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Finalizada em: 03/02/2020

Capítulo 1

Quero contar uma história pra vocês, uma história sobre uma garota, uma garota que se chama eu.

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Estrelando:

A rainha das trouxas.
O cara que ela gosta.
A irmã maldosa dela.
A melhor amiga cheia dos contatinhos e que adora falar de caras famosos
A melhor amiga que tem um pai bonitão
O amigo do cara que ela gosta #1
O amigo bobão do cara que ela gosta #2
Um perfeito babaca #1
Um perfeito babaca #2
Um tarado sem escrúpulos
Uma patricinha escrota.
Uma patricinha escrota que prova que pode se tornar uma ótima amiga (alerta de spoiler)
A ex amiga falsiane #1
A ex amiga falsiane #2
Uma garota que pode estar afim dela
Uma garota superinteligente
Uma garota estranha
O nerd que um dia a amou
Um saco de lixo #1
Um saco de lixo de peruca #2
Um saco de lixo com tesão reprimido #3
Um saco de lixo que toma bomba #4
Dois sacos de lixo gêmeos #5 e #6
Um saco de lixo de banheiro #7
O ex amigo falsiano #3
A ex amiga falsiane #4
O ex namorado babaca
O falso apaixonado
O amigo fora da lei
A louca do monte Rainer
Uma mulher que claramente apareceu pra fazer a história ficar maior
Um cara mais velho e sensual
Pais chatos
Figurantes aleatórios

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Vai ser triste, vai ser bem triste. Mas relaxa, vai ser engraçado. E tem mais, essa aqui, é uma história de amor.
"Iiiihhhh, lá vem, coisa de menininha"

Hun, hun! Você nem me deixou terminar. É uma história de amor e ódio, entre eu e algumas folhas de um caderno com tranca que chamam de diário. E nem pensa que vai ser sobre uma coitadinha, que escreve que é apaixonada pelo capitão do time e essas baboseiras. O papo aqui é sério. É um mistério.
Imagine aquela típica cena de filme colegial, onde três garotas gostosonas vão andando lado a lado em direção a entrada do colégio chamando a atenção de todos. A garota da direita tem pele escura cabelos grandes e lisos, e, bem, essa não sou eu. A garota da esquerda tem pele mais clara do que a primeira, os cabelos são marrons, grandes e bem lisos. E essa também não sou eu. A garota do meio, é loira tem uma pele tão branca que chega a reluzir. E os cabelos, grandes e lisos. Essa sim, definitivamente, não sou eu. Eu sou aquela que as observava enquanto descia do ônibus escolar, rindo...

O'Connell - A rainha das trouxas
    *17 anos
                                                              *3° ano do ensino médio
                                *Revoltada
                                                      *Por incrível que pareça, ela já transou
             *Adora inventar bugigangas
                              *Não é tão inteligente
                                           *Muita gente a odeia
                                          *Gosto musical impecável
                                   *Criativa
                                                                 
Porque elas se achavam um máximo, mas não passavam três pessoas comuns pra mim.
Calça jeans, blusa regata, boné de beisebol e os inseparáveis óculos de grau, esse era o tipo de roupa que eu sempre vestia. Eu olhava para as meninas ao meu redor com shorts curtos, saias curtas, vestidos curtos... De jeito nenhum! Lá estava eu, na metade do meu último ano do ensino médio, todos estavam abraçando uns aos outros e falando aquelas típicas frases "como senti sua falta" e "pensei em você todo esse tempo meu amor". Foram só duas semanas afastados, não precisava de tanta falsidade. Avistei ao longe uma de minhas amigas – eu só tenho duas, na verdade – mexendo no celular, próximo as grandes escadas que iam em direção a porta principal da escola. Com um dos braços apoiados em um dos corrimãos, ela olhava do celular para estrada e da estrada para o celular, eu fui até ela.
- Oi, ! - eu falei ao me aproximar.

Monroe - A melhor amiga cheia dos contatinhos e que adora falar de caras famosos  
                                                               *18 anos
                                                              *3° ano do ensino médio
                                  *Nerd disfarçada  
                                                *Não pega geral, mas pega
                                *Louca dos livros
                                                 *Orgulhosa
                                                            *Engraçada
                                                       
- ! - ela falou do jeito eufórico dela me abraçando. era o tipo de amiga que adorava conversar sobre os famosos comigo. Nada melhor a fazer do que conversar sobre caras lindos e ricos que nunca poderemos ter um relacionamento, nós não conseguíamos namorar ninguém mesmo.
Correção, eu não conseguia. tinha ficado com um garoto da escola durante todo recesso, talvez estivesse o esperando chegar enquanto conversava com ele pelo celular.
- Então... Você e o Tyler? Huh? - eu comentei, provocando-a.
- Ah, para. - ela disse. - Não estamos namorando, foram só uns beijinhos. - ela revirou os olhos, mas estava feliz, muito feliz.
- Sei. - fingi acreditar. - Mas você não disse que... - fui interrompida por alguém que esbarrou em mim. - Ai! - exclamei.
- Olha por onde anda, ! - disse a garota de longos cabelos lisos e loiros escuros.
- Mas eu estava parada. - eu disse. Ela revirou os olhos e voltou a mexer no celular, enquanto subia as escadas para longe de mim.
O'Connell era o tipo de garota que era o oposto de mim. Como eu já disse, tem os cabelos lisos, usa roupas curtas, principalmente vestidos e saias, capricha na maquiagem, anda com Patricinhas, se veste como Patricinha, fala como uma Patricinha... Resumindo: é uma Patricinha. Eu costumo dizer que meu subconsciente é como a versão verdadeira de mim, o imagino como uma personagem em desenho com minhas características, e devo dizer que quando penso em , minha bonequinha interior não para de vomitar. e eu temos um histórico muito antigo. Ela sempre fazia tudo que podia para me colocar para baixo e, olha, ela fazia isso muito bem. Ela sempre falava mal do meu cabelo, do meu corpo – que não era muito diferente do dela –, do fato de um nunca pegar ninguém, etc. Desde que eu comecei a me interessar pelos meninos, ela sempre estraga meus planos. Todos os meninos por quem eu ficava interessada, ou se interessavam por ela, ou ela por eles, e no quesito de beleza eu sempre perdia. Foi assim com o Nathy, o Joseph, o Albert, o Jhonny, o Thomas, o Isaac, o Logan... Enfim. Mas nós duas tínhamos uma coisa em comum: o endereço. Ah, e o sobrenome também. Sim, e eu, somos irmãs.

O'connell  - A irmã maldosa
                      *18 anos
                                                                  *3° ano do ensino médio 
                                     *Popular/ Patricinha/ Cheerleader
                     *Pegadora
                                                               *A filha perfeita e a favorita também
                 *Odeia por motivos desconhecidos
        *Chata pra cacete
                                                  *Boa em fazer chantagem
                                  
Quão irônica era minha vida? era minha irmã mais velha, mas durante a minha infância, meus pais acharam que seria melhor se nós estudássemos na mesma turma, então me fizeram avançar uma série. Portanto, eu deveria estar no segundo ano do ensino médio, não no terceiro tendo que ficar próximo a a maior parte do tempo. Péssima decisão, hein, pais?
- Vaca. - falei baixinho me referindo a . E riu enquanto mexia nas pontas roxas de seu cabelo. Depois de um tempo um carro preto parou próximo a nós e de lá de dentro saiu outra ridícula, mas essa era minha amiga ridícula, a .
- Oi, meninas! - ela falou sorrindo.

Vega -  A melhor amiga que tem um pai bonitão
                                                            *17 anos
                                                              *3°ano do ensino médio
                                   *Nerd assumida  
                                               *Namorando  
                                                    *Adora cálculos
                                                 *Às vezes dá uns vacilos
                                 *Muito simpática
                                             
- Oi, ! - falamos juntas e nos abraçamos.
- Bom dia, meninas! - o pai de falou acenando do carro.
- Bom dia, senhor Vega. - e eu respondemos em uníssono, e ele logo saiu se despedindo com uma buzina.
- Nossa, eu pegaria ele de jeito. - falei me referindo ao pai de . Eu tinha uma quedinha por ele. Quando eu o via, minha bonequinha interior sempre me fazia dizer coisas que não devia.
- Que nojo. - disse .
- Doida. - afirmou .
também sofria bullying quando era mais nova por ser assim... Como posso dizer... Mais moreninha? Pois é, xingavam ela por ela ser negra. E por pura coincidência ela também havia avançado uma série quando era mais nova. Depois que nos conhecemos passamos a compartilhar nossas experiências de vida – não todas, porque eu não confiava em ninguém para quem eu pudesse contar tudo –, e logo nos tornamos amigas. Nos conhecemos desde os 10 anos de idade. Ela era sempre muito alegre, mas de uns dias para cá ela estava meio triste, por que tinha quase certeza que seus pais iriam se separar. Ponto para mim.
- Ah, qual é, , você iria adorar me ter como madrasta. - eu disse.
- Nunca quero ter uma madrasta! - disse. - Ela iria me mandar trabalhar dentro de casa.
- Mas no final você encontraria um príncipe encantado. - disse .
- Acontece que eu já tenho um príncipe encantado. - disse .
- Ah, é mesmo, as vezes eu me esqueço do seu precioso . - disse.
era o namorado de , eu até posso dizer que ele era meu amigo também e logo Tyler também seria porque ele com certeza vai começar a namorar com Magenta. E eu? Bem, preciso arrumar novas amigas que não tenham namorados. Eu já tinha sim ficado com alguns garotos, nada sério, mas como eu disse anteriormente sempre roubava eles de mim. Isso me fez prometer para mim mesma que só iria namorar quando terminasse o colégio, porque eu viveria longe de tudo e de todos que me faziam sofrer. Infelizmente, essa promessa foi quebrada rapidamente porque dois dias depois de tê-la feito eu conheci Brooke.

6 meses antes

, e eu conversávamos animadamente sobre algum famoso que tinha feito alguma coisa. Eu nem faço questão de lembrar desse detalhe. Afinal, não era dessa parte do dia que eu gostaria de recordar. Esse foi o dia em que eu conheci , nada mais importa. Enquanto conversávamos, se dispersou um pouco olhando para a entrada da escola e fazendo uma expressão de surpresa ao ver alguém. Eu não estava nem aí para quem fosse, afinal falar daquele famoso – seja lá quem ele for, porque realmente não me lembro. –, era melhor do que reencontrar um velho amigo que nem era meu. - ? - perguntou chamando a atenção do garoto de olhos verdes com um semblante confuso no rosto.
- ?
Ele continuou a encarando confuso e se aproximou mais de nós.
- ? - ele disse. - É você?
- É! - ela exclamou feliz por revê-lo. Eles se abraçaram. e eu nos entreolhamos e continuamos lá sem nos pronunciar e nos sentindo excluídas da conversa animada que eles dois estavam tendo. Pelo o que eu entendi eles eram amigos de infância, se separaram somente no 9° ano, quando tiveram que mudar de escola. Nós não sabíamos sobre essa parte da vida de Magenta, afinal só nos conhecemos no ensino médio. Eu pigarreei para ver se eles percebiam que estávamos de fora do assunto e pareceu se tocar.
- Ah, gente, este é , meu velho amigo. - disse Magenta. - , estas são e . Minhas melhores amigas.
- Oi. - disse sorrindo. Ainda me lembro dos meus primeiros pensamentos a respeito dele. "Meu Deus ele é lindo! Eu estava sem ter o que escrever no meu diário, por que minha vida estava sempre a mesma coisa. Mas meu diário vai ter que me aguentar escrevendo sobre ele pelo resto do ano agora."

Dias atuais

Daquele dia em diante não teve um dia se quer que eu não escrevesse sobre ele.
- Oi, meninas.
E falando nele... Senhoras e senhores eu lhes apresento o menino mais fofo do mundo! Sim, era ele, . O único menino daquele colégio – talvez do mundo inteiro – que não era metido, nem machista, nem safado, nem se aproveitava das meninas, e muito menos partia o coração delas. Ele não era o capitão do time – nem ao menos fazia parte dele –, não era um nerd, não era rebelde, e muito menos uma pessoa normal. Ele era simplesmente .
- O cara que ela gosta
                *18 anos
                                                                *3° ano do ensino médio
                                    *Popularzinho  
                                                     *Todas as minas querem pegar
                       *Gosta de ajudar as pessoas
                            *Medroso
                                                              *Ingênuo
                                                               *Misterioso
                                                          *Fofo, muito fofo
                                               
O garoto por quem eu era apaixonada.
A bonequinha falou na minha cabeça.
O quê? Não!
Corrigindo: o tipo de garoto por quem eu me apaixonaria.
- Oi, ! - as meninas responderam olhando em sua direção com sorrisos que foram prontamente correspondidos por ele. Eu ainda estava paralisada olhando para toda aquela beleza junta, e tentando normalizar os meus batimentos cardíacos e a tremedeira involuntária das minhas pernas, portanto não o respondi.
Mas eu não gosto dele, sério.
- ? - ele chamou minha atenção passando a mão na frente do meu rosto, ele nem se quer estalara os dedos, talvez com medo de me assustar demais.
- Hun? - respondi meio sem nexo ainda observando ele.
- ! - chamou, me tirando totalmente dos meus pensamentos profundos. - falou com você.
- Ah. - eu disse. - Desculpa, eu... Estava distraída. - falei sorrindo. Não tinha uma desculpa melhor, ? Tudo bem, admito, eu o amo! E me odeio por isso! Arrg!
- Tudo bem. - ele sorriu. Céus! Como ele é fofo! - Gostei do seu boné de beisebol.
Ele disse apontando pra mim.
- Não tinha reparado que estava usando um boné de beisebol. - disse me observando.
- Você gosta de beisebol? - perguntou .
- Eu nem sei o que é beisebol! - exclamei. Na verdade eu sabia, bem, mais ou menos. Beisebol não é aquele esporte que eles jogam com um disquinho no gelo? Pude sentir que a bonequinha pôs a mão na testa, decepcionada.
Anyway, o que eu disse fez rir.
- Eu já volto. - Ele disse e passou ao meu lado pegando meu boné e colocando sobre a sua cabeça e subindo as escadas para falar com alguns amigos – homens, por amigas ele só podia ter a gente. E só a gente! –, diferente de mim ele ainda tinha uma vida social. Observei seus passos até vê-lo parar na metade da escada e fazer um toque de mãos com alguns rapazes.
- Tem alguém apaixonada. - cantou ao meu ouvido, como ela gostava de fazer. Sempre falava as coisas cantando.
- Quem? Eu? - me fiz de desentendida.
- Não, a tia da merenda. - falou com ironia apontando para a tia da merenda que subia as escadas com uma caixa na mão – provavelmente com comidas dentro. - Claro que é você!
- Eu não a culpo. - disse. - Ele é mesmo um gato.
- E um fofo. - completou .
- Exatamente por isso que ele não iria querer algo comigo, além do mais, eu nem quero tentar nada, não estou afim de ver a tirar ele de nós. - eu disse.
Elas se entreolharam e deram de ombros, elas sabiam que era verdade. Como eu queria enfiar uma bala em !
Ouvimos o sinal tocar indicando que as aulas iriam começar, subi as escadas contra a minha vontade passando por e pegando meu boné de volta, ele se despediu dos garotos e logo me seguiu.
- Minha primeira aula é de física e a sua? - ele perguntou.
- A minha também. - falei suspirando cansada. Ânimo! Só faltam seis meses para essa vidinha acabar.
- Te vejo lá. - ele disse sorrindo e saiu em direção ao seu armário. Ao menos eu poderia observa-lo a aula toda.

[•••]

Querido diário...

Minhas aulas retornaram hoje e... Arrg! Eu não aguento mais estudar. Mas na verdade eu vim falar sobre (de novo). Eu andei olhando as páginas anteriores referentes aos últimos 6 meses e não têm uma única folha em que o nome dele não seja mencionado. E essa não será diferente não é? Eu o amo? Eu confessei isso pra mim mesma hoje, mas será que eu falei a verdade? Quer dizer, como eu posso amar alguém que nunca me deu um beijo? Será que um verdadeiro amor só pode ser demonstrado através de um beijo? Será que ele sente o mesmo por mim? Eu sou uma idiota, diário? Provavelmente, .
Minhas sagradas escrituras foram interrompidas pela campainha tocando. Eu estava sozinha em casa aquela tarde – como sempre. Meus pais estavam trabalhando e deveria estar por aí  dando para alguém. Dando seu amor e carinho, claro. Eu fechei o meu diário com a tranca especial, não tão especial assim já que qualquer chave que se encaixasse naquelas fechaduras tradicionais de portas o abriria. E coloquei o papel com a dica para abri-lo por entre as suas folhas, como eu sempre fazia quando não estava escrevendo nele. Eu sabia que ninguém jamais iria querer ler o que tem nele e queria mesmo esconder meus segredos, mas no fundo queria que alguém os lesse e soubesse como eu me sinto. Talvez as coisas seriam diferentes assim.
"Meu conselho é não observar o que têm além da fechadura de uma porta". Era o que dizia no papel que eu deixava preso em meio aos outros. Quem fosse esperto o bastante perceberia que a fechadura de uma porta é igual a fechadura do diário.
Andei até a porta principal abrindo-a, e me deparando apenas com a rua pouco movimentada. Pus a cabeça para fora e olhei para os dois lados, não havia ninguém ali. Estranho. Dei ombros. Devia ser só alguma criança, também fiz muito isso quando era pequena. Ouvi um barulho no telhado e logo tratei de ir até o meu quarto me certificar que eu havia trancado a janela do mesmo, assim como havia feito na casa toda horas antes. Quando cheguei lá a janela estava escancarada. Eu passei meus olhos sobre a cama a procura do meu diário.
Mas ele não estava lá.
Eu disse que essa aqui era uma história de amor? Tá mais para uma história de terror.


Capítulo 2

- Não! Não, não, não, não, não, não! - eu exclamava atraindo olhares de algumas pessoas que passavam pelo corredor da escola. Eu estava de frente com meu armário, jogando tudo que tinha dentro dele pra fora. Esvaziei também a minha bolsa fazendo a maior bagunça de papeis e livros por ali. Ele tinha que estar ali, tinha que estar. - Droga.
- Nossa, o que houve aqui ? - ouvi a voz de atrás de mim.
- Ah, eu... Estava procurando o meu diário. - respondi.
- Quando você o perdeu?
- Ah, ontem. - eu disse começando a juntar os livros novamente e ele me ajudou.
- E tem de ideia de por onde ele possa estar? - ele perguntou colocando uma pilha de livros dentro do armário.
- Na verdade, não. - eu disse. - Eu não o perdi, fui roubada.
- Roubada? Mas como? - ele fechou a porta do meu armário, eu desfiz a combinação. E logo comecei a andar junto com ele.
- Eu estava sozinha em casa ontem, escrevendo no diário e alguém tocou a campainha, fui atender e quando voltei meu diário não estava lá. - expliquei rapidamente.
- Mas se roubaram porque estaria no seu armário?
- Eu não sei, tô desesperada! - falei subindo o tom da minha voz.
- Mas você o trancou? - ele perguntou aparentemente preocupado. Eu admirava muito esse lado prestativo de , e achava incrível que ele não me falasse que isso é uma besteira, e que eu era grandinha demais para ter um diário. Sinceramente eu tinha que dizer que era o pacote completo.
- Tranquei. - respondi.
- Menos mal, essa pessoa só perdeu seu tempo, já que não vai conseguir abrir. - disse certo de que isso era realmente verdade, mas existia aquele lance com a fechadura e tudo mais. Mas eu não podia falar isso pra ele no momento, afinal, todos eram suspeitos até que se prove o contrário, correto? Como se tivesse interesse em saber meus segredos... Mas a todo caso, eu não posso confiar em ninguém por enquanto.
- Como sabe que meu diário tem tranca? - perguntei desconfiada.
- Imaginei. - ele deu de ombros. - Minha irmã tem um diário, ele tem um cadeadinho. Já abri com um grampo. - ele sorriu.
- Que ridículo! - eu disse e ele riu. - Eu preciso encontrá-lo. - falei. - E se a pessoa der um jeito de quebrar a fechadura ou sei lá.
- Tudo bem, olha - ele falou -, se eu fosse você começaria fazendo uma lista com os nomes dos suspeitos, todas as pessoas que não gostam de você, ou que você pensa que talvez tenham vontade saber seus segredos, e depois vai investigar cada uma delas, até chegar ao criminoso.
- Você tá vendo muita série policial. - eu ri e ele me acompanhou. - Mas é uma boa ideia. Vou fazer isso.
Conversamos mais algumas coisas e fomos para aula. Durante a maioria das aulas comecei a pensar em todas as pessoas que me odiavam. E, no final das aulas, a lista era maior do que eu imaginava. Eu até poderia ir atrás dessas pessoas, e observar elas, só que tinha um probleminha: uma parte delas morava fora de Seattle. Eu já tinha ido a muitas cidades longe daqui e sozinha, mas fui de ônibus, e demorava dias para chegar ao meu destino, e tinha que achar o diário o mais depressa possível. Então fui até a minha última e única opção, e a única pessoa que eu conhecia que tinha um carro e que me ajudaria: .
- ! - eu falei chamando a sua atenção no meio daquele aglomerado de pessoas que iam em direção a saída. Ele parou de andar e olhou para trás pra ver quem era o dono da voz que o chamara.
Eu me aproximei dele.
- Era você que estava me chamando? - ele perguntou.
- Era. - respondi.
- O que houve?
- Então, eu fiz a lista que você me instruiu, só que alguns suspeitos moram fora da cidade. - falei. - Eu poderia ir até lá de ônibus, como eu já fui várias vezes, mas ia demorar muito entende? Então eu cheguei a conclusão de que precisaria de um carro e pensei "sabe quem tem um carro? !" - sorri amarelo e ele me olhou prendendo o riso.
- Quer meu carro emprestado? Tudo bem, então. - ele falou.
- Não! Você não entendeu. - falei. - Não posso dirigir, não tenho carteira.
- Você já tem 17 anos por que não tirou sua carteira? - ele perguntou.
- Eu fiz o teste, não passei porque atropelei uma velhinha de cadeira de rodas. - ele arregalou os olhos. - Mas eu sinalizei, depois que atropelei.
Ele riu.
- Acontece coisas engraçadas na sua vida. - ele disse.
- Viu? Por isso quero meu diário de volta. - falei. - Se um dia eu ficar com amnésia vou saber de tudo que aconteceu na minha vida. - Ele riu novamente. - Por favor, , me ajuda, eu posso te pagar. - Sugeri. - O que você quer? Quer que eu faça faxina na sua casa? Posso arrumar o seu quarto que sua mãe deve te mandar arrumar todos os dias. Ou quem sabe fazer o seu dever de casa pelo resto do ano, huh?
Dessa vez ele gargalhou.
- Não se preocupe, , vou te ajudar. - ele sorriu. - Só preciso do dinheiro pra pôr gasolina e te levo para onde quiser.
- Sério? - perguntei. Foi mais fácil do que eu pensei. - Muito obrigada.
Eu falei o abraçando. Melhor sensação que já experimentei na vida. Obrigada, Senhor! Então nos separamos. Pude ouvir minha bonequinha fazer um sonoro e triste "aaaah".
- Vai na minha casa mais tarde pra darmos um olhada na lista. - ele disse. - De repente jogamos videogame.
Ele propôs e piscou um de seus olhos, e logo andou em direção a saída.
Quando ele falou "jogamos videogame", olha só o que eu pensei:
e eu, sentados no sofá do seu quarto, nos beijando ferozmente, parávamos para respirar rapidamente e retomávamos tudo de novo, com direito a sua mão boba em meus seios, e uma de minhas mãos em um lugar que o sofá não permitia ver do ângulo que eu imaginei. E logo caímos deitados no sofá, e as roupas começaram a ir pelos ares.
Comecei a rir sozinha. Melhor eu ir pra casa.

[•••]

Querido pedacinho de papel...

Sim, vou escrever em pedaços de papeis por enquanto que não tenho meu diário de volta. Mas como eu ia dizendo, melhor, escrevendo...

Sinto que problemas estão por vir.
1. e eu estamos prestes a participar da maior aventura de nossas vidas.
2. A maior aventura de nossas vidas inclui matar aula, desobedecer nossos pais, fazer identidades falsas e cometer alguns outros pequenos crimes.
3. mal sabe disso.
4. me chamou para ir até casa dele jogar videogame.
5. Eu não sei jogar videogame.
6. Eu vou ter que voltar a falar com gente que não falo desde a terrível oitava série
P.S: Eu odeio gente

Suspirei. Peguei a lista de suspeitos e sai do quarto. Melhor eu ir logo até a casa dele, antes que escureça. Por sorte morava em frente a minha casa. Mas, infelizmente, o quarto dele não ficava pro lado da rua, por isso eu nunca conseguia vê-lo sem camisa pela janela. Passei pela sala e, por um milagre de Deus, meus pais e a senhora simpatia estavam em casa. Meus pais estavam discutindo – como sempre –, e estava na cozinha. Tentei passar despercebida, mas não deu muito certo.
- Onde vai? - minha mãe perguntou, parando de brigar com meu pai por um segundo.
- Vou sair. - respondi me aproximando da porta.
- Isso eu sei, mas pra onde? - ela insistiu.
- Ah, fala sério, até parece que você se importa. Volta a brigar aí, é só o que vocês sabem fazer. - eu disse abrindo a porta e saindo.
- ! Volte já aqui! - pude ouvi-la gritar antes de fechar a porta. - Viu só? Ela é assim por sua causa!
Ela gritou com o meu pai. Não viria atrás de mim. Segui até o outro lado da rua e logo estava em frente a porta da casa de . Toquei a campainha, na esperança de que atendesse a porta. Imagina a minha cara se um de seus pais viesse abri-la. A porta se abriu, mas não havia ninguém na minha frente, então eu abaixei meu olhar e vi uma garotinha. Uns 9 anos, eu diria.
- Ah, oi. - eu disse e ela sorriu. - Posso falar com o ?
- ! A sua namorada chegou! - ela gritou. - Entra.
Ela deu passagem e eu entrei, ela logo fechou a porta.
- Olívia, eu disse pra você que não era pra atender a porta. - saiu de uma abertura na parede que eu não sabia onde dava.
- Desculpa. - ela disse sorrindo amarelo e correu em direção as escadas.
- Então, trouxe a lista? - ele me perguntou.
- Unhum. - concordei.
- Vem, vamos pro meu quarto. - ele disse segurando levemente no meu pulso e me guiando ao mesmo lugar de onde ele tinha surgido, cruzamos pela abertura da parede e percebi que ia dar na pequena cozinha, e que não estávamos sozinhos. Os pais de estavam lavando os pratos, quer dizer sua mãe lavava e seu pai enxugava, eles riam animadamente, e nem nos viram.
- Mãe, pai. - chamou. Eles pararam de rir e nos olharam. Ou melhor, me olharam. - Essa é . , estes são minha mãe e meu pai. - disse. - Não sei o nome deles, chamo de mãe e pai.
Ele deu de ombros e sua mãe balançou a cabeça negativamente.
- Oi, mãe e pai do . - eu disse sorrindo sem graça.
- Olá, querida. - sua mãe disse sorrindo.
- Oh! - exclamou o pai de . - Então essa é a garota bonita que você tanto fala. - arregalou os olhos e balançou seu braço esquerdo no ar, como se estivesse mandando seu pai parar de falar. Mas ele o ignorou. - Finalmente trouxe uma menina pra casa. Estava começando a duvidar da sua masculinidade filho.
- Pai! - disse entredentes. Então quer dizer que ele me acha bonita? Muito obrigado por essa preciosa informação, senhor . - Vem, .
Ele abriu uma porta no canto da parede que eu diria que dava para o porão, já que tinha uma escada logo depois da porta. Me fez passar na sua frente e eu fiquei no segundo degrau da escada esperando que ele terminasse sua briga muda com seu pai, que agora estava mais próximo dele. o olhou com a boca aberta e as sobrancelhas erguidas como se dissesse "o que foi isso?". Mas seu pai lhe respondeu normalmente.
- Estou te ajudando, filho. - ele disse baixo, mas eu consegui ouvir. - Vá em frente.
mostrou seu dedo do meio pra ele, que riu. Se eu mostrasse meu dedo pra minha mãe, ela cortaria ele fora. fechou a porta atrás de si e descemos as escadas.
- Olha, desculpa pelo meu pai, ele não pensa as vezes. - Ele disse assim que chegamos em baixo e eu vi seu quarto. Era pequeno e apertado. Tinha uma televisão enorme em cima de um móvel,  um sofá vermelho bem no meio, uma estante com troféus, uma janela bem pequena que encostava no teto e na parede oposta a que a televisão estava, tinham duas portas, uma em cada canto da parede, a estante ficava entre as portas. Eu não pude deixar de reparar que tinham algumas roupas e livros da escola espalhados pelo chão.
- Tudo bem. - eu disse. - Sabe, eu percebi uma coisa. - falei mudando de assunto. - Não tem cama no seu quarto.
- Na verdade, tem sim. - ele falou e caminhou até o sofá e mexeu em alguma coisa embaixo dele, e logo pude ver que era um sofá cama.
- Ah. - eu disse e ele fez o sofá voltar a ser sofá. - E mais uma coisa. - ele se aproximou.
- De onde vieram esses troféus? Achei que não jogasse no time da escola.
- E não jogo. - ele disse. - Jogo pela minha antiga escola. Mesmo depois que eu saí de lá os caras pediram para que eu continuasse no time. Falei com o treinador e ele aceitou numa boa.
- Ah. - eu disse e dei mais uma olhada em volta.
- Então, quem é o primeiro suspeito da sua lista? - ele perguntou.
- Você. - afirmei.
- Huh? - ele perguntou incrédulo.
- Ah, , não pense que conseguiria me enganar. - eu me aproximei dele. - Todo fofo e preocupado, se oferecendo para me ajudar... Achou mesmo que conseguiria me fazer acreditar que não foi você?
- O quê? - ele perguntou meio alterado. - Como pode suspeitar de mim? Eu me ofereci para te ajudar por que você é minha amiga e achei que merecia ter seu diário de volta. Eu tenho vontade, sim, de desvendar a misteriosa O'Connell, mas não o roubei.
Misteriosa O'connell... Eu não sabia que era misteriosa e muito menos sabia sobre essa vontade de . Eu tinha dito que suspeitava dele apenas por brincadeira. E resolvi permanecer nela.
- Ou então...  - comecei. - Você achou que eu sacaria que você fez tudo isso para eu não suspeitar de você, e quando você viu que mesmo assim eu suspeitei, você disse isso para que eu deixasse de suspeitar... Eu quero meu diário de volta, . O caso está encerrado.
Ele me olhava com uma cara de interrogação e logo depois começou a rir.
- Não estou com seu diário. - ele disse. - Eu preferia pegar em outras coisas suas.
Se liguem, ele disse "pegar em outras coisas".
- Eu sei. Desculpa. - eu ri. - Estava só brincando.
- Tá. - ele revirou os olhos enquanto sorria. - Me deixa ver a lista. - Eu tirei-a do bolso e o entreguei. Ele desdobrou-a e pareceu surpreso. - Toda essa gente te odeia?
- Ou têm vontade de saber meus segredos. - dei de ombros.
- E meu nome está mesmo aqui! - ele falou. Eu ri. Ele pegou uma caneta no chão – sim, no chão –  tirou a tampa com a boca e passou um traço no seu nome.

Ele analisou bem a folha.

Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford
- Jones?! - ele disse alterado enquanto ainda olhava para a folha. - Aaron Jones?! Não acredito que você já falou com esse cara, !
Ah, não foi apenas falar.
- E qual o problema? - perguntei. estava com ciúmes?
- Qual é o problema?! - ele repetiu. odiava Jones. Eles estudaram juntos no fundamental e Jones implicava muito com , até que um dia não aguentou seus insultos e enfiou um lápis na barriga de Jones. Ou foi na mão dele? Isso foi o que me contou – já que estudava junto com eles –, mas eu não sei ao certo, melhor saber isso por . - O problema é que ele é um idiota. Ele me xingava, ria de mim sem motivos aparentes, me agredia e obrigava a fazer o dever de casa dele, sem contar que ele ficava com todas as meninas que eu gostava.
Ele falou enquanto caminhava até o sofá e se sentava nele.
- É verdade que você enfiou um lápis na mão dele? - perguntei sentando ao seu lado.
- Barriga. - ele corrigiu. - Foi na barriga. Eu fiz isso no intuito de perfurar o intestino dele para que ele tivesse que defecar pela boca. - ele falou entredentes quase amassando a lista nas suas mãos. - Mas acabei perfurando o apêndice dele, ele teve que fazer uma cirurgia para retirá-lo, não podia viver com o apêndice furado. Mas é um órgão que não serve para nada mesmo, acho que acabei fazendo um favor. - ele suspirou. - Até quando tento ser mal, eu faço uma coisa boa. E têm mais, depois que o Jones voltou do hospital ele levou uma faca para a escola e enfiou na minha barriga. - ele levantou um pouco a blusa –Jesus!– e eu pude ver uma cicatriz pequena mas profunda. - Acabou perfurando o meu intestino.
- E você teve que defecar pela boca? - perguntei assustada mas por brincadeira mesmo, acho que isso era meio que impossível.
- Não! - ele falou. - Os médicos puseram uma mangueirinha no meu... Ah, você não tem que saber disso. - ele fez uma careta desconfortável. - Só por favor, por favor me diga que você nunca transou com Aaron Jones.
Ops. Até a minha bonequinha correu com vergonha.
- Você ficaria mais feliz se eu dissesse que não? - sorri falso.
- Ah não, ! Você já transou com ele?! - ele se remexeu um pouco no sofá virando-se para mim.
- Olha, foi só uma vez. - eu menti. Ele me encarou e entortou a boca. - Tá legal, tá. Não foi só uma vez. Mas olha, é passado. O foco aqui é que ele é suspeito de roubar o meu diário.
- Não! - ele disse. - Como você pode? Ele é ridículo. O cara mais babaca da face da terra, excroto e sem noção. Idiota e... - eu segurei em seu braço para acalmá-lo. 
- Ta tudo bem. Eu não sabia. Bem, que ele tinha feito isso com você... 
- Só me prometa, que nunca, nunca mais vai ficar com ele.
- Com certeza. - eu sorri.
- Ok... - ele falou voltando para lista e passando seus dedos pelo queixo. - Por que roubaria seu diário?
Ele voltou seu olhar para mim.
- Porque ela é uma vaca. - eu disse. Ele riu. - Mas é assunto meu. Depois me resolvo com ela.
- E por que acha que Jones roubaria? - ele demonstrou certo nojo ao pronunciar o nome dele.
- Porque... Quando eu conheci o Jones, ele tinha acabado de terminar com a namorada, estávamos em uma festa de halloween, bebemos um pouco e... Você sabe. - falei. - Eu achei que tinha sido algo só de uma noite, mas na semana seguinte Jones me procurou, estranhamente começou a se aproximar de mim e quando eu vi já estava na cama com ele de novo. Eu não o amava. Mas ele dizia estar se apaixonando por mim, e então eu caí na dele e depois ele me largou, do nada simplesmente "se cansou de mim". - eu ri irônica controlando minhas lágrimas. - Eu jurei me vingar e ele sabe que eu não planejo nada sem que o meu diário fique sabendo.
- Ah... - disse olhando para baixo. - Jones é um idiota.
- E a propósito, eu acho que ele defeca pela boca porque só sai merda de lá. - Eu disse e riu.
- E quanto a Richard? - ele novamente olhou para lista, pensativo.
- Richard e eu ficamos no ano passado, eu admito que me apaixonei por ele. Mas assim como Aaron, ele me largou sem motivos. Quer dizer, ele nem ao menos teve a coragem de me dizer que queria pular fora. Fiquei umas duas semanas sem saber ao certo se ele ainda queria algo comigo. Depois disso ele mandou que uma amiga dele vir conversar comigo e dizer que ele estava se sentindo "incomodado" por eu ficar encarando-o na hora do intervalo. - franziu a testa. - E ela também disse que ele estava namorando há quase um mês, acredita nisso? Ele estava enganando a nós duas. - eu suspirei. - Enfim, também jurei me vingar, e ele deve querer saber sobre o meu plano.
- Ou saber se ainda tem chances com você. - disse.
- Como é? - perguntei.
- Ah, , eu percebo o quanto ele olha pra você. Na sala de aula, no intervalo, na educação física. Principalmente na educação física, por que né? - ele disse e eu lhe dei um tapa no ombro. Ele riu. - Sério, , tenho certeza que ele se arrependeu de ter deixado.
Eu sorri. fazia tudo melhorar.
- Tudo bem, próximo da lista. - ele disse voltando a olhar pro papel. - Jarod Griffin.
- Arrg! Jarod estudou comigo da quinta até a oitava série. Ele vivia me enchendo o saco, fazendo e dizendo coisas horríveis para pra mim. E espalhava uns boatos ridículos sobre mim. Ele era bem tarado também. Nós brigávamos direto, e um dia, nas aulas de recuperação eu dei um tapa na cara dele. Putz, ele me odiou tanto. Passou as férias inteiras sem falar comigo. Para a minha sorte. Mas existia um grupo fechado dos populares da escola no facebook, que servia somente para eles falarem mal dos que não faziam parte do circo deles. E um dia antes da volta as aulas, Jarod mandou uma foto bem promíscua dele e de uma garota de joelhos, com a boca naquele lugar. A garota estava de costas pra foto, então não dava pra saber quem era. E ele disse que era eu. - vi arregalar os olhos. - No outro dia, era meu primeiro dia de aula do ensino médio e já cheguei na escola mal falada. Eu quase matei ele. Nunca tinha batido em ninguém, mas quebrei o nariz e dois dedos dele. Enquanto eu batia nele, falei diversas vezes que iria fazer algo pior que aquela foto com ele.
- Jesus. - disse. - Então ele roubou seu diário pra saber o que você planeja contra ele.
- Exatamente. Já fazem praticamente três anos, mas eu não esqueci. Todas as minhas vinganças iriam acontecer depois que eu saísse da escola, mas pelo visto, vai ter que ser antes.
- E como você soube que ele tinha postado essa foto lá?
- me contou.
- ? A sua irmã? - ele perguntou incrédulo.
- É, a minha irmã. Acho que até para ela isso passou dos limites da crueldade.
- Depois disso você não deveria ter sido expulsa da escola e ele também? Ou sei lá?
- Bem, a foto nunca foi encontrada, então o diretor não tinha provas para que ele fosse expulso, e foi decidido juntamente com os meus pais que eu não faria mais nenhuma aula junto com ele. Mas eu contei que mais pessoas pegavam no meu pé e ele garantiu que eu não estudaria com mais nenhum deles. Então não tenho mais aulas com a maioria das pessoas dessa lista, porque quase todos estudaram comigo antes do ensino médio.
- Espera, espera. Ele saiu como uma vítima então?
- Quase isso. - dei de ombros.
- Que filho da puta. - ele disse pausadamente.
- Pois é.
- Todas essas pessoas estudam lá na escola e odeiam você? - ele apontou para a lista.
- Grande parte.
- E você ainda tem coragem de dizer que não é popular? - É uma má fama. - eu sorri.
- Uau. Tô com um pouco de medo de você.
- Normal. - eu ri.
- Não sei se quero perguntar sobre Shelby Duncan. - Ele me olhou esperando uma explicação. Eu ri de novo.
- Shelby e Aaron namoravam, na festa de halloween eles brigaram e terminaram. Foi então que eu transei com ele. - falei. - Ela deve ter ficado com raiva de mim, afinal ainda gostava dele. Não sei se você sabe, mas parece ser mais irmã de Shelby do que minha. Com certeza deve ter contado a ela que eu tenho diário e ela o pegou para achar algum segredo meu e expor na frente de todo mundo. E esse é o motivo que mais me dá medo. - disse já pensando no pior e olhando para longe.
- Ah, então é por isso que você está apertando meu braço desse jeito. - disse.
- Huh? - falei e olhei para baixo, e só então notei que estava mesmo segurando seu braço direito com as duas mãos. - Ah, desculpe. - falei soltando seu braço e ele riu.
- Lizzy Hobbs? - ele perguntou referindo-se a próxima da lista.
- Então, a história com Lizzy é até meio parecida com a de Shelby. - eu comecei. - Lembra que eu disse que Richard mandou a amiga dizer que ele estava namorando a mais de um mês? - ele concordou. - Então, ele namorava com Lizzy.
- Meu Deus! - ele disse. - Mas que monte de merda que você se meteu, hein? - ele riu. - Onde suas amigas estavam nessas horas?
- Sei lá, dormindo. - eu disse e ele riu novamente.
- Então acha que Lizzy roubaria seu diário para expor um segredo seu por ciúmes,  assim como Shelby?
- Isso. - respondi.
- Natasha Gonzalez. - ele me olhou.
- Eu e Natasha éramos ótimas amigas, estudamos juntas da quinta série até a oitava. Mas ela queria ser popular, e começou a ficar distante, e depois implicante. Começou a me rebaixar e rir de mim junto com as outras pessoas só pra conseguir entrar no grupinho deles.
- E porque acha que ela roubou?
- Bem, pra fazer parte dos populares, ela teve que se submeter a muitas coisas, me lembro que ela fazia uns desafios insanos, teve que emagrecer, pegar uma certa quantidade de caras e quando finalmente conseguiu entrar, ela não era tratada como uma amiga, mas sim como um capacho, até hoje ela faz tudo que eles mandam. E se Shelby, Lizzy ou tiverem pedido para que ela roubasse?
- Mas aí, o diário não estaria mais com ela, e sim com uma das outras.
- É, você tem razão. Mas ela também pode ter pego pra ler e contar coisas minhas para as outras.
- Ou até para os outros, não é mesmo? - ele sugeriu.
- Exatamente, ta começando a entender o tipo de pessoas que me rodeiam, hein?
Ele riu.
- OK, próxima. Ashley Wright. - ele fez uma pausa. - Ei, sabia que eu já fiquei com ela?
- É, eu sabia, todo mundo sabe.
Alerta de ciúmes
- Sabia que ela traiu o namorado dela com você? - continuei.
- Namorado? Que namorado?
- Gary Adams. - eu respondi. - Que aliás, também está na minha lista.
- Quem é esse? - perguntou.
- Putz, ela te enganou direitinho. - balancei a cabeça. - Na quinta Ashley e eu éramos tipo, quase melhores amigas. Eu até já dei presentes a ela! Mas depois eu descobri que ela falava mal de mim para as pessoas. E terminei a amizade. Mas não foi só por esse motivo, a Ashley namorava o Gary, que...
- Espera, espera. - ele me interrompeu. - Ela tinha um namorado, na quinta série?
- Sim, ela já era bem dada naquela época. Até rebolava na hora do recreio. - eu disse tranquilamente.
- Eu tô muito confuso. Esse Gary que ela namorava na quinta série é o mesmo que ela namora hoje?
- Vou chegar nessa parte. - eu respirei fundo e continuei. - Ashley namorava o Gary, e Gary era da quarta série e vivia me chamando de "Méla", era tipo um apelido ridículo pro meu nome ridículo que ninguém sabe pronunciar. E ele dizia que eu era suja, e melava tudo. Entendeu a referência? Nós voltávamos para casa no transporte da escola e ele dizia que o carro tinha que ser lavado todos os dias por minha causa. Ele falava isso o tempo inteiro, sério, ele não parava! Então contei para os meus pais, e expulsaram ele. Porque descobriram que ele fazia bullying não só comigo, mas com várias outras pessoas também. Quando Ashley soube que Gary foi expulso por minha causa, nós pegamos uma briga horrível, e ela pediu transferência logo depois. Provavelmente foi estudar com ele, eles voltaram pra lá no ensino médio, ela repetiu de ano, porque hoje está na mesma sala que ele.
- Eles passaram esse tempo todo namorando? - perguntou perplexo.
- Sim... - eu disse com tédio na voz. - Mas esse não é o ponto. Ashley pode ter tido a brilhante ideia de roubar o diário por raiva que ainda sente por mim, e também como era de costume ela falar mal de mim, vai ver ela queria descobrir mais coisas pra espalhar por aí. E Gary.... Puff! Preciso dizer o quanto ele me odeia?
- Ta... Eu... eu... Próximo da lista. - ele desistiu de insistir o assunto. - Eu também não conheço essa. - ele disse com uma expressão que parecia tentar lembrar. - Quem é Dana Stehling?
- Então, lembra da amiga do Richard que me contou que ele namorava e tal? - ele concordou. - É ela.
- Mas por que ela roubaria seu diário afinal de contas? - ele perguntou.
- Bem, eu tenho minhas dúvidas de que ela gosta do Richard. - falei. - Eu não queria falar nada, mas também acho que ele quer ter outra chance comigo. E como você mesmo falou, ele fica me secando. Toda vez que passo perto de Dana, ela faz cara feia e vira as costas, tenho a leve impressão que ela me odeia.
- Espera, Dana é aquela doida gótica baixinha que está sempre abraçada com o Richard? - ele perguntou com um semblante desconfiado.
- É. - eu disse.
- Me disseram que ela gostava de mulher. - ele disse. QUÊ?!
- QUÊ?! - Eu exclamei assustada levantando um pouco do sofá. Ele gargalhou.
- Calma, , senta aí. Senta. - ele falou ainda rindo. - Acho que o motivo de ela supostamente ter roubado seu diário não foi por que ela gosta do Richard, foi porque ela gosta de v...
- Nem se atreva. - eu o impedi de falar, o fazendo gargalhar mais uma vez. Era só o que me faltava.
- Grande ! Arrasando corações até das mulheres. - ele disse brincalhão.
- Para com isso! - falei rindo e dando mais um tapa no ombro dele. Logo começamos a rir juntos. - Mereço. - rolei os olhos.
- Tá legal... - ele disse soltando uma última risada e olhou novamente para o papel. - Dayanara Stewart? Por que ela está na sua lista?
Percebi que ele tinha pulado alguns nomes.
- Eu também já peguei ela. - ele deu de ombros e eu rolei os olhos.
- Ela é uma das piores. - falei com raiva.
- O que a Daya fez pra você? - ele perguntou.
- Não chama ela de Daya, seu merda! - eu falei com a voz um pouco mais aguda e tomei a lista da mão dele.
- Nossa, mas o negócio foi tão sério assim? - ele perguntou.
- Olha... Podemos deixar os próximos pra depois? - eu falei pondo a mão na testa. - Afinal, ainda nem investigamos os outros. O diário pode estar com algum deles. Caso não esteja, partimos para os outros.
- Se você prefere assim. - ele deu de ombros. - Foi por causa do que eu disse? Você ficou com raiva?
- Não, é que... Ódio demais guardado da nisso. - eu suspirei. - Me desculpe, você não é um merda.
Ele sorriu.
- Quando eu chegar em casa vou dar uma olhada nas coisas da . - eu disse mudando de assunto. - Bem, acho que já vou indo.
Falei me levantando do sofá. Ele me levou até a porta de entrada da casa.
- Mas uma vez muito obrigada por me ajudar. - eu disse já do lado de fora da casa dele.
- Não precisa agradecer de novo. - ele sorriu e tocou seu dedo indicador na ponta do meu nariz.
- Até amanhã. - eu disse.
- Até. - eu dei as costas ele e entrou em casa novamente.


Capítulo 3

Eu caminhei até a minha casa. Estiquei meu braço para girar a maçaneta, mas alguém abriu a porta lá de dentro. Era , e não estava com cara de bons amigos. Ela nunca estava. Eu lhe lancei um sorriso cínico enquanto passava ao seu lado. Ela continuou com a mesma cara.
- Eu fiz alguma coisa? - perguntei. Como se eu me importasse.
- O que estava fazendo na casa do ? - ela perguntou.
- Por acaso é da sua conta? - perguntei.
- Para o seu bem, é melhor que você não tenha nada com ele. - ela disse.
Eu ri irônica.
- Tchau, . - eu disse e fui para o meu quarto. Vi que ela entrou no banheiro lá de baixo. Era a minha deixa para entrar no quarto dela.
Perfume. Calcinhas. Sutiãs. Camisinhas. Canetas. Ursinho de pelúcia. Chocolate. Metade de um sanduíche. Papel com coisas escritas. Céus, como é bagunceira. Papel com coisas escritas? Eu peguei o papel que tinha como título "Meninos com quem eu quero transar:"
Eu revirei os olhos. Como conseguia ser tão repugnante?
Alex Franco, Charlis Becker, Aaron Jones
Uh, ponto pra mim.
.
O QUÊ?!  Aaaah! Filha da puta!
Ah não, espera.
Ela é filha da minha mãe.
Guardei o papel de volta. Levantei o colchão dela, olhei em baixo da cama, no guarda roupa e não havia nada. Procurei pela pilha livros que haviam em cima do criado mudo, com o aquário em cima. Que cuidadosa! Mas também não estava lá.
Ouvi que ela se aproximava e fui pra perto da penteadeira, fingir que estava procurando algo. O que não era fingimento total.
- O que está fazendo aqui? - perguntou entrando no quarto.
- Estava só procurando uma piranha. - falei pegando uma em cima da mesa. - Pra prender meu cabelo. - sorri.
- Sai daqui? - ela rolou os olhos, e eu sai indo pro meu quarto.
Ouvi meu celular apitar. Antes responder quem quer que fosse procurei por uma caneta e risquei o nome de da lista.



[•••]

Sextaaaaaa woo hoo!
Eu escrevi em dos meus queridos pedacinhos de papel. A vida sem o meu diário está ficando difícil. Mas eu estava animada.
Hoje é dia de me vingar de Aaron Jones!
E talvez de ter meu diário de volta.
Sim, era isso. Haha! Não vejo a hora de invadir a casa dele e por meu plano em prática. Já tinha tudo pronto em minha cabeça. Só precisava convencer a me ajudar. Pode chamar isso de missão impossível, por que ele é um cueca furada. Eu já estava pronta para a escola. Saí do meu quarto e fui em direção a cozinha peguei uma maçã e saí logo de casa ou perderia o ônibus escolar. não viria comigo. Os amiguinhos dela sempre passavam por lá para buscá-la de carro.
Infelizmente, não me dava carona para a escola por que seu pai não o deixava ir de carro pra lá. Em alguns dias seu pai o levava para escola, em outros ele ia de ônibus comigo. E eu torcia para que hoje fosse um dia "outro". Eu caminhei até a uma árvore que ficava próximo a minha casa e comecei a comer a maçã. Logo vi saindo de casa e caminhando até onde eu me encontrava. Parece que dei sorte.
- Oi, . - ele disse se aproximando e beijando minha bochecha.
- Oi. - eu falei. - Maçã?
Disse levantando um pouco a maçã em minha mão. Ele concordou e deu uma mordida.
- Hum. - ele falou dando um ar de que ia continuar a falar, ao mesmo tempo que limpava a boca. - Já sabe como vai se vingar do Jones?
Ele perguntou depois de ter engolido.
- Por que está tão interessado? - eu perguntei dando uma última mordida na maça. E jogando os restos numa lata de lixo próximo dali. Logo voltei e encarei-o.
- Ah, você sabe. - ele começou. - Eu o odeio. Quero que ele sofra. Por favor, diga que vai dar uma facada nele. - eu abri a boca para falar, mas ele me impediu. - Melhor, dê uma facada na garganta dele, assim ele morre de vez.
- ! - eu ri. - Assim eu serei presa.
- Mas terá sido por uma boa causa. - ele disse.
- É, dá pra ver o quanto você gosta de mim. - eu disse fingindo estar triste.
- Ah, vem cá. - ele me puxou para um abraço. Minha bonequinha interior ainda não tido reação alguma, deveria estar dormindo, porque eu estava mesmo dormindo por dentro. - Sabe que é só brincadeira. Mas não seria má ideia.
Ele falou a última parte meio pensativo. Eu rolei os olhos. Vimos o ônibus se aproximar e nos separamos para entrar.
- Não se preocupe. - eu disse assim que o ônibus estacionou a nossa frente. A porta se abriu e eu entrei. Ele veio logo atrás. - Sei exatamente o que nós vamos fazer.
- Me desculpa - ele começou -, você disse "nós"?
Eu não disse? ME-DRO-SO.
- É, nós. - eu falei caminhando enquanto procurava um lugar com duas cadeiras vagas.
- Senta aqui no meu colo, amor. - alguém ne puxou pelo braço me fazendo cair no seu colo. Era ele, Aaron Jones.

