Última atualização: Fanfic finalizada

Capítulo Único

A toalha escondia a face derrotada de Shintarou; sua figura comumente altiva estava deitada escorada contra uma cadeira do vestiário, as faixas em seus dedos estavam frouxas; Midorima estava em conflito consigo mesmo. Toquei seus ombros pegando uma de suas mãos beijando cada dígito antes de desenrolar as faixas lara então deixar cada dedo perfeitamente enrolado.
— Não é sua culpa, não carregue um fardo maior do que você pode suportar rei destronado.
Plantei um beijo em sua palma me afastando com o coração apertado, eu sentia a dor dele como se fosse a minha. Akashi havia sido duro demais com Midorima, aquele golpe havia sido cruel demais.
— Não vá !
Um sussurro, uma voz quase inaudível tendo a fragilidade exposta em apenas duas palavras. Virei-me encontrando olhos inchados, mas ainda brilhantes, aquelas duas esmeraldas exibiam o quanto aquela derrota contra meu irmão o havia afetado.
— Não irei a lugar algum.
Me aproximei sentindo os braços dele envolver minha cintura enquanto sua cabeça repousar sobre o meu tronco, seus soluços escapavam baixos por lábios trêmulos; o abracei confortando-o, depositava minhas esperanças na Seirin, em especial no Tetsu. Meu irmão havia adotado uma postura cruel e fria, a gentileza e empatia lhe escapavam haviam anos...Eu mal conseguia encarar aquele que eu tinha de chamar de irmão, a cada ano ele se igualava a nosso pai.

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— Você não contou a ele que irá se mudar para a América. — A voz de meu irmão soou as minhas costas, fechei os olhos me preparando para enfrentar a versão odiosa de meu irmão.
— Eu mantendo minha palavra Seijuro. — Meus olhos encontraram o olhar gélido de meu irmão.
— O motorista está lhe esperando, se não formos agora irá perder o seu voo. — Ele comentou como se não fosse nada.
Em silêncio o segui, Midorima e eu não havíamos rotulado o que possuíamos e embora fosse por causa de meu irmão que eu houvesse o conhecido não havia me interessado de primeira; para mim Shintarou era apenas um garoto inteligente o suficiente para atrair a atenção de meu irmão. Akashi possuía em seu círculo íntimo pouquíssimas pessoas, em parte era culpa de nosso pai rigoroso, porém até ali meu irmão gêmeo era gentil, cavalheiro e uma pessoa fácil de se confiar. Akashi era como um príncipe confiável, cortês e inteligente, porém conforme crescia meu pai apertava as rédeas em cima dele; antes que ele finalizasse o colegial sua personalidade mudara bruscamente. Convivia com uma versão diferente daquela com quem havia crescido; entre um lar frio procurei uma escola que não afetasse a reputação da minha família e eu pudesse respirar em meio ao controle excessivo de meu pai. Na Shutoku eu pude me aproximar do amigo do meu irmão, fora mais como um dano colateral por causa da amizade com Takao. Eu me apaixonei pelas faces escondidas de Midorima, ele era alguém muito bem em afastar todos, mas Takao era muito persistente para que Shintarou conseguisse se livrar. Conforme mais me aproximava, mais eu conseguia enxergar as qualidades dele, nunca tive verbalmente a confirmação de que ele também me amava porém Midorima sempre fora alguém de poucas palavras.
Diante o aeroporto, meu coração dilacerava-se com as palavras não ditas ao garoto que deixava para trás. Entre arruinar o futuro de Midorima ou acatar a ordem de meu pai, preferi acatar sem questionar. Havia uma carta destinada a Shintaro e outra para Akashi; havia as deixado em pose de Kazunari e Kuroko, mantendo a face límpida segui pelo saguão fazendo o check-in deixando para trás o meu coração e emoções frívolas.

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— O Imperador pode sorrir quando não está em seu modo assustador.
A voz de Takao soou desagradavelmente chamativa como sempre, ele pedalava com tranquilidade embora parecesse que estivesse agitado por algum motivo.
— Kuroko-kun conseguiu cumprir seu objetivo. — Me limitei a ser o mais breve quanto a explicação.
— Devo admitir que a Seirin será um grande adversário no próximo torneio. — Um sorriso de diversão escondia seu nervosismo.
— O que está me escondendo Kazunari? — Arrumei a armação dos óculos em minha face.
— Como esperado do Shin-chan, nada escapa de seus olhos! — Takao soltou um riso nervoso antes de estacionar a carroça em uma área menos movimentada.
Ele desceu da bicicleta se sentando na parte traseira com um envelope em mãos, sua face carregava uma expressão dividida entre culpa e preocupação. Seu olhar estava sobre o envelope, o qual ele me entregou após se acomodar. Eu não precisava ler o endereçamento, eu sabia exatamente quem havia escrito a carta pelo perfume suave que o material carregava. havia desaparecido após o momento no vestiário, ela teria enviado uma mensagem justificando sua ausência.
Quebrei o selo desdobrando o papel elegantemente dobrado, meus olhos absorveram o estilo e gramática elegantemente colocados sobre o fino papel; embora se comportasse de modo simples e gentil não conseguia se livrar da educação rígida que tiveram durante anos.
Meus olhos passavam pelas palavras calmamente, emoções mistas tomavam meu interior enquanto mantinha o exterior indiferente.
— Ela não pode se despedir. — Ergui meus olhos após dobrar o papel guardando-o novamente no envelope.
— Você não precisa conter suas emoções Shin-chan! — Takao me repreendeu, seus olhos marejados revelavam que ele sabia exatamente o que havia ocorrido.
— Não se preocupe, gostaria de ter visto este último jogo. — Ergui meus olhos para o céu, era difícil controlar o turbilhão de emoções, me sentia exposto, era como se parte de mim estivesse faltando.
— Como esperado do Shin-chan! — Takao ria enquanto deixava lágrimas cair de seus olhos.
— Se controle Takao! — O lembrei que estávamos em público e que a postura dele era a mesma de um louco.
— Tão mal! — Ele reclamou secando as lágrimas seguindo novamente para a bicicleta.
A noite que prosseguia trazia sentimentos sufocantes, as lágrimas faziam meus olhos arderem em busca de alívio, meu peito apertava com o sentimento integrante de impotência. Eu não imaginava que poderia amá-la mais do que agora, realmente era uma Akashi sem precedentes! Imaginava como havia sido difícil para ela preservar um coração tão bom cercada por lobos desalmados, não entendia exatamente o que ela enxergava em mim, mas sentia que um dia nos reencontraríamos... Aquilo não era um adeus!
“ Eu ainda a veria outra vez!”



FIM?



Nota da autora: Fora uma das histórias mais difíceis de escrever, o enredo sofreu várias mudanças, o final também! Espero que tenham gostado!




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