Finalizada em: 29/09/2019

Capítulo 1 - Back To California

06 de Fevereiro de 1989, 09h26pm - Aeroporto Internacional de Los Angeles

POV's


E cá estou eu novamente, de volta ao lugar que eu nunca pensei que voltaria.
- Olha a nossa ali, mamãe - disse , puxando a barra da minha saia longa e rapidamente me tratei de ir pegar nossa última mala antes que ela passasse.
- Foi por pouco, em filha - eu disse e ela assentiu puxando minha mão e indo em direção à saída. Assim que passamos pela última porta que nos tirava daquele aeroporto, logo pude sentir o ar quente de Los Angeles. Pegamos o táxi, que tratou de nos levar com agilidade até nossa nova morada: Beverly Hills. Vou contar um negócio nada surpreendente, mas LA mudou bastante nos últimos sete anos.
- Chegamos - cantarolou o taxista, chamando minha atenção. - Deu 14 dólares, senhorita.
- Calma, filha - disse rapidamente para , que já estava ansiosa para sair do carro, enquanto pegava minha carteira na bolsa de mão. - Aqui está - ele pegou meu dinheiro e saiu do carro para pegar as bagagens no porta-malas. - Obrigada, querida, me ajude aqui, por favor - disse empurrando uma das malas de carrinho em sua direção, enquanto carregava as outras duas.
- Mamãe, me dê a chave, eu abro - disse pegando minha bolsa.
- No canto, minha filha - disse e abriu me olhando quando o viu vazio. - O outro, amor, esse aqui - eu disse abrindo o certo e ela logo pegou colocando na fechadura e girando, porém antes que ela pudesse abrir a porta, chegou um rapaz nos cumprimentando.
- Olá, vocês não gostariam de ajuda? - era um belo rapaz, seus olhos caramelados rapidamente chamaram minha atenção.
- Ah, claro, adoraria - respondi, um pouco envergonhada enquanto ele pegava a mala de minha mão. - Posso abrir a porta, filha? - disse para , que nos olhava com cara de boba enquanto segurava a maçaneta da porta
- Pode sim, mamãe, e abre logo, quero ver como é a casa nova, por que não tem dois andares, a casa da vovó é mais bonita com os andares, tenho um quarto só meu e a cozinha... - tagarelava, porém eu não escutava, não conseguia parar de olhar para aquele belo homem em minha frente. - MAMÃE - gritou , me assustando e me fazendo olha-la.
- Oi?
- A senhora pode, por favor, prestar atenção em mim? Tô aqui falando sozinha, poxa.
- Desculpe, querida. O senhor pode deixar nossas malas no canto - disse ao rapaz, cujo nome ainda não havia descoberto.
- Aqui estão, bela casa, primeira vez em LA?
- Não, não, fiz minha faculdade aqui também, mas me especializei no Brasil - meu Deus, estou completamente hipnotizada nesses olhos, e esse sorriso então?
- Oh, uma brasileira? Nunca conheci uma, será um prazer tê-la em nossa vizinhança - ele sorriu de novo, posso desmaiar, já?
- Oh, obrigada - disse rindo.
- Me desculpe, que falta de educação, meu nome é , prazer - disse estendendo sua mão.
- Eu sou , e essa é minha filha, - disse apontando para a minha menina.
- Olá , se importa se eu perguntar sua idade? - ela negou e o respondeu rapidamente.
- Tenho sete anos - disse com a voz mais fofa que podia fazer.
- Que coincidência - ele disse e ela fez uma carinha de dúvida. - Eu tenho 32.
- E qual é a coincidência? - perguntou rapidamente.
- Tenho certeza que sua mãe tem a mesma idade que a minha - disse no ouvido dela me encarando.
- E você errou - ela respondeu rindo, o que me fez rir também.
- É mesmo, que coisa, e quantos anos ela tem?
- Ela tem 30, mas o senhor quase acertou - disse risonha.
- Poxa, foi bem perto, mas me diga você, disse que fez especialização depois de terminar a faculdade - ele disse me encarando e eu afirmei. - Vamos ver se eu acerto dessa vez, você por acaso fez medicina?
- Olha só, um ponto pra você, dessa vez acertou sim - disse rindo. - Me especializei em pediatria, adoro crianças.
- Que coincidência, dessa vez séria - disse olhando para que já tinha começado a rir. - Também sou pediatra, porém trabalho mais com cardiologia, já está com algum trabalho por aqui?
- Já sim, fui chamada para trabalhar no Hospital Geral da California.
- Nosso caminho tá se cruzando cada vez mais, eu também trabalho lá, seria o destino? - ele disse piscando para mim. - Bom, vou deixa-las em paz para se estabilizarem, se precisarem de algo me chamem, moro na casa amarela, que por acaso é à esquerda da de vocês.
- Obrigada pela ajuda - eu disse e fechei a porta assim que ele passou por ela. - Vamos arrumar tudo? - disse olhando para , que se animou.
- Vamos nessa, podemos começar com um lanchinho? - ela disse e eu gargalhei empurrando-a para a cozinha.

No dia seguinte.

Eu estava no telefone, com um livro que continha números de escolas e outras coisas nessa área de LA, procurando alguma escola para enquanto ela assistia TV.
- Mamãe, o que a senhora tá fazendo?
- Estou procurando algum lugar para você estudar, querida – disse, até que encontrei o lugar perfeito. – Pega o telefone, , rápido – disse e ela logo trouxe, eu conversei com a escola que me encaminhou o que eu precisava para a matricula dela e logo eu separei tudo. – Parece que alguém vai entrar numa escola nova semana que vem - disse pra que estava do outro lado da cama.
- Espero que eu goste – disse meio insegura.
- Sei que vai gostar, querida, começa na próxima semana, quando eu voltarei a trabalhar, tenho que começar a procurar uma empregada, será que a moça que trabalhava pra mim na época que eu fazia faculdade ainda trabalha com isso? – disse olhando e ela deu os ombros querendo dizer que não sabia. – Espero que sim, vou ligar pra ela agora, espero que não tenha mudado o telefone


Capítulo 2 - The Interview

15 de fevereiro de 1989, 06h52 am - Hidgeway Simple School, Hidgeway Avenue

POV's


- Comporte-se filha, por favor – disse me abaixando para ficar ao seu tamanho. – É o primeiro dia, espero que se divirta.
- Eu também mamãe – ela disse olhando para escola, devia estar preocupada.
- Alunos novos, por aqui, venham todos – chamou uma mulher com um microfone, perto da gente.
- Vai lá, meu amor – disse e dei um beijo em sua testa, me afastando e acenando, recebendo o cumprimento de volta. Assim que a perdi de vista, entrei em meu carro, rumo ao meu novo trabalho, chegando rapidamente, não era muito longe de sua escola. Como eu precisava entrar apenas às 8 e ainda eram 7:38, resolvi passar numa lanchonete e comprar uns pães de queijo e um suco e levar para o hospital enquanto eu espero.
Já aqui no hospital, com meus pãezinhos de queijo e meu suco de laranja, espero chamarem meu nome. Me pergunto se o tanto de pessoas que aguardam aqui fora são pacientes ou estão aqui para trabalhar.
- – chamou-me a secretaria e rapidamente me levantei, fui a primeira, tem grandes chances de ser a única também. – Bom dia, senhorita, o senhor lhe espera, siga-me, por favor – disse rapidamente, será que só eu que to achando a cara dela bem de puta? – Senhor ? Senhorita está aqui, entre, por favor – disse, me dando espaço para que eu passasse e eu sequei o suor rapidamente de minhas mãos na minha saia longa, eu amo saias longas, perceberam?
- Bom dia, senhor – eu disse o mais educada possível até olhar seu rosto, meu deus, meu vizinho é meu chefe, esse gato é meu chefe. Esse gato é meu vizinho, eu tô ferrada, já to vendo isso.
- Vou deixá-los sozinhos – disse a secretaria que rapidamente saiu rebolando a bunda, já disse que ela tem uma cara de puta? Me virei novamente para meu novo chefe e me assustei com a proximidade que ele tava de mim, serio, tão próximo que eu sentia sua respiração no meu cabelo. Esse homem alto, loiro, esses olhos cor de mel, esse corpo maravilhoso por cima da roupa, imagina por baixo. Minha nossa, olha o que eu tô falando do meu chefe, tenho que tirar esses pensamentos da minha cabeça imediatamente.
- Bom dia, senhorita – ele disse se afastando e se apoiando em sua mesa à minha frente. – Ou posso chama-la de ?
- Pode chamar-me de , afinal, já tínhamos nos conhecido, né? – eu disse olhando no fundo de seus olhos.
- Então, deixe apresentar-me formalmente – ele disse e sorriu, e que belo sorriso. – , – disse, esticando a mão. - Ou o dono desse hospital, já deve ter percebido.
- Prazer, chefe – disse ressaltando a palavra chefe. – Ou futuro, né, falta a entrevista pra ter certeza – disse sorrindo.
- Então, vamos começar – ele disse puxando a cadeira para que eu me sentasse e eu o fiz enquanto o mesmo se sentava à sua cadeira. - Por que você está interessada em trabalhar para esta empresa?
- Bom, Los Angeles, né – rimos. – Acho que vai dar uma alavancada na minha carreira, afinal, sua empresa é bem grande e acho que posso me dar bem aqui, afinal o hospital é destinado às crianças, minha área – disse sorrindo.
- Boa resposta, gostei – ele disse anotando, me olhou e sorriu. – Próxima, você trabalharia fins de semana e feriados?
- Sim, claro, uma vez mesmo, durante meu estagio em um hospital de crianças com câncer, eu tive que ficar com as crianças durante um feriado, até mesmo desisti de uma saída com meus amigos, meu trabalho é muito importante – disse sorrindo e o olhei.
- É uma bela história, deve coloca-la em seu currículo – disse, me olhando e sorriu. – O que lhe motiva?
- Bom, acho que apenas de ver alguma das nossas crianças mau ou sofrendo, me faz sentir igual e querer melhora-las, sempre tive esse sonho, de melhorar, preferi ficar com as crianças e não com a paz mundial – disse rindo e ele riu comigo.
- E tem um bom senso de humor, bom, descreva-se – disse afastando o computador para prestar bastante atenção à minha resposta.
- Bom, sempre me disseram ser competente e eu concordo com isso, sempre tento dar o meu melhor e os diagnósticos certos, confesso que super me martirizo quando erro, afinal, a sociedade exige que um médico seja competente e não erre, não que eu leve sempre a sério o que a sociedade exige, mas qualquer coisa errada podemos retirar a vida de alguém, felizmente todas as vezes que eu errei consegui me consertar. Me considero também bastante inteligente, sempre fui uma das mais aplicadas na escola e das melhores alunas na faculdade, todos os meus professores costumavam me elogiar, gosto bastante de ler, me influencia a aprender, não leio apenas livros de medicina, por ser minha área de trabalho, costumo ler também por diversão, aprender coisas novas, diferentes pontos de vista, costumo ler bastante para a minha filha também – disse devagar, pensando bem em todas as palavras para usar.
- Bom, ponto de vista interessante esse seu, você parece ser bastante dedicada nas coisas que faz, notei o jeito que sua filha é educada e humorada, você parece se dar muito bem com crianças, assim como uma pediatra deve ser. Como as crianças costumam agir com você, seja dentro ou fora de seu trabalho?
- Bom, sempre tive uma boa habilidade em decifrar crianças, elas sempre foram bem abertas comigo, como médica, claro, várias crianças já me odiaram até me conhecer, já tive imprevistos também, já aconteceu de eu ter que ir trabalhar em outro lugar e quando voltei, magicamente começaram a me amar – disse rindo me lembrando do acontecimento. – E fora do meu ambiente de trabalho também sempre me dei bem, durante meu ensino médio mesmo eu comecei a ser baba depois que meu pai morreu, pois precisava de um dinheiro extra para ajudar minha mãe e foi aí que comecei a amar as crianças.

15 de fevereiro de 1989, 08h45 am – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Ela falava todas aquelas coisas e eu me surpreendia cada vez mais, além de linda era uma profissional competente e encantadora que amava seu trabalho.
- ... comecei a amar as crianças – terminou com um sorriso, acho que esqueci de prestar atenção no que ela falava.
- Bom, eu vou guardar esses relatórios e amanhã lhe dou a resposta se você poderá trabalhar aqui ou não, ok? Você pode voltar aqui nesse mesmo horário de hoje, vou avisar à Ashley, a secretaria – me levantei enquanto ela fazia o mesmo, fui ao outro lado da mesa para nos despedirmos e sem querer derrubei sua bolsa. – Meu deus, me desculpe.
- Ah, tudo bem, sou muito desastrada – se abaixou para pegar sua bolsa ao mesmo tempo que eu e nossas mãos rapidamente se encostaram, fazendo com que nos olhássemos, do nada começamos a nos aproximar, até que seu telefone toca nos assustando e nos separamos rapidamente. – É, desculpe, bom, até mais – disse rapidamente se atrapalhando e atropelando cada palavra e estendendo a mão.
- Até amanhã, senhorita – disse ignorando sua mão e dando um beijo em seu rosto, sem querer, no canto de sua boca e ela saiu rapidamente da minha sala, me sentei em minha mesa pegando o telefone para agendar seu horário de volta no dia seguinte, quando vi que ela tinha acabado por esquecer seu celular em cima da cadeira, ela não deve ter visto na hora que levantou do chão. - Ashley, rápido, deixe uma mensagem no telefone residencial da garota que acabou de sair da minha sala, avise que ela esqueceu seu telefone celular aqui, caso ela volte, devolva-o. E se ela voltar me avise – disse olhando em seus olhos. – Marca o mesmo horário para ela amanhã, vou dar a resposta de sua entrevista, obrigado – disse rapidamente e voltei à minha sala.
- Chefe? – disse Ashley, batendo em minha porta na metade da minha hora de almoço.
- Sim – disse olhando rapidamente e voltando minha atenção ao que estava fazendo.
- Você não acha que ta trabalhando demais não? – disse abaixando a tela do notebook e sentando em meu colo. – Acho que você tá esquecendo um pouco de mim – disse e me beijou, passando a mão em meu corpo enquanto eu apertava sua bunda. O beijo foi se intensificando e eu empurrei os papeis que tinham em cima de minha mesa e joguei no chão colocando-a por cima da mesma.


Capítulo 3 - Fight Days, Glory Days

15 de fevereiro de 1989, 08h15 pm – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Vamos, meu amor? – disse pegando a chave do meu carro e fechando a porta da minha sala.
- Claro, querido, deixe só eu desligar as coisas aqui – Ashley me respondeu e desligou tudo rapidamente. – Vamos? – disse entrelaçando sua mão na minha.
Peguei meu carro e logo cheguei em sua casa, beijando-lhe antes que saísse do carro e fui em direção à minha casa passando pela casa de , estacionei o carro na garagem da minha casa e saí trancando tudo e levando minha maleta. Automaticamente olhei para a casa vermelha à direita da minha e vi uma sombra em uma das janelas do segundo andar, uma sombra que rapidamente se aproximou e observou ao lado de fora, parando seu olhar sobre mim, sorri, um sorriso que foi retribuído.
- Boa noite, vizinha – gritei para que ela ouvisse.
- Boa noite, vizinho – ela fez de novo, ela frisou a palavra direcionada a mim.

15 de fevereiro de 1989, 08h38 pm – Brighton Way, 1735 POV’s


- Ai, meu deus, garota – disse rapidamente por conta do susto que eu levei ao ver sentada na cama. – Como você chegou? E quando que eu não vi?
- Calma, cruzes, cheguei agora, pela porta, obviamente – ela disse com uma cara de ‘volta para a realidade’.
- O que você pegou aí, em? – disse ao vê-la com um livro em mãos.
- Um álbum de fotos, quem são esses, mamãe? – perguntou, vendo uma foto da faculdade com todos os meus amigos.
- Ai meu Deus – sussurrei, chocada. – Não acredito, AI MEU DEUS – gritei fazendo me olhar assustada.
- O que houve, mamãe? – olhei rapidamente para ela sorrindo.
- Hora de dormir, não acha? – ela tirou rapidamente o sorriso da cara ao ouvir minhas palavras.
- Ah não, mamãe, tá cedo ainda – disse indo para frente do relógio em cima da mesa de cabeceira ao lado da minha cama.
- Acho que não, em, mocinha.
- Tá sim .
- Então, deixe-me ver a hora – disse e ela negou com a cabeça. – Não? – ela negou novamente. – Então acho que vou ter que lutar – disse e ela arregalou os olhinhos e saiu correndo, mas rapidamente a peguei no colo e a joguei na cama fazendo cosquinhas enquanto ela gritava e pedia para parar. – Olha só, nove e meia da noite, como está tarde – disse olhando o relógio. – Hora de criança dormir, né? – ela relutou um pouco, mas começou a coçar os olhos demonstrando que realmente estava com sono.
- Tá bom, vou dormir – disse e ergueu os braços para que eu a pegasse.
- Ui, alguém tá comendo demais, em, ou tá ficando muito grande – disse percebendo seu peso.
- Não – disse e riu jogando a cabeça no meu ombro e eu rapidamente coloquei-a em sua cama a cobrindo e beijando sua testa e voltei ao meu quarto pegando aquele álbum novamente. Era ele ali. Ele.

15 de fevereiro de 1989, 09h17 pm – Brighton Way, 1735 POV’s


- Que droga – disse quando senti o livro pesado caindo sobre mim. Estava arrumando o armário quando aconteceu. Peguei-o rapidamente vendo que era um álbum de fotos. O álbum da faculdade, quando pensei em o abrir, escutei meu telefone tocando e o guardei rapidamente, não queria ter que me lembrar disso novamente

Ligação on
- Fala – disse assim que atendi.
- E aí, mano – Ryan. – Bora ‘pra uma boatezinha? Curtir uma noite?
- Porra, mano, acabei de chegar do trampo, levei Ash em casa agora a pouco, não tô afim de ir buscar ela não.
- Quem disse que eu a convidei? – disse debochando de mim.
- Não sairia sem ela, não para uma boate.
- Qual foi, cara, só uma boatezinha, nem vai rolar nada, só umas bebidas e uma diversão, coisa de boa – relutei um pouco, mas ele tinha razão, precisava sair, não saia desde o ano novo, quando fomos para Vegas.
- Beleza, que horas?
- Te encontro às 22, naquela boate que a gente sempre vai.
- Te vejo lá – disse e desliguei.
Ligação off


Me arrumei rapidamente e peguei as chaves do meu carro, essa boate era longe e eu não queria chegar atrasado. Eu não aguento mais a Ashley no meu pé, não sei como terminar com essa mulher, ela gosta tanto de mim. Dei a volta no retorno e fui em direção à casa dela, não a amo, mas ela não deixa de ser minha namorada.
- Vamos sair? – disse, assim que ela abriu a porta.
- Sair? Pra onde? – respondeu coçando os olhos, deveria estar dormindo já, tadinha.
- Boate, os caras me chamaram.
- Ah, amor, eu tô cansada, não quer ficar aqui comigo não? – disse passando a mão sobre meu tórax. – A gente pode se divertir por aqui.
- Não, Ashley, combinei com os caras, se você não quiser ir, eu vou sozinho – disse separando rapidamente o beijo que ela tinha me dado e voltei ao meu carro ouvindo a porta bater com força.
Entrei no carro e olhei em direção ao quarto dela, rapidamente a luz, que estava acesa, foi apagada. Liguei o carro e fui em direção à boate, sabendo que a luz não tinha apagado por ela estar se arrumando, cheguei rapidamente, como era noite, o transito não estava tão ruim, mostrei minha identidade ao segurança que estava na porta e logo entrei, encontrando os caras numa mesa próxima ao bar.
- E aí, dude – disse Ryan quando me aproximei, o cumprimentei falando com todos em seguida. – Chega aí, o pessoal tá lá na mesa – fomos até a mesa que era próxima ao bar.
- E aí? – falei e abracei a todos.
- Aí, vieram pra ficar de viadagem com abracinho ou pra aproveitar? Bora geral beber, porra – disse Chaz, um pouco alterado, devia estar bêbado já. Porém, dito e feito, foi geral pro bar pedindo entre vodka e tequila. – SÓ PEGA QUEM AGUENTA – Chaz disse depois de virar um copo de uns 500ml de vodka garganta abaixo, tô vendo esse aí com uma ressaca do caralho amanhã.

×××


Acordei, no dia seguinte, logo me levantei me arrumando e tomando café e segui para o hospital, na hora que eu saí do elevador trombei em alguém sem querer.


Capítulo 4 - We Need Talk

16 de fevereiro de 1989, 08:22 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Meu Deus, perdão, perdão, não foi minha intenção, juro - disse pegando alguns papéis que tinham próximo a mim, já que eu estava na frente de uma pia, próxima aos banheiros, porém foram tentativas em vão, pois eu não consegui seca-lo. - Meu Deus, sou uma desastrada, me perdoe - disse cada vez mais rápido e olhei para cima o vendo rir.
- Fique calma, está tudo bem, não foi nada, só água - disse rindo mais. - Seria pior se fosse café, né? Quente então, pior ainda - ri de sua piadinha.
- Tudo bem, então, vai secar mesmo, né? - disse olhando para sua camisa social um pouco manchada por conta da água.
- Isso aí - me virei para ir embora e fui impedida por terem segurado meu ombro. - Desculpe, não sei seu nome - disse e sorriu encantadoramente.
- Vai me dedurar pro chefe? - perguntei e ele deu uma risadinha negando. - , , mas só , por favor.
- Prazer, senhorita , sou Henrique Malette.
- Estranho, esse nome me lembra alguém - tentei puxar na memória quem me lembrava, mas não consegui.
- Sou primo de segundo grau do , por parte de mãe - disse sorrindo novamente.
- Estranho, porque eu não conheço a família do - disse rindo e o olhei.

*** FLASHBACK ***

- Essa é minha mãe, Malette - ele disse sorrindo.
- Prazer, dona Malette - sorrimos uma para a outra e nos abraçamos.

*** FLASHBACK ***


Lembrei de alguém com esse sobrenome, o ruim é que não me lembro da pessoa.
- Bom, foi um prazer te conhecer - disse estendendo a mão.
- Igualmente - sorrimos um para o outro e nos afastamos.

POV's Justin Bieber


- Opa, me desculpe - disse se desequilibrando e eu a ajudei com uma das duas caixas que ela segurava.
- Tudo bem, que caixas são essas, Ash? - perguntando vendo alguns papéis dentro das caixas.
- Copias de receitas e fichas de pacientes antigos. Chegou uma paciente agora a pouco que não vinha a anos, tive que ir no morto pra ver se tinha algo da ficha dela por lá, Rose e eu vamos ver se encontramos algo.
- Algum paciente pra mim?
- Por enquanto não, mas você tem que ir dar uma olhada em dois pacientes, um da cirurgia de emergência que está na UTI, o Dr. Bolton ficou o observando e Henrique tá passando a refeição dele para as enfermeiras e o paciente do quarto... Qual o número mesmo? - ela disse e tentou se lembrar, mas não deve ter conseguido. - Calma, deixa eu ver aqui nesses papeis - apoiou a caixa que segurava em sua cadeira, a chegando para trás e procurou o prontuário. - Quarto 212, segundo andar, você disse que daria alta a ele hoje ou amanhã, aqui estão os exames dele - disse e me olhou e eu coloquei a caixa que segurava no balcão.
- Ok, já irei lá, obrigado - disse e fui em duração à minha sala, mas voltei lembrando de algo. - a Dra. já chegou? - ela olhou para a moça ao lado e trocaram palavras brevemente e logo me olhou.
- Sim, acabou de bater ponto.
- Chame-a e diga a ela pra ir na minha sala, por favor.
Fui para meu consultório e logo analisei os exames, vendo que poderei dar alta para o Sr. Smith e ouvi batidas em minha porta.
"Rápida ela, ótimo profissionalismo" - pensei.
- Entre, por favor - falei um pouco mais alto para que me ouvisse.
- Dr. , gostaria de saber se já posso liberar as enfermeiras para o café e queria que o senhor confirmasse se o café dos seus pacientes está certo, por favor - disse e me entregou sua prancheta.
- Está tudo certo sim, pode liberar - disse e encarei a enfermeira à minha frente .- Continue assim e deverá subir de cargo - dei meu melhor sorriso e a vi quase se derretendo aos meus pés, não sei o que essas mulheres desse hospital veem em mim. Encarei a porta, vendo esperando para que eu falasse com ela.
- Precisamos conversar - disse assim que fiquei sério e fechei a porta depois de ela ter entrado.


Capítulo 5 - Meeting Mathew

16 de fevereiro de 1989, 09:36 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- OK - disse me sentando à frente de , que já tinha dado a volta por sua mesa e sentado em sua cadeira grande e provavelmente muito confortável. - Fiz algo de errado ou que não tenha gostado? - disse e ele riu fracamente balançando a cabeça;
- Não, perdão, não quis te assustar, foi só uma brincadeira - ele disse e parou de rir em seguida. - Bom, para que você comece bem, preciso saber, se eu te passar alguns relatórios e fichas de pacientes internados, você pegará rápido para ajudar a trata-los?
- Claro, algo grave? - perguntei e logo ele começou a digitar em seu computador, virando a tela depois de clicar em algo.
- Vou começar te passando este paciente - ele disse e li seu nome na ficha 'Mathew Carson'. - Ele tem câncer e o médico dele precisou entrar de licença, a esposa acabou de ter um filho - 'Leucemia, sete anos, estado estável'. - O câncer dele está em um estado bem crítico, ele tem o tumor desde os cinco anos e meio, o aniversário está bem próximo e estávamos pensando em fazer algo para que ele se sinta especial - 'aniversário: 24 de fevereiro'.
Por alguns momentos juro não ter prestado muita atenção nas palavras de , estava preocupada demais com esse menino que é tão jovem, porém carrega um tumor desses sobre ele. Quando comentou sobre a festa, eu comecei a planejar o que fazer
- Você tem alguma ideia para essa festa? - perguntei, começando a ter algumas ideias.
- Por enquanto, não.
- Ele faz quimio?
- Faz sim, ele fará uma por volta de oito horas da manhã, neste dia.
- Podemos organizar o quarto dele com algumas bexigas e podemos fazer um almoço depois. Ele tem algum hobbie aqui?
- Sim, ele gosta muito de pintar.
- Podemos passar o dia fazendo isso, podíamos fazer uma pintura enorme e colocar no quarto dele para que ele sempre se lembre desse dia e no fim do dia cantarmos parabéns com um bolinho, o que acha? - disse e o encarei.
- Uma ótima ideia, vou pedir imediatamente que contatem sua família, está dispensada, pode vê-lo, quarto 11, ala infantil - ele disse e eu me levantei, porém assim que pus a mão na maçaneta me virei, ouvindo meu apelido. - Eu sabia que você não ia me decepcionar - ele disse e eu sorri em agradecimento o vendo pegar o telefone e digitar alguns números e saí de sua sala procurando a ala infantil, até chegar na lanchonete. Então resolvi comprar um café pra mim, quando vi uma placa com algumas setas, paguei rapidamente e segui a seta, logo entrando em uma porta que tinha o desenho de uma paisagem e estava escrita 'ala infantil, faça silêncio', logo entrei vendo várias portas e janelas de vidro, passei por elas vendo que o início era a área da 'diversão', vi crianças pintando, desenhando, escrevendo, lendo, brincando, também percebi que tinha uma biblioteca, repleta de livros incríveis. Logo, cheguei em uma porta dupla vendo escrito em cima 'quartos'.
"Essa é a hora" - pensei
Logo, abri a porta me deparando com portas de madeira e um cheiro mais suave, nem parecia um hospital. Passei por algumas portas e logo achei a de número 11, dei duas batidas leves e ouvi um aparelho apitar e um 'entra' pouco sonoro e logo girei a maçaneta, encontrando um quarto de tom verde com alguns papeis de parede e decorações, era confortável por mais que continuasse parecendo um quarto de hospital, logo me virei vendo Mathew na cama, com uma enfermeira ao seu lado, lhe dando seu café da manhã, algumas frutas, mas ele não parecia querer.
- Chega, tia Rose, eu tô cheio - disse baixo enquanto empurrava o prato contra sua direção e logo me olhou e sorriu.
- Olá - ele continuou me olhando e Rose rapidamente pediu licença se retirando do lugar. - Meu nome é , podemos conversar? - perguntei e ele assentiu rápido e repetidamente. - De 0 a 10, quanto é a sua dor? - aquela pergunta clichê para crianças com câncer, mas necessária, logo ele levantou sete dedos.
- Eu tô com uma dor bem mais forte que nos outros dias e a tia Rose disse que eu tô com febre.
- Dor onde? - perguntei e ele apontou para o tórax, por isso a falta de fome. - Você não quer comer mesmo? - ele balançou a cabeça, negando. - OK, então, como já disse, meu nome é e o seu?
- Mathew - o olhei o incentivando a dizer o resto. - Mathew Josh Carson.
- Quantos anos você tem, querido?
- Sete, e a senhora, tia? - ele perguntou se levantando para me olhar melhor e eu ri.
- Tenho 30, bonequinho - disse e toquei a ponta de seu nariz. - Você tem irmãos? - ele assentiu.
- Tenho dois, são mais velhos que eu, a senhora também tem?
- Oh, não me chame de senhora, por favor, minha filha é mais nova que você - disse e ele riu alto, me fazendo rir também e uma mulher, aparentemente na meia idade entrou, fechando a porta e nos olhou e logo me levantei. - Bom dia.
- Bom dia - me respondeu levemente. - É, sem querer parecer grossa, mas quem é você?
- Sou a nova pediatra do Mathew, o pediatra dele pediu licença maternidade, o filho nasceu recentemente - me aproximei dela e estendi minha mão. - , ou .
- Marie, sou a mãe do Mathew - me cumprimentou sorrindo e voltamos a nos aproximar do menino, conversando sobre diversos assuntos.

POV's


Beijava a Ash com intensidade, colocando minha mão em sua bunda, enquanto sua mão escorregava pelo meu tórax e logo ouvi uma leve batida na porta da minha sala e tratei de encerrar nosso beijo.
- Amor, volta aqui, depois você vê isso.
- Não vou demorar, Ash, deixe-me ver - disse levantando e a tirando do meu colo, indo até a porta e logo uma outra secretaria me entregou uma carta que tratei logo de abrir, eram alguns arquivos, umas fotos e logo as abri me deparando com fotos do dia da minha festa de formatura da faculdade, quando eu estava dormindo com uma mulher em uma cama, ambos estávamos sem roupa, a outra foto era de uma mulher, sendo levada para uma ambulância. Eu lembro dessa mulher, mas não consigo lembrar quem é ou qual seja seu nome.


