FFOBS - Refrigerante de Cereja, por Angel B.

Última atualização: 10/11/2019

Capítulo Único

desceu do táxi, agradecendo a carona.
— Pode ficar com o troco. — ela disse antes de fechar a porta.
A passos rápidos, avançou para a entrada da casa de shows, passando pela fila que ainda estava imensa. Mesmo que as portas já tivessem sido abertas há pouco menos de uma hora, a quantidade de gente lá fora ainda era grande. E apesar de receber alguns olhares tortos, por ter ignorado o final da fila, chegou até a entrada, indo conversar com um staff que se mantinha um pouco mais afastado dos seguranças que conferiam os ingressos dos fãs.
. — ela informou ao staff.
O seu nome foi conferido em uma pequena lista e, com uma confirmação do staff, ela avançou pelo portão. Não entrou na casa de shows, contudo. seguiu para os fundos, procurando a entrada que levava não para o auditório, mas para os bastidores.
— Caramba, eu nem acredito que conseguimos! — uma garota, na frente de , falou para a amiga.
mal pôde segurar o sorriso. Ela entendia perfeitamente bem a excitação que aquele momento proporcionava. Quer dizer, não é todo fã que tem a chance de dizer que conheceu o seu ídolo, que pôde abraçar e eternizar, em uma foto, a sua banda preferida. E, bem, como fã, desde nova de , ela poderia falar sobre o quão indescritível foi a emoção de conhecê-los.

🍵


DOIS ANOS ATRÁS

entrou no Starbucks de costume, o mesmo que ficava a duas ruas da sua casa, e do lado da estação do metrô que ela pegava todos os dias para ir para a faculdade. Com a pressa de sempre — pois, como sempre, ela estava atrasada — a garota só percebeu no quão cheio o local estava quando já estava lá dentro.
— Mas o que está acontecendo?
A pergunta não foi direcionada a ninguém em especial. A verdade é que estava mais preocupada com a prova que teria em poucos minutos, do que com o motivo daquele monte de gente na sua frente, do seu lado, e atrás de si.
O café, obviamente, estava mais cheio que de costume, e absurdamente mais barulhento. Algumas pessoas seguravam câmeras fotográficas, e outras tinham os celulares erguidos para o alto. Não se deu ao trabalho de se preocupar com o que aquilo significava, afinal, ela precisava estudar nos poucos minutos que ainda tinha antes da prova.
Mal viu a fila avançar. Movia seus pés quando percebia que a garota à sua frente se distanciava dela. estava lendo o seu resumo feito na noite passada como se sua vida dependesse disso. Quando chegou a sua vez, e ela levantou a cabeça, com o pedido pronto para ser feito, sua voz ficou presa na garganta.
estava na sua frente, onde, normalmente, ficava o atendente do Starbucks. Com um sorriso enorme, parecendo um garoto de quatorze anos, ele deu bom dia para ela.
— Como posso ajudá-la? — ele perguntou divertido, como se realmente estivesse gostando de estar ocupando aquela posição.
não respondeu. Não porque ela não queria, mas porque ela ainda não tinha voz. E mesmo se tivesse, tinha certeza de que o seu cérebro, paralisado com a imagem à sua frente, não conseguiria formular uma boa resposta.
Ela então olhou para os lados pela primeira vez. Os cartazes dos fãs foram os primeiros que lhe chamaram a atenção. Atrás deles, banners que promoviam o novo álbum do banda ocupavam todas as paredes do Starbucks, o qual acabou cedendo o espaço, por um dia inteiro, ao .
— Essa parceria foi genial, não é? — uma garota perguntou ao lado de .
— Mas é claro! — outra respondeu. — O Starbucks é o cenário da maior parte das fanfics do … Nada melhor do que usar o Starbucks de verdade para divulgar o álbum seis!
Realmente genial… pensou.
— Não pode demorar para fazer o seu pedido.
foi despertada dos seus devaneios pela voz de uma das staffs que estavam atrás do balcão.
Ela nem mesmo tinha percebido que havia staffs.
Bem, em minha defesa, até poucos segundos atrás, eu nem tinha percebido que a minha banda preferida estava aqui dentro, ela pensou.
— E então, qual vai ser o seu pedido? — perguntou novamente, ainda com o sorriso mais fofo de todos.
— Hm… — atrás dela várias meninas reclamavam da demora. — Um expresso pa… para viagem e um… hm… um refrigerante. Cereja. Refrigerante sabor cereja. — ela falou meio rápido demais, meio gaguejando. — Para levar. Tudo. Não vou tomar nada aqui. Porque eu tenho faculdade, então eu tenho que ir.
Eu acho que ele já entendeu, . Você não precisa contar pra ele que vai estar completamente ferrada na hora da prova simplesmente porque o seu cérebro parou de funcionar.
— Escolha interessante. — ele comentou ainda animado.
Cacete, é !
— Desculpe… O que você disse?
Meu deus, eu tô pedindo um café para ! O quê?!
— Acho que nunca vi alguém pedir um refrigerante sabor cereja. Parece estranho. — ele fez uma careta. — Ainda mais quando combinado com café.
deu uma risadinha nervosa. Ela estava mesmo conversando sobre banalidades com .
— O café expresso é para me manter acordada, e o refrigerante é para manter alimentado o meu vício no açúcar.
quase se surpreendeu pela sua voz firme, quase como tivesse se recuperado da surpresa — o que ela não tinha. Pagou o valor do expresso e do refrigerante, valor este que ela já conhecia muito bem.
riu da resposta, gostando da sinceridade dela.
— Qual o seu nome?
Por ainda estar com os pensamentos confusos, meio adormecidos pela situação em que se encontrava, ficou surpresa com a pergunta. Como assim ele queria saber o seu nome? Mas então a clareza voltou rapidamente, e percebeu que a pergunta dele não tinha interesse pessoal, mas apenas se tratava do atendimento padrão do Starbucks.
. . — ela corrigiu.
. — ele repetiu enquanto escrevia.
Sorrindo, escreveu o nome dela no copo de café, passando-o para , o qual estava bastante confuso com as máquinas de café.
estava pronta para ir para o lado, onde o seu pedido seria entregue por , quando ouviu a pergunta que fez o seu cérebro inteiro explodir.
— E qual o seu telefone?
Se já imaginava que não conseguiria se concentrar na prova daquela manhã, depois daquela pergunta ela tinha certeza de que, provavelmente, não conseguiria nem mesmo se formar.
— Próximo! — a staff gritou.
, então, mesmo sendo empurrada pelas pessoas atrás dela, já que a garota ainda estava parada na frente do caixa, tentando entender se aquele homem, seu ídolo, estava realmente pedindo o seu telefone.
Em que tipo de fanfic eu fui me meter?

