Intolerable

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Finalizada em: 06/12/2022

Capítulo Único

desviou o olhar rapidamente do computador, contemplando a vista de sua janela, nela ela podia vislumbrar a Avenida Paulista, em São Paulo. Suspirou fundo, levando a sua caneca de café aos lábios, pensativa.
– É hoje que o Brasil vai perder para a Argentina, hein? – ela se assustou com a chegada repentina. Por um triz não havia derrubado sua caneca de café. Será que ter paz em sua própria sala era proibido?
, seu colega de trabalho, era quem tinha tirado seu sossego. O homem era insuportável, ela o detestava, ele era irresponsável, prepotente, desprovido de inteligência e… Ela balançou a cabeça, desanuviando seus pensamentos, era errado pensar naquilo.
Era difícil demais para a mulher lidar com um brasileiro que torcia para a seleção da Argentina. O homem nutria uma paixão platônica pelo jogador Messi, que ele sempre mascarava como uma admiração pelo futebol dele. Aquilo era ainda mais deprimente.
– E você acordou dos seus sonhos, não é, messizete? – ela voltou a olhar para o computador, completamente entediada.
– Você não anda assistindo a Copa? Não vê como a minha Argentina tem jogado bem? – riu em deboche.
– Eu vejo uma Argentina bem bléh, só se fala em Messi, Messi e Messi, mas perdeu da grande Arábia Saudita na fase de grupos.
– E o Brasil não depende do Neymar, sabichona? Perdeu para Camarões! Camarões! – ele negou com a cabeça.
– Com o time reserva, diferente da grande Argentina que perdeu com o time titular para a Arábia Saudita. – ela deu de ombros.
– Bom, a Arábia Saudita surpreendeu, mas isso não vai mais acontecer, a Argentina se preparou e evoluiu muito com essa derrota, é só você enxergar isso. – ela suspirou bem fundo.
– Para de falar baboseira, o Brasil vai passar feito trator pela Argentina, e eu vou rir muito da sua cara de merda por perder mais uma vez para mim. – ela voltou a digitar algo no computador. – Olha a qualidade do elenco brasileiro, e compara com a Argentina, somos favoritos!
– Nos seus sonhos que eu vou perder para você de novo. Se vê que você não entende nada de futebol, porque, se tivesse o mínimo de conhecimento, não proferia essas asneiras. – ele riu vitorioso da face que a mulher fez, ele a havia tirado do sério, mas aquilo sempre foi fácil.
era uma mulher completamente arrogante e o ar de superioridade que exalava em cada poro dela irritava terminantemente . O prazer que ele tinha na vida era irritá-la, porque não gostava dela. Apesar de que as vezes… Ele suspirou, negando com a cabeça, não era hora para aqueles pensamentos.
– Olha… – ela respirou fundo, engolindo as palavras que ela gostaria de proferir. – Hoje você não vai me tirar do sério, não vai. Que se lasque você, que se lasque a sua Argentina. Sai daqui agora e vai fazer o seu trabalho porque se você não faz, eu tenho que fazer!
– Nossa, ela se irritou, que medo! – ela revirou os olhos novamente. – Por que não fazemos uma aposta, sabichona?
– Eu não vou apostar com você, messizete
– Ah, então isso só mostra o quão você não confia na sua seleção, porque eu confio na minha Argentina.
– Ah, cala a boca, me enoja o jeito como você fala da Argentina! Por que você não mora de uma vez lá e me faz feliz ao menos uma única vez na vida, hein?
– Porque eu só gosto da seleção da Argentina, mas amo o país que eu vivo, você nunca entenderia.
– Não, porque não faz o mínimo sentido, você é completamente contraditório. – ela voltou sua atenção ao computador, precisava terminar aquele relatório antes do jogo, mas com o idiota falando sem parar dificultava as coisas.
– Anda, não vai mesmo apostar? Tá com medinho de perder?
– Eu aposto! Tudo para você sumir da minha frente de uma vez por todas!
– O que você vai querer caso ganhe?
– Eu quero uma caixa de cerveja e que você não dirija a palavra para mim nunca mais. É, me parece razoável.
– Você sabe que o que você está pedindo é impossível, você precisa falar comigo, trabalhamos juntos. – ela fez um biquinho, chateada.
– Infelizmente vou ter que reformular, que você fale comigo apenas o estritamente necessário então.
– Fechado. – ele estendeu a mão para ela, que a apertou.
– E você? Não vai me dizer o que quer, messizete? – ela comentou, sarcástica.
– Falo depois. – ele piscou, com um ar misterioso.
– Eu não vou apostar a cegas, nem a pau. – ela se remexeu na cadeira.
, você já apostou… – ele riu, se afastando dela.
– Volta aqui, ! Imbecil, que ódio. Eu não apostei! Volta aqui! – ela gritou, mas o homem fez um gesto na cabeça, saindo da sua sala e a deixando sozinha. Cada parte de seu corpo exalava raiva, maldito .

