Capítulo Único
Antes…
Escondida atrás de entulhos, ela ouvia os gritos das pessoas de sua pequena cidade sendo aniquiladas, do seu clã desaparecendo. Mas ela continuava ali, na esperança de seus pais voltarem e resgatá-la, mas ninguém voltou. Ela sentia aquele frio enorme, e seus olhos começaram a arder, como se algum tipo de areia entrasse nele, e ela começou a tossir. Aquilo era realmente areia, e se mexia, tirando todos os entulhos que ela estava escondida atrás. Ela apenas abraçou as pernas e sentiu as lágrimas rolando.
— A-alguém sobreviveu? — Ela escutou uma voz masculina.
— Sim, atrás dos entulhos. — Outro menino respondeu, com uma voz serena. Ela tossia por causa da areia, que ia removendo todos os entulhos, e apenas aguardava a morte.
— Está tudo bem. — Ela ouviu uma voz feminina, que mexia nos entulhos, e logo viu uma mão esticada. — Viemos ajudar. — Ela segurou aquela mão, mesmo sem saber se podia confiar, e então se levantou.
— Somos da Aldeia da Areia. — Disse um deles, com maquiagem e uma roupa preta. Ela se encolheu, e a garota loira a abraçou.
— Qual é o seu nome? — Perguntou a garota.
— Saito . — Respondeu ela.
— Eu sou Temari, aquele ali é o Kankurou, e o outro é o Gaara. — Ela virou o olhar para o menino ruivo, com um olhar profundo, que carregava algo estranho nas costas, e desmaiou, sendo segurada por Temari. — Ela deve estar traumatizada demais.
— O que faremos? — Perguntou Kankurou.
— A levaremos para a Aldeia. — Respondeu Gaara. Kankurou e Temari arregalaram os olhos.
— Tem certeza, Gaara? — Perguntou Kankurou.
— Sim, vamos. — Gaara se virou, caminhando em direção à Aldeia. Temari e Kankurou o seguiram, carregando .
Agora…
caminhava para casa, cabisbaixa. Alguns minutos antes, tinha escutado de várias pessoas que ela era uma fracassada e que foi um erro terem a levado para aquela Aldeia, que ela era apenas uma estrangeira que ninguém gostava. Perguntava-se por que aqueles três não a deixaram morrer lá? Seu sofrimento teria acabado. Aliás, onde será que eles estavam? Ela ouviu alguns boatos sobre eles estarem ensinando crianças, sobre o Gaara estar tentando se incluir na Aldeia. Mas ainda escutava que ele era um monstro e que a Aldeia seria melhor sem ele. Melhor? Como? As pessoas são maldosas em suas palavras. Ela havia tomado uma decisão e estava caminhando para o lugar mais alto da Aldeia da Areia. Após chegar ali, ela encarou aquela Aldeia, que a acolheu, em partes. Foi difícil ser aceita ali, e até hoje era difícil. Ela fechou os olhos e sentiu o vento bater em seu rosto, balançando seu cabelo.
— O que está fazendo? — Ela escutou uma voz masculina e serena, que ela reconheceu como a mesma voz que ouviu no dia em que foi salva.
— Pensando. É difícil ser aceita aqui. — Respondeu ela, sem desviar o olhar. Ouviu passos e sentiu que o garoto havia se aproximado dela.
— Nem me fale. — Disse ele. Ela se virou para ele e sorriu, deixando-o assustado. — Você é Gaara, certo? Eu me lembro de você. — Ele assentiu. — Você estava lá, no dia em que me trouxeram para cá. — Ele assentiu de novo. — Eu deveria te agradecer, né? Obrigada, então. — Ela estava sem jeito, o que fez o garoto achar que ela estava com medo.
— Não precisa. — Respondeu ele.
— Que bom, porque, sendo sincera, eu não me sinto grata. — Ela suspirou, deixando-o curioso.
— Por quê?
— Porque eu não consigo ser feliz aqui. Digo, esse lugar não ama os próprios cidadãos daqui, muito menos os estrangeiros.
