Capítulo Único
tinha quase certeza que algo naquela noite iria acontecer. Tudo começou com os olhares esquisitos que dava a uma certa garota da Corvinal, que retribuía com uma carranca de espantar qualquer um. Todos tinham quase certeza que algo rolava entre esses dois, mesmo os dois negando todas as vezes, mas os outros Marotos sabiam que não demoraria para que algo acontecesse.
Logo depois veio o anúncio do Baile de Inverno, uma ocasião que raramente acontecia em Hogwarts, e a escola toda passou por um ar totalmente diferente de tudo que já viram. As meninas passaram a cochichar mais pelos corredores, dando risadinhas daqueles que tinham um certo interesse, enquanto os meninos ficavam receosos em o que fazer sobre tais acontecimentos. O mais sortudo, ou prejudicado, era , pela imensidão de mensagens de garotas pedindo para ir ao baile com ele, o famoso playboy de Hogwarts. Entretanto, ele tinha o interesse em apenas uma garota, que não parecia estar tão interessada assim.
[...]
A aula de História da Magia mais uma vez na semana dava de dar sono. Eu não parecia ser a única sem qualquer interesse algum na aula, muitos estavam cochichando com seus colegas, outros rabiscavam em seus pergaminhos, e alguns outros, assim como eu, tentavam dar um cochilo ou já estavam cochilando.
, por sua vez, batucava cansavelmente, seus dedos na mesa sem ritmo algum. Eu não parecia a única incomodada, parecia a poucos passos de pular no pescoço do garoto ao meu lado.
— , eu vou te pedir apenas uma vez. — Respirou fundo a ruiva. — Pelo amor de Godric, para com esse barulho, ou eu...
— me ameaçando, o que será de mim agora. — colocou as costas da mão na testa, em uma posição pouco dramática.
— Você devia parar. — Dei um soco em seu braço, que tirou um pequeno grunhido de dor do outro.
, que estava do outro lado, em outra mesa, me deu um pequeno sorriso e sussurrou um "obrigada" para mim. não parecia nem um pouco feliz após ser tirado dos seus devaneios e resolveu que eu seria a próxima vítima de seus ataques irritantes e pouco perceptíveis, menos para o professor Binns, que não estava nem aí para o que os outros faziam na sua aula.
— Eu juro pela minha mãe, que se você não parar com isso, Madame Prince vai ter uma companhia hoje à tarde. — Tais palavras minhas não fizeram nenhuma reação ao garoto, entretanto, ele parou de me cutucar no braço e olhou para mim.
— Você já tem um par para o Baile? — Seu rosto tinha o mesmo semblante de antes, parecia até que ele estava pensando nisso a horas e só agora tinha tido coragem para perguntar.
e eu sempre tivemos uma relação estranha. No nosso primeiro ano, pouco nos falávamos, até porque nossos grupos de amigos não tinham o menor interesse um no outro — principalmente , que tinha um repúdio enorme pelos Marotos — até o triste dia em que a professora Minerva, teve a brilhante idéia de separar e , e adivinha com quem ela colocou o segundo garoto? Isso mesmo, eu. O resto é história.
— Não tenho nenhum, por quê? — Suas bochechas tornaram-se rosas sem qualquer motivo.
— Nada, deixa pra lá. — Começou a prestar atenção no fantasma à frente.
A corneta alguns minutos depois tocou e vários alunos saíram apressados para fora da sala, deixando o professor Binns falando sozinho. me esperava ao lado, segurando seus livros em mãos, enquanto tinha corrido para fora sem ao menos se despedir, como costumava fazer. A ruiva, assim como eu, estranhou a reação do garoto, mas ela não pareceu se importar.
Saímos e fomos em direção ao Salão Principal, em busca de encher o estômago um pouco antes das outras aulas que estavam por vir. Era por volta do meio-dia. Vários alunos andavam pelos corredores, conversando, brincando, enquanto alguns outros, poucos, convidavam ou eram convidados para o Baile de Inverno, e isso chamou atenção de .
— Você já tem um par para o baile? — perguntou.
— Que? — Virei o rosto em sua direção.
— Você já tem um par para o baile. Eu ouvi te perguntar algo assim, mas não ouvi sua resposta. — Passamos por debaixo das portas do Salão, adentrando-o, e seguindo para a mesa da grifinória, onde vários estudantes de outras casas também sentavam-se na companhia de seus amigos.
