percebo um pequeno corte na lateral da sua boca. Pelo que eu me lembre, eu não cheguei a sequer encostar no rosto dele, então como ele adquiriu esses machucados é um mistério. Espero que ele não me responsabilize por isso também.
Vejo o ódio que exala de seu olhar, enquanto me remexo desconfortável. Ele está com as sobrancelhas franzidas, enquanto segue cada pequeno movimento que faço.
Não quero confusão agora e muito menos aqui, onde não há nenhuma zona de conforto a qual me apoiar. Por esse motivo, começo a me retirar dali, indo para frente, na direção da pista de dança, mas sem tirar os olhos dele. Não quero ser surpreendida.
— Ai! — escuto uma voz grave exclamar, enquanto sinto alguém se chocar contra mim e algo gelado cair sobre o meu vestido lilás.
Olho para a minha roupa e vejo o que restara do meu refrigerante todo em mim, junto com alguma bebida que não reconheço. Pelo cheiro, deve ser alcoólica.
— Ai meu Deus! — digo, vendo o estrago.
Minha mãe vai me matar!
— Me desculpe, eu não vi você — escuto o rapaz a minha frente dizer com a voz levemente grogue. — Você precisa de alguma ajuda?
— Não, tudo bem, eu… — começo levantando a cabeça, tentando acalmar o meu coração do pânico de receber outra bronca de minha mãe, quando me calo ao encontrar os olhos desesperados com o que acabara de acontecer.
está olhando para o meu vestido de forma preocupada, tentando arranjar alguma solução.
— Não quer que eu veja se o pessoal do bar tem algo que possa tirar isso? — pergunta, pegando em meu ombro e fazendo meu coração bater ainda mais — Acho que vai acabar manchando se esperarmos mais.
— Eu preciso ir! — eu falo em desespero, enquanto tento sair, mas ele segura meu braço.
— Ei, espere, não! Vou me sentir mal de acabar com sua noite assim. Vamos ao banheiro, eu vejo se consigo alguma ajuda.
— Não, não precisa — eu disse, tentando me acalmar. — Eu… eu vou ao banheiro sozinha, não precisa se preocupar. Resolvo isso em um instante.
— Mesmo? — ele pergunta, ainda olhando em meus olhos.
Fico alguns segundos encarando-o apenas, enquanto meu coração palpita em meu peito. Não acredito que estou conversando com o . Não acredito que...
— Sim — respondo, ciente de que minhas bochechas estão pegando fogo de vergonha. — Obrigada!
— Qualquer coisa avisa! — ele grita, enquanto saio em direção ao banheiro quase que correndo.
Chego lá e paro em frente ao espelho, que milagrosamente não preciso dividir com ninguém.
Eu trombei no ! Ele falou comigo! … e eu não fiz nada!
Olho para o estado do meu vestido. Está todo molhado do refrigerante e da bebida do rapaz. Minha mãe definitivamente vai acabar comigo. Ela só me deixou sair, pois a convenceu dizendo que eu não colocaria uma gota de álcool na boca. Com esse cheiro impregnado em mim e a moral que estou em casa, ela não acreditará em uma palavra do que eu disser quando contar a história verídica.
Olho de volta o meu reflexo no espelho. Eu podia ter dito algo interessante para ele, não é? Poderia ter ao menos tê-lo deixado me ajudar, ao menos teria algum contato com ele e quem sabe, sonhando alto, iniciar uma amizade. Mas óbvio que travei! Óbvio que fui uma completa idiota e fiquei gaguejando e encarando-o, como uma completa doida apaixonada. Perdi qualquer oportunidade de aproximação e com certeza ele deve me achar uma estranha agora. Ou não se lembrará de nada, pois não está totalmente sóbrio. Burra!
Olho para a janela que se localiza em ponto alto e ventila o banheiro. E se eu saísse por ali? Ninguém mais veria minha humilhação ou saberia que estive aqui. A única pessoa que gosto nessa festa é e e os dois estão muito bem sem mim. Nem está aqui, está em sua casa jogando The Wolf Among Us, coisa que eu deveria estar fazendo também.