Aaron Jones - Um perfeito babaca #1
             *19 anos        
                                                       *3° ano do ensino médio  
                                 *Popular /Capitão do time
                                *Namorando hoje, solteiro amanhã
                *Adora iludir os outros    
                                  *Filho da puta desgraçado    
                           *Tem um cabelo invejável    
                           
- Vai se fuder. - eu falei me levantando.
Eu andei para lugar perto da janela e sentou ao meu lado.
- Então... Eu vou passar na sua casa perto das onze horas. E você vai me levar até lá. Não que você tenha obrigação, mas isso também vai te beneficiar, por isso precisa ir.
- Mas... - ele começou. - As onze? - ele perguntou. - Vai ter jogo dos Redskins.
- Ah, então tudo bem. - eu disse, fingindo não me importar. - Quando chegar a notícia de que eu fui estuprada e assassinada, a culpa vai ser sua.
Fingi estar com raiva, cruzei minhas pernas e virei para a janela.
- Tá parecendo a . - ele falou.
- Credo. - eu disse e nós rimos. - Olha, está tudo bem se não quiser ir, sério. Só queria que você se divertisse um pouco.
- Não é divertido cometer crimes. - ele falou baixo.
- É claro que é. - falei normalmente. - Você vai adorar.
- Acho que vou me arrepender. - ele disse.
- Então quer dizer que vai? - sorri.
- Vou. - ele revirou os olhos.
- Ei, ! - Abel, um garoto da minha turma chamou. Ele estava no banco atrás de mim. Ao lado do seu irmão gêmeo babaca como ele, David.

Abel e David Johnson - Dois sacos de lixo gêmeos #5 e #6
                                                             *20 anos (meio atrasados, hein)    
               *3° ano do ensino médio    
                            *Até que são populares    
                              *Não se sabe como, mas já pegaram            várias minas  
                                                    *Adoram irritar os outros
                                *São duas antas          
                                     *Quase todo mundo gosta deles. Quase.    

Eles eram mais conhecidos como Abe e Dave, mas eu não chamava assim. Eu sei a diferença entre os dois porque Abel sempre está com o cabelo mais curto que o de David. Eu virei meu rosto para encará-lo, ele estava com um pacote de salgadinho nas mãos. Seus dedos estavam laranja por conta da comida. Ele esticou sua mão pra perto de mim e limpou-a rapidamente em meus cabelos.
- Seu merda! - eu gritei ficando de joelhos no banco. - Por que não limpou isso nos pelos do seu saco?! Idiota! - eu me estiquei por cima do banco para o estapear. Enquanto sentia me puxar pela cintura e ouvia os gritos assustados/animados dos outros por conta de uma briga.
- O que está acontecendo aí? - Ron, o motorista foi até onde estávamos com um taco de baseball na mão. Eu nem sequer havia percebido que ônibus havia parado. Eu parei de bater em Abel. Eu, ele e todo mundo começamos a falar de uma vez atropelando o pobre Ron.
- Já chega! - disse o motorista. - Você garoto, pra fora do meu ônibus. - apontou para Abel com o taco.
- Mas eu... - Abel começou dizendo.
- Fora. - disse Ron.
- Valeu, . - Abel disse se levantando. Algumas pessoas me chamavam assim na oitava série, isso acabou quando eu mudei de turma, mas como Abel e David conheciam quase todo mundo, esse apelido chegou até eles. E eu odeio isso. Quando Abel desceu do ônibus, Ron voltou para o seu lugar e continuou dirigindo normalmente.
- . - David chamou. - Tá sujinho aqui. - ele apontou para o próprio cabelo.
- Vou sujar sua cara de sangue se não calar a boca! - eu falei já indo pra cima dele, mas me segurou. Eu me arrumei no banco.
- , tudo bem. Não tem porque dar bola pra esses caras. É isso que eles querem. - disse.
- Eu sei. Mas olha o que eles fazem comigo, olha o meu cabelo. - falei choramingando. tentou limpar, mas foi sem sucesso.
- Deixa pra lá. - eu falei pegando o meu boné de baseball na minha mochila e pondo na cabeça.
Quando o ônibus parou em frente a escola, todos começaram a descer apressados, e no meio do aglomerado de pessoas, alguém me empurrou propositalmente e eu caí em cima de uma garota que ainda estava sentada. Mais precisamente caí em cima de alguma coisa que ela tinha no colo.
- Ah! - a garota gritou. - Sua desastrada, caiu bem em cima do meu projeto de ciências. - ela me empurrou com muita força e fui direto pro chão, ouvindo a risada de todos. David estava bem perto de mim, se desmanchando em risos, tinha que ser ele.
- Foi ele quem me empurrou. Me desculpa! - ainda do chão, eu falei para a garota enquanto apontava para David.
- Dane-se! - a garota disse e se levantou passando por mim. Eu conhecia ela, éramos da mesma turma, mas ela nunca falava com ninguém. Elga, se não me engano.

Elga Mitchell -  Uma garota superinteligente
*16 anos      
                                                      *3° ano do ensino médio
                               *Supernerd
                                           *Há boatos de que ela pegou o Sheldon  
*Adora fazer projetos  
                               *Anti social  
                                               *Ganha dinheiro fazendo os trabalhos dos outros  
                                                 
Ela era bem acima do peso e muito, muito inteligente e forte também como deu pra ver. David passou por mim e roubou o meu boné, correndo em seguida. Eu me levantei correndo atrás dele. Quando o alcancei, ele ficou me fazendo de boba, sem me deixar pegar o boné.
- Ai! Você é ridículo! - eu disse com raiva.
- Qual é cara? Devolve o boné da menina. - chegou dizendo. Antes que David dissesse algo, continuou. - Ou te encho de porrada.
David riu. era bem mais forte que ele, não sei porque ele teve essa reação.
- Tá. Pega aqui, . - ele jogou o boné em uma pocinha de lama que tinha ali e saiu.
se abaixou pra pegar.
- Ficou todo sujo. - ele falou me entregando.
- É besteira. - coloquei o boné na cabeça e fui andando para a porta da escola.
- Eu queria que você não tivesse que passar por isso. - ele falou triste.
- É, eu que o diga.

[•••]

11:25 P.M

Eu caminhei até o lado da casa de , e me abaixei até ficar da altura da janela de seu quarto – já que lá era um porão antigamente.
- ! - eu dei algumas batidas na janela. - ! - bati mais uma vez. Ele estava sentado no sofá assistindo ao tal  jogo de futebol, ele estava de calça jeans e um tênis preto. Só de calça jeans e tênis preto. Sua camisa estava pendurada no braço do sofá.
- ! - eu gritei e bati mais forte dessa vez, ele finalmente me notou. Desligou a televisão e vestiu a camisa. Ele arrastou uma escrivaninha – que eu não havia visto no meio de toda aquela bagunça – e pôs debaixo da janela. Foi até o sofá e pegou algo que eu não vi. Subiu na escrivaninha e saiu pela janela com a minha ajuda. Quando ele estava de pé, vi que em sua mão direita tinha uma touca preta, ele logo a colocou na cabeça.
- Marginais não usam gorros pretos? - ele perguntou. Eu apontei para a minha cabeça que também tinha um. Ele sorriu.
- Vamos. - eu disse sussurrando. Caminhamos até a garagem da casa dele e entramos em seu carro. Logo já estávamos a caminho da casa de Aaron Jones.
- É aqui! - eu falei apontando. estacionou. Andamos até o lado da casa, subimos segurando no cano que leva a água da chuva que acumula no teto para o chão. Ficamos de pé no parapeito, eu estava pronta para entrar pela janela, quando segurou meu braço.
- Como sabe que ele está dormindo? - ele perguntou sussurrando.
- Eu chequei o thatgabble antes de sair. - eu disse. - Ele não estava online.
- Tá, mas e se a internet dele tiver caído, huh? -  sugeriu
- Então ele deve ter ido dormir. - eu dei de ombros e fui em direção a janela.
- Espera. - ele me puxou novamente. - E se ele estiver assistindo o jogo?
- Se ele estivesse assistindo nós estaríamos ouvindo daqui. E têm mais, Redskins não é o time dele.
- É, mas o Redskins não vai jogar sozinho, não é? - ele disse e eu o olhei.
- Qual é o outro time? - perguntei.
- Houston Texans.
- Ah, então fica tranquilo. - eu disse. - Ele torce pelo Seattle Seahawks.
- Mas...  - ele começou, mas eu tratei de interrompê-lo.
- Relaxa, tá? - eu disse. Ele balançou a cabeça e respirou fundo.
Levantei a janela devagar e entrei. me seguiu. E lá estava Aaron Jones, dormindo. Quem o vê dormindo pode até pensar que ele é inofensivo, mas muita gente não sabe que o demônio também descansa. Eu tirei minha mochila das costas e peguei uma lanterna.
- Vigia ele para me avisar se ele acordar. - eu sussurrei. assentiu e chegou mais perto de Jones. Eu abri uma gaveta de sua cômoda lentamente, e procurei meu diário, e assim fiz em todas as outras gavetas, mas não o achei. Fui até o seu guarda-roupa tentando fazer o mínimo de barulho ao abrir a porta do mesmo. Roupas, roupas, roupas, sapatos e uma sacola de camisinhas. Nada do meu diário. Me abaixei próximo da cama e apontei a lanterna pra lá. Também não estava lá.
- Olha na mochila dele. - falou apontando para a mochila de Aaron do outro lado do quarto.
Eu caminhei até lá. Comecei a mexer na mochila. Livro da escola, livro da escola, outro livro da escola, uh, um livro de mistério – que eu já havia lido, era muito bom por sinal –, lápis, canetas, camisinha – credo, ao menos ele gosta de se prevenir –, uniforme de educação física, prova de matemática – com nota 0,0 aliás –, desodorante, dinheiro, mais nada de diário. Suspirei.
- Não encontrou? - perguntou.
- Não. - respondi indo até a minha mochila. - Mas eu ainda posso me vingar. - falei tirando um tubo de supercola de dentro da minha mochila.
- O que vai fazer? Colar a mão dele na cara? - perguntou curioso.
- Olha até que não seria má ideia. - eu afirmei me aproximando da cama. - Mas acho que ele pode me entregar pra polícia. - Eu disse duvidando. - Por isso vou fazer algo menos grave. Você sabe o quanto ele ama o cabelo dele, não sabe?
concordou sorrindo malicioso.
Aaron tinha os cabelos lisos e na altura do pescoço, quando ele ia dormir sempre os jogava para cima, o que ia facilitar muito o meu trabalho. Separei o cabelo dele em cinco mechas. Na cabeceira da cama dele havia cinco ferrinhos, mais para enfeite mesmo. E eles iam ficar ainda mais enfeitados. Abri a cola e passei um pouco ao redor de um dos ferros, peguei uma de suas mechas e a enrolei com cuidado para não colar o meu dedo também, pus mais cola por cima do cabelo, só pra garantir. Fiz isso em mais duas mechas.
- Posso terminar? - perguntou.
- Claro. - eu sorri e lhe entreguei a cola.
- E se ele acordar? - ele perguntou inseguro.
- Não se preocupa, ele tem sono pesado. - eu disse. assumiu meu lugar enquanto eu voltava para minha mochila, peguei papel e caneta e comecei a escrever meu recadinho.
- Acabei. - disse.
- Ótimo. - eu sorri. - Eu também.
Peguei o papel e colei no cabelo dele.

"Seu cabelo vai crescer de novo. Mas você vai ter que ficar preso nesse corpo de babaca pra sempre. Ah, e a propósito, quem matou o CJ foi a dançarina da boate.
                             Xx M"

Eu novamente li o que estava escrito e sorri. A última parte fazia referência, ao livro de mistério que ele estava lendo.
deu uma olhada no papel.
- Vem, vamos embora. - eu falei. Ele colocou a cola de volta na minha mochila e a fechou, coloquei-a nas costas e nós descemos. Ficamos rindo no caminho até o carro.
- Que história foi aquela de dançarina de boate? - perguntou quando já estávamos dentro do carro, voltando pra casa.
- Ah, eu achei um livro na mochila dele. Eu já havia lido, tinha que estragar o final. - eu falei. Ele riu concordando.
- Aí, como sabia qual era o time que ele torcia? Achei que as meninas não se ligavam nessas paradas.
- Regra número 1 da vingança: - eu comecei - estude seu inimigo.
Depois de alguns minutos estacionou na frente de sua casa. Nós descemos do carro. Ficamos na calçada, um de frente pro outro.
- Bem, obrigada. - eu disse. - Espero que tenha se divertido.
- Tá brincando? - ele falou. - Eu que agradeço, essa foi uma das melhores noites da minha vida, .
Eu sorri.
- Fico feliz de ter feito parte dela. - eu disse. Sorriso infeliz! Some de mim! Ele também sorriu. - Bem, aah... Acho que vou indo. - apontei com o dedo polegar para a casa atrás de mim. - Não quero que os meus pais achem que eu fugi de novo. - falei já me afastando. De costas mesmo.
- Espera. - ele disse e segurou minha mão levemente me puxando mais para perto. - Fica aqui um pouco. Vamos curtir a noite.
Ele pegou em minha outra mão e fez um carinho nas duas.
- Curtir a noite. - eu repeti ainda com aquele sorriso nos lábios.
- É. - ele respondeu mesmo sabendo que eu não tinha feito uma pergunta.
- Adorei isso. - eu sorri. Ops, eu disse.
Ele pôs sua mão esquerda no meu rosto. Eu ainda sorria. Boba! Pare já com isso! Essa é a hora de um beijo! Ele aproximou seu rosto do meu. Com muita dificuldade eu deixei de sorrir. É por que era meio de difícil não sorrir diante de uma situação daquelas. Ia acontecer! Ia acontecer mesmo! e eu íamos finalmente sentir o gosto um do outro. Faltava tão pouco.
- WOO HOO! OS REDSKINS VENCERAM! - nós ouvimos um coro alto de gritos acompanhados por uma buzina estrondosa. O que nos fez levar um susto e nos separar imediatamente. Um carro passou em alta velocidade na nossa rua tão tranquila, haviam quatro homens dentro, com as cabeças e corpos atravessando a janela. Idiotas! Gritando por causa da merda de um jogo! Argg! Atrapalharam o meu momento! e eu nos encaramos de novo. É tão chato quando o clima é cortado, parece que você está olhando para um estranho.
- Ah... Eu... Já vou. - eu disse. Então fui andando em direção a minha casa, de costas mesmo, aí um ônibus passou por cima de mim, e eu morri.
Não, brincadeira, mas eu bem queria que tivesse acontecido.
Eu ainda estava parada ali, no mesmo lugar, toda aquela ceninha do ônibus foi coisa da minha cabeça.
- Tá... Ér... - ele coçou a nuca. - Eu também. Ele virou as costas e entrou em casa. O desespero foi tão grande que ele esqueceu de guardar o carro.
Eu caminhei frustrada até a minha casa. Abri a porta, aqueles bocós passaram gritando novamente. Antes de fechar a porta eu tive que gritar:
- VÃO SE FUDER!
Eles riram e buzinaram. Imbecis, idiotas! Argg! Fechei a porta com força. Mas logo me arrependi, por que devo ter acordado alguém. Fui para o meu quarto tentando ser silenciosa. E parece que tinha dado certo. Acendi a luz, peguei um papel e uma caneta.

Querido pedacinho de papel...
Conseguiiii hahaha! Não tudo que eu queria, mas...
Vingança contra Aaron Jones - feito ✔
Ah pedacinho de papel, eu daria tudo para ser uma mosquinha só pra ver a reação do Aaron quando perceber que seu cabelo foi colado. Mas eu ainda posso me divertir imaginando a cena. Haha!
E falando nele...
Peguei a lista de suspeitos em cima da minha cômoda.
Aaron Jones

1Rede social fictícia. A palavra thatgabble significa algo como "que tagarelice".

Capítulo 4

- ! - ouvi alguém me chamar. Tinha acabado de chegar na escola e estava tirando alguns livros do meu armário. - !
A pessoa gritou meu nome, acho que já imagino quem é. Senhoras e senhores, conheçam Aaron Jones e a sua ira.
- Aaron! - eu exclamei me virando na sua direção com uma falsa felicidade em vê-lo. - Sentiu saudades?
Falei irônica e sorri. Percebi que ele estava usando um boné. O cabelo dele deve estar um desastre. Ha, ha!
- Você é uma pessoa terrível. - ele deu ênfase na primeira palavra. - Acabou com o meu cabelo. - Como pode provar que fui eu? - me fingi de desentendida.
- Você deixou um bilhete assinado com a sua inicial, que a propósito ainda não descolou do meu cabelo. Ou do que sobrou dele. - eu tive que segurar minha risada. - E você é a única "M" que eu conheço que teria coragem suficiente para fazer uma coisa dessas. Sei que foi você . Quem mais seria tão má quanto você?
- Você. - eu respondi. - Devia ter pensado nisso antes de partir meu coração. Eu avisei o que acontecia com quem me machucava, não avisei? - eu disse fechando a cara. - Eu espero que para o seu bem você não fale mais comigo e que não tente fazer algo parecido com o que aconteceu sexta à noite. Ou vai vir muito mais de onde veio esse. - e dizendo isso eu notei que os amigos de Aaron estavam passando pela porta de entrada conversando tranquilamente. - Até mais. - eu disse sorrindo e tirei o seu boné da cabeça correndo pra saída logo em seguida.
- ! - pude ouvi-lo gritar tentando me seguir, mas os seus amigos o pararam. Eram sete garotos – sem contar com Aaron –, e três deles estavam na minha lista.
- Ei, cara. Que porra foi essa no seu cabelo?
- Uh, parece que ele decidiu deixar de ser boiola e cortou aquele cabelo de mulherzinha.
- É, mas ele cortou bem doido, não acha não?
- Aí, se liga só nessa parada aqui. - um deles falou apontando para o bilhete, ou pro que restou dele. Foi tudo que consegui ver e ouvir antes de me afastar de lá. Eu estava correndo olhando para trás, tenho que admitir que estava com um medinho de Aaron vir atrás de mim. Apesar de parecer durona, eu tinha medo de levar uma surra. Parei de correr porque esbarrei em alguém. Foi tão forte que eu teria caído no chão se a pessoa não tivesse me segurado.
- Pra onde vai com tanta pressa? - era . - Fugindo da polícia?
- Não. - eu ri. - Fugindo do Aaron. Olha - eu mostrei o boné -, peguei o boné dele.
encarou o boné. Provavelmente seu cérebro não trabalhou rapidamente no quesito de porque eu segurava o boné dele nesse momento.
- Ah meu Deus! - ele exclamou. - Preciso ver o cabelo dele.
Ele me abraçou de lado e correu comigo pra dentro da escola. Os amigos de Aaron ainda estavam rindo dele, mas pararam subitamente quando me viram.
- Cabelo maneiro, cara. - disse rindo. Aaron arfou e fingiu avançar na direção dele, que logo passou para o meu outro lado.
- Tá pensando o que, ? Acha que pode rir de mim quando bem entender? - Aaron perguntou.
- Se você estiver engraçado, eu acho que posso. - dessa vez que foi na direção de Aaron. E seus amigos começaram a agitar o começo da briga. É aquele velho ditado: quem começa a briga nunca está no meio dela.
- Qual foi? Quer que eu enfie outra faca em você? - Aaron perguntou e seus amigos fizeram um grande coro de "wooow".
- Eu já não tenho mais nove anos de idade, Jones. - disse e eles se aproximaram mais ainda um do outro. Aaron já estava pronto para retrucar quando eu o impedi.
- Aí! - eu gritei colocando minhas duas mãos nas barrigas deles, para separá-los. Ah, espera um minuto, eu preciso parar o tempo pra sentir melhor essas barriguinhas em forma. Minha bonequinha acabou de desmaiar extasiada. - Já chega, tá? - eu disse com minhas mãos ainda nas barrigas deles, foi só pra enrolar e prolongar a sensação, admito. - Olha só - falei tirando minhas mãos de onde estavam. Juro que ouvi elas dizerem "aaah". Me virei pra Aaron. - Se encostar um dedo nele, você tá frito. Ouviu? - ele concordou. - Pega.
Lhe entreguei o boné. Ele logo o pôs na cabeça. Dei uma olhada fuzilante pros seus amigos bocós e eles logo desviaram com medo. Aah... Eu adoro causar medo nas pessoas. As vezes nem é tão ruim ser eu.
- Vem, . - eu disse e o puxei pra longe
. - Deveria ter me deixado bater nele. - disse.
- Sabe, eu acho que aconteceria exatamente o contrário. - eu falei. Nós entramos na sala de aula, já haviam algumas pessoas ali, embora o sinal ainda não tivesse tocado.
- Há, há, há. - riu sem humor. Eu ri, mas com humor. Coloquei minha bolsa em uma cadeira e sentei sobre a banca, pra continuar conversando com ele. Antes que pudesse falar qualquer coisa, fomos interrompidos pelos dois amigos bobões do . e . Devo mencionar que esse é o mesmo que namora .
- Olá, amigos. - falou passando os braços ao redor do meu pescoço e do pescoço de . - O dia não está maravilhosamente lindo hoje?

Thompson - o amigo bobão do cara que ela gosta #2
                                                 *18 anos  
                                                                *3° ano do ensino médio      
                                *Atleta      
                                                                *Louquinho por uma mina que não lhe dá bola
*Adora agir feito criança  
                                     *Ingênuo      
                                                            *Engraçado      
                                                      
Ele perguntou olhando pro teto com um sorriso enorme.
- Desculpem o - disse empurrando e o fazendo tirar os braços de cima de nós -, caiu da cama quando nasceu.

Henry Hall - O amigo do cara que ela gosta #1       
                                                       *18 anos    
                                                          *3° ano do ensino médio  
                                *Nerdzinho descolado
*Namorando  
                                                     *Adora se meter onde não é chamado          
*Insistente demais        
                                     *Responsável        
                                             
Ele explicou. e eu rimos.
- Olha só, eu não caí da cama, ta bom? - disse. - Simplesmente estou feliz, é proibido? Ele continuou com aquele sorriso no rosto. Ele sempre fazia um topetinho no cabelo que era meio loiro, puxado para um laranja, era difícil de explicar. Já tinha o cabelo escuro cacheado e volumoso, e sempre usava um chapeuzinho, quando não, o cabelo estava preso.
- E o que te deixou assim? - perguntou.
- O mané aqui está super feliz porque a menina que ele está afim falou com ele hoje. - respondeu.
- E o que ela disse? - eu perguntei.
- "Licença aqui, por favor." - respondeu., e eu começamos a rir.
- Só isso? - eu perguntei depois que os risos cessaram.
- É. - deu de ombros. O seu sorriso já tinha sumido.
- E você acha que ela disse isso porque? - perguntou.
- Porque está caidinha por mim. - disse voltando a olhar para o teto, dessa vez com a boca aberta ao mesmo tempo que sorria.
- Ou porque ela só queria passar e você estava a impedindo. - deduziu. e eu balançamos a cabeça concordando com ele.
- Que seja. - disse. - Mas, ela está caidinha por mim.
Ele falou sem mudar suas expressões anteriores.
- Mas a gente acabou de dizer que ela não está. - disse olhando para , que riu. - Acho que é totalmente o contrário, .  - disse olhando para . Ouvimos tocar o sinal que indicava o começo das aulas. - Vem logo, para de babar aí. Vai acabar criando uma poça. falou puxando , que pareceu acordar do transe. Nós sentamos pelo meio da sala, do meu lado direito estava sentado e do esquerdo estava. sentou na cadeira atrás da minha.
Antes do professor entrar na sala o gêmeo do gêmeo chegou. Era Abel. Logo atrás dele, Shelby. Huuumm.
- Nossa, , o que houve com o seu cabelo hoje? - disse Shelby.

Shelby Duncan - A patricinha escrota    
             *18 anos        
                                                          *3° ano do ensino médio    
                                  *Popular/ Patricinha/ Cheerleader    
                 *Namorando hoje, solteira amanhã    
               *Adora mandar nos outros        
                          *Toda "não me toque"    
                                      *Até que é bonita        
                                         
- Tentei deixar parecido com o seu. - eu respondi e ela riu.
- Não teve muito sucesso, puta. - ela disse sorrindo. 
- Tem razão, o seu é bem pior. - dei de ombros. 
Ela ia falar algo, mas foi interrompida pelo professor que chegou.
- Vá sentar, Duncan. - disse ele indo em direção a mesa. 
- Argg. - ela revirou os olhos e saiu de perto de mim. Ainda bem porque eu não saberia rebatar qualquer coisa que ela falasse.
Depois de quarenta longos minutos de aula de química, senti alguém me cutucar com a caneta. Era .
- Pode passar isso pro ? - ele perguntou sussurrando para que o professor não ouvisse e me entregou um papel dobrado. Eu concordei e me virei para .
- . - eu sussurrei. Ele me olhou. Joguei o papel para cima da banca dele. Ele pegou e o olhou. Logo depois olhou para cima procurando alguma coisa e franziu a testa.

[•••]

Durante o intervalo eu fui ao banheiro. O banheiro da escola era grande e tinha vários compartimentos, assim que eu entrei em um deles ouvi a voz de , Shelby e outras garotas. Resolvi me esconder ali para ouvir o que elas iriam falar e observei pela brecha.
- Então, convidou ele? - perguntou.
- Sim. - Shelby disse. Elas deram gritinhos animados.
- E ele aceitou? - perguntou novamente. Eu não conseguia ver, mas ela parecia estar saltitando. Shelby pegou um pouco de ar antes de responder.
- Não. - ela disse. gemeu frustrada. - Ele falou que ia pensar, tinha outra coisa para fazer essa noite, mas faria o possível para ir.
- Tomara que ele consiga ir, quero muito beijá-lo no jogo da garrafa. E quem sabe fazer mais algumas coisas... - disse e as outras riram.
- Então, Shelby, continua no mesmo horário de antes? - Ouvi a voz de Lizzy perguntar. 
- Sim, às 20 horas, todos na minha casa. - Shelby respondeu. Elas conversaram mais algumas coisas e saíram.
Que infantil! É por isso que elas dizem que pegam 10 na mesma noite. 
Terminei de usar o banheiro e fui lavar as mãos.
- Oi, . - disse a garota que estava do meu lado, também lavando as mãos na outra pia. Era Natasha.

Natasha Gonzalez - A ex amiga falsiane #1
*18 anos                
                                            *3° ano do ensino médio      
                          *Popular por caridade        
                             *Ela diz que tem um namorado      
               *Adora ser o capacho dos outros    
             *Falsa pra cacete                
                             *É muito sortuda          
                                   
- E aí? - eu disse, fria. Foi você que roubou meu diário? 
 - E como vai... - ela suspirou, pensando na próxima palavra.
- Tudo? - perguntei. 
- É, tudo. 
- Muito mal, obrigada por perguntar. - respondi rápido sem deixá-la dizer mais nada. Odeio prolongar conversas que não vão me levar a nada. Saí de lá bolando um plano baseado nas informações que eu havia recebido.
- Ah, estava te procurando. - disse assim que virei no corredor para ir até o refeitório, quase tombando com ele. De novo. Antes que ele falasse alguma coisa, uma garota de cabelos bagunçados passou segurando vários livros e me encarando feio. Caroline era o nome dela, mas quase todo mundo chamava ela de Carrie, porque é um ótimo apelido pra Caroline, e bem, por ela ser... estranha.

Carrie Adams - Uma garota estranha
          *Idade nunca informada  
                                *Vai saber qual ano do ensino médio           
*Estranha/ Excluída /Gótica(?)  
                    *Será que ela já pegou alguém?    
                *Adora aparecer do nada    
                            *Ela dá medo              
                                       *Não precisa de ninguém pra ser feliz      
   
- É só eu ou você também tem medo dessa garota? - perguntou. 
- Muito. - eu respondi olhando-a indo embora.
- Enfim, você vai na casa de alguém fazer o mal hoje?
Eu ri.
- Sim. - respondi sorrindo.
- Na casa do Richard? - ele perguntou. - Porque se for eu tenho uma ótima ideia pra... Eu o interrompi.
- Bem, eu estou sempre apta para ouvir planos de vingança, mas quero que guarde a sua ideia, porque hoje nós não vamos para a casa do Richard. - eu mantive o meu sorriso.
- Olha só esse "nós" de novo. - ele falou. - Eu ofereci minha ideia, mas não ofereci minha ajuda.
- Ta bom, seu frouxo. Mas nós temos um novo cronograma para essa noite. - eu falei dando ênfase na parte que dizia que ele e eu participaríamos da brincadeira.
- Cronograma? Que cronograma? - ele perguntou.
- Jogo da garrafa, 20 horas, casa de Shelby.
- Te convidaram também? - ele perguntou.
- Não. Credo. Nojo. - eu falei pausadamente. - Ouvi as meninas falando. - eu o olhei - Convidaram você?
- Sim. - ele disse olhando pro chão. - Aquele papel que você me entregou na aula era o "convite". - ele fez aspas com os dedos. - Shelby que mandou entregar para mim.  
- Ah. - eu disse simplesmente. Aquela puta.   
- Mas, eu não vou. - disse . - Jogo da garrafa. - ele entortou a boca e revirou os olhos. - Não, , você vai. - falei e começamos a andar em direção ao refeitório. - Mas eu não quero ser seu cúmplice no crime. - ele falou.
- E você vai ser... Participando do jogo da garrafa. - falei com o meu melhor sorriso e saí andando na frente.
- O quê? - ele correu um pouco para me acompanhar. - Você ouviu o que eu disse? -   eu continuei andando sem respondê-lo. Estava bolando meu plano.
- Ouvi, você disse que iria me ajudar, né? - eu perguntei, mesmo sabendo que era mentira. - O que? Não! Eu não disse isso. - ele falou. Eu andei mais rápido, deixando-o pra trás. Mas ainda pude ouvi-lo gritar enquanto me acompanhava no andar. - ! !

[•••]

Calçada da casa de Shelby, 8:02 P.M

- Ta legal, deixa eu ver se eu entendi. - falou enquanto saíamos do carro. - Está me obrigando a ficar no mesmo ambiente que Aaron Jones?
- Não estou te obrigando. - falei. - Você que disse queria ser meu parceiro no crime.
- É, mas ficar beijando pessoas não é crime. - ele disse quando paramos na calçada. - Quero invadir as casas, pichar as paredes, quebrar os vidros...
- Você vai ter muitas oportunidades para fazer isso. - eu disse. - E desde quando rejeita uns beijos? Hum?
Eu podia parecer normal por fora, mas por dentro estava queimando de ciúmes. E minha bonequinha acaba de ter a cabeça explodida.
- Desde que Aaron Jones esteja no mesmo local onde os beijos acontecem. - ele cruzou os braços. - Não vou entrar.
- Por favor. - eu disse. - Serão só por alguns minutos, você só precisa entrar e ficar de olho em tudo pra me avisar caso alguém esteja indo para o quarto dela, para que não acabem me vendo.
- Ta legal, acho que posso fazer isso. - ele disse.
- Yay! - eu o abracei. - Você é demais.
Eu falei e caminhei até a lateral da casa para poder subir até a janela.
- Yay! - ele falou tentando imitar a minha voz. Eu ri. Ele tocou a campainha.
- ! - ouvi a voz de logo depois que a porta se abriu. - Achei que não iria vir.
A porta se fechou.
- . - eu falei imitando a voz dela e logo comecei a subir pelo cano, como tinha feito na casa de Aaron. Quando cheguei lá em cima tentei empurrar a janela, mas estava trancada. Fui para a janela ao lado, que pelo o que pude ver era o quarto dos pais de Shelby, mas também estava trancada. - Droga!
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para o pelo thatgabble.
"" enviei
"Oi" ele respondeu depois de alguns segundos.
"Preciso de ajuda. Pede a Shelby para usar o banheiro e vem abrir a janela pra mim"
"Beleza, espera um pouco" ele disse por fim e voltou a ficar off-line.
Pelo o que eu tinha contado dois minutos haviam se passado, e nada de . Depois de cinco minutos, eu resolvi me sentar no parapeito. Sete minutos depois parecia que iria amanhecer a qualquer momento. Mas se eu parasse para pensar direito ainda eram 8h10 da noite. Ouvi um barulho de ferrolho sendo aberto e me levantei com cuidado.
- Por que demorou tanto? - perguntei para que estava do outro lado.
- Desculpe, quando você me mandou a mensagem já era hora de eu girar a garrafa. - ele falou me ajudando a entrar. - E eu precisei usar o banheiro de verdade.
Eu rolei os olhos.
- Tudo bem, pode ir. Prometo que não vou demorar.
- Obrigado? - me perguntou como um lembrete.
- Obrigada, . - eu disse e sorri - Agora vai.
Ele concordou e saiu. Eu tirei a mochila das costas e a coloquei no chão.
Olhei em baixo da cama, em baixo do colchão, em cima dos móveis, dentro das gavetas, dentro do guarda-roupa, dentro da mochila dela, e nada.
Senti meu celular vibrar e o peguei.
             "Mensagem de "
Eu cliquei pra ver.
"Alerta vermelho: Shelby tem um cachorro (grande). Cuidado."
"OK" respondi e continuei procurando.
Dei uma olhada ao redor do quarto e vi quanta bagunça eu tinha feito. Haviam roupas, papeis, lençóis, travesseiros, e enfeites pelo chão. Certamente o meu diário não estava lá. E apesar de me odiar, Shelby não havia feito nada de ruim comigo. Tirando de me chamar de puta hoje cedo. Eu precisava arrumar aquilo. Juntei tudo e fui colocando cada coisa no seu devido lugar. Até que percebi que a porta do quarto estava aberta, caminhei até ela para fechá-la, mas antes que pudesse concluir o ato, alguma coisa passou correndo próximo as minhas pernas. Era o cachorro de Shelby.
Com um latido baixo ele subiu na cama dela, e se acomodou. Dei de ombros, fechei a porta e voltei a arrumar a bagunça. Acabei encontrando um chocolate no meio de tudo aquilo. Coloquei-o em cima da cômoda de Shelby para comê-lo depois. Vez ou outra dava um olhada naquele enorme cachorro para não correr o risco de ele me atacar ou me denunciar. Quando tudo estava no seu devido lugar – ou quase isso –, eu peguei um papel e uma caneta na minha mochila. Nunca perderia o costume de deixar um bilhete.


"Desculpe pela invasão, foi preciso. Ainda inimigas? Haha! Belo cachorro, puta.                                                         Xx M"
Guardei a caneta na minha mochila e a coloquei nas costas, peguei o chocolate na cômoda. Desembrulhei-o ouvindo aquele típico barulhinho de plástico desamassando. O cachorro levantou-se na cama procurando de onde o barulho vinha, e começou a latir.
- Cala a boca! - eu disse sussurrando com a boca cheia de chocolate. Ele continuou a latir sem parar. - Xiu!
Eu me aproximei dele, ele começou a latir mais alto e começou a avançar em minha direção. Eu dei um grito e comecei a correr pelo quarto, com ele me seguindo. Abri a porta e fui pra fora correndo pelo corredor, cheguei em frente a escada, não tinha mais para onde correr. Eu pensei em voltar para o quarto mas no instante que eu me virei, o cachorro já tinha pulado na minha direção, foi pra cima de mim com as duas patas, como se fosse me abraçar, mas ao invés disso, me empurrou escada abaixo.
- Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai! - eu falava enquanto rolava, quando finalmente cheguei ao chão, todos da mesa já estavam de pé olhando pra mim. Eu levantei minha cabeça.
- ?! - todos exclamaram/perguntaram ao mesmo tempo. Uns surpresos, outros com raiva, e outros preocupados – na verdade a última reação era só de mesmo.
- O que estava fazendo lá em cima? - Shelby perguntou.
- Nem aqui você me deixa em paz, ? - falou.
Estou bem, pessoal, obrigada por perguntar.
Ouvi a bonequinha falar na minha cabeça.
Eu me levantei e percebi que o bilhete ainda estava na minha mão.
- Shelby! - falei com um falso contentamento. - Mandaram entregar isso pra você.
Eu lhe mostrei o bilhete, ela o pegou.
- Corre, ! Corre! - eu gritei e começamos a correr em direção a porta, ouvindo alguns gritos de lá de dentro. Entramos no carro. Ainda conseguimos ver um pequeno grupo de pessoas se formar na frente da casa, e Shelby estava a frente delas, segurando o bilhete com uma cara de interrogação. deu a partida e saímos de lá o mais rápido possível, antes que jogassem pedras em nós.


Capítulo 5

- O que foi aquilo? - perguntou depois de já termos pego distância da casa.
- O cachorro me empurrou. Eu não tive culpa. - falei. - Eu tentei fugir, juro que tentei. Acho que ele ficou com raiva por que eu não ofereci chocolate a ele.
- Chocolate? - perguntou. - Roubou um chocolate? - ele tirou os olhos da estrada para me encarar por um momento. Eu concordei com a cabeça. - Como você teve coragem de roubar um chocolate e não trazer nem um pedacinho pra mim? 
Eu ri.
- É. Você bem que merecia ao menos um chocolatinho por ter que passar tanto tempo com aquela gente. - eu falei. - A propósito... Beijou alguém?
Essa última frase saiu sem querer. Eu nem percebi que ela havia sido formulada na minha cabeça. Sem dúvida isso era coisa da minha bonequinha interior. Acho que deveria dar um nome para ela. Mas pensarei nisso depois.
- Beijei. - ele disse. Eu levantei as sobrancelhas, indiferente. Mas por dentro, minha bonequinha arrancava os cabelos. - Não que venha fazer alguma diferença na minha vida. - ele disse, formulei bem a pergunta que viria a seguir. 
- Não beijou a minha irmã, beijou? - perguntei apreensiva. Minha bonequinha roía as unhas.
- Não, você caiu da escada bem na hora que eu ia beijar ela. 

Ai! Graças a Deus! 
- E beijou mais alguém? - Isso, deixa na cara que você ta com ciúmes! 
- Só a... Bem... - ele parecia nervoso. - Daya. - ele falou mais baixo. 
- O quêeeeee??!! - eu gritei e comecei a estapeá-lo. Parabéns, agora ele sabe que seu nível de ciúme é 100%.
- Paaaaraaaa! Eu tô dirigindo! - ele disse rindo e eu não parei, até que ele freou no sinal vermelho. Eu me acalmei. - Afinal, por que não gosta dela? 
- Dayanara e algumas outras pessoas da minha lista faziam bullying comigo. Eu chorava todo dia por causa deles. Ficavam me chamando de , perguntando quando eu ia começar a malhar, porque eu era gorda. 
- Ah, eu... Eu... Sinto muito. - ele disse voltando a dirigir. 
- Tudo bem. Você não sabia. Não vai deixar de pegar as garotas por minha causa. - eu disse tentando quebrar aquele clima.
Ele riu baixo.
- E por que acha que ela roubou seu diário? - ele perguntou, eu suspirei e peguei a lista. 


Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford

- Olha só, todas as pessoas a partir de Gary, até Latesha, faziam bullying comigo. Ethan começou com isso, ficava me chamando de , ele é muito amigo de Dayanara, e ela acabou começando a fazer isso também. Logo depois Dylan, que nunca nem tinha falado comigo, me chamava assim. E Abel e David, puff! Eles nunca me largaram. - eu suspirei. - Coloquei Dayanara na lista por eu sei que ela gosta de Ethan, e Ethan gosta de mim. Ou gostava sei lá. E eu sei que isso parece não fazer sentido, mas...
- Total. - concordou. 
- Uma vez Ethan pediu meu celular pra jogar, e eu emprestei, estava do lado dele, pensei que não fosse ter problema, talvez se ele me achasse legal, parava de encher meu saco. Enquanto ele estava jogando, chegou uma mensagem de Emmett, um amigo meu que era de outra escola, e Ethan odiava ele. Ele respondeu a mensagem e...
- O que tinha na mensagem? - perguntou. 
- Ele perguntou se eu estava bem, e Ethan  respondeu "não", e ele disse "por que?" e Ethan respondeu "porque você ta falando comigo".
- Que idiota! - disse. - Ainda não entendi onde você quer chegar. 
- Calma... Depois disso Emmett nunca mais falou comigo. Nesse mesmo dia, quando eu cheguei em casa, estava escrito nas notas do meu celular "oi tudo bem te amo fica comigo". Desse jeito mesmo, sem vírgulas sem pontos, como se tivessem escrito as pressas. E quem mais teria feito isso se não ele? Entende agora? - eu fiz uma pausa. - Ele se livrou de Emmett, rapidamente, talvez não por odiá-lo, mas por estar com ciúmes, e me deixou um recadinho.
- Espera, deixa eu recapitular... - ele começou. - Dayanara pode ter roubado seu diário porque ela gosta do Ethan, e sabe que o Ethan gosta de você, e quer saber se você gosta dele, porque se gostar, as chances dela acabaram.
- Exatamente.
- E Ethan, pode ter roubado porque quer saber se você gosta dele. 
- Isso. - eu concordei. - Já fazem quase três anos, mas eu não posso deixar de suspeitar deles. Até porque eu estou muito melhor agora, e se ele já me amava naquele tempo...
Ele riu.
- Uma coisa ainda não faz sentido. - ele comentou. 
- O que?
- Porque ele fazia bullying com você, se era apaixonado? 
- Pra chamar a minha atenção. Ele não tinha consciência de que eu chorava rios por causa disso, ele devia achar que eu ficava somente irritada. - suspirei. - Mas tudo que conseguiu foi me afastar, e receber nojo e desprezo. 
- Uau. Teve muito tempo pra pensar nisso, não foi?
- É, a aula de matemática tava’ um saco. - eu disse o fazendo rir.
- E as outras pessoas que você disse que faziam bullying com você? Dylan e... Sei lá. - ele induziu a prosseguir. 
- Dylan era o que mais me irritava com esse apelidinho fútil, ele simplesmente não parava e... 
- Ele é louquinho por você. - deduziu.
- Tipo assim... - concordei.
- Não, é sério. Ele quer você. De verdade. - ele falou e eu olhei esperando uma explicação. - Na aula de educação física, no vestiário, ouvi ele conversando com os outros garotos do time, disse que queria te pegar, desde que te conheceu. 
- Quê? - perguntei incrédula. - Nojo.
- Aaron e Richard mandaram ele ir fundo, disseram que você era ótima, sabe? Não com esses termos, mas... Eles pareciam estar falando sobre um pedaço de carne. Eu fiquei puto. - ele suspirou. - Estavam falando pra qualquer um ouvir, tudo que você fazia. Até que Jacob chegou e colocou ordem na bagaça. Ele é seu ex, não é?
- É... - eu disse baixo. Que garotos idiotas! Arrg! Eu quero muito que aquele Dylan exploda de tanto tomar anabolizantes. - Por que não me contou? 
- Tem certas coisas que as garotas não precisam saber... Mas eu tinha que contar. Ele devia ser seu principal suspeito, pelo jeito que falava de você. 
- Nossa. - eu não ainda não conseguia acreditar nisso, aquele idiota, fdp do caral...
- Então, fala sobre as outras pessoas. - ele pediu. 
- Tudo bem, ah... Abel e David viviam me enchendo o saco, muito antes daquele apelidinho surgir. Eu odeio os dois. Apesar de já ter tido uma quedinha por Abel, e depois ele ter ficado com bem na minha frente por diversas vezes, eu superei. E claro, não vamos esquecer que David já quis ficar comigo. Mas eu gostava de Richard nesse tempo. Tudo isso foi depois da oitava série, quando eu tinha me livrado dos embustes.
- E você acha que eles roubaram seu diário porque...
- Me amam. - eu disse.
- Claro. - ele riu.
- Não, brincadeira. Acho que eles querem descobrir meus planos de vingança. Deixei bem claro que queria acabar com eles. 
Percebi que o carro estacionou em frente a casa de . 
- Bem, acho melhor eu ir. - falei pronta pra sair do carro.
- Não, espera. Eu quero saber o resto. Vamos sentar ali na calçada pra você terminar de me contar. - ele sugeriu, dei de ombros e saímos do carro. Sentamos na calçada com os pés no asfalto e eu continuei a falar.
- Bem, o próximo é o Yale. Ele falava mal de mim, me chamava de gorda e feia, e uma vez me tirou no amigo secreto, eu pedi um boné de presente e no dia da entrega de presentes ele me trouxe uma panela. Disse que era a única coisa que cabia na minha cabeça, porque meu cabelo tinha muito volume. - senti uma lágrima escorrer. - Todo mundo ficou rindo de mim. Daí eu falei pro Yale o que todo mundo sabia, mas ninguém tinha coragem de falar: ele fedia. Eu disse que ele tinha cheiro de bafo de bunda. - eu ri. - E esse virou o apelido dele pra sempre.
- Ah, por isso eu não o reconheci. Já ouvi falar de bafo de bunda, Yale não. - ele riu.
- Já dá pra imaginar o quanto ele tem raiva de mim? - ele concordou. - Eu ainda falei que ele fedia a lixeira de banheiro, depois corri da sala e fui chorar. 
- Mano, você é muito top. Não devia ter ido chorar. - ela passou a mão no meu braço. 
- Já que entramos no assunto do meu cabelo, tem Latesha, ela e Archie eram meus amigos, bom, eles diziam que eram meus amigos. Mas Latesha falava para Archie que meu cabelo era ruim, eu deveria andar com ele arrumado, como o da  . E Archie falava que eu deveria deixar de ser idiota e ficar com alguém, e uma vez gritou na sala de aula que eu era apaixonada pelo Jacob. Mas eu não era. E eles dois também viviam falando mal de mim junto com a vagabunda da Natasha.
- Que tipos de amigos são esses que você tem? - perguntou. 
- Amigos falsos. - eu dei de ombros. - Ou imaginários, aqueles que eu imagino que são meus amigos, e não são. 
Ele riu baixo.
- E por que acha que eles roubaram seu diário?
- Acho que só querem saber como eu mudei tanto.
- Mas algum que queira me contar agora? 
- Não, não. Os próximos tem uma história muito longa. - eu suspirei.
- E essas duas que tem antes de Dayanara? Você não falou delas. 
- Ah, bem, eu só suspeito delas por que uma é estranha, e a outra inteligente demais, sem falar que eu acho que ela gosta de um garoto que já gostou de mim. As duas sempre me encaram feio, e nós nunca devemos deixar de suspeitar de pessoas assim. 
- E o seu amigo que mandou a mensagem? Vocês nunca mais se falaram, mesmo? 
- Fizemos as pazes no ano passado. - com muito sexo sem compromisso pra redimir. 
- Ah... Me empresta? - ele pediu a lista, e eu a entreguei. - E Sheldonhunter? Você não falou sobre ele. Por que colocou o nome dele completo aqui?
- Não é o nome dele completo, Sheldonhunter é um nome só. E o outro nome é o sobrenome dele.
riu. 
- A mãe dele deixou bem claro que é fã de Caçadores de Sombras1 . - nós rimos. - E por que ele pode ter roubado?
- Depois eu conto, ta ficando tarde. - falei me levantando.
- O último de hoje. - ele me puxou de volta. - Por favor. - insistiu.
- Tudo bem. - me ajeitei no chão novamente. - Sheldon é um nerd, que gostava de mim. Ele não escondia de ninguém. Mas eu não queria nada com ele e todo mundo zoava o coitado por isso. Acho que ele pode ter roubado só de raiva, por eu nunca ter dado bola pra ele. E é dele que eu falo que acho que Elga gosta.
- Por que não dava bola pra ele? Coitadinho. - fingiu pena. Eu ri. 
- O meu negócio sempre foi atletas gostosões e populares. 
- Por isso pegou o Aaron. - ele concluiu.
- E o Richard, e o Jacob, e o James. 
- Não vai me falar sobre eles? - ele perguntou se referindo a Jacob e James, os quais as histórias estavam ocultas.
- Quem sabe outro dia. - Talvez eu ainda não esteja pronta. Falei, pronta pra me levantar, mas antes que pudesse fazê-lo, ele falou.
- Espero que essa conversa não tenha te deixado triste. 
- Não, tudo bem, você está me ajudando, uma hora teria que saber de tudo mesmo. - dei de ombros. - Mas sabe, tudo que eu menos queria na vida era voltar a ter contato com essas pessoas. Parece que estou vivendo tudo de novo. 
- Você é melhor que isso, . - ele falou enxugando uma lágrima do meu rosto que eu nem tinha percebido que caiu. Ele segurou no meu queixo me fazendo virar para encará-lo. - É a garota mais foda que eu conheço, muitas dessas meninas adorariam ser como você...
Eu não havia percebido, mas nossos rostos estavam se aproximando gradativamente. Nossos olhos inquietos se encaravam. As respirações profundas e pesadas, ficando cada vez mais altas, até que nossos lábios se encaixaram, os olhos pararam de trabalhar, tornando tudo escuro enfim, as respirações não eram mais ouvidas, dando lugar a um único barulho audível: o som do roçar de lábios, estalando, se encaixando perfeitamente, em uma maravilhosa sintonia que era música para os meus ouvidos. 
Melhor. Sensação. Da minha vida. 
Aqueles lábios tinham uma maciez, um toque diferente, quente e profundo.
É isso que a gente sente quando está apaixonado?
Mas que merda! É bom demais. Pena que dura pouco, aliás, como tudo na vida.
Nos separamos sabe-se lá porque. Eu desviei o meu olhar para baixo, com vergonha e mordi o lábio. 
- Desculpa, eu... - ele começou. 
- Não, tudo bem. - eu não conseguia olhar nos olhos dele, sentia que se olhasse, voltaria a beijá-lo e não o largaria nunca mais. - Eu... Eu preciso ir.
- Claro. - ele falou baixo. Me levantei, mas ele segurou minha mão novamente. - Não vai mudar nada entre a gente, vai? Isso... Isso aqui foi...
Ele parecia nervoso, apreensivo. Eu não resisti em olhá-lo, havia algo a mais naqueles olhos verdes. Medo, talvez? Eu já nem sei mais.
Tinha mesmo que estragar tudo. Eu confundi tudo, ele deve ter ficado com tanta pena de tudo que eu contei...
Eu balancei a cabeça no sentido de dizer "não", respondendo sua pergunta. 
- Beijinho de amigo? - perguntei sorrindo triste.
- É. - ele riu.
- Amigos. - eu disse. - Amigos pra sempre. - falei mais baixo, soltando sua mão. Caminhei até a minha casa sem dizer mais nada.
Entrei com calma. Tudo que eu menos queria era levar uma bronca.
- ? - ouvi a voz do meu pai próximo a escada.
- Oi, pai. - eu sorri.
- Onde você estava? - ele falou parando na minha frente.
- Eu... Estava na casa do . - respondi rapidamente.
- Então, passou a noite com um garoto. - ele disse com desdém.
- Não desse jeito! - eu falei pausadamente e um pouco alterada. - Nós estávamos fazendo um trabalho da escola.
- E não podiam fazer a tarde?
- Qual era diferença de fazer a tarde ou a noite? - minha mãe interrompeu a conversa. Eu balancei a cabeça concordando. - As pessoas não transam somente a noite. - ela continuou. O meu pai olhou-a com os olhos arregalados e ela riu.
- Bem, eu já vou indo pro meu quarto. - eu falei, já me afastando.
- Espera... - meu pai falou. - Onde está a sua irmã?
- Eu não sei. - menti e corri dali o mais rápido possível.
Cheguei ao meu quarto e me joguei na cama.
Eu tinha vontade de pular de alegria e ao mesmo tempo sentia algo estranho, como medo de ter errado.
Mas que se dane! Eu beijei o e é isso que importa. 
Ai, diário... Cadê você quando eu preciso?
Não pude ter nem cinco minutos de sossego pois entrou no meu quarto, como furacão.
- ! - ela disse, soltando fumaça pelas narinas. - Quem você pensa que é? - ela fechou a porta com força. - Estragou minha noite!
- Olha, eu sinto muito. - Não sinto não. Me levantei da cama. - É que... - eu olhei para os lados, como se pudesse ter alguém ali perto para nos ouvir. Estava prestes a contar uma mentira. Eu a puxei pelo braço, e abri a porta, olhei se havia alguém ali. Tudo limpo. Voltei a fechar a porta. - Papai pediu para que eu te vigiasse. - eu sussurrei.
- O quê?! - ela também sussurrou histérica.
- Pois é. Ele disse que você estava saindo muito. Queria saber o que você fazia. - falei um pouco mais alto dessa vez. 
- E por que fugiu com você? - ela perguntou. Merda! Pensa , pensa!
Minha bonequinha agora roía as unhas de nervosismo.
- Eu soube que ia pra lá e pedi uma carona, mas fiz ele prometer que se algo desse errado ele sairia dali comigo. - eu falei, ela pareceu pensar por um segundo, mas não questionou. Apenas sentou-se na minha cama.
- Você vai contar? - ela perguntou, depois de longos segundos de silêncio.
- Contar o quê?
- O que eu fiz. O que eu faço.
- Não. - eu abanei o ar. Ela pareceu ficar mais confortável. - Se você me der dinheiro.
Ela bufou.
- Bajuladora. - ela levantou da cama. - Quanto você quer?
- 50 pratas.
- Quê? Ficou doida? Isso é uma terça parte da minha mesada. - ela mexeu nos cabelos, nervosa.
- Tudo bem, então... Pai! - falei me aproximando da porta.
- Espera, . - ela puxou meu cabelo, me fazendo quase cair pra trás.
- Ai! - eu reclamei colocando a mão na minha cabeça. Minha bonequinha já tinha virado um monstro, pronta pra atacar .
- Não podemos negociar?
- Poderíamos, se você não tivesse puxado meu cabelo. - eu disse ainda passando a mão na minha cabeça, que latejava.
- , por favor. - ela fez uma cara de choro. - E se eu te der 30?
- 40. - eu disse.
- 35. - ela disse. Eu entortei a boca e revirei meus olhos.
- Fechado. - falei e fizemos um toque de mãos. 
- Bem, já que está sendo legal comigo, também vou ser legal com você. - ela disse.
- Pelo menos uma vez na vida. - falei caminhando até a cama e finalmente tirando a mão da minha cabeça. Ela revirou os olhos.
- Sabe o Richard?
- Hamilton? - perguntei.
- Isso. - ela bufou. - Pediu o número do seu celular pra mim hoje.
- E você deu?!
- Dei.
- Por que?
- Porque senão ele ia achar que eu tô afim dele e eu não tô. - ela disse mexendo os braços e levantando as sobrancelhas, como se quisesse expressar algo óbvio.
- Você chama isso de ser legal? - eu disse irônica. - Sabe que eu não gosto dele.
- Ai, relaxa, ele não quer transar com você, não. Quer te convidar para uma festa, sei lá.
- Você vai? - eu perguntei.
- Pra onde?
- Pra festa.
- Claro. - ela disse. - Sabe que não perco nada.
- Então está decidido. Se você e Richard estarão lá, eu não estarei.
Ela riu.
- Eu sei que no fundo você me ama. - ela disse se aproximando da porta e abrindo-a. Eu rolei os olhos. Ela passou pela porta, depois voltou colocando só a cabeça pra dentro. - E ama o Richard também.
Ela falou num tom provocativo. Eu taquei meu travesseiro nela.
- Cai fora! - eu disse. Ela riu fechando a porta. - Trás o meu dinheiro, hein?
- Tá! - ela gritou de fora.
Levantei da cama e fui até a minha cômoda, pegando a lista, já meio amassada. Procurei uma caneta e voltei a me sentar.
Shelby Duncan
1Caçadores de Sombras é uma série. Shadow Hunters, em inglês. 


