CAPÍTULOS: [1]





Nós IV






Última atualização: 08/03/2017

Capítulo 1


Meu celular começou a tocar pela décima vez, mais ou menos, em uma hora, o que já estava ficando bem chato. O pior era saber quem era e que não desistiria até que eu atendesse, e que quanto mais demorasse a atender, mais brava ela ficaria.

- Oi, mãe - Atendi a contragosto.
- ! - Dona Margo brigou e eu revirei os olhos impacientemente. - Por que não me atendeu antes?
- Tava ocupada demais. – Menti. - Tô cheia de provas essa semana, e meu celular tá viciado, toda hora a bateria acaba. - Ok, não era uma completa mentira.

A verdade é que eu estava ignorando a minha mãe justamente por já saber o que ela queria comigo.
Me intimar a ir à festa de gala que ela estava organizando pra alta sociedade, pra que pudesse apresentar a mim e a pros seus amigos ricaços e eles pudessem dizer o quanto formávamos um casal bonitinho.
Era um fato mais que inegável que eu odiava aquelas festas.
Mas era um fato mais inegável ainda que eu odiava os amigos dos meus pais e mais ainda essa necessidade doentia de ficar mostrando os filhos pra sociedade.
Nós já não postamos fotos suficientes no facebook? Já não satisfizemos a curiosidade deles? Pra quê, por Deus, uma festa?

- Sabe que é só pedir que eu e seu pai te damos outro. - Sua bendita voz sentida.
- Sabe que não gosto de pedir as coisas a vocês, trabalho pra não precisar disso. - Constatei pela milésima vez, inspirando fundo. - Fala logo o que você quer, mãe. - Pedi quando ela ameaçou começar a falar qualquer outra coisa que não faria diferença alguma eu ouvir.
- Sábado teremos um evento importante, filha, você precisa vir. – Empolgada. - Tenho um monte de gente pra te apresentar (= esfregar na cara) e...
- Mãe. - Chamei com o máximo de delicadeza que conseguia com ela tagarelando no meu ouvido e massageei as têmporas, buscando uma paciência que eu não tinha. - Sabe que eu não quero ir. Sabe o quanto eu odeio esses eventos e o quanto eu odeio seus amigos, só me deixa em casa, sim?
- Não - ela negou. Não parecia sequer afetada, só falou a bendita palavrinha e eu quase pude vê-la revirar os olhos. - Você sabe como funciona, filha. - Eu não conseguia sentir carinho na palavra filha em momentos como esse, somente a frieza à qual eu já estava quase acostumada. - Eu falo onde acontece, e você vem. É só. E a gente poupa o cansaço da discussão.
- Não, mãe. - Eu já estava quase chorando com tão pouco. Você já foi mais resistente, . Deve ser a TPM. É, só pode ser. - Eu não quero e não vou, e nem o . - Briguei e coloquei a mão no nariz pra que não fungasse.
- Eu vou precisar ameaçar de novo, amor? Sua faculdade... Sou eu quem pago. Você trabalha pra manter sua casa, , não esqueça. Todas as mensalidades quem está pagando sou eu e você sabe o quanto eu posso ser convincente quando quero, se decidir que você merece o trancamento da faculdade, eu consigo que só eu precise assinar. Sabe disso, não teime comigo. - Ela terminou o discurso.

Só quando atravessou a porta sorrindo, e seu sorriso se desmanchou, é que eu percebi que devia estar com uma cara horrível.

- Ouvi barulho de porta? chegou? Manda um beijo pro meu genro! Agora já vou filha, nos vemos sábado, sim? Não esqueça! Beijo. - E ela desligou. Sem sequer esperar uma resposta, como se não ligasse pro que eu pensasse - a quem eu queria enganar? Ela não ligava.

Pousei o celular no balcão com os olhos fixos nos de enquanto ele vinha em minha direção. Eu estava sentada na cadeira do balcão da cozinha, onde fazia um trabalho, e esperei que ele chegasse até mim.

- Hey. - Sua voz estava mansa e ali, sim, eu sentia todo amor do mundo, somente com uma saudação. - O que houve? - Perguntou devagar enquanto limpava minhas bochechas de... Lágrimas? Eu estava chorando? Estava tão absorta na incredulidade que não processei imediatamente as lágrimas, somente quando ele tirou os rastros salgados do meu rosto. Minha boca se abriu e um barulho estranho saiu dali, como um gemido esganiçado.
- Eu odeio a minha mãe - decretei e enfiei a cabeça em seu pescoço sem ligar momentaneamente o quão molhada sua pele ia ficar e solucei bem ali, o abraçando. - Eu odeio ela. - Repeti e solucei novamente, querendo que ele pudesse ter o poder de tirar aquela sensação horrível do meu peito.
- Não odeia, não. - Sua voz era calma e eu só não tentei brigar com ele porque não tinha forças pr'aquilo. - Ela é sua mãe, e você a ama. Tudo bem? Não importa o quão magoada com ela você esteja agora, vai passar. - Quanto mais suas palavras me atingiam, mais eu chorava, por perceber a verdade.

Eu sempre acabava a perdoando, mesmo que o pedido nunca tenha vindo. Eu sempre a perdoava no coração, pra que não ficássemos mal, mas em momentos assim eu realmente sentia que se ficasse frente a frente com ela, eu poderia falar umas coisas horríveis e não sentiria remorso.
Mesmo fechados, meus olhos ardiam e eu resmunguei, inspirando na pele de seu perfume, que tanto me acalmava, e assenti devagar, apesar de a contra gosto.

