CAPÍTULOS: [Capítulo Único]





One More Time






Capítulo Único


- Jagi, já me desculpei milhões de vezes, eu não sei mais o que posso fazer. - Ouço a voz grossa e preocupada de do outro lado da porta e puxo a manta branca para cobrir minha cabeça.

Não, você não estava tão calmo quando gritou comigo, não estava preocupado com como eu me sentiria depois disso. Mesmo debaixo de camadas de tecido felpudo, cobri meus olhos molhados e até um pouco inchados depois de tantas lágrimas. Tento segurar um soluço, quem sabe se ele achar que estou dormindo não desista e me deixe sozinha por esta noite? Escorrego minha mão para meu joelho roxo, querendo bater com minha cabeça na parede por ser assim tão desastrada e desligada.

Simplesmente havia esquecido que ele chegaria tarde do estúdio e que não havia levado as chaves consigo, assim trancando as portas e janelas, indo dormir quase em paz. A chuva ainda caía do lado de fora e a árvore do quintal se agita, batendo no vidro de nossa janela, fazendo-me estremecer com o som. esmurra a porta da frente com toda força que tinha, quebra o trinco e entra furioso dentro de casa, berrando para me acordar, e rosna que eu havia esquecido e o trancado do lado de fora durante uma tempestade.

As coisas conosco já não funcionam tão bem quanto a seis anos atrás, quando nos casamos. Brigamos quando ele não lava a louça, ou quando eu esqueço de buscar suas roupas na lavanderia, ou quando banheiro está sujo, ou até mesmo por apenas nos olharmos de manhã cedo. Havia conversado com sua irmã há algumas semanas, chateada pelo ponto em que chegamos, ela não acreditava que toda aquela magia que tínhamos quando começamos a namorar aos vinte e tantos anos, que toda a paixão havia acabado. Mas eu entendi. Cansamos. Uma hora isso acontece, mesmo que seja apenas depois de seis anos juntos.

“Apenas", como se fosse pouco tempo.

- Vá embora, ! Saía! - Griteo o mais alto que consigo com minha voz embargada, fazendo uma lágrima triste escorrer por meu rosto.

Ele suspira e eu abraço meus joelhos, minha cabeça sobre os dois. Ouço o som de suas botas batendo em um som oco no chão, depois o som abafado da jaqueta e então, seu celular em seu bolço. Porra. Por que você precisa ser tão bom assim, ? Sua cabeça bate contra a porta e eu seco meus olhos ao me sentar na cama e abaixar a manta.

- Apenas me dê um pouco de espaço por esta noite, ok? - Murmuro um pouco alto contra minhas mãos, cansada.

- Eu vou - Responde meu marido, ou ex-marido, depois de alguns segundos. - Eu só quero que você saiba que eu te amo e que não foi minha intenção te dizer aquelas palavras.

Apoio minhas bochechas em minhas mãos, tentando não dizer o quão difícil está sendo viver desse jeito, quebrando e reconstruindo tudo aos poucos para derrubar de novo.

- Certo, .

- Eu estava bravo e não controlei o que estava dizendo, você me conhece . Me desculpe. Eu te amo.

Me deito de novo, puxando a manta para cobrir meu corpo. Viro para o lado contrário à porta e encaro os pingos de chuva na janela, sentindo meus olhos lacrimejarem um pouco e acabo caindo no sono.

Ligo a televisão do quarto, me escondendo debaixo das cobertas com meu cabelo igual a um ninho de rato, atrapalhando minha visão. Meu marido parece já ter saído da porta, não ouço mais o som pesado de sua respiração. Zapeei pelos canais, meus olhos pesando pelo inchaço e meu corpo congelando com tamanho frio que fazia dentro do cubículo quando não estava ali para envolver-me em seus braços.

Olhando no relógio, já havia passado duas horas desde que dormi e a casa parecia quieta demais, até um pouco assustadora pelo silêncio que parecia fazer mais barulho do que deveria. Mordo meus lábios, os dias com ele não são silenciosos. Nós jogávamos basquete, baseball, fazia rimas enquanto tomava banho e dava gargalhadas altas quando estava feliz. Quando percebo, já estou chorando, as lágrimas um pouco felizes.