Capítulo 6

Havia acabado de chegar na escola. não veio no ônibus comigo, infelizmente. Comecei a subir as muitas escadas em direção a entrada. Parei perto das portas, quando já não pisava mais na escada. Fiquei procurando uma das minhas amigas, mas não havia sinal delas. Entrei na escola e avistei Shelby com o uniforme de líder de torcida, conversando com algumas outras meninas. Eu tirei da minha bolsa um chocolate igual ao que eu havia roubado da casa dela ontem. Sim, eu pretendia devolver.
- Shelby. - eu falei quando me aproximei, interrompendo a conversa.
- Arr... - Shelby revirou os olhos enquanto sua boca estava aberta, como se estivesse com nojo. Nojo senti eu, quando vi o chiclete mascado na boca dela. - O que você quer?
Ela voltou a mastigar.
- Roubei um chocolate na sua casa ontem a noite. - eu falei, ela franziu a testa. - Era do meu favorito, então eu tinha muitos em casa, trouxe um pra você, pra compensar o que eu peguei.
Falei entregando o chocolate a ela. Ela o pegou, ainda com a testa franzida.
- Tá. - ela disse abrindo demais a boca, quase fazendo seu chiclete voar. Percebi que enquanto batíamos esse papo super normal, Lizzy nos observava atentamente.
- Não está envenenado, ok? - eu disse.
- Tá. - ela falou da mesma maneira de antes. Eu saí de lá sem dizer mais nada. Ouvi alguém falar algo como "eu hein", mas não me importei. E enquanto eu saía de lá, Lizzy me acompanhou com o olhar. Essa garota está me parecendo muito suspeita, é melhor fazer uma investigação mais a fundo sobre ela...
- . - Ouvi uma voz masculina me chamar, me virei para ver quem era. Richard Hamilton.

Richard Hemilton - Um perfeito babaca #2    
   *19 anos
                                                      *3° ano do ensino médio      
                                *Popular/ Atleta      
                                               *Ele é feio, mas pega geral    
                              *Adora iludir pessoas
                                     *Maior cara de pau      
                                          *Rico  
                                                 
Provavelmente pra falar sobre a tal festa.
- Oi. - eu disse sem muita paciência.
- Então, este sábado é meu aniversário e vou dar uma festa, queria que fosse. - ele sorriu. - Tá, tudo bem. - eu concordei. Seria uma ótima oportunidade para procurar meu diário, que aliás já estava sumido a nove dias. Deus meu!
Ele tirou do bolso um pequeno papel e me entregou. Nele estava escrito "senha individual".
- Olha, ern... Será que pode me dar outra senha?
Ele me olhou, esperando uma explicação.
- É que, você sabe como é. - falei. - Eu não tenho muita intimidade com as pessoas que vão estar na sua festa, e você não vai poder me dar atenção o tempo todo. - Não que eu quisesse isso. - Queria poder levar uma amiga. - eu disse da forma mais fofa que consegui. Na verdade, eu não queria levar amiga nenhuma, queria levar . Mas não podia falar para Richard, ou era capaz de ele retirar até o meu convite. Não que ele não goste de , mas ele e Aaron são muito amigos, e Richard estava presente na insinuação de briga que aconteceu ontem entre e Aaron.
- Qual o nome da amiga que você quer levar? - ele perguntou desconfiado.
- Hm... Err.. Olivia. - eu sorri.
- Tá... - ele falou tirando do bolso mais uma senha. - Um convidado a mais, ou a menos, não vai fazer diferença.
- Obrigada. - eu peguei a senha da mão dele, ainda sorrindo.
Antes que qualquer um de nós disséssemos algo a mais, uma garota chegou e parou ao lado de Richard. 
- De novo falando com essa garota? - ela perguntou azeda. 
- Ela é legal, Dana. - ele disse abraçando-a pela cintura. 

Dana Stehling - Uma garota que pode estar a fim dela (pelo menos é o que disse)     
*Idade não informada
                                          *3° ano do ensino médio  
                               *Popular porque pegou carona com os populares
                                                            *Boatos de que ela pega geral. As minas
     *Adora fazer macumba (é o que dizem por aí)
*Ela dá muito medo
                  *Ela sabe de tudo sobre todos
                          
- Tudo bem, eu já estava de saída. - eu disse. - Era só isso? - olhei pra Richard. 
- Era. - ele sorriu e eu saí de perto deles.
Eu me virei para seguir o meu caminho, mas bati em alguém.
- Não sabia que tinha uma amiga chamada Olivia. - era . O que eu faço? Ajo naturalmente? Mudo meu jeito de falar com ele? Corro?
- A quanto tempo está ouvindo nossa conversa? 
- Tempo suficiente para saber que tem uma amiga chamada Olivia.
- Eu não tenho. - respondi. - Olivia, é você.
Falei e fui andando até o meu armário, ele me seguiu.
- Ah, que ótimo. - Ele disse irônico. - Sempre temi que isso fosse acontecer. Quanto tempo vai demorar até você me emprestar seus batons e me obrigar a usar essas presilhas de cabelo?
Ele apontou pro meu cabelo. Eu ri. Mas é de nervoso. 
- Não se preocupe, não vou te fazer virar gay. - falei, parando em frente ao meu armário. - Você ouviu a conversa, não foi? - ele assentiu. - Queria que você fosse comigo na festa. Preciso da sua ajuda para procurar o diário, eu não iria se ele não tivesse sumido, odeio festas. E os garotos sempre ficam mexendo comigo e tirando gracinhas, preciso de alguém para bater neles por mim.
- Nesse caso, pode contar comigo. - ele sorriu e fizemos um toque de mãos. - Só espero que eu não precise me vestir de mulher para ir nessa festa.
- Não vai. - eu falei abrindo meu armário. - Ninguém nem vai te notar.
- Ah, obrigado por deixar bem claro que eu sou invisível. - eu ri. - E vai se vingar dele lá mesmo? - perguntou, ajeitando a mochila em suas costas.
- Eu creio que sim. - falei pensativa. - Posso pensar em algo daqui pra lá.
- Escuta, , sobre ontem... - ele começou. - Eu pensei e...
- Não, já sei o que vai dizer: foi um erro e blá, blá, blá. Também acho. 
- Ah, mas eu... 
- Ta tudo bem, . É como eu disse: amigos pra sempre. - sorri.
- É... - ele suspirou. - Amigos para sempre. - falou baixo. Sorri de novo.

[•••]

Na hora do almoço, fomos para a nossa mesa de costume, que ficava no pátio, ao ar livre. E também porque era a mesa mais próxima a barraquinha de lanche. , , , , e eu sempre sentamos na mesma mesa, desde que chegou na escola, e e começaram a namorar. Eu sentei em um dos bancos, e dividiu ele comigo, sentou ao lado de , no outro banco, só que mais afastada, e ficaram no banco oposto ao meu. chegou um pouco mais atrasado, e sentou ao lado de , passando um braço pelos ombros dela e lhe lançando um sorriso. Ela revirou os olhos tirando o braço dele dali.
- Por que você tá tão felizinho, pateta? - perguntou para Tanner.
- Tá falando comigo? - perguntou desviando sua atenção do seu hambúrguer para ela.
- Tá vendo outro pateta por aqui? - mordeu uma batata frita. 
- Tem um bem ali. - apontou para, que estava aos beijos com .
- Ei, vocês dois! - eu gritei para e , interrompendo a conversa entre e . O casal meloso continuou me ignorando. Taquei uma batatinha frita neles. Que me olharam com raiva. - Se quiserem transar, o banheiro fica por ali. - eu apontei. - Parem com isso, por favor, é hora do almoço e vocês estão tirando meu apetite.

E me fazendo lembrar do meu beijo com o . 
revirou os olhos.
- Nada tira seu apetite, . - ela disse, finalmente esquecendo, e dando atenção a sua comida. Eu balancei a cabeça, não havia como discordar.
- Então, por que você está feliz? - retomou sua conversa com Tanner.
- Porque já é a segunda vez que você dirige a palavra a mim, sem eu ter falado nada antes. - respondeu sorrindo e piscando os olhos como uma menininha apaixonada.
- Segunda? - perguntou. - Mas e a primeira? Quando foi?
- Ontem quando você me pediu licença para abrir o seu armário. - falou, e logo em seguida mordeu seu hambúrguer.
- O que? - falou.
- Aaah. - eu disse. - Então era essa a garota por quem você estava suspirando...
riu, de boca cheia.
- Suspirando? Mas do que você tá falando? - me olhou.
- O mané aí ficou falando de você o dia todo ontem. - disse.
- , o que você tem na cabeça? - olhou para ele, indignada. - Se acha que algum dia eu vou ter coragem de...
Ela foi interrompida por alguém que largou sua bandeja com comida em cima da nossa mesa, bem ao meu lado, fazendo um barulho alto. Olhei para cima e vi a pele e os cabelos negros de Lizzy Hobbs. O-ou.

Lizzy Hobbs - A patricinha escrota que prova que pode se tornar uma ótima amiga
             *18 anos  
                                                              *3° ano do ensino médio  
                                  *Popular/ Patricinha/ Cheerleader  
                 *Ta sempre se agarrando com alguém  
         *Adora aparecer do nada      
                             *Não ta nem aí para os seus sentimentos      
*Por incrível que pareça, ela é legal      
           
- O' c onnel... - disse ela. - Precisamos bater um papo.
E sentou-se ao meu lado. Lançou um olhar relativo, para todos os presentes na mesa – tirando eu. - Sem eles. - Lizzy voltou a olhar para mim.
Eu suspirei.
- Tá legal, galera, reunião particular. - eu disse para os meus amigos.
- O que quer dizer com isso? - perguntou.
- Em termos mais informais, ela quis dizer "caiam fora". - falou.
- Exatamente. - eu confirmei. Todos começaram se levantar resmungando.
- Palhaçada. - falou.
- Ela que deveria sair da mesa, não a gente. - reclamou pegando sua bolsa no chão e sua bandeja com um pouco de dificuldade.
- Quer ajuda? - perguntou segurando na mão de .
- Me larga, seu mané. - disse, saindo de lá, sendo seguida por , que ria abobalhado. - Pode falar. - eu me virei para Lizzy.
- Eu ouvi você conversando com o Richard. - ela encarou as unhas. - E com aquele seu amigo também. 
Ela estava falando de . Ouviu sobre a minha vingança? Merda.
Putz, quantas pessoas ficam prestando atenção nas minhas conversas?
- O-o que você ouviu? Não vai contar pra ele que...
- Quero te ajudar, . - ela disse, parecia não estar com muita paciência.
- Quer me... An?! - eu disse incrédula, não estava nem conseguindo controlar o que saía da minha boca.
- Olha só, você sabe muito bem que o Richard enganou nós duas. Ele estava namorando comigo, na mesma época em que estava ficando com você. Depois que fiquei sabendo disso, terminei com ele. Mas não aconteceu nada de ruim com ele, só eu que sofri nessa história. - ela fez uma pausa, eu levantei as sobrancelhas a encarando. - Bem, e você, é claro. - ela pigarreou - Eu vi o que você fez com o Aaron, e sei que foi por causa do rolo que tiveram a alguns meses. Pensei que com o Richard não iria ser diferente.
Eu parei para pensar por um instante, não conseguia acreditar nisso. Acho que tenho mais uma suspeita para riscar da minha lista.
- Então, posso te ajudar? - ela voltou a perguntar.
- Pode. - eu sorri.
- Então, quando colocamos nosso plano em prática?
- Você vai a festa dele? - perguntei.
- Sim, ele me convidou. Apesar de odiá-lo, eu gosto de festas.
- Como ele é cara-de-pau, convidou nós duas... - eu disse, mais para mim mesma do que para ela. Ela concordou. - Podemos fazer algo com ele lá. Vamos estar dentro da casa dele, teremos acesso a vários pertences, sem contar que ele vai estar bem distraído.
- Você tem razão. - ela colocou a mão no queixo. - Mas... Me diz, preciso levar alguma coisa?
- Hum... Será que você pode comprar uma tinta spray? 

[•••] 4 dias depois

- Epa! Onde vão, mocinhas? - meu pai perguntou para mim e enquanto descíamos as escadas. Era noite, estávamos prontas para a festa do Richard. Foi por mera coincidência que descemos as escadas juntas, eu não a ajudei em nada no figurino, nem ela me ajudou, ela não iria a festa junto comigo, nem eu iria junto com ela. Não tínhamos esse tipo de intimidade.
- Festa do Richard. - respondeu. Passando ao meu lado rapidamente, me permitindo ver seu vestido que era muito mais curto e apertado do que o meu. Ela estava no último degrau da escada, pronta para descer, mas meu pai a impediu.
- Quem é Richard? - ele perguntou.
- Dâa. O namorado da , se liga. - falou tentando passar por ele, mas ele não deixou. - É mentira. - eu falei enquanto andava até o mesmo lugar que estava, também tentei passar pelo meu pai, mas ele colocou os dois braços sobre os corrimões da escada nos deixando presas. - Pai, ele não é meu namorado, só nos convidou para festa. Será uma festa de aniversário normal, com bolo e refrigerante.
Meu pai levantou as sobrancelhas.
- Anda logo, pai, libera. Nós já fomos em várias festas e você nunca reclamou. - falou de braços cruzados.
- Quero uma foto de vocês a cada vinte minutos. - ele falou. - Mandem foto do local, e do que estão fazendo. Entenderam?
Meu pai sempre pedia para que fizemos isso, depois que ele adaptou-se as novas tecnologias, não importava aonde fôssemos – tirando a escola –, se não fôssemos com ele, deveríamos mandar uma foto. Uma não, várias. 
- Entendemos. - falamos juntas.
-  Hum... - meu pai olhou a hora no seu relógio de pulso rapidamente, logo colocando o braço no local de volta. - Quer saber, está muito tarde. Vão pra cama.
- Como é que é? - perguntou, com uma voz enjoada.
- É isso mesmo, e digam para o tal do Richards para fazer uma festa na parte da tarde na próxima vez. - ele falou alternando o olhar entre mim e .
- Deixe logo elas saírem, Robert. - minha mãe apareceu no local. Ela havia saído da cozinha, e andou até próximo do meu pai. - Elas nunca saem de casa, nós vivemos trabalhando, mal temos tempo para fazer alguma coisa juntos, elas precisam se divertir.
- Mas elas não têm idade para sair por aí essas horas. - meu pai virou seu corpo para encarar minha mãe, ficando de costas para nós, e liberando a nossa passagem. - E se elas quisessem sair conosco para algum lugar, era só me pedir que eu as levaria.
- Elas não pedem porque sabem que você não gosta de levar ninguém para nenhum lugar no seu carro. - a minha mãe falou num tom provocativo. Nós só tínhamos um carro, e só meu pai sabia dirigir. Por tanto, ele tinha que nos levar para todos os lugares. Recentemente ele e minha mãe tiveram uma briga por conta disso, pois ela pediu que ele a levasse a uma loja, e ficasse a esperando, mas ele se recusou, porque sabia que ela demorava demais. Motivo bobo, mas briga foi feia, e eles passaram dias sem se falar, e minha mãe passou dias andando de ônibus. Mas é que a minha mãe era meio sensível mesmo, até um pouquinho exagerada.
- Ah, por favor, não vamos voltar nesse assunto de novo. -  meu pai falou, e logo mais uma das incansáveis brigas começou. Enquanto eles gritavam um com o outro, e eu nos olhamos erguendo nossas sobrancelhas, demos de ombros e fomos caminhando até a porta. passou por ela primeiro, e eu depois, coloquei minha cabeça pra dentro só para ver se eles tinham notado algo, mas ainda estavam ali, brigando.
Pois é, mãe e pai, tchau pra vocês.
Eu fechei a porta. Assim que me virei para rua um carro estacionou em frente a minha casa. Eram os amiguinhos de . Era um carro conversível vermelho. E advinha quem estava dirigindo? Aaron Jones. Ao seu lado estava sua agora atual namorada Shelby Duncan, com a qual ele já havia terminado e voltado quinhentas vezes, e no banco de trás havia mais algum garoto do Clube dos Idiotas. sentou-se ao lado do garoto e eu só fiquei ali, observando tudo.
- , oi. - o garoto disse. - Quanto tempo. Você está muito diferente. 
- Primeiro, vai se fuder. - comecei - Segundo, você também está diferente, aumentou a quantidade de anabolizantes, Dylan?

Dylan Scott - Um saco de lixo que toma bomba #4  
                                                                          *Ninguém liga pra idade dele      
                           *3° ano do ensino médio    
                                    *Popular / Atleta            
                                          *Ele diz que pega geral      
                                     *Adora academia        
                                             *É muito otário        
                                                 *É bem inteligente    
                                              
  Eu pude ouvir a risada de Aaron, enquanto Dylan fechava a cara.
  - Ela também vai? - Shelby perguntou – do seu jeito bem discreto – para .
  - Vai. - deu de ombros. Shelby me encarou.
  - Foi mal, tá cheio. - ela falou me lançando um sorriso – falso – sem mostrar os dentes.
  - Ah qual é, tem espaço para ela aí. - Aaron falou olhando levemente para trás, sem tirar as mãos do volante.
  - Aaron! - Shelby o repreendeu. - Se esqueceu do que ela fez com o seu cabelo?
  Até eu tinha me esquecido. Então era por isso que ele estava usando aquele boné, mas até que combinou.
  - Não se preocupem seus bocós, não quero andar nessa lata velha. - eu falei dando duas batidinhas na lataria do carro e andei até a traseira dele, pronta para atravessar a rua.
  - Ouviu isso, Aaron? - Shelby perguntou. - Ela chamou seu carro de lata velha.
Eu ainda podia ouvir a conversa pois estava parada atrás do carro, esperando os outros carros passarem, para que eu pudesse atravessar.
- Mas ele já está meio velho mesmo. - Aaron falou. Depois disso não ouvi mais nada, porque atravessei a rua, rindo da conversa dos dois. Aaron deu partida no carro, e eu toquei a campainha da casa de .
Alguns segundos depois, a mãe dele me atendeu. Ela estava segurando um bebê no braço, eu não sabia dizer se era menino ou menina, pois ele estava enrolado com uma manta branca que lhe cobria quase todo.
- Oi. - eu disse. Não era muito boa em cumprimentar as pessoas, principalmente quando essas pessoas são meus sogros. Bem, no meu mundo, claro.
- Oi, querida. - a mãe dele sorriu. - Entra.
  Eu passei pela porta e ela a fechou. Notei que a sala estava um pouco escura. A irmã de – que me atendeu da outra vez – estava sentada no sofá encarando a televisão que exibia Bob Esponja.
- falou que vão a uma festa. - a mãe dele disse.
- Ah, isso. - eu concordei.
- Você está linda. - ela disse sorrindo.
- Obrigada. - sorri.
- ! A... - ela começou gritando, mas parou, como se tivesse esquecido alguma coisa. - Qual é mesmo o seu nome?
- . - respondi.
- A chegou! - ela continuou.
- Manda ela vir aqui! - gritou em resposta.
- Já sabe o caminho. - ela sorriu de novo, sorri de volta e caminhei até o quarto-porão de .
Desci as escadas e parei no último degrau, antes da entrada para o quarto, receosa em acabar pegando ele sem roupa. O que não seria nada mal, mas...
- , posso entrar? - perguntei.
- Pode. - ele falou. Eu segui o caminho parando na entrada do quarto, vendo ele sentado no sofá vermelho terminando de calçar o tênis. - Eu só estou terminado de calçar o meu... - ele levantou a cabeça para me encarar, e parou de mexer no seu cadarço. Parecia ter sido congelado com aquela expressão perplexa no rosto. - Tênis.
  Ele completou, finalmente. Levantou-se do sofá sem tirar os olhos de mim.
- Então, o que acha? - perguntei dando uma voltinha.
- Eu acho que é melhor a gente sair logo daqui antes que a apareça e queira me arrastar para a festa do idiota do Hamilton. - ele se aproximou me abraçando pela cintura. Eu ri, lhe dando um tapa no ombro. Ah, mas eu estava gostando daquele contato, estava gostando muito. E minha bonequinha estava pulando como uma louca.
- Pode me emprestar aquele taco de beisebol? - perguntei, quando avistei o objeto do outro lado do quarto. Ele se separou de mim para olhar na mesma direção que eu.
Minha bonequinha enfim parou de pular, e suspirou, mas não de cansaço, de tristeza.
- Claro, para que precisa? - ele falou já caminhando até o taco para pegá-lo. 
- Você logo vai saber. - sorri. Ele pegou o taco, e logo em seguida o celular em cima do sofá. - Sabe, eu nunca perguntei...  Por que você dorme no porão?
Mudei completamente de assunto.
- Bem, porque lá em cima só tem três quartos, o dos meus pais, o da minha irmã e o que costumava ser meu. - ele falou quando começamos a subir as escadas. - Quando minha irmã mais nova nasceu, eu tive que vir para cá, e deixei o meu antigo quarto para ela, já que fica próximo a o dos meus pais.
- Ah. - eu disse. Então o bebê que a mãe dele segurava era sua outra irmã. Chegamos a sala, e dessa vez o pai de também estava lá, todos estavam sentados no sofá, e o canal da televisão havia sido trocado, e agora exibia um filme qualquer.
- Mãe, pai, estamos saindo. - anunciou, se aproximando da porta.
- Achei que fossem a uma festa. - o pai de disse.
- E vamos. - confirmou.
- E o que vão fazer com esse taco de beisebol? - o pai dele voltou a perguntar.
- Nada de mais, pai. - falou me empurrando devagar pela abertura da porta.
- Olha lá... Não vai matar ninguém hein, filho? - ele advertiu. 
- Tchau, pai. - falou e fechou a porta.
Caminhamos até a garagem e saímos de lá rumo a casa de Richard.


Capítulo 7

Chegando no local da festa, a música alta podia ser ouvida de longe. A casa de Richard estava bem iluminada por dentro e por fora. e eu descemos do carro, deixando lá o taco de basebol.
Caminhamos até próximo da porta, seguindo dois garotos que estavam passando pela mesma, sendo recepcionados por outro garoto. Mas antes que eu pudesse passar, alguém puxou meu braço, o mesmo tempo que sussurrava um "". Quase caí para o lado, mas consegui me recompor.
Quando encarei a pessoa que havia me puxado, não a reconheci. Era uma garota, tinha cabelos longos e lisos, e usava óculos escuro apesar de estar de noite. Não consegui ver mais detalhe algum, pois o lugar para onde ela havia me puxado estava desprovido de luz.
- Quem é você? - perguntei, também sussurrando. Ela baixou os óculos ao mesmo tempo que rolava os olhos, e pude ver que era Lizzy.
- Eu trouxe o que você pediu. - ela sussurrou levantando uma sacola. - O que vamos fazer com isso?
- Por que está de óculos escuro? Está de noite. - eu desconversei.
- Argg! - ela resmungou. Eu não pude ver, mas tinha certeza de que ela rolou os olhos. - Porque as pessoas não podem nos ver juntas! - ela falou olhando ao redor, para ver se havia alguém por perto. - Não pelo fato de você ser você, mas porque nunca nos falamos antes e as pessoas podem acabar desconfiando.
Concordei. 
- Quando vamos colocar nosso plano em ação?  - ela perguntou.
- Logo. - respondi. - O que devemos fazer agora é entrar na festa, nos misturar, encontrar a chave do carro do Richard, e dar um jeito de esconder isso. - falei apontando para a sacola na mão de Lizzy, que continha tintas spray dentro.
- Certo. - ela disse. - Mas pra quê vamos precisar da chave do carro dele?
- Pra ele não alarmar. - eu disse simples, dando as costas para ela.
- Nós vamos pichar o carro dele? - ela puxou meu braço novamente, fazendo-me olhá-la e vê-la boquiaberta.
- Não. Nós vamos fazer melhor do que isso. - eu sorri. - Ou pior. Depende do ponto de vista.
Caminhei até a porta da casa, enquanto Lizzy foi guardar as coisas em seu carro. Eu já havia me perdido de , provavelmente ele já deveria estar lá dentro recebendo cantadas de alguma garota. Entreguei minha senha pra o garoto que estava na porta e sorri entrando. A festa estava barulhenta, entupida de pessoas dançando e de bebidas alcoólicas, eu não dava a mínima para a música que tocava estrondosamente e pro aniversariante também não. Andei tentando desviar das pessoas que se encontravam na pequena sala, cheguei a cozinha, procurando por , mas nem sinal dele.
- ! - ouvi a voz de Richard e me virei, contendo a vontade de rolar os olhos. - Você veio! - É. - dei um sorriso falso. Ele me abraçou rapidamente, quase quebrando os meus ossos. Ele deu uma olhada discreta para as minhas mãos, provavelmente procurando algum presente. Como se eu fosse gastar meu precioso dinheirinho com ele.
- Bem... E onde está a amiga que você disse que traria? - ele perguntou. Ops!
- A... ah... ah... - E agora? E agora? - Ela foi... - comecei a falar mas fui interrompida por alguém. Salva pelo gongo!
- Oi, Richard. - era Lizzy, dessa vez sem os óculos escuros e com uma sacola na mão diferente da antiga.
- Lizzy! - ele sorriu, mas logo pareceu sem graça quando olhou pra mim de novo. Duas ex no mesmo ambiente. Que palavra ele diria agora, mesmo? F... - Já conhece a ? 
Ele me apontou com a mão.
- Ah, claro. A garota que vai para escola uma semana sim, e outra não e mesmo assim tira notas melhores do que eu. - Lizzy disse sorrindo para mim, fingindo não me conhecer, e claro, fingindo que não sabia sobre a traição de Richard e do nosso papel de trouxa. Logo ela estendeu a mão para mim, e eu a apertei sorrindo, e sentindo que ela tinha encostado um papel na minha mão. Tentei ser o mais discreta possível ao pegá-lo.
- Eu filo. - esclareci. Eles riram.
- Richard, que tal dançarmos um pouco, huh? - Lizzy perguntou. 
- Claro. - ele sorriu pegando a sacola da mão de Lizzy – que provavelmente era o presente dele –, e saíram de lá. E eu pude ler o bilhete.

Vou mantê-lo ocupado, faça o que tiver de fazer e depois me procure.

OK, então. Saí da cozinha com um copo de alguma bebida que eu não sei o nome porque não ligo pra essas coisas , e fui procurar pela minha amiga Olivia.
Aquele bando de gente, a fumaça e o fato de eu não estar com os meus óculos de grau dificultavam muito a minha procura por ele.
Subi as escadas e vi no andar de cima próximo a porta de um quarto. Tinha uma menina perto dele, parecia tentar beijá-lo, mas ele virava o rosto, e desconversava. Reconheci a garota, era a escrota da Dayanara.
Minha bonequinha ficou vermelha dos pés a cabeça e fumaça saiu dela por todos os lugares possíveis.
- ! - chamou saindo de perto daquela nojenta, fdp desgraçada dos infernos. - Onde estava?
- É, , onde estava? - ela perguntou, apoiando o cotovelo no ombro de e me encarando. - E por que não continuou lá? 

Dayanara Stewart - Um saco de lixo de peruca #2    
                                                                          *18 anos  
                                                  *3° ano do ensino médio  
                              *Popular /Patricinha / Cheerleader    
                *Todos os garotos já pegaram
               *Adora humilhar pessoas 
                        *É muito sem noção  
                                     *Quase todo mundo gosta dela. Quase    
       
- Cai fora daqui vadia. - eu disse com raiva. Ela riu e roubou um beijo de , bem nojento, e saiu sorrindo.
Ah... Beijo de ... 
- Eca. Nojo. - falei olhando para a escada, para onde ela tinha ido. riu. 
- É, agora eu sei o quanto a detesta. - ele comentou. 
- Isso não é nem a metade do que acontece se nós duas ficarmos no mesmo ambiente por muito tempo. - eu fiz uma careta. - Encontrei com Lizzy antes de entrar. - mudei de assunto. - Ela me atrasou com um papinho desnecessário. - respondi. - Vem comigo, preciso da sua ajuda.
- O quer que eu faça? - ele perguntou arrumando a camisa.
- Vamos entrar no quarto do Richard. Você procura a chave do carro dele, e eu procuro meu diário. OK? - falei andando até encontrar uma porta com as iniciais "RH" gravadas nela. Era o quarto de Richard, o qual eu já havia visitado algumas vezes. Por sorte nunca aconteceu nada mais que beijos lá dentro. Girei a maçaneta dando de cara com e um garoto deitados na cama de Richard, totalmente nus e fazendo o que as pessoas costumam fazer nus – tirando o banho, claro.
- Uh-ah. ! - ela me chamou entre um gemido. Quem passasse ali poderia ter certeza de que eu estava transando com ela, não o garoto. Tive vontade de rir, muita vontade, aliás. passou pela porta, arregalando os olhos para a situação.
- Vão emboraaaa! - ela emendou a fala a um gemido. O garoto que estava com ela parecia não se importar com a nossa presença ali, já que continuava investindo como se nada estivesse acontecendo ao redor dele. Ele sempre foi assim mesmo, não se importava com ninguém. Porque ele era Ethan Parker, e achava que podia fazer qualquer coisa, com qualquer um.

Ethan Parker - Um saco de lixo com tesão reprimido #3            
                                          *19 anos                              
                               *3° ano do ensino médio    
                             *Popular / Atleta            
                                   *Ele diz que é pegador  
                                   *Adora se gabar de tudo  
                               *Se acha o top das galáxias  
                         *Ele é fã do Justin Bieber (única coisa boa que se aproveita dele)    
                                
e eu disparamos a rir e tranquei a porta.
- Nossa, , como tem coragem? Ta transando com o garoto mais baixo, frio e nojento de toda a escola. - eu falei indignada.
  - Vai se fuder. - Ethan falou ainda sem deixar de transar.
- Argg! Que nojo de vocês. - ouvi um gemido de . - Anda, , vamos ser rápidos e sair logo daqui. Só precisamos de alguns minutos. 
Olhei para e entramos em ação. Ele foi para a cômoda, e eu fui olhar de baixo da cama. Levantei o forro da mesma jogando-o por cima de e seu parceiro sexual, o qual eu odeio e não mais mencionar o nome. Ouvindo o grito de raiva, reclamação e prazer de . Puxei uma caixa de papelão de debaixo da cama, mas não havia nada de interessante ali, e nada meu também. Fui para o guarda-roupa, procurei feito uma louca e fiz a maior bagunça. Mas nada do meu diário, aquela sensação deprimente tem se tornado frequente para mim. Procurei no último lugar que me restava: a mochila dele. Nada.
- Achei! - gritou, assustando a mim e ao filme pornô ao vivo.
- O meu diário?! - perguntei me aproximando.
- Não, a chave. - respondeu.
- Ah. Então vamos. - caminhei até próximo da porta. - Tchau pra vocês. - falei pra e o garoto.
- Bom sexo. - disse passando pela porta.
- Péssimo sexo! - eu gritei. - Espero que ele broche! Escrotos do caralh...
- Vem, ! - me puxou, antes que eu terminasse de falar. Eu saí do quarto e fechei a porta. - Estava gostando de observar, não era? - ele perguntou rindo.
- O que? - me fiz de ofendida. - Não! - fiz uma pausa. - Talvez...
Ele me encarou perplexo e começamos a rir.
- Beleza, agora só precisamos... - comecei a falar, mas me interrompeu.
- Espera, espera, espera. - disse ele. - Pegamos a chave do carro dele, um taco de basebol... Você vai quebrar o carro dele?! - ele falou um pouco alto demais.
- Cala a boca. - eu sussurrei. - Sim, vou quebrar o carro dele. 
- , isso dá cadeia! - ele falou me seguindo enquanto eu andava por entre as pessoas.
- Relaxa, , ninguém vai ser preso. - eu disse. - Agora me ajuda a achar a Lizzy.
Eu já havia contado tudo sobre Lizzy para , ele sabia que ela iria me ajudar, e vice-versa.
- Ali. - ele disse apontando para ela, que estava próximo a televisão quase se beijando com Richard.
Ela o abraçou, deixando Richard de costas para mim e , e me encarou. Peguei a chave da mão de e a balancei no ar. Quando ela percebeu, se livrou de Richard com qualquer desculpa esfarrapada e caminhou em nossa direção.
- Vamos lá para fora. - eu disse. Saímos de lá observando ao redor para ver se ninguém tinha percebido nossos movimentos.
O carro de Richard estava estacionado em frente a garagem da casa dele. Eu já estava com o taco de basebol na mão e Lizzy com duas tintas spray. Eu desativei o alarme do carro, e entrei nele em seguida, procurando meu diário, talvez pudesse estar por ali, mas não estava. Suspirei derrotada e desci do carro. Fechei a porta com força e logo desferi um golpe contra a mesma com o taco, que foi seguido de vários outros. Lizzy começou a fazer riscos aleatórios com a tinta branca.
- Ei. - falou, nós duas o olhamos. - Você amassa - ele apontou para mim -, você pinta - ele apontou para Lizzy -, e eu? O que eu faço?
- Você... - eu pensei por uma segundo. - Fica de vigia. - dei ombros voltando para o que estava fazendo.
- De vigia... - repetiu. - Mas isso me faz um acessório antes, durante e depois do crime. Eu ri.
- Assistiu Todo Mundo Odeia o Chris direitinho, não foi? - perguntei, Lizzy e riram. Depois de já ter amassado bastante e quebrado alguns vidros, o carro estava do jeito que eu imaginei, e os rabiscos de Lizzy só ajudavam. Eu peguei a tinta spray vermelha e desenhei um coração partido no capô, que eu havia deixado quase intacto, de propósito. Peguei meu bilhetinho – que havia escrito antes da festa – dentro do sutiã, e tirei a parte não adesiva da fita, para que ela pudesse ficar colada no carro. Coloquei-o bem próximo ao coração, pra que não restasse dúvidas do porque que eu fiz aquilo.
- Nossa, isso ficou demais! - Lizzy disse parada na frente do carro depois de ter lido o bilhete que dizia: 

"Um coração partido te lembra alguma coisa? A nós sim. Tome mais cuidado quando quiser trair alguém, você é mesmo um babaca.
                            Xx M e L
P.S: EU OUVI QUANDO VOCÊ DISSE QUE NÃO CONSEGUIA ENXERGAR O QUADRO POR CAUSA DO VOLUME DO MEU CABELO! IMBECÍL!"

- É... - eu comecei. - Vingança contra Richard Hamilton, feito. - eu falei sorrindo e fiz um toque de mãos com Lizzy. Tô começando a gostar dessa garota.
- Se alguém perguntar, eu nunca falei com você. - ela apontou o dedo indicador no meu rosto. Retiro o que eu disse sobre gostar dela. Eu concordei com a cabeça lentamente e ela se afastou indo em direção ao seu carro.
Eu comecei a procurar meu celular, apalpando meu corpo, mas não o encontrei.
- Essa não. - falei.
- O que foi?
- Perdi meu celular. - eu respondi procurando o aparelho pelo chão inutilmente.  
- Onde estava? 
- No meu sutiã. Deve ter caído quando me abaixei lá no quarto. Vou ver se ainda está por lá, depois vamos embora. - falei caminhando de volta a entrada, não sem antes devolver o taco de basebol pra ele. - Pega umas bebidas pra gente enquanto eu pego o celular. 
- Beleza. - ele concordou e eu entrei na casa enquanto ele ficava pra guardar o taco. Passei rapidamente por todo mundo e subi as escadas, entrando no mesmo quarto de antes. e Ethan não estavam mais lá – graças a Deus.
E o meu celular estava lá no chão – graças a Deus #2. O peguei e saí do quarto, fechando a porta.
- ? 


Capítulo 8

Ouvi alguém me chamar.
  - O que faz aqui? Pensei que não gostava do Richard.
Logo reconheci o dono da voz.
- Jacob, oi. - eu disse.

Jacob Adler - O ex namorado babaca
                 *19 anos            
                                                      *3° ano do ensino médio          
                            *Popular / Atleta          
                                          *Muito desejado por todas          
                        *Adora dar uma de coitadinho        
                    *Fala tudo que pensa      
                                      *Mente muito bem        
                                       
- Pois é, mas fazer o que, fui convidada. - respondi sua pergunta dando de ombros.
- Mas e então, você está sozinha? - ele se aproximou.
- Sozinha? - Bem, está me esperando lá fora, e eu... - Tô. - respondi. Eu estava nervosa. Há anos eu não falava com Jacob. Desde que ele espalhou para a escola inteira que tinha tirado minha virgindade. Depois de um ano de namoro. Imagino o tanto de vezes que ele me traiu durante esse tempo. Eu só não tinha tanta raiva de Jacob porque ele quis ficar comigo quando ninguém quis, estava do meu lado quando ninguém estava, ele me tirou do posto de "garota zoada" para "revoltada e mantenham distância". 
- Faz tanto tempo que a gente não se fala... - ele mexeu no meu cabelo. Engoli seco. - Seu cabelo ta tão bonito. - ele cheirou de leve. - Você mudou muito depois que terminamos. - ele continuou a mexer nos meus cachinhos. - Fala alguma coisa. - ele pediu.
- Não fala do meu cabelo. - eu disse. - Você sabe como eu fico boba quando dizem que ele é bonito. - eu sorri. Ele riu baixo e beijou minha bochecha. 
- Ainda tem o cheiro do perfume que eu te dei. - ele comentou. 
- Eu comprei outros iguais depois que aquele acabou. Tinha um cheiro muito bom. -expliquei, enquanto sentia ele dar um beijo molhado no meu pescoço. - Jacob... - eu fechei meus olhos. - Para... Nós já passamos dessa fase. - ele tirou os lábios do meu pescoço e os arrastou levemente até a minha bochecha de novo. Eu me virei para encará-lo e ele abocanhou meus lábios rapidamente. Eu coloquei uma mão na nuca dele, enquanto ele me apertava pela cintura com os braços. Com a mão que segurava o celular, eu voltei a abrir a porta do quarto de Richard, e puxei Jacob para dentro pela gola da camisa. Eu joguei ele na cama, empurrei a porta com o pé e fui pra cima dele. 
- Não vai contar pra ninguém que a gente transou dessa vez, vai? - eu sussurrei baixo contra os seus lábios. 
- Não, eu prometo. 
Eu ri baixo.
- É claro que não. - eu falei no meu tom normal, saindo de cima dele. - Por que a gente não vai. - eu caminhei até porta tirando a chave da fechadura. Sorri pra ele por cima do ombro. 
- Você não vai... - ele disse ainda deitado na cama.
- Tchauzinho. - passei pela porta e a fechei rapidamente. Antes que eu pudesse sequer rodar a chave ele já estava batendo e gritando.
- Me tira daqui, ! - ele tentou puxar a porta, mas consegui trancá-la. - ! - ele gritou tentando inutilmente mexer no trinco. Enquanto eu ria. - Qual é! - ele socou a porta. - ... - ele falou mais baixo.
- Se vira. - eu disse.
- Não me deixa aqui! 
- Trouxa. - eu joguei a chave por baixo da porta e saí de lá. Desci as escadas rapidamente e esbarrei em alguém no último degrau. - Desculpa. - eu disse sem muita paciência. 
- ! - a pessoa exclamou, feliz em me ver. Me virei pra ver quem era e mal acreditei no que eu vi.
- Jarod... Sentiu saudades? - provoquei.

Jarod Griffin - Um tarado sem escrúpulos
   *20 anos (meio atrasado, hein?)      
                *3° ano do ensino médio          
                         *Popular  
                                       *Ele diz que tem uma namorada  
        *Adora passar a mão onde não deve
     *Bipolar   
                              *Rico  
                                              
- Com certeza com muita saudade do boquetinho profissional que todo mundo sabe que você faz. - ele disse sorrindo. Eu lhe dei um tapa no rosto. Igualzinho ao de anos atrás. Ele cambaleou, mas não chegou a cair, mas derrubou o copo que estava em suas mãos, o fazendo quebrar. Enquanto isso acontecia muitas pessoas que viram a cena gritaram "wooow", chamando atenção das outras que se aglomeraram ao redor de nós. 
- Vagabunda. - ele partiu pra cima de mim, mas foi impedido pelo soco de alguém que o fez cair pra trás. Mas um coro de "wooow", foi-se ouvido. 
- Você está bem? - perguntou.
- Tudo bem, ? - Jacob perguntou da escada. Até que ele percebeu rápido.
Eu concordei. 
- Aí! - Richard chamou. Estava atrás de Jarod, que estava sendo levantado pelos outros garotos. - Por que bateu nele?
- Ele ia bater nela. - explicou.
- Isso era entre eles dois. - Richard falou. 
- Entre eles dois? Ficou doido? - Jacob disse. 
- Não se mete, Jacob. - Richard disse. - E quem convidou você? - ele olhou para . 
- Ah, eu é... - deu um soco em Richard, que também caiu. 
Mais "wooows".
- Viu? - Jarod disse. - Por que você foi se meter? - falou pra Jacob e deu um soco nele.
Logo todos os garotos começaram a brigar e eu e ficamos no meio de olhos arregalados. Todo mundo estava meio alterado, já nem sabiam mais o que estavam fazendo.
- Oh! Merda! - eu disse colocando a mão na boca.
- Vem, vamos embora. - me puxou, nós corremos em direção a saída, ele abriu a porta passamos por ela tão rápido que nem tive tempo de fechar. Entramos no carro e ele pisou fundo. - O que aconteceu antes de eu chegar? 
- Ele me disse coisas obscenas, eu dei um tapa na cara dele, e o copo que ele segurava quebrou.  - resumi, cortando a parte de Jacob. Ninguém precisa saber da minha recaída. 
- E encontrou seu celular? - ele perguntou. 
- Sim. - balancei o aparelho na minha mão. Ele estacionou o carro. 
- Olha o que eu peguei pra gente. - ele puxou do banco de trás duas garrafas médias de sei lá o que. 
- Legal. - eu disse animada. - Um brinde a vingança contra Richard babaca Hamilton. 
Nós brindamos e bebemos. Ele deu a partida no carro de novo. Vez outra ia mais devagar, só pra tomar um gole. - Ei. Posso ligar o rádio? 
- Claro. - ele disse. Apertei o botão e coloquei na primeira rádio que deu sinal. Estava tocando o refrão de Young Turks do Rod Stewart.
- Nossa, essa música é muito legal. - eu comentei. Ia aumentar o volume, e acabei apertando o botão de abrir a capota.
- O que ta fazendo? - ele riu.
- Ops. - disse rindo. - Aumenta aí. - eu disse tirando o cinto de segurança e ficando em pé, apoiada no para-brisa. O vento gelado batia no meu rosto, levando meus cabelos para trás enquanto eu sorria. Parecia que nada mais importava, que meus problemas sumiram, os fantasmas do passado não atormentavam mais. Parecia que eu não ia chegar em casa e encontrar meus pais brigando, que a minha irmã não me odiava, que o meu diário não estava nas mãos de um estranho qualquer e o cara que gosto não estava pensando em outra garota nesse momento. Efeito da bebida, talvez? Não sei. Mas era maravilhosa aquela sensação de liberdade, mesmo que fosse momentânea. 
Exatamente como dizia na música: jovens corações serão livres esta noite.
Young hearts be free tonight ♬♪♩

[•••]  

- Ei! , acorda! - ouvi me chamar pelo apelido que o filho de uma puta do Ethan inventou pra mim. Eu resmunguei me virando na cama e colocando o travesseiro no rosto. - é sério, a mamãe tá te chamando, é importante. - eu abri meus para encará-la. Ela também estava com cara de sono. Olhei para o relógio que ficava na minha cômoda. 9:35. O que há de tão importante para que minha mãe viesse me importunar essa hora da madrugada de um domingo?
- Mas o que aconteceu? - eu perguntei para enquanto me sentava na cama esfregando os olhos.
- Eu não sei, só desci para beber água, tinha algumas pessoas lá na sala e ela me mandou te chamar. Não prestei muita atenção. - ela falou revirando os olhos e saiu do quarto. Eu me levantei, lavei o rosto, escovei os dentes, e troquei de roupa bem rápido para descer. Quando cheguei lá em baixo, minha mãe servia chá para dois policiais que estavam sentados no sofá.
Policiais?
- O... Que houve por aqui? - perguntei me aproximando.
- O'Connell? - um dos policiais perguntou levantando. Ele era gordo e tinha um bigode parecido com um filhote de esquilo.
- Sim...? - eu disse, assustada com o bigode, é claro.
- Recebemos uma denúncia esta manhã de que você havia pichado e amassado a lataria de um carro na festa de ontem a noite. - O-ou - Isso é dano á patrimônio de outra pessoa, consequentemente, um crime. 
Eu arregalei os olhos. Merda! Richard leva as coisas muito a sério. Minha mãe deve ter percebido minha cara de espanto, pois logo se pronunciou:
- , isso é verdade?
- Ah... Ah... - merda! Merda! Merda! - E como podem provar que fui eu?
Me voltei para os policiais.
- Bem, o dono carro me falou que você já vinha invadindo casas de pessoas a um tempo... - ele olhou suas anotações no seu bloquinho de notas - Ligou para os amigos e eles confirmaram que há duas semanas você invadiu a casa de um garoto, aparentemente jogou cola no cabelo dele, deixou o quarto dele revirado e um bilhetinho assinado com a letra M. Alguns dias depois invadiu a casa de uma garota, roubou um... Chocolate? - ele franziu a testa.
- Mas eu devolvi! - falei rapidamente.
Ele continuou:
- Irritou o cachorro dela, e foi vista por mais ou menos dez pessoas depois de cair da escada... - o outro policial tentou segurar a risada ao ver a cara de confusão do amigo. - Inclusive foi vista pelo garoto da cola no cabelo. E entregou na mão da garota, mais um bilhete assinado com a letra M.
- E o carro do garoto de ontem também tinha um bilhete assinado com a letra M. - disse o outro policial que aparentava ser um pouco mais novo que o bigodudo. - E algumas pessoas da festa disseram que viram você saindo da casa de forma muito suspeita e sem contar que ainda era muito cedo também, e depois disso você voltou causou uma briga e saiu de novo.
Incrível como esses linguarudos só prestam atenção na estranha, mas a popular – Lizzy – entra e sai sem levantar suspeitas.
- Mas existem muitas M's no mundo, não podem provar que fui eu. - eu tentei inutilmente me defender, mas não havia jeito, eu estava ferrada.
- Acho que já temos provas e testemunhas suficientes. Sinto muito mas terá que nos acompanhar até o reformatório. - disse o bigodudo tirando as algemas do bolso. Minha bonequinha interior estava tremendo de medo, meu coração batia tão forte que chegava a balançar a blusa que eu usava. Fudeu?
- Antes de levá-la, preciso ter uma conversa com ela, é bem rápido. - minha mãe disse. Oh sim! A luz no fim do túnel. Eu amo a minha mãe!
O policial concordou e minha mãe pegou delicadamente na minha mão me conduzindo ao andar de cima. Nós entramos no quarto dela, e ela foi procurar algo no seu guarda-roupas.
- Ótimo mãe, você fez muito bem em ter me chamado aqui pra cima. Vou pular pela janela. - falei andando até a janela e abrindo-a.
- A-ah. Paradinha aí, . - ela falou ainda procurando algo em seu guarda-roupas. Virou a cabeça pra mim. - Tire o shorts. - ela disse simples.
- O quê? Por que?- perguntei sem entender nada.
- Sem perguntas, , me obedeça! - ela falou e voltou sua atenção para o guarda-roupas, provavelmente ela me daria alguma roupa sua para que eu vestisse no lugar do shorts. Sem mais pestanejar eu fiz o que ela mandou.
- Achei! - ela falou virando-se para mim com um cinto de couro extremamente grosso. Essa não.
- Não! Não mãe! Por favor, mãe, não faz isso! - eu falei enquanto ela me fazia ficar de bruços na cama. Então ouvi o estalo, e logo depois senti a dor. - AAAAAHHH! Mãe, por que você faz isso comigo?! - ela bateu outra vez. - AAAAHHHH! Para, mãe, por favor! - então ela bateu outra vez e outra e outra. O escândalo que eu fazia poderia ser ouvido na vizinhança inteira. E eu cada vez gritava mais alto para que os policiais escutassem e subissem até lá em cima para ver minha mãe me agredindo. Eu comecei a pedir a Deus para que ela torcesse o braço como a mãe do Chris, mas isso não aconteceu. Depois que o braço dela começou a doer, ela parou de me bater.
- Veste logo esse shorts! - ela berrou jogando o cinto no chão. Eu levantei da cama gemendo e fazendo um esforço enorme para vestir minha roupa. - Agora vamos! - ela gritou mais uma vez, me segurando pela orelha e me levando lá pra baixo.
Os policiais encararam de olhos arregalados aquela cena.
- Levem essa delinquente daqui! - ela me jogou na direção dos policiais. O mais magro veio me algemar, enquanto o de bigode foi falar com a minha mãe.
- Ela só passará alguns dias por lá, para aprender a lição. Nada que precise se preocupar. - o policial disse e minha mãe concordou me olhando com desprezo.
- Não! Vocês não podem fazer isso comigo! - gritei enquanto era arrastada pra fora de casa pelo policial que algemou. - Eu tive meus motivos! Vocês nem sequer se preocuparam em ouvi-los! Eu me recuso a sair de casa! - eu me segurei na lateral porta – já que tinha sido algemada com as mãos para frente –, os policiais tentaram me puxar, mas eu continuei me segurando e gritando. O policial de bigode começou a me puxar pela cintura, e outro pelas pernas, depois de tantas tentativas, eles acabaram me tirando do chão, mas eu continuei segurando na porta. Conforme eles tentavam me puxar, a porta ia fechando. Eu tirei minhas mãos de lá só por um segundo enquanto a porta se fechava totalmente. Mas logo voltei a me segurar, com uma das mãos no trinco. Ainda nos braços dos policiais, eu não parava de gritar:
- Por favor não me levem! Aquele garoto fez coisas horríveis comigo! Eu só dei o troco! Vocês têm é que prender a pessoa que roubou o meu diário! Ela sim é delinquente! - eu acabei desistindo de me segurar no trinco, mas não parei de me debater nos braços dos policiais. Eles me jogaram de qualquer jeito no banco de trás da viatura e eu me arrastei até a janela do outro lado. O policial de bigode fechou a porta de trás e tomou o lugar do motorista, logo o outro sentou ao seu lado, no banco do carona. Com muita dificuldade – por conta das algemas – eu abri a janela, que dava visão pra casa de e gritei o mais alto que pude:
- ! NÃO DEIXE QUE ME LEVEM!
Então o Senhor Bigode arrancou com o carro. Alguns minutos depois, eu comecei a assoviar, entediada. Depois comecei a cantarolar, passar as mãos no cabelo nervosamente, suspirar alto. Logo depois comecei a cantarolar e batucar no banco da frente. Os dois policiais me encararam pelo retrovisor, repreendendo-me com o olhar. Bufei e encostei no banco com força, tentando inutilmente cruzar os braços.
- Aí gente, vocês podem ligar o rádio? - eu perguntei, e os dois homens me ignoraram. Eu bufei novamente. Comecei a cantarolar uma música do Bruno Mars. Não resisti e comecei a cantar normalmente. - Today I don't feel like doing anything... - parei para assobiar. - I just wanna lay in my bed. - o policial mais magro me acompanhou no assobio, e recebeu um olhar raivoso do outro. - Não dá corda para essa garota. - o policial de bigode falou entre dentes. O mais magro riu. - Desculpe. - ele falou, deixando um sorriso no canto dos lábios.
- Ah, qual é, policial... - eu parei para ler o nome dele no uniforme. - Carl. Eu sei que você gosta dessa música. Quem não gosta do Bruninho não é mesmo? Vamos galera, vamos cantar! Today I don't feel like doing anything... - o policial mais magro assobiou novamente, enquanto Carl revirava os olhos. - Como as pessoas conseguem conviver com você? - Carl perguntou parando o carro, e olhando para mim. - Sério, você é insuportável. Ainda bem que já chegamos. - ele revirou os olhos. O outro policial abriu a porta e me ajudou a descer do carro. Entramos no reformatório. Não fiz questão de prestar muita atenção nos detalhes. Eles tiraram minhas algemas e me revistaram, pra ver se eu estava com armas, nem com nenhum aparelho eletrônico. Me deram o típico macacão laranja, me encaminhado ao banheiro para que eu pudesse vesti-lo. Depois de tudo pronto eles me jogaram em uma cela qualquer.
Suspirei, enquanto via a enorme grade se fechar a minha frente. Me segurei nela com as duas mãos e me lamentei:
- Eu e minha mania ridícula de deixar minha marca nas coisas.