- Você tá certo. - Murmurei minha voz rouca, sentida. - Mas por que ela tem que fazer essas coisas comigo, ? Eu não entendo.
- Não esquenta sua cabeça tentando entender algumas coisas que a sua mãe faz, não, amor. A minha mãe faz umas burradas também, tentando acertar, mas essa é a intenção deles: nos fazer seguir o caminho certo.

Fiquei alguns segundos absorvendo suas palavras e tentando me convencer que o que minha mãe realmente queria para mim era só o melhor e que o melhor que eu podia fazer era relevar.
Funguei mais uma vez e me afastei, secando meu rosto.

- Desculpa. - Pedi com a voz ainda baixinha e ele puxou meu queixo para que eu encarasse diretamente seus olhos, já que eu havia abaixado a cabeça, envergonhada.
- Não precisa disso comigo. - Sorriu, fazendo carinho na minha bochecha, me fazendo sorrir um pouco pra ele. - Eu te amo.

Seus lábios se juntaram aos meus apenas 1 segundo depois daquelas palavras tão mágicas saírem deles e eu gemi baixinho em sua boca, saboreando sua língua como meus ouvidos ainda ouviam os ecos de sua declaração. Minha mão direita foi pra sua nuca, onde eu sabia que o dava arrepios, e eu mordi seu lábio inferior, me afastando um pouco, meu surto e meus medos sendo completamente esquecidos.

- Eu te amo. - Murmurei de volta e novamente grudei nossos lábios, não conseguindo ficar muito tempo separada dele.

Sábado.
O bendito sábado.
Eu havia ficado tensa a semana toda por conta do batalhão de provas e trabalhos, e nem sexo me acalmava - a não ser que fossem minutos antes da avaliação, a adrenalina correndo pelo meu corpo como aconteceu apenas uma vez aquela semana.
Mas a quem eu queria enganar?
Era essa festa, também, que estava me deixando louca e com vontade de arrancar os cabelos, que coincidentemente não queriam ficar presos num bendito coque. Eu tremia e não saberia dizer com exatidão por que, mas podia afirmar com quase total certeza que era por isso que não conseguia acertar no coque.
Resmunguei estressada e joguei os cabelos encaracolados para as minhas costas e os deixei daquele jeito, me sentando na cama e cobrindo o rosto com as mãos. Esfreguei as palmas com força pelo meu rosto, sem muita preocupação momentânea com maquiagem, mas sabendo que não poderia fazer aquilo a noite toda.

- Ei, o que foi? - Uma voz me sobressaltou e eu olhei para a porta do nosso quarto, encontrando ali, me observando, provavelmente ainda de longe por não saber se eu estava no período "não-me-toque" ou no período "preciso-que-me-toque". Eu havia tido muitos deles ultimamente, uma montanha de emoções.
- Nada. - Sorri leve, inspirando fundo. - Não é nada. - Repeti, tentando, quem sabe, convencer a mim mesma. Mas quando se sentou ao meu lado, tudo que eu queria era deitar naquela cama e ficar com ele ali, fazendo amor, pro resto da noite. - Eu to parecendo um bebê chorão, como você tá me aguentando? - Resmunguei tampando novamente o rosto e o ouvi rir.
- Vem, vou te ajudar a arrumar o cabelo. - Chamou sem responder minha pergunta e eu suspirei, negando com a cabeça.
- Não, deixa assim mesmo. Vou passar laquê e deixar ele cacheado, minha mãe que conviva com o fato de que eu gosto dele assim. - Dei de ombros tentando não me importar e peguei minha bolsinha de maquiagem, me virando pro espelho, o vendo me admirar. - O que foi?

Eu ainda estava de pijama, pra não sujar o lindo vestido amarelo que ganhei de presente e de cara limpa, então não via absolutamente nada legal em mim naquele momento.

- Não posso mais te olhar? - Perguntou e eu revirei os olhos, sorrindo.
- Não quando eu estiver assim. - Fiz cara feia e me virei, tirando as coisas e colocando na mesinha.

Senti sua mão na minha cintura e ele me virou rapidamente, enfiando os dedos de sua outra mão nos cabelos da minha nuca e enfiando sua língua na minha boca. Na surpresa eu acabei a mordendo e ele sorriu, mordendo meu lábio inferior com força suficiente para o aperto me deixar querendo mais, e continuou a me beijar, enquanto apertava meu corpo entre o seu e o espelho, me deixando momentaneamente sem ar. Apertou minha cintura como se fosse arrancar um pedaço de mim para si e então me largou, me deixando ali, encostada no vidro gelado, excitada.

- Isso é covardia. - Resmunguei e sua risada parecia já estar pronta para a minha reclamação que ele sabia que viria.
- Fiz antes que você se maquiasse, senão você ia me bater porque eu ia te borrar toda. - Disse e eu ri balançando negativamente a cabeça, acabando por concordar mesmo que silenciosamente, e o vi sair do quarto.

Nós irrompemos na mansão dos meus pais como o bom casal de elite que minha mãe queria que fôssemos - sorridentes, muito bem arrumados e solícitos. Mas depois de quase 20 minutos andando pela enorme sala da minha antiga casa, eu já não aguentava mais meus pés. Eles pediam arrego pela sandália de salto enorme que eu usava e eu sentia que se não sentasse, podia cair no colo de qualquer um a qualquer momento.
Finalmente encontramos nossa mesa e o jantar foi servido, até que por um milagre haviam algumas comidas que eu comia, o que me fez não ter que fazer jejum total - o que eu achei provável.
Depois de algum tempo do jantar, eu e resolvemos procurar nossos pais para dar tchau e irmos embora, mas no meio do caminho, acabou parando, me fazendo brecar com ele.
Olhei para trás e ele sorria, olhando para um ponto ao seu lado, e quando segui seus olhos não acreditei no que vi.
O que Tatiana estava fazendo nessa merda desse lugar?
Inspirei fundo para não voar em cima dela antes mesmo dela falar o primeiro oi e continuei ali, mas não se virou em momento algum.
Era como se eu fosse... Invisível.
Levantei uma sobrancelha e mordi meu lábio, me impedindo de falar alguma coisa, e me virei, saindo de tão perto deles. Me encostei a uma parede relativamente perto, que dava para ver eles se ninguém passasse por ali.
Minha mãe chegou alguns instantes depois, e eu continuei em silêncio, porque ainda não tinha certeza de como estava meu humor para falar com qualquer um.

