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Prólogo

- Agora é a hora! Faltam cinco dias para a Copa do Mundo, as seleções já estão a caminho do Catar e não tem mais como voltar atrás! – Falei animada.
- E como você está com isso, ? A Seleção Brasileira é uma grande favorita esse ano. – Wayne perguntou.
- Eu estou empolgada! Eu trabalhei de perto desse grupo na última Copa, sei que muitos mudaram, mas acho que esse ano vai, hein?! – Ele riu.
- Ah, que fofa! Não se iluda com isso! Vem para casa! – Ele disse, me fazendo rir.
- Ah, Rooney! Faz 56 anos que vocês falam isso e sempre voltam de mãos vazias! – Respondi, ouvindo-o rir.
- Bom, vamos ver, ! Nos falamos de novo em um mês! – Ele disse.
- Combinado! – Apertamos nossas mãos animadamente e virei para a câmera. – E você não se esqueça de acompanhar tudo sobre a Copa do Mundo na Sky Sports e no aplicativo Sky+ 24 horas por dia, boa noite e um bom dia! – Falei.
- Boa noite e até amanhã! – Wayne disse também sorrindo.
- Corta! – O diretor falou após um tempo e relaxei o rosto, entregando as fichas para a contrarregra.
- Obrigada. – Falei para ela.
- Então, acredita que o Brasil realmente pode ganhar? – Wayne perguntou e suspirei.
- Ah, Rooney, a gente sempre acredita, né?! Mas nossa eliminatória foi perfeita, espero que valha de alguma coisa. – Dei de ombros.
- Vai ficar longe dessa vez? – Ele perguntou e descemos do estúdio. – Não tem vaga para você esse ano?
- Ah, eu escolhi sair, né?! Não tenho coragem de pedir uma vantagem, então não sei como vai ser. Apesar de estar empolgada com a competição, as últimas duas competições que eu acompanhei, eu estava lá dentro. E a terceira era na pandemia, mesmo já estando fora, eu não iria pela redução de pessoal e risco de contágio. – Dei de ombros.
- Mas com as férias daqui, aposto que você vai aproveitar. – Michael, nosso diretor, falou e ri fracamente.
- Olha, eu não sei. Parte de mim está empolgada em conhecer o Catar, parte de mim receosa, mas eu estou indo completamente de férias, sem contar com uma criança de três anos bem curiosa – Eles riram. – Eu vou seguir as regras, vai ser um ambiente bem novo para mim. – Dei de ombros.
- Bom, não vou desejar que o Brasil ganhe por motivos óbvios – Michael disse, me fazendo rir. – Mas alguma chance de você trabalhar de lá como correspondente?
- Nenhuma, eu vou pelo Alisson e não quero interferências – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Bom, aproveite suas férias, mas me prometa, se o Brasil chegar na final, estará em nosso estúdio como comentarista – Ri fracamente.
- Se o Brasil chegar na final, garanto que eu vou assistir ao jogo com um desfibrilador ao meu lado – Eles riram. – Na final da Copa América, grávida, eu não sei como não pari a Minerva antes disso. Imagina uma Copa do Mundo.
- Dessa vez você vai relaxar, aproveite – Wayne disse e sorri.
- Agradeço, gente. Por sinal, preciso correr, tenho que finalizar as malas de uma pessoa de noventa e quatro centímetros – Eles sorriram.
- Aproveite suas férias, ! Nos vemos em janeiro.
- Espero que antes, quando eliminarmos a Inglaterra! – Pisquei, sendo vaiada pela equipe e ri fracamente. – Se cuidem!
- Você também, lembranças ao Alisson! – Michael disse.
- Pode deixar! – Falei, cumprimentando Wayne com dois beijos antes de seguir para meu camarim.
Troquei os saltos amarelos pelos tênis e juntei minhas coisas na mochila antes de sair. Não voltaria ali até janeiro agora. Andei pelos corredores da emissora, cumprimentando e sendo zoada pelos funcionários e fui até meu carro. Demorei os tradicionais 40 minutos de Manchester até Merseyside, condado de Liverpool.
Estacionei na garagem, puxando minhas coisas, e segui para dentro, abrindo a porta. Observei o local vazio e deixei os casacos pesados antes de seguir até o segundo andar, vendo minha menina com a babá.
- Oi, gente! – Falei.
- Mamãe! – Mini largou os lápis de cor e veio correndo em minha direção.
- Ah, meu amor! – Peguei-a no colo, estalando um beijo em sua bochecha. – Como foi o dia de vocês? Oi, Abbie.
- Oi, ! – Ela disse.
- Foi legal, a gente pintou! – Mini disse. – Vem ver! – Coloquei-a no chão novamente e ela correu até a mesa de centro, pegando um desenho. Me abaixei e ela me entregou a folha de papel. – Oia! Oia! – Ela disse animada e vi seu desenho. – Você, papai, Neninha – Ela me indicou e sorri.
- Está lindo, meu amor – Dei um beijo em seus cabelos, vendo seu sorriso. – E quem é esse pessoal atrás?
- O Brasil! – Ela disse animada. – Ney, Thiti, Maquinhos, Ed, Dani um e Dani dois – Sorri em como ela mencionava os jogadores. – É dá sorte.
- Vai dar, meu amor! – Sorri. – Vamos ligar para o papai e mostrar para ele? – Falei.
- Vamo! – Ela disse animada e me levantei, dando atenção à Abbie.
- Espero te ver só em janeiro agora, Abbie – Falei.
- Combinado, . E obrigada pelo pagamento adiantado – Abanei a mão.
- Eu sei que as coisas vão ficar alopradas lá, então não tem de quê! – Falei.
- Vou torcer para a Inglaterra, mas boa sorte para vocês – Ela disse e sorri.
- Agradeço! – Trocamos um rápido abraço. – Amor, vem dar tchau para Abbie.
- Ela só sabia falar da viagem hoje – Abbie disse e ri fracamente.
- Nunca saí com ela da Inglaterra sem ser o Brasil, estou nervosa e ela está animada demais – Rimos juntas.
- Tchau, Abbie! – Mini falou animada, vindo de braços abertos para sua babá.
- Tchau, meu amor! Aproveite a viagem, hein?! Quero saber tudo quando voltar – Abbie a abraçou.
- Tá bom! – Mini disse sorrindo.
- E você aproveite seu descanso – Falei.
- Pode deixar! Boa viagem e até a volta.
- Até, Abbie. Um beijo! – Falei.
- Beijo, Abbi-i-i-i! – Mini falou gritado e ri fracamente, vendo nossa babá descer as escadas. – Papai agora! – Ela falou animada e ri fracamente, me sentando no sofá. Vi Mini subir ao meu lado e peguei o celular, ligando para Alisson e vendo a ligação chamar várias vezes antes de ele aparecer – Papai-i-i-i!
- Oi, meu amor! – Alisson falou sorrindo. – Oi, amor!
- Oi, amor – Sorri.
- Papai! Papai! Olha o que eu fiz! – Mini pegou seu desenho, mostrando na câmera e ajeitei-a para ele ver melhor.
- Uau, filha! Que coisa mais linda! – Ele disse no seu tom empolgado, me fazendo sorrir.
- É dar sorte – Falei.
- Ah, com certeza vai, meu amor – Ele disse a ela e seu olhar voltou para mim.
- Já se instalou aí? – Perguntei.
- Já, sim – Ele se ajeitou na cama. – É bem quente! – Ele disse rindo. – Sair daí, passar em Turim e vir...
- Ai, não me faz inveja – Falei, ouvindo-o rir.
- Seu time está bem, amor – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Não muito, né?! Mas que bom – Sorri. – Já jantou?
- Sim, estou pronto para dormir. Amanhã começa – Assenti com a cabeça. – Que horas é o voo de vocês?
- Às duas da tarde – Falei. – Vamos pegar o trem para Londres e ir direto. – Ele assentiu com a cabeça.
- Pessoal está com saudades de você – Ele disse, me fazendo rir.
- Também estou – Suspirei. – Estou receosa como vai ser esse ano.
- Por quê? – Mini se mexeu, voltando para sua mesinha e observei-a pegar mais papel.
- Ah, eu vou ser só uma esposa normal, amor – Dei de ombros. – Vai ser diferente da última vez, sem contar a barriga. – Ele riu fracamente.
- Vai dar tudo certo, amor, você vai ver – Ele disse.
- Isso eu sei, mas vamos ver como será com a Mini, as outras esposas, a questão toda... – Ele deu um sorriso.
- Não surta antes da hora, ! – Rimos juntos.
- Não! Nunca! – Suspirei. – Faça seu trabalho, ok?! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Me avise quando chegar, ok? Acho que o Tite só vai liberar visita depois do primeiro jogo, mas quero falar com vocês todos os dias – Assenti com a cabeça.
- Pode deixar! Aproveite ao máximo, ok?!
- Pode deixar, amor. Faça uma boa viagem, que Deus as abençoe. Amo vocês!
- Também te amamos. Mini, vem falar tchau para o papai! – Falei.
- Papai! – Ela veio animada, subindo no sofá de novo e ajudei-a, puxando para cima. – Tchau, papai! Amo você!
- Também te amo, meu amor – Ele disse, fazendo Mini sorrir.
- Como fala para o papai?
- Bom jogo, papai! – Ela disse e sorri, vendo Alisson pelo celular.
- Nos falamos amanhã, meu amor – Ele disse.
- Combinado – Pisquei para ele. – Bom treino e me liga.
- Pode deixar! – Ele disse e joguei um beijo antes de desligar a ligação.
- Agora você, sua sapeca! – Puxei Mini, abraçando-a, e ela gargalhou. – Vamos terminar de arrumar as malas e comer?
- Sim! – Ela disse animada, se soltando de mim e correndo para o quarto, me fazendo rir.

