Finalizada em: 04/03/2018

Capítulo Único

Mullingar, Irlanda.
Fevereiro de 2049. Dia 12 às 19:00.

Mrs. ’s POV

- Sinceramente, amor? Não achei que fosse passar por tudo isso mais uma vez. – suspirou, coçando a cabeça e se mostrando impaciente. Praticamente jogado na cama. – Ela não poderia só, sei lá, não casar? O último casamento que eu, de fato, participei, acabei de anágua dançando Macarena em plena lua de mel. – meu marido resmungou passando a mão nos cabelos grisalhos e soltei uma gargalhada estridente.
- É o casamento da sua filha, você não poderia ao menos, se mostrar mais animado? – perguntei rindo, segurando o vestido tubinho no corpo enquanto o zíper nas costas se mantinha aberto. – Me ajuda. – pedi virando de costas e ouvi um resmungo altamente fingido de .
- Yey! Minha filha vai casar. – fingiu ainda mais a frase, me fazendo rir ainda mais alto, depois sentir meu vestido sendo fechado.
- Você não paga de pai ciumento, . – virei de frente pra ele o vendo com uma cara de tédio sem tamanho. Sem realmente acreditar que eu tinha acabado de falar aquilo.
- Ciumento, eu? Por mim a Louisa fugia com ele e eu ainda dava cobertura. Eu não quero é mais estresse de casamento em cima de mim, . – disse com uma cara feia do tamanho do mundo me fazendo rir mais, muito mais. – O garoto é incrível, sinceramente, ela não ia encontrar homem melhor, mas aqueles pais dele não me descem. Povinho chato e cheio de frescura.
- ! – arregalei um pouco os olhos o repreendendo mesmo que apoiasse absolutamente tudo que o meu marido dizia, depois voltei para o closet indo colocar meus brincos e afins.
Eu não suportava o ar superior daqueles dois, o jeito que a mãe do garoto olhava pra mim, ou para o e pior ainda, para a Louisa. A minha vontade era de voar naqueles cabelos pintados a força e arrancar um por um com uma pinça, mas eu tinha que manter a pose, não sei até quanto tempo eu faria aquilo, mas eu tinha.
- Onde nós precisamos ir mesmo? – o velho com quem eu tinha casado suspirou teatralmente e soltei uma gargalhada estridente.
- Jantar de noivado não sei das quantas que aquela cobra de peruca loira inventou. – rolei os olhos terminando de colocar meus brincos que haviam sido um presente de aniversário e meu marido gargalhou.
- Amor! – ele me repreendeu em meio às risadas e acabei rindo junto.
- Não me repreenda, Mr. , você concorda comigo. – sustentei o peso do corpo em uma perna, virando para meu marido e ele estava esparramado na cama, parecendo uma criança birrenta.
- Concordo, concordo com tudo que você diz! – ele abriu os braços e suspirou. – E se a gente desse o cano, hein? – o homem piscou sinuosamente pra mim e bateu na cama me convidando pra deitar ali. A única coisa que eu fiz foi rir.
- Não vamos dar o cano, ou a coitada da Lou quem sofre. Vamos, levanta daí. – dei dois tapinhas na perna dele. – Esquece esse fogo.
- Não quero esquecer o fogo, . – ele rolou os olhos, mas mesmo assim levantou da cama ajeitando a camisa de botão no corpo. Meu marido continuava incrivelmente encantador beirando os 60, gostoso principalmente, os olhos ainda me hipnotizavam e pra ser bem sincera, a versão madura era a melhor fase do .
- , se aquieta, você já está beirando os 60, tem que procurar calmaria pra sua vida. – debochei soltando uma risada e ele me olhou com a expressão mais tediosa existente no mundo.
- Vou chegar aos 60 como se a gente estivesse recém casado. – meu marido sussurrou perto do meu ouvido e apertou minha bunda. No reflexo dei um pulinho e dei um tapa no peito dele o fazendo rir, mas logo me abraçar ternamente. – Você continua gostosa.
- ! – o repreendi pelo beliscão, mas em troca, ganhei um selinho.
- Vamos para esse jantar que vai me fazer querer dormir. – ele rolou os olhos e tomou minha mão. – O que eu não faço por você, mulher?
- Por mim nada. Sua filha!
- Que já poderia estar a uns 500 quilômetros daqui e levando aquele frouxo do noivo dela junto! – ele rolou os olhos abrindo a porta pra que eu passasse e saímos do quarto na casa de veraneio do , onde estávamos hospedados para o casamento.
Sinceramente, eu ainda procurava na minha mente a necessidade de casar na Irlanda. A Louisa poderia escolher sei lá, o Canadá, a Inglaterra como eu havia feito? Não, ela escolheu a Irlanda! O que já era de se esperar, na verdade, ela era uma Jones-, minha filha, então muito provavelmente não ia fazer nada que fosse previsível, até porque como dizia Louisa Jones “Eu não sou obrigada a nada”. E honestamente? Eu concordava plenamente com ela.

