Jeitinho Brasileiro: Olivia

Finalizada em: 16/05/2019

Capítulo Único

sentia os músculos de seus dedos se contraindo sobre a pressão que ela fazia ao segurar o lápis de modo tão firme. O ritmo daquela aula de Pragmática estava incrivelmente rápido e a morena quase não conseguia acompanhar as palavras proferidas pela professora, embolando conceitos, explicações e exemplos que estavam resultando em mais uma página completa de anotações. Precisou deixar o lápis por alguns segundos, respirando fundo ao observar a explicação de mais um exemplo – dessa vez, retirado do texto teórico base da aula. Como já tinha compreendido aquela parte, levou os olhos para os colegas que enchiam a sala.
A segunda aula de uma sexta-feira não poderia ter mais desânimo estalado no ar como naquele momento. Havia tantos corpos debruçados sobre as carteiras, olhares dispersos e mãos sobre celulares que não pode contar quantos de seus colegas haviam desistido de acompanhar a aula. Se não fosse uma pessoa tão preocupada com suas médias, ela provavelmente estaria do mesmo modo. Faltavam vinte minutos para acabar a aula, e ela só queria ir embora. Por que a professora simplesmente não diminuía o ritmo? Era sexta-feira, porra!
Seus olhos cansados acabaram caindo na figura extremamente melancólica a sua frente. Ana estava debruçada sobre o caderno, escondendo o rosto contra seus braços, balançando suas pernas em um ritmo ansioso. não pode conter o suspiro triste pela amiga. Odiava ver aquela pessoa tão cheia de vida em uma situação tão desanimadora. E o que deixava ainda mais inconformada era o fato de que ela não podia fazer muito para ajudar a amiga.
Bom, ela tentara. Passara todos os dias comprando os doces favoritos da amiga, tentando ganhar um sorriso. Enviara a maior quantidade de memes já catalogada para receber uma risada. Contara as histórias mais bizarras que aconteceram em sala de aula para tentar encontrar de novo o brilho nos olhos da amiga. Por Deus, ela tinha até assistido uns vídeos que ela não entendia absolutamente nada, mas que contavam alguma coisa da boyband que a amiga gostava, One Direction. Ficaram por horas durante uma tarde em um loop infinito de vídeos que deixou tonta, e nem aquilo fora o suficiente para animar minimamente Ana.
Ser imparcial naquela situação era quase impossível, e não tinha se preparado para aquilo, mesmo considerando o cenário. Quando apresentara Ana a Leo, ela queria que os dois se entendessem porque ambos eram partes extremamente importantes de sua vida. Quando soube que os dois estavam trocando salivas, ela ficara contente, mesmo que querendo desconhecer os detalhes. E quando eles iniciaram o namoro, ela foi a pessoa carregando pompons, na primeira fila, como torcedora oficial do shipp. Na primeira briga, ela conseguiu escapar. Pela quarta ou quinta, foi colocada de juiz. Mas aquela definitivamente era uma situação diferente.
Em primeiro lugar porque até o momento não sabia exatamente o que tinha acontecido. Os amigos haviam comemorado a poucas semanas o primeiro aniversário de namoro – que teve a participação de no jantar porque ela era uma parte muito importante da relação – e, de repente, sem avisos, ela tinha Ana chorando em seu colo em plena quarta-feira de manhã, junto de uma mensagem sucinta de Leo, mas pouco esclarecedora:
"Estraguei tudo". Não era uma simples briga, era uma verdadeira crise que resultou nos resmungos de Ana sobre "não quero ver ele, acabou tudo". O que diabos podia fazer, além de fornecer toda a comida que a amiga podia consumir, os filmes mais bregas que podia arrumar e um ou outro conselho brega?
Convenhamos, não entrava em um relacionamento duradouro a um bom tempo. Desde o termino de seu namoro de três anos, ela se relacionou por no máximo três meses com outra pessoa. Ela estava, definitivamente, enferrujada. Tanto que não conseguia compreender o porquê dos dois simplesmente não sentarem e tentarem resolver seus problemas. Seria muito mais fácil do que colocar naquela situação de ter que escolher qual dos dois teimosos consolar em diferentes momentos do seu dia. Sem querer ser uma pessoa incompreensível, mas tinha dezenas de textos pra ler e aulas para montar. Por que seus amigos não facilitavam sua vida?
Com mais um suspiro, a morena voltou sua atenção para a professora e os seguintes trinta e cinco slides que ela percorreu nos últimos dezenove minutos de aula. Quase soltou um grito de comemoração quando a chamada começou, contanto cinco páginas de anotações. Arrumou seu material, com uma tristeza em pensar na quantidade de conteúdo que teria que estudar para a prova do final do mês e finalmente chamou a atenção de Ana para si.
-Pamonha, o que você acha de ir pra casa comigo? – perguntou, um sorriso enorme nos lábios. –Nós podíamos passar no mercado, fazer algo com muito queijo, comer muito chocolate e só ignorar a faculdade.
-Acho que é uma boa ideia. –Ana suspirou cansada, sem expressar muita animação ao jogar a mochila sobre os ombros e caminhar na direção da saída. –Nós podemos assistir de novo "Simplesmente Acontece"?
-Não sendo uma tragédia do Nicholas Sparks, eu aceito qualquer coisa, amor. – resmungou, arrancando um riso baixo da amiga.

