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Love Me Like You






Capítulo 1


- Então meninas, o que vocês acham que eu devo fazer? - Perguntou encarando as duas pessoas atônitas em sua frente.
Acabara de abrir o coração e contado as amigas sobre a mais nova paixão: Bradley Sanders, o jogador de futebol americano mais lindo, mais maravilhoso e mais gostoso da escola. O rapaz de cabelos loiros tom de mel, corpo musculoso digno de uma pessoa dedicada no que fazia, jeito irreverente e badboy de ser, costumava deixar as meninas da escola morrendo de amores por ele.
E quem tinha acabado de entrar para aquela lista extensa de paixonites era .
A garota vinha observando o rapaz a alguns dias, seguindo-o e apostando no efeito surpresa em todos os lugares que ele ia, sem sucesso. Convocou uma pequena reunião com as duas melhores amigas para contar a novidade, receber dicas de como ter a atenção dele e sair vitoriosa da situação.
Ela só precisava ouvir de suas amigas palavras de incentivo sobre o seu poder de conquista e principalmente, de sorte.
- Eu acho que você deveria ficar com . - Jane respondeu completamente fora do contexto. arqueou as sobrancelhas sem entender a resposta.
- Eu não estou interessada nele, - revirou os olhos em desdém. - E nem ele interessado em mim. - Completou esperando que fosse o suficiente para acabar com aquele papo e voltasse ao foco principal da conversa.
- Não é o que nós andamos ouvindo por aí. - Chelsea disse sorrindo debochadamente e Jane a acompanhou. - Algumas garotas naquela escola querem tomar banho na mesma água que você para tê-lo no encalço.
Marjorye riu confusa, não sabia que costumava ser alvo de inveja na escola por causa do seu melhor amigo.
- Mas ele não é nerd? - Perguntou risonha, aquilo era novidade bem estranha.
- Ele é bonito demais para ser considerado nerd. - Jane falou sonhadora.
bonito? soltou uma risada anasalada
- E eu aqui achando que o Bradley era o popular. - Balançou a cabeça negativamente, boquiaberta com o que ouvia.
- Existem garotas que preferem pessoas discretas como ele. Sabe como é, quem come quieto come mais. - Chelsea concluiu e as garotas concordaram.
- É meu sonho estar no seu lugar quando ele chega e te abraça apertado com aqueles braços maravilhosos. - Jane voltou a se manifestar e sorria debilmente. - Arranca suspiros de toda a escola, até de nós duas. - Apontou nela mesmo e depois pra Chelsea. - Não é possível que você não perceba nada, ele sé tem olhos para você.
- Isso é um absurdo. - fez uma careta. - Nós somos apenas amigos. Vocês e o restante do mulheril da escola só podem estar vendo coisas demais. - Falou determinada.
- É só prestar um pouquinho mais de atenção e você verá que ninguém está maluco aqui. - Chelsea continuava com o tom de deboche e revirou os olhos num princípio de irritação.
- Será que nós poderíamos parar de falar no e se concentrar no meu problema? - Pediu suplicante. As duas garotas pareceram finalmente acatar o pedido e balançaram a cabeça freneticamente afirmando. - O que eu devo fazer?
- Ainda acho que você deve ficar com o . - Jane recomeçou. coçou a nuca chegando ao estágio total de nervosismo e irritação com a amiga.
- Onde você quer chegar com este papo, afinal? - Perguntou com a voz mais séria do que pretendia, estava disposta a dar um fim definitivo àquela conversa.
- Em lugar algum... - de repente a garota parecia estar tímida e Chelsea a encarou séria, as duas pareciam trocar informações apenas com o olhar. Por um instante sentiu que estava sobrando, pelo jeito ela não era a única a esconder segredo das amigas. - Tudo bem, eu vou contar! Eu tenho uma grande curiosidade em relação a ele, não posso negar. Mas também sei que você está no topo da lista de garotas que o está interessado e não quero ficar no meio de vocês quando essa sua cabeça dura começar a funcionar. - fez uma cara de ofendida, logo riu quando soube dos interesses da amiga. - Eu só queria saber da sua parte, mas tinha vergonha de perguntar. - Riu sem graça.
- Você está me pedindo permissão para ficar com ele, é isso? - Perguntou encarando a amiga, estava incrédula. Jane deu de ombros e tentou fugir do olhar da amiga que a encarava invasivamente. - Eu não sinto nada por ele e até que se prove ao contrário ele também não sente nada por mim. Nós não somos propriedade privada um do outro, ele pode ficar com quem quiser, assim como eu. E pela quinquagésima vez, somos apenas amigos.
- Obrigada! - A garota sorriu igualmente sincera, parecia até um pouco mais feliz.
- é legal, você vai gostar dele. - Piscou para amiga. - Ele é bem inteligente, se você tiver dificuldade nas matérias ele pode te ajudar, tem bom gosto para músicas e filmes, na casa dele nunca... - as risadas das garotas ecoaram pelo quarto, fez cair em si e perceber que tagarelava demais. - Ok, acho que exagerei. - Riu sem graça.
- Isso porque você não sente nada por ele... - Chelsea falou persuasiva.
- E realmente não gosto da forma que vocês querem. Eu o conheço desde dos 5 anos, é minha obrigação saber tudo sobre ele.
- , se por um acaso você mudar de ideia, por favor me procure. - Jane pediu.
- Meias dúzias de fatos que eu sei sobre ele não me farão mudar de ideia. Estou interessada mesmo é no Bradley.
- A vida é uma montanha-russa muito louca, cara . - Chelsea falou em um tom intelectual, fez Jane rir e girar os olhos. - Podemos dar este assunto por encerrado? Porque eu tive uma ideia ótima para te ajudar.
- Como? - perguntou curiosa.
- Nada demais... - começou com um falso desdém. - Apenas pensei em te levar para sentar comigo e o Calvin na mesma dos jogadores. - Jogou os cabelos tingidos de preto para o lado teatralmente, se gabando pela solução que havia arrumado.
Chel conseguiu fisgar um jogador de futebol e ter livre acesso a mesa mais cobiçada de toda a escola. Calvin era jogador, não tão famoso como Bradley Sanders, mas ainda assim jogador de futebol e teria uma participação implícita naquele plano mirabolante.
- Genial! - gargalhou e bateu palmas animadamente. - Conta mais! - Pediu.
- É bem simples. Você senta lá com a gente e tenta chamar atenção do Sanders, mostra que é uma garota inteligente e atraente. Se não der certo eu falo pessoalmente com ele. - Falou confiante.
- Como eu não pude ter pensado nisso antes? - Sorriu incrédula com a simplicidade do plano.
- Talvez por que você tenha escondido de suas amigas seus interesses e não tenha conseguido pensar sozinha. - Chel ralhou com a amiga.
- Me perdoem. Isso não vai mais se repetir! - Falou convicta e puxou as amigas para um abraço grupal.
Pelo jeito todo mundo ali sairia ganhando.

Frustração.
Palavra que descrevia bem o estado emocional de depois do intervalo.
Seu último horário foi vago. Ela poderia ter pego o carro e ido embora descansar daquele dia que tinha tudo para acabar bem, mas claramente iria acabar mal. Assim como outras pessoas que estavam por ali com grupos de amigos, preferiu ficar por ali também, porém em um lugar mais reservado.
A garota sentou-se sozinha em um banco na parte exterior da escola, usando a parte superior do mesmo como assento e a parte inferior como apoio para os pés. Este, localizado em baixo de uma árvore frondosa, cujas copas se moviam lentamente de acordo com a frequência do vento e formava uma sombra fresca, transformando o lugar perfeito para pensar e sentir a desapontamento fluir em suas veias.
Como combinado, infiltrou-se a mesa dos populares junto com Chel e Calvin. Os dois apresentaram-na para as pessoas ao seu redor que, a receberam de forma simpática e acolhedora. As expectativas sobre aquelas pessoas tinham ultrapassado ao que ela imaginava e a curiosidade foi sanada. Eram apenas amigos conversando, nada que fosse muito surpreendente, apesar da fama.
Mesmo assim, ela não estava completamente feliz. Foi decepcionante se aproximar da mesa dos populares e ver que Bradley não estava por lá. Ter que conversar animadamente, fingir simpatia e esconder a decepção foram as coisas mais complicadas do dia.
Ninguém se prepara para tomar um banho de água fria e ter que admitir logo de cara: os planos arquitetados deram totalmente errado.
Perdida em um milhão de pensamentos e completamente distraída, ela nem percebeu quando os restantes das turmas já começavam a serem liberados.
Um toque já tão conhecido agarrou-a por trás e causou-lhe um pequeno desequilíbrio por estar sentada de uma forma inapropriada. Se não fosse os braços fortes do rapaz para segura-la, provavelmente teria se espatifado no chão e virado notícia de primeira mão.
Num pulo, a garota desceu do banco apressada com a expressão de susto e total confusão.
- Que cara de quem viu um fantasma é essa? - perguntou gargalhando e estreitou os olhos em desconfiança logo em seguida.
- Vai assustar a sua avó. - Falou mal-humorada.
- Se eu fizer isso com a pobrezinha, é bem capaz dela ter um ataque cardíaco e literalmente morrer de susto. - falou debochado e a resposta de foi levantar a mão direita e mostrar-lhe o dedo do meio com cara de poucos amigos. - Você está de TPM? - Perguntou estranhando os maus modos da amiga.
- Não, eu não estou de TPM, ! - Bradou com o amigo e o rapaz olhou-a de uma forma assustada.
- Não apareci em uma boa hora, não é? - Perguntou ressentido. - Me desculpe, não foi a intenção te incomodar. - Disse com a voz pesarosa e começou a se retirar.
- , volta. - Pediu segundos depois de ter se arrependido da grossaria e o rapaz parou a alguns metros longe encarando-a com uma expressão séria. - Eu não quis te tratar mal, me perdoe. Você não tem a obrigação nenhuma de saber quando estou em um bom momento para poder aparecer, assim como eu não tenho direito de descontar qualquer problema em você. - O rapaz assentiu aceitando as desculpas e fez sinal para ela poder se aproximar. Ela foi prontamente e recebeu dele um abraço e um beijo na testa, o gesto nunca pareceu tão confortável. De repente toda irritação existente pareceu sumir, era por esses motivos que ela não o abandoava nunca. - Obrigada! - Agradeceu mesmo que ele não tenha falado nada, puxou-lhe pela mão para poder sentar junto com ela no banco que estava antes.
- O que aconteceu para você estar tão brava? - perguntou confiante o suficiente para voltar a tocar na ferida dela.
- Meu plano de guerra falhou.
- Seu plano de guerra para ficar com o babaca do Sanders? - Perguntou tentando abafar o princípio de mal humor e a garota assentiu. - Não acho que Bradley seja boa companhia para você, .
- Não seja estraga prazeres! Não dá para simplesmente me apoiar?
- Não. - Falou seco e a garota o encarou estupefata. - Amigos também tentam alertar quando alguém está prestes a fazer uma escolha errada. - Ele resolveu completar.
- Você sabe que eu te amo e procuro te ouvir todas as vezes. Mas desta vez nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia. - Sorriu determinada e o rapaz deu de ombros se dando por vencido e decidiu não discutir mais sobre o assunto.
- Vamos mudar de assunto? - O rapaz propôs e a garota aceitou prontamente.
- Tenho uma novidade pra você.
- Diga, . - Falou com a voz arrastada e soou como desinteresse.
- Jane está interessada em você. - Falou sem rodeios e pegou o rapaz desprevenido, a feição dele mudou drasticamente e colocou um sorriso sacana no rosto.
- Aquela sua amiga gostosa? - perguntou e assentiu, mas não pode deixar de sentir uma pontada no estômago. Aquilo era uma atitude estranha.
- Ela disse algo sobre querer estar no meu lugar quando você chega e me dá abraços bem apertados com esses seus braços enormes e maravilhosos. - A garota explicou gargalhando. - Ela levou no sentido bem malicioso da coisa, só para deixar bem claro.
- É um caso a se pensar. - ainda estava com o sorriso mal intencionado no rosto.
viu Jane saindo do interior da escola andando apressada, imediatamente virou o rosto para encarar o amigo e o encontrou lançando olhares e sorrisos sedutores para a garota. Riu sozinha. Descobriu que em meio a tantas qualidades que ele tinha, também era bom na arte de seduzir.
- Você não presta, Don Juan. - Comentou maneando a cabeça vagarosamente.
Jane parou de andar quando percebeu o flerte, jogou as madeixas loiras de uma forma sedutora para trás e sorriu timidamente para o rapaz antes de voltar a andar em direção a saída.
O rapaz a acompanhou com um sorriso deslavado no rosto até ela sumir pelos portões da escola a fora e riu da careta que fazia após presencia-lo em ação.
- Você é o cara. - disse teatralmente, deu um soco de leve no braço do amigo e os dois riram.
- Me dizem muito isso por aí.
- Desde quando você é presunçoso assim? - perguntou estranhando aquela atitude, mas achando engraçado.
- Desde que eu nasci? - Falou outra vez com a pose presunçosa e recebeu vários tapas da amiga. - Eu sei que não estou com essa bola toda. Se eu estivesse, provavelmente teria conseguido ficar com uma garota que eu quero a muito tempo. - Sorriu triste e sentiu uma corrente gélida subir pelas costas. O ato fez com que ela não conseguisse formular nenhuma frase e nem disfarçar o nervosismo que lhe foi atingido, a atitude mais sensata que fez foi optar pelo silêncio.
- Acho melhor a gente fazer o mesmo caminho que a Jane. - Propôs e já estava de pé colocando a mochila nas costas. assentiu concordando com o amigo, a escola já estava quase vazia e as poucas pessoas espalhadas pelo pátio papeando minutos antes tinham desaparecido, fazendo-os perceber como o tempo havia corrido.
- Quer uma carona? - A garota perguntou depois de ajeitar a bolsa e pendurá-la nos ombros. O rapaz assentiu prontamente aceitando, e se pôs a andar em direção a saída.
Porém foi impedida de segui-lo ao ver Bradley caminhando em sua direção como se fosse um galã de Hollywood constantemente perseguido por paparazzi e seus dois amigos (lê-se capachos) logo atrás como se fossem seus seguranças.
A garota sorriu largamente com o que via. Seu coração não acelerou, o corpo não amoleceu em surpresa, não houve qualquer tipo de tique nervoso, era apenas um sentimento da vitória por estar próxima de conseguir o que queria.
Foi estranho não sentir absolutamente nada, aquilo não combinava com o tamanho do estágio de frustração que sentiu quando pensou que estava tudo perdido. Mas não quis se preocupar com aquele problema de imediato e assistiu a aproximação de Sanders curiosa para saber o que motivava aquela aparição.
- Oi gata! Como você está? - Falou galanteador e próximo demais dela. O rapaz olhou-a da cabeça aos pés antes de parar o olhar nos olhos e esperar por uma resposta.
- Muito bem. E com você? - Falou confiante, a garota não parecia estar intimidada com a invasão de Sanders. A voz não saiu falha e ela encarava-o da mesma forma invasora.
- Ótimo. Mas ficarei melhor ainda se você responder sim para uma pergunta minha. - Falou em uma pose de galã, passou as mãos de uma forma sedutora nos cabelos. Agora entendia bem o porquê dele fazer tanto sucesso com garotas, o rapaz sabia bem o que fazer. Ela sorriu encantadora visivelmente interessada e deu sinal para que ele continuasse. - Quer sair comigo?
- Com certeza. - Respondeu sem pensar e sem se preocupar em se fazer de difícil. Passou semanas esperando por aquele momento e tendo ideias mirabolantes para ser notada por ele, iria perder aquela chance de ouro para fingir que tem bom senso? Óbvio que não! E nem sabia realmente de quem tinha sido o mérito de levá-lo até ela. Quem se importa? Agora que ele tinha finalmente a convidado para sair, não tinha mais nada que ela devesse preocupar.
- Eu te pego no sábado às sete. - Avisou e piscou para a garota. E a cada mínimo detalhe era como se ela derretesse de felicidade.
O rapaz passou a encará-la de uma forma intensa, tirou alguns fios que caiam sobre o rosto dela e a aproximação se tornou perigosa. O que não tinha sido tão intimidador para passou a ser em poucos segundos e pela primeira vez desde que a conversa começou, o corpo deu início as primeiras reações de ansiedade.
Nada que fosse muito forte, ela conseguiu se livrar de tudo respirando fundo e colocando um belo de um sorriso no rosto.
Bradley entendeu a reação como um sinal verde para fazer o que estava pensando e sem mais de longas, encostou os lábios na boca da garota. Ela não demorou para abrir a boca e dar passagem para que a língua dele começasse uma batalha junto com a dela.
Logo iniciaram um beijo delicado. Este, que não houve sensação borboletas no estômago, nem de estímulo a sentimentos de vínculo e afeto. Era como se ela tivesse beijando mais uma boca, sem compromisso e sem interesse romântico.
Foi desapontador saber que ela imaginou uma coisa, mas na verdade era outra. Tentou deixar os pensamentos positivos, ainda tinha sábado para que seu conceito mudasse. Sorriu de forma tímida quando Sanders cortou o beijo e finalizou o ato com um selinho rápido.
- Te vejo amanhã? - O rapaz perguntou e assentiu sorrindo. E com um aceno com a cabeça, Bradley se despediu e começou a se afastar.
A garota ficou mais um tempo parada no mesmo lugar, procurou com os olhos pelo seu amigo e a sensação foi de lavar um tapa no rosto quando descobriu que ele não estava mais por lá, se esqueceu completamente da carona que havia prometido.
Um incômodo invadiu o interior e não foi só pelo fato de não ter cumprido uma promessa. De repente percepção começou a ficar aflorada, foi impossível não se lembrar de Chelsea mandando-a ser um pouco mais prestativa. Balançou a cabeça tentando não se convencer que suas amigas poderiam ter razão.
O máximo que ela pôde fazer foi correr para ver se conseguia alcançá-lo.