— Eu pretendo mudar isso. — Respondeu ele, e ela o encarou, confusa. — Serei o próximo Kazekage. — Ela sorriu.
— Fico feliz, Gaara. — Ele sorriu de lado. Era a primeira vez que ele via um sorriso genuíno para ele. — E, principalmente, por você estar sendo aceito por essa Aldeia, o que não vai acontecer comigo.
— Por quê? — Ele a encarou, confuso.
— Bom, mesmo que eu me esforce, as pessoas continuam dizendo que sou um fracasso, e que sou apenas uma estrangeira e nunca seria capaz de ser uma kunoichi da Areia. — Ela suspirou.
— Eu entendo a sua dor, as pessoas costumam dizer que sou um mons... — Ela o interrompeu.
— Eu sei, já escutei isso por aqui. — Ele abaixou a cabeça, e ela o encarou com pena. — Não acho que você seja um monstro. — Ele levantou a cabeça e virou seu olhar para ela, confuso. — Um monstro teria me deixado lá para morrer. Na verdade, que autoridade os seres humanos têm para denominar alguém de monstro? Eu olho nos seus olhos, e nada que eu enxergo se parece com um monstro. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir de lado.
— Você pertence à Aldeia da Areia, não importa o que digam. Você se tornará uma excelente kunoichi. — Respondeu ele, e ela sorriu. — As pessoas ainda temem a mim, mas eu pretendo mudar isso.
— Você vai conseguir, Gaara! E será um excelente Kazekage, espero estar aqui para ver isso acontecer.
— Você vai. — Respondeu, sério. — Não importa o que digam, não desista. — Ele segurou sua mão, sorriu de lado e saiu dali caminhando. Aquela foi a segunda vez que seus olhos se cruzaram com os olhos do monstro, que era tudo, menos um monstro de verdade.
Enquanto caminhava de volta para casa, pensava em como seria quando Gaara se tornasse o Kazekage. Aquele lugar realmente precisava de mudança, aquelas pessoas precisavam mudar. Talvez ela precisasse mudar. Ela correu em direção à sua casa. Ela iria para Konoha pedir para ser treinada por Tsunade. Colocou várias roupas dentro da bolsa, depressa, e catou algumas coisas, saindo correndo.
— Aonde pensa que vai? — Ela reconheceu a voz de Baki.
— Para Konoha. — Respondeu, sem se virar para ele.
— E vai perder o Gaara se tornando Kazekage? Eu sei que você gostaria de ver isso. — Ele se aproximou da garota, que fez uma cara feia.
— Pelo menos em Konoha eu sei que ninguém irá reclamar de me treinar. Eu quero me tornar uma ninja médica e quero aprender com Tsunade.
— Se você quer mesmo ser uma ninja médica, por que não treina com a Honorável Chiyo? — Ela fez uma cara mais feia ainda.
— Senju Tsunade é a melhor ninja médica do mundo ninja.
— , você não vai partir desta vila. — Foram as palavras finais de Baki, fazendo com que a menina bufasse.
— Você quer ser uma ninja médica? — Ela escutou uma voz feminina e fraca.
— Sim, Vovó Chiyo. — Respondeu ela, suspirando. A mais velha se surpreendeu pela garota ter reconhecido sua voz.
— Eu posso treiná-la. Não sou a Senhora das Lesmas, mas ainda sou uma ninja médica. — Ela se virou para a mais velha, que tinha a mão estendida para ela, e sorriu, segurando a mão dela.
Dias se passaram desde que o treinamento havia começado. Gaara tinha se tornado Kazekage, e estava se preparando para o exame Chunnin, quando foi chamada para uma missão. Como ela havia se juntado às tropas comuns, isso deveria acontecer bastante, apesar das outras pessoas não gostarem muito dela.
— Tem certeza de que quer designá-la para essa missão, Gaara? — Perguntou Kankurou.
— Sim.
— E ela será capaz?