Capítulo Único

Entrar no Lusail Stadium pela porta da frente foi estranho. Depois de participar de duas competições internacionais, vários amistosos, conhecer os estacionamentos e entradas privativas, chegar pela porta da frente foi... Entediante, digamos assim.
Havia chegado em Doha há quatro dias e me instalado no hotel com Mini. Eu sou muito curiosa e morro de vontade de conhecer outros países, mas com uma criança de três anos não é exatamente fácil - mas Natália, Caio, Helena e Matteo estavam no mesmo andar do que nós, então saímos juntos e acabamos dividindo as responsabilidades de babá. Além de quê, era uma companhia para minha menina se distrair na falta do pai.
Devo dizer que fiquei entediada muito fácil. O país não é tão grande para turistar, mas pela Copa do Mundo ser inteira em um só lugar, tudo estava incrivelmente lotado, e depender somente de metrô ou táxi como transporte não facilitava em nada. Então passava muito tempo no hotel assistindo aos jogos e aproveitando com Mini.
Eu literalmente contei as horas para estar aqui e poder voltar a entrar no meu mundo. A torcida e a organização me animavam, mas entrar como todo mundo me fez perder um pouco do brilho. É engraçado dizer isso, pois ainda estava em um lugar muito bom, mas eu queria estar ali embaixo.
Minha filha estava maravilhada. Eu a levava frequentemente nos jogos do Liverpool, mas a última vez que ela viu um jogo do Brasil foi antes da pandemia e ela tinha meses de idade. Então tudo verde e amarelo faziam seus olhos brilharem.
- É lindo, mamãe! – Ela disse e abracei-a, colocando-a em meu colo.
- É lindo, não é?! – Estalei um beijo em sua bochecha, deixando meu batom e ela se levantou de meu colo, apoiando as mãozinhas na grade.
- Eles ficam fascinados – Belle, a esposa de Thiago, falou e sorri.
- Oi! – Falei em um sorriso e trocamos um rápido abraço. – Como está?
- Muito bem e com vocês? – Ela perguntou sorrindo.
- Estou bem... – Falei em um suspiro.
- Bem mesmo? – Ela perguntou, me fazendo rir.
- Ah, eu queria estar ali embaixo – Falei rindo e ela sorriu.
- Imagino! – Ela se sentou ao meu lado. – Deve ser uma mudança brusca.
- Já faz três anos, achei que fosse me acostumar.
- Ah, com toda certeza, não – Ela disse. – Se acha que estamos de camarote, imagina você, que se sentava literalmente no banco de reservas.
- Faz tempo – Ela riu fracamente.
- Não prometo que vá ser tão empolgante quanto, mas a empolgação é a mesma. – Sorri.
- Espero que sim!
- Ei, ! – Franzi o rosto, virando para os lados, procurando quem havia me chamado. – Aqui embaixo, sua metida! – Virei o rosto para o gramado, arregalando os lábios ao ver Bianca e Lucas lá embaixo.
- Ai, gente! – Abri um largo sorriso, sentindo uma emoção me atingir. Não os via desde o fim de 2019.
- Como está, mamãe?! – Lucas brincou, esticando a mão e me debrucei para apertar.
- Com saudades! – Falei rindo.
- Ah, te garanto que aqui não é nada sem você! – Bianca se esticou para apertar minha mão em seguida e sorri.
- Vocês são fofos demais! – Sorri. – Cadê o resto do pessoal?
- Vini está por aí, sabe? – Bianca disse, indicando que ele estava de Canarinho. – Michelle e Angelica não vieram, mas tem a Angelina, não sei se lembra dela.
- Acho que não – Franzi a testa.
- Um pouco mal-humorada. – Lucas disse, me fazendo rir. – Mas está colocando o pessoal na linha.
- Uma nova no pedaço? – Brinquei, ouvindo-os rir.
- Tipo isso! – Lucas disse rindo.
- Mamãe! Mamãe! Tia Carol me deu gudão doce! – Mini disse com a boca suja, me fazendo rir.
- Não vai exagerar, hein?! Vai ficar cansada! – Apertei sua barriga, ouvindo-a rir.
- Ah, ! – Bianca falou, fofa.
- Olha quem está ali, amor! – Indiquei os dois. – Lembra do titio Lucas?
- Ele é amigo do Canarinho! – Ela disse animada.
- Sou! – Lucas falou rindo.
- Cadê ele, moço? – Ela perguntou.
- Ele está lá fora, depois vai entrar para ver o jogo – Lucas disse e ajeitei as marias chiquinha de minha filha.
- A gente pode ver ele, mamãe? – Ela perguntou animada.
- Acho que não vai dar, amor. O Canarinho precisa dormir também – Falei.
- Ah! – Ela fez um biquinho.
- Ela é linda, ! – Bianca disse.
- Essa é a Bibi, amiga da mamãe!
- Bibi? Igual o carro faz? Bibi! – Minha filha brincou e sorri.
- Isso mesmo, sua linda! – Bianca disse sorrindo.
- Os protocolos vão começar, ! Nos vemos depois? – Lucas perguntou.
- Espero que sim! – Falei. – Bom jogo e manda um beijo para o pessoal.
- Até mais! – Eles disseram e seguiram pelo campo.
- Eles são seus amigos, mamãe? – Me sentei novamente.
- São! – Falei, puxando-a para meu colo. – A gente trabalhou juntos quando eu trabalhava com o papai.
- Legal! – Ela disse, pegando mais um pouco de algodão doce e sorri.
- Posso pegar esse seu algodão doce? – Perguntei.
- Pode! – Ela tirou um pouco, esticando para mim, tocando meu nariz com a força e ri fracamente, colocando na boca.
- Oi, família! – Virei para o lado, vendo Natália chegando.
- Oi, Nat! – Sorri.
- Neninha! – Mini falou animada.
- Maninha! – Ela disse e sorri quando ambas se abraçaram.

Quando a Seleção começou a entrar, o estádio ficou ensurdecedor. As bandeiras sacudiam e deixavam os sérvios quietos. Ver esse novo uniforme fez meu coração bater mais forte e, mais ainda, quando eu vi aquele clássico grupo que eu já estava acostumada.
- Papai! Papai! – Mini gritou e sorri, colocando-a em meus ombros.
Danilo, Marquinhos, Thiago, Alex Sandro, Paquetá, Casemiro, Raphinha, Neymar, Vini Júnior e Richarlison puxavam a fila. Se não fosse Raphinha, eu já tinha trabalhado com todos, então a emoção tomou conta de mim, e a saudade de querer estar com eles. Quando nosso hino tocou, nem se fala. Depois de tudo que passamos nos últimos anos longe do futebol, só consegui agradecer a oportunidade de estar aqui, mesmo um pouco mais longe das quatro linhas.
O jogo começou morno, como sempre. Brasil chegava sempre com aquela energia toda, o hype em volta de tudo, mas na hora do vamos ver, parecia tropeçar em alguns degraus. Finalizamos o primeiro tempo no 0x0, mas tudo mudou no segundo.
Aos 62 minutos, Richarlison abriu o placar. Neymar passou para Vini, que mandou para o pombo. O goleiro deles fez a defesa, mas o rebote voltou para os pés dele, fazendo o estádio ensurdecer. Pulamos animado e até minha menina, que estava a pouco de dormir, voltou a se despertar. Já passava de onze da noite, era difícil manter uma criança de três anos acordada, mesmo com a quantidade de algodão doce que ela tinha comido.
O segundo gol veio logo em seguida, depois que a porteira foi aberta, tudo ficou mais fácil. O pombo novamente, mas dessa vez ele realmente fez o gol do campeonato. Vini novamente mandou para ele que deu uma belíssima bicicleta, mandando para o canto direito, não dando chance para o goleiro! E por falar em goleiro, meu marido nem apareceu no jogo!
Que início! Com um primeiro tempo completamente desanimado, conseguimos dominar a Sérvia e vencer o primeiro jogo. A esperança – e talvez necessidade – do hexa, era maior. Maior do que em 2018, muitos dos nossos veteranos estavam na última Copa, então vencer era um dever, esperava que esse começo fosse o suficiente para nós.
Quando o jogo finalizou, os jogadores vieram em nossa direção e isso me fez sorrir. Estávamos todos na mesma seção, então era fácil nos ver, mas difícil de chegar em nós. Eu estava na primeira fileira, então foi um pouco mais fácil para que Alisson chegasse em mim.
- Amor! – Ele disse e me inclinei, vendo-o subir na grade e minha mão foi para sua nuca, colando nossos lábios por alguns segundos.
- Papai! – Mini disse rindo.
- Parabéns, amor! – Falei, vendo-o sorrir e ele fez cócegas na minha filha.
- Meu amor! – Ela riu gostoso. – Minhas lindas! – Ele fez o mesmo com Helena, me fazendo sorrir.
- Parabéns, papai! – Helena disse e sorri.
- Nos vemos mais tarde? – Ele perguntou e suspirei.
- É quase meia-noite, amor. Ela não aguenta. – Falei. – Até vocês saírem daqui...
- Ah, verdade! – Ele suspirou. – Acho que amanhã, devemos ter folga.
- A gente se fala, mas relaxa! – Falei, vendo-o rir. – E tire esse bigode de Top Gun! – Ele riu.
- Achei que tivesse gostado. – Neguei com a cabeça.
- É uma pessoa totalmente diferente, amor.
- Amanhã! – Ele disse rindo. – A campanha era só para o primeiro jogo.
- Alisson! – O chamaram e vi Daniel lá embaixo. – ! – Ele acenou de longe e fiz o mesmo.
- Fala aí, velhinho! – Disse, vendo-o rir.
- Até amanhã! – Alisson disse e trocamos um rápido beijo. – E cadê meu beijo?
- Aqui! Aqui! – Mini disse animada, abraçando o pai e deu um beijo em seu rosto, e Helena fez o mesmo do outro lado.
- Amo vocês! – Ele disse.
- Também te amo! – Falei, piscando para ele, vendo-o descer da divisão e seguir pelo campo.
- ! ! – Ouvi meu nome no meio de alguns assovios e acenei para Thiago, Marquinhos e Ederson lá embaixo e mandei um beijo para todos.
- Thiti! – Mini falou animada e Thiago mandou um beijo para ela.
- Bom trabalho! – Falei, vendo-o sorrir e acenei de volta.
- A gente vai ficar com o papai hoje, mamãe? – Mini perguntou quando me sentei de novo.
- Hoje não, amor. Você precisa dormir! É quase meia-noite! Isso é hora de criança estar de pé?! – Fiz cócegas em sua barriga, ouvindo-a rir.
- É-é! – Ela disse entre risadas e sorri.
- Não é, não! – Ela riu. – A gente vai para o hotel, tomar um banho gostoso, mimir e depois encontramos o papai.
- Ah! – Ela fez um biquinho e dei um beijo em sua bochecha, apertando-a contra mim.