Capítulo 9

Segunda, 7:45 A.M, Colégio Seattle Edgar Allan Poe. Também conhecido como Escola da .

estava pegando seus livros no armário, pronto para ir para aula. Ainda não tinha visto desde que chegou. Estava preocupado com a amiga, não parou de pensar no crime que ela (ou eles) cometeram um minuto sequer durante o dia anterior. Teria acontecido alguma coisa com ?  Será que a mãe dela havia descoberto seu ato de vandalismo e lhe dado uma surra tão grande a ponto de ela não conseguir vir para a escola? Várias perguntas rondavam a sua cabeça. Onde estaria aquela garota?
- ? - o garoto ouviu uma voz feminina lhe chamar. Mas não era , disso ele sabia. Virou-se para trás, para encará-la.
- Ah, oi, Lizzy. - cumprimentou. - Achei que não gostasse de ser vista perto dos losers. Lizzy revirou os olhos ignorando o comentário de .
- Sabe da ? - Lizzy perguntou.
- Não, não a vejo desde a festa. Por quê?
- Essa manhã eu ouvi uma notícia no rádio, que uma adolescente de 17 anos foi presa na manhã de ontem por pichar um carro. - Lizzy falou baixo enquanto olhava para todos os lados, como se estivesse fazendo algo errado. - Quantas garotas de 17 anos que picham carros você conhece? 
- Está dizendo que...
- Sim, , acho que foi presa. E nós participamos daquilo e estamos aqui, livres. Acha isso justo?
- Bom, não mas... Quem pichou o carro foi você. - acusou. E Lizzy arregalou os olhos.
- Não vê que isso é ainda pior? - ela disse. - Eu que deveria estar presa.
coçou a nuca.
- Veja, é a . - ele apontou para trás de Lizzy, que vinha chegando com sua mochila somente em um ombro e sorrindo como uma boba. - Vamos perguntar para ela.
Lizzy concordou, e eles caminharam na direção da irmã de .
- . - Lizzy disse. - Onde está a ?
- É, sabe dizer se ela foi presa ou algo assim? - foi direto e recebeu uma cotovelada de Lizzy. revirou os olhos.
- Não acredito que até você - apontou para Lizzy -, justo você, quer saber dessa barata descascada. - ela revirou os olhos novamente. - Sim, a foi presa ontem de manhã. - e Lizzy se encararam de olhos arregalados, mas não percebeu nada, pois continuou falando. - Ela fez sei lá o que com o carro de quem. Não sei quando ela volta. Espero que fique lá por mais uns 17 anos, pra compensar todo o estrago que ela fez desde que nasceu. - sorriu maldosa. - Tchauzinho.
Ela saiu em direção as salas, deixando Lizzy e sozinhos novamente. franziu a testa ao ouvir aquilo sair da boca de . Agora sabia porque era tão louca e despreocupada com a vida. Ela era maltratada demais dentro de casa, ele tinha certeza.
- E agora o que faremos? - perguntou, nervoso. - Não me sinto bem sabendo que sou culpado e só ela está presa.
- É, eu também não. - Lizzy falou, pensativa.- Tive uma ideia. Nós vamos até o reformatório, falar que não foi a que fez nada disso. Estávamos com ela na festa o tempo todo e que em momento algum ela saiu de dentro da casa, senão para ir embora.
- Quer dizer mentir para a polícia? - perguntou, como se fosse algo óbvio.
- Tem alguma ideia melhor? - Lizzy perguntou.
- Não.
- Então, topa?
- Sim. - suspirou. - E quando nós vamos?
- Agora.
                                
☆☆☆

- O'Connell. - um policial chamou me chamou pelo sobrenome, enquanto eu estava sentada no chão no canto da parede da cela, filosofando. Apenas virei minha cabeça na direção dele. - Tem visita pra você.
Ele falou abrindo a o portão, eu me levantei ignorando os comentários das outras 38376 pessoas que dividiam a sela comigo. Eles falavam algo como "chegou ontem e a mamãe já sentiu falta" ou "filhinha do papai".
- Por que tem visita pra mim? - eu perguntei ao policial, que era Carl, o mesmo de ontem, só pra deixar claro. - Ninguém me visita quando eu estou em casa, por que viriam me visitar na prisão, se é um lugar muito menos agradável?
- Não pergunte a mim. Pergunte a eles quando chegar lá. - ele disse me guiando até a sala com os telefones. Do lado onde eu estava, haviam vários presos sentados em cadeiras, falando com seus parentes através do telefone e olhando para eles pelo vidro. - Sente-se naquela.
Carl apontou e saiu do local logo em seguida. Eu caminhei até a cadeira indicada e me sentei nela. Esperava ver a minha mãe do outro lado ou meu pai, até mesmo um tio, menos as pessoas que eu vi.
e Lizzy. e Lizzy! até que era aceitável... Mas, Lizzy? Lizzy?!   
Peguei o telefone, ainda assustada por vê-los ali, e o levei ao ouvido, vendo fazer o mesmo do outro lado.
- O que estão fazendo aqui? - eu perguntei. - O que Lizzy está fazendo aqui?
Vi que do outro lado Lizzy tentava ouvir o que eu falava pelo telefone.
- Viemos tirar você daqui. - disse .
- Como? Vocês são loucos? - eu perguntei.
- Vamos dizer para os policiais que você não fez nada disso. Que esteve conosco na festa o tempo todo, e que não saiu de dentro da casa em momento algum, senão para ir pra casa. - explicou.
- Tá... - eu respirei fundo. - Eu vou perguntar de novo: VOCÊS SÃO LOUCOS???!
Eu gritei atraindo alguns olhares dos outros presos que também estavam se comunicando com os parentes, mas ignorei.
- Foi ideia da Lizzy - falou apontando para ela -, fala com ela.
Ele entregou o telefone para Lizzy.
- Oi, . - ela disse dando um sorriso fraco.
- Lizzy! - eu falei entredentes. - Vão embora, vocês dois! Não quero que se compliquem por minha causa! Mentir para a polícia é crime. Não podem fazer isso. Meus pais estão acostumados com as coisas erradas que eu faço, mas os de vocês não. Vão embora, por favor. O policial falou para a minha mãe que só vou ficar aqui por uns dias, vou sobreviver.
- Não podemos ir embora, ! - ela disse. - Não quando também somos culpados! Sem contar que a ideia de me vingar dele foi minha! - ela falou mais alto dessa vez.
- É, mas eu dei a ideia de destruirmos o carro. - eu falei calmamente.
- Mas as tintas eram minhas! - Lizzy falou alterada.
- E o taco de beisebol era meu! - pegou o telefone das mãos de Lizzy para gritar comigo também. - Nós vamos te tirar daqui, ! Só precisamos contar uma mentirinha de nada. Vai dar certo.
- Não, não vai não. - eu falei de olhos arregalados, observando o que estava parado bem atrás deles. Ou melhor, quem estava parado.
- Por que não ? Confia em mim! - disse e Lizzy concordou com a cabeça.
- Tarde demais, . - eu apontei para trás, onde Carl estava de braços cruzados ouvindo as confissões indiretas de Lizzy e . Eles olharam para trás e encararam Carl com seu sorriso sádico. O policial colocou uma mão no ombro de cada um e os arrastou para trás. Eu me aproximei do vidro para ver para onde eles estavam sendo levados, mas logo eles sumiram da minha vista. Eu encostei minha cabeça no vidro e bati-a lentamente contra o mesmo.
- Merda. - eu sussurrei, parando de bater.
Isso vai ficar bem pior do que eu imaginei.
Logo um outro policial veio para me levar de volta a cela. Eu voltei a me sentar em meu lugar de origem e comecei filosofar – não tinha nada mais interessante para fazer por aqui, mesmo. Mas logo os meus pensamentos foram interrompidos por gritos que ecoaram pelo local.
- Não podem fazer isso comigo! - era Lizzy. - Eu sou uma dama, me recuso a ficar perto dessas pessoas imundas!
Ela gritava enquanto era arrastada por dois policiais, estava algemada, mas ainda assim lutava. Logo atrás dela estava , algemado também, mas não estava sendo arrastado por ninguém caminhava tranquilamente. Os dois estavam trajando os macacões laranja ridículos.
- Fica quieta, Lizzy. - falou próximo ao ouvido dela, mas em um tom quase normal.
- Não me manda ficar quieta! - ela gritou. - Minha mãe! Eu quero falar com a minha mãe! - ela berrou para os policiais. - Eu tenho direito a um telefonema! Eu já vi isso nos filmes!
- Ela tem razão. Eu também quero falar com a minha mãe. - disse. Um dos policiais que estava segurando Lizzy revirou os olhos.
- O telefone fica pra lá. - o policial indicou e logo todos foram pra lá, sumindo da minha vista novamente. Alguns minutos se passaram e os gritos de Lizzy foram ouvidos novamente, cada vez se aproximando mais da cela onde eu estava. Logo eles pararam em frente da minha cela, e um dos policiais soltou Lizzy para abrir a grade. Tiraram a algema dos meus dois amigos – acho que posso chamar Lizzy assim –, e os jogaram lá para dentro de qualquer jeito. Lizzy caiu no chão – de propósito, tenho certeza. Mas ela logo se levantou e gritou novamente.
- A sorte de vocês é que essa semana eu resolvi pintar a minha unha de laranja, e vai combinar com esse macacão ridículo! - ao ouvir isso eu revirei os olhos e me levantei.
, Lizzy e eu ficamos um ao lado outro enquanto encarávamos a grade se fechar a nossa frente – novamente, pra mim –, e ouvíamos aquele típico barulho de um portão sendo trancado. Automaticamente nós três colocamos nossas mãos em volta das grades e encostamos nossas cabeças nas mesmas, suspirando. Tentei me segurar, mas não resisti a falar:
- Eu avisei para irem embora.

[•••]

Depois de passar tanto tempo juntos naquela cela, eu acabei contando tudo pra Lizzy. Sobre o meu diário, sobre as invasões nas casas das pessoas, e o motivo de eu me vingar de cada pessoa. contou da briga que tivera com Aaron quando eram pequenos, e disse que somente por esse motivo começou a me ajudar.
- E você suspeitava de mim? - Lizzy perguntou, depois de termos contado também sobre a lista de suspeitos.
- Sim, eu sinto muito - suspirei. - Acho que te devo desculpas. Você se mostrou uma amiga e tanto esses dias.
Lizzy sorriu.
- Eu desculpo você. Mas sabe, eu no seu lugar, também suspeitaria de mim. - nós rimos. - Fico muito feliz que vocês duas estejam se dando bem, mas temos que dar um jeito de sair daqui. - disse. - Estou ficando paranoico. Fazem ideia de quanto tempo nós estamos aqui? Fazem?! - ele falou nervoso puxando os próprios cabelos.
- Ann... Duas horas e meia? - eu respondi rindo.
- Ei, garota! - ouvi um cara falar. Mas não dei muita atenção. - É você mesma, de faixa no cabelo. Ele continuou, sem dúvida estava falando comigo.
- Quê? - perguntei o encarando.
- Você e seus amigos não querem jogar? - ele perguntou apontando para a rodinha de pessoas que havia se formado ali. Somente eu, e Lizzy estávamos fora dela. Nós três nos encaramos e demos de ombros nos aproximando dos demais. Haviam dez pessoas ali – treze, contando comigo e meus amigos –, homens e mulheres. No reformatório as pessoas não eram separadas por gênero, porque todos cometeram crimes pequenos, e só passariam alguns dias ali, como era o meu caso. - Beleza. Primeiro vamos bater um papo. - o mesmo cara que havia me chamado antes falou. - Que tal nos apresentarmos e contarmos uns aos outros porquê estamos aqui? - todos concordaram, então ele começou. - Sou Anthony. Meus pais me viram pichando um muro e me trouxeram pra cá. - Seus pais? - uma garota perguntou.
- É. - Anthony deu de ombros. - Eles nunca foram os melhores pais. Sua vez garota da faixa. - ele me tocou com o cotovelo, já que estava do meu lado.
- Ah, tá... Eu me chamo . Estou aqui porque colei o cabelo de um garoto na cama dele, invadi a casa da namorada dele e roubei um chocolate e amassei o carro do meu ex com um taco de beisebol. - Ao final da minha fala todos estavam de olhos arregalados. E isso não é nem metade das maldades que eu fiz a minha vida toda.
- E você? - Anthony perguntou para Lizzy.
- Meu nome é Elizabeth, mas todo mundo me chama de Lizzy. E, bem, sabem o carro que a disse que amassou? - todos balançaram a cabeça em concordância. - Eu pichei ele.
- Eu sou o . - ele se meteu na conversa com um sorrisinho. - Estou aqui porque emprestei a arma do crime pra . Isto é, o taco de basebol, e também fiquei de vigia enquanto as duas faziam aquela loucura.
- Você ficou de vigia? - um garoto que aparentava der uns 14 anos perguntou. concordou com a cabeça. - Sabia que isso faz de você um acessório antes, durante e depois do fato?
- É, eu sabia. - disse . - Obrigado por avisar agora que eu estou preso.
Todos riram.
- Ei. - Anthony chamou. - Mas por que fizeram isso com o carro do cara?

Contei a eles toda história, do início. Do mesmo jeito que fiz com Lizzy. Falei do diário roubado, da lista de suspeitos, e contei o motivo pelo qual nós nos unimos para acabar o carro de Richard. Mas todos ficaram sem entender qual era o papel de nessa história. Ele explicou que queria se vingar de Aaron, tanto quanto eu, e que gostou de ser um fora da lei – mesmo que por uma noite –, e depois disso vem me ajudando em tudo. Alguns até perguntaram se éramos namorados, mas negamos. Falamos que éramos muito amigos e só isso. Mas todo mundo acusou o pobre de estar apaixonado por mim. Pelo menos não foi o contrário.
No decorrer daquele dia nós conversamos bastante, ouvimos histórias bem loucas – assim como a minha –, brincamos de stop e até de adoleta. Eu sinceramente ainda não entendi onde aquelas pessoas conseguiram arrumar papel e caneta para brincarmos, mas garanto que não faltou nada pra ninguém. E foi super divertido, arrisco dizer que as pessoas da cadeia são mais legais do que as que estão fora dela.
- Gente! Gente! - Lizzy chamou. - Vamos tirar uma selfie. - ela falou pegando o celular. - Afinal, essa é primeira e a última vez que eu serei presa.
Ela posicionou o celular para a foto.
- Onde você conseguiu esse celular? - eu perguntei.
- Ué. - ela abaixou um pouco o braço. E me encarou. - É o meu celular. O policial não me revistou. - ela deu de ombros e levantou o celular novamente. Eu fiquei ao seu lado direito, ao lado esquerdo, e os outros de qualquer jeito lá atrás. - Ficou ótima. - ela sorriu.

[•••]

- O'Connell, e Elizabeth Hobbs. - ouvimos um policial chamar nossos nomes próximo da grade e o encaramos. - Pagaram a fiança de vocês. - Ele falou já abrindo o portão para sairmos.
- Quem pagou? - perguntou. 
- Eu não sei. - Ele revirou os olhos. - Saiam logo daí antes que eu mude de ideia.
- Adeus, amigos! - eu falei, me despedindo dos meus companheiros de cela. - Vou sentir falta de vocês.
- Vai lá, !
- Tô torcendo pelo seu romance com o dar certo!
- Você vai achar o seu diário, gata!
Esses e outros "incentivos" foram ouvidos. Eu ri, é claro. Saímos de lá em direção aos banheiros para tirarmos aqueles macacões. Pegamos nossos pertences e fomos até a saída pra descobrir quem tinha nos tirado de lá. E sentados nas cadeiras que haviam espalhadas na sala de recepção estavam: , , , , e Shelby (?). E de quebra, o bonitinho Aaron Jones.
- !  - e vieram me abraçar. e foram pra cima de , perguntar como era ficar preso. E os demais foram pra perto de Lizzy, menos Aaron, que continuou sentado.
- Como fizeram para arranjar dinheiro para nos tirar daqui? - Lizzy perguntou, para ninguém em especial.
- Juntamos nossas mesadas. - respondeu. - Não foi tão difícil, já que o policial disse que vocês iriam ficar aqui até o domingo e a fiança era somente 50 dólares de cada.
- Me deve 25 pratas, . - falou.
- E como sabiam que todos nós estávamos presos? - perguntou.
- Vimos a foto que a Lizzy postou no Instagram. - disse.
- Bem, obrigada, e . - eu disse.
- De nada. - elas disseram juntas.
- Até mais, . - disse Lizzy. - Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar. - ela piscou, sorri. - Tchau, . 
- Tchau. - ele respondeu. Lizzy saiu com seus amigos.
- Então, que tal vocês começarem a contar por que foram presos? - sugeriu.
- Então, que tal se vocês pagassem um sorvete pra gente, enquanto contamos tudo? - eu sugeri. E todos, menos , começaram a reclamar.


Capítulo 10



Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford

Eu olhava para lista repetidas vezes, pensando em algo épico para me vingar de Jarod, invadir a casa dele seria bem fácil. Mas acho que vou precisar de ajuda pra me vingar e não vai ser de .
Eu tive uma ideia, mas para funcionar eu precisaria de uma garota que Griffin nunca tivesse sequer encostado na vida. E era muito difícil que existisse uma, ao menos dentro daquela escola.
Quando o sinal tocou, eu fui ao banheiro.
Por favor, meu Senhor Jesus Cristinho, me manda uma luz!
Ouvi um barulho de choro vindo de um dos compartimentos do banheiro. Fui mais pra perto.
- Oi. - eu disse batendo na porta. - Por que você esta chorando?
Não sei o que deu em mim, normalmente eu não estou nem aí pra ninguém.
- Vai embora! - a voz gritou lá de dentro.
- Olha, eu não sei quem você é, mas estou passando por uma fase difícil também. - eu falei. - Minha família me maltrata, eu fui roubada e acho que em breve eu vou pra cadeia de novo. Minha única vontade é sentar e chorar, mas eu não faço isso pra não demonstrar que sou fraca. - eu disse.
Mas eu sou.
Quieta!
- Você não sabe o que está acontecendo comigo. - ela disse. - Não me entende.
- Me conta então, você já sabe o que está acontecendo comigo. - eu falei e ouvi o barulho da porta se abrindo, revelando a pessoa que estava por trás dela. - Carrie?!
Eu me assustei quando a vi.
- É isso que está acontecendo comigo. - ela apontou para si mesma. - Eu sou desse jeito. E todo mundo, inclusive você me chama de "Carrie, a estranha".
- Olha, eu te chamo só de Carrie. - me defendi. Ela fez uma careta. - E qual é o problema com você?
- Você não vê? Eu sou feia e estranha. E tem dois meninos ridículos que vivem tirando sarro de mim e mandando os outros rirem de mim também. - ela bagunçou o cabelo. - Eu sou uma aberração.
- Está falando de Abel e David? - ela concordou. - Eu vou dar um jeito neles em breve. - dei de ombros.
- Igual fez com o garoto que te colocou na cadeia? 
- Ah, cara... Todo mundo já sabe disso? - eu falei lamentando.
- Viu? Até você! - Carrie disse.
- Eu o que? - perguntei sem entender.
- Me chamou de "cara"! - ela disse se olhando no espelho.
- Ah, não, não foi com você. - eu abanei o ar. - Eu falo assim com todo mundo. E, bem, posso te deixar melhor, se quiser. Mas se eu te ajudar, vai ter que me ajudar.
- Me deixar melhor? - ela me olhou fazendo outra careta.
- É... Podemos dar uma repaginada em você, que tal? Eu te levo no shopping. - sugeri.
- E o que você quer em troca? - ela perguntou. 
- Conhece o Jarod Griffin? - perguntei ela me encarou sem entender. 

[•••] 

Mais tarde, , , Carrie e eu fomos para o shopping, no carro dos pais de . Nós fomos até uma loja de roupas e cada uma que quisesse dar opnião sobre o que a garota deveria comprar. No final, ela carregava uma pilha de roupas.
- Deem um jeito nela. - eu empurrei Carrie para cima das vendedoras e elas levaram-na para o provador. Nós ficamos apenas aguardando. Depois de alguns minutos, Carrie voltou vestida com um macacão e um tênis. Lhe dando um ar bem mais leve do que aquele casaco preto e grosso que ela usava.
- E agora? - ela perguntou. 
nos indicou um cabeleireiro que havia próximo dali, arrastamos Carrie até lá. Literalmente, porque ela não queria ir.
Quando ela sentou na cadeira do cabeleireiro, ele fez uma careta.
- Vamos começar tirando essa cor. Deixa você muito mais velha. - ele falou, com voz afeminada.
- Não! Não posso pintar meu cabelo! - ela fez mensão de levantar, mas ele a empurrou para baixo pelos ombros.
- Pode sim! Senta aí! - ele disse. Depois de muito trabalho, tintura, escova, um corte na franja que dava arrepios porque cobria seus olhos e uma maquiagem das boas, ela estava pronta. 
- Ahhhh! - ela gritou feliz olhando para o espelho. - Obrigada. - ela abraçou o cabeleireiro. 
- Aah... Eu só trouxe a beleza pra fora, querida. - o cabeleireiro respondeu, ela sorriu.
- Obrigada a vocês também! - ela olhou para nós três. 
- De nada.
- Disponha. - eu disse. - Bem, sobre o meu plano... 
- Ah, sim! Pode deixar, vou fazer o que você quiser! - ela sorriu e voltou a se olhar no espelho saltitando de alegria. 
Eu sorri maldosa e fiz um toque de mãos com e , que já sabiam de todo o meu plano.

[•••]

No outro dia na escola, Carrie chegou causando. Não tinha uma pessoa sequer que não falasse dela. Inclusive Jarod, que era o alvo principal a ser atingido. A garota mal chegou e ele já deu em cima, o que era maravilhosamente perfeito.
Na última aula eu comecei a passar de sala em sala, dizendo a mesma coisa:
- Professor, com licença. O diretor pediu para avisar que quer conversar com todas as meninas que não são líderes de torcida, depois da aula, no ginásio. Vai ser uma conversa rápida. Cinco minutos no máximo. - e saia de lá. 
No horário da saída, o ginásio estava mais do que lotado, com quase todas as garotas do ensino médio. Eu subi em uma cadeira, chamando atenção delas. 
- Gente, gente. - eu falei. Fazendo elas se calarem e olharem pra mim. - Bem, não é o diretor que quer conversar, sou eu. 
- Por que disse que era ele? - uma garota perguntou. 
- Porque, se eu falasse que era eu, vocês não viriam. - respondi o óbvio. 
- E o que você quer? - outra garota perguntou. 
- Quero saber... Quantas de vocês conhecem Jarod Griffin? - perguntei. Vendo todas levantarem as mãos. - Legal. E quantas de vocês já foram assediadas de alguma forma por ele? - todas levantaram as mãos novamente. - Beleza. Quantas já foram assediadas mais de uma vez? - perguntei vendo a maioria levantar a mão. - E quantas o odeiam? - dessa vez, todo mundo levantou a mão de novo. Eu sorri.
- Onde quer chegar com isso, ? - perguntou atrás da multidão. 
- Bem, como muitas de vocês devem saber, quando eu estava no começo do primeiro ano, Jarod espalhou uma foto dele com uma garota fazendo coisas obscenas com a boca... 
- Quer dizer um boquete? - uma garota se meteu.
- Se você prefere assim... - respondi dando de ombros. - Mas enfim, ele espalhou a foto dizendo que a garota era eu. Mas não era.
- E quem era? - uma garota perguntou. 
- Ah... Eu não sei. - respondi.
- Era eu. - uma garota saiu lá de trás, passando no meio das outras, até chegar na frente.
- Natasha? - eu perguntei baixo. Ela somente concordou. O que eu falei sobre ela ser capacho dos outros? 
- Ele me obrigou, até me deu dinheiro depois, eu nem fiz o serviço todo, foi só pra ele tirar a foto mesmo. Eu não sabia que ele ia fazer isso. Sinto muito. - ela falou olhando para o chão. 
- Ta legal! - eu falei para todas. - A questão é: preparem seus celulares, porque vamos capturá-lo esta noite.

Estávamos na frente da casa de Jarod, eu e mais um bando de meninas. Carrie estava lá dentro, tentando seduzi-lo, para colocarmos nosso plano em prática. Ela tinha que trazê-lo para fora, de alguma forma bem vergonhosa, para tirarmos uma foto bem bacana. Carrie e eu compramos algumas coisas ontem no shopping, que ela podia fazê-lo usar, para ficar ridículo e exposto. Mas antes da foto eu precisava entrar pra procurar o meu diário. Estava esperando uma mensagem dela, avisando que o quarto dele estava vazio, pra eu entrar em ação. 
Até que meu celular vibrou. 

""
"Tudo limpo"
"Seja rápida"


Respondi com um "ok" e com a ajuda de algumas meninas, eu subi até o primeiro andar e entrei no quarto. Procurei em todos os lugares possíveis, até em baixo do tapete, mas como sempre, não estava lá. Merda! 

"Eu falei que você ia me pagar por cada coisa, que me fez, não foi? Espero que goste de provar do seu próprio veneno.
                                 Xx M"

Larguei o meu bilhetinho lá e saí.

"Tudo certo, Carrie" 
"Pode trazê-lo para fora" 


Mandei a mensagem assim que voltei para a rua. Alguns minutos depois, Carrie correu pela porta sem a blusa, rindo, e veio pra perto de mim.
- Caroline! - ouvi a voz a de Jarod. - Não foge de mim, não. - ele passou pela porta com chantilly nas partes baixas e no peito também. Em cada um tinha uma cereja, representando um mamilo. Eu tive que rir. 
Todas as garotas já tinham posicionado o celular, só esperando minhas ordens. 
- O que está acontecendo aqui? - ele perguntou alternando o olhar para todas as câmeras. Tentou voltar pra dentro de casa, mas já havia duas garotas tapando a porta. Ele virou-se de frente novamente. As meninas começaram a fazer um círculo bem grande em volta dele, só para que ele não pudesse correr.
- Acerto de contas. - dei de ombros.
- . - ele disse colocando uma mão tapando as partes baixas e a outra fazia um pedido de "pare", em minha direção. - Não faz isso. Por favor, me perdoa. 
- Tarde demais. - eu falei. - Tirem as fotos. 
Dei a ordem e flashs começaram a rolar. Ele correu para dentro de casa o mais rápido que pôde quase derrubando algumas meninas.
- Você fez um ótimo trabalho. - falei para Carrie, enquanto as meninas comemoravam.
Ela deu de ombros.
- Cá entre nós, foi a coisa mais estranha que eu já fiz. - ela disse eu ri. 

[•••]

No dia seguinte, a foto de Jarod Griffin estava nos trending topics da escola. Ninguém mais falava sobre outra coisa, tinham esquecido de Carrie igualzinho como quando foi a "minha" foto. Estava em alguma aula que eu não sei qual é porque não presto atenção em nada.
Estava olhando a maldita lista. Da qual eu já havia riscado Carrie e Jarod. A próxima era Natasha. Eu tinha certa raiva dela, mas não queria fazer algo tão cruel, tinha um pouco de pena dela também. Olhei para ela que estava sentada um pouco mais na frente. Ela não aparenta estar nem um pouco feliz com rumo que a vida dela tomou.
Queria poder fazê-la perceber que poderia ter sido diferente. 
Será que ela pensou nisso por um segundo sequer?

Na hora da saída eu corria no meio da multidão, não via a hora de chegar em casa, mas alguém teve que esbarrar em mim e atrasar minha vida. 
- Olha por onde anda, vaca. - a garota que esbarrou em mim falou. 
- Ela não enxerga bem, Ashley. - disse o garoto que estava com ela. - Os olhos dela estão sempre sujos.
Ele deu uma risadinha escrota.
- Ah, Gary. Cresça. - eu falei revirando os olhos. 

Gary Adams - Um saco de lixo #1
                        *17 anos              
                                                    *2° ano do ensino médio    
                                  *Popular porque namora uma cheerleader       
*Mal sabe ele que a namorada o trai        
          *Adora tirar sarro das pessoas    
                        *É muito infantil              
                                        *Se acha o gostoso. Mas não é      
                    
- O que posso fazer, se você não mudou nada? - ele perguntou, provocativo.
- E você, Ashley, sempre na cola desse tapado. Não me admira você ter repetido de ano. - comentei. 
- Nada disso teria acontecido, se não fosse por sua causa. - ela respondeu. 

Ashley Wright - a ex amiga falsiane #2
              *18 anos                                
                                  *2° ano do ensino médio    
                                  *Popular / Cheerleader      
                                   *Trai o namorado      
                                            *Adora ser o centro das atenções  
                    *Muito fácil                    
                                         *Tem o maior cabelão  
                                       
- Eu não tenho nada a ver com o que aconteceu com vocês. Aliás, por que estamos tendo essa conversa mesmo? Vocês são um saco. - revirei meus olhos e saí de lá. 

Quando eu cheguei em casa, planejei tudo nos trinques para a minha vingança de leve hoje. Coloquei meu celular para despertar fui fazer várias coisas importantes. Vulgo, dormir.

Capítulo 11

00:01, casa do

- ! - eu chamei batendo na janelinha. 
- Já vou. - ele disse desligando a televisão. - Pra onde vamos? - ele perguntou saindo pela janela.
- Para a casa de Natasha. - respondi, ajudando-o a levantar. 
- Natasha... - ele parecia tentar se lembrar quem era.
- A faz tudo da turma popular. - eu relembrei. 
- Ah. - ele balançou a cabeça concordando. 
Pegamos o carro e fomos até a casa dela que parecia ser em outra cidade de tão longe.
- É aqui. - falei. Ele estacionou um pouco mais na frente. Descemos e antes que eu pensasse em um jeito de subir, vi por uma das janelas de baixo que Natasha dormia sentada no sofá, com a TV ligada e todas as luzes apagadas. - Vamos entrar por aqui. 
Eu sussurrei e fiz força para abrir a janela, mas não consegui.
- Deve estar trancada. - falei. 
- Com licença. - disse se aproximando da janela e puxando-a para cima, abrindo-a facilmente. 
- Ah... - eu falei querendo rir da minha falta de força. 
- O que seria de você sem mim? - ele perguntou e eu lhe dei língua. Entramos com facilidade, apenas colocando uma perna para dentro, depois a outra. Porém com muita cautela.
Passamos direto por Natasha, subindo as escadas e indo para o quarto dela procurar o meu diário. Passamos em frente a algumas portas. Em uma delas deu pra ouvir alguém roncando, então já mantemos distância. Em outra, nós entramos e era o banheiro. Até que finalmente chegamos ao quarto de princesa dela. Cômoda, gaveta, guarda-roupa, em baixo da cama, em baixo do colchão, em baixo do tapete, sapateira, estante de livros, mochila da escola, em baixo do travesseiro, criado-mudo... E nada. Ao final da procura o local foi de quarto de princesa para quarto da . Mas ela acostuma. 
- Vem, vamos voltar. - eu sussurrei. Voltamos para sala e Natasha estava na mesma posição de antes. Eu coloquei minha mochila no sofá com cuidado e tirei um tubo de cola instantânea de dentro dela. 
- Estou com muito medo de perguntar o que você vai fazer. - sussurrou. 
- Veja e aprenda. - falei no mesmo tom. Eu peguei uma das mãos de Natasha que estava sobre suas pernas e joguei cola na palma. Logo devolvendo o tubo para a minha mochila. Devagar eu projetei sua cabeça pra frente, - já que ela estava apoiada no encosto do sofá - e colei a mão dela no rosto, de forma que pegasse uma parte no maxilar, como se fosse para apoiar a cabeça. 
Natasha se mexeu e fez um barulho com a boca, quase abrindo os olhos.
- Ela vai acordar. - sussurrou desesperado.
- Sshhiii. - eu disse e comecei a cantar baixinho. - Hurry christmas, hurry fast... - até que ela se acalmou e voltou a relaxar os olhos. - Want a plane that loops the loops... - eu continuei cantando enquanto arrumava os dedos dela que tinham ficado dobrados. Porque se secassem assim, iam doer bastante depois. Viu como me preocupo? - Me, I want a hula hoop... Me dá alguma coisa pra apoiar o cotovelo dela. - eu pedi a , ainda segurando o pulso de Natasha, e consequentemente também segurando o peso de sua cabeça. me entregou um livro. Eu o peguei com a mão livre. - We can hardly stand the wait...  - voltei a cantar colocando o livro sobre a perna dela e o cotovelo em cima do livro. - Place Christmas, don't... -  soltei o seu pulso. E graças a Deus ela se equilibrou. Peguei o bilhetinho dentro da bolsa e calmamente me aproximei da mão dela pra colar. - Be late... - cantei enquanto colava. Me afastei com um passo para trás. - Dont... - mas um passo e peguei minha mochila. - Be... - mas um passo. - Late... - depois disso eu corri até a janela, onde me esperava.


"Agora pensa no que sua vida se tornou depois que se afastou de mim.
   

         Já te deixei na posição correta.

     



   Xx M"




- Você é muito doida! -   falou enquanto caminhávamos até o carro. 
- Por que? Só porque colei ela? Aquilo sai...
- Não! - ele me interrompeu. - Você ficou cantando! Não sabe que é com barulho que as pessoas acordam?
Eu ri. 
- Foi uma música de ninar... - eu disse entrando no carro.
- Não foi música de ninar, foi uma música de natal. Que inclusive é um rock. E você fez um show e tanto criando sua própria versão. - ele disse dando partida. Eu ri, estava na cara o quão nervoso ele tinha ficado.
- Relaxa. - eu passei a mão no ombro dele. - Já passou.
Ele me olhou com raiva. Eu ri novamente. 
Place Christmas, don't be late ♩♪♬

[•••]

Na manhã seguinte, Natasha não apareceu na escola – pobre coitadinha. Eu queria ir até a casa de Ashley, mas não conseguia pensar em alguma vingança para ela. Tudo que eu pensava era maldoso demais.
Então decidi pular para o próximo da lista: Dana Stehling. 
Eu passava meus olhos repetidas vezes pelo nome dela, enquanto pensava no que faria para me infiltrar na vida dessa garota. Eu não sabia nada sobre ela, só sabia que ela era amiga do idiota Richard, e também era o porta-voz dele, pois foi ela que me comunicou que Richard e Lizzy haviam voltado – no primeiro ano –, já que ele foi tão covarde a ponto de não ter a coragem de me dizer isso.
  Cheguei até a pedir ajuda das minhas amigas, para no caso de ouvirem algo suspeito sobre mim, dentro ou fora da escola, tomassem nota, e não deixassem de me falar.
Eu estava no corredor da escola, esperando que um milagre caísse do céu, porque eu realmente não sabia o que fazer. Vi Dana passando na minha frente, indo em direção ao banheiro e a segui. Ela estava de frente para o espelho passando lápis no olho, eu fiquei olhando-a, sem saber como deveria agir. Eu não era amiga dela, e nem inimiga, por tanto eu não sabia onde ela morava, não podia sair procurando meu diário como fiz com os outros. Ela me encarou através do espelho.
- Perdeu alguma coisa aqui? - ela perguntou enquanto mexia nos peitos. O visual dela me dava arrepios, os cabelos eram pretos, com mexas azuis bem escuras e vibrantes, estavam presos em duas Maria Chiquinhas, aqueles penteados que as meninas fazem quando pequenas. Ela vivia pintando o cabelo, de uma cor diferente a cada semana.
- Ah... Ah... - o que eu faço? O que eu faço? - Por um acaso foi você que pegou o meu diário? 
Parabéns, !
Bonequinha infeliz.
- O quê? - ela falou como quem estava indignada. - Do que está falando? 
- Nada. Deixa pra lá. - eu falei já me virando para ir embora.
- Roubaram seu diário? - ela perguntou. Eu me virei novamente para encará-la. 
- Sim... - eu disse. 
- E por que acha que fui eu?
- Para saber se eu ainda sou interessada no Richard... Já que gosta dele. - eu joguei.
- O que? - ela riu. - Eu gosto de mulher.
Então estava certo.
- Eu até poderia ter roubado, pra saber se você é do mesmo time que eu, mas sei que gosta do . - ela deu de ombros.
- Como sabe? - perguntei sentindo a vergonha e nervosismo me consumirem. Por que o coração vacila tanto quando alguém fala uma verdade na sua cara?
- Todo mundo sabe, Maíla.
- É . - eu corrigi.
- Tanto faz! - ela falou mais alto dessa vez, fazendo com que eu me assustasse e desse um passo para trás. - O único que não percebe é o próprio , ele ta ocupado demais com tantas outras garotas dando em cima dele. 
Eu suspirei olhando para baixo.
- Ah, não... Eu não quis dizer.... - ela começou.
- Não, você tem razão. - eu afirmei. - Será que podia... 
- Não falar pra ninguém? - ela perguntou. 
- É. - concordei. 
- Só se tirar o meu nome da lista. - ela deu de ombros voltando a olhar para o espelho.
- Como sabe da lista? 
- Eu sei de tudo. - Ela disse enquanto passava batom. - Mesmo que eu te odiasse, não fazia sentido roubar seu diário. Pra fazer mal a você eu posso muito bem te jogar uma macumba.  - ela disse tranquila.
- Por um acaso já fez isso pra mim alguma vez? - perguntei assustada.
- Muitas vezes.
- Ow. - reclamei. 
- Fiz macumba pra que o seu cabelo caísse, pra que nascesse barba em você e pra que um peito fosse maior do que o outro. - ela sorriu diabólica.
- Olha, eu acho que essa última funcionou. - eu falei tranquilamente, mas estava com medo dessa demônia. - E ainda diz que não me odeia? 
- Não odeio. Me pagaram. - ela explicou. 
- O que? Quem pagou? - perguntou com a voz um pouco mais aguda.
Dana olhou para os lados, como se estivesse procurando alguém e se aproximou mais de mim.
- Ashley Wright. - ela falou mais baixo. 
- O que? Por quê? - eu perguntei incrédula. 
- Bem, ela disse algo sobre antes você ser ridícula, e andava perto de você para as pessoas prestarem atenção nela. Mas agora ninguém mais liga pra ela e ela acha que é culpa sua, ou sei lá o que. - ela deu de ombros voltando para o espelho.
Então... Ashley quer atenção...
- Escuta, Dana, muito obrigada. Você foi muito gentil. - falei andando de costas em direção a porta. - Se puder, desfaz a macumba do peito maior que o outro, sério. 
Eu pedi e saí de lá enquanto ela ria.
Eu saí andando pelo corredor passando perto de algumas pessoas até que alguém me puxou pelo braço. 
- ! - ouvi uma voz masculina. Era Archie e sua amiga inseparável (pela qual ele provavelmente era apaixonado), Latesha.
- Quê? - respondi fria.
- Eu e Latesha só queriamos saber... - ele começou. - É verdade que você foi presa?


Archie Cooper - O ex amigo fasiano #3    
          *18 anos        
                                                          *3° ano do ensino médio  
                                    *Popularzinho
                                                         *Há alguns anos ele vivia dizendo que era bv  
  *Adora dar uma de engraçadinho
                       *Tem mau hálito (entrego mesmo!)      
             *É amigo de quase todo mundo. Quase.  
        

Rolei os olhos.

- Sim, é verdade. - respondi.
- Você não tem raiva da gente, tem? - perguntou Latesha.


Latesha Sanders  - A ex amiga falsiane #4
      *18 anos                
                                                 *3° ano do ensino médio          
                            *Popular            
                                                      *Ela diz que tem um namorado  
                         *Adora falar dos outros pelas costas        
        *Se acha a garota mais desejada do planeta  
  *Quase todo mundo gosta dela. Quase  
          - O que? - eu fingi surpresa. - Eu? Sentir raiva de vocês? Depois de vocês terem dito que eu tenho cabelo de palha de aço, diversas vezes ficarem de segredinhos com a ridícula da Natasha falando mal de mim, e terem gritado na sala de aula que eu era apaixonada pelo Jacob, para todo mundo ouvir e ter mais um motivo para zombarem de mim?
- Quando eu disse isso, eu te ajudei, sua ingrata. - disse Archie.
- É. E ele se aproximou de mim só para me comer. Que puta ajuda. - eu falei e virando para ir embora, mas ainda consegui ouvir ele falar.
- Mas vocês ainda viveram um lindo romance de um ano!
Puff, lindo romance. Não graças ao Jacob.

Eu caminhei até o pátio da escola, quando cheguei me deparei com brigando com Aaron (?). e estavam segurando , e outros dois garotos seguravam Jones. Havia sangue no rosto dos dois. Tinha vários babacas olhando a briga, sem fazer nada.
- Ei, o que houve aqui? - perguntei a um grupo de nerds.
- Não sei ao certo, eles começaram a se provocar, um falou da mãe do outro, não sei, daí eles começaram a se bater. - um deles disse. Mas especificamente o meu admirador não secreto. Sheldonhunter Collins.  
Sheldonhunter Collins - O nerd que um dia a amou    
                                                                 *18 anos        
                                                       *3° ano do ensino médio  
                                 *Nerd              
                                                       *Boatos de que ele já pegou a Elga    
             *Adora passar na cara dos outros sua inteligencia  
                                                      *Chaaaaatoooo  
                                                 *Ele é mesmo muito inteligente  
                      

- Ei! - eu gritei, passando pelas pessoas e indo pra perto de . - Por que fez isso com ele?! - olhei para Aaron que já havia se libertado dos braços que o imobilizavam.
- Porque ele merecia uma surra faz muito tempo, e você também, sua piranha. - Aaron disse, e um enorme coro de "uuuhh" foi-se ouvido.
- Do que você me chamou, seu vagabundo? - eu falei partindo pra cima dele e jogando minha bolsa na direção do seu rosto. Ele caiu no chão na mesma hora, bem próximo aos pés do diretor (?).
- Quando acabarem, quero os três na minha sala. - ele disse nos olhando de braços cruzados. Deu as costas e saiu.
Boooossstaaa!

[•••]

, Aaron e eu estávamos sentados nas cadeiras da sala do diretor. Eu no meio dos dois. Os garotos já tinham ido pra enfermaria. O diretor nos encarava do outro lado da mesa. Eu sei que deveria sentir medo dele ou pelo menos respeito. Mas ele era muito engraçado. Ele era baixinho, gordinho, não tinha cabelo, mas tinha muita barba, e ele usava aparelho ortodôntico, o que o fazia ficar com cara de criança.
- Então, quem quer começar a falar? - ele alternou o olhar entre nós três. Permanecemos calados. - Senhor ? Por que bateu no Aaron? Disseram-me que você o agrediu primeiro.
- Sim, é verdade. - começou. - Ele disse coisas desagradáveis pra mim. E algumas delas, envolviam a minha mãe.
- Que tipo de "coisas desagradáveis"? - o diretor fez aspas com os dedos.
- Não quero falar. - relaxou-se na cadeira.
- O que disse pra ele? - diretor perguntou para Aaron.
- Se ele não quis falar, por que acha que eu falaria? - Aaron respondeu, dando de ombros.
- E você, menina? - o diretor olhou para mim. - O que estava fazendo ali no meio?
- Quando eu vi a briga, me aproximei deles e perguntei porque aquilo estava acontecendo, Aaron me chamou de piranha e eu bati nele. - dei de ombros. O diretor colocou as mãos no rosto.
- Em tantos anos como diretor, eu nunca vi uma escola que causa tanto problema como essa. Sorte que esse é o meu último ano aqui. - ele falou levantando-se da cadeira. - Eu deveria expulsar vocês.
- Qual é, Tedd, não faz isso não. - eu abanei o ar.
- Como sabe o meu primeiro nome? - ele perguntou.
- Vi no Facebook. - dei de ombros.
- Certo, vão pra classe, mas tarde eu decido qual vai ser a punição de vocês. - ele falou isso e nos indicou a porta. Nos levantamos e saímos. Eu não segui em direção as salas. Eu fui pra saída da escola.
- Ei, ! - chamou . - As salas são pra lá. - ele apontou, se aproximando de mim.
- Eu sei, bobão. - eu ri. - Vou fugir. Me acompanha?
- Vai fugir? E pra onde? - ele falou já me seguindo em direção ao muro da escola. - Só vai saber se vier comigo. - eu sorri jogando minha mochila para o outro lado do muro, subindo nele em seguida. Não era tão alto. O diretor daqui confia demais nos alunos. - Você vem? - perguntei olhando-o lá de cima, e depois escorreguei para o outro lado. Logo vi a mochila dele cair próximo a minha. E depois ele.
De cara.
No chão.
Eu ri.
- É, acho que nem sempre os gatos caem de pé. - Falei arrumando a mochila nos ombros. - Você tá legal?
- Estou. - Ele disse se levantando e pegando a mochila no chão. - Me chamou de gato?
- Eu não. - falei e saí na frente. - O que aconteceu? Sabe, pra você e Aaron brigarem.
- Ah, eu sei lá. Tem coisas sobre nós você não sabe, ninguém sabe, na realidade. E eu bem, ah... Acho que preciso de um lugar para espairecer. - ele suspirou.
- Conheço o lugar perfeito. - eu sorri.


