“Minha luz no meio de toda essa confusão, . É você quem me faz levantar todos os dias para lutar. Por mais que eu não consiga ver nada à minha frente, por mais que tudo seja medo e desilusão, é você quem me faz enfrentar todo esse terror. Tantas vezes tive medo de nunca mais poder ver seu sorriso ou a profundeza desses seus olhos brilhando e me levando à me perder neles... Ah, ... Eu morro a cada dia que você fica longe de mim... Mas saiba que pretendo vê-la o mais rápido possível. As coisas não andam muito fáceis por aqui... Ontem perdemos dois homens na frente de batalha. O filho de um acabara de nascer. A esposa provavelmente nem recebeu a notícia ainda.
Essas notícias me afetam muito. Não tenho como saber quem será o próximo, quantas batalhas mais teremos de enfrentar para que enfim possamos voltar para nossas vidas, para nossas famílias.
Mas, de qualquer forma, espero que, quando tudo isso terminar, você seja minha luz no final do túnel. Contanto que esteja lá para mim, vou continuar caminhando.

Com todo o amor do mundo,
.”



Já não conseguia enxergar mais nada nas últimas palavras. Meus olhos encharcavam as folhas com a caligrafia dele. Podia ser loucura, mas olhando para aquelas palavras eu conseguia sentir até mesmo o cheiro dele, coisa que já não acontecia há mais de um ano.

Há dois anos, o exército americano fora enviado para combater pequenas revoltas em países do Oriente Médio. O exército foi dividido: uma parte para cada região. No entanto, essas pequenas revoltas se revelaram muito mais do que pequenas e começaram a crescer rapidamente, tornando-se impossíveis de se combater apenas com o exército enviado.
Após dez meses do início das rebeliões, o caos já tomava conta de tudo na região. O exército, uma vez separado, já guerreava unido contra uma quantidade enorme de soldados. O exército americano se tornou uma coisa só, guerreando contra uma quantidade enorme de soldados. Ele progredia com muitas perdas. Aliás, a cada dia.
Eu via toda aquela confusão através de noticiários, rádio, jornais. Estava estampado em todos os lugares e estava certa de que não havia como a província americana vencer aquilo. Não com a estratégia que estavam usando, independentemente de qual fosse.
Até o dia em que fui retirar as cartas no posto local e encontrei uma com selo oficial do país destinada a meu marido.

Durante alguns anos, ele trabalhou no exército, mas jamais teve que enfrentar uma guerra. Até mesmo porque nosso país não é uma grande potência. Não costuma estar envolvido em conflitos como esse. Mas, antes mesmo de ele abrir a carta, eu já temia.
Naquele dia, apenas deixei a carta sobre suas coisas, como costumava fazer com todas as correspondências endereçadas a ele. Naquela mesma noite, quando já estávamos deitados, prontos para dormir, quando eu já tinha um pouco de esperança de que aquela carta não fosse nada de mais, uma vez que ele não havia me dito nada, meu mundo todo desabou.
, você está acordada?
– Estou.
– Eu preciso lhe dizer uma coisa.
– Agora?
– Agora.
Então eu fiquei de frente para ele, preparando-me para o que estava por vir. Em tantos anos juntos, eu não havia visto os olhos dele tão tristes quanto naquela noite, tão desesperados.
– Você provavelmente viu a correspondência militar, não viu? – eu apenas acenei com a cabeça, afirmando. E já conseguia ver lágrimas se formando nos olhos do meu soldado. – , eu fui recrutado.
– Para onde? – minha voz já estava embargada e lágrimas corriam pelo meu rosto. – Para onde você vai?
– Oriente Médio. O exército americano não está dando conta da guerra sozinho e, para isso, nosso exército será mandado para lá: para tentar fortalecer o lado deles.
– O nosso exército vai ser mandado para defender o exército deles?! Os nossos soldados serão mandados para morrer no lugar dos soldados deles?! , eu não posso. Eu não consigo! Não vá, por favor – eu já chorava desesperadamente. Ele me abraçou, tentando me acalmar, enquanto me beijava.
– Calma, . Calma. Ninguém vai morrer. Eu não vou abandoná-la. Estou aqui. Calma.
– Ainda! Você está aqui por enquanto. O que vou fazer quando você for embora? ! Não faça isso, por favor. Eu estou lhe pedindo, por favor.
, olhe para mim. Eu não vou embora para sempre. É só por algum tempo. Nós vamos nos falar sempre e eu volto. Prometo. O tempo vai passar rápido. Nem vamos nos lembrar disso daqui a uns anos. Vai ficar tudo bem, ouviu?
Era incrível como ele conseguia me acalmar, não importava o que fosse. Um beijo e algumas palavras dele, mesmo que não fizessem sentido algum, já me faziam respirar novamente. Eu já conseguia ter esperança.
– Eu amo você, .
– Eu também, .