Leo Otário
Eu já te disse que amo ela, 16:43
Eu quero ela de volta 16:44


-É ele de novo? –Ana questionou, sem tirar os olhos da televisão enquanto levava uma quantidade absurda de pipoca para dentro de sua boca. suspirou, sem conseguir mentir para a amiga.
-Desculpa, mas enquanto vocês não me explicarem o que aconteceu, não tem como eu escolher em quem dar uma surra. – deu de ombros, sendo verdadeiramente sincera, e arrancando um riso leve da amiga.
-Dessa vez, acho que nós dois merecemos, . –Ana deu de ombros, finalmente se voltando para a amiga, os olhos embaçados pelas lágrimas. –Nós não conseguimos fazer dar certo. E você sabe como eu queria que desse, ....
-Ana... –A morena engoliu em seco, abrindo os braços e permitindo que a amiga se aconchegasse dentro do seu abraço. levou os dedos até os cabelos lisos da outra e começou um pequeno carinho.
-Eu adoro ficar sensível, você me faz cafuné. –Ana sussurrou, rindo baixo contra o peito da amiga e fazendo a morena revirar os olhos.
-Você é uma ridícula. – resmungou, desgostosa. –Mas Ana... Você tem certeza que é definitivo assim? Vocês poderiam sentar e conversar, tentar resolver os problemas e seguir juntos. Não parece tão impossível pra mim.
-Não sei... –O murmúrio desgostoso chegou aos ouvidos de e ela precisou morder um sorriso. Era tão óbvio que os dois queriam continuar juntos, mas não queriam simplesmente dar o braço a torcer. Só podia ser algum tipo de teste divino para medir o nível de paciência de . –Eu não sei se ele quer tentar.
-Você precisa perguntar. – deu de ombros, fazendo Ana bufar.
-Eu já disse que não quero falar com ele. –A mulher decretou, encerrando o assunto. até tentaria dobrar a amiga, pois se a Pamonha era teimosa, definitivamente era o triplo, mas o pequeno momento das duas foi interrompido pela vibração constante do celular da morena. –Ah, não... –Ana prendeu a respiração ao observar quem ligava, antes que tivesse a chance de atender.
-O que foi, ? – perguntou, fechando os olhos e torcendo internamente pro irmão não estar ligando pelo motivo que ela achava que ele estava ligando.
-Abre a merda do portão? To aqui embaixo. –Ele gritou sobre uma música alta e desligou a ligação.
-Ele veio, não veio? –Ana perguntou, desesperada, se agarrando com um pouco mais de força contra o corpo da amiga. apenas assentiu antes de se desvencilhar para se levantar.
entendia totalmente o receio de Ana. não era uma pessoa que poderia ser considerada exatamente como compreensível. Na lógica do mais velho, as coisas eram extremamente simples e não pediam drama. E, bom, Ana não tinha o apelido de Pamonha exatamente à toa. A mulher conseguia chorar com uma facilidade absurda e nunca tinha muita paciência para lidar com a fragilidade dela. A mais nova apenas fez uma pequena prece, descendo as escadas do pequeno prédio que vivia, para encontrar com seu irmão.
-Fala que você sentiu minha falta! –Ele exclamou assim que tinha diante de si, fazendo-a revirar os olhos da maneira mais exagerada que conseguiu, deixando os braços longos dele a envolverem em um abraço extremamente apertado. –Eu sei que durante a semana falei que não ia vir, mas eu vi uma balada aqui com uma promoção...
-! – resmungou, desgostosa. –Você sabe que eu preciso estudar, o final do semestre ta aí.
-A senhora não começa a me irritar não. – apenas revirou os olhos, observando-o passar por seu corpo e começar a percorrer o caminho até seu apartamento sem se importar com a irmã. –Você precisa tirar essa raba gigantesca de dentro de casa e mexer ela um pouco. E a sua amiga ainda está em depressão profunda, pelos tweets dela, então vim animar as duas!
-Você não começa... – tentou alertar, mas claro que foi completamente inútil. abriu a porta de seu apartamento da maneira mais barulhenta possível, gritando por Ana enquanto jogava sua pequena mala pelo caminho.
-Se não é a minha emo favorita! –Ele gritou, envolvendo o corpo pequeno da amiga da irmã. apenas balançou a cabeça em negação, prevendo que todo o seu trabalho pra animar e consolar a amiga iria por água abaixo. –Você está com menos olheira do que eu imaginei.
-Oi pra você também, . –Ana exclamou de maneira abafada contra o tronco de , acabando por soltar um riso leve. –Mas não adianta me comprar com esse seu abraço gostoso, eu não saio de casa esse final de semana.
-Adoro como você me subestima. –Ele apertou as bochechas da mulher antes de se afastar. –Cruzes, dá pra sentir o cheiro de sofrimento no ar. Pelo amor de Beyoncé, , desliga esse filme. Vamos. – empurrou a irmã na direção da televisão, sob os protestos da mesma.
-Porra, , você chegou faz dois minutos! Não me testa! – exclamou alto, optando por realmente desligar a televisão. Não teriam mais um segundo de sossego, de qualquer modo.
-Quem é a primeira a tomar banho? As duas precisam lavar o cabelo, então vamos começar. –Ele apontou na direção do outro cômodo, mas teve apenas como resposta o cruzar de braços das mulheres junto das sobrancelhas levantadas. –Vocês sabem que eu empurro as duas pra debaixo do chuveiro de roupa e tudo. Não vai ser a primeira vez...
-, para por cinco segundos. – massageou as têmporas, fechando os olhos para tentar encontrar qualquer tipo de paciência interior.
-Olha, eu sei, você terminou com o gostoso do Leo. – começou, se direcionando para Ana. –Eu sei que vocês eram o relationship goals de metade dessa faculdade e também sei que vocês vão voltar. Eu não quero ver as duas mais um dia se afogando nesse monte de besteiras que supostamente deveria estar confortando a Ana e eu aposto que não está.
-A gente não vai voltar. –Ana resmungou, incomodada, segurando seu braço esquerdo com a mão direita, os olhos fixos no chão.
-Ótimo. Então é caso de superar o ex? Minha especialidade. –Ele bateu as palmas da mão, de maneira empolgada. –Vamos começar com "Deixa ele sofrer" ou "Agora eu to solteira"?
