Finalizada em: 10/12/2018

Prólogo

Sempre que as pessoas perguntam como tudo aconteceu, sempre me vem essa ideia na cabeça, honestamente, não sei por quê. Sempre foi meu sonho conhecer a Austrália... Bem, sempre é relativo. Desde meus 12 anos, mais ou menos. Desde pequena eu sempre fui uma amante de praia, sempre, mas assim, eu tinha que ter o que fazer na praia, ficar na areia esturricando no sol não me chamava atenção, mas ficar na água... Ah, isso chamava minha atenção e muito, não que eu soubesse surfar, ou remar em um caiaque ou tivesse coragem de fazer wakeboard, kneeboard ou windsurf, não. Mas ir à praia, sentir o vento em meu rosto, a areia entre meus dedos e aquela água deliciosamente gelada... Era meu plano perfeito nas férias de janeiro.
Não sei por que Austrália também, com tantos países no mundo como México ou Jamaica, e alguns mais perto do Brasil, eu tinha que escolher um dos mais longe? Não sei dizer o porquê, mas depois que comecei a pesquisar sobre aquele país, a cultura, os animais, a música, a comida, os pontos turísticos, bem... Tudo, eu simplesmente me apaixonei. E eu fiquei namorando aquele país por um bom tempo, até que eu comecei a realmente namorar alguém. Ou melhor, até que eu comecei a namorar um famoso ator australiano.


Capítulo 1

Fazia pouco mais de cinco meses que eu estava em Los Angeles. Eu sou brasileira, do interior de São Paulo, e havia conseguido uma bolsa para fazer meus dois últimos anos da faculdade de jornalismo na UCLA. Tenho só 20 anos, então, quando eu consegui, foi um chororô lá em casa, minha mãe é divorciada, e minha irmã mais velha já é casada, então sobrou para a minha irmãzinha de cinco anos cuidar da minha mãe, não que fosse muito diferente de quando eu estudava em uma cidade perto da que eu morava, já que eu passava a semana nessa cidade, e voltava para passar os fins de semana com a minha mãe, mas agora eu ia demorar de dois à três meses para ir para casa, porque era mais fácil eu ir para o Brasil, já que eu tinha um desconto de estudante nas passagens, do que minha mãe para visitar, mas como eu estudava de manhã e fazia estágio à tarde, não era muito fácil arranjar tempo ir para lá, ainda mais quando começava a juntar provas e trabalhos da faculdade.
Fazer jornalismo tinha seus dois lados, a parte teórica e a parte prática. A teórica a gente conseguia enrolar de vez em quando, mas a prática era mais complicada, implicava em sair para entrevistar fontes, gravar reportagens e tudo mais para entregar o trabalho completo em um curto período de tempo, coisas que até de sábado eu havia começado a fazer, mas domingo era meu dia precioso, eu não existia aos domingos, eu ficava totalmente offline... A não ser que a prova de ética fosse de segunda-feira, mas isso acontecia só duas vezes no semestre, duas vezes que eu me preocupava e ponto, mas aos domingos normalmente eram os dias que eu e meus amigos combinávamos de passar o fim de semana em casa, a gente cozinhava, comia, saía, via filmes e todo mundo dormia lá em casa, já que eu era a única que realmente morava em Los Angeles, em um local que coubesse umas seis pessoas para dormir folgadas.
Minha mãe era do tipo preocupada, então aquela história de repúblicas universitárias e alojamento universitário ela já tinha boicotado assim que eu recebi o e-mail falando sobre minha aprovação. Ela tinha encontrado um apartamento próximo à faculdade, não era muito caro, mas sei que com ela recebendo em Real e eu gastando em Dólar, não era muito fácil pagar, então quando eu consegui o estágio, fiquei feliz, não que eu ganhasse o suficiente para me bancar, mas eu conseguia bancar meus gastos, minhas saídas com os amigos, essas coisas.
Meu apartamento tinha um quarto só, era uma suíte até que ajeitada, tinha sala, cozinha, uma mini área de serviço e estava ótimo, espaço era o que não faltava, já que ela não era exatamente mobiliada, parte dos móveis já estavam no apartamento quando a gente alugou.
Eu ainda não estagiava quando o conheci então eu tinha literalmente a tarde toda para não fazer nada, passava bom tempo desse dia dormindo ou comendo... São as melhores coisas da vida, não?! E acabei conhecendo ele em um supermercado, em um desses encontros mirabolantes que eu e meus amigos estávamos planejando. Ele? Ah, ele é o Liam Hemsworth.
Você já deve ter ouvido falar, alto, olhos azuis, cabelos cor de mel, às vezes uma barba rala, às vezes uma barba mais cheia, um corpo de tirar o fôlego de qualquer pessoa, o Gale em Jogos Vorazes, irmão do Chris e Luke Hemsworth e... Ah, não importa, tenho certeza que você o conhece.
E sim, você leu direito... Em um supermercado.

Eu nunca fui do tipo que me preocupava muito com a aparência e eu me considerava bonita. Eu era alta, levemente acima do peso, mas minha altura escondia um pouco isso, coxas grossas, aquelas tão conhecidas curvas brasileiras e umas chatas marquinhas do rosto de conhecidas fases da adolescência que qualquer um teve. Honestamente, eu amava meu corpo, claro, emagrecer um pouco, saúde e tal, era ótimo, mas até aquele momento eu nunca tinha realmente me preocupado com isso, mas ficava feliz quando eu subia na balança e o número que eu via era menor. E também não era muito do tipo que me enchia de maquiagem, mas depois que vi que a maioria das pessoas em Los Angeles eram bonitas, eu passava um lápis preto e um batom na boca, pelo menos.
E era assim que eu estava naquela quinta-feira à tarde, além de um lacinho prendendo meus longos cabelos castanhos em um rabo de cavalo alto, uma calça jeans, allstar nos pés e meu já surrado moletom azul com amarelo da UCLA, eu estava lá desde março daquele ano e não arrancava aquele moletom, estando calor ou frio, em partes eu me sentia orgulhosa em estudar em uma faculdade boa como a UCLA, e em outras eu só queria mostrar mesmo. E também, não tem nada mais confortável que um moletom.
Eu havia andado pouco mais de duas milhas para chegar a Beverly Hills, porque eu havia descoberto que em um supermercado específico eu podia encontrar meu tão querido Guaraná Antártica, o original do Brasil, aquele mesmo, e como não tinha nada melhor para fazer, decidi dar uma passadinha no lado rico de Los Angeles.
- Mas o que você está fazendo do outro lado da cidade? - Um de meus amigos, que também era brasileiro, gritava para mim no telefone enquanto eu entrava no supermercado.
- Para começar, eu não estou do outro lado da cidade, é pertinho de casa, e eu fiquei sabendo que aqui tem o Guaraná, ok?! Sabe quanto tempo faz que eu não bebo um desses?
- Um mês, mais ou menos? Voltamos do Brasil há pouco menos de um mês. - Suspirei alto e peguei uma cestinha próximo ao caixa, caminhando rapidamente até a parte de refrigerantes, mais interessada em meus pés, do que nas pessoas que estavam ali.
- Ah, xí, nem vem. Onde vocês estão? - Olhei para frente encontrando um rótulo verde e vermelho no canto esquerdo da grande geladeira, quase saltitando para chegar até lá.
- Eu e a Olívia acabamos de sair da faculdade, íamos para Santa Mônica, dar uma volta, vamos? - Peguei duas garrafas de dois litros e coloquei na cestinha, equilibrando em segurar o celular, a cestinha e os quatro litros que estavam nela.
- Tenho que terminar de comprar as coisas para amanhã. Quanto tempo até aqui? - Apoiei a cestinha na geladeira e vi de esguio uma pessoa parar ao meu lado direito e mexer nos refrigerantes.
- Uma meia hora, o trânsito está paradão aqui na saída da UCLA, e aposto que aí em Beverly Hills também, horário de pico.
- Meia hora, então?!
- É! Mais ou menos.
- Meia hora, por favor. Vou estar cheia de coisas, realmente não vai rolar voltar de ônibus e ‘to sem grana para táxi. - Falei com a voz manhosa.
- Ok, combinado!
- Tchau!
Desliguei o celular e coloquei de qualquer jeito no bolso de trás da calça, segurando com firmeza a cestinha.
- Eu preciso de um carrinho.
- Guaraná, hum?! - Um sotaque americano mais forte que o normal falou de um jeito engraçado e eu virei o rosto para a pessoa parada ao meu lado.
- É gostoso. - Falei com meu inglês já treinado e encarei a pessoa alta ao meu lado, ficando muda rapidamente.
Dois finos olhos azuis me encaravam com um sorriso igualmente fino nos lábios, ele usava um boné preto com um símbolo branco em cima dos cabelos castanho claro e possuía uma barba cheia em seu rosto, como também bigode. Seu peitoral estava coberto com uma camiseta listrada de cinza e branco e uma camisa azul aberta por cima, não consegui olhar o que ele usava dali para baixo.
- Liam Hemsworth. - Foram as duas palavras que saíram da minha boca. Idiota.
- Hey! - Ele falou e eu ri, me sentindo incrivelmente intimidada encarando aqueles olhos azuis.
- Qual era a pergunta, mesmo? - Falei fazendo uma leve careta e foi sua vez de rir.
- Seu refrigerante, não o conheço. - Ele pegou um engradado de cerveja Stella Artois e apoiou na geladeira, do mesmo jeito que eu estava.
- É um refrigerante brasileiro. Muito bom, por sinal! - Falei dando de ombros.
- E por que um refrigerante brasileiro?
- Acho que estou com saudades de casa. - Suspirei e ele arqueou as sobrancelhas.
- Brasileira, então?
- Hey! - Falei e ele riu.
- Vou levar um para experimentar. - Ele pegou uma garrafa de dois litros igual à minha e equilibrou a garrafa em uma mão e o engradado em outra.
- Você vai amar. Tenho certeza! - Arqueei os ombros levemente e dando meu melhor sorriso, aposto que saiu um sorriso zoado.
- Por que você não me dá seu telefone, e eu te ligo para contar se gostei? - Senti meus olhos arregalarem e relaxei o rosto rapidamente em seguida, sacudindo a cabeça levemente.
- Cl-claro! - Falei rindo e ele soltou a garrafa por alguns segundos no chão e tirou seu iPhone do bolso, o desbloqueou rapidamente e me entregou.
Anotei meu celular dos Estados Unidos, demorando um pouco, pois nem eu lembrava direito o meu número de lá e entreguei o celular de volta para ele.
- Brazilian Girl? - Ele falou e eu dei de ombros. - Qual seu nome?
- ! - Falei e vi uma confusão em seu rosto. - Melhor brazilian girl, não?!
- Eu aprendo! - Ele guardou o celular de volta no bolso e senti o meu vibrar no bolso, vi o nome do João de novo na tela do mesmo.
- Licença! - Falei antes de apoiar o aparelho na orelha.
- Já estamos aqui. - Foi o que ele disse.
- Mas já? Nem comprei as coisas ainda. - Falei em português e Liam riu ao meu lado.
- Ficou fazendo o quê, ? - Ele perguntou com tom indignado na voz.
- Depois conto.
- Paga o que tem e amanhã a gente vai lá no perto da sua casa. Estamos com fome! - E desligou.
- Ok! - Falei encarando o aparelho desligado em minha mão.
- Tenho que ir. - Voltei para o inglês e coloquei o aparelho no bolso da calça.
- Ah sim! - Ele pareceu meio decepcionado e não segurei um pequeno sorriso.
- Vou esperar você me ligar, você vai gostar do refrigerante.
- Como você pode ter tanta certeza? - Ele me falou enquanto eu dava dois passos para trás.
- Porque é brasileiro. - Ele riu. - E porque eu quero uma foto contigo. – Ele fez uma careta.
- Por que você não tira uma foto agora? - Dei de ombros.
- Porque você vai me ligar. - Não sei de onde havia tirado aquela confiança toda, porque eu não era assim, sempre que eu conhecia um garoto eu agia como se ele fosse meu melhor amigo de infância, por isso nunca tinha namorado, então com certeza ia agir da mesma forma com caras lindos e famosos, mas eu havia falado isso, e eu havia gostado da cara que ele fez após isso. Ele deu um sorriso largo e acenou com uma mão, enquanto eu me dirigia aos caixas.
Passei os Guaranás no caixa e peguei um chocolate nas laterais do caixa, pagando tudo junto com os últimos dólares na minha carteira. Peguei a sacola de papelão e coloquei os dois refrigerantes na mesma e guardei o chocolate no bolso do moletom. Caminhei até a porta de saída, encontrando Liam com alguns amigos em um dos caixas próximos a porta, ele mandou uma piscadela para mim e minha confiança sumiu, dei um sorriso de lado e abaixei minha cabeça em seguida, mordendo meu lábio inferior e saí do mercado.
É o que dizem, você só precisa de 20 segundos de coragem insana, a minha durou menos.
Entrei no carro de João que estava parado no estacionamento e coloquei a sacola ao meu lado.
- Oi, gente! - Falei e João engatou a marcha.
- Aquele é... Espera, João! - Olívia falou quase para fora da janela do carro. - Oh, meu Deus, é o Liam Hemsworth. - Ela quase gritou e João deu uma cotovelada nela. - , é o Liam! Ele estava lá no mercado. - Ela falou e eu ri de lado.
- Eu sei. - Falei simplesmente e não me segurei. - Ele pediu meu telefone.
- O quê? - Ela gritou e virou para o meio dos bancos dianteiros e eu ri. - Conta tudo! - João soltou uma gargalhada e saiu do estacionamento, atravessando a Santa Monica Boulevard.

Não me julgue por ficar decepcionada por ele não ter ligado no dia seguinte, eu nunca tinha namorado antes, então eu não sabia como funcionava essas coisas, a gente se conhecia, ele pedia meu telefone... E aí? Bem, eu estava meio surtada com isso, eu o havia conhecido no segundo dia de agosto, então assim, já tinham passado uns oito dias disso e nada. Eu não comentava nada com minhas amigas porque em partes eu sentia aquele sentimento de recalque no ar, sabe? E em outras porque falam que em alguns momentos de felicidade você deve guardar para si mesmo, sabe?
Mas entre todas as minhas crises internas... Ele ligou. Assim que o telefone tocou, eu sabia que era ele, o número restrito que apareceu no meu contato em uma segunda-feira após a aula de ética. Minha mãe sempre havia ensinado a não falar com estranhos ou a não atender números desconhecidos, mas eu estava à procura de estágio há pouco mais de meio ano, fazendo entrevistas e tudo mais, então todo telefonema que eu recebia, eu atendia, e caso eu não atendesse na hora, eu retornava depois... Claro que números restritos não tinha como eu retornar, mas não importa. Nesse dia eu simplesmente atendi.
- Hey. – Falei, sendo gente dos Estados Unidos ou do Brasil, era um cumprimento que servia para tudo.
- Esse refrigerante é realmente bom, viu?! – Ouvi o forte sotaque australiano falando e pressionei meus lábios um no outro.
- Liam? – Perguntei com um tom inocente na voz, caminhando até o ponto de ônibus mais próximo.
- Brazilian girl? – Eu soltei um riso fraco e fechei os olhos por um minuto.
- É, é ela! – Ele soltou a respiração forte do outro lado da linha.
- Gostou do refrigerante então?! – Ele soltou uma risada.
- Refrescante. Bom para o calor! – Ele falou.
- Imaginei que fosse gostar! – Parei ao lado do ponto de ônibus lotado e firmei o caderno na mão livre.
- O que mais de brasileiro você quer me apresentar?
- Querer? – Falei em tom baixo, soltando uma risada. – Já comeu o churrasco brasileiro? Não tem nada a ver com os hambúrgueres que eles fazem aqui e muito menos com a costela lá da Austrália.
- Como você sabe disso? – Ele soltou uma gargalhada gostosa do outro lado da linha.
- Outback Steakhouse? – Falei em tom de pergunta, ouvindo sua risada mais uma vez.
- Ok, perdoada. – O silêncio se instalou por pouco tempo. – Onde tem uma churrascaria brasileira boa?
- Tem a Fogo de Chão, é bem famosa no Brasil, e bem boa também! Bem, é churrasco! Fica em Beverly Hills mesmo. – Dei de ombros como se estivesse conversando com ele na minha frente e ri, olhando para as pessoas em volta.
- Quando pode me encontrar lá? – E eu travei.
- Te encontrar lá?! – Perguntei lentamente, eu não poderia mais tratá-lo como um amigo agora, eu precisava ter coragem.
- Sim, você vai me apresentar a essas coisas. Pessoalmente! – Engoli em seco.
- Eu... É... Eu não sei o que dizer.
- Dizer que aceita é um ótimo passo. – Soltei uma risada nervosa.
- É, eu sei! Mas é que eu nunca fiz isso antes. – Admiti logo de cara.
- Um encontro?
- É, você captou. – O nervosismo havia diminuído.
- Vou fazer questão de ser legal, você vai gostar! – Ele falava com o tom de voz mais calmo, talvez havia descoberto que eu não era qualquer uma.
- Ok, então. Vou confiar em você! – Falei baixo e me aproximei da rua, onde meu ônibus começava a subi-la ao longe.
- Pode ser no sábado na hora do almoço? – Passei rapidamente meus compromissos da faculdade na minha cabeça.
- Pode ser! – Falei com o tom de voz calmo.
- Eu te encontro lá? – Sua voz parecia esperançosa.
- Sim! – Falei abrindo um largo sorriso, equilibrando o caderno e a bolsa enquanto eu entrava no ônibus e passava o passe.
- Estou empolgado para isso. – Ele falou e eu pressionei meus lábios um no outro novamente.
- Até lá então! – Falei e suspirei, antes de desligar o celular, a tempo de o motorista arrancar com o ônibus, quase me desequilibrando.
Encarei o aparelho em minha mão, que piscava o número restrito, e o tempo de conversa, suspirei.
- Oh, meu Deus! – Foi o que eu consegui falar, antes de abrir o WhatsApp e procurar por João nos contatos, porque eu precisava contar isso para alguém.

Me encarei no espelho e suspirei. Isso estava bom? O comprimento estava bom? O sapato estava bom? A maquiagem estava boa? Meu cabelo estava bom? Oh, meu Deus, como isso era difícil. Passei a mão em meu cabelo, desfazendo a trança que eu havia feito e os baguncei, estava muito Katniss Everdeen. Passei a escova novamente nos fios escuros e puxei a longa franja para trás, prendendo-as com duas presilhas, somente tirando o cabelo do rosto. Passei um mousse capilar nas pontas e os enrolei rapidamente com as mãos, somente firmando as ondas do meu cabelo.
Voltei para o quarto e me encarei no espelho de corpo inteiro preso à parede. O vestido estava sim em um comprimento bom, ele ia até um pouco acima do joelho, era inteiro em um xadrez vermelho e na parte de trás ele fazia um bonito trançado até o meio das costas, deixando um pouco da pele clara à mostra. Nos pés eu usava um peep toe anabela com salto de corda branco, com diversos recortes no pano, fazendo esse ser o único tipo de sapato anabela que eu usasse, porque o resto eu não achava muito bonito.
Minha maquiagem estava simples, não muito diferente do que eu usasse diariamente, o olho estava marcado por um lápis e rímel preto e os lábios com um forte batom avermelhado. Eu havia colocado um pequeno brinco de argola de ouro, meu relógio e um anel que eu não tirava do dedo que eu havia ganhado de minha mãe quando era mais nova. Ajeitei meu cabelo mais uma vez e encarei o relógio ao meu lado, faltavam 15 minutos para o horário combinado. Liam havia me mandado uma mensagem com o horário marcado, uma da tarde.
Mandei uma mensagem para João, que iria me levar até a churrascaria. Ele respondeu logo, falando que estava saindo de casa, não demoraria muito para chegar até meu apartamento. Guardei o celular na bolsa, conferindo meus documentos e dinheiro dentro da mesma e a fechei, caminhando até a sala, e sentando no sofá de dois lugares à espera.
João chegou logo em seguida, achei melhor ir de carro, odeio me arrumar toda e depois ter que ir de ônibus, era realmente chato e desconfortável, a gente suava e toda aquela imagem de estar bela ia embora rapidamente. Não costumo pedir para as pessoas saírem do caminho delas para me ajudar, mas esse era um caso diferente, e João era de casa já. Quando soube que eu tinha um encontro, ele logo ofereceu carona e tudo mais.
Conferi em minha bolsa se meu cartão estava lá, pelo que eu vi algumas pessoas comentando, o Fogo de Chão era bem mais caro que no Brasil, e eu realmente não tinha dinheiro para ir com frequência. Joguei um batom dentro da bolsa só para fazer peso, pois sabia que não iria retocá-lo e enviei uma mensagem para João avisando que eu estava descendo, antes de jogar o aparelho na bolsa.
Saí do meu quarto e passei apagando as luzes de todos os cômodos, nunca havia visto um apartamento tão pequeno com tanta luz. Puxei a porta e joguei a chave também na bolsa.
Saí pelo portão do condomínio e o carro de João logo estava estacionado na porta, em local proibido, acenei para o porteiro rapidamente e entrei em seu carro, sentindo o ar gelado do ar-condicionado.

Ouvi minha risada ecoar no restaurante brasileiro, enquanto um dos garçons se aproximava com um espeto de carne, e eu retirava um pedaço para mim com a pinça.
- Não pode ser tão difícil! - Ele falou me encarando com aqueles lindos olhos azuis, enquanto virava um pouco de sua cerveja para dentro.
- Sério! Você não tem noção como é difícil! Porque você acha que eu fico em silêncio em alguns momentos? Seu sotaque é complicado, acredite, não tenho nada para esconder.
- Nada é?! - Arqueei minhas sobrancelhas e peguei o copo ao meu lado, me escondendo atrás do mesmo, enquanto o entornava dentro da minha boca.
- Ah, acho que nada! - Falei e o som saiu abafado.
- Estou ansioso em descobrir tudo isso. - Afirmei com a cabeça e soltei uma risada fraca antes de retornar os olhos para meu prato com diversos cortes de carne.
Adivinha quem pagou a conta? Dica, não fui eu, não posso nem dizer quanto ficou o valor, pois não cheguei nem perto da conta.
- O que você gosta de fazer? - Ele falou colocando as mãos no bolso da jaqueta preta, enquanto eu segurava minha bolsa com ambas as mãos, não sabia o que fazer com elas.
- Eu gosto de cinema, praia, juntar meus amigos para fazer loucas festas do pijama. - Soltei uma risada fraca o acompanhando para fora do restaurante.
- Cinema, praia, amigos? - Ele virou o rosto para mim, pude ver seu cabelo cor de mel voando por causa do vento. - Irônico.
- Não acho! - Falei me virando para ele que o fez me encarar. - Cinema é óbvio, quem não gosta de cinema? Sou meio viciada, mas isso é outro fato. - Ele soltou uma risada fraca. - Praia, acho que é meio sorte, porque minha família não é muito chegada a isso, sou a ovelha negra da família. - Dei de ombros e o vi parar em minha frente. - E quem não tem amigos, não tem nada, certo?! - Ele abriu um sorriso e passou a mão em sua barba cheia e desceu até seu pescoço.
- Você tem razão! - Ele riu e um silêncio se instalou entre nós dois.
Virei de costas por um tempo para ele, observando a rua, passei os olhos pelas pessoas que entravam e saíam, o movimento era grande, mas não havia dado sorte de encontrar algum famoso lá, a não ser o que estava me acompanhando.
- Austrália tem ótimas praias. - Ele falou atrás de mim e eu me virei rapidamente.
- Eu sei! - Senti minhas bochechas avermelharem.
- Já foi para lá?
- Não, só pesquiso muito sobre aquele país.
- Tem vontade de ir para lá?
- Para caramba! - Falei e abaixei a cabeça rindo. - É um sonho, tem uns oito anos que sempre quis ir para lá, mas sei lá porque Austrália.
- Porque é demais... Você é demais! - Ele falou me fazendo rir.
- Por quê? - Falei tentando conter a risada, sentindo meu rosto esquentar.
- Precisa ter motivo? - Ele encarou meus olhos e eu fiquei quieta por um minuto, passei a mão em meu cabelo, colocando uma mecha atrás da orelha.
Dei uma olhada rápida ao redor e senti um vento bater em minhas costas, me fazendo arrepiar, e meus cabelos bagunçarem, o trazendo para frente.
- Você parece mais velho. - Falei virando o rosto para ele e apontando para a penugem em seu rosto.
- É para um filme, mas eu acabei me acostumando com ela. - Abri um sorriso. - Tenho gravações de outro filme no fim do ano, vou acabar deixando até lá!
- Eu gostei! - Ele riu. - Por incrível que pareça. - Vi suas bochechas se avermelharem. Ponto para mim. Virei meus olhos pela rua e avistei um banco embaixo de uma luminária do outro lado a rua. - Quer sentar? - Ele afirmou com a cabeça e apoiou a mão em meu ombro para atravessarmos a mesma, sua mão era grande e era quente.
- O que você faz em Los Angeles? - Ele perguntou após um tempo em silêncio. Virei meu corpo para ele, colocando uma perna embaixo do meu corpo, em cima do banco.
- Consegui uma bolsa de estudos para fazer os dois últimos anos do meu curso aqui em Los Angeles, na UCLA. Vou ficar até o fim desse ano e ano que vem inteiro.
- Isso é bem legal! - Ele apoiou os dois braços no encosto do banco, fazendo sua mão quase tocar na minha. - O que você faz?
- Comunicação Social. - Abri um sorriso de lado.
- Jornalista, hum?! - Dei de ombros e ele soltou uma risada. - Vai nos atazanar em alguns anos.
- Ah, que isso, pretendo conseguir um estágio logo. - Ele soltou uma gargalhada nervosa e eu soltei uma risada nasalada.

