Finalizada em: 05/12/2018

Capítulo Único

ouviu quando as chaves foram de encontro a porta da residência, suspirou fundo, finalmente ele tinha chegado em casa. Estava deitada, não moveu um músculo sequer, estava desgastada com o rumo que o casamento dos dois havia tomado. Tinham trocado confidências e juras de amor, mas aquilo parecia em um passado tão distante que chegava a doer em sua alma. Os dois pareciam completos estranhos, ela não sabia como as coisas chegaram àquele ponto, ou talvez soubesse e bloqueou em sua mente, o fato é que se pudesse voltaria no tempo e teria dito não ao pedido que ele havia lhe feito.
Ouviu passos em direção ao quarto, fechou os olhos, se os abrisse brigariam, e tudo o que ela não queria era discutir mais, não tinha mais forças. entrou no quarto, pegou algumas peças e foi até o banheiro tomar banho. Em nenhum momento houve algum olhar direcionado a ela.
abriu os olhos novamente, dessa vez lágrimas escorriam deles. Suspirou fundo, tentando se recompor, mas era impossível. Soluços agora preenchiam o quarto escuro.
Mas aquilo nem sempre fora assim, houve uma época que as coisas haviam sido melhores…

Dezembro de 2009

balançava sua dose de whisky, já era o segundo - ou seria o terceiro - daquela noite. Tinha acabado de receber a notícia sobre sua demissão, de acordo com seu chefe, eles estavam cortando gastos, mas apenas ela estava na lista do suposto corte. Ela não sabia qual seria o rumo que tomaria em sua vida, faria faculdade? Ao menos receberia todas as suas verbas rescisórias. Sorveu o restante da bebida e a engoliu com uma careta.
- Mais um, por favor? - garçom lhe encarou, e a atendeu colocando mais uma dose em sua frente. Sentiu que alguém se sentou ao seu lado, não sem importou em quem era. Tomou aquela dose de uma vez.
- Dia ruim? - ela se virou para a pessoa que estava ao seu lado.
- Século ruim – brincou, arrancando risadas do rapaz.
- Entendo – ele estendeu a mão para ela - Me chamo , muito prazer.
- – levantou o copo vazio como se fosse brindar com ele.

Março de 2010

sentiu o corpo relaxar, e ela haviam transado mais uma vez naquela semana, para falar a verdade os encontros estavam super frequentes depois do fatídico dia em que se conheceram naquele bar. São viam pelo menos duas vezes na semana. Para aquilo estava se tornando um jogo perigoso, estava começando a se apegar a ele, e temia não ser correspondida. Suspirou profundamente, chamando a atenção dele.
- O que há, ? - ele a fitou.
- Nada demais, só alguns pensamentos tolos – ela fingiu dar de ombros.
- Se fossem tolos, falaria. Você mente, já te conheço um pouco – Ela o encarou boquiaberta.
- Quê? Nada a ver – fingiu indiferença.
- Desembucha, seja o que for eu não mordo, só se você pedir.. – ele mexeu as sobrancelhas de forma maliciosa, arrancando uma risadinha nervosa dela.
- Tudo bem – mordeu os lábios, tensa. - É que…
- É que… - ele a incentivou.
- O que somos? - deu um sorriso torto.
- Ah, então é isso.. - negou, rindo. - Somos namorados, tá bom pra você assim?
- Namorados? - uma linha apareceu entre suas sobrancelhas.
- Sim, namorados, pelo menos é assim que eu considero o que a gente tem, claro que é se você quiser… - deu de ombros.
- Eu achei que tivéssemos, sei lá ficando? - passou a língua umedecendo os lábios que estavam machucados, culpa de que havia os mordido aquela noite.
- Olha, , não sou o tipo de cara que faz pedidos e tal, mas já que você precisa disso, vamos lá – ele segurou a mão dela, tossiu, engrossando a voz. - Namora comigo? - ele a observou com um sorriso grande.
- Namoro – sorriu, o beijando ternamente. Sentia-se uma tola, ele gostava dela também.

Julho de 2013

Ao abrir a porta da casa de , ficou completamente surpresa, o lugar estava todo decorado com flores e uma mesa posta no centro da sala.
- , o que significa tudo isso? - ela encarava o lugar maravilhada.
- Você sabe que eu não sou um cara de pedidos, pra mim as coisas vão acontecendo, acontecendo e tudo certo. Mas você é assim, então...
- Do que… - ele a interrompeu, continuando seu raciocínio.
- Você passa mais tempo aqui na minha casa do que na sua, e tudo bem, eu amo isso, mesmo. Mas creio que seja hora de oficializar isso e você vir morar de vez aqui.. - ele respirou fundo, tentando controlar o nervosismo que tentava consumi-lo por inteiro. Pegou uma caixinha de veludo vermelha do bolso. - Casa comigo?
- , por Deus – ela tentava controlar as lágrimas, inutilmente. - Claro que caso! - ela o beijou com fervor, queria passar toda a felicidade que sentia. Terminaram o beijo e ficaram se encarando.
- Finalmente você será minha, oficialmente. – ele riu, dando um selinho nela e depois a direcionando até a mesa que estava ali para que pudessem comer tudo o que ele havia preparado.
- Sempre fui. - Naquela noite ele a havia feito a mulher mais feliz do mundo.