— Depois nós conversamos.
e assim que nos viram, acenaram para a gente com os maiores sorrisos no rosto. As duas já estavam com seus pratos cheios de algo que conversavam. Eu e nos sentamos uma de frente para a outra, e abastecemos nossos pratos com algumas coisas.
- Precisamos contar algo para vocês. — iniciou a conversa. Ela e a morena, do outro lado da mesa, ao lado de , estavam de mãos dadas. — Nós estamos namorando!
— Finalmente! — exclamou. Tinha levantado as mãos em forma de agradecimento, deixando meio desnorteada. — Vocês duas não são nem um pouco discretas, acreditem.
Elas duas tinham uma relação meio de amizade colorida. Viviam por aí de mãos dadas, como um velho casal aproveitando os seus melhores momentos; davam sorrisos tímidos uma para a outra. E toda vez que alguém perguntava se elas eram um casal, respondiam que não, e se tornavam dois tomates de tão vermelha que ficavam.
me olhou, esperando eu falar algo, mas apenas respondi com um sorriso, que dava para entender que eu concordava com .
— O que ela tem? — levou minha resposta como um ato estranho vindo de mim, e perguntou.
— O Baile — respondeu a ruiva.
— Você não tem par? É isso? — estava elétrica, fazendo gestos com as mãos.
— Não vou — respondi, colocando outro garfo de comida na boca.
— Como é que é? — tornou a falar, surpresa.
— Não estou com vontade. — Dei de ombros.
No mesmo instante um barulho enorme de alguém entrando com tudo no salão pode ser ouvido. Todas as cabeças voltaram-se para o barulho, e para a surpresa de ninguém, era , , e , que estava meio vermelho pela atenção em si e nos outros dois paspalhões. Os três começaram a vir em direção a mesa da Grifinória, e para a nossa surpresa, em direção à nós quatro.
— Preciso da sua ajuda. — parou ao meu lado e falou. Olhei para cima e pedi que continuasse. — Preciso que você vá ao baile comigo.
[...]
Eu sabia que estava me metendo numa tremenda enrascada, após ter aceitado ir ao Baile com , mas tudo se tornou pior. As meninas me olhavam como se eu fosse um ser vivo desconhecido, coisa que não fazia muita diferença na minha vida, mas dava de dar nos nervos. E eu nomeei tudo isso como: Efeito .
levou todo esse acontecimento como uma oportunidade para eu poder me declarar para o garoto, já que eu tive uma pequena queda por ele há alguns anos. Mas como é que eu faria algo assim sem ao menos saber se ele me via como algo a mais do que apenas uma amiga? Para isso era bobeira.
Agora estava eu, no meu quarto com um vestido azul em meu corpo, esperando — uma amiga de longa data, que pelo destino, assim como eu, foi para Corvinal — terminar de se arrumar, para enfim descermos para o Salão Principal, onde acontecerá o baile.
— A 'tá certa, sabia? — falou, olhando para mim com aqueles olhos escuros e quase mortíferos. Fitei-a, assim como ela, com uma cara de desentendida. Essa conversa vinha se estendendo por dia a fio, e a melhor solução que eu achei para evitá-lo era me fazendo de desentendida ou apenas ignorando. — Ela sabe, assim como eu, que aquele cabelo gosta sim de você, e apenas você não consegue ver isso.
— Se vocês têm tanta certeza disso, por que ele não veio falar comigo?
— Porque assim como você, ele não consegue ver isso, simples assim. — Levantou-se e estendeu a mão para mim. — Mas chega de papo furado e vamos lá 'pra baixo.
Peguei na sua mão e assim seguimos para a escadaria principal, onde os meninos disseram que esperariam. Ao chegar lá, ainda estava lá, meio nervoso, e para a minha surpresa, sem o ao seu lado. O par de a esperava ao lado, com um sorriso enorme e orgulhoso, entretanto, mesmo ao vê-lo, não soltou minha mãe.
— Cadê o paspalhão número dois? — perguntou a , que mudou de postura e olhou nervosamente para mim. — Vai me dizer que ele se perdeu no caminho?
— Ele 'tá no quarto ainda, mas eu não tenho muita certeza se ele vem. — Coçou a nuca olhando para baixo.
Soltei a mão de , e sai andando para o lado oposto, em direção a comunal da Grifinória.
Se ele acha que eu me vesti toda formal à toa, ele está bem enganado.