Capítulo 12

- É aqui. - eu falei. Estávamos em uma floresta(?), não sei explicar. Tem um parquinho perto da escola, ele é cheio de árvores e nós caminhamos durante alguns minutos até nos perder por entre elas.
- Uma floresta sinistra no meio do nada. - analisou. - É aqui que você vai me matar, ?
- Haha. Engraçadinho. - ele riu. Eu me sentei em uma pedra relativamente alta que havia por ali. Ele fez o mesmo, sentando-se ao meu lado. - E então? O que ia falar? Sobre Aaron e tudo mais.
- Huuum, não sei se devo contar. - ele encarava o nada.
- . - eu reclamei.
- Me fala você, sobre a sua lista. - ele pediu. - Não terminou de me contar tudo.
- Se eu contar, você conta?
- Fechado.
- Ok... - falei abrindo a minha mochila e pegando a lista lá de dentro
.


Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford

Jacob Adler era o próximo que faltava contar.
- Bem, o próximo é o Jacob. - falei pegando uma caneta da bolsa e riscando o nome de Dana.
- O que aconteceu com Dana? Por que a riscou?
- Falei com ela hoje, ela me disse que gosta de mulheres e não roubou meu diário. Disse que fez macumba pra mim a pedido de Ashley e isso me deu uma ideia pra vingança contra ela. - resumi pra ele, que ficou com uma cara de interrogação. Claro que eu cortei a parte de ela saber que eu gosto dele.
Eu ri.
- Tá... Jacob então. - ele falou me incentivando a prosseguir.
- Jacob, bem... Ele foi o meu primeiro namorado e o único também. Perdi meu bv com ele. E a virgindade também. Começamos a namorar quando eu tinha 14 anos. Ele sempre foi popular e bonitão desde aquela época. E aí um certo dia eu fui pra casa dele e nós transamos. E no dia seguinte, a escola inteira sabia o que havia acontecido. Jacob espalhou pra todos que havia "me comido" - fiz aspas com os dedos - então terminamos.
- E aí você disse que iria se vingar dele. - concluiu.
- Exato.
- E quantos anos você tinha quando isso aconteceu? Sabe, quando perdeu a virgindade.
- 15. - respondi.
- Que tarada. - ele colocou a mão na frente da boca pra rir.
- ! - eu dei um tapa no seu ombro e ele explodiu em risadas. Eu tive que o acompanhar. - Eu estava apaixonada, tá legal?
- Desculpa. - ele se recompôs. - Eu tinha 14, quando perdi a minha.
- Sério? - ele assentiu. - E agora quem é o tarado?
Ele riu.
- Próximo da lista. - ele tratou de mudar de assunto.
- James Harden. Apesar dos sobrenomes diferentes ele é irmão de Shelby, por parte de pai. Quando Shelby descobriu o lance com o Aaron, pediu ajuda ao irmão para se vingar e fez James fingir que estava apaixonado por mim. O plano era fazer eu me apaixonar, fazer o que quisesse comigo, depois me largar e me deixar sofrendo. E quase teve sucesso, mas eu descobri tudo antes me deixar levar. - eu suspirei.
- Quem te contou a verdade?
- O Jacob. - ele ficou boquiaberto.
- O que? Mas por quê? Pensei que ele não gostasse de você.
- Eu também, mas quando ele soube disso, me contou e veio com papo todo arrependido pro meu lado. Eu agradeci por ter me contado, mas deixei bem claro que não ia mais existir nada entre nós.
- E quando foi isso?
- Ano passado. - respondi.
- E por que James roubaria seu diário?
- Novamente, não estou querendo me gabar, mas acho que ele se interessou de verdade. Talvez tenha roubado pelo mesmo motivo do Richard: descobrir se eu ainda gosto dele.
- E pra ele vai ter alguma vingança?
- De forma alguma, ele não chegou a fazer nada comigo, então está perdoado. - respondi dando de ombros.
- Às vezes eu tenho um pouco de medo de vacilar com você. - comentou me fazendo rir. - E o pior é que nem tem mais um diário pra eu roubar e descobrir o que você pretende fazer comigo.
Eu ri mais.
- Eu queria tanto encontrar o meu diário. - falei me entristecendo. - Minha vida tem se tornado bem mais complicada sem ele. - suspirei. - Bem, vamos ao próximo...
- Não, espera. - ele me interrompeu. - Eu quero fazer uma pergunta.
- Vá em frente.
- Por que você é desse jeito? Assim, tão... Desprendida.
- Quê? - eu ri.
- Sabe, quando eu te conheci você já era assim revoltada, má e louca. Sem ofensa. Mas quando nos tornamos mais próximos eu percebi que você não é assim com todo mundo. Tem pessoas específicas. Quero dizer... Você é tão legal e tem tanta gente que trata mal. Foi por causa dessas pessoas que você se tornou assim?
Meu coração acelerou. Minha bonequinha pulou de felicidade. Nunca na minha vida ninguém disse que eu era legal. Ninguém.
- Eu... Acho que sim. Me tornei desse jeito quando tinha 13 anos. e eu dormíamos no mesmo quarto e eu não suportava mais ela. Ela não sabia respeitar o meu espaço, ligava uma música enquanto estava assistindo TV, bagunçava o que eu tinha arrumado e conversava com os namorados durante a madrugada e não me deixava dormir, daí eu juntei minhas tralhas e fui "morar" - fiz aspas com os dedos novamente - no sótão. Esse foi o meu primeiro ato de rebeldia.
- Olha, desculpa perguntar mas... Os seus pais te tratam mal? - ele falou receoso.
- Como sabe disso? - falei com a voz chorosa.
- Eu escuto eles gritarem, de lá da minha casa. Consigo ouvir tudo. Eles brigam constantemente um com o outro. Mas mais constantemente ainda com você. E sabe o que eu acho estranho nisso tudo? Eu não escuto sua voz, você sempre fica em silêncio. Por quê?
Eu suspirei.
Não posso chorar.
Não posso chorar.
Não posso chorar!
- Bom, meus pais sempre queriam me comparar a , dizendo que ela era melhor nisso ou melhor naquilo e eu me isolei cada vez mais. Com 14 anos fugi de casa pela primeira vez, passei dois dias fora. - sorri ao me lembrar. - E sabe pra onde eu fui?
Ele balançou a cabeça em discordância.
- Praticar snowboard no Monte Rainier.
- Sua louca. - ele falou maravilhado. Eu ri.
- A minha mãe quase me matou quando eu voltei. Mas eu percebi que só assim eles me dariam a atenção que eu merecia. Daí comecei a me tornar quem eu sou hoje. Mas depois de um tempo eles pararam de se importar – dei de ombros –, e eu comecei a agir com indiferença pra tudo e com todo mundo. Até hoje eu sou assim. Por isso deixo eles falarem o quanto quiserem e fico calada. Se eu me sinto mal, fico calada. Se me sinto bem, fico calada. Se eu estiver prestes a morrer, morro calada. A única coisa que me ouvia era meu diário, e agora até ele sumiu da minha vida. - uma lágrima escorreu do canto do meu olho e enxugou-a. Eu segurei sua mão contra o meu rosto e sorri.
- Desculpa ter te feito falar sobre isso. - ele sorriu reconfortante.
- Não, tudo bem. É bom desabafar as vezes. - suspirei profundamente contendo mais lágrimas.
- Quero que saiba que se você se sentir triste ou sentir alguma dor, ou até se estiver prestes a morrer, me avisa, tá bom? Me manda uma mensagem no thatgabble - ele balançou o celular com a mão que não tocava meu rosto - que eu vou te ajudar, não quero que você morra, ok?
- Tá. - eu sorri mais ainda. Ele aproximou seu rosto do meu.

PUTZ! VAI ACONTECER DE NOVO! 

- Isso aqui é uma tatuagem?! - ele afastou o cabelo do meu pescoço quase subindo em cima de mim pra ver.
Aaaah! Que bosta!
- Não! - me afastei dele rapidamente e cobri a tatuagem. Nunca jamais ninguém tinha visto aquilo. Minha mãe cortaria meu pescoço fora se soubesse. E como as notícias se espalham rápido hoje em dia, eu decidi não mostrar a ninguém.
- Me deixa ver! - ele se aproximou de novo.
- Não! - me afastei mais com a mão ainda na nuca.
- Por favor! - ele tentava puxar minha mão dali a força e eu fazia força contrária. Ele me empurrou pelo ombro e segurou o meu braço que cobria a tatuagem, eu me desequilibrei e caí da pedra, levando junto. Ele caiu por cima de mim, nos deixando em uma situação embaraçosa pela segunda vez em cinco minutos.
Beija ele, porra!
Cala a boca, sua fdp. Você só me deixa nervosa.
e eu nos encaramos por dois segundos, talvez três, mas pareceram horas.
Beija ele, porra! 
Uma música começou a soar ao fundo. Me era familiar. Uma banda que eu gostava talvez. Meu celular começou a tocar.
- Não vai atender? - perguntou. Voltei a realidade. Ele saiu de cima de mim. Eu fiquei de joelhos e peguei o celular dentro da minha bolsa que ficou em cima da pedra.
- Alô? - falei com raiva.
Me lembre de deixar essa merda no silencioso daqui pra frente, bonequinha. Senti mexendo no meu pescoço e dei um tapa na mão dele.
- ! - era . - O diretor está louco procurando vocês dois!
Sei que é importante, mas não poderia ter ligado cinco minutos mais tarde?
Falei pra beijar ele!
Trouxa! 
- Dois? Que dois? - perguntei fingindo desentendimento. 
- Engraçadinha. - falou. - Sei que ele está com você.
  - Ele quem? - falei para irritá-la.
- Arrg! ! Você sabe que é ele.
- Certo, eu vou voltar pra escola.
- Falar nisso, onde você está? 
- Por aí. - respondi.
- Odeio quando faz isso. - ela disse.
- Até mais. - eu ri.
- Até. - desliguei.
- É uma bela borboleta. - comentou.
- ! - Arrg! Ele viu minha tatuagem. - Não conte isso pra ninguém! - falei me levantando.
- Mas... - ele começou.
- Pra ninguém, ouviu? - coloquei meu celular dentro da bolsa novamente.
- Qual é a graça de ter uma tatuagem e não mostrar a ninguém? - ele perguntou.
- Eu vou mostrar as pessoas. Juntamente com o meu dedo do meio. Assim que esse ano acabar e eu me mandar daqui.
- Pra onde você vai? - ele perguntou.
- Eu não sei, mas te mando um cartão postal quando chegar lá. - ele riu.
- E por que tatuou uma borboleta?
- Porque é um animal bonito e, sabe, elas vivem tão pouco, uma semana no máximo, mas no pouco tempo de vida que tem, elas são livres. Livres pra fazer o que quiserem. E eu também quero ser assim.
- Quer viver pouco tempo?
- Quero ser livre, seu bobão! - eu lhe dei um empurrão de leve. Ele riu novamente. - Vem, vamos voltar pra escola. - Eu o segurei pelo braço. Ele pegou a mochila em cima da pedra e eu a lista que caiu no chão.
- Quem era no telefone? - ele falou quando começamos a caminhar. - Se me permite perguntar.
- . Falou que o diretor estava procurando por nós. - eu disse.
- Ah meu Deus! Nós estamos ferrados. - ele disse. 
- Relaxa. - eu disse.
- Aí, é... - ele começou a falar, eu o encarei. - Por acaso se um dia eu não estiver bem, será que posso usar a sua pedra pra relaxar? 
- Ah, claro... - concordei. - Ei, falar nisso, você não me contou o que tinha pra me contar sobre o Aaron. -  lembrei.
- Érrr... - coçou a nuca, tocou meus ombros com as duas mãos e me empurrou contra uma parede. - Aaronémeuprimo. - ele falou rápido, e não entendi nada.
- Quê? - cheguei mais perto pra ouvir.
- Aaronémeuprimo.
- O quê?! - eu ainda não havia entendido.
- Aaron é meu primo. - ele disse mais devagar dessa vez.
Espera, o quê?
- O QUÊ?! - perguntei abismada.
- Eu disse que o...
- Não, eu entendi, esse último "o que" foi de total surpresa. - eu expliquei. Saí de perto da parede e voltamos a andar. - Quantas pessoas que não são da sua família sabem disso?
- Contando com você... - ele pareceu pensar - Uma.
- ! - eu ri. - Por que ninguém sabe?
- Porque eu não gosto dele, . Aaron na minha vida é a na sua.
- E por que vocês estavam brigando?
- Porque, como em um dia comum e qualquer, ele veio me provocar e chamou a minha mãezinha, que é tia dele, de puta e vagabunda. Tive que bater nele.
- Ah... Eu... Eu.. Meu Deus! Vocês são primos! Ainda tô passada com essa história. - falei, ele riu.
- Também fiquei assim quando me disseram que você é irmã da . Vocês são tão diferentes.
- Pois é... - ela é mais bonita, mais legal, mais popular e mais amada pelos meus pais.
Que merda de vida.

[•••]

Chegamos na escola, na hora do intervalo. Uma hora perfeita para não chamar atenção. Foi um pouco difícil de entramos na escola novamente, já que tínhamos que pular o muro de novo e ele parecia ser mais alto do lado de fora. Mas nós conseguimos. Fomos até mesa onde , , e estavam.
- Olá. - eu cumprimentei me sentando ao lado de e .
- ! Onde vocês se meteram? - perguntou. se sentou ao lado de e .
- O diretor tá louco atrás de vocês. - falou. 
- Nós sabemos. - respondi.
- E o que ele quer? - perguntou.
- Deve querer dizer que vocês vão ficar na detenção hoje. - falou. - Mas como ele não achou vocês, deve ter deduzido que fugiram, então esperem por uma detenção dupla ou tripla e talvez uma conversa com os pais. - disse , o metido a saber de tudo.
- Nossa, você me colocou pra cima agora. - falou decepcionado.
- É, te deixei excitado foi? - fez cara de safado. Todos nós rimos.
- Que nojo! - empurrou de leve.
- Relaxa, , a detenção é tranquila. - eu disse. - Quem olha a nossa turma é o senhor Haword, mas ele sempre fica na sala dos professores assistindo o canal da ciência. Ou também tem o boato de que ele fica na sala dos professores se pegando com a senhora Briggs.
- Ew. - falou. - Será que isso é verdade?
Dei de ombros.
- Vai saber. Mas podemos descobrir mais tarde. - eu disse.
- Por favor, mandem uma foto pra mim. - pediu.
- Pode deixar. - eu ri. 

[•••]

4:30 PM, Colégio Seattle Edgar Allan Poe, Detenção, Sala 08, Prédio 2.

e eu tínhamos acabado de entrar na sala 08, a sala do professor de química, senhor Haword. Nos sentamos nas últimas cadeiras, já que haviam no máximo 15 pessoas ali, contando conosco, então tinham vários lugares sobrando. Avistei Lizzy do outro lado da sala, ela nos cumprimentou com um aceno e nós fizemos o mesmo. O que será que ela aprontou pra estar aqui? No máximo devia estar se pegando com algum garoto no banheiro. Mais lá na frente estava Aaron, conversando com o babaca do Jacob. E as outras pessoas, não eram importantes. 
Tirando a que acabou de sentar do meu lado, James Harden.
- E aí? - ele disse para mim. - , como sempre, aprontando.

James Harden - O falso apaixonado    
              *19 anos
                                                                 *3° ano do ensino médio
                                     *Popular/Atleta      
                                              *Pega geral  
                                                          *Adora fingir ser o que não é  
                            *É vaidoso até demais    
                                     *Ele é muito bonito    
                                          
O professor entrou na sala logo após minhas análises e falou o mesmo discurso de sempre.
- Ah.. Jovens adolescentes...  - vai começar. - Sabe por que estão aqui? Porque são delinquentes. Ou porque não conseguem segurar seus hormônios e acabam transando nos banheiros imundos dessa escola.
Tá, ele estava certo sobre tudo, principalmente sobre os banheiros imundos.
- Agora, se me dão licença, eu vou até a sala dos professores...
- Se pegar com a senhorita Briggs. - eu sussurrei, no ouvido de , que riu.
- assistir o canal da ciência...
- Papo furado. - sussurrei novamente.
- Vocês estão proibidos de sair da sala, seja para ir ao banheiro ou beber água enquanto eu estiver fora, ok?
Eu levantei a mão para fazer uma pergunta.
- E se eu estiver com diarreia? - perguntei e todos riram.
- Aí você me mostra um documento escrito que prove que está mesmo com diarreia e pode usar o banheiro a vontade.
Ele começou a falar mais coisas, enquanto isso eu peguei uma folha do meu caderno e escrevi em letras bem grandes a frase "Eu estou com diarreia". Me levantei e entreguei o papel a ele.
- Eu estou com diarreia. - ele leu em voz alta.
- Achei que quem estava era a . - Jacob disse e todos riram de novo.
- Cale a boca, seu arruaceiro. - O senhor Haword amassou a folha e jogou na cabeça de Jacob, provocando mais risos. - Muito engraçado, senhorita O'connell. Vá se sentar!
Ele ordenou e saiu da sala logo depois. Voltei pra minha cadeira.
- Em dez minutos vamos atrás dele pra pôr um fim no boato de uma vez por todas. - falei pra .
- Beleza.

Passados dez minutos nós fomos até o andar de baixo para a sala dos professores, havia uma mínima janelinha na porta, assim como todas as salas. e eu olhamos por ela e não deu outra. Lá estava o senhor Haword quase engolindo a senhora Briggs. Nos olhamos espantados e pegamos nossos celulares para tirarmos fotos e mais fotos. Quando já tínhamos um book deles, eu tive uma ideia.
- Tenho um plano pra gente dar o fora daqui. - segurei na maçaneta. - Fica aqui fora e não deixa ninguém te ver.
- O que vai fazer? - ele sussurrou.
- Relaxa. - eu disse e girei a maçaneta entrando na sala. - Wow!
Gritei fingindo surpresa. Eles se separaram na mesma hora.
- Claire O'Cconnell! - o senhor Howard gritou.
- Oh! Decorou direitinho. Então, galera, é o seguinte... - peguei meu celular pondo em uma das fotos que eu havia tirado. - A menos que queiram isso rondando toda a escola amanhã, me liberem das detenções pra sempre. - mostrei a foto pra eles.
- Você não teria coragem. - senhora Briggs falou.
- Não teria? Só um toque e se espalha pra escola inteira. - eu avisei. Eles se entreolharam e concordaram.
- Tudo bem, quando ficar em detenção eu vou te liberar, agora apague a foto. - senhor Halword disse.
Eu comecei a apagar as fotos que eu havia tirado, deixando ele ver.
- Quantas fotos você tirou, garota? - senhora Briggs perguntou.
- Só 26. - cheguei na última e guardei meu celular. - Até mais. - eu sorri. - O segredinho sujo de vocês está seguro comigo.

Saí da sala. Puxei pelo braço, voltamos pra sala, pegamos nossas coisas e saímos da escola. Antes de chegar em casa eu passei em uma farmácia e comprei pó descolorante rosa. E fui em uma loja e comprei uma cobra falsa muito realista.
Entrei em casa e logo notei que estava sozinha, como sempre. Meus pais trabalham o dia todo e Chloe, humpf, vai saber. Não que ela fizesse falta. Subi dois lances de escada para chegar até o meu quarto que parecia ser o céu de tão longe que era. E, realmente era o meu céu, só lá que eu tinha paz. Bem, quase sempre. Me sentei na cama e comecei assistir alguns tutoriais de como usar aquele descolorante. Depois de inúmeros vídeos, eu estava pronta para a minha vingança contra Ashley.

Capítulo 13

- ! - eu chamei pela janela. 
- Para a casa de quem hoje? - ele se aproximou da janela. 
- Ashley. - joguei uma nota para ele pela janela, para colocar gasolina. - Vem. - o ajudei a sair. Pegamos o carro e eu lhe ensinei o caminho.
Parei novamente na frente da casa que eu já havia vindo milhões de vezes fazer trabalhos e brincar. 
- Parece que estão acordados. - disse vendo que as luzes de baixo estavam acesas. E tinha uma música um tanto alta tocando.
- Vamos olhar mais de perto. - sugeri. Descemos do carro e fomos para lateral da casa, olhei na janela e vi um homem sentado no sofá, bebendo.
- Tá tranquilo. É o tio dela. - falei. - Ele é alcoólatra. 
Falei voltando a caminhar para a frente da casa.
- Ela mora só com o tio? 
- E a vó. - eu respondi parando em frente a sacada do quarto de Ashley. Fui para perto do jardim suspenso que havia ali ao lado e comecei a subir pela madeira com muito cuidado para não derrubar as plantas, apoiei um pé na sacada me segurando no ferro de proteção e o outro pé permaneceu na madeira. Fiz uma forcinha e coloquei o outro pé no chão da sacada, logo passando uma perna para dentro, depois a outra. 
Chamei com a mão. Ele passou a mão nos cabelos, preocupado. 
- Vem. - eu sussurrei e entrei, não esperando pra ver ele subir. Abri a porta devagar e vi que Ashley dormia tranquilamente. Comecei a procurar meu diário, em todos os lugares, fazendo a maior zona. Quando entrou, o quarto já estava mais do que bagunçado. Eu estava mais do que oficialmente desistindo.
Peguei minha mochila e tirei de dentro a mistura com o descolorante que eu havia feito.
- O que é isso? - perguntou sussurrando.
- Descolorante. Para as sobrancelhas. - eu respondi no mesmo tom. Peguei um cotonete que eu havia trazido e o usei para aplicar a cor nas sobrancelhas de Ashley com bastante calma. Foi um tanto difícil, já que ela estava deitada de lado, mas deu pro gasto. Guardei o que sobrou do descolorante. E peguei a cobra falsa que eu havia comprado colocando-a em cima da cama juntamente com o meu bilhetinho. 

"Me disseram que você queria atenção. Só dei uma ajudinha. Haha!                     

            Xx M 

P.S: Essa cobra ta aí só para fazer você se assustar mais. E ela é falsa, igual a você." 

- Vamos. - falei para que foi na frente. Peguei minha mochila e a coloquei nas costas. Na hora de descer, não usou o jardim suspenso, apenas se pendurou no ferro e se soltou, caindo de pé. Eu fiz o mesmo, mas ele me segurou pelas pernas e correu comigo assim até o carro. Enquanto eu ria me controlando para não fazer barulho.

[•••] 

- aaaaaaa! - ouvi um grito agudo enquanto estava guardando meus livros no armário da escola. - Como você teve coragem? Sua puta! Desgraçada!
Era Ashley, eu ri. Ela estava incrivelmente ridícula com as sobrancelhas rosa, mas estava chamando atenção, como ela queria.
- Pra quem fez macumba pra mim, foi uma vingança bem leve, não acha? - perguntei. - Eu colei a mão de Natasha na cara dela e ela nem disse nada. - dei de ombros. - Não acho que deva ficar brava.
- Eu tenho uma peça para apresentar hoje, como vou assim? 
- Que maravilha! - eu disse animada. - Seu namorado trouxa também vai participar? 
- Vai sim. - ela revirou os olhos saindo.
Sorri e saí de lá indo em direção a sala de aula, bolando minha vingança contra Gary.


Na hora do intervalo eu procurei Elga, tinha duas teorias de onde ela poderia estar: no laboratório de ciências, já que ela adorava essa matéria, ou no refeitório, já que tinha problemas compulsivos com comida. Era tudo que eu sabia dela. Mas como era intervalo, ela devia estar no refeitório. Fui procurar por ela próximo a qualquer lugar onde tivesse comida.
Fui até uma barraquinha de lanches e lá estava Elga, mordendo um sanduíche enquanto se encaminhava pra longe de lá.
Eu fui até ela.
- Oi. - eu disse. Ela me olhou espantada e parou de mastigar. - Será que a gente pode conversar?
- Eu não conheço você, não te fiz nada, me deixa em paz! - ela saiu andando pra longe, digo, correndo.
- Espera, volta aqui. - eu fui atrás dela, já estávamos fora do refeitório. No corredor da escola, onde não tinha ninguém. - Por que está fugindo?
- Porque você é doida! - ela disse me olhando. - Soube que está fazendo coisas horríveis com pessoas por aí. - ela tentava manter certa distância de mim.
- É só porque eles me fizeram muito mal, mas não vou fazer nada com você. Só quero conversar. - eu disse. - Olha tô cansada de arrodeio de invadir a casa das pessoas, então me diz, foi você quem roubou o meu diário?
- Não. Por que eu faria isso? - ela perguntou e mordeu o sanduíche.
- Porque toda vez que passa perto de mim, você faz cara feia. E me empurrou no ônibus.  - eu disse lembrando daquela merda de dia. - E eu acho que tem raiva de mim porque o Sheldonhunter gostava de mim e você gosta dele...
- Quem te contou isso? - ela se aproximou de mim.
- Ninguém, tava só jogando um verde. - expliquei dando de ombros.
- Olha, digamos que eu não ia com a sua cara. - ela deu ênfase no "ia". - Eu te odiava sim, por conta do Sheldon, mas ele já provou que não gosta mais de você.
- Vocês se pegaram? - perguntei surpresa.
- Isso não é da sua conta. - ela falou com a voz mais aguda, me olhando de cima a baixo.
- Tudo bem, desculpa. Mas não foi você, então? 
- Não. E nem o Sheldon, se estiver suspeitando dele. Nem sabíamos que tinha um diário. - ela parecia sincera. Merda! - Não vai fazer nada comigo, vai?
- Não! - eu disse. - Ei, você é super ligada em química e essas paradas assim, certo?
- É... - ela respondeu sem entender. 
- Por acaso tem algum líquido que faz você dormir, ou... Sei lá... O cabelo cair?
Ela me olhou estranho. 

- Bem, aqui tem alguns dos líquidos que eu costumo misturar para ver no que dá. Alguns explodiram, outros deram certo. - ela deu de ombros mexendo no armário do laboratório. - Aqui, esse faz dormir. - ela me entregou o potinho. - É só colocar a pessoa para cheirar, tipo nos filmes, sabe? - concordei. - É tiro e queda. E esse... - ela pegou outro. - Faz o cabelo cair. - me entregou. - Tecnicamente, ele tira a queratina e o colágeno do cabelo, o deixando fraco e quebradiço e a medida que você vai pegando ele vai caindo. É provável que... 
- Ah... - eu a interrompi. - Eu entendi.
- Olha, só vai funcionar direitinho se você aplicar bem na raiz, ok? 
- Beleza. - eu disse guardando na bolsa os potes com os líquidos que ela havia me dado. - Tem algum pózinho?
- Eu não vendo drogas! - ela disse parecendo ofendida. 
- Ah, não... Eu quis dizer... Pra dormir. Algo pra se colocar na bebida, um pózinho que faz dormir. - eu expliquei.
- Hum. - ela se voltou para o armário. - Aqui. 
Me entregou um saquinho do tamanho de um sachê de maionese. 
- E o que vai querem em troca? - perguntei. 
- Somente três coisas: - ela disse virando-se para me olhar. - Primeiro, não conte para ninguém que conseguiu essas coisas comigo. Segundo, não conte para ninguém sobre Sheldon e eu. E terceiro, dê uma lição nos gêmeos Johnson por mim. Eles vivem me enchendo o saco. Me chamam de baleia e outras coisas. 
- Ah, deixa comigo. A vingança desses aí está pronta a muito tempo, eles nunca mais vão falar merda nenhuma. Pode apostar. - eu garanti. 
- De preferência faz isso antes do jogo, para que eles não possam vir assistir. - ela cruzou os braços. 
- Jogo? Que jogo? - perguntei. 
- Jogo de futebol, bobinha. O time da escola vai jogar contra a Ridgeway Middle em cinco dias, neste sábado. - ela explicou.
- Ah, claro. Puff! - revirei os olhos, odiava esses jogos. Nem para colocarem eles em um dia de aula, para eu não ir. - E vai ser aqui na escola? 
- Sim. - ela disse. Nossa! Eu odeio quando tem jogo, mas dessa vez, sinto uma oportunidade no ar.
- Ta, é... Mudando de assunto. Por que não quer que niguém saiba sobre você e Shedonhunter? 
- Porque as pessoas vão espalhar e começar a falar merdas do tipo "olha só, as duas baleias estão namorando". - ela revirou os olhos.
- Ah... Mas não se importa. Logo essas pessoas vão pagar por tudo que dizem. Pode apostar... - eu disse. - E, só mais uma coisinha... Não teria algum líquido pegajoso por aqui, teria? Algo como mel ou sei lá. 
- Não... - ela disse olhando em volta. - Ah! - pareceu se lembrar de algo. - Ouvi dizer que o diretor mandou fazer calda de caramelo para colocarmos na pipoca, durante a peça de hoje. Está na cozinha. É uma panela gigante. - ela mostrou o tamanho com os braços, enquanto eu sorria maldosa.
Saí andando pela escola procurando algum dos meus amigos pra me ajudar, mas no caminho, ouvi algo interessante. 
- Hoje o papai vai viajar e sabe como a mamãe é, vai sair de casa. - era David.
- É e eu vou ter cozinhar pra você. - disse Abel.
- Eca! - disse David. - Vou pedir pra mamãe deixar a comida pronta.
- Mané. - Abel disse e eu saí de perto deles. Já tinha ouvido tudo o que precisava.
- E ela ainda vai inventar de nos deixar com a nossa avó. - comentou David.
- Ah, mas isso é o de menos... - começou Abel. - Ela mal enxerga e ainda é birutinha, coitada.
Eles riram e começaram a se afastar de mim. Mas eu já havia ouvido tudo que precisava.
Eles vão estar sozinhos em casa, comendo a comida que a mamãe fez, com a vózinha biruta perfeito!
Alguém aí disse comida?


- Vai, ! - eu disse. - Fica olhando se não vem ninguém. 
Estávamos na cozinha da escola. Elga não exagerou quando disse que a panela de calda era gigante, ela ia até a minha cintura, mais ou menos. Eu havia pego um balde do material de limpeza da escola. Mergulhei ele na panela, pegando uma boa quantidade de caramelo. Nós saímos de lá levando o balde para a passarela, que fica em cima do palco.
Deixamos lá e fomos pegar nossos lugares, e nossos saquinhos de pipoca que estavam sendo distribuídos. Sempre que tinha alguma peça era assim. Quando a peça começou, estava até interessante, até Gary aparecer. Era minha deixa para sair de lá. Fui até a passarela novamente, dessa vez sem . Coloquei o meu pacote de pipoca no chão e peguei o balde de caramelo com muita dificuldade, derrubando tudo em cima de Gary, até que todos começaram a rir. Joguei também o resto da minha pipoca, vendo ela grudar nele. E saí de lá o mais rápido que pude, para que não me encrencasse, mas muito feliz por realizar aquela cena típica de filme adolescente. 
Quando voltei para a parte de baixo, Gary não estava mais lá, mas as pessoas ainda explodiam em gargalhadas. Fiz um toque de mãos com e saimos de lá, antes mesmo de sermos liberados. Pegamos o carro rumo a casa de Gary. Havíamos pensado em ir lá agora, que ele ainda estaria na escola, assim não seria preciso todo aquele cuidado para não acordar ninguém. 
- É aqui. - eu falei. - Eu vou até lá e você fica aqui de vigia. 
- Como sempre, eu ficando de vigia... Só me dou mal no final. 
- Deixa de ser dramático. - eu ri descendo do carro. Ele fez o mesmo. - Eu vou ser rápida.
Corri até a casa e entrei por uma janela de baixo mesmo. Não havia ninguém ali, a família dele com certeza foi assistir a peça. Subi as escadas em direção ao quarto dele, chegando lá, fiz o mesmo papel de trouxa das outras vezes, procurei como uma louca e tudo que fiz foi bagunça. Não que eu me importe com ele.
Coloquei meu bilhetinho em cima da cama e saí da casa correndo.

     "Quem é que está melando tudo agora?          

     Xx M"

e eu entramos no carro e no caminho de volta pra casa, eu pedi para ele parar em uma papelaria.

- Comprar cola. - dei de ombros. Desci do carro e comprei alguns tubos de cola instantânea e voltei para o carro.
- O que vai fazer com isso? - ele perguntou. 
- Mais tarde, você vai ficar sabendo.
Quando estacionou, eu logo perguntei. 

- Ei, ! - ele me olhou. - Que horas você janta normalmente?
- Umas 7, 7:30, porque? - ele respondeu, confuso.
- Vamos ser convidados pra um jantar hoje. - eu sorri.
- Jantar? Que jantar? Onde?
- Apenas esteja na frente da sua casa às 18:30. - eu disse. - Hoje é noite de maldade.
Eu sorri e saí do carro.             

[•••] 

Saí de casa enquanto meus pais gritavam um com o outro sobre alguma coisa que eu não estava afim de ouvir. estava me esperando do outro lado da rua. Eu atravessei.
- Vamos? - perguntei.
- Pra onde nós vamos mesmo?
- Pra casa de Abel e David.
- Não tá um pouco cedo pra isso? - ele estranhou.
- Não, é a hora perfeita. - eu sorri. - Escuta, tem certeza que não quer que eu te pague por me levar pra esses lugares? Sabe que não tem obrigação de fazer isso, não é?
- Olha, eu não queria falar nada, mas...
Antes que ele pudesse terminar, peguei uma de suas mãos deixando 100 dólares nela.
- 100 pratas na mão.
- Wow. Isso é bem mais do que eu estava precisando. Mas, não vou recusar. Vamos nessa. - ele entrou no carro. Seguimos até a casa dos gêmeos, eu pedi pra estacionar um pouco antes da casa deles.
Betada até aqui por Barbara Oliveira


Capítulo 14

Paramos na esquina da outra rua, mas dava pra ver a casa deles de lá tranquilamente. Peguei o meu binóculo e fiquei observando a casa enquanto comia um bolinho.
- Quanto tempo mais vamos ficar aqui? - perguntou.
- Fica calmo. Tenho que esperar o pai deles sair. Bolinho? - ofereci sem tirar os olhos do binóculo.
- Não, obrigado.
- E... Ele tá saindo... E agora deixou as malas na calçada e foi em direção ao porta malas... Abriu o porta malas e voltou pra pegar as malas... Ele está arrumando elas, e a porta da casa ainda tá aberta... É a nossa deixa, vem.
- puxei pela mão e começamos a correr em direção a casa. Entramos na casa e ficamos sem saber pra onde ir, estávamos na sala de jantar, pelo que percebi. Olhei pra trás e o pai dos gêmeos estava voltando, puxei para uma porta que tinha ao lado, e entramos no banheiro.
- Você é louca. - ele falou pausadamente.
- Agora só temos que ficar aqui até a mãe deles sair, e então, sabotamos o jantar deles.
- Essa não, você vai pôr veneno na comida deles? - perguntou abismado.
- O que? Não! Mas eu bem queria. - ouvimos uma voz se aproximando. - Tem alguém vindo, se esconde.
- Mas onde? A gente tá num banheiro!
- A banheira! Rápido! - eu disse e nós dois corremos pra lá, eu puxei a cortina logo em seguida, a voz que se aproximava era de uma mulher. Ela estava cantando, provavelmente era a mãe dos gêmeos. Ela entrou no banheiro cantando alguma música antiga demais pra mim e pelo barulho, percebemos que ela sentou no vazo. Que seja só xixi! Que seja só xixi! e eu nos assustamos com um barulho desagradável que veio em seguida. É... Não era só xixi. Logo um fedor dos infernos tomou conta do local. Nós dois tampamos o nariz fazendo careta e a louca ainda estava cantando. Nós vimos um sutiã ser arremessado em cima do – cano, ferro, pau? – negócio que segura a cortina, e em seguida uma calcinha grande demais para uma mulher que deve ser a mãe das pragas (estou me referindo aos gêmeos). Será que não era a avó deles? me olhou com medo/ preocupação/ desespero/ cara de quem vai morrer em poucos segundos. A mulher esticou o braço atravessando a cortina apenas para ligar o chuveiro, assim que o registro abriu, a água começou a cair toda em cima de . Que não pôde dizer nada, apenas abriu a boca indignado. Eu riria, se o momento fosse outro. Os barulhos de pum haviam cessado, mas fedor continuava. Quando a mulher ia abrir a cortina eu puxei pra perto e o beijei. Se for pra morrer, que eu morra feliz. No começo ele não entendeu bem o que eu estava fazendo – será que eu sabia o que estava fazendo? – mas ele correspondeu mesmo assim. A mulher abriu a cortina. Fudeu!
- Abel? Abe, é você? - ela disse. Abri um dos olhos que vi que ela forçava o olhar na nossa direção. Ah, graças a Deus! Era a vovó! Ela deve ter problemas seríssimos de visão mesmo, como os garotos deixaram bem claro hoje mais cedo. E só pra constar ela estava de camisola, não pelada como eu imaginei. Cutuquei pra que ele respondesse alguma coisa. Ele somente resmungou sem parar de me beijar.
- Ai Abe, não acredito que está se pegando com uma garota no banheiro de novo! Eu vou lá pra cima, e vou dizer para a sua mãe te dar uma surra quando voltar da festa! - ela falou com raiva e – ou Abel, neste caso –, somente resmungou de novo. Ouvimos a porta do banheiro fechar e nos separamos.
Pegamos o ar com tanta força que parecia que tínhamos morrido e voltado a vida.
- Ótima estratégia. - ele disse sem fôlego.
- É foi, foi sim. - o encarei, ainda estávamos bem próximos um do outro. As bocas entreabertas de puxando o ar devagar agora. Aproximamos mais nossos rostos fazendo nossos narizes se tocarem no ato, nos afastamos alguns centímetros inclinando nossas cabeças, cada um pra um lado, parecendo procurar encontrar o encaixe perfeito. Então nos beijamos novamente, lento e suavemente delicioso.
Dessa vez colocou uma mão em minha cintura, e outra no meu rosto.
Enquanto eu assanhava seus cabelos recém molhados loucamente. Nossas línguas estavam se tocando numa sintonia perfeita, parecia que se conheciam a séculos. Eu não queria sair dali nunca mais, porém infelizmente, me lembrei que estava na casa dos gêmeos e tive que me separar dele.

Aaaaaaaahhhhh! Finalmente sua trouxa!
A bonequinha comemorou em minha cabeça.
- O que foi isso? - perguntou apontando pra nós dois.
- Está se referindo ao primeiro ou ao segundo beijo?
- Ao primeiro.
- Bem, é que... - inventa uma desculpa, rápido! - Eu ouvi uma conversa dos gêmeos hoje mais cedo, eles disseram que a vovó era birutinha, e quase cega e meu intuito foi fazer ela achar que você era um deles. - dei de ombros.

Boa!
- Tá, e o segundo? - ele perguntou.
- O segundo foi culpa sua! - eu falei.
- O que? Você que me agarrou de novo!
- Nem vem! Você quem olhou feito um animal faminto e me atacou! E parece ter gostado!
- Quem te disse isso? - ele perguntou cruzando os braços.
- Ah, sei lá. Pergunta pro seu amigo aí em baixo. - eu disse apontando para o meio das pernas dele, que olhou pra baixo.
- Olha só, pra sua informação eu não tô excitado, esse é meu tamanho real. - Hum, tá bom. - eu arqueei as sobrancelhas.
- Vem cá, porque estamos discutindo mesmo? - ele coçou a cabeça.
- Eu sei lá, você que começou.
- Você que começou!
- Argg! Eu não beijo a dias, tô desesperada. - confessei.
Ele riu.
- Eu também.
- Ah, por isso ficou excitado tão rápido? - eu perguntei.
- Eu não tô excitado, caralho! - ele disse visivelmente tentando parecer irritado. Eu quase ri. - Podemos esquecer que isso aconteceu?
- Esquecer que você ficou excitado ou...?
- Esquecer de tudo!

Não mesmo!

- É claro. - eu disse.
- Amigos? - ele estendeu a mão.
- Sempre fomos e sempre seremos. - eu disse apertando a sua mão.

Se é isso que você quer.
- Vem comigo. - eu disse saindo da banheira quase cheia, desligou o chuveiro. Meu tênis e uma pequena parte da minha calça estavam molhados, enquanto estava todo e inteiramente molhado. - Você tá molhando o banheiro todo.
- A culpa é sua, olha só o que me faz passar. - ele disse e eu ri. Encostei o meu ouvido na porta para ouvir melhor, mas não escutei som nenhum. Fiquei assim durante minutos, talvez horas, já estava sentado no chão cansado de esperar, até que...
- Eu já vou embora! - gritou provavelmente a mãe deles. - Tem lasanha no forno, ouviram? - Logo depois uma porta bateu. Eu abri a porta do banheiro e chequei se não havia ninguém do lado de fora. Tudo limpo.
- Vem. - chamei . Caminhamos calmamente até a cozinha e eu fui até o forno tirar a lasanha.
- Pega um talher pra mim, rápido. - eu falei pra . Tirei a lasanha lá de dentro enquanto falava "quente, quente, quente" e praticamente joguei a lasanha em cima da bancada. me entregou dois garfos.
- Você vai comer um pedaço? - ele perguntou.
- Não, porque? Você quer? - perguntei.
- Eu? Não. - ele abanou o ar.
- Pega logo. - eu peguei uma boa quantidade com o garfo e enfiei na boca dele.
Ouvindo uns alguns resmungos. Com os garfos eu levantei a primeira camada da lasanha, jogando-a pra trás.
- O que vai fazer? - perguntou depois de engolir. Eu tirei minha mochilinha das costas e peguei uma cola instantânea de dentro dela. - Você é louca? Vai matá-los!
- Não vou nada. - eu falei despreocupada. - Vigia pra ver se não vem ninguém.
- Essa parte só sobra pra mim é? - ele reclamou. Eu espalhei a cola por toda a lasanha que ficava em baixo da camada que eu afastei, e depois de deixá-la com uma aparência normal, colei meu típico bilhete em baixo da travessa, e coloquei-a no forno novamente.

"Acho que nunca mais vão abrir a boca para falar besteira, não é mesmo?
Xx"


Ouvi uns barulhos lá em cima.
- Eles estão vindo, corre. - peguei minha mochila e fugi com pela porta. Demos a volta na casa pra entrarmos no quarto deles pela janela. Aquele mesmo esquema de subir pelo cano – parece até que eu sou um rato quando falo desse jeito. Quando chegamos lá em cima, eles não estavam mais lá. - Procura rápido! - eu disse e fui em direção as mochilas deles. começou a fazer a maior bagunça, abriu as gavetas da cômoda e eu fui atingida por várias cuecas já que ele jogava todas elas pra cima. Procurei na mochila de um, nada. Remexi e revirei a do outro e... - Achei! - eu gritei.
- Achou? - perguntou incrédulo. Eu estava segurando um caderninho rosa nas mãos, mas não era o meu diário, não tinha fechadura nem nada. Eu abri e vi que tinha várias receitas escritas. Acho que era isso que um deles estava lendo quando viu. Droga!
- Não, me enganei, vamos embora. - eu disse. No andar de baixo ouvimos uns gritos esganiçados, como se os meninos quisessem gritar, mas fosse impedidos. me olhou assustado.
- Meu Deus! Você assassinou eles. - ele falou.
- Corre! Vai! - nós descemos pelo cano novamente, porém bem mais rápido do que subimos, corremos loucamente até a esquina, entramos no carro e fomos embora.
- Você assassinou dois caras! - disse pausadamente e concentrado na estrada.
- Quer parar? Eles não vão morrer. Só ficar com a boca colada por um tempo. - eu disse sem me importar muito.
- Meu Deus! - falou com a voz fina, como se estivesse quase perdendo-a. - Eu tô começando a sentir muito medo de você! Matou dois caras e eu fui cúmplice. Estamos ferrados. Vai ser dois tempos pra eu voltar pra cadeia de novo. E vai ser cadeia de verdade!
Eu estava somente rindo do surto psicótico dele.
- Acabou? Quero que saiba que fiz isso pra que eles aprendam uma lição. Se formos presos, eles também serão, porque o que eles fazem comigo se chama bullying, e é crime! Direitos iguais. - eu disse despreocupada.
- Mesmo assim não me sai da cabeça que você tirou a vida de dois seres humanos vivos!
- Se eu tivesse tirado mesmo a vida deles, teriam que estar vivos pra isso, não? - eu ri.
- Sei lá, eu tô nervoso, não sei mais o que eu tô falando.
Seguimos todo o caminho de volta pra casa, com surtando e eu me acabando de rir.
Paramos enfrente a casa dele e eu desci do carro.
- Desculpa por ter te feito passar por tudo isso. - Eu falei apoiada na janela. Realmente me sentia culpada.
- Ah, não tudo bem, o quase flagra, a fedentina, o banho, o beijo 1, o quase flagra de novo, ser confundido com o Abel, e o beijo 2, não foram nada perto do fato de que você matou dois caras! - ele disse sem olhar pra mim, estava concentrado no nada.
Eu ri com vontade.
- Boa noite, ! E, obrigada mais uma vez. - eu sorri seguindo até a minha casa. Entrei e adivinha? "Mamãe e papai" estavam brigando.
- Oi! - eu disse passando por eles e sendo totalmente ignorada. Fui pro meu quarto, peguei uma caneta e risquei os nomes dos gêmeos.


Capítulo 15

No outro dia, no ônibus, eu ouvi algumas pessoas falarem que Abel e David estavam no hospital por motivos desconhecidos. Risos. E é claro que descobriram que fui eu que acabei com a peça de ontem e me jogaram na detenção. Mas eu já tinha meu esquema para fugir.

[•••]


- Aí . - eu falei quando nos aproximamos das nossas casas, depois do ônibus ter nos deixado na esquina. - Vai fazer alguma coisa essa noite?
- Não, porque? Quer me levar pra jantar? - ele piscou, eu ri.
- Mas ou menos isso. Eu vou pra casa da , junto com a , também vai estar lá. Elas me chamaram para sei lá o que. Não sei porque pediram pra eu te chamar, nem porque o vai estar lá, mas tudo bem. - dei de ombros. Ele riu.
- Ah... - ele coçou a nuca. - Na verdade... Eu tenho um compromisso hoje à noite. Tenho que levar minha vó no cinema.
- Sua vó? - eu ri. - Tudo bem então. - dei de ombros. - Até a amanhã. - falei me virando para entrar em casa.
- Até. - ele disse e logo atravessou a rua indo em direção a sua casa.


Mais tarde, eu peguei minha bicicleta – único veículo que eu consigo dar conta – e fui até a casa .
Quando cheguei, toquei a campainha e ouvi a voz de .
- Quem é? - disse ela. - É algum bandido?
- Não muito. - eu respondi, rindo.
- Ta aberta. - ela falou quando reconheceu minha voz. Abri a porta e dei de cara com quatro animais sentados no chão atacando uma pizza. Sim, quatro, , , e .
- Não que eu não goste do , mas o que ele ta fazendo aqui? - eu perguntei me aproximando.
- Elas me convidaram. - ele respondeu de boca cheia, dando de ombros. foi mais pra perto de mim, me puxando pelo braço para nos afastarmos deles.
- Eu disse que ele podia vir se trouxesse uma pizza. - disse.
- E vocês vão pagar por ela depois? - eu perguntei.
- Claro que não! Assim eu mesma poderia ter comprado. - ela revirou os olhos. Eu odiava quando revirava os olhos, odiava quando todos reviravam os olhos, mas em especial. Algo me doía por dentro.
- Falam de mim, mas você é muito má. - eu concluí.
- Olha só, você é muito pior. O seu nome até começa com "Má". Ma-lía. Viu? - ela disse tentando tirar o dela da reta.
- O seu também. Ma-genta. Viu? - eu disse.
- Ei! - ela pareceu pensar. - Só eu posso dizer essas coisas!
Eu ri. Voltamos para onde todos estavam e sentamos lá.
- Cadê o ? - perguntou.
- Ele disse que tinha compromisso hoje. - dei de ombros. - Porque me chamaram mesmo? - mudei de assunto.
- Bem, eu chamei porque me chamou pra cá e disse que o iria estar aqui, e eu ficaria segurando vela, mas aí você demorou muito e chamei o zinho pra me fazer companhia - ela apertou as bochechas dele. Falsa. -, então você chegou e estamos todos aqui.
- Ah, e porque a só chamou você e esqueceu de mim? - olhei pra , que olhou pra .
- Porque... Porque eu, é, bom... - começou. - Olha, isso não vem ao caso agora, queremos falar sobre o seu diário. Nós conversamos e achamos que você esqueceu de pôr o nome de algumas pessoas...
- Tipo vocês? - eu alternei o olhar entre as duas. Os garotos só observavam nossa pré-discussão, calados.
- Não, . Estamos falando de gente que te odeia. - disse .
- Do que você ta falando? Todo mundo que me odeia está aqui na lista. - falei tirando-a do bolso. - O restante das pessoas me adora. - eu falei, com falso convencimento.
- Tem certeza? - riu. - Antes de fazer essa lista de suspeitos, deveria ter feito uma lista do tanto de pessoas que te odeiam.
- Acho que a lista ficaria menor com as pessoas que não odeiam a . - disse e as duas dispararam a rir.
- Haha. Muito engraçado. - eu disse para as duas. - Sério, nem sei de quem vocês estão falando.
- Ah, não? - disse. - Vamos refrescar sua memória então...
- Não, não. - eu neguei. - Não precisa. Eu sei bem quais pessoas me odeiam, e as que fingem não me odiar.
Levantei uma das sobrancelhas.
- Isso foi uma indireta? - espremeu os olhos.
- Não. - dei de ombros. - Foi bem direta.
- Uh! - ouvi os meninos falarem.
- Continuando... - falou enquanto eu pegava a lista no meu bolso. - Sabe a Elga?
- A nerd gordinha? - elas concordaram.
- Ela deveria ser sua principal suspeita. - disse.
- O que? Não, ela é legal. - eu disse.
- Mas ela odeia você. Disso a gente sabe. - disse.
- Como vocês sabem? Leem a mente dos outros por acaso? - eu perguntei.
- Se lembra do seu trabalho de ciências da simulação do fundo do oceano, que tinha que colocar um pouquinho de sabão e quando você colocou fez uma quantidade absurda de espuma que se espalhou pela sala inteira? - disse, eu concordei. Isso aconteceu no início do ano. - Pode ter sido culpa dela. E lembra quando você estava mexendo com uns líquidos, e misturou os dois como o professor mandou e só o seu explodiu? - balancei a cabeça em concordância, isso tinha acontecido no ano passado. - Culpa dela.
- E ela fez isso porque... - eu falei esperando uma delas completar a frase.
- Não sabemos. - deu de ombros.
- Claro que não. - eu disse. - Já me resolvi com Elga, não foi ela.
- Como tem tanta certeza? - perguntou.
- Eu conversei com ela, e ela me contou uma coisa. Já sei que não foi ela. - respondi.
- O que ela contou? - perguntou.
- Vocês não precisam saber. É segredo, e eu sei guardar segredos.
- É, guardar segredos num diário. - riu irônica, eu espremi os olhos na direção dela.
- Posso ver a lista? - pediu, eu entreguei a ela que disparou a rir novamente.
- O que foi, doida? - eu perguntei. - É que, ler esses nomes me faz pensar que nada disso estaria acontecendo se você guardasse seus segredos pra si mesma. - ela disse ainda rindo.
- O quê? - eu indaguei ainda sem saber onde ela queria chegar.
- Ela ta certa. - disse pensativa. - Segredos a gente guarda, não escreve em lugar nenhum.
- É, , diário é coisa de criança. Você poderia muito bem enfrentar seus problemas sem precisar disso. Quero dizer, você já tem 17 anos, não acha que tá na hora de crescer? - disse.
- E com essa idade, quando as suas amigas fizerem algo com você que não te agrade, você deveria falar pra elas e não escrever em um diário idiota.