Meu celular começa a tocar dentro da bolça, alertando que eu havia recebido uma mensagem. Ainda devagar e dolorida, por meu joelho que havia batido na escada ao descer desesperada, o alcanço e reviro um pouco a bagunça dentro da bolça para encontrá-lo.

Gukkie:

Mandei um taxi para casa. Entre nele e me encontre na ponte depois do Rio Han.

Encaro a mensagem, imaginando o que quer fazer quatro da manhã no Rio Han. Passo a língua por meus lábios, largando o celular e me arrastando para o banheiro, tirando o pijama e minhas meias, entrando com tudo embaixo da água fervente. Lavo o cabelo, seco e penteio em um rabo-de-cavalo, fazendo uma maquiagem leve para cobrir os vestígios de meu choro.

Já em nosso closet, pego uma calça azul escura e uma blusa branca pondo um casaquinho cinza por cima, com medo do que estava por vir. Descendo as escadas, desvio-me das possas de lama nos degraus e no tapete milionário que minha sogra havia nos dado para enfeitar a casa. Bufo e deixo para limpar quando voltasse e abro a porta, encontrando o táxi que havia mandado, me esperando.

Ainda trêmula pelo frio do lado de fora, entro no mesmo, o senhor que o dirigia rapidamente liga o aquecedor e parte em direção ao centro da cidade. Por que eu estou fazendo isso, oh Deus? Coloco minha mão em meu colo, um pouco nervosa pelo o que ele planejava.

- É aqui, minha filha.

Quando saio do táxi, lembro que não havia trago dinheiro e ao perceber, o taxista apenas sorri, alegando que meu “namorado" havia pago antes. Olho ao redor quando ele se foi, buscando a silhueta alta e magra de por perto, mas ele não está e preciso continuar andando o mais rápido que consigo, apavorada, com medo de algo acontecer conosco ali. Corro na direção da ponte que nós dois nós encontrávamos quando começamos a namorar, as luzes não iluminando muito mais que dois metros à frente.

Ao chegar próximo o suficiente, posso vê-lo debaixo de uma árvore, encolhido dentro de seu casaco enorme.

- . - Chamo, cruzando meus braços.

Sigo para mais perto dele, vendo-o se levantar para encontrar-me. se aproxima de mim, seu rosto abaixado com vergonha, mas as bochechas vermelhas com o frio. Busco seus olhos, mas decido não manter contato visual. Ficamos em silêncio por algum tempo, sem olharmos um para o outro, apenas o som da agitada Seul soando.

- Jagiya. - Querida. Não, querida não. - Jagi. – Sento sua mão gelada tocar meu pulso, mas desvio, passando por ele e parando em suas costas. - Ei! ! Eu sei que machuquei você com o que disse, conheço muito bem o efeito que as palavras podem ter. Queria que deixássemos isso para trás, mas sei que não podemos e por isso precisamos conversar.

- Nós já conversamos, . – Grunhi, me sentindo extremamente cansada. - Você é péssimo com sentimento que não sejam os teus, por isso fica nervoso tão rápido. Não pensa que todos sentem os efeitos que você provoca. - Retruco, apertando minhas mãos contra meu corpo. - Não sei por que demorei tanto tempo pra perceber.

- Você não quis dizer isso!

Arregalo meus olhos e me viro para o gigante que passou por mim pegando uma enxada atrás da árvore onde estava antes.

- O quê?

- - Disse ele depois de suspirar com força, parecendo tão cansado quanto eu. - Se sente, por favor, tenho que procurar uma coisa.

Com meu rosto contorcido em raiva, jogo-me contra a árvore e me sento em suas raízes. Meu rosto fechado e meu corpo quente barrando o frio de me atingir de novo. Nosso casamento está indo por água a baixo e o bastardo está cavando um buraco no meio do parque às quatro e meia da manhã.

- O quão demorado é o processo de divórcio? - Sussurro bem baixo, digitando o mesmo no meu celular, ignorando a situação estranha em que nos encontramos.

Percebo que o movimento para e o som do ferro no chão se cessa. Devagar, olho para cima, para que estava parado e apoiado na enxada.

- Não pergunte isso nunca mais. - Meu marido sussurra de volta, soando extremamente assustador ao falar tão baixinho.