Vi o táxi entrar no recuo do hotel Westin e virei o rosto para o lado, vendo Mini com o rosto colado na janela e Helena ao meu lado. O taxista se aproximou da porta, desviando de fãs e repórteres acumulados lá, ele me falou o valor da viagem e só passei o cartão.
- Obrigada. – Agradeci em inglês, abrindo a porta. – Vamos, meninas?
- Vamos! – Elas falaram animadas e Helena saiu antes de mim, ajeitando sua sainha, depois Mini veio, deslizando pelo banco do passageiro do carro e pulando ao meu lado.
- Ah, amor, deixa eu arrumar você! – Ajeitei a blusa da Seleção por fora do seu shortinho jeans, devido ao tempo mais quente à tarde, e estiquei a mão para ela.
- Cadê papai, mamãe? – Ela perguntou e sorri, pegando a mão de Helena.
- Está lá dentro, amor! – Falei sorrindo e seguimos para dentro do hotel.
Ri fracamente quando algumas memórias me atingiram e era incrível o que três ou quatro anos fazia com as pessoas. Da última vez que acompanhei uma competição de perto, foi a Copa América no Brasil, depois disso tivemos minha transferência para Inglaterra, nascimento da Mini, pandemia e tudo ficou cada vez mais louco.
Obviamente, eu e Alisson tivemos nossos problemas como casal ao ficar muito tempo colados durante a pandemia quando tudo fechou, e suas saudades de Helena, por ela estar em Portugal com Natália. Mas eventualmente tudo foi voltando ao normal e pudemos estar aqui novamente.
- Boa noite. – A recepcionista falou.
- Boa noite, Becker. Vim encontrar o Alisson. – Falei e ela checou rapidamente as informações.
- Sim, a senhora pode seguir pelo corredor à direita, eles estão no refeitório.
- Mamãe! Mamãe! – Mini falou e virei meu rosto à ela.
- Oi, amor. – Me abaixei para ficar da sua altura.
- Papai! Papai! – Ela disse apontando para um lado e vi Alisson pelo lado de dentro de um vidro.
- Vamos lá falar com ele, amor! – Falei e ela correu à minha frente, sacudindo o rabo de cavalo que já estava todo bagunçado. – Vai também, Nena!
- Uhum! – Ela disse rindo e correu atrás do pai, me fazendo sorrir.
Passei pelo corredor e a porta do refeitório já estava aberta. Entrei devagar e notei somente os jogadores e a equipe técnica ali! Parece que ao menos a vantagem de chegar uns 30 minutinhos antes de todos, Bianca realmente conseguiu para mim.
- Papai! Papai! Papai! – Ri fracamente, sabendo que não tinha perigo deixá-la solta aqui e acompanhei-as devagar.
- Quem é vivo sempre aparece, hein?!
- Capitão! – Sorri para Thiago e ele me abraçou fortemente, me fazendo rir.
- Ah, como é bom te ver! – Ele disse fracamente. – Nem parece que estamos no mesmo país.
- Nem fala! – Sorri, dando dois beijos em seu rosto.
- E como estão as coisas? Só vejo você na TV, toda cheia do que dizer! – Ri fracamente.
- Ah, foi bom me afastar disso um pouco, estava dando muita treta entre mim e Alisson, então foi bom separar. – Dei de ombros, vendo-o sorrir. – Mas é bom voltar, estranho por estar do outro lado, mas é legal.
- Até parece que consegue viver sem a gente! – Virei para o lado, vendo Ney e ri fracamente.
- Olha, eu adoro a falta de dor de cabeça que isso dá! – Falei, ouvindo-o rir.
- Nem fala! – Uma moça passou por mim, me fazendo rir.
- Menina nova? – Perguntei.
- Angelina! Um dia ela ainda vai gostar de mim. – Ney disse e ri fracamente.
- Ah, essa é a Angelina, então? – Falei rindo.
- É, mas desiste, Ney! Ela não vai gostar de você! – Thiago disse enquanto o atacante me abraçou.
- O que eu perdi? – Virei para Thiago, abraçando Ney de lado.
- Vamos dizer que tem uma nova relação entre jogador e assessora, só que ela é mais difícil do que você. – Ele disse rindo. – Mas é o Neymar, não é o Alisson.
- Eu ouvi meu nome! – Virei para trás, vendo Alisson se aproximar com Mini em um braço e Helena no outro.
- Oi, amor. – Falei e ele sorriu.
- Milagre você cumprir com os protocolos. – Ele disse e abracei-o pela cintura, colando nossos lábios.
- Eca! – Mini disse, me fazendo rir e Alisson as colocou no chão.
- É bom seguir as coisas. – Falei e ele sorriu. – Parabéns por ontem.
- Começamos bem! – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Que continuemos assim. – Sorri. – Feliz que tirou o bigode.
- Tudo porque sabia que ia te encontrar. – Rimos juntos.
- E essa menina aqui? – Neymar se aproximou de Mini. – Faz tempo que eu não te vejo! – Mini riu e minha filha foi pega no colo.
- Titio Ney! – Ela disse animada.
- Como foi a viagem? – Alisson perguntou próximo de meu ouvido.
- Foi boa. – Ele me abraçou. – Como estão as coisas aqui?
- Tudo bem, ganhamos, os treinos estão indo bem, vamos ver... Muitas pessoas novas, mas vamos conseguir, amor. – Sorri.
- Espero que sim. – Beijei sua bochecha.
- Só sinto não ter você aqui. – Sorri. – As últimas duas...
- Eu sempre torcerei por você, Alisson. – Falei. – Perto ou longe. E Tite me deixou vir um pouco mais cedo, acho que dá para aproveitarmos um pouco – Ele assentiu com a cabeça.
- Só abri porque você é daqui de dentro! – Vi Tite e ri fracamente.
- Fala aí, Adenor! – Trocamos um rápido cumprimento. – Bora trazer o hexa? – Perguntei.
- É para isso que estamos aqui.
- Eu sei que você tá em casa e que o Alisson é seu marido, o Neymar é ótimo com crianças e Thiago sempre vai ser seu capitão, mas você podia pelo menos fingir que veio pela gente também. – Ederson falou, me fazendo rir.
- Eu apoio a ideia! – Dani disse.
- Ah, mas são muitos ciumentos. – Alisson disse rindo.
- Ah, qual é! A gente não vê ela desde que ela começou a trabalhar na Sky Sports, oh! A saudade bate! – Danilo disse, me fazendo rir.
- Ah, gente! Eu acabei de chegar! – Falei rindo. – Mas saibam que eu senti saudades de todos vocês e dessa bagunça! – Sorri.
- Então dá um abraço aqui! – Dani disse e ri fracamente.
- Eu vou abraçar todos vocês, mas saibam que eu só estou aqui pelo hexa! Eu posso estar fora da CBF, eu posso estar aqui como esposa e mãe, mas eu vou infernizar muito vocês! – Falei, ouvindo eles rirem.
- A gente já tem a Angelina! – Alex Sandro gritou e ri fracamente.
- Bom! Então seremos duas para infernizar vocês! – Pisquei para ele, ouvindo as risadas.
- Finalmente alguém para me apoiar! – Angelina disse.
- Se precisar, não preciso de muito para auxiliar. Ainda devo que ter alguma influência. – Falei para ela. – E sou boa para puxar orelhas se for necessário.
- Ah, , aqui é um jardim de infância, você deveria estar acostumada! – Lucas disse e ri fracamente, vendo ele, Vini e Bianca lado a lado.
- Ah, gente! Como eu senti falta disso. – Suspirei.
- Volta para nós! – Thiago disse e sorri.
- Nunca diga nunca, mas a vida segue e agora o foco é outro! Mas saibam que eu vou estar sempre com vocês. – Falei. – Então, se precisar de algo que ajude a ganhar esse hexa, contem comigo! Afinal, minha filha nunca viu o Brasil ser campeão! – Falei, ouvindo algumas risadas.
- Vamos lutar por isso, não é, princesa? – Ederson, que agora tinha Mini no colo, falou para ela.
- Uhum! É isso! – Ela disse, me fazendo rir.
- E cadê a mais velha? – Ederson virou, vendo Helena rindo. – Não foge de mim, hein?! – Ri fracamente.
- Vamos juntos, galera!
- Eu quero saber as fofocas! – Bianca me abraçou, me fazendo rir. – Ai, amiga-a-a-a! Você é importante agora! – Rimos juntas.
- Quem diria que eu gostaria do seu programa, hein?! – Vi Cléber e Matheus, me fazendo sorrir. – Você deveria trabalhar com a gente.
- Nem vem! – Ri fracamente. – Cada um no seu quadrado! – Abracei ambos. – Agora eu estou aqui como amiga de vocês.
- Deles sim, a gente é quase família, né! – Taffa se aproximou e sorri.
- Com toda certeza. Está mais em casa do que na Seleção. – Alisson cochichou e dei uma cotovelada no meu marido antes de abraçar Taffa.
- Fazia tempo, vai! – Ele disse rindo.
- Sim, fazia, a pandemia afastou todo mundo. – Suspirei. – Mas é bom ver todo mundo aqui de volta. – Sorri com ele.
- E você também! Como está sua menina? – Taffa perguntou.
- Tudo ótimo! – Sorri. – E com você aqui?
- Prontos para lutar!
- É o que a gente espera. – Sorri e ele retribuiu. – Eu vou lá falar com o restante do pessoal.
- Claro! Falaram que vocês vão poder ficar aqui o dia todo, podemos subir mais tarde, ficar com as meninas... Ou só nós dois. – Ri fracamente, apoiando a mão na bochecha de Alisson.
- Com saudades? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça.
- Bastante! – Sorrimos e nossos lábios se colaram mais uma vez.
- Deixa eu falar com o pessoal, depois dou atenção para você. – Falei e ele sorriu.
- Bom mesmo! – Rimos juntos.