Diário idiota?

se referia a um dia em que as duas me viram anotando coisas sobre elas. Mas, por sorte só viram a parte que dizia " ridícula" e " orgulhosa". Eu tinha ficado com raiva delas porque elas falaram que eu era uma boba por ter 16 anos e ainda ter um diário, então escrevi várias verdades sobre elas. Isso foi ano passado, e até hoje elas querem saber o que era. E, estão fazendo a mesma coisa hoje.

Ei... Até hoje elas querem saber?

- Não acredito que disseram isso pra mim. - eu disse.
- Não acredita? Quer que eu repita? - disse . - Você precisa crescer.
- Falam isso só porque as duas tem um metro e setenta! - eu falei me irritando.
- Viu só? Que piadinha mais infantil. Você é uma criançona! - disse .
- Digam isso pra garota de 12 anos que sofria bullying, não tinha amigos, e até hoje ainda não tem o apoio da família pra nada, ela ainda está em algum lugar dentro de mim. - eu falei, me segurando pra não chorar. De canto de olho eu via os meninos de olhos arregalados só virando a cabeça de um lado pro outro pra prestar atenção nas falas de nós três.
- Eu também sofri bullying quando era pequena e soube lidar com isso muito bem com uma simples conversa com as pessoas que faziam isso comigo, e não precisei escrever um monte de besteiras. - disse e concordou balançando a cabeça. - E tem mais, quando você tinha 12 anos eu já era sua amiga!
- É, uma amiga que se acha superinteligente, e me negava respostas na hora da prova! - eu gritei.
- Não é só pra isso que os amigos servem, tá bom? Eu queria poder espalhar pro mundo inteiro que se dependesse de você mesma, ainda estaria no fundamental! - gritou.
- Eu só comecei a filar de verdade quando entrei pro ensino médio, tá bom?! - eu falei com a voz afetada.
- Porque entramos nesse assunto mesmo?! - perguntou ainda falando alto.
- Eu não sei, "amiga" que mandou um áudio meu cantando uma música do Austin Mahone no grupo da nossa turma, na oitava série. - eu fiz aspas com os dedos.
- Haha! Eu me lembro desse dia. - comentou e concordou, rindo.
- Cala a boca! - eu falei para ele antes que começassem a rir de mim, ao lembrar daquele fatídico dia.
- Eu já te pedi desculpas por isso! - gritou.
- Mas eu não esqueci! - gritei de volta.
- Porque você mudou de assunto ?! - disse. - Ficou constrangida porque falamos a verdade?
- Ah, querem saber?! Vão pra puta que pariu vocês duas! - eu gritei o mais alto que pude me levantando e ouvindo as arfadas surpresas de todos. Tomei a lista da mão de .
- Não acredito que disse isso pra gente. - disse se levantando e a seguindo.
- Não? Quer que eu repita? - falei a mesma frase que ela havia dito segundos atrás. - Vão pra puta que pariu, vocês duas. - eu disse pausadamente. - Tá vendo essa lista aqui? - eu aproximei no rosto delas. Voltei a colocar perto de mim, peguei a caneta que havia trazido no bolso e escrevi rapidamente os nomes " " e " ". - Vocês deveriam estar em primeiro lugar. Traidoras.
- Porque acha que nós roubaríamos essa porcaria?! - disse alterada.
- Pra saber porque eu fiquei com raiva de vocês e as chamei de ridículas e orgulhosas. - eu levantei as sobrancelhas. e se entreolharam desconfiadas. - Pra saber de qual das duas eu gosto mais... Só que isso não importa agora, porque neste momento, eu odeio vocês!
Nessa hora, os meninos já estavam de pé, prontos pra segurar qualquer uma que tentasse partir pra cima da outra.
- Você que é uma ridícula, orgulhosa e ingrata. - começou . - Tudo que falamos e fazemos pra você é pra te ajudar, mas você não percebe isso, só vê as coisas e as pessoas pelo lado ruim.
- Acontece, que existem pessoas que só tem lado ruim... - eu disse. - Como vocês.
- Ah! Agora já chega! Eu tô indo tá?! - gritou caminhando até a porta. - Você vem ?
- Claro! - ela respondeu e as duas saíram pela porta. Dois segundos depois, elas voltaram pisando com força.
- Essa casa é minha! - gritou.
- Argg! - eu gritei e caminhei até a porta, abrindo-a e em seguida fechando-a com toda força que eu tinha. - VACAAAS! - eu gritei da porta.
Peguei minha bicicleta e voltei pedalando para casa, rapidamente e quase explodindo de raiva.
Cheguei em casa e encontrei a mesma situação deplorável de sempre: meu pai comendo e assistindo TV, minha mãe comendo na mesa e usando o celular, e , invisível.
Passei por eles como uma brisa, mal perceberam a minha presença. Fui pro meu quarto e queria chorar, mas me segurei. Eu consigo viver sem minhas amigas, grande coisa. Do mesmo jeito que consigo viver sem meus pais, sem minha irmã, e estou vivendo muito bem sem meu diário.

Estou?
Cala a boca!

Uns minutos e algumas lágrimas depois, eu decidi ir até a pedra do parque, chorar lá. Ao menos o vento secava minhas lágrimas mais rápido. Saí pela porta novamente passando sem ser notada, voltei a pegar minha bicicleta e pedalei até o parque, ouvindo músicas tristes, para me afundar na merda de vez.
Quando cheguei próximo ao parque a música que soava no meu fone que só pega um lado era No Idea do Big Time Rush. A música que só me fazia pensar em , era só trocar alguns artigos femininos por masculinos, ela definia minha vida. Cheguei próximo a pedra e larguei minha bicicleta no chão. Ia correr até e chorar, mas parei no caminho, porque notei que haviam pessoas ali. Fiquei atrás de uma árvore, para que não me vissem, já que o local era bem iluminado. Notei que eram duas pessoas se beijando loucamente. Na minha pedra. Eca! Logo que eles se separaram, notei que não eram duas pessoas quaisquer. Era e Dayanara. Na minha pedra. Era o cara que gosto com a garota que eu mais odeio. No meu lugar favorito da cidade.
Levar a vó no cinema, né? FDP!
Eu me encostei na árvore, ficando de costas para eles, para não ver mais aquela cena, sentindo as lágrimas grossas descendo. Tentei ser silenciosa ao chorar. Peguei meu celular e tirei uma foto deles dois aos beijos. Mas que merda! Poderiam fazer isso em qualquer porra de lugar! Ele poderia estar com qualquer outra garota, fala sério! Até seria melhor.
Eu sei que não deveria ficar com raiva, nem nada do tipo, afinal, somos só amigos. Mas poxa, Dayanara não! Arrg! Que porra, nunca mais eu vou sentar ali.
Peguei minha bicicleta, e saí de lá o mais rápido que eu pude ainda podendo ouvir trechinho final da música.

Please tell me you can hear me
I'm expressing my love
Won't stop 'til I get you, I'm not letting up
I'm-a run into your heart, like a kid in a store
Take every ounce of love, then beg you for more
Beg for more
But She has no idea, no idea
That I'm even here, I'm even here
She has no idea, no idea
I'm standing here1


Cheguei em casa com vontade de sair quebrando tudo, mas eu me contive. Passei em frente ao quarto de ouvindo gemidos dela e de algum garoto qualquer que eu não dou a mínima. Corri até o meu quarto pegando uma bombinha e voltei até o quarto dela, abrindo a porta e jogando-a lá. Quando ela explodiu, fazendo um estalo, eles se assustaram e gritaram olhando para a porta.
- Parem de fazer barulho, porra. - eu falei em meio as lágrimas e corri de lá, não me importando com o que eles iriam pensar.
Desci até a sala e liguei o computador. Passei a foto de com Dayanojo para ele e pus para imprimir muitas, mas muitas delas.

[•••]


No dia seguinte, na escola, e não falaram comigo, e eu muito menos falei com elas. E também evitei o dia inteiro. Nem sequer o vi. Era melhor assim, até eu me acalmar.
Cheguei em casa bolando uma vingancinha leve contra as minhas (ex?) amigas. Mas eu precisaria de ajuda para isso. E liguei para um velho amigo.
- Emmett? Oi.

Por favor me diga que você pode me ouvir
Estou expressando meu amor
Eu não vou parar até eu te ter, eu não vou desistir
Estou numa corrida em seu coração, como uma criança em uma loja
Pegue cada gota de amor, e então implore por mais
Implore por mais
Mas ela não faz ideia, não faz ideia
Que eu estou bem aqui, eu estou bem aqui
Ela não faz ideia, não faz ideia
Estou aqui
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Capítulo 16

- Preciso de um favor. - eu disse pelo telefone.
- Qualquer coisa para você, Mal. - ele disse. Emmett era um garoto que fazia umas paradas meio fora da lei. Ele tinha uma lojinha quase no fim da cidade, e lá ele vendia drogas, fazia identidades falsas e esse tipo de coisa. Nos conhecemos quando eu tinha 14 anos, era com ele que eu arrumava tudo que eu queria. E ele também é o garoto de quem Ethan sentiu ciúmes e brigou com ele fingindo ser eu. Ele era um garoto superlegal, tipo um , só que fora da lei.
- Será que tem como você deixar dois ratinhos na minha casa? Numa gaiola, por favor.
- Claro, mas agora estou ocupado e só posso ir aí à noite.
- Deixa escondido atrás da lata de lixo? Eu te pago depois.
- Ta beleza. Quer ratos mesmo, ou ramisteres?
- Humm... O que saí mais barato?
- Ratos.
- Então quero ratos.
- Show. Levo assim que puder.
- Você é demais. Vou dar seu nome a um deles.
Ele riu.
- Lisonjeado. Tenho que trabalhar, até logo, gata. - eu adorava o jeito dele falar.
- Até. - mandei um beijo e desliguei.


Peguei a minha lista e meus olhos focaram em dois nomes específicos: e . Me aguardem, meninas.

[•••]


Passadas algumas horas, eu me levantei da cama ao ouvir o barulho de meu celular despertando. Eu havia dormido pra me preparar para o que vinha a seguir. Calcei o meu tênis, somente, já tinha dormido pronta. Olhei a hora, 00:31. Peguei meu fone, minha mochila, e desci até a garagem com cuidado pra não acordar ninguém. Peguei minha bicicleta, colocando meus apetrechos todos na cestinha da frente. Antes de sair com a bicicleta, eu voltei para dentro de casa e peguei as fotos que havia impresso ontem à noite. Saí pela porta da frente indo em direção a casa de , mais especificamente aquela janelinha do quarto dele. Olhei através dela e vi que ele dormia, com o celular ligado no carregador em cima do peito. Abri a janela e entrei com cuidado. Comecei a espalhar as fotos por todo lugar, o chão, a cama, as paredes, até que o quarto dele estivesse repleto de Dayanara. Como a mente dele deve estar. Peguei um papel na minha mochila e escrevi um bilhetinho.

"Parece que a sua vó aproveitou bastante o cinema.
Xx

P.S: Se continuar usando o celular ligado na tomada você vai morrer. Isso não é um aviso, é uma praga. "

Saí de lá com muita dificuldade, não havia notado que aquela janela era tão alta.
Voltei para casa e fui até a garagem novamente. Abri o portão tirando a bicicleta de lá, voltei para pegar meu capacete de proteção e fechei o portão. Conectei o fone ao meu celular pondo uma música bem agitada para tocar. Peguei a gaiolinha com os ratinhos, colocando-a na cestinha da bicicleta. Coloquei o celular nela também, montei na bicicleta e pus o capacete.
- É... A moda antiga. - eu falei e comecei a pedalar. Iria até a casa de primeiro, que era mais perto.

Quando cheguei lá, larguei minha bicicleta no chão, peguei minhas coisas, pulei o muro, peguei uma escada de madeira que havia no jardim e subi até a janela. Eu era acostumada a fazer isso, desde que viramos amigas. Olhei pela janela e lá estava a capetinha, dormindo. Eu empurrei a janela devagar, entrando para o quarto. Eu bem que poderia ter vindo mais cedo, costumava dormir as 8 da noite. Eu procurei meu diário, por todo lugar, mas não estava lá, óbvio que não.
Abri minha mochila. E tirei papel e caneta de lá, escrevendo um bilhetinho e em seguida colando na cabeceira da cama dela. Abri a gaiola pegando um dos ratinhos, e soltei na cama.
- Tchauzinho. - sussurrei saindo pela janela, fiz todo o caminho de volta, peguei minha bicicleta, pus outra música, e fui até a casa de .

"Diz um olá pro Bobby quando acordar. xx "

Quando cheguei lá, vi pela janela de baixo que os pais dela estavam na sala, na maior pegação. Acho que não vão mais se separar. Deixei minha bicicleta ao lado da casa, e subi pelo cano. Fazendo mais barulho do que eu deveria. Quando cheguei, a janela estava aberta e estava transando com numa posição um tanto estranha pra mim.
Merda!
Tive que mudar meus planos, sentei no parapeito e escrevi um bilhete num papel de tamanho normal, com as letras maiúsculas e bem escuras, pra que chamasse atenção deles. Larguei o papel lá dentro com cuidado e me escondendo com a cortina. Abri a gaiola pegando o ratinho.
- Me desculpa por isso. - sussurrei pra ele. Abri a cortina e o joguei em cima das costas de . Eles não perceberam logo de cara, e eu corri de lá o mais rápido possível, quando montei na bicicleta, ouvi os gritos altos e loucos deles. Pedalei rápido me desequilibrando de tanto rir.

"DESCULPE EMPATAR A FODA DE VOCÊS (, , E PAIS DA , MAS DIGAM UM OLÁ PARA O EMMETT, E NÃO O MATEM, POR FAVOR!

xx "

Cheguei em casa 1:30h da manhã, muito feliz, e realizada. Ai, ai! Larguei a bicicleta na garagem, junto com a gaiola, depois devolveria a Emmett. Corri pro meu quarto, passando em frente ao quarto de ouvindo uns gemidos. De novo, cara? Fala sério, todo mundo transa, menos eu?

Fui até o meu quarto, peguei a lista, risquei os nomes das minhas (ex) amigas. Eu nem procurei o diário na casa de , mas eu sabia que não estava lá, acho que essa lista tinha saído do rumo de "lista de suspeitos" para "lista de pessoas de quem eu quero me vingar".
Suspirei.



Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford




Acordei, e estava feliz por que ia para a escola e veria a reação de e das meninas. nem estava no ônibus, o que me fez pensar que ele deve ter passado muito tempo espantado com aquelas fotos, e perdeu o horário. Haha!
Quando cheguei na escola, , , e o Maria Vai Com As Outras estavam todos parados de braços cruzados na frente do meu armário.
- Wow. Barreira de pessoas aparentemente com raiva. Mas não sei o que ta fazendo aqui. - eu disse quando me aproximei. Eles continuaram parados, me encarando. - Podem se mover? - todos eles deram um passo na minha direção. - Pra longe de mim?
Contornei eles e fui para o meu armário.
- , não sei o que se passa na sua cabeça, mas definitivamente você é doida! - falou. - Hoje eu acordei e tinha um rato me encarando! - ela aumentou o tom de voz.
- O nome dele é Bobby. - Eu comentei guardando alguns livros no armário.
- Foda-se o nome dele! Você colocou um rato na minha cama! - gritou.
- E jogou um na minha! - falou.
- Agradeçam por não ter sido suas parentes, as cobras. - eu falei calmamente.
- , quem você pensa que é? - perguntou, eu fechei meu armário com força.
- Alguém que não gosta de ser humilhada pelas garotas que dizem ser suas melhores amigas. - eu falei tentando manter a calma.
- Tá, mas eu posso saber o que eu tenho haver com isso? - perguntou. - Você jogou o rato em mim!
- Ah! Deixa de ser bichinha! - falei. - Ninguém mandou você estar transando com ela bem na hora que eu cheguei!
- Me chamou de bichinha, sua preconceituosa! Tudo isso porque eu sou negro? - falou.
- O quê? Eu não falei nada da sua cor! Só disse que você é bichinha! - eu falei me alterando.
- Ah, então está dizendo que não basta eu ser gay, ainda sou negro e você odeia pessoas assim? - ele disse.
- O quê? - eu já estava ficando confusa. - Por acaso você é gay?
- Não, mas sou negro. - ele disse.
- E DAÍ?! - eu gritei. - Ninguém aqui falou mal da sua cor, seu bosta!
- Ei, está dizendo que minha cor é cor de bosta? - perguntou.
- Eu não disse nada disso, seu ridículo! - eu falei com a voz afetada.
- OLHA SÓ PESSOAL UMA PRECONCEITUOSA! - gritou.
- Ah, fala sério! Tudo isso por causa de um ratinho? Você precisa deixar de ser fresco. - eu falei.
- Viu? Agora está me chamando de "nêgo" e gay de novo. - disse. - Todos ali nos olhavam confusos, menos , que ria como um louco, esse é dos meus.
- Eu nunca falei a palavra "nêgo" perto de você! - eu gritei.
- Ah, então está dizendo que me chamou de "nêgo" longe? - ele retrucou. A risada de ficou ainda mais alta
. - O quê? Eu? NÃO! - Eu falei entrando em desespero. - me ajuda! - eu o olhei.
- Olha, eu não sei de que lado da briga eu estou, portanto, vou ficar aqui calado e esperar ela chegar ao final. - ele disse e deu de ombros.
- Mas alguma coisa a dizer, senhora Preconceitos? - perguntou.
- Olha só, se eu tivesse preconceito com pessoas negras, não seria amiga da sua namoradinha a sete anos! - eu apontei para .
- Está chamando-a de negra também? - se intrometeu.
- E ela não é?! Saco! - eu gritei. - E você veio se meter no assunto porque, sua branquela?
- UH! - os meninos gritaram. Mereço.
- É tão branca que dá pra ver até o seu sangue correndo pelas veias! - eu falei.
- Ah, então você também tem preconceito com pessoas brancas? - perguntou.
- Para. Você não é tão boa quanto o . - eu disse e ela fez careta.
- Hey, o que ta pegando aqui? - eu ouvi a voz de se aproximando. Soltei o ar pelo nariz rapidamente e me virei para olhá-lo.
- Ah.... Olha só se não é o senhor pegador... - eu disse pressionando meus dentes.
- , porque fez aquilo? - ele perguntou se referindo as fotos.
- Eu que te pergunto, . Porque fez aquilo? - eu vi que ele ia abrir a boca para falar e pus a mão na frente do seu rosto para impedi-lo. - Foda-se com quem você fica ou quantas línguas de cobra você chupa, mas na minha pedra?!
Eu falei um pouco mais alto.
- Você disse que eu podia usar ela! - ele quase gritou.
- É, mas não de motel, ! - eu bufei. - E ainda por cima com a Dayanara?!
- Você disse que não era para eu deixar de ficar com as garotas por sua causa! A gente não namora! - ele gritou. Isso, passa na minha cara.
- Exatamente, você pode ficar com quem quiser, ouviu que eu disse "foda-se" para isso alguns segundos atrás?! - esclareci. Não queria ter que dizer isso, mas você não colabora. - Mas você poderia ter levado aquela puta para sua cama, e não fodido com ela na minha pedra!

- Eu não fodi com ela, porra! - ele gritou.

Você tá é fodendo com o meu coração.

- E aquela pedra não é sua! - ele continuou. - Ela é do parque! Qualquer um pode sentar!

Para. Ele já tomou porrada demais.
- Ninguém liga! Esse não é o foco da nossa discussão! - eu falei com a voz mais aguda. - O problema é que... Você mentiu, . Disse que ia sair com a sua avó... - eu disse no meu tom de voz normal. - Você não me deve satisfações de nada, mas podia ter sido sincero. Não que você tenha que ser, mas... Poxa, depois de tudo que eu te contei. Quero dizer, você sabe tudo sobre mim, sabe o que todos fazem ou fizeram comigo. Eu não me importaria se tivesse ficado com qualquer outra garota - me importaria sim -, mas a Dayanara? Que golpe. E coitada da sua avó! Foi usada em uma mentira substituindo uma víbora.
Os outros só observavam nossa briga de olhos arregalados. Nem sequer faziam comentários entre si.
- Ah, eu poderia ter ficado com qualquer outra garota? E porque não a Daya? O que ela tem de tão especial? - ele perguntou.
- A Dayanara me fazia chorar todo dia! Ela fazia eu me sentir uma merda, e achava isso extremamente engraçado.
- Só por causa daquele apelido idiota? - ele perguntou. - Você poderia enfrentar isso, se quisesse.
- Eu disse isso a ela ontem. - se meteu.
- Cala a boca. - eu disse para ela, que se encolheu. Voltei para . - Aquele apelido idiota que quer dizer eu sou irregular, que eu não me encaixo nos padrões, que eu sou diferente e estranha, dava a entender que eu nem tinha sido feita para esse mundo. Era tipo um E.T. É isso que ela e metade das pessoas pensam de mim. Você pensa assim também? Poxa, você é meu melhor amigo. E os amigos fazem sacrifícios uns pelos outros. Eu não ficaria com um garoto que eu soubesse que tinha feito mal a você, a menos que eu fosse apaixonada por ele. - eu falei com lágrimas nos olhos. - Mas eu nunca mais ia ousar falar com você.
- Como sabe que eu não sou apaixonado pela Daya? - ele jogou. Ouvi as arfadas de ar surpresas de todos os meus (ex?) amigos.
- Você tinha que ter muita merda na cabeça. - afirmei.
- É, mas você não tem direito de ficar brava comigo. Ta fazendo um showzinho e tanto, só porque guarda uma mágoa dela. - ele disse.

É porque eu sou apaixonada por você, imbecil.

- É mesmo? - eu ri irônica. - E porque você ficou tão puto, quando soube que eu já fiquei com o Aaron?
- Eu... Eu... - ele tentou falar.
- E eu nem conhecia você quando isso aconteceu. Pensa bem nisso. - Eu disse pondo um fim na discussão. Olhei para , e não só ele mas todos os outros estavam de queixo caído. - Sabe , quando as meninas te chamaram pra ir na casa da e pediram pra você levar uma pizza? Elas não queriam sua companhia, só queriam a pizza, e você pagou por ela sozinho. Eu ficaria com raiva delas, se fosse você. - dei de ombros vendo a cara de espantado dele. E delas.
Alguém tinha que ficar do meu lado nessa merda.
- sabia disso também? - perguntou. Eu olhei pra , que desviou o olhar.
- Sabia. - eu disse convicta.
- Espero que não encontre o seu diário nunca. - disse.
- E eu, espero que para o bem de vocês, nunca mais falem comigo. - eu disse. - Isso não vale para você. - olhei para . - Até mais, foi ótimo o tempo que passamos sendo amigos, ou sendo falsos um com o outro, chamem do que quiserem.
Eu disse saindo de lá.

Na hora do intervalo, me bateu uma baita depressão. Eu tinha brigado com todo mundo que eu mais gostava. Que merda!
Saí correndo para o banheiro, para me afundar em lágrimas. Mas nem deu tempo de chegar, elas já rolavam loucas. Eu continuei correndo, porém com a mão no rosto, para que ninguém visse. Só que como não estava enxergando bem, esbarrei em alguém.

- Wow. Cuidado por onde anda cabelo de bucha.
- Descupe, Yale, foi o seu fedor que fez meus olhos arderem. Tive que cobri-los.

Yale Barnes - Um saco de lixo de banheiro #7
*19 anos
*3° ano do ensino médio
*Popular pelo seu apelido/Atleta
*Ele diz que pega garotas fora da escola
*Adora rebaixar os outros para se sentir melhor
*Ele ainda fede muito
*Se acha o fodão
*Também conhecido como: bafo de bunda


- eu falei saindo, para que a conversa não se estendesse.

- Vadia! - ainda ouvi ele gritando.

[•••]


O resto do dia se passou como uma lesma tentando atravessar toda a muralha da China.
Quando eu cheguei em casa, tomei um banho mais que demorado enquanto pensava.
Droga! Droga! Droga! O que eu faço meu Deus?
Eu peguei o meu celular e liguei para Emmett.
- Mal! O que posso fazer por você? - ele perguntou.
- Então, eu preciso de mais um favorzinho.
- Você ainda não me pagou o último... - ele disse assobiando do outro lado.
- Eu vou te pagar, ta bom? Logo eu vou aí na sua loja, vou precisar de algumas coisas pra viajar.
- Beleza, mas o que você quer?
- Lembra aquelas tatuagens falsas que duram um tempão e não dói pra fazer, que você vende aí?
- Ann... Sim, o que tem?
- Quero que faça um monte delas com o meu nome.
- Ta beleza, eu posso conseguir isso, mas só vou te entregar amanhã de tarde.
- Vou estar na escola, mas sabe onde deixar.
- Sei. Era só isso?
- Acho que sim.
- Tchau, bebê. - ele disse me fazendo sorrir. Ele era tão fofinho!
- Tchau, Emm.
Eu desliguei.

Ah... Ethan que me aguarde.


Capítulo 17

Naquele dia, mais tarde. Eu acordei no meio da noite, com o meu despertador tocando. Como sempre, me levantei e apenas calcei meus tênis, já tinha ido dormir pronta. Peguei minha mochila, e desci até a garagem, tirando minha bicicleta de lá. Fui pedalando até a casa de Archie, que ficava próximo à escola.
Chegando lá, deixei a bicicleta no chão, e vi pela janela que ele estava em um escritório, usando o computador. Eu toquei a campainha no intuito de que ele atendesse, de longe vi que ele se levantou da cadeira e eu voltei para o meu lugar de origem, abrindo a janela do escritório dele e entrando. Tirei o líquido de fazer dormir que Elga havia me dado e molhei um paninho, ficando próximo à porta, esperando-o entrar novamente.
- Estranho... - falou sozinho, passando pela porta. Eu coloquei o pano no rosto dele, que caiu rapidinho. Ufa! Ao menos Elga não me enganou. Eu puxei o corpo dele para dentro do escritório, deixando-o meio sentado encostado em uma estante que havia ali e fechei a porta. Guardei o pano na minha mochila e sentei na cadeira que antes ele sentava. Vi que estava aberto no Facebook dele. Que vacilo!
Eu comecei a mexer no computador, procurando fotos, vídeos, textos, qualquer coisa que o fizesse passar vergonha. Vez ou outra olhava para ele, para me certificar de que não acordaria enquanto eu estivesse ali.
Minha vingança contra ele não seria essa. Mas ele deu bobeira...
Depois de muito fuçar, achei umas "artes" no paint e muitas delas diziam que ele amava Latesha, e que ela era o amor da vida dele.
Perfeito.
Voltei para o Facebook, e selecionei algumas das artes dele para postar. E logo em seguida, pus uma legenda.
"Olha só onde você está me fazendo chegar Latesha. Larga o Medowaldo e fica comigo. Te amo <3"

Postei, não me esquecendo de marcar a puta. Sim, o nome do namorado que ela dizia que tinha era Medowaldo. Mas um motivo para eu achar que ele não existe. Mas quem sou eu para julgar os outros?
Com muita dificuldade, eu coloquei Archie de volta na cadeira, apoiando o rosto e os braços dele na mesa.
- Você cochilou aqui e nem percebeu. - disse o que ele ia achar que teria acontecido quando acordasse. Não é bom que ele saiba que eu usei química, ou sei lá o que, ou posso me complicar feio com a polícia e Elga também. - E sem querer derramou o café no teclado. - peguei a xícara de café frio que ele estava tomando antes de eu chegar, e derramei todo o líquido no teclado do computador, colocando a xícara deitada em cima do mesmo, para parecer que realmente tinha sido um acidente.
Procurei o meu diário pela bagunça daquele escritório, bagunçando mais ainda, mas não estava lá.
Subi até o seu quarto, e procurei por lá, fazendo a maior zona. Logo desisti e peguei um papel na minha mochila, e escrevi um bilhetinho jogando-o em cima da cama de Archie.
"Como você mesmo disse, isso foi uma ajuda. Quem sabe você não vive um romance com ela? Ou, com sorte, ela se aproxima só para dar para você.
Xx M"

Voltei para o andar de baixo, entrando novamente no escritório, encontrando Archie na mesma posição que eu havia deixado.
Passei pela janela novamente e pedalei por horas até a casa de Latesha. Ela morava perto de Natasha, e parecia que ficava no fim do mundo de tão longe.
Saudades, Mustang do . Só do Mustang, do não.

Hunhum.


Quando finalmente cheguei na casa de Latesha, eram mais de quatro da manhã, estava quase amanhecendo. Larguei a bicicleta no chão e subi pelo cano, entrando no quarto dela, que dormia tranquilamente. Eu peguei o mesmo paninho que havia usado com Archie, e molhei mais um pouco. Ela já estava dormindo, mas iria acordar fácil por causa do que eu faria. Coloquei o pano no rosto dela e a deixei respirando, enquanto eu procurava meu diário.
Depois da procura feita, de nada encontrado e de meu suspiro de tristeza soar, eu fui até a minha mochila e peguei o outro líquido que Elga me deu que fazia o cabelo cair. Sem tirar o pano do rosto de Latesha, eu joguei cuidadosamente o líquido no cabelo dela, concentrando mais na parte da frente, não queria que caísse todo, só queria que ela aprendesse uma lição.
Guardei o tubo vazio e o pano de volta na mochila e peguei papel e caneta para escrever um bilhete.
"Acho que agora você adoraria ter um cabelo 'ruim' como o meu.
Xx M"

Joguei nela, e saí, descendo de volta até o chão. Peguei minha bicicleta e fui pedalando até em casa, mal deu tempo de deixá-la na garagem, e ônibus da escola passou para me buscar. Eu ainda o atrasei um pouco indo pegar meu material, mas não o perdi. não pegou o ônibus comigo mais uma vez.

Quando cheguei na escola, tive o dia mais entediante da minha vida inteira. Tirando a parte de que todos estavam falando sobre o post que "Archie" havia feito. Mas eu ainda passei o intervalo sozinha, como a muito tempo não acontecia. Os amigos fazem falta. Queria que nada disso tivesse acontecido.
A última aula do dia, era de química, por sorte, fazia essa aula comigo e ficamos em dupla, sempre observando Elga para poder acertar, já que somos dois bocós e não sabemos de nada.
- . Amanhã tem jogo, não é? - eu comentei, me referindo ao jogo de futebol da nossa escola contra a outra que eu não ligo para o nome.
- Sim. Escola Edgar Allan Poe, contra Ridgeway Middle. - ele disse.
- Qual dessas é a nossa? - perguntei me referindo ao nome da escola. Ele me olhou de sobrancelhas franzidas. - Brincadeira.
Eu sorri enquanto mexia nos líquidos a minha frente, que eu não fazia a menor ideia do que se tratavam.
- Então... Que horas começa o jogo? - estava interessada assim, porque pretendia me vingar de algumas pessoas durante aquele jogo idiota.
- Às cinco da tarde. - ele respondeu. - Você vem?
- Claro, você é o meu único amigo agora. Não iria deixar de ver você jogar. - eu disse e ele riu.
- Sabia que o vai jogar também? - ele comentou.
- Achei que ele não fazia parte do time.
- E não faz, ele joga pela Ridgeway Middle. Contra nós.
- Ah... E porque ele mudou de escola mesmo? - perguntei curiosa.
- Eu não sei. Parece que ele mudou de casa, e a EAP, ficava mais perto. Alguma coisa assim. - ele explicou.
- Ah, faz sentido. Ele mudou para a casa em frente à minha na mesma época que veio estudar aqui. - eu falei. - Escuta, já que estamos falando de , sabe que ele estava me ajudando com todo esse lance do meu diário e tal, não é?
- Sei. - ele concordou.
- Será que... Agora que você é meu único amigo... - vi que ele sorriu torto. - Você poderia me ajudar? Só amanhã, durante o jogo. Eu preciso de você. - eu disse.
- Tudo bem, com tanto que eu não seja arrastado para a cadeia...
- Droga, esse assunto da cadeia ainda está rendendo? - perguntei e ele riu.
- Ei, olha lá. - ele falou mais baixo, apontando para Elga, que estava pondo alguma coisa em pó na sua mistura de líquidos, mas eu não consegui identificar o que era.
- Elga! - chamei. - O que colocou aí? - perguntei quando ela olhou.
- Bicarbonato. - ela respondeu. Coloquei uma colher de bicarbonato mais ou menos na mesma quantidade que Elga na minha mistura. Alguns segundos depois uma pequena explosão aconteceu, jogando água em e em mim.
- Elga! - eu reclamei. Ela deu uma risadinha.
- Era sal. - ela riu mais.
[•••]


Quando cheguei em casa, peguei a caixa de tatuagens, que tinha pedido para Emmett levar e deixei na garagem, já me esperando para o que viria mais tarde.
Eu fiquei até a hora de dormir escrevendo meu nome em diversos papéis, em diversas cores e tamanhos diferentes. Escrevi em cartazes também. Bem enfeitado e cheio de desenhos.

Às 2:30, meu celular despertou, e eu me levantei correndo muito animada. Peguei minha mochila, e todos os meus papéis e fui até a garagem. Com uma corda amarrei e a caixa com as tatuagens na garupa da bicicleta. Montei na mesma e saí rumo a casa de Ethan que, graças a Deus (ou infelizmente, em alguns casos) ficava bem perto da minha e eu não tinha que pedalar até morrer para chegar lá. Quando me aproximei da casa, desamarrei a caixa da bicicleta, mas amarrei a corda em volta da caixa, deixando sobrar um pedaço grande o suficiente para que eu pudesse puxar a caixa lá de cima, já que eu não tinha como subir com ela.
Comecei a subir pelo cano, com a ponta da corda entre os meus dentes. Chegando à sacada, eu puxei a caixa através da corda. Desamarrei-a e joguei a corda no chão. Entrei fazendo barulho demais, mas Ethan nem se quer se mexeu, coloquei a caixa no chão e tirei o paninho de dentro da minha mochila, molhando-o com líquido milagroso de Elga. Eu queria ter conhecido essa garota antes. Coloquei o pano no nariz dele e fui procurar o meu diário. Aquele quarto fedia a punheta, como o dono dele. Guarda roupa, gavetas, caixas, cama, cômoda, tapete, baú, caixas. Nada. Suspirei.
Fui até a caixa, e peguei algumas tatuagens, descolei do plástico e colei nas partes visíveis do corpo dele. Colei várias até que não sobrasse espaço nenhum. E colei com vontade principalmente no rosto. As tatuagens eram de tamanhos diferentes, mas com a mesma fonte e cor preta. Colei uma bem destacada na sua testa. E ainda sobrou algumas que eu fiz um esforço para colar debaixo da bermuda dele. Aquelas tatuagens não sairiam nem tão cedo, ele poderia tomar 30 banhos, continuariam intactas. E o melhor, ele é obrigado a jogar amanhã. Certo que ninguém vai vê-lo quando estiver vestido de quarterback, mas o importante é que ele veja, e elas ainda vão durar até a próxima semana.
Quando terminei, peguei meus papéis com os meus nomes e a fita, e saí colando por todo o quarto. Espalhei pelo chão e em cima da cama. Quando o quarto estava inteiramente cheio de "", eu fui até o banheiro colando lá também. Depois de satisfeita, eu peguei o bilhete e joguei em cima de Ethan, e peguei o meu pano, guardando na mochila e saí de lá.
"Isso aqui foi bem leve, vai. Me agradece. Eu tinha motivos para arrancar seus olhos.
E é porra, vê se aprende.

Xx .
P.S: Essas tatuagens vão demorar a sair.
P.S 2: Use mais desodorante, daqui a pouco você será o novo Bafo de Bunda."

Apesar de ser sábado, eu me levantei bem cedo, para planejar tudo que iria acontecer.
Saí de casa perto da hora do jogo, passando na casa de uma senhorinha que vendia umas ervas. Não, não era maconha. Eram folhas de plantas para fazer chá, alface, gengibre, pimenta e coisas ruins como essas.
- Olá, o que vai querer? - ela perguntou.
- Eu quero a coisa mais ardida que você tiver por aí. - eu disse. Estava do lado de fora da casa, era sempre assim, ela não abria a porta para ninguém, morria de medo, sempre atendia através da grade.
- Bem, eu tenho isso aqui. - ela pegou um pote, com um troço preto dentro. - É pimenta da Luisiana. Ela só é usada para fins medicinais, porque se entrar em contato com a pele, causa queimaduras horríveis.
- Queimaduras do tipo, que sangram e aparece os ossos, porque a pele cai? - perguntei.
- Ah, não, não. Só ardência mesmo, talvez a língua chegue a sangrar. - ela disse.
- Ótimo. - eu afirmei. - É dessa que eu quero.
Ela me entregou o pote e eu paguei.
- Escuta, você não teria laxante aí, teria?


Capítulo 18

Fui pedalando até a escola, já que a merda do ônibus não buscava a gente de sábado.
Quando cheguei à escola, deixei minha bicicleta junto das muitas outras que haviam lá, peguei minha mochila e gritei por , que estava me esperando na porta, como havíamos combinado antes.
Qualquer um que me visse com certeza pensaria que eu sou uma retardada por levar a mochila num dia de jogo, mas eu tinha meus motivos. E estou acostumada com esse tipo de tratamento das pessoas.
- ! - eu falei quando me aproximei.
- Oi, anda rápido. - ele me puxou. - Eu já estou atrasado.
Ele estava com a roupa de quarterback, que o fazia ficar 5 vezes maior. Faltava apenas o capacete.
Corremos para dentro da escola, e ele me guiou até o vestuário masculino, que estava vazio. Antes passamos pelo local do jogo, que havia muita gritaria e as arquibancadas estavam lotadas. De alunos, professores e pais de alunos. Até meus pais estavam lá. Vieram ver a filhinha líder de torcida se apresentar. Eu menti, dizendo que ficaria em casa.
- Os outros já estão no aquecimento, dentro do campo. - ele disse quando entramos no vestiário. - Do que precisa?
- Os armários. - eu falei. - Qual é o do Dylan e do Yale?
- Eu não sei ao certo, mas ficam nesse corredor. Junto do meu. - ele me arrastou até o terceiro compartimento que haviam 8 armários amarelos, 4 de cada lado. - Você saber qual é o do Dylan quando achar garrafas de energéticos e whey protein, e do Yale vai saber pelo fedor. E no dele não tem desodorante e todos os outros tem.
Ele falou, já se afastando.
- Beleza, e como eu faço para abrir?
- É só puxar. - ele disse abrindo um qualquer. - Essas merdas não têm tranca.
Eu concordei e ele saiu.
Abri armários aleatórios até encontrar o de Dylan. Como disse, com uma garrafa de energético. Abri a garrafa e tirei da minha mochila o laxante líquido que a senhora me vendeu. Coloquei um pouco do laxante no energético, e na garrafa de água também. Nunca se sabe qual ele vai beber primeiro.
Procurei depois o armário de Yale, seguindo o conselho de : sem desodorante, com fedor. Procurei pela carteira ou qualquer quantia em dinheiro que tivesse ali. Logo fechei o armário antes que eu passasse mal com aquele cheiro.
Guardei o dinheiro e fui até o vestuário feminino que ficava ao lado. As garotas também não estavam lá, todos estavam no campo, esperando o início do jogo. Eu entrei e antes que pudesse procurar qualquer coisa, ouvi uns barulhos, vindo do último compartimento e fui até lá, dando de cara com Dana e uma líder de torcida qualquer que eu não me importava, se pegando.
- Opa. - eu falei. - Desculpe. - me virei para sair.
- Espera! - a menina gritou. - Não conta pra ninguém! Não pode contar pra ninguém o que viu!
- Por mim, pode contar pra quem quiser. - Dana deu de ombros.
- Relaxa. - eu falei. - Vamos fazer um acordo. Eu não conto, e você me diz qual é o armário da Dayanara.
- É esse aqui. - ela apontou para trás de si mesma, se afastando. Eu caminhei até lá abrindo o armário.
- O que você quer aí? - Dana perguntou. Ela e sua parceira não paravam de observar meus movimentos. Eu peguei a garrafa de água de Dayanara.
- Xiu. Sem perguntas. - eu abri minha mochila, pegando a pimenta e tirando de dentro do pote. Joguei mais da metade da água de Dayanara no chão e espremi a pimenta no que restou. Enquanto eu espremia, alguns resquícios voavam em direção ao meu olho, me fazendo quase chorar.
- Isso aí é o que? - a menina perguntou.
- Eu disse: sem perguntas. - falei com a voz chorosa por conta das lágrimas que desciam involuntariamente dos meus olhos que estavam em chamas.
- Não chora não, . - Dana disse.
- Eu estou bem. - eu disse rolando os olhos e jogando o que restou da pimenta dentro da garrafa. Tampei e balancei bem, pra misturar tudo. Guardei a garrafa de volta no armário e o pote de volta na mochila.
- Eu nunca vi vocês, e vocês nunca me viram. Ok? - perguntei olhando-as e fechando a porta do armário com o pé.
- Ok. - disse a menina.
- Não. - disse Dana, doidinha para que todos soubessem que ela pegou uma líder de torcida.

Saí de lá e fui até o campo, onde o jogo estava para começar. Eu fui até , antes que ele entrasse em campo.
- ! - eu disse parando na sua frente.
- ? Você não pode ficar aqui. - ele disse, tentando me empurrar.
- Eu sei. Eu sei. - falei. - Só preciso saber... Você tem carro?
- Bom... Carro, não...
Beleza, . Você consegue. Você é demais. Isso é super fácil, é como andar de bicicleta. Eu falava para mim mesma montada na moto de enquanto me preparava para morrer ligá-la. Eu ainda precisava ir na casa daqueles idiotas, procurar meu diário. E não havia hora melhor do que agora que eles e seus pais não estavam em casa.
Eu me preparei para pôr o capacete.
Por favor, não esteja suado. Por favor, não esteja suado. Por favor, não esteja suado.

Coloquei o capacete, receosa.
Merda! Eu pedi para não estar suado!

- Beleza. - eu respirei fundo e falei em voz alta. - Eu consigo. - pus a chave na ignição e ouvi a moto ligar. - Vamos nessa.
Eu acelerei e não caí ou morri como esperava.
- Uhul. - eu gritei enquanto pilotava. - Não tem melhor do que eu não!
Durante o percurso, a moto estancou algumas diversas vezes. Mas eu permaneci viva. Estacionei em frente a um mercado, me sentindo a top das galáxias descendo da moto, tirei o capacete, deixando-o preso no guidão. Entrei no mercado pegando um carrinho e enchendo de sabonetes, até transbordar mesmo. A moça do caixa se assustou por eu ter pego todo o estoque de sabonete que o mercado tinha. Mas o importante era que eu ia pagar, com o dinheiro do Yale. O garoto que empacotava colocou os sabonetes em três caixas, e me ajudou a levar para a moto. Eu coloquei uma dentro da "mala", junto da minha mochila, com certa dificuldade. E as outras duas eu amarrei na garupa. Montei na moto, com menos medo dessa vez, e saí rumo a casa de Yale. Arrisquei até pilotar mais rápido.
Quando cheguei a casa dele, me perguntei se seus pais, e seu irmão fediam como ele. Estacionei a moto em cima da grama mesmo, e desci deixando o capacete no mesmo lugar de antes. Comecei a andar ao redor da casa tentando achar uma janela aberta. Mas não achei. Peguei a carteira de Yale, procurando uma chave. E encontrei uma única, que encaixou perfeitamente na fechadura da porta da casa. Eu comemorei silenciosamente quando a porta se abriu e voltei para pegar as caixas de sabonete e minha mochila.
Quando tudo estava dentro de casa eu fechei a porta e fui até o quarto dele, levando caixa, por caixa. Ao chegar no quarto, ele não era tão fedido quanto eu imaginei. Mas era escroto como o dono dele. Cheio de pôsteres de mulheres sem roupa, a maior zona e um ar de "acabei de bater uma". Eu comecei a procurar meu diário, com um pouco de medo na hora de abrir o guarda roupa, já me preparando para o cheiro de inhaca. Desisti de procurar, quase vomitando. Abri uma das caixas, pegando um sabonete e cheirando, para fazer meu cérebro esquecer do outro cheiro. Quando estava satisfeita, peguei os sabonetes e comecei a espalhar pelo quarto (estou curtindo muito espalhar coisas por aí). Depois de ter muitos sabonetes em todo lugar, eu tirei da minha mochila o bilhete que tinha escrito mais cedo. Joguei em cima da cama de Yale, juntamente com a carteira dele.
"Sua carteira sumiu? Já sabe onde foi parar. Hahaha. Vê se usa essas coisas, Bafo de Bunda. Você precisa.
Comprei esses sabonetes com o seu dinheiro, caso não tenha entendido. Você sempre foi meio burro mesmo. É bom explicar.
Xx ."

Não podia deixar os bilhetes nos armários ou eles saberiam que fui eu, e iriam me matar, já que eu ainda pretendia voltar para o jogo.
Saí de lá, levando as caixas vazias comigo, fechei a porta da frente com a chave e empurrei-a para dentro pela brecha de baixo. Tomara que outro membro da família dele tenha chave, ou eles vão dormir na rua hoje. Deixei as caixas no lixo do vizinho da frente e voltei a colocar minha mochila na moto, depois montei nela, indo até a casa da puta. Ops, Dayanara.
Ela e Dylan moravam bem perto da escola, eu praticamente tinha feito o caminho de volta.
Estacionei a moto na calçada, quase batendo na parede da casa. A porta e as janelas todas trancadas. Peguei uma pedra um tanto grande e quebrei uma pequena parte da janela, enfiando minha mão por dentro e abrindo a tranca. Levantei a janela, jogando minha mochila pra dentro, depois entrei e fui muito bem recebida pelos cachorros dela. Sorte minha eles serem bonzinhos e não me atacarem como o monstro de Shelby. Fui até o quarto de Dayanara e procurei em todos os lugares possíveis, sem sucesso. Larguei o meu bilhete por lá e voltei para sala, ainda procurando por ali, mas não achei nada. Saí pela janela, fechando-a com a tranca por fora.
"Sua boca queimou hoje? Foi só pra você aprender que não é engraçado abri-la para humilhar os outros.
Ah, e cuidado onde mete a língua, vadia.
Xx ."

Montei na moto com a mochila nas costas e segui para a casa de Dylan, que ficava na mesma rua. Alguns metros depois, estacionei a moto novamente e peguei uma outra pedra fazendo a mesma coisa que fiz na casa de Dayanara. Quando finalmente entrei, não perdi tempo e saí procurando o diário naquele quarto enorme, e cheio de prêmios de esportes variados. É, parece que Dylan serve para alguma coisa. Fiz a maior bagunça, não me preocupando em arrumar, e claro não encontrei nada. Larguei meu bilhete e saí correndo e trancando a janela novamente.
"Espero que tenha se borrado nas calças na frente de todo mundo hoje. Foi só pra você sentir na pele como é passar vergonha. Como eu passava por sua culpa.
Xx "

Queria chegar antes do jogo acabar para ver o placar e a desgraça. Montei na moto e liguei-a, descendo rua abaixo até chegar na escola. Eu disse que era perto. Fui tentar estacionar a moto junto das outras, mas quando cheguei perto, ela estancou acertando a moto da frente que caiu para o lado, derrubando a outra que derrubou a outra e derrubou a outra e assim foi até que a última moto do estacionamento estivesse no chão. Como uma fila de dominós.
- Puta merda! - eu reclamei comigo mesma, olhando a bagaceira que tinha feito. - Quando eu penso que as coisas estão dando certo...


Capítulo 19

Resolvi estacionar a moto de longe das outras, para ninguém achar que ele tinha alguma coisa haver com a queda, já que a dele era a única tinha ficado em pé. Desci tirando o capacete e o deixando pendurado no guidão. Peguei minha mochila e a chave da moto e voltei para a escola. Quando cheguei ao local do jogo, a galera do Ridgeway Middle estava gritando para cacete. A escola deles estava ganhando. Eu sentei na arquibancada, perto dos meus pais.
- Achei que tinha dito que não viria. - meu pai gritou, por conta do barulho.
- Mudei de ideia. - gritei de volta. Voltei a olhar para o campo e as líderes estavam fazendo uma pirâmide humana, para aumentar a torcida do nosso lado.
- Como chegou até aqui? - minha mãe perguntou.
estava no topo das meninas, se preparando para se jogar para trás e ser pega pelas outras.
- Vim de bike. - dei de ombros.
Eu peguei um laser dentro da minha mochila – sempre ando com esse tipo coisa –, aproveitando para guardar a chave da moto. Apontei o laser para o olho de uma das meninas que segurava pelo pé. Ela se assustou, e soltou um gritinho, largando o pé de para pôr a mão nos olhos. se desequilibrou tentando segurar na outra menina, que também perdeu o controle. caiu antes do previsto e as outras garotas também, de forma vergonhosa, levando todas as outras a caírem desmanchando a pirâmide, ou seja lá como elas chamam isso.
Os risos das pessoas do Ridgeway Middle foram mais do que altos, e eu ri junto, é claro. Meus pais até levantaram preocupados, mas viram que estava bem, e sentaram de novo. Eu ri mais uma vez, guardando o laser e enquanto via Shelby dar um esporro nas meninas.
Fim de jogo
Ridgeway Middle 7
Time da casa 6

Que vergonha.
As pessoas da Ridgeway, que estavam na arquibancada, entraram no campo para comemorar com os jogadores. Enquanto os da EAP, andavam em silêncio em direção a saída. Eu segui o fluxo olhando para o campo, e vendo tirando o capacete, enquanto várias pessoas pulavam ao seu redor. Eu dei um tchauzinho em sua direção, e ele sorriu, querendo rir. Acho que não estamos tão mal assim.
Cheguei em casa antes dos meus pais que ficaram esperando . Aproveitei que minha mãe não estava em casa e peguei toda a cera de depilação que ela tinha – já que ela trabalhava com isso – e levei para o meu quarto, para me preparar para a minha vingança de hoje à noite.
Peguei a lista e risquei o nome das três pessoas que se foderam hoje. Tomara que minhas vinganças tenham dado certo. Peguei meu celular, e haviam umas 1000 mensagens no grupo das pessoas do 3° ano, rindo de um vídeo de Dylan, expelindo fezes para todo lado.
Hahaha.
Mais abaixo uma garota disse que Dayanara passou mal, e foi para o hospital, e todo mundo estava preocupado com ela, querendo saber de mais notícias. Quando eu estava chorando por causa do bullying que faziam comigo, ninguém ficava preocupado. Me poupem. E mais embaixo, tinha uma foto de Ethan sem camisa, conversando com alguém, e o meu nome estampado diversas vezes no corpo dele. Umas pessoas riram e outras fizeram comentários como "essa menina é muito doidona", e Elga, Carrie e disseram " é foda".
Eu ri.
A última mensagem era de Yale, dizendo que foi roubado durante o jogo, havia acabado de perceber.
Todos eles ainda estavam lá na escola, tomando banho e esporro do técnico.
Ai, ai.
Guardei meu celular, deitei na cama e comecei a fazer uma lista mental de coisas ruins que estão acontecendo na minha vida: 1- Meu diário sumiu. 2- Eu fui presa (de novo).
3- Meu diário sumiu.
4- Minhas melhores amigas agora são ex-melhores amigas.
5- Meu diário sumiu.
6- Meu melhor amigo agora também é ex.
7- Ainda não sei quem pegou o meu diário.
8- Meu diário sumiu.
Choraminguei pondo as mãos na frente do rosto.
[•••]

Quando anoiteceu, eu fui até a janelinha da casa de , como de costume. Ele estava largado na cama, sem camisa, e usando o celular enquanto ele carregava.
Eu queria pedir desculpas e chamá-lo pra ir comigo, mas pensei melhor, e desisti.
Eu ainda estava com um pouquinho de raiva dele, e ele não precisa participar disso mesmo.
O que aconteceu entre mim e Jacob foi grande e profundo. E não estou falando do pênis dele entrando em mim.
Peguei um papel e uma caneta na minha mochila, e escrevi um bilhete, jogando pra dentro da janela e voltando pra minha casa. Peguei minha bicicleta e saí rumo a casa de Jacob.
"Eu te joguei uma praga, mas não quero que você morra de verdade, então PARA de usar a merda do celular no carregador.
Xx "

[•••]
Quando cheguei na casa do meu ex, subi tranquilamente até a janela, eu fazia isso sempre. Normalmente é o namorado que vai até a casa da namorada no meio da noite e sobe até a janela do quarto dela. Mas Jacob sempre foi um medroso, então fazíamos ao contrário. Eram exatamente 23h57 quando cheguei na janela, Jacob já dormia tranquilamente, eu não me importei em fazer barulho, porque ele tomava remédio para dormir, então nada o faria acordar. Ele nunca me contou o motivo de ter que tomar remédios para ter uma boa noite de sono, mas me lembro que na época que namorávamos, ele já sofria com isso. Entrei no quarto e logo avistei um ferro de passar roupa, liguei-o na tomada deixando-o esquentar enquanto procurava o meu diário. Roupas, acessórios, besteiras, besteiras, camisinhas, sapatos, papeis, ursinho de pelúcia, mais camisinhas... Ursinho de pelúcia? Eu puxei aquele ursinho pra perto de mim e logo o reconheci, eu havia dado de presente a ele, alguns dias antes de nós transarmos pela primeira vez, e pela última... O ursinho era marrom, e segurava um coração na mão. Me lembro de ter derramado quase todo o meu vidro de perfume no urso, pra que ele ficasse cheirando igual a mim. Eu cheirei o ursinho e mesmo depois de tanto tempo ainda tinha o meu cheiro, com um misto de poeira, claro. Eu continuei procurando meu diário com o ursinho na mão, mas logo desisti, não estava ali. Eu peguei os plásticos com cera e tirei o ferro da tomada. Me aproximei da cama colocando o ferro em cima da mesma, tomando cuidado para que ele não batesse em Jacob. Comecei a esquentar o plástico pondo-os próximo ao calor do ferro para derreter a cera. Quando já estava bastante derretida, eu separava os plásticos e colava nas pernas dele. Só parei de fazer isso quando as duas pernas dele estavam totalmente preenchidas. Não era uma vingança tão terrível, eu admito que talvez esteja com pena dele. Só talvez. Coloquei o ferro no lugar, e peguei papel e caneta começando a escrever.
"No começo dói, mas você acostuma" Lembra dessa frase? Se encaixa perfeitamente com o momento pelo o qual você esta passando, não acha? Haha! Saudades de nós, Jake♡ Xx Acho que não preciso deixar minha inicial aqui.
Coloquei o ursinho na cama, e o bilhete encaixado entre o coração e a barriga dele. Assim que ele visse o ursinho, saberia quem o deixou naquele estado. Eu me inclinei próximo ao rosto dele lhe dando um selinho rápido. - É, vai doer muito. - eu disse em voz alta, mesmo sabendo que ele não podia me ouvir.
Guardei minhas coisas e caminhei até a janela, olhei pra trás uma última vez, deixando meu passado ali, e desci o mais rápido que pude.


