Into It

Última atualização: 07/07/2019

Capítulo 1

Oi meninxs, desde já agradeço por estarem acompanhando a história, quero avisar pra quem está lendo no começo das postagens que a personalidade da pp foi inspirada na Cheryl Blossom de Riverdale, então para quem acompanha a série, sabe que ela é mimada, preconceituosa, arrogante, “malvada” e etc, mas vocês vão ver muito da evolução dela conforme os acontecimentos da história, então não me abandone porque ela vai sim mudar, e para melhor.
Além da personalidade da pp, peguei algumas coisinhas da série, como por exemplo o nome da gangue, a rivalidade entre Norte e Sul (inclusive vou deixar em determinada situações como North e South porque tem alguns nomes que ficam muito toscos quando traduzidos para o português, como o nome das escolas)


- Bom dia, . – Disse minha mãe.
- Bom dia, filha. – Disse meu pai.
- Oi mãe, oi pai. – Dei um beijo em sua cabeça – Sebastian, Anita. – Ouvi um resmungo de sono vindo de Sebastian.
- Oi . – Disse Anita sorrindo pra mim.
- Quem vai nos levar hoje? O motorista ou posso ir no meu carro? – Perguntei enquanto me servia da omelete preparada pelo nosso chef.
- Podem ir como vocês quiserem. – Disse ela sorrindo, levando sua xicara de café até a boca e assoprando. Minha mãe de bom humor?
- Vou com o meu carro então, depois da aula pretendo passar no shopping. – Vou comprar algumas roupas.
- Claro, só esteja aqui, arrumada às oito horas para a festa de dia dos trabalhadores.
- Mãe. – Resmungou Anita – Nós acabamos de voltar de férias.
- Não importa, isso é uma tradição da família , somos a família mais respeitada de Blackbury...
- Começou. – Bufei.
- Viu o que você fez? – Disse Sebastian para Anita.
- Victoria. – Disse meu pai tentando fazer com que ela parasse de fazer o seu discurso já decorado pela família inteira.
- Essa família está desmoronando, a culpa é sua. – Disse sendo dramática – E ainda por cima me deixam falando sozinha. Essa não foi a educação que eu dei para vocês! Isso é coisa da sua família, Aldo!
- Mãe, para com isso, nós estamos atrasados. – Digo levantando da cadeira porque se não iriamos nos atrasar.
- Victoria, eles estão atrasados... – Ouvi a voz de meu pai ficando mais baixa enquanto ia para a garagem.
- O que deu nela? – Perguntou Sebastian.
- Tpm. – Dissemos eu e Anita ao mesmo tempo.
***

- ! – veio correndo em minha direção assim que pisei na escola – Você não sabe, a pior coisa do mundo acabou de acontecer.
- Bom dia pra você também, . O que aconteceu de tão horrível que você não pode esperar dois segundos para me contar?
- Aquele lixo de escola, Blackbury South High fechou.
- E desde quando isso é ruim? Só tinha drogados e vândalos naquela merda. – Disse enquanto andávamos pelo corredor de Blackbury North High.
- É ruim a partir do momento que aqueles delinquentes não podem ficar sem escola, ou seja, eles foram divididos entre as escolas North, West e East, isso significa que... – Cortei-a antes que ela terminasse de falar.
- Eles vão estudar com a gente. – Completei inconformada, em seguida dando um gritinho – Isso não pode estar acontecendo! Se o diretor acha que meus pais vão me deixar estudar na mesma escola que criminosos, ele está bem enganado. – Sai bufando de raiva pelos corredores em direção a sala do diretor. Não esperei ser anunciada e já fui entrando.
- Senhorita , não pode entrar assim. – Sally, a secretaria, tentou me impedir.
- Eu não vou estudar na mesma escola que esses drogados.
- Sinto muito, mas não há nada que possamos fazer. – O diretor respondeu.
- Você acha que o meu pai vai me deixar estudar com essas pessoas? Vão colocar detectores de metais nas portas para garantir que esses vândalos não tragam armas para a escola?
- Sinto muito, mas não há nada que possamos fazer, uma vez que essa decisão foi tomada pela prefeita. – Respirei fundo, tentando me controlar para não esganar alguém, sai da sala e fui atrás de . Me assustando ao ver a quantidade de alunos transferidos.
- , me diz que isso não é o que eu estou pensando e que essas jaquetas são a moda dos sulistas. – Disse quando vi que a maioria dos alunos novos usavam jaquetas dos Serpentes, a maior gangue da cidade.
- Aparentemente, grande parte da gangue vai estudar aqui. Deus tenha piedade de nós. – continuou falando, mas parei de prestar atenção quando vi que alguns amigos se aproximavam dos Serpentes, isso vai dar merda. E em questão de segundos aquilo tinha virado uma discussão, Serpentes de um lado, “elite” do outro, falo “elite” porque ninguém nessa cidade é realmente rico, tirando eu e mais alguns.
- O que eles tão fazendo? – Deixo para trás e me meto no meio da confusão, me virei de costas para os pobres para falar com Sam – O que você pensa que tá fazendo?
- Qual é, ? Tá do lado deles? – Sam perguntou bravo.
- O quê? Obvio que não! Só estou dizendo que isso vai dar problema pra você, eles são criminosos, imagina se eles quiserem te matar? Nunca mais vão achar o seu corpo. – Senti alguém cutucar o meu ombro.
- Quero ver a princesinha falar isso na minha cara. – Um cara atrás de mim falou e eu virei minha cabeça para olha-lo.
- Eu até falaria, mas eu não converso com ralé. – Olhei-o de cima a baixo – Agora se me dão licença. – Digo e saio andando empurrando todos da minha frente.
- Sua louca, o que foi fazer lá no meio? – disse quando me alcançou.
- Fui colocar ordem. Nós não podemos nos meter com essas pessoas, elas são perigosas e pobres, os pais são traficantes. Se nos folgarmos demais com eles, quem sabe o que pode acontecer com a gente? Quer dizer, comigo obviamente nada, ninguém se meteria com a minha família, mas pessoas como você, o Sam, eles podem pegar vocês desprevenidos, seguir até suas casas.... Não quero nem imaginar. – Balanço a cabeça em negação.
- Eu não tinha pensado por esse lado. Qual a sua próxima aula?
- Biologia. Você vai na festa hoje à noite? Minha família vai estar em casa, e você sabe como eu me sinto na presença deles. Meus avós...
- Eu sei, fica tranquila, vou estar lá, e se quiser posso dormir na sua casa.
- Perfeito, te vejo mais tarde. – Dei um beijinho em sua bochecha e fui para a aula.
***

- , Sebastian, como vocês cresceram. – Vovó disse nos abraçando.
- Incrível o que um pouco de água e comida fazem. – Disse irônica.
- . – Meu pai me reprendeu.
- Antes dos convidados chegarem, quero a atenção de vocês para um brinde. – Meu avô disse chamando a atenção dos demais familiares – Quero fazer esse brinde em homenagem a Sebastian, que hoje finalmente entra oficialmente para os negócios da família.
- Graças a deus você chegou. – Disse quando vi e Adam do outro lado do salão.
- Não sei o que seria de você sem mim.
- Eu teria outra amiga. – Dei de ombros – Prontos para a real diversão? Me esperem no meu quarto. – Disse e fui para a adega. Meus pais tem os melhores tipos de bebida, como eles me obrigam a comparecer nesses eventos ridículos, nada mais justo que eu garantir a minha diversão.
Bacardi 151, 75.5% álcool, não. Vodka Devil Springs, 80% álcool, não. Sunset Rum, 84.5% álcool, não. Vodka Balkan 176, 88% álcool, não. Pincer Shanghai Strength, 88.88% álcool, não. Absinto Hapsburg Gold Label Premium Reserve, 89.9% álcool, não. Rum River Antoine Royale Grenadian, 90% álcool, não. Whiskey Bruichladdich X4 Quadrupled, 92% álcool, não. Everclear Grain, 95% álcool, não. Spirytus Stawski, 96% álcool, achei você. Sorri e peguei a garrafa. Estava saindo da adega quando ouvi vozes, se meu pai souber que eu peguei uma de suas bebidas, ele me mata. Me escondi atrás de uma estante.
- O que eu estou dizendo, Jack, é que o melhor a se fazer, ao menos por hora, é pararmos os negócios por um tempo, Cosa Nostra está nos caçando, um por um. Até quando irão acreditar que o verdadeiro motivo de Samuel ter morrido foi um acidente de carro? Agora essa desculpa funciona, mas e quando mais de nós formos mortos? – Escutei meu avô dizer.
- Ficar parado será ruim para os negócios. – Meu pai disse
- Ruim para os negócios será nosso sangue nas mãos deles. Daqui a pouco eles não virão atrás de nós, virão atrás de nossas esposas e filhos.
- Vovô, o senhor acha mesmo que eles desconfiarão de que o capo da maior máfia dos Estados Unidos mora com a sua família em uma cidade do tamanho de um ovo? Nem mesmo Victoria e desconfiam. – Escutei o barulho de um tapa.
- Eles são a maior máfia do mundo, controlam quase tudo, é questão de tempo para descobrirem, um deslize e já era. De agora em diante estou mandando você parar com as atividades.
- Até quando isso? – Meu deus, Sebastian está envolvido nisso?
- Até eu ter certeza de que não corremos mais riscos. – Dito isso, todos saíram. Ainda não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Senti lagrimas quentes escorrerem pelo meu rosto, limpei-as rapidamente e fui para o meu quarto.
***

- 96% de álcool? Você é louca. – disse lendo o rótulo da garrafa. Peguei a garrafa da mão dela e enchi três copos de shot – Aí deus, lá vamos nós. – Nós três viramos o copo ao mesmo tempo – Puta que pariu. – saiu correndo para o banheiro e vomitou.
- Caralho, parece que eu levei um soco no estômago. – Adam disse.
- Puta merda, sim, soco no estômago. – Concordei com ele – Preciso comer alguma coisa. – Levantei da cama e quase caí. – Já estou meio bêbada. – Disse rindo.
- Vou ajudar a . – Desceu da cama cambaleante.
- Você tá bêbado, que otário. – Ri e peguei a bandeja de comida.
- Eu estou bem. – saiu do banheiro dispensando a ajuda de Adam – Pode encher. – Disse levantando o copo. Eu e Adam nos olhamos e os dois deram de ombros.
- So não vai dar pt. – Adam zoou enquanto eu encho os copos.
Meia hora depois eu estou surtada de bêbada no chão, enquanto e Adam se beijam explicitamente na minha cama. Cansada de segurar vela, peguei a chave do meu carro e saí escondida, dirigindo sem rumo pela cidade, obviamente não estava em alta velocidade, estou louca, mas nem tanto. Quando percebi, estava no lado sul da cidade, o lado periférico. Parei o carro em uma sombra, desliguei o motor e fiquei olhando a movimentação do bar, aquelas pessoas não tem nada, e mesmo assim parecem ser tão felizes.
Eu acho que tenho um pouco de inveja deles, eles são uma família, se tratam melhor do que eu e minha mãe, aquela megera. E o que dizer do meu pai? Eu sempre idolatrei ele, desde pequena sempre fomos muito apegados, mas eu nunca em minha vida pensei que fosse estar envolvida com a máfia. Passei minha vida inteira chamando as pessoas que moram aqui de traficantes e criminosos quando meu pai é um capo. O quão hipócrita isso me torna? Provavelmente esses traficantes revendem as drogas do meu pai. Fico com nojo de pensar nisso. Saio do carro e ando no sentido do bar, meu plano era passar reto, mas acabei chamando atenção de uns motoqueiros.
- A princesinha tá perdida? – O mais alto deles pergunta, dou uma risada nasalada de deboche.
- Eu definitivamente não estou perdida. – Volto a andar.
- Carro maneiro. – Outro cara disse. Olho para o carro e penso no dinheiro sujo que meu pai usou para compra-lo.
- Você acha? – Volto para o carro e pego minhas coisas – Pode ficar. – Jogo as chaves para ele.
- Isso é alguma piada? – O cara perguntou indignado.
- Não, a única coisa que eu quero em troca, é uma volta na sua moto, mas eu quero que você acelere o máximo que conseguir. – Os cinco se entreolham surpresos – E aí, qual de vocês vai me levar?
***

Os caras acabaram gostando de mim e me levaram para o bar da gangue, lá só entra quem for um Serpente, mas eu sou uma , eu não sou barrada em nenhum lugar. Eu me acabei de tanto beber das suas bebidas baratas, o cara que ganhou o meu carro pagou todas as bebidas para mim, sua felicidade era tanta que ele disse que eu podia beber o que eu quisesse e quantas vezes quisesse. Dancei em cima do bar, da mesa de sinuca, e no final da noite eu estava no palco num concurso de karaokê. Só fui embora porque o bar estava fechando, então nós acabamos sendo “expulsos” do bar.
- Ei, , como você vai para casa? – Perguntou o homem dos meus sonhos, ele parece um deus grego de tão lindo.
- Eu não sei, a pé eu acho, onde estamos? – Eu estou quase caindo de bêbada, não conseguirei andar uma quadra.
- Vem, eu te levo. – Apontou com a cabeça para a sua moto – Onde você mora?
- Mansão . – Ele enrijeceu.
- Você é filha de Aldo ?
- Infelizmente, mas não vamos falar sobre isso. – Subi em sua moto e com a sua ajuda coloquei o capacete, em seguida arrancou com a moto em direção a minha casa. Nós devíamos estar bem longe porque demorou em torno de vinte minutos para chegarmos.
- Pronto, está entregue. – Disse parando em frente ao portão.
- Você pode entrar se quiser, conhecer o meu quarto... – Coloquei a mão em sua coxa vendo ele engolir em seco.
- Não tem nada no mundo que eu queira mais nesse momento, mas você está muito bêbada, não vai lembrar de nada, e eu não vou abusar do seu estado. – Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- E um beijo de boa noite?
- Já são cinco e... – Não deixei ele terminar e colei nossos lábios, ele reagiu de imediato já pedindo passagem com a língua, me dando uma pegada forte, uma mão enroscando os dedos no meu cabelo e a outra na minha bunda.
- Tem certeza que não quer subir? – Pergunto mordendo seu lábio inferior em seguida.
- Você não está no seu juízo perfeito, não vou abusar de você, além do mais, qual seria a graça eu te comer e você não lembrar de nada quando acordar?
- Tudo bem. – Me dei por vencida – Mas só mais um beijo. – Ficamos nisso de “último beijo” até escutarmos o barulho do portão se abrindo – Você tem que sair daqui.
Fiz ele ir embora e me escondi atrás da moita quando o carro do meu pai passou, em seguida saí correndo ligeira e entrei em casa na ponta dos pés, me jogando na minha cama. Menos de dez minutos depois, minha mãe entra no quarto.
- , você está atrasada para a aula, você dormiu com a roupa de ontem?
- Eu não vou para escola hoje. – Murmuro sem nem ter forças para abrir os olhos.
- Por que não?
- Eu roubei uma garrafa de Champagne para beber com a , mas acabei bebendo sozinha, agora estou de ressaca.
- Você não tem jeito. A propósito, onde está o seu carro? – Puta merda.
- Eu emprestei para voltar para casa, ela estava com medo de voltar de Uber sozinha. – Bolei uma desculpa rápida.
- Tudo bem, pode faltar, mas pegue a matéria com alguém depois. – Saiu do quarto e em poucos minutos eu me encontrava em um sono profundo.
***

- Filha, tá tudo bem? Você dormiu o dia inteiro. – Acordei com a minha mãe me chamando.
- Que horas são? – Pergunto ainda de olhos fechados, minha cabeça está prestes a explodir.
- Sete da noite. – Sinto seus dedos fazendo cafune no meu cabelo.
- Me dá remédio. – Choraminguei, eu não consigo lembrar nada do que aconteceu ontem.
- Aqui, eu trouxe junto com algumas frutinhas. – Colocou uma bandeja em cima da cama.
- Brigada, mami. – Tomo o remédio que ela me dá.
- Você precisa tomar banho e tirar essa roupa.
- Vou fazer isso, assim que terminar de comer minhas uvas.
- Faça isso, depois desça para jantar e se despedir de seus avós. – Diz e sai do quarto.
***

