Capítulo 1
O Olimpo ressoava com a magnificência de seus pilares divinos quando Hermes, mensageiro dos Deuses, atravessou as imponentes portas após emergir do submundo sombrio. Seus passos leves ecoaram no salão enquanto ele se dirigia ao coração do reino celeste, buscando Atena.
Hermes estava trajado com sua típica túnica alada, adornada com detalhes que reluziam um brilho dourado. Suas sandálias, feitas das mais finas asas de Pégaso, permitiam-lhe deslocar-se pelo Olimpo com uma graça invejável. Em seu pulso, uma pulseira com o emblema de suas atribuições como mensageiro e em sua mão, o caduceu que pulsava com sua energia divina. Seu cabelo dourado esvoaçava enquanto ele se movia e seus olhos, sempre perspicazes, cruzavam o seu caminho. Ele, sempre animado e irreverente, esbarrou em alguns Deuses durante sua busca por Atena, acenando com uma expressão travessa e cumprimentando os imortais com uma alegria contagiosa.
Finalmente ele avistou Atena, imersa em seus próprios pensamentos. Hermes se aproximou com um sorriso malicioso, mas seus olhos cintilavam o segredo que carregava consigo.
— Atena, minha ilustre Deusa. Tenho um segredo mais suculento que néctar de ambrósia para compartilhar contigo. — Exclamou Hermes, mantendo seus gestos exagerados que antecipavam o escândalo prestes a escapar de seus lábios.
Atena arqueou uma sobrancelha, acolhendo a chegada do mensageiro. Hermes não era apenas um dos melhores amigos da Deusa da sabedoria, mas a fonte viva das maiores informações do Olimpo, e ultimamente, tudo estava demasiadamente quieto, o que era uma raridade entre as deidades.
— Sabe , certo? — A pergunta logo acompanhou um acenar de cabeça. era o Deus mais promissor dos últimos tempos, todos no Olimpo já haviam ouvido falar do jovem encantador que carregava consigo a sombra do submundo. — Pois bem, ao que parece Perséfone cedeu aos encantos de ninguém menos que Ares.
Os olhos de Atena, inicialmente sérios, piscaram numa expressão que se mesclava entre o choque e o divertimento.
— Você tem certeza? Perséfone é fiel a Hades, ela nunca o trairia. Ainda mais com Ares que possui uma relação completamente caótica com Afrodite. As duas já tiveram conflitos demais nos últimos séculos para adicionar Ares a lista dos motivos ao qual elas não se dão bem. — Percebendo o semblante sério no rosto do amigo, a mulher esperou que ele falasse que era brincadeira, o que não veio. — De qualquer forma, isso parece fazer sentido. ser filho do Ares explica, e muito, a sua personalidade explosiva.
Hermes riu, deixando escapar não apenas uma risada travessa, mas inteiramente irônica.
— Claro, claro! Inteiramente fiel. Não se esqueça que fidelidade no Olimpo é como raios de sol na Inglaterra, raro e muito comentado. E sobre Ares... Não me surpreende, as características principais de suas mulheres sempre parecem ser “casadas” e “complicadas”, não é mesmo? É impressionante como elas adoram a pimenta no molho divino dos seus casamentos, especialmente quando já tem alguém cozinhando para elas.
Atena soltou uma gargalhada, não podendo evitar o humor sagaz de Hermes e balançou a cabeça.
— Você é incorrigível, Hermes.
— E ainda assim, completamente verdadeiro! — o mensageiro complementou.
— Este é um segredo que poderia abalar as fundações do Olimpo se for divulgado sem o devido cuidado. Não podemos permitir que isso se torne um escândalo público. — Atena começou, com sua voz mudando da diversão para um tom carregado de gravidade. — Hades já deve estar ciente, e se a notícia se espalhar, teremos mais do que um simples escândalo nas mãos. Ares e Perséfone têm suas próprias complicações, e Hera... Bem, você sabe como ela é quando se trata de infidelidades.
Hermes, sempre ágil em seus raciocínios, acenou afirmativamente, concordando com a seriedade da situação.
— Concordo, Atena, mas então o que faremos?
— Precisamos manter isso em sigilo, pelo menos por enquanto. Se Hades já sabe, é uma questão de tempo até que Zeus seja informado. E sabemos como ele reage a escândalos.
Hermes assentiu, enquanto suas asas pulsavam inquietas em suas costas.
Enquanto Atena e Hermes conspiravam sobre a melhor abordagem para manter em sigilo a bombástica revelação, o mensageiro divino percebeu uma sombra passando rapidamente em sua visão periférica. O mensageiro, instintivamente, voltou sua atenção na direção de onde vinha a escuridão crescente.
— Acho que não vamos precisar mais nos preocupar com o sigilo da informação. — Ele respondeu, apontando para o Deus do submundo que ia até o Olimpo com ira.
Hades, avançava com passos firmes e determinados em direção à residência dos Deuses. Sua expressão era uma tempestade de fúria contida, e as sombras ao seu redor dançavam em resposta à intensidade de suas emoções. As almas errantes nas margens do submundo poderiam sentir a ira de seu mestre reverberando pelas próprias entranhas do mundo dos mortos.
Atena arqueou uma sobrancelha com preocupação, enquanto Hermes mantinha seu olhar atento e curioso ao desenrolar dos acontecimentos.
— Parece que Hades realmente já foi informado. E pela expressão em seu rosto, acho que ele não ficou nada satisfeito. — Hermes murmurou, observando a aproximação imponente do Deus das Sombras.
A porta da residência dos Deuses se abriu com um estrondo, revelando a presença agora irada de Hades. Sua voz ecoou pelo Olimpo, carregada de uma ira ancestral.
— Zeus! Hera! Imediatamente ao salão principal. Temos assuntos a tratar!
O salão principal do Olimpo estava carregado de uma tensão que poucas vezes tinha sido testemunhada pelos Deuses. Hades, o Deus das Sombras, irrompeu furiosamente pelo salão, fechando os pesados portões atrás de si com uma retumbante reverberação. As sombras dançavam e tremiam em torno dele, refletindo a turbulência de suas emoções.
Hera chegou ao salão em resposta à convocação de Hades, seu semblante demonstrando uma mistura de surpresa e temor. Zeus, o senhor do Olimpo, ergueu uma sobrancelha, expressando surpresa diante da rara visita de seu irmão com tamanha ira envolta.
— Hades, que assuntos são esses que o trazem até aqui com tanta fúria? — indagou Zeus, sua voz trovejante como o eco distante de uma tempestade.
Hades, com seus olhos sombrios flamejando de ira, apontou diretamente para Ares, o Deus da Guerra, que estava entre os presentes no salão.
— Eu exijo que vocês dois controlem Ares! Ele precisa parar de se enfiar em camas que já têm dono!
Ares encarou Hades com um desdém mal disfarçado, mas sabia que a situação exigia cautela. Apesar de sua impulsividade de sempre, o Deus da guerra não era burro e sabia que atacar Hades, naquele momento, não seria uma boa escolha.
— Se Hades quer acusar, que traga suas provas. Não vou me curvar a ameaças infundadas. — Ares respondeu com sua voz ecoando desafio.
— Provas? Que outra prova você quer além da paternidade de ? Eu o criei para ser o novo Deus das sombras e descubro que ele é seu filho, não meu!
Hera, a rainha dos Deuses e mãe de Ares, foi a primeira a expressar sua surpresa e indignação. Seus olhos faiscavam com uma mistura de choque e fúria, e a aura majestosa que a envolvia parecia tremular.
— Como pode ser isso verdade, Ares? — exclamou Hera, sua voz ressoando pelo salão. — Você sabia disso?
Ares permaneceu notavelmente calmo diante das acusações. Ele ergueu uma sobrancelha, quase zombeteiro, e respondeu com indiferença.
— Saber é uma palavra forte. Digamos que eu já tinha minhas suspeitas.
— Você suspeitava e não disse nada? — questionou Hera, sua voz contendo uma pitada de reprovação.
Ares deu de ombros, como se a complexidade dos assuntos divinos fosse trivial para ele.
— Não sou eu quem devia ter dito algo, é a esposa de Hades que deve a ele satisfação. Perséfone é quem deveria falar sobre a paternidade do filho dela e do seu gosto peculiar por envolvimentos proibidos, não acha?
As palavras de Ares foram como uma faísca atirada em um barril de pólvora. Hades, o Deus das Sombras, rugiu em fúria, suas sombras dançando freneticamente em resposta à provocação.
— Você ousa jogar a culpa em Perséfone? Seu desrespeito não tem limites, Ares! — rugiu Hades, sua voz ecoando como um trovão.
A troca de palavras provocativas elevou a tensão no salão principal do Olimpo a níveis perigosos e estrondosos. Era possível ouvir, de todo o salão, a ira que a briga dos Deuses causava. Hades estava à beira da fúria, suas sombras dançavam e tremiam, refletindo a ira que fervilhava dentro dele prestes a perder todo o seu controle. Ares, por sua vez, mantinha um sorriso provocador, pronto para enfrentar qualquer desafio e ansioso por uma boa guerra.
Ares, erguendo sua lança com determinação, não recuou diante da ira do Deus do Submundo.
