Última atualização: 11/08/2020

Capítulo Único

Estava particularmente quente naquele dia em São Paulo quando pisou na calçada e sentiu o choque de temperatura comparado ao clima agradável do ar condicionado do prédio comercial que acabara de sair, buscou o celular na grande mala de mão e suspirou ao pensar que deveria ter usado a bolsa de ombro que estava no fundo da mala, vazia.
Abriu as ligações recentes e discou o primeiro número da lista, que atendeu no primeiro toque.
- Amanda? - Ela perguntou antes que a pessoa do outro lado da linha pudesse dizer “alô”.
- Oi, ! Tudo bem? Como foi a reunião? - A assistente de perguntou.
- Foi tudo bem, eu acho que eles fecharão o contrato. - Ela deu de ombros mesmo que a mulher do outro lado da linha não pudesse ver.
- Que ótimo! Parabéns, chefinha! - Amanda disse com empolgação.
- Escuta, gata... - começou. - Você conseguiu reservar o hotel para mim? Sei que essa reunião foi de última hora, mas me diz que você encontrou algo aqui perto, eu tô morta, o trânsito aqui tá um inferno... eu já tô sem paciência, nem parece que é só quarta feira ainda.
A garota do outro lado da linha riu.
havia acordado as quatro da manhã para voar até São Paulo para uma reunião de última hora com um cliente que ela esperava um horário há semanas. O voo foi as sete e ela até agora não entendia como conseguiu fazer alguma coisa caber na mala depois de jogar todas as roupas de qualquer jeito lá dentro. O maldito assistente do cliente havia esquecido de comunicar na tarde do dia anterior sobre o horário vago e teve a audácia de ligar para ela pra lá das onze e meia da noite. Ela mesma teve que comprar as passagens e deixou uma mensagem para que a assistente olhasse um hotel quando fosse trabalhar no dia seguinte.
- Claro que consegui, . O que você não me pede sorrindo que eu não faço corando? Inclusive, a recepcionista acabou de retornar minha ligação confirmando a reserva. Eu tive que, literalmente, chorar para conseguir um quarto lá. - revirou os olhos.
- Tá, mas onde é esse “lá”?
- É o hotel mais perto do prédio da SP Soluções. - Amanda revelou em confirmação que havia feito tudo conforme havia solicitado. Esta última olhou para trás visualizando o prédio referido, o que ela havia acabado de sair da reunião.
- Você é um anjo. Qual a distância até lá?
- Dez minutinhos no uber e você estará esparramada na cama. - não podia ver, mas sabia que Amanda sorria satisfeita. Ela era muito competente. - Ah, a recepcionista foi um doce comigo, muito educada mesmo. - Amanda sempre dava feedbacks sobre os fornecedores que entrava em contato, porque sabia que precisava avaliá-los ao passar as despesas para a gerência.
- Obrigada! Me manda a localização, por favor.
- Eu já chamei o uber e está a dois minutos de distância... - Amanda fez uma pausa do outro lado da linha, parecendo checar algo. - ...virando a avenida, pra ser exata, te mandei um print com o número da placa. O carro é um Honda Fit prata. - Completou rapidamente.
- Ai, Amanda... O que eu faria sem você?
- Provavelmente estaria de cabelos brancos.
As duas riram e encerraram a ligação quando avistou o carro que Amanda havia descrito, abriu a foto no whatsapp e conferiu a placa, enquanto o motorista saia do carro para abrir o porta-malas e ajudar a guardar as coisas.
Vinte minutos depois e estava de frente para o enorme prédio do hotel que ficava na esquina de uma das principais avenidas de São Paulo. Achou que o hotel era realmente perto, o trânsito que estava muito ruim mesmo, mas um atraso de dez minutos não era nada, porque se o hotel fosse mais longe, ela não duvidava que ficaria uma hora dentro do carro. A assistente havia arrasado na escolha dessa vez. O hotel parecia bem chique, e pensava em como era bom estar no fim do mês, pois aquela hospedagem certamente acabaria com a verba mensal disponibilizada pela empresa para aquelas situações, mas ela ainda não havia utilizado naquele mês. Amanda havia arrasado duas vezes por lembrar desse detalhe.
O motorista teve que parar o carro na esquina, não conseguiu encostar em frente a porta de entrada, pois havia alguns cones e umas fitas dessas encontradas em filas de banco contornando a entrada que estava cercada com milhares de adolescentes eufóricos.
franziu o cenho enquanto andava no canto da rua tentando não esbarrar em nenhuma daquelas meninas que enchiam o passeio, com muito custo passou pela entrada que havia pelo menos quatro seguranças de cada lado, tentando conter o amontoado de pessoas para que ninguém movesse a fita para frente e deixasse o corredor improvisado livre.
Pisou no saguão e o salto do scarpin preto Loubotin fez barulho imediatamente, chamando atenção do homem e da mulher que estavam de cabeça baixa atrás do balcão da recepção. Ela parou de frente para a mulher e sorriu.
- Boa tarde! - Ela olhou também para o homem. Ambos responderam seu cumprimento. - Você deve ser a Vanessa, certo?
- Sim, sou eu. Posso te ajudar?
- Eu sou a , da LM Enterprise. A minha assistente conversou com você mais cedo para reservar o meu quarto.

- Ah sim! - A mulher respondeu se lembrando imediatamente do que se tratava. - Me empresta seu documento, por favor.

apanhou a CNH estrategicamente guardada dentro da capinha do celular e entregou nas mãos da recepcionista. Aproveitou para enviar uma mensagem rápida para Amanda.


Acabei de chegar, estou fazendo check-in. Eu ia te elogiar em dobro pela escolha do hotel, porque é muito bonito e parece muito confortável. Mas mudei de ideia quando cheguei na porta e dei de cara com umas 50 meninas histéricas bloqueando a entrada. Acho que tem alguém famoso aqui. Vou te elogiar só uma vez, mesmo. 14:22


Procurou por uma figurinha debochada que representasse sua brincadeira e enviou debaixo da mensagem. Sorriu idiota para o telefone, bloqueando-o antes de olhar novamente para a recepcionista.

- A minha assistente gostou muito de você, disse que você foi muito atenciosa e educada. - Sorriu. - E eu sei que ela pode ser bem insistente às vezes.

sabia que elogiar de forma sincera os funcionários dos seus fornecedores era bom para ganhar simpatia e conseguir possíveis favores e privilégios que viesse a precisar.

- Ela não desligou o telefone enquanto eu não falei que ia ver se conseguia um quarto para você. - A recepcionista riu. - Essa semana estamos um pouco cheios. - Ela olhou de relance para fora.

- Eu viajo muito, sempre preciso de ficar em algum hotel. Você já ganhou um ponto para que eu me hospede aqui na próxima vez só pelo seu atendimento. - As duas mulheres sorriram.

- Obrigada. Estamos à disposição sempre que precisar.

- Me desculpe, mas se não for muita indiscrição da minha parte, posso perguntar quem é o famoso que está aqui? - apontou com a cabeça para fora. - Quero dizer, só pode ser alguém famoso para ter esse monte de gente aqui na porta, né?

Ambas olharam para fora, o número de pessoas parecia aumentar aos poucos.

- Ele ainda não chegou. É um cantor, mas eu não sei o nome. - A mulher respondeu simpática e se limitou a assentir.

O celular vibrou em sua mão, Amanda havia respondido. Ela leu a resposta pela barra de notificação e riu ao ler algo como “QUEM É? TIRA UMA FOTO” escrito em letras maiúsculas. Amanda havia acabado de fazer 18 ou 19 anos, ela não tinha certeza, fora sua jovem aprendiz no ano anterior e deu um jeitinho de contratá-la. De qualquer forma, ainda era uma adolescente como as que estavam lá fora. Não que apenas adolescentes pudessem fazer coisas do tipo, é claro.

Ia desbloquear o telefone para responder quando o burburinho do lado de fora se intensificou, as pessoas agora estavam gritando, mais eufóricas que já estavam. se virou para olhar, o tal cantor havia parado para dar alguns autógrafos, estava batendo uma selfie agora e, por isso, ela pôde ver seu rosto perfeitamente.

- Quem é esse cara? Não é do Brasil, né? Não reconheço, apesar do rosto ser familiar. Mas ele é muito branco para ser daqui. - riu ao perguntar.

- É um artista internacional. - O recepcionista respondeu o óbvio, visto que Vanessa não sabia responder.

- Ahhh. - expressou e virou o rosto para frente de novo, o cantor estava entrando rindo com um homem, seguido de alguns seguranças que vinham atrás.

O homem parou ao lado de , e começou a falar em inglês com o recepcionista para fazer o check-in e o cantor parou ao lado dele, na outra ponta, apoiando os braços no balcão, bem relaxado. o encarou intensa, mas brevemente, só queria vê-lo melhor, estava curiosa. Se virou para Vanessa que lhe devolvia seu documento.

- O bom dele ser gringo é que posso dizer que ele é um gato e ninguém além de vocês dois aqui vão me entender. - piscou para a recepcionista.

A mulher riu e o homem colocou a mão na boca para conter o riso enquanto desviava o olhar da tela do computador e balançava a cabeça negativamente olhando para . Essa atitude do recepcionista chamou a atenção do cantor e do homem, seu empresário talvez, que olharam para ela com olhares divertidos e as testas meio franzidas por não terem entendido nada.

- O que? - Ela se fingiu de desentendida dirigindo a fala ao recepcionista - É verdade. Ele é muito bonito. - Ela falou de novo e, dessa vez, encarou descaradamente o cantor que ainda a olhava. Ela lhe lançou um sorrisinho discreto, mas charmoso. - Obrigada, Vanessa.

enfiou o documento dentro da capinha do celular de novo e virou as costas atravessando o saguão até os elevadores. Apesar do “cof cof” dos seus sapatos, ela ouviu um barulho estridente que os tênis fazem em chãos como aquele, havia alguém caminhando atrás. Ela parou de frente para um dos elevadores e quando apertou a botão, a mesma pessoa parou ao seu lado. Era o cantor. Olhou para trás e viu que o empresário ainda estava na recepção. Pensou que era uma injustiça liberarem o cartão-chave do quarto para ele quando ainda não tinham terminado de fazer o check-in só porque ele era famoso.

Ela guardou o celular no bolso da frente da calça social e cruzou os braços em frente ao corpo, levantava e abaixava a frente de um dos sapatos enquanto esperava o elevador chegar no térreo. Aquele prédio devia ser gigante, estava demorando.

