CAPÍTULOS:


[1][2]
[3][4]
[Epílogo]





Love from Canadá






Capítulo um.


Essa e essa música tocarão durante a história. Coloque para tocar quando isso acontecer (se você quiser).

“Ela não era como as outras pessoas que conhecia. Tinha certeza de que jamais soltaria de sua mão. Seus dedos pareciam ter o encaixe perfeito nos dele — perfeitos complementos entrelaçados sem esforço algum.” (A Última Música)

O vento soprava forte naquele dia de outono, o que a fez colocar um casaco a mais, apesar de achar que já era o suficiente. — aprendeu isso com a sua mãe anos atrás, sempre levava uma roupa de frio a mais consigo. — Mas o frio ainda a consumia, fazendo com que ela abraçasse seus próprios braços e entrasse na cafeteria da sua faculdade.
— Bom dia! — era costumeiro o sorriso da moça em tudo que a mesma fazia ou falava. Não era tristeza escondida atrás de um sorriso, mas sim um bom humor cotidiano. Isso fazia com que as pessoas tivessem um amor inexplicável pela garota, e por onde ela passava deixava um rastro de simpatia jamais encontrado em outro lugar.
A única coisa que esse sorriso não encontrou era um amor. Não que fosse algum drama, mas desde que a garota chegou há três anos na cidade de Calgary, parecia que não tinha muita sorte nisso que as pessoas nomeavam por amor.
Mas o destino às vezes gosta de brincar e encontrar os futuros das pessoas, ou como ela gostava de dizer: "as energias" que cuidavam do futuro das pessoas, mesmo com a moça não gostando de pensar que o destino existia. — por mais que fosse uma romântica fervorosa e amasse ler os livros mais clichês sobre amor das livrarias.
Desde a época em que sua vida mudou completamente e ela teve essa oportunidade incrível de poder estudar em sua cidade preferida, pensar no futuro a assustava. Prestou seu primeiro vestibular e passou no seu curso dos sonhos sem esperar que nada disso acontecesse. Foi aí que ela percebeu que os sonhos se realizam, e que quando menos você espera coisas maravilhosas acontecem e você não tem nem tempo de pensar em dizer "não".
Saiu do estabelecimento com seu pedido nas mãos. Era chocolate quente. Sempre pedia isso em toda cafeteira que ia, além de aquecê-la ainda a fazia lembrar de casa. 
Não era como se fosse o melhor dia de sua vida ou o mais feliz, mas todas as pessoas por quem ela passava davam um sorriso e fazia alguma saudação, e mesmo morrendo de frio e querendo chegar na aula o mais rápido possível, — apesar de seu professor não ser uma das melhores pessoas do mundo — ela não deixou de estar de bom humor. Mas tanto bom humor quase a custou muito, não o fato de estar de bom humor, na verdade, foi o fato dela estar desatenta quando algo quase aconteceu.
Ela não percebeu que atravessou a rua sem olhar para os lados, não percebeu que vinha algo na direção dela; não percebeu nos dois segundos que tudo aconteceu.
Não foi nada muito traumático, apenas uma bicicleta desatenta que tinha desviado do meio fio — ou uma garota desatenta que não olhava por onde andava? Não chegou a ser um acidente porque o menino que se encontrava na bicicleta percebeu no último segundo o que estava prestes a acontecer. Não chegou a ser um acidente porque a adrenalina fez ela parar e fez ele desviar a bicicleta caindo com a mesma no chão. Não chegou a ser um acidente porque, bem, simplesmente não era pra ser.
— Mil desculpas! Eu não queria... não tive a intenção... — ele não tinha muito o que dizer. Seu coração estava disparado e a garganta seca pelo cansaço. Embolava todas as palavras para tentar se desculpar, mas não percebeu que estava machucado pela queda que havia levado da bicicleta, e não percebeu o quão engraçado estava tentando gesticular o que aconteceu.
O que fez com que a garota quisesse rir. Não sabia se ria de nervosismo por quase ter sido atropelada, se ria do garoto que não parava de falar apesar do cansaço ou se ria do azar que estava tendo hoje, porque no meio dessa história toda seu chocolate quente havia caído no chão e com ele foi seu aquecimento e as lembranças de casa.
— Está tudo bem. — ela o interrompeu, fazendo com que o mesmo ficasse um pouco confuso por perceber que ela estava rindo. — Mas acho que você se machucou. — apontou para o braço do rapaz.
— Hã?
— Posso ajudar? Foi eu quem causou essa coisa toda, afinal. 
— Eu quase te matei.
— Ei! Quem não olhou para os lados antes de atravessar fui eu. — ela o ajudou a levantar a bicicleta, e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, a garota já estava caminhando na calçada empurrando a bicicleta.
— Mas eu fico te devendo um chocolate quente. Foi minha culpa ele ter caído. — disse quando chegou no encalço dela.
— Ah, isso você tem razão! Ele não estava nem na metade, se você quer saber. — riu, o que fez com que ele risse também. Era contagiante, ele tinha que admitir.
— Meu nome é