- Finalmente a sós. – Alisson sussurrou quando Helena caiu no sono e sorri.
- Só nesses momentos mesmo. – Falei e ele veio a passos lentos até a cama, se deitando ao meu lado.
- Fazemos dar certo, amor! Como fizemos sempre. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Eu nem consigo me lembrar da antes de tudo. – Virei para ele. – Sem Mini, com todos os receios que tive na gravidez...
- Parece que sempre fez parte de nós, né?! – Ele disse e assenti com a cabeça. – E como foi?
- O quê? – Franzi a testa.
- Hoje! – Ele disse. – Ver o jogo das arquibancadas, com a Mini... – Soltei um longo suspiro, tombando a cabeça em seu peito, sentindo-o me abraçar. – O quê? – Ele perguntou rindo.
- Foi estranho. – Suspirei, pressionando os lábios. – Assim, é muito bom voltar aos jogos da Seleção depois de tudo, a Mini animada faz meu sorriso se alargar mais ainda, mas... – Pressionei os lábios.
- Você queria estar conosco... – Assenti com a cabeça.
- Quando o Lucas e a Bianca apareceram lá na arquibancada... – Suspirei. – Eu não quero aparecer ingrata, estou feliz com minha vida, mas...
- Você sentiu saudades, amor, isso é completamente normal. – Ele disse e confirmei com a cabeça.
- Sei que sair foi a melhor escolha para gente, mas com esse clima Copa, e o incrível tédio antes de dias de jogo, fiquei com saudades... – Ele riu fracamente.
- Também sinto saudades de te ver lá. – Ele deu um beijo em minha cabeça. – Parece que te procuro em qualquer canto.
- Mas foi uma boa escolha, certo? – Perguntei.
- Foi, amor. – Ele disse. – Mas só se você estiver feliz.
- Eu estou. – Me sentei na cama, virando para ele. – Eu adoro o trabalho na Sky Sports, adoro trabalhar com Wayne, ficar perto da nossa menina todos os dias, acompanhar você... Eu só estou carente. – Ele sorriu, segurando minha mão.
- Posso tentar pedir alguma vantagem para você...
- Não, amor! Já tivemos muitas vantagens nos últimos anos, vamos fazer certo. – Ele assentiu com a cabeça.
- E como é ficar na arquibancada? – Ele perguntou e suspirei.
- Honestamente? Bem entediante! – Ele sorriu. – O jogo foi muito tarde, a Mini dormiu o começo do segundo tempo até o gol, eu fiquei nervosa como sempre... – Ele riu. – E você me conhece, não gosto muito de ficar perto das esposas. Elas são tudo blogueirinhas, esse excesso de amizade, querer tirar foto de tudo, não é para mim. Só faço postagens porque preciso, não para querer aparecer. – Ele riu fracamente.
- Você tem seu trabalho, amor. Tinha desde antes da gente se conhecer. Nossa relação é diferente dos outros. A maioria dos casais estão juntos antes de tudo, cresceram com eles... – Assenti com a cabeça.
- Eu sei, eu sei. É uma realidade diferente da minha, não estou acostumada com isso. – Ele riu comigo.
- Em um mês estaremos de volta em casa. Dá para aguentar? – Ri fracamente.
- Tudo pelo hexa, amor.
- Deus te ouça. – Ele disse.
- Quais as chances? – Perguntei.
- Começamos bem. – Ele disse. – Os treinos estão intensos, você sabe, o de sempre. – Sorri. – Não tenho você, então está bem entediante. – Rimos juntos.
- Se valer a pena, eu não me importo. – Ele sorriu.
- E você? Como estão as férias? As crianças? Conhecendo um país novo? – Ri fracamente.
- Você conhece suas filhas. – Indiquei Minerva e Helena dormindo no sofá. – Hiperativas, animadas, deslumbradas, mas está tudo lotado, não dá vontade de passear muito.
- Essa é a desvantagem de uma única cidade-sede. – Ele disse. – A vantagem é que a gente não tem o deslocamento, dá para usar o tempo de viagem e de recuperação para treino... – Ele deu de ombros.
- Isso é. – Ri fracamente. – Quais os planos para amanhã?
- Voltamos aos treinos, mas acho que vão liberar jantar todos os dias, se tudo der certo.
- Vai sim, Alissinho. – Ele sorriu. – Vai dar tudo certo.
- É, mas a gente perdeu o Ney e o Danilo só ontem, isso não é um bom começo.
- Caralho. – Falei, suspirando em seguida. – Não achei que tinha sido tão forte.
- Foi, e você sabe que aquele calcanhar dele é...
- Um calcanhar de Aquiles praticamente. – Ele disse e suspirei. – E a Juve vem vindo de uma leva enorme de lesão, acaba nem sendo surpresa. – Ele confirmou. – Mas vai dar certo! Vamos ter fé.
- É só o que dá para ter. – Ele disse, me fazendo sorrir.
- Que horas são? – Perguntei.
- Quase oito. – Ele disse.
- Temos mais umas duas horas antes de ir embora. – Falei, apoiando na cabeceira novamente.
- Será que dá tempo de namorar um pouquinho? – Ele perguntou e ri fracamente, sentindo-o tirar meus cabelos do rosto.
- Acho que sim, contanto que as meninas não acordem. – Sussurrei, fazendo-o rir.
- Só uns beijinhos, faz mais de 10 dias que a gente não fica juntos. – Sorri e nossos lábios se tocaram logo em seguida.

Depois da Copa América, minha vida mudou drasticamente. Me mudei para Liverpool e isso já foi uma grande aventura. Apesar das viagens da CBF, não era nada parecido com o Brasil, então levou um tempo até tudo se ajeitar. Comecei a trabalhar em uma nova área dentro da CBF e, apesar de continuar na minha área, tinha uma equipe bem mais reduzida que no Rio de Janeiro, então acabei cuidando um pouco de administração e até contabilidade.
Meu maior desafio foi me tornar mãe, não foi uma gravidez planejada, não era meu sonho, mas acabou sendo um grande presente. E tive minha família e de Alisson, além de Natália para me ajudar em todos os passos. Mini nasceu em setembro, depois de 24 horas em trabalho de parto, parece que esperou Alisson chegar do FIFA The Best para poder acompanhar ao meu lado.
Em janeiro de 2020 nos casamos, uma grande festa, com o casamento de princesa que eu sempre sonhei. Vários jogadores compareceram e, os que não tinham conhecido Minerva nos amistosos de outubro e novembro, a conheceram ali.
Dois meses depois, a pandemia começou e foi onde tudo bagunçou um pouco. O contato muito frequente com Alisson fez nossas brigas se tornarem mais frequentes. Não era briga por problemas, apesar de morar junto ter deixado claro muitas das nossas diferenças, já que nossa semelhança era praticamente o futebol, mas pela simples falta de paciência e aquela vontade de sair. Quando ele voltou para o time, o receio do contágio de Covid ainda existia, então fazíamos testes frequentes por causa de Mini, sem contar nas semanas sem vê-lo por alguma competição fora que eles ficavam de quarentena no time.
Na CBF, o adiamento da Copa América de 2020 e acúmulo de amistosos, começou a me fazer pensar do que eu faria quando as coisas voltassem ao normal. Mini tinha somente um ano, eu não conseguia mais ficar 10, 12 dias fora e nem poderia levá-la para os compromissos internacionais.
Quando as coisas melhoraram no final de 2020, eu decidi sair da CBF, pela questão geral. Querendo ficar mais próxima da minha filha, querendo um pouco mais de distância do meu marido, mas não queria parar de trabalhar. A carta da CBF e do Liverpool me deixaram na mira de emissoras de TV e acabei optando por trabalhar na área de futebol da Sky Sports com a lenda do futebol inglês Wayne Rooney.
No começo foi estranho, não tinha experiência com televisão, mas me tornar uma Renata Fan no Reino Unido foi algo interessante e inesperado. Possuo um programa no horário do almoço com convidados e faço trabalho de comentarista nos jogos da Premier League e Champions League do estúdio em algumas situações.
Depois disso, as coisas simplesmente começaram a melhorar. Foi como se eu tivesse criado paixão por tudo novamente. E o afastamento de Alisson fez todo encontro se tornar como a primeira vez.
Já ele, após alguns altos e baixos na pandemia, afastamento da família, algumas falhas bobas no time, conseguiu se manter com os dois pés no chão. Claro que a morte repentina e assustadora de seu José em fevereiro do ano passado foi um susto e nem eu soube como ajudá-lo nesse momento. Era totalmente inesperado e ficamos completamente chocados com tudo. Meus pais ficaram ao nosso lado e meu pai foi de grande ajuda.
A vida seguiu, de uma forma ou de outra e, com o fim não declarado da pandemia, voltamos a fazer planos. Um segundo filho nosso, e terceiro dele, eram planos para 2023 ou 2024, tudo dependendo do andamento de nossas carreiras, mas antes precisávamos passar por essa Copa do Mundo estranha e fora de época.
Acompanhar a Copa do Mundo de fora do caos, era quase como acompanhar de casa, quase. Claro que tinha todo caos constante, o que piorava mais ainda por ser sede única, mas não era tão emocionante quanto.
Os planos do dia eram os mesmos: esperar pelo próximo jogo da Seleção e secar todas outas outras opções. E, depois de turistar em tudo o que foi possível, era bem mais fácil ficar dentro do hotel com as outras esposas. A vantagem disso era que tinha mais crianças, então Mini, Helena e Matteo podiam queimar bastante energia para dormir no fim do dia.
O jogo contra a Suíça foi um pouco mais difícil, odiava admitir a diferença que Neymar fazia nessa Seleção. Ganhamos de 1x0 com um gol lindíssimo de Casemiro, mas soube no dia seguinte, quando fui encontrar Alisson, que Neymar agora estava com febre e as esperanças de voltar a tempo para o próximo jogo eram cada vez menores.
Com dois jogos ganhos e a classificação para próxima fase garantida, Tite fez um time inteiro de reservas contra Camarões. O maior erro dele. Desde que o sorteio foi feito, comentei no programa que deveríamos resolver nos dois primeiros jogos porque os camaroneses podem não ser bons, são muito mais altos e fortes do que nós.
Dito e feito, o jogo foi muito feio e cheio de entradas perigosas, o que fez com que Jesus e Alex Telles se lesionassem de forma feia, e foram cortados no dia seguinte. Isso não seria nada se tivéssemos vencido, mas o jogo inteiro com reservas que não sabem controlar o jogo, e o Dani sendo o único conseguindo controlar a questão toda – mesmo sem jogar há mais de dois meses – perdemos de 1x0 no finalzinho.
Fiz comentários com Tite e Cléber quando os encontrei no dia seguinte, mas o ego de Tite estava inflado de uma forma quase cega. Sabia que a pressão estava nas costas dele, mas ele não podia ter perdido esse jogo, de jeito nenhum. Adoro ele, mas ele simplesmente não poderia ter feito isso, ninguém acertava a porcaria do gol, e não dá para falar que não tiveram chances, pois isso foi o que mais tivemos.
Uma felicidade para mim foi que, depois do gol, Tite colocou Weverton para todos os 26 jogadores convocados poderem jogar. Meu coração verde e branco agradece, mas a cara de enterro no dia seguinte comprovava os pensamentos de todos: estávamos a pé de reservas.
Contra a Coreia do Sul nas oitavas de final, tivemos uma esperança, Neymar voltou e um lindo e relaxante jogo de quatro gols no primeiro tempo me deu até esperança, e dó do Son, mas eles conseguiram fazer um antes de serem eliminados por nós.
Enquanto todos comemoravam a passada para as quartas de final, eu ficava nervosa. Horas antes de vencermos, Croácia havia vencido do Japão nos pênaltis e sabia que pegaríamos dele caso passasse. Outro receio meu. Muitos jogadores croatas jogam em times italianos, inclusive Mario Mandzukic que jogou na Juve e agora é da equipe técnica deles, além de que, em 2018, a Croácia foi o time que mais jogou e chegou na final, perdendo-a para a França, eles foram para os pênaltis nas oitavas de final, nas quartas de final, e para prorrogação na semifinal.
Eles estavam muito mais preparados do que nós.
Então, chegar no Estádio Cidade da Educação para enfrentar a Croácia nas quartas de final, fazia minha barriga borbulhar. Essa Copa não estava sendo nem de perto uma copa gostosa de ver. Nossa seleção não era a mesma de 2018, quiçá de 2019. Eu estava literalmente morrendo de nervoso, coisa que não mudou nesses anos todos, mas Mini estava alegre demais, e eu não esperava ter que ensinar a derrota para uma criança de três anos.

