Finalizada em: 04/01/2021

Capítulo Único

Seul, Natal de 2019

— Senhorita , bom dia. Tem um pacote para a senhorita aqui. — o senhor Lee, o porteiro, me abordou assim que eu cheguei. Quando eu saí, ele ainda não estava em seu posto. Eu tinha acordado cedo demais para evitar as filas no mercado, mas não adiantou. Os corredores estavam cheios de famílias felizes, com seus gorros vermelhos e seus carrinhos cheios de itens para a ceia, desejando feliz Natal para qualquer um que cruzasse seus caminhos. Eu apenas respondia com um sorriso forçado enquanto tentava chegar ao caixa com minhas duas garrafas de vinho, que eu pretendia beber sozinha, queijos e algumas outras coisas.
— Bom dia, senhor Lee. Quem mandou? — perguntei pegando o pacote que ele me oferecia. Era uma caixa leve e que não fazia barulho quando balançada.
— Não sei, . O carteiro não parecia muito feliz de ter que trabalhar hoje. E a caixa não tem remetente. — ele sorriu gentil.
— Estranho... Mas obrigada, senhor Lee. Feliz Natal. — desejei sincera e subi para o meu apartamento. Soltei a caixa sobre a mesa e fui guardar o que eu tinha comprado, sempre de olho na caixa, com medo de que ela explodisse a qualquer momento. Assim que arrumei tudo, peguei uma faca de ponta na cozinha e sentei para abrir o pacote. Com cuidado e uma precisão quase cirúrgica, cortei a fita que ficava no centro da caixa, encontrando... Plástico bolha. Tirei o plástico com cuidado e o examinei, quase deixando cair o objeto que ele estava segurando. Uma fita.

Sim, uma fita. Daquelas que se precisa de um toca-fitas para ouvir. Tirei a fita do meio do plástico bolha e analisei sua inscrição. “Escute quando faltarem cinco minutos para o Natal. Não antes.”, era o que dizia. Peguei o celular e liguei para aquele que poderia ser o único on-line no momento.

— Kim Junmyeon! — exclamei assim que ele atendeu.
, eu sabia que não era uma boa ideia viajar e te deixar só. Sabia que você ia se arrepender. — ele suspirou. — Amor, é a . — ele gritou para , namorada dele e minha amiga.
— Deixe de gracinhas, Kim. Por que me mandou uma fita? — perguntei direta.
Fita? Do que está falando, ? — ele perguntou confuso.
— Uma fita, Junmyeon. Daquelas que a gente coloca no toca-fitas. — bufei. — Onde, diabos, eu vou arrumar um toca-fitas?
, calma. Primeiro, não fui eu. Não sei do que você está falando. — ele explicou. — Segundo, você tem um toca-fitas, lembra? É só procurar direito. Você até gravou uma música para mim uma vez, garota. E fez um presente especial para o Nini no aniversário de namoro de vocês, quando... — ele se interrompeu. Mas eu sabia o que ele iria dizer. Eu tinha gravado uma canção para Jongin quando fizemos dois anos juntos, seis meses atrás. Antes de eu terminar, há dois meses, porque precisava respirar, porque não aguentava mais me sentir abandonada pelo meu próprio namorado, que fazia muitos planos de vida comigo, mas que não parecia disposto a cumpri-los. Queria que Jongin sentisse que estava me perdendo, mas quem perdeu fui eu. Ele parecia não se importar, nem sequer se deu o trabalho de me procurar, mesmo depois de dois meses.
Junmy! — ouvi ralhar do outro lado da linha.
Me desculpe. — ele pediu sincero. — Mas o toca-fitas está aí. Procure direitinho.
— Ele está aí? — perguntei sem conseguir evitar.
Não, . Nini não veio e nenhum de nós conseguiu falar com ele. — foi Minseok quem respondeu.
— Que espécie de telefone compartilhado é esse? — perguntei e ri sem vontade.
Você está no viva-voz., namorada de Minseok, e também minha amiga, respondeu. — Eu estou voltando para ficar com você, OK?
— Nem pensar! — exclamei. — Achei que tinha sido bem clara quando disse que queria ficar sozinha.
... — ela chamou em tom de alerta.
, por favor, sim? — ela suspirou audível. — Ótimo. Aproveitem a viagem. Feliz Natal. E feliz ano-novo. Amo vocês. — desliguei sem ouvir a resposta deles.

