Última atualização: 14/12/2017

Capítulo 1

“Que se dane o seu beijo e as coisas horríveis que você faz.” – Panic! At The Disco.



Manhattan é a Ilha dos ricos, porém, durante as férias, a probabilidade de encontrar algum por aí é mínima.
Eu mesmo fui para Leeds antes mesmo das férias começarem. Mas isso não teve nada a ver com tradição, naquele momento, pareceu melhor fugir do que ser substituído.
Não é apropriado dividir as garotas entre boas ou más, porém soa mais simples fazê-lo quando a garota pela qual está obcecado é como o diabo, só que cem vezes mais quente.
Eu poderia ter tido garotas que gostam de andar de mãos dadas e toda aquela coisa de casal, mas optei por alguém que me usou como um maldito colar de luxo em torno do pescoço. E eu gostei.
Você colhe o que planta nunca fez tanto sentido pra mim como faz agora.
É noite e a neve está intensa. Em frente ao Winter’s, largo meu carro com o manobrista e dois guardas tenta me barrar na entrada. Eles me examinam, provavelmente pela minha descaracterização em relação aos outros convidados.
Essa é uma daquelas festas de máscaras, e aqui estou eu estragando tudo, todo de preto, desde o suéter de gola alta, até calça e os sapatos sociais.
Bem, não se pode dizer que estou atrás de farra. Na verdade eu não era muito de festas, mas agora eu sou. Porra... eu sou tudo que quiser.

– Wood. Wood. E eu estou quase certo de que parte das ações desse hotel pertencem a minha família. – digo aos guardas, eles se entreolham. – Vocês têm certeza de que isso é uma boa ideia?

Após me livrar dos guardas, avanço para o prédio luxuoso e pego um elevador até a cobertura. Essa é a última festa antes do início do ano letivo.
Na cobertura, há luzes florescentes e máscaras cobrindo os rostos por toda parte. Algumas pessoas me reconhecem. Elas me encaram, riem e até cochicham. Eu não os conheço realmente, mas conheço suas famílias e o que cada uma tem a oferecer a minha família, os .
Cumprimento os rostos mais familiares com um aceno discreto, tentando passar despercebido o máximo possível. No fim das contas, deixa o canto solitário de onde observava a festa e se junta a mim.

– E não é que você voltou mesmo. – Ele me dá um tapinha nas costas e ajeita os cabelos claros pra longe dos olhos. Não usa uma máscara como todos. Acho que é solitário demais para se dar o trabalho de entrar no tema da festa.
– O que? – respondo, confuso.
– A galera estava apostando no seu destino. Crown High ou um internato qualquer por aí.
– E você apostou que eu voltaria, certo, cara?

Ele gargalha, mas fecha os olhos com pesar.

– Perdi uma bolada. Mas, em minha defesa, acho que ninguém apostou que você voltaria pra Manhattan, . – ele diz. – A merda que você passou foi meio pesada.
– No começo, eu também não achei que ia voltar. – admito.
– Acho que você tem mais bolas do que eu pensava, afinal... – Ele ia dizendo, até acompanhar meu olhar em direção a . – Você tá aqui pra isso? Sério, ?!

Dou de ombros e ele bufa.

– Essa garota é uma bomba!

Todos aqui são malditas bombas. A alguns passos de nós, há uma falsa hetero enroscada no meu primo Logan enquanto usa a jaqueta da garota com quem esteve no começo da noite. Na piscina, Chase humilha uma Tate enquanto tenta chamar sua atenção. Alexis está circulando pela cobertura com seu mais novo caso de caridade, Tristan, o filho da governanta, apenas para atormentar os sonhos da própria mãe louca.
Em meio a tudo isso, mesmo que seja uma bomba, não me importo dela explodir em mim.

– Há alguém aqui que não seja? – tento passar por ele, finalizando nossa conversa, mas se coloca em meu caminho novamente. Ele é um cara grande, com cabelos claros que vão até os ombros. É quase tão rico quanto eu. Quase.
– Sério, cara, ela chifrou você na frente de todo mundo! – Ele balança a cabeça em negação. – Tenha orgulho.