- Da próxima vez, você vai se virar na batatinha, porque eu não vou ficar mais 50 minutos dentro de um ônibus, Hemsworth! - Falei em tom bravo, enquanto pisava no verde gramado que havia em frente a sua casa em Malibu, totalmente ignorando o caminho que dava até a porta. Ele surgiu na porta com um sorriso de risada no rosto, vestindo uma camiseta verde sem mangas.
- Falei que ia te buscar, nem vem! - Ele gritou de volta e eu ri.
- Da próxima vez, eu aceito! - Ajeitei a bolsa em meu ombro e os textos em minha mão e caminhei até o tablado de madeira que dava para sua casa.
Liam e eu havíamos ficado bem próximos, bem próximos mesmo, todos os dias a gente ficava conversando, seja por mensagens, ligações, se encontrando, entre outros, estava sendo muito bom. Eu estava realmente gostando dele, mesmo, mesmo, mas eu não sabia ler sentimentos, e ele não tinha dado o primeiro passo ainda, e eu que não faria isso.
Assim que eu pisei no último degrau do deque, ele abriu os braços para mim, um suspiro que passou despercebido escapou de mim. Suas mãos passaram pelas minhas costas rapidamente e algo rápido passou demoradamente em minha cabeça.
- Como foi a faculdade? - Ele falou se afastando de mim e tirando a pilha de textos da minha mão. - Vem! - Ele falou entrando em sua casa.
- Ah foi ótimo, lindo, maravilhoso! - Falei em tom de ironia. - Ainda bem que chegou o fim de semana. - Ele riu e passamos por uma pequena sala de estar e entrou na longa cozinha. - Rústico! - Foi o que eu comentei, enquanto ele apoiava meus textos na mesa de madeira. - Isso é de verdade? - Ele soltou uma gargalhada e pegou uma jarra com um líquido amarelo na mesma e colocou na minha frente, pegando dois copos no armário. - Isso tem cara de casa de veraneio, Liam, não sua casa que você mora, tipo, sempre! - Sentei no largo banco da mesa e joguei as pernas para dentro, pegando o copo que ele havia acabado de encher.
- Esse é seu jeito de falar que odiou? - Soltei uma gargalhada, fechando a boca antes que o suco saísse da mesma e imediatamente coloquei a mão na boca, vendo-o gargalhar na minha frente.
- Essa foi péssima! - Falei rindo e pegando um guardanapo em cima da mesa para limpar tanto meu rosto, como a mesa. - Não, eu gostei, só não acho minha cara, ok?!
- Ok! - Ele ainda ria, então ergueu o copo também e eu fiz o mesmo, antes do líquido descer pela garganta.
Guardamos as coisas rapidamente e logo estávamos com as pernas dentro da água gelada de sua piscina, falando sobre os assuntos que apareciam em nossa cabeça esporadicamente.
- Eu era Team Gale muito antes de te conhecer, não vai ser agora que vou mudar.
- É bom que não mude mesmo! - Ele bateu a mão na água, fazendo-a respingar em mim.
- Na real, eu acho que a Katniss deveria ficar sozinha, quanta indecisão! - Imitei seu gesto e joguei água nele, molhando um pouco sua bermuda.
- Os fãs iriam te amar! - Ele falou ironicamente e apelou, virando um monte de água para mim, que não molhou só meus shorts, como também parte da minha blusa.
- Você deveria ficar sozinho! - Falei emburrada, afastando a blusa molhada do corpo e o encarando com os olhos semicerrados.
- Você é má! - Ele apoiou as mãos na beirada da piscina, e se impulsionou para dentro da piscina. Pude ver seu corpo de roupa afundar na água e algumas bolhas surgirem no lugar que ele afundou.
- Há, há, há. - Falei erguendo os olhos para o céu alaranjado sem nuvens acima da minha cabeça. Los Angeles escurecia mais cedo, o que deixava um tom alaranjado no céu da cidade pouco antes das cinco da tarde.
- Sabe nadar? - Ouvi a voz de Liam novamente e o encarei em minha frente, com os cabelos molhados e bagunçados.
- Sim...? - Falei em tom de pergunta, pensando aonde aquilo chegaria.
- Bom! - Ele deu um passo mais perto e senti suas mãos apertarem meus tornozelos e os puxarem para baixo.
- Liam, não! - Falei o reprimindo. Mas ele puxava mais e mais e minha mão apertava mais na beirada da piscina. - Eu não trouxe roupa, Liam!
- Opa! - Ele deu um último puxão, antes que eu sentisse meu corpo entrar em contato com a água gelada. A piscina era funda, deveria ter pouco mais de dois metros de profundidade. Na mesma direção que eu afundei, impulsionei meus pés no fundo e subi novamente, mexendo meus pés para que eu não afundasse novamente.
Passei as mãos nos olhos, antes de abri-los e dar de cara com um Liam rindo da minha cara. Encostei meu corpo na lateral da piscina e fiquei encarando seus olhos fixos nos meus, enquanto sua risada cessava.
- Obrigada! - Foi o que eu falei, ironicamente, para tentar quebrar algum gelo, mas em vão. Seu rosto ficou sério e eu comecei a ficar incomodada.
Passei a mão nos meus cabelos, abaixando eles, que ficaram bagunçados devido ao mergulho. Tentei tirar os olhos dos dele, eu tinha começado a tremer, não estava acostumada aquilo. Os olhos dele eram pequenos, mas a intensidade que se via neles me deixava desconcertada.
- Eu quero te beijar. - Minha respiração simplesmente travou e meus pés pararam de se movimentar, eu sentia meu corpo afundando devagar. Para ajudar minha situação eu senti suas mãos apoiarem em minha cintura, mantendo minha cabeça para fora da água.
- Eu posso não ser boa nisso. - Minha voz saiu fraca e eu pude ver um sorriso gentil nele, antes que eu fechasse os olhos.
Eu pude sentir a proximidade dele por algum tempo, sua respiração batia em seu rosto e seu hálito fresco me entorpecia. Sua mão tocou minha testa levemente e o dedo arrastou pela mesma, afastando o que seria uma mecha de cabelo do rosto.
Sua respiração ficou mais próxima de meu rosto, antes de sentir seus lábios colarem nos meus. Imediatamente eu senti minha respiração relaxar. Ele foi gentil. Seus lábios ficaram tocados nos meus por alguns segundos, creio que ele sabia que era para ser delicado e calmo, e que eu não tinha experiência nenhuma na ação. Quando eu senti liberdade, ou quanto minhas mãos começaram a dormir paradas na lateral do corpo, eu apoiei as duas em seus ombros, apertando-as, para que eu pudesse me equilibrar, ele já passou os braços em volta do meu corpo, me trazendo para mais perto dele, me permiti suspirar. Esse movimento foi o que fez com que ele aprofundasse o beijo.
Eu não tinha experiência nenhuma, então ele guiava e eu tentava acompanhar. Não posso dizer como estava para ele, mas para mim estava... Ah! Eu senti que o beijo estava no fim quando ele soltou um suspiro e usou o suspiro para ir se afastando lentamente.
- Nada mal! - Ele falou enquanto eu abria os olhos. Podia sentir minhas bochechas fervendo, eu não sabia para onde olhar, o que fazer, nem como agir. Mas quando abri meus olhos e encarei aqueles olhos azuis e o sorriso em seu rosto, relaxei.
Das duas uma, ou Liam tinha realmente odiado o beijo, ou ele realmente tinha gostado. Saímos da piscina logo e ficamos deitados lado a lado nas espreguiçadeiras próxima à piscina, em silêncio, para que eu pudesse me secar, mas a cada momento que ele tinha a chance, ele se levantava, como se fosse com a desculpa de pegar algo, ou só me encher o saco. Ele aproximava rapidamente e encostava seus lábios nos meus, me fazendo rir envergonhada toda vez.

- Acho que isso está ficando sem graça, já! - Ele falou apertando fortemente os botões do controle remoto do meu velho PlayStation 1, em uma tentativa frustrada de me ganhar no Need For Speed.
- Eu acho que você tá muito reclamão. - Falei batendo meu pé levemente nele que estava no chão, enquanto eu estava no sofá de dois lugares no meu pequeno apartamento.
- Eu acho que você está enganada! - Ele entrou na brincadeira e eu ri, soltando os botões, vendo meu carro parar na linha de chegada.
- Eu acho que você não sabe perder. - Seu carro acelerou mais um pouco antes de bater fortemente no meu que estava na linha de chegada. - Liam! - Gritei, chutando-o mais forte, que se mexeu, prendendo meu pé embaixo do braço, puxei forte, tentando tirar em vão.
- Eu acho que a gente deveria namorar. - Ele falou entre meus reclamões e eu parei o chute, sentindo ele soltar meu pé e se virar, ajoelhando na minha frente.
- Liam? - Perguntei o encarando.
- Esse é meu jeito de te pedir para me namorar. - Ele apoiou uma mão em cada lado do meu corpo, olhando para cima, me encarando.
- Esse é um péssimo jeito. Não sei se minha mãe vai deixar. - Falei o fazendo rir.
- Vamos fazer direito, então?! - Afirmei com a cabeça. - , você gostaria de ser a minha namorada? Sofrendo com todas possíveis irritações, e encheções de saco que eu, ou minha vida podem te causar? - Joguei a cabeça, soltando uma risada e logo voltei a encará-lo.
- Acho que posso viver com isso. - Respondi.
- Isso é um sim? - Ele abriu um largo sorriso.
- Sim, Liam, isso é um sim! - Ele se colocou de pé, e se curvou em mim no sofá, encostando seus lábios rapidamente nos meus, em um beijo desastroso, já que nossas risadas eram as culpadas, não tínhamos o que falar, mas o sorriso em seu rosto, e as risadas ecoando em meu pequeno apartamento, eram os culpados por tudo isso.
- Por que você acha que eu estava perdendo? Estava pensando nisso. - Ele falou entre beijos.
- Sei! – Falei irônica e acariciei sua bochecha e ele sorriu.

- Até parece que não conhece o Mississipi, né?! - Foi o que eu falei quando ele apareceu na tela do computador pelo Skype. - Por favor, me diga que você nunca mais vai usar essas meias verde limão, Liam! - Ele riu passando a mão nos cabelos que estavam bem cheios.
- Por quê? - Soltei uma gargalhada e me ajeitei na cama, com o computador no colo.
- Ai, Liam, que coisa mais ridícula, sério! - Ele se afastou do computador e esticou a perna, mostrando o pé com a meia que eu havia visto na foto do Just Jared. - Nunca mais! - Ele riu.
- Como você está? - Ele falou abaixando o pé e voltando seu rosto a ser focado pela tela.
- Eu estou muito bem! - Falei abrindo um sorriso, agitada com vontade de contar a novidade. - Você?
- To bem, meio cansado...
- Eu consegui um estágio! - Gritei o interrompendo, que parou de falar imediatamente.
- Sério?! , isso é demais! - Abri um sorriso, sentindo um riso involuntário escapar.
- Eu estava louca para te contar, fiquei o dia inteiro tentando te ligar, mas você nunca estava online.
- Isso é incrível, ! Meus parabéns.
- Obrigada! - Falei rindo.
- Onde? Quando você começa?
- Em uma assessoria, começo no meio do mês que vem, tenho que resolver algumas coisas de contrato e tudo mais. - Passei a mão em meu cabelo, e o soltei, bagunçando um pouco.
- Isso é demais, , mesmo, mesmo! Assim que eu chegar em Los Angeles vamos comemorar, você lutou tanto, fez tantas entrevistas, finalmente conseguiu. Você merece. - Abri um sorriso.
- Falando em comemorar, quando você volta? - Falei fazendo um pequeno bico que o fez esconder os olhos com as mãos.
- Não faça isso. - Ri e ele descobriu os olhos, passando as mãos em sua barba, fazendo uma careta. - Eu tenho gravações no começo de outubro de novo, mas vou voltar para L.A. por alguns dias. Acho que no fim da semana eu faço uma surpresa para você.
- Você sabe que não é mais surpresa assim, né?! - Comentei e ri, puxei o elástico de meu braço e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado.
- Você pode me encontrar em vários lugares, podem ser vários dias. Vai saber. - Ele falou com o tom de voz engraçado e eu mostrei a língua para ele.
- Vou dormir, tenho aula cedo. Você se cuida, ok?! - Ele afirmou com a cabeça e eu ri.
- Deixa o computador ligado. Estou com saudades de você! - Coloquei o computador na mesa ao meu lado e abaixei a tela a ponto que conseguisse me ver e puxei a coberta.
- Também estou, volta logo.

- Não, mãe. Está tudo certo, sim, uhum. Mãe, ele é ótimo, eu prometo. Você tem medo porque ele namorava aquela louca. - Eu falava com minha mãe no telefone, estávamos falando sobre o mesmo assunto há mais de 10 minutos e eu já estava com o pescoço doendo. - Você vai gostar dele, eu prometo. Não, a gente não conversou sobre isso ainda, e nem pretendo, honestamente, não teve motivo ainda. E tenho certeza que isso só ia irritá-lo.
- Se proteja, ok?!
- Posso afirmar que não aconteceu nada, mãe.
- Ainda!
- Ainda, mãe, eu te conto tudo, você sabe. Pode parar, hein?! - Falei revirando os olhos e ela riu do outro lado.
- Vou desligar, está acabando o tempo. Eu te amo, ok?!
- Eu também amo vocês, mãe! - Falei, soltando um suspiro, sentindo meus olhos encher de lágrimas, era meu corpo dizendo que eu estava com saudades.
- Se cuida, querida. - Encarei meu celular na mão por um momento e o coloquei de lado, olhando para a tela do computador e encarando uma foto do Liam e de sua ex, Miley, em um evento, e uma grossa linha vermelha separada dos dois e a frase “A fila andou” no título da reportagem. Nela era possível ver algumas fotos minha e de Liam andando por Los Angeles, falando da nova namorada brasileira de Liam Hemsworth e contando alguns fatos sobre mim, fatos que eu não tinha ideia onde eles tinham encontrado. Era um site brasileiro, então, eles poderiam ter falado com alguém, ou fuçado nas minhas redes sociais, eu tinha algumas fotos com o Liam em meu Instagram, e alguns fãs dele já me seguiam. E alguns haters também. Haters que preferiam ele com a ex. Idiotas.
A parte mais chata em namorar o Liam era o passado dele. Namorou uma pessoa incrivelmente famosa que surtou e eles terminaram. Sou fã da Miley, isso eu não posso negar, vejo seus filmes e ouço suas músicas, não acho legal o que ela faz na atual situação da fama dela, se for ou não para chamar atenção, isso não me interessa, o que me agrada é que devido a tudo isso, eu estou com o Liam hoje. Liam nunca me fez duvidar de nada, a fila, literalmente, tinha andado para ele, mas as pessoas ainda faziam comparações por causa de algumas declarações ridículas que ela dava, e depois de um tempo, aparece namorando outra pessoa como se nada tivesse acontecido. Liam era esquentado, e ele odiava que as pessoas o lembrassem sobre um passado dele, um passado que ele já tinha deixado para trás, e eu era bem esquentada também, tinha até medo quando uma briga estourasse sobre isso.
Mas também não tinha como eu não sentir essa pressão em cima de mim, sei lá. Eu me achava muito mais bonita que a Miley, mas ela era “A Miley” e eu quem era? Eu guardava muito dessa dor para mim e deixava para estourar quando Liam estava longe, mas eu preferia que ela nunca tivesse aparecido na vida dele. Não sei, isso é meio ciumento da minha parte e até egocêntrico, mas ele, definitivamente, era uma pessoa melhor sem ela, e gosto de achar que parte disso seja porque ele está comigo hoje.

- Isso é para você! - Ele falou estendendo o grande bicho de pelúcia que acabara de ganhar no tiro ao alvo em uma das barracas do Píer de Santa Mônica.
- Oh, meu herói! - Falei em tom de brincadeira e abracei o bicho de pelúcia e continuamos andando pelo píer, nos aproximando do mar. - Isso é gigante, sabia?! - Ele soltou uma risada e pegou o bicho em meu braço.
- Algodão doce? - Ele perguntou apontando para o homem em pernas de pau que andava com uma bandeja cheia de algodão doce. Afirmei com a cabeça e ele comprou um e entregou para mim. Tirei um pedaço e o coloquei na boca, sentindo-o dissolver. - Eu também quero, ok?! - Ele reclamou e eu tirei um pedaço e coloquei em sua boca, sentindo meus dedos encostarem sua boca.
Encostei meu corpo no dele, e ficamos em silêncio um pouco. O dia em Los Angeles estava lindo, estava sol, tinha um vento gostoso batendo no rosto e era sábado, ou seja, podia passar o dia inteiro com ele.
- Eu te amo, sabia?! - Ouvi minha voz saindo e arregalei os olhos em alguns segundos, fechando-os rapidamente, esperando que ele não tivesse ouvido.
- Eu também te amo! - Ouvi sua voz próximo a meu ouvido e sentei novamente no banco, virando meu rosto para ele.
- Mesmo? - Ele abriu um largo sorriso e encostou os lábios nos meus por alguns segundos, e abriu um sorriso.
- Mesmo!
- Não foi por engano? - Ele riu e segurou minhas mãos.
- Não mesmo! - E no minuto seguinte meus braços já estavam em envoltos em seu pescoço e meus lábios colados nos seus.

- Falta mais alguma coisa? - Falei, bocejando, enquanto ele arrumava a mala ao meu lado em sua cama.
- Os ternos, mas isso minha agente que se responsabiliza.
- Então acabou. - Falei alegre, me sentando na cama, sentindo minha cabeça zonzear um pouco.
- Não, falta uma coisa. - Ele se aproximou de seu armário e tirou um envelope preto e laranja do mesmo e se aproximou de mim, ficando na minha frente. - Isso é para você! - Ele me entregou o envelope eu o olhei com a sobrancelha arqueada. - Abre!
Quando eu peguei o envelope em minhas mãos, notei que o que fechava ele, era o adesivo de um tordo em dourado. Abri o envelope e encontrei um ingresso com as palavras “Première The Hunger Games – Mockinjay, pt 1 in Los Angeles/ November 17th” e parei de respirar automaticamente, me levantando em um susto.
- O que é isso, Liam?
- Você quer ser minha acompanhante na première de A Esperança? - Ergui meus olhos para o dele, e senti minha respiração pesar e joguei meus braços a ele, senti suas mãos em minhas costas, e meus pés saírem do chão.
- Você tem certeza, Liam? - Ele confirmou com a cabeça. - Sim, sim, sim! – Falei, ouvindo-o rir e afundei meu rosto em seu pescoço. - Oh, meu Deus, eu nunca fui num negócio desses, Liam, não sei como me comportar, me vestir, isso é demais, Liam!
- Demais? - Ele soltou uma risada e eu voltei meus pés no chão.
- Você tem certeza que quer que eu vá? Não vou ficar brava se não quiser. - Falei encarando seus olhos azuis que continham um brilho especial no olhar.
- ! - Ele colocou suas mãos em meus ombros e aproximou seu rosto do meu a ponto que eu pudesse sentir sua respiração. - Eu quero que você vá! – Vi seu rosto quieto, sereno. - Eu estou pronto para isso, eu quero que você vá comigo, entendeu? Eu e você, somos uma coisa só agora, onde eu for, você vai junto. Pode ser difícil? Pode e provavelmente será. - Nesse momento notei que o problema não era mais eu ir ou não, eram as críticas que poderiam vir. - Mas eu estarei contigo. Estaremos juntos nessa, eu e você! - Senti um pequeno sorriso crescer em meus lábios, e eles logo estavam ocupados com os seus.
- Eu vou me comportar. - Falei entre os beijos e ele riu, apertando seus braços em volta do meu corpo e me rodando pelo seu quarto.
- Eu sei! - Ele riu e me colocou no chão.
- Você vai ter que me guiar. Roupa, maquiagem, sapato, qualquer coisa.
- E você acha que eu sei? - Mantive o olhar nele que bufou. - Sei que você, convidada, não precisar usar longo, atualmente nem as atrizes usam direito. O resto é com você. - Entortei a boca em uma careta e ele deu um rápido beijo em cima da mesma. - Você vai se sair bem, ok?! Você vai se sair bem, nervosinha. - Assenti com a cabeça, mas minha cabeça já estava longe há um tempo.

- Oh, meu Deus! - Escapou antes que eu sentisse várias lágrimas escapando pelo meu rosto, e uma gargalhada silenciosa ficasse presa em minha garganta. - Ele até que é bom nisso! - Passei a mão em minha bochecha, sentindo as lágrimas rolarem e uma gargalhada ecoar em minha sala de TV.
Eu não sabia o que estava mais interessante naquele The Tonight Show with Jimmy Fallon, se era o Liam usando um salto alto que parecia de travesti, se era o jeito que ele andava, que por sinal, era muito bom, ou se era ele mesmo. Seu cabelo maior estava jogado para um lado, fazendo uma onda muito sexy em seus cabelos castanhos, sua barba ainda estava cheia, mas agora estava cuidada, sua camisa aberta levemente, um pouco enrugada próxima à calça, ou talvez fosse exatamente sua calça, entre a cintura e a coxa, onde eu, mesmo nunca ter visto, podia analisar aquilo como uma grande mala. Merda! Foi o pensamento que veio em minha cabeça e eu logo comecei a dar risada comigo mesma. Eu nunca tinha analisado o Liam dessa maneira, não seu melhor amigo, mas com certeza aquilo seria só o começo.
Nunca havia rolado nada mais entre nós. Com as gravações de seu novo filme e agora as divulgações de A Esperança, a gente mais se comunicava por mensagens ou Skype, e aquilo me incomodava, um pouco. Nunca havia namorado, então não é como se eu fosse sentir muita falta, mas só dele estar comigo em casa, mesmo quando eu estivesse estudando, era algo bom. Eu sempre soube que assim que eu começasse a namorar, o transar, seria algo que eu poderia começar a cogitar. Liam nunca havia pressionado, nem nada, acho que nunca teve a chance, na verdade. Quando estávamos juntos ou era em público, saindo e tudo mais, ou era na minha casa, onde eu estudava e precisava sempre dormir cedo para estar disposta no dia seguinte, vendo assim, nosso namoro era um porre. Soltei uma risada com isso e o programa foi para a propaganda.
Me levantei rapidamente e fui até o micro-ondas, tirando o pacote de pipoca do mesmo e joguei o conteúdo em uma vasilha, temperando e logo correndo de volta para o sofá, a tempo de ver o rosto de Jimmy Fallon na TV novamente.
Agora, devidamente calçados com seus sapatos normais, seria a corrida de carrinhos. Não sei como começou, mas em todo programa do Jimmy Fallon que Liam ou seu irmão Chris iam, eles faziam algum tipo de corrida e o nome ia para a “Hemsworth Cup”, era engraçado, dava para notar que os Hemsworth eram exageradamente competitivos. E eles fariam tudo para ganhar e ficariam realmente bravos se não ganhassem. O que foi que aconteceu naquele momento, Liam perdeu a corrida para Jimmy, e eu gargalhava a plenos pulmões, sentada no sofá. Seu rosto era a descrição perfeita de chateação e raiva, e eu só conseguia rir.
Tateei o celular no sofá e abri o WhatsApp rapidamente, vendo a foto de Liam comigo, onde ele fazia uma careta e eu dava meu melhor sorriso.
A última mensagem era “Me assista”, seguindo de uma carinha risonha, vai ver ele já sabia o que lhe preparava. Apertei o botão do áudio e respirei fundo.
- Então, quer dizer que você perdeu? É a “Hemsworth Cup”, como você deixa o Jimmy vencer? - Falei seguida de uma risada, mantendo pressionado o botão. - E você tem algo para me contar? Você anda muito bem de salto, senhor Hemsworth! - Falei em um tom brincalhão e soltei o botão, vendo minha internet colaborar e a mensagem ser enviada à Liam. Soltei uma risada maldosa, voltando para a frente da TV, onde Jimmy estava apresentando a banda.
Passei a mão em meu rosto e ouvi meu celular vibrar, o peguei, encontrando uma mensagem de voz do Liam.
- Engraçadinha. - Era o que dizia em um tom seco que me fez rir, e um longo silêncio depois podia ser ouvido a voz de Jimmy Fallon. - Oi, namorada do Liam! - Soltei uma risada.

Encarei meu corpo no espelho no hall do prédio e passei a mão na barra do meu vestido, mantendo-o no devido lugar. Mexi um pouco meus tornozelos, só conferindo se o salto preto não estava incomodando tanto, o que eu estava redondamente enganada, eles já estavam doendo.
Senti o celular vibrar em minha mão e olhei o mesmo, uma mensagem de Liam com as palavras “Estamos aqui” brilhava no visor. Soltei um suspiro alto, arrumando os cachos do meu cabelo de maneira que nada estivesse em meu rosto. Caminhei até a entrada do condomínio e abri o portão, tomando cuidado para nada encostar em meu vestido branco. Passei a mão novamente na saia e ergui o rosto, encontrando o homem mais bonito que eu conhecia em minha frente, com um sorriso encantador.
Ele usava um terno cinza, quase azul, com risca de giz. Por baixo uma blusa bem passada com uma gravata com um nó perfeito e em seus pés sapatos pretos muito bem engraxados. Seus cabelos muito bem arrumados e sua barba também. Eu prendi a respiração por alguns segundos. Desde o dia que eu havia conhecido ele, eu achava que conhecia o Liam famoso, dos filmes e tudo mais, mas a realidade, é que eu estava conhecendo-o naquele momento.
Senti vontade de fugir, mas antes que eu pudesse ordenar que meus pés andassem, Liam abriu um sorriso iluminador e estendeu a mão para mim, ele estava me encarando enquanto eu o secava. Fechei os olhos por algum tempo e dei alguns passos adiante, forçando meus pés para frente, e estiquei minha mão para ele, nesse instante ele me puxou para si e passou os braços pelas minhas costas, em um caloroso cumprimento, fazia duas semanas que não nos víamos.
- Você está incrível! – Sua voz soou próxima a meu ouvido e eu suspirei, erguendo uma mão para acariciar seu rosto, fazendo o máximo para não bagunçar seus pelos faciais.
- Eu estou morrendo de medo! – Assumi e ele encostou seus lábios em minha bochecha por alguns segundos, me fazendo sorrir.
- Estarei lá o tempo inteiro. – Confirmei e ele abriu espaço para que eu entrasse na limusine preta que estava atrás dele, a que eu realmente não tinha visto em nenhum momento.
A viagem inteira Liam manteve sua mão na minha e os olhos em sua agente à sua frente. Angélica era uma mulher com estatura média, longos cabelos loiros desbotados e dois grandes óculos de grau em seus olhos, acompanhados de um par de olhos verdes maravilhosos. Seu rosto estava levemente maquiado e seu terninho preto muito bem arrumado. Foquei o tempo inteiro nas instruções dela, não queria fazer nenhuma besteira, muito menos envergonhar Liam em um dia tão importante para ele.
- Assim que chegarmos, Liam vai tirar fotos, é sempre um lugar no meio do tapete vermelho, ele vai tirar todas as fotos precisas, quando ele te chamar, você se aproxima dele e...
- E você olha nos meus olhos o tempo inteiro, até se sentir confortável o suficiente para olhar para os fotógrafos, não se sinta pressionada, você não deve nada a eles. – Liam apertou minha mão e eu suspirei, tentando dar um sorriso bonito para ele, provavelmente fracassado.
Assim que Liam colocou os pés para fora do carro, os gritos começaram, e eu travei dentro do carro, contei pelo menos até quarenta, antes de simplesmente sair do carro, encarando a situação.
Aquele lugar estava uma loucura. De um lado podia ser visto os banners que eles dispõe para tirar foto e mais atrás um local para a produção se movimentar, sem que atrapalhasse o andamento do tapete vermelho, posso ir por ali? Era a pergunta que não calava em minha cabeça. E do lado contrário, podia ser visto um emaranhado de pessoas, no começo era possível ver os fotógrafos, uma grande massa de pessoas com câmeras com lentes gigantes. Um pouco mais a frente, repórteres, cada um com seu respectivo cinegrafista e mais a frente, no fim do corredor da morte, estava uma massa de fãs, se debruçando sobre a grade, tentando conseguir um autógrafo dos seus artistas favoritos, abri um sorriso, sempre imaginando que eu queria estar lá, mas agora estou ao lado de um desses artistas.
Liam estendeu a mão para mim e eu a segurei firmemente, ele a apertou e encarou meus olhos, como se fosse uma pergunta silenciosa, confirmei com a cabeça. Angélica apareceu ao meu lado e fez o mesmo movimento que ele, perguntando se eu estava bem. Afirmei novamente e soltei a mão de Liam, indicando com a cabeça que estava tudo certo.
Ele andou como se estivesse acostumado com o espaço disponível, e eu fui quieta atrás dele. Há uns cinco metros da massa de fotógrafos, eu parei com Angélica ao meu lado e Liam se colocou no meio deles, pude ouvir os profissionais gritando para ele virar para a direção deles, afim da foto perfeita. Eu não sabia onde colocar minhas mãos. Angélica havia confiscado meu celular e guardado em sua bolsa, para que eu não me atrapalhasse mais, então coloquei uma mão em cima da outra e a apoiei sobre meu vestido e focando em meus pés, para que eles parassem de tremer. Bufei, irritada comigo mesma e fechei os olhos por alguns segundos, forçando minha mente a parar de ser irritante por alguns segundos e de repente tudo ficou quieto, eu não ouvia nada ao meu lado, e pude abrir um sorriso. Abri os olhos e é como se tudo voltasse ao seu lugar, mas eu já não tremia tanto.
Liam ficou entediado rápido e logo vi sua mão estender em minha direção, Angélica deu um pequeno empurrão com a mão em minhas costas e eu senti meus pés automaticamente seguirem na direção de Liam. Assim que eu me aproximei dele, ele passou a mão esquerda pela minha cintura e a manteve firme lá, sinalizando que não iria me soltar. Passei minha mão direita pelas suas costas, mantendo-a próxima de seu pescoço e olhei em seus olhos, eles estavam bem próximos. Eu de salto havia conseguido ficar bem próxima dos seus 1,91 centímetros. Seus olhos azuis me encararam de maneira terna, sua mão quente se mantinha firmemente apoiada em minha cintura e vários flashes pipocavam em minha esquerda, junto de alguns gritos dos mesmos, pedindo para que olhássemos para eles.
Senti sua testa encostar-se à minha e seus olhos se manterem em mim, os flashes pipocavam cada vez mais, e eu abri um sorriso largo, quase numa risada, tentando me conter, e ele me acompanhou. Seus lábios tocaram os meus por alguns segundos, e eu fechei meus olhos, sentindo o gosto de seus lábios que eu já estava acostumada e o cheiro de seu delicioso perfume, o qual eu só havia notado agora. Abri meus olhos, dando de cara com seus olhos azuis novamente e fiz um movimento de confirmação com a cabeça.
- Estou pronta. – Falei e ele abriu um sorriso para mim.
- No três? – Suspirei.
- Não. – Falei devagar. – Agora! – Eu disse e virei meu rosto.
Todos esses anos eu achei realmente egocêntrico usar um óculos de sol em alguma première, era realmente chato e tudo mais, você não conseguia ver o rosto da pessoa e isso era irritante, mas agora entendo o porquê, isso estava bem similar ao sol.
Tenho certeza que nas primeiras fotos eu deveria estar com cara de assustada, mas meu rosto logo tornou uma feição mais sincera, mais delicada. Abri um sorriso delicado de início, sentindo minhas bochechas doer rapidamente, virei o rosto para Liam rapidamente e aquilo parecia tão fácil para ele. Suspirei e mostrei meus dentes um pouco, afrouxando minha mão no ombro de Liam e a descendo por suas costas, ele olhou para mim por um momento e eu soltei uma risada nasalada, ele riu também.
- Você está linda! – Ele falou e tocou seus lábios em minha testa por um segundo.
- Você também!
Olhei para os fotógrafos rapidamente e me senti como Katniss na primeira vez que é apresentada como tributo, com as chamas na roupa, as pessoas estavam indo à loucura e parece que os fotógrafos estão assim para nós dois também.
Angélica passou em nossa frente, fazendo um movimento de cabeça para Liam e ele olhou para mim, acenando para seguirmos, confirmei com a cabeça, e abaixei minha mão, sentindo-o segurar logo em seguida e entrelaçar nossos dedos.
- Obrigado! – Ele falou acenando com a mão livre para os fotógrafos e seguimos para a sessão de entrevistas.