-Por que eu não posso só querer curtir a dor de um relacionamento que não deu certo? –Ana questionou, verdadeiramente curiosa, e elas observaram um sorriso quase doce se espalhar pelos lábios do homem mais velho.
-Vocês pode. O problema é que você está fazendo isso a quase duas semanas. Ou você conversa com ele ou segue o baile. Qual vai ser? –Ele a encarou com intensidade, mas não obteve nenhuma resposta. –Vou te dar dez minutos pra decidir, enquanto isso, estou aberto pra falar sobre o drama. –De maneira extremamente cuidadosa, ocupou um espaço da cama da irmã e deu tapinhas no colchão para que as outras duas se aproximassem.
-Você não vai julgar? – questionou, desconfiada, assumindo sua cadeira de escritório e a colocando em frente aos outros dois devidamente confortáveis sobre seu colchão.
-Não. Vou ouvir e ser paciente. – afirmou, fazendo as outras duas não confiarem inteiramente em suas palavras, mas dispostas a lhe dar uma chance.
-É como se... Todos os homens na minha vida estivessem me decepcionando... –Ana começou, baixinho.
-Amiga, eu já te disse que homem só serve pra isso. – comentou, dando de ombros e com um sorriso malicioso brincando nos lábios de maneira inevitável.
-Eu não poderia concordar mais. Só tem uma ou outra utilidade, geralmente relacionada a sexo, do resto a gente não pode esperar muito deles. – concordou, segurando a mão de Ana. –Olha o que o babaca do ex da fez com ela.
-Por que você sempre precisa trazer o Gustavo pra conversa? – perguntou desgostosa, fazendo Ana rir. –Sério, por que você não fala do seu ex que te traiu?
-Porque é irrelevante. –O homem apenas balançou uma das mãos, não dando a relevância necessária ao assunto, e voltou sua atenção para Ana. –Mas, querida, eu sei sobre o seu pai. Que ele ter abandonado você e sua mãe é um caso antigo. Qual homem, além do Leo, te decepcionou? –Ele a encarou de maneira firme por cinco segundos antes de explodir em uma gargalhada extremamente alta. –Por favor, você não está falando do One Direction! Quando você vai superar o fim da boyband?
Automaticamente, lágrimas grossas começaram a cair dos olhos expressivos de Ana. lançou o olhar mais repreendedor que conseguiu ao irmão, enquanto ele tentava conter o riso contraindo os lábios. Ana era uma fã devotada a banda que ele falava com tanto desprezo e ela não tinha exatamente conseguido lidar bem com o anúncio do hiatos dos garotos. Por dias e dias ela se empenhou em encher o Twitter com reclamações, homenagens e apelos, além das lágrimas que sempre derrubava para os amigos quando uma música deles tocava ou algum vídeo da banda surgia em suas redes sociais. fora cuidadosa de não mencionar aquele fato nos últimos dias, para não contribuir ainda mais para o humor péssimo da amiga. Claro que seu irmão faria questão de tocar na ferida.
-Ana, vamos, nós já conversamos sobre isso... – tentou consola-la, passando os dedos de modo carinhoso pelo joelho da amiga, mas só recebeu em resposta um soluço.
-Mas você não entende! –Ana resmungou, a voz embargada. –Eles não podiam fazer isso com a gente...
-Por favor, não começa com o discurso obcecado, eu decorei depois de tantos tweets. – debochou e recebeu em resposta um chute da irmã. Ele resmungou, encarando-a em ultraje por seu gesto, mas não podia se importar menos.
-Ana, foca no Leo. Vamos tentar resolver isso, tudo bem? E a banda diz que vai voltar, certo? – tentou, mais uma vez, confortar a amiga.
-Só nos sonhos dessas psicopatas... – sussurrou, desinteressado, e recebeu outro chute, mais forte que o anterior. –Quer parar com essa porra? Se você me atacar, eu vou atacar!
-Quer você parar com essa porra? E a história de ser compreensivo? E se a Beyoncé anunciasse o fim da carreira? –Ao observar o irmão engolir em seco, se deu por vencida. –Vamos, Pamonha, já deu desse choro.
-Mas... –A mulher soltou mais um soluço, encarando a amiga de maneira devastada.
-Sem "mas". O seu problema agora é o Leo. – pontuou de maneira firme. –Se você quiser falar com ele, nós vamos te apoiar.
-Eu não sei se quero... –Ana logo exclamou, retomando sua teimosia e deixando claro que não iria se abrir para os amigos. jogou a cabeça para trás, murmurando algo que as outras duas não entenderam. –Vocês não entendem...
-Enquanto você não contar pra gente, não vamos entender, Pamonha. – murmurou, a voz mais doce, mas não menos ácida. Com um suspiro, a garota controlou seu choro e passou a encarar os próprios dedos.
-A gente.... Perdeu alguma coisa. –A mulher finalmente pronunciou, recebendo total atenção dos outros dois. –Ele não mostrava mais interesse, não me procurava mais, nós estávamos fazendo pouco sexo, e... Não sei. Não era a mesma coisa.
-Mas Ana... – começou. –Vocês passaram um ano junto e estão caminhando pra uma nova fase do relacionamento. É diferente do começo.
-Sim. – assentiu, concordando com as palavras da irmã. –Não tem como manter o fogo e o doce dos primeiros dias pra sempre. Agora vocês precisam se adequar a rotina, ao que vai funcionar ou não no relacionamento, fazer tentar dar certo apesar de um monte de coisa. Depois disso, depois de criar essa intimidade ainda maior, vocês vão seguir bem mais felizes. Eu te garanto.
-E também estamos no final do semestre. – complementou. –Eu não estou tentando arrumar uma desculpa pro Leo, mas nós sempre estamos cansados e querendo matar as pessoas mais próximas. Nós sempre brigamos nessa época.
-É... –Ana murmurou, compreendendo o que os amigos falavam, mas ainda sem a firmeza necessária para tomar uma atitude. –Mas ele foi muito grosso comigo, . –Ela levantou o olhar para a amiga, repleto de lágrimas, e a morena se sentir quebrar.
-Me conta e eu quebro a cara dele. – afirmou, recebendo um riso baixo da amiga.
-Já te disse que nós dois erramos... –Ana deu de ombros.