chegou em casa num misto de felicidade e culpabilidade, cumprimentou os pais rapidamente e subiu as escadas que davam em seu quarto correndo.
No quarto, tentava enfiar na cabeça, enquanto via a sua imagem refletida no espelho, que sábado seria perfeito e qualquer sentimento anormal que não apareceu por Bradley naquele encontro casual, estaria lá. Qualquer sentimento esquisito que parecia ter surgido pelo seu melhor amigo era só pelo fato de suas amigas terem falado dos reais sentimentos dele por ela, ela mesmo nunca tinha visto nada e nem tinha certeza de nada. continuava amando-o, mas de forma amigável como sempre foi nos últimos anos.
O notebook em cima da escrivaninha não parava de apitar um minuto chegando notificação de alguma coisa para . O som irritante atrapalhava inúmeras vezes o mantra para se convencer da verdade que ela queria que fosse.
Bufou irritada pela falta de silêncio e foi até onde o barulho vinha com a intenção de ignorar o que quer que fosse, porém tudo que ela viu foi uma chamada de vídeo conferência de Jane e Chelsea.
Movida pela curiosidade, a garota se posicionou em frente a tela e aceitou a solicitação.
- Posso saber o motivo dessa vídeo conferência? - Perguntou tentando não parecer desanimada.
- Deixamos tudo adiantando para quando você chegasse em casa, a sua histeria não te atrapalhasse de nos contar as novidades. - Chelsea respondeu divertida.
- Estou tranquila. - Sorriu singela.
- Tranquila até demais, meu bem. - Jane se pronunciou desconfiada e se limitou a apenas rir.
- Teve dedo seu nisso, não teve Chel? Ele me chamou para sair e me beijou também! - as garotas gritaram animadas e sorriu esperta.
- Tudo isso em apenas um dia. - Jane bateu palmas em reverência e gargalhou.
- Sou uma ótima amiga por te proporcionar tudo isso, sim ou claro? - Chelsea perguntou presunçosa. As duas garotas riram e negaram com a cabeça apenas para implicar.
- Meus amigos resolveram acordar com uma boa dose de pretensão hoje. - comentou debochada.
- Quem foi o outro? - Chelsea perguntou com uma curiosidade desnecessária.
- . - A garota respondeu simplesmente e viu Jane empalidecer ao ouvir aquele nome.
- , posso te fazer uma pergunta? - Jane perguntou em um tom sério e fez o clima descontraído que pairava sobre as outras duas meninas desaparecer. assentiu em silêncio tentando soar o mais prestativa possível. - estava flertando comigo hoje na escola?
- Estava sim. - Respondeu incerta da atitude que tinha tomado até ver Jane sorrir. - Digamos que eu tenha dado um empurrãozinho em vocês. - Piscou esperta, a presunção que estava em Chelsea a pouco minutos atrás agora estava nela.
- Você deu meu número para ele? - Perguntou curiosa e abobada.
- Claro! Tudo como manda o figurino. - Sorriu por saber que tinha feito a coisa certa.
- Aí. Meu. Deus. - Foi a única coisa que Jane conseguiu dizer. A garota balançava as mãos no ar freneticamente, estava nervosa.
- Você já checou seu celular? - sorriu tentando soar casual.
- Faz um bom tempo que não vejo meu celular. - A garota sorriu e deixou seu lugar na tela vago por um tempo. Foi até a sua bolsa jogada em cima da cama, abriu-a e retirou tudo que havia por lá a procura do aparelho, numa atitude desesperada. Voltou a se sentar no mesmo lugar de antes enquanto mexia no aparelho. - "Poderíamos fazer alguma coisa amanhã à tarde? Atenciosamente, xx" - leu em voz alta, tinha um sorriso maior do que podia medir.
- Quem é que escreve "atenciosamente" numa mensagem? - Chelsea perguntou fazendo uma careta.
- consegue ser tão fofo com esta pose de garoto estudioso. - Jane falou. Ouviu as piadinhas de escárnio vindo de Chel e ruborizou um pouco, mas acabou rindo em divertimento.
- Há quanto tempo ele enviou a mensagem? - perguntou, o sorriso estava retraído.
- Há quase uma hora. - Respondeu casualmente, mas visivelmente podia se notar que ela tentava conter a empolgação depois de enfrentar as piadas da amiga.
- Já está na hora de responder amiga. - Chelsea alertou.
A conversa seguiu tranquilamente sobre outros assuntos. Mas Jane já não prestava atenção em mais nada, trocando mensagem com , foi a primeira a sair do bate-papo. Estava mais interessada na conversa com , era compreensível.
tentava esconder o incômodo que a invadiu ao perceber os sorrisos encantadores que garota dava a cada mensagem lida, prestando atenção no que Chelsea tagarelava. O mantra não tinha funcionado bem ainda, ela ia precisar treinar mais um pouco.