- Você foi incrível! – Liam falou tirando seu paletó, assim que colocamos o pé dentro de sua casa.
- Eu?! Liam, o filme é maravilhoso. A cena que você... Ou o Gale, conta como foi que resgatou as pessoas no Distrito 12, aquele monólogo, você literalmente me tocou. – Falei largando os saltos na sala de estar, ficando uns bons 10 centímetros mais baixa que ele novamente. – E aquela outra em qual ela te beija e você está machucado. Eu queria muito te abraçar naquela hora. – Falei exacerbada e ele riu. – Mas achei que seria estranho. – Suspirei. – E também aquela do resgate. Por favor, me lembre de nunca te dar a oportunidade de segurar uma arma, ok?! – Ele soltou uma risada e puxou a gravata, tirando-a do pescoço e jogando para cima da mesa.
- Eu já manuseei uma besta, sabia? A gente brincava lá em casa, de um atirar no outro.
- Ok, me lembre de ficar longe de você quando estiver segurando uma dessas, tá?! – Abri um sorriso e ele desabotoou as mangas da blusa e soltou os botões da mesma. Joguei meu corpo em uma das poltronas e puxei os pés para cima, encostando minha cabeça em uma almofada.
- Você gostou? – Ele perguntou, já sem camisa, sentando no braço da poltrona, passando a mão em minhas costas.
- É incrível, Liam! – Encostei minha mão em sua perna e abri um sorriso. – Mas realmente cansativo. Eu estou quebrada, mal sinto meus pés. – Falei passando a mão livre nos dedos dos meus pés.
- O elenco te adorou, sabia? Jennifer e Josh te aprovaram.
- Sério?! – Abri um sorriso largo, esses dois haviam se tornado os melhores amigos de Liam desde o término com sua ex e desde o começo das gravações da saga, e eu sabia que aquilo significava muito para ele, principalmente se eu quisesse ter uma relação de bem com eles, e já que Jennifer odiava a ex dele, ela e mais um monte de gente, eu estava com a pontuação boa até agora.
- Sério! – Ele se abaixou e encostou os lábios em meus cabelos.
- Estou com fome! – Falei o fazendo rir.
- Vou pedir uma pizza! – Ele se levantou e eu acompanhei com os olhos suas costas nuas e musculosas, pressionei um lábio no outro, soltando um suspiro involuntário e passei minha mão em meu rosto, sentindo parte da base sair na mesma.
- Vou dar um pulo no banheiro. – Anunciei, saltitando até o banheiro.

- Eles te adoraram! - Angélica entrou na cozinha de Liam enquanto eu perdia meus modos e segurava a pizza com uma mão e sugava um pedaço de queijo para dentro da boca.
- Oi?! - Liam ergueu a cabeça.
- Sua namorada! - Ela virou para mim e estendeu seu tablet, onde podia ser visto algumas abas abertas, todas com fotos minhas.
- Mas, hein?! - Larguei a pizza no prato, limpei minha boca e mãos com urgência e peguei o aparelho em suas mãos, tocando para que uma das telas abrisse.
O layout rosa chamativo do maior blogueiro (ou fofoqueiro) dos Estados Unidos era fácil de reconhecer. O layout era simples e até um pouco amador, mas as fotos editadas com o paint eram seu ponto marcante.
Não tinha visto as fotos de ontem ainda, eu e Liam simplesmente capotamos, eu acordei exatamente na poltrona que eu estava antes, com um torcicolo e com uma dor nas costas fenomenal e ele estava jogado no sofá em minha frente, com a calça e as meias que faziam parte do seu look do dia anterior.
Deu um zoom em nossa foto e eu estava bem carismática, tanto na foto em que Liam encostava seus lábios em minha testa, onde eu mantinha os olhos fechados, mas um incrível sorriso nos lábios, e na que ambos estávamos olhando para os fotógrafos. Liam mantinha sua mão firme em minha cintura e o seu tão conhecido sorriso, os lábios rosados fechados, levemente arqueado para cima, em um sorriso discreto, o modo em que seu olhar relaxado mostrasse a alegria em sua feição. Meu olhar estava relaxado, não sei descrever, mas meu sorriso estava de felicidade, era o meu sorriso natural, na verdade, meus lábios pequenos estavam bem preenchidos com um batom rosa e os arqueando em um sorriso, mostrando meus dentes brancos. Meu corpo estava realmente reto, como nunca esteve em toda minha vida. Mas ele estava levemente para frente, de forma que nossos corpos cada um mantivesse uma curva para o lado oposto, se um soltasse a mão naquele momento, o outro cairia, isso era fato.
Abaixei o rosto para a reportagem e li rapidamente, não escondendo o sorriso ao ver que eles realmente haviam gostado de mim, falaram sobre a 'nova desconhecida que veio para ficar', essa era eu. Na reportagem eles falavam sobre minha feição, meu comportamento, meu sorriso e elogiaram completamente minha roupa. Fiquei feliz, pois eu havia escolhido ela sozinha, um pouco perdida no que usar, mas pelo jeito o preto e branco não falha, e não deixou com que eu e Liam parecêssemos um par de vasos.
- Eles gostam de mim. - Falei abrindo um sorriso e entreguei o aparelho para Liam e passou rapidamente os olhos na reportagem, dando um de seus melhores sorrisos.
- Ponto para você, brazilian girl.

- Ok, mãe! Não se preocupe, pode ir viajar numa boa, eu ficarei bem.
- Tem certeza, filha? É um feriado grande, você poderia vir para casa.
- Mãe, vai se divertir. Você merece! Eu vou ficar bem. – Falei e ela soltou uma risada do outro lado da linha, eu andava pela casa, enquanto Liam me acompanhava com o olhar, enquanto digitava em seu celular.
- Eu amo você, querida!
- Também amo você, mãe! Manda um beijo para todo mundo aí. – Desliguei o telefone e fui até o sofá, voltando a me acomodar entre as pernas de Liam e encostar minhas costas em seu corpo.
- E aí? – Ele falou passando os dois braços em volta do meu corpo.
- Parece que ficarei aqui no feriado.
- Você não vai trabalhar? – Neguei com a cabeça, vendo-o abrir um largo sorriso e encher meu pescoço de beijos, me fazendo arrepiar. – Porque eu tenho uma ideia.
- Que ideia? – Falei me desencostando dele e encarando seu rosto.
- Serão quase uma semana, certo? – Afirmei com a cabeça. – Acho que está na hora de você conhecer minha família. – Meus olhos involuntariamente brilharam.
- Eles vão estar aqui no feriado?
- Não! – Ele falou rapidamente e notou a confusão em meu rosto. – Será que você permite que eu realize um de seus sonhos e te leve para Austrália para conhecer minha família e o país que eu nasci e cresci? – Por um momento minha boca abriu em um “o” enorme e eu realmente não sabia até onde ela abriria. Eu estava travada.
De repente um pequeno filme de todos os lugares que eu sempre sonhava em visitar passou em minha cabeça e Liam não estava mais na minha frente, e sim as lindas praias australianas, com coalas se enrolando em árvores e cangurus andando pelo outback e as mais lindas ondas quebrando em uma linda areia branca.
Balancei a cabeça tirando os pensamentos da minha cabeça e Liam estava lá me olhando com um sorriso abobado no rosto, eu fechei os olhos firmemente, e os abri, finalmente voltando à realidade.
- Isso é um sim?! – Ele falou e eu automaticamente confirmei com a cabeça, dando um impulso com meus pés e me jogando em cima dele, com meus braços em seu pescoço, só fazendo-o gargalhar.

- Tudo pronto? – Ele perguntou batendo a porta de meu pequeno apartamento, enquanto eu conferia as coisas dentro da mochila, principalmente biquínis.
- Acho que sim! Sinto que estou esquecendo alguma coisa. – Andei até minha bolsa de mão e fucei nela, olhando tudo que podia faltar.
- Pegou o passaporte? – Um estalo deu-se em minha mente e corri para o quarto, pegar uma pasta com o passaporte e alguns documentos que poderiam ser precisos na entrada e saída do país.
- Acho que agora está tudo certo. – Puxei o zíper, ouvindo-o travar e me virei para ele, que já tinha minha mochila fechada em uma de suas mãos, com uma facilidade incrível.
O caminho até o aeroporto foi calmo, uma música da The Veronicas tocava em seu carro e eu cantava todas, junto com as gêmeas australianas, estava tentando entrar no clima, mas eu só conseguia ficar super nervosa, nunca havia feito uma viagem longa igual a essa, ou atravessado o oceano, e eu estava indo para a Austrália... Você entende?
Passamos sem dificuldade ao fazer o check-in, com Liam ao meu lado parecia que era tudo mais fácil, seu passaporte tinha vários carimbos, e eu ficava babando por todos eles, principalmente a diversidade de carimbos australianos, entrada em Sydney, Melbourne e Brisbane.
- Você está pronta? – Ele falou me olhando de sua poltrona. Era a primeira classe, então tinha uma separação um tanto quanto chata nos distanciando, além do corredor. E eu não estava conseguindo abaixar aquela joça de jeito nenhum.
- Eu pretendo dormir a viagem inteira, ok? Eu não sirvo para uma viagem desse tamanho! – Falei procurando uns comprimidos dentro da bolsa, junto com uma garrafa d’água que eu havia trazido junto. Eu realmente não conhecia o significado ‘primeira classe’.
- É melhor, serão pouco mais de 15 horas de voo! – Soltei uma risada e joguei dois comprimidos dentro da boca, e bebendo um pouco da água, sem exagerar.
Arrumei a bolsa no compartimento correto e estiquei a cadeira, de forma que virasse uma quase cama, vendo Liam dar uma risada ao meu lado.
- Obrigada! – Falei virando meu rosto de volta para o dele, e ele estava esticando a cadeira da mesma maneira que eu, antes de virar seu rosto para o meu.
- Por quê? – Ele franziu a testa.
- Por realizar meus sonhos, de várias maneiras possíveis. – Ele abriu um sorriso gentil e eu senti meus olhos marejarem, me fazendo virar o mesmo, abri um sorriso sozinha, e fechei meus olhos, ouvindo as primeiras palavras do capitão.


Capítulo 2

- Amor! - Ouvi uma voz baixa e me mexi desconfortável na poltrona. - ! - A voz ficou mais alta e eu ergui a mão até encostar em meu rosto, coçando-os olhos fortemente. - ! - A voz ficou mais clara e eu abri meus olhos seguido de um pulo que me corpo deu, encarando Liam sentado na beirada da poltrona, próximo a mim, meu corpo estava com a mesma roupa da noite anterior, uma camiseta branca e minha calça jeans, e meias nos pés, fora do tênis que estava no chão, e em cima de mim uma coberta vermelha havia me mantido quente à noite inteira, provavelmente Liam tinha colocado ali. Ele abriu um sorriso ao me ver e por um momento fiquei envergonhada por ele me ver naquele estado, cabelos bagunçados, mal hálito matinal e os olhos quase colados, enquanto ele irradiava aquela luz interior incrível. - Acho que você vai querer olhar pela janela. - Ele falou em um tom baixo. - Bem vinda à Austrália! - Aquelas palavras demoram um pouco para ser processadas e eu arregalei meus olhos quando elas finalmente fizeram efeito.
Joguei as pernas para o chão, junto com a coberta, e aproximei meu rosto da janela do avião, encontrando a vista dos meus sonhos. A vista que eu esperava anos para ter perto de mim. O avião estava passando exatamente no conjunto da Baía de Sydney e do Port Jackson, lá de cima eu podia ver a Ponta da Baía e também a magnífica estrutura da Ópera de Sydney, bem próxima a mim. Passei a mão em meu rosto quando senti algumas lágrimas escorrerem pela mesma e a mão quente de Liam apertou meu ombro e me virei, passando meus braços pela sua barriga, me aninhando em seu peito.
- Obrigada, obrigada, obrigada! - Eu falava com o tom de voz baixo e embargado, enquanto minhas lágrimas de felicidade molhavam sua camiseta. Ele abaixou a cabeça até sentir seus lábios tocarem a mesma, e fechou seus braços em volta de meu corpo.
Virei o rosto novamente para a janela e fui vendo o avião se afastar de um dos cartões postais mais bonitos do mundo e ficando cada vez mais baixo. Liam se afastou de mim e sentou em sua poltrona, para o pouso seguro, obedecendo a aeromoça que basicamente o enxotou do meu lado.
Abaixei a poltrona e enfiei meus pés no sapato e ajeitei minha roupa, tentando fazer com que ela aparentasse o menos amassada possível. Joguei um chiclete de menta na boca, e o masquei o suficiente para que pudesse mascarar o hálito matinal. Por precaução, joguei mais um chiclete para dentro da boca. Me levantei e passei rapidamente no banheiro, lavei o rosto e fiz minhas necessidades, logo voltando para minha poltrona. Enrolei a manta vermelha e coloquei onde antes eu estava deitada e pressionei o braço da poltrona antes de sentir as rodas do avião tocarem na pista do Aeroporto Internacional Kingsford Smith, Sydney, Austrália.
Soltei um suspiro e peguei minha bolsa, tirando rapidamente meu celular do mesmo, e ligando o aparelho, mandando uma mensagem de mal jeito para minha mãe pelo WhatsApp, rezando para que minha internet funcionasse na Austrália também... Eu espero, ou teria que esperar uma rede Wi-Fi.
Liam estendeu a mão para mim quando a massa de pessoas saiu da aeronave e eu levantei, sentindo minhas pernas bambearem um pouco de nervosismo. Saí da aeronave em um tubo, mandando meu melhor sorriso para a aeromoça que tinha o penteado levemente bagunçado, e em poucos passos eu estava sentindo a luz branca forte do aeroporto em meu rosto. E nesse momento eu travei.
Minha companhia travou após o segundo passo e virou o rosto para minha direção. Eu pude notar que minha visão estava embaçada e que uma lágrima rolou pela minha bochecha, uma lágrima de felicidade e também de desespero. A situação era parecida com o filme “Enrolados”, eu ia realizar meu sonho... Parte de mim já tinha realizado, eu já estava em solo australiano, não estava? Depois de tanto tempo sonhando, eu teria que achar outro sonho para seguir. Mas qual?
Liam abriu um sorriso e ergueu sua mão, tocando o polegar em minha bochecha, afastando a lágrima solitária que havia caído. Ele entendia. Incrivelmente, ele entendia.
- Para que eu possa realizar completamente seu sonho, você precisa dar mais alguns passos. - Ele falou encostando seu nariz no meu.
- Eu vou! - Soltei uma risada nasalada.
- Então vamos! - Ele segurou novamente minha mão e dessa vez não permitiu que eu fincasse os pés no chão, andamos rindo pela sala de desembarque do aeroporto, ele queria me mostrar as coisas e eu queria conhecer todas elas.
Paramos em um canto para pegar as bagagens e cochichávamos enquanto ele mantinha o queixo em meu ombro e fazia alguns comentários sobre como eu ia amar o seu país. O país dele. Queria bater nele a cada palavra que ele dizia, todas as pessoas olhavam para gente, não exatamente por causa de sua beleza, creio que pelo barulho mesmo, e eu só conseguia dar risada.
Alguns passos para frente tinha o guichê para entrada no país.
- É igual à entrada nos Estados Unidos... Menos chato, na verdade! - Liam falava ao pé do ouvido, com os ombros arqueados. – Você mostra seus documentos, diz o que veio fazer aqui, se você não for nenhum serial killer ou esteja sendo procurada pela polícia, eles carimbam seu passaporte e você entra na Austrália oficialmente. Ok?! – Afirmei com a cabeça, virando meu rosto e dando um beijo em sua bochecha.
- Ok! – Falei meio tensa e ficamos um pouco em silêncio enquanto que a fila única bifurcava na nossa frente até se transformar em dez longas filas.
- Próximo! – Um senhor de meia idade, com os cabelos brancos e falhos me chamou em um forte sotaque australiano, Liam, me ajuda!
- Estarei logo atrás de você! – Ele falou e me empurrou até o guichê, onde eu apoiei minha pasta com documentos e encarei o senhor.
- Boa tarde. – Falei, totalmente perdida ao horário que era.
- Documentos, por favor. – Abri minha pasta rapidamente e entreguei meu passaporte e também meu RG brasileiro, e uma declaração do que eu fazia nos Estados Unidos. - Trabalho ou lazer?
- Lazer! – Respondi prontamente e ele analisou os documentos rapidamente e mexeu em meu passaporte, abrindo as páginas, encontrando inúmeros carimbos de entrada e saída dos Estados Unidos, até uma página vazia.
- Já tem passagem de volta? - Confirmei com a cabeça, mostrando o comprovante da passagem de volta. - Muito bem, senhorita . – E carimbou a página. – Seja bem vinda à Austrália. – Eu olhei o senhor por um tempo e meu sorriso faz com que ele sorrisse também. Olhei para ele, e para a página carimbada em um período de dez segundos.
- Muito obrigada! – E fechei os documentos, atravessando a linha, enquanto Liam ocupava meu lugar anteriormente, sendo bem vindo a seu país, enquanto eu guardava as coisas e ajeitava a mochila em minhas costas.
Em meus pés, havia uma linha amarela, e do outro lado dela, uma porta de vidro temperado nos separava do que eu pudesse aguardar daquele país.
- Pronta?! – Liam apareceu atrás de mim novamente e eu abri um sorriso.
Ele colocou sua bolsa no ombro e andou até a porta de vidro, vendo-a se abrir devido ao sensor, do outro lado uma multidão australiana me esperava. Não exatamente me esperava, mas esperavam algumas das pessoas que vinham atrás de mim.

Andar pelo aeroporto de Sydney era como andar em qualquer aeroporto do mundo: movimentado. As pessoas corriam de lá para cá, algumas reclamavam, outras riam, mas todo mundo esperava alguma coisa.
Enquanto eu observava o movimento com minha mochila nas costas e uma bolsa na mão, Liam carregava sua mala verde no ombro e falava em seu sotaque australiano rapidamente com alguém no telefone. Quando ele devolveu o aparelho no bolso, segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos.
- Chris está esperando pela gente! - Demorei alguns segundos para fazer a ligação. Claro, ele era irmão de um outro famoso.
Atravessamos quase que o aeroporto inteiro, para chegarmos na saída. Liam parou há poucos metros da porta e tirou o celular do bolso, acionando a câmera.
- O que está fazendo?
- Um diário em vídeo sobre você na Austrália. - Ele comentou despreocupado e eu ri, o observando. - Vai! - Ele indicou as portas com a cabeça e eu revirei os olhos.
Coloquei meus pés em movimentos lentos até a porta de vidro. Eu olhava as pessoas andando pela calçada, algumas mais apressadas que outras, entravam e saíam pela mesma, fazendo com que o sensor ativasse e a porta se abrisse.
No momento que pisei no que ativava o sensor, um vento e um ar quente bateu em meu rosto. Eu fechei os olhos e corri, passando pela porta e a sensação... Ah, que incrível! Os carros passando, as pessoas correndo, tudo era bem parecido com os aeroportos que eu havia passado, mas eu estava na Austrália, então qualquer coisa lá, seria diferente para mim.
Liam apareceu logo atrás de mim, ele e uma penca de paparazzi ao lado dele. E eu faço o que agora? Ele passou a mão pela minha, entrelaçando nossos dedos e andamos rapidamente, de cabeça baixa, até um carro pouco distante da porta do aeroporto.
- Entra aqui. - Liam falou, abrindo uma porta que dava para o banco de trás de um carro. - Me dá sua mochila. - Desfiz da minha mochila rapidamente e entreguei para ele, entrando no carro e batendo a porta ao meu lado.
- De onde surgiu... – Falei baixo.
- Ei! - Olhei para frente, encontrando uma cabeleira loira no banco do motorista, pelo que eu podia ver, ele usava uma blusa sem mangas e uma mão estava apoiada no volante e outra no banco ao seu lado.
- Oi! - Falei, assustada por um momento, soltando uma risada logo em seguida.
- Você é a , estou certo? - Confirmei com a cabeça e ele estendeu uma mão para mim,
- Sim. - Segurei sua mão e ele a chacoalhou.
- Vamos! - Liam falou assim que entrou no carro e bateu a porta.
- Oi para você também, irmão! - Chris falou e Liam o abraçou. - Sua namorada é muito bonita. - Ele comentou e os dois viraram o rosto para mim.
- Obrigada?! - Falei em tom de pergunta e eles riram.
- Eu sei! – Liam piscou para mim e eu sorri. - A gente vai dar uma volta por Sydney para você conhecer alguns pontos turísticos e depois vamos para Phillip Island. - Liam falou para mim e eu assenti com a cabeça.
- Tem como passar em algum lugar para comer? Eu tô com fome. - Falei apoiando os dois braços nos bancos da frente.
- Também, dormiu a viagem inteira! - Liam falou ironicamente. - Perdeu todas as refeições.
- Pelo menos não fiquei te enchendo o saco! - Comentei de volta.
- A gente passa em um drive-thru. - Chris comentou. - McDonalds ou Burger King?
- O que estiver mais perto! - Comentei fazendo os dois rirem.

Eu não sabia se minha atenção ficava no Cheddar McMelt quentinho em minhas mãos, nas batatas fritas, ou no trajeto que Chris fazia. Enquanto estávamos no Drive-Thru, ele havia comentado que faríamos um tour por Sydney, já que não ficaríamos lá por muito tempo, viajaríamos para Phillip Island, a cidade que os Hemsworth foram criados.
- A gente não tem tempo para muitos lugares, , porque são de oito há dez horas de viagem à Phillip Island, mas você pode escolher. – Chris falou para mim, enquanto dirigia pela cidade.
- Quantos eu posso escolher? – Falei, amassando o guardanapo e jogando dentro do saco vazio.
- Depende de onde você quer ir. – Liam falou virando o rosto para o meio dos bancos.
- Eu quero segurar um coala, isso é óbvio! – Ambos soltaram uma risada.
- Tá, ir no zoológico... – Interrompi Liam.
- Eu já sei! – Me ajeitei no banco e apoiei os braços para frente. - Zoológico Wild Life, a Ponte da Baía de Sydney e o Ópera House, o que acham?
- Ela veio preparada! – Chris comentou baixo.
- Acho que dá, criança! – Liam falou e eu lhe mostrei a língua. – O que acha, irmão?
- Vamos, então! Passamos pela ponte, depois pelo teatro e aí vamos ao zoológico, criança! – Chris olhou para mim pelo espelho e eu franzi a testa. – É tudo no caminho.
- Olha só, eu não sou tão nova assim, ok?! Acho bom parar com essa brincadeira. – Arrastei meu corpo para o canto do banco, atrás de Chris e abri o vidro, apoiando meu rosto no carro.
- Qual sua idade, ? Se me permite perguntar. – Chris perguntou.
- Eu tenho 20, obrigada por perguntar. – Ambos riram e eu abri um sorriso de lado.
- É, não tão nova, achei que tinha encontrado uma criança mesmo, quando você comentou sobre ela, Liam.
- Minha altura me classifica como criança, ainda? Ser alta não serve mais de nada nessa vida, não.
- Não notei sua altura, , desculpa. – Chris falou.
- Ela é alta. – Liam comentou e eu afirmei com a cabeça.
- Vamos fazer um tour. – Chris mudou a marcha do carro e seguiu pela cidade.

Cidades grandes, maravilhosas, incríveis, surpreendentes, Sydney não seria diferente, e para ajudar, o dia estava maravilhoso. O sol acolhedor e o céu azul, sem nenhuma nuvem, suspirei, e senti os olhos de Liam sobre mim, ele deveria estar me encarando há um tempo, senti meu rosto esquentar e ele sorriu.
- Você vai querer olhar pela janela. – Ele falou baixo para mim.
Virei o rosto novamente para a janela e vi que estávamos entrando na Ponte da Baía de Sydney. Chris havia desacelerado e pegado a faixa da direita. Eu imediatamente me ajeitei no banco do carro e peguei meu celular, começando a tirar fotos de tudo. Aquilo era lindo.
Eu podia sentir o vento bater em meu rosto, impedindo que as lágrimas de emoção rolassem pela minha bochecha, eu suspirei e mordi meu lábio inferior.
Quando Chris terminou de passar pela ponte, ele virou à esquerda e estacionou aos pés da ponte, destravando as portas para que eu rapidamente pulasse do carro, correndo rapidamente pela praça, desviando rapidamente de algumas pessoas e me apoiasse na marquise e suspirei, deixando que finalmente as lágrimas caíssem pela minha bochecha.
Olhei para a construção e suspirei, passando os dedos embaixo dos olhos, ver se minha visão desembaçasse um pouco. Apoiei meus braços na marquise e abaixei a cabeça, suspirando e senti uma mão tocar meu ombro e me assustei, erguendo meu corpo e dando de cara com Liam atrás de mim com um sorriso fofo no rosto. Passei meus braços ao redor do seu corpo e afundei meu peito em seu corpo.
- Estou aqui! - Eu falei com a voz baixa, sentindo o ar faltar cada vez mais.
- Sim, você está! Você está no seu sonho! – Sua mão acariciou minha cabeça, fazendo seus dedos se perder em meu cabelo.
Tirei o rosto de seu peito e olhei para a cena novamente, talvez para me certificar que eu estava realmente lá. Pisquei algumas vezes, e eu ainda estava lá. É, isso é real!
- Você vai querer olhar para a direita, ! - Ouvi a voz de Christopher e ergui minha cabeça, virando o rosto para a direita, como ele havia dito.
- Oh, meu Deus! - Foi minha reação e Liam riu de mim. - É logo ali?
- É logo ali! - Liam passou a mão em meu rosto e eu toquei meus lábios nos dele rapidamente.
- Vamos! - O puxei pela mão e parei rapidamente. – Espera, uma foto, ué cadê meu celular? - Comecei a tatear meus bolsos.
- Aqui! - Chris se aproximou de mim com meu mobile em sua mão. - Já tirei umas fotos de vocês, naquele momento romântico.
- Tá, mas agora quero uma só minha, sai daqui. - Empurrei Liam de leve. - E sem esse rosto vermelho. - Passei a mão no rosto e joguei os cabelos para trás, os ajeitando.
- Pronto? - Chris apontou meu celular para mim e eu parei de frente para ele, com a ponte atrás de mim, e ele demorou um pouco.
- Tá começando a doer. - Falei, com o sorriso já forçado.
- Tirando algumas para garantir. - Chris me entregou e eu ri.
- Acho que não nos cumprimentamos direito. - Cocei a lateral da cabeça.
- Acho que não! - Ele riu!
- Chris, minha namorada ; , meu irmão Chris.
- Oi! - Falei, sentindo meu rosto esquentar um pouco, cara era o Chris Hemsworth, ele era lindo demais! Ele era o Sexiest Man Alive.
- Oi! - Ele falou e eu dei um rápido beijo em sua bochecha. – Bem-vinda à Austrália!
- É muito bom estar aqui! - Falei e ele soltou uma risada.

Eu acho que teria que fazer uma limpa no meu celular, assim que eu tivesse um computador em minhas mãos, porque a quantidade de fotos que eu estava tirando com meu celular, aquele lugar era incrível. Eu devo ter ficado pelo menos dez minutos só encarando o Ópera House, porque eu queria tentar entender como aquilo fora construído, porque definitivamente era uma obra-prima da arquitetura. Aquela cidade estava me fazendo apaixonar por arquitetura. Liam acabou ficando com meu celular, então a cada passo, tinha uma foto minha. E claro, algumas fotos posadas minha, minha e dele, minha dele e de Chris e claro, várias selfies. Que iriam tudo para o Instagram depois.
Os garotos foram parados algumas vezes por alguns fãs, mas eu estava um pouco distraída para saber o que estava rolando naquele momento. Uma pessoa até havia me reconhecido, mas eu só consegui acenar para ela, perdida em outro foco: aproveitar o pouco tempo que eu tinha.
Às vezes eu tratava os dois homens comigo como dois tontos, porque isso era certeza que eles eram, talvez por serem irmãos, eu sei como eu agia perto da minha família e meus irmãos e cara, parece um hospício, acho que com meninos é pior.
Tomei um susto quando Liam veio de surpresa por trás de mim, segurou meus torso e minhas pernas e me carregou, girando no ar, fazendo com que eu segurasse em seu ombro, enquanto ele ria.
- Seu louco! – Gritei para ele quando ele me colocou no chão.
- A gente precisa ir! – Ele deu um beijo em minha testa e segurou minha mão, onde eu entrelacei os dedos.
- O zoológico fica aberto até mais tarde, mas para você pegar o coala, e tal, precisamos ir logo!
- Partiu, então! – Falei em português e ambos olharam para minha cara, com pontos de interrogação na testa. – Esquece! – Voltei ao inglês.
- Você disse que ela é brasileira, não foi, Liam? – Chris falou, enquanto eu andava no meio dos dois, até o carro. Eu era alta, mas Jesus, me sentia uma anã perto dos dois, quero meu salto!
- Sim, ela é! – Liam passou o braço pelo meu ombro, me abraçando.
- Elsa vai gostar dela.
- Latinas tem que se manter juntas! – Falei, soltando uma risada em seguida. – Espanhola é considerada latina? – Olhei para ambos que deram de ombros.
- E você pergunta para gente? – Dei de ombros e eles riram.

- Oh, meu Deus! – Foi minha reação quando eu vi aquele bichinho lindinho, fofinho, peludinho e gordinho próximo de mim, já que eu era a próxima da fila. – Eu quero!
- Eu estou achando incrivelmente engraçado isso! – Chris falou. – É a melhor reação de todas.
- Next! – A atendente do zoológico disse e eu dei um passo para frente, me posicionando em frente a ela. – Cuidado! – Foi o que ela falou.
Ela estendeu o coala em minha direção e ele automaticamente colou as patas em minha roupa, ele era muito fofo, muito lindo e muito amoroso, parecia realmente um bichinho de pelúcia, eu não queria soltar, olhei para frente, encontrando os Hemsworths com as câmeras apontadas para mim e eu franzi a testa.
- Vem! – Chamei ambos. – Quero uma com vocês também. – Ambos largaram os celulares com a funcionária do zoológico e se aproximaram de mim. – Ele é muito fofo! – Comentei com Liam que riu, aproximando o rosto do meu.
- Ready! – A atendente afirmou e eu ri, olhando para ela.
- Eu não quero soltar.
- Muito amoroso, não?! – Ela comentou comigo com seu sotaque forte e eu afirmei com a cabeça. – Cuidado! – Ela falou, pegando delicadamente o bicho e eu senti Liam passando o braço pelo meu ombro.
- Feliz? – Soltei uma risada fraca.
- Demais! – Comentei e ele riu.
- Desculpa cortar seu barato, cunhada, mas temos uma longa viagem até Phillip Island. – Chris comentou ao meu lado, tirando as chaves do bolso.
- Vocês que mandam, gente! Dei uma pesquisada e vi que é longe para caramba. – Falei enquanto caminhava no sentido contrário dos visitantes do zoológico, aproveitando ainda alguns segundos para dar uma bisbilhotada em alguns animais próximos e tirar algumas fotos. – Eu não sou muito do tipo natureza, mas isso é lindo demais.
- Acho que isso é estar extasiada com a situação Austrália. – Liam comentou, tirando sarro de mim.
- Ah, claro! – Dei um empurrão nele com o braço e ele passou o mesmo por mim, me abraçando.