As portas finalmente se abriram e olhou o espelho no fundo do elevador e de repente se lembrou de que tinha medo deles. Ela não havia pensado nisso até então, a cabeça ocupada com gracinhas e pensamentos divertidos. Suas mãos começaram a suar imediatamente.

O elevador era grande o suficiente para que ambos entrassem ao mesmo tempo, mas o cantor estava parado ao seu lado, quando ela o olhou, ele estendeu uma mão para que ela fosse na frente. cautelosamente levantou a pequena mala de rodinhas e a colocou do lado de dentro do elevador, sem entrar. Visto a atitude dela, o homem segurou as portas do elevador. Ela agradeceu mentalmente, pois nem nisso havia pensado. Depois, meio hesitante, ela pulou o pequeno vão entre o chão e o piso do elevador e imediatamente encostou em um dos cantos. Segurando na barra embaixo do espelho e olhando para fora enquanto o cantor entrava logo atrás dela.

- Obrigada. - Ela falou automaticamente. O braço direito segurava a mala de mão um pouco pesada e a esquerda segurava a barra do elevador, de modo que não pode bater na testa ao perceber. - Quero dizer, obrigada. - Se corrigiu em inglês.

- De nada. - Para sua surpresa ele respondeu em um português meio embolado. - Não tem de quê. - E em inglês também.

Um pânico maior do que estar em um elevador invadiu seu corpo.

- Você fala português? - Ela perguntou alarmada. Ele riu, ele tinha um sorriso lindo.

- Não, não. Eu só sei algumas palavras. - Deu de ombros. - Obrigado e de nada são uma das poucas. - A tensão em seu ombro se aliviou imediatamente. Ela ficaria muito envergonhada se ele tivesse entendido o que ela havia dito na recepção.

- Entendi. - Ela se limitou a dizer enquanto recuperava a postura.

- Então... - Ele perguntou chamando a atenção de , que o olhou novamente. - Qual é o seu andar?

Ela nem havia se tocado de que ainda estavam na recepção e a porta do elevador ainda estava aberta, porque nenhum dos dois havia selecionado seu andar.

- Me desculpe! - Talvez tenha ficado um pouco corada. Que vexame. - Ahn... Eu não sei? - Ela olhou para o cartão-chave na sua mão, havia ficado tão distraída conversando com a recepcionista que também acabou distraindo-a, que se esqueceu de dizer o seu quarto. Por sorte estava escrito. - Sexto andar. Merda! - Praguejou.

Ele apertou o andar que ela havia dito e em seguida o seu próprio, não prestou atenção, pois o elevador estava fechando as portas e ia começar a se mexer, ela apertou a barra de ferro com mais força. Estava escorregadia. “Deve ser o seu suor, né, ?” Ela falou com si própria no pensamento.

- Por que “merda”? O que tem de errado com o sexto andar? - Ele perguntou em um súbito interesse e o elevador deu um tranco, começando a subir. Ela fechou os olhos.

- Eu tenho medo de elevadores. - Ela suspirou, ainda sem abrir os olhos.

- É... Isso deu pra perceber. - Ele riu. Ela abriu os olhou e riu também, em parte porque a risada dele era contagiante e em parte porque estava nervosa.

- Quanto maior o andar, mais tempo no elevador. - Ela deu uma explicação simples.

- Ah, entendi. Faz sentido.

O elevador parou, ainda era o segundo andar. Um homem bem alto entrou e o cantor deu lugar a ele se aproximando mais dela, o estranho apertou o andar seguinte. Deus só poderia estar testando naquele momento. Depois do dia exaustivo, não conseguiria nem pegar um elevador que fosse direto ao seu andar sem paradas.

- Sabe... - Ela disse chamando sua atenção. - Quando eu cheguei aqui e vi aquele monte de gente lá fora, fiquei um pouco assustada e... curiosa. Perguntei na recepção quem era que estava aqui, eles não sabiam dizer quem era.

O cantor olhava atentamente para , prestando atenção. Não entendeu nada do intuito daquela conversa, mesmo assim assentiu. O elevador parou e o homem desceu. De modo que ela continuou a falar.

- Eu não entendi o porquê de tanta euforia. Naquela hora que eu fiz os recepcionistas rirem foi porque quando você chegou tudo fez sentido e eu disse que havia razão para terem tantas meninas lá fora. Você é muito bonito.

Ele gargalhou e abaixou a cabeça um pouco sem graça.

- Desculpa, eu falo demais quando fico nervosa.
- Tá tudo bem. Obrigado. - Sorriu voltando a olha-la.

Ela ficou constrangida por tê-lo deixado sem graça.
Ele não se importou, porque se fosse ser sincero, também havia a achado muito bonita.

- Então... E o seu andar, qual é? - Perguntou em uma tentativa de consertar a situação.

- O 22º. - Ele respondeu com desdém e viu que ela olhou imediatamente para o painel atrás dele. Esse era o último andar.

- Cobertura, uh? Legal.

O elevador parou antes que ele pudesse responder e as portas se abriram. Ele imediatamente deu um passo à frente e segurou a porta. Ela fez o mesmo processo de colocar a mala para fora primeiro e depois pulou o vão do elevador. Não confiava em pisar naquela parte de jeito nenhum. Ajeitou a mala de mão na dobra do braço e olhou para dentro do elevador, encontrando o cantor a olhando.

Ele pensava se deveria deixá-la ir embora e talvez não a ver mais, ou fazer algo sobre isso, afinal ele só ficaria ali dois dias.

- Obrigada, de novo. - Ajeitou a mala novamente, gesto que fez com que ele desviasse o olhar para seu braço.

Ele olhou para o canto em que antes estava ela e que agora se encontrava vazio, soltou a porta e saiu para fora do elevador, pisando no vão. fez uma careta.

- O que foi? - Ele olhou para o chão.
- Você pisou no vão do elevador. - Ela também olhava para o chão.
- Qual o problema? - Ele olhou para ela, sem entender.
- Sei lá, não confio. - Ele riu.
- Me deixa te ajudar com a bolsa, parece pesada.

Não estava tão pesada que ela não pudesse carregar mais alguns passos, mas ele havia saído do elevador, que já nem estava mais naquele andar, só para ajudá-la. Então entregou-lhe.

Ele não havia saído do elevador para ajudar uma mulher perfeitamente capaz de carregar uma mala por alguns metros, e sim porque ele tinha ficado interessado, talvez mais do que conseguisse admitir naquele momento. Talvez mais do que tivesse percebido naquele momento.

- Obrigada. - Ela agradeceu novamente.
- Então, qual é o seu quarto? - Ela olhou mais uma vez para o cartão-chave.
- 603. - Disse e olhou para o número emplacado em cima da porta à frente deles, andando para a esquerda em seguida.

No fim do corredor, antes de virar outra esquerda, estava a porta com o número indicado.

- Bom, é aqui. - parou de arrastar a mala e colocou o cartão na fechadura. Ao abrir a porta, colocou a mala um pouco para dentro, pegando a que estava nas mãos dele e colocando ao lado da porta.

Assim que suas mãos ficaram livres, o cantor colocou-as dentro dos bolsos do jeans claro.

- Muito obrigada pela sua ajuda...? - disse deixando o final da frase morrer em tom de pergunta.

- . Meu nome é . - O cantor respondeu tirando a mão direita do bolso para um cumprimento.

- . - Ela respondeu segurando a mão dele e dando um leve chacoalho - É um prazer te conhecer. Obrigada pela ajuda, . Você é muito gentil.

- O prazer é meu, . E não foi nada. - Ele sorriu. Ela sorriu. E perceberam que estavam segurando a mão um do outro por tempo demais para o socialmente normal em um cumprimento.

- Então, vou indo para o meu quarto.

- Tudo bem. Obrigada mais uma vez.

virou as costas e caminhou em direção ao elevador, permanecia na porta olhando enquanto ele se distanciava. Apanhou o celular no bolso e digitou “” no Instagram. Clicou na primeira conta verificada e abriu uma foto para conferir se era ele.

- ? - Ela chamou alto o cantor que já estava um pouco longe, já parado em frente ao elevador. Ele olhou e ela pediu que ele se aproximasse novamente chamando-o com a mão.

- Sim? - Ele disse ao chegar perto o suficiente.

- ? - Ela virou a tela para mostrá-lo e falou seu sobrenome como se perguntasse se a pronuncia estaria correta.

- Isso mesmo. . - Ele confirmou.
- Hum. Ok. - Ela virou o telefone para si novamente e clicou no botão de seguir.

O celular meio inclinado permitia que visse o que ela estava fazendo.

- Gostei do nome. - Ela sorriu virando o celular novamente mostrando uma foto do feed em que ele estava em pé em uma cadeira e tinha algo escrito na parte de cima e seu nome em baixo.

- É o meu álbum novo. - Ele respondeu simplesmente.
- Quando é o seu show aqui?
- Amanhã à noite.
- Legal. Está ansioso? - Ela sorriu de novo. Voltando a guardar o telefone no bolso, junto com a mão. A outra mão segurava a porta.

- Estou animado. Já toquei algumas vezes aqui no Brasil. É sempre bom estar de volta. - Ele respondeu genérico.

- Legal! Bom show, então. - Ela sorriu.

- Obrigado. - Ficaram alguns segundos em silêncio. - Tudo bem, então... Bem... - Coçou a cabeça - Eu vou ir embora.

- Ok. Tchau. - Ela sorriu mostrando os dentes. E acenou brevemente com a mão que segurava a porta.

Ele deu as costas e enquanto andava novamente para acenar, meio atrapalhado. Ela riu e acenou de volta. Pegou o celular de novo, na intenção de procurá-lo no Spotify. Será que as músicas eram boas?

ainda estava parada com a porta aberta digitando no campo de busca quando ouviu o barulho dos sapatos de voltando para perto. Ele também tinha o celular nas mãos. Ela sorriu atenciosa.

- Ahn... - Ele gaguejou e virou a tela do próprio celular para ela antes de falar. - Eu quero te seguir de volta, mas eu meio que não consigo te achar. - Mexeu no cabelo demonstrando estar um pouco sem graça.

Era mesmo difícil que achasse alguém nas suas notificações. A mulher havia o seguido há menos de cinco minutos e as últimas notificações pelas duas telas anteriores eram de dois segundos atrás. Ela riu divertida e pegou o celular da mão dele e devolveu com a tela na sua conta. Ele apertou o botão de seguir, agradeceu, deu tchau novamente e andou depressa até o elevador que havia acabado de abrir as portas.

