Like a Drummer

Última atualização: 10/08/2023

Capítulo 01

Los Angeles, California.



Seus olhos estavam marejados e ardiam há algum tempo, no entanto, ao olhar para o próprio reflexo, teve certeza de que estava fazendo a coisa certa. Suspirou, sentindo o cabelereiro mexer em suas madeixas, agora vermelhas, e sorriu.
— Tá perfeito, de verdade. — disse baixinho, mas sabia que era o suficiente para que ele ouvisse.
No seu colo, o celular voltou a vibrar, novamente o ignorou. Como já vinha fazendo desde que saíra de casa. Sentiu um toque em seu ombro e moveu o olhar, encontrando o rosto de quem havia cortado o seu cabelo.
— Você tá linda, . Mesmo!
Queria que aquela nova coloração em seus cabelos fosse um ponto final em relação a tudo que estava acontecendo, todavia, sabia que as coisas não seriam tão fáceis assim. Saiu do local após pagar e se aproximou do guarda-volumes na entrada do estabelecimento para pegar as suas coisas.
Uma mochila preta e seu skate. Nada condizente para o local e a garota sabia disso, mas não se importava nenhum pouco. Assim que subiu no skate, sentia-se em seu quarto, onde poderia colocar seus fones, tocar sua bateria, ver as suas séries, ler, estudar e ser feliz. Sem ter que lidar com nada.
Deu mais alguns impulsos, passou em uma faixa, desviou de algumas pessoas, de uma senhora com o seu golden retriever e de uma criança que corria desajeitadamente com seu boneco do Homem Aranha. Aquilo era o centro de Los Angeles, um caos completo. Contudo, acabou se distraindo com uma ambulância que passava pela rua e foi de encontro com uma lata de lixo.
Puta que p…
Sentiu que a frente da sua camiseta estava molhada e não fazia ideia do que era, apenas fez uma careta e levantou a cabeça. As pessoas simplesmente não ligavam, e se colocou em pé, mas algo fez com que sua atenção fosse 100% para um papel grudado na parede.
“ESTAMOS EM BUSCA DE UM BATERISTA”
Seu coração palpitou imediatamente ao ler aquela frase, mordeu seu próprio lábio inferior enquanto sorria e leu embaixo o local que deveria ir. Pegou seu skate e abriu a porta vendo só escadas, deu de ombros e subiu. Enquanto o fazia, sentia algo como a felicidade crescendo em seu peito, e não era um sentimento muito comum em sua vida. Por isso, qualquer oportunidade ela aproveitava.
Chegou ofegante ao local que parecia ser o andar mais alto do prédio e olhou para duas portas, suspirou e foi pra bater em uma delas, mas quando estava pronta a porta se abriu.
O rapaz era alto, tinha barba por fazer e seus cabelos eram um pouco loiros mais escuros.
— Oi.
— Oi. — respondeu ainda com o cenho levemente franzido e seus lábios se formaram em um bico rápido. — Sabe de alguém aqui que está procurando por um baterista?
Oui. — o rapaz usou um sotaque diferente e falou em outra língua fazendo com que as sobrancelhas da garota se movessem novamente. — Hã, sim. É aqui. Somos nós. Eu e meus irmãos temos uma banda. Você seria o baterista?
sentiu as suas mãos suarem e as passou pela calça ao passo que balançava a cabeça positivamente.
— Eu toco muito bem, podemos fazer um teste, se vocês quiserem. Posso mostrar o que sei.
Analisou a expressão do rapaz a sua frente, sabia que ele se perguntava como e porque uma garota queria tocar em uma banda cheia de rapazes, no entanto, ela não ligava. Só queria fazer uma das coisas que mais gostava na vida que era tocar bateria.
— Podemos sim fazer um teste. Você está disposta a fazê-lo agora?
Novamente, ela só conseguiu menear a cabeça sentindo seu coração bater mais forte e sorriu fraco esperando que ele tomasse alguma inciativa.
— Vamos lá! — Ele riu.
Saiu pra fora e abriu a porta, deixando que ela passasse por primeiro e assim que ela o fez, observou a sua feição. estava com o cenho franzido, mas tentou de todas as formas controlar as suas expressões faciais já que se considerava alguém que se expressava com facilidade.
Nada era como ela imaginava.
Do lado direito, não tinham paredes, era simplesmente uma sala limpa, sem nada, apenas com os instrumentos na parte de trás. As paredes eram brancas e entrava pouca iluminação pelas janelas dispostas lado a lado horizontalmente.
Seus olhos percorreram o lado esquerdo, ali sim tinha uma porta, o que poderia vir a ser um quarto ou um banheiro? Não soube deduzir. No entanto, o local emanava um ambiente limpo. Estranhamente limpo.
— Há quanto tempo você toca? — ouviu a voz atrás de si.
se virou e percebeu que ainda segurava o skate com força, como se quisesse passar toda a tensão para o objeto, mas aquilo não adiantava em nada.