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Chegamos a um dos hotéis da nossa franquia. Sim, a linda garotinha que eu tinha o orgulho de chamar de filha havia batido o pé e o jantar de noivado seria lá, querendo a família nojenta do noivo, ou não. Bom, a família nem era tão nojenta assim, o Tristan era um rapaz de ouro e me orgulhava saber que ele amava a minha filha naquelas proporções, mas a mãe dele era o dedo podre daquela família. A mulher parecia ter saído dos anos 20 e todo o seu contexto histórico de submissão, que eu realmente não quero entrar muito a fundo no assunto. Uma, porque assim como a Isa, eu não era obrigada a nada e outra, nós duas não iriamos seguir padrões que não concordávamos. Nós apenas evitávamos quaisquer confusões maiores por sermos mulheres inteligentes. Mas voltando ao hotel, ele era um Jones, então era realmente incrível. Claro que eu era suspeita para falar, mas quem se importa?
O Saguão completamente maravilhoso com aquele ar de realeza me fazia encher o peito de tanto orgulho, os funcionários trabalhando em perfeita sincronia, sempre com o sorriso no rosto e bem capacitados para melhor atender todos os clientes. Aquilo era o que mais me dava orgulho na Louisa, o jeito que ela gerenciava tudo, deixando uma perfeição. Sim, aquela era a palavra. Perfeição.
- Boa noite, Mr. e Mrs. . – a moça que estava direcionando todos os convidados para o salão de bailes, nos cumprimentou assim que chegamos à porta do lugar e sorri.
- Boa noite! – respondemos juntos, até parecendo ser ensaiado e riu baixo, depois soltou minha mão, rodeando minha cintura delicadamente com o braço.
- A Louisa já chegou, ela me pediu pra avisar que queria conversar com a senhora. – a garota disse sorridente e afirmei com um sorriso, só que mais receoso. – Os dois estão no salão.
- Obrigada. – agradeci com um sorriso fechado e entramos no salão de festas.
me abraçava com calma e carinho, tentando, mesmo que indiretamente me acalmar. Ele me conhecia bem demais e aquilo era o resultado de quase 27 anos de casamento, embora ainda tivéssemos muito, muito a aprender. O lugar estava ocupado com os familiares mais próximos e isso incluía apenas as famílias mais próximas de verdade como os avós e tios dos noivos. E acreditem, no casamento iria comparecer muito mais gente, surgiu gente até das profundezas do inferno quando a Louisa decidiu casar.
Procurei os gêmeos com o olhar e soltei o ar pelo nariz tentando a todo custo não pirar, mas aqueles dois soltos no meio da multidão e eu sem saber o que estavam aprontando era um risco, risco de morrerem antes de completar 20.
- Amor, calma. Eles não são mais crianças. – disse rindo e beijou minha cabeça, o olhei com a maior expressão de tédio que eu conseguia. – Tudo bem, algumas vezes eles passam dos limites. Mas... Eles não vão fazer nada.
- Eu duvido muito, , duvido muito mesmo. – suspirei passando a mão de leve no rosto e senti um beijo carinhoso na cabeça.
- É o jantar da Isa, eles não vão aprontar. Ou eu resolvo a situação, prometo. – aquela era novidade. dando uma de chefe? Sabe a vontade que eu estava de rir?
Em poucos minutos chegamos à mesa em que os outros quatro velhos estavam.
ria e conversava com o , mesmo estando abraçado a , sem ter qualquer pretensão de soltar. Depois de três filhos e os dois ainda pareciam o casal que eu vi no casamento da e do . Aquilo era uma benção, certo? Outro casal que parecia de contos de fadas, eram os , eu era apaixonada pela dinâmica do casamento deles e por algum tempo quis fazer o mesmo, até encontrar a minha própria dinâmica com o . Era tudo consensual e assim vivíamos bem demais. disputava com e Valerie alguma coisa que parecia bem interessante e eu apostava que era algo relacionado a mãe do Tristan, nenhum dos meninos tinha gostado do rei na barriga que a mulher tinha e toda vez que ela chegava perto, os cinco torciam o nariz quase que sincronizadamente, inclusive meu marido. Sim, não fazia a menor questão de esconder que não gostava da sogra da filha.
- , eu vou falar com a Lou. – apertei de leve a mão dele e meu marido abriu um sorriso encorajador.
- Eu vou me juntar aos meninos, qualquer coisa me chame, tudo bem? – ele me deu um beijinho e afirmei.
Respirei fundo e segui para uma salinha escondida onde eu tinha plena certeza que a Louisa estaria. Chegando lá, dei um toque na porta pra anunciar minha chegada e logo entrei, encontrando a Lou e o noivo, os dois sorriram pra mim e abri um sorriso em resposta.
- Oi, meus amores. – beijei os dois na cabeça e recebi um beijo na bochecha do meu genro, que eu considerava como filho. – O que houve? – perguntei sentando em um banquinho acolchoado.
- A Isa está com medo de os gêmeos aprontarem. – Tristan riu baixo e a abraçou com força. Ali eu vi minha filha rolar os olhos. – Mas eu disse a ela que vai ficar tudo bem, eles não vão fazer nada.
- Eu não estou com medo, Tristan. – minha filha esboçou sua melhor cara de desgosto, só me dando ainda mais a certeza de que ela estava bem amedrontada. – Eu só não quero que eles estraguem algo que foi muito bem organizado. – Lou respirou fundo e segurei sua mão, apertando-a com um pouco de força, a fim de passar conforto. Sim, ela estava apavorada.
- Seu pai prometeu que ia ficar de olho nisso. – falei com um fio de sorriso e a vi rir, mesmo que ainda nervosa.
Puxei meu bebê mais velho e a abracei com força, sentindo minha filha se fundir a mim como se tivesse três anos de idade, pedindo colo, conforto, pedindo forças pra não fazer qualquer besteira. Tristan levantou de onde estava sentado e com um aceno de cabeça, apontou pra porta me informando que deixaria que eu conversasse a sós com a Louisa. Sorri pra ele em confirmação e agradecimento, depois apertei minha menina entre os braços o vendo sair e fechar a porta.
- Eu prometo que nada vai acontecer, meu amor. – afaguei as costas dela e minha filha deu um suspiro longo e exausto.
- Eu não quero briga, mãe, mas eu não aguento mais a minha sogra. Eu já estou com pressão demais em cima de mim e se aquela mulher vier tirar meu coro hoje, eu juro que não vou me segurar. – ela soltou tudo de uma vez.
- E nem deve aguentar, meu amor, saiba que eu estou pronta pra briga com você! – pisquei e nós duas rimos. – Ouvi dizer uma vez que mulher e índio quando se pintam, estão prontos para guerra. Hoje eu estou mais incorporada nessa frase do que nunca, se ela ousar dizer qualquer coisa, eu viro uma leoa e arranco aquela peruca dela. – fiz uma careta que nada se assemelhava a de um felino, mas que era a intenção e nós duas gargalhamos.
- Eu te amo, mãe! – ela me abraçou pela cintura e esmaguei minha filha entre os braços.
- Eu também te amo, meu amor. – beijei sua cabeça. – Agora vamos, seu pai está louco pra te ver e algo me diz que ele vai chorar. – falei rindo e ela riu alto.
- Seu é um molão, só tem cara de durão. – Louisa disse e ri alto a fazendo rir junto.
- Seus tios todos são umas Marias Moles, quer apostar quanto que o vai ser o primeiro a chorar hoje? – perguntei e ela fez uma careta pensativa.
- Eu realmente acho que o meu pai vai afogar no choro primeiro que todos eles. – Isa era bem perspicaz, mas eu conhecia muito bem pra saber que ele não tinha jeito, talvez o também caísse aos prantos logo. – Eles vão cantar? – ela perguntou animada, eufórica e quase arrancando o pedaço do lábio inferior me fazendo gargalhar.
- E você acha que eles perdem a oportunidade de aparecer? – perguntei ainda rindo e abracei-a de lado, a levando pra fora da saleta. – Claro que vão, capaz de ainda quererem ser os garotos da praia, olha, eu tenho minhas suposições que se eles se mexerem muito, teremos cinco velhos travados. – sacudi de leve a cabeça e Louisa caiu em uma crise de riso contagiante, sacudindo a cabeça negativamente pra ver se conseguia parar.
- Você é malvada, mamãe! – ela disse ainda rindo, assim que entramos no grande salão decorado que estava ao som de um instrumental e várias pessoas interagiam.
Eu estava ficando velha, e como estava, era quase o casamento da minha filha mais velha que já estava no auge dos 25 anos e era uma mulher incrível, eu tinha dois filhos gêmeos com 17 anos que me tiravam o juízo sempre que conseguiam, mas eu não deixava de amá-los, Lewis e Lucca eram minha alegria mais profunda, principalmente quando se juntavam com a Isa. Era difícil de acreditar que havíamos chegado ali, mas tínhamos.
Vi os gêmeos vindo em nossa direção e foi questão de tempo até sermos esmagadas por dois rapazes encantadores.
- Vocês estão incrivelmente lindas! – Lucca deu um beijo apertado em minha bochecha e ri o apertando de leve.
- Obrigada, meu amor! – respondi e vi a Isa fazer uma reverência exagerada, coisa que o palhaço do Lewis imitou, nos fazendo rir alto. Aqueles dois me matavam.
- Papai já veio com um sermão gigantesco. – Lewis reclamou com uma careta de tédio e arqueei a sobrancelha pra ele.
- O quê, mamãe? – foi à vez de Lucca reclamar.
- Vocês são duas pestes! – Louisa tirou as palavras da minha boca, só que com um pouco mais de agressividade.
- Eu conheço muito bem vocês dois. – apontei pra eles com minha melhor careta de ameaça. – E se os dois aprontarem alguma, podem ficar sabendo que vão apanhar na bunda na frente da família toda. – falei séria e vi nos olhares das minhas duas pestes amadas, que eles estavam tentando decidir se era brincadeira ou verdade.
- Fala sério, mãe. – Lewis riu meio amedrontado, mesmo que ainda quisesse fazer pouco da minha ameaça e arqueei ainda mais as sobrancelhas.
- Eu não duvidaria dela. – minha peste mais velha apontou pra mim me dando total razão e os gêmeos deram sorrisos de gases.
- Vai dar certo, mãe. – Lucca repetiu e eu não acreditava nadinha naquilo, mas preferi não sofrer por antecedência. – O pai estava perguntando onde vocês estavam. – ele apontou pra mesa onde os meninos estavam.
- Vamos, vamos pra lá. – sacudi a cabeça e sai levando meus herdeiros pelo salão até a mesa onde a nossa família One Direction estava.
Como sempre, fomos recebidos com alegria, abraçou Isa com força, beijando a cabeça da garota repetidas vezes, além de dizer como ela estava bonita, como havia crescido, como ele não acreditava que já tinha passado tanto tempo, se mostrando claramente um pai babão e me dando a certeza que ela ganharia nossa aposta. , , e também pareciam imensamente encantados, além de interrogarem os gêmeos sobre qual seria a travessura da vez.
Cumprimentei minhas amigas de longa data com abraços calorosos e finalmente começamos nossa noite, que seria regada há um pouco mais de champanhe que o normal e muitas piadas sobre a loira demoníaca.
- Ela já chegou? – perguntei baixo, cutucando e a Mrs. soltou uma risada de deboche.
- Chegou e foi perturbar os coitados dos garçons. – minha amiga respondeu e dei um grande gole no champanhe.
- Ensinando por qual lado servir cada coisa. – rolou os olhos com uma cara de desgosto e nós cinco, incluindo Julie e Valerie, expressamos nosso nojo através de caretas.
- Meus funcionários são muito bem treinados. – banquei a ofendida e ouvi algumas risadas.
- O problema não é você, . – Val tomou um gole do champanhe. – É que ela é bem mal amada. Que mulher chata. – ela apertou os olhos e rimos.
- Eu estava contando que os seus gêmeos pregassem uma peça nela. – a Mrs. disse bem inconformada causando algumas risadas do nosso lado.
- Eu mato aqueles dois! – declarei ainda rindo um pouco mais leve e suspirei ao ver do outro lado da mesa, me chamando com um aceno discreto. – Vou ver o que o quer. – levantei ajeitando meu vestido no corpo. – Ser mãe da noiva não é fácil! – apontei pra elas e as meninas riram.
Dei alguns poucos passos até meu marido que já estava em pé me esperando, para, com certeza, irmos cumprimentar a família do Tristan. Virei o resto de champanhe na taça e a coloquei na bandeja de um garçom que passava, abracei meu marido de lado e fomos cumprimentar os Adams.