Capítulo 6 - Ele Continua o Mesmo de Sempre

24 de fevereiro de 1989, 06h52 am – Brighton Way, 1735
POV’s


- Rápido, mamãe – falou assim que entrou em meu quarto. – A senhora vai se atrasar, não pode ter atraso.
- Põe o dedo aqui, filha – pedi e ela pôs rapidamente e eu dei o laço na caixa que eu estava embrulhando para presente. Hoje é o aniversário do Matt e eu estou tentando ao máximo fazer com que seja tudo perfeito, quero o melhor aniversario da vida desse garoto. – Vamos filha – disse e peguei minha bolsa e a caixa e desci as escadas rapidamente.
- Bom dia, tia Anne – disse e saiu correndo para abraçar nossa empregada que a entregou sua lancheira.
- Bom dia, Anne – disse e rapidamente peguei as chaves do carro que estavam na mesinha de centro.
- A senhora não quer tomar café, dona ? – Anne perguntou me olhando e eu neguei.
- Eu estou quase atrasada, a gente toma café no caminho, obrigada Anne.
- Tchau, tia, até mais tarde – disse e a abraçou vindo em minha direção logo em seguida. Coloquei o presente no banco de trás do carro e coloquei na cadeirinha, entrei rapidamente e joguei minha bolsa no banco de carona e liguei o carro indo em direção a uma lanchonete. – Mamãe, a gente vai tomar café?
- Vamos, filha, em qual você quer ir?
- Pode ser na Starbucks mesmo, mamãe, tem uma no caminho – respondeu. – Posso guardar minha maçã e comer no recreio?
- Claro, mas a Anne não colocou seu lanche?
- Sim, mas colocou um biscoito pequeno, aí eu como a maçã antes – achei estranho, afinal, ela nunca consegue comer dois lanches, mas deixei passar.
- Chegamos – anunciei após uns cinco minutos e ela logo soltou o cinto da cadeirinha e eu abri a porta pegando minha bolsa e fechei a porta dela, já que ela nunca conseguia fechar, só abrir.
- O que você quer, querida?
- Pode ser um misto e um chocolate quente – respondeu ajeitando o casaco no corpo, estava bem frio pra final de inverno, parecia que ia cair um temporal a qualquer momento.
- Um misto quente, um achocolatado, uma porção de pães de queijo e um descafeinado, por favor – pedi para a atendente que logo anotou nossos pedidos e eu a paguei, procurando uma mesa. Logo chegaram nossos pedidos e comemos rapidamente.
- Mamãe, são que horas?
- Sete e dezoito, querida, já acabou? Temos que ir para que você não chegue atrasada.
- Posso terminar de beber no carro?
- Claro, só tome cuidado – levantamos e eu pedi mais um descafeinado para levar. Entramos no carro e coloquei o cinto da cadeirinha e logo estávamos na escola de . – Boa aula, filha, mamãe te ama.
- Beijo mamãe, amo a senhora também – disse e me deu um beijo estalado na bochecha e fechou a porta, nem acredito que realmente a porta fechou. Enquanto eu estava indo, meu telefone tocou e eu peguei após parar no sinal da avenida.

Ligação on

- , onde você está?
- Eu já estou chegando, , aconteceu algo?
- A cozinha está uma bagunça, você pediu um bolo enorme? – escutei meu amado chefe perguntar com uma voz um tanto quanto desesperada.
- O que? Eu pedi um bolo simples, o que estão fazendo aí? – perguntei ficando nervosa, será que esse dia não vai dar certo?
- É melhor você vir logo, seja rápida.

Ligação off


Acelerei assim que vi o sinal verde e logo estava colocando meu carro na garagem do hospital. Entrei rapidamente enquanto procurava meu crachá na minha bolsa, logo achei a passei na catraca do acesso aos funcionários e entrei indo em direção à sala do .
- Pelo amor de Deus, o que está dando errado – ele me encarou, com uma expressão de quem não sabe do que eu estou falando.
- Errado? Tem algo dando errado?
- O que? – eu realmente não estava entendendo mais nada. – Você acabou de me ligar desesperado dizendo que a cozinha estava uma bagunça – disse e ele riu baixo.
- Bagunça? Tá tudo em seu devido lugar, sou um bom chefe – ele disse ainda rindo. – Foi só para você chegar logo – disse e o telefone de sua sala tocou e ele atendeu rapidamente. – O que? Você tem certeza? – ele fez uma careta e me olhou preocupado. – Assim não vai dar certo nosso planejamento, só um minuto – disse e colocou o telefone na mesa e me olhou. – O médico que faz a quimio do Matt está atrasado e não sabemos se ele chegará a tempo, estamos tentando contato, mas ele não atende – ele disse e eu comecei a andar de um lado para o outro.
- Tem outro médico com a agenda vaga no horário dele? Qualquer um – disse entrando em desespero, esse aniversario tem que dar certo.
- Só um minuto – disse e pegou novamente o telefone. – Mary? Tem algum outro médico para substituir este? Qualquer um que esteja fazendo a quimio. Ok, pode ser, obrigado – disse e desligou me olhando. – Consegui, olha, tenho uma cirurgia agora, deve durar umas quatro horas, farei o máximo pra te encontrar no refeitório infantil ao meio dia, pode ser? Consegue fazer tudo até lá?
- Ok, consigo – disse e peguei meu celular colocando um alarme para o meio dia. – Vou na cozinha agora ver como estão as coisas, a quimio é que horas?
- Às 9h30, arruma tudo assim que ele sair do quarto.
- Ok, obrigada, , nada disso daria certo se não fosse por você – eu disse e logo o vi colocando seu jaleco e desligando o computador.
- Que isso, nada daria certo se você não tivesse tido essa ideia, isso sim, eu estava completamente certo em te chamar, obrigado – disse e me olhou e logo foi em direção à porta. – Vamos?
- Claro – disse e sorri de lado, ele continua o mesmo de sempre.


Capítulo 7 - Mathew's Party

24 de fevereiro de 1989, 11:53 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Ei, Alex, coloca isso aqui – disse para o menininho na minha frente que não sabia o que fazer com a fita colorida.
- Mamãe, não acha que esse balão ficaria melhor ali? – disse , que eu havia buscado no colégio por conta da festa, segurando alguns balões na mão e eu logo peguei e coloquei na parede depois de pôr a fita durex.
- Me empresta essa fita – disse para a garotinha cujo nome eu não lembrava e que segurava uma fita de papel crepom grossa, pensei em coloca-la nas janelas e mesas, e coloquei em uma janela próxima que faltava.
- – olhei para trás para prestar atenção em quem me chamava e me encantei completamente com o que vi. – Onde coloco o bolo? – caramba, aquele bolo estava muito lindo, era um bolo bem simples de chocolate e com o nome dele e uma foto no fundo, uma foto dele com os pais, olhei para o casal e percebi que estavam quase chorando.
- Vocês querem colocar o bolo onde? – perguntei os olhando.
- Pode ser bem no centro? Na mesa grande – peguei o bolo e entreguei à mãe que foi quem me respondeu e logo ela colocou onde queria.
- Aqui, mamãe – disse me entregando o balão que continha o número de sua nova idade, nove anos, e eu amarrei na mesa onde ficou o bolo.
- Vejo que vocês fizeram um grande trabalho – disse entrando na sala.
- Tio quase gritou correndo em sua direção o abraçando e ele a pegou no colo. – Gostou da decoração? Eu ajudei bastante.
- Esse lugar ficou incrível, nem parece o hospital – disse e apertou o nariz da pequena e eu fiquei um tanto quanto desconfortável, sempre que via ela me esquecia, a falta de um pai tá cada vez pior para ela.
- Ele tá vindo, ele tá vindo – entrou uma enfermeira falando pra todo mundo.
- Vamos nos esconder, pessoal – disse um pouco alto e todos começaram a correr. Puxei e ficamos atrás de uma das portas duplas e na outra. Olhei pelo vidro que tinha ali e notei o médico da ala pediátrica empurrando sua cadeira de rodas em direção à porta.
- O que estamos fazendo aqui, não íamos pro quarto? – disse com sua voz suave e eu olhei para seus pais que estavam quase chorando.
- Vamos comer algo primeiro? O que acha? – disse o médico que me olhou pelo vidro e fez sinal para que eu abrisse a porta e eu olhei para que me entendeu e abrimos a porta o vendo parado atrás dela e alguém acendeu a luz, tivemos a deixa para gritar um ‘surpresa’ bem alto naquele momento e olhou tudo em volta, emocionado. Seus pais logo vieram o abraçando e beijando e então ele levantou da cadeira caminhando na direção da maior mesa e viu o bolo, com a foto e seu nome, novamente olhou em volta e começou a chorar e de repente veio em minha direção e rapidamente me abraçou. O abracei de volta, emocionada e ele me soltou me pedindo para abaixar, me abaixei ficando de sua altura
- Obrigado – disse baixo por estar um pouco fraco ainda por conta da quimio. – De verdade, eu amei.
- Você merece, merece melhor até, só que isso foi o máximo que conseguimos.
- E tá muito perfeito, por sinal, muito obrigado – ele disse e se virou olhando para todos e abraçou os pais. Olhei para e o vi quase chorando e ele logo se aproximou.
- Você é incrível, de verdade, isso tá lindo e ele tá completamente emocionado, o que mais você faz para as pessoas serem felizes?
-Tudo o que tiver ao meu alcance – desviei o olhar de Matt para ele que me olhou maravilhado.
- Vamos comer, crianças? – disse Beth que era a cozinheira e todas as crianças foram para a junção que fizemos das mesas de plástico e foram entregues sopinhas de ervilha para todos que logo comeram e em seguida foram brincar com os diversos brinquedos que espalhamos no lugar, no fim da tarde chamamos todos para cortarmos o bolo.
- Matt, fica atrás do bolo com seus pais, vai lá – pedi com a câmera na mão e logo bati uma foto. – Crianças, vão também – foram todos e me afastei para tirar e acabei tropeçando em alguém bem pequeno. – Filha? Por que você não está lá?
- Eu não vivo aqui, mamãe.
- Mas você tá participando da festa do Matt, querida.
- É, , vem tirar foto comigo – disse Matt sorrindo e ela o olhou não sabendo se ia ou não.
- Tá bom – disse e ficou na ponta da mesa na frente de um menininho de 13 anos, mais alto que ela, obvio. Tirei foto de todos juntos e depois tirei de cada um com ele.
- Me dê essa câmera – disse aparecendo ao meu lado e o encarei sem entender. – Você também tem que participar das fotos – ele disse e entreguei a câmera a ele e me posicionei ao lado de Matt que tinha acabado de roubar um brigadeiro.
- Roubando os docinhos antes do parabéns? – disse em seu ouvido e ele se assustou e deu um pulo e eu dei uma gargalhada. – Tô brincando com você – disse e peguei um brigadeiro também e ouvi o clique da câmera e olhei para e ele apenas deu de ombros. Peguei Matt no colo e sorri olhando para a lente da câmera, porém ao invés de clicar, tirou-a da frente do rosto e encarou Matt.
- Que foi?
- Em quantas fotos você sorriu? – perguntou e Matt deu de ombros olhando para o papelzinho do brigadeiro em suas mãos. – Vamos lá, sorria nessa foto, você tá com a melhor medica dessa vez – ele disse e Matt me olhou e passou os braços por meus ombros e sorriu me olhando e eu notei o flash da câmera e olhei para a frente junto com Matt e ele fez o mesmo e outro clique.
- Vamos cortar o bolo? – falei o colocando no chão.
- Vamos – ele me olhou um pouco mais animado que alguns minutos atrás.
- Pessoal, vamos cortar o bolo – falei um pouco alto para que todos me ouvissem e rapidamente vieram e ficaram em volta da mesa, peguei o isqueiro no meu bolso e rapidamente acendi as velinhas em cima do bolo e todos começaram a tradicional musiquinha, quando todos gritaram seu nome apenas vi sua cabeça dentro do bolo e todos o olhando.


Capítulo 8 - Transference

15 de março de 1889, 13:24 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Vou só receitar esse remédio bem simples por conta dessa tosse chata, mas nada muito preocupante, caso não melhore, volte aqui, por favor – disse para a mãe da garotinha à minha frente, enquanto anotava a receita. – É só isso mesmo?
- Sim, fora as tosses, nada de... – a senhora foi interrompida por alguém que entrou na sala do meu consultório.
- Opa, me desculpe, não sabia que estava ocupada – disse , que novamente entrou sem bater.
- É urgente, dr. ?
- Um pouco, já está acabando?
- Se puder esperar um pouco, já falarei com o senhor.
- Ok, vou esperar aqui fora – disse e fechou a porta rapidamente.
- O que a senhora dizia?
- É só isso mesmo, doutora – ela me respondeu e eu assinei a folha em minhas mãos.
- Aqui está, como eu disse se, no máximo, em duas semanas essa tosse não passar, pode voltar aqui – disse e estendi a mão para que a moça que pegasse.
- Ok, doutora, obrigada – disse e logo apertou a minha mão. – Fala com a doutora, filha – disse para a criança, que logo veio e me abraçou e eu abri a porta para que saíssem, encontrando sentado ou esparramado, eu diria, em uma das cadeiras de espera mexendo no celular.
- O que você queria, chefe? – disse e ele logo me encarou torto, ele nunca gostou que eu o chamasse de chefe, mas chamo de vez em quando só pra ver a cara dele.
- Eu preciso falar de algo com você, podemos almoçar juntos ou você está ocupada agora?
- Não tenho nenhum paciente por enquanto, deixa só eu tirar o jaleco e pegar minha bolsa – disse e ele assentiu, logo entrei de novo na sala do meu consultório e peguei minha bolsa, colocando meu jaleco no cabideiro. – Podemos ir?
- Claro – ele logo passou os braços pelos meus ombros me guiando para fora do hospital. – Quer ir num restaurante ou podemos ir no mc mesmo, que tal?
- Que tal o subway? Tô de dieta – disse e ele me olhou assustado e logo estávamos rindo. – Tô brincando, eu gosto mais do subway ué, qual problema?
- Que tal a gente comprar os lanches e comer na lanchonete do hospital mesmo, então?
- Pode ser – logo fomos buscar nossos respectivos lanches em meio a risadas e conversas e voltamos para a lanchonete.
- Bom – disse depois que cessamos as risadas e ficou sério. – Olha, eu vou precisar meio que mudar sua rotina.
- Como assim? – olhei para ele começando a ficar preocupada.
- Vou mudar seu cargo, você vai ser uma residente agora – olhei para ele a ponto de falar algo. – Deixa eu terminar. Você vai para o prédio principal para trabalhar com os alunos de residência, pode ser? Ah, você não vai deixar de exercer a pediatria, você vai lidar com os alunos que farão residência para a pediatria, apenas os alunos do terceiro ano para cima, ok?
- Tudo bem, eu acho. Quando começo?
- Pode ser assim que terminarmos aqui? Você pega suas coisas e nós vamos para o meu prédio.
- Ok – disse e terminamos de comer em silêncio, minha mente girava a mil, nunca fui residente e os residentes que eu tive foram um horror, como eu deveria agir? Ser grossa, fria, tratar mal?
- Vamos? Ou você quer comer o papel também? – perguntou , só assim que eu notei que meu lanche tinha acabado e eu nem percebi. Levantamos, pegamos nossas coisas e fomos até meu consultório para eu separar minhas coisas e levar, não tinha tanta coisa, só meu jaleco e meus objetos de trabalho que eu carrego sempre, só tiveram alguns livros que teve que levar, eram uns cinco que eu costumava deixar no meu armário. Quando estávamos próximos do prédio principal do hospital (eu trabalhava numa clínica de emergência), eu puxei pelo braço, que logo me olhou – O que aconteceu?
- Eu estou um pouco nervosa, o que vou encontrar lá, quem são meus alunos, como são, como eu tenho que tratar eles, eu não sei o que fazer, .
- Só ser você, tem apenas que mostrar o jeito certo que eles tem que fazer as coisas, compartilhar suas experiências e ouvir o que eles têm a dizer, eles têm um tempo de formação mais próximo da atualidade e podem ter ideias mais novas para nos apresentar.
- Nem todas as coisas são simples assim, na verdade, nada é simples e eu estou com medo de tentar – desabafei atropelando todas as palavras. colocou meus livros numa mesa de concreto que tinham ali próximas da entrada e segurou minhas mãos.
- Quantos anos você tinha quando nasceu?
- 24.
- Foi fácil ter uma gravidez sem alguém para ajudá-la? Tipo, o pai da , claro.
- Não muito, precisei muito da ajuda dos meus pais e de alguns amigos.
- Não foi fácil, mas você conseguiu, certo? – assenti. – Então, qual o problema de tentar algo novo? Se não der certo, você pode voltar para a clínica, sem problemas. Só que estamos precisando de residentes e sei que você está capacitada para fazer tal feito.
- Ok, acho que eu consigo – disse e ele apertou minhas mãos como um gesto de ‘eu estou aqui com você’. Logo estávamos dentro do prédio entrando na sala dos residentes, onde todos colocavam suas coisas, sejam residentes ou alunos da residência. Tinham alguns armários com senha e uns bancos espalhados, era um lugar bem grande, me deixou ali para que eu pudesse me encaixar e foi fazer o que tinha que fazer, rapidamente guardei minhas coisas ali e coloquei meu jaleco, saindo da sala e indo em direção à recepção.
- Boa tarde... – disse tentando ler seu crachá e quando a moça levantou a cabeça e seu cabelo saiu da frente e eu consegui ler. - ...Ashley.
- Boa tarde, você é alguma aluna de residência nova? – me perguntou rapidamente. – Me diga seu nome.
- Não – disse rindo. – Sou residente, o chefe me transferiu para esse setor, meu nome é – respondi sua pergunta e logo ela me olhou, surpresa.
- ? – perguntou gaguejando um pouco e eu assenti e ela virou rapidamente pegando fichas de alguns prontuários e me entregando depois de quase derrubar diversas folhas. – Aqui está, vá naquele quarto, tem dois residentes – disse um tanto rude, ao sentar na cadeira e logo fui em direção ao quarto que ela me indicou.

15 de março de 1889, 5:47 PM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Já vai embora, chefe? – perguntou Ash, assim que eu passei pela recepção.
- Tenho só que passar na sala dos residentes para falar, dar alguns avisos e vou logo depois, tudo certo por aqui?
- Sim sim, só tenho uma pergunta – disse me encarando e eu fiz um gesto para que ela prosseguisse. – Você já conhecia a Dra. antes de transferi-la?
- Acho que não, Ash, me mandaram algumas cartas dizendo o quanto ela era boa que a dei uma chance, por que a pergunta?
- Nada demais não, vai jantar em casa hoje? Eu posso ir para lá, caso queira.
- Provavelmente, tava pensando em pedir uma pizza mesmo, mas eu estou tão cansado que só estou pensando em chegar e deitar na cama, mas agradeço sua proposta – disse e segui em direção à sala dos residentes, como fazia antes. – Boa tarde, pessoal, algum de vocês ficará de plantão hoje? – perguntei e logo três que estavam ali levantaram a mão. – Então aqui está, cada um de vocês resolverá cada caso desses, podem escolher – disse entregando o prontuário à garota, que estava no meio, e fui em direção ao fundo da sala encontrando . – E aí, vai pra casa? – perguntei e rapidamente ela se virou pra mim.
- Vou sim e você? – perguntou e logo assenti a vendo pegar a chave do carro .
- Posso te acompanhar até o estacionamento, mon cher? – perguntei estendendo meu braço direito em sua direção.
- Bien sûr, cher – ela respondeu entrelaçando seu braço ao meu e eu a arrastei enquanto ela pegava sua bolsa e fechava o armário com uma batida e logo me acompanhou rindo.
- Qual seu carro? – perguntei assim que chegamos ao estacionamento, que ficava no térreo e ela rapidamente apontou para um Volkswagen Fusca 1980. – Caralho, eu amo esse carro – sibilei o olhando e dando a volta e ela riu.
- E qual é o seu? – perguntou e eu apontei para o Chevy Impala 1967 a dois carros de onde estávamos e logo a vi correndo até ele. – Ai meu Deus, eu sempre quis um carro clássico – ela disse entusiasmada começando a gritar.
- Quer uma carona?
- Não precisa, não quero deixar meu carro aqui – ela disse rindo e foi em direção ao seu carro e eu fiquei esperando, logo ela ligou o motor, que não pegou, tentou mais umas três vezes e nada, então eu comecei a rir vendo o olhar de reprovação dela sobre mim.
- Vamos lá, aceite minha carona – eu disse e ela tentou mais uma vez até que desistiu e pegou suas coisas e marchou até meu carro.

15 de março de 1889, 19:03 PM – Wilshire Boulevard
POV’s


- , eu vou te matar, tô falando sério – reclamei pela decima vez enquanto ele ria.
- Se acalma, , já estamos chegando.
- Meu celular diz que estamos a 10 minutos de casa, e é apenas meia hora do hospital até minha casa e estamos a uma hora nessa rua, .
- Veja pelo lado bom... – começou a dizer mas foi interrompido pelo som do meu celular tocando.

Ligação on

- Mamãe, onde você está, eu tô preocupada.
- Eu tô indo pra casa, filha, é que está um transito horrível aqui.
- Você vai demorar muito? Eu tô com fome, mas não quero jantar sem a senhora.
- Não, filha. Põe no cronometro 15 minutos, não vou demorar mais do que isso, prometo.
- Tá bom, mamãe. A tia Anne quer falar com você.
- , quero saber se eu posso dar um banho na antes que você chegue ou você mesma dá depois?
- Não, não, pode dar sim, assim quando eu chegar só jantamos e dormimos, obrigada – respondi e logo foi finalizada a ligação.

Ligação off


- Olha o que você fez, . Até minha filha está super preocupada por eu não ter chegado em casa ainda – disse o olhando de cara feia.
- E você estava tão distraída no telefone que nem notou que eu peguei um atalho e já estamos na rua da nossa casa – ele me respondeu e eu olhei para frente vendo minha casa bem perto já e logo ele estava estacionando o carro em sua garagem.
- Obrigada – disse saindo do carro batendo o pé, por conta do atraso.
- Ei, eu não mereço nada em troca? – disse me olhando de uma forma tão fofa que dá até para se apaixonar.
- Tipo o que?
- Que tal você me convidar para o jantar? – disse se aproximando.
- Nosso jantar não é lá essas coisas não, em.
- Nem jantar eu tenho – ele respondeu rindo e eu comecei a rir também indo em direção à minha casa e o puxando.
- ? – chamei-a assim que entrei em casa.
- Tô no banho, mamãe – me respondeu lá de cima e eu fui em direção à cozinha.
- Olha, eu tenho comida pronta, mas se preferir posso fazer um macarrão ao alho e óleo sem problemas, é rapidinho mesmo, o que você prefere? – perguntei olhando a geladeira, quando senti a aproximação de , que rapidamente fechou a porta e me prensou entre ele e a geladeira. – O que você está fazendo? – perguntei nervosa e gaguejando um pouco.
- O que você faz comigo e como você faz isso? – perguntou aproximando cada vez mais o seu rosto do meu.
- Faço o que? – merda, para de gaguejar, , dizia meu subconsciente.
- Nem eu sem o que você faz comigo – ele respondeu e seus lábios rapidamente se esbarraram nos meus começando um beijo lento e logo senti suas mãos em meus quadris me puxando para cima e o senti andar comigo, sendo colocada em algum lugar plano que passei a mão e logo percebi ser a bancada da cozinha. Ficamos assim por um tempo indeterminado até ouvirmos algo caindo no chão, um vidro.
- Merda – falamos baixo e juntos.


Capítulo 9 - Cartas e Mais Cartas

19 de março de 1889, 12:51 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Depois do pequeno incidente na cozinha que, felizmente, Anne viu, e eu estamos um tanto afastados, ele levou para a escola no dia seguinte, enquanto eu ligava para o guincho e um mecânico, nesses três últimos dias eu tive que contratar o ônibus escolar para e vir de taxi para o hospital.
E aqui estava eu terminando outro prontuário do paciente que eu acabei de ver, quando olhei para frente e vi uma mulher conversando com a secretaria da recepção, Ashley, se eu não me engano, o estranho é que eu acho que conheço essa mulher, só não sei de onde.
- Dra. , o paciente do 1324 está com febre e eu preciso do prontuário dele – disse um dos meus alunos do quarto ano ao se aproximar.
- Aqui está, Dr. Harper, quer alguma ajuda? – perguntei a ele, que negou rapidamente me dando as costas indo ao quarto dito, logo me virei voltando a realizar o que estava fazendo, quando senti alguém do meu lado, me virando para ver de quem se tratava, quando vi a moça que estava conversando com a secretaria antes
- Olá – disse rapidamente e eu a cumprimentei com um sorriso. – Nos conhecemos já?
- Acho que não.
- Me chamo Caitlin, Caitlin Beadles, eu estava perguntando para a Ashley seu nome, mas ela não quis me responder – disse rapidamente rindo, enquanto eu lembrava de onde eu a conhecia.

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- Oi, eu me chamo Caitlin, Caitlin Beadles e eu gostei de você, sou uma das mais populares daqui e você pode andar comigo se quiser – falou uma garota toda cor de rosa que se aproximou enquanto eu pegava meus livros no armário, eu era a grande novata do Westwood High e eu amava toda atenção que estava recebendo.
- Claro, vai ser demais andar com você – respondi e logo entrelacei meus braços nos dela depois de fechar o armário e saímos andando pelo corredor, com todos abrindo espaço por onde passávamos. Alguns dias depois já éramos super amigas e sabíamos tudo da vida uma da outra, ela também comprou umas pulseiras da amizade, alegando que super amigas deveriam usar e serem iguais.

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- Me chamo , é um prazer te conhecer – respondi torcendo que ela não se lembrasse que nos conhecíamos e logo recebi seu abraço.
- Me diz uma coisa, você viu o ? Ou o chefe, não sei como vocês chamam ele por aqui, ele me ligou dizendo que queria falar comigo, mas ninguém viu ele, que raiva.
- Não, eu não vi ele, sinto muito.
- Ah, tudo bem, você vai almoçar agora? Fiquei sabendo que é nova aqui e eu não gosto de ninguém por aqui, mas você parece ser legal.
- Vou sim, mas vou comer na lanchonete mesmo – respondi sua pergunta com um sorriso amarelo, ela era tão espalhafatosa que eu duvidava muito que comeria na lanchonete. – Aqui está, separa os prontuários dos quartos do segundo andar, que eu venho pegar depois do meu almoço – disse para uma das garotas da recepção e me virei para Caitlin.
- Já tá pronta? Eu tô com fome.
- Você vai comer na lanchonete mesmo?
- Sim, algum problema?
- Não, claro que não, nenhum, vamos então – disse e ela entrelaçou nossos braços puxando uma conversa que eu não estava nenhum pouco interessada, logo separamos o que iriamos comer e nos sentamos. Ficamos conversando até alguém me chamar pelo alto falante e eu ter que resolver o que tinha acontecido com o meu paciente que estava tendo convulsões.