Não foi uma caminhada muito longa, nem um tempo muito longo para algum tipo de conversa. Os dois andaram até a enfermaria para fazer os curativos. Na entrada da sala ela finalmente percebeu que ele estava com uma mochila grande demais para entrar lá, o que fez com que ele entrasse com dificuldade batendo na porta e arrancasse um riso da garota e um olhar severo da enfermeira que estava lá dentro.
— Você é mochileiro? — ela perguntou quando os dois deixaram o lugar, depois que a enfermeira havia feito o curativo do rapaz.
— Na verdade, músico. — ele disse limpando a garganta.
— Ah, me desculpe! Então estou ao lado de um astro do rock? — fingiu espanto e deu uma gargalhada logo depois.
— E curso História nas horas vagas.
— Sabia que essa barba vinha de algum lugar! Você tem cara de quem cursa História.
— E você? — ele levantou as sobrancelhas, o que a fez quase perder o raciocínio por alguns segundos.
— Eu curso Direito. — ela olhou o relógio preocupada. — Que, aliás, estou atrasada para a aula.
— Então estou ao lado de uma futura advogada? — ele a imitou falando.
— Na verdade, juíza. — ela levantou as sobrancelhas. — Agora eu tenho mesmo que ir...
— Desculpe, Meritíssima. — eles riram. — Tudo bem. Ahm... — ele limpou a garganta. — Hoje à noite a minha banda vai tocar no The Den, e como toda quinta-feira vão ter muitas bandas tocando e...
— Obrigada, mas eu tenho aula amanhã.
— Mas vai ser só por uma hora. Você vê minha banda tocar e vai embora. Se quiser, eu te levo no seu dormitório quando acabar.
— Tudo bem...
— Ótimo! — ele pegou a bicicleta e foi para a rua. — Te vejo mais tarde.



Capítulo dois.