- Acho melhor a gente fazer o mesmo caminho que a Jane. - propôs e já estava de pé colocando a mochila nas costas. assentiu concordando com o amigo, a escola já estava quase vazia e as poucas pessoas espalhadas pelo pátio papeando minutos antes tinham desaparecido, fazendo-os perceber como o tempo havia corrido.
- Quer uma carona? - A garota perguntou depois de ajeitar a bolsa e pendurá-la nos ombros. O rapaz assentiu prontamente aceitando e se pôs a andar em direção a saída.
O rapaz andava tranquilamente sem perceber que não estava sendo seguido por . Sentiu a falta dela ao comentar qualquer coisa que se lembrou e não obter nenhuma resposta, foi obrigado a voltar alguns passos e descobrir qual era o paradeiro da garota.
Nem é preciso dizer que ele não gostou nada do que viu: estava estática assistindo a aproximação de Bradley Sanders, a expressão estava maravilhada. O rapaz suspirou resignado e ficou parado a uns metros de distância, esperava pelas cenas que viriam a seguir em um puro sentimento de masoquismo.
Bradley e sua pose de galã ordinário, esta que deixava as garotas loucas por ele e fazia pensar seriamente sobre o gosto delas, parou ao lado de . Os dois conversaram por um tempo, a proximidade estava grande demais e a conexão entre os dois também.
se comportava de forma mal educada, a mãe dele desaprovaria se o visse bisbilhotando a conversa alheia. Tentava a todo custo fazer leitura labial e decifrar o conteúdo do papo, tentativa falha devido ao espaço. Relutava contra o ciúme e o sentimento de apego que crescia em seu peito ao ver o show de olhares intensos e sorrisos encantadores que ambos davam um ao outro. Mesmo assim não conseguia tirar os olhos daquela cena ridícula.
Poucos minutos depois, a conversa pareceu ter um fim. Sanders jogou mais um pouco de charme para a garota, que analisava cada centímetro dele, o rapaz começou a acariciar o rosto dela e encará-la de forma maliciosa. Um súbito nervosismo invadiu , ele sabia exatamente aonde aqueles gestos chegariam.
- Não deixe que isso aconteça, por favor! - Falou encarando o céu. O pedido foi tão desesperado, que ele realmente pensou que alguém lá de cima teria piedade dele e faria com que um raio ou um meteoro caísse sobre a cabeça de Bradley e o afastaria totalmente de . Mas ao voltar os seus olhos para o horizonte, encontrou os dois se aproximando perigosamente, em seguida, os lábios deles se tocaram e um beijo foi iniciado.
A sensação que sentiu foi de ter levado um soco no estômago, o golpe tê-lo pegado de surpresa e o feito beijar o chão. A expressão era de desgosto, qualquer um que passasse por ele naquele momento veria a decepção estampado no rosto.
Como esperado, ninguém ouviu as suas preces. O pedido devia ter sido feito com mais fé.
Imediatamente o rapaz quis sair dali. E como se nada tivesse acontecendo, virou as costas e andou a passos largos em direção a saída.
O amor para é comparado a dor, fracasso, inveja e jamais comparado a realização ou felicidade. Constantemente via a sua garota se envolver com outros caras e tudo que ele conseguia fazer era cobiçar a esperteza de outros rapazes, querer estar no lugar de cada um deles, ter raiva de si mesmo por nunca conseguir se declarar e ser sujeito a situações como esta sempre.
Conhecia aquela garota como a palma da sua mão. Sabia todas as preferências dela, defeitos, qualidades, sabia o que um garoto precisava para ficar com ela e mesmo assim não era capaz de deixar os sentimentos de um modo claro para que ela pudesse enxergar além de suas atitudes.
Na verdade, nunca seria apto a saber se dependesse da boa vontade da sua coragem e os efeitos que seu corpo emitia para se declarar. Todas as vezes que chegou bem próximo disso, o coração batia nos ouvidos, as pernas bambeavam e ao encarar mar azul dos olhos da garota, que ele tanto gostava, perdia boa parte do seu preparo e segurança que adquiria com tanta veemência. A maioria das vezes, ele voltava para casa se praguejando por ser tão medroso.
Depois de longos minutos caminhando sem rumo pela cidade entre momentos de maldições, murmúrios e lamentações, o rapaz começava a rumar em direção a sua casa. Já se encontrava mais calmo, sem que o episódio do beijo o perturbasse. Apesar da cena ainda ficar rodando na sua cabeça, a vontade de socar a cara de algum desavisado que aparecesse em sua frente também tinha sumido. Ele sorriu pelo método de andar para clarear os pensamentos não o ter deixado na mão e funcionado como sempre acontecia.
O lampejo de racionalidade pareceu realmente se apossar-se dele quando a mente projetou a imagem de Jane, e a garota nunca pareceu ser uma opção tão boa como naquele momento. No mesmo instante, sacou o celular do bolso e digitou uma mensagem qualquer para ela.
Não era novidade para ninguém que ele tinha um queda pela melhor amiga e nem o fato dele sempre aparecer com uma namoradinha nova quando começava a se envolver com algum cara. Quem se preocupasse em observá-los demais, logo poderia montar uma teoria de conspiração e desvendar todos esses acontecimentos, mas não estava nem aí para o que pensariam.
A verdade é que ser submetido uma a séries de humilhações e avaria pode ser cansativo. Chega um momento em que ninguém quer mais viver esperando por algo que pode nunca acontecer, então passa a se envolver com outras pessoas na intenção de finalmente tirar algum indivíduo da cabeça.
Mas não era um tipo de cafajeste que apenas usava as garotas com quem saía para poder se beneficiar, ele sabia bem o que era sentir a dor de um amor não correspondido para devolver na mesma moeda. Por isso tinha a preocupação em saber se estava magoando alguma pessoa. Era preferível acabar o relacionamento que se iniciava quando, infelizmente, ninguém chegasse ao ponto de interesse que ele tinha pela melhor amiga, do que ser responsável por algum coração partido.
Desta forma, o rapaz sentia-se triste por não conseguir se interessar por outras pessoas, mas se sentia revigorado para continuar aguardando por aquela paixão e se esforçar para dar voz ao sentimento que ficava preso em seu peito. Então se envolvia com mais algum cara, ele se via obrigado a se envolver com outras garotas por não ter sido esperto o suficiente para tê-la e tentar tirá-la da cabeça de uma vez.
Esperava que Jane Evans fosse a última daquele ciclo vicioso, da qual ele também já estava se cansando de vivenciar.
Depois de alguns bons minutos de caminhada e reflexão, finalmente chegava em casa. Seus pés latejavam dentro do AllStar, que de repente pareceram ter ficado tão pequenos. Antes de checar o celular, quis tomar um banho. Como se água tivesse a habilidade de devolver a paz que precisava, retirar toda a aura de sentimentos negativos adquiridos naquele dia, além de receber a dose de animação necessária para o que estava prestes a fazer. Queria conversar com Jane de forma limpa, literalmente.
Ao ver a resposta positiva da garota e mais tarde a conversa fluindo de um modo natural, uma chama de esperança e euforia subiu pelo corpo do rapaz. Nem foi preciso muito esforço para descobrir que ela parecia estar realmente interessada no seu jeito nerd e estudioso de ser. Nem teve medo por ter agido por impulso e de não saber exatamente o que iam fazer quando resolveu chamá-la para fazer algo com ele.
Jane já tinha ganhado alguns pontos por devolver a sua confiança e ser boa de papo. Confiança que ele tinha aos montes para usar com garotas que nem tinha tanta expectativa e não conseguir usar com quem ele realmente queria. Agora só precisava ver se a garota é boa de papo pessoalmente, e tudo estaria certo.
Tinha a sensação que poderia ter momentos proveitosos com Evans e esperava não estar errado sobre isso.