19 de março de 1889, 02:02 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Impressionante, Caitlin só me dá trabalho, disse que viria aqui para resolver algo e sumiu. Eu estava andando no corredor quando a vi no fim dele bebendo água.
- Caitlin – falei um pouco alto e corri em sua direção que, assim que me viu, correu de volta me abraçando e entrelaçando as pernas em minha cintura, logo a abracei fortemente.
- Quanto tempo, em, tá maior do que da última vez – disse me soltando e se afastando para me analisar.
- Dois anos né, quer que eu seja a mesma pessoa? – disse e rimos. – Mas e aí, o que devo a honra de sua visita? – perguntei e logo vi seu rosto ficar sério e transparecer uma certa preocupação.
- Podemos falar em algum lugar mais particular?
- Claro, vamos para minha sala – disse e a puxei pela mão, levando-a até minha sala, onde nos sentamos.
- Bom – ela começou – eu recebi uma carta anônima...
- Calma aí, você também recebeu uma?
- Sim, você recebeu?
- Sim, tem algumas semanas, mas nem me importei muito, pensei que era engano ou alguma brincadeira – disse e a vi pegando um envelope em sua bolsa e vindo ao meu lado para me mostrar.
- Acho que alguém quer nos dizer algo – disse me mostrando o que tinha na tela, eram duas fotos, uma mostrava alguma garota gravida, porém não mostrava seu rosto e a outra era uma outra garota sendo levada para uma ambulância, ela estava em cima de uma maca empurrada pelos paramédicos, a foto era a mesma que eu tinha recebido, logo abaixo tinha uma mensagem ‘’acho que você deveria ir atrás do passado e descobrir o que aconteceu nesse dia’’.
- Eu recebi essa mesma foto, essa segunda – disse pegando o papel envelopado na minha gaveta.
- Essa primeira foto foi tirada na formatura, não foi? Quando você ficou com a Ash?
- Sim, e olha essa segunda, tem uma data e é a mesma – disse e ela se aproximou para olhar mais de perto e apenas vi a porta sendo aberta com uma certa força e olhamos assustados nessa direção.
- VOCÊ ‘TÁ MALUCA, NÉ, SUA PIRANHA – disse Ash correndo na direção de Cait e a puxando pelo cabelo para fora da sala.
- QUE ISSO, GAROTA. TÁ MALUCA? – disse Cait pondo as mãos na frente do rosto para tentar se defender e vi todos se aproximando para ver o que estava acontecendo e logo elas estavam se atracando no chão do corredor principal do hospital.
- O que está acontecendo aqui? – perguntou chegando perto de mim e logo olhou para frente. – , faz alguma coisa, elas vão se matar – ela disse me batendo em um ataque de histeria e vi o Chaz se aproximando e me olhando, fiz um sinal para ele e fomos atrás das duas e eu peguei Caitlin e ele segurou Ashley, que estava mais atacada, coloquei-a para o lado e fiquei entre as duas.
- Vocês estão calmas? – as olhei e logo assentiram. – Ótimo, as duas, para a minha sala agora – ordenei e logo as vi marchando na minha frente. – E vocês? Nem tem nada para fazer não? Uma vida para salvar? – disse para os que estavam observando a briga e logo todos se dispersaram e eu fui atrás das duas na minha sala e eu fechei a porta me encostando em minha mesa e as olhando. – E aí? O que aconteceu agora?
- Ela estava quase te agarrando – Ash disse histérica.
- Eu só me defendi – disse Cait, ao mesmo tempo, pondo as mãos para o alto em defesa.
- Me agarrando? – perguntei
- Si...
- Agarrando ele? Tá de sacanagem, né – disse Cait revirando os olhos e cruzando os braços ao sentar na minha cadeira.
- Você vai deixar ela sentar na sua cadeira? – Ash me perguntou e eu apenas assenti.
- Cait, nos deixe a sós por um momento, por favor? – pedi e logo ela se retirou, fechando a porta. – Bom, Ashley – comecei me virando em sua direção e ela logo se aproximou com um sorriso nos lábios. – Eu estou terminando com você e espero que não venha de gracinhas atrás de mim – seu sorriso murchou rapidamente.
- Como assim?
- Você acabou de fazer algo completamente errado – dei a volta em minha mesa e me sentei na cadeira. – E eu já queria acabar com isso a muito tempo mesmo, se retire e peça à Caitlin para entrar – exigi e a vi se retirando e girei minha cadeira em direção à janela esperando que minha amiga voltasse.
- – ouvi uma doce voz conhecida me chamando e logo me virei para ver o que queria e assenti para que ela continuasse e logo vi seus olhos me encarando com certo desespero e algumas lagrimas se formando e me levantei rapidamente e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me respondeu. – Matt piorou, estão dizendo que ele não está aceitando outro médico, apenas a mim, pode me liberar hoje?
- Claro, . Vá ver o garoto – logo ela estava se retirando, porem eu a chamei lembrando de algo e fui até minha gaveta pegando o aparelho. – Aqui, seu pager, eu ainda não havia lhe dado, você precisa de um, qualquer coisa, pode me bipar, a qualquer momento – disse e entreguei o pequeno aparelho em suas mãos, que logo foi colocado pendurado no cós de sua calça e saiu correndo, como estava fazendo, em direção à clinica
- Tá tudo bem com a ? – Caitlin disse ao entrar na minha sala novamente.
- A conheceu?
- Sim, comemos juntas, ela é um amor. Então, quer dizer que você e Chaz estão se falando? Ou ele só está trabalhando por aqui mesmo?
- Estamos nos falando, somos bons amigos agora – me sentei novamente e ela voltou ao meu lado.
- Você terminou com a Ashley? – ela me perguntou olhando os papeis e assenti, não sabendo se ela veria. – Você tá tranquilo com isso?
- É algo que eu já deveria ter feito a muito tempo – ficamos alguns segundos olhando para o nada até que o motivo de Caitlin estar aqui me trouxe de volta à realidade. – Vamos voltar aos papeis?
- Bom, era o que eu dizia, acho que alguém quer nos dizer algo, mas com muitos códigos e é complicado entender o que é – Caitlin foi interrompida com uma sequência de batidas na porta.
- Entra – pedi e logo vi Chaz diante da porta com um papel em mãos.
- Opa, eu posso voltar depois, me desculpem.
- Não, que isso, entra – pediu Caitlin, acho que ela notou o papel de carta em suas mãos. – O que é isso aí?
- É um assunto que eu queria tratar com o .
- É alguma carta anônima? – perguntei e ele logo assentiu e eu pus as mãos na cabeça, estava começando a ficar nervoso com esse tanto de cartas aparecendo. Falta mais quem aparecer com uma carta? – O que tem aí?
- Algumas fotos e um recado – ele me entregou uma foto e a outra para Caitlin, era a mesma foto, porém a que estava com Caitlin era uma foto dele entrando no ginásio onde teve a festa de formatura, ele estava com uma garrafa de bebida em mãos, logo Caitlin me passou um papel com o seguinte recado ‘ estava tão bêbado que nem conseguiu saber o que aconteceu no meio da festa e ainda disse que se importava’’.
- Alguém sabe o que isso tudo pode significar? – perguntei e logo eles negaram e um celular começou a tocar.
- Com licença, pessoal, eu vou ter que ir embora, é do meu trabalho – disse Caitlin e jogou um beijo no ar se retirando.
- Eu tenho uma cirurgia agora, vou lá, mano – Chaz fechou a porta ao sair. Assim que a porta fechou, o telefone da minha sala começou a tocar e rapidamente atendi, após alguns poucos minutos naquela ligação, eu me levantei rapidamente saindo da minha sala e indo em direção à emergência.


Capítulo 10 - Revelações

19 de março de 1889, 03:52 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- A Sra. Hernandéz está aqui no quar... – eu parei de ouvir um dos meus alunos quando vi os paramédicos entrando na emergência com uma criança na maca e o desesperado vindo em direção a tal maca e pedindo que chamassem vários médicos, logo me aproximei correndo e senti meu coração bater mais forte quando vi quem estava naquela maca, minha bebê, minha filha.
- Hemorragia nasal, respiração fraca e início de uma febre, a garota se queixou de dores no caminho, o colégio ligou para os bombeiros por ela ter desmaiado – dizia rapidamente o diagnóstico feito pela paramédica que empurrava a maca hospital adentro e senti alguém me puxando quando tentei ouvir mais perto.
- Você não pode ir, doutora. Ordens do chefe, nada de família para atrapalhar – disse uma das enfermeiras me puxando para longe.
- Deixa só eu ver como ela está, ela precisa da mãe, por favor – implorei começando a me descontrolar por não poder ficar perto da minha filha. , , . Era a única coisa que a minha cabeça gritava. doente. Desmaio, febre, hemorragia. Falava minha mente cada vez mais alto dentro de mim, aumentando meu desespero, poderia ser algo grave.
- Posso acompanhar a senhora até onde ela está, mas não pode se aproximar para não atrapalhar, ok? – a enfermeira me perguntou e eu balancei minha cabeça afirmamente e rápido a puxando para onde tinha levado ela e paramos na sala de emergência, quando vi vários médicos em torno da minha filha e me aproximei, mas não pude chegar tão perto porque o embuste que chamam de enfermeira me segurou. – Por favor, não pode se aproximar, doutora – me segurei para não esmurrar a cara dela naquele momento, mas a fala de um dos médicos me chamou mais atenção.
- VAMOS TER QUE INTERNAR, LIBEREM UM QUARTO – quando vi, estava do meu lado me observando.
- O que aconteceu? – perguntei com a voz embargada por estar segurando o choro.
- Pode ser grave, mas pode não ser. Ainda não sabemos o que é, só depois dos exames e ela vai ficar internada em observação, você está liberada por hoje, vá falar com ela – ele disse e me ajudou a retirar o jaleco e saiu andando na direção contraria à minha e logo estava na porta do quarto onde colocaram minha filha a vendo sendo toda entubada.
- Deixa que eu coloco, podem sair todos do quarto, por favor – pedi pegando o soro da mão da enfermeira e logo vi todos se retirando, me virei colocando o saco de soro no suporte e indo colocar na veia do braço da minha filha.
- Mamãe? – ouvi a voz baixa de e a olhei. – Isso vai doer muito? – perguntou olhando a agulha em minhas mãos.
- Vai ser rapidinho, só uma picadinha – eu respondi, beijando sua testa e a vi fechar os olhos. – Isso dá um pouco de sono, vai ser bom que descanse, quando acordar, mando prepararem um lanche bem gostoso para você – encaixei a agulha em seu braço e vi o soro entrar em suas veias e escutei um breve murmúrio saindo de sua boca, era algo como eu não estou com fome, mamãe, e a vi pegando no sono em seguida. Me aproximei da janela, não sei quanto tempo perdi ali, mas logo me tiraram dos meus pensamentos depois de uma breve batida na porta, olhei para trás e vi atrás da mesma e acenei com a mão para que entrasse e logo o fez.
- Os exames saem pela manhã, prefere um quarto pelo plano ou este está bom?
- Pelo plano, por favor – pedi e o vi bipando, logo tendo vários enfermeiros empurrando sua maca para o quarto pelo plano. Assim que chegamos, me sentei em uma poltrona que havia ali e puxou uma cadeira para se sentar na minha frente.
- Se for algo grave, o que irá fazer?
- O que eu puder para que ela melhore, ela não pode ficar assim, tem que melhorar, ela é meu bebê, a única que eu posso e tenho que levar para onde eu for, meu anjinho da guarda, se eu tô aqui hoje, viva, na sua frente, é por ela.
- Não chore, por favor, sei que está preocupada, vem aqui – ele me puxou pela mão e se sentou onde eu tava e me puxou para seu colo fazendo carinho no meu cabelo, tava tão gostoso que eu acabei cochilando, porem acordei com um barulho depois de um tempinho, ainda estávamos no mesmo lugar, nós dois. Olhei no relógio acima da porta, marcava quase 8 horas da noite, uma enfermeira, com o carrinho de refeição acabou me acordando. Assim que a vi, me levantei rapidamente me aproximando.
- Ela não pode comer coisas pesadas por enquanto, então temos uma sopinha de ervilha, ela até combina com esse frio, né linda? – perguntou para , que havia acordado, que concordou e logo a enfermeira saiu do quarto e eu a olhei.
- Vamos comer, filha?
- Não tô com fome, mamãe.
- Como não, meu amor? Você gosta tanto de comer sopinha à noite nesse tempinho.
- Só não tô com fome, poxa – disse e encarou a janela, fui para o outro lado da cama, que era onde ela estava olhando e me apoiei em sua cama e olhei em seus olhos.
- Quando foi a última vez que você comeu? – perguntei e ela disse ontem baixinho. – Ontem, ? Você não comeu na escola? – perguntei e a vi balançar a cabeça negando. – Por que não?
- Eu não tava com fome, mamãe – me respondeu e olhei para trás vendo acordando depois de umas batidas na porta, pois um enfermeiro entrou e o chamou, esperei um tempo e fui atrás e os vi um pouco longe do quarto conversando baixo, esperei que me visse e logo ele veio em minha direção e me prontifiquei a dizer antes dele.
- É grave, não é? – ele me olhou abaixando a cabeça e olhando para o outro lado, depois puxou a minha mão e me levou até sua sala, fechando a porta em seguida e sentou em sua cadeira, balançando a cabeça de forma a dizer que eu me sentasse em sua frente e rapidamente o fiz, ele juntou alguns papeis que segurava e logo me olhou.
- Sim, é grave – meu mundo caiu depois dessas palavras, iria morrer? Todo o sufoco que passei com ela foi por nada, tudo que passei para tê-la e mantê-la com saúde sempre foi em vão? Quanto tempo ela teria de vida? Cada pergunta pior que a outra passava pela minha mente após essas três palavras ditas pelo meu chefe. – Mas tem tratamento.
- , fala logo, o que ela tem? – ele abriu o prontuário em mãos e observou papel por papel até me dizer finalmente o problema.
- LMA-M3 em estágio inicial – pode ser que meu humor tenha melhorado 5% por perceber as chances de cura que havia, não estando avançado tem muito mais chances de cura, mas não deixa de ser perigoso - ... mas não deixa de ser perigoso, quanto antes o tratamento, mais rápido as chances de cura, certo?
- Certo, dá pra começar amanhã? – perguntei e ele riu fraco balançando a cabeça negativamente.
- Vamos com calma, senhorita , primeiro os exames, depois a cura – me respondeu e saímos da sala dele.

08 de abril de 1889, 08:20 AM – Hidgeway Simple School, Hidgeway Avenue
POV’s


- Eu estava vendo aqui e o aniversário dela é em dois dias, a senhora não acha que poderíamos fazer uma surpresinha para ela? Ela já estava tão enturmada, todos gostam dela, quando ficaram sabendo que ela estava doente ficaram tão triste – contou a diretora enquanto eu abria uma das caixas que haviam feito com cartas, presentes e brinquedos para .
- Olha, uma vez fizemos uma festinha surpresa para um paciente meu, podemos tentar fazer para ela, só não garanto muito que eu possa conseguir, você acha que em dois dias conseguimos fazer isso?
- Sem dúvidas, a gente leva as crianças no dia e todos ajudaremos a preparar tudo.
- Ok, eu posso tentar então – disse um pouco distraída com uma caixinha de música que havia na caixa, logo guardei tudo e a olhei. – Tem certeza mesmo? – perguntei a ela que logo assentiu, feliz. – Ok, vou falar com meu chefe e em breve te mando uma resposta, se possível hoje mesmo, é provável que dê, o problema realmente é a e como ela vai estar.
‘Ela está tão para baixo por conta da quimio, reclamou tanto por estar passando mal e pelos cabelos terem caído, mas ela sempre se anima com uma festinha, espero que isso a deixe melhor’’.
- Tenho certeza de que ela ficará feliz, assim como ficaremos felizes em deixa-la melhor.
- Obrigada mesmo, de verdade – me levantei e estendi a mão para que ela apertasse, o que logo foi feito e peguei a caixa em cima da mesa me direcionando à porta. – Até breve – disse assim que ela abriu a porta para que eu passasse e fui em direção ao meu carro, procurando as chaves em minha bolsa e logo o abri e coloquei a caixa ao meu lado, pegando meu celular em seguida e ligando para o assim que parei no primeiro sinal.

Ligação on

- Aconteceu algo? – perguntou sua voz preocupada ao outro lado da linha.
- Nada grave, me diz uma coisa, se lembra da festa que fizemos para o Matt?

- Sim, ele está em casa, recebi uma ligação de seus pais essa semana, disseram que ele está bem, por quê?
- Porque eu estava no colégio da a alguns minutos – ouvi algumas buzinas atrás de mim e notei o sinal aberto, voltando a andar. – E a diretora me perguntou e sugeriu fazermos uma festinha surpresa para ela também, acha que dá?
- Claro, podemos ver, é daqui a dois dias né?
- Sim, posso ver para encomendar um bolo e comidinhas.
- Claro, vou ver aqui com o pessoal para fazer as comidas de verdade e você pede uns salgados e docinhos, vai ser almoço né?
- Claro, aí as crianças podem ficar até os pais irem buscar, depois do trabalho deles.
- Ótima ideia, vou organizar isso aqui e quando você chegar terminamos de ver isso.
- Ok, me faz um favor?
- Claro.
- Vê aí com.... – deixei a frase no ar ao ver algumas pessoas próximas a uns carros e logo fui parando mais à frente.
- , tudo bem?
- Depois falo com você, assim que chegar ao hospital – respondi jogando o telefone no carro sem nem desligar a ligação a saí rapidamente para entender o ocorrido acidente.


Ligação off

- O que aconteceu? – perguntei ao cara que estava ao lado de um carro meio batido.
- Ela está bem? Me diz que ela está bem, por favor – o cara que estava tentando acalmá-lo me olhou um pouco desesperado.
- Ela quem?
- A garota que eu atropelei, foi sem querer, juro, eu não a vi – ele falava embolado, meio desesperado, seu rosto tinha um pouco de sangue e tentei ver de onde saía, quando ele disse da garota olhei para os lados tentando descobrir quem tinha sofrido o acidente e vi umas pessoas a alguns metros de mim e corri até lá, vendo uma garota com o guidão da bicicleta preso em seu braço e logo me mexi para tentar retirar.
- Não mexa aí, moça, já chamamos a ambulância .
- Eu sou medica, se nada for feito ela vai ter uma hemorragia mais grave e vai morrer aqui – a olhei tentando conter a hemorragia que ela já estava tendo e tentei com o máximo de cuidado possível retirar a bicicleta de dentro dela. – Qual seu nome e quantos anos tem?
- Eli-Elizabeth, tenho 16 anos – disse gaguejando um pouco por não estar respirando direito.
- Ok, Elizabeth, eu sou , eu vou tentar retirar a bicicleta e vai doer, se ficar assim você pode sangrar muito até chegar no hospital e isso não vai ser bom – notei a ambulância chegando assim que tentei puxar na primeira, logo vi vários homens em seus uniformes de bombeiros, com panos e outros objetos para fazerem melhor o que eu tentava fazer, logo que conseguiram a colocaram numa maca que foi arrastada para dentro da ambulância e entrei na mesma ajudando os paramédicos, assim que chegamos ao hospital, fomos para a área emergencial onde a deixei sob os procedimentos dos meus residentes e logo fui ao quarto onde estava e encontrei e um médico pediátrico ao seu lado.
- Olá, bom dia a vocês – disse alto vendo todos me encararem e logo me pus ao lado de . – Está tudo bem? Aconteceu algo?
- Não, está tudo melhor, na verdade – disse e olhei para vendo que ela estava mais corada, já que a doença acabou a deixando muito pálida. – teve uma melhora de 20% com os medicamentos e o repouso, acho que está na hora de levantar e andar por aí, não acha, mocinha? – disse ele olhando para e ela logo assentiu se pondo sentada na cama no segundo seguinte e quase caindo.
- Opa, calma – disseram e o pediatra e eu a segurei junto.
- Uma coisa de cada vez, , nada de movimentos rápidos, vamos me dê a mão e se levante – logo estava de pé e andando com seu médico.
- E aí, o que aconteceu?
- Sobre a festa?
- Não, sobre a ligação que você desligou na minha cara, fiquei preocupado pensando que algo havia acontecido, um acidente, não sei – ri enquanto olhava caindo por ter corrido.
- Cuidado, filha – disse um pouco alto para que ela ouvisse e logo sorriu para mim voltando a caminhar. – Não, na verdade sim, foi um acidente, mas não comigo. Um homem atropelou uma garota que andava de bicicleta, o guidão parou debaixo do braço dela – falei e vi fazendo uma careta como se sentisse a dor da garota.
- Acho que foi muito doloroso – comentou e olhou para . – Sei que não está trabalhando, mas não quer ir dar uma olhada nos seus residentes? Se distraia um pouco, está muito bem, qualquer coisa peço para te biparem, pode ser?
- Ok – disse e caminhei até a sala dos residentes, acabando por ouvir uma parte de suas conversas.
- Ela acha que só porque a filha está no hospital pode ficar sem trabalhar? Ninguém tá sabendo fazer nada, pensei que ela fosse nossa chefe. Ser chefe é nos deixar soltos por aí sem saber o que fazer? – disse uma das garotas olhando para o grupo que conversava.
- A única coisa que podemos ter certeza é da nossa demissão, eles vão nos despedir, não estamos fazendo nada certo, olha isso, nós não aprendemos sobre isso para podermos realizar.
- E vocês vão querer aprender ou vão ficar cochichando no cantinho sem fazer nada e esperando que sejam demitidos? Andem, levantem, vão para fora e me esperem no balcão da recepção – disse e os vi me olhando de boca aberta. – AGORA – disse mais alto e os vi correndo porta afora, logo peguei meu jaleco e alguns equipamentos e me olhei no espelho. – Você consegue, , a está melhor e se Deus quiser vai melhorar cada vez mais – peguei meu estetoscópio o colocando no pescoço e fui encontrar com meus residentes passando todas as tarefas que eles tinham que fazer e os ajudando como tinha de ajudar.

8 de abril de 1889, 04:27 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Passei pelo quarto do meu paciente e logo que terminei a consulta, fui em direção à minha sala encontrando Caitlin e Chaz se olhando e os vi com um papel fechado em mãos, parecia uma carta.
- O que houve? – perguntei assim que fechei a porta atrás de mim e os olhei vendo seus olhares preocupados em minha direção.
- Recebi outra carta – me disse Chaz e logo estendeu o papel em minha direção.
- Não abriram? – perguntei e os dois negaram.
- Deixamos para abrir quando estivéssemos todos juntos – me sentei em minha cadeira abrindo a carta e retirando algumas folhas, pareciam ter sido arrancadas de um caderno, Caitlin puxou o envelope procurando algo e murmurou algo.
- O que você disse, Caitlin? – perguntei a ela que encarava Chaz, que parecia ter entendido.
- Você tem certeza disso, Cait? – perguntou Chaz e a mesma balançou a cabeça.
- Eu nunca me esqueceria, fizemos juntas.
- Do que vocês estão falando?
- Essa pulseira eu fiz junto com a sua namorada na época da faculdade, – disse Caitlin e estendeu a pulseira.
- Calma aí, onde estão aquelas fotos? – perguntou Chaz e eu peguei uma chave no meu bolso e abri a gaveta trancada, retirando os envelopes antigos e os entregando. – Esse novo envelope não veio com fotos, mas nessas aqui tem uma moça, não dá pra ver o rosto dela, essa aqui na maca – disse apontando para a foto de uma moça sendo levada para a ambulância.
- Mas combinam, esse cabelo meio ruivo meio loiro, longo. Eu não me lembro da roupa que ela tava usando na formatura, você lembra? – perguntou Caitlin ao Chaz que negou.
- Do que vocês estão falando? – perguntei novamente.
- Sua namorada da faculdade, vocês noivaram e tudo, não lembra dela, ? – perguntou e eu balancei minha cabeça negando.
- O acidente deve ter tirado essa memória, tem alguma foto dela aí, Cait? – perguntou Chaz e logo Caitlin procurou em sua bolsa tirando uma foto 3X4 de dentro dela e me mostrando. Na foto tinha uma garota linda, cabelo loiro avermelhado, bem branca, tinha um leve sorriso em seus lábios.
- Essa foto foi tirada no último ano da faculdade, um pouco antes da formatura, é a sua namorada.
- Mas que droga – disse Chaz chutando o vento.
- O que houve?
- Eu não consigo me lembrar o nome dela.
- Ela era nossa melhor amiga e não conseguimos lembrar do nome dela – disse Caitlin.
- O que aconteceu com ela?
- Há vários boatos, a única certeza é de que ela sumiu do mapa.
- Teve gente que disse que ela fugiu porque estava gravida, outras dizem que ela voltou pra cidade natal.
- E alguns que ela sofreu um acidente depois da formatura e morreu – disse Caitlin, completando a frase do Chaz.
- Mas nós não sabemos, pode ser qualquer co... – Chaz foi interrompido com algumas batidas na porta.
- Entra – disse um pouco mais alto para que me ouvissem.
- Olá, desculpe atrapalhar. – disse e logo entrou. – Queria falar com a Caitlin, se for possível.
- Depois eu falo com vocês – disse Cait pegando sua bolsa e levantando pegando na mão do homem que entrou. – Vem Enrique, eu bem queria falar contigo mesmo.
- Enrique? – perguntou Chaz depois que saíram. – Seu primo?
- Pois é – disse mexendo nos papeis em minhas mãos. – Ele trabalha aqui, é chefe dos enfermeiros.
- Chefe? Já chegou sentando na janela?
- Foi um pedido da minha mãe.
- O que você está vendo aí?
- Olha esses papeis, parece ter sido retirado de algum diário – entreguei a ele o papel.
- "Voltei a morar com meus pais, não acredito que fui traída e que tenho um filho ou filha, minha vida é uma tragédia, ninguém nunca irá me perdoar".
- Uau, bilíngue.
- É português, trabalhei em Portugal por um ano, mas esse daqui é Português brasileiro, com certeza. Recebi uma carta de um hospital brasileiro, não entendi metade, tiveram que me ensinar os dois tipos de português, pois havia muitas diferenças nos dois.
- E o que isso significa?
- Eu não sei.


Capítulo 11 - I think I’m going to have problems

10 de abril de 1889, 10:20 AM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- ´Tá tudo certo aqui? – perguntei e uma das cozinheiras que fritava os salgadinhos balançou a cabeça para cima e para baixo, confirmando. – Quem vai trazer o bolo?
- A vai comprar um bolo decorado na loja de doces que tem a duas quadras daqui – Rose, uma das secretarias que eu roubei hoje para me ajudar, me respondeu.
- OK, alguém quer alguma ajuda por aqui? – perguntei e ouvi um sonoro ‘não’ dito por todas as mulheres daquela cozinha. – Rose, vem comigo – saí rapidamente pelas portas duplas da cozinha indo em direção ao meu escritório pela escada principal. – Sabe o horário que a vai sair do quarto ou se ela tem alguma consulta fora dele hoje?
- Só fisioterapia, senhor – me respondeu correndo enquanto tentava acompanhar meus largos passos. Parei na porta da minha sala e a abri, me virando.
- Quando chegar, peça a ela que venha aqui, por favor – a vi concordar com a cabeça e fechei a porta rapidamente quando percebi que ela queria entrar, logo me sentei na minha cadeira girando enquanto pensava no que faria. O aniversário de deveria ser muito especial, como ela. Nunca vi uma criança tão amorosa e que concorda com quase tudo, ela me lembra muito minha infância, parece demais comigo, acho que é isso que me deixa tão vidrado nela, mas meus pensamentos foram interrompidos por uma batida dupla na porta, da mesma forma que...

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Duas batidas soaram na porta da sala de aula e todos os alunos viraram em direção à porta, que ficava no fundo da sala e uma linda garota de cabelos castanhos com pequenos cachos na ponta apareceu diante da mesma depois de aberta.
- Desculpe, professor, eu me perdi e demorei a encontrar a sala, sou nova e não tava me dando muito bem com os corredores – disse ela, abaixando o olhar como se fosse a pessoa mais tímida do mundo e logo levantou para saber a resposta daquele professor de física do terceiro ano do colegial.
- Claro, entre. Pode se sentar – por ironia do destino, o único lugar vago era na minha frente, e assim que ela se sentou, pude sentir o aroma leve de chocolate vindo de seus cabelos e me inclinei um pouco para sentir mais de perto.
- Algum problema no meu cabelo? Está fedendo? – disse me olhando com o canto de olho e se virando um pouco para trás como se quisesse ver meu rosto, e queria, claro.
- Não, não, me desculpe, senti um cheiro diferente e fui ver se vinha do seu cabelo, desculpe – disse rapidamente e me recostei na minha cadeira a vendo virar para frente, após abrir seu material e prestar atenção na aula, queria ter feito o mesmo, mas naquele dia meu foco era saber mais sobre a novata que estava na minha aula de física e mais algumas adiante à semana e em alguns corredores.


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Alguém tocava, mas não me lembrava quem era a garota daquele cabelo com aroma de chocolate.
- Oi chefe, pediu que eu viesse? – disse entrando na minha sala e eu acenei para que sentasse à minha frente e logo o fez e eu me levantei, sentando na cadeira ao lado.
- Conseguiu o bolo?
- Sim, um bolo de chocolate enfeitado com vários doces, bem do jeito que ela gosta – disse sorrindo ao pensar na garota.
- O pessoal da cozinha também tá indo super bem.
- Fizeram as sopinhas para o almoço? – me perguntou, preocupada.
- Sim, fique tranquila, eu cuido dessa parte – eu respondi e ela me olhou e concordou.
- Ok, vou ver meus pacientes – disse se levantando e acabou deixando cair as coisas que estavam em seu colo e logo me abaixei para pega-las e a vi fazendo o mesmo, virando ao lado contrário. Peguei o que havia caído debaixo da mesa e me virei para pegar o estetoscópio que estava ao outro lado e senti quando nossas mãos se encontraram. De repente meu coração começou a bater mais forte e aumentava a cada segundo, olhei em sua direção e a vi olhando para nossas mãos juntas, mas logo levantando o olhar para encontrar com o meu. Mantemos nossos olhos dessa forma, apenas nos encarando, por alguns segundos. Sustentei meu corpo no chão e levantei a mão que não estava na sua e a coloquei em sua nuca, aproximando seu rosto de mim e calmamente rocei nossos lábios, ficamos nisso por um tempo até que eu aprofundasse o beijo um pouco mais e logo pedi passagem com a minha língua. Nos levantamos devagar sem nos afastar e eu apertei sua cintura fazendo com que ela levasse sua mão até meu pescoço. Fui cegamente a guiando até a parede, tomando cuidado para não pisar no instrumento que continuava no chão, e a encostei na mesma deslizando minha mão para sua bunda onde a apertei levemente e a senti arfar durante o beijo, suas mãos foram para meu peito descendo até o cós da calça social que eu usava, porem esse momento não durou muito tempo, pois ela logo me empurrou.
- O qu... o que? – disse gaguejando ao me olhar assustada. – O que você... por que fez isso?
- Me desculpe, eu não pude resistir – respondi e me aproximei colocando a mão na maçã de seu rosto e a vi fechar os olhos, mas logo os abriu e retirou minha mão.
- Você... você não pode fazer, você é meu chefe, não pode fazer isso – disse e continuou murmurando essa frase, notei o nervosismo em sua voz e logo ela se virou em direção à porta, porem fui mais rápido e a fechei antes que ela pudesse sair.
- Vira pra mim, não vá embora dessa forma.
- Por favor, não faça mais isso, chefe – disse frisando a palavra chefe e saiu da sala em passos largos.