Outubro de 2014

Não queriam nada muito majestoso para a cerimonia de casamento, mas foram terrivelmente convencidos por suas mães, que não aceitariam menos daquela celebração. Eles moravam juntos desde julho de 2013, não era como se precisassem de cerimonia religiosa ou festa. Para estava ótimo do jeito que estava, mas família era isso mesmo. Suspirou, quando ouviu a marcha nupcial anunciando a entrada de . Viu a entrar a passos lentos com o pai, estava tão linda, aquele vestido a tinha caído tão bem. Talvez, talvez, ele tivesse curtido toda aquela cerimônia. Viu que tinha lágrimas em sua face, acabou abrindo um sorriso a ela. Ela era mesmo a mulher de sua vida.
A distância que os separava por fim, se acabou. Eles pararam frente a frente, o pai dela beijou a bochecha da filha.
- Cuide do bem mais precioso que possuo - deu um afago no ombro do rapaz.
- Já cuido, cuidarei ainda mais – abriu um sorriso satisfeito. Pegou a mão dela e a entrelaçou a sua, escutando os dizeres do padre.

lembrava de todos aqueles momentos, com um sorriso no rosto. Era tão fácil quando eram mais novos, por que não podia ser assim agora? Quando vieram as discussões? Quando seu relacionamento havia caído na rotina? Suspirou, lembrando-se de uma situação que talvez explicasse o porquê as coisas começaram a desandar…

Maio de 2017

- Que susto, porra! – a encarava com o cenho franzido.
- Ué, eu não posso ficar sentada na sala esperando meu marido chegar? - ela comentou irônica.
- Poder, pode, mas poderia ter deixado a luz acesa – ele acabou dando uma risadinha forçada.
- Você disse que ia ficar até as onze e já são três horas da manhã! Você quer levar vidinha de solteiro, é isso?
- Dá um tempo, . Foi uma comemoração da saída de férias do Miguel, eu não faço isso com frequência! - deu de ombros, agora se jogando no sofá em frente a ela.
- Eu sei que não faz, mas eu fiquei preocupada – respirou fundo, tentando se controlar.
- Talvez se saíssemos mais vezes juntos, eu não precisasse afogar as mágoas na cachaça. - ele gargalhou.
- Você acha que ser professora é fácil? Tenho inúmeros trabalhos pra corrigir, provas, estou cansada! Você deveria ser mais compreensível!
- Eu cansei de ser compreensível, a gente não transa há mais de um mês.
- Chega, não vou conversar com você bêbado, amanhã nós conversamos. Agora vou te colocar pra dormir.
- Sabia que eu amo você? - balbuciou bêbado.
- Tá, eu sei, também te amo, coisa linda – riu, o levando até o quarto.

Talvez se tivesse saído mais vezes com ele, dado mais atenção, colocado seu casamento a frente de tudo, as coisas não tivessem assim. A ficha caiu, ela sabia que no seu íntimo ele não detinha da culpa sozinho, ela também tinha sua parcela. O ouviu sair do banheiro, tentou limpar o rosto rapidamente, mas não conseguiu. acabou direcionando o olhar a ela. Bagunçou os cabelos, cansado.
- O que há? - ele perguntou. A face dela estava inchada, tinha chorado e muito – Achei que já estivesse dormindo.
- Eu não consigo dormir enquanto você não chega…
- Mania idiota essa sua, já te disse que nunca tenho hora pra chegar – sentou-se na cama, para que pudesse terminar de se secar.
- , amo você, eu ainda posso ser o lugar onde você busca abrigo... - ela o ignorou.
- Que abrigo? Quando eu quis recuperar nosso casamento, você não quis, e sempre fugiu quando eu queria conversar sobre. Agora é tarde, ! A culpa não é só minha - bateu a porta do quarto, chateado.





Fim!



Nota da autora: Primeiramente, obrigada por tirar um tempinho pra ler essa história, que foi um desafio e tanto 1500 palavras pra quem escreve muito, é foda hahahh! Obrigada, Carol, por betar e fazer essa capa maravilhosa! Beijos <3



Outras Fanfics:

❥ LONGS ❥
»I Won't Forget You [Originais - Finalizada]

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