— Se Perséfone prefere os campos de guerra aos campos dos mortos, quem sou eu para julgar? Eu apenas forneço o que ela procura.
O embate iminente foi interrompido por Zeus, o rei do Olimpo, que não hesitou em usar seu poder sobre os raios para separar os dois Deuses beligerantes. Raios faiscavam no ar, forçando Ares e Hades a recuarem sob a autoridade do soberano divino.
— Chega! Ambos estão agindo como crianças petulantes. O Olimpo não será palco de suas disputas mesquinhas. — proclamou Zeus com sua voz trovando como um trovão dominante.
Ares, embora contrariado, abaixou sua lança, mantendo seu sorriso desafiador. Hades, ainda furioso, lançou um último olhar de desprezo em direção a Ares antes de ceder à ordem de Zeus. O salão principal do Olimpo, por um breve momento, escapou do iminente conflito, mas as tensões entre os Deuses permaneciam, anunciando tempos turbulentos no reino divino.
Diante da crescente turbulência no Olimpo, Zeus, o soberano dos Deuses, percebeu a necessidade de uma ação imediata. Sua voz, trovejante e autoritária, cortou o ar tenso no salão principal.
— Hera, convoque Hermes imediatamente. Quero todos os doze Deuses reunidos agora, não importa o que estejam fazendo.
Hera, percebendo a seriedade da situação, assentiu e, com um aceno de cabeça, indicou que cumpriria a ordem. Ela partiu em busca de Hermes, o mensageiro dos Deuses, para transmitir a urgência do rei do Olimpo.
— Vamos resolver isso de uma vez por todas. Não podemos permitir que nossos assuntos pessoais desestabilizem o Olimpo. — Afirmou Zeus, ressoando com a imponência de sua divindade.
Após alguns minutos, todos os doze Deuses do Olimpo estavam reunidos na grandiosa sala de conferências. O ambiente, normalmente repleto de serenidade divina, agora pulsava com a intensidade das emoções, tensões, dúvidas e curiosidades que preenchiam o ar.
A sala de reuniões era imponente, com colunas majestosas esculpidas em mármore branco que se erguiam até o teto celestial. No centro da sala, uma grande mesa oval dourada com incrustações de gemas divinas acomodava os doze tronos divinos. Cada trono, ornamentado com símbolos representativos de seus respectivos Deuses, brilhava com uma luz divina única.
Os Deuses se acomodaram em seus tronos de acordo com a hierarquia e a importância em seus reinos divinos. Zeus, o soberano do Olimpo, ocupou o trono principal no centro da mesa, sua postura majestosa refletindo sua autoridade como rei dos Deuses. Ao seu lado direito, Hera, a rainha e esposa de Zeus, tomava seu lugar. À esquerda de Zeus, Hades se sentava, suas sombras parecendo dançar em torno dele, ainda indicando a fúria contida.
Os demais Deuses se posicionavam de acordo com suas relações e influências. Ares, o Deus da Guerra, sentava-se com uma expressão indiferente, enquanto Perséfone, envolta em sua aura sombria, ocupava um lugar próximo a Hades. Atena e Poseidon, com seus reinos distintos, também encontraram seus assentos à mesa.
Artemis, Deusa da caça, e Apolo, senhor da música e do sol, ocupavam lugares opostos, cada um mantendo sua expressão característica de indiferença. Afrodite, a Deusa do amor, esbanjava sua beleza irresistível em um trono adornado de pétalas de rosas.
Hermes, com sua agilidade e perspicácia, sentava-se próximo a Zeus, enquanto Deméter, a Deusa da colheita, completava a formação divina um pouco mais distante do mensageiro.
— Deuses do Olimpo, fui compelido a convocá-los por assuntos que ameaçam nossa paz divina. — Zeus pausou, permitindo que a gravidade de suas palavras se estabelecesse. Os olhares dos Deuses se encontraram em murmúrios inquietos, com exceção de Atena e Hermes, que já tinham certa compreensão do que estava acontecendo. — Portanto, estabelecerei duas regras imperativas. A primeira, nenhum dos doze Deuses pode descer à Terra sem a benção unânime dos outros onze. — Zeus enfatizou, querendo garantir que a interferência divina na vida mortal fosse estritamente controlada. Esse era um assunto comum e que já havia gerado grandes confusões, em especial devido a criação exacerbada de semideuses, Zeus via agora uma oportunidade de conter isso. — A segunda regra é mais delicada, mas também crucial para preservar a harmonia entre nós. Nenhum Deus poderá se envolver romanticamente com Deuses casados, a menos que obtenha permissão do cônjuge. — Continuou Zeus, a seriedade em sua voz ecoava como trovões divinos.
Apollo, o Deus do Sol, expressou seu descontentamento com um suspiro audível, enquanto Afrodite, a Deusa do amor, observava com um sorriso intrigante, ciente das complexidades dos relacionamentos divinos. Alguns, surpresos, aceitaram a necessidade da proibição. Outros, especialmente aqueles cujas paixões eram conhecidas por todos, mostraram descontentamento.
— Precisamos evitar mais escândalos. Estas são medidas necessárias para manter a ordem e a paz no Olimpo. — Hera, a Deusa da Família, acrescentou logo em seguida.
— Não podemos permitir que nossos laços se desfaçam por ações impulsivas e desrespeitosas.
Ares, cruzando os braços, expressou seu desacordo com um sorriso provocador.
— Não vejo por que deveria me restringir. Zeus sempre fez o que quis, deitando-se com quem desejava. Por que eu não poderia fazer o mesmo?
Zeus, irritado com a comparação, respondeu com uma voz trovejante.
— Isso não é uma justificativa, Ares. As regras aplicam-se a todos, inclusive a mim. Mas, ao contrário de você, eu procuro manter um equilíbrio e lido com as consequências.
Ares soltou uma risada desdenhosa.
— Consequências? O Olimpo foi forjado no caos e na disputa. Não sou eu quem traz desordem; é o próprio tecido divino de nosso lar.
Hera, entre a raiva e a tristeza, enfrentou Ares com um olhar decidido.
— Isso não justifica trair sua família. Não podemos permitir que nossos laços se desfaçam por caprichos momentâneos.
Ares, insensível à gravidade da situação, retrucou:
— Família é uma conveniência. Não me surpreende que Zeus, o grande senhor do trovão, possa deitar-se com quem quiser enquanto eu sou repreendido.
Zeus, cansado da teimosia de Ares, levantou-se imponente.
— Isso não é uma questão de preferência, Ares. É sobre responsabilidade e respeito. Você deve ponderar suas escolhas antes que as consequências se tornem irreversíveis.
— Essa reunião não poderia ter sido resolvida com uma mensagem de Hermes? Por todos os Deuses, Zeus. — Apollo retrucou, ligeiramente impaciente e insatisfeito com pelo menos uma das duas novas regras. — Achei que debateríamos a profecia.
Ártemis, sempre quieta e indiferente, interveio pela primeira vez ao ouvir a menção de uma profecia.
— Que profecia, Apollo?
— Ouvi as palavras do Oráculo recentemente e elas lançaram dúvidas sobre o destino do Olimpo. Na encruzilhada dos mundos divinos, nascerá o filho da guerra e da sombra. Seu coração baterá em sintonia com a dualidade de sua ascendência. Um amor proibido florescerá, desafiando as fronteiras celestiais. Tal união desencadeará uma tempestade que varrerá o Olimpo, testando os limites dos Deuses e titãs. O equilíbrio divino penderá, gerando o caos que desafiará as estruturas do próprio destino divino.
— Meu filho envolvido numa profecia maldita como esta? É impossível que eu não possa ter um dia único de tranquilidade. — Resmungou Perséfone, sua voz ecoando com uma mistura de nervosismo e frustração diante da possibilidade de seu filho ser o catalisador do caos.
— Por que seria filho da guerra e das sombras? — Deméter perguntou, buscando esclarecimentos, mas logo a resposta se revelou em sua mente. — Então esse é o motivo da reunião. Ares e Perséfone tiveram um filho? Agora tudo faz sentido, Céus!
— Então, o filho da guerra e das sombras é seu, Perséfone? — indagou Afrodite, sua voz carregada de desdém e ciúmes após perceber, assim como todos, do caso entre a Deusa das sombras e o Deus da Guerra. — Que sorte a sua.
Hades, o Deus das Sombras e esposo de Perséfone, interveio rapidamente, contendo a ira que começava a brotar em Afrodite.
— Não direcione suas frustrações para Perséfone. Ela não é responsável pela profecia ou pelo destino de . Se há alguém a quem você deve culpar, é Ares. Ele é o pai.
A Deusa da Família interveio, pedindo que todos se recomponham diante da situação.
— Afrodite, Hades está certo. Não podemos culpar Perséfone pela profecia. Precisamos focar nas escolhas que faremos agora para lidar com essa situação.
Enquanto os Deuses tentavam recuperar a compostura, um murmúrio discreto ecoou entre eles, destacando a sorte de Ares.
— Ares é realmente um sujeito de sorte. Imaginem ter as melhores mulheres e ainda um filho que vai desencadear uma tempestade no Olimpo. — comentou um dos Deuses, ironizando a situação.