Eu continuava vendo os noticiários, os jornais e sempre as mesmas matérias: soldados feridos. Não era possível estabelecer um lado vencedor ainda. Quando parecia que estávamos vencendo, no dia seguinte apareciam notícias e mais notícias de algum grande ataque que invertia a situação. Eu mesma já não aguentaria por muito tempo. Aquela situação estava aos poucos acabando comigo. Eu já não comia mais tão bem, não tinha mais vontade de sair de casa. O único motivo que me fazia sair era buscar as cartas que meu marido enviava a mim.
Uma vez por mês, eu retirava trinta cartas – uma para cada dia. Mas, recentemente, as coisas estavam tão complicadas que não era todos os dias que ele escrevia. Em alguns meses, eu recebia apenas três ou quatro cartas.

Trégua.
No dia 15 desse mesmo mês, recebemos a maravilhosa notícia de trégua. A guerra em curso há mais de dois anos finalmente terá alguns dias de paz. Nossos digníssimos soldados poderão finalmente regressar para suas casas e rever suas famílias...”


Eu não conseguia ler mais nada. Desde que o partiu, eu não havia ficado tão feliz como neste momento. Eu veria meu marido! Finalmente!
Sem nem mesmo receber o aviso oficial, já comecei a planejar as coisas. Faria uma recepção maravilhosa para ele, faria-o sentir como se nunca tivesse partido... Seria maravilhoso.
Às sete horas da manhã do mesmo dia, minha irmã bateu à minha porta, descabelada e provavelmente tendo acabado de levantar da cama. Aparentemente, até de pijama ela estava ainda. Lucy mora na mesma rua que eu. Somos quase vizinhas. Sabíamos que não ficaríamos longe uma da outra. Compramos nossas casas praticamente na mesma época.
! Você viu o jornal?! – ela disse, colocando-o tão perto que eu mal conseguia ver qualquer letra. – Ele vai voltar, ! Seu marido! Não é maravilhoso?
– Eu sei! Acabei de ver a notícia! Estou tão feliz, Lucy!
– Viu? Não precisava ter sofrido tanto. Ele está vivo!
– Mal posso esperar...
– Já lhe mandaram a carta?
– Carta?
– Sim. A carta avisando às esposas sobre a volta deles. Meredith e Katryna receberam ontem.
– Não, ainda não recebi nenhuma carta – disse, começando a ficar preocupada. – Bom, provavelmente está atrasada.
– Sim, claro que está – ela disse, tentando me acalmar. – Você já foi hoje ao posto? Ah, , então é isso.
– Sim, claro.
– Vou voltar para casa e terminar de me arrumar. O Travis vai me levar para assistir ao jogo interestadual. Acredita?
– E você já começou a se arrumar, Lucy? – recebi um tapa leve como resposta.
– É, tudo bem. Não – ela disse, analisando seu próprio estado.
O campeonato interestadual não era tão conhecido assim, mas era fantástico. Havia muitas barracas de comida, jogos, música, até mesmo brinquedos, enquanto duas equipes de estados diferentes jogavam futebol. E aquilo me lembrava muito de meu .
Ele costumava jogar no time da nossa cidade. Chegou até mesmo a jogar no campeonato e, quando não jogava, me levava lá também. Costumava ser maravilhoso. Mas esse ano não iríamos. Travis, o marido da minha irmã, me chamou para ir também, mas sem o eu não iria.
Decidi ir ao posto. A carta deveria estar lá.
– Bom dia, senhora. Posso ajudá-la?
– Bom dia. Vim buscar minhas correspondências.
– Nome completo, por favor.
.
– Parece que hoje não veio nenhuma carta ainda para a senhora.
– Tem certeza? Nenhuma? – falei, desesperando-me. Ele procurou mais um pouco e retirou uma carta do monte recém-chegado.
– Aqui! Uma, sim.
Ele me entregou aquela carta com o selo oficial e pude sentir o alívio tomando conta de mim, por mais que um pouco daquela angústia ainda fluísse pelo meu corpo.
– Obrigada!
– Por nada.
Quando cheguei a casa, abri freneticamente aquela carta, engolindo todo seu conteúdo de uma vez só, desabando logo em seguida. Saí correndo em direção à casa da minha irmã. Ela abriu a porta e a abracei.
, o que aconteceu?
Estendi a carta para ela.

“Senhora ,
Lamentamos informá-la de que seu marido, o soldado , não terá condições de voltar agora.
Apesar de nosso sucesso na última batalha, uma parte de nossa base foi invadida e bombardeada. Algumas crianças se encontravam na área. Ele tentou defendê-las e foi ferido na perna esquerda. Infelizmente, os ferimentos infeccionaram, dificultando sua recuperação. Ele está em observação e os médicos estão fazendo o possível. Espero que compreenda.

