Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Essa fanfic foi escrita de uma maneira estruturadamente inspirada em Sherlock Holmes. Dividida em duas partes, Redenção conta duas histórias que se unem dentro de um único crime.

Lembre-se de que a principal lição é jamais confiar em alguém.

Entre no mundo de investigação, crimes e relacionamentos. Esteja ciente de que pessoas morrem e pessoas vivem.

Você é capaz de identificar os dois assassinos?

Parte 1: O começo da insanidade.

Parte 2: O fim da sanidade.




Ele me assusta à noite, quando eu acordo e quando estou sozinho. Essa criatura que você criou dentro de mim desde que coloquei meus olhos em você me assombra como um pesadelo: o amor.

Parte 1: O começo da insanidade.

A fumaça do meu cigarro seguiu a direção do vento, o movimento no posto de gasolina estava tranquilo. O caminho de volta para casa geralmente era assim, minha moto estacionada na conveniência enquanto eu esperava Madelyn preparar o meu café, que eu adorava tomar em todo final de plantão. Hoje não foi um dos melhores dias, mas posso dizer que Seattle está muito calma nesses últimos dias. Nenhum crime aconteceu. O silêncio me conforta na minha casa; quando estou nas ruas sempre sinto que é o grito para que eu tome cuidado.

O que não foi o que aconteceu quando vi o Civic preto estacionar na vaga de uma das bombas. O salto foi o primeiro detalhe que observei ser colocado no chão e então ela saiu, seus cabelos longos e escuros, o vestido vermelho destacando suas belas curvas. Eu nunca a tinha visto por aqui, e olha que eu venho todos os dias, já que é caminho para a minha casa, em uma área afastada da cidade. Essa mulher grita perigo, mas eu sou um policial. Não é mesmo?

A minha atenção é tirada quando a morena à minha frente me entrega o copo. Agradeço Mad, ela trabalha aqui há algum tempo e criamos um vínculo de amizade. Ela é boa na sinuca e eu aprecio uma boa cerveja.

Tomo um pouco do café presente no copo, ainda observando discretamente a mulher segurando a bomba sobre seu tanque enquanto espera encher. Então viro-me para Madelyn, que limpava o balcão da conveniência; já era quase a hora dela fechar.

— Sabe me dizer se ela sempre vem aqui? - Pergunto. Sim, confesso que me sinto interessado.

— Bom, levando em consideração as dezenas de pessoas que passam por aqui, eu não sei te dizer, mas soube pelo meu tio que no nosso bairro tem uma moradora nova, o nome dela é e ela é jornalista. Provavelmente a casa dela fica a alguns quilômetros da sua. A sua decisão de morar sozinho em uma zona distante da cidade eu entendo, mas a de uma mulher, não. Submeter-se a esse perigo? - viro meu rosto para Mad, encarando-a por alguns segundos, e então retorno meu olhar à mulher, que termina de encher seu tanque, colocando o dinheiro na máquina e entrando em seu carro. Sem demoras, ela sai do posto, pegando o mesmo caminho que eu pegaria daqui a pouco para ir pra minha casa. Seria ela a ?

— Você tem razão sobre isso. O meu vizinho mais próximo fica a vinte minutos de mim. Mas eu gosto do sossego, então é compreensivo eu estar lá. Agora, uma mulher, realmente... Bom, talvez ela seja como eu.

Termino de tomar o meu café, dando um sorriso a Mad e deixando o pagamento com sua gorjeta que eu sempre fazia.

— Quer que eu fique até você fechar? - pergunto e ela nega, dando-me um sinal com a mão para eu ir. Antes de eu subir na minha moto, dou a volta atrás do balcão, beijando o topo da sua cabeça. - Se precisar de mim, já sabe.

Ela sorri e eu também. Madelyn tinha um papel importante na minha vida: durante uma fase difícil, ela me escutou todas as noites em que eu voltava para casa dos meus plantões. Neste tempo, criamos uma amizade linda. E, claro, respeito acima de tudo; além do mais, Madelyn joga no outro time. Se bobear, pega mais mulher do que eu.

Não posso dizer que aprecio o vento sobre mim enquanto minha moto está na estrada, o marcador já me indica que estou quase chegando em velocidade máxima, mas eu quero chegar logo em casa, na antiga casa de fazenda para descansar. Memórias invadem minha mente sobre acontecimentos passados, sempre acontece isso no silêncio dos meus pensamentos.

Achei que, por alguma ironia do destino, eu conseguiria encontrar o Civic na estrada, mas tudo que eu vi foi o vazio. Provavelmente a mulher já teria pegado o caminho da sua casa.

Quando avisto a minha propriedade, é impossível não lembrar de minha avó me esperando na porta com a frase: , ainda bem que chegou.

Eu sinto falta de ter seu sorriso e seu abraço. A vida é estranha, de um dia para o outro ela muda. Como um tsunami que você não espera enquanto está curtindo um dia de praia.

O ranger da porta após eu estacionar minha moto na minha garagem e abri-la me faz lembrar de que eu preciso urgentemente de uma reforma. Essa casa é antiga, a coisa mais moderna é o sinal de wi-fi. As outras casas dessa região são modernas, projetadas por arquitetos que eu costumo chamar de sugadores de quem quer fazer graça por dinheiro.

Aprecio meu lado rústico. Por isso nunca mudei a decoração ou a estrutura da casa.

Estranho o fato do meu celular começar a vibrar várias vezes, o aparelho constava ter mais de vinte ligações perdidas e o tempo que levei do posto até aqui foi de trinta minutos. O que diabos teria acontecido nesse tempo?

Você precisa vir ao lago Clark, atrás do posto de gasolina Denners. Teve uma ligação para a polícia em emergência, mas foi interrompida; na dúvida, nós viemos até aqui e encontramos um corpo. É a Madelyn, .

Seus efeitos são estranhos. Eles me fazem sentir diferente, mas é um diferente bom. Acho que sua confusão organiza a minha bagunça.

Era triste pensar em como a vida é rápida, cruel e silenciosa. A minutos atrás eu tinha me despedido dela e agora seu corpo estava à minha frente, jogado sobre as pedras, com a garganta mutilada. Os olhos abertos de Madelyn indicavam que ela morrera sem esperar pela morte. Seu perfume ainda estava presente no local, usava o uniforme do posto. Não consigo imaginar quem seria capaz de fazer mal a ela e me culpo por não ter ficado. Eu deveria ter ficado, deveria ter ajudado a fechar e a levado para casa. Esse é o problema do destino, ele acontece quando estamos ocupados demais.

Levo meu corpo perto do dela, tomando cuidado para não alterar a cena do crime. Meus pés estavam firmes nas pedras que estavam presentes no lago, a água continuava a cair e seu corpo era iluminado pelas lanternas dos policiais. Minha mão coberta pela luva de látex toca sua pele suavemente, e as lágrimas enchem meus olhos. Pobre Madelyn, que fim trágico a garota doce teve. Os olhos verdes sem brilho, a boca roxa sem ar. Tudo tinha acabado. Nos malditos trinta minutos.

— Logo a imprensa estará aqui, temos que ser rápidos - um dos policiais diz. , um dos meus companheiros e melhor amigo, toma as palavras da minha boca.

— Eu não quero nenhuma imprensa aqui. Quero que preservem o corpo da vítima até a perícia chegar, e só assim abriremos um espaço para aqueles jornalistas - Reclamo e fungo o meu choro, levantando meu corpo. Eu estava exausto do meu antigo plantão, mas não queria ir embora agora.

tem razão. É melhor fecharmos a cena e esperar a perícia. Eu irei tentar contato com a família dela. O tio mora aqui perto, não demorarei a voltar.

Então, subo o morro que dividia o lago da estrutura do posto, praticamente era uma vala ali. Enquanto estou caminhando em direção à minha moto, a mesma mulher de hoje mais cedo está paralisada diante das viaturas e, quando me vê, corre depressa em direção ao seu Civic estacionado na vaga do posto. O que ela estava fazendo ali? O que ela sabia? Corro também, apressando-me mais do que ela, e agarro-a pelo ombro, virando seu corpo em direção ao meu. Prendo-a contra seu próprio carro e meu corpo. Encaro seus olhos, respirando um pouco ofegante pela corrida repentina.

— Me dê um bom motivo para não te levar presa por ser suspeita do crime - Falo seriamente.

— Por favor, não me leve presa, eu juro que eu não fiz nada. Olha, eu me mudei recentemente, estive aqui mais cedo, mas então eu quis assistir Crepúsculo, sabe, aquele filme de vampiros...

— Eu sei o que é Crepúsculo! - Exclamo.

— Meu Deus, você é fã de Crepúsculo? - Pergunta, surpresa, e eu juro ter visto felicidade em seus olhos. Continuo olhando-a firmemente.

— O que você está fazendo aqui?

— Então, como eu estava dizendo, eu quis ver o filme, mas na minha casa não tinha jujubas. Então eu me lembrei daqui e vim. Eu moro ali, naquela zona isolada - balança a mão para a estrada vazia e escura. - Não esperava encontrar toda essa situação. Eu juro que não sei o que aconteceu, mas, pelo o que eu entendi, foi um crime.

— Qual o seu nome?

. . Eu sou jornalista - Tudo fez muito sentido agora. Realmente era ela. Mas que porra, ela tinha que aparecer logo agora? - E o seu?

— Não lhe interessa - Respondo nervoso, soltando seu corpo. Droga, mil vezes droga. Droga é pouco, eu quero xingar, porra. Afasto-me do seu corpo, colocando os dedos sobre as têmporas. Caralho, que situação de merda - Me desculpa - abro meus olhos, buscando os dela, e ela assente, parece ter ficado chateada. - Eu acabei de perder uma pessoa importante.

— Ela era sua namorada? - Ergo uma sobrancelha com sua pergunta. - Digo, é que eu vi vocês dois juntos mais cedo... eu... é melhor eu já ir.

Ela diz, virando seu corpo para abrir a porta do carro e se enfiar lá dentro.

? - chamo-a, e ela me olha antes de fechar a porta. - Ela não era minha namorada - Aproximo-me devagar da sua porta, encostando meu braço sobre. Fico a olhando enquanto ela me olhava também, sentada em seu banco. - Vou deixar você ir, e não conte a ninguém o que viu aqui. Eu deveria estar te apresentando como suspeita, mas estou acreditando em você. Se souber de qualquer coisa sobre isso, por favor, não hesite em ligar no departamento - Ela assente. Por um momento vejo um medo estampado em seus olhos - Você chegará bem sozinha em casa?

— Eu fiquei um pouco assustada, confesso - Responde, abaixando o olhar. é diferente de outras mulheres que eu conheci. Ela fala o que pensa. Droga, ela já tinha me chamado a atenção antes, agora, então, piorou. Porra - Fico impressionada com o fato de como as mulheres são mortas.

— Eu também - Concordo com o que ela diz e então olho para trás, vendo as sirenes. Volto meu olhar para ela. Ficamos um tempo em silêncio, nós dois. Mas, quando ela resolve puxar a porta para fechar e seguir seu caminho, eu não consigo deixá-la ir sozinha. Não posso cometer o mesmo erro que cometi com Madelyn - Eu irei com você.

— Não precisa, policial. Eu estou bem - novamente eu seguro sua porta, então ela me encara.

— Me chamo . E isso não foi um pedido, foi uma ordem. Estarei atrás de você com a minha moto. Seja boazinha e não complique a minha noite.

— O que eu faria para complicar? Passar com o carro em cima de você? - diz, esboçando um sorriso irônico. Pior que eu dou risada. Droga, péssimo momento.

— Você estaria fazendo um favor a todos que eu já prendi, mas, você não fará isso - pisco para a mesma e consigo ver suas belas bochechas corarem. carrega um olhar tão escuro que é capaz de não ser enxergado à noite. Um olho preto que reflete a minha alma.

Me afasto dela antes que eu me envolvesse ainda mais. Sigo para a minha moto e, antes de colocar o capacete, eu solto um assovio. A porta se abre e a cabeça dela surge virada para mim.

— Não me atropele, .

— Não prometo nada, .

Quando seus olhos encontraram os meus, tudo o que eu sou e tudo que eu tenho tiveram vontade de ser apenas seu.

era a minha nova vizinha. Certamente a casa a vinte minutos da minha não era para ser considerada vizinha, mas, sim, ela era. O engraçado é que é uma jornalista, porém, sua família lhe deixou uma bela casa de fazenda parecida com a minha. Mas, ao contrário do que eu pensei, tinha estábulo - o que indicava que ela tinha cavalos - e cercas que dividem o pasto, ela tinha gados. Mas o mais interessante foi quando ela estacionou seu carro e desceu para abrir sua porta da sala, e o que eu esperava ser um cachorro ou um gato, seu animal de estimação, era, na verdade, uma cabra. Sim, uma cabra. O quanto essa mulher consegue ser surpreendente?

— Apolo, vá para dentro - ela ordena para a cabra e eu só consigo pensar no fato de que aquele animal não era um animal doméstico. A cabra tinha tons de marrom no corpo, os pelos fofos eram um charme, admito.

— Escolha interessante de animal - falo, saindo da minha moto e tirando o capacete. O ar estava um pouco gelado ali. Caminho devagar até ela e sua cabra, o animal nem se move, apenas parece ficar esperando um carinho de sua dona. Mas, quando eu tento fazer carinho, Apolo sai correndo para dentro da casa, fazendo cair na risada - Ok, ele não gostou de mim.

— Não é isso. Apolo é uma cabra, , não um cachorro. Você terá que criar mais laços com ele. Com qualquer animal é assim - ela responde mantendo aquele sorriso que me agradou demais. Maldito coração que não se ajeita em ficar quieto.

— Bom, definitivamente a minha missão termina aqui - faço uma referência ao nome de sua cabra, então ela suspira como se tivesse pensado em algo - Você irá ficar bem? Sua família está em casa?

— Eu moro sozinha - arregalo os olhos, surpreso. Só poderia ser louca - Sim, eu sei que pode parecer loucura, mas a fazenda me causa mais inspiração para escrever.

— Tecnicamente, você é a minha vizinha, então, se precisar de qualquer coisa, pode me ligar. Eu virei o mais rápido possível - retiro meu aparelho celular do bolso, dando para ela colocar seu número. Assim ela o faz e usa o mesmo método para eu colocar o meu no dela. Ótimo, já estamos trocando telefone. Bela forma de se manter imune, .

— Obrigada, . E... eu sinto muito pela garota - solto um suspiro triste de me lembrar do que iria enfrentar agora. - Se precisar de mim, também estarei aqui.

— Boa noite, - falou antes que aquela conversa se estendesse mais. Eu não gostava de falar dos meus sentimentos.

Foi difícil para mim virar as costas e ir para minha moto, dar a partida e sair dali com a sensação de que não deveria deixá-la sozinha, mas essa é a regra número um de um policial, nunca se envolver, porque você deixa de defender as pessoas para pular na frente de apenas uma pessoa.

Memórias me invadem no caminho de volta para a cena do crime, eu teria que passar lá novamente para ir atrás do trio de Madelyn. Nunca pensei que meu cérebro ficaria atordoado com a que eu havia conhecido esta noite, mas é inevitável não me recordar do motivo que me fez me fechar para o amor. Hailey. Faltando apenas uma semana para o casamento, eu a encontrei me traindo. E dias depois o rapaz me procurou dizendo que não era só ele que estava no quarto, mas nunca me contou quem era o terceiro que participava daquela babaquice. Só sei que, após Hailey, eu me fechei para o amor. Não consigo desenvolver a confiança em mais ninguém para depositar meu coração, e até então eu me sentia imune, até ela aparecer e me causar desconforto no estômago. Ou talvez seja toda a situação que está acontecendo. Pior do que isso é estacionar na frente da casa do tio de Madelyne, dar-lhe a notícia de que sua sobrinha está morta.

~


Inevitável não sentir uma tristeza profunda ao passar em frente ao posto no dia seguinte e não ver Mad me esperando com suas fofocas e o café. Por isso, segui direto para a cidade, indo para o departamento onde eu trabalhava como investigador. Não sabíamos se estávamos lidando com um serial killer ou um psicopata. Havia grandes hipóteses, e o que era mais importante: ele vai atacar de novo?

O médico legista, Thomas Loren, um companheiro de anos, estava com o corpo de Madelyn sobre sua mesa e, enquanto ele falava e apontava o que tinha sido feito, minha cabeça não conseguia assimilar direito. Acabo piscando várias vezes e o interrompo, erguendo a mão como sinal para que ele parasse de falar. Ele me olha com a sobrancelha erguida.

— O que está acontecendo, ? - pergunta. Respiro fundo, girando meu corpo para ficar de costas ao corpo nu de Madelyn.

— Ela era uma pessoa próxima. É doloroso ver alguém tão jovem morta dessa forma - levou a mão até as têmporas, massageando-as. A enxaqueca já começava a me invadir.

— Eu encontrei substâncias tóxicas no sangue de Madelyn, o assassino utilizou uma droga para dopá-la. Provavelmente foi assim que ele a levou para a parte de trás do posto - volto a minha atenção a sua fala, retornando meu olhar sobre o corpo. Havia algumas manchas roxas em seu tórax. A garganta estava cortada em um corte fino delicado, mas que foi o suficiente para a sua morte. - A questão é que não foi apenas esse corte.

Thomas vira o corpo de Mad e é possível ver um corte extremamente habilidoso na parte de trás, localizado na região do rim. Arregalei os olhos, olhando pra ele sem acreditar que aquilo tinha acontecido.

— Não me diga que...

— Sim. Um dos rins foi retirado. De uma maneira discreta, rápida e sagaz. Estamos falando de alguém que tem muita habilidade com um bisturi - então olho para seus instrumentos e ergo meu olhar para ele. - Não é possível que esteja suspeitando de mim, .

Então ele larga o corpo de Madelyn sobre a mesa, fixando seu olhar em mim de uma maneira intimidadora. Deixo um sorriso debochado tomar conta dos meus lábios.

— Eu não disse nada, Loren.



Minha mãe sempre me disse que nenhum relacionamento meu deu certo porque meu jeito de ser é muito autêntico, o que eu acho uma grande bobagem. Levando em consideração que todos os que já passaram na minha vida me deram algo ruim pra eu lembrar, o problema não está em mim, e sim neles. Por diversos motivos eu decidi vir para a zona rural de Seattle, faria bem pra mim e para minha carreira, o único problema é que o emprego que eu arrumei é no departamento de polícia e eu não tenho a mínima ideia de como farei isso dar certo. Quando me formei em jornalismo, lembro de dizer a minha falecida avó, a qual me deixou sua propriedade na zona rural, que eu gostaria de ser dona de sites de fofocas. Não tem nada melhor do que escrever sobre as pessoas e ainda ganhar dinheiro, mas escrever sobre pessoas que foram mortas brutalmente e ganhar dinheiro com isso é definitivamente muito estranho.

