Capítulo 1 – Esquecido (Johnny), by Daphne M.
Entrei no dormitório cheia de neve e pacotes. A rua estava um inferno. Véspera de Natal deixava as pessoas em surto. Tive que ser simpática com dezenas de pessoas que me desejaram Feliz Natal, mamãe ficaria orgulhosa.
Tire o casaco e enrolei no braço, junto com o saco que continha o vestido, tirando as botas em seguida. Lucas estava deitado no sofá com o celular em mãos.
— Jogando ou namorando? — perguntei divertida e afastei os fios de sua testa para deixar um beijinho ali. Em seguida, me abaixei para receber um beijo no rosto. Johnny detestava minha relação com Lucas, mas eu não estava nem aí. Lucas tinha nos apoiado desde o começo e era uma criança carente num corpo gigante.
— Assistindo. — ele respondeu com um bico nos lábios. — E você sabe que eu só namoraria você. Mas o Johnny hyung chegou primeiro.
— sabe disso? — perguntei sorrindo.
— não quer namorar. Não comigo. — ele respondeu triste.
— Já experimentou perguntar a ela? — cutuquei.
— Já. Depois que... Você sabe. — ele gesticulou como se estivessem... enrolados. — Ela disse não.
— Ótima hora para perguntar, Lucas. — eu ri. — Que tal preparar uma coisa mais romântica? Eu sei que você sabe fazer isso. Um pedido repentino é muito assustador.
— Como foi o seu? — ele largou o celular e se sentou no sofá, me encarando.
— Ele escreveu “namora comigo?” com batatas fritas no balcão da minha cozinha. — eu ri.
— Achei que tivesse dito que era para ser romântico. — Lucas riu comigo.
— E foi romântico. Eu amo batata frita. — confessei e ele riu. — Mas estou falando sério. Compre alguma coisa que ela gosta, ou prepare você mesmo. Faça um momento. Garanto que ela lhe dirá sim.
— Você vai falar com ela? — ele quis saber.
— Eu não. Vocês são adultos. Podem muito bem se entender. — rebati.
— Bela amiga. — ele reclamou e levantou, vindo em minha direção. — Eu preciso ir. Vejo vocês na festa. — ele beijou minha testa e saiu. Arrumei o vestido e o casaco no braço e fui para o quarto, ouvindo gritos vindos de lá.
— Puta merda, você ainda não tomou banho, Johnny? — gritei assim que entrei no quarto e o encontrei sentado de frente para o computador, jogando.
— A patroa chegou, galera. — ele disse para o fone. — Eu volto depois.
— Volta nada. — rebati rápido e tomei o headset das mãos dele. — Galera, é a patroa. Este jogador não volta mais hoje. Talvez nem amanhã. Feliz Natal para vocês. — e o entreguei de volta, vendo um sorriso largo em seu rosto. Ele odiava que eu falasse com a turma com quem jogava, mas estava sorrindo enquanto desligava o computador.
— Eu adoro quando você banca a patroa mandona. É excitante. — ele me abraçou pelo quadril devido à altura que estava a cadeira.
— Você gosta que eu dê ordens? — perguntei e afundei meus dedos em seus cabelos. Johnny apenas confirmou com a cabeça, um sorriso de canto nos lábios bonitos. — Então por que nunca as obedece? — puxei seus fios sem força. — Eu disse para você começar a se arrumar duas horas atrás.
— Ai, . — ele esfregou a área que eu tinha puxado. — Eu me distraí, tá OK?
— Oh, eu vejo. — cruzei os braços sobre o peito. — Cadê seu terno?
— Terno? Que terno? — ele se fez de desentendido.
— O que você vai usar na festa de hoje, Johnny. — constatei o óbvio. Ele negou com a cabeça. — Johnny, não me diga que não foi buscar o terno na lavanderia.
— Eu nem sabia que ele estava lá. — ele piscou os olhos para mim. Ele não estava se fazendo de desentendido. Ele realmente não estava entendendo.
Fechei os olhos e respirei fundo.
— Isso aqui não serve para nada, não é? — apontei para o pequeno calendário com planos na frente do computador onde ele jogava anteriormente.
— Está escrito “o terno está na lavanderia”. Não que era para eu buscá-lo. Geralmente, que cuida disso. — ele franziu as sobrancelhas. , minha amiga e, bem, a “ficante” de Lucas (eu rezava por esse namoro), era figurinista do grupo e, assim como eu, que era maquiadora dos bagunceiros, estava sempre ali.
— não está trabalhando hoje, Johnny. — o lembrei. — Aliás, eles estão com problemas. Devia conversar com o Lucas.
— Tenho certeza de que já fez isso. — ele respondeu, um bico nos lábios.
— Não é a mesma coisa. Deviam ter um papo de garotos. Você sabe. — cruzei os braços sobre o peito. — E o terno?
— Voltou o assunto. — ele murmurou.
— Voltei sim. Eu escolhi para combinar com meu vestido. E agora, o que vai fazer? — perguntei.
— Vou escolher outro. — ele deu de ombros, como se não fosse nada.
— Ouviu que eu disse que escolhi o terno para combinar com meu vestido? — perguntei, a raiva já começando a borbulhar em meu sangue.
— Sim, mas o que mais podemos fazer? — ele quase desafiou.
— Você pode ir buscá-lo? — constatei o óbvio.
— , faltam só algumas horas para a festa. Você tem certeza? — ele suspirou.
— Absoluta! — enfatizei. — Levante sua bunda gostosa da cadeira e se agasalhe, está começando a nevar. — me afastei dele para arrumar o vestido que eu tinha jogado na cama.
— Eu vou ganhar alguma coisa em troca? — ele me abraçou por trás e murmurou no meu ouvido.
— Vai. A minha calma por você ter ido buscar o terno. Caso contrário, só vai ganhar o meu ódio. — girei em seus braços e o encarei.
— Eu queria você. — ele beijou o canto da minha boca e sorriu.
— Você me tem, Johnny. — deslizei as mãos por baixo de seu moletom e senti sua pele se arrepiar sob minha palma. — Você tá quente. Quer muito isso? — perguntei. Johnny e sorriu e balançou a cabeça como uma criança. — Então vá buscar a porcaria do terno e eu penso no seu caso. — rompi o abraço e caminhei em direção ao banheiro do quarto.
— Você vai mesmo insistir nisso, não é? — ele gritou para se fazer ouvir.
— Você sabe que sim. — respondi alto. — O agasalho! — lembrei.
— Você me paga, ! — ele soltou antes de eu ouvir seus passos e a porta do quarto batendo. — O casaco! — ele voltou ao quarto e bateu a porta de novo.
Com sorte, ele estaria aqui em uma hora, ainda teria que achar um gerente para sair com ele. Então tomei um banho rápido, arrumei o vestido em um canto e deitei na enorme cama. Fechei os olhos pelo que achei serem minutos e acordei sobressaltada, com uma coisa gelada em contato com meu rosto. Abri os olhos apenas para ver Johnny ali, os lábios quase roxos pelo frio que certamente fazia lá fora.
— , amor, está aqui. — ele me sorriu.
— Como pegou o terno tão rápido? — perguntei sonolenta.
— Eu saí há quase duas horas, amor. — ele riu de verdade. — Vamos, está te esperando para arrumarem os cabelos.
Levantei e ele selou meus lábios com os seus, gelados.
— Johnny, você tá gelado, sai. — o empurrei pelo ombro e ouvi sua risada gostosa. Acabei rindo com ele.
— Já que está aqui, vou falar com o Lucas. — ele suspirou e foi em direção à porta murmurando: — O que eu não faço por você?
— Você faz tudo por mim porque me ama. — respondi alto.
— Amo mesmo. — ele rebateu de costas para mim. — Ela acordou irritada. — ele disse a quando cruzou com ela na porta do quarto.
— Eu posso voltar depois. — minha amiga disse com uma carinha assustada.
— Ele está mentindo, . — a tranquilizei. — Vem, senta aqui. — bati na cama ao meu lado. — Que carinha é essa?
— Lucas me pediu em namoro e eu disse não. — ela formou um bico nos lábios.
— É só encontrá-lo e dizer sim. — rebati.
— E é por isso que você não pode ser psicóloga. — ela riu. — Ele vai me pedir de novo, não vai?
— Claro que vai. E esteja pronta para o sim. — a encorajei. — Agora, chega de garotos. Temos cabelos e maquiagens para fazer.
Pelos meus cálculos, teríamos pouco mais de três horas até a festa. Então começamos pelo cabelo, o que foi bem rápido, e comecei pela maquiagem de , para que ela pudesse ir colocar seu vestido. Na metade do processo, Johnny chegou sorridente.
— Viu passarinho verde? — perguntei.
— Vi você quando entrei no quarto. O único motivo do meu sorriso. — ele me abraçou por trás e riu na minha frente.
— O que você quer? — parei de maquiar minha amiga e virei para encará-lo. Johnny selou meus lábios e sorriu.
— Só queria um beijinho. Agora vou tomar banho. — ele foi em direção ao banheiro.
— Não saia de toalha. Respeite a que está aqui. — ordenei. O vi voltar para pegar uma roupa qualquer antes de ir ao banheiro novamente.
— Ah, eu não me importo. — se pronunciou. Lhe encarei e ela sorriu. — Estou brincando. Lucas morreria.
— Não ouse magoar meu bebê, . — brinquei. Lucas era só uma criança grande. Eu o tratava como meu irmão.
— Seu bebê sou eu. — Johnny gritou do banheiro.
— Cale a boca, Johnny. — eu gritei e ri.
— Hoje ele está demais. — riu.
— Jogou. Daí já viu, né? — bati a ponta do pincel de maquiagem na cabeça, em um sinal de que Johnny estava “fora da casinha”, como eu gostava de chamar. Ele sempre ficava elétrico quando jogava. — Estou terminando. — avisei.
Esfumei mais alguns produtos no rosto de e a dispensei para ir se arrumar. Tomara que Lucas não tente refazer o pedido hoje, ou todo o meu trabalho seria arruinado.
— já foi. — gritei para Johnny. No momento seguinte, ele abriu a porta do banheiro, apenas de toalha, os fios molhados caindo na testa. — Vista uma boxer e vá secar o cabelo. — ele se aproximou e me roubou um selar. E mais um e outro até que eu me afastei rindo. — Por que está tão beijoqueiro hoje?
— Espírito natalino. — ele deu de ombros. Vestiu a boxer e sentou onde antes estava. Começou a secar o cabelo enquanto eu iniciava o processo de preparar minha pele para receber a maquiagem. Nos maquiamos juntos, com Johnny roubando um selar vez ou outra e me fazendo rir sempre.
— O que você não está me contando? — perguntei. Algo parecia errado.
— Lucas vai pedir em namoro mais uma vez. Comprou flores e tudo. — ele sorriu. Claramente tinha ajudado Lucas enquanto estava fora.
— E o que mais? — instiguei. Johnny suspirou.
— Mamãe está na Coreia e quer te conhecer. — ele disse de uma vez. Meu coração pulou uma batida e minha respiração falhou. — Vai dar tudo certo, amor. Vai ser só um almoço.
— Amanhã? — perguntei baixinho.
— Você vai conseguir. Não se preocupe. — ele me encorajou. — . — ele chamou e eu o encarei. — Eu te amo.
— Eu também te amo. — respondi, saindo do estado de transe. MyeoRyun ia gostar de mim. Ia dar tudo certo, não ia?
— Coloque seu vestido e a sandália. Quero mostrar àqueles babacas quem tem a namorada mais linda do mundo. — ele quase ordenou.
— Os babacas são seus amigos, Johnny. — eu ri.
— Eu sei. — ele deu de ombros. — Mas isso não anula o fato de que você é a namorada mais linda do mundo.
Neguei com a cabeça e comecei a me vestir. Era melhor focar no que era importante: o jantar da empresa e o almoço com minha sogra. Vesti o vestido e Johnny me ajudou a fechá-lo, depositando um beijo na minha nuca exposta pelo cabelo que estava semipreso.
— Tenho duas coisas para te dar. — ele sorriu para mim pelo espelho. — Eu passei na Tiffany & Co. para buscar isso aqui. — ele colocou um lindo colar com uma pedra brilhante em meu pescoço. — Os brincos estão ali. — e apontou para a mesa de cabeceira.
— É lindo. — passei os dedos sobre o colar. — E a outra?
Johnny se afastou em direção à cama e começou a mexer no paletó.
— Eu sei que você ainda está aturdida com a notícia de que mamãe está aqui. E eu sei que pode parecer cedo, mas eu não posso controlar. — ele começou. — Nós podemos fazer como o Changmin sunbae e o Jongdae sunbae.
Paralisei. Changmin e Jongdae tinham uma coisa em comum: ambos eram casados com não celebridades. Simplesmente não consegui reagir quando ele virou segurando uma caixinha azul da Tiffany & Co. Não era real. Não podia ser real. Mas Johnny, vestido como um príncipe, se ajoelhou bem à minha frente para me mostrar que era real sim.
— Apesar dos seus picos de violência e autoridade, é com você que eu quero passar o resto da minha vida. — ele sorriu e abriu a caixinha, revelando um solitário que em muito combinava com o colar. — Então, , case-se comigo.
— Johnny, isso aqui não é um filme romântico de Natal daqueles que você vê na Netflix. — eu ri. De nervoso, confesso. — Levante-se daí.
— Não até você me responder. — ele disse com um bico nos lábios, como uma criança birrenta.
Encarei Johnny por longos segundos. Parecia tudo surreal demais. Não tinha sido um pedido. Tinha sido quase uma intimação. Então, que outra escolha eu tinha? Só existia uma resposta possível.
— Sim.
Tire o casaco e enrolei no braço, junto com o saco que continha o vestido, tirando as botas em seguida. Lucas estava deitado no sofá com o celular em mãos.
— Jogando ou namorando? — perguntei divertida e afastei os fios de sua testa para deixar um beijinho ali. Em seguida, me abaixei para receber um beijo no rosto. Johnny detestava minha relação com Lucas, mas eu não estava nem aí. Lucas tinha nos apoiado desde o começo e era uma criança carente num corpo gigante.
— Assistindo. — ele respondeu com um bico nos lábios. — E você sabe que eu só namoraria você. Mas o Johnny hyung chegou primeiro.
— sabe disso? — perguntei sorrindo.
— não quer namorar. Não comigo. — ele respondeu triste.
— Já experimentou perguntar a ela? — cutuquei.
— Já. Depois que... Você sabe. — ele gesticulou como se estivessem... enrolados. — Ela disse não.
— Ótima hora para perguntar, Lucas. — eu ri. — Que tal preparar uma coisa mais romântica? Eu sei que você sabe fazer isso. Um pedido repentino é muito assustador.
— Como foi o seu? — ele largou o celular e se sentou no sofá, me encarando.
— Ele escreveu “namora comigo?” com batatas fritas no balcão da minha cozinha. — eu ri.
— Achei que tivesse dito que era para ser romântico. — Lucas riu comigo.
— E foi romântico. Eu amo batata frita. — confessei e ele riu. — Mas estou falando sério. Compre alguma coisa que ela gosta, ou prepare você mesmo. Faça um momento. Garanto que ela lhe dirá sim.
— Você vai falar com ela? — ele quis saber.
— Eu não. Vocês são adultos. Podem muito bem se entender. — rebati.
— Bela amiga. — ele reclamou e levantou, vindo em minha direção. — Eu preciso ir. Vejo vocês na festa. — ele beijou minha testa e saiu. Arrumei o vestido e o casaco no braço e fui para o quarto, ouvindo gritos vindos de lá.
— Puta merda, você ainda não tomou banho, Johnny? — gritei assim que entrei no quarto e o encontrei sentado de frente para o computador, jogando.
— A patroa chegou, galera. — ele disse para o fone. — Eu volto depois.
— Volta nada. — rebati rápido e tomei o headset das mãos dele. — Galera, é a patroa. Este jogador não volta mais hoje. Talvez nem amanhã. Feliz Natal para vocês. — e o entreguei de volta, vendo um sorriso largo em seu rosto. Ele odiava que eu falasse com a turma com quem jogava, mas estava sorrindo enquanto desligava o computador.
— Eu adoro quando você banca a patroa mandona. É excitante. — ele me abraçou pelo quadril devido à altura que estava a cadeira.
— Você gosta que eu dê ordens? — perguntei e afundei meus dedos em seus cabelos. Johnny apenas confirmou com a cabeça, um sorriso de canto nos lábios bonitos. — Então por que nunca as obedece? — puxei seus fios sem força. — Eu disse para você começar a se arrumar duas horas atrás.
— Ai, . — ele esfregou a área que eu tinha puxado. — Eu me distraí, tá OK?
— Oh, eu vejo. — cruzei os braços sobre o peito. — Cadê seu terno?
— Terno? Que terno? — ele se fez de desentendido.
— O que você vai usar na festa de hoje, Johnny. — constatei o óbvio. Ele negou com a cabeça. — Johnny, não me diga que não foi buscar o terno na lavanderia.
— Eu nem sabia que ele estava lá. — ele piscou os olhos para mim. Ele não estava se fazendo de desentendido. Ele realmente não estava entendendo.
Fechei os olhos e respirei fundo.
— Isso aqui não serve para nada, não é? — apontei para o pequeno calendário com planos na frente do computador onde ele jogava anteriormente.
— Está escrito “o terno está na lavanderia”. Não que era para eu buscá-lo. Geralmente, que cuida disso. — ele franziu as sobrancelhas. , minha amiga e, bem, a “ficante” de Lucas (eu rezava por esse namoro), era figurinista do grupo e, assim como eu, que era maquiadora dos bagunceiros, estava sempre ali.
— não está trabalhando hoje, Johnny. — o lembrei. — Aliás, eles estão com problemas. Devia conversar com o Lucas.
— Tenho certeza de que já fez isso. — ele respondeu, um bico nos lábios.
— Não é a mesma coisa. Deviam ter um papo de garotos. Você sabe. — cruzei os braços sobre o peito. — E o terno?
— Voltou o assunto. — ele murmurou.
— Voltei sim. Eu escolhi para combinar com meu vestido. E agora, o que vai fazer? — perguntei.
— Vou escolher outro. — ele deu de ombros, como se não fosse nada.
— Ouviu que eu disse que escolhi o terno para combinar com meu vestido? — perguntei, a raiva já começando a borbulhar em meu sangue.
— Sim, mas o que mais podemos fazer? — ele quase desafiou.
— Você pode ir buscá-lo? — constatei o óbvio.
— , faltam só algumas horas para a festa. Você tem certeza? — ele suspirou.
— Absoluta! — enfatizei. — Levante sua bunda gostosa da cadeira e se agasalhe, está começando a nevar. — me afastei dele para arrumar o vestido que eu tinha jogado na cama.
— Eu vou ganhar alguma coisa em troca? — ele me abraçou por trás e murmurou no meu ouvido.
— Vai. A minha calma por você ter ido buscar o terno. Caso contrário, só vai ganhar o meu ódio. — girei em seus braços e o encarei.
— Eu queria você. — ele beijou o canto da minha boca e sorriu.
— Você me tem, Johnny. — deslizei as mãos por baixo de seu moletom e senti sua pele se arrepiar sob minha palma. — Você tá quente. Quer muito isso? — perguntei. Johnny e sorriu e balançou a cabeça como uma criança. — Então vá buscar a porcaria do terno e eu penso no seu caso. — rompi o abraço e caminhei em direção ao banheiro do quarto.
— Você vai mesmo insistir nisso, não é? — ele gritou para se fazer ouvir.
— Você sabe que sim. — respondi alto. — O agasalho! — lembrei.
— Você me paga, ! — ele soltou antes de eu ouvir seus passos e a porta do quarto batendo. — O casaco! — ele voltou ao quarto e bateu a porta de novo.
Com sorte, ele estaria aqui em uma hora, ainda teria que achar um gerente para sair com ele. Então tomei um banho rápido, arrumei o vestido em um canto e deitei na enorme cama. Fechei os olhos pelo que achei serem minutos e acordei sobressaltada, com uma coisa gelada em contato com meu rosto. Abri os olhos apenas para ver Johnny ali, os lábios quase roxos pelo frio que certamente fazia lá fora.
— , amor, está aqui. — ele me sorriu.
— Como pegou o terno tão rápido? — perguntei sonolenta.
— Eu saí há quase duas horas, amor. — ele riu de verdade. — Vamos, está te esperando para arrumarem os cabelos.
Levantei e ele selou meus lábios com os seus, gelados.
— Johnny, você tá gelado, sai. — o empurrei pelo ombro e ouvi sua risada gostosa. Acabei rindo com ele.
— Já que está aqui, vou falar com o Lucas. — ele suspirou e foi em direção à porta murmurando: — O que eu não faço por você?
— Você faz tudo por mim porque me ama. — respondi alto.
— Amo mesmo. — ele rebateu de costas para mim. — Ela acordou irritada. — ele disse a quando cruzou com ela na porta do quarto.
— Eu posso voltar depois. — minha amiga disse com uma carinha assustada.
— Ele está mentindo, . — a tranquilizei. — Vem, senta aqui. — bati na cama ao meu lado. — Que carinha é essa?
— Lucas me pediu em namoro e eu disse não. — ela formou um bico nos lábios.
— É só encontrá-lo e dizer sim. — rebati.
— E é por isso que você não pode ser psicóloga. — ela riu. — Ele vai me pedir de novo, não vai?
— Claro que vai. E esteja pronta para o sim. — a encorajei. — Agora, chega de garotos. Temos cabelos e maquiagens para fazer.
Pelos meus cálculos, teríamos pouco mais de três horas até a festa. Então começamos pelo cabelo, o que foi bem rápido, e comecei pela maquiagem de , para que ela pudesse ir colocar seu vestido. Na metade do processo, Johnny chegou sorridente.
— Viu passarinho verde? — perguntei.
— Vi você quando entrei no quarto. O único motivo do meu sorriso. — ele me abraçou por trás e riu na minha frente.
— O que você quer? — parei de maquiar minha amiga e virei para encará-lo. Johnny selou meus lábios e sorriu.
— Só queria um beijinho. Agora vou tomar banho. — ele foi em direção ao banheiro.
— Não saia de toalha. Respeite a que está aqui. — ordenei. O vi voltar para pegar uma roupa qualquer antes de ir ao banheiro novamente.
— Ah, eu não me importo. — se pronunciou. Lhe encarei e ela sorriu. — Estou brincando. Lucas morreria.
— Não ouse magoar meu bebê, . — brinquei. Lucas era só uma criança grande. Eu o tratava como meu irmão.
— Seu bebê sou eu. — Johnny gritou do banheiro.
— Cale a boca, Johnny. — eu gritei e ri.
— Hoje ele está demais. — riu.
— Jogou. Daí já viu, né? — bati a ponta do pincel de maquiagem na cabeça, em um sinal de que Johnny estava “fora da casinha”, como eu gostava de chamar. Ele sempre ficava elétrico quando jogava. — Estou terminando. — avisei.
Esfumei mais alguns produtos no rosto de e a dispensei para ir se arrumar. Tomara que Lucas não tente refazer o pedido hoje, ou todo o meu trabalho seria arruinado.
— já foi. — gritei para Johnny. No momento seguinte, ele abriu a porta do banheiro, apenas de toalha, os fios molhados caindo na testa. — Vista uma boxer e vá secar o cabelo. — ele se aproximou e me roubou um selar. E mais um e outro até que eu me afastei rindo. — Por que está tão beijoqueiro hoje?
— Espírito natalino. — ele deu de ombros. Vestiu a boxer e sentou onde antes estava. Começou a secar o cabelo enquanto eu iniciava o processo de preparar minha pele para receber a maquiagem. Nos maquiamos juntos, com Johnny roubando um selar vez ou outra e me fazendo rir sempre.
— O que você não está me contando? — perguntei. Algo parecia errado.
— Lucas vai pedir em namoro mais uma vez. Comprou flores e tudo. — ele sorriu. Claramente tinha ajudado Lucas enquanto estava fora.
— E o que mais? — instiguei. Johnny suspirou.
— Mamãe está na Coreia e quer te conhecer. — ele disse de uma vez. Meu coração pulou uma batida e minha respiração falhou. — Vai dar tudo certo, amor. Vai ser só um almoço.
— Amanhã? — perguntei baixinho.
— Você vai conseguir. Não se preocupe. — ele me encorajou. — . — ele chamou e eu o encarei. — Eu te amo.
— Eu também te amo. — respondi, saindo do estado de transe. MyeoRyun ia gostar de mim. Ia dar tudo certo, não ia?
— Coloque seu vestido e a sandália. Quero mostrar àqueles babacas quem tem a namorada mais linda do mundo. — ele quase ordenou.
— Os babacas são seus amigos, Johnny. — eu ri.
— Eu sei. — ele deu de ombros. — Mas isso não anula o fato de que você é a namorada mais linda do mundo.
Neguei com a cabeça e comecei a me vestir. Era melhor focar no que era importante: o jantar da empresa e o almoço com minha sogra. Vesti o vestido e Johnny me ajudou a fechá-lo, depositando um beijo na minha nuca exposta pelo cabelo que estava semipreso.
— Tenho duas coisas para te dar. — ele sorriu para mim pelo espelho. — Eu passei na Tiffany & Co. para buscar isso aqui. — ele colocou um lindo colar com uma pedra brilhante em meu pescoço. — Os brincos estão ali. — e apontou para a mesa de cabeceira.
— É lindo. — passei os dedos sobre o colar. — E a outra?
Johnny se afastou em direção à cama e começou a mexer no paletó.
— Eu sei que você ainda está aturdida com a notícia de que mamãe está aqui. E eu sei que pode parecer cedo, mas eu não posso controlar. — ele começou. — Nós podemos fazer como o Changmin sunbae e o Jongdae sunbae.
Paralisei. Changmin e Jongdae tinham uma coisa em comum: ambos eram casados com não celebridades. Simplesmente não consegui reagir quando ele virou segurando uma caixinha azul da Tiffany & Co. Não era real. Não podia ser real. Mas Johnny, vestido como um príncipe, se ajoelhou bem à minha frente para me mostrar que era real sim.
— Apesar dos seus picos de violência e autoridade, é com você que eu quero passar o resto da minha vida. — ele sorriu e abriu a caixinha, revelando um solitário que em muito combinava com o colar. — Então, , case-se comigo.
— Johnny, isso aqui não é um filme romântico de Natal daqueles que você vê na Netflix. — eu ri. De nervoso, confesso. — Levante-se daí.
— Não até você me responder. — ele disse com um bico nos lábios, como uma criança birrenta.
Encarei Johnny por longos segundos. Parecia tudo surreal demais. Não tinha sido um pedido. Tinha sido quase uma intimação. Então, que outra escolha eu tinha? Só existia uma resposta possível.
— Sim.
Capítulo 2 – Resgate (Taeyong), by M-Hobi
não parou quando lhe chamaram na entrada do prédio, sequer deu atenção e travou seus passos até o elevador. Ela estava decidida no que havia ido fazer ali na tão majestosa SM. Cada vez que olhava as horas no relógio em seu pulso, sentia seu sangue ferver mais, tanto que qualquer um que cruzasse seu caminho naquele momento seria um alvo fácil para sua falta de paciência. Dentre todos os dias que Taeyong gastava a mais no trabalho, a véspera de Natal era, definitivamente, a que ela menos iria compreender, não importando quanto tempo passasse de relacionamento. A regra era clara: limites existem para impor um autorrespeito.
Tirou os óculos de Sol, puxando-o para cima, ao ter as portas do elevador fechadas. Estava sentindo um cansaço absurdo pela rotina do ano e ter suas ligações ignoradas pelo marido não ajudou em absolutamente nada em seu nível de estresse. Tinham planos familiares para cumprir ainda naquele dia antes de irem para o tão aguardado e importante evento de Natal da SM.
Ao sair no andar em que Taeyong ficava em uma sala mais privada, se apressou para o final do corredor, sendo surpreendida pela aparição de Taeil. Ele saía da porta da qual ela iria entrar.
— ! — ele sorriu simpático, curvando-se brevemente. Ela repetiu o ato, mas um pouco menos simpática que ele. — Achei que estivesse ocupada com seus pais...
— Era para eu estar. — revirou os olhos.
Taeil a observou brevemente, entendendo o tom da mulher que geralmente era extremamente educada e dócil.
— Ele está muito encrencado? — perguntou, apontando a porta atrás de si.
— Depende. O que ele está fazendo? — ela devolveu em pergunta, arqueando uma sobrancelha.
— O de sempre. Trabalho. Nós produzimos uma pequena apresentação natalina com alguns idols da empresa-
— Aish! — o cortou, reclamando impaciente. — É véspera de Natal, Moon Taeil! — levou as mãos ao rosto. — Deveriam estar em casa e não arrumando mais trabalho. Esperava isso de você... O que houve com o padrinho do meu casamento que me prometeu não deixar Taeyong trocar a gente por estúdios? — fez um bico.
— Desculpe, senhora Lee. — Taeil franziu o nariz. — Falhei na missão.
suspirou, assentindo e o encarando. Taeil havia sido escolhido a dedo para ser seu padrinho, embora como uma escolha lógica, já que era seu melhor amigo por anos, desde que tinha se mudado de Melbourne para Seul, a fim de cursar sua faculdade. Se não fosse por ele, inclusive, não teria conhecido Taeyong, com quem estava casada há quase um ano.
— Vai para casa, OK? Descansa. — ela esticou a mão, tocando o ombro dele em seu ato de cuidado.
— Não vou prometer. — Taeil sorriu sincero. — Mas prometo não me intrometer nesse seu resgate. Não quero nem imaginar a cara que você fez lá embaixo para o telefone aqui não tocar avisando sua chegada.
— Nem eu! — riu fraco. — Eu sei que saí de casa bem cega. Ele não me atende! — revirou os olhos. — Aliás, se você não tivesse aparecido, eu teria entrado de qualquer jeito e talvez estaria assinando um divórcio agora. Ou indo presa.
— Você fala assim até olhar para ele. Desmancha todinha.
riu, não discordando.
Estava um pouco menos brava e impaciente. Mas ainda assim um pouco decepcionada. Seria o primeiro Natal que passaria com seus pais desde que fora para Seul; eles tinham se esforçado ao máximo para viajar até a capital coreana, sabendo que por ela estar casada também teria de se dividir com a família do marido. Foi tudo planejado para dar certo. Os pais de tinham uma tradição sobre visitar lares adotivos no dia 24 e com muito custo conseguiram encontrar um para visitar naquele dia, tendo a companhia da filha e do genro — que, por muito custo, conseguiu uma brecha para se comprometer com isso. Então era algo importante.
No dia seguinte, seria como a família dele gostava e se programava, incluindo também seus pais. Uma vez que a véspera com ceia e todo um evento elaborado seria passada na SM.
— Vai lá, resgata ele e eu finjo que não vi. — Taeil a disse em incentivo, afastando-se da porta. — Nos vemos mais tarde?
Ela apenas assentiu e, então, abriu a porta.
Taeyong estava sentado em frente à mesa, lendo algo em seu celular, totalmente concentrado. fechou a porta com calma e deixou sua bolsa no pequeno sofá na parede lateral, indo até ele pé por pé. Curvou o corpo para frente, atrás do encosto da cadeira dele, dizendo em seu ouvido:
— Já experimentou atender sua esposa?
O pulo que ele deu no lugar a fez se afastar. Taeyong girou a cadeira, encarando com os olhos arregalados e assustado.
— O que você está fazendo aqui? Ninguém avisou nada... — colocou a mão no peito, controlando a respiração.
— Vim te buscar. — ela cruzou os braços. — Você pode ter sim seus mais de vinte filhos para se preocupar aqui dentro, mas agora... — suspirou. — Agora você tem a sua vida externa também.
O olhar de Taeyong bateu direto na barriga de . Estava crescendo mais e ele pouco tinha visto e aproveitado o início da gravidez de sua esposa. O trabalho continuava vindo em primeiro lugar e ele sentiu como estava deixando o tempo passar, sequer tinha reparado que agora ela usava roupas mais largas para ser confortável.
— Me desculpa... — suspirou. — Perdi a mão na hora por aqui. Os outros idols me pediram ajuda, Xiaojun teve problemas no embarque, Mark está uma pilha de nervos por causa da vinda de ... Jaehyun eu não faço ideia de onde está, ele sequer atende as ligações. — Taeyong enumerou suas preocupações. — É muita coisa acontecendo e-
— Nós combinamos com meus pais, amor... — ela se aproximou mais, dizendo de forma serena. — Sei que isso tudo é importante e que você gosta de manter todos em ordem. Mas hoje é véspera de Natal e nós, assim como eles, — se sentou de lado no colo de Taeyong, passando o braço em volta dos ombros dele — temos compromissos. Tenho certeza de que vai dar tudo certo para todo mundo. Eles são todos maiores de idade e donos da própria vida. Não é sua obrigação, não tem ninguém ali para terminar de criar.
— Depende do ponto de vista, senhora Lee... — ele arqueou a sobrancelha, erguendo o rosto para encará-la. — Tem pelo menos uns três ali que ainda estão presos na adolescência.
revirou os olhos, fazendo carinho na nuca dele com seus dedos.