Observo-o voltar a cavar, o pescoço longo curvado para baixo e a linha da espinha aparecendo por baixo da gola do casaco pesado. Então seus pulsos, mais finos e esguios. Até mesmo suas penas estavam um pouco mais finas. Um pouco assustada, olho para meus braços, as pulseiras que uso estão extremamente folgadas, e minhas coxas mais finas, assim como meus dedos, no entanto que até minha aliança está grande demais.

Novamente para, mas dessa vez, joga a enxada para longe e se abaixa para pegar algo enterrado. Depois que vi a caixa debaixo de seu braço, com as siglas BY e JH escritas de um lado, sento um soco no estômago. Cubro meus lábios, lembrando de tudo o que estava ali dentro, todas as palavras e todos os sentimentos que guardamos lá quando voltamos de nossa Lua de Mel.

Ele se senta do meu lado, as mãos sujas assim como seu jeans e camiseta, forçando a caixa enorme a se abrir. Mordendo meus lábios, limpo a tampa e envergonhada, toco seus dedos para abrir a trava. consegue abri-la depois de alguns segundos a mais, encostando a cabeça na árvore, respirando com dificuldade.

- Eu havia esquecido. – Sussurro, olhando para ele, sentindo meu coração doer um pouco por esta memória.

Empurrando a tampa, meu marido coloca a caixa de madeira em seu colo e tirou a garrafa de vinho de dentro, passando-a para mim. Fungo e pego a chave de casa no meu bolço, rompendo o lacre da tampa, lendo o rótulo: “Para nosso filho e nossa querida nora, com amor, Papa e Mama .” Nego com a cabeça e coloco-a na boca, pegando uma grande golada, me engasgando com o líquido amago.

- Porra. – Tusso, sentindo leves tapinhas de em minhas costas. Pegando a garrafa vermelha de minha mão, ele toma um gole com tudo, como se tomasse whisky.

- Pega. - Me entrega minha carta, coçando a garganta e pegando a sua. - Ainda lembra do significado dessa caixa? - Provoca, se arrastando para sentar-se a minha frente.

- Chegamos a um nível crítico.

- É... Está difícil. - Confirma ele, passando a mão pelo cabelo liso, fazendo-o voltar para o mesmo lugar.

- Um. Dois. Três. - Contamos juntos e abrimos as cartas, nos deparando com nossa própria caligrafia.

Nós nos conhecemos em Setembro de 2012, você tinha debutado no B.A.P. Mas na primeira vez que te vi de verdade, , você era um loiro de farmácia que odiava o próprio cabelo e cantava uma música chamada “Stop It”. Acho que me apaixonei pelo seu sorriso, primeiramente, pela sua voz e pela sua imagem polida que ocultava um emo/gótico/pônei saltitante/bicho do mato.

Rindo um pouco e até mesmo emocionada, peguo um gole do vinho que segurava. 2012 foi realmente o melhor ano da minha vida. Fiz amigos incríveis, conheci pessoas maravilhosas, vim para Seul e conheci . Ele com certeza foi a melhor parte, o melhor momento da minha vida.

Me lembro do show em Busan que fui arrastada por Sanha e que você escorregou ao dançar Warrior, (Espero que sua dança tenha melhorado depois de tantos anos) e que começou a rir de si mesmo junto com . Agradeço a ela até hoje por ter comprado os benditos ingressos para o camarim, fomos as únicas que conseguiram passar mais de vinte minutos com vocês naquele show. Ali, eu percebi o quão especial você realmente era, ajudando os staffs com as malas, as roupas e em tudo oque podia.

Quando Sanha me convidou para ir ao dormitório de vocês na festa surpresa do , nós finalmente conversamos como pessoas normais e acho que, naquele momento, deixei de ser uma Baby. , você é o extremo oposto do garoto da TS! É calmo e não feroz, sorridente, tímido e claro, um pouco solitário como eu suspeitava desde sempre, determinado e carismático.

Seco uma lágrima que escorrega por meu rosto, percebendo que meu marido também está emocionado e tocado com o que lia. e Sanha vão se casar no próximo ano. Seremos os padrinhos assim como eles foram os nossos.

Nos beijamos pela primeira vez no shopping, enquanto fugíamos de algumas sassaengs que conseguiram te encontrar dentro do cinema. Percebi o quão louca era sua vida naquele momento, e também, que fiz a escolha certa e mesmo que fosse difícil, não deixaria aquele sentimento para trás.