-Então, pelo amor de Deus, você tem que decidir: vai seguir em frente ou vai tentar consertar? – explodiu, mais uma vez, encarando a mulher com intensidade. –É uma questão simples, Ana, você não pode anular sua felicidade por semanas por outra pessoa. Vamos resolver esse problema para você conseguir viver. Já basta o One Direction te impedindo de ser completamente feliz.
E mais uma vez, a simples menção do fato, algumas lágrimas se desprenderam dos olhos de Ana. jogou a cabeça para trás, apoiando-a no encosto da cadeira, e pediu forças a alguma entidade superior que a estivesse ouvindo. Era de propósito, só podia ser... Antes, porém, que qualquer um dos três pudesse expressar uma reação, uma buzina extremamente alta e irritante os atingiu.
Curiosa, caminhou até a janela, encarando a avenida movimentada onde seu prédio residia para encontrar o motivo do barulho, desejando que não fosse nenhum acidente grave. Com os lábios entreabertos em choque, ela encontrou o responsável por tanto alarde e não podia estar mais confusa.
-Hm, Ana? –Ela chamou a amiga, sem desviar a atenção da rua. –Acho que você deveria vir aqui.
De maneira rápida, e Ana ocuparam os lugares vagos ao lado de na janela para observarem o que estava acontecendo. E não foi difícil entenderem ou encontrarem o motivo da comoção. Em uma vaga em frente ao prédio, parado de maneira extremamente torta, estava o carro de Leo. Seria um fato corriqueiro, dada a falta de habilidade do homem para com a baliza. Porém, havia algo extremamente curioso em seu carro: com exceção dos vidros, ele estava inteiramente tomado por corações impressões em folha de sulfite, quase impedindo que a cor cinza da lataria estivesse visível.
Com as sobrancelhas franzidas, observou Leo saltar do carro de maneira extremamente agitada, deixando a porta do motorista aberta. O homem abriu o porta malas, revelando uma caixa de som que não era sua para, depois, voltar ao interior do veículo. Segundos depois, ele tinha um megafone nas mãos. O homem parou no meio da rua e, com o olhar, encontrou as pessoas curiosas na janela do apartamento da melhor amiga, fazendo-o abrir um sorriso.
-Ana, eu sei que eu fui um babaca... –Leo começou, afetando imediatamente Ana, que prendeu a respiração, surpresa. –Você é uma das melhores pessoas que eu já encontrei na minha vida...
-Depois de mim! – gritou, acenando empolgado para o homem no meio da rua que soltou um riso. , por outro lado, apenas fechou os olhos e balançou a cabeça em negação.
-O ser humano mais lindo e doce que pode existir. E eu sei que não te mereço, mas eu quero merecer. –Ele fez uma pequena pausa, encarando os próprios pés. –Eu quero mudar e ser uma pessoa melhor por você, pra merecer você.
-Ok, isso ta ficando um pouquinho esquisito rápido demais... – comentou, baixinho, franzindo o cenho.
-E eu sei que a já está enchendo a sua cabeça aí em cima. –Leo se apressou em completar. –Porque nós não podemos colocar a responsabilidade em outras pessoas por mudanças tão grandes em nossa vida. Ela me ensinou isso. Eu quero mudar por mim, também. Eu cansei de afastar e machucar pessoas tão especiais, não precisa pensar que é só por você, que tudo é por você. Não quero ser abusivo. Droga, , eu não to fazendo sentido e a culpa é sua! –Exasperado, o homem apontou para os céus, sem saber o que fazer.
gargalhou com vontade, rapidamente sendo seguida por . Ela estava orgulhosa do amigo, mesmo que ele estivesse com toda a atenção da rua para si naquele momento e passando uma vergonha no crédito e no débito. Leo estava disposto a fazer um ato clichê por Ana, mas sem perder de vista as complicações tóxicas e abusivas de suas palavras. Esse era o garoto da , que ela tão bem ensinara a ser um namorado responsável e saudável. Era por isso que ela torcia tanto para a felicidade dos dois, pois tendo duas pessoas tão abertas a conversas e mudanças, era impossível que eles simplesmente dessem errado. Para incentivar o amigo, fez um pequeno "joia" em sua direção, recebendo em resposta uma lufada aliviada de sua respiração.
-Ok. –Ele suspirou contra o megafone, assumindo uma postura muito menos tensa do que a de antes. Leo voltou o olhar para a janela do terceiro andar, em específico, para o alvo de sua pequena demonstração de afeto. –Ana. Você foi uma das pessoas mais importantes que passaram pela minha vida. Você foi a responsável por momentos que eu nunca vou esquecer, me deu as melhores lembranças de muitas coisas, as melhores risadas, a melhor companhia...
-A gente conversa mais tarde. – e gritaram, ao mesmo tempo, sem que pudessem evitar, mas realmente afetados pela exclusão que o homem estava fazendo das duas figuras também muito importantes em sua vida.
-Ok, quando eu terminar com vocês, eu falo isso, ta? –Leo exclamou, exasperado, fazendo os três gargalharem divertidos. Uma buzina, de um carro que não conseguia passar pelo claro cidadão parado no meio do asfalto, o fez se sobressaltar e perder um pouco mais de paciência. –Olha, senhor, eu preciso de dois minutos e meio pra tentar reconquistar aquela menina bonita ali em cima, ta? Já libero a rua. Obrigado. –Leo, mais uma vez, voltou sua atenção para a janela, encontrando o sorriso grande de Ana em sua direção. –Ana, eu não vou conseguir colocar em palavras o quanto eu te amo. O quanto esse sentimento é imenso e o quanto você é a mulher da minha vida, o meu amor, a minha alma gêmea, e todas as outras denominações que você conhecer pra isso. E eu sei que você me ama do jeititinho que eu te amo. E é por isso que eu não vou deixar você escapar de mim antes de tentarmos de verdade. Você precisa entender o quanto significa pra mim e é por isso que eu vou fazer isso.
Leo caminhou mais uma vez na direção do carro, deixando os três extremamente confusos. Quando voltou a ocupar a calçada, uma melodia extremamente familiar tomou conta e se sobrepôs a todos os barulhos da avenida, fazendo o queixo de , Ana e caírem, incrédulos.
-Por favor, me fala que ele não vai fazer isso... – murmurou, em agonia, segurando de maneira firme o braço da irmã.