Mulher Gorda estava cantarolando alguma melodia desconhecida até me ver. Ela me olhou de cima a baixo e tornou a falar.
— Senha?
— Bolinha de caramelo. — Ela pareceu não querer abrir a porta, mas pareceu mudar de ideia segundos depois.
Adentrei a comunal apressada, subi as escadas para o dormitório masculino, ignorando todos os olhares de algumas pessoas que ali estavam, e segui para o quarto onde ficavam. Dei algumas batidas na porta, mas não recebi nenhuma resposta vinda do outro, assim resolvi entrar.
— , eu já te disse que não vou mais. Me deixa em paz. — estava deitado em sua cama com as cortinas fechadas em volta dela.
— Você, seu idiota — abri as cortinas sem qualquer cuidado — o que você acha que 'tá fazendo aí, deitado? — Ele tinha os olhos arregalado em surpresa ao me ver.
Seus olhos, além de arregalados agora, estavam vermelhos, parecia que estava chorando a pouco, enquanto suas bochechas estavam rosadas, mas não dá forma que eu esperava.
— O que você 'tá fazendo aqui? — perguntou sentando-se.
— Eu que te pergunto, o que você 'tá fazendo aqui? Você acha que eu vesti esse vestido idiota e me arrumei à toa? 'Pra começo de conversa, eu nem queria ir nesse baile, e aí você...
— Você 'tá vendo essa carta idiota? Pois é. — Pegou um pergaminho meio amassado em cima do colchão e colocou em frente ao meu rosto. Tinha uma letra delicada e bem escrita no papel, entretanto o conteúdo dela não tinha nada de delicado.
A carta era dos . A nobre casa dos . A casa, onde apenas puro sangues eram bem-vindos. A casa, onde sofreu sua vida inteira com pais que se preocupavam apenas com seus próprios narizes. A casa, onde de nobre só tinha o nome.
— O que... eles querem? — Sentei-me na cama ao lado, onde eu podia ficar frente a nele, com um certo espaço entre nós.
— O que você acha? — Deu um sorriso sarcástico. Ele pareceu pensar no que estava falando e murchou um minuto depois. — Desculpa. Eu não queria...
— Você sabe que não é nada do que eles dizem aí, né? Achei que você já devia saber que aquele retrato seu lá, não passa de uma cópia barata sua, que nem personalidade tem.
Eu estava me referindo ao retrato, que por algum motivo desconhecido, os s ainda tinham pendurado na sala de estar, de , onde ele ainda era uma criança e mal sabia dos males que aquela família fazia àqueles que não eram iguais a si.
— Eles querem que você se ache fraco e volte correndo para eles... Mas você não é! Você é , meu melhor amigo, um ótimo bruxo, a felicidade de todos os nossos amigos, mesmo que não pareça.
Desde o dia em que fugiu de casa para os Potters, algo em mudou. Ele tornou-se um pouquinho mais sério, passou a se preocupar com o bem-estar daqueles que ficavam à sua volta, parou mais de ser aquele menino arteiro e mudou o modo de agir. No início era estranho, ter um totalmente diferente, mas sair daquela casa o deixou melhor.
— Por que eles ainda insistem em me procurar? Eles mesmo me deserdaram, me queimaram da tapeçaria. Por quê? — Voltou a derramar lágrimas. Passei a sentar-me ao seu lado e balancei meu ombro para que ele apoiasse a cabeça. — Eu odeio eles.
Ficamos assim por um tempinho. O silêncio não era agradável, mas se quebrado parecia que algo terrível poderia acontecer e isso estava me incomodando. O garoto ao meu lado tinha parado de chorar e parecia perdido em seus pensamentos. Eu estava tentando encontrar algo para falar, para quebrar aquele clima chato.
— — o chamei. Ele levantou a cabeça, ficando cara a cara comigo. — Eu acho que gosto de você.
— Que?! — Ele parecia sem reação, mas depois que tais palavras pareceram ser raciocinadas em sua cabeça, já era tarde, pois numa onda de coragem desconhecida, eu o tinha beijado.
Durou apenas um encostar de lábios para eu cair na real, me afastando assim que percebi o que estava fazendo. Entretanto, não deixou, pegou em meu braço e puxou, para que assim voltássemos a ter uma proximidade maior. Ele olhou em meus olhos e aproximou-se cada vez mais, até nossos lábios se conectarem.
— Eu também gosto de você — sussurrou entre o beijo. — Mesmo eu achando que você vai querer me matar depois, pelo baile perdido.
