You hit me up
(Você me liga)
It's late at night
(É tarde da noite)
This is the same old story
(É a mesma velha história)
Your friends should take your phone away
(Seus amigos deveriam tirar seu telefone)
I always give in when you tell me lies to reassure me
(Eu sempre cedo quando você me conta mentiras para me tranquilizar)
I always make the same mistakes, yeah
(Eu sempre cometo os mesmos erros)

Ajeito o violão sobre o colo, segurando-o com uma mão e espalhando as folhas com as cifras no colchão ao meu lado. Tenho que me distrair, ela não me mandou uma mensagem o dia inteiro, muito menos ligou, e começo a ficar puto. Aliás, eu deveria ficar puto comigo mesmo, não sei por que ainda insistia nessa relação instável.
Testo as cordas, dedilhando os primeiros acordes da música que estava compondo. Ainda precisava de alguns ajustes, mas eu sabia que estava indo pelo caminho certo. Sinto o celular sobre o colchão vibrar e vejo a tela acender. Encaro a foto iluminada de em contraste com o quarto escuro. Devo atender? Não. Sei exatamente o script dessa história, e nele haverão mentiras contadas numa voz doce e meu cérebro entrando em desafio com meu coração. O telefone já vibrou mais de cinco vezes e se eu não atender agora, não vou ter a chance de vê-la ou ouvir a voz dela hoje. Merda. Quando dou por mim, meu polegar já está deslizando freneticamente pelo ícone verde do celular.
“?” É sempre a primeira palavra que sai de sua boca.
“” É o que eu sempre respondo com um suspiro. “Oi”
“Preciso te ver, baby, você está em casa, não é? Pode vir pra cá?”
“Eu não sei se é uma boa ideia, ...“
“Ah, vamos lá, eu não vi você a semana inteira, estou sentindo a sua falta, baby”
“Então, porque não ligou antes?”
“Desculpe, eu estava muito ocupada, as coisas não andam muito claras na minha vida”
É, eu sabia muito bem disso, nem o nosso relacionamento era claro para ela.
“Baby...” sua voz se tornou suave, mudando para aquele tom que ela sabia que eu nunca negaria nada.
“Deixe a porta aberta” respondi e desliguei o telefone.
You give a little taste
(Você me dá um gostinho)
Love me and then you take it from me
(Me ama e depois tira isso de mim)
I hate that I love it
(Eu odeio isso, eu amo isso)
'Cause you're driving me crazy
(Porque você está me deixando louco)

Largo o violão no chão, apoiando-o na mesa do abajur, deslizo o corpo para o chão e apoio as costas na cama. O que ela fazia comigo? Bastava que ela me chamasse de “baby” e meu corpo todo se aquecia, tudo o que eu queria era que isso virasse uma rotina, mas enquanto isso não acontecia, eu teria de lidar com as ligações na hora que ela queria e com a parte dela que ela permitia me pertencer.

“Baby?” ela me chamou baixinho assim que empurrei a porta do quarto dela, meia hora depois da ligação. O resto da casa era uma completa escuridão, mas ela sorriu e aquela era toda a luminosidade de que eu precisava. Fitei-a ainda parado na porta aberta do quarto. Suspirei, absorvendo cada detalhe daquela garota linda. Eu estava irritado com ela até o momento, mas depois de vê-la, eu mal sabia o que era raiva. Meu corpo se concentrou inteiramente na sensação de paz proporcionada por aquele sorriso que ela sempre abria ao me ver.

First you say you love me then you say you don’t
(Primeiro você diz que me ama, depois você diz que não)
I wake up in the mornin' and I'm all alone
(Eu acordo de manhã e estou totalmente só)
Tell me that you're with it then you say you won't
(Diz que está comigo, depois diz que não está)
Can you make your mind up?
(Você pode se decidir?)
Please, I'm losin' my patience
(Por favor, estou perdendo a paciência)
You know I'm losin' my patience
(Você sabe, estou perdendo a paciência)

Fechei os olhos. Aquele sorriso, aquele pequeno gesto que ela fazia ao erguer os cantos dos lábios, era a minha perdição. Lembrei-me de alguns dias atrás, quando ela sussurrou docemente em meu ouvido depois de acabarmos emaranhados num monte de pernas, lençóis e suor um “Eu te amo”.
“Então, fica comigo” eu sussurrei de volta.
“Estou aqui, , estou com você”
Mas quando acordei naquela manhã, a cama estava fria e só o que havia dela era o perfume do shampoo impregnado no travesseiro, uma provocação silenciosa e uma lembrança dolorosa de que ela não estava comigo, e talvez nem me amasse o quanto eu a amava.