Quando ele sumiu para dentro da caixa aterrorizante, como gostava de chamar os elevadores, ela fechou a própria porta, havia um corredor até chegar ao cômodo. foi surpreendida no final dele, era a suíte mais simples do hotel, pois foi a única categoria que tinham disponível. Mesmo assim, aquele quarto era tudo, menos simples.

- Agora eu vou ter que elogiar a Amanda em dobro, com toda a certeza. - Falou alto para si mesma.

Deu uma boa olhada para dentro. Na parede oposta à entrada do corredor, havia uma janela do tamanho da parede, que fazia cenário a selva de pedra que era aquela cidade. Com seus imponentes e luxuosos prédios. Se chegasse perto, poderia ver a avenida lá em baixo, com o triplo de meninas que havia na porta quando chegara. Ao lado esquerdo da janela, havia uma poltrona e em seguida uma cama enorme. King size, não teve dúvidas. Na parede que encontrava o lado direito da janela, havia uma mesa de escritório com uma luminária e uma cadeira que parecia muito confortável. Em frente, um móvel com uma televisão de 43 polegadas. Os criados-mudos nos dois lados da cama também tinham luminárias e um espaço em baixo, que arrastou as malas para perto, no lado próximo a janela.

A decoração era neutra e as paredes tinham tons de branco, marrom claro e bege. Os móveis eram daquela madeira de cor amarelo mostarda, que não era muito bonito. Apesar dos modelos dos móveis serem elegantes.

- Esse monte de lugar pra sentar e não tem um armarinho pra colocar esses trambolhos. - Falou alto para si novamente.

Tirou os sapatos e colocou-os embaixo da cama. Fez a mesma coisa com a calça. Abriu dois botões da camisa social branca que era grande, mas mal cobria a bunda e tirou o sutiã por baixo. Usava uma calcinha considerada grande para certos padrões, mas era confortável. Colocou o álbum de para tocar. Ao lado da cama, havia uma porta grande de correr que cobria o restante da parede de onde vinha o corredor. Estava fechada e ao abrir, revelou um banheiro tão grande que era quase do tamanho do quarto. O design era diferente e muito bonito. Os olhos de foram automaticamente para a banheira no lado esquerdo.
- É óbvio que eu vou entrar nessa banheira agora. - Falar sozinha era um hábito frequente de .
Abriu as torneiras e temperou a água até que estivesse bem quente e deixou a banheira encher.
No vigésimo segundo andar, entrava na suíte mais cara do hotel e se jogava na cama pensando o porquê simplesmente não perguntara para aquela mulher se ela gostaria de ir ao show quando comentaram sobre. Ele ia ter saído de lá sem nada se não fosse a atitude dela em o seguir no Instagram.
Completamente diferente de , não parara por nem um momento para olhar o quarto em que estava. Sabia que suas malas já se encontravam em algum dos três ambientes da suíte e ele não conseguiria se importar menos. Aquela rotina já fazia parte da sua vida há dez anos, ele havia parado de admirar os quartos há quase tanto tempo quanto tinha naquela vida. Perdeu a conta de quantos hotéis esteve talvez ainda no segundo ano com a antiga banda. E quanto mais sentia a pressão daquela rotina, mais cansado ficava e menos tempo perdia se importando com tais tipos de detalhes. Ele fechou os olhos pelo que pareceram alguns minutos, uma inquietação na sua mente não o deixaria dormir.
estava ansiosa para que a banheira enchesse logo, e andava do quarto até o banheiro toda hora para olhar quanto de água já tinha na banheira. A terceira música do álbum de mal havia começado a tocar, quando ela escutou algumas batidas na porta. Não imaginou quem pudesse ser e abriu a porta meio escondida pela falta de roupas, dando de cara com novamente. Ela olhou para ele e depois para dentro do quarto, dali, na porta, não conseguia ver a parte da cama em que o celular estava enquanto soava pelos alto-falantes algo que parecia ser uma música com letra de amor. Não estava tão alto da porta, mas ainda assim dava pra ouvir um pouco. Sentiu vergonha por ser pega no flagra.
O que ele estava fazendo ali? Não havia se passado nem vinte minutos que se despediram. Enquanto olhava para o quarto, desceu o olhar pela porta, se dando conta de que ela não estava mais propriamente vestida.
- Oi, ? - Ela perguntou, fazendo com que ele voltasse a olhá-la nos olhos.
O rapaz ficou um tanto quanto desconcertado. Quase se arrependeu de ter voltado.
- Me desculpe. Não quis atrapalhar. - Escutou as batidas da sua música ao fundo e sorriu. - Está ouvindo meu álbum?
- Sim. Percebi que sou uma lerda, porque eu sei quem você é. - Ela soltou simplesmente e não se preocupou em explicar.
Ele ficou olhando esperando que ela continuasse. Mas ela não disse mais nada.
- Não entendi. Eu te falei quem eu era. - Ele ficou mais confuso ainda.
- Sim, eu sei. Mas eu quis dizer que já havia ouvido falar de você. - Ela riu finalmente começando a se explicar. - Você era mais loiro, não era?
Ele gargalhou antes de responder.
- Sim. Eu era. Na época da banda.
- Isso. One Direction, não é? Sabe quando você está ouvindo alguma playlist no Spotify e quando acaba automaticamente continua tocando músicas parecidas com o estilo das que você estava ouvindo?
- Sim? - Ele respondeu tentando acompanhar o raciocínio.
- Eu já escutei várias músicas do seu outro álbum assim, quando eu abri o aplicativo e entrei no seu perfil, vi que estavam até baixadas. Eu tenho mania de ouvir alguma música que gosto, curtir e baixar sem nem olhar o nome. Depois ficam naquela aba de tocadas recentemente, sabe?
- Sei sim. - Ele respondeu ainda meio atônito. Ela falava demais.
- Então! Aí eu coloco tudo para tocar no aleatório. Por isso não me lembrava. Então era óbvio que não te reconheceria. Me senti até sem consideração por você quando percebi. Porque eu amo várias músicas suas.
- Obrigado? - A entonação de mais perguntava do que agradecia.
O cantor estava uma mistura de confusão e admiração naquele momento. Mulheres, num geral, quando não eram suas fãs e descobriam quem ele era, sempre tinham algum tom de interesse quando conversavam. Mas agora que ela percebeu que sabia exatamente quem ele era, o tom da conversa continuou o mesmo. Ela com certeza é uma mulher inteligente, tem plena consciência da fama dele. E mesmo assim, é como se não fizesse diferença nenhuma pra ela.
estaria mentindo se dissesse que não esperava uma mudança no tratamento, porque era o que sempre acontecia. Mudavam o tom da voz, o jeito de agir perto dele, como se precisassem mostrar que eram legais, ou importantes para pelo menos estarem ao lado dele. Se sentia meio estranho pela falta daquele ar de superioridade que sempre o davam, quase como se fossem o idolatrar. E tinha que confessar que tudo aquilo facilitava quando ele se interessava por alguma mulher. Não era como se achasse ruim que ela não tivesse o colocado num pedestal e estivesse agindo como se ele fosse intocável. Mas se sentiu... normal? A quanto tempo ele não tinha que conquistar de verdade uma mulher? Não conseguia se lembrar.
- Ahn... Eu voltei porque queria te perguntar uma coisa. - Ele falou depois de alguns segundos em silêncio.
- Puta que pariu. - gritou em português e saiu correndo para dentro.
ficou na porta parado como uma estátua, em parte porque ela estava só com uma camisa curta que quase mostrou a bunda quando saiu correndo e a outra parte sem saber o que a mulher havia dito e se fora por culpa dele. Ela voltou no mesmo minuto.
- Me desculpa, ! Eu coloquei a banheira para encher e esqueci. - Ela parou na porta, dessa vez não se lembrando de se esconder atrás dela. - Quase que eu inundei o banheiro. Iam me expulsar antes que eu pudesse experimentar a cama. - Ela riu e olhou meio malicioso. - Para dormir, claro. - Ela completou quando viu que a frase teve duplo sentido e ele deu uma risadinha.
- Eu não achei que não fosse para isso. - Ele passou os olhos por todo o corpo dela novamente, quase que involuntariamente.
- Você é muito descarado. - Ela colocou a mão na cintura meio sem jeito, mudando o peso da perna umas três vezes seguidas, tentando disfarçar com um pouco de autoconfiança. Não poderia correr para trás da porta como uma menininha com vergonha de a verem seminua. Não agora que ela já não estava mais atrás da porta.
notou o tom divertido na voz dela. Achou que aquela era sua oportunidade.
- Como se você não tivesse falado que eu sou bonito com a maior cara de pau que eu já vi, e nem tinha trocado duas frases completas comigo.
- Justo. Então somos dois descarados. Porque eu falaria de novo. - Ela deu de ombros e levou a mão ao batente da porta, escorando-se. - E aí?
- Ah é! Quase me esqueci. Eu vim te perguntar o que você vai fazer amanhã à noite. - não entendeu a pergunta, ele não poderia estar a chamando para sair, porque ele estaria ocupado, sabe, cantando para milhares de pessoas.
- Ahn... - Mordeu de leve os lábios como se pensasse na agenda. Riu achando graça no seu fingimento e foi direta na resposta. - Nada. Por quê?
- Você quer ir ao meu show amanhã?
Não era o que originalmente fora perguntar, porque achou que seria estranho já que ele agora não tinha mais tanta certeza que ela estaria interessada. Mas ela estava ouvindo seu álbum, talvez gostasse de algumas de suas músicas. De qualquer forma pensou que seria legal se ela fosse.
- Bem, você poderia ir, se você quiser.
- Quero sim. - Ela sorriu.
E ele se surpreendeu pela resposta sem rodeios. Quando ele convidava garotas para ir em seus shows, e olha que ele convidava bastante, elas sempre se faziam de difíceis, de tímidas, ou qualquer coisa do tipo, mas isso depois de deixarem mais do que claro que tudo o que elas mais queriam era serem convidadas para alguma coisa com ele.
- Sério? Ótimo! Que legal. - Ele demonstrou um pouco mais de empolgação do que queria.
Como dito, ele sempre convidava garotas e por mais que elas fizessem algum tipo de charme fingido e falho, elas sempre acabavam indo, sem que ele precisasse insistir muito. Mas ela parecia muito séria para que ele predicasse alguma coisa. Ele estava confuso quanto as intenções dela. E uma vez que seu charme de celebridade não parecia afetá-la, ele se sentia incerto se tudo aquilo era um grande flerte, ou se ela apenas era daquele jeito.
- Me passa seu nome e sobrenome, por favor.
retirou o celular do bolso e abriu a conversa com seu empresário para colocá-la na lista vip.
- .
Mas, o que... Que sobrenome estranho! Ele não entendeu nada.
- Como se escreve isso? - Ela gargalhou.
- Deixa que eu escrevo para você. - Pegou o telefone da mão dele e digitou na conversa aberta. - Assim.
- Uau... É bem brasileiro. - Ele respondeu.
- Sim, é. - Ela riu de novo.
- Quando você me falou seu nome mais cedo, não foi difícil de repetir. Mas não pensei que se escrevia assim. Se me mandasse ler antes de ter me falado eu não saberia.
- Você é muito engraçado, . - Ela colocou a mão no ombro dele, enquanto ainda ria um pouco.
- O que? Mas é sério.
- Eu sei, por isso é engraçado.
- Tudo bem.
- Ok.
- Então eu vou ir embora de novo, deixar você tomar banho.
- Ok.
- Você sempre diz tantos “oks” assim?
- Não o suficiente para alguém me perguntar isso, então você sendo o primeiro, acho que não.
- Ok. - Ele respondeu rindo.
- Viu, agora você disse. - Ele revirou os olhos.
- O que queria que eu dissesse? - Deu de ombros.
- Não sei? - Pensou por alguns segundos - “Tudo bem”? Você sempre diz “tudo bem”. - Ele riu. Ela tinha razão.
- Certo. Estou indo. - E se virou de costas
- Ok. - Virou apenas para olhá-la com uma careta. - Tchau. - Ela completou e riu.
não deu dois passos antes de parar hesitante e voltar pra trás mais uma vez. estava na porta do mesmo jeito de quando se despediram pela primeira vez naquele dia. Ela também riu da mesma forma.
- Na verdade, posso te perguntar outra coisa?
- Pode, . - Ela sorriu.
- O que você vai fazer hoje à noite? - Essa era a pergunta original.
- Provavelmente pedir algo para comer no quarto e dormir, estou cansada da viagem e fui direto do aeroporto para uma reunião de negócios.
- Bom, eu também estou cansado da viagem... ,Jet Lag e tudo mais. - disse. - Mas você precisa comer, eu também preciso. E como você está na cidade sozinha e a trabalho, assim como eu. - Enfatizou a última parte. - Podemos jantar juntos no restaurante do hotel e assim fazemos companhia um para o outro e ninguém come sozinho. O que acha?
Era isso que queria perguntar, não precisava levar ninguém aos shows se pudesse estar com a pessoa em outro ambiente. Mas nada disso parecia servir para aquela situação. Então tentaria todas as opções.
- Gostei da ideia. Que horas? - perguntou. E olhou para o Apple Watch no pulso.
- Agora são quatro da tarde. Pode ser às oito?
- Perfeito. - sorria muito quando falava, gostou disso, dava pra ver que ela era muito simpática.
Se despediram mais uma vez e sem rodeios. Ao entrar, apanhou o celular na cama e caminhou até o banheiro. Checou a água e ainda estava quente. Sentiu um alívio imediato ao deitar na banheira. Aproveitou para responder as mensagens do dia. A primeira pessoa foi Amanda. Teoricamente ainda estava a serviço da empresa, pelo menos nos próximos minutos. Não que ela fosse falar de trabalho.