Suspiro e me balanço sobre os pés, desconfortável. Não era bem a minha intenção que as pessoas soubessem que eu sou um trouxa. Não que eu seja, claro. Algumas coisas nessa história ainda não estão claras e é por isso que eu estou aqui.
Deixo isso de lado, já é tarde demais mesmo. Ergo uma sobrancelha, esperando pra ver o que ele tem a dizer. é um sujeito meio sombrio, não é de falar muito e nós não somos realmente amigos. Nesse meio, a amizade não tem sido realmente prioridade. Mas eu diria que ele é um dos meus conhecidos mais próximos.

– Você é um caso perdido, . – Ele ri, me passando sua bebida em seguida. Cheira forte, faço uma careta. – Você precisa mais do que eu. Adam está aqui.

No caso, Adam é o filho da puta traidor que está atrás da minha garota. Vou lidar com ele outra hora.

– Você está sempre calado e, de repente, quando se trata da minha merda amorosa, tem sempre coisas a dizer? Sem essa, .

Ele aponta para a multidão de mascarados, em direção a .

– Não vale à pena. Se correr atrás dela agora, toda essa gente vai te massacrar. Você vai ser uma piada.

Quando ele olha pra ela, ele não vê o que eu vejo. Olhe para isso. Ele jamais entenderia.
Lá está ela, sob luzes vermelhas dançando com as malditas amigas no meio de todos com aquele super corpo. Há uma máscara prateada encrustada de diamantes cobrindo parcialmente seu rosto.
Ela se move como se não houvesse mais ninguém aqui. Como se fossemos todos inferiores.
E o mais importante. Não há nenhum cara com ela.
Um maldito sorriso ameaça surgir em meu rosto. Uma vez disse que se não estivesse comigo, estaria sozinha.
Essa garota...

– Se é o que você quer, boa sorte. – me dá um empurrão em direção à multidão.

Vou em direção ao bar, evitando confrontá-la de imediato. Como cheguei a esse ponto? Eu estou obcecado. Já que estar apaixonado não foi o suficiente, talvez odiá-la seja, certo?
Eu levo uma bebida aos lábios e volto-me para ela novamente, mas agora os olhos dela estão em mim. A máscara se foi, consigo vê-la melhor agora.
Primeiro, ela parece confusa, há algo ali que não consigo desvendar, mas ela trata de esconder isso rapidamente.
A música é tão alta que nem mesmo consigo pensar. A bebida arde em minha garganta, e as luzes piscam e piscam, sinto-me como se estivesse fodidamente chapado. Parece que estou caindo.
me perfura com seus olhos. Ela ainda não parou de dançar, apesar de tudo.
Ela parece bem naquele vestido.
Os olhos verdes, o cabelo escuro e a maquiagem pesada. Ela não se parece com a loira rica e perfeita que eu me lembro. Ela se parece com problema.
Um problema que está vindo em minha direção.

– O que você está procurando nessa festa, ? – ela sussurra, mas a ouço perfeitamente. ofegante

Não vou deixá-la começar esse jogo. Não estou aqui pra ser pisado. Ainda assim, gosto quando ela usa meu nome verdadeiro.
Solto um riso, porém não há humor algum no ato.

– Não preciso procurar nada. – afirmo dando um passo a frente e avançando contra sua cintura, virando-a no ato. Suas costas batem contra o bar e ela ofega. Seus lábios parecem tão vermelhos. – Já encontrei.

Seu olhar sobe para encontrar o meu, ela me desafia com os olhos enquanto suas mãos tentam me afastar. Porra, eu tinha me esquecido de como sua heterocromia podia ser intensa.

– O que? Vai correr de volta pra Leeds se eu te rejeitar de novo?

Vê? Ela é como a porra de um fogo que não pode ser contido. Sempre provocando.
As pessoas dizem que ela tem o corpo perfeito, mas com a personalidade errada. Eu não concordo. Amo o pacote completo.
Bem, talvez exceto pela parte de que ela me traiu.
Mas isso é apenas um detalhe.
Seja lá como for, ou o que quer que todos em volta pensem, eu não estou aqui para rastejar.

– Você não rejeitou.

se contrai. Aperto ainda mais minhas mãos em sua cintura, aproximando-me o máximo possível. Os seios dela se contraem contra mim. Eu consigo senti-la. Toda ela.
Baby, você não está escapando dessa, de forma alguma.

– Você está certa. Eu fugi antes de termos qualquer encerramento. – Elevo uma de minhas mãos a seu rosto. Ela fecha os olhos diante do carinho. Mas não dura muito, o olhar feroz logo está de volta.
– Não, você fez...
– Eu fiz exatamente o que você queria. – Corto-a, e em seguida me perco em meu próprio movimento. Eu não sei quem começou, mas eu a sinto em meus lábios. Tão quente, tão fodidamente bom.