A verdade é que Jongin e eu deveríamos estar naquela viagem. Deveríamos ser três casais, os irmãos Kim (Minseok, Junmyeon e Jongin) e suas namoradas, , e eu, numa casa à beira-mar. Seria quase uma confraternização da empresa, se levássemos em consideração o fato de que trabalhamos todos juntos.
Minseok, o mais velho, era formado em engenharia de software e era co-CEO na empresa de desenvolvimento de jogos que tinha junto com o irmão do meio, Junmyeon, formado em Relações Internacionais e CEO da empresa. Minseok ajudava nas finanças sempre que podia e a de cabelos vermelhos segurava bem o setor de Contábeis da empresa. Eu estava lá como desenhista gráfica, sempre pronta para auxiliar o irmão mais novo, Jongin, com seus desenhos nem sempre tão claros. Nini era formado em Criação de jogos e Mídias digitais e o maior desenvolvedor da empresa. era quem auxiliava todos nós. Era ela quem testava todos os jogos e nos dizia o que podia ser melhorado.
Minseok e eu fomos os responsáveis pelo encontro dos casais. Chamei para sair, Jongin ouviu, chamou Minseok, que chamou e Junmyeon. De repente, estávamos os seis num barzinho, bebendo e conversando. A casa tinha sido ideia de Minseok. Veríamos, juntos, o Natal passar e as luzes do ano-novo iluminarem o céu. Mas eu tinha estragado tudo, para mim. E, pelo visto, Jongin também tinha furado.
Parei de pensar em Jongin e no nosso término e tentei me distrair. Cozinhei para mim, almocei, tentei preparar algo para a noite e me distrair, ler um livro, ouvir música, mas não parava de pensar na tal fita largada na mesa de centro da sala do apartamento.
Procurei pelo toca-fitas nas caixas do cômodo reserva e o encontrei em meio a papéis e fotos. Minhas, com e , com Junmyeon me importunado. Com meus pais e minha irmã que estavam longe demais de mim. E com Jongin. Sorrindo felizes. A maioria das fotos era obra de Minseok. Guardei todas as fotos junto com as lembranças dentro da caixa e tranquei a porta. Voltei à cozinha, coloquei o toca-fitas ao lado da fita na mesa e resolvi sair. Se continuasse encarando os objetos, não conseguiria esperar até a noite.
Saí pela minha porta e bati na porta ao lado. Assim que ela se abriu e eu confirmei que era meu amigo ali parado, deixei o corpo pender para frente, certa de que ele me seguraria. E, de fato, ele me segurou. Seus braços e peito descobertos me envolveram em um abraço quentinho.

— Você não sente frio, garoto? — perguntei com a bochecha espremida em seu peito.
— Existe uma coisa muito moderna chamada aquecedor. O meu está ligado. — Chanyeol respondeu e riu. — O que faz aqui? — seus dedos enormes tocaram meu cabelo em um carinho bom.
— Tem uma bomba no meu AP. — respondi e me afastei dele. — Foi você!
, do que está falando? — ele perguntou com as sobrancelhas franzidas.
— Ah, meu Deus. Outro. — suspirei pesadamente. — A fita, Chany. Foi você, não foi?

Chanyeol me olhou como se eu estivesse louca. Bom, talvez eu estivesse.

— Eu vou vestir uma blusa e você vai me explicar sobre o que está falando. — ele entrou e saiu rapidamente, devidamente vestido. Fomos até a minha casa e eu mostrei a tal fita a Chanyeol, que a analisou por todos os lados, tão confuso quanto eu. — Quem quer que tenha te mandado isso, te conhece bem.
— Minhas opções eram o Junmy, você e . — comentei.
, não considerou... — ele deixou a frase no ar. Mas eu sabia o fim. Jongin. Poderia ter sido ele?
— Não, Chany. Dois meses e ele nem sequer ligou. — baixei a cabeça, triste por tocar no assunto.
— Ah, baixinha. Vem aqui. — Chanyeol diminuiu a distância e me abraçou de novo. Ali, no peito do meu melhor amigo, eu me permiti chorar mais uma vez depois de tanto tempo. – Sente falta dele tanto assim? — ele perguntou. Apenas balancei a cabeça positivamente, incapaz de verbalizar qualquer coisa. — Então vá atrás dele.
— Não. Ele não sente minha falta. — respondi amarga.
— Então esqueça, . Não percebe o quanto isso está te fazendo sofrer? — ele separou o abraço e perguntou irritado.
— Foi você quem tocou no assunto! — rebati. A expressão irritada em seu rosto suavizou.
— Me desculpe. — ele me abraçou de novo. — Vamos para a minha casa. Eu vou cuidar de você.
— Chany, falando assim, parece que você... — ele colocou a mão grande no meu rosto, me impedindo de continuar.
— Fique quieta e não estrague o momento. — ele ordenou e eu sorri contra sua palma. — Não faça isso, . Faz cócegas.
— Eu te amo, Chany. — confessei, esticando o pescoço para olhar seu rosto franzido em uma careta.
— Como amigo, eu sei. — ele suspirou. — Vamos antes que eu te abandone aqui com essa fita. — ele começou a me puxar para fora do apartamento.
— Você não seria capaz. — me agarrei a sua cintura.
— Quer testar? — ele parou de andar e ameaçou.
— Não! Eu acredito em você. — respondi rindo.

