Keep Me

Única atualização em 26/12/2019

Capítulo Único

Era meia noite de uma quarta-feira fria, agora era oficialmente dia 22 de junho. estava em seu quarto, segurando um envelope nas mãos. Era um envelope imponente e que pesava responsabilidade. Na parte de trás, os dizeres em azul “Juilliard Dance Drama Music”. Ele sabia que estava segurando em suas mãos todo o seu futuro. Se tivesse entrado ou não, sua vida nunca mais seria a mesma. Resolveu ter certeza de que todos em sua casa estavam dormindo para poder abrí-lo com calma e pesar as consequências do que estivesse por vir. Já havia perdido as esperanças de receber qualquer resposta, pois sabia que o prazo final para a matrícula era em três dias. Seus pais confiavam tanto que ele iria passar que até a passagem já estava comprada para o dia 25 de junho. Se ele não entrasse, provavelmente o que aconteceria seria uma viagem em família para animá-lo.
hesitou ao abrir por um momento e, então, rasgou o envelope de uma vez.

“Caro ,

Parabéns! É com tremendo prazer que lhe informo que a Faculdade de Composição da Juilliard e o Comitê de admissões concede, a você, uma vaga na turma do programa de Música Contemporânea – Bacharelado em Música na Julliard School para a turma de 2019-2. A inscrição na Juilliard é uma oportunidade de fazer parte de uma comunidade de artistas reconhecidos ao redor do mundo e uma excitante e desafiadora educação musical. Nós gostaríamos de convidá-lo para juntar-se a nós no outono.

Aulas em estúdio:
Você estará na turma do Dr. Yoheved Kaplinsky. Em caso de emergência ou diferentes circunstâncias, um novo professor pode ser designado.

Matrícula:
Todas as admissões só serão efetuadas caso todos os documentos estejam de acordo e que você comprove formatura no ensino médio. Precisamos do diploma e todos os documentos até 1º de julho.
Você deve entrar em contato com a Juilliard para comunicar sua decisão acerca da matrícula para o outono até dia 25 de junho. Sua resposta e os 250 dólares da taxa de matrícula deverão ser submetidos no nosso website, na aba Decisão de Matrícula.

Não hesite em ligar para o departamento de admissões no número 212/799-5000, ramal 223 no caso de quaisquer dúvidas.

Nós esperamos ouvir de você em breve e desejamos as boas-vindas para a comunidade da Juilliard.
Sinceramente,

Lee Cioppa
Reitora de admissões


Nesse momento, você poderia tentar perguntar qualquer coisa a ele, mas era visível que ele estava incapaz de articular uma resposta e a verbalizar. Seus olhos estavam embaçados, por lágrimas que apareceram, e distantes. Não era possível perceber se estava feliz ou triste com a notícia. Talvez nem mesmo soubesse como reagir. A única coisa que tinha em mente no momento era ela: .
Como descrever ? Ela tinha os olhos azuis, cabelos castanhos claros que, dependendo do ambiente, brincavam com reflexos loiros ou ruivos. E uma voz incrível. Aparentemente, cantar bem era parte da família . era a filha do melhor amigo do seu pai e irmã gêmea do melhor amigo do irmão de , o que significa que a via a todo o momento desde que ela era apenas um bebê. Eles conviveram muito durante toda a infância, mas sempre esteve meio por fora por ser dois anos mais velho. Enquanto seu irmão, Buddy, que era apenas um mês mais novo, sempre esteve colado com os gêmeos .
era apaixonado por desde seus 15 anos. Seu sofrimento se arrastou por 3 longos anos, durante os quais ele tentou, de toda forma, esquecer esse sentimento. Sempre se sentiu culpado por gostar da menina. Como poderia fazer qualquer coisa? Seus pais os viam como primos. Daniel, pai dos gêmeos, confiava cegamente em para qualquer coisa que envolvesse . Muitas vezes, era o “acompanhante responsável” do grupo de “primos” que incluía o irmão mais novo dele, Buddy, o seu objeto de afeição, , o irmão gêmeo dela, Dave, e Lola, que era filha de outro melhor amigo de seu pai, Harry.
Os quatro jovens haviam nascido no mesmo ano e andavam sempre juntos. Dave e Buddy eram muito próximos, assim como Lola e . era o outsider, aquele que não estudava no mesmo ano, nem frequentava as mesmas festas. Eles nem sequer dividiam o mesmo intervalo na escola até o ano em que fez 15 anos. Nono ano. O ano em que eles conviveram mais do que nunca e em que ele percebeu que sentia algo mais pela menina .
Desde que descobriu sua paixonite, tentou se afastar um pouco do grupo, mas era impossível, levando em consideração que todos eram como primos, já que seus pais se viam constantemente.
O primeiro a descobrir o que sentia foi Dave, irmão gêmeo de . Ele era o único com quem podia desabafar nos dois primeiros anos da paixão. Logo depois, seu irmão descobriu e não tardou para que todos soubessem que o rapaz nutria um amor secreto pela menina.
Mas somente no aniversário de 16 anos dos gêmeos é que ela finalmente ficou sabendo o que sentia. E isso tinha acontecido há apenas duas semanas.