- Eu não creio que seja assim! – Chris comentou.
- Ah, é assim sim! Seu irmão é um idiota, Chris! – Falei e Liam virou o rosto para trás.
- Ei! – Ele me repreendeu.
- Vai dizer que eu tô mentindo? Você é um tonto, Liam! – Suspirei, amassando o papel do chiclete que eu acabara de colocar na boca e olhei para a estrada vazia ao nosso ao redor, enquanto o dia começava a escurecer. – Nosso namoro é péssimo!
- Você me ama? – Liam perguntou.
- Acho que já deixei bastante claro que sim.
- Então não é tão ruim! – Ri fracamente e joguei o papel nele, que mal voou.
- É, isso é verdade! – Dei de ombros e encostei a cabeça no encosto do banco.
- Parece uma viagem Rio – São Paulo. – Comentei fechando os olhos.
- Longa? – Chris perguntou.
- Sim, mas a estrada é mais movimentada. – Ri fraco. – Me chamem quando chegar! – Liam riu fraco e virou o rosto para mim, no meio dos bancos.
- Pode deixar! – Ele virou o rosto. – Descansa, amanhã o dia vai ser cheio. – Sorri, franzindo as bochechas e mandei um rápido beijo.
Fechei os olhos e suspirei. Amanhã vai ser um longo dia, se eu já havia conhecido o irmão dele, ainda faltava outro irmão, cunhadas, mãe, pai e quem sabe o que mais. Suspirei, virei meu rosto para o deserto e ajeitei o cinto de segurança de modo que não pegasse em meu pescoço e por um momento eu só conseguia ouvir o barulho do motor do carro, já que Liam e Chris ficaram silenciosos por um tempo, até que eu não conseguia ouvir mais nada.


Capítulo 3

Passei a mão em meu rosto e esfreguei os olhos, suspirando. Senti um calor passar pelo meu corpo e notei um peso em cima de mim. Abri os olhos e vi um teto branco em cima de mim, ou meio cinza, já que estava escuro. Passei os olhos pela minha direita e vi uma porta aberta, que dava para uma sacada, a luz que entrava no quarto vinha dali.
Ergui meu corpo na cama e olhei para outro lado. A cama estava vazia, suspirei, mas franzi a testa ao mesmo tempo, feliz e triste. O que estava acontecendo? Vi uma porta do lado esquerdo e joguei a coberta para o lado, notando que eu estava com a mesma roupa do avião e do dia anterior inteiro. Foi quando levantei que notei que precisava ir ao banheiro, meio que urgente.
Andei devagar ao redor da cama, quase caindo em cima de Liam que estava deitado de bruços em um colchão de ar. Seu rosto estava enterrado no travesseiro, os braços embaixo do mesmo e os cabelos bagunçados. Seu corpo estava coberto somente com uma calça de moletom escura e dos joelhos para baixo, estava fora do colchão, grande demais para ele. Entendo esse sentimento.
Andei rapidamente na ponta dos pés até atravessar o quarto e abri a porta devagar. Que seja o banheiro, que seja o banheiro. É o banheiro! Entrei rapidamente e logo saí, puxando a porta devagar.
Encarei o quarto rapidamente e ele era bem simples. Uma cama de casal no meio do quarto, com um edredom azul, duas mesas de cabeceira, um armário na mesma parede ao lado do banheiro e uma escrivaninha com um notebook na porta do lado de lá do quarto. Alguns porta retratos na parede e só.
Atravessei o quarto na ponta dos pés novamente e me aproximei da porta, onde o vento que entrava por ela fazia as cortinas azuis se mexerem. Notei que na escrivaninha tinha um único porta retrato, e a foto nele era uma selfie minha com ele, em uma das primeiras fotos que tiramos. Não pude conter um sorriso. Olhei novamente para a pessoa deitada no chão e soltei um riso fraco.
Passei pela porta e imediatamente senti o cheiro de sal e maresia, junto com aquele tão conhecido vento com areia misturado. Me apoiei na murada e encarei a vista na minha frente. Por meio dos postes que iluminavam a praia. Então essa era Phillip Island. Fiquei observando as ondas baterem contra a água por um tempo até que me toquei que eu estava um pouco longe do chão. Olhei para baixo rapidamente e notei que estava em um prédio. Pelo que contei, quatro andares. Nada acima de mim. Não fiquei encarando muito tempo, pois estava começando a me dar vertigem.
Voltei para a cama, me coçando para não trazer Liam para a cama, mas não sabia se eu teria essa vergonha na cara de falar. Deitei na mesma e olhei para um relógio na mesa de cabeceira, que marcava quatro horas da madrugada. Com o pensamento de quem não ia conseguir dormir de novo, capotei.

Abri meus olhos e dessa vez a claridade me cegou. Olhei para o relógio ao meu lado e tomei um susto quando notei que já passava das 10 horas e levantei em um pulo, pronto para acordar Liam aos gritos, mas só encontrei o colchão vazio. Mas que merda... Ouvi uma risada alta e joguei a coberta para o lado, correndo para a sacada, vendo duas pessoas na areia e duas na água, uma delas em cima de uma prancha de surfe. Pela distância não conheci quem era quem, mas com certeza Liam era um dos dois que estavam na água.
Voltei para dentro do quarto, encontrando uma rosa vermelha na cama e corri até ela, segurando a mesma, e um papel que estava preso a ela.

Venha aproveitar a Austrália! Amo você!

Deixei a rosa na mesa de cabeceira e peguei minha mochila que estava jogada, ao lado da de Liam e coloquei na cama, puxando rapidamente um par de biquíni colorido na parte de cima e roxo na parte de baixo, e também um short jeans e uma regata branca. Entrei no banheiro correndo e troquei de roupa, obedecendo minha mãe pela primeira vez por passar protetor solar em meu corpo. Fiz um rabo de cavalo alto e escovei meus dentes muito bem. Checando umas três vezes se eu realmente não tinha bafo matinal.
O ideal seria que eu tomasse um banho, mas como eu sabia que ia entrar na água em poucos minutos, preferi não perder tempo.
Coloquei meus chinelos no chão, joguei a mala no chão novamente e respirei fundo, me preparando para encarar a família de Liam, e o pior, sozinha.
Abri a porta do quarto e dei de cara com um corredor vazio e na frente, do outro lado de onde eu estava, uma porta igualmente fechada e na vertical, uma escada. Todas as paredes eram branca, e o piso era de uma madeira escura. Descendo exatamente 15 degraus, eu dei de cara com exatamente a mesma coisa que encontrei no andar de cima, duas portas, igualmente fechadas e mais escadas, mas dessa vez um porta retrato estava colocado na parede entre as duas portas. Chris, com sua esposa Elsa, e seus três filhos, India, Tristan e Sasha.
Desci novamente 15 degraus e dei de cara com outro andar semelhante ao primeiro, e no lugar do quadro, estava Luke, o irmão mais velho, com sua esposa Samantha e seus quatro filhos, Ella, Holly, Harper e Alexandre. Eu sabia o nome de todos, fiquei estudando eles no Google por dias, tentando ao máximo não errar o nome de ninguém, mas claro, que como era eu, o mico viria rapidinho.
Andando os degraus novamente na ponta dos pés, eu finalmente dei de cara com o chão, dessa vez em algum porcelanato branco, que deixava tudo mais claro, ainda mais quando o sol das várias janelas batiam no mesmo. Ao pé da escada, a minha frente, tinha todos os outros cômodos. Sala com televisão à direita, sala de jantar mais a frente e à esquerda uma cozinha tipo americana. Alguns brinquedos estavam espalhados no tapete da sala de televisão, mas não tinha sinal de nenhum familiar de Li...
- Oi!
- Oh, meu Deus! – Pulei de susto, colocando a mão no peito, encarando a figura loira, bonita e magra que apareceu na minha frente, me fazendo tremer de medo, pois quem estava na minha frente era minha sogra.
- Desculpe, não queria te assustar! – Ela soltou uma risada fraca e limpou as mãos no pano e colocou em cima da bancada, se aproximando de mim.
- Sem problemas, estava só perdida em pensamentos. – Abri um sorriso de lado.
- Você deve ser a , não? – Ela disse meu nome com um sotaque australiano forte, que tive que rir fracamente. – Bem, se você não for a , devo chamar a polícia. – Foi minha vez de rir.
- Pois é! Seria péssimo se eu não fosse. – Me aproximei da mesma.
- Você é bonita! – Assenti com a cabeça em agradecimento, levemente envergonhada.
- Obrigada! – Esfreguei uma mão na outra, que já começavam a suar.
- Não se preocupe, eu não mordo! – Ri fracamente e ela se aproximou de mim, dando um leve beijo em minha bochecha. – Vamos às devidas apresentações, sou Leonie, mas pode me chamar de tia, Leonie, do que você quiser, só não me chame de senhora Hemsworth. – Assenti com a cabeça, retribuindo o beijo na mais baixa.
- É um prazer conhecê-la. – Ela assentiu e sorriu.
- O prazer é meu! – Ela retribuiu. - Vá, os meninos estão te esperando lá fora. – Assenti com a cabeça e imediatamente virei meu corpo para onde seria a porta de fora, que na verdade, era a frente da casa, que dava para o mar.

Encostei a porta delicadamente para não fazer barulho, e tentando manter a respiração um pouco mais controlada, por ter acabado de conhecer minha sogra. Minha até simpática sogra. Ok, respira, eu nunca tinha namorado, então eu nunca tinha conhecido minha sogra, respira.
Pisando no deck de madeira, pude encontrar uma mesa bem posta com oito lugares, várias cadeirinhas de criança nos cantos da mesa e uma loira com os cabelos ondulados, olhos claros e um vestido esvoaçante olhando para mim, próxima a uma grande churrasqueira.
- , certo? – Ela me perguntou.
- Samantha? – Perguntei também e ambas rimos.
- Prazer te conhecer. – Ela falou, sendo um pouco menos sentimental, somente me cumprimentando com um aperto de mão.
- O prazer é meu! – Ela sorriu, voltando a churrasqueira.
- O que está achando da Austrália? Liam disse que era seu sonho.
- Bem, do pouco que eu vi, eu estou amando. – Ela sorriu. – Eu preciso parar de dormir, na verdade.
- Aconteceu o mesmo a primeira vez que fui para Los Angeles, só queria saber de dormir. – Ri fraco, virando meu rosto para o mar, onde a mesma visão de lá de cima se repetia, mas dessa vez podia diferenciá-los. Liam e Chris no mar, Luke e seu pai Craig na areia conversando. – Vai lá com eles! – Ri fracamente. – Vocês são jovens, estão no auge da juventude. Vai! – Ri novamente e coloquei uma das minhas mãos no corrimão e desci os degraus rapidamente, deixando meus chinelos no pé da escada e pisando na areia branca, fincando meus pés na areia cada vez mais, sentindo o gelado delas.
Caminhei pela larga extensão de areia, prestando um pouco mais de atenção no que acontecia a minha volta, tinha poucas casas ao nosso lado, todas grandes e extravagantes como a que eu estava hospedada. Quando virei meu rosto para frente, notei que Liam saía da água, com aquela roupa de surfe preta e colada no corpo, com os cabelos molhados, a prancha na mão, e pareceu filme, pois tudo acontecia em câmera lenta, eu não conseguia me acostumar com a beleza desse homem, Jesus!
Em passos rápidos, Liam entregou a prancha a seu pai e continuou vindo em minha direção, dessa vez em um trote mais rápido, quando chegou mais perto, notei que ele havia tirando aquela coisa feia que ele chama de barba e tinha uma mais rala.
- Bom dia! – Ele falou, chacoalhando o cabelo perto de mim, o que fez alguns respingos me atingir.
- Ei! – Respondi e ele riu aproximando o rosto de mim e encostando os lábios nos meus suavemente.
- Dormiu bem? – Afirmei com a cabeça.
- Muito bem, na verdade. Mas precisamos falar sobre algumas coisas do tipo, como eu cheguei lá em cima e porque você dormiu em um colchão de ar e não eu. – Ele revirou os olhos, passando os braços molhados pela minha cintura e dando mais um beijo em meus lábios.
- Nada disso importa. – Foi minha vez de revirar os olhos.
- Você consegue ser um chato quando quer, sabia? – Falei e ouvi uma risada vindo atrás de nós.
- Com certeza ele sabe! – Vi os três Hemsworths parando ao nosso lado e notei que a risada vinha do pai de Liam, que conseguia ser tão bonito quanto os filhos, imediatamente virei meu corpo para ficar de frente a eles, fazendo Liam manter somente uma mão em minha cintura.
- Oi! – Falei olhando para os três e Chris, atrás de Craig e Luke acenou para mim com uma expressão no rosto muito zoada.
- E aí, garota, tudo bem? – O pai de Liam falou e me abraçou, fazendo Liam dar uma risada atrás de mim.
- , esse é meu pai, Craig! – Ele falou quando seu pai me soltou, sendo a vez de Luke me abraçar. – Meu irmão Luke.
- E aí? – Ele falou e eu sorri.
- E Chris, que você já conhece.
- Sim, conheço! – Ri fracamente, pois ele também me abraçou.
- E aí, gostando da nossa pequena ilha? – Notei que o pai deles era um pouco mais descontraído.
- Sim, muito, obrigada!
- Vendo que você só conheceu a casa e a areia da praia, você está gostando muito! – Liam falou ao meu lado e eu revirei os olhos.
- Não me acordou por quê? – Liam mostrou a língua para mim e eu revirei os olhos. – Tonto!
- Deixa ele aí! – Craig falou passando o braço em volta do meu pescoço e me levando de volta para o deck de madeira. – Estamos começando a preparar o almoço, vai demorar, então talvez queira comer alguma coisa, ou já ir direto para água.
- Pai, posso... Sei lá, fazer isso pela minha namorada? – Liam falou atrás de mim. – Sei lá, sem você?
- Não, você não pode. – Soltei uma gargalhada alta e me aproximei da mesa, onde Samantha estava. Acenei para ela novamente. – Na verdade, pode. Pega algumas coisas para ela comer lá na cozinha, filho!
- Você está ferrado! – Ouvi Luke falar para Liam e ir se sentar ao lado de sua esposa.

Com a diversidade de pães e bolos que Liam e seus irmãos colocaram na minha frente, foi até chato comer só uma torrada com margarina. Eles colocaram o tal do vegemite na mesa, mas eu acho que não estava preparada para aquilo ainda e falam que enche, então preferi me manter longe e esperar o almoço.
Craig era uma pessoa muito simpática, fazia piada com os filhos, brincava, mas quando perguntou o que eu fazia, minha vida no Brasil e tudo mais, ele foi bem sério.
Eu havia descoberto que os filhos de Luke e Samantha estavam todos dormindo, já que ficaram a noite toda acordada esperando por Liam e eu chegar, o que até que me fez ficar chateada, porque afinal, eu provavelmente cheguei dormindo e fiquei assim, e o pior, Liam teve que subir três lances de escadas comigo no colo, e eu estava capotada legal, provavelmente ainda efeito de um dos remédios para dormir que eu havia tomado para a viagem de avião. Elsa, esposa de Chris, estava em um passeio pela praia com sua filha mais velha India, enquanto que os gêmeos eram cuidados por Leonie.
- O que você quer fazer? – Liam me perguntou, sentando ao meu lado, enquanto seu pai entrou.
- Quero que me ensine a surfar. – Falei simplesmente e ele arqueou as sobrancelhas.
- Sério?
- Sério! – Falei simplesmente.
- Desculpa me intrometer, mas já me intrometendo. – Chris se aproximou, sentando do outro lado. – Eu acho uma ótima ideia.
- Eu acho que nunca ensinei ninguém a surfar. – Liam falou com o tom de voz mais desesperado. – Você ensina, normalmente!
- Relaxa, eu te ajudo! – Chris falou e eu soltei uma risada fraca.
- Ok, o que eu preciso fazer?
- Bem, primeiro a gente precisa achar uma roupa feia e apertada dessas para você. – Liam apontou para a roupa que vestia. – E uma prancha para você.
- Claro, facinho! – Dei um sorriso de lado.
- Mais do que você imagina. – Chris falou e ambos se levantaram.
- Vem! – E desceram para areia da praia de novo, os segui, novamente deixando o chinelo no último degrau antes da areia.
- Explique para ela como funciona, Chris! – Liam falou enquanto seguíamos para a parte da frente... Ou de trás da casa, depende do ponto de vista.
- Cada um escolhe a prancha por base da sua especialidade, seu estilo, tamanho, peso, formato, entre vários outros detalhes. – Chris falou, parando ao lado da porta da garagem. – Mas, para iniciantes como você, a gente indica uma prancha mais larga e maior. – Ele puxou o portão da garagem, fazendo um barulho de metal e pude ver três carros estacionados, um espaço para um quarto, e no canto várias pranchas e bugigangas de surfe. – Já que seu foco é ficar em pé nela e não fazer muitas manobras.
- Se eu conseguir me levantar, acho que já vou ter feito muito. – Falei fracamente e ambos riram.
- É mais fácil do que parece. – Liam disse e colocou as mãos em minha cintura, me levando até o canto da garagem.
- Qual sua altura?
- 1,75 metros. – Chris abriu um pequeno armário, mexendo em algumas daquelas roupas emborrachadas que eles usavam.
- O tamanho disso é único, varia da sua altura, mas às vezes pode ficar largo ou apertado, o certo é que fique moldado ao corpo, mas... Bem, experimenta! – Ele puxou uma roupa inteira preta novamente, com alguns detalhes em azul. – Está de biquíni já, né?! – Afirmei com a cabeça. - Pode soar mal, mas a gente te ajuda! – Liam falou e eu ri!
Ficando levemente envergonhada, eu puxei minha blusa para cima, colocando-a em cima de uma bancada que havia lá. Em seguida puxei meu short. Chris era do tipo entendedor, ele me deu licença, andou pela garagem. Liam era mais do cara de pau, ele já tinha me visto de biquíni, mas convenhamos que era estranho, tipo, a gente nunca tinha transado, então era como se literalmente ele me comesse com os olhos, e eu sei que fazia o mesmo. Até quando ele vestia um terno e ficava um arraso, eu estava babando por ele. Assim, eu queria, mas não seria eu que daria o primeiro passo.
- Ok, e agora? – Perguntei, querendo mandar Liam à merda.
- Senta aqui e coloca os pés, tipo uma meia calça. – Chris falou e eu franzi a testa, junto com Liam.
- Você sabe como colocar uma meia calça? – Perguntei na cara de pau e Chris entortou a boca.
- Vai, veste! – Gargalhei com Liam e fiz como Chris havia pedido. Coloquei um pé de cada vez, me certificando de fazê-los sair pelo outro lado e me levantei, puxando as laterais um pouco.
- Agora que fica difícil. – Liam falou e me ajudou a esticar a roupa. – Coloca os braços. – Ele segurou na parte da mão, e assim que ele sentiu meus dedos tocando os dele, ele os puxou, para que ajustasse na manga, uma de cada vez, enquanto Chris ajustava na cintura, puxando o tecido emborrachado.
- Como está? – Chris perguntou.
- Estranho. – Falei sincera.
- Eu vou fechar, ok?! – Liam falou e eu afirmei com a cabeça.
Ele sumiu atrás de mim e fechou um botão que havia perto do pescoço e puxou o zíper. Imediatamente meu corpo apertou. Parecia que eu havia sido embalada a vácuo, ou algo assim, era estranho, muito estranho e o pior de tudo, é que era tão colado, que parecia que você estava pelada.
- Ok, ainda bem que vocês avisaram antes. – Falei passando a mão no meu corpo. – Isso é péssimo! – Ambos riram.
- Tá apertado? – Liam perguntou.
- Está justo! É assim que deve ficar?
- Pior que é! – Chris falou e eu fiz uma careta. - Deixa eu pegar sua prancha. – Ele saiu para outro lugar.
- Você está sexy! – Liam comentou, mordendo minha bochecha levemente.
- Até parece! – Brinquei e o abracei, ouvindo o som nada confortável da borracha esfregando. – Ok, isso é super péssimo! – Liam gargalhou e eu ri, tirando meus braços ao redor do seu corpo.
- Consegue carregar? – Chris apareceu ao meu lado com uma prancha que era maior que eu, até maior que eles.
- Não quero pagar mico! – Sorri sincera.
- Vamos lá! – Ri fraco e saí da garagem com Liam atrás de mim.

- Acho que da próxima vez eu vou me alongar sem essa roupa! - Falei tentando esticar os braços, como Liam fazia ao meu lado. - É impossível! - Liam soltou uma risada na minha frente e se aproximou de mim.
- Você é muito reclamona.
- Não sou! - Retruquei. - Eu sei que vocês estão zoando comigo. - Ele se aproximou de mim, me ajudando a alongar os braços para trás, os puxando. - Eu podia muito bem colocar só uma blusa, para não ralar o corpo, não?
- Opa! Fui pego! - Liam falou, puxando mais forte.
- Idiota! - Falei.
- Opa, opa, opa! - Chris voltou e eu ouvi Liam rindo. - Vamos aliviar os nervos.
- Ei, quem é esse? - Falei, olhando para os braços de Chris, onde ele segurava um de seus gêmeos.
- Esse é o Tristan! - Um dos gêmeos de Chris usava uma sunguinha azul e um chapéu para combinar.
- Oi! - Acenei para ele que deu um sorriso. – Seu lindo!
- Não a distraia com bebês fofos, isso é uma aula! – Liam falou e eu revirei os olhos.
- Vocês dois são um casal perfeito, sério! – Soltei uma risada fraca com o que Chris falou. – Você é chato e ela consegue te controlar, perfeito!
- Vamos então, tutor! – Liam riu e eu segui em sua frente, até as águas claras de algum canto de Phillip Island. – Torça por mim, pequeno! – Gritei para Tristan, como se ele entendesse e senti as ondas geladas baterem em minhas canelas.
Por mais que aquela roupa fosse apertada, estranha, emborrachada e péssima para tudo, ela ainda deixava com que a temperatura da água atingisse a pele, então assim que a água tocou meus joelhos, eu meu joguei para frente, em um mergulho até que refrescante. Deixando com que a água molhasse meu corpo, meus cabelos, e me fizesse realizar mais um sonho, nadar nessas lindas águas claras.
Quando subi para a água, ela já batia na altura da minha cintura e Liam estava ao meu lado, segurando a prancha rente a água e me olhando com um olhar diferente, diferente de todos que ele já havia me lançado.
- O quê? – Ele mexeu com a cabeça.
- Eu não sei. – Ele confessou. – Você é especial, ! Eu sempre soube. – Soltei um riso fraco e me aproximei dele, apoiando as mãos na prancha, que nos separava.
- Por que você diz isso? – Perguntei, vendo seu rosto por uma trilha de luz que o tocava.
- Você me fez feliz em um dos meus piores momentos. – Toquei seus cabelos e ele suspirou. – E você continua me fazendo feliz.
- É a intenção! – Ele sorriu.

- Vai e vai e vai! – Liam gritava para mim, há alguns metros de onde eu me equilibrava em cima da prancha. – Vai, vai!
- Ah! – Gritei antes de espirrar água para os lados, e sentir meus joelhos tocarem a areia abaixo da água, antes de eu subir novamente, tirando o cabelo do olho e espirrando água salgada pela boca.
- Viu?! Você conseguiu! – Liam me sacudia pelos ombros, enquanto eu ainda tentava tirar água dos meus olhos.
- Por três segundos! – Respondi desanimada.
- Mas você ficou três segundos em pé! – Ele falava todo alegre e eu só conseguia rir. – Depois de várias tentativas.
- É, talvez! – Falei, ainda não convencida.
- Crianças, vem almoçar! – Ouvi uma voz vinda da areia, era Luke que após avisar, já voltava para o caminho anterior.
- É bem complicado, mas você faz como se fosse tão simples. – Comentei enquanto eu e Liam começávamos a voltar para a areia.
- É como andar de bicicleta. – Ele disse, passando um braço pelos meus ombros. – Quando você aprende, nunca mais esquece.
- E claro você tem 25 anos de surfe, eu tenho um dia! – Comentei, passando o braço pela sua cintura.
- É, tem isso também! – Ele riu, e arrastamos nossos pés pela areia da praia. – Deixa eu te ajudar com isso. – Ele desabotoou o botão da minha roupa e puxou o zíper que ia até a cintura e me ajudou a tirar, pelo menos a parte de cima, deixando-a jogada em meu corpo, enquanto ele ficou do mesmo jeito.
Quando chegamos ao deck, a mãe de Liam me entregou uma toalha, o qual eu me sequei um pouco e enrolei em meu torso, já que havia esquecido minhas roupas na garagem.
Todos estavam em volta da mesa, até Elsa, a esposa de Chris que eu não havia conhecido. Ela era loira, baixa, mas muito bonita, sempre achei os dois muito lindos, como se fosse aquelas propagandas de margarina e sempre a admirei muito, pela sua força, dedicação e ainda ser casada com um homem lindo e ter três filhos.
- , acho que faltou só você conhecer minha esposa Elsa! – Chris falou e ela logo se levantou, se aproximando de mim.
- Oi! É um prazer te conhecer. – Elsa falou alegre, me abraçando e eu retribuí. – Liam sempre falou muito bem de você. – Sorri sincera.
- É um prazer te conhecer também, muito mesmo.
- Bem vinda à família! – Ela falou e foi se sentar ao lado de Chris novamente enquanto eu acenava com a cabeça.
- Gosta de peixe, ? – Craig perguntou enquanto Liam me indicava um lugar ao lado de Elsa e Liam do outro lado.
- Eu gosto de tudo. – Comentei.
- Ela não é difícil de agradar. – Liam comentou e eu o cutuquei com o cotovelo, fazendo-o reclamar.
- Idiota! – Sussurrei para ele, fazendo Chris ao meu lado e Luke em minha frente soltarem risadas fracas. – Obrigada! – Agradeci à Craig quando ele me entregou o prato com um pedaço grande de peixe com um macarrão temperado com algumas ervas ao lado.

- Vai ficar aí? – Liam perguntou enquanto saía do mar, fincava a prancha na areia e se jogava ao meu lado. Eu já havia me livrado daquela roupa emborrachada e estava sentada somente de biquíni na areia.
- Fiz novas amigas! – Falei apontando para as três loiras que faziam castelo de areia ao meu lado, India, Ella e Holly.
- Boas amigas? – Liam perguntou.
- Elas são quietas, pelo menos! – Falei alisando os cabelos lisos de India.
- De vez em quando. – Liam disse e eu encostei minha cabeça em seu ombro.
- Você está cansada. – Ri fracamente.
- Um pouco.
- O que acha da gente tomar banho, se arrumar e eu te levo para um passeio na ilha? – Ele perguntou, sussurrando em meu ouvido.
- Acho que vou gostar. – Comentei.
- Então eu vou levar a prancha, chamar as mães e volto para te buscar. – Ele comentou se levantando.
- Não acha que eu consigo lidar com três garotas? – Perguntei, arqueando uma sobrancelha.
- Não com essas.
- Vamos ver, então. – Estendi minhas mãos para ele e me levantei quando ele me puxou. – E aí meninas, como está ficando o castelo? – Perguntei me aproximando das três.
- O que acha? – Holly, a mais velha das três e mais velha de Luke, com seis anos, perguntou mostrando o monte de areia.
- Eu gostei. Acho que vocês são muito talentosas. – As três riram. – Sabe o que a gente podia fazer agora? – Elas olharam para mim. – Tomar um banho quente e depois assistir desenhos, que tal?
- Ah! – Elas fizeram bico e Liam olhou para mim com um riso entre os lábios.
- Ah, que pena! Então acho que vou ter que fazer isso sozinha. – Comecei a andar para longe delas.
- Espera a gente! – Elas falaram segundos depois e começaram a correr em minha direção.
- Que desenhos você gosta, ? – Ella perguntou segurando minha mão e eu arqueei as sobrancelhas para Liam.
- Golpe de sorte. – Liam comentou enquanto ia para a garagem.