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Boa parte dos amigos e padrinhos dos noivos já tinham feitos seus discursos que me enchiam os olhos e ameaçavam transbordar, mas eu segurava como sempre segurei. Já ? Isa tinha acertado mais uma vez, quando disse que ele encabeçaria a fila do choro, meu marido se encontrava lavado aos prantos com cada coisa que era dita, foto mostrada e sorriso que a nossa primogênita dava. Sacudi de leve a cabeça quando Lenno, o filho mais velho dos , e Emma, nosso primeiro baby Direction, terminaram seu discurso coletivo, que contava as mais variadas histórias de como os três eram o terror. O trio, Lou, Emy e Lenno eram incrivelmente amigos, mesmo com a diferença de idade grande das meninas pra ele.
- Essa garota é o terror, Tristan, fique muito bem avisado, porque ainda dá pra correr. – o rapaz quase da idade dos meus gêmeos disse rindo e todos rimos juntos, quando Louisa fez uma careta enorme, quase como se estivesse ofendida.
- À morte de mais uma solteira. – Emma levantou a pequena taça que ainda continha uma boa quantidade de champanhe e todos rimos mais uma vez.
Isa pulou da cadeira e em poucos passos abraçou os amigos o mais forte que pode, enquanto Tristan se segurava pra não rir por estar ao lado da mãe. Nada para aquela mulher estava bom? Ela mantinha uma cara que estava indeterminada entre descontentamento e dor, me fazendo ter vontade de chamar algum médico, ou ela infartaria a qualquer momento. Senti beijando de leve meu ombro e o olhei sacudindo de leve a cabeça, meu marido piscou pra mim e deu mais um beijo me passando calma e paciência. É, eu ia precisar.
Olhei para os gêmeos, me certificando de que eles estariam quietos e bem sentadinhos para não aprontar nenhuma, mas os dois sorriram meigamente e acenaram pra mim. Estreitei os olhos com aqueles sorrisos inocentes e respirei fundo. Ia dar merda, e das grandes.
A mestre de cerimônias falou mais alguma coisa que eu não tinha prestado muito atenção e apertou o passador de slides para que o projetor revelasse qual seria a mensagem da vez, mas arregalei os olhos ao fixar minha atenção na grande tela de lona. Ah, merda! Eu ia matar aqueles dois, matar!
- Holy shit! – o grito do saiu alarmado, assim como as risadas dele e de ressoavam em meio a Macarena que tocava incessantemente, enquanto um 27 anos mais novo dançava a coreografia da música, vestido apenas com minha anágua.
Respirei fundo e tapei o rosto tentando não rir ou chorar, enquanto ouvia as risadas incessantes naquele salão, olhei para nossos amigos e tentava esconder seu divertimento enquanto lhe cutucava morta de vergonha. já fingia nem conhecer de tanta vergonha pelas risadas escandalosas do marido. Valerie tentava repreender , mas completamente sem sucesso, já que ela ria mais que ele. não estava muito diferente, mas enquanto ele tentava se esconder no pescoço de Julie, ela tapava a boca com a mão e não olhava pra gente. Lucca e Lewis riam como se não houvesse amanhã, assim como Emma, Lenno e seus dois irmãos, James e Lottie, não vou nem mencionar que a princesa dos tinha perdido toda a sua classe e balançava os ombros de tanto rir do tio tapado, igualmente ao filho mais velho dos .
Virei a cabeça levemente pra ver a situação do protagonista de tal coreografia e estava vermelho. VERMELHO DE RIR. Ele parecia fundido a cadeira coberta por algum tecido perolado e amassava os lábios em uma linha reta pra que não deixasse a risada sair, enquanto cobria o rosto com uma das mãos. Arregalei meus olhos como se aquilo fosse repreendê-lo e lhe dei um cutucão com o cotovelo, coisa que eu preferia não ter feito, já que foi o suficiente pra que ele soltasse uma gargalhada estridente, fazendo que quem não tinha rido ainda, entrasse na onda. Claro, fora a Millicent, aquela mulher parecia que não sabia o que era se divertir, diferentemente do Tristan pai e Tristan filho, que estavam tão vermelhos quanto o , sem falar na Isa que estava dando uma de suas gargalhadas mais espontâneas. Sim, eu estava possessa com o papelão dos meus filhos, mas ela não ter rido tinha me magoado profundamente. Ah sim, agora era pessoal.
Ela me encarava indignada como se eu fosse à impura que tivesse dado início aquilo. Arqueei uma das minhas sobrancelhas com um sorriso travesso e soltei minha gargalhada mais profunda, afinal, a merda já estava feita, tentar brigar não ia resolver muita coisa. Eu juro que me sacudia sem a menor intenção, mas ver aquela grande família rendida às gargalhadas não me fazia ter vontade de parar.
- Chega! – de repente o grito histérico de Millicent ressoou por todo o salão me fazendo arregalar os olhos e como se fosse ensaiado, as risadas iam cessando. – Eu não vou participar desse circo! Você está vendo onde você está se metendo, Tristan? Em uma família onde seu suposto sogro se presta a um papelão desses, em uma família de palhaços. – todas as palavras daquela vaca mal comida puderam ser bem ouvidas pelo salão e senti o sangue subir a minha cabeça, ela queria ser baixa? Pois ela iria ver o que era ser baixa.
- Mãe! – o único sensato daquela família das cavernas arregalou os olhos, repreendendo-a.
- Hey! – Isa gritou em protesto levantando de onde estava, pronta pra atacar aquela mulher chata, mas eu fui mais rápida.
- Alto lá, Millicent! – soltei um grito grotesco e indignado que puxou todas as atenções pra mim. – Lave essa sua boca imunda para sequer tocar no nome da minha família, não ouse ofender meus filhos, meu marido, meus irmãos ou qualquer pessoa que esteja do meu lado, ou você verá o que é um circo. – pus meu dedo em riste apontando pra ela, estava pouco ligando se era a atração principal do circo. – Palhaços são você e os seus!
- Os meus, ? Não vê que está envergonhando a sua filha aos berros desse jeito? Ah, tenha a santa paciência, eu não sei onde fui me meter aprovando esse casamento do Tristan. – ela bufou indignada, possessa, ou sei o que aquela mulher tinha pra ser tão irritante. fez menção de levantar da cadeira, mas o empurrei de volta.
- Você quem está envergonhando o coitado do Tristan que não pode ser quem ele realmente é quando está com você, velha mal amada! – eu juro que minha vontade era de pegar distância e pular naquela mulher arrancando os cabelos dela. – Eu não sei por que raios ele sempre faz sempre o que você quer quando na verdade ele não quer aquilo. Você não conhece seus filhos? Porque sim, eu conheço os meus e dou total liberdade para que eles possam ter personalidade...
- Por isso a dupla fez esse papelão. – ela soltou indignada apontando para Lewis e Lucca e eu me emputei de verdade. Ali eu senti meu corpo ser tomado pela raiva e parti pra cima dela, sendo segurada por .
- Não meta meus filhos no meio! Se você não tem o amor de ninguém e não sabe o que é amor, não venha querer desmerecer o meu. E pra ser bem sincera, eu esperava que eles arrancassem essa sua peruca escrota e jogasse em algum balde de gelo. – descarreguei todo meu ódio e imediatamente arregalei os olhos ao ver Louisa me olhando apavorada, assim como Tristan, enquanto a mãe dele parecia indignada com as mãos no cabelo. Ai, merda!
Respirei fundo e olhei pro pedindo socorro antes que o estado das coisas se agravassem, sendo questão de segundos até ele tomar partido na situação, assim como Tristan pai que saiu levando-a na companhia do filho.
- Pessoal! – chamou a atenção dos nossos convidados, enquanto eu ainda estava em choque. – Peço desculpas aos nossos convidados pelo acontecido e agradeço a presença de vocês. – ele me abraçou com força com um dos braços e me escondi em seu ombro. – Lamentamos o episódio e vamos resolver o mais rápido possível, fiquem a vontade, aproveitem o resto do jantar e nos vemos em dois dias no casamento. – ele agradeceu que nem gente e soltei um grunhido.
- Isso se tiver casamento. – resmunguei baixo e respirei fundo. O que merda eu tinha feito?
Tomei meu porte, como eu sempre tivera e lancei um olhar severo para os gêmeos, os chamando com um aceno de mão contido e os vi empalidecerem por saberem a merda que tinham feito, vendo também os nossos amigos se levantando da mesa acompanhados de suas esposas. Droga, eu tinha acabado com o casamento da minha filha.
Senti as lágrimas transbordarem aos poucos e me abraçou com um pouco mais de força, beijando minha cabeça, enquanto do outro lado abraçava a Lou que parecia em choque e respirava fundo, nos levando para a saleta escondida onde eu havia encontrado minha filha. Eu era uma mãe horrível, uma bruxa.
- Mãe! – a garota me chamou e segurou minha mão com força, me fazendo olhá-la, ainda enquanto andávamos. – Não precisa ficar assim, ela pediu por isso. – Lou me lançou um sorriso fechado e beijei sua mão, sabendo que sim, ela estava bem chateada.
- Desculpe, meu amor. Me desculpe. – pedi da forma mais encarecida quando abriu a porta da sala para que entrássemos. – Não foi à intenção estragar seu momento!
- Mamãe, eu sei! – ela arregalou os olhos azuis pra que eu entendesse e a abracei com força, tentando me desculpar pelo papelão, sentindo a garota me abraçar com força diferentemente do que eu achava que fosse acontecer. – Ela pediu por isso e o Tristan disse que mais tarde a gente conversa direitinho, ele vai só esperar a megera acalmar. Tudo bem? – eu parecia o bebê chorão.
- Mesmo assim, desculpe. – passei a mão no rosto dela e lhe beijei a testa.
- Peça desculpas ao papai, por tê-lo empurrado daquele jeito. – minha filha apontou pro , que instantaneamente fez uma cara de dor bem fingida, ainda esperando os gêmeos na porta e rimos alto.
- Ali eu vi que era melhor eu ficar quieto, ou apanhava no meio de todo mundo. – meu marido disse com uma expressão bem desgostosa nos fazendo rir mais.
- ! – soltei um esganiço como se o repreendesse, mas logo engoli as risadas ao ver os gêmeos mais encrenqueiros entrarem pela porta com as expressões mais culpadas.
- Sinceramente, vocês não têm juízo? – repreendeu antes que eu abrisse minha boca e deu um tapa na cabeça de cada um enquanto eles entravam.
- Eu vou matar vocês dois! Matar! – Louisa soltou um grito indignado, tomando impulso pra cima dos irmãos e a segurei antes que tivéssemos uma chacina. – Quem vocês acham que são? Cresçam, Lewis e Lucca! Vocês acham que a vida é essa belezinha que é aos 17 anos? Pois acham errado, a vida não é esse mar de rosas e sempre foi assim! Sempre vocês roubam atenção por algo imensamente imbecil, eu estou cansada de sempre sofrer as consequências pelas criancices de vocês! Cansada desses dois irresponsáveis!
- LOUISA! – eu e repreendemos ao mesmo tempo, de olhos arregalados ao ver o que ela tinha dito e os gêmeos empalideceram com a reação da irmã. Ela sacudiu a cabeça respirou fundo e saiu da saleta sem ao menos esperar que os dois pedissem desculpas.