Ela queria dizer que não ia, da mesma forma que queria dizer que o sorriso dele — que apenas foi mostrado por três segundos. — não tinha a afetado. Da mesma forma que queria negar a si mesma que tinha colocado seu melhor perfume, juntamente com seu batom preferido. Mas acima de tudo, queria convencer a si mesma que conseguiria ir sozinha, mas não foi o que aconteceu.
Naquela noite congelante conseguiu convencer sua amiga, Annie, a ir com ela. O que não foi muito difícil, porque de tantas idas e vindas dessa amizade, certas coisas faziam essa irmandade ficar tão difícil de quebrar quanto diamante. E, na verdade, não podia pensar em ninguém que a acompanhasse para todos os lugares como ela.
— Professor de história e músico? , você vai morrer de fome! — Annie riu. 
— Eu? Não tenho nada a ver com ele. Talvez ele tenha namorada ou seja gay, eu não sei.
— Você está saindo de noite, no meio da semana, sem saber que horas vai voltar e diz que não tem nada a ver? Eu ainda te conheço muito bem, . Você é mais do que a minha colega de quarto. — ela não disse nada, apenas tentou andar com mais pressa.
O The Den era um bar com música ao vivo, e casa noturna uma vez por semana. vinha nesse lugar praticamente todos os dias no seu primeiro ano na faculdade, mas agora que os anos se passaram e as responsabilidades aumentaram, não conseguia lembrar a última vez que saíra para se divertir de verdade.
— Eu temo dizer que aqui não tem chocolate quente, mas eu posso te pagar qualquer bebida que você quiser. — ele estava com uma camisa nova que tinha o nome de alguma banda que ela não soube dizer qual, mas isso não foi a coisa que ela mais prestou atenção. O sorriso dele estava estonteado e grande.
— Na verdade, você pode me pagar tocando alguma música. Só não me decepcione. — ela sorriu.
— Acho que isso eu posso fazer.
— Essa é minha amiga Annie.
— Eu só vim porque me falaram muito bem da sua banda. — disse Annie, levando uma cotovelada da amiga que só procurou um lugar para enfiar a cabeça de tanta vergonha.
— Bom saber que falaram bem de mim. — aquele sorriso de lado a fazia ficar com as bochechas rubras. — Minha banda é a próxima a tocar, eu tenho que ir.
não havia contado que era o vocalista da banda, o que fez com que toda a visão que ela tinha do palco se dirigisse única e exclusivamente para ele (e mesmo se ele não fosse o vocalista sua atenção seria toda dele do mesmo jeito).
Nos primeiros acordes da música, instantaneamente sorriu. Era Yellow, do Coldplay. A sua música preferida, que tocou na sua formatura do ensino médio e que a fazia ter tantas lembranças boas. Mas como ele poderia saber que era sua música preferida? Como poderia saber que aquela música a fazia lembrar dos melhores momentos da sua vida? Como poderia? Aliás, ele não podia, era impossível ele saber. Mas impossível mesmo era ela não cantar aquela música — juntamente com a plateia, que estava tão animada que parecia que o próprio Coldplay estava ali. Aquela vibe e aquela música a fazia lembrar dos inúmeros shows que ela foi de sua banda preferida, inúmeras vezes em que ela levantou seus braços e gritou para que seu ídolo preferido a notasse.
Mas não era como se ele soubesse disso, ou percebesse. Ela ficou sentada em uma das cadeiras cantarolando, enquanto ele tocava cada acorde da música olhando para ela. E, ah, como ele cantava bem! Sua voz era uma melodia nos ouvidos dela, e ela tinha a absoluta certeza que poderia ouvir aquela voz cantando todos os dias sem enjoar nenhuma vez.
Nos últimos acordes, quando ele cantou: “Look at the stars. Look how they shine for you. And all the things that you... do”, ela não pôde deixar de gritar e aplaudir.