- Ah, Liam! – Falei enquanto saía do banho com a toalha amarrada na cabeça e dava de cara com Liam no colchão de ar, ainda molhado e provavelmente com areia no corpo. – Que nojo! – Comentei pegando minha mochila do chão, enquanto pegava o par de sapatilhas que eu trouxe de lá de dentro e meu pequeno estojo de maquiagem.
- Você ficou toda com pena que eu dormi no chão, acho que vou dividir essa cama contigo hoje. – Revirei os olhos.
- Se você estiver limpinho e cheiroso, eu posso pensar no seu caso. – Comentei e ele riu se levantando em um pulo.
- Prometo! – Ele deu um beijo em minha bochecha e procurando alguma roupa no armário, rapidamente bateu a porta do banheiro, me fazendo rir.
Enquanto Liam estava no banho, eu aproveitei para secar meu cabelo que armaria rapidamente e fiz uma maquiagem de leve, somente com lápis e batom, agradeci mentalmente por não ter ficado queimada.
- Já sei aonde eu vou te levar! – Liam saiu do banheiro, passando a toalha nos cabelos e somente uma bermuda cobrindo seu corpo.
- Onde? – Perguntei, guardando minha bolsa de maquiagem na mochila novamente.
- Gosta de pinguins? – Ele perguntou, jogando a toalha na cama e abrindo o armário novamente.
- Quem não gosta de pinguins, Liam? – Devolvi para ele que riu, colocando uma blusa de qualquer jeito pelo pescoço.
- Vou te levar para um lugar especial! – Ele comentou, tirando um casaco do armário e jogou na cama novamente.
- Quão especial? – Perguntei ao vê-lo se aproximar de mim.
- Romântico, talvez. – Ri fracamente. – Pega um casaco que lá faz frio.
- Pode deixar! – Puxei minha mochila novamente. – Dá para tirar a toalha molhada de cima da minha cama?
- Sua? – Ele puxou a toalha da cama.
- É... Mais ou menos! – Falei, fechando os botões do meu casaco e me sentando ao lado de Liam que colocava seus tênis.
- Eu emprestei para você, porque você estava meio impossibilitada de escolher onde iria dormir.
- Tonto! – Comentei. – Afinal, você me trouxe até aqui em cima? – Ele afirmou com a cabeça. – Como?
- Tem um elevador aqui... – Ele começou a rir.
- Idiota!
- Difícil de acreditar que eu te trouxe aqui nos braços sozinho?
- Difícil não é, mas são três lances de escada e eu perdi essa! – Fiz bico. – Como que eu perdi essa? – Ele riu, colando os lábios em minha testa.
- Prometo que não te derrubei. – Ele levantou e estendeu as mãos para mim.
- Acho que mesmo se tivesse derrubado, eu deveria estar em outra realidade, bem anestesiada. – Comentei, pegando suas mãos que estavam estendidas para mim, me levantando.
- Quer que eu repita a dose? – Ele perguntou abrindo a porta do quarto e eu ri.
- Não, acho melhor não! – Saí do quarto rindo e puxei a porta, ainda segurando sua mão.
Descemos as escadas rapidamente, quase em uma competição, esbarrando em Samantha com Alexandre, o mais novo de Luke de dois anos, em seu colo, no segundo andar e pisamos forte no térreo, assustando Craig, Elsa e Chris que estavam ao redor da mesa de jantar.
- Estamos saindo! – Liam gritou e me puxou com ele pela porta da cozinha e bateu a mesma a tempo que eu ouvisse Craig ou Chris ou ambos gritando.
- Se comportem! – Creio que foi Craig.

- Bem vinda ao Penguim Parade na praia de Summerlands. – Liam falou ao passar por uma porta de vidro, enquanto eu ainda admirava a arquitetura do local.
- O que a gente faz aqui? – Me aproximei dele que entregava dois bilhetes para o homem da porta.
- Nunca ouviu falar da Penguim Parade? – Franzi a testa.
- Vai me xingar se eu falar que não? – Ele riu, passando um braço pelo meu ombro e me guiando junto de algumas pessoas que estavam no local.
- A Penguim Parade, não é nada mais, nada menos do que o retorno dos pinguins a terra, após um dia de pesca. – Saímos por uma porta, dando de cara com terra branca novamente, onde vários turistas olhavam lado a lado para o mar, esperando.
- Eles saem do mar e entram naquelas tocas? – Apontei para um canto atrás de nós e Liam afirmou com a cabeça.
- Sim, basicamente isso! – Ele afirmou com a cabeça e me abraçou próximo de si.
Um vento passou por nós, o que me fez arrepiar e meus cabelos soltos se mexerem. Liam me abraçou e me colocou junto ao seu corpo, passei minhas mãos pelo seu corpo, mantendo minha cabeça em seu ombro e olhei para o horizonte. O sol já havia se posto, o que fazia o tempo gelar, isso era até que comum em cidades com praia, na pequena Phillip Island que não seria diferente.
Eu poderia ficar nos braços de Liam para sempre, eles eram quentes, confortáveis, enquanto eu deveria estar parecendo um defunto, já que podia sentir minhas mãos geladas e os pés dentro do sapato também, tudo estava gelado.
- Olha! – Liam comentou, fazendo um movimento com a cabeça.
Os pequenos pinguins começaram a surgir da água, chacoalhando as penas e dando pequenos gritinhos. Eles eram pequenos, todos cinzas ou pretos e eles chegavam aos montes.
- Oh, meu Deus! – Comentei, antes de fincar meus joelhos na areia, esperando que eles passassem por mim.
Eles chegavam devagar, mas não estavam nenhum pouco acanhados, talvez já estivessem acostumados com isso. Paravam um pouco, gritavam, mexiam as penas e as asas e voltavam a andar novamente. Alguns até se juntavam perto dos turistas para serem acariciados ou eram fotogênicos, bom de fotos.
Nesse momento olhei para Liam que já estava com seu celular virado para mim, com um sorriso no rosto, abri um largo sorriso.
Virei meu rosto novamente em direção aos pinguins e um estava bem próximo de mim, com o bico entreaberto e soltando um gritinho, soltei uma risada. Estiquei minha mão em direção ao ele, que se aproximou de mim, deixando que eu acariciasse suas penas ainda molhadas, em um carinho de leve. Eu realmente não sabia como agir e com certeza perdi as instruções que deveria ter acontecido antes.
Cansado de ser acariciado ele voltou a seguir seus familiares. Levantei meu corpo, sentindo meu joelho reclamar de dor e passei as mãos no mesmo, tentando tirar um pouco da areia molhada que ficara impregnada.
- Gostou? – Soltei uma risada, vendo os pinguins se aconchegarem no espaço entre a areia e as rochas, que provavelmente eles mesmos haviam escolhido como casa.
- Isso é demais! – Ele riu, guardando o celular no bolso novamente.
- Não sei se comentei, mas Phillip Island é um dos lugares de maior preservação ambiental aqui na Austrália.
- É demais, é lindo, é tudo! – Comentei e ele riu.

- Você precisa parar de me dar bichos de pelúcia. – Comentei com um pinguim de pelúcia, da loja de souvenirs do Penguim Parade, em minha mão e uma sacola com uma blusa em outra. – Não vou ter onde guardar, daqui a pouco! – Ele riu, colocando outro bombom dentro da minha boca.
- Para você lembrar de mim! – Ri, passando meu braço pelo seu e aproximando nossos corpos.
- Você é impossível de esquecer, sabia?
- Sou bom assim? – Ele comentou e eu revirei os olhos, seguindo em frente pelo calçadão da praia.
- Você é metido assim! – Retruquei e ele riu, jogando outro bombom na boca.
Chegamos a casa dele e tudo estava apagado, somente as luzes de fora, provavelmente para que Liam não ficasse tateando pelos lugares assim que chegasse, entramos devagar, notando que todos já estavam em seus devidos quartos.
- Eu achei interessante essa casa. – Sussurrei para Liam, enquanto subíamos as escadas devagar. – Todo mundo morando junto.
- Na verdade, é quase isso. – Ele comentou, há dois degraus atrás de mim. – É uma casa de veraneio, cada um tem sua casa aqui em Phillip Island, mas decidimos construir essa quando começou a entrar dinheiro na família. – Continuei a subir. – É mais fácil nos unir aqui do que decidir onde ir, na casa de quem ir e tudo mais. – Chegamos no último andar. – Quando queremos ir em outro lugar, vamos para casa dos meus pais, quando queremos ficar sozinhos, cada um fica na sua casa. – Abri a porta do quarto devagar.
- E como foi a escolha de quartos? Ou andares? – Liam riu, encostando a porta devagar.
- Luke já tinha três filhos quando construímos a casa, então nada mais justo do que ele ficar com o primeiro andar, Chris que já tinha India, ficou com o segundo, eu que não tenho filhos, fiquei com o terceiro. Meio questão de segurança, acho.
- Quando você tiver seu filho, acho que isso não vai fazer muito sentido. – Comentei, tirando minhas sapatilhas e colocando ao lado da cama e ele riu.
- É, acho que você tem razão.
Peguei meu pijama em cima do meu travesseiro e entrei no banheiro, me trocando e escovando os dentes, saindo logo em seguida, recebendo olhares de Liam.
- Quais os planos para amanhã? – Perguntei, abrindo espaço no edredom e me colocando embaixo dele, me sentando na cama e observando Liam puxar sua blusa e jogar na escrivaninha e pegar sua calça de moletom atrás da porta e entrar no banheiro.
- Vai ter um almoço na casa dos meus pais amanhã, por enquanto é só o que está marcado. – Ele falou abrindo a porta do banheiro já vestido e colocou a escova de dente na boca.
- Eu quero conhecer sua casa. – Comentei, olhando para ele.
- Podemos fazer isso amanhã. – Ele falou meio desengonçado.
- Eu vou gostar. – Comentei, escorregando meu corpo pela cama e colocando meus braços para dentro da coberta.
- Boa noite, amor. – Liam se aproximou de mim e tocou seus lábios delicadamente nos meus.
- Eu amo você. – Falei com o rosto colado ao dele.
- Eu também. – Ele sorriu.
- Boa noite. – Falei o vendo se afastar e pegar o colchão de ar. – Eu não quero ser a atirada ou a chata ou o que for, mas você vai dormir aqui comigo. É a sua cama, é o seu quarto.
- Não, , não precisa. – Ele comentou, sem ao menos me olhar.
- Liam, eu confio em você, eu sei que você me respeita, agora quer parar de graça e vir deitar aqui? – Falei com o tom de voz bravo e ele me encarou, com os olhos arregalados. – Não vou falar de novo.
Ele suspirou e soltou o ar pela boca, nitidamente irritado.
- Você é mandona, sabia?
- Sim, sabia e você é um bobo! – Ele sentou na beirada da cama e puxou o edredom para cima de seu corpo e escorregou o corpo pela cama, ajeitando a cabeça no travesseiro.
Ok, eu o chamei aqui e agora não sabia o que fazer, eu acho que aquilo era realmente uma tortura para ele. Namorávamos há quase seis meses e até agora nada. Eu não havia aberto nenhuma brecha. Mas sempre que tinha uma, ele fechava, respeitava. Se eu já estava me sentindo mal com tudo isso, imagino como ele se sentia.
Suspirei e desliguei o abajur que iluminava parte do quarto.
- Boa noite, Liam! – Virei meu rosto para o lado contrário de Liam e o afundei no travesseiro, mantendo a respiração pesada. Liam desligou o abajur ao seu lado, deixando somente que a luz que entrava pela sacada iluminasse o quarto.
- Eu não vou fazer nada que você não queira. – Ele falou e se mexeu na cama, provavelmente ficando de bruços que era como ele dormia e tudo ficou em silêncio, até que uns roncos baixos dele fossem ouvidos.
O que provava que eu provavelmente não conseguiria dormir com muita facilidade aquela noite, porque aquelas últimas palavras ditas por ele, provavelmente fizeram com que o que eu havia dito o machucasse. Ele me respeitava, ele realmente me respeitava, por que eu não confiava nisso? Ou pior, qual era o pavor que eu tinha da minha primeira vez? Ele era meu namorado, não? Ele me amava e me respeitava e eu ainda boba, com medo, um medo ingênuo e normal, talvez.
Um medo que eu precisava perder para situações, como dormir na mesma cama, não causasse uma tensão exagerada.
Como Liam havia dormido do lado que estava o relógio, eu não consegui descobrir que horas eram, mas pelo fato de eu estar tensa, não querer me mexer para não acordar Liam, e aquela posição havia começado a doer, provavelmente fazia muito tempo.
Algum momento, eu acabei dormindo.


Capítulo 4

Eu não dormi por muito tempo, isso era certeza. Minha cabeça estava pesada e parecia que um caminhão havia passado por cima de mim. Cansaço, era isso que eu sentia.
Ainda ouvindo o ronco baixo de Liam, e quando eu digo baixo, eu digo baixo mesmo, porque era bem suave, talvez até controlado. Levantei meu corpo devagar, ouvindo as molas da cama fazendo o barulho comum delas, mas que pareciam que estavam arrastando todos os móveis do quarto. Em um impulso rápido eu me levantei, checando se Liam ainda estava deitado, sim, do mesmo jeito do dia anterior, de bruços, e sem a coberta novamente, que estava inteira jogada para o meu lado. Estudei um pouco suas costas, os ossos, o formato que eles faziam no corpo e mordi meu lábio inferior, suspirando novamente. Droga. Ter conversas sobre sexo e ter um homem que me ama como esse ao meu lado, é complicado.
Virei de costas e puxando minha mochila do chão, entrei no banheiro, fechando a porta devagar. Apoiei minhas mãos no granito preto da pia e encarei meu rosto pelo espelho, respirando fundo. O relógio de Liam estava colocado no mesmo lugar e aproveitei para ver as horas, era pouco mais de 7 horas da manhã. Pois é, eu realmente não havia dormido. Se eu tivesse olheiras, com certeza meus olhos estariam pretos, mas por um milagre da natureza, isso não tinha acontecido.
Fiz minhas necessidades matinais, escovei os dentes e desembaracei meus cabelos, que mais parecia um ninho. Conferi se meu biquíni do dia anterior estava seco e a resposta foi não. Peguei o azul de dentro da mochila e me troquei, não sabendo quais eram os planos do dia, mas, com certeza, envolviam praia em algum momento. Peguei um vestido florido e joguei por cima, prendendo novamente meus cabelos em um rabo de cavalo.
Abri a porta do quarto novamente, praticamente segurando a respiração, e dei graças a Deus por Liam ainda estar com o rosto enfiado no travesseiro, se ele acordasse naquele momento, eu não saberia como agir.
Calcei meus chinelos que estavam na porta e coloquei meu celular e carteira, que estavam na escrivaninha em meu bolso e saí do quarto.
Desci a passos de formiga, tentando fazer o mínimo de barulho possível, não sabia que horas o pessoal costumava acordar e todos tinham crianças, então não queria acordar nenhuma delas.
Assim que cheguei no último andar, notei que a luz da cozinha estava ligada e a TV presa na parede também e duas pessoas colocando diversas coisas na bancada.
- Olha, alguém acordou cedo hoje! – Samantha falou e eu dei um sorriso para ela. – Bom dia, querida!
- Bom dia! – Falei me aproximando dela e dando um rápido beijo na bochecha. – Oi, Elsa. – Acenei para ela que estava do outro lado da mesa e bocejei. – Vocês acordam cedo. – Ambas riram.
- Bem, a gente dorme com as crianças, consequentemente, acordamos cedo. – Elsa falou me fazendo rir.
- E você? Pulou da cama? – Sam perguntou e eu ponderei com a cabeça.
- Mais ou menos, não estava conseguindo dormir mesmo. – Peguei a caneca que Sam me entregara e as duas se sentaram uma em cada ponta da bancada.
- Por quê? Tá tudo certo? – Elsa perguntou. – Café, leite ou suco?
- Leite, por favor. – Ela me estendeu a caneca de leite fervendo e eu me servi. – Eu estou com uma leve impressão que eu e Liam brigamos ontem antes de dormir. – Suspirei, olhando os itens da mesa. – E ele está lá, dormindo pesadamente, como se nada tivesse acontecido. – Suspirei, olhando para a mesa, procurando algo parecido com achocolatado.
- Esses Hemsworth são um pouco despreocupados mesmo. Nada muito com o que se preocupar. Provavelmente não aconteceu nada mesmo. – Sam falou e eu dei um riso fraco, dando de ombros. – Mas qual seria o motivo? – Suspirei.
- Sexo. – Falei simplesmente e ambas olharam para mim.
- Ele não queria, você não queria... – Elsa começou.
- Não, na verdade a gente nunca... – Suspirei, me decidindo pelo açúcar mesmo e despejando duas colheres no meu leite e mexendo.
- Nunca? – Elsa perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Eu chamei ele para dormir na cama e aí ele ficou meio indeciso se aceitava ou não e aí eu disse para ele que confiava nele e que sabia que ele me respeitava. – Apoiei a mão na cabeça. – Aí ele disse que não faria nada que eu não quisesse. E eu não sei...
- Não esquenta com isso, querida. – Sam falou. – Eu já notei que vocês dois são um pouco esquentados, então briguinhas assim vão acontecer com frequência. – Afirmei com a cabeça.
- Pior que somos mesmo. Parece que a personalidade é igual.
- Às vezes isso pode ser ruim, mas na maioria das vezes isso vai ser bom. Vocês podem resolver coisas importantes no meio dessas brigas. – Ponderei com a cabeça.
- É, talvez.
- Larga de tristeza, se alimenta, que a gente vai dar uma volta na cidade. – Elsa falou, se levantando novamente. – Tem pão, queijo, quer vegemite?
- Acho que não estou pronta para isso ainda. – As três riram.
- Eu demorei muito para comer isso também. – Elsa falou e eu ri.
- É questão de costume, viu?! No começo parece algo horrível, mas quando você se acostuma, vai naturalmente. – Samantha falou, mordendo um pedaço de pão com uma camada de vegemite por cima e eu fiz uma careta.

- As mulheres e os meninos! – Samantha falou após fechar a porta da mini van.
Nós três estávamos saindo, mas também estavam indo os três menores, Alexandre, Tristan e Sasha. Deixando Luke, Chris e Liam lidando com as quatro meninas, pelo menos eram o que elas achavam que ia acontecer, eu preferi não palpitar.
As três cadeirinhas ocupavam o banco de trás e eu e Elsa dividíamos o banco da frente, enquanto Sam dirigia, o que não foi difícil, já que logo ela estacionou no calçadão de uma praia e descemos do carro.
- Quer ajuda, Elsa? – Me aproximei dela que desamarrava um dos gêmeos.
- Não se importa?
- Claro que não, só vai ser mais um peso para você. Esses garotos estão grande, ok?! – Sam riu ao meu lado, com Alexandre já preso em seu peito com o canguru.
- Tristan pareceu gostar de mim ontem. – Comentei com Elsa enquanto ela prendia um canguru em meu peito e o prendia firme nas costas. – Só não me peça para diferenciá-los.
- É fácil diferenciar, Sasha tem menos cabelo, Tristan é mais cabeludo, simples. – Ela falou pegando Tristan que estava meio sonolento e o colocou no canguru preso em mim. – Firme? – Afirmei com a cabeça.
- Acho que sim! – Apoiei a mão na parte de baixo do canguru, checando se estava tudo ok. – Isso é seguro, né?! – Ambas riram.
- É para ser! – Elsa respondeu, ajeitando Sasha em seu colo.

Nós demos algumas voltas na cidade, mas tudo à beira da praia, eu acabei comprando algumas bugigangas para mim, algumas blusas motivacionais do tipo “Eu amo Austrália” ou “Estive na Ilha” e por aí vai. Aproveitei para comprar uma nova sapatilha para mim, porque sim. Sabia que Liam estava pagando muitas coisas nessa viagem, mas eu tinha reservado uma parte do meu salário para alguns souvenirs para minha família e para mim também.
Tristan era ou calmo demais ou sonolento demais. Ele não deu trabalho nenhum, às vezes ele ria, mexia as perninhas, o que me dava medo daquilo arrebentar e o abraçava em meu peito por precaução, mas nada acontecia.
- Mais coisas? – Samantha perguntou, enquanto estava sentada em um banco ao lado do carro, quando eu voltei com Tristan.
- Acho que vou voltar para Los Angeles sem meu salário. – Fiz uma careta, sentando ao lado dela e segurando os pezinhos de Tristan para não machucar, o fazendo rir, minha mão deveria estar gelada. – Lindo!
- Gostando de ser mãe? – Elsa se aproximou também e eu ri.
- Sempre tive vontade. – Suspirei, acariciando os cabelos claros de Tristan. – Eu gosto de crianças. – Suspirei.
- Liam diz que não, mas ele sempre brinca com as meninas.
- Ele é um idiota, isso sim! – Falei rindo. - Com essas coisas lindas em volta dele e ele fala que não. Eu tenho uma irmã de cinco anos, mas a gente se vê pouco, ela é meu tesouro. E minha irmã mais velha é casada, mas ainda não quer filhos. – Franzi os lábios.
- Liam comentou. Uma família só de mulheres então. – Sam falou e eu afirmei com a cabeça.
- Pois é, só mulheres. – Ri baixo.
- Bem, vamos? Os garotos estão no clube, e pedindo ajuda para lidar com as quatro. – Elsa falou e eu gargalhei.
- Liam deve estar bem feliz. – Falei ironicamente, me aproximando do carro, tirando Tristan do canguru e ajudando Elsa a colocá-lo na cadeirinha.

Chegamos no clube e como eu era visitante, elas ajudaram a me colocar para dentro. O clube era grande, bonito, cheio de árvores e todo aberto. Eu segui as duas, dessa vez Elsa pegou o carrinho de gêmeos, e colocou os dois ali e subiu a ladeira do clube empurrado o carrinho, Samantha fez o mesmo. Eu subi atrás delas para amparar a situação.
Ao entrarmos na área das piscinas, elas eram grandes. Tinham quatro piscinas distribuídas pelo local, uma aquecida, outra de crianças, uma com três toboáguas e uma que eles estavam, era dividida em duas profundidas, uma para os trampolins e plataformas de salto e do lado de cá, mais raso que era onde eles estavam.
Achei Liam e Chris de longe, já que eles eram os mais altos no local. Chris tinha Ella e Holly em seus ombros e Liam segurava India à beira da água, todas de boias.
- Hey! – Ambos disseram quando nos aproximamos.
- Muitas compras? – Chris perguntou.
- comprou para caramba. – Soltei uma risada fraca e colocamos nossas coisas em cima da mesa que provavelmente era deles.
- Ei! Que julgamentos são esses? – Perguntei fazendo as duas rirem.
- Cadê Harper? – Samantha perguntou.
- Com Luke no bar. – Liam respondeu, sem tirar os olhos de mim.
- Cuida delas um pouco, Chris? Eu vou lá falar com ele. – Samantha perguntou e Chris assentiu com a cabeça.
- Eu vou me refrescar um pouco. – Elsa falou, tirando os shorts e a blusa. – Vamos?
- Já vou. – Falei. – Vou passar protetor e tudo mais. – Ela sorriu e sentou na borda da piscina, entrando. Não sei como eu tinha coragem de ficar de biquíni na frente dela. Ela tem quase quarenta anos e tem esse corpo maravilhoso, tirando o fato que ama exercícios, ioga e tudo mais, coisa que eu odeio, comer é meu forte. Liam entregou India para Elsa e se arrastou em minha direção na piscina, dando um impulso na borda e saindo da mesma, trazendo consigo um bocado de água.
- Hey. – Liam falou, puxando uma toalha e colocando em suas costas.
- Hey. – Respondi.
- Alguém me abandonou essa noite. – Ele comentou, esticando a toalha em uma cadeira.
- Não consegui dormir muito. – Falei e ele ergueu uma mão, tocando meu rosto com a ponta do dedo.
- Você está preocupada. – Ele comentou. – Sobre ontem. – Neguei com a cabeça.
- Está tudo bem. – Falei, erguendo meus olhos para os dele.
- Está tudo bem mesmo. – Ele aproximou o rosto do meu. – Desculpa se eu falei de forma errada.
- Você me desculpe. – Falei, erguendo meus braços e tocando seus ombros ainda molhados.
- Está tudo bem! – Ele falou e eu ri fracamente, aproximando meu rosto do dele e tocando nossos lábios levemente.
- Eu te amo, Liam! – Falei com os lábios encostados e com sua respiração em seu rosto. – Por mais que sejamos iguais e diferentes ao mesmo tempo, eu te amo. – Sussurrei.
- Eu sempre vou te amar. – Ele falou, me abraçando junto a seu corpo úmido, fazendo com que eu soltasse um muxoxo com a boca. – Eu te amo molhada também. – Soltei uma gargalhada e o empurrei de leve com a mão.

- Eu não vou pular, Liam, isso não vai acontecer. – Falei apoiando minhas mãos nas laterais da plataforma de salto.
- Pula! – Liam gritava de lá de baixo.
- Não! Isso é muito alto! – Gritei de volta.
- Pula logo, , você já pulou na de três, são só dois metros a mais.
- Cinco para cima e três para baixo, né?! – Gritei.
- Ai, meu Deus! – Liam passou a mão nos cabelos, aquilo já havia ganhado audiência, porque todo mundo estava olhando para gente.
- Ele vai contigo! – Luke gritou e apontou para Liam e para a plataforma. Liam sumiu na escada.
Ele surgiu ao meu lado rapidamente, agilidade é uma coisa linda.
- Confia em mim? – Liam apareceu ao meu lado, me assustando.
- O quão bravo você vai ficar de mim se eu disser que não? – Falei, franzindo a testa.
- Muito, mas ok. – Rimos junto. – A gente pula junto, de mãos dadas e depois você solta e junta o corpo, para não machucar. – Ele falou calmamente.
- Pode machucar? – Gritei de volta.
- Escandalosa. – Ele falou, colocando as mãos na minha cintura e me ajeitando na borda da plataforma. – Se você pular errado pode.
- Se a intenção era fazer com que eu me sentisse melhor, desiste! – Comentei e ele tocou os lábios em minha testa.
- Confie! – Sorri de lado.
Ele se colocou ao meu lado e estendeu a mão para mim. Já sentindo que minha mão suava em meus dedos, eu segurei a dele, soltando a respiração diversas vezes.
- No três, ok?!
- Se eu chegar lá embaixo e você não estiver ao meu lado, eu juro que te mato afogado nessa piscina. – Sussurrei para ele e o vi arregalar os olhos.
- Agora é certeza que eu vou pular! – Ele falou e eu soltei uma risada fraca.
- Um. – Puxei o ar fortemente. – Dois. – Soltei o ar devagar. – Três!
Foi questão de segundos. A mão de Liam meio que me forçou para frente e eu pulei, como se eu tivesse dado um passo para frente. Tudo ficou preto, pois eu realmente não queria ver o que acontecesse. A mão de Liam se soltou da minha e tentei fechar as pernas e os braços junto do corpo, e o toque da água gelada em meu corpo demorou uma eternidade. Quando veio, o tempo voltou ao normal.
Senti meus pés tocarem o fundo da piscina e forcei os mesmos para cima novamente, vendo uma porção de bolhas ao meu lado, sim ele havia pulado. Ergui minha cabeça na água novamente, puxando uma grande quantidade de água para meu pulmão e pude ouvir algumas pessoas batendo palmas, o que me fez rir, a gente realmente tinha audiência. Liam surgiu ao meu lado e eu soltei uma risada.
- Eu disse que você ia pular. – Foram as primeiras palavras dele antes de nadar em minha direção e me guiar até a escadinha mais próxima, onde Luke estava com duas toalhas esperando pela gente.
- Acho que vocês ficaram uma hora só nesse pula ou não pula. – Soltei uma gargalhada alta.
- A gente está atrasado, né?! – Liam perguntou e Luke assentiu.
- Para quê? – Perguntei.
- Almoço nos meus pais, lembra? – Franzi a testa.
- Que horas são? – Perguntei assustada.
- Quase quatro. – Luke respondeu.
- E eu não senti fome? – Liam perguntou e eu gargalhei com ele.
- Bem que estou sentindo um vazio por dentro. – Comentei.
- Vamos logo! – Luke revirou os olhos e eu acompanhei.