Atenciosamente, Major Gofman.



, sinto muito.
– Ele foi ferido Lucy!
– Entre, .
Ela me colocou sentada no sofá e me entregou um copo d’água.
, ele vai ficar bem. O é forte! Olhe tudo o que o homem já passou. Acha mesmo que ele morreria sem vê-la de novo? Jamais a deixaria assim, .
– O que eu faço?
– Reze por ele.
– Faço isso desesperadamente desde o dia que foi convocado.
– Então continue.
Apenas acenei com a cabeça.
– Se você quiser, fico com você hoje.
– Não. Vá para o jogo. Eu preciso ficar sozinha mesmo.
– Tem certeza?
Acenei novamente, concordando.
– Tudo bem então, mas tente ficar calma. E sabe que qualquer coisa pode vir falar comigo, não é? – concordei.
– Tchau, Lucy.
– Tchau, meu bem.

A primeira coisa que fiz foi me deitar na nossa cama e chorar, chorar todas as dores desde o dia que ele foi embora. Depois pensei em escrever uma carta para ele. Pois mais que o major tivesse dado notícias sobre o estado dele, eu não sabia exatamente como estava e não sabia se ele leria a carta nem se sobreviveria àquilo. Mas ele precisava.

,
Sinto tanto a sua falta. Você sabe que nunca fui boa com palavras, mas sempre tentei demonstrar meu amor por você desde a primeira vez que nos vimos. Sempre fui meio boba e você sabe... Eu sou meio atrapalhada. Faço tudo errado, mas você sempre faz tudo parecer certo. Na verdade, não importa o que eu tenha feito, você sempre conserta minhas burradas. Todo seu cuidado me mantém de pé até hoje. Sinto falta de olhar nos seus olhos sorridentes pela manhã, de ser abraçada por você, de sentir seu perfume, seus carinhos, seus beijos...
Eu preciso de você aqui comigo. Sem você, eu não vou aguentar, . Sem você, tudo vai desabar. Você me mantém de pé. Cada carta sua me traz uma tranquilidade, é um pedacinho de você que está comigo, é um pensamento seu dirigido a mim. Eu preciso saber de você que está vivo. Não quero ninguém mais me dizendo se está bem ou não. Eu quero olhar para você enquanto me diz se está bem. Quero saber de você. Eu jamais poderei acreditar em nada que outra pessoa me disser sobre você enquanto estiver deitado em uma cama, . Eu o proíbo de fazer isso comigo! Você não sabe o medo que eu sempre tive de receber uma carta com o carimbo oficial! Sempre tive medo de qual seria a notícia...
, NÃO OUSE FAZER ISSO COMIGO!
Não ouse me deixar. Ouviu bem? Eu amo você.

Para sempre sua,
.”



Nenhuma resposta.
Nenhuma carta.
Eu não sabia nem mesmo se ele havia recebido minha carta. Eu orava dia e noite pela segurança de meu marido.
E assim se passaram semanas até a primeira carta com a caligrafia dele. Eu não fazia ideia do conteúdo dela, mas, só de saber que ele foi capaz de escrever, um alívio enorme me preencheu.

,
Sinto muito. Muito mesmo. Jamais quis que você passasse por qualquer sofrimento. Sabe que, se fosse por mim, jamais teria deixado o seu lado...”


Só meu marido mesmo para se desculpar por algo que não tem culpa alguma – ainda mais num momento desses...

“...Tenho que confessar: enquanto estava enfermo, tive muito medo de não voltar a vê-la novamente.
Tem um soldado muito legal aqui comigo. O nome dele é Fox. Ele é americano e tem um filho de dois anos. Está aqui comigo desde o começo da guerra. Ele me ajuda bastante. Sabe como é difícil manter a sanidade no meio de todo esse caos. Quando recebi sua carta, estava incapacitado de lê-la. Mal conseguia abrir os olhos. Estava tendo alucinações, a febre não baixava nunca. E ele leu sua carta para mim. Foi quando eu tive vontade de lutar. Lutei mais do que em qualquer batalha que já presenciei, lutei para voltar a ver você, e acredite: depois disso, não há nada que me separe de você. Prometo a você que nos veremos logo, meu amor.

Com todo o amor do mundo,
.”


__*__


Dois meses de arrastaram com cartas, saudades e às vezes algumas lágrimas.
Os noticiários alegavam que estávamos no controle da situação e, realmente, as coisas pareciam ter melhorado. Não havia mais tantas mortes, sem bombas.
Aos poucos, as notícias foram sumindo dos jornais. Não se ouvia falar mais tanto sobre a guerra. Assuntos como economia e comércio voltaram a fazer parte do cotidiano, mas não para mim.
Aquela escassez de notícias me deixava aflita. Eu ficava muito feliz pela melhora das coisas, mas o que acontecia lá enquanto os jornalistas sorriam aqui? As cartas do diziam que as coisas estavam melhorando, mas nada de cessar a guerra. O exército ainda não seria mandado de volta, ainda não havia um lado vencedor.
Foi então que, em uma das idas ao correio, encontrei mais uma carta com o selo oficial. Eu não aguentava mais isso... As coisas estavam mais tranquilas, mas eu não tinha como saber o que aconteceria do lado de lá. O que seria dessa vez?