— Eu fui desesperada demais? — ela perguntou para a amiga e ela assentiu com a cabeça e riu. — Ahn... que mico.
— Eu provavelmente falaria alguma coisa, mas se eu estivesse no seu lugar faria a mesma coisa, porque ele é um gato. E, aliás, ele está vindo aí. — ela disse e saiu. só procurou um lugar para se esconder e nunca perdoaria a amiga por tê-la deixado sozinha com ele.
— E aí? O que achou? — perguntou quando se sentou ao lado dela.
— Você acertou em cheio. Amo essa música.
— Tive o melhor palpite, acho que não tem ninguém nesse mundo que não goste de Coldplay.
— Tem razão.
Era bem nítido perceber que ficar sozinha com ele a deixava muito nervosa. — tão nervosa que a deixava quase monossilábica, — E que, de alguma forma que ele não sabia explicar, ela a deixava curioso. Curioso para saber mais sobre ela, curioso para saber o que a deixava mais feliz; curioso para saber o que estava acontecendo com ele mesmo.
— De onde você vem? — eles foram para fora do estabelecimento porque a música estava alta demais para ouvirem a voz um do outro.
— Meu sotaque é tão perceptível assim? — ele assentiu a fazendo ficar com vergonha. — Brasil.
— Ah, legal! Sempre quis ir na América Latina, mas eu nunca saí daqui.
— Você ia gostar de lá. Quer dizer, tirando o calor é bem legal. Você ia gostar muito das praias.
— Eu nunca fui a uma praia. Não com aquelas ondas grandes e sol de sei lá quantos graus.
— Sério?Minha família e eu íamos sempre à praia, passávamos as férias todas lá. — disse a garota lembrando de casa, o que a fez ficar um pouco nostálgica e com muita saudades.
— A sua família está toda lá?
— Sim, é ruim eles estarem tão longe, mas eu estou realizando meu sonho, então vale a pena.
— Sonho de ser juíza?
— Sonho de morar aqui. Sabe, desde a época do colégio que o meu sonho era morar em Calgary. — sorriu lembrando das inúmeras lembranças do colégio. Foi a melhor época da sua vida, com certeza. — E você? Me conta como é morar no melhor lugar do mundo.
— É legal, mas eu queria visitar outros lugares, sabe? Conhecer pessoas novas e esse tipo de coisa.
— Não gosta das pessoas daqui?
— Gosto, eu tenho amigos que eu conheço a mais de dez anos. Mas como eu sempre estive por aqui, eu sempre fiquei rodeado das mesmas pessoas. O que é bem entediante na maioria das vezes, mas é bom ver gente nova por aqui... como você. — ele a olhou.
E seu coração disparou, e o dele também. Ela queria tanto conseguir descrever aquilo ou explicar ao menos em algumas palavras o que estava sentindo. Mas, na verdade, o que queria explicar era como conseguia sentir tudo aquilo de uma hora para outra, dessa forma tão repentina. Não conseguia evitar os olhos dele, levando em conta que ele tinha lindos olhos castanhos e estava tão perto...
Então ele a beijou, de uma forma como ela nunca foi beijada antes. Aquele tipo de beijo que o casal sorri no meio dele. E ela queria sorrir e dizer o quanto estava feliz ali com ele ali. Parecia tão certo, mesmo tudo sendo tão novo. Ele era tão carinhoso que fez com que ela deitasse a cabeça no ombro dele após o beijo. Ficaram em silêncio por alguns minutos, mas não aquele silêncio constrangedor, era aquele tipo de silêncio que os dois não precisavam falar nada para dizer o que sentiam, principalmente porque ela conseguia sentir o coração dele batendo e aquilo já eram “palavras” o suficiente para ela entender.
"Mas o que está acontecendo?", ela se perguntava. Parecia que tinha voltado a ser adolescente, quando sua barriga ficava cheia de borboletas voando com frequência e seu coração disparado. Porém, não conseguia disfarçar a felicidade, aquele sorriso bobo não saia do seu rosto e ela estava morrendo de vergonha pensando que ele riria da cara dela.