Hoje é um daqueles dias em que tudo parece dar errado. Para iniciar, as galinhas acordam cedo e ninguém fez questão de me avisar sobre isso; então, às cinco da manhã, eu fui acordada com berros no galinheiro. Me dei por vencida e decidi ficar acordada. No estábulo, eu consegui cuidar bem do meu cavalo, Zeus, forte branco. Eu costumava dizer que ele refletia o céu de tão branco. Hoje é o meu primeiro dia de trabalho no departamento e não posso deixar de admitir que me sinto envolvida pelo fato de ter possibilidades de encontrar . Sei que estou sendo ridícula de achar que, de todos os departamentos, eu trabalharei no dele, mas a esperança é a última que morre, certo? Eu não esperava encontrar alguém dessa forma, mas ele me chamou a atenção, aparenta ser aquele tipo de cara que demonstra menos do que realmente é, e o problema dessa história é que eu sou uma jornalista curiosa e quero ir até o fim no que ele esconde. De fato, na minha lista eu já afirmei quatro coisas: é muito forte, do tipo que malha todos os dias; tem os olhos mais lindos que já vi - azuis -; é um policial dedicado e, por último, é solteiro, porque não vi nenhuma aliança em seu dedo. Ok, admito, essa parte é preocupante, estou parecendo uma psicopata perseguidora.

Fiquei pensando que tipo de roupa eu deveria usar no meu primeiro dia de trabalho em um lugar policial. Pois bem, escolhi um vestido preto até os joelhos, social, e um scarpin vermelho. Eu amo vermelho. Deixei meus cabelos soltos e não fiz nenhuma maquiagem, digamos que isso é apenas para uma situação importante. Trabalhar é uma obrigação, são coisas distintas. Quando estacionei meu carro na vaga do departamento, eu respirei bem fundo e conversei mentalmente com a minha avó, pedindo para que ela me protegesse e que nada desse errado. Porém, a minha avó não opera milagres dessa forma e, ao colocar os pés no andar indicado para eu executar meu serviço, já presenciei uma discussão - e eu conhecia o dono daquela voz.

— Eu não o acusei! - exclamou , em pé em frente à mesa do mesmo homem que havia conversado comigo no dia anterior. Ele era o delegado. - Simplesmente eu fiz uma analogia e ele se doeu, não tenho culpa de que a indireta serviu, e para mim ele é um dos suspeitos!

, você está assim porque Madelyn era próxima de você, qualquer oportunidade de encontrar a solução do assassinato, você agarrará com força. Thomas é nosso parceiro há anos e está chateado com o que você fez. - então o delegado Richard se levantou, contornando a mesa e parando ao lado de , que continuava com os olhos fixos em algo. - Tire o dia de folga, vá descansar, faça o que você mais gosta de fazer na sua casa, que é aproveitar o lago da propriedade e nadar.

Enquanto meu radar fofoqueiro prestava atenção àquela conversa, eu me sentei na mesa que Richard já tinha mostrado. Nela ainda faltavam toques femininos - eu me encarregarei disso depois. Por ora eu queria escutar aquela conversa.

— Você não consegue se escutar, né? - deu um olhar tão frio para o delegado que era capaz de matar sem ao menos disparar a arma. - Isso é mais do que pela Madelyn, é por todas as pessoas que estão correndo risco com esse maluco solto por aí. Ela teve a porra do rim arrancado, Richard!- A coisa era mais séria do que imaginei. O delegado respirou fundo e, infelizmente, olhou para mim. Engulo em seco, começando a mexer na minha bolsa para fingir que estava procurando por algo para eu começar a trabalhar.

— Talvez você devesse investigar, então - a expressão de se suavizou, até. - E levar a senhorita com você.

— O quê?! - dissemos juntos, e finalmente o olhar de se encontrou com o meu. Sua expressão foi de surpresa, e logo depois soltou um riso irônico para seu chefe. Ergo uma sobrancelha.

— Quer que eu leve uma jornalista comigo? O que ela vai agregar? Me atualizar do futebol? - reviro meus olhos, levantando-me da minha mesa com a minha câmera na mão.

— Vou impedir que informações falsas circulem, vou cuidar das identidades das vítimas e, principalmente, calar a boca de terceiros que acham que jornalismo é apenas isso! - o fato de eu querer trabalhar com colunas de fofocas não indicava que eu não saberia fazer meu trabalho da forma correta. Isso me irritou.

olhou para mim, então o delegado, com um sorriso um tanto irônico nos lábios, deixou-o ali, plantado feito um coqueiro, já que ele era alto. Outra coisa pra eu colocar na lista, sabe ser grosseiro.

Apenas com um aceno, eu o segui e fomos em silêncio para o carro, que eu julgava ser da polícia, mas, pelo visto, era o particular dele. O Fusion preto carregava o cheiro do dono. Assim que entrei e me sentei no banco do passageiro foi nítido o quanto o perfume de marcava presença. Ele era lindo, porém, de boca fechada.

— Vamos estabelecer algumas regras entre nós dois - ele começa dizendo, e eu já reviro os olhos. - Primeiro de tudo, você sempre andará atrás de mim. Você não fala, não faz nada e, por favor, não arrume brigas. Segundo, quando eu te disser pra correr, corra. E, terceiro, quando estivermos diante de cenas de crimes ou de suspeitos você apenas anotará tudo no seu bloco de notas - respirei fundo para não xingá-lo. Então ele me olhou. - Entendeu?

— Sim, capitão, eu entendi - falo com tédio na voz; pelo visto seria um dia longo. - Eu também não estou feliz de estar aqui com você. Eu poderia estar lá em cima agora na minha mesa, escrevendo minha matéria e desfrutando do café. Mas estou aqui com você.

— Com esse vestido você iria parar o departamento, senhorita - então meus olhos correm para os de , que não disfarça em me secar. Esse olhar fazia parecer que eu estava nua a sua frente. Nossa! Eu realmente estou precisando transar. Esse homem à minha frente é um estúpido e desmereceu minha profissão, e eu aqui imaginando como seria dar pra ele.

— Obrigada por reparar no meu vestido - falo ironicamente. Então ele quebra o contato com um sorriso debochado nos lábios, olhando para baixo, mas ergue novamente seu rosto e eu acabo de perceber que estou ferrada. Eu quero esse olhar mais vezes.

— Na próxima, lembre-se de usar um sutiã se não quiser ser notada.

Eu disse ferrada? Estou molhada!

Estou me segurando na corda que você traçou no meu pescoço. Maldita hora em que olhei seu sorriso e cometi o suicídio do meu coração.



De todas as coisas que eu já imaginei na minha vida, ter uma jornalista ao meu lado perante uma situação de investigação de um crime foi a última delas. Richard havia feito aquilo de propósito, me castigando por ter ofendido o médico legista. Mas o que ele queria que eu pensasse? Felizmente, ninguém era capaz de ouvir meus pensamentos, porque, neste momento, estou julgando , meu companheiro de plantões. está se saindo melhor do que ele, infelizmente, para minha alegria. Por enquanto ela obedece às minhas ordens, e enquanto eu dirijo o carro em direção ao nosso primeiro destino, que é a cena do crime, está quieta mexendo na sua câmera. Desde nossa conversa anterior dentro do meu carro, antes de sairmos, a mulher calou a boca de uma maneira estranhamente boa. Agradeço, porque não estou tendo um dia bom. Ninguém tira da minha mente sagaz que Thomas é um suspeito, maldita hora que decidi virar policial. Tudo à minha volta cheira à desconfiança, não sou capaz de construir uma vida tranquila e, por um momento, eu temo pela vida de ao meu lado. E se o assassino me visse com ela? Ela está correndo perigo de estar nesse emprego. Mas algo dentro de mim não consegue dizer a ela para desistir.

A cena do crime durante o dia fica menos macabra, mas a sensação de vazio me invade assim que estaciono o carro do outro lado do lago. De onde estávamos éramos capazes de enxergar a fachada do posto. O lago passava atrás da estrutura. Solto uma respirada funda, descendo do carro sem querer escutar qualquer coisa que viesse a dizer. Caminho até a beirada do morro, começando a descer devagar entre as pedras. E então, quando chego à pedra para me sustentar e não cair sobre o lago, ou melhor, riacho, olho para cima, esperando , e é impossível não cair na gargalhada quando a vejo parada. Seu salto, óbvio.

— Algum problema, ? - pergunto ironicamente.

— Imbecil - ela xinga, fazendo-me rir e negar com a cabeça. Viro de frente, apoiando um pé na frente do meu corpo, construindo um apoio suficiente. Então continuo a olhando, abro meus braços para ela em um gesto de pegá-la no colo. - O que está fazendo?

— Venha, , você faz parte do caso e precisa olhar a área - mexo os dedos, chamando-a. Ela me dá um olhar de desconfiança. - Acha que eu te deixaria cair?

Silêncio. Então a coloca a câmera sobre o pescoço com o apoiador da própria. Ela dá um passo para baixo, e eu continuo com os braços estendidos, e, como imaginei que aconteceria, ela desliza devido aos saltos. Por sorte, segurei seu corpo a tempo. Minhas mãos seguraram forte sua cintura e suas mãos abraçaram meu pescoço em um ato de desespero. Estamos próximos, próximos demais. Seu olhar se encontra com o meu, e por um momento parece que eu esqueço a minha identidade. Droga, .

— Obrigada - agradece de uma maneira indiferente, mas seus olhos transmitem outra coisa. Não consigo soltá-la. Não quero. - Vou me lembrar de usar tênis da próxima vez.

— Esse lugar não é para você, - respondo de uma maneira sincera. Ela me olha e parece estar triste, então trato de dizer rapidamente - Não estou dizendo que não é capaz de exercer o que lhe foi dado, mas… - suspiro, negando com a cabeça. Solto seu corpo, dando-lhe as costas, e então pulo de uma pedra para a outra. Algo me dizia que o desastre estava declarado, mas ignoro a minha intuição.

— Qual o seu problema comigo em estar nesse caso? - ela exclama, e quando me viro para responder, já está sobre uma das pedras do riacho. A tragédia acontece rapidamente, ela escorrega, mergulhando de costas na água. Corro rápido até ela, pegando sua mão para puxá-la para cima rapidamente. Novamente eu tenho uma em meus braços, porém, dessa vez totalmente encharcada da água. - Porra! Era um dos meus saltos favoritos.

— Garota, você poderia ter morrido se batesse a cabeça numa dessas pedras! - falo preocupado. Eu sentia a água molhando meus joelhos, já que eu estava apoiado à pedra, segurando seu corpo junto ao meu. estava totalmente molhada devido ao seu mergulho inesperado. - Nunca mais faça isso, entendeu?!

— Como se você se importasse tanto assim - responde irritada, saindo dos meus braços. Então ela se levanta, descalça, e eu consigo observar o ferimento na sua panturrilha quando ela anda de costas para mim para escalar o morro e voltar para o carro. Lá se vai uma manhã de trabalho. Vou matar Richard!

Me levanto, seguindo-a. está brincando comigo, não é possível. Ela sabe que não pode sair assim, temos trabalho a fazer, a água logo irá levar embora todas as evidências que podem ter ficado para trás e ela está fugindo pro meu carro. Mas algo estava diferente, parecia não estar se sentindo bem.

, você está bem?- pergunto preocupado. Ela se senta no banco do passageiro, deixando a porta aberta e as pernas para fora. Então eu vejo o sangue escorrendo, o machucado era mais sério do que eu pensei. Provavelmente ela tinha arranhado em alguma das pedras. Sua pele está branca mais do que nunca.

— Eu tenho fobia de sangue - responde, fechando seus olhos e respirando fundo várias vezes.

— Não abra seus olhos. Eu vou pegar o meu kit de socorros. Não abra os olhos - ela assente de olhos fechados. Então eu ergo meu corpo, andando até o meu porta malas, onde eu guardava minha mala com meus equipamentos. Pego a maleta de primeiros socorros, seguindo novamente para onde a mulher estava. Me ajoelho à sua frente, admirando suas belas pernas. Cacete, o que está havendo comigo?

Primeiro, eu uso o soro fisiológico para limpar a região com algodão, e depois eu pego o medicamento para não infeccionar. Então os olhos atentos se abrem, ela começa a abanar depressa a região.

— Calma - peço, levantando meu olhar até o dela. Então viro um pouco sua perna para o lado, soprando levemente a região. Eu consigo ver a sua perna, principalmente sua coxa totalmente arrepiada. era sensível ao meu toque? - Vou colocar um curativo aqui.

Desvio meu olhar da sua perna, eu já estava começando a sentir meu corpo querer responder ao seu, até que sua pergunta me pega de surpresa.

— Por que você é tão fechado? - paro de abrir o pacote do curativo, prendendo a atenção novamente no seu rosto.

— Eu não sou fechado. Só não costumo falar muito.

— Errado. Dá para perceber que você sempre está lutando contra algo. Por quê? - morde os lábios e eu acabo de perceber que isso é algo que eu adoro. Diaba de mulher.

— Bom, se quer mesmo saber, eu não gosto quando as coisas saem do meu controle. Digamos que eu seja perfeccionista no meu trabalho - falo, posicionando o curativo sobre sua perna. Prendo-o com a fita, ajeitando-o. - Agora, já que me fez essa pergunta, eu quero fazer uma também: o que diabos está fazendo no departamento de polícia se tem fobia de sangue?

Um silêncio pairou sobre nós.

— Meu pai morreu na minha frente. Digamos que ele não era um homem honesto. E o crime um dia cobrou. Foram cinco tiros - meu olhar se encontra com o seu, procurando uma evidência de emoção, mas não encontro nada. conseguia ser uma mulher fechada também. - E eu não estou no departamento porque eu quero estar, as pessoas nem sempre fazem o que amam, . A vida costuma nos obrigar a passar pelo difícil para construirmos nossos sonhos.

— Eu sinto muito pelo seu pai - é tudo que eu consigo dizer depois daquela confissão. tinha razão, eu a julguei mal. Merda, , você também não acerta nada. - Me desculpa se acabei sendo grosseiro com você.

— Está tudo bem, , não precisa ter pena de mim pelo meu pai. Assim como você, eu também luto contra algo todos os dias. A dor.

Abaixo a minha cabeça, encarando o chão de terra e de pequenas pedras abaixo de mim. Algo dentro de mim me dizia para ficar longe de , mas a outra parte desejava descobrir mais sobre a mulher à minha frente. Está na hora de admitir que não quero neste caso, e não é pelo fato dela ser uma jornalista ou não ter experiência, mas sim porque, dentro de uma operação, eu serei capaz de me jogar na sua frente por uma bala. Porra. Por que eu tenho essa sensação detestável de querer protegê-la?

— Eu sei que você quer fazer isso sozinho, então pode me deixar na minha casa? Quando for voltar ao departamento, você me busca e a gente volta junto, ninguém precisa ficar sabendo que você ficou aqui sozinho. Sinto que estou te atrapalhando - ela diz, abraçando seu próprio corpo. Óbvio, ela estava com frio. Fiquei tanto tempo sem um relacionamento que desaprendi a ser um cavalheiro. Levanto-me, guardando os primeiros socorros no banco de trás. Então ela fecha sua porta e eu dou a volta, entrando na minha parte de motorista.

Nós fizemos o caminho até sua casa em silêncio, apenas no superficial, porque minha cabeça gritava um texto completo. Eu me sentia mexido por , essa mulher completamente doida mexeu com minhas direções.

Sua casa era como eu imaginei, única. A sua sala era decorada por um sofá azul, o painel da TV era branco com algumas decorações sobre ele e livros. Muitos livros. A mesa de centro carregava um porta retrato dela sorrindo com um cão, e a outra foto era ela com uma senhora de idade. Havia uma manta sobre o sofá azul e, enquanto ela foi trocar de roupa, achando que eu a deixaria ali e depois voltaria para buscar, eu aproveito para observar seu lar. Sua sala é ampla, com entrada para sua cozinha americana. A casa é organizada, porém em alguns cantos é possível ver a essência de .

— Achei que tivesse ido embora - sua voz me desperta da minha investigação. Volto meu olhar sobre a escada, onde ela estava em pé vestindo um jeans, uma camisa social rosa e all star. Os cabelos molhados ainda.

— Vamos, , eu não posso deixar a minha parceira longe de mim - falo e seus olhos me passam um brilho diferente. - Vou te transformar em uma excelente investigadora.

— Isso é sério?

— Sim. Vamos, antes que eu mude de ideia.

Eu sei que posso estar cometendo um erro, mas o que eu posso fazer?

Ela pegou em suas mãos a bússola do meu coração e direcionou para a direção que ela deseja: o seu.



O engraçado da vida é que, quando eu parei de achar graça nela, a sua existência fez meu coração sorrir. Com a mesma proporção, ele também se sentiu triste.

O flash invadiu o meu rosto de repente, fazendo-me fechar os olhos apertadamente, com vários efeitos visuais diante daquela fotografia inesperada. Quando consigo abrir meus olhos novamente, tenho uma parada, rindo com sua câmera na mão. Havíamos parado o carro na estrada de terra entre a floresta atrás do posto de gasolina para olhar ao redor da região. A questão é que eu encarreguei de tirar foto de qualquer coisa que ela achasse suspeita, e a mulher resolveu me pegar desprevenido, me fotografando enquanto eu olhava o céu, tentando constatar se iria chover ou não.

— Eu mandei você fotografar coisas suspeitas do crime, - Coloco as mãos na cintura, encarando-a, tentando me manter sério.

— Você é um suspeito, - responde rindo, negando com a cabeça, voltando a olhar sua câmera. Uno as sobrancelhas com uma certa confusão com sua resposta.

— Por que eu seria suspeito?

— Às vezes tenho a impressão de que você se faz de lerdo - então ela dá as costas para mim, saindo e andando para fora da estrada. desliza novamente no mesmo morro que antes ela tinha caído, mas agora, aparentemente, ela estava mais atenta.

Sigo-a, olhando para baixo e vendo a mesma andando cautelosamente sobre as pedras e começando a fotografar a cena do crime. era extremamente cuidadosa e detalhista. E, por um momento, me vejo ali, parado, olhando-a. Eu não sabia identificar o quê exatamente ela me causava, mas era algo bom. Um sentimento que me fazia esquecer o que eu já fui e já fiz, os meus pecados.

Dou um sorriso discreto, abaixando meu olhar para o chão; então olho no meu relógio de pulso, já estava na hora de irmos almoçar.

— Ei, Sherlock - chamo-a, e ela se vira para mim, franzindo a testa com o apelido que eu dei. - Vem, vamos almoçar.

— Finalmente! Achei que eu ia morrer de fome - ela vem toda empolgada para cima novamente e eu a ajudo a subir, segurando na sua mão. Já estava começando a virar um hábito nesse dia irmos para o meu carro e fazer cosplay de Batman e Robin resolvendo crimes. A diferença é que a mulher ao meu lado está mais para Mulher Gato.