“Senhora ,
Seu marido foi um soldado muito dedicado. Toda a guarda americana é muito grata a ele e a todos os soldados do exército aliado. Sem eles, teria sido impossível realizar todas as nossas conquistas. Sentimos pelos danos causados à senhora e a todas as perdas durante todo esse processo. Agradecemos pela compreensão e dedicação. E é com muita honra e gratidão que gostaríamos de anunciar a realização do Baile da Conquista. Será um baile para seus soldados e suas convidadas comemorarem a vitória. Esperamos que compareça.
Obs.: Entraremos brevemente em contato, enviando mais detalhes.

Atenciosamente,
Major Gofman.”



E, juntamente com aquela carta, uma frase com a letra do meu marido:

“Senhorita , aceita ir comigo ao Baile da Conquista?”

No fundo do envelope, encontrei mais uma carta e esta, como todas as que meu marido mandava a mim.

,
Vencemos!
Conseguimos!
Eu sinto muito a sua falta. Mal posso esperar para vê-la. Estou morrendo de saudades. Mal posso escrever, pois não há nada que eu queira mais agora do que beijá-la e ouvir a sua voz me contando tudo, contando histórias, contando-me as coisas mais aleatórias possíveis. Eu amo você.

Assinado
Com todo o amor do mundo,
Seu soldado.”



Meu Deus!
Acabou! Está realmente acabado! Ele está a salvo!
E, além de tudo, eu o verei logo!

Saí correndo e entrei na casa da minha irmã. Ela estava na cozinha.
– Quem está aí?
– Eu, Lucy!
Pulei em cima dela, chorando de alegria.
, você vai me derrubar! O que foi dessa vez?!
Entreguei a carta a ela, que leu ansiosamente.
! Isso é tão maravilhoso!
– Eu sei!
Travis desceu as escadas correndo.
– Vocês viram? Vencemos! Todos os jornais estão transmitindo imagens dos soldados – ele ligou a TV e nos mostrou.
Soldados pulavam abraçados. Outros choravam, uns gritavam... E, ao fundo, um soldado com uma muleta e a perna engessada sorria olhando para o alto. Era o meu soldado. Fiquei estática e, ao mesmo tempo, senti um aquecimento tão confortável em meu coração. Ele estava tão mudado. O cabelo que costumava ter ondas estava muito mais curto, ele parecia mais abatido, sua pele estava mais morena devido aos dias exposta ao sol...
... Você está me ouvindo?
– Sim. O que você disse mesmo?
– Nada. Não importa. Você viu o ?
– Ele está tão... Diferente – eu falei, sem tirar os olhos da TV.
– Está – nesse momento, ele olhou para a câmera e sorriu. Sorriu aquele sorriso que me acompanhava dia e noite nos pensamentos, aquele sorriso de que eu sentia tanta falta. Diferente, mas, ainda sim, o meu .

“Senhora ,
É com toda a honra que gostaríamos de convidá-la ao Baile da Conquista.
Dia 21/06 às 18h.
Seu vôo sai às 17h do dia 20/06, no aeroporto internacional.

Atenciosamente,
Major Gofman.”



Faltava apenas um dia. Depois de tanto tempo sem ver meu marido, eu o veria em um dia. Estava tão ansiosa, mas ao mesmo tempo com medo. Tinha medo que ele tivesse mudado. E se não fosse mais tão carinhoso como costumava ser? O que a guerra teria feito com ele? Apesar de que em todas as nossas cartas ele continuava sendo um meloso sentimental, espero que não saiba disso...
Eram duas da manhã e eu não conseguia dormir.
Levantei-me e fui esquentar um copo de leite. Quem sabe assim eu ficaria com sono? Mas não funcionou. Então decidi me levantar e ler. Li algumas páginas de um livro. Quando fui guardá-lo, encontrei uma caixa azul. Todas as cartas que recebi estavam ali, juntamente com o álbum de fotos do nosso casamento e o primeiro bilhete que recebi dele na época em que eu tinha certeza de que era apenas uma estranha apaixonada para ele, na época em que eu o via, mas pensava que ele não se importava.

“Oi, ,
Fiquei sabendo do seu aniversário. Queria lhe dar um presente. Podemos nos encontrar na casa da árvore da escola?
Estarei a esperar você lá às 22h. Espero que apareça.
Ah, talvez você deva passar na Dyll’s antes...”