🍵


Ao final do show, estava cansada. O suor escorria pelas suas costas, e a garota não pensou duas vezes antes de aceitar a garrafa de água oferecida para ela e para as demais fãs que assistiram ao show do backstage.
Enquanto as demais garotas foram conduzidas para um salão do lado de fora, onde ocorreria o meet & greet com os meninos, foi para o corredor que levava ao camarim da banda.
Já lá dentro, começou a estalar os dedos. Inquieta, passou a andar de um lado para o outro, ansiosa pelo encontro que ela sabia que ocorreria a qualquer momento. Ela sempre ficava ansiosa, especialmente após uma tour de shows ao redor do país ou, até mesmo, do mundo.

🍵


DOIS ANOS ATRÁS

O final do semestre finalmente tinha chegado e, com ele, o fim das provas.
saiu da sala de aula após fazer a última avaliação, pronta para começar as suas tão merecidas férias. Quis jogar todos os seus resumos fora quando viu uma lixeira, mas pensou que isso poderia lhe fazer falta depois, afinal, ainda faltavam dois anos para ela se formar.
Só mais dois anos. A garota repetia esse mantra várias e várias vezes para se convencer de que desistir e jogar tudo para o alto não era a melhor opção.
Só mais dois anos, e então você estará formada.
Abriu a bolsa para guardar a papelada que tinha nas mãos, e foi quando viu o seu celular tocando. Não precisou se esforçar para reconhecer o número, como da primeira vez que ele ligara.
Se lembrava de quando ligara para ela, pouco mais de dois meses atrás, se apresentando como “o cara que atendeu ela no Starbucks”.
— Lembra? Eu te vendi um refrigerante de cereja. — ele disse, esforçando-se para fazer se lembrar dele.
Como se eu pudesse esquecer, ela pensou.
A surpresa foi tão grande, que fez com que a garota parasse de andar instantaneamente, no meio do corredor da faculdade, resultando em vários esbarrões, alguns xingamentos, e todos os seus livros no chão. precisou perguntar algumas boas vezes quem estava falando até que se convencesse de que estava, de fato, do outro lado da linha.
— Eu estava pensando se você estaria livre para sair hoje à tarde. — ele disse receoso, quase como se estivesse tímido por lhe fazer o convite.
, por outro lado, tinha certeza de que seu cérebro iria explodir a qualquer momento, tamanho o esforço que ela estava fazendo para entender como havia ido parar naquela fanfic.
Porque aquilo não poderia ser real.
— Para tomar um refrigerante de cereja? — ela perguntou de brincadeira.
E, para a sua surpresa, ele aceitou.
Depois daquele dia, eles trocaram mensagens todos os dias, e também se ligaram algumas vezes, já que não conseguiam se encontrar com frequência. estava muito ocupado indo a entrevistas, e mal tinha começado a estudar para as suas provas do início do semestre. Mas o papo continuou, e agora, quando ele ligava, seu número já estava gravado na agenda telefônica da garota.
— Está ocupada hoje? — ele perguntou.
— Não. Hoje foi a minha última prova, esqueceu?
— Ah, é verdade!
Na noite passada, o casal havia ficado conversando até tarde. Os temas da conversa eram os mais variados possíveis, desde como havia sido o dia deles, até a mudança climática.
— Quer almoçar comigo? Consegui uma folga dos meninos. Agora só vamos voltar a gravar no final da tarde.