- Nosso programinha ainda está de pé? - Jane perguntou casualmente depois de terem deixado a sala de aula juntos.
Foi uma surpresa encontrá-la na turma de matemática, nem se lembrava que tinha turmas em comum com Evans. A coincidência e a falta de atenção instigou ainda mais para ter o encontro com a garota.
- Claro! Sou um homem de palavra - disse pretensioso e a garota riu se divertindo. - Mas você terá que ir para minha casa, se importa? - Perguntou para se certificar que não ia precisar fazer uma mudança de última hora.
- Claro que não. - Ela deu de ombros despreocupadamente. - Quer uma carona?
- Se não tiver problema para você. - O rapaz tentou soar educado. Odiava o fato de ainda não ter condições de ter o seu próprio carro e sempre depender da carona de amigos.
Em seguida, atravessaram o longo corredor cheios de armários em silêncio e a passadas largas. Chegaram até uma porta que dava para um jardim externo e um pouco mais a frente um pequeno estacionamento direcionados ao corpo estudantil, para então chegarem um Sedan de cor vermelha.
Evans desativou o alarme do automóvel, o que fez soar um barulho estridente. Antes de entrar no carro acenou para as amigas que estavam perto de um Porsche, o que levou a a olhar para a mesma direção e ver mais uma vez aos beijos com Bradley.
O destino parecia não querer que segue em frente sem provocar encontros desagradáveis que faziam lembrar o que a sua falta coragem poderia lhe proporcionar. Decidiu ignorar os sentimentos negativos que o ameaçavam invadir e sentou-se no banco do carona antes que começasse a querer descontar as frustrações em Jane, bateu a porta do carro com mais força do que pretendia para fechá-la.
Agradeceu imensamente por ela estar concentrada em digitar o endereço no GPS, não perceber a forma que o rapaz tentava esconder a careta amargurada que seu rosto insistia em fazer e começar a manobrar o carro logo depois sem se ligar muito no que acontecia em volta dela.
O tempo pareceu voar, enquanto o rapaz se esforçava para recuperar parte do bom humor e rapidamente pararam em frente a um prédio antigo, modesto e com a pintura gasta. Ele saltou do automóvel sem cerimônia, esperou que a garota desse a volta e o encontrasse em frente a porta de entrada.
Adentraram juntos o local, e Jane causou uma certa curiosidade entre as pessoas que passava ao passo que seguiam em direção as escadarias.
- Aqui não tem elevador? - A garota perguntou fazendo uma careta ao se deparar com uma leva de escadas que os levariam ao terceiro andar.
- Está com problemas a algumas semanas, é bom não se arriscar ou ficaremos presos lá dentro por horas. - O rapaz alertou e a garota suspirou resignada.
- Morro de medo de ficar presa em lugares fechados, mas também fico cansada só de me imaginar subindo tudo isso. - Ela fez uma careta em divertimento.
- Qual é, Evans! Você é quase uma atleta, vai conseguir chegar ao topo sem dificuldades. - O rapaz disse com um sorriso animador nos lábios.
Jane sorriu sentindo-se incentivada, respirou fundo para tomar fôlego necessário e começar a subir os escadórios, levando o rapaz a seguir o seu encalço.
- Meus parabéns por subir e descer tudo isso todos os dias. - Falou se abanando e observando o rapaz não deixar transparecer nenhum resquício de cansaço na expressão.
- Você acaba se acostumando. - Deu de ombros e abriu a porta revelando o pequeno apartamento sem uma decoração padronizada, porém muito bem organizado. Deu passagem para que a garota entrasse antes dele.
- O que faremos? Tentaremos entender a nova matéria de matemática, já que a aula de hoje foi horrível? - perguntou com um tom de sarcasmo na voz. Mostrou-lhe a língua quando o rapaz a encarou com uma sobrancelha arqueada, supresso com a proposta no tempo que encostava a porta.
- Eu tinha outros planos para a gente, tipo ver filmes... - disse num falso desdém. - Mas se você quiser, posso mudar de ideia. - Sorriu desafiador e fez menção de abrir a mochila e um material necessário para uma tarde de estudos.
A loira adotou divertidamente a expressão de uma das mais famosas esculturas francesas, O Pensador, e ponderava falsamente as suas opções. Estava na cara qual seria a sua escolha, embora ela tentasse ficar a mais séria possível.
- Vou preferir o filme. - Respondeu e ouviu o rapaz gargalhar alto.
- Me dá cinco minutos? - Perguntou com a intenção de ir até a cozinha preparar as coisas para darem início a sessão de filmes e a garota deu de ombros.
Evans continuou na sala observando os títulos dos livros e as fotos de família, e uma em especial chamou a sua atenção. A imagem estava dividida ao meio, o lado direito mostrando e crianças com roupas de banho, pareciam estar em clube e o lado esquerdo reproduzindo-os na fase adolescente, no mesmo lugar, mesma pose, mesmos traços, feições, sorrisos característicos e o olhares marcantes. Não teve dúvidas que os dois foram feitos um para outro. Mesmo que quisesse estar no lugar da melhor amiga, também havia o sentimento de saber qual é o seu lugar, manter os pés no chão e esperar que as coisas fossem acontecendo aos poucos.
Exatos cinco minutos se passaram e o rapaz voltou da cozinha com uma bacia de pipoca nas mãos, um pacote grande de Lays, duas latas de refrigerantes e canudinhos, várias barras de chocolate. Ele fez sinal para que Jane viesse se acomodar no sofá ao lado dele.
A garota levou um pequeno susto por ter seus devaneios interrompidos bruscamente. Pôs a fotografia que ainda estava em suas mãos no mesmo lugar, no mesmo instante deu um giro de calcanhares e andou em direção onde o rapaz estava sentado.
- O que veremos?
- Tem um filme que, eu particularmente, estou interessado em ver, - falou estudando o olhar interessado da garota. - Só que é de terror. - Alertou.
- Adoro filmes de terror. - Disse Jane sorrindo. O rapaz arqueou a sobrancelha, surpreso com o gosto da garota.
- Não dou cinco minutos para você pular no meu colo de medo. - Disse desafiador, porém sua voz saiu mais convidativa do que pretendia.
- Veremos. - Ela cerrou os olhos intimidadora.
Jane assistiu ao filme inteiro bravamente sem dar gritos histéricos, não se permitiu agir feito uma garotinha medrosa para tentar chamar a atenção. Provou que o gênero era mesmo o seu favorito, inclusive ela ria das cenas que deveria assustar.
E ficou decepcionado por não ter ninguém agarrando nele como foi sugerido. Daquela situação ele não pôde tirar proveito, infelizmente.
O filme acabou depois de algumas horas e o rapaz saiu para cozinha afim de repor todo o estoque de comida que haviam consumido durante a primeira sessão após discutirem sobre assistir um outro filme ou não.
Evans ficou responsável por escolher o próximo. A garota sorria de forma instigante, apontando para televisão e mostrando a sua escolha, uma animação.
O rapaz que quase nunca assistia esse gênero de filmes, assentiu sobre a preferência da garota e deu o play para o filme começar.
Jane era extremamente boba, ria de toda piada que o filme apresentava e repetia os bordões que achava engraçado.
não achava graça alguma, apenas ria por não conseguir se conter quando a garota começava a rir descontroladamente. Chegou a tomar a liberdade de deitar-se sobre o colo dela e tentar continuar sua atenção no filme, já que estava completamente entediado e a loira parecia se divertir.
Evans não se importou com a atitude do rapaz e se pôs a acariciar os cabelos dele. Na verdade, sempre teve curiosidade de saber qual era a textura daquelas madeixas, e descobrira que eram muito macios, mais do que um cabelo masculino deveria ser.
O segundo filme já chegava ao seu fim e já estava quase cochilando com os carinhos que Jane lhe proporcionava em sua cabeça. A garota deixou que sua cabeça encostasse no sofá, sentia-se cansada por ter ficado tanto tempo sentada, seu estômago estava pesado por ter comido tanta coisa num curto espaço de tempo.
- Acho que comi demais. - Falou com a voz arrastada, largou os fios do rapaz por alguns instantes para massagear o abdômen.
A risada de ecoou pelo o cômodo. O rapaz se pôs sentado para encarar melhor o rosto da garota, cabelos escuros estavam bagunçados, o lado direito da face amassado devido a posição que estava deitado, tinha ficado ainda mais bonito com a fisionomia sonolenta. Jane deixou que um sorriso encantado escapasse.
- Achei que você fosse focada em cuidar do corpo. - Comentou rindo. Mas logo se arrependeu com medo da garota interpretar errado e ele estragar o que aparentemente estava indo muito bem.
- E sou. - respondeu simpática. Foi um alívio ver que ela não parecia estar ofendida ou nada do tipo com a indiscrição. - Mas não sou de ferro, .
- Fiquei meio preocupado por aqui não ter nada muito diet, light ou integral para te oferecer.
- Aprenda uma coisa, : Nunca, em hipótese alguma, ofereça nada diet, light ou integral para uma garota. - A garota disse séria. - Quer dizer, pelo menos não para mim!
- Vou guardar essas informações. - Respondeu surpreso, até um pouco assustado por ouvir uma declaração daquelas vindo de uma líder de torcida com um corpo irresistível.
- Não gosto de bancar a chata que vive de saladinha, isso cansa. - virou os olhos em desgosto e fez rir ainda mais surpreso.
- Quer dizer então, que eu posso te levar para comer no McDonald's sem ser ameaçado de morte ou precisar andar por horas até desgastar todas as calorias acumuladas? - Perguntou por precaução. Apesar da caminhada ser o único esporte que soubesse executar bem, não era todo dia que estava disposto a fazê-lo.
- Me leve onde você quiser. - A garota respondeu com um tom de voz malicioso e soava bem cativante. Em seguida, juntou toda a bagunça acumulada em cima da mesa de centro da sala e saiu em direção a cozinha com a intenção de ordernar tudo que estivesse fora do lugar por lá, deixou sorrindo igualmente esperto.
se perdeu com a facilidade que Jane tinha para deixar seus sentimentos transparentes, por um momento sentiu a cobiça crescer com a simplicidade que a garota agia. O tempo inteiro ela parecia não estar tão interessada, para no momento certo ela soltar uma frase estratégica que o atingiu em cheio. Deixou-o desconfortável, animado e até estimulado para tentar alguma coisa mais sedutora sem aviso prévio.
Acordou de suas abstrações quando escutou barulho estranhos advindo da cozinha, só então, percebeu que ainda estava sozinho na sala, sentado na mesma posição de quando Jane se retirou do local. Com muita relutância teve que se levantar e ver o que a garota estava fazendo.
- Você não precisava estar fazendo isso. - Disse simplesmente ao se encostar no batente da porta e encontrar Evans lavando as louças.
- É o mínimo que posso fazer depois de ter ajudado a fazer essa bagunça. - Sorriu e apontou para o pano de prato para que o rapaz secasse as louças, ele obedeceu sem discutir.
No breve minuto que durou o silêncio dos dois em que só era possível ouvir os movimentos de louças sendo lavadas, secas e guardadas continuamente, ouviu a porta da casa se abrir. Sabia exatamente quem era, e mal conseguia acreditar que a hora tinha passado tão rápido e ele nem tinha visto.
- Essa não foi a educação que eu te dei. - Uma senhora rechonchuda, de cabelos lisos e escuros como o do filho surgiu no mesmo local que eles estavam e iniciava uma bronca desnecessária no rapaz. - Onde já se viu a visita lavar as louças? - Ralhou.
- Não se preocupe Sra. , eu que quis assim. - Jane interviu e sorriu simpática.
- Eu conheço você? - Senhora suavizou um pouco ao perceber a presença de uma pessoa completamente estranha.
- Provavelmente não.
- Essa é a Jane, uma amiga da escola. Estávamos vendo um filme. - tratou de explicar. A senhora o encarou com os olhos cerrados, como se quisesse extrair informações ocultas do filho. sabia bem o que aquilo significava, pois tinha esse tipo de intimidade com a mãe, mas aquele não era o momento para ser tão inconveniente. Teve que engolir as risadas que ameaçam sair quando viu o rosto de Evans adquirir uma coloração escarlate e ouvir ela se engasgar do nada ao entender a expressão da senhora em sua frente. - Foi só o filme, mãe. - Confirmou sério. E mesmo estando envergonhada com a desconfiança da senhora, Jane assentiu também comprovando.
A senhora fez um barulho qualquer com a garganta em um sinal de entendimento e logo sumiu pelo interior da pequena casa, deixando os dois sozinhos novamente na cozinha. Evans permitiu que uma risada nervosa escapasse por seus lábios, o que fez rapaz rir também e acabasse com o clima de constrangimento que pairava sobre eles.
- Pela forma que sua mãe chegou aqui, eu realmente achei que ia causar um grande problema por estarmos sozinhos. - Falou depois de cessar as risadas.
- Ela sabe trago garotas aqui. Apenas faz questão de avisar todas as vezes que não vai criar filho de ninguém. - Falou balançando a cabeça negativamente. - Às vezes ela pode ser um pouco impertinente.
- Ela só está fazendo o seu papel. - A garota deu de ombros. Terminava de lavar os últimos objetos, em seguida o rapaz ofereceu o pano de prato para ela poder secar as mãos. - Preciso ir embora, já está ficando tarde. - Falou ao olhar a hora no relógio de parede que completava a decoração da cozinha.
- Quer que eu te acompanhe até em casa? - O rapaz perguntou educadamente enquanto observava a garota recolher todos os seus pertences.
- Obrigada por se oferecer. Mas eu não posso te tirar do conforto de sua casa.
- Posso voltar de metrô. - O rapaz ignorou o protesto e insistiu.
- Este é um horário de pico, os transportes estarão lotados, vai ficar fora de mão para você e vai demorar horas para chegar em casa. - Fez um barulho com a garganta que simbolizava a negação. - Não posso permitir isso. - Falou confiante de si mesma e o rapaz se viu obrigado a se dar por vencido.
- Já que você insiste... quem sou eu para dizer o contrário. - A garota assentiu vitoriosa e já caminhava em direção a porta para rumar em direção a sua casa.
- Tenha uma boa noite, Sra. . - Falou para mulher surgia mais uma vez na sala, sorriu e acenou para ela de forma cortês.
- Mas já, querida? Por que não fica mais um pouco e janta conosco? - A mulher ofereceu.
- Adoraria, mas eu realmente preciso ir para casa. - Jane falava com um semblante triste por ter que negar a proposta.
- Estou pensando em pedir tailandesa. - Tentava convencê-la e a loira apenas negava simpaticamente. - Líder de torcida, não é? Você não está querendo comer comida tailandesa porque está com medo de engordar e não caber mais no uniforme, acertei? - Concluiu esperta após olhá-la da cabeça aos pés, Jane gargalhou com a esperteza da mulher.
- Você está enganada com Jane. - falou rindo. - Já está tarde para ela dirigir sozinha, qualquer dia desses nós fazemos um jantar mais cedo e a convidamos. - Piscou cúmplice para a garota, que sorriu concordando. Não deu espaço para as soluções da mãe, visto que Evans estava com pressa para ir para casa e a senhora continuar estendendo a conversa.
Sra. deu de ombros para a ideia do filho e ficou em silêncio, parecia ter entendido a intervenção. E caminhou até o telefone fazer o seu pedido.
- Vamos antes que ela comece a tagarelar de novo. - O rapaz puxou a garota pelas mãos e a guiou para fora do apartamento. - Vou te acompanhar até lá em baixo.
- Sua mãe é uma figura. - Comentou divertida quando começavam a descer as escadas mais uma vez.
- Você nem imagina o quanto. - Respondeu o rapaz com um sorriso de canto.
Fizeram o percurso silenciosamente, guardando inteiramente o fôlego para o que os aguarda. Não tardaram ao chegar térreo, a descida é sempre mais fácil e mais rápida que a subida.
- Tem certeza que não que eu te acompanhe até em casa? Ainda dá tempo de mudar de ideia. - falou outra vez e o tom de voz foi uma mistura de alerta e diversão.
- Tenho. - a garota respondeu firme em sua decisão - Eu sei me cuidar, ! Dirijo com os vidros fechados e não dou carona para estranhos, não se preocupe comigo! - Sorriu esperta enquanto enumerava nos dedos os fatos para convencer o rapaz da sua independência.
- Tudo bem. - ergueu as mãos para o alto num sinal de rendição. - Me manda uma mensagem quando chegar em casa, quero saber se você chegou bem. - Pediu cuidadoso.
O coração de Jane teve um sobressalto ao ouvir aquelas palavras, e ela não pôde deixar de sorrir verdadeiramente. Era por atitudes como aquelas que a garota se pegava pensando em como sua melhor amiga tinha coragem de ignorar um garoto maravilhoso como aquele. O posicionamento do rapaz fez com que sua atração por ele crescesse mais ainda.
- Obrigada por esta tarde, - sorriu agradecida - Eu me diverti muito.
- Eu tinha achado esse programa bem fraco, para ser sincero, me surpreende muito saber que você tenha gostado. - Falou sem graça.
- Ainda bem que você tentou nada muito extraordinário para me impressionar, podia não ter dado tão certo. - Alertou. O rapaz sorriu feliz por ter sido ele mesmo e ter agrado ainda assim. - A gente se vê amanhã na escola. - Jane sorriu e deu um passo a frente para beijar o rosto do rapaz e se despedir, mas claramente aquele não era o seu único desejo. sentiu-se livre para desviar a face e deixar com que seus lábios se encostassem.
Evans sorriu contra o beijo, não sabia explicar se era de surpresa ou pelo simples fato de ter uma utopia realizada. Não deixou que o espanto que o ato causou sobre o seu corpo atrapalhasse o momento, logo levou a mãos ao pescoço do rapaz e pressionou a cabeça dele levemente como se o implorasse para aprofundar o toque.
A postura fez com que entendesse o recado rapidamente, e sem demora alguma invadiu a boca dela e explorou a cada centímetro da extensão ao mesmo tempo que abraçava a sua cintura e a trazia mais perto.
Tempos depois, o beijo foi cortado com uma mordida nos lábios provenientes de quando o ar já começava a faltar aos dois. Jane sorriu largamente e os suas bochechas estavam rosadas, não achou que fosse necessário dizer alguma coisa já que tudo que fosse dizer estava estampado em sua testa. E com um sorriso que não deixaria sua face tão cedo e um aceno, ela deu um giro de calcanhares para entrar em seu Sedan e sair em disparada.
observou o carro da garota sumir na escuridão da noite, satisfeito por ter dado o que ela provavelmente esperou a tarde inteira. Porém longe do êxtase que ele esperava a muito tempo que alguma garota o fizesse sentir.
Era cedo para desistir ou tirar conclusões precipitadas de Evans, visando que ela era divertida e diferente das líderes-patricinhas-gostosas que já teve oportunidade de conhecer. Se não saísse um relacionamento amoroso, pelo menos uma grande amizade teria conquistado. Preferia pensar daquele jeito para não se malograr tão rápido.
Abraçou o próprio corpo quando se lembrou que deveria voltar para seu apartamento, ainda estava pensativo e com os sentimentos confusos. Subiu as escadas lentamente, como se quisesse prolongar o momento que teria para pensar em paz sem que tivesse a mãe tagarelando em seu ouvido. Logo estava parado em frente ao apartamento, suspirando profundamente tentando deixar os pensamentos que se fizeram presentes até aquele momento da porta para fora.
- Seja lá o que você e essa tal de Jane tenham feito na minha casa além de ver filmes, eu ainda prefiro a . - Senhora falou da cozinha assim que ouviu o filho adentrar.
O rapaz soltou uma risada baixa anasalada, girou os olhos e balançou a cabeça negativamente. Também preferia ela, mas não era como se ele pudesse ter tudo o que quisesse, não é? Não discutiria as preferências de Sra. àquela hora.