Garotaaaaa, dei de cara com o cantor quando vinha para o quarto. Um gato. Ainda bem que estou solteira. Haha 16:06
É um carinha daquela banda famosa, , você deve conhecer... Depois nos falamos melhor. Beijos! 16:07

Ia contar também que ele havia a convidado para jantar, mas achou melhor guardar aquilo somente para si, pelo menos até ver a assistente pessoalmente.
Acabou por mandar algumas mensagens a respeito do trabalho, mas nada que tenha durado mais de dez minutos. Colocou o celular no chão ao lado da banheira e fechou os olhos.



Depois do que pareceu um rápido cochilo, abriu os olhos. O quarto estava escuro, mas a mulher não assimilou aquilo de imediato. O pescoço doía e a água estava fria. Apanhou o celular onde tinha deixado e o relógio indicou serem 19h20. Tinha várias notificações de mensagens, mas estava atrasada demais para olhar agora.
Se levantou vagarosamente, aliviada por não ter dormido demais. Ou pelo menos não demais para perder a hora. Ainda com os olhos meio fechados, meio abertos, apertou o botão para esvaziar a banheira e entrou em baixo do chuveiro. A vontade era de se deitar na cama, molhada mesmo e dormir até o dia seguinte. Mas estava com fome e, mesmo relutante em admitir, queria conversar com de novo. Talvez estivesse indo mais por causa dele do que da fome.
Bom, não era todo dia que se esbarrava por aí com um cara tão bonito e com a voz de anjo, não é mesmo? “E bota bonito nisso.” Ela pensava. “E que olhos!” E suspirava. Ele era um conjunto capaz de fazer qualquer garota babar. E ela se incluía nessa categoria, mesmo sendo uma mulher de quase trinta anos.
Rindo dos pensamentos um tanto quanto adolescentes, procurava na mala o que vestir. O hotel era fino, o restaurante certamente também era, precisava ir com roupas elegantes, mas simples. Optou por um macacão marrom pantacourt de caimento soltinho, com uma manga curta e um decote em “v” que ia somente até o colo, bem discreto. Nos pés, uma sandália anabela baixa em um tom marrom um pouco mais claro que o macacão.
Ela definitivamente não havia ficado 100% satisfeita com a combinação, mas ela não dispunha de muitas opções naquele momento. Então tentou compensar com alguns acessórios. Um brinco bonito, alguns anéis e caprichou em uma daquelas maquiagens que pareciam que ela nem havia se maquiado.
Às 20h05 descia do elevador já no andar do restaurante. Ao chegar à porta e ser parada pela funcionária, se tocou que nem mesmo havia pensado na possibilidade de precisar fazer uma reserva. e ela não haviam combinado nenhum detalhe.
- Ahn... Me desculpe. Eu cheguei aqui hoje, não sabia que precisava de uma reserva.
- Sim, geralmente não reservamos em dias de semana, mas hoje é um dia atípico, o hotel está bem cheio. - A funcionária respondeu em um tom de desculpa, muito delicada ao falar.
- Ahn... Ok. Provavelmente foi reservado por . - fez uma careta ao dar esse chute no escuro.
- Só um minuto. - A mulher não checou a lista como fez com as outras pessoas que estavam à frente de .
Em vez disso, se virou de costas para falar com outro funcionário e deu espaço para visualizar o ambiente, não demorou a avistar sentado em uma mesa no fundo do restaurante, mais próximo ao bar, estava sentado de frente para a porta, mas de cabeça baixa, mexendo no celular, de modo que não a viu.
O funcionário falou com outro, que por sua vez caminhou até a mesa em que estava. perguntou-o algo inaudível àquela distância. levantou a cabeça e viu na porta, acenou para ela animado, disse algo ao funcionário e balançou a cabeça em afirmativa em seguida, sorrindo. O funcionário logo voltou e reproduziu o que ouviu baixo no ouvido da mulher. Um verdadeiro exemplo de telefone sem fio.
- Qual é o seu nome? - Ela perguntou à .
- .
- Senhorita, por favor, por aqui. O Sr. está te esperando.
- Obrigada.
O funcionário que falara com a acompanhou até a mesa. se levantou para recebê-la.
- Ei! - Ele cumprimentou-a animado com um abraço rápido. - Você veio.
- Ei. Claro que sim. - Ela sorriu.
se sentou e o funcionário do restaurante puxou a cadeira para que se sentasse. Ela havia se atrasado só um pouco, mas ele ficou com medo de que ela não fosse ir.
- Obrigada.
- Disponha. Já posso trazer o cardápio? - Ele perguntou em português, pois havia agradecido em português.
- Ahn... - Ela olhou para . - Você já quer comer? - Perguntou.
- Sim. Você não? - Ele respondeu e ela apenas balançou a cabeça em afirmativa.
- Por favor, pode trazer o cardápio sim. - voltou a falar com o funcionário em português.
- O que vocês falaram? - perguntou quando o garçom saiu.
- Acho que confundimos o pobre coitado falando em duas línguas. - Eles riram.
- Tudo bem? - Ele perguntou.
- Sim. Sim. Me desculpe o atraso, acabei dormindo. Vocês, Irlandeses, também tem aquela coisa com pontualidade?
- Sem problemas. O importante é que você veio. - Ele riu. - Mas sim, também somos pontuais. E, ei! Você é a primeira pessoa que não conhece bem a banda e sabe que eu sou irlandês.
- Eu sabia que havia um irlandês na banda, não sabia que era você. Pelo menos não até conversamos.
- Meu sotaque me denunciou?
- Sim, basicamente. - Ela riu.
O garçom voltou com os cardápios e decidiu que ia querer algum prato com algum ingrediente típico brasileiro.
- Eu quero a salada verde com essas castanhas brasileiras. - Tentou ler o nome em português, mas depois de tentar pronunciar duas vezes, desistiu e leu a tradução que havia em inglês abaixo do nome original.
- Eu quero o Ceviche de peixe do dia. - fez o pedido em português.
O garçom anotou e ambos passaram para a próxima página. Para pratos principais, escolheu macarrão ao molho de gorgonzola e foi de novo no prato brasileiro.
- Eu queria esse ensopado de peixe da Barria? - Ele leu o nome em inglês, falando para em voz baixa, em dúvida quanto a pronúncia, apontou o nome no cardápio.
- Ele quer a moqueca de peixe à baiana. - pediu em português e prestou atenção na pronúncia.
- Sobremesa? - perguntou.
- Prefiro escolher depois. - respondeu para .
- O resto escolhemos depois. - disse ao garçom que apenas assentiu.
- E para beber? - O garçom perguntou em inglês.
e caíram na gargalhada.
- Fizemos tudo errado. A bebida devia vir primeiro. - falou e concordou.
- Vinho? - Ele perguntou.
- Eu prefiro não beber vinho. Me dá sono e eu já estou com sono agora, você se importa?
- Não, tudo bem. Bebemos outra coisa. - deu de ombros.
- Não! Pode beber o vinho se quiser, não tem problema.
- Não, . Eu vou te acompanhar. O que você quer beber? - Ela sorriu.
- Um suco de laranja? - Ela disse direcionando o olhar ao garçom que apenas concordou anotando o pedido.
- O que você pediu? - perguntou e traduziu mais uma vez.
Aquela conversa toda estava muito confusa, porque se recusava a conversar com o garçom em inglês. Então, ao mesmo tempo que falava inglês com , mudava para português para falar com o garçom. Ela se achava mais do que certa em fazer isso, afinal, estava em seu país, conversando com um brasileiro, no caso o garçom. Não havia motivos para pedi-lo nada em inglês.
O garçom, por sua vez, não parecia nem um pouco confuso, não via nem um problema em ouvir português da parte dela e perguntar qualquer coisa direcionada à em inglês, recebendo uma resposta na mesma língua da parte dele.
- E o senhor?
- O mesmo que ela.
- Ok. Estará aqui em alguns minutos. - No entanto, o garçom respondia em inglês quando era direcionado a ambos.
O garçom se retirou sutilmente deixando e sozinhos novamente.
- ... - começou. - Então, você está aqui a trabalho?
- . Me chama de . - Ela disse.
- Como? - Perguntou confuso.
- . É o meu apelido.
- Ahn, ok. , está aqui a trabalho, certo?
- Isso mesmo. - Ela sorriu, mostrando aquela simpatia que tanto havia admirado.
- E o que você faz?
- Eu sou representante comercial. Vendo os serviços da minha empresa para outras empresas. Eu vim aqui para me encontrar com um potencial cliente. Esse cliente, inclusive, fica muito perto daqui. - Respondeu de forma mecânica, como sempre fazia ao falar de trabalho.
- Legal. E você gosta desse trabalho?
- Gosto na maioria dos dias. Hoje não foi um deles.
A entrada chegou, de modo que não pode responder de imediato.
- Gostou da salada? - perguntou assim que comeu um pouco.
- Sim, tem um gosto estranho, mas é bom. - Ele disse levando outra garfada à boca. riu da explicação.
- Eu acho que você não vai gostar da moqueca...
- Por que não? - quis saber.
- Não sei. Acho que tem um gosto... - Nina pensou na melhor palavra para definir. - ...diferente. Bem diferente de tudo que você está acostumado. - deu de ombros
- Bom, vamos ver. - Ele riu ao responder e riu junto.
- Espero que goste. - desejou com a melhor das intenções.
- Mas o que aconteceu hoje?
- Como assim? - Nina ficou confusa com a pergunta de
- Para você não gostar do trabalho. - Ele esclareceu.
- Ah sim! Na verdade, nada demais. Eu só acordei muito cedo, de madrugada, na verdade. Essa viagem não foi planejada. Fazer as coisas de última hora me deixam irritada e acordar de madrugada também. - Ela acabou rindo no final, mesmo falando sério.
- Que horas você acordou?
- As quatro. Cheguei aqui às nove horas. Fui direto para a reunião com o cliente e fiquei lá até a hora que cheguei ao hotel. Foi um dia bem cansativo.
já havia perdido as contas de quantas vezes já havia acordado mais cedo do que isso. Ou nem dormido.
- Mas essa reunião... Deu certo? - mostrou curiosidade. - Quero dizer, é assim que funciona? Você sai e já sabe, ou... não sei, como é?
- Não tenho certeza ainda, mas eu acho que vai dar tudo certo. - Ela se mostrou otimista.