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– Chupa, seu imbecil! Eu disse que o Brasil era muito superior, foi truncado, foi, mas ganhamos. Chupa! – ela gritou. Os colegas de empresa tinham parado para assistir em um barzinho na Rua Augusta, já que não conseguiram ir para casa. – Amo minha seleção. Tite, seu lindo! – fazia uma dancinha engraçada, enquanto estava irritado, nem para a Argentina fazer o mínimo.
– Você não entende, era a última copa do Messi, ele merecia muito essa taça, droga. – passou a mão no rosto.
– Essa também é a última copa do Thiago Silva, e aí? Eu quero que o Messi se exploda junto com essa seleção minúscula dele. Eu estou muito feliz, Argentina eliminada pelo Brasil e de quebra, você não vai mais dirigir a palavra a mim, somente o necessário. Ah, o dia hoje não podia ser melhor.
– Ei, você disse que não tinha aposta nenhuma, agora convenientemente tem? – ele arqueou a sobrancelha. – E outra, eu não vou cumprir, foi nítido que o Brasil ganhou no roubo, é óbvio que o Marquinhos colocou a mão na bola, tínhamos um pênalti a nosso favor. – a mulher logo fechou a face.
– Ué, você disse que a aposta era séria, então é séria. – ela deu de ombros, rindo. – E além de perdedor, você é cego? É lógico que aquilo não foi um pênalti! Você me infernizou por essa porcaria de aposta o dia inteiro e ainda não vai cumprir? Nem meu respeito você tem mais, como eu te odeio!
– Espertinha. – ele levantou o dedo indicador, mexendo-o de um lado para o outro. – Não mais do que eu te odeio, sabichona, você é completamente irritante, quando a porcaria da sua seleção ganhar as coisas do jeito certo, vocês têm o meu respeito.
– Perdedor, um mal perdedor ainda. Chupa, tchau, adeus, arrivederci para o Messi, quem sabe como treinador ele não ganha uma Copa? – o homem bufou, fazendo a mulher rir ainda mais.
– Sabe qual é a minha vontade nesse momento, ? – ele se aproximou dela, ficaram próximos, enquanto se encaravam.
– Chorar na cama até amanhã, argentino fajuto? – as palavras sopraram de seus lábios, fazendo o homem rir baixo.
– Ah, … – ele abaixou o olhar, se afastando com um sorrisinho debochado.
– Eu realmente não entendo o – ela encarou Babi quando escutou-a dirigir a palavra para ela, a moça trabalhava no departamento pessoal da empresa e tinha parado para assistir ao jogo, assim como o pessoal do TI. Encarou a mulher, esperando-a concluir o raciocínio. – Ele foi na final da Copa América do ano passado, chegou rouco na empresa e puto porque o Brasil tinha perdido para Argentina, agora ele vem e me solta essa que estava torcendo para a Argentina? Desde quando?
– Espera, o quê? Como assim, Babi? – fazia apenas 11 meses que estava na empresa, então quando aconteceu a Copa América, ela não estava no emprego.
– É isso o que você ouviu, do nada agora ele começou a torcer para Argentina, piradinho. – assentiu, incrédula. Procurou o homem com o olhar e o encontrou no balcão, levando uma cerveja aos lábios, caminhou até ele.
– Você não torce coisa nenhuma para a Argentina. – ela se sentou ao lado dele, assustando-o.
– Quê? – ele a encarou, surpreso com o assunto.
– A Babi me contou, ela presenciou a nossa discussão há pouco. Coitada, estava surpresa com o quão contraditório você é, já que foi assistir o fim da Copa América e ficou decepcionado com a Argentina ganhando. – ele abriu e fechou a boca por várias vezes, por fim, apenas suspirou. – Por que mentiu?
– Porque eu queria te irritar. – ele deu de ombros. Ela negou com a cabeça, incrédula com a justificativa dele.
– Você é doente. Torcer contra a sua seleção para me irritar? Por quê? Qual é a sua necessidade disso? – ela estava mesmo curiosa com a resposta.
– Porque você é irritantemente gostosa e discutir com você me excita. – ela o encarou, completamente surpresa. Ela esperava ouvir qualquer coisa, menos aquilo.