No dia seguinte, andando pelos corredores da escola, tentando lembrar o que diabos eu fiz com o meu carro, sinto alguém passar o braço pelos meus ombros.
- , por que faltou ontem? – Uma menina que nunca vi na minha vida me perguntou, percebi que veste a jaqueta dos Serpentes.
- Quem é você? – Pergunto com nojo tirando seu braço de mim.
- Você bebeu mesmo, hein? Não lembra de mim?
- Ah meu deus. – Puxo-a para um canto – Você sabe o que aconteceu?
- Acho que só você não sabe. – Diz debochada e dou um tapa no braço dela.
- Para de rir e me conta o que aconteceu.
- Eu não estava lá o tempo todo, mas o que me contaram, é que você ofereceu seu carro em troca de umas voltas de moto, na velocidade máxima, e como agradecimento, o Big pagou todas as bebidas da casa pra você, foi aí que eu te vi, surtada em cima da mesa de bilhar, foi engraçado.
- Caralho. Meus pais vão me matar quando descobrirem do carro.
- Você realmente não lembra de nada. Tem alguns vídeos seus, se quiser eu te mostro, os Serpentes ficaram doidos de ver uma no estado que você estava. Eu te aconselho também a ver as mídias do seu celular. – Diz e saí andando, na mesma hora eu desbloqueio o meu celular e acabo me arrependendo ao ver os vídeos. Um pior que o outro, mas esse não é o maior dos meus problemas, e sim o que eu vou dizer aos meus pais sobre o carro. Eu posso dizer que dei o carro para um morador de rua, que estava chorando de fome com a sua família, é uma boa ideia, no final eu ficarei como uma boa pessoa.
***

- ! – me chamou e veio correndo em minha direção – Você está bem? Seu irmão disse que estava de ressaca. O quanto você bebeu?
- Muito, você não faz ideia.
- Você foi embora do nada. – Isso é sério?
- Você esperava que eu ficasse para assistir a sua transa? Sou um pouco tarada, mas voyeur* não é o meu lance.
- Desculpa por isso.
- Tanto faz. – Saí andando deixando-a sozinha. Estou pegando bode dela, quando se trata de Adam, esquece tudo e todos a sua volta, até da única pessoa que a ajuda quando Adam caga na cabeça dela.

*Voyeurismo (vua-ierismo) ou mixoscopia (cs) é uma prática que consiste em um indivíduo obter prazer sexual através da observação de pessoas praticando sexo ou nuas.


Capítulo 2

É oficial, eu preciso de novos amigos. Estou sentada na mesa do refeitório, ouvindo eles falarem sobre varias futilidades e a única coisa que consigo pensar é: Ranço. Como eles são insuportáveis, puta que pariu. Já tenho sentido isso sobre eles há uns meses, mas agora, parece que piorou uns 600%.
- ? – Jacob me chamou – Esta tudo bem? Você parece meio alienada.
- Tudo ótimo. – Sorri falso e me levantei.
- Aonde você vai? – me perguntou.
- Vou dar uma volta. – Percebi que ela estava se levantando – Sozinha. – Sai do refeitório e fui para a parte externa da escola.
Vi Sebastian com seus amigos e a namorada, só consigo sentir nojo, faz um pouco mais que uma semana que comecei a ignorar ele, falamos apenas o necessário e ele não faz ideia do porque estou ignorando-o.
Meus pais engoliram a história do carro, inclusive me deram um Range Rover zerado pela minha “boa ação”, tenho falado o minimo com o meu pai, e minha mãe, bom, nós nunca fomos muito próximas, então as coisas continuaram normais, mas não posso negar a falta que sinto do meu irmão e pai, nós três e Anita somos muito grudados. Saio dos meus pensamentos quando vejo Jesse passar do meu lado.
- Jesse, tudo bem?
- Hey, , estou bem, e você?
- Estou bem, mas preciso de uma ajudinha sua.
- Claro, ajuda no que? – Pareceu animado com o meu pedido.
- Estou afim de me divertir no final de semana, você tem alguma coisa para me passar?
- Veio no lugar certo, gata. Estou com várias coisas novas, tenho certeza que vai gostar.
- Certo, eu te chamo mais tarde e você me mostra.
*

- . – vem chorando em minha direção, lá vem.
- O que ele fez dessa vez? – chorando significa que alguma coisa aconteceu com Adam.
- Como você sabe? – Perguntou surpresa.
- Porque sempre que você aparece chorando tem haver com o Adam.
- Ele me traiu com a Megan. Eu peguei os dois transando no vestiário.
- Amiga, eu não quero ser insensível, mas ele não pode ter te traído porque vocês não namoram, eu entendo você se sentir mal por isso, você gosta muito dele, mas você não pode cobrar lealdade dele quando não tem nada sério...
- Mas ele me trata como namorada, nós conversamos todos os dias, o dia todo! Nós estamos sempre juntos.
- Amiga, você não sabe se você é a única que ele conversa, sem falar que na última briga de vocês ele admitiu na sua cara que só fala essas coisas pra te comer. Pelo amor de deus, se livra desse cara, ele só te faz mal.
- Mas eu não consigo deixar ele, eu amo ele.
- Ta bom, , faz o que você quiser, essa escolha é sua, se você acha que vale a pena ficar chorando por esse cara, fica com ele. Mas eu não quero mais saber de nada em relação à isso. É exaustivo acompanhar, não só pra vocês, mas para todo mundo em volta. Já parou pra pensar que vocês são aquele “casal” que briga tanto que às vezes evitamos chamar? – Bati a porta do armário e fui pra casa.
*

Sexta-feira chegou e não marquei nada com ninguém, comprei várias drogas e vou ter um ótimo final de semana, sem ninguém enchendo o saco, sem drama, só eu e meus baseadinhos.
Coloquei o papel debaixo da minha língua e deixei agir, enquanto a brisa não começava eu bolei alguns baseadinhos porque sei que depois seria muito complicado, coloquei uma música clássica e deitei na minha cama. Uns 40 minutos depois o papel continuava na minha boca e minha língua estava dormente, alguns arabescos bem pequenos começaram a se formar no teto na cor amarelo neon, quase imperceptível, mas estavam lá, e eles se mexiam, as luzes pequenas que enfeitam meu quarto giravam e o armário de distorcia ao meu lado.
Quando olhei para o desenho em minha parede, vi o sol e a lua se beijando, muito forte, era possível ver a língua deles e o desenho se repetindo se repetindo diversas vezes em volta, em cores diferentes, tudo muito lindo, percebi que comecei a suar, sem nem mesmo me mexer ou sentir o calor.
Olhei para o meu edredom e os desenhos dele se mexiam e entrelaçavam, de repente minha mão começou a afundar no colchão, passei minha outra por cima dela e senti o relevo, tão real, meu corpo inteiro parecia derreter, é tudo tão gostoso. Decidi ir para o jardim da minha casa. Desci as escadas concentrando todas as minhas forças em parecer normal para os meus pais.
- Filha, vem jantar. – Meu pai me chamou, vi uma luz alaranjada em volta dele e tudo atrás se mexia.
- Não estou com fome. – Sai da casa e fui para o jardim.
Todas as árvores cresciam e se mexiam, cada uma com sua forma única, mas olhando de longe, todas estão em sincronia, harmonia, formando um único desenho. O mesmo acontecia com as pedras, a grama parecia respirar, com um tom de verde que nunca tinha visto. Voltei para o meu quarto e fiquei deitada, fumando, vendo a fumaça dançar.
Fui dormir quando o sol já estava aparecendo, e algumas – poucas – horas depois fui acordada pelo meu pai, com a notícia de que um dos meus tios morreu em um acidente de carro, ou seja, assassinado. Bem que meu avô havia dito que começaria uma espécie de caça as bruxas, mas no caso, nós somos as bruxas, e nenhum de nós está salvo.
Pela tarde nós pegamos um avião para Washington, onde aconteceria o funeral. Descobri que meu tio não foi o único que morreu, sua esposa e filhos estavam dentro do carro e nenhum resistiu. Cosa Nostra não teve piedade nem das crianças. Isso me deixa ainda mais brava com o meu pai, se ele não tivesse mantido em segredo talvez as coisas fossem diferentes. Levanto da poltrona que estou e sento ao lado de Anita.
- Ei, tá tudo bem?
- Não. – Diz e começa a chorar. Abraço-a bem apertado e ela deita a cabeça em meu peito. Sebastian está sentado inquieto na minha frente, provavelmente pensando a mesma coisa que eu, a segurança de Anita. Se não fosse meu óculos, ele veria o olhar cortante que estou lhe mandando. Senti meu celular vibrar com uma mensagem.
: Gata, vai fazer o que hoje?
Reviro os olhos, é a cara dela fingir que nada aconteceu.
: Tenho um enterro.
: Meu deus. Quem morreu? Você tá bem?
: Uns parentes sofreram um acidente de carro. Vou ficar.
: Meus pêsames.

*

- Vamos ficar aqui por uns dias, para organizar as coisas na empresa e esperar a leitura do testamento. – Meu pai avisou.
- Coisas da empresa significa mafia? – Perguntei irônica. Meu pai arregalou os olhos e me arrastou pelo braço para um quarto vazio.
- Quem te falou isso? Foi o Sebastian, não foi? Eu sabia que ele não estava pronto. – Disse furioso.
- Ninguém me contou. – Soltei meu braço do aperto da sua mão – Eu estava na adega no dia da festa e ouvi tudo! – Disse furiosa – Cosa Nostra está caçando nossa família, e você ia esconder tudo da gente! Minha mãe sabe disso tudo?
- Filha, eu estou fazendo o que eu acho melhor para nós. , eu preciso que você me dê a sua palavra que isso não sai daqui, não pode contar para ninguém, nem mesmo para sua mãe.
- Por que eu faria isso?
- Porque tudo o que eu quero é a segurança de vocês.
- Segurança? Segurança? Se você quisesse isso não teria se envolvido na mafia. Se você quisesse isso não envolveria seu filho de 18 anos na mafia!
- Você não entende, é muito mais complexo do que você pensa. São as regras, não posso fazer nada em relação a isso. Confie em mim! Quando foi que eu te deixei na mão? Nunca faltou nada em casa, nunca te tratei mal, nunca deixei nada de ruim acontecer com vocês. E eu fiz tudo isso por amor. Vocês são tudo pra mim, mas infelizmente meu pai me envolveu nisso, e eu sou obrigado a preparar o seu irmão para assumir meu lugar.
- Você vai me obrigar a casar com alguém?
- Nunca! De onde você tirou isso?
- Sei lá, eu vi em alguns livros e filmes que pessoas envolvidas nisso são obrigadas a se casar por poder, criar alianças, essas coisas. – Dei de ombros.\
- Fique tranquila, isso nunca vai acontecer. Você e Anita casarão por amor, do mesmo jeito que eu e a megera da sua mãe. – Puxou-me para os seus braços e me abraçou.
*

- Por que tanta enrolação para ler um testamento? – Anita perguntou – Quero ir pra casa. Faz quase uma semana que estamos aqui.
- É complicado, tem toda uma burocracia envolvida. – Passei os canais procurando alguma coisa interessante para assistir.
- Estou entediada. – Anita andava de um lado para o outro.
- Anita! Para de andar, você está atrapalhando minha visão e me irritando.
- Não dá! Você sabe que eu sou hiperativa. – Bufei jogando o controle na cama.
- O que você quer fazer?
- Eu não sei, qualquer coisa, só não aguento mais ficar enfurnada nesse hotel.
- Compras? – Sugeri e vi um sorriso surgir no seu rosto – Vou ligar para o papai. – Peguei meu celular e disquei seu número – Oi papai.
- Oi, Princesa, tudo bem?
- Tudo sim, escuta, eu e Anita vamos ao shopping, tem como chamar algum segurança para nos levar? E o motorista.
- Claro, meu amor, vou ligar para eles. Preciso desligar, não chegue tarde, vamos jantar juntos.
- Tudo bem, obrigada.
- Te amo.
- Também te amo, tchau. – Desliguei e olhei para Anita – Vou me trocar e já saímos.
- Nossa, Anita, pelo amor de deus, pare de reclamar.
- Eu só quero ir pra casa.
- O que tem de tão especial lá que você não consegue passar alguns dias longe?
- Nada, só estou com saudade de casa.
- Anita, aquela cidade é um ovo, é humanamente impossível sentir saudade de lá. Desembucha, qual o nome dele? Ou dela? – Ela sorriu um pouco envergonhada.
- Jade. – Sorriu quando disse o nome.
- Ela é da sua sala? Me conte mais sobre ela.
- Não, ela é um ano mais velha, foi transferida da West. Nos conhecemos durante o simulado, eu emprestei minha caneta pra ela, começamos a nos falar e agora não consigo parar de pensar nela. – Parecia uma bobinha apaixonada.
- Que bonitinha. Isso já tem quanto tempo?
- Amanhã fazemos cinco meses.
- Ah, agora tudo faz sentido. E isso que vocês tem, é sério? Estão namorando?
- Nós preferimos não rotular, mas não ficamos com outras pessoas.
- E quando você vai leva-lá em casa?
- Nunca.
- Por quê? Você já conhece a família dela?
- Nossos pais nunca vão não aceitar, e sim, eu conheço a família dela.
- Acredite, papai não vai abrir a boca sobre isso.
- Como assim?
- Nada! Enfim, eu quero conhecer ela, vamos marcar um jantar em algum restaurante. É horrível quando a pessoa que você gosta não te apresenta para a família dela, parece que ela tem vergonha de você, não deixe isso destruir seu relacionamento.
- Você tá falando do Enzo, não é?
- Não vamos falar sobre meu ex.
- Você e a estão bem? Vocês mal se falaram a semana inteira, e isso é estranho, vocês são quase casadas.
- Eu cansei de ouvir ela falar do Adam. Quando ela se tocar de que ele só faz mal pra ela, eu volto a falar com ela.
- Ué, não sabia que eles estão juntos.
- Exatamente, esse é o ponto. Eles não estão juntos. O problema da é que ela é muito intensa, quando ela gosta de alguém, é pra valer. não foi feita para amizade colorida, ou coisas sem compromisso. Ela simplesmente não consegue, e não é a primeira vez que ela tenta. Mas não quero falar sobre isso.
*