- Oi. - Cumprimentou e eu a olhei, respirando fundo e pensando que ela não tinha culpa de nada daquilo.
- Oi, mãe. - Sorri fraco e, apesar de precisar de um abraço, não o fiz. Minha mãe não gostava de demonstrações de afeto em público. Na real, ela não gostava de demonstrações de afeto no geral, mas em público ela era um pouco mais rigorosa, então meus dedos coçaram para puxá-la, mas coçando eles continuaram.
- Como está a faculdade? - Ela perguntou me analisando de cima a baixo, parecendo gostar do que viu e, por isso, se manteve em silêncio até que eu respondesse.
- Ahn, bem. - Murmurei sem graça e olhei para frente, onde Tatiana estava com a mão no ombro de e eles estavam perto demais do que eu recomendaria.

Inspirei fundo e pensei que, se fôssemos casados, eu poderia chegar lá, dar umas na cara dela e sairia andando vitoriosa, e nem poderia me impedir.
Mas nós não éramos... E talvez nunca fôssemos.
Nunca chegamos a conversar sobre casamento e, apesar de saber que somos novos demais para sequer querer pensar nisso, preciso admitir que me magoa um pouco o fato dele nunca ter dito qualquer coisa sobre, ou feito qualquer plano bobo comigo. Qualquer um.

- Mãe. - Chamei no impulso, e agora que já tinha sua atenção, resolvi perguntar de uma vez. - Você acha que somos novos demais para casar? - Eu murmurei olhando para ela.

Minha mãe olhou para onde estava e o analisou um pouco, se voltando para mim, então.

- Vocês já estariam casados se não fosse essa sua mania de querer ser diferente.

A resposta foi proferida em um tom neutro, sem sequer ser agressiva ou desrespeitosa, mas me atingiu de uma forma que nenhuma outra resposta, nem mesmo de Tatiana, poderia me atingir.

- O... Quê? - Murmurei perdida franzindo as sobrancelhas e notando ainda distraído com a lambisgóia.
- É, ! Não se faça de sonsa, você sabe do que estou falando. – Disse, mas eu devia estar com uma expressão péssima ou de extrema confusão, porque ela continuou como se não fosse nada demais a ser dito: - Não se veste direito, não se porta direito, deveria comer menos... Hm, esqueci algo? - Murmurou parecendo falar sozinha e eu estava ali parada, parecendo uma estátua a olhando. - Ah, é! Não participa de nada que eu organize, a não ser que te obrigue a vir, como hoje - continuou. - Não sei que milagre é esse que hoje você está apresentável! E infelizmente sou obrigada a concordar que você não chega aos pés da Tatiana, ela é um exemplo, se veste super bem, tem bons modos, sabe se comportar, tem conteúdo... - Ela estava destilando elogios pra ex do meu namorado? Isso é sério?! -... Ela é super simpática, ela participa de todos os eventos que deve, e não preciso dizer mais, não é mesmo? Não quero humilhar.

Minha respiração estava alterada e eu não tinha nem ideia do que responder.
Minha mãe, minha própria mãe, a quem eu tinha considerado pedir um abraço... Tinha me rebaixado para menos que um nada!
Sinceramente eu não sabia dizer se eu me sentia ofendida, chateada, magoada ou sei lá o quê.

- A Tatiana não é tudo isso que você pensa, não. - Eu murmurei, porque simplesmente não podia ficar calada quanto a isso. - Ela não é esse poço de candura, ela já me destratou várias e várias vezes, mas nunca na frente de ninguém. - Funguei tentando não chorar no meio daquele salão repleto de gente. - O "conteúdo" - fiz aspas com os dedos - que você diz que ela tem é nada mais do que o que vocês, da alta sociedade, consideram o apropriado para mulheres: 100% de corpo e 0% de cérebro. - Sorri com escárnio e minha mãe me olhava impassível, agora de braços cruzados. - Eu não vou mudar meu jeito de pensar e agir por sua causa, mãe, não é porque você me obriga a vir a essas festas, e a senhora já deveria saber disso. Pode trancar minha faculdade se quiser, eu vou saber me virar.

Ela ficou me olhando por algum tempo que pareceu infinito entre o momento que eu parei de falar e percebi vindo na nossa direção pelo canto dos olhos.

- É exatamente por isso que vocês não se casaram ainda. - Foi tudo o que ela disse e eu abri minha boca, sem saber o que ela queria dizer com aquilo. - Você nem parece uma de verdade. - Se virou e saiu andando pelo salão, me deixando encostada àquela parede, me sentindo mais sozinha e rejeitada do que nunca.
- Você vai deixar ela fazer isso com você? - Como se meus ouvidos tivessem sido tampados por um longo tempo, eu voltei a ouvir pela voz de , que parecia indignado.

O olhei com meus lábios crispados sem saber o que dizer. Ele olhou bem no fundo dos meus olhos e balançou negativamente a cabeça, vendo algo que eu sinceramente tinha medo de entender.

