Última atualização: 16/11/2021

Parte I

Eu não conseguia acreditar que ela havia me enganado. É claro que ela estava planejando algo pelas nossas costas e nos mandou para longe apenas para conseguir sair com os vampiros. Eu a conhecia bem demais, sabia que algo estava errado e deixei isso passar. Quando voltamos para a casa, sem sucesso algum, não estava mais lá. Me senti o cara mais idiota do mundo, burro demais para o meu próprio bem. Jamais deveria tê-la deixado sozinha, como pude confiar que ela não faria nada? não era de ficar parada, esperando as coisas acontecerem. Ela dizia que a luta era dela, e deixou bem claro que queria matá-lo com as próprias mãos.

— Como eu pude ser tão idiota? — gritei, assustando quem estava em volta.

Meu corpo todo tremia de raiva e minha respiração estava longe de se regular. Todos ficaram igualmente surpresos e irritados quando chegamos à casa de Sam e não encontramos o carro de Alice estacionado e ela, e Edward não estavam ali. Carlisle e Emmett tentaram falar com eles, mas não tiveram sucesso. Foi aí que Emmett recebeu um telefonema dizendo que Bella não estava em casa e Carlisle finalmente conseguiu falar com Alice, e sua feição assustada nos deixou aflitos.

— Eu sei onde estão — ele falou simplesmente e, sem perder tempo, corremos para a van de Emily, nos esforçando para aguentar o cheiro de Tate e agora o dos vampiros.

Durante todo o caminho, eu não conseguia me acalmar. Parecia que meu corpo todo sabia que algo estava muito errado com e queria reagir à isso de alguma forma. Sam parecia sentir exatamente a mesma coisa e eu insistia para que ele fosse mais rápido, mas aquela lata velha não colaborava.
Então, depois de longos trinta minutos, finalmente chegamos onde o Dr. Cullen nos disse ser o esconderijo de Tate e Victoria. De longe se viam as chamas enormes engolindo uma construção velha de madeira e, desesperado, senti meu coração se apertar. Todos estavam no jardim da frente: Bella, Esme, Alice, Jasper e Emily. Foi quando eu a vi, se desvencilhando dos braços de Emi, que eu soube que algo realmente estava errado. Ela se virou e, junto de Alice, caminhou apressada até o Volvo rídiculo de Edward. Antes que Sam pudesse parar totalmente a van, eu abri a porta e saltei do veículo, correndo em sua direção. me viu e a dor em seus olhos me destruiu por dentro. Porém, ela não parou. Sam e os outros se juntaram aos que estavam no jardim, mas eu continuei correndo até ela.

! —eu berrei quando a vi entrar no carro. Bati no vidro, mas ela não abaixou aquela merda blindada. — , que merda está fazendo?

Percebi que ela chorava, mas continuou me ignorando enquanto Edward dava a partida e disparava com o carro pela estrada. Continuei gritando seu nome enquanto corria atrás deles, mas era inútil. Cai de joelhos no asfalto duro, ofegante e desesperado enquanto observava o carro veloz virar um ponto preto minúsculo. Eu não conseguia entender que merda estava acontecendo, por que eles foram embora sem dizer nada? Eles iam voltar? Eles tinham que voltar. Ela tinha que voltar.

— Jake… — ouvi Jared chamar, se aproximando. Eu não conseguia desviar os olhos do ponto onde o carro sumiu. — Jake, ela não vai voltar.
— É claro que vai! — exclamei com raiva, ainda sem desviar os olhos.
— Jasper disse que Alice, Bella e Edward vão voltar, mas não. Vamos, eu já te explico tudo, mas vamos até os outros.

Eu não queria me mexer, só queria ficar ali esperando por eles. Mas Jared me levantou à força e me puxou na direção contrária. Me desvencilhei dos braços dele com raiva e caminhei de volta para a casa em chamas por conta própria. Todos se preparavam para ir embora quando chegamos, e eu não poderia estar mais perdido. Emily se separou de Sam assim que me viu e veio mancando em minha direção.

— Ah, Jake, querido! — Ela me abraçou forte, soluçando com desespero.
— Por que ela foi embora? Para onde estão levando a ? — eu a questionei com raiva na voz.

Soltei Emily com o máximo de delicadeza que a minha raiva permitiu e avancei para os vampiros, sendo contido por Sam, Embry e Jared antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Quil e Seth foram para perto de Emily e Paul parecia querer avançar neles tanto quanto eu, mas claramente tinha mais controle. Eu rosnava para o grupo de vampiros que sobrara, mas eles apenas permaneceram imóveis, como se esperassem que eu me acalmasse ou os atacasse; ambos não aconteceriam tão cedo.
Quem falou primeiro foi Carlisle, sua voz grave e irritante estava carregada de compreensão e culpa, como se estivesse se responsabilizando pelo que os filhos estavam fazendo.

— Era tudo um plano, Jacob. pediu para que Edward e Alice a trouxessem aqui para pegar Tate, ela ia se entregar e matar ele, mas…
— Ele fugiu — completou Jasper, olhando para a casa ainda em chamas. — Conseguimos matar Victoria, mas ele conseguiu escapar.
— O que isso tem a ver com eles irem embora? — exclamei, sem entender nada. — Para onde eles foram?
— Não sabemos para onde foram — continuou Carlisle, cruzando os braços. — Mas foi ela quem pediu para ir embora, Jacob. Ela não quer colocar vocês em perigo.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ouvimos o som das sirenes dos bombeiros ao longe, o que indicava que era hora de irmos embora. Os vampiros se enfiaram todos no carro de Rosalie e os lobos, na van de Emily.
Me obriguei a me acalmar enquanto voltávamos para a casa de Sam, mas não contive as lágrimas que caiam sem controle pelo rosto. Todos pareciam estar com a mesma tristeza e mesma raiva que eu sentia, mas é claro que parecia mil vezes mais forte para mim, cada milímetro do meu corpo doía como se queimasse em brasa acesa. Eu não queria acreditar que não ia voltar, ela precisava voltar! Ela é meu maldito imprinting, é contra a natureza que fiquemos separados.
Ninguém queria falar nada, e eu percebi que nem ao menos perguntei como Emily estava, então quebrei o silêncio. Limpei a garganta, mas ainda sentia fraqueza na hora de falar.

— Como você está, Emily?

Ela pareceu surpresa ao me ver falando, parecia igualmente arrasada enquanto segurava firme o braço de Sam que mantinha os olhos fixos na estrada, a mandíbula travada e tensa normalmente me dava calafrios, mas hoje era totalmente compreensivo que ele estivesse assim.

— Estou bem, Jake. Minha perna já não dói tanto.
— Deixarei eles em casa e vamos correr para o hospital — falou Sam com a voz dura.
— Sam, os meninos precisam da gente…
— Sem discussão. — A firmeza com que ele falou isso deixou claro que o assunto estava encerrado.

Sam ia deixar cada um em sua respectiva casa, mas os meninos insistiram para que fossem todos para o mesmo lugar. Então ele nos deixou na minha casa e correu para o hospital. Entrei com passos vacilantes, olhando em volta como se eu fosse um estranho tentando reconhecer o lugar em que nasci e cresci. Mas assim que Paul fechou a porta, eu surtei.
Comecei a gritar com toda a força que ainda restava em mim e a quebrar tudo. Rasguei as almofadas, derrubei vasos, quebrei cadeiras e quase destruí a televisão se não fosse por Embry que me segurou e me empurrou para longe.

— Já chega, Jacob! — ele exclamou, mas eu o ignorei e parti para o meu quarto.

Arranquei e rasguei os posters colados na parede, arremessei a televisão para longe, destruí o armário, continuei berrando até minha voz sumir. Nada disso era suficiente para me manter calmo, eu sentia que estava prestes a explodir. Então eu saí do quarto e parti para fora, rasgando minha camiseta enquanto a chuva começava a cair forte do céu.

— Jacob, se acalme! — Jared gritou por cima do som alto da chuva. — Estamos todos putos da vida, mas temos que ficar juntos! Destruir tudo não vai trazer a de volta!
— Vocês estão putos!? — eu exclamei ofegante, voltando alguns passos e encarando Jared. Todos os meninos estavam atrás, observando a cena debaixo da proteção da varanda. — A é meu imprinting e ela simplesmente foi embora! Sem explicação nenhuma! Vocês acham que vocês estão putos? Imagina como eu estou me sentindo, caralho! Estou destruído, Jared, destruído!

Todos ficaram em silêncio, e eu apenas dei meia volta e corri para a floresta, dando um salto alto e sentindo meu corpo inteiro se transformar. Pensei que essa sensação me traria um alívio, mas ele não veio. Corri o mais rápido que podia, a terra molhada me fazia escorregar e por várias vezes eu caía e saía rolando, mas me levantava em seguida e continuava correndo sem rumo algum. Corri o que pareceram horas e parei apenas quando a exaustão começava a dar sinais. Comecei a uivar alto, como se a chamasse em desespero, torcendo para que ela me ouvisse. É claro que não deu certo. Então me transformei de novo em humano e me sentei no chão, encostando em uma árvore alta, cansado demais para fazer qualquer outra coisa.
Jared estava certo, isso tudo não adiantava nada e não iria trazer de volta. Esse pensamento fez meu coração doer tanto que chorar não parecia mais ser o suficiente. Eu a tive por tão pouco tempo, ela tinha acabado de ter o imprinting e suas memórias de volta. parecia tão assustada ao lembrar de Tate, por que raios ela foi se entregar para ele?
Eu perdi a noção de quanto tempo eu estava ali; mas percebi que não estava mais sozinho. Cinco garotos de bermuda jeans se aproximaram de mim, um deles com uma troca de roupas em mãos.