Chanyeol cumpriu o que prometeu. Cuidou de mim a tarde toda, secou cada lágrima que ameaçou cair e me mimou como só ele fazia (Junmyeon que não me ouvisse). No começo da noite, me preparei para seguir de volta para casa. Eu não podia jamais atrapalhar o Natal do meu amigo.

— Você vai ficar bem mesmo, ? — ele perguntou preocupado.
— Sim, Chany. Vou tomar meu vinho e dormir. Vai ser ótimo. — pisquei.
— Feliz Natal. E não escute a fita se não quiser. — ele aconselhou.
— O que eu mais quero é saber o que tem naquela fita. Você sabe que eu sou curiosa. — estreitei os olhos.
— Sei. — ele suspirou e beijou minha testa. — Feliz Natal.
— Feliz Natal. Divirta-se por mim. — desejei.
— Eu não vou conseguir. Vou ficar preocupado com você. — ele confessou.
— Não se preocupe, Chany. O máximo que pode acontecer é eu cair bêbada antes da meia-noite. — ri baixinho.
— E se esse negócio explodir, ? — ele perguntou, preocupado de verdade.
— Aí não há nada que ninguém possa fazer. — me abracei a ele. — Tchau, Chanyeol.

Saí em direção à minha porta, não sem antes ouvir sua última fala.

— Me ligue se precisar!
— Você sabe que eu não vou. — rebati e fechei a porta do apartamento antes que ele pudesse protestar.

Esquentei minha comida e comi sozinha, longe da tal fita. Peguei as garrafas de vinho, uma taça, a fita, o toca-fitas, meu celular e fui sentar de frente para a janela, vendo as luzes da cidade. Um mar de lembranças quis me invadir, mas eu apenas coloquei uma música alta e me concentrei nela.
Depois de beber uma garrafa de vinho, resolvi parar, ou não estaria sóbria para o que quer que aquela fita quisesse me dizer. Busquei o relógio mundial na internet, o meu estava sempre atrasado, e fiquei contando os minutos até que desse a hora em que eu poderia ouvir a fita.
Há exatos seis minutos para a meia-noite, comecei a preparar o toca-fitas. Há exatos cinco minutos, dei play para ouvir a voz que abalou a minha noite e que vinha mexendo com minha vida há tempos.

“Olá, . Sei que prometi te dar o espaço que você precisava, mas queria que soubesse algumas coisas sobre os meses que ficamos afastados. Quero te dizer todas as coisas que fizeram eu me apaixonar por você...”

Afastei o aparelho do ouvido, mas a voz de Jongin estava disposta a continuar.

“Por favor, . Não pause agora ou não teremos tempo.
Sete coisas, . Foram sete coisas que fizeram eu me apaixonar por você.”


Meu corpo inteiro se arrepiou e as lágrimas já se acumulavam nos cantos dos meus olhos. Ele suspirou pesadamente e continuou.

“Número um, seus olhos. Dizem que os olhos são a janela pra a alma. Bom, os seus são uma janela aberta, . Através deles, eu posso ler você. E eles me prendem de uma forma incrível. A sinceridade e a paixão que você transmite por eles... Eu me perco e me encontro nos seus olhos.”

Ele suspirou e eu sorri.

“Número dois, sua boca. Eu não posso negar que eu amo te beijar. Mas o bico que você forma quando não gosta de algo, ou quando está com raiva, é coisa mais fofa do mundo. E a forma como você sorri quando me vê sorrir... Foi assim na primeira vez que nos vimos, lembra?”

Ah, sim. Eu lembro. Encontrei Jongin na recepção da empresa, no meu primeiro dia. A porta do elevador se abriu e ele pretendia sair correndo, mas eu estava no caminho. Ele quase derrubou o café dele em mim, mas parou a tempo. Quando ele sorriu, foi impossível não sorrir junto. “Quase causamos um acidente”, ele disse. “Me desculpe por isso. Na próxima, te pago um café como pedido de desculpas”, respondi. E o sorriso dele se alargou mais, assim como o meu.

“Eu não tenho sorrido muito nesses últimos meses, porque você não está comigo para retribuir meu sorriso.”

As minhas lágrimas caíram sem que eu pudesse controlar. Eu amava ver o sorriso do meu Nini, e saber que ele não estava sorrindo me cortava o coração.

“Número três, sua determinação. Sua personalidade é fogo! Você é decidida, garota! Tanto que... Terminou comigo quando nós dois sabemos que nos amamos. E ainda fez o hyung te deixar trabalhar em casa, com de mediadora. Você não estava feliz e eu me culpo por isso. Mas o fato de você só sossegar quando tiver tudo o que deseja, isso me encanta. Você é incrível.”