- O que foi? Você tá magoada? , pelo amor de Deus, vê se cresce! - É o quê? - Ela é sua mãe, mas não sua dona, não pode falar um monte e você ficar quieta, não é a primeira vez que eu vejo e você sabe o que eu acho disso... - Eu o interrompi, minha mão no ar e minha cabeça baixa enquanto limpava lágrimas teimosas que escaparam.

Levantei minha cabeça e o encarei com todo o ódio que eu tinha reunido naquele momento, e que não era pouco.

- Vai se foder e me deixa em paz! - Rosnei o mais baixo que consegui, o deixando ver as lágrimas que se seguiram, mas me virei apenas um segundo depois enquanto ele ficava ali, parado, não acreditando no modo com que falei com ele.

QUE SE FODESSE MESMO!
Eu não aguento mais, não aguento mais como minha mãe me trata e nunca mais deixaria que fizesse o que havia acabado de fazer comigo, nem que para isso tivéssemos que nos separar. Eu o amava, mas já não bastava o que ele cansava de ver minha mãe fazer? Ele ainda tinha que me magoar daquele jeito?
Saí pisando duro para o jardim mais afastado da casa, o que ficava nos fundos, passando pelo caminho tão conhecido por minhas pernas pelas discussões passadas com a minha progenitora.
Minhas mãos passavam sem parar por meu rosto com agressividade, com raiva, mágoa, e bastante dor.
Quando estava respirando ar puro senti uma mão no meu braço e tomei um susto, me virando para quem quer que fosse. Quando vi que era , puxei meu braço com agressividade para longe dele. Me virei novamente e saí andando enquanto tirava meus sapatos com vontade de tacá-los na cabeça do primeiro que aparecesse.
Foi à primeira vez na vida, que eu não senti prazer ao pisar na grama. Eu não senti nada.

- ! - Sua voz atrás de mim me alertou que ainda estava por ali e eu não sei o que foi que deu em mim, mas eu só me virei e joguei um dos saltos nele. Por muito pouco, eu errei, e ele passou reto por cima de seu ombro. Ele arregalou seus olhos e enquanto olhou para trás para ver o que eu havia arremessado, eu joguei o outro e este acertou sua barriga. - Outch! - Ele falou alto, colocando as duas mãos ali e eu não me arrependi nem um pouco.

Minha respiração estava rápida e eu estava tremendo, sem conseguir controlar meu corpo por causa da raiva que estava sentindo.

- ! Eu não te fiz nada! - Exclamou e eu arregalei meus olhos.

Sua expressão foi para assustada em dois segundos, e eu tive a certeza de que estava parecendo uma louca. E não poderia me importar menos.

- NÃO FEZ NADA? VOCÊ SÓ NÃO ESTAVA LÁ!
- Como assim, ? Eu ouvi o que ela disse, o que...
- NÃO OUVIU PORRA NENHUMA! - Minha cabeça doía, mas eu simplesmente não conseguia parar de gritar. Parecia um monstro que queria sair de mim, e eu não poderia mais evitar que isso acontecesse. - ELA SÓ ME REBAIXOU E HUMILHOU EM SEGREDO, SÓ ISSO! MUITO MAIS DO QUE DAS OUTRAS VEZES, COM RELAÇÃO A VOCÊ, COM RELAÇÃO AO MUNDO!
- Explica isso direito, amor. - Ele falou quando eu parei de gritar porque perdi a respiração e eu o olhei com um olhar assassino que o fez parar de se aproximar imediatamente.
- AMOR? - Berrei sem controle. - AGORA É AMOR? VAI CHAMAR A PUTA QUE PARIU DE AMOR! GUARDA ESSE SEU AMOR PRA QUANDO VOCÊ REALMENTE SE IMPORTAR COMIGO E COM O MEU BEM ESTAR! PORQUE O QUE VOCÊ FEZ HOJE FOI EXATAMENTE O CONTRÁRIO DISSO!
- Eu tô entendendo cada vez menos. - Foi o que ele disse e eu fiz uma careta.
- Ah, você quer entender então? - Perguntei, minha voz subitamente mais baixa, e ele me olhou estranho, mas somente acenou que sim com a cabeça. - Mamãe encontra filhinha e pergunta da faculdade, filhinha faz uma pergunta boba e mamãe começa a falar merda pra filhinha querida. - As palavras de escárnio deslizavam da minha língua sem qualquer filtro. - E aí! No final de tudo, achando que tem razão, o namorado da filhinha chega e acaba de ferrar com tudo! - Sorri falsamente e nem fiz questão de limpar as lágrimas que desciam, porque a raiva estava começando a passar e o que estava ficando era uma mágoa avassaladora. - Tá boa pra você a história?
- ... - Ele murmurou perto demais e me abraçou, mas a minha raiva dele ainda não tinha passado então eu simplesmente avancei nele. Comecei a dar tapas em seu peito enquanto minha visão ficava cada vez mais turva pelas lágrimas e eu começava a soluçar, perdendo as forças, até que conseguiu me imobilizar.

Minhas pernas perderam as forças e eu fui de encontro à grama, o levando comigo, enquanto chorava tampando o rosto, me mantendo longe de seu cheiro para que não sucumbisse.
Eu não sei quanto tempo se passou, mas ele só se manteve abraçando meu corpo enquanto eu chorava sem pausa. Quando as lágrimas finalmente pararam de cair, minha cabeça doía, minha maquiagem com certeza estava uma calamidade e, se respirar não fosse automático, eu já não teria mais forças para isso também. Meu peito ardia e eu me separei dele, não sentindo qualquer resistência de seus braços em volta de mim, embora sentisse receio, talvez de eu batê-lo de novo.
Limpei meu rosto sem olhá-lo, e sem vontade de olhar. Porém, como eu sabia que ele perguntaria uma hora ou outra, comecei a falar sem rodeios:

- Eu só perguntei se era cedo caso decidíssemos casar. - Murmurei minha voz falhando, então pigarreei. - E ela começou a destilar que eu não me vestia direito, deveria comer menos... Que palavras mais ela usou? Ah é, eu não faço parte da sociedade, eu não honro o sobrenome que levo na certidão. - Sorri sozinha, dessa vez de tristeza, mas ainda assim tudo que eu menos precisava era seu olhar de pena, então olhei para o lado e deixei que algumas lágrimas, silenciosas, caíssem.

nunca me entenderia 100%. Por mais que ele dissesse que sim... Não é a mesma coisa quando sua mãe te maltrata achando que está fazendo bem e seu pai simplesmente não se mete.
Não me entendam mal, ela nunca me bateu ou sequer levantou a mão para mim, só que palavras às vezes ferem muito mais do que uns tapas. E as palavras dela me atormentam desde a infância. Eu já fiquei doente por causa da obsessão da minha mãe por aparência, mais de uma vez, até que finalmente decidi que não me importaria mais.
Mas saber que ela não me aceita do jeito que eu sou... Nunca deixou de me machucar.
E talvez nunca vá deixar.
Funguei e voltei a chorar, dessa vez baixinho, fechando meus olhos.
A sensação que eu tinha, era que minha mãe não me amava.
Que ela simplesmente tinha tido uma filha para mostrar à sociedade o quanto sua filha era bonita por fora.
Mas na sua opinião nem tão bonita assim eu era.

- Eu te entendo, amor - Foi o que ele disse, baixo e eu balancei a cabeça.
- , não é a mesma coisa. - Eu o olhei sem conseguir me frear a tempo e ele só me observava, sem nada dizer dessa vez. - A sua mãe te ama. Eu me lembro da época que éramos amigos e frequentávamos a casa um do outro... Sua mãe sempre que estava em casa ia na piscina com a gente, fazia lanche, sentava pra comer com a gente... Lembra quando eu ficava doente? - Perguntei, aquilo entalado na garganta, morrendo de vontade de contar para alguém. Ele acenou com a cabeça e eu sorri, triste. - Era ela. Ela ficava falando que eu estava gorda, então eu parava de comer. Tive um ataque de bulimia uma vez. - Balancei negativamente a cabeça. - Eu não sei se ela realmente acha que estava me fazendo bem, mas eu emagreci. - Suspirei e, o olhando nos olhos, precisei perguntar. - Você acreditaria se eu te dissesse uma coisa?

Ele me olhou em dúvida e deu de ombros.

- Não sei. Conta.
- Que a Tatiana me destratava. - Foi só o que eu disse, e ele continuou me olhando.

Ele não acreditava.

- Isso você já cansou de me dizer. - Levantou as mãos no ar e eu me perguntei até quando duraria aquilo. Porque eu não aguentaria me decepcionar com mais uma pessoa que amo.
- E você nunca acreditou. - Eu disse, sem conseguir esconder a mágoa.
- Eu só queria que vocês fossem amigas! - Ele exclamou e eu fiquei o olhando alguns segundos.
- Eu sei. – Disse. - Você continua não acreditando, não, é? - Entrelacei meus dedos juntos, não querendo que ele visse minha insegurança, apesar de saber que estava escapando por cada poro meu.
- Não sei, ... Ela sempre foi minha amiga...
- Ótimo. - Foi o que eu disse, levantando a mão para que ele parasse de falar. - Eu nunca fui, então. - Ri descrente. - Ótimo mesmo, . Pode voltar lá pra dentro, já.
- ! Deixa de ser birrenta! - Ele reclamou e eu revirei os olhos.
- Você ainda me acha birrenta depois disso tudo? Puta que pariu, eu não faço birra, ! Eu mal te conto o que acontece, e quando conto você me chama de birrenta? Na boa, eu não sei mais o que fazer pra você acreditar em mim! - Exclamei. - Quer saber? Não quero mais que você acredite em mim, de verdade. Já pode ir. - O enxotei com a mão, minha expressão séria, e eu sentia meu rosto colar pelas lágrimas e a maquiagem seca em cada espacinho da minha pele.

Eu me sentia destruída e, mais que isso, eu me sentia rejeitada.

- Não - ele disse, firme. O olhei pronta para perguntar se ele não tinha medo de mexer com o perigo, mas ele interrompeu meu raciocínio. - Se você insiste em tantos anos, é porque deve ser verdade. - Suspirou e eu fiquei o olhando, sem entender. - O que ela te fez? - Perguntou, chegando mais perto. - O que a Tatiana te fez, ?

Eu o olhei desconfiada por vários segundos enquanto ele só esperava pacientemente.

- Você não vai acreditar...
- Tenta! - Me incentivou e eu suspirei.
- Eu não gosto de dizer desse jeito, mas ela realmente me torturava. Fazia de tudo pra me afastar de você porque eu tentava te alertar de como ela era, mas como você não dava ouvidos, ela só continuou. Não é possível que você não tenha percebido que eu ficava quieta nos jantares e almoços de família que ela estava! - Exclamei porque aquilo sempre me indignou, e me indignaria para sempre. - Um dia, eu ouvi vocês conversando... E você dizendo que amava ela. Ai eu desisti. - Dei de ombros - Foi aí que eu entendi que eu não ganharia contra ela, porque não tinha ganho contra nenhuma outra namorada sua, apesar de nunca ter realmente lutado contra. Eu sumi da sua vida, lembra? - Ele acenou que sim, seus olhos fixos nos meus. - Porque eu decidi que você podia ir embora. E você voltou, porque ela te largou. - Sorri triste. - Só assim pra você me procurar, mesmo.

