Poetry Among the Stars

Última atualização: 17/03/2024

Capítulo 1 - Saudades

Saudades era uma das pinturas mais famosas do brasileiro Almeida Júnior, um artista do século XIX muito importante e também um dos representantes do movimento realista, era em frente a ela que eu me encontrava parada quando percebi que, por algum motivo, aquela obra me fazia ponderar sobre meus sentimentos e sobre tudo o que vinha sentindo nos últimos anos.
A pintura que atraía meu olhar por quase dez minutos chamava minha atenção por seus detalhes e composição, a mulher à minha frente, que estava de costas para uma janela de madeira, estava com sua cabeça baixa e seus cabelos levemente voltados pela lateral esquerda de seu rosto. Ela usava uma roupa preta longa e simples, pude perceber que segurava em sua mão esquerda algo semelhante a uma foto, enquanto sua mão direita estava abaixo do xale que cobria sua boca. Notei que no mesmo ambiente havia dois objetos por cima do baú, que constatei ser o álbum de fotos e um simples tecido branco, além de um chapéu de palha pendurado ao lado da janela.

A pintura transmitia detalhes simples e minuciosos, como a luz do dia que adentrava pela janela e as cores do ambiente, que combinavam com os tons de pele da mulher e o local onde ela se encontrava. No entanto, antes que pudesse anotar toda aquela análise em meu tablet para que eu pudesse novamente observar cuidadosamente cada detalhe daquela obra, senti alguém colidir comigo levando um desconforto em meu braço esquerdo.

— Au! – Murmurei de cabeça baixa, massageando suavemente o braço.
— Perdão, você se machucou? – Perguntou o rapaz com um leve tom de preocupação em sua voz.
— Oh, não se preocupe, não foi nada demais. – Respondi sua pergunta levando o olhar do meu braço em sua direção quando me deparei com aquele par de olhos castanhos me encarando com preocupação e surpresa. Paralisei por alguns segundos no momento em que aqueles olhos se encontram com os meus, não conseguindo formular uma só palavra ou sequer ter reação alguma. Não acreditava no que via, era ele, Charles Orsini, o motivo da minha saudade e dor.
— Bellini? Emma Bellini? – Perguntou surpreso, antes que pudesse expressar qualquer tipo de reação ele me abraçou. Foi um abraço rápido, mas que durou tempo suficiente para que eu fosse bombardeada por minhas emoções – Quando voltou para Londres? – Perguntou o rapaz desfazendo o abraço. Sacudi levemente a cabeça despertando imediatamente do meu estado de contemplação.
— Cheguei esta madrugada, as meninas e eu acabamos de ficar de férias. – Respondi sua pergunta ainda nervosa pelo abraço repentino.
— Sam e as outras também vieram com você? - perguntou olhando ao nosso redor em busca da melhor amiga e das outras meninas.
— Só Paola veio comigo, nos mudamos para Dijon há alguns meses e as outras meninas precisavam resolver algumas coisas, amanhã pela tarde devem estar por aqui. – Expliquei, o homem concordou.
— Dijon? Li em algum lugar na Internet que lá, em qualquer época do ano, é incrível para turistar. – Disse e concordei levemente com a cabeça.
— Foi a escolha perfeita na minha opinião, Dijon é a capital da histórica região de Borgonha no leste da França e, nada melhor do que viver em uma das principais áreas produtoras de vinho do país. As meninas ficaram super animadas com a ideia de nos mudarmos para lá, você sabe como elas são. – Ele concordou rindo e eu fiz o mesmo. – E você, o que tem feito?
— Bom, faltam alguns meses para eu concluir o mestrado no curso de Arquitetura na UCA* em Farnham.
— Fico feliz por você! De verdade. – Disse sincera e o garoto de cabelos claros sorriu mostrando suas covinhas. Antes que pudéssemos continuar com a conversa, o toque de seu celular chamou nossa atenção.
— Perdão, tenho que atender, é importante. – Disse checando o visor e concordei vendo-o se afastar lentamente para o lado oposto com celular sobre seu ouvido. Ao vê-lo se retirar virei-me novamente para a pintura tentando conter o que estava sentindo naquele momento, todos aqueles sentimentos e mágoas lutando dentro de mim prestes a explodir e, por mais difícil que fosse, tentei ao máximo deixar de lado toda aquela inquietação em meu peito decidida a continuar com o que fazia.