— Ela é capaz. — escutava atrás da porta, o que a fez sorrir de lado. Ela bateu na porta, que foi aberta.
— Saito , você está preparada? — Perguntou Kankurou.
— Hai! — Respondeu ela.
— Esperamos que você tenha êxito. — Ela assentiu e se retirou da sala. Temari podia jurar que viu os lábios de Gaara se mexendo, formando um leve sorriso.
— Você está sorrindo? — Perguntou ela. Kakurou se assustou. Gaara fechou os olhos e sorriu de lado.
— O quê… — Temari interrompeu o irmão mais velho.
— Você gosta dela! — Exclamou a loira, fazendo Gaara abrir os olhos, assustado.
— Eu não…
— Gosta sim, consigo perceber por esse sorrisinho no seu rosto. — Ela riu. — Quem diria, você gosta dela. — Ela gargalhou, e Kankurou estava confuso.
— Como isso aconteceu? — Perguntou Kankurou.
— Acho que eu sei. Tudo que quer é ser aceita como uma grande ninja e uma cidadã daqui, e as pessoas a destratam. — Disse Temari.
— Exatamente. — Concluiu Gaara. — E ela foi uma das únicas pessoas no mundo que me tratou como uma pessoa normal. Não tremeu ao falar comigo, não me viu como um monstro… — Temari o interrompeu.
— Ela se parece com o Naruto, na verdade. Não acha?
— Talvez ela precise conhecê-lo. — Respondeu Gaara. — Ela tem determinação, mas eu sei que ela já quis fugir daqui várias vezes.
— Não dá para julgá-la. — Disse Kankurou.
— Sim, eu pedi para que Baki ficasse de olho nela… — Temari o interrompeu.
— Por quê? Se as pessoas simplesmente a odeiam, por que não deixa ela ir embora? — Ele abaixou a cabeça.
— Posso estar sendo egoísta, mas… — Ele suspirou. — Eu não a odeio. — Aquilo foi o suficiente para os dois irmãos do garoto.
— Por que você continua na Aldeia mesmo sem ter amigos? — Perguntou um dos companheiros de equipe de , enquanto eles caminhavam ao encontro dos Ninja de Konoha para a missão. O outro o cutucou. — Estou apenas puxando assunto.
— Eu tenho um. — Respondeu.
— O Baki-senpai?
— Não, o Gaara-sama. — Eles chegaram ao ponto de encontro, e os dois riram entre si.
— Como você quer que as pessoas gostem de você, sendo amiga do Gaara-sama, que é um monstro? — Ela lançou uma kunai em direção ao homem que falou isso e foi para cima dele.
— Gaara-sama não é um monstro, ele é nosso Kazekage, e ele me salvou! Monstros são as pessoas que apontam dedos para ele, como se ele tivesse escolhido ser um Jinchuuriki. Vocês fizeram isso, a Aldeia fez isso! Dobrem a língua para falar do Gaara-sama na minha frente. Eu prefiro que todos me odeiem do que tratar alguém mal por algo que nem foi escolha dele, e nem dar a chance para conhecer a pessoa! Vocês são os verdadeiros monstros. — Ela sentiu uma mão pegando em seu ombro. Era um menino loiro de cabelo espetado e olhos azuis, que sorria e fazia sinal de positivo com o dedo. — E você, quem é?
— Eu sou Uzumaki Naruto, de Konoha! — Ele apontou para a bandana. — Esses são Sobrancelhudo e Sakura-chan. Aquele é o Kakashi-sensei. — Todos acenaram para ela, que soltou o companheiro de equipe, e acenou de volta.
— Eu não sei o nome desses dois, e pouco me importa.— Disse . — Mas me chamo Saito . — Os dois abaixaram a cabeça, e ele apertou a mão de Naruto. — Já ouvi falar sobre você, Naruto de Konoha. — O garoto ficou animado.
— Sério? O quê?