Pelo tom de voz, eu podia jurar que Jongin estava sorrindo, mesmo que triste.

— Droga, Jongin. Você me fez chorar sem ninguém por perto. — reclamei sozinha.

“Número quatro, sua voz. , sua voz é incrível. O presente que você me deu nos nossos dois anos... A canção que você gravou nesse mesmo toca-fitas, eu lembro dela todos os dias. E a música que você gravou para o Junmyeon hyung... eu roubei a fita dele.”

Ele riu e eu ri também. Ele tinha ficado com ciúmes da música que gravei para Junmy aplicar em um jogo que ele estava desenvolvendo. Por isso gravei uma para ele nos nossos dois anos.

“Eu amo a forma como você canta baixinho quando está concentrada em alguma coisa. Lembra do nosso primeiro domingo juntos na sua casa, quando queimamos o almoço e tivemos que pedir comida? Lembra o que estávamos fazendo? Dançando na sala como dois bobos apaixonados, ao som das nossas vozes.”

- Eu nunca vou esquecer. – disse para ninguém. Jongin tinha me visto cantar enquanto cozinhava. E tinha me tirado da cozinha para dançar. Mas as panelas não esperaram a dança acabar. Queimamos todo o almoço. Por culpa dele.

“Naquele dia eu conheci todos os tons da sua voz e, juro, amei todos eles.”

- Mentiroso. – ri entre as lágrimas. Eu tinha gritado bastante naquele dia. E ele teve que deixar todas as minhas panelas brilhando. A culpa tinha sido dele, afinal.

“Número cinco, suas mãos. Isso mesmo, suas mãos. Como você pode ser tão delicada com seus desenhos para jogos e ao mesmo tempo tão bruta para me bater?”

Ele riu de verdade. Jongin sempre reclamou que eu tinha a mão pesada e que isso não era normal para uma desenhista gráfica.

“Mas apesar de pesada, eu gosto das suas mãos na minha nuca, enquanto você sussurra no meu ouvido que me ama. Tá vendo como eu amo tudo em você?”

Céus, o plano de Jongin era me matar na noite de Natal? Eu não conseguia parar de chorar um minuto sequer. Ele já tinha dito que me amava incontáveis vezes. Mas nunca tinha feito uma declaração como aquela.

“Número seis, o seu humor. Eu sei que você riu debochada agora. E que entortou a cara para mim mesmo que eu não possa ver.”

Ele acusou. E era verdade.

“Eu te conheço, . Eu já sei que não posso te deixar com fome ou você pode me acertar um chute no saco. E sei que você tem desejos quando está de TPM e ai de mim se não comprar o que você quer. Mas o que eu mais gosto é que seu humor afeta seu modo de se vestir. Garotinha carente que usa roupas largas quando está de mal-humor. Mulher fatal de saltos e batom vermelho quando está se sentindo bem. E amo estar ao seu lado quando quer atenção. Assim como amo mostrar aos caras que te olham que você, essa mulher maravilhosa, é minha.”

— Você é um imbecil, Kim Jongin. — ralhei. Respirei fundo para ouvir o último dos sete motivos.

“Número sete. Por último, mas não menos importante. A forma como você me fez te amar sem ao menos me dar conta do que estava acontecendo. Eu já te disse isso, mas vou repetir: eu me apaixonei por você quando nos esbarramos na empresa, no dia em que quase causamos um acidente. Talvez eu não tenha percebido isso de primeira, mas meu coração era seu na primeira vez em que nossos olhos se encontraram. Ele ainda acelera toda vez que eu te vejo. E eu quero que continue sendo assim, então, por favor, abra a porta.”

A fita acabou e eu levei uma fração de segundos para processar o que Jongin tinha dito. A porta. Assim que levantei para abrir, alguns fogos de artifício estouraram no céu, me dizendo que já era meia-noite. Corri e parei na frente da porta, a mão segurando a maçaneta, relutante em abrir. O que eu encontraria ali?
Em um lapso de coragem, abri e encontrei ninguém menos que Kim Jongin, segurando uma caixinha aberta, um anel reluzindo ali. Ele ergueu a cabeça e sorriu e foi como se nada tivesse acontecido antes, como se nunca houvéssemos nos separado.

. — ele me chamou ainda sorrindo, me despertando do meu transe e me fazendo sorrir. — Quer casar comigo?

Parei por um momento para analisar seu rosto. Ele parecia cansado, mas feliz por estar ali. Seu sorriso permanecia exatamente igual, aquele sorriso que aquecia meu coração. Sem responder, me joguei em seus braços e escondi meu rosto na curva do seu pescoço, inspirando o cheiro bom que desprendia dali.