Mas não posso abandonar minha amiga aqui. Embora ela pareça tranquila onde estava, seria muita mancada. Por isso, pego um papel, coloco um pouco de sabão e água e tento limpar o máximo que posso do meu vestido, antes de sair.
! Finalmente te achei! Achei que tivesse dado um perdido em mim… — entra no banheiro com um sorriso de orelha a orelha, mas se espanta quando me olha. — O que aconteceu com você?
— Longa história — digo, meio derrotada. — Você encontrou alguma amiga sua aqui?
— Sim, mas porque a pergunta…
— Você vai ficar muito brava comigo se eu disser que vou embora? — pergunto, de forma cautelosa.
— Imagina, deixa eu só me despedir do… — mas eu a interrompo.
— Não! Amiga, não quero acabar com sua festa. Pode ficar, eu vou sozinha.
— E como você vai se a gente veio juntas no meu carro, posso saber? — pergunta, com uma sobrancelha erguida.
— Eu dou um jeito — vejo ela bufar ante a minha resposta. — É sério, , aproveite. Eu vi como você e aquele garoto se curtiram. Não quero arruinar isso.
— Respire, fanfiqueira, foi só uma ficada — ela responde sorrindo, o que me faz rir de volta. — E não tem nada a ser discutido aqui. Viemos juntas e vamos embora juntas! Já estou feliz de ter conseguido te tirar de casa e feito você vir comigo. Durou até mais do que achei que duraria.
Rio de seu comentário e assinto. Ela sai, pedindo para eu aguardá-la enquanto se despede do resto do pessoal.
Só queria que minha noite tivesse terminado melhor do que está terminando agora.


Heart Attack

“Never break a sweat for the other guys
When you come around, I get paralyzed
And every time I try to be myself
It comes out wrong like a cry for help”



— Bom dia — chego ao balcão da cantina da faculdade e cumprimento o homem que está no caixa.
— Bom dia — responde ele com um sorriso e com um sotaque que não consigo identificar de onde é. — O que vamos querer hoje?
— O que você me sugere? — pergunto, colocando a minha bolsa na pequena bancada.
— Hum, deixe-me ver… — ele olha para onde as comidas estão dispostas. — Só um segundo.
Ele se afasta levemente e pergunta para uma mulher, que está perto da bancada de comidas, em português:
— Amor, o que você acha que seria bom para o café da manhã? Ela perguntou algumas sugestões.
— Desculpa interromper, — peço, falando em português também e os vendo voltarem para mim de olhos arregalados — mas vocês são brasileiros?
— Sim! — o homem responde com os olhos brilhando — Nós somos de Minas Gerais, e você? Pelo sotaque imagino que seja do Nordeste, acertei?
— Sim, sou de Recife, mas vim para cá com um ano de idade, pois minha mãe é daqui — respondo com um sorriso. — Mas meu pai era brasileiro e sempre me deixou em contato com o Brasil, seja através da língua ou até mesmo com visitas até lá.
— Como é bom encontrar outro brasileiro aqui! — o homem diz empolgado, esticando a mão para me cumprimentar, a qual aceito prontamente. — Qual o seu nome?
! E o de vocês?
— João Antônio. O da minha mulher é Amanda — a mulher, ao ouvir a deixa de seu nome, me cumprimenta com um sorriso grande no rosto.
— É um prazer imenso conhecer vocês! — falo, extremamente feliz.
Depois da morte de meu pai, nunca mais tive contato com o português por ele ser o único que falava em casa, e também com nada do Brasil. Minha mãe evita até hoje qualquer coisa que mencione o nome de meu pai e acho que isso inclui também o país de origem dele.
— Bom, — Amanda diz, causando uma sensação boa em meu peito ao dizer pelo apelido que meu pai me chamava. — Você tinha pedido por algumas sugestões, não é? Eu acho…
— Na verdade… vocês disseram que são de Minas Gerais, certo? — eles assentem, tentando entender minha linha de raciocínio — Vocês, por acaso, não vendem pão de queijo, né?