Capítulo 2


- O quê você acha desse aqui? - fez a mesma pergunta pela décima quinta vez, agora vestida com um vestido azul.
- Ficou ótima. - respondeu bocejando completamente entediado com a função que a amiga lhe deu. Era maravilhoso vê-la aparecer a todo momento com um vestido que a cada vez parecia valorizar uma parte do corpo dela.
Foi divertido vê-la desfilando até o quinto vestido, depois disso, o rapaz não conseguia prestar atenção em mais nada, nem compreender qual era o problema com a peça e nem por que mulheres tem tanta dificuldade em escolher uma roupa.
Fazia um bom tempo que ele estava respondendo a mesmas coisas sem nem se dar o trabalho de olha-la, viu a garota bufar irritada.
- Você é tão insensível, . - A garota fez uma careta em desgosto e voltou a entrar no provador.
- Não tenho culpa se tudo parece ficar bem em você. Por mim você já teria escolhido o primeiro vestido e nós já estaríamos bem longe daqui. - Respondeu sincero.
Porém a garota saiu do provador com o uniforme da escola todo amassado, cabelos desgrenhados e com a cara enfezada, o elogio não parecia ter surtido um bom efeito.
- Você é um péssimo consultor de moda. Nunca pense em seguir neste ramo. - Apontou acusadora.
- Eu avisei que você deveria ter trazido a Chelsea, Jane ou qualquer uma de suas amigas. - Deu de ombros. - Eu não levo jeito para essas coisas, prefiro ver as garotas devidamente arrumadas.
- Falando em Jane... - a garota sorriu maliciosa enquanto sentava-se ao lado do rapaz para analisar todos os vestidos que tinha provado e começar a descartar os que menos tinha gostado. - O que andando rolando entre vocês?
- Não anda rolando nada. - Respondeu simplesmente, mas havia um sorriso esperto em seus lábios que dizia totalmente o contrário. fez um barulho com a garganta que misturava desconfiança e malícia. - É sério, . Não está rolando nada entre nós, nadica de nada. - Tentou soar determinado, mas o sorriso sacana não abandonava-o de forma alguma.
- Eu vi vocês saindo umas duas vezes juntos da escola essa semana, vai continuar negando? - Imputou a garota com um sorriso sarcástico no rosto.
- Jane não conta nada a você? Eu achava que as garotas gostavam de trocar informações entre si.
- Ela é um pouco reservada, se eu quiser saber das coisas vou ter que recorrer ao meu querido amigo. - Sorriu angelical para tentar não passar a imagem de bisbilhoteira.
A curiosidade é algo que está presente no universo feminino, e Evans não parecia desfrutar muito deste defeito - ou qualidade, como preferirem atribuir -, infelizmente. ia ter que recorrer ao método mais difícil, mesmo sabendo que alguns homens tem dificuldade de contar os fatos detalhadamente.
assentiu concordando, contudo em sua mente só se passava ideias sujas. Ela queria saber, não queria? Então faria questão de contar os seus feitos e matar abelhudice dela, e quem sabe não veria uma mudança de reação? Não se pode deixa de tentar.
- Nós vimos alguns filmes e trocamos alguns beijos... - falou mordendo os lábios e estudando a expressão da garota em seu lado. - Ela beija bem pra caramba. - Falou com um tom cheio de lascívia.
Sabia que provocá-la era uma atitude infantil, entretanto pela primeira vez a ação parecia ter causado algum resultado, uma vez que já não dobrava mais os vestidos que ia descartando cuidadosamente como minutos atrás e o semblante ter adquirido uma forma impaciente.
Ainda que estivesse tomado pela forma despreocupada, por dentro do corpo parecia pipocar fogos artifício. Aquilo podia significar tudo e podia não significar nada. Para quem esperava pelo mínimo a anos, esperar para saber o que poderia vir nos próximos dias, semanas, meses ou anos não seria nada demais.
- Legal. - falou seca e tentou sorrir simpática, no entanto tudo que conseguiu foi um sorriso amargurado. - O verde ou o azul? - Perguntou para o rapaz mostrando-lhe os dois vestidos, tentando mudar de assunto.
O vestido verde era ombro único e ficava a um palmo a cima dos joelhos, fazia o estilo "mocinha" combinava mais com o estilo dela. O azul também era a um palmo acima do joelho, completamente justo no corpo e fazia o estilo sexy, o que ela queria passar na verdade.
- O verde. O azul ficou muito curto e justo - o rapaz respondeu sem muita animação e ouviu a garota soltar uma risada de sua observação.
- É com o azul mesmo que eu vou. - riu maliciosa e viu o rapaz bufar irritado.
- Não entendi a minha função aqui já que você acabou de ignorar a minha única opinião válida.
A garota mandou beijos no ar para o amigo e ignorando os protestos dele, foi até o caixa discutir as formas de pagamento do vestido. não viu outra alternativa a não ser segui-la.
- Este vestido é muito bonito. Seu namorado vai ficar muito satisfeito. - a moça sorriu e estudou a expressão de , que sorria largamente sem conseguir disfarçar que tinha gostado do título que ganhou.
- Ele não é meu namorado, é só o meu amigo. - desfez o mal entendido.
- Me desculpem pela intromissão. - a moça sorriu sem graça e observava a expressão triste que fazia atrás da sua amiga. - Mas formam um belo par. - sorriu simpática para e voltou a observar a expressão de , que sorria e assentia mostrando joinha com as duas mãos concordando plenamente com ela. A moça gargalhou com as gracinhas silenciosos do rapaz.
se manteve calada, olhou da caixa para o amigo com a confusão ilustrada em seu rosto. Ele estava tão sério quanto ela, fez uma careta de desentendimento para a garota. Ao perceber que não acontecia nada demais, a garota tratou de pegar a sua mercadoria para sair logo da loja.
seguia a garota para a saída, mas antes de se concentrar em seu caminho não deixou de olhar para a caixa para riram baixo e cúmplices da pequena cena que fizeram pelas costas de sua amiga. Definitivamente ele merecia o óscar de melhor ator na vida real.
- O quê foi que eu perdi? - a garota perguntou desconfiada se referindo ao ataque de risadas da moça da loja.
- Estou me perguntando o mesmo. - Mentiu deslavadamente, em seguida gargalhou baixo quando a garota deu de ombros e saiu andando na frente deixando-o para trás.
- Agora vou te pagar um lanche no Starbucks como recompensa por ter me esperado por horas na loja. - a garota falou depois de um tempo, os dois já andavam lado a lado. O rapaz sorriu e bateu palmas em animação, Starburcks era sua cafeteria favorita e ela sabia muito bem disso. - Apesar de você não ter ajudado em nada, vou fazer esse agrado mesmo assim. - Piscou irônica para o amigo.
- Eu ajudei sim! - Protestou. - Você não me ouviu quando eu disse que todos os vestidos ficaram bons e ignorou quando eu disse que o azul estava curto. - se defendeu.
- Isso só é ciúmes porque eu vou ficar extremamente linda com este vestido. - Rebateu presunçosa. - E você nem prestou atenção em todos que eu vesti, acha que não percebi? - Perguntou com as sobrancelhas arqueadas.
- Isso é verdade. - O rapaz admitiu gargalhando. - Mas vai ficar muito sexy e você não precisa disso. - Falou com aquele tom paternal e cuidadoso quando queria fazê-la mudar de ideia sobre algo.
- Fica quietinho . - Pediu, não queria discutir aquele assunto. O rapaz abriu a boca para poder protestar, porém foi mais rápida. - Quietinho ou eu não vou pagar o seu Moca com chantilly e pouquinho de canela. - ameaçou. levantou as mãos num sinal de rendição, não perderia seu café favorito de jeito nenhum. - Bom garoto! - disse dando leves tapinhas nas costas do rapaz, os dois gargalharam e entram na cafeteria.

Bradley Sanders estava atrasado a mais de uma hora e nem se deu o trabalho de dar um mísero aviso, aquilo era ultrajante.
odiava atrasos e odiava ter que esperar por muito tempo, tanto que ela já estava pronta com trinta minutos de antecedência para evitar qualquer tipo de transtorno e começava a se arrepender amargamente por ser tão cuidadosa. Além do arrependimento, sentia também o entusiasmo ir embora aos poucos.
já pensava seriamente em retirar toda a sua maquiagem, vestido comprado propriamente para aquela ocasião e jogá-lo bem no fundo armário para nunca mais sentir a sensação do abandono que estava sentindo no momento. Todavia, Sanders parecia ter adivinhado o desejo da garota e aparecer a tempo de impedi-la de se desarrumar.
O rapaz buzinava em frente da casa de dentro do seu Porsche prata, acenou e sorriu lindamente para a garota quando ela apareceu na janela para certificar se o som era realmente em frente a propriedade e se era quem ela esperava.
Tudo que queria fazer era gritar da janela mesmo que não iria mais sair de casa e extravasar toda a irritação de ter ficado plantada por tanto tempo, porém movida pelo resquício de animação que a invadiu assim que ouviu o barulho do carro, a garota engoliu a indignação que sentia e sem pensar duas vezes desceu as escadas para poder encontrá-lo.
Não havia nenhum tipo de nervosismo e ansiedade em , suas pernas não tremiam e seu coração não estava acelerado. Isso fez com que ela saísse desfilando de forma sexy e confiante, e jogasse os cabelos para trás teatralmente quando viu o rapaz esperando-a fora do automóvel.
Sanders beijou-lhe os lábios antes de abrir a porta, completamente cortês e educado. Ele vestia jeans claro e uma camiseta com uma estampa estranha, com os cabelos bagunçados e o cheiro de perfume impregnou imediatamente as narinas da garota.
Ao adentrar o carro, encontrou a poltrona do passageiro coberta com uma toalha. Mordeu os lábios em um sinal de desentendimento, na primeira oportunidade que tivesse perguntaria qual o significado daquilo.
Logo Bradley também entrava no carro e dava a partida, em seguida.
- Me desculpe pelo atraso. Me atrasei um pouco nos exercícios físicos, e eu não poderia vir para um encontro suado e com roupa de ginástica. - Ele parecia realmente estar arrependido pelo ato e sorriu angelical esperando ser convincente. No dente tinha um pedacinho de alface, pelo visto alguém tinha esquecido de escovar os dentes.
A garota mordeu os lábios mais uma vez em desconforto, travou uma luta entre avisar e matá-lo de vergonha ou ficar em silêncio e não querer mais beijá-lo pelo restante da noite. Na dúvida, ficou apontando o dedo para dente o tempo inteiro na esperança que ele entendesse o recado.
- Você poderia ter mandado um sms de aviso ou algo assim. - Sua voz soava calma, mas implicitamente estava carregada de ressentimentos por ter aguardado por tanto tempo a chegada.
- Eu sei, devia ter avisado. - Falou manhoso e sorriu tentando se redimir, contudo o pedaço de alface ainda continuava no mesmo lugar dando tchauzinho para a garota. Ela não viu outra alternativa a não ser virar o rosto para a janela tentando reprimir o nojo que subia pela garganta.
Na primeira sinaleira que Bradley parou ele aproveitou para pôr uma música no ambiente, já que o silêncio entre os dois era cortante e parecia mais interessada em encarar a rua do que conversar. No entanto as letras eram de péssimas qualidades, denegriam a imagem feminina inteiramente, eram preconceituosas, racistas, machistas e obscenas. A garota não sabia que o rapaz pretendia com aquilo, ou melhor, não queria pensar em nada do tipo, só sabia dizer que não era nada apropriado para se ouvir em um primeiro encontro.
- Posso perguntar o porquê da minha poltrona estar coberta com uma toalha? - Perguntou com a intenção de acabar com a falta de assunto e de preferência não precisar mais prestar atenção nas letras das músicas que pareciam piorar a todo momento.
- Para não sujar as minhas poltronas de couro. Mulheres costumam suar lá embaixo - sorriu sacana e tranquilo.
Marjórye fez um barulho com a garganta simbolizando o entendimento, ficou chocada com o que ouviu e nem conseguiu formular uma resposta à altura para a forma rude que Bradley tinha se referido.
É, já tinham começado mal.
O caminho pareceu uma eternidade até o restaurante Dim Sum Go Go, restaurante que ela nunca nem tinha ouvido falar. Naquela altura do campeonato, a única esperança sobre aquele encontro era a escolha do restaurante e uma conversa civilizada que poderia se instalar dali em diante. E talvez fosse capaz de apagar as séries de momentos negativos que vieram acontecendo.
Mal sabia ela que o infortúnio ainda estava para começar.
O restaurante logo de cara já não era muito convidativo, não havia nada no estabelecimento que despertasse algum tipo interesse. O cheio de fritura já invadia as narinas antes mesmo de entrar.
Bradley seguia em direção a entrada de uma forma descontraída e confiante como ali fosse a melhor escolha que tivesse feito. Segurou a porta para a garota passar e arrastou a cadeira para que ele pudesse se acomodar, gesto fino e galanteador que se contradia com a forma mal-educada que a garota vinha sendo tratada desde que se encontraram.
A garota se perdeu diversas vezes com as oscilações das atitudes do rapaz.
- Este lugar é muito maneiro! Aqui eles reaproveitam as sobras das pessoas para criar novos pratos. - Bradley falou entusiasmado.
- Interessante. - respondeu entediada.
O Dim Sum Go Go estava lotado e o ambiente descontraído, mesmo com toda a atmosfera gordurosa. Levou algum tempo para que algum garçom notasse a presença de novos clientes e fosse anotar os pedidos do casal.
- Eu nunca estive aqui, não sei o que pedir. O que você me indica? - falou depois de analisar o cardápio e não encontrar nada que chamasse a atenção.
- Hamburgueres! - O rapaz falou rapidamente.
- Legal, hamburguer feito dos restos dos outros. - Girou os olhos, incerta se fazia um pedido ou não.
- Antes que eu me esqueça. Nós ignoraremos as entradas e beberemos água, não quero gastar muito. - O rapaz alertou e sorriu singelo.
olhou boquiaberta para o rapaz, incrédula com o que ouviu. Ficou impactada demais para conseguir esboçar alguma reação que não fosse ficar com a boca escancarada.
Foram outros longos minutos de espera pelos pedidos com a garota ouvindo Sanders exaltar as suas qualidades e falar com muita arrogância, sem conseguir completar uma frase quando resolvia se manifestar. Todas as vezes Bradley a cortava e mudava radicalmente de assunto.
Quanto mais sentia-se incomodada e queria se distrair experimentando os pedidos, mais eles demoravam a chegar.
O garçom depositou dois hambúrgueres e dois copos de água em cima da mesa. Estes, que tinham uma péssima aparência e nadavam no óleo. O estômago da garota deu várias voltas, ela nem quis se dar o trabalho de provar.
Bradley agiu de forma contrária, não ligou para a aparência ruim do hambúrguer e desatou a comer despreocupadamente. Sujou as mãos, a boca e roupa de ketchup e mostarda com tamanha gulodice que se comportava.
não conseguia tirar os olhos da cena. A garota bufou totalmente irritada, perdeu as contas de quantas vezes ficou chocada naquela noite. A situação já tinha passado de todos os limites toleráveis, ela tinha sido paciente até demais. Não viu outra alternativa a não ser tentar arquitetar uma forma de sair daquele momento humilhante.
- Vou ao tolete. - Mentiu e viu o rapaz dar de ombros mais interessado em comer e se sujar do que prestar atenção nela. Era daquilo que ela precisava para executar o plano sem maiores problemas.
- Vai comer isso? - Perguntou apontando para o prato intacto da garota e ela negou prontamente. O rapaz não pensou duas vezes antes de afastar o prato vazio e substituir pelo cheio.
A garota saiu em disparada no interior do restaurante, procurava por uma outra porta que dava para a saída e tentar escapar. Deu de cara com uma pequena janela, esta que a cozinheira lá dentro colocava os pedidos para que os garçons levassem até as suas respectivas mesas. Pela janela era possível ver uma porta com os dizeres "saída exclusiva para funcionários" , era única opção para sair dali sem ser vista.
- Psiu. - Chamou a atenção da mulher dentro da cozinha que lutava para por todos os pedidos em ordem. Ela se limitou a levantar os olhos e procurar de onde vinha o barulho, fez um sinal para que a garota dissesse o que queria. - Eu sei que está porta e exclusiva para funcionários, mas a senhora poderia fazer o favor de me deixar por aí? - Pediu educadamente.
- É por isso que existe a porta principal, querida. - A mulher falou sem dar muito papo para a garota, continuava a fazer o que precisava fazer agilmente sem se deixar abater pela distração.
- Senhora, eu estou tendo um péssimo encontro. Necessito de fugir daqui sem que meu acompanhante me veja, minha única opção é passar por aqui. - Explicou, e o tom beirava ao desespero.
- Eu já tive encontros ruins também. Sei o que você está passando. Eu vou te ajudar! - A mulher pareceu se compadecer e sorriu cúmplice. Largou os afazeres por alguns instantes para se aproximar de onde a garota estava e permitir a entrada dela na cozinha.
sorriu agradecida com a atitude generosa da mulher.
- Obrigada pela gentileza. - Agradeceu quando a mulher a guiou até a porta e deixou que ela fosse para fora.
- Não precisa agradecer, querida. - A mulher sorriu simpática. - Agora foge antes que ele perceba. - Falou e encostou a porta em seguida sem esperar uma resposta de garota.
Nem foi preciso mandar outra vez, atravessou uma pequeno pátio para chegar até a rua, de lá correu o máximo que os saltos permitiam, se afastou antes que Bradley a encontrasse e a pegasse no flagra.
Quando achou que estava longe o suficiente e a sensação de estar sendo seguido tê-la abandonado, ligou para a primeira pessoa que lembrou. Nem teve tempo para sentir-se humilhada para pensar em não pedir ajuda para quem quer que fosse por vergonha.
- ? - Chamou assim que o rapaz atendeu a ligação.
- Fala . - Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou preocupado e curioso para saber o que se tratava aquela ligação repentina.
- Aconteceu, e eu estou precisando de sua ajuda. - Falou nervosamente.
- O que houve? Não me diga que o babaca do Sanders tem algo a ver com isso? - Perguntou lembrando-se vagamente do possível encontro que eles teriam aquele dia.
- Sim, ele tem. - Falou com a voz embargando aos poucos. - Eu sofri algumas humilhações no encontro e fugi de lá, agora estou presa na Broadway sem ter dinheiro suficiente para voltar para a casa. Preciso que alguém venha me buscar. - Despejou de só uma vez, mexia nos cabelos freneticamente com medo de ter o pedido de ajuda negado.
- Me manda as coordenadas exatas de onde você está e eu prometo que vou chegar o mais rápido possível. - falou determinado e pôde respirar aliviada por não ter sido deixada na mão pelo melhor amigo também.
- Nem sei como te agradecer por fazer isso por mim.
- É para isso que servem os amigos. - E encerrou a chamada sem esperar uma resposta. Ele nunca saberia o quanto aquela frase significativa tinha deixado reflexiva.