— Eu senti tanto sua falta. — murmurei. Depois daquela declaração linda em forma de fita, eu tinha colocado meu orgulho de lado. Eu precisava do meu Nini. Eu estava disposta a aceitar sua frequente ausência, desde que ele estivesse comigo nos momentos livres.
— Você quem terminou comigo, . — ele riu contra meu ouvido e apertou o abraço.
— Você fazia muitos planos comigo, mas estava sempre enfiado naquela empresa, Nini. O que queria que eu fizesse? — perguntei enquanto sentia Jongin me carregar para dentro do apartamento.
— Que esperasse. Que confiasse em mim, . — ele me sentou no encosto do sofá, se encaixou entre minhas pernas, separou o abraço e enxugou algumas lágrimas teimosas que insistiam em cair. — Junmyeon hyung disse que tentou falar com você.
— E eu não dei ouvidos. Eu não entendia como ele, CEO, sempre tinha tempo para a e como Minseok sempre tem tempo para a e você nunca tinha tempo para mim. E nós trabalhamos quase juntos! — respondi com um bico involuntário. Jongin selou meus lábios devagar.
— Talvez isso tenha nos desgastado, . Mas vamos deixar isso para trás, sim? Eu ajustei meus horários, Junmyeon hyung me ajudou. Agora eu vou ter mais tempo para nós. — ele passou o nariz no meu, em um beijinho de esquimó. — Quer dizer, se você aceitar meu pedido. — ele me mostrou a caixinha novamente.
— Pode me chamar de Kim. — sorri para ele e ele sorriu de volta. — Eu aceito, Kim Jongin.

Ele colocou a aliança no meu dedo e me beijou calmo, sem pressa, relembrando como era maravilhoso o contato dos nossos lábios.

— Eu estou com tanta saudade, . — ele confessou contra meus lábios. — Mas nós temos que ir.
— Aonde? — perguntei confusa.
— Eu disse ao Min hyung que nós estávamos indo. Então arrume uma bolsa rapidinho e vamos. Estamos atrasados. — ele deu um tapinha na minha coxa.
— Vamos pegar a estrada, Nini? — perguntei fazendo birra.
, eles são nossa família. Eles têm que participar desse momento, não acha? — ele apertou meu nariz. Confirmei com a cabeça, ainda emburrada. — Te olhando assim, nem parece que você é um ano mais velha que eu. Birrenta. — ele riu aquela risada gostosa, que me fez rir junto.
— Eu te amo. — confessei olhando em seus olhos. — A fita...
— Foi ideia da . Indiretamente, mas foi. — ele respondeu. — Eu te amo.
— Vamos pegar a estrada amanhã, Nini. Eu quero você. — pedi passando a mão em seu peito.
— Você não vai me convencer, Kim. Amanhã a estrada vai estar um caos. Agora está vazia. Vamos. — ele roubou um selar e me desceu do sofá.

Completamente contra minha vontade, corri para o quarto e arrumei uma mala rápida, com algumas roupas, biquíni e coisas para higiene pessoal. Troquei de roupa, vestindo o vestido vermelho que eu tinha comprado para usar e calcei minhas sandálias, voltando para a sala e encontrando Jongin com a garrafa de vinho vazia em mãos.

— Você bebeu isso tudo sozinha ou o Park te ajudou? — ele perguntou com os olhos semicerrados. Ele tinha ciúmes da minha amizade com Chanyeol, mas aquilo não era algo que eu pudesse mudar. Chany e eu já nos conhecíamos antes de eu esbarrar em Jongin.
— Bebi sozinha. Chanyeol saiu faz tempo. — respondi. Outro dia eu contaria a ele que Chanyeol tinha sido meu apoio nos meses em que ficamos separados. — Não estamos atrasados?
— Sim. — ele se sobressaltou e passou por mim, tomando minha mala e roubando outro selar. — Vamos, vai ser rapidinho.

E foi. Em pouco mais de quarenta minutos eu já podia ouvir o barulho da água e sentir a brisa marítima batendo no rosto. As casas vizinhas estavam iluminadas com luzes de Natal coloridas, mas uma em especial chamava a atenção. Suas luzes eram azuis. Aquilo só podia ser obra de .

decorou a casa? — Jongin perguntou olhando pela janela do carro.
— Se as luzes azuis não são obra minha, só podem ser obra dela. — respondi rindo.

Descemos do carro e Jongin, segurando minha mala e a mochila dele, se encaminhou para a porta e a abriu como se a casa fosse dele.

— Estavam com saudades? — ele perguntou divertido. Era bom vê-lo feliz.

Eu mal tive tempo de responder alguma coisa, pois correu em minha direção e literalmente se jogou em mim, me derrubando e caindo por cima de mim.