Capítulo três.


Então saíram de novo, e de novo... Se viam tantas vezes durante a semana que eles nem conseguiam mais contar. E nem queriam, cada momento que passavam juntos era mais um minuto de felicidade adicionado ao seu tempo de vida. Quando estavam juntos, nem viam a hora passar e nem tinham vontade de olhar no relógio, só queriam ficar na presença um do outro e aproveitar cada minuto precioso. Até que numa tarde fria, depois de alguns meses, ele a pediu em namoro, sem nada muito grande ou especial, sem flores, sem chocolates, sem cartas, sem textos, — apesar dele tê-la dito que gostava de escrever e que já tinha alguns projetos de livros. — sem música. Ele apenas a olhou nos olhos, como sempre fazia, e disse:
— Namora comigo. — simplesmente. E não era uma pergunta, o que a deixou atordoada por alguns segundos. Era quase uma afirmação, e ele tinha certeza que de todas as afirmações que ele já havia dado em sua vida aquela era a mais verdadeira até então.
— Sim. — ela disse, finalmente, com um sorriso de orelha a orelha. E ele a envolveu com os braços e apertou contra o corpo, como se ela fosse a coisa mais preciosa e que fosse quebrar a qualquer momento se a deixasse cair.
E foi um dos momentos mais especiais da vida dela. era a melhor pessoa que ela havia conhecido, o melhor namorado que uma garota poderia pedir. E cada palavra que ele dizia ou a cada poema que ele recitava para ela — ele fazia isso às vezes, e ela ficava com o coração tão cheio de amor que nem cabia nela. — era como se o carinho que ela sentisse por ele aumentasse a cada dia. Ele poderia ficar todos os dias ao lado dela que não reclamaria nunca. E quando perceberam, a paixão atropelou ambos como um ônibus em alta velocidade. E como não perceberam isso antes? Com certeza, ele não conseguiria viver sem as manias dela, sem falar no sorriso dela. E ela percebeu que não viveria sem a voz dele e sem olhar para a coleção de All Star que ele tinha no quarto.
"Quando eu vi você tive uma ideia brilhante. Foi como se eu olhasse de dentro de um diamante e meu olho ganhasse mil faces num só instante. Basta um instante e você tem amor bastante. Um bom poema leva anos. Cinco jogando bola, mais cinco estudando sânscrito, seis carregando pedra, nove namorando a vizinha, sete levando porrada, quatro andando sozinho, três mudando de cidade, dez trocando de assunto, uma eternidade, eu e você, caminhando juntos.” — ele recitou. Estavam deitados na cama do rapaz, ele recitava para ela alguns dos seus poemas preferidos, enquanto tocava na rádio algumas músicas de fundo.
— Por que recitou esse? — ela perguntou.
Porque eu amo você. — foi a primeira vez que ele disse isso para ela, e ela não teve a melhor das reações. Ficou parada por alguns segundos sem saber bem o que falar, enquanto ele ria da cara dela. — Não é legal não falar nada quando um cara fala que te ama...
— Eu sei, desculpa. — ela colocou as mãos no rosto de vergonha. — Eu também te amo. — ela disse e deu um beijo nele, que se levantou logo em seguida e esticou a mão para que ela a pegasse. — O que está fazendo?
— Eu gosto dessa música. Dança ela comigo?
— Sabe que eu não gosto de dançar. — ela não se levantou, fazendo-o a puxar a força até que ela ficasse em pé. — Tudo bem, mas só porque não tem ninguém aqui.
Aquela música era uma das mais bonitas que ele já havia escutado e uma das primeiras que ele havia aprendido a tocar no piano. — não bastava saber tocar guitarra e saber cantar. Ele levantou a mão direita dela e passou a outra pela cintura dela e começaram com os passos lentos.

Everybody needs inspiration.
(Todo mundo precisa de inspiração)
Everybody needs a song.
(Todo mundo precisa de uma canção)
A beautiful melody.
(Uma bela melodia)
When the night's so long.
(Quando a noite é tão longa)
Cause there is no garante.
(Porque não há nenhuma garantia)
That this life is easy.
(Que essa vida é fácil)

E se já não bastasse, ele ainda cantava junto com a música, a fazendo sorrir porque eles estavam muito perto um do outro. Ouvir a voz rouca dele tão perto do seu ouvido era a melhor coisa do mundo naquele momento.
Ela não podia deixar de rir, era patético o quanto ele dançava mil vezes melhor do que ela, mas isso não a fazia ficar com vergonha, porque ele se disponibilizara a ensiná-la enquanto cantava e a rodopiava pelo quarto.