e Dave estavam completando 16 anos com uma festa à fantasia incrível. O tema da festa era filmes. Os gêmeos estavam fantasiados de vampiros com maquiagens inspiradas no filme Drácula. estava usando um vestido de baile vermelho sangue com rendas pretas, um espartilho trançado e uma gargantilha preta que tinha uma pequena garrafa cheia de “sangue” em formato de coração. Todos haviam se produzido muito bem para a festa. estava de Obi-wan, Buddy de Luke Skywalker e Lola estava Mulher Gato.
Durante a festa, resolveu que iria permanecer na mesa com seus pais e amigos bebendo qualquer coisa alcoólica. Ele queria afogar o fato de que ninguém naquela mesa aprovaria o desejo dele de namorar a menina que estava fazendo 16 anos naquela noite. Tudo que ele queria era ter 16 anos naquele momento e não 18.
- Querido, por que você não vai aproveitar a festa? – Giovanna, sua mãe, puxou conversa após algum tempo.
Ela havia notado que, nos últimos meses, estava cada vez mais afastado dos outros. Principalmente agora que havia terminado a escola e estava prestes a entrar numa faculdade.
apenas levantou os ombros.
- Vá lá, , tem amigas mais velhas das aulas de música. Talvez você possa se dar bem hoje. – Danny, pai de , fez piada, tentando encorajar a se levantar.
respirou fundo e resolveu fingir que tinha aceitado a oferta, dando um leve sorriso ao levantar da mesa e se dirigir à pista de dança. Procurou qualquer um com o olhar, mas não achou ninguém fora ela. Resolveu sentar num banco que havia por ali para continuar admirando enquanto a garota se divertia em sua festa. Um tempo depois, ele sentiu um braço passar por cima de seus ombros.
- Você realmente não consegue disfarçar, não é mesmo? – Seu pai ajeitou os óculos com a outra mão e deu uma risadinha.
Podia ver nos olhos de a cara de bobo apaixonado.
- Disfarçar? Não sei do que o senhor está falando, pai. – Ele tirou os olhos da pista de dança mas ficou vermelho no ato.
- Desde quando você gosta dela?
suspirou.
- De que importa? Nunca poderei fazer nada mesmo... – E abaixou a cabeça de uma forma triste.
- Ela só te vê como amigo?
- Ela me vê como irmão do amigo dela.
- O que ela falou quando você disse?
deu uma risada e encarou o seu pai.
- Tá falando sério? – Tom levantou apenas uma de suas sobrancelhas e continuou encarando seu filho. – Eu nunca falei nada, e nem pretendo.
- Como você sabe que ela não sente nada por você?
- Simplesmente sei, pai.
- Você não sabe de nada, jovem padawan. – Seu pai brincou com a fantasia de e depois levantou, rindo, andando em direção a .
ficou petrificado. Seu pai não podia ir até lá falar com ela, isso seria vergonhoso. Ele levantou correndo e foi ao alcance do pai.
- Ei, me espera, não fale nada!
- Não fale nada para quem? Falar para mim? – surgiu ao lado de naquele instante e congelou todo o sangue que corria em seu corpo.
sentia como se tivesse perdido a habilidade de andar, pensar e falar. Tom estava dando uma gargalhada gostosa ao ver a cena.
- Feliz aniversário, meu bem. – Ele deu um abraço em enquanto seguia petrificado. – Você assustou o , ele ainda não se recuperou.
- Ha ha ha, muito engraçado, pai. Estou bem. Parabéns, . – Ele disse enquanto estendia a mão para a menina.
- Qual o seu problema, ? – deu um tapa na mão estendida dele e o puxou para um abraço. – Não mereço um abraço nem no meu aniversário? Seu insensível.
deu apenas um sorriso amarelo e retribuiu o abraço. Sentiu vontade de não largá-la nunca mais. Ainda estava perdido no abraço quando ela se afastou.
- Mas então... O que vocês não iam falar para alguém? – voltou ao assunto anterior.
- Bem, não queria que você soubesse que foi ele quem escolheu o seu presente de aniversário. – Tom trocou um olhar cúmplice com o filho, que respirou aliviado ao perceber que seu pai não era louco de sair por aí contando que ele estava apaixonado. – De qualquer forma, ele escolheu o seu presente e Buddy escolheu o do seu irmão.
- Será que você acertou no meu presente? – deu um sorriso que tinha certeza que podia iluminar o mundo inteiro.
- Veja e decida! – Tom tirou uma caixa azul clara do bolso e entregou para . – É um presente da família toda. Esperamos que você goste.
Logo depois de passar a caixa para a mão de , Tom pediu licença para encontrar Buddy e entregar o presente de Dave.
- Como é? Você vai me entregar ou não? – brincou enquanto segurava a caixa, olhando seu pai sair sorrindo.