Não pude deixar de rir. Quando recebi aquele bilhete, quase explodi de alegria...

– Flashback –


O me mandou um bilhete! E ele quer me encontrar!
Minha família e a Gyn estavam na sala. Gyn teria que me desculpar. Eu sempre conto tudo para ela, mas dessa vez quero guardar esse bilhete só para mim. Talvez depois eu fale alguma coisa... Às 20h30min, todos foram embora devido ao toque de recolher.
O toque de recolher era às 21h. Se alguém fosse pego, era preso, enquanto que menores de doze anos apanhavam. Mas o era esperto. Devia ter feito isso várias vezes, e eu... Sabia me virar.
Eu disse para minha mãe que estava cansada e iria me deitar. Tranquei a porta e saí pela janela. Por sorte, a rua estava vazia e Dyll’s, melhor loja de doces do mundo, ficava na mesma rua dos fundos da minha casa. Mas eu realmente não entendi para que passar lá. Além de tudo, a loja já deveria estar fechada. Porém tudo bem. Não custava nada...
Estava tudo escuro quando entrei. O sino da porta tocou, anunciando minha chegada... Agora eu vou presa...
? – alguém sussurrou.
– Quem está aí? – uma sombra apareceu do meu lado e segurou meu braço.
– Calma. Sou eu, o Keenan – soltei o ar que eu nem tinha percebido estar segurando. Keenan é o irmão mais velho do . Ele é mais velho e trabalha na Dyll’s. E, além de tudo, é amigo da minha melhor amiga, Gyn, então já conversamos algumas vezes.
– Você me assustou. O que está fazendo aqui?
– O me pediu para lhe mostrar o caminho até a escola.
– Mas eu sei o caminho.
– Se você quiser ser pega, pode ir à vontade... – ele ficou parado, encarando-me de braços cruzados. – Ótimo. Siga-me.
Ele foi para o fundo da loja, uma parte reservada para os funcionários, e abriu uma porta no chão, embaixo de um tapete. Nós descemos as escadas e ele foi me guiando por um corredor escuro.
– Aonde isso aqui vai dar?
– Espere só para ver, mocinha.
Mais alguns passos e ele parou. Quase caí em cima dele devido ao escuro.
– Agora você passar por aqui e sair direito nos fundos do parque da escola.
– Uau.
– É, vá logo que meu irmão deve estar esperando faz tempo.
Fiz exatamente o que Keenan mandou e saí nos fundos do parque. A casa da árvore ficava logo à frente. Subi os degraus e, quando cheguei ao topo, lá estava ele, sentado no chão, encostado à parede.
– Você veio – ele sorriu.
– Por que tem uma passagem do Dyll’s até aqui? – isso. Tanta coisa para falar e você fala isso, . Mas pelo menos ele riu.
– Antigamente, o Dyll’s era um centro para refugiados e a escola acolhia algumas pessoas...
– E como você sabe disso?
– Eu venho aqui desde os cinco anos de idade – eu fiquei o encarando, tentando entender aquilo. – Keenan.
– Ah, sim.
– Ele sempre conheceu bem o Dyll’s, mesmo antes de trabalhar lá.
Concordei com a cabeça e ficamos em silêncio.
– Eu não esperava receber um bilhete seu.
– Pois é. Eu estava com medo de que você não viesse. O Keenan me ajudou. Eu ia desistir. Quase joguei o bilhete fora, mas ele encontrou e colocou nas suas coisas...
– Ah... Então... Você não queria me encontrar?
– Queria, sim! É que... Você sabe. Eu sou tímido... Não estou muito acostumado a chamar meninas para sair... – claro que não. As meninas devem viver o chamando para sair.
– Bem, ... Por que você me chamou aqui então?


(Link para música – opcional: Blue – Troye Sivan ft. Alex Hope.)

Ele olhou para mim e chegou mais perto. – , eu não sei se é verdade, mas a Claire me disse que você gosta de mim...
– Aquela... Eu não acredito que aquela vadia fez isso...
– Espere! Acontece que eu gosto de você... Desde que a gente começou a estudar no mesmo prédio... – apesar da escuridão, ele parecia estar corado. – E, quando eu ouvi isso... Bem... Pensei que talvez... Quem sabe... Ah, quer saber...? – ele chegou mais perto de mim e encostou seus lábios aos meus. Ele me beijou. Eu fiquei tão assustada que nem me mexi.
– Espere. Isso é uma brincadeira?
– O quê? Claro que não! Que se dane a minha timidez. Quer saber? – ele olhou nos meus olhos. – , eu não sei por que você está tão na defensiva, mas gosto de você. De como fica tímida quando falam de você ou como quando está distraída e fala alto... Eu gosto do seu jeito, gosto de tudo em você... Estou apaixonado por você, .
Dessa vez, fui eu quem o beijou. Não queria sair dali nunca. Eu cabia tão bem dentro do abraço dele. Nossas bocas se encaixavam perfeitamente, enquanto que nossos corações batiam no ritmo acelerado em perfeita sincronia.