Yeah, when my world is falling apart.
(Sim, quando meu mundo está caindo aos pedaços)
And there's no light to break up the dark.
(E não há luz para quebrar a escuridão)
That's when I, I, I look at you.
(É quando eu, eu, eu olho para você)
When the waves are flooding the shore and I.
(Quando as ondas estão inundando o litoral e eu)
Can't find my way home anymore.
(Não consigo encontrar o meu caminho de casa)
That's when I, I, I look at you.
(É quando eu, eu, eu olho para você)

— Por favor, só não me diga que você fez ballet. — ela riu da cara que ele fez quando ela fez essa pergunta.
— Você apenas está do lado do melhor dançarino dessa faculdade.
— Eu duvido muito disso.

When I look at you.
(Quando eu olho para você)
I see forgiveness.
(Eu vejo o perdão)
I see the truth.
(Eu vejo a verdade)
You love me for who I am.
(Você me ama por quem eu sou)
Like the stars hold the moon.
(Como as estrelas seguram a lua)
Right there where they belong and I know.
(Bem ali, onde elas fazem parte, e eu sei)
I'm not alone.
(Eu não estou sozinha)

Ele gostava de vê-la sorrindo daquele jeito, o deixava admirado de certa forma. Ela ria na maior parte do tempo, o que o fazia rir enquanto cantava.
Ele a conduzia tão bem. Ela já não tinha mais medo de errar algum passo, ela apenas fechou os olhos. Era como se flutuassem, e era mais divertido do que ela poderia imaginar. Ela não iria querer fazer aquilo com ninguém mais além dele, e isso era fato, levando em conta que ninguém iria conduzi-la tão bem quanto ele fazia. Parecia até que eles eram feitos um para o outro naquele quesito (e em todos os outros também).

Yeah, when my world is falling apart.
(Sim, quando meu mundo está caindo aos pedaços)
And there's no light to break up the dark.
(E não há luz para quebrar a escuridão)
That's when I, I, I look at you.
(É quando eu, eu, eu olho para você)
When the waves are flooding the shore and I.
(Quando as ondas estão inundando o litoral e eu)
Can't find my way home anymore.
(Não consigo encontrar o meu caminho de casa)
That's when I, I, I look at you.
(É quando eu, eu, eu olho para você)

Os olhos dela estavam brilhando. Ele podia jurar que nunca tinha visto algo assim. E antes que ele pudesse fazer alguma coisa, eles começaram com passos mais lentos e ela deitou sua cabeça no ombro dele, o que fez com que seu ouvido ficasse mais perto da boca dele e ele cantasse bem perto do ouvido dela, a fazendo ficar extasiada por alguns minutos.

You, appear, just like a dream to me.
(Você aparece como um sonho para mim)
Just like kaleidoscope colors that.
(Como as cores de um caleidoscópio)
Cover me.
(Provam para mim)
All I need.
(Tudo que eu preciso)
Every breath, that I breathe.
(Cada respiração que eu dou)
Don't you know?
(Você não sabe?)
You're beautiful.
(Você é lindo)

Parecia que eles já haviam dançado a vida inteira juntos. O corpo dos dois rodopiavam pelo lugar e ele cantava a música no ouvido dela a fazendo ficar arrepiada da cabeça aos pés.
Ele chegou a conclusão de que era impossível não se divertir ao lado dela, ela ainda ria toda vez que ele rodava com ela, e ele ria junto, porque era impossível não rir. Os efeitos que ela tinha sobre ele nem ele conseguia mais explicar.

Yeah, yeah.
(Sim, Sim)
When the waves are flooding the shore.
(Quando as ondas estão inundando o litoral)
And I cant find my way home anymore.
(E eu não consigo encontrar o meu caminho de casa)
Thats when I.
(É quando eu)
I I look at you.
(Eu, eu olho para você)
I look at you.
(Eu olho para você)
Yeah, yeah.
(Sim, Sim)
Oh, oh.
(Oh, oh)
You appear just like a dream to me.
(Você aparece como um sonho para mim)

Quando a música acabou, pegou o braço dela e a rodou e ela ficou um pouco tonta, mas foi divertido. E ela poderia fazer aquilo com ele infinitas vezes que ela iria se divertir em todas elas.
Então ele a beijou. E ela poderia jurar que tinha escutado anjos cantarem de alegria. Ela estava feliz, os dois estavam, na verdade. Muito mais do que poderiam explicar.
— Você é a única pessoa que me faria dançar.
— Eu amo você. — ele disse de novo. Os pelos do corpo dela se arrepiaram. Ela não conseguia descrever o quão feliz estava naquele momento.