— Sorte ou não, pelo menos meus filhos têm o poder de causar impacto. Algo que nem todos por aqui podem dizer. — Ares retrucou, lançando um olhar desafiador.
— Para garantir que o amor proibido de não se concretize, precisamos escolher uma noiva para ele com rapidez. Sugiro que ela seja filha de dois dos doze Deuses, garantindo uma linhagem divina e fortalecendo os laços entre nós.
Atena, Deusa da sabedoria, levantou-se com uma sugestão.
— Proponho Demetria, filha de Deméter e Poseidon. Ela possui uma ligação única com a terra e os mares, representando a harmonia entre nossos domínios divinos.
A escolha de Demetria foi respaldada por Hera, que enxergou a união como uma forma de equilibrar a influência da guerra com a fertilidade e a natureza.
Hermes, com sua perspicácia, acrescentou:
— Além disso, a união entre e Demetria pode criar uma aliança sólida, prevenindo qualquer tentativa de desafiar a profecia. O futuro do Olimpo está em jogo.
Athena concordou com Hermes, enfatizando a necessidade de agir rapidamente para evitar que o amor proibido de se concretizasse. Ares, no entanto, questionou a eficácia da decisão, apontando para a contradição em relação à recente regra contra a infidelidade.
— Isso terá o efeito oposto. Se casarmos com alguém que ele não ama, ele se sentirá preso e mais propenso ao amor proibido.
A provocação de Aphrodite, a Deusa do Amor, ecoou pelo salão divino.
Até porque ele tem seus genes propensos à infidelidade.
— Eu sou solteiro, minha linda Deusa.
— Hermes, você tem ouvidos rápidos e sabemos que tem uma resposta. Fale-a. — Sussurrou Hera, um tanto quanto impaciente pela situação sem fim que a reunião começava a desencadear.
— Já ouvi rumores de que nutre desejos por Ariadne, a filha de Dionísio e Athena. Uma união entre os dois poderia ser vantajosa e evitar problemas futuros.
Athena, a Deusa da sabedoria, considerou a sugestão de Hermes com seriedade.
— Ariadne é uma escolha sensata. Se os sentimentos são recíprocos, podemos evitar a insatisfação de e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio entre nossos domínios.
— Diante das circunstâncias e considerando as sugestões apresentadas, decidimos que e Ariadne se casarão em breve. Que essa união seja abençoada pelos Deuses e contribua para a estabilidade do Olimpo.
Capítulo 2
O sol radiante banhava o Olimpo enquanto Ariadne e eram convocados ao trono majestoso de Hera, a Deusa da Família. O salão resplandecia com a luz divina, e os murmúrios dos Deuses se silenciaram quando a majestosa Deusa tomou seu lugar no trono.
— Ariadne, , agradeço por virem até aqui. Não vou ocupar muito do seu tempo, serei breve quanto a razão de os reunir aqui. Como Deusa da Família, vejo com grande importância a união entre os Deuses da nova geração. Por isso, escolhi vocês para formarem um vínculo que fortalecerá os laços divinos do Olimpo.
Ariadne, com os olhos brilhando de entusiasmo, não pôde conter sua felicidade diante da notícia, seus olhos reluziam a perspectiva de se casar com o Deus mais belo e promissor do novo Olimpo, como era amplamente conhecido. , por sua vez, ouviu as palavras atentamente, revelando pouco de sua expressão enquanto processava a informação.
— Deusa Hera, é uma honra ser escolhida para unir-me a e contribuir para a grandeza do Olimpo.
O salão do Olimpo estava envolto em um silêncio tenso enquanto Hera encarava , cujo olhar desafiador ecoava a personalidade de seu pai, Ares.
— E se eu não quiser me casar, Hera? — indagou , carregando consigo a ousadia e a resistência que eram inconfundíveis na linhagem de Ares.
A Deusa da Família, embora tentasse conter seu desagrado diante do desafio direto, respondeu com uma determinação inabalável.
— O Olimpo não é governado por desejos individuais, . Tu és parte de um destino que ultrapassa tua vontade pessoal. Recusar-se a aceitar isso não será tolerado. — O salão divino reverberava com a tensão entre os dois. Hera, uma Deusa conhecida por sua intolerância ao desafio, estava diante de um desafio direto de , cujo prazer em desafiar as convenções divinas era evidente. — Vossos desejos pessoais devem ceder diante do propósito divino que se revela. E, caso optes por desafiar este propósito, as consequências serão tão imortais quanto nós. Ou será que o problema está especificamente com Ariadne? , se a escolha não te agrada, posso considerar outras opções para a tua noiva.
, notando a tristeza nos olhos de Ariadne ao se deparar com sua rejeição, sentiu uma pontada de empatia. A voz de Hera era firme, mas havia uma sutileza de tristeza na sua entonação.
— Não é uma questão de rejeição, Hera. Se Ariadne é a escolhida, então que seja assim.
Ariadne, ao ouvir as palavras de , viu um vislumbre de aceitação em seus olhos. A tristeza que antes refletia em seu rosto começou a se dissipar, substituída por uma expressão de alívio e alegria contida.
Hera, percebendo a cedência de , sorriu satisfeita e vitoriosa.
— Que a celebração deste casamento seja tão grandiosa quanto a união entre nossos domínios divinos. Que o Olimpo continue a prosperar com as decisões que tomamos em nome de nossa divindade.
À medida que saíam do grandioso salão, , com passos rápidos e decididos, avançou na frente, deixando Ariadne para trás. Contudo, a determinação dela não tardou a alcançá-lo.
— ! — chamou ela, alcançando-o com um sorriso iluminando seu rosto.
O jovem Deus da guerra, embora pudesse ser explosivo, não era impiedoso sempre. Havia uma centelha de suavidade em seu coração, uma herança de sua mãe, Perséfone.
Ariadne, aliviada pela aceitação de , expressou sua gratidão com satisfação.
— Agradeço por não me rejeitar. Estou verdadeiramente feliz com nossa união.
Ele olhou para ela, e apesar de sua natureza tempestuosa, havia um traço de compreensão em seus olhos. Ariadna não era a mulher com quem ele queria casar porque, na verdade, não havia nenhuma vontade de casamento em seu peito. Admirava o estilo solto e livre de Ares e sempre foi isso o que quis para sua vida, no entanto, se era necessário um matrimônio, queria que fosse com a filha de Atena. imaginava que, se fosse capaz de se apaixonar por alguém, provavelmente seria a filha de Dionísio.
— Não vejo motivo para rejeição. Se é isso que Hera quer, que seja feito.
— Talvez nós dois possamos começar a planejar a festa do casamento juntos? Será uma celebração magnífica!
No entanto, , ao invés de concordar, transferiu a responsabilidade para os ombros de Ariadne e de sua mãe, com uma pitada de sarcasmo em sua voz.
— Acho que você e sua mãe, com a supervisão de Hera, farão um trabalho muito melhor na organização dessa festa. Deixe-me saber se precisarem de algo. — se afastou com sua aura imponente, deixando claro que, apesar de seu coração carregar traços de Perséfone, ele preferia manter uma certa distância quando se tratava de lidar com qualquer sentimento ou emoção.
O Submundo estava imerso em uma penumbra eterna, onde sombras dançavam de forma sinistra ao redor do trono de Hades. O Deus da morte, com sua figura imponente e expressão imperturbável, observava o filho de sua esposa, enquanto Perséfone, a rainha do Submundo, emanava uma beleza melancólica ao seu lado.
, ao entrar na atmosfera gélida do reino sombrio, sentiu o peso da escuridão envolvê-lo. O chão era formado por sombras densas, e as almas inquietas vagavam silenciosamente nas proximidades, como espectros de um passado esquecido.
— E então, o que Hera queria? — questionou Hades, com sua voz ecoando como o sussurro dos mortos.
— Vou me casar. — A afirmação de cortou o silêncio, reverberando entre as sombras.
Hades e Perséfone trocaram olhares, compartilhando o entendimento silencioso de quem já sabia sobre as novidades.
— Já sabíamos disso, filho. — Perséfone respondeu com uma calma que contrastava com a natureza sombria do reino.
A reação tranquila de seus pais irritou ainda mais , cuja fúria era como uma chama prestes a se incendiar.
— Então, toda essa encenação no Olimpo foi apenas para me irritar e brincar com o meu destino? — A revelação irritou ainda mais , cuja natureza explosiva não era facilmente contida. A raiva em sua voz era palpável.
— Saber disso antecipadamente não significa brincar com o seu destino, . Olimpo é um lugar de intrigas e complexidades. — Perséfone, com sua voz serena, tentava acalmar o furor do Deus da guerra.
Mesmo com a tentativa de Perséfone de acalmar as emoções do filho, ele ainda mantinha a expressão tempestuosa.
— Quando será o casamento, então? — perguntou, buscando mais detalhes sobre o desenrolar dos eventos.
Perséfone, com um olhar tranquilo, respondeu:
— Em uma semana ou duas. Há razões urgentes no Olimpo que aceleram os preparativos, mas antes faremos o anúncio, é claro.
A resposta não agradou , que expressou sua indignação:
— Uma semana ou duas? — indagou, manifestando sua irritação. Era um prazo extremamente curto para aproveitar o fato de estar solteiro.