— Que você é o ninja mais cabeça oca… — Ele abaixou a cabeça, desapontado. — Mas você mudou o Gaara-sama, e aí ele salvou minha vida, então talvez eu esteja viva aqui graças a você. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir.
— Bom, vamos à missão? — Perguntou Kakashi, e eles assentiram.
— Então, você disse que o Gaara salvou sua vida? — Perguntou Sakura, puxando assunto, enquanto eles voltavam após a missão.
— Gaara-sama, Kankurou-sama e Temari-sama. — respondeu.
— Que legal, e você é uma Kunoichi da Areia desde então?
— Na verdade, eu não sou bem aceita lá… — Ela abaixou a cabeça, e Naruto a interrompeu.
— Eles também não aceitam o Gaara, né? — Ela negou com a cabeça. — E agora ele é o Kazekage, mostrou para todos seu valor! É por isso que quero me tornar Hokage, para mostrar a todos aqueles que não me aceitaram quem é Uzumaki Naruto! — Ela olhou para o garoto, e seus olhos brilharam.
— Você nunca pensou em desistir?
— Desistir? Esse é meu jeito ninja, eu não volto atrás com a minha palavra! — Respondeu Naruto. Seus olhos brilharam olhando para o garoto. Então esse é Uzumaki Naruto.
— Nos despedimos aqui. — Disse Rock Lee.
— Foi um prazer conhecê-los, ninjas de Konoha! — Disse ela, se virando para ir embora. — Ah, e Naruto? — Ele se virou para ela. — Espero vê-lo quando for Hokage! — Eles se viraram e retornaram às suas Aldeias.
Chegando à Aldeia, foi reportar a missão ao Kazekage.
— Com licença, Kazekage-sama. — Disse, entrando na sala.
— Ah, você retornou! — Exclamou Temari.
— E como foi? — Perguntou Kankurou.
— A missão foi um sucesso.
— E você fez amizade com seus companheiros de equipe? — Perguntou Gaara.
— Não, senhor.
— Por quê?
— Temos pensamentos diferentes, não concordo com eles.
— Em quê? — Perguntou Kankurou.
— Gostaria de não dizer isso.
— Desembucha! — Exclamou Temari.
— É sobre o Gaara-sama, ér… Nós nos desentendemos, porque eles disseram algo… — Temari a interrompeu.
— Já entendi. — Ela parecia estar irritada. — Sinto muito, esperávamos que você fizesse amigos e desistisse da ideia de ir embora da Vila.
— Na verdade, eu fiz um. — Ela sorriu. Todos a encararam confusos, menos Gaara. — O ninja de Konoha, Uzumaki Naruto. — Gaara sorriu de lado.
— E agora você vai para lá? — Perguntou Kankurou.
— Não, eu só não vou desistir de provar o meu valor. Afinal, agora esse é meu jeito ninja. — Ela sorriu, fazendo os outros sorrirem. — Se me permitem, eu preciso ir. — Ela se retirou, caminhando para o lugar onde conversou com Gaara da última vez.
— Eu sabia que te encontraria aqui. — Disse uma voz masculina, que ela reconheceu como Gaara.
— Gaara-sama! — Exclamou ela. Ele parou ao seu lado, fitando o horizonte.
— Por que você simplesmente não deixou que falassem mal de mim para fazer amigos?
— Fazer amigos baseado em mentiras? Não me sentiria bem, fingindo concordar com algo que não concordo, porque sei que não é verdade.
— Por quê?
— O quê? — Ela se virou para ele.
— Por que você não acha que eu sou um monstro como todos os outros? Por que você arriscaria viver sozinha para me defender?
— Porque você não é um monstro, e eu acho que não viveria sozinha. — Ela sorriu. Num ato inesperado, ele a abraçou. Temari e Kankurou observavam de longe e se chocaram.
— Você tem razão. — Eles se encararam e sorriram. Aquele abraço era a prova de que eles jamais se deixariam sozinhos, e que os dois se sentiam do mesmo jeito.