– Fim do Flashback –


Já eram quatro horas da manhã quando eu finalmente consegui dormir.
Às três horas da tarde, já estava no aeroporto, morrendo de nervoso.
– Com licença, qual é o nome da senhora? – uma mulher com o uniforme do exército me perguntou.
– ela conferiu uma lista em suas mãos.
?
– Sim.
– É por ali – ela apontou uma sala de embarque. – Todas as esposas e acompanhantes irão viajar juntos.
– Obrigada.
A sala estava cheia. Sentei-me ao lado de uma moça aparentemente da mesma idade que a minha. Ela sorriu.
– Olá.
– Olá – ela se virou para um garotinho correndo ao redor das cadeiras.
– Gerd! Volte Aqui! – ela pegou o menininho no colo e voltou a se sentar. – Pare de correr! Fique quietinho aqui! Desculpe-me... Ele é muito agitado.
– Imagine! Crianças são assim mesmo. Quantos anos ele tem?
– Dois.
O garotinho saiu do colo da mãe e se sentou no meu, o que me fez rir.
– Gerd! Volte aqui!
– Não. Está tudo bem. Você pode ficar aqui, Gerd.
– Você tem filhos?
– Não... Eu e meu marido sempre quisemos, mas acabou não dando tempo.
– Ah, sim. Entendo o que quer dizer. Eu não sabia que estava grávida quando meu marido foi para a guerra, então Gerd ainda não conhece o pai.
– Mas logo conhecerá! Não é, Gerd? – o garotinho acenou com a cabeça, concordando comigo.
– E você também! Logo poderá ter filhos!
– Espero que sim... – eu não sabia ao certo ainda. Depois de tudo que passou, não tenho ideia do que ele ainda quer, ou não, ao meu lado.
– Oh, nem nos apresentamos. Meu nome é Magda Garner.
– Eu sou .
– Esposa do soldado ?
– Sim! Você o conhece?
– Meu marido é Fox Garner. Ele costuma escrever e em algumas cartas comentou sobre seu marido... Acredito que tenham construído uma forte amizade durante este tempo.
– Ah, sim! O comentou sobre seu marido também! É muito bom poder conhecê-la senhora Garner.
– Digo o mesmo, senhora .
Uma voz anunciou o embarque para nosso voo. Eu não acredito que vou entrar em um avião. Seis horas em um avião. Seis horas.
Passei a maior parte do voo dormindo e, apesar de quase nem me mexer, tão nervosa por além de tudo estar voando. A viagem foi bem tranquila. Quando o avião pousou, eu estava uma pilha de nervos. Estava apenas a alguns metros do meu marido. Apenas a alguns metros do meu marido. Apenas a algumas horas de revê-lo.
– Senhoras, vocês ficarão hospedadas em um hotel perto daqui e, após o baile, seus maridos estarão livres. Ficarão no hotel com vocês. Sua partida será em dois dias, de volta para suas casas.
Chegamos rapidamente ao hotel. Meu dormitório ficava no quarto andar. Uma cama de casal no centro, janelas grandes, um banheiro enorme... Eu nunca havia visto um hotel tão luxuoso quanto aquele... Na verdade, nunca tinha nem mesmo estado em um hotel.
Deixei minha mala na prateleira do armário e fui tomar banho. O baile seria apenas daqui a algumas horas... Tantas coisas passavam pela minha cabeça. Eu estava queimando de ansiedade.
Eu havia feito meu vestido com uma costureira antiga da minha família. Sempre gostei das roupas feitas por ela, mas dessa vez a mulher havia se superado. Eu estava definitivamente encantada pelo mais novo trabalho. O vestido de cor vinho possuía um corte especial, desenhado, longo. a maquiagem leve deixava meu rosto com o ar natural, assim como gostava.
Minhas mãos tremiam de ansiedade e meu coração acelerava cada vez mais, errando o compasso de algumas batidas. Eu tinha a impressão de que ele sairia pela minha boca – mas isso não era novidade, já que sempre que o estava perto de mim eu tinha essa sensação –, fora a manada pisoteando o meu estômago...
O relógio marcava 17h30min. Fomos avisadas de que motoristas estariam no piso térreo, já orientados a nos levar ao nosso destino. Peguei minha bolsa, vesti minha sandália e tranquei a porta do quarto. Fui até a saída do hotel e carros pretos formavam uma fila. Entrei no primeiro e o motorista fechou a porta. O trajeto foi um pouco mais longo do que eu previra, mas talvez fosse devido à minha ansiedade. Os faróis estavam fechados. Após cerca de vinte minutos, chegamos ao destino.