Voltamos para Blackburry na sexta de manhã. Depois de muita insistência dos meus amigos, resolvi ir à festa de Britt, faz um tempo que não saio com eles e estão começando a estranhar.
Cheguei um pouco atrasada, todos já estão bêbados. está dançando com um moreno bem gato, Adam se agarrando com uma garota e Holly está enchendo a cara no bar improvisado, e é pra lá que eu vou.
- Holly. – Cutuquei seu ombro e ela virou de frente.
- ! Você veio! Ainda bem que você está aqui, senti falta da minha parceira de bebida. – Disse me abraçando bem forte – Ninguém aguenta beber comigo, só você
- Não me esperou pra começar. – Acuso vendo os vários copos na sua frente.
- Eu não sabia que você vinha! Se eu soubesse, teria te esperado, mas eu só estou começando, então você bebe a mesma quantidade que eu e depois continuamos juntas.
Uma hora depois, eu e Holly sentamos na casa da árvore junto de nossos copos, uma garrafa de vodca e a mistura, assistindo todos muito louco, gente pulando na piscina, caindo, pegando quem não deve, enquanto nós duas estamos apenas alegrinhas.
- Isso é muito triste. – Holly cortou o silêncio entre nós.
- Isso o quê? – Me viro para olha-la.
- Nós duas criamos essa resistência ridícula ao álcool e agora demora pra cacete para chegarmos no estado deles.
- Eu sei, olha pra Camila. – Apontei – Ela bebeu dois copos e já tá em outro mundo, mais um e ela vai estar vomitando até os rins. Agora olha pra mim, eu nem sei o quanto eu bebi e a única coisa que sinto é dormência nos lábios.
- Eu sei de uma coisa que pode nos animar. – Holly disse olhando para minha boca.
Holly é lésbica e sempre deixou bem claro seu interesse por mim, ela é linda e divertida, além de ser uma das minhas melhores amigas, talvez não seja má ideia dar uns beijos hoje. Aproximei-me dela e quando nossas bocas estavam há milímetros uma da outra, ouvimos várias motos se aproximando e o som sendo desligado. Corremos para dentro da casa e encontramos Jacob e Adam no meio de uma roda peitando os Serpentes. passou por mim quase correndo e a agarrei pelo braço impedindo-a de ir até o meio da confusão.
- Não se mete. – Sussurrei em seu ouvido.
- Mas... – Interrompi antes que terminasse de falar.
- Fica na sua antes que sobre pra você. – Soltei seu braço e voltei a prestar atenção.
- É melhor saírem daqui antes que as coisas fiquem feias para o seu lado. – Adam disse.
- Vocês acham que podem usar o dinheiro do papai de vocês pra nos sabotar na escola e sair impunes? – Jax, um dos Serpentes que estuda na North, disse.
- Mexeu com uma serpente, mexeu com todas. – O cara do lado dele disse.
- Do que estão falando? – Perguntei para .
- Nós falamos com o diretor para impedir que esses vermes participem das eletivas. Imagina a treinadora abrindo vagas para lideres de torcida. Não vai acontecer. – explicou e me voltei para a discussão.
- Não aguenta no um a um e trouxe o resto vermes? - Que porra o Jacob está fazendo?
- Jacob, Adam, parem com isso. – Quando dei por mim já tinha interferido.
- , fica fora disso. – Adam me respondeu. Revirei meus olhos para ele e me virei para Jacob.
- Jacob, a Britt tá lá em cima tendo uma crise de pânico, por favor, por respeito a ela, para com isso. Eu não me importo se vocês forem para o meio da rua e começarem a se socar até a morte, mas aqui não. – Eu inventei a historia da crise, mas eu odiaria que acontecesse isso na minha casa. Jacob pareceu entender e recuou.
- Eu desafio vocês a uma corrida. – Benny, meu ex imbecil, disse ao sair diretamente dos quintos dos infernos. Ao mesmo tempo os Serpentes começaram a rir, e até eu segurei meu riso.
- Vocês querem apostar uma corrida com a gente? – Um cara com um rosto familiar aparece, depois olha pra mim e pisca.
- Se nós ganharmos, vocês pedem transferência e nunca mais pisam do nosso lado da cidade.
- Beleza, e quando nós ganharmos ficamos com o seu carro, tudo legalmente, não quero saber de policia atrás de nós e você abre mão da sua vaga de capitão do time de Lacrosse. – Tinha um sorriso sacana nos lábios.
- Amanhã às 21h na estrada abandonada. – Benny determina.
- Estaremos lá.


Capítulo 3

Oito horas da noite terminei de me arrumar para o racha, modesta parte, eu estou muito gata! Arrumei meu cabelo com o babyliss, deixando ele ondulado, coloquei um top tomara que caia preto, uma saia de couro preta, meu coturno com salto e uma jaqueta de couro, também na cor preta.
A bebida já está no meu carro novo, papai me deu uma Range Rover novinha, sempre foi meu carro dos sonhos. Busquei Holly eVênusna casa delas e seguimos para o local onde seria a corrida. A estrada estava cheia, com vários carros de som e adolescentes bebendo, todos ansiosos pela corrida que aconteceria em alguns minutos.
- Caralho, , te vendo vestida assim só consigo me arrepender de ter te dado um pé na bunda antes de te comer. - Benny disse e eu virei um soco na sua cara, fazendo um rasgo em sua bochecha por conta do meu anel.
- Nunca mais dirija a palavra a mim. Isso é por todas as garotas que já foram vítimas desse seu papo furado. Porco nojento. - Cuspi em seu pé e sai andando. De longe vi Crystal, a garota que me contou sobre minha peripécia no bar dos Serpentes - Crystal, com quem você vai assistir a corrida?
- Vou ficar com os meus amigos. - Indicou com a cabeça o lugar que estava sua gangue.
- Hm, entendi. - Droga, nem sei porque cogitei a ideia de assistir com ela. O chato é que eu sei qual vai ser o resultado dessa corrida, e não quero estar do lado dos perdedores, no caso meus amigos.
- Você quer ficar com a gente? - Dava pra perceber que ela perguntou por educação.
- Não, obrigada, só preciso que me faça um favor. - Disse com um sorriso de quem vai aprontar.


Os carros já estavam cada um em seu lugar, Danny e o Gostosão já estavam dentro dos carros e todos estavam esperando pelo início. Fui andando pelo meio dos carros e me posicionei na frente deles, todas as atenções vieram para mim.
- Ahn, eu geralmente faço as honras. - Uma garota disse para mim.
- Não hoje, lindinha, eu nasci para esse momento. - Me voltei para os carros. - Tudo pronto? - Ouvi vários gritos de euforia vindo da "plateia" - Está pronto? - Apontei com a minha bandana vermelha para Benny que respondeu com o som de seu motor - Você está pronto? - Apontei para o bonitão que piscou pra mim e fez um barulho ainda mais alto com seu motor, eita, que calor. Devolvi um sorriso e levantei os braços e em seguida os abaixei dando início a corrida, os dois carros passaram quase voando por mim e me virei para assistir a corrida.
- É sério que essa branquela pegou o meu lugar? Eu sempre abro as corridas! - A garota parecia bem brava.
- Não mais, querida. - Disse para provocar e ainda esbarrei nela quando passei, pisquei para Crystal que assistia tudo com um sorriso de quem estava adorando a confusão e fui em direção aos meus amigos.
- Você é louca. - disse.
- Louca não, genial. - Holly disse - Como você conseguiu fazer isso? Eu sempre tive vontade de abrir uma corrida.
- Eu tenho meu charme. - Pisquei. Tenho certeza que a minha cara de safada me denunciava porque Holly arregalou os olhos e me puxou para o canto.
- Você transou com um deles?
- O quê? Não. Quer dizer, ainda não.
- Você fez isso só pela largada da corrida?
- Óbvio que não! É pelo tesão mesmo.
- Pensei que preferia cortar seus pulsos do que ficar no mesmo ambiente que um Serpente.
- Que culpa eu tenho se o cara é delicioso?
- Qual deles? - Perguntou curiosa olhando para os lados, provavelmente procurando o cara.
- Ele não está aqui, está dirigindo.
- Mentira. - Holly parecia chocada, mas animada ao mesmo tempo - Eu não acredito que você vai fazer isso. O Benny vai se matar. - Começou a gargalhar - Meu deus, você não pode fazer isso!
- Ué, por que não?
- Porque ele é literalmente um inimigo. Transar com ele seria como trair a si mesma, sem falar que ele vai te tratar como um objeto, te comer como prêmio e ainda esfregar na nossa cara que comeu a garota mais popular e patricinha do nosso meio social.
- Não é prêmio se eu quis ele antes da corrida.
- Você tem razão, mas nossa, vai todo mundo cair em cima quando descobrirem.
- E é por isso que você vai me dar a cobertura que eu preciso pra fazer isso.
Alguns minutos depois o barulho de carros se tornam presentes e todos correm para a linha de chegada, e não é surpresa para ninguém ver que o carro dos Serpentes estava na frente. Fico feliz quando vejo Benny descer puto de seu carro, na verdade estou me controlando muito para não começar a gargalhar aqui.
E como se não pudesse ficar melhor, o bonitão sai do carro e pousa seus olhos em mim, passa os olhos descaradamente por todo o meu corpo e dá um sorriso safado quando vê que minha atenção também está nele. Desço da traseira da picape e vou até Crystal.
- Aonde vocês vão comemorar? - Que foi? Eu não sou boba, não vou perder a oportunidade.
- No bar de sempre, aquele que você ficou locona.
- E tem alguma chance de você me colocar para dentro? Eu trouxe uma oferta de paz pra vocês. - Indiquei com a cabeça para que me seguisse até o meu carro, abri o porta malas e mostrei a caixa de bebidas que trouxe, todas da melhor qualidade.
- Tá, pode falar, o que você ganha com isso? - Me olhou desconfiada.
- Não entendi sua pergunta.
- Qual é, não se faz de idiota que eu sei que você não é. Por que você está fazendo isso?
- As pessoas não podem fazer uma ação legal que já tem que ter más intenções por trás?
- As pessoas não, você. E não faz essa cara porque todo mundo sabe que você odeia os sulistas.
- Olha, eu tenho andado estranha nessas últimas semanas e a única coisa que quero fazer é me divertir hoje, então por favor, aceita o meu presente, comprei na melhor das intenções. - Crystal passou um tempo me analisando, como se quisesse ter certeza do que estava fazendo.
- Tudo bem, você trouxe coisas realmente boas, acho que Joe pode abrir uma exceção, mas eu vou estar de olho em você, o tempo todo, não pense que confio em você só porque trouxe umas bebidas legais e caras.
- Tudo bem, só isso?
- Estamos indo daqui a pouco, segue a minha moto.
Chamei Holly para ir comigo até o bar, como os nossos amigos vão ficar lá pela estrada fazendo uma festa aberta, Holly veio comigo até o bar e depois vem me buscar quando estiver indo para casa.
- Você é maluca, só quero reforçar. - Holly disse quando chegamos no bar.
- Você faria o mesmo no meu lugar.
- É, tem razão. - Disse secando o corpo de Crystal que se aproximava do carro depois de ter falado com o segurança - Se cuida, não faça nada que eu não faria.
- Sexo anal? - Perguntei e começamos a rir, depois me despedi e peguei junto com Crystal as bebidas.
- Crystal, até que enfim. - Uma morena cheia de tatuagens disse e só depois percebeu minha presença.
- Patricinha, já te vi por aqui, está perdida?
- Por incrível que pareça, não, resolvi trazer a graça da minha presença a vocês, junto de uma oferta de paz. - Apontei para as bebidas em meus braços - A propósito, meu nome é .
- , essa é Nairóbi. - Nos apresentou - A estava afim de uma diversão diferente e pediu pra vir comigo.
- Uma patricinha que gosta de perigo, gostei de você. Difícil não gostar depois do que aprontou no bar.
- Aaaaah. Por que todo mundo lembra dessa noite menos eu? - As duas riram e me levaram até uma parte mais afastada no bar, e adivinha? O bonito e mais dois amigos estavam lá.
- Meninos, olha o que a ruiva trouxe pra gente. - Colocou a caixa de bebida em cima da mesa deles.
- Por que isso? - Um deles perguntou.
- Digamos que eu sei como meus amigos podem ser bem retardados quando querem. E estava na cara que vocês iam ganhar a corrida, então eu pensei que seria legal trazer alguma coisa legal pra compensar toda essa situação.
- Nesse caso. - O bonito levantou do banco e se aproximou de mim - É um prazer te conhecer. - Beijou o dorso da minha mão, ui, que calor - Eu sou e esses são Isaac e Boyd.
- Eu sou a ... - me interrompeu.
- , eu sei. Já te dei uma carona até sua casa. - Arregalei os olhos, eu realmente não lembro disso.
- Desculpa, eu realmente não lembro.
- Uma pena, foi uma noite memorável. - Sorriu malicioso, me deixando ainda mais confusa e curiosa sobre o que realmente aconteceu naquela noite.
*

A noite passou num piscar de olhos, flertei com a Nairóbi enquanto trocava olhares indecentes com . Eu não valho nada, penso rindo internamente. Mas o que eu posso fazer? Eu realmente me interessei pelos dois, e quem tomou atitude foi a Nairóbi, geralmente eu pensaria "Perdeu, Playboy", só que eu estou com uma coceira que só vai sarar com uma boa dose de . Ele não é do tipo atlético musculoso, não é muito magro, mas não chega a ser gordo, ele também é bem alto, tem mãos grandes, braços cheio de veias e é meio pálido, mas quem sou eu pra julgar? Combina com ele, as tatuagens então, senhor, dai me forças. Os olhos e o cabelo são castanhos bem escuros e por último, a melhor parte: O pau marcado na calca jeans. Perdi as contas de quantas vezes abaixei meus olhos pra lá.
E tem a Nairóbi, ela é muito sexy. Seu cabelo é longo e preto, assim como os seus olhos. Tem mais ou menos a minha altura, é latina, também é cheia de tatuagens, ela me lembra muito a princesa Jasmine. Exala sensualidade e tem um corpo maravilhoso. O que essas serpentes estão fazendo comigo?
- . - Holly me chamou.
- Holly. - Me levantei e fui até ela - O que está fazendo aqui?
- Você pediu que eu viesse te buscar quando estivesse voltando. Tá bêbada?
- É verdade. Só um pouquinho. - Disse aproximando meus dedos - Deixa eu te apresentar pra todo mundo.
- Não precisa, deixa pra outro dia.
- Tudo bem. - Me despedi de todo mundo e quando estava saindo do bar senti uma mão agarrar minha cintura. .
- Mal vejo a hora de te encontrar de novo. - Sussurrou no meu ouvido e mordeu meu pescoço.
- Você tem o meu número. - Me afastei em seguida.
- Então, se divertiu? - Holly perguntou no carro.
- Sim, eles são bem legais.
- Mais legal que nossos amigos? - Perguntou curiosa.
- Se eu disser sim, eu levo quantos socos? - Perguntei e começamos a rir - Falando sério agora, foi bem diferente, não dá pra comparar. Foi muito diferente do que eu tô acostumada, mas eu gostei muito. Pela primeira vez em muito tempo eu não precisei vestir mascara nenhuma, não precisei medir minhas palavras porque eu sei que ninguém as usaria contra mim. Eu fui eu mesma.
- Eu não te via assim desde...
- Enzo. - Dissemos juntas - É, eu sei. Mas eu realmente não quero falar sobre isso.