Escondida atrás de entulhos, ela ouvia os gritos das pessoas de sua pequena cidade sendo aniquiladas, do seu clã desaparecendo. Mas ela continuava ali, na esperança de seus pais voltarem e resgatá-la, mas ninguém voltou. Ela sentia aquele frio enorme, e seus olhos começaram a arder, como se algum tipo de areia entrasse nele, e ela começou a tossir. Aquilo era realmente areia, e se mexia, tirando todos os entulhos que ela estava escondida atrás. Ela apenas abraçou as pernas e sentiu as lágrimas rolando.
— A-alguém sobreviveu? — Ela escutou uma voz masculina.
— Sim, atrás dos entulhos. — Outro menino respondeu, com uma voz serena. Ela tossia por causa da areia, que ia removendo todos os entulhos, e apenas aguardava a morte.
— Está tudo bem. — Ela ouviu uma voz feminina, que mexia nos entulhos, e logo viu uma mão esticada. — Viemos ajudar. — Ela segurou aquela mão, mesmo sem saber se podia confiar, e então se levantou.
— Somos da Aldeia da Areia. — Disse um deles, com maquiagem e uma roupa preta. Ela se encolheu, e a garota loira a abraçou.
— Qual é o seu nome? — Perguntou a garota.
— Saito . — Respondeu ela.
— Eu sou Temari, aquele ali é o Kankurou, e o outro é o Gaara. — Ela virou o olhar para o menino ruivo, com um olhar profundo, que carregava algo estranho nas costas, e desmaiou, sendo segurada por Temari. — Ela deve estar traumatizada demais.
— O que faremos? — Perguntou Kankurou.
— A levaremos para a Aldeia. — Respondeu Gaara. Kankurou e Temari arregalaram os olhos.
— Tem certeza, Gaara? — Perguntou Kankurou.
— Sim, vamos. — Gaara se virou, caminhando em direção à Aldeia. Temari e Kankurou o seguiram, carregando .
Agora…
caminhava para casa, cabisbaixa. Alguns minutos antes, tinha escutado de várias pessoas que ela era uma fracassada e que foi um erro terem a levado para aquela Aldeia, que ela era apenas uma estrangeira que ninguém gostava. Perguntava-se por que aqueles três não a deixaram morrer lá? Seu sofrimento teria acabado. Aliás, onde será que eles estavam? Ela ouviu alguns boatos sobre eles estarem ensinando crianças, sobre o Gaara estar tentando se incluir na Aldeia. Mas ainda escutava que ele era um monstro e que a Aldeia seria melhor sem ele. Melhor? Como? As pessoas são maldosas em suas palavras. Ela havia tomado uma decisão e estava caminhando para o lugar mais alto da Aldeia da Areia. Após chegar ali, ela encarou aquela Aldeia, que a acolheu, em partes. Foi difícil ser aceita ali, e até hoje era difícil. Ela fechou os olhos e sentiu o vento bater em seu rosto, balançando seu cabelo.
— O que está fazendo? — Ela escutou uma voz masculina e serena, que ela reconheceu como a mesma voz que ouviu no dia em que foi salva.
— Pensando. É difícil ser aceita aqui. — Respondeu ela, sem desviar o olhar. Ouviu passos e sentiu que o garoto havia se aproximado dela.
— Nem me fale. — Disse ele. Ela se virou para ele e sorriu, deixando-o assustado. — Você é Gaara, certo? Eu me lembro de você. — Ele assentiu. — Você estava lá, no dia em que me trouxeram para cá. — Ele assentiu de novo. — Eu deveria te agradecer, né? Obrigada, então. — Ela estava sem jeito, o que fez o garoto achar que ela estava com medo.
— Não precisa. — Respondeu ele.
— Que bom, porque, sendo sincera, eu não me sinto grata. — Ela suspirou, deixando-o curioso.
— Por quê?
— Porque eu não consigo ser feliz aqui. Digo, esse lugar não ama os próprios cidadãos daqui, muito menos os estrangeiros.