Enquanto botava pensamentos em ordem, resolvi prosseguir com minha análise sobre a obra à minha frente mantendo todo o meu foco e concentração, embora não estivesse sendo tão fácil. Algo na pintura chamava minha atenção e analisando cuidadosamente a obra pude notar a expressão facial daquela mulher, percebi que suas sobrancelhas estavam franzidas e que seus olhos estavam quase que completamente fechados pelas lágrimas que escorriam por seu nariz enquanto observava o que parecia ser uma foto em sua mão direita, enquanto a outra cobria sua boca, muito provavelmente tentando abafar um soluço de choro. Naquele momento pude entender que aquele olhar não se referia somente à tristeza e dor, mas sim saudades, saudades de alguém muito importante em sua vida, como um amor do passado que infelizmente parecia ser a sua dor no momento. Foi com esse pensamento que compreendi o que o artista pretendia transmitir através de sua obra.
Chegada a minha conclusão sobre a obra, decidi então anotar tudo em meu tablet logo sentindo alguém se aproximar, era Charles que acabara de voltar de sua ligação.

— É uma bela obra de arte. – Disse posicionando-se ao meu lado observando a tela à nossa frente.
— Você tem razão. – Falei calmamente concordando com o homem ao meu lado. – Entendo perfeitamente o que ela quer transmitir, acho até que poderia descrever exatamente o que está sentindo. – Revelei meu pensamento sobre a pintura. Dei uma olhada rápida em sua direção e então pude observar com cuidado o homem ao meu lado. Seus cabelos estavam levemente desalinhados e voltados para cima, o mesmo trajava uma calça de alfaiataria marrom, um suéter de malha branco por debaixo de um sobretudo da mesma cor de sua calça, além do seu casual sapato preto. Ele estava lindo, como sempre.

*University for the Creative Arts localizada em Farnham, Inglaterra


Capítulo 2 - O contato visual quebrado. Thomas Bennett aparece.

Ao perceber que estava sendo observado, o homem virou-se em minha direção e me encarou, confesso que minhas pernas não paravam de tremer pelo nervosismo e ansiedade, não imaginava que poderia reencontrá-lo aqui, embora tivéssemos o mesmo e pequeno círculo de amigos. Mil coisas passavam pela minha cabeça quando nossos olhares se encontraram, lembranças e memórias que criamos e vivemos juntos tomaram conta de todos os meus pensamentos e eu não conseguia controlá-los. Queria que houvesse um jeito de poder voltar no tempo e reviver tudo aquilo muitas e muitas vezes, mas a verdade é que eu não podia, não depois de tudo que aconteceu. Apesar da estranha sensação de familiaridade e da saudade que habitava em meu peito, meu cérebro não conseguia raciocinar direito com ele bem ali na minha frente, tão irritantemente perto. A troca de olhares que levou alguns segundos, pareciam durar uma eternidade, todos os sentimentos que eu tentava a todo custo controlar lutavam entre si, tudo por causa dele, Charles Orsini, a droga do meu primeiro e grande amor. Confesso que gostaria que esse reencontro tivesse sido em circunstâncias diferentes ou que, simplesmente, nunca tivesse acontecido. Tê-lo ali tão próximo a mim mais uma vez fazia com que inúmeros flashbacks surgissem em minha mente para que eu pudesse assisti-los muitas e muitas vezes, repetidamente.