— Espero que estejam na vida adulta quando Hwa nascer.
Taeyong fez um bico.
— Também espero. — riu fraco, levando o bico até o pescoço da esposa. — Está menos brava? — disse contra a pele dela, deixando um beijinho na região em que seu rosto se encaixou.
— Depende, se sairmos daqui agora, eu posso fingir que você ignorou minhas ligações.
— Em minha defesa — Taeyong se afastou, erguendo o indicador da mão que não estava espalmada na coluna de —, devo dizer que eu estava com medo de atender.
— Pois devia ficar com medo de não atender.
Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio, até sentir um chute em sua barriga.
— Ai! — reclamou, fazendo uma careta. — Sua filha acordou e concordou comigo.
— Prefiro acreditar que ela está me defendendo. — Taeyong sorriu, levando a mão livre para a barriga dela, fazendo um carinho. — Oi, princesinha do papai...
De forma um pouco meio desajeitada, Taeyong beijou a barriga de por cima do tecido da camiseta de gola e mangas compridas que ela usava, abrindo as bandas do sobretudo que compunha o restante do conjunto de inverno. Pôde sentir outro movimento da filha, alargando mais o sorriso.
— Está vendo? Ela já sabe quem é o favorito. — seu olhar mirou os cortantes de . — Ai! — reclamou ao receber um leve tapa na nuca.
— Fica com graça, você vai ver bem quem é o favorito.
— Não estou mentindo, sou o favorito de vocês duas. — ele sorriu presunçoso.
— Se eu disser que sim, nós vamos embora agora? — arqueou a sobrancelha.
— Na verdade, eu acho que vou levantar, trancar aquela porta e nós vamos dizer aos seus pais que estamos presos no trânsito para ganhar um tempinho.
o encarou com o olhar estreito, até desistir de sua pose, segurar o rosto de Taeyong com as duas mãos e trazer para perto do seu, juntando os dois lábios em um beijo apaixonado.
Tirou os óculos de Sol, puxando-o para cima, ao ter as portas do elevador fechadas. Estava sentindo um cansaço absurdo pela rotina do ano e ter suas ligações ignoradas pelo marido não ajudou em absolutamente nada em seu nível de estresse. Tinham planos familiares para cumprir ainda naquele dia antes de irem para o tão aguardado e importante evento de Natal da SM.
Ao sair no andar em que Taeyong ficava em uma sala mais privada, se apressou para o final do corredor, sendo surpreendida pela aparição de Taeil. Ele saía da porta da qual ela iria entrar.
— ! — ele sorriu simpático, curvando-se brevemente. Ela repetiu o ato, mas um pouco menos simpática que ele. — Achei que estivesse ocupada com seus pais...
— Era para eu estar. — revirou os olhos.
Taeil a observou brevemente, entendendo o tom da mulher que geralmente era extremamente educada e dócil.
— Ele está muito encrencado? — perguntou, apontando a porta atrás de si.
— Depende. O que ele está fazendo? — ela devolveu em pergunta, arqueando uma sobrancelha.
— O de sempre. Trabalho. Nós produzimos uma pequena apresentação natalina com alguns idols da empresa-
— Aish! — o cortou, reclamando impaciente. — É véspera de Natal, Moon Taeil! — levou as mãos ao rosto. — Deveriam estar em casa e não arrumando mais trabalho. Esperava isso de você... O que houve com o padrinho do meu casamento que me prometeu não deixar Taeyong trocar a gente por estúdios? — fez um bico.
— Desculpe, senhora Lee. — Taeil franziu o nariz. — Falhei na missão.
suspirou, assentindo e o encarando. Taeil havia sido escolhido a dedo para ser seu padrinho, embora como uma escolha lógica, já que era seu melhor amigo por anos, desde que tinha se mudado de Melbourne para Seul, a fim de cursar sua faculdade. Se não fosse por ele, inclusive, não teria conhecido Taeyong, com quem estava casada há quase um ano.
— Vai para casa, OK? Descansa. — ela esticou a mão, tocando o ombro dele em seu ato de cuidado.
— Não vou prometer. — Taeil sorriu sincero. — Mas prometo não me intrometer nesse seu resgate. Não quero nem imaginar a cara que você fez lá embaixo para o telefone aqui não tocar avisando sua chegada.
— Nem eu! — riu fraco. — Eu sei que saí de casa bem cega. Ele não me atende! — revirou os olhos. — Aliás, se você não tivesse aparecido, eu teria entrado de qualquer jeito e talvez estaria assinando um divórcio agora. Ou indo presa.
— Você fala assim até olhar para ele. Desmancha todinha.
riu, não discordando.
Estava um pouco menos brava e impaciente. Mas ainda assim um pouco decepcionada. Seria o primeiro Natal que passaria com seus pais desde que fora para Seul; eles tinham se esforçado ao máximo para viajar até a capital coreana, sabendo que por ela estar casada também teria de se dividir com a família do marido. Foi tudo planejado para dar certo. Os pais de tinham uma tradição sobre visitar lares adotivos no dia 24 e com muito custo conseguiram encontrar um para visitar naquele dia, tendo a companhia da filha e do genro — que, por muito custo, conseguiu uma brecha para se comprometer com isso. Então era algo importante.
No dia seguinte, seria como a família dele gostava e se programava, incluindo também seus pais. Uma vez que a véspera com ceia e todo um evento elaborado seria passada na SM.
— Vai lá, resgata ele e eu finjo que não vi. — Taeil a disse em incentivo, afastando-se da porta. — Nos vemos mais tarde?
Ela apenas assentiu e, então, abriu a porta.
Taeyong estava sentado em frente à mesa, lendo algo em seu celular, totalmente concentrado. fechou a porta com calma e deixou sua bolsa no pequeno sofá na parede lateral, indo até ele pé por pé. Curvou o corpo para frente, atrás do encosto da cadeira dele, dizendo em seu ouvido:
— Já experimentou atender sua esposa?
O pulo que ele deu no lugar a fez se afastar. Taeyong girou a cadeira, encarando com os olhos arregalados e assustado.
— O que você está fazendo aqui? Ninguém avisou nada... — colocou a mão no peito, controlando a respiração.
— Vim te buscar. — ela cruzou os braços. — Você pode ter sim seus mais de vinte filhos para se preocupar aqui dentro, mas agora... — suspirou. — Agora você tem a sua vida externa também.
O olhar de Taeyong bateu direto na barriga de . Estava crescendo mais e ele pouco tinha visto e aproveitado o início da gravidez de sua esposa. O trabalho continuava vindo em primeiro lugar e ele sentiu como estava deixando o tempo passar, sequer tinha reparado que agora ela usava roupas mais largas para ser confortável.
— Me desculpa... — suspirou. — Perdi a mão na hora por aqui. Os outros idols me pediram ajuda, Xiaojun teve problemas no embarque, Mark está uma pilha de nervos por causa da vinda de ... Jaehyun eu não faço ideia de onde está, ele sequer atende as ligações. — Taeyong enumerou suas preocupações. — É muita coisa acontecendo e-
— Nós combinamos com meus pais, amor... — ela se aproximou mais, dizendo de forma serena. — Sei que isso tudo é importante e que você gosta de manter todos em ordem. Mas hoje é véspera de Natal e nós, assim como eles, — se sentou de lado no colo de Taeyong, passando o braço em volta dos ombros dele — temos compromissos. Tenho certeza de que vai dar tudo certo para todo mundo. Eles são todos maiores de idade e donos da própria vida. Não é sua obrigação, não tem ninguém ali para terminar de criar.
— Depende do ponto de vista, senhora Lee... — ele arqueou a sobrancelha, erguendo o rosto para encará-la. — Tem pelo menos uns três ali que ainda estão presos na adolescência.
revirou os olhos, fazendo carinho na nuca dele com seus dedos.
— Espero que estejam na vida adulta quando Hwa nascer.
Taeyong fez um bico.
— Também espero. — riu fraco, levando o bico até o pescoço da esposa. — Está menos brava? — disse contra a pele dela, deixando um beijinho na região em que seu rosto se encaixou.
— Depende, se sairmos daqui agora, eu posso fingir que você ignorou minhas ligações.
— Em minha defesa — Taeyong se afastou, erguendo o indicador da mão que não estava espalmada na coluna de —, devo dizer que eu estava com medo de atender.
— Pois devia ficar com medo de não atender.
Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio, até sentir um chute em sua barriga.
— Ai! — reclamou, fazendo uma careta. — Sua filha acordou e concordou comigo.
— Prefiro acreditar que ela está me defendendo. — Taeyong sorriu, levando a mão livre para a barriga dela, fazendo um carinho. — Oi, princesinha do papai...
De forma um pouco meio desajeitada, Taeyong beijou a barriga de por cima do tecido da camiseta de gola e mangas compridas que ela usava, abrindo as bandas do sobretudo que compunha o restante do conjunto de inverno. Pôde sentir outro movimento da filha, alargando mais o sorriso.
— Está vendo? Ela já sabe quem é o favorito. — seu olhar mirou os cortantes de . — Ai! — reclamou ao receber um leve tapa na nuca.
— Fica com graça, você vai ver bem quem é o favorito.
— Não estou mentindo, sou o favorito de vocês duas. — ele sorriu presunçoso.
— Se eu disser que sim, nós vamos embora agora? — arqueou a sobrancelha.
— Na verdade, eu acho que vou levantar, trancar aquela porta e nós vamos dizer aos seus pais que estamos presos no trânsito para ganhar um tempinho.
o encarou com o olhar estreito, até desistir de sua pose, segurar o rosto de Taeyong com as duas mãos e trazer para perto do seu, juntando os dois lábios em um beijo apaixonado.
Capítulo 3 – Cookies (Ten), by Vic
terminava de secar o corpo com uma grande toalha branca. Precisava se arrumar o quanto antes para dar tempo de estar pronta para a festa que ela e seu namorado iriam daqui a poucas horas. E ainda precisava terminar de arrumar e embalar os biscoitos que havia feito. No dia seguinte, haveria um almoço de família na casa dos Lee e ela havia prometido que levaria seus tão famosos biscoitinhos de gengibre, ainda mais que estes, haviam se tornado os favoritos da mãe de seu amado, sua sogra.
A última fornada estava terminando de assar e ela tinha alguns minutinhos, de acordo com o cronômetro de seu celular, para pelo menos iniciar sua maquiagem e depois correr para terminar as decorações dos biscoitos. Por isso que dizem: mulher realmente consegue fazer diversas coisas ao mesmo tempo e é a prova viva disso.
Ten ainda não havia chegado e a mulher começava a se sentir levemente estressada com essa enrolação do namorado. O que a mais irritava era que, mesmo ele estando atrasado e começando a se arrumar bem depois dela, o abençoado sempre ficava pronto primeiro e era tudo muito rápido, enquanto ela fazia o possível e o impossível horas antes para dar tempo de fazer tudo e ainda assim conseguia atrasar um pouco, sendo apressada por ele. E ela não sabia dizer se estava começando a ficar irritadiça por conta da demora mesmo ou por estar praticamente na tão abençoada TPM.
estava passando mais uma camada de pó translúcido, quando o som estridente do cronômetro começou a tocar. Com a pele praticamente pronta, faltando apenas alguns detalhes, ela correu para a cozinha para desligar o forno. Queria tudo perfeito para o dia de amanhã e isso incluía não deixar os cookies assarem demais por falta de cuidado. Tirando eles do forno e deixando esfriar em cima da bancada, ela foi novamente para o quarto e continuou a maquiagem.
— Vou matar o Ten! — a mulher proferiu sozinha, se levantando de sua penteadeira já com a maquiagem toda pronta e voltando para a cozinha. Faltava apenas decidir o que fazer com o cabelo e colocar a roupa para ficar pronta, e seu bendito namorado não chegava logo. Não podia acreditar que finalmente estava adiantada, quase pronta e ele ainda não havia chegado, nem dado nenhum sinal de fumaça. Bufando e já se sentindo brava, ela pegou os cookies já frios e começou a decorá-los.
Cada uma tinha um formato e ela os decorava de acordo com o que cada biscoitinho era. Seus favoritos eram o de rena, a bota do Papai Noel e o boneco de neve. Adorava ficar ali, enfeitando-os do seu jeitinho, isso a ajudava a relaxar, e se acalmar era a coisa que ela mais precisava, senão jogaria todos os biscoitos na cara de Ten assim que ele passasse por aquela porta. Ela não sabia explicar, mas a força de seu pensamento foi tão grande que, alguns minutos depois, ela escutou o girar da chave na porta, anunciando a chegada de seu namorado.
— Finalmente, Lee Ten! Aonde você estava? Isso são horas? Vamos chegar atrasados. — praticamente cuspiu as frases em poucos segundos, não dando tempo nem do homem pensar. Ela estava irritada e não gostava de chegar totalmente atrasada nos lugares, ainda mais uma festa da empresa do trabalho de seu namorado.
— Oi, meu amor. — Ten apareceu na cozinha e se aproximou da mulher, a abraçando por trás, deixando um beijo em seu ombro desnudo. Ela ainda estava de toalha. Não iria colocar outra roupa sabendo que daqui a alguns minutos estaria se vestindo propriamente para sair. O rapaz ignorou todas as falas da mulher irritadiça e continuou abraçado com ela.
— Meu amor nada. Vai tomar seu banho, anda logo. — terminava de confeitar uma botinha de Papai Noel e tentava tirar o braço de Ten de volta de sua cintura com uma das mãos, não tendo sucesso. O rapaz ainda a abraçava e puxava o corpo dela de encontro ao seu. E não contente com isso, ele passou a deixar leves beijos entre o ombro e o pescoço dela. — Ten!
— Só te largo e saio daqui quando você estiver menos brava. — disse, abraçando mais forte a cintura dela. — Não sei se são os cookies que estão com um cheiro bom ou se é você. — Ten continuou, agora dando um belo de um cheiro no pescoço dela, a deixando arrepiada. — Você poderia me dar um beijo, né?
— Quem chega atrasado não merece beijo. — respondeu, terminando de confeitar um de seus cookies e ignorando o bico que seu namorado fazia logo atrás de si.
— Meu amor, eu estava com os meninos. — Ten falava de forma calma e sem se soltar da mulher. A qualquer movimento brusco, ela poderia enfiar todos os cookies e as coberturas goela abaixo nele.
— Ten, tanto você quanto eles sabiam que tinham compromisso. — tentou novamente se soltar dos braços do namorado, porém sem sucesso, sendo puxada com mais força contra ele. — Solta.
— Não! Eu quero um beijinho e que você volte a me amar. — Ten encostou a testa no ombro dela. — Vem aqui, vem. — o rapaz aproveitou um momento de distração dela e a virou para ele. Novamente, ele fez um bico para ela e aproximou o rosto levemente.
— Pode parar. Vai se arrumar para não perdermos tempo. — ficava tentada ao vê-lo fazendo bico – seu coração derretia de amores –, mas não daria o braço a torcer.
— Um beijo. — ele gesticulou rapidamente, fazendo o número um com o dedo e novamente um bico. ficava dividida entre olhar nos olhos dele ou olhar para seus lábios, tentada novamente em deixar um selinho ou uma mordida ali.
— Um beijo, Ten Lee! E aí você vai correr se arrumar. — Ten sorriu com a fala dela e assentiu com a cabeça. aproximou seu rosto do dele e conseguiu ver ele fechar os olhos rapidamente. Sem muitas delongas, ela segurou o rosto dele levemente e deixou uns dois selinhos longos naquele bico irresistível para ela. — Prontinho.
— ! — Ten falou rapidamente, indignado com o que havia acabado de acontecer.
— O que foi? — ela havia aproveitado também para se virar e voltar a dar atenção para seus cookies, praticamente finalizados em cima da bancada. — Estou de batom e de pele feita, não vou estragar minha maquiagem.
— Depois você arruma. — Ten disse rapidamente, puxando a mulher e a virando para ele de novo. não teve nem tempo de pensar, logo sentiu os lábios do amado nos seus e sua língua já pedindo passagem. Ela não conseguia resistir aos beijos do namorado e logo estavam os dois praticamente se amassando na cozinha. Ten segurava com força em sua cintura, ao mesmo tempo em que tinha uma mão esparramada em suas costas, a prendendo contra si sem parar, e correspondia prendendo levemente alguns fios de cabelo dele entre os dedos. — Estava com saudades. — assim que os dois se afastaram para respirar, ele disse, dando alguns beijos leves pela bochecha dela.
— Eu também... — já não estava mais se importando com a maquiagem e o estresse também havia passado. Ten começou a subir os beijos novamente em direção à boca dela e mordeu seu lábio inferior, iniciando mais um beijo intenso. Se dando conta do horário, mesmo a contragosto, se afastou levemente, escutando um gemido de frustração de Ten. — Tem, precisamos sair daqui a pouco. — ela disse ainda de olhos fechados.
— Vamos ficar em casa, por favor. — pediu manhoso, indo com o rosto em direção ao pescoço de , distribuindo beijos molhados por lá.
— Não podemos. — tudo o que a mulher mais queria no momento era ficar em casa com o namorado, correspondendo a todos os beijos que ele lhe daria, mas isso ficaria para depois. Ainda de olhos fechados e aproveitando a carícia, suspirou.
— Eu sei... — Ten ficou mais alguns segundos focado no pescoço da mulher e gemeu frustrado novamente. Tudo em questão estava extremamente convidativo para uma longa sessão de beijos e mãos passando por todos os cantos, porém o compromisso os chamava, então, ele levantou o rosto na altura do dela e se afastou rapidamente, antes que voltasse a beijá-la. — Vou me arrumar, te espero lá em cima. — ainda tentado a ficar ali e agarrar a mulher que estava com os lábios vermelhos a sua frente, Ten começou a sair da cozinha e ir em direção ao quarto.
— Já vou subir. — respirou fundo, passando os dedos levemente ao redor da boca, tentando amenizar a provável bagunça de maquiagem naquela área. — Ten! — chamando o namorado novamente, que já estava nos primeiros degraus da escada, pegou um dos cookies prontos e se aproximou do namorado, o entregando a ele. Ten não se aguentou e a puxou para mais um beijo.
— Deixa eu ir, senão ninguém vai aproveitar a festa da empresa hoje. — ainda agarrado com a namorada, ele deixou mais um beijo rápido em seus lábios e outro em sua bochecha, antes de soltá-la e subir correndo para o quarto. deu risada do namorado e retornou para cozinha só para ajeitar os resquícios de bagunça que havia ficado por ali.
—
Ten tentava ajeitar a gravata em frente ao espelho. também já estava pronta e só iria retocar as borrifadas de perfume mais uma vez. A mulher vestia um longo vestido preto com uma grande fenda ao lado da perna e seus cabelos estavam soltos, apenas colocados para o lado também – em outras palavras, ela estava maravilhosa e com seu lindo batom vermelho. E poderia se dizer o mesmo de Ten, que, apesar da dificuldade em arrumar o pequeno acessório do pescoço, estava incrível com seu terno preto. Ele ainda tinha um lenço vermelho com alguns detalhes em verde, que lembravam pequenas árvores, no bolso lateral. Os dois estavam combinando e simplesmente impecáveis.
— Deixa que eu te ajudo. — se aproximou do namorado e assumiu o controle de ajeitar a gravata borboleta.
— Você é a coisa mais linda desse mundo. — disse ele, observando a mulher concentrada à sua frente. A vontade dele era agarrar ela ali, esquecer da festa e nunca mais soltar. sentiu as bochechas esquentarem, provavelmente estava corada com a fala do namorado, e sorriu para ele.
— E você é o amor da minha vida. — terminando de arrumar a gravata, a mulher aproximou seu rosto e deixou um beijo de leve na boca do namorado.
— Só esse beijinho? — Tem, mais uma vez, deixou que aparecesse um bico manhoso em seus lábios.
— Chega, amor, você não vai querer aparecer todo manchado de batom vermelho. — riu levemente e fez um carinho no rosto dele, se afastando aos poucos.
— Quem disse? Eu quero! — Ten a puxou levemente pela mão que antes acariciava sua bochecha e a abraçou pela cintura.
— Ten! — o rapaz sorriu sapeca e deixou um selinho demorado no canto da boca da namorada, se afastando em seguida, não sem antes deixar um cheiro e mais um beijinho no pescoço da mesma. — Vamos logo, seu assanhado.
— Vamos voltar mais cedo, viu? Temos assuntos a tratar neste quarto hoje. — gargalhou com a fala do namorado e o puxou com a mão para enfim saírem de casa.
Quando os dois já estavam no andar de baixo, Ten correu para a cozinha enquanto a mulher terminava de arrumar a pequena clutch com seus pertences. Dando mais uma olhada no espelho que ficava perto da porta de entrada, conseguiu observar o namorado ao fundo, com as bochechas cheias de comida, igual a um pequeno esquilo e suas nozes. Notando que estava sendo observado, Ten sorriu envergonhado e correu de volta para a namorada.
— O que foi? Estão muito gostosos. — ele disse assim que se aproximou e a namorada fez uma cara de brava, que não durou muito. O namorado estava devorando todos os cookies prontos para levar para a casa de sua sogra no dia seguinte, porém ele estava um fofo com as bochechas cheias com a bolacha que ela havia feito, e em segundos ela já estava sorrindo apaixonada para ele.
— Depois eu faço mais para você, OK? — respondeu, levando a mão para o rosto de Ten, tirando um farelo que estava perto da boca dele e deixando um beijo leve na bochecha do rapaz. Ten sorriu para ela também e segurou sua mão, abrindo a porta e a puxando para fora. Agora sim, os dois estavam prontos para a festa e com o carro já os esperando para levá-los. Ninguém queria voltar dirigindo. Seria uma grande comemoração de Natal da empresa.
A última fornada estava terminando de assar e ela tinha alguns minutinhos, de acordo com o cronômetro de seu celular, para pelo menos iniciar sua maquiagem e depois correr para terminar as decorações dos biscoitos. Por isso que dizem: mulher realmente consegue fazer diversas coisas ao mesmo tempo e é a prova viva disso.
Ten ainda não havia chegado e a mulher começava a se sentir levemente estressada com essa enrolação do namorado. O que a mais irritava era que, mesmo ele estando atrasado e começando a se arrumar bem depois dela, o abençoado sempre ficava pronto primeiro e era tudo muito rápido, enquanto ela fazia o possível e o impossível horas antes para dar tempo de fazer tudo e ainda assim conseguia atrasar um pouco, sendo apressada por ele. E ela não sabia dizer se estava começando a ficar irritadiça por conta da demora mesmo ou por estar praticamente na tão abençoada TPM.
estava passando mais uma camada de pó translúcido, quando o som estridente do cronômetro começou a tocar. Com a pele praticamente pronta, faltando apenas alguns detalhes, ela correu para a cozinha para desligar o forno. Queria tudo perfeito para o dia de amanhã e isso incluía não deixar os cookies assarem demais por falta de cuidado. Tirando eles do forno e deixando esfriar em cima da bancada, ela foi novamente para o quarto e continuou a maquiagem.
— Vou matar o Ten! — a mulher proferiu sozinha, se levantando de sua penteadeira já com a maquiagem toda pronta e voltando para a cozinha. Faltava apenas decidir o que fazer com o cabelo e colocar a roupa para ficar pronta, e seu bendito namorado não chegava logo. Não podia acreditar que finalmente estava adiantada, quase pronta e ele ainda não havia chegado, nem dado nenhum sinal de fumaça. Bufando e já se sentindo brava, ela pegou os cookies já frios e começou a decorá-los.
Cada uma tinha um formato e ela os decorava de acordo com o que cada biscoitinho era. Seus favoritos eram o de rena, a bota do Papai Noel e o boneco de neve. Adorava ficar ali, enfeitando-os do seu jeitinho, isso a ajudava a relaxar, e se acalmar era a coisa que ela mais precisava, senão jogaria todos os biscoitos na cara de Ten assim que ele passasse por aquela porta. Ela não sabia explicar, mas a força de seu pensamento foi tão grande que, alguns minutos depois, ela escutou o girar da chave na porta, anunciando a chegada de seu namorado.
— Finalmente, Lee Ten! Aonde você estava? Isso são horas? Vamos chegar atrasados. — praticamente cuspiu as frases em poucos segundos, não dando tempo nem do homem pensar. Ela estava irritada e não gostava de chegar totalmente atrasada nos lugares, ainda mais uma festa da empresa do trabalho de seu namorado.
— Oi, meu amor. — Ten apareceu na cozinha e se aproximou da mulher, a abraçando por trás, deixando um beijo em seu ombro desnudo. Ela ainda estava de toalha. Não iria colocar outra roupa sabendo que daqui a alguns minutos estaria se vestindo propriamente para sair. O rapaz ignorou todas as falas da mulher irritadiça e continuou abraçado com ela.
— Meu amor nada. Vai tomar seu banho, anda logo. — terminava de confeitar uma botinha de Papai Noel e tentava tirar o braço de Ten de volta de sua cintura com uma das mãos, não tendo sucesso. O rapaz ainda a abraçava e puxava o corpo dela de encontro ao seu. E não contente com isso, ele passou a deixar leves beijos entre o ombro e o pescoço dela. — Ten!
— Só te largo e saio daqui quando você estiver menos brava. — disse, abraçando mais forte a cintura dela. — Não sei se são os cookies que estão com um cheiro bom ou se é você. — Ten continuou, agora dando um belo de um cheiro no pescoço dela, a deixando arrepiada. — Você poderia me dar um beijo, né?
— Quem chega atrasado não merece beijo. — respondeu, terminando de confeitar um de seus cookies e ignorando o bico que seu namorado fazia logo atrás de si.
— Meu amor, eu estava com os meninos. — Ten falava de forma calma e sem se soltar da mulher. A qualquer movimento brusco, ela poderia enfiar todos os cookies e as coberturas goela abaixo nele.
— Ten, tanto você quanto eles sabiam que tinham compromisso. — tentou novamente se soltar dos braços do namorado, porém sem sucesso, sendo puxada com mais força contra ele. — Solta.
— Não! Eu quero um beijinho e que você volte a me amar. — Ten encostou a testa no ombro dela. — Vem aqui, vem. — o rapaz aproveitou um momento de distração dela e a virou para ele. Novamente, ele fez um bico para ela e aproximou o rosto levemente.
— Pode parar. Vai se arrumar para não perdermos tempo. — ficava tentada ao vê-lo fazendo bico – seu coração derretia de amores –, mas não daria o braço a torcer.
— Um beijo. — ele gesticulou rapidamente, fazendo o número um com o dedo e novamente um bico. ficava dividida entre olhar nos olhos dele ou olhar para seus lábios, tentada novamente em deixar um selinho ou uma mordida ali.
— Um beijo, Ten Lee! E aí você vai correr se arrumar. — Ten sorriu com a fala dela e assentiu com a cabeça. aproximou seu rosto do dele e conseguiu ver ele fechar os olhos rapidamente. Sem muitas delongas, ela segurou o rosto dele levemente e deixou uns dois selinhos longos naquele bico irresistível para ela. — Prontinho.
— ! — Ten falou rapidamente, indignado com o que havia acabado de acontecer.
— O que foi? — ela havia aproveitado também para se virar e voltar a dar atenção para seus cookies, praticamente finalizados em cima da bancada. — Estou de batom e de pele feita, não vou estragar minha maquiagem.
— Depois você arruma. — Ten disse rapidamente, puxando a mulher e a virando para ele de novo. não teve nem tempo de pensar, logo sentiu os lábios do amado nos seus e sua língua já pedindo passagem. Ela não conseguia resistir aos beijos do namorado e logo estavam os dois praticamente se amassando na cozinha. Ten segurava com força em sua cintura, ao mesmo tempo em que tinha uma mão esparramada em suas costas, a prendendo contra si sem parar, e correspondia prendendo levemente alguns fios de cabelo dele entre os dedos. — Estava com saudades. — assim que os dois se afastaram para respirar, ele disse, dando alguns beijos leves pela bochecha dela.
— Eu também... — já não estava mais se importando com a maquiagem e o estresse também havia passado. Ten começou a subir os beijos novamente em direção à boca dela e mordeu seu lábio inferior, iniciando mais um beijo intenso. Se dando conta do horário, mesmo a contragosto, se afastou levemente, escutando um gemido de frustração de Ten. — Tem, precisamos sair daqui a pouco. — ela disse ainda de olhos fechados.
— Vamos ficar em casa, por favor. — pediu manhoso, indo com o rosto em direção ao pescoço de , distribuindo beijos molhados por lá.
— Não podemos. — tudo o que a mulher mais queria no momento era ficar em casa com o namorado, correspondendo a todos os beijos que ele lhe daria, mas isso ficaria para depois. Ainda de olhos fechados e aproveitando a carícia, suspirou.
— Eu sei... — Ten ficou mais alguns segundos focado no pescoço da mulher e gemeu frustrado novamente. Tudo em questão estava extremamente convidativo para uma longa sessão de beijos e mãos passando por todos os cantos, porém o compromisso os chamava, então, ele levantou o rosto na altura do dela e se afastou rapidamente, antes que voltasse a beijá-la. — Vou me arrumar, te espero lá em cima. — ainda tentado a ficar ali e agarrar a mulher que estava com os lábios vermelhos a sua frente, Ten começou a sair da cozinha e ir em direção ao quarto.
— Já vou subir. — respirou fundo, passando os dedos levemente ao redor da boca, tentando amenizar a provável bagunça de maquiagem naquela área. — Ten! — chamando o namorado novamente, que já estava nos primeiros degraus da escada, pegou um dos cookies prontos e se aproximou do namorado, o entregando a ele. Ten não se aguentou e a puxou para mais um beijo.
— Deixa eu ir, senão ninguém vai aproveitar a festa da empresa hoje. — ainda agarrado com a namorada, ele deixou mais um beijo rápido em seus lábios e outro em sua bochecha, antes de soltá-la e subir correndo para o quarto. deu risada do namorado e retornou para cozinha só para ajeitar os resquícios de bagunça que havia ficado por ali.
Ten tentava ajeitar a gravata em frente ao espelho. também já estava pronta e só iria retocar as borrifadas de perfume mais uma vez. A mulher vestia um longo vestido preto com uma grande fenda ao lado da perna e seus cabelos estavam soltos, apenas colocados para o lado também – em outras palavras, ela estava maravilhosa e com seu lindo batom vermelho. E poderia se dizer o mesmo de Ten, que, apesar da dificuldade em arrumar o pequeno acessório do pescoço, estava incrível com seu terno preto. Ele ainda tinha um lenço vermelho com alguns detalhes em verde, que lembravam pequenas árvores, no bolso lateral. Os dois estavam combinando e simplesmente impecáveis.
— Deixa que eu te ajudo. — se aproximou do namorado e assumiu o controle de ajeitar a gravata borboleta.
— Você é a coisa mais linda desse mundo. — disse ele, observando a mulher concentrada à sua frente. A vontade dele era agarrar ela ali, esquecer da festa e nunca mais soltar. sentiu as bochechas esquentarem, provavelmente estava corada com a fala do namorado, e sorriu para ele.
— E você é o amor da minha vida. — terminando de arrumar a gravata, a mulher aproximou seu rosto e deixou um beijo de leve na boca do namorado.
— Só esse beijinho? — Tem, mais uma vez, deixou que aparecesse um bico manhoso em seus lábios.
— Chega, amor, você não vai querer aparecer todo manchado de batom vermelho. — riu levemente e fez um carinho no rosto dele, se afastando aos poucos.
— Quem disse? Eu quero! — Ten a puxou levemente pela mão que antes acariciava sua bochecha e a abraçou pela cintura.
— Ten! — o rapaz sorriu sapeca e deixou um selinho demorado no canto da boca da namorada, se afastando em seguida, não sem antes deixar um cheiro e mais um beijinho no pescoço da mesma. — Vamos logo, seu assanhado.
— Vamos voltar mais cedo, viu? Temos assuntos a tratar neste quarto hoje. — gargalhou com a fala do namorado e o puxou com a mão para enfim saírem de casa.
Quando os dois já estavam no andar de baixo, Ten correu para a cozinha enquanto a mulher terminava de arrumar a pequena clutch com seus pertences. Dando mais uma olhada no espelho que ficava perto da porta de entrada, conseguiu observar o namorado ao fundo, com as bochechas cheias de comida, igual a um pequeno esquilo e suas nozes. Notando que estava sendo observado, Ten sorriu envergonhado e correu de volta para a namorada.
— O que foi? Estão muito gostosos. — ele disse assim que se aproximou e a namorada fez uma cara de brava, que não durou muito. O namorado estava devorando todos os cookies prontos para levar para a casa de sua sogra no dia seguinte, porém ele estava um fofo com as bochechas cheias com a bolacha que ela havia feito, e em segundos ela já estava sorrindo apaixonada para ele.
— Depois eu faço mais para você, OK? — respondeu, levando a mão para o rosto de Ten, tirando um farelo que estava perto da boca dele e deixando um beijo leve na bochecha do rapaz. Ten sorriu para ela também e segurou sua mão, abrindo a porta e a puxando para fora. Agora sim, os dois estavam prontos para a festa e com o carro já os esperando para levá-los. Ninguém queria voltar dirigindo. Seria uma grande comemoração de Natal da empresa.