- Deus, eu estou toda molhada! – Falei passando as mãos nas pernas, antes de entrar na casa de Leonie e Craig. Eu tinha o certo costume de chamar os pais de amigos de tios, mas não sabia se eles gostavam, então preferia não chamar.
- A gente vai entrar na piscina de novo, não se preocupa. – Liam falou, me puxando pela mão para entrar logo.
- Mesmo assim, não quero molhar a casa dos seus pais. – Chiei para ele.
Dei uma rápida secada em minhas pernas, tirei meus chinelos e passei os pés pelo tapete que tinha na entrada e passei pela porta.
- Licença. – Falei baixo, mesmo que tivesse só eu e Liam ao redor, já que os outros haviam chegado e eu e Liam chegamos por último, já que ficamos enrolando na piscina. A casa tinha dois andares também. Liam foi explicando enquanto passávamos pelos cômodos.
- Lá em cima fica o quarto dos meus pais, de Chris e de Luke. Aí aqui embaixo fica a cozinha, copa e sala de TV e meu quarto. – Ele falou. – Eu não estava nos planos. – Ele falou rindo e eu franzi a testa.
- Sério?
- Já notou a diferença de idade minha e de Chris? – Franzi a testa novamente.
- São só seis anos, isso não quer dizer muita coisa. – Ele riu fracamente.
- Bem, mesmo assim, minha mão não planejava ter um terceiro filho, mas aí eu vim e fiquei com o quarto aqui de baixo. – Ri fracamente.
- Pelo menos eles tinham um lugar para você. – Comentei.
- Quer conhecer? – Franzi a testa e soltei uma gargalhada.
- Estou conhecendo todos os seus lugares secretos, Liam. – Franzi a testa. – Bem, não tão secretos assim, mas ainda sim. Vamos lá! – Me aproximei dele.
Quando eu brinquei que era lugar secreto, podia ser quase, viu?! Se algum dia a casa fosse assaltada, todos estariam seguros no quarto de Liam, porque você passava pela cozinha, aí seguindo reto, uma porta era a lavanderia e outra era o quarto de Liam. Na porta você já notava marcas de durex arrancado, como se alguma coisa havia sido colada ali.
Liam abriu a porta para mim e me deu passagem para entrar. Não estava uma zona como eu era acostumada com o quarto dele em Malibu, estava bem organizado na verdade. O quarto era em formato de retângulo. A cama de solteiro no canto do quarto, onde uma colcha listrada de verde estava sobre ela. Um armário cobrindo a largura inteira do quarto, e no lado da parede, onde uma janela estava entreaberta, uma escrivaninha. As paredes eram cobertas por pôsteres de surfistas e skatistas, diversos pôsteres e papéis de surfistas e skatistas conhecidos e desconhecidos. Alguns com o nome escrito, como se tivesse sido tirado de uma revista, e outros sem nada.
- Aqui é seu segredo, então? – Perguntei no meio do quarto, era pequeno, não daria para trazer namoradas ou amigos para cá, mas, com certeza, seria ótimo para os pensamentos. – Devia ser gostoso. – Comentei sentindo seus braços passarem pela minha cintura, em um abraço gelado.
- Quando minha mãe aprendeu a lavar roupa enquanto eu estava na escola melhorou. – Soltei uma risada fraca, encostando minhas costas em seu peito.
- Faz sentido. – Ponderei com a cabeça.
- Acho que nesse lugar, em especial, você é a primeira pessoa que eu trago aqui. – Ele comentou com a boca encostada em minha orelha.
- A primeira, primeira? – Provoquei o fazendo rir.
- Minha mãe conta? – Neguei com a cabeça. – Então é!
- Você está compartilhando seu mundo comigo, isso é muito bom! – Falei apoiando as mãos em cima das suas em minha barriga. – Me deixa muito feliz. E eu não digo a viagem, os eventos, o que for, eu digo as pequenas coisas mesmo. Seu quarto, seu canto. É tudo diferente. A cultura é totalmente diferente. – Soltei uma risada nasalada, notando que estava me estendendo muito.
- Diferentes coisas se atraem, não? – Virei meu corpo para ele, sentindo seu braço prender um pouco de meu vestido.
- Acho que o ditado não é esse. – Comentei e ele franziu a testa. – E somos mais parecidos do que você imagina, me surpreendo por nosso relacionamento estar dando certo. – Fiz uma careta.
- Porque é para ser. – Ele comentou, tocando os lábios em minha testa.
- Espero que sim! – Sorri, o abraçando.

- Eu não acredito que eu conheci seus avós. – Falei enquanto me abaixava atrás de Liam que estava dentro da piscina e cochichava em seu ouvido.
- Não foi tão mal assim, foi? – Ele virou o rosto.
- Não. – Relaxei. – Eles são uns amores. – Ele sorriu. – Mas poderia ter me avisado que isso ia acontecer.
- Nessa eu não tenho culpa, eu não sabia que eles estariam aqui. – Sorri. - Quer entrar? – Ele apontou para piscina.
- Não, agora não, seu pai falou que a comida está pronta e eu estou morrendo de fome. - Ele riu.
- O que tem para comer? – Ele me perguntou.
- Pelo que eu entendi, tem peixe com fritas, salsinha na chapa, carneiro assado e costela com molho barbecue. – Abri um sorriso. – Apesar que esse último, eu acho que é por minha causa. – Franzi a testa.
- Talvez. – Ele riu e deu um impulso na beirada da piscina para sair da mesma, me fazendo afastar um pouco.
- Eu tenho que esperar você se secar? – Perguntei mostrando a fome que eu estava. Já passava das cinco e eu estava somente com um leite e algumas fritas que eu havia roubado das meninas no clube.
- As cadeiras são de metal. – Ele falou e eu ri baixo. – Não tenho nada para molhar.
O almoço inteiro estava uma delícia, não sabia quem tinha cozinhado o que, mas, com certeza quem tinha cozinhado, tinha um dom extraordinário para cozinha. Acho que o meu favorito havia sido o peixe empanado com fritas, coisa que era até comum no Brasil, mas normalmente comíamos frango empanado e bastante molho, ali o molho era dispensável.
Ali ninguém julgava ninguém, todos estavam morrendo de fome, então todos os pratos estavam cheios iguais ao meu com tudo que todo mundo tinha direito.
- A gente está indo, então. – Liam falou quando o dia começava a escurecer.
- Aonde vocês vão? – Leonie perguntou, tirando os olhos de sua mãe por um momento.
- Para minha casa, quero mostrá-la para .
- Vocês não querem tomar banho? Se trocar? – Eu e Liam nos entreolhamos.
- Podemos fazer isso lá em casa. O que acha? – Ele olhou para mim.
- Pode ser, só preciso passar para pegar minha mochila lá na outra casa. – Falei, entrelaçando meus dedos nos dele. – Não trouxe nada para cá.
- A gente passa lá antes. – Confirmei com a cabeça.
- Se comportem! – Chris gritou e eu gargalhei.

Após passarmos na outra casa para que eu pegasse minha mochila, já que não sabia quanto tempo ficaríamos ali, seguimos pela orla da praia. Como eu sabia que a ilha era pequena, sabia também que não ia demorar tanto para chegarmos, mas demorou cerca de vinte minutos somente pela orla da praia. Liam passou por alguns lugares mais vazios, até que estacionou em frente a uma casa.
O local era difícil de se ver a olho nu, o sol estava se pondo atrás da casa e todas as luzes estavam apagadas, mas assim que Liam desceu do carro, ele correu até a casa, e apertou um disjuntor, iluminando a casa por fora.
Por fora, a casa tinha somente um andar. Ela era toda revestida de vidro e as partes que não eram vidro, era madeira e onde eu estava era possível ver uma mesa de madeira com duas cadeiras, onde provavelmente era possível relaxar após um longo dia de praia.
Liam me estendeu a mão e caminhei até ele, com a minha mochila comigo. Passamos por uma persiana que estava fechada e damos de cara com um sofá em “L” que havia na casa. Sim, na casa, pois todos os cômodos, pelo menos os principais ficavam na mesma área. Sala, cozinha e sala de jantar.
- Acho que prefiro essa que a de Malibu! – Comentei, colocando minha mochila no chão e o ouvi bater a porta.
- Você gosta de espaços aconchegantes. – Afirmei com a cabeça.
Liam se aproximou da parede ou portas do lado contrário e abriu a persiana, onde pude ver um pouco do mar ao fundo.
- Não é perigoso, não?! – Ele negou com a cabeça. – Eu pensando que aqui é Brasil. – Comentei e ele riu fraco.
- Bem, por aquela porta ao lado da cozinha é o banheiro, e por aquela da sala é meu quarto.
- Eu gostaria de tomar um banho. – Comentei. – Um banho quente. – Falei e ele riu.
- Pode ir lá! – Liam apontou para a porta perto do banheiro. – Quer ver um filme depois? – Peguei minha mochila do chão e o olhei com um sorriso no rosto.
- Vai ser bom relaxar um pouco. – Comentei. – Não tinha notado antes, mas estou bem cansada.
- Imaginei! Você acordou cedo. – Ele disse. – Vai lá! – Ele disse e eu afirmei com a cabeça.
Eu havia deixado meus chinelos assim que eu entrei na casa de Liam, aquele lugar estava impecavelmente limpo e eu que não iria sujá-lo. Andei com a mochila na mão até a porta indicada por Liam e abri, entrando na mesma.
O banheiro, como a casa inteira, era feita de vidro. Bem, não feita de vidro, mas tinha vidro dos dois lados, o que eu me assustei de primeira. Oh, meu Deus!
- Esse banheiro não tem privacidade, não? – Falei, virando de volta para onde Liam estava e o vi gargalhar.
- Fecha as persianas. – Aí sim caiu a ficha.
O deixei rindo da minha falta de atenção sozinho nos outros cômodos, ou será que era um cômodo só? Enfim. Coloquei minha mochila em cima da bancada e me olhei no espelho um pouco, meu cabelo um pouco bagunçado na cabeça e podia senti-lo duro entre meus dedos e meu corpo estava gelado pelo biquíni que eu ainda vestia.
Fui de cada lado do banheiro e puxei as persianas para baixo, sendo necessário que eu ligasse as luzes, porque o sol já estava indo embora.
Encarei entre o chuveiro e a banheira, mas preferi o chuveiro, por mais que eu quisesse, eu não ia folgar na casa do meu namorado, mas eu sei que podia.
Peguei a toalha na mochila, uma calcinha e meu pijama já, eu queria relaxar um pouco e coloquei tudo de um lado da pia. Puxei o vestido para cima, ainda com um pouco de receio daquele lugar, era estranho, tá?! Tirei o biquíni e coloquei tudo em cima da pia, daria um jeito naquilo depois.
Quando entrei embaixo do chuveiro, eu realmente não queria sair. A água quente, fez com que meu corpo relaxasse, e eu entrasse em um estado de calmaria. Podia ficar ali por um bom tempo.
Lavei meus cabelos, tentando desembaraçar um pouco com os dedos e lavei meu corpo, fazendo com que o cheirinho de sabonete ficasse no ar.
Desliguei o chuveiro e me sequei no mesmo lugar que estava, tentando não espalhar muita água pelo banheiro todo. Equilibrando, eu sequei meu pé e pisei longe do molhado. Coloquei minha calcinha e vesti meu pijama, verificando se meus seios não ficariam muito marcados, já que eu realmente não aguentava ficar com algo amarrado as minhas costas por mais um minuto sequer.
Passei o pente em meus cabelos, sentindo alguns nós se desmancharem e passei a toalha um pouco nos cabelos e os chacoalhei, para ver se ficava o menos molhado possível.
Juntei minhas coisas novamente e saí do banheiro.
Liam estava agachado na frente da TV, tirando alguns DVDs do pequeno armário que tinha embaixo dela, no momento em que encostei a porta do banheiro, ele olhou para mim novamente, se levantando.
- Como está? – Perguntou.
- Muito melhor. – Falei jogando a cabeça para trás, o fazendo rir.
- Se deu bem com o banheiro?
- Fiquei espiando meio de canto, mas sim, me dei bem! – Coloquei minha mochila em cima da mesa e estendi a toalha em uma das cadeiras.
- Eu escolhi alguns filmes ali, dá uma olhada lá enquanto vou para o banho. – Afirmei com a cabeça e ele sorriu, pegando o monte de roupas que estava ao lado da porta do banheiro, na bancada e entrou no banho.

- Mesmo? – Liam falou quando saiu do banho e eu soltei uma gargalhada alta do sofá. De todos os filmes que ele havia selecionado, eu não tinha escolhido nenhum, eu havia colocado o filme Os Mercenários 2, claro que só os primeiros 40 minutos do filme, as partes que ele aparecia.
- Eu não sei se consigo aguentar um filme inteiro. – Falei, me ajeitando no canto do sofá.
- Justo! – Ele havia colocado uma calça de moletom, uma blusa regata branca e andava descalço pelo chão.
- Acordei cedo hoje, perdoa. – Comentei e ele se sentou ao meu lado, passando o braço pelos meus ombros, o qual eu apoiei a cabeça e aproximei meu corpo do dele, esticando as pernas para frente no sofá.
Ficamos em silêncio um pouco, coisa que eu já estava acostumada, mas aquilo estava diferente. Eu estava diferente, eu estava em outra realidade.
Meu rosto ficou embaçado por um momento e minha cabeça foi para longe. Para bem longe. Comecei a lembrar da reação de Elsa quando eu havia falado que eu e Liam nunca tínhamos transado. A reação dela creio que foi a normal, já que, parando para pensar, eu e Liam namorávamos há quanto tempo? Quase seis meses? Ele aguentaria tudo isso? Eu sempre achei que o motivo dele e da... Outra terem terminado, foi porque ele não conseguia achar mais em casa o que queria, e procurou fora. Isso podia acontecer comigo?
Me mexi desconfortável nos braços dele e suspirei, desviando o olhar para a televisão.
Não teria outro momento melhor do que aquele, não teria local melhor que aquele, eu só precisava ter mais cinco segundos de loucura extrema, igual eu tive quando eu passei meu telefone para um completo estranho em um supermercado em Beverly Hills. Famoso, mas ainda sim, estranho. Você daria seu telefone para qualquer um por aí? É exatamente a mesma coisa.
Apesar que, como estar em um relacionamento é tudo novidade para mim, acho que eu tive vários momentos de extrema loucura quando se ligava ao meu relacionamento com Liam, tudo é novidade e tudo foi acontecendo conforme eu fizesse algo, ou ele fizesse algo.
Quer saber? Foda-se, me arrepender que eu não vou.
Virei meu rosto para Liam e comecei a estudar seu perfil. Os olhos azuis focados na TV, o nariz que parecia que havia sido moldado à mão, o fim da bochecha e o queixo forrado por uma pequena pelugem e a boca... A boca que dizia que me amava e me beijava com a mesma intensidade.
Ele notou que eu o encarava, mas assim que ele virou o rosto e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, eu estiquei meu corpo para cima, ficando de joelhos no sofá e o beijei.
De início deu para notar que ele se assustou um pouco, mas poucos segundos depois, suas mãos já desceram para minha cintura, enquanto eu ergui as minhas, uma para seus cabelos e outra eu mantive apoiada em seu ombro.
Liam era bom, mas muito bom mesmo, ele sabia quando morder meus lábios, ele sabia quando descer para meu pescoço, onde apertar em minha cintura, ele realmente sabia. E mesmo que no começo, a luz não tinha sido ativada em seu cérebro, ela ativou quando eu subi os beijos pela sua bochecha e aproximei minha boca de sua orelha, dando leves mordidas na mesma. Eu nunca havia feito aquilo, então, com certeza, era meio que um modo de eu dar sinal verde.
Puxando levemente sua camisa pelos ombros, o fazendo se ajoelhar comigo no sofá. Estendi meus braços em seu pescoço novamente e colei meus lábios novamente nos dele, dessa vez mais urgentes, quem mordia era eu, quem deixava marcas vermelhas em seu pescoço era eu. Afastei meus lábios por questão de segundos e soltei a respiração pela boca, o vendo procurar meu olhar.
Ele tinha um olhar surpreso, mas tinha um sorriso em seus lábios avermelhados. Os olhos procuravam por alguma explicação, já a boca procurava por algo mais. Já que mesmo assim a ficha não havia caído, eu precisei dizer ou perderia a coragem rapidamente.
- Eu quero. – Falei encarando seus olhos. – Eu quero, Liam! – Falei firmemente, passando a ponta dos dedos em sua nuca, o que o fez se arrepiar.
- Tem certeza? – Ele perguntou entre as minhas fortes soltadas de ar pela boca.
- Sendo você, sim. – Encarei seus olhos azuis, tentando não desviar de nervosismo.
Com um sorriso sutil nos lábios ele começou, bem, começou do jeito certo talvez.
Ele afastou suas mãos de meu corpo por um momento e as levou até a barra de sua blusa regata e a puxou para cima, revelando seu corpo. Sua mão subiu para meu pescoço e o acariciou levemente antes de tocar os lábios nos meus novamente. O beijo não era apressado igual ao meu, ele era calmo, suave, perfeito.
Devagar eu fui subindo minha mão para seu peito, acariciando de leve os ombros e suspirando a cada toque dado e recebido. Eu não tinha como descrever isso em palavras.
Meu corpo arrepiou novamente quando as mãos de Liam foram para a barra da minha blusa do pijama. Liam me olhou nos olhos novamente e sem ter que responder algo, eu fechei os olhos, somente seguindo o movimento que suas mãos faziam enquanto minha blusa subia e deixava meus seios à mostra, meu corpo arrepiava por dentro e por fora. Suspirei novamente.
Eu não abri os olhos novamente, já que Liam logo encostou a boca na minha novamente e seu peitoral se colou no meu, fazendo com que meus braços subissem para seus ombros.
Após eu estar bem extasiada, ele começou a me ajeitar sobre o sofá, uma mão foi para a base das minhas costas e a outra para uma das minhas pernas, enquanto seu corpo empurrava o meu devagar até que minhas costas encostassem no macio sofá azul, deixando com que meus cabelos se bagunçassem sobre uma almofada.
Antes de ele colocar o corpo sobre o meu, as mãos foram para a parte de baixo dos meus shorts, os puxando com a mesma lentidão de antes e o deixando cair sobre o chão. Talvez a intenção era com que ele me acalmasse, mas cada vez mais o frio na barriga aumentava.
- Relaxa. – Abri os olhos quando Liam falou e soltei uma risada fraca, o encarando em minha frente.
Ele estava ajoelhado entre minhas pernas, com a mão no elástico de sua calça de moletom e abaixou um pouco, revelando um pouco da sua cueca preta. Em um momento meio difícil, ele pisou no chão para que a calça deslizasse pelas suas pernas... E que pernas.
Ergui meus olhos pelo corpo de Liam e uma passada de olho rápida pela sua cueca, notei que ele estava excitado, e eu também estava, eu sentia isso.
Ele deitou o corpo sobre o meu, mantendo o peso sobre uma das mãos apoiadas no sofá. Ergui minhas mãos e as coloquei em suas costas, passando a ponta dos dedos sobre a mesma, e comecei a descê-las, sentindo alguns beijos sendo depositados na área de meu pescoço e colo, me desconcertando um pouco.
Brinquei um pouco com o elástico da cueca dele e nesse momento eu notei que ele parou o que fazia como se esperasse algo e suspirei.
Ajeitei minhas mãos sobre o pano e deslizei a mesma para baixa, com certeza eu estava nervosa, com certeza minha mão estava gelada, mas ele não falou nada, voltando a depositar beijos em minha pele.
Quando meus braços não alcançavam mais, Liam terminou de tirá-la e não vi onde foi parar. Foi sua vez de se livrar da minha calcinha, mas ele fez em um movimento mais rápido, me deixando até um pouco mais aliviada.
- Ainda tem tempo de desistir. – Ele falou erguendo uma mão e tocando uma mecha dos meus cabelos molhados e eu encarei seus olhos azuis, tocando seu rosto com uma das mãos.
- Não, não tem. – Falei com um pequeno sorriso no rosto e ele afirmou com a cabeça, dando um beijo estalado em meus lábios e voltando a se posicionar com um joelho de cada lado do meu corpo, mas os olhos fixos nos meus.

Sede. Eu tenho sede. Suspirei, eu não sabia se Liam estava dormindo ou não, mas seus braços me apertavam contra si. Estávamos deitado lado a lado no sofá ainda, e eu estava com o rosto virado para o encosto do sofá, e ele tinha a cabeça encostada na minha, mas eu tinha sede.
Eu sentia meu corpo nu, o que me dava certo desconforto e doer um pouco entre as pernas, mas era uma dor até que boa, talvez uma dor boa, mas um sentimento de dever cumprido... Tá, isso não ficou legal. É tipo o primeiro beijo, você tem aquele sentimento legal de você fazer parte da galera, ou sei lá. Mexi meu corpo um pouco e consequentemente Liam mexeu um pouco, foi a desculpa perfeita para eu quebrar o silêncio.
- Liam? – Perguntei baixo e ele respondeu com um beijo na dobra do meu pescoço, me fazendo rir um pouco. – Eu estou com sede. – Liam demorou um pouco para processar, até que ele começou a gargalhar e afrouxou o braço de meu corpo.
- Você é demais! – Ele comentou e eu virei meu corpo junto com o dele, ficando metade do corpo no sofá e metade em cima dele.
- É sério! – Comentei baixo.
- Vai lá! – Ele desceu as pernas do sofá e eu em um pulo tirei a coberta que estava em cima de mim e me levantei no sofá, ficando em pé nele por um momento e pisei no chão novamente, primeiro procurando minha calcinha, ficar nua não era confortável.
Achando o pedaço de pano branco no chão, eu o peguei e vesti rapidamente, seguindo em direção a cozinha. Peguei um copo dentro de um dos armários e me servi um copo de água, bebendo-a rapidamente e soltando um pequeno suspiro. Ok, agora preciso de uma blusa.
Virando novamente para a sala, Liam estava em pé e já havia vestido sua cueca e se espreguiçava em frente ao sofá. Caminhei de volta a ele, com um braço em frente ao outro, colocando os cabelos em cima dos seios, que infelizmente não eram compridos o suficiente para escondê-los, o que fez Liam abrir um pequeno sorriso.
- Você está bem? – Ele me perguntou, pegando minha blusa do pijama do chão e estendendo a mim, o qual eu vesti sem pensar duas vezes.
- Tô bem! – Falei, me aproximando dele novamente.
- Eu te machuquei? – Neguei com a cabeça, erguendo uma de minhas mãos e passando em seu rosto e ajeitando alguns fios bagunçados de seu cabelo. – Mesmo? – Afirmei com a cabeça.
- É impossível que você me machuque. – Comentei, ficando na ponta dos pés e tocando seus lábios em um beijo curto. – Eu amo você. – Falei e ele não precisou responder, já que seus lábios tocaram os meus novamente e suas mãos desceram rapidamente para minhas pernas e me pegaram no colo, me fazendo dar um pequeno grito de susto.
- Eu amo você, Coelho. – Ele falou e sentou no canto do sofá, me mantendo em seu colo.
Com o tempo aquilo, com certeza, começou a doer, já que ele se mexia muito. Eu me sentei um pouco completamente no sofá e o deixei que ele arrumasse as costas no encosto e as pernas esticadas em um lado do sofá. No outro lado, eu deitei. Colocando minha cabeça nas coxas de Liam e comecei a sentir um carinho gostoso em meus cabelos, um carinho gostoso que me fez bocejar uma vez, duas, até que eu fechei meus olhos, bocejando mais algumas vezes, antes de virar meu corpo para um dos lados e soltar um suspiro longo.


Capítulo 5

Acordei com a luz que entrava pelas frestas de uma das várias persianas da casa de Liam, senti uma dor em meu pescoço assim que eu me mexi um pouco, suspirando e apoiando a cabeça no local de volta. Opa, esse local era uma das coxas de Liam. Olhando por cima do olho, notei que ele não havia se mexido a noite toda e me levantei, sentando no sofá, me ajeitei sentada ao seu lado e o olhei dormindo. Ele ainda usava somente a cueca preta, o corpo nu, uma perna cruzada em cima da outra no sofá, os braços cruzados em cima do peitoral e a cabeça encostada no sofá, tombada para trás. Aquilo deveria estar doendo muito, mas sua feição estava calma, serena, e eu não queria destruir isso.
Peguei a coberta vermelha que estava no chão e estendi sobre suas pernas. Achando o short do meu pijama, eu o vesti e segui para o banheiro, pegando minha mochila no meio do caminho e escovei os dentes, quando se começa a namorar, você se toca que essa é a primeira coisa que você tem que fazer na vida, ninguém merece bafo matinal, né?! Peguei um lacinho e fiz um rabo com meus cabelos que estavam embaraçados e saí do banheiro novamente.
Deixando a bolsa na mesa novamente, eu parti para a pequena cozinha, procurando alguma coisa para comer. Acabei encontrando farinha, ovos, leite, óleo e um pote de Nutella fechado, acabei me decidindo por fazer algumas panquecas para mim e para Liam.
Misturei os ingredientes na mão, para não fazer barulho, o que me deixou com uma dormência nos braços. Mexendo nos armários novamente, eu peguei uma frigideira e em outro armário, um prato. Comecei a fritar. Colocar um pouco de massa na frigideira, esperar ela dourar um pouco, virar, esperar dourar do outro lado e colocar em um prato e continuei seguindo, distribuindo o peso de uma perna para outra.
- Beauty queen of only eighteen, she had some troubles with herself. - Comecei a cantarolar baixo. - He was always there to help her, she always belonged to someone else. - Coloquei mais massa na frigideira. - I drove for miles and miles and wound up at your door. I've had you so many times but somehow I want more. - Suspirei. - I don't mind spending everyday, out on your corner in the pouring rain. Look for the girl with the broken smile, ask her if she wants to stay awhile… - Comecei a me empolgar para o refrão, balançando a frigideira em minha mão.
- And she will be loved. – Suspirei, ouvindo uma voz tão ruim quanto a minha cantar atrás de mim. - She will be loved. – Vi Liam se aproximar de mim, enquanto se espreguiçava. – She will always be loved. – Ele falou se aproximando de mim.
- Desculpa. - Falei, por mais que eu amasse Maroon 5, essa música talvez não fosse uma boa ideia.
- Sem problemas. - Ele perguntou, passando os braços ao redor da minha barriga e encostou o queixo em meu ombro. – É bom poder voltar a gostar de músicas que você parou de ouvir por um motivo. - Abri um sorriso largo, suspirando. - O que está fazendo? - Ele perguntou.
- Panquecas! - Falei rindo e tirando a última da frigideira.
- Estou morrendo de fome. - Ele reclamou. - E de dor.
- Dor! - Falei como se apoiasse ele, que riu.
- Tá dolorida?
- Meu pescoço está. - Falei estendendo o prato de panquecas para ele enquanto ia atrás de outros dois pratos.
- Só o pescoço? - Ele perguntou arqueando uma das sobrancelhas.
- Idiota! - Rosnei para ele.
- Não, eu falo sério. Está tudo bem?
- Está melhor. – Acabei respondendo. – Pega um leite ou café e vamos comer, por favor.

- Acho que você precisa parar de se esconder de mim. – Liam comentou, vestindo uma camiseta branca, enquanto eu saía do banheiro com um vestido florido de azul e amarelo e meus chinelos nos pés.
- Para Liam! – Falei brava. – Não é como se eu já tivesse me acostumado, ok?! – Coloquei minha mochila no sofá.
- Oh, minha irritadinha favorita! – Ele falou se aproximando de mim e passando os braços pelos meus ombros, enquanto que as mãos subiam para meu rosto. – Estou tentando quebrar o gelo, você está muito quieta.
- Então, por favor, não tente. – Falei erguendo meus olhos até que encontrasse os deles. – Por favor. – Repeti.
- Tudo bem, me desculpe. – Ele roçou os lábios nos meus delicadamente e eu, ficando na ponta dos pés, encostei ambos.
Aquele beijo foi diferente, diferente de todos. Era mais íntimo, mais pessoal, mais explorador, sua língua explorava minha boca, as mãos acariciavam meus cabelos, e eu soltava pequenos suspiros com os lábios. Era isso que eles diziam de estar em outro nível? Liam se separou de mim e abaixando um pouco a cabeça, encostou as testas, separando nossos lábios.
- Eu tenho um lugar para te levar. – Ele falou, me encarando com seus olhos azuis. – Acho que dá tempo. – Ele comentou.
- Aonde vai me levar? – Perguntei, erguendo minha mão e acariciando sua bochecha.
- Dessa vez é surpresa. – Ele se separou de mim, pegando minha mochila no sofá.
- E todas as outras não eram? – Perguntei, o seguindo até a porta.
- Vem logo, ! – Ele puxou meu braço para que eu saísse da casa e desativou o alarme do carro. – Vai, vai! – Ele falou e eu segui até o carro, chutando a areia com os pés e rindo.

Assim que entramos no carro, Liam começou a dirigir pela praia. Do pouco que eu havia visto lá, ele não estava voltando para sua casa com seus irmãos e nem indo para algum dos possíveis locais que eu havia passado por Phillip Island, lugares que eu estava acordada, é claro.
Depois de um tempo eu notei que ele estava indo para ‘fora’ da ilha, se assim posso dizer, eu comecei a ver placas de Melbourne e outras cidades, mas ele começou a seguir pela praia novamente. O som estava baixo, com alguma banda que Liam gostava, que eu não conseguia reconhecer, mas o som era gostoso. Abri o vidro e apoiei o rosto no mesmo, sentindo o vento bater.
Liam parou em um estacionamento próprio de alguma coisa e saímos do carro. Ele estendeu a mão para mim e entrelaçou nossos dedos quando eu cheguei perto. Andamos pelo caminho concretado, até que eu pudesse ver lá para frente, vários barcos enfileirados entre duas docas, lado a lado. Eu não entendia muito de barcos, mas podia ver velas, lanchas e até iates, minha boca se abriu significativamente.
- Quer dar uma volta? – Liam falou enquanto colocava seus óculos escuros e continuava seguindo pelo caminho enquanto eu ficava com cara de boba para trás.
- Espera um pouco. – Falei baixo, dando conta da situação. – Você tem um barco? – Gritei a última parte, descendo a colina correndo e o encontrando já com os pés no deck de madeira.
- Por que a surpresa? – Ele falou, continuando em linha reta.
- Primeiro: a palavra ‘surpresa’ está suspendida do seu vocabulário. – Falei olhando par a água passando embaixo do deck. – Segundo, eu sempre te achei uma pessoa segura com seu dinheiro e agora você me mostra que ostenta até falar chega, né? – Ele virou à direita, pulando dentro de uma lancha que eu fiquei olhando do lado de fora.
Era uma lancha comum? Bem, eu não entendia muito de lanchas, mas você entrava por trás, tinha alguns assentos nas laterais, uma pequena mesa dobrável no meio e mais a frente o manche ou será que era um volante mesmo? E a frente, espaço para você sentar e aproveitar. Enfim, aquilo era lindo, a pintura branca, os bancos de couro bege, e claro que Liam tinha que destruir aquela beleza interior com o que parecia ser adesivos no painel. Um homem lindo desses, maravilhoso, mas com a mentalidade de uma criança de doze anos, mas era o homem que eu amava.
- Vai ficar só olhando? – Ele perguntou me tirando dos pensamentos.
- Você sabe dirigir isso? Ou pilotar? – Ele esticou o corpo para frente e puxou minha mão, fazendo com que eu desse um pequeno pulo para dentro da lancha, sentindo-a balançar um pouco.
- Sei, tenho Arrais15 e tudo mais. – Ele rosnou. – E você está destruindo a minha surpresa. – Ele seguiu para frente, sentan banco do motorista. Honestamente, está difícil fazer definição de alguma coisa. Já andei do node escuna, mas nunca achei, nunca sonhei que andaria de lancha, ainda mais com meu namorado.
- Chega de falar ‘surpresa’, Keith! -
- Não me chama de Keith! – Mostrei a língua em sua direção e segui para o assento ao seu lado.
- Só te chamando pelo seu nome. – Falei e ele deve ter olhado feio para mim, mas seus óculos escuros impediam isso. – Ok, qual é a surpresa? – Perguntei, colocando o cinto de segurança.
- Que tal ver algumas focas? – Arregalei os olhos. – Golfinhos e talvez até baleias?
- Focas? – Repeti novamente, com um sorriso largo no rosto. – Sim, sim, sim! – Virei meu rosto para frente apoiando os braços no painel.