10 de abril de 1889, 10:48 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Saí rapidamente da sala, parei no balcão e passei rapidamente a mão em meus lábios relembrando o gosto do seu beijo que eu tanto senti falta desde o dia que Anne nos viu na cozinha da minha casa, olhei para trás a tempo de vê-lo fechando a porta.
- Doutora? – disse uma das internas estalando os dedos na minha frente.
- Que? Ah, oi, o que foi?
- A senhora estava aí viajando, já te chamei umas três vezes e não me respondia.
- Ah, desculpe, estava distraída, pode falar – logo ela me falou dos pacientes, que eu passei para ela e fui atrás da ala infantil no outro bloco do hospital e procurei saber onde estava.
- Senhora – ouvi mais alto e me virei para ver quem me chamava e logo vi a diretora da escolinha da e por volta de 15 crianças atrás dela, estavam próximos à porta de entrada, onde eu vi o famoso ônibus escolar cor amarela ao lado de fora e rapidamente me aproximei. – Espero que não tenhamos chegado atrasados.
- Não, imagina. Estava indo agora mesmo saber onde está – respondi, mas fui interrompida por uma enfermeira.
- Senhora, a pequena está andando pelo hospital e vindo para cá, precisamos tirar todos daqui, vão para a escada e subam até o segundo andar por lá, rápido – disse rapidamente e logo a diretora e professora fizeram todas as crianças saírem correndo até a escada e eu fiquei ali garantindo que todos fossem.
- Mamãe? – ouvi assim que fui seguir o grupo e logo me virei vendo no fim do corredor me encarando com seu médico ao lado, fui em sua direção.
- Oi filha, vim ver como estava, mas não souberam me dizer onde você estava.
- Desculpe, mamãe, o doutor Montgomery disse que eu deveria fazer terapia andando pelo hospital, ele disse que se eu não andar pode ser que tenha que fazer cirurgia, porque meus ossos vão ficar grudados – disse com os olhos arregalados e eu vi seu médico rindo de canto e acabei sorrindo contendo a risada. – Eu não quero ficar com os ossos grudados não, mamãe – ela disse me balançando pelos ombros, já que eu havia ajoelhado à sua altura para podermos conversar.
- Então o obedeça, querida, ele sabe das coisas – disse e me levantei. – Bom, eu vou dar uma olhada nas crianças, fica andando aí e evita correr, ok? – ela balançou a cabeça com o olhar triste e logo dei as costas aos dois.
- Ela esqueceu, tio? – a ouvi perguntando e não ousei olhar para trás, deixa ela pensar assim, por enquanto. Andei mais um pouco e peguei o elevador indo para o segundo andar e procurando a sala onde estariam as crianças.
- Ah, te achei, estávamos lhe procurando – disse a enfermeira que me alertou sobre parando à minha frente e se inclinando para respirar, ela estava correndo. – As crianças estão no refeitório, é à esquerda – disse apontando para a direção do lugar e eu me pus a andar para tal e logo estava abrindo as portas duplas e vendo as crianças empurrando mesas e cadeiras para que ficassem juntas, enchendo bexigas e colocando nas paredes, papeis EVA escrevendo seu nome e idade no meio das bexigas e na mesa da frente.
- Uau – ouvi uma voz atrás de mim, aquela voz maravilhosa que eu nunca me cansava de ouvir, pensei.
- ‘Tá ficando incrível, não é? – perguntei a ele que balançou a cabeça maravilhado com a decoração das crianças.
- Espero que tenha gostado, . Estou organizando junto com as crianças há alguns dias, fizemos votações, arrecadações e uma vaquinha para comprarmos tudo, algumas coisas para decoração nos deram aqui, o que ajudou bastante também, nem tínhamos pensado nas bexigas em formato de números e por sorte tinham o número da idade dela, vários pais ajudaram também com comidas e bebidas e deram algumas sugestões, enfim, deu nisso – a professora de terminou de falar e eu só conseguia olhar aquele refeitório todo decorado de branco e rosa, suas cores preferidas, tinha vários salgadinhos e os presentes foram colocados embaixo da mesa, conseguiram uma toalha não muito grande de forma que cubra a mesa e mostre que tem algo embaixo, até as cadeiras foram decoradas com fitas e laços para combinar, tinham bexigas por toda parte e alguns bichinhos de pelúcia espalhados nos cantos e nas mesas como decoração. Me aproximei de uma mesa e peguei o copo que tinha visto de longe para saber o que era e tinham algumas balinhas e tava em um saquinho transparente e um laço cor de rosa.
- Marge, essas coisas, está tudo tão... tá tão bonito – disse me virando para ela e senti uma lagrima escorrer dos meus olhos. – Ela vai adorar, com certeza
- Acha que podemos trazê-la? – perguntou revezando o olhar entre mim e Marge, ela olhou para trás observando como estava tudo, nos olhou e balançou a cabeça afirmativamente, logo se virou e tentou acalmar as crianças pedindo que ficassem quietas. – Bom, vejo que estão todos muito animados – ele disse e todos afirmaram. – Meu nome é e eu sou o dono e chefe desse hospital e quero organizar todos para que a festa fique perfeita. Primeiro, quero que todos peguem uma bexiga, dessas que não são transparentes e sentem em duas ou três filas bem aqui na minha frente – logo todas as crianças estavam com enormes bexigas flutuando à frente de cada um. – Agora, coloquem-nas na frente do rosto e corpo do jeito que der, tentem se esconder nelas – ele disse e me puxou alguns passos para trás. – O que você acha? Pensei em deixá-los escondidos na bexiga, é mais fácil de todos virem quando ela chegar e gritarem surpresa – ele disse e eu concordei olhando todos.
- Podemos pedir para alguém ficar atrás da porta e perto do interruptor para acender as luzes – eu disse e ele concordou voltando a falar com a professora e logo ela arrumou duas pessoas para ficarem atrás das portas enquanto ela ficaria no interruptor. Depois de tudo organizado fomos atrás de , entramos no elevador e logo estávamos indo para o andar de seu quarto.
- Nossa, como esse elevador está demorando hoje – eu comentei depois de alguns segundos e apertou o botão para o elevador parar e se aproximou. – O que você fez?
- Preciso de um tempinho rápido para falar com você – ele disse e olhei em seus olhos, seus lindos olhos castanhos que eu sempre amei.
- Diga... Aconteceu algo com a ?
- Não, não. está ótima. É algo comigo – ele disse e sorriu no fim da frase.
- O que? Você está bem? Está doente? O que houve? – me aproximei tocando seu tórax em vários lugares tentando descobrir se havia ferimentos até que ele segurou minhas mãos.
- Não é acidente, não há machucados, eu estou bem – largou minhas mãos calmamente ao lado de meu corpo e sorriu sem graça ao continuar. – É um evento, eu estou até envergonhado de te pedir isso, mas nesse pouco tempo que nos conhecemos sinto que posso confiar em você.
- Evento?
- É, um baile de executivos, terão empresários, médicos, chefes e donos de outros hospitais entre outros. Quando meu pai ainda era o dono, ele que ia e eu nem me preocupava muito, era praticamente uma criança, mas desde que ele morreu, nesses últimos seis anos, eu que vou, como dono do hospital e, claro, tenho que conversar com outras pessoas, além de médico acabo sendo empresário, como dono do hospital, e preciso fazer negócios, procurar investimentos e outras coisas.
- E onde eu entro nisso? – disse olhando para ele certamente confusa.
- É que se eu chegar sozinho, muitas mulheres acabam partindo para cima de mim, como da primeira vez que eu fui, a partir do ano seguinte, eu já estava namorando com a Ashley e tudo ficou mais tranquilo, então eu queria muito que alguém fosse comigo, minha melhor amiga, a Cait, mora em NY e também sempre está viajando, então pensei em você e espero, sinceramente, que aceite
- Bom, nesse caso, fico lisonjeada com o convite, vamos sim, sem problemas – quando terminei a frase o elevador deu um solavanco e as luzes piscaram rapidamente, enquanto alguém tentava se comunicar conosco.
- Tem alguém ai? – disse uma voz vindo de algum lugar.
- Oi Brad, aqui é o Dr. , está tudo tranquilo, o elevador já voltou a andar – disse apertando um botão que parecia um interfone próximo aos botões de andares do elevador.
- Ok, senhor
- Acho que ficamos tempo demais parados – disse me olhando e riu, fazendo com que eu o acompanhasse.
Acho que vou ter problemas.


Capítulo 12 - The Party

14 de abril de 1889, 10:48 PM - Brighton Way, 1735
POV’s


Alguns dias se passaram, estava melhor, finalmente. Nesse momento eu estou em frente ao meu guarda-roupas procurando algo para colocar para ir ao baile de executivos junto com o , porém não consegui encontrar nenhuma roupa que fosse decente de acordo com o evento, quando vi, estava na frente da porta do quarto da minha filha, que estava em casa com uma enfermeira, dei uma leve batida dupla na porta e entrei após o consentimento de quem estava no cômodo.
- Filha, você está cansada ou ocupada? – perguntei quando a vi sentada na cama com alguns cadernos.
- Não, mamãe, estava fazendo alguns trabalhos de casa, mas terminei agora mesmo.
- Você quer ir ao shopping comigo? Preciso comprar uma roupa para a festa que vou com o .
- Aquela festa chique? – ela perguntou e eu concordei. – Tava me perguntando se já tinha comprado algo, porque você não tem nada chique no seu guarda roupas – olhei para ela boquiaberta pelas palavras e me atirei em sua direção fazendo cosquinhas.
- Como você se atreve a dizer que sua mãe não tem uma roupa decente para um evento chique? – disse enquanto ela ria cada vez mais alto, quando a vi ficando vermelha, parei. – Vai comigo ou não?
- Vou, mamãe, claro que vou – ela disse e se levantou indo em direção ao closet e logo voltou trocada. – Vamos? – perguntei e abriu a porta saindo, logo eu a segui descendo as escadas e indo em direção à garagem, antes pegando a chave do carro que estava pendurada na sala, entramos no carro e logo estávamos no shopping.
- Olha aquele vestido na vitrine, mamãe – disse apontando para um vestido preto longo, apertado e aberto nas costas com alguns brilhos e uma fenda enorme em um dos lados e logo me apaixonei. – Vem mamãe, vem – logo me vi dentro do provador com aquele vestido caindo perfeitamente sob meu corpo. Abri a cortina e dei um passo à frente na direção de , que estava no sofá em frente ao provador.
- E aí? – perguntei, tirando a atenção dela do celular para me olhar.
- Uau – disse ela de boca aberta. – Mãe, ‘tá incrível, a senhora vai ser a mais bonita da festa, tenho certeza absoluta – eu a ouvia falar, mas só conseguia girar de um lado para o outro na frente do espelho vendo como o vestido estava. – Mamãe, chega, vai se trocar e vamos procurar um salão pra você pintar essas unhas e dar uma penteada no cabelo, ande logo – disse me empurrando de volta para o provador, onde troquei minha roupa e em seguida paguei pelo vestido. Demos uma volta pelo shopping e encontramos um sapato e alguns acessórios e logo paramos em um cabelereiro.
Algumas horas depois de tanta tortura, eu estava com as unhas feitas e o cabelo cheio de bobes, sorte que viemos para casa de carro. Eu estava me arrumando quando entrou em meu quarto e logo perguntou se eu queria ajuda e eu concordei, claro. Minha filha era muito melhor do que eu em ficar bonita
- Escolhe um batom – pedi erguendo um batom na cor vermelha e outro nude e logo ela apontou para o nude.
- A senhora pode colocar uma sombra mais escura nos olhos e esse batom nude vai ficar perfeito, deixa eu te ajudar – ela disse e logo começou a fazer minha maquiagem. – Pronto, a senhora está linda, vai soltando o cabelo, eu vou pegar o laquê – ela disse e eu fui retirando os grampos do cabelo quando ouvi a campainha.
- Ai meu Deus, ele chegou – disse deixando alguns bobes e grampos caírem no chão
- Mamãe, se acalma – disse entrando no quarto correndo com o laquê na mão. – Anne, abre a porta, por favor – gritou para a empregada que estava no andar de baixo. – Senta aí, agora – ordenou pegando um banquinho que tinha no banheiro e o colocando perto da cadeira na frente da minha penteadeira.
- Eu tô atrasada, não é, filha? Meu Deus, eu sou toda errada, nem hora eu sigo – disse me mexendo sem parar colocando os anéis, pulseiras e cordões que eu separei para usar.
- Mãe, pode ser o que quiser quando eu terminar de te arrumar, mas, por enquanto, fica quieta, por favor – ela disse e soltou o último bobe. – Fecha os olhos, deixa eu ajeitar e passar o laquê – ela pressionou o botão passando o spray onde precisava para o cabelo ficar arrumado por um bom tempo. – Prontinho, a senhora está maravilhosa – me levantei, abri meus olhos e me olhei no espelho vendo o belo trabalho que tinha feito. – Só falta isso – ela me deu o batom, que passei rapidamente e logo fui puxada parando na ponta da escada.
- Calma, estamos esquecendo de algo – parei brutamente e a puxei.
- O que? Tá tudo ótimo, mãe. Não precisa ficar nervosa, vai dar tudo certo.
- Não, é sério, tá faltando algo – repeti e ela ficou pensativa, comecei a olhar tudo para descobrir o que estava faltando até chegar aos meus pés, olhei para e dissemos juntas. – O sapato – logo começamos a rir e fomos ao quarto pegar o sapato.
- Ele não estava aqui do lado da cama junto com as outras sacolas? – perguntou e eu afirmei enquanto sentava na cama e tirava os chinelos. – E por que ele não está aqui agora?
- Como assim? – me levantei e olhei na ponta da cama e a sacola realmente não estava ali. Procuramos embaixo da cama, no guarda-roupas, banheiro e nada do sapato.
- Senhorita ? – disse Anne ao entrar no quarto. – Tem um moço lá embaixo esperando pela senhora.
- Eu sei, Anne. Acho que perdi um negócio, não sei onde coloquei.
- Essa sacola é da senhora? Tava jogada debaixo da escada – ela disse e eu a olhei direcionando meu olhar diretamente para suas mãos com a sacola etiquetada com o nome da loja de sapatos.
- Tia Anne, você é maravilhosa, merece uma beijoca – disse agarrando a senhora que era nossa empregada e dando um beijo quando ela se abaixou. Logo pegou a sacola e veio em minha direção, me dando os sapatos de salto e logo os calcei me levantando e me olhei no espelho enorme que tinha atrás da porta.
- Como estou? – perguntei e elas me olharam de cima abaixo.
- Perfeita – disseram as duas juntas e todas rimos. Logo estávamos descendo as escadas, onde encontrei folheando o jornal que ficava em cima da mesa de centro. O barulho dos meus sapatos na madeira da escada deve ter chamado sua atenção, pois logo quando pus o pé no segundo degrau, ele me olhou e se levantou rapidamente largando o jornal, que caiu no chão, ele se aproximou da escada, e quando eu estava no penúltimo degrau, ele estendeu sua mão e me ajudou a descer no fim da escada.
- Nossa... Você está estonteante – ele disse parecendo desnorteado.
- Obrigada, .
- Não cheguem tarde, em – disse , que foi em direção a porta e a abriu e eu logo ergui a sobrancelha. – O que? Vocês vão no carro dele, né, porque por mais próxima que seja a casa, o carro dele ‘tá parado aqui na frente – ela disse olhando para .
- Claro, vamos no meu carro, não pediria que dirigisse até o evento nem que usássemos o carro dela – ele disse olhando para e logo direcionou o olhar em minha direção. – Bom, vamos? Acho melhor irmos cedo, acho que se chegarmos tarde em casa, sua filha pode me matar – ele disse e nós rimos.
- Vamos sim – disse e fui em direção à porta e parei antes de passar por ela. – Nada de bagunça, não vá dormir depois das 22h e coma o seu jantar direitinho, em – disse para , que logo assentiu e começou a nos empurrar porta afora.
- Boa festa para vocês – disse acenando junto com Anne e fecharam a porta depois que entramos no carro e deu a partida. Ficamos em silencio até ele parar em um sinal fechado e ele me olhou.
- Já disse que você está linda? – perguntou e eu ruborizei naquele momento.
- Obrigada, , você está muito elegante – ele sorriu para mim e acelerou quando o sinal abriu e logo chegamos ao evento, procurou uma vaga para estacionar e quando fui abrir a porta, ele segurou meu braço e sorriu em minha direção e saiu do carro, ajeitei rapidamente o cabelo enquanto ele dava a volta no veículo e logo abriu a porta ao meu lado e estendeu a mão, que logo peguei e saí do carro. Fomos em direção ao enorme hotel e indo ao salão de festas que ficava no fundo do recepção. Logo que entramos, vieram várias pessoas ao seu encontro o cumprimentando. A cada homem que vinha com uma garota, possivelmente suas filhas, apertava minha cintura, ninguém perguntou quem eu era, devem ter pensado que eu seria sua namorada, claro, era o objetivo de ao me trazer. Depois de um tempo falando com tantas pessoas, ele me levou até o fundo do salão, onde tinha o bar de bebidas.
- Boa noite, eu quero uma cerveja, por favor – disse e puxou minha cintura falando ao pé do meu ouvido em seguida. – Você quer beber o que?
- Um refrigerante – disse e ele me olhou estranho. – O que houve?
- Refrigerante? Isso é uma festa – ele disse e eu levantei a sobrancelha. – É uma festa de rico, tem todo tipo de bebida que você pode imaginar, já viu a quantidade de freezer que tem do outro lado desse balcão? – ele disse me fazendo olhar naquela direção, ele tinha razão, havia uns oito freezer ali e deviam ser só as bebidas gelando, provavelmente tinha muito em estoque. – Você ainda quer um refrigerante?
- Se insistir muito eu posso pedir uma água – respondi o vendo revirar os olhos logo em seguida.
– Obrigado, traz um refrigerante para a dama, por favor – ele disse assim que o garçom trouxe sua bebida.

20 minutos depois

- Ainda não acredito que você pensou em pedir água naquela hora – disse em meu ouvido enquanto estávamos abraçados dançando no meio do salão.
- E eu ainda não acredito que você pediu outra lata de cerveja, já foram três, – disse e me afastei dele para que pudesse ver meu rosto zangado.
- Não se preocupe, eu estou bem – disse e me puxou de volta, ficamos dançando de um lado para o outro por um tempo, quando senti ele cheirando o topo da minha cabeça. – Você tem um cheiro maravilhoso, sabia? – ele perguntou e eu sorri envergonhada olhando para nossos pés, quando ele puxou levemente meu queixo para olha-lo. – E você também é linda, tem os olhos mais perfeitos que já vi – disse bem baixo e aproximou o rosto do meu, encostando a boca em minha bochecha. – Quando enviei sua carta não imaginei que seria tão perfeita, não tinha nenhuma foto sua para provar, hoje vejo que não errei nem um pouco em minha escolha – falou perto do meu ouvido e beijou o lóbulo da minha orelha, abaixando e indo em direção à minha boca, onde beijou o canto. – Você é perfeita – foi tudo o que eu ouvi antes de sentir sua boca macia na minha em um beijo incrível, melhor que os outros, por mais surreal que seja. Por um tempo ficamos nos beijando levemente no meio daquela pista de dança até resolvermos nos sentar em uma mesa.
- Acontece algo emocionante nessa festa? – perguntei o olhando.
- Geralmente não, costuma ser uns coquetéis e conversas. Sempre chatas, por isso nunca gostei de vir – disse e pôs a mão em minha perna em seguida, a segurei entrelaçando nossos dedos. – Se quiser podemos ir para casa, não me importo.
- Você não deveria estar fazendo negócios? – perguntei deitando minha cabeça em seu ombro, cansada.
- Nunca fui muito de fazer, as pessoas nesse lugar parecem estar procurando mais casamentos que negociações.
- Como assim? – o olhei rapidamente.
- Olhe ali – disse apontando levemente para dois homens que conversavam a nossa frente junto com duas crianças. – O da direita é dono de uma empresa empreiteira e o da esquerda diretor de uma empresa de engenharia, as crianças são filhos de cada um, o menino é o primogênito do dono da empreiteira, o outro está tentando casar a filha com o menino, sendo que as crianças não tem nem 12 anos, tenho certeza.
- Ai meu Deus, mas por que isso?
- Porque o engenheiro quer juntar as empresas, a dele está afundando, ele simplesmente achou uma desculpa para ficar lá em cima de forma fácil, provavelmente vão aproximar os dois e assim que um completar 18 anos, vão ser obrigados a se casar – ele disse e senti a minha visão se confundir. – Ei, você ‘tá bem? Aqui, bebe uma água – ele me deu o copo e eu bebi o liquido rapidamente.
- Eu acho melhor irmos embora, depois disso não quero nem ver o resto – eu disse e ele riu alto e puxou a minha mão indo em direção a saída quando uma mulher com grandes unhas vermelhas o parou próximo à porta.
- Você já vai, querido?
- Vou sim, tia Pat, minha acompanhante não está se sentindo bem, acho melhor terminarmos a noite por aqui – ele disse e ela me olhou de cima abaixo me analisando, quando voltei ao meu rosto sorri levemente.
- Bom, melhoras querida, dê um beijo em sua mãe, diga que vou visita-la qualquer dia – ela disse beijando o rosto de e saiu rebolando em seguida, voltei a olhar para ele erguendo uma sobrancelha.
- Ela é assim mesmo, à primeira vista é complicado gostar dela, mas ela é um anjo – disse respondendo à pergunta que eu nem tinha feito e me puxou pela mão em direção ao carro. Alguns minutos depois ele parou com o carro em sua garagem, que ficava bem próxima à minha porta e se virou para mim.
- O que houve? – disse baixo sorrindo levemente quando desviei o olhar do dele.
- Gostou da festa hoje?
- Fora a parte das crianças, foi divertido, gostei muito da sua companhia.
- Que bom então – ele disse e eu olhei para a janela do segundo andar, que tinha uma luz fraca, provavelmente o abajur no quarto de . – Eu te levo até a porta, só um momento – ele saiu do carro e correu em direção ao lado que eu estava enquanto eu abria a porta do carro. – Ei, era para eu abrir – reclamou e eu ri levemente apreciando sua educação e ele estendeu a mão em minha direção, me ajudando a sair do carro e fechando a porta em seguida, logo estávamos próximos à escada da porta da frente.
- Bom, então tchau, né – disse me inclinando para beija-lo no rosto quando ele desviou e me beijou longamente, nos separando um tempo depois quando ele me encarou por um momento.
- Ah, foda-se – disse e me deu um beijo de tirar o folego me empurrando contra a parede, tentando não nos separar, procurei a chave de casa na minha bolsa e tateei até encontrar a fechadura, girou a chave e entrou em casa comigo fechando a porta em seguida. Depois de estarmos dentro de casa, ele me pegou no colo indo até a escada. – Onde é o seu quarto? – perguntou separando o beijo por um momento.
- Segundo quarto. Direita – respondi e voltei a beija-lo fervorosamente. Depois de entrarmos no quarto, ele me colocou no chão procurando o zíper do meu vestido e o descendo após encontra-lo. Logo o senti deslizar pelas minha pernas e nos guiou até a cama me deitando calmamente sobre a mesma, tirei seu blazer e sua gravata e tentei abrir cegamente os botões de sua camisa social enquanto ele desabotoava sua calça. Depois de tirar sua camisa, fiz um esforço para trocar a posição, ficando por cima, e ele se livrou da calça rapidamente.
- Você é incrivelmente linda – ele disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto e parou para me observar, aproveitando meu momento de distração, ele voltou a nos virar ficando por cima novamente e rapidamente tirou nossas roupas intimas e logo nos tornamos um só.

15 de abril de 1889, 02:25 AM - Brighton Way, 1735
POV’s


02:25
Era a hora que marcava no relógio que adormeceu em meus braços.
Seria muito cedo dizer estar apaixonado por essa mulher? Seria loucura dizer que parece que eu a conheço a anos? Seria loucura dizer que ela parece ser o amor da minha vida?
Eram tantas perguntas em minha cabeça, porém eu não sabia responder nenhuma.
E foi fazendo essas perguntas e sentindo passando o braço em torno do meu corpo que eu adormeci.


Capítulo 13 - Oh My Good,

15 de abril de 1889, 07:23 AM - Brighton Way, 1735
POV’s
.

Despertei com algumas breves batidas na porta e uns ruídos.
- ... porta fechada?
Levantei lentamente até sentir algo me prendendo na cama, olhei para baixo vendo um braço em minha cintura e me levantei rapidamente, acabando por acordar quem estava ao meu lado.
- ? – perguntei surpresa e senti uma rajada de vento ao ver seu olhar sobre mim, assim que olhei para baixo, percebi que estava sem roupa e peguei o lençol da cama rapidamente. – O que... O que você ‘tá fazendo aqui?
- Mamãe, o que houve, por que a porta tá trancada? Mamãe – ouvia perguntando do outro lado da porta.
- Entra no closet – falei rápido o vendo fazer um olhar confuso para mim. – Quer que a minha filha te veja assim, sem roupa? – perguntei enquanto vestia minhas roupas intimas, joguei a calça em sua direção. – E leve suas roupas, rápido – apressei e o vi correndo atrás de suas roupas e entrando no closet, após ver a porta sendo fechada destranquei a porta e a abri.
- Mamãe, por que trancou a porta? Estou aqui a um tempão te esperando – jogou as palavras de uma vez e eu tive que pensar duas vezes antes de responder.
- Desculpe, filha. Eu cheguei super cansada, devo ter fechado a porta e nem percebi, a festa foi ótima, mas cansou muito – disse me deitando na cama novamente e ela logo se juntou a mim.
- Mas você gostou? – ela perguntou e virei minha cabeça a olhando com um leve sorriso nos lábios. – ME CONTA TUDO – disse ela gritando e eu ri alto com sua euforia.
- Vamos tomar um café e eu tomo tudo, ok?
- Vamos, panquecas?
- Panquecas. Pede pra tia Anne fazer, vou pegar um robe no closet, vai descendo – disse para ela que assentiu e saiu saltitando. Fui em direção ao closet para falar com . – , você já pode sair, já despistei a – disse e o olhei sentado na frente da minha penteadeira.
- Você tem tanta maquiagem, nem parece que usa – disse ele mexendo nos produtos e enfeites.
- Eu nem uso, que me faz comprar dizendo que pode precisar qualquer dia, como ontem – eu disse e ele se virou para mim sorrindo malicioso ao ver que eu estava só de calcinha e sutiã. – Nem me olhe assim, você vai estar ferrado se não sair daqui e a voltar – eu disse e ele se aproximou me dando um longo beijo e apalpando minha bunda.
- Eu vou, mas eu volto – ele disse pegando a blusa no chão, perto da cama e vestiu dando uma piscada ao sair do quarto, eu estou muito ferrada.

07 de julho de 1889, 06:30 AM - Brighton Way, 1735
POV’s


- , vamos logo, desce para tomar café da manhã, filha – disse alto e bati algumas vezes na porta do quarto quando passei por ele e desci as escadas rapidamente indo em direção à cozinha, dei um beijo na bochecha de Anne, que estava no fogão fazendo o café da manhã.
- A senhora quer um copo de café?
- Pode ser uma garrafa inteira? – pedi carinhosamente com voz de criança e ela me olhou me repreendendo. – Não, né? – ela balançou a cabeça de um lado para o outro e abaixei a cabeça na mesa quase dormindo.
- O que houve, princesa? Que carinha é essa? – Anne perguntou e eu levantei a cabeça sabendo de quem estava falando e vi com o rosto meio esverdeado.
- Eu tô enjoada, minha barriga tá doendo, mamãe – ela disse colocando a mão na barriga e eu corri para seu lado rapidamente a pegando no colo.
- Anne, pega o remédio cor-de-rosa na maleta, por favor? – pedi abraçando enquanto sentava na cadeira. – Calma, filha. Tia Anne vai pegar o remédio e a dor vai passar, ´tá bom? – disse à ela, que assentiu e se aninhou nos meus braços. Anne logo voltou trazendo o remédio e cortou um pouco para que consiguisse tomar sem engasgar. Alguns minutos depois ela se sentia melhor, mas pedi que ficasse em casa caso acontecesse algo. Logo já estava no hospital fazendo os atendimentos que tinha nesse dia. Quando eu estava indo para o meu almoço, Rose me chamou.
- Boa tarde Dra. , o Dr. me pediu para lhe avisar que queria falar com a senhora, disse que precisava ser hoje em qualquer horário.
- Então se eu almoçar e fingir que você só me disse isso daqui a meia hora ele não vai se importar, estou certa? – disse baixo para ela e nós rimos. Fui em direção ao refeitório e me servi, sentando na mesa com outros residentes e ficamos conversando sobre alguns casos. Assim que terminei de almoçar, pedi licença e me retirei colocando o prato e talheres nos lugares e me direcionei a tão conhecida sala da chefia no terceiro andar, dei dois leves toques na porta e a abri depois do ‘’entra’’. – Boa tarde Doutor, mandou me chamarem? – perguntei devagar ao ver que ele estava acompanhado.
- Olá, Dra. , mandei sim, se incomoda de voltar em meia hora, mais ou menos? – ele perguntou e eu assenti me retirando e procurando algo para fazer.