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’s daughter POV

Aquele com absoluta certeza era o pior dia da minha vida. O pior! Nada iria superar aquele desastre de dia. Absolutamente nada! Eu poderia estar parecendo exagerada e segundo meu pai, aquele exagero era completamente herdado da minha mãe, mas não tinha como eu agir normal, ou sem pensar em milhões de coisas ruins, quando se é abandonada quase no altar. Ok, Louisa, respire, você não foi abandonada no altar, na verdade, um pouco longe disso. Mas eu havia sido abandonada e isso era o que doía dentro de mim.
Depois de toda a confusão, de eu xingar meus irmãos mais novos e me sentir extremamente culpada por isso, principalmente sabendo que a intenção deles não era acabar com qualquer coisa, incluindo meu casamento. Tristan Adams decidiu que tentar acalmar a mãe dele longe da casa do tio era a melhor solução, ou seja, eles estavam indo embora e por mais que fosse algo paliativo, não duraria menos que um dia. Ou seja, eu precisaria adiar o casamento, ou na verdade cancelar e me desculpar com meus irmãos pela merda que eu tinha feito. O que eu tinha feito de tão errado para merecer aquilo, afinal de contas?
Sabe quando todos os seus pesadelos de infância e adolescência juntos não superam o terror que estava sendo o momento? Eu me sentia inteiramente daquele jeito e preferiria mil vezes perder as roupas em meio a uma sala repleta de colegas idiotas, cair na frente de alguém muito importante, não que aquilo não tenha acontecido, mas como diria meu pai “mais uma herança marcante da sua mãe”, ou rasgar a roupa no primeiro dia de trabalho em uma grande empresa. Eu juro que escolheria ter todos os meus pesadelos mais profundos de adolescente, do que estar completamente apavorada em saber que meu noivo havia ido embora com a família metida a besta e nada daquilo havia sido culpa minha.
Eu não aguentava ser rejeitada.
Apertei meus joelhos junto ao peito e funguei.
Sinceramente, eu não merecia aquilo! Eu não merecia ficar me martirizando por causa de um noivo frouxo que ainda era submisso aos pais. Claro, eu o amava, mas eu também me amava e não iria deixar que aquilo me abalasse. Eu era uma , eu era filha de Jones , a mulher que mais fugiu de casamento em toda a sua vida. Eu tinha um cargo incrível na empresa da minha família por minha escolha, eu era bonita, inteligente e tinha 25 anos. Eu era nova demais pra estar chorando por qualquer coisa. Respirei fundo enxugando o rosto e empinei meu nariz, meu valor era muito mais importante do que qualquer coisa, e principalmente, eu não iria lamentar a falta de coragem do Tristan, se ele realmente me amasse, ele desse seu jeito de me encontrar novamente e eu ia ver se o queria de volta.
A quem eu queria enganar? Eu amava aquele filho da puta idiota!
Olhei pra cima enxugando as lágrimas dos meus olhos e percebi que estava na adega dos . Tio tinha um maravilhoso gosto para vinhos e eu adorava um bom vinho, sem falar que eu precisava afogar minhas mágoas para poder voltar naquela casa de nariz empinado como se nada estivesse acontecendo. Então como diria a minha mãe, use o álcool como o seu melhor aliado. Levantei do chão e procurei por uma garrafa que não fosse fazer tanta falta a ele e achei uma de 2020. Abri sentindo o cheiro gostoso do vinho, sentei no chão escorada a estante e vi a porta do lugar ser aberta em um supetão.
- Que foi, little ? – fiz uma careta sem entender por que o meu primo estava tão pálido e quase vomitando nas próprias roupas.
- A minha mãe vai me matar. – o garoto esverdeado parou perto de mim e sentou no chão abraçando os joelhos. Aquela era uma cena hilária, Lenno daquele tamanho com medo da tia .
- Outro frouxo. – rolei os olhos o comparando ao Tristan e o garoto me olhou confuso. – Bebe. – estendi a garrafa pra ele, que pegou-a de minha mão e virou em um grande gole. – Ei, moleque. Calma! – ri com a cena e ele fez cara de choro. – O que você fez?
Ele respirou fundo ficando ainda mais branco ainda e me olhou pedindo por ajuda.
- Engravidei a minha namorada. – Lenno quis vomitar, mas espero eu que tenha sido apenas a ânsia. – Ela me ligou depois da bagunça toda e jogou na minha cara.
- Você o quê? – gritei de olhos arregalados e ele afirmou aumentando ainda mais a cara de choro. – O que vocês dois têm na cabeça, Lenno James ? – ótimo, eu tinha virado a minha mãe. – Existe uma coisa chamada camisinha! Camisinha! – dei bronca vendo o garoto ficar mais pálido ainda. – Você tem 20 anos, você é um feto!
- Nós esquecemos! – ele soltou um grito esganiçado e dei um tapa em sua cabeça o fazendo projetar o corpo pra frente.
- E agora vão ter um filho! – bati nele de novo.
- NÃO ME BATE, ! – o moleque se enraivou e arregalei os olhos. – Vai dizer que nunca passou por isso?
- Minha garrafa! – puxei o vinho da mão dele e tomei um gole. – Uma vez só. Depois disso obriguei o Tristan a usar camisinha sempre. Mas a diferença, garoto. É que eu não estava grávida! – arregalei os olhos mostrando a obviedade da coisa e meu primo respirou fundo me olhando com pesar. Inferno!
- Isa... – a voz do Lenno era de pena e preferi não olhar pra ele. Eu não queria ser olhada daquele jeito e soltei apenas um resmungo. – A coisa do Tristan é verdade? – o rapaz perguntou receoso e suspirei. Ele podia não tocar no assunto, certo?
- Bem-vindo ao barco do desespero. – suspirei tomando o maior gole que eu podia e senti meu corpo ser abraçado com força e de lado. Arregalei os olhos, assustada com a reação do garoto e olhei esquisito pra ele. – Que foi? – perguntei de uma vez e ele me olhou com praticamente uma interrogação na testa.
- Estamos no mesmo barco. – ele disse de forma óbvia e fiz uma careta.
- Não precisa me agarrar, . – levei no deboche e ele fez cara de bunda, soltando uma gargalhada em seguida.
- Meu Deus, o que você herdou da sua mãe? – ele usou puro deboche, o que me fez rir alto. – Eu só vejo o tio aí. – o garoto claramente zoou da minha cara e bati nele novamente.
- Da minha mãe herdei a esperança de um dia ser alguém normal. – tomei mais um gole. – E o cuidado pra evitar gravidez indesejada. – pisquei o alfinetando e Lenno rolou os olhos, depois escorregou pela parede, quase ficado deitado no chão.
- Quem está gravida? – a porta abriu de uma vez, revelando Emma que parecia assustada e Lenno quase morre de desespero, por certo achando que poderia ser a mãe ou o pai.