- A gente vai ver o papai hoje, mamãe? – Ela me perguntou saltitante enquanto entrávamos no estádio.
- Vamos, meu amor! – Falei, ajeitando a franjinha que sacudia conforme ela pulava.
- A gente vai ganhar e comemorar? – Ela perguntou e sorri.
- Se Deus quiser, amor! – Andava com a massa de torcedores e familiares à minha volta.
- Como assim, mamãe? – Ela ergueu o rosto para mim e me abaixei para pegá-la no colo para ficar na mesma altura que ela.
- Você sabe que tem sempre duas opções, não sabe? – Falei enquanto caminhava.
- Ganhar e...?
- Ganhar e perder. – Falei.
- Mas a gente não vai perder. Papai nunca perde. – Sorri, rindo fracamente.
- Você lembra na semana passada que a gente jogou contra o outro time de verde?
- Uhum! E a gente tava de azul. – Ela falou. – Esse azul! – Ela puxou sua blusa e sorri.
- Exatamente. E o que aconteceu? – Perguntei, saindo para fora do estádio.
- A gente ficou tisti! – Ela disse. – Papai tava tisti. – Ela disse com um biquinho.
- E por que a gente ficou triste, amor? – Perguntei, descendo os degraus devagar.
- Porque o de verde ganhou. – Ela disse.
- E o que aconteceu com a gente? – Perguntei e ela olhou confusa para mim. – Nós perdemos, amor.
- Mas papai não perde! – Ela disse firme.
- Perde sim, amor. E ele perdeu naquele jogo.
- Mas ele num jogou. – Ela falou.
- Mas ele é do time, amor. Mesmo quem não joga, perde e ganha junto. – Entrei na nossa fileira, sorrindo para a esposa de Marquinhos e namorada de Weverton. – Oi, gente!
- Oi, ! – Elas sorriram e andei até meu lugar, me sentando na poltrona e coloquei Mini no meu colo.
- Então perder é mal, mamãe? – Ela perguntou e suspirei.
- Sim, meu amor. Deixa as pessoas tristes, mas logo passa. – Falei, dando um beijo em sua bochecha.
- Se a gente perder, o papai vai ficar tisti? – Ela perguntou.
- Não só o papai, amor. Muita gente vai ficar triste, mamãe também. – Ela pressionou os lábios, olhando para mim.
- Puquê, mamãe?
- Ah, a gente gosta do esporte. A gente gosta de ganhar, de se divertir, mas nem sempre é possível. – Falei. – Sabe na escolinha, quando vocês brincam de pique-bandeira?
- Uhum! Amo piqui-bandera! – Ela disse.
- Você não fica triste quando o time da Annie ganha e o seu não? – Perguntei.
- Uhum... – Ela disse.
- É a mesma coisa, amor. – Ajeitei seus cabelos. – Mas o que eu falo sempre para você?
- Tentar ganhar e se divertir! – Ela disse com um largo sorriso no rosto, mostrando seus dentinhos.
- Exatamente, meu amor! – Sorri. – E torcer, não podemos deixar de torcer.
- Vou torcê muito, mamãe! – Sorri.
- E o que você faz quando perde também? – Perguntei. – Com a Annie, o Tobey e a Ginger?
- Abraço eles. – Ela disse.
- Exato. Sempre cumprimentar os outros jogadores, até se a gente perder. Combinado? – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Combinado, mamãe! – Ela desceu do meu colo e relaxei na cadeira.
- Com medo, ? – Virei para o lado, vendo Natália e ela se sentou ao meu lado e vi Helena abraçando a irmãzinha.
- Bastante. – Suspirei. – Não sei o que esperar.
- Vai dar tudo certo, . – Nat disse.
- Eu não sei por que aceitei trabalhar na CBF ou me relacionar com o Alisson, eu sou péssima para decisões! – Ela riu.
- A vida funciona de formas estranhas. – Ela disse e ri fracamente.
- Muito estranhas. – Suspirei, vendo Mini e Nena apoiadas na grade.

Às vezes parece que eu tenho um sexto sentido. Gostaria só de adivinhar o que aconteceria para eu me preparar para o desastre. Durante os primeiros 45 minutos, nós dominamos o jogo, mas o goleiro croata Livakovic havia se transformado em um Buffon e simplesmente fechou o gol. Várias bolas chegavam nele, mas nada entrava. Da mesma forma que o jogo das oitavas de final deles, onde seguraram o Japão até a cobrança de pênaltis.
Minha menina estava um pouco alheia à tudo, olhando só as comemorações, agora Nena já entendia mais e estava nervosa igual a mim.
No começo do segundo tempo, um toque claro de mão seria a oportunidade para abrirmos esse placar, mas simplesmente não foi dado. As vaias se tornaram altas e me deixaram até surda, mas era óbvio o roubo.
O jogo seguiu e Neymar e Vini literalmente davam o sangue por uma oportunidade de gol, mas nada de entrar. Até Paquetá, que parecia sumido nos outros jogos, estava na luta, já que Richarlison apareceu pouquíssimo.
O relógio estava passando e eu ficava cada vez mais nervosa. Eu confio no meu marido, e em todos nossos goleiros, mas esse garoto desconhecido estava se tornando o novo Ochoa e nada passava ele.
90 minutos passados, entramos nos próximos 30, com uma pequena esperança de que algo mudaria, seguimos lutando. Antony, que havia entrado no lugar de Raphinha, estava literalmente dando o sangue e sendo caçado de diversas formas possíveis. Eu nem lembrava da existência do meu marido, mas quando ele aparecia naquele uniforme preto, eu ficava nervosa.
Aos 106 minutos, a sorte mudou! Neymar, como sempre, costurou todo mundo, chegando na boca do gol e mandou uma forte para cima. O estádio ensurdeceu novamente, comemoramos e as crianças também, mas ainda tinha jogo. Faltava menos de 15 minutos, pela dificuldade, era hora de segurar o jogo, mas com as substituições de Tite um minuto antes, seria difícil.
E foi.
Da pior forma possível, mas foi.
Faltava três minutos para o final. Três minutos! E foi onde tudo mudou.
Em um contra-ataque, nossa defesa não conseguiu se montar novamente e Petkovic só precisou chutar de fora da área – coisa que me irrita muito em não ter nos jogos de Tite – e foi para dentro. Limpo e simples. Sem checagem de VAR, sem suspeita de impedimento. Um belo gol, mesmo sendo em Alissinho.
O estádio antes comemorativo, praticamente virou um velório. Eu estava do lado direito do campo, então a quantidade de verde e amarelo era maior que branco e vermelho, então simplesmente se silenciou. A defesa da Croácia fechada e o goleiro deles muito bom, nem adiantou chegarmos perto. Foi só preciso esperar o apito para eu saber que estávamos ferrados.
A cara de decepção dos jogadores em campo era enorme. Ney parecia que estava há um passo de desabar ali mesmo. Meu coração doía, e as memórias da última cobrança de pênalti eram doce-amarga.
- Acabou, mamãe? – Mini perguntou, se enfiando entre minhas pernas.
- Não, amor. Ainda não. Agora eles vão chutar um de cada vez, quem acertar mais, vai ganhar. – Ajeitei suas Marias Chiquinha bagunçadas.
- Mas o papai pega tudo, não pega, mamãe?
- Pega, meu amor. Pega sim! – Apertei-a em meus braços.
Observei os jogadores em círculo e engoli em seco. Tite não estava lá. Nem em minha visão, por sinal. Não é possível que ele ia deixar tudo na mão do Matheus! Adoro eles, mas não era hora para isso. Cadê o pulso firme?
Os dois times se espalharam e Alisson e Livakovic vieram para o gol. Puxei Mini para meu colo e ela se ajeitou. Já havia passado duas horas de jogo, seus olhinhos estavam pequenos e ela logo iria dormir. Já estava na hora do sono dela, ainda mais brincando do jeito que estava nesses dias. Deixei que ela dormisse, melhor do que aguentar esse nervosismo todo.
- Dorme bem, meu anjo. – Dei um beijo em seu rosto.
A Croácia bateu o primeiro pênalti e entrou.
Rodrygo veio em seguida, e eu não conseguia entender por que Tite colocou esse garoto para bater e não começar pelo Neymar. Uma batida à meia altura – maior erro de um pênalti – e o goleiro defendeu fácil.
Croácia veio novamente e entrou. 2x0 com três batidas.
Casemiro veio em seguida e conseguiu dar orgulho para gente, chutando no centro do gol. 2x1 com quatro batidas.
Modric veio, mandando para o lado esquerdo e acertou. 3x1 com cinco batidas.
Pedro veio em seguida, e conseguiu colocar para dentro. 3x2 com seis batidas.
A Croácia veio novamente e rezei para que Alisson defendesse essa, ele até foi para o lado certo, mas a bola entrou. 4x2 com sete batidas. Se a gente errasse, eles passavam.
E quem veio foi Marquinhos. Não foi Neymar! Foi Marquinhos! Eu o adoro e acho que ele tem que bater sim, mas não agora. Cadê o Neymar?
Quando todas as chances estavam contra nós, elas parecem piorar. Marquinhos bateu, bola para um lado, goleiro do outro, mas o a bola bateu no poste e era isso.
- Droga! – Suspirei, vendo a comemoração da Croácia e os gritos deles.
Alisson não defendeu nada, Neymar não bateu pênalti, dois novatos bateram, o que estava acontecendo?
- É isso... – Natália falou e assenti com a cabeça.
- É isso! – Olhei para Mini, vendo-a dormindo e apoiei minha cabeça em seu rosto.
Os jogadores brasileiros caíram no chão e as lágrimas começaram a deslizar nos olhos deles. Eu estava bem melhor hoje do que na eliminação de 2018, mas eu estava triste. Ney era o mais desolado e só sabia agradecer aos torcedores por isso.
Podia falar de erro de arbitragem, erro de escolha nas batidas, escolhas técnicas, tudo! Teve várias coisas erradas nesse jogo, mas trabalhando dentro do esporte há quatro anos e meio, posso falar que nada vai mudar, só dava para engolir e superar. E parabenizar a Croácia. Eles mereciam!
- Amor! – Sorri ao ver Alisson ali perto e acenei.
- Sinto muito, amor. – Falei, me levantando devagar, virando Mini em meu peito.
- Sinto também. – Ele disse.
- Manda um beijo para todo mundo. – Pedi e ele assentiu com a cabeça.
- Te amo, papai! – Nena gritou e passei a mão em seus cabelos.
- Também te amo, meu amor. – Ele disse. – E a Mini?
- Dormiu pouco antes das batidas. – Falei.
- É melhor assim. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Sinto em não poder te abraçar. – Falei.
- Vá ao hotel. Acabou, não precisa mais seguir as regras. – Ele disse sério.
- Está tudo bem? – Perguntei e ele negou com a cabeça.
- Nenhum pouco. – Ele suspirou, mandando um beijo e mandei outro, vendo-o seguir pelo gramado.