Capítulo 4

- Primeiro eu quero parabenizar todas por terem acertado a coreografia, não tivemos nenhum erro, quedas e muito menos lesões. Segundo, nós precisamos arranjar mais flyers para a nossa equipe, quando eu e fomos inscrever a equipe na competição, vimos que agora tem uma nova regra que exigem mais membros na equipe. Então, durante a próxima semana queremos que todas vocês usem os uniformes mesmo fora do treino, precisamos do máximo de divulgação, quero que os outros se interessem e vejam o quanto é legal fazer parte da nossa equipe. Depois divulgaremos a data dos novos testes. - Holly disse
- E por último, mas não menos importante, os nossos novos uniformes chegaram, junto dos pompons. Por hoje é só, estão dispensadas. - Ajudei Holly a guardar os colchões e equipamentos e depois seguimos para o vestiário, os chuveiros já estavam desocupados.
- Você sabe o que aconteceu com a ?
- Como assim?
- Ela anda estranha.
- Não sei, não estamos nos falando direito, mas tenho certeza que tem a ver com Adam.
- Por que não estão se falando?
- Adam.
- O que ele fez?
- Transou com a Megan no vestiário. Aí quando a veio me contar, eu acabei me irritando e fui meio rude com ela.
- Mas o que você disse pra ela se afastar desse jeito?
- Talvez eu tenha sido um pouco muito indelicada com ela.
- Você deveria pedir desculpas.
- Eu não peço desculpas. - Eu sou a pessoa mais orgulhosa da face da terra e mesmo que eu reconheça meu erro, eu não admito e nem peço desculpa. É um defeito do meu ego, não é minha culpa.
- E você prefere perder sua amizade do que passar por cima do seu ego?
- Olha, pra começar, foi ela que veio me encher o saco com essa história.
- Ela é sua amiga! Sua melhor amiga! É natural que ela conte os problemas e aflições dela pra você.
- Mas ela sabe que eu já estou saturada dessa história e quero que o Adam se exploda. Olha, eu não quero falar sobre isso. É problema meu e dela.
- Tudo bem. Eu desisto. - Diz levantando as mãos - Mas, poxa, vocês são minhas melhores amigas, não gosto de ver vocês assim. Agora, pode me ajudar numa coisa?
- Depende. - Ela tirou uma caixa cheia de cartazes o armário e me deu.
- Pode espalhar eles por aí?
- Claro
- Líder de Torcida? Por que será que não me surpreendo? - Crystal perguntou.
- Deve ser porque nossa cidade é um grande clichê e cada um cumpre o seu papel.
- E qual seria o seu papel?
- Regina George, só que mais bonita. - Disse e ela começou a rir.
- É, combina com você. Esse seu jeitinho ridículo de nariz empinado e olha para os outros como quem diz "Sou melhor do que todos vocês".
- Ei, eu não me acho melhor que ninguém. Ok, eu me acho sim melhor do que grande parte de Blackburry, mas o que posso fazer se fui criada assim?
- Você podia tentar mudar, sair um pouco dessa sua bolha.
- Nah, eu gosto da minha bolha. - Crystal balançou a cabeça em negativa.
- Ai, , você é única.
- Me ajuda com esses cartazes?
- Claro. - Segurou as pontas enquanto eu colava na parede - Testes para líder de torcida? Isso não acontece só no começo do ano?
- Geralmente sim, mas estamos com falta de flyers na equipe, e com poucas flyers não podemos nos inscrever em competições.
- Uau, vocês levam essa coisa a sério.
- Sim, ou você acha que só levantamos pompom para macho? Eu hein.
- Calma, então vocês não animam os jogos?
- Nós animamos os jogos sim, mas esse não é o nosso foco.
- Entendi. - Ela começou a olhar o cartaz, parecia indecisa.
- Você deveria tentar.
- Acho melhor não, eu provavelmente não serei aceita.
- Ué, por que não? Você é ruim?
- Não, longe disso, na verdade eu fiz ginástica olímpica a minha vida toda, mas você sabe, pessoas como eu não se dão bem na escola de pessoas como você.
- Isso não vai te impedir de entrar na equipe, se você for boa, você entra.
- Vou pensar.
- Então pensa com carinho.
- Ah, eu lembrei de uma coisa, a Nairóbi vai dar uma festa na casa dela e pediu pra eu te chamar. - Fiquei surpresa com o convite.
- É sério?
- Ela gostou de você. - Piscou pra mim.
- É, nós trocamos uma ideia, gostei dela.
- É, eu sei.
- Tá insinuando alguma coisa?
- Insinuando nada, tô afirmando que vai acabar em putaria, isso sim. E se não for com ela, é com o .
- De onde você tira essas coisas? - Comecei a rir quando vi os símbolos que ela estava fazendo com as mãos.
- Garota, não sei o que você está fazendo, mas você está encantando todas as serpentes.
- Eu não...
- Você acha que eu não vi os olhares de vocês dois? - Me interrompeu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa - Eu vi, prestei atenção em você o tempo inteiro, também percebi que tinha alguma coisa entre vocês desde a corrida, na verdade desde a primeira vez que você foi no bar.
- Esperando ansiosa pelo dia em que vão parar de surgir histórias minhas nesse bar. Mas agora me explica isso aí.
- Vocês dois pegam fogo no mesmo ambiente, só não foram para o banheiro porque você descobriu que era noite de karaokê e foi correndo para o palco, aí você caiu do palco, foi engraçado.
- Tem mais alguma coisa sobre aquela noite que eu não saiba e precise saber?
- Acho que não.
- Quando é a festa?
- Sexta às 22h, eu te passo o endereço.
- Você pode se arrumar em casa.
- Seus pais não vão se importar?
- Minha mãe sim, mas quem liga?
- Tudo bem, eu vou.
- Então na sexta você faz o teste de líder de torcida e depois vamos para casa.
*

" - Amor, eu tô morrendo de fome.
- Nós já estamos chegando no hotel, a gente pode pedir serviço de quarto.
- Eu tô com vontade de comer alguma coisa bem gordurosa, tipo fast food.
Você bem que podia passar num drive-thru.
- A comida do hotel é bem melhor.
- Por favorzinho. Tô com muita vontade. - Pedi fazendo voz de bebê.
- Ah, o que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando?
- Te amo.
- Eu sei.
- Grosso.
- Você sabe que eu te amo, sua idiota. Se eu não amasse, não atravessaria a cidade inteira pra te resgatar do aniversário da sua vó, muito menos rodaria a cidade em busca de um drive-thru aberto, tudo isso às duas da manhã enquanto cai o mundo lá fora.
-Você é o melhor. - Beijei sua bochecha bem rápido para não atrapalha-lo enquanto dirige.
- O que aconteceu lá? - Diz e pega minha mão, depositando um beijo.
- Nada que eu faço parece ser o suficiente. Minha mãe só tem olhos pro Sebastian. Eu disse para ela que quero cursar medicina e ela riu da minha cara, disse que sou muito burra pra isso, que eu deveria desistir e virar socialite porque eu não precisaria do meu cérebro pra isso, que um marido rico bastaria.
- Não liga para o que ela disse, você é a melhor, e sabe disso. Nunca aceite menos do que você merece. - Nesse momento uma luz me cega. Um caminhão bate no nosso carro e faz o ele capotar, a única coisa que consigo sentir è dor."

- . - Acordo com meu pai me chacoalhando. Minha mãe e Anita também estavam no quarto, os três preocupados.
- Ei, está tudo bem. - Minha mãe me abraça - Já passou.
- O que aconteceu?
- Você estava gritando. - Anita responde - Fazia muito tempo desde a última vez.
- Parecia tão real.
- Eu sei, minha bebê. - Limpa minhas lágrimas, eu nem percebi que estava chorando.
- Acho melhor marcarmos uma consulta com a psiquiatra, e se for realmente necessário, voltar com os remédios.


Capítulo 5

- Você veio! - Nairóbi veio cambaleante em minha direção - Uau. - Diz secando o meu corpo. Escolhi um vestido preto colado, com algumas partes da pele a amostra - Isso tudo é pra mim?
- Quem sabe? - Dei uma piscadinha - Onde tem bebida?
- Tem um bar na garagem, fica a vontade, já vou pra lá. - Disse e sumiu entre as pessoas.
Não pude deixar de notar que literalmente todos aqui são serpentes, ao mesmo tempo que me sinto uma intrusa não consigo deixar de gostar da sensação de perigo e excitação que corre em minhas veias.
- Vamos? - Crystal indicou com a cabeça e saiu andando na frente.
Chegamos na garagem e diferente da semana passada, o grupo de pessoas era bem maior, tinha pelo menos umas dez pessoas a mais que no bar. A mesma garota que ficou puta comigo por causa da corrida estava sentada do lado de , me olhando de cima a baixo, não sei se estava me olhando por causa da minha roupa, ou por ser quem eu sou mesmo, é nítido que não sou daqui, mas eu não ligo, sempre recebi olhares de inveja por onde passo e não vai ser essa garota que vai me intimidar. Algum tempo depois escutei a garota cochichar com as amigas sobre mim.
- O que essa branquela mimada tá fazendo aqui? - Eu estava prestes a responder quando Nairóbi apareceu.
- Essa branquela, mimada e gata pra caralho é minha convidada de honra. - Me puxou pela nuca e me beijou na frente de todos, deu até uma passada de mão na minha bunda e quando me soltou eu vi a garota com os olhos marejados, ela se levantou furiosa e foi embora. Acho que estou no meio de duas ex-namoradas, merda, essa é a última coisa que eu quero.
- Nairóbi, posso falar com você? - Vou tirar a limpo essa história agora mesmo.
- Claro, vamos lá pra dentro. - Me puxou pela mão e me levou para o quarto.
Mal passamos pela porta e eu já estava sendo prensada na parede, Nairóbi voltou a me beijar enquanto explorava meu corpo com as suas mãos quase desesperadas, desceu seus beijos para o meu pescoço e a afastei.
- Nairóbi, eu tava falando sério quando disse para conversarmos.
- Ok, sobre o que quer conversar?
- Quem é aquela garota?
- Minha ex. - Eu sabia.
- Vocês não têm mais nada? Porque ela não me pareceu muito bem. - Sentamos na cama.
- Ela não aceitou muito bem, mas já tomei minha decisão e estou seguindo em frente.
- Você jura que terminou mesmo? Não quero ser atacada de surpresa no meio da festa, não sei se conseguiria sobreviver ao ataque de uma garota daqui. - Disse e Nairóbi começou a rir - É sério, não ri. Eu só consigo lutar quando eu tô bêbada, então se eu tiver correndo o risco me avisa que eu já viro um litrão e dou um pau nela. Fé nas malucas.
- Eu juro, agora vem cá que eu te quero todinha pra mim. - Sorriu safada. Me aproximei e sentei em seu colo, no mesmo segundo ela agarrou minha bunda.
Puxei-a para um beijo, agarrei os fios de sua nuca e apertei seu seio esquerdo com a outra mão. Nairóbi parou de me beijar e desceu seus lábios para o meu pescoço e colo. Abriu o zíper frontal do meu vestido e desceu até deixar os meus seios expostos, apertando o direito enquanto beijava e lambia o esquerdo, desceu a outra mão para o meio das minhas pernas e começou a estimular meu clitóris por cima da calcinha.
Gemi baixinho em seu ouvido e rebolei em sua mão, de repente, fui arremessada do seu colo direto pro chão e Nairóbi saiu correndo para o banheiro, um segundo depois o barulho de vômito se fez presente. Eu não acredito que isso está acontecendo.
Levantei do chão, arrumei o vestido e fui até o banheiro ver como ela estava.
- Nairóbi, você está bem?
- Chama a Crystal. - Falou e voltou a vomitar.
- Ok, eu já volto, só não morre. - Sai "correndo" do quarto atrás de Crystal e a encontrei no mesmo lugar que estava antes - Crystal!
- O que aconteceu? - Ela deve ter percebido como estava afobada.
- A Nairóbi tá passando mal, pediu pra te chamar.
- Onde ela tá?
- No banheiro do quarto. - Disse e Crystal foi correndo pra lá.
- Senta aqui com a gente. - Isaac disse - Mal te vi beber. - Me ofereceu seu copo.
- O que tem aqui? - Perguntei e cheirei o copo.
- Surpresa.
- Você sabe que se acontecer alguma merda comigo acabou pro seu lado, né?
- Sai da noia, Noia. É cidra. - Disse rindo.
- Nossa, faz muito tempo que eu não bebo isso. - Termino o copo - Tinha esquecido como era bom. Aonde vocês estudam? - Perguntei tentando puxar assunto.
- Nós três estudamos na North. - Isaac respondeu.
- Impossível, eu já teria percebido. Eu nunca te vi por lá.
- Deve ser porque você está sempre ignorando todos a sua volta.
- Isso não é... - Ia me defender, mas desisti porque sabia que era verdade.
- Vamos jogar sinuca? - Boyd perguntou.
- Ah, eu não sei jogar.
- Eu te ensino. - disse.
- Vamos de dupla então, vocês dois e eu e Boyd.
Fomos para a mesa de sinuca e Boyd começou jogando, em seguida e depois Isaac, me deixando por último. Eles tentaram me explicar na teoria, mas na prática não estava dando certo, a bola saiu voando.
- Não tão forte! - Isaac gritou rindo.
- Eu desisto! Não sei jogar essa merda.
- Vem cá. - me chamou - Agora você escolhe uma bola que dê pra encaçapar, se inclina pra pegar um bom ângulo. - Me abraçou por trás e inclinou nossos corpos sobre a mesa, roçando seu peito em minhas costas e seu quadril na minha bunda. Aproximou sua orelha da minha boca - Aplica um pouco de força no taco, e pronto. - Voltei a prestar atenção na mesa e vi que a bola tinha acertado o buraco.
- Ah, foi fácil. - riu ainda na mesma posição que estávamos, virei minha cabeça e rocei nossos lábios.
- Agora você tenta sozinha.
Meia hora depois irrompemos a porta do banheiro nos beijando como dois desesperados. me agarrou e colocou em cima da pia, suas mãos explorando meu corpo, a pegada forte com certeza deixaria marcas em meu corpo.
Enfiei uma mão por debaixo de sua camisa e a outra usai para puxa-lo para mais perto pelo passante do cinto. enroscou os dedos no meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, expondo meu pescoço e abriu o zíper do vestido.
Arranquei sua jaqueta e puxei sua cabeça em direção aos meus seios que estavam implorando pelo seu contato, extremamente sensíveis com os bicos duros. me segurou pelo pescoço e desceu sua boca para os meus seios, chupou e mordeu, dando atenção aos dois, me deixando louca de tesão. Subiu o meu vestido, deixando-o enrolado na minha cintura, arrancou minha calcinha.
Sem que eu esperasse, já estava com a cabeça entre as minhas pernas, lambeu minha boceta inteira, concentrou sua língua no meu clitóris e mandou ver enquanto eu tentava segurar os meus gemidos. Enfiou dois dedos em mim e começou a estoca-los, envergou os dedos e aumentou o ritmo, em poucos minutos eu estava mordendo os nós de meus dedos tentando segurar o gemido que veio junto do orgasmo arrebatador.
Arranquei o seu cinto e abri sua calça, enfiei minha mão dentro de sua cueca e agarrei seu pau masturbando-o. Seu pau já estava duro pra cacete, e saber que ele estava assim por minha causa enviou descargas elétricas diretamente para a minha boceta. apoiou a cabeça no meu ombro e eu conseguia escutar o arfar baixinho e seu gemido rouco, beijei e chupei seu pescoço deixando várias marcas, estava pouco me fodendo, ele agarrou meus seios bem forte ao mesmo tempo que sua respiração ficava irregular.
- Para. - Disse e agarrou minha mão - Se você continuar, não vou aguentar, e não quero acabar com a diversão agora.
Me tirou de cima da pia e me virou de costas para ele, escutei o barulho do pacote sendo rasgado, segurou minha cintura e senti seu membro invadir meu interior, preenchendo por completo, foi até o fundo lentamente depois aumentou o ritmo das estocadas gradativamente, uma mão em meu seio e a outra judiando de meu clitóris.
Ele batia tão forte contra mim que era possível ouvir o barulho das estocadas, soltou meu seio e me deu um tapa forte na bunda, me deixando ainda mais pirada de tesão.
- Bate mais. - Me deu outro tapa, não muito forte - Tá com dó de quem? - No mesmo segundo "estourou" sua mão em minha bunda.
Saiu de dentro e me virou de frente para ele, me pegou no colo e voltou a meter em mim, não consegui segurar o grito de minha garganta, deu um sorriso safado e puxei sua cabeça de encontro com a minha, juntando nossas bocas em um beijo desengonçado e desesperado, mas ao mesmo tempo erótico e delicioso. Não demorou muito para gozarmos e ficarmos por um tempo com as testas encostadas uma na outra regularizando nossas respirações, só depois nos afastamos e começamos a nos arrumar.
- Você tá pronta?
- Sim, mas vai na frente, não quero que fique muito na cara. - Ele afirmou com a cabeça - Você pode deixar isso entre nós?
- Fica tranquila, ruiva. Não sou de me gabar. - Piscou e saiu do banheiro fechando a porta.