Amo a forma que você olha para criancinhas pequenas, completamente apaixonado, as suas tatuagens que ninguém consegue ler, seu sorriso bobo em que aparece todos os dentes quando você está feliz, sua voz de manhã cedo, as músicas que você escreve, a rebeldia que esconde apenas para mim e mais meio trilhão de coisas que me fariam uma sassaeng louca aos seus olhos.

Não tenho muito o quê falar, só sei que quero te agradecer por tudo. Por todos os momentos que passamos juntos, seus beijos apaixonados, os encontros secretos todas as sextas-feiras no Rio Han, pelos rap’s improvisados e por cada palavra que você disse em seus votos.

Eu amo você demais, .

Cubro meu rosto, as lágrimas agora escorrem livremente por ele, molhando minhas mãos. Como eu pude? Como eu pude pensar em deixá-lo? Sinto a aproximação de e não me seguro, lançando-me em seus braços, ambos caindo para trás. Viramos uma massa embolada de corpos, lutando para ficarmos perto um do outro. Naquele momento, a sensação, as lágrimas e aquelas palavras me fazem perceber o quão impossível seria viver sem ele, sem seu sorriso e sem seus abraços e cada sentimento puro que tínhamos um pelo outro.

- Eu te amo, te amo, te amo, te amo. - Sussurra repetidamente em meu ouvido, os dedos entrelaçados em meu cabelo.

Me afastando um pouco, pressiono meus lábios contra os seus, sentindo abraçar meu corpo para me manter mais próxima de si. Ele impõe sua brutalidade natural, lambendo meu lábio superior, mordiscando-o e obrigando-me a abrir meus lábios para beijá-lo de volta. Suspiro feliz, deixando minhas mãos percorrerem a trilha de cabelos atrás de sua orelha, sentindo meus lábios duelarem com os seus, num beijo apaixonado. Diferente de nossos últimos beijos, esse tem sentimento e até mesmo calor.

- Eu te amo, . - Murmuro com minha boca grudada na sua.

Ambos sorriem e eu enterro meu rosto em seu pescoço, decidida a jamais deixá-lo. Agora, de uma vez por todas. Puxando meu rosto para cima, pressiona palma das mãos em minhas bochechas vermelhas, acariciando as duas com os dedos. Me acomodo em seu colo, entrelaçando meus braços em seus ombros, não conseguindo controlar meu sorriso.

- Nada de divórcio. - Movo minha cabeça em concordância. - Nada de me trancar fora de casa de novo. - Gargalho, o abraçando de novo.

- Você vai lavar a louça. Vai buscar suas roupas na lavanderia. E vai se alimentar melhor. - Meu marido concorda, piscando os olhos e fungando. - Também vai reformar o quarto de hospedes, comprar um carrinho de bebê e se matricular em aulas para pais de primeira viagem. - Seco meus olhos, ao vê-lo sorrir de forma apaixonante.

- Hein? Eu vou ser um appa? - Para qualquer um, a sua expressão parece um pouco exagerada, mas para mim, que sempre o ouço falar sobre querer ter uma família enorme e saudável, é a mais sincera. abre demais os olhos e a boca, que faz questão de fechar, e beijar carinhosamente em seguida.

- Exatamente. - Ele continua, me encarando apaixonado pela ideia, a boca se abrindo devagar novamente. - Iria contar no sábado. Desculpe, mas não consegui me segurar.

- É uma menina? - Fez uma cara mais boba ainda, fazendo-me rir.

- Eu não sei. - Respondo, limpando o vestígio de terra em sua testa.

Sei que não importa o que acontecesse, sua reação seria ótima.

- Se for, eu não vou sair do lado dela.

- Ok, . - Ri.

- Vai ser a nossa menininha.

- Sim, eu sei.

Sabia também que iria exagerar o máximo a vontade de ter uma garotinha.

- Ela vai ser a nossa preciosa menininha, que vai crescer e ter um casamento incrível, em que eu terei que leva-la ao altar e ameaçar o noivo.

- ?

Se deitando na grama com um sorriso vitorioso no rosto, ele sussurra:

- Eu sou um appa.


Fim.



Nota da autora: (31.05.16) Sem nota.




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