Demorei para perceber do que Alisson estava falando. Era de Tite. Depois que Marquinhos errou, o time simplesmente caiu onde estava e as lágrimas começaram a surgir. A comissão técnica entrou e até alguns jogadores croatas optaram por consolar nossos jogadores do que comemorar a ida para as semifinais deles, mas tinha uma pessoa que simplesmente não estava em campo: Tite.
Isso me lembrou da Copa de 2014 depois daquele 7x1 horroroso. Eu era só uma espectadora de casa, fiquei desolada como todos, mas Felipão, meu querido Felipão, foi lá e consolou todo mundo, um a um, mesmo sabendo que levaria toda culpa daquele fiasco. Agora Tite? Que tinha uma afeição enorme do presidente da CBF? Onde estava?
Quando os jogadores finalmente entraram, eu esperei mais alguns minutos. Não queria acordar minha menina e ter que contar que havíamos sido eliminados, então eu só esperei até que eu fosse expulsa dali.
- ! – Ergui o rosto. – Aqui embaixo! – Olhei para o campo novamente, vendo Lucas ali.
- Ei, Lucas! Sinto muito. – Falei.
- Está tudo bem. – Ele suspirou. – Vem cá! – Ele me chamou com a mão.
- O quê? – Perguntei.
- Desce aqui, agora! – Ele disse. – O Fernando vai deixar você entrar. – Ele indicou o novo auxiliar da CBF que eu não conhecia. – Rápido.
- Mas eu estou com a Mini! – Falei.
- Traz ela também. – Ele disse e me levantei, seguindo até onde Fernando abria e olhei rapidamente para trás antes de descer as escadas, segurando a cabeça de minha filha.
- O que está acontecendo? – Perguntei, andando com ele.
- Depois desse caos, eu preciso dizer alguma coisa? – Ele perguntou e andei lado a lado com ela. – Tite evaporou, a CBF deu no pé, parecendo um velório lá dentro. Só consegui pensar em você para dar um gás nesse pessoal.
- Eu? Eu nem trabalho mais na CBF. – Falei.
- Não, mas sua opinião ainda vale de algo. – Ele disse. – Eles talvez queiram te ver. – Suspirei, entrando no túnel, vendo-o vazio depois do fim de jogo e vi Bianca e Angelina ali dentro.
- ! Que bom que conseguiu entrar. – Bianca disse e trocamos um rápido beijo.
- O que está acontecendo? – Perguntei.
- Está um caos lá dentro. – Angelina falou antes. – Assim, ninguém fala nada, ninguém deu um apoio para eles.
- com dó. – Bianca disse e suspirei. – Fala algo para eles. Qualquer coisa. Você é boa com isso. – Suspirei.
- Gente, isso não é certo, é...
- Eu não dou a mínima, ! – Angelina disse. – É minha primeira Copa e parece que tudo desmoronando. – Olhei para os três.
- Eu não posso, gente, eu não...
- Você nunca se importou com regras. – Virei para trás, vendo Vini se aproximar. – É a última Copa para muita gente lá dentro, inclusive do Thiago, a gente precisava ter ganhado, mas as escolhas...
- Foi feio, ! – Bianca disse.
- O Tite nem esperou a última batida e entrou, se trancou não sei onde. A equipe técnica nem se fala, as escolhas foram péssimas. todo mundo falando desde o jogo contra Camarões e eles não escutam. – Vini disse.
- Peixe morre pela boca, gente! – Falei, suspirando. – Eu gosto do Tite, mas ele mudou de um tempo para cá. E não de uma forma boa. – Neguei com a cabeça.
- Vem falar com o pessoal, talvez você possa... Sei lá... – Angelina falou suspirando. – Falam que você era boa.
- Amiga. – Falei. – Eu nunca levei esse trabalho a sério, talvez fosse por isso. – Bianca, Vini e Lucas sorriram.
- Me dá a Mini aqui, eu seguro essa linda. – Bianca se aproximou, tirando Mini de meu colo que gemeu.
- Mamãe? – Ela falou baixinho e acariciei seus cabelos.
- É a tia Bibi, amor! – Bianca disse, me fazendo sorrir. – Mamãe ali, olha!
- Uhum. – Minha menina falou sonolenta, me fazendo sorrir.
- Ela tão grande! – Bianca disse fazendo um bico e eu sorri.
- Volto logo. – Falei e eles assentiram com a cabeça.
O túnel ainda estava um pouco bagunçado de jogadores e equipe técnica da Croácia, identifiquei Mandzukic ali e meu coração juventino gritou, mas preferi ficar quieta. Eu nem deveria estar ali, então engoli em seco e segui em frente. Entrei no vestiário do Brasil e a primeira pessoa que vi foi Taffa que me olhou surpreso.
- ?! – Ele disse e abracei-o. – O que faz aqui?
- Não pergunte! – Ele me apertou fortemente. – O que aconteceu?
- Honestamente não sei, , mas não é hora para falar isso agora. Vai falar com eles. – Ele disse e assenti com a cabeça.
Dei um aceno para outros membros menos importantes da equipe técnica como massagistas e preparador físicos e entrei no vestiário. O clima de decepção era geral e ninguém falava nada. O silêncio era literalmente ensurdecedor. Alguns jogadores choravam, Ney, Marquinhos e os mais novos, agora o pessoal mais velho estava sisudo, de cara feia, como se tivesse muito mais do que eu supunha.
- Eita, que velório! – Falei, vendo os rostos se erguerem.
- ! – Neymar falou em um suspiro, sendo o primeiro a vir em minha direção, me abraçando de uma forma que até eu me surpreendi.
- Ah, Ney! – Apertei-o, ouvindo seu choro novamente e passei as mãos nos cabelos platinados dele. – Está tudo bem. – Fechei minhas mãos em seus ombros e vi Alisson logo atrás dele com o mesmo olhar confuso. – Ninguém me barrou.
- É bom que tenha vindo. – Alisson me disse e Ney me soltou para chegar em meu marido.
- Vem cá, amor! – Apertei-o pelos ombros, ficando na ponta dos pés pela falta de salto alto e ele me apertou fortemente. – Eu quero saber o que aconteceu.
- Falamos disso depois. – Ele sussurrou e observei seus olhos de perto e ele não parecia triste, parecia irritado, talvez decepcionado. Nossos lábios se tocaram por alguns segundos antes de nos afastar. – Cadê Mini?
- Com a Bianca, ela dormiu pouco antes das penalidades.
- É melhor. – Virei para o lado, vendo Thiago.
- Ah, Thi! – Abracei-o fortemente, apoiando minha cabeça em seu ombro e foi minha vez de suspirar, sentindo vontade de chorar. – Você merecia tanto isso.
- Obrigado, ! – Ele falou baixinho e vi Marquinhos um pouco atrás. – Feliz em te ver aqui.
- Feliz em poder vir. – Ele sorriu e segui por Dani, depois Danilo, abraçando-os, até que cheguei em Marquinhos.
- Oi, moço. – Falei e ele me olhou com os olhos avermelhados.
- Oi, ! – Ele disse e me abaixei na frente dele.
- Deixa para lá. – Falei, passando a mão em seu rosto. – Esquece e siga em frente.
- Muito cedo para dizer isso.
- Eu sei. – Dei um curto sorriso. – Agora repete 200 mil vezes. – Ele riu fracamente. – Vai passar. Isso não te faz menos, nunca fará.
- E que sirva para os mais novos também. – Casemiro disse e olhei para Rodrygo que ainda chorava. Não o conhecia, mas não podia deixar de dar um apoio, se fosse possível.
- Isso serve para gente aprender, mas até lá, dói de verdade. – Falei e Rodrygo assentiu com a cabeça. – Mas deixa doer, faz parte do processo. – Ele assentiu com a cabeça. – E quanto aos outros... – Falei, me levantando. – Saibam que tudo é aprendizado, podemos estar tristes agora, mas tudo se ajeita ocasionalmente. – Passei os olhos pelo pessoal, vendo-os erguerem os rostos. – Só lembrem-se que, lá fora, ou aqui dentro, tem muita gente torcendo por vocês. – Indiquei os assessores e fotógrafos. – As críticas virão, elas sempre vêm, mas o que importa não é o que vocês fizeram lá fora, é o que vocês farão depois disso. Se levantem, gente! Boas coisas ainda virão para nós. – Eles sorriram.
- Preparem-se, garotos. – Bianca disse.
- Ah, Mini! – Neymar disse com um sorriso no rosto, indo até minha filha, assim como outros jogadores, e sorri.
- Você faz falta. – Thiago disse e suspirei.
- Tudo tem seu começo e fim, capitão, achei que soubesse disso.
- Sei bem, mas a nostalgia fica, né?! – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Fica sim, sei até demais... – Senti Alisson me abraçar pela cintura. – Mas são lembranças, boas lembranças. – Virei o rosto para Alisson e trocamos um rápido selinho.
- Com licença... – Uma voz em inglês perguntou e virei o rosto para porta, vendo Modric e outros jogadores croatas ali. – Podemos entrar?
- Claro! – Thiago foi o primeiro.
- Vou lá. – Falei para Alisson e ele assentiu com a cabeça. – Espero vocês no hotel.
- Combinado. – Ele disse.