Capítulo quatro.


Não dá para descrever o que aconteceu em depois; depois mesmo, tempos depois. Porque eles dois eram melhores do que qualquer música de amor ou algum livro de romance. Porque eles eram eles, e não dava para descrevê-los melhor do que isso. E a melhor parte era que se passou um mês, dois meses, cinco meses, um ano, dois anos... Ficava tudo melhor, ficavam cada dia mais apaixonados, independente do que acontecesse nesse meio tempo. Como que teve que se mudar de vez para Calgary, — tendo que deixar sua família inteira em outro país. — não só para viver um grande amor, mas para viver o emprego que ela sempre sonhou na vida, e com isso muitas outras coisas aconteceram e ela fez coisas que nunca imaginou que faria na vida. Mas ela tinha sorte, porque tinha uma das melhores pessoas ao seu lado.
realizou o sonho de publicar livros e todos eles eram dedicados a pessoa que fazia seu coração disparar de felicidade. Conseguiu viajar o mundo inteiro publicando seus livros e a levou com ele, e viajaram juntos o mundo inteiro desde Amsterdam ao Alaska. Eles eram perfeitos juntos e tinham uma sintonia que era raríssima de achar por aí. E era justamente por isso que nunca brigavam, e por causa disso deram tão certo tão rápido. E por causa disso que três anos depois ele a pediu em casamento e um ano depois se casaram. A cerimônia foi tão linda, tão deles, que era impossível descrever. Toda a família dos dois estavam lá, juntamente com os amigos. Aquele dia foi um dos mais especiais para os dois. E mesmo depois de anos, Yellow continuou sendo a música deles. Eles sempre lembrariam de todas as vezes que ela tocou quando estavam juntos, que tocou na festa de casamento e que ele cantava para ela de noite antes de dormirem. E depois de um tempo, ela deu a notícia de que estava grávida. Talvez fosse a notícia que o deixou mais feliz na vida, ele se sentia o cara mais sortudo do mundo; o cara mais feliz do mundo. E talvez ele fosse, talvez os dois fossem as pessoas mais felizes do mundo, e qualquer um que visse os dois juntos tinha a certeza de que eles eram o casal mais feliz do mundo.



Epílogo.


Quando eu era pequeno eu queria ser o Homem-Aranha, depois eu quis ser astronauta, depois que eu cresci mais um pouco eu quis ser paleontólogo, mas acabei com um amor incondicional por História, e eu não podia ter acertado mais na minha escolha. É bom fazer algo que eu sei que sempre dará certo, e dar aulas é uma coisa que eu sempre vou gostar de fazer. Mas se me perguntarem o que eu quero ser — exatamente — agora, eu respondo: ser escritor. Não que minha carreira de professor não me agrade (muito pelo contrário), mas todos têm uma coisa favorita, e essa é a minha. Mas caso você pergunte, não gosto de escrever coisas banais, gosto de escrever histórias reais e, de preferência, que sejam de romance. Minha mãe diz até hoje que antigamente eu me inspirava para escrever nos amores que eu nunca tive. E não deixa de ser verdade, virei um adolescente nostálgico que lia mil e um romances esperando acontecerem comigo. Nunca aconteceu de fato... até eu conhecer o amor da minha vida. Parece estranho falar assim, porque depois de tanto tempo o que a gente idealiza sobre o amor nós descobrimos que não passam de livros, textos, poemas, porque quando você sente de verdade é melhor do que tudo isso, do que tudo que você leu, escutou ou ouviu falar. E agora eu tenho alguém de verdade em que eu me inspiro para escrever, e, sinceramente, acho que não há no mundo inspiração melhor que a minha, e nas notas de todos os livros eu dedico para ela.