Capítulo 6

Suspirei e joguei um pouco de água no rosto, limpei a maquiagem borrada e dei uma ajeitada no cabelo, não que tenha adiantado alguma coisa porque eu ainda estava com cara de pós-foda, mas todos estão bêbados e provavelmente não lembraram de um detalhe desses.
Sai do banheiro e fui para a cozinha, eu precisava beber pra processar tudo o que aconteceu, foi muito melhor do que eu esperava, o cara realmente sabe fazer uma mina gozar, uma raridade nos dias de hoje, principalmente quando o cara em questão é um adolescente, tudo bem que deveria ser uma obrigação do cara, mas ele realmente me deixou impressionada.
Depois de alguns copos de bebida voltei para a garagem, e tanto como Crystal estavam de volta.
- Como a Nairóbi está?
- Bem, coloquei ela pra dormir. Seu celular estava tocando. - Avisou.
Peguei meu celular e vi que tinham diversas de mensagens e ligações perdidas de meus amigos, na mesma hora voltou a me ligar.
- Alô?
- , onde você tá?
- Numa festa, por quê?
- Você precisa vir para casa do Benny, agora! - Parecia desesperada.
- Eu hein, nem que me paguem eu entro naquele antro de energia negativa.
- , por favor, é importante.
- O que aconteceu?
- E a Holly, ela teve uma recaída.
- Droga. Eu já estou indo. - Desliguei sem esperar resposta - Tem algum ponto de taxi por perto?
- Tem, mas não é muito perto. Aconteceu alguma coisa? - Crystal perguntou.
- Problemas. - Dei um sorriso forçado - Onde fica esse ponto?
- Eu te levo, é muito perigoso você sair pelas ruas daqui esse horário. - disse.
- Tudo bem. - Não ia rejeitar, já passa da meia-noite e estou do lado mais perigoso da cidade. Me despedi de todos e aguardei do lado de fora pegar sua moto.
Enquanto esperava, dei uma olhada nas mensagens que não tinham sido abertas e estranhei quando encontrei um anexo de um número desconhecido, cliquei nele e me arrependi imediatamente.
Era uma foto - bem intima - de Benny e . Eu poderia dizer pela cor de seu cabelo que essa foto não é atual, é de quando eu namorava Benny e meu irmão. Eu não acredito, como ela pôde fazer isso comigo? Porra, .
- Qual o endereço? - Sai de meus devaneios com a voz de .
- Não precisa me levar, só me deixa no ponto de taxi e de lá eu me viro. - Peguei o capacete de suas mãos.
- Você que manda. - Para o meu azar, ou sorte dependendo do ponto de vista, não tinha nenhum taxi no ponto.
- E agora?
- Eu te levo. Para onde você vai?
- The Hill, mas não é muito longe pra você?
- É um pouco, mas não vou te deixar aqui sozinha. Como você ia voltar pra casa?
- Uma amiga vinha me buscar, mas ela passou mal...
Cheguei na cobertura de Benny e estava rolando uma festa, então concluí que eles estariam em um dos quartos no andar de cima. Encontrei-os no quarto de Benny, Holly estava passando muito mal, vomitando tudo o que podia.
- Holly. - Me aproximei, estava segurando seu cabelo e Jess estava aflita no quarto - O que aconteceu?
- Encontrei ela com os lábios roxos e o nariz sangrando lá embaixo, trouxe ela aqui pra cima e ela começou a vomitar. - disse.
- Quem deixou ela cheirar? - olhou para Jessica. Me levantei e agarrei a garota pelo braço - Sai. Some daqui. - Puxei-a em direção a porta.
- Eu não vou sair! Ela também é minha amiga!
- Que bela amiga. - Respirei fundo - Olha, garota, eu não me importo se você encher o seu cu de pó, realmente não ligo, isso é problema seu. Quer cheirar até morrer? É uma escolha sua, mas você não vai arrastar ela junto com você, eu não vou deixar. Você vai sumir da vida dela. - Abri a porta e a empurrei pra fora trancando em seguida - Ela precisa de um banho. - Tirei meu salto que estava me matando e liguei o chuveiro - Me ajuda a tirar a roupa dela. Demos um banho gelado nela e depois a colocamos para dormir.
- Obrigada por ter vindo.
- Eu não vim por você. - Ficamos em silêncio por um tempo.
- Me desculpa por empurrar meus problemas com o Adam pra cima de você e colocar ele antes da nossa amizade.
- Tudo bem, eu te desculpo. - Sorriu aliviada - Mas isso não significa que estamos bem.
- O quê? Por que não?
- Porque eu descobri o seu segredinho sujo.
- Do que você está falando?
- Acho que você sabe muito bem as merdas que faz. - Voltamos a ficar em silêncio e ficamos assim até seu celular tocar.
- Eu preciso ir. Você pode ficar com ela?
- Sim, vai lá.
Depois de quase três horas eu estava acabada, mas não poderia dormir, tinha medo de que alguma coisa acontecesse com Holly enquanto eu dormia. Até que ela finalmente acordou.
- ? O que você tá fazendo aqui?
- Vim te salvar.
- Minha cabeça vai explodir.
- Que isso sirva de lição pra você nunca mais fazer essa merda.
- Desculpa.
- Você não tem que pedir desculpa pra mim, e sim pra você mesma.
- Eu sei. Desculpa por ter estragado sua noite.
- Você não estragou minha noite.
- Como foi lá?
- Nada demais, só uma festa com pessoas diferentes.
- Nada demais? , seu pescoço ta todo vermelho! - Disse rindo.
- Tá bom, talvez eu tenha tirado o atraso.
- Com quem? Aquela garota com nome de cidade? - Neguei mordendo meu lábio inferior.
- Com quem? - Perguntou quase berrando.
- Com o .
- Quem?
- O carinha do racha.
- Uh. Ele é bem gato, até eu que sou lésbica daria uns beijinhos nele. Mas você é cuzona hein? A mina te chama pra ir na festa dela e você da pro amigo dela.
- Não foi bem assim.
- Então como foi?
- Eu cheguei na festa, bebi bastante, depois fui pro quarto com ela e quando a gente estava dando uns amassos ela quase vomitou em cima de mim.
- É sério?
- Aham.
- E o que você fez.
- Chamei a Crystal pra cuidar dela e fui beber.
- E como você acabou dando pro ?
- Ah, ele estava me ajudando a jogar sinuca e do nada eu lembro de estar no banheiro me agarrando com ele.
- Que safada. - A porta é escancarada e Benny entra com duas garotas.
- Acho melhor nós sairmos daqui.
- Concordo. - Pegamos nossas coisas correndo e vamos para casa.

*


Os treinos de terça e quinta eram no gramado por causa do time de basquete, então toda terça e quinta nós dividimos o gramado com os jogadores de lacrosse. Nunca tivemos problemas em dividir o campo, até essa manhã, quando acertaram a bola em uma das bases da nossa pirâmide e eu caí lá de cima, parecia um dominó, um completo desastre.
Vi a treinadora ir soltando fumaça até o treinador, gritando coisas como "Controle os seus animais". Se não fosse pela dor que sentia em meu calcanhar seria engraçado, até tudo piorar com vindo correndo em minha direção perguntando se eu estava bem.
- Você está bem? - Assenti com a cabeça e quando fui levantar senti uma dor horrível que me fez voltar para o chão - Vem, vou te levar na enfermaria. - Passou os braços embaixo do meu corpo e me pegou no colo.
Que humilhação. Sendo levada como uma noiva nos braços de uma serpente. Você não estava reclamando dos braços dele quando ele estava te comendo. Uma vozinha dentro da minha cabeça me lembra. Saí daqui. Resmunguei de volta para a voz enquanto era levada para a enfermaria. E como se não bastasse tudo isso, a queda foi pior do que eu pensava e agora eu estou sendo levada de lá pra cá no hospital enquanto empurra a cadeira de rodas, e ele é um péssimo condutor.
- Você não precisava ter vindo. - Resmunguei enquanto esperávamos o resultado do raio-x.
- Era o mínimo que eu podia fazer, principalmente por ter sido minha culpa.
- Você precisa treinar mais, joga muito mal.
- Eu nāo jogo mal.
- Você confundiu um gol com uma pirâmide. Aceite, você joga mal.
- Eu estava distraído.
- E qual foi a distração que te fez quase matar metade da minha equipe?
- A sua bunda.
- Você estava secando o meu corpo? - Olhei incrédula para ele.
- Sim, você fica ainda mais deliciosa com esse uniforme. - Desceu seus olhos para meus seios.
- Pervertido. - Bati em seu braço - Não sou obrigada a isso. - Virei minha cadeira de costas para ele.
- Você não parecia incomodada no final de semana. - Sussurrou no meu ouvido.
- Eu estava bêbada, não vai se repetir.
- Isso é uma pena, não consigo parar de pensar nos seus gemidos.
- Isso se chama obsessão, devia procurar um especialista. E pare de falar coisas obscenas no hospital.
- Então fora dele eu posso falar?
- Eu te odeio.
O médico finalmente chama o meu nome. Vou ter que usar bota ortopédica por duas semanas, não é tão ruim como pensei que fosse. Meu irmão veio me buscar e antes que ele fosse embora o chamei.
- , olha, eu não quero parecer muito indelicada, principalmente porque acho errado cuspir no prato que comeu, mas eu preciso que entenda. Ninguém pode saber do que aconteceu entre nós, mas isso não é um "nunca mais", é um "até a próxima rapidinha escondida". - Terminei colocando a mão em seu ombro.
- Você é engraçada.
- Eu nāo estou entendendo.
- Acho que seu irmão chegou. - Aponta com a cabeça - Já vou indo, melhoras. - Diz e vai embora.
- O que aquele cara tava fazendo aqui?
- Ele me trouxe. - Dei de ombros - Vamos?
*

O silêncio dentro do carro é perturbador. Eu e Bash sempre fomos muito próximos, além de irmãos, somos melhores amigos, e essas últimas semanas tem sido horríveis sem ele.
Sebastian encosta o carro do nada.
- Por que parou?
- Porque eu não aguento mais esse clima. Porra, , você é minha irmã, parou de falar comigo do nada!
- Eu garanto que não foi por nada.
- Eu nāo posso resolver isso se eu não souber nem do que se trata. Caso você não saiba, eu não tenho uma bola de cristal e não consigo adivinhar o porquê de você estar brava comigo! - Gritou a última frase. Fechei os olhos e respirei fundo contando até mil.
- Não grita comigo que eu não to gritando com você.
- O caralho! Não sou a porra das suas amigas retardadas que te seguem e obedecem pra todo lado. - Gritou mais uma vez.
- Eu disse pra você não gritar comigo! - Dessa vez quem gritou foi eu - Se a culpa é de alguém por estarmos desse jeito, você é esse alguém.
- E o que eu fiz?
- Você mentiu pra mim!
- Quando eu menti pra você?
- Quando começou a trabalhar com o papai! - Sebastian pareceu surpreso - Sim, eu sei sobre o verdadeiro trabalho do papai, e sinceramente? Me deixa puta saber que você está envolvido nisso!
- Como você soube?
- Não foi por você! E isso foi o pior que você poderia ter feito.
- , eu não podia te contar, papai...
- Não me interessa o que você tem pra falar. Você não confiou em mim, e isso doeu mais do que tudo, doeu mais do que saber que você está metido nisso.
- , me desculpa, por favor. Eu fiz um juramento, eu não posso contar pra ninguém, nem mesmo pra nossa mãe.
- Já acabou?
- Me explica uma coisa, como você pode desculpar o nosso pai que mentiu pra gente nossa vida toda e não me desculpar?
- É diferente! Eu sempre te contei tudo! Tudo mesmo! Até coisas que você não deveria ou não precisava saber, sempre confiei de olhos fechados em você e olha o que você me esconde! Eu não tenho a mesma intimidade que eu tenho com você com mais ninguém, nem mesmo nossos pais.
- ...
- Você pode me levar pra casa ou vou ter que ir andando? - Sebastian bufou se dando por vencido e voltou a fazer o caminho de casa.


Capítulo 7

- Oi, como você tá?
- Melhor, nossa, bem melhor. - Holly me respondeu pela chamada de vídeo.
- Eu fico muito feliz em ouvir isso. Você faltou hoje, fiquei preocupada.
- É, eu não acordei muito disposta. Inventei uma cólica e minha mãe me deixou faltar. A perguntou de você hoje, ainda não estão se falando?
- Não, e não pretendo voltar.
- Você não está exagerando? Quer dizer, sim, ela tá meio chata e biscoiteira ultimamente, mas ela sempre foi assim quando o assunto é homem.
- Eu nem tô mais brava com isso.
- Ué, tá brava por quê?
- Lembra que o Benny me traiu?
- Sim, ainda não acredito que você não foi atrás dessa garota pra bater nela.
- Não fui porque eu não achei que a culpa fosse dela! Ninguém sabia o que o Benny pode ter falado pra ela. Enfim, eu descobri, sem querer, quem é a garota.
- Você conhece?
- Infelizmente sim, e você também.
- Fala logo quem foi.
- Foi a .
- Mentira.
- Eu juro por Deus.
- Como você descobriu?
- No dia que você passou mal alguém me mandou uma foto no anônimo dos dois.
- Eu não acredito! Como ela pôde fazer isso? Vocês são melhores amigas! Quem faz isso com a melhor amiga? - Holly gritava do outro lado.
- Pois é, essa garota dorme na minha casa desde que me entendo por gente, ela sabe tudo que já aconteceu na minha vida. Eu nunca pensei que ela fosse capaz disso.
- Sim! E não importa o que o Benny disse, ela era a pessoa que mais sabia sobre o relacionamento de vocês.
- E como se não bastasse, ela ainda estava com o meu irmão quando transou com Benny.
- Ela realmente traiu o seu irmão com o seu namorado? Eu posso saber por que caralhos você ainda não bateu nessa puta? Ah, desculpa, eu não posso xingar ela assim né?
- Ah, que linda, tá aprendendo. Mas voltando ao assunto, eu não bati nela porque eu tô com tanto nojo dela que não quero nenhum tipo de contato, essa garota é idiota e não tem um pingo de amor próprio.
- Nossa, você tá de parabéns, de verdade, porque se fosse outra época você tinha arregaçado essa sonsa.
- Eu tenho dó dela, de verdade. Só desejo muita luz pra ela.
- Eu tô muito brava, sério. Quero voar no pescoço dessa desgraçada, tacar ela no chão e depois dar várias bicudas na cara.
- O que é pior foi ela não ter tido coragem de me contar. Ela viu como eu fiquei, eu já tava mal por causa do Enzo, o Benny acabava com o meu psicológico. Eu acabei me culpando por meses! E todas as vezes que eu chorei ela tava lá! Me abraçando, dizendo que tudo ia ficar bem.
- Ela foi muito falsa, tipo, muito mesmo. Cobrona, nojenta, garota besta. Eu ainda não acredito que ela fez isso, ela é nossa irmã! Como ela teve coragem? Eu não quero mais olhar na cara dela.
- Aham.
- Ah, não te contei. Eu dei pro Malcom.
- Ah, não. Por que você fez isso?
- Você sabe que eu tava na angústia de dar pra ele há tempos.
- Mas é o Malcom! Foi bom pelo menos? Aliás, você não disse que não ia mais pegar homem?
- Amiga, durou 15 minutos, sério, foi horrível. E sim, eu disse, mas a carne é fraca. E essa transa com o Malcom só confirmou tudo, melhor eu continuar só pegando mulher mesmo, e segue o baile.
- Meu deus. - Explodi em risadas - Você deu pro Malcom depois de meses sem pegar homem e nem foi bom. - Voltei a rir.
- Falando em dar, pra quem você deu no sábado? Não lembro de nada.
- Eu dei pro , o carinha do racha, mas você não sabe, ele quase me matou hoje.
- Como assim? Foi de prazer? Credo, que delícia.
- Quem me dera. Ele tá estudando na North.
- Desde quando?
- Aparentemente desde a transferência dos outros alunos. Mas eu só percebi isso quando eu caí da pirâmide e ele veio me pegar nos braços dele. Agora tenho que usar bota ortopédica.
- Mas é muito sério?
- Não, vou ter que usar a bota por um tempo.
- Ainda bem que não é grave, imagina você fora das competições.
- Eu ia me matar, confia.
*

Depois de desligar com Holly, acabei dormindo a tarde toda, acordei com Anita me balançando e chamando o meu nome.
- O que você quer, demônia? - Virei para o lado oposto da cama.
- Você precisa se arrumar, a Jade vem jantar em casa, preciso que você me ajude a lidar com a fera. - Disse se referindo a nossa mãe.
- Que horas ela vem?
- Às oito.
- Que horas são?
- Seis e meia.
- Já vou me arrumar. - Digo e ela sai do quarto.
O jantar foi tudo, menos normal. Nós ficamos em silêncio boa parte do tempo, e as únicas tentativas de conversa foram um desastre. Jade estava completamente desconfortável, assim como minha mãe, que mal via a hora da menina ir embora, coitada. Se ela soubesse que sou bi e já peguei uns serpentes tenho certeza que seria deserdada.
*

Mesmo não podendo participar ativamente do treino, tenho que comparecer para ficar "atualizada" conforme o que é decido pela treinadora, e como a mesma me ama, ela sempre pede minhas opiniões.
Quando cheguei no ginásio, Sue - nossa treinadora - estava muito estressada.
- Treinadora, está tudo bem?
- Gostaria de dizer que sim, mas infelizmente só tenho más notícias.
- O que aconteceu? - Sue suspirou.
- Tive uma reunião com o diretor, ele vai cortar a nossa equipe.
- O quê? Por quê?
- Ele disse que o time de lacrosse está prosperando mais do que o esperado e precisa aumentar a verba deles, e pra isso, ele vai cortar nossa equipe.
- Ele não pode fazer isso!
- Infelizmente ele pode. E mesmo que ele não cortasse o orçamento, nós não teríamos onde treinar. Com toda essa confusão de transferência de escolas, o número de alunos aumentou muito e a escola vai precisar transformar o ginásio em salas de aula.
- Eles querem realmente se livrar de nós.
- Sim, eles disseram que temos até o jogo de lacrosse, depois disso começam as reformas e equipe é cortada.
- E se nós treinarmos no gramado? Nunca houve nenhum problema em dividir, quer dizer, até ontem, mas qual a probabilidade disso acontecer de novo?
- Mas e o problema da verba?
- Eu cuido disso.