— Acabou, Jake? — a voz de Quil ressoou acima de mim. Levantei os olhos e peguei as roupas e a toalha que ele estendia na minha direção. — Vamos pra casa.

A caminhada de volta foi em silêncio absoluto e assim que chegamos, a van de Emily já estava ali, nos esperando. Imaginei que Sam e Billy surtariam comigo e falariam um monte quando encontrassem a casa naquele estado, mas os dois não falaram nada quando entrei. Emily também estava lá, com a coxa enfaixada e a perna levantada no sofá. A sala estava levemente mais arrumada, mas a espuma das almofadas ainda estavam um pouco espalhadas pelo chão e ainda dava para ver alguns pedaços de madeira na cozinha. Eu me sentei no chão ao lado de Emily que logo começou a fazer carinho em meus cabelos molhados, suas mãos fazendo a mágica de sempre e me acalmando um pouco.

— Você deveria estar em casa, Em — Seth murmurou, levantando a perna dela com cuidado e se sentando, voltando a apoiá-la agora em suas pernas.
— E deixar o Jake sozinho? Nem pensar.

Tentei dar um sorriso triste para ela, mas isso só fez com que as lágrimas voltassem a cair. Meu pai e Sam, que estava na cozinha, se aproximaram da gente e eu imediatamente pedi desculpas pelo que fiz.

— Prometo que vou juntar um dinheiro e comprar tudo novo, pai — murmurei, sentindo Emily apertar meu ombro em apoio.
— Não se preocupe com isso agora, filho — ele respondeu, sorrindo com compreensão. — Acho que teria feito o mesmo em seu lugar.
— Mas sair correndo pela floresta enquanto um lobo psicopata está à solta não foi a melhor ideia, Jacob — começou Sam, mas não tão duro quanto pensei que fosse ser. — Temos que redobrar os cuidados. Victoria se foi, mas Tate…
— Não fale o nome desse cara, Sam — falei com rispidez, sentindo ânsia em ouvir aquele nome.
— Não podemos fingir que ele não existe, Jacob. Ele ainda está por perto e vai querer se vingar! — ele exclamou, quase impaciente.

Eu me levantei, me aproximando dele.

— Mas quer fingir que não foi embora? Vai fingir que ela nunca existiu?
— Eu não disse isso, Black — Sam respirou fundo, parecendo impaciente.
— Então por que não estamos indo atrás dela, hein!? — Eu já estava gritando de novo, sentindo a raiva voltar com força. — O quê estamos fazendo aqui?
— Ela quis ir, Jake! — Paul exclamou, se aproximando. — Ela nunca foi nossa e você sabia disso!
— Do quê está falando!? Ela é minha! Que merda é essa de imprinting que não a fez ficar?
— Será que ela realmente estava dizendo a verdade? Ela pode ter mentido sobre tudo e não sentiu porra nenhuma por você! — ele questionou, e eu teria voado em seu pescoço se Sam e Quil não tivessem me segurado.
— Acho que não adianta nada tentarmos conversar agora! — exclamou Billy, fazendo todos ficarem quietos. — Sam, leve os meninos e Jacob, vá para o seu quarto.
— Ficarei com ele se me permitirem, Billy e Sam — Embry falou e ambos assentiram.

Me soltei de Sam e marchei até meu quarto, batendo a porta com força. Fui direto tomar um banho que falhou na tarefa de me acalmar e tive que arrumar algumas coisas antes de me jogar na cama, tentando controlar meu choro e minha respiração. O cheiro de estava por toda parte, mas eu não tinha forças nem vontade de trocar a roupa de cama. Dobrada de forma impecável em cima da cômoda, a camiseta que ela usou naquela noite estava ali, puxando um turbilhão de memórias que faziam meu corpo doer tanto que, em um impulso, me levantei e peguei a maldita camisa, deitando com ela em meus braços.
Embry deu três batidas na porta antes de entrar receoso. Já anoitecia e o quarto era um breu, mas a luz da lua entrava pela janela e iluminava levemente algumas partes, como o seu rosto preocupado. Em silêncio, Embry ajeitou o colchão ao lado da minha cama e se deitou no mesmo, encarando o teto.

— Amanhã bem cedo iremos até a casa dos Cullen, beleza? — ele falou.
— Não precisa ir comigo — retruquei, me virando para a parede e lhe dando as costas, apertando mais a camiseta contra meu peito.
— Somos uma alcateia, Jake. Não vamos deixar ninguém para trás; nem você, nem a .

No dia seguinte, eu e Embry saímos o mais cedo possível, antes mesmo de meu pai acordar. Eu sabia bem que Billy não nos deixaria ir, então se ele não soubesse, não nos impediria. Quando saímos no quintal, todos os meninos nos esperavam ao lado da caminhonete do meu pai, menos Sam. Sabíamos que ele também não concordaria em irmos para a casa dos vampiros sem conversar sobre isso antes, e também sabíamos que provavelmente ele tinha razão, porque estávamos putos demais para confiar que não faríamos nenhuma merda. Entretanto, ninguém levava embora um de nós sem ao menos explicar o por quê ou dizer para onde.
Ao chegar na casa dos Cullen, os tremores em meu corpo pioraram. Já era difícil demais ficar ao lado deles sem poder matá-los por causa do maldito pacto. Além disso, e Bella eram o elo que nos mantinha em paz, pois se não fosse pelas duas, com certeza já teríamos feito alguma besteira com eles ou eles com a gente. Mas agora eles fizeram, levaram embora parte deste elo, talvez a parte mais importante. nos mudou desde o seu primeiro dia em La Push, ela nos mantinha centrados e calmos, talvez mais descontraídos. Ela mantinha nossos pés no chão, algo que Sam tentava há anos e não tinha muito sucesso, nem com ele mesmo. Lembrar que ela não estava mais ali com a gente me deixou com mais raiva ainda.
Edward e Carlisle já nos esperavam na porta quando saímos do carro. Saltei do veículo e parti na direção deles, que nos receberam com a feição calma, como se já soubessem o que estava por vir. O soco que dei no rosto de Edward foi tão satisfatório que minha vontade era continuar socando aquele rosto até que ele deixasse de ser perfeito e irritantemente simétrico. Achei estranho ele me deixar socá-lo, ele poderia desviar facilmente, mas era como se ele quisesse que eu o socasse. Infelizmente não pude fazer mais nada pois os meninos me seguraram e os vampiros se posicionaram atrás de Edward, prontos para atacarem ao mínimo movimento que a gente fizesse.

— Jake, você pirou!? — quem exclamou isso foi Bella, que se posicionou em frente ao amado.
— Está tudo bem, ele precisava fazer isso — Edward falou, passando a mão onde eu havia dado o soco.
— É, eu pirei sim! — respondi furioso. — Para onde vocês levaram a ? Por que fizeram isso?
— Ela quem pediu, Jacob — Edward falou com calma, enfiando as mãos no bolso. — Esse era o "plano B" dela caso o "plano A" não funcionasse.
— Não tinha nem que ter o "plano A"! — Embry gritou, igualmente furioso. — Vocês não deveriam ter embarcado na ideia dela!
— Eu vi o que iria acontecer — Alice falou com sua voz dura. — As coisas não acabariam bem se não fizéssemos o que ela pediu. O plano era bom, só não contávamos que Tate conseguiria escapar.
— Então além de serem uns idiotas em seguir o tal plano, ainda deixaram o cara escapar!? — Paul exclamou, soltando uma risada irônica. — Muito conveniente, não é? Já que eliminaram Victoria, ele não é mais problema de vocês!
— Peço mais respeito ao falar, garotos — Carlisle se meteu entre os lobos e os vampiros, sua calma era irritante. — Estamos tentando ajudar vocês.
— Nos ajude dizendo onde ela está! — gritei, tentando regular a respiração.
— Ah, isso não vai rolar, cachorrinhos — Alice respondeu, nos fazendo rosnar em sua direção.
— Como assim "não vai rolar"? Só nos fale logo para podermos sair daqui! — Seth se meteu, claramente perdendo a paciência.
— Escute aqui, filhote — ela continuou, parecendo irritada. — Nós a levamos para um lugar onde já foi bem arriscado pois algumas pessoas de lá não gostam de chamar a atenção. Se dois vampiros e uma loba já chamaram atenção, imagine um bando de cães enfurecidos?
— E ela foi bem clara para não dizermos onde ela está — Bella continuou com um tom de voz mais tranquilo que o nosso. — Pode nos culpar o quanto quiser, Jake, mas isso tudo foi ideia da . Você a conhece bem demais para saber que se a gente não a levasse para um lugar seguro, ela daria um jeito de fugir e, provavelmente, estaria correndo perigo agora.
— O que garante que ela está bem? — Quil questionou, sua voz era dura, mas calma.
— Podemos te garantir que a deixamos em ótimas mãos — Alice respondeu. — Vocês podem não acreditar, mas é igualmente importante para nós. Não iremos largá-la em qualquer lugar.

Bufei com impaciência, falhando em tentar me acalmar.

— Eu vou descobrir para onde ela foi! — exclamei, apontando o dedo para eles. — Com ou sem a ajuda de vocês!
— Se você a ama, Jake, e eu sei que ama… Deixe-a em paz — Alice murmurou, parecendo cansada da discussão. — É isso o que ela quer.

Sai da casa sem esperar pelos meninos, me fechando dentro do carro e gritando o que ainda restava de forças e de voz dentro de mim. Estava ficando cada vez mais difícil controlar a transformação, mas depois de fazer estrago na minha casa, não seria muito legal destruir o carro de Billy. Com esse pensamento, comecei a controlar a respiração enquanto os meninos voltavam para o carro.