tinha dessas surpresas. Às vezes ele ligava para apenas para contar alguma piada estranha que ele ouvira naquele dia, outras vezes ele ligava a chamado para sair, fosse para tomar um sorvete, fosse para jantar. Era fato que eles estavam em um relacionamento. Os últimos dois meses estavam ali para provar isso. Mas ainda não sabia como definir o relacionamento deles.
Não que ela estivesse preocupada com isso. era divertido, e o tempo que passava com ele era realmente bom. E por mais que não soubesse onde aquele relacionamento chegaria, ela apenas queria poder aproveitar cada segundo dele, enquanto durasse.
— Claro! Te encontro na frente do estúdio.
estava acostumada a encontrar o garoto no estúdio de gravação do . Ficava no centro da cidade, e muito próximo a vários bons restaurantes. Além disso, da última vez que foi buscar a garota na faculdade, o seu carro foi cercado por fãs que não hesitaram em tirar fotos e publicá-las no twitter questionando o que estaria fazendo ali ou, pior, com quem ele tinha ido se encontrar.
Os próximos dias foram de pura tensão, afinal, e estavam apenas se conhecendo. A garota não queria fazer parte de alguma manchete de revista, ou ser associada a ele quando nem mesmo ela sabia se aqueles encontros iriam continuar ou não.
Desde então eles acordaram que seria muito mais seguro que fosse ao encontro de em pontos estratégicos, e em restaurantes pouco frequentados e com lugares reservados, onde eles poderiam se encontrar sem serem incomodados.
E foi o que aconteceu naquele dia. já esperava em um restaurante a dois quarteirões do estúdio, em uma mesa afastada da entrada e sem vista para a rua. O local era aconchegante e charmoso, e proporcionava a privacidade de que eles estavam precisando.
O dia estava quente como o inferno. Mesmo com o ar condicionado ligado, reclamava do calor a cada cinco minutos.
— Quer tomar? — ela ofereceu a sua bebida. — Está geladinha e muito refrescante.
— Ah, não gosto disso. — ele respondeu torcendo os lábios.
rolou os olhos.
— Mas isso é só porque você nunca provou.
A verdade é que não tinha vontade nenhuma de provar aquela bebida. O garoto tinha verdadeiro preconceito com o refrigerante sabor cereja que tanto gostava, e isso tinha servido como ponto de partida para uma longa conversa na primeira vez que eles se encontraram.
— Ah, fazer o que, né?
O garoto aceitou a bebida oferecida por ela. Não tinha o melhor dos sabores, mas ele estava com a boca seca e a bebida que ele tinha pedido estava demorando para chegar.
— Até que não é tãaao ruim assim.
riu, tomando a latinha nas mãos novamente. Foi a sua vez de tomar da sua bebida favorita.
Eles estavam tão perto, que pôde até mesmo sentir o hálito sabor cereja da garota. Nesse momento, ele sentiu seus lábios ficarem secos, mas, dessa vez, não era de outra bebida que ele precisava.
— Você só precisa dar outra chance para o sabor cereja, e então eu garanto que você vai se apaixonar.
Ah, ele não duvidava de que iria se apaixonar logo logo.
Sem pensar no quão inapropriado poderia ser fazer aquilo em público, se aproximou de e a beijou. Quer dizer, não é como se ele pudesse resistir. Os lábios dela estavam cor de rosa, convidativos. Sim, ele amava beijar e lamber os lábios cor de rosa, sabor cereja, de .
E aquele foi o dia em que ficou apaixonado pelo refrigerante de cereja.