Como prometido, saiu apressado do pub onde estava com os amigos para ajudar a melhor amiga. Pediu um carro emprestado com algum colega com a intenção de fazer o caminho o mais rápido que podia.
Naquele momento sentia-se como o superman.
Praguejou imensamente o trânsito estar caótico e levar quase uma hora para fazer todo percurso. Logo estacionava exatamente nas coordenadas que havia dado, sorriu satisfeito por ter encontrado o lugar sem maiores problemas sem precisar perder ainda mais tempo.
A garota estava encolhida contra uma parede, o olhar perdido e preocupado, e poderia ser facilmente julgado como medroso. A imagem fez com que o coração de se apertasse e quisesse acabar instantaneamente com o sofrimento dela, além de querer bater loucamente em Bradley por fazê-la ficar daquele jeito. Saiu do carro em um ato compulsivo e foi ao encontro dela.
Ao ver o rapaz entrar no seu campo de visão, não conseguiu conter as lágrimas de alívio que teimavam em descer por mais que ela tentasse segurar. Não pôde controlar o ímpeto de abraça-lo com a mais força do que podia.
- Eu deveria ter escutado você. - Falou enquanto desfrutava do conforto que o abraço lhe causava e depositou um beijo no pescoço do rapaz em forma de agradecimento.
Os pelos da região se eriçaram, o famoso calor subia pelo corpo e descompassaram coração o de . Ele fechou os olhos usufruindo dos efeitos que a garota causava sem saber e cariciava os cabelos dela tentando acalmá-la.
Respirou fundo para não deixar que as reações subissem a cabeça num momento errado e se concentrasse em dar o suporte necessário a garota que se encontrava em um estado deplorável.
- Não precisa mais chorar, tudo bem? Estou aqui para te ajudar. - Disse num tom paternal. Enxugou as lágrimas que ainda escorriam e também depositar um beijo no rosto da garota.
sorriu encantada com o gesto, aos poucos foi conseguindo cessar o pranto e ficar mais calma. Em seguida, caminharam em silêncio até o carro com arrastando a garota pelas mãos.
- Estou tão envergonhada. - comentou quando se acomodou no carro e o rapaz repetia os mesmos movimentos ao seu lado. O rapaz olhou-a com cara de poucos amigos ao mesmo tempo que dava partida no carro. - Não fique bravo comigo. - Pediu manhosa.
- Não é com você que eu estou bravo, posso garantir. - falou sério, balançava a cabeça negativamente e Jórye assentiu sem querer aprofundar o assunto.
- Não sabia que você dirigia. - Comentou após ficarem algum tempo calados. Tinha a intenção de acabar com a aura tensionada que havia se instalado entre os dois.
- Tenho a autorização para dirigir, só me falta o carro.
- Então esse carro é de quem?
- É de um amigo um amigo meu. Tive que pedir emprestado se eu quisesse chegar aqui com um pouco mais de rapidez, apesar de ter demorado quase uma hora. - Fez uma careta em descontentamento.
- Você estava com seus amigos, não estava? Desculpe ter atrapalhado. - Pediu sincera.
- Não precisa se desculpar, você sabe que eu não te deixaria em apuros. - Ele sorriu de um modo sincero, que levou a garota repetir o gesto. - Eu estava com eles em um daqueles pubs fajutos, como você costuma dizer.
- Você podia me levar lá algum dia e me apresentar seus amigos. - Sugeriu com um sorrisinho amarelo no rosto.
- Qualquer dia desses levo você para conhecer a noite no Harlem.
- Quer entrar? - Ela perguntou quando viu que o carro acabava de estacionar em frente à sua casa, o percurso nunca pareceu tão rápido de ser feito.
deu de ombros aceitando o convite, se livrou dos cintos de segurança e saiu do carro para acompanhá-la.
A garota abriu uma pequena fresta da porta depois de destrancá-la para certificar antes de entrar que ninguém a veria chegar em casa num estado lastimável, estar com uma pessoa diferente e ainda ter que explicar todo o ocorrido. Encontrou a sala vazia e com as luzes apagadas, deduziu que os pais estavam dormindo. Era um bom sinal.
Acenou para o amigo adentrasse a casa e o fizesse em silêncio. Subiram as escadas que levavam até o quarto dela tentando fazer o mínimo de barulho possível. Quando chegaram ao topo, repetiu os mesmos movimentos que fez na sala para ter certeza que não encontraria ninguém de surpresa quase no fim do trajeto, para então chegar onde desejava a passadas largas.
- Depois de me sentir como um super-herói, não pude deixar de me sentir como o Agente 007. - comentou debochado depois de entrar no quarto em segurança e ver a garota encostando a porta sorrindo esperta por terem feito uma entrada triunfante.
- Meu Deus, eu estou horrível! E cheirando a fritura. - Falou de uma forma afetada o ver a imagem que o espelho produziu. Estava com os cabelos desgrenhados, descalça e a maquiagem borrada, além de estar com um odor fortíssimo. Nem parecia a mesma garota elegante que se olhava naquele mesmo espelho horas atrás. - Se importa se eu for tomar um banho rápido? - Não espero por resposta e seguiu apressada para o banheiro de um modo estabanado.
Ao trancar devidamente a porta, encostou na mesma e extraiu todo o ar dos pulmões como não se lembrava de fazer a muito tempo. Se recordou de todos os acontecimentos daquela noite e percebeu que não estava sentindo mais raiva pelas humilhações sofridas no encontro e sim, um incômodo pela presença do melhor amigo no mesmo ambiente que ela.
A desculpa do banho o foi a melhor que encontrou para sair de perto dele, se arrependeu amargamente pelo convite que fez. O mais desesperador era saber que já esteve com ele mil vezes sozinha em seu quarto e nenhuma dessas vezes sentiu-se algo tão embaraçoso como naquela noite.
Pela primeira vez estava com medo daquele conjunto de sentimentos estranhos.
Ficou cerca de vinte minutos em baixo do chuveiro, lavou os cabelos novamente e dessa vez sem se preocupar com hidratação ou coisas do tipo. O resto do tempo ficou de baixo da corrente quente esperando que a água levasse toda a tensão e devolvesse a coragem necessária para sair do banheiro após uma crise existencial, e voltar a encará-lo.
Saiu timidamente vestida com um pijama de flanela de estampada floral. Enxugava os cabelos com a toalha, com a intenção de tirar o excesso de água e prolongar a sensação de banho tomando. Sentou-se na beirada da cama de frente para o rapaz, que estava sentado em uma poltrona ao lado da cama dela.
Ele sorriu encantado com o que viu. Raramente via a garota desarrumada ou sem maquiagem, nem quando aparecia na casa dela de surpresa. Estava fascinado e não conseguiu deixar de olhar os traços dela um minuto sequer.
- Você é linda, . Você não precisa sair por aí toda maquiada e com vestidos colados ao corpo. Fica bem melhor com roupas largadas, o rosto e o cabelo natural. - Elogiou-a de forma desengonçada.
Não sabia explicar de onde veio a ideia de elogiá-la, era como se o momento tivesse incentivando-o a fazer aquilo.
- Acontece que eu não posso sair por aí de pijamas, ainda mais rosa e com estampa floral. - Girou os olhos para sua infantilidade. - Sair sem maquiagem, tudo bem. Mas de pijama não! - Riu divertida.
- Eu não me importaria de sair com você com pijama. - Não havia nenhum tipo de malícia na declaração, no entanto voz saiu mais convidativa do que o pretendido.
A garota gargalhou e balançou a cabeça negativamente descrente com o que tinha ouvido. Estava visivelmente incomodada com o olhar do rapaz que parecia queimar a alma. Bufou irritadiça com a invasão.
- ! Quer parar de ficar me encarando? Está me deixando constrangida. - A voz saiu estridente.
- Desculpe. É só que... - riu sem graça e estava incerto se devia continuar com um assunto, porém encarou o olhar interessado da amiga como um incentivo para prosseguir. - Eu só não me conformo! Existem tantos caras legais que gostariam de sair com garotas como você e não conseguem. O Sanders tem essa oportunidade e consegue ser um babaca total. - Desabafou insatisfeito.
- E por acaso você seria esse cara legal ? - perguntou desafiadora fazendo aspas no ar nas palavras "cara legal".
foi atingido em cheio com aquela pergunta, inicialmente ficou sem saber o que responder. Levantou-se e começou a andar de um lado para outro, o gesto fez com que a garota também se levantasse e observasse os passos nervosos dele. Ele sabia que o assunto tinha tomado um rumo perigoso e já pensava seriamente em se acovardar mais uma vez e fugir, nunca fora bom em raciocinar nada para discursar sob pressão.
Apesar disso, sentia-se injustiçado dar para trás depois de ter ido tão longe, ele era melhor demonstrando. Pensando nisso, mudou a direção dos passos frenéticos e foi na direção da garota, antes que a segurança que apareceu inesperadamente resolvesse se dissipar.
O rapaz encarou o mar acinzentado em sua frente, a expressão séria e os olhos escuros de tanta ânsia. Retirou as mechas úmidas que caíam sobre o rosto da garota, segurou o queixo dela delicadamente - ação que não combinava com o leve tremor que estava nas mãos - e encostou os lábios no dela.
Quase sorriu durante o beijo ao perceber que estava sendo correspondido, por um momento pensou que eles pudessem estar compartilhando das mesmas sensações. Por isso sentiu-se livre para intensificar ainda mais o momento e descer os beijos por toda extensão do pescoço.
Contudo, depois de passar pelo júbilo e a realização, foi atingido pela pior sensação que um ser humano pode sentir: a rejeição. .
- Eu não sinto o mesmo. - falou em voz alta, ainda estava com os olhos fechados curtindo as reações que seu corpo estava produzindo. A razão estava agindo de uma forma e a emoção de outra, deixando-a parcialmente confusa na escolha que estava fazendo.
No mesmo instante o rapaz a soltou, tinha o semblante que misturava felicidade e incredulidade. Os olhos brilhantes, os lábios avermelhados e inchados, aguçaram ainda mais a beleza dele. Quando pareceu ter compreendido a frase, o meio sorriso que ele tinha no rosto foi desaparecendo aos poucos, a sobrancelhas se ajuntaram e formavam uma linha na testa.
- Eu estava sendo correspondido até agora a pouco. Como assim você não sente o mesmo? - A voz foi aumentando gradativamente o tom, deixando escapar o enfurecimento que lhe subia a cabeça.
- Você deve saber que é tão difícil para uma mulher quanto é para homem conseguir se desvencilhar de alguém que te olha profundamente e depois te beija. - A garota deu a primeira desculpa que veio à mente. A voz soou vacilante, denunciava que estava incerta no que dizia.
O rapaz soltou-a sem delicadeza alguma e riu triste. Passou a andar de um lado para o outro mais uma vez, puxava os fios dos cabelos para ter certeza de que aquilo realmente estava acontecendo. Queria que a sensação de a ter nos braços por alguns minutos e ser rejeitado em seguida fosse um sonho ruim, onde ele teria o prazer de acordar e descobrir que nada daquilo tinha acontecido.
Saiu do quarto se despedir e com a vontade imensa de brigar, se defender, fazê-la mudar de ideia seja lá qual fosse o problema que a impedisse de tentar. Entretanto, fez o que já estava acostumado a fazer sempre: fugir sem lutar.
- Ei! - gritou. - Não precisa ir embora! - Porém tudo que ouviu foi o baque da porta batendo.
É claro que ele não iria voltar.