— Sinto muito, Jake — Jared foi o primeiro a se pronunciar. — Realmente pensei que eles falariam, mas a loirinha acabou de dizer que poderíamos matar eles e mesmo assim, não diriam nada.
— Não importa. De qualquer jeito eu vou descobrir onde ela está — respondi rangendo os dentes.
— Jacob, não seja idiota — Quil falou, se inclinando para frente e enfiando a cabeça entre meu banco e o banco onde Jared estava sentado. — Você ouviu eles! Ela não quer que a gente a encontre. Talvez seja melhor a gente…
— Nem termine essa frase, Quil. Se querem desistir, para mim tanto faz. Eu vou encontrá-la e ponto final.

Quil voltou para o seu lugar e ninguém falou mais nada. Depois de longos minutos em silêncio enquanto eu dirigia em alta velocidade em direção à minha casa, Seth quebrou o silêncio e perguntou:

— Jake,  qual foi a sensação de socar um vampiro?

Todos começaram a gargalhar, e até mesmo eu comecei a rir, porque a lembrança do soco e a sensação realmente foram ótimas e eles ficaram satisfeitos em saber disso. Olhei para eles pelo retrovisor, o clima levemente mais descontraído, e me perguntei o que eu faria sem esses caras? E o que eu vou fazer sem a ?


Parte II

A floresta nunca esteve tão fria e escura. Por algum motivo que eu não sabia dizer qual, eu não conseguia parar de adentrar cada vez mais nela. Não estava transformado em lobo, nem conseguia fazer tal coisa. Mas eu não sentia necessidade. Não havia mal algum naquela floresta, pelo contrário. Uma voz melodiosa me chamava baixo e, quanto mais eu entrava na floresta, mais alto ficava.

— Meu Jake — ela dizia. — Me encontre.

Parei de andar e olhei em volta, a voz parecia estar do meu lado. E eu sabia quem era, eu precisava ver seu rosto. Contudo, minha voz não saía quando eu chamava seu nome.

— Meu Jake — ela repetiu. — Eu preciso de você.

Eu continuei andando, começando a pensar que eu estava ficando louco, quando eu vi um vulto. Corri na direção em que a pessoa também correu, confiante de que finalmente iria vê-la. Quando a alcancei, outra pessoa se meteu na nossa frente. Um brilho forte que saía da pessoa embaçou a minha vista, mas eu sabia exatamente quem era. Edward Cullen sorriu e apareceu atrás dele com o mesmo sorriso afetado.

— Ela é minha agora.

Meu rosnado não o assustou, então corri em sua direção, pronto para atacá-lo e descumprir o maldito acordo que tínhamos entre os lobos e os vampiros.

Acordei assustado e ofegante, meu travesseiro e meu lençol estavam molhados como se uma chuva forte tivesse invadido meu quarto. Passei a mão no rosto com frustração; havia sido mais um pesadelo.
Já se passaram cinco meses desde que fugiu para sabe-se lá onde. Cinco malditos meses em que eu permaneci miserável com o único objetivo de encontrá-la, mas ela claramente não queria ser encontrada. Não adiantou de nada insistir com os Cullen — os poucos deles que sabiam onde ela estava permaneceram cúmplices e calados. Todo dia depois da aula eu pegava o carro e andava por todas as estradas que interligam Fork e La Push com outros condados e cidades; pesquisei casas abandonadas ou para alugar que fossem o mais isoladas possíveis; visitei cidades fantasmas que não apareciam nos mapas. Ela não estava em lugar algum.
Era insuportável, mais que isso, era indescritível o sentimento que eu senti todos os dias nas últimas semanas. Eu não sentia mais fome (algo bizarro para um lobo); não sentia vontade de sair do quarto, nem mesmo para ver os meninos; e minha barba estava relativamente grande; eu não a deixei crescer por anos, mas nem isso fazia mais sentido. Era isso que eu pensava enquanto me olhava no espelho do banheiro, como se aquilo no reflexo fosse apenas o que um dia considerei ser meu corpo. As marcas roxas embaixo dos olhos denunciavam as noites sem dormir direito, acordando com o mesmo pesadelo de sempre: partindo e eu não conseguindo alcançá-la.
O que raios estava acontecendo comigo? Por que ninguém me contou que o imprinting também vinha com essa maldita dor insuportável e que não era simplesmente sermos felizes para sempre? É estranho pensar que as coisas eram fáceis quando ainda não tinha sua memória e não havia sentido o imprinting. Uma noite. Tudo durou só uma noite.
Eu começava a pensar que talvez ela não estivesse no país, então meu plano teria que ser a longo prazo. Para viajar eu precisaria de dinheiro (além dos itens que faltavam consertar em minha casa), então eu precisava arranjar um emprego e começaria a procura hoje. Isso seria ótimo, pois poderia me distrair, manter minha mente longe dela, manter a dor um pouco adormecida. Respirei fundo. Quem eu queria enganar? Esse cara barbudo e muito mais magro no espelho não conseguia passar um segundo sem pensar nela. Esfreguei o peito, tentando inutilmente aliviar a pontada que sentia constantemente. Depois peguei a espuma de barbear e a lâmina; eu precisava me livrar daquele cara.

— Bom dia, filho. — Meu pai tentou não parecer surpreso ao me ver acordar tão cedo e ir até a cozinha para comer algo. Mas seus olhos se arregalaram ao me ver sem barba.
— Bom dia — murmurei de volta enquanto pegava uma caixa de cereal e uma tigela para em seguida acrescentar o leite.

Sentei na mesa e encarei a tigela. Eu não sentia vontade alguma de comer, minha verdadeira vontade era tacar aquilo longe. Não o fiz, é claro, precisava de forças para andar e queria tirar um pouco da preocupação no rosto do meu velho.

— É bom ver seu rosto de novo — ele falou, comendo suas torradas. Dei de ombros, mexendo no cereal. — Vai fazer o que hoje?
— Pensei em ir procurar emprego — falei, olhando seu rosto à procura de algum sinal de reprovação.
— Acho ótimo, meu filho — ele respondeu com calma, tomando um gole de seu café. — Só não deixe isso atrapalhar os estudos, está bem?
— Vou procurar algo que seja meio turno — resmunguei, ainda enrolando para comer. — Talvez em Forks.
— Ótimo — ele falou com um sorriso sincero no rosto. — Vai te fazer bem, sabe? Ocupar a mente, não vai ficar pensando na…
— É, vai ser bom — o interrompi, levando a tigela intocável para a pia. — Estou indo, você vai ficar bem?
— Não se preocupe comigo, filho. Se cuide e mande notícias! — ele exclamou quando cheguei perto da porta. — Vai no Sam hoje?
— Talvez — respondi, pensando no fato de que faziam alguns dias que não o via e algumas semanas que não via os meninos. — Eu te aviso.

Eu realmente saí para procurar emprego, andei pelo pequeno centro da reserva de La Push, depois andei por Forks e fui parar em Port Angeles, deixando meu fraco e ridículo currículo em todas as lojas que encontrei pelo caminho, em algumas oficinas mecânicas também, até no único cinema da cidade. Não havia um comércio que não tivesse visto meu rosto até o final do dia.
Me sentei exausto no banco do carro, esperando um tempo para recuperar as forças. Eu sabia que ficar sem comer direito e se exercitar há semanas não me faria bem, não tinha força de lobo que aguentasse esse maltrato ao corpo. Mas eu não podia ir para casa agora, eu não conseguiria dormir sem ao menos tentar encontrá-la novamente. A verdade é que mesmo tentando, eu não conseguia dormir, de qualquer jeito. Era visível a preocupação no rosto de todos os donos ou gerentes a quem entreguei os currículos hoje, eu deveria estar péssimo.
Peguei o velho mapa no porta-luvas e a caneta, abrindo-o em cima do volante. Suspirei frustrado. Não tinha mais onde procurar perto, a não ser que eu começasse todo o caminho de novo. O mapa estava todo rabiscado, quase não era possível ler os nomes dos condados e cidades por onde passei. Porém, um nome no canto me chamou a atenção, um nome que eu estava ignorando há algum tempo, pois não achava possível ela ter voltado para o lugar de onde fugiu. Mas também seria genial, pois ninguém pensaria em procurá-la ali.
Com esse pensamento, liguei o carro e o arranquei apressado, pegando a estrada que meses atrás havíamos feito com a kombi de Emily. Era uma ideia idiota, ainda mais já tendo escurecido e o cansaço estar tomando meu corpo, mas eu estava um tanto desesperado. Algo dentro de mim me impedia de parar, eu sentia que, se parasse de procurá-la, eu poderia morrer. Isso já havia passado pela minha cabeça, apenas acabar de vez com a minha dor. Mas eu não podia deixá-la e, principalmente, deixar o meu pai e os meninos. Então o jeito era encontrá-la, nem que eu levasse toda a minha vida.
Clallam County era tão pequena quanto Forks, mas muito mais moderna e clara. Havia um pequeno centro comercial com alguns prédios, mas as casas em geral ficavam afastadas do centro, como a casa onde Tate a mantinha presa. Não tive coragem de chegar tão longe, então dei a volta antes de chegar àquela rua. Não fazia muito sentido procurá-la em Clallam, pois como eu faria isso? Bateria de porta em porta? Perguntaria sobre ela no comércio? Aquilo era ridículo e eu me senti um idiota, o que vinha sendo bem comum.
Estacionei meu carro no centro e parei para pensar no que fazer, uma ansiedade crescia dentro de mim ao não saber o que fazer. Comecei a bater com as mãos no volante, cada vez mais forte, para assim, talvez, a dor física substituir a que eu estava sentindo, mas não adiantou. O carro estava ficando pequeno demais, abafado demais, e o meu cérebro não parava um segundo, atormentando-me de tal forma que era insuportável.
Abri a porta do carro e me joguei para fora, tentando recuperar o ar que, até então, não percebi que estava faltando. O que foi isso? Nunca havia me sentindo tão mal assim antes. Coloquei a mão no peito apenas para sentir meu coração acelerado como nunca antes. O que estava acontecendo comigo? Respirando fundo algumas vezes, decidi ir até o bar que parecia ser um dos poucos comércios abertos àquela hora. O lugar não estava nada lotado, apenas com alguns poucos homens que tentavam fugir de suas realidades com uma alta dose de álcool no sangue. Que sorte a deles. Meu maldito metabolismo mais acelerado que o normal não me permitia tal coisa. Álcool não tinha efeito nenhum em mim, não importava o quanto eu consumisse.
Contudo, quando me aproximei do bar, um cheiro forte e agridoce invadiu minhas narinas. Olhei em volta, analisando cada pessoa no local. Nenhum deles parecia realmente ser um vampiro, até porque eles também não conseguiriam ficar bêbados.