- Eles estão bravos, de verdade. – Falei. – Não sei o que vai acontecer depois de hoje, honestamente.
- O Tite está fora, isso é óbvio. – Belle disse.
- Demorou, né?! Fazia um tempo que ele estava dando murro em ponta de faca. – Falei, suspirando.
- Achei que gostasse dele. – Carol perguntou.
- Eu gostava, fui uma das que pediu para ele ficar depois da Copa de 2018, mas muita coisa mudou de um ano para outro. – Falei, acariciando os cabelos da minha filha que dormia em meu colo. – Foi péssimo! Foi horrível.
- Foi! – Natália disse. – E não só hoje, né?! A gente deu sorte antes.
- Sim! Concordo. – A namorada de Weverton disse.
- Eles chegaram. – Carol disse e suspirei.
- Podem olhar a Mini por uns minutos? – Perguntei.
- Sim, claro! Por quê? – Belle perguntou.
- Se tem alguém que tem coragem e pode falar algo para o Tite sou eu. E ele precisa ouvir. – Falei, me levantando, tomando cuidado com a cabeça de minha menina.
- Boa sorte. – Elas disseram e eu abanei com a mão.
A Seleção foi recebida aos gritos e aplausos pela nossa torcida. A equipe técnica foi a primeira a entrar e eles seguiram com pressa para dentro do hotel, quando Tite entrou, segui ao seu lado, ignorando os jogadores que eu havia visto há algumas horas.
- Adenor. – Falei, ouvindo-o bufar.
- . – Ele disse e andei lado a lado, sentindo que ele andava a passos mais rápidos. – Precisa de algo?
- Sim, preciso! – Falei, acompanhando lado a lado com ele.
- Não preciso disso agora, . – Ele disse e parei de andar.
- Bom, aposto que ninguém precisava da sua reação completamente egocêntrica depois do fim e nem das suas más decisões também, mas aqui estamos. – Falei, cruzando os braços e ele parou de andar, assim como Matheus e Cléber.
- O que você disse? – Tite perguntou.
- Ninguém precisava da sua reação completamente egocên...
- Ah, ela vai repetir! – Matheus disse.
- Posso repetir quantas vezes for preciso. – Falei.
- Olha aqui, ! – Matheus disse, erguendo o dedo para mim.
- Olha aqui, você, Matheus! Abaixa essa crista aí, que a questão não é contigo, mas posso fazer ser, se quiser. – Falei firme. – E se você for erguer esse dedo para mim de novo, te garanto que eu quebro sem dó com a raiva que eu estou de vocês três. – Falei e fiquei aliviada quando ele reduziu um passo.
- O que você quer, ? – Foi a vez de Cléber falar.
- Não é porque somos amigos e trabalhamos bem durante dois anos que eu vou ficar quieta quando eu vejo erros. Achei que soubessem disso depois de todo esse tempo. – Falei firme. – E é exatamente por conhecê-los que eu posso dizer que esperava mais. Muito mais! – Neguei com a cabeça e os olhos de Tite estavam fixos no meu. – Você fugiu, Tite! Enquanto seus jogadores estavam chorando por decisões suas, você fugiu! – Falei firme. – E não foi nem dar um abraço neles e agradecer pelo papelão que você fez eles pagarem. – Ele engoliu em seco. – Que eles fizeram por causa das suas decisões. – Neguei com a cabeça. – Você era para ser um líder, Tite... – Minha voz mudou de tom, me fazendo engolir em seco. – Eu não vejo o mesmo líder que eu vi em 2018 ou em 2019, eu vejo um covarde. – Suspirei.
- ...
- Cala a boca, Matheus! – Foi a vez de Tite dizer.
- Não sei o que aconteceu contigo nesses anos que estivemos separados, mas esse não é nem de longe o Tite que eu conheci, ou o Cléber, ou Matheus. – Ergui o rosto para o filho de Tite. – Passamos por tempos difíceis, todos nós, mas era para melhorar a gente, não piorar. – Suspirei. – E você se fechou no seu mundo e não tem ouvido mais a opinião de ninguém, tudo por causa do seu ego, ou o que for. Você fez um garoto que nunca bateu um pênalti na vida ser o primeiro, Tite... – Falei rindo de nervoso. – Deixou o Ney para o fim, ele nem bateu. – Neguei com a cabeça. – Eu nunca vou te desejar mal, mas espero que você entenda que suas decisões não afetam só você, mas mais de 220 milhões de pessoas...
- Você acha que eu já não estou me remoendo o suficiente por isso? – Tite perguntou.
- Honestamente? Não, não acho. Porque você continua com esse nariz em pé, se achando melhor do que todo mundo. – Seu rosto até abaixou quando eu falei e ele suspirou.
- Desculpe te desapontar, . – Ele disse e neguei com a cabeça.
- Você não me deve desculpas nenhuma, mas àqueles garotos sim. – Pressionei os lábios. – Foi um prazer trabalhar contigo, Tite, isso eu não posso negar, mas às vezes precisamos seguir em frente, e é melhor fazer de forma boa, em que sintam nossa falta, não que deem graças a Deus pela nossa saída. – Falei, esticando a mão para ele. – Boa sorte no seu próximo destino, Tite.
- Nos encontramos por aí, ! – Ele apertou minha mão e puxei-o para um abraço, ouvindo-o suspirar.
- Espero que sim. – Falei. – Todos vocês. – Falei ao me afastar de Tite.
- Que jornada, certo? – Ele disse e olhei para Cléber, Matheus, Rodrigo e Fabio.
- Que jornada, gente! – Assenti com a cabeça. – Se cuidem, ok?! – Cumprimentei um por um.
- Você também garota. – Eles disseram. – Voa.
- Vocês também. – Assenti para Matheus e ele fez o mesmo.
- Às vezes o fim é só o começo de algo maior, para mim foi. – Dei de ombros, dando alguns passos para trás. – Quem sabe é para vocês também.
- Espero que sim. – Matheus disse e dei uma piscadela antes de me virar, encontrando Taffa e os goleiros ali.
- Só você para peitar o Tite. – Taffa disse e ri fracamente, me aproximando deles.
- Peito você se precisar também. – Falei e ele riu fracamente.
- Espero que não. – Ele brincou.
- Sabe o que vai acontecer? – Perguntei.
- Bem, ele sendo demitido, inclui a comissão técnica inteira, mas preparador de goleiros costuma ter uma contratação diferente, quem sabe? – Ele deu de ombros. – Mas você não vai se livrar de mim.
- É claro que não. – Rimos juntos. – Te espero para passar o Natal lá em casa.
- Aí é bom, hein?! – Ederson brincou. – Tem espaço para mais um?
- Você eu vou ter que pensar... – Brinquei, fazendo Alisson rir.
- Nem te dei os parabéns pelo programa, ! Você merece. – Assenti com a cabeça.
- Valeu, Ederson. – Sorri. – Há males que vêm para o bem. – Dei de ombros. – Fiquei totalmente desesperada com a gravidez, sem saber o que fazer, e a vida me mostrou uma opção compatível. – Falei. – Depois quando as coisas começaram a ficar difíceis, me mostrou novamente, e é assim que vamos lidando cada dia, certo, amor? – Perguntei.
- Exatamente. – Alisson disse, me fazendo sorrir.
- Um dia de cada vez, gente. – Sorri. – Isso sobre hoje também. – Falei. – Foi feio, foi difícil, mas nos faz aprender. – Eles assentiram com a cabeça. – Fico triste pelos mais novos, mas as coisas vão se ajeitando.
- Sempre sabe o que dizer. – Ederson disse e ri fracamente.
- Talvez eu deva aprender a calar a boca de vez em quando. – Falei e eles riram.
- É, talvez evite que o Matheus tente te enfrentar. – Taffa disse.
- Coitado, até parece que dá conta. – Alisson disse e ri fracamente. – Essa mulher é brava, gente. Não é fácil, não. – Lhe mostrei a língua, fazendo-o rir.
- Ah, é muito bom ver vocês juntos de novo. – Taffa disse, me fazendo rir.
- Mamãe? – Virei o rosto, vendo Mini vindo coçando os olhinhos em minha direção.
- Oi, amor. – Me abaixei, sentindo-a me abraçar. – Mimiu gostoso, hein?! – Ela bocejou, rindo fracamente.
- Ah, minha dorminhoca. – Alisson disse, fazendo cócegas em sua barriga e ela riu.
- Papai! – Ela disse em um misto de animação e sono, me fazendo sorrir. – A gente ganhou, papai?
- Não, meu amor, a gente não ganhou. – Ele disse e dei um pequeno sorriso.
- E você bem, papai? – Ela perguntou e Alisson pegou-a no colo.
- Eu estou bem, amor. Todos estamos, certo?
- Sim! tudo bem! – Ederson disse sarcasticamente e cutuquei-o na barriga. – Ai! – Ri fracamente.
- Abraçar melhora! – Ela disse, abraçando Alisson e sorri, vendo Ederson fazendo um bico.
- Que fofa! – Ele disse e sorri.
- Com certeza melhora, meu amor! – Alisson a apertou mais forte. – Obrigado, papai está melhor. – Sorri.
- Vocês estão fazendo um bom trabalho, ! – Taffa disse e sorri.
- Tudo por ela. – Falei. – Ela mudou minha vida de uma forma que eu nem esperava.
- Alisson falou que pensam em ter outros. – Ele disse.
- Por que não? Agora já estou calejada. – Brinquei, ouvindo-o rir.
- Quem sabe em 2026 não teremos outra Mini em volta? – Ele brincou e ri fracamente, vendo Mini passando para as mãos de Ederson, abraçando-o fortemente.
- Quem sabe? Temos novos desafios e um novo caminho até lá.
- Mas chegaremos lá. – Taffa disse e assenti com a cabeça.
- Sim, chegaremos lá. – Suspirei.