— Hã, desde os meus 8 anos. Eu tenho 22 agora, então — fez um bico rápido.
— Ótimo!
— Existe um lugar que eu possa me troc...
A porta foi aberta, não, escancarada, do nada, ambos se assustaram e olharam pro local.
— Desculpa. — uma garota com os seus cabelos escuros, mas com mechas roxas nas pontas falou rindo e segurando caixas. — Eu trouxe as pizzas!
notou que ela tinha um sorriso nos lábios e olhava para o rapaz ao seu lado, no entanto, o olhar dela caiu em si de forma desconfiada.
— Eu vim pro teste. Pra tentar ser baterista da banda. — quis se explicar rapidamente, a outra apenas concordou com a cabeça e sorriu novamente.
— Eles estão precisando mesmo. — riu. E acabou rindo fraco também.
— Vocês sabem de um lugar que posso me trocar? Eu esbarrei no lixo e essa camiseta tá fedendo. — apontou pra si.
O rapaz olhou pra garota e ambos trocaram olhares, ela se aproximou, lhe entregando as caixas e suspirou.
— Eu ajudo ela!
Acompanhou a mulher de cabelos coloridos pelo local, entraram em uma porta e ela se surpreendeu com o tamanho do que parecia ser um cômodo, mas tinha apenas um sofá, e algumas bagunças que provavelmente deveria ser dos meninos, tendo em vista que o rapaz de antes falou que a banda era dos irmãos deles. No plural.
Entrou em uma portinha que lhe foi apontada e encostou a porta a fim de ter mais privacidade, mas assustou-se.
Que caralho…
Seus olhos estavam arregalados e olhando pro rapaz que dormia em uma das camas no canto, colocou as mãos as mãos na boca, assustada e com seu coração na boca. Ele se virou, com os olhos meio fechados a olhando.
— Quem acendeu a luz? — resmungou baixo.
— Desculpa. — pediu ligeiramente sem saber ao certo o que fazer.
Será que ele era irmão ou amigo do rapaz que a recebeu na porta? Loiro, provavelmente alto, com uma barba bem fina por fazer. Ele estava sem... Camisa. checou seus braços e começou a descer pelo corpo do rapaz, que era bem definido. Quando deu por si, ele a olhava, mesmo com uma expressão de sono.
— Quem é você?
— Meu nome é e vim pelo anúncio que vocês estavam precisando de um baterista. Não sei ao certo, mas acredito que eu tenha falado com o seu irmão, ele disse que poderia fazer um teste, aí a menina de cabelo roxo chegou e me trouxe aqui e...
Ele franziu o nariz.
Que merda, pensou .
— Que cheiro é esse? — ele questionou com a voz rouca.
Um pigarreio saiu entre a sua garganta.
— Vim aqui porque preciso me trocar, eu estava andando de skate e acabei caindo em cima de uma lata enorme de lixo e um líquido caiu e não faço ideia do que seja. Está de fato fedendo muito e...
Ele apenas riu e concordou com a cabeça. A garota falava demais, mas parecia estar nervosa. Pegou a sua camiseta que havia deixado por ali e a vestiu com calma já se colocando de pé e aproximando-se dela.
— Prazer em te conhecer, . Eu sou . O vocalista da banda. — esticou uma das mãos a fim que ela apertasse.
fitou o rosto do rapaz a sua frente e ele tinha um sorriso lindo, suas bochechas coradas e o cabelo loiro bagunçado. Praticamente segurou um suspiro.
— Bem-vinda à banda.
Ela riu e pegou em uma das mãos dele a apertando com delicadeza.
— Ainda não fiz o teste. — e foi virando seu corpo, pois caminhava em direção a porta.
— Acredito no seu potencial e estou ansioso pra te ver tocando. — sorriu ao abrir a porta.
Suas mãos suavam novamente, ela as passou pela calça jeans e tinha certeza de que ficaria a marca, apenas deu um sorriso fraco, sentindo seu coração bater bem rápido e concordou.
— Vou me trocar e já vou.
Quando a porta foi fechada, deu um gritinho, não conseguiu se controlar. Mordeu o lábio inferior enquanto sorria e pensou que de fato depois que pintou seu cabelo as coisas iriam melhorar. Aquilo era uma prova disso, né?
Estava ansiosa pelos próximos capítulos da sua vida.




Continua...



Nota da autora: Oi gente, obrigada a quem leu até aqui. Queria dizer, que essa shortfic é um treinamento, a Long dela vem aí. Então não fiquem bravas comigo por esse fim sem fim.” Caixinha de comentários: A caixinha de comentários pode não estar aparecendo para vocês, pois o Disqus está instável ultimamente. Caso queira deixar um comentário, é só clicar AQUI





Nota da beta: Que escrita encantadora <3 Aguardando ansiosa pra saber quais histórias e aventuras acompanharão a jornada da Berlin como baterista!
Qualquer erro nessa atualização ou reclamações somente no e-mail.


comments powered by Disqus