Primeiro de tudo, Liam jogou um colete salva vidas em mim e colocou um nele também, o meu eu apertei bem em meu corpo. Depois ele começou a tirar o barco da vaga, gente, isso é tão estranho, eu não sei como definir as coisas, e foi em uma velocidade devagar, ele até me falou há quantos nós estávamos indo, mas não é como se eu fosse saber em quilômetros, por exemplo, para repassar a informação.
Por mais que eu brincasse com Liam, sobre ele saber pilotar aquilo ou não, sim ele sabia, e ele era bem cuidadoso. Ele passava pelas águas e ondas geladas com calma, mantendo uma velocidade baixa, pelo que eu entendia de carros, mas a viagem não foi longa, logo eu já estava me debruçando desesperada sobre o painel.
- Oh, meu Deus! – Exclamei, vendo algumas focas passando por todos os lados na água. – Isso é incrível! Cadê meu celular? – Comecei a procurar, mas Liam parou minha mão.
- Aproveita, deixa que eu cuido das fotos. – Ele falou e dessa vez eu me levantei da cadeira, deixando minhas sandálias no chão e pisei na parte de cima do barco e com a ajuda de Liam, sentei, me segurando nas grades em volta e observava as diversas focas que passava da Seal Rocks, para a água, e da água para a Seal Rocks.
Olhando pra Liam por alguns segundos, ele tirava várias fotos de mim, mas também mantinha um sorriso gigante no rosto. Aquilo era o significado de ‘se você está feliz, eu estou também’.
Não me demorei muito na parte da frente do barco, sendo segurada pela cintura, enquanto eu descia novamente para a parte ‘térrea’ da lancha. Liam fez com que eu escorregasse o corpo pelos seus braços e eu dei um pequeno grito quando a lancha mexeu com o movimento das ondas, o fazendo rir.
Passei meus braços ao redor do seu pescoço, me obrigando a ficar na ponta dos pés e o obrigando a abaixar um pouco o corpo e me abraçar pela cintura. A situação não era confortável para nenhum dos dois.
- Obrigada! – Falei. Provavelmente já dito essa palavra milhares de vezes durante toda a viagem.
- Eu disse que queria fazer com que você realizasse seus sonhos. – Afirmei com a cabeça, encostando meus lábios nos dele, enquanto as respirações se misturavam.
- Sim, você disse. – Falei em um suspiro. – Mas você está fazendo mais do que isso. – Fechei os olhos. – Você está me fazendo viver o sonho, continuar sonhando. – Abri os olhos. – E eu não quero esquecer isso, nunca. – Espero que ele tenha notado que não era só sobre a viagem, era sobre nós.
- Você não vai. – Ele disse, colando os lábios nos meus.

Não nos demoramos na Seal Rocks, eu acabei encontrando um golfinho no retorno para a marina, mas nada de baleias jubarte, creio que não estávamos em uma grande profundidade para elas estarem por ali.
Voltamos para a casa de Liam com grandes nuvens pretas se formando atrás de nós. Aquilo significava que uma grande tempestade estava para vir, uma grande mesmo. As nuvens escureciam, os raios começavam a cair e as árvores chacoalhavam, é o tempo estava bem feio.
Pisamos dentro da casa dos Hemsworth no mesmo tempo que a chuva caiu. Até eu me assustei. Ela era forte e pesada, fazendo com que as ondas se mexiam descontroladamente e os trovões ficassem cada vez mais altos.
- Onde os pombinhos passaram a noite? – Luke perguntou quando entramos na sala, dando de cara com ele e Chris.
- Cadê as mulheres? – Liam perguntou.
- Trovão e crianças, acho que você pode imaginar. – Chris falou e puxou a cortina da cozinha e ligou a luz da mesma. – Onde passaram a noite? – Ele repetiu a pergunta e eu soltei uma risada.
- A levei para conhecer minha casa e para andar de lancha hoje. – Liam falou, puxando a janela da sala, que dava para a praia. – Já almoçaram?
- Cada um se virou com o que tinha aí em casa. – Luke falou, com os olhos na televisão, onde passava um jogo de rúgbi.
- Tá com fome, ? – Liam perguntou indo para a cozinha.
- Acho que agora ainda não, tomamos café tarde.
- É, não sei se estou a fim de comer agora também. – Ele pegou um copo de água e virou totalmente.
- Posso fazer um bolo, alguma coisa para gente comer mais tarde. – Comentei, dando de ombros.
- Seu bolo de cenoura com cobertura de chocolate? – Soltei uma risada baixa, dando de ombros de novo.
- Eu apoio a ideia! – Chris gritou do outro sofá.
- Pode ser. – Falei. – Se tiver tudo.
- A Elsa é meio natureba, deve ter algumas cenouras por aqui. – Liam comentou.
- Ok, pode deixar que eu faço sim! – Soltei uma risada fraca. – Eu vou subir para pegar meu casaco, ok?!
- Melhor mesmo, porque está esfriando. – Chris falou.
- Belo jeito de acabar a viagem, hein?! – Liam gritou e eu entortei a boca.
- Nem tudo são as mil e uma maravilhas. – Movimentei os ombros.

Não fui só pegar meu casaco, acabei parando no andar de Samantha e Luke. Assim que passei pelo andar a porta do lado contrária estava aberta, notei que o segundo quarto, era um quarto para possíveis crianças, o que no caso de Liam ainda não tinha finalidade. Eram sete crianças, sete crianças para esconder da chuva e dos trovões. E somente duas mulheres.
A sorte era que Alexandre e Harper, filhos de Samantha já dormiam, deixando ela somente com as duas mais velhas. Já Elsa havia conseguido feito Tristan dormir, mas Sasha tinha os olhos cheios de lágrimas e India estava agitada também.
- Venham aqui, meninas. – Falei para as três mais velhas que tinham brincado comigo na praia no outro dia. – Quem quer se esconder da chuva? – Perguntei, me sentando atravessada em uma das camas, as três olharam para mim. – Sentem aqui comigo.
Fiquei no meio delas, com India de um lado e Ella e Holly do outro, por mais que eu tivesse uma irmã mais nova, não era a mesma coisa, ela havia crescido comigo, brincado comigo, e me conhecia a vida inteira, não há três dias.
- A gente faz assim. – Continue após elas se ajeitaram. – Encostamos a cabeça no travesseiro. – Fiz e elas me imitaram. – E nos cobrimos com a coberta. – Estiquei a coberta azul em cima de nós três. – E quando a gente ouvir um trovão, cobrimos nosso rosto com a coberta, vamos tentar? – Elas me olharam. – Assim ele vai embora mais rápido.
Os trovões vieram, um atrás do outro, a cada um, cobrindo o rosto com a coberta e depois tirando, esperando pelo próximo, mas com o tempo eles foram se afastando, e as meninas foram se acalmando também. Primeiro Holly fechou os olhos, com o rosto ainda coberto e começou a suspirar calmamente. India foi a próxima e logo em seguida Ella dormiu. Fechei os olhos por um tempo, mantendo o silêncio no quarto, com os olhos atentos de Elsa e Samantha.
- Obrigada! – Elsa sussurrou, movimentando os lábios. Não sei como eu havia feito aquilo, mas havia funcionado, suspirei lembrando de algo que minha mãe dizia: macaco vê, macaco faz. Enquanto eu ouvia o trovão e colocava a coberta em meu rosto, elas me imitavam, porque elas confiavam em mim.
- Você e Liam ficaram na casa dele essa noite, não é?! – Samantha continuou sussurrando.
- Sim. – Falei sentindo minhas bochechas corarem.
- Rolou, não foi? – Elsa falou em seguida e eu só afirmei com a cabeça. – Foi bom? – Fiz o mesmo movimento de antes e elas sorriram. Agora me pergunta se vai ser fácil assim contar para minha mãe.
O tempo ruim passou uma hora depois, mas o sol ficara tímido, não conseguia sair por detrás das nuvens, deixando aquele clima mórbido pelo resto da tarde.

Para sair do meio das três não foi fácil. Eu acabei tentando me esgueirar por baixo, mas a cada movimento que eu dava, a cama fazia aquele barulho chato das molas, me fazendo parar e começar tudo de novo. Acabei decidindo por sair correndo. Em um movimento rápido eu me levantei e ajeitei a coberta em cima das meninas novamente. Vendo India soltar o braço de cima de seu corpo e deixar cair no espaço em que antes eu estava.
- Elas gostam de você, sabia? – Elsa falou com Sasha no colo e observando Tristan que começava a se mexer no carrinho. – Ele vai chorar.
- Posso? – Perguntei indicando Sasha. – Eu só fiquei com Tristan.
- Claro! – Ela me estendeu Sasha, que agora focou seus grandes olhos azuis em mim.
- Oi, lindão! – Falei para ele, que apoiou os bracinhos em meus ombros e ficou me encarando.
- Ele é curioso. – Falei.
- Ele é, mais que Tristan. Tristan é preguiçoso, sonolento.
- Tá explicado porque ele gostou de mim logo de cara, temos muito em comum. – Ambas riram, notei que Samantha tinha Alexandre em seu colo, com uma mamadeira com leite em sua boca.
- Você parece gostar bastante de crianças. – Sam comentou.
- Eu gosto, gosto muito e me afeiçoei a eles. – Abracei Sasha que agora tinha os olhos fechados e a cabeça apoiada em meu peito.
- Eles são seus sobrinhos agora. – Abri um sorriso sincero para Sam. – Quem sabe um dia você não junte os seus pequenos com os nossos?
- Oh! – Comentei, soltando uma risada em seguida. – Quem sabe um dia.
- O quê? – Elsa perguntou.
- Eu só tenho vinte anos, gente. Eu e Liam nunca falamos no assunto. Nem de casamento. – Elas riram fracamente. – Quando for para acontecer, quem sabe.
- O futuro tá aí, ! – Elsa falou.
- Não apresse a garota, Elsa. Tem muita coisa pela frente. – Samantha falou, tirando a mamadeira da boca de Alexandre. – Muita coisa. – Ela repetiu.
- Ei! - Liam abriu a porta com força.
- Xí! – Eu, Elsa e Samantha falamos juntas.
- Se você acordar alguém, eu juro que te mato. – Rosnei para Liam.
- Eu não sabia. – Ele sussurrou, colocando a mão na cabeça de Sasha enquanto eu o segurava. – É que você falou que ia fazer bolo e está dando fome.
- Ah, coitado! – Revirei os olhos.
- Falou em bolo, eu também quero. – Elsa comentou.
- Não é nada natural, Elsa, já avisando. – Liam disse e eu ri fraco.
- Eu não sou tão chata assim, Liam. – Ela respondeu.
- O bolo vai cenoura, por sinal. – Resolvi entrar no meio.
- As crianças estão dormindo ou quase. – Sam falou. – A gente desce daqui a pouco.
- Sasha já deve estar no mundo dos sonhos. Posso colocar no berço? – Ajeitei o pequeno em meu colo.
- Claro, . Assim ele se ajeita melhor. – Me aproximei do berço e coloquei Sasha no mesmo, esticando a coberta até seu pescoço, vendo seu rosto continuar sonolento. – Vocês podem descer, a gente já chega lá. Confirmei com a cabeça.

- Você precisa ser mais sutil, Liam! – Falei enquanto todos estavam em volta da mesa e as crianças dormiam no quarto de cima.
- Por quê? – Ele perguntou. – Eu não fiz nada.
- Sei! – Sam respondeu. – Só destruiu o trabalho de quase uma hora.
- Desculpa! – Ele falou, colocando o último pedaço de bolo na boca.
- Não acorde meus filhos, hein? – Luke brincou apontando o garfo para ele.
- Ah, que isso. Elas me acordam, pintam minhas unhas do pé e eu não falo nada. – Soltei uma risada fraca, colocando o último pedaço de bolo na boca.
- Estava muito bom, ! – Chris disse, afastando o garfo de lado.
- Que bom! – Falei, com um sorriso no rosto.
- Bem, Chris disse que seus pais vem aqui mais tarde, né?! – Sam disse e o mesmo afirmou com a cabeça. – Eu vou aproveitar e dormir um pouco, dormi bem mal à noite. – Afirmei com a cabeça.
- Aproveita também, Elsa. – Chris falou. – Deixa que eu e Luke damos conta das crianças.
- Ok, mas qualquer coisa chama. – Ela respondeu, dando um rápido beijo em Chris. - Ah, mas tem que arrumar as coisas aqui.
- Não, não, isso vocês podem deixar comigo, sem problemas. Lavo isso em dois minutos e posso já colocar a mesa para janta. – Falei simplesmente, eles estavam com cara de cansados, todos os quatro, só eu e Liam havíamos dormido à noite.
- É melhor, gente, podem subir. – Liam falou me dando suporte.
- Você pode subir também, já tomando banho, ajeitando as coisas lá em cima, que depois eu vou querer fazer isso. – Falei para Liam fazendo os outros quatro rirem. – Prometo não inundar a casa. – Falei rindo e eles afirmaram com a cabeça.
- A gente vai confiar em você, ! – Luke falou rindo e eu afirmei com a cabeça.

Honestamente, eu precisava de um momento sozinha, esses quatro dias haviam sido pauleira. O que havia sido bom, muito divertidos por sinal, mas eu precisava de cinco minutos sozinha, para colocar os pensamentos em dia, repassar tudo que havia acontecido e também dar sinal de vida para minha mãe, que eu não havia mandado nada desde o primeiro dia.
Comecei por isso. Tirei meu celular do bolso do casaco e encontrei o wi-fi já conectado, pelas várias vezes que Liam pegou meu celular.
Enviei uma mensagem para minha mãe, falando que estava tudo bem, que eu estava me divertindo e tal. Sabia que ela não olharia o celular naquela hora, afinal, era começo da noite aqui na Austrália e a distância era de 11 horas entre aqui e minha cidade lá no Brasil.
Junto da mensagem, eu tirei uma selfie e mandei, para provar mesmo que eu estava bem, viva e tudo mais. Abri meu Instagram para postar alguma foto e notei que tinha várias notificações de curtidas, seguidas e marcações de fotos.
Liam havia postado algumas fotos no meu Instagram, que ficava sempre logado, um vídeo da minha chegada, eu pulando e saltitando no aeroporto de Sydney, uma foto nossa na Ponte da Baía de Sydney e uma segurando um coala, a que eu estava rindo.
Uma também de eu surfando, ou em pé na prancha por alguns segundos e outra da Penguim Parade. Aí parava por aí. Já nas fotos que eu havia sido marcada. Uma delas era de hoje, na lancha, minha em cima da lancha, olhando as focas na Seal Rocks, já a outra era minha brincando com as meninas na areia da praia, não sabia que ele havia tirado foto daquele momento. Com preguiça de aceitar algumas pessoas novas, eu fui para músicas, colocando no aleatório e deixando que o som saísse pelo speaker. Deixei o telefone no meio da bancada e segui para arrumar as coisas.
A chuva da tarde havia molhado toda a mesa lá fora, a única mesa que caberia 8, e algumas cadeirinhas de crianças. Então acabei colocando a mesa da sala para seis e ajeitando dois lugares na bancada e passei um tempo pensando se as cadeirinhas das crianças caberiam ali, mas não foquei isso por muito tempo, segui para a pia, para lavar todas as travessas e pratos dos bolos
Coloquei tudo na pia e comecei a lavar. Eu cantarolava as músicas para mim, seguindo de Maroon 5, Adam Lambert, algumas mais antigas como Queen e até alguns pop como Britney Spears. Meu celular tinha vários tipos de música, bem, vários até demais. Porque eu não tinha notado aquilo antes? Eu teria evitado tudo que se seguiu.
- Chapter one we started happy, the second that you said you loved me, I started questioning us, are we really in love? - Continuei cantarolando a música baixa. - Trying to figure out chapter three, but you’re not giving me anything. This is what we are, then I gotta move on. - Segui a música, cantando o refrão. - You think this is everything, this is no book of love... You might think I’m crazy, that I am lost and... - Minha música foi cortada e eu virei meu rosto para trás, me dando conta do que eu tinha cantado e de quem me encarava com a cara bem fechada, não sabia definir se era raiva ou choro, ou das duas coisas. Dessa vez o erro era meu, e feio para caramba.
Eu ouvia Hannah Montana/Miley Cyrus desde que a série estreou no Brasil, quando eu tinha 11 anos, e seguindo a carreira, ouvindo as músicas, eu continuei curtindo. Quando comecei a namorar com Liam, a primeira coisa que eu havia feito era deletar todas as músicas dela no meu iPod, por mais que eu ouvisse de vez em quando, eu havia tirado de sua direção, para prevenir exatamente o que estava para acontecer segundos depois, mas eu havia esquecido de tirar as músicas do celular.
- Sério? - Ele falou olhando para mim, eu não tinha resposta, eu não sabia o que dizer na verdade. - Sério que vai ouvir isso? - Suspirei, fechando meus olhos.
- Droga! - Falei baixo, puxando a toalha e sequei minha mão. - O que você quer que eu diga? Eu não tenho o que dizer, aconteceu, eu ouvia.
- Você poderia, pelo menos, saber o significado dessa bosta para mim...
- Eu sei... - Falei baixo, suspirando, ouvindo sua voz aumentar.
- Saber o quanto isso significa para mim e mexe comigo. - Abri meus olhos, o encarando na sua frente.
- Ah, isso ainda mexe contigo? - Suspirei, me aproximando dele. - Isso ainda tem algum significado para você? - Ele ficou quieto, o jogo tinha virado. - Acho que quem está errado aqui não sou, né?! - Joguei o pano em cima da bancada. - Isso, é música, uma música muito boa por sinal, mas ela é só uma cantora para mim. - Cheguei perto dele. - Essa música não tem significado nenhum para mim e também não deveria ter para você, sabe por quê? Porque faz um ano! Ou mais. - Suspirei. - E foi você que quis entrar nesse relacionamento. - Ele abriu a boca. - Eu queria também, mas quem tinha assuntos não resolvidos era você, não eu. E é bom você resolvê-los, antes de seguir isso comigo. - Notei que já estava gritando no fim.
- ! - Ele falou firme. - É um passado meu, quer que eu esqueça? Quer que pare de doer?
- Esquecer não, nunca pedi para você esquecer seu passado, nem eu esqueço, se não, não teria parado de ouvir músicas dela, ver filmes e tal por causa de você. Mas doer? Achei que eu teria feito parado de doer já. - Senti meus olhos começarem a encher de lágrimas. - Achei que eu teria sido responsável por isso quando se apaixonou por mim. - Passei a manga nos olhos. - Isso se você realmente se apaixonou por mim. - Falei a última parte baixo e ele segurou meu braço.
- Nunca duvide disso. - Ele falou.
- Está meio impossível não duvidar agora. - Falei, suspirando.
- O que está acontecendo aqui? - Chris apareceu no topo da escada e eu fechei os olhos, puxando o braço que Liam segurava e saí pela porta que dava para a praia.
- Merda! - Ouvi Liam falar ao fundo e um barulho de algo se quebrando em seguida.

- Que merda! – Falei quando as lágrimas caíram de vez assim que eu pisei na areia molhada.
Eu odiava chorar em público e pelo jeito naquele momento não seria diferente. Eu estava triste, e o pior de estar triste, era estar com raiva, isso me destruía tudo por dentro. Como assim aquilo ainda mexe com ele? Tá que a porcaria do CD inteiro era sobre o relacionamento deles, mas quem ele pensa que é? Estamos juntos há muito tempo para aquilo ainda mexer com ele. Tá que quase seis meses não era tanto quanto quatro anos, mas porra, um pouco de consideração comigo, só um pouco. É pedir demais?
Chutei um punhado de terra a vendo voar pelos ares um pouco e suspirei, olhando para os lados. E ainda ficava pior. Eu estava do outro lado do mundo, de shorts, com meu moletom da faculdade e de chinelo, rezando para esse vento ir embora. Pelo menos não tinha como ficar pior... Eu acho.
Suspirei alto. Jesus alguém me salva, ou me dê uma luz de onde eu devo ir. Para ajudar eu havia largado meu celular lá dentro e não sei se o Wi-Fi tinha uma boa localização para eu sumir dali. Também não podia pegar um táxi porque eu não saberia como voltar e também pagaria como? Minha bolsa também havia ficado lá dentro.
Essa ideia de sair correndo para desestressar havia sido uma péssima ideia.
Andei um pouco pela areia da praia, À direita da casa e me sentei no chão, abraçando as pernas com as mãos, sentindo o vento bagunçar meu cabelo e olhei em direção para as ondas. Elas ainda estavam agitadas por causa da chuva, essa hora deveria estar bem gelado para entrar no mar, talvez um banho gelado me faria bem, mas não, mar a noite nunca parecia uma boa ideia, mesmo com os postes da praia ligados acima de mim.
- Ei, garota! – Ouvi uma voz atrás de mim e olhei imediatamente.
- Hey, Chris. – Falei e ele se sentou ao meu lado.
- Está tudo bem? – Afirmei com a cabeça. – Eu sei que não. – Ele tocou meu rosto, provavelmente limpando uma das várias lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto.
- Por que perguntou então? – Falei, seguida de uma risada fraca.
- Força do hábito? – Ele perguntou e passou o braço pelas minhas costas, me abraçando. – Eu conheço você há pouco tempo, mas conheço o Liam há 25 anos e posso dizer que ele nunca foi fácil, e também posso dizer que você também não é. – Ponderei com a cabeça. – Vamos fazer uma conta aqui.
- Eu sou de humanas. – Falei e ele deu risada.
- Mas espero que tenha aprendido o básico da matemática. – Soltei uma risada. – O que acontece quando você junta positivo com positivo?
- Sinais iguais dá positivo, sinais diferentes negativo, por quê? – Virei para ele.
- Você e o Liam são dois positivos. – Ele falou. – Ou dois negativos, vai da perspectiva de vocês. – Ri novamente. – Ou seja, quando uma pessoa que não é fácil, junta com outra que não é, cabum! – Soltei uma gargalhada.
- Mas a gente mal briga, é... É diferente do que houve hoje. – Suspirei.
- Vocês são um casal novo ainda, se tivesse uma briga dessa nos dois primeiros meses, aí os dois não teriam autocontrole. – Ele falou.
- Isso quer dizer...? – Perguntei.
- Relaxa. Sobre doer ainda, ou o que for, acho que o ego dele que está machucado ainda, não o coração. – Ele suspirou. – Ele é orgulhoso, então quando ela fez tudo aquilo, ele tenta mostrar que está bem e tal. E ele está, ele está feliz contigo, quer mais que ela se foda. – Gargalhei alto, encostando a cabeça em seu ombro. – Mas o ego dele foi machucado e isso para ajeitar, querida, pode demorar um pouco. – Ele se levantou. – Mas ele tem você, e você tem ele. Não façam nada que se arrependam. Vocês se amam, tem coisa melhor do que isso? – Suspirei. – Viu, a resposta é não.
- Obrigada, Chris. Você está sendo um amigão. – Falei, suspirando.
- Um irmão, pode contar comigo como se eu fosse seu irmão. – Afirmei com a cabeça.
- Obrigada, irmão! – Falei e ele sorriu.
- Vamos lá, vai! – Ele esticou a mão. – O pessoal chegou. – Suspirou.
- Já vou, me dê alguns minutos para ter coragem de olhar na cara dele de novo. – Ele afirmou com a cabeça.
- Só deixo porque ele também deve precisar disso. – Chris deu meia volta e voltou em direção para a casa. Suspirei novamente.

Demorei um pouco mais do que alguns minutos, como havia dito para Chris, mas quando me levantei, notei que uma pessoa me observava ao longe. Assim que eu tirei a areia de meus shorts ela andou em minha direção.
- Oi, querida! – Leonie falou para mim, com as mãos cruzadas sobre o peito. – Eu soube o que aconteceu. - Fechei os olhos por alguns segundos.
- Desculpe. – Falei instintivamente.
- Pelo que? Por brigar com meu filho? – Ela suspirou, me abraçando pelos ombros. – Ah, querida. Ele já está bem grandinho para que eu fique me metendo nos problemas dele. – Afirmei com a cabeça. – Eu vim por outra razão e aproveitei que você estava sozinha aqui. – É nesse momento que eu fico com medo?
- O que foi? – Olhei para a linda loira de olhos azuis.
- A gente não teve a chance de conversar em nenhum momento. – Ela começou. – Por mais que a gente não tenha conversado muito, bem, nada, na verdade. Eu fiquei te observando com meu filho. – Ela fez uma pausa. – Ele está muito feliz, há anos que eu não o via exalando essa felicidade dele. – Abri um sorriso de lado. – Por mais que algumas brigas apareçam de vez em quando, o amor cura, o amor sara, o amor aguenta. – Ela ficou de frente para mim novamente. – Vocês são jovens ainda, só ter um pouco mais de paciência que tudo dá certo. – Ela sorriu. – Sei também que jovens não tem muita paciência, mas vocês dão conta. – Soltei uma risada fraca. – Me dá um abraço, sua mãe não está aqui para te acalmar, então tento eu. – Abri um sorriso quando ela passou os braços pelo meu corpo e eu retribuí, feliz por ter tido essa conversa com ela, mas também sentindo algumas lágrimas nos olhos, já que, como ela havia falado, não tínhamos tido nenhuma conversa, ela sempre estava ocupada. – E claro, você é bem vinda à família. – Abri um largo sorriso.
- Obrigada, Leonie. Obrigada por tudo. – Ela suspirou.
- Me chame de tia, ou sogra, ou qualquer coisa, menos Leonie! – Ela riu fracamente junto comigo. – Parece minha mãe quando eu era mais jovem.

Leonie me puxou para dentro de casa novamente, entrando antes, já que eu havia ficado alguns minutos batendo meus shorts, só para ter certeza que ele não tinha mais areia, mas como havia sentado em areia molhada, não teria tantos problemas.
Assim que eu pisei dentro de casa, todos que comiam alguma coisa na mesa de jantar me olharam, todos menos Liam, que não estava por ali.
- Estou bem! – Falei prontamente. – Está tudo certo, eu juro. – Luke deu uma risada fraca. – Cadê ele?
- Lá em cima. – Elsa respondeu e eu suspirei.
- Me desejem sorte. – Falei.
- Êpa! – Craig me parou. – Antes da senhorita subir, você vai vir comer a minha sopa de peixe.
- Sopa de peixe? – Perguntei assustada.
- É boa, eu prometo. – Chris falou indicando para sentar ao seu lado da mesa.
Um caldo meio alaranjado foi servido para mim, junto de uma grossa fatia de pão. Olhei meio assustada para a comida, honestamente, sopa de peixe, eu nunca havia comido, era coisa do Craig, certeza, porque era bem estranha. Com a primeira colherada, eu notei que era parecido com o pirão brasileiro, até a consistência era a mesma, o que me fez tomar em vários goles longos, dividindo o espaço com o pão caseiro.
- Pior que está boa mesmo. – Falei, fazendo-o rir.
- Eu sempre faço coisas boas! – Ele falou se levantando da mesa. – Mas agora vou experimentar esse bolo que você fez. – Abri um sorriso.
- Fique à vontade. – Falei e ele riu. – É minha especialidade, depois de miojo e arroz. – Ele riu.
- Não é muito de cozinhar? – Me levantei da cadeira, com meu prato e a colher na mão.
- Eu até que gosto, mas não tenho muita criatividade. – Dei de ombros. – A faculdade e morar sozinha me forçaram a aprender algumas coisas. – Ele riu.
- Nada demais? – Afirmei com a cabeça. - Quando você voltar, eu te ensino umas coisas australianas para você tentar lá em Los Angeles. – Ele riu. – Ou no Brasil mesmo. Da próxima vez você precisa nos mostrar seu país.
- Vai ser um prazer. – Falei sorrindo.
- Não que seu namorado tenha te mostrado muito da Austrália, mas ok, Phillip Island dá para o gasto. – Ele cochichou.
- É maravilhoso, do que eu conheci, a ilha é linda. – Falei, colocando os utensílios em minha mão na pia para Sam que lavava. – Eu deixei de lavar muita coisa?
- Que isso, vai atrás do seu namorado, já que ele é tonto o suficiente para não vir atrás de você. – Sorri com o que Sam disse que encarei as escadas.
- Caso eu não desça novamente, boa noite, pessoal! – Falei para todos, subindo o primeiro degrau.
- Boa noite, ! – Ouvi um coro e comecei a subir alguns degraus.