Capítulo 8


Mais de um mês havia se passado desde que conversei com Sue e muita coisa aconteceu desde então.
Depois de inúmeras reuniões e muita dor de cabeça, nós conseguimos convence-lo a deixar que nossa equipe divida o gramado com o time de Lacrosse, e depois de muito chorar no ouvido do meu pai, ele aceitou financiar a equipe, até mandei fazer novos uniformes.
- Senhorita ! - A voz da professora me tirou de meus pensamentos e me trouxe de volta para sua aula - Você escutou o que eu disse?
- Não, professora, me desculpe.
- Se junte ao seu grupo para que eu possa dar o trabalho. - Peguei meu material e fui para a mesa de Holly - Esse não é o seu grupo.
- Como não?
- Eu acabei de fazer um sorteio. Seu grupo está bem ali. - Apontou para a mesa de , Boyd e Isaac. Sorteio? Tem certeza?
- Mas eu sempre faço grupo com a Holly.
- A partir de hoje não faz mais. Agora, vá para o seu grupo e pare de atrapalhar minha aula. - Engoli em seco e fui para a mesa deles - Muito bem, agora que já estão todos em seus lugares, um integrante de cada grupo vai sortear um país, vocês vão pesquisar as informações que eu coloquei na lousa, montar uma apresentação de slides e trazer um prato típico do país. O prazo de vocês é de três semanas.
A professora passou em cada grupo e nós pegamos a Grécia.
- Nós precisamos nos reunir na casa de alguém. - Boyd disse.
- Pode ser na minha. Só marcar o dia.
- Tem como ser hoje? - Isaac perguntou - Quero adiantar o máximo que eu puder os trabalhos.
- Por mim tudo bem. - Peguei um post-it e anotei o endereço - Apareçam depois das 16h.
*

Eram quase 17h quando a campainha tocou, abri a porta e encontrei sozinho.
- Oi, onde estão seus amigos?
- Eles tiveram um probleminha com o carro, vão se atrasar. - Quem terá problemas sou eu de ficar sozinha com você por muito tempo.
- Bom, pode entrar. - Dei espaço para que passasse - Fique a vontade.
- Licença.
- Vamos lá para cima. - Digo e vou subindo na frente.
O clima é meio constrangedor entre nós. A última vez que nos falamos foi no hospital, além disso, o único contato que tivemos foram algumas trocas de olhares.
- Nós podemos ir adiantando a pesquisa. - Sugiro.
- Claro, quanto mais cedo terminar, melhor.
- Tá com pressa?
- Só tenho algumas coisas ora fazer mais tarde.
- OK.
*

- Você tem certeza eles estão vindo? Já faz mais de uma hora que você ligou.
- Minhas mensagens não estão chegando.
- Bom, já fizemos mais de metade da pesquisa, se você precisar ir embora, eu termino a pesquisa com eles.
- Você quer que eu vá embora?
- Não é isso, só não quero que se atrase. - Olhou o relógio.
- Eu ainda tenho um tempo. - Deitou de lado na cama e começou a me olhar.
- O que foi?
- Nada. Eu só gosto de te olhar.
- Por que? - Pergunto rindo um pouquinho.
- Porque eu te acho muito linda, e é quase impossível ficar no mesmo ambiente que você e não querer te olhar. - Nossos rostos já estavam muito perto e tomei o impulso de beija-lo.
Esse beijo era diferente, não era apressado, desesperado ou selvagem como das outras vezes, ele era calmo, mas ao mesmo tempo intenso, como se degustássemos um ao outro.
Fiquei por cima dele e ele colocou as mãos uma em cada perna minha, as vezes deslizando para minha bunda e apertando, mas tudo bem devagar. Comecei a esfregar nossas intimidades, como se estivéssemos fazendo sexo de roupa.
me apertou mais contra ele e aumentou a fricção entre nós, desci meus beijos para o seu pescoço e garganta, ele apertou minha bunda com força e soltou um gemido, que me deixou muito satisfeita por saber que ele não consegue se controlar comigo.
Levantei meu tronco, rebolando em seu colo, aumentando a intensidade dos movimentos, peguei uma de suas mãos e coloquei no meu peito, ele apertou quase que imediatamente, eu estava sem sutiã e ele ficou muito animado quando percebeu, deu um puxão no meu bico.
Ele sentou e ergueu minha blusa até acima dos seios, não tardando em colocá-los na boca, mordendo, sugando, lambendo, apesar deles não serem grandes, são muito sensíveis, me fazendo jogar a cabeça para trás, sentindo meus cabelos serem puxados, foi a minha vez de gemer.
Estava tudo tão bom, até que ouvimos o barulho de vozes se aproximando no corredor e no próximo segundo Boyd e Isaac entram no quarto, e , no desespero, me tacou pra fora da cama, me fazendo voar e cair no chão.
Abaixei minha blusa e tirei um dos brincos, me abaixando como se procurasse alguma coisa debaixo da cama.
- Foi mal pela demora, passamos uma hora na oficina e ainda pegamos trânsito. - Boyd disse.
- Cadê a ? - Isaac perguntou.
- Achei! - Me levantei num pulo deixando os três sem entender nada - Meu brinco. - Mostro o brinco pra eles - Achei que tinha perdido.
’s POV
Essa garota vai me enlouquecer. Ela é louca! Uma hora me trata que nem a bosta do cachorro dela, e na outra tá sentando no meu pau. Decide o que você quer, porra. E o pior é que a filha da puta é gostosa, eu pareço um idiota atrás dela, minha dignidade já foi enterrada a sete palmos, me sinto a Tessa daquele livro chamado After. Virei o que mais temia, a porra de um escravoceta.
Ela deve rir da minha cara de idiota, mas o que eu posso fazer? A carne é fraca. Ela quer rola? Eu vou dar rola pra ela.
Megera, safada, gostosa, pilantra, linda. Eu não entendo como ela consegue encantar todos que conhece mesmo sendo cuzona do jeito que é, droga de garota tóxica. Ela é uma bruxa, essa é a única explicação plausível pra isso.
Agora estou com raiva de Boyd e Isaac, eles tinham que ter aparecido? Agora estou com as bolas roxas, que porra.
Como vou ver minha garota desse jeito?
Como vou dar a atenção que ela merece com uma ereção mal curada e aquela bruxa na minha cabeça?
Dirijo até o restaurante o de marcamos, estou muito nervoso, é sempre assim quando nos vemos. Posso contar o número de vezes que nos vimos nos últimos meses, e isso me dói o coração porque ela é a minha vida, todas as decisões que tomo são pensando nela.
Quando entro no restaurante estou suando, procuro-a com o olhar e a encontro numa mesa mais afastada sentada com mais duas pessoas, pessoas que eu infelizmente conheço e odeio.
Quando ela finalmente me vê, dá um gritinho e vem correndo em minha direção, me abaixo para agarrar a garotinha de 6 anos.
- ! - Impossível não sorrir com ela por perto.
- Oi minha linda.
- Eu senti saudade. - Me agarro mais ainda a ela.
- Eu também, princesa, todo dia. - Me levanto e ela me puxa pela mão até a mesa que Sandy e John estão sentados, cumprimento com um aceno e me sento ao lado de Mia - Vocês não vão sair?
- , eu e John conversamos e não queremos que você fique sozinho com Mia, você não é uma boa influência, então se quiser continuar tento contato com Mia, será desse jeito, com um de nós presente.
- Você não pode fazer isso, ela é minha irmã!
- E nós somos os pais dela. - John diz.
- Adotivos. - Corrijo.
- Sim, , adotivos, mas somos nós que cuidamos dela, nós temos a guarda, isso foi definido na justiça. - Sandy diz - Deveria ser grato a nós por permitirmos esses encontros ainda.
- Vocês não podem me impedir de vê-la.
- Não estamos impedindo, só estamos colocando algumas condições.
- Eu vou acionar a justiça.
- De novo, ? Com que dinheiro? Você não está cansado de perder para nós? - Sandy diz sendo cínica como sempre. Respirei fundo e contei até um milhão pedindo a Deus por um pouco de paciência.
- Tudo bem, será nos termos de vocês, mas vocês podem pelo menos trocar de mesa?
- Tudo bem, pra você ver que não somos esses monstros que você acha que somos, vamos sentar bem ali, do outro lado do salão. - Sandy diz e se levanta com John. Troco de lugar e me sento na frente de Mia.
- Desculpe por isso, Princesa. Você não merece ouvir essas discussões.
- Por que vocês brigam tanto?
- É complicado, um dia você vai entender.
- É pelo mesmo motivo de você nunca vir me ver?
- Sim, Mia, é sim. - Ela se vira e começa a mexer na mochilinha da escola.
- A professora pediu pra gente fazer um desenho do nosso herói. - Ela puxa um papel e me entrega - Essa sou eu e esse é você.
É o desenho de uma princesa num castelo e um cavaleiro lutando contra um dragão. É lindo, não é aqueles desenhos de palitinho, ela realmente leva jeito pra coisa.
- Ficou lindo, Mia. Você gosta de desenhar?
- Muito. - Balança a cabeça concordando - Eu fiz vários desenhos. - Tira uma pastinha da mala e me entrega - Toma, é pra você. Fiz pra vocês nunca se esquecer de mim.
- Isso é impossível, Mia. Nunca vou esquecer da minha princesa. E eu trouxe uns presentes pra você. - Ela bate palminhas animada. Pego a miniatura de beagle de dentro do meu capacete e entrego. A cara que ela faz é o melhor pagamento.
- Meu deus! Parece o Bins! - Bins era o nosso cachorro.
- Eu também comprei esse colar. - Tiro do bolso e a entrego - Esse botão abre o colar. - Aperto o botão e a o colar abre em duas partes, mostrando uma foto da nossa família quando nossos pais ainda eram vivos. - Mas não mostra pra Sandy e pro John.
- É o nosso segredo?
- Sim, só nosso.


Capítulo 9


- Eu não gosto de você, mas sou um cara de palavra. - Benny disse e me entregou a chave do carro - Os documentos já estão no seu nome e coloquei dentro do carro. - Fiz um gesto com a cabeça e sai andando.
- Cara, eu não acredito, ele realmente te deu o carro. - Isaac apareceu do meu lado me assustando.
- É, tudo no legal, o carro está no meu nome.
- Esses caras têm tudo muito fácil. - Isaac diz indignado.
- É, alguns fácil demais. - Falo olhando para do outro lado do estacionamento saindo do seu carro.
- Vamos dar umas voltas com ele? - Isaac diz de olho no carro - Depois passamos na oficina e podemos dar uma envenenada no carro.
- Nem fodendo.
- Como não?
- Vou vender o carro, o dinheiro vai todo pra poupança da Mia, se eu provar que consigo sustenta-la, tenho uma grande chance de conseguir a guarda.
- Entendo. Se quiser posso te ajudar a vender.
- Quero sim, cara. Depois a gente vê isso.
- Agora mudando de assunto. O que tá rolando entre você e a gata ruiva?
- A ? Nada. - Isaac semicerra os olhos
- Tudo bem, quer esconder isso? Fica tranquilo, não vou te pressionar, mas não se esqueça, eu vejo tudo. - Diz e sai andando. Balanço a cabeça negativamente, idiota.
*

- Não é à toa que o pessoal daqui passa nas melhores faculdades, o ensino daqui é muito puxado. - Karoline disse jogando seu material em cima da mesa - Estou me matando de tanto estudar.
- Se você for na secretaria pode se inscrever no plantão de dúvidas. - Crystal disse.
- Eu vou lá depois da aula, se quiser podemos ir juntos. - Digo.
- Hoje eu não posso.
- Eles levam os estudos e esportes muito a sério, fiquei sabendo que eles dão várias bolsas para os atletas e outras eletivas. - Crystal diz.
- É verdade, eu conversei com o treinador e o diretor e eles me disseram que no final da temporada vários olheiros vêm assistir os jogos e treinos. - Isaac diz.
- Gente, é sério? - Karoline diz.
- Sim, por isso que entrei na equipe de lacrosse. - Falo.
- A mesma coisa pra mim. - Crystal diz.
- Eles dão bolsa para líder de torcida?
- Claro que sim!
- Nossa, se eu soubesse disso antes tinha feito o teste. - Karoline diz.
- Se quiser posso falar com a , ela é a capitã, talvez possa abrir uma exceção. - Crystal diz.
- Tá bom que ela vai abrir uma exceção pra mim, ela não gosta de ninguém além de si mesma, essa garota é uma sociopata.
- Ela não é tão ruim assim, só foi criada desse jeito, mas no fundo é uma boa pessoa. - Crystal diz.
- Se você diz. - Karoline deu de ombros.
- Quer que eu fale com ela? - Crystal pergunta.
- Quero, mas só por causa da bolsa.
*

Quando a aula acabou fui para a biblioteca onde a plantonista me espera pra me ajudar em química. Eu não sou ruim na matéria, mas está muito mais avançado e não estou entendendo nada. Cheguei um pouco mais cedo então tive que esperar.
- Oi. - Escutei a voz de .
- Oi.
- Você veio para o plantão?
- Sim, você também?
- Na verdade, eu dou o plantão. Só veio você?
- Aparentemente sim. - Colocou seu material em cima da mesa e sentou do meu lado - Como funciona o plantão?
- Não tinha plantão na sua antiga escola né? - Nego com a cabeça - Bom, geralmente eu dou uma revisada na matéria que os alunos mais têm dúvida, depois passo uns exercícios e passo de mesa em mesa tirando outras dúvidas, mas como só tem você aqui, posso te explicar com mais calma.
Passamos quase duas horas estudando e fazendo vários exercícios, no final já estávamos os dois cansados e querendo ir pra casa, remarcamos para continuar outro dia.
Nos despedimos, cada um indo para o seu carro quando um desejo quase que incontrolável tomou conta e me fez voltar atrás.
- . - Gritei seu nome e dei uma corridinha até ela.
- Sim?
- Sai comigo nessa sexta.
- Tipo um encontro?
- É, tipo um encontro.
- Essa sexta eu não posso. - Não sei como não previ que levaria um fora.
- Ah, tudo bem, até mais. - Me afastei.
- Sábado eu tenho o dia livre. - Elevou um pouco a voz para que eu escutasse, me virei para ela com um sorriso.
- Sábado então. - Ela assentiu sorrindo e entrou no carro.