— Garota, você não respeita nem o vestido que eu estou vestindo. Tenho certeza que Minseok viu minha calcinha agora. — reclamei rindo.
— Não importa, caralho! Você tá aqui! — ela gritou animada.
, nem eu deitei com minha noiva ainda e você aí, caída em cima dela. — Jongin balançou a cabeça negativamente.
— Sobre deitar com a , informação desnecessária, Jongin. — reclamou. — Sobre a parte do noiva, que história é essa? — ela perguntou enquanto tentava afastar de mim e me levantava. Abracei minha amiga e sorri para ela.
— Nos acertamos. — respondi.
— E eu a pedi em casamento. — Jongin continuou.
— E eu aceitei. — concluí.
— E resolveram pegar a estrada tarde da noite para nos dar a notícia pessoalmente? — Junmyeon perguntou, mas nós sabíamos que ele estava brigando com Jongin. Irmãos mais velhos, até quando?
— Parece até que não está feliz em me ver, hyung. — Jongin formou um bico fofo nos lábios.
— Nós estamos, Nini. Mas é que é perigoso e você sabe. — Minseok disse e foi abraçar o irmão.
— Nós estamos aqui e estamos bem. Nos dê um desconto. — abracei Minseok e fui abraçar Junmy.
— Eu só vou perdoar porque estou com espírito natalino. — ele riu e apertou o abraço. — Sentimos sua falta, baixinha.
— Eu também senti falta de vocês, hyung. — Jongin reclamou.
— Vem cá. A noona sentiu sua falta. — bagunçou os cabelos de Jongin e o abraçou pela cintura.
— Só temos um ao outro, . — Minseok abriu os braços e esperou pela namorada, que correu e se abraçou a ele.
— Temos todos um ao outro. Somos uma família. — Junmyeon disse, ainda abraçado a mim.
— Já que esta família está junta e já passou da meia-noite, podemos jantar? Estou faminto. — Jongin saiu do abraço de , me tomou pela mão e me carregou para perto da mesa onde o jantar estava servido. Acabamos comendo sozinhos, o restante já tinha comido. Sentamos para conversar e explicar aos meus cunhados e amigas/irmãs sobre nosso noivado, sobre a fita, sobre como percebemos que não funcionamos longe um do outro.
— Eu amo vocês, mas eu preciso dormir. Tenho planos de aproveitar a praia mais tarde. – Minseok se levantou com uma sonolenta no colo.
— Eu ia dizer “Não façam muito barulho”... — Junmyeon riu.
— Mas dormiu. — Minseok o acompanhou. — Vou colocar minha princesa na cama. Boa noite. — ele beijou minha cabeça e a de e saiu.
— Não podermos fazer barulho? — perguntou ao namorado com um bico nos lábios.
— Se Jongin não tivesse chegado... — Junmyeon suspirou.
— Junmyeon, desde que eu cheguei, você só me dispensa. Parece até que não me queria aqui. — Jongin ralhou. Parecia verdadeiramente irritado com o irmão. Ah, o amor de família.
— Nini, é claro que eu te queria aqui. Você é meu irmãozinho, o bebê. Mas eu tenho que fazer meu charme. Afinal, se não fosse você, eu seria o caçula. — ele sorriu de lado e e eu rimos alto.
— Nós vamos dar a vocês trinta minutos para fazerem quanto barulho quiserem. — disparei e me levantei.
— Para onde vamos? — Jongin perguntou com as sobrancelhas franzidas.
— Ver a lua e as estrelas na praia. Vamos, arrume uma toalha para nós, Junmy. — ordenei, sendo prontamente atendida.

Descalça, com uma toalha em uma mão e segurando a mão de Jongin com a outra, nos arrastei para fora da casa, não sem antes ver o beijo que Junmy deu em . Se não tivéssemos saído, eles fariam ali mesmo, com Jongin e eu observando. Meu noivo estendeu a toalha na areia e deitou, me puxando para seu peito.

— Quero me casar aqui. — soltei.
— No Natal do próximo ano. — Jongin completou.
— Depois dispensamos todo mundo e ficamos com a casa só para nós. — ri baixinho.
— Eu senti tanto a sua falta, . — ele se virou na toalha e ficou de frente para mim, nossas pernas enroscadas.
— Eu estou aqui e não vou a lugar algum. — selei seus lábios.
— Será que seremos presos se fizermos amor aqui? — ele sussurrou contra meus lábios.
— Muito certamente. — respondi rindo de verdade.
— Eu preciso de você. — ele confessou baixinho e fez questão de juntar mais nossos corpos. Sua mão se deslizou atrevida por baixo do meu vestido e apertou minha bunda.
— Se tivéssemos ficado em casa, isso não estaria acontecendo. — provoquei. Jongin formou um bico nos lábios fartos. — Vamos para a varanda ou viraremos empanados aqui na areia.