Abri meus olhos, apoiando nossas testas uma na outra, e sussurrei:
— A gente conversa depois. — Juntei novamente nossos lábios.
Logo depois veio o anúncio do Baile de Inverno, uma ocasião que raramente acontecia em Hogwarts, e a escola toda passou por um ar totalmente diferente de tudo que já viram. As meninas passaram a cochichar mais pelos corredores, dando risadinhas daqueles que tinham um certo interesse, enquanto os meninos ficavam receosos em o que fazer sobre tais acontecimentos. O mais sortudo, ou prejudicado, era , pela imensidão de mensagens de garotas pedindo para ir ao baile com ele, o famoso playboy de Hogwarts. Entretanto, ele tinha o interesse em apenas uma garota, que não parecia estar tão interessada assim.
A aula de História da Magia mais uma vez na semana dava de dar sono. Eu não parecia ser a única sem qualquer interesse algum na aula, muitos estavam cochichando com seus colegas, outros rabiscavam em seus pergaminhos, e alguns outros, assim como eu, tentavam dar um cochilo ou já estavam cochilando.
, por sua vez, batucava cansavelmente, seus dedos na mesa sem ritmo algum. Eu não parecia a única incomodada, parecia a poucos passos de pular no pescoço do garoto ao meu lado.
— , eu vou te pedir apenas uma vez. — Respirou fundo a ruiva. — Pelo amor de Godric, para com esse barulho, ou eu...
— me ameaçando, o que será de mim agora. — colocou as costas da mão na testa, em uma posição pouco dramática.
— Você devia parar. — Dei um soco em seu braço, que tirou um pequeno grunhido de dor do outro.
, que estava do outro lado, em outra mesa, me deu um pequeno sorriso e sussurrou um "obrigada" para mim. não parecia nem um pouco feliz após ser tirado dos seus devaneios e resolveu que eu seria a próxima vítima de seus ataques irritantes e pouco perceptíveis, menos para o professor Binns, que não estava nem aí para o que os outros faziam na sua aula.
— Eu juro pela minha mãe, que se você não parar com isso, Madame Prince vai ter uma companhia hoje à tarde. — Tais palavras minhas não fizeram nenhuma reação ao garoto, entretanto, ele parou de me cutucar no braço e olhou para mim.
— Você já tem um par para o Baile? — Seu rosto tinha o mesmo semblante de antes, parecia até que ele estava pensando nisso a horas e só agora tinha tido coragem para perguntar.
e eu sempre tivemos uma relação estranha. No nosso primeiro ano, pouco nos falávamos, até porque nossos grupos de amigos não tinham o menor interesse um no outro — principalmente , que tinha um repúdio enorme pelos Marotos — até o triste dia em que a professora Minerva, teve a brilhante idéia de separar e , e adivinha com quem ela colocou o segundo garoto? Isso mesmo, eu. O resto é história.
— Não tenho nenhum, por quê? — Suas bochechas tornaram-se rosas sem qualquer motivo.
— Nada, deixa pra lá. — Começou a prestar atenção no fantasma à frente.
A corneta alguns minutos depois tocou e vários alunos saíram apressados para fora da sala, deixando o professor Binns falando sozinho. me esperava ao lado, segurando seus livros em mãos, enquanto tinha corrido para fora sem ao menos se despedir, como costumava fazer. A ruiva, assim como eu, estranhou a reação do garoto, mas ela não pareceu se importar.
Saímos e fomos em direção ao Salão Principal, em busca de encher o estômago um pouco antes das outras aulas que estavam por vir. Era por volta do meio-dia. Vários alunos andavam pelos corredores, conversando, brincando, enquanto alguns outros, poucos, convidavam ou eram convidados para o Baile de Inverno, e isso chamou atenção de .
— Você já tem um par para o baile? — perguntou.
— Que? — Virei o rosto em sua direção.
— Você já tem um par para o baile. Eu ouvi te perguntar algo assim, mas não ouvi sua resposta. — Passamos por debaixo das portas do Salão, adentrando-o, e seguindo para a mesa da grifinória, onde vários estudantes de outras casas também sentavam-se na companhia de seus amigos.
— Depois nós conversamos.
e assim que nos viram, acenaram para a gente com os maiores sorrisos no rosto. As duas já estavam com seus pratos cheios de algo que conversavam. Eu e nos sentamos uma de frente para a outra, e abastecemos nossos pratos com algumas coisas.