Perséfone, com calma, retrucou.
— Somos Deuses, temos poderes. Quanto tempo acha que leva para organizarmos uma festa grandiosa? O Olimpo é capaz de criar esplendores em um instante.
O Deus da guerra bufou, reconhecendo a verdade nas palavras de sua mãe. A vida divina tinha suas próprias regras, e o tempo dos Deuses não seguia a mesma cadência dos mortais. Enquanto as sombras do Submundo testemunhavam a tensão entre mãe e filho, o Olimpo se preparava para um evento que prometia ser grandioso, ainda que o principal envolvido estivesse longe de aceitar totalmente seu destino matrimonial.
Um dia se passou desde o conhecimento do noivado de e Ariadne, e o Olimpo estava envolto em uma atmosfera vibrante. O palácio divino estava decorado com requinte, cada detalhe refletindo a grandiosidade que os Deuses mereciam. A festa estava pronta, e os Deuses reunidos aguardavam o anúncio oficial do casal mais jovem do panteão.
O grande salão do Olimpo estava repleto de divindades, cada uma trajada com esplendor divino, irradiando sua presença única. A expectativa pairava no ar, enquanto as festividades demoravam a começar, aguardando o momento ideal.
Zeus, o senhor dos Deuses, e Hera, a rainha do Olimpo, ocupavam seus tronos, aguardando o sinal para começar a cerimônia.
— Deuses e Deusas do Olimpo, hoje nos reunimos para celebrar o noivado de , o filho de Ares, e Ariadne, a filha de Dionísio. Que essa união traga prosperidade aos nossos reinos divinos. — Finalmente, a voz majestosa de Zeus ecoou pelo salão.
A festa, no entanto, parecia demorar a engrenar. , em meio à multidão, sentia-se desconfortável com o esplendor que o cercava. A vestimenta imponente que usava, em conformidade com a ocasião, parecia aprisioná-lo. Ele olhava ao redor, buscando algum sinal de alívio, mas tudo que via eram rostos festivos e expectantes. Até mesmo Ares parecia estar feliz com o matrimônio, embora sua expressão fosse de alguém entediado.
Hera, notando a inquietação de , decidiu dirigir-lhe algumas palavras.
— Este é um momento de alegria, . Aceite as congratulações dos Deuses e desfrute da festividade. - As palavras de Hera, embora pronunciadas com gentileza, não dissiparam o desconforto de .
mal conseguia ouvir as palavras dos Deuses. Seu traje dourado e adornado, embora magnífico, parecia aprisionar a essência indomável do Deus da guerra. Ele se sentia preso, perdido e infeliz. Já não bastasse a própria dualidade de sentimentos, as descobertas recentes da sua paternidade e sua origem agressiva, ainda teria que lidar com um casamento que não pediu. Isso era o suficiente para invocar no Deus uma ira crescente.
— e Ariadne, que vossa união seja uma aliança duradoura, enraizada na harmonia divina. Que a vida que compartilharão seja repleta de prosperidade, alegria...
O discurso de Hera foi abruptamente interrompido por uma onda de poder desconhecido que envolveu o grande salão do Olimpo. Os Deuses, inicialmente surpresos, ergueram-se de seus assentos, prontos para a batalha, suas essências divinas vibrando em alerta. O ar estava impregnado de eletricidade, e olhares nervosos cruzavam o espaço.
Uma áurea acinzentada começou a se formar no meio do grande salão, pulsando com a intensidade de um poder desconhecido. O ar ficou carregado de eletricidade, e as deidades do Olimpo observavam, surpresas e cautelosas.
As portas maciças do Olimpo, feitas para resistir até mesmo aos embates divinos, tremeram sob a influência da figura feminina que surgiu. Rachaduras começaram a se formar em sua superfície, e então, com um estrondo ensurdecedor, as portas cederam. Fragmentos dourados voaram pelos ares, e a Deusa entrou no salão principal flutuando sobre sua áurea acinzentada e crescente.
Seus olhos brilhavam com a intensidade de um relâmpago, e sua presença, agora envolta em uma aura tempestuosa, parecia desafiar não apenas as leis do Olimpo, mas a própria natureza divina. Seus cabelos dourados dançavam em torno dela, como chamas acinzentadas, enquanto ela pairava sobre o chão do salão. Seus olhos, normalmente doces, estavam encharcados de lágrimas, seus cabelos dourados pareciam vibrar com a intensidade de suas emoções e a pele alva contrastava com a fúria que a consumia.
— Onde estou? — ela rugiu, sua voz ecoando pelas paredes do Olimpo, misturando-se à eletricidade que carregava o ar. Seus olhos escaneavam o salão, encarando os Deuses e Deusas como se fossem intrusos em sua realidade.
— Calma, provavelmente você entrou aqui por engano, nós podemos ajudá-la. — Murmurou Afrodite, sem sair do estado de alerta na qual havia se colocado assim que a intrusa invadiu o salão. — Qual o seu nome, menina?
— Ajuda? Eu não pedi ajuda! Eu exijo respostas! — Seu rugido ecoou como trovões, agitando os fundamentos do Olimpo. O salão divino estremeceu diante da intensidade de sua ira, e os pilares que sustentavam a grandiosidade celestial pareciam tremer sob a influência dessa Deusa desafiadora. O riso dela, misturado com lágrimas e ira, reverberava pelo espaço divino, como uma sinfonia caótica de emoções em tumulto.
Os Deuses, mesmo os mais poderosos, trocavam olhares incertos, seus semblantes divinos atraíam uma sutil inquietação. Hera, ainda no trono, se erguia com a dignidade de uma rainha, mas sua expressão carregava um vestígio de admiração diante da força indomável diante dela.
— O que fizeram comigo? — ela questionou, agarrando-se à única certeza que sua mente tumultuada conseguia formar: aqueles seres à sua frente eram responsáveis pelo seu estado atual e por tudo que havia acontecido com ela até ali. — Por que me trouxeram para este lugar maldito? Eu não pedi por isso! Me leve de volta, agora. Ou derrubarei esse lugar. — Sua declaração, carregada de determinação e ameaça, cortou o ar como uma lâmina afiada. A áurea luminosa ao seu redor parecia pulsar em concordância com sua intensidade emocional.
Os Deuses, em meio ao brilho iridescente do Olimpo, trocavam olhares carregados de incerteza e preocupação diante dessa Deusa desafiadora. Era claro para eles que, assim como todos os Deuses reunidos naquela sala, ela desconhecia sua própria divindade.
Enquanto os Deuses debatiam silenciosamente, com olhares, sobre como lidar com a presença tumultuosa da desconhecida, se via irresistivelmente atraído por ela. Sua áurea acinzentada, embora emanasse ira e confusão, também possuía uma beleza divina que capturava a atenção de todos, especialmente a de .
Seus olhos, normalmente arrebatadores, estavam fixos nela, completamente hipnotizados. Ele admirava não apenas a estonteante beleza física, mas também a força implacável que ela exibia. A Deusa desafiadora não era apenas uma visão celestial, mas um desafio vivo para todos os Deuses presentes, incluindo ele próprio. Foi assim que, em meio à tensão do salão, seus olhares se cruzaram. Foi como se o tempo congelasse por um breve instante, enquanto os olhos de encontraram os dela.
No momento em que os olhos da mulher encontraram os de , algo extraordinário aconteceu. Uma onda de energia se propagou pelo salão, como se a intensidade do olhar compartilhado tivesse desencadeado uma reação inesperada. A áurea luminosa que a envolvia, antes pulsante e imponente, começou a oscilar de maneira descontrolada.
Ela, então, perdeu o controle sobre seu dom divino. Como uma queda repentina de uma estrela cadente, ela desabou sobre o salão, sua força esvaindo-se rapidamente. A energia que a envolvia agora parecia mais uma suave luminosidade, indicando a perda temporária de sua imensa força.
, ágil como um raio e com uma força incomum, correu em direção a ela. Seus braços fortes envolveram delicadamente o corpo da Deusa caída, sustentando-a com cuidado.
— Você está bem? — perguntou , sua voz carregada de preocupação. Seus olhos, antes cheios de fascínio, agora refletiam uma inquietação genuína diante da súbita transformação da Deusa. — Não parece muito grata por ter sido salva de uma queda dramática. — brincou, seu sorriso mantendo uma leveza que disfarçava o fascínio que sentia por ela.
— Salva? Eu não preciso da ajuda de ninguém. Não sei como vim parar aqui, mas posso muito bem cuidar de mim mesma. — Enquanto ele a segurava, a Deusa recuperava lentamente sua postura, embora ainda parecesse frágil após a perda momentânea de seu poder. — Me solte! — Ela pediu, mas não conseguia sentir a mesma ira com aqueles braços a envolvendo tão forte e calorosamente. — Agora.
— Estou curioso para saber o que vai fazer para me punir sem seus poderes divinos. — A provocação em sua voz era evidente, e ele segurou-a mais perto por mais um instante antes de finalmente liberá-la, permitindo que ela se colocasse novamente de pé.
— Você acha isso divertido? — ela questionou, tentando manter a firmeza em suas palavras, embora sua expressão denunciasse certo desconforto.