Bati em seu ombro e me levantei, segurando o vestido para que não voasse. Nós não entraríamos em casa. Ainda não haviam se passado trinta minutos e e Junmyeon deviam estar aproveitando. Coitado de Minseok. Nini juntou a toalha e me seguiu até o pequeno sofá na varanda.

— Vem cá. — ele largou a toalha no chão e sentou, me puxando para seu colo. Sentei de lado e me abracei ao seu pescoço. Jongin imediatamente tomou meus lábios de forma urgente.
— Nini, ainda estamos na rua. — lembrei quando nos separamos para que eu pudesse respirar.
— Estou disposto a ser preso pelo crime de amar. — ele respondeu em tom risonho e me deitou no pequeno sofá, colocando o corpo por cima do meu.
— Jongin, eu... — tentei falar e tive seu dedo sobre meus lábios.
— Não fala nada, . Vai ser rápido. Eu preciso muito de você. — sua mão livre passeou por debaixo do meu vestido e brincou com o elástico da minha calcinha. Seus lábios quentes encontraram a pele do meu pescoço e eu finalmente cedi e enrolei as pernas em sua cintura, o puxando para mim. — , me ajude. Não podemos chamar a atenção. — ele riu baixinho e eu lhe acompanhei.
— Fique parado. — pedi. Deslizei uma mão por entre nossos corpos e encontrei o botão de sua calça, o abrindo e tentando buscar seu membro sobre o tecido. Parecíamos dois garotinhos inexperientes. — Nini, não acha que seria melhor...
— Você por cima. Tem razão. — ele concordou com meu pensamento. — Vem aqui.

Jongin se separou de mim e sentou no sofá novamente, me puxando para seu colo. Dessa vez, sentei sobre suas coxas, com uma perna de cada lado de seu corpo. Busquei seu membro dentro da boxer e o puxei para fora, expondo sua glande inchada para mim, fazendo minha boca salivar. Ergui o quadril e afastei a calcinha para o lado, tomei o membro de Jongin na mão e sentei sobre ele, me penetrando de uma só vez. Jongin me encarou sorrindo e eu sorri em resposta. A sensação de estar completa me dominou e eu me agarrei ao pescoço de Jongin, inspirando seu cheiro bom. Comecei a me movimentar devagar, tendo suas mãos me dando apoio nos quadris.

— Noona, mais. — ele sussurrou no meu ouvido. Agarrei e puxei os fios de sua nuca.
— Chama de novo, Jongin. — pedi sem parar de me movimentar.
— Noona... — ele gemeu manhoso. Aquele era meu Jongin. Meu Nini. Que pagava de durão para todos, mas que era meu bebê manhoso nas horas certas.
— Você não sabe o quanto senti falta disso. — confessei e comecei a me movimentar freneticamente sobre Jongin. Tentamos nos beijar, mas os movimentos não nos permitiam tal ato. Jongin começou a se remexer embaixo de mim e aquilo me indicava que ele estava vindo.
, noona, vem comigo. — ele apertou as mãos em minha cintura enquanto tentava estocar. Chegamos ao ápice juntos, gemendo um na pele do outro, no melhor orgasmo de nossas vidas.
— Tudo está certo de novo. — ele sussurrou quando regularizou a respiração.
— Na mais perfeita ordem. — respondi e me aconcheguei em seu corpo, ainda com ele dentro de mim.
— Vou mandar colocar uma mesa pra você na minha sala. Assim, eu posso te beijar quando quiser. — ele riu.
— Jongin, eu te amo. Mas prefiro ficar na minha sala. — recusei e ri.
— Então vou mandar abrir espaço pra você no closet e você vai morar comigo. — ele divagou.
— E só marcar o dia da mudança. — concordei. Eu iria para lá de qualquer forma. Jongin, seus computadores e seus videogames não caberiam no meu humilde apartamento.
— Monggu vai adorar você. — ele riu. Parecia realmente feliz.
— E quem é Monggu? — me separei minimamente dele para observar seu rosto.
— Nosso cachorro. Ele está num hotelzinho agora, mas está louco para conhecer a mamãe. — ele passou o polegar em minha bochecha.
— Como assim eu sou mãe e não estou sabendo disso? – perguntei fingindo falsa irritação.
— Você terá tempo para conhecê-lo. Agora vamos para dentro pra eu te amar direito. — ele piscou e sorriu safado. — Junmy já teve tempo demais. Agora é nossa vez.