- Precisamos contar algo para vocês. — iniciou a conversa. Ela e a morena, do outro lado da mesa, ao lado de , estavam de mãos dadas. — Nós estamos namorando!
— Finalmente! — exclamou. Tinha levantado as mãos em forma de agradecimento, deixando meio desnorteada. — Vocês duas não são nem um pouco discretas, acreditem.
Elas duas tinham uma relação meio de amizade colorida. Viviam por aí de mãos dadas, como um velho casal aproveitando os seus melhores momentos; davam sorrisos tímidos uma para a outra. E toda vez que alguém perguntava se elas eram um casal, respondiam que não, e se tornavam dois tomates de tão vermelha que ficavam.
me olhou, esperando eu falar algo, mas apenas respondi com um sorriso, que dava para entender que eu concordava com .
— O que ela tem? — levou minha resposta como um ato estranho vindo de mim, e perguntou.
— O Baile — respondeu a ruiva.
— Você não tem par? É isso? — estava elétrica, fazendo gestos com as mãos.
— Não vou — respondi, colocando outro garfo de comida na boca.
— Como é que é? — tornou a falar, surpresa.
— Não estou com vontade. — Dei de ombros.
No mesmo instante um barulho enorme de alguém entrando com tudo no salão pode ser ouvido. Todas as cabeças voltaram-se para o barulho, e para a surpresa de ninguém, era , , e , que estava meio vermelho pela atenção em si e nos outros dois paspalhões. Os três começaram a vir em direção a mesa da Grifinória, e para a nossa surpresa, em direção à nós quatro.
— Preciso da sua ajuda. — parou ao meu lado e falou. Olhei para cima e pedi que continuasse. — Preciso que você vá ao baile comigo.
Eu sabia que estava me metendo numa tremenda enrascada, após ter aceitado ir ao Baile com , mas tudo se tornou pior. As meninas me olhavam como se eu fosse um ser vivo desconhecido, coisa que não fazia muita diferença na minha vida, mas dava de dar nos nervos. E eu nomeei tudo isso como: Efeito .
levou todo esse acontecimento como uma oportunidade para eu poder me declarar para o garoto, já que eu tive uma pequena queda por ele há alguns anos. Mas como é que eu faria algo assim sem ao menos saber se ele me via como algo a mais do que apenas uma amiga? Para isso era bobeira.
Agora estava eu, no meu quarto com um vestido azul em meu corpo, esperando — uma amiga de longa data, que pelo destino, assim como eu, foi para Corvinal — terminar de se arrumar, para enfim descermos para o Salão Principal, onde acontecerá o baile.
— A 'tá certa, sabia? — falou, olhando para mim com aqueles olhos escuros e quase mortíferos. Fitei-a, assim como ela, com uma cara de desentendida. Essa conversa vinha se estendendo por dia a fio, e a melhor solução que eu achei para evitá-lo era me fazendo de desentendida ou apenas ignorando. — Ela sabe, assim como eu, que aquele cabelo gosta sim de você, e apenas você não consegue ver isso.
— Se vocês têm tanta certeza disso, por que ele não veio falar comigo?
— Porque assim como você, ele não consegue ver isso, simples assim. — Levantou-se e estendeu a mão para mim. — Mas chega de papo furado e vamos lá 'pra baixo.
Peguei na sua mão e assim seguimos para a escadaria principal, onde os meninos disseram que esperariam. Ao chegar lá, ainda estava lá, meio nervoso, e para a minha surpresa, sem o ao seu lado. O par de a esperava ao lado, com um sorriso enorme e orgulhoso, entretanto, mesmo ao vê-lo, não soltou minha mãe.
— Cadê o paspalhão número dois? — perguntou a , que mudou de postura e olhou nervosamente para mim. — Vai me dizer que ele se perdeu no caminho?
— Ele 'tá no quarto ainda, mas eu não tenho muita certeza se ele vem. — Coçou a nuca olhando para baixo.
Soltei a mão de , e sai andando para o lado oposto, em direção a comunal da Grifinória.
Se ele acha que eu me vesti toda formal à toa, ele está bem enganado.
Mulher Gorda estava cantarolando alguma melodia desconhecida até me ver. Ela me olhou de cima a baixo e tornou a falar.
— Senha?
— Bolinha de caramelo. — Ela pareceu não querer abrir a porta, mas pareceu mudar de ideia segundos depois.