Respirei várias vezes na porta antes de ter coragem para abri-la. Assim que destravei a mesma, o rangido denunciou minha presença para Liam que estava sentado na cama, olhando para a sacada aberta a sua frente, mas sua visão distraiu para mim, quando entrei e bati a porta atrás de mim, me mantendo encostada na mesma.
Ele se levantou no mesmo instante, deixando o celular em cima da cama e me olhou.
Aquele momento pareceu demorar uma eternidade. Ele me olhava, eu o olhava. Ele já vestia sua calça de moletom e mantinha o peito descoberto, maldito.
Um certo arrepio passou pelo meu corpo e uma tremedeira começou em meus lábios, sinal de que eu ia chorar novamente. Andei alguns passos em sua direção e o abracei, sentindo seu corpo apertar o meu.
- Desculpa! – Ele falou primeiro e eu suspirei, sentindo seus braços me apertarem contra seu corpo.
- Desculpe, desculpe, desculpe! – Falei repetidamente, sentindo meu nariz entupir e a visão embaçar.
- Xí, xí! – Ele falou, afastando meu corpo do seu e segurando meu rosto com as duas mãos.
- Vamos esquecer isso, foi dito sem pensar. – Falei.
- Você sabe que eu te amo, não sabe? – Ele disse colando a testa na minha. – Eu te amo, você, só você.
- Eu sei, eu sei. Vamos parar isso. – Repeti novamente, suspirando.
- Sim, só existe você e eu, somente nós dois. – Ele falou e eu encostei meus lábios nos dele, segurando sua nuca com as mãos e me separando logo em seguida por falta de ar.
- Eu te amo, eu te amo. – Suspirei.

Saí do banho de pijama e corri para embaixo das cobertas. O tempo estava gelado e Liam fazia questão de manter aquela sacada aberta. Não que fosse ruim, era um ótimo despertador, mas não no tempo gelado que havia virado.
Assim que eu deitei na cama ele passou o braço por trás da minha cabeça e eu deitei a cabeça em seu braço, o sentindo me abraçar com o outro braço, suspirei, me sentindo bem ali naquele meio.
- O que você mais gostou? – Ele perguntou.
- Tem amanhã ainda, Liam!
- Nem conta! Vamos passar a tarde inteira viajando, para passar a noite viajando. E você trabalha na segunda. – Fiz uma careta.
- Depois dessa viagem incrível que eu fiz, eu aguento tudo! – Falei e ele riu. – Claro que vou tomar alguns comprimidos para a viagem de avião, mas ok.
- Se você já capotou na ida, imagina na volta! – Soltei uma gargalhada.
- Eu tenho uma pergunta para você. – Parei pensativa. – Porque pousar em Sydney, e viajar por umas dez horas, quando podia pousar em Melbourne e economizar bastante combustível?
- A gente faz isso, normalmente, mas aí eu te trouxe para cá, queria que você conhecesse alguns dos principais pontos turísticos da Austrália, os mais famosos estão em Sydney.
- Obrigada por isso então! – Suspirei. – Porque eu sei como vai ser chato a viagem de volta.
- Vai mesmo, porque teremos sete crianças conosco! – Arregalei os olhos.
- Todo mundo vai embora?
- Todo mundo, meu amor.
- Oh, merda! – Suspirei. – Que droga, hein?!
- Agora é que droga, né?! – Soltei uma risada fraca. – E dessa vez, nada de dormir, viu?!
- Então você pode me deixar dormir já que ficarei umas dez horas acordada? – Ele riu e eu virei o corpo, do lado contrário dele, tirando a cabeça de seu braço.
- À vontade. – Ele riu atrás de mim, mas virou o corpo e encostou no meu, passando um braço pela minha barriga. – Mas eu não vou te soltar nunca. – Abri um largo sorriso.


Capítulo 6

Abri os olhos e notei que estava sozinha na cama novamente. Ah Liam! Estava tão gostoso na noite anterior. Depois de todos os momentos loucos dessa viagem, ontem à noite foi a finalização perfeita. Ficamos abraçados juntos, somente ouvindo um a respiração do outro. A linha estava fina ainda, então qualquer coisa podia despedaçá-la, mas seu braço em volta de meus ombros, e seus lábios em minha cabeça, perfeito.
Enquanto eu levantava para me arrumar, trocar de roupa, colocar uma calça, camiseta, desembaraçar e prender meu cabelo em um rabo bem alto e sair procurando minhas coisas pelo quarto e banheiro, para me certificar que nada ficaria, eu comecei a pensar sobre esses outros quatro dias na Austrália, sendo esse o quinto. Cinco dias, cinco dias extraordinários. Cinco dias na Austrália, meu sonho realizado. Podia ser mais, mas a vida continua.
Por mais que tivesse o pequeno acidente, ou estresse de ontem à noite, nada importava. Eu sei que ele me ama, eu o amo, e era o que Chris falou, realmente, era seu ego inflado sendo machucado mil vezes a cada coisa que... A outra fazia, ele se torturava mais ainda.
Ela nunca seria esquecida, quatro anos de namoro, noivado e quase casamento, é impossível falar que seu namorado vai esquecer a ex dele, porque ele está contigo e que ele te ama. Sim, ele te ama, mas sim, ele teve um passado e não há nada que você possa fazer apaga isso. Ou você lida com isso, ou você parte para outra. Eu decidi lidar com isso. Lidar com isso junto do meu namorado.
Segui procurando minhas coisas pelo quarto e comecei a organizar minha mochila novamente, o que me obrigou a tirar tudo de dentro, jogar na cama e começar a dobrar tudo novamente, roupas sujas, roupas que não foram usadas, o que eu havia comprado e minha rasteirinha e meu chinelo por cima de tudo. Que ficaram totalmente enfiados em algum lugar, já que eu consegui fechar a mochila, espero que nada seja arrebentado até eu chegar em L.A.
Vesti uma meia e calcei meu All-Star, que eu havia usado ele somente na chegada e me levantei, vestindo meu moletom, já que o vento que vinha da sacada estava gelado, coloquei o celular no bolso e joguei a mochila nas costas.
Dei uma última olhada no quarto, procurando algo que eu pudesse ter esquecido e notei algo diferente em cima da escrivaninha de Liam, uma foto nova ocupava o porta retrato. Minha e dele, uma foto que a gente não tinha tirado. Nós dois com macacão de surfe, rindo na areia da praia. Eu lembrava porque a gente ria. Liam segurava a ponta do fio que segurava a pessoa a prancha, para que ela não sumisse caso você perdesse ela e eu realmente não queria colocar aquilo, porque era bem capaz de eu cair da prancha e aquilo bater na minha cabeça. Já vi acontecer.
Puxei meu celular do bolso e tirei uma foto da foto, com certeza eu não lembraria de pedir aquela foto para Liam, mas pelo menos guardaria de recordação, de um dos momentos mais divertidos daquela viagem.
Andei até a porta do quarto e observei aquele lugar por mais um tempo, aquele lugar havia sido minha casa por poucos dias e espero que possa continuar sendo por muitos anos. Dei uma rápida olhada e puxei a porta.

Assim que cheguei ao pé da escada, todos estavam lá, os adultos e as crianças, todos rindo e conversando. Deixei minha mochila junto das outras e me aproximei do pessoal em volta da bancada, abraçando meu namorado pelas costas.
- Bom dia! – Falei para todo mundo.
- Bom dia! – Eles falaram e Liam virou o rosto, encostando os lábios em minha testa rapidamente.
- Vocês acordam muito cedo! – Falei, sentando em um banco ao lado de Liam e a cadeirinha de Holly.
- É questão de costume. – Elsa falou.
- Elsa não é parâmetro para nada, ela está acordada desde às cinco da manhã. – Luke reclamou e eu ri.
- Eu vejo no Instagram, tem que ter bastante disposição para acompanhar ela. – Falei.
- Eu não tenho! – Chris logo denunciou.
- Uhum, tá! – Liam falou o denunciando e eu ri. – Quer comer alguma coisa?
- Ô se quer, ela vai ficar esfomeada, chegando em Los Angeles matando por um McDonalds. – Chris falou enquanto segurava a mamadeira no colo de um dos gêmeos.
- Ei! – Reclamei, fazendo todos rirem. - Me tira dessa!
- Você é parte da família agora, querida. Já teve a conversa com a sogra, agora aguenta. – Samantha falou do outro lado da mesa e eu ri.
- Agora aguenta. – Liam repetiu ao meu lado e eu estalei um beijo em sua bochecha.
- Aqui para ela. – Luke estendeu o prato e quando abaixou notei que havia uma torrada do pão caseiro de Craig no dia anterior com uma grossa geleia preta por cima.
- O que é... Isso? – Apontei, encarando o prato em minha mão.
- Vegemite! – Os três irmãos gritaram juntos e eu arregalei os olhos.
- Ah, não! – Falei, ainda encarando o prato. – Isso é tortura!
- Só falta isso para fazer parte da família, irmãzinha! – Luke falou à minha direita.
- Ah! – Reclamei.
- É, e não foi você que disse que comia de tudo? – Chris provocou e eu revirei os olhos.
- Ah! – Reclamei. – Eu li já muito sobre isso, ok?!
- Come logo, uma mordida pelo menos. – Liam falou e eu olhei para ele com os olhos semicerrados.
Peguei a torrada em minha mão e encarei a pasta preta em cima dela. Parecia uma geleia, mas eu sabia que ela era azeda e salgada ao mesmo tempo, deveria ser horrível, e os australianos usavam aquilo como os brasileiros usam a manteiga. Estudei que lado eu podia morder a torrada, mas Luke havia feito questão de preencher bem todos os lados para que eu não tivesse por onde fugir.
Fechei os olhos e mordi a mesma, sentindo imediatamente um arrepio passar pelo corpo. Eca, eca, eca! Eu gostava de sal, mas aquilo era muito salgado e azedo ao mesmo tempo, era como se você mordesse sal grosso e jogasse limão por cima, tipo tequila, sei lá, era uma mistura estranha e curiosa. Eu com certeza fiz uma careta muito feia porque a mesa inteira estava rindo de mim.
- Isso é feito do que mesmo? – Perguntei, soltando a torrada no prato novamente.
- Levedura. – Liam respondeu. Fiz outra careta, empurrando o prato para o meio da mesa.
- Eu não bebo cerveja. – Falei. – E isso é horrível! – Falei e todos riram de mim. – Cadê a manteiga? – Perguntei e Liam parou de esconder o pote e colocou em minha frente.
- A gente só estava brincando contigo, . – Luke falou. – É tradição trazer alguém para a Austrália e fazê-la provar o Vegemite, mas mais as crianças que comem isso. – Ele finalizou.
- A gente não come tanto. – Liam falou.
- Ok, perdoados! – Falei. – Mas eu preciso urgentemente de água. – Falei ainda com o gosto salgado na boca.

Eu acariciava os cabelos de Liam enquanto ele estava deitado no meu colo e eu sentada na beira do sofá. Distribuindo minha atenção entre ele, India e Harper que estavam brincando no tapete, enquanto Holly a mais velha de Luke fazia careta para os gêmeos e Alexandre, que estavam nos carrinhos.
Eu e Liam esperávamos todo mundo terminar de se arrumar, eu estava totalmente perdida no tempo, então deixava os horários e compromissos com eles.
Liam dividia os olhos entre a TV e entre os sobrinhos. Eles estavam bem comportados, o que preferimos deixá-los assim, antes que alguém começasse a chorar.
- Oi, pessoal! - Craig falou entrando pela cozinha.
- Vovô! - As crianças gritaram e as mais velhas correram em sua direção, fazendo Liam revirar os olhos.
- Obrigado, pai! Elas estavam quietas até agora. - Liam falou se levantando.
- Vim me despedir de vocês, ué! - Ele falou, pegando Harper no colo.
- Não vai mesmo com a gente? - Ele perguntou.
- Não, vou ajeitar algumas coisas para poder ir no Natal. - Ele afirmou com a cabeça.
- Saímos em quinze minutos! - Luke surgiu na escada, puxando uma mala grande.
- Ei, relaxa! - Leonie apareceu pela porta também.
- Posso dar mais uma volta na praia? - Perguntei para Liam.
- Vamos lá! - Ele falou, segurando minha mão. - Encontramos vocês lá na rua. - Ele falou e me puxou pela mão saindo pelo deck.
Andamos lado a lado com os dedos entrelaçados, até chegarmos próximo ao mar, onde eu parei, observando as ondas, os poucos raios solares que brilhavam ao tocar as águas azuis.
- O que você queria fazer aqui? - Ele perguntou ao meu lado.
- Lembrar. - Falei, o vendo se movimentar e parar atrás de mim. - Guardar de recordação. - Falei, sentindo seus braços passarem pelo meu ombro.
- Você vai voltar! - Ele falou próximo ao meu ouvido, me fazendo sorrir. - Você vai voltar, vai dividir essa casa comigo, vamos encher o quarto da frente, brigar bastante, rir bastante. Tudo nesse espacinho de terra. - Ele falou cochichando em meu ouvido.
- Uma coisa de cada vez, pode ser? - Perguntei, o fazendo soltar uma risada fraca.
- Uma coisa de cada vez. - Ele repetiu.
Virei meu corpo e encarei seus olhos azuis que brilhavam com o sol que batia neles. Acariciei seu rosto levemente, onde a barba já havia crescido novamente e encostei meus lábios nos dele delicadamente, o ouvindo suspirar.
- Eu te amo. - Falei abrindo um sorriso e ele passou os braços pelo meu corpo, me tirando do chão e me girando no ar.
- Eu te amo! - Ele gritou a plenos pulmões e eu me segurei em seu pescoço, rindo junto dele.
- Para, Liam! - Falei, batendo levemente nele que me colocou no chão.
- Ei casal, ‘vambora! - Chris gritou com um dos gêmeos no colo.
- Tira só mais uma foto minha aqui? - Perguntei para Liam, tirando meu celular do bolso.
- Para você nunca esquecer. - Liam falou pegando o celular da minha mão e eu fiquei na beirada da praia, lutando com meu cabelo e o vento e ainda sorrir para a foto.

- Obrigada por tudo! - Falei ao ser a última a abraçar Craig, pai de Liam. - Obrigada por me receber.
- O prazer é nosso, querida! - Ele falou, me abraçando também. - Volte sempre!
- Você vai ser sempre bem-vinda, querida! - Leonie falou me abraçando e depositando um beijo em meu rosto. - Sempre.
- Obrigada, por tudo mesmo. - Falei sentindo uma lágrima escorrer de meu rosto. - Foi muito bom conhecer vocês! - Afirmei com a cabeça.
- Tchau, mãe, pai, nos vemos em breve! - Liam falou abraçando sua mãe. - Amo vocês! - Ele falou, me fazendo dar um sorriso involuntário e entramos na garagem, onde quatro carros estavam estacionados.
- Como vamos? - Liam perguntou.
- Acho que cada um em um carro mesmo. - Luke falou. - A gente deixa no aeroporto e quando o pai for para Melbourne ele pega os carros.
- Espera aí, Melbourne? - Perguntei.
- Não era para dizer. - Liam falou.
- A gente vai para Melbourne? - Perguntei para ele. - E você não me disse nada? - Dei um tapa de leve em Liam. Vendo Chris rir.
- Maldade, Liam! - Craig falou.
- A gente mudou o voo para sair de Melbourne, é o que você diz, sete crianças em uma viagem, não é nada fácil. - Sam falou saindo do carro.
- Melhor vocês irem, gente! - Leonie falou. - Eu, Craig e os amigos dele vamos pegar o carro depois, como sempre. - Ela riu.
- Boa viagem, pessoal! - Craig falou.
- Vem! - Liam fez um movimento com a cabeça e o segui, indo para um dos últimos carros na garagem, o mesmo que havíamos usado no dia anterior e no outro.
- Caravana saindo! - Chris gritou e eu entrei no carro, colocando o cinto.
- Cadê minha mochila? - Arregalei os olhos por um segundo.
- Já está tudo na mala! - Liam prendeu o cinto de segurança. - Só não sei em qual dos carros.
- Vocês vão enchendo e depois colocam no próximo? - Ele riu fraco, ligando o carro, quando o primeiro carro saiu da garagem.
- Tipo isso! - Ele riu, engatando a ré. - Esse daqui é o que está mais cheio, por ter menos gente.
- É, faz sentido. Mas por que não colocar uma ou duas crianças aqui para ajudar? - Ele arregalou os olhos.
- Quando for os nossos a gente cuida, ok?! - Ele saiu da garagem com o carro, buzinando para os pais que estavam na calçada acenando.
- É, pode ser! - Soltei uma risada fraca e observei a orla da praia.
- Mais bebês Hemsworth. - Falei e ele riu.
- Vamos chegar a marca dos dez!
- Oh, meu Deus! - Gargalhei.
- Não, quinze, assim dá para montar um time de rugby!
- Ah Liam, fica quieto! Pode ser onze para um de futebol, que tal? - Ele me encarou.
- É, pode ser! - Ele falou.

A viagem durou cerca de uma hora e meia, uma parte ficamos ouvindo música, outra hora ficamos conversando, em alguns momentos ouvíamos buzinas de Chris ou Luke que passavam por nós e fazíamos essa mesma brincadeira quando nós ultrapassamos eles, até que ficamos em silêncio. No tempo de silêncio eu aproveitava para olhar a vista, cidades pequenas pelo caminho, até notar o fluxo de veículos na cidade grande.
Entramos na cidade e os três carros pretos seguiram um atrás do outro, eu, continuei deslumbrada pela paisagem, prédios altos, com uma arquitetura divina, pontes, o rio Yarra18, tudo. Aquilo era lindo.
- Aqui. – Liam estendeu o celular. – Liga para Chris, que está na nossa frente e fala que vamos desviar do caminho rapidamente.
- Por quê? – Perguntei.
- Liga! – Ele falou e eu procurei o telefone de Chris rapidamente e coloquei na orelha.
- Liam? – Ouvi a voz de Elsa.
- Não, ! Liam pediu para avisar que vamos desviar um pouco...
- E encontramos eles no aeroporto, não se preocupem.
- E encontramos vocês no aeroporto. – Finalizei.
- Ok, não demorem. – Elsa falou.
Na próxima bifurcação, Liam entrou, saindo da fila de carros entre seus irmãos. Liam foi passando pelas avenidas, seguindo para os lugares com menos movimento, me fazendo aproveitar cada pedacinho de Melbourne e tirar várias fotos do meu celular. Posso não dizer que visitei Melbourne, mas com certeza estive lá. Liam freou o carro, puxando o freio de mão.
- Vem cá! – Ele gritou abrindo a porta do carro.
O segui, dando de cara com o cartão postal mais conhecido da cidade. A ponte sobre o rio Yarra, os edifícios de diferentes tamanhos na frente e um pouco do verde.
- Pelo menos guardar uma foto de lembrança. – Ele falou estendendo a mão. – Vai ali no alambrado e me dá seu celular. – Estendi o aparelho em minha mão rapidamente e segui para o alambrado, apoiando no mesmo um pouco e observando a vista por alguns segundos, suspirei e virei em seguida, já vendo Liam com o celular virado para mim.
Ele tirou algumas fotos e logo depois tocou o ombro da pessoa mais próxima e pediu para ela tirar uma foto nossa.
- Só se você tirar uma comigo depois! – Ela falou e eu gargalhei, afirmando com a cabeça.
Liam passou os braços pelo meu corpo, me abraçando por trás e sorri para a foto, me sentindo feliz, me sentindo completa por estar ali.
Após ela tirar nossas fotos, eu pedi para os dois se juntarem, peguei o celular dela e tirei algumas fotos dos dois, a vendo feliz.
- Obrigada! – Agradecemos juntas.
- Vamos! – Liam gritou e saímos correndo em direção do carro novamente, passando por algumas pessoas. Assim que entramos, Liam deu partida no carro e saímos de lá apressados.
- Esse é seu desvio, então? – Perguntei.
- Tentando fazer você conhecer o máximo que pode daqui. – Afirmei com a cabeça.
- Já agradeci você várias vezes, mas obrigada! – Virei meu rosto para ele. – É tudo incrível.

No aeroporto, Liam ainda ficou preso com algumas fãs no meio do caminho, mas se livrando delas rapidamente e seguimos para fazer check-in. Despachei minha mochila e Liam despachou sua mala verde e seguimos para o salão de embarque.
Encontramos os Hemsworth lá. De longe parecia uma creche, o que tornava aquilo bem engraçado. Assim que eu cheguei lá, eu fiquei com Alexandre no canguru preso em meu peito, acariciando seus cabelos levemente e Liam pegou um dos gêmeos, Tristan pela quantidade de cabelo. Aquele lindo!
Ficamos enrolando por quase uma hora no salão de embarque e fizemos isso conversando. Uma rodinha havia se formado e falávamos sobre tudo, principalmente da minha viagem e claro que eles ainda me zoavam pelo vegemite, o que fazia que eu me sentisse bem, me sentia inserida no grupo.
- A viagem vai ser longa. – Elsa comentou e eu olhei para ela.
- Por quê? – Perguntei.
- A primeira parte do voo é de tarde, eles vão ficar acordados.
- E onde eles ficam?
- A gente compra passagens extras. Para os menores ficarem nos berços, na parte de trás das cabines e para os maiores a gente pede para colocar cadeirinha de bebê. – Sam falou.
- As empresas estão acostumadas com a gente já. – Elsa falou.
- E a gente reza para eles se comportarem. – Luke completou e eu confirmei com a cabeça, não tendo visto nenhum dos pequenos se esgoelarem enquanto eu estava lá.
- Vamos entrar, gente! Vamos para outra batalha. – Chris falou e eu ri.
A comissária de bordo nos chamou primeiro. Entramos um por um nas cabines e seguimos para a primeira classe, a parte inteira de trás estava reservada para a gente. Segui Elsa e Samantha com Alexandre no colo para o fim do avião, junto de Tristan, Sasha, para que eles fossem colocados nos bercinhos no fim do avião.
Quando eu voltei, Chris já havia ajeitado India em uma cadeirinha ao seu lado, Luke ajeitara Holly e Ella lado a lado, e se sentou na frente com Harper. Afivelando bem os cintos de todas. Elsa e Sam ficaram lá atrás com os bebês.
Me sentei ao lado de Liam em uma das fileiras do meio e afivelei meu cinto.
- Aconselho você a tomar aquele remédio da última viagem. – Soltei uma risada fraca.
- Não, eles podem precisar de ajuda. – Falei, inclinando um pouco a cadeira. – E também não estou com sono. – Suspirei. – Teremos alguma parada?
- Sim. – Virei para ele. – Tóquio!
- A gente vai parar no Japão? – Perguntei empolgada.
- Vamos! E com troca de avião ainda, então vai dar para você conhecer o aeroporto por umas duas horas. – Abri um largo sorriso.
- Isso é demais! Conhecer a Austrália...
- Parte dela. – Liam cochichou.
- E ainda ver o Japão! – Finalizei, o ignorando.
- Não esquece que esse pulinho no Japão, torna a viagem mais longa. Bem mais longa. – Ele falou, suspirando.
- Quanto mais longa? – Perguntei.
- Quase seis horas a mais. – Fiz uma careta, encostando a cabeça no encosto. – Isso sem falar nas duas horas de conexão.
- Não estou gostando mais dessa passada em Tóquio. – Liam riu me dando um beijo na testa.
- Tá acabando, eu prometo. – Encostei a cabeça no encosto, sorrindo.
- Não queria que acabasse, na verdade. – Falei e ele sorriu.

Chegamos no Japão era quase meia noite, fazendo com que meus cinco dias na Austrália finalizassem no Japão e não em Los Angeles como previsto. Como não tínhamos muito tempo para ficar perambulando pelo quarto maior aeroporto do mundo, nós fizemos as coisas rápidas, para logo entramos na sala de embarque novamente, afinal seis pessoas, com sete crianças, não era algo muito prático.
Dessa vez eu segurava Tristan em meu peito e aproveitava para tirar várias fotos dele que parecia bem interessado na câmera frontal do meu celular. Os três menores haviam conseguido dormir a viagem inteira, o que foi algo muito bom, não deram trabalho. Os maiores foi algo mais complicado, mas Liam logo achou um canal na TV que passava Toy Story, o que as deixou entretidas por um tempo, até escurecer e elas capotarem, cada uma em seu assento.
Eu acabei ficando mais entretida com a animação do que com o resto. Parecia que eu estava ligada no 220 volts. Liam acabou dormindo em parte da viagem e outra parte ficou acordado comigo, mas não é como se tivéssemos muito assunto para falar.
Na sala de embarque, parecia que todas as crianças queriam dormir naquele momento. Também, era noite, estava escuro, estava gelado, e todo mundo esperando o avião que sairia lá pelas 2 da madrugada.
Liam chegou ao meu lado com Harper no colo, toda enroscada nele, soltando leves suspiros, me fazendo sorrir. Ficamos lado a lado na janela, vendo os aviões passarem para todos os lados, pousando, decolando e tudo mais.
Eu continuei com Tristan em meu colo, ele realmente não estava com sono naquele momento. Eu estava, mas ficar ouvindo suas risadas, e sua incrível força em se mexer e chacoalhar aquele canguru.
- Estou apaixonada! – Falei, dando um beijo na cabeça de Tristan.
- Fui trocado por outro Hemsworth, mesmo? – Liam falou ao meu lado e eu ri.
- Só por hoje. – Falei e dei um rápido beijo em sua bochecha.
- Ok, se for só por hoje eu deixo! – Ele falou e me fez sorrir.
- Vamos, gente, parte dois começando! – Sam veio nos avisar e começamos a pegar as bagagens de mãos, que eram muitas malas de bebê e seguimos novamente para o outro avião.
O esquema era o mesmo, os bebês na parte de trás, as crianças nas cadeirinhas e eu e Liam no meio disso tudo, cercando os dois lados.
Dessa vez, assim que eu sentei na minha poltrona, antes mesmo de Liam estar ao meu lado, eu tomei um comprimido para dormir. Fazer uma contagem rápida de quantas horas a viagem demoraria e ainda contar fusos não estava nos meus planos, realmente.
- Vai dormir? – Liam perguntou ao meu lado e eu afirmei com a cabeça.
- Com certeza! – Falei e ele riu, colando os lábios nos meus rapidamente. – Qualquer coisa me acorda.
- Pode deixar, mas com certeza só em L.A. – Afirmei com a cabeça.
- Obrigada pela viagem. – Falei e ele sorriu.
- Pronta para outra? – Ele perguntou e eu ri.
- A próxima vai ser pro Brasil. – Falei, sorrindo.
- Superaceito! – Ele falou e eu fechei os olhos, ainda rindo.
Eu sonhei, eu sonhei muito aquela noite. Não foi um sonho do que pode acontecer, foi um sonho do que aconteceu. Todas as lembranças da Austrália vieram à tona, todas as risadas, brincadeiras, passeios, até a briga, mas foi um sonho bom, um sonho real, um sonho que poderia acontecer de novo. E de novo, e de novo...


Epílogo

- Pensei ouvir você dizer que estava estudando para economia ou ética! - Liam falou, já me repreendendo por estar com o Facebook aberto.
- Para começar é legislação e convenhamos que isso nunca vai entrar na minha cabeça. - Falei olhando para o livro grosso jogado na cama.
- E por isso você não vai estudar? - Revirei os olhos.
- Dá licença que nem faculdade você fez, ok?! - Respondi arisca. - E, afinal, eu estou vendo tudo que saiu sobre você na semana passada, tá? -
- Saiu muita coisa? - Ele se sentou na cama que ficava atrás da minha escrivaninha.
- Muita coisa! - Repeti, abrindo o Tumblr com a tag dele no campo de pesquisa. - A maioria é de celular, mas tem algumas de paparazzi também, tipo as de Sydney e Melbourne.
- E o que você está fazendo?
- Salvando cada uma delas e guardando de recordação! - Falei, girando a cadeira do computador. - E você, vai fazer o quê?
- Não tenho nada para fazer não, posso ficar aqui? - Ele perguntou virando os pés na minha cama de solteiro.
- Eu tenho escolha? - Virei minha cabeça para trás, pegando o livro de legislação que estava em cima da barriga de Liam agora.
- Acho que não! - Ele falou e eu revirei os olhos, virando a cadeira novamente.
- Se você ficar quieto prometo que a gente sai para jantar. - Falei.
- Combinado! - Ele falou atrás de mim batendo as mãos uma na outra.
Virei minha cadeira e abri o livro onde estava marcado e peguei meu caderno. Voltei a leitura dos tópicos que eu havia marcado em meu caderno, tentando decorar aqueles detalhes que eu provavelmente não usaria nunca em minha vida, mas que o professor chato para caralho achava que eu ia precisar, suspirei.
- Cadê seu iPad? - Revirei os olhos, virando a cadeira novamente para Liam. - Opa! Desculpa.




Fim!



Nota da autora: Oi, gente! Chegamos ao fim de 5 Dias na Austrália, eu aproveitei que estava no pique de revisar todas as minhas histórias e aproveitei e reenviei ela.
Gostaria de agradecer a vocês que leram da primeira vez e ao pessoal que descobriu nessa repostagem! Vocês são muito importantes para mim!
E você sabia que essa história tem uma continuação? Conheça 5 Dias no Brasil.
Espero que tenham gostado e não se esqueçam de deixar o comentário aqui embaixo. Se quiser conhecer sobre outras histórias minhas, entre no meu grupo do Facebook ou na minha página de autoras, lá vocês encontram todas as minhas histórias!
Obrigado e até a próxima! <3
E um obrigada em especial para Naty que já tem mil coisas para fazer, mas sempre embarca nessas loucuras comigo!
Beijos!

Outras fanfics:
  • 5 Dias no Brasil (continuação)

    Nota da beta: Ai que linda, eu amei, amei descobrir como eles se conheceram, como foi visitar a Austrália, a família super legal que o Liam tem, enfim, meus parabéns, essa fic é um amooooor, muito fofa!
    Você e seu poder em fazer a gente se apaixonar pelos seus pp's hhahah.
    Qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.

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