Eu aprendi sobre o amor quando eu tinha vinte e dois anos, foi nessa época que eu a conheci. Aprendi com ela o que eu demoraria a vida inteira para aprender sozinho. — e se aprendesse. Ela é a melhor pessoa que eu conheço e dizer “sim” para ela no casamento é a única coisa que eu tenho certeza que nunca vou me arrepender na minha vida. Você tinha que vê-la no nosso casamento, entre todas as flores, decoração, luzes e fotos, eu podia jurar que ela estava mais bonita do que qualquer uma dessas coisas, e mais bonita do que qualquer anjo que já pisou na terra. — ou que ela era o mais próximo de qualquer um deles. Toda a minha família estava lá, e a dela também. Os conheci, finalmente, e nas fotos do casamento pareciam todos uma família só. — o que não deixa de ser verdade agora. E o que se resumiu nessa noite foi: amor; em todos os sentidos e de todas as formas, e eu me senti o homem mais feliz e sortudo do mundo.

Então parei para pensar sobre o amor, e o que as pessoas idealizam dele, porque elas falam tanto, dizem que é uma coisa ou que é outra, dizem palavras tão bonitas que às vezes parecem ter sido copiadas de algum livro de poesia. Mas o que elas nunca fazem é dizer e fazer realmente o que sentem; o que está lá dentro. Não expelem o sentimento nas melhores palavras e atos. Admiro as mil vidas criadas pelos meus escritores de romance preferidos. Queria ter na minha vida o amor que tanto li nesses livros. Queria fazer das palavras deles as minhas e dos atos deles os meus. Queria ser como os protagonistas dessas histórias, queria ser como eles que não só dizem, mas também fazem tudo o que sentem, e que cruzam mil e um oceanos para conseguir fazer de tudo para que sua amada se sinta ao menos um pouco especial. Queria eu ser como Romeu, que por amor fez de tudo para ficar com Julieta. Ou como Landon, que, por amor, apesar de tudo, nunca desistiu de Jamie. Queria eu ser como Jack, que por amor deu a sua vida por Rose. Ou quem me dera ser até como Edward era por Bella, que por amor fez de tudo para protegê-la como pôde.

Às vezes eu queria ser o melhor homem do mundo; o mais forte para protegê-la, o mais atencioso para dar toda a atenção que ela merece, o mais rico para comprar tudo que ela precisasse e a melhor pessoa do mundo, para que ela nunca se sinta deixada de lado. Mas, na verdade, eu prefiro ser eu mesmo: , apaixonado por uma única mulher; a minha. Uma mulher que me chama de idiota quando está com raiva, que me faz acordar mais cedo que ela só para fazer o café da manhã, que me convenceu a adotar um cachorro que já faz parte da família. A mulher pra quem eu canto sua música preferida todas as noites, que há três anos me deu o melhor presente que um homem apaixonado pode ganhar: minha filha Zoey. As duas hoje são as coisas mais preciosas que eu tenho e os amores da minha vida. Ela tem o melhor e mais bonito sorriso do mundo, tem a risada mais contagiante que eu já tive a sorte de conhecer. E a mulher que eu escolhi pra ser a coisa mais importante da minha vida. E é a melhor definição que eu conheço da palavra amor.



Fim.



Nota da autora: (12/12/2015) Não consta.






Achou algum erro? Ops! Que tal me avisar para que eu possa arrumá-lo? Me mande um e-mail. Nada de usar a caixinha de comentários para isso, hein!
Quer saber quando a fic atualizará? Acompanhe aqui.


E se você deixasse um comentário para autora? É uma boa forma de dizer "obrigada" pela história maravilhosa. É rápido, fácil e os dedos não caem. Um "gostei" faz toda diferença.
Experimente ;)

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