- Qual a senha para o barco da desgraça? – tomei mais um gole perguntando a minha amiga, melhor amiga, qual a da vez para ela estar ali.
- Terminei com meu namorado. – Emma disse de olhos bem arregalados. Nós dois olhamos pra ela sem entender porque aquilo seria uma desgraça, já que o cara era um completo babaca. – Eu gosto de garotas. – continuamos sem entender onde estaria o problema. Era meio que evidente a queda de Emma por seres do mesmo sexo. – Eu quero beber também! – minha melhor amiga fez uma tremenda careta e rimos alto.
- Venha, little ! – chamei-a com um aceno de mão e Lenno fez o mesmo até que Emma sentou entre nós dois. – Fico feliz que você vá assumir. – sorri sobre a orientação sexual dela e a garota sorriu grande, depois abraçamos a Emma como se ela fosse o recheio do nosso sanduíche a fazendo gargalhar espontaneamente.
- Eu não sei como contar aos meus pais. – ela pegou a garrafa da minha mão e tomou um grande gole.
- Contando! – o garoto disse rindo. – Ai, Emy, qual é? Nossa família é a mais cabeça aberta do mundo, ninguém vai te condenar, nem nada. – e naquilo o garoto estava completamente certo.
- Miga, houve uma época em que disseram que o meu pai e o seu tinham um caso. – arqueei a sobrancelha pra ela e a garota abriu o berreiro a rir nos fazendo rir juntos. – Você acha mesmo que eles vão te excluir, condenar ou qualquer coisa que te faça não ser aceita? Pelo amor de Deus, mulher, você é filha dos , o casal mais amor da Terra! Seu pai é todo “All the love!”. – fechei um dos olhos como se eu estivesse sob o efeito da medicinal maconha e levantei dois dedos, ouvindo gargalhadas.
- O vinho já te pegou, ? – Lenno perguntou vermelho de tanto rir e fiz a maior cara de bêbada que eu conseguia.
- Meu fígado é um Jones, garoto. Ainda serve pra muita coisa se você quer saber. – pisquei pra ele e nós rimos.
- E o frouxo do Tristan? – Emma deu mais um gole no vinho e suspirei saturada com aquelas perguntas de onde estavam o frouxo do meu noivo, ou ex-noivo? Eu não sei, eu sabia que não aguentava mais as perguntas de onde ele tinha ido. – Ok, sem mais perguntas sobre ele. – minha amiga me passou a garrafa e dei um grande gole.
- Eu odeio a mãe dele. – falei de uma vez e ouvi gargalhadas estrondosas.
- Por que, Isa? – Lenno me perguntou rindo, como se me incentivasse a extravasar meu ódio e respirei fundo pronta pra jogar tudo no vento.
Entreguei a garrafa a Emma e levantei sacudindo minhas mãos, tentando espalhar a raiva dentro de mim, que no momento, só se concentrava na cabeça.
- Porque ela é uma velha antiquada no auge dos seus 45 anos! Vocês têm noção? – soltei um grito esganiçado que os fizeram rir mais ainda. – A minha mãe é mais velha e anos luz mais nova do que aquela múmia de peruca. – soltei andando de um lado pro outro dentro daquela adega, sentindo meu corpo ficar mais leve e precisava soltar mais. – Há quanto tempo aquela mulher não transa? Pelo amor de Deus, isso é falta de sexo, uma boa noite de sexo. – arregalei os olhos com certa indignação enquanto Emy e Lenno se encolhiam no canto da parede de tanto rir.
- O que mais, Lou? – Emma me perguntou rindo alto e passei a mão nos cabelos.
- Ela despeja tudo isso em cima do Tristan por que no fundo, aquela família não é tão perfeita quanto ela pensa. – suspirei cobrindo o rosto e andando de um lado pro outro dentro daquela adega. – O Tris tem uma irmã. – mordi a boca e não olhei para os meus primos.
- OI? – o grito foi conjunto. Eu tinha feito merda, mas se era pra jogar no ventilador, que eu jogasse logo.
- Ele tem uma irmã. – esfreguei o rosto e sentei no chão de frente pros dois. – A Tália, mas ela fugiu tem uns cinco anos. Não aguentou a pressão da megera da mãe dela. A garota era extremamente inteligente, mas também geniosa pra caramba, segundo o Tris, muito parecida comigo. Daí eu tirei de onde aquela vaca não gosta de mim. – peguei uma segunda garrafa que tinha sido aberta por ali e bebi mais. – Ela descarrega tudo em cima do Tristan e ele não reage por medo de ela enlouquecer.
- Frouxo! – o grito da Emma soou indignado e me fez rir alto, muito alto. – Tem certeza que ele não é gay, Lou? Sempre deu pinta. – minha melhor amiga de todos os tempos me perguntou séria e não me aguentei, quase caí pra trás de tanto rir.
- Não, o Tristan não é gay. – soltei uma risada alta e suspirei olhando para aquelas duas carinhas amarguradas que mesmo sem ter tantos problemas assim, estavam no barco junto comigo. – Eu sou tão idiota.
- Sabemos. – a resposta foi conjunta e mandei dois dedos para os dois, um pra cada um. – Mas por que dessa vez? – Lenno riu e me mostrou a língua.
- Marquei um casamento para 14 de fevereiro. – comecei enumerar nos dedos. – Na Irlanda, o lugar que tem mais trevo e consequentemente mais sorte no mundo, a maioria das coisas são verdes e olha onde estamos. – mostrei a adega do tio com as mãos, soltando uma risada completamente incrédula. – Presos em uma adega, bebendo enquanto eu xingo aquele demônio de peruca. E o melhor de tudo, Tristan escolheu ir com a mãe. Boa, Louisa . Ótima! – ergui o punho e suspirei frustrada.
- Sabe o que a gente deveria fazer? – Emy perguntou virando mais um gole de vinho na boca e olhamos pra ela. – Viajar, fugir dessa casa gigante e procurar um rumo. – ela deu de ombros.
- Quê? – Lenno perguntou completamente esganiçado. – Eu tenho um filho pra assumir, um pinto pra perder, porque minha mãe vai me castrar e... – ele suspirou. – Eu não posso deixar a Anna sozinha. – juro que senti pena do little naquela situação, mas Emma continuava me olhando.
- Eu também não posso, Emy. – soltei uma risada morta. – Assim como o Lenno, eu não posso fugir dos meus problemas. Portanto eu sugiro que você. – apontei para meu primo. – Avise logo aos que eles serão avós. – aí olhei pra minha melhor amiga. – E você assuma para os seus pais uma coisa que é bem na cara. Porque eu vou cancelar um casamento. – passei as mãos no rosto e vi os dois levantando do chão.
- Juntos? – Emma mordeu a boca bem receosa e afirmamos.
- Até na mesma sala se você quiser. – pisquei pra ela e rimos.
- Na mesma sala não. – a garota riu alto. – Teremos uma síncope coletiva entre nossos pais. – aquela frase foi suficiente pra uma crise de riso que poderia ser facilmente confundida com embriaguez.