– Eu... – pela primeira vez na vida havia deixado completamente sem palavras.
– O gato comeu sua língua, ? – ele riu, voltando a bebericar sua cerveja.
– Você é nojento! – finalmente ela conseguiu falar. estava em choque, jamais imaginou escutar aquilo e com tanta naturalidade. Ele se aproximou dela e a encarou seriamente, olhando cada detalhe de seu rosto, ela arfou com a aproximação dele, não estava entendendo suas reações, parecia que uma portinha que estava adormecida dentro de si resolveu abrir.
– Não, você não me acha nojento. – ele voltou ao seu lugar, dando de ombros. – Arrisco a dizer que discutir comigo também te excita.
– Para de falar isso... – ela passou as mãos pelo rosto, suas bochechas estavam fervendo.
– Me encontra em cinco minutos no banheiro. – ele se levantou com um sorrisinho safado.
– Eu não… – ele caminhou, deixando-a falando sozinha.
Ela suspirou fundo, apesar de completamente bizarro, ele tinha torcido para o time rival só para de alguma forma chamar sua atenção. Apenas para chamar sua atenção. Suspirou fundo, ele era tão idiota e irresponsável, mas era um gato, porque ele tinha que ser tão... Ela se levantou do banco que estava sentada, deu uma rápida olhada para os lados, caminhou alguns passos, mas desistiu. Ela se sentia completamente louca de cogitar ir até aquele cubículo com ele. Segurou uma das mãos ao balcão, sentindo a respiração descompassada. Por que ele tinha que tocar naquele bendito assunto?
Céus, escutar aquilo tinha a atraído demais! Ela mordeu os lábios, faltavam dois minutos para o tempo que ele havia dado. Fechou os olhos e com a mão livre, a passou pelos cabelos, ainda estava relutante.
Um minuto, apenas um minuto, ela se desencostou do balcão, caminhando a passos rápidos em direção ao mesmo local que ele havia ido há minutos.
– Eu não acredito que eu esteja mesmo aqui. Essa vai ser a única vez, ok? Isso nunca mais vai se repetir – ela o encarou, ofegante.
– A única, óbvio, nunca mais vai acontecer. – ele se aproximou dela, ficando perigosamente perto. Ela suspirou, juntando seus lábios em um beijo intenso, suas bocas se movimentavam em perfeita sincronia, como se já se conhecessem há anos. Entraram no banheiro do bar rapidamente, sem desgrudar suas bocas.
Ele a encostou na parede e novos beijos ainda mais intensos surgiram, se desgrudaram, e os beijos passaram para outro lugar, ela arfou quando ele encostou sua boca em seu pescoço, deixando chupões por ali, fazendo a mulher soltar suspiros altos.
Aquilo era errado de inúmeras formas possíveis, qualquer um poderia interrompê-los, estavam próximos dos seus colegas de trabalho que sabiam da rixa que ambos tinham, mas nada os preocupava naquele momento, senão saciar o desejo que sentiam um pelo outro.
– Nada vai mudar. – eles se separaram rapidamente e soprou aquelas palavras ao encará-la para que tivesse certeza mesmo daquilo. Os olhos dela, como os dele, estavam nublados de desejo.
– Jamais, você ainda é um idiota e irresponsável. Eu ainda te detesto.
– E você é insuportável. – ele sorriu, se aproximou ainda mais, e mordeu o lábio inferior da mulher, fazendo-a soltar um suspiro baixo. – E gostosa – ela riu, o empurrando para a parede e o beijando novamente.
Só o que os dois não sabiam é que desde o momento em que entraram naquele banheiro, tudo tinha mudado. Agora teriam que lidar com aquilo, já estavam viciados um no outro, e não tinha mesmo volta.




FIM



Nota da autora: Oi, gente! Foi um sofrimento colocar essa fanfic em cinco páginas, mas desafio dado é desafio cumprido kkkkk. Obrigada a quem leu!
Beijo, e me acompanha nas redes sociais que estão aqui embaixo para conhecer um pouco mais do meu trabalho.

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