Capítulo 4 – Biscoitos de Natal (Jaehyun), by Sial
Estava nevando lá fora.
A previsão do tempo tinha sido bastante imprecisa sobre isso, mas ela, de fato, estava lá: a neve, fina e gelada, caindo aos montes no asfalto e se aglomerando nos cantos da calçada.
A paisagem só contribuía para que Jaehyun quisesse ainda mais ficar em casa.
Essa regalia até seria possível, se sua namorada não fosse .
— O que está fazendo? — a voz dela surgiu bem na hora. Jaehyun levantou os ombros de susto, voltando-se para a garota rapidamente enquanto escondia uma das mãos nas costas.
— ! Achei que tivesse que vigiar os biscoitos de perto.
A garota estreitou os olhos, seguindo o movimento furtivo das mãos dele. Provavelmente ele não a ouvira falar que os biscoitos ainda demorariam mais uns dez minutos, e sua distração silenciosa poderia significar apenas uma coisa.
A noite toda. Ela o incomodou com isso a noite toda quando foi pego em flagrante pela primeira vez. Então disse:
— Um cigarro mede 78 mm, então pelo tempo ele já deve estar com 55 mm, estou errada? — uma sobrancelha foi levantada com confiança. Jaehyun baixou os ombros, derrotado. — O fio da fumaça não sairia por inteiro na avenida lá fora, meu bem, os ventos estão fortes, não é como se eu não fosse perceber. Vai, me dá isso.
Jaehyun bufou, revelando as mãos escondidas e o cigarro queimando entre os dedos. Viu se aproximar devagar, com uma carranca de repreensão, e pegar a bituca. Porém, em vez de se apressar para jogá-lo no lixo mais próximo, a garota levou o cigarro aos lábios, tragando com força até que os 55 mm diminuíssem bruscamente. Jaehyun arregalou brevemente os olhos, soltando uma risada desacreditada.
— Você me enganou!
— Eu não sou idol. — zombou ela. O garoto colocou uma das mãos na nuca, olhando ao redor para toda a decoração natalina. Não havia nem sinal de uma melhora no tempo. Tinha fogo na lareira, pisca-piscas nas paredes e agora sua garota estava usando sua camisa grande e larga, com meias vermelhas nos pés e um cigarro na mão, andando entre a sala e a cozinha, à espera de duas dúzias de biscoitos de melão ficarem prontos para serem levados até a grande festa de natal da empresa mais tarde.
Mas quem desejaria sair daquele ambiente com esse tipo de aesthetic? A noite perfeita de Natal estava bem ali, ao lado de , e nada o convenceria do contrário.
Em contrapartida, a garota preferia o mesmo, lá no fundo. Jaehyun parecia cansado de tantas noites maldormidas, resultado de ensaios e compromissos com o grupo, e o acúmulo de trabalho que sempre vinha no final do ano. odiava vê-lo assim, mesmo que ele nunca sequer se queixasse, mas nada que ela pensou soava como algo que pudesse realmente lhe dizer. A festa, para todos os efeitos, também era uma extensão do trabalho. E Jaehyun, por mais que quisesse sair correndo, não toleraria negligência com o compromisso. Portanto, era melhor levantar um pouco a cabeça e passar por aquilo com o pensamento nos dias de folga que viriam logo depois.
— Achei que poderíamos procurar aqueles seus brincos perdidos com radiestesia. — disse o rapaz, em um leve tom debochado. — Ou quem sabe as antigas latas de cerveja que ainda não levei para a reciclagem.
olhou por sobre o ombro, franzindo o cenho, mantendo o cigarro preso entre os lábios.
Foi isso que trouxe para Seul em primeiro lugar: meses de radiestesia e pesquisa. Ela era uma paleontóloga formada cedo demais por ser inteligente demais, e isso a tornava primariamente uma pessoa sem muitas experiências sociais. Apesar disso, uma linha bem precisa parece ter sido traçada para que ela chegasse até onde estava, e com quem estava. Ela e Jaehyun se encaixavam nas mesmas coisas, incluindo a grande vontade inata de ficarem sozinhos, o que se transformou em gostar de ficar sozinhos juntos.
Talvez o universo tenha pontuado que ficariam juntos depois de terem dado a volta na cidade com uma varinha de radiestesia e um leitor de frequência eletromagnética, trocando os instrumentos entre os dois na busca por algum sinal de minério e carbono 16. A máquina havia indicado picos estranhos algumas vezes, o que fez os dois rirem e sentirem a varinha vibrar em sincronia, como mais um alerta de destino. inicialmente preferia tratar tudo como uma boa ilusão, porque em hipótese alguma esse cara gostaria dela de verdade.
Mas no fim, cá estava ela, andando pelo apartamento dele seminua, encarando as olheiras de um homem que não sabia diminuir o ritmo e pensando em como gostaria de cuidar de seu bem-estar pra sempre.
— Se você se preocupasse consigo mesmo, Jeong, saberia que a neve é uma das minhas maiores inimigas. — ela cerrou os olhos, dando uma última tragada e passando ao lado dele para enfiar a bituca na janela. De repente, braços passaram por trás de sua cintura em um abraço enorme e protetor, assim como a voz dele surgindo em sua orelha:
— A neve é inimiga de todos essa noite. Não parece bem melhor não ter que enfrentá-la?
sentiu um breve arrepio na nuca. Ela considerou colocar a questão de modo egoísta: Você não vai ser útil para mim se for demitido e expulso do grupo, nem todo mundo se dá bem em carreira solo, sabia? Quero namorar um membro do NCT. Mas Jaehyun perceberia em um segundo que estava sendo enganado.
Em vez disso, disse:
— Jeong Jaehyun, não me provoca...
— Podemos pensar em um plano A sólido para enganar todos os nossos amigos, mas acho que vamos ter que pensar em um plano B também, eles não são tão burros quanto eu gostaria.
A garota riu com vontade e tentou se soltar do abraço, mas só conseguiu ter o corpo virado e imprensado no peito dele, que a olhou de cima antes de roubar um beijo preciso e irresistível.
Esse era seu plano A. Ao levantar seu corpo do chão, as pernas dela se prenderam em sua cintura de forma automática. O sofá foi o destino mais próximo, onde deixou seu corpo cair ainda mantendo em seu colo. O plano B poderia consistir em ficar naquilo até que um dos dois chutasse o balde e voltasse ao que estavam fazendo no andar de cima, e Jaehyun tinha certeza de que essa pessoa seria ele.
Porém, tinha uma consciência grande demais, que quase sempre era perdida pelos braços daquele homem, então tratou logo de afastar suas bocas e respirar fundo, procurando seu fôlego para que obrigasse o cérebro a voltar a funcionar mais depressa e pudesse ser coesa em suas próximas ações. Estar perto dele era um teste de sanidade, e hoje não era um bom dia para testes.
— Você não sabe mais se comportar? — ela trincou os dentes, mas no fundo queria rir. Jaehyun mordeu o lábio inferior e apertou mais sua cintura. Ela afastou suas mãos em uma falsa expressão de tédio. — Preciso tirar sua camisa da lavagem a seco no térreo. E os sapatos, você não os tirou da janela, não é? Acho que sua gravata está no banheiro... — se levantou devagar, ajeitando o cabelo enquanto adquiria sua típica expressão pensativa. — Deus, daqui a pouco vou precisar desenhar um mapa dessa casa. Você nem sabia que tinha uma lavanderia no térreo.
— Não precisa desenhar nada, pode só morar aqui.
A proposta chegou aos ouvidos de devagar, e foi pegando-a como um soco à medida que era compreendida. Ela parou por um minuto inteiro antes de começar a rir, mas não durou muito depois que viu que ele não estava rindo. Nem sorrindo. O que já tornava toda a situação minimamente estranha.
Por fim, ela só conseguiu dizer:
— Ah, para com isso. — e espalmou o ar com as mãos de um jeito desajeitado, ainda rindo em nervosismo.
Jaehyun levantou logo em seguida, com a expressão leve e serena, mas com firmeza. Ele quase nunca ficava sério, e a percepção disso fez engolir em seco.
— Lembra quando a gente se conheceu? — perguntou, colocando uma das mãos na nuca da garota. — Em Jeju. Há dois anos. Você estava de calça e botas em um calor de 35º procurando fósseis na costa sozinha. Por causa de uma intuição. — ele frisou a palavra com um tom absurdo, o que fez rir pelo nariz. — Foi a coisa mais adorável que eu já tinha visto, mesmo que você só tivesse encontrado areia e grama morta. Ali eu não percebi, mas quando te encontrei de novo em Seul, eu sabia que essas coisas de fios vermelhos e invisíveis de energia que unem as pessoas não eram tão baboseiras assim. Na verdade, pareceu ser bem óbvio.
Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu imediatamente. Ao recuperar a voz, mais uma risada perplexa escapou.
— Vai começar com as declarações baratas a essa hora? — ela riu, mas seu coração martelava tão forte que era difícil se concentrar no que dizia. — Vai dizer também que fui feita especialmente para você e que só estava esperando te encontrar?
— Mas é claro! Existe uma força superior que nos aproximou e nenhum dos seus papos darwinistas vai me fazer duvidar disso. — ela riu novamente. Quis beijar aquele homem sem parar até o outro dia. Até a próxima semana. — E é por isso que essa coisa de perder tempo não cola mais para mim. Não quero passar a vida toda conquistando só metade dos meus sonhos. Sou ambicioso, você sabe. Eu quero tudo. E você é a cereja do bolo.
— Não é como se você não me tivesse. — respondeu .
— Eu sei. Mas é algum pecado eu querer dormir e acordar com você todos os dias? — ele se aproximou mais. — É uma referência clara do quanto eu te amo: dividir a vida com você. Eu, que nunca quis nada disso, agora quero dividir meu espaço com você, meus sonhos, toda essa coisa que faz parte da vida de alguém. É só isso.
mordeu os lábios, baixando os olhos e se sentindo quilômetros menor do que Jaehyun de repente, como se estivesse em frente a um ultimato do tamanho de uma montanha. A tal linha que os unia devia ser fina e traçada a lápis, o que mostrava que quanto mais difícil fosse a jornada, maior seria a recompensa de segui-la. Analisando todas as possibilidades, a forma como encontrou Jeong Jaehyun era algo fantástico demais para não se acreditar em algo a mais. Milhares de hectares em uma ilha e um encontro fadado a acontecer.
Mesmo assim, não era como se ela pudesse ignorar a vida real.
— Mas... O seu trabalho... As pessoas mal sabem de nós.
— Todas as pessoas que precisam saber já sabem. — Jaehyun deu de ombros, acariciando a bochecha da garota. — O resto do mundo pode ficar à vontade para teorizar. Eles logo vão saber a verdade quando eu te pedir em casamento daqui há alguns anos.
Ele recebeu um tapa no ombro. Ela o olhou profundamente, como o olhou no meio daquelas árvores há dois anos e como eles pareceram divinamente como o ponto de chegada ao longo da linha do destino.
E então, ela sentiu um cheiro estranho no ar.
— Os biscoitos!
arfou e correu até a cozinha. Jaehyun soltou uma risada e se virou para o aparelho de som. Ele trocou para Flash, do Cigarettes After Sex, e ia se sentar no sofá de novo quando a garota reapareceu no batente do cômodo, com uma cooking luva em uma das mãos enquanto mordia o lábio inferior.
— Eu me pergunto — refletiu ela em voz alta — se você poderia ter duas ou três gavetas.
Jaehyun sorriu de forma elétrica. Era como se ela tivesse ligado uma bateria de carro a ele com aquele sorriso consentido. Ele queria abraçá-la e jogá-la para o alto, mas só conseguiu responder:
— O que você quiser. A casa é sua.
A previsão do tempo tinha sido bastante imprecisa sobre isso, mas ela, de fato, estava lá: a neve, fina e gelada, caindo aos montes no asfalto e se aglomerando nos cantos da calçada.
A paisagem só contribuía para que Jaehyun quisesse ainda mais ficar em casa.
Essa regalia até seria possível, se sua namorada não fosse .
— O que está fazendo? — a voz dela surgiu bem na hora. Jaehyun levantou os ombros de susto, voltando-se para a garota rapidamente enquanto escondia uma das mãos nas costas.
— ! Achei que tivesse que vigiar os biscoitos de perto.
A garota estreitou os olhos, seguindo o movimento furtivo das mãos dele. Provavelmente ele não a ouvira falar que os biscoitos ainda demorariam mais uns dez minutos, e sua distração silenciosa poderia significar apenas uma coisa.
A noite toda. Ela o incomodou com isso a noite toda quando foi pego em flagrante pela primeira vez. Então disse:
— Um cigarro mede 78 mm, então pelo tempo ele já deve estar com 55 mm, estou errada? — uma sobrancelha foi levantada com confiança. Jaehyun baixou os ombros, derrotado. — O fio da fumaça não sairia por inteiro na avenida lá fora, meu bem, os ventos estão fortes, não é como se eu não fosse perceber. Vai, me dá isso.
Jaehyun bufou, revelando as mãos escondidas e o cigarro queimando entre os dedos. Viu se aproximar devagar, com uma carranca de repreensão, e pegar a bituca. Porém, em vez de se apressar para jogá-lo no lixo mais próximo, a garota levou o cigarro aos lábios, tragando com força até que os 55 mm diminuíssem bruscamente. Jaehyun arregalou brevemente os olhos, soltando uma risada desacreditada.
— Você me enganou!
— Eu não sou idol. — zombou ela. O garoto colocou uma das mãos na nuca, olhando ao redor para toda a decoração natalina. Não havia nem sinal de uma melhora no tempo. Tinha fogo na lareira, pisca-piscas nas paredes e agora sua garota estava usando sua camisa grande e larga, com meias vermelhas nos pés e um cigarro na mão, andando entre a sala e a cozinha, à espera de duas dúzias de biscoitos de melão ficarem prontos para serem levados até a grande festa de natal da empresa mais tarde.
Mas quem desejaria sair daquele ambiente com esse tipo de aesthetic? A noite perfeita de Natal estava bem ali, ao lado de , e nada o convenceria do contrário.
Em contrapartida, a garota preferia o mesmo, lá no fundo. Jaehyun parecia cansado de tantas noites maldormidas, resultado de ensaios e compromissos com o grupo, e o acúmulo de trabalho que sempre vinha no final do ano. odiava vê-lo assim, mesmo que ele nunca sequer se queixasse, mas nada que ela pensou soava como algo que pudesse realmente lhe dizer. A festa, para todos os efeitos, também era uma extensão do trabalho. E Jaehyun, por mais que quisesse sair correndo, não toleraria negligência com o compromisso. Portanto, era melhor levantar um pouco a cabeça e passar por aquilo com o pensamento nos dias de folga que viriam logo depois.
— Achei que poderíamos procurar aqueles seus brincos perdidos com radiestesia. — disse o rapaz, em um leve tom debochado. — Ou quem sabe as antigas latas de cerveja que ainda não levei para a reciclagem.
olhou por sobre o ombro, franzindo o cenho, mantendo o cigarro preso entre os lábios.
Foi isso que trouxe para Seul em primeiro lugar: meses de radiestesia e pesquisa. Ela era uma paleontóloga formada cedo demais por ser inteligente demais, e isso a tornava primariamente uma pessoa sem muitas experiências sociais. Apesar disso, uma linha bem precisa parece ter sido traçada para que ela chegasse até onde estava, e com quem estava. Ela e Jaehyun se encaixavam nas mesmas coisas, incluindo a grande vontade inata de ficarem sozinhos, o que se transformou em gostar de ficar sozinhos juntos.
Talvez o universo tenha pontuado que ficariam juntos depois de terem dado a volta na cidade com uma varinha de radiestesia e um leitor de frequência eletromagnética, trocando os instrumentos entre os dois na busca por algum sinal de minério e carbono 16. A máquina havia indicado picos estranhos algumas vezes, o que fez os dois rirem e sentirem a varinha vibrar em sincronia, como mais um alerta de destino. inicialmente preferia tratar tudo como uma boa ilusão, porque em hipótese alguma esse cara gostaria dela de verdade.
Mas no fim, cá estava ela, andando pelo apartamento dele seminua, encarando as olheiras de um homem que não sabia diminuir o ritmo e pensando em como gostaria de cuidar de seu bem-estar pra sempre.
— Se você se preocupasse consigo mesmo, Jeong, saberia que a neve é uma das minhas maiores inimigas. — ela cerrou os olhos, dando uma última tragada e passando ao lado dele para enfiar a bituca na janela. De repente, braços passaram por trás de sua cintura em um abraço enorme e protetor, assim como a voz dele surgindo em sua orelha:
— A neve é inimiga de todos essa noite. Não parece bem melhor não ter que enfrentá-la?
sentiu um breve arrepio na nuca. Ela considerou colocar a questão de modo egoísta: Você não vai ser útil para mim se for demitido e expulso do grupo, nem todo mundo se dá bem em carreira solo, sabia? Quero namorar um membro do NCT. Mas Jaehyun perceberia em um segundo que estava sendo enganado.
Em vez disso, disse:
— Jeong Jaehyun, não me provoca...
— Podemos pensar em um plano A sólido para enganar todos os nossos amigos, mas acho que vamos ter que pensar em um plano B também, eles não são tão burros quanto eu gostaria.
A garota riu com vontade e tentou se soltar do abraço, mas só conseguiu ter o corpo virado e imprensado no peito dele, que a olhou de cima antes de roubar um beijo preciso e irresistível.
Esse era seu plano A. Ao levantar seu corpo do chão, as pernas dela se prenderam em sua cintura de forma automática. O sofá foi o destino mais próximo, onde deixou seu corpo cair ainda mantendo em seu colo. O plano B poderia consistir em ficar naquilo até que um dos dois chutasse o balde e voltasse ao que estavam fazendo no andar de cima, e Jaehyun tinha certeza de que essa pessoa seria ele.
Porém, tinha uma consciência grande demais, que quase sempre era perdida pelos braços daquele homem, então tratou logo de afastar suas bocas e respirar fundo, procurando seu fôlego para que obrigasse o cérebro a voltar a funcionar mais depressa e pudesse ser coesa em suas próximas ações. Estar perto dele era um teste de sanidade, e hoje não era um bom dia para testes.
— Você não sabe mais se comportar? — ela trincou os dentes, mas no fundo queria rir. Jaehyun mordeu o lábio inferior e apertou mais sua cintura. Ela afastou suas mãos em uma falsa expressão de tédio. — Preciso tirar sua camisa da lavagem a seco no térreo. E os sapatos, você não os tirou da janela, não é? Acho que sua gravata está no banheiro... — se levantou devagar, ajeitando o cabelo enquanto adquiria sua típica expressão pensativa. — Deus, daqui a pouco vou precisar desenhar um mapa dessa casa. Você nem sabia que tinha uma lavanderia no térreo.
— Não precisa desenhar nada, pode só morar aqui.
A proposta chegou aos ouvidos de devagar, e foi pegando-a como um soco à medida que era compreendida. Ela parou por um minuto inteiro antes de começar a rir, mas não durou muito depois que viu que ele não estava rindo. Nem sorrindo. O que já tornava toda a situação minimamente estranha.
Por fim, ela só conseguiu dizer:
— Ah, para com isso. — e espalmou o ar com as mãos de um jeito desajeitado, ainda rindo em nervosismo.
Jaehyun levantou logo em seguida, com a expressão leve e serena, mas com firmeza. Ele quase nunca ficava sério, e a percepção disso fez engolir em seco.
— Lembra quando a gente se conheceu? — perguntou, colocando uma das mãos na nuca da garota. — Em Jeju. Há dois anos. Você estava de calça e botas em um calor de 35º procurando fósseis na costa sozinha. Por causa de uma intuição. — ele frisou a palavra com um tom absurdo, o que fez rir pelo nariz. — Foi a coisa mais adorável que eu já tinha visto, mesmo que você só tivesse encontrado areia e grama morta. Ali eu não percebi, mas quando te encontrei de novo em Seul, eu sabia que essas coisas de fios vermelhos e invisíveis de energia que unem as pessoas não eram tão baboseiras assim. Na verdade, pareceu ser bem óbvio.
Ela abriu a boca para responder, mas nada saiu imediatamente. Ao recuperar a voz, mais uma risada perplexa escapou.
— Vai começar com as declarações baratas a essa hora? — ela riu, mas seu coração martelava tão forte que era difícil se concentrar no que dizia. — Vai dizer também que fui feita especialmente para você e que só estava esperando te encontrar?
— Mas é claro! Existe uma força superior que nos aproximou e nenhum dos seus papos darwinistas vai me fazer duvidar disso. — ela riu novamente. Quis beijar aquele homem sem parar até o outro dia. Até a próxima semana. — E é por isso que essa coisa de perder tempo não cola mais para mim. Não quero passar a vida toda conquistando só metade dos meus sonhos. Sou ambicioso, você sabe. Eu quero tudo. E você é a cereja do bolo.
— Não é como se você não me tivesse. — respondeu .
— Eu sei. Mas é algum pecado eu querer dormir e acordar com você todos os dias? — ele se aproximou mais. — É uma referência clara do quanto eu te amo: dividir a vida com você. Eu, que nunca quis nada disso, agora quero dividir meu espaço com você, meus sonhos, toda essa coisa que faz parte da vida de alguém. É só isso.
mordeu os lábios, baixando os olhos e se sentindo quilômetros menor do que Jaehyun de repente, como se estivesse em frente a um ultimato do tamanho de uma montanha. A tal linha que os unia devia ser fina e traçada a lápis, o que mostrava que quanto mais difícil fosse a jornada, maior seria a recompensa de segui-la. Analisando todas as possibilidades, a forma como encontrou Jeong Jaehyun era algo fantástico demais para não se acreditar em algo a mais. Milhares de hectares em uma ilha e um encontro fadado a acontecer.
Mesmo assim, não era como se ela pudesse ignorar a vida real.
— Mas... O seu trabalho... As pessoas mal sabem de nós.
— Todas as pessoas que precisam saber já sabem. — Jaehyun deu de ombros, acariciando a bochecha da garota. — O resto do mundo pode ficar à vontade para teorizar. Eles logo vão saber a verdade quando eu te pedir em casamento daqui há alguns anos.
Ele recebeu um tapa no ombro. Ela o olhou profundamente, como o olhou no meio daquelas árvores há dois anos e como eles pareceram divinamente como o ponto de chegada ao longo da linha do destino.
E então, ela sentiu um cheiro estranho no ar.
— Os biscoitos!
arfou e correu até a cozinha. Jaehyun soltou uma risada e se virou para o aparelho de som. Ele trocou para Flash, do Cigarettes After Sex, e ia se sentar no sofá de novo quando a garota reapareceu no batente do cômodo, com uma cooking luva em uma das mãos enquanto mordia o lábio inferior.
— Eu me pergunto — refletiu ela em voz alta — se você poderia ter duas ou três gavetas.
Jaehyun sorriu de forma elétrica. Era como se ela tivesse ligado uma bateria de carro a ele com aquele sorriso consentido. Ele queria abraçá-la e jogá-la para o alto, mas só conseguiu responder:
— O que você quiser. A casa é sua.
Capítulo 5 – Pedido (Lucas), by Daphne M.
Lucas POV
“Namora comigo?”
Era assim que o dia tinha começado. Com me acordando de um jeito peculiar e meu pedido esbaforido de namoro. Depois disso, ela simplesmente sumiu sem me dizer onde ia. Tínhamos ido de cem a zero muito rápido.
Desci um andar e toquei a campainha do apartamento do andar de baixo. Alguns minutos depois, a porta se abriu e Johnny hyung me olhou com tédio. Pela demora, diria que estava jogando e eu o tinha atrapalhado.
— não está. — ele abriu mais a porta para que eu entrasse.
— Eu sei. — passei por ele e me joguei no sofá. — Se estivesse, teria demorado menos para abrir a porta. — resmunguei.
— Seu moleque petulante. — Johnny hyung riu e me acertou um travesseiro no rosto, me fazendo rir também. — Está tudo bem, Lucas? — seu tom mudou de divertido para preocupado.
— Está sim. Só preciso de um tempo em silêncio. — confessei. Os pensamentos já estavam fazendo barulho demais na minha cabeça.
— deve chegar daqui a pouco. Se precisar de mim, estou no quarto, jogando. — ele bagunçou meus cabelos e saiu, me deixando sozinho na sala.
— Obrigado, hyung. — agradeci e não recebi mais resposta, ele já tinha saído.
Tomei o celular nas mãos para me distrair e, alguns bons minutos mais tarde, a porta se abriu, revelando uma cheia de neve.
— Jogando ou namorando? — ela perguntou. Se aproximou de mim e afastou os fios da minha testa, deixando um beijo ali. Ela adorava fazer isso, quando alcançava. Ela se aproximou e beijei seu rosto. Johnny hyung sempre revirava os olhos para nós, mas eu a amava como uma irmã, ela era importante para mim.
— Assistindo. — respondi com um bico nos lábios. — E você sabe que eu só namoraria você, mas o Johnny hyung chegou primeiro.
— sabe disso? — ela perguntou sorrindo.
— não quer namorar. Não comigo. — respondi triste.
— Já experimentou perguntar a ela? — ela sorriu.
— Já. Depois que... Você sabe. — gesticulei exageradamente, lembrando do momento de mais cedo. — Ela disse não.
— Ótima hora para perguntar, Lucas. — ela riu. — Que tal preparar uma coisa mais romântica? Eu sei que você sabe fazer isso. Um pedido repentino é muito assustador.
— Como foi o seu? — larguei o celular e sentei, a encarando.
— Ele escreveu “namora comigo?” com batatas fritas no balcão da minha cozinha. — ela riu abertamente.
— Achei que tivesse dito que era para ser romântico. — ri com ela.
— E foi romântico. Eu amo batata frita. — confessou. — Mas estou falando sério. Compre alguma coisa que ela gosta, ou prepare você mesmo. Faça um momento. Garanto que ela lhe dirá sim.
— Você vai falar com ela? — perguntei esperançoso.
— Eu não. Vocês são adultos. Podem muito bem se entender. — rebateu em tom debochado.
— Bela amiga. — reclamei e fui em sua direção. — Eu preciso ir. Vejo vocês na festa. — beijei sua testa e saí. Precisava agir.
Subi de volta para o meu quarto e fechei a porta. Fiquei andando de um lado para o outro, tentando pensar em alguma coisa, mas nada me vinha à cabeça. era figurinista, mas como eu ia usar isso ao meu favor?
Pensa, Lucas, pensa.
Do que mais a gosta?
— De mim. — constatei e ri baixinho.
— Lucas! — alguém me chamou na porta.
Droga, queria pensar sozinho. Mas me arrastei até a porta e abri, dando de cara com Johnny hyung.
— O que faz aqui? — perguntei confuso.
— me expulsou para buscar o terno. — ele suspirou. — Mentira, eu esqueci de propósito. Tenho que ir buscar uma coisa na Tiffany & Co. Ela disse para eu falar com você. Problemas com a ?
— Hyung, você é um gênio. — eu sorri. — Vou com você.
— Vai? — ele perguntou confuso enquanto eu buscava meu casaco largado.
— Vou. — respondi fechando a porta atrás de mim. — vai ser minha namorada hoje, acredite.
— Então tá. — Johnny riu. — Vamos.
Desci com Johnny até o estacionamento onde uma pessoa já nos esperava no carro. Eu fui até o prédio da Tiffany & Co. procurando algo que pudesse agradar . Ela era romântica e nada mais romântico que flores, chocolates e uma joia. O dia era perfeito, eu estava sozinho, poderia improvisar.
— Achou a ? — Johnny perguntou quando eu voltei para o carro com um enorme buquê de flores cor-de-rosa e uma caixa de bombons.
— Nenhum sinal. — suspirei. De nada adiantava estar fazendo tudo aquilo se eu sequer sabia onde ela estava.
— Ela disse que está indo encontrar para começarem a se arrumar. — Johnny balançou o celular. — deve ter apagado. Ser irritada cansa.
— Vou dizer a ela. — eu ri.
— Você vai ficar quieto ou eu não te ajudo. — ele ergueu as sobrancelhas para mim.
— Ficar quieto sobre o quê? Eu não sei de nada. — disfarcei e ele riu.
— Vou colocar para dentro e subo para te ajudar. — ele saltou do carro quando paramos na garagem do prédio. Esperei um pouco para que não me visse passar e então subi. Peguei o telefone para tentar falar com ela uma última vez, um último fio de esperança.
— Eu estou na . Quando terminar, subo para me arrumar aí. — ela disse assim que atendeu ao telefone. Nem me deixou dizer mais nada e apenas desligou.
— Pelo menos me atendeu. — respirei aliviado. Passei pela porta e já ia fechar quando Johnny passou também.
— Temos que ser rápidos. e juntas são uma máquina. O que vai fazer? — ele me perguntou.
Olhei ao redor uma ideia me acometeu.
— Preciso de papel e caneta. — avisei e já corri para juntar as duas coisas. — Tire os bombons da caixa, hyung.
Peguei o primeiro post-it.
“Eu sei.
Sei que não sou bom com palavras. Talvez nem com gestos. Mas tem uma coisa que eu quero te dizer. Então segue os post-its, tá?”
Colei na porta da frente, pelo lado de fora.
“Antes de continuar, come um chocolate que eu sei que você ama.”
Preguei o segundo na mesa onde colocamos as chaves.
— Um bombom, hyung. — pedi e Johnny o arremessou para mim. O coloquei em cima do post-it.
“Eu agradeço a todos os dias por ter me feito perceber que eu gostava de você. (Guarde os bombons para depois, OK?)”
— Hyung, dois bombons aqui. — e preguei o post-it no balcão que dividia a cozinha da sala.
“Agradeço todos os dias por ter te encontrado, encontrado o amor tão perto de mim.”
Preguei o seguinte na parede do corredor que dava para o meu quarto.
“Parece que eu estou te enrolando (e talvez eu esteja mesmo. Então chega logo no quarto).”
E preguei na parede mais adiante.
“Quando você abrir essa porta, eu provavelmente vou ficar eufórico. É quase tudo o que eu pedi ao Papai Noel por ter sido um bom menino esse ano. Então, abra devagar. Talvez eu não aguente fortes emoções.”
Preguei na porta do quarto.
Johnny vinha atrás de mim, lendo e rindo de cada bilhete.
— Quase tudo, Lucas? — Johnny perguntou e apontou para o bilhete.
— Sim, quase tudo. Será tudo quando ela disser que aceita namorar comigo. — sorri confiante. — Agora, seja um bom hyung e traga as flores, a joia e o resto dos bombons.
— Mandão. — ele resmungou, mas foi mesmo assim.
Arrumei o restante das coisas sobre a cama e me sentei para esperar por .
— Eu vou subir. Se precisar de ajuda, mande uma mensagem. — Johnny hyung me estendeu o punho fechado e eu bati o meu no seu, em um soquinho de cumprimento. — Boa sorte.
— E não estrague tudo. — dissemos juntos e ele riu. Assim que ouvi a porta ser fechada, relaxei, esperando o melhor.
Lucas POV Off
POV
Tinha passado o dia todo rodando na rua, mas agora precisava me arrumar para a tal festa. Eu era uma funcionária, afinal, precisava estar lá, com ou sem Lucas.
— Onde estava? — perguntei a um Johnny de lábios roxos de frio que carregava um saco enorme consigo. Eu não conseguia não ser protetora com eles.
— Fui buscar o terno. — ele sorriu. E como já dizia , tinha alguma coisa ali que ele não estava me contando.
— E o que mais? — cruzei os braços sobre o peito enquanto ele abria a porta.
— Mais nada. — ele deu de ombros, entrando no apartamento.
— Vou deixar passar, mas não acredito em você. — entrei atrás dele. Ele largou o terno bem ajeitado no sofá e caminhou até o quarto. Fiquei na porta observando.
— , amor, está aqui. — pude vê-lo sorrir.
— Como pegou o terno tão rápido? — perguntou meio sonolenta.
— Eu saí há quase duas horas, amor. — ele riu de verdade. — Vamos, está te esperando para arrumarem os cabelos.
Assim que levantou, Johnny lhe beijou, recebendo um empurrão em seguida.
— Johnny, você tá gelado, sai. — eles riram e eu ri com eles. Era fofo vê-los assim.
— Já que está aqui, vou falar com o Lucas. — ele veio em direção à porta do quarto murmurando: — O que eu não faço por você?
— Você faz tudo por mim por que me ama. — gritou.
— Amo mesmo. — ele rebateu de costas para ela. — Ela acordou irritada. — ele disse quando cruzou comigo na porta do quarto. Claramente estava inventando. Coloquei minha melhor cara assustada no rosto.
— Eu posso voltar depois. — respondi.
— Ele está mentindo, . Vem, senta aqui. — bateu na cama ao seu lado. — Que carinha é essa?
— Lucas me pediu em namoro e eu disse não. — respondi com um bico nos lábios.