Eu escolhi uma lanchonete próxima ao departamento de polícia para almoçarmos. O hambúrguer era maravilhoso e a batata, também. estava me contando algo sobre sua antiga vida na cidade e como tudo tinha mudado na fazenda, e eu só conseguia rir dela narrando os problemas dela com as galinhas. Definitivamente eu ganhei meu dia com essa história.

— Atrapalho? - escuto a voz de atrás de mim, imediatamente se cala e então eu faço um não com a cabeça, já que eu terminava de mastigar meu lanche.

— De forma alguma - falo após engolir, então aponto para a cadeira do nosso lado, na ponta da mesa. - Senta aí com a gente. , esse é o , meu parceiro de investigação e, , essa é a , a nova jornalista do departamento. Richard colocou nós dois juntos nesta manhã.

— Eu sei - respondeu ríspido, olhando diretamente para . Ergo uma sobrancelha, principalmente pelo fato de abaixar o olhar sobre a sua bandeja. - Como está a sua família, ?

Nesse momento, a minha mente começa a cair um pouco, eles se conheciam. Isso explica o comportamento dele agora, totalmente com o semblante fechado, e ela, recuada.

— Definitivamente melhor do que a última vez, . - responde finalmente para ele, erguendo o olhar para o mesmo. Os dois se encaram tão friamente que eu sinto a tensão ali. É, eu estava sobrando.

— Que bom, mande um abraço a sua mãe. Ela ainda faz aquela torta de maçã? - e tiveram um relacionamento. Agora era nítido na minha cara.

Limpo a garganta, chamando a atenção dos dois. Dou um sorriso sem mostrar os dentes para eles.

— Eu acho melhor eu ir, tenho algumas coisas importantes para fazer - digo, limpando o canto da boca. Então me olha com um olhar que eu sinto ser de ironia.

— Acredito que terá algo para fazer no antigo parque abandonado do outro lado da cidade. Encontraram outro corpo de outra mulher. Dessa vez, sem os pulmões - ele diz, me olhando, e eu arregalo os olhos, surpreso. - Talvez, se você estivesse cumprindo com seu plantão ao invés de brincar de romance com a , saberia disso.

Eu odiei seu tom. Não sei o que tinha de errado com , principalmente agora. Ele parecia querer me matar ali mesmo. Se ele teve algo com a e ela não se encarregou de me contar, não é problema meu. Olho para ela que, tanto quanto eu, também estava surpresa pelo novo crime e pelo tom que usou. Esse era meu melhor amigo?

— Na próxima vez que falar assim comigo, eu te darei um crime. A diferença é que será o seu para ser investigado - respondo seco, me levantando da mesa. Tiro a minha carteira do bolso, pagando meu almoço e o de . Olho novamente para o rapaz. - Posso ser seu amigo, mas eu ainda sou uma patente a mais do que você. Não me faça te obrigar a bater continência pra mim.

Empurro a cadeira para encaixá-la à mesa e dou as costas, indo em direção à saída, então a voz dela penetra meus ouvidos. Ela me pede para esperá-la. Girei meus calcanhares, virando meu corpo pra olhá-la. estava segurando a bolsa sobre seus ombros, parada na mesa, em pé.

— Vocês dois têm muito o que conversar. Eu, por outro lado, tenho que investigar um crime. Tenha uma excelente tarde, senhorita - respondo. Tentei ser o mais educado possível, mas a razão é que eu estava puto. Eles tinham tido um relacionamento? Por que eu nunca ouvi falar de ? estava enciumado? Várias questões passavam pela minha cabeça e então eu percebi como estava mudando o rumo da minha vida em tão pouco tempo. Eu havia me esquecido completamente do meu trabalho, das minhas obrigações, para ficar ouvindo suas histórias. Mas ela tem o .

Não sei por que diabos estou incomodado com isso.

Deslizo meu corpo para dentro do meu carro, dando partida em direção ao antigo parque. Eu ia me afundar no meu trabalho para esquecer da existência do antes que eu o punisse e, principalmente, esquecer .

~


A noite havia chegado mais rápido do que eu presumi. Fiquei o dia inteiro investigando a cena do novo crime, e provavelmente estamos falando do mesmo assassino, mas, já que estou proibido temporariamente de ir falar com o médico legista, aparentemente colocaram para ir. Eu não vi mais a e agradeci por isso. O destino respondeu o que eu precisava. Eu estava perdendo o foco do meu trabalho, dos meus objetivos, deixando a minha obrigação por uma mulher. Não importa o quão lindo seja seu sorriso, eu ainda tenho que me jogar na frente de um tiro pelo povo e não apenas por uma pessoa.

Na minha casa, a televisão passava o jogo de beisebol, e eu tentava manter meu foco ali - e também nas pastas do caso, que eu tinha pegado para ler as informações colhidas. Nem mesmo o uso dos meus óculos impedia que minha cabeça se confundisse com tudo. Respiro fundo, irritado, tirando os óculos e os jogando para o lado, junto com o monte de pastas. Passo a mão no rosto, subindo para o cabelo.

Duas batidas na porta fazem minha atenção se concentrar ali. Me levanto, rezando para que não seja mais um crime. Mas, sim, é o maior crime de todos à minha frente. .

— Será que podemos conversar? Eu acho que te devo uma explicação de hoje mais cedo. - fala, e não disfarça em descer o olhar pelo meu corpo, já que eu estou sem camisa. Solto uma risada seca.

— Você não me deve nenhuma explicação, . Boa noite - Tento fechar a porta, então ela a segura com a mão. Solto uma bufada, encarando-a impacientemente. - O que foi?

— Eu juro que não sabia que trabalhava com você e nem que era seu amigo - seu olhar está um pouco diferente do que costuma ser.

— Por que acha que me importo?

— Você me disse que se eu precisasse de você eu poderia vir até aqui. , eu me isolei de tudo porque, além de outros motivos, um deles é . Eu estava fugindo dele.

— Isso está ficando cada vez pior, . Por favor, eu estou falando sério, foi um dia cheio e...

ME BATEU QUANDO NAMORÁVAMOS! - sua fala mais alta cala a minha. Olho pra ela, totalmente perdido.

— O quê?!

O único acerto do erro é quando ele te leva até o amor.

— Ele te bateu? - pergunto sem acreditar. Estava ainda processando o fato deles terem namorado. Dou espaço para ela entrar, parecia nervosa. Fecho a minha porta e ando até ela, segurando suas mãos, que estavam inquietas. - Calma.

— Ele me seguiu até aqui e, quando viu que eu entrei na sua propriedade, sumiu. Estou com medo de voltar pra casa… - o seu jeito desesperado era muito idêntico aos casos que eu já vi de agressão contra mulher.

— Fique calma, você pode ficar aqui essa noite - ela me olha e então eu solto suas mãos. - Eu arrumo o sofá pra eu dormir, ok?

— Não, eu durmo no sofá.

— Não fode minha paciência, .

~


Ela aparentava estar mais calma quando eu desci com os cobertores para mim e o travesseiro. Havia deixado arrumado o quarto para ela. No sofá, estava sentada com suas meias brancas nos pés, que se encontravam em cima do sofá. Ela vestia uma calça de moletom que eu havia emprestado também, e o meu moletom. Segurava uma xícara de chá que eu tinha preparado pra ela. Me sento ao seu lado, passando o braço para o encosto do sofá. Me viro pra ela.

— Quer me contar essa história? - pergunto.

— Certo - coloca a xícara no colo e fica contornando a borda com a ponta do dedo. - Eu tinha acabado de entrar na faculdade e o conheci. já era um policial. Ele ia me ver nos finais de semana. No início era tudo muito lindo, até que veio a primeira crise de ciúmes. E assim começou a ficar algo rotineiro. - estava prestando atenção. Inacreditável. havia perdido meu respeito. - Até que, um dia, apenas por eu olhar um rapaz numa festa da fraternidade da faculdade, quando chegamos ao carro já discutindo, me deu um tapa. E ali foi um... dois… - percebo que sua voz se embola e então coloco a mão no seu ombro. Ela ergue o olhar pra mim, faço um sinal negativo com a cabeça.

— Não precisa continuar - falo, indo até ela e a abraçando. Sua cabeça se aconchega rápido demais no meu peito, como se ela quisesse aquilo há muito tempo. Mas eu admito, eu também queria. Acaricio seus cabelos. - Ele não irá mais te machucar. Eu prometo. Estarei lá com você. Serei seu Batman.

— Dessa forma eu vou querer ser sua mulher gata, então - ela ergue o olhar pra mim e eu desço o meu para os seus lábios, que estavam próximos. Passo a língua sobre o meu, tentando conter o desejo de beijá-la.

— Minha mulher gato? - pergunto baixo. se aproxima devagar com seu rosto, já sinto sua mão indo para a minha nuca. Ela esfrega seu nariz sobre o meu; de repente, o clima, que estava frio, tinha esquentado demais.

— O quanto você quiser que eu seja sua.

Sem poder de resposta, grudou nossos lábios, minha mão foi para sua cintura, apertando-a firme. Dou-lhe o espaço para o beijo, e o nosso beijo foi como eu imaginei: intenso, safado e ousado. Sua língua parecia ser tão curiosa quanto ela mesma. Em um ato de desejo, eu tombei seu corpo para o lado, deitando-a sobre o sofá e indo por cima, mas, quando sinto sua mão tentando subir a minha camisa, eu percebo o que irá acontecer aqui. Me afasto dela, levantando-me do sofá.

— Não. De jeito nenhum - falo mais pra mim do que pra ela, virando de costas para a mesma. Porra, eu tô duro e está marcando no short do meu pijama. Viro-me pra ela, que não disfarça em olhar pro meu quadril. - , isso não pode acontecer.

Então ela se levanta do sofá, vindo até mim com um olhar que eu não sabia se era indignação ou irritação. Ou os dois.

— Por que não? Eu vejo seus olhares pra mim, . E, me poupe, olhe pro seu pau, ele está implorando - fuzilo com um olhar, puxando uma almofada do sofá para ficar na frente do meu quadril. dá um sorriso irônico. - Por que você faz isso?

— Isso o quê? - pergunto impaciente.

— Você sempre está fugindo do amor, . Sempre está fugindo de problemas. O que é?! Você não consegue lidar com as coisas com uma certa maturidade?

— O quê? Você está sendo completamente louca, . Não é nada disso. O fato de eu não querer transar com você não é por fugir do sentimento que isso pode me causar em relação a você - respiro fundo enquanto respondia.

— Então é pelo o quê?! O problema sou eu. Você não gosta de mim.

— Também não é esse - me sinto completamente impaciente.

— ENTÃO QUAL É, ? - chega, eu me irritei. Jogo a almofada com força no sofá e dou um passo em direção a ela, que me olha um pouco assustada. A parede não estava longe de nós, e foi lá mesmo que eu a coloquei, presa entre mim e ela.

— Eu vou te dizer apenas uma vez e eu espero que você entenda - falo olhando nos olhos dela. - Você mexe comigo, sim; eu te olho diferente, sim. E sim, eu queria muito estar te comendo agora. A questão, , é que se eu alimentar esse sentimento que eu sinto por você, não é pelas pessoas que eu irei pular na frente de um tiro. Será por você. Você não consegue enxergar, não é? Eu sou um cara complicado pra amar, sim, admito, mas, quando eu amo, eu busco proteger e cuidar desse sentimento. Não me venha com essas palhaçadas que me disse agora porque, se eu tivesse medo do amor, eu não teria deixado você se abrigar no meu coração.

Me afasto dela, que parecia estar atordoada com minha resposta.

— Boa noite, - falo e dou-lhe as costas. Ela começa a falar um monte de coisas e eu me ajeito no sofá. Olho pra ela, sério. - Vá para a cama e, se você não for, eu vou te levar lá em cima e te algemar na cama. O que você prefere?

— Depende. Você ficará lá também? De preferência sem roupa?

!

!

— Vá para o quarto.

— Não.

Mulher teimosa do caralho. Ela simplesmente se deita junto comigo no sofá, abraçando-me como se nada tivesse acontecido. Desgraçada, ela me pegou. Ela já sabe que eu não sou bom em debater sentimentos e simplesmente ignorou a nossa briga. Porra, , por que você tinha que me ler tão bem?

? - ela me chama e eu solto um '' hum ``. — Você pode me algemar?

— Se eu te algemar, será lá em cima e voltarei pro sofá.

— Ok. Vou entender. Você é totalmente frouxo então, brochante, na verdade.

Olho indignado para ela pela sua audácia. Seu sorriso debochado nos lábios me faz a olhar com seriedade.

— Tenho certeza de que se eu te foder você irá me pedir em casamento, . Agora cale a boca e durma.

— Me prove que não estou errada então.

Inferno.

O amor é o abandono da lógica. Não existem estruturas para lutar contra ele, e também não existe estrutura para se recuperar da decepção que ele causa.

Foi difícil, admito, ignorar o pedido tão cruel de para me ter sobre o seu corpo, fodendo-a da maneira que eu desejo desde a primeira vez que a vi. Mas existe uma coisa que eu preservo na minha profissão: ética e proteção. Não posso colocar tudo a perder nesta investigação, temos um assassino à solta e, principalmente, está assassinando mulheres. Não posso colocar em risco, se algum maluco desses soubesse que ela está envolvida comigo, com certeza desejaria fazer mal a ela. Digamos que eu não seja um cara com ficha limpa entre os criminosos, quando eu entro em uma investigação é pra valer. O melhor a ser feito foi me levantar contra a minha vontade e ir pro meu quarto, deixando no sofá aos xingos. Quero que ela me odeie, assim é mais fácil para evitar o sentimento que eu sinto por ela. Esse beijo derrubou muralhas e eu preciso ganhar forças para construí-las de novo. Mesmo que eu tenha que me afastar dela. Óbvio, não irei deixar nada acontecer com ela, afinal, ainda é um policial. Se eu disser que me afundei em um sono profundo, descansando minha mente, estarei mentindo. Meus olhos não se fecharam, fiquei a noite inteira pensando sobre os recentes acontecimentos. Por que eu ainda continuo achando o Loren suspeito? Por que um médico mataria? Ele tem todos os aspectos para ser um homem estranho, mas não consigo encaixá-lo numa cena de crime. O sol refletiu dentro do meu quarto, indicando o quanto eu estou fodido por não ter dormido e por ter uma no andar de baixo. É, eu vou ter que enfrentar a fera. não é para iniciantes.

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A vítima azul.

A noite estava tão silenciosa quanto uma casa vazia. O céu estrelado em Seattle demonstrava que não haveria chuva. Lia saiu da casa dos seus pais com um sorriso no rosto, segurando em sua mão uma rosa azul artificial que seu pai trouxera para ela da França. Ela fazia o tipo de mulher que chama a atenção de longe, um cheiro marcante do seu perfume de framboesa, os seus saltos batiam contra o chão da rua 6. Ela está indo de encontro a um bar no centro, onde as pessoas descontam seus dias exaustivos, apostas e bebidas. Lia não fuma, Lia não bebe. Em determinadas situações da nossa vida que devemos questionar sobre nossas decisões. O barulho na porta de entrada do bar chamou a atenção do homem que a esperava. Alto, forte e sedutor, ele era exatamente a mesma pessoa do aplicativo de relacionamentos. Um homem preenchido pelo conhecimento, falas filosóficas. Os seus olhos cintilantes cravaram na rosa que a garota segurava, o seu sorriso se alargou de uma maneira invasiva. Ela é a próxima.

Lia tem tudo que ele precisa para satisfazer seu desejo obscuro de morte.
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O cheiro do café invadiu minhas narinas, estava na cozinha de costas para mim e encostada na ilha com um prato de panquecas em mãos, devorando cada pedaço. Confesso que eu também queria essa panqueca, e a respectiva dona que a fez. Não sabia se eu dizia bom dia ou se apenas ficava quieto. Decidi dizer bom dia e ir até a cafeteira pegar uma xícara de café. Então nossos olhares se encontram e ela deixa cautelosamente o prato na bancada, escorregando a mão pela roupa e vindo até mim. para na minha frente, fitando meus olhos com tanta sutileza que eu traguei saliva.

— Eu não vou mais te incomodar e nem insistir. Me desculpa por ontem à noite - ergo uma sobrancelha, encarando seus lábios que antes provei e gostei. Droga.

— O que está querendo dizer com isso? - uma parte de mim ficou triste com sua desistência.

— Eu não vou mais agir feito uma idiota por você, . Eu admito, tenho uma queda por você, mas antes de gostar de você eu preciso gostar de mim. Então apenas esqueça o que aconteceu ontem à noite e fique tranquilo que não irei atrapalhar mais a sua investigação.

No momento em que eu ia responder àquela declaração, o meu celular persistente vibra no meu bolso. Respiro fundo, pegando-o e virando de costas para a mesma. Era Richard, mais uma vítima morreu nessa noite. Droga, enquanto eu estava lidando com meus problemas em relação à , outra pessoa morreu. Resolvo dizer que logo estarei no local, desligando em seguida. Volto a olhar para , pensando no que dizer, mas ela se apressa.

— Falei com Richard hoje mais cedo, estou fora da sua equipe, apenas ficarei no departamento. Pode ir sossegado, eu sei o caminho de volta para casa - e, sem me dar a chance de responder, ela sai da cozinha e logo posso ouvir o barulho da porta da frente sendo batida. está puta comigo e eu sei o motivo.

O lugar dessa vez foi ainda mais intrigante do que o último. A rua 86, localizada em um bairro renomado de Seattle, abrigava um velho estúdio de fotografia que foi fechado há um ano. Os carros de polícia estavam todos estacionados, e nenhum sinal de . Desde que ela saiu de casa, não paro de pensar nela. Mas que diabos está acontecendo comigo? Estou diante de um crime e pensando na . Estou ferrado. Coloco a minha luva e adentro o lugar pela porta de vidro pequena, subindo a escadaria que me levaria até a vítima. O lugar carregava um cheiro de mofo insuportável, ao ponto de me fazer espirrar. estava presente no cômodo e apenas me olhou, também não fiz questão de cumprimentá-lo e o delegado percebeu o nosso clima.

Meus olhos encontram a vítima sentada no banco usado para poses fotográficas, o corpo estava apoiado à parede. Ela estava nua e com os braços e pernas amarrados por uma corda de construção. Sua cabeça abaixada indicava que ela foi colocada ali após a sua morte. Mas, o que mais me choca é a rosa azul enfiada na sua boca, como um detalhe que fez toda a diferença para ela ser escolhida. Estamos falando de uma garota aparentemente de dezenove anos. Infelizmente, o meu foco é retirado quando adentra o local do crime ao lado de Hannah, a assistente de perícia. Ela carrega em mãos seu bloco, confesso que gostei da sua roupa, totalmente investigativa. A jaqueta verde militar, a calça preta com uma camisa do mesmo tom. Suas botas marcavam o visual, o cabelo amarrado. estava linda e me ignorando completamente.