Tão errado.
Suas mãos estão em mim, por toda parte. Posso sentir o ardido deixado pelo caminho de suas unhas em minha nuca. Estou fervendo.
se afasta. Maldita seja.

– Que porra você está dizendo? – ela ofega, com o cenho franzido. Seus olhos disparam em todas as direções, como uma criança que foi pega fazendo coisas erradas.
– Você jogou comigo de propósito, ? – eu sussurro. Ela hesita. Não há qualquer tipo de resposta num primeiro momento. Apesar disso, suas mãos ainda estão em mim de forma possessiva. – Por que tentou me afugentar, ?

Eu ditando as regras? Sim. Isso me lembra como começamos, quando eu era o tipo de cara que abria a porta do carro e comprava presentes. Foi aí que ela caiu por mim.

– Vocês não estiveram realmente juntos, não é? – blefo. Não faço ideia do que estou dizendo, mas uma parte de mim reza para que seja verdade. – Não o deixou tocá-la, certo?

Devoro-a novamente antes que tenha a chance de responder. Em parte por medo da resposta, acredito. Mas não importa, porque ela me beija de volta tão forte que eu acho que estou sangrando.
Separo-me de seus lábios em milímetros.

– Mas se você deixou. Então isso não será nada bonito. – sussurro, estou subitamente rouco.
– Segure a sua merda, . – dispara . Não. Não. Ela olha subitamente sobre meu ombro. A consciência vindo à tona.

Utilizo a minha altura como vantagem e cubro seu campo de visão.

– Você fala com alguma propriedade para alguém que está se esfregando contra o meu pau agora mesmo.

Desta vez, quando me encara, há algo diferente.

– Deus, você costumava ser doce, . – ela ri. Tão bonita. – O que foi que eu fiz com você!

Esse amor é uma droga. Mas eu preciso tanto dele.
encosta a cabeça em meu ombro. Suor escorre entre nós.

– Você perdeu algum peso... – ela murmura. Não respondo, apesar da pergunta, parece que está falando consigo mesma.

Ela me cheira, como se estivesse tragando.
É, baby, também senti saudades.
Continuamos juntos por mais algum tempo. A batida da música é lenta e sexy. Não sei bem dizer sobre as pessoas ao redor. Com ao seu lado, elas parecem nem mesmo existir.

– E o que você vai fazer se eu não der a resposta que você quer ouvir? – ela quebra o silêncio.
... – sussurro.
– Sim? – quase nem ouço sua voz.
– Você me traiu?
...

Há outra pausa. Seus braços estão em torno do meu pescoço e ela apoiada em mim. É quase como um abraço.

– Você sabe... o que é que dizem. – ela diz, após algum tempo.
– Não importa o que dizem. Eles não a conhecem como eu, não nos entendem. Não sabem como isso... – Eu a toco. – se sente.

Ela ofega. A postura defensiva que detinha antes parece que foi abandonada.

– Estou curioso – digo. – No que você apostou?

Num primeiro momento ela parece confusa, mas então um olhar afiado toma conta de seu rosto.

– Bem, eu acho que acabo de ganhar uma bolada em cima de toda a Crown High. – ri alto. – Me disseram que foi uma aposta de quatro mil para um.
– Você apostou que eu ia voltar?
– Eu apostei em você.

Meu olhar cai para o chão. Um sorriso involuntário ameaça se espalhar pelo meu rosto, então travo a mandíbula. Tudo é sobre momentos. E este é apenas um dos bons, amanhã será diferente de novo.
Aparentemente, meu dilema dura tempo demais. Pegando-me despercebido, ela me empurra, e quando volto a olhar, já se foi.
Rebolando de volta para a multidão no ritmo da música. Ela até mesmo ousa me jogar um olhar por cima do ombro.
Não caio nessa. Ela é uma , e como tal pega, pega e pega, nunca dando muito em retorno. ainda não me respondeu. E independente da resposta, em minha mente eu sei que já a perdoei.
Eu gosto disso. É o tipo bom de ódio.

Esse é apenas o primeiro desastre da noite. Uma recaída entre e .

“Seu amor é uma droga
Mas eu preciso tanto dele.”
– Panic! At The Disco.





Finalizada



Nota da autora: Sem nota.





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