07 de julho de 1889, 14:24 PM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Depois que saiu, eu me virei para meus amigos novamente e os vi conversando pelo olhar, de alguma forma.
- O que houve?
- Nada – responderam os dois juntos e vi Chaz tentando esconder uma folha de papel.
- Ok. Olhem, recebi essas cartas outro dia – entreguei os papeis a eles.
“Seus amigos nunca vão te contar, eles não querem te magoar.”
“Caso ainda não saiba, esse foi o fim do seu baile de gala.”
- Qual foi o fim do seu baile de gala? – perguntou Cait após ler o segundo papel e eu entreguei um vidro pequeno com um pó branco e um rotulo com letras miúdas. – E o que é isso? – perguntou e Chaz pegou da sua mão, lendo o rotulo.
- É uma espécie de sonífero, você apaga rapidinho com uma dose grande e não se lembra de nada. De início apaga apenas sua memória e jeito de pensar, depois você acaba dormindo.
- Então tem a probabilidade de que quando alguém tome isso, faça coisas que não costuma fazer habitualmente? – Cait perguntou.
- Exatamente.
Nós nos entreolhamos e de repente a porta da minha sala foi escancarada com um Ryan nervoso e um segurança atrás dele.
- Desculpe doutor, eu tentei pará-lo, mas ele saiu correndo.
- Sem problemas, eu o conheço, fique tranquilo – disse para o segurança que se retirou fechando a porta, olhei para Ryan. – O que hou...
- O que aconteceu na festa de formatura? – ele disparou a pergunta rapidamente.
- Como assim? – Cait perguntou.
- Eu só quero saber o que aconteceu naquele dia, que mudou muitas coisas, nos afastamos por um tempo e tudo. Era todo mundo grudado, sempre andávamos juntos e do nada cada um foi para um lado.
- Foi depois que a namorada do foi embora, qual era o nome dela mesmo? – perguntou Chaz.
- Gente, eu estou tentando lembrar, mas não consigo de forma nenhuma – disse Cait.
- ‘Tá bem gente, se acalmem. Ry, o que houve? Você entrou aqui todo esbaforido e nervoso, nos atingiu com essa pergunta de uma vez só, o que aconteceu?
- Eu recebi uma carta e uns negativos daquele dia.
- Deixa eu ver os negativos – disse Chaz, que pegou e analisou-os contra a luz. – As fotos são as mesmas – ele concluiu.
- E a carta? – perguntei.
- É meio pessoal, mas está aqui.
“Hey Ry, eu quero muito que você me perdoe, você é a pessoa que eu mais confio que vai guardar segredo. Não sou capaz de continuar nesse lugar por conta de diversos acontecimentos, não sou digna do seu perdão, só pelo fato de não conseguir falar isso na sua frente, mas o motivo pelo qual eu estou indo embora é qu...’’
- Cadê o final? – perguntou Cait que estava lendo a carta por sobre meu ombro direito.
- Não tem final, eu recebi a carta assim. Eu tinha a original, mas eu fiquei tão puto depois que vi de quem era que nem terminei de ler.
- E de quem era? – perguntei.
- Daquela sua namorada, da faculdade e tal.
- Nomes, Ryan, eu quero nomes – Cait o apressou e Chaz pegou a carta da minha mão.
- Eu não lembro – disse com a mão na cabeça e jogou na cadeira. – Eu não me lembro, que raiva.
- Gente, como todo mundo sabe de quem é e não lembra o nome? – perguntei entrando em desespero.
- Depois do seu acidente, prometemos tentar permanecer no presente – disse Cait.
- Você tava sofrendo pra caralho por causa dela, preferimos não relembrar – Ryan afirmou rapidamente.
- Tentamos eliminar qualquer tipo de coisa que pudesse ser dela. Fotos, cartas, bilhetes, presentes, tudo que pudesse ser eliminado – disse Cait.
- Chaz? – me virei para ele o vendo completamente focado no papel.
- Chaz, você ‘tá chorando? – Cait se aproximou estendendo a mão em sua direção.
- É ela mesma – ele disse baixo e todos nos aproximamos.
- Diga frases completas, cara – pediu Ryan.
- A letra é dela, só não lembro o nome, acho que era Amanda, não era?
- Amanda? Acho que não, era algo parecido – disse Cait. Um pager tocou na sala.
- É o meu, tenho que ir – disse Chaz apressadamente e saiu da sala correndo.
- Ih, olha a hora, tenho que ir trabalhar – disse Cait pegando a bolsa e me deu um beijo no rosto. – Falo com vocês depois – disse e saiu após se despedir de Ryan.
- E ai, cara? Como ‘tá a vida? – perguntei.
- Conheci uma garota e estou saindo com ela, acho que vai ser sério, cara – ele disse e seu celular tocou logo depois. – Falando nela. Deixa eu ir cara, depois a gente se fala – ele disse e saiu. Voltei a me sentar na minha cadeira e virei em direção ao vidro para observar a paisagem. Fiquei observando o letreiro de Hollwood até que uma batida na porta me desviou dos meus pensamentos, me virei vendo com a porta aberta.
- Desculpe, eu não abri. Ela já estava aberta quando cheguei.
- Tudo bem, sem problemas. Só entra e fecha a porta, por favor – pedi e ela se aproximou, apoiando o corpo na mesa à minha frente e me olhou preocupada.
- ‘Tá tudo bem?
- Eu estou meio preocupado. Meus amigos e eu estamos recebendo umas cartas anônimas sobre nosso passado, é tão estranho – disse e olhei para ela, vendo seu lindo rosto me encarar. – Mas não é sobre isso que eu quero falar agora. Vem cá, vem – disse e a puxei para meu colo lhe dando um longo beijo.
- Justin – ela disse se levantando. – Precisamos conversar. Eu quero saber o que está acontecendo.
- Como assim?
- Estamos nessa há dois meses, nos agarrando por aí e de vez em quando você dorme lá em casa. É isso que eu quero saber, ‘tá rolando algo, isso eu sei, isso eu sinto, mas o que é isso? – ela perguntou e se virou nervosa olhando para a janela, aproveitei seu momento de distração e abri minha gaveta.

07 de julho de 1889, 14:24 PM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Eu me virei para a janela depois de jogar todas aquelas palavras em cima do , havia lágrimas nos meus olhos, não queria que ele me visse chorar então fiquei de costas, mas a demora em sua resposta me incomodou bastante e eu precisei me virar para ver se ele não tinha fugido enquanto eu não olhava. Me virei e sua proximidade me fez estremecer, assim que o olhei ele segurou minha mão e se ajoelhou.
- Anne , eu estou muito, muito apaixonado por você e espero do fundo do meu coração que esse sentimento seja completamente reciproco – ele disse e se levantou segurando meu rosto com as mãos. – Namora comigo, ?
- Eu... eu, . Ai meu Deus, .


Capítulo 14 - She will get what she deserves

14 de julho de 1989, 06:30 AM - Brighton Way, 1735
POV’s


Hoje faz uma semana que e eu estamos namorando, preferimos deixar entre nós por enquanto, mas logo descobriu tudo e tivemos que contar pra ela. Por que eu tinha que ter uma filha tão inteligente?
- Mamãe, já está pronta? - perguntou. – Tio já deve estar saindo de casa
- É? Estranho – eu disse e a campainha soou pela casa, Anne foi atender e logo já estava na cozinha. – Oi, amor – me aproximei e dei um leve beijo em seus lábios. – Estávamos falando sobre você agora mesmo. ‘Tá com pressa? Pensei em tomarmos café todos juntos
Logo estávamos todos sentados à mesa, até Anne, que já era da família, estávamos quase terminando e saindo quando soltou uma pergunta
- Quando vocês vão se casar? – eu engasguei com o suco e com as panquecas.
- Como assim, princesa? – perguntou.
- Ué, vocês estão juntos, agora têm que se casar pra eu poder ter irmãos, a vovó me disse isso quando a gente morava no Brasil. Apenas um casal casado pode ter filhos, então vocês precisam se casar.
- Mas quem disse que nós vamos te dar irmãos, querida? – perguntei tentando ser o mais sensitiva possível para que ela não pensasse que eu estivesse sendo grossa.
- Mas casais têm filhos – ela disse cabisbaixa olhando para todos no cômodo. – Não têm? – me olhou.
- Só quando eles querem, meu anjo. Nem todos os casais pensam em ter filhos, entende? – perguntei e ela balançou a cabeça afirmando e se sentou novamente, já que tinha se levantado quando se alterou. Passados alguns minutos resolvemos nos levantar, pois já estava perto da hora de irmos.
- Mamãe? – disse baixinho e eu me virei a olhando.
- ? O que houve? – perguntei correndo em sua direção ao ver seu rostinho meio roxo.
- Mamãe, não ‘tô conseguindo respirar muito bem – ela disse e tentou inspirar o ar. – Eu não consigo – tossiu com força colocando a mão na boca, quando a afastou vimos um pouco de sangue em sua mão e a pegou no colo rapidamente.
- Hospital – ele disse e me olhou, andando rápido para fora da casa em seguida. – Agora, – gritou quando já estava na porta, mas não consegui me mexer, minha pequena estava tão bem e piora completamente do nada? Como isso pode acontecer? E por que com uma criança? Ela é tão jovem, tem tanta coisa pra viver. – gritou impaciente e voltou à cozinha. – Você vem ou não vem? já está no carro – ele perguntou e ao ver que eu não me mexia puxou minha mão e me empurrou pela cintura rapidamente até o carro onde já estava sentada. A peguei no colo e a abracei fortemente preocupada, na metade do caminho ela se afastou.
- Mamãe, não chora – disse e passou a mãozinha em minhas bochechas secando as lagrimas que caiam sem que eu percebesse ou pudesse evitar. – Eu vou ficar bem, eu fiquei bem da última vez, lembra? Vai ficar tudo bem – ela disse e me abraçou colocando a cabeça na curvatura do meu pescoço e logo estávamos no hospital.
- Uma maca, rápido – gritou com a primeira pessoa que via pela frente enquanto eu continuava agarrando sem parar. Logo chegou uma maca onde coloquei e saí correndo junto com os enfermeiros até chegarmos em uma porta dupla escrita “apenas funcionários” onde uma enfermeira me parou. Já disse que odeio as porcarias das enfermeiras desse hospital? Eu só queria ficar do lado da minha pequena, mas sabia que mesmo que fosse médica nesse hospital, nesse momento eu era apenas a mãe de uma paciente e teria que ficar na sala de espera aguardando noticias.
- , fica na minha sala, é melhor, lá você terá privacidade – disse e me levou até lá. – Senta aí e tenta ficar calma, tem algumas revistas ali no canto, qualquer notícia, eu te trago imediatamente – ele disse e saiu me deixando completamente sozinha. Depois de alguns minutos bateram na porta, assim que me levantei para abrir a mesma foi escancarada e alguém, que não consegui ver, entrou me dando um soco no rosto e outro no estomago, logo depois não vi mais nada.

14 de julho de 1989, 07:42 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza POV’s


Pedi para não participar da cirurgia de emergência, eu não tinha como participar, estava envolvido demais com para pensar corretamente, me sentei na galeria enquanto via os médicos trabalhando com seu pequeno corpo no meio daquela sala toda aberta e meu coração apertava cada vez mais. Depois de um tempo, que não consegui determinar quanto, uma enfermeira apertou meu ombro e disse que a cirurgia já tinha passado, mas que o tumor havia voltado e não tinham conseguido retirar. Depois dessa notícia fui correndo até minha sala avisar , mas quando fui abrir a porta ela estava trancada, bati algumas vezes, mas ninguém respondia ou se mexia lá dentro. Fui até a recepção daquele andar, que era perto de minha sala.
- Rose, você viu saindo da minha sala?
- Não vi não, doutor. Depois que ela entrou na sua sala não saiu mais.
- A porta está trancada e ninguém atende, será que aconteceu algo?
- Calma, doutor. Ela deve estar dormindo depois de esperar tanto o senhor voltar.
- Com licença – disse uma enfermeira se aproximando. – Não quero preocupa-lo não, doutor, mas um pouco depois do senhor sair, Ashley entrou em sua sala e saiu logo depois trancando a porta.
- Como? – disse olhando para a mulher na minha frente. – Ashley? – perguntei e ela assentiu rapidamente. – E ela foi para onde depois?
- Não sei, doutor. Ela sentou aqui na recepção e eu fui procurar algo para fazer.
- Ela disse que não estava se sentindo bem, doutor. Disse para ir até a clínica, mas ela disse que era uma enxaqueca e que preferia ir para casa. Ela tava bem estranha, mas não quis me dizer o que era.
- Encontre alguém para abrir aquela porta ou eu irei arromba-la – disse e Rose saiu correndo, olhei para a secretaria ao lado. – Ligue para Ashley, ligue quantas vezes for necessário até que ela atenda, tente dez vezes se for necessário e diga que estou exigindo que ela volte imediatamente, caso não dê certo, mande um, dois, três seguranças ou quantos precisarem para trazê-la de volta a esse hospital – disse e a vi assentindo rapidamente. – Agora – gritei e ela pegou o telefone digitando os números rapidamente enquanto tremia. Bati na porta mais algumas vezes e esperei alguns minutos e Rose logo voltou junto com um cara que era chaveiro.
- Calma, senhor , já cheguei para abrir a porta – ela disse e me afastou da porta, deixando o homem trabalhar.
- Pronto – disse ele depois de uns cinco minutos abrindo a porta e eu logo entrei.
- Peguem uma maca, rápido – ouvi Rose gritando e eu só consegui ficar parado. Rose me afastou novamente e me fez sentar na cadeira enquanto eu via alguns enfermeiros levando para longe de mim.
- Eu preciso ir atrás dela .
- Não , senta aqui, Dalton, pega um copo de agua, por favor, rápido – ela disse para um dos enfermeiros que foi correndo e me olhou. – Acho melhor pegar uma garrafa inteira, o senhor está bem, doutor? ‘Tá meio roxo – ela disse e logo em seguida um segurança entrou.
- O que houve? – perguntei me levantando.
- Ashley fugiu, nós procuramos tudo, a casa inteira, guarda roupas vazio... – ele continuou falando, mas eu parei de ouvir, só conseguia pensar em e no fato de Ashley ter fugido.

14 de julho de 1989, 14:24 PM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza POV’s


Acordei em um lugar completamente branco e ouvi uma porta abrindo, me fazendo olhar naquela direção. Vi uma enfermeira que reconheci como a senhora Jane entrando.
- Doutora , como a senhora se sente?
- Um pouco tonta – me sentei devagar. – O que aconteceu?
- A senhora levou um soco no rosto e no estômago e foi dopada, alguns médicos acham que injetaram veneno na senhora, mas com o soro já está quase sem veneno nenhum dentro da senhora – ela disse me deitando na cama novamente. – Fique deitada, por favor. Daqui a pouco farão alguns exames para garantir que seu sangue está normal.
- Mas quem fez isso?
- Ashley – disse entrando no quarto e parecia estar com muita raiva. – E ela vai pagar.


Capítulo 15 - Police Of Los Angeles

14 de julho de 1989, 19:56 PM
POV’s


Eram quase oito horas da noite quando fui liberada do hospital. me obrigou a ir para casa mesmo deixando no hospital, me contou que ela havia passado por uma cirurgia de emergência, mas que eu tinha que descansar para poder ficar disposta ao seu lado e que ele ia passar a noite no hospital para cuidar dela. Depois de me enrolar bastante, me contou o que Ashley havia feito e que ela tinha fugido, só que ainda não sabia para onde ela tinha ido.
Ao chegar em casa, entrei e fui direto para o banheiro, onde tomei um banho quente, depois disso fui me arrumar em meu quarto e após alguns minutos Anne apareceu na porta e se aproximou.
- Quer me contar o que aconteceu, querida? – ela perguntou depois que me virei em sua direção, já que estava sentada na minha penteadeira.
- Eles não conseguiram tirar o tumor, Anne – eu disse e senti meus olhos se encherem de lagrimas.
- E o que você acha que vai acontecer?
- Eu sinceramente não sei, eu imagino tudo, mas poucas são as coisas positivas – ela me abraçou e sussurrou ao meu ouvido.
- Ela é uma menina forte, uma menina guerreira – me virou de frente para o espelho, me fazendo olhar minha imagem refletida. – Está vendo essa mulher no espelho? – assenti. – Ela fez uma garotinha que é capaz de superar qualquer coisa, até um doença crônica. Lembra o quanto você foi forte a alguns anos atrás? – ela me perguntou se referindo à minha gravidez e eu assenti novamente. – Doe toda a força e a coragem que você deu para sua filha, não se mate por isso, ela que tem que sobreviver e você vai ajudar o quanto puder, mas para isso você tem que estar viva também, a força dela vem de você, tudo que ela precisa para melhorar vem de você. Não chegue perto da menina com toda essa energia negativa, está me entendendo? – ela perguntou e eu respirei fundo contendo todas as minhas lágrimas e procurando manter bons pensamentos em minha mente. Ela pegou uma escova na mesa da penteadeira. – Um dos maiores prazeres da vida é alguém pentear nosso cabelo – ela disse e penteou com tanta calma que começou a me dar sono, depois de um tempo ela parou e me guiou até a cama onde me cobriu e cantarolou uma música até eu dormir, a última coisa que ouvi foi a porta sendo fechada.

07 de agosto de 1989, 11:27 PM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Eu estava estudando alguns prontuários quando Bruce, o segurança, bateu na porta entreaberta e entrou.
- Com licença, doutor – ele disse e eu fiz um sinal para que se aproximasse deixando as pranchetas de lado. – Descobri para onde Ashley foi – estávamos a quase um mês procurando sobre o paradeiro de Ashley, quase um mês que ela bateu e drogou , quase um mês que voltou para o hospital, quase um mês que ela fugiu sem explicações.
- Sente-se, por favor –disse vendo uma pasta em suas mãos, a conversa ia demorar um pouco. – Diga tudo e com detalhes.
- Ashley saiu de casa e foi para o aeroporto, como trabalhamos com a polícia, eles conseguiram um mandato que fez o pessoal de lá falar tudo – ele pegou uns papeis e me entregou. – Aí fala tudo, ela pegou um avião até Orlando e de lá pegou outro para Nova York. Concluímos que ela estivesse lá, porém quando estávamos saindo do aeroporto, uma comissária nos chamou, disse que já havia nos visto lá várias vezes e que em uma das vezes perguntamos para ela se sabia de algo, mas que no momento não lembrava e depois de alguns dias se lembrou. Ashley passou por ela e perguntou se conhecia algum aeroporto clandestino em Orlando ou nos arredores e como ela sabia, disse onde era.
- Então voltamos à estaca zero, já que aeroportos clandestinos não tem organização de voos nem nada.
- Certo, mas o senhor está errado, não voltamos à estaca zero. Os policiais foram lá e mostraram uma foto dela, o aeroporto não era clandestino, ele só não era para transportação de pessoas e sim de carga. Disseram que ela deu uma grana para os caras para que ficassem quietos, mas disseram que ela foi para uma cidadezinha chamada Byron, na Geórgia. Chegando lá descobrimos o quão pequena era a cidade, então eu voltei para contar ao senhor o que descobrimos e saber os próximos passos, os policiais continuaram lá e estão observando ela.
- Ok, eu vou falar com alguns contatos e no fim do dia te digo o que faremos, pode ser? – perguntei e ele concordou saindo da sala. Peguei todos os papeis que ele deixou ali olhando todos os endereços e datas, ela estava vivendo em Byron há duas semanas. Peguei o telefone e pedi que chamassem Chaz na minha sala.
- E aí, cara? O que houve? – disse ele ao entrar e se sentou.
- Descobriram onde Ashley está – avisei sem tirar os olhos de todos os papeis nas minhas mãos até que Chaz pegou todos os papeis e deu uma olhada rápida.
- Deixa eu te fazer uma pergunta, você está atrás dela só por causa da ou tem mais algum motivo? E se for por causa dela, por que essa importância toda por causa dela? – ele perguntou e eu me levantei fechando a porta e dando uma volta com a chave.
- Não é só por causa da , mas em grande parte é sim. Eu amo essa mulher, Chaz.
- Calma aí, ela sabe disso?
- Claro que sabe, estamos juntos a quase um mês.
- E ninguém sabe?
- Só a filha dela e a babá.
- Ou não – ele disse e me olhou, fiz uma cara de quem não entendeu e ele explicou. – Talvez Ashley tenha descoberto e tentou, sei lá, matar a .
- Será? Acho que Ashley não teria coragem para algo do tipo.
- Acho que teria sim, , ela te dopou no dia da formatura – Chaz disse e arregalou os olhos.
- Como assim? – perguntei assustado me levantando.
- E-eu acho que falei demais – ele disse e bateram na porta agressivamente, me levantei a abri a porta vendo uma Caitlin furiosa do outro lado.
- Charles, não acredito no que você acabou de dizer.
- Você tava ouvindo atrás da porta? – perguntei.
- Não, eu passei aqui e na hora que eu ia bater eu ouvi ele dizendo isso – Cait disse e se virou para o Chaz. - Você é um linguarudo, sabia? Todo mundo sempre disse para não voltar com o passado do , sabe que só concordamos que Ashley namorasse com ele porque ela disse ter mudado, conseguiu um emprego aqui e o Jeremy que deu...
- Pera aí, o que está acontecendo? – interrompi a Cait que me olhou ficando quieta e indo para o lado de Chaz.
- Agora você pode falar – ela disse baixo para o Chaz.
- Sua vez de ser linguaruda.
- Você é um frouxo, só fala besteira quando quer, né – ela perguntou e ele assentiu se sentando novamente. – , é melhor você sentar – ela disse e eu me sentei. – Por onde eu começo?
- De preferência pelo inicio.
- Conta o dia da formatura – disse Chaz.
- Ok, bom, no dia da formatura teve uma pequena confusão com aquela sua namorada...
- Pelo amor de Deus, inventa um nome para ela, já que vocês não se lembram, eu não aguento mais esse ‘sua namorada’ o tempo todo.
- Ok, Stella, pode ser? – ela perguntou e concordamos. – Continuando, a Stella tava passando mal um pouco antes da festa começar, eu estava com ela, mas ela queria muito ir e tomou um remédio. Acabamos demorando a chegar por estarmos esperando o remédio fazer efeito. Quando chegamos na festa já devia estar na metade, eu tava namorando o Ed, então fui ficar com ele e ela foi te procurar.
- Eu vi na hora que vocês chegaram, ela passou por mim e falou comigo, conversamos um pouco e ela disse que tava procurando o e me perguntou se eu o tinha visto e eu disse que não, só tinha visto quando chegamos, já tinha mais de uma hora e depois que eu fui no bar pegar uma bebida, eu não o vi mais, quando voltei, você não estava mais lá – disse Chaz me olhando. – Eu nem liguei, pensei que você estivesse procurando a Stella, não imaginava que ela ainda não tinha chegado, Ryan e eu fomos nos divertir na pista, depois de um tempo eu voltei no bar, quando a Stella passou por mim, depois disso eu a vi uns trinta minutos depois chorando e correndo para fora da boate. Eu fui atrás dela, mas uma garota me parou, aquela Hannah, amiga da Ashley, ela me agarrou do nada, quando consegui me livrar e fui atrás da Stella, ela já tinha sumido, só tinha um monte de gente lá fora dizendo que alguém passou mal e foi levado numa ambulância.
- Um tempo depois, eu descobri que tinha sido a Stella, acho que no dia seguinte – disse Cait.
- Depois disso ela nunca mais apareceu.
- Fomos tentar descobrir o que tinha acontecido e vimos Ashley indo para o seu quarto, perguntamos o porque e ela só disse que vocês tinha ficado na formatura e que você falou que tava solteiro. Achamos estranho de cara e fomos falar com uma amiga dela, era uma que parecia não ter cérebro, uma tal de Lauren, colocamos ela contra a parede e ela contou rapidinho o que tinha acontecido, Ashley te dopou...
- Foi com aquele sonífero, que mandaram uma vez naquelas cartas – disse Chaz interrompendo Cait.
- É, deve ser, agora para de me interromper ou você vai contar a história toda – disse ela lançando um olhar mortal que o fez se encolher na cadeira. – Voltando, ela disse que Ashley te dopou e te colocou num quarto que tinha na boate, não aconteceu nada, só foi para a Stella ver vocês e te deixar achando que você tinha traído ela, e deu certo, né. Dois anos depois, alguns meses passados que seu pai morreu, você sofreu um acidente de carro, você tava no carro, sozinho, um caminhão invadiu a pista que você estava e atingiu seu carro em cheio, bem na frente. O carro capotou algumas vezes e ninguém acreditou que você pudesse estar vivo, chegou no hospital falando e tudo. Depois da cirurgia você apagou completamente – Cait começou a ficar nervosa, então Chaz terminou a historia.
- Nunca conseguimos te contar nada de antes do acidente, você ficou por volta de um mês e pouco em coma. Quando todos da sua família estavam quase desistindo, você começou a dar sinais de vida, primeiro conseguiu respirar sem os aparelhos, depois abriu os olhos, daí em diante só foi melhorando. Então a Ashley foi até seu quarto, já que ela trabalhava no hospital, não deixamos ela entrar, ela jurou que estava melhor, demoramos uma semana para deixar que ela falasse com você, um dia quando não estávamos perto, ela te disse que era sua namorada, quando você teve alta que descobrimos isso, mas concordamos, ela já havia provado que era uma boa pessoa mesmo e seria uma boa distração, já que ela não sabia muito do que tinha acontecido não ia poder te dar muita informação.
- Ela havia provado ser uma boa pessoa até mês passado, né – Cait disse e Chaz concordou.
- Então, vocês só não contaram para me proteger?
- Você tava sofrendo demais desde que Stella foi embora, foi só uma saída que encontramos.
- Esperamos que não fique chateado – Chaz disse e eu fui para o meio deles e os abracei fortemente.
- Não estou chateado, só que agora eu gostaria muito de lembrar da Stella – disse o nome e fiz uma careta, eu dei a ideia do nome, mas queria que fosse o de verdade mesmo. – Achei esse nome meio bosta – eu disse e todos rimos.

10 de agosto de 1989, 06:37 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Fiquei a noite toda com nesse abençoado quarto de hospital, os médicos disseram que dessa vez ela só vai sair sem o tumor, não podem fazer ela ficar pior. Hoje é a terceira cirurgia que ela vai fazer desde que entrou no hospital da última vez, o médico entrou no quarto quando eu despertei.
- Bom dia, garotas – ele disse um pouco alto, já que ainda dormia, logo ela despertou e se virou em nossa direção.
- Prontas? – ele olhou para nós duas e eu sorri para a minha pequena.
- Prontíssima – ela disse se levantando. – Mas eu posso fazer uma coisa primeiro? – ela perguntou e nos olhou, seu médico me olhou e concordou.
- O que você quer fazer, filha?
- Quero ir na capela, só pedir um pouco de ajuda para Deus, pra ele olhar para mim com muito carinho durante a cirurgia – concordamos e ela foi escovar os dentes, o Dr. Bolton a pegou no colo e fomos até a capela, quando chegamos a deixamos próximo ao altar, onde tinham algumas velas acesas e sentamos no fundo.
- Você acha que dessa vez vai dar certo? – perguntei baixinho.
- Você confia em nós? – ele perguntou e eu sussurrei um ‘muito’. – Então apenas acredite, se não foi hoje, vai ser um dia, vamos fazer o possível para que ela sobreviva sem danos - ele disse e logo veio até nós se apoiando nos bancos, voltei para o quarto onde ela estava e arrumei nossas coisas enquanto ela era levada para a cirurgia, deixei nossas coisas em uma poltrona, fui até a sala do , que estava viajando e não me disse o motivo, encostei a porta e peguei alguns livros que haviam nas prateleiras para ler, peguei um que falava sobre bebês, para tentar deixar o meu coração o mais aberto e suave possível. Quando eu tava no quarto capítulo do livro, ouvi a porta sendo aberta com força e me pus de pé no susto, vendo alguns homens invadindo a sala.
- Ei, o que está acontecendo? – perguntei e depois de entrarem três homens, entrou um último mais bem vestido.
- Polícia de Los Angeles, bom dia.


Capítulo 16 - It's Surprise

10 de agosto de 1989, 08:55 AM - UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Desculpe, como? – perguntei um pouco perplexa com a entrada de tantos homens.
- A senhora é esposa do senhor... – ele parou e pegou um papel. – ?
- É, mais ou menos. O que aconteceu? Ele está bem? – só pode ser essa viagem que ele não quis me dizer, sabia que tinha algo errado.
- Ele está bem, só está preso...
- Como é que é? – disse um pouco mais alto indo para perto deles.
- Temos um mandato de busca e apreensão depois de sua tentativa de invasão a domicilio?
- Invasão a domicilio? Ele invadiu a casa de quem? – se esse policial continuar enrolando em não ir direto ao ponto, eu vou invadir o domicilio da cara dele, sinceramente.
- Ele invadiu a casa da senhorita Smith, em Byron.
- Byron? Onde é isso?
- Geórgia – ele respondeu e me olhou esperando mais perguntas.
- Será que tem como dizer tudo de uma vez?
- Só se a senhora parar de me interromper – ele falou levantando uma sobrancelha. – Continuando, estamos procurando algo que possa nos mostrar o motivo de ele ter tentado invadir a casa da senhorita Smith. A senhora tem a chave da casa dele ou sabe se tem alguém em casa?
- Eu tenho, posso ir com vocês? – perguntei e ele assentiu e eu os segui.

10 de agosto de 1989, 15:36M - Aeroporto Internacional de Los Angeles


Eu não acredito que estou tendo que ir atrás do na Geórgia porque ele foi preso por invasão a domicilio. Pedi a Caitlin que ficasse junto com e que ligasse para Anne. Será que vou ser presa por tentar matar meu ‘’marido’’?
Depois de quatro horas naquele avião, os policiais me levaram até a delegacia onde ele estava em Atlanta. Logo que chegamos fui direcionada até uma sala onde estava o delegado e .
- – disse com raiva.
- , que bom que está aqui – ele se levantou e quando foi me abraçar lembrou das algemas e se sentou novamente.
- Tem como nos deixar sozinhos por cinco minutos? – perguntei ao delegado que assentiu e carregou o policial junto com ele e então me virei para o . – Qual seu problema, ? – disse um pouco alto e ele me olhou em dúvida. – Você viaja, não diz para onde vai, o por que e eu descubro pela polícia que você foi para Byron, na Geórgia, , do outro lado do país, e que invadiu uma casa. Sabe como eu descobri isso? Foi porque quatro policiais enormes invadiram a sua sala no hospital enquanto eu tentava passar meu tempo porque minha filha estava sendo operada, depois disso eles me mostraram um mandato de busca e começaram a revirar tudo procurando não sei o que, reviraram sua casa também e eu passei por tudo sabe pelo que? – virei para ele que olhava para baixo, mas depois da minha pergunta me olhou com atenção. – Por nada, porque foi isso que eles acharam. Tem o que a dizer para se defender?
- Posso explicar quando chegarmos em casa? – ele disse depois de um tempo em silencio e eu olhei para ele sem acreditar no que disse. Depois, quando notei que ele não ia dizer mais nada, eu fui em direção à porta e saí da sala batendo a mesma com força.
- Senhora , espere – disse o delegado.
- Senhorita , por favor – eu disse e ele me olhou confuso. – Não sou casada com ele, senhorita , desse jeito.
- Tudo bem, senhorita. Irá pagar a fiança do doutor ? – ele disse e eu o olhei cansada.
- Vou – eu disse após pensar um pouco. – Mas será que tem como deixar ele preso e com essas algemas por mais algumas horas? – perguntei o olhando pelo vidro da sala atrás do delegado.
- Vão ser mais horas, então vai ser mais caro, senhorita.
- Sem problemas – eu disse e ele anotou um preço me dando um papel. – Cheque ou dinheiro? – ele disse e murmurou um ‘cheque’, o fazendo rapidamente e o entregando, sempre deixa os cheques dele preparados com sua assinatura, eu peguei alguns em sua gaveta antes de sair. Eu estava saindo quando me lembrei de algo.
- Tem algum hotel por aqui? – perguntei e ele me passou um endereço e eu fui para o hotel onde passei a noite e na manhã seguinte me levantei e fui até a delegacia depois do café.
- Como assim vocês não podem me liberar? Isso é um grande absurdo, pensei que minha fiança tinha sido paga – dei um pigarro leve e cruzei os braços quando ele se virou. – Ah, , finalmente. Você pagou minha fiança, não? Diz para eles isso, por favor.
- Eu paguei sim – disse e ele sorriu ao ouvir minha afirmação e estava prestes a se virar para o delegado quando eu completei. – Para sair depois das onze da manhã – seu sorriso murchou por completo depois do fim da minha frase.
- Como assim?
- Você não me deu explicações, lembra? Eu deveria deixa-lo aqui até resolver esse mistério, .
- Eu posso explicar agora, só mandem tirar essas algemas de mim e me deixe tomar um banho, por favor.
- Ok – eu disse e o levei até o hotel onde eu estava, ele subiu enquanto eu pagava mais uma diária, para nós dois dessa vez. Depois de tudo pago, eu subi e entrei no banheiro quando percebi que ele ainda estava no banho.
- Ah... oi – ele disse envergonhado quando me notou sentada na privada pelo vidro do banheiro.
- Pode começar.
- Como?
- Pode explicar tudo.
- Mas... eu não posso tomar banho primeiro?
- Você está tomando, não pode começar a me responder? – perguntou e ele me olhou e então fechou a ducha e pegou a toalha a enrolando na cintura.
- Tudo bem, vamos lá – ele disse saindo do banheiro e pegou a mala dele, que havia sido confiscada com a polícia também, e pegou uma roupa. – Desde que a Ashley te dopou e te machucou, eu mandei que avisassem a ela que eu exigia falar com ela, eu ia demiti-la, não podia deixa-la trabalhando no mesmo hospital que eu, ela poderia tentar machucar ou machucar qualquer mulher que se aproximasse de mim, a secretaria disse que tentou ligar para ela várias vezes e ninguém atendeu, então mandei um segurança procurar ela – ele parou de falar para colocar a blusa e ficou revirando a mala.
- O que você está procurando?
- Meu pente, você viu? – ele perguntou e eu peguei a mala abrindo um dos bolsos menores e entreguri o pente, ele se virou para o espelho para pentear o cabelo.
- – ele me olhou pelo reflexo. – Continue.
- Ah, sim, onde eu parei?
- No segurança procurando ela.
- Ah, claro – ele terminou de pentear e se virou para mim novamente. – Eles foram na casa dela, mas ela não estava lá. Pedi que tentassem descobrir o paradeiro dela, eles colocaram a polícia no meio, porque ela cometeu um crime, aí eles conseguiram um mandato e meio que invadiram a casa dela, descobriram que ela não estava lá e foram procurar na vizinhança, aeroportos, hotéis e vários lugares, até que descobriram no aeroporto que ela estava procurando um aeroporto clandestino... – ele explicou toda a história até chegar na parte que ele vinha para cá. - Bruce me ajudou, ele me disse o endereço e nós fomos até lá, só que como já tinha várias pessoas observando há dias, os vizinhos acabaram percebendo, nós tocamos a campainha e ninguém atendeu, quando viramos a maçaneta a porta abriu e nós entramos, na mesma hora a polícia chegou e nos pegou, o policial que estava conosco mostrou a eles o mandato, mas acho que lá não era valido por ser de outro estado. Ainda assim ele conseguiu se liberar e ao Bruce, só que eu acabei desacatando o delegado e o policial não pôde fazer nada para me ajudar, aí foram atrás de descobrir o porquê de eu estar entrando na casa dela sem permissão.
- – eu disse o puxando pela mão fazendo com que o mesmo se sentasse na cama junto comigo. – Você não precisava fazer isso tudo só por causa de mim, toda essa loucura.
- – ele disse segurando. – Eu te amo – ele disse fazendo meus olhos lacrimejarem, só o tempo decide as coisas. – E eu faria qualquer coisa por você – ele terminou e continuou olhando nos meus olhos, minha primeira reação foi beija-lo. Durante o beijo, ele me deitou na cama ficando por cima de mim enquanto tirava minha blusa e a sua quase ao mesmo tempo. – Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
- Eu te amo muito, . Sou completamente apaixonada por você – ele voltou a me beijar e eu abri sua calça o virando para ficar debaixo de mim, tirei sua calça e a minha e voltei a beija-lo fervorosamente. – Eu te amo – disse sorrindo durante o beijo e senti ele apertando meu seio.
- Você é o amor da minha vida – ele disse e depois disso nós nos amamos, por horas e horas a fio, quando eu estava quase dormindo, eu o ouvi chamando meu nome e eu resmunguei qualquer coisa significando que era para ele prosseguir. – Tem mais um motivo para eu ter ido atrás da Ashley – ele disse e eu o olhei. – Tenho uns assuntos inacabados com ela, do passado e tal.
- Algo grave? – perguntei e ele murmurou um ‘mais ou menos’. – Quer compartilhar?
- Agora não, no futuro talvez – ele disse e eu me aconcheguei em seu peito entendendo e adormecemos.