(N/A: Caso queira, coloque essa música para tocar. é bonitinha... A letra não é exatamente a história abaixo, mas combina. Link: Coming Home – The Vamps.)

O local era um grande terreno com uma enorme tenda ao centro e muito bem iluminado, com algumas velas ao redor. Desci do carro e caminhei até a tenda. No interior, apesar de simples, era ainda mais bela. Algumas mesas se encontravam ao redor de toda a sua extensão. O local se encontrava lotado e, por mais que eu quisesse apreciar toda a sua beleza, meus olhos e meu coração só conseguiam buscar por uma pessoa. E por que tinha que ter tanta gente assim? Ele não parecia estar em lugar algum! Quando virei meu rosto para o lado direito, levei um enorme susto e meu coração acelerou incontrolavelmente. Ele me puxou pela cintura e me ergueu.
– Meu Deus! Como eu amo você, ! Senti tanto sua falta!
Ele me pôs no chão e me beijou. Como eu senti falta desse beijo!
! – eu o abracei o mais forte que pude, beijando-o, e nem sabia mais o que estava fazendo. Só consegui pensar que finalmente era ele, o amor da minha vida, a pessoa por quem eu sempre esperei, mesmo antes de nos conhecermos. Era ele. A esse ponto, nós dois já chorávamos de tanta alegria.
– Prometi a você que nos veríamos de novo. Não prometi? – eu assenti e o abracei.
– Por mais que você sempre cumpra as suas promessas, eu tive medo de que não pudesse cumprir essa...
– Nunca. Eu disse: foi por você que eu sobrevivi a tudo isso. Foi você.
– Nós ficamos quase dois anos sem nos ver, mas agora nem sei o que falar... Só consigo pensar que você está aqui. Comigo – ele sorriu e me deu mais um beijo. – Como está sua perna? – eu disse, percebendo que sua perna não estava mais engessada e que ele andava bem.
– Melhorou muito – respondeu, olhando para ela. – Tenho um ou outro arranhão, mas nada com o que se preocupar.
– Fiquei muito preocupada com você, sabia?
– Sinto muito, .
– Você não deve desculpas... Fiquei tão orgulhosa de você – ele sorriu.
– Bom saber.
– Vou apresentá-la ao Garner. Ele é um sujeito muito bacana, sabia?
– Imagino! Pelo que você me contou... E sabe de mais uma coisa? Conheci a esposa dele ontem e o filhinho deles também! Ela é muito simpática e o bebê é a coisa mais fofa que eu já vi!
O homem que provavelmente era o Fox, um rapaz ruivo e alto, estava com sua esposa, Magda, ao lado e o filho no colo. Quando chegamos à mesa, eles se levantaram.
– Fox, quero lhe apresentar minha esposa, – estendi minha mão e o rapaz a apertou firmemente.
– Prazer! O falou muito de você. O tempo inteiro, aliás – meu marido coçou, sem graça, a cabeça. – E esta é minha esposa, Magda – e ela trocaram um aperto de mão, cumprimentando-se.
– Conhecemo-nos no aeroporto! E, a propósito, vocês formam um casal muito bonito – ela disse, sorrindo.
– Obrigada. Digo o mesmo sobre vocês! – eles se abraçaram e Gerd passou por baixo da mesa, enroscando-se nas minhas pernas. Abaixei, rindo e pegando o menininho no colo. – Gerd! Bom vê-lo novamente! – ele sorriu e olhou para meu marido. – Esse é o , meu marido.
– E aí cara?! – o menininho foi para o colo dele e todos riram.

Ficamos sentados, conversando por algum tempo.
, provavelmente eu devia ter dito antes, mas os soldados deverão dançar com seus pares esta noite... Mas calma! Antes de qualquer coisa, é só uma dança simples, sem coreografia nem nada, como nós costumávamos dançar. Lembra?
– Claro que lembro. E, já que é assim, será um prazer dançar com você, meu príncipe – ele me deu aquele sorriso lindo de sempre e um selinho.
– Fico feliz por ouvir isso, meu amor.
Logo, um homem beirando os sessenta anos de idade subiu ao palco e sua voz tomou conta do ambiente, substituindo a música que tocava ao fundo.
– Boa noite, senhoras e senhores. Gostaria de me apresentar para aqueles que ainda não me conhecem. Chamo-me Calix Gofman. Sou Major do exército americano. É uma lástima que nem todos os nossos soldados tiveram a oportunidade de chegar até aqui. Entretanto, àqueles que chegaram, resta-me oferecer gratidão, não apenas do meu país, quanto de cada um de nós representantes do exército. Foi uma honra trabalhar ao lado dos senhores. Às suas esposas, devo minha gratidão pela paciência e tempo cedido longe de seus maridos – eu que o diga. Acho legal ele estar fazendo um discurso e tudo o mais, mas não faz ideia do sufoco que passamos. Ou, se ele for casado, talvez saiba. Mas de qualquer forma...
Dei uma bufada e o me olhou, sorrindo e dando-me um selinho.