Nos amamos mais uma vez naquela noite e mais no dia seguinte e todos os dias até que voltássemos para a nossa realidade na empresa, logo depois do ano-novo.
Minha mesa permaneceu exatamente onde estava, mas minhas coisas começaram ir aos poucos para o apartamento gigante de Jongin, que ocupava um andar inteiro. Obviamente, éramos vizinhos de Junmyeon e Minseok, os irmãos não se separariam por nada, então além de ver e na empresa, eu frequentemente as via no prédio.
Quase dois meses tinham se passado e eu ainda não tinha me mudado definitivamente. Estava resolvendo algumas pendências do meu apartamento alugado, tentando não quebrar o contrato, e vendo com meus pais como eles iriam para o meu casamento. Minha irmã estava mais que animada com a ideia e já combinava com o que fariam na festa, quantos filhos eu teria e como seria fofo ter gêmeos coreanos correndo pela casa.
Chanyeol estava feliz com a ideia de ser meu padrinho, mas completamente devastado com a ideia de que eu ia me mudar.

— Para onde eu vou correr quando não conseguir colocar a coleira no Toben? — ele perguntou com um bico fofo enquanto fechava uma das últimas caixas com minhas coisas. Toben era o mais novo membro da família e faria companhia a Monggu quando eu tivesse que viajar de emergência.
— Eu falei para você não comprar um cachorro. Mal consegue cuidar de si. — respondi rindo.
— E mesmo assim você vai me abandonar, . — ele acusou.
— Chany, uma hora ou outra isso ia acontecer. Você sabe. — tentei caminhar até ele e quase caí, uma vertigem me atingindo.
, você comeu hoje? — Chanyeol rapidamente se colocou ao meu lado e me segurou.
— E por acaso eu funciono sem café, Chanyeol? — rebati de olhos fechados.
— Eu vou colocar as caixas no carro e nós vamos no pronto-socorro antes de ir para a casa do Kim. — ele decretou.
— Eu estou bem. Só vamos logo. — respondi. Chanyeol bufou, mas me ouviu. Colocou as caixas no carro, pegamos Toben e fomos para a casa de Jongin, que provavelmente estava me esperando impaciente.
— Já não era sem tempo. — nos recebeu quando chegamos à casa do meu noivo.
— Ela quase caiu hoje, mas não quis ir ao médico. — Chanyeol fez questão de me dedurar para e , que saíra da cozinha assim que ouviu nossas vozes.
— Eu estou bem. — repeti e soltei Toben no chão, vendo Monggu se aproximar e pular em Toben, como se fossem primos que não se veem há muito tempo.
— Oi, amor. — Jongin apareceu e me roubou um selar. — Park. Que bom ver você. — Jongin cumprimentou Chanyeol e nós tivemos que segurar o riso.
está fazendo torta de frango. — bateu palmas, animada. Um mal-estar se instalou em mim e eu corri entre as caixas diretamente para o banheiro, colocando todo o café da manhã para fora.
, você está bem? — perguntou preocupada.
— Vamos ao médico. — ouvi Jongin decretar.
— Eu estou bem. Foi só um mal-estar. — rebati.
— Jongin, saia. Deixe apenas comigo. Vá chamar seus irmãos para tirarem as caixas do caminho. Elas quase causaram um acidente. — ordenou autoritária e fechou a porta do banheiro assim que Nini saiu. — E você, mocinha. — ela se virou para mim. — Está atrasada?

Parei para pensar sobre a pergunta de . A resposta era sim. Mas eu não tinha refletido sobre isso. Sorri amarelo e confirmei com a cabeça.

, você está grávida? — perguntou quase chocada. — Saberemos daqui a pouco. Não a deixe sair e nem deixe os meninos entrarem. — ordenou novamente e saiu. Eu sabia para onde ela ia. Na farmácia na esquina da rua onde Jongin morava. — Só estou indo comprar um antiácido. Deixe ela descansar, Jongin. — ouvi gritar do lado de fora.
— Até o casamento, vai acertar um soco no Jongin. — riu e eu a acompanhei.
— Só espero não ter que separá-los. Ou separar Jongin do Chanyeol. — comentei.
— Outra briga bem possível. — ela riu. — , a possibilidade...
— Existe, . — respondi antes que ela completasse a pergunta. — Três palavras: noite de Natal.
— Felizmente eu dormi. — ela debochou. — Estavam tão apressados que não tiveram tempo de se proteger?
— Estávamos tão apressados que não tivemos tempo sequer de entrar em casa. — respondi e ganhei um olhar chocado da minha amiga.
— Você me faz passar por cada uma, . Sinceramente. — entrou no banheiro com uma sacola da farmácia em mãos.
— Você me ama, que eu sei. — sorri para a ruiva.
— Siga as instruções e faça xixi rápido. — ela quase jogou a sacola em mim. Ficou andando de lado para o outro com até que eu lhe entregasse o palitinho do teste, temerosa com o resultado.

respirou fundo antes de olhar se o resultado era positivo e sorriu quando finalmente o viu, encarando em seguida. Ela abriu a porta do banheiro e encarou os irmãos Kim e Chanyeol.

— Preparem-se, temos mais um Kim a caminho.



Script feito pela pupila Ells.



FIM



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro no layout dessa fanfic, notifique-me somente por e-mail.


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