- Ah sim, claro. Aqui está. Feliz aniversário. Você pode trocar se não gostar.
segurou a pequena caixa nas mãos. Ela já sabia que seria alguma joia, a caixa azul era inconfundível. Ao abrir, ela viu um pequeno medalhão prateado em formato de coração com um pequeno fecho, quase imperceptível. a encorajou a abrir o colar. Dentro, eles haviam colocado uma pequena foto com toda a família dela em um dos lados. Era uma foto antiga que havia sido tirada quando o irmão mais novo dos gêmeos tinha completado três anos. Estavam todos lá, sorrindo, dentro do medalhão. deu outro abraço em , agradecendo o presente.
- Isso é lindo, . – Ela disse enquanto o abraçava. – Você sabe o tanto que eu amo minha família.
- Que bom que você gostou. Foi difícil achar uma foto de todos vocês que coubesse no coração.
- Eu acredito! – deu um sorriso olhando para a foto e então notou que o outro lado do colar também era um espaço para foto. – Por que você não colocou em duas fotos?
- Achei que você gostaria de ter um espaço para colocar o que quiser no seu coração. – disse e levantou o ombro. – Você pode mudar depois.
deu um sorriso e um beijo na bochecha de . Ela ia falar alguma coisa quando foi interrompida por outro convidado. Olhou para antes de sair com um olhar de “depois conversamos” e saiu junto com o outro amigo.
Dave estava conversando com um amigo quando viu conversando com sua irmã e resolveu que ele já havia esperado demais. Olhou ao redor e encontrou Lola com o olhar. Despediu-se rapidamente do amigo e foi em direção a ela. Enquanto andava, sentiu borboletas no estômago. Não era novidade para ninguém que ele tinha uma queda gigantesca por Lola. Nunca conseguia conversar com ela sozinho, era patético. Mas tentou deixar de lado seu nervosismo para tentar pedir a ajuda da menina. Eles iam fazer se declarar e seria naquela noite.
- Lola, posso conversar com você sozinho um minuto? – Ele chegou chamando a menina, que estava entretida numa conversa com outras três garotas.
Todas olharam para ele com um sorriso vermelho de quem foi pego em flagra. Elas estavam falando justamente sobre o tanto que ele estava maravilhoso com aquela fantasia na hora em que ele apareceu.
Lola estava completamente vermelha e apenas acenou rapidamente com a cabeça. Trocou um olhar cúmplice e uma risadinha com as amigas antes de sair.
- O que vocês estão aprontando? – Ele perguntou ao notar as risadinhas e olhar das meninas.
- Nada. – Lola respondeu rapidamente, escondendo um pequeno sorriso que fez Dave perder a linha de pensamento. – O que você queria falar? – Ela mudou de assunto rispidamente.
Dave olhou no fundo dos olhos dela, tentando decifrar o seu olhar, mas acabou perdendo a concentração no mar azul piscina que eram os olhos dela. Lola acenou a mão na frente dos olhos de Dave.
- Você está aí? Dave?
Ele acordou do transe balançando a cabeça. Deu um sorriso para Lola e simplesmente apontou para e conversando do outro lado da pista de dança.
- Precisamos fazer alguma coisa acerca disso. Esses dois precisam se acertar logo, aquilo ali é deprimente. – Ao falar isso, se deu conta de que ele estava no mesmo pé que o amigo.
Soltou um pequeno suspiro, tentando deixar para lá que ele também era um idiota.
- Você sabe que ela não vai fazer nada a menos que dê um sinal.
- Ele não vai fazer nada porque acha que ela quer alguém mais novo. Os dois são uns idiotas.
- O que você pretende fazer?
- Perto da entrada do banheiro feminino, tem uma porta que leva para um jardim de inverno no terraço. Vou conseguir essa chave e daí levamos os dois para lá. Você leva a e eu levo o .
- Você pretende trancar os dois lá em cima? Isso não vai dar certo.
- Não, vamos apenas chegar lá, fazemos os dois falarem e deixamos eles lá com a chave. Não posso sumir por muito tempo da festa, sempre estão procurando um de nós porque somos os aniversariantes. Estando na festa com você, nós dois podemos acobertar os pombinhos, se tudo der certo.
- Certo. Como você pretende conseguir essa chave?
Dave deu um sorriso com a boca fechada e levantou rapidamente as duas sobrancelhas.
- Tenho meus truques. – Ele se virou, puxando sua capa de Drácula e fazendo uma saída dramática.
Lola deu uma risada mas não deixou de notar o tanto que aquele sorrisinho havia afetado suas pernas. Algum tempo depois, Dave passou por Lola balançando uma chave e o seu celular. Fez um sinal para que Lola olhasse o dela. Ele havia mandado uma mensagem.