- Que ótimo! Então valeu a pena, não é mesmo?
- Bom, digamos que sim. - concordou. - E você? Está vindo de onde?
- Do México. Fizemos dois shows lá.
- Sério? Eu amo o México. Já viajei para lá duas vezes. Para a praia. Você foi à praia lá?
- Não, não fui. Não deu tempo.
- Que pena! As praias de lá são maravilhosas. E aqui no Brasil? Você já foi a alguma praia?
- Também não.
- Mentira! Nossa... - se expressou um pouco surpresa e pensativa. - Vocês não vão em lugar nenhum quando viajam assim?
- Às vezes. Quando viemos em 2014 fomos ao Cristo Redentor.
- Só? Eu não acredito que não foram na praia.
queria rir da aparente obsessão dela com praias.
- Foi uma loucura para sair do hotel, tivemos que nos esconder dentro de um carro de pão.
- Uau! - A boca de formou um “o” perfeito. - Isso é... assustador. - Ela riu meio desacreditada - Então essa quantidade absurda de meninas gritando lá em baixo não é nada comparado ao que você já vivenciou alguns anos atrás?
- Ainda é uma quantidade grande, para ser sincero. Mas já foi muito, muito pior.
- Como você consegue?
- Eu... eu não sei. Eu amo esse trabalho. Com tudo o que vem no pacote.
- Deve ser incrível mesmo. Mas ainda assim, parece muita exposição para mim. Acho que eu não conseguiria.
- Você acaba se acostumando, sabe?
- Eu imagino. - Mas ela não podia imaginar.
O garçom veio novamente para trocar os pratos. Era a hora de saber se gostaria ou não da comida. Depois de alguns minutos em silêncio saboreando a comida, foi a primeira a falar.
- Essa massa está perfeita. Eu adoro macarrão.
- Eu devia ter pedido vinho mesmo. Não ficou uma combinação muito legal com isso aqui. - fez uma careta.
- Mas você gostou? - perguntou em expectativa. Não havia visto levar mais do que três colheradas à boca.
- Meu Deus, não! - Ele disse enxugando a boca no guardanapo. - Eu não queria falar mal da sua comida, mas isso aqui é horrível.
explodiu em uma gargalhada. Ela sabia que aquela seria sua reação.
- Você quer trocar de prato? - Ofereceu gentil. - Eu adoro moqueca.
- Esse macarrão que você está comendo não está com uma cara muito boa também.
- Porra! - Soltou o palavrão sabendo que ele não entenderia e riu. - Como você é chato, garoto. - Disse divertida. - Está uma delícia, experimenta aqui.
Dito isso, pegou um pouco de macarrão em seu prato e levantou o garfo no ar. negou com a cabeça e ela começou a falar sem dar tempo que ele respondesse.
- Não quer por quê? Você tem nojo de pôr a boca em algo que outra pessoa já colocou? Pode usar seu talher, não tem problema.
- Não é isso... - tentou argumentar
- Então experimenta! Está uma delícia. Prova. - O garfo que já estava no ar foi levado de encontro a boca de , que não teve outra opção, se não, comer. - E aí? Gostou? - Ela perguntou quando viu que ele acabou de engolir a comida.
- Está melhor do que isso aqui. - Apontou para o próprio prato. Um pouco retraído. percebeu, mas não disse nada. - Mas prefiro pedir outra coisa. - Disse isso e levantou o braço chamando o garçom. revirou os olhos, desistindo de argumentar.
- Você pode levar esse prato? Eu queria experimentar, mas eu não gostei muito. Me desculpe.
- Sem problemas, senhor. Quer que eu traga outro prato?
- Traga um macarrão cacio e pepe, por favor.
- Claro. Com licença. - O garçom respondeu e se retirou, levando consigo o prato rejeitado.
- Eu não tenho nojo, . - voltou ao assunto, com um tom de voz enfático.
- Ok. - Ela respondeu simplesmente.
- É sério. Não é nada do que você esteja imaginando.
- Eu não estou imaginando nada.
- É sério! - insistiu. - Olha... - Suspirou antes de continuar. - Não é que eu queria negar experimentar, ou não queira usar o mesmo talher que você. Mas é que o restaurante está lotado.
- E? Você ficou com vergonha das pessoas verem? - não entendeu nada.
- Não! Claro que não. - passou a mão na testa. - Tem muitas pessoas aqui... Que podem tirar fotos, entende?
- Oh! - colocou a mão na boca, finalmente entendendo. - Meu Deus, . Me desculpa. - A mulher estava totalmente desconcertada naquele momento. - Sério, meu Deus, eu juro que não foi a minha intenção. Isso nunca passaria pela minha cabeça.
- Tudo bem. - começou a rir, ele sabia que ela estava sendo sincera. - Eu não vou ter culpa se você tiver que lidar com manchetes amanhã do tipo “ janta em restaurante do hotel no Brasil com uma mulher misteriosa.” Ou pior “ está com novo affair? O cantor foi visto jantando com uma mulher e ela até lhe deu comida na boca. Podemos dizer que há clima de romance no Brasil?” - Ele gargalhou ao terminar sua imitação.
- Bom, a única coisa que tem na minha frente é o bar. Pelo menos ninguém verá meu rosto. Contanto que as manchetes me incluam como “mulher misteriosa”, eu vou estar tranquila. - Dessa vez foi quem gargalhou
Mal recuperaram o fôlego e o celular de apitou em cima da mesa, indicando que uma nova mensagem havia sido recebida. Ela conferiu e viu que era Amanda, com outra mensagem em letras maiúsculas. Antes de ler o conteúdo, se virou para e falou:
- É a minha assistente, pode ser importante. Você se importa se eu responder essa mensagem rapidamente?
- Não, sem problemas. Vá em frente. - respondeu e seu prato chegou quase no mesmo instante, não o deixando alheio na mesa.
Amanda Melo
? Você está brincando que você está no mesmo hotel que . 17:45

Essa era a mensagem de mais cedo. Bom, pelo visto ela sabia muito bem quem era.
Amanda Melo
!!!!! !!!!! ESSA PESSOA É VOCÊ? ESSA ROUPA É SUA!!! EU CONHEÇO MUITO BEM ESSA ROUPA!!! VOCÊ TÁ JANTANDO COM O , ? 21:16

