Lacuna

Finalizada Em: 02/12/2018

Capítulo Único

Peguei meu copo de champanhe e andei em direção a escada que dava ao terraço, quando minha melhor amiga disse que nós iríamos a maior festa de final de ano ela não estava brincando, a única coisa que ela esqueceu de dizer que seria extremamente entediante. Tudo bem, a música era boa, a bebida estava gelada, a comida divina, porém, as pessoas, bem, esses eram o que a festa tinha de pior. Minha melhor amiga, fazia parte da alta sociedade, sua família era dona de alguns vinheiros ao redor do mundo e por isso ela era montada na grana. No dia em que nos conhecemos, no primeiro dia de aula da faculdade, a classe inteira parou para ver Ava entrando na sala até porque não se é todo dia que se via uma garota usando roupas de marcas e salto alto entrando numa sala de aula no primeiro semestre de pedagogia. Todos acharam que ela estava na sala errada, porém na hora das apresentações, Ava fez questão de dizer que ser professora sempre foi o seu maior sonho. Mesmo com os olhares meios tortos pelo seu jeito excêntrico e os pré-conceitos estabelecidos por conta do seu dinheiro, Ava não se deixou abalar, continuou a comparecer as aulas e fazia questão de perguntar tudo e ainda soltar um “Que irado!” toda vez que achava algo interessante.
Eu e Ava nos tornamos amigas depois de uma prova em dupla onde cada uma tinha estudado uma matéria diferente porque esqueceu de estudar a outra e também porque só nós duas tínhamos sobrado. A partir dessa prova, da qual nós tiramos dez, nossa amizade nasceu e seis anos depois eu estava me deixando ser levada para mais uma das oh festas tão incríveis que Ava era convidada.
Eu nunca fui o tipo de pessoa que liga muito para noite de Ano Novo ou pra nenhuma festa de final de ano, pra falar a verdade. Para mim, todas essas festas eram superestimadas e sem muita importância. Na minha família a comemoração de festas de finais de ano eram raras, não porque minha família era pequena ou porque morávamos uns longe um dos outros, mas sim porque sempre que nos se juntavam acabava em briga. Minha mãe, a pessoa mais paz e amor que ela conhecia preferia fazer qualquer outra coisa do que se reunir com a família, dessa vez, ela e seu pai decidiram que iriam viajar pela Itália visitando cidades históricas e museus como se fosse a sua segunda lua de mel (pra falar a verdade, estava bem para sétima) enquanto eu ficava em casa com uma pilha de atividades pra corrigir e um ano inteiro escolar para terminar de planejar.
Não era que eu não amasse meu emprego, não existia nada no mundo mais incrível do que ensinar, porém mesmo no nosso trabalho dos sonhos existiam aqueles momentos que você precisava dar uma pausa. Para Ava, uma pausa significava ir para a próxima festa ou barzinho, para mim estava completamente relacionado a colocar meu sono em dia durante o final de semana inteiro. Nós duas não podíamos ser mais diferentes, por isso, da maneira mais peculiar, nós nos completávamos. Eram raras as vezes que Ava conseguia me arrastar para uma dessas festas, normalmente, eu arrumava uma desculpa boa que a deixava furiosa, porém, dessa vez eu não tive saída: era final de ano, eu estava de férias e meus pais não estavam em casa.
Me encolhi sentindo a noite fria contra minha pele ao mesmo tempo que escutei o barulho da porta atrás de mim, olhei no relógio vendo que faltavam ainda alguns minutos para a meia noite e Ava provavelmente tinha achado meu esconderijo. Essa noite ela estava convencida que eu tinha que beijar um dos bonitões da festa quando o relógio batesse meia-noite, segundo ela, era sorte garantida.
- Quando você me chamou pra essas festas, eu não sabia que seria tão entediante. – Virei meu rosto de lado, me apoiando na varanda a minha frente, enquanto tomava o resto do meu champanhe. – Mas não se preocupe, eu já volto pra você me arrumar um bonitão pra beijar a meia-noite. Afinal de contas, dá muita sorte, não é?!
- Você acha minha festa entediante? – Virei meu rosto tão rápido que senti um pequeno desconforto em meu pescoço. A minha frente estava um dos caras mais gatos que eu já tinha visto que poderia ser com seu melhor terno e com uma garrafa de champanhe na mão. Eu tinha várias maneiras de reagir, porém eu escolhi a pior possível: diarreia verbal.