Mudança de planos. Busque o , já estou levando minha irmã.

Lola correu seu olhar por toda a festa e conseguiu localizar . Ele estava pegando uma taça de champanhe no bar. Andou até o amigo, tentando formular uma boa desculpa. Quando chegou perto, olhou para os lados e viu Dave tirando uma foto com a irmã, saindo em direção à porta do terraço.
- Você tem muita chance com ele, sabia? – falou baixinho do lado de Lola antes que ela percebesse sua presença.
Lola apenas deu um sorrisinho tímido.
- Você fala isso para mim, mas não faz nada acerca da , não é mesmo? – Lola retrucou.
, pego de surpresa, ficou calado por uns segundos. Então Lola conseguiu formular uma ideia para levá-lo até o terraço.
- Vamos fazer o seguinte, . – O menino a encarou quando ela começou a falar de forma enfática. – Você fala para a o que sente e eu falo para o Dave. Hoje. Agora. Topa? – Assim que terminou de falar, Lola começou a sentir suas pernas tremerem.
Será que conseguiria? Ele ficou sem reação, jamais imaginara que Lola falaria algo daquele jeito.
- Como eu vou saber que você falou? – Ele desafiou a menina – Não vou falar primeiro e deixar você escapar dessa.
- Eles estão indo por ali, está vendo? Vamos seguí-los e os levar a um lugar mais vazio. Eu falo primeiro.
Nesse momento, ela começou a sentir suas mãos suarem frio. Não ia ter escapatória.
- Então vamos! – não acreditava que ela teria coragem de falar nada quando chegassem lá, então já estava criando desculpas aleatórias para ter seguido os gêmeos.
Dave havia dito à sua irmã que tinha um presente para ela, mas que ele queria entregar sem que ninguém visse. Assim, a convenceu a subir até o terraço. Ao chegarem lá, deram de cara com uma noite muito estrelada. estava admirando o céu quando perguntou onde estava o seu presente.
- Já está chegando. – Dave respondeu.
Então viu Lola subindo com uma feição extremamente nervosa e ansiosa pelas escadas, muito diferente da menina que trocava risadinhas com as amigas há pouco tempo atrás.
- Oi, gente! – Lola disse, tentando controlar sua respiração.
Seu coração batia tão rápido que ela sentia como se ele fosse sair pela boca. Por que diabos ela resolveu fazer aquilo? Podia apenas ter levado e deixado Dave o fazer falar.
- Oi, Lola! Oi, ! – deu um sorriso e correu para abraçar a amiga. – Vocês vieram trazer meu presente? Ou não tem nada a ver com isso?
Dave ia falar algo quando foi interrompido por .
- Nada a ver com isso. Viemos aqui porque a Lola queria falar uma coisa. – E então ele olhou desafiador para a menina, que estava passando por muitos níveis de ansiedade e vergonha, apresentando uma coloração vermelho intenso quente nas bochechas em contraste com suas mãos, que estavam pálidas e mais frias que gelo.
Lola respirou fundo e deu um passo em direção a Dave. Ela não conseguia encarar o menino. percebeu o que estava acontecendo na mesma hora. Afinal, aquela era sua melhor amiga. Deu um sorriso encorajador e um aceno leve de cabeça para Lola quando trocaram um pequeno olhar. Isso foi o suficiente para dar uma pequena ingestão de coragem em Lola, que voltou o olhar para Dave.
- Eu... Hm... Dave... – Ela não conseguia encontrar palavras que não fossem idiotas para se declarar para o menino e estar na presença de e não estava ajudando.
- ! – falou rapidamente. – Venha aqui, rápido.
se assustou com o comando, mas obedeceu prontamente. Com isso, pegou sua mão e o guiou para outra parte do terraço, dando assim privacidade para os outros dois. Ao chegarem do outro lado, não conseguiam ouvir nada, mas podiam ver mais ou menos o que estava acontecendo. Lola estava falando algo olhando para o seu pé. viu seu irmão abrindo o maior sorriso já visto e a puxando delicadamente para um beijo. Ela deu um suspiro.
- Ai, ai. Queria ter essa coragem da Lola. – Soltou, sentando ao lado de numa pequena mureta que havia ali e apoiando sua cabeça em seu ombro.