11 de agosto de 1989, 5:27 PM - Atlanta
POV’s


- , acorda – eu disse balançando-a e continuei andando pelo quarto enquanto arrumava as coisas. – – falei mais alto para ver se ela escutava e ela se mexeu levemente, mas continuou dormindo. Peguei a almofada que estava na cadeira próxima de mim e taquei em cima dela que levantou rapidamente assustada.
- Que isso, terremoto?
- Só se foi seu ronco provocando – eu disse rindo e ela tacou a almofada em cima de mim de volta.
- O que você está fazendo? – ela perguntou enquanto levantava.
- Eu ‘tô arrumando nossas coisas, o voo de volta sai mais tarde – ele se virou de volta para as malas e eu me direcionei ao banheiro para escovar os dentes e tomar banho. – Amor – eu a chamei e ela virou em minha direção. – Achei meu talão de cheques, só pra avisar – eu disse e ela tentou fazer cara de anjinho. – Ainda bem que você é minha namorada, se eu tivesse chegado em LA e não visse meus cheques, eu ia enlouquecer – eu disse e nós rimos e ela foi para o banheiro. Depois de arrumarmos tudo, jantamos e fomos para o aeroporto, pegamos o avião rapidamente e chegamos em LA algumas horas depois.
- Com essa confusão toda nem consegui te perguntar – eu falei e ela me olhou. – Como a está? – eu disse e ela me olhou espantada.
- Ai, meu Deus, eu me esqueci completamente de , vamos logo para o hospital – ela disse e me puxou pela mão, pegamos o taxi rapidamente e logo estávamos no hospital. – Oi, Rose, como vai? – cumprimentou a minha secretaria rapidamente. – Você sabe onde está ?
- Quarto 3226, doutora – ela disse e nós fomos andando em direção ao elevador quando ela chamou . Depois de um tempinho ela voltou em minha direção e segurou com força minha mão.
- O que houve? – eu olhei nossas mãos sorrindo com o gesto.
- Todos já estão comentando mesmo – ela disse e me olhou enquanto apertava o botão para o elevador descer. – Só precisamos mostrar a certeza – concluiu balançando os ombros.

11 de agosto de 1989, 09:53 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Pegamos o elevador e fomos até o quarto de , assim que entramos, vimos Caitlin dormindo ao seu lado na cama com um livro jogado em cima da mesma, fechei a porta devagar tentando fazer o mínimo de barulho e cheguei perto da minha filha passando levemente a mão em sua testa esperando que a mesma acordasse assim e ela realmente foi despertando.
- Mamãe – ela pulou em meus braços gritando e eu pus o dedo na frente da boca mostrando que não era para ela fazer barulho e apontei para Cait.
- Como você está, meu amor? – eu perguntei e ela olhou para que balançou afirmativamente a cabeça.
- Conta para ela, princesa – disse ele a encorajando.
- Acabou, mamãe – ela disse e eu a encarei confusa e olhei para , que permanecia com o olhar focado sobre ela. Vi Cait despertando sobre o ombro de . – Acabou, acabou tudo. Acabou o sofrimento, a dor e toda angustia que passamos.
- Mas como assim, me explica. O que acabou? – eu já estava começando a entender, mas queria que dissesse com todas as letras o que havia acontecido, olhei para os outros dois adultos que nos olhavam sorrindo e com lágrimas nos olhos enquanto colocava minha filha no chão.
- O tumor, mamãe. O doutor Montgomery tirou – ela disse dando pulinhos. – Ele tirou tudo, mamãe. Me prometeu de dedinho e cumpriu, a senhora tinha razão, toda promessa de dedinho dá certo – ela disse sorrindo e eu a peguei no colo a abraçando com força e sentindo as lagrimas enchendo os meus olhos, veio e nos abraçou também e Cait logo em seguida. Ficamos os quatro conversando e depois de um tempo ouvimos uma batida na porta.
- Oi, pessoal. Ouvimos dizer que tem uma princesinha curada e viemos prestigia-la – disse um menino meio loiro entrando, depois entrou o Charles e em seguida Enrique, o cara que eu havia trombado há algumas semanas e os três entraram com alguns balões e ursos de pelúcia.
- Ai meu Deus, mamãe, olha esse ursão – disse chegando perto de Charles que segurava um urso quase maior que ela e ele entregou o bicho.
- , você mal consegue segurar o bicho – disse Cait rindo.
- Consigo sim, tia Cait, olha só – ela disse e tentou pega-lo no colo e leva-lo até a cama, mas acabou caindo em cima do urso e eu fui em seu socorro, tentando segurar a risada.
- Meninos, vocês vão mimar minha filha desse jeito? – eu reclamei colocando uma mão na cintura.
- Ela merece, vai. É uma guerreira – disse Charles.
- Ela superou um câncer tendo apenas sete anos, . Ela merece esse hospital inteiro – completou Ryan. Passamos o fim do dia juntos naquele quarto e acabamos todos apagando no chão ou nas duas poltronas que tinha ali.

Algum tempo depois...

30 de abril de 1990, 06h52 am – Brighton Way, 1735
POV’s


- O que você acha? – perguntou baixinho para que fez um sinal de silencio para o mesmo assim que me viu.
- Bom dia – eu disse entrando na cozinha e indo em direção à Anne lhe dando um beijo na bochecha e pegando uma caneca em seguida. – O que vocês tão aprontando? – perguntei me virando para os dois.
- Nada – disseram em uníssono e ficaram rindo, olhei para Anne que deu de ombros rindo também. Tem algo errado acontecendo aqui.
- Ok, eu vou contar só uma coisinha – disse e protestou tentando faze-la ficar quieta. – Calma tio , eu vou contar algo bem bobo – ela disse o olhando e virou para mim. – É uma surpresa – ela disse e os dois ficaram rindo da cara que eu fiz.


Capítulo 17 - It's The Same Handwriting

07 de maio de 1990, 08:12 am – Brighton Way, 1735
POV’s


Estou na frente do quarto de , batendo na porta e ela não fala nada, abri a porta e entrei vendo a cama arrumada e o quarto vazio. Desci as escadas correndo rapidamente temendo que algo possa ter acontecido com ela, hoje não tinha aula porque os professores estavam em reunião, qual a razão de ela ter levantado tão cedo? Assim que cheguei ao último degrau, a porta da frente se abriu e eu vi e entrando em casa.
- Onde vocês estavam? – perguntei olhando os dois.
- Fomos dar um volta – disse e olhou para , que concordou. Considerei dessa vez e fomos em direção à cozinha tomar café. Alguns minutos depois a campainha tocou e Anne foi atender, logo Caitlin apareceu.
- Bom dia, meu povo – disse falando alto, como sempre e deu um beijo no nosso rosto sentando ao lado de depois disso. – , você não sabe quem voltou – ele olhou para ela esperando que ela dissesse quem era. – Ryan.
- Serio? Que ótimo, ele estava viajando há tanto tempo.
- Ele só ficou um mês fora, – ela disse e pegou uma panqueca do prato de , que reclamou.
- Agora a senhora vai dizer que gosta dele, tia Cait? – perguntou fazendo com todos engasgássemos.
- Como assim, pequena? – disse Cait, depois de se recuperar.
- Ninguém percebeu que ela gosta do tio Ryan, não? Ela fica com cara de apaixonada quando ele ‘tá por perto.
- Eu nunca tinha notado – disse me olhando e eu tive que concordar.
- Você realmente tem só 8 anos? – perguntou Caitlin.
- Completei no mês passado – disse sorrindo.
- Não é possível – exclamou Caitlin.

19 de maio de 1990, 10:23 AM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


- Bom dia, Rose – a cumprimentei e ela me olhou sorrindo. – Quando passar, pede para ir à minha sala, por favor – disse e ela assentiu mexendo a cabeça e eu fui para minha sala. Passados alguns minutos bateram na porta. – Entra – falei alto para que me ouvissem e entrou.
- Bom dia, pediu que me chamassem? – ela disse fechando a porta após entrar, aproveitei seu momento de distração e peguei meu presente.
- Sim, trouxe isso para você – eu disse e ela se virou percebendo o buque e uma cesta de café da manhã, ela me abraçou e eu disse em seu ouvido. – Parabéns, meu amor.
- Obrigada, amor – ela disse radiante. – Não sei nem o que dizer.
- Não precisa dizer nada – eu disse e coloquei as coisas em cima da mesa indo em sua direção e a beijando. – Eu te amo – disse entre o beijo e sorri.
- Eu te amo muito, muito, muito – ela falou e voltou a me beijar. A peguei no colo e sentei no sofá que tinha na minha sala, no canto da parede e desabotoei seu jaleco o retirando, ela tirou minha gravata, que eu usava por ter saído de uma reunião um pouco mais cedo, e desabotoou os primeiros botões da minha blusa social enquanto eu tirava sua blusa. Me deitei lentamente fazendo se deitar junto comigo, levei minha mão até sua bunda onde apertei firmemente a ouvindo gemer baixinho no meu ouvido, aproveitei para morder levemente seu pescoço enquanto jogava seu cabelo para um lado só passando a língua, voltei a beijar seus lábios e aproveitei para procurar o fecho do seu sutiã, que foi aberto e jogado em algum lugar, ela levantou o tronco por um momento e eu coloquei a mão em seu seio apertando levemente o direito enquanto levava minha boca ao esquerdo. Ela levou a mão aos cabelos os prendendo e eu segurei forte em sua cintura sugando ainda mais seu seio, a coloquei deitada no sofá e tirei minha blusa voltando minha atenção para ela, beijando entre seus peitos e indo em direção à barriga, tirando sua calça, depois disso ela puxou meu rosto tomando meus lábios novamente enquanto soltava o cinto de minha calça e a retirava com os pés, então do nada ela parou de me beijar, segurando os lados do meu rosto, a olhei a vendo de olhos fechados enquanto aproveitava esse momento só nosso. – Eu te amo, – ela disse abrindo os olhos devagar e ficou me encarando com aqueles enormes olhos azuis que eu amava. – Eu te amo muito, mas nesse momento eu quero que você me foda – ela disse e me beijou ferozmente enquanto me fazia ficar sentado e se sentou no meu colo, de frente para mim, puxando meu cabelo no meio do beijo. Então ela se levantou e sorrindo maliciosamente se ajoelhou no chão na minha frente e tirou minha cueca devagar, fazendo meu pau pular para fora, então ela o agarrou beijando e lambendo enquanto me olhava, depois de um tempo ela se levantou colocando uma perna de cada lado do meu corpo e se encaixou sobre mim, gemendo deliciosamente enquanto eu regulava os movimentos segurando em sua bunda, a peguei no colo nos levantando e a coloquei em cima da minha mesa enquanto fazia movimentos alternadamente lentos e rápidos, até que ela me agarrou e gemeu mais alto chegando ao ápice e eu cheguei logo depois dela.
A levei novamente até o sofá e peguei uma manta que guardava no armário a jogando em cima da gente e deitei junto com ela.
- Aqui ‘tá meio apertado, né? – ela disse rindo.
- Um pouco – eu respondi rindo também e ela me empurrou me fazendo cair no tapete do chão e se jogou do sofá caindo ao meu lado.
- Assim está melhor – ela disse e pegou a manta nos cobrindo novamente e me abraçou pegando no sono e eu acabei apagando também.
- ? – disse baixinho passando a mão no espaço ao meu lado e o sentindo vazio, me levantei rapidamente enquanto a via se vestindo. – O que houve?
- Rose ligou para cá. Ryan está aí e quer te ver – disse terminando de colocar sua blusa. – Viu meu jaleco? – ela perguntou e eu apontei para onde estava. – Anda, , se veste – ela disse jogando minha cueca e minha calça e eu resmunguei reclamando e ela riu saindo da sala depois de ajeitar o cabelo. Me levantei colocando minhas roupas e vi a porta abrindo na hora que eu estava abotoando minha blusa.
- Poxa, cheguei tarde, foi? – disse Ryan enquanto fechava a porta e eu dei um sorriso debochado em sua direção indo em direção à minha cadeira e sentando na mesma.
- E aí, como foi a viagem? – perguntei interessado, afinal, foram quase nove meses.
- Cara, a Europa é mais que incrível, Inglaterra e Holanda têm praças lindas, Portugal tem um porto incrível e a Dinamarca? Nossa, nem sei como caracterizar.
- E a Anna? – perguntei me lembrando da namorada dele.
- Ela amou, Paris foi a parte preferida dela. Paris, Monte Carlo e aos arredores.
- Ela amou a França inteira então – eu disse e nós rimos.
- E por aqui? Como estão as coisas?
- Eu e estamos armando umas coisas para .
- E a Ashley?
- Sumiu mesmo. Nunca mais apareceu, já pensei até que ela deve ter saído do país.
- Contanto que não volte, tudo certo – ele disse e eu concordei.

19 de maio de 1990, 06:43 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


me pediu para sair mais cedo do hospital hoje, já que ele ia me levar para jantar, eu tentei sair antes das seis, mas chegou uma emergência e não consegui. Peguei meu carro e fui direto para casa, aproveitando o transito, já que a maior parte das pessoas só sai depois das sete da noite, cheguei em casa em meia hora dessa forma e fui direto para o banho, já que não vi , deveria ter saído com Anne ou com , já que ele não estava no hospital. Tomei meu banho e fui para o meu quarto me arrumar até que ouvi a porta batendo, saí do closet para saber o que era.
- Mamãe, não sabia que já estava em casa – disse .
- Cheguei, me fal... – Caitlin disse entrando no quarto, mas se interrompeu quando me viu. – Não sabia que já estava em casa.
- Ouvi a mesma frase duas vezes – respondi cruzando os braços e me encostando no batente da porta do closet. – O que estão fazendo aqui e por que a mesma frase?
- disse que você é péssima com moda e eu disse que viria ajudar.
- É mamãe, para o seu jantar com o tio – disse . – A senhora não sabe se vestir mesmo.
- Ah, isso é verdade, , você não sabe se vestir, sempre pega umas roupas péssimas, horríveis, que deixam seu corpo horrível, sendo que você tem um corpo lindo – disse Cait e me puxou para frente do espelho para que eu me olhasse, já que estava apenas de roupas intimas.
- Já percebeu que eu estou engordando? – perguntei para a olhando pelo reflexo do espelho.
- Gorda? , por favor, ‘tá ficando bulímica? Você está ótima do jeito que está.
- Não, Cait, é sério. Olha só – eu disse ficando de lado.
- Deve ser algo que você comeu durante o dia, de manhã quando você acordar, vai estar perfeita de novo, algumas horinhas sem comer super funciona – Cait disse e voltou para o closet. – Olha esse vestido, que lindo.
- Ah, é mesmo. Eu adoro esse vestido – eu disse vendo o vestido preto com uma listra com paetês na vertical.
- Ótimo, vai ser esse mesmo. Toma, se veste – ela disse jogando o vestido em mim e se sentou na cama cruzando as pernas. Entrei no closet e me vesti voltando ao quarto em seguida.
- E aí? – eu perguntei dando uma voltinha e as olhei que estavam impressionadas.
- Você ‘tá uma gata, do céu.
- Eu ‘tô até impressionada, tia Cait, você faz milagres – disse ficando em pé na cama.
- Desce da cama, . Não vai querer cair daí – disse e peguei um creme na minha penteadeira passando nas minhas pernas.
- , você é boa na maquiagem, ‘tô certa? – perguntou Cait e afirmou. – Você maquia e eu arrumo o cabelo dela, pode ser? – Cait mal terminou a frase e já estava com todas as maquiagens prontas.
Logo eu já estava maquiada, arrumada e com o cabelo completamente escorrido, já que Caitlin preferiu a chapinha ao babyliss, só que antes de eu sair, as duas resolveram que deveriam ir também e chamaram os meninos, logo as duas estavam arrumadas, Caitlin com um vestido colado na cor azul escuro e com um vestido larguinho que tinha um laço na cintura.
- Já podemos ir?
- Podemos – disseram em uníssono e descemos depois que eu pus meus saltos. Estávamos nas escadas quando percebi a sala de estar completamente escura, achei estranho de cara, a sala nunca fica completamente escura, fomos descendo as escadas quando me veio uma coisa na cabeça, será que eles estavam planejando uma fes... meus pensamentos foram interrompidos por vários gritos.
- SURPRESA – diziam todos presentes naquela sala e a luz foi acesa me fazendo ter visão de uma mesa colocada ali cheia de comida e a mesa de centro (que ironicamente foi colocada no canto) com algumas bebidas, havia os nossos amigos e alguns internos e enfermeiros do hospital. Em alguns minutos já havia falado com todos e fui na direção de .
- Você que fez isso tudo, não foi? – eu perguntei e ele me abraçou rindo.
- Eu e – ele disse no meu ouvido, então era isso que eles estavam me escondendo.
- Você manipulou minha filha para ela mentir para mim – eu disse olhando para o e colocando as mãos na cintura. - Assim ela pode não me obedecer mais.
- Dúvido – riu me abraçando novamente. Ficamos nós dois ali, encostados na escada, abraçados e observando todos ao redor, estávamos simplesmente aproveitando um a presença do outro. – Ei – me chamou e eu olhei para cima, para olhar seus olhos. – Você ‘tá linda hoje – ele disse e eu abaixei a cabeça, sorrindo envergonhada e ele levantou meu queixo com o dedo. – Eu te amo – ele pronunciou e me beijou lenta e maravilhosamente e eu repeti sua última frase durante o beijo enquanto sorriamos um para o outro. Ele me puxou pela mão e subimos as escadas até o quarto e ele entrou se sentando na cama enquanto eu fechava a porta e virava a chave, me aproximei de e ele me puxou para cima dele e eu o beijei, enquanto tirava sua blusa e ele abaixou o zíper do meu vestido, levantamos para que eu pudesse tirar o vestido quando ouvimos baterem na porta.
- Pessoal, se vocês estiverem aqui, desçam rápido, é urgente – disse Chaz do outro lado da porta e e eu nos entreolhamos ficando assustados com o tom de voz dele e rapidamente nos recompomos descendo, imaginei logo que havia passado mal de novo, não é possível, já tem quase um ano a cirurgia dela que deu completamente certo e eu perturbei o Dr. Montgomery várias vezes perguntando se podia voltar e ele sempre me disse que não. Chegamos ao andar de baixo e Chaz nos direcionou até a porta de entrada, onde havia um policial.
- Boa noite – ele disse se virando. – Senhor , senhorita – ele nos cumprimentou apertando as nossas mãos.
- Aconteceu algo? – perguntou e logo vi que Ryan, Chaz e Caitlin estavam perto de nós.
- Infelizmente sim – ele disse e pegou um papel do bolso. – A senhorita Smith foi encontrada, recebemos uma denúncia anônima alegando que ela estava na Carolina do Norte e recebemos também o endereço, ela está detida e está sendo trazida para cá, os senhores gostariam de fazer alguma denúncia?
- Quando ela vai chegar? – perguntou .
- Amanhã à noite e no dia seguinte pela manhã – o policial respondeu e , que estava de mãos dadas comigo, soltou minha mão e entrou em casa novamente. Chaz chegou perto e Caitlin também se aproximou me abraçando.
- Podemos ter um tempo para pensar? – Ryan perguntou.
- Precisamos conversar entre nós para ter certeza que não tomaremos a decisão errada – completou Chaz.
- Sem problemas, contanto que seja até segunda – o policial disse e todos concordamos e entramos depois que ele arrancou com o carro da policia.
- Eu vou lá falar com o – eu disse e Cait, que ainda estava me abraçando, me desejou sorte. Subi as escadas e bati levemente na porta do meu quarto vendo a porta se mexer percebendo um deitado na cama olhando para o teto, entrei e fechei a porta sem parar de olhar para ele, então eu tirei meu sapato e ele chegou para o lado deixando espaço para que eu me deitasse junto dele, assim que me deitei, o abracei e ele apoiou a cabeça no meu peito e me abraçou com força pela cintura enquanto eu passava meus braços em seu pescoço. Ficamos assim por um tempo enquanto eu acariciava seu cabelo levemente e ouvi um suspiro sentindo se afastar e vendo ele se deitando na cama normal. – Como você está?
- Sinceramente? – ele me olhou. – Não faço ideia. O que vai acontecer? Eu devo fazer a denúncia? Qual vai ser a diferença? Ela só cometeu um crime, não vai ficar presa pelo tempo que eu desejo.
- Chaz combinou com o policial que íamos todos nos juntar para conversar sobre isso, todos tomaremos uma decisão juntos, você não precisa ficar com o peso do que vai acontecer todo sobre você – eu disse e ele me abraçou fazendo com que eu deitasse em seu peito e eu o abracei firme mostrando que estava do seu lado para tudo. Ficamos um tempo assim até que eu me lembrei de algo. – ? – eu disse e ele resmungou algo como se dissesse que está ouvindo. – Já pensou em ter filhos? – perguntei e levantei para olhar seu rosto enquanto ele respondia.
- Claro – ele disse somente e eu o olhei esperando uma continuação na sua resposta. – Calma aí, por que a pergunta? – ele se levantou rapidamente e olhou para minha barriga voltando a olhar meu rosto em seguida. – Você ‘tá gravida?
- O que? Não, não – eu respondi rapidamente. – Eu só estava curiosa para saber sua opinião.
- Claro que eu gostaria de ter filhos, principalmente com você, meu amor – ele disse e se aproximou me beijando e nos deitamos novamente. – Imagina outra menininha e um garotão, eu vou ser o homem mais feliz desse mundo se você me der um filho, .
- Que bom – eu disse fechando os olhos e notei algo em sua pergunta. – Calma, você disse outra menininha? – me levantei ficando apoiada em um braço o olhando. – Quer dizer que você considera a sua filha?
- Obvio, eu ficaria super orgulhoso se fosse realmente o pai dessa garotinha, ela é incrível, super obediente, sempre se preocupando com os outros, não dá trabalho, conversar com ela é super fácil. É a melhor filha que alguém pode ter – ele disse e eu o beijei, é possível se apaixonar novamente pela pessoa que você já está apaixonada? Deitei com um sorriso enorme no rosto o abraçando. O tempo decide tudo. – Calma aí – disse se levantando da cama. – O policial disse que recebeu uma carta? – ele perguntou e eu balancei a cabeça, confirmando. – Será que é da mesma pessoa?
- Qual pessoa? – eu perguntei e me olhou com cara de quem estava escondendo algo.
- Vem comigo, te conto no caminho – ele disse e jogou um par de chinelos em minha direção e o seu casaco. Me vesti e desci o acompanhando até o carro, Caitlin veio falar comigo, mas eu disse que não sabia onde estávamos indo, entrei no carro e logo saiu andando. Ele parou no sinal e eu botei a mão por cima da sua quando ele pousou a mesma no freio de mão.
- Fala comigo, amor.
- No ano passado o pessoal e eu estávamos recebendo umas cartas anônimas de uma parada que eu não lembro, por causa do acidente – ele disse me olhando e eu concordei me lembrando do acidente de carro que ele contou. – Foi na época da faculdade, teve uma confusão com uma ex minha e hoje ninguém sabe dela, e do nada alguém começou a enviar umas cartas anônimas com coisas sobre ela como se quisessem que a gente soubesse de algo, só não conseguimos desvendar o que era – ele acelerou quando o sinal abriu, mas continuou. – Desde que eu fui atrás da Ashley, na Geórgia, pararam de mandar as cartas, pensávamos ser ela, mas a Ashley não falaria sobre minha ex, ela não suportou nem saber que nós estávamos juntos, por que mandaria cartas sem sentido sobre alguma ex minha? – ele disse e me olhou preocupado. – E agora o policial também recebeu a carta, e as cartas que recebíamos eram escritas à mão, eu carrego uma anotação comigo – ele tirou do bolso e me entregou um papel que dizia "acho que você deveria ir atrás do passado e descobrir o que aconteceu nesse dia". – E eu quero saber se foi a mesma pessoa que mandou – ele disse e assim que terminou paramos na frente da delegacia e logo entramos procurando o policial que foi lá em casa, entramos em sua sala e pedimos para ver a carta, pegou a carta e o papel dele comparando os dois e me olhou. - É a mesma letra.