Capítulo 20

Voltei pra minha casa, dormi até que o celular despertasse as 3h30 da manhã. Acordei, lavei meu rosto rapidamente e chequei o thatgabble antes sair.
James Harden estava online a 2h atrás.
Ótimo, era minha deixa. Ele devia estar dormindo, ou transando, vai saber. Mas espero de coração que não seja a última opção. Peguei minha mochila, pulei a minha janela, peguei minha bicicleta fui pedalando loucamente até a casa de James.
Estava sentindo algo bom, não sabia o que era. Talvez fosse um pressentimento de que eu acharia o meu diário.
Quando cheguei lá, fiz o mesmo de sempre. Quase entrando na janela errada já que eu de fato nunca tinha prestado muita atenção na janela do quarto dele quando vim aqui. Sim, já tinha visitado a casa dele, mas só enquanto ele dava as festas mais loucas. Entrei pela janela com o maior cuidado do mundo, e quase me joguei quando ela rangeu e James resmungou se mexendo, mas ele não acordou. O líquido que Elga me deu tinha acabado, infelizmente.
Eu comecei a procurar meu diário. Quando eu estava procurando em baixo da cama, ouvi um movimento mais pesado em cima, e vi que ele colocou os pés no chão. Eu me assustei e entrei pra debaixo da cama rapidamente. Ouvi a porta se abrindo, e ele saiu por ela logo depois, acho que já deu minha hora. Fui sair debaixo da cama com pressa e meti minha cabeça na madeira, resmungando um "ai" bem baixo.
Saí dali praticamente correndo e peguei papel e caneta escrevendo o meu recadinho bem rápido deixando a letra toda feia, coloquei em cima da cama, e saí pela janela correndo como louca.

"Só pra você ficar sabendo, eu estive aqui.
Xx "


Era isso. Eu só queria procurar o meu diário mesmo, não faria nada com James. Ele nunca fez nada comigo, tentou, mas não conseguiu.
- Ei! - eu ouvi um grito quando estava montando na minha bicicleta, e por curiosidade olhei pra trás. Era James, gritando da janela. - Porque não fez nada comigo?!
- Eu não tive coragem! - respondi e saí pedalando. Pelo visto todo mundo já sabia o que eu vinha fazendo com as pessoas. Isso não era nada bom, assim eles iriam se prevenir e me esperar. Mas agora não tem problema, porque as pessoas da escola já saíram todas da lista.
Cheguei em casa, quando o dia estava começando a amanhecer. Guardei minha bicicleta na garagem e subi na árvore até chegar no meu quarto. Entrei, peguei a lista, uma caneta e me sentei na cama.


Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford


Próxima parada: Monte Rainer. Eu estou ferrada. Deitei para dormir mais, já que era sábado.
Me acordei com um barulho insistente de mensagens chegando no meu celular. Porque eu não deixo essa droga no silencioso, mesmo?
Olhei a hora: 9h14
Fala sério!
Fui ver quem estava me incomodando.
Era... Jacob?
Eu abri na janela de mensagens, o contato dele ainda era salvo como "Jake♡", não porque eu nunca esqueci ele, só tive preguiça de mudar.

Comecei a ler as mensagens:
""
""
""
""
"FILHA DA PUTAA"
"Como pode fazer isso comigo?"
"E ainda diz que sente saudades de nós?"
"Está doendo pra porra"
"E eu ainda não me acostumei"
Eu comecei a rir loucamente. E lhe mandei uma resposta.
"Aaaahhahahhshshahahahahahajdxhx"
"Isso sou eu rindo de você"
"Isso foi pra você aprender a ficar de boca fechada quando 'comer' alguém"
"Não é assim que você diz?"
"Boa sorte com isso, J, vai precisar"
"Hahaha"
"Ah, e filho da puta é você, respeite a minha mãe."
Segundos depois ele me respondeu com um emoji de dedo do meio. Eu ri, mas não disse mais nada, ele também não. Eu pensei em voltar a dormir, mas não consegui. Troquei de roupa e desci as escadas, precisava comer algo agora mesmo. Quando cheguei lá embaixo, meus pais berravam um com o outro na porta da cozinha. Eu passei por eles sem dizer nada.
- Essa daí é outra que não faz nada, olha só a hora que acorda. - minha mãe falou apontando pra mim. Eu virei as costas e comecei a encher uma panela com água.
- Esse daí é um outro problema seu. - começou o meu pai. - Fica com raiva de mim e desconta nas meninas. Porque não briga só comigo?!
- E você sempre se metendo onde não é chamado. Porque não posso ter uma conversa com minhas filhas sem que você se intrometa? - disse minha mãe, enquanto eu colocava a panela no fogo.
- Porque você não sabe conversar! Você só reclama! O que foi que ela fez de errado?! - dessa vez meu pai apontou pra mim.
- Ah! Eu só reclamo? E é pra aturar tudo isso calada? Por acaso eu sou de ferro? Eu vou acabar morrendo e a culpa vai ser de vocês! - eu me encostei na pia e cruzei os braços para prestar atenção em mais uma briga sem sentido e no discurso ridículo da minha mãe sobre querer morrer.
- Você diz isso há 22 anos! Porque ainda não morreu?! - meu pai disse bem mais alto do que antes.
- Você deve ser doido pra que eu morra pra você arrumar outra, não é?
O meu pai ia responder, mas eu tratei de interrompê-lo.
- Já chega vocês dois! Que saco! Não sabem fazer outra coisa senão brigar? Por que porra vocês ainda estão juntos?! - eu estava gritando. - Puta que pariu! Tá na cara que vocês se traem. Você não larga o celular e não deixa nem o papa tocar nele! - eu apontei pra minha mãe. - E você não para em casa, e quando para é pra brigar! - eu aprontei pro meu pai. - Quando eu chego perto de vocês dois enquanto estão mexendo no celular vocês o cobrem como se estivessem assistindo vídeo pornô!
- Eu não traio o seu pai, . Se ele me trai, é problema dele. - disse minha mãe.
- Não se faz de santinha não. - eu disse. - Eu vi, mãe, a mensagem que você recebeu daquele cara. Ele simplesmente disse uma única palavra que tenho vergonha de mencionar. E você escondeu o celular achando que eu não tinha visto. Só precisei ver isso pra saber que você tem um caso com ele. - minha mãe abaixou a cabeça. Isso havia acontecido nas férias, quando eu estava ensinando minha mãe a usar o Instagram. Eu resolvi me fingir de boba. Mas tô cansada disso.
Meu pai riu irônico.
- Não ri não. - eu apontei para ele. - Eu sei que o seu celular é cheio de nudes daquela mulher. - meu pai arregalou os olhos em um pedido mudo para que eu parasse de falar. - Qual é mesmo o nome dela? Flávia... Sei lá.
Dei de ombros.
- ! - ele me repreendeu. Eu ri baixo.
- Porque ainda moram na mesma casa? - eu falei mais baixo dessa vez. - É por causa de mim e ? Acham que nós teremos um futuro melhor com vocês aqui sempre? Pois vou dizer a verdade, eu estou ficando cada dia mais traumatizada com isso. Porque vocês acham que eu sempre fujo de casa? É porque eu não aguento ficar. Não com todas essas merdas que acontecem aqui dentro. Um dos motivos de eu ter feito do sótão o meu quarto foi pra ver se eu escuto vocês brigarem menos. - eu falei passando por eles e caminhando de volta a escada. - Só que não adianta, sabia que até os vizinhos ouvem vocês? Isso é vergonhoso! - eu parei no primeiro degrau me virando pra eles. - Vocês deveriam agradecer a Deus por as suas filhas não terem nenhum envolvimento com drogas, ou coisa do tipo. Porque motivos nós temos. Principalmente eu. E a culpa é toda de vocês! - eu disse e subi as escadas rapidamente deixando-os pra trás espantados. Provavelmente ficaremos sem nos falar uns 30 dias. Mas é melhor assim. Eu tinha que falar aquilo. Estava tudo entalado na minha garganta há uns dez anos.
Eu fui pro meu quarto e procurei o pó descolorante que eu havia usado nas sobrancelhas de Ashley, fiz toda a mistura que era preciso e apliquei no meu cabelo. Já que eu me rebelei de verdade, que seja com estilo.

Depois de muitos minutos eu lavei o meu cabelo, tomando muito cuidado no percurso até o banheiro, para que ninguém visse aquela cagada. Depois de seco e bem arrumado eu achei muito legal. Agora eu tinha cachinhos rosa. Voltei correndo para o meu quarto peguei minha mochila da escola, tirei tudo de dentro e coloquei algumas roupas, o dinheiro que eu juntava para emergências pessoais, minha identidade falsa, a lista de suspeitos, meu celular e meu fone dentro dela. Troquei de roupa, pus um tênis e pulei a janela levando minhas coisas junto. Fui até a casa de e bati na janelinha.
- ? - ele disse e se aproximou abrindo-a. - Você tem cabelo rosa? - ele perguntou mais lentamente.
- Tenho. - sorri mexendo o cabelo de um lado para o outro. - Você gostou?
- É, ficou legal. - ele concordou. - Ah. Não que eu não goste de você, mas... O que está fazendo aqui? - ele disse eu ri.
- Eu... Vim pedir desculpas. Não queria ter falado aquelas coisas. Perdi a cabeça. Você não tem nada a ver com o que aconteceu entre Dayanara e eu. Você me perdoa? - eu abaixei a cabeça.
- Perdoo se você me perdoar também. - ele disse. - Eu errei em levá-la para o seu lugar sagrado.
Eu ri.
- Tudo bem. - eu sorri. - Estamos de boa?
Estendi o meu dedo mindinho para ele.
- Estamos de boa. - ele apertou meu dedo com o dele.
- Então... Agora que somos amigos de novo... Eu queria saber... Quer dar um pulinho em Las Vegas comigo?
- Las... Vegas? - ele perguntou incrédulo.
- É. - eu disse. - Você sabe que o único motivo de eu ter pedido a sua ajuda foi pra me levar pra fora da cidade com o seu carro. E essa hora chegou. - eu me sentei no chão, para encará-lo melhor, e sorri.
- Só veio pedir desculpas por isso, não foi? - ele perguntou.
- Talvez. - eu entortei a boca.
- Olha, , eu... - ele coçou a nuca e antes que pudesse terminar de falar, e eu estendi uma nota de 100 dólares, deixando-a na frente do rosto dele. - Vou me arrumar! - ele pegou a nota rapidamente e entrou, mas eu ainda conseguia vê-lo.
- Ah, leva uma roupa chique, a gente tem que causar boa impressão. - eu disse. - E roupas de frio também!
- Quanto tempo iremos passar lá? - ele perguntou lá de dentro, enquanto colocava algumas roupas em uma mochila.
- Bem, de acordo com os meus cálculos, nós sairemos daqui as 14 horas, e chegaremos lá as 16:30 de amanhã, considerando que antes de chegarmos em Las Vegas, eu vou dar uma passadinha na casa de uma velha amiga e isso deve durar uns 30 minutos, e que nós vamos parar pra dormir por umas cinco horas. E, se eu achar o diário no mesmo dia, podemos voltar, à noite. Então... Se somarmos as horas que ainda restam de hoje, mais as que a gente vai gastar do dia que vem depois do dia que estaremos lá... Acho que uns dois dias. - eu falei com a mão no queixo.
- Sabe, eu me perdi quando você disse "de acordo com os meus cálculos". - ele parou de mexer no guarda-roupa, e me encarou.
- Uns dois dias, , contando com hoje. - resumi da forma mais simples.
- Tá, mas nós voltamos na terça? Vamos perder aula? - ele falou sem me encarar dessa vez.
- Vamos. Qual é o problema? Quem liga pra aula quando o seu diário está perdido em algum lugar do mundo?
- Com certeza você não. - ele disse. - Vou abrir a porta pra você. Ainda tenho algumas coisas pra arrumar.
Ele se levantou e sumiu das minhas vistas e eu fui pra porta, que logo foi aberta.
- Entra, não tem ninguém em casa.

Hum.
Ele disse liberando a minha passagem.
- Onde está sua família? - perguntei entrando.
- Meu pai está trabalhando, minha mãe está na faculdade, que tem aula somente dia de sábado e domingo minha irmã está num lugar aí pra crianças, "Brinquelândia", eu acho. E a minha outra irmã fica com a babá, na casa dela, graças a Deus. - ele disse caminhando até o seu quarto. Eu o segui, mas parei na cozinha, antes de descer as escadas. Provavelmente ele vai se trocar e eu queria muito ver isso, mas ele poderia ficar constrangido.
- Você fica sozinho todo domingo? - perguntei olhando para baixo e pude ver que tinha um espelho na parede do quarto, que refletia a imagem de tirando a camisa.
- E sábados. - ele disse e eu o vi abaixando a bermuda que usava. Mordi o lábio. - É ótimo pra se masturbar.
- ! - eu ri, e vi pelo espelho que ele também ria.
- O quê? - ele perguntou normalmente. O vi começar a vestir uma calça. - Aí, porque resolveu pintar seu cabelo de rosa?
- Sei lá, tinha uma tinta dando sopa lá em casa e eu gastei um dinheirão com ela... Aí eu pintei. - ele riu e vestiu uma camisa. Depois saiu de perto do espelho, e eu não pude mais vê-lo. Alguns segundos depois ele voltou, com um papel na mão, e começou a subir as escadas.
- Você que é boa com bilhetes, me fala se esse está bom. - ele me entregou o papel.

"Mãe, pai, eu fugi de casa. Não me procurem em Las Vegas porque eu não estarei lá.
Xx .
P.S: Terça de manhã estou de volta."

Eu ri.

- Arrasou. - eu disse e ele colocou o bilhete na bancada que havia na cozinha. - Já tinha "fugido" de casa antes? - eu fiz aspas com os dedos.
- Não, estou nervoso. - ele respirou fundo. Eu ri novamente.
- Seus pais deixam você sair assim? A hora que quer, e pra onde quiser?
- Na verdade, não. Mas a minha irmãzinha está deixando-os tão loucos que não vão nem notar que eu não estou aqui. - ele disse me fazendo rir. - Mas, e aí? Vamos? - nós caminhamos até a garagem. Ele tirou o seu carro de lá, enquanto eu esperava do lado de fora. Logo depois eu entrei no carro e ele ligou o GPS.
Informe seu destino. - disse o GPS.
- Las Vegas. - disse .
Procurando "as guerras".
- Las Vegas, sua burra! - disse e eu ri.
Procurando "subúrbio".
- Porra! - mexeu descontroladamente no GPS, enquanto este falava coisas aleatórias, e eu morri de rir.
- Deixa, , a gente tem mesmo que passar no "subúrbio" antes de ir. - eu comentei.
- Do que está falando?
- Vou te levar pra fazer uma identidade falsa, numa lojinha que eu conheço, no fim da cidade.
- Por acaso fica perto de uma Boca de Fumo?
- Acho que está mais pra lojinha ser a Boca de Fumo.
- É esse o tipo de lugar que você costuma frequentar? - ele disse me fazendo rir.
- Relaxa, é bem diferente do que você imagina. E o dono de lá é meu amigo a anos e é superlegal.
- Qual o nome dele?
- Emmett.
- Ah, aquele que você falou no telefone aquele dia?
- Exato.
- Ei, mudando de assunto... O que disse pra os seus pais deixarem você sair? - ele perguntou olhando pra mim rapidamente.
- Nada. Eu fugi de casa. - eu disse simples e ele freou bruscamente.
- Ficou doida? Vão achar que eu te sequestrei. - ele disse aparentando estar preocupado. Eu ri.
- , nós dois sabemos que você não faz mal a uma mosca. Se isso fosse um sequestro, eu seria a criminosa da história. - ele riu, concordando. - E tem mais, os meus pais estão acostumados com isso, é como se eu nem existisse mais.
- Falar em seus pais...
- Você ouviu, não foi? - perguntei me referindo briga.
- Você foi muito corajosa. - ele parou o carro num semáforo e me encarou pousando a mão na minha perna. Eu sorri.
Disfarce o quanto quiser, . Eu sei que você colocou a mão aí com outras intenções.
- Pra que lado fica? - ele perguntou se referindo a loja enquanto voltava para a sua posição original.
- Vira ali. - eu apontei.

- É aqui! - eu disse depois de alguns minutos indicando o caminho para .
Nós descemos do carro.
- Aulas de piano. - disse lendo o que estava escrito num pequeno cartaz na porta da loja, que estava fechada.
- Disfarce. - eu expliquei. Bati na porta, que era de madeira e não permitia visão de nada lá dentro, a "loja" estava mais para uma casa. - Emmett! Sou eu! Mal!
- Já tô indo, amor! - ele gritou lá de dentro.
- Amor? - falou baixinho.
Alguns segundos depois a porta se abriu.
- ! - Emmett me abraçou tirando-me do chão e me dando um selinho.
- Oi, Emm. - eu falei.

Emmett Winslet - O amigo fora da lei
*19 anos
*Já terminou, fugiu ou foi expulso da escola
*Popular entre os maconheiros da área
*Adora se gabar das coisas
*Procurado pela polícia
*Muito bom no que faz
Ainda estava nos braços dele. Ele parou de me olhar e encarou algo atrás de mim.
- ?! - Emmett disse enquanto me largava no chão bruscamente, quase me fazendo cair. - Ai! - eu disse com raiva.
- Emmett?! - disse entrando no local.
- Vo... Vocês se conhecem? - eu perguntei.
- Sim, ele é meu primo. - os dois falaram ao mesmo tempo.
- Quê?! - eu disse incrédula. - Quantos primos mais você tem escondido de mim, ?
Perguntei o encarando.
- O que faz aqui? - perguntou pra Emmett, me ignorando totalmente.
- Eu que pergunto. O que você faz aqui? - Emmett disse.
- Eu e ele vamos viajar. O trouxe para fazer uma identidade falsa. - respondi.
- Sua mãe sabe que está fazendo isso? - Emmett perguntou para .
- E a sua sabe que está fazendo isso? - apontou em volta.
- Eu não conto, você não conta. Fechado? - Emmett disse.
- Fechado. - disse e eles fizeram um toque de mãos.
- Vocês são primos. - eu afirmei. - Uau. Você também é primo do Aaron? - Perguntei a Emmett.
- Jones? Infelizmente. - ele afirmou, andando para a porta da divisória que havia ali. Tinha um tipo de parede de vidro, cheia de persianas, mas havia uma abertura, e nessa abertura, um balcão. - Pode fechar a porta por favor? - pediu a , já entrando pela outra porta e caminhando até o balcão. - Como vocês podem ser primos? - eu perguntei.
- De chave. - Emmett manteve seu diálogo com , que fez o que ele pediu.
- Os sobrenomes são diferentes. - eu continuei.
- É porque nossas mães são irmãs. - explicou.
- Três irmãs. - Emmett complementou, erguendo os três últimos dedos da mão, se referindo também a mãe de Aaron.
- E pegamos somente os sobrenomes dos nossos pais. - disse.
- Ah! - eu exclamei, mostrando que agora tudo fazia sentido. - E qual o sobrenome de solteiro das mães de vocês?
- Müller. - eles disseram juntos.
Agora eu sei porque peguei Aaron, Emmett e quero pegar . A família Müller fabrica uns gatos! Deus abençoe as mamães desses garotos!
- Então, pra onde vão viajar? - Emmett perguntou. - Vão querer passaportes?
Ele falou anotando algo num bloco de notas apoiado no balcão.
- Não, nós vamos pra Las Vegas, só queremos uma identidade falsa pra ele poder entrar nos cassinos. - eu disse me apoiando no balcão também.
- Bom, temos três tipos de identidade aqui, ... A de boa qualidade, com mais tempo de espera para entrega. A de qualidade razoável, com um pouco menos de tempo. E a de má qualidade, com quase nenhum tempo de espera. - Emmett disse.
- Alguma delas fica pronta hoje? - eu perguntei.
- A de má qualidade. - Emmett entortou a boca.
- Vai ser dessa mesmo. - eu disse.
- Beleza, pra dentro da máquina de fotos, . - Emmett apontou para frente, e e eu olhamos pra trás. Havia uma máquina de tirar fotos, daquelas que tem nos shoppings.
- Onde conseguiu essa máquina? - perguntei enquanto via caminhar pra dentro da mesma.
- Tinha uma dando sopa lá no shopping, aí eu peguei. - Emmett respondeu.
- Dando sopa? Você roubou! Como você consegue fazer essas coisas? - eu disse espantada.
- Tenho meus truques. - ele deu de ombros. - acabou de entrar na máquina. - ele falou saindo de dentro da divisória rapidamente. - Vou trancá-lo para que possamos transar loucamente. - ele me puxou para um beijo.
- Não. - me separei dele. - Eu não tenho tempo.
- O que?
- A vida do meu diário está em jogo. - respondi.
- E desde quando diário tem vida? - ele cruzou os braços.
- Desde que eu comecei a escrever nele, ué. Tem minha vida lá. - eu disse, enquanto observava saindo da cabine com quatro fotos na mão. Ele caminhou até nós entregando-as a Emmett.
- Qual delas você prefere? - Emmett perguntou observando as fotos.
- Essa. - apontou para a segunda. Emmett concordou e voltou para onde estava antes, atrás da divisória.
- E qual vai ser o seu nome falso? - Emmett perguntou mexendo em algo no computador, como era possível ver através da abertura na parede.
- Ah, eu não sei. - disse. - Qual é o seu nome falso, ?
- Hum, aqui. - falei tirando minha identidade falsa do bolso e entregando-o.
- Hanna Malila Willows. - ele leu em voz alta. - Oito de abril, de 1996. Uau, você tem 22 anos. - ele comentou. - De onde tirou esse nome?
- Li num livro uma vez. - dei de ombros pegando a identidade novamente.
- Porque não faz como ela e pega um personagem de um livro que você já leu? - Emmett sugeriu.
- Tudo bem, então meu nome vai ser Harry Potter. - disse, eu e Emmett entortamos a boca.
- Será que não dá pra ser um menos famoso? - Emmett disse.
- Bem, que tal Jacob Portman? - perguntou.
- O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares? - eu perguntei, quando reconheci o nome do personagem.
- É. - disse.
- Eu amo esse livro. Todos eles, na verdade. - acrescentei.
- Credo. Como tiveram coragem de ler uma coisa como essa? Só o título já me cansa. - Emmett fez careta. - E esse tal Jacob tem nome do meio?
- Megellan. - respondeu.
- Qual sua data de nascimento? - Emmett perguntou.
- Quatro de abril. - respondeu.
- Pode me dar sua identidade de verdade? - Emmett pediu, e o fez. Mais alguns minutos e escutamos o barulho da impressora.
Emmett pegou o papel, colando a foto que escolheu, uniu a parte de trás da identidade com a da frente e depois a pois na máquina de plastificar. - Bem, agora é oficial , você tem 22 anos. - Emmett lhe entregou a identidade.
- Uau. - disse impressionado comparando as duas identidades. - Você é mesmo um bandido profissional.
- Como é? - Emmett perguntou.
- Não, eu quis dizer... Sabe... Profissional. Mas, bandido. - o encarou guardando as identidades no bolso.
- Então, quanto eu te devo? - Eu perguntei pra Emmett.
- Contando com a identidade. Uns 70 dólares.
Eu abri minha mochila, e lhe entreguei o dinheiro.
- Mais os juros. - ele completou.
- O que? Que juros?
- Um beijinho seu. - ele disse e eu rolei os olhos, lhe dando um selinho logo em seguida. Olhei a hora no relógio de parede. 14:13.
- Hora de ir, . - eu falei me afastando de Emmett. - Emm, ainda tem aqueles trocinhos de esquiar na neve?
- Quer dizer os esquis? - ele levantou as sobrancelhas.
- É. Tem?
- Tenho. - ele deu de ombros.
- Me empresta?
- Ah, não sei não, ... Isso foi muito caro e...
- Te dou 15 dólares. - eu ofereci.
- Muito pouco.
- Mais o CD novo do Eminem! - eu sorri. E ele abriu a boca em choque. Mas logo sua expressão voltou ao normal.
- Não precisa, eu escuto ele no Spotify. - ele riu.
- Vai se foder! O que você quer? - eu perguntei.
- Um pôster. - Emmett disse. - Da Aallyaa Mendexx. Sem roupa.
tentou prender o riso.
- Quem? - eu perguntei olhando pra , que parecia saber do que Emmett falava.
- Aallyaa é uma atriz pornô. Meio nova no ramo, e tal. - explicou. - Posso conseguir um.
- Jura? Seria meu sonho. - Emmett disse fingindo se emocionar.
- É, eu trago pra você quando voltarmos. - disse.
- Legal! - Emmett pulou de alegria, e caminhou até uma parte onde não conseguíamos ver e mexeu em alguma coisa. - Aqui, peguem. - ele nos passou os esquis pela abertura da parede. - Cuidado com os meus bebês.
- Obrigada, Emm. Até algum dia. - eu falei segurando um dos esquis enquanto pegou outro.
- De nada, meu amor. - ele mandou um beijo. - Tchau, . - ele fez graça. espremeu os olhos na direção dele.
- Tchau, Emm. - disse e os dois começaram a rir.
Meninos.


Capítulo 21

Saímos da loja e guardamos as coisas no porta malas, onde estava a mala de . Entramos no carro e deu a partida.
- Pra que mesmo vamos precisar de esquis? - perguntou.
- Para esquiar, ora bolas.
- A gente está indo pra Las Vegas ou pro Polo Norte?
- Deixa de ser ignorante! - eu dei um tapa no seu ombro. - Vamos passar em um lugar antes.
- Devo sentir medo? - ele perguntou.
- Não, claro que não! Você está comigo! - eu sorri.
- Esse é o meu medo. - eu lhe bati de novo e ele riu.
Depois de muito brigar com o GPS, conseguiu fazer com que nos guiasse até Las Vegas.
- , posso te perguntar uma coisa? - ele disse.
- Claro. - o olhei.
- Você e o Emmett já ficaram? - ele manteve os olhos na estrada.
- Já. Nós até já t...
- Não quero saber. - ele disse e eu ri.
- Beleza. - falei.
- Mas você... Gosta dele?
- Hum... Não, não. Não pra ter algo sério. Hun, hun. - respondi totalmente sincera.
- Porque está perguntando isso?
- Ah, por nada. - ele disse. - Achei que vocês que vocês ficavam bem juntos. Só isso. Sabe, você é desprendida e aventureira e o Emmett loucão. Vocês combinam. - ele deu de ombros.
- Ah... Tá... - eu respondi meio... Triste? Talvez.

É doloroso ouvir o garoto que você gosta dizer que você fica bem com outro. É bem doloroso.
Eu virei minha cabeça pra janela e fiquei admirando as paisagens que não via a tanto tempo.

[•••]


- É aqui! Meu Deus! Nós chegamos! Nós chegamos! - eu falei abaixando o vidro do carro e pondo a cabeça pra fora.
- É uma miragem, . Ainda não estamos em Las Vegas. Aliás, falta muito pra chegarmos lá. - disse.
- Mas estamos em frente ao Monte Rainer! - eu disse apontando para o monte cheio de neve. - Vai, para o carro ali.
Ele entrou com o carro em um local com terra, próximo ao monte, e longe da pista. Eu desci assim que ele estacionou. Ele veio logo atrás de mim, e abriu o porta malas.
- Uh, está frio. - disse juntando as mãos na frente da boca e soprando. Eu abri minha bolsa pegando meu casaco – que era bem grosso por sinal –, uma touca e luvas. - Droga, porque não me disse pra trazer luvas? - ele disse já vestido com o casaco e a touca que trouxe, enquanto esquentava as mãos como fazia antes.
- Eu disse: roupas de frio. - falei mexendo na minha mochila.
- É, mas não especificou.
- Toma, eu trouxe outras luvas. - falei lhe entregando outro par.
- Rosa, ? - ele reclamou ao pegar. - Me dá a vermelha que está usando e fica com a rosa.
- Não essa não combina com a minha touca! - eu falei.
- Por favor, !
- Ou põe essas, ou tenha uma hipotermia nas mãos. - cruzei os braços o encarando.
- Saco. - ele rolou os olhos e colocou as luvas, enquanto eu pegava os esquis. - Sabe que não se pode ter hipotermia só nas mãos, não é? - ele falou enquanto fechava o porta malas e me seguia.
- Não enche. - eu disse. - Pega. - lhe entreguei um dos esquis.
- Então, viemos aqui só esquiar?
- Não, no caminho eu te explico, vem. - comecei a andar já em cima do monte. Não era preciso escalar, ele era meio plano.
- Nós vamos subir isso tudo? - ele perguntou olhando pra cima. Eu concordei. - Porque?

- Um dos suspeitos da minha lista, mora lá em cima.

- Quem é o louco? - ele perguntou.
- A louca, na verdade. Se chama Faun Licobits.
- O que? Esse nome dela é russo?
- Eu sei lá. Pra mim é nome de louca mesmo. - eu falei. - Ela fugiu do hospício, pelo que me disseram... Eu já vim aqui algumas vezes, pra esquiar. Eu já te contei, lembra? - ele concordou. - Ela sempre me via, e me mandava ir embora, dizia que eu não devia estar no monte dela, e se me pegasse lá de novo, algo ruim iria acontecer. Da última vez que eu estive aqui, eu me sentei no chão, próximo à casa dela, e comecei a escrever algumas coisas em meu diário, ela viu e disse que ia me fazer sofrer por tê-la desobedecido.
- E quando foi isso?
- Mês passado, eu acho. - respondi.
- Acha que ela teria coragem de ir até Seattle roubar seu diário? - ele perguntou.
- Claro, ela desce o monte todos os dias pra comprar comida.
- Com que dinheiro? - perguntou.
- Não sei. Será que ela compra comida? Acho que ela deve plantar por lá. - falei pensativa.
- Que planta resistiria a um frio como esse?
- É verdade. Como será que ela vive? - eu olhei pra cima pensando.
- Vai ver alguém da família dela manda dinheiro. - disse. - Mas então... Os suspeitos da escola acabaram?
- Sim. Fui atrás de cada um deles. - respondi.
- E que crimes cometeu? - ele perguntou. Eu contei tudo para ele desde do que fiz com Archie até Yale. E ele riu muito. Claro que sempre questionando o porquê dissp ou daquilo, típico de . Conversamos muito e até esquecemos da caminhada.
- Cara, que frio. - disse. - Como uma pessoa vive nesse lugar?
Ele passou as mãos nos braços cobertos pelo casaco.
- Você pode perguntar a ela porque nós chegamos. - eu apontei a casa logo em frente. Era de madeira e não parecia ter sustento algum no chão.
- Essa é a casa dela? - ele perguntou. - De novo... Como alguém consegue viver aqui?!
Ele aumentou o tom de voz. Eu ri.
- Beleza, o plano é o seguinte: você vai bater na porta dela, e vai distraí-la, enquanto eu entro pela janela e procuro o diário, a casa é bem pequena, então não vou demorar.
- E como eu vou distraí-la? - ele deu ênfase no "como".
- Sei lá... Diz que está vendendo alguma coisa.
- Tipo o que?
- Esquis. - eu falei e joguei o meu esqui nos seus braços.
- Porque você não distrai, e eu procuro o diário, hum? - ele sugeriu.
- Porque ela me conhece.
- Faz sentido. - ele concordou.
- Vai.
Eu falei andando até a lateral da casa, onde havia a janela.
- Palhaçada. - ouvi reclamar enquanto batia na porta.
- Quem é? - a voz rabugenta perguntou lá de dentro já abrindo a porta.

Faun Licobits - A louca do monte
*Idade não informada
*Não se sabe muita coisa sobre ela
*Adora assustar os outros
*Fugiu do hospício
*Resistente ao frio
- Ah, oi. - disse. - Eu vi que você mora num lugar bem exótico e - eu comecei a abrir a janela pra entrar. - pensei que...
- Não posso deixar você ficar aqui por uma noite, desculpe. - Faun disse quase fechando a porta e eu recuei pois já estava com uma perna dentro do local.
- Não, espera. - segurou a porta e eu continuei o meu caminho. - Eu não quero passar a noite aqui, não. Só queria saber se não está interessada em comprar esses esquis. - eu entrei na sala, extremamente minúscula, na qual só havia um sofá, uma TV em cima de uma mesinha e fim.
Só de passar os olhos dava pra ver que não havia como o diário estar ali.
- Eu não quero comprar droga nenhuma, obrigada. - Faun disse novamente quase fechando a porta.
- Mas, senhora - segurou a porta de novo. -, não são drogas, são esquis.
Eu passei por eles entrando em uma porta que dava para um cômodo extremamente apertado. Onde se encontrava uma pequena pia, um fogão, um frigobar em baixo da pia, e uma máquina de lavar. Tudo isso bem espremido e, portanto, o local só permitia uma pessoa por vez.
- Já disse que não quero! Seja lá o que for!
- Por favor, senhora! É pra caridade. - falou. Eu entrei em outro cômodo que havia ali. Este era um quarto, que havia uma cama e só. Ela estava encostada na parede, tanto a lateral, como a parte de cima, e a de baixo. Só era possível acesso a ela por um lado.
- Caridade? Caridade pra que? - ouvi Faun perguntar. Me abaixei e olhei em baixo da cama. Havia algumas caixas. Olhei dentro de uma e só haviam roupas.
- Pro orfanato Raio de Luz em Seattle, e pra extinção dos coalas. - disse, enquanto eu fazia a maior bagunça procurando de caixa em caixa. Só haviam cinco caixas ali, e nenhuma delas estava com o meu diário.
- Ora! Vá tentar enganar outro, seu espertinho. - Faun disse enquanto eu estava passando por trás dela, pra ir embora, ela ia virar de costas, mas a segurou.
- Por favor. senhora, se eu não vender isso o meu pai me mata. Ele disse que não vai mais me dar comida, nem água, eu preciso de ajuda!
- Não vai conseguir me enganar seu... - eu estava atravessando a janela e acabei escorregando pra o outro lado.
- Ai! - eu exclamei alto. Me levantei ficando de joelhos e olhei pela janela, Faun olhava pra mim.
- ! Eu sabia que isso era coisa sua! - ela veio na minha direção e fechou a porta. Ela olhou pra trás e aproveitei a deixa pra ficar de pé e correr. - ! - ela gritou se demorando na última sílaba do meu nome. Fui pra onde estava já pondo os esquis nos pés. Peguei o meu e arrumei rapidamente e de qualquer jeito. - Volte aqui, sua arruaceira! - Faun abriu a porta quando estava ajeitando o esqui do pé direto. Ela veio andando na nossa direção.
- Foi bom ver você de novo. - eu falei, quando ela estava bem próxima. Peguei os bastões no chão, e deslizei pela neve junto com . - Uhu!
Chegamos lá em baixo, rindo. Olhamos pra cima e Faun gritava algumas coisas que não conseguíamos ouvir, até que ela começou a descer o monte. E nós corremos, guardamos tudo no carro de qualquer jeito e fomos embora.
- Uh. - respirou. - Isso foi legal. Eu gostei. Pelo menos você não matou ninguém dessa vez.
- . - eu ri. - Quanto tempo até Las Vegas?
Mudei de assunto.
- Eu não sei. Umas 20 horas.
- Ok, me avise quando chegar lá. - falei me virando pro outro lado, pronta pra dormir.
- An, an. Nem pense que vou ficar sozinho. - ele disse.
- Saco. - Bufei. - O que vamos fazer até chegar lá?
☆☆☆

Parque Nacional do Monte Rainier, 16:05 da tarde

- Ôh oh oh oh! Tan! Tan! Ôh oh oh oh! Tan! Tan! Oooooooh! You know you love me! - eu e cantávamos desafinadamente a música – super nova (leia com sarcasmo) – do Justin Bieber. Só podia ser o meu pendrive pra ainda ter uma relíquias dessas.
- And I was like... Baby! - eu disse.
- Baby!
- Baby!
- Oh!

☆☆☆

Longview, Washington, 17:36 da tarde

- Vermelho! - eu dei um soco no ombro de quando passou um carro vermelho perto de nós.
- Preto! - ele deu um soco na minha perna.
- Você tinha escolhido branco, tá trapaceando! - eu falei. Eu lhe dei outro soco.
- Não, eu escolhi preto você entendeu errado! - ele olhou pra frente. - Preto! - ele me deu outro soco.
- Trapaceiro! - eu comecei a o estapear enquanto ele tentava fazer o mesmo usando uma mão só e rindo.

É, eu nunca vou entender o sentido dessa brincadeira.

☆☆☆

Portland, Oregon, 18:47 da... Tarde?
- Ok, famoso com a letra A. - disse.
- Angelina Jolie. - eu disse.
- Adele.
- Austin Mahone.
- Aallyaa Mendexx.
- Não vale! - lhe dei um tapa.
- Claro que vale. - ele disse. - Ela é famosa.
- Só se for no X Vídeos. Fala sério, ninguém sabe quem é essa!
- Se for assim, ninguém sabe quem é Austin Mahone.
- Seu ridículo! - comecei a bater nele, enquanto ele ria sem parar.

☆☆☆

Albany, Oregon, 19:47 da noite

- Letra K. - eu disse já intediada.
- Kim Kardashian. - ele disse.
- Kendall Schmidt.
- Kendall Jenner.
- Kevin Jonas.
- Kylie Kardashian. - ele disse.
- É Kylie Jenner! Ha! Eu ganhei! - comemorei. - Tá com fome? Eu trouxe biscoitos. - falei me esticando para pegar no banco de trás.

☆☆☆

Brownsville, Oregon, 20:17 da noite
- Letra Z. - disse mais lento que uma lesma.
- Puff... Zayn Malik. - eu falei enquanto estava apoiando minha cabeça na mão, pra que ela não caísse pra frente quando eu entrasse em sono profundo.
- Zendaya. - ele disse.
- Zac Efron.
- É...
- É com Z, não com E, você perdeu! - eu falei me endireitando bo banco.
- Chata. - ele disse.

☆☆☆

London Springs, Oregon, 21:21 da noite

- I know I can treat you better! THAN HE CAN! - nós cantávamos alto e acompanhando a música que passava no rádio. Eu abaixei o volume.
- Sabe, é fã do Shawn Mendes e quando nós cantávamos essa música juntas, substituíamos "than he can" por "Dani gay". - eu falei rindo.
- Porque? - ele riu.
- Porque a música fala que ele pode tratar a garota melhor que o outro. E a gente não entendia bem essa parte do "than he can". E falávamos Dani gay, pois chegamos à conclusão de que o nome do cara que está com a mina do Shawn, é Dani, e o Shawn não gosta dele, por isso chama ele de gay.
- Ah, que interessante. - ele riu. - Vocês são loucas. - eu ri. - Lamento como a amizade de vocês terminou.
- Eu também. - aumentei o volume do rádio e virei minha cabeça pra janela.

☆☆☆

Canyonville, Oregon, 22:43 da noite

Já era tarde. O rádio estava desligado. Meu queixo estava apoiado nas minhas duas mãos, e meus cotovelos estavam apoiados no meu joelho. Soprei um cachinho que estava caindo no meu rosto. olhava pra estrada, trinta vezes mais entediado do que eu.

☆☆☆

Sunny Valley, Oregon, 23:29 da noite
- MM YEAH YEAH! MMM YEAH YEAH! MM YEAH YEAH! - nós estávamos cantando gritando a música do Austin Mahone.
- Essa música não faz sentido. - cantou ainda no ritmo da música. Eu ri. Percebi que ele começou a encostar com o carro.
- Porque paramos? - perguntei.
- Preciso fazer xixi. - ele disse saindo.

☆☆☆

Ashland, ainda em Oregon (já cansei desse estado), 00:20 (Noite? Madrugada?)

Eu estava com minha cabeça apoiada em uma mão, e com a outra eu brincava com meu cabelo, puxando-o e vendo ele encolher de novo, como uma mola. Olhei pra que dirigia compenetrado. Até que seu celular tocou. Ele encostou o carro pra atender. Eu me endireitei no banco.
- Oi, mãe. - ele disse ao celular. Fpdeu! - Ah, lembrou que eu existo agora? ... Eu sei mãe, ta tudo bem... Sim, vim com alguns amigos... Me perdoa, mas não dá pra voltar... Eu volto terça... Sim, tenho dinheiro... Vou ficar na casa de um amigo meu... Tá, também te amo. Beijo.
- Tudo bem? - eu perguntei.
- Sim, eu disse que ela não ia sentir minha falta, só percebeu que eu não estava lá quando a bebê chorou e ela acordou, percebendo que não tinha me visto o dia inteiro.
Eu ri.
- Bem, já que parou aqui. Vamos descansar. Eu estou acabada.
- Imagina eu. - ele disse baixando o banco. Eu fiz o mesmo.
- Boa noite. - eu disse.
- Boa noite.

☆☆☆

- Acorda, ! - senti me cutucar. - E põe o cinto. Temos uma longa viagem pela frente.
Eu bocejei, o obedecendo.
- Que horas são?
- 5:30. E eu estou morrendo de fome. - ele disse.
- Bom, teremos que sobreviver até a noite com as coisas que eu trouxe. - falei tirando o cinto pra pegar minha mochila com a comida. Enquanto estava de joelhos no banco, ouvi um barulho.
- Seu celular tá tocando. - disse. Voltei a me sentar no banco, já com a mochila. Peguei o celular.
- É a minha mãe. É só ignorar.
- Não vai atender? - ele perguntou.
- Não, não quero brigar com ela de novo. - falei mexendo na mochila e oferecendo as pouquíssimas opções de comida pra ele.

☆☆☆

Amargosa Valley, Nevada 15:52 da tarde
A manhã se estendeu mais tediosa do que nunca, juntamente com a tarde. Não me lembrava que Las Vegas ficava tão longe. e eu fizemos praticamente as mesmas besteiras que o dia anterior, pra que o tempo passasse mais rápido.
- Para o carro. - eu pedi.
- Porque?
- Preciso fazer xixi. - eu disse.
- Mas é a quinta vez hoje! - ele disse enquanto encostava.
- Que culpa eu tenho se bebo muita água? - eu disse saindo do carro.
Quando voltei, deu partida e continuamos nossa viagem.
- Quando chegarmos em Las Vegas, o que vamos fazer?
- Bom, vamos chegar lá de tarde, então podemos passear até os cassinos abrirem. - eu respondi.
- Os cassinos não ficam sempre abertos? - ele perguntou.
Dei de ombros.
- Podem até ficar. Mas não tem gente dentro. - eu disse e ele riu.

☆☆☆

Las Vegas, Nevada, 17:09 da tarde

- Chegamos! - eu gritei. - Ah meu Deus! Nós chegamos! - falei apontando pra placa que tinha na entrada da cidade. - É ela! A fabulosa Las Vegas!
Eu tirei o cinto de segurança e baixei todo o vidro, levantei da cadeira e me sentei na janela.
- Ei, o que tá fazendo? Desse daí! - disse tentando puxar minhas pernas, e se concentrar na estrada ao mesmo tempo.
- Fica quieto e aumenta esse som! - eu disse alto o bastante pra que ele pudesse ouvir. Ele riu, provavelmente balançando a cabeça no sentido de não, e fez o que eu pedi. A música que tocava era "Girls Just Want Have Fun" da Cyndi Lauper. Uma de minhas músicas favoritas no mundo. Depois de um tempo, deixou o carro num estacionamento que era aberto a noite toda e custava dois dólares a hora.
Nós tiramos selfies com a placa de Las Vegas, visitamos lojas caras, experimentamos várias roupas e não levamos nenhuma, cumprimentamos pessoas que não conhecíamos, bebemos café, comemos hambúrguer, fomos até aquelas capelas onde as pessoas se casam sem mais nem menos, e se divorciam no outro dia. Tiramos selfie com um dos muitos covers do Elvis Presley, que perguntou se nós queríamos nos casar, e nós recusamos, claro. Visitamos mais outros lugares bonitos, e tiramos mais selfies. Quando a noite se aproximou, nós fomos até o carro, pra trocar de roupa, e eu pedi encarecidamente pra o dono do estacionamento nos deixar tomar um banho no banheiro minúsculo que havia lá. E ele permitiu. Nós tomamos banho e nos trocamos, usando nossas roupas "chiques". Eu estava com um vestido vermelho curto, salto alto, e uma bolsinha com coisas que eu iria precisar, e ... Bem, fez o seu melhor.
- É isso que você chama de chique? - eu perguntei enquanto me maquiava sentada ao seu lado no carro, vendo sua calça jeans rasgada e o tênis surrado.
- Claro. - ele deu de ombros. Eu revirei os olhos. - Nós vamos pro cassino agora?
- Sim. - eu disse. - Ele fica bem aqui perto. - falei passando meu batom vermelho. - Vamos. - guardei minhas coisas. - Ah, e não se esqueça, o meu nome é Hanna agora.


Capítulo 22

Nós entramos no cassino sem dificuldades, assim que passei pela porta, já fui procurando meu alvo.
- Ok, agora me explica. - pediu. - O que estamos fazendo aqui?
- Certo. A dona desse cassino não gosta de mim.
- Como metade do mundo. - ele disse eu espremi os olhos na sua direção, que sorriu amarelo.
- Toda vez que eu vinha aqui, e apostava e ganhava, eu anotava no meu diário o que aconteceu pra que eu tivesse ganhado. Ela percebia que eu ganhava dinheiro demais aqui e achou que meu diário fosse meu caderninho de estratégias. E faria de tudo pra ler.
- Ela te disse isso? - Ele perguntou.
- Não... Uma pessoa me disse.
- Quem?
- Outra pessoa que está na minha lista. Brian. Brian Shackleford. - eu disse. - E antes que pergunte ele está na minha lista porque sempre se mostrou interessado me mim e quando me contou isso, falou que tinha a mesma vontade que Gertrudes. Ler o meu diário.
- Gertrudes é a dona desse lugar? - ele perguntou.
- É. Gertrudes Stein. Bem, eu tenho que ir. Faça o que fizer, não saia de dentro do cassino, ok? Vai jogar, se divertir. Eu volto mais tarde. - eu falei.
- Tá bom, até mais, Hanna. - ele deu ênfase no "meu" nome. Eu ri, saindo de lá. Mas ainda consegui ver e ouvir indo até um balcão ali próximo e pedindo uma bebida, o barman lhe olhou estranho e ele disse:
- Quer ver minha identidade? Eu sou maior. - me fazendo rir.
- Ei, cara, preciso de um parceiro no pôquer, está a fim? - um homem perguntou pra , que concordou.
É, parece que a noite dele vai ser boa.
Eu caminhei até uma parte mais afastada do cassino, não havia porta, era só uma cortina entrei lá e vi Gertrudes sentada em um divã e alguns garçons ao redor dela lhe oferecendo comidas e bebidas.

Gertrudes Stein - Uma mulher que claramente apareceu pra fazer a história ficar maior
*Idade não informada
*Popular por causa do seu cassino
*Adora se exibir
*É muito desconfiada
*Rica

Gertrudes era uma mulher de idade, cabelos vermelhos e um pouco acima do peso. Nada que a atrapalhasse de ser uma quase cafetona – só não era porque isso não existe ainda.
- O que faz aqui, sua vaca? - ela perguntou com o seu sotaque russo. Sim, ela trata as pessoas assim.
- Foi você, não foi? - falei revirando tudo que havia por ali, jogando tudo pelo chão.
- Pare já com essa bagunça! - ela ordenou, sem mal se mexer. - Do que você está falando?
- Do meu diário! - eu falei. - Com certeza deve estar aqui nesse seu harém barato!
- Escute aqui, seu monte de merda! - ela se levantou segurando no meu cabelo. - Eu não estou com aquela porcaria! Se eu estivesse, não deixaria nem você entrar aqui! Agora caia fora, antes que eu chame a polícia e diga que você usa identidades falsa pra entrar no meu cassino. - ela me empurrou.
- Nojenta! - eu falei já fora do local. Merda! Merda! Merda!
- Hanna? - eu olhei pra trás. Era o Shackleford.