- Coragem de quê? – se fez de desentendido.
- Falar que gosta de alguém assim do nada. Sem medo das consequências.
- Mas aqueles dois ali só estavam se enganando. Era óbvio que se gostavam, ela não tinha muito a perder
- Óbvio para nós de fora. Eu não a julgo. Eles são amigos há 16 anos. Isso pode estragar tudo, sabe? – Ela suspirou novamente.
ficou calado, apenas curtindo o momento com ela, tentando não pensar que teria que falar a qualquer momento o que sentia. Lola iria cobrar. Respirou fundo e resolveu que a hora era aquela, não tinha escapatória. Se não desse certo, em breve ele estaria indo embora para estudar fora. Se fosse aceito.
- A noite está muito bonita hoje, não é? - disse, olhando para cima enquanto pegava seu celular no bolso. – Vamos tirar uma foto?
A pergunta foi apenas por educação. Antes que pudesse dizer sim ou não, ela já estava com o celular na frente dos dois, tentando enquadrar o céu de uma forma que tudo aparecesse.
– Meu braço é muito curto. Pega, tira você a foto. - Ela passou o celular para .
abraçou e seus rostos ficaram muito próximos. Os dois sorriram e tirou a foto.
- Ficou ótima! – sorriu ao ver a foto. – Vou mandar para a impressora da festa e teremos em nossas mãos já! – ia se levantar para sair quando lembrou do irmão com Lola do outro lado.
- Será que já podemos sair? – Ela levantou, tentou espiar e viu que os dois ainda estavam por ali trocando beijos. – Acho que não seremos notados se sairmos.
percebeu que sua chance podia escapar a qualquer momento e resolveu soltar sem pensar.
- Preciso falar com você, não vai agora.
Sentiu suas pernas bambearem. Se estivesse de pé, com certeza teria caído no chão. Como aquela menina tinha esse poder sobre ele?
sentou novamente ao lado de e ficou olhando para ele, esperando que começasse a falar.
- Talvez o que eu te fale agora não seja algo que você espere ouvir, mas eu acho que você precisa saber de qualquer forma. – olhava para intrigada, tentava ler seus gestos e entender onde ele queria chegar, mas não era capaz.
deu um longo suspiro.
- Não sei se eu consigo.
Ele olhou para o chão. continuava analisando a situação. Sem saber como reagir ao certo, ela voltou a encostar a cabeça no ombro de . Ele continuava olhando para seus pés e respirando fundo.
- Sabe, ... – começou a falar para preencher o silêncio que se seguia. – Vou sentir muito a sua falta quando você for embora. Apesar de não sermos tão próximos assim, eu sinto que posso confiar em você para qualquer coisa.
percebeu que ele mantinha uma feição tensa. estava com a cabeça em parafuso. Será que valia a pena continuar falando?
- Eu gosto de pensar que você também confia em mim para qualquer coisa. – Ela pegou uma das mãos de e entrelaçou seus dedos nos dele. – Não importa o que você vai falar, acredite, você nunca vai me perder.
Nesse momento, juntou toda a coragem que tinha.
- Eu te amo, .
- Eu também te amo, . – Ela deu um sorriso.
percebeu que ela não tinha entendido muito bem o que ele quis dizer.
- Estou falando sério. Te amo mesmo. Desde que a gente se aproximou de verdade, há três anos. Já pensei que poderia ser só carinho ou que eu estava imaginando coisas. Mas quanto mais eu tentei afastar esse sentimento, mais forte ele ficou. E agora eu nem sei mais como é não te amar. Já faz parte de mim olhar para você e sentir um furacão de borboletas no estômago. Eu te amo. E acho que já passou da hora de você saber disso.
ficou alguns segundos processando o que havia acabado de acontecer. Enquanto ela olhava no fundo dos olhos de , uma vontade imensa de beijá-lo lhe ocorreu. Ela queria pular em cima dele, e foi exatamente o que ela fez.
foi pego de surpresa pelo beijo, mas retribuiu no mesmo momento. Sentindo uma felicidade e amor que não cabiam em seu peito, tudo que ele mais queria era que aquele momento nunca acabasse.