— Como posso te ajudar? — Uma atendente se aproximou no mesmo instante em que me sentei no balcão.

O cheiro vinha dela, sem dúvidas. Analisei sua expressão e seus olhos, uma raiva que eu não tinha muito controle crescia dentro de mim. Mas se eu não podia caçar vampiros no meu próprio condado, com certeza não seria bom fazer no condado alheio. Me remexi desconfortável no banco, tentando não deixar na cara como o cheiro dela me incomodava. Se ela fosse mesmo uma vampira, bom, ela já deve ter percebido o que eu era.

— Ei, garoto! — Ela estalou os dedos na frente do meu rosto, me despertando dos meus pensamentos. — Vai pedir alguma coisa?

Pisquei algumas vezes, atônito. Seu rosto me remetia a alguém que fazia meu coração apertar em agonia. Seus olhos grandes, sua boca um tanto carnuda com o arco do cupido desenhado com delicadeza e perfeição. Eu conhecia aqueles traços, eram dela. Mas eu só podia estar louco. Era isso, eu estava completamente louco de tanta saudade.

— Você… — eu comecei a falar, ainda observando-a com atenção. — Você é…
— Sim e eu sei o que você é, mas aqui — ela apontou em volta. —, você é um cliente e eu sou a atendente, apenas. Então peça logo o que quer.
— Água — falei, um tanto acanhado.
— Água!? — A mulher, que parecia estar na casa dos 30 anos, me questionou. — Vem a um bar para pedir água, tinha que ser um lobo mesmo, sempre certinhos.
— Shh! — Eu olhei apavorado para os lados, mas ninguém parecia prestar atenção na gente.
— Ah, relaxa — ela riu, abrindo uma garrafa de água e derramando seu conteúdo em um copo. — Esses nojentos não estão ouvindo, eles já estão bebendo há horas!

Olhei novamente em volta, confirmando o que ela disse. Minhas mãos ainda estavam trêmulas quando segurei o copo e trouxe aos meus lábios, sentindo um certo alívio em beber uma simples água. A mulher não se afastou, também, não parecia ter muito o que fazer naquele lugar. Mas a curiosidade era evidente nela e em mim também. Como podia uma vampira trabalhar em um bar? E por que ela parecia tanto com ela?

— Você não é daqui, não é? — ela perguntou, passando um pano no balcão. Eu apenas neguei.
— Como sabe?
— Cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo. — Então ela começou a apontar para os homens caídos em suas mesas. — Aqueles ali são George e Carlos, naquela mesa ao fundo é o Senhor Marinho. Já esse aqui no balcão é o Stewart. Eles estão sempre aqui e se quiser que eu nomeie os familiares, também consigo. Além do mais — ela se inclinou para mais perto, sorrindo. — Não temos lobos aqui há um bom tempo.
— E você mora aqui há muito tempo?

A mulher sorriu, parecendo um tanto nostálgica.

— Toda a minha vida, podemos dizer assim — ela respondeu e, em seguida, esticou a mão. — Sou Miranda. Miranda Macawi. E você?
— Jacob Black — respondi, apertando sua mão gelada. Se meus ancestrais me vissem agora, fazendo amizade com mais um vampiro… — Sou de La Push.

Algo na minha resposta a fez endireitar a postura e me observar com mais atenção. Seus olhos percorreram todo o meu rosto como fiz com ela há pouco. Miranda se aproximou, me olhando como se não estivesse acreditando no que estava vendo.

— Você disse Black? — ela falou.
— Sim — respondi, finalizando minha água e mexendo em minha carteira. — Algum problema?
— Não — negou, ainda me observando. — Meu marido conhecia uma pessoa… Tinha esse sobrenome, mas duvido que… Seria muita coincidência se…

Ela não conseguiu terminar a frase e aquilo estava me deixando cada vez mais incomodado. Entreguei a ela o valor da água e me levantei, sentindo-me bem melhor do que quando entrei.

— Me desculpe por vir aqui, não sabia que moravam vampiros em Clallam County e minha alcateia respeita muito os territórios de vocês — falei com cordialidade.
— Sem problemas — respondeu, dando de ombros.

Eu estava pronto para me despedir e ir embora, mas uma coisa me ocorreu de repente, me fazendo voltar alguns passos.

— Por acaso você conhece os Cullen? — perguntei. Miranda inclinou a cabeça, pensativa, mas negou em resposta. — Eu imaginei.

Dessa vez eu realmente me despedi e saí do bar. Mas durante todo o percurso até a casa de Sam Uley, eu não pude deixar de pensar naquela mulher. Ela me intrigava, algo dentro de mim me dizia que Miranda não era uma completa estranha, mesmo que houvesse sido a primeira vez que a vi.
Parei em frente a casa de Sam, mas não tive coragem de sair do carro. Há algum tempo eu comecei a tomar certa distância dele e dos meninos. Minha energia não era das melhores e meu estresse era bastante insuportável. Eu não podia culpá-los por toda a merda que aconteceu, é claro, mas também não podia obrigá-los a conviverem comigo dessa forma. Contudo, eu sentia falta. Sentia saudades de cada um dos meninos, sentia falta de me transformar apenas para correr pela floresta. A saudade de não era a única que me causava dor.
Eles me esperavam do lado de fora, na mesa em que sempre fazíamos pic-nic e reuniões. Sempre sentávamos nos mesmos lugares, e passou a sentar ao meu lado todas as vezes, entre eu e Embry. Quando me sentei, senti o vazio me atingir como um vento congelante.

— Quem é vivo sempre aparece! — brincou Quill com a boca cheia de cachorro quente.
— Não enche, Quill, ou ele vai sumir de novo — bronqueou Paul, me olhando com receio. — Como você está, Jake?
— Bem, eu acho — falei, me servindo de um cachorro quente.
— Está muito magro, querido — Emily depositou um beijo em meus cabelos e apertou os meus ombros. Seu carinho materno era algo que fazia muita falta em meus dias. — Farei mais lanches, você vai precisar.
— Ei, também vou precisar! — Sam falou ao se aproximar da mesa, dando um beijo apaixonado em Emily como sempre fazia. Desviei os olhos, perdendo um pouco o apetite. — É bom te ver aqui, Jacob. O que tem feito?
— Nada demais — respondi antes de cumprimentar Jared e Seth que se juntaram a nós e já começavam a devorar a comida. — Fui procurar emprego hoje.
— Isso é ótimo! — Jared comemorou, sorridente. — Isso significa que você não vai mais procurar a…
— Claro que vou — retruquei com mau humor. Todo mundo me observou com atenção. — Hoje eu fui em Clallam County.
— Por quê? — Paul questionou.
— Ela não seria louca de voltar lá — disse Quill, deixando seu cachorro-quente de lado. — Seria?
— Ninguém iria imaginar que ela voltaria para lá, é um ótimo esconderijo, pois é óbvio demais — pontuou Jared, apontando para mim. — Jake, é claro, é o único que pensaria nisso.
— Foi por falta de opção — suspirei, tirando o mapa e o abrindo na mesa. — Já fui em todos os lugares próximos daqui.
— Talvez ela tenha saído do estado ou até do país… — disse Quill com tristeza na voz.
— É por isso que quero trabalhar — falei, fechando o mapa. — Preciso de dinheiro para procurá-la fora daqui.
— Jake, isso é loucura — disse Sam, balançando a cabeça.
— Não seria mais fácil esperá-la voltar? — Paul falou e todos assentiram em concordância.
— Ah, claro — resmunguei irritado. — Esperar aquele desgraçado, que pode tê-la encontrado a essa altura! E se ele… — retorci meu rosto, como se sentisse uma dor física e era o que parecia. — Se tiver…
— Ele não a matou — Sam falou com firmeza. — Acredite, você saberia.

Todos ficaram em silêncio enquanto eu tentava segurar as lágrimas. Era comum a gente tentar evitar esse assunto quando nos reuníamos, exatamente para não acontecer isso: esse sentimento de que eu estava louco e todos estavam contra mim. Mas essa noite era diferente, eu precisava falar daquilo. Não podia mais me esconder ou esconder o que se passava em minha cabeça.