— Eu conheço esse lugar - diz, chamando a atenção de todos ao redor. - Eu fiz as minhas fotos de formatura da faculdade aqui.

Acenda em mim a vontade de amar, tão quanto a gasolina é capaz de provocar uma explosão se encostar em um fósforo.

Todos ainda continuavam perplexos encarando , mas solta uma risada, retomando a atenção de todos sobre ele. Ergo uma sobrancelha e então decido ficar em silêncio antes que eu quebrasse a cara dele no soco. Era estranho o fato de que eu e éramos tão próximos mas, depois de , passamos a nos odiar. Óbvio, ele era um completo filho da puta. Antes só do que mal acompanhado.

— Pode ser só uma coincidência, - eu falo, aproximando-me do cadáver à minha frente. - Mas não vamos descartar isso, depois podemos dar uma olhada nas fotos. Vai que alguém da sua turma decidiu brincar de psicopata. - concluí a frase. Retiro devagar a rosa azul da boca da vítima, constatando que ela havia sido enfiada por inteiro. Com que tipo de louco estamos lidando? Coloco a rosa dentro do plástico e o perito o lacra. Ergo a cabeça da pequena vítima, observando os traços de estrangulamento. Solto um suspiro.

, se desejar ir até o necrotério... Os corpos ainda estão lá. - olho para Richard, ele sabia que eu odiava que me chamasse pelo sobrenome. Nego com a cabeça, afastando-me da vítima. Peço um binóculo para um dos policiais e então o posiciono sobre meus olhos, encaixando meu corpo na janela lateral da cena do crime para saber onde o lugar se localizava. Enquanto deslizo a visão, percebo que ao lado tinha um prédio abandonado e, dentro da sala com a cortina aberta, tinha um quarto perfeitamente organizado. Estranho, já que era um prédio abandonado. Abaixo meu binóculo, virando-me para eles.

— Vou entrar naquele prédio - não peço, afirmo. Deixo o binóculo na mão do policial que o tinha me dado e sigo para fora da cena do crime, girando meu corpo sobre a escada e começando a descer. Atrás de mim vem Richard sendo contra a minha ideia, dizendo que era um prédio abandonado e que, provavelmente, não tinha nada a ver com o crime. Continuo ignorando, atravessando a rua. A porta da frente do prédio estava trancada.

— Desista dessa ideia idiota, . Enquanto poderíamos estar indo prender o assassino, você está aí querendo entrar em um prédio que não é aberto há anos - Richard diz e então viro-me para olhá-lo. está vindo às pressas. Respiro fundo, pronto, estava formado o bonde de quem me irrita.

— Eu sou o investigador e, enquanto eu quiser investigar, você tem que calar sua boca e me deixar fazer meu trabalho. Eu não questiono o seu - retruco, impaciente. E então, chega até nós com sua câmera. Encaro-a. - O que foi, ?

— Pensei que eu poderia ser útil. Se tiver alguma coisa aí dentro, eu posso fotografar. - Assinto.

— Está trancada, . não vai entrar - Richard fala e então, sem paciência, puxo a minha arma e dou um tiro no cadeado. Olho para eles, que me encaravam perplexos.

— Não está mais.

Deslizo a corrente pela maçaneta de ferro, abrindo a porta, que range. Dou espaço para a passar e então, antes de Richard vir atrás, eu bato as duas portas da entrada na cara dele. Vejo um riso sair dos lábios de , mas nada diz. Ótimo. Sigo com ela e, como esperado, o elevador não funciona.

- Vamos de escada. Mas, tome cuidado, não sabemos como estão as coisas aqui dentro. - falo, e ela tenta ir primeiro na escadaria, mas eu a seguro pela cintura. Seu corpo vira pra mim e nossos olhos se encontram. - Pare de ser ansiosa, . Deixe-me ver se não tem ninguém aqui e, principalmente, se nenhuma madeira irá se soltar.

— Prefere se machucar do que me ferir, ?

— Que tipo de homem eu seria se eu te machucasse? Jamais me perdoaria se você se machucasse, . Posso ser estúpido, eu sei, mas o meu jeito de ser é diferente dos que já passaram na sua vida. Eu sou um policial e não um príncipe encantado. Não me peça um conto de fadas, , porque o lado que eu vivo é o dos vilões. E sabe o que eu faço? Eu salvo princesas tipo você. Agora, me deixe trabalhar.

não respondeu absolutamente nada, e quando eu a soltei ela ficou ainda parada. Começo a subir devagar a escada, com a arma apontada para qualquer alvo que pudesse ter. As madeiras rangem enquanto eu e íamos subindo para o último andar, onde eu tinha visto o quarto. O lugar estava escuro, o cheiro de mofo é insuportável. Coloco a mão no nariz. Quando vamos nos aproximando do quarto, o cheiro forte que estava vindo dali era pior do que imaginávamos. Olho para trás e está com uma cara péssima. Me aproximo dela.

— Você está bem? - pergunto preocupado. Coloco a mão no seu rosto, sentindo-o gelado.

— É só o mofo... Isso irrita o meu nariz - explica. Assinto, enfio a mão no bolso, tirando um lenço branco, e coloco-o sobre o seu nariz.

— Mantenha-o no seu nariz, não vai aliviar, mas vai ajudar enquanto estivermos aqui - ela assente e então retomo o caminho. Ao chegarmos, a porta está trancada, e não penso duas vezes em arrombar. Foda-se, zero paciência hoje.

Não estávamos na janela que eu tinha visto, mas sim no apartamento. O restante dele era diferente do quarto. Estava com as cortinas fechadas e o cheiro ficava insuportável cada vez mais que entrávamos. Pelo meu reflexo, vejo bater uma foto com flash e há uma cozinha à nossa frente. Puxo outro par de luvas e, só depois de proteger as minhas mãos, abro a geladeira da cozinha. Se eu estivesse de estômago cheio, eu teria vomitado. Pulmão, rim, provavelmente humanos. Provavelmente não, eram humanos. A luz fraca da geladeira e a fumaça do gelo tomavam conta da nossa visão.

— Meu Deus. Que horror - a voz de sai baixa. Engulo seco, pegando a câmera da sua mão e fotografando a geladeira.

— Isso aqui é dele. Do assassino - afirmo, correndo meus olhos pelo ambiente escuro. Começamos a caminhar mais um pouco, chegando na sala. Estava tudo bagunçado, sinais de lutas corporais. Ou uma bagunça proposital. Meu destino era no quarto, que, diferente de todos os cômodos, estava limpo. tenta ir antes de mim, mas eu não deixo.

— Consegue sentir esse cheiro? - pergunto, abaixando-me à porta do quarto.

— Esse cheiro podre? Mofado? Macabro? - responde em perguntas. Encaro o chão de madeira liso à minha frente, respirando fundo e constatando o cheiro.

— Não, . Esse cheiro é de água oxigenada. Água oxigenada impede que o luminol tenha efeito válido - coloco a mão no chão, sentindo-a grudar. - Mas não impede de sentirmos que houve presença de sangue. É isso, , encontramos o covil do assassino.

Trecho retirado do inquérito policial. 176/534.5

A jovem Madelyn Carter apresentou sinais de agressões físicas. Seu pescoço estava roxo, indicando que houve estrangulamento. Debaixo das suas unhas foram encontrados vestígios de terra, mostrando que a vítima tentou fugir e se agarrou ao morro do outro lado do lago.

Madelyn Carter lutou com alguém forte, não obtendo sucesso. O órgão rim direito não foi encontrado até agora.

Trecho retirado do inquérito policial. 180/546.7

Diana Ambrose, de apenas dezenove anos, foi encontrada no antigo parque abandonado. O pescoço apresenta sinais de estrangulamento, a jovem foi encontrada de bruços com um corte dianteiro nas suas costas. Um profissional realizou o corte e a retirada de seu órgão, pulmão. No momento, nenhuma evidência foi encontrada.

— Covil do assassino? - a voz de questiona. - Que tipo de mulher se submeteria a vir num lugar desse, ? - levanto, girando meu corpo para ficar de frente com ela. Encaro-a por um tempo.

— Tem razão. Pro assassino trazer a vítima aqui, ele precisaria de uma boa conversa, de um bom quarto… - retorno meu olhar sobre o quarto. Tombo a cabeça pro lado, deduzindo algumas coisas. - O que não se encaixa no restante do apartamento. Deve haver alguma porta por aqui.

Entro no cômodo, andando devagar. Olho para o teto, voltando a olhar para todos os lados, até que vejo à minha frente um espelho. Ele era embutido na parede, mas estava mal encaixado. Aproximo-me dele, guardando a minha arma.

, feche as cortinas - peço, e ela o faz. Assim que o quarto cai na escuridão e eu sei que os curiosos do outro lado do prédio perderam a visão de mim e da , puxo o espelho. Como esperado, ele era apenas uma camuflagem de uma porta. Deito devagar o objeto sobre o chão, olhando pra maçaneta. Respiro fundo, virando-me para ela novamente, que me encarava no meio do quarto com os braços cruzados - Você tem um grampo aí?

Ela assentiu, puxando um grampo do meio dos fios dos cabelos que sustentava um pouco do seu penteado. O pequeno objeto é encaixado na fechadura, com calma e cautela eu vou tentando destravá-la, até que escuto o clique. Olho pra ela, fazendo um joia, e giro a maçaneta. O que vemos em seguida é surpreendente: a porta dava para um beco. Ao lado, tinha uma escadaria para subir e descer. Alguns vasos se encontravam ali, muito bem cultivados. O que me intriga é o fato do assassino ter levado a vítima para tão perto do seu esconderijo secreto. Começo a descer a escadaria, devagar, escutando os passos de atrás de mim. Quando terminamos de descer a escadaria, chegamos a um muro de tijolinhos e um portão de entrada da cor preta. Ele não é de frente com o prédio. O prédio sai na outra rua. Viro para olhar .

— Você, que é uma mulher, o que te faria vir pra um lugar desse? - cruzo meus braços, esperando sua resposta.

— Hum, vejamos… você pode perceber que o quintal da pessoa é extremamente cuidadoso. E, fora que, o quarto é impecável. Provavelmente o espelho era pra disfarçar a passagem secreta. O que o impede de fazer o mesmo com a outra porta? Talvez ele utilize esse quarto como uma espécie de motel. - deu de ombros.

— Certo. Faz sentido. Mas e os corpos distribuídos pela cidade? Pra mim, ele estava assassinando no lugar que os corpos são encontrados - esboça um sorriso irônico e eu a olho, confuso. - O que foi?

, nenhum homem é tão nobre quanto você. Para um homem que reconhece a sua própria força contra uma mulher, não há problemas em matar, colocá-la em um carro e jogá-la em qualquer canto da cidade como se fosse um lixo descartável - aquilo fazia sentido. - Eu suspeito que estamos lidando com um psicopata que atua em um aplicativo de relacionamento.

Resolvo não responder nada, saindo dali e voltando para a escadaria. Quando chegamos novamente ao quarto, espero-a passar e tranco a passagem com o espelho. me encara confusa.

— Não vamos contar ao pessoal? - pergunta.

— Não - falo, dando-lhe as costas e indo para fora do quarto. Espero ela vir e então bato a porta do quarto, uma leve poeira cai sobre nossas cabeças. Olhamos pra cima juntos, encarando o teto, que não estava muito nítido - Acha que tem algo escondido aqui em cima?

— Não duvido de nada, . Por favor, podemos sair daqui? Depois você volta e dá uma de Batman - comenta, o que me faz rir. Ela segue à frente, esquivando-se das coisas. Vou logo atrás dela; apesar da situação, não deixo de observar sua bela bunda. Porra, , o que está acontecendo com você?

Enquanto vamos descendo as escadas que subimos, eu resolvo dizer:

— Olha, , vamos combinar uma coisa antes de falar as coisas para eles - ela para no degrau de baixo e se vira pra mim, dando-me total a sua atenção. - Eu não quero ser indiscreto, mas não confio em ninguém daquele departamento. Principalmente depois do surto do Richard. Então, nós vamos dizer que andamos no prédio e que entramos no quarto, mas que não encontramos nada. E que você só fechou as cortinas porque eu tentei enxergar algo sem a luz do dia, ok? - ela assente e não faz perguntas. Ótimo. Seguimos em silêncio para fora do prédio. Observo bem aquelas fechaduras, obviamente eu voltaria aqui de madrugada.

Richard e o restante do pessoal nos esperava na frente do prédio de fotografia, e cumpre sua parte do trato. Fixo meu olhar em Richard, que dá um sorriso satisfeito e se convence, dizendo que ele sempre esteve certo. Babaca. Olho para , que me encarava friamente. Dou um sorriso irônico para ele, e quando Richard pergunta se queria uma carona para casa eu me apresso a dizer.

— Eu vou levá-la para casa, não se preocupe - falo de prontidão, e não espero uma confirmação dela, apenas vou empurrando-a pela cintura em direção ao meu carro. Não era mais a nossa parte ficar ali, e eu também não queria encontrar Loren. E eu assumo que eu estou preocupado com a vida de .

, o que é isso? - ela questiona como esperado quando adentramos ao meu carro. Deslizo o cinto pelo meu corpo, virando pra ela. Meu carro estava estacionado um pouco longe do pessoal.

— Posso cuidar de você, ? - pergunto, encarando seus olhos. É nítida a surpresa em seu olhar. - Sei que não fui um bom homem com você e, fique tranquila, isso não é um pedido de casamento. Eu só quero que você saia com segurança dessa história toda.

— Eu sempre me cuidei, . Não há por que se preocupar.

- falo e fecho meus olhos com força, então os abro. Tiro o meu cinto novamente, aproximando-me dela. Uma mão eu coloco sobre o painel do carro e a outra eu coloco em seu ombro. Mas não me contento em deixar a mão no painel, então eu levo-a até a sua cintura, apertando firme. Encaro seus olhos. - Você não está mais sozinha.

— Eu nunca estive sozinha - rebate, olhando dos meus olhos para os meus lábios. E eu faço o mesmo. - Eu sei me cuidar.

— Não duvido disso. Mas deixe-me também fazer isso - Sussurro como uma súplica.

— Achei que não se importasse comigo.

— Garota, eu levaria um tiro por você - encosto os nossos lábios, mas não a beijo. Começo a fazer carinho nos seus lábios com os meus. - Eu sofreria cada dano do mundo para que você não sofresse. Você acredita em anjos, ?

- Sim - respondeu com os olhos fechados, tomada pelas minhas carícias. Subo a mão da sua cintura pelas suas costas, trazendo-a mais para mim. Então volto à barra da sua camisa, adentrando por debaixo da mesma.

— Eu não sou um. Eu vou ser o seu pecado, . Você está disposta a queimar no inferno comigo?

— Pra mim você é um anjo... - desço os beijos pelo seu pescoço, saindo com a mão de dentro da sua blusa e descendo para a sua coxa. Aperto a mesma com firmeza, inspiro o seu cheiro. Ela solta um gemido preso.

— Não, eu não sou. E, depois de ajoelhar pra mim, vai se ajoelhar pra Deus e pedir perdão por deixar um homem tão pecador colocar as mãos em você. Você quer isso? - sussurro sobre o seu ouvido. Sua cabeça se movimenta em um movimento de confirmação. Sorrio safadamente - Você quer que eu te mostre como eu sou o inferno, mas te levo pro céu ao mesmo tempo?

— Sim, por favor.

— Eu vou te dar tudo que você quer, .

O inferno e o céu não existem quando estamos apaixonados. Vivemos o para sempre dentro de um dia de vinte e quatro horas.

não quis esperar, apenas me mandou seguir direto pra sua casa. Porque segundo ela, a casa dela era mais confortável para uma transa.

Estive há tanto tempo sem dividir a cama com uma mulher que, por um momento, me senti inseguro, mas ela era a . A garota que me enlouqueceu desde o primeiro momento. E que, neste momento, abre devagar os botões da própria camisa enquanto me deixa sentado na sua cama entre os travesseiros e almofadas. Puxo a minha camisa para cima, tirando-a do meu corpo. se aproxima de mim e eu me abaixo para tirar seus sapatos. Com a minha mão esquerda eu subo por de trás da sua perna, trazendo-a para o meu colo. Nossos lábios se encontram novamente em um beijo urgente, e eu termino de tirar a sua camisa. Depois dou o mesmo destino com a sua calça. Um impulso e eu já estou por cima dela, admirando o belo corpo na lingerie preta. Mordo meus lábios, negando com a cabeça os meus próprios pensamentos impróprios que tive com ela.

— Onde está sua algema? - minha diabinha me pergunta, me fazendo soltar uma risada rouca. Aproximo meu rosto do dela, deslizando o nariz pela sua pele e apreciando o seu cheiro. Minha mão sobe para o seu peito ainda coberto pelo sutiã, apertando-o.

— Qual o seu fetiche em eu te prender na cama, ? - mordo o seu pescoço, esfregando a minha ereção na sua região íntima.

— Eu quero prender você na cama, .



Ter um algemado na minha cama era um dos pecados que eu nunca imaginei querer usar. Que homem. Os músculos tensionados e o seu olhar em confusão do que viria pela frente. Ajoelhada na cama, eu abro devagar a sua calça, e depois a deslizo pelas suas pernas, observando sua samba canção cinza. A marcação da sua ereção mostrava que a grosseria de combinava com a ereção do seu belo pau. Minha boca saliva de vontade de chupá-lo.

— Vai ficar só olhando, ? - levanto o olhar pra ele, sorrindo em seguida. Prendo meu cabelo em um coque, abaixando o meu rosto para próximo do cós da sua samba canção. - Solta o cabelo, eu quero segurar.

Dominador. gosta do controle. Isso me enlouquece. Mesmo com isso dentro dele, ele confiou em mim e me deixou algemá-lo. Solto meu cabelo, e a sua mão livre da algema vem de encontro, firmando nos fios. Abaixo a sua samba canção, liberando a última peça do seu corpo. Não perco tempo em segurar na base do seu pau, girando a língua sobre a sua glande melada pelo pré gozo. Enfio-o por inteiro na minha boca, tendo que relaxar os músculos dela para caber a sua grossura. Inferno, não é tão grande, mas compensa com a sua grossura, que eu nunca presenciei antes em outro homem. Minha vagina pulsa com a ideia de tê-lo enfiado em mim por inteiro. Começo a ser guiada pela sua mão, indo e voltando devagar, até que seu quadril começa a foder a minha boca descaradamente. Ergo o meu olhar para ele enquanto seu pau deslizava sobre meus lábios. tem sua atenção completa em mim. Eu poderia gozar só com a visão. O homem, preso com uma mão, ainda faz o estrago.