Silêncio.
Ele não sabia o que dizer.
Eu sentia a tensão palpável e não aguentava aquilo.
Me levantei sem dizer mais nada, limpando a grama do vestido devagar, e tomei um susto quando ele agarrou meu pulso e me puxou de surpresa. Eu não estava exatamente estabilizada e acabei por cair meio desengonçada no colo dele, e ele estava sorrindo triste.

- Acredito em você. Como nunca acreditei nela, apesar de ter gostado muito dela. Porque hoje eu finalmente entendi o que é amor. - Disse olhando nos meus olhos e eu não soube o que dizer. - Amor é você acreditar na outra pessoa, ver nos olhos dela que ela não está mentindo, que ela só quer o seu bem. Desculpa ter falado daquele jeito com você lá dentro, eu só... Não sabia que ela tinha sido muito mais cruel do que eu poderia ouvir.
- Amar é tudo isso? - Murmurei sem tocá-lo, deixando a intensidade de suas palavras me atravessarem.
- É, e sabe o que mais? - Perguntou, chegando seu rosto perto do meu. Eu fiz que não com a cabeça e ele sorriu.

Seus lábios tocaram os meus devagar, roçando de leve, sua boca aberta contra a minha aberta. Sua língua então tocou meu lábio inferior e depois o superior, me fazendo suspirar e capturá-la, querendo mais que tudo que ele me beijasse.
Eu queria mais que tudo que ele me fizesse esquecer o pesadelo que havia sido aquele dia.
Mas seu beijo era mais como um... Sentimento... Que ele queria demonstrar...
Sua mão segurou minha bochecha para que fôssemos ao seu ritmo, devagar... E eu entendi.
Ele me ama.
Era tudo que eu conseguia pensar. Minhas lágrimas voltaram a cair, e eu acabei por morder sua língua enquanto me desconcentrava.
Me afastei dele e enfiei o rosto em seu pescoço, precisando do seu cheiro para me acalmar.
Fiquei ali algum tempo, até que me lembrei de algo.

- Desculpa pelo sapato, mas você mereceu - murmurei abafado e pude ouvir sua risada enquanto ele me abraçava e nos balançava de um lado para o outro.
- Eu mereci, eu sei - foi o que ele disse e eu balancei a cabeça, concordando.

Suspirei e, perto dos meus lábios, eu senti sua pele se arrepiar. Mas nem um vento estava correndo...
Fiquei alguns segundos pensando sobre aquilo e me afastei, o olhando.

- Tá com frio? - Perguntei.
- Hm? - Perguntou meio absorto, me olhando devagar. - Ah, hm... Não to, não. - Riu baixinho e segurou minha cintura, me ajeitando em cima dele.
- Então por que se... Arrepiou...? - A pergunta foi morrendo nos meus lábios aos poucos, enquanto eu sentia sua ereção em minha bunda. - Você... Ficou excitado?

Ele riu meio sem graça e fez que sim com a cabeça.

- Com o que exatamente? - Perguntei, sem conseguir frear a pergunta.
- Você. - Murmurou me olhando, me fazendo me arrepiar com seu sussurro contido. - Você brava... Eu não consegui frear minha ereção. - Deu de ombros e beijou meu ombro. - Mas não precisamos fazer nada, eu sei que não... Tem clima pra isso.
- Bom, você acabou de criar um. - Eu sorri e rebolei um pouco, do jeito que sabia que ele gostava, e ele levantou uma sobrancelha. - Ah, vamos! Vai dizer que nunca teve vontade de transar nesse jardim?
- Eu não disse isso. - Ele riu e eu rebolei um pouco mais, roçando nossas bocas.

Naquele momento, eu só precisava que ele me fodesse, e eu esqueceria daquela merda toda por algum tempo.
Ele mordeu meu lábio inferior e enfiou um dos braços atrás das minhas pernas e o outro nas minhas costelas, me segurando e então se levantou, começando a andar.

- O que você tá fazendo?! - Exclamei surpresa e ele lambeu e mordeu meu pescoço, me fazendo jogar a cabeça para trás enquanto grunhia distraída.

Logo senti ele me apoiar em algo duro e olhei em volta, notando que era uma das mesas de pedra do jardim dos meus pais.

- Aqui...? - Minha respiração se alterou quando compreendi, e eu senti meu corpo inteiro ficar quente em questão de segundos quando ele assentiu e mordeu o lábio.
- De quatro. - Murmurou rouco, enfiando a mão na minha nuca, embrenhando seus dedos em meus cabelos e puxando minha boca para a sua.

Dessa vez, nosso beijo foi arrebatador e durou bem menos que todos os outros.
Sua boca logo passou para meu pescoço e ele o beijou até chegar ao meu decote, onde me mordeu. Eu gemi audivelmente, sentindo a mordida forte arder na pele.

- Tô louco pra arrancar esse vestido de você desde que te vi nele. - Murmurou e puxou as taças que cobriam meus seios para baixo.