— Você sabia que tem vampiros em Clallam? — perguntei à Sam, sem encará-lo.
— Não. — Ele deu de ombros, pegando um cachorro-quente que Emily trouxera. — Já é demais ter que lidar com os que temos aqui, eu não procuro outros. Mas por que está falando isso? Como descobriu?
— Conheci uma em um bar — falei distraído, observando a reação de Sam. Como esperado, ele não gostou.
— Não quero mais que volte lá, Jacob! — Ele bronqueou irritado. — Eu não me importo em você insistir em procurá-la, mas olha o risco que você correu!

Abaixei a cabeça. Eu não podia negar a nada que Sam Uley pedisse, então não insisti no assunto. Pensaria em uma forma de ir sem que ele soubesse, mas eu precisava saber mais sobre Miranda. Talvez eu pudesse levar ele ou um dos meninos comigo da próxima vez, talvez pudesse perguntar aos Cullen. Duvido muito que eles queiram me ajudar depois de tudo o que aconteceu, mas não custava tentar, afinal, eu ainda tinha a Bella ao meu lado.
Olhei para os meninos que continuavam devorando os lanches enquanto conversavam sobre outros assuntos. Só então percebi que faltava alguém.

— Cadê o Embry? — perguntei para Sam e Emily que trocaram um olhar antes de a mulher me responder.
— Ele foi fazer uma viagem com o pai, mas deve chegar a qualquer minuto.
— Viagem? Para onde? — questionei.

Contudo, antes que alguém pudesse responder, Embry Call apareceu sorridente de dentro da casa. Quando se aproximou, todos o saudaram animados, menos eu. Seu sorriso vacilou quando me viu e ele sabia exatamente o porquê de eu não estar tão animado quanto os outros. Seu cheiro estava diferente. Ele estava com o cheiro dela por todo o corpo e estava forte. Como aquilo era possível?
Me levantei com raiva e agarrei o moletom dele, quase levantando-o no ar. O pavor em seu rosto entregava a culpa e me fazia querer socá-lo mais ainda. Os meninos se juntaram em volta e Sam, é claro, veio intervir com toda a sua autoridade. O cheiro dela estava forte demais para ele negar.

— Que merda, Jake, me solta!
— Por que você está com o cheiro dela? — gritei, apertando mais a sua roupa. Ele nem tentava se soltar, apenas agarrou meus braços e me olhou apavorado.
— E-eu não sei! E-ela deve ter usado e-esse moletom!
— Mentira! — gritei novamente ao soltá-lo com raiva no chão. Antes que o mesmo pudesse se levantar, me joguei em cima dele e agarrei seu pescoço. — Onde ela está?
— Jacob, pare com isso! — Jared colocou a mão no meu ombro, mas o olhar que lhe lancei o fez recuar.
— Deixe-os, Jared — Sam falou, cruzando os braços. — Também estou sentindo, Embry, onde você estava?
— Viajando, eu já disse!

Não aguentei ao ouvir mais uma mentira. Desferi um soco em seu rosto e tentei respirar fundo para controlar minha raiva e não me transformar. Embry nem ao menos tentou revidar, era evidente a culpa em seus olhos.

— Jake, não exagera! — Pediu Seth com certo desespero.
— Ela está aqui!? — perguntei a Embry, ainda gritando. Levantei o punho mais uma vez, pronto para acertá-lo caso mentisse. — Me diz, ela está aqui?
— Não, ela não quis voltar! — ele finalmente confessou, seu rosto se retorceu esperando que o soco o acertasse, mas não o fiz.

O choque em saber que Embry realmente estava com ela me atingiu em cheio. Saí de cima dele, ofegante, e me joguei no chão ao seu lado. Me afastei o máximo possível para não fazer nenhuma besteira, pois eu estava com muita raiva, frustrado e confuso. Como que Embry a achou? Por que ele foi vê-la e não me disse nada? Por que ela não voltou?

— Explique-se, Embry — Sam falou, cruzando os braços depois de alguns segundos em que tentávamos recuperar o fôlego. Ninguém ousou se aproximar muito.
— Está bem — Embry respondeu, me olhando com medo. — Eu a encontrei.
— Como? — Paul perguntou, o único com coragem o suficiente para se aproximar. — E por que não disse nada?
— Porque vocês não gostavam de tocar no assunto e eu queria ter certeza que ela estava lá!
— Onde? — Sam perguntou.
— Não posso falar — Embry respondeu, voltando a me olhar com receio. Eu apenas bufei, me levantando. — Eu conheci um cara da prefeitura e ele conseguiu rastrear o carro do Edward! Eu fui até o destino…
— Que é…? — Seth questionou.
— Eu não. Posso. FALAR! — ele retrucou irritado. — me fez prometer…
— Eu estou há MESES procurando-a, Embry! — gritei irritado, me aproximando dele. O garoto deu alguns passos para trás, com as mãos levantadas. — Ela é MEU IMPRINTING! Você não tem o direito de esconder isso de mim!
— Eu prometi a ela, Jake! — ele gritou de volta. — Eu não posso dizer!
— Sam, faz alguma coisa! — gritei para meu alfa que, até então, apenas observava de longe. — Faça-o confessar!
— Jacob — Sam suspirou, apertando o osso de seu nariz. — Eu não posso intervir nas vontades da , você sabe…

Fechei minhas mãos em punhos apertados, irritado demais para retrucar de forma coerente. Então me voltei ao Embry, me aproximando dele.

— O que aconteceu lá? — perguntei, vendo-o levantar aflito. — Ela está bem?
— Ela está bem, não foi nada demais, só conversamos — ele falou com pressa, as palavras saindo atropeladas de sua boca.
— Não minta, Embry — Sam interviu. — No mínimo você precisa falar a verdade. O que realmente aconteceu? Por que ela não veio?

Embry Call apertou as mãos e encarou os pés, pensativo e envergonhado.

— Jake, por favor, me desculpe.
— Por quê? — perguntei, cruzando os braços. A feição em seu rosto entregou o porquê de ele parecer tão culpado, mas eu não queria acreditar. — Embry, o que você fez?
— Eu não… — Embry mordeu os lábios, se afastando alguns passos.
— Embry Call — Sam falou com mais firmeza, olhando fixamente para o mais novo. — Fale.
— Nós nos beijamos.

Eu acredito que os outros meninos tentaram sim me segurar, contudo, eu fiquei cego. Cego de ódio. Eu nem ao menos percebi que me transformei, apenas senti minha cabeça acertar Embry e jogá-lo para longe, destruindo a mesa onde antes estávamos sentados. Meu rosnado ecoava pela minha cabeça ao mesmo tempo que Sam também me pedia para parar, mas sua voz parecia tão distante que foi fácil ignorá-lo e ir para cima de Embry. Bati com minha pata em seu rosto apavorado, ouvindo-o urrar de dor. Meu rosto estava próximo do dele e minha vontade era arrancar sua cabeça com uma dentada só.

— Eu não vou me transformar, Jake! — Embry falou ofegante. — Pode me matar, eu mereço!

Rosnei alto, minha vontade era realmente essa. Mas eu não podia fazer isso com meu melhor amigo, por mais que ele realmente merecesse. Saí de cima dele, observando os garotos em volta, prontos para intervir se necessário. Minha cabeça estava girando, o cheiro dela ainda incomodava meu nariz, me lembrando porque eu o estava sentindo. Então olhei para Sam, meus olhos suplicavam por ajuda. Ele apenas assentiu, autorizando em silêncio que eu saísse dali antes que fizesse besteira. E assim fiz. Corri para a floresta e os deixei para trás cuidando de Embry.



Parte III

O vento frio da manhã chuvosa na First Beach de La Push nunca me incomodou. Óbvio, lobos não sentem frio algum, não importa o quão gelada era a água — naquele caso, a garoa. Então, eu não conseguia entender porque eu estava tremendo há horas. O meu rosto estava molhado, há algum tempo que eu deixara de reparar se era a chuva ou minhas lágrimas; o ar teimoso parecia não querer entrar em meus pulmões, por mais que eu o forçasse para dentro, inalando-o longamente. Àquele ponto, era preferível que meu coração saísse de uma vez do meu peito ao invés de se apertar tão dolorosamente, ao mesmo tempo que batia acelerado demais até para mim.
Eu estava em puro desespero. O mesmo desespero de quase um ano atrás, quando a vi partir. A dor chegava a ser física, tanto que eu nem ao menos conseguia levantar-me na areia grossa, então perdi completamente a noção de quanto tempo eu estava estirado ali, sentindo a água encostar receosa em meus pés e voltar apressada para o mar, como se até ela não suportasse ficar ao meu lado. O único indício de que já era manhã era a luminosidade do mormaço incomodando meus olhos fechados, como se pedisse para que eu os abrisse – eu não queria fazer tal coisa enquanto meu verdadeiro Sol não voltasse para mim.
Outro indício de que era de manhã foi a presença de Bella Swan. É claro que Edward Cullen não a deixaria vir sozinha tarde da noite para me procurar e, depois do soco que lhe dei, digamos que o vampirinho não estava muito entusiasmado em me ver (era totalmente recíproco).
Senti o cheiro de Bella antes mesmo de ela se aproximar, então sentei-me, apoiando os braços em meus joelhos, e estreitei os olhos para enxergá-la correr um tanto desajeitada em minha direção, ela tentava com todas as forças apertar seu enorme casaco em volta de seu corpo para conseguir se esquentar, enquanto eu estava sem camisa, não sentindo frio algum.

— Se quer se esconder de alguém, escolha um lugar menos óbvio — disse ela, sentando-se ao meu lado. Ela ajeitou o capuz de seu casaco e ficou me encarando enquanto eu, ainda em silêncio, fiquei olhando para o mar cinza em minha frente. Bella me deu uma leve cotovelada, chamando minha atenção. — Como você está?