[Coloque Olivia do One Direction para tocar]

Remember the day we were giving up when you told me I didn't give you enough
(Você se lembra do dia em que estávamos desistindo, quando você me disse que eu não te dei o
suficiente)
And all of your friends were saying I'll be leaving you…
(E todos os seus amigos estavam dizendo que eu iria deixar você)
She's lying in bed with my t-shirt on, just thinking how I went about it wrong
(Ela está deitada na cama com a minha blusa, pensando em como eu estava errado sobre isso)
This isn't the stain of a red wine, I'm bleeding love
(Essa não é uma mancha de um vinho tinto, eu estou sangrando amor)


Leo gritou, com todas as forças de seus pulmões, os versos iniciais da música, soando ainda mais alto que os cantores originais, permitindo apenas que a melodia fosse reconhecida. Se até aquele momento ele não tinha toda a atenção da cidade para si... Bom, agora ele tinha.
-Ele vai. – sussurrou em resposta, comprimindo os lábios e apenas se deixando ser envolvida por toda a vergonha alheia do momento.

Please believe me, don't you see the things you mean to me?
(Por favor, acredite em mim, você não vê as coisas que você significa para mim?)
Oh I love you, I love you, I love, I love, I love Ana
(Oh, eu te amo, eu te amo, eu amo, eu amo, eu amo a Ana)


O barulho daquela pequena declaração de Leo era tão grande que várias pessoas começaram a aparecer nas respectivas janelas de seus apartamentos, dividindo-se entre dois grupos:
curiosos que riam da cena e raivosos que se queixavam da serenata. Haviam alguns que batiam palmas e gritavam incentivos pela rua, tomada por pequenos grupos que pararam seus afazeres apenas para prestigiar o homem. E haviam outros, porém, que estavam caminhando na direção de Leo para tomar seu megafone, principalmente os motoristas que ainda não conseguiam continuar seus caminhos pela performance de Leo. Entre todo aquele caos, os gritos apaixonados e gestos exagerados continuavam ininterruptos para a janela do terceiro andar. Aquela com uma mulher entregue as lágrimas, um homem rindo e uma outra mulher que queria muito rir, mas estava se segurando em puro respeito.