I'm in your room, it's just us two
(Eu estou no seu quarto, é apenas nós dois)
I feel you getting closer
(Eu sinto você se aproximar)
You rest your head upon my chest
(Você descansa a cabeça em meu peito)
Deep down I know that this should be
(No fundo eu sei que deveria ser)
The last time I come over
(A última vez que venho)
You always leave me such a mess
(Você sempre me deixa uma bagunça)

se levanta da cama e caminha em minha direção. Está vestindo uma camisa larga que a cobre até a metade das coxas. Eu queria que aquela fosse uma das minhas camisetas. Merda, aquela deveria ser uma das minhas camisetas. Segurando em minha mão, ela me leva até o tapete peludo do quarto, ao lado da cama e do abajur que me acostumei a ver todas as noites que eu vinha e nos sentamos juntos. Sinto-a se aproximar de mim e apoiar o rosto em meu peito, o cabelo se desfazendo do coque frouxo do qual estava preso, caindo sobre seu ombro e minha mão. Seu corpo está quente e pequeno contra o meu, da mesma forma que eu me lembrava de estar na última vez que nos vimos.

You give a little taste
(Você me dá um gostinho)
Love me and then you take it from me
(Me ama e depois tira isso de mim)
I hate that I love it
(Eu odeio isso, eu amo isso)
'Cause you're driving me crazy
(Porque você está me deixando louco)

First you say you love me then you say you don’t
(Primeiro você diz que me ama, depois você diz que não)
I wake up in the mornin' and I'm all alone
(Eu acordo de manhã e estou totalmente só)
Tell me that you're with it then you say you won't
(Diz que está comigo, depois diz que não está)
Can you make your mind up?
(Você pode se decidir?)
Please, I'm losin' my patience
(Por favor, estou perdendo a paciência)
You know I'm losin' my patience
(Você sabe, estou perdendo a paciência)

Sua mão desliza pelo meu braço e sinto a respiração acelerar, meus pelos se arrepiam. Porra, será que ela não percebia o que fazia comigo? Só um toque e eu estava completamente em fogo, ardendo por dentro, implorando para que ela me amasse da mesma forma que eu a amo. Abaixo a cabeça ao mesmo tempo em que encaixo a mão sob o rosto dela, segurando sua nuca e encaixando nossos lábios, nossos corpos, perfeitamente como duas peças de quebra-cabeça. Eu quero essa garota mais do que tudo, só preciso que ela me permita entrar em seu coração.


And you gotta stop, if you know
(E você tem que parar, se você sabe)
So I can start letting go
(Assim eu posso começar a seguir em frente)
'Cause it's driving me crazy
(Poque isso está me deixando louco)
You keep driving me crazy
(Você continua me deixando louco)

Seus suspiros induzem meu corpo a não soltá-la, nunca soltá-la. Tudo está tão silencioso, os pais dela não estão em casa, então somos apenas nós, nossas respirações e nossos corações batendo um contra o outro. Devagar, deito-a no chão, sobre o tapete, e acaricio a coxa que ela ergue ao enlaçar as pernas em mim. Os lábios dela, aqueles mesmos lábios que me fazem esquecer o mundo ao me chamar por um apelido só meu, são tão macios aos deslizarem por meu pescoço, que eu preciso de mais, sempre mais dela. Tê-la pela metade nunca é o suficiente, preciso de mais do que seu corpo, quero sua alma e seu coração. Suas mãos ágeis se livram da minha camiseta e eu apoio as mãos ao lado de sua cabeça, mantendo distância apenas o suficiente para olhar em seus olhos.
“Não consigo continuar com isso, não consigo mais fingir que não estou me apaixonando por você, baby. Quero você, e nada de metades, quero por inteiro”
Ela me abre um sorriso ainda maior do que aquele que abriu quando cheguei.
“Sempre perdendo a paciência” ela tocou meu queixo e deslizou os dedos por meu pescoço, enganchando-os no cordão preso ao meu pescoço e brincando com ele. Encontrando novamente meu olhar, ela prometeu com os olhos muito mais do que prometeu com as palavras que saíram de sua boca. “Cansei de impedir meu coração de se prender a alguém. Tentei me convencer de que não precisava de ninguém, porque pessoas machucam, mas não importa o que aconteça, minha mente está em você, e você está por toda a minha mente. Por favor, fica comigo”
Era a primeira vez que ela me pedia isso, ao invés do contrário. Na manhã seguinte, quando abri os olhos, ela continuava espalhada sobre mim, aninhada em meus braços.

Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.