Apenas dei de ombros. Sempre foi muito fácil conversar com Bella, não era à toa que ela era minha melhor amiga há tantos anos – quando nem minha paixonite ridícula ou a família sanguessuga conseguiram nos separar —, em momentos como este, sempre estávamos do lado um do outro. Contudo, Bella estava guardando um segredo há meses, um segredo ao qual eu precisava saber. Ela me viu sofrer por todo esse tempo e, mesmo assim, não me contou onde deixaram . Isso nos afastou. Juntando tal fato ao acontecimento de ontem, eu simplesmente estava sem palavras ou sem forças para enunciá-las.
O aperto no peito subiu para a garganta quando Bella, compreensiva, passou o braço fino demais por meus ombros largos demais e deu um leve aperto. Aquilo pareceu ser a gota d'água para mim. As lágrimas começaram a cair sem controle algum e um grito entalou em minha garganta, então o deixei sair. Meu grito foi alto, rouco, dolorido e agoniado. Parecia que parte da dor que eu estava sentindo saiu com ele, uma parte pequena, pois meu corpo ainda doía em puro desespero.

— Bote tudo para fora, Jake — Bella falou baixinho, alisando minhas costas enquanto eu chorava em seu colo, como uma criança fraca e ridícula.

Bella já havia me visto assim, completamente vulnerável, antes. A mesma facilidade que eu tinha para conversar com ela, eu tinha para me expor dessa forma. Ela não me julgava, da mesma forma que nunca a julguei. Éramos uma boa dupla, talvez teríamos sofrido muito menos na vida se tivéssemos apenas ficado juntos. É claro que, assim que ela conheceu o Cullen e eu conheci , bom… Não havia espaço para mais ninguém em nossos corações.

— Eu te entendo completamente, Jake.
— O que entende, Bells? — A questionei, ao levantar a cabeça, encarando-a com meus olhos vermelhos e ardendo.
— Entendo o que está sentindo, sabe, quando Edward foi embora, eu...
— Não, não é a mesma coisa. Você não entende, Bella — falei, com certa impaciência, engolindo o choro. — Quando você a vê, não é mais a terra que te segura aqui. Ela te segura. E nada mais importa além dela. Você faria qualquer coisa por essa pessoa, seria qualquer coisa por ela. Você se torna qualquer coisa que ela precise que você seja. Seja como seu protetor, ou como um amante, ou um amigo, ou um irmão.

Bella apertou minha mão, um sorriso e um olhar carregados de compreensão brilharam para mim. Sua outra mão foi ao meu rosto, secando uma lágrima que escapou.

— Vocês não vão deixar de ser o imprinting um do outro por causa da distância — ela falou com a voz mansa. — Só dê um tempo a ela, Jake. Ela vai voltar.
— Sim, ela vai. — Eu a olhei, meus olhos não eram tão gentis quanto os dela. — Porque eu vou trazê-la de volta.
— Não seja idiota — Bells falou, se afastando novamente.
— Bella, ela beijou Embry! — Trinquei os dentes e cerrei os punhos em meu colo, em uma tentativa de controlar minha raiva que, novamente, crescia dentro de mim. — Por que raios ela faria isso? Se estivesse perto de mim…
— Sim, provavelmente não teria feito. — Bella me olhou de lado, me analisando. — Mas isso não significa que algo tenha mudado, Jake. A ainda te ama, ela ainda é seu imprinting.
— Então por que ela o beijou? — perguntei mais para mim mesmo que para Bella.
— Bom… Isso só ela pode te responder — ela respondeu, batucando em seus joelhos e mordendo o lábio inferior. Por fim, ela suspirou. — Certo, está bem… Caramba, não acredito que farei isso… Edward e Alice irão me matar, isso se Alice já não estiver a caminho...
— O quê!? Do que está falando?

Bella se ajeitou, virando-se totalmente de frente para mim. Ela mexeu na parte interna de seu casaco, ainda resmungando o quão furioso seu namorado e Alice ficariam, e puxou um envelope creme com meu nome escrito em uma bela letra cursiva. Ela o estendeu para mim, parecendo ansiosa, um sorriso querendo escapar nos lábios ainda presos entre seus dentes.
Franzi a testa ao ver o lacre vermelho com o brasão da família Cullen. Minha surpresa só foi maior quando o rompi e vi o conteúdo.

— Bella, mas que merda…? — Eu a olhei, incrédulo. Aquilo era um convite de casamento. O casamento de Bella e Edward.

Quando a olhei, um enorme anel de brilhantes reluzia em seu dedo anelar esquerdo, o qual ela exibia um tanto envergonhada, mas sem conseguir evitar um sorriso. Meus olhos se arregalaram e meus ombros caíram involuntariamente. Não é que eu não estivesse feliz por eles, agora que as coisas estavam em paz entre a gente, eu conseguia, sim, sentir felicidade por eles. Contudo, não pude deixar de pensar – e desejar – que aquele convite fosse do meu casamento com . Jacob Black e , junto de suas famílias, têm a honra de convidar para seu casamento. Era para sermos nós.
Um nó ridículo se formou, de novo, em minha garganta. O engoli em seco, ainda encarando o envelope em mãos.

— Jake? — Bella chamou, buscando meu olhar. — Fala alguma coisa.
— Hum… Uau, eu não posso dizer que não esperava por isso, mas… — Passei a mão na nuca, procurando as palavras certas. Bella estava aflita.  — Caramba, parabéns, Bells!

Eu abracei-a forte, tentando realmente transmitir a felicidade com toda sinceridade possível.

— Mas não é só isso, Jake — Bella falou ao desfazer o abraço. Ansiosa, voltou a morder o lábio, uma mania que quase sempre me tirava a paciência, pois era nesses momentos que ela aproveitava para enrolar para falar. — Iremos convidar a e Alice me contou que ela a viu no casamento.
— A viu!? — perguntei com certo desespero. — Ela viu o futuro? vai estar lá!?
— Jake, respira — Bella falou com calma, colocando as mãos em meus ombros. Percebi que minha respiração estava muito acelerada, então tentei controlá-la o melhor possível.
— Não me dê falsas esperanças, Isabella Swan.
— Não darei — ela falou, voltando a se afastar. — Por enquanto, é isso que Alice vê, mas pode mudar de ideia e, então, toda a visão irá mudar.
— Então, por que me falou isso, hein?
— Porque além disso, eu… vou te levar para vê-la.

Meu coração saltou. Não só meu coração, eu mesmo me levantei em um ímpeto e me afastei alguns passos, atordoado. Se Bella estava brincando… Ora, isso não era brincadeira que se fizesse, ela sabia como eu estava. Mas, então, se ela falava sério…
Levei minha mão ao peito, massageando-o enquanto Bella também se levantava.

— Bella… — eu balbuciei, minha mente estava bagunçada demais para dizer algo coerente.
— Escuta, Jake, eu vou contra Edward, Alice e a própria por fazer isso, mas eu não aguento te ver desse jeito — ela falou, nervosa. — Mas entenda que você não poderá falar com ela, está bem? Te levo lá, você a vê de longe, confirma que ela está bem e pronto, voltamos para cá.
— Mas…
— Sem mas, Jacob, essas são as condições, é pegar ou largar.

Mais calmo, eu ponderei o que Bella disse. Óbvio que eu aceitava, como poderia negar a minha única chance de ver de novo? Entretanto, eu não confiava em ter força suficiente para voltar e não querer ficar lá. Se fôssemos apenas nós dois, eu não me seguraria. Bella não tinha a mínima capacidade de me segurar, ou seja, eu arruinaria tudo.

— Não podemos ir sozinhos — falei, desanimado, mas ainda ansioso.

Bella passou a mão no rosto, pensativa.

— Ok, nós podemos, sei lá… levar o convite para ela. Assim, Edward e Alice poderão ir junto e alguém fica com você no carro.
— Como se eles fossem capazes de me segurar…
— A gente leva algumas injeções de anestesia, Carlisle deve ter várias. — Como resposta, rosnei para Bella e desviei os olhos, mal-humorado. — É brincadeira, Jake. Vai dar tudo certo.

***

Edward e Alice Cullen não ficaram nada felizes com a ideia de Bella. Eu não sei como ela conseguia ser tão persuasiva e convincente, mas eles nunca conseguiam dizer não a ela. Ponto para nós.
Cada dia de espera foi uma tortura, só então percebi que há meses eu estava anestesiado e vivendo no automático. A adrenalina e a  ansiedade  tomaram totalmente meu corpo conforme o dia da viagem se aproximava. Bella me pediu para não contar aos outros meninos do bando e para evitar que eu falasse algo, os ignorei a semana toda (o que não foi nenhum sacrifício, já que eu queria distância de Embry); e também pediu para pegar todos os meus documentos, incluindo meu passaporte, o que me fez criar mil teorias de onde raios estava. E, quando finalmente o dia da partida chegou, tudo o que eu sabia é que iríamos de carro até certo ponto. Mesmo quando já estávamos no carro em direção a Seattle, eles não queriam me dizer onde estava escondida. Eu passei a viagem inteira espremido na porta do carro de Edward, me esforçando para ficar o mais distante possível de Alice e seu cheiro insuportável, assim como de Edward – por esse motivo, sentei atrás de Bella. Cada segundo ali dentro era insuportável mas, sinceramente, a esperança de poder ver o amor da minha vida, mesmo de longe, fazia tudo valer a pena.
Entretanto, quando chegamos ao aeroporto, eles não puderam mais me esconder o destino. Olhei em volta, boquiaberto e um tanto furioso, imaginando milhares de lugares distantes para onde eles poderiam tê-la levado.