I live for you, I long for you, Ana
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana)
I've been idolising the light in your eyes, Ana
(Eu tenho idolatrado a luz em seus olhos, Ana)
I live for you, I long for you, Ana, don't let me go, don't let me go
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana, não me deixe ir, não me deixe ir)


precisou juntar todo o autocontrole dentro de si, juntamente de uma respiração controlada, para simplesmente não cair no riso. Leo conseguia ser um cantor muito pior do que ela própria, que já era um desastre, e somado a sua dança ridícula que tentava juntar o ritmo da música com uma pose de "Romeu se declarando para Julieta" culminava em uma das cenas mais cômicas que ela já vira em toda sua vida. simplesmente não conseguia entender o porquê daquilo. Seu melhor amigo só precisava conversar com Ana. Só isso e eles estariam juntos por toda a eternidade, devido à queda irrevogavelmente romântica que sua melhor amiga tinha pro clichê. Aquela versão de carro de som com mensagem de aniversário na porta do apartamento era, definitivamente, desnecessária. Ela queria muito entender a cabeça do melhor amigo.
Era só olhar para Ana para entender seus sentimentos. Aqueles olhos brilhantes, tão mais brilhantes na presença dele, ascendendo o humor natural que ela já tinha; o sorriso grande que ela exibia nos lábios a cada piada horrível que ele pronunciava e não afetava ninguém ao redor; em cada abraço que ela se dedicava para expressar minimamente seus sentimentos e todos os atos clichês que a seguiam para ser a namorada mais carinhosa do mundo.
olhou mais uma vez o rosto tomado pelas lágrimas da amiga, com o riso leve que se desprendia de seus lábios com cada gesto bobo de Leo e ela só teve a confirmação da imensidão dos sentimentos dela. Leo estava com problemas de visão, por algum acaso?
tinha um ótimo oftalmologista para indicar.

Say what you're feeling and say it now cause I got the feeling you're walking out
(Diga o que você está sentindo e diga agora, porque eu tenho a sensação de que você está indo embora)
And time is irrelevant when I've not been seeing ya
(E o tempo é irrelevante quando eu não tenho te visto)
The consequences are falling now, there's something I'm having nightmares about
(As consequências estão agindo, tem algo que está me fazendo ter pesadelos)
And these are the reasons I'm crying out to be with ya
(E são por esses motivos que eu estou imploro por você)


E foi olhando Ana, aquele ser que era uma fonte de sentimentos em seu estado mais puro, já que a mulher tinha tanta dificuldades em esconder o que sentia, que finalmente entendeu o amigo. Foi como se um objeto finalmente houvesse caído ao chão e todo o mundo fizesse sentido para . Uma engrenagem que faltava na complexidade do relacionamento dos amigos que ela não pode entender antes, por mera espectadora que era.
Leo não precisava de gestos grandes. Ele não precisava se arriscar publicamente daquela forma por Ana, mas ele estava disposto a se humilhar para conseguir um sorriso dela, porque ela era uma mulher que gostava de gestos, que gostava de ser lembrada do quanto era amada e que se derretia fácil perante um clichê. Porque Ana simplesmente era apaixonada por tudo que tivesse um impacto grande e marcasse sua vida de uma forma inconcebível, como em toda boa comédia romântica. E Leo sabia disso. Assim como sabia que Ana era simplesmente apaixonada por One Direction e vinha sofrendo com a separação da banda.
Leo não precisava de nada para conquistar o coração de Ana, mas ele simplesmente quis dar a ela um motivo para continuar confiando nele, porque ele faria de tudo para que ela fosse feliz. Independente da briga, do cenário em que estavam ou do tamanho da tristeza que ela estivesse imersa. Ele iria fazer algo que odiava, como se expor publicamente ao ridículo, para deixar a mulher sem palavras e provar mais uma vez o quanto a amava.

Please believe me, don't you see the things you mean to me?
(Por favor, acredite em mim, você não vê as coisas que você significa para mim?)
Oh I love you, I love you, I love, I love, I love Ana
(Oh, eu te amo, eu te amo, eu amo, eu amo, eu amo a Ana)


riu, mas dessa vez era de orgulho por ter duas pessoas tão maravilhosas em sua vida.
Leo estava disposto a pegar uma lembrança ruim de Ana, como uma música do álbum – que poderia muito bem ser o último – da banda que ela tanto amava e que em hiatos para transformar em uma declaração do quanto ele a amava. Sempre que ela ouvisse aquela música, iria se lembra dele. Daquele momento. Daquela vergonha – mesmo que para Ana não fosse uma vergonha, todos estavam de acordo que era sim. Daquele relacionamento. E esse foi um dos gestos mais incríveis que pode presenciar em toda a sua pequena vida.
Percebendo a reação positiva de Ana, mesmo que no geral seu público estivesse muito ansioso para que ele simplesmente parasse de cantar, Leo se mostrou ainda mais empolgado. Sua voz soava cada vez mais alta, enquanto sua dança apenas se intensificava ao nível do ridículo. E ninguém estava se divertindo mais do que , dobrando-se contra o parapeito da janela devido a gargalhada alta que se desprendia de seu corpo.