— É só encontrá-lo e dizer sim. — ela rebateu como se fosse simples.
— E é por isso que você não pode ser psicóloga. — eu ri. — Ele vai me pedir de novo, não vai?
— Claro que vai. E esteja pronta para o sim. — ela me encorajou. — Agora, chega de garotos. Temos cabelos e maquiagens para fazer.
Começamos pelo cabelo, o que foi bem rápido, e começou minha maquiagem, para que eu pudesse ir colocar meu vestido. Na metade do processo, Johnny chegou sorridente.
— Viu passarinho verde? — perguntou.
— Vi você quando entrei no quarto. O único motivo do meu sorriso. — ele a abraçou por trás e não evitei o riso.
— Sinceramente vocês dois. — murmurei para mim.
— O que você quer? — parou de me maquiar e virou para encarar Johnny, selando seus lábios.
— Só queria um beijinho. Agora vou tomar banho. — ele foi em direção ao banheiro.
— Não saia de toalha. Respeite a que está aqui. — ordenou. Johnny voltou para pegar uma roupa qualquer antes de ir ao banheiro novamente.
— Ah, eu não me importo. — dei de ombros e quase me fuzilou com o olhar. — Estou brincando. Lucas morreria.
— Não ouse magoar meu bebê, . — ela brincou. Eu achava fofa a relação de irmãos deles.
— Seu bebê sou eu. — Johnny gritou lá do banheiro.
— Cale a boca, Johnny. — gritou e nós rimos.
— Hoje ele está demais. — apontei.
— Jogou. Daí já viu, né? — ela fez um gesto que eu conhecia: Johnny estava “fora da casinha”. — Estou terminando. — ela avisou.
Depois mais uns pós e esfumados, me liberou para subir. A abracei em agradecimento e respirei fundo para ir encontrar Lucas no andar de cima. Subi o lance de escada e quando estiquei a mão para abrir a porta, vi o post-it pregado ali. Franzi as sobrancelhas e arranquei para ler a letra arrastada de Lucas.
“Eu sei.
Sei que não sou bom com palavras. Talvez nem com gestos. Mas tem uma coisa que eu quero te dizer. Então segue os post-its, tá?”
Que espécie de jogo era aquele?
Entrei no apartamento e ia soltar a chaves quando vi o bilhete seguinte. Li e ri baixinho, comendo o bombom em seguida. Era um dos meus favoritos, chocolate com nozes.
Vi o próximo papel azul em cima da bancada com mais chocolates. Juntei os dois e fui para o corredor, encontrando o bilhete seguinte e o seguinte. E então vi o que deveria ser o último bilhete pregado na porta do quarto.
“Quando você abrir essa porta, eu provavelmente vou ficar eufórico. É quase tudo o que eu pedi ao Papai Noel por ter sido um bom menino esse ano. Então, abra devagar. Talvez eu não aguente fortes emoções.”
— Quase tudo, Xuxi? Eu sou quase tudo? — abri a porta como um furacão, quase soltando os chocolates no chão. Encontrei Lucas parado ao lado da cama, sorrindo nervoso, segurando uma caixinha azul nas mãos enormes.
— Sim, . Quase tudo. — ele tomou fôlego. — Será tudo quando você responder à minha pergunta.
Olhei ao redor e vi as flores na cama e o restante dos chocolates na mesa de cabeceira.
— Se demorar mais um minuto para perguntar, eu juro que vou embora. — apontei. Claro que eu não iria, estava feliz demais com toda a preparação e preocupação dele. Eu já tinha subido disposta a dizer sim, independente do que ele fosse dizer. Estava na hora de parar de enrolar e assumir aquele namoro. Eu gostava demais dele e não aguentava mais ficar longe. Se e Johnny conseguiam, nós poderíamos conseguir.
— Namora comigo? — ele abriu a caixinha e me mostrou um colar com uma pedra rosa clarinha, como as flores sobre a cama.
Apenas confirmei com a cabeça e corri para me jogar em seus braços. A noite da véspera de Natal estava chegando com as mesmas palavras que tinham começado o meu dia, e eu estava no meu lugar favorito no mundo: nos braços do meu namorado.
“Namora comigo?”
Era assim que o dia tinha começado. Com me acordando de um jeito peculiar e meu pedido esbaforido de namoro. Depois disso, ela simplesmente sumiu sem me dizer onde ia. Tínhamos ido de cem a zero muito rápido.
Desci um andar e toquei a campainha do apartamento do andar de baixo. Alguns minutos depois, a porta se abriu e Johnny hyung me olhou com tédio. Pela demora, diria que estava jogando e eu o tinha atrapalhado.
— não está. — ele abriu mais a porta para que eu entrasse.
— Eu sei. — passei por ele e me joguei no sofá. — Se estivesse, teria demorado menos para abrir a porta. — resmunguei.
— Seu moleque petulante. — Johnny hyung riu e me acertou um travesseiro no rosto, me fazendo rir também. — Está tudo bem, Lucas? — seu tom mudou de divertido para preocupado.
— Está sim. Só preciso de um tempo em silêncio. — confessei. Os pensamentos já estavam fazendo barulho demais na minha cabeça.
— deve chegar daqui a pouco. Se precisar de mim, estou no quarto, jogando. — ele bagunçou meus cabelos e saiu, me deixando sozinho na sala.
— Obrigado, hyung. — agradeci e não recebi mais resposta, ele já tinha saído.
Tomei o celular nas mãos para me distrair e, alguns bons minutos mais tarde, a porta se abriu, revelando uma cheia de neve.
— Jogando ou namorando? — ela perguntou. Se aproximou de mim e afastou os fios da minha testa, deixando um beijo ali. Ela adorava fazer isso, quando alcançava. Ela se aproximou e beijei seu rosto. Johnny hyung sempre revirava os olhos para nós, mas eu a amava como uma irmã, ela era importante para mim.
— Assistindo. — respondi com um bico nos lábios. — E você sabe que eu só namoraria você, mas o Johnny hyung chegou primeiro.
— sabe disso? — ela perguntou sorrindo.
— não quer namorar. Não comigo. — respondi triste.
— Já experimentou perguntar a ela? — ela sorriu.
— Já. Depois que... Você sabe. — gesticulei exageradamente, lembrando do momento de mais cedo. — Ela disse não.
— Ótima hora para perguntar, Lucas. — ela riu. — Que tal preparar uma coisa mais romântica? Eu sei que você sabe fazer isso. Um pedido repentino é muito assustador.
— Como foi o seu? — larguei o celular e sentei, a encarando.
— Ele escreveu “namora comigo?” com batatas fritas no balcão da minha cozinha. — ela riu abertamente.
— Achei que tivesse dito que era para ser romântico. — ri com ela.
— E foi romântico. Eu amo batata frita. — confessou. — Mas estou falando sério. Compre alguma coisa que ela gosta, ou prepare você mesmo. Faça um momento. Garanto que ela lhe dirá sim.
— Você vai falar com ela? — perguntei esperançoso.
— Eu não. Vocês são adultos. Podem muito bem se entender. — rebateu em tom debochado.
— Bela amiga. — reclamei e fui em sua direção. — Eu preciso ir. Vejo vocês na festa. — beijei sua testa e saí. Precisava agir.
Subi de volta para o meu quarto e fechei a porta. Fiquei andando de um lado para o outro, tentando pensar em alguma coisa, mas nada me vinha à cabeça. era figurinista, mas como eu ia usar isso ao meu favor?
Pensa, Lucas, pensa.
Do que mais a gosta?
— De mim. — constatei e ri baixinho.
— Lucas! — alguém me chamou na porta.
Droga, queria pensar sozinho. Mas me arrastei até a porta e abri, dando de cara com Johnny hyung.
— O que faz aqui? — perguntei confuso.
— me expulsou para buscar o terno. — ele suspirou. — Mentira, eu esqueci de propósito. Tenho que ir buscar uma coisa na Tiffany & Co. Ela disse para eu falar com você. Problemas com a ?
— Hyung, você é um gênio. — eu sorri. — Vou com você.
— Vai? — ele perguntou confuso enquanto eu buscava meu casaco largado.
— Vou. — respondi fechando a porta atrás de mim. — vai ser minha namorada hoje, acredite.
— Então tá. — Johnny riu. — Vamos.
Desci com Johnny até o estacionamento onde uma pessoa já nos esperava no carro. Eu fui até o prédio da Tiffany & Co. procurando algo que pudesse agradar . Ela era romântica e nada mais romântico que flores, chocolates e uma joia. O dia era perfeito, eu estava sozinho, poderia improvisar.
— Achou a ? — Johnny perguntou quando eu voltei para o carro com um enorme buquê de flores cor-de-rosa e uma caixa de bombons.
— Nenhum sinal. — suspirei. De nada adiantava estar fazendo tudo aquilo se eu sequer sabia onde ela estava.
— Ela disse que está indo encontrar para começarem a se arrumar. — Johnny balançou o celular. — deve ter apagado. Ser irritada cansa.
— Vou dizer a ela. — eu ri.
— Você vai ficar quieto ou eu não te ajudo. — ele ergueu as sobrancelhas para mim.
— Ficar quieto sobre o quê? Eu não sei de nada. — disfarcei e ele riu.
— Vou colocar para dentro e subo para te ajudar. — ele saltou do carro quando paramos na garagem do prédio. Esperei um pouco para que não me visse passar e então subi. Peguei o telefone para tentar falar com ela uma última vez, um último fio de esperança.
— Eu estou na . Quando terminar, subo para me arrumar aí. — ela disse assim que atendeu ao telefone. Nem me deixou dizer mais nada e apenas desligou.
— Pelo menos me atendeu. — respirei aliviado. Passei pela porta e já ia fechar quando Johnny passou também.
— Temos que ser rápidos. e juntas são uma máquina. O que vai fazer? — ele me perguntou.
Olhei ao redor uma ideia me acometeu.
— Preciso de papel e caneta. — avisei e já corri para juntar as duas coisas. — Tire os bombons da caixa, hyung.
Peguei o primeiro post-it.
“Eu sei.
Sei que não sou bom com palavras. Talvez nem com gestos. Mas tem uma coisa que eu quero te dizer. Então segue os post-its, tá?”
Colei na porta da frente, pelo lado de fora.
“Antes de continuar, come um chocolate que eu sei que você ama.”
Preguei o segundo na mesa onde colocamos as chaves.
— Um bombom, hyung. — pedi e Johnny o arremessou para mim. O coloquei em cima do post-it.
“Eu agradeço a todos os dias por ter me feito perceber que eu gostava de você. (Guarde os bombons para depois, OK?)”
— Hyung, dois bombons aqui. — e preguei o post-it no balcão que dividia a cozinha da sala.
“Agradeço todos os dias por ter te encontrado, encontrado o amor tão perto de mim.”
Preguei o seguinte na parede do corredor que dava para o meu quarto.
“Parece que eu estou te enrolando (e talvez eu esteja mesmo. Então chega logo no quarto).”
E preguei na parede mais adiante.
“Quando você abrir essa porta, eu provavelmente vou ficar eufórico. É quase tudo o que eu pedi ao Papai Noel por ter sido um bom menino esse ano. Então, abra devagar. Talvez eu não aguente fortes emoções.”
Preguei na porta do quarto.
Johnny vinha atrás de mim, lendo e rindo de cada bilhete.
— Quase tudo, Lucas? — Johnny perguntou e apontou para o bilhete.
— Sim, quase tudo. Será tudo quando ela disser que aceita namorar comigo. — sorri confiante. — Agora, seja um bom hyung e traga as flores, a joia e o resto dos bombons.
— Mandão. — ele resmungou, mas foi mesmo assim.
Arrumei o restante das coisas sobre a cama e me sentei para esperar por .
— Eu vou subir. Se precisar de ajuda, mande uma mensagem. — Johnny hyung me estendeu o punho fechado e eu bati o meu no seu, em um soquinho de cumprimento. — Boa sorte.
— E não estrague tudo. — dissemos juntos e ele riu. Assim que ouvi a porta ser fechada, relaxei, esperando o melhor.
Lucas POV Off
POV
Tinha passado o dia todo rodando na rua, mas agora precisava me arrumar para a tal festa. Eu era uma funcionária, afinal, precisava estar lá, com ou sem Lucas.
— Onde estava? — perguntei a um Johnny de lábios roxos de frio que carregava um saco enorme consigo. Eu não conseguia não ser protetora com eles.
— Fui buscar o terno. — ele sorriu. E como já dizia , tinha alguma coisa ali que ele não estava me contando.
— E o que mais? — cruzei os braços sobre o peito enquanto ele abria a porta.
— Mais nada. — ele deu de ombros, entrando no apartamento.
— Vou deixar passar, mas não acredito em você. — entrei atrás dele. Ele largou o terno bem ajeitado no sofá e caminhou até o quarto. Fiquei na porta observando.
— , amor, está aqui. — pude vê-lo sorrir.
— Como pegou o terno tão rápido? — perguntou meio sonolenta.
— Eu saí há quase duas horas, amor. — ele riu de verdade. — Vamos, está te esperando para arrumarem os cabelos.
Assim que levantou, Johnny lhe beijou, recebendo um empurrão em seguida.
— Johnny, você tá gelado, sai. — eles riram e eu ri com eles. Era fofo vê-los assim.
— Já que está aqui, vou falar com o Lucas. — ele veio em direção à porta do quarto murmurando: — O que eu não faço por você?
— Você faz tudo por mim por que me ama. — gritou.
— Amo mesmo. — ele rebateu de costas para ela. — Ela acordou irritada. — ele disse quando cruzou comigo na porta do quarto. Claramente estava inventando. Coloquei minha melhor cara assustada no rosto.
— Eu posso voltar depois. — respondi.
— Ele está mentindo, . Vem, senta aqui. — bateu na cama ao seu lado. — Que carinha é essa?
— Lucas me pediu em namoro e eu disse não. — respondi com um bico nos lábios.
— É só encontrá-lo e dizer sim. — ela rebateu como se fosse simples.
— E é por isso que você não pode ser psicóloga. — eu ri. — Ele vai me pedir de novo, não vai?
— Claro que vai. E esteja pronta para o sim. — ela me encorajou. — Agora, chega de garotos. Temos cabelos e maquiagens para fazer.
Começamos pelo cabelo, o que foi bem rápido, e começou minha maquiagem, para que eu pudesse ir colocar meu vestido. Na metade do processo, Johnny chegou sorridente.
— Viu passarinho verde? — perguntou.
— Vi você quando entrei no quarto. O único motivo do meu sorriso. — ele a abraçou por trás e não evitei o riso.
— Sinceramente vocês dois. — murmurei para mim.
— O que você quer? — parou de me maquiar e virou para encarar Johnny, selando seus lábios.
— Só queria um beijinho. Agora vou tomar banho. — ele foi em direção ao banheiro.
— Não saia de toalha. Respeite a que está aqui. — ordenou. Johnny voltou para pegar uma roupa qualquer antes de ir ao banheiro novamente.
— Ah, eu não me importo. — dei de ombros e quase me fuzilou com o olhar. — Estou brincando. Lucas morreria.
— Não ouse magoar meu bebê, . — ela brincou. Eu achava fofa a relação de irmãos deles.
— Seu bebê sou eu. — Johnny gritou lá do banheiro.
— Cale a boca, Johnny. — gritou e nós rimos.
— Hoje ele está demais. — apontei.
— Jogou. Daí já viu, né? — ela fez um gesto que eu conhecia: Johnny estava “fora da casinha”. — Estou terminando. — ela avisou.
Depois mais uns pós e esfumados, me liberou para subir. A abracei em agradecimento e respirei fundo para ir encontrar Lucas no andar de cima. Subi o lance de escada e quando estiquei a mão para abrir a porta, vi o post-it pregado ali. Franzi as sobrancelhas e arranquei para ler a letra arrastada de Lucas.
“Eu sei.
Sei que não sou bom com palavras. Talvez nem com gestos. Mas tem uma coisa que eu quero te dizer. Então segue os post-its, tá?”
Que espécie de jogo era aquele?
Entrei no apartamento e ia soltar a chaves quando vi o bilhete seguinte. Li e ri baixinho, comendo o bombom em seguida. Era um dos meus favoritos, chocolate com nozes.
Vi o próximo papel azul em cima da bancada com mais chocolates. Juntei os dois e fui para o corredor, encontrando o bilhete seguinte e o seguinte. E então vi o que deveria ser o último bilhete pregado na porta do quarto.
“Quando você abrir essa porta, eu provavelmente vou ficar eufórico. É quase tudo o que eu pedi ao Papai Noel por ter sido um bom menino esse ano. Então, abra devagar. Talvez eu não aguente fortes emoções.”
— Quase tudo, Xuxi? Eu sou quase tudo? — abri a porta como um furacão, quase soltando os chocolates no chão. Encontrei Lucas parado ao lado da cama, sorrindo nervoso, segurando uma caixinha azul nas mãos enormes.
— Sim, . Quase tudo. — ele tomou fôlego. — Será tudo quando você responder à minha pergunta.
Olhei ao redor e vi as flores na cama e o restante dos chocolates na mesa de cabeceira.
— Se demorar mais um minuto para perguntar, eu juro que vou embora. — apontei. Claro que eu não iria, estava feliz demais com toda a preparação e preocupação dele. Eu já tinha subido disposta a dizer sim, independente do que ele fosse dizer. Estava na hora de parar de enrolar e assumir aquele namoro. Eu gostava demais dele e não aguentava mais ficar longe. Se e Johnny conseguiam, nós poderíamos conseguir.
— Namora comigo? — ele abriu a caixinha e me mostrou um colar com uma pedra rosa clarinha, como as flores sobre a cama.
Apenas confirmei com a cabeça e corri para me jogar em seus braços. A noite da véspera de Natal estava chegando com as mesmas palavras que tinham começado o meu dia, e eu estava no meu lugar favorito no mundo: nos braços do meu namorado.
Capítulo 6 – Desembarque (Mark/Yuta), by M-Hobi
— Você pode acelerar esse carro, por favor? — a voz de Mark foi alta e transpassou todo o nervosismo e ansiedade que ele estava sentindo.
— Para que a pressa? — Yuta não virou o rosto para encará-lo, mantendo sua atenção no trânsito. — Não é como se fosse para qualquer lugar quando desembarcar.
— Sim, mas ela nunca veio para Seul, é a primeira vez no Incheon. Ela pode se perder e não falar coreano não ajuda muito. — Mark continuou preocupado, apertando firmemente o celular.
Os dois estavam numa via extremamente movimentada; não era um dia comum como os demais do ano, em que o trânsito difícil e cheio fosse costumeiro, era véspera de 25 de dezembro, véspera de Natal, a data mais amada por todos no mundo inteiro — responsável por movimentar milhões de pessoas em pontes aéreas, terrestres e qualquer outra que existisse. A ansiedade de Mark se dava naquele caminho porque estavam indo buscar , sua namorada. A agenda maluca dela de trabalho acabou por complicar algumas coisas e teve que escolher justamente o dia 24 como desembarque em Seul. Teria uma festa de final de ano da empresa que Mark fazia parte com seu grupo e ele queria muito que ela estivesse presente, seria o primeiro evento, por mais privado que fosse, em que estariam juntos.
Sua ansiedade era justificada não só por isso, mas também pela saudade que sentia dela e a empolgação pelos dias que iriam passar juntos até a primeira semana de janeiro do ano seguinte, quando deveria voltar para Londres e iniciar as filmagens de um novo filme. Assim, a forma preguiçosa de Yuta estava o deixando irritado. O amigo parecia completamente disposto a dirigir como se estivesse em um passeio de safári e quisesse observar cada centímetro do asfalto, o qual eles conheciam muito bem.
— Se você continuar nessa lerdeza, eu vou sair desse carro e ir andando. — Mark reclamou de um jeito mal-humorado incomum.
— Ah, com certeza. Vai machucar mesmo esse rostinho caindo de um carro em movimento. — Yuta riu, balançando a cabeça negativamente.
— Mas se você chama isso aqui de movimento, eu acho que devo me preocupar com seus sentidos, Nakamoto.
— Blá, blá, blá... Dá para você segurar essa emoção? — o carro parou em um semáforo e Yuta finalmente se virou para Mark, demonstrando em sua feição a irritação. — É só a , pelo amor dos meus-
— Não é assim! É a ! — Mark o cortou. — É a minha namorada que não vejo há quase dois meses. Você saberia ter empatia se tivesse uma.
— O quê? Namorada? — Yuta riu nasalado, voltando a movimentar o carro. — Felizmente estou bem por enquanto. Vocês são malucos de namorar nas condições em que vivemos. Já parou para pensar, senhor Eu-Sou-Seguidor-de-Einstein, que alguém pode te reconhecer no aeroporto?
— Você é muito pessimista! — suspirou, olhando o relógio. — Não sei porque te pedir para vir junto.
— Me pediu porque justamente hoje eu sou a única pessoa que pode fazer companhia para o querido Mark Lee que não sabe fazer nada sozinho.
Mark virou o rosto para Yuta, encarando-o seriamente.
— O quê? — Yuta perguntou com seu senso cínico.
— Você é um saco.
— Mas você continua me amando. — sorriu para Mark, lhe mandando um beijo no ar.
Mark não respondeu ou deu mais corda, estava realmente ansioso para encontrar . Sua cabeça estava trabalhando em inúmeras opções para o fim daquela noite, incluindo a vontade que sentia de levá-la para a torre de Namsan, se lembrando de que a namorada tinha mencionado esse desejo. Por um tempo, ele achou completamente estranho ela, uma atriz muito famosa no mundo inteiro, não ter tido chances de conhecer mais a Ásia; até descobrir como ela trabalhava incessantemente, talvez até mais do que ele no meio do kpop, e entender que era por falta de tempo e não de interesse.
Depois do tempo em turnê e trabalhos na Europa, onde Mark conseguiu ficar com por mais dias do que achou possível desde que começaram a se envolver, o pedido de namoro veio em uma noite muito bem planejada em Barcelona e foi a primeira vez que dividiram muito mais do que um momento somente vazado pelo romance. Era tanta coisa envolvendo o relacionamento dos dois — como o fato dela ter sido sua primeira em tudo — que aquela ansiedade incompreendida pelo seu melhor amigo só aumentava a cada metro que se aproximavam do aeroporto.
— Pronto. — Yuta disse assim que parou o carro.
— Como é que eu tô? — ele virou para o amigo com os olhos arregalados e preocupado, enquanto arrumava o boné e a máscara no rosto.
— Facilmente reconhecível e parecendo um bocó. — o amigo deu de ombros.
— Você é péssimo, continuo sem saber porque te pedi isso. — Mark revirou os olhos, abrindo a porta. — Vê se não foge com meu carro.
— E você “vê” se não sai na Dispatch. Seria incrível começar o próximo ano em paz, sabia?
— Espera, você está pedindo por paz?
Yuta sorriu com os lábios fechados, erguendo apenas o dedo médio para o amigo e abrindo o sorriso para mostrar seus dentes enquanto piscava rapidamente. Mark riu, saindo de vez do carro e caminhando às pressas para dentro do Incheon Airport. Estava atrasado. Correu pelo meio das pessoas, não se importando em como o aeroporto internacional estava movimentado naquela véspera de Natal. Mark ignorava todo e qualquer fato no momento, sendo a única coisa na qual focava desde que tinha acordado naquele dia.
Já tinha, inclusive, decorado qual era a sala de desembarque dela.
Ao chegar, parou na porta, vendo pessoas e mais pessoas saírem, agradecendo por não ter sido tão atrasado a ponto de conseguir estar ali no momento em que a primeira classe estava desembarcando. Ajeitou o próprio boné, lembrando-se que tinham combinado de colocarem os bonés comprados em Barcelona para usar como um disfarce numa tarde em que estava andando pela cidade e quase foram reconhecidos enquanto corriam da chuva para se abrigar em algum lugar.
Quando Mark viu o mesmo desenho de uma bola de Pokémon estampada no acessório preto surgindo entre as pessoas, seu coração acelerou. Ela era a última ali naquela área reservada de desembarque. Só restavam os dois e o encontro deles cheio de saudade. Suas pernas tremeram e por instinto rápido, movido totalmente pela ansiedade e saudade, Mark correu pelo curto espaço, a abraçando imediatamente e a girando no ar.
Foi um tempo naquele abraço apertado até se afastarem, preocupados em olhar ao redor, e se aliviaram ao ver que estavam sozinhos.
— Ei... como você sabe que eu sou quem está esperando? — questionou quando ele a colocou de volta no chão. Como ele tinha sentido falta daquele senso de humor.
— Você tem o mesmo sorriso que a minha namorada. — ele brincou, encarando o olhar dela, sendo a única coisa que podia ver por causa dos apetrechos para disfarce.
— E você tem o mesmo olhar que o meu namorado.
sorriu passando a língua nos lábios fechados, ruborizando ao abaixar a máscara devagar.
— Então eu acho que não vai ter problema se a gente tirar a prova se você é ela ou não...
— Eu acho que não. — ela viu o olhar dele brilhar, sentindo sua cintura ser envolvida pelo braço de Mark.
Não demorou para que os lábios de se chocassem contra os dele em um beijo genuíno.
— Para que a pressa? — Yuta não virou o rosto para encará-lo, mantendo sua atenção no trânsito. — Não é como se fosse para qualquer lugar quando desembarcar.
— Sim, mas ela nunca veio para Seul, é a primeira vez no Incheon. Ela pode se perder e não falar coreano não ajuda muito. — Mark continuou preocupado, apertando firmemente o celular.
Os dois estavam numa via extremamente movimentada; não era um dia comum como os demais do ano, em que o trânsito difícil e cheio fosse costumeiro, era véspera de 25 de dezembro, véspera de Natal, a data mais amada por todos no mundo inteiro — responsável por movimentar milhões de pessoas em pontes aéreas, terrestres e qualquer outra que existisse. A ansiedade de Mark se dava naquele caminho porque estavam indo buscar , sua namorada. A agenda maluca dela de trabalho acabou por complicar algumas coisas e teve que escolher justamente o dia 24 como desembarque em Seul. Teria uma festa de final de ano da empresa que Mark fazia parte com seu grupo e ele queria muito que ela estivesse presente, seria o primeiro evento, por mais privado que fosse, em que estariam juntos.
Sua ansiedade era justificada não só por isso, mas também pela saudade que sentia dela e a empolgação pelos dias que iriam passar juntos até a primeira semana de janeiro do ano seguinte, quando deveria voltar para Londres e iniciar as filmagens de um novo filme. Assim, a forma preguiçosa de Yuta estava o deixando irritado. O amigo parecia completamente disposto a dirigir como se estivesse em um passeio de safári e quisesse observar cada centímetro do asfalto, o qual eles conheciam muito bem.
— Se você continuar nessa lerdeza, eu vou sair desse carro e ir andando. — Mark reclamou de um jeito mal-humorado incomum.
— Ah, com certeza. Vai machucar mesmo esse rostinho caindo de um carro em movimento. — Yuta riu, balançando a cabeça negativamente.
— Mas se você chama isso aqui de movimento, eu acho que devo me preocupar com seus sentidos, Nakamoto.
— Blá, blá, blá... Dá para você segurar essa emoção? — o carro parou em um semáforo e Yuta finalmente se virou para Mark, demonstrando em sua feição a irritação. — É só a , pelo amor dos meus-
— Não é assim! É a ! — Mark o cortou. — É a minha namorada que não vejo há quase dois meses. Você saberia ter empatia se tivesse uma.
— O quê? Namorada? — Yuta riu nasalado, voltando a movimentar o carro. — Felizmente estou bem por enquanto. Vocês são malucos de namorar nas condições em que vivemos. Já parou para pensar, senhor Eu-Sou-Seguidor-de-Einstein, que alguém pode te reconhecer no aeroporto?
— Você é muito pessimista! — suspirou, olhando o relógio. — Não sei porque te pedir para vir junto.
— Me pediu porque justamente hoje eu sou a única pessoa que pode fazer companhia para o querido Mark Lee que não sabe fazer nada sozinho.
Mark virou o rosto para Yuta, encarando-o seriamente.
— O quê? — Yuta perguntou com seu senso cínico.
— Você é um saco.
— Mas você continua me amando. — sorriu para Mark, lhe mandando um beijo no ar.
Mark não respondeu ou deu mais corda, estava realmente ansioso para encontrar . Sua cabeça estava trabalhando em inúmeras opções para o fim daquela noite, incluindo a vontade que sentia de levá-la para a torre de Namsan, se lembrando de que a namorada tinha mencionado esse desejo. Por um tempo, ele achou completamente estranho ela, uma atriz muito famosa no mundo inteiro, não ter tido chances de conhecer mais a Ásia; até descobrir como ela trabalhava incessantemente, talvez até mais do que ele no meio do kpop, e entender que era por falta de tempo e não de interesse.
Depois do tempo em turnê e trabalhos na Europa, onde Mark conseguiu ficar com por mais dias do que achou possível desde que começaram a se envolver, o pedido de namoro veio em uma noite muito bem planejada em Barcelona e foi a primeira vez que dividiram muito mais do que um momento somente vazado pelo romance. Era tanta coisa envolvendo o relacionamento dos dois — como o fato dela ter sido sua primeira em tudo — que aquela ansiedade incompreendida pelo seu melhor amigo só aumentava a cada metro que se aproximavam do aeroporto.
— Pronto. — Yuta disse assim que parou o carro.
— Como é que eu tô? — ele virou para o amigo com os olhos arregalados e preocupado, enquanto arrumava o boné e a máscara no rosto.
— Facilmente reconhecível e parecendo um bocó. — o amigo deu de ombros.
— Você é péssimo, continuo sem saber porque te pedi isso. — Mark revirou os olhos, abrindo a porta. — Vê se não foge com meu carro.
— E você “vê” se não sai na Dispatch. Seria incrível começar o próximo ano em paz, sabia?
— Espera, você está pedindo por paz?
Yuta sorriu com os lábios fechados, erguendo apenas o dedo médio para o amigo e abrindo o sorriso para mostrar seus dentes enquanto piscava rapidamente. Mark riu, saindo de vez do carro e caminhando às pressas para dentro do Incheon Airport. Estava atrasado. Correu pelo meio das pessoas, não se importando em como o aeroporto internacional estava movimentado naquela véspera de Natal. Mark ignorava todo e qualquer fato no momento, sendo a única coisa na qual focava desde que tinha acordado naquele dia.
Já tinha, inclusive, decorado qual era a sala de desembarque dela.
Ao chegar, parou na porta, vendo pessoas e mais pessoas saírem, agradecendo por não ter sido tão atrasado a ponto de conseguir estar ali no momento em que a primeira classe estava desembarcando. Ajeitou o próprio boné, lembrando-se que tinham combinado de colocarem os bonés comprados em Barcelona para usar como um disfarce numa tarde em que estava andando pela cidade e quase foram reconhecidos enquanto corriam da chuva para se abrigar em algum lugar.
Quando Mark viu o mesmo desenho de uma bola de Pokémon estampada no acessório preto surgindo entre as pessoas, seu coração acelerou. Ela era a última ali naquela área reservada de desembarque. Só restavam os dois e o encontro deles cheio de saudade. Suas pernas tremeram e por instinto rápido, movido totalmente pela ansiedade e saudade, Mark correu pelo curto espaço, a abraçando imediatamente e a girando no ar.
Foi um tempo naquele abraço apertado até se afastarem, preocupados em olhar ao redor, e se aliviaram ao ver que estavam sozinhos.
— Ei... como você sabe que eu sou quem está esperando? — questionou quando ele a colocou de volta no chão. Como ele tinha sentido falta daquele senso de humor.
— Você tem o mesmo sorriso que a minha namorada. — ele brincou, encarando o olhar dela, sendo a única coisa que podia ver por causa dos apetrechos para disfarce.
— E você tem o mesmo olhar que o meu namorado.
sorriu passando a língua nos lábios fechados, ruborizando ao abaixar a máscara devagar.
— Então eu acho que não vai ter problema se a gente tirar a prova se você é ela ou não...
— Eu acho que não. — ela viu o olhar dele brilhar, sentindo sua cintura ser envolvida pelo braço de Mark.
Não demorou para que os lábios de se chocassem contra os dele em um beijo genuíno.
Capítulo 7 – Embarque (Xiaojun), by M-Hobi
— Senhor, esse é o último voo que tenho para Seul na data de hoje. E não temos mais primeira classe, somente a comum.
A atendente disse da forma mais neutra possível e se Xiaojun estivesse sem a máscara cobrindo metade de seu rosto, ela poderia ver o sorriso dele se desfazer. Tudo o que ele menos podia ouvir naquele momento era uma notícia dessa, acentuando como estava perdido e que estaria extremamente encrencado ao chegar em Seul. Perder o voo agendado naquela manhã por causa de dez minutos num engarrafamento foi a coisa mais irresponsável que poderia ter feito — seu staff fora completamente específico ao deixá-lo levar um dia a mais, referente aos outros companheiros do grupo, desde que ele não causasse nenhum problema e tivesse extremo cuidado com os imprevistos.