— Oh, bastante. Não é todo dia que vejo uma Deusa tão feroz ser domada por um simples abraço.
— Eu não sou nenhuma Deusa. — Ela, ainda desconfiada e sem compreender completamente sua própria natureza divina, respondeu com uma pitada de sarcasmo.
— Acredite em mim, você é. A propósito, você não me disse seu nome. E eu gostaria muito de saber.
Ela hesitou por um instante, como se a pergunta tivesse a surpreendido. O silêncio pairou entre eles por um momento antes que ela finalmente respondesse, mantendo um tom desafiador.
— Por que você quer saber?
— Talvez porque seja educado se apresentar. E também porque, para alguém tão independente, você parece estar causando um certo impacto por aqui. — disse, com um tom sugestivo.
— Educação é algo que definitivamente não se aplica aqui. — Ela respondeu com um sorriso irônico, desviando o olhar do Deus por alguns segundos antes de retornar a encará-lo, se perdendo na beleza do jovem.
— Ah, eu gosto de desafios. A falta de educação tem seu charme. — retrucou com uma expressão maliciosa.
Ela não pôde deixar de sorrir diante da resposta ousada de .
— Charme? Ou você apenas gosta de fazer as coisas do seu jeito? — Ela questionou, rindo com certo desdém, mas havia timidez em sua voz. Ela nunca havia se sentido despida da forma que sentia quando ele a olhava.
— Um pouco dos dois, talvez. Mas o que importa é que estou achando essa festa muito mais interessante desde a sua chegada. — A resposta de carregava uma sinceridade que nem mesmo ele esperava.
O silêncio tenso pairou sobre o salão do Olimpo, interrompido apenas pelo som sutil das vestes divinas roçando no chão de mármore. Hera, com uma expressão traiçoeira, avançava em direção à Deusa desconhecida, disposta a lançar sua ira sobre ela. Os outros Deuses permaneciam inertes, observando a cena com uma mistura de curiosidade e expectativa.
Entretanto, antes que a investida de Hera pudesse se concretizar, , como um raio, se colocou entre a Deusa misteriosa e a Rainha dos Deuses. Seus olhos, agora tingidos de vermelho, emitiam uma aura sombria, revelando a manifestação do poder do Deus da Guerra.
— Ninguém toca nela. — A voz de ressoou no salão, carregada de uma autoridade que surpreendeu até mesmo os três Deuses mais poderosos. Um estranho vento cortante começou a girar ao seu redor, e o céu antes branco do Olimpo tornou-se cinza, refletindo a ira que se desencadeava.
A própria lança de Ares, como se respondesse ao chamado do filho do Deus da Guerra, materializou-se em suas mãos. O jovem Deus então apontou a lança em direção a Hera.
— Afaste-se. — A ordem de reverberou no salão, ecoando como um trovão, e Hera, mesmo sendo a Rainha dos Deuses, recuou diante da intensidade daquela manifestação. — Parece que, no fim, você realmente precisa de um defensor aqui no Olimpo. — sorriu, um sorriso carregado de ousadia e malícia. — Sorte a sua que eu estava por perto. — A ira do filho de Ares ainda estava presente por todo o salão, mas havia um encantamento com a nova Deusa, algo que ele não sabia explicar completamente. Mesmo com o clima tenso, ele ainda dedicava parte do seu tempo e humor a mulher que foi uma intrusa nos céus.
A Deusa, ainda processando a reviravolta dos eventos, respondeu com uma expressão mista de desconfiança, medo e curiosidade.
— Eu não pedi por ajuda. — Ela retrucou, tentando manter sua postura independente.
— Talvez não, mas você certamente precisava. — provocou, inclinando a cabeça de lado. — Agora, talvez seja hora de você me agradecer.
— Meu nome é .
— Bem vinda, Deusa.
Capítulo 3
No silêncio tenso que pairava pelo Olimpo, tinha seus olhos fixos na figura de . A intensidade da situação foi quebrada quando Hera, afastando-se, permitiu que o jovem Deus tomasse a dianteira.
— Acho que é melhor deixarmos o Olimpo por agora. — sugeriu, mantendo o seu tom mais sereno, enquanto o encarava com desconfiança.
— Não tenho intenção de ficar por aqui de qualquer maneira. — A resposta era ríspida e ela se manteve alerta, pronta para qualquer eventualidade.
Com um movimento ágil, se aproximou, erguendo em seus braços com uma facilidade surpreendente. Ela protestou inicialmente, resistindo à ideia de ser carregada por alguém que acabara de conhecer.
— Não me toque! — rosnou, mas o Deus, com uma expressão impassível, ignorou suas reclamações.
— Se quiser chegar ao Submundo inteira, é melhor aceitar a carona. — Ele explicou, olhando-a nos olhos.
hesitou por um momento, encarando aquele que a salvara da queda e da fúria de Hera. Ela ponderou suas opções, e a realidade inevitável de sua situação começou a pesar sobre ela.
— E se eu não quiser ir? — Ela questionou, testando a determinação do jovem.
— Você pode tentar ficar aqui, mas não garanto que será uma estadia tranquila. — Ele respondeu, um sorriso irônico brincando em seus lábios.
suspirou, resignando-se à situação peculiar em que se encontrava.
— Então, seja rápido. — A mulher murmurou, agarrando-se nos braços dele e envolvendo as mãos pelo pescoço do moreno assim que as mãos dele foram firmes até o seu quadril.
Em apenas alguns minutos o submundo se desdobrava diante deles, revelando um reino de sombra e escuridão. Enquanto se movia pelos domínios sombrios do Submundo, não podia deixar de admirar a figura que a guiava. Seus olhos de obsidiana, profundos e misteriosos, capturavam a luz de maneira única, refletindo a intensidade de suas emoções. A pele pálida contrastava com a escuridão de seus cabelos, que caíam de maneira despretensiosa sobre o rosto dele.
A jovem não pôde deixar de notar a graciosidade sobrenatural que emanava dele. Seu corpo esculpido pelos Deuses, rítmico em cada movimento, possuía uma beleza que transcendia a mera estética. Ela contemplava o modo como as sombras dançavam ao redor dele, como se reconhecessem um aliado poderoso.
Seus olhos percorreram a figura de , absorvendo cada detalhe como se estivesse diante de uma obra-prima. Ele era diferente de tudo que já havia presenciado, e a intensidade de sua presença deixava-a intrigada e, surpreendentemente, atraída.
guiou pelos corredores sombrios e misteriosos do Submundo. O ambiente, permeado por sombras densas e uma atmosfera carregada, contrastava fortemente com a luz e a vivacidade do Olimpo. , embora confiante, não pôde deixar de sentir um arrepio percorrer sua espinha diante da escuridão imponente do lugar.
Ao alcançarem uma câmara mais ampla e menos sombria, decidiu parar. Ele percebeu a tensão nos olhos de e, com um gesto suave, a conduziu para um local específico. Uma área onde as sombras pareciam se acalmar, como se reconhecessem a presença do Deus da Guerra.
— Por que você fez isso? — perguntou, finalmente deixando transparecer um traço de vulnerabilidade. — Por que me salvou?
— Talvez eu tenha uma fraqueza para damas em apuros. — respondeu com um tom leve, mas seus olhos revelavam um brilho de sinceridade. — Ou talvez eu só esteja cansado das confusões constantes no Olimpo e encontrei algo interessante para mudar um pouco as coisas.
o fitou com um misto de curiosidade e desconfiança. Ela não estava acostumada a receber ajuda ou ser alvo de gestos altruístas. Sua natureza sempre a levava a confiar apenas em suas próprias habilidades e em si mesma.
— Eu não pedi para ser salva. — retrucou, cruzando os braços de maneira teimosa e orgulhosa, mas havia um toque de gratidão em seu olhar.
sempre precisamos pedir ajuda, não é? Às vezes, ela simplesmente aparece quando menos esperamos. — observou-a por um momento, e um breve sorriso surgiu em seus lábios. — Agora... o que você estava fazendo no Olimpo?
suspirou, uma expressão de frustração marcando seu rosto.
— Eu estava em casa com a minha mãe. Era tudo o que eu conhecia. Mas algo começou a mudar. Eu comecei a ver coisas que os outros não viam, sentir presenças que não eram tangíveis. Essas coisas em mim se tornaram mais fortes, incontroláveis. — começou, sua voz revelando a angústia que carregava. Ela fez uma pausa, como se estivesse revisitando as memórias que a assombravam. — Eu perdi o controle, acabei causando algo terrível. Quando abri os olhos, não estava mais na Terra. Eu estava aqui, no Olimpo. — Ela continuou, os olhos refletindo o peso das lembranças. percebeu pelo lacrimejar dos olhos dela que a história era maior, mas não quis pressioná-la. — Eu acho que, de alguma forma, enlouqueci. Mas não sei ao certo. Nada faz sentido desde então. — Ela murmurou, como se estivesse tentando entender a própria história.
— Poder descontrolado? Parece que temos algo em comum. — riu, referindo-se à sua própria propensão para a impulsividade e ação desmedida. — Entendo um pouco sobre poderes descontrolados. — Ele murmurou, mantendo um sorriso no rosto.
— E quanto a você? O que você é?
— Eu sou um Deus. — Ele sussurra, mantendo um tom leve.