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-Lewis! Lucca! – os chamei ao vê-los passarem por um dos corredores da grande casa do tio e os meninos me olharam espantados. Merda, desde a hora da notícia do Tristan eu tinha sumido.
- Isa! – o grito veio em conjunto e até fiquei surpresa em identificar uma entonação animada na voz, aumentando ainda mais meu espanto quando vi os dois vindo em minha direção com feições preocupadas. – Você está bem? – mais uma vez em uníssono.
- Sim! Estou bem! – ri baixo e pulei nos dois, os abraçando com força. Talvez fosse o álcool, mas ao menos eu estava disposta a me desculpar pelo que tinha dito. – Eu só me tranquei na adega com a Emma e o Lenno. – suspirei sendo segurada pelos meus dois caçulinhas no abraço. – Desculpem, meninos, eu peguei pesado com vocês dois. – beijei a bochecha de cada um e eles me abriram sorrisos lindos.
- Nós também pegamos pesado com a brincadeira, Isa. – Lucca beijou minha testa e os apertei com mais força no mesmo momento que ouvimos o grito de tia . – O que foi isso?
- Nada que devemos nos preocupar, talvez hoje seja o último dia de vida do Lenno, mas vai ficar tudo bem! – respondi voltando a minha postura normal no chão e respirei fundo, fazendo os meninos me olharem com uma careta horrenda que significava “Você bebeu?”. – Uma garrafa apenas! – rolei os olhos e nós rimos. – A mamãe, onde está?
- No quarto dela com o papai, por quê? – Lewis perguntou receoso, mordendo a boca e destruindo toda a sua pose de garoto brincalhão. É, ele estava bem preocupado comigo.
- Eu vou cancelar o casamento. – dei um sorriso fechado e os dois abriram a boca como se quisessem me dizer alguma coisa, mas não sabiam como. – Tudo bem, meninos, sério. É como tirar um curativo, rápido e acaba não doendo muito.
- A próxima vez que eu ver o Tristan, ele morre. – Lucca bufou indignado, me abraçando de lado com força e eu ri alto, beijando a bochecha dele.
- Morte lenta e dolorosa. – Lewis assegurou me fazendo rir mais. Me estiquei e o puxei de lado, o abraçando também. – Vamos com você cancelar esse circo! – meu irmão mais palhaço tentou imitar a Millicent e gargalhamos pegando bem a referência. – O que merda o Lenno fez dessa vez? – fizemos careta ao passar em frente à porta do quarto e ouvir o burburinho.
- Plantou uma sementinha na namorada. – fiz uma careta pelo que tinha acabado de sair da minha boca e rimos alto.
- Que merda! Esse moleque é doido! – Lucca sacudiu a cabeça e seguimos para falar com mamãe.

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Mrs. ’s POV

- Oi? Cancelar? – eu realmente estava surpresa com a decisão da Louisa, eu sabia que não tinha a mínima condição dela casar em um dia, mas achei que adiar fosse a melhor opção. – Louisa! Cancelar?
- Sim, mãe! – ela me arregalou os olhos idênticos ao do pai. – Tristan deu pra trás e a ultima coisa que eu quero, é me passar por rejeitada!
- Ele não deu pra trás! – se até tinha travado aquela briga. Quem era eu pra ir contra? – Nós conversamos e a mãe dele estava louca, Louisa, em surto!
- Ela é louca, pai! – minha filha soltou um grito esganiçado e passou a mão pelos cabelos, não vou mentir que aquilo travou meu peito, me dando uma dó imensa. – Sem falar que eu não estou mais em clima de casamento, eu não quero mais. – Lou suspirou visivelmente decepcionada e a abracei com força. – Talvez depois a gente converse e decida o que fazer, mas agora eu só quero devolver os presentes e cancelar tudo, eu não suporto mais essa pressão em cima de mim.
Abracei ainda com mais força a minha filha, que no reflexo se abraçou em mim parecendo uma criancinha e logo os gêmeos nos abraçaram também, tentando passar o máximo de força pra irmã. parecia inconformado com a situação, pronto pra retrucar qualquer coisa, mas antes que ele abrisse a boca grande dele, lancei um olhar encarecido pra que ele nem continuasse, porque a última coisa que a Isa precisava era que a família estivesse “contra” ela. Parecia loucura, mas eu sabia como a Louisa se sentia em relação ao medo, rejeição e todas aquelas inseguranças, mesmo que a minha situação tivesse sido completamente diferente da dela uns bons anos atrás. Eu só tinha medo de casar e não ser nada do que eu esperava, mas a Lou estava sofrendo por ter sido deixada e eu, como mãe, tentaria ao máximo fazer com que ela se sentisse a menina mais amada do mundo.

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’s Son-in-law POV.

Eu já estava de saco cheio da minha mãe querer controlar tudo na minha vida. Controlar como eu me portava, com quem eu me acompanhava. Tudo que eu fazia, ela queria pôr o dedo no meio, confesso que inicialmente, eu havia deixado aquilo acontecer porque a Tália tinha simplesmente largado a vida de ser um dos Adams e fugiu, eu não a culpo, nunca culpei. E confesso que pra não ver minha mãe sofrer demais, findei deixando-a tomar as rédeas da minha vida, mas aquilo já estava passando dos limites. Quando ela iria entender que era a Louisa que eu amava? Que com a família dela eu me sentia livre, em casa, eu me sentia bem! Por mais que eles tivessem as loucuras deles, mas eu adorava fazer parte daquilo.
- Mãe, chega! Eu não aguento mais! – falei sério, fincando meus pés no chão, enquanto ela tentava me puxar desesperadamente pra fora da propriedade do tio da Lou. – Eu não quero mais você vivendo a minha vida! – gritei farto de ser tão controlado.
- Você só pode estar fora de si! – ela soltou incrédula e passou a mão pelo rosto. – Olha onde você está se metendo, Tristan James Arnald! Em uma família de loucos, de palhaços, onde...
Eu não a deixei continuar, eu não ia aguentar que ela continuasse a depreciar uma família que me deixava tão à vontade e feliz.
- EU NÃO SUPORTO! – gritei grosso a fazendo arregalar os olhos. – Eu não suporto o jeito que você diminui as pessoas ao seu redor, ninguém é melhor que você e você não é melhor que ninguém! Eles são uma família linda, uma família que apoia e te faz se sentir bem consigo mesmo. Eu me sinto feliz, eu me sinto em casa na companhia dos , dos , dos , dos , dos ... – enumerei nos dedos, mostrando-a que ela estava bem errada sobre mim. – E acima de tudo, mãe, eu AMO a Louisa! Eu amo aquela mulher como eu nunca amei ninguém antes, em toda a minha vida! Por ela, por ela eu faço tudo. Eu não me importo de ser taxado de frouxo, de pau mandado, de qualquer coisa que mostre o meu respeito por minha futura mulher, porque eu a amo! Nós não estamos no século passado onde você acha que mulheres tem que ser submissas, nós estamos no agora! Agora! Onde eu quero impulsionar minha mulher pra cima, assim como o pai dela fez com a mãe dela. Eu quero casar com a Lou e eu vou fazer isso, querendo você, ou não! – descarreguei tudo que estava trancado no meu peito e meu pai me olhava assustado.
Talvez eu pudesse ter exagerado um pouco, mas eu precisava fazer aquilo, ou infelizmente, minha mãe ia acabar com a minha vida. Suspirei farto de tudo aquilo e dei as costas aos dois voltando pra casa do tio da Lou.
- Tristan! Tristan, volte aqui! – o grito desesperado da minha mãe ressoou por todo o grande e lindo jardim da casa.
Sacudi a cabeça não querendo me deixar levar pelo escândalo dela e continuei com meus passos firmes até a entrada da casa que parecia tão longe ao ser embasa pelos gritos histéricos da minha mãe. Mas o meu maior desespero no momento, o maior de todos eles, era não ter a mínima ideia de como pedir desculpas a Louisa, porque se eu tinha uma certeza, era que ela queria ver o diabo e não a mim. Eu precisava de ajuda, precisava botar minha cabeça pra pensar e fazer algo pra que ela visse que eu faria de tudo por ela, tudo!
Passei a mão pelos cabelos, tentando encontrar na minha memória, algo que fizesse eu me redimir com a Lou pelo escândalo que minha mãe tinha feito. Só que o desespero estava tanto que tudo que eu me lembrava, nada fazia sentido. Eram apenas histórias aleatórias sobre os pais dela, como eles haviam se conhecido, como a mãe dela queria distância de casamento, quando ao dois haviam começado a namorar e como dona tinha aceitado casar. Era sim momentos muito bonitos e importantes, só que nenhum deles ia fazer a Louisa me desculpar pelo papelão. Eu precisava de um profissional em convencimento feminino.
Eu precisava do meu sogro. Eu ia pedir ajuda ao .