— Eu pretendo mudar isso. — Respondeu ele, e ela o encarou, confusa. — Serei o próximo Kazekage. — Ela sorriu.
— Fico feliz, Gaara. — Ele sorriu de lado. Era a primeira vez que ele via um sorriso genuíno para ele. — E, principalmente, por você estar sendo aceito por essa Aldeia, o que não vai acontecer comigo.
— Por quê? — Ele a encarou, confuso.
— Bom, mesmo que eu me esforce, as pessoas continuam dizendo que sou um fracasso, e que sou apenas uma estrangeira e nunca seria capaz de ser uma kunoichi da Areia. — Ela suspirou.
— Eu entendo a sua dor, as pessoas costumam dizer que sou um mons... — Ela o interrompeu.
— Eu sei, já escutei isso por aqui. — Ele abaixou a cabeça, e ela o encarou com pena. — Não acho que você seja um monstro. — Ele levantou a cabeça e virou seu olhar para ela, confuso. — Um monstro teria me deixado lá para morrer. Na verdade, que autoridade os seres humanos têm para denominar alguém de monstro? Eu olho nos seus olhos, e nada que eu enxergo se parece com um monstro. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir de lado.
— Você pertence à Aldeia da Areia, não importa o que digam. Você se tornará uma excelente kunoichi. — Respondeu ele, e ela sorriu. — As pessoas ainda temem a mim, mas eu pretendo mudar isso.
— Você vai conseguir, Gaara! E será um excelente Kazekage, espero estar aqui para ver isso acontecer.
— Você vai. — Respondeu, sério. — Não importa o que digam, não desista. — Ele segurou sua mão, sorriu de lado e saiu dali caminhando. Aquela foi a segunda vez que seus olhos se cruzaram com os olhos do monstro, que era tudo, menos um monstro de verdade.
Enquanto caminhava de volta para casa, pensava em como seria quando Gaara se tornasse o Kazekage. Aquele lugar realmente precisava de mudança, aquelas pessoas precisavam mudar. Talvez ela precisasse mudar. Ela correu em direção à sua casa. Ela iria para Konoha pedir para ser treinada por Tsunade. Colocou várias roupas dentro da bolsa, depressa, e catou algumas coisas, saindo correndo.
— Aonde pensa que vai? — Ela reconheceu a voz de Baki.
— Para Konoha. — Respondeu, sem se virar para ele.
— E vai perder o Gaara se tornando Kazekage? Eu sei que você gostaria de ver isso. — Ele se aproximou da garota, que fez uma cara feia.
— Pelo menos em Konoha eu sei que ninguém irá reclamar de me treinar. Eu quero me tornar uma ninja médica e quero aprender com Tsunade.
— Se você quer mesmo ser uma ninja médica, por que não treina com a Honorável Chiyo? — Ela fez uma cara mais feia ainda.
— Senju Tsunade é a melhor ninja médica do mundo ninja.
— , você não vai partir desta vila. — Foram as palavras finais de Baki, fazendo com que a menina bufasse.
— Você quer ser uma ninja médica? — Ela escutou uma voz feminina e fraca.
— Sim, Vovó Chiyo. — Respondeu ela, suspirando. A mais velha se surpreendeu pela garota ter reconhecido sua voz.
— Eu posso treiná-la. Não sou a Senhora das Lesmas, mas ainda sou uma ninja médica. — Ela se virou para a mais velha, que tinha a mão estendida para ela, e sorriu, segurando a mão dela.
Dias se passaram desde que o treinamento havia começado. Gaara tinha se tornado Kazekage, e estava se preparando para o exame Chunnin, quando foi chamada para uma missão. Como ela havia se juntado às tropas comuns, isso deveria acontecer bastante, apesar das outras pessoas não gostarem muito dela.
— Tem certeza de que quer designá-la para essa missão, Gaara? — Perguntou Kankurou.
— Sim.
— E ela será capaz?
— Ela é capaz. — escutava atrás da porta, o que a fez sorrir de lado. Ela bateu na porta, que foi aberta.