Capítulo 10


Sábado por volta das 10h eu busquei em sua casa. Ela estava linda, como sempre. Eu não sei o que me atrai nessa garota, ela é como todas as pessoas que eu repudio e sempre me mantive afastado, mas tem algo nela que me atrai como nenhuma outra já fez, me instiga. Eu sei que ela não é uma pessoa ruim, e eu quero conhecer a verdadeira , ela não pode ser tão ruim quanto aparenta ser.
E foi com esse pensamento em mente que decidi para onde a levaria no nosso primeiro encontro.
Todo sábado eu faço trabalho voluntário em um dos piores - para não dizer o pior - hospitais de Blackburry. Como fica na periferia da cidade, o hospital é ruim como um todo, desde a infraestrutura até o atendimento, e óbvio que a quantidade de pessoas só aumenta. Nossa prefeita só liga para o lado bonito da cidade, então resta a nós, moradores voluntariados, ajudar o máximo que conseguimos.
- Não era o que tinha em mente quando me chamou para um encontro. - diz descendo da moto.
- Se quiser podemos ir em outro lugar, mas te garanto que vai se arrepender de não ter dado uma chance. - olhava para o hospital com uma expressão estranha - Confia em mim. - Estendi a mão, ela olhou para a minha mão e balançou a cabeça concordando.
- Não faça eu me arrepender. - Disse e pegou minha mão.
Puxei-a pelo hospital em direção a ala das crianças, lá é onde o negócio fica sério, crianças de várias idades, todas com doenças em estado avançado, algumas até em estado terminal, precisa ter estômago para aguentar.
Apresentei para as crianças e tentei ao máximo dividir minha atenção entre ela e as crianças. No começo ela estava meio retesada, eram muitas crianças querendo sua atenção, mas depois já estava brincando com os menores.
Já faz um tempo que ela me disse que ia no banheiro, estou começando a achar que ela fugiu, ela foi e não voltou mais, então decido ir procurá-la.
A recepcionista me diz que viu ela ir correndo em direção as escadas, vou até lá torcendo que ela não tenha desistido tão fácil. Quando estava perto da escada, escutei soluços muito altos, choro é o mais comum nos hospitais, mas eu fui em direção ao choro daquela pessoa, subi quase todos andares e foi lá que encontrei ela. Estava sentada nos degraus com o rosto escondido entre as mãos.
- . - Chamei seu nome e ela se assustou e levantou depressa limpando o rosto.
- Oi, eu já ia descer. - Diz tentando parar, eu não falo nada, apenas puxo-a para um abraço.
Ficamos assim por um tempo, ela chorando e eu tentando acalma-la, até que ela se afasta.
- Como isso é possível? Como a prefeita pode estar consciente de tudo isso e não faz nada? Eu não entendo. - Seu olhar traz revolta.
- Ninguém entende, linda. - Limpo seu rosto e ela parece se segurar para não voltar a chorar - Não foi uma boa ideia eu ter te trazido aqui.
- Não fala isso, foi uma boa ideia sim, eu só não estava preparada. É um choque de realidade muito grande, mas se eu não tivesse vindo eu nunca ia saber. - Diz suspirando.
- Vem. - Ofereço minha mão - Já está bom por hoje.
- É, nisso eu tenho que concordar. - Pega minha mão e saímos do hospital - Qual a próxima parada? - Sorrio para ela, feliz por ela estar gostando.
- Gosta de comida mexicana?
- Adoro.
- Vou te levar para comer a melhor comida mexicana da sua vida.
*

Meu amigo, Juan, é imigrante e a família dele abriu um food truck, a comida é uma delícia, as receitas são originais de lá, estão na família há décadas, tenho certeza que ela vai adorar. Estacionei a moto e fui fazer o pedido enquanto foi procurar um lugar para sentarmos.
- E aí? O que achou da comida?
- Eu gostei, é realmente boa.
- Fiquei com medo de não gostar, não tenho como te levar nos lugares que está acostumada.
- Isso é bom, estou cansada dos meus lugares e pessoas. Me conta um pouco sobre você.
- Minha vida não é interessante.
- Pra mim é. Percebi que não sei nada além do seu nome. Vai, me fala alguma coisa sobre você.
- E se a gente fizer um "jogo"?
- Como assim?
- Eu faço uma pergunta, você responde e depois é a sua vez de perguntar.
- Parece justo. Eu começo. - Demorou um pouco pensando no que poderia perguntar - Tem alguma coisa que você nunca fez e tem vontade de fazer?
- Não é alguma coisa que eu nunca fiz, mas sinto muita falta de viajar, sair um pouco de Blackburry, me divertir...
- Por que você não viaja?
- A maior parte é por conta de dinheiro, guardo o pouco que tenho e não gosto de gastar com caprichos. E eu tenho muitas preocupações, responsabilidades.... É complicado.
- Sua vez de perguntar.
- Tem algum lugar que você se sente você mesma? - Ela demorou pra responder, ficou um bom tempo pensando.
- Eu não sei.
- Como não?
- Ah, sei lá, faz um tempo que eu não consigo ser eu mesma em algum lugar, tem sempre alguém pra me criticar. - Parece meio abatida.
- Nem mesmo na sua casa?
- Principalmente na minha casa. São raros os momentos que me sinto confortável para me expor. Alguns deles foram com você e seus amigos.
- Os serpentes?
- Sim.
- Por que?
- Ah, não sei. Vocês tão sempre pouco se fodendo para quem tá em volta.
- Em outras palavras: cuidamos da nossa própria vida.
- É, isso é muito triste, as pessoas estão sempre procurando alguém pra encher o saco. Agora chega de falar disso. Próxima pergunta: Qual o seu guilty pleasure?
- Guilty pleasure?
- É, alguma coisa, tipo um filme, banda que você adore, mas tem vergonha disso.
- Não queria me expor desse jeito. - Falo rindo.
- Quem teve a ideia do jogo foi você, agora você tem que responder! - também está rindo.
- Eu pulo a pergunta.
- ! Você não pode pular a pergunta. Vai, não pode ser tão ruim assim.
- Tá bom, tá bom. - Levanto as mãos em sinal de rendição - Eu adoro animações.
- Animações tipo anime?
- Não. Tipo filmes e desenhos da Disney ou qualquer outro canal do tipo.
- Ah, não é tão ruim assim. - Se aproximou de mim e sussurrou - Eu também gosto. - Se afastou e piscou.
- Qual o seu maior sonho?
- Eu quero fazer a diferença, ajudar quem realmente precisa, como as crianças daquele hospital. Quero fazer projetos sociais, viajar pelo mundo fazendo o bem. Acho que é por isso que me apaixonei por medicina, mas acho que uma realização mesmo seria entrar para os Médicos Sem Fronteiras. - Disse com brilho no olhar.
- Uau, eu não esperava por isso.
- Eu tenho tanta cara de mesquinha assim?
- Um pouco. - Nós dois rimos - É só que, você não é uma das pessoas mais empáticas que conheço.
- Eu sei, mas isso não me impede de querer ajudar quem precisa.
- Claro que não, é só que, por que você trata as pessoas daquele jeito?
- As pessoas são interesseiras, . Se você der espaço elas vão te usar e depois te tratar como merda, tentar de jogar para baixo e sair por cima.
- Mas você é assim com quem nem conhece.
- Acho que eu me acostumei com pessoas interesseiras e falsas na minha vida. - Deu de ombros - Eu fui criada assim, eu não queria ser desse jeito, e eu tento mudar, mas tem coisas que são automáticas, pensamentos... As pessoas não nascem com preconceito, . Ele é implantado nelas.
*

Passamos muitas horas conversando, até percebermos que já estava tarde e os dois estavam muito cansados.
Por incrível que pareça, não nos beijamos nenhuma vez o dia todo, a conversa fluiu tão bem entre nós que seria um crime cortar o clima e intimidade que estávamos criando apenas por um beijo, mas confesso que vontade não me faltou.
Deixo-a na casa dela e antes de ir embora puxo-a para um beijo, e pelo jeito que ela me agarra e se entrega ao beijo, posso dizer que igual a mim, deve ter pensado em fazer isso várias vezes durante nosso encontro.
- Eu juro que se você não tivesse me beijado eu teria me jogado nessa boca. - Diz rindo e depois puxa o meu lábio inferior.
- Passei o dia todo querendo te beijar. - Aperto sua cintura e a puxo para mais perto.
- E por que não beijou?
- Porque a conversa estava muito boa e não quero que pense que é só sexo. - E é verdade, me interessei muito por ela, e não é só pelo corpo.
- Eu também não quero só sexo. Quero te conhecer melhor. - Me dá um selinho junto com a mordida no lábio.
Nos beijamos por mais um tempo e depois realmente nos despedimos.


Capítulo 11


- Onde você estava? - Sebastian pergunta assim que piso o pé dentro de casa.
- Por aí.
- Sozinha?
- Não, com .
- Aquele serpente? - Pergunta como se aquela fosse a coisa mais inacreditável que já ouviu.
- Sim, "aquele serpente".
- Pensei que você odiasse ele depois que ele quase quebrou seu pé.
- Eu nunca odiei ele, foi um acidente. E ele é bem legal quando você conhece ele.
- Aonde vocês foram?
- Parece que estou num interrogatório policial. O que deu em você?
- Eu só... - Ele parecia não encontrar as palavras certas - Desculpe, eu só sinto falta de quando você confiava em mim e contava o que acontecia na sua vida.
- É, se não tivesse omitido para mim sobre o seu novo trabalho as coisas teriam continuado iguais.
- Eu sei, e por isso eu peço desculpas. Eu não deveria ter escondido coisas de você, mas poxa, entenda o meu lado. É tudo muito novo para mim também, essa coisa da máfia me assusta pra caralho! Não foi uma coisa que eu pedi pra acontecer, eu fui colocado no meio. Você tem sorte de não estar de alguma forma metida nisso. - Ele parecia exausto. Não falei nada, só andei até ele e o abracei - O que você tá fazendo?
- Te abraçando.
- Eu sei, mas por quê? Você mal tem falado comigo.
- Você parecia precisar de um abraço, agora cala a boca e para de estragar o momento. - Ficamos assim por vários minutos, até que decido quebrar o silêncio - Eu te perdoo.
- É sério?
- Sim. Eu tive muito tempo pra refletir e cheguei à conclusão que sinto mais sua falta do que raiva.
- Isso é bom. - Diz e nós rimos - Agora vai me contar sobre o ?
- Hoje não. - Dou um beijo em sua bochecha - Boa noite. - Digo e subo para o meu quarto.
Mais tarde escuto uma batida na porta e meu pai coloca a cabeça para dentro.
- Mi Hija? Posso entrar?
- Sim. Por que está falando em espanhol? - Ele entra e senta na cama.
- Estou treinando. Sua mãe quer viajar para a Espanha sema que vem.
- Vão sozinhos?
- Não, Guapa. Viagem em família.
- Eu não quero ir.
- Ainda bem que eu não te perguntei nada. Você vai.
- Me deixa ficar aqui, por favor.
- Não.
- Se não me deixar ficar eu conto seu segredinho sujo para a mamãe e a Anita. - Ele travou o maxilar, estava bravo.
- Você está me chantageando? Muito bem, conseguiu o que queria. Se daria bem nos negócios da família. - Mas afinal. é uma bronca ou não? - Comprei seu remédio e falei com a psiquiatra, você começa na segunda.
- Eu não gosto desse remédio. Ele me deixa estranha, os efeitos colaterais são muito fortes e me deixam foram de mim.
- Filha, o médico sabe o que é bom pra você.
- Se soubesse não me faria tomar isso. - Olho para o frasco escrito ZANEX em minhas mãos.
- Sem conversa, você pode ter me dobrado pra viagem, mas você vai tomar seu remédio e ir no seu psiquiatra uma vez por semana.
- Isso não é justo. - Me viro de costas e enfio a cara no travesseiro fazendo drama.
- Eu só quero o seu melhor. - Meu pai faz cafuné no meu cabelo.
- Esse remédio me faz mal, pai. Eu tomo qualquer outra coisa, por favor.
- Desculpa, bebê. - Ele diz e sai do quarto.

Segunda de manhã eu estava dentro do meu carro no estacionamento da escola esperando , Boyd ou Isaac chegarem, vi os três em suas motos junto com outros Serpentes, desci do carro e fui até eles desfilando em meus saltos.
- Oi, posso falar com vocês? É sobre o trabalho.
- Claro. - Boyd disse e fomos os quatro para um lugar mais afastado.
- Eu estava pensando na confusão que deu para gente se encontrar da outra vez e acho que talvez seja melhor se nós dividirmos o trabalho.
- Eu pensei a mesma coisa. - Isaac disse - Eu sou um desastre na cozinha, melhor eu fazer a parte dos slides.
- Isso é verdade, ele queima até água. - Boyd diz.
- E o Boyd é o nosso "techguy", pode fazer comigo os slides. - Isaac diz.
- Então nós dois fazemos aquele prato. - diz.
- Isso.
- Bom, se já está tudo certo, nós vamos indo. - Boyd diz e sai com Isaac, quando faz menção de sair eu seguro seu braço.
- Espera, sobre esse sábado, eu gostei muito.
- Eu também, mal vejo a hora de repetir. - Diz e coloca a mão na parede atrás de mim me encurralando entre seu corpo e a parede.
- Acho que pode acontecer mais rápido do que imagina. Você está livre na sexta?
- Acho que sim, por quê? O que você tem em mente? - Mordeu seu lábio e me deu um sorriso muito safado.
- Minha família vai viajar, vou estar sozinha em casa. - Impulsionei meu quadril para frente, roçando em seu corpo - O que você acha de ir lá pra casa e me ajudar com a nossa parte do trabalho?
- Eu estarei lá. - Desceu o olhar para os meus seios.
- Perfeito. Vá pelas 19h, e não se atrase, quero aproveitar cada segundo. - Rocei nossos lábios, dei um beijinho e sai andando.