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’s daughter POV

- Você tem certeza mesmo que quer fazer isso? – minha mãe perguntava fazendo carinho em meu cabelo como se eu tivesse cinco anos de novo e me aninhei ainda mais nela, negando com um aceno contido, enquanto estávamos encolhidas na minha cama na casa do tio .
- Não. – resmunguei bem baixo. – Eu não quero. Eu queria que fosse apenas um pesadelo. – soltei um suspiro e minha mãe me apertou mais no abraço. – Na verdade, a esperança que o Tristan volte antes do meio dia está me consumindo de uma forma fora do comum. – rimos baixo e senti um beijo na cabeça.
- E se ele voltasse? – mamãe perguntou. – Eu também tinha uma cabeça bem dura na sua idade, mas eu mudei bastante por amar seu pai. – suspirei e ri baixo.
Aquelas histórias sobre como ela e o papai tinham se apaixonado da forma mais improvável, sempre me faziam sonhar que um dia algo parecido aconteceria comigo, mas aconteceu de forma completamente diferente e mesmo assim não perdeu a mágica.
- Pra ser bem sincera? – fiz uma careta fechando um dos olhos e minha mãe afirmou com um sorriso. – Eu não sei. – suspirei em completo pavor e a ouvi rir largamente, me fazendo rir junto, liberando metade daquela tensão toda. – O que você faria?
- Eu? Bom, eu esperaria que ele se desculpasse, ouvir tudo que ele tinha para dizer e depois disso analisar se o merecimento de perdão era válido. – ouvi uma risada baixa e a abracei com força, sentindo que eu era abraçada de volta da mesma forma. – Ele só está um pouco perdido por causa daquela bruxa.
- Mãe! – soltei um grito esganiçado e nós rimos alto.
- O quê? Fada que ela não é! – sério, minha mãe era a melhor do mundo! – Ah, meu amor, eu engolia todo o meu orgulho e recepcionaria aquela vaca, mais uma vez, com um sorriso no rosto se fosse para te ver feliz de novo.
- Obrigada, mamãe! – respirei fundo me aninhando mais um pouco no abraço gostoso dela e senti um beijo na cabeça, bem antes da porta do meu quarto ser aberta por uma tropa de garotas que pareciam bem preocupadas.
Sério, eu tinha as melhores primas do mundo! Elas estavam todas com os olhos arregalados, como se perguntassem se poderiam entrar ou não e por certo traziam algo pra me animar, eu esperava que fosse uma garrafa de vodca bem escondida, assim como nos velhos tempos. Que nossos pais nunca soubessem daquilo, mas fazíamos misérias nas férias juntas. De anjos, só tínhamos a cara.
- Podemos entrar? – Emma perguntou com um brilho gigante nos olhos e sorri grandemente, sabendo que ela tinha feito à coisa certa e o melhor, meus tios tinham apoiado e aceitado muito bem. Eu amava aquela família.
- Claro que podem! Vão, entrem. – minha mãe chamou com um aceno de mão nos fazendo rir. – Lou está precisando de uma recarga de energia de pessoas da mesma idade dela. De juventude! – a melhor mãe do mundo piscou nos fazendo rir e assim as meninas entraram carregando muitas coisas, quase parecendo uma festa do pijama, mesmo que ainda fossem 10 da manhã.
- Tia, mais juventude do que a sua, duvido que exista! – Lottie disse rindo e dona levantou da cama, beijou minha testa e com uma piscada, me fez sentir melhor em relação a tudo que estava acontecendo naquele dia. Ela beijou a cabeça de cada uma das meninas e por fim saiu do quarto gritando um “não bebam muito!”.
- Cara, tia é pirada! – Mel riu alto nos fazendo rir junto e logo senti quatro corpos pularem em cima de mim, me abraçando como se eu fosse um bicho que precisasse de abraço. Pra falar a verdade? Eu era mesmo!
- Qual garrafa vocês trouxeram? – perguntei apertando quem eu podia no abraço e Emma gargalhou.
- Você já bebeu demais por hoje, aquieta esse coração. – minha melhor amiga era uma chata, mas eu amava. Fiz um bico gigante.
- Ninguém quer a noiva de ressaca em plena lua de mel. – Maya , eu tinha certeza que aquela garota me odiava na maioria das vezes, por que ela precisava ter razão?
- Não sei se teremos nem casamento, imagina lua de mel. – suspirei e vi algumas caretinhas.
Mas quer saber? Ficar de resmungo e remoendo a minha desgraça não ia resolver o problema, eu ia tirar as meninas de casa, íamos rodar os quatro cantos de Mullingar e o Tristan me encontrasse se quisesse.
- Eu tenho uma ideia! – sentei rápido na cama, vendo-as manterem a atenção bem focada em mim.
- O que é isso? – Lottie vincou um pouco as sobrancelhas e olhou pra janela de vidro do quarto.
Como o que era aquilo? Uma janela! Olhei pra lá um pouco confusa, no mesmo momento que vi uma pedrinha estalar no vidro. SOCORRO! Charlotte levantou da cama rapidamente e tão rápido quanto levantou, ela chegou à janela.
- SOCORRO, LOUISA! – o gritinho dela foi estridente, de olhos arregalados e completamente surpresa. Confesso que não demorou muito até que nós todas estivéssemos espremidas em uma janela na intenção de entender o que estava acontecendo ali.
- Merda, eu vou matar o . – foi tudo que eu consegui ler nos lábios do Tristan antes de cair em uma crise interminável de risadas. – Lou! Amor! – ele soltou um grito animado, olhando bem pra janela do quarto, enquanto eu ainda ria, mesmo que achasse muito fofo da parte dele.
Logo atrás meu belíssimo pai e meus quatro tios, juntamente com meus primos, amigos da onça. Olha, o Lenno estava vivo! Eles filmavam a cena com os celulares e riam do coitado do meu noivo como se ele fosse um comediante de stand up. Mas também, não tinha muito a se esperar quando você encontrava um rapaz lindo vestido com um mine vestido florado e ainda com uma coroa de flores na cabeça. Eu ia matar meu pai, mas era de abraços.
- Então, eu estou assim por culpa do seu pai! – ele começou falar e ri mais um pouco, na verdade, eu ria bastante. – Ai, meu Deus, que vergonha. – Tristan soltou morto de vergonha e as meninas riram mais, logo minha mãe e minhas tias saiam para o grande jardim, a fim de entender o que bodega era aquilo. – Mas eu queria mostrar que por você eu faço tudo! Tudo, tudo eu faço pra ter você comigo. Não importa que seja enfrentar a minha mãe, mostrando que ela está mais do que errada, até aparecer no jardim dos de vestido florado...
- Ei, meu vestido! – tia gritou indignada reconhecendo a roupa dela e o Mr. quase correu jardim afora. Sério, meu pai não prestava, ele só ria mais.
- Desculpa! Foi culpa deles, ! – o frouxo que eu amava desde os 20 anos de idade, apontou amedrontado para os outros cinco frouxos que eu amava desde que nasci. – Mas eu queria dizer que eu procurei a melhor coisa que simbolizasse uma prova de amor por você e uma forma que eu enfrentasse minha família ridícula, a única que eu achei foi essa! – ele apontou pra si fazendo meu peito encher e meus olhos também. – Foi usar um vestido pra dizer que eu sou seu, apenas seu, eu te amo e eu quero muito que você me perdoe, porque eu nunca, nunca vou desistir de nós dois.
- Awn! – o coro das meninas foi tão sincronizado que ri, sentindo as lágrimas felizes descerem por meu rosto.
- Eu não vou dançar Macarena, amor! – nós rimos. – Mas eu faria isso se soubesse!
- Desculpa, Isa! O papai tentou, mas ele não pegou a coreografia. – seu gritou, dando de ombros com uma expressão bem culpada, parecendo uma criança e eu sorri largamente, sentindo meu sorriso se transformar em gargalhada.
Olhei para as meninas, em busca de uma solução que não fosse descer as escadas daquela casa e atravessar todos os corredores pra chegar ao jardim. Minhas amigas se olharam procurando uma solução e logo Emma puxou os lençóis da cama, começando a fazer uma corda com eles. Depois de prender bem para que eu não me espatifasse no chão de uma queda, desci naquela corda improvisada o mais rápido possível e assim que senti meu peito do pé tocar o chão morno, larguei os lençóis da fuga e corri literalmente para os braços de Tristan.
Ele sorriu largamente me tirando do chão, enquanto éramos embalados a palmas, assobios e alguns gritinhos animados. Eu não conseguia parar de sorrir e segurei o rosto dele com as duas mãos, o beijando da forma mais terna possível.
- Eu te amo! – meu noivo disse com um brilho lindo em seus olhos, me fazendo beijá-lo novamente.
- Eu também te amo, Tris. Muito! – enchi o rosto dele de beijinhos, nos fazendo rir baixo. – E sugiro que você vista uma roupa decente, nosso casamento civil é em uma hora. – mordi a boca prendendo a risada que foi solta quando ele arregalou os olhos apavorado, certamente por ter esquecido dos horários.
- Eu juro que nunca mais peço ajuda ao se pai para nada! – meu futuro marido disse com a maior convicção do mundo, me fazendo rir alto e abraçá-lo com força, muita força, sabendo que ele não desistiria de nós.