Capítulo 18 - I am the sender of the letters

20 de maio de 1990, 07:28 AM – Brighton Way, 1735
POV’s


- Eu acho que tem que denunciar, sim. Aposto que ela fez outras coisas que a gente nem sabe – disse Cait quando eu entrei na cozinha.
- Bom dia – eu disse baixo recebendo quatro bom dias de volta.
- A noite foi boa, em, – disse Ryan rindo quando viu que eu estava com a blusa de e recebeu a água de um copo na cara em resposta.
- Respeita minha mulher, cara – disse , enchendo o copo novamente e eu fui em direção ao armário pegar uma caneca.
- Que isso, cara, tava brincando com a zinha, não foi, ? – Ryan perguntou para mim e eu concordei pegando a jarra de café vendo que estava vazia, vi levantando e vindo em minha direção enquanto eu pegava o saco de café.
- Eu faço o café – ele disse.
- Eu não me importo de fazer.
- Mas eu me importo que você faça.
- Ah, eu também me importo e eu ‘tô querendo café – disse Caitlin estendendo a xicara à sua frente.
- Por que vocês se importam?
- Assim, , com todo respeito, seu café é horrível – disse Chaz.
- Ei, meu café não é ruim.
- Exatamente, não é ruim, só é muito forte – disse .
- Eu não acho.
- me chamou e eu o olhei enquanto sentava em uma das cadeiras. – Você faz um saco de café desses aqui – ele disse levantando o saco. – Para uma xicara de água. Eu acho que seria mais fácil você fumar o pó de café que ter o trabalho de misturar ele no agua.
- Como eu faria para fumar café, ? Não dá, não vendem cigarro de café.
- É só fazer um – disse Ryan e todos o olharam tentando entender. – Lá na Finlândia tem muita gente que fuma e muita gente que toma café e uma vez me mostraram que é enrolar em um papel especifico lá que eu nem lembro nome, amarra direitinho e acende um dos lados e fuma o outro, é igual fumar cigarro, já fumou cigarro? – ele me perguntou e eu assenti. – Então é igualzinho, fácil desse jeito.
- Prefiro meu café, um saco de pó de café mais uma xicara de agua mesmo, fumar faz mal.
- Mas você tomando café assim é quase fumar, só que sem aspirar – disse Caitlin e nós olhamos para ela procurando o sentido nessa frase e ela deu de ombros.
- Olha gente, ‘tá aqui o café – disse colocando a garrafa térmica na mesa. – Mas eu acho melhor eu entregar primeiro para a viciada aqui – ele disse me entregando a garrafa e eu pus o meu café e passei para o Chaz.
- Enfim, o que estavam falando antes de eu entrar? – perguntei.
- Sobre o caso da Ashley e o que a gente vai fazer – disse Caitlin.
- E você é a peça chave para a nossa decisão – Ryan falou botando uma certa pressão.
- Por que a peça chave? – perguntei.
- Porque a Ashley feriu você – disse .
- E qual a opinião de vocês?
- A gente acha que temos que denunciar mesmo, ela não deixa de ter cometido um crime, dois na verdade – disse Chaz.
- Dois? – perguntei.
- Sim, na formatura também.
- O que aconteceu na formatura? – perguntei.
- Ashley drogou o , ela colocou um remédio que te faz perder os sentidos e depois apaga na bebida dele, ele agarrou ela na frente de todo mundo, dançaram juntos e depois ela levou ele para um quarto para a ex dele encontrar os dois juntos e terminar com ele – Caitlin disse e eu levantei com algumas lagrimas nos olhos, peguei minha xicara e fui para sala e sentei no sofá que fica de costas para cozinha, de forma que eles não conseguiam ver que eu estava chorando. – Eu disse algo errado? – perguntou a mesma baixinho para que eu não escutasse, o que perceptivelmente não deu certo, já que eu ouvi. Percebi passos vindo para cá e tentei limpar meu rosto rapidamente.
- Ei, o que houve? – perguntou e eu balancei a cabeça de um lado para o outro. – Fala pra mim – ele pediu e eu me encolhi mais no sofá deixando a caneca na mesinha que fica do lado do mesmo. – Quer ir lá pra cima e a gente conversa com privacidade? – balancei a cabeça novamente.
- Eu só quero ficar quietinha aqui – eu disse e ele me abraçou dando um beijo na minha testa e ligou a televisão colocando no canal que estava dando jornal .
- Quer que eu traga algo para você comer? – ele perguntou e eu balancei a cabeça novamente e olhei para a escada ouvindo um rangido da mesma e vi descendo, assim que ela viu que eu estava chorando veio correndo em minha direção, limpando minhas lagrimas e me abraçando.
- Vou trocar de canal, ‘tá? – ela perguntou e eu assenti a vendo colocar em um canal de desenhos e ficamos assistindo e rindo nós duas, um tempo depois se juntou a nós deixando no meio de nós dois e me abraçou também.
- Que tal a gente ir no cinema? Todo mundo – Ryan sugeriu e todos concordamos. – Eu vou chamar a Anna, chama o Enrique, Caitlin.
- Ah, acho que não – ela disse e todos olhamos para ela em dúvida, não sabíamos se tinha acontecido algo. – Não podemos deixar o Chaz sozinho, não é? – ela disse e demos de ombros, puxei e ela para o meu quarto para nos arrumarmos.
- , já tomou banho? – perguntei e ela balançou a cabeça negando. – Então vá tomar banho, agora – eu disse e ela foi para o banheiro, fechei a porta depois que ela saiu e puxei Caitlin para sentar na cama. – O que aconteceu, amiga? – Cait e eu nos aproximamos muito esse último ano, na verdade, me aproximei de todos os amigos do , sempre estamos nos falando, almoçando juntos e todos vêm na minha casa direto.
- Acho que tinha razão no que ela disse ontem, pensei bastante a respeito e acho que concordo, sinceramente.
- Sobre o que?
- Acho que eu ‘tô realmente gostando do Ryan – ela disse ficando encabulada. – Na verdade, acho que sempre gostei só que nunca quis admitir, ele sempre foi do tipo que pega todos, que gosta de sair mundo afora e que só gosta de festa.
- Você também gosta de sair mundo afora e ama uma boa festa, só não pega geral porque ‘tá namorando o Enrique há um tempão, e se você não estivesse com ele, e na época da faculdade? Como você era?
- Ah, sempre fui do tipo popular, mas nunca fui de pegar todo mundo, sempre selecionei os melhores.
- E também nunca ficou com o Ryan?
- Já, várias vezes, na verdade.
- E como foi?
- Foi muito bom, meu coração acelerava e eu me derretia toda, bem clichê.
- Então pronto, por que você acha que não gosta dele se você acabou de dizer sentimentos de quem tá apaixonada?
- Mas isso foi na época da faculdade, hoje eu não sei mais.
- Como você se sente quando está perto dele?
- Muito, mas muito feliz, sempre fico tão preocupada quando ele ‘tá viajando, porque é tão difícil manter o contato. Nessa última viagem dele eu quase morri de preocup... ai meu Deus, eu ainda sou apaixonada por Ryan Butler – ela disse se interrompendo e percebendo o obvio.
- O que você deveria fazer agora?
- Eu não sei. Eu tô com o Enrique e ele com a Anna, o que eu faço?
- Primeira pergunta – eu disse e a olhei. – Você gosta do Enrique?
- Gosto.
- Deixa eu reformular a pergunta, então. Você ama o Enrique? – perguntei e ela parou e olhou para o outro lado pensando na pergunta.
- Eu acho que não.
- Vocês estão juntos há quanto tempo?
- Quase quatro anos.
- E você acha que não ama ele? Você deveria ter certeza disso, Cait, certeza absoluta.
- Eu não o amo – disse ela decidida. – Eu já o amei, disso eu sei, mas com o passar dos anos nossa relação esfriou – ela me respondeu e entrou no quarto.
- A gente termina isso depois, ok? – perguntei e ela concordou se levantando e indo para meu closet se vestir.
- O que houve, mamãe? – perguntou enquanto eu secava seus cabelos.
- Tia Cait não sabe ter namorado. Eu não sei me vestir e ela não sabe ter namorado.
- Ela namora errado? – ela perguntou cheia de duvidas.
- Ela não namora errado, só com a pessoa errada – eu disse e ela abriu um sorriso.
- Então eu tinha razão, né? Ela gosta do tio Ryan.
- – Caitlin me repreendeu voltando ao quarto. – É você que coloca besteiras na cabecinha dela não é?
- Na verdade não, ela é muito esperta mesmo, essa é a primeira vez que eu converso com ela.
- Dúvido – ela disse voltando para as roupas.

17 de julho de 1990, 10:28 AM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Passaram quase dois meses desde a minha conversa com Caitlin, ela demorou, mas resolveu terminar com o Enrique na semana passada, eles conversaram e conseguiram entrar num acordo, de forma que nenhum dos dois ficasse mal, nesse momento estou indo até a sala de , que pediu que eu fosse até lá. Bati na porta e abri após o convite. Entrei vendo Ryan, Chaz e .
- Caitlin já ‘tá chegando, senta aí – pediu sem levantar a cabeça de alguns papeis.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei me sentando ao lado de Chaz.
- Já sabe das cartas né? – ele perguntou e eu assenti. – Recebemos outra – olhei para ele assustada. – O remetente ‘tá no hospital.
- Como assim? – falei baixo, mas desesperada e ele deu de ombros.
- Não fazemos ideia, só recebemos a carta e estamos esperando Caitlin – ele concluiu e sentou direito na cadeira, dando a entender que não diria nada mais e eu fiz o mesmo esperando Caitlin, que não demorou muito.
- O que houve? – ela perguntou assim que entrou e entregou os papeis em suas mãos, já que estava ao seu lado me inclinei para ler as mesmas. Um dos papeis era o que carregava sempre, aquele que ele comparou com a carta do policial e o outro era o recado mandado recentemente, dizendo que o remetente estava no hospital, não havia assinatura nem nada do tipo, apenas a mensagem, ela pôs as cartas em cima da mesa de e me puxou para fora da sala. – Será que um dos meninos pode estar mandando as cartas?
- Não sei, mas acho difícil. Por que eles fariam isso? – perguntei pensando em questão.
- Não faço ideia, mas presta atenção, Ryan só aparece quando convém e Chaz ficou anos sem falar com .
- ‘Tá, mas Ryan é o melhor amigo de desde crianças e Chaz ajudou você a decidir sobre o que fariam depois do acidente, não acho que eles queiram o mal. Se forem eles, pode ser que apenas estejam querendo alertar algo.
- Mas por que eles não falam na cara do ?
- Talvez por medo de sua reação – eu disse e Caitlin concordou. – De repente, pensaram que as cartas intensificariam o assunto – eu disse e uma enfermeira passou nos olhando estranho e Caitlin me puxou até o estacionamento, fazendo com que fossemos até seu carro para ficarmos com mais privacidade por conta do assunto. – Olha, eu acho que Ryan não faria isso – eu disse e ela me olhou esperando mais informações. – Quando e eu começamos a namorar, Ryan disse para ele que não ia com a minha cara, perguntou como poderia se apaixonar tão rápido por uma pessoa que havia acabado de chegar, Ryan sempre envolve assuntos polêmicos, não pensa nem duas vezes antes de falar qualquer coisa, tenho certeza de que ele falaria de cara se fosse quem tá mandando – Caitlin observou com cuidado minhas palavras as absorvendo, por mais que ela goste de Ryan, ela acha sempre que o certo vem em primeiro lugar.
- Concordo, e o Chaz, bom, nem faz sentido – ela disse pensando devagar e colocando a perna em cima do estofado se virando em minha direção. – Ele é muito lerdo para escrever tantas cartas de forma que dê certo – ela disse e ela pareceu ter lembrado de algo. – E não é a letra dele, nem de Ryan – ela disse se lembrando que as cartas foram escritas à mão .
- Isso, esse detalhe é extremamente importante, é muito difícil mais de uma pessoa ter uma letra tão parecida. Mas esse hospital é enorme, pode ter sido qualquer um.
- Pode ter sido qualquer um que conheça e tenha convivido com o nosso passado, não?
- Verdade, mais quem nesse hospital conviveu com vocês naquela época?
- ‘Tá, pode realmente ter sido qualquer um – olhei para ela sem entender. – Muitos enfermeiros fizeram faculdade na UCLA e ficaram aqui depois que se formaram.
- Pode ser qualquer um então – eu disse entristecida e ela concordou. Ótimo, voltamos à estaca zero.

17 de julho de 1990, 10:45 AM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


e Caitlin saíram da sala do nada, esperamos alguns minutos achando que elas estavam especulando algo e então fui até a porta, mas elas não estavam no corredor, me virei voltando à minha cadeira e disse.
- Será que Caitlin está mandando as cartas?
- Será que ela está mandando as cartas junto com a ? – disse Ryan.
- Será que uma das duas está mandando as cartas e admitiu para a outra? – concluiu Chaz.
- Acho que a não deve estar ajudando, ela chegou há um ano atrás, ela não sabe o que aconteceu na formatura – eu disse.
- Mas Caitlin pode ter contado para ela e ela apenas redigiu as cartas – Chaz disse e nós ficamos pensando o que poderia ter sido.

17 de julho de 1990, 11:08 AM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Eu estava voltando para a sala do para avisar que o trabalho de Cait ligou e ela teve que ir embora quando eu esbarrei em alguém, acabando por deixar várias pastas e fichários caindo, eu tenho seriamente que prestar atenção por onde ando.
- Ai, meu Deus, deixa eu te ajudar, como eu sou desastrada – eu disse me abaixando e pegando algumas pastas que se abriram.
- A gente só se encontra assim em – ouvi a pessoa falando e então me virei para ver quem era.
- Enrique, quanto tempo eu não te vejo.
- Verdade – ele disse rindo um pouco e se abaixou pegando os fichários.
- Poxa, esse aí quebrou – eu disse vendo um que ele pegou. – Me desculpe, de verdade, prometo que vou passar a prestar atenção por onde ando – eu disse e ele riu dizendo que não havia problemas, terminei de ajuda-lo e coloquei tudo em seus braços o vendo sair meio desajeitado por conta do peso. Depois disso me virei para o outro lado para ir em direção à sala de quando vi um papel no chão, me abaixei para pegar pensando ser um dos papeis que Enrique carregava, mas quando o abri vi que se tratava de uma mensagem, guardei o papel para entregar a e voltei a ir até a sala dele.
- Gente – eu disse entrando e , que estava ao lado da porta, me puxou e trancou a porta atrás de mim.
- Queremos que você nos conte tudo – ele disse me empurrando para uma cadeira e me fez sentar, sentando em outra à minha frente.
- Contar o que?
- Tudo que Caitlin te contou – disse Ryan ao meu lado.
- Ela ‘tava desconfiando que fosse um de vocês – eu disse suspirando. – Eu também, no início. Mas não faz muito sentido ser algum de vocês – eu disse e me olhou em dúvida como quem perguntasse o porquê. – Ryan não tem papas na língua para falar qualquer coisa para você.
- Verdade, eu disse na cara de vocês dois que eu não tinha ido com a cara da – ele disse me olhando. – Em compensação, hoje te considero minha irmãzinha – ele disse e me abraçou.
- E Chaz, segundo Caitlin, é lento demais para ser o remetente dessas cartas, ele não conseguiria guardar o segredo e acabaria falando, fora que ele também poderia falar na sua frente também, sem problemas – eu disse e os três concordaram. – Na minha opinião essas cartas deveriam vir com uma luz sobre o que devemos fazer com a Ashley, isso sim.
- Verdade – disse Ryan. – Temos que resolver o que faremos.
- Gente – disse Chaz, olhando pelo vidro que tinha na sala, era um vidro para a gente, quem tava do lado de fora via apenas um espelho, olhamos para lá e nos aproximamos vendo uma pessoa com um capuz e roupas largas, como se estivesse se escondendo. – O que é isso?
- Eu não sei – disse e vimos a pessoa vindo para a sala onde estávamos, alguns segundos depois bateram na porta e foi abrir. – Bom dia – ele disse, mas a pessoa o interrompeu fechando a porta e o agarrando em seguida e eu arregalei o olho sentindo Ryan me segurar enquanto meus olhos se enchiam de lagrimas. – Ei, o que é isso? – perguntou segurando a mulher pelos braços para que ela parasse de beija-lo, até que a pessoa retirou o capuz.
- , eu te amo, não me deixe – disse ela e Chaz se virou chamando os seguranças pelo pager. – Por favor, me perdoa, eu não queria ter feito nada do que eu fiz, eu estou completamente arrependida de tudo, eu não deveria nem ter fugido, me perdoa, por favor – ela disse e os seguranças abriram a porta com força a segurando, impedindo que ela fugisse.
- Nós chamamos a polícia, senhor – disse Bruce. – Esperamos que não se importe.
- Não, nem um pouco, fizeram completamente certo – disse .
- Não faz isso comigo, , eu te amo, você sabe disso .
- Você é louca, Ashley – disse Ryan.
- Você tem que ser internada – disse Chaz e em seguida senti minha pressão baixando, fazendo com que eu caísse sobre Ryan, que me segurou, mas não perdi os sentidos, apenas a força, ele me pegou no colo e me fez sentar na cadeira.
- É tudo sua culpa, sua vadia – rosnou Ashley ainda sendo segurada, logo depois dessa frase a polícia entrou.
- Você está presa Ashley Smith, por ser foragida e investigada e por ter tentado matar a senhorita – disse o policial com um mandato e a algemou a levando.
- Não a levem – disse alguém entrando na sala. – Ainda não, vocês precisam saber todas as coisas que ela fez antes que a prendam.
- Ela cometeu mais algum crime? – perguntou Chaz olhando a pessoa.
- Sim, há mais alguns para a sua ficha criminal – disse e deu alguns passos à frente entrando na sala. – Eu tenho algo para dizer.
- Então diga – disse .
- Eu sou o remetente das cartas anônimas que vocês receberam.


Capítulo 19 - Will You Marry Me?

- Eu sou o remetente das cartas anônimas que vocês receberam.
- Vamos para a sala de reuniões – disse . – Essa conversa vai ser longa - pegou alguns papeis de sua mesa e os colocou em um envelope enquanto todos saiam e eu o olhava enquanto isso. – Você está bem? – ele perguntou quando notei que apenas eu havia ficado ali.
- Mais ou menos – eu respondi e me levantei indo até ele. – E você?
- Vou ficar depois que tudo isso foi resolvido – ele disse e me puxou pela cintura, me dando um leve beijo enquanto pegava o envelope e nos guiava para tal sala, chegamos lá e ele parou na frente da cadeira presidencial e eu me sentei na cadeira vaga, que era entre a de e Ryan, assim que me sentei, Ryan segurou minha mão e eu percebi o seu nervosismo pelo seu toque. – Boa tarde a todos – ele disse e todos ficaram quietos. – Eu quero que aguardem alguns minutos para que eu chame Caitlin, para podermos discutir o assunto – ele disse e todos assentiram enquanto ele se retirava da sala levando o envelope pardo junto consigo.
- O que tem dentro daquele envelope? – Chaz, que se sentava na cadeira ao lado de Ryan me perguntou e eu dei de ombros.
- Não faço ideia, ele colocou com o maior cuidado, acho que nem queria que eu visse, mas tinha algumas fotos, eu acho, e vários papeis – respondi e ele se encostou na cadeira comentando algo com Ryan. Após alguns minutos de espera, entrou na sala em silêncio, o que começou a ficar constrangedor, pus minha mão em cima da dele mostrando que estava ao lado dele para qualquer coisa que acontecesse e ele sorriu levemente para mim.

17 de julho de 1990, 13:21 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Passados alguns minutos depois de eu ter pedido para Rose ligar para Caitlin, a mesma entrou na sala onde estávamos e se sentou na primeira cadeira à minha esquerda, já que as cadeiras à minha direita estavam ocupadas. Me levantei e anunciei.
- Boa tarde, novamente – disse e esperei que me respondessem. – Estamos hoje reunidos para entender a frase que foi dita pelo senhor Mallette há alguns minutos atrás – eu disse e percebi Caitlin perguntando baixo o que havia acontecido para , que disse para que a mesma esperasse. – Por favor, senhor Mallette, repita sua frase e explique o significado e seu objetivo com suas ações – concluí e me sentei o vendo se levantar.
- Bom, boa tarde – ele começou e ouviu novamente o mesmo coro de alguns segundos antes. – Eu sou o remetente das cartas que , Chaz, Caitlin e Ryan receberam e posteriormente enviei uma ao policial aqui presente também. O motivo é que eu sei tudo que aconteceu naquela noite, mas sei que , mesmo sendo meu primo, não gosta de mim e não me ouviria, ou pelo menos não acreditaria em nada que eu dissesse – ele disse e eu balancei a cabeça, concordando mentalmente. – Dessa forma, resolvi tentar mexer com a cabeça de vocês, para que se lembrassem disso, porém não me foi mencionado o fato de ter sofrido um acidente há alguns anos atrás e ter perdido a memória, na época eu estava trabalhando em Nova York – ele disse e o escritor que o policial havia chamado anotou suas palavras. – Eu não sabia disso, mas sabia que ele não tinha conhecimento do ocorrido há quase nove anos atrás, dessa forma, resolvi contar quando percebi que a garota que eu mencionava voltou – ele disse olhando para todos que estavam na sala e pousou seu olhar no envelope que estava em minha frente. – São as cartas? – perguntou e eu assenti erguendo-as em sua direção para que pegasse e o envelope foi passado de mão em mão até que chegasse nas suas, ele abriu o envelope e retirou as fotos e uma pulseira, colocando em ordem em cima da mesa, depois retirou as cartas colocando na mesa também e então pegou uma foto, era a foto de uma mulher sendo levada em uma ambulância. – Nessa foto tem a sua namorada da universidade – ele disse e ergueu a foto para que todos vissem. – Haviam muitos fotógrafos no dia da formatura, naquela época e muitos registraram esses momentos, ela havia passado mal e tinha sido levada ao hospital, depois da formatura ninguém soube o paradeiro dela e especularam várias coisas, eu sei da verdade – ele olhou para todos após encarar a foto por alguns segundos. – Ela estava gravida e passou mal, ela não sabia, só soube quando chegou no hospital – me sentei direito na cadeira e a cheguei para frente ficando com o tronco em cima da mesa, afim de prestar o máximo de atenção possível em suas palavras. – Eu sei porque fui com ela, era a pessoa que estava mais próxima dela naquele momento e os paramédicos me perguntaram se eu a conhecia e se poderia prestar apoio a ela assim que a mesma acordasse e fui, fiquei surpreso, porque nem ela sabia.
- Posso te interromper um instante? – perguntei e ele assentiu. – Essa criança está viva hoje?
- Está sim, , você tem um filho sim – ele disse e abaixou a cabeça pegando uma carta e colocou a foto perto do policial, já que ele iria averiguar o caso. – Depois enviei essa carta, dessa vez para Caitlin – ele disse e a olhou. – Está escrito “você deveria ir atrás do passado e descobrir o que aconteceu nesse dia’’, na época ainda namorávamos e ela passou a noite na minha casa e acabou comentando comigo sobre as cartas. Disse que sabia de quem estava falando, só que não conseguia lembrar exatamente da pessoa e nem seu nome, havia destruído tudo sobre ela e guardado apenas uma foto 3X4 da época da faculdade, tinha certeza que aquela mulher estava diferente, eu dei um conselho a ela – ele a olhou esperando que ela dissesse algo.
- Me disse que, se eu havia recebido a carta e e Chaz também, era porque aquilo tudo significava algo e dentro de tudo havia algo que não sabíamos e que devíamos saber – disse Caitlin dizendo o que ele esperava ouvir.
- Exatamente, e a carta que mandei para Chaz foi a seguinte “estava tão bêbado que nem conseguiu saber o que aconteceu na festa e ainda disse que se importava’’ – ele leu o bilhete o nos olhou novamente. – Chaz havia bebido muito e estava no meio da pista de dança quando tudo aconteceu, ele não viu, estava tudo tão cheio lá, que acho que não veria nem se estivesse sóbrio, a garota era sua melhor amiga e ele não a viu sendo levada em uma ambulância, era isso que significava – disse olhando para Chaz que abaixou a cabeça, provavelmente chateado por não ter ajudado uma pessoa que era próxima dele, mesmo sabendo que teve uma razão para isso. – A próxima carta foi para Caitlin, quando a garota estava no hospital, me entregaram uma pulseira que havia caído, esperando que eu a devolvesse, mas eu nunca mais a vi, já que ela sumiu, mas eu guardei a pulseira, sabia que ela e Caitlin haviam feito juntas – ele pegou a pulseira e a deu para o policial. – Tem a inicial das duas – ele disse e o policial olhou a pulseira e colocou ao lado das evidencias. – Depois disso fiquei quase três meses sem mandar nada, imaginei que com a pulseira Caitlin fosse lembrar e entender tudo, mas acabou não acontecendo, foi quando ela me contou do acidente, então mandei essa carta – ele disse pegando outro papel e lendo o que havia escrito ali. – “Seus amigos nunca vão te contar, eles não querem te magoar’’ e ‘’caso ainda não saiba, esse foi o fim do seu baile de gala’’ e mandei o vidro com o sonífero que Ashley usou para droga-lo naquele dia, foi quando Ashley me contou que ela tomou coragem junto de Chaz para contar tudo sobre o acidente, mas dessa vez eu também havia mandado uma carta para Ryan e vi o momento que ele chegou completamente nervoso, correndo o hospital inteiro e havia alguns seguranças atrás dele, vi que ele tinha entrado na sala de e perguntei a Caitlin se ela estava no momento, já que todos no hospital ficamos preocupados, achando que havia acontecido algo muito grave, e então ela me contou que o Ryan também havia recebido uma carta, sua primeira, eu teria mandado para ele antes, mas ele não estava no estado, estava viajando, então na primeira oportunidade mandei para ele essa carta aqui – ele disse e pegou outro papel, entregando ao policial que estava em suas mãos anteriormente. – Era uma carta que a garota havia me entregado e me pediu para dá-la a Ryan, eu acabei tirando uma cópia, não para usar contra ela, jamais faria isso, mas porque percebi que ela não pretendia continuar aqui, até cheguei a perguntar sobre, mas a mesma não quis me dizer nada, então deixei por isso mesmo, já que achei que ela fosse se arrepender e voltar, ela era completamente apaixonada por e não o deixaria por nada nesse mundo, mas me enganei, já que ainda tinha a carta, resolvi usa-la para algo, mandei a cópia para Ryan e acabei sabendo que ele não havia lido a original, só que a carta estava dobrada quando eu fiz a cópia e como eu estava com pressa acabei copiando de qualquer jeito e só depois que percebi o erro de não estar completa e ainda ter parado no meio de uma palavra, na carta ela se despedia dele, que também era um de seus melhores amigos, e ela queria que ele soubesse que ela iria embora, mas não me recordo se ela disse o motivo pelo qual ia embora, não me record... – ele dizia quando foi interrompido por uma pessoa chorando compulsivamente, que se levantou.
- Me desculpem, por favor – disse ela. – Eu não queria magoar nenhum de vocês e nunca imaginei esse estrago inteiro – ela me olhou e olhou para meus amigos, parando seu olhar em Ryan por mais tempo. – Eu considerava demais vocês, eram meus melhores amigos, principalmente você, – ela disse me olhando e depois olhou para Ashley, que estava encolhida na cadeira do outro lado da mesa. – Mas eu fui covarde demais para continuar vivendo em Los Angeles depois de tantas coisas que Ashley fez comigo, aquele foi o ápice de todo mal que ela poderia ter feito – ela enxugou algumas lagrimas e prosseguiu. – Eu não sabia que ela havia drogado , na hora que eu entrei no quarto apenas os vi sem roupa, Ashley estava vestindo suas roupas intimas e estava na cama a olhando, naquele momento eu me senti péssima, estava furiosa, só conseguia pensar em me vingar – ela me olhou nesse momento e se sentou novamente. – Fui até o bar e bebi uns dois copos de vodka, depois fui até a pista de dança, quando eu encontrei Enrique e começamos a dançar juntos, depois o levei até um canto da boate, que era logo perto da porta e tentei ficar com ele, que de início não aceitou, mas na hora que rolou eu senti minha pressão baixar e não vi mais nada depois disso. Durante a madrugada eu acordei no hospital, o médico me disse que eu estava gravida e que deveria ficar no soro até de manhã para eliminar o álcool do meu corpo, eu já estava com três meses de gravidez na época, achei que minha vida estava destruída, meu noivo havia me traído e eu carregava um bebê dentro de mim, achei que aquele era o momento perfeito para tentar reconstruir uma vida perfeita, voltei ao Brasil, para a casa dos meus pais e tive , com todo apoio e dedicação que meus progenitores poderiam me dar, dei meu máximo para fazer minha residência em seguida, consegui passar no exame de primeira, quatro anos depois, e em dois anos eu já era uma medica renomada em São Paulo, foi quando eu recebi uma carta de , mas a carta não estava assinada por ele e sim pelo hospital, já que era um documento oficial, eu não conseguia nem imaginar que era ele o dono do hospital, eu me lembrava sim que seu pai era um dos donos, mas não imaginei que ele tinha morrido, então eu vim, juntei minhas coisas e as de minha filha e vim, quando cheguei aqui descobri que ele também era meu vizinho, no dia da minha entrevista que eu soube que ele seria meu chefe e que é o dono do hospital, assim que o vi, minha adolescência voltou completamente, eu me apaixonei só de vê-lo, depois que começamos a namorar percebia os olhares de Ryan, que parecia desconfiado de algo, eu só queria que ele se lembrasse de mim, para que não fosse tão difícil contar toda a verdade, mas acabou que seus olhares não deram em nada, era apenas uma desconfiança por eu ser uma “desconhecida” ao seu olhar e ele achar que se apaixonou muito rápido, então Caitlin e eu nos aproximamos demais também, ela amava ir lá pra casa e passar horas com , sempre nos ajudamos muito quando necessário nesse último ano e eu sempre pensava em como poderia contar para ela todo o passado, para que ela tentasse me ajudar, mesmo que ficasse com raiva de mim, tenho certeza de que ou ela contaria aos meninos ou me ajudaria a fazer isso, mas não consegui, eu sempre a via tão feliz que não conseguia retirar essa felicidade dela – ela pausou por um momento tentando conter as lagrimas e eu vi Caitlin, Ryan e Chaz chorando, só nesse momento eu percebi que também chorava. – Meu objetivo nunca foi magoar nenhum de vocês, eu só não queria que a minha filha convivesse com um pai adultero, Ashley já tinha tentado nos separar de tantas formas, ela já tentou me matar até, tive medo, também, que ela tentasse fazer mal à minha filha, quanto mais o tempo passou mais eu tive certeza de que essa tinha sido minha melhor decisão, imaginei que Ashley faria de tudo para ficar com depois que soubesse que eu havia ido embora, e quando comecei a trabalhar aqui vi que estava certa, já que eles estavam juntos, porém depois me contou que também foi uma armação dela esse relacionamento, ela fez a cabeça dele e de seus amigos para que conseguisse ficar junto dele – ela disse parando para respirar quando o policial resolveu falar algo.
- Só um momento – ele disse e pegou o papel do escrivão, que já havia começado a copiar na folha seguinte e perguntou. – Você disse que a senhorita Smith já tentou lhe matar – ele focou em algo que nem eu havia focado.
- Sim, senhor.
- Pode nos dizer como?
- Ela já tentou me atropelar várias vezes durante a época da faculdade, já me ameaçou mais ainda com objetos perfurantes, como facas e tesouras, sempre que falava comigo era de forma ameaçadora
- Por que você nunca me disse nada disso? – ouvi minha voz perguntando e ela se virou surpresa, imagino que tenha sido por eu ter dito algo.
- Eu achava que não era nada sério, até as vezes dos quase atropelamentos, nos dias que se seguiram ela me ameaçou, dizendo que se eu contasse algo a alguém, ela contraria alguém para me matar, já que sabia que esse tipo de gente não tinha piedade de nada e eu preferi ficar quieta, fiquei com medo – ela disse e eu me levantei.
- Eu preciso me retirar, com licença – disse e percebi Caitlin vindo atrás de mim.