Logo após essa mensagem havia uma foto. Amanda não só sabia quem era, como gostava do cara. Deus, ela usava muitas exclamações.
A foto era de e quase naquele exato momento, tirada de um ângulo que vinha da janela, nesse ângulo, era nítido que era ele, mas ela estava irreconhecível, só o rosto de podia ser visto. E também dava para ver a mesa ainda vazia, logo, a foto era de quando eles chegaram. olhou para o lado que achou que poderia ter vindo a foto, passou o olho pelas mesas, tentando encontrar alguma atitude suspeita. Antes de poder fazer algum julgamento, outra mensagem chegou.
Amanda Melo
PUTA QUE PARIU, COMO VOCÊ NÃO ME CONTOU ISSO? EU AMO ELE!!!!!! MEU DEUS, COMO ISSO ACONTECEU? TIRA UMA FOTO PELO AMOR DE DEUS. 21:17
E UM AUTÓGRAFO! 21:17
E UM VÍDEO. 21:17
QUALQUER COISA!!!!! 21:18

acabou rindo indiscretamente e chamando a atenção de , que antes estava concentrado comendo.
- O que foi? Não é nada sério, pelo visto.
- Alguém aqui no restaurante tirou uma foto nossa, mesmo. - disse sorrindo e ficou apreensivo.
- Calma, não foi de agora, foi de quando chegamos. Ou seja, nada de me culpabilizar. - Ela piscou.
- E como você descobriu? - Ele perguntou um pouco mais tranquilo.
- Bem, aparentemente minha assistente é louca por você. Ela acabou de me enviar a foto, me reconheceu imediatamente. - Ela explicou e virou a tela do celular para . - Acho que minha roupa me denunciou. Ela estava comigo quando comprei.
- Bom, não é uma foto comprometedora. - deu de ombros e voltou a comer.
- Não, mas ela está simplesmente surtando. - acabou de mastigar antes de responder.
- Me empresta seu celular. - entregou-o imediatamente.
- Para que? - Perguntou em seguida, não respondeu, apenas segurou o botão de enviar áudios do whatsapp.
- Oi, assistente da . - Fez uma pausa. - Espera. - afastou o telefone do rosto, mas não cancelou o áudio. - Qual é o nome dela?
- Amanda.
Mais nomes brasileiros, ele pensou.
- Oi, Amanda. Tudo bem? Espero que sim. Só queria te mandar um beijo. Soube que você é minha fã. Ahn... Obrigado? Tenha uma boa noite. - E soltou o botão enviando a mensagem.
- Se você matar a minha funcionária você vai se ver comigo. - falou em tom sério, mas com um sorriso nos lábios, o que fez rir.
- Ela vai ficar bem.
- Meu Deus, ela vai surtar em dobro. Senhor! Como vou aguentar isso?
- Quantos anos ela tem?
- 18... ou 19. Eu não tenho certeza.
- Ah, pensei que fosse mais velha.
- Por quê? - perguntou confusa.
- Bem, por ser sua assistente. Não achei que confiavam esses cargos para uma menina tão nova. Parece ser de grande responsabilidade.
- E é. Mas ela é super competente. Ela é meu braço direito naquela empresa. Inclusive começou a estudar no ramo por minha causa. Eu sempre incentivei. Acho que ela vai longe. Ela é muito especial.
- Você parece gostar muito dela. - colocou um cotovelo na mesa e apoiou o rosto na mão.
- Somos muito amigas, além do profissional. - sorriu. - E é uma amizade engraçada. Porque eu sou muito mais velha. E ao mesmo tempo que ela parece ter a minha idade, ela age de formas que me fazem lembrar que não... Tipo agora, me mandando mensagem loucamente por causa de um cantor.
- Quantos anos você tem? - perguntou.
- Fiz 28 na semana passada.
- Sério? Então ainda dá tempo de te dar parabéns. - segurou a mão de brevemente.
- Obrigada. - sorriu. - E você, tem quantos anos?
- Eu tenho 27.
- Jura? Eu te daria no máximo uns 24... Talvez 25. - respondeu surpresa.
- Ah, qual é! Assim você me ofende. Eu não sou tão novo assim.
- O que? Você fica ofendido? Se alguém me dissesse que eu aparento ser mais nova do que sou, eu ficaria feliz.
- Mas você realmente aparenta ser mais nova... Às vezes.
- Como “às vezes”?
- Bem, você tem feições joviais. - começou se explicando. - Mas não tem como pensar que você tem menos de 30 quando você está vestida igual mais cedo... Toda de social, com sapatos de salto. Passa uma outra imagem. De uma mulher mais madura. - Refletiu por alguns segundos - Não que isso seja ruim, é claro. E é claro que você não tem cara de ter mais de 30. Mas é só a impressão pelo seu jeito.
- Eu entendi, . - riu o tranquilizando. - Vou levar isso como um elogio. - Sorriu.
- Com certeza foi.
O jantar decorreu e finalizou com a conversa descontraída e tanto quanto puderam falar sobre várias coisas sobre si mesmos e ouvir histórias um do outro. Entraram no elevador do mesmo modo da primeira vez, ria dessa mania bizarra de , se é que poderia considerar como uma mania, e a mulher, por sua vez, fazia isso em todos os lugares que precisava pegar o elevador e não achava que pudesse mudar.
- O que acha de darmos uma volta pelo hotel? - perguntou antes de o elevador parar no andar de . Ainda estava cedo e ele não queria ter que se despedir naquela hora.
- Acho uma boa ideia, preciso mesmo descobrir onde servirão o café amanhã. - respondeu com o sorriso que já estava acostumando a ver como uma característica da personalidade dela, a simpatia.
Então quando chegaram à primeira parada do elevador, somente esperaram que voltasse para até o térreo. Saíram conversando pela recepção onde recepcionistas diferentes dos de mais cedo estavam atrás do balcão e caminharam em direção à piscina. Apesar de ser um prédio urbano, havia um pequeno espaço verde ao lado com um caminho, algumas mesas e árvores. Eles podiam dar uma volta pelo hotel a partir dali e sair do outro lado.
Não fazia frio naquela noite, o clima era agradável, caminhava com as mãos nos bolsos da calça, ao seu lado direito tinha os braços ora cruzados na altura do estômago, ora pendiam ao lado do corpo e com o celular em uma das mãos. A conversa era igualmente agradável. Falavam sobre seus hobbies, gostos e um monte de outras trivialidades.
O lugar não era tão grande para que pudessem passar tanto tempo andando, por isso não demorou que subissem novamente e, mais rápido do que pudesse prever, ele já estava acenando um “tchau” para que saia do elevador em seu andar. Ele até pensou em sair do elevador de novo e acompanhá-la até a porta, mas não tinha uma desculpa boa o bastante para isso. Então apenas deixou que ela fosse embora, sendo reconfortado pelo fato de que a veria de novo no dia seguinte.
suspirou ao abrir a porta da sua suíte, no fim de tudo, estava cansado. Tirou toda a roupa, ficando só de cueca e se jogou com tudo na cama. Pegou o celular e respondeu alguns amigos e grupos no whatsapp. Abriu o Instagram vendo que já havia milhares de marcações de fotos que ele tirara mais cedo com fãs, vídeos no aeroporto, e claro, fotos no restaurante com . Várias publicações com as mesmas fotos repetidas. Costumava ser bastante discreto com os seus relacionamentos, o menor envolvimento com qualquer pessoa sempre era com cautela, mas ele não era o tipo de cara que ficava paranoico com medo de ser fotografado com alguém, era discreto, sim, mas se o vissem, paciência. Ele definitivamente não era do tipo que se importava com isso.
Pensando isso, levantou-se bruscamente da cama e caminhou até a janela, ainda tinha bastante pessoas lá fora, esperando por algum sinal dele. O seu quarto ficava mais para a lateral do prédio, se conseguisse se abstrair o bastante, o barulho das conversas ficaria inaudível. Tirou uma foto e voltou a se deitar, tirando uma selfie em seguida. Depois, postou ambas no seu stories. As fãs na frente do prédio foi a primeira foto. Escreveu em ambas as imagens agradecendo ao carinho e pedindo para que fossem embora descansar, pois queria vê-los bem no show no dia seguinte.
Não passado um minuto que o “postado” tinha aparecido na tela de seu telefone, foi possível que ele escutasse um aumento no volume das conversas e logo em seguida alguns gritos abafados. Ainda assim não era alto o bastante para incomodá-lo, ficou apenas rindo sozinho enquanto via os números de solicitação de direct e de marcações em feed com as fotos recém postadas aumentando. Por hábito, deslizou para os directs encontrando uma mensagem de que ele nem ao menos tinha visto a notificação. Ela tinha respondido ao story de .
Obrigada por ter postado essa foto e feito seus fãs começarem a surtar e gritar quando eu já estava quase dormindo. Obrigada mesmo, porque eles estão BEM DEBAIXO DA MINHA JANELA!!!!
leu sussurrando para si e imediatamente quis rir, se sentindo culpado.
“Desculpa?”
“Não! Resolve isso porque eu quero dormir”
“Vou tentar. Alguma sugestão? Me chama no whatsapp...”

enviou seu número em seguida e voltou para a tela de stories na qual escreveu sobre um fundo preto um pedido para que não fizessem barulho porque havia outras pessoas no hotel cansadas e querendo dormir, inclusive ele. Pediu desculpas e compreensão. Assim que enviou conseguiu ouvir o burburinho aumentar por causa da postagem e nos próximos dez minutos diminuir gradativamente. Recebeu uma notificação no whatsapp.