I live for you, I long for you, Ana
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana)
I've been idolising the light in your eyes, Ana
(Eu tenho idolatrado a luz em seus olhos, Ana)
I live for you, I long for you, Ana, don't let me go, don't let me go
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana, não me deixe ir, não me deixe ir)


Era por isso que sabia que Ana estava em boas mãos. Ela tinha um homem completamente louco por ela, disposto a conversas para mudar todas as suas ações tóxicas e não saudáveis para que o relacionamento deles prosperasse da maneira mais saudável possível – mesmo que para isso ele tivesse que cantar músicas de boyband em uma rua movimentada para metade da população da cidade. E Leo sempre estaria em boas mãos com ela porque aquela mulher sabia apreciar cada um de seus gestos, sejam singelos carinhos do dia a dia ou até mesmos momento de, literalmente, parar o trânsito.
apenas torcia, no fundo de seu coração, para que os dois soubessem apreciar um sentimento tão puro. Ela não gostaria de ver os dois entregues a rotina ou queixando-se de um relacionamento infrutífero, quando tinham tudo para prosperar. Foi ali que prometeu que nunca mais iria permitir uma briga como a que havia acontecido, em que os dois se evitavam por pura teimosia encarar seus sentimento e algumas verdades.
Sendo um pilar fundamental da relação, a mais nova decidiu que interveria, sempre que possível, para que o amor deles nunca se desgastasse por descuido dos dois. Ela sempre colocaria a devida colher quando fosse ou não solicitada – e sempre estaria disponível para uma surra no teimoso que quebrasse o coração de um de seus amigos. Desde que nenhuma traição estivesse envolvida e fossem motivos bobos que os estivessem separando, ela seria a mediadora.
Esse era o tanto que ela amava seus amigos e os queria felizes.
Esse era o tanto que ela queria ser madrinha dos bebês de Ana e Leo – que, na opinião de , deveriam estar mais preocupados em fazê-los logo do que perdendo tempo com briguinhas.

When you go and I'm alone, you live in my imagination
(Quando você sai e eu fico sozinho, você vive em minha imaginação)
The summertime and butterflies, all belong to your creation
(O verão e as borboletas, tudo pertence a sua criação)
I love you, it's all I do, I love you
(Eu amo você, é tudo que eu faço, eu te amo)


Para a surpresa geral, Leo continuava inabalável e muito empenhado em sua cantoria. Nenhuma das pessoas que se aproximaram foram o suficiente para afetar sua performance, nem mesmo os gritos e ameaças que estavam aumentando conforme a música caminhava para um fim. e apenas desejavam logo que acabasse, porque a vergonha estava demais para qualquer um suportar – já tinha sido o suficiente.
Claro que não queria que nenhuma situação incomoda fosse a responsável por acabar com a serenata. Porém, ao avistar, no final da rua, a aproximação de uma viatura com as sirenes ligadas, ela soube que aquela brincadeira estava prestes a terminar de uma forma que talvez não fosse legal para os amigos.
-Merda. – exclamou, alto, chamando a atenção de Ana e para a direção que ela olhava em apreensão. Xingando baixo, os três abandonaram a janela, correndo em direção a portaria do prédio o mais rápido que conseguiam, ainda ouvindo a voz desafinada de Leo soando despreocupada.

I live for you, I long for you, Ana
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana)
I've been idolising the light in your eyes, Ana
(Eu tenho idolatrado a luz em seus olhos, Ana)
I live for you, I long for you, Ana, don't let me go, don't let me go, don't let me go
(Eu vivo por você, eu anseio por você, Ana, não me deixe ir, não me deixe ir, não me deixe
ir)