Capítulo 12

A semana demorou uma eternidade pra passar, tive que ir na consulta com o psiquiatra e ficamos uma olhando com cara de bosta pra cara do outro. Eu não queria estar lá, já frequentei o consultório dele dois anos atrás, eu estou bem, só tive um pesadelo, é normal lembrar de acontecimentos passados, por mais trágicos que sejam.
Dois anos atrás eu sofri um acidente de carro e meu namorado morreu. Eu passei 2 meses em coma, acordei com algumas sequelas e passei muito tempo me culpando até entender que eu não forcei Enzo a ir me buscar naquela noite, assim como não controlei a chuva, ou a direção do caminhão que bateu em nós, ninguém tinha como saber que algo tão trágico iria acontecer.
Foi difícil pra entender, mas depois de várias sessões e tomando aquele remédio eu melhorei. Não preciso mais disso, foi só uma lembrança ruim.
Sexta-feira finalmente chegou. Me arrumei bem bonita, mas ao mesmo tempo não queria que ele achasse que me arrumei tanto pra ficar em casa, sei lá, fiz uma maquiagem mais natural e uma roupinha bonitinha, mas não muito formal.
Comprei tudo para nós prepararmos o Moussaka, que basicamente é uma lasanha, mas sem massa. Moussaka é uma combinação de berinjelas, carne de cordeiro moída, tomate, cebolas, azeite, molho branco e um monte de temperos. Peguei a receita na internet e espero que dê certo, não sou muito boa na cozinha, mas não pode ser tão difícil né?
Dispensei os empregados e quase morri de ansiedade até as 19h. chegou todo lindo e cheiroso, vestindo uma camiseta preta com calça jeans e é claro, sua jaqueta de couro. Eu me pergunto se essa gangue lava essas jaquetas porque eles tão sempre usando elas.
- Oi.
- Oi, pode entrar. - Dei espaço para que passasse - Fica à vontade, se quiser tirar os sapatos... - Dei de ombros e fui andando para a cozinha com ele no meu encalço - Eu comprei os ingredientes que precisam.
- Você sabe a receita?
- Não, mas eu imprimi na internet. Eu não sou especialista na cozinha, mas acho que não tem como ficar tão ruim, né?
- Eu espero que não, porque eu também não sou lá essas coisas na cozinha. Mas eu sou melhor que o Isaac. - Piscou e nós rimos.
Passamos um bom tempo preparando o prato antes de levar ao forno, estávamos sempre rindo um do outro, se sujando, fazendo brincadeiras, como dois idiotas, mas dois idiotas muito felizes. E um dos dois sempre acabava roubando beijos um do outro. Aí, muito fofinhos, sério.
- Tá, agora é só colocar no forno e esperar o timer tocar. - Digo colocando o refratário dentro do fogão - Vamos lá pra sala, ver algum filme, desenho. - Provoquei. Na verdade, queria ver filme porra nenhuma, quero mesmo é cavalgar nesse gostoso, mas calma, a pressa é inimiga da perfeição, e quanto mais eu esperar, mais tesão vamos acumular e quando acontecer, vai ser A transa.
- ? - estala o dedo na minha frente.
- Sim?
- Você me escutou?
- Desculpa, não. - Falo e começo a rir.
- Onde fica a tal sala de tv?
- Por aqui. - Vou com ele até o andar de cima e nos sentamos os dois no sofá grande. Ligo a tv e coloco num canal que gosto.
- Nós temos 50 minutos até a comida ficar pronta.
- E nós vamos ficar vendo desenho até lá? - Olho para ele que entende na hora o que eu quero dizer.
- Vem cá. - me puxa para o seu colo e agarra a minha bunda com força. Rebolo em cima dele e ele desfere um tapa na bunda. Sorrio com cara de safada e o puxo pela nuca para um beijo.
Cada vez que eu e ficamos é diferente, muito provavelmente por conta das situações, mas todas as vezes são muito boas. não decepciona, isso porque quando ele te pega ele não só dá uns beijos, ele realmente pega com força, aperta tudo o que tem direito, passa a mão por todo o meu corpo, e é claro que eu não fico para trás.
Os dois estavam muito ansiosos para esse momento, já faz muito tempo desde aquela rapidinha na festa da Nairóbi. E eu nem lembro em detalhes como foi! Acho que por conta de toda essa ansiedade que os dois estavam desesperados para tirar a roupa um do outro.
Ele arranca minha blusa e joga em algum canto, em seguida enfia uma das mãos por dentro do meu sutiã e belisca o bico do meu seio. Solto um arfar e mordo seu lábio inferior.
Volto a rebolar em seu colo enquanto nos beijamos intensamente e tenho suas mãos me levando ao mais intenso grau de tesão.
O safado não perde tempo e abre o meu sutiã, em questão de segundos ele larga minha boca e começa a dar total atenção ao meu pescoço e seios. Chupando e mordendo meu pescoço, apertando meus seios, uma preliminar para o que estava por vir.
Quando ele finalmente colocou meu seio em sua boca eu pensei que fosse morrer. Eu tenho muita sensibilidade nos seios, e eu fico louca quando um cara, ou garota, sabe o que fazer com eles.
Gemo baixinho seu nome e isso parece servir de incentivo para que ele me dê ainda mais prazer. Ele escorrega sua mão livre para dentro do meu short de moletom, desse jeito ele tem acesso liberado para o meu clitóris, que já estava muito provavelmente inchado, e encharcado como a minha boceta.
Coloco uma mão por dentro da sua blusa, explorando seu corpo, e a outra coloco em cima da ereção, muito marcada pela calça. Aperto e começo a esfrega-la por cima de seu jeans, provocando-o.
Puxo sua camiseta e arremesso para algum lugar da sala. Ele troca a posição da sua mão, dessa vez afasta o tecido do short e a calcinha por trás e sem aviso nenhum enfia dois dedos na minha boceta.
Não consigo evitar que um gemido alto saia. Empino minha bunda para que ele tenha mais acesso a ela e continue me dando prazer e puxo seu cabelo, inclinando sua cabeça para trás e coloco meus seios em seu rosto, que volta a chupa-los de forma deliciosa.
Ele aumenta a velocidade e intensidade de seus dedos e em poucos minutos estou gozando em seu colo, gemendo seu nome, me sentindo uma geleia devido à enorme onda de prazer que tomou conta do meu corpo.
, chupa os dedos que estavam dentro de mim e me beija, fazendo com que eu sinta o meu próprio gosto.
Desço do seu colo e me ajoelho entre suas pernas. Louca para fazer aquilo que tenho vontade desde que o vi naquela corrida.
Tiro seu cinto e abro o zíper da sua calça, puxo a cueca para baixo, deixando a toda embolada na sua perna enquanto o pau salta para fora todo feliz em me ver, brincadeiras à parte, rs.
Agarro seu pau e começo a provoca-lo, masturbando-o de forma bem devagar, passando o dedo pela cabeça dele e descendo até a base, me arriscando em passar a mãos em seu saco.
Lambo a glande de cima a baixo, olhando bem em seus olhos e enfio na boca. Consigo saber que ele está gostando pela forma que ele muda os gemidos roucos e baixos para altos e depravados, me deixando encharcada em ver que sou eu que está causando isso nele.
- , para. Eu não aguento mais. - Quando escuto essas palavras eu aumento meu ritmo e o levo até minha garganta. me puxa pelo cabelo, arranca meu short e calcinha na velocidade da luz e me traz de volta para o seu colo.
Passa o seu pau por toda a minha boceta, quando está encaixando para entrar eu lembro de uma coisa muito importante.
- Camisinha.
- Puta merda. - procura em seus bolsos desesperadamente até que acha e eu arranco de sua mão para colocá-la.
Depois que a camisinha já está colocada, eu deslizo em seu pau e não me lembro de ter tido uma sensação tão boa em tanto tempo.
Ele segura minha cintura e me "ajuda" a subir e descer com mais frequência e intensidade, ao mesmo tempo impulsionando com o quadril tornando as investidas enlouquecedoras.
Era possível escutar o som dos nossos corpos batendo. Um som muito excitante.
Ele voltou a me beijar e dar atenção aos meus seios. Um tempo depois ele inverte nossas posições e me deita no sofá. Metendo ainda mais forte do que já metia na outra posição.
Eu só conseguia apertar e arranhar todo o seu corpo e gemer alto, sem conseguir me conter.
- , eu vou gozar.
- Goza pra mim, ruiva. Eu só estou te esperando.
E assim acontece, assim que gozo sinto todos os músculos do corpo dele se enrijecerem e ele goza, permanecendo deitado em cima de mim, com seu pau ainda dentro.
Eu ficaria naquela posição por horas, mas infelizmente o timer toca e temos que descer para desligar o forno.


Capítulo 13

1 mês depois...
e eu começamos a ficar com mais frequência, e quando eu digo "mais frequência", quero dizer que parecemos dois coelhos sempre procurando algum lugar para foder.
*flashback*
Irrompemos a porta do laboratório antigo e me pressionou contra a parede, levantando uma das minhas pernas e a segurando em volta da sua cintura, forçando sua pélvis contra a minha.
- , eu vou me atrasar. - Murmuro enquanto ele ataca meu pescoço.
- E daí?
- "E daí" o caralho. - Afastei sua boca do meu pescoço - Eu tenho prova na próxima aula.
- Que droga. - Puxei seu rosto e o beijei. Eu ainda tinha alguns minutos - É aniversário do Isaac na sexta. Ele pediu pra eu te chamar.
- Se eu não tiver nada marcado eu vou.
- Me avisa se você for para eu te buscar.
- Não precisa, a gente se encontra lá.
- Eu quero que você vá para a festa comigo.
- Ir juntos tipo...
- Juntos tipo um encontro. - Me cortou - Não quero que os outros pensem que podem chegar em você. - Fiquei corada em ouvir sua quase declaração.
- Outros você quer dizer Nairóbi?
- Não, quero dizer qualquer pessoa porque você é gostosa pra cacete, garota. Mas sim, a Nairóbi está incluída. - Eu rio.
- Tudo bem, eu vou ver e te aviso. - Dou um beijinho em seus lábios e saio correndo apressada para minha prova.
*flashback*

- Tô achando muito bonitinho você o juntos. Essa história de romance proibido me deixa excitada. - Holly diz.
- Holly! - Repreendo ao mesmo tempo achando graça - Não é um romance proibido, mas sim, somos muito fofos. - Falo rindo.
- Não é proibido até sua mãe descobrir.
- Eu não quero pensar nisso, não quando está tudo dando certo.
- Você gosta mesmo dele né?
- Olha, eu acho que sim, tipo, eu não sei o que eu sinto exatamente, mas eu tô curtindo muito os momentos que tenho passado com ele, e ele é tão aaah. - Não consigo achar palavras para descrevê-lo.
- Tá toda apaixonadinha.
- Aí, eu tô mesmo, e quer saber? É muito bom! Não achei que fosse sentir algo tão forte depois de Enzo.
- Que bom, amiga. Eu fico muito feliz por você. Você merece que alguma coisa boa aconteça na sua vida. - Escutamos alguém bufar.
- Coisa boa? Como se sua vidinha de princesa já não fosse perfeita. - Amber, uma das líderes de torcida, exclamou.
- Cala a boca, garota. Dinheiro não é tudo, e você saberia disso se tivesse. - Bato de frente com ela. O feminismo não me impede de colocar imbecis em seu devido lugar. Ela bate o seu armário com força e vai batendo o pé pra quadra.
- A vadia voltou. - Holly cantarola.
- A 'vadia' nunca foi embora. - Pisco para ela - Mas enfim, sim, acho que eu mereço uma vida amorosa equilibrada pelo menos.
- Ainda bem que a praga não caiu em mim.
- Você fala isso porque nunca gostou de ninguém que gostasse de você de volta.
- Outch. Ela voltou mais afiada que nunca. - Bato nela com a minha blusa.
- Besta. - Falo rindo - Só to falando a verdade. Você gosta das que não gostam de você e ilude, faz de gato e rato as que gostam de você. Depois eu que sou a 'vadia'. Monstra.
- É a lei da vida meu bem.
- O dia que você gostar de alguém e ela demonstrar sentir o mesmo vai ver como é bom.
- Você viu aquele filme de terror que tá no cinema? - Esse é o jeito Holly de se esquivar de um assunto.
- Vi o trailer e quase morri.
- Vamos no cinema assistir?
- Nem fodendo.
- Por que não?
- Às vezes eu acho que você finge demência. Sabe que eu morro de medo desses filmes, durmo com a luz do banheiro acesa e a tv ligada.
- Por favor! Não tem ninguém pra ver comigo. A gente quase não sai desde que você começou a ficar com o .
- Holly, eu passo mais tempo com você do que com ele. E você tem várias outras amigas que podem ver com você, amigas que não tenham medo do escuro e ficam noiadas com medo até da própria sombra.
- Mas eu quero ver esse filme com você. - Arrastou o 'ê'.
- O pode ir? Ele adora esses filmes e estava tentando me arrastar para ver esse filme. Desse jeito vocês podem se conhecer melhor e até virar amigos. Vão me deixar muito feliz.
- Pra você me deixar de vela? Não, obrigada.
- E quando foi que eu já te deixei de vela? Você sempre saia comigo e com o Enzo e eu nunca te deixei de lado. Se fosse pra fazer programa de casal eu não te chamava né. Sem falar que eu não gosto de ir no cinema pra ficar de pegação, eu realmente gosto de assistir o filme.
- Tá, tudo bem. Você me convenceu. Hoje depois da aula?
- Isso.
- Eu preciso ir agora, me encontra no estacionamento? - Assinto e pego meu celular mandando uma mensagem para .
: Tá livre depois da aula?
: Acho que sim, por quê?
: A Holly tá me obrigando a ir assistir aquele filme de terror que você queria ver na semana passada.
: Quer ir com a gente?
: Assim você pode conhecer ela melhor.
: OK, eu vou.
: Que Horas?
: Me encontra no estacionamento depois da aula.

*

Fomos os três no cinema e tudo ocorreu muito bem, e Holly se deram muito bem, inclusive já estavam até se zoando, me zoando juntos... não, eu não deixei a Holly de vela, mas também não assisti o filme, passei a maior parte do tempo com um casaco na cara, que depois foi motivo de esculacho dos dois pra cima de mim, quando estávamos comendo.
- Preciso ir, meus pais vão sair e eles precisam que eu fique de babá do Tommy. - Holly levanta da mesa.
- Tudo bem, boa sorte com o demônio.
- Tchau, Holly. - diz.
- Ela é legal, né?
- Ela é retardada, isso sim. - Ele fala e nós rimos.
- Uma pena ela ter que ir cuidar do capetinha.
- Você não poupa palavras né? Coitada da criança.
- Criança? Aquilo é a prole do diabo, isso sim. Ele é daqueles que você piscou e ele tá pendurado no teto. Coitada da Holly, isso sim. - Meu celular vibra com uma mensagem de James.
James: Nossos avós estão aqui.
- Droga.
- O que foi? - Ele pega minha mão em cima da mesa.
- Meus avós estão em casa.
- Você não gosta deles?
- Não temos a melhor das relações. Não quero vê-los.
- Você precisa ir pra sua casa?
- Eu deveria, mas não é como se meus pais fossem ficar bravos se eu não for.
- Você pode ir pra minha casa, se quiser. - Ele parecia meio inseguro sobre aquela decisão - Fica até seus avós irem embora.
- Tudo bem, vamos.
*

Chegamos na casa dele e acabamos transando. Mas isso já era meio óbvio, é só fazer as contas: Adolescente com hormônios a flor da pele + tesão acumulado + casa vazia, ia ser estranho se não acontecesse. Ficamos até tarde embolados no sofá, conversando sobre todos os assuntos possíveis enquanto Big Bang Theory passava na televisão.
Eu perguntei sobre os pais dele e ele me contou que os pais morreram 4 anos atrás, desde então ele tem se virado sozinho com a ajuda dos serpentes, que sempre fazem tudo que é possível por ele. E foi aí que eu descobri o verdadeiro significado de família, é sobre estar presente quando o mundo parece desabar sobre suas cabeças. Acho muito lindo a forma como ele fala dos amigos, principalmente de Isaac, Boyd e os pais deles.
Foi ficando tarde e achei melhor ir embora, não queria dirigindo de madrugada por causa minha, aí ele pediu para eu ficar, e nem tive que como recusar. Foi a nossa primeira noite dormindo juntos.
Nessa noite aconteceram muitas coisas importantes, e principalmente, eu percebi que não é só sexo, eu realmente gosto dele, e acho que ele sente o mesmo por mim.


Continua...



Nota da autora: Quero reforçar que a personalidade da Cheryl é proposital. Eu tô vendo a revolta de vocês nos comentários e tô muito feliz porque eu atingi o meu objetivo, e só não compartilho desse ranço que vocês tem por ela porque ela é praticamente a minha filha kkkk.
A Cheryl foi uma personagem muito difícil de construir porque nada parecia ser bom o suficiente. Eu não sou uma pessoa preconceituosa, então pra mim acaba sendo muito difícil escrever sobre alguém com a personalidade dela, isso tudo é resultado de várias horas perdidas assistindo Gossip Girl, Mean Girl, Riverdale, entre outras. Cheryl é a essência de garotas como Regina George, Blair Waldorf e Cheryl Blossom.
Pretendo deixar bem clara essa personalidade pelos próximos capítulos para que fique bem nítida a mudança que ela vai ter, e eu prometo pra vocês que a primeira impressão não é a que fica e vão gostar dela tanto quanto eu.


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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