O voo reservado para Seul era menos cheio e tinha a disponibilidade de o reconhecimento ser menos perigoso, dentre outros detalhes, para ele que ia sozinho. Xiaojun estava completamente desapontado consigo mesmo por ter acordado mais tarde naquela manhã. Se soubesse que teria de lidar com tal acontecimento, não teria ficado até tão tarde com seus pais. Não se arrependia de ter pedido um dia a mais em Pequim para estar com eles antes de ir cumprir seus compromissos em Seul com a empresa, mas deveria ter se calculado mais para evitar dores de cabeça.
Agora ele iria no primeiro voo que tinha disponível para Seul, na classe econômica — o que não era um problema por razões financeiras ou de classe, mas sim por ter mais gente, e quanto mais pessoas, maiores as chances de ser reconhecido e ter seu rosto estampados imagens tiradas sem sua permissão ou da SM.
Um grande transtorno. Contudo, não tinha muito o que fazer.
— Senhor? — a atendente o chamou, trazendo-o de volta para a realidade. — O voo sairá em 40 minutos, tenho exatamente um minuto para ajustar sua passagem. Posso finalizar?
Ele respirou fundo, pressionando os olhos e os abrindo outra vez. Então assentiu para a mulher à sua frente, passando a mão no cabelo para tentar distrair-se da própria tensão.
— Pode sim.
Não demorou, ele precisou apenas assinar um papel, mostrar seu documento e torcer para que não fosse vazado sobre sua presença ali e ir para a fila de embarque, que já estava liberado. Não olhou o telefone, mesmo não parando de vibrar; sabia que eram mensagens do grupo de todas as units e também do staff querendo saber se já tinha conseguido resolver o próprio problema. Sua cabeça estava latejando demais para dar atenção, naquele momento, aos inúmeros acontecimentos dos amigos na capital coreana, sabia de algumas coisas que aquele dia reservava e outras que ainda seriam reveladas, além de não ter fôlego para aguentar o sermão que viria.
Seu embarque foi tranquilo, era um avião pequeno, com duas fileiras de três poltronas em cada linha. Infelizmente não teve o privilégio de fazer check-in a tempo de escolher a janela e acabou ficando com a poltrona do meio, torcendo para ter mais sorte em suas companhias durante aquelas três horas de voo.
A primeira poltrona preenchida foi a de seu lado esquerdo, por uma senhora simpática e, com toda certeza do mundo, de fora da Ásia. Ela parecia preocupada e perdida, mas com a ajuda da aeromoça, se aconchegou em seu lugar. Não demorou muito e ele pôde reparar que ela não parava de se virar em seu próprio lugar, encarando o corredor para a direção da entrada, parecendo nervosa. Xiajojun digitava uma mensagem para Winwin, mas decidiu bloquear a tela de seu telefone e arrumar a boina que usava, também ajustando a máscara em seu rosto — todo e qualquer mínimo detalhe era importante; ser reconhecido ali seria uma situação difícil — para poder tocar suavemente o braço dela que estava apoiado no suporte de divisória dos bancos. A senhora o encarou assustada e ele limpou a garganta, arriscando a sorte com o idioma chinês.
— Está tudo bem? A senhora precisa de algo? — perguntou suavemente e de forma pausada.
Ela o encarou sem expressão por um momento, até parecer ter entendido e arqueou as sobrancelhas.
— Oh, querido... Obrigada. Está tudo bem sim. — sorriu para ele. — Estou preocupada com minha neta, ela precisou atender a uma ligação e até agora não chegou. Se ela perder esse voo, estamos ferradas! — virou-se novamente para o corredor, reclamando: — Bendita hora que esse infeliz foi ligar para ela!
Xiaojun assentiu, se arrumando outra vez no banco.
— Alguém deveria chamá-la. não pode perder o dia e horário para estar em Seul! — a senhora continuou reclamando, parecendo um brinquedo quando se dá corda e não tem parada.
— Fique tranquila, ela com certeza irá entrar a tempo. — tentou tranquiliza-la.
Ela virou o rosto para ele outra vez, com uma feição séria.
— Você não o conhece, filho... — suspirou, desistindo. — Eu só queria que minha conhecesse alguém tão doce quanto você. — estendeu o braço, passando a mão no rosto de Xiaojun suavemente.
— Ah... — ele prendeu a respiração, meio sem jeito. — Ela ainda irá encontrar-
— A minha é a 13B. Da minha vó 15B. Eu sei porque sou boa de decorar números, mas o papel ficou com ela...
A voz alta e estridente o cortou, fazendo-o virar o rosto para a direção de onde vinha, no corredor; a mão da senhora ainda estava em seu rosto.
E a moça em pé, “discutindo” com a aeromoça, em um olhar panorâmico pelas poltronas, encarou a direção deles.
— Ah! Eu disse! Ali, olha. — apontou para ele. — Reconheço aquela mão e anel em qualquer lugar!
Então era a tal .
Ela caminhou pelo corredor, sendo toda a situação rápida demais para ele pensar que ainda tinha a mão de uma desconhecida espalmada em sua bochecha e que a neta da qual ela estava comentando era espalhafatosa demais — ou pelo menos era o que já aparentava com aquela entrada no avião e sua caminhada pelo espaço curto, carregando sua mala.
— Vovó! Fazendo amizade com estranhos? — parou ao lado deles, chamando atenção da senhora.
— Filha! Por que demorou tanto? — a pergunta saiu com tom de alívio, com a mão sendo tirada de seu rosto.
A partir disso, Xiaojun não compreendeu mais nada do idioma delas e então voltou para sua conversa no aplicativo de mensagens com seus amigos. Além do grupo que tinha apenas o WayV, também tinha o com todos do NCT. O que para ele foi um martírio, já que Taeyong estava bravo e desapontado por sua “irresponsabilidade”. E ele não seria o único a cobrá-lo quando chegasse em Seul.
— Atenção senhores passageiros, por gentileza acomodem-se em seus lugares-
— Ah! Eu preciso passar.
As instruções que seriam passadas pela comissária foi a primeira coisa que o trouxe de volta para o ambiente, guardando o celular, mas a voz de , novamente falando em chinês, o deixou mais atento. Colocou o celular dentro da mochila em seus pés, no mesmo instante em que ela conseguiu terminar de enfiar sua mala dentro do bagageiro.
Ao fazer menção de levantar-se para ela poder chegar em seu lugar, foi cortado.
— Não precisa sair, não! Eu consigo chegar ali.
Ela sorriu abertamente e ele ficou parado no lugar, reparando a senhora negar com a cabeça. Não teve tempo de refutar, começou a passar. Restou para Xiaojun fechar o máximo as pernas e tentar se encolher, como um tatu, para ter espaço o suficiente. Por sorte, a pessoa sentada na poltrona do meio à sua frente não tinha abaixado o encosto ainda. Mas não deixava de ser embaraçoso.
— Vovó precisa ficar na poltrona do corredor, por conta do banheiro, e eu amo a janela. — ela comentou, assim que se sentou e ele pôde relaxar o corpo outra vez. Tinha um jeito nela de falar que não era comum, era como se ela estivesse tagarelando e não falando.
— ama paisagens. Ela é fotógrafa. — a avó comentou do outro lado, olhando-o com um sorriso enorme. — Tira fotos incríveis pelo mundo todo e ainda leva a vovó junto.
— Ahn... legal. — Xiaojun virou o rosto para , sorrindo simples, mesmo que não pudesse ser visto por causa da máscara.
— Você deveria ver as fotos incríveis que minha neta já fez. Ela já fotografou até a Beyoncé!
— Vovó! — ralhou.
Xiaojun riu fraco.
— Ela deve ser mesmo muito boa no que faz, senhora...
— Pode me chamar de Cindy, querido. — o sorriso doce da senhora, agora Cindy, outra vez preencheu o rosto dela. — Meu nome é Aparecida, mas parece que as pessoas têm problemas em acertar ele e Cindy fica mais fácil.
— Na verdade, a senhora queria que seu nome fosse Cindy por causa da Lauper. — a denunciou.
— Também. Gosto muito dela. — Cindy respondeu, o olhando. — Igual a , ela gosta da Lauper e também de grupos do k-pop.
A espinha de Xiaojun esfriou. Ele se manteve ereto, quase fundindo-se à poltrona — e não era apenas por conta de o avião estar em alta velocidade para a decolagem; algo que passou despercebido até aquele momento devido a conversa.
— Não... Eu gosto de um grupo e outro. — suspirou, o tranquilizando. — E vovó, ele não deve ser coreano... — em um breve olhar, ele viu Cindy dar de ombros. — Minha avó acha que para me fazer enturmar com homens coreanos tem que me vender como uma apaixonada por k-pop. — disse baixo somente para ele. — E ela ainda não sabe diferenciar muito bem, deve ser coisa da idade.
— , estou com o aparelho hoje! Posso te ouvir. — Cindy curvou o corpo, chamando a atenção dos dois. — Querido, não é que estou vendendo minha neta. Ela é linda, talentosa e uma menina de ouro. Quem levaria a avó para cima, literalmente, e para baixo no mundo todo enquanto faz trabalhos? Você não acha ela linda?
— E-eu...
— Não precisa responder. — o tranquilizou. — Vovó, está deixando ele sem graça. Por favor.
— Só quero te ajudar a encontrar alguém legal, divertido e que seja tão bonito por fora como por dentro, assim como você. — Cindy mudou o tom para mais baixo e desanimado. — Não gosto de te ver assim, atendendo ligações daquele traste do seu-
a cortou, outra vez, mas no idioma que ele não entendia.
Xiaojun se concentrou em encarar a poltrona à sua frente, enquanto sentia o avião terminar de se estabilizar no céu. Finalmente estava indo em direção a Seul. Se pudesse dormir, logo acordaria já no solo em que deveria estar há horas. Suspirou pesado, notando que Cindy se levantou, parecendo frustrada. Puxou o celular do bolso outra vez e os fones sem fio também.
— Me desculpe pela minha avó. — ouviu a voz de e virou o rosto para ela. — Ela não tem travas na língua.
— Tudo bem. Todo mundo tem uma avó querendo fazer papel de cupido. — ele respondeu calmo.
— Ah, mas às vezes ela foge um pouco da realidade.
— Talvez seja porque ela te ama e quer o seu bem. — Xiaojun deu de ombros, esquecendo de seu celular e fones, encostando a cabeça no encosto da poltrona. — Às vezes acabamos por nos intrometer demais no espaço do outro porque queremos apenas o bem e não vemos que fica... assim.
— Minha mãe faleceu há alguns anos e ela era quem cuidava da minha avó. Mamãe não aguentou perder meu pai, o amor da vida dela, e logo adoeceu também. — ela começou a compartilhar, também se ajeitando confortavelmente. — Então sobramos nós duas, já que meus outros avós faleceram antes mesmo de eu nascer e de nenhum lado tenho tios. Ela é minha única família. Eu deixo porque sei que ela quer meu bem... Mas-
parou bruscamente.
— Mas?
— Deixa pra lá. Pessoal demais para compartilhar com um estranho que não conheço e sequer sei o nome. — ela franziu o nariz. — E que, inclusive, não sei nem como é o rosto. Precisa mesmo de tudo isso? — se referiu à máscara e à boina.
Ele desviou o olhar para frente.
— Me chamo Xiao.
— Nossa, que banheiro maravilhoso, ! — Cindy surgiu tão de repente, animada outra vez e espalhafatosa assim como a chegada de sua neta pouco antes.
Não demorou muito para que, ouvindo a conversa delas em outro idioma, ele pegasse no sono. Em seu sonho, parecia tudo tranquilo, como se não estivesse a pouco de levar a maior bronca monumental do século, assim como se não estivesse ali entre duas pessoas desconhecidas que, mesmo malucas demais para o comum de sua vida, lhe fizeram sentir-se mais à vontade.
Até sentir um aperto forte em sua mão, com o chacoalhão de seu corpo e ouvir a voz do piloto, explicando o que estava acontecendo.
Era uma turbulência.
Ele abriu os olhos, vendo a mão de apertando a sua, tão forte que ele pôde sentir a circulação parar. Não disse nada, continuou parado da mesma forma, esperando que aquilo parasse. E quando parou, quando foram avisados pelo piloto que havia acabado e faltava pouco menos de 15 minutos para pousarem, soltou o ar pesado de forma leve.
— Acho que nunca fui acordado de uma forma tão brusca assim... — comentou, bocejando. — Pode soltar minha mão agora, talvez ainda tenha salvação para a circulação. — riu fraco, nervoso.
— Você estava dormindo? — perguntou tão rápido que ele quase não entendeu pelo vestígio do sotaque.
— Sim? — puxou sua mão, massageando.
— Você é estranho. — Ela continuou o encarando com uma careta.
— E por acaso é comum sair pegando na mão de alguém dentro de um avião? — Xiaojun rebateu.
— Quando tem medo envolvido, tudo é feito sem pensar.
tirou o próprio cinto, levantando-se e saindo dali.
— Ela passou um bom tempo dizendo algumas coisas e você respondeu... — Cindy disse, pegando sua atenção. — As melhores e mais marcantes relações sempre começam ao contrário, querido. E com a magia do Natal? — sorriu pretensiosa. — Ah... essa magia é única. Só saia desse avião depois de pegar o número dela, sim?
Xiaojun estava um pouco atordoado ainda, mas assentiu, virando o rosto para encarar a janela. As nuvens não foram capazes de lhe dar nenhuma linha de pensamento, apenas ficou ali divagando nos acontecimentos da manhã e na fala da avó de . Parecia estar em uma comédia romântica de Natal, com toda aquela confusão.
Porém, nem tudo poderia ser mesmo encarado como um desastre. Às vezes se trata de apenas um movimento para que as coisas mudem.
A atendente disse da forma mais neutra possível e se Xiaojun estivesse sem a máscara cobrindo metade de seu rosto, ela poderia ver o sorriso dele se desfazer. Tudo o que ele menos podia ouvir naquele momento era uma notícia dessa, acentuando como estava perdido e que estaria extremamente encrencado ao chegar em Seul. Perder o voo agendado naquela manhã por causa de dez minutos num engarrafamento foi a coisa mais irresponsável que poderia ter feito — seu staff fora completamente específico ao deixá-lo levar um dia a mais, referente aos outros companheiros do grupo, desde que ele não causasse nenhum problema e tivesse extremo cuidado com os imprevistos.
O voo reservado para Seul era menos cheio e tinha a disponibilidade de o reconhecimento ser menos perigoso, dentre outros detalhes, para ele que ia sozinho. Xiaojun estava completamente desapontado consigo mesmo por ter acordado mais tarde naquela manhã. Se soubesse que teria de lidar com tal acontecimento, não teria ficado até tão tarde com seus pais. Não se arrependia de ter pedido um dia a mais em Pequim para estar com eles antes de ir cumprir seus compromissos em Seul com a empresa, mas deveria ter se calculado mais para evitar dores de cabeça.
Agora ele iria no primeiro voo que tinha disponível para Seul, na classe econômica — o que não era um problema por razões financeiras ou de classe, mas sim por ter mais gente, e quanto mais pessoas, maiores as chances de ser reconhecido e ter seu rosto estampados imagens tiradas sem sua permissão ou da SM.
Um grande transtorno. Contudo, não tinha muito o que fazer.
— Senhor? — a atendente o chamou, trazendo-o de volta para a realidade. — O voo sairá em 40 minutos, tenho exatamente um minuto para ajustar sua passagem. Posso finalizar?
Ele respirou fundo, pressionando os olhos e os abrindo outra vez. Então assentiu para a mulher à sua frente, passando a mão no cabelo para tentar distrair-se da própria tensão.
— Pode sim.
Não demorou, ele precisou apenas assinar um papel, mostrar seu documento e torcer para que não fosse vazado sobre sua presença ali e ir para a fila de embarque, que já estava liberado. Não olhou o telefone, mesmo não parando de vibrar; sabia que eram mensagens do grupo de todas as units e também do staff querendo saber se já tinha conseguido resolver o próprio problema. Sua cabeça estava latejando demais para dar atenção, naquele momento, aos inúmeros acontecimentos dos amigos na capital coreana, sabia de algumas coisas que aquele dia reservava e outras que ainda seriam reveladas, além de não ter fôlego para aguentar o sermão que viria.
Seu embarque foi tranquilo, era um avião pequeno, com duas fileiras de três poltronas em cada linha. Infelizmente não teve o privilégio de fazer check-in a tempo de escolher a janela e acabou ficando com a poltrona do meio, torcendo para ter mais sorte em suas companhias durante aquelas três horas de voo.
A primeira poltrona preenchida foi a de seu lado esquerdo, por uma senhora simpática e, com toda certeza do mundo, de fora da Ásia. Ela parecia preocupada e perdida, mas com a ajuda da aeromoça, se aconchegou em seu lugar. Não demorou muito e ele pôde reparar que ela não parava de se virar em seu próprio lugar, encarando o corredor para a direção da entrada, parecendo nervosa. Xiajojun digitava uma mensagem para Winwin, mas decidiu bloquear a tela de seu telefone e arrumar a boina que usava, também ajustando a máscara em seu rosto — todo e qualquer mínimo detalhe era importante; ser reconhecido ali seria uma situação difícil — para poder tocar suavemente o braço dela que estava apoiado no suporte de divisória dos bancos. A senhora o encarou assustada e ele limpou a garganta, arriscando a sorte com o idioma chinês.
— Está tudo bem? A senhora precisa de algo? — perguntou suavemente e de forma pausada.
Ela o encarou sem expressão por um momento, até parecer ter entendido e arqueou as sobrancelhas.
— Oh, querido... Obrigada. Está tudo bem sim. — sorriu para ele. — Estou preocupada com minha neta, ela precisou atender a uma ligação e até agora não chegou. Se ela perder esse voo, estamos ferradas! — virou-se novamente para o corredor, reclamando: — Bendita hora que esse infeliz foi ligar para ela!
Xiaojun assentiu, se arrumando outra vez no banco.
— Alguém deveria chamá-la. não pode perder o dia e horário para estar em Seul! — a senhora continuou reclamando, parecendo um brinquedo quando se dá corda e não tem parada.
— Fique tranquila, ela com certeza irá entrar a tempo. — tentou tranquiliza-la.
Ela virou o rosto para ele outra vez, com uma feição séria.
— Você não o conhece, filho... — suspirou, desistindo. — Eu só queria que minha conhecesse alguém tão doce quanto você. — estendeu o braço, passando a mão no rosto de Xiaojun suavemente.
— Ah... — ele prendeu a respiração, meio sem jeito. — Ela ainda irá encontrar-
— A minha é a 13B. Da minha vó 15B. Eu sei porque sou boa de decorar números, mas o papel ficou com ela...
A voz alta e estridente o cortou, fazendo-o virar o rosto para a direção de onde vinha, no corredor; a mão da senhora ainda estava em seu rosto.
E a moça em pé, “discutindo” com a aeromoça, em um olhar panorâmico pelas poltronas, encarou a direção deles.
— Ah! Eu disse! Ali, olha. — apontou para ele. — Reconheço aquela mão e anel em qualquer lugar!
Então era a tal .
Ela caminhou pelo corredor, sendo toda a situação rápida demais para ele pensar que ainda tinha a mão de uma desconhecida espalmada em sua bochecha e que a neta da qual ela estava comentando era espalhafatosa demais — ou pelo menos era o que já aparentava com aquela entrada no avião e sua caminhada pelo espaço curto, carregando sua mala.
— Vovó! Fazendo amizade com estranhos? — parou ao lado deles, chamando atenção da senhora.
— Filha! Por que demorou tanto? — a pergunta saiu com tom de alívio, com a mão sendo tirada de seu rosto.
A partir disso, Xiaojun não compreendeu mais nada do idioma delas e então voltou para sua conversa no aplicativo de mensagens com seus amigos. Além do grupo que tinha apenas o WayV, também tinha o com todos do NCT. O que para ele foi um martírio, já que Taeyong estava bravo e desapontado por sua “irresponsabilidade”. E ele não seria o único a cobrá-lo quando chegasse em Seul.
— Atenção senhores passageiros, por gentileza acomodem-se em seus lugares-
— Ah! Eu preciso passar.
As instruções que seriam passadas pela comissária foi a primeira coisa que o trouxe de volta para o ambiente, guardando o celular, mas a voz de , novamente falando em chinês, o deixou mais atento. Colocou o celular dentro da mochila em seus pés, no mesmo instante em que ela conseguiu terminar de enfiar sua mala dentro do bagageiro.
Ao fazer menção de levantar-se para ela poder chegar em seu lugar, foi cortado.
— Não precisa sair, não! Eu consigo chegar ali.
Ela sorriu abertamente e ele ficou parado no lugar, reparando a senhora negar com a cabeça. Não teve tempo de refutar, começou a passar. Restou para Xiaojun fechar o máximo as pernas e tentar se encolher, como um tatu, para ter espaço o suficiente. Por sorte, a pessoa sentada na poltrona do meio à sua frente não tinha abaixado o encosto ainda. Mas não deixava de ser embaraçoso.
— Vovó precisa ficar na poltrona do corredor, por conta do banheiro, e eu amo a janela. — ela comentou, assim que se sentou e ele pôde relaxar o corpo outra vez. Tinha um jeito nela de falar que não era comum, era como se ela estivesse tagarelando e não falando.
— ama paisagens. Ela é fotógrafa. — a avó comentou do outro lado, olhando-o com um sorriso enorme. — Tira fotos incríveis pelo mundo todo e ainda leva a vovó junto.
— Ahn... legal. — Xiaojun virou o rosto para , sorrindo simples, mesmo que não pudesse ser visto por causa da máscara.
— Você deveria ver as fotos incríveis que minha neta já fez. Ela já fotografou até a Beyoncé!
— Vovó! — ralhou.
Xiaojun riu fraco.
— Ela deve ser mesmo muito boa no que faz, senhora...
— Pode me chamar de Cindy, querido. — o sorriso doce da senhora, agora Cindy, outra vez preencheu o rosto dela. — Meu nome é Aparecida, mas parece que as pessoas têm problemas em acertar ele e Cindy fica mais fácil.
— Na verdade, a senhora queria que seu nome fosse Cindy por causa da Lauper. — a denunciou.
— Também. Gosto muito dela. — Cindy respondeu, o olhando. — Igual a , ela gosta da Lauper e também de grupos do k-pop.
A espinha de Xiaojun esfriou. Ele se manteve ereto, quase fundindo-se à poltrona — e não era apenas por conta de o avião estar em alta velocidade para a decolagem; algo que passou despercebido até aquele momento devido a conversa.
— Não... Eu gosto de um grupo e outro. — suspirou, o tranquilizando. — E vovó, ele não deve ser coreano... — em um breve olhar, ele viu Cindy dar de ombros. — Minha avó acha que para me fazer enturmar com homens coreanos tem que me vender como uma apaixonada por k-pop. — disse baixo somente para ele. — E ela ainda não sabe diferenciar muito bem, deve ser coisa da idade.
— , estou com o aparelho hoje! Posso te ouvir. — Cindy curvou o corpo, chamando a atenção dos dois. — Querido, não é que estou vendendo minha neta. Ela é linda, talentosa e uma menina de ouro. Quem levaria a avó para cima, literalmente, e para baixo no mundo todo enquanto faz trabalhos? Você não acha ela linda?
— E-eu...
— Não precisa responder. — o tranquilizou. — Vovó, está deixando ele sem graça. Por favor.
— Só quero te ajudar a encontrar alguém legal, divertido e que seja tão bonito por fora como por dentro, assim como você. — Cindy mudou o tom para mais baixo e desanimado. — Não gosto de te ver assim, atendendo ligações daquele traste do seu-
a cortou, outra vez, mas no idioma que ele não entendia.
Xiaojun se concentrou em encarar a poltrona à sua frente, enquanto sentia o avião terminar de se estabilizar no céu. Finalmente estava indo em direção a Seul. Se pudesse dormir, logo acordaria já no solo em que deveria estar há horas. Suspirou pesado, notando que Cindy se levantou, parecendo frustrada. Puxou o celular do bolso outra vez e os fones sem fio também.
— Me desculpe pela minha avó. — ouviu a voz de e virou o rosto para ela. — Ela não tem travas na língua.
— Tudo bem. Todo mundo tem uma avó querendo fazer papel de cupido. — ele respondeu calmo.
— Ah, mas às vezes ela foge um pouco da realidade.
— Talvez seja porque ela te ama e quer o seu bem. — Xiaojun deu de ombros, esquecendo de seu celular e fones, encostando a cabeça no encosto da poltrona. — Às vezes acabamos por nos intrometer demais no espaço do outro porque queremos apenas o bem e não vemos que fica... assim.
— Minha mãe faleceu há alguns anos e ela era quem cuidava da minha avó. Mamãe não aguentou perder meu pai, o amor da vida dela, e logo adoeceu também. — ela começou a compartilhar, também se ajeitando confortavelmente. — Então sobramos nós duas, já que meus outros avós faleceram antes mesmo de eu nascer e de nenhum lado tenho tios. Ela é minha única família. Eu deixo porque sei que ela quer meu bem... Mas-
parou bruscamente.
— Mas?
— Deixa pra lá. Pessoal demais para compartilhar com um estranho que não conheço e sequer sei o nome. — ela franziu o nariz. — E que, inclusive, não sei nem como é o rosto. Precisa mesmo de tudo isso? — se referiu à máscara e à boina.
Ele desviou o olhar para frente.
— Me chamo Xiao.
— Nossa, que banheiro maravilhoso, ! — Cindy surgiu tão de repente, animada outra vez e espalhafatosa assim como a chegada de sua neta pouco antes.
Não demorou muito para que, ouvindo a conversa delas em outro idioma, ele pegasse no sono. Em seu sonho, parecia tudo tranquilo, como se não estivesse a pouco de levar a maior bronca monumental do século, assim como se não estivesse ali entre duas pessoas desconhecidas que, mesmo malucas demais para o comum de sua vida, lhe fizeram sentir-se mais à vontade.
Até sentir um aperto forte em sua mão, com o chacoalhão de seu corpo e ouvir a voz do piloto, explicando o que estava acontecendo.
Era uma turbulência.
Ele abriu os olhos, vendo a mão de apertando a sua, tão forte que ele pôde sentir a circulação parar. Não disse nada, continuou parado da mesma forma, esperando que aquilo parasse. E quando parou, quando foram avisados pelo piloto que havia acabado e faltava pouco menos de 15 minutos para pousarem, soltou o ar pesado de forma leve.
— Acho que nunca fui acordado de uma forma tão brusca assim... — comentou, bocejando. — Pode soltar minha mão agora, talvez ainda tenha salvação para a circulação. — riu fraco, nervoso.
— Você estava dormindo? — perguntou tão rápido que ele quase não entendeu pelo vestígio do sotaque.
— Sim? — puxou sua mão, massageando.
— Você é estranho. — Ela continuou o encarando com uma careta.
— E por acaso é comum sair pegando na mão de alguém dentro de um avião? — Xiaojun rebateu.
— Quando tem medo envolvido, tudo é feito sem pensar.
tirou o próprio cinto, levantando-se e saindo dali.
— Ela passou um bom tempo dizendo algumas coisas e você respondeu... — Cindy disse, pegando sua atenção. — As melhores e mais marcantes relações sempre começam ao contrário, querido. E com a magia do Natal? — sorriu pretensiosa. — Ah... essa magia é única. Só saia desse avião depois de pegar o número dela, sim?
Xiaojun estava um pouco atordoado ainda, mas assentiu, virando o rosto para encarar a janela. As nuvens não foram capazes de lhe dar nenhuma linha de pensamento, apenas ficou ali divagando nos acontecimentos da manhã e na fala da avó de . Parecia estar em uma comédia romântica de Natal, com toda aquela confusão.
Porém, nem tudo poderia ser mesmo encarado como um desastre. Às vezes se trata de apenas um movimento para que as coisas mudem.
Capítulo 8 – O presente de Jojo's (Hendery), by Sial
Hendery pressionou os dedos contra o rosto enquanto assistia as torres de Seul pairarem sob as nuvens.
Eu deveria ter desligado o meu telefone, pensou ele.
Eu deveria ter desligado o meu telefone e jogado ele no rio Han.
Abraçando o corpo com os braços, ele imaginou a discussão que teria com logo assim que a encontrasse. Desligar o telefone não quer dizer que vou abandoná-la nas suas ciladas, . Era exatamente o que queria dizer.
Pois bem, escapar não era uma opção. Lá estava ele, entregando algumas notas para o taxista e saindo para a neve, em direção à fachada amarela da loja de roupas em Itaewon.
deu um salto quando a porta da frente da Melion’s abriu. Mas era apenas Hendery, com sua expressão desanuviando quando a viu. Ela abriu um grande sorriso, aliviada pela sua presença. Ao se aproximar, o garoto demonstrava um ar de puro tédio, resultado da típica aversão ao convite intitulado compras.
— Pois então, estou aqui. — ele suspirou e se jogou no sofá em frente a araras e mais araras de roupas, de todas as cores e tamanhos. A garota puxou algo da bolsa. Hendery projetou o corpo para a frente, atento em todas as células do corpo, olhando bem para o tentador livro volumoso encadernado em couro que reconheceu de imediato. Ele o vira apenas pouquíssimas vezes, sempre chegava atrasado em alguma venda relâmpago e perdia a corrida em questão de segundos.
perguntou:
— O que é, Wong? Você quer que isso seja seu? — ela inclinou o exemplar da primeira edição de Jojo’s Bizarre Adventure bem em frente ao seu rosto, e Hendery estendeu as mãos imediatamente para pegá-lo, mas não foi mais rápido do que as ligeiras mãos de para afastá-lo. Ele bufou de irritação. — Calma, sem pressa...
— O que você quer? Cinco mil dólares? Posso te transferir agora mesmo. — ele deu de ombros. Ela riu em descrença.
— Não seja idiota, não preciso de cinco mil dólares. Só preciso da sua opinião. É para isso que servem os melhores amigos. — ela lançou o pacote em seu colo. Ele o pegou com rapidez e admiração, abrindo-o lentamente para então fechá-lo de novo. — Preciso que me ajude a escolher uma roupa pra hoje à noite.
— Já disse que pode ir de qualquer jeito, ninguém vai reparar mesmo. — ele estava concentrado nas páginas. o deu um tapa no braço. — Ai!
— Não é porque você não repara que preciso perder as esperanças com os outros caras. Idiota... — ela revirou os olhos, mas Hendery continuava em sua insistente checagem ao presente. expirou, irritada, pegando o objeto novamente e abrindo-o sem cerimônia. Ela não escolheu uma página para abrir; estava tão usado e tão cheio que todas as páginas reivindicavam precedência. — “Impossível? Fizemos muitas coisas impossíveis nesta jornada. Estou cansado de ouvir que as coisas são impossíveis ou inúteis. Essas palavras não significam nada para nós.” — recitou, atuando como Jojo’s. Então, passou algumas páginas, agora literalmente no meio do livro, que se abriu obedecendo à gravidade em vez de ao uso. — “Sua vida foi uma parte importante da história, mas invisível para as pessoas comuns. A maior parte da humanidade, por quem ele se sacrificou nunca saberá de seus feitos nobres.”
As palavras foram finalizadas como em um espetáculo. Era claro que ela as recitou baseada em sua própria memória, e não pela força duvidosa da coincidência em cair naqueles trechos específicos. Hendery riu com energia, passando as mãos no cabelo, voltando a recostar-se no sofá enquanto ela devolvia-lhe o presente. Ele não tornou a abri-lo de imediato.
— Pode prestar atenção em mim agora que li suas partes favoritas?
— Leu como se estivesse lendo aqueles livros velhos ou os jornais que você tem, mas dá para aceitar. — seus ombros se levantaram e ela revirou os olhos mais uma vez. — Mas diga, o que você tanto precisa? Sabe que essa coisa de moda não é muito a minha praia, não é?
— Claro, você tem sorte de ser artista e vestir apenas o que pessoas que entendem do assunto mandam. — suspirou e andou até uma das araras, puxando um vestido vermelho. — Mas ainda confio que você possa estabelecer uma opinião. Esse aqui, o que acha? Me faz parecer uma modelo sexy?
— Você não é modelo, você trabalha com a contabilidade da empresa, e sexy?! Por Deus...
— Ah, vá se foder, Hendery Wong. Vai me fazer desejar que tivesse ficado na China? — ela guinchou, fazendo-o rir e puxou mais três vestidos, cada um de uma cor. — Vou entrar ali e fazer toda aquela palhaçada de provar e sair, e você é obrigado a tecer comentários, entendeu? Ou nunca mais verá esse exemplar na vida.
lhe lançou uma piscadela e entrou no provador, tropeçando antes de fechar as cortinas. Hendery riu, olhando novamente o presente de Natal, explodindo de felicidade por dentro. Não era apenas pelo exemplar de seu mangá favorito, era sobre de quem havia recebido. Seus lábios insistiam em sorrir apenas por imaginar a reação de quando descobrisse o presente que a aguardava — as passagens para a Virginia, acompanhadas de um roteiro impecável para as Cavernas de Luray, um lugar tão fantástico e estranho que não poderiam combinar mais com seu gosto.