— Aeroporto!? — Os questionei com raiva. Alice e Edward bufaram e Bella foi a única que pareceu sentir certo remorso.
— Jake… — Bella segurou minhas mãos e as apertou com gentileza. — Nós a levamos para o Alasca..
— A-alasca!? — Retorci meu rosto em confusão e indignação. Eu me sentia um completo idiota. — Todos esses meses procurando-a por perto e ela está no Alasca?

Bella apenas assentiu, largando minhas mãos para correr para os braços de Edward novamente. Passei a mão pelo rosto, incrédulo. Agora eu não tinha dúvidas de que realmente queria ficar longe da gente.
No avião, tive a sorte de conseguir cadeiras longe dos vampiros. Lá na frente, nos primeiros assentos, Bella se virava a cada minuto para checar como eu estava. Tudo o que eu fazia era levantar o polegar e bastava, ela se virava novamente para o seu amado e voltava a esquecer da minha presença. Já a minha atenção era apenas do céu escuro lá fora e das cidades abaixo de nós, tão pequenas e iluminadas, com milhares e milhares de pessoas vivendo com normalidade, totalmente alheias ao fato de que naquele avião havia dois vampiros e um lobisomem, acompanhados por uma humana (que eles iriam considerar louca), para tentar acalmar um coração completamente partido – o meu.
O desembarque foi apressado, pois minha ansiedade não me permitia ser lerdo. Alice conseguiu um carro com tamanha rapidez, que eu não ousei questionar os meios para ela conseguir uma BMW SUV em questão de minutos. Não abri a boca a viagem toda, apenas observando a paisagem linda enquanto adentrávamos cada vez mais a floresta. Passamos por uma pequena cidade, tão pequena – senão menor – que Forks, para atravessar até outra floresta, essa sendo maior, com um lago visível desde a estrada asfaltada.

— Onde estamos? — murmurei, quando os vi pegarem uma trilha curta por entre as árvores. Alice parou o carro e virou o rosto para mim. Dessa vez, eu tive que ir na frente com ela, tentando manter meu rosto o mais longe possível deles.
— King Salmon, mais especificamente Parque Nacional Katmai.

Olhei pela janela e assenti. Bella se esticou e tocou meu ombro, dando um sorriso carinhoso e leve.

— Mais especificamente — repetiu ela, imitando Alice. — A casa da .

Pela janela, Bells apontou para uma cabana no meio de uma clareira. Uma placa indicava que ali era a sede dos guardas florestais do parque. Logo atrás, uma cabana muito menor, não possuía placa alguma.
Eu arfei ao ver uma garota saindo de dentro dessa cabana. estava linda, exatamente como eu lembrava (com exceção apenas de seu cabelo, que estava mais curto). Aquele momento parecia acontecer em câmera lenta; eu aproveitava a ilusão para observar cada detalhe dela que nunca, jamais, deixou minha memória. Seus braços compridos que terminavam nas mãos delicadas que eu amava sentir em meu rosto e corpo; os lábios carnudos e definidos que sorriam fraco para o chão, as pernas que sempre caminhavam com muita determinação. ajeitou o chapéu e acenou para alguém de dentro da sede. Caminhando para a floresta, ela parou depois de alguns passos e olhou em nossa direção e inclinou a cabeça, curiosa. Afundei no banco, assim como Bella, mas Edward e Alice apenas reviraram os olhos.

— É ela! — gaguejei a exclamação, minhas mãos tremiam tanto e a tremedeira se espalhava para o resto do corpo. — É a !
— Sim, Sherlock, é ela, e pode levantar! — respondeu Alice, puxando minha jaqueta para que eu me endireitasse. Rosnei em sua direção e a única coisa que me impediu de atacá-la foi a mão de Bella em meu ombro.
— Ela nos viu? — A humana perguntou para Edward.
— Não, apenas sentiu nosso cheiro — ele respondeu, apontando para Alice e para seu próprio peito. — Ouvi os pensamentos dela, mas agora ela está longe demais.

Ele deu uma risadinha e balançou a cabeça, se divertindo sozinho.

— Ela se chamou de louca por achar que estamos aqui.

Arrisquei olhar pela janela e havia desaparecido. Meu coração estava tão acelerado que eu o sentia vibrar por todo meu corpo, dificultando o simples ato de respirar.

— Não podemos ir além disso com o carro ou irão nos ver — Alice falou, olhando para a cabana principal.

Sendo assim, nós saímos do carro e caminhamos em direção a onde estava, sendo guiados por Edward e Alice que conseguiam sentir seu cheiro melhor que eu e, obviamente, Bella. O olfato dos vampiros era irritantemente melhor que o nosso e eu atribuía isso ao instinto nojento de caça que eles tinham e nós, não. Lobos não caçam, lobos cuidam, protegem, e era ridículo as pessoas, muitas vezes, temerem mais a gente do que eles.
Perdido em pensamentos, parei ao trombar com o corpo frio de Edward, me causando arrepios de nojo. Um rosnado cresceu em meu peito, mas Alice levou o dedo aos lábios e pediu silêncio, apontando para frente. estava há muitos metros de distância, mas focando nela, finalmente consegui sentir seu delicioso aroma ao qual eu senti tanta falta. Uma vontade avassaladora de chorar, de correr até ela, de gritar, de beijá-la, tudo junto, me atingiu em cheio. Eu não percebi que havia dado alguns passos até sentir a mão firme e insuportavelmente gelada de Edward em meu braço. Puxei meu braço de sua mão, com raiva, e voltei para atrás deles, todo aquele toque dos sanguessugas deixava minha raiva à flor da pele.

— Eu vou com Edward, você fica aqui com Alice — Bella falou com doçura, tocando levemente em meu braço – o toque dela não me incomodava.
— Cuidarei bem do seu pulguento, Bella — Alice falou com um sorriso sarcástico e irritante nos lábios. Rosnei em sua direção.
— Se comportem — Bella retrucou para nós dois antes de se afastar com o Cullen.

Bufei, irritado. A promessa que fiz para Bella era de não me aproximar de , mas como? Como resistir com ela tão próxima, com seu aroma tão forte e irresistível.
De repente, algo gelado e duro como uma pedra de gelo envolveu meu braço. Entredentes, mandei Alice me soltar, o que ela não fez.

— Desisti dessa ideia, não vai dar certo. — disse a vampira com firmeza, seus olhos fixos no trio à frente.
— Como…?
— Eu vejo tudo, cãozinho. E, acredite, eu gostaria de não te tocar, você é nojento, quente demais.
— E você é fria demais — reclamei, mas não puxei meu braço como fiz com Edward porque, odiava admitir, mas ela tinha razão: eu havia decidido ir até e aquilo daria merda, com certeza.

Voltei a prestar atenção na única pessoa que realmente importava naquele lugar. tinha o convite em mãos, semelhante ao que segurei a semanas atrás quando Bella me contou a novidade. Ela os abraçou e tive vontade de rir ao ver seu nariz se retorcer ao abraçar Edward – eu a entendia perfeitamente. Vi o rosto da garota se iluminar e seus olhos brilharam de emoção ao ler o convite, mas isso durou rápidos segundos. Seu rosto se escureceu em seguida e o sorriso murchou, dando lugar a um triste. Ela falou algo para o casal, algo que não consegui ouvir tão bem.
Eu sabia o que estava pensando. Terei de ver Jacob. Ela não queria isso, dava para ver em sua face.

— Droga — Alice murmurou baixinho, fechando os olhos e fazendo uma careta.
— O que foi? O que aconteceu? — perguntei com certo desespero, olhando dela para o grupo e, depois, para Alice novamente. — Fale logo!
— Ela decidiu não ir! — Alice sussurrou alto o suficiente para que eu ouvisse.

Senti o sangue subir a minha cabeça e Alice também sentiu, pois soltou meu braço como se minha pele estivesse pegando fogo.

— Não, não mesmo! Bella disse que você viu que ela ia! Vocês me prometeram!
— Não prometemos nada, Jacob! — Alice falou, se colocando na minha frente. — Ela te disse que minhas visões podem variar, principalmente quando tenho visões com lobos! Com vocês, é muito mais… confuso e incerto!