Obrigada! : ) E me desculpe se pareci chata. 00:07

Desculpa por isso. Boa noite, . 00:08

Boa noite, . 00:08




acordou cedo no dia seguinte, tinha uma agenda a cumprir além do seu show à noite. O primeiro compromisso era uma aparição num programa de TV ao vivo ainda antes do almoço. Uma conversa que ele nem chamaria de entrevista e duas músicas depois e ele estava de volta ao hotel para almoçar e trocar de roupa para cumprir o restante da agenda, que consistia em uma sequência de três entrevistas para rádios e TV locais. Indo imediatamente após a última delas para o estádio a fim de fazer a passagem de som.
dormiu o tanto que pôde, e isso significava dormir até vinte minutos antes do horário que deveria sair. Tinha uma reunião logo às 14h na filial de São Paulo da sua empresa, não era bem uma reunião, ela iria para lá somente para aquilo que chamamos de “manter as aparências”, ela não tinha mais nenhum cliente para visitar naquele dia, somente no dia seguinte, porém fazia parte do “protocolo” participar de algo, qualquer coisa que fosse, na filial em que ela estava viajando. Ficaria lá por talvez duas horas e voltaria para o hotel para se arrumar para o show. Saiu de casa pouco antes das 11h, que foi o horário em que terminou de se arrumar após acordar, almoçou fora do hotel e aproveitou para passar em algumas lojas, ela não tinha nenhuma roupa que consideraria “legal” para um show.
A reunião de se transformou em algo como visitar todos as mesas dos colegas de trabalho que ela já conhecia devido as várias vezes que já viajou para SP e ficar conversando fiado até passar um tempo socialmente aceitável para que pudesse ir embora. Ficou sabendo do filho do gerente financeiro que tinha acabado de nascer, do casamento de uma das assistentes de logística e da recém nova separação do CEO, aquela era a terceira separação dele nos anos em que trabalhava ali. Só fofocas, ela diria.
Quando chegava de volta ao seu quarto no hotel, estava pronto para iniciar a passagem de som e enviou para ela uma selfie com o microfone na mão e a legenda “checando tudo para não fazer feio hoje à noite” e um emoji divertido em seguida. respondeu que estava ansiosa, porque estava mesmo. Mas não por causa do show e sim porque não sabia o que esperar quando visse de novo. Será que ele iria chamá-la para o backstage? Será que ele iria esperar voltarem para o hotel para beijá-la? Era óbvio que ele queria isso, se não, não teria a chamado, isso é um fato. No entanto, no dia anterior eles jantaram, conversaram muito e foi só isso. Nem sequer uma aproximação suspeita.
provavelmente estava pensando mais nesse assunto do que poderia imaginar. Ele queria ficar com ela, é claro, porém, o fato de não ter tentado nada na noite anterior, parecia deixar aquilo mais difícil a se fazer a cada minuto que passava. Deus! Se ele fosse ser sincero, ainda não tinha certeza se era isso que ela queria. Mulheres podiam ser bem complicadas quando queriam.
Na troca de mensagens, explicou o que deveria fazer quando chegasse ao local do show para ser direcionada a alguém da produção que a daria um crachá com acesso ao backstage. É claro que ele faria isso. Pediu também que ela fosse para lá assim que chegasse, se caso chegasse muito tempo antes do show.
então ficou com no camarim até a hora do show, que depois assistiu tudo do camarote, voltando ao camarim quando terminou.
- Uau! O show foi incrível. Eu amei! - Ela elogiou um completamente eufórico rodeado de outras pessoas da equipe, que beliscavam comidas e bebidas disponíveis no camarim, conversando alto no espaçoso cômodo, enquanto esperavam uns aos outros para irem embora.
- Vamos tomar umas cervejas no hotel da equipe, você vai, não é? - confirmou.
- Mas é claro!
foi o próximo na fila para tomar banho e logo estavam todos divididos em vans a caminho de algum hotel que não fazia ideia de qual.
conversou um pouco com cada uma das pessoas ali, esbanjando aquela simpatia que lhe era tão natural e que fazia com que todos gostassem instantaneamente dela. As cervejas se tornaram uma social intimista com aproximadamente vinte pessoas da equipe mais a banda e algumas mulheres que ela não sabia de onde tinham surgido. Já havia ouvido falar delas, no entanto, eram as famosas groupies. conversou animadamente com uma delas por quinze minutos, enquanto conversava com seu agente, Mike.
- Eu acho que vou embora. - disse a Mike, porque ela não queria atrapalhar nada que fosse fazer e, se ela fosse ser sincera, era uma situação estranha.
Será que estavam pensando que ela era uma groupie também? Se despediu de Mike e caminhou até para se despedir, embora achasse horrível ter que interrompê-los.
- , acho que vou embora. - Ela repetiu para o cantor, após pedir desculpas.
- Por quê? - se levantou imediatamente e pediu licença para a mulher com quem estava conversando.
- Já está tarde e estou cansada. E ficando bêbada. - Brincou sobre a última parte.
- Bom, então eu vou pedir ao motorista para nos levar.
- , você não precisa de ir embora porque estou indo. Sério. Eu posso ir sozinha, sem problema nenhum.
- Você não quer ir embora comigo? - perguntou em um tom divertido.
- Não é isso, só não quero acabar com sua festa.
- E eu não quero te deixar ir embora. Então, o que sugere? - falou e passou a olhar profundamente para , encararam-se por alguns segundos antes que ela respondesse.
- Ahn... - gaguejou, intimidada. - Eu-eu não sei.
- , eu vi que você ficou me olhando a noite toda, principalmente enquanto eu conversava com aquela menina. - Apontou discretamente com a cabeça para onde ele antes estava sentado conversando com alguém que nem se lembrava o nome. - E, para ser honesto, eu fiquei pensando em você o dia todo. Então me diz o que você quer fazer. Me convida para continuar a festa em outro lugar. Só você e eu.
ficou sem fala por alguns segundos, sem acreditar na forma direta com que havia falado. Ele, por outro lado, já estava suficientemente alterado para não se importar em dizer o que estava pensando, em dizer como a mulher estava mexendo com ele.
- Eu acho que devíamos... Eu quero. - Se corrigiu. - Que levemos a festa para o meu quarto. Só você e eu.



Três anos depois...