Ele pensou em lhe entregar duas passagens, alegando que poderia convidar quem quisesse, esperando que ela não percebesse quanta indireta morava naquela frase.
Hendery mantinha uma lista extensa de coisas que queria fazer antes dos 30 anos. O trabalho muitas vezes não o deixava realizar metade delas, mas ainda estavam ali, registradas, esperando para serem realizadas, marcadas com quadradinhos dispostos diante de cada item. A primeira delas era conhecer o País de Gales, cumprida dois anos atrás, o que fazia com que escutasse até hoje as vozes estranhas de imitações do idioma em uma sessão de histórias locais de terror que ouvira por lá.
Haviam outras cidades listadas. E algumas que escreveu.
A cortina se abriu pela primeira vez. Ela usava o vestido vermelho com uma grande fenda na perna direita. Algo disparou dentro do peito de Hendery, algo que já tinha sentido, mas que preferia pensar que era alguma condição médica do que aquilo.
— E então, como estou? — perguntou ela, incerta.
Hendery não esboçou grande reação a princípio. Era lógico que ela estava mais do que linda, e ele mais idiota, mas não era assim que as coisas funcionavam entre os dois.
— Parece um tomate gigante.
Ela revirou os olhos e arfou. Ele riu e esticou os braços pelo sofá.
— Isso é um Harlech, como você pode... Ah, esquece. — ela entrou novamente no provador.
O próximo vestido era verde e batia acima dos joelhos, com pequenos babados na parte das coxas. Outra vez, ele precisou desviar os olhos e pensar em outra piada, alguma que mascarasse seu estado de torpor e admiração.
— Acho que não cheguei bem a olhar a data. Estamos no St. Patrick’s Day? Achei que era Natal...
A descrença foi a primeira reação de . Ela virou-se para o espelho, encarando seu reflexo com frustração.
— Mas ele é tão bonito... Argh. — virou-se para o garoto risonho do sofá, trincando os dentes com fúria. — Vou devolver, mas não por sua causa. — e entrou novamente no provador.
Depois de uma sucessão de vestidos, acompanhados de piadas intermináveis e cada vez mais criativas do garoto, provou o último vestido. Hendery agradeceu internamente por não ter de se proteger por muito mais tempo. Só mais uma piada e tudo acabaria. Foi então que saiu do provador, trajada de um vestido cor de prata rodado, tomara-que-caia, brilhante e sedoso. Seu cabelo, agora solto, caía em ondas sobre seus ombros. As piadas de Hendery perderam-se, tanto de sua língua quanto de seu cérebro. Ela estava espetacular. Tão espetacular quanto uma princesa.
— E então, o que achou desse? — ela alisou o vestido, mais nervosa do que com todos os outros. A expressão de Hendery era séria. E Hendery sério nunca era algo comum, ou bom. — Hendery?
A menção do nome o fez acordar e ajeitar a postura, apoiando os cotovelos nos joelhos, limpando a garganta duas vezes antes de falar.
— Ah, esse... Bom... É bonito, ele... Bem, parece o tipo de coisa que você usaria.
Ele estava falando sério, em um tom sério.
Com isso, pensou que ele queria dizer que vestidos extravagantes era o que se esperava de uma garota que não sabia diferenciar casacos e cardigãs nos dias normais.
— Acho que sei o que quer dizer. — murmurou, junto de uma risada seca. Agora se sentia patética. O que era estranho, visto que era Hendery que estava ali. Hendery Wong, seu melhor amigo, o cara que a fazia rir 25 horas por dia e que sempre era um ponto de paz nos dias corridos. Era ele, não outra pessoa, nada do que ele dissesse poderia chateá-la.
Mas, propositalmente — e assustadoramente —, ela queria que ele aprovasse algum vestido. Queria que ele a olhasse admirado, que dissesse que ela estava linda, que se levantasse de choque, que a abraçasse, que a beij...
Enfim. Com um suspiro tristonho, ela se preparou para virar e entrar novamente no provador, não tendo nenhum pensamento imediato a não ser tirar aquele vestido ridículo e ir embora dali.
— Ei, espera. — Hendery se pôs de pé quando a viu dar as costas. — Não vai ficar com ele?
— Por que eu faria isso? — respondeu seca, voltando a prender os cabelos no habitual rabo de cavalo.
Hendery juntou as sobrancelhas, confuso.
— Como assim? Porque ele é lindo.
— Você não está falando sério.
— Claro que eu estou, por que...
— Porque você não está falando sério desde que entrou por aquela porta, Wong. Desde que abriu o livro ou, sendo mais exagerada, desde que pisou na Coreia de manhã. Sinceramente, eu realmente não preciso ir a essa festa, posso me virar sozinha com um BBQ Chicken e 6 latas de cerveja. — ela puxou a cauda da saia cintilante e entrou no provador, isolando-se com o puxar da cortina. Ainda se sentia ridícula, agora mais ridícula do que tudo.
Lá dentro, ela teve tempo de se maravilhar com o vestido. Era lindo e marcante. Não existiam muitas oportunidades para usá-lo. De um jeito triste, começou a puxar o zíper para baixo. Hendery fechou os olhos com força do lado de fora, praguejando a si mesmo por tentar esconder aquilo e sempre acabar estragando tudo por causa de míseros detalhes.
Como não percebia isso?
— , qual é, eu estava brincando. — tentou, falando através da cortina. — Me desculpa. Não precisa dizer que não vai à festa por causa disso.
— Tá tudo bem, Hendery. — disse, cabisbaixa. O zíper desceu até a metade e, querendo alongar um pouco mais a visão dele no corpo, começou a tirar as meias da loja. — O convite não me surpreendeu imediatamente mesmo. Era mais pelo sentimento, a expectativa do que seria, mas posso viver sem isso, não se preocupe.
— Do que você está...
— É sério, está tudo bem. O vestido não ficou bom, nenhum deles ficou, só me resta aceitar e aproveitar a noite de outro jeito.
A cortina se abriu repentinamente. soltou um grito, colocando as mãos na frente do peito, esquecendo-se por um momento que ainda estava totalmente vestida.
— Hendery! O que você... — ela teve o corpo empurrado minimamente para que ele entrasse por completo no cubículo, fechando a cortina novamente. — Você não pode entrar aqui. Tá maluco? E se eu estivesse sem roupa?
— Eu a mandaria colocar de novo, porque você vai na festa, . E vai com esse vestido.
— Por quê? O que você...
— Porque você é linda! E merece ir com um vestido tão lindo quanto você.
parou por uns momentos. As palavras se repetiram em sua cabeça como um eco antes que dissesse:
— O-o quê?
— É sério, você vai ficar com ele. Nada vai brilhar mais do que você nessa festa. E nunca falei tão sério em toda a minha vida.
O mesmo laço de couro do exemplar de Jojo’s parecia estar atando o coração de . Hendery não era sério, nem nada perto disso. Ouvi-lo falar daquela forma era minimamente estranho e diferente.
— Mas... Bem. — ela limpou a garganta, desviando os olhos para baixo. A aproximação repentina a causava um certo tipo de arrepio. — Você não precisa dizer essas coisas só para me fazer comprá-lo. E não precisa fingir esses elogios também, afinal, você não vai me acompanhar... — fechou as mãos em um punho, dando-lhe um pequeno soco no peito ao mesmo tempo em que soltava uma risada engasgada, constrangida.
— Eu vou sim. — Hendery sussurrou. — Vou te acompanhar. Na festa. Se você quiser.
Ele parecia atrapalhado. A respiração dela estava tão próxima que lhe conferia um inegável prazer tátil.
— Mas... Achei que tinha combinado...
— Eu não combinei, tá legal? Estava planejando desde o início surgir na porta do seu prédio com 20 minutos de antecedência, como você bem prefere. Seríamos os primeiros a chegar, claro, mas eu te chamaria para dançar, pisaria no seu pé, comeríamos as iscas de camarão, e no final, eu... Eu...
— Você...?
Hendery a encarou com desespero. Reparava agora, nesse momento, que algumas atitudes impulsivas não poderiam ser sempre resolvidas com o famigerado sair correndo. Em vez disso, ele mordeu o lábio inferior e suspirou, derrotado. Correu os dedos sobre os bolsos, agarrando a superfície do celular e deslizando os dedos até abrir onde queria.
— Eu daria seu presente. — o telefone foi estendido para , aberto em uma página onde um anúncio era feito em design de papel de desenho, espesso e untuoso, com uma fonte esguia e elegante. — Pretendia entregá-la em um embrulho bonito e delicado, ou qualquer coisa que as moças da loja de conveniência fossem capazes de fazer, mas é isso. Feliz Natal, .
As mãos de agarraram o telefone com os olhos arregalados de choque. Na conclusão da compra, havia a assinatura moderna e despojada de Hendery, feita de forma manual. Ela ainda buscou falhas ou qualquer sinal de uma montagem, mas não achou nada que refutasse seu presente.
— Hendery... Meu deus do céu, Hendery! Cavernas Luray! Onde você estava com a cabeça? — ela soltou um gritinho de euforia, dando-lhe mais um soco no peito, desta vez com mais força, o que o fez encenar dor, como se fosse quebradiço. — Infelizmente, nem posso rejeitar esse presente tão maravi... Ué, tem duas passagens?
O garoto tirou o sorriso, fazendo uma anotação mental para agir normalmente. Depois de limpar a garganta meia dúzia de vezes, ele conseguiu proferir:
— É... É.
— Por que comprou duas passagens?
Ele coçou a cabeça. A ideia de sair correndo pareceu convidativa de novo. Aquela era a pior hora para ser uma observadora profissional.
— Porque achei que quisesse levar alguém.
— E quem eu levaria para um paraíso tropical, senhor Wong?
— Não sei. O Minho? Você disse que tinha um crush nele.
riu. Um dia, ela lhe contou que tinha uma lista dos idols que gostaria de conhecer assim que começou seu trabalho na SM. Todos os nomes eram diferentemente circulados, apontados e sublinhados com “muito urgente”. Minho estava dentro dessa última categoria.
— Acho que o Minho não me faria rir o tempo todo, e tornaria a viagem menos divertida. Sendo assim, o que me diz? — perguntou, ansiosa. — Aceita visitar cavernas comigo?
Hendery piscou. A pergunta de parecia séria, apesar do tom brincalhão. Os dois eram amigos há um tempo para notarem qualquer nuance de brincadeira ou contradição que moravam sorrateiras nas frases. Quando isso acontecia, referiam-se a si mesmos em terceira pessoa. Ali, o perguntou diretamente.
E o jeito como ela o olhava era profundamente diferente das outras. Hendery não sorria, o que era incomum, mas estava concentrado demais nos detalhes daquele rosto. Do nariz à boca, ele estacionou ao sentir aquela respiração tão próxima de novo, aquela que estava deixando marcas e ativando desejos, aquela que estava fazendo seu coração bater de forma ainda mais veloz.
Ele se inclinou para ela.
— Srta. , está tudo bem? — a voz de uma funcionária invadiu o cubículo como o som do apocalipse. Hendery prendeu a respiração de susto. pareceu ter sido jogada da cama para o chão, levando um tempo para entender do que aquilo realmente se tratava.
— S-sim! O-obrigada. — disse ela para a voz, a garganta seca de repente.
— É... Eu vou te esperar aqui fora... Lá fora... — disse ele, em voz baixa, inclinando-se para começar a se retirar.
assentiu, desviando os olhos, sentindo a bochecha corar. Ela normalmente era organizada mentalmente, mas estava claro que Hendery havia bagunçado-a de novo.
— Tudo bem, eu vou... Vou ficar com o vestido...
— É, ficou ótimo. Muito lindo... — ele a encarou novamente, já com as mãos na cortina. Ela ergueu os olhos ao mesmo tempo, vítima de uma linha de energia invisível que estava gritando que alguma coisa estava acontecendo ali. — Vai ser uma honra acompanhá-la, .
— Vai ser uma honra acompanhá-lo, Jojo’s. Para todos os lugares.
Eu deveria ter desligado o meu telefone, pensou ele.
Eu deveria ter desligado o meu telefone e jogado ele no rio Han.
Abraçando o corpo com os braços, ele imaginou a discussão que teria com logo assim que a encontrasse. Desligar o telefone não quer dizer que vou abandoná-la nas suas ciladas, . Era exatamente o que queria dizer.
Pois bem, escapar não era uma opção. Lá estava ele, entregando algumas notas para o taxista e saindo para a neve, em direção à fachada amarela da loja de roupas em Itaewon.
deu um salto quando a porta da frente da Melion’s abriu. Mas era apenas Hendery, com sua expressão desanuviando quando a viu. Ela abriu um grande sorriso, aliviada pela sua presença. Ao se aproximar, o garoto demonstrava um ar de puro tédio, resultado da típica aversão ao convite intitulado compras.
— Pois então, estou aqui. — ele suspirou e se jogou no sofá em frente a araras e mais araras de roupas, de todas as cores e tamanhos. A garota puxou algo da bolsa. Hendery projetou o corpo para a frente, atento em todas as células do corpo, olhando bem para o tentador livro volumoso encadernado em couro que reconheceu de imediato. Ele o vira apenas pouquíssimas vezes, sempre chegava atrasado em alguma venda relâmpago e perdia a corrida em questão de segundos.
perguntou:
— O que é, Wong? Você quer que isso seja seu? — ela inclinou o exemplar da primeira edição de Jojo’s Bizarre Adventure bem em frente ao seu rosto, e Hendery estendeu as mãos imediatamente para pegá-lo, mas não foi mais rápido do que as ligeiras mãos de para afastá-lo. Ele bufou de irritação. — Calma, sem pressa...
— O que você quer? Cinco mil dólares? Posso te transferir agora mesmo. — ele deu de ombros. Ela riu em descrença.
— Não seja idiota, não preciso de cinco mil dólares. Só preciso da sua opinião. É para isso que servem os melhores amigos. — ela lançou o pacote em seu colo. Ele o pegou com rapidez e admiração, abrindo-o lentamente para então fechá-lo de novo. — Preciso que me ajude a escolher uma roupa pra hoje à noite.
— Já disse que pode ir de qualquer jeito, ninguém vai reparar mesmo. — ele estava concentrado nas páginas. o deu um tapa no braço. — Ai!
— Não é porque você não repara que preciso perder as esperanças com os outros caras. Idiota... — ela revirou os olhos, mas Hendery continuava em sua insistente checagem ao presente. expirou, irritada, pegando o objeto novamente e abrindo-o sem cerimônia. Ela não escolheu uma página para abrir; estava tão usado e tão cheio que todas as páginas reivindicavam precedência. — “Impossível? Fizemos muitas coisas impossíveis nesta jornada. Estou cansado de ouvir que as coisas são impossíveis ou inúteis. Essas palavras não significam nada para nós.” — recitou, atuando como Jojo’s. Então, passou algumas páginas, agora literalmente no meio do livro, que se abriu obedecendo à gravidade em vez de ao uso. — “Sua vida foi uma parte importante da história, mas invisível para as pessoas comuns. A maior parte da humanidade, por quem ele se sacrificou nunca saberá de seus feitos nobres.”
As palavras foram finalizadas como em um espetáculo. Era claro que ela as recitou baseada em sua própria memória, e não pela força duvidosa da coincidência em cair naqueles trechos específicos. Hendery riu com energia, passando as mãos no cabelo, voltando a recostar-se no sofá enquanto ela devolvia-lhe o presente. Ele não tornou a abri-lo de imediato.
— Pode prestar atenção em mim agora que li suas partes favoritas?
— Leu como se estivesse lendo aqueles livros velhos ou os jornais que você tem, mas dá para aceitar. — seus ombros se levantaram e ela revirou os olhos mais uma vez. — Mas diga, o que você tanto precisa? Sabe que essa coisa de moda não é muito a minha praia, não é?
— Claro, você tem sorte de ser artista e vestir apenas o que pessoas que entendem do assunto mandam. — suspirou e andou até uma das araras, puxando um vestido vermelho. — Mas ainda confio que você possa estabelecer uma opinião. Esse aqui, o que acha? Me faz parecer uma modelo sexy?
— Você não é modelo, você trabalha com a contabilidade da empresa, e sexy?! Por Deus...
— Ah, vá se foder, Hendery Wong. Vai me fazer desejar que tivesse ficado na China? — ela guinchou, fazendo-o rir e puxou mais três vestidos, cada um de uma cor. — Vou entrar ali e fazer toda aquela palhaçada de provar e sair, e você é obrigado a tecer comentários, entendeu? Ou nunca mais verá esse exemplar na vida.
lhe lançou uma piscadela e entrou no provador, tropeçando antes de fechar as cortinas. Hendery riu, olhando novamente o presente de Natal, explodindo de felicidade por dentro. Não era apenas pelo exemplar de seu mangá favorito, era sobre de quem havia recebido. Seus lábios insistiam em sorrir apenas por imaginar a reação de quando descobrisse o presente que a aguardava — as passagens para a Virginia, acompanhadas de um roteiro impecável para as Cavernas de Luray, um lugar tão fantástico e estranho que não poderiam combinar mais com seu gosto.
Ele pensou em lhe entregar duas passagens, alegando que poderia convidar quem quisesse, esperando que ela não percebesse quanta indireta morava naquela frase.
Hendery mantinha uma lista extensa de coisas que queria fazer antes dos 30 anos. O trabalho muitas vezes não o deixava realizar metade delas, mas ainda estavam ali, registradas, esperando para serem realizadas, marcadas com quadradinhos dispostos diante de cada item. A primeira delas era conhecer o País de Gales, cumprida dois anos atrás, o que fazia com que escutasse até hoje as vozes estranhas de imitações do idioma em uma sessão de histórias locais de terror que ouvira por lá.
Haviam outras cidades listadas. E algumas que escreveu.
A cortina se abriu pela primeira vez. Ela usava o vestido vermelho com uma grande fenda na perna direita. Algo disparou dentro do peito de Hendery, algo que já tinha sentido, mas que preferia pensar que era alguma condição médica do que aquilo.
— E então, como estou? — perguntou ela, incerta.
Hendery não esboçou grande reação a princípio. Era lógico que ela estava mais do que linda, e ele mais idiota, mas não era assim que as coisas funcionavam entre os dois.
— Parece um tomate gigante.
Ela revirou os olhos e arfou. Ele riu e esticou os braços pelo sofá.
— Isso é um Harlech, como você pode... Ah, esquece. — ela entrou novamente no provador.
O próximo vestido era verde e batia acima dos joelhos, com pequenos babados na parte das coxas. Outra vez, ele precisou desviar os olhos e pensar em outra piada, alguma que mascarasse seu estado de torpor e admiração.
— Acho que não cheguei bem a olhar a data. Estamos no St. Patrick’s Day? Achei que era Natal...
A descrença foi a primeira reação de . Ela virou-se para o espelho, encarando seu reflexo com frustração.
— Mas ele é tão bonito... Argh. — virou-se para o garoto risonho do sofá, trincando os dentes com fúria. — Vou devolver, mas não por sua causa. — e entrou novamente no provador.
Depois de uma sucessão de vestidos, acompanhados de piadas intermináveis e cada vez mais criativas do garoto, provou o último vestido. Hendery agradeceu internamente por não ter de se proteger por muito mais tempo. Só mais uma piada e tudo acabaria. Foi então que saiu do provador, trajada de um vestido cor de prata rodado, tomara-que-caia, brilhante e sedoso. Seu cabelo, agora solto, caía em ondas sobre seus ombros. As piadas de Hendery perderam-se, tanto de sua língua quanto de seu cérebro. Ela estava espetacular. Tão espetacular quanto uma princesa.
— E então, o que achou desse? — ela alisou o vestido, mais nervosa do que com todos os outros. A expressão de Hendery era séria. E Hendery sério nunca era algo comum, ou bom. — Hendery?
A menção do nome o fez acordar e ajeitar a postura, apoiando os cotovelos nos joelhos, limpando a garganta duas vezes antes de falar.
— Ah, esse... Bom... É bonito, ele... Bem, parece o tipo de coisa que você usaria.
Ele estava falando sério, em um tom sério.
Com isso, pensou que ele queria dizer que vestidos extravagantes era o que se esperava de uma garota que não sabia diferenciar casacos e cardigãs nos dias normais.
— Acho que sei o que quer dizer. — murmurou, junto de uma risada seca. Agora se sentia patética. O que era estranho, visto que era Hendery que estava ali. Hendery Wong, seu melhor amigo, o cara que a fazia rir 25 horas por dia e que sempre era um ponto de paz nos dias corridos. Era ele, não outra pessoa, nada do que ele dissesse poderia chateá-la.
Mas, propositalmente — e assustadoramente —, ela queria que ele aprovasse algum vestido. Queria que ele a olhasse admirado, que dissesse que ela estava linda, que se levantasse de choque, que a abraçasse, que a beij...
Enfim. Com um suspiro tristonho, ela se preparou para virar e entrar novamente no provador, não tendo nenhum pensamento imediato a não ser tirar aquele vestido ridículo e ir embora dali.
— Ei, espera. — Hendery se pôs de pé quando a viu dar as costas. — Não vai ficar com ele?
— Por que eu faria isso? — respondeu seca, voltando a prender os cabelos no habitual rabo de cavalo.
Hendery juntou as sobrancelhas, confuso.
— Como assim? Porque ele é lindo.
— Você não está falando sério.
— Claro que eu estou, por que...
— Porque você não está falando sério desde que entrou por aquela porta, Wong. Desde que abriu o livro ou, sendo mais exagerada, desde que pisou na Coreia de manhã. Sinceramente, eu realmente não preciso ir a essa festa, posso me virar sozinha com um BBQ Chicken e 6 latas de cerveja. — ela puxou a cauda da saia cintilante e entrou no provador, isolando-se com o puxar da cortina. Ainda se sentia ridícula, agora mais ridícula do que tudo.
Lá dentro, ela teve tempo de se maravilhar com o vestido. Era lindo e marcante. Não existiam muitas oportunidades para usá-lo. De um jeito triste, começou a puxar o zíper para baixo. Hendery fechou os olhos com força do lado de fora, praguejando a si mesmo por tentar esconder aquilo e sempre acabar estragando tudo por causa de míseros detalhes.
Como não percebia isso?
— , qual é, eu estava brincando. — tentou, falando através da cortina. — Me desculpa. Não precisa dizer que não vai à festa por causa disso.
— Tá tudo bem, Hendery. — disse, cabisbaixa. O zíper desceu até a metade e, querendo alongar um pouco mais a visão dele no corpo, começou a tirar as meias da loja. — O convite não me surpreendeu imediatamente mesmo. Era mais pelo sentimento, a expectativa do que seria, mas posso viver sem isso, não se preocupe.
— Do que você está...
— É sério, está tudo bem. O vestido não ficou bom, nenhum deles ficou, só me resta aceitar e aproveitar a noite de outro jeito.
A cortina se abriu repentinamente. soltou um grito, colocando as mãos na frente do peito, esquecendo-se por um momento que ainda estava totalmente vestida.
— Hendery! O que você... — ela teve o corpo empurrado minimamente para que ele entrasse por completo no cubículo, fechando a cortina novamente. — Você não pode entrar aqui. Tá maluco? E se eu estivesse sem roupa?
— Eu a mandaria colocar de novo, porque você vai na festa, . E vai com esse vestido.
— Por quê? O que você...
— Porque você é linda! E merece ir com um vestido tão lindo quanto você.
parou por uns momentos. As palavras se repetiram em sua cabeça como um eco antes que dissesse:
— O-o quê?
— É sério, você vai ficar com ele. Nada vai brilhar mais do que você nessa festa. E nunca falei tão sério em toda a minha vida.
O mesmo laço de couro do exemplar de Jojo’s parecia estar atando o coração de . Hendery não era sério, nem nada perto disso. Ouvi-lo falar daquela forma era minimamente estranho e diferente.
— Mas... Bem. — ela limpou a garganta, desviando os olhos para baixo. A aproximação repentina a causava um certo tipo de arrepio. — Você não precisa dizer essas coisas só para me fazer comprá-lo. E não precisa fingir esses elogios também, afinal, você não vai me acompanhar... — fechou as mãos em um punho, dando-lhe um pequeno soco no peito ao mesmo tempo em que soltava uma risada engasgada, constrangida.
— Eu vou sim. — Hendery sussurrou. — Vou te acompanhar. Na festa. Se você quiser.
Ele parecia atrapalhado. A respiração dela estava tão próxima que lhe conferia um inegável prazer tátil.
— Mas... Achei que tinha combinado...
— Eu não combinei, tá legal? Estava planejando desde o início surgir na porta do seu prédio com 20 minutos de antecedência, como você bem prefere. Seríamos os primeiros a chegar, claro, mas eu te chamaria para dançar, pisaria no seu pé, comeríamos as iscas de camarão, e no final, eu... Eu...
— Você...?
Hendery a encarou com desespero. Reparava agora, nesse momento, que algumas atitudes impulsivas não poderiam ser sempre resolvidas com o famigerado sair correndo. Em vez disso, ele mordeu o lábio inferior e suspirou, derrotado. Correu os dedos sobre os bolsos, agarrando a superfície do celular e deslizando os dedos até abrir onde queria.
— Eu daria seu presente. — o telefone foi estendido para , aberto em uma página onde um anúncio era feito em design de papel de desenho, espesso e untuoso, com uma fonte esguia e elegante. — Pretendia entregá-la em um embrulho bonito e delicado, ou qualquer coisa que as moças da loja de conveniência fossem capazes de fazer, mas é isso. Feliz Natal, .
As mãos de agarraram o telefone com os olhos arregalados de choque. Na conclusão da compra, havia a assinatura moderna e despojada de Hendery, feita de forma manual. Ela ainda buscou falhas ou qualquer sinal de uma montagem, mas não achou nada que refutasse seu presente.
— Hendery... Meu deus do céu, Hendery! Cavernas Luray! Onde você estava com a cabeça? — ela soltou um gritinho de euforia, dando-lhe mais um soco no peito, desta vez com mais força, o que o fez encenar dor, como se fosse quebradiço. — Infelizmente, nem posso rejeitar esse presente tão maravi... Ué, tem duas passagens?
O garoto tirou o sorriso, fazendo uma anotação mental para agir normalmente. Depois de limpar a garganta meia dúzia de vezes, ele conseguiu proferir:
— É... É.
— Por que comprou duas passagens?
Ele coçou a cabeça. A ideia de sair correndo pareceu convidativa de novo. Aquela era a pior hora para ser uma observadora profissional.
— Porque achei que quisesse levar alguém.
— E quem eu levaria para um paraíso tropical, senhor Wong?
— Não sei. O Minho? Você disse que tinha um crush nele.
riu. Um dia, ela lhe contou que tinha uma lista dos idols que gostaria de conhecer assim que começou seu trabalho na SM. Todos os nomes eram diferentemente circulados, apontados e sublinhados com “muito urgente”. Minho estava dentro dessa última categoria.
— Acho que o Minho não me faria rir o tempo todo, e tornaria a viagem menos divertida. Sendo assim, o que me diz? — perguntou, ansiosa. — Aceita visitar cavernas comigo?
Hendery piscou. A pergunta de parecia séria, apesar do tom brincalhão. Os dois eram amigos há um tempo para notarem qualquer nuance de brincadeira ou contradição que moravam sorrateiras nas frases. Quando isso acontecia, referiam-se a si mesmos em terceira pessoa. Ali, o perguntou diretamente.
E o jeito como ela o olhava era profundamente diferente das outras. Hendery não sorria, o que era incomum, mas estava concentrado demais nos detalhes daquele rosto. Do nariz à boca, ele estacionou ao sentir aquela respiração tão próxima de novo, aquela que estava deixando marcas e ativando desejos, aquela que estava fazendo seu coração bater de forma ainda mais veloz.
Ele se inclinou para ela.
— Srta. , está tudo bem? — a voz de uma funcionária invadiu o cubículo como o som do apocalipse. Hendery prendeu a respiração de susto. pareceu ter sido jogada da cama para o chão, levando um tempo para entender do que aquilo realmente se tratava.
— S-sim! O-obrigada. — disse ela para a voz, a garganta seca de repente.
— É... Eu vou te esperar aqui fora... Lá fora... — disse ele, em voz baixa, inclinando-se para começar a se retirar.
assentiu, desviando os olhos, sentindo a bochecha corar. Ela normalmente era organizada mentalmente, mas estava claro que Hendery havia bagunçado-a de novo.
— Tudo bem, eu vou... Vou ficar com o vestido...
— É, ficou ótimo. Muito lindo... — ele a encarou novamente, já com as mãos na cortina. Ela ergueu os olhos ao mesmo tempo, vítima de uma linha de energia invisível que estava gritando que alguma coisa estava acontecendo ali. — Vai ser uma honra acompanhá-la, .
— Vai ser uma honra acompanhá-lo, Jojo’s. Para todos os lugares.
Capítulo 9 – Guirlanda da saudade (Jeno), by Peach Lee
deixou uma risada leve escapar assim que olhou para o lado e observou Jeno com a língua de fora, apertando os olhos, concentrado em tentar amarrar a pequena e fina fita dourada em volta de um dos galhinhos da guirlanda.
— Não sei como consegue mexer com essas coisas tão pequenas. — ele reclamou assim que escutou a risada da namorada, mantendo a careta.
— Você que tem dedos gordos demais. — rebateu rindo, logo esticando os braços e tirando a guirlanda das mãos do rapaz.
— Os seus que são finos demais!
A garota mais nada disse, apenas revirou os olhos com um sorriso no rosto. Encarou a fita dourada com cuidado e, num passe de mágica, amarrou as duas pontas e pronto, o enfeite de sino estava devidamente preso.
— COMO VOCÊ CONSEGUE? — Jeno afinou a voz quando gritou, fazendo soltar outra risada.
— Por Deus, não seja tão exagerado.
Já estava começando a escurecer quando se deu conta de que haviam passado tempo demais ali, enfeitando guirlandas de Natal. A temperatura amena dentro de seu quarto ajudava ambos a se desligarem um pouco da realidade e, apesar de esse ser um dos objetivos principais da garota para aquela tarde, ela não achou que ficaria tão entretida dentro do próprio quarto apenas por tê-lo ali ao seu lado.
— Que horas será a festa? — perguntou ao namorado assim que se lembrou da celebração.
— Não me lembro. — ele respondeu depois de alguns segundos com um sorriso sem graça no rosto, coçando a nuca com a vergonha. — Pedi para que Taeil hyung me avisasse quando estivesse indo.
A garota apenas concordou com um aceno, sem mais o que dizer. Apertou os lábios quando percebeu que todas as guirlandas estavam devidamente prontas e decoradas. Eles tinham feito um belo trabalho.
— No próximo ano, nós faremos para todos os seus amigos de grupo. — disse, rindo ao ver a cara de espanto do rapaz.
— ‘Tá doida? Já foi um sacrifício fazer cinco guirlandas, e não para de entrar gente nova no NCT. Não vamos acabar nunca.
— Espírito natalino, Neno! — ela riu ainda mais.
Jeno permaneceu encarando a namorada à medida que a garota se inclinava para pegar o celular sobre a cômoda, abrindo seu Spotify e colocando sua música natalina predileta: The First Snow, do EXO.
— A primeira neve já caiu há alguns dias. — ele fez o comentário assim que a melodia começou a soar pelo quarto, no objetivo de irritá-la.
— Vou te ignorar pelo bem do Natal!
O rapaz soltou uma risada antes de encará-la mais uma vez, sustentando o olhar no dela e logo avançando em sua direção.
deu um gritinho assim que Jeno pôs as mãos em sua cintura, fazendo cosquinhas na região. Ela nem sentia tanto nervoso naquele lugar, mas apenas o fato de as pontas dos dedos dele estarem pressionando sua pele já a deixava nervosa.
— Para!! — ela implorou pela terceira vez, já quase sem fôlego. já estava praticamente jogada no chão, com o corpo do namorado sobre o seu.
Jeno cessou com as cócegas, concentrando seus olhos nas íris brilhantes da namorada. Se perdeu por alguns segundos naquele universo que eram seus olhos. Ele podia jurar que havia constelações belíssimas no olhar de .
Com calma, o rapaz aproximou o rosto do dela, agora mudando a direção de seus olhos para os lábios da garota. travou por alguns segundos, ansiando por aquele beijo. Felizmente, Jeno não tardou para juntar uma boca na outra.
Ambos fecharam os olhos, aproveitando do momento. Faziam alguns dias desde a última vez que se viram, visto que a vida de idol não era fácil e muito menos privada. Suas línguas dançavam na melodia da música que soava do celular da garota.
Separaram-se depois de alguns selinhos. permaneceu encarando os olhos do namorado, que sustentava o olhar. Ela desejou que não precisassem sair dali nunca mais.
— Já quer ir se arrumar? — ele questionou depois de um tempo.
— Não... — respondeu sincera, fechando os olhos e soltando um sorriso cansado. Droga, ela realmente não queria sair dali. — Mas sei que preciso.
Ele não argumentou, apenas retirou o corpo de cima do da namorada, estendendo a mão a ela, para que se levantasse.