Retiro-o da minha boca, escutando seu resmungo. Dou uma risadinha, lambendo a sua lateral. As veias saltadas eram o seu charme final. Estava tão concentrada em chupar cada pedaço daquele pau que não percebi quando ele se soltou da algema. Eu sabia que não ia durar muito a minha alegria.

— Sempre soube que essa sua boca era atrevida - afirma com a voz baixa. Sorrio, batendo uma para ele enquanto o olhava. - Deixa eu te mostrar o quanto a minha é indecente.

— Eu não estou a fim de parar agora. Seu pau é uma delícia - respondo, passando o dedão sobre a sua glande melada.

— E quem falou em parar? - paro de fazer os movimentos em seu membro, encarando-o com uma certa dúvida. Se fosse o que eu estava pensando, eu completamente travei. Nunca havia feito um 69 com alguém. - É só sentar na minha cara e relaxar, .

— Acho que não consigo fazer isso - confesso.

— Consegue, sim. Agora vem, eu vou te ensinar o que é ter uma boa foda - tem razão, em todos esses anos eu nunca tive uma foda digna de elogio. Gozei umas quatro vezes na vida com um homem, o restante foi sozinha. Assinto, dando-me por vencida, a fim de aproveitar o momento. Tiro o meu sutiã, e depois a minha calcinha. Vejo o seu olhar me queimar, me intimidava demais com esse olhar de quem enxergava minha alma.

Com calma, eu fico sobre o seu rosto e me curvo para frente. Tentando não morrer de vergonha eu enfio o seu pau por inteiro na minha boca. Eu precisava distrair a minha mente de que não estava completamente exposta a ele.

Solto um gemido com o seu pau dentro da minha boca quando a sua língua quente toca a minha intimidade.



A boceta de era exatamente como eu imaginei. A sua excitação brilhava desde a entrada pelo restante dela. Deslizei a minha língua por ela, desfrutando do seu gosto. Minha mão bate com força na sua bunda no mesmo momento em que eu sugo o seu clitóris com cuidado pra dentro da minha boca, em uma brincadeira deliciosa com sua boceta e a minha língua. tenta ir para frente com a sensação, mas eu seguro firme seu quadril. Apesar de estar completamente à mercê da sua bocetinha melada na minha boca, não para de chupar meu pau com tanta vontade que logo eu gozaria feito um animal. E eu quero isso. Afasto um pouco a boca dela, dando espaço para os meus dedos. Penetro dois, fazendo movimento lento pra dentro e pra fora, sempre voltando com mais pressão. Sinto o momento que ela solta o meu membro, meu pau pulsa com desejo por sua boca.

— Não pare agora, . Eu quero gozar nessa boca. Chupa - ordeno, e não demora para eu sentir novamente a quentura dos seus lábios me envolver. Tiro os meus dedos de dentro dela, voltando com a minha língua. Penetro como se fosse o meu pau, fecho meus olhos quando sinto o orgasmo me invadir com força ao ponto de eu tremer a minha perna. Porra, que delícia. Sinto ela me engolindo por inteiro e agora eu quero essa se despejando na minha boca.

Não parecia mais a mesma que estava com vergonha, se sentou completamente no meu rosto, apoiando as mãos no meu peitoral. Deixo-a deslizar à vontade aquela boceta na minha língua. Como numa dança, a bela desfrutou da minha boca na sua intimidade molhada pela excitação misturada com a minha saliva. Um gemido alto e mais alto seguido de outros é dado por ela. goza deliciosamente na minha língua e eu não posso deixar de levar a minha mão ao meu pau para estimular quando sinto a sua pulsação na minha boca.

Infelizmente, ela sai do meu rosto, e eu lambo meus lábios, satisfeito com o gosto. Logo meus lábios são tomados pelos dela, e eu a jogo sobre a cama, indo por cima.



se acomoda entre as minhas pernas e eu não reclamo. O homem é tão mandão que, quando me disse que gozaria, meu corpo inteiro quis seguir o dele. Eu estou muito fodida e ferrada. vai destruir meu coração e o meu interior. Confesso que a segunda opção é atraente. Quero gozar mais vezes nessa língua.
Não contente o suficiente com o afastamento da minha perna, ele a afasta ainda mais, entrando em mim de uma só vez. Solta os meus lábios e a gente geme juntos. Cravo as unhas nas suas costas, tombando a cabeça para trás pra gemer. me fode sem pena, com estocada forte e me preenchendo por completo, seu ritmo hipnotizante. Onde estava esse homem esse tempo todo? Ele geme no meu ouvido quando o arranho mais forte.

— Essa boceta é minha, . Apenas minha. Geme o meu nome - possessivo? Controlador? É o nome dele que eu quero gemer.

! - gemo, e não, não é por ele pedir. É simplesmente tudo que eu consigo dizer quando o seu quadril faz movimentos giratórios, me enlouquecendo. Esse quadril não é de Deus, tinha razão, ele é o próprio demônio fodendo. Uma tentação. Quero pecar mais vezes.

Abro meus olhos e os dele estão completamente em mim. O agarro com mais força, deixando nossos rostos próximos. Ele aperta com força a minha coxa, ajeitando-me ainda mais contra seu quadril, e eu perco tudo em uma investida forte na qual ele me segura contra. Minha intimidade não tinha se recuperado ainda do primeiro orgasmo e já estava sofrendo o segundo. Provavelmente, se estivéssemos na cidade, todos teriam ouvido o meu grito do orgasmo.

— Sim, sim, era isso que eu queria - falo totalmente entregue ao prazer que ele me proporcionava com seus movimentos ainda dentro de mim. Cravo com força as unhas nas costas dele, deslizando pela sua pele. Quanto mais ele entrava, mais eu o arranhava.

— Sempre soube que você queria ser comida por mim, - sussurra contra meus lábios, sem parar um minuto de se movimentar, alucinado. - Sempre soube que essa boceta chamava por mim. Fala pra mim o quanto você queria que eu a comesse.

— Sim, . Eu sempre quis que você me fodesse - respondo, entregue naquele clímax absurdo. Estou ferrada com esse homem, além de foder bem, ainda carrega a boca suja na cama.



Não penso duas vezes antes de girar nosso corpo e coloca-lá por cima, e seguro firme seu quadril. está com os cabelos bagunçados e o rosto vermelho. As gotas de suor estão presentes no seu rosto, fazendo alguns fios grudarem. A sabe sentar. Fico louco quando ela sobe e quase me tira por completo e volta numa completa rebolada. Mordo fortemente meus lábios quando sinto sua mão fechando sobre meu pescoço, ela sabe do que eu gosto porque ela é tão pior quanto.

— Goza em mim, - meu corpo responde, se entregando ao segundo orgasmo. Agarro seu corpo contra o meu, fodendo-a por mais algumas vezes, mexendo meu quadril até nossos corpos relaxarem por completo do êxtase. Respirando ofegante, acompanhando a respiração dela, nós nos encaramos por um tempo e então ela me beija. Um beijo diferente, um beijo que eu quis que durasse uma eternidade. Longe de tudo que está acontecendo.

Nessa noite eu quero estar por inteiro com .

A verdade é uma faca que perfura nosso subconsciente e torna nossos sonhos em pesadelos, acordando-nos para a realidade.



O relógio da minha cabeceira da cama indicava quatro e meia da manhã, e os braços dele ainda estavam em volta do meu corpo. Sua respiração pesada ia e voltava sobre a minha pele, dormia em silêncio. Até para dormir esse homem é discreto; já eu, não consegui fechar os olhos. Tudo bem que nossas atividades sexuais foram extremas e paramos há pouco menos de uma hora atrás, eu não sabia que precisava tanto transar com ele até realmente estar em cima dele. Olho para sua mão repousada na minha barriga, e o outro braço abrigava minha cabeça repousada, o cobertor estava sobre nós dois. Giro o meu corpo devagar, ficando de frente com ele, observo seus traços e levo a ponta dos meus dedos devagar, deslizando entre seus lábios, indo para o seu queixo. é lindo. Por dentro e por fora, e me entristece saber que, talvez, se um dia ele descobrir a verdade sobre mim, não teremos nada. Que tipo de homem me aceitaria?

— Se continuar me olhando assim eu vou ser obrigado a te foder novamente - solto uma risada, ele abre seus lindos olhos azuis e, com a sua mão, me puxa ainda mais para ele. - O que sua mente barulhenta está gritando, ? Se arrependeu?

— Me arrepender? Não. Se eu soubesse que era só ferir seu ego, eu teria feito desde o começo. - seu sorriso se alarga, fazendo-me dar um tapa em seu ombro. - Estou pensativa sobre várias coisas, essa coisa criminal realmente não é pra mim. - passo a unha suavemente pelo seu ombro descoberto em uma carícia lenta.

— Não se preocupe com isso. Nada vai acontecer com você. Eu te prometo - levanto o olhar para o dele. Balanço a cabeça positivamente. - Tem mais alguma coisa que queira me dizer?

Sim.

— Não - respondo, tomando seus lábios com os meus. Iniciamos um beijo aprofundado. Por mim eu beijaria a noite inteira, porém ele se afasta de mim dizendo que seu plantão começaria às seis da manhã. Faço uma carinha triste pro mesmo, que ri. - Vou preparar um café pra você, então. E eu te empresto meu chuveiro hoje.

— Nossa, quanta gentileza. É o mínimo depois de abusar do meu corpo, não é? - pergunta, rindo, enquanto se levantava da minha cama, me deixando no meio dela entre as almofadas. Mordo os lábios observando seu corpo sumir para o banheiro, e então o barulho da água toma conta. Sento na cama, vendo o celular dele sobre o meu criado-mudo vibrar e piscar a tela várias vezes. Olho pro banheiro com a porta fechada e volto a minha atenção ao aparelho. Eu não deveria fazer isso, mas fiz.

Hailey

Por favor, podemos nos ver hoje?


Quem é Hailey? Por que eles estão se encontrando? Será que tem alguma coisa a ver com todos esses assassinatos? Por um momento eu sinto uma tontura forte me invadir. Deixo o celular dele de volta no mesmo lugar, levantando e me vestindo com minha camisola. Saio do meu quarto totalmente atordoada, quem era o ? Será que ele não é o homem que eu pensava?

Mesmo com todas essas questões, eu não posso deixá-lo saber que eu sei. Então, da mesma forma que eu tinha dito, eu faço nosso café. Não demorou muito para que ele se sentasse ao meu lado na bancada da minha cozinha. Percebo que ele fica tenso olhando o telefone, e o vira ao contrário contra a superfície, levantando o olhar pra mim com um sorriso tão neutro que nem parece que está mentindo.

— Que horas você sai hoje? - pergunto, uma boa alternativa para entrar na sua casa e investigar tudo que eu conseguir, penso.

— Provavelmente às oito da noite. E você? - dou de ombros, dando um gole no meu café.

— Às cinco, como sempre. Eu não faço muita diferença nessas coisas, - dou um sorriso frio para ele, que une as sobrancelhas. Droga, ele é a porra de um investigador, .

— Venha direto pra casa, ok? - responde, preocupado. Quase consegue me comover. - Pelo menos até termos a certeza sobre o assassino, precisamos tomar cuidado.

— Certamente comigo não acontecerá nada, o assassino não encostaria em mim - jogo o verde, quem sabe ele capta.

— Você não pode definir um assassino na compaixão, - mas claro que ele não cairia, é esperto. Então seu corpo se levanta, deixando a xícara na minha pia. Ele vem até mim, beijando a minha testa. - Venha direto pra casa, .

Dito isso, apenas veste a sua camisa, que faltava nas suas roupas, e sai da minha casa, me deixando ali parada e mergulhada em uma poça de dúvidas e incertezas. Não era possível que fosse um suspeito. Apesar dele ser mais do que qualquer um, inteligente e renomado como investigador.

O dia começou estranho. Quando cheguei ao departamento, Richard me pediu para ir buscar informações para mídia com a perita Hannah. Eu não era tão próxima dela, mas Hannah demonstra ser uma garota legal. Quando eu cheguei ao laboratório, o ambiente ali era frio e quieto. Hannah estava na sala com o corpo da recém assassinada, o tórax da garota estava aberto e eu quis vomitar. Como eles conseguem lidar com isso tão fácil? A loira ergue o olhar pra mim e me dá um sorriso.

— Bom dia, - diz deixando de lado seus instrumentos cirúrgicos. - A que devo a honra?

— Richard me pediu para vir coletar algumas informações para a coletiva de imprensa que haverá hoje sobre a investigação - respondo, puxando sua cadeira giratória da sua mesa para eu me sentar. Cruzo as pernas, observando o ambiente. Meu celular até agora não tinha tido sinal de e nem no departamento.

—Certo, você pode passar pra ele que a morte é por estrangulamento seguido de sufocamento com a rosa. Lia também ingeriu substâncias tóxicas - balanço a cabeça positivamente, encarando o corpo à frente estendido na mesa de inox. - Você está bem?

— Você não tem medo de ser a próxima, Hannah? - pergunto, desviando o olhar para ela. Então a mesma suspira, tirando as luvas e vindo até mim. Hannah puxa outra cadeira para se sentar na minha frente. - Parece que nunca vamos conhecer completamente uma pessoa.

— Eu vi o jeito que você olha pra ele - olho-a confusa. - . É dele que você está falando?

— Nós passamos a noite juntos. Mas, hoje pela manhã, eu encontrei uma mensagem esquisita no telefone dele. Acho que ele tem uma namorada, ou, não sei...

— Você o considera um suspeito - ela conclui. Hannah é perita, é óbvio que ela percebeu as coisas. - Se você for esperta, , ficará longe dele.

— Por quê?

foi noivo. Ela o traiu e, desde então, a garota desapareceu da cidade - arregalo os olhos. - Fique longe dele. É a melhor coisa que você fará para si mesma.

Minha cabeça girou e minha visão ficou turva. Não era possível. Levanto, dando sinal com a mão para a mesma de que eu voltava depois. Saio completamente atordoada do laboratório, pensando sobre o que eu faria a respeito daquilo.

O dia inteiro eu trabalhei com a cabeça completamente perdida, e ele não tinha aparecido. O pior de tudo, outra vítima havia aparecido, dessa vez foi encontrada no cemitério da cidade sobre o túmulo de uma atriz famosa do teatro na década de 90. O assassino era profundo, misterioso e, por Deus, por que eu não consigo descartar que é o ?

O caminho até em casa foi doloroso, mas eu não pude deixar de evitar dar meia volta a pé e ir até a casa do . Mesmo cansada da caminhada, eu precisava olhar. A casa inteira estava trancada e meu relógio marcava sete horas, eu tinha uma hora pra olhar tudo e sumir dali. Estouro o vidro da porta da sua cozinha, passando a mão por dentro e destrancando a porta. Sua casa tinha um cheiro agradável de limpeza, óbvio, se ele fosse um assassino aqui seria o último lugar que ele mataria alguém. Sigo pela sala escura e então começo a subir as escadas, chegando no corredor. Entro no seu quarto, perfeitamente organizado. Vou andando devagar para sentir se havia algum piso falso no chão. Pelo menos era assim que acontecia no CSI. Afasto a porta do seu armário, empurrando os cabides com milhares de camisas de uniforme, de saída e coletes. Encontro uma caixa azul no fundo, puxo a mesma e a abro. São várias coisas guardadas, ursos de pelúcia, canecas e um porta retrato. Era ele e uma moça. Essa era a noiva? Por que ainda guarda isso? Se ele não a matou, por que ainda carrega esse sentimento? Sou tomada pelo susto quando escuto o barulho do carro dele. Puta que pariu. Corro até a janela do seu quarto, puxando a mesma pra cima e colocando meu corpo pra fora dela. Se eu tivesse sorte, ele não olharia pra cima e me veria. Mas, é claro que eu não tenho. No primeiro passo que eu dei pra deslizar para fora do seu campo de visão, virou seu corpo e me encarou com uma cara de confusão. Engulo seco quando ele retira sua lanterna do seu suporte e acende em mim.

? - pergunta um pouco alto. - O que porra está fazendo no telhado da minha casa?!

— Eu só vou te responder se você me disser onde estava hoje - rebato de volta. desliga a lanterna, vejo-o xingando alguma coisa e então ele vem até onde eu conseguia vê-lo da beirada do telhado. Respiro aceleradamente.

— Venha, desça daí. Eu vou te pegar - abre os braços e eu nego com a cabeça. De jeito nenhum. - Não sei por que você complica a minha vida, .

dá um impulso, subindo no seu telhado, seus músculos tensionam com a sua força para jogar seu corpo por cima da estrutura. Ele vem devagar andando até mim e eu vou me esquivando cada vez mais, até não ter mais telhado para eu sair.

— O que está havendo? - pergunta de novo.

— Onde você estava hoje?

— Com a minha ex-noiva, . Hailey. Ela me mandou uma mensagem hoje e eu estava esperando a hora certa de conversar com você sobre isso - de repente as palavras de Hannah não faziam sentido pra mim. - Espera, você está suspeitando de mim? - então o seu tom é chateado. Porra, , sim, você está sendo uma idiota. Ele é o .

— Não. Eu juro que não é isso - então eu dou um passo na sua direção. recua, ficando próximo da sua janela do quarto. Nós dois estávamos parecendo dois idiotas. - Por favor, você precisa me escutar - eu falo após ligar dois pontos na minha cabeça.

— Escutar o quê? Que você suspeitou de mim? - acabo me esquecendo de que estávamos em um lugar que exigia uma certa atenção e, quando eu corrijo minha postura, eu escorrego para trás, deslizando facilmente pela estrutura do telhado. Me seguro na borda do mesmo, olhando pra baixo e temendo cair. Volto meu olhar pra cima e está abaixado, me encarando friamente. Puta que pariu. - Eu deveria deixar você cair para você aprender a não ser tão idiota, .

, por favor - peço com lágrimas nos olhos, eu estava perdendo a força das minhas mãos. - Não me deixa cair.

Um sorriso frio toma conta dos seus lábios, me fazendo gelar por inteira. ia me deixar cair?

No silêncio da noite, eu fico me questionando quando é que eu deixei você gritar dentro do meu coração.



estava se segurando firmemente na borda do telhado. Eu queria que ela sentisse a decepção que eu senti quando seu tom foi de acusação, mas não quero machucada. Eu sou apaixonado nessa mulher. Seguro firme a base do seu pulso, puxando-a para cima. Seu corpo abraça o meu e eu escuto o seu choro. Passo a mão no seu cabelo; em silêncio, tento acalmá-la mesmo que meu coração esteja extremamente chateado.

— Vamos para dentro, está frio. Você pode ficar doente - falo baixo, afastando o corpo dela do meu. Ajudo-a a entrar no meu quarto e entro atrás, passando a mão na minha roupa para tirar os resíduos de poeira que ficaram do telhado. Isso só me faz pensar no tanto que eu preciso jogar água nele.