, por sua vez, olha para ele com uma mistura de surpresa e curiosidade.
— Um Deus? De quê?
ri suavemente, apreciando o fascínio nos olhos dela.
— Isso é uma boa pergunta. Eu não sei, ainda estou descobrindo meus poderes. Sombras e guerra, talvez, mas não tenho certeza. Parece que cada Deus aqui tem seu próprio domínio. — Ele comenta, observando a expressão intrigada dela.
— Você sabe o que eu sou? — Ela pergunta, confusa e um tanto quanto envergonhada. Ela estava em um lugar desconhecido com alguém que acabara de conhecer e sequer fazia ideia do que tinha acontecido com ela própria.
— Não. — Respondeu ele, de forma sincera. — Você pode ser uma semideusa ou uma Deusa, seus poderes são muito fortes, mas não consigo identificar de quem você é filha. Acho que Zeus é quem vai poder identificar isso.
absorve a informação, ainda tentando processar a ideia de estar em um lugar governado por Deuses. Ainda que confusa, ela percebe que está sendo genuíno em suas explicações. O desconhecido, entretanto, continua a cercá-la, e a incerteza sobre sua própria identidade persiste.
— Parece que estou vivendo em uma lenda grega afinal... — murmura para si mesma, com um tom de incredulidade.
— Mas, olha, não é tão ruim quanto parece. Deixe-me te mostrar algo. — sugere, guiando por um caminho mais tranquilo do Submundo, afastando-se da entrada sombria.
Ao chegarem a um local mais sereno, ela vislumbra a beleza peculiar do Submundo, uma combinação única de sombras e luzes suaves que revelam paisagens surpreendentemente tranquilas.
— Então, Zeus é quem tem respostas sobre mim?
— Sim, ele costuma saber das coisas. — responde, lançando um olhar contemplativo para a paisagem. — Mas antes de irmos até lá, preciso te pedir algo. Não saia por aí causando tumulto, especialmente perto de Hera. Ela é a esposa de Zeus e, bem, não é a nossa maior fã do momento.
A jovem assente, compreendendo a importância de manter uma postura mais cautelosa. Ainda assim, ela não consegue evitar questionar:
— Obrigada. — Apesar de ser a única palavra que ela diz, não é necessário que diga-se mais nada. entende o agradecimento dela.
, olhando para o horizonte sombrio do Submundo, revela um sorriso misterioso.
— Não é todo dia que se tem uma Deusa literalmente caindo do céu.
— Pare de me chamar de Deusa, é desconfortável. — Ela resmunga, nada acostumado com sua própria divindade oculta.
— Do que devo te chamar então?
— Eu já lhe disse o meu nome.
Ele ri, concordando com a cabeça. Não queria deixá-la desconfortável.
— Me chamo , afinal.
— É um belo nome para um Deus, aliás, você parece mais humano do que eu esperava de um Deus.
— Todos parecemos. É a nossa forma de se misturar, somos uma espécie de humanos só que mais arrogantes, mais fortes e com mais poderes.
ouve atentamente a explicação de sobre sua natureza divina e a dinâmica dos Deuses. Ela franze a testa, ainda tentando assimilar a nova realidade em que se encontra.
— Parece ser algo destruidor. — comenta, expressando sua preocupação diante da revelação.
— E é. — responde de forma direta, sem rodeios. Ele percebe a inquietação nos olhos de e decide adicionar um toque de sinceridade à conversa. — Somos poderosos, mas também complicados. Às vezes, a linha entre a divindade e a humanidade se perde.
O silêncio paira por um momento antes que retome a conversa, agora curiosa sobre a situação que presenciou no Olimpo.
— O que estava acontecendo quando eu cheguei? — ela pergunta, buscando entender os eventos tumultuados.
— Ah, aquilo? Era só minha festa de noivado. — responde com um tom despreocupado, como se festas de noivado tumultuadas fossem algo completamente normal para ele.
arqueia uma sobrancelha, surpresa com a casualidade com que trata a situação. O desconcerto dela é evidente, enquanto tenta processar a informação.
— Noivado? Você estava se preparando para casar quando eu... interrompi tudo? — A mulher pergunta, tentando compreender a situação.
, por sua vez, ri, como se a ideia do noivado fosse algo trivial, apesar da grandiosidade que o termo sugere.
— Sim, eu estava. Obrigada por interromper tudo, aliás. Parece estranho, eu sei. Mas, mesmo os Deuses têm suas complicações amorosas. Fui prometido a uma Deusa chamada Ariadne. Nada romântico, apenas negócios familiares.
arqueia uma sobrancelha, absorvendo as informações.
— Negócios familiares? Isso parece bem... divino.
— Bem-vinda ao mundo dos Deuses, onde até mesmo os sentimentos são regidos por acordos e conveniências. — comenta com um tom de desdém leve.
— E o que você ganha com isso? Casando-se por conveniência, digo. — questiona, olhando diretamente nos olhos de .
Ele sorri, uma expressão que mistura ironia e sinceridade.
— Poder, influência, alianças. Tudo se trata disso no fim das contas.
— E você não quer se casar por amor? Com alguém que você escolha e que te escolha também.
— Acredite, Ariadne me escolheu. — Ele murmura, de maneira convencida, mas há tristeza em sua voz. — Eu não sei se consigo sentir amor. Sou filho da guerra, afinal. Não é fácil para um Deus como eu encontrar espaço para algo tão… Humano quanto o amor.
— Você é mais do que apenas o filho da guerra, . — comenta, seu olhar parecia penetrar nas camadas mais profundas da essência divina dele e algo, mesmo que nenhum dos dois soubessem o que era, parecia fervilhar quando se olhavam. — Quer dizer, ser filho da guerra não significa ser incapaz de sentir amor. Pode ser difícil, mas não é impossível. Você salvou uma pessoa desconhecida, escolhendo destruir sua festa de casamento para isso, como alguém com esse coração não poderia sentir amor?
Os olhares entre os jovens continuam a trocar palavras não ditas, criando uma conexão inexplicável que transcende as fronteiras divinas. As palavras de parecem penetrar nas defesas emocionais de , tocando em algo mais profundo dentro dele. Ele, por um momento, se vê refletido nas palavras dela. Há uma pausa enquanto ele processa o que foi dito, e uma sombra de vulnerabilidade passa por seus olhos antes que ele desvie o olhar.
Hades, com sua expressão sombria e autoritária, irrompe no ambiente, enquanto Perséfone o acompanha, compartilhando a mesma indignação.
— ! Onde você está? — brada Hades, sua voz ressoando pelas câmaras do Submundo.
O medo instiga tremores em , mas , percebendo sua inquietação, aproxima-se dela com uma delicadeza surpreendente. Seu toque, embora firme, emana uma aura reconfortante.
— Não se preocupe, é só meu segundo pai. Ele não vai fazer nada com você. — sussurra, tentando dissipar o medo que assola a menina de cabelos acinzentados e beleza sobrenatural.
Perséfone, ao notar a presença de , lança um olhar curioso e avaliativo sobre ela.
— O que você pensava, atacando Hera daquela maneira? — questiona Hades, seu olhar furioso fixo em . — Deixar a sua noiva, filha de Deuses, plantada como uma mera lembrança? Que tipo de atitude é essa?
Perséfone, sentindo a necessidade de acalmar seu furioso marido, estende sua mão sobre o braço de Hades e o toca suavemente. Com um gesto sereno, ela caminha até e , curiosa sobre a presença da misteriosa Deusa.
— Quem é você, criatura? — indaga , surpresa pela abordagem direta. Contudo, antes que ela tenha a chance de responder, intercede, assumindo a palavra.
— Ela não sabe, está confusa. Descobriu os poderes há minutos atrás.
— , você precisa ir até o Olimpo e se desculpar. Os Deuses estão furiosos, e isso precisa ser resolvido.
— Não vou deixá-la sozinha e sem proteção. — Responde , sua postura desafiadora evidente. O Deus da guerra estava disposto a desafiar as normas e proteger a recém-chegada, mesmo que isso implicasse confrontar os outros Deuses no Olimpo.
— Eu cuidarei dela aqui, mas você sabe que ela não pode permanecer no Submundo por muito tempo. — Perséfone comenta, seu olhar indicando a compreensão da situação delicada.
, ainda relutante em se separar de , concorda, mas com uma determinação clara em seus olhos.
— Eu sei.
deixa o Submundo, atravessando as sombras que o envolvem. Sua figura imponente parece absorver a escuridão ao seu redor enquanto ele se move com uma elegância feroz. Seu passo é firme, e cada movimento reflete a confiança inabalável do filho da guerra.
— Como você ousa trazer tumulto ao Olimpo, filho da guerra? — Hera vociferou, sua voz ecoando pelo salão divino.
— Suas ações têm consequências, . Atacar Hera e ofender outros Deuses não será ignorado. — Zeus, com uma expressão severa, complementou.
— Eu fiz o que era necessário para proteger alguém que estava em perigo. Se minhas ações causaram desconforto, lamento, mas não me arrependo.
— Em respeito aos seus pais, , você tem a minha palavra de que não vou retribuir com morte a sua ousadia. No entanto, a intrusa que ousou perturbar nossos domínios divinos não terá a mesma piedade. As ofensas são graves e a transgressora deve enfrentar as consequências.