chegou ao hotel em Nova York para um evento de premiação em que ele estava concorrendo a algumas categorias. Ele achava que não tinha chances de ganhar porque havia vários outros artistas muito bons que também foram nomeados, ainda assim estava ansioso.
Como de praxe ao chegar, parou por um minuto ou dois para dar alguns autógrafos e tirar fotos com os fãs que o esperaram por horas na porta do hotel, seu agente, também como era de costume, ficou por finalizar seu check-in na recepção enquanto ele ia direto para o quarto descansar do voo longo de Londres até NY. Tinha recém terminado uma nova turnê e já tinha um monte de outras músicas escritas, prontas para serem colocadas em um novo álbum, mesmo que ele não soubesse se as usaria, de fato.
- Segura a porta, por favor! - gritou ao se aproximar do elevador e ver que as portas estavam se fechando. - Obrigado. - Entrou de cabeça baixa, um pouco ofegante e um pouco assustado pela decisão repentina de correr.
- ? - A voz feminina chamou, o que fez com ele reagisse imediatamente olhando para a mulher com quem dividia a viagem.
- ? - Ele arregalou os olhos ao reconhecê-la. - É você?
- Sem chances! - Ela gritou rindo. - , não acredito! - E o abraçou. Ele retribuiu sem hesitar.
- Você está diferente. - Ele falou analisando-a. - Quase não reconheci com o cabelo curto.
- E você está o mesmo bonitão de sempre. - Ambos gargalharam.
- O que você está fazendo em Nova York? - Perguntou interessado.
- Acho que ser promovida a gerente te dá oportunidades de participar de reuniões a nível mundial realizadas num hotel extravagante tipo esse. - Ela riu.
- Gerente? Uau! Meus parabéns!
- Obrigada. Aconteceu recentemente. Mas parece que todos os anos nessa época os gerentes de todos os países se reúnem aqui. Acho que dei sorte de ser promovida um pouco antes de acontecer.
- Uau... Eu não sei o que dizer. É muito legal te ver de novo. - sorriu ao ouvir isso.
Tiveram uma noite incrível alguns anos atrás naquele hotel em São Paulo, se se esforçasse, poderia se lembrar de cada detalhe, de como tomou a mão dela guiando-os de volta ao hotel deles, do primeiro beijo ainda no carro, depois continuaram se beijando ainda no elevador, de entrarem trôpegos no quarto, de como sua pele queimava sob o toque dele, dos beijos quentes e macios na cama, na banheira, no chuveiro, na mesa... De acordar no dia seguinte destruída, em parte pela leve ressaca e em parte porque... bem, porque a noite tinha sido boa. Se lembrava de se despedir casualmente de , que seguiu viagem para outro país naquele mesmo dia para continuar a turnê, se lembrava do cliente com quem se reuniu depois disso tudo. Se lembrava das mensagens que trocaram nos dias que se seguiram... até perderem o contato de vez. Ela ainda tinha o número dele salvo, viam as publicações um do outro no Instagram, só não tinham mais nenhum assunto sólido para conversarem.
- Bom... Esse é o meu andar. - informou quando o elevador parou.
- Penúltimo andar, huh? Você evoluiu mesmo. - Automaticamente ele segurou a porta com uma mão. - Daqui pouco tempo você estará no último. - Brincou.
- Então... - Ela fingiu coçar a garganta. - Era para ser o último. Mas não tinha mais vagas quando reservaram. Culpa de um cantor famoso aí, sabe?
- Bom, você ainda pode ficar lá se quiser. - chamou, sem enrolações.
- Acho uma ótima ideia. - Ela sorriu e ele soltou a porta, apertando o botão do último andar, coisa que ele ainda não havia feito.
havia chegado no dia anterior, suas coisas estavam no seu quarto há horas, ela voltava de um passeio naquele momento. Se lembrou perfeitamente da ironia de chegar empurrando suas malas desajeitadamente enquanto tentava desviar dos fãs, muito mais calmos do que os do Brasil, que estavam acampando na porta do hotel. Dessa vez ela não brincou com os recepcionistas, nem perguntou quem era o famoso. Talvez se tivesse feito isso, por ironia não teria encontrado com .
- Se bem que, não é uma ideia tão boa assim. - Ela ponderou ao ver a porta do elevador se abrir no novo andar. - Todo mundo que trabalha comigo está nesse andar. Ia ser muito constrangedor se me vissem.
- Você está trabalhando agora? - perguntou saindo do elevador pisando no vão.
- Não, por quê? - reagiu com uma cara torcida automaticamente e saiu atrás dele.
- Então não é da conta deles o que você está fazendo aqui. - deu de ombros.
- Você faz tudo parecer tão simples. - Ela riu. - A culpa é sua que reservou o último quarto disponível no andar.
- E por que não foi outra pessoa que ficou com o quarto no andar de baixo? - retrucou imediatamente.
- Porque eu que fui a última a ser incluída na viagem. Os outros quartos foram reservados semanas antes.
- Então sinto muito. - abriu a porta da sua suíte e deu espaço para que entrasse primeiro e ele fechasse a porta.
- Eu estou aqui dizendo que não é uma boa ideia e continuo seguindo. - Ela riu.
- Senti falta da sua simpatia. - confessou e a puxou para um abraço.
- É mesmo? - perguntou debochada.
Era verdade que não pensava nela há muito tempo, mas guardava as lembranças com muito carinho. Mesmo que eles não se conhecessem tão bem assim, gostava dela. Achava que era uma boa pessoa.
- É sim. Eu gosto que você parece ser sempre você mesma. Mesmo perto de mim. As pessoas não costumam ser assim comigo.
- É mesmo? - Ela falou de novo, dessa vez sério.
contou um pouco sobre esse lado de sua vida, sobre como se sentia com a aproximação das pessoas, que quase nunca pareciam ser genuínas, como ele sempre sente que as pessoas mudam quando estão perto dele e muitas outras coisas que poderiam ser consideradas pessoais demais para compartilhar com alguém que teve tão pouco contato. Mas de certa forma, ele sentia que podia fazer isso com .
A noite chegou e ambos só perceberam a passagem do tempo ao verem os postes de luzes se acenderem pela janela do grande cômodo da suíte em que estavam. Em meio a conversas e muitas carícias, foi como se estivessem colocando todos os assuntos dos últimos anos em dia, como se realmente tivessem ficado conectados durante todo esse tempo e o afastamento não tivesse sido uma perda dele.
- Preciso ir para o meu quarto. Tomar um banho. - falou já recolhendo suas peças de roupa ao lado da cama.
- Fique aqui comigo essa noite. - pediu sem medo de parecer vulnerável. - Sem pressão. Se quiser, você pode escapar enquanto eu ainda estiver dormindo amanhã cedo.
sorriu e concordou com a cabeça.
- Eu vou buscar algumas roupas. Peça um vinho. - quem concordou dessa vez, já se levantando para chamar o serviço de quarto pelo telefone. - Eu volto já.
voltou algum tempo depois, claramente de banho tomado e com uma pequena bolsa com uma nova peça de roupas.
- Eu pedi comida também. - disse ao levá-la até o outro cômodo, onde havia uma mesa posta com o vinho que ela havia pedido e mais algumas coisas.
- Então, porque você está na cidade? Está fazendo shows? - Ela perguntou ao se sentar à mesa. - Engraçado, conversamos de várias coisas, mas você não me disse o que está fazendo aqui. Aliás, onde você mora, exatamente?
riu enquanto se serviam para começar a comer. Ele também sentiu falta de como ela sempre falou demais e nunca faltou assunto entre eles.
- Eu moro em Londres mesmo. E estou aqui para uma premiação. A minha turnê acabou há pouco tempo.
- Sério? Eu ouvi seu outro álbum. Mas não sabia disso. Parabéns, a propósito. Eu gosto muito das suas músicas. São lindas.
- Obrigado. - ficou um pouco tímido ao ser elogiado tão sinceramente.
- Então, me conte mais sobre essa premiação...
e mal dormiram naquela noite, primeiro porque o assunto rendeu madrugada a dentro e depois... Só estavam muito ocupados para perceberem o cansaço e a necessidade de dormir.
Acordaram assustados com o barulho de um celular tocando.
- Não é o meu. - foi o primeiro a sussurrar com a voz completamente rouca, o rosto enfiado no travesseiro enquanto dormia de bruços.
demorou alguns segundos para encontrar seu telefone, que tinha caído da cama e se perdido na bagunça no chão do quarto.
- Alô? - Atendeu com a voz fanha, sem se preocupar que deveria ter se identificado, como deve ser feito ao atender chamadas corporativas.
- , onde você está? - Ela identificou a voz de Pedro imediatamente do outro lado da linha.
- Dormindo. - Resmungou. Pedro era um dos gerentes que estavam na viagem, e o mais próximo de entre todos por ali.
- Até agora? Vamos perder o café da manhã. Tem cinco minutos que eu estou batendo na porta do seu quarto, achei que você tivesse morrido.
- Você tá na porta do meu quarto? - Perguntou, lenta.
- É. Você não entendeu?
- Achei que estivéssemos de folga hoje.
- É, sua cretina. - Ah... A intimidade. - Mas combinamos de tomar café todos juntos, você se esqueceu?
- Não. - Suspirou. - Desculpe. Pode ir descendo, te encontro em cinco minutos, tá bom? Beijos. - E desligou.
- Está tudo bem? - ainda estava deitado, mas tinha se virado de barriga para cima, e com as mãos embaixo da cabeça, observava a conversa que ele não conseguia entender, mas pela cara de não parecia ter sido boa.
- Me esqueci que tínhamos combinado de tomar café todos juntos hoje. - Suspirou de novo, passando a mão no rosto. - Nosso grupo todo é meio que amigos, então fazemos esse tipo de coisas sempre... Tipo sair para almoçar juntos e tal. Então eu tenho que ir.
concordou com a cabeça enquanto falava.
- Você quer ir comigo? - Ela perguntou.
- Ah, não. Não quero atrapalhar vocês, eu peço algo aqui.
- Que isso, . Eu tenho cara de convidar as pessoas para as coisas só por educação? Se estou te chamando é claro que não vai atrapalhar.
sorriu negando a pergunta com a cabeça.
- A não ser que você se importe com algumas piadinhas... - disse. - Que você provavelmente não vai entender... - Pensou melhor e riu.
- Não. Sem problema algum. - Também riu e se levantou da cama em um pulo, indo até a mala pegar roupas novas.
vestiu as roupas que havia levado na bolsa na noite anterior e, exatamente em cinco minutos já estavam lá em baixo, onde serviam o café.
Assim que Pedro viu se aproximando, acompanhada, lançou-lhe um olhar malicioso. Ela sentou-se na cadeira vaga ao lado de Pedro e ao lado dela.
- Bom dia a todos! Esse é o , um velho amigo que encontrei aqui por acaso. - Falou em inglês, para que também pudesse entender.
Todos foram bastante cordiais ao mesmo tempo em que ela pôde escutar as piadinhas em sussurros na língua materna. Pedro foi o primeiro.
- Por isso você não quis abrir a porta para mim, né, safada?! - Falou baixo em seu ouvido, brincando.
- Você me respeita que nem no meu quarto eu estava. - Respondeu igualmente baixo com um sorriso malicioso. Pedro quase gargalhou.
- A Tati vai adorar quando eu contar essa história. - Falou referindo-se a esposa, que apesar de não trabalhar com eles, também era amiga de .
Em poucos minutos todos se envolveram em uma agradável atmosfera de conversas aleatórias, ficou louco conversando sobre o futebol brasileiro com alguns dos homens e mulheres, enquanto o restante falava sobre o que planejava para o dia de folga.
De repente, todos foram surpreendidos por uma interrupção na mesa. Duas meninas se aproximaram ao reconhecer .
- ? - A mais alta delas chamou. Ele olhou instintivamente.
- Sim? - Respondeu, tentando ser o mais simpático possível.
- Desculpa atrapalhar, mas você pode tirar uma foto conosco? - Ele buscou imediatamente o olhar de , que sorria com os lábios fechados, como se dissesse que não tinha problema o incômodo.
- Claro. - Se levantou e posou para as duas selfies rapidamente.
- Obrigada. - As meninas disseram. - Tenha um bom dia. Estamos torcendo para que ganhe os prêmios hoje à noite. - E foram embora acenando.
Havia um silêncio esquisito na mesa.
- Desculpem por isso. - falou ao se sentar novamente. Estava claramente constrangido.
Todos voltaram a conversam, tentando fingir que nada havia acontecido.
- Quem é esse cara? - Pedro sussurrou no ouvido de novamente. Ela pegou o celular e abriu na página do Instagram de .
- Uau. - Foi o que ele respondeu, não fazia a menor ideia de quem era, mas viu que era famoso. Muito famoso. - De onde você conhece esse cara?
- Uma longa história. Depois conto. Agora para de me cutucar pra sussurrar coisas no meu ouvido. - Ambos riram.
O café da manhã correu sem mais interrupções. foi o primeiro a se despedir, pois tinha que se arrumar para sair para seus compromissos de trabalho.
- Eu não devo voltar para o hotel de novo antes da premiação. - Falou para com naturalidade, embora soubesse que todos ao redor da mesa estavam prestando uma atenção disfarçada. - E devo chegar bem tarde. Eu te vejo amanhã antes de ir embora?
- Que horas você vai embora?
- Depois do almoço. - tinha uma reunião pela manhã, então daria tempo de vê-lo antes que ele partisse.
- Claro. A gente conversa por mensagens quando você puder.
concordou, deu-lhe um beijo na bochecha e um abraço rápido antes de se levantar.
- Tchau, pessoal. Obrigado pela companhia. Foi um prazer.
Assim que se retirou, foi bombardeada com todos os tipos de pergunta, desde o que ele fazia até para o que era a premiação que haviam falado sobre. E ficou falando sobre ele o dia inteiro quando saiu com algumas das mulheres para comprar algumas coisas.



acordou no dia seguinte com várias mensagens de que foram enviadas pela madrugada, link de um vídeo do YouYube e muitas fotos. Ele havia vencido uma das categorias, alguma coisa sobre melhor música ou single, ela não entendia muito bem. Assistiu ao vídeo que mostrava o momento do recebimento do prêmio e seu discurso de agradecimento e depois viu todas as fotos, tudo para poder conseguir conversar com ele sobre isso, caso ele quisesse. Em seguida, enviou mensagens parabenizando-o
já estava acordado, respondendo a mensagem rapidamente, pois tinha coisas a fazer antes de ir embora. Combinaram de se encontrar meia hora antes do horário que ele deveria deixar o hotel, porque era o máximo de tempo que ele poderia ter.
não queria admitir, mas estava triste de ter que se despedir de mais uma vez. Ele gostava mesmo da companhia dela, queria que pudessem passar mais alguns dias juntos. Mas também sabia que a realidade não era assim tão simples.
Dessa vez, faria o possível para que tudo fosse diferente. Quando se encontrou com mais tarde naquele dia e já não tinham muito mais tempo além de poucos minutos, percebeu que queria vê-la de novo.
- Promete que não vamos perder o contato dessa vez? - pediu. - Se você vier para Nova York de novo, ou para qualquer lugar do mundo, me manda uma mensagem, quem sabe eu não estou trabalhando na mesma cidade? E se eu estiver de folga, eu viajo para te ver.
- Eu prometo se você também fizer o mesmo. - respondeu sorrindo.
- Mas é claro! Mesmo que não nos falemos por meses, quero que saiba que se quiser me ligar para contar algo, não sei, quero que saiba que pode, tudo bem? Você pode contar comigo para o que quiser.
- Obrigada, . Eu digo o mesmo. Prometo manter seus segredos a salvo, principalmente os que a mídia adoraria saber. - Ela sorriu de novo, dessa vez com um riso. - E quando nos encontrarmos de novo, espero que tudo pareça igual entre nós, que sejamos os mesmos.
sorriu diante do pacto de cumplicidade que pareciam estar selando ali.
- Que tal mês que vem?




Fim.



Nota da autora: Oi, gente!! Espero que tenham gostado dessa história tanto quanto eu gostei de escrevê-la, eu tive um surto quando o Niall anunciou a turnê aqui e sonhei com ele várias noites seguidas (até então normal). Até que eu sonhei com essa história e eu tive que escrevê-la, eu estava na metade quando o Niall cancelou os shows e eu fiquei devastada, mas terminei para alimentar todos os nossos corações de fanfiqueiras iludidas (sinceramente esse é o único motivo pelo qual escrevo hahaha).
Enfim, espero que gostem! Se quiser me acompanhar e saber das minhas outras histórias é só clicar em no link abaixo.
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Um beijo da Cam Vessato xx :)

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no Gabi Delmondes.


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