17 de julho de 1990, 13:58 PM – UCLA Medical Center, Westwood Plaza
POV’s


Percebi Ryan ao meu lado nervoso, pela intensidade que batia o pé no chão e vi Chaz se levantando e pegando a cadeira onde se sentava alguns segundos antes e se aproximando, ele pegou minhas mãos e as segurou forte, ele me olhava e encarava nossas mãos, parecia procurar as palavras certas para serem ditas.
- Eu realmente não sei o que dizer – ele disse baixo.
- Isso tudo é verdade? – Ryan perguntou e eu o olhei. – Era , é verdade – ele me olhou e eu vi a dor no fundo de seus olhos.
- Sim, Ryan, é tudo verdade, eu nunca teria ido embora se soubesse que isso tudo era uma farsa, mas eu acho que não ficaria mais em Los Angeles sabendo que Ashley estaria solta por aí, era perigoso demais para vivermos nesse lugar – eu disse e Ryan se levantou.
- Eu acho que eu preciso de um ar ou eu vou morrer sufocado aqui dentro – ele disse e saiu e mais lagrimas saíram de meus olhos, fazendo com que Chaz fosse me abraçar, senti alguém passar a mão nas minhas costas, quando me virei vi Enrique e o abracei.
- Obrigada – disse em seu ouvido e o senti me abraçar mais forte.
- Pensei que essa fosse a pior coisa que eu pudesse fazer – ele disse e eu ri sem humor.
- E foi – eu disse e o olhei. – Mas me ajudou muito, depois que me contou das cartas eu nunca imaginei que fosse sobre isso.
- Calma aí, ele te contou das cartas e não contou sobre o que eram? – perguntou Chaz.
- Não, ele só disse que eram do seu passado e que vocês estavam tentando entender o significado – eu disse o olhando e coloquei uma mecha do meu cabelo para trás. – Se eu soubesse, era bem capaz que o que aconteceu hoje jamais tivesse acontecido, no dia que vocês disseram que precisavam de mais coisas para incriminar Ashley, eu quis muito contar, mas meu medo foi maior, ainda tinha medo de que ela fizesse mal a mim, ou pior, ela já sabia sobre , poderia tentar qualquer coisa com a minha pequena, eu nunca saberia passar por isso – eu disse e vi o policial passando com Ashley por mim, quando parou perto de nós com outras algemas e eu me levantei, ele me olhou de cima abaixo e ele abriu o objeto e o estendeu.
- Senhor Enrique Mallette, o senhor está preso por ajudar a senhorita Smith em seus crimes e por omissão – ele disse e empurrou Enrique sobre a mesa evitando que o mesmo fugisse e o algemou às costas o levantando. – Vamos – ele disse empurrando o mesmo e o outro policial levou Ashley, logo ficamos apenas Chaz e eu ali, até que ele se levantou e quando eu pensei que ele ia me deixar sozinha, ele estendeu sua mão em minha direção e me levou até seu carro, após alguns minutos paramos em frente à minha casa.
- Eu quero que você me faça um favor – ele me disse e eu o olhei. – Quero que você conte o que precisa saber, isso é muito importante para ela – ele concluiu e eu saí do carro entrando em casa e chamei por .
- Oi, mamãe – ela disse me dando um beijo na bochecha e eu sentei no sofá. – ‘Tá tudo bem? A senhora chegou cedo, já almoçou?
- Eu preciso conversar com você, princesa – eu disse e tomei coragem para olhar em seu rostinho que se tornou preocupado por conta de meu tom de voz sério e logo ela se sentou no sofá. – Preciso te contar algo e eu espero muito que você me entenda – eu disse e ela cruzou as pernas se virando completamente para mim e eu fiz o mesmo. – Antes de você nascer, a mamãe passou por coisas horríveis e completamente assustadoras – comecei e ela assentiu. – Quando descobri que você existia, procurei te dar o máximo de proteção possível e consegui, te dei uma casa, comida na mesa e uma família que te ama muito – disse me referindo aos meus pais e ela me encarou com seus pequenos olhinhos azuis meio mel. – A mamãe fez faculdade aqui, no lugar onde eu trabalho, você sabe, não sabe? – perguntei e ela assentiu me fazendo lembrar de algo. – Fica aqui, eu já volto – disse e subi as escadas correndo, pegando algo que estava no fundo do meu closet e logo desci, o colocando em cima de meu colo e abrindo, logo ela se aproximou para ver quem era. – Você sabe quem são essas pessoas, certo? – ela assentiu.
- São a tia Caitlin e os tios Ryan, Chaz e – ela disse e me olhou. – O que houve, mamãe? – ela perguntou vendo algumas lagrimas em meus olhos.
- Eu quero te contar algo, só não ‘tô sabendo como.
- Pode contar, mamãe, tenho certeza que vou entender – ela disse e colocou suas pequenas mãozinhas em cima da minha.
- Esse moço aqui – comecei apontando para uma das fotos e a olhei. – Ele é seu papai – conclui e ela me olhou formando algumas poças em seus olhos.
- Meu papai? – perguntou e começou a sorrir e quando eu ia confirmar, ouvimos a campainha tocar e Anne foi atender, logo o vimos entrando na sala de estar e se aproximando do sofá. – Papai – percebi a emoção saindo de seu corpo quando ouviu essa pequena palavra saindo da boca de e ele a abraçou fortemente com muito carinho e deu vários beijinhos em seu rosto enquanto ela fazia o mesmo.
- – ele disse olhando em seu rosto. – Estou completamente radiante com essa palavra sendo direcionada a mim, sério – ele disse e ela percebeu o ‘mas’ que viria em seguida. – Mas eu preciso ter uma conversa muito séria com sua mãe agora – ele disse e se virou para Anne. – Anne, você poderia leva-la ao parquinho um pouco? – ele perguntou e ela assentiu estendendo a mão e saindo porta afora, fechei o álbum e fui o colocando de lado quando o ouvi. – Não, não – o olhei depois disso. – Se for o álbum da faculdade, vamos precisar dele – o peguei novamente colocando em cima do meu colo e olhei para meu namorado, ou não, não sei. – Eu quero que você me conte nossa história, por favor – ele disse e eu olhei o álbum em minhas mãos.
- Esse álbum conta quase tudo – disse e o entreguei, ele abriu na primeira página. – Essa foto foi no início de tudo, logo no último ano do ensino médio, quando eu entrei no colégio – o olhei e comecei. – Vim para os Estados Unidos fazer um intercâmbio, ia fazer faculdade aqui mesmo, durante aquele ano consegui meu visto permanente. Assim que entrei no colégio, Ryan foi a primeira pessoa a falar comigo, nós nos esbarramos na secretaria e ele me informou o necessário, ficamos conversando um pouco enquanto eu esperava que me atendessem e acabamos nos dando bem logo de cara, quando me chamaram, ele disse para que eu procurasse por ele que ele me apresentaria aos amigos, logo na primeira troca de aulas eu conheci Caitlin, ela me chamou para andar com ela e os amigos e eu aceitei, ela me ajudou o dia todo com o que eu precisasse e na hora do intervalo percebi que Ryan fazia parte do mesmo grupo, um tempo depois você chegou e eu me interessei logo de cara por você, mas nem disse nada, alguns dias depois perguntei para Caitlin se você tinha namorada e ela disse que não perguntando se eu tinha me interessado, e eu concordei né, era a verdade, ela disse que falaria contigo, uns dois dias depois você me chamou para sair e depois de algumas semanas começamos a namorar, Ashley também estudava lá e já gostava de você nessa época, mas ela não tentava fazer nada, até irmos para a faculdade – eu o olhei tentando evitar as lagrimas que queriam aparecer e virei a página. – Aqui foi nosso primeiro dia de faculdade, Caitlin e eu queríamos tirar foto de tudo, estávamos completamente eufóricas com esse novo mundo, mas logo no primeiro dia, Ashley veio me ameaçar, ela só não conseguiu terminar porque Cait chegou e a impediu, algumas semanas depois ela ficou com raiva porque nós ficamos namorando no parque que tinha lá no campus e ela viu, foi até meu quarto e me deu um soco, nesse mesmo dia nós íamos todos sair, mas eu disse que não tava me sentindo bem e vocês adiaram para a noite seguinte, acabei sendo quase obrigada a ir pela Caitlin, quando ela viu o roxo do lado do meu olho e me perguntou o que era, eu disse que tinha batido o rosto na porta, eu só queria contar para vocês o que estava acontecendo, mas eu tinha medo demais para isso, ficamos nessa durante os cinco anos da faculdade até você me pedir em casamento, ela me ameaçou, foi até meu dormitório e encontrou uma tesoura de ponta fina nas coisas de Caitlin, ela me ameaçou, conseguiu cortar meu braço também – mostrei a ele a cicatriz que havia um pouco abaixo do meu ombro por causa desse dia. – Eu tratei o ferimento e consegui disfarçar, uma semana depois foi a formatura e então você sabe o que aconteceu – eu disse e abaixei a cabeça olhando para as minhas mãos e ele levantou meu rosto para olha-lo.
- Olha – ele começou a dizer e ficou procurando as palavras certas. – Eu amo você, de verdade, agora sei que sempre amei, mas eu preciso de um tempo – o sorriso que eu comecei a abrir no início de sua frase se murchou rapidamente. – Também gostaria de passar mais tempo com , você não imagina a minha felicidade nesse momento de saber que essa pequena é realmente minha filha, eu ‘tô mais que radiante – ele disse sorrindo cada vez mais. - Eu vou pensar um pouco e dentro de alguns dias falo com você, pode ser? – ele perguntou e eu assenti me levantando o vendo me seguir, ele me deu um último sorriso e abriu a porta da frente vendo ali junto com Anne. – Oi pequena – ele disse e a pegou no colo facilmente. – O que você acha de passar um ou dois dias comigo?
- Acho incrível – ela disse animada e me olhou. – Vai ficar bem, mamãe? – ela perguntou e eu assenti a vendo ser levada por em meio a uma conversa animada e cheia de risadas, me sentei no sofá em prantos e percebi Anne se aproximando.
- Minha linda, lembre-se que você não tem culpa de nada disso, você é tão vitima quanto qualquer um deles – ela me abraçou e levou minha cabeça até seu colo me fazendo ficar deitada, Anne era quase uma segunda mãe para mim. – Você é uma mulher incrível que pensou nos seus amigos e na sua filha antes de pensar em si mesma, lembre-se disso, você não estava errada, você estava protegendo as pessoas que amava, apenas isso – ela disse e alisou meus cabelos enquanto cantava uma música baixinho, senti minha cabeça doendo e fui apagando devagar. Despertei um tempo depois percebendo que estava acompanhada e não era de Anne, me levantei rapidamente tentando focar minha visão e ver quem era.
- Minha vez de conversar com você, acho que fui a única que ainda não fez isso, né – ela disse e riu fracamente e se sentou no mesmo sofá que eu, ficando de frente para mim. – Podemos falar?
- Claro, Caitlin, pode falar o que você quiser.
- Por que você não contou nada para mim? Eu era sua melhor amiga, morávamos no mesmo dormitório até.
- Eu não pude, Cait, ela me ameaçou, disse que eu não podia falar para ninguém que ela iria atrás de quem soubesse, escrevi tudo em um caderno para poder pôr para fora de mim aquilo tudo que eu guardava, nem meus pais sabem, Cait, eu só disse a eles que havia me traído.
- Você podia ter me contado sobre isso, no dia seguinte da formatura, eu ia te ajudar, poderia ir para o Brasil junto com você, eu ficaria do seu lado, amiga, pode ter certeza disso, eu não aceito traição tanto quanto você.
- Cait, também tenho uma pergunta – comecei me lembrando de algo e ela me olhou curiosa. – Como sofreu esse acidente?
- Sinceramente, nós não sabemos – ela começou. – Ele estava sozinho no carro, vimos algumas câmeras de segurança procurando algo e ele simplesmente havia invadido a pista contraria, ele não estava bêbado e nem dormindo, dava para ver pelas imagens, ele parecia meio avoado, como se não estivesse prestando toda atenção necessária, procuramos saber se o defeito havia sido no carro, mas o carro também estava completamente normal, foi pura falta de atenção mesmo – ela disse se relembrando do que tinha visto. – O carro capotou três vezes, havia uma pequena ribanceira na estrada, o carro caiu ali e só parou quando bateu em uma arvore, só que bateu na lateral do carro, bem do lado dele e ele bateu a cabeça no vidro repetidas vezes até o carro parar, isso foi o que causou a perda de memória nele – ela disse chorando e eu a acompanhei.
- Isso pode ser culpa minha, não é? – perguntei e ela balançou a cabeça rapidamente negando.
- Claro que não é sua culpa, ele poderia sim estar pensando em você, mas naquela época o pai dele também tinha morrido recentemente, poderia ser qualquer coisa, tenho certeza – ela disse e me abraçou. – Não se culpe por algo que podemos nunca saber a verdade, que tal a gente ir comer sorvete enquanto vemos filmes tristes? – perguntou e eu assenti e fomos correndo até meu quarto enquanto pedíamos para que Anne preparasse tudo.

7 de agosto de 1990, 4:47 AM – Brighton Way, 1735


Acordei ouvindo a campainha tocar incessantemente, peguei o relógio da minha cabeceira e vi o relógio marcando quase cinco horas da manhã, peguei meu robe atrás da porta e desci correndo as escadas, assim que consegui achar as chaves e abrir a porta, vi um com o rosto completamente vermelho e como rosto todo molhado pelas lagrimas que escorriam.
- ? – perguntou sendo a única coisa que consegui dizer e apenas o vi se jogando em meu braço, tentei fechar a porta e leva-lo até o sofá mais próximo nos jogando ali. – ? – falei dando algumas batidinhas em seu rosto, de início achei que ele estava bêbado até que ele levantou o rosto e disse.
- , eu amo você – ele disse e eu segurei seu rosto entre minhas mãos. – Eu não sei o que está acontecendo, minha cabeça ‘tá doendo demais, me ajuda, por favor.
- , se acalma, pelo amor de Deus – segurei sua cabeça novamente que sempre caía quando eu soltava, resolvi continuar segurando. – O que ‘tá acontecendo?
- Eu não sei, só ‘tá doendo muito – ele se jogou no meu colo e eu tentei vira-lo para poder ver seu rosto, que continuava desesperado tentei falar com ele, mas ele não me respondeu por um tempo, o deixei deitado no sofá e fui pegar um pano e molhar um pouco, ele estava suando demais, corri até o tanque, do lado de fora da casa, peguei um balde e o enchi procurando um pano limpo e o molhei levando os dois até a sala, quando voltei, estava sentado no sofá olhando para o nada, larguei o balde e o pano no chão e me aproximei, pus a mão no braço dele, que se assustou e se afastou.
- ? O que houve? – perguntei preocupada.
- Blossom? – ele disse em voz baixa me chamando pelo apelido de tantos anos atrás, me aproximei devagar sentando ao seu lado. – ? Você ‘tá aqui, eu não acredito, você voltou – ele disse e me abraçou e no meio do abraço me apertou forte, só que foi forte demais.
- , você ‘tá me machucando – eu disse, mas ele nem se mexeu. – – repeti tentando me soltar e depois de uns empurrões consegui fazer com que ele me soltasse e ele começou a se tremer todo, segurei em sua mão tentando conte-lo mas não consegui, fui correndo até o telefone e disquei um número conhecido. – Caitlin? Vem aqui para casa, rápido.
- , o que houve? – ela perguntou sonolenta.
- não está bem, liga para o Ryan e Chaz – disse e desliguei sem esperar resposta e voltei para perto de pegando o pano molhado e o balde e colocando em sua testa esperando que ele parasse de suar quando ouvi a campainha. – Entra, ‘tá aberta – disse alto para quem me ouvisse e vi três pessoas passando e chegando perto.
- O que aconteceu? – perguntou Chaz.
- Eu não sei, ele tocou a campainha nervoso dizendo que a cabeça tava doendo, aí peguei um pano porque ele estava suando muito e quando voltei ele estava sentado, me chamou de Blossom do nada e me abraçou, ele começou a me apertar aí eu me soltei e liguei para Caitlin – disse rapidamente atropelando todas as palavras e Chaz foi examina-lo e Ryan ajudou o segurando.
- Já entendi tudo – disse Chaz se afastando e nos olhando, Caitlin e eu o olhamos pedindo explicações. – As lembranças dele estão voltando.
- Como assim? – perguntei.
- teve uma perda relativa de memória no acidente, perdeu a memória de 10 anos anteriores apenas, do dia que ele nasceu até mais ou menos seus 16 anos ele se lembrava, dali para frente não sabia nada que acontecia, ou seja, ele não sabia de você – Chaz disse com calma me olhando. – Ele parece ter batido a cabeça em algum lugar, ‘tá vendo esse galo na testa dele? – ele disse e eu percebi a bola enorme e inchada naquele lugar. – Isso deve ter mexido com o cérebro dele, fazendo as lembranças voltarem à tona e com vários pensamentos de uma vez só, a dor na cabeça dele foi gigante, no momento ele só precisa dormir, com certeza vai melhorar a dor, você tem algum calmante aí? – ele me perguntou e eu assenti indo buscar o remédio e logo já estava dormindo no meu sofá. – Tenho certeza de que ele vai melhorar em alguns dias – Chaz disse e Ryan se propôs a ficar para me ajudar com o que fosse necessário, já que ele não trabalharia naquele dia e eu concordei.

22 de setembro de 1990, 09:27 AM – Brighton Way, 1736
POV’s


- Papai, onde o senhor vai? – perguntou , que estava no meu sofá vendo televisão enquanto comia cereal.
- Você – gritei apontando em sua direção e ela deu um pulo com o susto. – Eu preciso de você, vem comigo – a peguei levando-a até o andar de cima e peguei uma fita com um laço a amarrando em sua cabeça.
- Eu virei um presente, papai? – ela perguntou rindo enquanto eu pegava o enorme urso de pelúcia e lhe dava.
- Mais ou menos, filha – disse rindo junto dela e a colocando no chão. – Vem comigo – a levei até a porta da casa ao lado. – Você vai fazer o seguinte – disse a colocando no chão e dando o urso em sua mão. – Você vai pedir à sua mãe que destrua completamente esse urso, porque tem algo dentro dele que ela precisa muito ver, haja como desesperada, como se tivesse perdido algo que você gosta muito dentro desse urso, quando você entrar em casa, deixe a porta encostada e a leve até a sala de estar, e não diz que fui eu quem pedi essas coisas, ok? – disse e ela concordou com tudo que eu disse e eu fui me esconder enquanto a via tocando a campainha.
- Mamãe, a senhora precisa me ajudar, eu perdi meu cordãozinho dentro desse bichinho, ele tem um buraco, olha, me ajuda eu não consegui achar, destrói ele, por favor, mamãe – ela disse desesperada entrando em casa e tentou acalma-la pegando o urso, fui até a janela vendo as duas rasgando o bicho todo até que ela encontrou o que eu queria e devagar e silenciosamente eu entrei na casa.
- Filha, não tô achando, pera aí, olha isso – ela pegou a caixinha a abrindo e eu entrei na sala a tempo de vê-la abrindo a caixinha. – , o que é isso? – ela perguntou olhando a pequena e a mesma me olhou procurando ajuda e eu me direcionei ao lado onde não podia me ver e me ajoelhei vendo apontando para trás, vi se virando e arranquei a caixa da mão dela a abrindo em sua direção.
- Anne , você aceita se casar comigo?


Capítulo 20 - Epílogo

10 de julho de 1992, 15:04 AM – Brighton Way, 1735
POV’s


- – Caitlin entrou no meu quarto berrando e eu me virei em sua direção procurando entender tudo até levar meu olhar em seus braços. Lá estava ele, a parte mais maravilhosa do meu dia e Anne entrou logo depois com outra parte maravilhosa.
- Eu sei que você quer o Dylan, mas primeiro vai ter que conversar com o Jason – ela disse me empurrando e me entregando o Jason.
- Caitlin, não fique dando nome à coisas, você me confunde toda, seja mais clara – eu reclamei a vendo revirar os olhos.
- Te apresento o Jason – ela disse erguendo o cabide na minha frente e me entregando o Jason, o peguei e entrei no closet, após alguns sacrifícios saí do mesmo e dei uma volta.
- Olha , você ‘tá perfeita, juro – disse Anne se aproximando. – Mas o Dylan precisa muito de você – ela concluiu e me entregou meu pequeno Dylan.
- E a também – disse ela própria se aproximando enquanto eu me sentava no banco da penteadeira e eu dei um beijo em sua testa.
- O Dylan é muito chato, não é? – perguntei para ela que me olhou estranho. – Precisa dar atenção a ele o tempo todo e a não recebe quase nenhuma – eu disse e fiz um pouco de cosquinha nela enquanto a mesma ria concordando e o pequeno Dylan começou a chorar por eu me mexer tanto. – Calma bebê, a mamãe precisa de dar atenção pra todo mundo – disse para o pedacinho de gente de seis meses que estava no meu colo.
- Pra os dois presentes e ainda vai ter o próximo – disse Caitlin, deitada na minha cama.
- Próximo? – perguntou , surpresa.
- Caitlin – chamei sua atenção e a mesma deu de ombros – era surpresa, eu ia contar para os dois juntos. – Eu disse e ela riu e se virou pensando em dormir.
- Então você vai ter outro bebê, mamãe? – perguntou .
- Vou sim, minha pequena – disse afagando seus cabelos loiros. – Você vai ajudar a mamãe de novo, não vai? – perguntei e ela assentiu um pouco triste e saiu do quarto. – Caitlin – a chamei e a mesma resmungou, mas se virou. – Me ajuda aqui – pedi a vendo se levantar e entreguei Dylan a Anne que o levou ao seu quarto e Caitlin abriu Jason e me ajudou a tira-lo, vesti o primeiro vestidinho que encontrei e fui sair do quarto.
- ? – chamou Caitlin. – A costureira já vai chegar, em.
- Não vou demorar, prometo – disse e saí do quarto indo até o quarto de e a vi no colo de , triste.
- Mas pensa só, e se for uma menina? – perguntou . – Vocês vão ser super amigas, você vai ter uma companheira sempre do seu lado – ele disse e enxugou as lagrimas no canto dos olhos pensando no assunto e me olhou parada na porta. – Já volto, princesa – ele disse e a pôs sentada na cama. – Pelo visto você tem algo para me contar, certo? – ele me perguntou levantando a sobrancelha e eu apenas sorri como uma criança escondendo algo.
- Até tinha, mas acho que você já sabe, nem tem mais graça contar.
- Mas eu quero ouvir da sua boca – ele disse se aproximando e colocou as mãos em minha cintura, me fazendo ficar mais próxima.
- Nós vamos ter mais um bebê – eu disse próxima de sua boca e lhe dei um leve beijo nos lábios, me afastando.
- Boa tarde, dona – disse a costureira passando por nós.
- Tenho que ir – disse lhe dando um último beijo e me afastei sentindo um tapinha na minha bunda e o olhei maliciosamente, recebendo o mesmo olhar de volta e entrei no meu quarto.
- Ótimo, você voltou – disse Caitlin se levantando e pegou a fita métrica que estava na mão da costureira, que reclamou. – Diga qualquer coisa negativa novamente e será demitida – ela ameaçou e a mulher se encolheu ficando quieta e Caitlin me deu Jason para me vestir e voltei para ela tomar as medidas. – Ainda bem que já ‘tá chegando semana que vem, senão você viraria uma bolota antes do casamento – ela disse rindo e eu peguei o enorme guarda-chuva que estava ali perto batendo na cabeça dela. – Assim não dá pra te ajudar, – ela disse com raiva
- Mamãe, posso ajudar a escolher alguma coisa? – disse entrando no quarto e eu me virei para pegar uma revista com algumas coisas do evento e fui entregar à ela quando vi um vulto na porta.
- Mas, o que.... – sussurrei e logo percebi o que era e pulei do banquinho de onde eu estava e saí correndo para fechar a porta gritando. – Sai daqui – ouvi um soco forte e uma respiração pesada.
- Maldição – ele reclamou do outro lado dando mais um soco, dessa vez mais leve, na porta. – Desisto – proclamou e ouvi seus passos se afastando. Girei a chave na porta e voltei ao banquinho deixando Caitlin continuar, a mesma terminou de beber o copo de agua que bebia, se recuperando do susto que dei nela.
- Posso prosseguir? – a mesma perguntou e eu concordei gesticulando para acender a luz e fechar a cortina da janela, caso resolva usar a escada para chegar à janela do segundo andar, depois de ter feito tais coisas, a pequena se sentou na cama olhando a revista e me mostrando vários modelos do que estava ali e logo Caitlin terminou seu trabalho, me deixando tirar Jason.
- ? – perguntou uma voz no outro lado da porta. – Dylan ‘tá chorando, acho que ele ‘tá com fome, vai demorar ai? – perguntou e eu abri a porta o vendo apoiado na mesma e caindo em seguida, bem a tempo consegui segurar Dylan, mas acabou não tendo a mesma sorte, se desequilibrando e caindo de bunda no chão. – Vejo, de longe, quem é mais importante na sua vida – ele reclamou se levantando e eu ri bastante, vendo meu pequeno pingo de gente tentar fazer o mesmo e todos rimos dele.

21 de julho de 1992, 4:50 PM
POV’s


Eu havia acabado de chegar na igreja junto de Ryan e Chaz, preferi chegar bem perto do horário, já que irá começar às cinco horas, porque mulher sempre se atrasa, sentamos todos no banco ali na frente esperando nossas mulheres.
- Carly vem com as garotas? – perguntei a Chaz e ele me confirmou, ficamos esperando mais alguns minutos até que Chaz resolveu ir até a entrada para saber se elas já estavam chegando e quando voltou disse que o mestre de cerimonias avisou que já estavam na esquina e então nós três nos levantamos ficando de pé perto do altar e então a música começou a tocar e a porta se abriu mostrando as madrinhas entrando e indo para o canto contrário e logo a noiva começou a entrar e todos se levantaram a vendo passar e logo o padre começou a falar.
- Este casamento é de livre e espontânea vontade? – perguntou o padre e todos dissemos que sim e então começou a falar algo lá que quase ninguém prestou atenção até chegar na parte principal. – se alguém é contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre – ele perguntou e esperou para ver se iriam dizer algo ou não, depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade ele deu continuidade. – Sendo assim, senhor Ryan James Butler, você aceita Caitlin Victoria Beadles como sua legitima esposa, para ama-la e respeita-la, na saúde e na doença, na tristeza e na pobreza até que morte vos separe? – ele perguntou levando o microfone próximo da boca do mesmo.
- Aceito – respondeu alegremente e sorriu para Cait.
- Senhorita Caitlin Vic..
- Aceito – ela disse e todos rimos.
- Por favor, senhorita, deixe-me terminar – o padre disse e a mesma revirou os olhos e começou a balançar os pés fazendo todos presentes gargalhar. – Senhorita Caitlin Victoria Beadles, você aceita Ryan James Butler como seu legitimo esposo, para ama-lo e respeita-lo, na saúde e na doença... – a cada palavra Caitlin ficava mais impaciente. – Até que a morte vos separe? – ele aproximou o microfone dela, que não disse nada. – Senhorita?
- Já posso responder? – ela perguntou fazendo birra e a igreja se encheu de risada novamente enquanto o padre confirmava. – Aceito, finalmente – ela respondeu e o padre entregou o papel para que assinassem e logo disse que poderiam se beijar enquanto havia uma sequência de aplausos e eles acenaram para todos. – Posso falar uma coisa rapidinho, pessoal, silencio, por favor – ela disse depois de arrancar o microfone do padre e logo todos se acalmaram e ela entregou o microfone a Ryan.
- Nós queríamos fazer um pedido aos nossos amigos – ele disse olhando para os padrinhos, Chaz e eu, e as madrinhas, Carly e . – Vocês aceitam se casar aqui e agora? – ele perguntou e as meninas começaram a chorar todos nos aproximamos com seus casais formados e passamos pelo mesmo procedimento acontecido anteriormente com nossos amigos e logo todos estávamos saindo da igreja, recebendo arroz em nossas cabeças.

8 de fevereiro de 1994, 08:27 AM
POV’s


- Pai, olha que lindo esse estojo de maquiagem – disse chegando perto de mim.
- , tô ocupado agora, depois você me mostra – disse dando comida a Dylan e perguntei. – Você pode me ajudar com a Bea? – lhe entreguei o prato de comida de Beatrice após sua confirmação.
- , você vai ao parque hoje mesmo? – perguntou entrando na cozinha.
- Claro – disse e vi as crianças comemorando. – Cuidado, filhão, assim você me suja todo – eu disse e ele gargalhou levantando os braços.
- Acho melhor irmos logo em – ela disse e saiu, subindo as escadas e eu me virei para .
- Leva seu irmão lá pra cima e o ajuda a se vestir, eu termino com a Bea – disse colocando o prato e talheres de Dylan na pia e fui até Bea terminando de lhe dar a comida e colocando os talheres e prato na pia, também e fomos para a garagem, terminei de arrumar sua cadeirinha e vi saindo com as crianças e me direcionei ao banco do motorista vendo todos dentro do carro e logo estávamos no parque.

15 de fevereiro de 1994, 6:48 PM
POV’s


- Amor, venha cá – disse me puxando com ele.
- Calma aí, – disse e o olhei tentando fazer Bea parar de chorar. – Agora não dá – ele a pegou no colo e a balançou um pouco e eu a vi parando de chorar logo e ele a pôs no carrinho chamando e Dylan que vieram rapidamente e ele nos levou até um lugar mais afastado do parque, numa colina.
- São poucas as pessoas que conhecem esse lugar – disse olhando para frente e me abraçou. – Esse é o melhor recomeço que pode existir, uma mulher incrível – ele me olhou e me deu um beijo breve. – E os melhores filhos do mundo – peguei Bea no colo sentindo abraçar nós quatro ao mesmo tempo. – Eu te amo – ele disse olhando nos meus olhos.
- Eu te amo muito, muito mesmo – disse e o beijei novamente .
- E amamos cada um de vocês – dissemos olhando para nossas três pequenas crianças e pegou Dylan no colo, chamando um homem que estava próximo.
- O senhor pode tirar uma foto nossa? – pediu entregando uma câmera fotográfica e vimos o flash, após esse momento percebemos Bea se remexer e todos a olhamos e ela sorriu.
- Feliz aniversário, pequena – dissemos juntos e percebi o homem tirando outra foto, assim que olhamos para frente vimos várias pessoas ali e olhando algo atrás de nós e então nós viramos vendo o lindo pôr do sol que ali se formava.
Esse era o recomeço de um antigo amor.




Fim.



Nota da autora: Oi gente, adorei os comentários que vocês deixaram, fico feliz que tenham gostado e espero que tenham se divertido lendo tanto, quanto eu me diverti escrevendo





Nota de beta: Adorei esse final, Kat! Achei maravilhoso como você conseguiu deixar a história super emocionante e envolvente. Vou morrer de saudade desse casal e da fofa da . Parabéns pela escrita maravilhosa. E muito obrigado por compartilhar com a gente.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa fic vai atualizar, acompanhe aqui.


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