, me desculpe - ela sussurra, aproximando-me de mim. Ergo o meu olhar para a mesma. - Eu confesso que fiquei enciumada com a mensagem. Sim, eu vi quando você estava no banho. E depois você sumiu, e tem tudo isso acontecendo… - ela fala rápido, respiro fundo e colocando as mãos nos seus ombros.

— Respire, - falo firmemente e então ela me olha, balançando a cabeça positivamente. Puxo-a para um abraço apertado, fechando os meus olhos. Não tem como negar o que eu sinto por ela. Estou apaixonado. Parecia tão fácil ir pra cama com ela e depois seguir adiante, mas não foi assim. Ela me marcou, do tipo que vem como um tsunami sem aviso. Um furacão que toma conta da cidade. é todas as estações do ano, todos os desastres naturais e também tudo que ilumina o que tem de escuro dentro de mim. Não posso negar. O silêncio do meu coração não consegue mais continuar.

— O que ela queria com você? - sussurra baixo contra o meu peito.

— Me encher a paciência. Hailey é um passado, - adianto-me a dizer antes que essa mulher resolva invadir novamente minha casa. Era mais fácil ela ter pedido uma chave.

— Se ela é um passado, por que você ainda guarda as coisas dela aqui? - afasto-a um pouco para olhar em seus olhos. Então esboço um sorriso. - Você está rindo? Idiota.

— Se quiser jogar fora, fique à vontade. Eu nem me lembrava que tinha - dou de ombros e era verdade mesmo. É tão insignificante que eu não me recordava. vai até meu armário e puxa a caixa, me olhando como uma criança que não teve o doce que queria. - O que foi?

— Não quero mais que você a veja - é ciumenta, confirmo mentalmente. Mas eu também sou, então estamos quites.

— Prometo que não verei - enfio a mão no bolso, tirando meu molho de chaves. Retiro do chaveiro a chave da cozinha. Estico para a mesma. - E você prometa que não irá arrombar mais a minha casa.

— Vai me fazer pagar pelo vidro, não é? - pega a chave, me olhando. Começo a rir, eu sabia que ela tinha quebrado o vidro da cozinha.

— Vou.

— Que droga!

Apesar da loucura da no meu telhado, eu não consegui brigar com ela. Deveria, mas não consegui. Minha mente não deixa de pensar que teve algum motivo para ter tomado essa atitude. Ela nunca faz nada precipitado, pelo menos não que eu saiba. Depois de jogar longe a caixa da minha ex, eu acompanhei até a sua casa. Ela não quis ficar, provavelmente por vergonha ou só por querer ficar sozinha. A questão é que eu não quero estar sozinho. Eu podia invadir a casa dela, mas Apolo provavelmente poderia pular em mim e eu não estou a fim de apanhar de uma cabra.

Viro meu corpo na cama, encarando o relógio do rádio: 1:47 da manhã. Será que ela já está dormindo? Pego o meu telefone, entrando na sua conversa.


Online

Já está dormindo, mosqueteira?



Não demora muito e eu vejo o online surgir.

Adorei o apelido, tirou de sua fonte de piadas sem graça? Não, não estou dormindo. Estou pensativa sobre algumas coisas.

Eu também. Estou tão fodido quanto você, . Pode, por favor, sair da minha cabeça?

Faça o mesmo então na minha.



Estamos ferrados. É isso. Levanto meu corpo da cama, procurando uma camisa. Estava vestido com a minha bermuda de dormir. Coloco meu Vans preto e o meu boné para trás, e sigo para fora do cômodo. Quando vejo, já estou caminhando em direção à casa dela. Vinte minutos não é nada para um homem que sabe o que quer. E eu prefiro ir a pé por dentro das suas terras do que correr o risco de colocar meu carro à vista. Olho a janela do quarto dela, era possível ver a luz do abajur acesa. Porra de mulher pra ficar com a janela aberta na madrugada. Calculo mentalmente a subida no seu telhado, vou revidar na mesma moeda.

Quando termino de subir, deslizo pela superfície até chegar na sua janela. leva um susto e joga em mim uma almofada. Pego a almofada no ar, encarando a mesma com cara de tédio.

— Sério, ? Um ladrão invade a sua casa e você joga uma almofada? - pergunto, terminando de entrar em seu quarto.

— Desculpa aí policial, mas quem está errado de invadir é quem está entrando, e não eu. Então, eu só me defendi com a arma que eu tinha perto - encaro-a por um tempo e então dou risada.

— Já pensou em cursar direito?

— Idiota. O que está fazendo aqui? Vou chamar a polícia.

— Não precisa chamar, você tem um bem à sua frente - jogo a almofada no chão e vejo-a morder os lábios. Meu pau já deu sinal de vida. Caminho até a mesma e, antes de subir na sua cama, tiro os meus tênis. Engatinho para cima dela até deitar sobre seu corpo, ficando entre suas pernas. Faço questão de me esfregar para ela sentir a dureza que eu estava passando.

— Eu deveria te mandar embora - fala enquanto vai subindo devagar minha camisa. - Mas estou te devendo uma por não me mandar pra cadeia depois de tudo.

— Não, . Hoje você vai me dar porque você quer e não por remorso - respondo firme, abaixando-me até seu pescoço. Começo a beijar a região.

— Vou invadir sua casa mais vezes, - solto uma risada e deixo-a terminar de subir minha camisa, tirando-a do meu corpo. - Isso é um sinal de que você me desculpou, não é?

Cacete de mulher que não entende que eu não fiquei com raiva.

— Relaxa e goza, . Hoje você vai ver o lobo uivar. Já viu a lua lá fora? - ela me encara e nega em silêncio com a cabeça. - Eu sou muito pior que um assassino quando estou com tesão. Vou te devorar.

— Preciso pedir por favor? - ela rebateu a ironia. Sorri safada, puxando-me para um beijo intenso contra seus lábios. Nos beijamos e então me afasto.

— Sobre mãos e joelhos, .

Mas, se eu tiver uma chance, eu lutarei pelo seu sim.

Eu estava eufórico. Enlouquecendo com cada parte do meu corpo implorando pelo dela. Seus lábios gulosos exploravam os meus com tanto desejo, eu amo a forma com que corresponde o meu toque, aos meus beijos. Minha mão sobe por suas costas, ela estava sobre mim explorando meu pescoço com sua língua esperta. Deixo-a deslizar sua língua pela minha pele, apoiando-me nos meus cotovelos para observar a cena dela de quatro na cama, curvada sobre o meu quadril. Ergo o meu quadril para ajudá-la a tirar minha bermuda, e me deixa completamente nu na sua frente. Vejo a minha lamber os lábios e não me deixar com outra opção a não ser gemer quando sua boca me envolve. Essa boca era meu pecado. Relaxo meu corpo na cama, fechando meus olhos e agarrando seus cabelos. me chupa do jeito que eu gosto. Perco o controle da minha respiração. Estou entregue para ela.



O pau dele pulsa sobre meus lábios, fazendo-me sentir a minha intimidade molhar a minha calcinha. Tento colocá-lo por inteiro na minha boca, mas ainda não consigo. Sou surpreendida quando seu quadril empurra sobre a minha boca o seu pau, e então puxa minha cabeça para cima, trazendo-me para perto dele. Encaro seus olhos e ali eu tenho um completamente diferente de todos. O tesão explícito no seu rosto, o olhar mais escuro do que costuma ter. Os olhos azuis ganharam um tom diferente.

— Vou foder sua boca - ele não pede, ele manda. Me mandando de volta para o seu quadril, eu não protesto, o pau desse homem é um pecado. Quando encaixo sua glande na minha boca, empurra-o por inteiro, sinto-o encostando na minha garganta e, antes que eu perdesse o ar, ele me puxa novamente para cima. Me encara com aquele sorriso safado de quem sabe que eu estou completamente à mercê dele. - De novo?

Aceno, quase enlouquecendo de tesão. Volto a tomar seu pau sobre meus lábios, mas dessa vez me deixa ir nos meus movimentos, sem soltar meus cabelos. Vou percebendo o quanto sua respiração vai ficando cada vez mais acelerada e eu deslizo uma mão pela sua coxa, apertando-a firmemente.

— Caralho, isso. Me chupa mais rápido - fala apressado e, quando abro meus olhos, tenho a visão dele me encarando. gosta de se ver sendo chupado? Interessante. - Vou gozar na sua boca.

Intensifico ainda mais a chupada, dando o sim com ela. O momento mais excitante da minha vida é ver esse homem gozando. joga a cabeça para trás, soltando alguns palavrões e eu sinto o seu líquido nos meus lábios. Lambo todo o resíduo do seu gozo, lambendo os lábios em seguida. Subo devagar sobre ele, que me ajuda a ficar nua na sua frente. O homem não espera que seu próprio corpo se recupere do orgasmo, ele já está feito um animal sobre mim novamente.

— Minha vez de chupar essa boceta - puxo o ar, uma das coisas que eu mais gosto é a sua boca suja na hora do sexo.

— Sua? - pergunto, querendo provocar.

Seu olhar em seguida me causa um arrepio na espinha. É, é um dominador.

— Completamente minha.



Puxo um dos travesseiros e coloco-o embaixo do seu quadril, deixando ela mais erguida. Dou um sorriso, afastando suas pernas e a deixando bem aberta. Desse jeito eu conseguia ver sua boceta brilhando pela excitação, e uma vez ou outra pulsava. Meu pau já estava duro outra vez para entrar dentro dela. fica me olhando, era nítido nos seus olhos o quão ansiosa ela estava. Tombo a cabeça para o lado, observando seu corpo, enquanto eu, ajoelhado na cama entre suas pernas, subia e descia a mão pelo seu tronco. Minha mão se fecha no seu pescoço, dou um aperto firme e forte, encarando seus olhos.

Enquanto isso, a minha outra mão se fecha na base do meu pau, encaixando a minha glande na sua entrada. Quando ela faz menção em respirar fundo, eu aperto de uma só vez o seu pescoço.

— Olha pra mim - mando, e eu tenho os seus olhos completamente entregues para mim. Abro um sorriso. - Boa menina - empurro para dentro dela apenas um pouco. - Primeiro eu vou comer essa boceta com a minha língua. E, depois, eu vou comer você completamente a noite inteira.

- consegue falar após eu soltar seu pescoço e deslizar a mão pelo seu corpo, vendo-a se arrepiar. Vou abaixando até estar de frente com meu paraíso.

— É esse nome mesmo que você vai gritar. Conheça o número dez, - falo, encaixando os meus lábios na sua intimidade. é quente como o inferno e eu me sinto o próprio diabo.



Grito o seu nome quando sua boca se fecha no meu clitóris e ele me penetra com um dedo, encontrando o meu ponto no interior. desenha um zero no meu clitóris, agora eu entendo a expressão do número '' 10 ''. Quantos números esse homem conhece? E, por Deus, essa língua é um pecado. Não consigo respirar, não consigo fazer outra coisa além de agarrar seus cabelos e me esfregar descaradamente sobre a sua língua. Em resposta, a sua mão agarra meu peito e brinca com meu bico. Estou entregue a ele. Reviro os meus olhos, prendendo os lábios entre os dentes, mas um gemido em protesto é escapado quando ele afasta a língua de mim.

— Geme. Eu quero ouvir seus gemidos.

! - volto a gemer quando sua língua retorna, me fazendo ir à loucura.



Fico louco quando goza. Seu rosto sempre fica vermelho, os lábios inchados de tanto morder. Meu cabelo sempre é uma vítima das suas mãos desesperadas. Mas é uma delícia ver a sua boceta pulsando pelo orgasmo, o meu dedo melado do seu gozo. Não perco tempo em enfiar dentro da minha boca, sentindo seu gosto. O líquido branco escorre devagar entre suas dobras, e eu o espalho por toda sua boceta, me deliciando com essa cena. Ela pulsa fortemente quando meu dedo passa suavemente sobre seu clitóris inchado do orgasmo. resmunga dizendo que não, é isso que eu quero escutar. Deixo o líquido escorrer à vontade, observando-o deslizar até o seu outro buraco, que em breve eu iria também foder.

Subo meu corpo pra cima do dela, deixando suas pernas abertas. Me encaixo nela de uma só vez, entrando duro e forte. Nós dois gememos. Seus olhos fitam o meu, e ali eu percebo que estou completamente fodido. Literalmente.

— Deixa eu ir por cima? - pergunta e eu sorrio, virando nossos corpos. Acaricio sua coxa em um carinho suave, mordendo os lábios com a cena. começa a se movimentar devagar, espalmando as mãos no meu peitoral. O cabelo jogado para trás, seu corpo curvado e a boca aberta. Totalmente entregue ao prazer. Puxo um pouco seu corpo pra mim, encaixando o seu peito na minha boca e o chupando. Faço o mesmo com o outro e dou dois tapas seguidos na sua bunda fortemente. Seu gemido fica mais alto.

— Senta pra mim, anjo - começa a subir e descer, me fazendo ir ao delírio. é a minha casa.

Agarro sua cintura, auxiliando-a nos movimentos, cada vez mais rápido e forte. Meu quadril começa a encontrar o dela e eu sei que já estou perto outra vez e ela também, só precisa de um incentivo.

— Conheça seu número onze, gatinha - pisco pra mesma, que me olha confusa, mas é tomada pelo prazer quando estimula seu clitóris ao mesmo tempo que ela continua sentando. Faço movimento com meu dedo pra cima e pra baixo, desenhando o número 1. Seu gemido alto e seu aperto me indica que ela gozou, me fazendo ir junto pra dentro dela.

se movimenta mais um pouco, mas acaba tombando seu corpo pra cima do meu. Eu a abraço, deslizando meus dedos em um carinho nas suas costas. Fecho meus olhos, sentindo o seu cheiro.

? - me chama, manhosa, contra meu pescoço.

— Hum?

— Quantos números você conhece? - solto uma risada, erguendo seu rosto pra mim e tomando-a em um beijo.



O relógio marcava quatro horas da manhã. dormia tranquilo ao meu lado, com os braços abraçados no meu corpo, ainda estávamos nus. Estávamos em uma conchinha deliciosa, já que a todo momento eu me mexia para sentir o seu pau atrás de mim. A única questão da minha cabeça é o que estávamos fazendo. Eu não quero um namorado, e provavelmente também não quer uma namorada, mas, sim, ele invadir meu quarto e me foder e depois ir embora. Ou vice versa. Seu carinho e suas atitudes comigo estão me fazendo ter sentimentos por ele e eu não quero ser machucada.

— Se continuar se mexendo assim, eu vou te foder até o sol dizer bom dia pra nós - escuto sua voz baixa e rouca. Começo a rir das suas loucuras. - É sério, , é só me pedir que eu te como agora mesmo.

— Só estou pensando se você se esqueceu de onde está ou com quem está dormindo - comento. Como previsto, o homem me vira de frente pra ele. me encara curioso primeiro, e depois abre um sorriso que faz meu coração saltar.

— Sei onde estou e com quem estou - responde. - Quer que eu vá embora? - nego com a cabeça em prontidão. Sua mão afasta a coberta do meu corpo, me causando um arrepio pelo frio repentino. - Então o que você quer, anjo?

— Você - agarro, me dando por vencida. é a minha redenção no amor.

— Vou te dar o número oito, .

— Quantos números você ainda vai me dar? - pergunto entre seus beijos.

— A tabuada inteira se você quiser e muito mais.

Estou ferrada e apaixonada por esse homem.



Meus pés já estavam doendo de tanto que eu estava andando ao lado de dentro da floresta. Não sei por que o delegado nos mandaria para este lugar. Hoje decidi usar uma calça jeans com meu coturno de salto e minha camisa social branca. estava um pecado como sempre no seu habitual uniforme. Camisa preta com o símbolo do departamento, calça jeans escuras e o Vans no pé. Eu gosto desse estilo despojado que ele carrega. Não reclamei quando ele esqueceu o boné em casa. Não sei o que estamos fazendo, mas eu gosto de estar perto dele.

, nós estamos andando há uns vinte minutos, o que viemos fazer aqui? - pergunto reclamando, cruzando os braços. Paro de andar. Então seu corpo vira pra mim com aquele sorriso. Ergo uma sobrancelha e, então, rapidamente sou prensada numa árvore. Ofego com sua aproximação, liberando meus braços para abraçar seu corpo.

— Não podíamos ir trabalhar sem antes eu te sequestrar por alguns minutos - diz contra os meus lábios e eu não perco tempo em grudar os meus no dele. Iniciando a nossa aventura naquele lugar.

A chegada até o departamento foi tranquila. No caminho, eu e viemos conversando sobre séries, pizza e futebol. Ele ficou impressionado com o tanto que eu sabia sobre esportes. Por Deus, eu sou uma jornalista. O departamento estava já a todo vapor, então o dono dos olhos azuis seguiu para a sala dele, e eu me sentei na minha mesa com os demais ao redor que executavam seus trabalhos. Havia um post it grudado no meu porta canetas.

Venha ao laboratório ao final do expediente, preciso falar com você.

Hannah.


Estranho o fato dela não me mandar uma mensagem, mas reconsidero. Seria bom conversar com ela, tirar as minhas dúvidas antes de darmos o próximo passo na investigação. Por enquanto, o que tínhamos conseguido era pouco, e a cada dia que passava as coisas iam ficando mais tensas.
E, como esperado, o policial Clark adentrou o departamento anunciando mais um assassinato, mas dessa vez se tratava de um homem de vinte e oito anos. O que era estranho, porque estava tudo acontecendo com mulheres. Dessa vez não me chamaram pra ir junto, apenas passou pela minha mesa correndo para ir até o lugar, provavelmente. Mas também não me importei, estou cansada de ver gente morta.
Continuei o meu trabalho calmamente, digitando algumas informações sobre o caso para mandar pro jornal local. Felizmente meu trabalho estava dando certo e a mídia estava respeitando o nosso espaço. Uma coisa na qual eu sou ótima: enganar na lábia. Um talento único.

Quando olhei para o relógio do canto superior da tela do notebook, já era hora de ir pra casa. Cinco e meia da tarde e o departamento estava praticamente vazio, todos estavam no crime recente. Arrumo para ir pra casa, pensando em pegar um ônibus já que eu vim com e provavelmente ele demoraria a voltar.

Sigo para o laboratório subterrâneo. Quando a porta do elevador se abre, eu encontro um corredor gelado e vazio. O silêncio chegava a ser perturbador. Ando devagar, olhando para os lados até chegar na sala em que Hannah fica. Ela estava debruçada sobre o corpo da vítima Lia. A rosa azul. Algo tinha chamado sua atenção, já que ela estava com a pinça enfiada dentro da garganta da mulher. Meu estômago embrulha.

— Você me chamou - adentro, evitando olhar o cadáver. - Como vocês preservam o cadáver?