— Emma eu... – Charles pretendia me dizer alguma coisa quando foi imediatamente interrompido por um rapaz que veio em nossa direção. Quebrando nosso eterno contato visual.
— Cara, até que enfim te encontrei, consegui estacionar o carro a uma quadra daqui, você não vai acreditar no que acon.. Emma? – O garoto de cabelos loiros levou os olhos surpresos até mim. Era Thomas Bennett, um dos melhores amigos de meu irmão. O rapaz recém chegado estava vestido de forma elegante, assim como Charles, mas ao invés dos tons marrons, suas roupas eram voltadas para tons cinzas. – Caramba, é tão bom ver você! Quando você chegou em Londres? – Caminhou em minha direção, dando-me um abraço apertado. Retribui da mesma forma com um sorriso enorme em meu rosto, era tão bom vê-lo novamente.
— Cheguei de madrugada. Meu irmão vai surtar quando souber que vim sem avisar. – Falei saindo de seu abraço. – Você sabe como ele é dramático. Sem contar que Tobias e Atlas devem estar deixando ele completamente louco. – Ri levemente e ele fez o mesmo, concordando.
— Posso imaginar. Mas então, quanto tempo pretende ficar na cidade? – Thomas perguntou, cruzando os braços.
— Na verdade não muito, as meninas e eu acabamos de ficar de férias e combinamos de passar as festas de fim ano com nossas famílias. Ficaremos aqui somente até a primeira semana de Fevereiro. – Expliquei. – E como o aniversário do meu irmão está próximo eu não podia deixar de parabenizá-lo pessoalmente. – Conclui, vendo-o concordar com a cabeça.
— As meninas estão aqui com você? – Perguntou, neguei com um aceno de cabeça.
— Oh não, elas virão amanhã lá pelo fim da tarde. Precisavam resolver algumas coisas ainda hoje. – Respondi, ele me encarava com atenção. – Por enquanto só Paola e eu estamos em Londres. Queríamos fazer uma surpresa, então ninguém sabe que estamos aqui.
— Paola ficou no hotel? – O loiro perguntou.
— Sim, ela estava exausta então eu a deixei descansando antes de irmos para minha casa mais tarde. – Falei. Tom colocou suas mãos nos bolsos de seu sobretudo.
— Entendo, sei o quanto ela detesta voos, principalmente voos noturnos. E você, o que veio fazer aqui no Museu Artístico Internacional às.. –Checou o relógio em seu pulso. – Oito da manhã de uma terça-feira? – Perguntou, agora olhando para mim. – Não está cansada da viagem?
— Pra falar a verdade não foi um voo tão longo, mesmo sendo um voo de uma hora tive bastante tempo para descansar. Por isso vim vê-la. – Comentei, apontando para pintura. – Preciso enviar por e-mail algumas anotações sobre essa e outra obra que estariam em exposição hoje, tive que vir ou acabaria esquecendo. – Finalizei, vendo-o concordar. Sorri em sua direção. Thomas era uma pessoa incrível, desde a minha mudança para França não mantivemos contato com tanta frequência como eu gostaria, vê-lo ali era realmente reconfortante. Olhando-o por um instante, percebi que apesar de estar diferente da última vez que nos vimos, o garoto continuava cada vez mais lindo e alguns centímetros mais alto, além de ainda possuir o olhar brincalhão.
Minha família, juntamente com a família Bennett, Jones, Ortega, Lafuente, Evans e Orsini eram e sempre foram grandes amigos de infância, além de serem da elite de Londres por gerações. Por sempre estarmos juntos em finais de semana, comemorações e festas que nossas famílias organizavam, acabamos todos nos tornando melhores amigos também.
Todos nós nos conhecíamos como ninguém.

— Quando as meninas chegarem teremos tempo de sobra pra sairmos todos juntos, o que acha? Faz o que, quatro anos que não nos vemos? – Ele coçou o queixo pensativo, referindo-se ao nosso último encontro.
— Três anos e cinco meses na verdade. – Corrigi, permitindo que um sorriso singelo surgisse em meus lábios. Seus olhos se arregalaram.
— Caramba, tud.. – Antes que pudesse continuar foi interrompido com o limpar de garganta de Charles, nos fazendo olhar em sua direção. Ele, que permanecia em silêncio durante toda aquela conversa, encarou o melhor amigo ao meu lado apontando freneticamente para o rolex de couro preta presa em seu pulso, aparentemente querendo lembrá-lo que estavam atrasados para alguma coisa.
— Oh certo, ahn... – Tom estalou os dedos voltando a olhar para mim. – Ems, perdão, nós estamos realmente atrasados agora. Me passa o endereço do hotel e o horário por mensagem, vou levar você e Pá para casa mais tarde, o que acha? Ótimo, até mais tarde. – Não tive tempo para lhe responder. Tom me abraçou depositando um beijo em minha bochecha e logo se retirou para o outro lado do Museu junto de Charles, que acenou de longe em minha direção. Ambos me deixando sozinha novamente.

Depois da rápida despedida proporcionada por Bennett, dei uma gargalhada leve decidindo seguir para a próxima e última obra de arte. O Beijo V de 1964, uma das pinturas mais famosas do artista americano Mi>Roy Lichtenstein, que foi um dos primeiros a alcançar o amplo reconhecimento nas críticas ao movimento da Pop Art.
Suas obras dominaram a arte com seu estilo, técnicas, temas de reprodução comuns e por sua inovação e influência, tornando-se então um dos artistas que marcou a arte do período pós-guerra, além de trazer uma grande mudança no expressionismo abstrato, além de valorizar as histórias em quadrinhos, que contava com uma bela mistura e ótima tonalidade em suas cores. Finalizando toda a minha conclusão, anotei por fim todos os detalhes da obra, decidindo que já estava na hora de voltar para o hotel. Guardei o tablet em minha bolsa e peguei meu celular abrindo o aplicativo de corrida a procura de um táxi, rapidamente encontrando um disponível. Confirmei a corrida e andei calmamente para a entrada do Museu Artístico Internacional para esperá-lo.