— Saito , você está preparada? — Perguntou Kankurou.
— Hai! — Respondeu ela.
— Esperamos que você tenha êxito. — Ela assentiu e se retirou da sala. Temari podia jurar que viu os lábios de Gaara se mexendo, formando um leve sorriso.
— Você está sorrindo? — Perguntou ela. Kakurou se assustou. Gaara fechou os olhos e sorriu de lado.
— O quê… — Temari interrompeu o irmão mais velho.
— Você gosta dela! — Exclamou a loira, fazendo Gaara abrir os olhos, assustado.
— Eu não…
— Gosta sim, consigo perceber por esse sorrisinho no seu rosto. — Ela riu. — Quem diria, você gosta dela. — Ela gargalhou, e Kankurou estava confuso.
— Como isso aconteceu? — Perguntou Kankurou.
— Acho que eu sei. Tudo que quer é ser aceita como uma grande ninja e uma cidadã daqui, e as pessoas a destratam. — Disse Temari.
— Exatamente. — Concluiu Gaara. — E ela foi uma das únicas pessoas no mundo que me tratou como uma pessoa normal. Não tremeu ao falar comigo, não me viu como um monstro… — Temari o interrompeu.
— Ela se parece com o Naruto, na verdade. Não acha?
— Talvez ela precise conhecê-lo. — Respondeu Gaara. — Ela tem determinação, mas eu sei que ela já quis fugir daqui várias vezes.
— Não dá para julgá-la. — Disse Kankurou.
— Sim, eu pedi para que Baki ficasse de olho nela… — Temari o interrompeu.
— Por quê? Se as pessoas simplesmente a odeiam, por que não deixa ela ir embora? — Ele abaixou a cabeça.
— Posso estar sendo egoísta, mas… — Ele suspirou. — Eu não a odeio. — Aquilo foi o suficiente para os dois irmãos do garoto.
— Por que você continua na Aldeia mesmo sem ter amigos? — Perguntou um dos companheiros de equipe de , enquanto eles caminhavam ao encontro dos Ninja de Konoha para a missão. O outro o cutucou. — Estou apenas puxando assunto.
— Eu tenho um. — Respondeu.
— O Baki-senpai?
— Não, o Gaara-sama. — Eles chegaram ao ponto de encontro, e os dois riram entre si.
— Como você quer que as pessoas gostem de você, sendo amiga do Gaara-sama, que é um monstro? — Ela lançou uma kunai em direção ao homem que falou isso e foi para cima dele.
— Gaara-sama não é um monstro, ele é nosso Kazekage, e ele me salvou! Monstros são as pessoas que apontam dedos para ele, como se ele tivesse escolhido ser um Jinchuuriki. Vocês fizeram isso, a Aldeia fez isso! Dobrem a língua para falar do Gaara-sama na minha frente. Eu prefiro que todos me odeiem do que tratar alguém mal por algo que nem foi escolha dele, e nem dar a chance para conhecer a pessoa! Vocês são os verdadeiros monstros. — Ela sentiu uma mão pegando em seu ombro. Era um menino loiro de cabelo espetado e olhos azuis, que sorria e fazia sinal de positivo com o dedo. — E você, quem é?
— Eu sou Uzumaki Naruto, de Konoha! — Ele apontou para a bandana. — Esses são Sobrancelhudo e Sakura-chan. Aquele é o Kakashi-sensei. — Todos acenaram para ela, que soltou o companheiro de equipe, e acenou de volta.
— Eu não sei o nome desses dois, e pouco me importa.— Disse . — Mas me chamo Saito . — Os dois abaixaram a cabeça, e ele apertou a mão de Naruto. — Já ouvi falar sobre você, Naruto de Konoha. — O garoto ficou animado.
— Sério? O quê?
— Que você é o ninja mais cabeça oca… — Ele abaixou a cabeça, desapontado. — Mas você mudou o Gaara-sama, e aí ele salvou minha vida, então talvez eu esteja viva aqui graças a você. — Ela sorriu, fazendo-o sorrir.