— Esse é o último dia que vou poder ficar com ela. Amanhã a família irá realizar o velório - suspiro, sentando no banco de inox da sua mesa de instrumentos cirúrgicos. - Mas sei que já está chegando outro.

— Sim - respondo, e Hannah ergue o olhar pra mim, me observa por um tempo e então dá risada. - O que foi?

— Você está com um olhar radiante - afirma, e eu dou de ombros. - ?

— Aquela dedução que eu tive foi completamente equivocada. jamais machucaria alguém - hesitei um pouco em continuar falando de , então balanço os pés. - O que queria comigo?

— Te chamei aqui porque queria que você me desse uma opinião - Hannah se aproxima de mim após tirar as luvas. Pega seu telefone no bolso e eu vejo o tanto de mensagens que ela tinha. Então ela abre a foto de um rapaz. Um rapaz bem bonito, podemos dizer. - O que acha dele?

— Acho ele bonito. Vai sair com ele? - viro meu olhar pra ela e ela dá de ombros, enfiando o celular no bolso novamente.

— Talvez. Ainda estou pensando.

Somos interrompidas por um dos policiais que puxavam a maca com um corpo em cima. Outra equipe de peritos tinha ido no lugar de Hannah, mas era ela que teria que examinar. Nos olhamos e, quando Hannah puxou o lençol, tive um choque. Era o mesmo rapaz da foto. Engulo seco e ela retribui o olhar apavorado comigo. Ele tinha sido assassinado da mesma forma que o restante. Estrangulamento e corte profundo na garganta.

— Meu Deus - é tudo que eu consigo dizer, colocando a mão na boca. Meu corpo inteiro tremia.

— Eu preciso ficar sozinha um pouco - Hannah diz e sai da sala, sumindo pelo corredor escuro. Ando até a porta da sala, tentando encontrar, mas é em vão. É muito escuro e eu tenho medo de ir até lá. Tudo bem, estão mortos, mas é melhor não arriscar. Volto meu olhar para os dois corpos na sala, e o maldito do policial havia me deixado sozinha ali.
Meu corpo gela completamente quando as luzes são apagadas. Se Hannah estiver fazendo isso comigo, eu vou ficar muito puta.
Começo a andar pelo escuro, tateando as paredes à minha volta. Quando chego ao elevador, tento apertar os botões, mas a força foi cortada. Como diabos a força é cortada e ninguém lá em cima percebe? , ele com certeza deve estar com o celular. Viro-me de costas para o elevador, puxando o telefone no meio daquele escuro, a tela brilha nos meus olhos. Entro no contato dele, mandando uma mensagem.

Preciso da sua ajuda. Estou no laboratório subterrâneo. As luzes apagaram. Estou com medo. E estou sozinha



O barulho da porta do elevador se abrindo atrás de mim me causa uma sensação ruim. E, quando viro meu corpo, a pequena luz do elevador me faz conseguir ver o dono daquele movimento. Sem acreditar, eu tento protestar, mas é mais rápido do que eu. O pano é colocado no meu nariz, e ali eu acabo caindo em um sono profundo.



A mensagem de foi clara. E, assim que eu tive uma brecha do caso, que ficava cada vez mais estranho, eu segui para o departamento. O lugar de cima estava com luz, o que é muito estranho. Mandei várias mensagens para ela, mas não tive respostas. Meu coração está palpitando com uma sensação esquisita. O elevador se abre no laboratório subterrâneo e todas as luzes estão acesas. Caminho rápido pelo corredor e, chegando à sala de autópsia, Hannah está com fones de ouvido abrindo o corpo do rapaz. Me aproximo dela, tirando seus fones. Ela me olha assustada.

— Onde está ? - pergunto sem rodeios.

— Eu não sei. Eu precisei sair porque acabei me sentindo mal por esse rapaz, eu o conhecia - estreito os olhos, olhando pra ela. - E quando eu voltei, ela já havia ido.

— Ela me mandou uma mensagem dizendo que as luzes tinham acabado e que ela estava sozinha aqui - falo ríspido, tombando a cabeça pro lado, tentando entender até onde ela iria com aquela farsa. - Vou perguntar de novo. Onde está ?

— Eu já disse que eu não sei - descansou o bisturi na mesa de apoio de instrumentos, dando a volta na mesa. Apoiou as mãos cobertas pela luva sobre a superfície de inox, respirando fundo e olhando pro corpo.

— Você está bem? - pergunto em tom de deboche.

— O seu tom é claramente o de alguém que não se importa - retruca.

— Claro que sim, porque, se você se importasse com este rapaz à sua frente, você estaria chorando. Já que ele é o seu irmão, Hannah. Troy Mads - ela ergue o olhar pra mim, engolindo em seco. Dou a volta na mesa devagar, parando à sua frente - Onde está ?

— Eu não sei.

— Você tem duas opções, me dizer onde ela está ou ser presa agora por ser uma das suspeitas de todos esses crimes.

— Você não tem como provar.

— Eu tenho. E sabe por quê? estava te investigando. Encontrei no notebook dela as planilhas dos seus horários e, adivinha, todos batem com o seu, os horários dos assassinatos - aquilo era uma mentira, mas eu queria tirar tudo dela. Minha garota tinha sumido e eu estava numa luta contra o tempo.

— Você é completamente louco, . Troy não é meu irmão. Eu vou contar tudo ao Richard - diz, tentando sair da sala, mas eu agarro seu braço, virando-a pra mim. Somos interrompidos quando Loren chega e olha para nós dois.

— O que está acontecendo aqui? - pergunta.

— Onde está , porra?



Meus olhos se abrem devagar e eu tento identificar o lugar em que eu estou. O cheiro de produto químico é horrível. O lugar está com a luz acesa, e eu me encontro deitada na mesa de inox onde eles geralmente colocam os cadáveres. Saio de cima, completamente tonta, mas ainda assim solto um grito de horror. Acabo caindo para o chão, sentindo a tontura me invadir fortemente. O que tinha acontecido? Não entendo o motivo de Loren me trazer pra cá. tinha razão, ele é um suspeito na mira. Preciso contar tudo a ele.

Ergo meu corpo devagar, apoiando-me à parede, e ando devagar até a porta, que estava fechada. Tento abri-la várias vezes, mas é inútil. Estou trancada. Começo a bater freneticamente na porta, pedindo por ajuda. Até que escuto aquela voz que faz meu corpo palpitar de agradecimento, .

?! - ele está nervoso. Consigo sentir pelo tom da sua voz. Consigo também identificar Loren dizendo que vai abrir a porta. Quando nossos olhares se encontram, eu corro para abraçar e começo a chorar. Tenho certeza de que se não fosse eu agarrada em seus braços, ele estaria socando Loren. - Já passou, anjo, eu estou aqui. Vamos pra casa.

Assinto, resolvendo não dizer nada. Passamos por Loren e aquele olhar era um milhão de coisas transmitidas. Enquanto íamos andando pelo corredor, em meio às lágrimas, consigo ver o momento em que Hannah fecha a porta da sua sala. Ela está mais abalada do que eu.

O momento que consigo respirar finalmente é dentro do carro de , indo para casa. Meus olhos ardem de tanto que eu chorei, minha garganta está seca. Preciso tomar um banho e esquecer que esse dia existiu. está em silêncio no volante, o semblante rígido.

— Acho que Loren é o assassino - começo a dizer e percebo a velocidade diminuir. - Ele me drogou e me levou para aquela sala. As luzes apagaram do nada. Por que ele faria isso?

— Ele sempre foi o meu primeiro suspeito - responde. Troca a marcha do carro com rapidez, está se segurando.

— Hannah conhecia o rapaz. Ela ia sair com ele hoje, mas aí... Será que Loren não o matou por ser apaixonado por Hannah? - falo mais para mim do que para ele, criando a minha teoria. De repente levo um susto com a freada que ele deu. Paramos no acostamento da estrada. Olho para ele, assustada. - Meu Deus, .

— O que você disse?

— Loren é apaixonado por Hannah?

— Não. O rapaz ia sair com a Hannah hoje? Por Deus, , aquele rapaz é irmão dela - uno as sobrancelhas. Mas por que ela falaria do irmão pra mim como se fosse um pretendente? - A não ser que ela estivesse tentando te apresentar, Hannah tem algo muito escondido.

— Eu não sei. Não tivemos tempo de conversar. O rapaz chegou morto, ela saiu porque estava passando mal, as luzes acabaram e, quando eu vi, Loren já havia me levado - ele assente como se tivesse criando uma teoria na sua própria mente.

— Vamos para casa. Foi um dia cheio hoje.

Deu por encerrado o assunto e eu não debati. Afinal, eu realmente não estava bem.

De manhã, eu deixei dormindo na minha cama e me apressei a sair de casa antes dele. Estava chovendo bastante, mas isso não me impediu de ir atrás de resolver essa história de uma vez por todas. Peguei o meu carro e dirigi até o antigo estúdio fotográfico, mas o meu verdadeiro destino é o prédio. O mesmo prédio que eu e entramos. Eu só precisava achar um jeito de adentrar novamente, até que me recordo que havia aberto com o grampo, então talvez eu consiga. Pego dois grampos no porta luvas do meu carro e desço, dessa vez eu estou de coturno, mas sem saltos. Entendi que nessa vida é melhor correr sem salto.
Discretamente, mas não tanto, já que a rua era extremamente vazia, eu girei o grampo várias vezes no cadeado. Até que, finalmente, consegui destravar. Ok, eu sei que estou me arriscando e as únicas coisas que eu tenho comigo são uma lanterna e um canivete. Refaço o mesmo caminho que eu e fizemos e chego em frente ao temido apartamento. A fechadura tinha sido trocada, isso tinha cheiro de que o assassino sabia que alguém esteve aqui. Com o mesmo grampo, eu abri a fechadura. O apartamento está completamente organizado. Não preciso de lanterna porque está bem iluminado, mas se estivesse aqui ele me diria pra não ser estúpida e acender luzes ou abrir cortinas. Começo a andar devagar, notando que eu estava sozinha no ambiente. Ligo a lanterna em vários pontos, inclusive na geladeira que antes tinha órgãos, agora estava apenas com comida. De fato, o assassino sabe que descobrimos. Ele está matando em outro lugar. Concentrada no meu caminho, quando passo a luz da lanterna na mesa de centro, encontro uma revista aberta de moda. É de chapéus. De todos os tipos. Talvez isso seja um acessório que ele aprecie nas vítimas. Chego ao quarto que carregava a parede falsa do espelho e, por surpresa, o espelho não está mais lá. A porta agora está aberta.
Ando devagar pelo assoalho, mas um rangido me deixa intrigada. Miro a luz da lanterna para o local e me abaixo devagar. Ergo o assoalho, que estava desencaixado, encontrando uma bolsinha preta. Puxo-a para fora e a abro, estão todos os documentos das vítimas. Um cheiro horrível invade o meu nariz, mas o barulho de uma porta sendo aberta é pior. Porra. Guardo a bolsa com cuidado, soltando o assoalho tão rápido e me enfiando para debaixo da cama, agradecendo pela coberta tampar as laterais. Escuto a porta sendo fechada e fecho os olhos, rezando e me xingando por ter vindo sozinha. vai me matar se o assassino não me matar antes.

— Vejamos o que temos aqui. - Meu Deus, essa voz. Eu conheço essa voz. - Estou em todas as capas dos jornais. Todos de Seattle estão com medo, e eu apreciando essa brincadeira - não posso acreditar no que eu estou ouvindo. De todas as pessoas que eu imaginei ser o assassino, essa pessoa era a última opção. Me sinto traída, suja e desonesta comigo mesma por não ter entendido os sinais. A frase seguinte me faz gelar. - E temos a embaixo da minha cama.

Não tive tempo de pensar, sou puxada de baixo da cama pelo pé. Tento agarrar a base dela, mas não consigo. Viro-me de barriga para cima, tentando dar um chute e me libertar, mas é em vão. Em cima de mim, o assassino tampa minha boca, me impedindo de gritar, e a outra mão agarra meu pescoço com tanta força que eu sinto o ar sumindo. Suplico pela minha vida com meu olhar.

— Agora você está a fim de viver? Que pena, , eu estou a fim de matar.

PODCAST - UMA CONVERSA CRIMINAL - 23/06/2021

|O estúdio inteiro esperava ansioso pela continuação da história na boca do investigador . havia sido convidado por um antigo colega de serviço, Roger, um alemão acima do peso e barbudo, aposentado na polícia e que criou um podcast para falar sobre crimes com seus antigos companheiros de farda. estava ali contando o maior caso da sua carreira, o caso que chocou o país, e o caso que quase destruiu a sua vida.

— E nesse momento você não sabia de nada? - pergunta o entrevistador, empolgado enquanto se mexia na sua cadeira.

— Não. Ainda não. Quando eu acordei, eu me lembro de ficar me questionando o que estava acontecendo. As evidências eram muitas, mas nenhuma levava, de fato, ao assassino. Estávamos lidando com alguém extremamente ágil, o assassino viveu entre nós, ele sabia de cada passo - conclui a linha de raciocínio. Então seu pensamento é levado até . - Se não fosse por ela, pela coragem que ela teve, nunca teríamos descoberto - sua mão se fechou na alça da xícara de água, com uma estampa de não há evidências aqui. Bebeu um grande gole.

— Sabe, o que eu acho mais interessante nesse caso é que tudo indicava para duas pessoas completamente nada a ver - comenta o entrevistador.

suspeitou até de mim, para você ver como nossas mentes estavam tão enganadas. Mas, enfim, voltando à história, quando eu acordei naquela manhã, havia saído e, na minha cabeça, ela tinha ido pro trabalho. Justo naquela manhã eu não fui para o departamento, eu fui para a clínica do antigo psiquiatra da última vítima. O psiquiatra do Troy. E, cara, posso te dizer, ali eu tive a certeza de que Troy era o assassino.
______


Os meus olhos abrem com a claridade que invade o quarto. Respiro fundo, me esticando. Olho para o lado, procurando . Ela não estava. Provavelmente tinha ido trabalhar, já que nossos horários são diferentes e o meu trabalho, também. Decido, antes de sair da casa dela pra ir para a minha, mandar uma mensagem avisando que deixei a chave embaixo do tapete. Sigo para a minha casa, tomo um banho rápido e meu celular não parava de vibrar. Pensei em ser , porém, era . Precisava ir para uma clínica psiquiátrica com ele investigar o garoto assassinado. O irmão de Hannah.

A clínica era branca, composta por dois andares e algumas flores mortas na frente. fumava um cigarro ao meu lado, viemos em silêncio o tempo todo. E assim eu preferia.

— Você gosta dela? - ele pergunta, tirando-me a atenção de procurar uma campainha daquele lugar esquisito e macabro. Paro de olhar pra frente e retorno meu olhar sobre ele. - .

— Sim, eu gosto. E eu espero que esteja tudo bem nisso - respondo. Ele dá de ombros, apagando o cigarro.

— Não serei egoísta de falar isso. Eu errei com ela, mas você pode acertar - balanço a cabeça positivamente, um pouco surpreso.

Enfim, uma voz tira nossa atenção. Um homem alto, com a pele extremamente lisa e cabelos brancos destrancava o portão de ferro.

— Vocês devem ser os policiais - ele diz, eu estendo a mão para ele, que a aperta. - Eu sou o doutor Max Paige. Doutor Paige, para vocês - eu e nos olhamos. - Podem entrar.

Dentro da clínica, era tudo muito organizado e limpo, o cheiro insuportável de desinfetante irritava meu nariz. A recepção não tinha ninguém, e na mesa da secretária não tinha nem computador. O lugar estava praticamente sem funcionamento. Queria entender como havia descoberto isso depois.

Doutor Paige nos levou para uma sala lotada de livros nas estantes, apenas uma poltrona para ele se sentar e um sofá para mim e pra dividir. A janela na lateral do meu rosto me fazia enxergar a rua deserta no lado de fora. De longe, eu posso ver o prédio que eu investiguei com a . O covil do assassino não ficava tão longe dali.

— O que vocês querem saber? - o doutor pergunta, tirando a minha atenção e de e focando nele.

— Precisamos saber se Troy tinha algum inimigo ou alguém que poderia lhe fazer mal? - pergunta .

— E eu quero saber sobre a relação dele com a Hannah - completo. O doutor me olha rápido.

— Não tenho informações sobre a Hannah há um bom tempo, ele quase não falava dela. Mas, a respeito dos inimigos, Troy era um rapaz muito tranquilo. Fiquei muito triste quando soube da morte dele. - Levanto meu corpo do sofá, percebo que o olhar dele corre sobre mim. Começo a andar pela sala, observando os livros na estante. Ou se trata de cérebro, ou anatomia humana. Os certificados na parede indicavam que o homem era um fenômeno na sua área em 1976.

— Fique à vontade em conversar com o - falou, andando até a porta e girando a maçaneta para sair. - Eu vou dar uma olhada por aqui - é possível escutar os protesto do homem, mas o conteve. Ótimo.

Puxo a minha arma da minha cintura, encaixando-a com a lanterna acesa quando sigo por um corredor escuro atrás da mesa da secretária. O lugar cheirava a desinfetante e isso me intrigou demais. O homem parecia estar sozinho, então como foi recentemente limpo? Se Richard estivesse aqui, ele me chamaria de louco. Dentro das minhas loucuras eu encontro as minhas respostas.

O corredor escuro termina numa porta de madeira antiga. Quando eu a empurro, um rangido completa o clichê do ambiente velho. Uma sala organizada, com vários livros espalhados na mesa central, junto com a mesa de jantar logo atrás do sofá. As cortinas estavam fechadas. Abaixo a minha arma, dando um olhar 360 no local. Mais à frente tinha a cozinha pequena; na pia, duas xícaras, uma rosa e a outra, preta. Seriam da mesma pessoa? Ando devagar até uma porta, que eu julgava ser o porão da casa. Tento abrir várias vezes, mas sem sucesso. Acabo desistindo.
Saio da cozinha com o pensamento de que não íamos encontrar nada ali, até que num dos armários de gaveta na sala eu encontro, em cima, vários porta retratos. Hannah, Troy e o doutor Paige. Uno as sobrancelhas, o velho estava mentindo.

Saio rapidamente daquele lugar, correndo pelo corredor escuro e, quando chego na sala da clínica, está no chão, ensanguentado e de olhos fechados. O homem sumiu. Puta que pariu. Preciso de reforços. Puxo o meu telefone, discando o número do departamento. Falo a situação e o código, e tento pensar num jeito de encontrar o foragido. Abaixo meu corpo, colocando a mão sobre o pulso de . Porra, sem pulsação. Eu preciso tirá-lo logo daqui. Essa história não está fazendo sentido nenhum.

Hannah? Troy? Um psiquiatra?

A porta.