encarava o visor do celular. Estava pronto para mandar uma mensagem para , mas não sabia como escrever qualquer coisa. Mandou apenas um “Preciso te ver agora”. ficou online no mesmo segundo e respondeu: “Te encontro no meio do caminho. Rua 6, ok?”. Ele respondeu afirmativamente. Todos eles costumavam se encontrar nessa rua quando queriam se ver antes de sair, era o ponto de encontro deles por ser exatamente no meio do caminho da casa de todos. sentiu um calor no coração e um pouco de felicidade em ter recebido a resposta tão prontamente. Quase ao mesmo tempo, sentiu um peso forte apertando seu coração. Será que ele quebraria o coração da menina que ele mais amava naquele momento?
Quando se levantou para sair, viu à sua frente, logo acima de sua escrivaninha, a fotografia do dia da festa antes de ter se declarado. O tempo estava congelado para sempre naquele momento de felicidade e ansiedade. Pegou a foto e colocou no bolso de sua calça jeans rasgada, como um amuleto. Pegou as chaves do carro e saiu ao encontro de .
Ao estacionar o carro próximo à placa da rua seis, viu de longe que estava sentada num banco embaixo de um poste de luz junto com seu irmão Dave.
- Oi! – falou ao se aproximar dos gêmeos.
Dave se levantou e o cumprimentou.
- Eu vim apenas para fazer companhia para ela, vou deixá-los a sós. Você a leva de volta, certo? – respondeu que sim.
Dave seguiu para o outro lado da rua e continuou caminhando de volta para casa. estava desconfiada e ansiosa acerca do motivo daquela urgência toda de . Ele não sabia por onde começar a falar. Ela percebeu que havia algo de errado desde o início. não tinha problemas para iniciar conversas com ela nem mesmo quando mantinha seus sentimentos em segredo, não tinha motivo para ter mudado.
- Fala logo, ! Você está me matando de curiosidade. O que aconteceu?
se manteve calado e apenas estendeu a carta de aceitação para que ela pudesse ler. leu toda a carta, duas vezes. Sentiu muito orgulho e felicidade. Afinal, a Juilliard era o sonho dele desde que ela conseguia se lembrar. E era totalmente merecido. era um compositor incrível e tocava violão e bateria muito bem. Ao mesmo tempo, ela sentia uma pequena tristeza porque sabia que isso significava que eles estariam em continentes diferentes. Segurou uma lágrima que estava se formando no canto do seu olho.
- Parabéns, ! – A lágrima teimosa escorreu por sua bochecha e não passou despercebida por , que passou seu polegar delicadamente para secá-la.
- Eu não sei o que fazer. – Ele desabou em um abraço apertado.
o apertou forte.
- Você vai quando? – Não deixou aberta nenhuma possibilidade de desistência para ele.
- Em três dias.
- Muito bem, três dias. – estava nervosa e não conseguia pensar em mais nada, apenas repetia mentalmente “três dias, três dias, três dias...”.
notou que ela tentava segurar o choro e a abraçou mais forte. Nesse momento, quebrou o abraço e o puxou para um beijo.
- Vou sentir muito a sua falta. – Ela falou entre o beijo, deixando mais uma lágrima escapar.
Ele tirou a fotografia de seu bolso e entregou para . Ela sorriu ao ver a foto e começou a rasgá-la delicadamente para que sobrasse apenas o rosto dos dois e então colocou dentro do seu colar de coração.
- Vou te guardar no meu coração. – E deu um sorriso.