🍵


os ouviu antes de ver os meninos. Os quatro entraram no camarim rindo alto de alguma coisa que dissera.
A presença da garota ali dentro não causou nenhum estranhamento. foi o primeiro a cumprimentá-la com um abraço, sendo seguido de e . foi o último a entrar na sala, usando uma toalha enrolada no pescoço e segurando uma lata de refrigerante de cereja.
— Hey!
recebeu do namorado um beijo nos lábios. Deram um abraço forte, daqueles que fazem as juntas dos dedos das mãos ficarem brancas. Ela estava com saudades. Não se viam há um mês, período este que ele passou viajando por cinco estados para fazer shows e dar entrevistas. O mesmo período que ela passou estudando para provas, finalizando artigos e treinando para defender o seu trabalho de conclusão de curso.
— O show foi incrível, como sempre. — ela disse baixinho para ele, ainda abraçados.
— Obrigado. — ele respondeu no mesmo tom. — Como foram as provas?
se afastou do namorado, apenas para sorrir para ele.
— Foram horríveis. Mas, pelo menos, foram as últimas. Eu nem acredito que em dois meses vou estar, oficialmente, formada.
— Parabéns! — sorriu de volta, lhe dando mais um longo beijo. — Estou muito orgulhoso de você, especialmente porque agora vou poder levar os meus animais de estimação para terem uma consulta de graça.
se afastou do namorado dando um tapinha de leve no seu braço.
— Se eu pago pelos seus CDs, você vai pagar pelas minhas consultas. Larga de ser mão de vaca!
E com uma risada característica dele, daquelas que só conseguia dar, ele abraçou a garota pelos ombros e a levou até onde seus amigos estavam.
— Vou pegar as minhas coisas e então podemos ir embora.
A noite poderia estar chegando ao fim para o , afinal, eles fizeram um ótimo show mais cedo, mas estava apenas começando para e , já que eles tinham assuntos para colocar em dia e também uma grande saudade para dar fim.


Fim



Nota da autora: GALAXY DEFENDER STAR FOREVER! ❤️
McFLY + Starbucks = o maior clichê de todas as fanfics do mundo inteirinho! Obviamente que eu não poderia deixar de escrever uma fanfic com o melhor clichê da vida. Espero, de verdade, que vocês tenham gostado! Não se esqueçam de deixar um comentário cheio de amor e de recomendarem a fanfic para as amigas. ❤️
Beijos de luz
Angel





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Longfic:
Ainda Lembro de VocêIt’s Always Been You

Shortfics:
21 MonthsAinda Lembro de NósBabá TemporáriaBeautifuly DeliciousBecause of the WarCafé com ChocolateElementalO Conto da SereiaO Garoto do MetrôRumorShe Was PrettySorry SorryWelcome to a new wordWhen We Met

Ficstapes:
05. Paradise 06. Every Road 07. Face 10. What If I 12. Epilogue: Young Forever 15. Does Your Mother Know

MVs:
MV: Change MV: Run & Run MV: Hola Hola

Eu adoro uma fanfic de fã e ídolo, meu Deus, Angel. E adoro a leveza da sua escrita também. Tão simples e encantadora, dá vontade de sumir com as minhas histórias, haha! Amei, parabéns! ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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