- Mas é claro que não! Essa festa está incrível, uma das melhores que eu já fui, de verdade, com comida divina de dar água na boca, algo de outro mundo, bebida de graça incluindo champanhe, que é a minha favorita, e o melhor da música dos mais variados gostos.
- Você não precisa mentir, eu concordo com você. – Ele andou até mim, se apoiando na sacada ao meu lado. – Essa festa está entediante, festas no geral são. – Ele tomou um gole do champanhe e estendeu para mim. – Você quer? É o seu favorito.
- Se você acha festas entediantes, por que organizou uma? Imagino que uma festa dessas não seja barata.
- Meu melhor amigo organizou tudo, eu só precisei comparecer e pagar a conta. – Ele estendeu a mão e eu lhe passei o champanhe.
- Minha melhor me arrastou para essa festa e eu não tive como arrumar uma desculpa. Ela diz que eu não saio muito e como eu tive um ano de cão, precisava começar o ano com o pé direito. Pra isso acontecer, eu tenho que beijar alguém a meia-noite, aparentemente, você obterá sorte o resto do ano se isso acontecer.
- Bem, conte-me mais sobre essa teoria.
- Bem, - Eu o imitei fazendo com que ele sorrisse de lado e me entregasse a garrafa, - segundo minha melhor amiga, de acordo com uma das suas loucas experiências de vida, quando ela beijou alguém na noite da virada do ano novo ela teve os melhores anos da sua vida. Conseguiu o emprego que queria, o cachorro que ela tanto pedia para os seus pais, viajou para Bali e entre outras coisas.
- E você acredita nessa teoria?
- Não vou perder nada em tentar.
- Já encontrou um candidato?
- Ainda não. Conhece alguém que queira se candidatar?
- Eu tenho alguém em mente. – Ele se afastou da sacada e parou em minha frente, me perdendo entre ele e a sacada. Ele olhou no seu relógio e depois para mim. – A gente tem vinte segundos antes da meia-noite. Quer testar essa teoria?
A única coisa que eu consegui fazer foi assentir. Ele se aproximou de mim, passando seus braços ao redor da cintura, colocando nossos corpos. Senti sua respiração perto do meu rosto fazendo com que eu fechasse meus olhos, a contagem regressiva começou e meu coração acelerou dentro do peito e quando o relógio bateu meia-noite ele me beijou. Eu senti como se todos os fogos de artifícios atrás de mim fossem a melhor descrição do que eu estava sentindo no momento, eu já tinha beijado muitos homens na minha vida, mas nenhum me beijava do jeito que ele estava fazendo. Eu podia me acostumar em ficar desse jeito, agarradinha e perdendo o fôlego enquanto sentia seus lábios nos meus.
Escutei o toque dos meus pais fazendo que eu me afastasse dele. A mensagem era bem clara e direta “Estamos de volta. Temos uma notícia pra te contar. ” e em anexo tinha uma foto da minha mãe em uma cama de hospital.
- Ai meu Deus! Minha mãe está no hospital eu tenho que ir. – Comecei a andar em direção a porta.
- Você nem ao menos vai me dizer o seu nome?
- Não. É muito mais interessante assim, não acha?


Fim.



Nota da autora: Olá pessoas maravilhosas! Espero que vocês tenham gostado dessa Oneshot com um gostinho de quero mais. Adorei participar do especial e do desafio de escrever uma história com 1500 palavras. Beijos de luz e seque aquela pequena lista com todas as minhas histórias postadas aqui no site.



Outras Fanfics:
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Outros/Em Andamento
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Mitologia/Em Andamento
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Shorts
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03. Hands To Myself
03. Kiss It Better
04. John Wayne
06. Grown
06. Only Angel
06. The Mighty Fall
08. Colors
09. Young Volcanoes
12. Forever Halloween
13. I Know What You Did Last Summer
14. Easy Way Out
15. Devil in Me
15. Lucky Ones
15. New Love
Bônus: Why Do You Love Me?
Paris At Midnight


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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