— está sob minha proteção, e qualquer afronta a ela será uma afronta a mim.
O olhar de Hera, repleto de soberania, cruza-se com o desafio nos olhos de .
— , lembre-se do seu lugar. Você pode ser o filho da guerra, mas nós somos os reis do Olimpo. Suas ameaças não mudarão o equilíbrio de poder aqui.
— é meu filho, ninguém tocará nele sem enfrentar a minha fúria.
— Oh, agora está disposto a agir corretamente, respeitando os laços familiares? Que surpreendente, Ares. — Hera indaga, com um sorriso irônico. Ares, por sua vez, responde com um encolher de ombros. — Não tocarei neles, mas deverá se mudar imediatamente ao Olimpo e casar-se com Ariadne. É a minha única oferta.
— Aceito que ele vá para o Olimpo, mas o casamento não pode ser apressado. Precisamos garantir que seja uma escolha que ambos possam aceitar.
Hera, irritada com a concessão de Ares, mas ciente de que a situação exige alguma flexibilidade, concorda, ainda desconfiada,
— Está bem, Ares. Não acho que teremos uma solução melhor por enquanto. , venha para o Olimpo, discutiremos os detalhes posteriormente.
— Se eu vou para o Olimpo, então também vem. Não vou deixá-la sozinha, e não aceitarei a proposta se ela não for incluída.
— Se insiste em trazer essa... Convidada, então que ela se apresente diante de todos nós. Se sua presença for aceitável, se ela for digna, pode até mesmo considerar casar-se com um dos Deuses. Proponho que consideremos Apollo como um potencial parceiro. Caso a escolha seja aceitável para ele, poderemos considerar esse casamento como parte da integração dela em nosso domínio.
, que já está desconfortável com a situação, fica ainda mais irritado com a sugestão de casamento com Apollo, embora não compreenda completamente o motivo de sua reação visceral a essa ideia.
— Muito bem, se é assim que desejam proceder. Tragam essa Deusa para apresentação, e veremos como ela se comporta diante de nós. Quanto ao casamento com Apollo, deixemos que ele decida. — É a vez de Zeus decidir, batendo o martelo final do que seria o destino da nova e tão poderosa residente do Olimpo. Por mais que os Deuses não gostassem dela ou a tratassem com desconfiança, os poderes de tinha impressionado a todos, apenas alguns minutos de demonstração de toda a sua habilidade fora capaz para destruir a porta do Olimpo e ninguém queria levá-la ao limite antes de conhecer suas intenções.
— precisa ter a escolha. — fala com firmeza, incomodado e insatisfeito com a sugestão de Hera.
— Então pergunte a ela, filho da guerra. Pergunte-a se ela quer morrer ou casar.
Capítulo 4
O Olimpo estava impregnado de uma atmosfera densa e carregada enquanto se dirigia de volta ao Submundo para encontrar . As palavras de Hera ecoavam em sua mente, e a responsabilidade pesava sobre seus ombros.
Ao chegar ao Submundo, o jovem de aparência sombria e forte a encontra em um recanto tranquilo, observando as sombras dançarem ao seu redor. Seu olhar se volta para ele quando ele se aproxima, e a tensão é visível em seus olhos. A jovem conseguia perceber que havia algo errado, mesmo tendo pouco menos de dois dias que conhecia o jovem Deus.
— Precisamos conversar. — começa, tentando escolher as palavras com cuidado.
, ainda confusa e perdida em meio à sua própria existência divina recém-descoberta, o observa atentamente.
— O que está acontecendo? Por que todos parecem tão preocupados e irritados?
respira fundo antes de explicar a proposta de Hera e a sugestão de casamento com Apollo. ouve atentamente, absorvendo as informações, e seu semblante se torna sério à medida que compreende a gravidade da situação.
— Então, eles querem que eu escolha entre casar com um Deus ou... Morrer? — Ela pergunta, seus olhos refletindo uma mistura de incredulidade e desespero. — Não me parece uma escolha muito justa. Eu não tenho voz? Aqui eles não ouvem as mulheres ou o quê?
— Claro que tem. Eu... Eu quero garantir que tenha a escolha. Não quero que seja forçada a algo que não deseje. Hera sugeriu Apollo como um possível pretendente.
franze o cenho, processando as informações. Ela parece incerta sobre como reagir diante dessa proposta absurda e arbitrária.
— E qual é a sua opinião, ? O que você acha que devo fazer?
O filho da guerra olha nos olhos dela, sentindo uma conexão inexplicável. Ele quer protegê-la, mas também respeitar suas escolhas, seus próprios limites. Ele nem mesmo sabe de onde vem a vontade que sente em apoiá-la, mas desde que ela chegou tudo parece ser sobre ela no velho Olimpo.
— A decisão é sua. Se quiser enfrentar os Deuses e lutar por sua liberdade, eu estarei ao seu lado. Se escolher casar com Apollo, também respeitarei. Mas eu quero que tenha a escolha. Seja qual for, não permitirei que te forcem a algo que não queira.
— Para alguém que afirma não gostar de bancar o herói, está bem heróico agora. — comenta, um leve sorriso brincando em seus lábios.
dá de ombros, um sorriso irônico dançando em seus próprios lábios.
— Não se convença muito, Deusa. Eu sei como é não ter escolha na própria vida e não desejo isso para ninguém.
A conversa é interrompida quando um servo do Submundo aparece para informar que Perséfone os espera no salão principal. e trocam olhares significativos, cientes de que o momento decisivo se aproxima.
— Bem, e se nós... Nos casássemos?
A proposta pega de surpresa, e por um momento ele não consegue conter uma expressão de choque. No entanto, um sorriso malicioso dança em seus lábios quando ele percebe a audácia da proposta dela.
— Casar? Você está falando sério? Você realmente sabe como surpreender um Deus. — Ele questiona, sua voz, uma mistura de incredulidade e diversão.
Ela dá um tapa leve no ombro dele em uma mistura de brincadeira e seriedade.
— Claro que estou falando sério. Entre casar com dois homens que não quero, prefiro aquele que pelo menos me tratou bem. Além disso, você parece ser mais aturável do que um Deus com ares de divindade suprema. — Ela responde, com um toque de provocação.
O jovem não pode deixar de rir diante da ousadia dela. Ele se lembra de repente de sua noiva, a filha de Athena, e uma sombra de hesitação passa por seus olhos.
— Você lembra que o noivado que destruiu era o meu, certo?
encolhe os ombros, um sorriso travesso brincando em seus lábios.
— Até onde sei, você não casou. E quem disse que temos que nos casar de verdade? Podemos apenas fingir até resolvermos nossos problemas. Quero dizer, eu não posso terminar meu casamento apenas para casar com outro, Hera é a tal rainha do casamento, não é? Além disso, isso vai ser apenas até eu conseguir voltar para a casa. — franze o cenho, ponderando sobre as palavras dela. A proposta parece tentadora, mas ele não consegue evitar um lampejo de preocupação.
— E eu, o que ganho em troca? — Ele perguntou, sua voz carregada de um leve tom de desafio. pôde sentir os arrepios passando pela pele dele quando sua resposta veio, carregada de uma malícia inesperada.
A jovem manteve o sorriso, consciente do efeito que suas palavras estavam tendo sobre ele.
— Você não quer se casar com a tal sua noiva. Também parece ter uma relação complicada com os seus pais. Vai ter tempo para se adaptar a isso e, quando eu voltar, poderá ficar com a mulher que bem quiser. E estará livre de um casamento indesejado, caso não tenha ficado claro o suficiente antes.
considerou as palavras dela por um momento, ponderando sobre a proposta incomum que ela havia apresentado. Por fim, ele deu de ombros com um sorriso cúmplice surgindo em seus lábios.
— Tudo bem. Casamento falso, então.
inclinou a cabeça, observando com curiosidade.
— Como exatamente funciona um casamento no Olimpo? Tem como nos casar sem o apoio de Hera e ainda assim fazer com que o casamento seja válido?
sorriu de maneira travessa, apreciando a perspicácia dela.
— Bem, quanto à validade, normalmente é o consentimento dos noivos que torna um casamento legítimo. No entanto, se queremos evitar os olhos atentos de Hera antes da cerimônia, precisamos ser um pouco mais... Criativos.
A semideusa arqueou uma sobrancelha, intrigada.
— Criativos?
— Sim, criativos. — Ele confirmou, com um brilho travesso nos olhos. — Existem rituais antigos e mágicos que podem selar uma união de forma poderosa e eficaz, mesmo sem a bênção dos Deuses.
— Você está sugerindo um casamento clandestino?
O Deus deu de ombros, sentindo em si mesmo o seu sorriso tornando-se ainda mais sedutor.
— Estamos desafiando a Deusa da família e a rainha do Olimpo, tem alguma outra sugestão para que esse casamento aconteça sem se tornar uma despedida eterna? — riu, seus olhos brilhando com uma mistura de excitação e admiração pelo plano ousado, no entanto, após alguns segundos e muitos pensamentos, ela deixou que um suspiro escapasse de seus lábios, trazendo consigo um leve traço de decepção.