Adentrei a comunal apressada, subi as escadas para o dormitório masculino, ignorando todos os olhares de algumas pessoas que ali estavam, e segui para o quarto onde ficavam. Dei algumas batidas na porta, mas não recebi nenhuma resposta vinda do outro, assim resolvi entrar.
— , eu já te disse que não vou mais. Me deixa em paz. — estava deitado em sua cama com as cortinas fechadas em volta dela.
— Você, seu idiota — abri as cortinas sem qualquer cuidado — o que você acha que 'tá fazendo aí, deitado? — Ele tinha os olhos arregalado em surpresa ao me ver.
Seus olhos, além de arregalados agora, estavam vermelhos, parecia que estava chorando a pouco, enquanto suas bochechas estavam rosadas, mas não dá forma que eu esperava.
— O que você 'tá fazendo aqui? — perguntou sentando-se.
— Eu que te pergunto, o que você 'tá fazendo aqui? Você acha que eu vesti esse vestido idiota e me arrumei à toa? 'Pra começo de conversa, eu nem queria ir nesse baile, e aí você...
— Você 'tá vendo essa carta idiota? Pois é. — Pegou um pergaminho meio amassado em cima do colchão e colocou em frente ao meu rosto. Tinha uma letra delicada e bem escrita no papel, entretanto o conteúdo dela não tinha nada de delicado.
A carta era dos . A nobre casa dos . A casa, onde apenas puro sangues eram bem-vindos. A casa, onde sofreu sua vida inteira com pais que se preocupavam apenas com seus próprios narizes. A casa, onde de nobre só tinha o nome.
— O que... eles querem? — Sentei-me na cama ao lado, onde eu podia ficar frente a nele, com um certo espaço entre nós.
— O que você acha? — Deu um sorriso sarcástico. Ele pareceu pensar no que estava falando e murchou um minuto depois. — Desculpa. Eu não queria...
— Você sabe que não é nada do que eles dizem aí, né? Achei que você já devia saber que aquele retrato seu lá, não passa de uma cópia barata sua, que nem personalidade tem.
Eu estava me referindo ao retrato, que por algum motivo desconhecido, os s ainda tinham pendurado na sala de estar, de , onde ele ainda era uma criança e mal sabia dos males que aquela família fazia àqueles que não eram iguais a si.
— Eles querem que você se ache fraco e volte correndo para eles... Mas você não é! Você é , meu melhor amigo, um ótimo bruxo, a felicidade de todos os nossos amigos, mesmo que não pareça.
Desde o dia em que fugiu de casa para os Potters, algo em mudou. Ele tornou-se um pouquinho mais sério, passou a se preocupar com o bem-estar daqueles que ficavam à sua volta, parou mais de ser aquele menino arteiro e mudou o modo de agir. No início era estranho, ter um totalmente diferente, mas sair daquela casa o deixou melhor.
— Por que eles ainda insistem em me procurar? Eles mesmo me deserdaram, me queimaram da tapeçaria. Por quê? — Voltou a derramar lágrimas. Passei a sentar-me ao seu lado e balancei meu ombro para que ele apoiasse a cabeça. — Eu odeio eles.
Ficamos assim por um tempinho. O silêncio não era agradável, mas se quebrado parecia que algo terrível poderia acontecer e isso estava me incomodando. O garoto ao meu lado tinha parado de chorar e parecia perdido em seus pensamentos. Eu estava tentando encontrar algo para falar, para quebrar aquele clima chato.
— — o chamei. Ele levantou a cabeça, ficando cara a cara comigo. — Eu acho que gosto de você.
— Que?! — Ele parecia sem reação, mas depois que tais palavras pareceram ser raciocinadas em sua cabeça, já era tarde, pois numa onda de coragem desconhecida, eu o tinha beijado.
Durou apenas um encostar de lábios para eu cair na real, me afastando assim que percebi o que estava fazendo. Entretanto, não deixou, pegou em meu braço e puxou, para que assim voltássemos a ter uma proximidade maior. Ele olhou em meus olhos e aproximou-se cada vez mais, até nossos lábios se conectarem.
— Eu também gosto de você — sussurrou entre o beijo. — Mesmo eu achando que você vai querer me matar depois, pelo baile perdido.
Abri meus olhos, apoiando nossas testas uma na outra, e sussurrei:
— A gente conversa depois. — Juntei novamente nossos lábios.
FIM
Nota da autora: Sem nota.
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