+ + +


Os dias que antecederam a viagem de foram extremamente corridos. Ele precisava arrumar literalmente tudo na sua vida para mudar para outro país em menos de 72 horas. Não conseguiu ver em nenhum momento. Isso fez seu coração apertar. Resolveu que escreveria uma carta para ela e a entregaria no aeroporto.
Não conseguia se concentrar para escrever nada da forma que ele desejava, foi então que ele pegou seu violão e as coisas começaram a fluir.

Amar pode machucar, amar pode machucar às vezes
Mas é a única coisa que eu sei
Quando fica difícil, você sabe que pode ficar difícil às vezes
É a única coisa que nos mantém vivos


Continuou tocando algumas notas no violão e sentiu a inspiração chegando.

Nós guardamos esse amor numa fotografia
Nós fazemos essas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca estão fechados
Nossos corações nunca se quebram
E o tempo ficará parado para sempre


Seguiu numa velocidade incrível e terminou toda a canção mais rápido do que nunca.

Então você pode me manter
Dentro do bolso do seu jeans rasgado
Me segurando por perto até que nossos olhos se encontrem
E você jamais estará sozinha
Espere por mim para voltar para casa


Resolveu que deveria gravar a canção para dar de presente para antes do seu embarque. Depois de finalizar tudo, guardou o pequeno pen drive com a música em sua mochila e foi dormir. O dia seguinte seria muito cansativo, física e emocionalmente.

Amar pode curar
Amar pode consertar a sua alma
E é a única coisa que eu sei, sei
Eu juro que vai ficar mais fácil
Lembre-se que com cada pedaço de você
E é a única coisa que levamos quando morremos


foi acordado muito cedo por seus pais para que pudesse ir para o aeroporto, que era muito distante da cidade. No caminho, mandou uma mensagem para , falando que tinha um presente para ela. respondeu um “também tenho” com uma foto dela já no aeroporto, segurando a cópia que ela tinha da foto da festa.

Nós guardamos esse amor em uma fotografia
Fizemos essas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca estão se fechando
Nossos corações nunca estão quebrados
O tempo ainda está congelado para sempre


Chegando ao aeroporto , recebeu abraços de todos os presentes. Segurou um pouco mais o abraço de . A menina entregou a foto.
- Para você lembrar de mim. – colocou a foto dentro de seu bolso e entregou o pen drive.
- Fiz para você, espero que você goste. – sorriu e guardou.
Ao entrar no carro, pediu para que o seu pai colocasse o pen drive no som e tentou esconder sua emoção ao ouvir a voz de cantando docemente enquanto tocava no violão a música que a pertencia.

E você pode me guardar
Dentro do colar que você tem
Desde os dezesseis anos
Perto da batida do seu coração, onde eu deveria estar
Mantê-lo no fundo de sua alma
E se você me machucar
Bem, está tudo bem, querida
Só palavras sangram
Dentro destas páginas você apenas me segura
E eu nunca vou te deixar ir
Quando eu estiver longe
Eu vou lembrar de como você me beijou
Sob o poste de luz atrás da rua seis
Ouvindo você sussurrar através do telefone
“Espere por mim para voltar para casa”


Ela sorriu enquanto segurava o seu colar discretamente e mandava uma mensagem de texto que ela sabia que ele só veria quando aterrissasse.

Vou esperar você voltar para casa.


Fim.



Nota da autora: "Feliz Ano novo pessoal.
Uma fic bem romântica para entrarmos em 2020 já bastante iludidas, não é mesmo?
Eu quis mandar uma att e uma fic nova para esse especial porque vocês merecem demais, então aproveitem.
Deixem um comentário, adoro saber o que vocês acham das fics!

Quem ainda não me conhece, aqui embaixo estão todas as minhas fic publicadas aqui no Fobbs, pode chegar chegando por lá e deixar comentário também! "



OUTRAS AS FANFICS DA AUTORA:

Beyond [Harry Styles - Shortfic]
Sinais do Tempo [Harry Styles - Em Andamento]
Tarefa Final [Originais - Shortfic]


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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