— Vamos embalar uma delas para levar na festa ou... — Jeno não soube continuar a pergunta, mas recebeu apenas um levantar de ombros da garota.
— Acho que podemos levar na mão mesmo, já que vamos pendurar.
— Certo.
mordeu o lábio inferior, emocionada de estar ali com ele. Ela realmente havia sentido muita falta do namorado e, mesmo que não fosse muito carinhosa e apegada, não podia negar que a saudade estava batendo forte em seu peito.
— O que foi? — ele se aproximou colocando a mão sobre o ombro da menina. — ‘Tá parada aí me encarando com uma cara esquisita.
— Perdão, me perdi nos pensamentos. — sorriu tímida.
— Quer conversar?
— Não, não. — negou com as mãos, cabeça e fala. — Estou bem, vou tomar banho.
Jeno assentiu com as sobrancelhas erguidas, ainda estranhando a careta que a namorada fizera. Esperou que ela se virasse e seguisse até ao banheiro, fechando a porta em seguida. Ele encarou as guirlandas espalhadas pelo chão por alguns segundos, tentando escolher qual levaria para a festa na empresa.
Ouviu alguns passos atrás de si.
— ? — perguntou assim que sentiu braços rodeando sua cintura.
— Eu te amo.
Jeno arregalou os olhos ao escutar a declaração. Mesmo que fosse algo comum entre namorados, achou diferente e aleatório vindo de , que não era muito expressiva. Com a mão, afrouxou o abraço da namorada, virando-se de frente a ela.
— Eu também te amo. — respondeu olhando nos olhos da namorada, que pareciam lacrimejados. — O que foi? Você está estranha, .
A garota mordeu o lábio inferior novamente, afundando o rosto na curvatura do pescoço do namorado e inspirando seu perfume.
— Eu só senti muito a sua falta. — disse baixo, ainda com vergonha.
Ele sorriu, sentindo uma vontade imensa de apertar a namorada em um mega abraço até ela explodir de amor, mas se segurou. Mordeu o próprio lábio antes de responder:
— Eu senti ainda mais.
Rodeou o corpo da namorada com seus braços, acolhendo-a num abraço quente e amoroso. Nenhum dos dois chorava, mas seus sentimentos pareciam em tamanho êxtase que deixavam toda a atmosfera do quarto emotiva.
Se encararam por algum tempo, apenas aproveitando o carinho um do outro.
— Feliz Natal, Neno. — ela sorriu.
— Feliz Natal, .
— Não sei como consegue mexer com essas coisas tão pequenas. — ele reclamou assim que escutou a risada da namorada, mantendo a careta.
— Você que tem dedos gordos demais. — rebateu rindo, logo esticando os braços e tirando a guirlanda das mãos do rapaz.
— Os seus que são finos demais!
A garota mais nada disse, apenas revirou os olhos com um sorriso no rosto. Encarou a fita dourada com cuidado e, num passe de mágica, amarrou as duas pontas e pronto, o enfeite de sino estava devidamente preso.
— COMO VOCÊ CONSEGUE? — Jeno afinou a voz quando gritou, fazendo soltar outra risada.
— Por Deus, não seja tão exagerado.
Já estava começando a escurecer quando se deu conta de que haviam passado tempo demais ali, enfeitando guirlandas de Natal. A temperatura amena dentro de seu quarto ajudava ambos a se desligarem um pouco da realidade e, apesar de esse ser um dos objetivos principais da garota para aquela tarde, ela não achou que ficaria tão entretida dentro do próprio quarto apenas por tê-lo ali ao seu lado.
— Que horas será a festa? — perguntou ao namorado assim que se lembrou da celebração.
— Não me lembro. — ele respondeu depois de alguns segundos com um sorriso sem graça no rosto, coçando a nuca com a vergonha. — Pedi para que Taeil hyung me avisasse quando estivesse indo.
A garota apenas concordou com um aceno, sem mais o que dizer. Apertou os lábios quando percebeu que todas as guirlandas estavam devidamente prontas e decoradas. Eles tinham feito um belo trabalho.
— No próximo ano, nós faremos para todos os seus amigos de grupo. — disse, rindo ao ver a cara de espanto do rapaz.
— ‘Tá doida? Já foi um sacrifício fazer cinco guirlandas, e não para de entrar gente nova no NCT. Não vamos acabar nunca.
— Espírito natalino, Neno! — ela riu ainda mais.
Jeno permaneceu encarando a namorada à medida que a garota se inclinava para pegar o celular sobre a cômoda, abrindo seu Spotify e colocando sua música natalina predileta: The First Snow, do EXO.
— A primeira neve já caiu há alguns dias. — ele fez o comentário assim que a melodia começou a soar pelo quarto, no objetivo de irritá-la.
— Vou te ignorar pelo bem do Natal!
O rapaz soltou uma risada antes de encará-la mais uma vez, sustentando o olhar no dela e logo avançando em sua direção.
deu um gritinho assim que Jeno pôs as mãos em sua cintura, fazendo cosquinhas na região. Ela nem sentia tanto nervoso naquele lugar, mas apenas o fato de as pontas dos dedos dele estarem pressionando sua pele já a deixava nervosa.
— Para!! — ela implorou pela terceira vez, já quase sem fôlego. já estava praticamente jogada no chão, com o corpo do namorado sobre o seu.
Jeno cessou com as cócegas, concentrando seus olhos nas íris brilhantes da namorada. Se perdeu por alguns segundos naquele universo que eram seus olhos. Ele podia jurar que havia constelações belíssimas no olhar de .
Com calma, o rapaz aproximou o rosto do dela, agora mudando a direção de seus olhos para os lábios da garota. travou por alguns segundos, ansiando por aquele beijo. Felizmente, Jeno não tardou para juntar uma boca na outra.
Ambos fecharam os olhos, aproveitando do momento. Faziam alguns dias desde a última vez que se viram, visto que a vida de idol não era fácil e muito menos privada. Suas línguas dançavam na melodia da música que soava do celular da garota.
Separaram-se depois de alguns selinhos. permaneceu encarando os olhos do namorado, que sustentava o olhar. Ela desejou que não precisassem sair dali nunca mais.
— Já quer ir se arrumar? — ele questionou depois de um tempo.
— Não... — respondeu sincera, fechando os olhos e soltando um sorriso cansado. Droga, ela realmente não queria sair dali. — Mas sei que preciso.
Ele não argumentou, apenas retirou o corpo de cima do da namorada, estendendo a mão a ela, para que se levantasse.
— Vamos embalar uma delas para levar na festa ou... — Jeno não soube continuar a pergunta, mas recebeu apenas um levantar de ombros da garota.
— Acho que podemos levar na mão mesmo, já que vamos pendurar.
— Certo.
mordeu o lábio inferior, emocionada de estar ali com ele. Ela realmente havia sentido muita falta do namorado e, mesmo que não fosse muito carinhosa e apegada, não podia negar que a saudade estava batendo forte em seu peito.
— O que foi? — ele se aproximou colocando a mão sobre o ombro da menina. — ‘Tá parada aí me encarando com uma cara esquisita.
— Perdão, me perdi nos pensamentos. — sorriu tímida.
— Quer conversar?
— Não, não. — negou com as mãos, cabeça e fala. — Estou bem, vou tomar banho.
Jeno assentiu com as sobrancelhas erguidas, ainda estranhando a careta que a namorada fizera. Esperou que ela se virasse e seguisse até ao banheiro, fechando a porta em seguida. Ele encarou as guirlandas espalhadas pelo chão por alguns segundos, tentando escolher qual levaria para a festa na empresa.
Ouviu alguns passos atrás de si.
— ? — perguntou assim que sentiu braços rodeando sua cintura.
— Eu te amo.
Jeno arregalou os olhos ao escutar a declaração. Mesmo que fosse algo comum entre namorados, achou diferente e aleatório vindo de , que não era muito expressiva. Com a mão, afrouxou o abraço da namorada, virando-se de frente a ela.
— Eu também te amo. — respondeu olhando nos olhos da namorada, que pareciam lacrimejados. — O que foi? Você está estranha, .
A garota mordeu o lábio inferior novamente, afundando o rosto na curvatura do pescoço do namorado e inspirando seu perfume.
— Eu só senti muito a sua falta. — disse baixo, ainda com vergonha.
Ele sorriu, sentindo uma vontade imensa de apertar a namorada em um mega abraço até ela explodir de amor, mas se segurou. Mordeu o próprio lábio antes de responder:
— Eu senti ainda mais.
Rodeou o corpo da namorada com seus braços, acolhendo-a num abraço quente e amoroso. Nenhum dos dois chorava, mas seus sentimentos pareciam em tamanho êxtase que deixavam toda a atmosfera do quarto emotiva.
Se encararam por algum tempo, apenas aproveitando o carinho um do outro.
— Feliz Natal, Neno. — ela sorriu.
— Feliz Natal, .
Capítulo 10 – Dom & Becky (Jaemin), by Sial
— Sim, Renjun, um cachorro, você me ouviu direito? — Jaemin trincou os dentes, encarando os olhinhos focados do pequeno chihuahua que mantinha a língua para fora em espera. — Ele ‘tá aqui me olhando e... Deus, tem até a roupa separada.
Renjun riu alto do outro lado da linha. Jaemin revirou os olhos, virando a cabeça para vasculhar o apartamento em busca de algum outro post-it com a letra inclinada de Taeil, mas não viu nada. O único papel estava pousado em cima do figurino devidamente dobrado em cor vermelha e branca que pertencia a, bem... ao cachorro.
— Ele pediu para levá-lo para o pet shop, o acordo não incluía levá-lo para a festa também! O que eu faço?
— Não esquece de colocar a coleira nele. — respondeu Renjun, abafando mais uma crise de riso, fazendo Jaemin revirar os olhos. — E tome conta para que ele não seja expulso na sala de espera. Ouvi dizer que ele é um pouco temperamental.
— Ah, fala sério... — bufou, abaixando-se e estendendo a mão para acariciar a cabeça do chihuahua, que Taeil chamava de Dom. O cachorrinho fez questão de agradecer o carinho com muitas lambidas. — Se fosse em qualquer outro dia, não teria o menor problema. Mas hoje é a festa da empresa. E eu marquei de encontrar...
Jaemin parou. Ele não se lembrava de até onde Renjun sabia — ou até onde ele poderia saber. Com uma risadinha gentil, o amigo suspirou.
— É, bem que eu gostaria de ter um encontro hoje também. — ele estalou a língua de forma divertida. — Acha que você e vão conseguir ficar sozinhos?
— Shiu! Se você falou isso alto no dormitório, eu te mato. — rosnou Jaemin, sentindo o corpo ficar rígido. Ele rapidamente olhou para os lados, mesmo que não houvesse a menor necessidade; só haviam ele e Dom no apartamento de Taeil. — E não é ficar sozinho com ela desse jeito... Só é mais interessante conversar a sós com a pessoa quando se encontram pessoalmente pela primeira vez. Pelo menos foi o que ela também deu a entender.
— Sei, sei, deve ser mesmo chato trocar mensagens por três meses e nunca ter nem sentido o cheiro dela. — zombou o outro membro. Era fácil falar daquele jeito longe de Jaemin, que vestia ódio como uma cruel segunda pele a cada vez que tratavam daquele assunto sem a devida seriedade.
Jaemin retrucou:
— De nada vai adiantar sentir o cheiro dela enquanto o meu vai ser... bem, o Dom vai fazer isso por mim.
— Não pensa nessas merdas, Jaemin. Se o Chenle te visse... — e soltou um longo suspiro, ouvindo um leve latido de Dom do outro lado. — Olha, você prometeu isso ao hyung há pelo menos duas semanas, ele está ocupado com o ensaio da apresentação de hoje, então quanto mais cedo você fizer isso, melhor. Chegando lá você devolve o Dom ao seu legítimo dono e pode ir procurar sua garota em paz.
— É, vou me concentrar nisso. — respondeu Jaemin enquanto apertava as mãos em torno do peito de Dom quando este tentou pular em cima das roupas organizada ao lado. — Te vejo mais tarde. Me deseje sorte.
— O que será, será. — Renjun riu e, então, desligou a chamada.
x
A neve era a pior parte.
Conduzir Dom em uma linha reta e tentar convencê-lo de que não era o melhor momento para pisar loucamente em poças de gelo derretido parecia ser uma tarefa impossível. Quando estava com Taeil, Jaemin se recordava de um cachorro manso e obediente. Ali, ele estava se mostrando uma verdadeira criança birrenta. Da forma como puxava Jaemin por aí, era claro quem estava no controle da situação, e não era o humano segurando a coleira.
Quando correu pelo asfalto molhado e cheio de lama pela terceira vez, o garoto já havia desistido de voltar para casa limpo. Seus tênis estavam arruinados pela areia preta e grudenta, e os dois tropeções aqui e acolá o fizeram chegar à porta do estabelecimento em condições precárias.
O pet shop estava relativamente vazio. Um senhor aguardava o check-out de seu belíssimo husky siberian, que exalava um perfume doce e agradável pelo hall. Jaemin conseguiu que Dom se mantivesse em seu colo sem entrar em surto, o que acarretou mais sujeira para sua camisa por causa das patinhas em movimento, mas o que mais ele poderia fazer? Aquela era a situação até que o animal estivesse devidamente seguro nas mãos dos profissionais.
O que estou fazendo aqui?, pensou ele enquanto se mantinha atrás do cliente.
Dom se mexeu de uma forma estranha e rápida, e Jaemin prendeu a respiração. Por favor, não queira usar o banheiro agora. Você, como cão, tem o direito de se esvaziar em qualquer lugar, mas agora não, me entendeu?
Deus, já não bastava a lama e a neve, e agora isso...
Hoje com certeza apontava para não ser um bom dia.
Na Jaemin esperava acordar e passar o dia pensando na noite. Ele não podia ser considerado o cara mais vaidoso do mundo, mas aquela festa era diferente, ele precisava se importar com sua imagem. Era a festa em que precisava parecer bem, precisava que ela o notasse de verdade...
Dom se mexeu novamente, contorcendo-se em latidos frenéticos. Jaemin trincou os dentes, segurando-o em desespero.
— Dom, qual é o problema? — o cachorro continuou a latir, olhando para suas costas. Jaemin não viu alternativa a não ser verificar.
Um outro chihuahua berrava logo atrás, este com um laço rosa e uma roupinha da mesma cor. Dom se agitou ainda mais quando viu que sua comunicação era recíproca e Jaemin se viu sem saída a não ser soltá-lo no chão, sentindo os arranhões de suas unhas por todo o braço. Ele praguejou e viu os dois animais grunhindo e se lambendo, em um estranho cumprimento canino.
— Becky! — a voz de uma garota surgiu da entrada junto com seus passos apressados. Ela se abaixou imediatamente ao lado da companheira de Dom, pegando-a no colo. — Minha nossa, me perdoe por isso, eu estava com ela e de repente...
Sua fala se perdeu quando ergueu os olhos para ver o garoto. Jaemin engoliu em seco. Dom pulou em suas pernas, latindo em busca de colo. Ele levou quase um minuto inteiro para atender ao pedido do cachorro, puxando-o para o peito.
— Ah... Oi, Jaemin. — disse , acariciando a cachorra, que olhava atentamente para Dom.
— O-oi. — foi o que conseguiu responder. Tudo gelava dentro de si. Depois de ficar absorto por um momento na situação, ele se tocou de seu estado e olhou rapidamente para seus pés, envergonhado. — Não esperava te ver aqui. Eu estou... Deus...
soltou uma risada. Fofo, ele é muito fofo.
— Pelo visto, viemos fazer a mesma coisa. — ela inclinou a cabeça para Dom. — Como é o nome dele?
— Nome de quem? — Jaemin perguntou aéreo. — Ah! O cachorro! Esse é o Dom, que me trouxe para passear hoje, como pode ver. — contou. Ela riu novamente. — Mas não sou o dono dele, caso contrário, acho que ele teria se comportado melhor. Ele é do Taeil hyung. Chegou a conhecê-lo?
— Oh! Taeil, sim, sim! Ele dá bastante apoio a todas as trainees e se mostrou muito solícito pra ajudar no nosso debut. — afirmou. Jaemin assentiu em compreensão. — Mas... Você vai fazer o check-in do Dom?
Jaemin levou um tempo até arregalar os olhos e olhar para trás, vendo que a recepção estava agora vazia e pelo menos duas funcionárias os encaravam com seriedade. Ele deu uma risada sem graça e corou.
— É... É, é isso que vim fazer, dá licença...
O garoto andou até o caixa, praguejando internamente, odiando toda a destrambelhação em que se metia e todo o azar depositado nele justo com aquela pessoa. Era para ela vê-lo à noite, arrumado, com um bom perfume francês que ganhou de presente de Jisung, e não atolado em lama e neve, com a face vermelha de frio e de descontentamento. Não era pra ser assim.
Ao finalizar o check-in, ele suspirou e fez um carinho em Dom, que balançou a cabeça com satisfação antes de ir para seu dia de rei nos braços de um funcionário. Voltando-se para trás, viu e seu sorriso tomarem o lugar na recepção. Jaemin não soube o que fazer por um momento. Deveria ir embora sem se despedir? Ou se despedir e ir embora de qualquer jeito? Pensar o fazia dar passos lentos, bem lentos, olhando para trás à espera de um sinal, de qualquer coisa que o dissesse que não seria estranho se ele a esperasse.
A garota foi mais rápida no processo, terminando com um belo cumprimento de agradecimento e caminhando até Jaemin.
— Parece que eles se gostaram, não é? — ela brincou, se referindo ao flerte de Becky e Dom.
— É, acho que o Dom não teve muito contato com fêmeas nos últimos anos. — falou e ela riu. Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes.
— Então, o que vai fazer até eles ficarem prontos?
— Bem... Ainda não tenho planos. — e realmente não tinha. Jaemin só esperava voltar para a casa de Taeil e assistir documentários sobre astronomia até que o telefone tocasse.
— Acha perigoso que tomemos um café? — perguntou cautelosa. Suas bochechas automaticamente ficaram vermelhas e ela gesticulou com as mãos. — Quer dizer, eu sei que vai ser chato se alguma câmera nos pegar, mas a cafeteria é dos meus tios, então tenho certeza de que eles vetariam o acesso por alguns minutos, e você me disse daquela vez que gosta de café gelado em dias frios, e...
— Eu aceito. — respondeu rápido demais. — Quer dizer, eu topo. Não tem problema.
deu um sorriso de canto e assentiu, começando a caminhar para fora enquanto puxava o capuz de seu moletom rosa. Jaemin a seguiu, mantendo-se um pouco mais atrás, tentando se livrar de todos os pensamentos imediatistas que o deixavam parecendo um robô.
— Está animado com a festa de hoje à noite? — perguntou ela.
Ele deu uma risada fraca.
— Mais ou menos. Vai ser como qualquer outra. No final, os banheiros vão estar cheirando a vômito e cerveja. — deu de ombros. Na verdade, mal consegui dormir no dia anterior pensando em como ia te encontrar e qual o melhor tópico para falar com alguém que você gosta, e ah, por Deus, é claro que não seria como qualquer outra!
— Isso contradiz bastante coisa sobre a organização da SM. — ela fez uma careta.
— Bem, juntar um bando de artistas cansados em um lugar repleto de drinks e comida não podia dar em outra. Ano passado fiquei sabendo que alguém usou uma caneta vermelha para escrever “BELZEBU” na parede do banheiro e o número do Chanyeol logo embaixo.
soltou uma gargalhada. Jaemin andou mais perto. Uma fina neve caía no capuz dos dois. Então, ela apontou para frente na direção de um letreiro pequeno de um lugar estreito e disse:
— É ali. A cafeteria mais quente e confortável da cidade.
Ele sorriu, encarando o lugar com curiosidade. Era difícil imaginar que ele escolheria um lugar daqueles normalmente, com seus outros amigos. Mas algo o dizia que seria quente mesmo — assim como seu coração estava se sentindo.
— Vou confiar em você.
balançou a cabeça e sorriu.
— Será um prazer conhecê-lo, Na Jaemin.
Renjun riu alto do outro lado da linha. Jaemin revirou os olhos, virando a cabeça para vasculhar o apartamento em busca de algum outro post-it com a letra inclinada de Taeil, mas não viu nada. O único papel estava pousado em cima do figurino devidamente dobrado em cor vermelha e branca que pertencia a, bem... ao cachorro.
— Ele pediu para levá-lo para o pet shop, o acordo não incluía levá-lo para a festa também! O que eu faço?
— Não esquece de colocar a coleira nele. — respondeu Renjun, abafando mais uma crise de riso, fazendo Jaemin revirar os olhos. — E tome conta para que ele não seja expulso na sala de espera. Ouvi dizer que ele é um pouco temperamental.
— Ah, fala sério... — bufou, abaixando-se e estendendo a mão para acariciar a cabeça do chihuahua, que Taeil chamava de Dom. O cachorrinho fez questão de agradecer o carinho com muitas lambidas. — Se fosse em qualquer outro dia, não teria o menor problema. Mas hoje é a festa da empresa. E eu marquei de encontrar...
Jaemin parou. Ele não se lembrava de até onde Renjun sabia — ou até onde ele poderia saber. Com uma risadinha gentil, o amigo suspirou.
— É, bem que eu gostaria de ter um encontro hoje também. — ele estalou a língua de forma divertida. — Acha que você e vão conseguir ficar sozinhos?
— Shiu! Se você falou isso alto no dormitório, eu te mato. — rosnou Jaemin, sentindo o corpo ficar rígido. Ele rapidamente olhou para os lados, mesmo que não houvesse a menor necessidade; só haviam ele e Dom no apartamento de Taeil. — E não é ficar sozinho com ela desse jeito... Só é mais interessante conversar a sós com a pessoa quando se encontram pessoalmente pela primeira vez. Pelo menos foi o que ela também deu a entender.
— Sei, sei, deve ser mesmo chato trocar mensagens por três meses e nunca ter nem sentido o cheiro dela. — zombou o outro membro. Era fácil falar daquele jeito longe de Jaemin, que vestia ódio como uma cruel segunda pele a cada vez que tratavam daquele assunto sem a devida seriedade.
Jaemin retrucou:
— De nada vai adiantar sentir o cheiro dela enquanto o meu vai ser... bem, o Dom vai fazer isso por mim.
— Não pensa nessas merdas, Jaemin. Se o Chenle te visse... — e soltou um longo suspiro, ouvindo um leve latido de Dom do outro lado. — Olha, você prometeu isso ao hyung há pelo menos duas semanas, ele está ocupado com o ensaio da apresentação de hoje, então quanto mais cedo você fizer isso, melhor. Chegando lá você devolve o Dom ao seu legítimo dono e pode ir procurar sua garota em paz.
— É, vou me concentrar nisso. — respondeu Jaemin enquanto apertava as mãos em torno do peito de Dom quando este tentou pular em cima das roupas organizada ao lado. — Te vejo mais tarde. Me deseje sorte.
— O que será, será. — Renjun riu e, então, desligou a chamada.
A neve era a pior parte.
Conduzir Dom em uma linha reta e tentar convencê-lo de que não era o melhor momento para pisar loucamente em poças de gelo derretido parecia ser uma tarefa impossível. Quando estava com Taeil, Jaemin se recordava de um cachorro manso e obediente. Ali, ele estava se mostrando uma verdadeira criança birrenta. Da forma como puxava Jaemin por aí, era claro quem estava no controle da situação, e não era o humano segurando a coleira.
Quando correu pelo asfalto molhado e cheio de lama pela terceira vez, o garoto já havia desistido de voltar para casa limpo. Seus tênis estavam arruinados pela areia preta e grudenta, e os dois tropeções aqui e acolá o fizeram chegar à porta do estabelecimento em condições precárias.
O pet shop estava relativamente vazio. Um senhor aguardava o check-out de seu belíssimo husky siberian, que exalava um perfume doce e agradável pelo hall. Jaemin conseguiu que Dom se mantivesse em seu colo sem entrar em surto, o que acarretou mais sujeira para sua camisa por causa das patinhas em movimento, mas o que mais ele poderia fazer? Aquela era a situação até que o animal estivesse devidamente seguro nas mãos dos profissionais.
O que estou fazendo aqui?, pensou ele enquanto se mantinha atrás do cliente.
Dom se mexeu de uma forma estranha e rápida, e Jaemin prendeu a respiração. Por favor, não queira usar o banheiro agora. Você, como cão, tem o direito de se esvaziar em qualquer lugar, mas agora não, me entendeu?
Deus, já não bastava a lama e a neve, e agora isso...
Hoje com certeza apontava para não ser um bom dia.
Na Jaemin esperava acordar e passar o dia pensando na noite. Ele não podia ser considerado o cara mais vaidoso do mundo, mas aquela festa era diferente, ele precisava se importar com sua imagem. Era a festa em que precisava parecer bem, precisava que ela o notasse de verdade...
Dom se mexeu novamente, contorcendo-se em latidos frenéticos. Jaemin trincou os dentes, segurando-o em desespero.
— Dom, qual é o problema? — o cachorro continuou a latir, olhando para suas costas. Jaemin não viu alternativa a não ser verificar.
Um outro chihuahua berrava logo atrás, este com um laço rosa e uma roupinha da mesma cor. Dom se agitou ainda mais quando viu que sua comunicação era recíproca e Jaemin se viu sem saída a não ser soltá-lo no chão, sentindo os arranhões de suas unhas por todo o braço. Ele praguejou e viu os dois animais grunhindo e se lambendo, em um estranho cumprimento canino.
— Becky! — a voz de uma garota surgiu da entrada junto com seus passos apressados. Ela se abaixou imediatamente ao lado da companheira de Dom, pegando-a no colo. — Minha nossa, me perdoe por isso, eu estava com ela e de repente...
Sua fala se perdeu quando ergueu os olhos para ver o garoto. Jaemin engoliu em seco. Dom pulou em suas pernas, latindo em busca de colo. Ele levou quase um minuto inteiro para atender ao pedido do cachorro, puxando-o para o peito.
— Ah... Oi, Jaemin. — disse , acariciando a cachorra, que olhava atentamente para Dom.
— O-oi. — foi o que conseguiu responder. Tudo gelava dentro de si. Depois de ficar absorto por um momento na situação, ele se tocou de seu estado e olhou rapidamente para seus pés, envergonhado. — Não esperava te ver aqui. Eu estou... Deus...
soltou uma risada. Fofo, ele é muito fofo.
— Pelo visto, viemos fazer a mesma coisa. — ela inclinou a cabeça para Dom. — Como é o nome dele?
— Nome de quem? — Jaemin perguntou aéreo. — Ah! O cachorro! Esse é o Dom, que me trouxe para passear hoje, como pode ver. — contou. Ela riu novamente. — Mas não sou o dono dele, caso contrário, acho que ele teria se comportado melhor. Ele é do Taeil hyung. Chegou a conhecê-lo?
— Oh! Taeil, sim, sim! Ele dá bastante apoio a todas as trainees e se mostrou muito solícito pra ajudar no nosso debut. — afirmou. Jaemin assentiu em compreensão. — Mas... Você vai fazer o check-in do Dom?
Jaemin levou um tempo até arregalar os olhos e olhar para trás, vendo que a recepção estava agora vazia e pelo menos duas funcionárias os encaravam com seriedade. Ele deu uma risada sem graça e corou.
— É... É, é isso que vim fazer, dá licença...
O garoto andou até o caixa, praguejando internamente, odiando toda a destrambelhação em que se metia e todo o azar depositado nele justo com aquela pessoa. Era para ela vê-lo à noite, arrumado, com um bom perfume francês que ganhou de presente de Jisung, e não atolado em lama e neve, com a face vermelha de frio e de descontentamento. Não era pra ser assim.
Ao finalizar o check-in, ele suspirou e fez um carinho em Dom, que balançou a cabeça com satisfação antes de ir para seu dia de rei nos braços de um funcionário. Voltando-se para trás, viu e seu sorriso tomarem o lugar na recepção. Jaemin não soube o que fazer por um momento. Deveria ir embora sem se despedir? Ou se despedir e ir embora de qualquer jeito? Pensar o fazia dar passos lentos, bem lentos, olhando para trás à espera de um sinal, de qualquer coisa que o dissesse que não seria estranho se ele a esperasse.
A garota foi mais rápida no processo, terminando com um belo cumprimento de agradecimento e caminhando até Jaemin.
— Parece que eles se gostaram, não é? — ela brincou, se referindo ao flerte de Becky e Dom.
— É, acho que o Dom não teve muito contato com fêmeas nos últimos anos. — falou e ela riu. Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes.
— Então, o que vai fazer até eles ficarem prontos?
— Bem... Ainda não tenho planos. — e realmente não tinha. Jaemin só esperava voltar para a casa de Taeil e assistir documentários sobre astronomia até que o telefone tocasse.
— Acha perigoso que tomemos um café? — perguntou cautelosa. Suas bochechas automaticamente ficaram vermelhas e ela gesticulou com as mãos. — Quer dizer, eu sei que vai ser chato se alguma câmera nos pegar, mas a cafeteria é dos meus tios, então tenho certeza de que eles vetariam o acesso por alguns minutos, e você me disse daquela vez que gosta de café gelado em dias frios, e...
— Eu aceito. — respondeu rápido demais. — Quer dizer, eu topo. Não tem problema.
deu um sorriso de canto e assentiu, começando a caminhar para fora enquanto puxava o capuz de seu moletom rosa. Jaemin a seguiu, mantendo-se um pouco mais atrás, tentando se livrar de todos os pensamentos imediatistas que o deixavam parecendo um robô.
— Está animado com a festa de hoje à noite? — perguntou ela.
Ele deu uma risada fraca.
— Mais ou menos. Vai ser como qualquer outra. No final, os banheiros vão estar cheirando a vômito e cerveja. — deu de ombros. Na verdade, mal consegui dormir no dia anterior pensando em como ia te encontrar e qual o melhor tópico para falar com alguém que você gosta, e ah, por Deus, é claro que não seria como qualquer outra!
— Isso contradiz bastante coisa sobre a organização da SM. — ela fez uma careta.
— Bem, juntar um bando de artistas cansados em um lugar repleto de drinks e comida não podia dar em outra. Ano passado fiquei sabendo que alguém usou uma caneta vermelha para escrever “BELZEBU” na parede do banheiro e o número do Chanyeol logo embaixo.
soltou uma gargalhada. Jaemin andou mais perto. Uma fina neve caía no capuz dos dois. Então, ela apontou para frente na direção de um letreiro pequeno de um lugar estreito e disse:
— É ali. A cafeteria mais quente e confortável da cidade.
Ele sorriu, encarando o lugar com curiosidade. Era difícil imaginar que ele escolheria um lugar daqueles normalmente, com seus outros amigos. Mas algo o dizia que seria quente mesmo — assim como seu coração estava se sentindo.
— Vou confiar em você.
balançou a cabeça e sorriu.
— Será um prazer conhecê-lo, Na Jaemin.
Capítulo 11 – O Presente do Amigo Secreto (Yangyang e Haechan), by Jinie G
Yangyang acordou com o som de Jingle Bell Rock tocando em um tom não muito alto. Não podia de forma nenhuma culpar a música, ou quem a escutava, por ter acordado naquela hora. Talvez pudesse colocar a culpa no cheiro de biscoito assando, ou do chocolate quente com marshmallow que invadiu seus sentidos quando ele ainda estava de olhos fechados.
Foi caminhando até a cozinha, de onde vinham tanto o cheiro quanto a música e viu como , de costas para a porta que dava acesso a cozinha, rebolava animada com o refrão da música. A caneca em formato de rena, que eles tinham comprado no Natal passado, estava sobre o balcão e ela mexia em alguma coisa que ele não conseguiu identificar o que era. Percebeu que ela estava fazendo algo mais do que apenas cozinhando, sabia que aquela era a data do ano preferida dela e que mesmo que tivessem combinado de não trocar presentes naquele ano, ela aprontaria alguma coisa. Ele sabia que era difícil passar aquela época do ano longe da família, assim como ela – mesmo que em situações diferentes, já que a família dele estava há poucas horas de viagem –, estava em um país diferente do seu e faziam anos que ela não passava as festas de final de ano com algum familiar. Estava há tempo demais do outro lado do mundo, para parar sua vida ali e viajar para o Brasil, de onde vinha. Então, ele não criaria caso com aquilo, assim como não criou quando ela montou uma árvore de e Natal GIGANTE no meio da sala dele, ou quando colocou uma guirlanda enorme, com luzes e tudo que o Natal tinha direito, na porta de entrada do apartamento em que ele morava.
Não que ele não gostasse do Natal, adorava o clima frio, as roupas de inverno e as luzes pela cidade, mas não tinha o costume de comemorar a data igual à grande maioria das pessoas. Começou a festejar a data com os amigos, quando se mudou para a Coreia e de maneira mil vezes mais intensa quando conheceu , que não só amava aquele feriado, como vinha comemorando o Natal desde que se conhecia por gente, então, era super, superentusiasmada.
— A gente não combinou de não trocar presentes esse ano, ? — chegou por trás da mulher e a abraçou, fazendo com que ela abrisse um lindo sorriso – que ele não viu, mas pela forma com que as bochechas dela se moveram, ele pode perceber que sorriu e, para ele, todo sorriso que ela dava era lindo – e fizesse carinhos em sua mão.