Já tiveram a experiência de entrar em um ambiente e perceber que há pessoas falando mal de você? E se não estiverem falando mal, estarem olhando com olhares penosos ou sarcásticos?
Se a resposta foi sim para as perguntas, vocês devem saber o quanto é ruim passar por esse tipo de situação.
Agora imaginem ser vítima das más línguas em um ambiente com capacidade para quatrocentas pessoas durante uma semana?
O peso se torna ainda maior, com certeza.
Marjórye realmente não achou que a semana fosse tão ruim como estava sendo.
Como se não bastasse não ter coragem e chance de se desculpar com o melhor amigo - uma vez que o rapaz fazia questão de evitá-la de todas as maneiras possíveis -, Bradley Sanders resolveu provar que era um ser totalmente inescrupuloso e espalhar falsos boatos a respeito do encontro que tiveram e deixá-la na maior saia justa.
Desde os incidentes de sábado a noite, o mundo parecia conspirar contra e fazer surgir problemas de lugares inimagináveis.
Marjórye caminhava pelos corredores silenciosos da escola. Usufruía dos poucos momentos de paz em que não era olhada com olhares de deboche, enquanto ia em direção aos armários com a intenção de pegar todo o material que fosse necessário para próximo aula.
Durante o tempo em que recolhia os objetos, ouviu passos. E como estava acostumada a agir nos últimos dias, começou a preparar as defesas para enfrentar as piadas que viriam a seguir.
Mas ao contrário do que ela pensou, o dono dos passos parou bem atrás dela e no mesmo instante, reconheceu o perfume que entrou em suas narinas. Este, que a deixava ensandecida quando o aroma lhe invadia, no momento estava lhe causando náuseas e fez com que uma quantidade enorme de raiva se espalhasse rapidamente por todo o corpo da garota. E o enfurecimento também fez com que ela batesse a porta do armário com mais força do que pretendia para fecha-la.
- Gostou da surpresinha? - Ele perguntou com uma dose exagerada de simpatia.
- É uma audácia você vir me procurar depois de tudo que me aprontou. - Falou séria e fez menção de se afastar, não tinha o mínimo de interesse em escutá-lo. Porém o rapaz foi mais rápido e agarrou os pulsos da garota para fazê-la ficar no local a força.
- Você não me deixou escolha, gata. Te procurei por horas pelos arredores do restaurante até perceber que você havia fugido. - Falou com um tom de voz que implicava em estar sentindo remorso, mas a expressão facial dizia o contrário.
- Você não tem escrúpulos Bradley! - A garota gritou reprovando-o com o olhar. - Agora me responda: que mal eu te fiz para ter sido tão maltratada? - Ela quis saber.
- Mal nenhum, gata! Quem fez foi aquele seu amigo metido a intelectual e a pegador. Eu não sei o que as garotas costumam ver nele, quando há jogadores muito melhores do que aquele imbecil. - Disse cheio de pretensão.
- De repente ele deve saber tratar uma garota bem melhor que muitos bons jogadores por aí. - Falou sorrindo irônica.
O rapaz não deixou que a alfinetada da garota o fizesse perder a pose e retrucou à mesma altura.
- Tanto que eu precisei mostrá-lo como é fácil ficar com a garota dos sonhos dele.
O sorriso da garota desapareceu assim que finalmente entendeu o real motivo para Bradley tê-la levado para sair.
- Você me usou para atingir o ? Eu estou mesmo entendendo bem?
- Pense como quiser. - ele falou despreocupado.
A fúria se apoderou da garota, e ela não conseguiu conter a vontade de acabar com a vida de Sanders. não sentiu nenhum pingo de pesar quando a sua mão atingiu o rosto do rapaz e deixou por lá uma marca avermelhada com desenho de quatro dedos.
- Nunca mais me ponha no meio dos seus problemas. - Falou entre os dentes. O rapaz sorria radiante com o modo descontrolado que a garota agiu e acariciava o local da bofetada em uma tentiava falha de tentar controlar o ardor. - Espero que você aja como um homem desta vez e espalhe o real motivo desta marca em seu rosto. - Disse debochada e mandou beijos no ar para o rapaz. E sem esperar por resposta começou a andar em direção a sua turma, sentia-se orgulhosa pelo feito.
- Enquanto você o defende, ele deve estar se esfregando com a gostosa da Jane em alguma dessas salas por aí. - Ele falou um pouco mais alto para que a garota escutasse bem a distância que já se encontrava.
Bradley fez uma falsa expressão de quem tinha dado a língua com os dentes e deixado escapar uma informação sigilosa, tampando a boca entreaberta com as mãos quando parou ao meio do caminho para poder encará-lo. Ele sorriu em escárnio em seguida, pois sabia ter atingido a garota de alguma forma.
, porém, preferiu esconder o desconforto que sentiu ao ouvir o alerta apressando os passos para desaparecer do local o mais rápido que podia. E deu de cara com o alvo da briga com Bradley Sanders a uns metros do lugar onde estava.
Como descrito pelo rapaz, ele estava desconcertado e saindo de uma sala vazia. Mais uma vez a vida pareceu trabalhar contra e mais uma vez o mundo pareceu cair sobre a sua cabeça.

Alguns minutos antes

- Nós vamos nos atrasar. - A garota tentou alertar durante o momento que desfrutava das sensações gostosas que um caminho de beijos percorria em toda a extensão do pescoço, sem sucesso algum.
- Devemos ter uns trinta segundos para aproveitar. - Ele falou despreocupado mesmo sabendo que já tinham avançado muito no horário.
- Como se isso fosse muito tempo. - Jane rolou os olhos impaciente.
- É tempo que nós não devemos desperdiçar. - Ignorou os protestos da garota e continuou com os beijos, agora subindo pelo pescoço para chegar ao lóbulo da orelha e depositar por ali uma mordida leve.
Os pelos de Evans se eriçaram com o gesto e ela soltou um gemido sôfrego. Ela ficou dúvida entre agir como uma garota responsável ou deixar que os prazeres carnais falaram mais alto, mas acabou optando pela atitude mais sensata.
- Nós vamos levar advertência por atraso. - Tentou mais uma vez e a voz saiu como uma súplica.
- Quem é que se importa? - Ele falou rindo contra o pescoço da garota e apertando-a nos braços.
- Eu me importo. E além do mais, alguém pode nos pegar. - a loira reuniu forças para finalmente se desvencilhar do abraço e empurrá-lo delicadamente.
- Mas esta que é a graça! A adrenalina de estar quebrando as regras. - soltou um sorriso sacana esperando que fosse suficiente para convencê-la de ficar por mais alguns minutos. Mas ao ver a expressão séria da garota, soube que não tinha sido tão convincente assim. Teve que respirar fundo para não agir mais como um garoto guloso desesperado por uma garota e segui-la para fora da sala.
- Não sabia que, às vezes, você costumava agir como uma garota medrosa. - Comentou para importuná-la.
- Nem eu sabia que você nem sempre agia como um garoto centrado e responsável. - Retrucou com um piscadela, deixou o rapaz sem resposta e com um sorriso torto nos lábios. - Nos encontraremos mais tarde. - Jane completou com um tom sugestivo na voz e se inclinou para dar selinho rápido no rapaz. Não esperou por respostas e seguiu para a próxima turma à passos sedutores. observou a garota se afastar, mordia os lábios ansioso para o próximo round. O êxtase de ter feito algo errado corria por todas as veias e o fazia sentir vivo.

Sugestão de música: Spaces - One Direction

O sorriso sumiu do rosto e uma corrente gélida subiu pelo corpo quando reconheceu a figura que o observava de longe.
Pensou em ignorá-la, como vinha fazendo a algum tempo, e seguir o caminho como se não tivesse visto ninguém. Mas antes que pudesse executar a ideia, ela começou a andar em direção a ele com uma certa urgência. Parecia ter previsto o que o rapaz estava prestes a fazer.
não viu outra alternativa a não ser esperar para ver o que ela tinha a dizer.
- Eu acho que você já pode parar. - Ela determinou autoritária.
- Parar com o quê? - O rapaz franziu o cenho em um sinal de desentendimento.
- De se atracar com a Jane pelos cantos apenas para me fazer ciúmes.
- Te fazer ciúmes? - Ele soltou uma risada anasalada. - Permita-me refrescar a sua memória: você me jogou para cima da Jane e mais tarde me rejeitou, tudo isso fez com que a nossa relação se tornasse propícia.
- Você acha que pode entrar na minha casa, se declarar para mim e depois agir como se nada tivesse acontecido?
- E você acha que pode me rejeitar e depois tentar controlar a minha vida?
- Não quero controlar a sua vida. É só que... - ponderou a situação que estava se metendo e repentinamente desistiu de desistiu de continuar. - Deixa para lá, não vale a pena.
Naquele instante o coração de pareceu parar por algum tempo e ele torceu internamente para que a garota soltasse o que sempre quis ouvir, ainda que tivessem começado mal.. Mas sempre terminava decepcionado com a facilidade que ela tinha de deixá-lo alarmado e ao mesmo tempo puxar o tapete.
- Eu sabia. - Falou amargo e se preparou para deixar o local antes que as circunstâncias fizessem sentir mais patético.
Porém a garota não deu o assunto como terminado e evitou que ele se afastasse.
- É com este desdém que você costuma tratar quem está apaixonada por você?
O rapaz olhou bem no fundo dos olhos da garota, como se quisesse ler a alma dela e tentar encontrar um fundo de verdade naquela declaração. Contudo, Jórye não sustentou o olhar por muito tempo e se demonstrou incomodada com a invasão do rapaz.
encontrou naqueles gestos a confirmação que precisava para seguir em frente e ter certeza que dali nunca sairia nada mais do que uma amizade - se é que ainda existe amizade.
- Não consigo ver e nem sentir nenhuma paixão por mim. Você só está aqui porque seu ego está machucado por não ter ninguém ao seu lado para te agradar quando precisar, te dizer implicitamente o quanto costuma ser desejável e apaixonante. - Falou com um tom paternal. Ação se contraria com a bagunça que estava em seu interior.
- Você diz me conhecer tanto, mas não consegue perceber meus sentimentos em relação você. - Falou ressentida.
- É exatamente por isso que eu sei que não há paixão nenhuma, te conheço bem e sei quando você está omitindo algo. Eu quero você por inteiro, e não posso me deixar levar por algo que saiu da boca para fora.
- É isso que você pensa de mim? - Ela pareceu abaixar a guarda pela primeira vez desde que chegou ali.
- É o que você está fazendo questão de mostrar. - O rapaz repetiu a ação da garota e também falou em voz baixa. - Seja lá qual for o sentimento estranho que você esteja sentindo, vai passar. - Aconselhou.
Marjórye balançou a cabeça freneticamente, desistiu de lutar e resolveu dar a conversa como encerrada. Deu uma última olhada para o rapaz para constatar que não haveria mudança de ideia.
observou a garota se afastar e de longe a viu esfregar os olhos. A medida que ela ia se distanciando fisicamente, sentia que um espaço enorme crescia emocionalmente no relacionamento que os dois construíam com tanto zelo.
Ele travou uma luta interna e julgou se não tinha sido duro demais ao falar toda a verdade e expor toda a revolta por ter sido rejeitado. Mas como disse o autor, há três coisas na vida que nunca regressam e uma delas é a palavra pronunciada.