Brian Shackleford - Um cara mais velho e sensual
*36 anos
*Popular na cidade
*Adora pegar umas novinhas
*Ingênuo
*Rico

O homem mais sensual do planeta. Como eu queria morar em Las Vegas, já teria me casado com ele.
- Brian! - eu o abracei.
- Pintou o cabelo. - ele sorriu apontando.
- Sim. - sorri de volta. - Estava a fim de mudar.
Dei de ombros.
- Como você vai? Faz tempo que não te vejo por aqui. - ele comentou enquanto andávamos.
- Eu vou bem. Resolvi dar um tempo de Las Vegas. Mas estou de volta.
- E sua faculdade, terminou? - ele perguntou sentando-se em um banco, próximo a uma bancada, convidando-me com um gesto para sentar ao sentar ao seu lado, e assim eu fiz.
- Não, ainda faltam alguns meses. - respondi.
- Quer uma bebida? - ele perguntou. Eu concordei. Ele fez o pedido ao barman. - Então... Você veio sozinha? - ele bebeu um gole.
- Sim. - Não. Respondi olhando pro meu copo.
- Não quer... Dar uma volta? - era exatamente isso que eu queria! Obrigada Senhor!
- Claro! Podemos ir na sua casa?
- Você é apressadinha hein? - ele disse e eu ri segurando sua mão. Desci do banco ficando na altura dele e lhe dei uma leve mordida na orelha, e logo saí o puxando pela mão, pra fora do cassino.
Nem preciso dizer o quão grande e chique era o carro dele. E a casa então.
- Que casa maravilhosa. - eu falei quando estacionamos em frente a ela.
- Isso é porque você não viu a parte de dentro. - ele desceu do carro e abriu a porta pra mim.
- Sempre tão cavalheiro. - eu sorri.
Ele me guiou pra dentro da casa, não demorando a me levar pra dentro do seu quarto. Chegamos lá aos beijos e tropeços, mas eu não tinha tempo de transar com ele e ainda esperá-lo dormir pra procurar o meu diário.
- Ah, hum. Vinho! - eu falei me separando dele e apontando para algumas bebidas que haviam em uma mesinha ali. - Vamos beber?
- Claro. - ele disse sentando na cama e pegando duas taças. Eu segurei uma delas e o vi enchê-la com o líquido, fazendo o mesmo com a sua.
- Ah, é... Pode pegar um pedaço de papel higiênico pra mim?
- Porque? - ele perguntou.
- Pra tirar o meu batom, odeio quando fica marca nas coisas, sabe? - eu sorri.
Ele se levantou, deixando a taça em cima da mesinha, eu coloquei a minha no chão. Abri minha bolsa e tirei de lá um pacote de sonífero que eu consegui com Elga, e coloquei na bebida dele. Ah, Elga, o que eu faria sem você? Peguei a minha taça no chão, bem na hora que ele chegou.
- Aqui. - me estendeu o papel e pegou sua taça.
- Obrigada. - falei limpando a minha boca. Inclinei minha taça pra perto da dele e brindamos, logo bebendo tudo. Colocamos as taças em cima da mesinha novamente e voltamos para os beijos, três segundos depois, Brian caiu em cima de mim, parecia ter morrido. Eu o empurrei pra trás e ele caiu na cama. Eu comecei a procurar meu diário, no guarda-roupa, no criado mudo, embaixo da cama, no banheiro, no armário do banheiro... Aproveitei que ele estava em sono profundo e procurei pela casa toda, me perdendo por ela em alguns momentos, mas eu não encontrei nem vestígios do meu diário. Voltei pro quarto com vontade de chorar. Brian era o meu último suspeito! O último!
Peguei minha bolsa e tirei de lá uma caneta e um papel, logo escrevendo um bilhete pra Brian.

"Desculpe a bagunça que eu fiz, estava procurando o meu diário, mas pelo visto não está com você. E me desculpe também por ter feito você dormir e não ter transado com você. É que só tem um cara no mundo com quem eu quero transar no momento. (Bem, ignorando a existência de homens famosos). Ah, e eu não sei se vamos nos ver outra vez, então, pra que fique claro, eu não tenho 22 anos, e nem faço faculdade. Sou uma simples aluna do ensino médio, com 17 anos, portanto, você é um pedófilo! Haha! Brincadeira, adoro você.

Xx H


Na verdade, o meu nome é , então vou assinar assim:
Até nunca mais,
Xx ."


Eu deixei o bilhete e saí da casa. Isso é uma merda! Eu sou muito idiota! Deveria ter procurado melhor na casa das outras pessoas! Merda! Eu não deveria confiar somente no que as pessoas falam. Meu diário pode estar com qualquer um, qualquer um mesmo. Toda a minha investigação não serviu pra nada. Porra!
Eu peguei meu celular e disquei o número de , levando-o a orelha.

- Alô?
- , pode vir me buscar, eu to aqui n...
- Ha! Te peguei! Deixe sua mensagem após o bip.
- Idiota. - eu revirei os olhos e ouvi o bip. – Oi, , é a . Eu estou há umas três quadras aí do cassino, em frente a uma casa linda e grande, pode vir me buscar? Até mais.


Gravei o meu recado e bloqueei o celular. Esperei uns 10 minutos sentada na calçada e nem uma resposta dele eu recebi, então resolvi ir a pé mesmo. Caminhei um pouco e meus pés começaram a doer. Eu tirei meus sapatos e fiquei segurando-os pelas correias com dois dedos. Eu andava devagar e chorava calmamente. E com calmamente eu quero dizer rios de lágrimas, mas sem fazer barulho. A essa altura, o meu rímel estava todo borrado, e meu rosto todo preto. Mas quem liga? Eu não! Tudo que eu queria era o meu diário, mais nada!
Quando me aproximei do cassino, nem precisei entrar pra procurar , ele estava na porta, sendo arrastado por dois caras e eu corri até eles largando minhas coisas no chão e segurando no rosto de .
- Meu Deus o que aconteceu, ? - eu disse olhando nos olhos dele, que estavam abertos, mas ele não conseguia me responder, só ria de tudo.
- Ele bebeu demais. - um dos caras disse.
- ! - falou. - Eu estava com tantas saudades! - ele me abraçou encostando a cabeça pouco abaixo do meu ombro.
- , eu sumo por uma hora e você fica desse jeito?! - eu disse o abraçando de volta. Ele se afastou pra responder.
- É que eu... - ele fez uma careta estranha, tossiu e vomitou. EM CIMA DE MIM!!!
- AH! - eu gritei, observando com a mão na barriga, parecendo estar tonto. - Você vomitou no meu peito! - eu falei sentindo mais lágrimas descerem.
- Me desculpa! - ele disse arrastado. - Eu sin... - antes que pudesse terminar a frase ele vomitou mais uma vez, no mesmo lugar de antes.
Eu gritei de novo, e caiu no chão... Cansado? Desmaiado? Morto? Não sei.
- Aarg! ! - eu falei com nojo sentindo o vômito sujar o meu pescoço. Eu limpei o local com um dedo sentindo aquele cheiro horrível tomar conta do meu cérebro me fazendo sentir um enjoo instantâneo. - Ai! Eca! - falei vendo uma gota de vômito pingando do meu dedo. Não me aguentei e vomitei também, em cima de que estava jogado no chão, tão morto que nem notou. Direitos iguais. Os dois caras estavam olhando pra nós, com nojo, pena, sei lá.
- Precisa de ajuda? - um deles se ofereceu.
- Sim, podem me ajudar a levá-lo pro carro? - perguntei. - Ele está logo ali do outro lado da rua, no estacionamento.
Eles concordaram e carregaram até o carro, o largando no banco de trás. O mais legal foi a cara do tiozinho do estacionamento olhando para aquela situação. Ele não era o mesmo que estava lá a tarde, era um mais velho, e parecia estar preocupado conosco. Tomara que tenha piedade e me deixe tomar um banho como o outro fez.
- Obrigada, pessoal, eu cuido dele agora.
- De nada. - um deles falou. - Olha - ele tirou um dinheiro do bolso -, ele me ajudou a ganhar no pôquer várias vezes hoje. E apostou em algumas outras coisas também, isso aqui é tudo dele. São 700 dólares.
- Uau. Pelo menos um de nós vai sair feliz de Las Vegas. - eu disse pegando o dinheiro. - Obrigada. - eu pedi mais uma vez.
- De nada. E diz a ele que eu agradeço pelas vitórias, ele joga demais.
- Vou dizer, tchau.
Ele acenou e saiu.
Eu joguei o dinheiro dentro do porta-luvas.
- Tudo bem aí, menina? Precisa de alguma coisa? - o senhor perguntou se aproximando.
- Um banho. - eu suspirei.
- Pode usar o chuveiro daqui. Não é muito bom, mas vai servir.
- Obrigada. - eu sorri e me virei pra pegar minha mochila dentro do carro.
- O que houve com o seu namorado? - ele perguntou.
- Ele só bebeu demais. - eu disse e fechei a porta do carro caminhando até o banheiro. Não queria perder tempo explicando que era só meu amigo e blá, blá, blá.
Quando cheguei ao banheiro, tirei minha roupa com muito cuidado pra não me sujar mais. Larguei o vestido no chão mesmo. Não ia mais tirá-lo de lá. Entrei debaixo do chuveiro de cabeça esfregando bem o meu rosto pra tirar aquela maquiagem, já que eu não tinha produtos adequados pra isso. E eu não conseguia parar de chorar. Gostava de pensar que estava chorando porque o sabonete entrou no meu olho e o fez arder, mas sabia que não era isso.
Depois do banho, eu me vesti, com a roupa que usava antes do vestido, porque além dele, era a única que tinha. Saí do banheiro, deixando pra trás meu vestido vermelho, que eu não queria ver nem pintado de ouro na minha frente, nunca mais. Com uma boa lavagem ele ficaria novinho em folha, mas não quero olhar pra ele e lembrar desse dia trágico. Dei boa noite pra o senhor que ficava sentado ali próximo ao banheiro e fui para o carro dormir. Me sentei na cadeira do motorista e abaixei o banco tomando cuidado pra não esmagar as pernas de . A calça jeans começou a me incomodar, então eu a retirei, não acordaria nem tão cedo, então não teria problema. Eu tentei dormir, mas o cheiro de vômito que vinha de me dava náuseas, eu abri um pouco as janelas, pra que entrasse algum mínimo ventinho, mas não adiantou de nada. Argh! Eu odeio minha vida!

Mais uma lágrima desceu pelos meus olhos.

O dia amanheceu, eu acordei com o sol esquentando a minha pele. Alguém deu batidas na janela, pelo lado de fora.
- Bela calcinha! - era . Eu me assustei colocando a calça por cima de mim rapidamente. Ele riu. Eu abaixei o vidro.
- Eu fui tomar banho, o senhor ali me explicou o que aconteceu. - ele apontou. - Eu sinto muito pelo seu vestido.
- Ah, tudo bem. O que seria a vida de sem decepções, não é mesmo? - eu revirei os olhos. - Vira pra lá! Quero vestir minha calça.
- Mas eu já te vi sem ela! - ele reclamou.
- Não quero saber! Vira! - ele fez o que eu mandei. Vesti minha calça e fui pro banco do carona, e sentou no banco do motorista.
- Então... Seu diário? - ele perguntou ligando o carro. Dei de ombros.
- Só Deus sabe. - falei olhando pra baixo.
- Ah, não... Você não achou. - ele falou triste. - Eu lamento.
- É... Eu também.
Passamos com o carro perto do senhor dono do estacionamento (ou não, vai saber), eu o paguei e agradeci por tudo.
- Então, que tal irmos na High Roller?
- Só funciona à partir do meio dia. - eu respondi.
- Podemos fazer outras coisas legais até lá. - ele sugeriu.
- Eu achei que quisesse voltar logo pra casa, pra não perder aula, e sua mãe não ficar preocupada.
- Não, eu estou me divertindo aqui. E falar em mãe, a minha mãe ligou, disse que a polícia estava na frente da sua casa hoje. - ele falou.
Eu o olhei assustada. Peguei meu celular dentro da bolsa vendo milhões de chamadas perdidas e várias mensagens. - E se pensarem que eu te sequestrei?
- Ninguém sabe que estou com você. - eu disse. E tem mais, isso já aconteceu antes, é bobeira. - Eu respondi um simples "estou legal", para as 1000 mensagens da minha mãe e do meu pai, e até de , que eu fiz questão de nem ler.
- Espero que esteja certa. Mas, e aí? Não quer curtir antes de ficar de castigo pra sempre? - ele perguntou.
- Não, eu estou cansada. Quero me jogar na minha cama quentinha, e dormir até não aguentar mais.
- Qual é, ? Nem está parecendo você! A que eu conheço insistiria pra gente ficar só mais um pouquinho. - ele disse.
- E o que eu conheço diria pra gente nunca ter vindo pra cá. - eu falei. - Vamos pra casa, .
- Não! Eu estou em Las Vegas e vou aproveitar. E quero muito ir na High Roller. É a maior roda gigante do mundo! , não importa o que você diga, eu vou ficar até a High Roller começar a funcionar.
- Certo, tudo bem. Você é o dono do carro. Você ganhou. - me rendi. - Mas tem que me levar pra comer em algum lugar. Porque um certo alguém me contou que você ganhou um bom dinheiro no cassino ontem. - falei abrindo o porta-luvas e mostrando as notas pra ele.
- Isso tudo é meu? - ele perguntou impressionado.
- Sim. - respondi. - Provavelmente você deve ter ganhado mais, só que você ficou bêbado e te roubaram. Mas o seu parceiro de pôquer mandou te agradecer.
- Hum, de nada. - ele riu. - Você que já conhece bem Las Vegas, nos guie até um ótimo lugar pra comermos.
- Bem, eu conheço um lugar perfeito.

[•••]


E o resto da manhã se estendeu assim, nos passeios. Visitamos alguns pontos turísticos como o Hotel Cassino Bellagio, Mirage, Old Las Vegas, e tiramos várias outras selfies, com sorrisos falsos, porque eu realmente não estava feliz. Às 13 horas estávamos voltando para irmos até High Roller. Quando chegamos ao local, estacionou um pouco longe, pois já tinha gente demais querendo entra na roda gigante. Ele comprou os ingressos e logo estávamos dentro de uma das cabines da maior roda gigante do mundo. Haviam algumas pessoas ali além de nós. Apesar de cada cabine suportar 40 pessoas por vez, não haviam muitas. Eu me sentei no chão, em um dos cantos da cabine, tirando minha mochila das costas, e pegando a maldita lista. insistiu pra que eu trouxesse minhas coisas – assim como ele fez com as dele –, porque o carro ficou em um lugar público e poderia ser roubado. Peguei uma caneta, e risquei os últimos nomes que faltavam.



Aaron Jones
Richard Hemilton
Jarod Griffin
Shelby Duncan
Lizzy Hobbs
Natasha Gonzalez
Ashley Wright
Dana Stehling
Elga Mitchell
Carrie Adams
Sheldonhunter Collins
Gary Adams
Dayanara Stewart
Ethan Parker
Dylan Scott
Abel e/ou David Johnson
Yale Barnes
Archie Cooper
Latesha Sanders
Jacob Adler
James Harden
Faun Licobits
Gertrudes Stein
Brian Shackleford


- Faun, Gertrudes, Brian... - falei baixinho enquanto riscava os nomes. se sentou ao meu lado, me olhando triste. - Me ferrei.
Falei, ao mesmo tempo em que batia a caneta no papel, pensativa.

- Tenho uma coisa pra você. - disse abrindo a mochila dele e tirando de lá alguma coisa rosa. - Acho que é seu.
Ele me entregou então eu pude ver... Era ele, era o meu diário, do mesmo jeitinho que estava antes, acabado e destruído, com mais folhas do que deveria ter dentro dele. Até a minha dica para abri-lo estava lá. A única coisa diferente, era a tranca, que estava aberta.
- ! - exclamei feliz, ficando de pé. Ele me acompanhou, e eu o abracei. - Espera... - me soltei dele. - Estava com você? - ele concordou. - O tempo inteiro! Estava com você! Eu... Eu não... Oh, merda! - eu tapei minha boca. - Você sabe! Quero dizer... Você sabe que eu é... Sabe que eu...
- Que você gosta de mim? - ele completou minha frase. - É, eu sei. O meu nome aparece em 149 páginas do seu diário, acredite, eu contei. Não tive coragem de contar quantas vezes o meu nome aparece, mas...
- ... Meu Deus! Porque? - eu ainda estava em choque. era a última pessoa que eu queria que lesse meu diário, as coisas que eu escrevi sobre ele são vergonhosas!
- Porque eu... Gosto de você. - ele coçou a nuca. - Queria saber se sentia o mesmo por mim. Tinha medo de acabar com a nossa amizade, e isso era última coisa que eu queria. Apesar de ter feito exatamente isso quando fiquei com a Daya, mas...
- Meu Deus! Isso não está acontecendo! Isso é... Surreal. - eu já não sabia mais o que falar, o que pensar, e nem como agir. O garoto mais incrível do mundo gosta de mim. Ele gosta. - Seu... Safado! Sem vergonha! Aproveitador! - comecei a bater nele com o diário. - Ladrão! Canalha de duas caras! Malandro desprezível! Você me fez viajar até Las Vegas! - eu bati nele mais uma vez. - Sendo que essa merda estava com você o tempo todo! - bati repetidas vezes. - Nossa, tem coisas demais passando na minha cabeça! - coloquei a mão na testa. - Certo, eu tenho muitas perguntas.
- Pode mandar! - ele riu.
- Primeiro de tudo: como você roubou?
- Bem, eu subi pela janela do seu quarto e peguei.
- Sim, eu sei. Mas... Quem tocou a campainha?
- Minha irmã. - Ele respondeu.
- Aquela baixinha te ajudou com o seu plano maligno? Que filha da p...
- Ei! - impediu que eu terminasse.
- Da sua mãe. - completei. - Tá, mas espera. Porque ficou com a Dayanojo se gosta de mim?
- Então, longa história. - ele suspirou. - Sabe, quando eu peguei o diário...
- Roubou. - eu corrigi.
- Ta, ta, que seja, roubei o diário. Eu comecei a ler e nem sabia que era de quando você tinha 12 anos até agora, pensei que era atual, depois foi que entendi. E tinha uma parte que falava do Jacob, e que você dizia que ainda gostava dele. Eu fiquei muito triste. Então fiquei com alguém pra curar a minha dor. Mas depois que eu li com mais atenção eu vi que a data não era atual, e eu me arrependi friamente.
- Tá, e porque disse que eu e Emmett combinávamos?
- Porque eu pensei que talvez você estivesse suspeitando que eu podia gostar de você. - ele suspirou. - Quis te driblar.
E conseguiu direitinho.
- OK... E como conseguiu abrir? - perguntei.
- Então... Outra longa história. - ele coçou a nuca novamente. - Eu fiquei dias tentando abrir, mas não decifrava essa frase do capeta. Bem, um dia eu estava em casa, tentando entender qual é a daquela frase. E resolvi olhar através da fechadura. Mas a frase dizia pra não olhar o que está além. E quando parei de olhar o que estava do outro lado, o meu olho focou na fechadura e eu percebi que era igual à do diário, e usei a chave do quatro para abri-lo.
- Esperto... - afirmei. - Porque demorou tanto pra me devolver?
- Porque eu precisei de tempo.
- Tempo pra que?
- Pra ler! Você escreveu muita coisa aí, ! Parecia que estava estudando uma matéria da escola, não acabava mais! Eu terminei de ler ontem! E eu tinha tanta coisa pra dizer, pra você que desisti. Achei melhor escrever, como você faz. Pode olhar, depois da última folha que você escreveu. Eu escrevi hoje de madrugada.
Eu abri o diário folheando rapidamente até encontrar a caligrafia desajeitada de . Comecei a ler em pensamento:

Para .
De um idiota apaixonado.
Eu sei o quanto deve estar brava comigo agora. Nossa! Mas quero que saiba que fiz isso por uma causa nobre. Se fosse uma situação que não envolvesse você, tenho certeza que estaria orgulhosa de mim. Sabe , pra qualquer um, parece que nos conhecemos há tão pouco tempo, mas dentro de mim eu sinto como se te conhecesse desde sempre. Quando me tornei amigo de e , e logo depois de você e das meninas, eu não entedia o que estava acontecendo. Eu adorava estar perto de vocês, conversar, sair e me divertir com vocês. Eu achava que era porque tinha criado um carinho muito grande por meus amigos, e fim. Mas quando me dei conta, eu estava adorando o toque do meu despertador, acordava feliz pra ir pra escola, e até inventei a desculpa de que meu pai não me deixa ir de carro só pra poder estar no ônibus com uma certa pessoa.
Eu estive lá, dando várias investidas, e até tentei me declarar depois do nosso beijo, e você com tantos problemas, nunca percebeu, acho que tinha o mesmo medo que eu. Ah, e falar em problemas... Eu li sobre a sua vida desde os seus 12 anos até os dias de hoje, bem, até algumas semanas atrás. E foi o suficiente pra perceber o quanto você é corajosa, forte, e uma garota incrível. Bullying, exclusão, rejeição, negatividade, insegurança, problemas com auto aceitação, decepções amorosas... Isso é demais pra uma pessoa só. Quem te vê assim, não imagina o tanto de coisas que você passa ou já passou.
Eu quero te dizer, que quando fizerem bullying com você, mande essas pessoas irem à merda, e liga o botão do foda-se pra elas, você não é nada do que dizem que você é. Você é bem mais do que os outros podem ver. Se alguém te excluir de alguma coisa, se mete no meio e não liga para o que vão dizer. Se não puder ajudar, atrapalhe, o importante é participar! Quando se sentir rejeitada por alguém, saiba que tem muitas outras pessoas por aí que amam você, e você nunca vai estar sozinha. A menos que eu esteja morto.
Se alguém disser pra você que você não pode, que não vai conseguir, que não sabe fazer, que é melhor desistir, liga o botão do foda-se pra essas pessoas também. Porque você é determinada, forte, e pode conquistar o mundo, só depende de você, e de mais ninguém! E, não deixe a ou qualquer outra pessoa intimidar você, você tem que se sentir segura de si. Porque você tem potencial pra isso. Eu não gosto da que anda de cabeça baixa, triste, que lamenta pela vida que tem, que se faz de durona, mas quando está sozinha chora. Eu gosto da feliz, maluca, que faz coisas que ninguém que eu conheço faz. A desprendida, brincalhona, sarcástica, fofinha, preocupada com as pessoas que ela ama. A forte que enfrenta os pais, e a corajosa que foge de casa.
Essa é a que eu quero ver, ok? A de verdade. A sua melhor versão. E tem mais, o seu cabelo é lindo, tá bom? Principalmente depois que ficou rosa. E você não é gorda! Para! Você não tem que ser igual as garotas consideradas bonitas pra sociedade. Você tem que ser você, e se aceitar do jeito que é, porque você é maravilhosa. Tem o sorriso mais sincero do mundo, o olhar profundo, que transmite tantas coisas. Tem um ótimo gosto pra acessórios. É a pessoa mais estilosa que eu conheço. E tem os cachinhos mais fofos do mundo. E, não leve no mal sentido, mas você é uma delicinha. Então comece a se amar, ok? Comece a fazer o que eu já faço a muito tempo.
E, antes que eu me esqueça, eu sei que você já se decepcionou demais com esses caras, mas eu prometo, e juro de todo o meu coração, que comigo vai ser diferente. Até porque, eu tenho medo do que você pode fazer comigo, . Com base no que eu aprendi estando mais próximo de você esses dias, ao entregar meu coração pra você, eu estou automaticamente fodido, e nunca vou poder deixar você. Estamos condenados a viver juntos pra sempre. Mas isso não é problema, porque uma garota como você a gente não deixa escapar. E tudo que tiver você e "sempre", pra mim tá bom demais.
E se estiver se perguntando o porquê de eu ter escolhido você, quando tantas outras querem ficar comigo, eu lhe respondo: você é O'connell, e só o fato de ser você já te torna especial. Eu te amo, bem mais do que você pode imaginar.

Com muito amor, e muito sono (porque escrevi isso de madrugada),
.

Ou melhor:
Xx O.



Capítulo 23

Eu ergui minha cabeça encarando com lágrimas nos olhos.
- O... .
- Olha, antes que eu me esqueça. - ele falou pondo a mão no bolso e pegando o dinheiro que havia ganhado ontem. - Isso aqui foi por aquele dinheiro que você me deu por te ajudar. - ele me entregou uma nota. - E isso aqui é por toda a gasolina que você colocou no meu carro - ele me entregou várias notas -, e isso - ele me entregou mais um pouco de dinheiro -, usa pra comprar um vestido novo pra você, ok?
Eu o abracei forte sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Mas eram lágrimas de felicidade. Ele sorriu afrouxando o abraço, colocou as duas mãos no meu rosto, e enxugou as minhas lágrimas com os polegares, grudando nossos lábios logo em seguida. Estava acontecendo, o beijo que eu esperei durante tanto tempo, um beijo cheio de sentimentos, de vontades, de sonhos, e de lágrimas que ainda insistiam em descer.
- Para de chorar. - disse quando nos separamos, mais uma vez enxugando minhas lágrimas e rindo.
- Eu não consigo. - falei. - Parece que finalmente tudo começou a dar certo! Eu tenho meu diário e... Eu tenho você. Tudo de uma vez e bem rápido. Isso, isso é...
- Bom?
- É mais que bom! É maravilhoso! Eu te amo tanto! - eu me joguei em cima dele beijando-o novamente. - Mas sabe eu... - me separei dele. - Agora que consegui o que eu queria, sei lá... Tudo parece tão irrelevante. As coisas que você disse, me fizeram refletir por somente um segundo e eu pensei que poderia ter vivido tudo isso de cabeça erguida, sem precisar de um diário pra me sentir melhor, sabe? Eu teria evitado um monte de problemas.
- Ei, não! - protestou. - Assim eu nunca teria descoberto se gostava de mim ou não.
- É, você tem razão. Eu sei lá! - pus a mão na testa. - Quer saber? Foda-se! - joguei o meu diário pra trás.
- O que está fazendo? - perguntou.
- Chega desse troço influenciando a minha vida. Ele me trouxe problemas demais, perdi meus amigos, fui presa, gastei dinheiro demais, corri riscos, cometi crimes. Acho que o lugar dele é longe de mim. - eu disse respirando fundo. - Eu já vou fazer 18 anos, qual é. Tá na hora de ter coisas boas pra me lembrar. Começando por hoje. - eu falei puxando pra mais perto e o beijando loucamente.
- Achei que tivesse escrito no seu diário que demonstrações de afeto em púbico deixam as pessoas constrangidas. - disse ao se separar de mim.
- Foda-se! - eu falei o beijando novamente. - Falta muito pra essa roda gigante descer? Eu quero voltar pra casa e transar com você até não aguentar mais. - eu falei em meio aos beijos.
- Achei que tivesse escrito no seu diário que só ia transar novamente quando se casasse. - disse se soltando de mim.
- Eu escrevi isso? - passei a mão no queixo.
- Uhum. E foi uma promessa! - ele disse.
- Sabe, eu tive uma ideia. - eu disse. - Nós estamos em Vegas. Porque não nos casamos logo? Assim eu não faço nada de errado. - dei de ombros.
- Eu acho uma ótima ideia.
Eu sorri.

[•••]


- Jacob Megellan Portman, você aceita Hanna Malila Willows como sua esposa? - o cover do Elvis perguntou pra que estava muito engraçado com o smoking que emprestaram a ele. Eu pisquei pra ele que sorriu.
- Aceito.
- E você Hanna Malila Willows, aceita este rapaz de belos olhos como seu esposo?
Antes que eu pudesse responder, meu celular fez um barulho, indicando que havia chegado uma mensagem.
- Ah, só um minuto. - eu pedi. Peguei o meu celular que estava no meu sutiã, que era o único lugar que dava pra deixá-lo já que eu estava com aquele vestido branco e enorme. Olhei a tela do celular vendo uma mensagem da minha mãe.

""
"Onde você está?"
"Las Vegas" - respondi.
"E o que está fazendo aí?"
"Casando"
- respondi sem paciência.
"O quê?"
"Mas com quem?"

- Aceito. - eu disse ao Elvis.
- Já pode beijar a noiva. - fez um som em sua guitarra.
- Pode tirar uma foto nossa? - entreguei o celular ao Elvis já pronto para a foto ir direto para a minha mãe. segurou em minha cintura, me abaixando um pouco e tocando nossos lábios.
- Ótimo, pessoal. - disse o Elvis me entregando o celular. - Já podem ir pra cama.
Casa crianças, ele disse casa.

☆☆☆

Quando voltamos de Las Vegas foi a maior confusão, minha mãe me abraçou e depois me bateu dizendo pra que eu nunca mais fizesse aquilo, e brigou ainda mais porque eu pintei meu cabelo de rosa. O meu pai cismou que eu fui levada até lá por causa de , e os pais de disseram que eu o arrastei até lá. Resumindo, houve uma briga entre nossos pais na calçada da minha casa. Mas logo depois eles entraram em um acordo e eu e ficamos de castigo por um mês. Eles queriam proibir nosso namoro, mas depois de ouvirem tudo que passamos para poder ficarmos juntos, eles tiveram pena. Meu pai não gostou muito da ideia de eu ter um namorado, mas ele até que estava aceitando bem. e eu nos víamos frequentemente, eu sempre estava na casa dele, ou ele na minha, na escola todos sabiam do nosso namoro. E sempre ouvíamos comentários maldosos do tipo: "ouvi dizer que ela está grávida "
"Não, acho que ela só está gorda mesmo"
"Como um garoto como ele quis ficar com ela?"
"Como uma garota como ela quis ficar com ele?"

Mas alguém me ensinou, que eu não devia me importar com essas coisas. E nós seguíamos felizes assim.

☆☆☆


5 meses depois

Eu estava na sala de aula de literatura, tentando prestar atenção no que o professor falava, não queria ficar em recuperação, não no meu último ano, já dei decepções demais para os meus pais. Ah, falando neles, finalmente deram entrada no processo de divórcio. Não era algo que me deixava feliz, mas fazia ficar menos triste por não ter que vê-los brigando dia e noite. Quanto a e , infelizmente não nos falamos mais, elas realmente entraram para o circo da e vão conseguir terminar o ano dizendo que foram populares. Bom pra elas.
- Então... Como sabem, a formatura se aproxima e eu gostaria que alguém de bom coração escrevesse um discurso pra falar no dia da comemoração. Alguém quer se responsabilizar? - o professor pediu, levantando o braço pra que quem quisesse, repetisse seu gesto, mas ninguém o fez. - Mais alguém?
Ele perguntou sarcástico e eu ri. O sinal tocou.
- Tudo bem, bando de preguiçosos, estão liberados. - todos começaram a correr pela porta. - Você não, O'connell.
Eu suspirei voltando pra dentro da sala e caminhando até a mesa do professor. Sabia que isso ia acontecer.
- Olha, senhor Riley, por favor eu não...
- Calma, O'connell, eu ainda nem falei. - ele respirou fundo. - Eu não gosto de dizer que tenho alunos preferidos, mas você é minha favorita. E você escreve bem demais! Pode fazer isso por mim? Por favor.
- Ah, eu, é... Tudo bem, sobre o que quer que eu escreva? - me rendi, não sou boa em resistir.
- Escreva sobre o que é o ensino médio. Sabe, as dificuldades, os obstáculos, os sonhos, o...
- Tudo bem, entendi, até amanhã. - falei saindo da sala.

Não se esqueçam alunos, esta é a última semana para votar online no rei e rainha do baile deste ano no site da escola.
Ouvi a voz de uma garota sair pelos alto falantes.

Alguns dias depois

Eu estava deitada na minha cama de bruços encarando o notebook aberto em uma página em branco do word. A formatura e o baile eram amanhã e eu ainda não tinha escrito nada e nem votado em ninguém.

O que foi o ensino médio pra mim?
Escrevi.
Uma experiência horrível pela qual não quero passar nunca mais.
Apaguei tudo.
O que foi o ensino médio pra mim? RUUUIM, RUUUUIIIIMM! HORRÍVEL!
Apaguei tudo novamente.
O que foi o ensino médio pra mim?
Eu suspirei.
Senhor Riley, o cachorro comeu meu discurso.

- Puff... - me joguei na cama olhando pro teto, peguei um travesseiro e comecei a bater com ele no meu rosto pra que uma ideia aparecesse na minha cabeça. - Quer saber... - Eu me sentei na cama pegando o notebook no colo. - Eu vou escrever um discurso, mas vai ser do meu jeito. Foda-se.

O que foi o ensino médio pra mim?

☆☆☆
Dia da formatura

- Ah, olha só, as minhas bebês vão se formar. Dá pra acreditar? - minha mãe falou enquanto e eu descíamos as escadas usando becas azuis.
- Venham cá, pra eu tirar uma foto. - disse o meu pai, segurando o celular. e eu sorrimos pra foto.
- Preparou o seu discurso? - meu pai perguntou.
- Sim, prontinho. - falei balançando o papel em minhas mãos.

Saímos de casa, já bem atrasados (típico), logo entramos no carro e fomos em direção à escola. Chegando lá, as cadeiras e um pequeno palco estavam no pátio, de um lado ficavam os pais, e do outro os alunos em ordem alfabética. Eu sentei em uma cadeira entre e . Malditos nomes que começam com a mesma letra!
- Ah... Oi. - eu disse para as duas que me encaravam.
- E aí? - disse virando para o outro lado.
- Oi. - disse e olhou pra baixo, mexendo nas unhas.
- Olá, pais, alunos e funcionários. Sejam bem-vindos ao Colégio Seattle Edgar Allan Poe. - nossa coordenadora saudou a todos atrás do púlpito. Depois de muitos blá, blá, blá, começaram com entrega dos diplomas. Chamando nome por nome. Depois de todos receberem, o senhor Riley subiu ao palco e falou ao microfone.
- Vamos receber agora com uma salva de palmas a formanda O'connell, que foi escolhida por mim para fazer um discurso. - eu me levantei ouvindo as palmas baixas e caminhei até estar atrás do púlpito, segurando meu discurso. Abri a boca pra falar, mas fui interrompida por alguém.
- Vai, filha! Enche o papai de orgulho! - meu pai gritou de pé. Eu abaixei a minha cabeça, batendo a testa na minha mão, ouvindo os outros alunos rirem. Nem dois segundos no palco e eu já passei vergonha.
Ergui minha cabeça e cheguei mais perto do microfone.
- Bem, bom dia a todos, a alguns dias o senhor Riley me pediu pra escrever um discurso sobre o que é o ensino médio. E eu fiquei pensando, o que foi o ensino médio pra mim? - eu comecei a ler a folha. - Tenho certeza que se cada um se fizer essa pergunta, vamos ter muitas opiniões diferentes, algumas delas seriam: "foi horrível, cansativo, graças a Deus que acabou." Ou "eu fui humilhado, excluído, ninguém gostava de mim, espero que seja diferente daqui pra frente." E tem os sortudos, aqueles que dizem: "foi divertido, eu era popular, pegava geral, e consegui me formar". Mas, o que é o ensino médio de fato? Um instrumento de tortura medieval, eu diria. - as pessoas riram. - O ensino médio é o lugar onde você descobre que a pessoa que você mais gosta, pode se mostrar um grande FDP, quando quer. - eu falei me referindo a , que me encarava prendendo o riso. - É onde você descobre que a criança que um dia você foi nunca desapareceu, quando uma briga boba te faz ficar meses sem falar com seus amigos. - eu olhei para e , e também para , que estava sentado mais na frente. - É onde você descobre que nunca, nunca se deve partir o coração de uma garota. - olhei pra Aaron, Jacob, e Richard. - Mesmo que você seja uma garota. - Olhei para Dana, que riu. - É o lugar onde você descobre que pode ser bonito e aceito, do que jeito que você é. - olhei para Carrie, e logo em seguida para Elga e depois Sheldon. - É onde você começa a não gostar de pessoas, só por influência de pessoas que você gosta. - olhei para Shelby, Lizzy, e as outras patricinhas de Beverly Hills que eu nem sabia o nome. - É onde você faz de tudo, para poder ser reconhecido de alguma forma. - olhei para Natasha. - Até humilhar ou inventar mentiras sobre os outros. - olhei para Dayanara, Ethan, Dylan, Yale e Jarod. - E falar mal também. - Olhei para Archie e Latesha. - É onde você aprende que falar demais trás péssimas consequências. - olhei pra Abel e David. - E é o lugar onde você rejeita e humilha a própria família, pra se sentir bem. - olhei pra , que baixou a cabeça. - Mas, acima de tudo, é o lugar onde você pode brincar uma última vez, pode fazer amigos pra uma vida inteira, pode se apaixonar, pode não estudar e filar, e pode ser irresponsável. Porque assim que isso aqui acaba, nós nos tornamos adultos, acabaram-se as brincadeiras, as paixõezinhas de colégio, e temos que estudar pra valer, pra sermos os melhores, e as responsabilidades pesam em nossas costas. Mas assim é a vida, não é? O ensino médio é linha tênue entre o presente e o futuro, é o momento onde decisões são tomadas, é momento em que devemos aproveitar o tempo que ainda temos. Brigar, festejar, beijar, beber, sonhar... Tudo faz parte do ensino médio. Eu espero que vocês tenham aproveitado tanto quanto eu. E quero pedir desculpas, a cada um de vocês pelo o que eu aprontei esse ano. Mesmo que alguns de vocês não mereçam. Quero que saibam que estarão guardados em minha memória pra sempre, de um jeito bom ou ruim, a menos que um dia eu tenha Alzheimer. Desculpa, vó. - todos riram. - Então é isso, meus parabéns pra nós, e uma salva de palmas para os mais novos universitários do pedaço.

Eu finalizei vendo todos me aplaudirem de pé desci do palco.
Queria que Ashley e Gary estivessem lá para ouvir aquilo também.
O Senhor Riley veio falar comigo.
- Sabia que tinha feito a coisa certa escolhendo você. - eu sorri. - Pode me dar essa folha? Vou pedir pra publicarem no jornal da escola.
- Sério? - eu disse. - Nossa! Eu sempre quis ter uma matéria publicada num jornal! Mesmo que seja no da escola. - eu ri lhe entregando a folha. - Vou sentir sua falta, senhor Riley, você é um dos poucos que ainda acha que eu não sou um caso perdido.
- Também vou sentir sua falta, e você tem potencial, menina, acredite. - ele sorriu e nos abraçamos.
- ! ! - o senhor Riley se afastou e e vieram correndo e gritando até mim.
- Você é ridícula! - disse me abraçando.
- A gente sentiu sua falta, sua idiota! - disse se juntando a nós. - Não deveríamos ter demorado tanto pra fazer isso acontecer.
- Eu perdoo vocês, meninas. Me perdoem também - eu pedi.
- Claro. - elas disseram juntas e apertamos mais o abraço.
- . - nos separamos ao ouvir a voz de . - Já que tá rolando tanto perdão...
- Ah, vem cá, . - eu o abracei. - Me desculpe por ter chamado você de gay e "nêgo".
- Na verdade, não chamou, mas vou perdoar você pelo rato. - ele disse e nós rimos. e se aproximaram de nós.
- Ah, tão bom ver todos juntos de novo! - chegou com o seu jeito maluco de ser.

- Pessoal! Juntem aqui pra tirar uma foto. - o nosso diretor chamou e todos os alunos foram na direção da câmera que estava no tripé.
- ! - eu o chamei, aproveitando que todos haviam saído de perto de nós. - Ainda gosta da , não é?
- Mais do que você pode imaginar, .
- Então vem aqui. - eu o puxei pra perto e disse algo em seu ouvido. Me afastando em seguida. - É sua última chance. - disse no meu tom de voz normal.
- O'connell! Thompson! - o diretor nos chamou. - Só falta vocês! Venham!
Nós caminhamos até lá, eu fiquei ao lado de e nossos amigos ficaram bem próximos.
- O que disse pro ? - perguntou.
- Pra ele chamar para o baile de hoje. - eu respondi.
- Ah. - ele disse. - Ela não tem par?
- Não. - eu respondi.
- Como sabe? - ele perguntou, já que eu e ela não nos falávamos há meses.
- No três vocês jogam os chapéus, ok? Um! - diretor disse.
- Eu conheço ela. - dei de ombros.
- Dois!
- Mesmo que ela tivesse, largaria ele na hora para ir com o . - eu disse, ele riu.
- Três! - me abaixou, segurando em minhas costas, eu tirei o seu chapéu e o meu, jogando pro alto enquanto ele grudava nossas bocas. Logo ouvimos o clique da foto e em seguida os gritos e as palmas de todos.
- E então... Nos vemos mais tarde? - perguntou para nós.
- Vamos fazer desse o melhor baile de todos. - disse e nós gritamos.



Capítulo 24

Eu ouvi a campainha tocar e corri do meu quarto para atender. Devia ser que veio me buscar para irmos para o baile. Quando estava no meio da escada, vi que meu pai já estava indo atender a porta. Fiquei atrás dele, vendo a porta se abrir e meu namorado – muito legal falar isso, hahaha – sorrindo segurando uma caixinha com a flor para colocar no meu pulso, que combinava propositalmente com havia presa em seu terno. Típica tradição de bailes.
- Boa noite, senhor O'connell. - sorriu sem mostrar os dentes. O meu pai continuou de braços cruzados, olhando de cara feia para ele. Eu rolei os olhos.
- Tchau, pai. - lhe dei um beijo na bochecha. Me aproximei de .
- Pronta para o baile, senhorita? - ele abriu a caixa pegando a flor e passando o elástico pela minha mão ajustando-o no meu pulso.
- Prontíssima. - lhe dei um selinho.
- Ow! - o meu pai falou e olhamos para ele. - Mais respeito comigo. - eu rolei os olhos novamente. Ele foi mais para perto de , se aproximando do seu ouvido. - Acho bom deixar esse seu pintinho guardado essa noite, se não quiser ficar sem ele.
engoliu seco.
- Sim senhor. - Ele disse indo para perto de mim.
- Pai. - eu o repreendi.
- Ei. - o meu pai falou mais baixo. - A sua irmã não tem par para o baile?
- Deve ter, eu não sei. - eu respondi.
- Ela me pediu carona, acho que ninguém convidou ela. - meu pai disse.
- O que? - eu ri.
- Não tem espaço pra ela aí não? - ele apontou para o carro de . - Não quero ter que levá-la.
- Não, sai fora. - eu disse. - Aqui é restrito.
Falei caminhando até o carro, me seguiu.
- Hum. - disse meu pai. - Juízo, hein?
Eu somente acenei com a mão e nós entramos no carro seguindo para a escola.

Nós entramos na escola e fomos seguindo o som da música até achar o local onde acontecia o baile. Era no clube de teatro – que não era nem um pouco pequeno, já que foi feito para que toda escola coubesse ali – que estava bem mais espaçoso, pois a maioria das cadeiras foram tiradas. As luzes estavam apagadas e o local era iluminado apenas por luzes de festas e um globo de espelhos. Havia um DJ no palco, uma enorme mesa com comes e bebes. Algumas pessoas estavam dançando e outras sentadas em umas mesinhas no canto.
- Ah, olha só. Finalmente chegaram. - disse segurando um copo enquanto se aproximava de nós ao lado de .
- Eu ainda nem acredito que vocês são namorados. - disse.
- E eu não acredito que vocês ainda são namorados. - eu disse e os meninos riram.
- Bobona. - ela me deu um empurrão de leve.
- Onde estão e ? - perguntou.
- Ah, votando em si mesmos para rei e rainha do baile. - apontou para o lado com o copo, e logo depois o levou a boca.
e eu olhamos e os dois estavam sentados em cadeiras próximos a mesinha onde havia a urna com os papeis para que você escrevesse o nome do rei e da rainha. Os dois estavam pegando papeis e escrevendo loucamente neles, e os depositando na urna de papelão.
- Eles vieram juntos? - eu perguntei.
- Sim, e não. - respondeu rindo. - Eles vieram juntos, mas disse que eles só agiriam como um par se eles ganhassem como rei e rainha.
- Mais precisamente se ela ganhasse. - complementou.
- A não toma jeito mesmo. - eu balancei a cabeça negativamente e rindo. Nós caminhamos até onde eles estavam.
- Olá. - eu disse.
- Oi, , quer votar no rei e rainha do baile? - disse me entregando um papel.
- Quero. - eu disse pegando o papel e a caneta dele. Escrevi "Caroline e James" e coloquei na urna.
- Votou na gente? - perguntou.
- Não. - respondi devolvendo a caneta a . - Votei na Carrie e no James. - dei de ombros.
- James? James Harden? - perguntou.
- O irmão de Shelby? - perguntou.
- É. - respondi. - Eles namoram sabiam? Acho eles muito fofos. E ela estava ganhando no site.
- Aquele site é só pra enganar. O que vale mesmo é a urna. - disse pondo mais um papel dentro da urna.
- Acho que você está se forçando a acreditar nisso. - eu disse.
- Xiu. Quietinha. - ela disse.

Começou a tocar uma música bem animada e todos foram para pista de dança. puxou e eles logo se perderam na multidão. me olhou fazendo um convite mudo e estendendo a mão.
- Vocês vêm? - perguntei segurando a mão de .
- Sim. - disse se levantando.
- Não, obrigada. - disse sem nem tirar os olhos do papel e se sentou novamente, entortando a boca.
Depois de dançarmos e comermos bastante, nós seis nos sentamos em uma mesa e ficamos contando todas as coisas que aconteceram nos meses que ficamos sem nos falar e rindo muito.
- Atenção, alunos, é chegada a hora de decidir quem será o rei e a rainha do baile! - a nossa coordenadora falou do palco e nós levantamos correndo para ver, assim como todos os outros. - Com 39% dos votos no site, mais 33 votos da urna, os vencedores são: Caroline Adams e James Harden.
Nós ouvimos as palmas e os gritos quando eles subiram ao palco. Eu olhei para e , me gabando por ter acertado quem eram os vencedores.
Eles foram coroados e mais uma vez a música rolou.
- . - me puxou. - Não sei mais o que eu faço. A me odeia. Só gosta de me usar.
- Ela não te odeia. - eu disse olhando para ela que conversava com rindo e dançando. - Escreve um bilhete para ela.
- Um bilhete? - ele franziu a testa.
- É, diz o que você sente, já que não tem coragem de falar pessoalmente. - dei de ombros. - Vai que cola.
Ele sorriu concordando e saiu. Eu voltei para perto de .
- Era pra você ter sido a rainha. - ele comentou, quando eu o abracei pondo meus braços ao redor do seu pescoço para dançarmos juntos.
- Porque? - perguntei.
- Porque eu votei em você feito um doido. - ele disse eu ri.
- Idiota. - eu sorri. - Não precisava disso. Eu não ligo para essas coisas. O importante é que nenhuma das patricinhas de Beverly Hills ganhou.
Nós olhamos para o lado onde os populares estavam, sentados todos em uma única mesa, e as meninas consolavam Shelby, que era a segunda mais votada de acordo com site, e perdeu para a garota antes considerada a mais estranha e feia da escola.
Ele riu.
- Imagino como seria se você tivesse ganhado, elas estariam chorando horrores. - ele disse.
- Estou achando que você queria que eu ganhasse só para poder ser rei ao meu lado. - eu falei desconfiada.
- Talvez. - ele riu. - Aí, acho que seus inimigos populares estão olhando pra gente. - ele olhou de canto de olho.
- Eles que se fodam. - eu falei mais baixo e beijei enquanto levantava meu dedo do meio para o lado onde eles estavam. Para todos os meus ex – namorado e ficantes –, e para os que um dia sonharam que teriam um momento assim comigo e também para todas as garotas que um dia já quiseram ou chegaram a encostar em . Ele era só meu agora. E eu não precisava de mais ninguém.

Quando nos separamos, fomos para perto dos nossos amigos e ficamos conversando e bebendo até que chegou com um papel na mão, entregando a sem dizer nada. pegou o papel franzindo a testa e entregou o seu copo para segurar e começou a ler o que havia escrito. Enquanto ela lia, todos nós observávamos a cena calados e eu olhei para que sorriu e piscou, me fazendo rir. terminou de ler e dobrou o papel.
- Você por acaso acha que eu transo com qualquer cara se acha fofo ao ponto de me escrever um bilhete? - Ela perguntou.
- Ah, eu... É... - começou.
- Porque eu não transo. - ela o interrompeu. - Eu só os masturbo. - ela sorriu safada e pegou na mão dele o arrastando para longe enquanto ele fazia um sinal de positivo para mim, que estava de queixo caído assim como os outros.
- O que ele escreveu naquele bilhete? - perguntou.
- Vai saber. - respondi. - Mas deve ter sido uma declaração e tanto.
- Eles crescem tão rápido. - disse e nós rimos. e se afastaram para pegar mais comida. - Então... O que acontece agora?
- Hum. Se eu te convidar pra fugir, será que você aceita?


Epílogo

Meu celular estava tocando loucamente, atrapalhando meu sono perfeito. Mas quem seria? Eu peguei o celular e atendi sem nem olhar o número no visor.
- Alô? - eu disse.
- O'connell?
- Sim, sou eu.
- O meu nome é Jason Wright. Sou produtor de filmes e séries. A minha filha achou o seu diário na High Roller, e eu achei que fosse algo irrelevante até ela me contar sua história e eu me interessar e acabar lendo também. E...
- Espera, como conseguiu meu número? - perguntei.
- Havia um número anotado em uma das páginas do diário. Acho que era de um de seus amigos, o . Eu liguei pra ele e ele me deu esse número.
- Oh, sim, prossiga.
- Então, eu fiquei realmente interessado na sua história. Está a fim de fazer negócios?
- Só se me devolver o diário.




Fim.



Nota da autora: (17/01/2020) Gostou? :D Comente e me faça feliz, ok? S2 Quem imaginaria que era o pp o culpado esse tempo todo, né? Essa história passou por muitas alterações e confesso que minha ideia inicial era que a irmã dela tivesse roubado o diário, mas ainda bem que mudei.
Comecei escrevendo “O Diário de uma Trouxa” como uma história com uma pegada mais leve, como aqueles filmes adolescentes que a gente adora, porém, depois eu resolvi transformar ela em algo mais picante ainda sem perder a essência, que é fazer você morrer de rir. Obviamente, vocês leram a versão leve da história, já que ela estava na metade aqui e eu não quis mudar tudo de novo, pois esse foi um dos motivos que a fez se destacar. Mas em algum lugar da internet tenho certeza que você vai conseguir achar a versão não recomendada pra menores hahaha!
Não posso deixar de ressaltar, que eu escrevi essa história com base nos acontecimentos da minha vida, e muitos desses personagens existem na vida real (infelizmente, já que eu realmente odeio muitos). Enfim, queria agradecer a vocês que leram e que tiveram paciência para esperar as atualizações, e também as minhas betas (que não foram poucas), já que eu tinha o azar de só escolher betas que saíam do site kkkk E também um agradecimento especial pra cada filho da puta que me xingou, me fez chorar e partiu meu coração, sem eles, essa história não existiria. Hahaha. Por fim, gostaria de dizer que já estou trabalhando na parte dois, e na três. Afinal, essa aí foi a minha história da escola, mas eu já estou no meu terceiro ano de faculdade, e nossa pp tem que passar por tudo que eu passei né?
Beijos, e obrigada mais uma vez, .
Xx

Leia aqui a versão para maiores no Tumblr.




Outras Fanfics:
Para Todos os Caras que já Transei [outros/em andamento]
Um Quarto em Roma [outros/finalizada/shortfic]
Jogando Feito Mina [esportes/futebol/shortfic]


Nota da beta: Peguei o bonde andando, mas obrigada por deixar eu finalizar a betagem da sua história!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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