tomou a frente das duas mulheres, empurrando as pessoas que se amontoaram na calçada à frente de Leo e impediam a passagem dos três. Foi com um pouco de custo que eles finalmente conseguiram se aproximar, mas foi com um pouco de atraso que finalmente se colocaram diante do amigo e seu carro customizado. Três policiais já estavam na frente de Leo em posturas nada amigáveis.
rapidamente tomou o megafone do amigo, no timing perfeito do final da música. Com um sorriso extremamente inocente, ela se voltou para os homens fardados, formando um pequeno muro à frente de Leo, tendo a seu lado , com um sorriso tão convincente quanto o seu. É claro que tiveram que ouvir, em silêncio, as queixas extremamente bem fundamentadas dos policiais sobre a perturbação da paz que aquela serenata exagerada estava causando, com inúmeros telefonemas e reclamações. E é claro que, após ouvirem com toda a educação que Dona Rosa os deu, eles começaram a falar e os policiais foram ocupados com toda a lábia que corria livre na veia dos .
-Senhores, nós sentimos muito pelo aconteceu. Pedimos mil desculpas. – pontuou, mais uma vez. –Mas é que o nosso amigo... Ele estava desesperado porque a namorada terminou com ele, e talvez ele tenha se empenha demais em uma maneira de tentar reconquista-la...
-Parece que deu certo. –O mais velho dos policiais comentou, cruzando os braços enquanto tentava esconder um sorriso. Confusos, e se viraram para trás, em busca de Leo e quiseram esganar o responsável por toda aquela confusão.
Leo e Ana encontravam-se enroscados um no outros, perdidos da realidade e entregue a um beijo apaixonado. até pensou em rir, feliz pelos amigos, se não estivesse tendo que lidar com três policiais nada felizes de pararem sua ronda para lidarem com aquela situação. merecia férias. Da faculdade e de seus amigos que não podiam ver um role errado que já estavam se enfiando – e deixando a responsabilidade na suas mãos, claro.
-De novo, nós prometemos que nunca mais isso vai acontecer. – tentou, piscando os olhos devagar e abrindo seu melhor sorriso. –Nós vamos mandar ele embora e não vamos mais perturbar ninguém. Nós juramos.
-Vocês tem noção que interditaram uma das avenidas mais movimentadas da cidade? E se alguém estivesse passando mal e precisasse de socorro? Não passou pela cabeça de vocês que essa brincadeira poderia ter dado muito errado? –O policial mais severo questionou, pronto para continuar com a investigação da denúncia. Mesmo sendo inocente, engoliu em seco, só de pensar nas acusações e medidas que os três tomariam caso algo do tipo realmente houvesse acontecido.
-É só um garoto tentando chamar atenção, e já acabou. Foi rápido. –O terceiro policial colocou a mão sobre o ombro do companheiro que ainda encarava os irmãos, em busca de qualquer sinal de fraqueza.
-Ele não infringiu o horário estabelecido por lei para fazer esse barulho todo, já está com a garota, e esses dois estão aterrorizados o suficiente pra não ouvirem música por um mês por aqui. –O mais simpático dos três comentou, sorrindo. –Vamos dispersar todo mundo e continuar fazendo nosso trabalho.
-Qualquer reclamação, e eu levo os quatro da delegacia. –O segundo policial alertou uma última vez antes de seguir em direção a viatura e deixar os irmãos respirarem aliviados.
-Eu já disse hoje que odeio seus amigos? – questionou, cruzando os braços e se voltando na direção do casal que ainda estava muito ocupado em enfiar a língua na garganta um do outro para ao menos se importarem com o que acontecia a sua volta.
-Não, mas eu posso dizer por você: eu odeio os meus amigos. – respirou fundo, balançando a cabeça em negação. –O que diabos aconteceu nos últimos cinco minutos?
Os irmãos se encaravam, a dúvida pairando no semblante de ambos, em um silêncio longo de quem não sabia o que fazer. O que pareceram horas para os dois não passou de poucos segundos, e a tensão foi rapidamente cortada por gargalhadas altas. Era aquele riso preso desde a aparição de Leo, durante toda a sua performance, juntamente de uma ponta histérica pelo medo que os percorreu devido ao encontros com os policiais. Rapidamente, eles se apoiaram um no outro, sem que pudessem evitar as lágrimas, as palmas e a barriga doendo pelo risada de uma situação que de tão cômica, quase havia sido trágica. Riram por tanto tempo que acabaram incomodando o casal, separando-se para se aproximarem dos amigos e atestar a sanidade dos irmãos.
-Olha, , eu desisto de fazer qualquer coisa relacionada a faculdade esse final de semana depois disso tudo. – declarou, por fim, chamando a atenção do irmão. –Quero dar PT. Qual o nome daquela balada mesmo?
-ISSO! – gritou, empolgado, fazendo Ana e Leo rirem, enquanto revirava os olhos. Quem sabe um dia ela não melhorava seu ciclo social e agregava pessoas mais normais a ele. Por enquanto, só lhe restava aquelas pessoas descompensadas para serem sua companhia em uma noite que ela estava determinada a causar.


Fim.


Nota da autora: Um belo dia, a autora que vos fala, estava relembrando algumas músicas, enquanto pensava num roteiro para um capítulo de Jeitinho Brasileiro quando "Olivia" do One Direction começou a tocar de sugestão no Spotify. Eu estava pouco inspirada nesse dia e passei a prestar a atenção na letra. Quando acabou, eu só consegui pensar: essa música precisa ir pra fic. Eu ainda não sabia exatamente como, mas quando descobri que era de autoria do Harry, sabia que não podia deixar passar. E a noite, quando eu estava tentando com todas as minhas forças dormir, a ideia da serenata surgiu. E só esse casal lindo e maravilhoso que é a Ana e Leo poderiam encarnar essa vergonha.
Quem segue o instagram da pp sabe que fiquei alguns dias inquietada pra esse primeiro spin-off, porque não sabia qual seria a recepção de vocês em ter essa história sem o casal principal e nosso foco total em Jeitinho Brasileiro. Nunca tinha feito nada parecido em nenhuma fic antes e espero que vocês possam me dar um retorno dizendo se foi algo positivo ou não, porque agora estou empolgada e tenho mais ideias pra futuros spin-off.
Essa pequena história também acabou se tornando uma forma de agradecer vocês por todo o carinho que recebo. Eu já falei muitas vezes, mas realmente não sei se estou deixando claro o quanto vocês me deixam boba com tantas mensagens elogiando essa história que pra mim foi uma válvula de escape em um período pesado que passei. Por tudo, tudo mesmo, meu MUITO OBRIGADA, e por favor, não desistam de mim, porque vocês se tornaram uma parte muito boa da minha vida, uma descontração no meu dia a dia pesado que amo demais e não consigo mais viver sem.
É isso, pessoal. Fiquem ligados em Jeitinho Brasileiro e no instagram da pp para novidades e até os próximos capítulos da nossa novela!!





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