— Bom, vamos à missão? — Perguntou Kakashi, e eles assentiram.
— Então, você disse que o Gaara salvou sua vida? — Perguntou Sakura, puxando assunto, enquanto eles voltavam após a missão.
— Gaara-sama, Kankurou-sama e Temari-sama. — respondeu.
— Que legal, e você é uma Kunoichi da Areia desde então?
— Na verdade, eu não sou bem aceita lá… — Ela abaixou a cabeça, e Naruto a interrompeu.
— Eles também não aceitam o Gaara, né? — Ela negou com a cabeça. — E agora ele é o Kazekage, mostrou para todos seu valor! É por isso que quero me tornar Hokage, para mostrar a todos aqueles que não me aceitaram quem é Uzumaki Naruto! — Ela olhou para o garoto, e seus olhos brilharam.
— Você nunca pensou em desistir?
— Desistir? Esse é meu jeito ninja, eu não volto atrás com a minha palavra! — Respondeu Naruto. Seus olhos brilharam olhando para o garoto. Então esse é Uzumaki Naruto.
— Nos despedimos aqui. — Disse Rock Lee.
— Foi um prazer conhecê-los, ninjas de Konoha! — Disse ela, se virando para ir embora. — Ah, e Naruto? — Ele se virou para ela. — Espero vê-lo quando for Hokage! — Eles se viraram e retornaram às suas Aldeias.
Chegando à Aldeia, foi reportar a missão ao Kazekage.
— Com licença, Kazekage-sama. — Disse, entrando na sala.
— Ah, você retornou! — Exclamou Temari.
— E como foi? — Perguntou Kankurou.
— A missão foi um sucesso.
— E você fez amizade com seus companheiros de equipe? — Perguntou Gaara.
— Não, senhor.
— Por quê?
— Temos pensamentos diferentes, não concordo com eles.
— Em quê? — Perguntou Kankurou.
— Gostaria de não dizer isso.
— Desembucha! — Exclamou Temari.
— É sobre o Gaara-sama, ér… Nós nos desentendemos, porque eles disseram algo… — Temari a interrompeu.
— Já entendi. — Ela parecia estar irritada. — Sinto muito, esperávamos que você fizesse amigos e desistisse da ideia de ir embora da Vila.
— Na verdade, eu fiz um. — Ela sorriu. Todos a encararam confusos, menos Gaara. — O ninja de Konoha, Uzumaki Naruto. — Gaara sorriu de lado.
— E agora você vai para lá? — Perguntou Kankurou.
— Não, eu só não vou desistir de provar o meu valor. Afinal, agora esse é meu jeito ninja. — Ela sorriu, fazendo os outros sorrirem. — Se me permitem, eu preciso ir. — Ela se retirou, caminhando para o lugar onde conversou com Gaara da última vez.
— Eu sabia que te encontraria aqui. — Disse uma voz masculina, que ela reconheceu como Gaara.
— Gaara-sama! — Exclamou ela. Ele parou ao seu lado, fitando o horizonte.
— Por que você simplesmente não deixou que falassem mal de mim para fazer amigos?
— Fazer amigos baseado em mentiras? Não me sentiria bem, fingindo concordar com algo que não concordo, porque sei que não é verdade.
— Por quê?
— O quê? — Ela se virou para ele.
— Por que você não acha que eu sou um monstro como todos os outros? Por que você arriscaria viver sozinha para me defender?
— Porque você não é um monstro, e eu acho que não viveria sozinha. — Ela sorriu. Num ato inesperado, ele a abraçou. Temari e Kankurou observavam de longe e se chocaram.
— Você tem razão. — Eles se encararam e sorriram. Aquele abraço era a prova de que eles jamais se deixariam sozinhos, e que os dois se sentiam do mesmo jeito.
Fim
Nota da autora: Oiiiii gente, espero que vocês gostem <3
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.