Três semanas depois

andava freneticamente pela sala com um copo de água bem gelada na mão - por falta de bebidas alcoólicas em casa, óbvio! -, em uma tentativa desesperada de inibir o incômodo da proporção de um piano que estava sentindo por não ser capaz de sentir o mínimo de desejo possível por uma garota seminua e com um corpo irresistível deitada em seu sofá.
Quanto mais se esforçava para ter algum tipo de movimentação em seu interior que se assemelhasse com anseio de tê-la nos braços, mais ele parecia se distanciar do objetivo e agia de forma nervosa e desengonçada. Parecia um rapaz inexperiente sozinho com uma garota pela primeira vez.
- Pare um pouco , pelo amor de Deus! - Pediu Jane, sentia-se tonta de tanto acompanhar as movimentações do rapaz.
- Me desculpe. Eu não sei o que está havendo comigo. - Ele falou frustrado massageando as têmporas.
- Você não está precisando de alguém para ficar de agarração, está precisando de alguém para desafiar. - Jane falou de uma forma maternal.
O rapaz a encarou com as sobrancelhas arqueadas surpreso com a proposta certeira. Resolveu finalmente se aquietar sentando-se em de frente para a garota, ficou perdido entre a opção de desabafar ou de se manter calado.
- Vamos , desembucha. - Incentivou Evans. - Claramente percebo que deste mato não vai sair coelho .
- Do que você está falando Jane? - Ele se fez de desentendido para tentar ganhar tempo e inventar uma desculpa que o fizesse fugir da situação constrangedora que a garota lhe colocara.
- Do modo disperso que você tem agido nos últimos dias. - olhou para Jane com uma expressão de quem tinha sido pego no flagra. - Acha que eu não percebi? Acabei de desistir da pose de quem finge que está sentado enganada. Só falta você desistir da pose de quem finge que está enganando. - Ela falou com um sorrisinho determinado, estava disposta a arrancar informações do rapaz de qualquer jeito e sabia que já estava bem próxima disso.
A feição intimidadora de Jane fez o rapaz sentir um calafrio subir pelas costas, retirar da cabeça qualquer ideia suja que envolvesse mentir sobre o que realmente se passava e perceber o quanto estava encurralado.
- Acho que fiz uma grande merda e envolvi você nela. - Revelou envergonhado.
O semblante da garota foi de seriedade à confusão.
- Como?
- Me envolvi com você porque queria tirar, a todo custo, a Marjóry da cabeça.
Jane maneou a cabeça vagarosamente ao mesmo tempo que ia processando as palavras, por um momento ela não soube o que fazer ou o que dizer. - Eu sinto muito. - Completou quando percebeu que a garota não falaria nada.
- Não perca seu tempo comigo, vá atrás dela. - Evans ordenou e em sua voz não havia nenhum vestígio de ofensa ou mágoa por ter sido, em partes, usada.
- Você não vai ficar brava comigo? Não vai querer me bater ou me xingar? O que eu fiz contigo é muito sério. - Falou incrédulo com a forma que Jane estava lidando com a situação. Previu um escândalo acontecendo, uma garota correndo e chorando para fora de sua casa. No entanto, aconteceu tudo de forma contrária e aquilo assustou.
- Sempre soube o território em que eu estava pisando. Sempre soube que eu nunca seria o motivo dos seus pensamentos, dos seus sorrisos e suspiros. E acredite em mim, estou bem com isso.
- Não sei o que dizer. - O rapaz falou desnorteado.
- Não precisa dizer nada, você só precisa fazer. - A garota se levantou do sofá para procurar as peças que lhe faltavam ao corpo e só voltou a falar quando estava devidamente vestida. - É um alívio saber que não sou mais um empecilho entre vocês.
- Por que você está dizendo isso? - Perguntou desconfiando.
- e eu fizemos um trato a umas semanas atrás, mas eu não cumpri corretamente a minha parte. Da mesma forma que eu fingi não perceber o quanto você estava mal, também fingi não saber o motivo que a levou a se afastar de mim. Se afastar de nós. A minha consciência gritava para mim fazer a coisa certa e aqui estou, cumprindo a minha parte mesmo que ela não faça a mínima ideia disso.
- Uau por essa eu não esperava.
- Digamos que você não era o único a ter segredos. - Jane piscou divertida e o rapaz riu brevemente. Logo voltava a pose de desorientado com um turbilhão de pensamentos da qual ele não sabia nem por onde começar a resolver.
- Mas e se ela... - ele ia perguntar ocasionalmente quando a mente começou a clarear e foi impedido de continuar a falar pelo olhar severo que Jane lhe lançou.
- Livre-se dessa pose de garoto medroso, não combina com você. - Jane transferiu a severidade do olhar para a voz e o rapaz assentiu recebendo o incentivo de bom grado. Contudo, se lembrou de que ainda precisava fazer algo por ela.
- Me perdoe ter envolvido nessa. - Falou sincero. - Você é uma grande garota, merece que alguém que te de mais valor.
Evans sorriu tímida com o elogio e maneou a cabeça positivamente concordando.
- Amigos? - Ela propôs e estendeu a mão para selarem a nova fase que se iniciaria entre eles.
- Amigos! - respondeu sorridente e aproveitou a deixa da mão estendida de Jane para puxá-la para um abraço paternal.
Com um aceno Jane se despediu e desapareceu porta a fora. Deixou o rapaz sem se lembrar da última vez que havia se sentido tão leve e corajoso para fazer o que precisava fazer.

Sugestão de música: 18 - One Direction

riu sem graça quando uma senhora com o rosto cheio de cirurgias plásticas apareceu para atender a porta. A expressão dela era de poucos amigos, provavelmente irritada por ter um sem noção fazendo com que interfone da casa emitisse mais som do que o necessário.
Entretanto, ela amenizou a seriedade ao ver quem se tratava.
- querido! Quanto tempo você não aparece aqui. - Ela falou e fez sinal para que o rapaz entrasse.
- Será que eu poderia falar com a? - Perguntou com um tom de suplica e a mulher assentiu sorrindo.
- Ela está trancafiada no quarto, como tem feito nos últimos dias, deprimida por alguma razão.
- Nós tivemos algumas desavenças nas últimas semanas e eu estou aqui exatamente para poder desfazer tudo isso.
- Isso explica muita coisa.- a mulher falou pensativa. - Vai lá e traga a minha filha de volta, por favor. - A mulher incentivou.
O rapaz agradeceu a hospitalidade da mulher com um aceno, e seguiu apressado para as escadas que levariam ao quarto de quem procurava.
Ao se aproximar do local, sentiu os primeiros sinais de nervosismo por ter agido de forma compulsiva, mas não se permitiu deixar que reações que o corpo produzia todas as vezes que estava tão próximo de fazer o que pretendia atrapalhassem desta vez.
Deu alguns toques na porta e ouviu alguns murmúrios e passos se aproximando do mesmo. Logo a porta foi aberta e eles se encararam de forma espantada.
Os olhos de estavam esbugalhados e a boca levemente escancarada, com certeza afetada pela visita inesperada. Ela recuperou a pose em questão de segundos e pôs um sorriso saudoso no rosto.
- Que surpresa vê-lo por aqui. - Ela falou em misto de simpática e surpresa.
O coração de acelerou em um sobressalto por estarem tão perto depois de terem cortado laços temporariamente.
Agora não teria mais como fugir. E pela primeira vez não queria fugir.
- Eu precisava falar com você. - Falou com a voz baixa e tímida, as mãos estavam escondidas no bolso da calça para evitar que vissem como suavam frio.
- Sou toda ouvidos. - Ela abraçou o próprio corpo e adotou uma pose de quem estava interessada em ouvir o que o rapaz tinha a dizer.
- Nem sei por onde começar... - ele mordeu os lábios para conter a ansiedade que dominava todo o corpo e balançou a cabeça para tentar reorganizar os pensamentos confusos.
- Que tal começar pelo começo? - Ela falou sugestiva e o rapaz sorriu concordando.
- Acho que não tem uma forma contornar a situação e fazê-lo de uma que me deixe mais confortável, menos exasperado e até com um pouco menos de medo... - riu sem humor e respirou fundo para ter o impulso necessário para encará-la no fundo dos olhos e falar o que sentia. As pernas vacilaram com o modo intenso que a garota sustentou o olhar. - Desde que que nós éramos crianças você sempre me chamou muito atenção. E não me surpreendi nada quando a atração infantil se transformou em um amor forte demais. Eu amo você e fui idiota por ter me afast... - e foi interrompido de continuar o discurso com um beijo ansioso e marcante.
O rapaz perdeu alguns dos sentidos, enquanto se preocupava em ser sincero e convincente em tudo que dizia e nem percebeu a garota venceu a distância que os separava.
Ambos sentiram a sensação de vazio no peito ser preenchido, os toques emanarem calor por todo o corpo e algumas borboletas pareceram dançar no estômago. O gesto nunca pareceu ser tão certo, o mundo parecia girar devagar e a vida ser um filme todo em câmera lenta.
- Isso deve responder algumas de suas perguntas, além de ser o meu pedido de desculpas por tentar enganar a mim mesmo e ter sido burra de ignorar a melhor sensação do mundo aquela noite. Eu tentei ser obediente e me manter longe até os sentimentos estranhos desaparecerem, mas felizmente todas continuam bem aqui. - Ela falou sorrindo confiante.
puxou a garota pela cintura com a intenção de deixá-los ainda mais próximos, mesmo sabendo que era fisicamente impossível. Uniu as testas e entrelaçou os dedos nas mãos dela, e deixou que ela soubesse uma das reações que sofria quando estavam perto demais.
sorriu ao sentir as mãos trêmulas e frias tatearem as suas, e acariciou-as com as pontas dos dedos livres.
- Nunca deixei de pensar em você um minuto se quer. - Ele sentiu-se seguro o suficiente para confessar. não conseguiu conter outro sorriso que se formou no rosto, mordeu os lábios tímida e limitou-se a fazer desenhos abstratos com a ponta do nariz na face do rapaz. - Nós jogamos muito mal. Somos um péssimo time. - completou de olhos fechados desfrutando do formigamento gostoso que se espalhava por toda extensão do rosto.
- E seremos um péssimo casal. - A garota comentou sem um pingo de arrependimento pela suposição ousada e por deixado que os pensamentos ganhassem voz.
- O que você disse? - Ele perguntou com um sorriso largo no rosto. Se fez de desentendido para ter o prazer de vê-la repetindo o que sempre quis ouvir e ter certeza que não era da boca para fora.
- Foi o que você ouviu. - Ela afirmou com a voz firme. - Não posso te privar de saber que tenho pensado muito nisso nos últimos dias. E não me importo se seremos um péssimo casal contando que estejamos sempre juntos.
- Então você está preparada para perder a nossa amizade sem medo ou ressentimentos. - o rapaz concluiu empolgado.
- Estou preparada para melhorá-la. - falou antes de selar e marcar de uma vez por todas a fase que se iniciaria ali em diante.
Foi onde tudo parecia se perder e grande laço de afeto parecia se desfazer, que duas almas singulares descobriam da amizade os seus pares.
E perceberam que sempre foi assim. O amor sempre existiu, a chama nunca se extinguiu, o sentimento sempre esteve presente e que era algo esquecido por dentro.
Amigos que se encontraram, entenderam que no fundo sempre se pertenceram e transformaram uma bela amizade em uma grande amorizade .

FIM



Nota da autora: (26/01/2016) Perdi as contas de quantas vezes eu li e reli a história com a intenção de tirar tudo o que fosse bobo, sem noção ou incoerente. E confesso que até agora acho que a fiction está cheia de falhas e pontos que eu deveria ter explorado mais ou escrito mais cenas. Porém chega um momento que a gente cansa de tentar deixar tudo perfeito e pens: "chega! Vou mandar para beta do jeito que está" e torce para quem ler, gostar e fazer a pobre autora insegura mudar de ideia sobre o seu próprio trabalho.
Comentem muito e compartilhem com as coleguinhas, relevem qualquer errinho ou algo que não tenha agradado.
Beijos e até breve.




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