Como o busto era tomara que caia e eu não tinha tanto peito assim, não usava sutiã. Meus bicos pularam arrebitados e não demorou um segundo sequer para enfiar um deles na boca, me fazendo gemer, talvez alto demais. Mas não é como se eu estivesse me importando de verdade naquele momento. O jardim todo podia ouvir que eu não pararia de gemer, não quando estava me mordendo de um jeito tão gostoso que eu tinha vontade de gozar até morrer.
Apoiei as mãos na mesa de pedra e inclinei meu corpo para trás, colocando minhas pernas em volta de seu quadril e meu vestido deslizou pelas minhas coxas, já que era preso somente até a bunda, então foi ali que ele parou. Sua boca se dirigiu até meu outro seio e o envolveu, o mordendo com força.
Meu corpo tremeu com violência, sem estar preparado para aquele toque, me deixando sem ar com seu ataque. Suas mãos pegaram minhas panturrilhas e me ajudaram a apoiar minhas pernas na mesa, me deixando arreganhada ao seu bel prazer.
se afastou um pouco e abriu sua calça, a abaixando até os joelhos e deixando sua ereção exposta por falta de cueca, não sem antes pegar um preservativo em sua carteira. O vestiu sem que eu o interrompesse por estar hipnotizada no movimento de seus dedos, minha boca se enchendo d'água para prová-lo de novo. Mas aquela não era a hora.
Naquele momento, estávamos os dois excitados demais para sequer provar um ao outro. Ele se aproximou de mim novamente e, segurando em minhas coxas, roçou sua masculinidade contra a minha intimidade ainda coberta pela calcinha. Meu gemido ficou preso na garganta junto com a respiração quando ele simplesmente puxou a calcinha para o lado e me penetrou, me fazendo pulsar em volta de seu pau, enquanto me acostumava. Deixei meu corpo cair para trás de encontro à mesa e mordi meu lábio, tentando inutilmente não gemer, retorcendo um de meus bicos entre os dedos.

- Puta merda, eu esqueço o quanto você é apertada. - murmurou, seu olhar onde nós dois nos encontrávamos e eu lhe presenteei com um suspiro e uma rebolada.

Eu queria que ele se movesse.
Queria mais do que tudo.
Resmunguei para que ele se movesse logo e ele se moveu...
Se moveu de um jeito que me fez ver estrelas. Meu gemido saiu entrecortado quando seus pelos curtos arranharam meu clitóris e eu só tinha forças para gemer.

- Vou precisar que você fique quietinha, amor. - Ele murmurou, mantendo constante seu movimento infernal de vai-e-vem, e eu não conseguia raciocinar.
- Não dá, você tá... Metendo tão gostoso... - Saiu no automático junto a um gemido e apenas um segundo depois eu senti sua mão junto à minha boca. A mesa de pedra arranhava minhas coxas e meus braços, mas aquilo, naquele momento, só me arrepiava mais e mais e estava me deixando louca de tesão.

Ainda assim, meus olhos se arregalaram para ele em surpresa pelo gesto e eu procurei por respostas em seus olhos.

- Eu disse: quietinha.

Meus olhos se arregalaram para ele e então giraram nas órbitas, por ele ter atingido um ponto em mim nunca explorado antes. Com uma de minhas mãos eu segurei na mesa de pedra e com a outra, puxei sua mão um pouco mais para baixo para que pudesse mordê-la.
me olhou sorrindo e chegou ainda mais perto, como se desafiasse a lei de Newton de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, e então... Se esfregou contra mim. Rebolou e procurou meu ponto g novamente, sua cabecinha raspando nele me fazendo ver estrelas. Arqueei as costas, com tensão demais pra suportar, e sentindo ele se debruçar em mim para morder meu peito continuando aquele ataque violento à parte mais sensível do meu corpo, eu gozei como não me lembro de ter gozado nenhuma vez sequer, tão intenso que eu nem sabia se estava gemendo, se ainda estava o mordendo ou se eu tinha perdido completamente a voz.
Apertei meus olhos juntos sem conseguir suportar a explosão em mim, tremendo e provavelmente convulsionando. Segurei em seus braços com força e o abracei, querendo que ele parasse para eu me recuperar. debruçou por cima do meu corpo e me abraçou, beijando meu pescoço devagar, meu queixo, até chegar à minha boca, onde roçou seus lábios.
Todo meu corpo não parava de tremer enquanto eu sentia minha intimidade pulsar em volta de seu pau e sua respiração apressada no meu rosto.

- O que você fez comigo? - Resmunguei risonha e ele acabou rindo, chupando meu lábio inferior e se afastando.
- Não terminei ainda. - Disse se retirando de dentro de mim, me fazendo olhá-lo em dúvida, me sentando na mesa.

Eu achei que me sentiria cansada ou até mesmo destruída, mas... Eu me sentia fantástica. Nada menos que isso. Como se, ao invés do orgasmo me cansar, ele tivesse me dado ainda mais gás. O olhei por alguns segundos antes que ele me oferecesse sua mão, a qual eu aceitei sem hesitar, e ele me fez descer da mesa, me beijando por algum tempo a boca. Deu um sorriso com os lábios ainda nos meus e me segurou pela cintura, separando o beijo e me virando de costas para seu corpo, me empurrando um pouco para frente.
Perdi um pouco do equilíbrio e me apoiei à mesa, sem entender onde ele queria chegar.
Resmunguei um pouco, mas logo sua boca estava na minha bunda, dando uma mordida dolorida, sob a qual eu protestei com um gritinho. Houve uma segunda mordida na outra banda, a qual eu esperneei um pouco mais, mas então ele a soltou e deu um beijo por cima de cada provável marca que ficaria. Minha cabeça estava baixa, eu estava tonta, sem entender direito que prazer era aquele que eu estava sentindo com a ardência absurda.
Abri a boca para perguntar, mas tudo o que saiu dela foi um gemido, quando ele finalmente estocou em mim novamente.
"De quatro."
Eu estava sendo comida de quatro, do jeito mais animalesco que considerava, e gemia feito uma louca.
Uma estocada atrás da outra, voltou a me levar ao delírio. Suas mãos procuraram meus seios e os atiçaram, mas não se demoraram muito ali, buscando minha cintura, meu quadril ou minha bunda. Suas mãos inquietas me deixaram saber que ele já estava pronto pra gozar, mas queria que eu viesse de novo. Sua brutalidade misturada com carinho e a brisa gelada da noite estavam me deixando arrepiada, mas eu tinha certeza que não seria isso a me fazer gozar.
Deixei que o peso do meu peito saísse de cima dos meus braços e deitei na mesa, levando uma das mãos até meu clitóris começando a massageá-lo em círculos precisos e rápidos, e fechei os olhos novamente. Minha boca estava aberta enquanto sons esganiçados saíam dali, quando colocou sua mão ali... De novo.
Continuei gemendo sem conseguir me frear, com apenas a mão de abafando-os, e abri os olhos, virando um pouco minha cabeça para trás. Meus olhos se encontraram aos seus e eu soube, pelo seu ritmo aumentando, que ele gozaria. Aquilo foi como um estímulo final para mim, que me contraí inteira antes de vir e gemer juntamente a ele, seu gemido espelhando o meu, somente mais baixo, no exato momento que ele tirou sua mão de minha boca para se apoiar à mesa.
Agora, sim, eu me sentia particularmente exausta.
Quando ele se retirou de mim eu me levantei, mordendo meu lábio enquanto olhava para meu busto e começava a rir.