Capítulo 3 - De volta ao Park Grand Hotel, Paola Jones à espera.

Assim que o táxi chegou, sentei-me no banco de trás agradecendo mensalmente pelo veículo estar com o aquecedor ligado. Dei o endereço do hotel para o motorista, um senhor muito simpático e que aparentava estar nos seus cinquenta e poucos anos. Ele deu partida no veículo afirmando que em alguns minutos chegaríamos ao meu destino. Ao chegarmos em frente ao hotel paguei-lhe pela corrida, descendo do veículo, agradecendo-o mais uma vez pela carona. Segui em direção a entrada do Hotel passando pelo recepcionista, que sorriu em minha direção quando passei pela porta do edifício, caminhando tranquilamente até o elevador, que não demorou a chegar. Entrei rapidamente para dentro da cabine, apertando o botão que me levaria para o vigésimo segundo andar. Assim que as portas do elevador se fecharam levei meu olhar para o relógio em meu pulso, que marcava quase dez horas, quando uma melodia familiar começou a ecoar pelo local, fazendo com que meus olhos começassem a ficar marejados pelas antigas lembranças e pelo recente encontro com Charles no museu. Era difícil de acreditar que ele ainda mexia com meus sentimentos, que tudo que havia entre nós tenha sido marcado através de mágoas, discussões e pelas desconfianças. Algo que contribuiu muito para o fim do nosso relacionamento.
Um barulho indicando que o elevador havia chegado em meu andar despertou-me de meus devaneios. Assim que as portas do elevador se abriram limpei o resquício de lágrimas em meus olhos e segui em direção ao quarto que Paola e eu estávamos dividindo. Ao passar pela porta pude ouvir a risada contagiante de minha amiga vindo mais a frente, andei pelo cômodo tirando a bolsa do ombro e o sobretudo que vestia segurando-os com o braço esquerdo, peguei minha mala pegando-a com a mão direita seguindo até minha cama. Coloquei a bolsa e o sobretudo em cima dela e pus a mala sobre o recamier, móvel que ficava do lado oposto à cabeceira da cama, abri a mala pegando um conjunto de moletom e virei-me em direção a janela do quarto onde minha amiga estava. Paola ainda estava de pijama, estava sentada em frente ao notebook e ao seu lado havia uma pequena mesa de café da manhã com uma pequena quantidade de frutas, bacon, ovos, panquecas, algumas torradas e uma xícara de café. Tirei as botas que usava deixando-as ao lado da cama, caminhei em sua direção, cumprimentando-lhe com um beijo no topo de sua cabeça seguido de um bom dia, depois segui para o banheiro.