— Sim! — Amanda quase grita de empolgação, fazendo com que algumas das pessoas que estão na cantina a encarem assustados. Ela levanta a mão sem graça como um pedido de desculpa — Nós deixamos poucos deles aqui para o caso de alguém querer experimentar, mas normalmente não tem saída…
— Pois pode me ver dois pães de queijo então, por favor — peço sorrindo, fazendo-os providenciarem imediatamente com animação — e um suco de laranja de caixinha para levar, por favor.
— Aqui está — João me entrega os meus pedidos e eu os pago.
— Muito obrigada, gente, foi um prazer conhecer vocês — falo, despedindo-me. — Até amanhã.
Eles se despedem e me viro para me retirar, mas acabo trombando em alguém.
— Me desculpe… — começo a pedir, mas o som da sua voz me interrompe.
— Parece que estamos destinados a nos encontrar assim, não é?
Olho para cima e vejo me olhar com um sorriso de lado. Seus olhos estão brilhantes, encarando os meus com certa expectativa e divertimento.
Travo mais uma vez. Eu não sei como reagir.
— Seu nome é , não é? — pergunta, tentando puxar algum assunto — Tivemos algumas aulas juntos no ensino médio, não sei se você se lembra. Meu nome é .
Estica a mão para me cumprimentar e a encaro por alguns segundos. Não acredito que isso está acontecendo.
Reage, !” praticamente consigo escutar minha parte racional gritar para mim.
— Olá, — retribuo o aperto de mão estendido a mim, enquanto tento disfarçar as minhas bochechas ruborizadas. — Eu lembro de você, sim, já te vi algumas vezes na escola.
Ele aperta levemente minha mão, antes de soltá-la com um sorriso.
A verdade é que eu o via toda hora na escola, pois o procurava todas as vezes, mas ele não precisa saber disso.
— Deu tudo certo com o seu vestido? — ele pergunta, com um ar de interesse — Te procurei depois na festa para saber e não te achei.
— Você me… — travei minha pergunta na boca. Não dê tanta bandeira — digo, deu tudo certo, sim. Tive que ir embora mais cedo, mas consegui tirar a mancha em casa depois.
— Me desculpe mais uma vez — pediu sincero, colocando a mão sobre o peito.
— Imagina, não precisa se preocupar — dou um sorriso genuíno.
Ele me encara por alguns segundos e eu abaixo minha cabeça, sem graça. Ele é bonito demais. O que ele está fazendo aqui conversando comigo?
Ouvimos um barulho de alguém coçando a garganta e olhamos para trás de . É uma menina que não conheço.
— Vocês já fizeram os seus pedidos? — pergunta, apontando para o saquinho e suco em minha mão e percebo que estamos obstruindo a fila da cantina.
— Ah, claro, me desculpa! — peço e ela apenas assente — Nos vemos por aí, .
— Espera! — ele segura delicadamente meu braço quando começo a sair e sinto uma descarga elétrica percorrendo todo o meu corpo. — O que você pediu?
— Hum… Ah! — tento me recompor e o vejo apontando para o meu salgado — Pedi um pão de queijo. — ele franze as sobrancelhas, sem entender — É uma comida típica do Brasil.
— Ah, então você é brasileira? — uma nova onda de interesse parece surgir dele e assinto, envergonhada — Acho que vou dar uma chance às outras nacionalidades.
Assisto ele fazer o pedido, enquanto guardo meu lanche na bolsa e penso na frase que ele acabou de dizer. Isso foi só sobre o pão de queijo, né? É lógico que foi, , não surte. Ele nunca tinha reparado em você antes, por que isso mudaria agora?
— Vamos ver… — ele se aproxima de mim e experimenta o salgado — Nossa, isso é realmente muito bom! Eu não estava esperando que fosse ser tão gostoso.