- O que foi? - Perguntou atrás de mim, me fazendo virar para ele.
- Eu tô toda arranhada! - Lhe mostrei os arranhões que iam para todo canto, sem qualquer padrão, até onde o vestido não pegava.

Aquilo ficaria vermelho logo.

- Tá linda assim - foi o que ele disse dando de ombros, sorrindo, e eu o analisei.

Sua blusa estava semi-aberta, seus cabelos completamente desgrenhados e bagunçados, sua calça ainda estava aberta enquanto ele terminava de se guardar e eu constatei que ele nunca esteve tão lindo aos meus olhos.
Talvez fossem seus olhos brilhantes, ou seus lábios cheios e vermelhos, convidativos demais à mim, ou então seus poucos músculos retesados quando ele fazia um pouco mais de força... Eu não saberia dizer.
Mordi meu lábio inferior e voltei a me arrumar enquanto olhava para baixo, puxando meu vestido para cima e tentando cobrir a maior parte dos arranhões, sem muito sucesso.
Só vi sua sombra chegando perto e então sua mão estava em meu queixo, puxando meu rosto para cima, meus olhos para os seus.

- Por que o sorriso? Algo em particular? - Ele perguntou enquanto também sorria, e aquilo me fez rir.
- E o seu? Por alguém em particular? - Brinquei de volta, o fazendo rir e me beijar devagar, com carinho.

Minhas mãos entraram em seus cabelos já revoltos e eu fiz carinho ali, me permitindo ficar de olhos fechados quando ele encerrou o beijo.

- Claro, pelo amor da minha vida. - Soprou contra meus lábios, me fazendo abrir os olhos imediatamente, o encarando. Eu o questionei com os olhos algo que eu já sabia: era a mim que ele se referia? Ele sorriu e beijou minha testa. - Eu te amo, . Não me importa o que sua mãe diz ou acha, ou o que a sociedade acha, eu te amo e esse sentimento não enfraquece por nada nesse mundo. Eu ainda quero me casar com você, oficialmente, ter quantos filhos você quiser me dar, e se esse número for 0, então a gente adota cachorros e por mim tudo bem! Eu vou ser feliz com você não importa onde, quando ou como, nós dois juntos damos nosso jeito e você sabe disso.

Algumas lágrimas, silenciosas, caiam pelo meu rosto sem controle. Meu sorriso estava gigante e ele sorriu comigo.

- Eu te amo, tudo bem? E sempre vou cuidar de você.

Acenei positivamente com a cabeça e funguei, o abraçando e respirando fundo seu cheiro, finalmente me sentindo em casa.

- Eu não machuquei sua bunda, né? - Ele perguntou baixinho no meu ouvido me fazendo gargalhar.
- Um pouquinho - murmurei risonha. - Mas acabou que eu adorei - completei.
- Sério? - perguntou meio admirado e eu fiz que sim com a cabeça, com vergonha. - Hm, isso significa que eu posso fazer mais vezes?

O olhei alguns segundos entre rir ou morrer de vergonha.

- Talvez - murmurei finalmente, e ele riu, me deixando um pouco sem graça.

Passamos no banheiro que havia perto do jardim para que nos limpássemos antes de passar na frente dos convidados e eu comprovei: minha maquiagem estava completamente borrada. A tirei completamente do rosto e dei uma lavada nos arranhões, rindo de novo, amando eles. Senti uma dorzinha incômoda na bunda, mas nada extremo, então simplesmente saímos dali. Passando no salão, eu dei uma olhada em volta procurando os pais de com o olhar e, sem querer, passei os olhos pela minha mãe.
Ela estava do outro lado do salão e me observou de volta, enquanto eu mantinha meus olhos presos à sua figura.
Ela não parecia bem, mas também não parecia exatamente mal. Não saberia dizer o que mudou na meia hora que eu fiquei para o jardim, mas não me importava.
Nada que viesse dela me importava mais.
Me virei sem deixar que ela tivesse tempo para reagir e avisei a que o esperaria do lado de fora da casa.
Já lá fora, pensei que esperaria por mais uma eternidade, mas apareceu 10 segundos depois de eu ter saído, dizendo que depois falaria com seus pais. Eu o observei alguns segundos, sabendo que parte daquele motivo era por minha causa, mas me permiti ser egoísta o suficiente apenas para me sentir feliz por aquilo.
Saímos de lá e eu olhei para trás, enquanto deixava aquela casa, pensando que não a veria nunca mais.
Não queria saber dela, nem de minha mãe, e muito menos de seu dinheiro.
Eu não sou quadrada, e com certeza sei me virar. E é com essa certeza que eu vou dar um giro de 360º na minha vida, começando por hoje.

Fim



Nota da autora: (08/03/2017) Sem nota.




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