— É estranho pensar que este será meu casamento, mesmo que seja apenas um artifício. Sempre imaginei que meu casamento seria uma celebração grandiosa, repleta de felicidade e amor. A ideia de fazer isso às pressas e de forma clandestina é um tanto quanto... Decepcionante.
se levantou com determinação e estendeu a mão para a semideusa, que logo agarrou a mão do moreno.
— Venha comigo. Eu tenho algo para mostrar a você.
Curiosa, ela o seguiu enquanto ele a conduzia pelos corredores do castelo do submundo. Ela sentia uma mistura de emoções enquanto caminhavam, uma sensação de que talvez não devesse estar ali, mas ao mesmo tempo uma curiosidade crescente sobre para onde estavam indo.
Finalmente, chegaram ao quarto dos pais de . hesitou na entrada, sentindo-se como se estivesse invadindo um espaço íntimo e privado. No entanto, parecia tão determinado que seria desrespeitoso se ela não o acompanhasse, ainda mais depois de tudo que o Deus tinha feito por ela, então ela o seguiu.
Ele foi até o guarda-roupas e começou a vasculhar entre as roupas. Depois de alguns momentos, ele retirou um vestido branco deslumbrante, radiante e com uma aura divina. ficou sem palavras ao vê-lo, sua beleza e elegância eram incomparáveis. O vestido irradiava uma aura de beleza e encanto, como se tivesse sido tecido com fios de luz e magia. Feito com os mais finos tecidos, sua textura era suave como uma brisa de primavera, e cada detalhe era meticulosamente trabalhado para realçar a elegância e a feminilidade de quem o vestisse.
Sua cor branca pura evocava uma sensação de pureza e inocência, enquanto os delicados bordados de flores adornavam o tecido, criando uma cena de primavera em plena floração. As flores pareciam ganhar vida à medida que os raios de sol dançavam sobre elas, emitindo um brilho suave e cintilante que parecia quase mágico. Os detalhes do vestido eram verdadeiramente espetaculares. Pérolas e cristais foram habilmente entrelaçados entre as flores, adicionando um toque de glamour e sofisticação. Cada bordado era uma obra de arte em si mesma, capturando a essência da natureza em sua forma mais pura e bela.
À medida que segurava o vestido em suas mãos, ela podia sentir a energia vibrante que emanava dele, como se estivesse impregnado com a própria essência de Perséfone.
— Este era o vestido da minha mãe. Ela nunca teve a chance de se casar oficialmente com Hades, mas este vestido seria o dela. E agora, ele será o seu.
olhou para o vestido em suas mãos, ainda atordoada com a generosidade e o significado por trás do gesto de .
— Mas... Eu não posso aceitar isso. É especial para você e sua família.
sorriu gentilmente.
— Você pode, e você vai. Se a minha “esposa” quer uma festa digna, ela terá. E você ficará deslumbrante neste vestido.
Quando ele saiu da sala, deixando-a sozinha para se arrumar, ela sentiu uma mistura de emoções correndo por suas veias. A ideia de usar o vestido da rainha do submundo a deixava honrada e, ao mesmo tempo, um pouco nervosa. Ela nunca imaginou que um dia usaria uma vestimenta tão deslumbrante, na verdade, ela nunca imaginou nada do que estava acontecendo.
Com cuidado, ela deslizou o vestido sobre seu corpo, sentindo a suavidade do tecido contra sua pele. Cada movimento era delicado. Ao ajustar a coroa de flores em seu cabelo platinado, ela sentiu uma conexão com a natureza ao seu redor, como se as flores estivessem tecendo uma magia que ela não sabia explicar.
Quando finalmente se olhou no espelho, ela mal conseguia acreditar na visão que tinha diante de si. A vestimenta se ajustava perfeitamente ao seu corpo, realçando suas curvas e destacando sua beleza natural. Os ombros desnudos adicionavam um toque de sensualidade, enquanto as mangas largas conferiam um ar de elegância.
Ao sair da sala, ela encontrou-o esperando por ela, o olhar dele era capturado pela sua beleza deslumbrante. Ela podia sentir a admiração em seu olhar, e isso a fez se sentir mais confiante do que nunca. Com um sorriso suave, ela se aproximou dele.
— Traz má sorte ver a noiva antes do casamento, sabia? — ele riu suavemente com a preocupação da mulher.
— Essas são preocupações de humanos, não de Deuses. Além disso, já estamos quebrando tantas tradições, uma a mais não fará diferença, não é? — Ela assentiu, concordando com um sorriso travesso.
— Suponho que você tenha razão. Não somos exatamente os mais convencionais.
Enquanto admirava-o, ela não pôde deixar de notar como ele estava incrivelmente atraente em seu traje para o casamento. Seu olhar varreu cada detalhe, desde a maneira como o tecido se ajustava perfeitamente aos contornos de seu corpo até a elegância casual que ele exalava. Havia algo magnético em sua presença, algo que atraía seu olhar e prendia sua atenção de uma maneira incontrolável.
— Você está... Incrível. — Ela murmurou, incapaz de conter a admiração que sentia por ele naquele momento.
Ele sorriu, parecendo ligeiramente envergonhado com o elogio.
— Bem, tenho que admitir que me sinto um pouco sortudo hoje, prestes a me casar com a Deusa mais encantadora do Olimpo.
Eles deixaram o Olimpo para trás, viajando para um lugar que nunca imaginara existir nos domínios dos Deuses. a levou para um planeta distante, onde Ares estava ocupado reconstruindo após uma guerra devastadora. Quando ela pôs os olhos na paisagem diante dela, ficou maravilhada.
Este não era um mundo de tonalidades vívidas e vibrantes como ela estava acostumada. Em vez disso, os tons do planeta eram uma mistura de cinzas suaves e dourados radiantes, criando uma paisagem etérea e misteriosa. Os pássaros que voavam nos céus eram cor de ouro como o sol, seus cantos enchiam o ar com uma melodia celestial. O rio que serpenteava pelo campo era de um azul cristalino, refletindo o brilho do céu acima, enquanto manchas de verde surgiam em pequenos oásis ao longo da paisagem. mal podia acreditar na beleza que se desdobrava diante de seus olhos. Era como se estivesse em um conto de fadas, um lugar mágico e encantado que só poderia existir nos sonhos mais doces.
Enquanto caminhavam pelo campo, ela notou alguns seres e criaturas místicas trabalhando lado a lado, ajudando a reconstruir o que fora perdido na guerra. Havia uma sensação de esperança e renovação no ar, um sentimento de que, apesar das adversidades, respingava nela, em sua vida e no seu casamento.
Era neste cenário de beleza e magia que o casamento deles aconteceria. Sob um céu dourado e um sol brilhante, eles trocariam seus votos.
olhou para com admiração, seus olhos refletindo a beleza radiante dela. Havia uma expressão de reverência em seu rosto, misturada com uma pitada de encantamento, como se ele estivesse vendo-a pela primeira vez.
— Você está absolutamente deslumbrante. — Ele murmurou, seus olhos brilhando com uma intensidade que só ela conhecia. — Nunca vi alguém tão bela como você neste momento. Prometo estar ao seu lado e desfrutar de todos os prazeres que a vida nos oferecer, enquanto durar nossa aliança.
— Oh, que romântico, . Espero que seu charme não seja apenas uma farsa para me distrair das realidades desagradáveis que nos cercam. — soltou uma risada baixa, admirando mais uma vez a atitude desafiadora de .
— Acredite, Deusa, meu charme é tão genuíno quanto sua implicância.
— Não se iluda, . Sei reconhecer um charme superficial quando vejo um. Veremos se você ainda está cantando a mesma música quando a tempestade chegar. Afinal, você é o filho da guerra, não é?
inclinou a cabeça, um brilho travesso em seus olhos.
— E você é a minha tempestade favorita. — Ao falar isso, seus passos se tornarem lentos e tortuosos em direção a semideusa. Ele se aproximou o suficientemente e colocou uma das mãos na lateral do rosto dela, deixando que as mãos encontrassem sua nuca. sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando os lábios de roçaram nos dela, quase tocando, mas não completando o gesto. Seu coração parecia martelar no peito enquanto ela mantinha os olhos fixos nos dele, perdendo-se na intensidade do momento e deparando-se com o desejo que sentia para que ele a beijasse. Por mais rápido, inoportuno e inesperado, ela quis os lábios dele mais, até mesmo, do que quis voltar para casa.
Ela sentiu uma mistura de frustração e antecipação quando ele se afastou o suficiente para beijar-lhe a testa suavemente, um gesto gentil que a fez sentir um calor reconfortante se espalhar por seu corpo.
Então, ele colocou em seus dedos as alianças que Ares nunca usou, um símbolo de uma nova promessa que estavam prestes a fazer um ao outro. olhou para as alianças, sentindo uma onda de emoção crescer dentro dela. A aliança, o vestido, a forma acelerada que seu coração batia, o olhar encantado de ... Tudo parecia ser verdadeiro demais para um casamento de mentira.
— Estamos juntos nisso, . — Ele sussurrou, deixando os arrepios no corpo da jovem ainda mais presentes.
Ela olhou para ele, com seu coração inundado.
— Estamos juntos.