— Onde você estava? Acordei e não vi você em lugar algum. – Falou em tom alto para que eu pudesse ouví-la. – Fiquei esperando por você para irmos tomar café da manhã. Você demorou pra voltar então pedi para que trouxessem o meu. – Ela concluiu.
— Fui ao museu, precisava dar uma olhada nas pinturas que estavam em exposição hoje. – Respondi no mesmo tom. Sai do banheiro refazendo o caminho em direção a cama. Ficando de costas para ela enquanto colocava a roupa que usava antes de chegar na mala. – Você estava dormindo tão bem, não queria te acordar. Deixei um bilhete na penteadeira explicando, você não viu? – Virei em sua direção. Ela negou dizendo não ter visto bilhete algum. – Bom, de qualquer forma, eu já estou aqui. – Falei, agora ajeitando o edredom e os travesseiros sobre a cama. – Aliás, acabei encontrando os meninos lá... Digo, Charles e Tom. — Revelei deitando-me na cama sem olhá-la. Ouvi o som de sua xícara ser colocada sobre a mesinha de café da manhã. Percebi de relance Paola abaixar rapidamente a tela do seu notebook, virando-se imediatamente em minha direção.
— Como assim? E o que os dois faziam lá? – Veio até a cama onde estava, sentando-se de frente para mim. – Como aconteceu? Você está bem com isso? Digo, por ter encontrado Charles? – Perguntou.
— Estou bem. – suspirei. – Ele acabou esbarrando em mim acidentalmente enquanto eu olhava uma pintura, aquela que falei pra você ontem, lembra? – Comentei vendo-a concordar, continuei. – Hm.. Conversamos um pouco e depois Tom também apareceu. Conversei com Thomas por alguns minutos até Charles o lembrar que precisavam ir. Provavelmente para alguma reunião. – Dei de ombros, ela continuou a me encarar.
— Só isso? Não aconteceu mais nada? – Ela franziu a testa. – Nem um clima estranho? Quer dizer, o relacionamento de vocês terminou da forma menos amigável possível depois daquela festa na casa da prima dele. Sem contar que tem uns três anos que não nos reunimos ou saímos juntos. – Concluiu.
— Não da parte dele, pelo menos. Mesmo que estivéssemos conversando amigavelmente um com outro, por dentro eu tentava quase que inútilmente controlar minhas emoções. – Confessei com cansaço evidente em minha voz. – Mas não quero conversar sobre isso agora. – Paola pegou minha mão, acariciando-a.
— Ems, sei que esse reencontro mexeu muito com você e até a senhorita estar pronta para conversar sobre, esse vai ser e será assunto para outro dia, ok? Prometo que estarei ao seu lado quando esse dia chegar. – Ela disse, me puxando para seu abraço.
— Paola Jones, já disse que você é a melhor amiga do mundo? – Ela gargalhou, desfazendo o abraço.
— Hoje não, mas é sempre bom ouvir isso de vez em quando. – A loira sorriu, voltando para a poltrona ao lado da janela novamente. – Que horas vamos para sua casa? Temos que deixar tudo pronto para fazer o check-out uma hora antes de irmos. – Ela me olhou, levando uma torrada até sua boca dando uma mordida.
— Sabia que tinha esquecido de alguma coisa. – Bati em minha testa. – Tom se "auto-convidou" para nos levar até lá mais tarde e pediu para que eu enviasse o endereço do hotel para vir nos pegar.
— Isso é ótimo, não estava muito afim de pegar um táxi do hotel. Vai ser bom encontrar com ele depois de um tempo. – Ela disse limpando sua mão e boca com um lenço de papel, fazendo um coque no topo de sua cabeça. Em seguida ficou de pé pegando a mesinha de café da manhã indo até a pequena cozinha que ficava no outro cômodo. Refez o caminho de volta para o quarto indo até sua mala. Tirou uma muda de roupa e seguiu para o banheiro, parando no caminho para olhar em minha direção. – Você já enviou o endereço para ele? – Neguei com a cabeça, pegando meu celular dentro da bolsa.
— Vou enviar agora, tudo bem pra você irmos às 16 horas? Podemos almoçar juntas no restaurante do hotel e organizar nossas coisas antes de irmos, o que acha? – Perguntei desbloqueando meu celular.
— Por mim tudo bem. – Balançou a cabeça em concordância e passou pela porta. Assim que Paola entrou no banheiro levei meus olhos para o aparelho em minhas mãos procurando por Tom em minha lista de contato, clicando rapidamente em seu nome quando o encontrei.

"Este é o endereço Park Grand Hotel (449 Great West Road, Hounslow TW5 0BU). Paola e eu estaremos esperando no lobby do hotel às 16h, tudo bem?"



Enquanto aguardava sua resposta, peguei o controle remoto da TV e a liguei, abrindo imediatamente o aplicativo da NETFLIX. Enquanto procurava por algum filme no catálogo, o som de notificação indicou uma nova mensagem.

Thomas Bennett
Combinado! O hotel fica a alguns minutos de onde estou agora, estarei aí no horário.



Respondi com ''Ok'' bloqueando a tela do celular colocando-o na mesinha de cabeceira que dividia as duas camas. Voltei a olhar para televisão escolhendo por fim uma comédia natalina. Oito minutos de filme se passaram, peguei meu celular checando o horário que marcava 11:40am. A porta do banheiro se abriu e Paola saiu de lá vestindo um jeans preto e um suéter de malha da mesma cor, por cima de uma blusa casual branca. Observei ela caminhar até a penteadeira onde seu celular estava, colocando-o no bolso frontal de sua calça, sentou-se na cama para calçar os sapatos e logo em seguida pegou a escova sobre a penteadeira passando por seus cabelos, deixando-os perfeitamente alinhados. Enquanto minha amiga se movimentava pelo quarto direcionei novamente o meu olhar pra TV ajeitando-me confortavelmente na cama. Voltei a prestar atenção no filme, sentindo meus olhos começarem a pesar pelo cansaço repentino.




Continua...



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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