Ela lançou um olhar para o grupo e eu imitei-a, vendo se afastar para a cabana de cabeça baixa e Edward e Bella se aproximarem. Empurrei Alice para o lado com o mínimo de força possível e ela não resistiu, mas bastou um passo para Edward correr até mim e me segurar, quase me derrubando no chão. Precisou que os dois vampiros e (inutilmente) Bella me empurrassem de volta para o carro, arrancando o mesmo dali em segundos para que eu não corresse atrás de .
Já estava escurecendo quando chegamos ao pequeno hotel no centro de King Salmon e, quando digo pequeno, era pequeno a ponto de estar sozinho em um quarto e ainda conseguir sentir o cheiro insuportável dos Cullen. Para amenizar o cheiro (pelo menos em mim) e para relaxar um pouco, me enfiei embaixo do chuveiro e ali fiquei por longos segundos, deixando a água cair em meu pescoço e repassando o que Bella me contou da conversa deles. "Eu fiz o que era melhor para ele".
Se ela pudesse me ver agora, como eu a vi, ela não teria tanta certeza disso. Eu a vi bem, feliz, calma… Mas me perguntava se, por dentro, ela estava tão caótica quanto eu?
Eu recusei o convite de Bella para jantar, ver e ainda não poder tê-la me tirou todo o apetite, quando o objetivo inicial era fazer o contrário e me deixar melhor. Ao deitar na cama, o sono simplesmente não veio. Em seu lugar, lágrimas silenciosas e mil pensamentos infernizavam minha mente. Eu não conseguia ficar ali.
Tomando todo cuidado do mundo, saí do quarto e conferi se as portas dos quartos ao lado do meu estavam fechadas e rumei em direção à saída do hotel.
Não me dei ao trabalho de pegar o carro, apenas caminhei, quase corri, de volta à floresta do Parque Nacional Katmai. Durante o trajeto, planejei mil formas de abordar , mais mil formas de convencê-la a voltar comigo para La Push, mais mil forma de enchê-la de beijos e abraços até ambos perdermos o fôlego. Entretanto, quando parei ofegante entre as árvores a beira da clareira, onde estavam as cabanas, eu paralisei. Quem eu queria enganar? Eu não podia forçá-la, não podia tirá-la dali, pois ela estava claramente melhor do que estava em La Push, ela estava em paz. Como eu podia amá-la tanto e não permitir que ela viva uma vida boa, como, provavelmente, fez durante esse ano todo?
Eu estava sofrendo? Para um caralho. Mas eu não conseguia ser egoísta, por mais que aquilo resultasse em cada átomo do meu corpo em pura e plena dor e agonia. Se estava bem… O que eu podia fazer?
Uma melodia baixa começou a ressoar, vinda da cabana menor, a única ainda acesa. Lá dentro, pelas janelas, pude observar conversar com outro homem, um homem muito mais velho, que se afastou dela para ligar uma espécie de aparelho de som que tocava discos. O homem se aproximou dela e envolveu-a com carinho, embalando-a em uma dança lenta, a qual ela parecia estar gostando. Gostando até demais.
Não precisei me virar para ver que Edward havia parado ao meu lado, seu cheiro lhe entregou quando ele pisou na trilha floresta.

— Sabia que estaria aqui e nem precisei perguntar para Alice — ele falou em tom descontraído.

Eu não respondi, estava ocupado demais observando a cena dentro da cabana, fuzilando-os com os olhos e tentando me controlar. Ao meu lado, Edward riu, parecendo se divertir com os tremores do meu corpo e o trincar dos meus dentes.

— Relaxa, Bob não é uma ameaça para você — Cullen falou, apertando meu ombro. Rosnei ao olhar para sua mão e ele a tirou na mesma hora. — Ele é um lobo também, um lobo solitário, como ele mesmo gosta de se chamar. Bob era de La Push, mas se mudou para cá há anos e cuida da floresta como ninguém.
— Por que ela tem que morar com ele? — murmurei, ainda com a mandíbula tensa de raiva.
— Porque ela precisa de proteção, é claro — Edward falou, como se fosse óbvio. Ele me olhou de esguelha, um sorriso teimava em esticar seus malditos lábios de vampiro. — Alice não tem mais certeza do futuro. Isso significa que a está em dúvidas.
— Sinceramente? Nem eu sei se vou a esse casamento — falei de mau humor. — Nada pessoal.
— Se tem um motivo para você não ir, com certeza seria pessoal — brincou Edward. — Entendeu? Porque sou um vampiro e você…
— Tá, tá, entendi — respondi, sem muita vontade de rir. Depois de longos segundos em silêncio, continuei: — Era para ser eu ali.
— É, bom… Ainda pode ser, sabe? — Edward falou, dando de ombros. — Se vocês forem no casamento…
— Ela não vai.
— Você só vai saber se estiver lá — retrucou, dando novamente de ombros. — Agora vamos, pare de se torturar.

Edward empurrou meus ombros e me virou de costas, a contragosto, me arrastando de volta para o hotel. Antes de me afastar, olhei para trás e vi debruçada na janela e olhando na nossa direção. Guardei aquele momento na memória e desejei para as infinitas estrelas naquele céu escuro que aquela não fosse a última vez que eu a visse.



Epílogo

O comprido espelho no armário do meu quarto me mostrava um garoto alto, forte, de pele castanha-avermelhada, barba crescendo, cabelos pretos e arrumados com gel e olheiras profundas demais para um jovem de 19 anos. Esse garoto tentou fazer um nó em uma gravata azul, mas desistiu há algum tempo e arremessou-a em algum canto de seu quarto bagunçado. Sua roupa era formal, uma calça social nova e clara, pois a que ele usava raramente já não cabia mais em seu corpo de lobo; uma camisa também social, branca, que seu pai iria reclamar por estar amassada, mas ele não se importava mais.
Bufei ao dar as costas para o espelho. Por mais arrumado que eu estivesse, por dentro, me sentia uma bagunça incapaz de ser arrumada. Meu pensamento foi para a única pessoa que podia arrumar esse caos, mas logo a expulsei de meus pensamentos. Ela não queria arrumar, afinal, foi ela quem bagunçou. A maior e única responsável.
Fui para a sala esperar meu pai. Peguei o celular para matar o tempo e tentar diminuir a ansiedade – não deu certo, as mais de cinquenta mensagens de Embry se desculpando e pedindo para conversar comigo apenas me deixaram pior. Afundei no sofá e abri pela milésima vez a mensagem que Bella me mandou no dia anterior: "Ela vem!"
Como se soubesse que eu estava lendo nossa conversa, uma nova mensagem dela surgiu nas notificações. "Ela chegou, Jake". Com a mão subitamente trêmula, bloqueei o celular e o enfiei no bolso.

— Pai! Vamos chegar atrasados!

No mesmo instante, Billy (muito mais bem arrumado que eu) apareceu na sala em sua cadeira de rodas, balançando a cabeça em negação enquanto se aproximava do sofá onde eu estava.

— Até outro dia você estava decidido a não ir a esse casamento, agora está com medo de se atrasar? O que mudou?
— Nada — falei, sem convicção alguma, ao me levantar, ajeitando minha roupa uma última vez.
— Sei — ele respondeu, confirmando que não acreditara em mim. — Tanta pressa, nem ao menos passou a camisa.

Bufei alto antes de empurrar sua cadeira porta afora, falando que ele também estava ótimo. Durante todo o caminho, Billy ficou me fazendo perguntas sobre os meninos, perguntas essas que eu não soube responder, afinal, eu só conversava com Sam e por pura obrigação. Me afastar deles novamente era um mecanismo de defesa que funcionava muito bem para mim, obrigado. Sentia falta deles? Com certeza, mas eu não conseguia lidar com a vontade de voar em cima de Embry toda vez que olhava a cara dele e lembrava o que ele fez comigo. Então, a distância era necessária.
Como esperado, fomos os últimos a chegar, a cerimônia havia começado, mas Bella ainda não tinha entrado. Eu apertava a cadeira de rodas do meu pai com tanta força que os nós dos meus dedos estavam brancos, mas, pelo menos, não dava para perceber o quanto eu tremia. Evitei olhar em volta, caminhei determinado até a fileira onde Sam e os meninos estavam sentados, cumprimentando-os brevemente e não prolongando a conversa como meu pai fez. Sentamos na fileira da frente e permaneci tão tenso, que meus músculos começaram a doer.
Senti um cutucão em meu braço e a pessoa não esperou que eu me virasse para se aproximar e sussurrar:

— Jake, a está ali. — Seth me informou, apontando para algum lugar à nossa direita que eu não ousei olhar.

Tudo o que fiz foi assentir e continuei olhando para o altar, me concentrando no quão ridiculamente impecável Edward estava, não me surpreendendo em nada. A surpresa foi quando Bella Swan entrou, desfilando graciosa pelo belo tapete vermelho. Ela estava absurdamente linda e seus olhos, brilhando como nunca, eram apenas de Edward Cullen, que a aguardava sorridente no altar. Já os meus olhos me traíram e me fizeram olhar pela primeira vez.
Passaram-se apenas algumas semanas desde que eu voltara do Alasca, mas ela parecia tão diferente. Parecia estar mais leve, iluminada. Absurdamente linda, tanto quanto Bella – senão mais.
Tarde demais para desviar os olhos, nossos olhares se encontraram e foi como se o mundo inteiro a nossa volta desaparecesse por completo. Não havia som, não havia ninguém ali além de nós dois. Um sorriso lindo apareceu em seus lábios e eu esqueci como se respirava. Contudo, procurei por ar ao respirar fundo e o soltar com calma e lentidão, finalmente relaxando. Um sorriso também surgiu em meus lábios, escapando antes mesmo que eu percebesse, mas o deixei ali. Agora estava tudo bem, pois eu sentia que estava tudo bem e eu tinha uma certeza absoluta dentro de mim. Eu nunca mais a deixaria ir.



FIM.



Nota da autora:O famigerado POV do Jake chegou ao fim, meus amores! Foi divertido demais escrever essa short e voltar a me envolver no universo de Moon Child com uma escrita mais madura. A Year Without You foi uma linda transição entre a Parte I e a Parte II de Moon Child que SIM, vem muito ai ♥️
Quero muito agradecer as fanfiqueiras do grupo Igrejinha da Pati (sempre muda o nome kkkk), obrigada por insistirem tanto no Pov do Jake e por nunca desistirem de mim e dessa história, amo vocês! Obrigada Luísa por aceitar revisar esses últimos capítulos e por ser a melhor leitora de todas e sempre ter os melhores surtos, obrigada Chris por ser sempre a melhor scripter do mundo e obrigada Ju por ter feito essa capa linda!! Eu tenho o time dos sonhos e não seria nada sem vocês! Por fim, quero agradecer a todxs que leram Moon Child: A Year Without You ♥️
Bom, eu deixei muitas questões em aberto na fic, como quem é a moça no bar? O que vai acontecer com Embry, será que ele beijou mesmo a pp? E ela, será que vai ficar em Forks? Pois comentem as teorias de vocês!!
Um beijo e até a próxima ♥️

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