— Mas esse presente não é seu! — respondeu animada, amava embrulhar presentes, era um de seus hobbies favoritos.
— Então é para quem? — ele se afastou para que ela pudesse virar.
— Como assim, Yang? Não me diz que você esqueceu? — perguntou aflita, olhando nos olhos dele.
— Esqueci o que, amor? Minha mãe está vindo? A SUA MÃE ESTÁ VINDO? — a última pergunta saiu em um tom desesperado, não que tivesse problema conhecer a sogra, eles já tinham se falado por chamada de vídeo e ela mandava uma mensagem de bom dia para ele todos os dias, mas se ela estivesse vindo, como fariam, como ele agiria? Nem tinha preparado o quarto de hóspedes, se bem que ela ficaria no apartamento de , mas mesmo assim ele se desesperou.
— Meu Deus! — colocou as mãos sobre a boca, chocada que ele realmente não se lembrava porque ela estava embrulhando aquele presente.
— Amor, você está me assustando. — ele se aproximou, tocando o braço dela de forma carinhosa.
— Yangyang, você comprou o presente do seu amigo secreto, não comprou? — os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, então a ficha caiu.
— Ai meu Deus! — exclamou preocupado. — Não acredito que esqueci desse amigo secreto.
— Nem eu. Eu te lembrei mês passado, quando estava comprando o presente do meu amigo, e te lembrei semana passada quando você disse que estava com um tempo livre na agenda. — advertiu o namorado, que abriu um sorriso amarelo.
— O que vamos fazer? — perguntou, sabendo que ela daria um jeito.
— Vamos às compras! — desligou o fogo do forno em que assava alguns biscoitos de açúcar.
— Onde? É véspera de Natal! — ficou preocupado, seria difícil achar alguma coisa legal.
— Tem um shopping aqui perto, sabe? Perto daquela lavanderia nova, que me apresentou. Ela e o Haechan vão lá sempre. Aquela, com a senhora que a neta é uma fã saudável de vocês. — ele só balançou a cabeça confirmando. — Então, vamos lá, essa hora não deve estar muito cheio e, amor, todas as lojas do comércio estão abertas hoje, as pessoas, bem como o senhor, deixam tudo para a última hora. — sorriu, pegou na mão dele e eles foram juntos para o quarto, para se vestirem de maneira adequada e o mais discreto possível.
Era arriscado, mas não seria justo, nem com a pessoa que ele tirou, nem com nenhum staff ou membro interno da empresa, se ele pedisse para que a pessoa abandonasse sua família na véspera do Natal, era a primeira vez em anos que todos os artistas da empresa estavam de férias juntos dando assim algum tempo de descanso para toda a equipe, o que incluía manager, equipe de staffs e todo pessoal.
Se vestiram o mais rápido possível, ainda estava muito cedo, então achariam as lojas mais vazias, era o melhor momento dentro daquelas circunstâncias.
🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟
O shopping realmente não estava cheio, mas era véspera de Natal, então eles não podiam esperar que estivesse vazio e exclusivo para eles. Claro que a grande maioria eram pessoas de idade que não conheciam o trabalho do grupo dele, ou sequer o reconheceriam como idol ou o que fosse alguém famoso. Então até que conseguiram fazer as compras que faltava com tranquilidade. O problema não foram os outros clientes, mas percebeu, na última loja em que passaram e onde compraram um presente de noivado para Bianca e Dodo ¬¬– sabiam da surpresa e encontraram um jogo de taças lindo, que sabia que Bianca iria amar e Dodo também, ele era cheio daquelas chiquezas – que a vendedora que passou a compra no caixa ficou olhando estranho para eles e ela até evitou muito contato pessoal e físico com ele dentro da loja, mas é claro que a mulher da loja tiraria uma foto deles quando não estivessem vendo.
Mal colocaram o pé para fora da loja e sentiu um frio percorrer sua espinha, sabia que algo estava errado, mas acabou se distraindo com Yangyang fazendo palhaçadas.
— Ele vai ficar hilário, amor! — Yang dizia animado, tinha abraçado o corpo de ao seu. Ela tentou se separar dele, estavam em público e o relacionamento não, então sabia que qualquer lugar fora do apartamento dele ou dela, da empresa e locais seguros com os amigos, eram um risco para um escândalo, mas ele era tão confortável que ela se deixou levar.
— Coitadinho do Haechan, amor, ele deve estar puto. — ela riu, mas parou no momento em que viu a luz de um flash alcançá-los.
— Ah merda! — ele disse e percebeu que também tinha percebido.
— Acho que sua localização vazou. — disse apreensiva, não queria virar para trás, mas conseguia ouvir o burburinho. — Vamos seguir até o estacionamento, sem correr. — ela puxou sutilmente o capuz da blusa que vestia mais para frente para cobrir mais seu rosto. Claro que estar usando roupas largas, uma máscara que cobria metade do seu rosto e grossos óculos escuros, que estavam pendurados em seu pescoço e que ela vestiu imediatamente, ajudavam a não vazarem sua identidade, e dificultava saber se ela era homem ou mulher.
— Eu acho que eles já estão esperando por nós lá! — ele disse. Antes, já tinha sido perseguido tanto por fãs, quanto pela mídia, era um inferno e eles estavam por toda parte de fato.
— Manda uma mensagem para o Hyuck, me disse que eles passariam na lavanderia para pegar a fantasia dele, talvez a gente consegue despistar eles lá. — eles seguiram com os corpos separados para a saída que dava acesso aos fundos do shopping, a rua da lavanderia ficava por lá e ele sabia que os seguranças, por motivos óbvios de loucuras como aquelas, deixavam aquela área longe de paparazzo.
Para Papai Noel
Hyuck, por favor, me diz que vocês ainda estão na lavanderia!
Para Papai Noel
Vocês estão onde? Acho que li errado kkkk não sabia que vocês eram liberais assim, mas em plena luz do dia, que divertido e perigoso.
Para Papai Noel
Essa prenda ficaria mil vezes melhor. Agora sério, vim comprar o presente do meu amigo secreto com a senhora minha namorada e alguém vazou minha localização. Queria me esconder com vocês aí, e acho que dona tem algum plano em mente.
Para Papai Noel
Santo seja você, Papai Noel, obrigado, estamos chegando.
Ele riu da mensagem do amigo, sabia que ele era capaz de soltar aquela bendita foto, sempre o ameaçava com aquilo, mas precisavam ser mais rápidos, mais pessoas estavam se aproximando. Mesmo com a saída mais "tranquila", na esquina já tinha gente esperando por eles, então eles apertaram o passo e conseguiram chegar até a lavanderia sem que vissem de fato seus rostos. Agradeceu a Deus que a senhora Hong, tinha um lugar bem escondido, não era à toa que Haechan gostava tanto dali, era familiar, aconchegante e seguro, poucas vezes eles se sentiam daquela maneira longe de casa.
Demorou pouco mais de meia hora para que Hyuck e chegassem, estavam preocupados com os amigos, entraram pelos fundos, mas conseguiram ver de longe a pequena multidão que cercava o lugar, e que chatice, era impossível que as pessoas não tivessem nada melhor para fazer do que perseguir outras pela rua, na véspera de Natal. Pelo menos eles conseguiram embrulhar todos os presentes, ainda almoçaram e ajudaram a senhora Hong com algumas coisas da ceia de mais tarde.
— Como vocês estão? — perguntou aflita para os amigos, estavam mesmo preocupados.
— Bem, graças ao Papai Noel. — Yangyang disse rindo e recebeu um tapa de leve de , não era hora para brincadeiras, os amigos estavam preocupados.
— Você não me respeita mesmo, não é? — Hyuck disse, não achando a menor graça.
— Nossa, eu tinha esquecido como os fãs se vocês às vezes passam dos limites, mas os tabloides estão cagando a bomba de final de ano e não somos nós que vamos dar. — disse séria, era um risco para ela conseguir viver a vida "normal" dela, e ter a vida deles em um escândalo namorando uma estrangeira zé ninguém que morava na Coreia não ajudaria.
— Eu imagino, , mas acho que deu tudo certo. Na internet, eu só vi especulações, fotos embaçadas ou de costas, ninguém sabe se é amigo, namorado, namorada, familiar ou o quê. — disse confortando a amiga, que, apesar de tudo, parecia bem.
— Perfeito! Meu plano vai funcionar bem então. Haechan tire suas roupas. — ela disse, tirando o casaco de moletom que vestia.
— O quê? — os três disseram juntos, vendo que ela estava com o agasalho no meio do corpo.
— O que o quê? — perguntou confusa depois que tirou a roupa da cabeça.
— Vocês vão tirar a roupa e a gente vai... — Yangyang não quis terminar a pergunta. Sabia que toparia, ela era dessas, mas não achava que aquele era o momento propício.
— Não, vocês não, só o Hyuck e eu. — disse simples, olhando a cara de espanto dos outros.
— Eu e a só vamos ficar olhando? — Yang perguntou com receio da resposta.
— É, ué? Por que você e a trocariam de roupa se a gente quer fazer parecer que você estava saindo com o Hyuck esse tempo todo? — disse como se fosse óbvio.
— Meu Deus, que susto! — Hyuck disse rindo, e os outros também ficaram significativamente mais aliviados.
— Vocês estavam pensando, que...? — todos confirmaram com a cabeça. — Seus pervertidos! Claro que eu posso um dia propor isso, mas não agora e não na casa da senhora Hong, né? Eu tenho um pouco de senso, mesmo que não use tanto para não gastar. — disse rindo da mente suja dos amigos. Não que ela pudesse negar, seria a primeira a propor aquele tipo de situação ou qualquer outra loucura naquele sentido, mas ali já era demais! Até mesmo para ela.
— Pessoal, não vamos conseguir segurar essas pessoas por muito tempo, sinto muito. — a senhora Hong entrou na sala onde eles estavam, alertando. Sempre foram muito eficientes com invasores e pessoas querendo invadir a privacidade de seus clientes, mas naquele dia eles estavam incontroláveis.
— Tudo bem, senhora Hong, nós temos um plano! — disse com um sorriso no rosto.
Ela e Hyuck trocaram suas roupas, os rapazes fingiram que estavam só os dois o tempo todo e elas sairiam dali quando fosse seguro. Eles levaram a roupa de Papai Noel de Haechan nas mãos e fizeram o teatrinho de fan service. Um pouco mais para frente, Hyuck tirou a touca da cabeça e eles conseguiram ouvir o som da frustração das pessoas ao redor, alguns fãs tiraram fotos dos dois, outros só foram embora, bem como a mídia. Não era aquilo que eles estavam esperando, mas como Yang e não fizeram nenhum alarde, parecia mesmo que eles estavam juntos naquelas compras e que só não queriam ser incomodados, e por isso saíram pelos fundos do shopping.
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Mais tarde naquele dia todos estavam na festa. Hyuck vestindo sua fantasia de Papai Noel junto com , que levou orelhas e um chapéu de duende para fazer um couple outfit de Natal e não deixar que o namorado passasse aquela vergonha sozinho. Os outros também já está estavam por lá e Bianca e Dodo já estavam noivos, estava sendo uma noite perfeita aos olhos de , até os presentes já tinham sido trocados e ela e Yangyang estavam dançando uma música lenta de Natal, que ela tinha pedido para incluir na playlist das músicas aquele ano.
— Uau, que dia louco! — comentou, enquanto tinha os braços ao redor do pescoço do namorado, ele com as mãos na cintura dela e os corpos no ritmo da melodia.
— Foi, não foi? Eu não sei o que eu faria sem você, nunca ia pensar naquilo. — foi sincero e riu, puxando mais o corpo dela para perto do seu quando a música chegou em seu refrão.
— Que nada, meu amor. Primeiro que se eu não estivesse na sua vida, muito dificilmente estaria em uma situação como aquela, a gente sabe que nosso lance só deu certo depois de muita conversa e uns empurrõezinhos. — foi sincera também
— E eu não mudaria nada, eu lutaria por você e por nós, como eu fiz. Você foi o melhor presente que Papai Noel me deu. — sorriu de forma doce.
— A gente tem que agradecer muito o Hyuck mesmo. Se não fosse por esse paspalho se perder aquele dia no parque, acho que a gente nunca se esbarraria por aí.
Sorriu nostálgica, lembrando da vez em que trabalhava em um parque de diversões, e conheceu Haechan sem querer, ele tinha se perdido da turma e estava com medo de andar sozinho pelo lugar, sem equipe, staff ou seguranças e ela o ajudou, vestiu como um personagem do parque e eles saíram por aí, procurando o pessoal. Hyuck estava com o celular descarregado e aquilo dificultou um pouco, porque o lugar era grande e estava relativamente cheio, ainda mais quando souberam que o grupo estava gravando um programa de variedades lá. Geralmente as pessoas respeitavam bem, mas quando o artista se afastava um pouco da proteção, o negócio ficava complicado. sabia daquilo, mais do que a produção do programa que sempre gravava lá, tinha ajudado tantos idols que mal conseguia contar o contato que tinha dos mais variados artistas e quantos mais tinha virado amiga, só por fantasiá-los e fazer com que passassem despercebidos das pessoas.
O Natal era a data preferida de e ela era a pessoa preferida de Yangyang, então sim, aquele estava sendo um dia incrível, mesmo contando com tudo, com todas as "aventuras", a cumplicidade e o companheirismo que sentia ali naquela festa, com todos os amigos de grupo, os novos amigos que fez graças a eles e a mulher da sua vida, que tinha os olhos fechados, cantando a música, como se fosse a intérprete original da canção, mesmo cantando mal à beça.
— Eu te amo! — ele soltou do nada enquanto apreciava como ela se divertia quando dançava aquela música de Natal.
— Eu também te amo, meu idol superfamoso. — ela abriu os olhos e sorriu com aquela frase.
Selou os lábios em um beijinho demorado e voltou o rosto, olhando nos olhos dele.
— Eu vou continuar te amando quantos natais mais você me permitir. — ele puxou mais a cintura dela para perto da dele.
— Eu vou permitir que me ame e vou continuar te amando quantos natais mais a vida nos brindar.
Uniu mais uma vez os lábios e iniciou um beijo calmo, lento e cheio de amor. Eles eram aquilo, aquele poço de amor, e mesmo que parece que o rapaz jamais se entregaria para um único amor em toda sua vida, tinha aparecido em sua vida e, com ela, o amor, um amor que ele nunca tinha sentido antes.
Foi caminhando até a cozinha, de onde vinham tanto o cheiro quanto a música e viu como , de costas para a porta que dava acesso a cozinha, rebolava animada com o refrão da música. A caneca em formato de rena, que eles tinham comprado no Natal passado, estava sobre o balcão e ela mexia em alguma coisa que ele não conseguiu identificar o que era. Percebeu que ela estava fazendo algo mais do que apenas cozinhando, sabia que aquela era a data do ano preferida dela e que mesmo que tivessem combinado de não trocar presentes naquele ano, ela aprontaria alguma coisa. Ele sabia que era difícil passar aquela época do ano longe da família, assim como ela – mesmo que em situações diferentes, já que a família dele estava há poucas horas de viagem –, estava em um país diferente do seu e faziam anos que ela não passava as festas de final de ano com algum familiar. Estava há tempo demais do outro lado do mundo, para parar sua vida ali e viajar para o Brasil, de onde vinha. Então, ele não criaria caso com aquilo, assim como não criou quando ela montou uma árvore de e Natal GIGANTE no meio da sala dele, ou quando colocou uma guirlanda enorme, com luzes e tudo que o Natal tinha direito, na porta de entrada do apartamento em que ele morava.
Não que ele não gostasse do Natal, adorava o clima frio, as roupas de inverno e as luzes pela cidade, mas não tinha o costume de comemorar a data igual à grande maioria das pessoas. Começou a festejar a data com os amigos, quando se mudou para a Coreia e de maneira mil vezes mais intensa quando conheceu , que não só amava aquele feriado, como vinha comemorando o Natal desde que se conhecia por gente, então, era super, superentusiasmada.
— A gente não combinou de não trocar presentes esse ano, ? — chegou por trás da mulher e a abraçou, fazendo com que ela abrisse um lindo sorriso – que ele não viu, mas pela forma com que as bochechas dela se moveram, ele pode perceber que sorriu e, para ele, todo sorriso que ela dava era lindo – e fizesse carinhos em sua mão.
— Mas esse presente não é seu! — respondeu animada, amava embrulhar presentes, era um de seus hobbies favoritos.
— Então é para quem? — ele se afastou para que ela pudesse virar.
— Como assim, Yang? Não me diz que você esqueceu? — perguntou aflita, olhando nos olhos dele.
— Esqueci o que, amor? Minha mãe está vindo? A SUA MÃE ESTÁ VINDO? — a última pergunta saiu em um tom desesperado, não que tivesse problema conhecer a sogra, eles já tinham se falado por chamada de vídeo e ela mandava uma mensagem de bom dia para ele todos os dias, mas se ela estivesse vindo, como fariam, como ele agiria? Nem tinha preparado o quarto de hóspedes, se bem que ela ficaria no apartamento de , mas mesmo assim ele se desesperou.
— Meu Deus! — colocou as mãos sobre a boca, chocada que ele realmente não se lembrava porque ela estava embrulhando aquele presente.
— Amor, você está me assustando. — ele se aproximou, tocando o braço dela de forma carinhosa.
— Yangyang, você comprou o presente do seu amigo secreto, não comprou? — os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, então a ficha caiu.
— Ai meu Deus! — exclamou preocupado. — Não acredito que esqueci desse amigo secreto.
— Nem eu. Eu te lembrei mês passado, quando estava comprando o presente do meu amigo, e te lembrei semana passada quando você disse que estava com um tempo livre na agenda. — advertiu o namorado, que abriu um sorriso amarelo.
— O que vamos fazer? — perguntou, sabendo que ela daria um jeito.
— Vamos às compras! — desligou o fogo do forno em que assava alguns biscoitos de açúcar.
— Onde? É véspera de Natal! — ficou preocupado, seria difícil achar alguma coisa legal.
— Tem um shopping aqui perto, sabe? Perto daquela lavanderia nova, que me apresentou. Ela e o Haechan vão lá sempre. Aquela, com a senhora que a neta é uma fã saudável de vocês. — ele só balançou a cabeça confirmando. — Então, vamos lá, essa hora não deve estar muito cheio e, amor, todas as lojas do comércio estão abertas hoje, as pessoas, bem como o senhor, deixam tudo para a última hora. — sorriu, pegou na mão dele e eles foram juntos para o quarto, para se vestirem de maneira adequada e o mais discreto possível.
Era arriscado, mas não seria justo, nem com a pessoa que ele tirou, nem com nenhum staff ou membro interno da empresa, se ele pedisse para que a pessoa abandonasse sua família na véspera do Natal, era a primeira vez em anos que todos os artistas da empresa estavam de férias juntos dando assim algum tempo de descanso para toda a equipe, o que incluía manager, equipe de staffs e todo pessoal.
Se vestiram o mais rápido possível, ainda estava muito cedo, então achariam as lojas mais vazias, era o melhor momento dentro daquelas circunstâncias.
O shopping realmente não estava cheio, mas era véspera de Natal, então eles não podiam esperar que estivesse vazio e exclusivo para eles. Claro que a grande maioria eram pessoas de idade que não conheciam o trabalho do grupo dele, ou sequer o reconheceriam como idol ou o que fosse alguém famoso. Então até que conseguiram fazer as compras que faltava com tranquilidade. O problema não foram os outros clientes, mas percebeu, na última loja em que passaram e onde compraram um presente de noivado para Bianca e Dodo ¬¬– sabiam da surpresa e encontraram um jogo de taças lindo, que sabia que Bianca iria amar e Dodo também, ele era cheio daquelas chiquezas – que a vendedora que passou a compra no caixa ficou olhando estranho para eles e ela até evitou muito contato pessoal e físico com ele dentro da loja, mas é claro que a mulher da loja tiraria uma foto deles quando não estivessem vendo.
Mal colocaram o pé para fora da loja e sentiu um frio percorrer sua espinha, sabia que algo estava errado, mas acabou se distraindo com Yangyang fazendo palhaçadas.
— Ele vai ficar hilário, amor! — Yang dizia animado, tinha abraçado o corpo de ao seu. Ela tentou se separar dele, estavam em público e o relacionamento não, então sabia que qualquer lugar fora do apartamento dele ou dela, da empresa e locais seguros com os amigos, eram um risco para um escândalo, mas ele era tão confortável que ela se deixou levar.
— Coitadinho do Haechan, amor, ele deve estar puto. — ela riu, mas parou no momento em que viu a luz de um flash alcançá-los.
— Ah merda! — ele disse e percebeu que também tinha percebido.
— Acho que sua localização vazou. — disse apreensiva, não queria virar para trás, mas conseguia ouvir o burburinho. — Vamos seguir até o estacionamento, sem correr. — ela puxou sutilmente o capuz da blusa que vestia mais para frente para cobrir mais seu rosto. Claro que estar usando roupas largas, uma máscara que cobria metade do seu rosto e grossos óculos escuros, que estavam pendurados em seu pescoço e que ela vestiu imediatamente, ajudavam a não vazarem sua identidade, e dificultava saber se ela era homem ou mulher.
— Eu acho que eles já estão esperando por nós lá! — ele disse. Antes, já tinha sido perseguido tanto por fãs, quanto pela mídia, era um inferno e eles estavam por toda parte de fato.
— Manda uma mensagem para o Hyuck, me disse que eles passariam na lavanderia para pegar a fantasia dele, talvez a gente consegue despistar eles lá. — eles seguiram com os corpos separados para a saída que dava acesso aos fundos do shopping, a rua da lavanderia ficava por lá e ele sabia que os seguranças, por motivos óbvios de loucuras como aquelas, deixavam aquela área longe de paparazzo.
Para Papai Noel
Hyuck, por favor, me diz que vocês ainda estão na lavanderia!
De Papai Noel
Na verdade, estamos na porta de uma boate esperando o gerente, mas o que aconteceu?
Na verdade, estamos na porta de uma boate esperando o gerente, mas o que aconteceu?
Para Papai Noel
Vocês estão onde? Acho que li errado kkkk não sabia que vocês eram liberais assim, mas em plena luz do dia, que divertido e perigoso.
De Papai Noel
Yang, você pode focar? A moça da lavanderia sem querer trocou minha fantasia com a de um dançarino e eu não posso nem pensar em chegar na festa da firma com uma tanguinha, luvas, sapatos e uma touca ridiculamente brilhante. Por que quer saber se ainda estamos na lavanderia?
Yang, você pode focar? A moça da lavanderia sem querer trocou minha fantasia com a de um dançarino e eu não posso nem pensar em chegar na festa da firma com uma tanguinha, luvas, sapatos e uma touca ridiculamente brilhante. Por que quer saber se ainda estamos na lavanderia?
Para Papai Noel
Essa prenda ficaria mil vezes melhor. Agora sério, vim comprar o presente do meu amigo secreto com a senhora minha namorada e alguém vazou minha localização. Queria me esconder com vocês aí, e acho que dona tem algum plano em mente.
De Papai Noel
Vou avisar a tia Hong que vocês estão indo pra lá, vamos só pegar a minha roupa aqui com o Magic Mike e já chegamos. Sorte sua que eu te amo e que estamos perto.
Vou avisar a tia Hong que vocês estão indo pra lá, vamos só pegar a minha roupa aqui com o Magic Mike e já chegamos. Sorte sua que eu te amo e que estamos perto.
Para Papai Noel
Santo seja você, Papai Noel, obrigado, estamos chegando.
De Papai Noel
Me chama de Papai Noel de novo e eu vazo uma foto sua trilouco com aquele arquinho de princesa e toalha que tenho aqui na minha galeria, seu babaca. Vai logo, já avisei, mas saiba que eu tô fazendo pela e não por você.
Me chama de Papai Noel de novo e eu vazo uma foto sua trilouco com aquele arquinho de princesa e toalha que tenho aqui na minha galeria, seu babaca. Vai logo, já avisei, mas saiba que eu tô fazendo pela e não por você.
Ele riu da mensagem do amigo, sabia que ele era capaz de soltar aquela bendita foto, sempre o ameaçava com aquilo, mas precisavam ser mais rápidos, mais pessoas estavam se aproximando. Mesmo com a saída mais "tranquila", na esquina já tinha gente esperando por eles, então eles apertaram o passo e conseguiram chegar até a lavanderia sem que vissem de fato seus rostos. Agradeceu a Deus que a senhora Hong, tinha um lugar bem escondido, não era à toa que Haechan gostava tanto dali, era familiar, aconchegante e seguro, poucas vezes eles se sentiam daquela maneira longe de casa.
Demorou pouco mais de meia hora para que Hyuck e chegassem, estavam preocupados com os amigos, entraram pelos fundos, mas conseguiram ver de longe a pequena multidão que cercava o lugar, e que chatice, era impossível que as pessoas não tivessem nada melhor para fazer do que perseguir outras pela rua, na véspera de Natal. Pelo menos eles conseguiram embrulhar todos os presentes, ainda almoçaram e ajudaram a senhora Hong com algumas coisas da ceia de mais tarde.
— Como vocês estão? — perguntou aflita para os amigos, estavam mesmo preocupados.
— Bem, graças ao Papai Noel. — Yangyang disse rindo e recebeu um tapa de leve de , não era hora para brincadeiras, os amigos estavam preocupados.
— Você não me respeita mesmo, não é? — Hyuck disse, não achando a menor graça.
— Nossa, eu tinha esquecido como os fãs se vocês às vezes passam dos limites, mas os tabloides estão cagando a bomba de final de ano e não somos nós que vamos dar. — disse séria, era um risco para ela conseguir viver a vida "normal" dela, e ter a vida deles em um escândalo namorando uma estrangeira zé ninguém que morava na Coreia não ajudaria.
— Eu imagino, , mas acho que deu tudo certo. Na internet, eu só vi especulações, fotos embaçadas ou de costas, ninguém sabe se é amigo, namorado, namorada, familiar ou o quê. — disse confortando a amiga, que, apesar de tudo, parecia bem.
— Perfeito! Meu plano vai funcionar bem então. Haechan tire suas roupas. — ela disse, tirando o casaco de moletom que vestia.
— O quê? — os três disseram juntos, vendo que ela estava com o agasalho no meio do corpo.
— O que o quê? — perguntou confusa depois que tirou a roupa da cabeça.
— Vocês vão tirar a roupa e a gente vai... — Yangyang não quis terminar a pergunta. Sabia que toparia, ela era dessas, mas não achava que aquele era o momento propício.
— Não, vocês não, só o Hyuck e eu. — disse simples, olhando a cara de espanto dos outros.
— Eu e a só vamos ficar olhando? — Yang perguntou com receio da resposta.
— É, ué? Por que você e a trocariam de roupa se a gente quer fazer parecer que você estava saindo com o Hyuck esse tempo todo? — disse como se fosse óbvio.
— Meu Deus, que susto! — Hyuck disse rindo, e os outros também ficaram significativamente mais aliviados.
— Vocês estavam pensando, que...? — todos confirmaram com a cabeça. — Seus pervertidos! Claro que eu posso um dia propor isso, mas não agora e não na casa da senhora Hong, né? Eu tenho um pouco de senso, mesmo que não use tanto para não gastar. — disse rindo da mente suja dos amigos. Não que ela pudesse negar, seria a primeira a propor aquele tipo de situação ou qualquer outra loucura naquele sentido, mas ali já era demais! Até mesmo para ela.
— Pessoal, não vamos conseguir segurar essas pessoas por muito tempo, sinto muito. — a senhora Hong entrou na sala onde eles estavam, alertando. Sempre foram muito eficientes com invasores e pessoas querendo invadir a privacidade de seus clientes, mas naquele dia eles estavam incontroláveis.
— Tudo bem, senhora Hong, nós temos um plano! — disse com um sorriso no rosto.
Ela e Hyuck trocaram suas roupas, os rapazes fingiram que estavam só os dois o tempo todo e elas sairiam dali quando fosse seguro. Eles levaram a roupa de Papai Noel de Haechan nas mãos e fizeram o teatrinho de fan service. Um pouco mais para frente, Hyuck tirou a touca da cabeça e eles conseguiram ouvir o som da frustração das pessoas ao redor, alguns fãs tiraram fotos dos dois, outros só foram embora, bem como a mídia. Não era aquilo que eles estavam esperando, mas como Yang e não fizeram nenhum alarde, parecia mesmo que eles estavam juntos naquelas compras e que só não queriam ser incomodados, e por isso saíram pelos fundos do shopping.
Mais tarde naquele dia todos estavam na festa. Hyuck vestindo sua fantasia de Papai Noel junto com , que levou orelhas e um chapéu de duende para fazer um couple outfit de Natal e não deixar que o namorado passasse aquela vergonha sozinho. Os outros também já está estavam por lá e Bianca e Dodo já estavam noivos, estava sendo uma noite perfeita aos olhos de , até os presentes já tinham sido trocados e ela e Yangyang estavam dançando uma música lenta de Natal, que ela tinha pedido para incluir na playlist das músicas aquele ano.
— Uau, que dia louco! — comentou, enquanto tinha os braços ao redor do pescoço do namorado, ele com as mãos na cintura dela e os corpos no ritmo da melodia.
— Foi, não foi? Eu não sei o que eu faria sem você, nunca ia pensar naquilo. — foi sincero e riu, puxando mais o corpo dela para perto do seu quando a música chegou em seu refrão.
— Que nada, meu amor. Primeiro que se eu não estivesse na sua vida, muito dificilmente estaria em uma situação como aquela, a gente sabe que nosso lance só deu certo depois de muita conversa e uns empurrõezinhos. — foi sincera também
— E eu não mudaria nada, eu lutaria por você e por nós, como eu fiz. Você foi o melhor presente que Papai Noel me deu. — sorriu de forma doce.
— A gente tem que agradecer muito o Hyuck mesmo. Se não fosse por esse paspalho se perder aquele dia no parque, acho que a gente nunca se esbarraria por aí.
Sorriu nostálgica, lembrando da vez em que trabalhava em um parque de diversões, e conheceu Haechan sem querer, ele tinha se perdido da turma e estava com medo de andar sozinho pelo lugar, sem equipe, staff ou seguranças e ela o ajudou, vestiu como um personagem do parque e eles saíram por aí, procurando o pessoal. Hyuck estava com o celular descarregado e aquilo dificultou um pouco, porque o lugar era grande e estava relativamente cheio, ainda mais quando souberam que o grupo estava gravando um programa de variedades lá. Geralmente as pessoas respeitavam bem, mas quando o artista se afastava um pouco da proteção, o negócio ficava complicado. sabia daquilo, mais do que a produção do programa que sempre gravava lá, tinha ajudado tantos idols que mal conseguia contar o contato que tinha dos mais variados artistas e quantos mais tinha virado amiga, só por fantasiá-los e fazer com que passassem despercebidos das pessoas.
O Natal era a data preferida de e ela era a pessoa preferida de Yangyang, então sim, aquele estava sendo um dia incrível, mesmo contando com tudo, com todas as "aventuras", a cumplicidade e o companheirismo que sentia ali naquela festa, com todos os amigos de grupo, os novos amigos que fez graças a eles e a mulher da sua vida, que tinha os olhos fechados, cantando a música, como se fosse a intérprete original da canção, mesmo cantando mal à beça.
— Eu te amo! — ele soltou do nada enquanto apreciava como ela se divertia quando dançava aquela música de Natal.
— Eu também te amo, meu idol superfamoso. — ela abriu os olhos e sorriu com aquela frase.
Selou os lábios em um beijinho demorado e voltou o rosto, olhando nos olhos dele.
— Eu vou continuar te amando quantos natais mais você me permitir. — ele puxou mais a cintura dela para perto da dele.
— Eu vou permitir que me ame e vou continuar te amando quantos natais mais a vida nos brindar.
Uniu mais uma vez os lábios e iniciou um beijo calmo, lento e cheio de amor. Eles eram aquilo, aquele poço de amor, e mesmo que parece que o rapaz jamais se entregaria para um único amor em toda sua vida, tinha aparecido em sua vida e, com ela, o amor, um amor que ele nunca tinha sentido antes.
FIM!
Nota da Sial (a organizadora): Olá, vocês! Primeiramente, quero agradecer a cada pessoa que tirou um tempinho pra ler esse projeto muito especial que tive o prazer de organizar junto com outras autoras incríveis que ajudaram a fazer acontecer. E com todas essas confusões e declarações, eu te desejo um feliz natal e boas festas, de todas as autoras do natal do NCT დ obrigada por estar aqui!
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Sial - @autorasial
Daphne - @ficsdadaph
M-Hobi - @mhobiautora
Peach Lee - @autorapeach
Jinie G - @autora.jinieg
Nota da beta: Vou falar como beta e como autora: que delícia que foi isso aqui! Eu espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu. Boas festas para vocês! E um 2022 cheio de fanfics!
Bom, o Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar aa autoraa felizes com um comentário, é só clicar AQUI.
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