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Tristan & Louisa’s Wedding!
Fevereiro de 2049. Dia 14 às 10:00.

Mrs. ’s POV

Eu tinha prometido a Isa que iria engolir o meu orgulho e tratar Millicent, como se nada houvesse acontecido. Incrivelmente era exatamente o que eu tinha feito, e vinha fazendo, mas estava extremamente complicado manter a classe com aquela mulher chata buzinando em meu ouvido que o Tristan estava demorando demais, que a própria Lou estava demorando e que ela não esperaria mais nenhum minuto pra saber o que estava acontecendo. Minha cabeça se mexia no automático, confirmando com tudo que ela dizia, para simplesmente não arranjar mais qualquer confusão no casamento da minha filha.
O quintal dos estava deslumbrante, muito bem decorado com as cores leves, flores lindas e pessoas mais bonitas ainda, meus gêmeos pareciam bem quietinhos conversando com o Lenno e por mais que aquilo não fosse garantia de nada, eu estava mais tranquila. Eles sabiam a confusão que tinham causado e não moveriam uma palha fora do lugar, ou iriam se ver comigo, mais uma vez.
- Para onde Millicent Admas vai caminhando tão firmemente? – o deboche na voz de me fez rir, assim que ela me cutucou na cintura.
- Espero que embora! – arregalei de leve os olhos. – Pra bem longe de mim e desse casamento, ou eu juro que arranco essa peruca dela, hoje. – bufei um tanto saturada e ouvi minha amiga rir abertamente.
- Que horas será o espetáculo? Não posso perder. – chegou se entrosando no assunto e abrimos sorriso orgulhosos pela nova vovó.
- Oi, vovó do ano! – saiu em coro e ainda não tinha perdido a graça desde que ela havia nos contado. A baixinha bufou incrédula com o que tínhamos dito e findamos rindo baixo.
- Eu só não mato o Lenno, porque cuidar de uma criança é castigo o bastante. – ela suspirou exasperada. – Mas eu juro que minha vontade de cobrir aquele filho da mãe de tapas foi enorme! Céus, como foi!
Nós acabamos por soltar leves risadas, mesmo que desgostosas.
- E a Emma? – perguntei a minha outra comadre e a Mrs. abriu um sorriso comedido, mas bem feliz por a filha ter tomado coragem pra assumir algo que ainda era bem difícil naquelas épocas.
- Ainda preciso me situar na situação. – nós rimos. – Mas fico feliz que a Ems tenha tomado coragem pra assumir algo tão difícil, pra mim não importa a orientação sexual dela, eu só quero que a minha filha seja feliz e não se afaste de mim, que sejamos assim sempre. – ela abriu um sorriso bonito e eu a sorrimos imensamente orgulhosa por nossa amiga! Era incrível ver como crescíamos muito mais a cada dia, mesmo que às vezes parecesse que não tinha mais pra onde crescer.
- Assim que se fala! – encorajamos em coro e a fez uma reverência exagerada.
- Querem relembrar os velhos tempos e tomar uns goles depois desse casamento? – perguntou com uma careta meio apavorada e gargalhamos. – É sério, gente, nós três estamos precisando. Se quiser chamar a Millicent, acho que até ela!
- Pra ser sincera? Acho que ela precisa de um calmante! – apontou para a sogra da minha filha e vi o quanto ela parecia apavorada, desesperada procurando alguma coisa. O que merda tinha acontecido?
- O que raios aconteceu? – resmunguei mais como uma pergunta retórica e minhas amigas deram de ombros, mostrando não fazerem a mínima ideia. – Eu vou ver com ela o que houve. – respirei fundo, porque pra ser bem sincera, até eu estava ficando preocupada com aquele desespero todo.
Sai andando de forma discreta, realmente na intenção de saber o que tinha acontecido com Millicent, mas antes que eu pudesse chegar perto para entender o que diabos estava acontecendo, a ouvi gritar que Tristan e Louisa tinha sumido, causando um alvoroço imenso entre os convidados. Cobri o rosto com a mão, dividida entre querer sumir e matar meu marido. Eu tinha certeza que aquilo era coisa dele, quando eu mais estava despreocupada com os gêmeos, a criança mais velha me aprontava uma daquela.
Puxei o ar com força pra voltar de onde eu vinha e fui abraçada por trás.
- Eu te amo, sabia? – perguntou baixo bem perto do meu ouvido, depois deu um beijo casto no meu pescoço. Ele era um cretino, mas eu amava aquele homem, sem falar que era errado eu querer rir do desespero da Millicent, mas eu queria.
- Não , eu te amo. – passei meus braços por cima dos dele e meu marido riu baixo, encostando a testa em meu ombro. Mordi de leve a boca, sacudindo a cabeça e virei de frente pra ele o abraçando, vendo aqueles olhos brilhantes me encararem. – Eu sei que é errado, mas obrigada por ter feito isso pela Louisa. – mordi levemente a boca. – Eu não sei se ela aguentaria o resto dessa festa sem explodir. – lhe dei um selinho e meu marido me olhou um pouco confuso com as sobrancelhas vincadas, tentando esconder que aquilo era obra dele. – Qual é? Você acha mesmo que eu não ia saber que você tinha armado isso? – perguntei rindo e ele soltou a risada, acomodando o rosto no vão do meu pescoço, enquanto me abraçava com força, na intenção de não dar muita bandeira.
Sério, eu amava aquele homem e não era pouco.
- Como um ótimo pai, eu precisava salvar minha garotinha. – ele disse ainda com a voz meio abafada e beijou meu ombro, levantando a cabeça em seguida para me olhar.
- E como uma ótima mãe, eu vou guardar segredo. – pisquei o fazendo sorrir largamente, aquele sorriso torto que ainda fazia meu pobre coração, no auge dos seus cinquenta e poucos anos, bater forte ao ponto de vibrar na garganta. Trinta anos depois e eu ainda era perdidamente apaixonada por ele.
- Uh, bad momma! – mordeu a boca me fazendo gargalhar pela expressão grotescamente safada. – Mas, o que você acha da gente invadir algum banheiro por aqui? – ele perguntou em meu ouvido e lhe dei um tapa no ombro, o fazendo rir, ao mesmo tempo em que me roubava alguns poucos beijos.
O velho que ainda achava que poderia agir feito um moleque em cima do palco, segurou meu corpo com um pouco mais de firmeza e com o movimento do próprio corpo, me deitou no ar, quase nos fazendo parecer a última cena de algum filme dos anos 70, ou simplesmente uma das fotografias mais famosas do mundo, V-J Day in Times Square*.
- Você é um cenarista! – acusei sentindo um sorriso bobo se formar em meus lábios e em seguida vi soltar uma piscadela marota, um pouco antes de me beijar como se ainda mal nos conhecêssemos, ou estivéssemos em começo de namoro.
Era aquilo que eu amava em nosso casamento, o fato de não cairmos na rotina. E era aquilo que eu queria que a Louisa vivesse, um casamento que não caísse na rotina.

* é uma famosa fotografia de Alfred Eisenstaedt que retrata um marinheiro norte-americano beijando uma jovem mulher em um vestido branco no Dia V-J na Times Square em 14 de agosto de 1945.






THE END!



Nota da autora: E disseram que 2018 seria o ano do retorno, não é mesmo?
Se até a Rouge voltou, Spice girls em vias de voltar, Jonas Brothers na mesma mira, por que Just a Perfect Day não voltaria para uma turnê de despedida?
Queria declarar que amei reviver essas histórias maravilhosas, trazer personagens novos, mostrar mais confusões, mostrar até onde esses papais loucos iriam por sua filha. Sem mencionar as supresinhas que tivemos ao longo da história! Porque se não tem emoção, não é Just a perfect day, não é mesmo?
Espero que vocês tenham gostado de mais um casamento nessa família One Direction louquíssima que me enche de saudade! Não darei como ultimato, quem sabe daqui uns anos não vêm a surgir à quíntupla dessa saga?
SIM! VIRAMOS SAGA! AAAAAAAAAAH!
No mais, deixo vocês sonhando com o Tristan, por que olha, pra ser bem sincera, eu queria ele na minha!
Beijão meninas e até uma possível próxima!




Nota da beta: Foi bom matar as saudades que eu estava dessa saga maravilhosa, porque é saga mesmo kkkkkkk. Como sempre eu ri horrores porque JAPD nunca peca nisso, a discussão entre as mães, os gêmeos, o pp, a pp, enfim tudo maravilhoso. Tatye, você sempre me surpreende positivamente! Tomara que tenha mais ideias nessa caxolinha linda para uma continuação hahahaha! Beijos <3

Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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