— É uma das sete maravilhas culinárias do Brasil — respondo, rindo da sua reação.
— E quais outras você me recomendaria? — pergunta, olhando diretamente em meus olhos — Para eu me aprofundar mais nas… maravilhas do Brasil?
Ele me olha de forma sugestiva, encarando-me novamente com seus olhos brilhantes e meu coração dispara. Eu preciso me controlar, não posso me deixar seguir em minhas ilusões. Ele não…
— E aí, abelhinha? — surge ao nosso lado, com atrás dele — Soube que foi na festa do sábado, podia ter me falado, teria te levado e te trazido de volta com o maior prazer.
Cruzo os braços, revirando os olhos, e respondo, suspirando:
— Dispenso.
— E aí, , tudo bem? — ele estende a mão para o garoto a minha frente com um sorriso presunçoso. retribui o aperto assentindo.
Ele está sem entender nada.
, . , você não vai acreditar no que… — vem correndo em nossa direção com um panfleto em mãos, mas para assim que percebe a pequena reunião — desculpa, não sabia que a cúpula estava reunida.
— Não estava, né? Até alguém se intrometer onde não era chamado — sigo, apontando a cabeça para , que aumenta seu sorriso malicioso.
— Assim você me ofende — coloca a mão sobre o peito, fingindo uma indignação. — Estava apenas tentando socializar com vocês.
O fuzilo com o olhar e olho para , que levanta as mãos tentando se defender e entendendo meu recado.
— Bom, tenho aula agora — diz, chamando minha atenção para ele. — A gente se encontra por aí, . Não se esqueça de mim, precisamos conversar mais sobre o Brasil.
— Claro — digo sorrindo. — Pode deixar que não vou esquecer.
Ele se despede de todos e sai. logo começa a imitá-lo com uma voz fina:
Não se esqueça de mim, tá? Precisamos falar sobre o Brasil, pi, pi, pi… babaca, não sabe nem dar cantada direito!
— Você nunca falou com ele, — eu digo com as sobrancelhas franzidas e me virando para ele. — Como pode chamá-lo de babaca se essa é a primeira vez que se falam de verdade?
— Não sei, só não vou com a cara dele — fala, como se isso respondesse tudo.
Reviro os olhos e encaro para , enviando-lhe um pedido de socorro silencioso pelo olhar.
, vem, vamos voltar que eu preciso te mostrar um negócio — o chama.
O rapaz concorda com a cabeça e repousa seus olhos nos meus, com seu sorriso malicioso no rosto:
— Aliás, você fica mais linda ainda emburrada, abelhinha.
— Me erra, criatura! — respondo, virando de costas em direção a e escuto ele rir atrás de mim — O que você queria me contar, ?
Ela está olhando para os meninos voltando para sua mesa, e então foca em mim novamente.
— Ah, sim! — mostra-me o panfleto que segura — Lembra que você disse que precisava de um emprego, mas que a faculdade pegava o seu dia todo, não tendo como ir atrás de um? A biblioteca daqui está com uma vaga de estágio para alguns cursos específicos. O seu está na lista e é remunerado!
Pego o panfleto de sua mão. Tem a vaga de estoquista/consultora de livros e de caixa/secretária da biblioteca. Principais cursos para as vagas: literatura, administração, matemática e economia. Uma pessoa para cada função.
— Isso é incrível! Mas o pessoal todo desses cursos vai tentar essa vaga — eu digo, ainda olhando o panfleto.
— Eles também sabem disso, por isso colocaram algumas qualificações e você tem a maioria delas — aponta para o que ela mencionou. — Não custa nada tentar, . Vamos lá? Vou com você para te dar apoio moral!
— Tudo bem, não custa nada mesmo — eu digo, enchendo-me de coragem, pegando um ticket de inscrição do panfleto e o deixando em cima da mesa.
Corremos em direção a biblioteca. Espero que dê certo de alguma forma.


Continua...



Nota da autora: Sem nota.



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