– Desta forma, gostaríamos de anunciar que, devido a todo dano causado pela guerra, todos os soldados serão recompensados. Receberão recompensas. Mensal e continuamente, uma quantia significativa que será suficiente para o sustento deles e de suas famílias – todos aplaudiram. – Agora, gostaria de prestar gratidão a cada um dos soldados: Dany Grade, Texas; Houston Pearls, New Jersey; Serton Goulden, Lousiana; Fox Garner, ; , ... – conforme o Major os anunciava, eles se levantaram e acenaram ao redor. – Parabéns pela bravura e por cada passo, senhores. Vocês foram incríveis. E, agora, peço que cada soldado convide sua companheira para uma dança. E seus serviços se encerram por aqui – todos no salão assoviaram e aplaudiram. O Major desceu do palco e provavelmente, sim, ele tinha uma esposa. Pegou a mão dela, dirigindo-se para o centro do salão e dando início à dança.
– Você aceita ter uma dança comigo, ?
– Com todo o prazer, senhor .

(Colocar para tocar, se quiser: Satellite – Nickelback.)

Ele pegou minha mão e nos dirigiu até o centro. Sua mão direita segurou minha cintura, enquanto a minha descansava em seu pescoço. Balançávamos lentamente à música. Não parecia que havia nada além de nós dois no local. Nossos olhares se mantinham firmes um no outro. Estávamos tão próximos e cada vez era única. Parecia com todas as vezes que dançávamos sozinhos em nosso quarto. Sim, ele continuava sendo meu , o mesmo garoto por quem me apaixonei, o mesmo homem com quem casei. O meu .

Make the whole world wait
While we…
Dance around this bedroom,
Like we’ve only got tonight.
Not about to let you.
Go until the morning light.
You could be my whole world.
If I can be your satellite,
Let’s dance around this bedroom
Like tonight is our only night…


– Tem uma manada pulando no meu estômago, sabia? Acho que esses elefantes vão acabar com meu estômago...
, não são borboletas? Deveria ser mais sutil. Não deveria? – ele perguntou num tom brincalhão.
– Não, não. É uma manada mesmo. Não tem nada de sutil rolando no meu estômago, viu, ?! Culpa sua! Olhe o que você faz comigo! – ele me deu um selinho e sorriu.
– Verdade. Acho que me esqueci do seu drama... Que eu amo tanto.
– Ei! Eu não sou dramática!
– Claro que não.

Dançamos mais algumas músicas. Havia poucas pessoas no local e já se passavam das três horas da manhã quando percebemos.
– Você não quer ir embora? – ele balançou a cabeça, negando.
– Com você eu ficaria aqui para sempre.
– Vamos, vai. Já está muito tarde.
– Não acho que esteja tão tarde assim para nós – olhou-me, levantando a sobrancelha, e eu ri.
– Hum... Será?
– Acho que não – ele disse, passando o nariz no meu pescoço, e eu comecei a rir. – Vamos para o hotel, então.
– Tudo bem, mas está tarde – eu disse, provocando-o, e dessa vez ele riu.
Veremos.

Os mesmos motoristas que nos trouxeram nos levaram de volta para o hotel. Eu e o subimos para o quarto. Logo ao entrarmos, ele me abraçou pela cintura e me beijou de verdade. Seus lábios passeavam pelas minhas bochechas e depois pelo meu pescoço. Senti tanta falta daquele homem. Aquela foi a melhor noite de todas, em todos os sentidos. Pudemos ficar realmente juntos depois de tanto tempo, provar o amor um do outro.

Estávamos deitados na cama, eu deitada em seu peito, e ele fazia carinho nos meus cabelos.
– No que você estava pensando naquele dia que vocês apareceram na TV? – ele pareceu confuso, mas logo entendeu.
– Em você. Queria que sentisse meu amor por você. Eu estava pensando em tudo que passamos juntos e em tudo que passaremos juntos – o rapaz disse.
– E eu senti. Pode ter certeza. Eu senti.
, eu quero tudo ao seu lado.
, não importa quando ou onde você esteja eu sempre vou escutá-lo e sempre vou tê-lo aqui dentro comigo. Eu quero tudo com você.
– Eu amo você, .
– Eu amo você, .


Fim



Nota da autora: Olá, pessoas. ^^ Primeiramente, muito obrigada por lerem a fic (com uma pequena observação: é a primeira que eu posto, tá? Então descontos, por favor :D). Particularmente, eu gostei muito de escrevê-la. Teve um significado especial para mim. Espero do fundo do coração que tenham gostado e, se gostarem, comentem, indiquem... Se não gostarem também, hahaha... Mas me digam o que acharam! E até a próxima. ;)
- Bee.


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