- Você provavelmente vai chegar antes de mim. – Falei.
- O voo é direto? – Alisson perguntou, colocando a blusa.
- Sim, mas vamos ficar com a Helena para o Natal e ela já vai comigo, então vou ajudar a Natália com as coisas. Eles vão fazer conexão em Liverpool antes de ir para Porto. – Ele assentiu com a cabeça.
- Será que a gente consegue um dia só nós dois? – Ele perguntou. – Quase três anos de casamento, quero fazer algo especial. – Sorri.
- É claro que sim, mas eu dei folga para Abbie até a virada. – Ele fez uma careta.
- Nossas mães chegam em breve, conseguimos um tempinho só nós dois. – Ele disse e rimos juntos.
- Parece que está com saudades. – Falei e ele riu.
- Eu estou! – Ele disse sério. – Faz mais de um mês que não ficamos juntos, e essa competição me trouxe algumas memórias. – Ele me abraçou pela cintura. – Saudade de fugir para o seu quarto no meio da noite. – Sorri.
- Até parece que não divide mais um quarto comigo.
- Ah, mas escondido é mais gostoso. – Rimos juntos.
- Vamos, galera? – Ouvi Bianca falar.
- Nos vemos em breve, amor. – Falei e trocamos um rápido selinho.
- Façam uma boa viagem.
- Vocês também. – Falei, abraçando-o e segui abraçar o pessoal que eu tinha mais afinidade.
- Nos vemos por aí, ! – Thiago disse.
- Com toda certeza. Ainda temos tempo. – Falei.
- Ainda temos. – Ele disse e trocamos um rápido beijo. – Você também, Ney. Apesar de algumas questões, a vida acaba se ajeitando para os bons. Sua hora vai chegar.
- Nossa hora. – Ele disse sério, me abraçando.
- E sua hora com a Angelina também. – Sussurrei, fazendo-o rir.
- Já foram te fofocar, não é? – Sorrimos.
- Ah, não é muito difícil saber. – Dei de ombros. – Quem sabe não seja sua oportunidade de se aquietar finalmente? – Ele riu.
- Você me vê melhor do que eu me vejo, .
- Porque você não quer. – Falei, ouvindo-o rir. – Se cuida, ok?! E não faça nenhuma besteira.
- Você também. E se cuidem, e cuidem dessa linda! – Ele fez cócegas em Mini, fazendo-a rir.
- Se cuidem, ok?! – Ederson disse.
- Até parece que a gente não se encontra sempre. – Falei, ouvindo-o rir.
- Eu sei, mas é diferente!
- No programa você não pode me zoar, né?! – Rimos juntos.
- Me aguarde! – Ele brincou e sorri, virando para Weverton.
- Bom te ver, campeão! – Ele riu fracamente. – Continue cuidando do meu time, ok?!
- Pode deixar. – Trocamos um rápido abraço.
- E parabéns pela nova namorada, adorei conhecê-la. – Falei.
- Você sabe da história, certo?
- É claro que sei! – Falei rindo. – Uma jogada de mestre, você sabe que poderia ter morrido, né?!
- Eu só a tirei de um lugar que ela não queria ficar. – Ele deu de ombros, me fazendo revirar os olhos.
- Apesar de ser horrível dizer isso, ele pagou minha saída, agora eu sou oficialmente livre. – Ela disse.
- Sejam felizes, ok?! O que precisarem, só dar um grito.
- Pode deixar. – Ela me abraçou e ambos acenaram com a cabeça.
Me aproximei dos outros jogadores, abraçando os mais conhecidos e alguns ainda tinham a tristeza e lágrimas no olhar, como Richarlison e Vini, então dei um forte abraço, esperando que isso pudesse confortá-los novamente.
Quando finalizei, dei mais um abraço em Taffa, Tite e a equipe técnica e recebi mais um beijo de Alisson, dando as mãos para Minerva e Helena. Os gritos e aplausos da torcida ficaram mais altos e dei um último aceno ao meu marido quando ele saiu.
Copas do Mundo tendem a dar muitas expectativas de todos nós, mas às vezes não são o que esperamos e nem são empolgantes quanto esperamos. Assim foi essa Copa do Mundo para mim. Talvez por estar do outro lado, ou pela falta de qualidade da nossa Seleção, mas isso não me faz desistir e, mesmo após essa falha, esperarei pela próxima tão ansiosa quanto essa, esperando que seja melhor, muito melhor.

Estacionei o carro na garagem, fechando-a e olhei pelo retrovisor. Minhas duas meninas dormiam no carro depois de uma cansativa viagem até aqui. Desci do carro e abri a porta de trás. Tirei primeiro Mini na cadeirinha e ela gemeu enquanto a apoiava em meu peito. Entrei em casa, ouvindo o silêncio e imaginei que Alisson estivesse descansando.
Subi os degraus com Mini, entrando em seu quarto e coloquei-a na caminha, acariciando seu rosto antes de cobri-la. Voltei rapidamente para a garagem e dei a volta, liberando Helena da cadeirinha. Ela já estava bem mais pesada de quando a conheci, mas apoiei as mãos em seu bumbum, ouvindo-a gemer também.
- ! – Ela gemeu.
- Eu vou te levar para cama, pode dormir. – Dei um beijo em sua bochecha e ela apoiou a cabeça em meu ombro novamente.
Foi mais difícil subir as escadas com ela, mas levei-a até seu quarto, colocando-a na cama e, também, a cobri, dando um beijo em sua cabeça. Tenho que admitir que essa é a parte favorita em ser mãe, ver minhas meninas dormindo e tendo bons sonhos. A vida funciona mesmo de formas estranhas e bagunçadas, mas só posso agradecer pelas oportunidades.
Voltei pela terceira vez até a garagem, tirando as malas do carro antes de trancá-lo, mas dessa vez deixei-as no hall. Não tinha mais braço para subir depois de subir minhas duas meninas, mas não tinha pressa nenhuma de organizar isso agora. Precisava de um banho e descanso.
Subi os degraus novamente e fui até meu quarto e de Alisson, abrindo a porta e me surpreendi ao encontrá-lo lá dentro ajoelhado no chão com o rosto afundado no travesseiro.
- Amor? – Chamei-o e ele ergueu o rosto e vi seus olhos avermelhados. – Ah, Alisson! – Andei apressada até ele, fechando a porta de qualquer jeito e me ajoelhei ao seu lado. – Ah, meu amor! – Abracei-o apertado. – Achei estranho mesmo você sério depois da eliminação.
- Foi horrível, ! – Ele disse. – A competição inteira, as escolhas, meu jogo, eu...
- Ah, amor. Não fala assim. Você mal foi usado em vários jogos. – Acariciei seu rosto.
- E quando precisaram de mim... – Seu rosto estava avermelhado mais uma vez enquanto algumas lágrimas deslizavam pela bochecha. – Eu fui horrível, amor.
- Você não foi horrível, amor. – Beijei sua bochecha. – Tem dias que a sorte só não está do nosso lado.
- Acho que nunca estive em um jogo tão ruim...
- Isso só mostrou algumas de nossas dificuldades, amor. – Falei calmamente. – É o que eu falei para vocês, isso nos faz querer crescer e evoluir. – Dei um beijo em sua bochecha. – E isso nos faz aprender para as próximas vezes.
- Eu sei, mas foi horrível. – Engoli em seco.
- Você tem todo direito de se sentir mal, meu amor, mas lembre-se que sempre tem o amanhã. Sempre tem uma próxima competição. – Falei, segurando sua mão.
- E você estará comigo?
- Eu sempre estarei contigo, Alisson! Essa aliança me diz isso. – Indiquei a aliança de ouro em meu dedo e ele riu fracamente. – E eu sempre vou torcer por você, como brasileira ou como sua esposa. E suas meninas também. – Acariciei seu rosto. – Tire um tempo para você, meu amor, deixa essa dor sair, faz bem, mas não se esqueça de quem você é e tudo o que passou para chegar aqui. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Isso faz parte de você. – Ele deu um beijo em meu rosto. – Agora vamos, chega de conversar com Deus. Vamos aproveitar que as meninas estão dormindo e eu te faço um banho relaxante.
- Você subiu com as duas?
- Subi, né?! – Falei sugestivamente.
- Desculpe, amor. Eu só queria aproveitar um pouco sozinho.
- Está tudo bem, amor. Tire o tempo que precisar. – Falei e ele assentiu com a cabeça. – Agora vamos! Não tenho mais idade para ficar ajoelhada no chão. – Me levantei, fazendo-o rir e estiquei minhas mãos para ele.
- O que eu faria sem você? – Ele me abraçou pela cintura quando se levantou.
- A mesma coisa, amor, porque isso faz parte de você. E é só um dos motivos de eu te amar. – Abracei-o pelos ombros e ele sorriu.
- E qual são os outros? – Ri fracamente.
- Ah, você não quer saber. – Brinquei, sentindo nossos lábios se colarem novamente.




Fim.



Nota da autora: Oi, gente! Depois de tanto me pedirem, vim trazer um pouco do que foi a Copa do Mundo no Catar para nosso casal! <3
Sei que muitos de vocês esperavam uma longfic, mas analisando onde nossos personagens estão hoje, seria páginas e páginas de encheção de linguiça, então optei por fazer uma short só para mostrar como seria o dia a dia deles. Afinal, com a Alê fora da CBF, não sobra muita coisa para mostrar, não é mesmo?
Eu tinha chegado até a começar uma continuação logo após a Copa América, mas com a pandemia, meus planos foram literalmente por água abaixo. E depois da Copa do Mundo de 2018 que eu realmente enlouqueci por Seleção e tudo mais, achei melhor me manter calma dessa vez. x)
Apesar de tudo, espero que tenha acalentado um pouco o coração de todos que me pediram uma continuação! Não fomos hexa, mas 2026 tá logo ali!
Ah, e não se esqueçam de comentar!
Beijos!



Outras Fanfics:
  • Passaporte Rússia, 2018
  • Passaporte Brasil, 2019



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