Novamente, eu saio correndo, só que, quando eu chego à porta da sala, ela está fechada dessa vez. Começo a bater várias vezes.

— ABRA ESSA PORTA AGORA OU EU VOU ARROMBAR - grito, dando socos na região de madeira. Estava pronto para atirar na maçaneta.

— Não, você não vai não - aquela voz me tira a concentração, me fazendo virar e encarar. A pancada forte na minha cabeça me faz cair no chão, entrando em um sono profundo.



O cheiro de mofo invadiu o meu nariz, impedindo que eu conseguisse sentir qualquer outro no lugar. Escuro, quieto e perturbador, esse é o lugar em que eu me encontrava. Meus olhos tentam enxergar com dificuldade o ambiente. É frio, e os canos que cortam a parede por dentro parecem ranger. No topo de uma escada, eu percebo uma porta. Estou em um porão.
Não dá para acreditar que, quem me trouxe aqui, neste momento está vivendo a sua vida perfeitamente bem, fingindo que nada está acontecendo. Não faço ideia de que hora seja, mas provavelmente já deve estar me procurando. Ele tem que fazer isso.
O barulho da porta me faz congelar, então volto a encostar minha cabeça no assoalho velho, fechando meus olhos. Não demora muito para que eu escute as duas vozes se aproximando. A porta provavelmente estava aberta. Raciocine, , ache uma saída.

— Ela ainda está do mesmo jeito - sinto o toque gelado na minha bochecha, o que me faz ter vontade de vomitar. - Tem certeza de que não bateu com força?

— Foi a força suficiente para apagar - responde a outra voz; batem duas vezes no meu rosto, mas eu continuo intacta. Não vou me mexer. - Preciso ir e decidir o que vou fazer com . Ele está desacordado, mas não é como ela. Se ele acordar, ele vai acabar com nós dois.

. está machucado. esteve aqui.

— Vá, e não hesite em voltar quando achar um lugar. Nós precisamos sair daqui. Isso tem que acabar, Hannah - quase puxo a respiração.

— Isso acaba quando eu decidir - dito isso, um silêncio perturbador paira sobre o ar. Estou sozinha com alguém. Será que esse alguém é forte o suficiente para me deter? Será que Hannah escutaria qualquer coisa se eu tentasse fugir?

Abro meus olhos devagar, aproveitando a escuridão para me beneficiar. O senhor de idade estava parado, concentrado em olhar minha barriga, pressionando com a mão. É a minha deixa. Esse lunático não irá tirar meus órgãos. Aproveito a sua posição, curvando o meu joelho. O ato chama sua atenção e, quando ele me olha, eu o puxo pela gola da sua camisa, jogando-o para o lado com força. Levanto-me rápido, mesmo com tontura, e corro até a escada, mas suas mãos agarram minha cintura. Começo a me debater, então me recordo de uma aula de educação física em que o professor ensinou defesa pessoal. Tombo o corpo para frente, ficando ainda mais pesada. Meus braços estão soltos, então preparo meu cotovelo para uma cotovelada no seu nariz. O velho me solta, cambaleando para trás.

— Vadia - me xinga. Eu não demoro a subir a escada e abrir a porta, vendo-o vir junto. Estou numa cozinha e o faqueiro está perto. É a minha chance. Puxo a faca, apontando pra ele, ele ergue as mãos. - , pensa bem, se você fizer isso, Hannah matará .

— Está tentando fazer jogo psicológico comigo? - pergunto, rindo em deboche. - Tem noção do que faria com você? Te matar é um favor que eu estou te fazendo.

— Eu duvido que você conseguirá.

Novamente, ele vem para cima, mas eu sou mais rápida e enfio a faca na superfície do seu abdômen. Posso sentir o exato momento em que a lâmina fura a sua pele. A sensação de machucar alguém formiga minhas mãos, a minha garganta seca. Estou engolida pela atmosfera cruel.

O corpo do homem escorrega, deixando rastros de sangue. Quando ele cai no chão, meus olhos ardem. Agarro o cabo da faca, fincando várias vezes sem parar. O sangue espirra no meu rosto, mas eu não paro. Eu não quero parar. Estou com ódio suficiente para assassinar ele e Hannah.

No momento em que escuto o barulho da viatura, eu sei que estou ferrada. A vagabunda da Hannah já deve estar longe daqui, e tem um homem morto à minha frente. Eu preciso fugir, eles não irão acreditar em mim. A minha testemunha está refém daquela vagabunda, preciso salvar . Ofegante, eu corro até a janela da sala e me coloco pra fora, correndo pelos fundos. Não demora muito até eu encontrar uma casa na qual, provavelmente, o pessoal está em horário de trabalho. É errado, eu sei, mas eu preciso tirar esse sangue de mim.

A água do chuveiro dos desconhecidos não me agrada, mas é o que eu preciso. A roupa da mulher ficou um pouco larga, mas irá me servir até eu chegar em casa. Meu corpo, pela primeira vez, exalta um sinal de cansaço, fazendo-me sentar na tampa do vaso.

— Vou fazer isso por nós dois, . Você faria a mesma coisa por mim - falo comigo mesma, como se ele fosse capaz de me ouvir. Respiro fundo, erguendo meu corpo e tomando forças para fugir dali. O meu próximo destino era a minha casa, me despedir de Apolo caso eu não voltasse, mas só havia um lugar onde poderia estar.

A água desce pela minha garganta como se fosse a última coisa que eu faria no mundo. Estou com sede. Andei o suficiente para sentir minhas pernas falharem, o tempo que eu demorei de duas horas foi o suficiente para o meu rosto estar em todos os jornais. Richard acusou-me, porque Hannah adentrou a casa junto deles naquele momento. Só havia uma explicação para isso: ela não tinha levado tão longe ou o escondeu tão bem naquela casa que ninguém da equipe o encontrou.

O fato é que está morto. E o velho louco também. é meu ex-namorado e o velho louco Hannah alegou ter me conhecido quando eu fui com ela em sua casa. Eu nunca estive na casa daquela desgraçada.
Ela jogou a culpa toda em mim e os fatos começaram a surgir com tanta convicção que eu quase estava me declarando culpada, mas não. Eu vou salvar e daí eles podem fazer o que quiserem comigo, não importa o que aconteça comigo.

Hannah é a assassina. Isso explica o porquê das mulheres caírem tão fácil, não era ela, era seu irmão quem seduzia. E agora ele está morto. Provavelmente ele não a obedeceu da maneira correta. Junto daquele velho, eles executavam a retirada dos órgãos e depois escolhiam os lugares corretos para colocar os corpos. Mas e o apartamento? Muitas peças desse quebra-cabeça ainda não se encaixavam, mas eu tinha certeza de apenas uma coisa:

Essa noite eu salvarei .

A dor é um alívio para aqueles que não se sentem mais vivos.



Existe uma parte de nós que nunca está preparada para dizer adeus. Uma parte de nós que luta contra todos os instintos de sobrevivência. A linha do limite quando é cruzada é assustadora. Você nunca sabe do que é capaz até precisar ser.

O velho prédio onde eu estive quando fui raptada está do mesmo jeito. E, por alguma razão, algo dentro de mim grita que se mantém aqui. Ele está preso. Por tanto tempo, eu achava estranho o ódio dele com Hannah, e agora eu entendo. Os dois se odiavam porque um queria fazer justiça e o outro desejava acabar com a vida de uma pessoa.

Foi fácil entrar, o difícil seria brigar com qualquer pessoa que aparecesse na minha frente. É por esse motivo que, antes de vir, eu fiz uma denuncia anônima para o departamento. Em breve eles estariam aqui. Estava fácil, fácil demais. O apartamento estava organizado. Quando cheguei ao quarto que tanto já fui, ele estava aceso. Vozes começam a ser expressadas. Se eu entrar embaixo da cama, eles vão me ver. Não tenho outra opção. Coloco um pé pra fora da janela, me sustentando na borda do prédio. Vou andando devagar com o corpo completamente colado na parede. Minhas mãos suavam e eu rezava para voltar logo pra dentro. O medo de cair era enorme. As vozes se misturam e eu consigo identificá-las.

— Tudo deu errado - Hannah fala. - Tudo deu errado no momento em que você se apaixonou por ela.

— Eu já disse que nós podemos conversar - era . Meu Deus. Ele não está preso. Ele não está refém. Ele é um cúmplice. - Tudo entre mim e a aconteceu muito rápido.

— Se ela não tivesse aparecido nas nossas vidas, eu teria conseguido - a voz embargada demonstra choro. Do que eles estavam falando?

— Hannah, eu sempre deixei claro pra você que você foi um caso. Olha tudo o que você arquitetou, você matou pessoas. O fato de você ser bissexual não altera os fatos. Você matou mulheres inocentes, você matou a Madelyn - preciso ter paciência para não gritar que ela fez tudo isso por conta de um pinto.

— VOCÊ SABE QUE SEMPRE FOI MAIS DO QUE ISSO, - gritou, e eu me assustei. Meu pé escorrega um pouco, fazendo barulho no cimento. O silêncio habita. Não consigo raciocinar, as mãos fortes me agarram, me fazendo cair para baixo. A única coisa que me sustenta é a mão de . Ele me olha e, pela primeira vez, eu não o reconheço.

— Me deixa cair - peço com lágrimas nos olhos. - Eu vim aqui para te salvar e descubro que você faz parte de tudo isso - minha mão suava.

— Você quer que eu te deixe cair? - pergunta baixo. Em um impulso, me leva para cima e eu não sei qual exato momento o tiro disparou. Mas a dor foi gigante.



O líquido vermelho se abrigou na minha mão. Quando puxei o corpo de , Hannah disparou nela. Eu não podia acreditar que o corpo que se desligava aos poucos em meus braços era da minha . Tudo que eu fiz até agora desde que fui raptado foi realizar um jogo psicológico com a Hannah, relembrando nosso momento juntos, tentando entender o porquê ela estava fazendo tudo aquilo. Mas agora estava ferida. Eu precisava salvar a verdadeira pessoa que eu amava.

Os olhos se fecham devagar, não, não, não. Deixo o corpo dela sobre o chão, levantando-me olhando com ódio para Hannah.

— Você não tinha esse direito - sussurro, aproximando-me devagar contra ela.

— E o que você vai fazer a respeito disso?- Avanço sobre ela, derrubando-a no chão. Com as mãos sobre seu pescoço, eu vou apertando cada vez mais. Não sei exatamente o momento que sou retirado de cima dela, as vozes se misturam cada vez mais no ambiente. Richard grita por socorro, está morta. Eu sei que está. Hannah diz ser inocente, mas Richard não quer saber. Ele quer nos levar presos.

A verdade destrói qualquer arma de mentira. sempre foi inocente e eu fui o culpado de colocá-la nessa situação. Eu não conseguia explicar o que de fato eu estava fazendo com Hannah. Não tive tempo. Quando concluímos o depoimento, Richard estava possesso por toda a bagunça causada. E me avisou que fez a denúncia anônima para eles irem até lá. Ela arriscou a vida pra me salvar, e agora estava sem vida. Eu fui tão idiota, ao invés de ter pego Hannah na primeira oportunidade, eu tentei tirar a confissão dela.

O corpo esticado na maca de aço é o dela. O ferimento foi costurado e ficou tão perfeitamente curado que, se tivesse sido antes, com certeza ela teria sobrevivendo. Loren fez um bom trabalho. Ele estava quieto, quieto demais. O corpo dela foi finalmente fechado pelos outros funcionários do setor, o saco preto. Não consigo segurar a vontade de chorar.

estava morta e um pedaço da minha vida, também.

Me sento no chão do corredor do laboratório, Richard vem andando devagar até mim.

— Sei o que está sentindo - fala baixo. - Talvez seja hora de dar um tempo. Colocar os pensamentos no lugar.

Balanço a cabeça positivamente, deixando as lágrimas caírem.

— Ela morreu achando que eu tinha ajudado Hannah - sussurro. - Eu não tive tempo de dizer que eu a amava.

Nesse momento, Loren abre a porta da sala e nos encara.

— A tia da Grey está chegando, ela quer que o caixão seja fechado - fungo. - Vocês poderiam ir chorar em outro lugar? A família já está sofrendo muito.

Richard levanta o meu corpo e eu tenho a sensação estranha de ter visto o saco preto atrás na maca se mexer. Eu estou definitivamente ficando louco. Hoje eu teria o velório pra ir, e infelizmente não é o de Hannah.

Me sinto despedaçado, sem vida por dentro. Enquanto estamos indo pro elevador, eu consigo ver Loren parado na porta nos olhando com uma expressão indecifrável.

— Loren parece ter algo escondido - falo.

, é hora de tirar suas férias.

A porta do elevador se fecha, e eu deixo a minha dor falar mais alto. Uma semana que eu vi o corpo de sendo enterrado. Na verdade, o caixão. Sua família chorou, eu chorei e todos do departamento se mobilizaram. Menos Loren. O que de fato eu acho extremamente esquisito.

Estou há uma semana sem ir trabalhar, decidindo se vou tirar férias pra me recuperar disso tudo. Nesse momento eu me encontro sentado na varanda da minha casa, o livro de palavras cruzadas aberto, mas a minha mente só consegue olhar para o horizonte à minha frente. A casa dela.

Tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

foi assassinado. Eu também perdi o meu suposto amigo. E não, não foi a Hannah. Ninguém sabe. As digitais de foram encontradas na faca que assassinou o psiquiatra, mas não era a mesma lâmina que causou a morte de . O que tudo indica é que existe mais um assassino para o departamento de Seattle pegar.

Estava tão concentrado na bagunça de meus pensamentos que não vi quando Loren estacionou seu Volvo em frente à minha casa. Olho confuso, ele nunca era de aparecer assim. Ele desce, com seu cigarro entre os lábios sendo aceso. Fecho o meu livro de palavras cruzadas, primeiro ele dá um aceno e se senta ao meu lado. Ficamos um tempo em silêncio, apenas observando a fumaça do seu cigarro indo embora.

— Sabe aquelas férias que o Richard te disse? - assinto. - Você deveria tirar. E ir talvez para a capital, quem sabe - uno as sobrancelhas. O que eu faria na capital? - Atrás de uma mulher.

Aquela conversa ficou ainda mais estranha.

— O quanto você bebeu, Loren? - questiono.

, não está morta - arregalo os olhos. Loren bebeu demais. - Eu a ajudei. Olha, quando eu cheguei, ela estava muito debilitada. Nós a levamos para o laboratório e, de fato, sim, ela estava morta. Mas eu fiz de tudo. Eu não deveria, mas fiz. E eu a trouxe. Num choque de adrenalina. A questão é que quando voltou, ela estava muito confusa. A bala não afetou seu coração, mas machucou seu abdômen - ele falava e minha mente ia achando aquilo cada vez mais surreal. - Eu curei, limpei, costurei e o nosso tempo era curto demais. Se ela não fosse para um hospital logo, de fato ela corria risco de vida. Eu não podia tirá-la de lá com você e Richard no corredor. O caixão foi fechado porque não havia nenhum corpo dentro. quis fugir. E ela fugiu. Não tenho a mínima ideia de onde ela pode ter ido, e eu me culpo todos os dias da sua dor. Eu nunca deveria ter concordado com essa história maluca.

Seguro a mão dele com força, encarando seus olhos.

— Está me dizendo que eu sofri por uma semana por uma pessoa que quis fingir estar morta? - falo seco.

— Ela acha que você estava envolvido com tudo. não foi tão longe. Eu tenho certeza disso. Precisamos achá-la. O assassino de pode estar atrás dela - uno as sobrancelhas. - Olhe a porra do inquérito, , estava presa na casa da Hannah, é misteriosamente assassinado. Por qual razão o assassino estaria lá? Hannah estava ocupada com você, e o velho doido estava ocupado com .

— Essa história não está fazendo sentido e você está me enlouquecendo - levanto, pronto pra entrar. Loren se levanta rápido, segurando meu braço e me encarando. - Vá embora, Loren.

— Não deixe de pensar no que eu te disse. Eu jamais mentiria de algo assim - ele deu as costas, indo pro seu carro.

A noite caiu, o convite para o podcast aconteceu. Eu não sei se estou pronto pra falar disso agora, mas sinto que preciso colocar toda essa merda pra fora. Pelo bem da minha sanidade mental.

Meu celular vibra duas vezes na mesinha de centro, eu assistia o jogo na TV. Mas em todos os momentos meu cérebro pensava no que Loren havia dito. Eram tantas hipóteses surreais.

Eu vejo você.

A mensagem dizia apenas isso. Olho em volta, procurando qualquer vestígio de arrombamento. Me levanto, desligando a TV. Abro a porta da entrada, saindo para a varanda. Tudo estava tão silencioso quanto.

Meu celular vibra novamente. Espero que não aceite ir no podcast, ou então sua namoradinha irá morrer. Dessa vez, de verdade.

Quem está por trás disso tudo é mais maléfico do que Hannah. É mais esperto do que ela. A questão é: quem?

Sei onde ela está. Me admira o fato dela ter feito tudo isso com você. Ela pensa que você é o monstro. Que tolice, . Você não machuca nem a própria sombra.

Cada mensagem que chegava era um arrepio diferente do que subia. Se estiver morta, alguém está jogando comigo. Alguém está tentando me fisgar; mas, se ela estiver viva, eu preciso que ela escute meu lado e que deixe eu fazer as coisas diferentes dessa vez.

Bufo irritado, entrando pra dentro de casa novamente e fechando a porta.

Eu não ia me entregar fácil assim.

TRECHO DO PODCAST

— E foi isso. O que me trouxe aqui hoje foi para fazer um apelo de que, se realmente estiver viva, eu espero que ela tenha escutado toda a história verdadeira - falo contra o microfone. Todos me olhavam surpresos e sem respostas. Eu me mexo na cadeira, inquieto. Havia contado até sobre as mensagens. Eu precisava muito saber quem era o assassino de .

A vibração do meu celular começa, atraindo a atenção de todos. Número desconhecido. Aceito a chamada e a voz modificada por alguém adentra o estúdio.

— Não é assim que os jogos comigo funcionam, . Você descumpriu a primeira ordem. O que farei com você?

— Quem é você? - a transmissão do podcast é cortada. Todos os presentes aguardavam uma resposta. A risada macabra fez com que todos se olhassem entre si.

— É uma pena que não possamos nos encontrar agora. Acompanhei seu podcast, você contou lindamente bem a história. Mas esqueceu de mencionar sobre mim. Faremos assim, se dentro de um mês você resolver todos os meus jogos, eu encontro você. E nós resolveremos isso. Caso contrário, será morta. E dessa vez sem chances de voltar à vida.

Silêncio. Silêncio.

— Eu topo.

Eu sou , um investigador renomado. E eu vou encontrar a minha garota e quem está fazendo tudo isso.

Encerrada a parte I.




Fim



Nota da autora: Sem nota.



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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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